direito & justiça 11/08/2015

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4 FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL. Terça-feira, 11 de agosto de 2015 [email protected] 11 de agosto DIA DO ADVOGADO

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Jornal O Estado (Ceará)

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Page 1: Direito & Justiça 11/08/2015

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FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL. Terça-feira, 11 de agosto de 2015 [email protected]

11 de agosto

DIA DO ADVOGADO

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Fortaleza, Ceará, Brasil Terça-feira, 11 de agosto de 2015 O ESTADO 2

A edição do caderno Direito & Justiça do mês de agosto está sendo an-tecipada para o dia 11, o Dia do Advogado, que é uma data especial para o Direito. É também o dia de comemorar seis anos de ativida-des do nosso caderno e homenagear o profissional que é instrumen-

to básico e fundamental para assegurar a defesa dos interesses das partes em juízo. Justiça é a particularidade do que é justo e correto, como o respeito à igualdade de todos os cidadãos. Etimologicamente, a justiça é representada por uma estátua, com olhos vendados, que significa que “todos são iguais perante a lei” e “todos têm iguais garantias legais”, ou ainda, “todos têm iguais direitos”. A justiça é a igualdade entre todos.

Nesta edição, temos uma entrevista exclusiva com o atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Ceará, Valdetário Monteiro, na pági-na 3, que destaca os principais problemas enfrentados, hoje, pelos advogados nas unidades judiciais do Ceará, o engajamento da classe feminina assumindo comissões e conselhos, o aumento do preço das taxas judiciárias. O presidente também fala sobre os seus planos após o fim da sua gestão e faz uma avaliação

geral sobre as duas gestões e quais foram as suas maiores conquistas e desafios.Temos também uma matéria especial com as advogadas Manuela Praxe-

des e Roberta Vasques que destacam a atuação da mulher no mundo jurí-dico e a busca pelo protagonismo na política. Você, caro leitor, vai saber as concordâncias e discordâncias sobre o site Tudo Sobre Todos, a prática ado-tada por esta página em vender informações pessoais. Afinal, essa prática é crime ou não? Uma das principais pautas é a falta de advogados atuando no segmento do direito portuário, que será destaque na carreira nos próximos anos, haja vista o crescimento portuário do nosso estado. Na área de tecno-logia, a pauta é: a grande inovação do aplicativo criado e lançado pela OAB, que permite que os usuários de smartphones encontrem advogados através das suas localizações. Você não pode perder a matéria sobre o lançamento da franquia jurídica. Outro assunto imperdível e palpitante é a nova coor-denadoria de liberdade religiosa. Os crimes de falsa identidade na internet terão penas maiores a partir de agora? E por fim, o novo projeto que prevê o prazo de três anos para prescrição de milhas aéreas.

Seis anos de Direito & Justiça - Edição especial, Dia do Advogado

EDITORIAL

Dia do Advogado

Um dos grandes tabus da advocacia brasileira é a insi-piente insistência dessa classe em en-campar medidas que afastam os ad-vogados do sistema de livre mercado. O patrimonialismo que ainda vigora no setor se caracteriza pela vinculação do exer-

cício da atividade à associação na OAB, por severas limitações à publicidade e por constantes tentativas de engessamento de preços. Quanto a este último entrave, boa parte dos advogados tem tentado combater o que chamam de aviltamento de hono-rários. Nessa luta, dois aspectos chamam atenção: o fato de a resistência à livre con-corrência ser uma afronta à isonomia e ao progresso social e o fato de os profissionais mais combativos serem os que mais têm a perder com o tabelamento dos preços.

O Brasil tem, hoje, 1284 faculdades de Direito, 850 mil advogados inscritos na ordem e mais milhões de bacharéis impe-didos de se alocarem legalmente na área. Mesmo com uma alta demanda pelos ser-viços jurídicos, a oferta de profissionais aumentou em escala muito significativa nas últimas duas décadas, intensificando a concorrência e contribuindo para a re-dução do valor de certos serviços, espe-cialmente os mais simplórios. Tal circuns-tância não def luiu de um planejamento central, mas de uma lei de mercado. Re-voltar-se com isso é tão inócuo quanto fa-zer piquete contra a lei física da gravidade.

Todavia, para muitos juristas, é indigno que se sobreviva no mercado mediante o oferecimento de serviços por preços inferio-res à pauta tabelada pela OAB, pois isso sig-nificaria uma mercantilização da profissão, como se isso fosse deletério para o profis-sional e para toda a classe. Inclusive, vários advogados só estão no mercado por causa dessa prática concorrencial, mas ainda as-sim insistem em reclamar por um enrijeci-

mento no cumprimento das tabelas de va-lor mínimo, como se a imposição de preços fosse capaz de aumentar a possibilidade do cliente de pagar mais.

O que não se vê é que o ajuste natural dos preços através da livre concorrência garante que mais pessoas possam interagir e se bene-ficiar das expertises umas das outras. Quanto maior a margem de preços praticada, maior o número de advogados e de clientes – das mais variadas classes econômicas – que irão se beneficiar. Não se vê que impedir a liber-dade de preços tende a prejudicar os profis-sionais iniciantes ou mais pobres.

O advogado que hoje se mantém no mer-cado graças ao recebimento de valores que alguns consideram “aviltantes” (o correspon-dente ou o audiencista, por exemplo), em vez de de lutar pelo engessamento de preços, o que, ao contrário de aumentar seus ganhos, só iria diminuí-los, uma vez que os excluiria do mercado, deve se esmerar em se qualificar e buscar ramos menos explorados e de maior complexidade, onde a concorrência é menor, e as remunerações, naturalmente maiores.

Cada ocupação tem uma história rica e detalhes cotidianos pouco conhecidos que a tornam mais especial. Para entreter e infor-mar nossos leitores, o Dia Online traz desde a semana passada, em parceira com a Estácio, textos semanais com curiosidades e informa-ções interessantes sobre as profissões mais

conhecidas e procu-radas na atualidade, e também sobre o mundo do trabalho em geral. Hoje, fala-mos sobre o Direito, carreira celebrada em duas datas distin-tas no Brasil.

O Dia do Advo-gado é comemorado em 19 de maio e 11 de agosto. A primei-ra é a data do padro-

eiro da profissão, Santo Ivo, que viveu de 1253 a 1303. Ele era de família humilde e se interessou pelo direito bem novinho, aos 14 anos. Quando profissional, sua escolha foi trabalhar nas áreas de direito civil e canôni-co, defendendo os direitos das pessoas que não tinham meios de pagar por esses servi-ços. Já a data de 11 de agosto surgiu como homenagem aos profissionais da advocacia, devido à criação do primeiro curso de di-reito do Brasil, que era na Faculdade de Di-reito de São Paulo, em 1º de março de 1828, com um decreto assinado por D. Pedro I. Em homenagem a esse marco, comercian-tes de restaurantes começaram a custear as despesas dos estudantes que frequentavam seus estabelecimentos. Com isso, instituiu--se o “dia do pendura”, onde os estudantes não precisariam pagar suas contas. Porém, com o passar dos anos, o número de alunos nos cursos aumentou muito, causando pre-juízos aos comerciantes, motivo pelo qual deram fim à brincadeira.

O curso de Direito dura cinco anos. Para atuar na área, é necessário que o bacharel tenha também tido aprovação no Exame da OAB. Na Estácio, os alunos recebem o material didático num tablet e ainda com-partilham as anotações com professores e amigos por meio da ‘Didática’, rede social exclusiva para compartilhamento de estu-do. Há ainda o Núcleo de Prática Jurídica, órgão encarregado de implementar, orien-tar e controlar as atividades de estágio de-senvolvidas pelos alunos da instituição. A partir do 6º período da Estácio, a cada aula é apresentado um caso concreto, extraído da jurisprudência mais atualizada. Cabe ao estudante analisar, discutir as possíveis so-luções e elaborar pareceres, atas, contratos e peças processuais. As peças redigidas são corrigidas, refeitas, digitadas e arquivadas, formando banco de modelos que poderão ser muito úteis no começo da vida profis-sional dos alunos. Em todas as disciplinas, é empregada a Metodologia de Estudo do Caso Concreto, que aproxima o estudante da realidade que enfrentará e desenvolve o raciocínio para resolver.

ADVOGADO: DOUTOR POR EXCE-LÊNCIA – O título de doutor foi concedido aos advogados por Dom Pedro I, em 1827. Título este que não se confunde com o es-tabelecido pela Lei nº 9.394/96 (Diretrizes e Bases da Educação), aferido e concedido pe-las universidades aos acadêmicos em geral. A Lei de diretrizes e bases da educação tra-ça as normas que regem a avaliação de teses acadêmicas. Tese, proposições de idéias, que se expõe, que se sustenta oralmente, e ain-da inédita, pessoal e intransferível. Assim, para uma pessoa com nível universitário ser considerada doutora, deverá elaborar e de-fender, dentro das regras acadêmicas e mo-nográficas, no mínimo uma tese, inédita. Provar, expondo, o que pensa.

A Lei do Império de 11 de agosto de 1827: “cria dois cursos de Ciências Jurídicas e Sociais; introduz regulamento, estatuto para o curso jurídico; dispõe sobre o título (grau) de doutor para o advogado”. A refe-rida Lei possui origem legislativa no Alva-rá Régio editado por D. Maria I, a Pia (A Louca), de Portugal, que outorgou o trata-mento de doutor aos bacharéis em direito e exercício regular da profissão, e nos Decre-to Imperial (DIM), de 1º de agosto de 1825, pelo Chefe de Governo Dom Pedro Pri-meiro, e o Decreto 17874A de 09 de agosto de 1827 que: “declara feriado o dia 11 de agosto de 1827”. Data em que se comemo-ra o centenário da criação dos cursos jurí-dicos no Brasil. Os referidos documentos encontram-se microfilmados e disponíveis para pesquisa na encantadora Biblioteca Nacional, localizada na Cinelândia (Av. Rio Branco) – Rio de Janeiro/RJ.

EDITORA Solange Palhano REPÓRTER Anatália Batista GESTÃO COMERCIAL Glauber Luna DESIGNER GRÁFICO J. Júnior FO-

TOS Iratuã Freitas e Beth Dreher www.oestadoce.com.br

Não existe preço vil

Aos advogados e às advogadas cearensesEm uma carta ci-

tada pelo advogado e historiador Alberto Venâncio Filho, o ju-rista André de Faria Pereira revela: “levei o projeto [que viria a se tornar o decreto 19.408/30] a Osvaldo Aranha, que lhe fez uma única restrição, exatamente no artigo 17, que criava a Ordem dos Advogados Bra-sileiros, dizendo não

dever a Revolução conceder privilégios, ao que ponderei que a instituição da Ordem traria ao contrário, restrição aos direitos dos advogados e que, se privilégio houvesse, seria o da dignidade e da cultura”. A argumentação sustentada por Pereira foi convincente e o artigo 17 foi mantido no decreto, acabando por criar a OAB.

Somente pelo Decreto 22.478, de 20 de fevereiro de 1933, passou a ser chamada de-finitivamente de Ordem dos Advogados do Brasil. E, em 11 de agosto de 1933, quando da instalação da histórica primeira sessão ordi-nária do Conselho Federal, nosso primeiro

presidente, Levi Carneiro, assim concluiu seu discurso: “Não direi que tudo se tenha trans-mudado por um golpe de mágica. Mas algu-ma coisa já mudou, e todos sentimos que um novo espírito se está formando, e desenvolven-do, no seio dos advogados.”

Foi o vigor de um argumento, instrumento do labor de nós, advogados e advogadas, e no li-miar de um dos períodos mais antidemocráticos de nossa história, que nasce a nossa OAB, ali-cerçada para defender a dignidade do exercício profissional, o Estado Democrático de Direito, a plenitude da Justiça Social, a defesa dos Direitos Humanos e a liberdade contra as opressões.

Contudo, nestes últimos anos, sentimentos de tristezas, de descrenças e de decepções ten-tam intimidar os advogados e advogadas cea-renses: a Justiça Comum não julga, não realiza o seu dever de promover o Direito. Os processos não têm fim e a clientela escasseando, princi-palmente no interior do Estado, mas não para aqueles maus profissionais corruptos e corrup-tores. As prerrogativas são maculadas.

A grande maioria da classe está aflita, ator-mentada. Estamos ávidos por novos rumos, precisamos resgatar nossos valores, principal-mente o orgulho da nossa profissão. Não nos deixemos render pelos discursos em profusão

durante os anos eleitorais da OAB. Promessas serão proferidas, mas necessitamos de respostas plausíveis e sinceridades.

Nossa vida é uma eterna dialeticidade, sem-pre almejando a síntese. Daí o momento propí-cio para discutir e buscar a OAB que queremos efetivamente.

Urge, pois, uma reflexão aos 33 mil advoga-dos e advogadas cearenses: qual é o “novo espíri-to” que estamos construindo à classe diante dos seus reais e graves problemas?

Uma nova OAB e uma nova advocacia pre-cisamos construir, urgentemente, e para ontem.

Se assim não fizermos, se concretizará a pro-fecia de Rui Barbosa: “No Brasil, onde faltam a cólera e a ira santas, quem, senão elas, hão de expulsar do Templo o renegado, o blasfemo, o profanador, o simoníaco? Ou exterminarão da ciência o apedeuta, o plagiário, o charlatão? Ou banirão da sociedade o imoral, o corruptor, o libertino? Quem, senão elas, a varrer dos servi-ços do Estado o prevaricador, o concussionário e o ladrão públicos? Quem, senão elas, a pre-cipitar do governo o negocismo, a prostituição política e a tirania?”

QUEM, SENÃO NÓS, ADVOGADOS E ADVOGADAS!

Súmulas eleitorais VAo finalizar o texto

passado citando a Sú-mula nº 368, oriundo do STJ, a qual define a Justiça Estadual como competente para jul-gar “retificação de dados cadastrais da Justiça Eleitoral”, des-taquei a competência do STJ para a dirimi-ção de conflitos. Aqui (Súmula nº 368), em verdade, poder-se-ia, salvo melhor juízo,

ter atribuído à Justiça Eleitoral a competência para a citada correção, haja vista serem os da-dos relacionados ao cadastro eleitoral, o que ocorreu, ”mutatis mutandis”, com relação à competência da justiça especializada (JE) para “processar e julgar a ação para anular débito decorrente de multa eleitoral.”, consoante se vê da Súmula nº 374 do STJ.

O recolhimento e a cobrança das multas pre-vistas no Código Eleitoral, na Lei nº 9.504/97 e demais atos normativos estão disciplinadas na

Resolução do TSE nº 21.975/2004, na Portaria do TSE nº 288/2005 e no Ofício-Circular da Corregedoria Geral da Justiça Eleitoral (CGE), nº 52/2012, além de se aplicarem, também, os regramentos contidos na Lei nº 6.830/80 que regula o “processo de execução fiscal” e, ainda, no CPC, aplicável supletivamente.

Destaque-se para o fato de a Súmula nº 189 do STJ ser taxativa no sentido de ser “desne-cessária a intervenção do Ministério Público nas execuções fiscais.”

Sobre o tema, o C. Eleitoral, no art. 367, preceitua que a cobrança de multa, salvo no caso das condenações criminais, obedecerá a alguns dispositivos, dentre eles o fato de que se o eleitor não satisfizer o pagamento no prazo de 30 (trinta) dias, será considerada dívida lí-quida e certa, para efeito de cobrança executi-va, correndo a ação perante os juízos eleitorais. Ou seja, a súmula nada mais faz senão repetir os termos da lei.

Realce também importante para a Lei n.º 12.891/2013, que possibilitou o parcelamento para o pagamento da multa eleitoral, na for-ma disposta no inciso III do § 7º do art. 11 da Lei n.º 9.504/97 (alterada pela reportada lei),

ao dispor que “o parcelamento das multas elei-torais é direito do cidadão, seja ele eleitor ou candidato, e dos partidos políticos, podendo ser parceladas em até 60 (sessenta) meses, ...”

A demanda executiva deverá ser proposta no juízo de primeiro grau e no domicílio do eleitor devedor, a teor do disposto no art. 570 do CPC, devidamente repetido pelo NCPC, art. 46, § 5º, independentemente da instância que tiver aplicado a sanção, ressaltando-se para o fato de que, depois de aforada “a exe-cução fiscal, a posterior mudança de domicí-lio do executado não desloca a competência já fixada” (Súmula nº 58/STJ). Por fim, dois destaques importantes: o primeiro pertinen-te à recente Súmula nº 521 do STJ, afirmativa de que “a legitimidade para execução fiscal de multa pendente de pagamento impos-ta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública”, e não do Ministério Público; o segundo, a existência do excelente trabalho, intitulado “Manual de Execução Fiscal”, versão 2015, desenvolvido pela Corregedoria Regional Eleitoral do Ce-ará, em que constam valiosas informações sobre o tema. Vale a pena conferir.

ROSSANA BRASIL KOPF ADVOGADA

JÚLIO PONTEADVOGADO,PROFESSOR

UNIVERSITÁRIO E PRES DA CAACE

RODRIGO CAVALCANTESECRETÁRIO

DE CONTROLE INTERNO

NO TRE/CE

RAFAEL SALDANHA

ADVOGADO

Page 3: Direito & Justiça 11/08/2015

O ESTADO Fortaleza, Ceará, Brasil Terça-feira, 11 de agosto de 2015 3

No Dia do Advogado, o caderno Direito & Justiça, em edição especial, homena-

geia este profissional que se dedica à defesa dos direitos e interesses de uma sociedade. Somente no Estado do Ceará, são aproximadamente 33 mil advogados inscritos e quase 25 mil em atividade.

Para falar sobre os desafios da advocacia atualmente, o Direito & Justiça entrevistou o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Ceará (OAB-CE), Valdetário Monteiro, que começa a se despedir do cargo. Na entre-vista, Valdetário aponta os principais problemas enfren-tados pela classe, sobretudo, a luta por um Judiciário que funcione. Conforme o presi-dente, ao longo de seus seis anos de gestão, se dedicou a ofertar melhor infraestrutura aos advogados e despertar a população sobre a morosi-dade da Justiça decorrente à falta de servidores no Poder Judiciário.

Quais os principais problemas en-frentados, hoje, pelos advogados nas unidades judiciais do Ceará?

Ao longo do tempo, temos lutado para que a advocacia possa contar com o Poder Judiciário que efetivamente funcione. O advogado, a par-tir da Constituição Federal de 1988, é parte integrante do próprio Poder Judiciário. O artigo 133 diz que ele é in-dispensável à administração da Justiça. Então a porta de entrada do Poder Judiciário é a advocacia, seja a privada, seja a defensoria pública. Pre-cisamos ter mais Justiça Fede-ral e mais varas no interior do Estado, para termos um judi-ciário que funcione. Temos cerca de 80% dos servidores estaduais servidos de prefei-turas e câmaras municipais, ou seja, o concurso público que deveria ser a via correta para que estivessem lotados nas varas, nos fóruns, não se efetiva plenamente. São cerca de 100 cargos de juízes vagos. É uma luta antiga da ordem, no sentido de que te-nhamos todas as varas com juízes e servidores a apoiar o trabalho.

A Comissão da Mulher Advogada res-salta que, durante sua gestão, a par-ticipação da mulher ficou em mais evidência. Então, o senhor apoia esse engajamento da classe feminina assu-mindo comissões, conselhos, e percebe essa importância em não segregar os gêneros no exercício dessa profissão?

Tem sido um propósito da OAB fazer com que as mu-lheres ingressem na política de ordem. Isso é importante, temos entre 50% a 52% de mulheres inscritas na OAB e esse efetivo precisa parti-cipar mais, e quando digo participar não é somente está inscrito nos quadros da ordem, mas de estar no dia a dia da entidade. Sou coorde-nador nacional do Colégio de Presidentes de Ordem e aprovamos recentemente a iniciativa de que 30% das chapas formadas em todo o Brasil, para administração da ordem, sejam formadas por mulheres. Já nas próximas eleições, dia 20 de novembro, essa determinação estará valendo, e a OAB-CE vai rea-lizar, em agosto, uma grande Conferência de inclusão da mulher advogada. Em 2010, tínhamos 20 comissões, hoje,

temos 60 e um contingente muito grande de mulheres participando.

Recentemente o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) aumentou o preço das taxas judiciárias. O que isso significa para o cidadão? Ele terá o aceso à Justiça dificultado?

O maior valor de custas no Estado do Ceará orbitava em torno de R$ 2 mil. Hoje, o teto é de R$ 78 mil, ou seja, teve um aumento con-siderável dessas custas, e isso acaba impactando no dia a dia do cidadão. Aquele que vai à Justiça em busca de seus direitos vai ter que pagar um valor muito maior. A Ordem trabalhou muito dentro da Assembleia Legislativa ainda na tramitação do Projeto de Lei, tentando, de toda forma, viabilizar a diminuição des-sas custas. Quando diminuí-mos, de 4% para 1%, as custas relativas ao agravo, que hoje é 60% dos recursos que estão nos tribunais, diminuímos valores, criando patamares para outras custas de recur-sos cíveis, mas mesmo assim, ainda é um valor alto. Sei do esforço do TJCE em tentar

reorganizar suas contas, mas também sabemos da dificul-dade pela qual passa o País, e todo aumento impacta o acesso à Justiça.

Existe, na OAB-CE, uma preocupação com o ensino jurídico devido ao au-mento na quantidade de cursos, hoje, ofertados?

A OAB tem uma Comissão de Ensino Jurídico estadual, no Ceará, e uma nacional. Essas comissões analisam todos os cursos, além disso, analisam as bibliotecas, a composição do quadro de professores - quantos têm mestrados, doutorados, es-pecializações. É feito um relatório semestral desses cursos, onde a OAB sugere ao Ministério da Educação a continuação ou cassação do curso de Direito. No caso do Ceará, temos, desde os anos 2000, um acom-panhamento muito rígido. Enquanto alguns estados de maior porte tiveram uma explosão no curso, o Ceará aumentou bastante, mas não tivemos essa explosão. Em duas décadas atrás, só tínhamos quatro curso de

Direito, dois na Capital e dois no interior. Hoje, temos aproximadamente 20 cursos. Houve um aumento con-siderável, mas paulatino ao longo dos anos. Atualmente, no Brasil, já temos mais estu-dantes de Direito do que todo o resto do mundo somado. Isso mostra que o caminho feito pelo Governo Federal, de ofertar cursos e faculdades de forma indiscriminada, gerou uma teratologia, não se tem mestre e doutores suficientes para lecionar nesses cursos.

A OAB-CE defende o Exame de Ordem?Acredito que o Exame

de Ordem tem um papel preponderante. A OAB-CE defende, exatamente, para se fazer um filtro de conheci-mento. É o exame que atesta minimamente os estudantes de bacharel, mas é impor-tante para que, em início da carreira, possa efetivamente advogar aquele que tenha conhecimento técnico e pro-fissional para isso.

Qual a importância de um acompa-nhamento para o profissional, como a Associação dos Jovens Advogados faz,

em início de carreira?É muito importante o ad-

vogado conhecer a OAB. Todo advogado que ingressa nos quadros da ordem presta compromisso que decorre de lei federal. Essa tomada de compromisso do jovem advogado também é o mo-mento de conhecer a ordem, e isso implica em uma infra-estrutura que a OAB possa oferecer para que ele inicie e se consolide na carreira. Criamos, em 2010, um curso preparatório para o exercício da advocacia, onde o advoga-do recebe conhecimentos não só de Direito, mas da prática da advocacia com profis-sionais já experimentados no mercado, acostumados a desenvolver atividades. Cria-mos também o Centro de Apoio e Defesa do Advogado que funciona 24 horas para esclarecer dúvidas e necessi-dade de atendimento nas suas prerrogativas profissionais. O advogado pode acionar esse Centro pelo 0800 0850800 ou pelo celular 99111.5533 e obter uma resposta imediata. Esse serviço está sendo insta-lado nas 15 subseccionais de modo que o advogado encon-tre apoio em todo o Estado e que fortaleça, principalmen-te, o jovem advogado.

A OAB cresceu muito em sua estrutura de apoio à advocacia.

Sim. Atualmente, temos 158 salas de apoio já inau-guradas e vamos inaugurar até o final da gestão, cerca de 180. Nessas salas, o ad-vogado pode contar com computador e impressoras, são todas equipadas para atender clientes e que pos-sam, também, estudar, se preparar para uma defesa ou para um concurso. Uma dessas salas está localizada dentro do Fórum Clóvis Beviláqua e atende em mé-dia de 300 a 400 advogados por dia. Essa infraestrutura fortalece o advogado mais experimentado e o advoga-do mais jovem que não tem nem escritório.

Qual expectativa com a unificação da OAB-CE em um novo prédio? Irá melho-rar o trabalho do advogado?

Vai aproximar os profis-sionais e permitir um centro de serviço para a advocacia, o que é mais importante. Mais importante que o prédio é termos lá uma estrutura a serviço do advogado, que é aquele que está à frente das atividades da sociedade pelas vias do poder judiciário.

O que a denúncia de venda de habeas corpus representa para a Justiça cea-rense e qual postura a OAB adotou em relação aos advogados envolvidos no esquema?

Todos os implicados apre-sentados pelo Conselho Na-cional de Justiça (CNJ), após abertura do processo, foram instaurados procedimentos administrativos, no Tribu-nal de Ética e Disciplina, que é o órgão competente da Ordem para apurar a falta disciplinar, e esses advoga-dos estão sendo processados por esse tribunal. Temos um impedimento para divulgar os nomes, que decorre do paragrafo 2º, da Lei Federal 8906 que rege a atividade do advogado e da ordem. Essa Lei proíbe, antes do trânsito em julgado, externar as pes-soas envolvidas em processo disciplinares.

Qual seu plano após fim de gestão na OAB-CE?

Pretendo fazer parte do Conselho Federal da Ordem, se a classe assim entender a formação das chapas. Esse foi o único cargo que ainda não ocupei. Já fui presiden-te da Caixa de Assistência dos Advogados do Ceará (Caace), secretário geral da OAB, presidente por duas vezes, mas ainda me falta o exercício de conselheiro federal. Se for possível, me sentirei honrado em contri-buir no plano nacional. Já participo intensamente no trabalho da OAB Federal como coordenador nacional do Colégio de Presidentes, que inclusive, é a primeira vez que um cearense ocupa um cargo desses.

VALDETÁRIO MONTEIRO

“Nosso maior desafio é a luta para que o Judiciário efetivamente funcione”

FOTO BETH DREHER

Valdetário Monteiro destaca que, após deixar Presidência da OAB-CE pretende concorrer ao cargo de Conselheiro Federal

Que avaliação o senhor faz das suas duas ges-tões, e quais foram as maiores conquistas e desafios?:Nosso maior desafio é a defesa intransigente da qualidade dos profissio-nais e a luta para que o Judiciário efetivamente funcione. Na história da Ordem, fomos a primeira gestão a fazer um enfren-tamento com o Poder Judiciário. Colocamos 400 cruzes de madeira na porta do Fórum Clóvis Beviláqua, denunciamos as varas sem juízes e sem servidores concursados. Fizemos uma vigília de 24 horas no TJCE apa-gando uma vela por hora, chamando a atenção da sociedade, porque um judiciário fragilizado é uma sociedade fragiliza-da. Um cidadão que dá entrada em um processo e tem que esperar de 10 a 15 anos para obter uma resposta acaba sofrendo a maior das injustiças que é ter negado seu direito para saber se tem ou não justiça. Isso, infelizmente, acontece muito no nosso estado, e acredito que é o maior desafio da OAB, ter um judiciário que funcione. Se isso existisse, teríamos mercado de tra-balho para toda a classe de advocacia. Inúmeras cidades do interior do Estado não têm juiz titu-lar. Em Icó, a advocacia chegou a colocar faixa na entrada da cidade dizen-do: “Procura-se vivo ou morto um juiz titular”, porque não tem. Toda parte estrutural da OAB, faço uma boa avaliação nesses seis anos de ges-tão. Inauguramos uma sede em Aracati, outra em Quixadá, Crateús, Tauá, e vamos inaugurar em Tianguá e Itapipoca. Criamos, também, a sub-seccional de Cariri Orien-tal, Maracanaú, Cerrado dos Inhamus, Serra de Ibiapaba e em Canindé. Fizemos um crescimento muito grande da presença da OAB no interior do Estado para fortalecer o trabalho da advocacia, e na Capital, estamos crian-do uma sede nova.

Avaliação de gestão

Fizemos um crescimento muito grande da presença da OAB no interior do Estado para fortalecer o trabalho da advocacia e, na Capital, estamos criando uma sede nova.

Em duas décadas atrás, só tínhamos quatro cursos de Direito, dois na Capital e dois no interior; hoje, temos, aproximadamente, 20 cursos. Houve um aumento considerável.

Temos cerca de 80% dos servidores estaduais servidos de prefeituras e câmaras municipais, ou seja, o concurso público que deveria ser a via correta para que estivessem lotados.

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Fortaleza, Ceará, Brasil Terça-feira, 11 de agosto de 2015 O ESTADO 4

Myrthes Gomes de Cam-pos é a primeira advogada mulher do Brasil e também primeira a fazer parte do Inst ituto dos Advogados Brasileiros – IAB (criado por ato o� cial de sete de agosto de 1843), entidade responsável pela criação da Ordem dos Advogados do Brasil.

Nascida na cidade de Ma-caé, Rio de Janeiro, em 1875.

Interessou-se precocemen-te pelo os estudos das leis, des-de a sua época do Liceu. Mas sua família sempre foi contra ela prosseguir com os estudos, pois naquela época não era comum uma mulher estudar até o nível superior. Havia uma resistência em relação às mulheres que pretendessem

t r o c a r a s a t i -vidades d o lar para se tor-n a r e m prof i s -s i o n a i s , t r a b a -l h a n d o f o r a d e casa.

A p e s a r dos perca l-ços , My r t hes bacharelou-se na Faculdade Livre de Ci-ências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, em 1898. Entretanto, depois de sua for-matura é que os problemas re-almente começaram a surgir. Enfrentou vários obstáculos

Myrthes Gomes PRIMEIRA MULHER ADVOGADA NO BRASIL

Advogada prevê dificuldade para cidadão acessar a Justiça

CUSTAS JUDICIAIS

frequentes às mulhe-res que possuíam a

vontade de reali-zar atos inéditos para sua po-sição. Depois de conseguir o reconheci-mento do seu diploma, legi-

timou-se pro-fissionalmente,

sendo aceita no IAB, após algumas

tentativas negadas.Myrthes começou sua ba-

talha pro� ssional trabalhan-do na Secretaria da Corte de Apelação do Distrito Federal e posteriormente no Tribunal da Relação do Estado. Estabe-leceu-se com escritório à rua

da Alfândega, nº 83; também escrevia para jornais, e suas defesas chamavam muito público.

Sempre foi polêmica em suas lutas a favor dos direitos humanos. Divórcio, trabalho feminino, caixas maternida-de, trabalho infantil e regula-rização do trabalho em geral, eram algumas de suas bata-lhas cotidianas. Destacou-se ainda em diversos congressos jurídicos ocorridos em 1905, 1908 e 1922; neste último de-fendeu o tema, polêmico, da constitucionalidade do voto feminino.

Myrthes, a mulher que rompeu com preconceitos da sociedade eminentemente machista e patriarcal.

GRANDES NOMES DO DIREITO

A Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público aprovou, no últi-mo dia 15, o Projeto de Lei 664/15, do deputado Adail Carneiro (PHS-CE), que re-gulamenta a pro� ssão de cor-retor de moda. O texto de� ne o pro� ssional como aquele responsável por intermediar a relação entre revendedores e lojistas de confecções que comercializam no atacado roupas, acessórios, calçados e bolsas. A proposta exige que o pro� ssional deva ter os diplo-

mas de conclusão de ensino médio e do curso de formação de corretor de moda. Quem não os tiver, no entanto, e comprovar o exercício efetivo como corretor de moda até um ano antes de o projeto virar lei, também poderá ser cadastrado como corretor de moda. O projeto, que tramita em caráter conclusivo, ainda será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Fonte: Agência Câmara

A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados apro-vou proposta que proíbe es-colas de substituírem os livros didáticos pelo prazo de três anos contados a partir de sua adoção. A proposta exige ainda a reposição de livros extra-viados, ainda que em período inferior aos três anos previstos para a utilização de determina-do título. Pelo texto aprovado, os sistemas de ensino poderão

autorizar a substituição de livro didático em prazos diferencia-dos por razões curriculares ou pedagógicas. O texto também proíbe a adoção de livros didáticos descartáveis ou cuja concepção impeça a sua reuti-lização nos anos subsequentes ao da adoção, a partir do 5º ano do ensino fundamental e em todo o ensino médio.

Fonte: Agência Câmara

A presidente Dilma Rousse� vetou projeto que regulamen-ta a pro� ssão de garçom. Segundo Dilma, a medida é inconstitucional, por restrin-gir o exercício pro� ssional. A proposta de regulamentação (PLS 28/1991) foi apresen-tada há mais de 24 anos pelo então senador Valmir Campelo. Enviada à Câmara no mesmo ano, foi aprovada por comissões daquela Casa em 2001, mas � cou pendente um recurso para exame pelo Plenário. O recurso foi negado em junho deste ano e o projeto � nalmente seguiu para a Pre-

sidência da República. Entre as regras estabelecidas no proje-to, está a exigência de registro na Delegacia do Trabalho, condicionado à comprova-ção de dois anos de exercício de atividades de serviço de alimentação e bebidas em restaurantes, bares e hotéis. O projeto também limita a taxa de serviço a 10%, a serem divididos entre os empregados da empresa, com destinação obrigatória de parte do valor à própria empresa (20%) e ao sindicato pro� ssional (2%).

Fonte: Agência Senado

De todas as procuras à Ou-vidoria do Superior Tribunal de Justiça, em junho deste ano, 69% dizem respeito a demoras ou previsões para julgamentos. Bem atrás desses temas, o terceiro colocado, com 6% das manifestações, foi relativo a assuntos institu-

cionais do tribunal. Outros 3% pediram dados sobre a jurisprudência do STJ, mesma cifra dos que � zeram de-mandas com relação à Lei de Acesso à Informação, sistema Push, processo eletrônico e unidades da corte.

Fonte: Conjur

Comissão aprova regulamentação da profi ssão de corretor de moda

Projeto só permite substituição de livros didáticos após três anos

Dilma Rousse� veta regulamentação da profi ssão de garçom

Maioria dos pedidos ao STJ é sobre demora em julgamentos

VALOR DA CAUSA

VALOR DA CAUSA

CUSTO

CUSTO

Confi ra os valores cobrados para entrada de causas atualmente e como fi cará em 2016

HOJE

Até R$ 50 R$ 34,19

Até R$ 100 R$ 68,33

Até R$ 400 R$ 88

Até R$ 800 R$ 239,33

Até R$ 1.700 R$ 374,40

Até R$ 4.200 R$ 841,03

Até R$ 8.500 R$ 1.010,31

Até R$ 25.000 R$ 1.082,11

Até R$ 42.000 R$ 1.210,37

Acima de R$ 42.000 R$ 1.235,90

2016*

Até R$ 400 R$ 88

Até R$ 800 R$ 239,32

Até R$ 1.700 R$ 374,40

Até R$ 4.200 R$ 841,03

Até R$ 8.500 R$ 1.010,31

Até R$ 25.000 R$ 1.082,11

Até R$ 42.000 R$ 1.210,37

Até R$ 84.000 R$ 1.948,00

ACIMA DE R$ 84.000 2% DO VALOR DA CAUSA**

(FONTE: SECRETARIA DE FINANÇAS DO TJCE.)

* VALORES DEFINIDOS EM UFIRCE.

** LIMITADO A R$ 78,8 MIL

FOTO DIVULGAÇÃO_OAB-CE

Acessar a Justiça, no Es-tado do Ceará, vai � -car mais caro a partir de 2016. A Assembleia

Legislativa aprovou mudança proposta pelo Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) que altera a tabela de taxas judici-árias. Para a advogada Renata Rebouças, aumentar as custas judiciais signi� ca retrocesso.

A mudança irá afetar o ci-dadão que dispõe de advoga-do particular e precisa arcar com honorários advocatícios. Quem utiliza a Defensoria Pública para dar entrada em processos na Justiça não será atingido. Segundo alegou a Secretaria de Finanças do TJCE, essa é a primeira alte-ração que ocorre em 17 anos para o custeio da tramitação de processos, o que permitirá uma arrecadação de aproxi-madamente R$ 90 milhões ao TJCE em 2016. Em 2014, o valor arrecadado foi de R$ 30,8 milhões.

A expectativa, com o au-mento dos custos, também, é saltar a receita do Fundo Especial de Reaparelhamento e Modernização do Poder Ju-diciário do Ceará (Fermoju) de R$ 87 milhões para cerca de R$ 150 milhões no próximo ano.

RetrocessoNa avaliação de Renata

Rebouças, o acesso à Justiça é abertura que o cidadão tem

para acionar o judiciário. “O aceso à Justiça é uma neces-sidade do ser humano, todo mundo precisa dela, não em termos pequenos, mas de for-ma ampla. Você ter um retor-no do que reclamou é também acesso à Justiça”, a� rma.

Para a advogada, aumentar as custas judiciais é di� cultar as pessoas a procurarem o ju-diciário. Segundo ela, normal-mente, que mais ingressa com ação na Justiça são aqueles que já foram ao judiciário antes e lá encontraram solução. Com a alteração, Renata prevê a população voltando a utilizar a justiça gratuita.

Em sua análise, Renata acredita, ainda, que o interesse

do Estado em arrecadar foi um tiro no pé. “Aumentar as custas é um retrocesso. Deve-ria se trabalhar para diminuir e não aumentar. Desde os primórdios as custas são um empecilho ao acesso à Justiça. Entendo que esse aumento não é bem-vindo. Na minha fase introdutória, não estudei o assunto a fundo, mas creio que nada justi� ca, porque as custas já são altas. Não acredi-to que [17 anos sem aumento] seja justificativa plausível, inclusive acho inconstitucio-nal”, criticou, lembrando que o acesso à Justiça é um direito constitucional e assegurado, portanto, di� cultar o acesso seria inconstitucional.

“Aumentar as custas é um retrocesso. Deveria se trabalhar para diminuir e não aumentar”, diz Renata Rebouças

Page 5: Direito & Justiça 11/08/2015

Ainda jovem, Myrthes Gomes de Campo escandalizou a so-ciedade f luminense

quando decidiu deixar a ci-dade de Macaé com destino à capital do Rio de Janeiro para estudar Ciências Jurídicas e seguir carreira. Em 1898, ela tornou-se a primeira mulher advogada no Brasil. Mas, foi somente em 1906 que conse-guiu ingressar no Instituto dos Advogados do Brasil e então permitida a advogar.

Myrthes enfrentou precon-ceitos e quebrou paradigmas ao iniciar uma profissão dita masculina, assim como outras, em época onde exercer carreira profissional era apenas para homens; mulheres ficavam responsáveis pelo lar. Contudo, com as conquistas das mulhe-res na sociedade ao longo dos tempos, hoje, quase 50% da classe da advocacia, no Brasil, é feminina. No Estado do Ceará, o total já se aproxima de 47%, segundo afirma a diretora do Conselho Estadual da OAB--CE, Roberta Vasques. “Nas faculdades de Direito, já somos mais da metade”, aponta.

No entanto, Roberta observa que a participação da mulher em quadros de gestão da OAB ainda é inexpressiva. “Por que somos quase metade de mulheres e nossa participação política é tão acanhada? Por que nos quadros de gestão da

ordem não temos uma mulher presidente ou vice-presiden-te?”, indaga. Para a advogada, essa disparidade existe porque não há participação efetiva da mulher advogada em cargos de gestão. “Queremos a igual-dade. As leis e Constituição Federal preveem a igualdade, mas, na prática, não funcio-na. Mesmo sendo mulher e dona de casa, profissional, nós podemos e devemos estar em

igualdade com os homens”, diz ela, única mulher a ser diretora em quadro da OAB-CE e pré--candidata à vice-presidência no Ceará.

Segundo a presidente da Comissão da Mulher Advo-gada da OAB-CE, Manuela Praxedes, na história da seção, apenas 65 mulheres passaram por cargos diretivos que são a diretoria, conselhos e co-missões, sendo 17 delas tendo

sido inseridas durante as duas gestões do atual presidente da entidade, Valdetário Monteiro. “Notamos que houve um em-poderamento da mulher nessa gestão”, analisa.

Desafios da AdvocaciaDe acordo com Roberta

Vasques, os desafios na advo-cacia são imensos: judiciário moroso; estrutura precária nos fóruns; falta de servidores, de

juízes, de defensores; e soman-do a isso, a mulher ainda tem que se dedicar à família, aos afazeres de casa e do escritório. Mais além, Manuela Praxedes, destaca que, em alguns dos am-bientes judiciários, a presença da mulher é hostilizada.

Apesar de a participação da mulher ter aumentado dentro de algumas comissões e con-selhos, na opinião das duas advogadas, o preconceito na

relação da mulher com o poder é histórico. Para diminuir esse fato, Manuela e Roberta estão à frente do movimento “Mais Mulheres na OAB do Ceará”, estimulando a participação feminina na I Conferência Es-tadual da Mulher Advogada, que será realizada nos dias 27 e 28 de agosto, na Federação das Indústrias do Ceará (Fiec). O movimento busca incentivar as mulheres a se posicionarem em busca da igualdade em quadros da ordem.

I ConferênciaA expectativa das duas

advogadas, é que a primeira conferência seja um marco na advocacia cearense, com várias discussões sobre os avanços e dificuldades para efetivação dos direitos femi-ninos, assim como será um momento de unir força para uma maior participação da mulher na política.

“Muitas vezes, a mulher aca-ba largando a advocacia porque não consegue conciliar suas atividades e essa participação acaba caindo, por isso surge esse movimento Mais Mulhe-res na OAB para discutir essas dificuldades vivenciadas pela advogada e trazer a mulher como protagonista dentro e fora da OAB, trabalhar isso e formar grandes lideranças políticas dentro da ordem”, frisou Roberta.

O ESTADO Fortaleza, Ceará, Brasil Terça-feira, 11 de agosto de 2015 5

Igualdade em cargos de gestão na Ordem dos Advogados do Brasil ainda é desafio para a mulher advogada

PARTICIPAÇÃO ACANHADA

Manuela Praxedes e Roberta Vasques destacam atuação da mulher no mundo jurídico e a busca pelo protagonismo na política

FOTO: ASSESSORIA_OAB-CE

Page 6: Direito & Justiça 11/08/2015

Fortaleza, Ceará, Brasil Terça-feira, 11 de agosto de 2015 O ESTADO 6

DIREITO & LITERATURA

Manual dos Recursos nos Juizados Especiais

Federais - 5ª Edição

Direito Fundamental à Saúde, Ativismo Judicial

e os Impactos no Orçamento Público

Marcelo Mota, Valdetario Monteiro, Roberta Vasques e Ricardo Bacelar Paula Toller

Júlio Ponte e Fernando Férrer

Ricardo e Manoela Bacelar

Andrei Aguiar, Marcelo Mota e Erinaldo Dantas

Ivana e Odorico Monteiro

Paula Toller e Liége Xavier

Aline e Leandro Vasques

Katy Araújo e Anatalia Batista

Raphael Pessoa Mota e Erinaldo Dantas

O O novo Código de Processo Civil (CPC) estabelece um sistema para

julgamento uniforme das ações de massa que deverão ser decididas pelos tribunais regionais ou até mesmo pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) ou Superior Tribunal Federal (STF), conforme a espécie de discussão. Esta obra repercute como funciona essa questão no sistema dos Juizados e levanta polêmicas, como a demora excessiva que este mecanismo pode gerar nos processos, a insegurança jurídica que poderá se estabelecer, e sua possível inconstitucionalidade.

AUTOR: JOSÉ ANTÔNIO SAVARIS E FLÁVIA DA SILVA XAVIEREDITORA: ALTERIDADEPÁGINAS: 510PREÇO: R$ 149,00

E Esta obra analisa, especificamente, a situação do direito fundamental à

saúde. Se diferencia das demais devido ao recorte dado à matéria abordando o ativismo judicial em saúde, principalmente sob o enfoque da questão orçamentária na implementação desse direito. E ainda, o livro trata dos chamados novos rumos da intervenção judicial no direito fundamental à saúde, destacando a discussão acerca dos impactos e das consequências da crescente intervenção judicial nos domínios econômicos do Brasil, inclusive por meio de sentenças aditivas.

AUTOR: HELETÍCIA LEÃO DE OLIVEIRAEDITORA: JURUÁ PÁGINAS: 210PREÇO: R$ 59,90

FOTOS ALANA ANDRADE

Festa do RubiTendo como palco o La Maison Coliseu, aconteceu mais uma tradicional FESTA DO RUBI,

organizada pela OAB-CE, em referência ao Dia do Advogado. A cantora Paula Toller animou os convidados que lotaram o buffet.

CAACE - Rua D. Sebastião Leme, 1033 Bairro de Fátima (85) 3272.3412 www.caace.org.br. Notícias para coluna [email protected]

XXXV Encontro Nacional de Presidentes de Caixas de Assistência dos Advogados

As razões da Anuidade Zero

Semana da Saúde

Nos dias 23 e 24 de julho, na cidade de Aracaju (SE), foram debatidas diversas questões em prol da clas-se advocatícia durante o XXXV Encontro Nacional de Presidentes de Caixas de Assistência dos Advoga-dos, dentre elas o Portal do Conhecimento de Inclusão Digital, Campanha Nacional de Vacinação e a liberação para os advogados cearen-ses do repasse do Fundo de Integração e Desenvolvimen-

to Assistencial dos Advoga-dos – Fida, no valor de R$ 237.000,00 para aquisição de equipamentos.

O presidente da CAACE, Júlio Ponte, pontuou o pro-dutivo debate proporcionado. “Os 27 estados do País parti-ciparam de uma troca de ex-periências sobre as atividades em cada instituição e, ainda, tivemos a oportunidade de debater novas propostas que beneficiarão ainda mais a classe”, finaliza.

Durante décadas, falou--se em criar o programa Anuidade Zero, mas nunca foi dado passo algum nesse sentido. Em 2013, a atual presidência da CAACE pau-tou como uma das metas a efetiva criação da Anuidade Zero. Somente em 2015, as empresas PrevSeg Seguros, Clube Azul Vida Saudável e Lifan Fortaleza acreditaram nessa proposta e, assim, será possível custear até 5 anuidades dos advogados, valores de 2015.

A responsabilidade é in-teira da CAACE em receber dessas empresas os valores

de cada advogado e repassá--los ao respectivo colega. Assim, o associado poderá pagar a anuidade total ou parcial, podendo, ainda, ter a opção de utilizar os pontos acumulados da maneira que quiser, a partir dos diversos serviços disponibilizados pelas empresas parceiras.

O programa da Anuidade Zero nada mais representa que um benefício à classe e a sua evolução fará com que, em pouco tempo, os advogados e advogadas não se preocupem em pagar, a cada início de ano, a anuidade da OAB, não im-portando os valores cobrados.

A Semana da Saúde CA-ACE e Qualicorp ofertou diversos serviços voltados para a melhora da qualida-de de vida dos advogados e advogadas. Realizada nos dias 3 a 7 de agosto, no estacionamento do Fórum Clóvis Beviláqua, a ação atendeu mais de 500 pro-fissionais do direito, dispo-nibilizando vacina contra a gripe, teste de glicemia, aferição de pressão arterial, massagem, orientação nu-

tricional, entrega de brindes e sorteio de uma anuidade da OAB-CE proporcionada pela parceira César Rêgo.

Para a advogada Teresa Neuma (OAB/CE 5096), todas as ações promovidas pela Caixa de Assistência são excelentes, “mostrando a ótima atuação da atual gestão para com todos os advogados e advogadas. Realmente é muito bom ter esse cuidado diferenciado com nossa saúde”, destaca.

Page 7: Direito & Justiça 11/08/2015

O ESTADO Fortaleza, Ceará, Brasil Terça-feira, 11 de agosto de 2015 7

A diretoria da OAB-CE realiza sonho antigo da advocacia cearense

O edifício da OAB Ceará terá mais de 3.600,00 m² de área construída, di-vididos em três pavimentos. As salas da presidência, diretoria e administração geral da OAB Ceará funcionarão no se-gundo andar. O edifício que abrigará a nova sede da CAACE terá 761 m², distri-buídos em dois pavimentos. A estrutura de atendimento à saúde da nova sede da OAB Ceará compreenderá cinco con-sultórios odontológicos, duas salas de fonoaudiologia, sala de psicologia, sala de massoterapia, sala de acupuntura, es-túdio de pilates e farmácia.

No térreo, funcionará a biblioteca com recepção, salas de estudo, café e foyer. Ad-vogados, advogadas e bacharéis do direito irão usufruir de amplo auditório com ca-pacidade para 300 pessoas, localizado no térreo da nova sede. A FESAC terá à dis-posição duas salas de aula, com capacidade para 54 pessoas cada, e mais espaços para a diretoria e sala de professores. As reuni-ões do Conselho Seccional da OAB Ceará acontecerão em amplo plenário, de 312,14 m², com capacidade para 160 lugares, e que contará ainda com bancadas amplas e con-fortáveis para conselheiros e conselheiras.

Não só advogados e advogadas ganharão com a nova sede da OAB Ceará. A praça Jáder de Carvalho será importante espaço destinado ao lazer e à socialização da popu-lação. Em área de 9.062,42 m², haverá qua-dra de futebol de soçaite, quadra de vôlei de praia, equipamentos de ginásticas, parque infantil e pista para caminhada. A estrutu-ra da nova sede da OAB Ceará contará com salas de apoio aos advogados e advogadas, destinadas a atender a demanda da advoca-cia, com estrutura composta por computa-dores, ar condicionado, scanner, sistema de internet e profissionais capacitados.

Um Memorial destinado a contar e res-guardar a história da advocacia cearense vai fazer parte da nova sede da OAB Ceará. As

peças fazem parte do acervo da instituição, adquiridas desde a fundação da entidade ou por meio de doações de advogados. As ad-vogadas contarão com creche para deixarem seus filhos enquanto desenvolvem suas ati-vidades na nova sede da OAB Ceará.

A nova sede contempla subsolo de 3.086,50m², que atenderá aos edifícios da OAB Ceará e da CAACE, totalizando 127 vagas. Serão disponibilizadas ainda mais 58 vagas no pavimento térreo. Advogados e ad-vogadas terão espaço exclusivo para lança-mentos de livros, confraternizações de posse de comissões e demais eventos sociais da co-munidade jurídica, em terraço de 258,62 m² localizado no primeiro pavimento.

Uma conquista da comunidade jurídica cearense. Assim pode ser representada a construção da nova sede da OAB Ceará, localizada na avenida Washington Soares, em uma das áreas mais valorizadas de Fortaleza e próximo ao Fórum Clóvis Be-vilaqua. As obras encontram-se em ritmo acelerado e a previsão é de que a nova sede seja inaugurada em 21 de dezembro de 2015. A nova sede colocará à disposição da advocacia cearense modernas, amplas e confortáveis instalações, abrangendo a

gestão da OAB Ceará, da Escola Superior de Advocacia (ESA) e da Caixa de Assistência dos Advogados (CAACE), o que permitirá maior interação entre as três entidades.

A pedra fundamental da nova sede foi lançada em 15 de janeiro de 2015, em so-lenidade que contou com a presença do presidente do Conselho Federal da OAB, Marcus Vinícius Furtado Coelho, do prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, de conselheiros estaduais, de membros da comissões e de advogados e advogadas. Na ocasião, o presidente Valdetário Andrade Monteiro conduziu, em Sessão Extraordi-nária do Conselho, a aprovação e autorização para o início das obras. O presidente do Conselho Federal da OAB, Marcus Vinícius Furtado Coêlho, ressaltou a satisfação pessoal e institucional referente ao espaço que os advogados da advocacia cearense terão para exercer a função na luta dos direitos da sociedade. O presidente pontuou que “esta obra traz a importância de nossa entidade na valorização do advogado que é um instrumento de defesa do cidadão’’, complementa.

NOVA SEDE DA OAB-CE

AMBIENTES DA NOVA SEDE

Conquista de todos

Em 11 de agosto de 1984, a OAB Ceará inaugurou sua pri-meira sede própria na Av. Pontes Vieira, 2666, tendo como presi-dente o advogado Luiz Cruz de Vasconcelos. A inauguração foi um marco para a Ordem, após 51 anos de instalada no Ceará. Nessa data, comemora-se, tam-bém, o Dia do Advogado, da Fundação dos Cursos Jurídicos no Brasil e o Dia do Estudante.

A OAB Ceará funcionou na Av. Pontes Vieira no período de 11 de agosto de 1984 a 03 de abril de 1997. Em 04 de abril de 1997, a Ordem passou a ter sua segunda sede própria, inaugu-rada na gestão do presidente Cândido Albuquerque, sendo atualmente o local em que a instituição se encontra, na Rua Lívio Barreto, 668. No antigo endereço da OAB Ceará passou a funcionar a ESA.

Históricodas sedes

Auditório

Memorial

Sala de aula

Plenário

Principal

Biblioteca

Caace recepção

Consultório

Creche

Farmácia

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Fortaleza, Ceará, Brasil Terça-feira, 11 de agosto de 2015 O ESTADO 8

Recentemente, mi-lhares de brasileiros ficaram preocupa-dos ao tomarem

conhecimento do site tu-dosobretodos.se que vende informações de empresas e pessoas, como CPF, endere-ço e até nome de familiares. A apreensão foi tamanha que tornou alvo de abaixo--assinado com quase 50 mil assinaturas solicitando a retirada do ar.

O caso foi parar na Jus-tiça Federal do Rio Grande do Norte, após pedido de retirada pelo procurador da República no mesmo estado, Kleber Martins. Em entre-vista à EBC, o procurador explicou que a forma que o site dispõe os dados não implica crime na legislação brasileira. No entanto, fere a Lei do Marco Civil da Internet, a Lei de Acesso a Banco de Dados para Fins Comerciais e a Lei de Acesso à Informação, que proíbem qualquer divulgação de dados pessoais sem autori-zação prévia.

No último dia 30 de ju-lho, o juiz federal Magnus Augusto Costa Delgado decidiu pela remoção e reco-nheceu o perigo da comer-cialização sob a intenção de cometer algum crime. Como o julgamento não foi concluído, o magistrado orienta aos brasileiros que deixem de acessar. Para Mateus Simões, mestre em Direito Empresarial, a pro-posta do site não é muito diferente do que já fazem os grandes bancos de dados como o Serasa, que passou a registrar, além da proteção ao crédito, informações sobre processos judiciais e protestos, que são públicas, mas se encontravam espa-lhadas.

“A discussão central so-bre a legalidade dessa ini-ciativa é a violação da pri-vacidade das pessoas, não exatamente por divulgar as informações, pois são todas elas públicas, mas pelo fato de organizá-las de forma a promover a exposição da pessoa de maneira por ela não autorizada”, destaca. Na visão do especialista, a proposta do site é a versão digital da fofoca sobre a vida alheia de forma ampliada e mercadológica.

Mateus acredita que os mantenedores do portal

devem apresentar a origem das informações divulgadas e serem responsabilizados conforme determina as leis citadas anteriormente pelo procurador Kleber Martins.

Saiba mais“Procure pessoas e em-

presas. Encontre muita informação”, é o que diz a mensagem da primeira página do site. É só colocar o nome da pessoa ou em-presa no espaço de buscas que o site irá apontar, em um mapa, a localização do procurado, é a única infor-mação gratuita.

A partir do nome, o site disponibi l iza endereço completo, data de nasci-mento, CPF, nome de pa-rentes e vizinhos, endereço alternativo e até prováveis redes sociais da pessoa ou empresa. Porém, para cada informação e dado de ende-reço, é necessário adquirir créditos para visualizar.

Um crédito equivale a R$ 0,99, no entanto, o sistema só permite efetuar paga-mentos através da moeda virtual BitCoin, que custa 0,001 cada crédito e não é limitado, tendo validade de três meses.

Segundo o site, cujo do-mínio é no Reino da Suécia, as fontes que alimentam os registros são “cartórios, decisões judiciais publica-das, diários oficiais, foros, bureaus de informação, redes sociais e consultas em sites públicos na internet”. O portal diz ainda que os usuários que utilizarem informações contrárias aos termos de uso terão suas contas canceladas.

Prática adotada por site de vender informaçõespessoais não é crime

TUDO SOBRE TODOS

Regra do fator previ-denciário não se aplica mais à aposentadoria dos professores cele-

tistas do ensino infantil, fun-damental e médio. Foi o que decidiu a Turma Nacional de Uniformização da Jurispru-dência dos Juizados Especiais Federais (TNU), no Espírito Santo, após entendimento de que os magistérios têm esse direito previsto na Constitui-ção Federal.

Segundo explica o advo-gado João Ítalo Pompeu, es-pecialista em direito previ-denciário, como estabelecido na Constituição Federal, os professores têm aposentadoria diferente, sendo reduzida em cinco anos, “por estar previsto no art. 201, § 8º da Constitui-ção”. Por lei, o homem pode dar entrada no benefício aos 30 anos de contribuição, e a mulher, 25.

“O que acontecia é que o professor, normalmente, co-meça a trabalhar mais cedo, ainda na faculdade. Quando

se aposenta, por tempo de con-tribuição, perde 40% da apo-sentadoria. O fator previdenci-ário pode chegar até 46%. Por exemplo: um professor homem que começou a lecionar aos 20 anos de idade e completou 50. Com 30 anos de contribuição, vai perder quase 40% da apo-sentadoria dele. A Constituição trazia um benefício, que é a redução de cinco anos, e o fator previdenciário “compensava”, excluindo boa parte do salário”, explica o advogado.

Contudo, João Ítalo ressalta que o INSS continua com o entendimento de que incide o fator. A orientação é ingressar com ação judicial. Apesar de a decisão ter sido uniformizada no estado do Espírito Santo, a tendência é que os magis-trados dos juizados especiais de todo o Brasil utilizem a mesma interpretação.

“Quem já se aposentou, por exemplo, há dez anos, com o fator previdenciário, pode ingressar com uma ação pe-dindo a revisão do benefício

alegando que não pode mais incidir fator previdenciário no benefício dela, sob pena de anular o que estava previsto na Constituição”, afirma.

A decisãoUma professora de Santa

Catarina solicitou, na Seção Judiciária da mesma cidade, a revisão do cálculo de seu benefício por tempo de contri-buição para afastar o fator pre-videnciário do valor da Renda Mensal Inicial (RMI), por se tratar de uma aposentadoria especial prevista na Consti-tuição Federal. O pedido, no entanto, havia sido negado sob alegação que a redução de cinco anos não transformava em aposentadoria especial.

Ao passar o caso para a TNU, a magistrada defen-deu que a Turma Recursal de Sergipe havia concedido provimento a um recurso com o mesmo fim em decisão anterior. Quando analisado pelo juiz federal João Batista Lazzari, relator do processo

na TNU, o magistrado reco-nheceu haver divergências nas decisões das diferentes regiões e afirmou: “O cerne da divergência está relacionado à aplicação do fator previdenci-ário na apuração da RMI do benefício de aposentadoria em funções de magistério. Além disso, a Segunda e a Quinta Turmas do Superior Tribu-nal de Justiça (STJ) possuem entendimento no sentido do afastamento do FP no cálculo das aposentadorias dos pro-fessores”.

Fórmula 80/90Os magistérios também po-

dem utilizar a fórmula 80/90 para se aposentarem sem a interferência do fator previ-denciário. A regra normal, é de 85/95, em que os números 85 e 95 são a soma da idade da pessoa e do tempo de con-tribuição do INSS. 85 para as mulheres e 95, para homens. Mas aos professores, devido à aposentadoria especial, fica 80/90.

Justiça exclui fator previdenciário de aposentadoria de professores

DECISÃO

“A Constituição trazia um benefício, que é a redução de cinco anos, e o fator previdenciário ‘compensava’, excluindo boa parte do salário”, diz João Ítalo Pompeu

Mateus Simões destaca que a discussão maior é o fato de o site promover a exposição da pessoa de forma organizada e não autorizada

FOTO: BETH DREHER FOTO: DIVULGAÇÃO

Page 9: Direito & Justiça 11/08/2015

O ESTADO Fortaleza, Ceará, Brasil Terça-feira, 11 de agosto de 2015 9

Pontos adquiridos com a compra de passagens aéreas poderão ter prazo

de validade de, no mínimo, três anos. É o que estabelece projeto de lei aprovado na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. A proposta também prevê prescrição de dois anos para os pontos acumulados em programas de fidelida-de. Atualmente, o prazo para utilização de milhas e pontos variam conforme cada programa.

O texto aprovado é um substitutivo da Comissão de Defesa do Consumi-dor ao Projeto de Lei do deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT). Pelo original, qualquer um dos progra-mas não poderia ter pres-crição, a não ser quando as contas fossem encerradas pelo consumidor.

Na modificação, além do prazo de validade, as empresas vão ser obrigadas a avisar ao consumidor, em um prazo de pelo menos 60 dias, sobre a proximidade do vencimento. O projeto determina, ainda, a proibi-ção de saldo mínimo para transferência entre parcei-ros dos mesmos programas de fidelidade.

Carlos Bezerra justifica que, de acordo com levan-tamento do Banco Central do Brasil, em 2010, o brasi-leiro perdeu 101 bilhões de pontos nos programas de recompensa dos cartões de créditos . “Devemos atentar para o fato de que os pontos recebidos e acumulados pelo consu-midor são originários de seus gastos nas relações de consumo de que participa e, portanto, não são uma benesse ou um favor deste ou daquele fornecedor. No entanto, de forma indis-criminada e unilateral, os fornecedores que mantêm estes programas de pontos simplesmente atribuem um prazo para utilização e dão fim aos pontos ad-quiridos pelo consumidor na data ma rcada pa ra prescrição ou expiração dos mesmos”, afirma.

O parlamentar destaca que o ocorre atualmente é uma obrigação, por parte das empresas, em deter-minar o período que os clientes podem utilizar os pontos para viagem, in-dependentemente de seus desejos ou possibilidades.

O texto foi aprovado em caráter conclusivo e enca-minhado para o Senado.

Projeto prevê prazo detrês anos para prescrição

MILHAS AÉREAS

Dos cerca de 25 mil advogados ativos no Estado do Ceará, qua-se 12 mil são de jovens

advogados, ou seja, que têm até cinco anos de profissão. Para dar suporte a esses pro-fissionais em início de carreira, existe a Associação dos Jovens Advogados de Fortaleza e regi-ões metropolitanas (Ajaforte), cujo objetivo, segundo explica o presidente da associação, Patriarca Brandão, “é para que permaneçam no mercado”.

A Ajaforte foi criada em 2009 e desde então tem atuado em função do recém advogado inscrito na OAB-CE. A inten-ção é apoiá-los politicamente, tendo em vista, a determina-ção do Estatuto da Advocacia que não permite o advogado de até cinco anos de inscrição fazer parte da diretoria nem do conselho estadual ou fede-ral da ordem. Neste sentido, a associação é o meio para que tenham voz e vez.

Atualmente, além de fun-cionar na capital cearense e regiões metropolitanas, tam-bém atende na Região Norte e, em breve, na Região Centro Sul do Estado.

MercadoSobre o mercado, o pre-

sidente da Ajaforte observa dificuldades para a classe jo-vem ser inserida. Uma delas é a inexpressividade dos valores pagos, que são diferentes de quem já exerce há mais tem-po. “Não condiz com o que deveria ser, porém é o que está sendo praticado dentro do mercado”, lamenta. De acordo com Patriarca, a as-sociação está tentando, junto ao Conselho da Seccional da OAB-CE, instituir uma tabela de piso. O valor não pode ser imposto, mas a luta é por um piso respeitável, afirma ele.

Outro ponto é o fato de o advogado ser proibido de fazer anúncios, propagandas ou qualquer tipo de captação de clientes. Ele precisa se mos-trar, seja realizando palestras, seja publicando artigos em periódicos ou jornais. “O ad-vogado, para se projetar tem que mostrar sua capacidade de outras formas”, diz.

Ainda conforme Patriarca, existe uma pesquisa a qual afirma que, se o advogado permanecer na função por cinco anos, ele vai sobreviver disso. Caso contrário, não conseguindo se sustentar na profissão durante tal período,

é provável que mude de carrei-ra ou tente concurso público. “A Ajaforte dá esse suporte no que se refere aos anseios da jovem advocacia. Mas leva informação, faz uma espécie de treinamento e otimização para que o jovem advogado possa se inserir no mercado com uma maior firmeza, ba-gagem e oferecer o melhor trabalho”, ressalta.

ConquistasDe 2009 para cá, a Ajaforte

tem somado conquistas. Os associados ganharam assentos em discussões à nível estadual. Patriarca cita a participação em questões como as Eleições

Limpas e a respeito do piso salarial para o advogado.

Ele também destaca, a ini-ciativa da Ajaforte em propor o refinanciamento da dívida da anuidade para os jovens advogados que acabou se estendendo a toda a classe inadimplente. Ano passado, houve o lançamento de um li-vreto destinado aos bacharéis de direito recém-inscritos na Ordem, com indicações e in-formações de como começar a atuar. O material, em formato digital, é disponibilizado no site da OAB-CE.

Uma vez ao mês, os mem-bros participam de debates com alguma personalidade

jurídica para falarem sobre diversos assuntos.

Como fazer partePara ser um membro, é só

entrar em contato com a asso-ciação e seguir dois critérios: ter até cinco anos de inscrição na Ordem ou até 35 anos de idade. O presidente, Patriarca Brandão lembra que não é ne-cessário pagar nenhum valor para associar-se. Ele explica ainda que quem já tem 40 anos de idade, mas até cinco de inscrição, sua entrada é permitida. O mesmo vale para quem não atingiu 35 anos e possui mais de cinco anos na Ordem.

Valores pagos aos jovens advogados ainda são inexpressivos

AJAFORTE

Patriarca Brandão afirma que a Associação está tentando, junto ao Conselho da Seccional da OAB-CE, instituir uma tabela de piso respeitável

Carlos Bezerra defende que pontos não são uma benesse ou um favor deste ou daquele fornecedor, portanto, não deveriam ter prazo de validade

FOTO: BETH DREHER

FOTO: DIVULGAÇÃO

Page 10: Direito & Justiça 11/08/2015

Dia do Advogado

OAB-CE e Sesc renovam parceria

Congresso Imobiliário

OAB-CE e CUFA beneficiam jovens com grafitagem

No mês do advocacia, a OAB Ceará realiza diver-sas ações no Estado para celebrar a data. Os eventos incluem a inauguração de duas novas subseções: uma na Serra da Ibiapaba, em Tianguá; e outra em Itapipoca. Em Tianguá, a inauguração será no dia 14 de agosto, e em Itapipoca acontecerá no dia 25. Rea-lizará, também, a I Confe-rência Estadual da Mulher Advogada, por meio da Comissão da Mulher Advogada, que acontecerá nos dias 27 e 28 de agosto. O evento acontecerá na Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) com o objetivo de debater o papel

da mulher no âmbito jurí-dico, bem como destacar as conquistas e os desafios do gênero nesta área. A Conferência contará com a participação de grandes profissionais do âmbito jurídico, bem como com o lançamento do movimento “Mais Mulheres na OAB do Ceará”. No encerra-mento das comemorações, haverá o Encontro das Comissões. Este ano, o encontro acontece no dia 29 de agosto, no Hotel Vila Galé, na Praia do Futuro. Anualmente, presidentes e integrantes de todas as co-missões temáticas avaliam as conquistas e debatem novas metas.

A OAB Ceará renovou parceria com o Serviço Social do Comércio (Sesc). O convênio de prestação de serviços tem a finali-dade de permitir o acesso de advogados inscritos na Ordem e de funcionários da instituição às depen-dências e a participação nas atividades do Sesc em Fortaleza, Iparana, Sobral, Iguatu, Crato e Juazeiro do Norte. O convênio objetiva, também, promo-ver o desenvolvimento de

atividades comuns entre as instituições. Com a parce-ria, os advogados poderão usufruir de hospedagem na colônia ecológica do Sesc Iparana, excursões e reservas para hospeda-gem nas colônias de férias, atividades físicas e des-portivas com atendimento em vários cursos e moda-lidades esportivas, clínicas odontológicas, restaurantes e lanchonetes, biblioteca, teatro, além de outras ativi-dades institucionais.

A Comissão de Direito Imobiliário da OAB Ceará promoverá o Congres-so Regional de Direito Imobiliário (CONREDI), entre os dias 20 e 21 de agosto, no auditório da Assembleia Legislativa do Ceará. O encontro busca trazer informações atuais, referente ao ramo imobili-ário, bem como promover debates com conceituados juristas do âmbito. As va-gas são limitadas e podem

ser realizadas pelo e-mail [email protected] e pelo telefone (85) 3036.9934. O evento é destinado a advoga-dos, corretores de imó-veis, juízes, promotores, serventuários da justiça, estudantes de direito, empresários da constru-ção civil e profissionais ligados ao setor. Profissio-nais pagam R$ 200 no ato da inscrição e acadêmicos R$ 180.

Parceria entre a OAB-CE e a Central Única das Fa-velas (CUFA) beneficia seis jovens egressos do sistema penitenciário estadual. Os jovens vão grafitar 400 me-tros do tapume da obra da nova sede da OAB-CE com temas relacionados à justi-ça, inclusão social e igual-dade racial. A grafitagem, chamada Cores da Advoca-cia, foi concluída no último sábado (8). Os jovens fazem parte de projeto desenvolvi-do em conjunto pela CUFA

e pela Secretaria de Justiça do Ceará desde 2012, com apoio de empresas priva-das e instituições públicas, beneficiando ex-detentos do Instituto Presídio Profes-sor Olavo Oliveira II, em Itaitinga, e do presídio de Pacatuba, com cursos de grafitagem. Preto Zezé, presidente da CUFA Nacio-nal, disse que o objetivo da entidade é transformar os espaços sem vida em locais coloridos, com mensagens a favor da igualdade social.

O ESTADO Fortaleza, Ceará, Brasil Terça-feira, 11 de agosto de 2015 11

Aplicativo da OAB facilita contato entre clientes e advogados

INOVAÇÃO

E ncontrar advogado f icou mais fácil. O aplicativo, OAB Advogados, que promete inovar a relação entre clientes

e advogados, permite a busca por profissionais por nome, localização ou área de atuação. Por enquanto, a tecnologia só funciona no Ceará, mas a expectativa é expandir a ou-tros estados.

A ferramenta foi idealizada pelo presidente da OAB-CE, Valdetário Monteiro, e desenvolvida pelos estudantes de Sistemas de Infor-mação da Universidade Federal do Ceará (UFC), Daniel Zanata, Witalo Benício e Luís Siqueira. Segundo o idealizador, trata-se de uma manei-ra de a sociedade poder enxergar o jovem advogado. “Nós somos impedidos por lei de realizarmos propaganda comercial. Portanto, a forma que encontramos de permitir esse envolvimento maior da classe, foi criar esse aplicativo, em que o advogado se mostra como tal sem ferir o código de ética da entidade”, explicou Valdetário.

Ao acessar o dispositivo, por um

smartphone ou tablet, o usuário irá identificar o advogado mais próxi-mo à sua localização ou encontrar, por nome, o profissional desejado em um raio de até 100 km. As buscas também podem ser feitas por área jurídica. Além disso, o dispositivo disponibiliza aos clientes, visualizar o andamento de processos no eSaj.

Para ficar visível, basta o advoga-do realizar o cadastro gratuitamente no site www.oabadvogadosapp.com.br/ portando o número de inscrição na OAB, CPF e sigla do estado. Ele poderá, ainda, registrar seu currículo. De acordo com um dos desenvolvedores, Daniel Zanata, o download do aplicativo encontra-se disponível nas plataformas Android e Ios. Em funcionamento apenas no Ceará, o estudante informou que já estão em contato com a OAB do Piauí para levar a tecnologia, e aos poucos, chegar em nível nacional. “O aplicativo também tem a opção de você favoritar um advogado. Ele permite criar rota para o pro-fissional, mandar e-mail ou ligar”, ressalta Daniel.

F oi aprovado na Comis-são de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) proposta que

prevê aumento de pena para crime de falsa identidade pra-ticado pela internet ou meio eletrônico. O texto altera o Código Penal, que atualmen-te, estabelece pena de três meses a um ano ou multa e endurece as penas.

Pela proposta, a penali-zação é aumentada de 1/ 6 a 1/3, se a invasão resultar em prejuízo econômico. Se motivada para obtenção de conteúdo de comunicações eletrônicas privadas, segre-dos comerciais ou indus-triais, a pena é de reclusão de seis meses a dois anos e multa, sem que tenha se constituído crime grave. Será aumentada de um a 2/3 quando motivada para divulgação, comercialização ou transmissão a terceiros, e de 1/3 à metade, se o crime for contra: Presidente da República, governadores e prefeitos; Presidente do Supremo Tribunal Federal; Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Fede-ral, de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Legis-lativa do Distrito Federal ou de Câmara Municipal.

A proposta aprovada é um substitutivo apresentado pelo deputado Betinho Gomes (PSDB-PE) ao Projeto de Lei do deputado Nelson Marche-zan (PSDB-RS), que original-mente apenas caracterizava crime o uso de perfil falso a quem atribuir ser outra pessoa com a finalidade de causar dano, obter vantagem ou intimidar.

Pena maior para crime praticado na internet

FOTO: BETH DREHER

Tecnologia permite encontrar profissionais mais próxi-mos ou até em um raio de 100 km, e por área de atuação

FALSA IDENTIDADE

Como funciona Busca de Advogados: O aplicativo possibilita aos clientes buscarem advogados por nome e por área de atuação que estão mais próxi-mos a ele. Assim, os advogados ganham uma maior visibilidade e seu nome pode ser levado a vários clientes. Os profissionais

são mostrados em uma lista e em um mapa, onde o usuário poderá selecionar e ver as infor-mações de cada um e escolher. Favoritar advogados: O aplica-tivo permite favoritar um advo-gado, para que assim fique mais fácil e rápido para entrar em contato e ver as informações. Veja processos: Os processos de

primeira instância do eSaj estarão disponíveis na palma da mão. Basta o cliente digitar o número do seu processo e o aplicativo irá mostrar a movimentação e os dados gerais. Descontos da CAA: Em breve, os advogados poderão, a partir do dispositivo, aproveitar os descon-tos promovidos pelas lojas conve-niadas ao CAA mais próximas.

Page 11: Direito & Justiça 11/08/2015

Dia do Advogado

OAB-CE e Sesc renovam parceria

Congresso Imobiliário

OAB-CE e CUFA beneficiam jovens com grafitagem

No mês do advocacia, a OAB Ceará realiza diver-sas ações no Estado para celebrar a data. Os eventos incluem a inauguração de duas novas subseções: uma na Serra da Ibiapaba, em Tianguá; e outra em Itapipoca. Em Tianguá, a inauguração será no dia 14 de agosto, e em Itapipoca acontecerá no dia 25. Rea-lizará, também, a I Confe-rência Estadual da Mulher Advogada, por meio da Comissão da Mulher Advogada, que acontecerá nos dias 27 e 28 de agosto. O evento acontecerá na Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) com o objetivo de debater o papel

da mulher no âmbito jurí-dico, bem como destacar as conquistas e os desafios do gênero nesta área. A Conferência contará com a participação de grandes profissionais do âmbito jurídico, bem como com o lançamento do movimento “Mais Mulheres na OAB do Ceará”. No encerra-mento das comemorações, haverá o Encontro das Comissões. Este ano, o encontro acontece no dia 29 de agosto, no Hotel Vila Galé, na Praia do Futuro. Anualmente, presidentes e integrantes de todas as co-missões temáticas avaliam as conquistas e debatem novas metas.

A OAB Ceará renovou parceria com o Serviço Social do Comércio (Sesc). O convênio de prestação de serviços tem a finali-dade de permitir o acesso de advogados inscritos na Ordem e de funcionários da instituição às depen-dências e a participação nas atividades do Sesc em Fortaleza, Iparana, Sobral, Iguatu, Crato e Juazeiro do Norte. O convênio objetiva, também, promo-ver o desenvolvimento de

atividades comuns entre as instituições. Com a parce-ria, os advogados poderão usufruir de hospedagem na colônia ecológica do Sesc Iparana, excursões e reservas para hospeda-gem nas colônias de férias, atividades físicas e des-portivas com atendimento em vários cursos e moda-lidades esportivas, clínicas odontológicas, restaurantes e lanchonetes, biblioteca, teatro, além de outras ativi-dades institucionais.

A Comissão de Direito Imobiliário da OAB Ceará promoverá o Congres-so Regional de Direito Imobiliário (CONREDI), entre os dias 20 e 21 de agosto, no auditório da Assembleia Legislativa do Ceará. O encontro busca trazer informações atuais, referente ao ramo imobili-ário, bem como promover debates com conceituados juristas do âmbito. As va-gas são limitadas e podem

ser realizadas pelo e-mail [email protected] e pelo telefone (85) 3036.9934. O evento é destinado a advoga-dos, corretores de imó-veis, juízes, promotores, serventuários da justiça, estudantes de direito, empresários da constru-ção civil e profissionais ligados ao setor. Profissio-nais pagam R$ 200 no ato da inscrição e acadêmicos R$ 180.

Parceria entre a OAB-CE e a Central Única das Fa-velas (CUFA) beneficia seis jovens egressos do sistema penitenciário estadual. Os jovens vão grafitar 400 me-tros do tapume da obra da nova sede da OAB-CE com temas relacionados à justi-ça, inclusão social e igual-dade racial. A grafitagem, chamada Cores da Advoca-cia, foi concluída no último sábado (8). Os jovens fazem parte de projeto desenvolvi-do em conjunto pela CUFA

e pela Secretaria de Justiça do Ceará desde 2012, com apoio de empresas priva-das e instituições públicas, beneficiando ex-detentos do Instituto Presídio Profes-sor Olavo Oliveira II, em Itaitinga, e do presídio de Pacatuba, com cursos de grafitagem. Preto Zezé, presidente da CUFA Nacio-nal, disse que o objetivo da entidade é transformar os espaços sem vida em locais coloridos, com mensagens a favor da igualdade social.

O ESTADO Fortaleza, Ceará, Brasil Terça-feira, 11 de agosto de 2015 11

Aplicativo da OAB facilita contato entre clientes e advogados

INOVAÇÃO

E ncontrar advogado f icou mais fácil. O aplicativo, OAB Advogados, que promete inovar a relação entre clientes

e advogados, permite a busca por profissionais por nome, localização ou área de atuação. Por enquanto, a tecnologia só funciona no Ceará, mas a expectativa é expandir a ou-tros estados.

A ferramenta foi idealizada pelo presidente da OAB-CE, Valdetário Monteiro, e desenvolvida pelos estudantes de Sistemas de Infor-mação da Universidade Federal do Ceará (UFC), Daniel Zanata, Witalo Benício e Luís Siqueira. Segundo o idealizador, trata-se de uma manei-ra de a sociedade poder enxergar o jovem advogado. “Nós somos impedidos por lei de realizarmos propaganda comercial. Portanto, a forma que encontramos de permitir esse envolvimento maior da classe, foi criar esse aplicativo, em que o advogado se mostra como tal sem ferir o código de ética da entidade”, explicou Valdetário.

Ao acessar o dispositivo, por um

smartphone ou tablet, o usuário irá identificar o advogado mais próxi-mo à sua localização ou encontrar, por nome, o profissional desejado em um raio de até 100 km. As buscas também podem ser feitas por área jurídica. Além disso, o dispositivo disponibiliza aos clientes, visualizar o andamento de processos no eSaj.

Para ficar visível, basta o advoga-do realizar o cadastro gratuitamente no site www.oabadvogadosapp.com.br/ portando o número de inscrição na OAB, CPF e sigla do estado. Ele poderá, ainda, registrar seu currículo. De acordo com um dos desenvolvedores, Daniel Zanata, o download do aplicativo encontra-se disponível nas plataformas Android e Ios. Em funcionamento apenas no Ceará, o estudante informou que já estão em contato com a OAB do Piauí para levar a tecnologia, e aos poucos, chegar em nível nacional. “O aplicativo também tem a opção de você favoritar um advogado. Ele permite criar rota para o pro-fissional, mandar e-mail ou ligar”, ressalta Daniel.

F oi aprovado na Comis-são de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) proposta que

prevê aumento de pena para crime de falsa identidade pra-ticado pela internet ou meio eletrônico. O texto altera o Código Penal, que atualmen-te, estabelece pena de três meses a um ano ou multa e endurece as penas.

Pela proposta, a penali-zação é aumentada de 1/ 6 a 1/3, se a invasão resultar em prejuízo econômico. Se motivada para obtenção de conteúdo de comunicações eletrônicas privadas, segre-dos comerciais ou indus-triais, a pena é de reclusão de seis meses a dois anos e multa, sem que tenha se constituído crime grave. Será aumentada de um a 2/3 quando motivada para divulgação, comercialização ou transmissão a terceiros, e de 1/3 à metade, se o crime for contra: Presidente da República, governadores e prefeitos; Presidente do Supremo Tribunal Federal; Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Fede-ral, de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Legis-lativa do Distrito Federal ou de Câmara Municipal.

A proposta aprovada é um substitutivo apresentado pelo deputado Betinho Gomes (PSDB-PE) ao Projeto de Lei do deputado Nelson Marche-zan (PSDB-RS), que original-mente apenas caracterizava crime o uso de perfil falso a quem atribuir ser outra pessoa com a finalidade de causar dano, obter vantagem ou intimidar.

Pena maior para crime praticado na internet

FOTO: BETH DREHER

Tecnologia permite encontrar profissionais mais próxi-mos ou até em um raio de 100 km, e por área de atuação

FALSA IDENTIDADE

Como funciona Busca de Advogados: O aplicativo possibilita aos clientes buscarem advogados por nome e por área de atuação que estão mais próxi-mos a ele. Assim, os advogados ganham uma maior visibilidade e seu nome pode ser levado a vários clientes. Os profissionais

são mostrados em uma lista e em um mapa, onde o usuário poderá selecionar e ver as infor-mações de cada um e escolher. Favoritar advogados: O aplica-tivo permite favoritar um advo-gado, para que assim fique mais fácil e rápido para entrar em contato e ver as informações. Veja processos: Os processos de

primeira instância do eSaj estarão disponíveis na palma da mão. Basta o cliente digitar o número do seu processo e o aplicativo irá mostrar a movimentação e os dados gerais. Descontos da CAA: Em breve, os advogados poderão, a partir do dispositivo, aproveitar os descon-tos promovidos pelas lojas conve-niadas ao CAA mais próximas.

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Fortaleza, Ceará, Brasil Terça-feira, 11 de agosto de 2015 O ESTADO 12

Com a estimativa de que em 2018 o Brasil terá mais de um milhão de advogados, inves-

tir em uma franquia jurídica pode ser a solução para mui-tos, principalmente, aos que estão iniciando na profissão. É o que afirma o advogado Fleury Neto. Segundo Fleury, franquia jurídica é um tema complexo e delicado, “mas viável e promissor”. “O jovem advogado se forma com um so-nho e pouco têm de base para construí-lo. Neste caso, encon-trar um modelo já pensado, com um verdadeiro manual pode ser a grande solução”, afirma. O advogado explica que franquia ou franchising funciona como um contrato.

A empresa concede a terceiros o direito de comercializar suas marcas e produtos sem vínculo de subordinação.

Apesar de ressaltar que a ideia de replicar o modelo de escritório assusta alguns operadores do Direito, Fleury destaca que optar por franquia não é uma ideia ruim, princi-palmente aos novos advogados que saem da faculdade com o sonho de ter o próprio escri-tório, mas deparam-se com dificuldades para estruturar a marca ou sofrem preconceitos por imaturidade.

“O preço para se fazer crescer um escritório de ad-vocacia é inegavelmente alto: tempo que se dedica, distância da família, horas seguidas e

incansáveis de trabalho, risco altíssimo no resultado (já que se depende de um Judiciário lento) e, por fim, construção da marca (tão abalada pelas limitações impostas pelo Có-digo de Ética). E se inúmeros parceiros dividissem esta missão? Mais fácil seria e seu escritório sairia da restrita sede para vários outros Esta-dos, atendendo mais clientes, girando mais capital, tendo mais vitórias. Anseio de lucro, renome e sede de advogar ple-namente atendidos”, aponta.

FranquiasConforme Fleury, quando

se fala em franquia é mais fácil imaginar a réplica de uma marca de roupas ou de

comidas, que de um escritório jurídico. Contudo, cita que o modelo de negócio já é reali-dade em grandes marcas de Contabilidade, que também é complexo e de alto risco na prestação de serviços.

No entanto, também afir-ma que franquias jurídicas já estão sendo vistas na área previdenciária, serviços de auditoria e consultoria tri-butária. “O Código de Ética não versa diretamente sobre o tema e os estudos para o caso específico da Advocacia ainda são escassos, mas não é uma realidade distante. O mercado pede inovação e escritórios jurídicos são, cada vez mais, empresas – os conservadores querendo ou não”.

Opção para quem quer empreender e está em início de carreira

Para você, advogado, quais os maiores desafios da profissão atualmente?

FRANQUIA JURÍDICA

DIREITO & JUSTIÇA PERGUNTA:

Fleury Neto - “O mercado pede inovação e escritórios jurídicos são, cada vez mais, empresas – os conservadores querendo ou não”

FOTO: DIVULGAÇÃO

Ronaldo Behrens – Direito da Saúde“Nossas Fa-

culdades ainda preparam profis-sionais voltados para o litígio e que percebem o Direito como atividade f im. No entanto, a Sociedade tem demandado cada vez mais a pre-sença de valores como a solidarie-

dade, a generosidade, o compartilhamento de ideias e visões e a colaboração entre seres humanos. Tudo isso exige dos Advoga-dos um trabalho mais artesanal, customizado e preventivo. Em minha opinião, alinhar estas posturas é, atualmente, o maior desafio que nosso mercado tem enfrentado.”

Imaculada Gordiano – Direito Societário“Nosso maior

desaf io é atu-ar com preste-za nos fóruns. Principalmente, osestaduais. A falta de estrutu-ra das diretorias e dos próprioso-peradores do di-reito, desestabi-liza o exercício da advocacia. O

desrespeito àsprerrogativas do advogado, como evidências: Ter acesso dificultado aosprocessos por falta de instrumento procuratório, quando a leiflexibiliza a posterior apresen-tação; acesso aos juízes, alguns nãorecebem advogados e outros, quando recebem, somente com horamarcada; falta de local apropriado para os advogados penalistasatenderem seus clientes em delegacias ou nos presídios; falta de magis-trados nas comarcas do interior do Ceará e de serventuários habilitados para oatendimento eficaz do advogado”.

Patrícia Moura – Direito do Consumidor“ A o p ç ã o

pelo exercício profissional da advocacia é o primeiro desa-fio enfrentado pelo operador do Direito. Um advogado de ex-celência preci-sa desenvolver muito mais que a competência jurídica neces-sária para obter

êxito processual. Para destacar-se no mercado, este profis-sional deve enfrentar constantemente o desafio de inovar e empreender mesmo diante do conservadorismo inerente à nossa área. Apesar de todos os percalços que os advogados se deparam na caminhada rumo à Justiça, nada retira o brilhantismo desta profissão”.

Leandro Vasques – Direito Penal“Os maiores

entraves que en-frentamos coti-dianamente, no campo pessoal e no profissio-nal, resumem-se a acesso. Pro-fissionalmente, ainda são mui-tos os obstácu-

los para o acesso à justiça, garantido constitucionalmente, tendo em vista os sabidos e consabidos problemas do Poder Judiciário. E no sentido de acesso físico, aonde quer que se queira ir hoje em Fortaleza, enfrentamos um trânsito fotográfico. O advogado do século XXI, notadamente o jo-vem advogado, enfrenta o problema da superpopulação do mercado, que, no entanto, sempre reservará um lugar ao sol para os mais obstinados e para os que buscarem constante aperfeiçoamento. Já os veteranos precisam adaptar-se ao

novo processo judicial eletrônico, o que pode representar certa dificuldade para aqueles que cresceram profissional-mente em um contexto jurídico pouco tecnológico”.

Augusto Lopes – Direito Internacional O s m a iore s

desafios da ad-vocacia para os novos advoga-dos, é ter uma especialização e buscar ser o melhor naquela área que esco-lheu, pois não cabe mais a clí-nica gera l no

Direito. Aos que já estão com a profissão consolidada, ca-bem saber que o Direito, hoje, é um relacionamento muito mais inter e intrapessoal do que nunca, levando o agente do Direito a evoluir uma inteligência emocional com fortes traços altruístas.

João Clemente Pompeu – Direito Tributário“O que vejo

no momento, é que os clien-tes passam por uma dificulda-de f inanceira muito grande, tendo que ar-car com muitos custos somente bu rocrát icos . Compreendo as circunstâncias

deles, porque na minha área tributária, existe muita obri-gação acessória com a União, Estado, Município, Ministério do Trabalho, e todos eles exigem muita obrigação acessória, que é uma rotina de trabalho que não é produtiva, somente despesa, mas todas as empresas são obrigadas a fazer. Com a carga tributária tão pesada como a nossa está, destrói praticamente todo o setor”.