8/2/2019 Estado, Direito e Poltica

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Estado, Direito e Poltica

Autor: Profa. Marjorie Corra MaronaDisciplina: Teoria Geral do Estado - 1 Perodo

absolutamente impossvel encontrar um conceito de Estado que satisfaa a todas as correntes

doutrinrias, tendo em vista a natureza complexa do Estado, que possibilita sua abordagem sobdiversos pontos de vista, dando origem a inmeras definies.

Contudo, a anlise da grande variedade de conceitos revela duas orientaes fundamentais, quaissejam, a que enfatiza um elemento concreto, ligado noo de fora, e a que reala a naturezajurdica, tomando como ponto de partida a noo de ordem.

Os conceitos que se ligam mais noo de fora - e que bem poderiam ser classificados comopolticos - no excluem a preocupao com o enquadramento jurdico, mas vislumbram o Estado,antes de tudo, como fora que se pe a si prpria e que busca disciplina jurdica.

Assim, para DUGUIT o Estado a fora material irresistvel, atualmente, limitada e regulada pelodireito; para HELLER o Estado a unidade de dominao, e para BURDEAU umainstitucionalizao do poder.

Por outro lado, as teorias que se poderiam denominar jurdicas no ignoram a presena da fora noEstado, e nem que este, por suas finalidades, uma sociedade poltica, mas do primazia aoelemento jurdico, acentuando que todos os demais elementos materiais que se conjugam noEstado s so compreendidos como seus componentes aps sua integrao numa ordem jurdica.

A preocupao com a fixao de uma noo jurdica de Estado surge no sculo XIX, na Alemanha,quando JELLINEK chega noo de Estado como corporao territorial dotada de um poder de

mando originrio, adotando a idia de corporao - que uma ordenao jurdica de pessoas -como base do conceito.

Radicalizando a tendncia, com KELSEN chega-se noo de Estado como ordem coativanormativa da conduta humana, como fruto da tentativa de se fixar uma noo puramente jurdica deEstado, considerando exteriores a ele todos os fatores no-jurdicos.

Para ser completa, contudo, a noo de Estado at pode dar nfase maior ao fator jurdico, mas nodeve ignorar os fatores no-jurdicos indispensveis sua caracterizao, razo pela qual se podeconceber o Estado como a ordem jurdica soberana que tem por fim o bem comum de um povosituado em determinado territrio. (DALLARI)

O conceito tem o mrito de apontar os elementos essenciais do Estado, sem descuidar da suapoliticidade, que afirmada na referncia expressa ao bem comum, com a vinculao deste a umcerto povo em determinado territrio, que funciona como limitador espacial da ao jurdica e polticado Estado.

O Estado, portanto, implica um entrelaamento de situaes, relaes, comportamentos,justificativas e objetivos, que compreende aspectos jurdicos, mas que contm, ao mesmo tempo,um indissocivel contedo poltico, de sorte que no possvel estabelecer-se a ntida separaoentre o jurdico e o poltico, no mbito do Estado, sendo, mesmo, impossvel compreender-se oEstado e orientar sua dinmica sem o direito e a poltica, pois toda fixao de regras de

comportamento se prende a fundamentos e finalidades, enquanto que a permanncia de meiosorientados para certos fins depende de sua insero em normas jurdicas.

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A relao entre direito e poltica, no mbito do Estado, est marcada, de forma indelvel, pelofenmeno da positivao do direito, que revela o processo evolutivo por meio do qual o direitopassou de uma validade tradicional ou transcendental (instituio divina/ordem racional do universo)para uma validade decisionista.

Assim, o direito positivo fruto de uma deciso que tomada no no mbito jurdico, mas na arena

poltica, o que vai determinar o problema da justia, que acompanha a sociedade moderna, namedida em que direito e justia no so mais, como em sociedades pr-estatais, sob o paradigmajusnaturalista, coincidentes.