estado de direito - 37 ediÇÃo

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Estado de Direito brasil N° 37 aNo Vii issN 2236-2584 O Jornal Estado de Direito comemora o seu sétimo aniversário! Agradecemos a todos que nos apóiam para a realização de cada atividade voltada a sensibilização dos sentidos para a popularização do direito. Estamos empenhados em oportunizar a reflexão, o protagonismo, a dúvida, o criativismo jurídico, para ampliar a expressão de nossa cidadania. Nesta 37ª edição, Newton De Lucca, destaca a relevância de informar num Estado Democrático e a necessidade de responsabilizar aquele que exerce mal a liberdade de expressão jornalística, a fim de preservar os direitos fundamentais do cidadão. Leia nas páginas 14 e 15. Habeas Mídia Função social do contrato Luiz Fernando do Vale de Almeida Guilherme advoga a relevância da atuação do Estado na criação de diretrizes mais eficazes, para que não ocorram abusos de liberdade e de autoregulação. Página 20 Modernização do Estado Irene Patrícia Nohara questiona o sistema administrativo adotado no Brasil, inspirado nos países do Common Law, tendo em vista os desafios da globalização. Página 23 Consentimento informado Dalmir Lopes Jr. apresenta os aspectos problemáticos na utilização equivocada dos conceitos nas relações clínicas, que reduz o Consentimento Informado a uma dimensão puramente jurídico-formal. Página 29 Stalking e a criminalização do cotidiano Alexandre Morais da Rosa discute a resposta, via Código Penal, para a violência em sociedade e propõe arriscar novas formas de enfrentamento, evitando-se o agigantamento da criminalização do cotidiano. Página 4 Veja também Página 9 Fazer Direito direito William Douglas compartilha suas experiências como profissional do ramo jurídico com aqueles que desejam aprender e descobrir como se tornar vitoriosos em suas carreiras Página 5 Página 10 Telemidiatização da Justiça Luiz Flávio Gomes interpreta como o STF exerce sua atividade, com preocupação retórica populista na mídia, correndo o risco de se perder em segurança, diante do poder dos holofotes Projeto do novo CPC Arruda Alvim enfatiza o significado social da jurisprudência dos tribunais, principalmente sob a perspectiva da realização da isonomia e da segurança jurídica Newton De Lucca aborda a liberdade de imprensa e o direito à resposta, leia nas páginas 14 e 15. ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DO TRF3 Página 8 Constitucionalismo Latino- Americano César Augusto Baldi comenta os novos processos da justiça no Equador, na Bolívia e na Colômbia, os quais abrem possibilidades de repensar a diversidade étnica, cultural, política e epistêmica das sociedades Metas 2013 Programa Social Estado de Direito * Desmitificando Direito, em Porto Alegre e São Paulo; * Direito no Cárcere, em Porto Alegre e São Paulo; * Samba no Pé & Direito na Cabeça, em Universidades; * Jornal Estado de Direito, ampliação da tiragem; * Portal Estado de Direito, novo site com palestras, cursos; * Rota Jurídica, aumentar viagens; +Informações www.estadodedireito.com.br Página 13 Eu tomo ritalina! Você me quer? Dora Martins constata a situação em que vivem milhares de crianças em abrigos a espera de adoção e a difícil tarefa de cuidar

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ESTADO DE DIREITO - 37 EDIÇÃO Veja mais edições no site: www.estadodedireito.com.br

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Estado de Direitobrasil • N° 37 • aNo Vii • issN 2236-2584

O Jornal Estado de Direito comemora o seu sétimo aniversário! Agradecemos a todos que nos apóiam para a realização de cada atividade voltada a sensibilização dos sentidos para a popularização do direito. Estamos empenhados em oportunizar a reflexão, o protagonismo, a dúvida, o criativismo jurídico, para ampliar

a expressão de nossa cidadania. Nesta 37ª edição, Newton De Lucca, destaca a relevância de informar num Estado Democrático e a necessidade de responsabilizar aquele que exerce mal a liberdade de expressão jornalística, a fim de preservar os direitos fundamentais do cidadão. Leia nas páginas 14 e 15.

Habeas Mídia

Função social do contratoLuiz Fernando do Vale de Almeida Guilherme advoga a relevância da atuação do Estado na criação de diretrizes mais eficazes, para que não ocorram abusos de liberdade e de autoregulação.

Página 20

Modernização do EstadoIrene Patrícia Nohara questiona o sistema administrativo adotado no Brasil, inspirado nos países do Common Law, tendo em vista os desafios da globalização.

Página 23

Consentimento informadoDalmir Lopes Jr. apresenta os aspectos problemáticos na utilização equivocada dos conceitos nas relações clínicas, que reduz o Consentimento Informado a uma dimensão puramente jurídico-formal.

Página 29

Stalking e a criminalização do cotidianoAlexandre Morais da Rosa discute a resposta, via Código Penal, para a violência em sociedade e propõe arriscar novas formas de enfrentamento, evitando-se o agigantamento da criminalização do cotidiano.

Página 4

Veja também

Página 9

Fazer Direito direitoWilliam Douglas compartilha suas experiências como profissional do ramo jurídico com aqueles que desejam aprender e descobrir como se tornar vitoriosos em suas carreiras

Página 5

Página 10

Telemidiatização da Justiça Luiz Flávio Gomes interpreta como o STF exerce sua atividade, com preocupação retórica populista na mídia, correndo o risco de se perder em segurança, diante do poder dos holofotes

Projeto do novo CPCArruda Alvim enfatiza o significado social da jurisprudência dos tribunais, principalmente sob a perspectiva da realização da isonomia e da segurança jurídica

Newton De Lucca aborda a liberdade de imprensa e o direito à resposta, leia nas páginas 14 e 15.

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Página 8

Constitucionalismo Latino-AmericanoCésar Augusto Baldi comenta os novos processos da justiça no Equador, na Bolívia e na Colômbia, os quais abrem possibilidades de repensar a diversidade étnica, cultural, política e epistêmica das sociedades

Metas 2013

Programa SocialEstado de Direito

* Desmitificando Direito, em Porto Alegre e São Paulo; * Direito no Cárcere, em Porto Alegre e São Paulo; * Samba no Pé & Direito na Cabeça, em Universidades; * Jornal Estado

de Direito, ampliação da tiragem; * Portal Estado de Direito, novo site com palestras, cursos; * Rota Jurídica, aumentar viagens; +Informações www.estadodedireito.com.br

Página 13

Eu tomo ritalina! Você me quer?Dora Martins constata a situação em que vivem milhares de crianças em abrigos a espera de adoção e a difícil tarefa de cuidar

Estado de Direito n. 372

Estado de Direito

Apoio

*Os artigos publicados são de responsabilidade dos autores e não re-fletem necessariamente a opinião desse Jornal. Os autores são os únicos

responsáveis pela original criação literária.

Sentidos e Direções do Estado de Direito

Carmela Grüne*ISSN 2236-2584

Edição 37 • Vii • Ano 2012

Estado de Direito Comunicação Social Ltda.CNPJ 08.583.884/0001-66Porto Alegre - RS - Brasil

Rua Conselheiro Xavier da Costa, 3004CEP: 91760-030 - fone: (51) 3246.0242 e 3246.3477

skype: estadodedireito

e-mail: [email protected]: www.estadodedireito.com.br

Diretora PresidenteCarmela Grüne

Jornalista ResponsávelCármen Salete Souza MTb 15.028

Consultoria JurídicaRenato de Oliveira Grüne OAB/RS 62.234

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FotografiaCarmela Grüne, TRF3, Cranio, Dario Jacopo Laganà, Cosmopolita, Tadeu Vilani, Léo Lima, Staton Winter (ONU), Fora do Eixo, Jai T Junior, A F

Rodrigues, Antonieta Pinheiro, Gustavo Pinheiro, Claudia Rebouças

Tiragem: 50.000 exemplares

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No dia 15 de novembro de 2005, o Jornal Estado de Direito lançou a sua primeira edição, fruto do trabalho coletivo de professores, empresas e

instituições que acreditam na importância de fomentar a cultura jurídica como instrumento de cidadania.

Sete anos se passaram. E nesse período procura-mos alinhar a teoria com a prática, proporcionando mais de cento e trinta eventos gratuitos, pelos pro-jetos: Desmitificando o Direito; Papo Jurídico; Rota Jurídica; Encontro Internacional Estado de Direito; Mostra de Cinema Português com Enfoque Jurídico; Café com Justiça; Ciclo de Estudos Jurídicos Estado de Direito; Ciclo de Estudos Direito no Cárcere; Sam-ba no Pé & Direito na Cabeça; Direito no Cárcere e, mais recentemente, Areias do Direito. São formas que encontramos para atingir nossos objetivos de sensi-bilização do ensino jurídico, de apreensão e fomento da cultura jurídica popular.

Tudo com a preocupação de retirar aquilo que nos oprime e nos torna presos por “conceitos ou preconceitos”, para colaborar na desenvoltura da nossa cidadania, na expressão tão necessária para amplificar nossa voz, potencializar a palavra. Sim a palavra, pois ela muitas vezes falha pela promessa não cumprida, por um coração machucado, pelo silêncio que procura respostas e acaba buscando alento no Judiciário. Entretanto, o Poder Judiciário, requisito fundamental para garantir os direitos de todos, não deveria ser a primeira, mas sim a última alternativa para o encontro de soluções.

O que temos deixado de lado são os pequenos momentos. Instantes que o tempo leva e, se não nos dermos conta, estaremos inertes a toda violação de direitos humanos, de dignidade. Sim, esses fatos acontecem independentes da nossa vontade. Estão nas ruas, nas escolas, favelas, nos presídios, no lar dos idosos, nas comunidades indígenas, na natureza e não adianta colocar óculos escuros, fechar a janela do carro, fazer cara de paisagem. A responsabilida-de é coletiva, está na escolha dos alimentos, aonde compramos nossas roupas, na maneira que tratamos os vizinhos, como falamos com um morador de rua.

Estamos e sempre estaremos em posições diferen-tes, uns precisando mais de ajuda que outros, mas todos precisando de ajuda. Independente da classe social, local, oportunidade, todos queremos ser ou-vidos, receber uma palavra de conforto, estímulo, atenção, porque existimos e é da nossa natureza conviver com o próximo.

Todos somos capazes de participar dessa mudança cultural, escrevendo artigos, fotografando, produzin-do vídeos, dando cores aos muros pelo grafite com fra-ses/imagens que estimulem o empoderamento social. Atentos ao que ouvimos no rádio, ao que escolhemos para ver na televisão ou na Internet, podemos fazer parte do jornalismo cidadão, eu e você, aqui no jornal impresso, nas ruas e na internet. Os meios estão aí, precisamos de mais sinergia, para que o que já foi feito e narrado nesse editorial, duplifique, triplifique para daqui a sete anos.

Quando propus no texto abordar “Sentidos e Direções do Estado de Direito” manifesto a minha inquietação cotidiana de oportunizar pelos eventos e pela publicação do Jornal Estado de Direito o acesso à justiça por experiências enriquecedoras, emancipa-doras, que gerem a vontade de participar ativamente do processo de criação da cultura jurídica popular.

Compartilhando conhecimento, vamos transfor-mando nossas vidas. Obrigada a todos por fazerem parte dessa história, vejo nessas linhas que temos muito a fazer e convoco a todos a desafiar a rotina, dedicando um tempo, um tempo nosso, de olhos e janelas bem abertas para enxergar ao nosso redor, unindo ação e palavra, num só tempo.

Confira no site www.estadodedireito.com.br o “Relatório de atividades de 2012” e a “Programação cultural de 2013”. Feliz Ano Novo! Saúde, paz, cultura, alteridade, expressão, fé, perseverança, amor para nós!

* Diretora do Jornal Estado de Direito. Jornalista, Radialista, Advogada. Mestre em Direito pela UNISC. Autora dos livros “Participação Cidadã na Gestão Pública: a experiência da Escola de Samba de Mangueira“ e “Samba no Pé & Direito na Cabeça”, pela Editora Saraiva. www.carmelagrune.com.br.

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Sergio Pinto Martins1ª edição (2011) | 176 páginas

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Estado de Direito n. 374

Stalking e a criminalização do cotidianoAlexandre Morais da Rosa*

O conceito de stalk decorre da perse-guição silenciosa e despercebida, po-dendo-se incluir, também, a intenção

de matar ou capturar, sendo mais utilizada, originariamente, em relação a animais. Ganhou, por similitude, o sentido empregado em face das perseguições pessoais, pelo qual, até mesmo por computador, se dá a perseguição reiterada e muitas vezes anônima de determinados sujei-tos. Daí Stalking ou perseguição insidiosa. Por certo as relações afetivas. Na eterna (im)possibi-lidade de convivência, de amar, de se relacionar. Talvez tenha ganho a dimensão de uma ameaça diante da dificuldade de se sustentar simboli-camente. De qualquer sorte, a palavra stalking apresenta o sujeito ativo como “perseguidor” capaz de, por seu comportamento obsessivo, direcionado ao sujeito passivo, agindo de for-ma intencional e de acordo com um curso de conduta, buscar informações e controlar a vida deste, causando dano psicológico. A construção americanizada do tipo destaca como núcleos essenciais: a) repetição; b) por curto período de tempo; c) dano físico e/ou psicológico na vítima (quer pessoal, como para sua família ou próximos, inclusive animais); d) deve ser plausível; e) capaz de impedir a realização de atividades cotidianas. O realizado via internet dá-se o nome de cyberstalking. Não se trata de ir mais longe.Os trabalhos já realizados podem assim indicar (Jamil Nadaf). O que importa diagnosticar é que o sistema jurídico deveria basear-se no Direito Penal como última ratio e a conduta que se pretende tipificar, para além da sua impossibilidade epistemológica (afi-nal como se provar medo, angústia, etc... no processo penal democrático?). Partindo-se do Direito Penal como última ratio, ou seja, como o último recurso democrático diante da vergo-nhosa história das penas, brevemente indicadas

como de morte, privativa de liberdade e patri-monial, excluída a primeira pois desprovida de qualquer fim ou respeito ao acusado, as demais se constituem em técnicas de privação de bens, em tese, proporcional à gravidade da conduta em relação ao bem jurídico tutelado, segundo critérios estabelecidos pelo Poder Legislativo, na perspectiva de conferir caráter abstrato e

igualitário ao Direito Penal (Ferrajoli).Assim as condutas pretensamente cri-

minalizáveis seriam as de a) Realizar telefo-nemas indesejados; b) Envio de e-mails ou cartas não solicitados; c) Seguir ou espiar a vítima; d) Aparecer em determinados lugares sem uma razão legítima; e) Esperar a vítima em determinado lugar; f) Dar pre-sentes, itens ou flores indesejadas; g) Postar informações ou espalhar rumores sobre a vítima, na internet, em locais públicos ou de boca em boca; h) manifestar-se em redes sociais de maneira repetitiva e vexatória (cyberstalking). As relações próprias do cotidiano das relações afetivas/amorosas/odiosas, nesse contexto, ganham um espaço no sistema penal. Pretende-se evitar, na onda do politicamente correto, as condutas que devem ser equacionadas por outros meios, não penais, dentre eles, via mediação ou ações civis. Os estudos teóricos americanos demonstram que a conduta é complexa e envolve sentimentos cuja resposta penal é inviável, mas geradoras de angústia e medo, aliás, como a de simplesmente viver.

O Código Penal em vigor (art. 129, 147) e a legislação extravagante (Lei Maria da Penha, art. 7o), bem assim o ordenamento civil promovem meios adequados ao enfren-tamento do cotidiano indesejado (ações de indenização, obrigações de fazer e não fazer, etc.), sendo que a criminalização da maneira que é posta atende muito mais aos anseios de paz perpétua, incompatíveis com a vida em sociedade. Como pontua Jean Pierre Lebrun: “Como seria bom para nós, se o ódio não nos habitasse, se não estivesse em nós, se ele não nos tivesse construído. O que acontece é que ele nos concerne, sim, eventualmente, na medida em que podemos ser objeto ou

vítima dele; que deveríamos reconhecer que ele existe, sim, e, infelizmente, que nós não podemos impedí-lo de existir. E, se ele estivesse em outro lugar, no outro, próximo ou muito longe, pouco importaria, mas não dentro das nossas próprias muralhas, não na nossa própria cidade, não algojado em nosso próprio corpo.” Assim é que se aceitando a violência como constitutiva, bem assim que a resposta estatal, via pena, é inservível, cabe arriscar novas formas de enfrentamento (mediação), evitando-se o agigantamento da criminalização do cotidiano, na moda de uma atração fatal, ainda que sedutora.

* Doutor em Direito (UFPR), com estágio de pós doutoramento em Direito (Faculdade de Direito de Coimbra e UNISINOS). Mestre em Direito (UFSC). Professor Adjunto de Processo Penal e do CPGD (mestrado) da UFSC. Professor da UNIVALI. Juiz de Direito (SC). Pesquisa Judiciário, Processo e Decisão, com perspectiva transdiciplinar. Coordena o Grupo de Pesquisa Judiciário do Futuro (CNPq).

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A palavra stalking apresenta o

sujeito ativo como “perseguidor” capaz de, por seu comportamento obsessivo, direcionado

ao sujeito passivo, agindo de forma intencional e de acordo com um

curso de conduta, buscar informações e controlar a vida

deste, causando dano psicológico

Os estudos teóricos americanos

demonstram que a conduta é complexa e envolve sentimentos cuja resposta penal é

inviável

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Luiz Flávio Gomes*

S e o STF flertava - já há algum tempo - com sua incondicionada adesão à era do populismo penal midiático, típico da

sociedade do espetáculo (Debord), agora não existe mais dúvida. Sejam todos bem-vindos ao mundo do espetáculo judicial telemidiático. Como funciona a Justiça telemidiatizada? Não quero valorar, apenas descrever.

Em primeiro lugar, já não podemos falar em processo, sim, em teleprocesso. Não temos mais juízes, sim, telejuízes. Não mais sessões, sim, telesessões. Não mais votos, sim, televotos. Não mais o público, sim, teleaudiência. Se no campo das democracias populistas latinoame-ricanas o que prepondera é o telepresidente, na era da Justiça telemidiatizada o que temos é o telerelator, telerevisor etc.

Não há dúvida que com o telejulgamento ganhamos em espetáculo (estética), mas corre-se sempre o risco de se perder em segurança, porque o poder dos holofotes pode fazer da prudência, do equilíbrio e da sensatez estrelas que brilham pela ausência.

A Justiça se tornou muito mais percebida. Agora conta com teleaudiência, com rating. Para usar um bordão famoso, nunca na história deste país os ministros se tornaram conhecidos pelos seus nomes, que estão se transformando em mar-cas (estrelas midiáticas) e, dessa forma, começam a ter um alto valor político-mercadológico.

A espetacularização da Justiça populista não é uma vara mágica que resolva seus conhecidos problemas, ao contrário, a telejustiça é muito mais morosa e, tal como uma telenovela, gasta um semestre para desenvolver o enredo de um teleprocesso (prejudicando o andamento de centenas de outros).

O STF, na sua nova função de telejulgador populista, está lavando a alma do povo brasileiro (disse um órgão midiático). E também nos pro-porciona (como toda televisão) tele-entretenimen-to, com acalorados “bate-bocas”, entrecortados por suaves e inteligentes telemensagens de Ayres Britto do tipo “o voto minerva me enerva”.

A Justiça telemidiatizada não soluciona o problema do pão da população, mas pode con-tribuir muito para a fermentação do circo. Por quê? Porque não se pode esquecer que a liturgia do populismo penal evoca, antes de tudo, a ex-pressão de uma festa (alegria, júbilo, satisfação), visto que, como dizia Nietzsche, o sofrimento do inimigo ou do desviado (do devedor), que perturbou a ordem social ou institucional, sobretudo quando veiculado por meio de algo aproximado da vingança, traz em seu bojo um

incomensurável prazer.O STF acaba de se sucumbir definitivamente

às racionalidades da sociedade do espetáculo. Resta saber se ainda vão remanescer lampejos de serenidade para impedir que princípios jurí-dicos clássicos como o da legalidade, proibição de retroatividade da lei penal mais severa etc., não se tornem meros tigres de papel.

Na medida em que a Justiça começa a se comunicar diretamente com a opinião pública, valendo-se da mídia, ganham notoriedade tanto os rasteiros anseios populares de justiça (cadeia para todo mundo, fim dos recursos, ignorem a justiça internacional) como a preocupação de se usar uma retórica populista, bem mais compre-ensível pelo “povão” (“réus bandidos”, “políticos bandoleiros”, “a pena não pode ficar barata”, “Vossa Excelência advogado para o réu” etc.).

Frenesi generalizado, porque agora o pa-radigma é outro, é o emotivo, o voluntarista, o performático. O telejuiz deixa de ser um terceiro equidistante para se transformar num ator midi-ático, daí a lógica dos reiterados pedidos - entre eles - de réplica e tréplica, que denotam perfil de parte (falando com o seu público).

O maior temor, nesse contexto, é o de que esses novos personagens da telejustiça deixem de cumprir o sagrado papel democrático de balança contramajoritária. Não poucas vezes, como subli-nha com frequência o Ministro Gilmar Mendes, para fazer justiça o juiz tem que decidir contra a vontade da maioria. Mas como contrariar a maioria quando a telejustiça assume a lógica das democracias populistas de opinião?

Aos tradicionais quatro “pês” que habitam nossas cadeias (pobre, preto, prostituta e poli-ciais) a telejustiça está agregando uma quinta categoria, constituída dos políticos e seus satéli-tes orbitais (banqueiros, bicheiros, construtores, dirigentes petistas, tucanos

privataristas etc.). Não há como não reco-nhecer que os teleprocessos são altamente poli-tizados. Mas nem por isso devem revigorar nossa memória, como bem sublinhou Tarso Genro, sobre a hipotética ou real manchete de um jornal soviético, da era stalinista, que dizia: “Hoje serão julgados e condenados os assassinos de Kirov”. Será que a era da telejustiça protagonizada por super-telejuízes será capaz de nos proporcionar um mundo melhor e mais justo?

* Doutor em direito penal, fundou a rede de ensino LFG. Foi promotor de justiça (de 1980 a 1983), juiz (1983 a 1998) e advogado (1999 a 2001). Siga-me: www.professorlfg.com.br.

Mensalão e a telemidiatização da Justiça

A Justiça telemidiatizada não soluciona o

problema do pão da população, mas pode

contribuir muito para a fermentação do circo.

Por quê?

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Será que a era da telejustiça

protagonizada por super-telejuízes

será capaz de nos proporcionar um

mundo melhor e mais justo?

Estado de Direito n. 376

Devemos confiar cegamente na ciência?Marcus Paulo Rycembel Boeira*

A sociedade moderna passou a conferir à ciência, nos últimos séculos, uma posição privilegiada não apenas diante

das demais áreas do conhecimento, como a filosofia ou a literatura, mas perante a vida humana como tal. Os representantes das ciências mais consistentes, como as biológi-cas ou naturais, de um modo geral, também ganharam um prestígio social quase divini-zatório, por decorrência disso. Tudo o que é científico serve como parâmetro de ação entre os homens. Dizemos comumente assim: “eu posso tomar por que o médico recomendou!”, “eu li em algum lugar que fumar não faz bem para a saúde” ou “posso tomar suplementos alimentares porque faz bem para o corpo”, etc. A prática social encontra na ciência uma justificativa que, na maior parte dos casos, ultrapassa qualquer reflexão mais profunda sobre a ação em si mesma considerada.

Quando levantamos a pergunta: “Será que a ciência está certa?” Somos considerados lou-cos, seres estranhos, quase insanos, que ousam questionar a autoridade dos cientistas e da ciência como tal. Quem somos nós para ques-tionarmos os meios que levaram ao resultado x ou y? Quem somos, dizem os apologistas da ciência, para duvidar da “palavra do médico”, do “proibido fumar” estampado em qualquer restaurante ou para “questionar o bem-estar físico advindo com o uso de suplementos alimentares”?

Estamos acostumados a confiar cegamente na ciência. Por vezes, tal confiança conduz a resultados inesperados, frustrantes e, quan-do não, aterradores. Vejam, por exemplo, a situação seguinte. Uma menina de 24 anos de idade resolveu fazer uma cirurgia para tornar seu corpo mais bonito. Segundo o médico-cirurgião, o procedimento não con-teria nenhum risco e não ofereceria nenhuma chance para resultados inesperados. A auto-ridade do médico foi determinante para que a menina decidisse fazer a cirurgia e ver seu corpo transfigurar-se em poucas horas. La-mentavelmente, o resultado não saiu conforme o esperado e a menina acabou obtendo uma

série de complicações. Não morreu e hoje passa bem, mas os resultados da cirurgia ainda se fazem sentir no corpo da garota. Posterior-mente, após investigação, se percebeu que o médico, após análise prévia das condições físicas da paciente, não poderia ter sabido que a menina tinha um problema grave em sua constituição muscular e de tecidos. Uma pa-tologia raríssima, desconhecida pelo cirurgião. O desconhecimento foi determinante para o resultado catastrófico da cirurgia.

A cirurgia em si foi bem realizada. O mé-

dico, quando prometeu o resultado esperado, estava no uso total da boa fé e ciente o quanto podia das condições e dos limites materiais da paciente. No entanto, a ignorância quanto a um aspecto decisivo comprometeu os re-sultados da cirurgia e quase levou a paciente ao óbito.

Não duvidamos da qualidade e da capaci-dade do médico. Porém, sabemos que os cien-tistas não sabem tudo e que a ciência não pode pretender assumir todas as responsabilidades pela satisfação material da sociedade humana.

Faz parte do desenvolvimento normal da atividade científica não atribuir caráter defi-nitivo aos resultados de qualquer avanço em

particular. Ou seja, uma descoberta científica nunca é definitiva nem a afirmação integral da verdade. Antes pelo contrário. A ciência é uma atividade provisória, voltada para descobrir a realidade e, nesse processo, assumir-se como uma atividade de desconfiança. A ciência não conhece todos os mistérios do universo para definir, de forma total, o conjunto das condições e dos resultados acerca do mundo da natureza e do mundo da vida.

Nesse sentido, não é que o médico não pudesse realizar a cirurgia segundo seu co-

nhecimento do corpo da paciente. Poderia, como de fato acabou fazendo. O problema está na promessa do resultado, como se o co-nhecimento obtido pelo médico fosse integral, enquanto na verdade não é. A prova de que não é e nem poderia ser está no resultado ines-perado, decorrente da falta de conhecimento por parte do médico em relação ao aspecto que passou obscurecido nas avaliações prévias ao ato cirúrgico.

Tal situação demonstra que o papel di-vinizatório da ciência e o prestígio social da comunidade científica impõem uma ética de resultados, cuja subsistência carece de funda-mentos mais robustos. O conhecimento téc-

nico nunca poderá arrogar para si o conheci-mento definitivo da realidade investigada. É da própria natureza da ciência a provisoriedade e a efemeridade dos resultados. Por exemplo: é comum na história de qualquer ciência que um cientista faça uma descoberta que, embora subsista por séculos, seja desterrada por uma nova descoberta científica. A evolução da ci-ência pressupõe que seus resultados sempre sejam colocados em xeque, à medida que as condições tecnológicas avancem.

O tratamento estanque e definidor da ciência, como se seus resultados fossem de-finitivos e inquestionáveis, acabou, por outro lado, conferindo um prestigio social enorme à comunidade científica na era moderna, prestígio esse que, em alguns casos, facilita o caminho para que pretensões políticas e lucrativas ganhem espaço. A venda de pare-ceres técnicos aprobatórios ou reprobatórios, por exemplo, ganha notoriedade pelo caráter “científico” que possuem. No entanto, mas-cara pretensões reais de poder, pretensões estas embutidas nas finalidades dos pare-ceres em questão. Um grupo econômico ou um partido político podem tomar certas decisões estratégicas e comprar o apoio de certos investigadores para que façam pare-ceres apontando as virtudes inerentes àquela pretensão política anteriormente deliberada. O parecer em questão irá conferir o status científico necessário para que tal projeto ou pretensão alcance o raio da sociedade de massas e conquiste o apoio necessário na cultura e nos meios de comunicação em geral. Após a solidez do consenso sobre o projeto ou pretensão em si, sua consecução será en-tendida como “necessidade” e contaminará a agenda política. O ato de decisão sobre o projeto será um ato de ratificação do espírito científico, que ganhará a adesão incondicio-nal da comunidade cientifica, interessada nos ganhos advindos da parceria com o poder, do grupo político ou econômico em si mesmo, que se valeram da palavra “ciência” para fazer vingar suas reais pretensões políticas e, por fim, da sociedade, que corroborará para os dois objetivos anteriores, sem se dar conta das falácias contidas na estratégia em tese.

A dimensão política da ciência vem ser-vindo de base para que grupos organizados e comunidades científicas em geral possam não apenas manter seus respectivos prestígios sociais, midiáticos e culturais, como ainda fa-vorece a edificação de uma sociedade baseada na técnica e na autoridade de investigadores científicos.

A ciência, portanto, deve ser encarada como atividade-meio, atividade cujos graus de certeza são impossíveis por definição, já que a natureza da ciência como tal nos impede de conferir à ela –ciência- o papel mítico de deus da modernidade. A ciência nunca será defini-tiva, pois apóia-se na realidade, um objeto de conhecimento aberto, infinito e impossível de ser abarcado pelos limites frígidos e tangíveis da atividade científica.

* Professor de Filosofia Política, Filosofia do Direito e Teoria do Estado. Mestre e Doutor em Direito do Estado pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco -USP. Coordenador-geral de Programas de Pós-Graduação do Departamento de Direito do IICS/CEU - Instituto Internacional de Ciências Sociais.

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Quem somos, dizem os apologistas da

ciência, para duvidar da “palavra do

médico”, do “proibido fumar” estampado em qualquer restaurante ou para “questionar o bem-estar físico advindo com o uso

de suplementos alimentares”?

Estado de Direito n. 37 7

Estado de Direito n. 378

César Augusto Baldi*

No Equador e na Bolívia, os novos processos constitucionais abriram possibilidades de repensar a justiça

constitucional e, em particular, a diversidade étnica, cultural, política e epistêmica que têm marcado as sociedades latino-americanas e que vinha sendo ignorada pelo constitucionalismo moderno, decimonônico e eurocentrado. No Brasil, contudo, parte dos constitucionalistas tem imaginado que tais inovações jurídico-políticas não merecem grande importância, permanecendo apegados a parâmetros de constituições europeias e prisioneiros de um

colonialismo interno avesso às contribuições dos países vizinhos. Continuam proliferando, por aqui, discussões sobre neoconstituciona-lismo, diferenciação entre princípios e regras, posições contramajoritárias clássicas, prece-dentes da Suprema Corte dos EUA e ativismo judicial. Pouco se analisam, no âmbito cons-titucional daqui, as questões de descoloniza-ção, interculturalidade, plurinacionalidade e jurisdição indígena. Mesmo contribuições interessantes vindas da linha jurisprudencial colombiana, pós-1991, têm sido solenemente ignoradas. Destaquem-se apenas algumas que poderiam dar novas ênfases para discussões “surradas” na teoria constitucional brasileira.

Primeiro: aquela Corte Constitucional cons-truiu a categoria de “estado de cosas inconsti-tucional”, por ações e omissões dos poderes públicos que provoquem “vulneração massiva e contínua de direitos fundamentais”, hipóteses em que suas “sentencias” e “autos” se estendem a toda a população afetada e não somente às partes proponentes, mediante fixação de políti-cas públicas definidas com a participação da so-ciedade civil em audiências públicas realizadas com tal finalidade. É questão diversa da simples participação de “amici curiae” ou de imaginar que o julgamento, pela Corte Constitucional, encerra o processo e decide, de forma final, o conflito posto em questão perante o Judiciário. Antes, pelo contrário, constituem, como define Bartolomé Clavero, “práticas judiciais de de-mocracia deliberativa”. São exemplares, nesse sentido, as discussões envolvendo o direito à saúde e também o “desplazamento forzoso” das comunidades indígenas e negras, questões

muito bem documentadas por César Rodriguez Garavito e pouco divulgadas no âmbito brasi-leiro. Poderia, de forma muito consequente, ser utilizada para as comunidades guaranis do Brasil- e não somente as do Mato Grosso do Sul- em que situações de servidão, trabalho forçado ou “indecente” e mesmo de “instigação ao suicídio coletivo”, por manifesta omissão dos Poderes Públicos, constituem evidente “vulneração massiva e contínua de direitos fundamentais”.

Segundo: como já demonstrou Garavito, não se trata de simples ativismo judicial, mas sim de processo eminentemente dialógico, em que a decisão inicial de reconhecimento da inconstitucionalidade vai sendo aperfeiçoada, modificada e mesmo revisada em seus parâme-tros a partir das intervenções das referidas au-diências. Tal situação foi desenvolvida já nos primórdios da Constituição colombiana, mas nada impede seja utilizada e perfectibilizada nos países vizinhos: Bolívia, com o mandato constitucional de “descolonização” para alcan-çar uma “plurinacionalidade”; Equador, com o mandamento transversal de “interculturali-dade” e, no caso do Brasil, com o pluralismo de ideias, a redução de desigualdades e o compromisso com os direitos humanos.

Terceiro, a reformulação do princípio da igualdade. O STF, durante muito tempo, como bem analisa Roger Raupp Rios, foi condescen-dente diante de “realidades discriminatórias e desoneração argumentativa perante trata-mentos díspares”, tendo, nos últimos tempos, alterado posicionamento no sentido de “maior rigor em face de diferenciações e a emergência do conteúdo antidiscriminatório do princípio da igualdade”. Aqui, também, a Colômbia poderia ajudar: há mais de dez anos, tendo em

vista a análise de direitos coletivos dos povos indígenas, a Corte vem entendendo que “sob o princípio da igualdade e na perspectiva de proteger a diversidade étnica e cultural do país é necessário, guardando simetrias legais, pro-jetar simetricamente a outros grupos étnicos normas que garantam direitos coletivos para os povos indígenas”(Sentencia C-370/2002). E, neste sentido, estendeu-se, também com base na Convenção 169-OIT, o tratamento para as populações raizales e palenqueras daquele país e, hoje, as comunidades ciganas vêm peticionando junto à Corte o estabelecimento de uma política de habitação diferenciada, que a legislação nacional reconhece apenas para indígenas e comunidades negras. Da mesma forma, a situação da confissão religiosa ou da orientação sexual mais favorecida poderia ser considerada como “patamar normal de referência” e, portanto, qualquer desvio “de tratamento das minorias, em relação à maioria, é concebido a priori como restrição ao direito de igualdade” (Jónatas Machado). Trata-se, pois, de estender a todos os outros grupos um direito que já se encontra concretizado, à falta de fundamento racional ou material que determine tratamento diferenciado: extensão, por igualdade, do regime mais favorável já

disciplinado (Jayme Weingartner Neto). O STF, por exemplo, poderia ter trilhado esta argumentação no julgamento da união de pessoas do mesmo sexo, sem que, para isso, tivesse que discutir a existência de “mutação constitucional” ou “literalidade” da norma.

Do que se trata, pois, é de, inicialmente, conhecer a jurisprudência e doutrina dos paí-ses com realidades culturais e sociais próximas da nossa. E, com isso, como destaca Rodrigo Uprimny, desenvolver: a) uma teoria da justiça constitucional “que implique um exercício da proteção judicial dos direitos tendente a promo-ver e não a debilitar a participação e a discussão democráticas”; b) um pensamento constitucional progressista, “comprometido com o aprofunda-mento democrático da região, que, em diálogo com experiências e tradições de outras regiões do mundo, acompanhe, criticamente, os processos constitucionais latino-americanos em curso, afim de reduzir riscos autocráticos e fortalecer as potencialidades democráticas desses esforços de experimentação institucional”. Enfim, incen-tivar um caráter descolonizador, experimental e pluriverso de constitucionalismo e de práticas constitucionais.

* Mestre em Direito (ULBRA/RS), doutorando Universidad Pablo Olavide (Espanha), servidor do TRF-4ª Região. Organizador do livro “Direitos humanos na sociedade cosmopolita” (Ed. Renovar, 2004).

Constitucionalismo olvidado& colonialismo interno

No Brasil, contudo, parte dos constitucionalistas

tem imaginado que tais inovações jurídico-

políticas não merecem grande importância,

permanecendo apegados a parâmetros

de constituições europeias

Trata-se, pois, de estender a todos os outros grupos

um direito que já se encontra concretizado

Pouco se analisam, no âmbito constitucional

daqui, as questões de descolonização, interculturalidade,

plurinacionalidade e jurisdição indígena

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Estado de Direito n. 37 9

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MUDANÇA DE VERDADE,COM SAYEG, 100% OPOSIÇÃO.

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CHAPA 2: SAYEG-HERMES-ARRUDA ALVIM 100% OPOSIÇÃO

EDUARDO ARRUDA ALVIM - VICE

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EM 29/11

EM 29/11

William Douglas*

Nesta edição, o Jornal Estado de Direi-to está celebrando mais um ano de informações pertinentes e atuais e de

conquistas dentro do mundo jurídico. E, para comemorar este acontecimento, este artigo é dirigido a você, que, como eu, escolheu atuar na área jurídica como advogado, defensor, juiz, promotor, procurador etc., mas não só, ele também se destina àqueles que apenas sonham em seguir esta tão honrosa e recompensadora carreira. Não sei se você, leitor, acabou de se formar, talvez ainda nem tenha passado no Exame da OAB, ou talvez esteja sonhando com uma pós-graduação ou MBA, ou ainda um concurso. Talvez esteja “ralando” no começo de sua história na advocacia ou é um operador jurídico que já tem estabilidade, mas qualquer que seja o seu caso, colega, saiba: você escolheu a melhor de todas as carreiras.

Tenho, particularmente, uma boa experi-ência no “mundo jurídico”, onde ingressei no curso de Direito na UFF, em Niterói. Já passei por quase tudo que é possível na carreira, já ad-voguei, fiz concursos, fui Defensor, Delegado, fiz júris. Cometi, ao longo da carreira, possi-velmente, todos os erros cometidos por aqueles a quem ainda falta experiência, tive todas as dúvidas, levei muito tempo para aprender a me “virar” e a achar meu “lugar ao sol”. Mas, por insistência, fé e esforço, cheguei onde queria e busco me qualificar sempre para galgar ainda mais degraus na carreira que escolhi.

O outro lado da história é que, ao longo da minha jornada, tive acesso a uma série de outras atividades – fora do universo do Direito –, sou empresário e empreendedor, sou pro-fessor, palestrante e, como muitos devem me conhecer, sou escritor. Nas carreiras que pude ter maior vinculação com o Direito, não perdi a chance de juntar os dois: fui escritor de obras jurídicas, professor em faculdades de Direito, palestrante – sempre que possível – para o público “jurídico”. Como empresário, também acumulei os revezes e derrotas dos iniciantes, e vários de meus empreendimentos faliram, mas minha grande vitória foi fundar uma editora, que, hoje, é referência no mundo... jurídico, a Impetus. Ou seja, tive sucesso em muitas áreas, mas todas, de alguma forma cir-

cundavam o Direito. Até mesmo o best-seller, Como passar em provas e concursos, que deu projeção a diversos aspectos de minha carreira fora do mundo jurídico, foi criado pela minha experiência em concursos jurídicos. Enfim, sou empreendedor, jurista e um entusiasta da carreira. O que se exige para o sucesso é ener-gia, inteligência e integridade (ensinamento dado por Warren Buffet). Se você tiver essas três qualidades, o futuro é bem promissor. A energia deverá ser para estudar, para treinar e, claro, para o trabalho em si.

Por todos esses motivos, este artigo é feito para afastar qualquer dúvida que você possa ter sobre a escolha da carreira dentro do campo do Direito. Você pode estar se perguntando se o Direito foi feito para você, por estar passando por dificuldades e angústias profissionais, por dúvidas e perplexidades comuns do início. Mas, se este for o seu caso, acredite em mim, seu colega de anos e anos como operador jurídico: você está na melhor de todas as carreiras.

Esteja absolutamente certo de que nenhuma carreira oferece tantas oportunidades, tantas por-tas abertas e tantas possibilidades profissionais, seja na iniciativa privada ou no setor público. E, embora não seja o mais impor-tante, apesar de, para a maioria certamente parecer urgente, ofe-rece uma excelente remuneração. Além, é claro, do status e da cer-teza de poder ajudar a melhorar a vida, nossa, da nossa família, do próximo e do país.

Além de todas as vantagens que comentei, ainda tem a grande vantagem de estarem sobrando posições! Está faltando gente no mercado. Reformulando, está faltando gente qualificada no mercado. Estão faltando advo-gados, professores e até mesmo concurseiros preparados para en-frentar os desafios que este ramo apresenta àqueles que escolhem desempenhar suas diversas fun-ções. O mercado não está, como muitos pensam, saturado. Se você

está achando que tem gente demais, entenda: o mercado não precisa de gente, mas de “gente qualificada”, como disse. Sou juiz e converso com muitos operadores jurídicos, de todas as instâncias, o que me assegura certa convicção ao afirmar que: há falta de bons advogados e os candidatos às vagas oferecidas nos concursos muitas vezes não possuem a experiência, ou ainda a vivência necessária ao cargo. A gente vê poucos advogados realmente capazes no dia a dia e para estes não falta trabalho. Nos con-cursos, o cenário não é muito diferente. Sobram vagas nos concursos de elite.

Nesse cenário, o Jornal Estado de Direito contribui imensamente para a formação e qua-lificação dos futuros profissionais e reciclagem daqueles que já atuam no setor e buscam o aprimoramento e a qualidade. Então, anime-se: se você se dispuser a buscar a excelência utili-zando, para isso, todas as formas de experiência e à informação, se você se dedicar e obtiver co-nhecimento e habilidade para qualquer desses ramos, certamente terá muitas portas abertas e vai poder escolher o que fazer. Isso é o que chamo de fazer Direito direito.

O mercado tem muita gente, mas poucos são os que se diferenciam por sua capacidade profissional e técnica. Se você tem como se diferenciar, mesmo que leve algum tempo,

colherá os frutos dessa busca por qualificação em ofertas de trabalho, em novos projetos e desafios e, claro, em uma remuneração con-dizente com sua qualificação.

Outras dicas que aproveito para comparti-lhar e que, sem dúvida contribuirão para um futuro promissor: seja leal, educado, honesto, trabalhador e competente que as pessoas o procurarão para ser advogado, professor, só-cio, conselheiro, consultor. E se você desejar o caminho dos concursos, neles também será bem-sucedido. Como diz o Evangelho, “aquele que busca, encontra; o que procura, acha”. Basta semear e cuidar das sementes certas que a colheita será boa.

O mundo pertence a quem fez Direito... direito. Se ainda não é seu caso, recupere o tempo perdido e seja um profissional dife-renciado, qualificado, atual, necessário. O mundo é aquilo que você faz dele. Faça com que o seu mundo seja ainda mais revolucio-nário, marcante e impactante na vida dos próximos e ajude na construção de um futuro melhor para o país.

* Juiz federal, professor universitário, palestrante e autor de mais de 30 obras, dentre elas o best-seller “Como passar em provas e concursos” – www.williamdouglas.com.br.

Fazer Direito direito

Se você está achando que tem gente demais,

entenda: o mercado não precisa de gente, mas de “gente qualificada”

O mundo é aquilo que você faz dele.

Faça com que o seu mundo seja ainda mais

revolucionário

O Jornal Estado de Direito contribui

imensamente para a formação

e qualificação dos futuros profissionais

e reciclagem daqueles que já atuam no

setor e buscam o aprimoramento e a

qualidade

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Estado de Direito n. 3710

José Fernando Simão*

Alexandre, menino das Minas Gerais, fruto do casamento de seus pais, criado no amor e afeto até seus sete

anos. Luciane, nascida fora do casamento em terras paulistanas, com o estigma da bastar-dia que ainda paira na sociedade brasileira, apesar de afrontar claramente os preceitos constitucionais. Alexandre foi vítima de um fenômeno comum. Seus pais se divorciaram, e com o fim da conjugalidade e constituição de nova família, seu pai entendeu que havia se encerrado a parentalidade, negando-se a conviver com o menor, a ter com ele qualquer relação que não a jurídica. Luciane, por sua vez, nunca teve um pai em sentido fático ou jurídico. Só conseguiu ser reconhecida como filha após um longo procedimento judicial, e, mesmo assim, após o reconhecimento, só recebeu de seu pai hostilidades.

As diferenças entre Alexandre e Luciane são diversas, mas algo os une: foram vítimas de uma das mais perversas condutas por parte de seus pais: o abandono filial.

Em 29 de novembro de 2005, ao julgar o processo de Alexandre, disse o STJ o seguinte: “1. A indenização por dano moral pressupõe a prática de ato ilícito, não rendendo ensejo à aplicabilidade da norma do art. 159 do Código Civil de 1916 o abandono afetivo, incapaz de reparação pecuniária.” (REsp 757.411/MG, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES).

As razões invocadas pelo Ministro Relator para ser cúmplice do abandono e chancelar o desamparo, dando a benção estatal é de causar estranheza: “Quem sabe admitindo a indenização por abandono moral não estaremos enterrando em definitivo a pos-sibilidade de um pai, seja no presente, seja perto da velhice, buscar o amparo do amor dos filhos”.

A conclusão do julgado que puniu Ale-

xandre foi a seguinte: “Como escapa ao arbí-trio do Judiciário obrigar alguém a amar, ou a manter um relacionamento afetivo, nenhuma finalidade positiva seria alcançada com a indenização pleiteada.” Esta frase demonstra um velho ranço de alguns juristas, minori-tários é verdade. Falar de conceitos sem os conhecê-los o que acaba por gerar absurdos jurídicos. O direito não define afeto. A dis-ciplina que o faz é a psicanálise.

Em 02 de maio de 2012, o mesmo STJ, com nova composição, atento a um direito de família mais humano e solidário, julgou o caso da Luciane. A Ministra Nancy Andrighi deixou claro que “na hipótese, não se discute o amar – que é uma faculdade – mas sim a imposição biológica e constitucional de cuidar, que é dever jurídico, corolário da li-berdade das pessoas de gerar ou adotar filhos” (Informativo STJ 496, REsp 1.1.59.242/SP). Confundir cuidado com amor foi erro lamen-tável que abonou a o abandono e serviu de estímulos aos péssimos genitores. Esclarecer que amor e afeto não se confundem revelou, de maneira pedagógica, a sensibilidade da Ministra Nancy Andrighi.

Afeto, segundo definição da psicanálise, nas palavras Giselle Câmara Groeninga, é, “no direito, em ramos da filosofia e no senso comum, identificado com o amor. Em nossa visão positivista era inclusive visto como dissociado do pensamento. Mas, ele é muito mais do que isto. Sem dúvida, uma quali-dade que nos caracteriza é a ampla gama de sentimentos com que somos dotados e que nos vinculam – uns aos outros, de forma original face a outras espécies. Com base nos afetos, que se transformam em sentimentos, é que criamos as relações intersubjetivas - compostas de razão e emoção - do que nos move. À diferença dos outros animais, somos constituídos, além dos instintos, de

sua tradução mental em impulsos de vida e de morte. Estes ganham a qualidade mental de afetos – energia mental com a qualidade de ligação, de vinculação = libido, Eros, ou de desligamento, de não existência = morte,

Thanatos.” (Descumprimento do dever de convivência: danos morais por abandono afetivo. A interdisciplina sintoniza o direito de família com o direito à família. In A outra face do Poder Judiciário – Decisões inova-doras e mudanças de paradigmas. Coord. Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka. Belo Horizonte: Del Rey/São Paulo: Escola Paulista de Direito – EPD. 2005).

O julgado em que o STJ pune o abando-no e põe fim à irresponsabilidade parental ressalta que “os sentimentos de mágoa e tristeza causados pela negligência paterna e o tratamento como filha de segunda classe, que a recorrida levará ad perpetuam, é perfei-tamente apreensível e exsurgem das omissões do pai (recorrente) no exercício de seu dever de cuidado em relação à filha e também de suas ações que privilegiaram parte de sua prole em detrimento dela, caracterizando o dano in re ipsa e traduzindo-se, assim, em causa eficiente à compensação”.

* Professor de Direito Civil da USP. Mestre, Doutor e Livre-Docente em Direito Civil pela USP. Advogado em SP. Professor do curso Damásio. Autor do livro “Responsabilidade Civil do Incapaz” pela Editora Atlas.

Afetos e desafetos

Quem sabe admitindo a indenização por

abandono moral não estaremos enterrando

em definitivo a possibilidade de um

pai, seja no presente, seja perto da velhice, buscar o amparo do

amor dos filhos

De Alexandre a Luciane – da cumplicidade pelo abandono ao abandono punido

Arruda Alvim*

A filosofia do PL 8.046/2010, nas suas linhas mais gerais, é a seguinte: não se pretendeu fazer uma mudança radical

ou brusca, até porque as mudanças radicais em Direito geralmente não se justificam e, se feitas, não geram resultados satisfatórios.

Procurou-se manter o que seria aproveitável do Código vigente e incorporar novidades ten-do em vista uma resposta mais atual aos proble-mas que afligem os operadores do Direito.

Desde o art. 1.º, o Projeto enfatiza o valor fundamental da Constituição, o que representa um enfoque contemporâneo da temática do Direito. Valeu-se, portanto, da concepção de que os Códigos devem ser ilu-minados pelas Constituições. Além disso, da estrutura do Projeto extrai-se a intenção de se imprimir maior organicidade e simplicidade à normativa processual civil e ao processo, com o objetivo de fazer com que o juiz deixe,

na medida do possível, de se preocupar ex-cessivamente com o processo, como se fosse um fim em si mesmo, deslocando o foco da atenção do julgador para o direito material. Com isto, pretende-se descartar uma proces-sualidade excessiva, desvinculada do objetivo do direito material.

Outro ponto importante a ser frisado é a extrema cautela do Projeto quanto à manu-tenção da segurança jurídica e da estabilidade da jurisprudência. Procurou-se incentivar a uniformidade da jurisprudência e sua estabilidade, e, ao mesmo tempo, conferir maior rendimento (i.e., efetividade) a cada processo, individualmente considerado.

É perceptível a ênfase conferida ao peso e ao significado social da jurisprudência dos tribunais, mormente sob a perspectiva da realização da isonomia e da segurança jurídica. Isto se dá em todos os níveis, dos

Tribunais Superiores aos órgãos de segundo e primeiro grau. O objetivo que informa estas regras é exatamente concretizar melhor os princípios da legalidade e da isonomia, no sentido de que se diz que, se a lei é igual para todos, é importante também que as decisões judiciais que interpretem a lei sejam iguais para todos.

Procurou-se oferecer uma visão do pro-jeto, mas seria impossível considerar nesta sede todos os seus aspectos. Para terminar, diríamos que o projeto é bastante bom, bem ordenado, impecavelmente bem redigido, sintonizado rigorosamente com as necessi-dades contemporâneas, especialmente com o problema da justiça de massa, com a simplifi-cação do processo; ademais, a sociedade está sendo ouvida, ocorreram audiências públicas antes da entrega ao Presidente do Senado e sucedem-se outras audiências públicas,

amplamente divulgadas e concorridas. Faço votos que este projeto seja bem sucedido com a colaboração da sociedade e do Congresso Nacional.

No mais, deve ser ressaltado que os inu-meráveis caminhos possíveis de soluções que se encontram no Projeto decorrem dos proble-mas atuais, que assolam a Justiça brasileira. A promulgação de um Novo Código de Processo Civil – conquanto haja problemas paralelos outros, atinentes à estrutura do Judiciário, tais como aprimoramento profissional de servido-res e magistrados, adequação dos rendimen-tos, instalações melhores, uso acentuado da informática – é um dos elementos que podem auxiliar na melhoria da distribuição da Justiça e na aplicação do Direito.

* Professor Titular da Faculdade de Direito da PUC-SP e da Fadisp. Advogado.

O projeto do novo Código de Processo CivilPrimeiras impressões

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Estado de Direito n. 3712

Maria Berenice Dias*

Quando se adentra na seara do direito das famílias, se passa a falar em interesse público e a nominar determinadas

ações como ações de estado. Só que em ne-nhum momento quer a lei civil, quer a lei pro-cessual dizem o que tais expressões significam.

Limita-se o Código Civil a assegurar que ninguém pode ser obrigado a depor sobre fato que, por estado deva guardar segredo (CC 229 I).

O Código de Processo Civil em mais de uma oportunidade faz menção tanto a uma como a outra dessas expressões. Exige a intervenção do Ministério Público nas causa concernentes ao estado das pessoas (CPC 82, II), bem quando há interesse público evidenciado pela natureza dalide ou qualidade da parte (CPC 82 IV).

Também é firmada a competência exclusiva dos juízes de direito para julgar as demandas relativas ao estado e à capacidade da pessoa (CPC 92 II). Apesar de públicos atos proces-suais, é autorizado que corram em segredo de justiça os processos em que exigir o interesse público (CPC 155 I).

Não cabe a citação pelo correio, sendo ne-cessária a citação pessoal nas ações de estado (CPC 222 a).

Do mesmo modo questões de estado, sus-citadas pela via incidental como pressuposto para o julgamento, podem ensejar a suspensão do processo (CPC 265 IV c).

É vedado o uso do procedimento sumário

nas ações de estado (CPC 275 parágrafo único).Outras referências são feitas em matéria

probatória. São dispensadas as partes (CPC 347 II) e as testemunhas (CPC 406 II) de deporem, bem como de exibirem documento ou coisa, sobre os quais devem guardar segredo por estado ou profissão (CPC 363 IV).

Mas há mais. São afastados os impedimen-tos para depor, salvo em se tratando de causa relativa ao estado da pessoa ou quando assim exigir o interesse público (CPC 405 § 2º I).

Talvez o efeito mais significativo no que diz com o estado das pessoas é quanto aos limites da coisa julgada (CPC 472): A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não

beneficiando, nem prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao estado de pessoa, se houve-rem sido citados no processo, em litisconsórcio necessário, todos os interessados, a sentença produz coisa julgada em relação a terceiros. Ou seja, em se tratando de demanda que envolva o estado da pessoa, os efeitos da sentença vão além das partes, seja lá o que signifique dita referência. O que descabe é confundir coisa julgado com efeito constitutivo da sentença.

Mas a final, o que são ações de estado? A referência não é às demandas em que as partes podem passar de um estado civil a outro. Como exemplo se poderia assim reconhecer a ação de divórcio. Mas resta a dúvida quanto a ação refe-rente à união estável, pois, injustificadamente a lei não prevê a alteração do estado civil, apesar de impor o regime da comunhão parcial de bens que provoca sequelas de ordem patrimonial. Ainda assim, como o divórcio pode ocorrer extrajudicialmente, nada justifica tratamento diferenciado em juízo.

Do mesmo modo, não há como reconhecer que se trata das ações que dizem com a capaci-dade da pessoa, assim as ações de emancipação e de interdição. Quanto a estas a lei faz expressa referência, não as incluindo no conceito de ação de estado. É o que diz o parágrafo único do art. 275 do CPC, ao cercear o uso do pro-cesso sumário às ações relativas ao estado e à capacidade das pessoas. Ou seja, são conceitos que não se confundem.

A mesma ordem de incertezas surge sempre que é invocado interesse público, que serve de justificativa para impor a participação do Minis-tério Público, admitir que as ações tramitem em segredo de justiça e a ouvida de testemunhas impedidas.

Com certeza a grande dúvida que remanes-ce diz com as ações de alimentos, ainda que nada justifique serem rotuladas de ações de estado ou que se reconheça como demandas de interesse público. Sendo as partes maiores e capazes, independente da origem do encargo alimentar, não se atina, por exemplo, a inter-venção ministerial. E, havendo menores ou incapazes envolvidos a presença do Ministério Pública se impõe pela qualidade da parte.

Ora, se interesse público é interesse de todos, no âmbito das relações familiares difícil é identificar o transbordamento do interes-se além das partes. Também não pode ser identificado como interesse do Estado. Deste modo, mister adequar todas essas previsões legais às ações que resguardam interesses de crianças, adolescentes e idosos, bem como as concernentes à capacidade e à identidade das pessoas. Nada mais.

Advogada; Presidenta da Comissão da Diversidade Sexual do Conselho Federal da OAB. Vice-Presidenta Nacional do IBDFAM. www.mbdias.com.br. www.mariaberenice.com.br. www.direitohomaofetivo.com.br. www.estatutodiverisdadesexual.

Questão de Estado e Interesse Público

Um Estado que se diz democrático e de direito, cuja

Constituição assegura a todos o respeito à dignidade, o direito à

liberdade e a igualdade

Duas expressões ocas e inúteis

Mas a final, o que são ações de estado? A referência não é às

demandas em que as partes podem passar de um estado civil a

outro

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Estado de Direito n. 37 13

Dora Martins*

Assunto batido, antigo (que pena!) e sem-pre renovado é o da existência de milha-res de crianças que vivem, Brasil afora, em

instituições, ditos abrigos ( e não mais orfanatos) sob a custódia do Estado, e sob os cuidados das Varas da Infância e Juventude. São meninos e meninas que, por alguma razão, seja mais ou menos dolorosa, não exercem um direito que lhes é previsto na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA e em tantas leis outras, das quais coração sincero algum pode discordar: o direito de nascer, crescer e viver em uma família. O direito à convivência familiar.

E se não há possibilidade de retomar o conví-vio com a família biológica, urge que outra surja no horizonte de tantas crianças e adolescentes que por ela anseiam. A adoção, assim, é a alme-jada solução. E, sim, adoções acontecem, todos os dias. Mas, quase sempre, e com maior rapidez, quando são de crianças pequenas, normais e de preferência brancas e meninas. Ainda é essa a ordem do desejo que impera naqueles que se dispõem a constituir uma família pela adoção.

É preciso reconhecer que, com tanta cam-panha feita, se tem conseguido, cada vez mais, a sensibilização de homens e mulheres para a ado-ção de crianças de qualquer cor ou raça e aquelas que já somam alguns anos. Mas, só alguns anos, pois quando a soma se aproxima de uma dezena, a fila pára. Raras ainda, no Brasil, as adoções de crianças cuja idade ultrapassa os 6 ou 7 anos.

É a chamada adoção tardia. E muito tardia talvez para o menino ou menina que, nas suas

noites de solidão (sem beijo de mãe, sem história contada pelo pai), numa instituição, espera a chegada de “sua família”.

É conhecida a marca de tristeza, nos abrigos, quando uma das crianças, seja de que tamanho for, é adotada. Os que ficam por lá, coração apertado a bater – por que não eu? quando será minha vez? – acabam transformando a perversa

dor da espera em rebeldia e agressividade. Medo de nunca partir, esperança de que,

enfim, chegue sua família, são sentimentos que habitam corações de adolescentes e de pequenos que vivem nos abrigos. Muitos não suportam tanta espera e se rebelam, não “se comportam bem”, choram, pedem, exigem, não tem bom rendimento escolar, e logo são contemplados com um diagnóstico: sofrem de um tal déficit de aten-ção, dislexia?, TDAH?, e ditos transtornos outros que tais. Então, na ausência para eles de colos suficientes e amorosos de verdade, sobram-lhes por fim, e para por fim em tanta agitação, algumas prescrições: fluoxetina (20 mg, 1 vez ao dia), Neuleptil (4%, 1 vez ao dia), Oxcarbamazepina (2 comprimidos por dia) e Ritalina (1/2 comprimido de manhã e meio ½ comprimido à noite).

Aos treze, catorze, quinze até os dezessete anos, as doses de tais modernos medicamentos sofrerão aumentos, por certo, junto com as incessantes angústia e rebeldia. Aos dezessete anos, onze meses e vinte e nove dias de vida, exige-se, enfim, desses meninos e meninas es-tarem aptos para a chamada autonomia, e a um passo da rua, para um mundo desconhecido que os quer, enfim, cidadãos! O Estado, por vezes tantas, tão perverso e cínico quando o assunto é a Infância e Juventude brasileiras escondida em tantas instituições e abrigos, precisa encarar esse mal “moderno” – a medicalização de crianças e adolescentes em instituições, quase sempre imposta pelos serviços públicos de saúde, única via de atendimento desses brasileiros. Se tal

medicalização, ou a chamada “ritalinização” já é fato em escolas públicas e privadas brasileiras e nos consultórios de caros médicos, nos abrigos será praga cada vez mais daninha e difícil de extirpar. A adoção tardia, forma única de garan-tir convivência familiar para muitas crianças e adolescentes é ato complexo e que exige afeto e paciência. É preciso estar disponível para a criança que já diz o que quer, que pensa, reclama e sonha. Impor a essa criança o estigma da “ritali-nização” significa dificultar ou até impossibilitar a chance da adoção esperada. É crueldade demais do Estado. É perversão que vai de encontro a todos os princípios constitucionais garantidores dos direitos das crianças e dos adolescentes. E, cabe o “mea culpa” de todos nós, pois o Estado não está só nesse triste e abjeto papel: “É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convi-vência familiar e comunitária das crianças e dos adolescentes, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (artigos 4º do ECA e 227 da Constituição Federal).

* Juíza de Direito da Vara Central da Infância e Juventude de São Paulo, membro da Associação Juízes para a Democracia e da Coordenadoria da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça/SP.

Eu tomo ritalina! Você me quer???

“Para os dois garotinhos inda à

esperaque a justiça abra os olhos, meu janeiro,

dá-lhes as mães exatas, primavera

a se multiplicar pelo ano inteiro.” Cantiga, Carlos Drummond de

Andrade

Estado de Direito n. 3714

Habeas MídiaNewton De Lucca*

Em certa passagem do meu discurso de posse como Presidente do Tribunal Regional Federal da 3ª. Região defendi

de forma irrestrita a criação do habeas mídia, e, como já era de se esperar, os setores reacio-nários do País reagiram de forma imediata e contundente a tal declaração, atribuindo-me o desejo de instituir a censura prévia, a mor-daça e outras estultices de igual jaez.

O meio acadêmico, porém, parece ter recebido muito bem a ideia e foram vários os convites que recebi para discorrer acerca do sentido e alcance desse instituto, que não guarda nenhuma similitude com censura prévia, mordaça à liberdade de imprensa e de expressão e quejandos...

Em singelo resumo, passo a expor suas linhas mestras.

Constitui erro grosseiro, em primeiro lu-gar, só cabível na cabeça daqueles que gostam de criticar tudo aquilo que possa representar ameaça aos próprios interesses, acoimar a ideia de “inconstitucional”. Poderia sê-lo, é verdade, se se imaginasse que a matéria seria regulada exclusivamente mediante a edição de uma lei ordinária ou mesmo complemen-tar... Mas eu não afirmei isso em nenhum momento de minhas falas. Pelo contrário, tenho dito e repetido que a instituição do ha-beas mídia no Brasil deveria dar-se mediante a aprovação de Emenda Constitucional --- se, por um arroubo de ingenuidade, se supusesse

que as oligarquias econômicas e políticas pu-dessem permitir tal avanço ---, formando-se o tripé da defesa contra as ilegalidades: habeas corpus, habeas data e habeas mídia...

A ideia que defendo é, na verdade, muito simples. Trata-se, fundamentalmente, de uma previsão normativa de maior eficácia, no que se refere à proteção individual, coletiva ou difusa, tanto de pessoas físicas quanto de pessoas jurídicas, que sofrerem ameaça ou lesão ao seu patrimônio jurídico indisponí-vel, em razão de eventuais abusos cometidos

pela mídia. Teria o cidadão brasileiro, desta forma, um “remédio” para proteger o seu patrimônio de honra, o que não ocorre nos dias de hoje. Exemplificando tais abusos, poderíamos citar uma notícia precipitada, inverídica, que ponha em risco a honorabi-lidade da pessoa, sem que sua culpa esteja efetivamente comprovada.

A criação do habeas mídia já vem sendo estudada há bastante tempo, sendo as primei-ras iniciativas, datadas de 1988, realizadas pelo Professor Sérgio Borja, do Rio Grande do Sul. A ideia se disseminou no País, entre outros professores, como, por exemplo, o Professor Paulo Lopo Saraiva, do Rio Grande do Norte. É de sua autoria o livro intitulado “Constituição e Mídia”, no qual ele discute e defende, com vigor deveras invulgar, o instituto de que se trata.

Os dois professores citados demonstram o que se deve enfatizar: não se trata, nem mesmo remotamente, de se querer instituir algo nos moldes da censura prévia. Não é um limite à liberdade de imprensa. O que se deseja é que esta seja sempre ilimitada, des-de que a responsabilidade de quem escreve matéria eventualmente danosa também seja ilimitada...

Em vez de se falar em controle da mídia, o que se quer é o reconhecimento da sua plena responsabilidade pelos abusos que venha, eventualmente, a cometer. Seria, assim, um li-

mite ao uso abusivo da liberdade de informar. Tem-se o direito de fazer uso da informação, mas não o abuso dela. A diferença entre o uso e o abuso nem sempre é muito clara, infeliz-mente, na tela da ciência jurídica.

A liberdade de pensamento, consagrada na Constituição Federal, em seu artigo 220, tem de existir para todos e não somente para a imprensa. É o que se denomina “controle social da mídia”. Nenhum dos poderes pode se sobrepor ao poder da sociedade civil. É o que está previsto na Carta Magna, a qual determina que todo poder, em princípio,

A criação do habeas mídia já vem sendo

estudada há bastante tempo, sendo as

primeiras iniciativas, datadas de 1988, realizadas pelo

Professor Sérgio Borja, do Rio Grande do Sul

Tem-se o direito de fazer uso da

informação, mas não o abuso dela. A diferença entre o uso e o abuso nem sempre é muito

clara, infelizmente, na tela da ciência jurídica

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Estado de Direito n. 37 15

Narração e Normatividade -

Ensaios de Direito e Literatura

Coord.: Judith Martins-Costa

1ª edição - 2013 536 páginas

R$ 120,00

Volume 1

Direito Penal Volume 3

ZE D I T O R A

GZE D I T O R A

G ZE D I T O R A

G

ISBN 978-85-82220-01-6

Vol. 3 Coordenador

Miguel Reale Júnior

Crimes contra a dignidade sexual, família, incolumidade pública,

paz pública, fé pública

JURISPRUDÊNCIA EM DEBATE

AutoresRenato de Mello Jorge Silveira / Marina Pinhão Coelho Araujo / Ana Elisa L. S. Bechara /

Renato de Mello Jorge Silveira / Miguel Reale Júnior / Mariângela Gama de Magalhães Gomes

Dir

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enato de Mello Jorge Silveira / M

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blica,

paz públic

a, fé públic

a

A presente obra, “Direito Penal - Ju-risprudência em debate,” responde inquie-tante pergunta do saudoso Prof. Miguel Reale: até que ponto o amor das fórmu-las e dos mitos não se resolve apenas na solução dos problemas do aparelho ou da máquina, deixando em suspenso, ou truncando-o irremediavelmente, o plano dos valores éticos e materiais objeto da lide?(“O Direito como experiência”, São Paulo, Saraiva Ed., 1968, p.47), como ressaltou Ricardo Andreucci ao comentar o volume primeiro.

O terceiro volume da Coleção “Juris-prudência em Debate” é dedicado à ana-lise dos confrontos surgidos nas decisões dos diversos tribunais relativas aos crimes Contra a Dignidade Sexual, a Família, a Incolumidade Pública, a Paz Pública e a Fé Pública. Afloram problemas os mais difíceis em uma esgrima de argumentos que envolvem o estudioso. Convidamos o leitor a se embrenhar nesta leitura so-fisticadamente esclarecedora de questões complexas suscitadas na aplicação dos tipos penais em decisões contraditórias abrangendo títulos importantes da parte especial do Código Penal.

Com percuciência, por exemplo, analisa-se recente decisão do Superior Tribunal de Justiça, com relação a fato ocorrido em 2.002, antes, portanto, da lei nova de 2.009, modificativa do Títu-lo relativo aos crimes contra a Dignidade Sexual, e que tem provocado reações de repúdio por parte da Secretaria de Direi-tos Humanos e de leigos em direito como se houvesse condescendência com o cri-me ou má fé na posição assumida pelo tribunal para garantia de impunidade ao

não reconhecer a presunção de violência na hipótese da menor já apresentar vida sexual como prostituta.

A questão é discutível e deve ser dis-cutida, como o faz Renato Silveira, longe de posicionamentos emocionais, para o qual “não se trata, contudo, de impunida-de a um dos crimes mais graves cometi-dos na sociedade brasileira. Nem mesmo de se aceitar, ou referendar, a prostituição infantil. Trata-se, sim, de responsabili-dade e prudência judicial, ao cuidar de adolescentes, sob a lei, merecedores de tratamento específico”.

Fica apenas esta referência, dentre tantas que poderiam ser feitas, pois o exemplo dado é o bastante para inserir o leitor no Debate que a Jurisprudência suscita e que é largamente aproveitada por conceituados professores de Direito Penal.

Ao se submeter a jurisprudência a debate, estudando as posições conflitantes assumidas por vezes em um mes-mo tribunal, ficou demonstrado o fenômeno da criação ju-risprudencial. Da análise das divergências brotou uma dis-cussão muito rica de questões apenas suscitadas graças ao confronto de interpretações na análise dos tipos penais.

Será uma obra com 4 volumes: volume 1 – Crimes contra a pessoa; volume 2 – Crimes contra o patrimônio, crimes contra direito do autor, crimes contra o sentimento religioso, crimes contra a organização do trabalho; volume 3 – Crimes contra a dignidade sexual, família, incolumi-dade pública, paz pública, fé pública; volume 4 – Crimes contra a administração pública e crimes contra a admi-nistração da justiça. A coordenação cabe a Miguel Reale Júnior e contará com a colaboração de jovens penalistas: RENATO DE MELLO JORGE SILVEIRA e JANAINA CONCEIÇÃO PASCHOAL, o primeiro, professor titular e a segunda, professora livre docente da Faculdade de Di-reito da USP, além dos professores doutores, pela mesma faculdade, ALAMIRO VELLUDO SALVADOR NETTO, ANA ELISA LIBERATORE SILVA BECHARA, DAVID TEIXEIRA DE AZEVEDO, HELENA REGINA LOBO DA COSTA, HELOISA ESTELLITA, MARIÂNGELA GAMA DE MAGALHÃES GOMES, MARINA PINHÃO COELHO ARAUJO, VICTOR GABRIEL DE OLIVEIRA RODRIGUEZ. Escreve também ALEXANDRE WUN-DERLICH, “Coordenador do Departamento de Direito Penal da Faculdade de Direito da PUC de Porto Alegre’’. São todos membros do IEC – Instituto de Estudos Cultu-ralistas.

Volume 1

Direito Penal

Volume 3

ZE D I TOR A

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ISBN 978-85-82220-01-6

Vol. 3

Coordenador

Miguel Reale Júnior

Crimes contra a dignidade sexual,

família, incolumidade pública,

paz pública, fé pública

JURISPRUDÊNCIA EM DEBATE

Autores

Renato de Mello Jorge Silveira / Marina Pinhão Coelho Araujo / Ana Elisa L. S. Bechara /

Renato de Mello Jorge Silveira / Miguel Reale Júnior /

Mariângela Gama de Magalhães Gomes

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A presente obra, “Direito Penal - Ju-

risprudência em debate,” responde inquie-

tante pergunta do saudoso Prof. Miguel

Reale: até que ponto o amor das fórmu-

las e dos mitos não se resolve apenas na

solução dos problemas do aparelho ou

da máquina, deixando em suspenso, ou

truncando-o irremediavelmente, o plano

dos valores éticos e materiais objeto da

lide?(“O Direito como experiência”, São

Paulo, Saraiva Ed., 1968, p.47), como

ressaltou Ricardo Andreucci ao comentar

o volume primeiro.O terceiro volume da Coleção “Juris-

prudência em Debate” é dedicado à ana-

lise dos confrontos surgidos nas decisões

dos diversos tribunais relativas aos crimes

Contra a Dignidade Sexual, a Família, a

Incolumidade Pública, a Paz Pública e a

Fé Pública. Afloram problemas os mais

difíceis em uma esgrima de argumentos

que envolvem o estudioso. Convidamos

o leitor a se embrenhar nesta leitura so-

fisticadamente esclarecedora de questões

complexas suscitadas na aplicação dos

tipos penais em decisões contraditórias

abrangendo títulos importantes da parte

especial do Código Penal.

Com percuciência, por exemplo,

analisa-se recente decisão do Superior

Tribunal de Justiça, com relação a fato

ocorrido em 2.002, antes, portanto, da

lei nova de 2.009, modificativa do Títu-

lo relativo aos crimes contra a Dignidade

Sexual, e que tem provocado reações de

repúdio por parte da Secretaria de Direi-

tos Humanos e de leigos em direito como

se houvesse condescendência com o cri-

me ou má fé na posição assumida pelo

tribunal para garantia de impunidade ao

não reconhecer a presunção de violência

na hipótese da menor já apresentar vida

sexual como prostituta.

A questão é discutível e deve ser dis-

cutida, como o faz Renato Silveira, longe

de posicionamentos emocionais, para o

qual “não se trata, contudo, de impunida-

de a um dos crimes mais graves cometi-

dos na sociedade brasileira. Nem mesmo

de se aceitar, ou referendar, a prostituição

infantil. Trata-se, sim, de responsabili-

dade e prudência judicial, ao cuidar de

adolescentes, sob a lei, merecedores de

tratamento específico”.

Fica apenas esta referência, dentre

tantas que poderiam ser feitas, pois o

exemplo dado é o bastante para inserir

o leitor no Debate que a Jurisprudência

suscita e que é largamente aproveitada

por conceituados professores de Direito

Penal.

Ao se submeter a jurisprudência a debate, estudando

as posições conflitantes assumidas por vezes em um mes-

mo tribunal, ficou demonstrado o fenômeno da criação ju-

risprudencial. Da análise das divergências brotou uma dis-

cussão muito rica de questões apenas suscitadas graças ao

confronto de interpretações na análise dos tipos penais.

Será uma obra com 4 volumes: volume 1 – Crimes

contra a pessoa; volume 2 – Crimes contra o patrimônio,

crimes contra direito do autor, crimes contra o sentimento

religioso, crimes contra a organização do trabalho; volume

3 – Crimes contra a dignidade sexual, família, incolumi-

dade pública, paz pública, fé pública; volume 4 – Crimes

contra a administração pública e crimes contra a admi-

nistração da justiça. A coordenação cabe a Miguel Reale

Júnior e contará com a colaboração de jovens penalistas:

RENATO DE MELLO JORGE SILVEIRA e JANAINA

CONCEIÇÃO PASCHOAL, o primeiro, professor titular

e a segunda, professora livre docente da Faculdade de Di-

reito da USP, além dos professores doutores, pela mesma

faculdade, ALAMIRO VELLUDO SALVADOR NETTO,

ANA ELISA LIBERATORE SILVA BECHARA, DAVID

TEIXEIRA DE AZEVEDO, HELENA REGINA LOBO

DA COSTA, HELOISA ESTELLITA, MARIÂNGELA

GAMA DE MAGALHÃES GOMES, MARINA PINHÃO

COELHO ARAUJO, VICTOR GABRIEL DE OLIVEIRA

RODRIGUEZ. Escreve também ALEXANDRE WUN-

DERLICH, “Coordenador do Departamento de Direito

Penal da Faculdade de Direito da PUC de Porto Alegre’’.

São todos membros do IEC – Instituto de Estudos Cultu-

ralistas.

Volume 1

Direito Penal Volume 3

ZE D I T O R A

GZE D I T O R A

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ISBN 978-85-82220-01-6

Vol. 3 Coordenador

Miguel Reale Júnior

Crimes contra a dignidade sexual, família, incolumidade pública,

paz pública, fé pública

JURISPRUDÊNCIA EM DEBATE

AutoresRenato de Mello Jorge Silveira / Marina Pinhão Coelho Araujo / Ana Elisa L. S. Bechara /

Renato de Mello Jorge Silveira / Miguel Reale Júnior / Mariângela Gama de Magalhães Gomes

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A questão é discutível e deve ser dis-cutida, como o faz Renato Silveira, longe de posicionamentos emocionais, para o qual “não se trata, contudo, de impunida-de a um dos crimes mais graves cometi-dos na sociedade brasileira. Nem mesmo de se aceitar, ou referendar, a prostituição infantil. Trata-se, sim, de responsabili-dade e prudência judicial, ao cuidar de adolescentes, sob a lei, merecedores de tratamento específico”.

Fica apenas esta referência, dentre tantas que poderiam ser feitas, pois o exemplo dado é o bastante para inserir o leitor no Debate que a Jurisprudência suscita e que é largamente aproveitada por conceituados professores de Direito Penal.

Ao se submeter a jurisprudência a debate, estudando as posições conflitantes assumidas por vezes em um mes-mo tribunal, ficou demonstrado o fenômeno da criação ju-risprudencial. Da análise das divergências brotou uma dis-cussão muito rica de questões apenas suscitadas graças ao confronto de interpretações na análise dos tipos penais.

Será uma obra com 4 volumes: volume 1 – Crimes contra a pessoa; volume 2 – Crimes contra o patrimônio, crimes contra direito do autor, crimes contra o sentimento religioso, crimes contra a organização do trabalho; volume 3 – Crimes contra a dignidade sexual, família, incolumi-dade pública, paz pública, fé pública; volume 4 – Crimes contra a administração pública e crimes contra a admi-nistração da justiça. A coordenação cabe a Miguel Reale Júnior e contará com a colaboração de jovens penalistas: RENATO DE MELLO JORGE SILVEIRA e JANAINA CONCEIÇÃO PASCHOAL, o primeiro, professor titular e a segunda, professora livre docente da Faculdade de Di-reito da USP, além dos professores doutores, pela mesma faculdade, ALAMIRO VELLUDO SALVADOR NETTO, ANA ELISA LIBERATORE SILVA BECHARA, DAVID TEIXEIRA DE AZEVEDO, HELENA REGINA LOBO DA COSTA, HELOISA ESTELLITA, MARIÂNGELA GAMA DE MAGALHÃES GOMES, MARINA PINHÃO COELHO ARAUJO, VICTOR GABRIEL DE OLIVEIRA RODRIGUEZ. Escreve também ALEXANDRE WUN-DERLICH, “Coordenador do Departamento de Direito Penal da Faculdade de Direito da PUC de Porto Alegre’’. São todos membros do IEC – Instituto de Estudos Cultu-ralistas.

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Maria Bernadete Miranda nasceu no inte-rior de São Paulo, tendo ainda bebê, se radica-do na capital do Estado. Na cidade de São Pau-lo, fez os seus estudos primários, secundários e superiores, concluindo o Magistério em 1970 e bacharelando-se em Direito em 1985.

Sob a orientação do Desembargador Fede-ral Newton De Lucca, em 1993, apresentou na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, perante uma Banca Examinadora, a disserta-ção: “A Reorganização da Empresa como Obje-tivo Principal do Processo Falimentar” (Aspec-tos que emergem do Direito Positivo, Direito Francês e Direito Brasileiro); obtendo o Título de Mestre em Direito das Relações Sociais, na sub-área de Direito Comercial.

Em 1994, iniciou o doutorado, também na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, visitando e fazendo pesquisas no Tribu-nal do Comércio de Paris; em 1996, completou seus estudos e pesquisas na University of Mia-mi, no Estado da Flórida nos Estados Unidos, onde teve a honra e o privilégio de ter a sua tese de doutorado com o tema “Uma Propos-ta de Atualização do Contrato de Corretagem de Imóveis”, catalogada e disponibilizada para consulta na The University of Miami Law Li-brary Catolog. Em 2001, visitou e continuou suas pesquisas na The Library of Congress, em Washington D.C.

Em 1995, publicou seu primeiro livro: Manual dos Títulos de Crédito; em 2005, o segundo, sob o título Nova Lei de Falências (Comparativos e Comentários); em 2006, o terceiro: Curso Teórico e Prático dos Títulos de Crédito; em 2008, o quarto: Curso Teórico e Prático de Direito Societário; e em 2010, o quinto: Curso Teórico e Prático de Direito Em-presarial. Tem vários artigos publicados em re-vistas jurídicas e na web. Em 2000, construiu a sua página na internet intitulada Direito Brasil Publicações, http//www.direitobrasil.adv.br, onde disponibiliza material didático para os alunos e interessados na área. Em 2007, criou em sua home-page, a Revista Virtual Direito

A presente obra traz ao público interessado a teoria e a prática da Me-

diação, Conciliação e Arbitragem no Direito brasileiro e no Mercosul. Tra-

ta-se de uma obra ousada e moderna, elaborada conforme as necessidades

jurídicas do mundo contemporâneo e do século XXI. Os autores, ao lado da

exposição teórica, analisam temas relativos a Mediação, abordando desde

o seu surgimento histórico até os dias atuais, inclusive a mediação familiar

e a mediação empresarial. Em seguida tratam do instituto da Conciliação

tendo por início as fontes históricas, seguindo-se dos conceitos e dos con-

ciliadores, finalizando com a Conciliação em primeiro grau e a Concilia-

ção em segundo grau. O Capítulo IV refere-se ao instituto da Arbitragem,

contendo conceitos, requisitos e tipos; o Capítulo V estuda a Convenção

Arbitral e o Capítulo VI a Arbitragem Internacional e no Mercosul.

Para finalizar, os Capítulos VII e VIII, são inteiramente dedicados aos

alunos, apresentando modelos práticos, peças processuais e perguntas e res-

postas sobre o tema, com o propósito de exercitá-los na memorização dos

conceitos fundamentais a respeito da matéria. Acompanha a obra súmulas

referentes a Mediação, Conciliação e Arbitragem.

Os autores apresentam temas clássicos e temas atuais preocupando-se

em conciliar a didática, raciocínio claro, objetividade e prática, facilitando

dessa maneira a compreensão pelo profissional e pelo estudante.

Brasil Publicações, ISSN 2176-3259, um perió-dico semestral, elaborado com a coletânea de produções científicas da professora Maria Ber-nadete Miranda e de convidados.

Ministra aulas no magistério superior des-de 1992, passando por inúmeras Universida-des na grande São Paulo e também no interior paulista. Atualmente, é Diretora das Revistas Eletrônicas da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis de São Roque, Fac São Roque; professora de Direito Empresarial na União das Instituições Educacionais do Esta-do de São Paulo, Uniesp São Roque; e profes-sora de Direito Empresarial na Universidade de Sorocaba, Uniso Sorocaba.

A autora é advogada empresarial, atuando no contencioso, consultoria, elaboração de pa-receres e palestras.

Clóvis Antonio Maluf é especializado em Direito Empresarial pela Universidade Ma-ckenzie; professor titular da cadeira de Direito Empresarial do Centro Universitário FIEO – UNIFIEO, na cidade de Osasco; professor da Escola Paulista da Magistratura em Métodos Alternativos de Solução de Conflitos; Pales-trante na ESA - Escola Superior da Advocacia; Diretor Jurídico do IPROMESC – Instituto de Profissionais em Métodos Alternativos de Solução de Conflitos; e Membro da Câmara Espanhola de Comércio. Possui vários livros e artigos publicados sobre Direito Empresarial, Falimentar e Recuperação de Empresas.

O autor é advogado militante, atuando no contencioso, consultoria, elaboração de pa-receres e palestras.

ZE D I T O R A

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Conciliação e Arbitragem

ISBN 978-858222003-0

Curso Teórico e Prático de Mediação,

Conciliação e Arbitragem

Maria Bernadete MirandaClóvis Antonio Maluf

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Curso Teórico e Prático

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Maria Bernadete Miranda nasceu no inte-rior de São Paulo, tendo ainda bebê, se radica-do na capital do Estado. Na cidade de São Pau-lo, fez os seus estudos primários, secundários e superiores, concluindo o Magistério em 1970 e bacharelando-se em Direito em 1985.

Sob a orientação do Desembargador Fede-ral Newton De Lucca, em 1993, apresentou na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, perante uma Banca Examinadora, a disserta-ção: “A Reorganização da Empresa como Obje-tivo Principal do Processo Falimentar” (Aspec-tos que emergem do Direito Positivo, Direito Francês e Direito Brasileiro); obtendo o Título de Mestre em Direito das Relações Sociais, na sub-área de Direito Comercial.

Em 1994, iniciou o doutorado, também na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, visitando e fazendo pesquisas no Tribu-nal do Comércio de Paris; em 1996, completou seus estudos e pesquisas na University of Mia-mi, no Estado da Flórida nos Estados Unidos, onde teve a honra e o privilégio de ter a sua tese de doutorado com o tema “Uma Propos-ta de Atualização do Contrato de Corretagem de Imóveis”, catalogada e disponibilizada para consulta na The University of Miami Law Li-brary Catolog. Em 2001, visitou e continuou suas pesquisas na The Library of Congress, em Washington D.C.

Em 1995, publicou seu primeiro livro: Manual dos Títulos de Crédito; em 2005, o segundo, sob o título Nova Lei de Falências (Comparativos e Comentários); em 2006, o terceiro: Curso Teórico e Prático dos Títulos de Crédito; em 2008, o quarto: Curso Teórico e Prático de Direito Societário; e em 2010, o quinto: Curso Teórico e Prático de Direito Em-presarial. Tem vários artigos publicados em re-vistas jurídicas e na web. Em 2000, construiu a sua página na internet intitulada Direito Brasil Publicações, http//www.direitobrasil.adv.br, onde disponibiliza material didático para os alunos e interessados na área. Em 2007, criou em sua home-page, a Revista Virtual Direito

A presente obra traz ao público interessado a teoria e a prática da Me-

diação, Conciliação e Arbitragem no Direito brasileiro e no Mercosul. Tra-

ta-se de uma obra ousada e moderna, elaborada conforme as necessidades

jurídicas do mundo contemporâneo e do século XXI. Os autores, ao lado da

exposição teórica, analisam temas relativos a Mediação, abordando desde

o seu surgimento histórico até os dias atuais, inclusive a mediação familiar

e a mediação empresarial. Em seguida tratam do instituto da Conciliação

tendo por início as fontes históricas, seguindo-se dos conceitos e dos con-

ciliadores, finalizando com a Conciliação em primeiro grau e a Concilia-

ção em segundo grau. O Capítulo IV refere-se ao instituto da Arbitragem,

contendo conceitos, requisitos e tipos; o Capítulo V estuda a Convenção

Arbitral e o Capítulo VI a Arbitragem Internacional e no Mercosul.

Para finalizar, os Capítulos VII e VIII, são inteiramente dedicados aos

alunos, apresentando modelos práticos, peças processuais e perguntas e res-

postas sobre o tema, com o propósito de exercitá-los na memorização dos

conceitos fundamentais a respeito da matéria. Acompanha a obra súmulas

referentes a Mediação, Conciliação e Arbitragem.

Os autores apresentam temas clássicos e temas atuais preocupando-se

em conciliar a didática, raciocínio claro, objetividade e prática, facilitando

dessa maneira a compreensão pelo profissional e pelo estudante.

Brasil Publicações, ISSN 2176-3259, um perió-dico semestral, elaborado com a coletânea de produções científicas da professora Maria Ber-nadete Miranda e de convidados.

Ministra aulas no magistério superior des-de 1992, passando por inúmeras Universida-des na grande São Paulo e também no interior paulista. Atualmente, é Diretora das Revistas Eletrônicas da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis de São Roque, Fac São Roque; professora de Direito Empresarial na União das Instituições Educacionais do Esta-do de São Paulo, Uniesp São Roque; e profes-sora de Direito Empresarial na Universidade de Sorocaba, Uniso Sorocaba.

A autora é advogada empresarial, atuando no contencioso, consultoria, elaboração de pa-receres e palestras.

Clóvis Antonio Maluf é especializado em Direito Empresarial pela Universidade Ma-ckenzie; professor titular da cadeira de Direito Empresarial do Centro Universitário FIEO – UNIFIEO, na cidade de Osasco; professor da Escola Paulista da Magistratura em Métodos Alternativos de Solução de Conflitos; Pales-trante na ESA - Escola Superior da Advocacia; Diretor Jurídico do IPROMESC – Instituto de Profissionais em Métodos Alternativos de Solução de Conflitos; e Membro da Câmara Espanhola de Comércio. Possui vários livros e artigos publicados sobre Direito Empresarial, Falimentar e Recuperação de Empresas.

O autor é advogado militante, atuando no contencioso, consultoria, elaboração de pa-receres e palestras.

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Conciliação e Arbitragem

ISBN 978-858222003-0

Curso Teórico e Prático de Mediação,

Conciliação e Arbitragem

Maria Bernadete Miranda

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Maria Bernadete Miranda nasceu no inte-

rior de São Paulo, tendo ainda bebê, se radica-

do na capital do Estado. Na cidade de São Pau-

lo, fez os seus estudos primários, secundários e

superiores, concluindo o Magistério em 1970 e

bacharelando-se em Direito em 1985.

Sob a orientação do Desembargador Fede-

ral Newton De Lucca, em 1993, apresentou na

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,

perante uma Banca Examinadora, a disserta-

ção: “A Reorganização da Empresa como Obje-

tivo Principal do Processo Falimentar” (Aspec-

tos que emergem do Direito Positivo, Direito

Francês e Direito Brasileiro); obtendo o Título

de Mestre em Direito das Relações Sociais, na

sub-área de Direito Comercial.

Em 1994, iniciou o doutorado, também

na Pontifícia Universidade Católica de São

Paulo, visitando e fazendo pesquisas no Tribu-

nal do Comércio de Paris; em 1996, completou

seus estudos e pesquisas na University of Mia-

mi, no Estado da Flórida nos Estados Unidos,

onde teve a honra e o privilégio de ter a sua

tese de doutorado com o tema “Uma Propos-

ta de Atualização do Contrato de Corretagem

de Imóveis”, catalogada e disponibilizada para

consulta na The University of Miami Law Li-

brary Catolog. Em 2001, visitou e continuou

suas pesquisas na The Library of Congress, em

Washington D.C.Em 1995, publicou seu primeiro livro:

Manual dos Títulos de Crédito; em 2005, o

segundo, sob o título Nova Lei de Falências

(Comparativos e Comentários); em 2006, o

terceiro: Curso Teórico e Prático dos Títulos

de Crédito; em 2008, o quarto: Curso Teórico

e Prático de Direito Societário; e em 2010, o

quinto: Curso Teórico e Prático de Direito Em-

presarial. Tem vários artigos publicados em re-

vistas jurídicas e na web. Em 2000, construiu a

sua página na internet intitulada Direito Brasil

Publicações, http//www.direitobrasil.adv.br,

onde disponibiliza material didático para os

alunos e interessados na área. Em 2007, criou

em sua home-page, a Revista Virtual Direito

A presente obra traz ao público interessado a teoria e a prática da Me-

diação, Conciliação e Arbitragem no Direito brasileiro e no Mercosul. Tra-

ta-se de uma obra ousada e moderna, elaborada conforme as necessidades

jurídicas do mundo contemporâneo e do século XXI. Os autores, ao lado da

exposição teórica, analisam temas relativos a Mediação, abordando desde

o seu surgimento histórico até os dias atuais, inclusive a mediação familiar

e a mediação empresarial. Em seguida tratam do instituto da Conciliação

tendo por início as fontes históricas, seguindo-se dos conceitos e dos con-

ciliadores, finalizando com a Conciliação em primeiro grau e a Concilia-

ção em segundo grau. O Capítulo IV refere-se ao instituto da Arbitragem,

contendo conceitos, requisitos e tipos; o Capítulo V estuda a Convenção

Arbitral e o Capítulo VI a Arbitragem Internacional e no Mercosul.

Para finalizar, os Capítulos VII e VIII, são inteiramente dedicados aos

alunos, apresentando modelos práticos, peças processuais e perguntas e res-

postas sobre o tema, com o propósito de exercitá-los na memorização dos

conceitos fundamentais a respeito da matéria. Acompanha a obra súmulas

referentes a Mediação, Conciliação e Arbitragem.

Os autores apresentam temas clássicos e temas atuais preocupando-se

em conciliar a didática, raciocínio claro, objetividade e prática, facilitando

dessa maneira a compreensão pelo profissional e pelo estudante.

Brasil Publicações, ISSN 2176-3259, um perió-

dico semestral, elaborado com a coletânea de

produções científicas da professora Maria Ber-

nadete Miranda e de convidados.

Ministra aulas no magistério superior des-

de 1992, passando por inúmeras Universida-

des na grande São Paulo e também no interior

paulista. Atualmente, é Diretora das Revistas

Eletrônicas da Faculdade de Administração

e Ciências Contábeis de São Roque, Fac São

Roque; professora de Direito Empresarial na

União das Instituições Educacionais do Esta-

do de São Paulo, Uniesp São Roque; e profes-

sora de Direito Empresarial na Universidade

de Sorocaba, Uniso Sorocaba.A autora é advogada empresarial, atuando

no contencioso, consultoria, elaboração de pa-

receres e palestras.Clóvis Antonio Maluf é especializado em

Direito Empresarial pela Universidade Ma-

ckenzie; professor titular da cadeira de Direito

Empresarial do Centro Universitário FIEO –

UNIFIEO, na cidade de Osasco; professor da

Escola Paulista da Magistratura em Métodos

Alternativos de Solução de Conflitos; Pales-

trante na ESA - Escola Superior da Advocacia;

Diretor Jurídico do IPROMESC – Instituto

de Profissionais em Métodos Alternativos de

Solução de Conflitos; e Membro da Câmara

Espanhola de Comércio. Possui vários livros e

artigos publicados sobre Direito Empresarial,

Falimentar e Recuperação de Empresas.

O autor é advogado militante, atuando

no contencioso, consultoria, elaboração de pa-

receres e palestras.

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Conciliação e ArbitragemISBN 978-858222003-0

Eduardo DantasMarcos Coltri

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Resolução CFM nº 1.931, de 17 de setembro de 2009

2a ediçãoAtualizada até julho de 2012

Ed

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Marco

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E D I T O R AE D I T O R AE D I T O R A

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A proposta da obra, em síntese, é auxiliar no

preenchimento de uma lacuna existente na dou-

trina acerca do Código de Ética Médica, seja em

relação aos profi ssionais da Medicina, seja em

relação aos militantes do Direito.

Ao fi nal, também com a intenção de contribuir

e facilitar a vida de quem necessite atuar ou en-

tender um processo ético no âmbito dos Con-

selhos de Medicina, decidimos incluir o texto

integral do anterior e do novo Código de Éti-

ca Médica, a resolução que criou o Código de

Processo Ético-Profi ssional e as Leis e Decre-

tos mais importantes, defi nidores do papel dos

Conselhos de Medicina e da regulamentação do

exercício profi ssional, tornando, na medida do

possível, a consulta e a referência facilitadas,

posto que reunidas no mesmo local.

Longe de se mostrar como algo acabado, a dis-

cussão que se inicia com a publicação destes

Comentários tem por escopo aprofundar o de-

bate, imprimir-lhe qualidade, mostrando novos

rumos, tentando aprimorar o conhecimento e a

qualidade das normas deontológicas da medi-

cina, situação em que – acreditamos – ganham

todos, médicos, pacientes e a sociedade.

São Paulo, março de 2010

Eduardo Dantas e Marcos Coltri

Comentários ao Código de Ética Médica, Resolução CFM nº 1.931, de 17 de setembro de 2009 dos autores Eduardo Dantas e Marcos Coltri é um exemplo de contribuição às travessias das noites espessas de ciência em busca do amanhecer da saúde e da justiça.

Os autores, que dispensam elogios, com perspicácia e experiência elaboraram, sem a sisudez, a neutralidade e mesmo a aridez que caracterizam os acervos téc-nicos desta natureza, considerações sobre o atual Código de Ética Médica, em vigor a partir do dia 13 de abril de 2010. Neste trabalho literário, dotado de cla-reza, principal qualidade do estilo, torna-se evidente o denso valor ético-social da atividade hipocrática e das normas que a disciplinam no país. Este livro espelha invejável maturidade de espírito, que se abre a interdisciplinariedade, com meto-dológica disposição de leis e princípios, indispensáveis à plena compreensão tele-ológica de um conjunto articulado de regras dirigidas a uma nobre arte e ciência, dedicada a bens absolutos.

Este código comentado é de importância não só ao cotidiano dos médicos e dos juristas, mas interessa, ainda, a todos aqueles que se dedicam à edifi cação de uma ponte para o futuro de um mundo melhor. Louve-se a bem-sucedida missão dos autores e a publicação deste relevante estudo.

Carlos Vital Tavares Correa LimaVice-Presidente do Conselho Federal de Medicina

No momento em um novo livro comentando o atual Código de Ética Medica que entra em vigor, revigora-se a possibilidade de robustecer a discussão que se inicia referente ao alcance, à extensão e às possibilidades de aplicabilidade das novas regras para a melhoria da assistência à saúde em nosso País.

Com certeza, esta obra irá auxiliar a todos os profi ssionais, do Direito e da Medi-cina, a entender e a exigir uma melhor qualidade da assistência baseada na com-paixão e no humanismo necessários ao respeito à dignidade humana.

Roberto Luiz D’AvilaPresidente do Conselho Federal de Medicina

Coordenador da Comissão Nacional de Revisão do Código de Ética Médica

E D I T O R AE D I T O R AE D I T O R A

ZGISBN 978-85-62490-99-6

Marcos Vinicius ColtriAdvogado, Bacharel em Direito pela Universidade Mackenzie de São Paulo, Coordenador do Curso de Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar da EPD-Escola Paulista de Direito (São Paulo/SP), Vice-presidente da ABDS-Associação Brasileira de Direito da Saúde, Pós-graduado em Direito Médico e da Saúde pelo Centro Universitário Barão de Mauá, Especialista em Responsabilidade Civil na Área da Saúde pela Fun-dação Getúlio Vargas, Professor convidado do curso de Odontologia Legal da FORP-USP, Professor dos Cursos de Gestão de Consultórios e Preparatório de Assistente em Saúde Bucal da Associação Brasileira de Odonto-logia – Seção Mato Grosso, Professor e Palestrante em cursos e eventos de Direito Médico e Odontológico.

Eduardo Vasconcelos Dos Santos DantasAdvogado, inscrito na Ordem dos Advogados do Bra-sil e na Ordem dos Advogados Portugueses. Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco. Pós-graduado em Direito Civil, com especialização em Direito de Consumo pela Universidad de Castilla-La Mancha. Mestre em Direito Médico pela University of Glasgow. Doutorando em Direito pela Universidade de Coimbra. Presidente da ABDS – Associação Brasileira de Direito da Saúde. Presidente da Associação Pernam-bucana de Direito Médico e da Saúde. Vice-Presidente da Asociación Latinoamericana de Derecho Médico. Vice-Presidente da World Association for Medical Law. Membro da European Association for Health Law. Membro da Association Française de Droit de la Santé. Membro da Association de Recherche et de For-mation en Droit Médical. Fundador e primeiro Presi-dente da Comissão de Saúde e Biodireito da OAB/AL. Vice-Presidente da Comissão de Bioética da OAB/PE. Presidente da Comissão de Saúde da OAB/PE. Profes-sor do curso de pós-graduação em Direito Médico da Escola Paulista de Direito. Professor do curso de pós-graduação em Direito Médico do Instituto Paulista de Estudos Jurídicos e Bioéticos.

Eduardo DantasMarcos Coltri

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Resolução CFM nº 1.931, de 17 de setembro de 20092a edição

Atualizada até julho de 2012

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A proposta da obra, em síntese, é auxiliar no

preenchimento de uma lacuna existente na dou-

trina acerca do Código de Ética Médica, seja em

relação aos profi ssionais da Medicina, seja em

relação aos militantes do Direito.Ao fi nal, também com a intenção de contribuir

e facilitar a vida de quem necessite atuar ou en-

tender um processo ético no âmbito dos Con-

selhos de Medicina, decidimos incluir o texto

integral do anterior e do novo Código de Éti-

ca Médica, a resolução que criou o Código de

Processo Ético-Profi ssional e as Leis e Decre-

tos mais importantes, defi nidores do papel dos

Conselhos de Medicina e da regulamentação do

exercício profi ssional, tornando, na medida do

possível, a consulta e a referência facilitadas,

posto que reunidas no mesmo local.Longe de se mostrar como algo acabado, a dis-

cussão que se inicia com a publicação destes

Comentários tem por escopo aprofundar o de-

bate, imprimir-lhe qualidade, mostrando novos

rumos, tentando aprimorar o conhecimento e a

qualidade das normas deontológicas da medi-

cina, situação em que – acreditamos – ganham

todos, médicos, pacientes e a sociedade.São Paulo, março de 2010

Eduardo Dantas e Marcos Coltri

Comentários ao Código de Ética Médica, Resolução CFM nº 1.931, de 17 de

setembro de 2009 dos autores Eduardo Dantas e Marcos Coltri é um exemplo de

contribuição às travessias das noites espessas de ciência em busca do amanhecer

da saúde e da justiça.Os autores, que dispensam elogios, com perspicácia e experiência elaboraram,

sem a sisudez, a neutralidade e mesmo a aridez que caracterizam os acervos téc-

nicos desta natureza, considerações sobre o atual Código de Ética Médica, em

vigor a partir do dia 13 de abril de 2010. Neste trabalho literário, dotado de cla-

reza, principal qualidade do estilo, torna-se evidente o denso valor ético-social da

atividade hipocrática e das normas que a disciplinam no país. Este livro espelha

invejável maturidade de espírito, que se abre a interdisciplinariedade, com meto-

dológica disposição de leis e princípios, indispensáveis à plena compreensão tele-

ológica de um conjunto articulado de regras dirigidas a uma nobre arte e ciência,

dedicada a bens absolutos.Este código comentado é de importância não só ao cotidiano dos médicos e dos

juristas, mas interessa, ainda, a todos aqueles que se dedicam à edifi cação de uma

ponte para o futuro de um mundo melhor. Louve-se a bem-sucedida missão dos

autores e a publicação deste relevante estudo.

Carlos Vital Tavares Correa Lima

Vice-Presidente do Conselho Federal de Medicina

No momento em um novo livro comentando o atual Código de Ética Medica que

entra em vigor, revigora-se a possibilidade de robustecer a discussão que se inicia

referente ao alcance, à extensão e às possibilidades de aplicabilidade das novas

regras para a melhoria da assistência à saúde em nosso País.

Com certeza, esta obra irá auxiliar a todos os profi ssionais, do Direito e da Medi-

cina, a entender e a exigir uma melhor qualidade da assistência baseada na com-

paixão e no humanismo necessários ao respeito à dignidade humana.Roberto Luiz D’Avila

Presidente do Conselho Federal de Medicina

Coordenador da Comissão Nacional de Revisão do Código de Ética Médica

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ZG ISBN 978-85-62490-99-6

Marcos Vinicius Coltri

Advogado, Bacharel em Direito pela Universidade

Mackenzie de São Paulo, Coordenador do Curso de

Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar da

EPD-Escola Paulista de Direito (São Paulo/SP), Vice-

presidente da ABDS-Associação Brasileira de Direito

da Saúde, Pós-graduado em Direito Médico e da Saúde

pelo Centro Universitário Barão de Mauá, Especialista

em Responsabilidade Civil na Área da Saúde pela Fun-

dação Getúlio Vargas, Professor convidado do curso de

Odontologia Legal da FORP-USP, Professor dos Cursos

de Gestão de Consultórios e Preparatório de Assistente

em Saúde Bucal da Associação Brasileira de Odonto-

logia – Seção Mato Grosso, Professor e Palestrante em

cursos e eventos de Direito Médico e Odontológico.

Eduardo Vasconcelos Dos Santos Dantas

Advogado, inscrito na Ordem dos Advogados do Bra-

sil e na Ordem dos Advogados Portugueses. Bacharel

em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco.

Pós-graduado em Direito Civil, com especialização em

Direito de Consumo pela Universidad de Castilla-La

Mancha. Mestre em Direito Médico pela University of

Glasgow. Doutorando em Direito pela Universidade de

Coimbra. Presidente da ABDS – Associação Brasileira

de Direito da Saúde. Presidente da Associação Pernam-

bucana de Direito Médico e da Saúde. Vice-Presidente

da Asociación Latinoamericana de Derecho Médico.

Vice-Presidente da World Association for Medical

Law. Membro da European Association for Health

Law. Membro da Association Française de Droit de la

Santé. Membro da Association de Recherche et de For-

mation en Droit Médical. Fundador e primeiro Presi-

dente da Comissão de Saúde e Biodireito da OAB/AL.

Vice-Presidente da Comissão de Bioética da OAB/PE.

Presidente da Comissão de Saúde da OAB/PE. Profes-

sor do curso de pós-graduação em Direito Médico da

Escola Paulista de Direito. Professor do curso de pós-

graduação em Direito Médico do Instituto Paulista de

Estudos Jurídicos e Bioéticos.

Eduardo DantasMarcos Coltri

E D I T O R AE D I T O R AE D I T O R A

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Resolução CFM nº 1.931, de 17 de setembro de 2009

2a ediçãoAtualizada até julho de 2012

Ed

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Marco

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E D I T O R AE D I T O R AE D I T O R A

ZG

A proposta da obra, em síntese, é auxiliar no

preenchimento de uma lacuna existente na dou-

trina acerca do Código de Ética Médica, seja em

relação aos profi ssionais da Medicina, seja em

relação aos militantes do Direito.

Ao fi nal, também com a intenção de contribuir

e facilitar a vida de quem necessite atuar ou en-

tender um processo ético no âmbito dos Con-

selhos de Medicina, decidimos incluir o texto

integral do anterior e do novo Código de Éti-

ca Médica, a resolução que criou o Código de

Processo Ético-Profi ssional e as Leis e Decre-

tos mais importantes, defi nidores do papel dos

Conselhos de Medicina e da regulamentação do

exercício profi ssional, tornando, na medida do

possível, a consulta e a referência facilitadas,

posto que reunidas no mesmo local.

Longe de se mostrar como algo acabado, a dis-

cussão que se inicia com a publicação destes

Comentários tem por escopo aprofundar o de-

bate, imprimir-lhe qualidade, mostrando novos

rumos, tentando aprimorar o conhecimento e a

qualidade das normas deontológicas da medi-

cina, situação em que – acreditamos – ganham

todos, médicos, pacientes e a sociedade.

São Paulo, março de 2010

Eduardo Dantas e Marcos Coltri

Comentários ao Código de Ética Médica, Resolução CFM nº 1.931, de 17 de setembro de 2009 dos autores Eduardo Dantas e Marcos Coltri é um exemplo de contribuição às travessias das noites espessas de ciência em busca do amanhecer da saúde e da justiça.

Os autores, que dispensam elogios, com perspicácia e experiência elaboraram, sem a sisudez, a neutralidade e mesmo a aridez que caracterizam os acervos téc-nicos desta natureza, considerações sobre o atual Código de Ética Médica, em vigor a partir do dia 13 de abril de 2010. Neste trabalho literário, dotado de cla-reza, principal qualidade do estilo, torna-se evidente o denso valor ético-social da atividade hipocrática e das normas que a disciplinam no país. Este livro espelha invejável maturidade de espírito, que se abre a interdisciplinariedade, com meto-dológica disposição de leis e princípios, indispensáveis à plena compreensão tele-ológica de um conjunto articulado de regras dirigidas a uma nobre arte e ciência, dedicada a bens absolutos.

Este código comentado é de importância não só ao cotidiano dos médicos e dos juristas, mas interessa, ainda, a todos aqueles que se dedicam à edifi cação de uma ponte para o futuro de um mundo melhor. Louve-se a bem-sucedida missão dos autores e a publicação deste relevante estudo.

Carlos Vital Tavares Correa LimaVice-Presidente do Conselho Federal de Medicina

No momento em um novo livro comentando o atual Código de Ética Medica que entra em vigor, revigora-se a possibilidade de robustecer a discussão que se inicia referente ao alcance, à extensão e às possibilidades de aplicabilidade das novas regras para a melhoria da assistência à saúde em nosso País.

Com certeza, esta obra irá auxiliar a todos os profi ssionais, do Direito e da Medi-cina, a entender e a exigir uma melhor qualidade da assistência baseada na com-paixão e no humanismo necessários ao respeito à dignidade humana.

Roberto Luiz D’AvilaPresidente do Conselho Federal de Medicina

Coordenador da Comissão Nacional de Revisão do Código de Ética Médica

E D I T O R AE D I T O R AE D I T O R A

ZGISBN 978-85-62490-99-6

Marcos Vinicius ColtriAdvogado, Bacharel em Direito pela Universidade Mackenzie de São Paulo, Coordenador do Curso de Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar da EPD-Escola Paulista de Direito (São Paulo/SP), Vice-presidente da ABDS-Associação Brasileira de Direito da Saúde, Pós-graduado em Direito Médico e da Saúde pelo Centro Universitário Barão de Mauá, Especialista em Responsabilidade Civil na Área da Saúde pela Fun-dação Getúlio Vargas, Professor convidado do curso de Odontologia Legal da FORP-USP, Professor dos Cursos de Gestão de Consultórios e Preparatório de Assistente em Saúde Bucal da Associação Brasileira de Odonto-logia – Seção Mato Grosso, Professor e Palestrante em cursos e eventos de Direito Médico e Odontológico.

Eduardo Vasconcelos Dos Santos DantasAdvogado, inscrito na Ordem dos Advogados do Bra-sil e na Ordem dos Advogados Portugueses. Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco. Pós-graduado em Direito Civil, com especialização em Direito de Consumo pela Universidad de Castilla-La Mancha. Mestre em Direito Médico pela University of Glasgow. Doutorando em Direito pela Universidade de Coimbra. Presidente da ABDS – Associação Brasileira de Direito da Saúde. Presidente da Associação Pernam-bucana de Direito Médico e da Saúde. Vice-Presidente da Asociación Latinoamericana de Derecho Médico. Vice-Presidente da World Association for Medical Law. Membro da European Association for Health Law. Membro da Association Française de Droit de la Santé. Membro da Association de Recherche et de For-mation en Droit Médical. Fundador e primeiro Presi-dente da Comissão de Saúde e Biodireito da OAB/AL. Vice-Presidente da Comissão de Bioética da OAB/PE. Presidente da Comissão de Saúde da OAB/PE. Profes-sor do curso de pós-graduação em Direito Médico da Escola Paulista de Direito. Professor do curso de pós-graduação em Direito Médico do Instituto Paulista de Estudos Jurídicos e Bioéticos.

G Z

www.editoragz.com.br e-mail: [email protected] do Paço nº 23, sala 610 – Centro – 20010-170

Rio de Janeiro – RJ – Tels.: (0XX21) 2240-1406 / 2240-1416 – Fax: (0XX21) 2240-1511

Medida por MedidaO Direito em Shakespeare

José Roberto de Castro Neves

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spe

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eJo

sé R

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astr

o N

eve

s

“Quem vem lá?”

Ao analisar o jurídico em Shakespeare,

o advogado Jose Roberto de Castro Neves

confirma que “os bons advogados não tem

falta de clientes” e que “é pela qualidade

que devemos classificar as coisas.”

A obra despontará como uma das mais

importantes contribuições para se des-

vendar o Código Shakespeare – caso ele

exista – e o autor se revela um autêntico

“espião de Deus”, capaz de identificar su-

tilezas e construir sábias interpretações.

O que dizer sobre um contemporâneo

código jurídico construído na observação

da alma humana, que é imutável?

“Se do nada, nada virá”, a verdade “é

que não há noite tão longa que não en-

contre o dia.”

Construir um sistema jurídico funda-

mentado na dignidade humana constitui

objetivo fundamental do Estado. “A mise-

ricórdia é a virtude da Lei”, caso contrário

“Nossas leis estão mortas.”

Ao encontrar tempo na sua atribulada

rotina de renomado advogado e professor,

José Roberto também prova que “os ho-

mens são, algumas vezes, donos dos pró-

prios destinos.”

O livro, de leitura fácil e agradável, se-

gue a orientação do Bardo “a concisão é a

virtude da Lei” e nos afasta do vaticínio de

que “é a praga destes tempos que os cegos

sejam guiados pelos loucos.” O autor é um

vidente capaz de conduzir com lucidez ge-

rações de estudantes e de experientes pro-

fissionais do Direito.

“Somos donos de nossos

pensamentos, entretanto,

seus fins não nos pertencem.”

“A tentação mais perigosa é aquela

que nos conduz ao pecado pelo

amor à virtude.”

Nenhum pecado há em reconhecer e

enaltecer o grandioso trabalho de pesqui-

sa realizado por Jose Roberto de Castro

Neves que identifica importantes lições

de Direito no teatro de Shakespeare e per-

mite um estudo humanista de conceitos

jurídicos relevantes. A virtude do autor se

transformará em fonte de conhecimento

para todos nós e seus pensamentos ga-

nharão multiplicadores.

“O mundo todo é um palco!”

“O resto é silêncio!”

Boa leitura!

Cláudio Dell’Orto

Desembargador – TJRJ

Professor – PUC Rio

* Citações de Shakespeare

“Professor que fascina os seus alunos pela recorrente li-

gação que traça entre as abstratas formas jurídicas e o

chão da mais concreta e cotidiana realidade, José Roberto

de Castro Neves superou, no entanto, o objetivo proposto.

A pergunta a que efetivamente respondeu foi: como pode a

Literatura (a obra de Shakespeare, em especial), ajudar a

todos nós, juristas ou não, a melhor compreender o mundo,

o Direito que está no mundo, e a nós mesmos?”

Judith Martins-Costa

“Nenhum pecado há em reconhecer e enaltecer o grandioso

trabalho de pesquisa realizado por Jose Roberto de Castro

Neves que identifica importantes lições de Direito no teatro

de Shakespeare e permite um estudo humanista de concei-

tos jurídicos relevantes. A virtude do autor se transformará

em fonte de conhecimento para todos nós e seus pensa-

mentos ganharão multiplicadores.”

Cláudio Dell’Orto 

ISBN 978-85-82220 05-4

9 788582 220054

shakespeare_final.indd 1 09/11/12 15:17

Medida por Medida

O Direito em Shakespeare

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“Quem vem lá?” Ao analisar o jurídico em Shakespeare,

o advogado Jose Roberto de Castro Neves

confirma que “os bons advogados não tem

falta de clientes” e que “é pela qualidade

que devemos classificar as coisas.”

A obra despontará como uma das mais

importantes contribuições para se des-

vendar o Código Shakespeare – caso ele

exista – e o autor se revela um autêntico

“espião de Deus”, capaz de identificar su-

tilezas e construir sábias interpretações.

O que dizer sobre um contemporâneo

código jurídico construído na observação

da alma humana, que é imutável?

“Se do nada, nada virá”, a verdade “é

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objetivo fundamental do Estado. “A mise-

ricórdia é a virtude da Lei”, caso contrário

“Nossas leis estão mortas.”

Ao encontrar tempo na sua atribulada

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José Roberto também prova que “os ho-

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gue a orientação do Bardo “a concisão é a

virtude da Lei” e nos afasta do vaticínio de

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sejam guiados pelos loucos.” O autor é um

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“Somos donos de nossos

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seus fins não nos pertencem.”

“A tentação mais perigosa é aquela

que nos conduz ao pecado pelo

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sa realizado por Jose Roberto de Castro

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de Direito no teatro de Shakespeare e per-

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jurídicos relevantes. A virtude do autor se

transformará em fonte de conhecimento

para todos nós e seus pensamentos ga-

nharão multiplicadores.“O mundo todo é um palco!”

“O resto é silêncio!”Boa leitura!

Cláudio Dell’Orto

Desembargador – TJRJ

Professor – PUC Rio

* Citações de Shakespeare

“Professor que fascina os seus alunos pela recorrente li-

gação que traça entre as abstratas formas jurídicas e o

chão da mais concreta e cotidiana realidade, José Roberto

de Castro Neves superou, no entanto, o objetivo proposto.

A pergunta a que efetivamente respondeu foi: como pode a

Literatura (a obra de Shakespeare, em especial), ajudar a

todos nós, juristas ou não, a melhor compreender o mundo,

o Direito que está no mundo, e a nós mesmos?”

Judith Martins-Costa“Nenhum pecado há em reconhecer e enaltecer o grandioso

trabalho de pesquisa realizado por Jose Roberto de Castro

Neves que identifica importantes lições de Direito no teatro

de Shakespeare e permite um estudo humanista de concei-

tos jurídicos relevantes. A virtude do autor se transformará

em fonte de conhecimento para todos nós e seus pensa-

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Cláudio Dell’Orto 

ISBN 978-85-82220 05-4

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Medida por MedidaO Direito em Shakespeare

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o advogado Jose Roberto de Castro Neves

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A obra despontará como uma das mais

importantes contribuições para se des-

vendar o Código Shakespeare – caso ele

exista – e o autor se revela um autêntico

“espião de Deus”, capaz de identificar su-

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O que dizer sobre um contemporâneo

código jurídico construído na observação

da alma humana, que é imutável?

“Se do nada, nada virá”, a verdade “é

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Construir um sistema jurídico funda-

mentado na dignidade humana constitui

objetivo fundamental do Estado. “A mise-

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“Nossas leis estão mortas.”

Ao encontrar tempo na sua atribulada

rotina de renomado advogado e professor,

José Roberto também prova que “os ho-

mens são, algumas vezes, donos dos pró-

prios destinos.”

O livro, de leitura fácil e agradável, se-

gue a orientação do Bardo “a concisão é a

virtude da Lei” e nos afasta do vaticínio de

que “é a praga destes tempos que os cegos

sejam guiados pelos loucos.” O autor é um

vidente capaz de conduzir com lucidez ge-

rações de estudantes e de experientes pro-

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“Somos donos de nossos

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que nos conduz ao pecado pelo

amor à virtude.”

Nenhum pecado há em reconhecer e

enaltecer o grandioso trabalho de pesqui-

sa realizado por Jose Roberto de Castro

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de Direito no teatro de Shakespeare e per-

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jurídicos relevantes. A virtude do autor se

transformará em fonte de conhecimento

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Boa leitura!

Cláudio Dell’Orto

Desembargador – TJRJ

Professor – PUC Rio

* Citações de Shakespeare

“Professor que fascina os seus alunos pela recorrente li-

gação que traça entre as abstratas formas jurídicas e o

chão da mais concreta e cotidiana realidade, José Roberto

de Castro Neves superou, no entanto, o objetivo proposto.

A pergunta a que efetivamente respondeu foi: como pode a

Literatura (a obra de Shakespeare, em especial), ajudar a

todos nós, juristas ou não, a melhor compreender o mundo,

o Direito que está no mundo, e a nós mesmos?”

Judith Martins-Costa

“Nenhum pecado há em reconhecer e enaltecer o grandioso

trabalho de pesquisa realizado por Jose Roberto de Castro

Neves que identifica importantes lições de Direito no teatro

de Shakespeare e permite um estudo humanista de concei-

tos jurídicos relevantes. A virtude do autor se transformará

em fonte de conhecimento para todos nós e seus pensa-

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Cláudio Dell’Orto 

ISBN 978-85-82220 05-4

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Medida por Medida O Direito de Shakespeare José Roberto de Castro Neves 1ª edição - 2013 – 332 páginas

R$ 65,00

AÇÃO CIVIL PÚBLICA E AÇÃO

DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

ARNALDO RIZZARDO

E D I T O R AE D I T O R AE D I T O R A

ZGE D I T O R AE D I T O R AE D I T O R A

ZGISBN 978-85-62490-79-8

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ARNALDO RIZZARDO

E D I T O R AE D I T O R AE D I T O R A

ZG

2a edição

DE IMPROBIDADE

ISBN 978-85-62490-79-8

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ARNALDO ARNALDO RIZZARDORIZZARDO

PUBLICAÇÕES GZ

COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE PROCESSO CIVILArruda Alvim / Araken de Assis / Eduardo Arruda Alvim

RESPONSABILIDADE CIVILAutor: Caio Mário da Silva PereiraAtualizador: Gustavo Tepedino

LEGITIMIDADE ATIVA E REPRESENTATIVIDADE NA AÇÃO CIVIL PÚBLICAClarissa Diniz Guedes

MANDADO DE SEGURANÇAEduardo Arruda Alvim

A LEI DO INQUILINATO COMENTADASylvio Capanema de Souza

COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICAEduardo Dantas / Marcos Coltri

CONDOMÍNIO EDILÍCIO – Aspectos Jurídicos RelevantesNelson Kojranski

Quanto ao autor: Atuou, durante longos anos,

na magistratura do Rio Grande do Sul, ocupando, inclusive, o cargo de desembargador do Tribunal de Justiça.

Atualmente, exerce a advoca-cia, integra a Academia Brasileira de Direito Civil e o Instituto dos Advogados do Brasil – Secção do RS, e exerce o magistério na Esco-la Superior da Magistratura.

Em concursos de monografi as patrocinados pela Associação de Magistrados Brasileiros e pela As-sociação dos Juízes do RGS, três de suas obras obtiveram o primeiro lugar.

É autor de obras que abrangem o estudo sistematizado do Código Civil Brasileiro de 2002, dentre outras.

Quanto ao livro:Ação Civil Pública e Ação de

Improbidade Administrativa trata-se de uma obra que versa sobre os dois instrumentos jurídicos mais apropriados para a tutela ou defe-sa de interesses transindividuais, difusos por essência, centrados na primeira espécie de ação, em valo-res e interesses gerais e comuns da generalidade das pessoas físicas e jurídicas, e, na segunda espécie, em valores e interesses da administra-ção pública.

Na abordagem das matérias, quanto à ação civil pública, deu-se ênfase às situações atuais que en-sejam a ação, bem como ao amplo campo de casos que comportam cada tipo de ação. Matérias com-plexas, geradoras de controvérsias, tiveram o devido enfrentamento, como a defesa do consumidor e dos interesses difusos, coletivos e indi-viduais homogêneos, a decadência e prescrição na ofensa aos interes-ses protegidos, o foro da propositu-ra da ação, os legitimados para fi -gurarem no polo ativo, as situações de ilegalidade que se consolidam e não comportam a ação civil públi-ca, a coisa julgada, as medidas cau-telares ou liminares, a antecipação de tutela, a suspensão de liminares e dos efeitos da sentença.

Em relação à ação de impro-bidade administrativa, ensejam debates maiores os assuntos sobre os atos de improbidade, os agen-tes públicos ou sujeitos ativos das atividades públicas, as entidades públicas protegidas ou sujeitos pas-sivos, a legitimidade para propor a ação de improbidade, a indisponi-bilidade do patrimônio para garan-tir o ressarcimento de prejuízos, o princípio da proporcionalidade na aplicação do sancionamento, o jul-gamento da imputação que enseja a ação de improbidade civil em outra esfera da justiça, a gradação e apli-cação das sanções, as sanções e a prescrição.

Acredita-se que o presente es-tudo, elaborado de modo cuidadoso e sistematizado, mostra-se oportu-no, somado o conhecimento à prá-tica angariada na judicância e na advocacia do autor.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA E AÇÃO

DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

ARNALDO RIZZARDO

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COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE PROCESSO CIVILArruda Alvim / Araken de Assis / Eduardo Arruda Alvim

RESPONSABILIDADE CIVILAutor: Caio Mário da Silva PereiraAtualizador: Gustavo Tepedino

LEGITIMIDADE ATIVA E REPRESENTATIVIDADE NA AÇÃO CIVIL PÚBLICAClarissa Diniz Guedes

MANDADO DE SEGURANÇAEduardo Arruda Alvim

A LEI DO INQUILINATO COMENTADASylvio Capanema de Souza

COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICAEduardo Dantas / Marcos Coltri

CONDOMÍNIO EDILÍCIO – Aspectos Jurídicos RelevantesNelson Kojranski

Quanto ao autor: Atuou, durante longos anos,

na magistratura do Rio Grande do Sul, ocupando, inclusive, o cargo de desembargador do Tribunal de Justiça.

Atualmente, exerce a advoca-cia, integra a Academia Brasileira de Direito Civil e o Instituto dos Advogados do Brasil – Secção do RS, e exerce o magistério na Esco-la Superior da Magistratura.

Em concursos de monografi as patrocinados pela Associação de Magistrados Brasileiros e pela As-sociação dos Juízes do RGS, três de suas obras obtiveram o primeiro lugar.

É autor de obras que abrangem o estudo sistematizado do Código Civil Brasileiro de 2002, dentre outras.

Quanto ao livro:Ação Civil Pública e Ação de

Improbidade Administrativa trata-se de uma obra que versa sobre os dois instrumentos jurídicos mais apropriados para a tutela ou defe-sa de interesses transindividuais, difusos por essência, centrados na primeira espécie de ação, em valo-res e interesses gerais e comuns da generalidade das pessoas físicas e jurídicas, e, na segunda espécie, em valores e interesses da administra-ção pública.

Na abordagem das matérias, quanto à ação civil pública, deu-se ênfase às situações atuais que en-sejam a ação, bem como ao amplo campo de casos que comportam cada tipo de ação. Matérias com-plexas, geradoras de controvérsias, tiveram o devido enfrentamento, como a defesa do consumidor e dos interesses difusos, coletivos e indi-viduais homogêneos, a decadência e prescrição na ofensa aos interes-ses protegidos, o foro da propositu-ra da ação, os legitimados para fi -gurarem no polo ativo, as situações de ilegalidade que se consolidam e não comportam a ação civil públi-ca, a coisa julgada, as medidas cau-telares ou liminares, a antecipação de tutela, a suspensão de liminares e dos efeitos da sentença.

Em relação à ação de impro-bidade administrativa, ensejam debates maiores os assuntos sobre os atos de improbidade, os agen-tes públicos ou sujeitos ativos das atividades públicas, as entidades públicas protegidas ou sujeitos pas-sivos, a legitimidade para propor a ação de improbidade, a indisponi-bilidade do patrimônio para garan-tir o ressarcimento de prejuízos, o princípio da proporcionalidade na aplicação do sancionamento, o jul-gamento da imputação que enseja a ação de improbidade civil em outra esfera da justiça, a gradação e apli-cação das sanções, as sanções e a prescrição.

Acredita-se que o presente es-tudo, elaborado de modo cuidadoso e sistematizado, mostra-se oportu-no, somado o conhecimento à prá-tica angariada na judicância e na advocacia do autor.

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Atualizador: Gustavo Tepedino

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Quanto ao autor:

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Em concursos de m

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patrocinados pela Associação de

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de suas obras obtiveram o prim

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lugar.É autor de obras que abrangem

o estudo sistematizado do C

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Civil B

rasileiro de 2002, dentre

outras.

Quanto ao livro:

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ivil Pública e Ação de

Improbidade A

dministrativa trata-

se de uma obra que versa sobre os

dois instrumentos jurídicos m

ais

apropriados para a tutela ou defe-

sa de interesses transindividuais,

difusos por essência, centrados na

primeira espécie de ação, em

valo-

res e interesses gerais e comuns da

generalidade das pessoas físicas e

jurídicas, e, na segunda espécie, em

valores e interesses da administra-

ção pública.

Na abordagem

das matérias,

quanto à ação civil pública, deu-se

ênfase às situações atuais que en-

sejam a ação, bem

como ao am

plo

campo de casos que com

portam

cada tipo de ação. Matérias com

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plexas, geradoras de controvérsias,

tiveram o devido enfrentam

ento,

como a defesa do consum

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interesses difusos, coletivos e indi-

viduais homogêneos, a decadência

e prescrição na ofensa aos interes-

ses protegidos, o foro da propositu-

ra da ação, os legitimados para fi -

gurarem no polo ativo, as situações

de ilegalidade que se consolidam e

não comportam

a ação civil públi-

ca, a coisa julgada, as medidas cau-

telares ou liminares, a antecipação

de tutela, a suspensão de liminares

e dos efeitos da sentença.

Em relação à ação de im

pro-

bidade adm

inistrativa, ensejam

debates maiores os assuntos sobre

os atos de improbidade, os agen-

tes públicos ou sujeitos ativos das

atividades públicas, as entidades

públicas protegidas ou sujeitos pas-

sivos, a legitimidade para propor a

ação de improbidade, a indisponi-

bilidade do patrimônio para garan-

tir o ressarcimento de prejuízos, o

princípio da proporcionalidade na

aplicação do sancionamento, o jul-

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putação que enseja a

ação de improbidade civil em

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esfera da justiça, a gradação e apli-

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credita-se que o presente es-

tudo, elaborado de modo cuidadoso

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ostra-se oportu-

no, somado o conhecim

ento à prá-

tica angariada na judicância e na

advocacia do autor.

ResponsabilidadeCivil

10ª ediçãorevista e atualizada

Atualizador

GUSTAVO TEPEDINO

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Ze d i t o r a

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GUSTAVO TEPEDINO

Professor Titular de Direito Civil e ex-Dire-tor da Faculdade de Direito da Universida-de do Estado do Rio de Janeiro - UERJ. Dou-tor em Direito Civil pela Universidade de Camerino (Itália) e Livre-Docente pela Fa-culdade de Direito da UERJ. Professor Visi-tante das Universidades de Molise (Itália); São Francisco (Califórnia - EUA) e Poiti ers (França). Pesquisador Visitante do Insti tuto Max-Planck de Direito Privado Comparado e Internacional (Hamburgo - Alemanha). Membro da Academia Internacional de Direito Comparado (Paris, França); da Aca-demia Brasileira de Letras Jurídicas (ABLJ); do Comitato Scienti fi co da Escola de Pós-Graduação da Universidade de Camerino (Itália); da Associati on Henri Capitant des Amis de la Culture Juridique Française; da Société de Legislati on Comparée (Pa-ris, França); e do Insti tuto dos Advogados Brasileiros - IAB. Presidente do Insti tuto de Direito Civil - IDC. Diretor da Revista Trimestral de Direito Civil - RTDC. Advo-gado, consultor e parecerista em Direito Privado.

Este volume de Responsabilidade Civil, es-

crito após as Insti tuições, representou mar-

co indelével no panorama do direito privado

brasileiro, logrando, como nenhum outro,

sistemati zar o direito de danos e captar a sín-

tese de sua tormentosa evolução doutrinária

e jurisprudencial, desde o direito anti go ao

direito contemporâneo. A riqueza da obra e

sua pujante uti lidade para estudantes, estu-

diosos e profi ssionais do direito justi fi cam

amplamente sua publicação, agora revista e

atualizada.

O minucioso trabalho de revisão e atualiza-

ção preservou deliberadamente a metodolo-

gia, a doutrina, as ideias e o esti lo do autor,

limitando-se o atualizador a intervenções

pontuais e indispensáveis, as quais foram

editadas em ti po diferenciado, para que o

leitor possa sempre perceber o iti nerário

evoluti vo da obra.

Petrópolis, outubro de 2011

Gustavo Tepedino

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ResponsabilidadeCivil

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Atualizador

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STAVO TEPED

INOISBN 978-85-62490-86-6

ResponsabilidadeCivil

10ª ediçãorevista e atualizada

Atualizador

GUSTAVO TEPEDINO

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GUSTAVO TEPEDINO

Professor Titular de Direito Civil e ex-Dire-tor da Faculdade de Direito da Universida-de do Estado do Rio de Janeiro - UERJ. Dou-tor em Direito Civil pela Universidade de Camerino (Itália) e Livre-Docente pela Fa-culdade de Direito da UERJ. Professor Visi-tante das Universidades de Molise (Itália); São Francisco (Califórnia - EUA) e Poiti ers (França). Pesquisador Visitante do Insti tuto Max-Planck de Direito Privado Comparado e Internacional (Hamburgo - Alemanha). Membro da Academia Internacional de Direito Comparado (Paris, França); da Aca-demia Brasileira de Letras Jurídicas (ABLJ); do Comitato Scienti fi co da Escola de Pós-Graduação da Universidade de Camerino (Itália); da Associati on Henri Capitant des Amis de la Culture Juridique Française; da Société de Legislati on Comparée (Pa-ris, França); e do Insti tuto dos Advogados Brasileiros - IAB. Presidente do Insti tuto de Direito Civil - IDC. Diretor da Revista Trimestral de Direito Civil - RTDC. Advo-gado, consultor e parecerista em Direito Privado.

Este volume de Responsabilidade Civil, es-

crito após as Insti tuições, representou mar-

co indelével no panorama do direito privado

brasileiro, logrando, como nenhum outro,

sistemati zar o direito de danos e captar a sín-

tese de sua tormentosa evolução doutrinária

e jurisprudencial, desde o direito anti go ao

direito contemporâneo. A riqueza da obra e

sua pujante uti lidade para estudantes, estu-

diosos e profi ssionais do direito justi fi cam

amplamente sua publicação, agora revista e

atualizada.

O minucioso trabalho de revisão e atualiza-

ção preservou deliberadamente a metodolo-

gia, a doutrina, as ideias e o esti lo do autor,

limitando-se o atualizador a intervenções

pontuais e indispensáveis, as quais foram

editadas em ti po diferenciado, para que o

leitor possa sempre perceber o iti nerário

evoluti vo da obra.

Petrópolis, outubro de 2011

Gustavo Tepedino

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Petrópolis, outubro de 2011

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CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA

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CRIMINOLOGIA E POLÍTICA CRIMINAL

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POLÍTICA CRIMINAL

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emana do povo. Os controles sociais de todo e qualquer poder devem existir. Da mesma forma, devem existir também sobre a mídia, que é chamada de “o 4° poder”, e que, a meu ver, tem muito mais poder do que qualquer um dos outros poderes, isoladamente con-siderados.

Quadra sublinhar que nenhum direito é ilimitado na Constituição Federal. Nem o direito à vida é absoluto no Brasil. No perí-odo de guerra, por exemplo, existe a pena de morte. Impor um limite não significa censurar. No artigo 220 da Constituição Federal encontramos o princípio da absoluta liberdade de imprensa, mas com a ressalva, no seu parágrafo primeiro, de quando estiver em causa um bem maior. É o que se verifica da sua leitura:

Art.220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.

§ 1° Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liber-dade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art.5°, IV (manifestação do pensamento), V (direito de resposta), X (in-timidade, vida privada, honra, imagem das pessoas), XIII (livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão), XIV (sigilo profissional).

Deve-se, portanto, analisar caso a caso. Veja-se que, no confronto de dois valores fundamentais, temos de verificar qual deles deverá prevalecer. O Superior Tribunal de Justiça, chamado a julgar casos nos quais se discutia o direito à liberdade de infor-

mação, decidiu de forma diversa em seus acórdãos. Em dois casos decidiu que o mais importante é preservar o direito à liberdade de informação. Em outros dois acórdãos, ao revés, considerou que o mais importante é preservar o direito à intimidade do cidadão. E, a meu ver, julgou bem todos eles... Se fôssemos deixar que os casos fossem julgados por jornalistas, e não por ministros, escusava dizer que o resultado seria outro...

Vale ressaltar que, em caso julgado do STJ, a ministra Nancy Andrighi, então rela-

tora, bem analisou a questão, afirmando: “A solução deste conflito não se dá pela negação de quaisquer desses direitos. Ao contrário, cabe ao legislador e ao aplicador da lei buscar o ponto de equilíbrio onde os dois princípios mencionados possam conviver, exercendo uma função harmonizadora.”

Indaga-se, com frequência, se já não existiria um mecanismo para entrar com uma ação de danos morais causados por um jorna-lista trêfego que acusasse indevidamente uma pessoa qualquer do povo ou um magistrado, e a resposta é afirmativa. A Constituição Fe-deral, em seu artigo 5°, V, determina:

“É assegurado o direito de resposta, pro-porcional ao agravo, além de indenização por

dano material, moral ou à imagem;”Entretanto, dadas as condições de nosso

sistema recursal --- algo que não é culpa da Justiça, diga-se, uma vez que não é ela quem faz as leis ---, a demanda pode levar 10 anos ou mais. Após esse período, a própria decisão que determina, por exemplo, a indenização, torna-se ineficaz. Aquele que foi prejudicado não se sentirá devidamente reparado pelo mal que foi causado, ressaltando-se, ainda, que a reparação por determinada pecúnia não recoloca as coisas no seu estado original.

Essencialmente, no caso do habeas mídia, o bem jurídico relevante que se quer proteger é a honra. Há valores que precisam ser preser-vados de forma eficaz, não adiantando querer protegê-lo depois. Como naquela velha his-tória, “não podemos tentar recolher as penas do travesseiro que foi lançado ao vento”...

Vale esclarecer, também, que até mesmo os institutos jurídicos precisam ser repensa-dos na época da internet. Temos de buscar mecanismos preventivos para impedir que ocorra o dano, pois quando se trata de difa-mação da honra de uma pessoa, pela inter-net, é praticamente impossível sua devida reparação.

Por outro lado, vale ressaltar que a Lei

nº 5.250, de 1967, alcunhada como “Lei da Imprensa”, foi considerada, pela mais alta Corte de Justiça do País, não recepcionada pela nossa Constituição Federal. Só que o di-reito de resposta nela estava contemplado, em seus artigos 29 a 36. Criou-se, assim, como bem afirmou o Ministro Gilmar Mendes, um “vazio jurídico”.

Enfim, é claro que todos nós almejamos e preconizamos uma imprensa livre, como não poderia deixar de ser. Enquanto investi-gativa e criteriosa, há de merecer todo nosso respeito e loas, pois constitui a própria “vista da Nação”, de que nos falava o grande Rui Barbosa. Por outro lado, há de ser solenemen-te repudiado aquele jornalismo trapeiro, tão bem identificado pelo nosso Professor Paulo Bonavides, já em 2001, que afirmava ser a mídia “a caixa preta da democracia”...

Contra esse tipo de jornalismo – e de blogueiros que, à míngua de talento próprio, vivem de denegrir criminosamente a honra alheia --- é que defendo irrestritamente a criação do habeas mídia, aqui apenas pali-damente entrevisto.

* Mestre, Doutor, Livre-Docente, Adjunto e Professor Titular pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, onde leciona nos Cursos de Graduação e Pós-Graduação. Professor do Corpo Permanente da Pós-Graduação Stricto Sensu da UNINOVE. Desembargador Federal Presidente do TRF da 3ª Região biênio 2012/2014. Membro da Academia Paulista de Magistrados. Membro da Academia Paulista de Direito. Presidente da Comissão de Proteção ao Consumidor no âmbito do comércio eletrônico do Ministério da Justiça. Vice-Presidente do Instituto Latino-americano de Derecho Privado.

Temos de buscar mecanismos preventivos para impedir que ocorra o dano, pois quando se trata de difamação da honra de uma pessoa, pela internet, é praticamente

impossível sua devida reparação

Estado de Direito n. 3716

Marcilio Franca*

C lassicamente, a linha é um objeto ge-ométrico euclidiano que tem apenas comprimento e não tem largura, e em

cujas extremidades estão os pontos. Dotada de enorme complexidade, a linha pode iden-tificar um lugar, expressar um movimento, reproduzir ou criar algo, reforçar um conceito ou simplesmente anulá-lo. A linha tanto pode separar, como no Oriente Médio ou em um campo de futebol, quanto pode reunir, como na União Européia ou na costura de um vestido.

A complexidade do conceito de linha é tamanha que chega a permitir uma taxono-mia. Há a linha do tipo “fio”, que é a linha enredada a outras linhas ou suspensa em um espaço tridimensional, como um novelo de lã ou uma rede de pesca. Há a linha do tipo “traço”, como o risco de giz sobre uma parede ou um arranhão na lataria de um au-tomóvel. Uma terceira classe de linhas inclui as rupturas das superfícies, as ausências de material, como fendas, rasgos, rachaduras e cortes. Na quarta e última categoria, a das linhas imaginárias, estão as definições intan-gíveis ou quase metafísicas de linhas, como meridianos, paralelos e linhas de fronteira. Essa classificação está, porém, longe de ser estática. Traços transformam-se em fios, tanto quanto fios convertem-se em traços. Em uma época, como a nossa, em que as possibilidades de deslocamento e movimentação são cada vez maiores, essas mudanças se multiplicam, tornando-se infinitas. Daí a atualidade da frase do pintor Paul Klee, para quem “a linha libertou-se do contorno das coisas e, feliz, pode sonhar novas possibilidades.”

Entre essas múltiplas possibilidades de que fala Klee, a linha tem, também, um caráter constituinte: ela possui a propriedade de criar ou tornar visível algo. Um exemplo dessa ca-pacidade constituinte da linha e que engendra toda a complexidade das quatro formas acima mencionadas de traços, fios, cortes e linhas imaginárias é um tipo de trabalho manual muito comum entre as rendeiras da Paraíba e do Ceará, chamado de “renda de labirinto”. Segundo uma secular tradição nordestina, as mulheres “labirinteiras” riscam um desenho sobre um tecido de linho e, a partir desse de-senho, desfiam, retorcem e reagrupam as fibras do tecido, formando uma nova superfície, agora toda decorada, a partir do manuseio hábil de lápis, tesoura e agulha. Por meio de um longo e cansativo trabalho, o resultado é um delicado desenho que em nada lembra o íntegro e mo-nótono pano original.

A qualidade constituinte da linha revela-se especialmente na construção do conceito jus-político de “território”. E por duas razões em particular: tanto pelo “gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz”, como disse Lúcio Costa em relação a Brasília; como pela própria constituição da “linha de fronteira”, que circunda, instaura e inaugura todo e qualquer território. Assim, o território não é um mero sinônimo para espaço ou lugar; o território – marcado e definido pela linha de fronteira – é, sim, quem define, cria e constitui um certo espaço, o espaço interior.

Demarcar uma linha de fronteira é um ato carregado de enorme significado. Ao instaurar uma descontinuidade espacial, a linha de fronteira faz brotar no mesmo ins-tante importantes categorias jurídicas tais como lícito, ilícito, jurisdição, competência, propriedade, nacional, estrangeiro, cidadão etc. Dada a centralidade de que gozam essas categorias no meio jurídico, é fácil inferir que o Direito não pode existir senão vinculado a um território. O lugar da norma jurídica é o seu território, que já foi um dia o feudo, o burgo ou a vila, hoje ainda é o Estado Na-cional, mas passa a ocupar, pouco a pouco, novos planos físico-espaciais.

Conquanto dado às referências territoriais, demarcadas pela linha de fronteira, o Direito não está imune ou alheio às influências externas a essa mesma linha. Claro: por mais sólida e rígida que pareça, a linha de fronteira tem alguma per-meabilidade e sempre permite trocas (maiores ou menores) com o exterior. Como uma pele, e nunca como uma capa, a fronteira é incapaz de interditar toda a passagem, quando muito apenas a regula. A fronteira, como a pele, precisa de ar! A fronteira é a pele que habitamos.

* Professor do Centro de Ciências Jurídicas da UFPB e Subprocurador-Geral do Ministério Público junto ao TCE/PB. Pós-Doutor em Direito pelo Instituto Universitário Europeu (Florença, Itália).

As Linhas e o Direito

Demarcar uma linha de fronteira é um ato carregado de

enorme significado. Ao instaurar uma descontinuidade

espacial, a linha de fronteira faz brotar no mesmo instante

importantes categorias jurídicas tais como

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Estado de Direito n. 37 17

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Gerson Godinho da Costa*

O Supremo Tribunal Federal protago-nizará uma das mais importantes discussões da atualidade, diretamente

relacionada ao amadurecimento do Estado Democrático de Direito, por envolver assuntos polêmicos e de envergadura constitucional como censura, livre opinião e racismo. Refiro-me à controvérsia acerca da distribuição, em escolas públicas, da obra “Caçadas de Pedri-nho”, de Monteiro Lobato, que alegadamente conteria adjetivações ofensivas à personagem Tia Nastácia.

A questão foi parar no Supremo por provo-cação do Instituto de Advocacia Racial – IARA, após o Conselho Nacional de Educação – CNE manifestar-se favoravelmente à distribuição em escolas públicas. Há que se notar que a pretensão, portanto, não é a de proibir a pu-blicação ou a comercialização do livro. Ainda assim, a manifestação da Corte estabelecerá paradigma com possíveis efeitos a situações mais abrangentes.

Intelectuais de renome têm se manifestado contrários a restrição. Argumentam que é pre-ciso examinar o contexto histórico e sociológico no qual a obra foi escrita. Que em trabalhos importantes de Aristóteles e Platão, por exem-plo, são identificadas passagens abertamente escravagistas ou machistas, sem que por isso tenham sido censuradas. Na oportunidade em que escritos, a escravidão se impunha como direito dos conquistadores sobre os vencidos,

ou dos civilizados helênicos sobre os povos que reconheciam como bárbaros, assim como era natural considerar os homens superiores às mulheres, as quais sequer podiam participar das celebradas deliberações democráticas da antiga Grécia.

Pois Monteiro Lobato escreveu influenciado por idéias eugenistas, numa conjuntura onde os negros eram representados de maneira estigma-tizada e aviltante. O discurso racista, em voga na época, e não restrito ao Brasil, terminou por resultar numa das maiores tragédias da humani-dade, o Holocausto. Embora os judeus tenham

sido as maiores vítimas da infâmia, outras etnias e grupos religiosos também foram perseguidos sob o argumento da superioridade ariana.

Outra consideração plausível é a neces-sidade de encarar-se franca e radicalmente o problema do racismo. Podem ser reduzidas atualmente suas manifestações ostensivas, mas é inegável a habitualidade com que aparece de forma velada ou disfarçada. Em plano mais ge-nérico, basta observar as estatísticas a respeito de quais os grupos étnicos que compõem as classes socialmente menos e mais privilegiadas do país, quais integram majoritariamente os quadros universitários, quais ingressam em maior quantidade no sistema penitenciário, e cotejá-las aos números absolutos de negros e brancos que se incorporam à população brasi-leira, para notar visível distorção.

Por que dissimulado, é que o racismo deve ser exposto. Uma das construções psicanalíticas mais interessantes sugere a figura do recalque como origem de manifestações neuróticas em alguns indivíduos. Por não lidarem na oportunidade adequada com suas exigências pulsionais, depositam no inconsciente tensões que surgirão de maneira perturbadora noutro momento. Mal comparando caberia indagar se os efeitos perversos desse racismo escuso, reprimido pelo golpe de uma decisão proibitiva, não retornaria no futuro de maneira agressiva e incontrolável.

Nesse sentido, talvez a obra de Lobato

possa servir como instrumento de docentes empenhados em demonstrar que o racismo precisa ser superado, que a odiosa distinção entre negros e brancos, baseada tão somente na diferença de cor, admitida em tempos antigos de triste memória, é hoje, no mínimo, injustificável. Antes que a obra seja encarada como estímulo ao racismo, que seja utilizada exatamente como arma contra ele, desencade-ando o tratamento aberto que o tema merece, cumprindo ao estado – a despeito de suas ineficiências – preparar adequadamente os professores e atuar pontualmente nas situações em que identificado mediante imposição de sanções penais, indenizações etc.

Mas há uma questão, de natureza bastante pessoal, porém não por isso menos importante, que preciso considerar. Não sou negro. Jamais fui vítima do que amigos negros identificam como preconceito. Não senti na pele, e em razão da pele, essa execrável hostilidade.

A controvérsia é de dificílima resolução. É provável que não se chegue a qualquer consenso. Mas é premente seu enfrentamento, por propiciar que se descortine uma realidade que sempre foi convenientemente ocultada ou eufemisticamente tratada sob o mito da democracia racial, e para fazer frutificar, nesta sociedade etnicamente plural, soluções social-mente integrativas.

* Juiz Federal.

Racismo, literatura e liberdade de opinião

A odiosa distinção entre negros e

brancos, baseada tão somente na diferença de cor, admitida em tempos antigos de

triste memória, é hoje, no mínimo, injustificável

Estado de Direito n. 3718

Pietro Nardella-Dellova*

Desde 1988, com a promulgação da nova Constituição Federal, determina-dos grupos familiares vêm sendo reco-

nhecidos. Não formados, mas reconhecidos! Não haveria necessidade de especificar Artigos da Carta Magna, além dos primeiros que a norteiam e estabelecem os fundamentos do Estado Democrático de Direito, os princípios constitucionais e, principalmente, os direitos e garantias individuais e coletivos. Entre estes, lembramos o princípio da dignidade humana, pluralismo, do não preconceito ou discrimi-nação por raça, cor e sexo, da igualdade, da inviolabilidade da vida íntima.

Mas, para os que não conseguem enxergar o movimento de inclusão social (em todos os sentidos, inclusão é, sobretudo, barrar, des-fazer e impedir a exclusão) na simples leitura destes preceitos iniciais, avançamos para o disposto no Artigo 226, contorno jurídico para o reconhecimento dos vários núcleos familia-res. Vale dizer, juntamente com o STF, que tal Artigo traz em si um dispositivo “aberto”, ou seja, para reconhecer os núcleos familiares mais agredidos então, a saber, a união estável e a família monoparental. Naquele caso, com todo o peso de adjetivos depreciativos, tais como, “concubinato – puro ou impuro” e, neste outro, igualmente expressões injuriosas, tais como, “mãe solteira”.

O sistema jurídico em uma funesta – e injustificada - idéia fixa, como o diria Macha-do de Assis, organizou a sociedade sobre o conceito de família. Sim, difícil seria pensar uma sociedade sem família ou, de outro modo, qualquer pessoa sem família. Mas, na medida em que dava à sociedade uma base – família – ao mesmo tempo a desconstruía e a matava.

Explico melhor. Afirmar que a base da so-ciedade é a família é quase uma redundância! O problema era desconsiderar como família tantos outros núcleos para além do instituto “casamento”. Nesta linha, aproximavam-se duas categorias, dando-lhes um peso exclu-sivamente e conexão necessária. Família e Casamento andavam de mãos dadas, sendo certo que sem esta, aquela não existia! Nas entrelinhas é fácil perceber a falácia ou, no mínimo, o sofisma. Família era, então, apenas o que fosse constituído a partir do Casamento. Tanto verdadeiro que os filhos havidos fora do Casamento eram considerados ilegítimos, adulterinos, incestuosos, bastardos!

A um só tempo negava-se o direito de pessoas que, de início, manifestavam a sua “vontade” de se casarem, ao divórcio, forman-do uma legião de descasados com o igualmente

adjetivo depreciativo de “desquitados”, im-pondo aos filhos nascidos a partir de então a vergonha e a humilhação! Não porque fosse – ou seja - vergonhoso divorciar-se. Não, não é! Quem manifesta a vontade de se casar, pode, a qualquer tempo, manifestar a vontade de descasar! O problema estava nesta mitificação, nesta aura religiosa sacramental, neste ideal “artificialmente” criado – o Casamento!

Casamento, então, era, não apenas o fundamento e justificativa da Família, mas a legitimação dos filhos! Todos os outros rela-cionamentos e quaisquer crianças nascidas para além do Casamento eram violentamente excluídas! Não é possível, por conta do estreito espaço para o artigo, retomar os motivadores fundamentais, especialmente, os patriarcais e religiosos (estes, sim, ilegítimos) que estavam na base do instituto do Casamento. Oportu-namente o faremos!

Pois bem, com o advento da CF/88, al-

guns equívocos (dizendo o mínimo) foram desfeitos, a fim de efetivamente incluir pesso-as sob a proteção do Estado Democrático de Direito. E o seu Artigo 226, combinado, ain-da, com os fundamentos, princípios, direitos e garantias constitucionais, bem como, com o disposto no Artigo 4º da Lei de Introdução (antiga LICC) e com a observância do fato so-cial, abriu caminho, um justo caminho, para inclusão de outros núcleos familiares. Note-se bem, eu disse “outros núcleos familiares”. Nem menores nem maiores que o Casamento, mas “outros núcleos familiares”! Assim, além do Casamento, devem – e são - contempla-dos e incluídos sob a tutela jurídica, judi-cial, social, econômica e cultural, contra a excitação discriminatória, seja religiosa ou conservadora, os Núcleos da União Estável, Monoparental, Homoafetiva, Heteroafetiva, Poliafetiva, Anaparental, Plural, entre outros. São fatos sociais que não podem ficar para

além de tal e qual proteção!Finalmente, a idéia fixa do “casamento”

como ponto justificador da sociedade, na condição de instituição máxima, enquanto um equívoco e desvirtuamento jurídico é afastada para, felizmente, centrar a Família na relação, única e concebível, ou seja, na relação afetiva. Superando posição maléfica anterior, o Afeto foi reconhecido como valor jurídico, social, cultural, devendo, por isso mesmo, ser protegido! É no Afeto que se justifica a Família, seja ela organizada pelo Casamento, União Estável, Monoparentalis-mo, Poliafetividade, Homoafetividade, entre outros, e, em quaisquer situações, nenhuma força externa ao Núcleo pode imiscuir-se no relacionamento, delinear o comportamento conjugal, interferir, relativizar a vontade dos envolvidos, pois, assim o fazendo, desrespeita o princípio da intimidade inviolável e, com violência, bate contra o fundamento do Es-tado Democrático de Direito.

* Escritor e Poeta. Professor de Direito Civil na Universidade Federal Fluminense, www.nardelladellova.blogspot.com.

Os núcleos familiares e seu fundamento

Assim, além do Casamento, devem – e são - contemplados e incluídos sob a tutela

jurídica, judicial, social, econômica e cultural,

contra a excitação discriminatória, seja religiosa ou conservadora, os Núcleos da União

Estável, Monoparental, Homoafetiva

O sistema jurídico em uma funesta – e

injustificada - idéia fixa, como o diria Machado

de Assis, organizou a sociedade sobre o conceito de família

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C omo as danaídes, as mulheres brasilei-ras estão carregando os seus direitos em jarros furados. Há dispositivos

legais e constitucionais garantindo-os formal-mente, mas elas não conseguem exercê-los em razão da omissão do Estado. As mulheres têm sido vítimas de uma terrível história de vio-lência, dominação e exclusão, especialmente no âmbito da expressão de sua sexualidade. E é exatamente essa história, construída sob a égide de uma ideologia patriarcal e com base em uma concepção moral ultrapassada, fundada na submissão carnal de gênero e na subordinação entre os sexos, que determina essa inaceitável omissão.

O Brasil mantém, no seu sistema jurídi-co, um enorme arsenal de dispositivos legais e constitucionais protetivos dos direitos das mulheres, mas, na perversa lógica paradoxal dessa ideologia, pouco faz para que seja concretizada a garantia material desses di-reitos. Tratados e convenções internacionais de DDHH foram ratificados para garantir os direitos das mulheres no âmbito da saúde sexual e reprodutiva (CF, arts. 5º, § 2ª e 60, § 4º, IV). E, nesse particular, o sistema inter-nacional de DDHH afirma que às mulheres que optam pelo aborto não criminoso de-vem ser garantidas todas as condições para a sua prática de forma segura, que a essas mulheres deve ser garantido um tratamento humano e a devida orientação e, ainda, que

“os sistemas de saúde devem capacitar e equipar as pessoas que prestam serviços de saúde e tomar outras medidas para assegurar que o aborto se realize em condições ade-quadas e seja acessível” (v. § 8.25 do PA do Cairo – CIPD/94; § 106 k da PMA Pequim - 4ª CMM, Pequim/95; § 63, do Cap. IV. CPA da CI sobre PD – AGE/ONU, Cairo + 5, NY/99; e §§ 107 i e 63, III do Cap. IV do DR de Pequim + 5 – AGE - ONU, Pequim + 5 – Mulher/2000: Igualda de Gênero, Desen-

volvimento e Paz para o séc. 21, NY/2000). É induvidoso, portanto, o reconhecimento constitucional do direito das mulheres à prática do aborto não criminoso com todas as garantias cabíveis para assegurar a sua saúde física e mental.

Ora, de acordo com o art. 128 do CP, o aborto não é criminoso (1) quando for a única forma de salvar a vida da gestante e (2) quando a gravidez resultou de estupro, ou de qualquer outro crime contra a dignidade sexual. Além disso, também não se pode con-siderar criminoso o aborto praticado diante de uma malformação fetal com inviabilidade de vida extra-uterina, pois, nesse caso, não há culpabilidade, censura ou reprovação, em razão da inexigibilidade de conduta diversa, que é requisito ôntico da concepção da con-duta criminosa. Assim, pelo menos nessas três hipóteses de aborto não criminoso, é um direito constitucional da mulher praticá-lo com segurança. E a sua realização deve ser assegurada pelo Estado com todas as garan-tias médicas exigíveis, sendo inadmissível e inaceitável que não existam serviços para garantir esse direito das mulheres em todos os hospitais públicos deste país.

É verdade que o Brasil precisa honrar o compromisso que assumiu ao subscrever as declarações de Cairo e Beijing, quando reconheceu que o aborto é um gravíssimo problema de saúde pública e comprometeu-se

a rever a legislação que o criminaliza em sua perspectiva androcêntrica, produzida sob a influência de uma ideologia de controle da sexualidade feminina, que hierarquiza as relações domésticas, estabelece a prevalên-cia da vontade do mais forte sob o signo do poder, reproduz valores gerais de dominação no âmbito do relacionamento de gêneros, deteriora o ambiente das relações familiares e reduz a questão a uma pauta normativa deficiente, preconceituosa e moralista. To-davia, enquanto não for descriminalizado o aborto praticado pela gestante ou com o seu consentimento, é imprescindível que o Estado Brasileiro garanta às mulheres, pelo menos nos casos de abortos não criminosos, o direito à sua prática segura.

As mulheres não merecem ser tratadas como Mérope, dominada e controlada pelo poder patriarcal, violentada pelo poder sexual androcêntrico, invisibilizada em sua condição humana, desprezada como sujeito de direitos, abandonada em sua dimensão mitológica e, depois, esquecida na redução de sua função social à mater-nança e ao trabalho doméstico, sem que os seus direitos humanos sejam minimamente assegurados.

* Juiz de Direito em Campinas/SP e Presidente do Conselho Executivo da Associação Juízes para a Democracia.

O aborto legal seguro

É induvidoso, portanto, o reconhecimento constitucional do

direito das mulheres à prática do aborto não

criminoso com todas as garantias cabíveis para assegurar a sua saúde

física e mental

Um direito das mulheres

Estado de Direito n. 3720

C ediço dizer que a crise econômica que afetou o globo no final da década do ano 2000, cujo estopim foi acrise

imobiliária estadunidense e a consequente absoluta insuficiência bancária, que trouxe à baila um repensar da política econômica, o que, sem sombra de dúvida, gerou novas problemáticas ao pensamento jurídico, bem como induziu novas reflexões.

Antes, todavia, deve-se olhar para o his-tórico do contratopara se reconhecer, como, novamente, pode-se presenciar a saída para possíveis questões.

A crise financeira do final da década de 2000 reflete a quebra de um sistema contratu-al. A falência do instrumento o qual mantém a avença no molde que se evidencia é mais um alerta para a necessidade de alteração substancial que alicerça o mecanismo contra-tual. O que se depreende é que a liberdade desregrada para se contratar, a autonomia da liberdade fomentando a auto regulação - com a figura do Estado à margem da relação entre as partes – acarretou numa dinâmica em que a manutenção das convenções passou a não mais ser vista e, acima de tudo, criou-se um ambiente em que o individualismo é a base de todos os enlaces, transformando a ideia da função social do contrato em um mero devaneio ou em uma frase feita para ensaios

e palestras. A rigor, com as maquinações que se perfizeram, com as uniões de grandes corporações, com os contratos firmados a partir de um consensualismo desmedido e que regula apenas os interesses mais íntimos dos contraentes, gerou-se um sistema distante da lógica de uma função social e que solapa o ideário do bem coletivo. A autonomia da vontade é um ingrediente que deve expressar

a manifestação do querer dos agentes, porém, pelo modo como ela se insere socialmente, há o olhar para o atendimento de um interesse que contempla o interesse das partes, mas que faz adoecer o sistema econômico e, por consequência, o contratual vigente.

A saída para a temática seria a intervenção e a maior participação do Estado, normati-zando a formatação da avença, sendo assim reconhecido como ente regulador, capaz de atuar diretamente a fim de se evitar abusos e distorções quanto à autonomia da vontade. A priori tal discurso poderia remeter o leitor a conceber certa arbitrariedade retrógrada, que poderia levar o sistema a uma realidade notabilizada por retrocessos austeros. Não é, entretanto, o que se propõe. Trata-se da reiteração da lógica rousseauniana que sustenta a liberdade em conformidade com a lei livremente aceita. Significa esperar maior participação do Estado para que seja evitado o cenário de desigualdades e da mais profunda ausência de critérios que pleiteiem um sistema saudável.

Poder-se-ia discutir a simples manuten-ção das avenças, com severa defesa da pacta sunt servanda, mas não se encerraria o em-bate desta feita. A elevação ferrenha da pacta significa não atentar para as disparidades e imprevisões naturais da vida em sociedade.

Manter o que se convenciona é claramente um exercício de cidadania e uma das maiores expressões dos preceitos éticos que alavancam o indivíduo, mas o radicalismo que se cria com o propósito não é sinônimo da postura mais inteligível, poisas realidades podem ser sobremaneira alteradas e o ambiente e as con-dições quando da formalização de um acordo podem ser modificadas, não oferecendo mais vantagens às partes durante a vivência diária do contrato. Claro que não se preconiza a quebra de todo e qualquer trato sem razões excepcionais e justificáveis amplamente, o que geraria insegurança jurídica.

A questão é a necessidade da mudança do sistema que alicerça o contrato, fazendo-se com que o aparelho do Estado seja inclinado a criar diretrizes mais eficazes, voltadas a uma função social, isto é, a um bem efetivamente coletivo quando de sua utilização. Tal equilíbrio senão inviabilizaria, criaria barreiras mais sólidas para que não ocorressem abusos de liberdade e de auto regulação, afastando-se a possibilidade de graves crises motivadas pela ausência de um mecanismo mais coletivista e solidário.

* Mestre e Doutor pela PUC-SP, Advogado sócio de Almeida Guilherme Advogados Associados e autor de Manual de Arbitragem (3. Edição) lançado pela Saraiva.

Luiz Fernando do Vale de Almeida Guilherme*

A crise econômica atual A função social do contrato

Significa esperar maior participação do Estado para que seja evitado o cenário de desigualdades e da

mais profunda ausência de critérios que

pleiteiem um sistema saudável

A dívida do Manuel ao Joaquim, para o primeiro comprar um porco na feira, pagando-lhe quando o conta revender,

é negócio feito olhos nos olhos, entre quem se conhece, com quantia, juro e prazo certos, sem intervenção de terceiros, coisa de honra que se sela com um aperto de mão (onde mora a deusa Fides, garante dos contratos).

O problema das homéricas dívidas que dizem que os países europeus mais pobres têm é que não foi diretamente nenhum cidadão co-mum que as contraiu. Nem ainda hoje sabemos ao certo quanto devemos (as pessoas comuns, fora da cabalística dos números), com que juros as teremos que pagar amanhã, nem mesmo quem são, de carne e osso, os nossos credores.

Também não compreendemos bem as con-dições que nos são impostas, as quais, mais que questão contratual, passam a matéria teológica e moral: porque se trata, para alguns, de que expiemos culpas (que até nem temos), como seria o caso de uma preguiça intrínseca.

De uma dívida se passa a julgar o ethos de um Povo e a querer dobrá-lo a razões que lhe são estranhas. Não é apenas pagar, é ser diferente. E isso está votado ao fracasso, tanto mais que se pressupõe como não pagador um Povo que mal sabia da dívida, e que não é a “cigarra” que lhe assacam ser. Pelo contrário, sempre trabalhou muito e ganhou muito pouco, ao contrário do que ocorre nos países ricos.

Esta abstratização do contrato, e o facto de ter sido negociado por governantes a quem dificilmente se pode dizer que tenhamos tido a consciência de havermos dado mandato para a contrair, não nos faz caloteiros potenciais (como andam a fazer crer a cidadãos comuns de outros países sobre nós; e até a nós próprios tentam persuadir), porque temos muito a noção da honra e de que os contratos são para se cumprir.

Mas deixa-nos a matutar: como podem go-vernos contrair dívidas deste género em nome do Povo, para mais com as mordomias que alguns setores do Estado ostentam? Não, ob-viamente, os magros salários dos funcionários públicos, mas os veros desperdícios.

Uma análise sociológica elementar dá-nos conta de quem são os detentores da riqueza e do poder, e como certos grupos de pessoas, por

mais que tentem, nunca ascendem, realmente, aos “benefícios da civilização”. É um mito legiti-mador (difundido, mas irreal) o do Zé Ninguém que sobe a pulso e triunfa pelo seu trabalho. Não se nega que haja casos raríssimos, em atividades que implicam sobretudo sorte. Em regra, quem trabalha muito, desalmadamente, enriquece os outros, mas empobrece-se a si, adoece, definha e morre pobre.

Ora bolo não pode ser só para certas castas, famílias, regiões, “cores”. Há um déficit profun-do de Igualdade real. As crises colocam mais o dedo nas feridas, e tornam as coisas mais claras, porque agudizam as dificuldades, obrigando a que se veja claramente visto o que em tempo de “vacas gordas” pode estar agrinaldado por

alienações, designadamente consumistas. É pois o momento de saber bem por que

uns têm e outros não têm, por que uns man-dam e outros obedecem. O mito fundador da democracia, de pôr em comum os nossos poderes de Povo num Contrato Social, fica em causa. Porque haverão alguns de pôr em comum, se não recebem nada (ou quase nada) do bolo comum?

“Receber” é complexo. O milionário que aparentemente só contribui para os cofres do Estado, se for inteligente, compreenderá que, no seu caso, a contribuição social veio à parti-da, na fortuna que o Estado e a sociedade lhe permitiram fazer, e que garantem. Além de que, num sistema são, o mesmo milionário aufere dos mesmos serviços públicos que todos os demais, se o quiser.

Se as democracias não conseguirem rapi-damente convencer todos de que há vantagem nesse contrato social, pode ser perigoso. Dito simplista, mas oportuno: “Se os ricos não tra-tarem da saúde dos pobres, os pobres tratarão da saúde dos ricos”.

Na Europa do Sul está a esticar-se a corda da antisolidariedade social para lá do razoável, mesmo “em casa onde não há pão”. Pode não haver muito pão, mas sempre tem de haver boa Justiça.

* Catedrático e Diretor do Instituto Jurídico Interdisciplinar da Faculdade de Direito da Universidade do Porto.

Paulo Ferreira da Cunha*

Contratos sociais

Como podem governos contrair dívidas deste género em nome do

Povo, para mais com as mordomias que alguns

setores do Estado ostentam?

De uma dívida se passa a julgar o ethos de um Povo e a querer

dobrá-lo a razões que lhe são estranhas. Não é apenas pagar, é ser

diferente

Estado de Direito n. 37 21

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Estado de Direito n. 3722

Bruno Espiñeira Lemos*

As primaveras vão passando e a tendência é que um número cada vez maior de palavras se tornem vãs e de pouca assimi-

lação para aqueles que ainda viventes resistem ao passar daquelas estações. Resumo da ópera, no meu caso, os “farsantes” vão perdendo terreno e plateia. Some-se a isso a circunstância de que es-tas primaveras nos tornam cada dia mais e mais implacavelmente críticos e pouco propensos a elogiar o que quer que seja, talvez com o receio de parecermos piegas ou acríticos, e muitas vezes por mera e estúpida vaidade mesmo. Pois bem, e qual a relação do quanto se afirmou até aqui e o título deste brevíssimo artigo?

Em primeiro lugar, o fato de que no final do mês de outubro passado e início de novembro tive a honra e o prazer de descobrir que Claus Roxin existe mesmo em carne e osso e não se trata de um mito, no sentido incorpóreo mes-mo, como já cheguei a imaginar. Ora, creio não

ser necessário (e não teria espaço aqui) para justificar a razão de tais dúvidas pretéritas. Para mim, trata-se de um dos maiores, senão o maior “revolucionário” do direito penal deste e de muitos séculos, com seus preciosos legados da “bagatela”, da alteridade, a defesa intransigente da essencialidade de um “bem jurídico” como li-mite ao poder de punir do Estado, da imbricação necessária entre dogmática e política criminal, a própria leitura da “teoria do domínio do fato” (em matéria de autoria e de participação, não como a farsa pretoriana que vimos recentemente no Brasil com o desvirtuamento e transformação nas plagas brasilianas em mecanismo para com-pensação de insuficiências probatórias), enfim, paro por aqui afirmando que o conjunto da obra é verdadeiramente impecável.

Quanto ao local em que vi o “mito”: “Se-minário Internacional de Direito Penal e Cri-minologia”, realizado no auditório da Escola

da magistratura do Rio de Janeiro, Emerj, no qual foram agraciados com o título de doutores honoris causa concedido pela UGF, Roxin e Dirk Fabricius, outro brilhante pensador alemão, da Universidade de Frankfurt, que trabalha com a psicanálise no Direito Penal.

Balanço final de tudo isso. Como se não bas-tasse a proximidade com Zeus, o Olimpo deste Seminário reservou-me o contato com outros tantos componentes ímpares e destacados da-quele monte. Jamais poderia deixar de destacar

o nome do professor Juarez Tavares que além de dispensar apresentações, merece todas as home-nagens em igualdade de condições com aqueles e outros “enormes” juristas do direito germânico, do mesmo modo que o nosso sempre inquieto e brilhante Juarez Cirino, o virulento e denso Jacinto Miranda Coutinho, os serenos e não menos críticos desembargadores Álvaro Mayrink e Luis Gustavo Grandinetti, mas confesso que a minha maior e mais gratificante surpresa foi a de descobrir que existe uma nova geração igual-

Da Criminologia e do Direito Penal Claus Roxin e alguns livres pensadores brasileiros

Amaro Penna*

O descaso do Estado brasileiro na forma-ção educacional dos jovens, resulta na insegurança das relações, produzindo

um grande índice de violência social, em todos os sentidos, dando espaço para superficialidade e inconstância na convivência diária. Revelando o medo nas mais diversas formas de relações e no afastamento entre as pessoas.

Criando em nós um sentimento privado; fechado nas redes sociais, nos viciando e nos tornando reféns desse novo sistema: dominação virtual, tornando-nos vuneraveis as investidas perigosas de usuários de diversas personalida-des entre quais, as que estão ali somente para ludibriar e enganar a boa-fé de outros.

Deste modo, encaramos o que hoje nos faz viver nessa esfera do medo do pânico, nos tornando agentes e vítimas do mesmo medo.

A dinâmica das relações sociais, preza pela busca constante de saídas para que encontremos o melhor jeito de conviver, ampliando e criando formas para encontrar um novo modelo harmô-nico onde possamos nos encontrar com mais frequência e tranquilidade em qualquer ponto da cidade, em teatros, nos bares, nas praças etc. Nos fortalecendo para podermos enfrentar e vencer esses desafios.

Se a gente viajar um pouquinho no tempo a pouco passado, veremos como conviviam nossos avós, onde eles eram donos de seu tempo, onde as pessoas conversavam nas calçadas, sem essa insegurança que nos cerca. E onde a violência não tinha essa cara, as pessoas tinham mais tempo para se dedicar a seus afazeres, sem a neu-rose dos nossos dias, nem os engarrafamentos o telefone celular os recursos da modernidade que nos apressam no tempo e nos fazem viver em constante urgência.

Correr perigo já é preciso! Ao lado está a letra da música “Correr Perigo”.

* Cantor, compositor, produtor, artista. Diretor Artístico do Estúdio Ararena, em Fortaleza. Vencedor de vários festivais de música. Site www.ararena.com.br

Esse tempo

vlogliberdade

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Correr perigoJá é preciso

Nesse tempo de afliçãoA vida passa Leva voando

Todo sonho e ilusão

A gente precisa se verCoexistir bem conviver

Correr perigoSaltar abismos

Encontrar nova emoção

A força que venceEsse momento

É a nossa geraçãoNa luta contra essa

violênciaVai nosso coração

Estado de Direito n. 37 23

Comentários às novas leis

Informativos e Súmulas comentados

Palestras de Atualização

Quizzes resolvidos por professores

Semanas Jurídicas e Temáticas

Estudos Dirigidos

Notícias relevantesNotícias relevantes

Atualização dos livros da COLEÇÃO SABERES DO DIREITO

Irene Patrícia Nohara*

Tomou curso na última década do século XX, em diversos países latino-americanos, uma discussão acerca da

necessidade de modernização do Estado, tendo em vista os desafios da globalização, isto é, da governança em tempos de intensificação da integração internacional. No caso brasileiro, destacou-se a Reforma do Estado, que reforçou o desejo generalizado por eficiência.

Advogou-se a prestação estatal em padrões similares aos existentes em parcela da inciativa privada, como condição para que a máquina administrativa alcançasse maior competividade no cenário de aproximação dos mercados.

Ocorre que, o programa de modernização de então defendia uma transição de um mo-delo burocrático para outro inspirado na New Public Management, dos países do sistema do Common Law, o que desencadeou diversas transformações no Direito Administrativo.

Mais de uma década e meia após, observa-se que muito do repertório sugerido não serviu de fato para incrementar substancialmente práticas mais eficientes de gestão pública, mas, principal-mente, dada pressão internacional sofrida, para realizaras medidas de ajuste fiscal.

Após a crise de 2008, como uma espiral que se afunila no sentido oposto, põe-se em xeque se a provisória tentativa de demissão do Estado do seu papel de promotor de bem-estar social,

no desejo de transição para um ente de índole reguladora, seria caminho apto a provocar o surgimento de um modelo “melhor”. Ainda, seria um “Estado leve” capaz de conter a crise que ameaça as economias em escala mundial?

Também os países centrais começam a pôr em questão os rumos da própria integração. A

crise põe em risco todas as economias integradas, mas seus efeitos são sentidos de forma distinta em cada país. Questiona-se o grau de democrati-zação das medidas da União Europeia ou mesmo a aptidão e/ou interesse em se controlar os efeitos da crise de forma igualitária entre os países-membros, que se sentem ainda mais impotentes diante da restrição à própria soberania.

Reforçar os rumos dos ajustes, a partir da ênfase à análise dos “custos dos direitos”, dentro da persistência na parcimônia e no planejamen-to disciplinado, ou operar investimentos em momentos de recessão, a partir da criação de empregos e de oportunidades como condição de reaquecimento das economias?Estas são indaga-ções a serem ponderadas quando se (re)discuteos paradigmas de modernização do Estado.

Não se pregam mais de forma dogmática as fórmulas de privatizaçãoe desregulação econô-mica, que já se mostraram perniciosas para di-versas economias em desenvolvimento (Stiglitz), especialmente quando não há estruturas de mer-cado aptas a promover a contento os objetivos de universalização dos bens e serviços.

Deve haver uma simbiose entre o mercado e o Estado, sem que tal amálgama resvale para a adoção do pressuposto de que o Estado deva atuar pautado num inexistente, pois proposita-damente não repetido na Constituição de 1988 (cf. Gabardo, Interesse público e subsidiariedade

),princípio da subsidiariedade, como se houves-se supremacia dosinteressesprivados em relação à realização de interesses da sociedade.

Assim, o Direito Administrativo consen-tâneocom os valores maiores (republicanos e democráticos) do direito público, não pode perder de vista que o mercado não irá se responsabilizar sponte propria pela realização do bem-estar da sociedade, pois ele não foi engendrado para cumprir tal tarefa.

Assevere-se, por fim, que as orientações gerais do papel do Estado já estão consagradas na Constituição da República, sendo relevante que antes de se adotar o “último grito” de alguns dos países centrais, subvertendo as relevantes missões que nos foram legadas em um docu-mento oficial emancipatório e de hierarquia superior, que haja a reflexão sobre os rumos que a nação brasileira deseja conferir ao seu Estado, sendo esta a nossa mensagem para prestigiar a festejada 37ª edição deste Jornal que representa uma mídia crítica e afinada com o desejo de um Estado de Direito inclusivo e plural!

* Livre-Docente, Doutora e Mestre em Direito do Estado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, por onde se graduou. Professora-pesquisadora do Programa de Mestrado em Direito da Universidade Nove de Julho. Conferencista e autora da editora Atlas.

Por um Direito Administrativo consentâneo

Não se pregam mais de forma dogmática

as fórmulas de privatizaçãoe desregulação

econômica, que já se mostraram perniciosas para

diversas economias em desenvolvimento

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O Julgamento de Sócrates

Roberto Victor Pereira Ribeiro

sob a luz do DireitoPrefácio do jurista

Ives Gandra

O Julgamento de Sócratessob a luz do Direito

Roberto Victor Pereira Ribeiro

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O escritor e jurista Roberto Victor Pereira Ribeiro traz à tona um retrato

cuidadoso da Grécia antiga e de Atenas: a cultura, os hábitos, as relações sociais, a política, as guerras, as artes, a filosofia. E, nesse quadro tão instigante, a figura de Sócrates, sábio, educador, filósofo, mestre de Platão e Xenofonte, crítico de sua época e dos costumes, verbe-rando os políticos, ensinando os jovens a assumirem sua posição na sociedade ateniense, instigando-os com seu méto-do de perguntas e respostas, criando a maiêutica, até hoje cultuada pelos edu-cadores conscientes da necessidade de um ensino crítico e motivacional.

Sócrates, que incomodava os ate-nienses com suas obras e seus discur-sos e só por isso foi processado, sob as falsas acusações de corromper a juventude e de não cultuar os deuses pátrios. Uma cidade inteira contra um ancião de 70 anos, que pela mão dos acusadores – o poeta Meleto, o empre-sário e político Ânito e o orador Licon – é condenado à morte, após recusar o auxílio de grandes advogados, dos discípulos e dos amigos, para fazer sua própria defesa, com lições de sabedo-ria, serenidade e humildade. A espera paciente da execução, a recusa da fuga e do exílio (a lei tem que ser cum-prida), o fim digno e altivo pela própria mão, sorvendo a cicuta. E o remorso de Atenas, berço da democracia e da liberdade, por ter sacrificado à intole-rância seu cidadão mais ilustre.

Uma história antiga de vida e mor-te paradigmáticas, da qual se extrai a lição para os dias de hoje: uma lição de aceitação das diferenças, de respeito pelas ideias, do opróbrio de se punir al-guém por suas convicções, do embate entre a liberdade de consciência e a intolerância.

Ada Pellegrini Grinover

Roberto Victor, colaborador de diver-sas editoras, com excelentes arti-

gos doutrinários de leitura obrigatória e de interesse aos juristas, havia me surpreendido, há algum tempo, com a publicação de seu livro O JULGAMEN-TO DE JESUS CRISTO SOB A LUZ DO DIREITO, São Paulo: Editora Pillares, 2010, tratando de um tema polêmico.

Agora traz a lume mais um magnífi-co trabalho, discorrendo sobre o Tribu-nal do Júri, desde o julgamento de Só-crates pelo Direito Penal Grego e como seria pelo Direito Penal Brasileiro.

A obra é única no gênero, prefacia-da pelo eminente jurista Ives Gandra da Silva Martins, além de possuir ex-celente comentário da profícua doutri-nadora Ada Pellegrini Grinover. Ainda possui uma pequena explanação sobre o Tribunal do Júri, apresentada por ju-ristas de renome nacional, Fernando de Almeida Pedroso e seu filho Fernan-do Gizzi.

Parabéns Roberto, certeza que a obra será de sucesso absoluto.

Walter Diabeditor da LEX/MAGISTER

ISBN 978-85-8183-000-1

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VIOLÊNCIA ESCOLARJadir Cirqueira de Souza1a edição 2012

O JULGAMENTO DE SÓCRATESsob a luz do DireitoRoberto Victor Pereira Ribeiro1a edição 2012

Anuncio_ Estado de Direito_14.indd 1 28/08/2012 19:35:26

mente inquieta e brilhante de juristas brasileiros, alguns deles bebedores diretos da maravilhosa fonte da Universidade de Munique, além de discípulos reconhecidos de Roxin, como é o caso de Luís Greco e Alaor Leite, destacando ainda o talento do jovem magistrado Rubens Casara, do advogado Mauricio Dieter, do promotor Tiago Joffily e o também jovem professor da Universi-dade de Frankfurt, Antonio Martins, todos eles pensadores críticos que nos permitem manter a esperança diante de um cenário cada dia mais turbulento de conceitos e etiquetas desvirtuadas na esfera criminal.

Já que o Olimpo foi invocado, peço diaria-mente aos deuses que habitam aquele monte que

as produções intelectuais destes livres pensado-res brasileiros que mencionei (evidentemente

que naquele evento não estavam, mas os incor-poro sem receio, como é o caso de Nilo Batista,

Eugenio Pacelli e Paulo Queiroz) se disseminem cada vez mais e não concomitantemente, mas em detrimento de uma carga pesada (ou leve demais) de pragmatismo “doutrinário-concur-seiro” e que estes últimos se afastem de vez para que aqueles adentrem nos corações e mentes dos estudantes de Direito Penal e Processo Penal da nossa pátria mãe tão distraída.

* Advogado. Procurador do Estado, com atuação nos Tribunais Superiores. Ex-procurador federal. Mestre em direito pela Universidade Federal da Bahia. Membro da Comissão Nacional de Acesso à Justiça, do Conselho Federal da OAB. Sócio do IBCCRIM e membro do IADF.

Para mim, trata-se de um dos maiores, senão o maior “revolucionário” do direito penal deste e de muitos

séculos, com seus preciosos legados da “bagatela”, da alteridade, a defesa intransigente da essencialidade de

um “bem jurídico”

Estado de Direito n. 3724

José Calvo González*

L a música no es sólo asunto de críticos musicales, sino de juristas también. Porque, como lo musical, el Derecho

habría de componerse e interpretarse de acuerdo a las fundamentales reglas de armonía (proporción), y de modulación (progresión). Decía San Agustín que la música era “la cien-cia de la modulación justa” (De Musica libri sex). En esto el Derecho, por principio, difiere poco de la Música. Lo jurídico debería buscar la correcta eufonía entre diversas partes y la concordancia del conjunto, evitando pues que la compostura de las relaciones sociales resulte disonante. Pero es cierto que no siempre sucede así. El asunto que aquí trataré es pre-cisamente la musicalización del ‘otro’ Derecho. Y, en efecto, en torno a una idea alternativa de Ley y de Derecho existieron desde antiguo

numerosas canciones populares, y la acústica de su música verbal aún hoy perdura.

Ya sucedió en la música tradicional del s. XIX; desde su modestia –tan auténtica como espontánea y pura– la música pop de esa época planteó valores jurídicos contra do-minantes de un modo radical y genuino. En Italia y España hallamos ejemplos expresivos. Antonio Uccello, apoyado en recopilaciones de folkloristas italianos que le precedieron, estudió la canzuna del carcerato (Carcere e mafia nei canti popolari siciliani, 1965). Esa misma senda, con auxilio de colecciones del folklore español, recorrió mi trabajo El cante por Derecho. Las “Carceleras” y el krausoflo-clorismo andaluz. (Un estudio de Etnología jurídica y Filosofía Penal) (2003) respecto de la ‘toná’ gitano-andaluza de las carceleras, el cante jondo de los condenados a penales y presidios. Las letras de esos cantes sicilianos y andaluces conforman ciertamente la proto-historia de las canciones protesta y, en relación con la idea de Ley y Derecho, sus músicas –de acordes sencillos y menudo al solo compás de la voz desnuda– expresaron el “no-Derecho” del desvalido, del indefenso, del pobre. Eran, en suma, el canto del paria, del marginal, del superfluo, y si aquel cantar su único derecho, igualmente el de contar de ‘otro Derecho’, de su alternativa.

No se me oculta, desde luego, que tam-bién hubo ‘palos’ flamencos más arrimados al Derecho dominante, contiguos al sistema jurídico oficial; así, las populares aleluyas de coplas y romances de ciego, entonadas por tangos e impresas en pliegos de cordel, para cantar y contar sucesos atroces y horrorosos, y el ajustamiento de los criminales en los días de patíbulo, jornadas de júbilo punitivo

que entretenían y educaban al pueblo en la ortodoxia de la fe dogmática en la ley y la confianza en el indefectible castigo del culpa-ble. Con ellas se afinaba la expresión musical de una legalidad justiciera, invencible, junto al triunfante juicio providencial moralmente sancionador –recuérdese la incumbencia del aleluya a juicio divino (Salmos 104:35)¬. Aquella didáctica jurídica musicalizada ha-bilitó asimismo parte del interés de la por entonces incipiente Criminología positivista; “primer Archivo de Criminología” lo llamó con acierto Constancio Bernaldo de Quiros (Figuras delincuentes, 1909).

Más, en llegando a este siglo, ¿es el ‘otro Derecho’ musicado apenas poco más que esos ecos? Pongamos fina escucha, porque la músi-ca pop nunca se detuvo. Continuó, por otros

ritmos, con cadencia distinta. Mudaron los tempos, las pautas, sí. Sin embargo, el son de la música del ‘otro Derecho’ siguió constante y no desapareció. Durante el s. XX el ‘otro Derecho’ sobrevivió musicado en el rock and roll a partir de 1950, y en el reggae haïtiano. Luego, ya con más cercanía a nuestro presente, en el folk irlandés, en el pop independiente de Brasil, en el rap y el hip-hop americano, en el tropo del cotorreo mexicano… La diferencia principal reside, sin duda, en que antes las tendencias del pop musical procedían de áreas agrarias, y hoy surgen en el asfalto de las me-trópolis. Y es ahí donde se están produciendo y ofreciendo nuevas opciones de expresión musical y letrista que a menudo conciernen directamente a valores jurídicos. Acepto que ante esta indicación haya escépticos, y quizá que algunas sensibilidades puedan sentirse heridas. Pero básteme recordarles la evidencia, por ejemplo entre clásicas bandas de heavy metal, de un álbum como…And Justice for All, de Metallica, ya en 1988, con temas so-bre la corrupción judicial, y antes las críticas jurídico-políticas en el solid rock lyrics de Bob Dylan.

Creo que es un error mostrar displicencia hacia esta realidad pop, popular, de las cultu-ras musicales urbanas. El jurista contemporá-neo, que no puede ignorar por más tiempo la innegable crisis del actual modelo de Derecho, hará bien en interesarse por esta nueva mani-festación musical popular, y particularmente por sus mensajes sobre ‘otro Derecho’. Y para evaluar su alternativa nada mejor que comen-zar a prestarles atento oído.

* Catedrático de Teoría Filosofía del Derecho. Universidad de Málaga (España).

El ‘otro Derecho’, musicado en pop

En Italia y España hallamos ejemplos expresivos. Antonio Uccello, apoyado en recopilaciones de

folkloristas italianos que le precedieron,

estudió la canzuna del carcerato

El jurista contemporáneo, que no puede ignorar por más

tiempo la innegable crisis del actual modelo de Derecho, hará bien

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Cultura, educação e meio ambienteMarga Inge Barth Tessler*

A cultura é um conceito antropológico, e é como uma lente através da qual o homem vê o mundo homens de

culturas diferentes, usam lentes diversas e têm visões desencontradas das coisas.

A herança cultural é desenvolvida du-rante gerações e nos condiciona a reagir de determinada maneira. O modo de ver o mundo, a apreciação de ordem moral e valorativa, os comportamentos sociais são produtos da herança cultural. O homem vê o mundo através de uma cultura e essa tendência chama-se etnocentrismo, sendo responsável por numerosos conflitos sociais. Heranças culturais muito rígidas e fortes são quase como prisões mentais, nos dizeres de Morin.

Já a mudança externa pode ter ritmo mais acelerado dependendo do evento fáti-co, histórico, inovação, descoberta, carên-cia, ou situação dramática vivenciada pelo grupo. A chegada dos espanhóis à América causou um profundo impacto na população ameríndia. Os meios telemáticos são uma revolução no relacionamento humano e na difusão de idéias. Diz o art. 215 da CF/1988 que o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais. Protegerá as manifestações culturais populares.

No século XX afirmamos o pluralismo cultural, não há numa única cultura, mas culturas, e cada uma se relaciona com as outras, encontrando internamente os seus modos de transformação. Os bens imate-riais culturais abarcam as mais diferentes formas de saber, fazer, criar; como músicas, contos, lendas, danças, receitas culinárias, técnicas artesanais, agrícolas, na lição de Juliana Santilli.

A educação é força transformadora. Não se compartilha mais a visão “bancária” da educação no sentido de que o “saber” é uma doação dos que se julgam sábios aos que jul-gam nada saber. A rigidez dessas posições nega a educação e o conhecimento como processos de busca, para Freire.

A educação em todos os níveis de ensino é estratégica para melhorar a qualidade de

vida e de oportunidades para todos. O nível educacional do povo constitui um dos indi-cadores utilizados pelos organismos inter-nacionais para avaliar a qualidade de vida. A educação nos conduz à humanização. O art. 205 da CF/1988 estabelece a educação como direito de todos e dever do Estado, da família, sendo promovida com a colaboração da sociedade.

Meio Ambiente é um conceito complexo, é um “conjunto de condições, leis, influên-cias e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida” (Lei nº 6.938/1981, art. 3º, inc. I). “Todos têm direito ao meio ambiente ecologica-mente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletivi-dade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (Art. 225 da CF/1988). É o quarto elemento que se agrega aos três elementos clássicos para a construção do Estado (Povo, Território e Governo), agora com o Meio Ambiente, segundo Klöpfer.

As dificuldades que encontramos para efetivação da legislação ambiental consti-tuem, em sociedades culturalmente pouco educadas ou sensibilizadas para as questões ambientais, um grave problema. Não existe ainda por parte da população, e mesmo por parte das autoridades públicas, a consciên-cia da gravidade das consequências funestas com a contínua destruição do meio ambien-te. Poderíamos pensar que em sociedades onde faltam condições econômicas mínimas seria difícil viabilizar um projeto de educa-ção ambiental. Onde o mínimo existencial não está disponibilizado a todos, poderia ser ingênua a pretensão de educação ambiental. Contudo, a nossa legislação é uma das mais avançadas do mundo. Há elementos na cul-tura popular que podem contribuir para a sensibilização. Já estamos na fase das con-sequências, como sustenta Al Gore, estamos em verdadeira emergência planetária.

A cultura e a educação podem contribuir para minimizar dois aspectos que causam danos ao meio ambiente. São dimensões que se polarizam em extremos opostos: refiro-me à poluição pelo excesso de consumo, o consumismo, o consumo do luxo referido por Lipovetsky, que aumenta a necessidade de gestão de resíduos e exaure recursos na-turais, culturais e sanitários, encarecendo alimentos e bens vitais. Impõem-se adotar uma atitude mais frugal em relação ao con-sumo, na lição Herman Benjamin.

No outro extremo, há de se combater como imperativo de responsabilidade social, as agressões ao meio ambiente decorrentes da marginalização social. No magistério de Helita Custódio, a extrema pobreza e a ca-rência de valores educacionais constituem séria fonte de esgotamento de recursos naturais e causam defasagem na construção da dignidade humana. A pobreza habita nas áreas degradadas ambientalmente, se alimenta do lixo, sem saneamento, convive na violência, gerando ainda mais degradação social e violência, é a circularidade retroa-tiva. O efeito atua retroativamente sobre a causa, segundo Edgard Morin.

Se cultura e educação são cambiantes e variantes, o Meio Ambiente saudável é in-variante axiológico. Invariantes axiológicos são aqueles valores que por significarem a máxima expressão e salvaguarda da existên-cia e da dignidade do homem não podem ser considerados transitórios e permutáveis, pois assinalam algo de permanente e into-cável. A natureza não pode ser separada da cultura e devemos pensar transversalmente as interações entre ecossistemas e universos de referência sociais e individuais, na lição de Félix Guattari.

Cultura e educação são essenciais na luta pela preservação do meio ambiente. Essa luta pode ser um compromisso de vida, justificar uma existência, dar-lhe qualidade e intensidade, é projeto permanente, trans-cende a interesses imediatistas. Cuidar da vida para que possamos continuar a vida que se renova.

* Desembargadora Federal, presidente do Tribunal Regional Federal 4ª Região. Mestre em Direito na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul/PUCRS. Mestrado Profissional em Poder Judiciário pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) Direito Rio.

Há elementos na cultura popular que

podem contribuir para a sensibilização. Já estamos na fase das consequências, como

sustenta Al Gore, estamos em verdadeira e-mergência planetária

Os bens imateriais culturais abarcam as mais diferentes

formas de saber, fazer, criar; como músicas,

contos, lendas, danças, receitas culinárias, técnicas artesanais,

agrí-colas, na lição de Juliana Santilli

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Najla Diniz*

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Porto Alegre. Sexta-feira. 09 de novembro. 35 graus. Minha tarde de folga. Rumei ao Presídio Central de Porto Alegre com

um misto de arrependimento (tanta coisa pra fazer e me meto nisso) e curiosidade. Há algum tempo, via notícias sobre o projeto Direito no Cárcere e senti vontade de conhecer in loco como funcionava.

A organização pediu que levássemos, a título de doação, escovas e pasta dental líquida. Impossível de achar nas imediações do Presídio, justamente por ser a única que tem sua entrada autorizada. Me atrasei, pra variar. Depois de passar pela dificuldade em estacionar, voltar ao carro pra deixar bolsa e celular e enfrentar a portaria novamente, consigo entrar no auditório, que não estava cheio. As sombras do lugar, suca-teado, bloquearam a luz da tarde, nem o sol deve entrar aqui sem a devida autorização, pensei. Um público variado me chamou a atenção de pronto: não pareciam estudantes, nem autoridades. Uma moça embalava um bebê e tentava deixá-lo o mais fresco possível. Sentei numa fileira mais afastada, a fim de evitar o calor humano.

O arrependimento evaporou-se nos primei-ros minutos de exibição do documentário “Luz no Cárcere”, que tem, como mote, as reflexões e o cotidiano dos apenados em tratamento de de-pendência química, da Galeria E-1, do próprio Central. Lá estava a arte, a música, o desenho e a escrita possibilitando autorias, exteriorizando sentimentos, anseios, medos, certezas e desejos.

Principalmente o desejo da mudança.Em seguida, um apenado tomou o micro-

fone e leu, orgulhoso, seu poema, selecionado pela SUSEPE para publicação. Falava sobre a saudade que sentia de tudo que ficou “lá fora”, da sensação de pegar a terra, de cheirar as flores, de abraçar os filhos, do colo da mãe. Impossível não se emocionar e deixei, pela primeira vez de muitas, as lágrimas correrem soltas.

Outro apenado leu um texto produzido por ele, o qual deveria frequentar os bancos de

muitas universidades. Reconhecia os erros co-metidos. Reconhecia que devia mesmo “pagar” por eles. Reconhecia o sofrimento de quem está lá dentro e vê seus familiares sofrendo fora. Além disso, saindo do senso comum, deixou o desconforto de um questionamento incômodo para quem está “do lado de cá”: quantos pe-quenos crimes cometemos diariamente, sem nem nos darmos conta? Quem está livre de ter um irmão, um filho ou um pai embalado pelo canto sedutor das drogas? Afirmou, corajosa-

De luz e de sombraI Ciclo de Estudos Direito no Cárcere, Presídio Central de Porto Alegre

O Direito Penal, tal como funciona hoje, tem cor, aparência e público alvo. E que

nós, os do lado de fora, sempre pensamos que não nos cabe. Sempre é para os outros. Pensamos, magicamente, que a “bandidagem”, os “vagabundos”, os

“viciados”, a “escória” da sociedade tem

camada social

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mente, que o Direito Penal, tal como funciona hoje, tem cor, aparência e público alvo. E que nós, os do lado de fora, sempre pensamos que não nos cabe. Sempre é para os outros. Pensamos, magicamente, que a “bandidagem”, os “vagabundos”, os “viciados”, a “escória” da sociedade tem camada social. Mas não é a nossa. Não é pra nós. E se, por acaso e injustamente (claro), um dos nossos cair no sistema carce-rário, acharemos uma série de atenuantes para livrar sua culpa. Porque os nosso são sempre vítimas e não merecem o pior. Os outros são anônimos e não nos interessa saber nem quem são, nem de onde vêm, quanto mais pra onde vão. Os outros merecem: não foi bom atacar a sociedade? Pois que sofram todos, os outros. Porque, como ele encerrou sua apresentação, “queremos o Direito Máximo para os outros e o Direito Mínimo para nós.”

Os apenados que estavam no palco usavam máscaras brancas durante a leitura dos colegas. Duas interpretações possíveis: a primeira, da sombra, como costumamos enxergá-los, sem rosto, sem identidade, sem vez, sem voz; por-tanto distantes de nossa realidade. A segunda, da luz, como deveríamos vê-los (e, por extensão, como deveríamos ver todos): sem rosto sim, mas por serem todos merecedores das mes-mas coisas, dos mesmos direitos, das mesmas oportunidades. A palavra “dignidade” surgiu no palco. Embora desejo comum, no cárcere, a dignidade adquire um significado desconhecido para quem está livre. Ela é desejo e conquista diária. É intrínseca e extrínseca. A de dentro cla-ma pela de fora. A de fora, quando possibilitada, fomenta a de dentro. Talvez seja aquela luz do fim do túnel mesmo, e por ela e pra ela que os apenados vivem um dia de cada vez.

A vez da música chegou. Do palco, um ape-

nado fazia coraçõezinhos para a plateia. O gesto, na verdade, tinha endereço certo e percebi que a plateia que eu havia estranhado era composta também de mães, irmãs e esposas. Este mesmo apenado, ao dar seu depoimento sobre o Projeto, levou o auditório às lágrimas novamente ao se dirigir à mãe. Contou que o que mais o motivava era a alegria que percebia na mãe ao encontrá-lo curado da dependência química, com outros motivos para viver que não a droga.

Mal havíamos nos recuperado desse mo-mento, quando um outro nos emociona e surpreende. A contario sensu existe amor na prisão. O bebê presente havia sido concebido

no cárcere e o pai, com ele no colo, alcançado pela mãe sob os olhares compreensivos dos PM’s presentes, contava os dias para, longe das drogas, poder brincar com o filho e acompanhar seus primeiros passos.

As perguntas da platéia versaram sobre o significado de um projeto como esse para quem está, momentaneamente, privado de sua liberdade. Todos foram unânimes em responder que, mesmo não sendo um projeto que visava a uma qualificação para o trabalho, era um projeto que mexia com o que temos de mais profundo: a satisfação de encontrar um lugar no mundo, um lugar em que nos sintamos reconhecidos e valorizados pelo que somos, pelas nossas experiências. Lá, naquela galeria, privados do convívio social, os apenados rece-biam, do projeto Direito no Cárcere, o que a

própria sociedade não deu, oportunidade de se descobrir através da arte. Arte é inclusão, arte é protagonismo, arte é luz.

O final foi apoteótico em sua proporção. A alegria e o contentamento eram perceptíveis. Do palco, os participantes do Projeto pareciam crianças em apresentação de final de ano de escola. Havia ali o ensaio, o entusiasmo e o orgulho de mostrar como estavam vencendo a batalha mais visceral do ser humano: de como a luz pode vencer a sombra.

Na saída, satisfeita e impressionada, conclui que sim, um outro mundo é possível. E tive muito mais luz que o dia iluminado que fazia.

* Professora de português da Rede Municipal de Gravataí. Cursa o quinto semestre da Faculdade de Direito na FARGS.

Lá, naquela galeria, privados do convívio social, os apenados

recebiam, do projeto Direito no Cárcere, o

que a própria sociedade não deu, oportunidade

de se descobrir através da arte. Arte é inclusão,

arte é protagonismo, arte é luz

Nesta obra, o autor aborda o tema, muito discutido atualmente, da judicialização da política e do ativismo judicial, dando ênfase à política monetária. Esse fenômeno se refere ao atual papel do Poder Judiciário frente aos demais Poderes, em que abandona o papel de mero espectador para passar a ser mais funcional, atuação que reflete na doutrina da separação de poderes, tornando-a, em consequência, mais dinâmica, democrática, e discursiva.

Inúmeros julgados do Supremo Tribunal Federal são analisados visando à busca de argumentos da jurisprudência criativa no atual estágio de evolução hermenêutica desse Tribunal, órgão de guarda da Constituição, que tem atuado no sentido de desenvolver sua função normativa, acrescentando maior relevo ao ativismo judicial.

O autor também contextualiza o ativismo judicial, dando destaque às políticas cambial, fiscal, aduaneira e monetária, preocupando-se em demonstrar como a política econômica, elaborada e executada pelos Poderes Legislativo e Executivo, pode ser objeto de controle pelos magistrados.

Diferenciais da Obra:

• Escrita por um autor de referência na área.• Livro de reflexão acadêmica, que permitirá ao leitor ter argumentos plausíveis e consistentes, necessários

para uma formação crítica dentro do Direito Econômico.

Nesta obra, o autor aborda o tema, muito discutido atualmente, da judicialização da política e do ativismo judicial, dando ênfase à política monetária. Esse fenômeno se refere ao atual papel do Poder Judiciário frente aos demais Poderes, em que abandona o papel de mero espectador para passar a ser mais funcional, atuação que reflete na doutrina da separação de poderes, tornando-a, em consequência, mais dinâmica, democrática, e discursiva.

Inúmeros julgados do Supremo Tribunal Federal são analisados visando à busca de argumentos da jurisprudência criativa no atual estágio de evolução hermenêutica desse Tribunal, órgão de guarda da Constituição, que tem atuado no sentido de desenvolver sua função normativa, acrescentando maior relevo ao ativismo judicial.

O autor também contextualiza o ativismo judicial, dando destaque às políticas cambial, fiscal, aduaneira e monetária, preocupando-se em demonstrar como a política econômica, elaborada e executada pelos Poderes Legislativo e Executivo, pode ser objeto de controle pelos magistrados.

Diferenciais da Obra:

• Escrita por um autor de referência na área.• Livro de reflexão acadêmica, que permitirá ao leitor ter argumentos plausíveis e consistentes, necessários

para uma formação crítica dentro do Direito Econômico.

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Felipe Dutra Asensi*

A máxima “os fins justificam os meios” tem sido utilizada para pensar diversas situações políticas e sociais no Brasil.

Por exemplo, no final de agosto foi publica-da no Diário Oficial da União a Resolução 1995/2012, do Conselho Federal de Medicina, que permite que pacientes definam junto com o seu médico o direito de não se submeterem a determinados tratamentos e procedimentos quando em estado terminal, isto é, quando não há qualquer chance de recuperação. Este exemplo é nitidamente um caso em que o CFM deliberadamente adotou uma medida com a confiança de que “os fins justificam os meios”.

Segundo a Resolução, o paciente poderá definir, junto com seu médico, os procedi-mentos considerados pertinentes e aqueles aos quais não quer ser submetido em caso de terminalidade da vida. Isto deve ser feito com a utilização de uma “diretiva antecipada de vontade” que, segundo o CFM, tem o pro-pósito humanitário de permitir ao paciente interromper procedimentos com os quais não concorde, de abster-se de tratamentos e, até mesmo, de se submeter à denominada ortotonásia (morte sem sofrimento, segundo o CFM).

Independentemente do mérito da Re-solução, o fato é que estamos observando uma organização profissional que não tem legitimidade estatal para criar, modificar ou extinguir direitos. Por mais que eventualmente o argumento humanizante e de co-participa-ção do paciente no processo de tratamento seja importante e louvável, os fins não podem justificar os meios.

Temos uma Resolução emanada por uma organização profissional que não passou pelo crivo de qualquer dos Poderes da República. Se a Resolução por si só tratasse de normas éticas da profissão médica, nada há a declarar. Porém, a Resolução – sob o “manto” de ser uma pretensa norma jurídica – permite que os indivíduos possam dispor sobre seu pró-prio corpo, sua saúde e, pasmem, a sua vida! Seria o mesmo que a OAB anistiasse todos os advogados que praticaram tortura no período do regime militar ou o CREA designasse que os engenheiros não possuem responsabilidade técnica sobre a obra que conduzem.

O fato é que uma decisão deste tipo não pode ser tomada fora dos espaços legítimos de discussão e aprovação. Nenhuma decisão que dispõe sobre a vida e morte de pessoas, assim como a sua integridade física, pode ignorar

os espaços estatais. Portanto, os propósitos humanitários e bem intencionados não podem desconsiderar isso.

Para além desta questão, é fundamental ter responsabilidade com as conseqüências jurídicas desta Resolução para os médicos em seu cotidiano profissional. Segundo entrevista do Presidente do CFM, Roberto D’Ávila, à Folha.com ontem, “não estamos preocupados com a questão jurídica. Se estivéssemos, fa-laríamos para o médico registrar no cartório e diríamos: ‘Médicos, protejam-se’. O que queremos é saber a vontade do paciente”. As questões jurídicas devem ser consideradas sim, sobretudo porque a responsabilidade

civil por danos físicos, psicológicos, etc, é reconhecida no Código Civil e pode ser apli-cada ao caso de dolo, coação, simulação ou qualquer outro vício de vontade do paciente. Além disso, temos as diversas disposições do Código Penal a este respeito.

As implicações jurídicas para o médico podem, inclusive, ser submetidas ao Poder Judiciário para julgamento. A Resolução situa o próprio médico numa posição bastante deli-

cada. O profissional deve ter muita cautela para que não tenha que utilizar em sua defesa uma Resolução que não pode se sobrepor às normas jurídicas legitimamente vigentes no Brasil.

* Advogado. Cientista Social. Mestre em Sociologia pelo IUPERJ. Doutor em Sociologia pelo IESP/UERJ. Professor e Coordenador de Publicações da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV DIREITO RIO).

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os advogados que praticaram tortura

no período do regime militar

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Dalmir Lopes Jr.*

A exigência de obtenção do consentimen-to informado (CI) na área clínica refere-se ao direito do paciente poder decidir

livremente sobre sua saúde, cujo fundamento moral reside no respeito à autonomia.

Do ponto de vista filosófico, a prática do CI coaduna-se com a concepção kantiana de dig-nidade humana, que consiste em considerar o ser humano como um fim em si e não como um meio. Por essa razão, o CI enfrenta considerá-veis desafios morais: como as questões relativas à capacidade e à incapacidade das pessoas; à situação de vulnerabilidade em que se encontra o paciente; à ponderação entre a benevolência e o respeito à autonomia; dentre outros fatores que ensejam ponderações morais.

No âmbito jurídico, a realidade não é muito diferente. Em uma pequena pesquisa sobre as decisões judiciais do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, encontramos um total de 59 (cinquenta e nove) decisões ao utilizar o descritor “Consentimento Informado”. Dessa totalidade, apenas 32 (trinta e duas) versavam efetivamente sobre a relação de CI na área de saúde, enquanto 03, curiosamente, aplicavam o conceito a relações consumeristas diversas como em contratos de seguro de acidentes pessoais, cartão de crédito e cancelamento unilateral de conta corrente. As demais decisões foram descartadas por versarem sobre proble-mas relativos a outros vícios de consentimento

comuns nas práticas contratuais.Dessa análise identificamos alguns fatores

problemáticos, mas iremos apontar, neste arti-go, apenas os dois principais.

O primeiro aspecto problemático consiste na utilização do conceito fora do seu contexto de origem. O CI tem como finalidade garantir o processo de decisão autônoma do paciente na relação médica. É fato notório que a autonomia (individual) é um importante princípio jurídico que rege os contratos, mas quando se fala em “consentimento informado”, a autonomia do paciente tem um significado especial, porque ela representa a superação da relação médico-paciente centrada no paradigma paternalista, para um paradigma que coloca o respeito aos direitos individuais como um lugar comum de fundamentação da decisão médica, o que significa que o respeito à autonomia exigido no CI não possui apenas uma dimensão jurídico-contratual (formal), mas uma dimensão ética que não pode estar apartada da primeira. No entanto, verificamos que não só a expressão, mas o próprio conceito de CI tem sido aplicado, por exemplo, em relações bancárias, pelo sim-ples fato de possuir elementos supostamente comuns: como a hipossuficiência de uma das partes e a omissão de informações. Além disso, em pelo menos dois dos casos analisados, há o emprego do conceito em uma relação entabula-da entre o consumidor e a seguradora de saúde,

sem que haja uma relação médico-paciente sob questão, mas sim um mero defeito de serviço, como a não cobertura de UTI neonatal.

O segundo fator que consideramos pro-blemático consiste na equiparação equivocada do CI, como relação concreta, com o termo de consentimento informado (TCI), que é um do-cumento em que se informam os riscos de um determinado procedimento médico (normal-mente invasivo) ao paciente. Em alguns casos analisados, há a condenação do profissional de saúde pela simples ausência de um do TCI. Essa supervalorização do TCI é temerária e requer uma solução que é difícil e complexa. Temerária porque sua reiteração reduz o CI a uma dimensão puramente jurídico-formal.

Tal fato pode levar os profissionais de saúde a compreendê-lo apenas como um “ônus neces-sário” para evitar um “inconveniente judicial”, enquanto os pacientes, como uma “renúncia ao seu direito” em razão de uma eventual consequência negativa proveniente do proce-dimento médico. Ao mesmo tempo a solução é difícil, porque requer que repensemos as alternativas viáveis para equilibrar essa tensão entre o formal e o material (do ponto de vista jurídico), que podem depender de ações que, talvez, devam ter sua origem na própria prática médica e não na prática judicial.

Enfim, é necessário repensar os sentidos que a prática jurídica tem atribuído ao Con-sentimento Informado, a fim de evitar que o processo natural da juridicização dessa relação não prejudique o fim para o qual ele foi conce-bido, nem tampouco permitir sua redução a uma dimensão puramente formal, mas que sirva ver-dadeiramente a seu propósito: que é a garantia da moralidade na relação médico-paciente.

* Mestre em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal Fluminense; doutorando em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - programa em associação (2011). Atualmente é Professor Assistente do Departamento de Direito do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS) da Universidade Federal Fluminense (UFF) no campus de Volta Redonda.

A visão judicial do consentimento informadoOs desafios à consolidação da autonomia do paciente

As implicações jurídicas para o médico

podem, inclusive, ser submetidas ao

Poder Judiciário para julgamento

Estado de Direito n. 3730

Everson Guimarães Silva*

Havia naquela comarca um rábula. Na verdade, não era bem um rábula, por-que sua atuação no fórum era apenas

em interesse próprio. Porém, se assemelhava muito à figura de um rábula.

Os parcos conhecimentos jurídicos vi-nham de um inacabado curso de Direito e o interesse na lide forense provinha de uma meia dúzia de processos judiciais propostos por sua mãe contra o governo. A genitora, viúva de um alto funcionário público, postulava e, em grande medida, tinha direito a várias pensões, reajustes e diferenças de gratificações que haviam sido sonegadas a ela própria e ao falecido pela extinta ditadura militar. Assim, a meia dúzia de processos representava alguns milhares de reais.

O filho, rábula, vivia de cuidar da mãe já idosa e de seus processos. E o fazia muito bem, afinal, literalmente, ambos valiam ouro.

Faltava-lhe, no entanto, humildade, bom senso e uma clara compreensão da realidade. Por outro lado, embora normalmente não fosse grosseiro, possuía uma certa arrogância e ma-nia de grandeza, decorrente da estirpe a que pertencia – afinal o pai fora alto funcionário público. Dizia-se amigo de desembargadores, ministros e outras autoridades. A falsa per-cepção da realidade era, ademais, corroborada pelo fato de deter amplo acesso ao fórum, já que os juízes da localidade, em grande parte, haviam sido seus colegas de escola ou de facul-dade. Os magistrados, no entanto, o recebiam em seus gabinetes por educação, pela cortesia

que a profissão exigia – receber aquele tipo de visita enfadonha era um dos vários ônus do mister que exerciam – ou, em alguns casos, por diversão.

Pois bem, aconteceu que, num certa tar-de, durante uma audiência, um dos juízes da comarca ouviu um vozerio no saguão da vara e determinou à escrivã que solicitasse silêncio dos presentes naquele local, para que o ato processual não fosse perturbado.

Aberta a porta da sala de audiências, logo o juiz reconheceu a voz do rábula, que voci-ferava contra os funcionários do cartório e, aos brados, referindo-se ao magistrado pelo primeiro nome deste, sem a utilização de qualquer pronome de tratamento, dizia que queria falar com o juiz.

O pedido de silêncio amainou o tumulto e o juiz prosseguiu na sua audiência, esque-cendo-se do caso.

Somente no outro dia lembrou-se que houvera um tumulto provocado pelo rábula e não resistiu à curiosidade de saber o que se passara. Para satisfazer tal impulso, perguntou ao funcionário chefe do cartório o que ocasio-nara a balbúrdia da véspera.

A compreensão da resposta dada pelo funcionário ao juiz exige conhecimento de duas outras histórias.

Naquela época, andavam pelo átrio do fórum uns malucos, esquizofrênicos mesmo.

Um deles havia conversado com o fun-cionário chefe do cartório, que o recebera de boa-fé, sem saber da loucura. Contou a ele,

entre outros delírios, que possuía um chip na cabeça, que lhe controlava os movimentos, a localização e até os pensamentos.

Outro maluco apresentou-se diretamente ao juiz. Pediu para falar ao magistrado para de-nunciar um crime grave e, para tanto, valeu-se da condição de ex-aluno do julgador. Em face da credencial de ex-aluno, foi prontamente recebido, sem maiores delongas.

Este contou ao magistrado história similar à que contara, ao chefe do cartório, o outro alucinado.

Era perseguido pela polícia e fora tortura-do, recebendo eletrochoques. Além disso, foi vítima de armação para que lhe fosse imputada

a condição de traficante de drogas e presen-ciou um homicídio, executado pelas forças policiais. Possuía três balas no corpo, porém os médicos negavam-se a solicitar exames que demonstrassem o fato. Sabia de segredos que podiam abalar a república e ia denunciá-los ao ministério público, para, depois, solicitar asilo político em algum país vizinho. A visita ao juiz era por consideração à sua autoridade e às suas qualidades pessoais, como magistrado e como professor. Uma espécie de despedida.

O relato deste tinha um ponto em co-mum com o do outro tresloucado. Também havia sido colocado um chip na sua cabeça. O artefato fora inserido na parte superior do pescoço, subira pelo córtex cerebral e estava instalado no centro da massa cinzenta. Com isso era monitorado em seus pensamentos, deslocamentos e ações.

As histórias dos malucos rechearam o anedotário da vara e deram fundamento à resposta do chefe do cartório ao questiona-mento do juiz.

Ante a pergunta: “o que houve ontem com o rábula, que vociferava no balcão e dizia que queria falar comigo?”, o chefe do cartório, sempre gentil, educado e cônscio da sua condição de servidor público, não conseguiu esconder sua irritação e desagrado com o rábula e, sem dissociar-se totalmente da realidade, respondeu:

- Aquele é outro com chip na cabeça!

* Juiz federal.

Chip na cabeça

Aconteceu que, num certa tarde, durante

uma audiência, um dos juízes da comarca ouviu um vozerio no saguão

da vara e determinou à escrivã que solicitasse silêncio dos presentes

Rogério Filomeno Machado*

A Constituição de 1988, na esteira do processo de redemocratização pelo qual passava nosso país, não descu-

rou da necessidade de estabelecer sólidas instituições jurídicas no âmbito da estrutura estatal. Alavancou, por exemplo, a Advocacia Pública ao patamar de Função Essencial à Justiça, de modo a corroborar a já sabida – embora não totalmente reconhecida – pre-mência de estruturar e densificar a represen-tação judicial e extrajudicial do Estado. No âmbito federal, compete à Advocacia-Geral da União (AGU) tal tarefa. A instituição é res-ponsável pela representação judicial e extra-judicial da União, bem como pelas atividades de consultoria e de assessoramento jurídico do Poder Executivo. Representa, em juízo e fora dele, a União Federal, aí incluídas suas autarquias e fundações públicas. Para tanto, concorrem diversos órgãos internos, dentre os quais ora destacamos a Procuradoria-Ge-ral Federal, a quem compete a representação judicial e a atividade consultiva de cerca de 155 autarquias e fundações públicas federais, tais como as universidades públicas, as agên-cias reguladores, INSS, INCRA, IBAMA etc.

Cumprindo efet ivamente suas fun-ções, é seguro dizer que, atualmente, a AGU assegura a efetiva representação em juízo, a consultoria e o assessoramento

jurídico a todo órgão ou entidade pública do Poder Executivo Federal. Do mesmo modo, pode-se afirmar que, onde estiver a Justiça Federal - e, em alguns casos, também a Justiça do Trabalho e a Estadual, além do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, aí haverá um órgão da AGU presente, defendendo o patrimônio e o in-teresse público, além de postular em juízo os direitos lesados ou ameaçados.

A atuação da AGU nos últimos 3 anos (2010, 2011 e 2012), proporcionou aos cofres públicos e consequentemente à so-ciedade brasileira uma arrecadação e uma economia na ordem de R$ 2 trilhões e 133 bilhões de reais.

Os números que envolvem a atuação da AGU são significativos e expressivos em todos os sentidos, como exemplificam os números do Sistema Integrado de Controle de Ações da União, que tem hoje cerca de 16 milhões de ações registradas, exigindo de todo o corpo administrativo e das carreiras da AGU muita organização, agilidade e com-petência nas várias frentes de atuação.

Embora a AGU seja a segunda institui-ção jurídica mais citada na mídia nacional, atrás apenas do Supremo Tribunal Federal, percebe-se, ainda, que a maioria das pessoas convive todos os dias com os resultados da

atuação da Advocacia Pública Federal e não se dá conta ou não relaciona essa atuação às políticas públicas implementadas pelo Go-verno e à Governança do Estado Brasileiro.

Aproxima-se, no presente momento, a realização do XIII Congresso Nacional dos Procuradores Federais e do XIV Curso Prepa-ratório de Advocacia do Estado, que ocorrerá em Florianópolis de 7 a 9 de novembro, no Hotel Majestic Palace, promovido pela Asso-ciação Nacional dos Procuradores Federais (ANPAF), que este ano completou 22 anos

de fundação e congrega nos seus quadros cerca de 2.000 associados em todo o Brasil, tem como tema principal “O PROCURADOR FEDERAL AJUDANDO A CONSTRUIR O BRASIL COM SEGURANÇA JURÍDICA”.

A oportunidade de participar das pales-tras e dos debates com expositores renoma-dos sobre o Novo Código Florestal, o Novo Código de Processo Civil, Previdência Social, Inclusão social e Políticas Públicas, Infraes-trutura e Concorrência, Regime diferenciado de Contratações – RDC, Procuradoria-Geral Federal e seus 10 Anos de instalação, Reali-dade e Perspectivas e a Interdisciplinaridade na Atuação dos Procuradores Federais, proporcionarão aos congressistas o conheci-mento e a visão dos temas afetos a Advocacia Pública Federal. Os temas demonstram, por si, a imprescindibilidade da atuação dos Pro-curadores Federais no Estado brasileiro.

Portanto, esperamos, com a realização do Congresso, levar aos operadores do direito e aos estudantes, futuros profissionais, o maior conhecimento dessa importante carreira da Advocacia-Geral da União, hoje composta por 4.073 membros ajudando a construir o Brasil com segurança jurídica.

* Pre s idente da Assoc iação Nac iona l dos Procuradores Federais (ANPAF).

Advocacia Pública

A AGU assegura a efetiva representação em juízo, a consultoria e o assessoramento jurídico a todo órgão

ou entidade pública do Poder Executivo Federal

na Governança do Estado Brasileiro

Estado de Direito n. 37 31

I Ciclo de Estudos Direito no Cárcere, recebe a participação especial dos músicos Piá e Nitro Di (Da Guedes), no Auditório do Presídio Central de Porto Alegre. Agradecemos a Brigada Militar, Susepe, Ministério Público por acreditar no projeto Direito no Cárcere e ao Programa Radar, da TVE, na pessoa do rapper Piá pela cobertura do evento. Fotografia Jai T Junior

Debate e Roda Samba no Pé & Direito na Cabeça, na Feira do Livro de Porto Alegre, com a presença dos palestrantes Jorge Terra, Maria Berenice Dias e Carmela Grüne. Fotografia Gustavo Pinheiro. Vídeo http://youtu.be/jC2-fd29g0E.

O professor Ricardo Sayeg palestra na Livraria Saraiva do Pátio Paulista, em São Paulo, com o tema “Desmitificando o Capitalismo Humanista”

“Desmitificando Terrorismo e Direitos Humanos: uma reflexão sobre a estética do choque” ministrada pelos professores Ricardo Timm de Souza e Augusto Jobim, na Livraria Saraiva do Praia de Belas Shopping, em Porto Alegre

“Direito e Liberdade Religiosa” é o tema da palestra ministrada pelo professor Robson Garcez, na Livraria Saraiva do Pátio Paulista, em São Paulo.

A professora Walkyria Carvalho palestra com o tema “Desmitificando a Segurança Pública” na Livraria Saraiva do Praia de Belas Shopping, em Porto Alegre

www.ceunsp.edu.br • 0800109535

Sidinei José Brzuska palestra com o tema “Desmitificando a fotografia como instrumento de humanização do Direito Penal“, na Livraria Saraiva do Praia de Belas Shopping, em Porto Alegre. Fotografia Antonieta Pinheiro

Estado de ExceçãoVeja também

brasil • N° 10 • aNo ii

O Jornal Estado de Exceção tem como objetivo apresentar formas alternativas de sensibilização do conhecimento jurídico. Para gerar maior reflexão, incentivamos a discussão de temas que fogem da regra geral e precisam ser analisados com uma outra perspectiva, mais humana e

inclusiva. Nesta 10ª edição, destacamos o artigo de Amaro Penna, o qual critica o descaso do Estado na formação educacional dos jovens, que resulta na insegurança das relações, em contraponto, a música como caminho inovador no enfrentamento dos problemas sociais. Leia na página 22.

Tempo de aflição?

Núcleos familiares Pietro Nardella-Dellova explica a nova perspectiva do Direito de Família sob a tutela jurídica e cultural, após a Constituição Federal de 1988, reconhecendo outras organizações como União Estável, Monoparental, Homoafetiva, Heteroafetiva, Poliafetiva, Anaparental, Plural.

Página 18

Educação e Meio AmbienteMarga Inge Barth Tessler aponta as fontes de esgotamento de recursos naturais que causam defasagem na construção da dignidade humana e a falta de sensibilização para as questões ambientais.

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Contratos sociaisPaulo Ferreira da Cunha fala sobre a importância de se conhecer a dívida dos países do sul da Europa e encontrar outros instrumentos para uma solução geral

Amaro Penna destaca o papel da música no combate ao descaso do Estado com a educação, leia na página 22.

ClAu

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Página 17

Racismo, literatura e liberdade de opiniãoGerson Godinho da Costa traz uma das mais importantes discussões da atualidade, relacionada ao amadurecimento do Estado Democrático de Direito, a distribuição em escolas públicas da obra de Monteiro Lobato com elementos racistas

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