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Fotografar é "escrever com a luz" e para escrever corretamente, é preciso conhecer a luz e

seus diferentes tipos e saber como lidar com cada situação. Já deu pra perceber que luz é essencial na fotografia. A luz pode ser natural ou artificial e neste livro vamos falar sobre os diferentes tipos de luz natural e como você pode produzir imagens com muito mais qualidade e dramaticidade simplesmente por entender como a luz funciona. Você será capaz de decidir por qual assunto/objeto fotografar de acordo com cada condição de luz - já que não podemos ter controle sobre esse tipo de luz - e como proceder para produzir suas imagens. Para aproveitar esse livro ao máximo, separe algumas de suas imagens favoritas. Deixe em uma pasta de seu computador, pois iremos discutir sobre isso mais pra frente. Se tiver as imagens impressas melhor ainda! Quando discutirmos sobre determinado tipo de luz, olhe para a sua seleção de fotos e perceba qual tipo de luz estava presente quando você fotografou. As dicas que colocamos aqui vão te ajudar a entender o que você pode fazer em condições específicas e como pode melhorar consideravelmente suas imagens. Você pode ainda vir a descobrir que tipo de luz você prefere se perceber que a maioria das suas imagens favoritas foram feitas em um determinado tipo de luz.

INTRODUÇÃO

1 - CONTRALUZ

Quando a luz está de frente para você, iluminando seu objeto "por trás", chama-se

contraluz. Esse é um dos tipos mais utilizados pois dá um contraste muito bom entre luz e sombras.

É na condição de contraluz que criamos aquelas silhuetas bem dramáticas, além de ser possível captar aquelas partículas que ficam no ar, criando uma atmosfera bem bonita com raios de luz. Se o seu assunto é translúcido, como flores, folhas ou cachoeiras, a luz vai brilhar através de seu assunto e dar a impressão de que tenha um brilho interior, enfatizando sua cor natural.

Quando a luz está bem de frente pra você, iluminar seu assunto "por trás" é chamado de contraluz.

Contraluz também pode ser usado pra criar silhuetas quando o assunto está a frente de um fundo iluminado. Procure por formas bem definidas e linhas contra um por do sol, por exemplo.

Neste exemplo o contraluz foi feito quando o sol já nem estava mais no céu. E mesmo assim produziu um resultado interessante...

Use a criatividade!

Você poderá encontrar 2 dificuldades ao lidar com o contraluz: como fazer a exposição correta e o famoso "flare".

Quando a cena tem um grande contraste entre luz e sombra sua

câmera vai ter certa dificuldade para encontrar a exposição correta. Você vai ter que decidir o que é mais importante, se as sombras ou luz. Se o seu assunto estiver na área de luz, então faça a exposição para essa condição e deixe que as sombras fiquem pretas e crie a silhueta. Se o seu assunto estiver na parte de sombra, faça a exposição nesse ponto e deixe que a área de luz fique ainda mais clara.

Exposição Correta

FLARE (ou Lens Flare)

Ao fotografar contra o sol é comum aparecer o famoso "flare". O flare na

verdade é uma espécie de defeito ótico que ocorre quando a luz entra diretamente nas extremidades da lente e produz manchas esféricas na imagem. Se quiser evitar isso a todo custo, ao usar um parasol os riscos de produzir flare já são bem menores. Mas nem sempre o flare é um fator negativo na sua imagem, se você usá-lo de modo criativo. Muitos fotógrafos gostam de aproveitar desse "defeito" e dar um "efeito" diferente na foto. Se você for utilizar o sol na sua composição, tente se posicionar de modo que o sol fique atrás de algum objeto, como uma árvore ou prédio e use uma abertura menor para criar uma atmosfera "mística" em sua imagem.

Lembre-se de checar seu histograma para ver quanto da sua imagem está no preto absoluto e quanto está completamente branco. Atente-se para manter essa proporção equilibrada e sua imagem vai ter um contraste bacana e dramático.

2 - LUZ LATERAL

Ao determinar o que você quer transmitir com o assunto a ser

fotografado fica mais fácil definir qual o tipo de luz mais adequado. Se o elemento principal da sua imagem é textura ou forma, então a luz lateral pode ser uma ótima opção. A luz lateral ocorre quando o sol está baixo (início da manhã ou final da tarde) e a luz atinge o assunto em um lado, fazendo sombra no outro. Aliás, esse é o tipo de luz preferido para fotografar paisagem pois o contraste entre luz e sombra enriquece texturas e formas.

Nessa imagem, feita na Chapada dos Veadeiros / GO a luz lateral do fim da tarde deu ênfase as ondulações do terreno.

A sombra produzida pela luz lateral pode criar formas bem interessantes que muitas vezes se tornam o ponto de interesse da fotografia. Note como é a forma da sombra e brinque com isso na sua composição.

3 - LUZ FRONTAL

Geralmente quando se inicia na fotografia é comum ouvir de outros que

o ideal é se posicione com o sol atrás. Mas, na verdade, esse pode não ser o melhor conselho... Quando o sol está atrás de você iluminando o assunto diretamente de frente chamamos de luz frontal. Esse tipo de luz geralmente resulta numa perda de textura e profundidade na imagem. Se estiver fotografando pessoas dessa forma, pode não ser muito agradável e você corre o risco de fazer uma foto da pessoa com careta, com a testa franzida e olhar miúdo tentando "driblar" o sol intenso no rosto.

Como nesse exemplo, com o sol atrás do fotógrafo, foi difícil manter o olho aberto! :P

A luz frontal produz sombras profundas. Não é sempre que queremos isso na imagem, mas se de repente foi justamente esse fator que te chamou a atenção em uma cena, então não pense duas vezes... Luz frontal funciona bem em cenas com variedade de cores intensas. Pode ser complicado na hora de calcular a exposição... Cheque o histograma e utilize a compensação de exposição para "escurecer" um pouco a imagem. Faça testes e veja quanto precisa compensar.

Essa imagem da corruíra foi feita próxima do meio dia, com luz dura e direta.

4 - LUZ REFLETIDA

A luz refletida é uma luz suave e não direta, que reflete (óbvio! rs) de

uma superfície para outra. Ao contrário da luz direta, a refletida tende a levar junto as cores da superfície onde foi refletida. Veja como exemplo o intrigante Vale da Lua. A luz passa por suas ondulações e aberturas e reflete na parede sem iluminação. A luz refletida é menos intensa, preenche as sombras e leva junto a cor da pedra.

A luz refletida tende a levar a cor da superfície onde foi refletida.

A luz refletida na água também produz um resultado surpreendente! A situação ideal para reflexo na água é quando tem uma luz direta em uma parte colorida do assunto e esse assunto é refletido na água, que está na sombra.

Nesse exemplo, o por do sol ilumina o topo das árvores e cria um reflexo no espelho das águas tranquilas do lago.

O assunto que recebe a luz direta não precisa necessariamente estar na imagem. Nesse exemplo, apenas o reflexo aparece na foto, criando uma sensação mais abstrata.

5 - LUZ DRAMÁTICA

Para capturar a luz dramática de uma tempestade é uma combinação de

2 fatores: estar no lugar certo e na hora certa (e com equipamento na mão, claro!). Assim que notar uma tempestade a caminho, preste atenção na direção do sol e na formação das nuvens para ter uma ideia de um bom lugar para ficar. E claro, você corre o risco de voltar pra casa de mãos vazias, molhado e com frio, ou você pode voltar com uma imagem fantástica! Garanto que vale a pena correr esse risco. Vai ser, no mínimo, divertido!

Assim que percebemos que uma chuva estava a caminho, pegamos o carro e seguimos na estrada, rumo ao temporal. O vento estava MUITO forte! Por isso recomendo que esteja com o filtro UV na sua lente.

Os melhores momentos costumam ser quando a tempestade está se formando, o tempo fechando e as nuvens se aproximando, ou logo depois que terminou, com as nuvens começando a se dissipar e o sol querendo aparecer.

O importante é mesmo cuidar do seu precioso equipamento. Geralmente o vento é forte nesses momentos, tem areia voando, respingos de água e tenho certeza de que você não quer por em risco sua câmera ou lente. Por isso, troque lentes dentro do carro, utilize o filtro UV, proteja a câmera em algum case a prova d'água (ou improvise algo, como um saco plástico). Vá preparado... E então:

Divirta-se!

Extra: NOTURNA

Uma das dificuldades de se fotografar a noite é definir a exposição

correta. Se tiver pontos de luz na sua imagem o ideal é não fotometrar na área de luz, ou a câmera vai levar em conta que toda a sua cena está iluminada daquela forma. Faça testes e veja o que acontece. Lembre-se de utilizar a compensação de exposição; se precisar de mais luz, mova a compensação para a direita (positivo) e se quiser mais escuro mova para esquerda (negativo).

A noite é a hora ideal para brincar um pouco com a longa exposição. Mas tenha em mente que a câmera precisa estar totalmente apoiada. E quando digo apoiada me refiro a um tripé, um muro/pedra ou qualquer outra superfície que não se mova. Tente segurar na mão e você vai ver que não é possível... Na imagem a abaixo a câmera estava no tripé . Foram 30 segundos de exposição.

Se estiver disposto a mais diversão é uma boa hora para fotografar a via láctea. Para isso o ideal é ir para algum lugar afastado das luzes e poluição da cidade. Procure por algo que fique no primeiro plano como uma árvore, montanha... A dificuldade pode ser fazer o foco. Deixar o foco infinito nem sempre é o mais indicado, pois isso varia em cada lente. O melhor então é visualizar no LCD e achar um ponto de luz mais forte para fazer o foco nele. Essa parte é aquela que exige alguns testes... Mas pelo visto esse é o modo mais eficaz para conseguir fotos mais nítidas de estrelas e da via láctea.

Por Michael Matti

Outra ideia legal também é tentar o Star Trail, que exige um tempo bem longo de exposição para captar o movimento dos astros e estrelas. É comum utilizar exposições de 30, 50 minutos. Sim, eu disse MINUTOS! É incrível captar o que nossos olhos não veem! Taí algo que quero começar a praticar esse ano. :D

Por Lincoln Harrison

Uso do Histograma No início isso pode parecer "complicado" demais ou desnecessário, mas checar o histograma é algo que pode ajudar e muito na qualidade de suas imagens. Assim que você faz a foto é possível ver o histograma na própria câmera e assim você já consegue ter uma ideia bem mais real do resultado de sua imagem, se souber entender o que o histograma diz a você. É claro que depois de fazer a imagem é possível ver no visor de LCD. Esse é um ótimo recurso para verificar composição e foco. Mas nem tanto para a exposição... O LCD não dá detalhes precisos e você pode se frustrar quando ver a mesma imagem no computador. Então sem desculpas, use o histograma.

*Dica: procure nas configurações de sua câmera: uma das formas de exibir a imagem após o clique é com o histograma!

É simples: os pretos estão a esquerda, os brancos estão na direita e os meio tons estão entre um e outro. Tudo o que você precisa se atentar é que um pico em qualquer uma das extremidades não é aconselhável.

Se o pico maior está para a esquerda, significa que sua imagem está escura. Uma coisa que você pode fazer é ajustar a compensação de exposição para o positivo, ou regular a velocidade ou abertura. Mas tenha em mente que em algumas situações é interessante ter uma parte da imagem completamente escura: seja em um numa imagem em contraluz ou noturna.

Se o pico está para a direita, significa que a imagem está "estourada" (como é comum dizer) e não tem informação.Nunca deixe que uma parte importante de sua imagem fique nesse pico. Imagens "estouradas" não têm informação e você não consegue trabalhar na edição. Ou seja, é melhor manter o gráfico longe da extrema direita.

Exercício: Para te ajudar a entender melhor a luz, pense em um assunto próximo a você, algo que ache interessante de fotografar e que seja acessível. Fotografe esse mesmo assunto em várias horas do dia, sob diferentes tipos de luz e condição e analise os resultados. Como fica quando fotografado com a luz frontal e direta? E com a luz lateral, do final do dia? Esse é um ótimo exercício que você pode fazer durante o ano todo para notar as diferenças de luz nos períodos do ano. Para obter uma melhora contínua em sua fotografia, torne-se um "estudante da luz". Mesmo naqueles momentos em que você está sem a câmera, esteja atento ao tipo de luz que está a seu redor e como ela se comporta. Perceba as mudanças de sol para sombra e vice-versa. Note a diferença nas cores. A próxima vez que sair para fotografar, ao invés de olhar objetos ou assuntos e pessoas, olhe para a luz. Deixe a luz que estiver disponível dizer a você qual tipo de fotografia fazer.

E agora?

Galen Rowell Meu primeiro pensamento é sempre sobre a luz.

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