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1 Especialização em Microeletrônica com ênfase em Microfabricação de Circuitos Integrados Beijamim Rodrigues de Souza Belo Horizonte 2008

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1

Especialização em Microeletrônica com ênfase em Microfabricação de Circuitos Integrados

Beijamim Rodrigues de Souza

Belo Horizonte

2008

2

Beijamim Rodrigues de Souza

Etapas dos Processo Fotolitográfico Referência: Processo Fotolitográfico

Monografia apresentada no curso de

Especialização em Microeletrônica com ênfase

em Microfabricação de Circuitos Integrados na

Universidade Federal de Minas Gerais como

requisito parcial para obtenção do título de

Especialista em Microeletrônica com ênfase em

Microfabricação de Circuitos Integrados.

Orientador: Flávio Orlando Plentz Filho

Belo Horizonte

2008

3

À minha mãe

4

Agradecimentos

Ao meu orientador Flávio Orlando Plentz Filho que tornou possível a

realização deste trabalho, à FAPEMIG (Fundação de Amparo a Pesquisa do

Estado de Minas Gerais) pelo investimento financeiro concedido durante os

nove meses do curso, a todos os meus colegas do curso pela amizade e pelo

companheirismo, em especial ao Marco Antônio e ao Thiago Barçante,ao grupo

de pesquisa tecnologica: Lente de contato Personalizada e a minha familia.

5

SUMÁRIO

À minha mãe............................................................................................................... 3 RESUMO .................................................................................................................... 6 Lista de Siglas ............................................................................................................ 7 Lista de Figuras .......................................................................................................... 9 1. Introdução............................................................................................................. 12 2. Breve histórico dos processos Fotolitográficos................................................. 13 3. O Sistema Litográfico .......................................................................................... 17 4. Fabricação do Circuito Integrado ....................................................................... 22 4.1 Sala limpa ........................................................................................................... 24 4.2 Fabricação da Foto Máscara ............................................................................ 30 4.3 Limpeza .............................................................................................................. 35 4.4 Deposição da Camada de óxido ...................................................................... 38 4.5 Fotoresiste.......................................................................................................... 40 4.6 Processo de Formação de Imagem ................................................................. 42 4.7 Resistes Positivos e Negativos ........................................................................ 53 4.8 O Resistes SU-8...........................................................................................53 4.8.1 Resistes Amplificados Quimicamente .......................................................... 62 4.9 Spin Coating (cobertura por meio de velocidade de giro) e espessura do Foto Resiste.............................................................................................................. 65 4.10 Pré-cozimento suave: “Pre-Bake”.................................................................. 68 4.11 Alinhamento ..................................................................................................... 71 4.11.1 Exposição...................................................................................................... 74 4.11.2 Revelação. .................................................................................................... 83 4.12 (PEB) Post Exposure Bake (Cozimento Pós Exposição) “hard-baking” .... 84 4.13 Remoção do Fotoresiste................................................................................. 87 5. Litografia por Ultravioleta Extremo (EUVL), ( de 10nm a 15nm) .................. 89 6 Considerações Finais ........................................................................................... 98 Referência............................................................................................................... 100 Bibliografia .............................................................................................................. 103

6

RESUMO

Esta Monografia consiste em um estudo do processo de Fotolitografia.

Tal estudo foi baseado nos capítulos um e dois do livro: Introduction to

Microelectronic Fabrication Vol. V de Richard C. Jaeger e nas aulas expositivas

que tive durante o curso de Microfabricação. No decorrer do curso me

interessei por esta área de conhecimento de grande importância nos processos

de Microfabricação [1], [2].

A historia do processo de fotolitografia inicia-se em 1817 com Joseph

Nicephore Niepce ao pesquisar formas de tornar permanente em um substrato

uma imagem observada em uma câmera escura. Para isso Niepce utilizou

como substrato placas de vidro, pedras calcárias, placas de cobre e estanho.

Desde o trabalho de Niepce, a fotolitografia foi sendo desenvolvida ao longo

dos anos, sendo que, atualmente, existem vários tipos de materiais foto

sensíveis adequados aos diversos tipos de processos de fabricação de

circuitos integrados e micro-sistemas. Além disso, há uma grande linha de

sofisticados equipamentos que tornaram possíveis melhorias na qualidade e

precisão dos processos fotolitograficos [3].

Atualmente, a maior parte do tempo investido na fabricação de

dispositivos eletrônicos é despendida nos processos fotolitográficos, fato que

se justifica devido ao cuidado e atenção que se deve ter na execução de cada

uma de suas etapas. Uma pequena falha em alguma das etapas do processo

de fotolitografia compromete toda a cadeia subseqüente da fabricação de um

circuito integrado.

Ressaltada a importância do processo fotolitográfico, as várias etapas

que o constituem serão descritas neste trabalho, dentre elas: a fabricação das

máscaras, limpeza das lâminas de Silício, foto resistes, processos de

espalhamento e cozimento dos resistes, processos de alinhamento, exposição,

revelação, remoção e inspeção final dos resistes. Informações importantes

sobre a infra-estrutura necessária para a realização dos processos de litografia

em uma sala limpa também serão descritos.

7

Lista de Siglas

Al - Elemento Químico Alumínio. C - Elemento Químico Carbono. CA - Amplificação Química. CAD - Computer – aided – design ( Projeto Auxiliado por Computador).

CI - Circuito Integrado.

CMOS - Tecnologia de Metal-Óxido-Semicondutor Complementares.

Co - Elemento Químico Cobalto.

DC - Dimensão Critica.

DI - Água Deionizada.

DMSDMA-Dimetilsilildimetilamina. DOF - Profundidade de Foco. DPP - Descarga Produzida por Plasma.

DQN – Diazoquinona-Novalak.

DQ – Diazoquinona.

DRAM - Memória de Acesso Dinâmico Aleatório.

DUV - Ultra Violeta Profundo.

ECR - Ressonância Ciclotrônica de Elétrons.

EUVL - Litografia por Ultra Violeta Extremo.

eV - Elétron Volts.

Fe - Elemento Químico Ferro.

Gap - Intervalo de Energia Proibida.

HMDS - Hexametildisilazano. ICA - Indeno Ácido Carboxílico. LPP - Plasma Produzido por Laser.

8

LER - Rugosidade de borda de linha.MEMS - Sistemas Eletro Micro-Mecânicos.

MPU - Unidade de Micro Processamento Principal.N - Elemento Químico Nitrogênio.

Ni - Elemento Químico Níquel.

NMOS Transistor Metal-Óxido-Semicondutor com canal tipo N.

O - Elemento Químico Oxigênio. PAC - Composto Foto Ativo.

PEB - (Post Exposure Baking), Aquecimento Pós Exposição.

PMOS – Transistor Metal-Óxido-Semicondutor com canal tipo P.

PR – Fotoresiste. RCA - (Radio Corporation of America),Empresa. RET- Resoluções por Esforço Técnico.

RF- Radio Freqüência.

RTP- Processamentos Rapidos de Temperatura.

s – Segundo.

TCE – Tricloroetileno.

TMDS – Tetrametildisilazano.

Ti - Elemento Químico Titânio.

ULSI - Integração de ultra larga escala.

VLSI - (Very LargeScale Integration) Escala Integração Muito Larga.

UV - Ultra Violeta.

VUV - Ultravioleta de Vácuo.

9

Lista de Figuras

Figura 1 Câmera construída (cerca de 1850) por Charles Chevalier ............................. 15 Figura 2 Primeiro exemplo de uma fotografia seguida por gravação úmida. (Museu de Ciências, cortesia da Royal Sociedade Fotolitografica)................................................ 17 Figura 3 Fluxograma dos diferentes sistemas de litografia........................................... 18 Figura 4 Parcela de consumo de tempo por processo, na fabricação de CI’s de memórias de alguns Gigabytes. ................................................................................................... 19 Figura 5 Etapas de fabricação de um diodo de junção p-n (a) a pastilha de Silício é usada como substrato; (b) substrato com camada de Si epitaxial dopado com impurezas tipo n; (c) camada de óxido sobre o Si; (d) ilustração do processo de fotolitografia para sensibilizar certas regiões da resina foto-resistiva; (e) difusão de impurezas tipo p através da janela aberta no óxido; (f) estrutura completa do diodo de junção com contatos metálicos. ...................................................................................................... 21 Figura 6 Exemplo de uma foto mascara....................................................................... 22 Figura 7 Ilustração do plano padrão da lâmina usado para identificar lâminas de 100 mm................................................................................................................................... 24 Figura 8 Relação do rendimento da lâmina, (a) área do circuito menor, rendimento maior, (b) Área do circuito maior rendimento menor................................................... 26 Figura 9 Vista esquemática do projeto de uma sala limpa com o sistema de circulação de ar............................................................................................................................ 29 Figura 10 Esquemático de uma sala limpa duplicada com sistema de circulação independente uma da outra.......................................................................................... 29 Figura 11 Estrutura interior de uma moderna sala limpa, classe 100. .......................... 30 Figura 12 Projeto de um CI usando o terminal interativo gráfico CAD ....................... 31 Figura 13 Processo de construção de máscaras de RX com substrato de Si3N4............ 33 Figura 14 Defeitos na máscara. (a)Pontos na parte clara, (b) pontos claros na parte escura (hold), (c) inclusão, (d) Prostrusion (pendente para fora), (e) quebras, (f) Formação de pontes. ................................................................................................... 34 Figura 15 Formas da limpeza RCA ............................................................................. 36 Figura 16 Processo de oxidação termica em função do tempo x temperatura ,(a) oxigênio seco,(b) oxigênio a base do vapor de água .................................................. 40 Figura 17 Diferença básica entre os resistes positivos e negativos quanto à formação da imagem. ...................................................................................................................... 42 Figura 18 Perfil típico de resiste positivo (usado em microeletrônica), após revelação. 43 Figura 19 Processo de formação de imagem,(a) a luz passa através do reticulo , resultando na formação da imagem na estrutura do resiste, a resolução finita da lente resulta na distribuição da luz, a qual não define claramente a borda, (b) Dist. ideal da intensidade da luz em função do comprimento de onda, o qual é capaz de gerar uma borda s/ inclinação (abrupta) [2] [18] [19]. .................................................................. 44 Figura 20 Contraste do resiste plotado, em termos da espessura x dose de exposição, para um contraste infinito e real do resiste (a) resiste positivo e (b) resiste negativo. ... 45 Figura 21 Curva típica de contraste do resiste positivo remanescente após o desenvolvimento. A espessura em função da dose de exposição é plotada de forma logarítimaca, produzindo a curva aproximadamente linear nas mediações de 0 .......... 47 Figura 22 Curva Característica da espessura do fotoresiste. ......................................... 50

10

Figura 23 Resiste formado pelo DQN (Ester diazoquinona e resina fenolitica Novalak)................................................................................................................................... 53 Figura 24 Espectro de uma lâmpada de xenônio-mercúrio Xe-Hg. .............................. 54 Figura 25 Sistema de resiste negativo. A exposição induz diferentes tipos de mudanças no foto polímero. ........................................................................................................ 57 Figura 26 Bis (aryl) azide- sintetizado em borracha resiste com cyclized poly (cis-isoprene) como matriz da resina. ................................................................................. 59 Figura 27 Estrutura química do éter glicidico de bis-fenol-A (SU-8) ........................... 60 Figura 28 Sistema de Amplificação química [19]. ....................................................... 63 Figura 29 Reações químicas desde a exposição óptica à revelação empregando resiste t-BOC, CA. ................................................................................................................... 64 Figura 30 Estágios de cobertura do resiste sobre a superfície da lâmina e os problemas gerados ....................................................................................................................... 66 Figura 31 Gráfico do processo de espalhamento do fotoresiste na superfície (veloc. versus tempo).............................................................................................................. 67 Figura 32 Espessura do resiste versus a velocidade de espalhamento........................... 68 Figura 33 Forno de Convecsão .................................................................................... 70 Figura 34 (a) Esquematico de uma chapa quente, (b) chapa quente em linha continua, (c) Uma única lâmina na chapa quente. ....................................................................... 70 Figura 35 Aquecimento por infravermelho .................................................................. 71 Figura 36 Aquecimento com fonte de micro ondas. ..................................................... 71 Figura 37 Posicionamento da máscara sobre a lâmina e vise versa .............................. 72 Figura 38 Tipos de alinhamentos de máscara............................................................... 73 Figura 39 Tipos de desalinhamentos (a) direção x, (b) rotacional e (c) descentralizado.................................................................................................................................... 73 Figura 40 Perfil de distribuição da luz na superfície do fotoresiste, após a luz passar através da máscara contendo linha e espaço igual. ....................................................... 74 Figura 41 Refletividade subsuperficial ........................................................................ 75 Figura 42 Efeitos de ondas permanentes, (a) Durante a exposição e (b) após a revelação.................................................................................................................................... 76 Figura 43 Esquemático básico do sistema de exposição por contato ............................ 77 Figura 44 Técnicas de fixação da máscara por proximidade (a) ou (b) por contato direto................................................................................................................................... 79 Figura 45 Esquemático do sistema de exposição passo a passo.................................... 79 Figura 46 Com uma variável abertura pode equilibrar a resolução, DOF, e o rendimento para diferentes aplicações............................................................................................ 81 Figura 47 Padrões de resiste e do dióxido de Silício, resultante do processo da fotolitografia,com resiste positivo ou negativo ............................................................ 83 Figura 48 Ilustrando o aspecto final dos tipos de corrosões Isotropica e anisotropica respectivamente figura 48 (a) e (b) .............................................................................. 86 Figura 49 Linha evolutiva dos processos litográficos com previsões até 2013 ............. 91 Figura 50 Imagens gravadas com resiste em EUV, (AMD).......................................... 92 Figura 51 Sistema óptico em EVUL............................................................................ 95 Figura 52 protótipo de um alinhador para EUVL [25]. ................................................ 97

11

Lista de Tabelas

Tabela 1: Classificações por classe da eficiência de filtração em Sala Limpa [1] ......... 26 Tabela 2: Contraste Típico dos resistes selecionados [19]............................................ 48 Tabela 3: Comparação de resistes [14] ........................................................................ 56 Tabela 4: Parâmetros típicos para processos ópticos [19]............................................. 81 Tabela 5: Processos de remoção completa de fotoresiste [14] ...................................... 87

12

1. Introdução

A superfície geométrica dos vários componentes existentes em um

circuito integrado (CI) é definida pelo processo de fotolitografia descrito

resumidamente a seguir: a superfície do Silício é revestida com uma camada

fotossensível e depois exposta á luz através de uma máscara padrão.. Após a

exposição a camada fotossensível é então desenvolvida, ou revelada, por

exposição à luz, através de um padrão contido na máscara sobre o wafer de

Silício. Superfícies geométricas muito pequenas podem ser precisamente

produzidas por esta técnica [4].

O wafer é o material base utilizado nos processos de fabricação dos

circuitos integrados (CIs). É uma lâmina fina, normalmente circular, de material

semicondutor, geralmente Silício. Os wafers podem ser de outros materiais

como: germânio, quartzo, vidro etc. Sua fabricação consiste no crescimento de

um tarugo (bastão) de Silício (ou outro material) utilizando processos de

crescimento de cristais como Czochralski ou o método Float Zone. O tarugo é

então cortado em fatias finas e têm suas faces polidas, sendo comumente

denominados wafers (lâminas).

O Silício (Si) tem sido o material mais utilizado nos processos de

fabricação dos CI’s devido a algumas propriedades que o tornaram dominante

e propício aos processos de fabricação: ele é um material que pode ser

facilmente oxidado para formar um isolante elétrico de alta qualidade e de

espessura controlada sobre sua superfície. Esta camada de óxido provê

também uma excelente barreira para as etapas seletivas de difusão

necessárias na fabricação dos CI’s. O Si é um elemento abundante na

natureza, tem baixo custo e, quanto às suas propriedades eletrônicas, possui

um gap de energia indireto (energia da banda proibida) de 1,12(eV), bem maior

que a energia térmica à temperatura ambiente e, finalmente, pode suportar

altas temperaturas, tendo um ponto de fusão em 1200 °C [1], [4].

Tendo em vista a importância dos processos fotolitográficos como parte

fundamental na construção dos mais diversos dispositivos eletrônicos, como

nas tecnologias CMOS, NMOS, PMOS e MEMS, ter conhecimento e domínio

dos processos fotolitográficos na construção de uma destas tecnologias citadas

é de suma importância para o bom funcionamento dos dispositivos e da

13

garantia do sucesso do investimento aplicado na fabricação dos mesmos.

No processo de fabricação, as etapas fotolitográficas devem ser

criteriosamente executadas, por exemplo: os tempos de cozimento, exposição

e revelação devem ser rigorosamente controlados, pois caso contrário,

qualquer alteração ou mudança de parâmetros em uma destas etapas pode

comprometer a qualidade desejada no processo. Sendo assim, é fundamental

que o operador esteja seguro dos passos a serem feitos no processo em que

for executar, estando sempre atento aos parâmetros de controle do mesmo.

Esta monografia tem como objetivo descrever de forma mais detalhada

as etapas básicas do processo de fotolitografia anteriormente citadas, dando

ênfase à organização seqüencial de execução de cada etapa, procurando

ressaltar, em cada etapa, suas particularidades, importância e implicações que

podem, de certa forma, influenciar nas demais etapas do processo de

construção dos circuitos integrados.

Para se ter uma melhor compreensão do inicio do processo, alguns fatos

históricos serão explorados no texto e, na seqüência, a infra-estrutura e

funcionamento do ambiente conhecido por sala limpa, local onde se realizam

estes processos de fabricação, serão descritos. O ambiente de uma sala limpa

deve cumprir severas exigências como: controle de temperatura, umidade e

monitoramento do número de particulados no ar, devido à necessidade de

controlar-se a contaminação nos processos de fabricação.

2. Breve histórico dos processos Fotolitográficos

A história da fotografia pode ser contada a partir de experiências

executadas por químicos e alquimistas desde a mais remota antiguidade. Por

volta de 350 a.c, aproximadamente na época em que viveu Aristóteles, na

Grécia antiga, se conhecia o fenômeno da produção de imagens pela

passagem da luz através de um pequeno orifício. Alhazen, por volta do séc.

x, descreveu um método de observação dos eclipses solares através da

utilização de uma câmera escura. A câmera escura da época consistia de um

quarto com um pequeno orifício aberto para o exterior [5].

No séc. XVIII, a falta de informações sobre as transformações químicas

14

causadas pela luz em alguns materiais era o principal obstáculo à evolução

da fotografia. Os efeitos da mudança química causadas pela luz foram

atribuídos, até então, ao ar e ao calor. Em 1725, o professor Johann Heinrich

Schulze (1687-1744), da Universidade de Altford, Alemanha, notou que o

escurecimento de sais de prata, utilizado nos filmes fotográficos, ocorria

devido exclusivamente à luz e não ao calor ou ao ar como se pensava [6].

Este escurecimento dos sais de prata pela luz solar se explica pela foto-

sensibilidade dos materiais, que é a sensibilidade dos materiais à exposição

da luz solar. Grande parte dos materiais existentes é fotossensível, podendo

sofrer modificações em sua estrutura com a luz. A exemplo: um tecido que

desbota no sol, ou mesmo a tinta de uma parede que vai aos poucos

perdendo a cor, mas algumas demoram milhares de anos para se alterarem,

enquanto outras, apenas alguns segundos já lhes são suficiente. Para a

reprodução de uma imagem, de nada adiantaria um material de pouca foto-

sensibilidade. Os haletos ou sais de prata modificam-se rapidamente com a

ação da luz, enegrecendo-se na mesma proporção em que recebem luz.

Sucessivamente, entre os anos de 1727 a 1800, foram obtidas imagens a

partir de papéis embebidos em soluções de sais de prata. A maior parte

dessas experiências eram feitas como uma cópia por contato, ou seja, algum

objeto era colocado sobre o papel sensibilizado, e assim se obtinha uma

imagem ou silhueta daquele objeto (o objeto era utilizado como máscara).

Contudo, ainda antes de 1800, Wedgwood, um pesquisador da

Inglaterra, chegou a utilizar a câmera escura para obter, com sucesso, essas

imagens, embora ainda elas não fossem permanentes. O problema é que

após ser feita a impressão da imagem no papel com sais de prata, esta

imagem não se mantinha estável, pelo simples fato que a prata continuava

fotossensível, reagindo à luz e ficando mais negra à medida que recebia

maior quantidade de luz. Portanto ao gravar uma imagem com os grãos de

prata, para que a mesma pudesse ser vista era preciso ser levada à luz do

sol, porém a prata continuava a ser sensibilizada, enegrecendo

gradativamente toda a superfície da imagem obtida. Este foi o principal

problema que os pioneiros da fotografia enfrentaram: a busca de um método

15

eficiente de estabilizar a prata, impedindo-a de se sensibilizar após o registro

da imagem [3].

Após a experimentação de diferentes tipos de resinas expostas à luz

do sol, Joseph Nicephore Niepce, nascido em 1775 em Chalon-sur-Saône na

França, considerado o inventor da fotografia e do processo que evoluiu para

a fotolitografia moderna, conseguiu tornar permanentes em um suporte

(base) imagens observadas em uma câmera escura construída por Charles

Chevalier figura1.

Figura 1 Câmera construída (cerca de 1850) por Charles Chevalier

Em seus estudos, Niepce focou sua atenção em uma resina chamada

Gaiacum. Essa resina amarela tornava-se verde ao ser exposta ao sol,

perdendo sua solubilidade em álcool.

Ele obteve resultados muito bons com a luz do sol, ou seja, quando a

resina era exposta ao sol, ela se tornava insolúvel ao álcool, permitindo gravar

padrões (figuras) em um substrato caso a resina fosse exposta ao sol com uma

máscara contendo o padrão da imagem a ser gravada. Porém, Niepce não

obteve sucesso utilizando a resina Gaiacum em uma câmera escura, pois as

lentes, componentes da parte óptica da câmera, bloqueavam os raios ultra-

violetas (UV) não permitindo a polimerização da resina. Dessa forma, ele

percebeu que a resina Gaiacum era sensível à parte UV do espectro de luz

solar [2].

A primeira fotografia conseguida no mundo foi tirada no verão de 1826,

16

da janela da casa de Niepce, encontra-se preservada até hoje. Esta descoberta

se deu quando o francês pesquisava um método automático para copiar

desenho e traço nas pedras de litografia [5]. A palavra litografia é derivada do

grego: lithos que significa pedra e graphein que significa gravura ou escrever.

Logo, litografia pode ser traduzida por gravura ou escrita em pedra.

Niepce sabia que alguns tipos de asfalto, entre eles o betume da Judéia,

endurecem quando expostos à luz. Para realizar seus experimentos, ele

dissolveu em óleo de lavanda (alfazema) o asfalto, cobrindo com esta mistura

um material formado por uma liga de antimônio, estanho, cobre e chumbo.

Colocou em cima da superfície preparada uma ilustração a traço, banhada em

óleo, com a finalidade de ficar translúcida. Feito isso, ele expôs ao sol

resultando no endurecimento (polimerização) do asfalto em todas as áreas

transparentes do desenho que permitiram à luz atingir a chapa, porém, nas

partes protegidas, o revestimento continuou solúvel. Niépce então lavou a

chapa com óleo de lavanda removendo o betume não polimerizado. Depois

imergiu a chapa em ácido, este penetrou nas áreas em que o betume tinha sido

removido e as corroeu, formando desta forma uma imagem que poderia ser

usada para reprodução de outras cópias.

Niepce, continuando seus estudos a cerca das resinas e suas reações à

luz solar, preparou um tipo de foto resiste negativo. Cinco anos mais tarde, em

1827, utilizando ácido forte, o parisiense Lemaitre conseguiu gravar a cópia de

uma gravura do Cardeal d'Amboise em um prato desenvolvido por Niépce

figura 2. Este exemplo representa um dos primeiros resultados da transferência

de padrão por fotolitografia e processo químico. A precisão desta técnica era

de 0,5 a 1mm [7], [2].

17

Figura 2 Primeiro exemplo de uma fotografia seguida por gravação úmida. (Museu de Ciências,

cortesia da Royal Sociedade Fotolitográfica)

3. O Sistema Litográfico

A litografia é um conjunto de tecnologias que compreende a fabricação

de máscaras matrizes, técnicas de exposição de materiais sensíveis e

instrumentação sofisticada. A partir do projeto das dimensões dos dispositivos e

sua localização dentro do circuito integrado, existem diversas alternativas para

o seu processamento litográfico. A escolha entre uma técnica ou outra

dependerá de vários fatores, tais como: a necessidade de resolução de uma

etapa específica, tecnologia existente ou da relação custo/capacidade de

produção do processo.

O fluxograma da figura 3, com as várias alternativas dos processos

litográficos atualmente em uso, mostra que a partir da entrada com as

especificações do projeto é gerada uma máscara matriz utilizando

equipamentos litográficos de precisão, como a escrita por feixe eletrônico. Esta

máscara pode já ser nas dimensões reais do CI (mícron ou sub-micron) ou em

dimensões em escala de 5 ou 10 vezes maior. No primeiro caso (1x), a

máscara matriz pode ser usada diretamente na “exposição por contato” com luz

ultravioleta ou Raios-X, de modo a transferir a sua imagem para a superfície da

lâmina semicondutora. No segundo caso, a máscara (5X ou 10X maior), deve

ter sua imagem reduzida durante a transferência dos padrões para o substrato,

com a mesma proporção (5X ou 10X de redução). Existe ainda uma terceira

18

alternativa, que é a gravação direta na lâmina com o feixe eletrônico,

dispensando totalmente a necessidade das máscaras padrões. A escolha entre

uma ou outra opção vai depender de detalhes técnicos e econômicos do

processo [8].

Figura 3 Fluxograma dos diferentes sistemas de litografia

A litografia representa um dos elementos de maior investimento e custo

na produção dos CI’s. A escolha dos processos litográficos e a seleção dos

19

equipamentos devem ser ponderadas delicadamente no balanço de custos,

desempenho e produtividade.

No processo de produção dos CI’s, a litografia é a parte que consome o

maior tempo de trabalho, pois as exposições devem ser feitas lâmina a lâmina.

Esta tendência deve ser mantida e os processos litográficos continuarão sendo

as etapas de maior consumo de tempo na fabricação dos CI’s. Na figura 4, a

seguir, temos um exemplo que aponta que na fabricação das memórias de

vários Gigabytes, previstas para os próximos anos, a litografia deve ser

responsável por aproximadamente 60% do tempo total de fabricação [8].

Figura 4 Parcela de consumo de tempo por processo, na fabricação de CI’s de memórias de alguns

Gigabytes

Entre os vários tipos e técnicas que foram desenvolvidas com os

avanços litográficos podemos citar: Litografia Óptica, Litografia com Raios X, e-

Beam (Litografia por Feixe de Elétrons), Ion-Beam (Litografia por Feixe de

Íons), Litografia de Imersão e EUVL (Litografia por Ultra Violeta Extremo, de

13nm). Todas estas técnicas têm suas particularidades de custo, além de

vantagens e desvantagens, as quais devem ser muito bem avaliadas na

aplicação de um processo específico.

A fim de exemplificar a aplicação da litografia em um processo de

fabricação de um CI, a figura 5 mostra as etapas mais importantes da

20

fabricação de um diodo de junção p-n por difusão, utilizando a tecnologia

planar introduzida no início da década de 60. O Primeiro passo consiste na

preparação da pastilha do cristal semicondutor, o substrato, mostrado na figura

5(a). Cerca de 90% dos dispositivos semicondutores são feitos com Silício

mono cristalino. A pastilha com espessura de algumas centenas de micra

(tipicamente entre 250m e 600 m), é obtida pelo corte em fatias de um

bastão (tarugo) de Si, sendo suas superfícies polidas após o corte. Em geral o

cristal de Si é crescido com alta concentração de impurezas tipo n, sendo por

isso denominado de n+. A alta concentração facilita a formação de contato

ôhmico com a camada metálica depositada posteriormente figura 5(f).

A etapa seguinte consiste em crescer sobre o substrato uma camada de

Si tipo n, com menor concentração de impurezas, usando a técnica de

crescimento epitaxial figura 5(b). A pastilha é então levada ao forno numa

atmosfera de oxigênio para a formação de uma fina camada (menor que 1 µm

de espessura) de óxido de Silício SiO2 figura 5(c). A etapa seguinte é a

Fotolitografia, que é utilizada para remover seletivamente o óxido de algumas

regiões nas quais deseja-se fazer a difusão de dopante tipo-p, em geral Boro.

Uma película de resina foto sensível é espalhada sobre a camada de óxido e

levada a um forno para secar. A resina passa a ser solúvel em soluções

aquosas básicas após sua exposição à luz ultra-violeta. A foto-sensibilização,

em certas regiões, é feita por luz ultravioleta que passa pelas aberturas de uma

máscara colocada sobre a resina, e que contém o desenho desejado. A figura

5(d) mostra a parte opaca da máscara, evitando que a área na qual não se

deseja fazer a difusão seja exposta á radiação ultravioleta. Em seguida usa se

um solvente para remover a resina da região exposta e depois coloca-se a

pastilha num banho diluído de ácido fluorídrico (HF), que corrói a camada de

óxido. Através da janela aberta no óxido é feita a difusão de impurezas tipo p

em um forno a alta temperatura (da ordem de 1000°C) figura 5(e). Finalmente a

estrutura é completada com a deposição de filmes metálicos para os contatos

elétricos externos figura 5(f) [9].

21

Figura 5 Etapas de fabricação de um diodo de junção p-n (a) a pastilha de Silício é usada como substrato; (b) substrato com camada de Si epitaxial dopado com impurezas tipo n; (c) camada de óxido sobre o Si; (d) ilustração do processo de fotolitografia para sensibilizar certas regiões da resina foto-resistiva; (e) difusão de impurezas tipo p através da janela aberta no óxido; (f) estrutura completa do diodo de junção com contatos metálicos

Fotolitografia é um processo de transferência de padrões de uma

máscara contendo um modelo para a superfície de um material sólido. Exige

condições ambiente temperatura, umidade e “particulados” muito bem

controlados.

No início do desenvolvimento a fotolitografia era um processo binário, ou

seja, não havia escala de tons cinza, e nem profundidade de imagem,

atualmente, com os avanços fotolitográficos, é possível obter efeitos com tons

de cinza através das técnicas de exposição e da química do foto resiste [2].

No processo fotolitográfico, ao revestir o substrato monocristalino com

uma solução polimérica foto-sensível (fotoresiste) uma máscara padrão é

colocada, posteriormente, sobre o substrato que contém o fotoresiste para

definir com precisão as áres que serão abertas na superficie do substrato. Após

a exposição através da máscara, e o subsequente desenvolvimento do foto

resiste, as áres abertas resultantes permitem a formação de um filme fino,

como de: dioxido de Silício ou nitreto de Silício. O filme fino formado na

22

estrutura pode ter a função de seletividade da ação química entre os materiais

como pode servir para efeitos de dopagem de outros materiais que formarão

camadas subjacentes na estrutura da lâmina [4].

A figura 6 ilustra uma foto máscara tipica a qual possui centenas de

padrões idênticos que permitem a fabricação de muitos circuitos integrados em

uma mesma lâmina. A área selecionada na lâmina para exposição deve ser

tratada em cada uma das várias etapas do processo. Uma única máscara é

requerida para cada etapa [10].

Figura 6 Exemplo de uma foto mascara

4. Fabricação do Circuito Integrado

Um circuito integrado é um dispositivo microeletrônico que consiste de

muitos transistores e outros componentes interligados capazes de

desempenhar muitas funções. Suas dimensões são extremamente reduzidas,

os componentes são formados em pastilhas de material semicondutor. A

importância da integração está no baixo custo e no alto desempenho, além do

tamanho reduzido dos circuitos aliados à alta confiabilidade e estabilidade de

23

funcionamento. Uma vez que os componentes são formados ao invés de

montados,a resistência mecânica destes permite montagens cada vez mais

robustas a choques e impactos mecânicos, permitindo a concepção de

portabilidade dos dispositivos eletrônicos [11].

Pode-se dizer que a fabricação de um CI começa com uma lâmina de

Silício do tipo n ou do tipo p, fornecido com uma resistividade específica. A

variação da espessura de uma lâmina é de 250 a 600 µm e possui diâmetros

entre 50mm e 300mm, dependendo do tipo de processo e do tipo de

dispositivo. Atualmente os processadores e memórias utilizados em

computadores são processados em lâminas de 300mm. As lâminas de Silício

são identificadas por um sistema padrão de bordas ou por uma flange reta na

lâmina. Estes para indicar se a lâmina é do tipo p ou do tipo n e ainda indica a

orientação da superfície, como por exemplo, se o plano tem orientação

<100>,<111>,<001>.Como indicado na figura 7.

24

Figura 7 Ilustração do plano padrão da lâmina usado para identificar lâminas de 100 mm

O plano preliminar da lâmina identifica o plano do cristal <110>. Este

sistema de identificação é utilizado para as lâminas de 100 mm de diâmetro,

geralmente para as lâminas com diâmetro acima dos 150 mm usa-se outros

sistemas de identificação.

Na seqüência deste texto seguem as etapas que compõem o processo

básico da fotolitografia, utilizadas freqüentemente na fabricação dos circuitos

integrados. Conforme o propósito desta monografia, a seguir, serão descritos

esses processos, relatando suas particularidades. A seqüência aqui

apresentada segue a ordem como na pratica são executadas [1].

Sala limpa;

Fabricação da foto máscara;

Limpeza da lâmina;

Deposição da camada de óxido;

Fotoresiste;

Espalhamento do fotoresiste (spin coat);

Pré cozimento (soft bake);

Alinhamento e exposição;

Cozimento pós-exposição;

Inspeção e corrosão;

Remoção total do foto resiste.

4.1 Sala limpa

É preciso manter condições de ultra-limpeza durante os processos de

litografia. Algumas partículas de poeira no substrato ou que caem no substrato

durante o processamento podem resultar em defeitos como imperfeições no

espalhamento do resiste [1].

Após o processamento das lâminas, durante a fabricação dos circuitos,

elas seguem para uma etapa de teste em que cada circuito é testado. Os

circuitos que não passaram no teste são marcados, na lâmina, com uma gota

25

de tinta para serem descartados em uma etapa posterior. O rendimento de um

processo de fabricação de circuitos é dado pela relação entre a quantidade de

circuitos bons pela quantidade de circuitos total na lâmina. O rendimento de

uma lâmina depende fortemente da área do circuito e da densidade de defeitos

na lâmina

É importante notar como o tamanho da área de um circuito pode afetar

no rendimento da lâmina. A figura 8(a) e figura 8(b), mostram as lâminas com

os circuitos defeituosos marcados com um ponto de tinta e os circuitos bons

entre eles (sem marca). No caso da figura 8(a), a lâmina tem 120 circuitos, no

total, dos quais 52 são bons, tendo, portanto seu rendimento dado por: Y =

52/120 = 43%. A lâmina da figura 8(b) possui 60 circuitos, no total, dos quais

13 são bons, o que resulta em um rendimento de Y=13/60 = 22%. Comparando

os dois casos notamos a queda no rendimento. No caso da figura 8(b), os

circuitos possuem áreas maiores, isto reduz o número de circuitos que cabem

na lâmina, e tendo a lâmina um certo número de defeitos, os mesmos serão

distribuídos “aleatoriamente “entre estes poucos circuitos, o que aumenta as

chances de terem mais circuitos com defeitos do que circuitos bons [12]. Por

exemplo, uma CPU que ocupa uma área de 49mm2 tem um rendimento de

58% enquanto que uma memória “cache”, que ocupa uma área de 129mm2

tem um rendimento de 37%, ambos usando um processo de 1,4m. O baixo

rendimento pode ser entendido pelo grande número de etapas necessárias

para o processamento de um dispositivo completo. Nos processadores mais

modernos, entre a entrada de um conjunto de pastilhas na linha de produção e

o produto final encapsulado passam-se 2 semanas, 24 horas por dia, 7 dias por

semana.

26

Figura 8 Relação do rendimento da lâmina, (a) área do circuito menor, rendimento maior, (b) Área

do circuito maior rendimento menor A fim de evitar ao máximo qualquer tipo de contaminação da lâmina,

todos os processos fotolitográficos são realizados em sala limpa, onde se exige

baixo nível de poluentes como: poeira, bactérias, partículas em aerossol e

vapores químicos. A temperatura e a umidade devem, também, serem

rigorosamente controladas. O controle de contaminação é especificado pelo

número de partículas em suspensão por pé cúbico de ar e pelo diâmetro desta

partícula. O nível desejado de remoção das partículas do ambiente depende do

padrão necessário a ser alcançado. A norma federal 209E é um documento

que estabelece o padrão de pureza do ar em salas limpas. Regras rígidas de

procedimento devem ser seguidas para prevenir a contaminação do produto e

também do ambiente. A partir de 2001 passou a ser utilizada a norma ISSO

14644-1.

Uma Sala Limpa é equipada com um sistema de filtração para remover as

partículas do ar. Como citado anteriormente, o grau de limpeza da sala limpa é

avaliado pelo número máximo das partículas medidas por pé cúbico ou por

metro cúbico de ar como mostrado na tabela 1 [13]. Tabela 1: Classificações por classe da eficiência de filtração em Sala Limpa [1]

Classe Número de particulas de 0.5m por ft3 (m3)

Número de particulas de 5m por ft3 (m3)

10,000 10,000 (350,000) 65 (23,0000) 1,000 1,000 (35,000) 6.5 (2,300) 100 100 (3,500) 0.65 (230) 10 10 (350) 0.065 (23)* 1 1 (35)* 0.0065 (2.3)*

27

Para comparação o nível de poeira de um ambiente convencional esta

por volta de 400.000 partículas/ft3 com um diâmetro de 0,5 µm [1]. O nível de

limpeza de uma sala considerada limpa começa a partir de 100.000

partículas/ft3 e vai até 0,01 partículas/ft3 ou menos. A sala limpa classe 100 é

projetada para ter no máximo 100 partículas de 0,5µm ou maior, por ft3 de ar.

Classe 1000 e classe 10.000 são projetas para o limite de 1000 e 10.000

respectivamente. As Salas Limpas evoluíram da classe 100 para a classe 1,

propiciando o processamento VLSI (Escala Muito Larga de Integração) / ULSI

(Ultra- larga escala de integração).

No funcionamento de uma sala limpa, o ar externo que entra passa por

um sistema de filtros. O sistema é construído por um pré-filtro (ou filtro grosso)

para eliminar partículas entre 5 e 10 µm. Um segundo filtro (fino), intermediário,

filtra partículas entre 1 e 5 µm. Há um terceiro filtro (absoluto) ou HEPA – hith

efficiency particulate air (alta eficiência em partículas do ar), em geral

construído com papel de microfibra de vidro plissado, para partículas menores

que 1µm.

O ar é insuflado na sala limpa, normalmente pelo teto, é extraído pelo

piso, (condutor e perfurado). Internamente o ar é constantemente recirculado

através de filtros de alta eficiência para remover a contaminação gerada

internamente. O ar dentro da sala é unidirecional e contínuo, o que renova

totalmente o ar da sala várias vezes por hora. Os equipamentos usados em

sala limpa são projetados para gerar o mínimo possível de contaminação. Os

níveis de particulados são monitorados por um contador de partículas. As salas

limpas são mantidas com uma pressão de ar ambiente superior ao lado de fora

para evitar qualquer possibilidade de entrada de partículas externas devido a

vazamento [13].

O que realmente define a classe é a taxa de renovação do ar dentro da

sala e a cobertura de filtros. Por exemplo, para salas limpas classe 10.000

requerem entre 60 e 90 renovações de ar por hora e de 15% a 20% de

cobertura de filtros HEPA. Salas classe 100 requerem entre 240 e 480

renovações por hora e entre 35% e 70% de cobertura por filtros HEPA.

Partículas são geradas não só pelos materiais e equipamentos, mas

principalmente pelas pessoas, razão pela qual todos devem usar uniformes

apropriados (macacão, capuz, luvas, pantufas e botas) nas salas limpas.

28

Partes dos uniformes são descartáveis e outras laváveis; a lavagem precisa ser

em lavanderia especializada. Antes de entrar na sala para vestir o uniforme é

usual passar por um limpador de sapatos. A ante-sala usada para vestir o

uniforme já é mais limpa que o ambiente externo e é mantida a uma pressão

maior que a externa. As pessoas já uniformizadas devem passar por chuveiros

de ar limpo antes de entrar nas salas de produção, que são ainda mais limpas

e mantidas a uma pressão mais elevada.

Além do controle de partículas, as salas limpas também possuem

controle de temperatura, umidade e pressão. O controle desses parâmetros na

sala de fotolitografia é ainda maior pois desse controle depende a

reprodutibilidade dos processos de fotolitografia. A área de fotolitografia deve

possuir iluminação apropriada (amarelada) para o trabalho com materiais foto-

sensíveis ao ultra-violeta. A temperatura nas salas limpas é mantida em torno

de 21°C, com variação em torno de +/- 1°C; a umidade relativa do ar é mantida

em torno de 45% (+/- 5%); no ambiente classe 100 a velocidade do ar é em

torno de 0,3 a 0,5 m/s; a vibração deve ser menor que 25 µm pico a pico; a

resistividade da água ultra pura (ou deionizada) deve ser em torno de 18,2

M.cm [12].

A fim de ilustrar um pouco melhor a estrutura de uma sala limpa, a figura

9 mostra um desenho esquemático do espaço da sala e do sistema de

circulação de ar. O ar entra na sala pelo teto e sai pelo piso, sendo novamente

purificado, retornando ao ciclo. A figura 10 ilustra o esboço duplicado de uma

sala limpa com um sistema de filtração e circulação de ar dedicado a cada uma

das áreas da sala e a figura 11 mostra o esquemático de uma sala limpa classe

100, típica de uma linha de produção industrial, com seus sofisticados

equipamentos requeridos nos altos níveis de produção da litografia moderna

[12], [13].

29

Figura 9 Vista esquemática do projeto de uma sala limpa com o sistema de circulação de ar

Figura 10 Esquemático de uma sala limpa duplicada com sistema de circulação independente uma

da outra

30

Figura 11 Estrutura interior de uma moderna sala limpa, classe 100

4.2 Fabricação da Foto Máscara

A máscara é uma placa de vidro com um arranjo de padrões utilizada em

processos como foto máscara. Cada padrão consiste em uma área clara e

outra opaca que, respectivamente, permite ou impede a passagem da luz. A

máscara é alinhada com o padrão existente na lâmina de Silício e usada para

expor o fotoresiste [8]. As máscaras são construídas com o objetivo de que seu

padrão geométrico seja capaz de delinear completamente os componentes de

um circuito integrado. Como as estruturas dos dispositivos são formadas por

camadas de filmes finos em multiniveis, é necessária uma máscara padrão

para cada etapa de fotolitografia. Em um microprocessador podemos ter 15 ou

mais níveis diferentes de fotolitografia. Devido às necessidades impostas pela

alta intensidade de integração, a geração das máscaras padrões é um

31

processo que requer sofisticados equipamentos e bons recursos

computacionais, sendo um processo que consome tempo e custos

consideráveis. Atualmente, com a grande complexidade dos CIs, o projeto das

máscaras só pode ser efetivamente realizado com auxilio de um sistema

computacional conhecido como CAD (Computer–aided–desing). O CAD dispõe

de uma estação gráfica de projeto onde o projetista pode desenhar as células

básicas de um CI, calculadas anteriormente, em função da tecnologia a ser

empregada. A seguir, as células podem ser repetidas e interconectadas

formando-se o CI desejado. Antes da arte final, cada nível de máscara é

desenhado com cores diferentes, sobrepostas, em uma mesa X-Y de grandes

dimensões. Se com base neste resultado, se o projetista não encontrar mais

erros e estiver satisfeito, os dados estão prontos para a fabricação das

máscaras padrões. A figura 12 ilustra a interfase gráfica do CAD/CAM com o

esboço de um circuito integrado, já em fase final de elaboração [10].

Figura 12 Projeto de um CI usando o terminal interativo gráfico CAD

32

Na escolha dos materiais utilizados na fabricação das máscaras é

necessário que o substrato deva ser o mais transparente possível aos fótons

utilizados na foto reprodução destas máscaras, enquanto que o filme de

gravação deve ser o mais absorvente possível. As máscaras, que são expostas

em luz ultravioleta (UV), até 365nm, podem ser fabricadas com substratos de

vidro óptico, com transparência maior que 90% para comprimentos de onda ()

de até 0,365m. Abaixo deste valor temos a faixa do Utravioleta profundo

(Deep UV), onde o emprego de substratos de Sílica Fundida é imprescindível.

Para o material de gravação (máscaras), que forma o filme opaco ao UV, o

mais comum é a utilização de filmes de cromo.

Quanto menor a espessura da máscara, melhor é a resolução da

gravação [8]. O cromo é bastante interessante, pois com espessuras em torno

de 500 Å a 900 Å (0,05 a 0,09)µm, é possível ter absorbância óptica suficiente

para se conseguir foto reproduções com ótimo contraste. Além disso, sua

superfície pode ser levemente oxidada de 200Å a 300Å ,conseguindo-se um

coeficiente de reflexão menor que 5%. Este fator é importante para se garantir

a alta qualidade de reprodução quando se realiza a exposição de lâminas

metalizadas, pois neste caso, o alto coeficiente de reflexão das lâminas poderia

causar reflexões múltiplas. O cromo também possui boa estabilidade

dimensional, aderência e alta dureza, o que contribui para a elevada

durabilidade destas máscaras [8].

Na faixa dos Raios-X as especificações necessárias são mais difíceis de

serem atendidas. Para se ter uma transmissão adequada os substratos devem

ter espessuras tipicamente entre 1µm a 10µm o que torna o problema de

estabilidade dimensional bastante sério. A figura 13 mostra como um substrato

de nitreto de Silício (Si3N4) ultrafino pode ser usado como membrana no

processo de fabricação de uma máscara para raios-x. Partindo-se de uma

lâmina de Silício oxidada em ambas as faces, utiliza se um processo litográfico

de abertura de janelas e corrosão da superfície inferior, até o alcance do filme

fino de nitreto, depositado sobre a superfície superior do substrato de Silício,

em etapa intermediária. Sobre a membrana de nitreto será construída a

máscara. O ouro é o material absorvente mais utilizado, pois sua atenuação

aos Raios-X é da mesma ordem de grandeza dos outros elementos pesados,

33

tais como: cobre prata, platina, níquel, cobalto etc. e suas vantagens é a de

permitir facilidade no ataque de gravação e de ser simples a tecnologia de sua

deposição sobre o substrato. A espessura do ouro deve ser ajustada em

função do contraste desejado, o que dependerá do resiste e do escolhido [8].

Figura 13 Processo de construção de máscaras de RX com substrato de Si3N4

34

Defeitos em uma máscara/retículo acabam causando defeitos na lâmina

(substrato) ou desvio de padrão. Existem três defeitos comuns que ocorrem na

máscara/retículo: o primeiro é a contaminação com sujeira ou manchas na

parte clara da máscara/retículo. Em óptica litográfica, eles podem bloquear a

luz e imprimir, na lâmina, uma região opaca onde deveria ser transparente,

como se fosse realmente opaco no padrão da máscara. O segundo defeito é

causado por rachaduras no quartzo. Este defeito pode bloquear ou espalhar a

luz no padrão da máscara, causando imagens indesejadas ou imagens

distorcidas. O terceiro tipo de defeito é causado por distorções no padrão da

máscara/retículo, eles ocorrem no processo de fabricação das próprias

máscaras. Estes defeitos incluem furos ou pontos no cromo, extensão do

padrão ou a perda de partes dele, quebras do padrão ou pontes construídas

entre padrões adjacentes. A figura 14 mostra exemplos destes defeitos.

Figura 14 Defeitos na máscara. (a)Pontos na parte clara, (b) pontos claros na parte escura (hold),

(c) inclusão, (d) Prostrusion (pendente para fora), (e) quebras, (f) Formação de pontes

35

Controlar os defeitos gerados na lâmina é mais crítico para

dispositivos/circuitos com menores características de tamanho, alta densidade

e em lâminas maiores [14].

4.3 Limpeza

Antes do uso, as lâminas de Silício são limpas quimicamente para

remover partículas e contaminações da superfície, assim como alguns

vestígios de impurezas orgânicas, inorgânicas e metálicas. Um procedimento

bastante conhecido e usado nos laboratórios e nas indústrias de fabricação de

CI para a limpeza destas partículas é a limpeza RCA. Esta limpeza é feita com

soluções químicas que provaram ter alta eficácia nos processos de limpeza do

Silício, e desenvolvidas nos laboratórios da empresa de mesmo nome RCA

(Radio Corporation of America) pelo engenheiro Werner Kern em meados dos

anos de 1960.

O processo RCA consiste basicamente em duas etapas, RCA1 e RCA2,

que servem para remover os resíduos orgânicos e inorgânicos da lâmina de

Silício. Ao longo das experiências em laboratórios, muitas adaptações e

mudanças têm sido aplicadas na forma original das soluções RCA. Estas

mudanças na forma original da RCA revelam, de certa maneira, a versatilidade

e a eficiência desta solução, sendo assim possíveis algumas mudanças em

sua composição, na tentativa de se obter melhores resultados de limpeza em

determinados processos. Na figura 15, temos um exemplo da “curiosa”

amostra da composição e da proporção original das soluções RCAs feitas por

Werner.

36

Figura 15 Formas da limpeza RCA

Um problema relevante nos processos de limpeza é a remoção dos íons

metálicos da superfície da lâmina. Existem íons que não são dissolvidos na

maioria das soluções de limpeza ou de “decapagem”. A adição de um agente

como o ethylenediamine-tetra-acetic acid (acido acético) atua na solução

unindo-se aos íons metálicos, impedindo-os de se depositarem na lâmina.

Soluções diluídas de RCA são mais encontradas. Na RCA1 usa-se mais a

proporção de 1:1:1 (ao invés de 5:1:1 mostrado na figura 15) e na solução

RCA2 usa se mais a proporção de 1:1:60 (peróxido de hidrogênio, ácido

clorídrico e água),(ao invés de 6:1:1 mostrado na figura 15). Estas soluções

são mais eficazes em versões mais concentradas. Adicionalmente, elas

produzem menos rugosidade superficial, são mais rentáveis e fácil de serem

removidas. Pelos bons resultados obtidos nas práticas de limpeza com as

soluções RCA, sua importância nos freqüentes processos de limpeza nos

laboratórios as tornam notáveis. Há uma perspectiva do processo RCA

continuar sendo, ainda por muito tempo, utilizado na limpeza das lâminas de

Silício.Nas etapas de limpeza utiliza-se uma solução de ácido hidrofluorídrico

caso seja necessário remover todo óxido que pode ter se formado na

superfície da lâmina (óxido nativo).

Um produto químico muito importante usado na limpeza da lâmina e

durante todo o processo de fabricação da microeletrônica é a água deiônizada

37

(DI). A água DI é altamente purificada e filtrada para remover todos os

vestígios de partículas inorgânicas e de contaminação por bactérias. A

resistividade teórica da água pura a 25 °C é 18,3 MΩ.cm. A água DI deve

possuir resistividade em torno de 18MΩ.cm com menos de 1,2 colônias de

bactérias por mm e com nenhuma partícula maior que 0.25 µm. O controle da

limpeza e de contaminações é um fator de grande preocupação na fabricação

dos dispositivos eletrônicos. Portanto toda água utilizada no processo de

limpeza RCA deve ser deionizada e todos os produtos químicos utilizados

devem ser de grau eletrônico(grau de pureza do produto em %).

Na produção da água deionizada procede-se passando a água a tratar

por uma coluna com grãos de uma resina de troca iônica. No caso das resinas

de troca catiônica, esta trocará seus íons hidrogênio (H+) por contaminantes

Catiônicos, como os cátions (cálcio, magnésio, ferro, alumínio, manganês,

cobre, zinco, cromo, níquel e outros cátions metálicos e cátions diversos).

As resinas aniônicas trocam seus íons hidroxila (OH-) por sua vez pelos

contaminantes aniônicos (clorato, clorito, sulfato, sulfito, sulfeto, nitrato, nitrito,

fosfato, fluoreto e outros ânions, além da sílica). As resinas de troca iônica são

polímeros orgânicos geralmente sulfonados e derivados do estireno e do

divinilbenzeno, sob a forma de pequenas partículas geralmente esféricas (com

diâmetro menor que 0,5 mm). A pureza da água na saída do processo pode ser

determinada pela medição de sua condutividade elétrica (σ), que sempre será

reduzida de acordo com a eficiência da purificação.

O processo completo de limpeza pode ser descrito da forma que se segue.

Primeiro faz-se a limpeza do óxido nativo da lâmina de Silício.. Em seguida,

realiza-se a primeira etapa da limpeza RCA, usada para a eliminação de

contaminantes de resíduos orgânicos e inorgânicos. Nesta primeira etapa, a

lâmina é imersa em uma solução de água, peróxido de hidrogênio (água

oxigenada) e hidróxido de amônia (H2O-NH4OH-H2O2), esta solução é

aquecida à temperatura de 75 a 85°C durante 10 min. Logo em seguida, a

lâmina é retirada e lavada em água DI corrente monitorando-se a resistividade

da água até que ela seja a resistividade nominal da água DI. Entre a primeira

limpeza RCA e a segunda, é realizada uma outra limpeza para a eliminação

dos óxidos de Silício (SiO2), como foi realizado no início do processo. O SiO2

38

pode se formar na superfície da lâmina durante uma etapa e outra de limpeza,

sendo recomendada, entre duas etapas sucessivas de limpeza, a remoção dos

óxidos formados neste curto intervalo de tempo. Imerge-se então a lâmina na

solução de HF-H2O na proporção de 1:50 durante 15s, em seguida a lâmina é

lavada em água DI corrente com agitação durante 30s. A reação química do

processo é a seguinte: SiO2 + 4HF SiF4 + H2O.

Finalmente, realiza-se a segunda etapa da limpeza RCA para remoção de

gorduras e metais pesados do grupo IB e IIIB (Cu, Ag, Zn, Cd). Neste

processo, a lâmina é imersa em uma solução SC2. Retira-se em seguida a

solução sob uma corrente de água DI monitorando-se a resistividade,

finalizando assim o processo de limpeza [14], [15].

No preparo da solução para a limpeza a quantidade destes produtos a

serem usadas devem ser nas devidas proporções, cuja concentração total deve

ser de acordo com a quantidade de lâminas a serem limpas ou outros fatores

que podem influenciar na preparação da solução de limpeza.

4.4 Deposição da Camada de óxido

Depois da limpeza, a lâmina de Silício pode ser coberta com um material

que servirá para formar uma camada de barreira cuja função é proteger o

substrato, ou partes do substrato em processos de dopagem, corrosão por íons

ou deposição de filmes. O material mais comum é o dióxido de Silício (SiO2). O

dióxido de Silício é muito usado nos projetos de CI’s, por formar uma barreira

que serve para isolar um dispositivo do outro, sendo também útil nas etapas

seletivas dos processos de difusão, como também no de metalização. O fato

do Si ser um material excepcional para microeletrônica está muito ligado ao

fato do SiO2 ser um óxido natural que pode ser formado na superfície do

material por oxidação do mesmo. O SiO2 possui excelentes características

dielétricas e mecânicas.No processo difusão na estrutura da lâmina de Silício a

formação anterior da camada de dióxido de Silício (barreira) é importante para

limitar a área do dispositivo onde se deseja realizar, por exemplo, a dopagem.

No processo de metalização, o SiO2 tem a mesma utilidade ao impedir a

penetração do metal (cobre, alumínio, etc), em áreas do dispositivo não

permitidas pelo projeto do circuito [9]. É importante ressaltar que esta formação

39

da camada de óxido, seja por oxidação do substrato seja por deposição,

depende do propósito de construção do dispositivo, ou seja, pode ser que na

fabricação de um determinado circuito não seja necessário o uso do óxido.

A formação da camada de SiO2, no processo de oxidação térmica do

Silício, é realizada, aquecendo a lâmina de Silício a uma temperatura

tipicamente de 900°C a 1200°C, numa atmosfera contendo oxigênio puro ou

vapor de água. Ambos, os vapores de água e oxigênio, difundem-se facilmente

para o Silício a estas temperaturas. O oxigênio, chegando à superfície do

Silício, pode então combinar com o Silício para formar o dióxido de Silício. A

reação química que ocorre na superfície do Silício é: Si + O2 SiO2 para o

oxigênio seco e, para o vapor de água, a equação é: Si + 2H2O2 SiO2 + 2H2.

O Silício é consumido com o crescimento do óxido, resultando numa expansão

do óxido durante o crescimento. A camada final de óxido fica localizada

aproximadamente 54% acima da superfície original do Silício e 46% abaixo da

superfície original, isto, na prática, representa uma variação da espessura da

camada de SiO2 de 0,02µm a 2µm, sendo a temperatura do processo, a

concentração de impurezas e o tempo fatores que determinam a espessura

real [1]. O gráfico da figura 16 ilustra o processo de crescimento da camada de

óxido sobre a superfície do Silício em relação ao tempo e a temperatura do

óxido para ambos os processos de oxidação, com o oxigênio seco figura 16(a)

e para o oxigênio em vapor de água figura 16(b).

40

Figura 16 Processo de oxidação termica em função do tempo x temperatura ,(a) oxigênio seco,(b) oxigênio a base do vapor de água

A falta da adesão do foto resiste em muitas películas da superfície do

filme é um problema geralmente encontrado no processamento do Silício. A fim

de promover a adesão, a superfície da lâmina é tratada com um promotor de

adesão como o hexametildisilazano (HMDS, (H3C)3-Si-NH-Si-(CH3)3) antes da

aplicação do foto resiste. Este tratamento fornece uma boa adesão do foto

resiste para uma variedade de filmes, incluindo o dióxido de Silício contendo o

fósforo, Silício policristalino, nitreto de Silício (Si3N4) e o alumínio. O HMDS

pode ser aplicado diretamente sobre o substrato ou aplicado em pressão

reduzida, em um forno à vácuo, para formar uma camada monomolecular na

superfície da lâmina, tornando-a hidrofóbica, o que impede a condensação de

umidade, sendo também um equalizador para lâminas com diferentes tempos

de estocagem [17].

Desta forma, após ser formada a camada de SiO2, e ter sido tratada com

o HMDS para promover a adesão, a superfície da lâmina é coberta com um

material sensível a luz chamado Fotoresiste.

4.5 Fotoresiste

A princípio, a transferência de padrões de uma máscara litográfica para

uma superfície é possível através da utilização de materiais que possam ser

41

moldados, ou ter suas propriedades de dissolução e remoção ateradas através

de radiações ou de feixe de partículas nele incidente, estes materiais são os

“resistes”. Os resistes, em geral, possuem ou são constituídos por três

componentes principais: uma resina básica polimérica que forma a parte

estrutural em si do fotoresiste, os componentes foto ativos que promovem as

modificações geradas pela ação, por exemplo, de luz utra-violeta, os solventes,

e os agentes furfactantes ou tenso-ativos que promovem a uniformidade das

camadas depositadas sobre o substrato.

A resina forma o corpo do resiste sendo a responsável por proteger as

partes não expostas da lâmina, determinando também as propriedades

mecânicas e térmicas do composto resiste. O componente foto ativo é o que

determina as propriedades de sensibilidade às radiações incidentes no resiste.

Os Solventes, por sua vez, estão relacionados com o controle da viscosidade

do resiste, o qual possibilita ou favorece a aplicação do resiste na lâmina.

Como dito anteriormente os agentes tenso-ativos têm a função de

promover a uniformidade da camada de fotoresiste depositada por “spin-

coating”.

Tornou se habitual chamar de fotoresiste os polímeros sensíveis à luz,

em geral na região do ultravioleta (UV). O processo de transferência de

imagens, neste caso, chama-se litografia óptica, ou fotolitografia. Outros

processos de transferência de imagens, como a litografia por Raios-x, por feixe

de elétrons e por feixe de íons, necessitam de resistes específicos. A radiação

UV, em uma determinada faixa de comprimento de onda (), produz no foto

resiste uma mudança de solubilidade diferenciada nas regiões expostas e não

expostas, o que determina, na etapa da revelação, a formação da imagem no

resiste. Este padrão do resiste pode ser positivo ou negativo, de acordo com a

porção (exposta ou não exposta) a ser dissolvida durante a revelação.

O resiste positivo responde à radiação de maneira que as regiões

expostas se tornem mais solúveis que a região não exposta, protegida pela

porção opaca da máscara. Na revelação produz uma exata cópia do padrão

deverá permanecer sobre o substrato. O resiste negativo atua de forma

contrária: a radiação induz uma polimerização cruzada, processo no qual

grupos funcionais são transformados de um material de baixo peso molecular a

42

uma rede altamente concatenada, de alto peso molecular, o que torna a resina

menos solúvel. A figura 17 mostra de forma pictórica a diferença entre esses

dois tipos de resistes [18].

Figura 17 Diferença básica entre os resistes positivos e negativos quanto à formação da imagem

4.6 Processo de Formação de Imagem

A espessura e a razão de aspecto de um fotoresiste são duas

características de grande relevância a serem avaliadas após o processo

fotolitografico. Tal relevância refere-se às razões do rendimento, desempenho

do dispositivo e funcionalidade. O processo óptico desejado deve ser o que é

capaz de produzir a melhor resolução, ou seja, pequenas larguras de linha e

altas razões de aspecto. A qualidade da imagem final no processo de

revelação de um foto resiste é extremamente depende das propriedades do

mesmo e das características dos equipamentos de fotolitografia, como por

exemplo a abertura numérica dos mesmos. É sempre desejável que a imagem,

que se forma através da exposição do foto resiste, seja o máximo fiel em

termos do tamanho e formato referente ao padrão delineado pela máscara

litográfica [18], [19].

A inclinação de um fotoresiste que é gerada durante sua exposição e

que se torna evidente na revelação, pode ser transferida para a camada que é

corroída nos processos de corrosão posteriores a litografia, (especialmente

43

nos processos por Plasma ou de Dopagem). Não existe uma forma litográfica

exata que determina qual é o melhor processo a ser realizado. De algum

modo, o padrão final necessário de um fotoresiste é determinado pelas

considerações no final do processo litográfico. O perfil desejado de um resiste

é o que fica com a borda totalmente vertical ou bem próxima da vertical.

Embora paredes com elevada verticalidade são difíceis de se obter.

Independentemente da necessidade especifica do tamanho e inclinação do

padrão do resiste, o qual pode variar de uma tecnologia para outra, todo

processo litográfico deve ser consistente e reprodutível, relativo às

especificações de fabricação, a fim de que o mesmo possa ser apropriado para

o uso em produção industrial. Um perfil típico do fotoresiste após a exposição é

mostrado na figura18 [18].

Figura 18 Perfil típico de resiste positivo (usado em microeletrônica), após revelação

A inclinação da seção transversal é muitas das vezes idealizada como

um trapezóide. As três dimensões mais importantes são: a largura de linha na

interfase resiste-substrato (L), a inclinação do lado lateral e a máxima

espessura do filme de resiste após o desenvolvimento. A largura de linha é o

parâmetro que indica qual a menor linha que se consegue imprimir em um

dado processo. A inclinação é dada pelo ângulo (teta) formado entre a base

do resiste/substrato e a parede lateral do resiste. A espessura (T) é a que

permanece após o processo de polimerização pela luz UV.

44

Algumas das razões dos resultados com resistes com inclinações

diferente de 090 são a difração da luz nas bordas da máscara, a finita

resolução das lentes nos equipamentos de litografia e também a falta de

uniformidade na distribuição da intensidade da luz produzida pela lâmpada em

função do comprimento de onda. Conforme pode ser visto, a figura 19(a) e

19(b) ilustra o perfil de distribuição da intensidade luminosa, no qual se

contrasta o perfil luminoso real em relação ao que seria ideal, figura 19(b). O

perfil de iluminação real forma, na camada de resiste, uma imagem com uma

inclinação (), o que deixa a desejar para a formação de uma borda vertical

(= 090 ) que é ideal nos processos litográficos [18].

Figura 19 Processo de formação de imagem,(a) a luz passa através do reticulo , resultando na

formação da imagem na estrutura do resiste, a resolução finita da lente resulta na distribuição da luz, a qual não define claramente a borda, (b) Dist. ideal da intensidade da luz em função do

comprimento de onda, o qual é capaz de gerar uma borda s/ inclinação (abrupta) [2] [18] [19]

A Curva Característica ou curva de contraste de um fotoresiste positivo

ou negativo é usada para avaliar a qualidade do mesmo, e representa a fração

percentual remanescente do resiste após sua exposição. O contraste é

definido como a inclinação da região de transição e se refere á propriedade de

distinção entre áreas escuras e claras no resiste. O contraste de um foto

resiste é importante na análise dos termos da resolução e do perfil de um

resiste. Uma concepção (não linear) da resposta de uma função é essencial

para modelar o padrão do contraste de um resiste, embora seja difícil de obter-

se.

Comprimentos de onda () ópticos, após passarem pela máscara, não

formam uma onda quadrada ideal, mas uma onda senoidal um tanto atenuada,

e a resposta linear como uma função da dose de exposição é um tanto útil,

45

porque o padrão do fotoresiste é suavemente curvo e não definido claramente

de forma retangular. O contraste de um resiste positivo e negativo pode ser

calculado conforme as respectivas fórmulas:

1

0

log

dd c

P Eq. (1)

1

0log

iN d

d Eq. (2)

Onde dc representa a dose total na exposição de todo o resiste e do é a

dose que extrapola na curva do contraste na figura 20(a). Para o resiste

negativo, do e di são analogamente definidos conforme ilustra a figura 20(b).

Para os resistes positivos baseados no Novalak um contraste típico esta em

torno de 2 a 5 e para os resistes usados em exposição no DUV (ultravioleta

profundo) o contraste é definido na faixa de 5 a 10 [17], [18], [19].

Figura 20 Contraste do resiste plotado, em termos da espessura x dose de exposição, para um contraste infinito e real do resiste (a) resiste positivo e (b) resiste negativo

A luz, ao atravessar o resiste, pode ser absorvida pelos vários

componentes do mesmo, mas somente o componente foto ativo do resiste é

capaz de reagir quimicamente à exposição da luz UV. A absorção ao longo da

espessura do resiste (direção z) faz com que a intensidade da luz decresça

exponencialmente nesta direção. Sendo 0 a intensidade da luz sobre a

superfície do resiste (em z = 0, topo do resiste), tem-se então a intensidade da

luz em função da espessura do resiste dada por:

46

(z) = 0*exp(-z) Eq.(3)

O coeficiente de absorção, (alfa) não permanece constante durante a

exposição, devido às reações químicas sofridas pelo componente foto ativo do

resiste [18], [19]. Com base na curva de contraste do resiste positivo na figura

21. A espessura remanescente de um fotoresiste Z(X) = (x), após a

revelação, é determinada pela dose de energia de exposição dada por:

(x)=(x).t Eq. (4)

onde: E(x) é a função da energia de exposição

(x) é a intensidade da luz na direção x

t é o tempo de exposição

A equação da espessura é dada por:

(x) = () = ((x)) Eq.(5)

A curva de contraste do resiste é uma propriedade não apenas do

resiste, mas de todas as etapas de processamento do resiste. Ela pode ser

obtida pela exposição de uma grande área da lâmina com diferentes energias

de exposição onde, medindo-se a espessura residual do resiste nestas áreas

após a exposição, é possível plotar a curva de contraste conforme mostrado na

figura 21 [19].

47

Curva Característica do fotoresiste positivo

Figura 21 Curva típica de contraste do resiste positivo remanescente após o desenvolvimento. A espessura em função da dose de exposição é plotada de forma logarítimaca, produzindo a curva

aproximadamente linear nas mediações de 0

Na curva da figura 21 a parte plana da curva, no inicio do gráfico,

representa uma região de baixa exposição, onde a espessura final do resiste

pode não ser igual à espessura 0 do resiste antes da exposição, já que

durante a revelação do resiste pode ter removido partes do resiste até mesmo

da região não exposta. A dose de exposição 0 como é vista na curva,

determina que, acima de seu valor, todo o filme de fotoresiste é totalmente

removido [19]. Desenvolvendo a Eq.(5) da espessura tem se que:

0TETE

EE0ln Eq.(6)

Pela Eq.(6), a espessura do fotoresiste decresce durante a exposição

numa relação logaritmica do quociente da dose de energia critica sobre a dose

de energia ao longo da exposição. Da Eq.(6) pode-se obter a equação do

contraste do resiste que é dada por:

0

0 lnT

TE Eq. (7)

48

Onde: ET é a espessura remanescente

0T é a espessura inicial

é o contraste

(x) é a Dose

0 é a dose crítica

A tabela 2 apresenta alguns valores típicos de contraste referente a alguns

tipos de resistes [7], [19].

Tabela 2: Contraste Típico dos resistes selecionados [19]

Com base na figura18, obtém-se a dependência do padrão final do processo

do fotoresiste, onde a inclinação lateral do resiste é dada por:

tandxdT Eq. (8)

a derivada desta equação é avaliada na posição x0 , ponto no qual o perfil do

resiste e o substrato se interceptam, onde se tem:

0 =(x0) Eq.(9)

49

Nas mediações de x0, T() é descrito pela Eq.(6), onde, seguindo nesta

análise, a Eq.(8) representa a inclinação do perfil do resiste que pode ser

escrita como:

dxxdE

xEyT

dxdT 1tan 0 Eq(10)

Esta análise está baseada no comportamento da revelação de um foto

resiste, medida em uma grande área exposta, a qual pode ser aplicada

diretamente em situações onde a intensidade da luz é modulada em pequenas

dimensões.

Dentro dos limites em que T() é função unicamente de (x) (dose de

energia de exposição), a dependência da inclinação do perfil do foto resiste é

claramente separada dentro das contribuições da parte óptica (1/E)*(dE/dx) e

da parte do processo do resiste que é o contraste (), onde cada uma pode ser

estudada separadamente [19]. Teoricamente, os modelos de formação de

imagens por projeção óptica tem sido desenvolvidos a partir de formulações de

imagens parcialmente coerentes, que se baseiam na teoria da difração de

ondas. Estes modelos são providos de recursos que permitem o cálculo de

E(x) para várias configurações ópticas. Se a espessura do foto resiste é

mudada de T0 para T0 +T, com todos os outros aspectos do processo

litográfico permanecendo constante, então a borda da linha do fotoresiste

move se de x0 para x0+x, e a mínima energia necessária para iluminar o

resiste sobre o substrato muda de E0 para E0+E. Após a exposição, com

energia E0, de uma espessa camada do fotoresiste, a quantidade de resiste

remanescente é T. Analisando melhor a curva de contraste do fotoresiste da

figura 22, a Eq.(7) do contraste pode ser melhor definida para pequenas

variações dos parâmetros do resiste, dado por:

00

0

0

1ln EET

T

EE

TTT

Eq (11)

50

Figura 22 Curva Característica da espessura do fotoresiste

É importante ressaltar que esta análise se aplica na condição em que as

reflexões das ondas na interface resiste/substrato estejam dentro do limite

aceitável de quando a luz incide a 090 . Nos casos de reflexões na estrutura do

foto resiste, acima deste limite ou em outras angulações, a análise é feita

considerando todos os parâmetros ópticos envolvidos tais como: difração,

coeficiente de absorção, índices de refletividade entre os meios etc.

Uma pequena mudança na borda de linha de um foto resiste, que ocorre

devido a um pequeno deslocamento T em sua espessura, pode ser expresso

pelo termo diferêncial em relação à direção de borda do resiste, dado por:

dx

dEEx

Eq. (12)

onde a derivada é avaliada no ponto x0 e, relacionando com a Eq.(11) do

contraste, fica:

1

0

1

dxdE

EyTTx Eq.(13)

Pela Eq.(13), um alto contraste do resiste proporcionará benefícios no

controle da largura de linha sobre a topografia, melhorando o perfil do resiste.

51

Observa-se novamente a separação entre o termo óptico que aparece de forma

normalizada como (1/E)*(dE/dx), e o contraste que representa as

propriedades do resiste [19].

Uma análise particular das equações dadas, entre a parte óptica e do

contraste, é que nem sempre se deve pensar que o processo ótimo de um foto

resiste é aquele no qual o contraste é maximizado. Infelizmente, existem

circunstâncias nas quais o contraste do resiste tem pouco efeito no

melhoramento da performance ou latitude, além disso, existem algumas

situações em que uma excessiva largura do contraste levará a um processo

que é de difícil controle. Tal circunstância pode ser observada na exposição de

filmes finos, onde os efeitos preponderantes no perfil do resiste estão

intimamente ligados às propriedades metálicas da lâmina que determinarão o

índice de refletividade na interface lâmina/resiste, o que gera ondas

estacionárias na fina espessura do resiste, que vão influenciar na etapa de

revelação do fotoresiste. Portanto, nesta parte, as propriedades de contraste

pouco afetarão a performance do resiste [19].

Um parâmetro para o qual o contraste do foto resiste afeta o controle do

processo, é na latitude de exposição, como por exemplo, na sensibilidade da

largura de linha para uma certa dose de exposição. Considerando um simples

modelo, onde a dose de exposição muda fracionalmente de E para (1+f)E,

consequentemente a linha de borda do resiste move-se de x0 para x0 + x. A

borda de linha do resiste é ainda determinada por: 0 = (x0) Eq. (9). Para o

cálculo da mudança da largura de linha, mediante a sua sensibilidade à

variação da energia da dose de exposição, tem-se:

)(1 000 xEExxEf Eq.(14 )

Conseqüentemente, a Eq.(12) anterior da variação da borda de linha do resiste,

pode ser escrita por:

1

0 )(

dxdExfEx Eq.(15)

52

onde é a fração de mudança da energia na dose de exposição definido como:

EEf

Eq.(16)

Pode-se, então, obter a expressão para a mudança na largura de linha,

que é sensível a variação da energia da dose de exposição, expressa por:

1

)()(

1)()(2

xE

dxd

xExExEL Eq.(17)

Observa-se que a Eq.(17) é composta apenas por fatores da parte de

exposição óptica, sendo, portanto, independente dos processos de contraste

do fotoresiste [2]. Este resultado é válido para uma grande escala de

parâmetros de processos, particularmente nos limites de um baixo ou alto

contraste do fotoresiste. Numa melhor análise dos parâmetros da Eq.(17) é

importante investigar, saber ou questionar, qual a fração de alteração na dose

de exposição que irá manter ou que levará a largura de linha a ficar dentro das

especificações desejadas do processo fotolitográfico. Tais alterações são

referidas geralmente como uma fração nominal da largura de linha.

Uma expressão precedente da Eq.(17) é dada pela Eq.(18), que

representa a latitude de exposição de uma forma melhor normalizada.

)()(

12 xEdxd

xEL

LL

EE Eq.(18)

Em última análise, tanto a parte óptica como a parte dos processos com o

resiste (contraste) possuem papéis separados e independentes no processo de

formação de imagens. O estudo da parte óptica e de seu papel na litografia,

reduz-se a análise de E(x) e dos parâmetros que determinam seus valores.

Similarmente, a parte que o foto resiste representa está relacionada com o seu

desenvolvimento como uma função da taxa de exposição.

Em todas as circunstâncias, a performance de um processo litográfico

será melhor determinada por problemas práticos, o que, de certa forma,

remete-se a um determinado processo específico, onde é possível avaliar a

53

instrumentação e os parâmetros utilizados, tendo como referência uma amostra

do protótipo pre-processado [2], [19].

4.7 Resistes Positivos e Negativos

Fotoresistes muito usados nos processos de fotolitografia, são os

resistes baseados no sistema DQN. O DQN é composto por um Éster foto-ativo

diazoquinona (DQ) na proporção de 20% a 50% e pela resina fenolítica

Novalak(N). A figura 23 ilustra, de forma simplificada, seu processo de

formação e de sensibilização pela luz ultravioleta (UV).

Figura 23 Resiste formado pelo DQN (Ester diazoquinona e resina fenolitica Novalak)

Como ilustrado na figura 23, o resiste positivo DQN é um sistema

formado pelos dois componentes (DQ+N), os quais são transformados

quimicamente em um produto de base solúvel. A resina Novalak hidrofílica é

por si só alcalina solúvel, mas torna insolúvel pela adição da proporção de 20%

a 50% da DQ, formando um complexo com o grupo fenol da resina Novalak. O

resiste torna-se solúvel através da reação foto química da DQ. A matriz

54

Novalak é um copolímero composto por um fenol e um formaldeído. Ela

absorve luz abaixo de 300nm, e com a adição da DQ, a região de absorção é

em torno dos 400nm. Os comprimentos de onda de 365nm, 405nm e 436nm,

respectivamente as linhas i, h e g do espectro do mercúrio, podem ser usados

na exposição do DQN. A intensa absorção das moléculas aromáticas impede o

uso destes resistes quando expostos em abaixo dos 300nm. As fontes de

iluminação geralmente usadas em fotolitografia são as fontes de alta pressão

de mercúrio (Hg) ou a lâmpada de descarga de mercúrio. A emissão típica do

espectro de uma lâmpada de mercúrio-xenônio (Xe), está mostrada na figura

24.

No espectro, a saída é relativamente baixa na região do ultravioleta

profundo (DUV), faixa que compreende de 200nmn a 300nm, mas existem

outros fortes picos na região entre 300nm a 450nm. Para minimizar o problema

de aberração cromática nas lentes ópticas, na lâmpada, a saída deve ser

filtrada para selecionar apenas uma componente do espectro. A seleção

monocromática mais comum são os picos na freqüência de 365nm, 405nm e

436nm, conhecidos por linhas i, h e g respectivamente. Estes nomes foram

dados devido a melhor praticidade técnica ao serem mencionados [1], [7].

Figura 24 Espectro de uma lâmpada de xenônio-mercúrio Xe-Hg

55

Na reação entre o Novalak (N) e a diazoquinona (DQ), a base insolúvel

N sensibiliza a DQ que sofre a ação fotoquímica induzida pela radiação. Após a

exposição, a diazoquinona (DQ) é convertida em um indeno ácido carboxílico

ICA, o qual é hidrofílico e muito ionizável. Este indeno sofre um rearranjo para

formar o keteno. O keteno reage com a água presente no filme e forma uma

base solúvel, um foto produto indeno-ácido carboxílico, o que torna o resiste

exposto solúvel, figura 23.

Os fotoresistes positivos, baseados no DQN, apresentam algumas

vantagens em relação aos fotoresistes negativos. A primeira delas é a

anisotropia, onde seu revelador age no sentido da região interna, onde o

resiste foi polimerizado em direção às regiões mais externas que foram mais

irradiadas. Com isto, pode-se prevenir à remoção de áreas irradiadas por

radiação espalhada, tendo, assim, maior precisão que os resistes negativos,

nos quais a radiação espalhada causa um alargamento da largura de linha.

Outra vantagem é que os resistes positivos são termicamente estáveis até

cerca de 200°C. A esta temperatura a maioria dos resistes negativos se

deterioram. Os resistes DQN são reaproveitáveis e podem ser removidos

quando ocorre algum erro de processamento [18].

Entre as propriedades desejáveis de um fotoresiste podemos citar: a

elevada estabilidade química; elevada pureza química; viscosidade adequada;

alta força de adesão na lâmina e nenhuma porosidade no filme, passíveis de

serem removidos a seco (dry etching). Além destas propriedades, é importante

que ele tenha uma boa sensibilidade ao comprimento de onda no qual é

exposto. Tendo boa sensibilidade, a espessura do resiste sobre a superficie da

lâmina pode ser bastante fina, o que proporciona uma boa resolução, evitando

desvios ópticos, devido à espessura, ao ser atravessada pela luz UV. Outra

propriedade importante é ser resistente o suficiente aos demais processos de

fabricação como o de corrosão, no qual a lâmina pode ser submetida durante a

fabricação do CI. Os resistes baseados no sistema DQN, apesar de terem

resolução limitada, são bem resistentes aos processos de corrosão

subsequentes.

Outros fatores como facilidade de processamento, reprodutibilidade e

56

baixo custo também devem influenciar na escolha de um fotoresiste apropriado

ao processo de fabricação de um dispositivo [2]. Alguns reveladores industriais

típicos de resistes positivos são: KOH (hidroxido de potássio) em solução

aquosa, TMAH (hidróxido tetra metil de amônio), cetonas e acetatos. Os

solventes típicos usados nos resistes positivos são os: “metais cellosolve”,

hidrocarbonos aromáticos e acetato cellosolve. Cellosolve é o nome comercial

para os solventes baseados em ésteres de etileno glicol, são possíveis

cancerígenos” [7]. A fim de ilustrar um pouco melhor, a tabela 3 enumera e

compara quanto à: polaridade, sensibilidade e técnicas de exposição alguns

tipos de polímeros que são usados na produção dos resistes [14]. Tabela 3: Comparação de resistes [14]

Resiste Poliméro Polaridade Sensibilidade(coul/cm2)

Radiação de

exposição Positivo Novalak (M-Cresol- formaldeido) + 3-5x10- 5 UV Negativo PMMA

Poli Isopreno Poli -(Metil Metacrilato)

- + 5x10-5

UV E-Beam

PMIPK Poli-(Metil Iso-propenil Ketone + 1x10-5 E-Beam Deep UV

PBS Poli-(Buteno-1-Sulfona) + 2x10-6 E-Beam

TFECA Poli-(Trifluoroetil cloroacrilato) + 8x10-7 E-Beam COP

(PCA) Copolímero-(α-Cilano

Etil Acrilato-α-Acrilato Etil Amido) - 5x10-7 E-Beam X- Raio

PMPS Poli-(2-Metil Penteno-1-Sulfone) + 2x10-7 E-Beam

Nos anos 60, atendendo às crescentes necessidades da indústria de

dispositivos, à base de semicondutores, surgiram os primeiros resistes

negativos. Estes resistes tinham como mecanismo de ação os processos de

foto polimerização e usavam a radiação produzida pelas lâmpadas de mercúrio

na região do Ultravioleta próximo, nos comprimentos de onda de 365nm e

436nm. A figura 25 mostra o exemplo de um fotoresiste negativo. A camada

insolúvel forma um padrão negativo que é usado como um modelo para

delinear muitos níveis de circuitos em semicondutores e em MEMS (sistemas

micro-eletro mecânicos) [7]. A insolubilização do resiste negativo pode ser

conseguida de duas formas: aumentando o peso molecular do material do foto

resiste negativo, através da exposição ao UV (resiste tradicional), ou é

transformado quimicamente para formar novos produtos insolúveis (são os

resistes mais recentes). O aumento do peso molecular é geralmente realizado

57

através de fotoionizadores que geram radicais livres ou ácidos fortes facilitando

ligações cruzadas poliméricas ou a foto polimerização de espécies de

monômeros ou oligonômeros.

A outra maneira de se conseguir a insolubilização dos resistes negativos

é pelo meio das transformações fotoquímicas dos mesmos. Estas

transformações fotoquímicas do resiste acabam por conduzir à formação de

grupos hidrofóbicos ou hidrofílicos que irão prover de outros meios de

polimerização para induzir a solubilidade preferêncial entre as partes expostas

e não expostas do filme de resiste [7].

Figura 25 Sistema de resiste negativo. A exposição induz diferentes tipos de mudanças no foto

polímero

A figura 26 mostra dois componentes usados geralmente em resiste

negativo. Os quais são: o biz (aryl) azide (bis aril azida, uma espécie de

borracha resiste) cuja matriz é uma resina (cyclized poly (cis-isoprene)) (poli-

cis-isopreno cíclica), que é uma borracha sintética. Na síntese do bis aril azida,

a azida perde nitrogênio e gera uma grande reatividade do nitreno mediante a

dissociação das moléculas pela incidência da luz (fotólise). O nitreno

intermediário sofre então uma série de reações que resultam em ligações

cruzadas na resina. A oxidação, devido ao oxigênio do ambiente ou dissolvido

58

no polímero, muitas vezes é uma reação de polimerização concorrente. De

outra forma, a polimerização pode ser inibida pela extinção das reações de

ligações cruzadas através da limpeza do nitreno foto produzido pelo oxigênio.

Uma desvantagem que as reações concorrentes apresentam é que as

exposições devem ser realizadas sob uma atmosfera de nitrogênio ou em

vácuo, o que dificulta o sistema tanto do ponto de vista da montagem em si, no

vácuo, como em termos da eficiência química devido à cobertura do nitrogênio

que contribuirá para as reações de polimerização concorrentes.

Outra desvantagem deste tipo de resiste negativo é que a resolução é

limitada pela espessura do filme. O processo de ligações cruzadas começa na

parte do resiste onde a luz atinge primeiro. Conseqüentemente, múltiplas

exposições são necessárias para aumentar a insolubilidade do resiste na

interface do substrato. A espessura do resiste necessitará de uma maior dose

para completar a polimerização, e isto amplia os efeitos da radiação disperça

na interface resiste/substrato, o que, por sua vez, reduz a resolução desejada

[7], [17].

59

Figura 26 Bis (aryl) azide- sintetizado em borracha resiste com cyclized poly (cis-isoprene) como

matriz da resina

4.8 O Resiste SU-8

O SU-8 é um resiste negativo que tem sua estrutura química baseada na

resina epoxi. O éter glicidílico polifuncional derivado do Novolac bis-fenol-A,

conhecido como EPON Resina SU-8, é um dos resistes de mais alta

resolução já desenvolvidos. É um resiste, cujo mecanismo de ação é a

amplificação química, é solúvel em solventes orgânicos e apropriado as

aplicações que exigem filmes de resiste com espessuras da ordem de mm. Ele

é muito usado na microfabricação no processo Liga por permitir a criação de

estruturas com elevada razão de aspecto.

O Epoxi é um prefixo relacionado à estrutura 1,2-epoxi: ponte formada

por um átomo de oxigênio ligado a dois outros átomos, freqüentemente de

carbono, já ligados de alguma maneira. A resina epoxi é uma molécula que

contém um ou mais grupos 1,2-epoxi [18]. A figura 27 apresenta a estrutura

química básica do resiste SU-8:

60

Figura 27 Estrutura química do éter glicidico de bis-fenol-A (SU-8)

O SU-8, sendo formulado com o fotoativador sal de triaril sulfônio, ele

se comporta como um fotoresiste que, exposto à radiação na região do UV

próximo (365 a 436 nm), forma uma matriz polimérica com estrutura

escalonada de alta densidade de polimerizações cruzadas. O SU-8 também

apresenta caracteristicas de elétron-resiste, o que o torna apropriado para ser

exposto a feixe de elétrons, feixe de íons e de raios-X.

Quando o material orgânico do resiste polimérico é atingido por elétrons

com energias da ordem de keV, dois são os efeitos possíveis: as moléculas

podem ser quebradas em fragmentos menores ou podem se ligar, formando

moléculas maiores. Embora esses dois efeitos ocorram simultaneamente, um

deles predomina, dependendo do tipo de material. A formação de moléculas

maiores (polimerização cruzada) caracteriza os elétron-resistes negativos. Os

elétron-resistes positivos são aqueles que, sob irradiação moderada, tém sua

cadeia polimérica principal quebrada, com conseqüente diminuição de seu

peso molecular. Para doses elevadas, entretanto, a polimerização cruzada

passa a dominar, tornando o resiste insolúvel.

No processamento as distintas viscosidades decorrentes determinam a

espessura do resiste em função da velocidade de rotação do substrato durante

seu espalhamento. Depois de espalhado sobre o substrato, ele deve passar

por um cozimento pré-exposição, à temperaturas superiores a de sua transição

vítrea (55°C), durante alguns minutos, para que evapore o solvente do resiste.

Se usado na categoria de foto resiste, deve ser exposto à radiação ultravioleta,

a comprimentos de onda na faixa de 350 nm a 450 nm,visto que o SU-8 pode

ser encontrado comercialmente, em seis diferentes especificações, de acordo

com o seu grau de dissolução. Por ser um resiste cujo mecanismo de ação é a

amplificação química, ele deve passar pela etapa de cozimento pós-exposição

61

durante 15 minutos, a 95°C, o que modela as estruturas de elevada razão de

aspecto; se a temperatura, entretanto, for de 200°C, o cozimento servirá para

completar o processo de polimerização cruzada, resultando num material de

grande dureza, geralmente usado como produto final. Mais alguns minutos de

cozimento, a cerca de 75°C, desencadeiam o processo de annealing

(cozimento), permitindo que a água nele presente evapore antes de atingir a

temperatura ambiente, e eliminando o estresse interno da camada de resiste. A

revelação do SU-8 pode ser efetuada com acetato de éter metílico de

propilenoglicol, sob agitação. O tempo de revelação é em função da espessura

do resiste depositado: cerca de 5 min são necessários para a revelação de 250

m de SU-8.

Um enxagüe final com o mesmo composto, ou com isopropanol, é

utilizado para a remoção final de resíduos que permanecem sobre o substrato.

O amplo processamento latitudinal é resultado da elevada seletividade do SU-8

entre regiões expostas e não expostas.

O resiste SU-8, com sua versátil capacidade de formação de imagens,

tem sido utilizado para a fabricação de dispositivos com largura de linha de

0,25m e 0,1m, através da litografia por feixe de íons. O elevado contraste, a

excelente solubilidade e a capacidade de planarização desse resiste são

decorrentes do baixo peso molecular da resina; a alta funcionalidade epoxi é

responsável por sua sensibilidade.

Em síntese, as principais caracteristicas do SU-8 que o tornam útil na

microfabricação, são: sua ótima adesão à maioria das superificies; seu baixo

peso molecular lhe confere elevado contraste e solubilidade em grande

variedade de solventes orgânicos; permite a obtenção de espessuras de até

200 m por simples espalhamento sobre substrato rotatório; sua baixa

absorção óptica na região próxima do UV possibilita razões de aspecto da

ordem de 14:1; sua funcionalidade aromática e matriz altamente polimérica

fazem com que ele seja térmico e quimicamente estável, sendo muito

adequado como molde para eletroformação. O SU-8, por apresentar difícil

remoção, como a maioria dos epoxies polimerizados, é muito útil para

aplicações a dispositivos em que o resiste é o material permanente [18].

62

4.8.1 Resistes Amplificados Quimicamente

A pesar dos processos litográficos com o uso dos resistes positivos

baseados no sistema Novalak/DQ apresentarem boa resistência aos processos

corrosivos pós-litográficos, eles apresentam limitação na resolução. O salto no

comprimento de onda utilizado para a litografia óptica, do ultravioleta próximo

(436nm a 365nm) e médio (300nm a 350nm) ao Ultravioleta profundo (DUV)

(254nm), implica em necessidades de modificações nos resistes baseados no

Novalak. Esse tipo de resiste apresenta um coeficiente de absorção elevado na

faixa do DUV (200nm a 300nm), o que impede que o resiste seja sensibilizado

em toda sua espessura [18], [21].

Contudo, a passagem para a litografia por UV-profundo foi uma

revolução do ponto de vista tecnológico, pois passou-se a empregar novas

tecnologias de exposição, novos mecanismos químicos de produção de

imagem e novos materiais poliméricos. Foi na busca por estes novos materiais

que surgiram os resistes baseados na amplificação química (CA), com o

objetivo de suplantarem o problema da baixa sensibilidade na faixa do DUV.

O conceito de amplificação química surgiu na década de 80, com os

trabalhos de Ito, Willson e Frechet nos laboratórios da IBM, onde em síntese no

processo,uma espécie catalítica é fotoquimicamente gerada e induz uma

cascata de transformações ou reações químicas posteriores, promovendo

assim, o mecanismo de amplificação, não sendo o agente catalítico consumido

pelas reações.

O ponto forte deste processo é o polímero ácido-reativo, que é

quimicamente amplificável por um ácido fotogerado. Esse novo mecanismo de

produção de imagem, (CA), fez-se necessário devido à baixa intensidade de

radiação produzida pelas lâmpadas de mercúrio nas foto-alinhadoras usadas

para litografia por DUV nos 254nm [18].

A característica crítica neste mecanismo é que o grupo ácido variável

ligado ao polímero deveria reagir com o ácido fotogerado de tal forma que a

nova molécula do ácido gerada pode iniciar um novo ciclo catalítico acelerando,

portanto, o processo de polimerização do resiste. Assim a molécula ácida

fotogerada pode produzir de 500 a 1000 reações químicas. A figura 28 ilustra o

princípio fotoquimico deste mecanismo [19].

63

Figura 28 Sistema de Amplificação química [19]

No início do desenvolvimento das primeiras versões dos resistes

quimicamente amplificados, estes incorporavam uma ampla variedade de

reações químicas ácido-catalitícas, estas primeiras versões apresentaram-se

problematicas quanto à sua revelação em meio aquoso, apesar de apresentar

um contraste bem mais elevado, comparado com os resistes DQN. A revelação

necessitava de solventes orgânicos, o que levou sua extensão a processos

negativos de formação de imagem [18].

A correção do ganho de dissolução em meio aquoso foi obtida com a

preparação de um co-polímero contendo um hidroxi-estireno terc-butoxi-

carbonila (t-BOC) protegido. No balanço total das reações do sistema, ocorre o

equilíbrio na proporção correta entre as propriedades hidrofílicas e hidrofóbicas

do resiste, o que evita a inibição da superfície e de resíduos de má revelação

(excesso de hidrofobia), e por outro lado, as elevadas taxas de erosão de

regiões não expostas pelo excesso de hidrofilia.

No processo catalítico, um poli-hidroxi-estireno(PHOST),parcialmente

protegido com tBOC, é manifestado com o foto ácido gerador(ag). É necessário

fazer um cozimento pós-exposição para que a eliminação da camada protetora

seja termicamente ativada, de forma que a quantidade catalítica de ácido

gerada durante a exposição possa produzir uma dissolução altamente

diferenciada. Na

presença do (ag), a resina PBOCST é estável até a temperatura de 200°C e

insolúvel em meio aquoso. A exposição em DUV libera um ácido catalisador, a

seguir é feito o aquecimento de pós-exposição (PEB) no qual o ácido

transforma o PBOCST lipofílico em PHOST poli (p-hidroxiestireno), que é

solúvel em meio quoso (hidrofílico). Essa mudança de polaridade, do estado

64

não-polar ao polar, permite a formação de imagens positivas ou negativas

simplesmente mudando o solvente revelador. Com o uso de solvente polar,

como álcool ou base aquosa, a área exposta é removida e a imagem revelada

é positiva. Se a revelação é feita com solventes orgânicos não polares, a área

não exposta é removida e a imagem formada é negativa. Na figura 29 tem-se a

ilustração do processo convencional de exposição nos 248nm no DUV com o

uso do resiste t-BOC, amplificado quimicamente com suas reações

fotoquímicas conforme descrito [20].

Figura 29 Reações químicas desde a exposição óptica à revelação empregando resiste t-BOC, CA

Entre as propriedades importantes do hidroxiestireno (PHOST), deve-se

citar a sua hidrofilicidade, que proporciona um bom-tom no resiste positivo

durante seu desenvolvimento, impedindo a erosão de áreas não expostas, sua

alta temperatura vítrea T (130°C a 170°C), superior às necessidades de

execução dos aquecimentos pós-exposição. Ele possui anéis aromáticos em

alta concentração, o que permite uma boa resistência aos processos de

corrosão. Finalmente, a presença de um grupo hidroxila facilmente bloqueado

para a incorporação do ácido funcional, ou melhor, o hidroxiestireno pode ser

facilmente anexado a um agrupamento ácido, como por exemplo, um ácido

carboxílico, que é reativo e removível, capaz de, na presença de um ácido forte

65

fotogerado, proporcionar significativa mudança na solubilidade do resiste.

Os resistes amplificados quimicamente foram utizados para fabricação

de milhões de memórias DRAM da IBM como também após o seu

desenvolvimento baseados na desproteção e conseqüente solubilização da

resina em solução aquosa, permitiu-se uma alternativa ao sistema DQN para

uso em DUV. Pela adição de determinada molécula básica, os resistes DQN,

passaram a se comportar como negativos,sendo amplamente utilizados na

formação metálica de imagens de elevada razão de aspecto [21].

4.9 Spin Coating (cobertura por meio de velocidade de giro) e espessura do Foto Resistem

Feito todo procedimento de limpeza, aderência e aplicado o fotoresiste

sobre a lâmina de Silício, utiliza-se o spin coating, que é um procedimento

usado para cobrir a lâmina com um material que está originalmente no estado

líquido. Este líquido é colocado sobre a superfície da lâmina, em quantidade

pré-determinada, na forma de doses/mm2 e então a lâmina é rotacionada a

uma velocidade de giro na faixa de 3000 rpm a 6000 rpm durante um tempo

médio de 15 a 30 segundos.

Existem mais três técnicas de cobertura de fotoresiste: cobertura eletro

mecânica, cobertura por (spray) pulverizador e por moldagem. A cobertura

eletro mecânica requer formulações de resiste especial, a técnica de spray é

aplicada para deposição de resistes finos e o método de moldagem é

adequado em processos em que se desenvolve apenas uma camada do foto-

resiste. Estas técnicas são especialmente adequadas para aplicações em que

a cobertura por velocidade de giro é notoriamente ruim. Abordaremos, portanto,

a técnica de recobrimento por rotação.

Durante a rotação, o líquido é distribuído uniformemente na superfície da

lâmina por forças centrífugas. No processo de spin coating podem ocorrer

estrias que são variações de aproximadamente 30nm na espessura do resiste,

devido à secagem não uniforme. A periodicidade radial destas estrias está na

media de 80 µm a 100 µm a partir do centro da lâmina. Podem ocorrer

também, durante o espalhamento do resiste, os problemas de Borda (Edge

Bead) que são saliências residuais na borda da lâmina, sendo estas de 20 a 30

vezes maior em relação à espessura nominal do resiste. As bordas

66

arredondadas têm a altura menor em comparação com as bordas semelhante a

piramides figura 30.3 e figura 30.4, mas o ideal é a borda ter a mesma

uniformidade em toda extensão da lâmina. As lâminas não circulares

apresentam também problemas de saliências nas bordas. Os problemas de

raias são padrões radiais, de forma mais localizada sobre a superfície da

lâmina, os quais são gerados por partículas remanescentes provenientes de

alguma falha no processo de limpeza. Depois do spin coating as bordas devem

ser removidas com um spray solvente direcionado na parte frontal e posterior

da lâmina, perto da borda, pois caso não sejam removidas elas podem causar

distorções na imagem durante a exposição. Na figura 30 temos exemplos das

fases de cobertura da superfície da lâmina com os problemas de borda citados

acima. A figura 31 mostra um gráfico do processo de espalhamento do foto

resiste sobre a superfície da lâmina relacionado com a velocidade rotacional e

com o tempo de espalhamento [1], [2].

Figura 30 Estágios de cobertura do resiste sobre a superfície da lâmina e os problemas gerados

67

Fotoresiste sendo girado

Figura 31 Gráfico do processo de espalhamento do fotoresiste na superfície (veloc. versus tempo)

De uma maneira pratica a espessura do fotoresiste pode ser calculada

pela Eq.19 dada por:

WPT

2 Eq. (19).

Onde k é a constante de giro (spinner) tipicamente entre 80 a 100 com

unidade de medida dada em m rpm ; P é o conteúdo sólido do resiste dado em

porcentagem (%) e W é a velocidade de rotação em rpm/1000.

Existem no mercado alguns equipamentos disponíveis que são utilizados

para medir com certa precisão a espessura do foto resiste após o seu

espalhamento sobre a lâmina. Entre eles pode-se citar o microscópio Leitz-

Ergoplan equipado com interferômetro de luz branca, o sistema de medida de

espessura Leitz-MPVSP com resolução de 1nm, o qual emprega índice de

refração de 1,64 tendo capacidade de medir espessuras em grandes áreas em

torno de 200x200 m2. É utilizado também o perfilômetro Sloan Dektak 3030,

que permite medidas de espessura em degraus no filme com resolução vertical

de 0,1nm [2], [21].

A espessura final do filme de resiste é estabelecida como resultado da

viscosidade do resiste, pela velocidade de espalhamento do resiste, pela

68

tensão superficial e pelas características de secagem do resiste. Na prática, a

tensão superficial e as características de secagem são propriedades do resiste

e a viscosidade, velocidade de espalhamento estão relacionadas e são

determinadas a partir das curvas fornecidas pelo fabricante do resiste ou por

um sistema de velocidade particular que seja utilizado. A figura 32 mostra as

curvas de alguns tipos de resiste para espessura em função da velocidade de

espalhamento.

Figura 32 Espessura do resiste versus a velocidade de espalhamento

Contudo, a finalidade das etapas de aplicação do fotoresiste é o

estabelecimento de um filme uniforme do fotoresiste, sem defeitos na superfície

da lâmina. Para conseguir estas metas são necessários bons equipamentos e

severo controle de todos os parâmetros mencionados durante o processo de

cobertura e espalhamento do fotoresiste. A espessura típica do resiste vária de

0,5 a 1,5 µm e sua deformidade deve ser de apenas +/- 0,01 µm (100 Å). Estas

variações é 1% de 1 µm da espessura [14].

4.10 Pré-cozimento suave: “Pre-Bake”

Após o spin coating, faz-se o pré-cozimento suave “Pre-Bake” ou “Soft

Bake”. Esta etapa é usada para melhorar a adesão e remover o solvente do

69

fotoresiste. Os tempos variam de 5 a 30 minutos em um forno com

temperaturas entre 80 e 150°C ou de 1 a 3 minutos em um chapa quente com

temperaturas entre 80 e 120°C. Alguns fotoresistes negativos são aquecidos

em uma atmosfera de nitrogênio. A temperatura deve ser bem controlada e

uniformemente distribuída e o ambiente em que se faz o cozimento deve

possuir um alto grau de limpeza. Os solventes devem ser evaporados por duas

razões: o principal papel dos solventes é permitir a aplicação do resiste na

camada fina da lâmina. Depois que exerce este papel deve ser evaporado do

resiste pois a partir de então sua presença pode interferir com o resiste no

processamento. Usando uma analogia com pinturas ou quadros é conhecido

que uma completa secagem, evaporação do solvente é necessaria para uma

boa adesão da tinta na tela. Os principais parâmetros de um pré-aquecimento

“soft-bake” são o tempo e a temperatura. Dois grandes objetivos no processo

de impressão são a correta definição da imagem e uma adesão do resiste na

lâmina durante cada etapa de corrosão. Ambos estes objetivos são

influenciados pelo “soft-bake”. Em casos extremos, o resultado de um baixo

aquecimento resultará em uma formação incompleta da imagem na exposição

e uma pobre adesão na etapa de corrosão. Sobre-aquecimentos causarão

efeitos no polímero do resiste que não reagirão à radiação expostaOs métodos

de transferência de calor por condução, convecção e radiação são apontatos

como possíveis soluções na montagem ou compra de um sistema adequado à

realização de um processo de soft-bake. Condução é a transferência de calor

por contato físico de um objeto com uma superficie aquecida para outro. O

equipamento de chapa quente usa o método de condução. No processo de

condução, a vibração dos átomos da superfície aquecida (chapa quente) causa

a vibração dos átomos da superficie não aquecida (lâmina) resultando em seu

aquecimento. Alguns aquecimentos para desidratação do resiste são feitos em

fornos de convecção. A convecção é um método de transferência de calor

caracterizado pelo movimento de um fluido devido à diferença de densidade.

Alguns sistemas que usam este método são: fornos de ar forçado, fornos de ar

e nitrogênio e fornos de oxidação. Nestes sistemas, uma unidade aquece o gás

e um soprador ou diferença de pressão empurra o gás para o espaço onde por

sua vez aquece o objeto. A figura 33 mostra um exemplo de forno de fluxo de

calor que pode ser usado em um soft-bake, onde as lâminas são colocadas em

70

um suporte de aluminio dentro do forno e são envolvidas pelo fluxo de calor

corrente, sendo a temperatura e o tempo do processo controlados

externamente. A figura 34 mostra um sistema alternativo de chapa quente com

opção de aquecer uma ou várias lâminas [14].

Figura 33 Forno de Convecsão

Figura 34 (a) Esquematico de uma chapa quente, (b) chapa quente em linha continua, (c) Uma

única lâmina na chapa quente

O terceiro método é a radiação. O termo descreve o movimento das

ondas eletromágneticas atraves do espaço como também no vácuo, em

atmosfera com gases e em outros meios. O sol transfere calor para a terra por

meio de radiações. Uma lâmpada aquecendo, também transfere calor por

radiação. A radiação é o método de aquecimento usado nos RTP

(processamento rápido de temperatura). Quando a radiação atinge um objeto,

71

a energia carregada pela onda é transferida diretamente para os átomos do

objeto. Soft Bake nesse caso pode ser feito utilizando micro ondas ou radiação

no infra-vermelho, para não sensibilizar o fotoresiste.. A figura 35 e figura 36

mostram um esquema deste sistema de aquecimento [14]. Após o pré

cozimento o fotoresiste está pronto para o alinhamento e a exposição da

máscara.

Figura 35 Aquecimento por infravermelho

Figura 36 Aquecimento com fonte de micro ondas

4.11 Alinhamento

Tendo aplicado o fotoresiste sobre o wafer o padrão a ser gravado pode,

então, ser transferido para o substrato. Antes da transferência a posição do

padrão deve ser ajustada sobre o substrato. No caso da deposição de padrões

múltiplos, como é o caso em geral, cada máscara, seguida da anterior, é

72

alinhada com os pontos de referência da própria superfície da lâmina,

seguindo o padrão precedente de alinhamento da primeira máscara com a

superfície da lâmina. Os projetos de VLSI/ULSI exigem características

geométricas extremamente pequenas, mínima largura de linha ou espaços e

tolerâncias mínimas no alinhamento. Como por exemplo, para 100nm (0.1µm)

no processo litográfico será requerido um erro de alinhamento, no pior dos

casos, de 35nm, (tres (delta) e meio, é o erro aleatório), e sistemas de

alinhamento automatizados, controlados por computador são necessários para

conseguir estes níveis de precisão do alinhamento com reprodutibilidade.

No equipamento de alinhamento, em alinhadoras de contato, a lâmina é

preza em um mandril do sistema de vácuo e movida com cuidado na posição

abaixo da máscara. A primeira máscara é posicionada sobre a lâmina usando

um estágio ajustável nas direções x-y formando um ângulo de 900 com o eixo y

e o eixo x é o plano de apoio, figura 37. Na figura 38 é mostrado um desenho

esquemático do alinhamento subseqüente da máscara usando as marcas de

alinhamento, que são pontos localizados numa posição facilmente encontrada

na ponta de cada lâmina ou na separação das linhas circulares da mesma. A

máscara é espaçada de 25µm a 125µm acima da superfície da lâmina durante

o alinhamento. Se a impressão por contato estiver sendo usada, a máscara é

trazida em contato com a lâmina após o alinhamento [1], [14].

Figura 37 Posicionamento da máscara sobre a lâmina e vise versa

73

Figura 38 Tipos de alinhamentos de máscara

Os erros de alinhamento ou desalinhamentos dividem-se em várias

categorias. Na figura 39 um exemplo comum de erro é o de um simples

desalinhamento na direção x-y, figura 39(a). Outro erro comum é o

desalinhamento rotacional, onde um lado da lâmina é alinhado, mas o padrão

fica crescentemente desalinhado cada vez mais na parte superior da lâmina,

figura 39(b). Outro problema de desalinhamento associado com a máscara e

os passos de alinhamento é o erro denominado run-out and run-in. O mesmo

surge quando na lâmina o padrão não é formado pelo centro constante da

máscara ou é colocado na lamina fora de centro, figura 39(c) [14].

Figura 39 Tipos de desalinhamentos (a) direção x, (b) rotacional e (c) descentralizado.

74

4.11.1 Exposição

Os sistemas de exposição são empregados para a sensibilização do

resiste depositado sobre a lâmina, através das máscaras. Entre as técnicas de

exposição existentes abordaremos as técnicas de contato, aproximação (não

contato) e projeção.

Após o alinhamento, o fotoresiste é exposto através da máscara com

alta intensidade de luz ultravioleta. No caso de resistes positivos, o resiste é

exposto onde quer seja aberta uma janela para processamento do substrato,

seja para depositar filmes, realizar processos de corrosão ou dopagem. Nos

modos de impressão por contato e por proximidade (máscara x lâmina), a

óptica litográfica tem sua resolução com limites ajustados por uma série de

fatores. Entre eles, tem-se a difração da luz, que pode ocorrer quando, por

exemplo, a luz passa da borda de uma região opaca da máscara para uma

área clara adjacente. Erros no alinhamento da máscara com a lâmina ocorrem

por motivos da não uniformidade no plano da lâmina ou por outras distorções

de alinhamento. A figura 40 ilustra uma distribuição típica da intensidade da luz

incidente na superfície de um fotoresiste, após a passagem através da

máscara contendo uma grade periódica consistindo de espaços opacos e

transparentes cuja largura é igual a “b”.

Figura 40 Perfil de distribuição da luz na superfície do fotoresiste, após a luz passar através da

máscara contendo linha e espaço igual

75

A resolução teórica (R), que é a mínima dimensão de linha ou espaço

(bmin) que o sistema é capaz de resolver com a grade de uma máscara é

definida pela forma:

223

minzsbR Eq.(20).

Onde: bmin é a metade do período da grade do mínimo tamanho

característico transferível.

S é o gap entre a máscara e a superfície do fotoresiste;

é o comprimento de onda de exposição;

z é a espessura do foto resiste.

A alta intensidade da radiação é ideal quando direcionada num ângulo

de 900 com a superfície da lâmina. Quando esta situação ideal ocorre, as

ondas, durante a exposição do resiste, refletem para cima e para baixo

diretamente no resiste, deixando uma imagem exposta melhor definida [14]. Na

realidade, algumas ondas viajam em ângulos diferentes e expõem porções de

áreas indesejadas do resiste. Esta refletividade sub-superficial varia com a

camada superficial do material e com a rugosidade da superfície. Camadas de

metais, especialmente alumínio e ligas de alumínio, tem alta refletividade. A

figura 41 ilustra este fenômeno da refletividade sub-superficial.

Figura 41 Refletividade sub-superficial

76

O ideal em processos de deposição é uma superfície constante e lisa

para controlar estas reflexões. O problema da refletividade é intensificado nas

lâminas que passam por muitas etapas, criando uma topografia de várias

camadas sobre a lâmina. Durante a etapa de exposição, a radiação é refletida

lateralmente em angulos diferentes dentro da estrutura do resiste, causando

uma pobre resolução. A radiação num ângulo de 900 é ideal, mas isto é

verdade quando os problemas de reflexão estão abaixo das considerações do

processo. Contudo reflexões em angulo de 900 causam outros problemas no

fotoresiste positivo como, por exemplo, a criação de ondas permanentes. Para

minimizar problemas advindos de reflexão de luz no substrato, especialmente

nos casos onde o substrato está metalizado, é usual depositar-se uma camada

antirefletora que tem sua espessura ajustada para não refletir luz com o

comprimento da luz utilizada na exposição.

Como a radiação das ondas penetra no resiste e são refletidas da

superfície do substrato e viajam de volta para cima atraves do resiste, isto

causa interferências construtivas e destrutivas com a onda incidente de tal

forma que a resultante destas interferências produz regiões com potenciais de

energia variado na camada do fotoresiste. A figura 42(a) e 42(b) ilustram as

ondas estacionárias que se formam durante a exposição e após a revelação do

foto- resiste.

Figura 42 Efeitos de ondas permanentes, (a) Durante a exposição e (b) após a revelação

Estes efeitos reflectivos resultam, após a revelação do fotoresiste, em

uma leve ondulação na superfície lateral do resiste, causando perda na

resolução.

No sistema de exposição direta, o conjunto de máscaras matrizes deve

77

ter exatamente as dimensões finais do CI. A figura 43 ilustra

esquematicamente o equipamento de exposição. A fonte de luz pode ser de

mercúrio (UV), ou de mercúrio-xenônio (UV profundo). O feixe de luz passa por

filtros destinados à eliminação do infravermelho, a intensidade do feixe é então

uniformizada e colimada, antes da incidência sobre a máscara. Neste método

de impressão por contato, a foto máscara é pressionada de encontro ao resiste

depositado sobre a lâmina com uma pressão na escala de 0,05 atm a 0,3 atm

e neste caso o “s” da equação dada acima é igual à zero, pois não há espaço

entre a máscara e a lâmina. Neste caso, a resolução é dada por :

22

3min

zbR Eq. (21)

Como exemplo, este método utilizando um de 400nm e espessura do

fotoresiste igual a 1m, é possível obter uma resolução próxima a 1m. Como

se observa pela Eq. 21, para pequenos comprimentos de onda, como 248 nm,

e para uma mínima espessura da camada de resiste, tem-se maiores

resoluções.

Figura 43 Esquemático básico do sistema de exposição por contato

78

No equipamento de aproximação da máscara na lâmina existem

espaçadores por meio dos quais aproxima-se a máscara na lâmina. A figura

44(a) e figura 44(b) mostram um exemplo do método de aproximação e por

contato direto respectivamente. A vantagem da exposição por contato direto é

que a resolução é melhor que no método de aproximação, mas a desvantagem

é que a durabilidade da máscara fica bastante reduzida, devido aos danos

físicos que podem ocorrer causados pelo contato direto entre as duas

superfícies. Normalmente, devido às macro distorções sofridas pela lâmina

durante os processos térmicos. Na técnica de aproximação os mínimos

espaçadores que podem ser utilizados são da ordem de 20 µm a 50 µm. O

sistema tem sua limitação imposta principalmente pela difração de Fresnel, a

qual reduz a resolução. Neste método, como “s” (espaço entre a máscara e a

lâmina) é muito maior que z (espessura do resiste). A Eq.21 da resolução pode

então ser escrita como: sbR 23

min

Como exemplo, para s = 10m e usando um = 400nm na radiação de

exposição, o limite de resolução é de cerca de 3m. De igual modo quanto

menor for o comprimento de onda da fonte empregada, maior será a

resolução.

79

Figura 44 Técnicas de fixação da máscara por proximidade (a) ou (b) por contato direto

A foto gravação por projeção consegue minimizar os efeitos negativos

da difração de Fresnel, pois utiliza máscaras em dimensões ampliadas. Como

por exemplo, com máscaras cinco vezes maiores (5x) do que o tamanho final

do CI, pode-se obter uma relação entre o comprimento de onda da iluminação

e a abertura mínima da máscara também 5 vezes maior. Neste sistema, após

a passagem da luz colimada através da máscara, existe uma óptica de

redução cujo resultado é a exposição, sobre a lâmina, nas dimensões finais do

CI. Devido à abertura limitada do sistema óptico, cada circuito é projetado

passo a passo, conforme ilustrado na figura 45.

Figura 45 Esquemático do sistema de exposição passo a passo

80

A mudança de posicionamento para cada nova projeção é feita

mecânicamente utilizando-se um estágio xy ultra-preciso. Quando se quer

aumentar a produtividade do sistema, projetam-se quatro circuitos iguais, ao

mesmo tempo. A máscara matriz deve conter os quatro circuitos no tamanho

conveniente [8]. Na pratica o limite da resolução por projeção é dado pela

equação:

NA

R 1 Eq. (22).

onde k1 é um parâmetro experimentalmente determinado o qual depende das

características do resiste, das condições do processo e do alinhamento óptico

e NA é a abertura numérica do sistema óptico, a qual é definida como a medida

da quantidade de luz que pode ser captada por um sistema óptico qualquer,

seja uma lente , uma objetiva microscópica ou uma fibra óptica. Uma boa

abertura numérica (NA) para a lente, num sistema litográfico operando no

comprimento de onda de 436nm (linha g), é de 0,54, com o fator k1 igual a 0.8,

o que leva a uma resolução de 0,49m. Com o sistema operando em 365nm

(linha i), a resolução de 0,49m pode ser obtida com a NA da lente igual a 0,45,

enquanto é exibida uma DOF superior a 0,9m, comparado com a DOF de

0,7m para a linha g. A figura 46 ilustra um esquemático da relação entre a

abertura numérica da lente e a respectiva profundidade de foco [7].

81

Figura 46 Com uma variável abertura pode equilibrar a resolução, DOF, e o rendimento para

diferentes aplicações

Melhores resoluções são permitidas com baixos valores de k1, o que

torna mais estreito o processo de impressão de linha na formação da imagem

no fotoresiste, sendo assim mais difícil o processo [7]. A tabela 4 apresenta

alguns parâmetros típicos de resoluções nos processos ópticos.

Tabela 4: Parâmetros típicos para processos ópticos [19]

82

Em litografia óptica, o principal objetivo é obter-se maior resolução com

a maior profundidade de foco. A profundidade de foco ou tolerância de foco de

um sistema é dada por:

22

)(NADOF

Eq. (23).

Onde 2 é uma constante que depende do sistema óptico empregado.

Esta equação define a habilidade do sistema em manter o foco para pontos

situados em diferentes posições da espessura do resiste, ou como a distância

onde o contraste da imagem latente no resiste é maior que 60% da condição

de pleno foco. No processo de exposição se ocorrer uma desfocalização

excessiva do feixe de luz, a energia é dispersada espacialmente e o resiste

não é devidamente sensibilizado [22]. Pela definição da DOF, e por sua

estreita relação de compromisso com a resolução, torna-se crítico o ganho de

qualidade na formação da imagem sobre a camada de resiste, quando, para

uma maior resolução, a profundidade de foco é reduzida (para uma situação

limite), devido ao aumento da abertura numérica (NA), implicando em

sofisticação do sistema de lentes, ou em comprimentos de onda de menores

comprimento (fonte de radiação modificada). Este compromisso entre ambas

equações tornar-se ainda mais sério se a superfície da lâmina em

processamento apresentar topografia bastante irregular, com vários degraus,

não permitindo a performance do contraste maior que os 60% em pleno

foco,[22].

Na prática, a DOF deve englobar a topografia do dispositivo, espessura

do resiste, planaridade da lâmina e os erros de tilt e de foco. Num processo

litográfico sub-micrométrico (0,5m), apenas uma pequena irregularidade na

planaridade do resiste pode ser tolerada sem afetar negativamente o controle

da dimensão crítica. Pequenos valores da DOF necessitam de extensivo

processo de planarização da superfície do resiste para que sejam executadas

todas as características do circuito dentro dos limites de tolerância de foco do

sistema [7]. No caso de processamento de lâminas que exigem alta resolução

e pouca tolerância com relação à profundidade de foco utiliza-se um processo

83

de planarização da superfície antes de depositar-se o fotoresiste e fazer a

exposição.

As pesquisas são intensas na utilização de excimer lasers, para a

obtenção de luz no ultravioleta profundo (deep ultra violet- DUV) como fonte de

radiação. No entanto, ambas as abordagens reduzem a profundidade de foco

tal que, hoje em dia, sistemas de alta resolução apresentam DOF reduzidas,

na ordem das variações topográficas na superfície de um circuito ULSI (escala

muito larga de integração).

4.11.2 Revelação.

O fotoresiste é revelado por um processo muito similar ao usado no

desenvolvimento de um filme fotográfico. Cada tipo de fotoresiste possui o seu

revelador específico. A área do resiste que foi exposta à luz ultravioleta é

removida e lavada, deixando o substrato desprotegido nas áreas expostas para

ser posteriormente processado (corrosão, dopagem, deposição de filmes). A

figura 47 mostra um exemplo de um teste padrão de transferência para uma

camada de barreira do dióxido de Silício usando fotoresiste positivo e negativos

com o uso da mesma máscara [1].

Figura 47 Padrões de resiste e do dióxido de Silício, resultante do processo da fotolitografia,com

resiste positivo ou negativo

84

Entre os vários agentes formadores das soluções nos processos de

revelação existe o tricloroetileno (TCE, C2HCl3), o qual dissolve as áreas não

polimerizadas e a superfície apresenta então o padrão desejado. Este

procedimento corresponde ao fotoresiste negativo, sendo possível também

para o fotoresiste positivo onde a área exposta à luz ultravioleta é removida.

Existe também outros reveladores industriais utilizados mais especificamente

na revelação dos resistes positivos como por exemplo o revelador CD-26

utilizado na revelação do resiste S-1813; o revelador KOH (hidroxido de

potássio) em solução aquosa; TMAH (hidróxido tetra metil de amônio), ketones

e acetatos. Para os resistes amplificados quimicamente (CA) usa-se os

reveladores polares como ácidos e bases aquosas (resistes positivos) e

solventes orgânicos não polares(resistes negativos). O revelador formado pelo

acetato de éter metílico de propilenoglicol é usado na revelação do SU-8 que é

um resiste negativo.

Os resistes negativos são extensamente usados em processos

avançados de fabricação de CIs. Entretanto, o resiste positivo produz um

melhor rendimento no controle de processos em pequenas estruturas

geométricas e é agora o tipo principal de resiste usado em processos de VLSI

[1].

4.12 (PEB) Post Exposure Bake (Cozimento Pós Exposição) “hard-baking”

Após a revelação, realiza-se o pós cozimento “hard-baking” objetivando

endurecer o fotoresiste e melhorar ainda mais sua adesão ao substrato. Um

outro fator que justifica a necessidade do PEB é o problema da refletividade no

filme fino de fotoresiste durante a exposição conforme apresentado

anteriormente na seção 4:11.1 sobre exposição. Apesar de todo esforço

técnico nos equipamentos de exposição com o objetivo de conseguir a

incidência da luz sobre a superfície do fotoresiste o mais diretiva possível

(ângulo de 900) ângulo no qual a luz incidente reflete sobre si mesma, na

prática isso não ocorre pois as ondas ao incidirem na interface

resiste/substrato refletem-se em ângulos diferentes e expõem porções de

áreas indesejadas do resiste. Algumas soluções são usadas para moderar as

85

ondas permanentes, incluindo tinturas na superfície, revestimento anti-

reflectivo diretamente na superfície da lâmina. Mas o processo para fotoresiste

positivo inclui o cozimento pós exposição (PEB), antes de fazer a revelação da

camada de resiste. O cozimento reduz as influências das ondas permanentes

do padrão de definição [14]. Um processo típico de cozimento pós exposição

(PEB) envolve cozer a lâmina em um forno durante 20 a 30 minutos a uma

temperatura em torno de 180°C. As especificações de tempo e temperatura do

PEB são funções do método de aquecimento, das condições de exposição e

da química do foto- resiste. Após esta etapa de aquecimento do resiste pós

exposição, antes mesmo da etapa de “etching” ou corrosão química em

líquidos ou gasosa das seções da camada de SiO2 (dioxido de Silício) o

fotoresiste deve passar por uma etapa de inspeção na qual, através dos

equipamentos apropriados, como por exemplo um microscópio, o resiste que

foi aquecido durante o “hard-baking” é cuidadosamente inspecionado, a fim de

verificar a existência de defeitos provenientes das etapas anteriores. Para isto,

deve-se ter como referência os parâmetros de controle de qualidade do resiste,

tais como: aderência do resiste ao substrato, contraste do resiste,

características do padrão de transferência da máscara para o resiste,

atentando para o aspecto da forma de ambos os tipos de resistes positivos e

negativos após a polimerização, presença de solventes, saliências na estrutura

ou na superfície do resiste dentre outros defeitos que podem comprometer a

etapa de corrosão posterior. A inspeção é uma etapa que visa exatamente que

etapas posteriores não sejam iniciadas com resiste apresentando defeitos.

Realizada a etapa de inspeção do resiste, faz-se a corrosão da camada

de óxido de Silício, a qual não está protegida pelo fotoresiste, pois este foi

removido após a polimerização através da exposição por luz UV. A corrosão

pode ser realizada por via seca ou via úmida. O óxido de Si é removido por

uma solução tampão de BHF(buffered de HF). As corrosões por via seca são

realizadas por um sistema de Plasma e são predominantemente anisotrópicas.

Este tipo de corrosão apresenta estruturas com alta razão de aspecto e

permite o controle preciso do processo de corrosão em dimensões críticas. As

descargas de plasma são quimicamente reativadas para o processamento de

superfícies. As corrosões por via úmida são geralmente feitas com soluções de

86

ácidos e bases aquosas e podem ser anisotrópicas como também isotrópicas,

nesta ultima a taxa de corrosão é a mesma para todos os planos

cristalográficos.

Um sistema típico de uma corrosão isotrópica é feita com o HNO3 (ácido

nítrico) + HF (ácido fluorídrico) + ácido acético. O mecanismo é a oxidação do

Si pelo ácido nítrico seguido de remoção do óxido pelo HF. O ácido acético

age como agente tampão e pode, em muitos casos, ser substituído por água

DI. A figura 48 ilustra o aspecto de ambos os tipos de corrosão.

Figura 48 Ilustrando o aspecto final dos tipos de corrosões Isotropica e anisotropica respectivamente figura 48 (a) e (b)

Na corrosão anisotrópica por via úmida,a taxa de corrosão depende do

plano cristalográfico, ou seja, a corrosão é feita preferencialmente de acordo

com o plano cristalino. Alguns planos são corroídos com uma taxa mais

elevada em relação a outros planos adjacentes: (110) > (100) > (111). Em

geral, soluções alcalinas que geram corrosões anisotrópicas. Uma das

principais soluções utilizadas para este tipo de corrosão é feita com KOH

“hidróxido de potássio”. Esse tipo de corrosão é largamente empregadas em

micro usinagem “micromachining” para fabricação de dispositivos e sistemas

micro eletro-mecânicos (MEMS).

Em um processo de corrosão, os parâmetros de tempo, temperatura e

concentração da solução devem ser bastante estudados para um determinado

processo e rigorosamente controlados durante a corrosão.

87

4.13 Remoção do Fotoresiste

Depois que o substrato exposto é processado o fotoresiste é removido

da superfície, deixando uma janela no dióxido de Silício. Para a remoção do

fotoresiste, utiliza-se tradicionalmente uma série de processos químicos secos

ou em soluções liquidas nos strippers (processos de remover completamente o

resiste), que fazem com que o resiste inche e perca sua adesão do substrato. A

tabela 5 enumera alguns dos métodos utilizados nos processos de remoção

dos resistes, (strippers).

Tabela 5: Processos de remoção completa de fotoresiste [14]

Técnica Mecanismo Plasma oxigênio Oxidação em vácuo Descarga de Ozônio Oxidação sobre pressão atmosférica Acetona Liquido em dissolução Água Deionizada Quebra de ligações e dissolução Acido Sulfúrico + oxidante Oxidação em meio liquido Orgânicos Aminos Oxidação em liquido e dissolução H2O2 Oxidação em liquido

O processo químico de forma seca pode ser realizado através da

utilização de plasma de oxigênio, onde o mesmo causa a oxidação do resiste,

removendo-o da superfície. A remoção de resistes por meio de soluções

liquidas são também usadas e preferidas nos processos de front end of the line

(proc. fabr. frontal e de linha do CI), onde a superfície e o estreito canal de

condução (fonte e dreno) do circuito são sensíveis e vulneráveis aos danos

causados pelo processo de remoção por plasma [1], [14]. A escolha do

processo a ser usado depende da etapa particular do processo de fabricação

do dispositivo, do material presente na lâmina e de como ela está metalizada

ou não, da natureza química do resiste e da estabilidade prática do método no

laboratório, que pode ser determinada por seu precedente histórico,

preocupações relacionadas com danos ao meio ambiente, como também por

outros fatores críticos. A remoção por plasma de oxigênio é um método

universalmente usado e os métodos por meio de fase líquida são específicos

88

para certos tipos de aplicações, como foi exemplificado nos processos de front

end of the line.

Geralmente os processos de remoção de resistes são divididos dentro

da categoria dos resistes positivos e dos resistes negativos, como também

podem ser divididos pelo tipo da superfície da lâmina: metalizada ou não

metalizada.

O ácido sulfúrico é um forte oxidante, e conseqüentemente é um efetivo

removedor de resiste; contudo não pode ser usado se a lâmina estiver

“metalizada”, ou seja, com uma camada de metal depositada sobre a

superfície, a qual seria removida também com a ação do ácido. A acetona é

menos crítica nos procedimentos de remoção, porém não deve ser usada se o

resiste tiver sido danificado ou tiver sofrido alguma transformação por

processos com plasma ou por bombardeamento de íons, pois uma vez o

resiste tendo sido modificado quimicamente por algum destes processos, a

acetona perderá a ação de agente removedor do fotoresiste.

O plasma de oxigênio por si só é frequentemente suficiente, mas não é

comum em um processo de fabricação de dispositivos fazer o uso de dois

métodos de remoção como, por exemplo, o plasma de oxigênio (seco) seguido

de remoção por soluções liquidas, e como foi comentado, o plasma não deve

ser usado nos processos de front end [17].

O desempenho das soluções nos strippers está associado aos cuidados

que devem ser tomados em sua execução e aos objetivos a serem alcançados

para que o mesmo seja eficaz. Os processos de remoção dos resistes devem

retirar todo o filme de fotoresiste, incluindo aqueles que estiverem sujeitos a

condições que podem significativamente afetar suas propriedades químicas. A

remoção deve ser completa dentro dos limites de detectabilidade.

No processo de remoção por solução química, ela deve atacar somente

a camada de fotoresiste e não a camada de interconexão metálica. A

preparação e manuseio do processo de remoção do resiste deve ser o máximo

segura. Perigos associados com os componentes do processo (stripper) devem

ser considerados. Finalmente, o tempo de vida útil de uma solução deve ser

considerado, assim como sua subseqüente eliminação no meio ambiente pela

rede de esgoto. Tradicionalmente o tipo mais popular de processos de remoção

de resiste é também o mais indesejável para a saúde e para o plano ecológico.

89

Os processos de remoção baseados no fenol são usados em uma certa

temperatura, tem um tempo de vida curto e são de difícil escoamento, por estes

fatores seu uso tem sido mais restrito [10].

5. Litografia por Ultravioleta Extremo (EUVL), ( de 10nm a 15nm)

Na linha evolutiva dos processos litográficos, aproximadamente desde

2004 tem sido factível a produção de dispositivos com dimensões da ordem de

70nm, utilizando luz ultravioleta com o comprimento de onda () de 193nm.

Para conseguir avanços desta natureza, na miniaturização dos

dispositivos eletrônicos, a litografia teve que sofrer algumas alterações

profundas. Entre as técnicas desenvolvidas para esta finalidade têm-se a

correção por proximidade óptica, máscaras de inversão de fase e técnicas de

lasers excimer.

Quando o tamanho dos dispositivos é menor que o comprimento de

onda da luz, as distorções, que surgem em decorrência de difração óptica,

podem ser facilmente calculadas e corrigidas. Isto é, pode-se imaginar um

determinado arranjo para que, após a difração, a máscara produza o desenho

desejado no Silício.

Atualmente, com tais correções, é possível a produção de transistores

com dimensões de 65nm utilizando luz com comprimento de onda de

157nm(litografia por Imersão). Contudo, essas técnicas de correção de difração

só podem ser expandidas até certo ponto, razão pela qual muitas pesquisas

têm sido realizadas na tentativa de desenvolver novos meios de criar padrões

com maior definição. A abordagem mais promissora emprega a litografia, mas

com luz de comprimento de onda muito menor, o que os astrônomos chamam

de raios-X "suaves" ou, Ultravioleta Extremo, termo preferido no setor de

semicondutores. Na fabricação dos dispositivos semicondutores enormes

obstáculos são enfrentados à medida que se migra para a litografia com

ultravioleta extremo, que reduz os comprimentos de onda e,

conseqüentemente, o tamanho dos elementos que podem ser fabricados. Os

protótipos de sistema construídos até agora são configurados para um

comprimento de onda de 13nm. São verdadeiras maravilhas da engenharia,

tanto em escala macrométrica quanto nanométrica [23].

90

O comprimento de onda de 13nm no extremo ultravioleta pode ser

produzido por um plasma quente gerado por um laser de alta potência incide

em um material alvo, geralmente Xe, Sn ou Li, [24]. Dentre os estudos e

experiências realizadas no desenvolvimento de fontes para luz no EUV, as

fontes de ECR (Ressonância síncrona de elétrons) tem sido também uma das

fontes bastante cotada até o momento a ser utilizada em Litografia por EUV. É

uma fonte amplamente usada em todo o mundo, devido a seu distinto

desempenho na produção de alta carga de íons. Fornece soluções nas

tecnologias de: Raios-X e VUV (ultravioleta em vácuo). A partir de sua

aplicação em EUVL como fonte de irradiação nos 13nm, a mesma poderá

também ser usada na metrologia em EUV, que também requer fonte com longo

tempo de vida, estabilidade e rendimento, requisitos que podem ser

encontrados em Plasma por ECR, além de sua fácil operação e manutenção. A

titulo de exemplo, Plasma por ECR é também um bom candidato a ser usado

como fonte em microscopia por “Raios-X suave”. Este tipo de microscopia tem

um espectro na escala de 0,5nm a 5nm de comprimento de onda,

correspondendo à faixa de energia de 250 a 2500eV, de modo que a

ressonância nas primeiras camadas atômica K e L dos elementos C, N, O, Al,

Ti, Fé, Co e Ni podem ser experimentados [26].

A litografia por Ultravioleta Extremo (EUVL), na escala de uma das

próximas gerações, irá com o uso dos 13nm produzir dispositivos com

dimensões de 32nm, tendo, portanto uma previsão para o seu desenvolvimento

em escala industrial a partir do ano de 2012, sendo desenvolvida

paralelamente com a tecnologia de “extensão à Litografia de Imersão”,

desenvolvida com laser de Fluoreto de argônio, a qual produz dispositivos na

dimensão dos 45nm. A figura 49 ilustra a linha de perspectivas futuras da

evolução dos processos litográficos até o ano de 2013 [2].

91

Figura 49 Linha evolutiva dos processos litográficos com previsões até 2013

Entre os méritos e desafios a serem superados na EUVL, tomamos

como ponto de partida as equações da resolução e da profundidade de foco

respectivamente:

NA

R 1 Eq. (22)

2

2

NADOF

Eq. (23)

Na prática, estes parâmetros são experimentalmente determinados e

são influenciados pelo tipo de resiste usado e pelo sistema óptico de

exposição. Em grande escala de fabricação de CIs, k1 e k2 são maiores que 0,6

e a profundidade de foco (DOF) maior que 0,5m. Estas condições permitem o

desejado controle das dimensões criticas (CD), dentro dos limites de tolerância

do processo de abertura de janela. Ao forçar para uma alta resolução nos

comprimentos de onda de 248nm e 157nm, a exposição à radiação deve ser

feita com valores aceitáveis de k1 e k2 que devem ser menores que 0,5. Isto

gera problemas no processamento dentre os quais o mais difícil é o controle da

CD, e cria uma intolerável profundidade de foco. As resoluções por esforço

técnico (RET) e a efetiva profundidade de foco nem sempre são amigáveis em

um processo produtivo. Na EUVL estes problemas são superados, porque seu

comprimento de onda é menor. A técnica é capaz de imprimir caracteres sob

100nm enquanto mantém uma DOF de 0,5m ou maior e tem uma faixa de

92

valores para k que faz o processo de controle da (CD) menos exigente [7].

Infelizmente os problemas encontrados em EUVL, é que o EUV é

fortemente absorvido pela maior parte dos materiais, e conseqüentemente a

formação da imagem deve ser desenvolvida em um ambiente a vácuo e então

transportada para fora deste. Toda câmera óptica assim como as máscaras

usadas devem refletir ao invés de refratar. Novas formas de resiste deveram

ser desenvolvidas. A primeira escolha de um resiste para uso em EUV é que

este satisfaça simultaneamente as especificações de resolução, baixa

rugosidade na borda da linha (LER) e boa sensibilidade. O melhor desempenho

com os resistes testados para EUV foi obtido com os dados de 32,5nm de

dimensão critica (CD), densidade de linha e espaço de 3σ = 4,3nm e uma

sensibilidade de 11mJ/cm2 (σ (sigma) é a variação da espessura da camada) a

figura 50 ilustra a formação da estrutura referida.

Figura 50 Imagens gravadas com resiste em EUV, (AMD)

Resolução de aproximadamente de 28nm com 4nm de rugosidade de

linha de borda tem sido também demonstrado para linhas isoladas usando um

resiste com sensibilidade de (8 a 9) mJ/cm2. Para superar alguns entraves na

tecnologia dos resistes novas ferramentas de exposição em EUV estão sendo

desenvolvidas para fazer o desenvolvimento de novas formulações de resiste,

tal como a possibilidade de reunir cuidadosamente as propriedades dos

resistes para uso em EUV com os recursos dos resistes amplificados

quimicamente já existente. O sucesso dos resistes para EUV exigira relevante

conhecimento de propriedades físicas, químicas e de processos eletrônicos.

93

Como é conhecido: elétrons secundários têm um importante papel na

exposição de resiste em EUV, mas ainda pouco trabalho tem sido feito na

caracterização destes elétrons, rendimento e distribuição de sua energia [7],

[24].

Como a maior parte dos materiais possui baixa refletividade na

incidência nominal da luz nestes pequenos comprimentos de onda, assim

espelhos de multicamadas ou com múltiplas coberturas refletivas devem ser

desenvolvidos para uso nas reflexões múltiplas do sistema. O trabalho com

ultravioleta extremo requer o uso de máscaras que absorvam e refletem a luz.

Para construí-las, dezenas de camadas de molibdênio e de Silício são

depositadas, cada uma com apenas alguns nanômetros de espessura. Isso

produz uma superfície extremamente reflexiva sobre a qual aplica-se uma

camada de cromo contendo um padrão para absorver luz precisamente nos

lugares apropriados [7], [23].

As especificações aplicáveis ao material da máscara são extremas: se a

temperatura de uma placa de 10cm de comprimento subir 1°C, só lhe é

permitido dilatar-se alguns décimos de nanômetro, ou seja, poucas vezes o

diâmetro de um átomo. Esta exigência situa-se na fronteira do que em princípio

é realizável [25].

A formação das múltiplas camadas provê uma refletividade ressonante

quando o período da camada é da ordem de /2. Com a emissão magnética

baseada na refletividade do Mo/Si (molibdênio/Silício), picos reflectivos de até

70% em 13,4nm tem sido obtido. As máscaras de múltiplas camadas em EUVL

têm apresentado defeitos no nível de aproximadamente 1014 defeitos/cm2,

estando ainda duas ordens de magnitude acima do objetivo esperado. Como

em outros aspectos da produção dos circuitos, as máscaras não podem conter

imperfeições, e como os comprimentos de onda são tão pequenos testar a

presença de defeitos nestas máscaras torna se em um desafio considerável,

[7], [23].

Outro obstáculo que impedia a litografia por EUV, era o de encontrar a

maneira de remover as partes expostas do resiste polimerizado (positivo) e de

gravar nas regiões descobertas de maneira que não seja removido material em

áreas adjacentes. Tarefa como esta que consiste no banho de remoção destes

resíduos, torna-se complicada à medida que os componentes diminuem de

94

tamanho. No nível nanométrico, os minúsculos componentes colocados no

circuito assemelham-se a arranha-céus altos e delgados, separados por fendas

estreitas. Nesta escala, os fluidos de limpeza tradicionais agem como

gigantescas ondas viscosas e poderiam facilmente pôr tudo a perder. Mesmo

que essa catástrofe possa ser evitada, esses líquidos têm a tendência

preocupante de ficar presos nos caninos nanotecnológicos. Uma solução

encontrada para esse problema surgiu com o desenvolvimento dos “fluídos

supercríticos” desenvolvidos pelo: (Los Alamos National Laboratory”). A idéia

consiste no uso do dióxido de carbono a pressão e temperatura

suficientemente altas para ultrapassar o chamado ponto crítico. Sob essas

condições, o CO2 assemelha um pouco a um líquido, mas conserva uma

propriedade importante dos gases que é baixa viscosidade. Assim, o dióxido de

carbono supercrítico flui com facilidade sob as partículas e consegue expeli-las

mecanicamente de modo mais eficaz do que qualquer produto químico líquido.

Quando misturado com os co-solventes certos, o dióxido de carbono

supercrítico pode ser muito eficaz na dissolução de elementos fotoresistivos.

Ao terminar esta limpeza, os fluidos supercríticos são facilmente removidos

com a redução da pressão para níveis atmosféricos, o que faz com que esses

fluidos evaporem como um gás normal [23]. Um

exemplo esquemático do sistema de exposição por EUVL, é mostrado na figura

51. Este particular sistema possui sete superfícies refletoras incluindo a

máscara [26]. O rendimento máximo deste sistema T(número de cm2 de resiste

exposto por segundo) pode ser estimado por:

S

RWPT S

73

Eq. (24).

Onde: s é o poder da fonte que incide no alvo (mW/cm2);

W é a transmissividade da janela (três janelas de vácuo são

necessárias no sistema);

S é a sensibilidade do resiste (mJ/cm2) e R é a refletividade do sistema

óptico expresso por:

7 3WpTSRs

Eq. (25)

95

Figura 51 Sistema óptico em EVUL

Consegue se um fator de redução de 20 no tamanho característico da

linha de espaçamento do circuito com o sistema operando com uma impressão

de 0,15m. Apesar do grau de complexidade deste sistema, ele não é tão

complicado quanto aos passos existente no sistema com lentes. Assumindo

que a refletividade no conjunto dos sete espelhos seja igual. Para uma alta

refletividade tal como de 70% ,a intensidade da radiação no plano da lâmina é

reduzida para cerca de 8% do valor eficaz da fonte. Deste modo espelhos

altamente reflexivos sobre o campo de exposição são necessários, tendo em

vista as livres aberrações do sistema o controle requerido deve ser superior a

2nm. Tais requisitos são proezas mediante aos padrões tecnológicos atuais.

Quanto ao desempenho deste sistema, seu papel e suas limitações, sua

resolução e DOF ainda serão dadas pelas Eq.(22) e Eq.(23). Na prática procura

utilizar o menor possível, embora seja mais penetrante na espessura das

múltiplas camadas, onde a absorção nestas camadas reduz a refletividade, o

que leva a um limite no ganho proveniente destes parâmetros. Superfícies

rugosas é também uma chave no limite do desempenho. Interfaces rugosas

atuam de forma a aumentar a incerteza do espaço entre as camadas, ou

melhor, ampliar a largura espectral da reflexão e abaixa a intensidade do pico.

A refletividade é reduzida por um fator ƒ dado por:

96

2

2216exp

f Eq. (26).

Onde (sigma) é a variação da espessura da camada interplanar. A

exemplo: para uma interface com uma largura de 2 = 1,3nm e λ = 10nm a

refletividade pode ser reduzida pela metade.

Existindo pequena queda nos espelhos abaixo do valor nominal de 70%

será minimamente aceitável. Atualmente o comprimento de onda de 13nm é o

que da o melhor compromisso entre a resolução e a refletividade. Os

compostos de molibdênio/Silício depositados por emissão magnética é o

material mais utilizado como camada intercalar apresentando alta refletividade

em torno de 130Å,[26]. O valor de para estas intercamadas é geralmente

superior a 1,4nm.

Um sistema óptico de abertura numérica (NA), relativamente baixo, da

ordem de 0,2 pode ser construído, desde que o λ seja pequeno a resolução

destes sistemas pode-se estender facilmente até 0.1µm, com k1 igual a 0.7. A

profundidade de foco será grande também [19].

A fim de ilustrar um pouco melhor a figura 52 apresenta a instalação do

protótipo de um sistema em EUV para a produção das futuras gerações de

dispositivos.

97

Figura 52 protótipo de um alinhador para EUVL [25]

Um dos fatores importante para o desenvolvimento da EUVL é com

relação à fonte de irradiação que deve ter uma alta relação referente à

profundidade e intensidade de foco. Numa escala de fabricação, com um

rendimento de 120 lâminas por hora é economicamente necessário que a fonte

de irradiação na saída tenha uma potência de 115W em torno dos 13nm de (),

com uma largura de banda de 2% na entrada do sistema, sendo ainda

necessário uma boa estabilidade e tempo de vida da fonte, conforme é

requerido para um bom sistema óptico.

98

6 Considerações Finais

Este trabalho teve como objetivo, principal a descrição das varias etapas

envolvidas no processo fotolitografico, no intuito de ressaltar a particular

importância que a litografia tem no processo global da microfabricação, onde

no qual representa uma parcela de 60% do custo total de fabricação. Tendo

seu desenvolvimento com o advento da fotografia, os processos litográficos

que representa uma grande escalada de avanços tecnológicos continuará

sendo nos próximos anos a área de perspectivas na linha da sofisticação

tecnológica. Os processos Litográficos com todas as suas etapas de

processamento é uma área que é referida direta ou indiretamente nas muitas

linhas de pesquisas tecnológicas que buscam melhor compreender tais

processos ou por hora descobrir novos agentes: materiais ou instrumental que

possam proporcionar melhores ganhos e controle dos parâmetros de

compromissos nos processos de fabricação dos Cis.

As etapas fotolitograficas não devem jamais serem executadas ou

seguidas como uma receita pronta, as experiências adquiridas em um processo

podem servir sim de embasamento técnico a um outro processo, mas os

parâmetros de qualidade pertinentes a cada etapa devem sempre serem

inspecionados com os devidos critérios de medida, pois neste campo de

construção submicrometrico qualquer falha em uma destas etapas podem

comprometer seriamente o processo de fabricação. Avançando no sentido de

conseguir cada vez mais ganhos na resolução da formação de imagens

associando os recursos ópticos com o desenvolvimento dos fotoresistes

apropriados, com o uso das técnicas de correção por proximidade óptica,

máscaras de inversão de fase e com as técnicas de laser excimer a litografia

tem conseguido cada vez mais reduzir o comprimento de onda utilizado,

avançando das exposições nos espectros do mercúrio-xenônio, nos referidos

picos de intensidade do espectro nas linhas i, h e g respectivamente em

365nm, 405nm e 436nm. Hoje já em escala industrial,com o desenvolvimento

dos Resistes Quimicamente Amplificados (CA),tornou se possível as

exposições no profundo ultravioleta (DUV) no comprimento de onda de 248nm.

99

Como os avanços seguem numa escala cronológica, com o

desenvolvimento da litografia por imersão em meios com índice de refração

maiores que o do ar (1.33 água), as exposições passaram para os

comprimentos de onda de 157nm produzindo dispositivos com dimensões de

abertura do canal de condução entre os 70nm a 45nm,[28]. Nesta escala de

avanços espera-se para o ano de 2012 o uso industrial da litografia no extremo

ultravioleta (EUVL), esta tecnologia que esta na fronteira do que em principio é

realizável, devido às exigências no desenvolvimento de materiais e

instrumentação, sobretudo em novas formas de resistes, máscaras com

propriedades de absorver e refletir a luz, e espelhos altamente reflectivos.

Contudo ao ser superado estes problemas inerentes a tal avanço, será possível

o uso do comprimento de onda de 13nm e produzir dispositivos com 32nm de

abertura do canal de condução entre a fonte e o dreno.

Tratando dos critérios e cuidados que se deve ter ao realizar um

processo litográfico. Este trabalho servirá como base e de orientação em como

processar cada etapa da litografia, como também não deixa de despertar o

interesse em novas pesquisas sobre algum ramo desta tecnologia que é de

fundamental importância numa escala de produção tecnológica.

100

Referência

[1] JAEGER, R. C. Introduction to microelectronic fabrication. 2.ed. Upper

Saddle River, N.J.: Prentice Hall, c2002. 316 p.

[2] PLENTZ, F. O. Notas de aula. Belo Horizonte: UFMG, 2007.

http://www.fisica.ufmg.br/~plentz/transfer/aulas/ C:\Documents and

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