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Escolha sob Incerteza Prof. João Manoel Pinho de Mello Depto. de Economia, PUC-Rio [email protected] Agosto, 2006

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Escolha sob Incerteza

Prof. João Manoel Pinho de Mello

Depto. de Economia, PUC-Rio

[email protected]

Agosto, 2006

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Referência: capítulo 12, Varian

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Consumo contingente O consumo não é certo

Dependendo do estado da natureza (da contingência), o consumo é diferente

O consumidor enfrenta uma distribuição de probabilidade

Teoria do consumidor normal: Consumidores escolhem cestas de bens

Teoria do Escolha sob Incerteza: Consumidores escolhem loterias, ou distribuições

de probabilidade

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Os conceitos Loterias

Utilidade esperada

Atitude frente ao risco

Mensuração de aversão ao risco

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Loterias

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Exemplo Você tem R$10.000

Sai cara (com probabilidade ½) você perde R$ 5.000

Sai coroa (com probabilidade ½) você não perde os R$5.000

Se você pagar R$1.000, você diminui a chance de coroa para ⅛

Loteria 1: (10.000 e ½ ;5.000 e ½) Loteria 2: (8.000 e ⅞;3.000 e ⅛) Qual você prefere?

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Jargão

Loteria = distribuição de probabilidade Estados da natureza

Cara Coroa

Consumo contingente Na loteria 1, o consumo é 10,000 contingente a sair cara Na loteria 2, o consumo é 5,000 contingente a sair coroa

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Outro exemplo Você tem R$100.000, sendo que destes K reais estão

na forma de um carro Com probabilidade p (0,1), o carro é roubado Mas você pode fazer um seguro, pagando reais

Loteria 1 (comprando seguro) (100.000 – , 1; 100.000 – , 1)

• Já sei, é uma loteria meio boba, que se chama de degenerada

Loteria 2 (sem seguro) (100.000 – K, p; 100.000 , 1 - p)

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Outro exemplo

Estados da natureza

Consumo contingentes

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Seguro e transferência de consumo Suponha agora que você pode comprar unidades de

consumo, por por unidade de seguro comprado O seguro permite transferir consumo do estado da

natureza “não roubo” para o estado da natureza “roubo”

Seja CR o consumo quando há roubo e CNR o consumo quando não há roubo

Seja S a quantidade de seguro comprada Imagine que K = 35.000

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Seguro e transferência de consumo Comprando seguro

(CR = 100.000 – K – S + S ; CNR = 100.000 –S)

Sem comprar seguro (dotação inicial) (CR = 100.000 – K ; CNR = 100.000)

CNR

CR

100

65

100 - S

65 + (1 - )S

Dotação inicial

Cesta de compra S de seguro

Vender seguro

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Seguro e transferência de consumo Seja θ a inclinação da linha

Pense em consumo no estado não roubo (CNR) e no estado roubo (CNR) como dois bens quaisquer.

Pense em

como o preço relativo

1SS

S

1

NR

R

C

C

P

P

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Seguro e transferência de consumo

Aí temos uma restrição orçamentária igual ao que tínhamos na Teoria do Consumidor normal

Nos falta Uma teoria razoável de preferência a respeito de

diferentes teorias• Colocar as curvas de indiferença

Dizer algo sobre como este preço relativo aparece

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Teoria da Utilidade Esperada

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Preferência a respeito de loterias

Missão: “colocar as curvas de indiferença”

Em Teoria do Consumidor normal, geralmente

pensávamos que preferências razoáveis seriam: Crescentes nas quantidades de cada bem

Mas à taxas decrescentes

Agora vamos impor mais estrutura Quer dizer: exigir mais coisas de uma preferência razoável

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Utilidade esperada: idéias gerais A cesta de bens é o consumo contingente em cada estado da

natureza: (C1, C2)

Probabilidades dos estados da natureza: π1 e π2, que somam 1

Gostaríamos que nossa teoria (modelo) para escolha sob incerteza tivesse as seguintes características: Eu valorizo mais consumo em estados mais prováveis

• Eu gostaria de muito consumo em um estado improvável para abrir mão de um pouco de consumo em um estado provável

Minha atitude frente ao risco seja facilmente caracterizável a partir de minhas preferências

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Preferências sobre loterias: o modelo geral Dois estados da natureza, mutuamente exclusivos e

exaustivos: 1 e 2 Consumo contingente: (C1, C2)

Probabilidades: π1 e π2, π1 + π2 = 1

Utilidade, formato geral:

2121 ,;, ccU

Consumo contingente, os bens

probabilidades, os parâmetros

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Exemplos de preferências

21212121 ,;, Douglas-Cobb ccccU

22112121 ,;,Linear ccccU

22112121 lnln,;,linear -Log ccccU

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Utilidade esperada Preferências sobre loterias estão na forma de utilidade

esperada se são a soma ponderada (pelas probabilidades) da utilidade do consumo contingente, que é dada pela função u(•)

Também chamada de utilidade de von Neumann-Morgenstern

A função u(•) é chamada de utilidade de Bernoulli

22112121 ,;, cucuccU

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Utilidade esperada: forma versus representação Preferências representam preferências de utilidade

esperada se podem ser transformadas para a forma de utilidade esperada através de transformações monótonas

22112121 lnln,;,linear -Log ccccU

está na forma de utilidade esperada

21212121 ,;, Douglas-Cobb ccccU

não está na forma de utilidade esperada

Mas representa preferências de utilidade esperada porque pode ser transformada na forma de utilidade esperada por transformações monótonas (em realidade só uma é necessária)

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Utilidade esperada: forma versus representação Exemplos:

652

19812121 ,;, ccccU 212121 )exp(,;, ccccU Está na forma de utilidade esperada?Representa utilidade esperada?Está na forma de utilidade esperada?Representa utilidade esperada?

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Utilidade esperada: bom modelo? Para estar na forma de utilidade esperada é crucial que

Seja separável nos consumos nos estados da natureza• Utilidade do consumo se chove não depende da quantidade de consumo

se faz sol• O que não ocorreu não importa

• Chove, faz sol ou vai para SP no fim de semana• Café, açúcar e água• Chama-se isto de suposição de independência

Que a função u seja a mesma• Suponha eventos equiprováveis

• A utilidade de consumir se faz sol é igual à utilidade de consumir se chove Utilidade dependente do estado

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Atitude frente ao risco

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Você gosta de risco? Alguém tem uma moeda justa que:

Se sai cara, você ganha 10.000 Se sai coroa: você não ganha nada Quanto você estaria disposto a pagar pelo direito de jogar

esta moeda? O que você prefere?

Uma moeda justa que paga 0 com probabilidade ½, e 20.000 reais com probabilidade ½

Uma moeda justa que paga 8.000 com probabilidade ½, e 10.000 reais com probabilidade ½

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Utilidade da média versus média das utilidades Loteria: 0 com probabilidade ½, 10.000 com

probabilidade ½ Suponha que:

Então o agente é dito avessa ao risco 02

1000.10

2

10

2

1000.10

2

1uuu

Utilidade da média, ou utilidade esperada de uma loteria que paga 5.000 com

certeza

Utilidade média (ou esperada)

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Aversão ao riscoUtils

$0 10.0005.000

u(·)

½u(0) + ½u(10.000)

Utilidade média

u(5.000) = utilidade da

média Função de Bernoulli

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Amor ao riscoUtils

$0 10.0005.000

u(·)

½u(0) + ½u(10.000)

Utilidade média

u(5.000) = utilidade da

média

Função de Bernoulli

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Neutralidade ao riscoUtils

$0 10.0005.000

u(·)

½u(0) + ½u(10.000)

u(5.000) =

Função de Bernoulli

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Resumo Se a utilidade de Bernoulli u(·) é côncava (u’’ < 0),

então o agente é avesso ao risco Exemplo u(c) = ln(c), u(c) = c½

Se a utilidade de Bernoulli u(·) é convexa (u’’ > 0), então o agente é avesso ao risco Exemplo u(c) = exp(c), u(c) = c2

Se a utilidade de Bernoulli u(·) é linear (u’’ = 0), então o agente é avesso ao risco Exemplo u(c) = c, u(c) = 10+34c

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Exemplo: demanda por seguro Exemplo anterior:

100.000 patrimônio, 35.000 em um carro, que é roubado com probabilidade p

Pode comprar seguro por γ por unidade segurada

Problema: quanto segurar (S)

( ) ( ) ( )Sγ-up -Sγ -+SpuS

1001+65max

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Exemplo: demanda por seguro

CPO

Suponha que o seguro seja “atuarialmente” justo, ou seja, p = γ. Isto implica que a CPO se reduz a

( ) ( )( ) ( ) ( )( )( )

( )( )( )γ-p

p-γ

Sγ-'u

Sγ-'u

Sγ-'up-γ-Sγ-'uγ-p

1

1=

100

1+65

↔0=10011+651

( )( )( ) ( )( ) ( )Sγ-'uSγ-'u

Sγ-'u

Sγ-'u100=1+65→1=

100

1+65

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Exemplo: demanda por seguro Suponha que u’’ < 0 (agente avesso ao risco) Então u’ é decrescente Para que

é preciso que 65 + (1 – γ)S = 100 – γS Ou seja, S = 35 O que isto significa?

( )( ) ( )Sγ-'uSγ-'u 100=1+65

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Exemplo: demanda por seguro Checando a condição de 2ª ordem

O que ocorreria se u´´ > 0, ou seja, se o agente é amante do risco?

0'' que dado035100''1

|100''1165''1 35

uu

SuSu S

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Mensuração da aversão ao risco

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Aversão ao risco

Na maioria esmagadora das situações imaginamos que os agentes não gostam de risco

Geralmente os agentes “neutros” ao risco o são porque em realidade não enfrentam risco Seguradoras e a Lei dos Grandes Números

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Quanto?

u’’ nos diz que o agente é avesso ao risco Mas quanto?

Curvatura de u Os coeficientes de aversão relativa e absoluta ao

risco Equivalente em certeza Prêmio de risco

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Equivalente em certeza Suponha que você tem uma loteria que paga:

K1 com probabilidade p

K2 com probabilidade 1 – p

K1 > K2 > 0

O equivalente em certeza é

11 1 KupKpuEu

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Equivalente em certeza

Se E < pK1 + (1 – p)K2, então o agente é avesso ao risco Se dois agentes i e j têm equivalentes em certeza

tais que Ei < Ej diz-se que i é mais avesso ao risco que j

O equivalente em certeza é quanto você está disposto a abrir mão de média para evitar o risco

A idéia pode ser generalizada para qualquer loteria L

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Equivalente em certezaUtils

$0 10.0005.000

u(·)

½u(0) + ½u(10.000)

Função de Bernoulli

Equivalente em certeza

E