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Escola Secundária de Amares F FICHA - - R RELATÓRIO : : G G R R A A N N I I T T O O D D E E B B R R A A G G A A Trabalho realizado pelas turmas A, B, C, D e E do 7.º ano Professoras Responsáveis: Célia Santos Daniela Rosas Sónia Ferreira Susana Marques Amares, Maio de 2007

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Trabalho realizado pelas turmas A, B, C, D e E do 7.º ano

Professoras Responsáveis : Célia Santos

Daniela Rosas Sónia Ferreira

Susana Marques

Amares, Maio de 2007

ESCOLA SECUNDÁRIA DE AMARES 1

CLASSIFICAÇÃO

A rocha recolhida é uma rocha magmática plutónica, designada granito de Braga. DESCRIÇÃO EM AMOSTRA DE MÃO Granito biotítico, com rara moscovite, porfiróide ou de tendência porfiróide e de grão médio a fino. Os minerais essenciais são o quartzo, a biotite e o feldspato, apresentando-se este último sob a forma de megacristais. A cor cinzenta azulada é devida ao elevado teor em biotite, que se estima visualmente entre 15 e 20 % (Magalhães, 2000). Para além de quartzo, feldspato e biotite podem ser encontrados outros minerais, como zircão, ilmenite, moscovite, epídoto, torite e uraninite (Magalhães, 2000). O granito de Braga apresenta encraves microgranulares máficos (figura 1), com dimensão variável entre 2 a 30 cm e forma circular, elíptica ou ovalada (Veloso & Dias, 1995), possíveis de observar em algumas amostras de mão. LOCALIZAÇÃO A vila de Amares localiza-se na região Norte de Portugal, distrito de Braga, aos 41º37’ de latitude N e 8º21’ de longitude O. A recolha das amostras foi efectuada na pedreira da Senhora da Paz que dista cerca de 2 km da escola (figura 2).

Encraves máficos

Figura 1 – Exemplar de granito de Braga, onde é possível observar os encraves máficos característicos desta rocha.

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CONTEXTO GEOLÓGICO O distrito de Braga situa-se na Zona Centro-Ibérica da Cadeia Hercínica, estando a região considerada abrangida pela folha 5-D da Carta Geológica de Portugal na escala 1:50 000. Esta zona é dominada por rochas graníticas que se dividem em várias manchas e maciços (Ferreira et al. 1993), sendo de destacar o maciço de Braga, sobre o qual se versa este relatório. Os corpos graníticos encontrados em Amares ter-se-ão instalado há 307-310 M.a. ( ± 10 M.a.), a partir do cizalhamento Vigo-Régua (Dias & Leterrier, 1993; Veloso & Dias, 1995). Os encraves microgranulares máficos revelam composição minerológica diferente da dos granitos hospedeiros, mas em que a biotite é o único máfico presente. Estes dados apoiam a hipótese de que os encraves resultaram de um magma com composição distinta (mais máfica) do magma que originou os granitos hospedeiros. Assim, a hipótese mais provável é a de que os granitos de Braga terão uma origem ígnea que resultou da cristalização de dois magmas associados, o magma granítico e outro máfico (Dias & Leterrier, 1995; Veloso & Dias, 1995). Os encraves microgranulares representarão “gotas” de magma máfico transportadas pelos líquidos

Figura 2 – Localização da Escola Secundária de Amares e do local de recolha das amostras (Pedreira da Senhora da Paz).

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graníticos aquando da sua ascenção para níveis superiores da crosta (Dias & Leterrier, 1995). No mesmo contexto geológico é possível observar a rocha metamórfica quartzo-filito (figura 3), formada através de metamorfismo de contacto. TIPO DE PAISAGEM Nas redondezas são observados aspectos geomorfológicos típicos de paisagem granítica, onde se destaca o caos de blocos, paisagem que não é, no entanto, observada no local de amostragem, visto se tratar de uma pedreira (figura 4). TIPO DE VEGETAÇÃO E ECOSSISTEMA Entre as espécies florísticas mais abundantes na região há a destacar o pinheiro (Pinus sp.) e o carvalho (Quercus sp.). Menos abundantes, mas também característicos da zona são o azevinho (Ilex aquifolium) e o medronheiro (Arbutus unedo). Observa-se também, a presença de várias espécies de silvas (Rubus spp.), e uma variedade de herbáceas – esteva (Cistus ladanifer), giesta (Cytisus scoparius), etc. -, de fetos e de

Figura 4 – Aspecto geral da Pedreira da Senhora da Paz.

Figura 3 – Exemplar de quartzo-filito recolhido na pedreira da Senhora da Paz.

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Figura 5 – Flora observada no local de recolha das amostras.

musgos. Em termos de espécies introduzidas, verifica-se a presença de eucalipto (Eucaliptos spp.) e de mimosa (Acacia dealbata), sendo esta última muito abundante no local de recolha das amostras. No que se refere à fauna é possível encontrar mamíferos comuns a zonas rurais, destacando-se entre estes a toupeira (Talpa europaea), o coelho (Oryctolagus cuniculus), o ouriço-terrestre (Erinaceus europaeus), a raposa-vermelha (Vulpes vulpes) e diferentes espécies de

morcegos. Entre as aves encontradas na região saliemtam-se as seguintes espécies: melro (Monticola spp.), pardal-comum (Passer domesticus), mandarim (Taeniopygia guttata), pega-azul (Cyanopica cyana), pega-rabuda (Pica pica), rola-turca (Streptopelia decaoto), bem como diversos elementos da ordem Strigiformes (mochos, corujas e bufos). Surgem também vários répteis e uma grande diversidade de invertebrados. VALOR PATRIMONIAL A rocha recolhida é bastante comum no contexto da Geologia do nosso país, sobretudo no Norte de Portugal Continental. Actualmente, ainda é possível encontrar registos históricos da aplicação desta rocha, como é o caso dos marcos milenares encontrados na zona do Gerês e a Geira romana. O Monte de Nossa Senhora da Paz é um ex-libris do concelho de Amares. Neste local encontra-se uma Capela que remonta à década de sessenta, do século passado e que foi construída com recurso a granito da região (figura 6). No centro da vila é também possível observar vários monumentos construídos a partir de granito. Entre eles salientam-se o cruzeiro, o pelourinho, a estátua dedicada a Dom Gualdim Pais (figura 7) e a igreja matriz (figura 8).

Figura 6 – Fotografia tirada durante a construção da capela da Senhora da Paz.

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INTERESSE ECONÓMICO Entre as diversas aplicações do granito, pode-se exemplificar a sua utilização na indústria extractiva para britas e inertes de betão, nos pavimentos de calçadas, no revestimento de edifícios e como rocha ornamental. OUTROS ASPECTOS E OBSERVAÇÕES A pedreira da Senhora da Paz está envolvida numa acesa polémica entre a população e a empresa extractora. Os habitantes da área envolvente da pedreira consideram que a extracção de granito teve um impacto paisagístico muito negativo em toda a zona, deixando a descoberto uma massa granítica extensa. A este acrescem outros problemas relacionados com o excesso de barulho causado pelos rebentamentos na pedreira e a falta de segurança. Aguarda-se, agora, a implementação de medidas de recuperação paisagística que possam requalificar o monte da Senhora da Paz.

Figura 7 – Estátua de Dom Galopim Pais.

Figura 8 – Igreja matriz de Amares.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA BRUUN, B.; DELIN, H. & SVENSSON, L. (1995). Aves de Portugal e Europa. Guias

Fapas. Pelouro do Ambiente da Câmara Municipal do Porto. DIAS, G. & LETERRIER, J. (1993). Cronologia e petrogénese de granitóides biotíticos

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DIAS, G. & LETERRIER, J. (1995). Estudo isotópico Sr-Nd de encraves

microgranulares máficos associados a granitóides tardi-hercínicos da região de Braga – Vieira do Minho (Norte de Portugal): origem e composição dos magmas parentais. Museu e Laboratório Minerológico e Geológico, Universidade do Porto, Memória nº 4, p. 711-715.

FERREIRA, N.; DIAS, G.; LETERRIER, J & NUNES, J. (1993). Rochas ígneas

hercínicas da região de Braga – Vieira do Minho (NW de Portugal): cartografia geológica, tipografia granítica e petrogénese. Museu e Laboratório Minerológico e Geológico, Universidade do Porto, Memória nº 3, p. 45-49.

HUMPHRIES, C. J. & SUTTON, J. R. (1996). Árvores de Portugal e Europa. Guias

Fapas. Pelouro do Ambiente da Câmara Municipal do Porto. MAGALHÃES, S. (2000). Biodeterioração de um monumento da cidade de Braga.

Estudo microbiológico da pedra granítica. Braga: Universidade do Minho. Tese de Mestrado.

VELOSO, M. L. & DIAS, G. (1995). Estudo químico-minerológico de encraves

microgranulares máficos associados a granitóides tardi-hercínicos da região de Braga-Vieira do Minho (Norte de Portugal): tipo e mecanismos de hibridação. Museu e Laboratório Minerológico e Geológico, Universidade do Porto, Memória nº 4, p. 843-847.

DOCUMENTOS ELECTRÓNICOS CONSULTADOS CERQUEIRA, C., Pedreiras do Monte de Nossa Senhora da Paz: Problema sem fim à

vista, [Online], 2006, [Consult. 14 de Maio de 2008], Disponível em: http://www.terrasdohomem.com/visualizar.php?id=3339&Cid=15&Sid=0.

http://www.jf-amares.pt, [Consult. 14 de Maio de 2008].