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0 PROGRAMA DE INOVAÇÃO EM GEOLOGIA FICHA-RELATÓRIO Calcário Conquífero Ciências Naturais 8º Ano Ano Lectivo 2010/11

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PROGRAMA DE INOVAÇÃO EM GEOLOGIA

FICHA-RELATÓRIO

Calcário Conquífero

Ciências Naturais – 8º Ano

Ano Lectivo 2010/11

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1. Classificação ___________________ Classe: Sedimentar

Subclasse: Biogénica

Classificação científica: Calcário conquífero

Os calcários são rochas sedimentares, resultantes de precipitação química. O calcário pode ser

dividido em seis grandes grupos:

Marga: Quando possui uma quantidade de argila entre 35 e 50%. Caliche: Calcário rico em carbonato de cálcio formado em ambientes semi-áridos. Tufo: Calcário esponjoso encontrado em águas de fonte devido à precipitação do carbonato

de cálcio associado com matéria orgânica resultante da decomposição de vegetais. Conquífero: Formado pela acumulação de esqueletos e conchas. Giz: Calcário poroso de coloração branca formado pela precipitação de carbonato de cálcio

com microrganismos. Travertino: São calcários densos encontrados em grutas e cavernas compostas por calcite,

aragonite e limonite. Dolomítico: quando o mineral predominante é o dolomite. Recifal: é um calcário de edificação que resulta da fixação de carbonato de cálcio por seres

vivos, nomeadamente os corais, que contêm minerais com quantidades acima de 30% de carbonato de cálcio (aragonite ou calcite).

2. Descrição em Amostra de Mão ______

O calcário conquífero existente na zona de Caneças apresenta uma cor que vai desde o amarelo-torrado ao castanho claro. É um tipo de rocha compacta, mas pouco maciça, já que se a deixarmos cair ela parte-se e também a conseguimos partir com a mão.

A amostra estudada, tal como todos os calcários, em contacto com ácido clorídrico tem uma reacção de efervescência.

Este calcário conquífero contem principalmente fósseis de conchas de ostreídeos e de alguns gastrópodes e possui um cimento de natureza argilosa.

Fig.1- Fóssil de gastrópode.

Fig.2- Amostra com fósseis de ostreídeos.

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O calcário é constituído pelo mineral carbonato de cálcio, sem contar com as impurezas, que normalmente são as sílicas, argilas, fosfatos, carbonato de magnésio, gipso, glauconite, fluorite, óxidos de ferro e magnésio, sulfatos, siderite, sulfato de ferro, dolomite e matéria orgânica (nomeadamente as conchas).

Fig.3 e 4- Blocos rochosos a partir dos quais foram retiradas as amostras para troca.

3. Localização ____________________

O afloramento e escola ficam situados na freguesia de Caneças, no concelho de Odivelas, no distrito de Lisboa. Morada: Rua de Olivença, 1686-801 Caneças Coordenadas GPS: 38,811626/-9,228488

Fig.5- Mapa de Portugal com a localização de Caneças.

Fig.6- Mapa das freguesias do concelho de Odivelas no distrito de Lisboa.

Fig.7- Mapa com a localização de Caneças.

Fig.8- Aluno do 8º ano da E.B. 2,3 de Caneças (André Sá).

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Fig.9- Localização do afloramento e da escola E.B. 2,3 de Caneças.

4.Contexto Geológico _______________ Os blocos de rochas que formam o afloramento estudado permitem fazer a interpretação sobre o passado geológico de Caneças apesar de não se encontrarem na sua posição original. Observa-se claramente que os blocos são constituídos por rochas sedimentares pois é visível a sua estratificação ou seja, há uma sequência de sedimentos com granulometrias e cores diferentes. Os estratos com sedimentos mais claros, com tons amarelados evidenciam que a deposição terá ocorrido num ambiente aquático, de águas límpidas e transparentes. Porém os estratos com sedimentos mais próximos do cinzento esverdeado evidenciam que a deposição terá ocorrido numa altura em que havia menos oxigénio e as águas estariam mais estagnadas.

Fig.10- Secção do afloramento. Os tipos de fósseis encontrados nas rochas, nomeadamente os ostreídeos e também alguns gastrópodes, pertencem a organismos marinhos, típicos de um ambiente de transição ou seja de um ambiente lacustre de águas salobras ou salgadas.

Possivelmente este lugar seria uma laguna, de águas pouco profundas que durante os períodos de maré cheia era invadido pelo mar alterando assim as suas propriedades salinas. Pela interacção com a mecânica das ondas do mar e do vento formar-se-iam depósitos de sedimentos e existiriam nutrientes em quantidade favorável ao desenvolvimento de moluscos marinhos. Fig.11- Bloco rochoso isolado.

Ao longo do tempo, terá ocorrido uma regressão do mar em relação a linha de costa. A movimentação das placas tectónicas e a ocorrência de glaciações terão contribuído para a elevação da região de Caneças.

Escola

Afloramento

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Esta formação de calcário conquífero pertence ao Cretácico inferior (Albiano) e tem uma idade aproximada situada entre os 112 e os 100 milhões de anos. Nesta zona também se encontram alguns blocos de rochas basálticas, que poderão estar relacionadas com filões pertencentes ao complexo vulcânico de Lisboa. Do ponto de vista geológico o território português compreende: 1. Terrenos antigos, anteriores ao mesozóico, constituídos essencialmente, por rochas

metamórficas variadas, rochas sedimentares e metassedimentares, bem como rochas eruptivas, sobretudo graníticas. Este conjunto forma a parte ocidental do Maciço Hespérico que abrange mais de metade do País.

2. Terrenos mesocenozóicos, formados por rochas sedimentares sobretudo, calcários, margas, argilas, arenitos, conglomerados, etc., além de pequenas intrusões eruptivas e escoadas lávicas; constituem as orlas ocidental e meridional do País (à qual pertence a região de Caneças).

3. Terrenos de cobertura, de idade mais recente (terraços, depósitos de praias antigas, aluviões, etc.) entre os quais avultam os enchimentos das bacias do Tejo e do Sado.

No conjunto, estão representadas em Portugal formações geológicas pertencentes aos diversos sistemas e a maior parte dos andares da escala estratigráfica. Muitos dos terrenos são ricos em fósseis, o que permite estabelecer paralelismos com formações de outros países. (Teixeira, 1980) Fig.12- Mapa geológico evidenciando a idade das unidades litológicas da região de Caneças (zona a verde entre Sintra e Lisboa).

5. Tipo de Paisagem ________________

A zona em estudo corresponde a um pequeno planalto. Os blocos rochosos foram removidos para a construção de um parque de estacionamento que serve a comunidade escolar.

Fig.13 e 14- Blocos rochosos dispersos na paisagem.

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6. Tipo de Solo, Vegetação, Ecossistema _

O tipo de ecossistema corresponde a um pequeno matagal, no qual predomina a vegetação rasteira e algumas árvores. Algumas zonas do solo são arenosas e pela presença de algumas plantas, como as urzes e papoilas, podemos concluir que se trata de um solo ácido.

Nas pequenas saídas de campo realizadas durante as aulas de turnos de Ciências Naturais foi possível identificar uma grande variedade de seres vivos.

Árvores: o Castanheiro o Abeto o Pinheiro manso

Plantas:

o Urze o Papoila o Malmequer amarelo o Dente-de-leão

o Giesta o Silva o Feto o Trevo-azedo

Artrópodes:

o Abelha o Vespa o Formiga o Joaninha o Gafanhoto o Pulgão o Bicho-de-conta o Centopeia

Moluscos:

o Caracol

o Lesma

Répteis: o Lagartixa o Osga o Cobra do campo

Aves:

o Melro o Pardal o Pisco o Pombo

Mamíferos:

o Ouriço-cacheiro o Rato do campo

Fig.15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23- Diferentes aspectos do ecossistema local.

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7. Interesse Económico/Valor Patrimonial

As principais aplicações do calcário comum são: o Produção de cimento o Produção de cal (CaO) o Correcção do pH do solo para a agricultura o Fundente em metalurgia o Fabrico de vidro. o Como pedra ornamental

As rochas que formam o afloramento e as amostras de calcário conquífero estudadas não

apresentam qualquer tipo de interesse económico. Estas rochas não são utilizadas na construção civil, nem se lhes conhece outra aplicação.

No entanto, os blocos rochosos possuem um grande

interesse pedagógico. O seu valor didáctico constitui um recurso com grande potencial para a disciplina de Ciências Naturais que pode continuar a ser aproveitado para explorar os conteúdos de geologia no 3º ciclo, ao nível do 7º ano (Dinâmica externa da Terra) e do 8º ano (Gestão sustentável de recursos).

Fig.24- Amostra de calcário conquífero utilizada como recurso didáctico.

Em interligação com o Projecto Eco-Escolas pretende-se

proceder à limpeza e conservação da zona, sensibilizando não só a comunidade escolar como a Junta de Freguesia de Caneças e a Câmara Municipal de Odivelas para a importância da preservação deste local. Fig.25- Pormenor de algum lixo depositado junto ao afloramento.

O concelho de Caneças possui vários monumentos com grande riqueza e valor patrimonial nos quais foram utilizados os calcários da região.

Fig.26- Dólmen das Pedras grande (Monumento Nacional)

Fig.27- Aqueduto das Águas Livres de Caneças (Monumento Nacional)

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Fig.28- Fonte dos Passarinhos (Caneças).

Fig.29- Fonte dos Castanheiros (Caneças).

Fig.30- Fonte das Fontainhas (Caneças).

Fig.31- Fonte das Piçarras (Caneças).

Um pouco de história…

“Por desanexação da freguesia de Santa Maria de Loures, através da

Lei 413, de 10 de Setembro de 1915, foi criada a freguesia de Caneças. Em 16 de Agosto de 1991, pela Lei 77, foi elevada à categoria de Vila.

Tem uma superfície de 5,9 quilómetros quadrados e cerca de 15.000 habitantes.

Em 19 de Novembro de 1998, por divisão administrativa, passa a pertencer ao novo Concelho de Odivelas.

Situada a norte do município de Odivelas, a freguesia de Caneças é delimitada pelas freguesias de Loures, Ramada, Famões, Casal de Cambra e Almargem do Bispo.

Segundo alguns autores, a povoação de Caneças foi fundada pelos árabes. O topónimo deriva da palavra Caniça que significa templo dos cristãos. A lenda popular, no entanto, é outra. Diz o povo que na passagem de D. Dinis, pela povoação, alguém lhe ofereceu água numa caneca, e daí a perpetuação do nome.

O povoamento da freguesia está registado através de diversas provas documentais dos mais longínquos povos. Os Dolmens de Pedras Grandes e Batalhas, monumentos funerários de grandes dimensões, atestam à fixação do homem nestas terras desde o período megalítico.

Integram a história da freguesia, de forma importante, as inúmeras fontes que povoam o seu território. A qualidade e abundância das suas águas, levou à sua comercialização em bilhas de barro, muito famosas e procuradas até finais dos anos 60, em Lisboa.

As lavadeiras dos seus rios que lavavam a roupa que as freguesas davam ao “rol” deram origem à película cinematográfica, hoje imortalizada pelo cinema – Aldeia da Roupa Branca – rodada grande parte em Caneças.

É ainda de realçar as famosas quintas de Caneças. De salientar que desde finais do século XVIII, Caneças foi procurada pelas suas águas, ares e frescura dos

seus campos, como local de repouso e veraneio, determinando a criação de pólos de cultura e divertimento que ainda hoje perduram.

Tem início em Caneças a notável obra do Aqueduto das Águas Livres. Em 1994 a Junta de Freguesia abriu concurso para a criação do Brasão e Bandeira, símbolo heráldico que

veio a ser aprovado pelo Executivo em Julho e pela Associação de Arqueólogos Portugueses, em 31 de Outubro desse ano.” (http://www.jf-canecas.pt/Items/Freguesia/Historia.htm)

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9. Bibliografia ___________________

http://pt.wikipedia.org/wiki/Calc%C3%A1rio#Forma.C3.A7.C3.A3o

http://pt.wikipedia.org/wiki/Laguna

http://codigopostal.ciberforma.pt/dir/empresa2.asp?emp=133878

http://maps.google.pt/maps?hl=pt-PT&q=mapa%20de%20lisboa&rlz=1R2ADRA_pt-PTPT402&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.&biw=1362&bih=598&wrapid=tlif130416749218211&um=1&ie=UTF-8&sa=N&tab=wl

http://www.esec-canecas.rcts.pt/index.php?pagina=localizacaomapap

http://www.dct.uminho.pt/geoforum/resumo_pais.html

http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&rlz=1R2ADRA_pt-PTPT402&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.&wrapid=tlif130416756272511&um=1&ie=UTF-8&tbm=isch&source=og&sa=N&tab=wi&biw=1345&bih=598&q=rocha%20amiga

http://rochadapena.no.sapo.pt/materiais_apoio/TabelaCronostratigrafica.pdf

http://www.cm-amadora.pt/files/2/documentos/20070626220547161835.pdf

http://www.google.pt/search?um=1&hl=pt-PT&rlz=1R2ADRA_pt-PTPT402&biw=1345&bih=598&site=search&tbm=isch&btnG=Pesquisar&aq=f&aqi=&oq=&q=escola%20eb%202%203%20dos%20castanheiros

http://www.pbase.com/diasdosreis/odivelas_monumentos

http://www.jf-canecas.pt/sitemega/homenews.asp

TEIXEIRA, C. & GONÇALVES, F. (1980) - Introdução à Geologia de Portugal. Instituto Nacional de Investigação Científica. Lisboa. 8, 9, 100 pp.

Alunos que participaram na produção da ficha-relatório: Turma 8º D Turma 8º E Turma 8º F

Carolina Santana Gonçalo Neves Razvan Cristian Diogo Gonçalves, João Abreu, Gabriel Novais André Farinha Rafael Conceição Danilo Santos Ana Rebelo, Andreia Simões Marta Mendes Hélder Fernandes Afonso Cardeal Tiago Luzes

Cláudio Mendes Telmo Antunes André Lopes Inês Martins Rosa Aires Anicimara Santos Débora Monteiro Mateus Bastos Pedro Pereira André Sá André Parreira Francisco Ramos Jéssica Almeida Mariana Rodrigues Sara Santos Isabel Antunes Margarida Florêncio Pedro Lourenço Miguel Fonseca

Rodrigo Simões Carlos Nunes Daniel Cabeções Flávio Miranda Hugo Cruz Rúben Pedro Paulo Sales Pedro Costa Rafael Vasconcelos Ricardo Silva Cláudia Pereira Joana Igreja Marta Santos Tiago Runa Rafaela Inácio Raphaela Freitas Susana Lourenço Marta Mendes Ana Silva Diogo Alves

Professora responsável: Carla Simões