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SOBRE A PETROLOGIA DO COMPLEXO ERUPTIVO DE SINES POR L. AIRES-BARROS INTRODUÇÃO A bibliografia sobre o complexo eruptivo de Sines é rela- tivamente escassa, não existindo nenhum estudo geral de carácter petrológico. Quanto a petrogénese comparada, ainda não se estabeleceu o paralelo petroquímico entre estas forma- ções eruptivas e as de Sintra e Monchique, melhor conhecidas petrogl'àficamellt.e. O presente trabalho pretende dar uma visão mais com- pleta da petrografia e petrologia do Complexo eruptivo de Sines e, além disso, é uma tentativa de comparação petroquí- mica entre os focos erupti vos releridos. A amostragem de que dispusemos não é tão completa quanto o desejávamos, visto não possuirmos amostras de ·basaltos. Foi-nos de todo obter tais rochas quando nos deslocámos a Sines (1) dado o regímen das marés nessa altura, bem como o estado do mar. Tentativas posteriores junto de organismos oficiais que possuem amostragens de Sines não foram coroadas de êxito quanto às amostras que pretendíamos, o que revela a dificuldade em obter os basaltos de Sines. Pensamos contudo que, sendo muito reduzidos os conhe- cimentos sobre esta região, será útil trazer a lume, desde os nossos resultados. (1) Na visita de estudo de vários dias a Sines, acompanhámos o Prof. G. Teixeira e o Doutor R. Boto. 1 - BOL. Soe. GEOL.

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SOBRE A PETROLOGIA DO COMPLEXO ERUPTIVO DE SINES

POR

L. AIRES-BARROS

INTRODUÇÃO

A bibliografia sobre o complexo eruptivo de Sines é rela­tivamente escassa, não existindo nenhum estudo geral de carácter petrológico. Quanto a petrogénese comparada, ainda não se estabeleceu o paralelo petroquímico entre estas forma­ções eruptivas e as de Sintra e Monchique, melhor conhecidas petrogl'àficamellt.e.

O presente trabalho pretende dar uma visão mais com­pleta da petrografia e petrologia do Complexo eruptivo de Sines e, além disso, é uma tentativa de comparação petroquí­mica entre os focos erupti vos releridos.

A amostragem de que dispusemos não é tão completa quanto o desejávamos, visto não possuirmos amostras de ·basaltos. Foi-nos de todo impos~Ível obter tais rochas quando nos deslocámos a Sines (1) dado o regímen das marés nessa altura, bem como o estado do mar. Tentativas posteriores junto de organismos oficiais que possuem amostragens de Sines não foram coroadas de êxito quanto às amostras que pretendíamos, o que revela a dificuldade em obter os basaltos de Sines.

Pensamos contudo que, sendo muito reduzidos os conhe­cimentos sobre esta região, será útil trazer a lume, desde já os nossos resultados.

(1) Na visita de estudo de vários dias a Sines, acompanhámos o Prof. G. Teixeira e o Doutor R. Boto.

1 - BOL. Soe. GEOL.

SGP
Referência bibliográfica
Boletim da Sociedade Geológica de Portugal, Vol. XV, Fasc. I, 1963.
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I

Situação geográfica e generalidades geológicas

As formações eruptivas de Sines formam uma península que constitui o único acidente notável na costa alentejana.

Situam-se a 17 km de Santiago do Cacém e a cerca de 155 km de Lisboa.

O maciço eruptivo forma um domo pouco elevado que está, em grande parte, coberto por dep6sitos de praias antigas e dunas.

Na zona ocidental do maciço, entre a praia da Lagoa e o farol do cabo de Sines, as formações sedimentares recentes cobrem grande parte das rochas eruptivas que apenas se observam junto à costa. Nesta zona predominam as rochas sieníticas, mais ou menos quartzosas, que são atravessadas por longos e espessos filões que se entrecruzam, bem como por denso sistema de diaclases. Aqueles filões são de compo­siÇão bastante variada. É de salientar, nesta zona ocidental, a presença de gabros e de brechas eruptivas (vulcânicas),bem como de encraves gabr6icos nos sienitos. É ainda nesta região, mas não fàcilmente acessí veis - nos ilhéus das Pedras Amarelas-que segundo ZBYSZffiWSKI (1942) se encontram os basaltos.

A sudeste da povoação de Sines situa-se uma zona emi­nentemente gabrodiorítica que também é atravessada por filões, quer ácidos, quer básicos.

I nicial'emos o nosso estudo a partir de ociden te para oriente, começando pelas rochas das imediações da praia da Lagoa. Descrevemos sumàriamente as observações que fize­mos no percurso entre a Pedra do Homem (na praia da Lagoa) até à Ponta do Castelo (junto à vila de Sines).

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A praia da Lagoa é limitada a sul por camadas jurássi­'Cas, de calcário cristalino, no contacto com o gabro, onde é .epidotífero e granatífero.

O gabro é melanocrata, granular grosseiro, percorrido por profusão de filões básicos e ácidos, todos eles cortados por espesso e longo filão ácido, com direcção N-S e mergu­lhando subverticalmente. Estes filões, não raramente, formam uma malha de base sens! velmente quadrangular. Teremos ·ocasião de descrever, em pormenor, alguns deles.

No seio do gabro, observa-se uma pequena formação bre­·chóide granítica cujos blocos são mais ou menos ricos de -quartzo; como veremos oportunamente.

Na região das Azenhas, ocorre com grande desenvolvi­mento um sienito róseo, holocristalino e leucocrata, granular grosseiro, porfiróide, cujos contactos com o gabro referido são bruscos. São vulgares os encraves de gabro no sienito. Estes encraves são angulosos e de razoáveis dimensões, atin­gem, por vezes, 1 m na sua maior dimensão.

Prosseguindo pela costa, em direcção ao cabo de Sines ·encontramos importante brecha eruptiva. Parte desta região é conbecida pelo sugestivo nome de Pedras Negras. Nesta brecha, cujos blocos, de razoáveis dimensões, são de gabro, o -cimento é formado por um produto cinzento azulado não resolú vel macroscopicamen te.

Deve notar-se que as formações brechificadas, por vezes, estão envolvidas pelo sienito róseo, dominante na metade -oeste do maciço. Por outro lado a brecha é também atraves­sada por um cortejo de filões claros (ácidos) e escuros (básicos).

Nas imediações do cabo de Sines desenvolve-se o sienito leucocrata, róseo, porfiróide; do mesmo modo se observam :zonas brechóides de elementos gabróicos e cimento ande­sílico (~) (1). Esta brecha tem excepcional desenvolvimento na zona em frente à ilha da Perceveira em que os blocos brechóides são cortados por filões siellíticos.

Na Ponta do' Castelo, mais próximo da vila de Sines,

(1) A formação brechóide estã a ser estudada pelo Doutor R. Boto.

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ocorre -sienito em enormes blocos bastante rendilhados e per­corridos por filões quer básicos, quer ácidos. Os primeiros têm, em geral, direcção E-W, os. segundos N S; mergulbando­todos eles mais ou menos verticalmente. Sobressai um espesso e longo filão esverdeado que corta os filões básicos anteriores. e que tem a direcção N-S.

Na Ponta Selada, observámos um contacto do sienito róseo­com o gabro, em que este é particularmente rico de fenocris­tais de augite e em alguns locais com profusão de nódulos de epídoto.

O segundo percurso que vamOi5 descrever é o que diz. respeito à zona oriental do maciço eruptivo, que está separada da ocidental pela vila e praia de Sines.

A estrada que conduz de Sines a São Torpes, atra vessa, a larga mancha gabrodiorítica de Chãos. Fizemos longo per­curso nesta zona, primeiro da estrada em direcção à costa .. depois ao longo desta a caminho da vila.

Esta parte do maciço é bastante monótona quanto à sua, petrografia e contrasta com a zona Gcidental.

Os xistos argilosos paleozóicos bordam o maciço a sul e­a oeste até à Ponta da Silveira. Junto ao foco eruptivo­observámos corneanas pelíticas, extremamente negras, com-­pactas e duras.

As linhas de água, secas na ocasião da nossa excursão,._ mostram os tal vegues cheios de areias ii menítico-magnetHicas_

A costa, neste bordo do maciço, é mais elevada e abrupta­que a ocidental.

Os gabros são grosseiros, melanocratas; os dioritos, tam­bém granulares, são mesocratas a mesomelanocratas e um­tanto quartzosos. Estas formações são cortadas por filões­sieníticos e microsieníticos.

Para o interior, próximo da estrada que liga Sines a San­tiago do Cacém, nas imediações do Monte Feio, encontrámos­novo contacto sienito-calcário. O sienito está, aqui, muito­alterado, o calcário, nalguns pontos, contém resio·s de f@sseis­não identificáveis.

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II

Petrografia

t. Zona Ocidental (a oeste e norte da vila de Sines)

n . 1 . 1 - Sienitos '

Como referimos, estas rochas abundam na zona ocidental do maciço eruptivo. Fora desta zona ZBYSZEWSKI (19.t2, p. 90) refere um afloramento de microsienito quartzífero no Monte Feio; tivemos ocasião de observar uma rocha eruptiva siení­tica neste local mas não obtivemos amostras que permitissem €studo e diagnose cuidada ao microscópio.

Referimo-nos neste capítulo aos sienitos das Azenhas, -onde esta rocba é explorada para paralelipípedos, da Ponta do Castelo e do cabo de Sines.

São rocbas holocristalinas, leucocratas, de granularidade grosseira a porfiróide, de tom róseo.

Vamos descrever com o devido pormenor a amostra pro­veniente de um pouco a sul do cabo de Sines, a caminho da Ponta Selada, de que possuímos uma. análise química que reputamos representativa e a partir da qual elaborámos alguns ~álculos petroquímicos.

rrrata-se de uma rocha bolocristalina, leucocrata, de tex­tura granular grosseira.

Quanto aos elementos mineralógicos é prodominantemente formada por feldspatos; em muito menor quantidade ocorre

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quartzo, biotite, bornelJlenda verde e um pouco de augite­-pigeonítica.

Como minerais acessórios detectámos ainda apatite e zircão.

Os feldspatos desta rocba são plagioclases que ocorr em em desenvolvidas plagas, ora macladas segundo a lei da Albite, ora sem qualquer geminação. As secções geminadas corres­pondem a albite, albiLe-oligoclase e oligoclase até 15 % de moles de anortite. Quanto às não geminadas, têm índice inferior ao do bálsamo e são positivas o que reforça o «peso» em albite dos feldspatos desta rocha.

Observámos secções zonadas de albite, bem como alguma ortose.

Estes feldspatos denunciam certa caulinização. O quartzo aparece em muito menor quantidade do que {}

feldspato. É xenomórnco, tem extinção rolante, bavend{} zonas em que está granulado; preencbe interstícios deixados pelos feldspatos, que também corrÓi.

Dos restantes minerais há que refel'Ír uma horneblenda verde xenomórnca com nítido policroísmo - ng = verde car­regado; nm = verde pálido; np = branco esverdeado - com c A ug=18o.

A biotite ocorre em plagas, contendo grânulos de apatite. e associa-se-Ihe minério negro.

Quanto à pouca piroxena presente, trata· se duma augi te­-pigeonítica com c ~ ng=450 , incolor, de birrefrangência média e corri um ângulo 2V médio r-.J 300.

Já nos referimos à apatite, presente na rocha, assim com{} ao zircão que ocorre em cristais euédricos, chegando a atingir­conspícuas dimensões.

As exsudações ferruginosas são vulgares junto dos mine­rais ferromagnesianos.

Apresentamos a análise qmmICa àesta rocba, bem com() a norma e os parâmetros C. 1. P. W - Lacroix.

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Análise Química Norma

Si O2 63.18 Q 11.40 0 3 A12 · 15.39 or 28.3ô 0 3 F!'2' 2.65 ab 37.20 O Fe 2.32 an 8.06 O Mg 0.83 ri O,OC, 2.78 OCa 4.71 Di en 2.10 O Na 2 · 4.42 " m. fs 0.40 O K2 4.83 wo 2.90 OH 2+ . 0.26 mt 3.94 OH 2 - • 0.29 ii 1.98 Ti02 0.99 ap 0.67 P2 Os 0.29 99.79 o Mn 0.\0 OH 2 Tt. 0.55

1UU.26 lUU.34

~ = 0.62 A nálise Química de A. Lopes Vieira plag

Parâmetros de Lacroix-C. I. P. W.-(I) II. 4 (5) .2.3' Parâmetros dos nordmarquitos -I·II . (4) 5 . 1. 3-4 Parâmelros dos monzonitos -r-II. 5.2 . 2-3

A rocha aproxima-se dos monzonitos, no entanto é rela­tivamente rica de quartzo pelo que pensamos que a devemos classificar como um sienito monzonítico quartzífero, pois que q = 4 (5). As rochas sienÍticas do cabo de Sines mereceram referência cuidada a MACPHERSON (1887, p. 316). Apresenta-se agora o seu estudo petrográfico e petroquímico pormenorizado. Os sienitos das Azenhas e da Ponta do Castelo estão dema~ siado alterados para permitirem estudo químico.

11. 1. ~ - Gabros

Na zona ocidental do maciço eruptivo existe um atlora­mento gabróico importante, na região entre a praia da Lagoa e as Azenhas e um segundo em torno da Ponta Selada. Vamos descrevê-los e compará-los petrográfica e petl'oquimicamente_

Referimo-nos no capítulo anterior, à macroscopia destes dois gabros que são melanocratas, granulares grosseiros, sendo o da Ponta Selada não raramente epidotífero.

A microscopia revela certas diferenças composicionais e quantitativas dignas de nota.

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Começaremos pela descrição do gabro das proximidades das Azenhas.

Trata-se duma rocba bolocristalilJa, melanocrata, de tex­tura bipautomórfica granular grosseira.

É formada por grande quantidade de feldspatos, uns do tipo andesina-Iabrador, de biaxialidade negativa, outros, a maior parte, já do domínio do lahrador franco com 60 010 de moles de anortite. Todas estas plagioclases estão geminadas segundo a lei da Albite.

Em grande quantidade ocorre uma pigeonite incolor e com c A ng=34o• Com um ângulo de extinção maior- c A ng=50o -

e ângulo 2V mais amplo, observámos uma augite um tanto pigeonítica, dada a abertura do ângulo dos eixos ópticos.

A oli vina aparece el1J cristais conspícuos, densamente fracturados, avançando a serpentinização por tais linbas de menor resistência à meteorização; Não raramente está orlada por densa franja de pontuações de óxido de ferro, bem como de produtos serpentínicos.

Dentro dos barilitos há ainda certa quantidade de horne­blenda castanba que parece posterior inclusivamente aos felds­patos ou a parte deles, pois estes ocorrem no seu seio em conjuntos de contorno ovóide (Figs. 1 e 2).

A biotite ocorre em lamelas não muito desenvolvidas e em quantidade senSIvelmente igual à horneblenda castanha.

Embora os feldspatos se apresentem relativamente frescos notam-Sé alguns produtos de alteração. Além da Rerpentina, derivada do perídoto, observámos a cloritização da biotite, dando, em geral, penina. A partir das piroxenas formaram·se produtos fibrosos anfibólicos. Abundam as exsudações xeno­mórficas ferruginosas.

A apatite aparece um pouco por toda a rocha em secções euédricas e subeuédricas.

Quanto ao gabro da Ponta Selada trata-se duma rocha holocristalina, mesocrata e granular grosseira.

É formada por abundantes feld spatos, piroxena e biotite.

O feldspalo presenle é uma andesina com 35 a 40 % de moles de anortite, geminada segundo a lei da Albile.

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A biotite e a piroxena ocorrem em abundância, havendo certo equilíbrio quanto às quantidades presentes destes dois barilitos.

A biotite tanto se apresenta em plagas desenvolvidas {;omo em finas e pequenas lamelas.

A piroxena que observámos é inclor, mostra macias sim­ples segundo (tOO), tem um ângulo e A ng=36o e um ângulo 2V baixo, sendo opticamente positiva. Tais características con-duzem a uma pigeonite. ,

Também observámos um pouco de horneblenda verde, bastante descorada, patenteando os losangos de clivagem nas secções basais; é opticamente negati va.

Quanto às relações entre a biotite e a pigeonile é curioso {lbservar que tanto notamos a piroxena inclusa naquela mica {;omo indícios de corrosão desta por aquela.

A apatite é abundante, sendo de notar as conspícuas dimensões que certas secçõe~ atingem.

São vulgares as exsudações xenomórficas ferruginosas. Os feldspatos estão relativamente frescos. Vejamos as análises químicas das duas rochas estudadas.

Gabro das Gabro da Azenhas Ponta Selada

Si O2 43.33 45.88 0 3 AJ 2 13.53 13.90 0 3 Fe 2 0.19 4.57 O Fe 11.66 7.97 O Mg 12.06 7.44 OCa 11.83 10.19 O Na 2 L47 2.44 O K2 O.M 2.04 O H 2+ 1.13 0.58 O H2- 0.40 0.35 Ti O2 3.30 3.77 P2 0 5 0.55 0.57 O Mn 0.16 0.24

Total ... 100.15 99.95

Análises químicas de A. Lopes Vieira

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Elaborámos idêntico quadro para as normas calculadas. a partir destas anális.E:lsquímieas.

Gabro das Azenhas Gabro da Ponta Selada

or - ~.78 or -11.68 ab - 10.48 ab - ~O 4f, an - 28.63 an -21.13 ne - '1.14 ne

{ Si02 0Ca - 11.14 ' { Si 020Ca -tO.!JO Di en' - 6.80 Di en 7.85

m. fs - 3.70 m. fs 1.9S

01 { fo~ - 163~ Ol { fo~ 756 Cal 979 Cal 2.2~ ii 6.~3 rnt 6.73 ap 1.34 ii 7.30

ap 1.34

98.4 L 99.15 OH2 Tt. 1.53 OH2 Tt. 0.94

99.94 lUO.09

Os parâmetros C. L P. W. - Lacroix, são:

Gabro das Azenhas - m'. 5.4.4' [1 (2) .3. '2.CilJ Gabro da Ponta Selada - III. 5.3. (3) 4 [2' .2'.2. '~J Parâmetros dos Gabros - III. 5 .. 2-5.4-5 [1-3.1-3. ~-3. 2-3J

A única contribuição petroquímica realizada sobre Sines. é a de BRAK LAMY (t951), que publicou duas análises químicas. e respectivos parâmetros de Lacroix e de Niggli. Uma das rochas analisadas é de um exemplar sem localização precisa,. classificado como gabro anfibólico com olivina.

O que é de salientar na rocha gabróica estudada por aquele autor é a forte quantidade de nefelina virtual-16.43 0/0'­que se traduz pelo parâmetro q = (6) 7.

Das rochas agora estudadas. representativas de cada uma das regiões doode se pensa que aquela possa ter provindo, apenas a das Azenhas manifesta alguma nefelina virtual. As. rochas gabrodioríticas da mancha oriental também não reve­lam nefelina, tal como a da Ponta Selada.

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H

É pois de salientar que~dentro das rochas gabróicas, as há , .,..,.%.:.0;, .. _. __ .'

de forte ({peso» em oH vina + nefelina na zona dasAz~nhas· (01 + ne = 25.03 o lo na rocha estudada por BRAK-LAlVIY e 01 + ne =27. 3L 0/0 na nossa) ao passo que as da Ponta Selada são desprovidas de feldspatóide virtual e a percentagem de· olivina apenas atinge 9.80 0/0'

O gabro da Ponta Selada é caracterizado, por ter uma plagioclase ainda muito andesínica, por ser desprovido de· olivina real e possuir enormes cristais piroxénicos. Trata-se portanto de uma rocha realmente saturada e que devido aos· desenvolvidos cristais de piroxena e de biotite devemos clas­sificar como um gabro biotítico com horneblenda (tipo eufo­tide).

Em cOntrapartida, o gabro das' Azenhas é subsaturado,. com patente olivina real e nefelina virtual, e possui uma pla­gioclase mais cálcica. Trata-se, portanto, duma rocha mais básica, que classiticaremos como um gabro olivíni~o com hor-­neblenda castanha e biotite.

II. 1 .3- Rochas filonianas

II.1 .3. 1 - Albititos (Albitófiros)

Começaremos por descrever uma rocha filoneana bastante' curiosa e não muito vulgar, que constitui um filão claro, encaixado no gabro oli vínico com horneblenda castanha e· biotite de entre a praia da Lagoa e as Azenhas.

Trata-se de uma rocha hololeucocrata, holocristalina, de textura porfírica, sendo fundamentalmente constituída por feldspatos, algum minério negro e um pouco de calcite secun­dária.

Os fenocristais de feldspato, ora não mostram qualquer' geminação, ora patenteiam a lei da Albite. Os primeiros, de menor índice de refracção que os segundos e que o bálsamo do­Canadá, são opticamente positivos, trata-se da albite. A plagio­clase geminada situa-se ao domínio da oligoclase-an.desina com 30 a 32 010 de moles de anortite (Fig. 3).

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A pasta da rocha é muito abundante e resolve-se, ao 'microscópio, por uma densa trama feldspática de micrólitos <e plagasxenomórftcas engrenando entre si e com índice de refracção inferior ao do balsamo do Canadá; são biaxiais e ,positivas. Trata·se também de albite (fi'ig. 4).

Estamos em presença duma, rocha pràticamente holofel­dspática e em que a albite é o constituinte essencial.

,Análises .Químicas

I Idanha

I Sines 'a-

-Nova

(1) (2)

Si02 66,52 66.98 Oa AI2' 18,03 0.49 Oa Ft>2 0.54 0.16 OFe 1.16 0.29 OMg 0.59 0.03 OCa 2,<25 1.14 () Na 2 8.37 9.98 OK2 1.87 0.67 O H2+ - 0.42 'OH 2- O:iO 0.66 Ti O2 0.61 0.20 P2 0 5 0.10 0.40 OMn 0.02 -

100.76 100.42

Sines

Q or, ab an

{ SiO OCa Di en

m. fs .

mt il ap

Normas

5,76 11.12 70.74 584 232 1.40 0.79 0.70 1.22

99.89 0.70

10059

Idanha-a-Nova .

(2)

Q 4.20 C 235 or 3.89 ab 84.36 an 2.78 hy 0.23

mt 0.23 il 030 ap 1.01

99.35 OH2 Tt. 1.08

100.43

As fórmulas paramétricas daquelas rochas são:

Albitito de Sines . . . Albitito de Idanha-a·Nova

(1) Análise química de A. Lopes Vieira.

r' .5. 1 (2).4 (5) 1.5.1.5

(2) Análise química e norma de Amílcar de Jesus.

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A análise química desta rocha revela grande riqueza em, álcalis e particularmente de soda.

A fórmula paramétrica segundo a sistemática C.lo P. W~­- Lacroix é muito vizinha da dos albititos.

No nosso país AMILCAR DE JESUS (1931) descreveu um albitito da região de IJanha-a-Nova, encaixado em rochas­graníticas, ácidas e hercínicas.

Naquele trabalho (op. cito p. 134-) reunem-se os dados quími­cos de vários albititos estrangeiros com os quais se compara a ocorrência de Idanha-a-Nova. No quadro anterior reuni­mos a análise do albitito de Sines e a da rocha estudada por AMILCAR DE JESUS. Devemos acentuar que ambas se aproximam, imenso das de Skerries, Shetland lsles, de Kowinsky, Urais e de Itsindra, Madagascar que aquele autor menciona.

Pela sistemática de Lacroix estamos em presença de um, albitito, no entanto tendo em atenção a textura porfírica desta rocha (fig. 3) devíamos chamar-lhe um albitÓ.firo, tel'mo­que a nomenclatura petroquímica daquele petrógrafo francês­não consigna.

II .1.3. ~ - Granitos mOIlzoníticos

Uma das formações mais curiosas é, sem dú'vida, a brecha granítica, em que os elementos de brecha são formados por razoáveis blocos graIlitóides envolvidos pelo gabro dominante­na faixa litoral, entre a praia da Lagoa e as Azenbas.

Como veremos, esta rocha granitóide tem várias cambian-­tes, umas mais ricas de quartzo, outras mais pobres.

Passamos a descrever a rocha caracter~stica desta for-­mação.

É uma rocha holocristalina, leucocrata, de textura granu~ lar grosseira a pororóide, formada tundamenlRlmente por-quartzo e feldspatos (Fig. 5). -

Dos feldspatos predomina a ortose; em menor quantidade­ocorrem plagas de microclina. A ortose aparece em seclfões­desenvolvidas, sem geminações, cóm ângul0 ~\r bastante­amplo.

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Em menor quantidade diagnosticámos uma oligoclase . com 2.5 % de moles de anortite.

O quartzo é abundante, mostra extinção rolante e ocorre . em largas plagas de contornos xenomórficos.

A rocha está pràticamente desprovida de barilitos, obser­vando-se pequenas lamelas de clorite proveniente de biotite

.totalmente descorada. Vf'jamos a sua análise química e norma.

. Análise Química

Si0 2

0 3 AJ 2

0 3 FI:'2

O Fe O Mg. OCa O Na2

O K2

OH 2 + OH 2 -

'l'i0 2

P2 Os

68.67 16.3~

UI O.7~

0.40 1.36 3.10 7.04 0.38 0.46 0.17 0.16

99.79

Q C or ab an

Norma

Si02 OCa rot ii ap

~0~76

U~

41.14 26.20

6.12 1.00 1.86 ~=1.~ 0.30 Plag

98.94 0.84

Análise química A, Lopes Vieira

A fórmula !Jaramétrica C. 1. P. W. - Lacroix é:

I. 4 . '!l! • (2) 3

. A fórmula paramétrica dos granitos monzoníticos é:

r-u.3-4.2·3.3

'Trata-se, portanto, dum granito monzonítico.

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As rochas quartzo-feldspáticas apresentam vários aspectos. Na maior parte dos casos trata-se de rochas. de tendência

porflróide em que o quartzo é de duas gerações. Uma é res­ponsável pelo quartzo primário da rocha, ocorre em plagas mais ou menos desenvolvidas, outro é intersticial, e «cimenta» as diversas partes da rocha inicial. Os barilitos são sempre -escassos, a pouca biotite presente mostra-se profundamente lixiviada.

Por vezes o quartzo intersticial a que nos referimos, forma, ·com o feldspato, intercrescimentos micropegmatíticos.

Estas rochas são, por vezes, relativamente, alcalinas, com bastante microclina ou ortose.

Ainda da mesma região e associado a estas formações, observámos um encrave orientado, no gabro, próximo da rocha analisada, que, ao microscópio, se revela muitíssimo rico de quartzo xenomór!ico, de tendência equigranular fina. O feldspato ocorre em menor quantidade e é ortose e alguma albite sem geminação polissintética. A rocha mostra certa orientação, é pobre de biotite, sempre lixiviada.

Na Ponta do Castelo, bastante mais para sul da zona donde provêm as rochas que temos referido, encontrámos outra que se paraleliza com aquelas.

Macroscopicamente trata-se dum filão com encraves gabróicos no seu interior. A rocha encaixante é o sienito vulgar de Sines.

Ao microscópio revela-se uma rocha formada por plagas de albite e albite-oligoclase, minério negro e biotite: O felds­pato e a mica são «cimentados» por quartzo finamente gra­nular que também os corrói. Tal corrosão confere àqueles minerais o aspecto oblongo, elipsoidal.

II. 1.3.3 - Kersantitos

N a região das Azenhas, encontrámos um filão cujo aspecto macroscópico lembra a pele duma truta devido à presença de fenocristais claros sobre um fundo verde escuro.

E uma rocha holocristalina, mesocrata, de textura porfí­rica e com mesostase de difícil resolução, pois é formada por

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pequenas secções xenomórficas de feldspato e algúm quartzo engrenando entre si e corroendo os megacristais de feldspato.

Os fenocristais de plagioclase são de albite·oligoclase. Na pasta, além deste tipo de pla~ioclase, ob3ervámos alguma mais ácida, não geminada e possivelmente um pouco de ortose. A finura da pasta não permite exame mais pormenorizado quanto aos tipos de feldspato da mesostase.

A biotite está fortemente cloritizada. Há ainda a referir a presença de apatite por toda a rocba.

Sp.gue-se a análise química desta rocha e os diversos cál­culos petroquímicos que, a partir dela, elaborámos:

..

Amilise Química I Norma

Ri02 60.10 Q 19l.00 0 3 AI 2 16.80 C UI, 0 3 Ff'2 3.09 or ~057

O Fe 4.07 ab 38.25 OMg ~.12 an 9.17 OCa ~50 en 5.30 O Na 2 4.53 m. fs ~.90

OK2 3.54 mt 4'43 O H2 + 0.44 ii 2.41 OH 2- 0.51 ap 13-4 Ti02 U7 P2 0 5 0.5~

OMn 0.07

99.56 98.61 OH2 Tt. 0.95

09.56

AnálisE' química de A. Lopes ViE'ira

Os parâmetros C. I. P. W.'- Lacroix desta, rocha, dum Kersantito quártzico e dum Kersantito doreítico sp.o:

Rocha de Sines - 'n.4 (5). 9l. /4 Kersantito quártzico - n-m.4.9l.'il-3 Kersantito doreítico - n-m.5.2.3 (4)

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A rocha de Sines é de fácies lamprofírica, mesocrata, porfírica, rica de plagioclase e biotite, pelo que a classificamos de Kersantito quártzico, tomando em conta que o quartzo é real, atingindo a percentagem virtual de 1'2 0/0' A primeira referência a Kersantitos em Sines deve-se a Macpherson (1887, p. 317).

II .1 .3.4 - Microplauenitos.

Encaixada no gabro olívinico das Azenhas ocorre uma rocha filoniana, holocristalina, leucocrata, de textura porfírica, não sendo, contudo, muito abundantes os fenocristais. A mesos­tase é microlítica e feldspática (Fig. 6).

Os fenocristais são de plagioclase geminada polissinteti­camente segundo (010) e do domínio da andesina com cerca de 35 Ofo de moles de anortite. Quanto aos micrólitos da pasta, há uma largaquanlidade que não patenteia qualquer gemi­nação, são mais límpidos e de menor índice de refracção que os restantes, são ópticamentenegativos e têm um ângulo dos eixos ópticos muito grande. Identificámo-los como ortose. Os restantes micrólitos geminados segundo a lei da Albite, uns são de albite, outl'OS de albite-oligoclase.

F.stal'ocha é quase holofeldspática. Devemos mencio­nar apenas algum minério negro e grânulos euédricos de apatite .. Como minerais secundários observámos alguma cal­cite e produtos sericíticos derivados dos feldspatos.

A norma desta rocha mostra que cerca de 75 % dos mine­rais virtuais são feldspatos e, conquanto haja le\Te percentagem de quartzo virtual, não o diagnosticámos no exame micros­cópico. " : Seguem-se a análise química e a norma da rocha deste filão.

l' ;'

: :

2 - BOL. SOCo GEOL.

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. ~ ... , .

18

Análise Química

Si O2 57.34 0 3 AJ 2 17.1 !2 0 3 Fe 2 ~.29

O Fe 4.69 O Mg U5 OCa 3.86 O Na 2 4.19 O K2 3.78 OH2 + 1.2l OH"- 0.69 'J'j U 2 1.73 P2 0 5 0.48 O Mn 0.05

99.68

Q C or ab an en

m. fs mt il

ap

Norma

6.30 0.20 2~.24

35.63 16.12 5.60 3.92 3.25 3.19 1.34

97.83 1.90

-99.73

Anãlise química A. Lopes Vieira

Os parâmetros de C. I. P. W. - Lacroix são:

'II. '5.2(3).3(4)

Segundo a classificação de Lacroix (1933, p 191) é um termo de pas­sagem aos dioritos, mas ainda com fãcies sienítica, pois p~: = 0.42 .'. < 0.6.

"

A rocha em estudo é um microplauenito, ou, seja, um sie­nito potássico rico de plagioclase.

Microplauenito de Sines - 'II '5. '1(3) .3(4) Microplauenito - l· II . 5. :3 • 3( 4)

É característico deste tipo de rochas o parâmetro s = 3(4) .

II .1 .3.5 - Espessartitos

A caminho das Azenhas, relativamente próximo do topo . sul da praia da Lagoa, colhemos uma amostra de filão holo-

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-cristalina, mesocrata, de granularidade média formada funda­mentalmente por feldspato e kaersutite.

A plagioclase é de diagnose delicada; em secções conspícuas -determinámos uma andesina com 35 % de moles de anortite.

O mineral máfico presente em quantidade é castanho com policroísmo paten te ng = castan bo; nm = castan uo; np = cas­tanho muito claro a incolor, o que dá a fórmula de absor­~ão ng ~ nm > np Tem um c A ng = 120, alongamento positivo, é opticamente negativo, com 2V médio. São vulgares as sec­-<.iões prismáticas geminadas simplesmente segundo (tOU). As secções normais ao prisma patenteiam os característicos losan­.gos de eH vagem.

Este mineral está, por vezes, bastante descorado, esver­deado, dando produtos anabólicos e cloríticos.

Segundo TROGER (1956), classificamos esta anfíbola como 'um termo kaersutítico da série kaersutite·sintigmatite.

Os feldsptatos estão relativamente frescos. Há um pouco de calcite, no entanto consideramos que a

.análise química desta rocha é representativa.

Análise Qufmica Norma

Si O2 45.50 or 10.56

0 3 A'2 15.81 ab '!20.!J6

03 Ff'2 2.07 ao 23.9l O Fe 10.17 ne 2.8t O Mg 554 {Si02 OCa tU2 OCa 959 Di en 4.50 O Na 2 3.14 m. fs 3.3U O K2 1.77

01 f for 6.5~

OH 2 T 0.56 l fai 5.51 OH 2 - 0.74 nlt 3.02 'fi 1.)2 4.23 ii 8.06

P2 0 5 U65 ap 1.68 , O Mu U.I8

. " .. _._-_ .

99.95 9904 OHz Tt. 1.30

lUu·;J4

Análise química de A. Lopes Vieira

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Os parâmetros C. l. P. W - Lacroix são os seguintes:

'm. 5. 3. 4. ['!lo '3.~. '!l(3)J

A rocha que acabámos de descrever é um Jamprófiro ricC), de plagioclase e kaersutite. Deve tratar· se consequentemente­dum espessartito que é um lamprófiro rico de piriboles, na, rocba de Sines, de kaersutite.·

Seguem-se os parâmetros C. 1. P. W. - Lacroix de vários­Jamprófiros.

Kersantito -II-III. 5. ~-3. '!l-3 [~-3. 1-'!l. Pt 3-2J Mineto calcoalcalino - II. 5. 2. 2 [1-2. 1-3. g . 1-3J Espessartito - II. 5. 3. 4, Lamprófiro de Sines - 'm.5. 3. 4 [~. '3. 2. 2(3)] Kersantito doreítico-II III. 5.2. :l(4)

11.2 - Zona oriental (a leste e sul da vila de Sines)

Como salientámos no esboço petrográfico geral, esta· zona é gabrodiorítica e muito monótona quanto a tipos petro­gráficos.

Descreveremos gabros e dioritos típicos da região, bem como alg-uns dos filões que aqui não são tão abundantes· como no bordo ocidental do maciço.

II. 2 .1- Gabros

Gabro da Silveira (lado norte). Trata-se duma rocba bolocristalina, melanocrata, de tex­

tura granular g-rosseira. E constituída por abundante feldspato t piroxena, olivina

e, dum modo mais subordinado, biotite. As plagioclases formam a totalidade do feldspato; estão·

bastante frescas e na sua maioria patenteiam a geminação· segundo a lei da Albite, mais raramente mostram-se com o conjunto Carlsbad Albite e até 'periclina-Albite. Há termos·

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-de pa-s-sagem andesina-Iabrador ainda com o sinal óptico .negativo, no entanto, o ângulo máximo de extinção em secções ,próximas da zona simétrica conduzem a um labrador franco, -com 54 0/0 de moles de anorlite.

A piroxena presente ocorre em fenocristais incolores a 1'óseos, pràticamente não policróicos, por vezes com contor-110S idiomorfos. Mostram secções sensIvelmente normais ao prisma com as direcções de cli vagem formando o quadriculado característico. O ângulo máximo de extinção é. c A ng=430, a birrefrangência é média, é opticamente positiva com um .ângulo 2V sensivelmente igual a 40°. Deve tratar-se duma augite pigeonítica, um tanto titanífera.

A olivina, embora patente, ocorre em muito menor quan­tidade que a piroxena. Mostra a curiosa textura em coroa i(Figs. 9 e 10) sendo as capas envolventes de piroxena do tipo atrás descrito. O sinal óptico da olivina é numas secções positi vo, noutr~s negativo. Está in tensamente fracturada e as linhas de fractura estão preenchidas por um produto esver­·deado serpenHnieo.

Presente em muito menor quantidade do que os dois .minerais ferromagnesianos mencionados, há uma biotite um pouco descorada e quase sempre associada a minério negro ·e horneblenda castanha. Por vezes esta biotite franja-se em mica branca e forma intercrescimentos simplectíticos com as .plagioclases.

É vulgar a bioti,te en vol ver não só a piroxena mas tam­Ibém a magnetite :(Fig. 11). Verificámos que são vulgares nestas rochas as orlas de reacção. A horneblenda castanha

.-é do tipo kaersutítico, com c"" ng=100 e iguala, sensivelmente, ·a quantidade de biotite.

Dos minerais acessórios diagnosticámos ainda apatite abundante e óxido de ferro, grande parte magnetite. Este miné­·rio negro origina, por. vezes, na piroxena, aspectos de schil­,lerização.

No quadro seguinte apresentamos a análise química e a norma desta rocha, que mostra discrepâncias em relação à

·composlçao real. Deve salientar-se que a olivina é de reac­.ção, o que é revelado pelas frequentes texturas em coroa.

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Análise Química NOl'ma

Si O2 5Uli I

Q 3.90 0 3 A/ 2 15.39 or 8.90 0 3 Ff'2 272 ab 24.63 O Fe 8.70 an 24.46 O Mg 4.57 f 8i02 OCa 6.M OCa 8.fi4 Di l en 3.40 O Na 2 2.85 m. fs 2.64 O K2 1.49 H {en 8.00 OH2 + Oj!8 Y m.fs 6.07 OH 2 - 0.18 rnt ·3.94 Ti O. 3.33 ii 6.23 P2 0 5 0.59 ap 1.34 O M.n 0.14

100.09 99.77 OH 2 Tt. 0.46

100.23-Análise químíca de A. Lopes Vieira

Parâmetros C. I. P. W.-Lacroix (I!)II!. 5.3'.4 [-2.1.'2.2(3)]

Trata-se dum gabro olivínico com biotite e horneblenda. castanha.

1I.92 • ~ - Diorilos

Escolhemos uma rocha representativa deste maciço, colhida, a sul da ponta de Silveira.

'l'rata·se duma rocha holocristalina, melanocrata e de tex­tura hípautomórfica-granular grosseira.

Abundam as plagíoclases geminadas segundo a lei da. Albite e zonadas. Em algumas secções, em que a biaxiali­dade é negati va, determinámos uma andesina com cerca de 38 a 40 % de moles de anortite. No entanto, ocorrem, tam­bém, plaglOclases opticamente positivas, fazendo a passagem ao labrador. As plagioclases zonadas são opticamente posi­tivas através das suas zonas.

Em quantidade, aos feldspatos seguem-se as piroxenas e· a biotíte.

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Das piroxenas, ocorre augite (com macIas polissintéticas com c' ng = 58°) e diálage. Esta é menos abundante, paten­teia a partição característica e tem um C"" ng = 41°.

A partir da augite verificámos a formação duma horne­blenda já bastante descorada, com extinção paralela, optica­mente negativa e ~V amplo· Deve ser um produto de fenómenos de uralitização.

A biotite ocorre em quantidade, um tanto deformada, por vezes descorada, cloritizada. Forma orlas de reacção em torno da magnetite. Observámos algumas secções de olivina de contornos subeuédricos, opticamente negativa, muito frac­turadas e com produtos de alteração serpentÍnicos.

Esta rocha é bastante rica de apatite, em secções euédri­cas, hexagonais, por vezes desenvolvidas e no seio de largas plagas de biotite.

A rocha está relativamente fresca, conquanto haja indí­cios de sericitização incipiente dos feldspatos e ocorram clo­rite e serpentina.

Segue-se a análise química e respectiva norma.

Análise Química Norma

Si O2 53.81 Q 6.90 0 3 Al 2 15.2ll or lU3 0 3 Fe2 194, ab 2U5 Ü Fe 877 an 20.85 O Mg 2.77 J Si0 2 OCa 5.'ll2 OCa 7.7~ Di en 2.10 O Na 2 3.18 t m. fs 3.17 O K 2 2.11 H 7 f en 4.80 OH 2 + 0.12 ) \ m. fs 6.60 OH2 - U.21 mt 2.78 Ti O2 2.\12 ii 5.47 P2 0 5 0.78 ap 2.02 O Mn .. L 0.1\

99.66 99.39 OH 2 Tt. 0.33

\)9.72

Análise química de A. Lopes Vieira

Parâmetros C. L P. W.-Il'. (í)5. 3. 4 [2.1.2.3]

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Trata·se, portanto, dum di ÇH:' i to de, tendência quartzífera q == (4)5, segundo Lacroix -tipo IX - aonquanto não tenha­mos observado quartzo real e, em contrapartida, um pouco de olivina.

Das descrições vemos como são frequentes nestas rochas gabrodioríticas os fenómenos de reacção revelados pelas texturas em coroa . .l!jste perídoto reacional pode estar na base da explicação da existência de rochas saturadas a levemente sobresaturadas, patenteandoolivina que não é mais do que um resto não totalmente reabsorvido pelo magma em evolução.

II. 2.3 - Kersantitos

Dos filões desta zona vamos estudar um, mesocrata, por­fírico, encaixado no gabro a caminho da praia de Sines indo de sul, da ponta da Silveira.

Ao microscópio mostra-se formado, fundamantalmente, por feldspato relati vamente saussuritizado e por biotite um tanto cloritizada.

É uma rocha porfírica, em que os fenocristais são de pla­gioclase geminada segundo a lei da Albite, cuja diagnose revelou tratar-se duma oligoclase-andesina franca com 35 %

de moles de anortite. Embora haja plagas de biotite relativamente frescas, há

outras cloritizadas e transformadas em penina. Nos agregados saussuríticos diagnosticámos epídoto, pro­

dutos fibrosos do tipo tremolite-actinoliLe e calcite. A sericitização também se observa, ainda que incipiente. Deve salientar-se a presença de quartzo granular, xeno­

mórfico, intersticial, último mineral a formar·se. Observámos ainda alguns grânulos euédricos de apatite,

disseminados pela rocha.

Foi feita uma análise qUlmlCa desta rocha, a partir da qual se calculou a respectiva norma e parâmetros C. L P. W. - Lacroix, que a seguir apresentamos.

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Análise Química Norma

Si O2 55.19 Q 10.6l! 0 3 AI 2 16.66 or 17.79 0 3 Fe2 3.53 ab 24.63 O Fe 565 an 23.63 O Mg 2.59 en 6.40 OCa 5.60 m. fs 4'49 O Na 2 ~.91 mt 5.10 U K 2 3.01 ii 3.50 OH 2 + 1.71 ap 1.68 OH 2 - 0.34 Ti O2 1.82 P2 0 5 065 O Mn 0.06

99.í2 97.84-082 'l't. 2.05

99.89

Análise química de A. Lopes Vieira

Parâmetros C. 1. P. W. - Lacroix - II. 4(5) .3.3(4) [3.1 .1. ('!1)3J Minelo calco'alcalino - II . 5.2.2. [l-~. 1-3.2·. 1-3J Kersantito - II-III _ 5.2-3.2-3 [-Jl 3.1-2.1-2.2 3J

Estamos em presença de mais um filão lamprofírico, bas­(ante afim dos kersantitos.

11.3- Dolerifos (zonas ocidental e oriental)

Por todo o complexo eruptivo abundam filões básicos -doleríticos, bolocristalinos, em geral porfíricos, com mesostase microlítica.

Fizemos o estudo microscópico de alguns deles, a que nos vamos referir.

Assim, encaixado nos calcários do .lurássico da praia da Lagoa, observámos dois filões doleríticos endomorfizados. São rochas muito ricas de feldspato (plagioclase de tipo andesina­-..,labrador a labrador), com bastante magnetite, epídoto e cli­'nozoizite.

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Estes filões encontram-3e, na generalidade dos casos, bas­tante alterados, saussuritil,ados e cheios de calcite secun-­dária, pelo que não submetemos nenhum deles a análise química.

Fizemos o estudo dum dolerito próximo e sensl velmente paralelo ao kersantito quártzico que analisámos na zona ocidental.

Trata-se de uma rocha filoniana, holocristalina, de textura porfírica e com mesostase microlítica (Fig. 12).

Os fenocris!ais são de feldspato e de piroxena. O felds­pato dos megacristais está densamente saussuritizado, con-­tudo, nas secções mais frescas, realizámos determinações que­nos conduziram a uma andesina com 32 % de moh~s de anor­tite. Os micrólitos são de plagioclase do mesmo tipo. Rara­mente, encontrámos secções de ortose, patenteando a macia de Carlsbad.

A piroxena presente é uma augite com c A ng= 520 .

A rocha está densamente alterada. Abundam produtos. tremoIíticos de fibra longa, outros de fibra mais curta, bastante calcite e seri ci te.

O minério negro xenomórfico é abundante. Esta rocha parece ainda relativamente alcalina para um

dolerito típico, no entanto as determinações que realizámos. sobre os seus feldspatos foram escassas dado o estado de alteração.

Proveniente da Ponta do Castelo fizemos o estudo dum filão vertical, com direcção N-S e com 1 m de possança, encai­xado no gabro.

Trata-se duma rocha dolerítica, de tendência ofítica, for­mada por plagas subeuédricas e alongadas de labrador, implantadas num fundo de augite pigeonítica e de olivina. A rocha está relativamente serpentinizada, é pois um dolerito olivÍnico.

Na zona oriental ti vemos, também, ensejo de estudar opti­camente rochas doleríticas. Assim, proveniente da mancha de Chãos, encaixado em xistos argilosos mosqueados, estu­dámos um filão de textura porfírica, com raros fenocristais,

. profundamente saussuritizados, implantados numa pasta fina,_

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microlítica, rica de feldspato (andesina-Iabrador) e de minério· negro.

II • 4 - Corneanas

Procedemos, também, à observação microscópica de cor­neanas calcárias da praia da Lagoa, da zona ocidental, bem. como de corneanas pelíticas, aluminosas da zona ol'Íental.. Sobre umas e outras vamos dar breve descrição.

II. 4.1 - Corneanas cálcicas (carbonatadas)

Macroscopicamenle são rochas claras, róseo-esverdeadas;' fazem franca efervescência com o CIH di!. a frio; são atraves-· sadas por filouetes de calcite.

Ao microscópio, além da calcite com as características macias polissintéticas quase sempre presentes,. patenteiam grande quantidade de epídoto e de clinozoizite. Este último· mineral ocorre em secções com o contorno hexagonal, frequen­temente exibindo eslrutura zonada.

] J .4.2 - Corneanas aluminosas

Macroscopicamente são rochas negras, duras, sem xistosi­dade, compactas.

Ao microscópio revelam·se quartzos as, finamente granu­lares, sendo os minerais filíticos, por vezes,' bastante raros .. Há biotite e alguma turmalina zonada.

Outras corneanas não são tão ricas de quartzo; possuem, mais biotite e micas brancas bem como turmalina que, em secções transversais, mostram um núcleo azulado e as zonas­periféricas castanhas.

Ainda dentro das corneanas das proximidades da ponta. da Silveira encontrámos uma bastante silicificada com uma, larga vénula onde se concentram biotite, mica branca e, com· certa abundância, uma anfíbola, incolor e levemente esver­deada, com c'" ng = 17°, birrefrangência ~ 0,027, de alonga­mento positivo, ópticamente positiva e com um ângulo dos-

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.-eixos ópticos amplo, da ordem dos 80u• Com estes dados ópticos somos conduzidos a uma anfíbola ferromagnesiana da série ·cumingtonite-grunerite e pelo sinal óptico a um termo cuming­tonílico.

IIIJ - Geoquimismo do complexo eruptivo de Sines

Fizemos o cálculo dos parâmetros magmáticos de Niggli -que neste complexo têm aplicação, pois estamos em face dum maciço eruptivo circunscrito, com orlas de metamorfismo tér­-mico. havendo, além disso, rochas extrusivas e formações ,brechóides eruptivas.

A partir de tal conjunto de valores elaborámos o diagrama ·de diferenciação si - al, {m, D, alk, e determinámos a faixa ,isofálica.

Os diagramas K-mg e QLM permitem tirar algumas con­·clusões, o que faremos na análise pormenorizada de cada um ·destes gráficos.

lIll.1 - Diagrama de diferenciação

Obtivemos quatro curvas relacionando os parâmetros al, ·alk, D e {m com o parâmetro si, por meio de interpolações. Levando em conta este facto, damos a zona mais provável -onde se deve situar o ponto isofálico que terá as coordenadas:

f si = 190 ± 5 t aI = fm = 30 ± 2

A igualdade c = alk verifica-se para 165 < si < 170. Estes valores de si vêm tornar patente o facto reve­

Ilado pela microscopia de que este conjunto eruptivo é leve­mente sobressaturado, denunciando, inclusivamente os seus -termos mais cálcicos e básicos a presença, pelo menos, de -quartzo virtual.

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111. '2 - Diagrama K mg

Este diagrama é bastante elucidativo e conjuga em si um -certo número de conclusões que procurar~mos realçar.

Em primeiro lugar verifica· se a dispersão dos pontos representativos das rochas do maciço. Admitindo, como achamos correcto, que as rochas analisadas quimicamente traduzem, com relativa fidelidade, gama razoável das rochas ·de Sines, esta dispersão tem sigtlificado petrológico.

Verificamos que o parâmetro K varia de cerca de 50 uni­dades e o parâmetro associado mg percorre o domínio 0.20 a 0.61> ou seja 45 unidades. O contorno da área por onde se ·espalham os pontos representativos é oblongo e inclinado sobre ambos os eixos coordenados, tendo a recta axial teórica ·dessa superfície, de limite gTosseiramente elíptico, uma incli­nação de 45° em relação a K e mg.

Este facto diz·nos que K e mg variam discordantemente; as rochas com maior K têm uma menor contribuição ferro­magnesIana e vice-versa.

DIAGRAMA k-mg DE SINES

.10 .20 .30 .40 .50 .60 -K-

.70 .80 .90

J.M.des.

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É, portanto, pouco significativo determinar uma recta ver­tical medial, em torno da qual gravitassem os pontos tradu­tores do geoquimismo das rochas, como tantas vezes sucede.

Outra conclu~ão que advém da larga amplitude de K é a que mostra que este maciço, embora preferencialmente sódico, -consegue vencer a barreira K = 50 e ter pontos no campo potássico. É bem certo que a rocha que tem esta particula­'ridade é uma singularidade no complexo eruptivo.

No conjunto o maciço eruptivo de Sines apresenta -eminente quimismo atlântico com larga dispersão dos parâ­metros K e mg.

III.3 - Diagrama QL.Y

I!lste diagrama é uma boa síntese da petrologia do maciço -em estudo.

Q

70

40

Granitos Sienitos Albititos Lomprófiros Oioritos Gabros

+

o 8 Y/

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o facto mais extraordinário reside em que 85 % das -rochas analisadas tem Um coeficiente de saturação oe ~ O. Apenas duas rochas tem oe. negativo e só uma delas é franca­mente hipossaturada.

Ainda em relação à totalidade das rochas de que possui­mos estudo petroquímico, 53 010 tem oe > 1 o que é deveras significativo, pois vinca- de maneira incisiva a tendência sobressaturada do maciço.

Permite ainda este diagrama esboçar a possível linha evo­lutiva do complexo em estudo. Os pontos representativos das rochas analisadas desenham uma sequência que, partindo da proximidade do ponto R, se desloca para o campo das rochas com quartzo real e termina, próximo do lado Q, no granito monzonítico.

Esta rocha aparece, aqui, como o termo final duma série evolutiva e no enfiamento das rochas sieníticas quár­tzicas.

Com representação mais deslocada aparece o albitito, outro termo final da mesma evolução magmática.

De qualquer modo, este diagrama dá certa unidade ao conjunto eruptivo em estudo e permite antever uma possível linha de diferenciação.

IV - Comparação com a petrologia do maciço eruptivo de Sintra

o maciço eruptivo de Sintra tem contorno grosseiramente elipsoidal, com eixo maior no sentido E·O. É formado por um núcleo sienítico que se desdobra numa zona central microssienítica envolvida pela sienítica. Ambas são grossei­ramente rodeadas por um anel gabrodiorítico descontínuo, que as bordf'ja a sul, oeste e norte. A leste dá-se o contacto sIenito granito. O granito é a rocha dominante no macIço e en vol ve as formações atrás referidas.

Da observação da carta geológica do· maciço tem-se a -ideia de que ri complexo de Sintra tem uma estrutura anelar,

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sendo o anel maior e externo o granítico. Este tem grande desen vol vimento para leste, tendo sido o SEU bordo ocidental, possivelmente, erodido pelo mar.

É curioso notar a semelhança estrutural, quanto à disposição anelar, deste maciço com os maciços subvul­cânicos escoceses, como o de Loch Etive ou o', de MuU. Do complexo de Sintra emana largo leque de filões ácidos e básicos.

A diversidade petrográfica, tal como em Sines, é uma característica de Sintra.

Geoquimicamente, o diagrama K-mg geral, no qual mar­cámos os pontos representativos das rochas de Sintra, Sines e Monchique, mostrou que a disposição das rocbas de Sintra é muito semelbante à de Sines, vemos, igualmente, que o maciço é de forte quimismo atlântico, sódico, fugindo con­tudo os granitos para o domínio potássico.

As rochas que se afastam da zona atlântica e cortam a barreira K = 0.50 são granitos monzoníticos, tal como o de Sines.

Quanto aos sienitos, possuímos a descrição pormenori­zada do microsienito da Urca. Trata-se dum microsienito de pasta ortósica, com fenocristais de andesina- 37 % moles de an - de augite e biotite. A norma acusa escassa percentagem de quartzo virtual. Em contrapartida os sienitos de Sines são quartzosos, sendo o quartzo observável ao microscópio e dando na norma cerca de 10°/0' São sienitos quartzosos e monzonitos ricos de horneblenda e de biotite. Possuem encra­ves gabróicos e estão atravessados por inúmeros filões, quer ácidos, quer básicos.

Das formações gabrodioríticas de Sintra há que distinguir: por um lado, as rochas de tendência subsaturada, com nefelina virtual, como são os mafraítos,. presentes em vários locais da Serra; por outro lado as rochas saturadas a tender para sobres­saturadas, como são os dioritos da Malveira, os gabros de Pé da Serra e os gabros quartzíferos da Biscaia.

Os mafraítos de Sintra são caracterizados pela presença de bastante horneblenda castanba, por uma plagioclase de tipo audesina-Iàbrador e por uma augite titanífera. A apatite

3 - BOL. Soe. GEOL., VOL. xv

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,~ .. " ..

. ocorre em quantidade. A norma revela cerca de 6 a 10 % de nefelina virtual. Não possuem olivina.

Dos dioritos possuímos o estudo de AMILCAR DE JESUS,

(1934) em que se descreve uma rocha granular grosseira, com uma andesina com 35 % de moles de ano e com um labrador com 52 % ano Dos barilitos ocorrem a biotite e o diópsido. Estes dioritos são levemente quartzosos, no entanto, na norma o autor não refere qualquer valor percentual para o quartzo.

São bastante curiosos os gabros quartzíferos de Sintra. BRAK-LAMY (1947-48) referiu a ocorrência dum gabro quartzífero da Biscaia, caracterizado por ter uma plagioclase da zona de passagem andesina-Iabrador, por ter augite pigeonítica, certa quantidade de biotite e algum quartzo intersticial.

São ainda vulgares, em Sintra, os gabros olivínicos. Assim, ASSUNÇÃO & BRAK-LAMY (195~) descreveram rochas deste tipo de Pé da Serra, formadas por labrador próximo da «bytownite», por augit.e titanífera e aegirina-augite, por borneblenda casta­nha, biotite e olivina. Esta rocha gabróica distingue-se das restantes pela presença de perídoto e da piroxena sódica.

Deste breve apanhado sobre os tipos petrográficos do maciço de Sintra vemos que há rochas que compoAicional­mente se aproximam bastante das de Sines. Ocorrem dioritos mais ou menos quartzíferos, gabros quer quartzíferos, quer ricos de olivina, biotite e horneblenda castanha, granitos monzoníticos, sienitos, etc. É bem verdade que em Sintra a presença dos granitos é preponderante, enquanto que em Sines não o é. No entanto, tais rochas aproximam-se das res­tantes, e dum modo especial as gabrodíoríticas fornecem um paralelismo estreito.

Para melhor se avaliar da similitude das formações de Sintra e de Sines elaboramos quadros em que estão Jado a lado as análises químicas das rochas, bem como os parâme­tros magmáticos respectivos.

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-

35

QUADRO I

Sienitos Granitos Dioritos Gabros

í:ii O2 63.18 58.73 68.67 7t.75 5381 49.07 5Ull 47.44 43.5i 0 3 AI 2 15.39 1764 16.1~ 1401 15.~~ ~0.16 15.39 12.6~ 16.66 O~ Fe2 ~65 2.58 Ui 100 1.94 Ul9 ~.n 4.45 ~.36

O Fe ~.32 92 71 0.72 1.76 877 4.70 8.70 8.2~ 7.43 O Mg 0.83 M4 0.40 O ~1 ~ 77 344 4.57 5.49 7.20 OCa 4.71 4.42 1.36 1.09 7.7~ 1051 15.64 R57 11.10 O Na 2 4.42 5.78 310 407 318 398 ~.85 3.24 3.31 O K2 483 3.85 7.04 4.42 2.11 0.79 1.49 1.97 1.43 OH2+ 0.926 038 0.38 0.40 012 1.15 0.28 0.83 0.12 08 2 - 0.29 0.37 0.46 057 021 - 018 0.15 1.05 Ti O2 0.99 1.37 017 U36 2.92 M5 3.33 3.n 5.40 P2 0 5 0.29 0.38 0.16 0.10 0.78 o.n 0.59 1.52 0.72 O Mn 010 0.06 - 003 0.11 0.10 0.14 0.10 -S - - - - I O.H -

..

100:i!.6 100.'i!1 99.79 99.77 99.06 99.05 100.09 99.76 100 3 'i!

QUADRO II Sienitos Granitos Oioritos Gabros

I

1 54.4 1

924.5 Q 41.4 1 35.0 498 355 ::Il.7 32.1 L 45.9 507 45.7 4M 38.4 45.9 36.6 34.3 M 12 "] 14,3 4.5 3.4 26.1 'l!2.4 3l.3 41.~

K 0.41 0.31 0.59 0.63 0.29 0.12 0.25 0.

291 mg 0.23 0.42 0.27 0.15 [ 032 0.48\ 041 0.44

-

(1) Sienito monzonítico quartzífero do cabo de Sines (2) Microsienito da Urca. (ASSUNÇÃO & BRANK-LAMY, 1946) (3) Granito monzonítico de próximo das Azenhas

'!l1.8 39.1 39.1 022 0.58

(t) Granito monzonítico, micropegmatítico, com biotile e anortose. Penha Verde, Serra de Sintra (BRAK-LÁMY, 1952)

(5) Diorito quartzífero de Sul da Ponta da Silveira (6) Diorito quarlzoso da Malveira (AMILCAR DE JESUS, 1935) (7) Gabro olivínico com biolite e horneblenda castanha de Ponta da

Sil\'eira, lado norte. (8) Gabro quarl7.Ífero da Biscaia (BRAK-LAl\IY,1947-48) (9) Mafraíto da Quinta do Martil (Rio do Touro) citado em (ASSUN­

çÃo & BRAK-LAMY, 1946).

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A análise dos valores dos Quadros I e II mostra que, salvo para os granitos, as rochas de Sines são mais ricas de sílica do que as de Sintra. Quanto aos diferentes óxidos, a despeito de certas discrepâncias, verifica-se certa analogia composicional sob o ponto de vista quantitativo. Vimos que sob o aspecto mineralógico o paralelismo era assaz nítido.

De salientar, apenas a desproporção quantitativa entre os granitos, que são predominantes em Sintra e pouco abun­dantes em Sines; no restante, as rochas presentes mostram paralelismo químico-mineralógico acentuado. Em Sines pre­dominam os gabros, os dioritos e os sienitos (monzoníticos).

O Quadro II mostra de modo pátente o que temos vindo a dizer. Os sienitos de Sines são mais ricos de quartzo, mais ferromagnesianos e menos potássicos do que os de Sintra, o mesmo se podendo dizer dos dioritos. Quanto aos gabros ricos de quartzo, mantém-se a mesma riqueza em sílica dos de Sines; quanto aos valores de K e mg, podemos considerar que tais parâmetros são sensIvelmente iguais nos gabros dos referidos maciços.

Se às características petroquímicas esboçadas iuntarmos algumas de âmbito geológico, verificamos que o paralelismo entre estes dois maciços eruptivos se acentua.

Quanto à idade, ambos são tardios, alpinos, o de Sintra pós·Cenomaniano e ante-Oligocénico, o de Sines pelo menos pós-Jurássico superior, sendo o limite superior mais lato do que o de Sintra, pelos elementos de que se dispõe.

Estruturalmente, a disposição anelar a que nos referimos nas bl'eves considel'ações que tecemos para Sintra, também se desenha em Sines, se bem que não tão nitidamente. No entanto, salientemos que os sienitos são bordejados a ocidente, para os lados da praia da Lagoa por gabros, do lado do mar por basaltos (ZBYSZEWSKI, 1942) e a oriente pela larga zona gabrodiorítica. A formação brecbóide, eruptiva, presente em Sintra, também o está em Sines. Uma e outra são objecto de estudo, neste momento, como referimos. Do mesmo modo são notáveis os cortejos filonianos, quer ácidos quer básicos, que cortam em vários sentidos as formações eruptivas sienítico­-diorítico-gabróicas.

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Com aspecto menos flagrante, sem dúvida, também o maciço eruptivo de Sines se aproxima do tipo de maciço sub­vulcânico referido por RAGUIN (1957).

V-Comparação coma petrologia <10 maciço eruptivo de Monchique

Sobre o maciço eruptivo de Monchique possuimos larga documentação petrográfica e petroquímica.

Este maciço é grosseiramente elipsoidal, desenvolvendo-se o seu eixo maior segundo E-O.

Composicionalmente Monchique é caracterizado pela pre­sença preponderante de rochas holocristalinas, leucocratas, de granularidade média a grosseira, ricas de nefelina (variedade eleotite) e feldspatos alcalinos. Trata-se de sienitos nefelí­nicos típicos, uns biotíticos, outros anfibólicos. É bem conhe­cida a variedade imensa de termos filonianos, quer da família dos sienitos nefelínicos (monchiquitos, tinguaítos), quer de rochas mais básicas, como os berondritos e ancaratritos.

Há, também, termos menos deficientes de sílica do que os que acabamos de referir; estão nesse caso os solvsbergitos, os microsienitos e os aqueritos.

Parece mais lógico procurar comparar os termos de carácter saturado deste complexo com· as rochas afi~s de Sines e mesmo de Sintra. Posteriormente nos serviremos das rochas subsaturadas, nefelínicas, para tecer outrasconsi­derações.

No quadro seguinte reunimos as rochas de carácter satu­rado de Monchique.

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3S

QUADRO III

(1) (2) (3) (4) (fi) ------- -- ------_.- "-- --

6o.7~1692~17046 Si O2 61.78 I 6~ 3~ 0 3 AI 2 19.8~ I 16.4'!!. 18.85 13.43 1761 O2 Fe3 1.38 405 1.39 334 0.24 O Fe 1.71 1.28 2.74 0.69 O.~~

O Mg 0.61 0.78 1.04 0.47 007 OCa 1.74 ~.1~ 412 0.9:2 0.08 O N8 2 6.96 693 505 573 8.71 O K2 4.57 4.94 3.57 499 1.56

082+ 0.35 0.3~ 0.74 068 0.59 08 2 - 0.21 0.1~ 031 015 0.2l

Ti O2 0.8~ 0.59 151 0.31:! 0.38 P2 0 5 000 004 0.09 O Mn 0.13 014

Total ... 99.9,) 100.0610047 100.0ei 100.13

(1) Microsienito _ Serra de Monchique, Monchique, An. RaouIt. (PEREIRA DE SOUSA, 19J!6)

(2) Micro~ienito - São Francisco, Serra de Monchique, An. Raoult. (PEREIRA DE SOUSA. 19~6)

(3) Aquerito - Alferce, Serra de MonchiquE'. An. Raoult. (PEREIRA

Dr: SOUSA, 1926). (4) Micronordmarquito - Malhões, Serra de ~fonchique, An. Raoult.

(PEREIRA!DE SOUSA, 1926) (5) rrraquito quarlzífero - Caldas, Serra de Monchique, An. Raoult.

(PEREIRA DE SOUSA, 1926).

Se comparar;nos os valores do Quadro III com os do Quadro I, em que pusemos lado a lado as análises de granitos e sienitos de Sintra e Sines, vemos que o paralelismo é fla­grante .

.Em Monchique, ao lado das rochas em que a percentagem de sílica anda à roda de 40 a 45 %. há outras em que aquele

. valor percentual aumenta, se situa entre 50 a 55 % para, nas rochas que referimos atrás, atingir 60 e até 70 Ofo.

Também elaborámos um quadro para os parâmetros K, mg, Q, L e M de Niggli.

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QUADRO IV

(1) (2) (3) _ .. -..

1 ~6.7 Q 36.9 1

35.9 40..6 46.1 L 57.9 M.7 50..7 436 52-3 M 52 11.4 8.7 9.7 1.6 K

I 0._30. D.3L 0.33 0._ 36

1 0..11

rng 0..26 D.~t 0.3L 0..19 0.29

As rochas essencialmente feldspatóidicas de Monchique não têm réplica no continente português, conquanto ocorram na Península. Dado que apenas interessa realçar correlações possíveis entre os três maciços eruptivos que temos vindo a analisar, vamos agora considerar as rochas básicas, em geral saturadas, ou, então, ricas de olivina e em que os feldspatói­des apenas ocorrem virtualmente. Estas rochas aparecem em qualquer dos maciços em questão e merecem, portanto, que se cotejem as suas análises e parâmetros magmáticos.

Vamos reunir num quadro apenas as rochas sem nefelina real, segundo as descrições de PEREIRA DE SOUSA (1922), rochas, como salientámos, básicas.

QUADRO V (1) (2) (3) (4) (P,)

SiO:----14l76142~18-42.5iT3932 42.io.-I--39.41 0 3 AI 2 13.39 11.97 90.6 4.47 17.~3 139L 0 3 FE'2 5.70 5.75 7.'lH 7.43 5.76 5.74 O Fe 6.82 632 7.0.3 9.0U 5.57 6.44 O Mg 5.92 10.62'- 1t 0.8 2!.l.57 6.45 2_"23 OCa 1356 16.0.2 1472 9.62 12.90. 7.6) O NB 2 3.6t 1.58 2.Dt 1.30. 3.17 4.0.4 O K 2 M9 0..78 1.39 D_8t- 1.39 2.98 08 2 + 0.66 0..50. 0._14 1.88 0..19 0.32 OH2 - 0..28 0.0.7 0..14 0..0.9 0..80 0..44 Ti o. 4.78 3M 4.57 2.67 2.83 1.70 P2 0 5 D.9t 0..53 0..38 0.49 1.15 D.8t O Mn - 0..0.9 - - 0..12 0..0.9 CO2 0.32 0..44 - ~61 s - - - 0.13 0.."28

-...

10.0..20. 100..29 100..29 10.0..21. 99_tl8 100..45

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(1) Microberondrito - Serra de Monchique (P. DE SOUSA, 19:1~) (2) Camptonito -175 m S. Alferce, Monchique (P. DE HOUSA, 19~ô) (3) Basanitóide - Serra de Monchique (P. DE SOUSA, 1922) (4) Werlíto - Serra de Monchique (P. DE SOUSA, 19~2) (5) Mafraíto - Peninha (Rio do rfouro) Serra de Sintra (ASSUNÇÃO

& BRAK-LAMY, 19i)~)

(6) Gabro anfibólico com olivina ,- Sines (BRAK-LAMY, 1951).

QU ADRO VI

Q 12.4 173 15.5 7.9 20.5· 13.1 L 38.4 26.0 23.3 12.7 39.0 31-.9 M 49.2 56.7 fil.'!! 793 39.6 520 K 0.32

1

0.'!!6 0.32 (J30 0.22 0.14 mg 047 059 060 O.H I 0.52 0.48

. -

Nos quadros de valores apresentados encontramos certas analogias entre as rochas a que se referem e as correlativas de Sines e Sintra.

Das descrições de PEREIRA DE SOUSA (1922) sabemos que o microberondrito referido é formado de fenocristais de augite, de horneblenda castanha, dum pouco de biotite e magnetite epigenisando olivina.

Sobre o basanitóide aquele autor afirma que é uma rocha próxima dos mafraítos (PEREIRA DE SOUSA, 1922, p. 701).

A afinidade das rochas filonianas da costa algarvia com as do co mplexo baSáltico de Lisboa-Mafra já foi salientada nos trabalhos de. PEREIRA DE SOUSA (1917, 1922 e 1931) e vários autores posteriormente se tem referido ao mesmo caso.

VI- Conclusões Gerais

Procurámos definir petroquimicamente as analogias entre os 3 maciços, servindo-nos de algumas representações diagra­máticas.

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VI, 1 -Diagrama K-mg

Do arrumo de grande número de pontos representativos das rochas dos maciços eruptivos de Sintra, Sines e. Monchi­que, vemos que a enorme maioria se acantonam aquém da recta K = 0.4, patenteando um quimismo predominantemente atlântico.

É curioso notar que das rochas com análise química, figuradas no diagrama, referentes a cada um daqueles maci­ços, há sempre uma que se afasta nHidamente das demais e atinge valores de K anormalmente elevados.

Na generalidade, conquanto o «peso» dos pontos de Mon­chique seja grande, a recta medial em torno da qual gravitam as rochas dos maciços em questão é K ~ 0.30.

.80

.70

. 60

.30

.20

10

DIAGRAMA k-mg GERAL

Sintra,Sines e Monchique

o

+0

+ <:>

+ 9 •.

+ :0 _+'0' .-

o +.

<i5 <:> ~.:

':.' •. 0+ +

SINES <:>

SINTRA + MONCHIQUE

o

+

.10 .20 .30 .'0 .50 .60 .70 .80

-K- J.M.des.

VI .2-Diagrama Q L M

Procurámos, por meio deste diagrama, averiguar da pos­sível marcha evolutiva de cada um dos maciços em estudo.

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Sobre o maciço eruptivo de Sines já tecemos as devidas considerações quando da análise do diagrama QLM respectivo. Neste, de novo marcámos os seus pontos representativos, para os compararmos com os de Sintra e Monchique.

Em relação a Sintra vemos que existem termos subsatu­rados e que a linha evolutiva que lhe corresponde parte de domínio onde oe é negativo, para logo cortar a linha de satu­ração, atravessar depois a linha oe = 1 e se desenvolver no campo de existência das rochas sobressaturadas. Verifica-se que a linha de diversificação relativa a Sintra se desenvolve

1\50 M

o SINES _._.-

',' SINTRA -------MONCHIQUE

M~~~'~O~~2~O-Y'~JLO~~40L-~~50LL~-L~60~~~70~~~EO~~~90~~

J.Mourão,des.

de início paralelamente à de Sines, mas é mais hipossaturada, a dada altura inflecte para o polo Q, corta a linha de Sines e atinge pontos representativos de maior sobressaturação do que os deste último complexo eruptivo.

A evolução que acabámos de traçar está perfeitamente

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de acordo com a petrografia. Na realidade, em Sinps e Sintra existem tipos petrográficos paralelos, afins. No entanto, em Sintra a quantidade e a importância dos granitos é grande. Neste facto reside a forte inflexão em direcção ao campo sobressaturado observado neste diagrama.

Pelo que diz respeito a Monchique há vários pontos a referir:

a) A curva de diferenciação começa no domínio das rochas ultrabásicas, mas precisamente sobre a linha de saturação (IX = O). Achamos este facto deveras curioso, tanto mais que a linha de diferenciação se vai desenvolver, até próximo do ponto R, coincidente com a recta IX - O. Há rochas básicas, mas relati vamente saturadas.

b) A partir do ponto R, a linha evolutiva segue por domínio hipossaturado, em que se situam os pontos represen­tativos das rochas nefelínicas do maciço de Monchique ..

o) A dada altura nota-se que o troço inicial se desdobra em dois ramos, um prosseguindo no campo subsaturada, outro inflectindo em direcção às rectas IX = O e IX = 1, que corta.

Chegamos assim, nos términos dos ramos de diversifica­ção, a ter rochas em que o parâmetro Q atinge ~õ e M ape­nas 5, enquanto que outros, para o escasso valor de M = 2, possuem Q = 46.

Nas considerações comparativas feitas atrás, referimo­nos a rochas que fazem parte do troço inicial e que, depois, se integram no ramo superior. Este todo evolutivo tem andamento similar ao das linhas de Sines e Sintra.

Para Monchique devemos considerar, pois, um tronco base de tendência inicial saturada, que é comum aos restantes maciços. Enquanto naqueles esse tronco inicial evolui mais ou menos acentuadamente para o campo saturado e sobres· saturado, em Monchique o problema é um pouco mais complexo.

Tal complexidade reside, no fundo, na bifurcação referida, em que um ramo se integra e se paraleliza com os maciços congéneres de mais a norte e em que outro se afunda no campo hipossaturado.

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QUADRO VII

Parâmetros de NIGGLI

1 si I ai I r~ I c alk I k I mg I '17. ti I Jl in aI2:1~~k Q r, I M I rt I 7t I y S-i e-n-i-to-Ill-o-n-z-o-n-í-tic-o --,---- ---------- -- ------ -- --------1--1/­

quartzífero das Aze-nhas. . . . . !l!36.6 34.0 197 18.8 ~7.5 041 0.!l!3 H6.6 29 047 0.951 073 414145.9 12.7 2.5 0.11 10.35

Gabro das Azenhas. 8n.l 157 55.7 ~5.2 34 0.17 0.64 -~7.51 4.9 0.48 0.45 0.35 21.6 27.2 5l.2 0.2 0.64 0.17 GabrodaPonta::elada 103.8 186 485 M.7 8.2 (l.3ã 052 -29.0

16.6 0.50 0.50 0.61 23.8 337 425 0.\ 039 0.20

Albitito. . . . . 270.9 43.1 9.0 10.1) 37.9 013

1

' 0.38 +19.31

1.9 1.11 0.90 41.5 53.6 4.9 B5 006 0.34 Granilo.monzonítico. 332.5 46.0 1,07 7.2 36.1 0.59027188.1 06 0.29 U.67 087 ~9.8 4~.7 ~.5 12~10.0~ O Kersantllo. . . . 210.21 34,8 31.0 9.4124.8 0.31 10.4.5 +11.0 3.3 0.80 0.30 U.83 39.1 4/.8 13.1 1.6

1

0.16 O Microplauenito . . 192.9 3'hO 30.1 14.1 2l.8 0,37 080 + 5.8 4.210.80 046 0.78 37.9 47.3 14.8 1.2 0.2\ 0.80 EspessarLilo . . . 107.6 22.0 439 24.3 9.8 0.27 0.60 1-31.6

1

1 75 0.71 055 0.61 24.5 38.5 37.0 - 0.1 0.38 0.18 Gabro da ponta da

Silveira. .. 133.2 236 42.5 24.1 9.8 0.25 041 - 6.0 6410.6010.561058132,1136.6131.31 0.710.4110.16 Diorito de Chãos. . 155.7 25.9 37.4 23.9 12.8 0.29 0.~2 + 45

1

6.3 1.04 I 0.63 0661 35.5 38.4/ '!a6.1 1." 0.33 0.17 Kersantito .... 173.3 31.035.3 188 14.9 0.40 0.34 +13./ 4.3 0,90,0.53 0.6lI38.7 42.319.0 1.6,036 079 Diorito piroxénico e

quarlzífero;- . . 150.1 33.2 268 234 16.6 0.33 0.36 -1631

3.711.00 I 0.87 10.67133.3148.911781+ 0.1103311.00 Gabro antibólico ri I

olivina +. F.6 16\_ 5Q.3125? 81 0.14 0.48 -548 6:310:21 10_50 IO.7Lll_?_:1 I ?4.9152.Q 1- 0:01033_1_925

NOTA: Os cálculos dos parâmetros das rochas marcadas com uma + são de BRAK-LAlIIY (1951) à excepção dos

Q, L, M, rt, Y e 7t.

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RÉ SUMÉ

L'a uteur étudie du po int. de vue pétrograph ique et pétrologique II' massif éruptif de Sines, s itué sur la côte occidenta le portugaise, entre les mass ifs éruptifs de Sintra el de Monchique.

On y décriL des syénite~ monzonitiques predominant à l'ouest et nord du massif et des diorites et des gaburos qu i sont abondants dans les zones orientale et sud . Les filons, soit acide!' (granites monzonitiques filobrecholdes, microp lauénites et albitites), soiL basiques (Iarnprophyres et dolerites), sont aussi abondants. .

II s'agYt d'un rnassif eruptif circonscrit dont le ch imisrne est atlanti­que et sbmbl~ble à celui de Sintra. Le diagrarne QLM Lraduit son carac­tere saturé et sursaturé (53 % des roches analisées ont ex> 1) .

Le paralelisme petrochirniqne avec les massifs éruptifs de Sintra et Monchique a été établi. On présente un diagramme général QLM de ces trois massifs eruptifs de chimisme atlantique et d'âge meso -cenozolque.

ABSTRACT

Tbe author studies petrographicaly and petrclogicaly lhe eruptive rnassif of S in es, siLualed on lhe westem shore af Portugal, belween lhe eruptive massifs of Sintra and Monchique.

It is described monzonitic syenites which prodominate in wes­tem and north part of the massif. Diorites and ~abbros are abundant in the easl and norlh zones. Tbe dike-rocks are also abundanls, either aclds (monzonitic granites, rnicroplauenites and albitites) or basics (Iarn ­prophyres and dolerites) .

Sines is a circunscrit eruptive massif of atlantic petrochernical character, it is geochernicaly similar lo Sintra.

Th e QLM diagrarn expresses its saturated and oversaluraled character (530/0 of lhe analysed rocks have ~ > 1).

1t is established lhe geochemical paralelisrn with lhe eruptive massifs of Sintra and Monchique.

- It is presented a general QL:vI diagram of lhese eruptive focus of atlanlic pelrocbemistry type and of rneso-cenozoic age.

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Fig. 1 - Gabro olivínico com horneblenda castanha e biotite da região das Azenhas. Vê-se a horneblenda castanha molda ndo a plagioclase,

a magnetite e a oliv ina (N II; X 45)

Fig. 2 - O mesmo aspecto em nícois cruzados

(N +; x 45)

Boi . Soco Geai. de Portugal - Vol. XV - '962

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Fig. 3 - Albitito (albitófiro) das Azenhas. Aspecto geral da rocha

(N + ; X 45)

Fig. 4 ·- Albitito (albitófiro) das Azenhas. Aspecto da pasta microlítica

(N +; X 45)

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Fig. 5 - Aspecto geral do granito monzonítico encaixado no gabro das Azenhas

(N + ; X 45)

Fig. 6 -Microplauenito. Aspecto geral da rocha

(N ± ; X 45)

Bo i . Soco Ceo l . d e Portugal - VeI. XV - '962

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Fig. 7 - Gabro biotítico com horneblenda da Ponta Selada. Aspecto geral da rocha

(N II; X 45)

Fig. 8 - O mesmo aspecto em nícois cruzados

(N +; x 45)

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Fig. 9 - Gabro olivínico com biotite, da Ponta da Silveira. No centro do campo, temos uma secção de olivina com textura em coroa.

A orla de reacção é de augite pigeonítica levemente tita nífera

(N II; x 45)

Fig. 10 - O mesmo aspecto em nícois cruzados

(N + ; X 45)

Boi. Soco Geol . de Portugal - Vol , XV - 196.

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Fig. 11 - Gabro olivínico com biotite da Ponta da Silveira. No centro do campo vê-se uma secção xenomórfica de magnetite com coroa

de l-eacção de biotite (N + ; X 45)

Fig. 12 - Aspecto geral de um dos muitos doleritos do Complexo eruptivo de Sines

(N + ; X 45)

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F ig. 13 - Aspecto de um dos inúmeros filões leucocratas e alcalinos (microplauenitos e albititos) que atravessam o Gabro das Azenhas

(Folo C. Te ixci.-a )

Fig. 14-Aspecto da formação filobrecróide (granito monzonítico) no seio do Gabro das Azenhas

( Fo lo C. Teixeira )