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© Instituto Ayrton Senna 2012 Roteiro da etapa de Planejamento 8ª série (9º ano) 1 Caro professor, Esperamos que as duas primeiras etapas do SuperAção Jovem – Mobilização e Iniciativa – tenham ajudado você a renovar o prazer e o compromisso de seus alunos com a leitura, incentivando-os a: participar ativamente das atividades propostas; colaborar com os colegas nos times, de modo a resolver os problemas de convívio, motivação ou compreensão; seguir exercitando a iniciativa para escolher suas leituras, com base em suas preferências; ler para valer, praticando estratégias de compreensão enquanto leem. Assim, ao final dessas etapas, eles deverão ter se reunido em times de trabalho, escolhido um ou mais títulos para dar continuidade às suas aventuras como protagonistas 100% leitores e, ainda, praticado importantes habilidades para fazer escolhas, conviver, pensar e produzir. Nesta nova etapa, do Planejamento, as atividades de leitura livre propostas trazem estratégias para que os jovens intensifiquem a compreensão de suas leituras. Além disso, convidamos os times a refletirem sobre a importância de uma boa organização antes e durante a leitura. Para seguir fortalecendo a mobilização dos jovens, nessa etapa vamos provocá-los a contagiar seus colegas com o ‘vírus’ leitor. Percorrendo este itinerário, seus alunos colocarão em prática as habilidades que concorrem com o desenvolvimento das competências pessoais, relacionais, cognitivas e produtivas. Cada atividade traz um passo a passo bem explicado para nortear suas aulas, além de dicas para aprimorar seu desempenho com relação às habilidades a serem trabalhadas e fortalecer sua interação com os alunos. Leia, a seguir, três reflexões para compreender a fundo o que consiste o ensino de estratégias de leitura e a importância de se trabalhar a oralidade dos alunos em sala de aula. Boa leitura! Ensinar estratégias para que os jovens se organizem diante da leitura em sala de aula e no tempo livre, de modo colaborativo, aprimorando o trabalho em times, contando com a mediação do professor. Objetivos Etapas Mobilização e Iniciativa Planejamento Execução e Avaliação Apropriação dos Resultados Atividades de Leitura Livre Escola de Tempo Integral / Secretaria da Educação do Estado de São Paulo PLANEJAMENTO Roteiro para estimular o planejamento dos jovens para crescerem eitores protagonistas

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© Instituto Ayrton Senna 2012 Roteiro da etapa de Planejamento 8ª série (9º ano) 1

Caro professor,

Esperamos que as duas primeiras etapas do SuperAção Jovem – Mobilização e Iniciativa – tenham ajudado você a renovar o prazer e o compromisso de seus alunos com a leitura, incentivando-os a: participar ativamente das atividades propostas; colaborar com os colegas nos times, de modo a resolver os problemas de convívio, motivação ou compreensão; seguir exercitando a iniciativa para escolher suas leituras, com base em suas preferências; ler para valer, praticando estratégias de compreensão enquanto leem. Assim, ao final dessas etapas, eles deverão ter se reunido em times de trabalho, escolhido um ou mais títulos para dar continuidade às suas aventuras como protagonistas 100% leitores e, ainda, praticado importantes habilidades para fazer escolhas, conviver, pensar e produzir. Nesta nova etapa, do Planejamento, as atividades de leitura livre propostas trazem estratégias para que os jovens intensifiquem a compreensão de suas leituras. Além disso, convidamos os times a refletirem sobre a importância de uma boa organização antes e durante a leitura. Para seguir fortalecendo a mobilização dos jovens, nessa etapa vamos provocá-los a contagiar seus colegas com o ‘vírus’ leitor. Percorrendo este itinerário, seus alunos colocarão em prática as habilidades que concorrem com o desenvolvimento das competências pessoais, relacionais, cognitivas e produtivas. Cada atividade traz um passo a passo bem explicado para nortear suas aulas, além de dicas para aprimorar seu desempenho com relação às habilidades a serem trabalhadas e fortalecer sua interação com os alunos. Leia, a seguir, três reflexões para compreender a fundo o que consiste o ensino de estratégias de leitura e a importância de se trabalhar a oralidade dos alunos em sala de aula.

Boa leitura!

Ensinar estratégias para que os jovens se organizem diante da

leitura em sala de aula e no tempo livre, de modo colaborativo, aprimorando o trabalho em times, contando com a mediação

do professor.

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Avaliação

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dos Resultados

Atividades de Leitura Livre Escola de Tempo Integral / Secretaria da Educação do Estado de São Paulo

P L A N E J A M E N T O Roteiro para estimular o planejamento dos jovens para

crescerem eitores protagonistas

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Planejamento e estratégias de leitura

Para envolver os jovens nas atividades propostas neste Roteiro e transformar esta etapa em um momento de aprendizagem significativa para eles, é fundamental refletir sobre a importância do planejamento. Planejar qualquer atividade possibilita desenvolver um comportamento estratégico, que implica intencionalidade e propósito. Isto é, ao antecipar nossas ações, mobilizamos aspectos de organização pessoal que contribuirão para tornar mais eficazes os nossos esforços pessoais na conclusão dessas ações. Assim, o planejamento contribui para o alcance de nossos objetivos e metas a partir do uso de nossas habilidades e também da identificação e superação de nossas dificuldades. Ao planejarmos uma atividade, realizamos um processo de metacognição: escolhemos uma entre várias alternativas para agir, transformamos nossas habilidades em ações conscientes (estratégias) e desenvolvemos autocontrole dos nossos processos de aprendizagem. É, portanto, um exercício que traz à consciência o tipo de informação que temos a respeito de nossa própria aprendizagem e, ao mesmo tempo, possibilita maior controle do que podemos exercer sobre os recursos que dominamos. No caso da leitura, o autocontrole refere-se ao conhecimento de diversos tipos de estratégias a serem usados em situações variadas de leitura e à capacidade de detectar erros e contradições no material escrito, além da habilidade de separar o que tem do que não tem sentido na informação. Planejar a leitura é, portanto, um exercício que possibilita relacionar o ato de ler com nossos valores e princípios pessoais, tornando-o, mais do que uma tarefa meramente escolar, uma atividade que pode ser utilizada a nosso favor ao longo dos anos de nossa vida. Seguem abaixo as principais estratégias que são utilizadas por um leitor competente, aquele que sabe como utilizar suas qualidades e talentos (habilidades) para superar suas dificuldades na leitura:

Reflexão 1

Examina ligeiramente o texto Examina a estrutura do texto Levanta hipóteses acerca do conteúdo do texto a ser lido Pensa a respeito da finalidade ou necessidade de realizar a leitura A

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Sublinha ideias ou palavras principais Toma notas Cria imagens mentais de conceitos ou fatos descritos no texto Relaciona o conteúdo do texto com seus valores e conhecimentos prévios Pensa acerca de implicações ou consequências do que diz o texto Para e reflete se compreende bem o que lê Relê palavra, frase, parágrafo, quando não os compreende Volta a ler partes que os precederam Quando não os compreende, consulta fonte externa

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Na escola, não se aprende só a ler, mas também se aprendem maneiras de ser leitor. Assim, programas específicos para o ensino da leitura, em que sejam explorados e colocados em prática aspectos metacognitivos do uso de estratégias, certamente favorecem comportamentos mais conscientes, mais ativos entre os estudantes, pois lhes ensina maneiras conscientes de realizar atividades de leitura, de conhecer melhor o que elas representam para o domínio efetivo desse processo, de saber quando usá-las e como monitorá-las. É tarefa da escola encorajar os alunos a ler com estratégias, a fazer paráfrases após a leitura, a usar técnicas que os auxiliem a tornar consciente o comportamento que desempenham quando leem; a entender como o que leem influencia na forma pessoal de compreender.

Leitura livre, estratégias de leitura e habilidades Especialmente quando se trata de adolescentes e jovens é urgente encontrar novas rotas para aproximar a leitura do seu universo existencial, pois muitos deles ainda não desenvolveram suas preferências de leitura nem aprenderam a usar estratégias que permitam ler com compreensão a diversidade de textos a que são expostos na escola e na vida cotidiana, perdendo assim o interesse pela leitura, conforme evoluem na vida escolar. O desafio é, então, manter os estudantes antenados com a leitura ao longo de sua vida escolar e para além dela, formando leitores proficientes. Para isso, aprender a gostar de ler – ler por prazer, como hábito e por interesse próprio – e aprender a ler com compreensão diversos gêneros textuais são duas habilidades fundamentais para o desenvolvimento cognitivo dos alunos e sua participação em diversas práticas sociais. Essa foi uma das conclusões do PISA1 2009, cujo foco foi leitura: “Em todos os países [participantes da avaliação], estudantes que têm maior prazer em ler apresentam desempenho significativamente melhor do que aqueles que têm menor prazer em ler.” Além disso, os resultados do PISA apontam que “para que os estudantes se tornem leitores proficientes é essencial o domínio de estratégias que ajudam a aprendizagem - com métodos para memorizar, compreender ou resumir textos, e hábitos diversificados de leitura. A leitura por prazer é particularmente benéfica quando associada a altos níveis de pensamento crítico e aprendizagem estratégica.”2 Ou seja, o ensino de leitura que alie o gosto pela leitura (o prazer em ler, a leitura livre) com estratégias de compreensão leitora é mais eficaz para melhorar o desempenho dos estudantes em leitura.

1 O PISA, Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, que analisa a qualidade, equidade e eficiência dos

sistemas escolares em cerca de 70 países, entre os quais, o Brasil. A edição de 2009 teve como foco a pesquisa das habilidades e conhecimentos dos estudantes em leitura. 2 Resultados do PISA 2009: aprendendo a aprender – Envolvimento, estratégias e práticas dos estudantes (volume

III), p.13. OCDE, Editora Moderna Ltda, 2011.

Faz releitura do texto Procura recordar pontos fundamentais sem retornar ao texto Volta ao texto e relê os pontos significativos Avalia quanto entendeu do texto Volta às partes de compreensão incerta Verifica se suas hipóteses foram ou não confirmadas Procura fazer paráfrase ou resumo do texto lido

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Reflexão 2

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© Instituto Ayrton Senna 2012 Roteiro da etapa de Planejamento 8ª série (9º ano) 4

No SuperAção Jovem a prática de leitura está ancorada nesses dois pilares (gosto e compreensão) traduzidos em sequências de atividades que visam reconhecer as leituras praticadas pelos alunos fora ou dentro da escola, ampliar seus interesses, promovendo a escolha de títulos pelos alunos, qualificar gradualmente essas escolhas, contagiando-os para outras leituras e favorecer o aprendizado de atitudes e habilidades fundamentais para garantir o envolvimento com a leitura e o controle antes, durante e depois da leitura. Além disso, a dimensão do trabalho colaborativo com o professor e em times amplia a experiência leitora para além da mera prática individual, constituindo-se também como uma experiência de convívio com leitores, livros e histórias. A proposta do SuperAção Jovem compreende o desenvolvimento de habilidades cognitivas e não cognitivas que são fundamentais para o desenvolvimento integral dos estudantes. Por isso, antes de começar a trabalhar com as atividades propostas nessa segunda etapa, relembre o quadro abaixo e, no caso de dúvida ou do desejo de se aprofundar, releia a “Reflexão 3 - Competências e Habilidades”, que está no Roteiro das Etapas de Mobilização e Iniciativa – 8ª série (9º ano), página 5. O ensino de leitura que engloba concomitantemente a prática de habilidades que impulsionam a construção da autonomia, a determinação, a colaboração, a comunicação e o trabalho em time, favorece a entrada dos estudantes num ciclo de desempenho virtuoso, em que “as atitudes em relação à leitura e à aprendizagem, a motivação, envolvimento em atividades de leitura e proficiência em leitura reforçam-se mutuamente”3. Conheça mais sobre o ensino de estratégias de leitura na próxima reflexão.

Hora do Desafio: as estratégias de leitura Segundo Isabel Solé4, formar leitores autônomos também significa formar leitores capazes de aprender a partir dos textos. A compreensão leitora depende de um grande número de fatores, muito complexos e interrelacionados. Conhecer esses fatores permite detectar as fontes das dificuldades de compreensão e, numa perspectiva pedagógica, mediar a interação do leitor com o texto.

3 Resultados do PISA 2009: aprendendo a aprender – Envolvimento, estratégias e práticas dos estudantes (volume

III), p.13. OCDE, Editora Moderna Ltda, 2011, p. 27. 4 SOLÉ, Isabel. Estratégias de Leitura, Porto Alegre: Artmed, 1998.

Autonomia (Habilidades

para fazer escolhas)

Determinação: favorece a autonomia dos estudantes na escola e na vida.

Aprender a SER (Competências pessoais)

Gestão (Habilidades de gestão)

Trabalho em Time: favorece a aprendizagem colaborativa na escola e na vida.

Aprender a FAZER (Competências produtivas)

Leitura

(Habilidades de pensamento)

Leitura: favorece a capacidade de ler por prazer e o uso de estratégias de leitura na escola e na vida.

Aprender a CONHECER (Competências cognitivas)

FORMAÇÃO PARA

HABILIDADE

DIMENSÃO

Colaboração (Habilidades de convívio)

Colaboração e Comunicação: favorece a colaboração

e comunicação dos estudantes na escola e na vida. Aprender a CONVIVER

(Competências relacionais)

Reflexão 3

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© Instituto Ayrton Senna 2012 Roteiro da etapa de Planejamento 8ª série (9º ano) 5

Na atividade da Hora do Desafio presente neste roteiro, busca–se levar os alunos a exercitarem procedimentos de leitura que colaboram para o desenvolvimento de algumas das capacidades – ou estratégias – de compreensão transcritas abaixo, classificadas por Roxane Rojo em seu artigo “Letramento e capacidades de leitura para a cidadania”5 :

5 Este artigo pode ser lido na íntegra em: http://bit.ly/rojaneroxo

Checagem de hipóteses Ao longo da leitura, no entanto, o leitor estará checando constantemente essas suas hipóteses, isto é, confirmando-as ou desconfirmando-as e, consequentemente, buscando novas hipóteses mais adequadas. Se assim não fosse, o leitor iria por um caminho e o texto por outro.

Antecipação ou predição de conteúdos ou propriedades dos textos O leitor não aborda o texto como uma folha em branco. A partir da situação de leitura, de suas finalidades, da esfera de comunicação em que ela se dá; do suporte do texto (livro, jornal, revista, outdoor etc.); de sua disposição na página; de seu título, de fotos, legendas e ilustrações, o leitor levanta hipóteses tanto sobre o conteúdo como sobre a forma do texto ou da porção seguinte do texto que estará lendo. Esta estratégia acontece durante toda a leitura e é também responsável por uma velocidade maior de processamento do texto, pois o leitor não precisará estar preso a cada palavra do texto, podendo antecipar muito de seu conteúdo.

Comparação de informações Ao longo da leitura, o leitor está constantemente comparando informações de várias ordens, advindas do texto, de outros textos, de seu conhecimento de mundo, de maneira a construir os sentidos do texto que está lendo. Para atividades específicas, como as de resumo ou síntese do texto, esta comparação é essencial para medir a relevância das informações que deverão ser retidas.

Localização e/ou cópia de informações Em certas práticas de leitura (para estudar, para trabalhar, para buscar informações em enciclopédias, obras de referência, Internet), o leitor está constantemente buscando e localizando informação relevante, para armazená-la – por meio de cópia, recorte-cole, iluminação ou sublinhado – e, posteriormente, reutilizá-la de maneira reorganizada. É uma estratégia básica de muitas práticas de leitura (mas não de outras, como a leitura de entretenimento ou de fruição), mas também não opera sozinha, sem a contribuição das outras que estamos comentando.

Generalização (conclusões gerais sobre fato, fenômeno, situação, problema, etc. após análise de informações pertinentes ) Uma das estratégias que mais contribuem para a síntese resultante da leitura é a generalização exercida sobre enumerações, redundâncias, repetições, exemplos, explicações etc. Ninguém guarda um texto fielmente na memória. Podemos guardar alguns de seus trechos ou citações que mais nos impressionaram, mas em geral armazenamos informações na forma de generalizações, responsáveis, em grande parte, pela síntese.

Ativação de conhecimentos de mundo Previamente à leitura ou durante o ato de ler, o leitor está constantemente colocando em relação seu conhecimento amplo de mundo com aquele exigido e utilizado pelo autor no texto. Caso esta sincronicidade falhe, haverá uma lacuna de compreensão, que será preenchida por outras estratégias, em geral de caráter inferencial. Estas estratégias de caráter inferencial são amplamente utilizadas pelos leitores proficientes para construir o sentido dos textos, afinal são conseguidas no diálogo com o texto.

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Assim, as atividades desenvolvidas na Hora do Desafio são exercícios que objetivam desenvolver estratégias que permitem monitorar a compreensão antes, durante e após a leitura. Podemos dizer que as capacidades de leitura elencadas por Roxane Rojo podem ser entendidas como processos cognitivos desenvolvidos a partir do exercício das estratégias que os leitores competentes utilizam para construir o sentido do texto. A prática de aspectos metacognitivos pela explicitação do uso de estratégias favorece comportamentos mais conscientes, mais ativos entre os estudantes. Podemos dizer que, a partir do exercício de metacognição (em que se trazem à consciência os processos de aprendizagem),

colabora-se para o desenvolvimento das capacidades para realizar atividades de leitura.

Oralidade Apesar de lerem mais e demonstrarem atitudes protagonistas diante da leitura, muitas vezes percebemos que, nos momentos de debate e discussão organizados em sala de aula ou na escola, os alunos apresentam dificuldades com a oralidade: timidez, vocabulário pobre, argumentação frágil etc. Por que isto acontece? Não é raro constatar que há certo descuido com a prática oral em sala de aula, o que vem causando diversos problemas na formação dos estudantes, tanto de ordem linguística quanto social. Os problemas de natureza linguística correspondem à falta de habilidade dos alunos em expor suas opiniões e pontos de vista. Eles têm dificuldades de utilizar a linguagem para argumentar em seu favor, defender ou refutar ideias, tampouco para simplesmente fazer sugestões (SCHNEUWLY & DOLZ, 2004). O segundo problema, de natureza social, relaciona-se com o primeiro: se os alunos não conseguem organizar sua fala para argumentar, expor, opinar e sugerir, consequentemente, não conseguem participar efetivamente de determinadas práticas sociais, pois não conhecem outra variedade oral da língua que não a coloquial. Os estudantes precisam compreender que a oralidade é a primeira habilidade pela qual serão avaliados quando estiverem fora da escola - por exemplo, no mundo do trabalho - e esta, por sua vez, precisa criar situações que coloquem em foco esta compreensão. Concordamos com Schneuwly (2004) que, ao optarmos pelo ensino oral da língua materna, é necessário refletirmos sobre o que é o “oral” que a escola precisa desenvolver. Conforme postula o autor, a oralidade deve ser concebida como lugar em que vários componentes estão envolvidos, englobando não apenas aspectos fônicos, fonológicos, de entonação ou timbre de voz, mas também elementos mais amplos, como o contexto e a situação de produção do texto oral, os interlocutores envolvidos, o espaço em que a fala se dá, entre outros. Assim, é necessário compreender que há vários “orais” que não estão totalmente livres da expressão escrita da língua,

Reflexão 4

Produção de inferências locais No caso de uma lacuna de compreensão provocada, por exemplo, por um vocábulo ou uma estrutura desconhecidos, recorremos a estratégias inferenciais, isto é, descobriremos, pelo contexto imediato do texto (a frase, o período, o parágrafo) e pelo significado anteriormente já construído, novo significado para este termo até então desconhecido.

Produção de inferências globais Nem tudo está dito ou posto num texto. O texto tem seus implícitos ou pressupostos que também têm de ser compreendidos numa leitura efetiva. Para fazê-lo, o leitor lança mão, ao mesmo tempo, de certas pistas que o autor deixa no texto, do conjunto da significação já construída e de seu conhecimento de mundo.

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mas que podem relacionar-se com ela, seja de maneira mais ou menos próxima. Ao mesmo tempo em que há gêneros orais que dependem totalmente da escrita, como o teatro, a leitura dramática, as ladainhas religiosas; há outros que estão mais distanciados, como as conversas do cotidiano e o debate. Dessa forma, entendemos que existem práticas de linguagem muito diferenciadas que envolvem a oralidade, e todas elas parecem ser passíveis de tornarem-se objetos de trabalho escolar. Para os PCNs, o ensino de língua oral deve ir além da interação dialogal de sala de aula. Assume-se que o aluno dispõe de competência discursiva e linguística para uso cotidiano, mas não está devidamente preparado para a "fala pública" e para os seus campos discursivos, isto é os contextos e as situações de comunicação em que a oralidade se instaura: como na ciência, na religião, na filosofia, na política, na arte, na literatura etc. Verifica-se, portanto, a necessidade de levá-lo a desenvolver competências para dar conta da variedade de usos linguísticos que as situações sociais contemporâneas exigem do campo da língua oral, como por exemplo apresentações públicas, entrevistas profissionais, debates... Assim, propõem-se objetivos, estratégias e abordagens embasadas na diversidade de gêneros do oral e das situações de uso público da fala. Propondo uma simetria de valores, em que o oral e o escrito aparecem destacados e evidenciados como conteúdos a serem desenvolvidos, os PCNs identificam dois campos bem articulados (linguagem oral/linguagem escrita) pelas práticas de escuta/leitura e produção de textos orais/escritos. Nos seus objetivos de ensino estas práticas da oralidade apresentam-se resumidamente assim:

No processo de escuta de textos orais, espera-se que o aluno:

amplie, progressivamente, o conjunto de conhecimentos discursivos, semânticos e gramaticais envolvidos na construção dos sentidos do texto. Esse conjunto de conhecimentos discursivos, semânticos e gramaticais está relacionado aos vários aspectos envolvidos na situação do texto oral: fônicos, fonológicos, de entonação ou timbre de voz, o contexto de comunicação, os interlocutores envolvidos, o espaço em que a fala se dá, entre outros.

reconheça a contribuição complementar dos elementos não-verbais (gestos, expressões faciais, postura corporal);

utilize a linguagem escrita, quando for necessário, como apoio para registro, documentação e análise;

amplie a capacidade de reconhecer as intenções do enunciador, sendo capaz de aderir a ou recusar as posições ideológicas sustentadas em seu discurso.

No processo de produção de textos orais, espera-se que o aluno:

planeje a fala pública usando a linguagem escrita em função das exigências da situação e dos objetivos estabelecidos;

monitore seu desempenho oral, levando em conta a intenção comunicativa e a reação dos interlocutores e reformulando o planejamento prévio, quando necessário;

considere possíveis efeitos de sentido produzidos pela utilização de elementos não-verbais;

considere os papéis assumidos pelos participantes, ajustando o texto à variedade linguística adequada (esse conceito está relacionado com a ideia de que a língua não é usada de modo homogêneo por todos os seus falantes, pois este uso está sujeito a variações de época, de região, de classe social etc., além de precisar se adequar a diferentes situações (formais e informais), a diferentes lugares sociais e campos discursivos (profissionais, acadêmicos, religiosos etc.) e assim por diante. Isto é, nem individualmente podemos afirmar que o uso da língua seja uniforme: dependendo da situação, uma mesma pessoa pode usar diferentes variedades.

saiba utilizar e valorizar o repertório linguístico de sua comunidade na produção de textos.

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É importante reforçar a ideia de que falar, escutar, escrever e ler, nas práticas sociais contemporâneas, são atividades complementares e imbricadas. Assim, ao se tratar didática e pedagogicamente a linguagem oral e a escrita, é preciso levar em conta a impregnação mútua que as práticas cotidianas de linguagem requerem de qualquer cidadão. Acreditando nesta indicação, propomos que as atividades de leitura e de protagonismo desenvolvidas neste Roteiro estejam também preocupadas com o desenvolvimento das habilidades orais. Assim, chamamos a atenção para dois blocos de habilidades que envolvem as capacidades de falar e ouvir:

Relativas à comunicação, ao saber ser e conviver, que se referem à oralidade no campo relacional, do respeito ao outro, do cuidado.

Relativas à cognição, que refletem a clareza, a capacidade de compreensão, a riqueza de vocabulário, a adequação da linguagem à finalidade da situação etc.

É fundamental, portanto, reconhecer que todas as atividades aqui propostas precisam ser também encaradas como possibilidades de fortalecer a oralidade dos estudantes, entendidas como exercícios planejados para que estes, sendo envolvidos em ações que exigem protagonismo (nos debates, nas apresentações, nas tomadas de decisões etc.) desenvolvam as capacidades leitoras e, tenham também, a oportunidade de desenvolver a oralidade.

Veja, na página seguinte, o mapa das atividades propostas neste Roteiro, lembrando que a organização deste é feita a partir de uma estrutura composta por cinco momentos, o Módulo do SuperAção, em que estão distribuídas as atividades de leitura livre.

Bom trabalho!

E não se esqueça: Jovem não é problema! Jovem é protagonista 100% leitor! Equipe do Programa SuperAção Jovem

Instituto Ayrton Senna

Como este Roteiro está estruturado?

Expediente: Instituto Ayrton Senna: Viviane Senna – Presidente Simone André – Coordenadora da Área de Educação Complementar Equipe Superação Jovem – ETI/ São Paulo: Helton Lima e Silvia Mattiazzo –Gerentes de Programas Vanessa Lira – Assistente de Programas Daniela Capelletti– Assistente Administrativo Elaboração de materiais didáticos: Cynthia Sanches e Simone André Consultora em Leitura: Roselene dos Anjos Coordenação de Agentes Técnicos: Renata Monaco Maria Regina dos Santos Agentes Técnicos: Cléa Ferreira Juliana Sales Helena Faro Lisandra Saltini Rosimeire Moreira Silvia Lima

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Abrace essa Causa

1. Reúna os jovens em roda e esclareça que esta é a primeira atividade da etapa de Planejamento. Conte que o objetivo desta etapa é aprenderem a usar a capacidade de planejamento para aprimorar a leitura.

2. Apresente o cronograma e os objetivos das atividades desta etapa, elaborando uma linha do tempo. Lembre-se que apresentar e esclarecer os objetivos das atividades gera expectativa e motiva os jovens para a participação. Para preparar sua fala, utilize os quadros que contêm o resumo dos objetivos das atividades que estão na página 9. Ao final, pergunte-lhes qual atividade mais chamou a atenção e por quê. Chame a atenção dos alunos para o fato de que conhecerem o que está sendo planejado para as próximas aulas, pode ajudá-los a participar melhor e aprender mais

3. Peça que se reúnam nos times e escolham seus líderes. Distribua cópias do Capítulo 8 (páginas 2 a 4 do Caderno do Estudante) e peça que leiam a página 2.

Sou protagonista 100% leitor! Objetivo da atividade: Identificar as atitudes e valores de um protagonista leitor e planejar as metas de leitura mensais. Materiais necessários: Cópias do Capítulo 8 (páginas 2 a 4 do Caderno do Estudante); Folha sulfite e caneta hidrocor (para fazer a régua do protagonista leitor) e Diários de Bordo. Principais habilidades trabalhadas: Determinação e Trabalho em time.

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1ª aula!

Planejando a execução da atividade:

Leia o passo a passo e compreenda o caminho pedagógico proposto nesta atividade. O objetivo dela é oferecer um instrumento de planejamento e avaliação aos jovens, a régua do protagonista 100% leitor. Com base na autoavaliação de suas atitudes e valores de protagonistas leitores, cada aluno será convidado a refletir sobre seu desenvolvimento e a estabelecer metas de leitura. É fundamental que você conheça o desenvolvimento dessa atividade lendo antecipadamente o Capítulo 8 (páginas 2 a 4 do Caderno do Estudante). Esta atividade deve ocupar 2 aulas.

Fique atento à estrutura da atividade: ela se inicia em uma grande roda, cujo objetivo é criar a ambiência para apresentar aos jovens o que será realizado na etapa de Planejamento. A seguir, os jovens se reunirão em times para estabelecer a meta de leitura. E, por fim, o resultado da atividade é socializado rapidamente.

A mediação do professor em toda a realização da atividade é fundamental. Muitas pistas sobre o envolvimento dos jovens com a leitura aparecerão no decorrer dela. Esteja atento ao que os jovens escrevem e falam, exercitando sempre sua presença pedagógica.

Uma boa estratégia é fazer essa leitura em voz alta, solicitando que cada líder leia um parágrafo. Se surgirem dificuldades na leitura, não deixe que desistam ou que surjam comentários pejorativos. Ao longo da leitura, ajude-os a identificar as ideias centrais e comentá-las, perguntando a opinião dos jovens a respeito.

Explore a leitura e a compreensão do texto com os alunos.

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4. Estabeleça um tempo para que discutam a questão que está no final da página: “vocês estão antenados com essas duas habilidades?” (sobre as habilidades de leitura: gosto e leitura: compreensão). Ao final do tempo estabelecido, questione-os sobre o que refletiram sobre a pergunta, abrindo espaço para que os líderes exponham rapidamente as conclusões de seus times.

5. A seguir, peça-lhes que leiam a página 3 do Capítulo 8 e oriente os líderes a conduzir a tarefa proposta em seu time. De acordo com ela, cada aluno deverá escrever quais são seus valores e suas atitudes como protagonista 100% leitor e depois fazer a representação gráfica de sua ‘régua de leitor’. Estabeleça um tempo para a conclusão dessa tarefa e oriente-os que registrem as respostas no Diário de Bordo.

6. Dê sequência à atividade, pedindo aos times que leiam as informações da página 4 do Capítulo 8 que traz alguns dados sobre a leitura no país.

7. A seguir, peça-lhes que realizem a atividade proposta. Nesta parte da tarefa, cada jovem assumirá um compromisso com a leitura e escolherá quantos livros pretende ler mensalmente.

Na página 4 do Capítulo 8, apresentamos alguns dados extraídos da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, organizada pelo Instituto Pró Livro (www.prolivro.org.br) em 2007. Foram pesquisados mais de 172 milhões de pessoas (92% da população brasileira) sobre seus hábitos de leitura, a utilização de equipamentos públicos dedicados à leitura e a ligação entre escolaridade e leitura.

Os dados da pesquisa Ibope sobre os hábitos de leitura dos alunos do SuperAção Jovem estão no site www.superacaojovem.org.br .

Dados sobre leitura no Brasil.

Durante a realização da atividade, circule pela sala, observando o trabalho dos times. Não deixe de verificar se os líderes estão conseguindo conduzir as atividades para garantir a participação de todos. Se notar dificuldades neste sentido, procure auxiliá-los.

Lembre-se de reforçar com os líderes o seu papel de envolver todos os participantes na atividade, devendo conduzi-la de modo a possibilitar a fala organizada de cada um e a garantir que o time todo escute com atenção e leve em conta todas as contribuições.

Esta é uma excelente oportunidade de chamar a atenção de todos para uma dimensão importante do mundo do trabalho: a valorização da oralidade, pois no diálogo com colegas e superiores, em entrevistas e reuniões, aqueles que sabem ouvir e falar com organização são mais valorizados.

Durante o trabalho dos times:

2ª aula!

Observe como assumem esse compromisso e oriente-os a serem conscientes nessa escolha. Não limite a iniciativa dos jovens - é provável que uma parte deles consiga cumprir sua meta, outra parte perceba que foi otimista demais ao estimá-la, ou que subestimou sua capacidade ao fixá-la.

O estabelecimento da meta não é um compromisso com a escola, mas um compromisso consigo mesmo. Por isso, deixe claro que não haverá uma cobrança da escola em

>>> Continua...

A meta de leitura.

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8. Para compartilhar os resultados, divida o quadro em quatro colunas, cada uma contendo os seguintes títulos: ‘1 livro’; ‘2 livros’; ‘3 livros’ e ‘mais de 3 livros’. Peça aos alunos que escolheram ler 1 livro por mês para levantarem a mão e contabilize. Escreva esse número na coluna ‘1 livro’. Proceda da mesma forma até preencher todas as colunas. Dessa maneira, você terá um painel com a distribuição de metas de leitura da turma e será possível saber quantos alunos escolheram a mesma meta (a parte) e qual o posicionamento dessa meta com relação às demais (o todo). Comemore com a turma a disposição que mostraram para se aprimorar como leitores.

9. Certifique-se se todos compreenderam o objetivo de estabelecer metas de leitura, pois assim poderão planejar em que momento do dia se dedicarão à leitura, de acordo com suas atividades diárias e com o tempo que dispõem.

10. Para finalizar, peça-lhes que se reúnam em times, antes de sua chegada, na próxima aula.

Observe como seus alunos se saíram na escolha das atitudes do protagonista 100% leitor. Cada atitude traz um aspecto importante para ativar o envolvimento do aluno com a leitura: o autoconhecimento para fazer escolhas de leitura, o apoio dos colegas, o esforço cognitivo para enfrentar obstáculos de compreensão, o trabalho em time. Avalie se eles demonstraram ter essas atitudes incorporadas. Observe e avalie seus alunos, também, na atividade em que estabelecem metas de leitura: eles mostraram que valorizam a leitura e se determinaram para ler mais?

Monitore, a cada atividade em time, como estão as relações de convívio entre os jovens. Eles estão conseguindo trabalhar juntos para manter um bom clima de aprendizagem (atenção, concentração, participação, alegria, ajuda mútua)? E quanto à compreensão durante a leitura: eles estão se apoiando para compreender melhor o que leem juntos?

Dicas para avaliar o desempenho de habilidades dos alunos na atividade:

relação ao cumprimento da meta. O objetivo é ajudá-los a se planejarem com as leituras e se organizarem para cumprir um objetivo estabelecido por eles mesmos. Esclareça que você estará atento para ajudá-los a cumprirem suas metas, mas que no decorrer das atividades da oficina de Hora da Leitura, vocês avaliarão se estas estão adequadas ao ritmo e condições de leitura de cada um.

Vale lembrar que, nas atividades do roteiro de Mobilização e Iniciativa, os jovens foram convidados a escolher três títulos que gostariam de ler. Recorde-os destas escolhas para que sejam contempladas no planejamento da meta de leitura.

Alguns jovens podem já ter lido - durante o último mês - um ou mais livros e, portanto, partem para o segundo ou terceiro título... Peça que atualizem o Painel do Leitor!

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Todos Juntos

1. Reúna os participantes nos times de trabalho, peça-lhes que escolham seus líderes e comece o dia de trabalho perguntando se estão colocando em prática alguma das ‘SuperDicas 1’ (Capítulo 4 do Roteiro das etapas de Mobilização e Iniciativa). Esclareça que essas dicas podem ajudá-los a se organizar para ler.

2. Então, peça aos times que discutam sobre como estão se organizando para a leitura e após um tempo, dê espaço para que os líderes contem, para toda a turma, quais foram as conclusões de sua equipe. O momento é de ouvir atentamente os depoimentos, valorizar e comentar as experiências que tiveram com seus livros.

3. Pergunte se alguém está encontrando dificuldades para seguir em frente na leitura do livro ou está ‘empacando’ em determinado trecho e precisa de ajuda para ir além. Ouça alguns jovens e os apoie para que identifiquem as dificuldades de leitura, de modo que as superem de duas maneiras: renovando o interesse pela leitura escolhida ou escolhendo uma nova leitura, mais próxima de seus interesses, a partir da sua indicação ou dos colegas. Só não vale ficar sem ler!

Dedicação para ler! Objetivo da atividade: Compartilhar a experiência de leitura dos livros escolhidos pelos jovens. Materiais necessários: Cópias do Capítulo 9 (páginas 5 e 6 do Caderno do Estudante) e Diários de Bordo. Principais habilidades trabalhadas: Determinação e Colaboração.

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1ª aula!

Mostre-lhes que mesmo um leitor bem experiente pode perder o interesse ou ‘empacar’ em algum momento na leitura do livro. O que é necessário é não desistir e procurar compreender as razões que estão causando tal afastamento: o assunto do livro não está interessante? O livro requer um nível de leitura mais avançado que aquele no qual me encontro? Tenho dificuldade de me concentrar na leitura?

Um leitor experiente sabe melhor como enfrentar as dificuldades iniciais para ‘entrar’ ou permanecer na leitura, seja porque confia nos motivos que os levaram a escolher o livro, seja pela força de suas ‘suspeitas inteligentes’. Já o leitor iniciante vai precisar aprender como superar os desafios de compreensão ou de motivação para seguir em frente, lendo.

Seguir em frente na leitura: um desafio para leitores experientes e iniciantes.

Planejando a execução da atividade:

Iniciar a leitura de um livro é muito bom! Percorrer as primeiras páginas - ou capítulos de um livro - exige que o leitor aprenda a se organizar para viver uma história com esse novo amigo que conquistou ou deseja conquistar. Pode ser uma história de ‘amor à primeira vista’ ou, logo de início, podem surgir algumas dificuldades na leitura. Cada jovem será convidado a relatar sobre o livro que está lendo (ou já leu) e como se prepara para a leitura. Dessa forma, trabalhamos com a habilidade de oralidade dos alunos. Esta atividade deve ocupar 2 aulas.

É fundamental que você leia com antecedência o Capítulo 9 (página 5 e 6 do Caderno do Estudante) para conhecer a atividade.

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4. Após essa conversa, escreva no quadro o título da atividade: “Dedicação para ler!”. Entregue as cópias do Capítulo 9 (páginas 5 e 6 do Caderno do Estudante) e peça para um jovem ler, em voz alta, a introdução.

5. A seguir, oriente que façam a atividade proposta no Capítulo 9 no item “Atividade: Vamos descobrir como foi a experiência de cada um!”. Estabeleça um tempo para a conclusão da tarefa.

6. Na aula seguinte, reúna a turma roda para a leitura dos resultados dos times. Após cada leitura, abra espaço para o debate.

2ª aula!

Essa atividade está estruturada como um passo a passo. Relembre-os da estratégia de leitura adequada:

1. O líder lê todo o passo a passo em voz alta para o time. 2. O líder checa se alguém ficou com dúvida sobre o que é para ser feito. 3. O líder faz o seguinte levantamento: existe alguma palavra que não

conhecemos no texto ou alguma frase que não foi compreendida? 4. Caso existam, o líder anota numa folha e todos tentam decifrar seu significado

a partir do contexto do texto lido. Se não der para descobrir o significado da palavra no contexto da leitura, os times devem ‘pedir ajuda’ ao professor ou consultar um dicionário, caso a palavra seja muito específica.

5. O líder cuida para que a atividade seja feita no tempo combinado.

Acompanhe atentamente o trabalho dos times. Observe que a atividade proposta apresenta dois tipos de situações: jovens que já começaram a leitura e jovens que ainda não a iniciaram. Seguramente, estes últimos devem ser identificados por você para um trabalho mais específico. É necessário compreender as razões que estão afastando esses alunos da leitura.

Caso note que algum time esteja com dificuldades de compreensão leitora, aproveite para sentar-se junto a ele para auxiliá-lo nesta tarefa.

Retome a estratégia de leitura instrumental utilizada em momentos anteriores.

Durante a plenária, é importante que você conduza a discussão de maneira que não seja apenas uma mera ‘apresentação dos resultados’. Faça com que todos participem, contando suas experiências, permitindo que os leitores mais apaixonados possam contagiar aqueles menos envolvidos e que os leitores frustrados possam expressar seus desafetos com o livro. A ideia é: todo livro rende uma boa história para contar.

Vale lembrar novamente que a organização das falas é fundamental para que a discussão seja realmente produtiva. Defina com os jovens a melhor maneira de possibilitar que todos tenham suas participações garantidas e que as contribuições de cada um sejam respeitadas e ouvidas por todos. Conte para eles que as “plenárias” não são atividades tipicamente escolares: na verdade, são práticas que existem em várias instituições que foram incorporadas pela escola, tanto pela sua eficiência na troca de experiência e na solução de problemas e conflitos quanto pela necessidade de preparar os alunos para situações que enfrentarão fora da escola. Empresas, condomínios, associações de bairro etc. realizam plenárias para as mais diversas necessidades com o objetivo de democratizar as relações e garantir o vínculo do coletivo. Quem não está preparado para estas situações geralmente se cala (deixando de realmente assumir um papel protagonista) ou age de maneira inoportuna.

>>> Continua...

Conduzindo a plenária: atenção especial aos jovens que não se encontraram na leitura.

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7. Promova a leitura em voz alta da SuperDicas 2 (página 6 do Capítulo 9) que oferece algumas dicas de pesquisa para conhecer mais sobre o livro (pesquisar na internet, com outros leitores, formar clubes de leitura na escola etc.). É importante que você conheça de antemão os sites sugeridos para falar com maior propriedade aos jovens. Estimule a turma a utilizar as SuperDicas 2 para saber mais sobre os livros escolhidos.

É possível que surjam alunos que não tenham gostado da leitura escolhida. Para que eles não desistam ‘logo de cara’, mostre que é preciso que relatem sua história com o livro e refletam sobre ela para que possam identificar os motivos que os afastam do livro e ajudá-los a persistir ou buscar novas aventuras em novos livros. Muitas leituras só capturam o leitor após algumas páginas, não é? Fique atento àqueles que ainda não se encontraram no livro e ajude-os a buscar formas de apoio com os próprios colegas que compõem seu time.

Tente exemplificar com a história de um ou mais jovens que mesmo não tendo se identificado com o livro no início, insistiram e acabaram capturados pela leitura. Peça que contem sua experiência, qual atitude tiveram para superar a frustração inicial e o que os ajudou a ir em frente.

Nesta ‘história de amor’ com a leitura, esses jovens têm uma história de coração partido para contar. Ao compartilharem essas histórias, ficam mais estimulados a seguir em frente na leitura.

Enfim, esta plenária é importante porque garante espaço para que todas as experiências individuais (positivas e negativas) surjam e sejam ouvidas. Compartilhar essas experiências é uma forma de fortalecê-los como leitores.

Fique atento a como os alunos que tiveram algum desencontro com o livro escolhido reagiram à situação: eles desistiram logo ou souberam insistir e dar novas chances ao livro? E depois de trocarem suas experiências com os colegas, se mostraram mais abertos a dar continuidade à leitura ou buscar uma nova oportunidade de escolha? Se sim, isso é sinal que estão desenvolvendo maturidade – determinação – como leitores. Se não, fique atento para que nas próximas experiências de leitura, esses jovens possam aprender a persistir diante dos obstáculos. Observe também quem são os alunos que mostraram persistência diante da frustração com o livro: eles praticaram a determinação e podem ser exemplos valiosos para a turma.

Durante a leitura em time ou na plenária de discussão, quem foram os alunos que apoiaram os colegas com suas experiências, com atitudes de incentivo ou trazendo soluções para as dificuldades dos colegas? Esses alunos estão praticando a colaboração! E aqueles que não se deixam afetar pelos desafios dos colegas, demonstraram uma pontinha de interesse em apoiá-los ou, ao menos, não pioraram a situação? Continue estimulando e valorizando a colaboração entre pares.

Dicas para avaliar o desempenho de habilidades dos alunos na atividade:

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1. Peça aos jovens para que se reúnam em seus times e escolham um líder que conduzirá a atividade. Caso já tenham se organizado dessa forma, parabenize-os! Pergunte quem se recorda de seu perfil de leitor (atividade vivenciada no ano passado).

2. Entregue para os times as cópias do Capítulo 10 (páginas 7 e 8 do Caderno do Estudante). Se você e a turma julgarem necessário, promova um novo “Jogo do Perfil de Leitor”, pois os jovens podem ter, hoje, um perfil diferente do descoberto no ano passado.

3. A seguir, promova nova leitura, em voz alta, da segunda parte do Capítulo 10 (página 8), pois existem novos desafios nas tarefas que cada perfil precisa cumprir

Ação: é o perfil de leitor! Objetivo da atividade: Planejar como colocar em prática as tarefas propostas para cada perfil de leitor neste ano. Materiais necessários: Cópias do Capítulo 10 (páginas 7 e 8 do Caderno do Estudante); Diários de Bordo. Principais habilidades trabalhadas: Trabalho em time.

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Planejando a execução da atividade:

No ano passado, os jovens descobriram seus perfis de leitor durante um jogo. Esta atividade, então, resgatará a lembrança desses perfis - bem como das respectivas missões- e os auxiliará no planejamento delas. É possível que nem todos os perfis apareçam em cada time, o que não gera nenhum problema na execução da atividade. Essa atividade deve ocupar 2 aulas.

É fundamental que você leia, com antecedência o Capítulo 10 (páginas 7 e 8 do Caderno do Estudante) que traz os perfis de leitores e o jogo, caso seja necessário retomá-los com os jovens.

Os quatro tipos de leitores apresentados possuem características diversas. É importante que você converse sobre essas características com os alunos e informe que elas podem variar de um período a outro da vida, por exemplo, quem era apreciador no ano passado, pode ter se tornado um iniciador este ano.

O leitor iniciador é um leitor mais fluente, que já tem o hábito de ler com frequência e prazer em fazê-lo. Este leitor gosta de escolher os livros que vai ler. O texto da carta “Iniciador” lhe dará mais pistas sobre este perfil. A tarefa do jovem iniciador é mobilizar todos os colegas de seu time a cumprir suas metas, ajudando-os na escolha do livro. Além disso, terá que ajudar ao menos dois colegas que tenham dificuldades para compreender o que leem.

O leitor propagador é aquele jovem que gosta de conversar, fazer amigos e dar dicas de leitura para os colegas. Ele conhece muita gente e é popular entre os alunos. Sua principal característica é falar com todos que conhece sobre os livros que leu e gostou ou que seus colegas e professores gostaram, propagando o ‘vírus da leitura’ na escola. A tarefa dele é mobilizar ao menos quinze jovens para ler um livro de que tenha gostado.

>>> Continua...

Para cada perfil de leitor, uma tarefa.

1ª aula!

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4. Após a compreensão das tarefas de cada perfil de leitor, oriente-os a escreverem, individualmente, seus planejamentos em uma folha de papel para que depois, as colem no Diário de Bordo. Observe como os jovens trabalham e ofereça ajuda, caso necessário.

5. Ao final da aula, reúna-os em uma grande roda e peça aos líderes que leiam o planejamento das tarefas. Oriente as possíveis dúvidas e peça-lhes que armazenem nas pastas de seus times o Capítulo 10.

1 - Formulação dos objetivos (pensar sobre a tarefa e para quê a realizarão): definir os objetivos que pretendem alcançar com a tarefa proposta no seu perfil. Para identificar estes objetivos, é importante responder às seguintes perguntas: Qual é minha tarefa? O que pretendo realizar ou modificar com esta tarefa?

2 - Análise das qualidades e limitações (pensar quais são seus pontos fortes e suas fragilidades, mas primeiro apoiar-se nas forças para realizar a tarefa): fazer uma análise de seu perfil para avaliar os principais pontos fortes e os pontos fracos. Os pontos fortes devem ser vistos como propulsores da organização para facilitar o alcance dos objetivos e, portanto, devem ser reforçados. Os pontos fracos devem ser analisados como limitações que dificultam ou impedem o alcance dos objetivos e que devem ser superados. Para facilitar esta análise, é importante buscar responder às seguintes perguntas: Onde estou atualmente? Quais são meus pontos fortes e quais são os meus pontos fracos para realizar essa tarefa?

3- Formulação das estratégias de ação (planejar como fazer a tarefa): planejar os caminhos para alcançar os objetivos pretendidos, tendo em vista suas qualidades, sem deixar de cuidar de suas limitações. Para formular as estratégias, é importante responder às seguintes questões: de que forma posso utilizar melhor minhas qualidades para realizar essa tarefa? O que posso fazer para superar minhas limitações? O que vou fazer concretamente, com quem e quando?

Oriente os jovens a elaborar seus planejamentos com base no roteiro a seguir:

Os jovens demonstraram boa capacidade de planejar as tarefas no time? Conseguiram se organizar e colaborar na resolução dos problemas propostos com autonomia em relação ao professor? Se sim, eles estão demonstrando que sabem trabalhar em times para planejar a realização de uma tarefa. Se não, identifique o que atrapalhou os times na realização dessa atividade, pois, já deveriam ter construído essa habilidade para enfrentar um desafio.

Dicas para avaliar o desempenho de habilidades dos alunos na atividade:

Já o leitor comunicador é uma pessoa que gosta de divulgar dicas de leitura nos canais de comunicação: cartazes, jornais, revistinhas, rádio da escola etc. A tarefa do jovem comunicador é criar ao menos dois canais criativos de divulgação na escola dos livros mais legais que seu time está lendo e, também, dar dicas para compreenderem melhor os textos.

Por fim, temos o leitor apreciador. Em geral, é um leitor que prefere ler o que seus colegas e professores indicam, a escolher um livro por conta própria. Mesmo sem buscar leituras por si mesmo, é um leitor que sabe contar com quem está ao seu lado para ter a cabeceira cheia de bons livros. Sua tarefa é ler os livros indicados pelos seus amigos ou pelo professor e contar sobre os livros para todos os colegas propagadores e comunicadores.

2ª aula!

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© Instituto Ayrton Senna 2012 Roteiro da etapa de Planejamento 8ª série (9º ano) 18

6. Oriente-os a continuar com suas leituras em casa e lembre-os de trazer seus livros para a próxima aula, pois a aula será dedicada à leitura livre!

Mãos à Obra

1. Reúna os alunos em roda. Relembre que, no ano passado, eles desenvolveram algumas estratégias para aprender a se planejar para crescer como leitor, tais como: evitar estímulos que possam atrapalhar a leitura, como televisão, mp3 etc.; estabelecer quanto tempo possuem para o momento da leitura e se dedicar somente à ele; antes de iniciar a leitura, relembrar o que já foi lido e, se necessário, reler algumas páginas; relembrar, também, das expectativas e objetivos da leitura etc.

Leitura para que te quero! Objetivo da atividade: Estimular a leitura dos livros escolhidos e incentivar a colaboração dos leitores iniciadores com os jovens. Materiais necessários: Cópias do Capítulo 11 (página 9 do Caderno do Estudante) e Livros escolhidos pelos jovens. Principais habilidades trabalhadas: Colaboração, Leitura: Gosto e Leitura: Compreensão.

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Você cuidou para que todos os alunos participassem dessa atividade que propõe um desafio para cada tipo de leitor? Soube direcionar os times na tarefa, de modo que colaborassem para que nenhum colega ficasse para trás? Lembre-se que você também pode estar aprendendo a usar essa nova metodologia, então, caso não tenha atingido os objetivos propostos, identifique quais das regras de trabalho em time você precisa aprimorar com seus alunos.

Dicas para avaliar o seu próprio desempenho na condução da atividade:

1ª aula!

Planejando a execução da atividade:

Esta é uma atividade que propicia mais um momento dedicado à leitura livre, assim como o que foi desenvolvido durante as etapas de Mobilização e Iniciativa. No entanto, agora, os jovens refletirão sobre algumas estratégias para a melhor fruição na leitura e para o seu desenvolvimento como leitores autônomos. Esta atividade deve ocupar 3 aulas.

Tenha em mente que os jovens iniciadores já podem colocar em prática suas tarefas, auxiliando os colegas que apresentam dificuldades. É importante conhecer o planejamento de cada iniciador e oferecer seu apoio qualificado para que esses jovens possam ajudar seus colegas e não deixar ninguém para trás.

Lembre-se que esta atividade pode ser realizada em diferentes espaços, tais como: a sala de leitura, o pátio, a sala de aula com os alunos sentados em almofadas etc. O importante é que, nesse momento de leitura, eles possam relaxar e se sentir confortáveis com o livro. Esteja sempre atento aos locais em que os alunos estarão, para que você possa acompanhar a atividade e observá-los. Combine com o professor da sala de leitura, bem como com os demais funcionários que seus alunos poderão ir até lá para ler, porque essa atividade faz parte da oficina de Hora da Leitura.

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2. O segundo passo é identificar se todos os jovens estão com seus livros em mãos. Caso alguém tenha esquecido, disponha de alguns títulos para que possam escolher. A seguir, pergunte quem está conseguindo se planejar para ler em casa e se estão sendo atacados por algum ‘vilão da leitura’.

3. Esclareça que a atividade de leitura livre do dia será dedicada ao aprofundamento de algumas estratégias que ajudam a ler mais e melhor. Então, entregue para os times as cópias do Capítulo 11 (página 9 do Caderno do Estudante) que traz algumas estratégias de compreensão leitora que devem ser realizadas antes, durante e depois da leitura.

4. Questione-os se costumam usar alguma dessas estratégias antes, durante e depois da leitura. Esclareça que elas são importantes para auxiliar a compreensão da leitura e são muito utilizadas por leitores experientes. Convide-os a utilizar algumas delas durante a prática de leitura livre do dia.

5. Esclareça que a primeira estratégia que será utilizada antes do início das leituras e uma que eles conhecem bem: a suspeita inteligente. Então, peça que cada jovem escreva, numa folha de papel, quais são suas suspeitas inteligentes para as próximas páginas de seu livro.

É importante reforçar a ideia de que a prática da leitura não é espontânea e nem um dom que cai do céu como um passe de mágica. Como toda prática, ela só será bem sucedida se, no seu exercício, formos aperfeiçoando mecanismos e ferramentas que possam “facilitar” e/ou proporcionar maior desenvolvimento e produtividade nas próximas práticas.

Converse com os alunos sobre situações que exemplificam isto, por exemplo, o trabalho de um pedreiro na construção de uma parede: com o tempo, depois de observar outros pedreiros e a partir de suas próprias experiências, ele vai criando estratégias que possibilitam desenvolver mais e melhor sua atividade. Para isto, é necessário saber o que é preciso realizar antes da construção (medir, selecionar materiais, analisar o projeto, verificar ferramentas, prever problemas etc.); realizar com atenção e capricho cada etapa da construção e controlar sua produção (fazer e verificar as medidas, preparar a massa e os tijolos, acertar as junções e por aí vai...) e, após o término do trabalho, avaliar se a construção está sólida e de acordo com o que foi projetado. Peça para eles darem outros exemplos que demonstrem a necessidade de conhecer estratégias e planejar bem uma prática para que ela seja, aos poucos, mais e melhor realizada. Assim também acontece com a prática da leitura: um bom leitor planeja sua leitura, desenvolve estratégias e aperfeiçoa ferramentas que serão utilizadas antes, durante e depois, para realizá-la de forma produtiva e satisfatória. Com o tempo, o bom leitor é capaz de assimilar tanto esta prática que nem “se dá conta” de todo o processo: realiza a leitura com fluência e de acordo com suas necessidades imediatas.

Para saber mais sobre isso, recomendamos a leitura da reflexão 1, página 2 deste Roteiro.

Planejamento e leitura.

Para ajudá-los na elaboração das suspeitas inteligentes, peça que cada jovem tente relembrar o ponto em que parou em sua leitura. Vale tanto puxar pela memória quanto recorrer aos últimos parágrafos lidos!

>>> Continua...

Suspeita inteligente em ação!

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6. A seguir, é hora de ler. Lembre a eles que no momento da leitura, o silêncio e a concentração são necessárias.

7. Enquanto isso, peça aos jovens iniciadores da turma que se reúnam com você. Converse a respeito das ideias que eles tiveram para ajudar os colegas em dificuldades com a leitura e conte que tipo de intervenção você vem fazendo com eles. Apoie a vontade de fazer a diferença desses jovens, assinalando que um leitor protagonista não deixa ninguém para trás.

8. Peça aos iniciadores que comecem a colocar em prática seus planejamentos, atuando como uma espécie de tutor dos alunos que precisam de maior apoio.

9. Dedique seu tempo à observação das interações estabelecidas entre os jovens iniciadores e àqueles que necessitam de ajuda. Observe o grau de motivação dos alunos com essa tarefa colaborativa.

10. Minutos antes de terminar o tempo da aula, peça-lhes, de maneira delicada, para que voltem ao ‘mundo real’. Formem uma roda de conversa e compartilhem se as suspeitas inteligentes elaboradas antes da leitura se confirmaram ou não. Procure

A seguir, peça que cada um se concentre e imagine, usando as pistas que o texto traz, o que deverá acontecer nas próximas páginas. Dessa forma, a suspeita inteligente partirá das expectativas que o leitor tem para com os personagens da história e das sugestões implícitas ou explícitas nos trechos já lidos.

O próximo passo é colocar no papel as suspeitas inteligentes elaboradas. Oriente que escrevam de forma objetiva, pois esse texto tem o objetivo de ser apenas um lembrete.

Lembre-se de verificar se todos estão à vontade com o seu livro, em silêncio e concentrados. Para isso, procure garantir um ambiente de calma e tranquilidade.

Continue observando a reação de cada aluno durante a leitura dos livros. Essas observações são importantes para você trabalhar as particularidades e as necessidades de cada jovem.

Você já identificou quem são os jovens que apresentam mais dificuldades na leitura e que precisam mais de seu apoio. Procure observar esse grupo de alunos com maior cuidado e, caso necessário, sente-se com eles para promover uma leitura compartilhada.

Ao perceber que alguns jovens estão dispersos e não se mostram concentrados na leitura, converse com eles sobre o livro, estimulando-os a resgatar suas expectativas em relação ao texto. Para isto, pergunte sobre os motivos que o levaram a escolher o livro e converse sobre as perspectivas de continuidade da leitura. Procure, durante esta conversa, identificar as dificuldades do jovem, estimulando-o a superá-las. Procure também avaliar com eles as causas da dispersão e busquem juntos encontrar formas de eliminá-las. Às vezes, uma simples mudança de lugar para ler (uma carteira mais isolada, um cantinho menos barulhento...) pode ser de grande ajuda. É também importante verificar se não seria o caso de uma nova escolha: pode-se descobrir que o gênero do livro, o seu volume (às vezes extenso demais), a temática abordada etc. provocam a falta de estímulo e a dispersão.

Se você perceber que o problema de alguns jovens é o fato de eles se perderem na leitura por fazerem suspeitas pouco relacionadas com o texto, busque auxiliá-los a resgatar a leitura, retomar as pistas e a renovar as suspeitas inteligentes.

Para estimular a leitura:

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instaurar um clima gostoso e descontraído na sala, de escuta e troca de ideias: para quem acertou as suspeitas, pergunte se saberiam dizer por que acertaram; para quem não acertou, faça-os pensar se é necessário ficar mais atento às entrelinhas do texto!

11. Pergunte, também, se praticaram as estratégias de controle de compreensão durante a leitura. Peça que um ou dois alunos contem aos outros como fizeram.

12. Aos jovens que receberam atenção dos iniciadores, pergunte-lhes: o que vocês acharam dessa experiência: Vocês gostariam de repeti-la? Quais estratégias para ler melhor e superar dificuldades de compreensão vocês aprenderam com seus colegas?

13. Esclareça que os demais perfis de leitor, em breve, se organizarão para colocar em prática seus planejamentos.

14. Repita a atividade de leitura livre por mais duas aulas, cuidando para que os alunos que apresentam maiores dificuldades contem com o apoio dos leitores iniciadores da turma.

15. Antes de começarem a ler, peça-lhes que formulem novas suspeitas inteligentes sobre o que pode acontecer nas próximas páginas e as registrem. Essa é uma forma divertida para que eles permaneçam atentos e envolvidos na leitura, desde que utilizada a fim de motivá-los e não para ser uma tarefa monótona e repetitiva. Por isso, deixe claro que essa estratégia não é obrigatória: pode usá-la apenas quem acha que ela poderá ajudá-lo a crescer como leitor.

16. Ao final do ciclo de leitura livre, questione-os sobre essa experiência de ler juntos e

com planejamento, utilizando algumas estratégias de leitura. Convide-os a continuar lendo e praticando estratégias de leitura no tempo livre!

2ª e 3ª

aulas!

Os leitores iniciadores envolveram os alunos que apresentavam dificuldades a ponto de motivá-los a superar seus desafios? Foi possível observar situações ou falas em que o vínculo de colaboração entre eles foi explícito?

Nessa atividade, seus alunos tiveram mais uma oportunidade para vivenciar a prática da leitura livre. Você observou se os alunos com maiores dificuldades estão conseguindo se envolver no enredo de seus livros e descobrindo o prazer de ler? Procure identificar qual é o maior empecilho que pode estar atrapalhando os jovens na vivência da leitura prazerosa e procure sempre ajudá-los.

A partir das intervenções dos jovens iniciadores, foi possível identificar novas posturas em relação à leitura por parte dos jovens auxiliados por eles? Os alunos passaram a utilizar estratégias de compreensão durante a leitura? Esses são alguns dos indicadores de que os alunos estão crescendo na compreensão dos textos.

Dicas para avaliar o desempenho de habilidades dos alunos na atividade:

A estratégia de utilizar a colaboração entre os jovens leitores iniciadores e seus colegas foi um elemento que agregou qualidade à sua gestão da sala de aula? Você conseguiu observar como os pares trabalhavam juntos e teve tempo para intervir quando necessário? Lembre-se de trazer sempre suas experiências leitoras para os alunos: o seu exemplo sempre fará a diferença.

Dicas para avaliar o seu próprio desempenho na condução da atividade:

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1. Organize os alunos em uma roda e explique que todos serão convidados a participar de uma brincadeira que exige atenção, raciocínio rápido e lógica.

2. Solicite que todos anotem em uma pequena tira de papel o nome de um objeto qualquer que comece com a mesma letra do seu nome e, em seguida, dobrem o papel. Peça que os nomes sejam escritos com letra de forma bem grande (de maneira que possibilite a leitura de longe). Diga que é importante que os nomes anotados permaneçam em segredo para que a brincadeira fique mais interessante.

3. Recolha os papéis dobrados, colocando-os em uma caixa de papelão (pode ser uma caixa de sapatos) posicionada no meio da roda.

Era uma vez... Objetivo da atividade: Desenvolver a oralidade (expressão e compreensão) na construção de um enredo para uma narrativa. Materiais necessários: Caixa de papelão e folhas em branco. Principal habilidade trabalhada: Comunicação.

Ati

vid

ade

5

Planejando a execução da atividade:

Essa atividade exige bastante organização e colaboração dos alunos, pois será exigida a participação de todos numa brincadeira em que será necessária a desinibição, a atenção, a criatividade e, principalmente, a expressão oral. A principal habilidade a ser desenvolvida aqui é a oralidade. Consideramos que a oralidade é saber expressar-se de forma organizada e criativa apropriando-se bem do ato de narrar e ouvir o outro com respeito e atenção. Esta atividade deve ocupar 2 aulas.

Dando sequência às orientações que estiveram presentes em todo o roteiro a respeito da importância de desenvolver as capacidades de falar e ouvir, a atividade tem como objetivo envolver os jovens na construção coletiva de uma narrativa oral, que, para ser bem sucedida, necessita boa expressão oral, atenção na escuta, lógica e coerência, além de uma boa dose de criatividade para dar sequência ao enredo de uma história inventada a partir de estímulos variados.

Não deixe de esclarecer todos os procedimentos da brincadeira antes de iniciar a história: isto é importante para garantir que a narrativa siga sem necessidades de interrupções.

>>> Continua...

Reforce a ideia de que o momento da leitura é único, pois esse é o tempo do leitor. A formação e a prática de um leitor envolvem ler em diversos tempos e lugares. Por isso, oriente-os que continuem a ler em casa, utilizando as estratégias de leitura e dicas de planejamento aprendidas.

Oriente sempre seus alunos a realizarem suas leituras no tempo livre, pois essa é uma prática que deve ser incentivada na formação de jovens leitores. A cada aula, promova rápidas conversas para verificar como seus alunos estão envolvidos com as leituras escolhidas, permitindo que aqueles mais envolvidos possam falar sobre o que estão lendo e propagar suas leituras. Continue identificando quem são os alunos que estão com maiores dificuldades (seja porque não gostaram do título escolhido, seja por apresentarem dificuldades de compreensão) e ofereça seu apoio!

Ler no tempo livre.

1ª aula!

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4. Explique que você iniciará uma história e ela deverá ser continuada oralmente por cada um da roda. Para dar sequência à história, cada participante escolhido deverá dirigir-se até a caixa e sortear um papelzinho: a continuidade deve necessariamente conter a palavra sorteada e deve, obviamente, manter a coerência da história iniciada.

5. Solicite que, durante a brincadeira, os alunos registrem por escrito a história contada. Explique que, no final da brincadeira, os times se reunirão para redigir a história narrada: é fundamental, então, que todos do time colaborem com suas anotações para o sucesso do grupo. Explique também que, para promover a dinâmica da narrativa, as falas de cada participante não serão repetidas, o que exigirá, ao mesmo tempo, clareza e boa expressão de quem fala e muita atenção de quem escuta.

6. Esclareça que, após dar início à história, você escolherá (apontando com o dedo) um dos alunos para continuá-la.

7. O aluno escolhido deve, então, retirar um papel da caixa e dizer com clareza a sua ideia de continuação, tomando cuidado para o fato de que a história deverá ter uma sequência.

8. A seguir, o aluno que acabou de falar deve escolher um colega para ir ao centro da

roda e retirar um papelzinho e dar continuidade à história. Oriente os jovens a escolherem os colegas que ainda não participaram, a fim de que todos contribuam com a narrativa. É importante também alertar que os papéis retirados não voltem para caixinha, devendo ficar em posse do aluno que o sorteou.

9. O último aluno a pegar o papel da caixa concluirá a história com a colaboração dos colegas e do professor.

Pode acontecer de algum aluno não conseguir encontrar uma maneira de dar sequência lógica à narrativa com o nome sorteado. Neste caso, estimule-o a continuar a atividade, dando sugestões e/ou solicitando que os colegas o auxiliem. Lembre-se de que a atividade objetiva a participação de todos!

Em caso de “pane”...

Antes de começar, instrua os alunos a evitarem utilizar expressões viciadas como “e aí”, “daí”, “então” etc. Oriente que há muitas maneiras de fazer ligações numa história: há expressões de tempo (“quando”, “em seguida”, “logo após”, “duas horas depois”, “no dia seguinte”...), há expressões que iniciam explicações (“porque”, “pois”, “por causa de”...), há expressões que marcam uma situação inesperada (“mas”, “entretanto”, “contudo”, “porém”...) etc. O importante é não ficar repetindo as mesmas palavras e tornar a narrativa chata e enfadonha

Uma sugestão de narrativa para iniciar a história é: “Naquela tarde de sexta-feira, os alunos da 8ª série da Escola (nome da escola) estavam bastante agitados, pois, em pleno final de bimestre, teriam que realizar um trabalho importantíssimo para o professor de Português: deveriam fazer uma pesquisa e uma apresentação oral sobre os tesouros que se escondem nos livros e sobre a importância da leitura em suas vidas...”

Dicas e sugestão para iniciar a história:

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10. Na aula seguinte, depois de concluída a história, reúna os alunos em seus times e solicite que, conjuntamente, eles escrevam a história contada a partir das anotações feitas. Esclareça que, para dar mais consistência, coerência e coesão à narrativa, os times podem (e devem!) acrescentar palavras, construir frases e fazer as modificações que lhes pareçam importantes para tornar a história mais interessante.

11. Por último, peça aos líderes de cada time que leiam o texto produzido.

Conquistas e Desafios

1. Reúna-os em times e distribua uma folha de papel para cada jovem. Escreva no quadro as questões abaixo. Motive-os a se dedicarem à tarefa e estabeleça um tempo para que escrevam seus depoimentos.

Avaliar, sempre! Objetivo da atividade: Avaliar as atividades e os aprendizados da etapa de Planejamento. Materiais necessários: Diários de Bordo e Painel do Leitor.

Ati

vid

ade

6

Planejando a execução da atividade:

Essa é uma atividade que propõe uma autoavaliação dos jovens para elaborarem e organizarem suas experiências até o momento. Isso permite uma avaliação do processo por você, professor, e serve para que você acompanhe continuamente o desenvolvimento da turma e registre as informações para usar como referência quando for avaliar os alunos no instrumento de avaliação das habilidades da turma, que será compartilhado com os gestores escolares, com a Diretoria de Ensino e com o Instituto Ayrton Senna. Esta atividade deve ocupar 2 aulas.

Reflita e elabore a sua avaliação da turma, focando nas habilidades indicadas neste Roteiro. Sua devolutiva para os alunos será importante para estabelecer uma relação de confiança e de exigência com a turma. Procure dar relevo aos aspectos positivos da turma e, caso avalie que precisam melhorar em algum ponto, desafie-os a melhorarem, contando com a sua ajuda!

O aprendizado da oralidade envolve saber expressar-se de forma organizada e criativa, narrando e ouvindo o colega com respeito e atenção. Seus alunos conseguiram se expressar de forma clara, organizada e criativa, conseguindo dar sequência à narrativa e apropriando-se bem do ato de narrar? Eles demonstraram atenção, respeito e organização ao ouvir o outro?

Dicas para avaliar o desempenho de habilidades dos alunos na atividade:

2ª aula!

Você conseguiu esclarecer bem os objetivos da atividade e encaminhou o processo de modo a intervir nos momentos necessários, garantindo a organização da classe e o direito de todos se expressarem?

Quando os jovens sentiram dificuldade, você os apoiou e os auxiliou com contribuições e intervenções capazes de retomar os trabalhos sem prejuízo?

Dicas para avaliar o seu próprio desempenho na condução da atividade:

1ª aula!

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2. Ao término do tempo, peça que cada jovem leia seu depoimento para os colegas do time. Assim, todos conhecerão os depoimentos de seus companheiros e deverão escolher um deles que será apresentado para a turma. Estabeleça um tempo para a realização da tarefa.

3. Após cada leitura, abra espaço para o debate. Pergunte-lhes o que acharam mais interessante no depoimento; se o colega relatou algum procedimento que querem experimentar em suas leituras; se alguém se interessou em ler o livro referido etc.

4. Na aula seguinte, escreva no quadro as habilidades trabalhadas na etapa de Planejamento: Determinação, Colaboração, Comunicação, Leitura (Gosto e Compreensão) e Trabalho em Time. É importante que você explique resumidamente o que quer dizer cada uma delas (utilize o quadro da página 4 que traz as competências e habilidades que os alunos desenvolverão neste Roteiro para ajudá-lo a compor seu discurso).

a. Escreva um depoimento, contando qual é o livro que está lendo (ou já leu) e o que está achando dele (ou achou dele).

b. Conte, também, em que momento costuma ler e se faz alguma preparação especial antes de começar a leitura.

Nesta atividade, solicitamos aos jovens que escrevam um breve depoimento, um gênero textual da ordem do relatar. Vale a pena apresentar aos jovens mais algumas características desse tipo de escrita (lembre-se que já trabalhamos com esse tipo de gênero textual no roteiro anterior. Reveja as dicas na página 25 do Roteiro das etapas de Mobilização e Iniciativa – 8ª série).

Neste gênero textual aparecem marcas de autoria, que são reveladas quando o autor se coloca como sujeito de uma experiência que mobilizou sentimentos. O autor se revela no relato de sua experiência vivida pelo uso de:

pronomes pessoais e de tratamento que o autor usa como se dialogasse com o leitor;

adjetivos que aproximam o leitor dos sentimentos vividos por ele; formas de expressão pessoais, às vezes inusitadas; expressões típicas de sua região; alguns adjetivos usados junto aos pronomes e verbos que expressam

sentimentos: (senti-me) desafiada”, (parecem) contraditórias , (foi) único etc.

A vivência das pessoas nunca é solitária. Assim, o autor de relatos de experiência também revela em seu texto o diálogo com outros sujeitos que dela participaram:

rememorando situações vividas com outros sujeitos; trazendo vozes desses sujeitos para seu texto, citando direta ou indiretamente o

que eles disseram.

Durante a atividade, circule pela sala e observe o trabalho dos jovens! Deixe-os à vontade, para que não temam a escrita. O objetivo é sempre fazê-los crescer como estudantes e leitores. Oriente-os para que procurem deixar o colega com vontade de ler o livro (se estiverem gostando da leitura, claro!). Estimule-os para que escrevam mais do que simples afirmações como ‘o livro é legal’, ‘estou gostando’, ‘achei o livro chato’ etc. Ofereça ajuda a quem precisar.

Produção de textos com sentido.

2ª aula!

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5. Peça aos times que observem a lista de habilidades no quadro, debatam e escolham uma habilidade que eles tiveram que usar bastante para crescer como leitor e uma em que eles precisam se aprimorar.

6. A seguir, peça que leiam quais foram as habilidades escolhidas. Anote-as no quadro e registre-as, também, em seu caderno, pois essas informações são importantes para o seu acompanhamento ao longo do ano.

7. Depois, avalie o que você observou durante todo o processo: quem avançou como leitor? Quem demonstrava mais resistência com a leitura e está se superando? Quem está participando e colaborando com os colegas para valer? Algum time incluiu a melhoria da sala de leitura e do aprendizado da leitura na escola em seu projeto? (na oficina de Experiência Matemáticas os alunos estão desenvolvendo projetos).

8. Retome com os jovens as estratégias de leitura utilizadas pelos leitores competentes e reflita coletivamente sobre sua aprendizagem e utilização durante esta etapa. Para esta reflexão questione-os se estão praticando as estratégias aprendidas para ler antes, durante e depois da leitura. Aproveite o momento para verificar, também, se os jovens cumpriram suas metas de leitura (elaboradas durante a atividade 1).

9. Convide-os a atualizar o Painel do Leitor (conforme o modelo que consta no Roteiro

das etapas de Mobilização e Iniciativa). Não se esqueça de ‘ler’ este Painel, comemorando os livros lidos! Escreva no quadro negro a média nacional de leitura entre os estudantes brasileiros: 1,3 livros lidos sem imposição da escola! É possível que vários jovens de sua turma já tenham superado essa média.

10. Explique que, em breve, começarão as etapas de Execução e Avaliação em que colocarão em prática as tarefas dos perfis de leitor e aprenderão a ler ainda mais e melhor! Mas antes todos serão desafiados a fazer um instigante desafio de leitura colaborativa!

Você avalia que houve crescimento dos alunos na forma de manifestar suas avaliações, em comparação com a análise realizada na etapa anterior?

Os alunos estão demonstrando maior criticidade ao expor seus argumentos e ideias, bem como estão interagindo colaborativamente e contribuindo para um bom clima de aprendizagem na sala de aula?

Você observou as situações em que os jovens falaram de suas experiências leitoras? Como estão as habilidades de oralidade da turma? Você deu alguma devolutiva em relação a isso? Uma dica para avaliar o desempenho oral dos alunos é observar e refletir sobre os seguintes aspectos:

Houve planejamento e organização da fala? Todos puderam falar e foram ouvidos?

Houve concentração no foco e no assunto previsto? Os alunos se expressaram com desinibição e clareza?

Após a leitura dos depoimentos, como você avalia a turma quanto ao domínio da linguagem escrita? Qual intervenção e encaminhamento você pensa em fazer com aqueles alunos que apresentam lacunas significativas na leitura e na escrita?

Dicas para avaliar o desempenho de habilidades dos alunos na atividade:

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Hora do Desafio!

Que tal um desafio de leitura colaborativa para estimular mentes e corações?

1. Reúna os alunos em seus times e explique que terão como desafio montar um quebra-cabeças. Eles vão remontar um artigo de opinião cujos trechos estão embaralhados. Para começar a montar o ‘quebra-cabeça’, terão como pistas a introdução do artigo e um esquema que define a sua sequência. Sugira que escolham um ‘líder organizador’ para encaminhar os trabalhos e um ‘líder relator’ para apresentar as conclusões do grupo.

2. Distribua para cada time uma cópia do Capítulo 12 (páginas 10 a 13 do Caderno do Estudante). Leia, em voz alta, o título do texto e pergunte-lhes como responderiam à pergunta feita (‘Por que alguns livros mexem com nossa cabeça?’) e qual resposta acreditam que será dada pelo autor do texto.

3. A seguir, peça a um jovem para ler, em voz alta, a introdução do texto e o esquema que a acompanha. Explique que o esquema define a sequência textual dada pelo autor e que as frases-síntese enumeradas é que deverão servir como pistas para que eles identifiquem os trechos correspondentes e remontem o artigo de forma correta.

Artigo de opinião Você e os jovens terminaram a etapa de Planejamento, parabéns! Mas, antes de passarmos para a próxima etapa, propomos uma atividade de leitura colaborativa aos alunos! Durante esta etapa, certamente eles se transformaram em leitores mais experientes e podem ainda se desenvolver mais com a sua ajuda. Por isso, é hora do desafio! Objetivo da atividade: Desenvolver e exercitar as seguintes capacidades de leitura: localização e comparação de informações, generalização e posicionamento crítico em relação ao texto lido. Materiais necessários: Cópias do Capítulo 12 (páginas 10 a 13 do Caderno do Estudante); tesoura; cola; Diários de Bordo. Principal habilidade trabalhada: Localização, comparação e generalização de informações e Posicionamento crítico diante de um artigo de opinião.

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Por meio da leitura colaborativa em grupos e com o auxílio do professor, a atividade propõe que os alunos encontrem a sequência textual de um artigo de opinião, partindo da leitura da sua introdução e tendo como pista um esquema composto por frases-síntese. Além de precisarem associar as frases-síntese aos trechos que elas resumem, os alunos deverão levar em conta as pistas linguísticas que promovem a progressão temática e a coerência do artigo de opinião a ser montado.

Esta atividade deve ocupar até 3 aulas.

Trabalhando com pistas linguísticas. .

1ª e 2ª

aulas!

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4. A seguir, peça que observem os trechos embaralhados do texto nas páginas 11 a 13 do Capítulo 12 e peça que recortem e os distribuam entre seus integrantes, com exceção do líder organizador, que ficará responsável pela leitura das frases-síntese e pela organização dos trechos a elas associados durante os trabalhos.

5. Depois de esclarecidos todos os procedimentos, oriente os times a iniciar os trabalhos, lembrando que, em primeiro lugar, cada jovem deve fazer uma leitura atenta dos trechos que ficaram sob sua responsabilidade, buscando resumi-los mentalmente. No caso de aparecer alguma dificuldade de compreensão, o líder organizador deverá auxiliar os colegas.

6. Após realizadas as leituras dos trechos, oriente os líderes organizadores a fazerem novamente a leitura da introdução do texto e da primeira frase-síntese do esquema, solicitando que os colegas verifiquem se ela está associada ao trecho que está sob sua responsabilidade.

7. Ao identificar o trecho que se refere à primeira frase-síntese, o aluno deverá lê-lo para o time. A partir da leitura, o grupo deverá avaliar a pertinência ou não da associação feita pelo colega. No caso de dois alunos identificarem seus trechos, o grupo deverá analisar cada um e decidir qual deles é o mais apropriado.

8. Definido o trecho que se relaciona à frase-síntese, o líder organizador deverá recolhê-lo e anotar o número da frase a ele correspondente no quadro ao lado do box do texto. Para cada frase-síntese, o grupo deverá proceder da mesma maneira, até concluir a remontagem do artigo.

9. Assim que todos os times terminarem de fazer a remontagem, inicie a correção/avaliação da atividade, lendo novamente o título e a introdução do artigo e solicitando aos líderes relatores dos grupos que leiam a primeira frase-síntese e o trecho que definiram com o número 1.

10. Verifique se todos os grupos conseguiram identificar o trecho correto e, no caso de

haver algum equívoco, peça a um dos times que acertaram para argumentar, justificando a associação correta.

11. Faça perguntas para estimular que os alunos desenvolvam as competências leitoras que a atividade estimula (localização de informações; comparação de informações, generalização; e posicionamento crítico, conforme o quadro a seguir). Peça que os alunos digam qual foi a ‘estratégia’ que usaram para descobrir a ordem certa e comente essas estratégias. Proceda da mesma maneira até chegar ao último trecho.

3ª aula!

Lembre os alunos para bancarem o detetive e utilizarem a estratégia da suspeita inteligente, tentando inferir os significados das palavras desconhecidas. No caso de persistirem as dúvidas, devem buscar ajuda no dicionário.

Utilizando a suspeita inteligente.

O Anexo 1 (páginas 31 a 33) traz o texto em sua ordem correta, somente para a sua utilização e conferência. Para facilitar seu trabalho ele é apresentado com a divisão em trechos e com o esquema a ser utilizado pelos alunos.

Confira a ordem do texto.

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12. Assim que terminar toda a remontagem do trecho, peça aos líderes organizadores para colarem o texto em sua ordem correta em uma folha e arquivá-la, juntamente com o Capítulo 12 na pasta do time. Inicie uma discussão com a turma, perguntando em que pontos concordam com as ideias apresentadas pelo autor do texto e em que pontos discordam delas. Lembre-se de destacar aos alunos a importância de formular bem os argumentos contra e a favor para a sustentação dos pontos de vista.

O exercício da leitura colaborativa, além de estimular o surgimento de ‘suspeitas inteligentes’ – ao ser realizado como estratégia para a montagem do texto por meio da associação/comparação entre a síntese e o trecho correspondente –, levará os alunos a aprenderem novas estratégias para intensificar a compreensão de textos de opinião. Eles vão refletir sobre o tema abordado, os pontos de vista defendidos pelo autor e as estratégias argumentativas utilizadas para convencer o leitor.

Espera-se que, durante esta análise reflexiva, sejam criadas oportunidades para que os alunos se posicionem criticamente diante dos pontos de vista e dos argumentos apresentados no artigo lido.

Veja abaixo uma síntese das capacidades de leitura e compreensão trabalhadas durante a realização desta atividade:

a. Localização de informações – identificar as principais ideias do autor A compreensão de alguns textos, como o artigo de opinião, depende da capacidade de localizar informações que são cruciais para a identificação do ponto de vista e a formulação dos argumentos expostos. Esta capacidade requer que os alunos tenham foco em passagens essenciais e abandonem as informações periféricas.

b. Comparação de informações – relacionar passagens de um texto Durante a leitura do texto, algumas perguntas (Que relação este trecho tem com o anterior? – Qual é a associação entre esta passagem e o título do texto? – Em que passagem o autor explicita o seu ponto de vista? Etc.) ou discussões coletivas podem estimular o aluno a comparar/contrastar informações presentes no próprio texto, de modo a auxiliá-lo, por exemplo, na identificação da tese, de argumentos, do conflito central, na realização de resumos etc.

c. Generalização – Apontar intenção, ponto de vista e principais argumentos do autor Essencial para a realização de síntese da leitura (e estreitamente relacionada às duas capacidades anteriores), esta capacidade pode ser estimulada por meio de perguntas ou discussões que levem o aluno a reconhecer unidades temáticas de cada parte e sua relação com a totalidade do texto. Mais do que saber dizer sobre o tema tratado, é importante que o jovem possa dizer o que o autor pretendeu com aquele texto, tendo condições de focalizar a posição/tese defendida e os principais argumentos que sustentam sua posição. A quem o autor pretende atingir e ou convencer? Qual é a sua intenção ao dizer isto? Que opinião o autor está rebatendo?...

d. Posicionamento crítico em relação ao texto – Concordar ou discordar do autor? O leitor experiente é capaz de realizar a réplica crítica ao texto, avaliando em que medida há concordância ou discordância com o autor, a coerência interna do texto, as consequências e desdobramentos das posições ali assumidas, os valores que expressa, as atitudes a que induz etc. Para desenvolver esta capacidade é preciso estimular os alunos a pensar coisas novas, aprofundar suas análises etc. Para provocar a crítica, uma boa estratégia é analisar e questionar o grupo social (professor, aluno, político, médico...) assumido pelo autor, comparando-o com outros grupos sociais.

As capacidades de leitura e de compreensão: .

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13. Feche a discussão pedindo a cada um para anotar no Diário de Bordo de seu time a sua resposta pessoal para a pergunta feita no título do artigo, procurando justificá-la com argumentos.

Os jovens demonstraram capacidade de localizar informações cruciais para a identificação do ponto de vista e dos argumentos expostos no texto? Eles foram capazes de comparar e/ou contrastar as informações presentes no texto?

Souberam reconhecer unidades temáticas de cada parte e sua relação com a totalidade do texto, sendo capazes de dizer o que o autor pretendeu com aquele texto para focalizar a posição/tese defendida e os principais argumentos que sustentam sua posição?

Comportaram-se como leitores críticos, capazes de realizar a réplica ao texto, avaliando em que medida há concordância ou discordância com o autor, a coerência interna do texto, as consequências e desdobramentos das posições ali assumidas, os valores que expressa, as atitudes a que induz etc.?

Dicas para avaliar o desempenho de habilidades dos alunos na atividade: :

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ANEXO 1 – Somente para o professor

POR QUE ALGUNS LIVROS MEXEM COM NOSSA CABEÇA?

Antonio Gil Neto Sinto que os livros, antes, durante e depois de saborosamente lidos, não mexem só com a nossa cabeça não. Mexem com tudo o que somos. Mexem com nossa existência. Como uma sinfonia, um turbilhão, uma maratona, uma revoada... 1. Os livros nos transformam, pois nos mostram outros mundos, fazendo-nos conhecer melhor a nossa realidade e a dos outros. Nunca estamos sozinhos e nunca ficamos sendo os mesmos no decorrer de uma leitura que se preze. Acho que é porque, quando lemos, somos simultaneamente únicos e muitos. Temos muitas vidas para viver durante um simples ato de ler. Ao mesmo tempo reais e imaginárias. Afinadas e sincronizadas. Íntimas e singulares. Talvez seja esse um segredo. Assim, o mundo real acaba não saindo ileso do nosso ato de ler. Ele vai se modificando paulatinamente pelo que vai sendo incorporado no olhar do seu morador que o investiga e o redescobre à luz do que vai lendo. O nosso coração se exercita nos músculos e nas emoções das personagens que acolhemos. Em tempos, espaços e situações adversos e dissonantes visitamos, do nosso canto doméstico, preferido ou particular, lugares e sonhos nunca imaginados... Vamos ficando cada vez mais artífices ao traduzir ou intervir no que vai acontecendo ao nosso redor. Nos sentimos mais capazes de sermos nós mesmos e com os outros... 2. Os livros nos levam a realidades que nunca conheceríamos em nossa própria experiência. Quantas vezes, armados não só de uma limonada ou café ou de um cheirinho de bolo no ar, mas sobretudo de nosso patrimônio de leituras, nos colocamos de frente a um problema insolúvel, um lancinante mistério ou a um dilema que nos retorce por inteiro e nos envolve deliciosamente. Movidos pelo simples prazer, ficamos a imaginar, vislumbrar, absortos e lúcidos. Somos amalgamados, vivendo a vida que desabrocha das entrelinhas das páginas como sementes, e a vida real, como frutos maduros, que seguimos vivendo, por vezes crua, corriqueira, previsível e real demais. Temos a leve presença da experiência humana que lateja, brilha e se oferece para ser acolhida em nós num simples naco de saborosa leitura. 3. Os livros nos tornam mais humanos, criativos e inteligentes. Como ficaria a vida sem os livros? Nem pensar. Acho que tudo ficaria mofo, sem graça, sem belezas... O livro é uma espécie de academia bem aparelhada capaz de exercitar o nosso comando maior, a cabeça, e todo o maquinário natural que dentro dela está e nos faz pulsantes, singularmente concretos e sobreviventes, vibrantes. Presenteamos o cérebro com as leituras e ele vai ficando em boa forma. Então dá de sonhar fácil, de inventar de tudo, de amar o essencial, de optar e decidir com autoria, de aprender mais, de perdoar com leveza, de lavar águas e almas, de perceber minúcias de azuis e outros tons, de comprar com outros olhos e mãos, de comparar valores implícitos, de se encantar, de olhar o quase não visto, de observar, imaginar e fazer acontecer pela leve intenção de fazer existir o desejado, de investir e investigar como quem respira maneiro, de refazer, repensar, tomar partido, se expor, potencializar, estar presente... e mais uma infinita modalidade de atitudes que nos qualificam e nos identificam como humanos e inteligentes. Talvez ler seja um jeito de existirmos em lances de plenitude, escancarando nossos sentimentos mais íntimos, intensos, íntegros. Acho que cada vez que ler um livro, um texto, um poema, mexem e remexem com a nossa cabeça, essa metáfora do humano acontece em nós, nos tornamos gente, genuinamente pessoas. E, quando isso acontece, corremos o grato risco de dentro de nós mesmos abrigarmos, sem cerimônia alguma, uma doce revelação, uma sutil evolução, uma silenciosa revolução. O que se parece com o desenho

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da experiência amorosa na vida. Podemos ficar mais poderosos, mais desnudos e refeitos, sem darmos conta das potencialidades do humano em nós. 4. Os livros nos encantam pelas palavras, pela habilidade de seus autores e por serem objetos bonitos. Confesso que, às vezes, me pego mais atraído pela autoria, pelo jeito de escrever do que propriamente pelo livro, pelo escrito em si. Leio a história, mas me envolvo com a arquitetura do texto, o “modus operandi” do escritor com as palavras. Também dou de adiar o fim da leitura, relendo alguns trechos soltos e anteriormente lidos, relidos. Volto, procurando pistas, segredos, minúcias... Uma sensação parecida com aquela do final do conto “Felicidade Clandestina”. Chego por vezes a um livro de um jeito curioso, quase infantil, inconseqüente. Vou acarinhando-o com as mãos, alentando-o. Vou gostando da capa, dos recados das suas orelhas ou de algum detalhe inesperado que em meu olhar vejo brotar. Depois de um manuseio solto, descompromissado, acabo levando-o comigo, sem pestanejar. Como um apaixonado mesmo. Adoro e me enlevo quando isso acontece. 5. Os livros não são únicos e monótonos, pois carregam inúmeras possibilidades de tipos e gêneros textuais. Se fizesse agora mesmo um instantâneo do meu movimento de leitura eu diria que estou em meio a uma colagem de textos. Artimanhas do livro. Peguei o gosto de ler alguns simultaneamente. O diálogo, a conexão, os links entre eles, vão se tecendo sem saber, como uma teia, uma dança de sentidos, chuva e sol. Uma leitura sempre ecoa noutra, como escada, tempero, vibração, contracanto, contraponto, referente. Tenho lido algumas biografias ultimamente. É um gosto desabrochado e desavergonhado pela idéia de conhecer mais do que intimamente pessoas especiais. Li várias. Estou lendo uma agora e parece que não vou mais parar. E poesia? Sempre. Como pão e água de todos os dias. Como bálsamo, perfume, chaves, manejos... Estou aqui escrevendo e sobre a mesa de trabalho fotografo de rabo de olho um livro de Adélia Prado oferecendo poemas para ler e me sustentar. Abro-o, leio um verso, mais outro e tenho um instante da vida enfeitado, evidenciado e iluminado pelas palavras. Mas não dá para ficar sem romances e contos. São os deliciosos oásis do cotidiano. Viajamos sem quaisquer passaportes para tempos e lugares inesperados, inesquecíveis e inebriantes. Ficamos cúmplices e amorosamente ligados em pessoas que nascem, crescem e inundam nosso pensar num simples suspiro ou virar de páginas. Sem sairmos de nosso chão, sem máquina do tempo nos transportamos e nos recriamos continuadamente. Sem alardes. Há os livros que ficam na fila do nosso desejo, esperando o nosso sopro de vida. O próximo sempre serão muitos, quando caímos na graça da leitura: um livro de correspondências entre pessoas ímpares, outro de jardinagem com culinárias, mais um que conta uma história mais que inesquecível e ainda outro que nos revela um autor perdido na memória dos tempos... 6. Os livros podem contribuir para a transformação e o aperfeiçoamento da humanidade. E pensar que neste mundo supostamente tão evoluído ainda existem tantas e tantas cabeças que ainda não foram mexidas ou sequer tocadas pelo movimento dos livros! Isso me parece muito prejudicial para o mundo, para o coletivo, o globalizado ou virtual. A criatividade ou a transgressão e toda a atitude de busca e aperfeiçoamento da humanidade estão na cabeça das pessoas. E o livro e suas possibilidades de leitura podem contribuir para essas façanhas dos homens. De bem, espero. Olhando de perto para a escola que tem a função de formar as crianças para este mundo de deuses, percebo que a leitura ainda não é trabalhada no cotidiano curricular como bem merece. A leitura faz parte do trabalho dos educadores. É necessário difundir, ampliar, engrandecer esse trabalho de leituras. Nas mãos de todos os alunos. É claro que num jogo prazeroso e dialógico entre leitores e

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textos, sem os dogmas da imposição. Ouso pensar que a leitura pode ser uma ferramenta, uma possibilidade, uma concreta esperança de futuros melhores. 7. Começar a ler e não continuar não é pecado. Há sempre outros para se ler. Leio como se meu olhar fosse itinerante e aventureiro, companheiro das palavras e a minha alma fosse fotografando as imagens e os sentimentos vivos que nelas se espelham... Quando a coisa começa a funcionar como obrigação, desencanto, falta de apetite para as entrelinhas, costumo parar e pronto. Esqueço o livro pelo menos por algum tempo. Pode ser que eu precise de uma calibragem na minha gana de ler, ou então o livro é um equívoco ou coisa assim. Existem livros que não são interessantes. Não estão em sintonia com nossos momentos. Já encontrei livros que não mereciam ser livros. Outros, comprei com tanta sede ao pote e depois os abandonei sem ler. Acontece. Não sei bem o porquê. A escolha é do leitor, do diálogo que ele faz com seu objeto de leitura. Álibi provisório. Sempre tenho livros por perto, prontos para ler. Sempre tenho uma lista interminável para comprar. Por vezes fisgo algum adormecido no armário, nas gavetas. E sempre tenho livros às mãos, como frutos e flores espalhados pela casa. Admiro vê-los: esparsos, empilhados, arrumados fazendo desenhos pelos espaços, instigando desejos, curiosidades... Para mim são como humanos ou mais, pelas potencialidades que carregam. Acho bonito o visual deles e acho salutar manusear e estar em contato com seu papel, suas cores, imagens, sua densidade e peso, seu formato diverso, sua tessitura, seu cheiro, seu porte... 8. Concluindo: os livros mexem com a minha cabeça porque... Depois de tudo isso, guardo a sensação de que poderia tentar responder à pergunta-título expondo infinitas e plausíveis explicações. Num orgulho improvisado, me arriscaria a dizer sem sobressaltos que, para mim, o livro mexe com a nossa cabeça porque dá sentido à vida. Nos humaniza. Faz emergir da gente o primordial e genuíno que há em nós e nos faz humanos a inteligência, os sentimentos. O gosto pelo viver. Pelo outro, pelo convívio. Pelos mistérios que nos inundam. E, sobretudo, porque nos coloca diante de uma gama infinda de possibilidades de aprender, de revigorar experiências. Nos faz atravessar as paredes do tempo, imaginar, intuir, sonhar, fortificar as sensibilidades, mergulhar em novas águas ou em águas de outrora. Nos encanta e nos renova e nos leva a fugir da mesmice, do monótono, a refletir, ver as coisas com outros olhos, lúcidos e lúdicos, a mudar, aprimorar-se, criar. E, num diapasão de alegria íntima, a descobrir e usufruir dessas sutis engenhosidades do cérebro humano que são a maior benção para quem está vivo!

Disponível em: http://escrevendo.cenpec.org.br/ecf/index.php?option=com_content&task=view&id=207&Itemid=60 Consulta feita em 17/04/2009