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Esclarecimento Este material é um registro parcial da Proposta Pedagógica da Escola Cooperativa, escola fundada em 1993 por um grupo de pais, de início, em sua maioria, funcionários do Banco do Brasil. A Cooperativa era uma instituição paga, porém sem fins lucrativos, que atendia a crianças de classe média de diferentes bairros de São Paulo, não necessariamente filhos de bancários. Com o passar do tempo, inclusive, este grupo de pais se tornou minoritário. O projeto pedagógico foi concebido por mim, Rosaura Soligo, e por Rosângela Veliago, Rosana Dutoit e Márcia Madeira, com o acompanhamento de Lúcia Pinheiro de Cerqueira César, à época membro do Conselho de Administração da Cooperativa Educacional da Cidade de São Paulo, mantenedora da escola. Rosângela Veliago e eu assumimos a coordenação pedagógica assim que o projeto preliminar foi aprovado pelos pais em um seminário interno, ficando Rosana Dutoit e Márcia Madeira como nossas assessoras. A documentação das propostas da escola foi sempre um compromisso nosso e o texto que se segue é um exemplo dos muitos registros produzidos durante cinco anos tempo em que permanecemos na coordenação pedagógica. Trata-se de um texto em aberto, que foi sendo elaborado como forma de sistematizar as propostas efetivamente discutidas e realizadas naquele período ou seja, tudo que aqui é apresentado reflete a prática que de fato acontecia na escola. A ideia era documentar o que efetivamente se fazia e não produzir registros burocráticos para atender a exigências institucionais. Por essa razão, este texto é parte da memória do trabalho realizado, uma tentativa de aproximar as três dimensões que caracterizam uma proposta pedagógica: o que se discute coletivamente, o que acontece na prática e o que se registra. Rosaura Soligo

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Esclarecimento

Este material é um registro parcial da Proposta Pedagógica da Escola Cooperativa,

escola fundada em 1993 por um grupo de pais, de início, em sua maioria,

funcionários do Banco do Brasil. A Cooperativa era uma instituição paga, porém

sem fins lucrativos, que atendia a crianças de classe média de diferentes bairros de

São Paulo, não necessariamente filhos de bancários. Com o passar do tempo,

inclusive, este grupo de pais se tornou minoritário.

O projeto pedagógico foi concebido por mim, Rosaura Soligo, e por Rosângela

Veliago, Rosana Dutoit e Márcia Madeira, com o acompanhamento de Lúcia

Pinheiro de Cerqueira César, à época membro do Conselho de Administração da

Cooperativa Educacional da Cidade de São Paulo, mantenedora da escola.

Rosângela Veliago e eu assumimos a coordenação pedagógica assim que o projeto

preliminar foi aprovado pelos pais em um seminário interno, ficando Rosana

Dutoit e Márcia Madeira como nossas assessoras.

A documentação das propostas da escola foi sempre um compromisso nosso e o

texto que se segue é um exemplo dos muitos registros produzidos durante cinco

anos – tempo em que permanecemos na coordenação pedagógica. Trata-se de um

texto em aberto, que foi sendo elaborado como forma de sistematizar as propostas

efetivamente discutidas e realizadas naquele período – ou seja, tudo que aqui é

apresentado reflete a prática que de fato acontecia na escola. A ideia era

documentar o que efetivamente se fazia e não produzir registros burocráticos para

atender a exigências institucionais. Por essa razão, este texto é parte da memória

do trabalho realizado, uma tentativa de aproximar as três dimensões que

caracterizam uma proposta pedagógica: o que se discute coletivamente, o que

acontece na prática e o que se registra.

Rosaura Soligo

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SISTEMATIZANDO O CURRÍCULO DA ESCOLA COOPERATIVA1

“A escola progressista pode suscitar formas de sucesso escolar, um desejo de

avançar em relação a si próprio e, portanto, em relação aos outros, que de forma

alguma se confunde com os sonhos pequeno-burgueses de ascensão individual a

qualquer preço”

Georges Snyders

Um pouquinho de história

A Escola Cooperativa é uma instituição sem fins lucrativos que presta um serviço à comunidade, da maior

relevância social: educação. Sua fundação inspirou-se em um conjunto de concepções decorrentes da decisão

de consolidar uma escola de proposta inovadora e de qualidade, tanto no aspecto administrativo como

pedagógico-educacional.

Durante alguns meses, em 1992, o núcleo de pais-fundadores discutiu e definiu, em linhas gerais, as

características que a proposta deveria ter. Para tanto, recorreu ao debate com instituições cujos projetos

orientavam-se, na época, pelas idéias de inovação e busca de qualidade pretendidas. Dois princípios

norteadores surgiram desse processo de discussão e, portanto, estão na base do projeto da escola: concepção

construtivista de ensino e aprendizagem e gestão democrática. O primeiro, como condição para a inovação e

busca de qualidade do ponto de vista educativo. O segundo, como condição para a inovação e busca de

qualidade tanto do ponto de vista administrativo quanto educativo.

Desde a definição dos princípios norteadores até os dias de hoje acumulamos uma experiência relevante em

termos institucionais: a implementação de um grande empreendimento num tempo extremamente pequeno.

Isso só foi possível porque toda a comunidade escolar não poupou esforços para materializar um projeto

(desde o início e sempre) compartilhado por todos. Um projeto que, para se consolidar, precisa cada vez mais

que as condições estejam dadas: do contrário não evolui.

Ao longo da trajetória da Escola Cooperativa temos tomado como referência – e usado sempre como exemplo –

o conjunto de condições fundamentais para a qualidade das escolas, identificado pela Organização para a

Cooperação e o Desenvolvimento da Europa (OCDC: 1989) através de pesquisa sobre as características comuns

entre as melhores escolas de diferentes países. A conclusão é de que são escolas que:

“possuem um projeto educativo explícito que tem sido objeto de discussão e debate e cujas opções básicas são

amplamente aceitas, de tal maneira que há um certo ‘espírito de escola’, uma comunidade de valores

compartilhados com que se sentem identificados os professores, alunos e pais, para além de seus próprios

valores e opções pessoais;

os professores planejam sua tarefa docente em colaboração e tomam decisões compartilhadas em uma

perspectiva de experimentação, avaliação e revisão constante;

1 Este documento é composto a partir de vários outros já elaborados anteriormente pela Equipe Pedagógica da Escola Cooperativa.

Representa um esforço de sistematização dos documentos curriculares e, portanto, é um texto sempre em aberto, que deve ser

atualizado permanentemente. Esta é a versão de 1998.

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caracterizam-se por uma organização e funcionamento ágeis, onde o planejamento e a tomada de decisões

coletivas coexistem sem dificuldades com a liderança de determinados membros da equipe de professores, no

que diz respeito às tarefas de direção, inovação, avaliação e controle;

possuem uma estabilidade considerável do quadro de professores;

os professores têm oportunidade para melhorar sua formação profissional através de programas que se

desenvolvem na própria escola ou programas externos;

recebem um apoio ativo, substancial e continuado da administração e das autoridades educativas das quais

dependem diretamente.

Para tanto, entre outros aspectos, é necessário:

estimular e promover o interesse social e o debate constante em torno dos objetivos da educação escolar e da

qualidade do ensino;

assegurar uma boa formação inicial aos professores e oferecer-lhes oportunidades adequadas para prosseguir e

aprofundar seu desenvolvimento profissional;

melhorar as condições salariais e de trabalho dos professores;

garantir algumas formas de organização e funcionamento da escola que sejam sólidas, ágeis e flexíveis:

assegurar os recursos materiais, técnicos e humanos necessários para o desenvolvimento adequado ao trabalho;

implementar projetos de elaboração e difusão de materiais curriculares de qualidade;

e, como pano de fundo dos aspectos acima, proteger e garantir o exercício responsável da autonomia e liberdade

de ação da equipe de educadores.”

CURSOS, SÉRIES E CARACTERÍSTICAS DAS FAIXAS ETÁRIAS ATENDIDAS

A Escola Cooperativa iniciou as suas atividades em 1993, com os cursos de Educação Infantil e Primeiro Grau

(até a 4ª série). O primeiro grau foi ampliado para 5ª e 6ª série em 94, para 7ª série em 95 e 8ª série em 96.

Em 1997 foi aberta uma classe para atender crianças também de 3 anos, o que até então não ocorria.

As classes de Educação Infantil são assim denominadas, conforme a faixa etária que atendem: Grupo 3 (2 a 3

anos), Grupo 4 (4 a 5 anos), Grupo 5 (5 a 6 anos), Grupo 6 (6 a 7 anos).

Para a criança pequena, a escola em geral é o primeiro espaço institucional de natureza mais ampla, no qual

permanece parte importante do tempo, ampliando as suas relações pessoais para além do ambiente familiar.

A sua percepção do mundo ainda é fortemente marcada por suas emoções, pelos afetos e desafetos.

Pensamento e imaginação costumam se confundir, produzindo falsas percepções mas também mundos

possíveis, nos quais o real emerge, na medida em que a criança cria respostas que explicam o mundo de

maneira adequada. Por isso, o caráter lúdico presente na atividade cognitiva da criança não deve ser

subestimado no processo de construção de conhecimentos. O ‘faz de conta’ é vital para o seu crescimento

intelectual, corporal e afetivo, bem como para a sua socialização.

Entendemos que a escola de Educação Infantil deve ser um espaço de crescimento da criança pequena, que

não subestime as suas possibilidades nem mate a sua curiosidade. Por isso, temos a preocupação de, desde

pequenas, envolvê-las em atividades que alimentem essa curiosidade com os mais variados assuntos: da

civilização grega - com a sua rica mitologia - à vida nos pólos; dos insetos à reprodução animal.

Quando a criança começa o Ensino Fundamental, surgem novos desafios e obrigações, os horários se tornam

mais rígidos, ampliam-se gradualmente as tarefas a serem desenvolvidas em casa etc. A criança também está

crescendo, algumas atividades e interesses mudam, a curiosidade e o prazer por aprender continuam, se a

escola souber criar atividades desafiadoras e interessantes.

O período de transição entre a infância e a adolescência, que a criança atravessa enquanto cursa as primeiras

séries do primeiro grau, termina por volta dos dez anos de idade, quando começa a 5ª série. Inicia-se então

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uma fase de grandes mudanças (intelectuais, corporais, emocionais) e nos anos subseqüentes será difícil

distinguir a criança do adulto que existe em cada um. A partir da 5ª série, ampliam-se os elementos de

referência para o aluno, pois aumenta o número de professores e as atividades são organizadas basicamente a

partir dos conteúdos das áreas de conhecimento: História, Geografia, Ciências, Língua Portuguesa,

Matemática, Inglês, Educação Corporal, Artes.

REPENSANDO A PROPOSTA DE 5ª SÉRIE

Ao longo dos primeiros três anos de experiência da escola, repensar a passagem da 4ª para a 5ª série colocou-

se como um desafio para o qual era necessário encontrar solução.

A literatura educacional e da área da psicologia – que trata da questão da adolescência – tem apontado que o

melhor momento para essa ‘ruptura’ não é na passagem da 4ª para a 5ª série. Já há mudanças demais nesse

período (físicas e psicológicas) para acrescentarmos a elas um grande número de professores e o trato das

áreas como disciplinas, que significa trabalhar cada uma delas em separado.

A proposta do Projeto de Polivalência veio como resposta a essa preocupação. Nesse projeto a 5ª série passa

a ter cinco professores: dois especialistas (Educação Corporal e Inglês) e três polivalentes: um para Artes e

Português; um para Ciências e Matemática e um para História e Geografia.

O projeto pretende garantir, dessa forma, uma mudança menos brusca, pois nossos alunos passam de três

professores na 4ª série (o titular, o de Arte e o de educação Corporal) para cinco professores na série seguinte.

Além disso, a Polivalência favorecerá um trabalho mais globalizador no que se refere às áreas do

conhecimento.

Função da Escola

Papel da escola na formação da pessoa frente às demandas sociais colocadas hoje2

A educação escolar é uma prática que tem como função criar condições para que todos os alunos desenvolvam

suas capacidades e aprendam os conteúdos necessários para construir instrumentos de compreensão da

realidade e de participação em relações sociais, políticas e culturais diversificadas e cada vez mais amplas –

condições fundamentais para o exercício da cidadania.

A função da escola distingue-se de outras práticas educativas, como as que acontecem na família, no trabalho,

na mídia, no lazer e nas demais formas de convívio social, por se constituir em uma ajuda intencional,

sistemática, planejada e continuada para crianças e jovens durante um período contínuo e extensivo de

tempo, com o objetivo de promover seu desenvolvimento e socialização.

Ao tomar para si o objetivo de formar cidadãos capazes de atuar com competência e dignidade na sociedade

atual, a escola buscará eleger, como objeto de ensino, conteúdos que estejam em consonância com as

questões sociais que marcam cada momento histórico, cuja aprendizagem é considerada essencial para que os

alunos possam exercer plena participação social.

Essa função socializadora diz respeito a dois aspectos: o desenvolvimento individual e o contexto social e

cultural. É nessa dupla determinação que nos construímos como pessoas iguais mas, ao mesmo tempo,

diferentes de todas as outras.

2 Fonte: Documento Introdutório dos Parâmetros Curriculares Nacionais/MEC - Versão 1996 e os documentos pedagógicos da Escola

Cooperativa.

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A escola deve propiciar o acesso ao saber, tanto em relação aos conhecimentos socialmente relevantes da

cultura brasileira, como em relação ao patrimônio universal da humanidade. É seu papel capacitar os alunos

para a inserção no mundo do trabalho, da cultura, das relações sociais e políticas; capacitá-los para enfrentar

as complexas condições e alternativas de trabalho que temos hoje e lidar com a rapidez da produção e

circulação de novos conhecimentos e informações. No entanto, um ensino de qualidade busca formar cidadãos

capazes de interferir criticamente na realidade para transformá-la, e não apenas formá-los para que se

integrem ao mercado de trabalho. Essa opção permite que os alunos estudem temas normalmente excluídos do

currículo escolar e possibilita a formação de valores e atitudes em relação às demais pessoas, à política, à

economia, ao sexo, à saúde, ao meio ambiente, à tecnologia etc.

A inserção do país no contexto da globalização, no marco das transformações científicas e tecnológicas, na

reorientação ético-valorativa da sociedade, coloca à escola imensas tarefas, não enquanto a única instância

responsável pela formação do indivíduo, mas como aquela que exerce uma prática educativa social organizada

e planejada ao longo de muito tempo na vida dos alunos. Para exercer sua função social, a escola precisa

possibilitar o cultivo dos bens culturais e sociais e possibilitar que os alunos aprendam a respeitar e a ser

respeitados, a ouvir e a ser ouvidos, a reivindicar direitos e cumprir obrigações, a participar ativamente da

vida científica, cultural, social e política do país e do mundo. Para tanto, precisa ter, claramente colocados,

os objetivos em relação à formação de seus alunos e desdobrá-los em conteúdos que permitam o alcance dos

objetivos propostos.

Relacionamento pais-escola

A educação das crianças e jovens, sendo responsabilidade da família e da escola, e os possíveis bons

resultados que a ação educativa pode alcançar dependem, em grande medida, da coerência entre as formas

utilizadas para promovê-la em casa e no espaço escolar. Por essa razão, nosso procedimento nunca foi de

‘sedução incondicional’ dos novos pais que nos procuram – com o objetivo de elevar os percentuais de

ocupação de vagas – mas, ao contrário, tem sido sempre de explicitação do projeto educativo em suas

intenções e desdobramentos práticos. Não só nos contatos iniciais com os interessados em matricular seus

filhos como, ao longo dos anos, com os pais de alunos, através dos espaços de intercâmbio previstos para essa

finalidade.

Nossa concepção de conteúdo de ensino não considera apenas as informações e conceitos convencionais. Leva

em conta muitos outros conceitos fundamentais, procedimentos, valores, normas e atitudes que a escola

tradicional não costuma ensinar mas exige que os alunos utilizem. Sabemos que, entre todos os tipos de

conteúdo, são os de atitude os mais difíceis para a escola trabalhar, se não houver afinidade com as formas da

família lidar com eles. Os conteúdos atitudinais envolvem crenças, valores, normas de conduta,

posicionamentos ideológicos... Não há como a escola interferir nesse sentido se tiver encaminhamentos

divergentes daqueles propostos pela família. Afinal, o aluno passa, oficialmente, menos de um quarto do dia

na escola... Todo o restante do tempo ele está em casa ou sob a influência das outras instituições.

Constatações como essas, tem levado, cada vez mais, a comunidade escolar da Escola Cooperativa a

estabelecer um diálogo constante a respeito da educação de crianças e jovens não apenas do ponto de vista

pedagógico.

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Participação dos pais nas decisões pedagógicas da escola

No início do processo de construção curricular (1992/1993) os pais de alunos da escola tiveram uma intensa

participação na definição das linhas-mestras das quais tudo o mais decorreria. Evidentemente, numa escola

como a Cooperativa, esse tipo de participação é condição sine qua non para a arquitetura do projeto

educativo e para o desenho curricular.

Já o desenvolvimento do currículo – ou seja, colocar o projeto pedagógico e educacional em ação – é

responsabilidade dos educadores da escola: equipe técnica e corpo docente. Nesse nível, a participação dos

pais passa a ser de outra natureza. A eles cabe agora, por um lado, discutir e acompanhar o desenvolvimento

do projeto e avaliar seus resultados e, por outro, oferecer as condições materiais necessárias para que ele se

consolide. Isto porque, numa escola cooperativa os pais são, ao mesmo tempo, donos do empreendimento (por

isso devem prover os recursos) e beneficiários indiretos dos serviços prestados (por isso devem aferir sua

qualidade).

A CADA ATOR UM PAPEL

A Escola Cooperativa já tem uma trajetória considerável do ponto de vista curricular. Possui um acervo de

documentos e experiência acumulada em termos do desenvolvimento da proposta. No entanto, assumir a

avaliação contínua como parte integrante do processo de construção curricular e ter como meta a excelência

de qualidade é algo que tem como conseqüência uma aparente contradição: não se alcança nunca a excelência

– pois os critérios vão se tornando cada vez mais exigentes. Mas a meta se mantém inalterada: é ela que

norteia a ação dos atores do empreendimento.

Assim, é fundamental que cada um se aperfeiçoe cada vez mais em seu papel.

Aos educadores cabe oferecer um conjunto de práticas planejadas com o propósito de fazer com que os alunos

aprendam: é basicamente através deles que se concretiza a função de ensinar da escola.

Aos alunos cabe assumir e desenvolver seu papel de estudantes para aprender cada vez mais e melhor: através

dos resultados obtidos com sua aprendizagem se afere, não só a qualidade do ensino oferecido, mas também o

seu compromisso com o papel que lhes cabe.

Aos pais cabe, além da função natural de primeiros e mais importantes educadores de seus filhos, a necessária

parceria para a promoção da boa educação escolar pretendida através de providências da seguinte ordem:

contribuir para que os filhos desenvolvam seu papel de estudante estabelecendo limites claros de conduta,

necessários ao convívio social, garantindo tempo e espaço em casa para a realização de atividades

escolares, oferecendo condições de leitura e pesquisa, acompanhando sua vida escolar e ajudando na

realização de eventuais atividades onde a presença do adulto de faça necessária;

atender prontamente às solicitações da escola para: reuniões; entrevistas; encaminhamento do aluno a

profissional especializado (psicólogo, fonoaudiólogo, neurologista, psicopedagogo, etc) quando

identificada essa necessidade, visto que a política de encaminhamentos adotada pela escola é

absolutamente criteriosa;

e, por último, como já foi mencionado, garantir as condições materiais para o pleno desenvolvimento do

projeto educativo da Escola Cooperativa.

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Propósitos educativos

“Queremos que a escola seja para os alunos um lugar para aprender a:3

- valorizar o conhecimento / - observar atentamente / - investigar/pesquisar / - questionar / -

levantar hipóteses / - construir conceitos e teorias / - compreender / - raciocinar logicamente / -

desvelar o aparente / - relativizar o ‘absoluto’ / - estabelecer relações e inferir / - confrontar e

respeitar diferentes pontos de vista / - discutir divergências / - exercitar o pensamento crítico e

reflexivo / - ler diferentes tipos de texto / - se expressar nas várias linguagens / - opinar / -

enfrentar desafios / - criar / - solucionar problemas / - agir e pensar autonomamente / -

diferenciar o espaço público do espaço privado / - ser solidário / - conviver com as diferentes

maneiras de ser / - expressar seus desejos e sentimentos, levando em consideração os desejos e

sentimentos dos outros / - construir vínculos com seus companheiros...”

Boletim Informativo / 1993, ampliado em 1995

OBJETIVOS GERAIS DA ESCOLA COOPERATIVA4

O ensino de Educação Infantil e Ensino Fundamental deve se organizar de forma que os

alunos, progressivamente, sejam capazes de:

1. Compreender a cidadania como um conjunto de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando no dia

a dia atitudes que expressem, na prática, esse conhecimento.

2. Participar, ser solidário e cooperativo e repudiar as injustiças e discriminações, respeitando o outro e

exigindo para si o mesmo respeito.

3. Saber diferenciar o espaço público do espaço privado, adotando condutas pertinentes ao espaço público.

4. Posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, respeitando a

opinião e o conhecimento produzido pelo outro, utilizando o diálogo como forma de resolver conflitos e de

tomar decisões coletivas.

5. Perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e

as interações entre eles, contribuindo ativamente para o desenvolvimento sustentável e melhoria do meio

ambiente.

3 Essas intenções gerais apontadas desde o início da discussão sobre o projeto educativo da Escola Cooperativa, foram progressivamente

sendo aperfeiçoadas e, em fevereiro de 1996, desdobraram-se formalmente em objetivos gerais da escola, resultado da discussão da

Equipe Docente e de Coordenação Pedagógica. Posteriormente, em janeiro de 1997, foi reformulada em alguns aspectos pela

Coordenação a partir da versão final dos Parâmetros Curriculares Nacionais, que ofereceram subsídios para precisar melhor tanto os

objetivos gerais da escola como os de área. A atual formulação desses objetivos está documentada a seguir. 4 Os objetivos Gerais da Escola:

- estabelecem capacidades de natureza cognitiva, afetiva, física, ética, estética, de atuação e de inserção social, de forma a expressar a

formação básica necessária para o exercício da cidadania;

- traduzem as grandes metas educacionais e delineiam o perfil da pessoa que se quer formar;

- indicam, genericamente, conteúdos que contribuirão para o desenvolvimento das capacidades tomadas como objetivos;

- estão presentes em todas as áreas;

- são referências indiretas da avaliação.

Estes objetivos tiveram como referência bibliográfica os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ministério da Educação.

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6. Conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sócio-cultural da Humanidade, posicionando-se contra

qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, crenças, raças, sexo e outras

características individuais e sociais.

7. Conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais enquanto meio

para construir progressivamente o sentimento de pertinência ao país e a noção de identidade.

8. Desenvolver conhecimento de si mesmo e sentimento de confiança nas próprias capacidades (afetiva,

física, cognitiva, ética, estética, de relação pessoal e de inserção social) para agir com perseverança na

busca de conhecimento e de dignidade social.

9. Utilizar diferentes linguagens - verbal, matemática, gráfica, plástica, corporal, musical - como meio para

expressar e comunicar suas idéias, interpretar e usufruir das produções da cultura.

10.Utilizar a língua portuguesa para compreender e produzir mensagens orais e escritas, em contextos

públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação.

11.Questionar a realidade, formulando problemas e tratando de resolvê-los utilizando o pensamento lógico, a

criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, a seleção de procedimentos e a verificação de sua

adequação.

12.Saber utilizar diferentes fontes de informação e os recursos tecnológicos disponíveis para adquirir e

construir conhecimentos.

13.Conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos

básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à saúde coletiva.

14.Apropriar-se dos conhecimentos das áreas curriculares utilizando-os adequadamente em situações sociais.

OBJETIVOS GERAIS DAS ÁREAS DO CONHECIMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL

GEOGRAFIA5

O ENSINO DEVERÁ ORGANIZAR-SE DE MANEIRA QUE OS ALUNOS PROGRESSIVAMENTE SEJAM CAPAZES DE:

1. Reconhecer os acontecimentos, os grupos sociais e as paisagens como elementos constituintes da geografia,

estabelecendo relações e fazendo generalizações nos mais diferentes contextos.

2. Compreender criticamente a interação entre sociedade e natureza: o espaço geográfico como

condicionante das atividades humanas e como produção social, determinado por interesses e necessidades

colocados historicamente.

3. Compreender como as características físicas do espaço influem nas atividades humanas e como o espaço

pode ser transformado positiva ou negativamente pela ação do homem – como ele transforma o meio físico em

paisagem cultural.

4. Compreender a relação entre progresso econômico, meio ambiente e qualidade de vida, sabendo

reconhecer as principais conseqüências negativas do progresso: consumo de combustíveis fósseis, utilização de

recursos não-renováveis, devastação de florestas, migração desordenada, superpopulação dos grandes centros

urbanos...

5 Fontes: Documento de Visão de Área SME - PMSP/1991 / Parâmetros Curriculares Nacionais / MEC - Versões 1995 e 1996 / contribuições

de Mário Carreteiro.

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5. Identificar semelhanças e diferenças entre a diversidade de paisagens brasileiras e mundiais e seus

elementos constitutivos.

6. Valorizar diferentes paisagens culturais, considerando-as em sua dimensão histórica, estética e natural, e

reconhecendo a importância de sua conservação ou reabilitação, quando for o caso.

7. Conscientizar-se da importância da conservação dos recursos não-renováveis para um desenvolvimento

equilibrado.

8. Participar, de forma propositiva ou reativa, das questões ambientais locais.

9. Utilizar métodos de pesquisa da Geografia para compreender o espaço, a paisagem, o território e o lugar,

seus processos de construção, identificando suas relações, problemas e contradições.

10. Utilizar com eficácia a linguagem cartográfica, sabendo identificar em globos e planisférios os traços

fundamentais da estrutura da Terra, e em mapas do Brasil, as características geográficas principais do país.

11. Orientar-se no espaço a partir dos próprios referenciais e do meio físico circundante.

12. Compreender que o mesmo espaço pode ser percebido diferentemente por diferentes indivíduos e grupos

sociais.

13. Utilizar o vocabulário geográfico nas práticas comunicativas de linguagem oral e escrita que requeiram

esse procedimento.

14. Fazer leituras de imagens, de dados e de documentos de diferentes fontes, tanto para interpretar e

analisar informações sobre o espaço geográfico, como para produzir diferentes formas de representação do

mesmo.

HISTÓRIA6

O ENSINO DEVERÁ ORGANIZAR-SE DE MANEIRA QUE OS ALUNOS PROGRESSIVAMENTE SEJAM CAPAZES DE:

1. Conhecer aspectos fundamentais da história mundial e do Brasil que permitam localizar acontecimentos no

tempo e formular explicações sobre o presente e o passado, analisar a experiência presente – nosso tempo e

sociedade – em relação às experiências passadas e fazer algumas antecipações em relação ao futuro.

2. Compreender noções relativas ao tempo cronológico e ao tempo histórico e utilizar com propriedade suas

representações.

3. Reconhecer os acontecimentos e os grupos sociais como elementos constituintes da história – como parte de

um processo produzido pela ação humana – e identificar diferentes interesses e necessidades que ativam o

movimento histórico, estabelecendo relações e fazendo generalizações nos mais diferentes contextos.

4. Questionar a realidade, identificando seus problemas, buscar soluções e comparar com os problemas e

soluções formulados por outras coletividades em outros tempos e espaços.

5. Identificar e comparar diferentes modelos explicativos para um mesmo acontecimento histórico.

6. Reconhecer nos textos de caráter histórico as diversas significações atribuídas aos acontecimentos, sabendo

interpretá-las e problematizá-las tendo como referência a sociedade e a cultura em que foram produzidas.

7. Interagir com diferentes tipos de documento que possuem valor histórico, sabendo localizar, selecionar e

interpretar informações em diferentes fontes.

6 Fontes: Documento de Visão de Área SME-PMSP/1991 / Parâmetros Curriculares Nacionais / MEC Versões /1995 e 1996 .

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8. Utilizar métodos de pesquisa e processos de escrita da História, considerando, em fontes documentais,

autoria e intencionalidade.

9. Compreender que as melhorias nas condições de vida, os direitos políticos, os avanços técnicos e

tecnológicos e as transformações sócio-culturais são conquistas que ainda não são usufruídas por todos os

seres humanos e, dentro de suas possibilidades, empenhar-se em democratizá-las.

10. Compreender que os conhecimentos científicos e suas aplicações tecnológicas têm estreita relação com a

história, muitas vezes, influindo decisivamente em seus rumos.

11. Valorizar o patrimônio sócio-cultural e respeitar a diversidade, reconhecendo-a como um direito dos povos

e indivíduos e um elemento de fortalecimento da democracia.

12. Respeitar o modo de vida de diferentes grupos sociais, em diferentes tempos e espaços, nas suas diversas

manifestações culturais, econômicas, políticas e sociais, reconhecendo semelhanças e diferenças, discernindo

suas problemáticas históricas e atuais.

13. Utilizar o vocabulário histórico em práticas comunicativas de linguagem oral e escrita que requeiram esse

procedimento.

14. Organizar exposições, festividades e demais eventos que expressem os valores culturais de diferentes

grupos sociais e participar de atividades semelhantes promovidas pela comunidade.

CIÊNCIAS7

O ENSINO DEVERÁ ORGANIZAR-SE DE MANEIRA QUE OS ALUNOS PROGRESSIVAMENTE SEJAM CAPAZES DE:

1. Conceber e valorizar o conhecimento científico como resultado do trabalho humano, na busca de

conhecimento para a compreensão do mundo.

2. Desenvolver um olhar atento para a natureza e ousadia para buscar respostas aos desafios colocados.

3. Compreender a natureza como um todo dinâmico, identificando os elementos do ambiente, suas

relações, interações e transformações, percebendo-se como parte destes processos.

4. Desenvolver hábitos de saúde e cuidado corporal, concebendo a saúde pessoal, social e ambiental como

bens individuais e da coletividade que se deve promover, portanto, por ação individual e coletiva.

5. Identificar relações entre conhecimento científico, produção de tecnologia e condições de vida.

6. Compreender as técnicas como meios para suprir necessidades humanas, distinguindo usos corretos

e necessários daqueles prejudiciais ao equilíbrio da natureza e ao homem.

7. Formular questões, diagnosticar e propor soluções a problemas reais utilizando conceitos,

procedimentos e atitudes desenvolvidos no aprendizado das ciências naturais.

8. Utilizar conceitos científicos básicos associados a energia, matéria, transformação, espaço, tempo,

sistema, equilíbrio e vida.

9. Utilizar estratégias cada vez mais elaboradas de busca e tratamento da informação, sabendo relacionar

dados de diferentes fontes (leituras, observações, experimentações, registros...) para coleta,

organização, comunicação e discussão de informações.

7 Fonte: Parâmetros Curriculares Nacionais / MEC - Versão 1996.

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11

10.Valorizar o trabalho em grupo, sendo capaz de ação crítica e cooperativa para a construção

coletiva do conhecimento.

11.Utilizar o vocabulário científico em práticas comunicativas de linguagem oral e escrita que requeiram esse

procedimento.

LÍNGUA PORTUGUESA8

O ENSINO DEVERÁ ORGANIZAR-SE DE MANEIRA QUE OS ALUNOS PROGRESSIVAMENTE SEJAM CAPAZES DE:

1. Expandir o uso da linguagem em instâncias privadas, e utilizá-la com eficácia em instâncias públicas,

sabendo assumir a palavra e produzir textos – tanto orais como escritos – coerentes, coesos, adequados a

seus destinatários, aos objetivos a que se propõem e aos assuntos tratados.

2. Utilizar diferentes registros, inclusive os mais formais da variedade lingüística valorizada socialmente,

sabendo adequá-las às circunstâncias da situação comunicativa de que participa.

3. Conhecer e respeitar as diferentes variedades lingüísticas do português falado.

4. Compreender os textos orais e escritos com os quais se defronta em diferentes situações de participação

social, interpretando-os corretamente e inferindo as intenções de quem os produz.

5. Valorizar a leitura como fonte de informação, via de acesso aos mundos criados pela literatura e

possibilidade de fruição estética, sendo capaz de recorrer aos materiais escritos em função de diferentes

objetivos.

6. Utilizar a linguagem como instrumento de aprendizagem, sabendo como proceder para ter acesso,

compreender e fazer uso de informações contidas nos textos: identificar aspectos relevantes; organizar

notas; elaborar roteiros; compor textos coerentes a partir de trechos oriundos de diferentes fontes; fazer

resumos, índices, esquemas etc.

7. Valer-se da linguagem para melhorar a qualidade de suas relações pessoais, sendo capaz de expressar seus

sentimentos, experiências, idéias e opiniões, bem como de acolher, interpretar e considerar os dos outros,

contrapondo-os quando necessário.

8. Usar os conhecimentos adquiridos por meio da prática de reflexão sobre a língua para expandir as

possibilidades de uso da linguagem e a capacidade de análise crítica.

9. Conhecer e analisar criticamente os usos da língua como veículo de valores e preconceitos de classe, credo,

gênero ou etnia.

MATEMÁTICA9

O ENSINO DEVERÁ ORGANIZAR-SE DE MANEIRA QUE OS ALUNOS PROGRESSIVAMENTE SEJAM CAPAZES DE:

1. Identificar os conhecimentos matemáticos como meios para compreender e transformar o mundo à sua

volta e perceber o caráter de jogo intelectual, característico da Matemática, como aspecto que estimula o

interesse, a curiosidade, o espírito de investigação e o desenvolvimento da capacidade para resolver

problemas.

8 Fonte: Parâmetros Curriculares Nacionais / MEC - Versão 1996. 9 Fonte: Parâmetros Curriculares Nacionais / MEC - Versões 1995 e 1996.

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2. Fazer observações sistemáticas de aspectos quantitativos e qualitativos do ponto de vista do conhecimento

e estabelecer o maior número possível de relações entre eles, utilizando para isso o conhecimento

matemático (aritmético, geométrico, métrico, algébrico, estatístico, combinatório, probabilístico);

selecionar, organizar e produzir informações relevantes, para interpretá-las e avaliá-las criticamente.

3. Resolver situações-problema, sabendo validar estratégias/resultados, desenvolvendo formas de raciocínio e

processos (como dedução, indução, intuição, analogia, estimativa) e utilizando conceitos e procedimentos

matemáticos, bem como instrumentos tecnológicos disponíveis.

4. Comunicar-se matematicamente, ou seja, descrever, representar e apresentar resultados com precisão e

argumentar sobre suas conjecturas, fazendo uso da linguagem oral e estabelecendo relações entre ela e

diferentes representações matemáticas: aritmética, algébrica, geométrica, estatística.

5. Estabelecer conexões entre temas matemáticos de diferentes campos e entre esses temas e conhecimentos

de outras áreas curriculares.

6. Sentir-se seguro da própria capacidade de construir conhecimentos matemáticos, desenvolvendo a auto-

estima e a perseverança na busca de soluções.

7. Interagir com seus pares de forma cooperativa, trabalhando coletivamente na busca de soluções para

problemas propostos, identificando aspectos consensuais e não consensuais na discussão de um assunto,

respeitando o modo de pensar dos colegas e aprendendo com eles.

EDUCAÇÃO CORPORAL10

O ENSINO DEVERÁ ORGANIZAR-SE DE MANEIRA QUE OS ALUNOS PROGRESSIVAMENTE SEJAM CAPAZES DE:

1. Conhecer o próprio corpo e ter atitude responsável com ele, adotando hábitos de higiene, alimentação,

postura e atividades corporais adequados, identificando os efeitos de preservação, recuperação e melhoria

que esses aspectos exercem sobre a própria saúde e sobre a saúde coletiva.

2. Utilizar as capacidades físicas básicas, destrezas motoras e o conhecimento da estrutura e funcionamento

do corpo para as atividades corporais e para adaptar o movimento às circunstâncias e condições de cada

situação.

3. Conhecer, organizar e interferir no espaço de forma autônoma, bem como reivindicar locais adequados

para promover atividades de natureza corporal, respeitando as regras básicas de convívio social e

valorizando essas atividades como recurso para organizar o tempo livre de forma prazerosa.

4. Participar de atividades corporais, estabelecendo relações equilibradas e construtivas: reconhecer e

respeitar limitações físicas e de desempenho motor de si próprio e dos outros; utilizar como critério de

valoração o esforço e não só o resultado obtido; não discriminar ninguém por suas características pessoais,

sexuais ou sociais; adotar comportamentos solidários, cooperativos e não-agressivos; e evitar atitudes de

rivalidade em situações competitivas.

5. Conhecer, valorizar, respeitar e desfrutar da pluralidade de manifestações de cultura corporal do Brasil e

do mundo, percebendo-as como recurso valioso para a integração entre pessoas e entre diferentes grupos

sociais.

6. Solucionar problemas de ordem corporal em diferentes contextos, regulando e dosando o esforço a um

nível compatível com as próprias possibilidades, considerando que o aperfeiçoamento e o desenvolvimento

10 Fontes: Currículo Oficial de Educação Física da Espanha e Parâmetros Curriculares Nacionais / MEC - Versão 1996.

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das capacidades e habilidades corporais decorrem de perseverança e regularidade e que devem ocorrer de

modo saudável e equilibrado.

7. Utilizar os recursos expressivos do corpo e do movimento para comunicar sensações, idéias e estados de

ânimo, compreendendo as mensagens expressas deste modo.

8. Reconhecer condições de trabalho que comprometam os processos de crescimento e desenvolvimento, não

aceitando-as para si nem para os outros, reivindicando condições dignas de vida.

9. Conhecer a diversidade de padrões de saúde, beleza e estética corporal que existem nos diferentes grupos

sociais, compreendendo sua inserção dentro da cultura em que são produzidos e analisando criticamente os

padrões divulgados pela mídia, como forma de evitas o consumismo e o preconceito.

ARTES VISUAIS11

O ENSINO DEVERÁ ORGANIZAR-SE DE MANEIRA QUE OS ALUNOS PROGRESSIVAMENTE SEJAM CAPAZES DE:

1. Compreender as possibilidades da imagem como elemento de representação e utilizá-la para expressar

idéias, sentimentos e vivências de forma pessoal e autônoma.

2. Conhecer as diferentes modalidades da produção artística podendo se utilizar de diferentes meios e

suportes para criar imagens bi e tridimensionais com intenção estética e expressiva.

3. Compreender e avaliar a produção artística tendo como referência os contextos sócio-culturais onde foi

criada.

4. Reconhecer e apreciar as qualidades singulares desenvolvidas por artistas individualmente e por

movimentos, podendo compreender suas dimensões histórica, cultural e estilística.

5. Experimentar o impacto das propriedades e qualidades visuais da produção artística, desenvolvendo

habilidades para observar criticamente a arte e compreender as possibilidades de múltiplas interpretações,

sendo capaz de falar ou escrever sobre o que vê, pensa e sente.

6. Realizar, de forma cooperativa, produções artísticas que demandem papéis diferenciados e/ou

complementares na elaboração de um produto final.

7. Conhecer os meios de comunicação onde operam as imagens, e os contextos em que se desenvolvem, sendo

capaz de apreciar criticamente os elementos expressivos e estéticos.

8. Confiar em suas produções artísticas, desfrutando de sua realização.

9. Analisar a produção artística própria e de outros produtores de arte reconhecendo o percurso no contexto

em que se desenvolveu.

10.Reconhecer, valorizar e fazer uso das diversas fontes de documentação e acervos de arte.

11.Valorizar e se relacionar criticamente com os espaços públicos e privados onde o acervo de arte se

encontra, preocupando-se com sua preservação.

11 Fontes: Texto Conteúdos das quatro disciplinas da arte / Currículo Oficial de Educação Artística da Espanha / Parâmetros Curriculares

Nacionais / versão 1996.

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LÍNGUA INGLESA12

O ENSINO DEVERÁ ORGANIZAR-SE DE MANEIRA QUE OS ALUNOS PROGRESSIVAMENTE SEJAM CAPAZES DE:

1. Reconhecer e apreciar o valor comunicativo das línguas estrangeiras e a própria capacidade para aprender

a utilizá-las, mostrando uma atitude de compreensão e respeito perante outras línguas, seus falantes e sua

cultura.

2. Perceber a importância de conhecer a língua inglesa, como forma de ampliar os seus conhecimentos

lingüísticos, culturais e de comunicação.

3. Desenvolver as quatro habilidades de uso da uso da linguagem: falar, ouvir, ler e escrever.

4. Utilizar os recursos expressivos não-lingüisticos (gestos, postura corporal, sons diversos, desenhos, etc) a

fim de tentar compreender e fazer-se compreender mediante o uso da língua estrangeira.

5. Utilizar no aprendizado da língua inglesa, experiências e conhecimentos prévios adquiridos com outras

línguas e desenvolver progressivamente estratégias de aprendizagem autônomas.

6. Adquirir gradativamente vocabulário e as estruturas básicas da língua.

7. Estabelecer relações entre o significado, a pronúncia e a representação gráfica assim como reconhecer

aspectos sonoros, rítmicos e de entonação características da língua inglesa.

8. Compreender textos orais e escritos que se referem a objetos, situações cotidianas, utilizando as

informações tanto globais como específicas.

9. Produzir textos escritos sobre temas familiares, respeitando as regras básicas da escrita.

10.Ler de forma compreensiva textos relacionados com as atividades de classe, com o conhecimento que têm

do mundo e com suas experiências e interesses a fim de obter as informações desejadas, tanto globais

como específicas.

Organização Curricular através de projetos

“A opção da escola por uma organização curricular principalmente através de projetos visa a articulação dos

conhecimentos escolares como forma de organizar as atividades de ensino e aprendizagem. A função básica

dos projetos é favorecer a criação de estratégias de organização dos conteúdos escolares em relação ao

tratamento da informação e à interação entre os diferentes conteúdos em torno de problemas ou hipóteses

que facilitem aos alunos a construção de seus conhecimentos, a transformação da informação tratada nas

áreas em conhecimento próprio.

Alguns dos pressupostos que sustentam a proposta de organização curricular a partir de projetos de trabalho

são: a aprendizagem significativa; o desenvolvimento nos alunos de atitude favorável para o conhecimento; a

previsão de uma estrutura lógica e seqüencial dos conteúdos; o sentido da funcionalidade; a memorização

compreensiva; a avaliação do processo percorrido.

Temos buscado, progressivamente, estruturar nosso currículo considerando essas questões, com o objetivo de

romper com a fragmentação dos conteúdos típica da escola tradicional.

Nossa metodologia tem sido sempre orientada por: levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos a

respeito do que se pretende abordar (avaliação diagnóstica); apresentação de informações necessárias (a

12 Fonte: Currículo Oficial de Língua Estrangeira da Espanha.

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partir dos objetivos das áreas/projetos e do nível de conhecimento detectado na avaliação diagnóstica) e

avaliação constante de como estão sendo assimiladas; verificação da capacidade de uso do conhecimento

adquirido.

Finalmente, vale ressaltar que não consideramos conteúdo apenas os conceitos e informações mas também os

procedimentos, valores, normas e atitudes”13.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PROJETOS

As rápidas transformações que vem ocorrendo nos meios de informação e comunicação, nos últimos anos, têm

colocado demandas em relação à formação da criança e do adolescente que o ensino tradicional (baseado na

transmissão e acumulação de informações) vem se mostrando incapaz de atender. Até mesmo os exames

vestibulares, que durante muito tempo serviram de pretexto para as escolas justificarem a mesmice de suas

práticas, hoje revelam a ineficácia delas, pois exigem do candidato a ingressar na universidade,

procedimentos que ele, na maioria das vezes, não possui. Não é à toa, portanto, já há algum tempo, as

escolas particulares e as redes públicas de ensino procuram reorientar seus currículos e inovar suas práticas

pedagógicas. Não parece ser à toa também que, de repente, muitas escolas passam a assumir um discurso

construtivista, mesmo quando, em muitos casos, suas práticas se mantém extremamente tradicionais.

Temos dito sempre que uma escola construtivista de fato é aquela que se propõe a observar, investigar e

estudar os processos de aprendizagem (de construção de conhecimento) para cumprir de forma eficaz seu

papel de ensinar. Assim, necessariamente, terá de ensinar melhor suas crianças e adolescentes, do contrário

estará apenas teoricamente assumindo uma concepção construtivista.

Hoje, crianças e adolescentes precisam realizar aprendizagens significativas diante de uma diversidade

enormes de situações e circunstâncias. Precisam aprender, entre outras coisas, a observar; formular questões;

comparar dados; identificar o que é relevante numa determinada situação; consultar diferentes fontes de

informação; utilizar estratégias que permitam trabalhar rapidamente com as informações, relacionando-as;

compreender conceitos, princípios e fenômenos complexos; ler, interpretando criticamente o escrito e o por

trás do escrito; transitar fluentemente pelos diferentes campos do saber; fazer uso de equipamentos cada vez

mais avançados do ponto de vista tecnológico...

Esse conjunto de questões – entre todas as outras de natureza didática – justifica nossa opção por organizar a

maioria dos conteúdos escolares em projetos de estudo: acreditamos que eles se constituem em situações

privilegiadas para as aprendizagens necessárias à formação intelectual que os alunos precisam conquistar.

“A característica básica de um projeto é que ele tem um objetivo compartilhado por todos os envolvidos, que

se expressa num produto final em função do qual todos trabalham. Os projetos permitem dispor do tempo de

uma forma flexível, pois o tempo tem o tamanho necessário para conquistar seus objetivos. Além disso, têm a

vantagem adicional de possibilitar o planejamento de suas etapas juntamente com os alunos – eles podem

tomar decisões sobre muitas questões: controlar o tempo, dividir e redimensionar as tarefas, avaliar os

resultados em função do plano inicial, etc.

Os projetos são situações em que linguagem oral, linguagem escrita, leitura e produção de textos se inter-

relacionam de forma contextualizada, pois quase sempre envolvem tarefas que articulam esses diferentes

conteúdos. São situações em que faz sentido ler para escrever, escrever para ler, registrar para não esquecer,

estudar para aprender mais, compartilhar para discutir, confrontar pontos de vista para se posicionar,

conhecer diferentes abordagens...

13 Texto produzido a partir das contribuições teóricas de César Coll e Fernando Hernandez / 1994

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Os projetos têm muitas características valiosas do ponto de vista pedagógico. Através deles, por exemplo, é

possível uma intersecção entre conteúdos de diferentes áreas: por um lado, há os projetos da área de Língua

Portuguesa que, em função do objetivo de trabalhar com textos informativos, privilegiam assuntos de outras

áreas. Por outro lado, no ensino das outras áreas, é imprescindível que se faça uso do registro escrito como

recurso de documentação e de estudo. Esse registro pode resultar na elaboração de portadores de textos

específicos, ao final ou durante o trabalho. Além disso, os projetos favorecem o necessário compromisso do

aluno com sua própria aprendizagem: o fato de o objetivo ser compartilhado, desde o início, e de haver um

produto final em torno do qual o trabalho de todos se organiza, contribui muito mais para o engajamento do

aluno nas tarefas.”14

Em todas as áreas, a escolha dos projetos se dá a partir dos objetivos e conteúdos definidos para a série e a

perspectiva didática é globalizadora, ou seja, o conteúdo é trabalhado sempre a partir de sua relação com

outros conteúdos já aprendidos.

Ateliês:

uma proposta educativa de interação entre alunos de diferentes idades15

O trabalho com ateliês na Educação Infantil iniciou-se no primeiro ano da escola e, desde então, vem se

aperfeiçoando a partir da prática realizada e da reflexão sobre ela.

“O eixo condutor desse trabalho é a interação, considerada uma fator determinante para o desenvolvimento

infantil.

A interação entre crianças de faixas etárias diferentes e entre criança/educador, através de um espaço

organizado e de uma proposta de trabalho voltados para esse fim, propicia a troca de experiências,

informações entre membros mais e menos experientes.

A parceria entre as crianças, permite multiplicidade de trocas, o que torna o ambiente altamente formativo e

constitutivo de competências que estão por ser construídas.

Princípios básicos: autonomia e cooperação.

Tais princípios se justificam pela importância que têm para o desenvolvimento moral e intelectual da criança

e também por sua relevância para a vivência coletiva no ambiente escolar.

A prática de ateliê está comprometida com a criação de situações onde a criança tenha que decidir, escolher,

argumentar, construindo, assim, sua autonomia.

ESPAÇOS PROPOSTOS

Casinha: Trata-se de um espaço privilegiado para o educador observar o jogo de papéis que a criança

desempenha durante a brincadeira. Observação que lhe dará muitas pistas para entender o desenvolvimento

infantil. Quando a criança escolhe esse ateliê ela opta também por um papel social que vai representar; nesse

momento, ela se desprende da realidade concreta e mergulha numa realidade imaginária que lhe permite

deixar de ser ela própria para ser ‘outra pessoa’ – de acordo com o contexto da brincadeira. Vive

intensamente situações imaginárias: muitas vezes, antes da brincadeira, o enredo e quem falará o quê. Esse

conjunto de atitudes, compõem as regras da brincadeira, que são regidas pela própria realidade onde a

brincadeira se inspira.

14 Parâmetros Curriculares Nacionais / MEC - Documento de Língua Portuguesa - Versão 1996. 15 Texto de autoria de Rosana Dutoit, assessora pedagógica da escola.

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O fato das crianças agirem conforme as regras que definem direta ou indiretamente, faz com que tenham um

comportamento mais avançado do que o normal para a sua idade. Isso porque, ao representar um papel social,

têm que condensar as características que identifica nele e passar então a interpretá-lo, tomando para si

atitudes que são diferentes das suas: ou seja, se colocar no lugar do outro. É na vivência desses papéis, que a

criança aprende as normas sociais de comportamento, o conjunto de hábitos de sua cultura e internaliza

regras de conduta que orientarão seu comportamento como integrante de um grupo sócio-cultural. Na

brincadeira do jogo de papéis a criança vai construindo sua identidade cultural.

A brincadeira é, portanto, uma situação de construção – questionamento e transformação de significados –

significados a respeito de si mesmo através de um processo de individualização, na interação com o outro e o

meio.

“No brinquedo, a criança sempre chega a um nível de comportamento mais avançado ao habitual de sua

idade. No brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade. Como no foco de uma lente de

aumento, o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo ele

mesmo, uma grande fonte de desenvolvimento.”16

Artes plásticas: O trabalho de artes plásticas não se traduz no conjunto de técnicas de pintura, modelagem,

recorte e colagem. Ele está vinculado à idéia de que a produção artística é um patrimônio da humanidade e

que tem valor não só pela estética, mas também como registro da história, portanto vinculado a um momento

social. Logo, é um objeto sócio-cultural e as propostas de atividades devem ser decorrentes dessa concepção.

Jogos: Nesse espaço acontecem múltiplas situações de interação, principalmente ligadas à explicação de suas

regras. Além dos conteúdos matemáticos como comparação de quantidades, contagem, estimativa, cumprem

com outro objetivo, que é o desenvolvimento da autonomia, dos valores culturais e de princípios de trabalho

coletivo. Isso porque o conjunto de regras a serem determinadas e aceitas e o desenvolvimento do ato de

jogar podem vir a contribuir para uma maior valorização do trabalho de grupo.

Logo, a prática de ateliê prioriza a interação entre as crianças de faixas etárias diferentes na produção do

conhecimento, através do espaço físico organizado com diferentes propostas de trabalho. Essas propostas

cumprem uma função de mediação na interação entre as crianças, pois sugerem ações diferentes, modificando

os papéis desempenhados tanto por elas, nas brincadeiras, como pelos educadores. O papel dos educadores só

se modifica quando o entendimento do significado desse trabalho também se transforma e se amplia” 17

Política de Formação de Leitores

“O livro é a abertura para o espaço e conquista do tempo passado e futuro.

O livro é o convite ao trabalho da imaginação, do pensamento,

da crítica e dos projetos de transformação”.

Marilena Chauí

No projeto educativo da Escola Cooperativa a leitura tem papel fundamental. Ela é diária, feita por todos

(alunos e professores) em todos os grupos e séries de todas as formas (silenciosa, em voz alta, sozinho,

coletivamente) e de todo gênero de texto. Lê-se de tudo: contos, crônicas, contos de fadas, lendas,

parlendas, notícias de jornal, piadas, letras de música, poesias, fábulas, parábolas... tudo muito bem

16 Vigotsky. 17 Texto produzido por Rosana Dutoit, Mestre em Educação, Pedagoga da Creche Central da USP e assessora da Escola Cooperativa.

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selecionado e integrado aos projetos, às necessidades de cada grupo-classe e ao atendimento das curiosidades

e interesses que vão surgindo entre os alunos.

Formar leitores é grande tarefa, principalmente quando o desejo é de uma comunidade de leitores que não só

“devorem” livros, mas que encontrem no mundo da leitura, novas e inusitadas leituras do mundo que os cerca,

que despertem para a ilimitada e sedutora viagem que se pode fazer através dela.

Na Escola Cooperativa, cada classe possui sua biblioteca de sala com livros que lá permanecem por tempo

limitado. A idéia é que os alunos leiam, levem para casa, comentem, troquem suas impressões e descobertas

sobre o lido. “Esgotados”, os livros são trocados por outros. A biblioteca de sala é alimentada pela Biblioteca

Central – que possui um acervo de mais de 4000 livros – e também por livros trazidos pelos alunos. Todos têm

uma aula semanal na Biblioteca Central e podem frequentá-la também em outros horários.

Além de fonte de pesquisa para os trabalhos e projetos, a biblioteca é pensada como um espaço privilegiado

para o exercício da leitura, para a formação de leitores apaixonados, para a prática da liberdade necessária

ao desejo de ler / entender / aprender / transformar.

O acervo é circulante: os alunos podem levar os livros para casa e curti-los também junto da família.

Lembrando Ítalo Calvino, que considerava os livros como pássaros que engaiolados ficam tristes, podemos

dizer que livros apenas preenchendo ou enfeitando estantes são tristes realmente. Eles precisam passar pelas

mãos transformadoras de seus leitores, que imprimirão à obra, sua visão particular, singular, tornando-a,

assim realmente verdadeira.

Nas aulas de Biblioteca trabalha-se de múltiplas formas, e a sedução para a leitura começa desde a Educação

Infantil.

Atitudes familiares também reforçam e contribuem. Levar as crianças para livrarias, bibliotecas, bancas de

jornal, ler para as pequenas em voz alta todos os dias (pelo menos dez minutos), folhear livros, jornais e

revistas, contar histórias, comentar livros que leu, além de ajudar, demonstra outro lado da leitura: o fator

socializante que integra diferentes gostos, emoções, sensações que se misturam e se transmitem, construindo

laços interessantes e extremamente ricos.

Tradicionalmente as escolas solicitam que seus alunos façam trabalhos sobre determinados temas, o que exige

pesquisa bibliográfica. Os objetivos desse tipo de solicitação variam segundo a concepção de ensino e

aprendizagem adotada pela instituição. Há casos, por exemplo, em que isso é feito para o aluno melhorar suas

notas ou se ocupar em casa, estudando algum assunto.

Na Escola Cooperativa nosso objetivo é outro. Para nós a pesquisa é um conteúdo procedimental ou seja, algo

relacionado à utilização de procedimentos, ao saber fazer e que, para ser aprendido, precisa ser ensinado.

Quer dizer, não é algo que se aprende por automática derivação do conhecimento sobre o que deve ser feito.

Vejamos, por exemplo, alguns dos procedimentos envolvidos numa pesquisa bibliográfica em grupo:

Em relação ao trabalho propriamente

dividir tarefas

trabalhar coordenadamente e em colaboração

planejar e replanejar coletivamente o que deve ser feito.

Em relação a pesquisa propriamente

encontrar o material necessário

elaborar critérios de relevância

encontrado todo material, selecionar o que é relevante

re-selecionar as informações eliminando redundâncias

escolher, entre dois ou mais materiais que tratem do mesmo assunto, qual o de melhor qualidade...

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Em relação a escrita de textos (quando for o caso)

compor textos a partir de vários trechos encontrados sem perder a coerência

fazer resumos, garantindo apenas o que é relevante e mantendo a lógica do texto...

Como vemos, fazer pesquisa não é algo simples. (Não deve ser à toa que a maioria dos estudantes sai da

escola sem saber – a despeito de todos os trabalhos realizados e entregues). Por ser complexo, é um

aprendizado que requer um tempo de construção e um ensino planejado. Por ser procedimental só pode ser

adquirido através do próprio fazer e da tematização sobre as dificuldades encontradas buscando

coletivamente soluções.

Assim temos trabalhado esse conteúdo desde o início da escolaridade: a complexidade da solicitação e a

delegação de responsabilidade variam em cada série, segundo o que é possível aos alunos. Dessa forma, na

Educação Infantil e 1ª série, por exemplo, os alunos basicamente trazem material sobre o assunto estudado e

a professora seleciona, enquanto na 4ª, eles já têm a tarefa de selecionar e a professora monitora – oferece

ajuda em função das dificuldades que explicitam e dos problemas por ela identificados. Nesse caso, a

discussão das dificuldades é fundamental pois o feedback do adulto só é possível através dela.

Nosso propósito ao solicitar que os alunos pesquisem é o desenvolvimento não só de atitude favorável mas de

procedimentos eficazes de pesquisa: de nada adianta gostar mas não saber fazer. Se é importante um produto

final de boa qualidade – nos casos onde, por exemplo, a pesquisa bibliográfica reverte para um trabalho

escrito, suporte de um seminário – muito mais importante é que os alunos aprendam progressivamente a fazer

suas pesquisas com autonomia e a trabalhar efetivamente em grupo, quando a situação for essa.

Nessa perspectiva, é preciso estabelecer uma parceria entre escola e família para, na medida do possível,

ensinar nossas crianças a pesquisarem e a trabalharem em colaboração. Quando os pais assumem a tarefa de

tapar o buraco da displicência dos colegas menos envolvidos, estão ajudando o filho a sair do sufoco mas não

a conviver em grupo. Quando marcam, eles próprios, onde e o que o filho deve copiar estão facilitando seu

trabalho, sem dúvida, mas não contribuindo para que aprenda a fazer seleção: uma das mais importantes

estratégias de estudo.

Lição de casa

A chamada lição de casa tem sido um motivo de grande preocupação entre pais e educadores, pois, entre

outras características, é um ponto de intersecção da escola com o espaço doméstico. Não parece ser,

portanto, casual a freqüência com que esse assunto aparece nas conversas de pais e professores,

principalmente no início da escolaridade.

Trata-se de um tipo de atividade que pode ter diferentes objetivos, a partir dos diferentes envolvidos (diretos

ou indiretos) em sua realização: professores, crianças e pais. Do ponto de vista das crianças, por exemplo,

pode servir, muitas vezes, de pretexto para exigir disfarçadamente a presença da mãe (às vezes também do

pai), para chamar a atenção. Do ponto de vista dos pais, pode ser uma oportunidade de conhecer melhor a

proposta pedagógica da escola. Do ponto de vista da escola, na perspectiva que trabalhamos, tem os objetivos

descritos a seguir18:

lições de cunho mecânico cuja finalidade é que o aluno memorize, decore, exercite ou treine algo para

poder fazer uso com rapidez na sala de aula. Por exemplo, estudar as tabuadas para ganhar maior

agilidade nos cálculos. É necessário ressaltar que, mesmo se tratando de memorização, o aluno necessita

de alguma orientação para descobrir qual a melhor forma de fazê-lo. No exemplo da tabuada, poderia

utilizar procedimentos do tipo: repetir diferentes vezes, observar quais os resultados que se repetem,

18 Fonte de consulta: Artigo de Clice Capelossi / Boletim Escola da Vila nº 2, ano 1.

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procurar identificar regularidades (se eu sei quanto é 3x4, para encontrar 6x4 é só usar o dobro do

primeiro resultado) e outras maneiras.

lições de continuidade de alguma tarefa que foi iniciada na sala de aula e cuja finalização é importante

para o prosseguimento das atividades. Por exemplo, ler um texto em casa sobre algum assunto dos

projetos que estão sendo desenvolvidos. Os alunos devem, progressivamente, realizar essas atividades sem

ajuda.

lições que contribuem para o desenvolvimento de outras propostas, como pesquisas em livros, revistas

ou jornais. Esse tipo de lição – a pesquisa em casa – favorece o contato com a diversidade de fontes de

informação, o que nem sempre é possível apenas com o acervo de que dispomos. Nesse tipo de tarefa, o

aluno necessita de uma supervisão, pois selecionar o que é relevante dentre várias possibilidades não é

uma tarefa simples, ao contrário, trata-se de um procedimento bastante complexo e que, mesmo depois

de aprendido, precisa ir sendo aperfeiçoado ao longo da escolaridade.

lições com a finalidade de sondagem ou avaliação a fim de saber quais são as dificuldades do aluno,

que procedimentos utiliza, o que (e como) sabe sobre um determinado assunto. Nesse tipo de atividade,

os pais podem desempenhar um papel importante: o de acompanhar tentando perceber o que oferece

dificuldade.

Como se pode perceber, dependendo da tarefa, os pais podem ajudar de diferentes maneiras, excetuando-se,

evidentemente, fazer por, ou seja, fazer a lição no lugar da criança. O nosso objetivo é que o aluno, com o

passar do tempo, adquira autonomia para realizar as lições de casa – o que não significa que o

acompanhamento e a supervisão dos pais seja totalmente dispensável nas séries mais avançadas. Abaixo estão

relacionadas alguma “dicas” que podem ajudar muito o aluno, principalmente nas séries iniciais19:

Peça sempre para ver a lição de casa e valorize o que já aprendeu.

Auxilie na organização das lições, do material, da mochila, etc.

Oriente para que tenha sempre iniciativa de pedir explicações na classe sobre tudo o que quiser saber ou

não tiver entendido.

Ressalte a importância de capricho, qualidade e letra legível incentivando-o a fazer tudo da melhor

maneira que puder.

Solicite que revise os trabalhos feitos (é claro que, de imediato, nem todas as inadequações e erros serão

percebidos, mas o fundamental é desenvolver o procedimento revisão das atividades).

Ajude na organização de uma rotina, principalmente se a criança tiver atividades extra-escolares. A

propósito, certifique-se de que ela dá conta de uma agenda com muitas atividades.

Garanta no mínimo 20 minutos diários para a leitura, que poderá ser feita junto com os familiares. É

necessário incentivar esse hábito: sugerimos que, sempre que fizer sentido, peçam para que a criança leia

livros para alguém da família, conte algumas histórias lidas, recite, fale dos assuntos que estão sendo

tratados nos projetos de estudo e de outras idéias maravilhosas que certamente tem.

Finalmente, é importante ressaltar que, diferentemente das escolas muito tradicionais, nosso objetivo não é

propor ao aluno uma enorme quantidade de lições de casa, mas sim propor que ele faça o que é produtivo

fazer sem intervenção do professor. Além disso, pelo fato de não acreditarmos em propostas pedagógicas

assentadas principalmente na memorização, não faz sentido – como fazem muitas escolas – “encher” o aluno

de atividades de treino e fixação. É certo que o tempo de estudo é uma variável importante que incide na

aprendizagem, mas não consideramos correto, tampouco eficaz, tentar superar as limitações de uma escola de

meio período com enormes quantidades de lições de casa, para a realização das quais o aluno não conta com

uma outra variável que incide decisivamente na aprendizagem: a intervenção pedagógica.

19 Especialmente na 1ª série, a criança ainda precisa muito da ajuda dos pais para desempenhar e desenvolver seu papel de estudante: é

preciso uma afinada parceria entre professora e família para a conquista progressiva de autonomia por parte da criança. Além disso, se

ela apresenta algum tipo de dificuldade em termos de desempenho escolar, precisa duplamente da família nesse empreendimento.

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Sistema de avaliação

“Só a ação da origem a todo conhecimento [...] Um sujeito

intelectualmente ativo é aquele que compara, exclui, ordena,

categoriza, reformula, comprova, formula hipóteses [...] Não é aquele

que necessariamente faz muitas coisas ou tem uma atividade

observável.”

Emilia Ferreiro

Funções:

Entendemos que a avaliação tem quatro funções básicas: diagnosticar os conhecimentos prévios “trazidos”

pelos alunos; possibilitar a identificação das eventuais ajudas específicas que determinados alunos

necessitam; subsidiar o feedback do professor ao aluno a respeito da sua aprendizagem; aferir o valor da ação

pedagógica em relação aos objetivos propostos.

Parâmetros:

A avaliação do aluno se referencia na análise do seu processo de aprendizagem e do seu desempenho em

relação:

a ele próprio (o aluno comparado a si mesmo por ocasião do início da aprendizagem de um determinado

conteúdo na escola, ou seja, o que pôde aprender no período)

aos objetivos das áreas / projetos / atividades (o desempenho do aluno comparado ao que se espera dele,

ou seja, ao que deveria ter aprendido no período)

ao grupo - classe (o processo e produção efetiva do aluno comparado ao dos demais colegas submetidos a

mesma intervenção pedagógica).

Modalidades:

Há três modalidades de avaliação desenvolvidas na escola: inicial, formativa e final. O quadro a seguir explica

o que, quando e através de quais instrumentos se avalia em cada modalidade:

INICIAL FORMATIVA FINAL

O QUÊ?

. os conhecimentos prévios:

esquemas de conhecimento pertinentes à

nova situação de aprendizagem.

. os avanços, dificuldades, bloqueios,

que ocorrem ao longo do processo de

aprendizagem.

. os tipos e níveis de aprendizagem em relação

aos objetivos colocados.

QUANDO?

. no início de cada nova unidade de ensino

e aprendizagem.

. durante o processo. . ao término da unidade de ensino e

aprendizagem.

ATRAVÉS DE?

análise da história escolar do aluno;

. registro e interpretação das respostas e

atitudes dos alunos frente a perguntas e

situações relativas a nova unidade de

ensino e aprendizagem.

. observação sistemática do processo de

aprendizagem;

. registro das observações

. interpretação das observações.

. observação, registro e interpretação das

respostas e atitudes dos alunos frente a

perguntas e situações que requerem a

utilização dos conteúdos aprendidos.

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SOBRE OS INSTRUMENTOS DE REGISTRO

Provas

Até a 4ª série praticamente não utilizamos o termo prova com os alunos, mas eles sabem que há atividades

que devem realizar sozinhos (sem se comunicar com os outros, apenas tirando dúvidas com relação a tarefa e

se esforçando para dar o melhor de si) pois a partir delas o professor identificará o que sabem / não sabem

sobre o que foi trabalhado ou será introduzido a seguir. A partir da 5ª série o termo é mais utilizado pois, com

o trabalho realizado até então, espera-se que os alunos já tenham compreendido a natureza e função da

avaliação e se familiarizado com os seus instrumentos.

Conceitos

Os conceitos atribuídos aos alunos têm função de parâmetro avaliativo: expressam o nível de aproximação /

distanciamento, identificado pelo professor, entre o que se pretendia e o que efetivamente se obteve em

termos de desempenho. São utilizados a partir do 2º bimestre da 2ª série, pois entendemos que é nessa faixa

etária que as crianças têm melhores condições de compreender seu significado e o que eles expressam.

Documentos de registro

Relatório Individual: produzido semestralmente pelos professores de Educação Infantil e endereçado aos

pais.

Ficha de Indicadores de Avaliação: produzida bimestralmente pelos professores de 1ª a 4ª série e

endereçada em princípio ao aluno, depois aos pais.

Carta ao aluno: escrita semestralmente pelos professores de 1ª a 4ª série, em “períodos estratégicos” do

ano (geralmente maio e outubro), chamando a atenção do aluno para aspectos em que precisa melhorar e

sugerindo encaminhamentos.

Boletim de Conceitos: preenchido bimestralmente pelos professores e endereçado a alunos e pais de 2ª a

8ª série.

Acompanhamento Pedagógico de alunos

É inegável que, em qualquer experiência educativa, os alunos se desenvolvem de forma diferente e em

diferentes ritmos. A função do que chamamos de avaliação é justamente identificar as ajudas específicas que

os alunos necessitam ao longo de seu processo de aprendizagem. Há aqueles que, dependendo da dificuldade

que apresentam e/ou da natureza do conteúdo ensinado, precisam apenas de uma explicação posta em outros

termos ou de um pouco mais de empenho em seus estudos individuais ou de maior exercitação em atividades

suplementares. Mas há alunos que precisam de uma intervenção pedagógica complementar, seja pelo tipo de

dificuldade apresentada ou pela natureza do conteúdo ou pelas duas razões.

De um modo geral, a resposta encontrada para essa questão é a recuperação final (de semestre ou ano letivo)

ou, no caso de muitas escolas privadas, a solicitação de um professor particular. Não adotamos esses

encaminhamentos por entendermos que é papel da própria escola oferecer acompanhamento a alunos com

desempenho insatisfatório e que a recuperação final não garante uma intervenção pedagógica mais específica

ao longo do processo de ensino e aprendizagem.

Assim, para atender aos alunos de 1º grau que apresentam dificuldades na assimilação dos conteúdos, criamos

dois mecanismos de acompanhamento que se desenvolvem ao longo do ano letivo: a recuperação paralela

durante a aula e o Grupo de Estudos.

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Recuperação Paralela

Acontece entre abril e junho, no primeiro semestre e entre setembro e novembro no segundo semestre. Trata-

se de um trabalho realizado em parceria pelo professor titular e pelo professor auxiliar em algumas aulas

semanais, preparadas em função das dificuldades apresentadas pelos alunos.

Grupos de Estudo

Acontecem mais ou menos na mesma época que a Recuperação, preferencialmente fora do período de aulas.

Para os Grupos de Estudo são encaminhados aqueles alunos que o professor identifica que precisam de

acompanhamento pedagógico mais sistemático, além do realizado na própria classe durante as aulas.

São agrupamentos formados por uma pequena quantidade de alunos (não mais do que cinco) que participam

de um trabalho pedagógico especialmente planejado pelo professor da classe, o que vai coordenar o grupo

(quando não é o próprio professor) e a Coordenação Pedagógica. A periodicidade, carga horária e conteúdos a

serem trabalhados se definem em função das demandas.

Alguns fatos que, com o tempo temos constatado, se constituem em vantagens para um trabalho desse tipo:

nem sempre o encaminhamento a professores particulares ou psicopedagogos resolve, pois se esses

profissionais não tiverem uma linha de atuação afinada com a da escola, o trabalho pode resultar inútil;

o preço desse serviço é muito inferior ao de aulas particulares ou atendimentos psicopedagógicos;

a possibilidade do professor investigar as causas das dificuldades dos alunos fica bastante enriquecida pelo

fato de atender a um grupo reduzido, o que favorece o planejamento de intervenções didáticas que

incidam nas causas (e não efeitos) dos problemas apresentados;

a característica de ser um espaço de investigação psicopedagógica: além do fato de ter valor em si

mesmo, o Grupo de Estudo é uma espécie de “laboratório”, cujo resultado reverte para o trabalho com

todos os alunos. Ou seja, o que ali se observa, se investiga, se conclui a respeito dos motivos de certas

dificuldades, é levado pelo professor à discussão com os seus pares e com a Coordenação Pedagógica e, a

partir daí, se planejam intervenções adequadas para solucioná-las. Essas, por sua vez são freqüentemente

utilizadas em classe junto aos demais alunos.

Considerações Finais

Construímos muita história em cinco anos. Hoje, temos uma Escola de Educação Infantil – superando a

tradicional concepção de pré-escola: além de brincar e se relacionar, nossas crianças pequenas aprendem

muito. O trabalho que realizamos em matemática, nas séries iniciais, cada vez mais tem provado que não se

pode subestimar a capacidade das crianças com propostas facilitadas. A organização curricular através de

projetos também tem demonstrado o quanto se pode aprender quando a proposta é compartilhada: quando o

aluno sabe o que (e como) será aprendido – e, muito mais do que isso, quando ajuda o professor a planejar o

desenvolvimento do projeto e sabe em função do que o trabalho é proposto e realizado. A abordagem que

imprimimos à área de língua portuguesa também mostra que nada precisa ser ensinado de forma

descontextualizada.

Enfim, temos conseguido, progressivamente, com a nossa prática, mostrar aos pais, aos alunos e à comunidade

em geral, que escola construtivista não é sinônimo de escola fraca de conteúdos como muitos pensavam. Que

a razão de ser de estudar e investigar sobre a aprendizagem na escola é ensinar melhor: quanto mais se sabe

sobre como os alunos constroem conhecimentos, mais se pode ensinar com qualidade e eficácia.

Evidentemente, temos muito ainda por avançar. Talvez nosso grande mérito tenha sido sempre achar que é

possível fazer melhor. Há muito que aprender, que aperfeiçoar, que criar... sem dúvida alguma. Mas a grande

quantidade de pais que tem procurado a escola e matriculado aqui seus filhos, nos indica que encontramos o

caminho. O que é preciso, continuamente, é buscar a melhor forma de trilhá-lo.