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TRAJANO FELIPE BARRABAS XAVIER DA SILVA ESTUDO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA DO RIO PASSAÚNA, CURITIBA, POR MEIO DO ISOLAMENTO E ANÁLISE DE RESISTÊNCIA DA Escherichia coli A ANTIBIÓTICOS. CURITIBA 2007

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TRAJANO FELIPE BARRABAS XAVIER DA SILVA

ESTUDO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA DO RIO PASSAÚNA,

CURITIBA, POR MEIO DO ISOLAMENTO E ANÁLISE DE RESISTÊNCIA DA

Escherichia coli A ANTIBIÓTICOS.

CURITIBA 2007

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TRAJANO FELIPE BARRABAS XAVIER DA SILVA

ESTUDO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA DO RIO PASSAÚNA,

CURITIBA, POR MEIO DO ISOLAMENTO E ANÁLISE DE RESISTÊNCIA DA

Escherichia coli A ANTIBIÓTICOS.

Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Gestão Ambiental do curso de mestrado Profissional em Gestão Ambiental, Centro Universitário Positivo (UnicenP).

Orientador: Profa. Dra. Eliane Carvalho de Vasconcelos

CURITIBA 2007

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TÍTULO: “ESTUDO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA DO RIO

PASSAÚNA, CURITIBA, POR MEIO DO ISOLAMENTO E ANÁLISE DE

RESISTÊNCIA DE ESCHERICHIA COLI A ANTIBIÓTICOS”.

ESTA DISSERTAÇÃO FOI JULGADA ADEQUADA COMO REQUISITO PARCIAL

PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM GESTÃO AMBIENTAL (área de

concentração: gestão ambiental) PELO PROGRAMA DE MESTRADO EM GESTÃO

AMBIENTAL DO CENTRO UNIVERSITÁRIO POSITIVO – UNICENP. A DISSERTAÇÃO

FOI APROVADA EM SUA FORMA FINAL EM SESSÃO PÚBLICA DE DEFESA, NO DIA 10

DE ABRIL DE 2007, PELA BANCA EXAMINADORA COMPOSTA PELOS SEGUINTES

PROFESSORES:

1) Profª. Eliane Carvalho de Vasconcelos - UnicenP - (Presidente);

2) Profª. Maria Cristina Borba Braga, examinador externo, Universidade Federal do

Paraná Setor de Tecnologia;

3) Profª. Ana Flávia Locateli Godoi, UnicenP;

4) Profª. Cíntia Mara Ribas de Oliveira, UnicenP.

CURITIBA – PR, BRASIL

PROF. MAURÍCIO DZIEDZIC

COORDENADOR DO PROGRAMA DE MESTRADO EM GESTÃO AMBIENTAL

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Aos meus pais, Leônidas e Lurdes por serem, meus primeiros e melhores mestres, fontes constantes de inspiração e amor.

Para Humberto Costa, pela paciência e dedicação.

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AGRADECIMENTOS À Deus, acima de tudo.

Ao Centro Universitário Positivo (UnicenP) pela oportunidade concedida ao oferecer

uma bolsa de estudos.

À Profa. Dra. Eliane Carvalho de Vasconcelos por toda a paciência do mundo.

À Débora Toledo Ramos por toda a ajuda e toda a força que nunca será esquecida.

Ao amigo Fabrício Monteiro Suare por toda a ajuda oferecida.

Ao amigo Tiago Bocalon por todas as vezes que acompanhou às coletas. Assim

como aos farmacêuticos Rafael Matsuyama e Bogdan Czaplinski por toda a ajuda

prestada.

Aos professores do Mestrado pelo apoio e pelo acompanhamento em todas as

horas, em especial à Profa. Dra. Cíntia Mara Ribas e ao Prof. Dr. Marco Aurélio da

Silva Carvalho Filho.

A todos os professores do curso de Farmácia do UnicenP, pelo apoio incondicional.

Ao professor Bruno Veiga, pela confecção dos mapas.

A todos os laboratoristas do UnicenP.que me prestaram auxílio com toda a boa

vontade do mundo.

Aos amigos da Farmácia-Escola do UnicenP, por toda a paciência.

A todos os amigos, cujos nomes não será possível citar, mas que contribuíram com

sugestões, críticas e acima de tudo com confiança para que este trabalho tenha se

tornando possível.

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RESUMO

As águas de abastecimento apresentam o risco de serem poluídas por águas residuárias e

outros resíduos de origem animal ou humana, podendo, desta forma, conter

microorganismos patogênicos. Por isso há a necessidade de análises microbiológicas para

determinar o grau de segurança do ponto de vista bacteriológico. Neste estudo foram

realizadas análises da água do rio Passaúna, situado na região de Curitiba – Paraná, para a

determinação de coliformes totais, coliformes termotolerantes e Escherichia coli para obter

um indicativo da qualidade da água em relação à contaminação fecal. As amostras foram

coletadas mensalmente, durante o período compreendido entre março de 2006 e fevereiro

de 2007, em cinco pontos diferentes do rio, no trecho situado entre o município de Lamenha

Pequena e o reservatório do Passaúna, de modo a obter valores referentes a quase toda a

sua extensão. Foi utilizado o método de tubos múltiplos para determinação do Número Mais

Provável (NMP)/100 mL de coliformes totais e termotolerantes, sendo que os resultados

obtidos variaram de um valor mínimo de 130 e a um máximo de 1,6 x 106 NMP/100 mL para

coliformes totais e um mínimo de 40 a um máximo de 5 x 105 NMP/100 mL para coliformes

termotolerantes. Para a determinação de resistência a antibióticos, foram testadas cepas de

E. coli, isoladas das amostras, frente a 13 antibióticos. As cepas isoladas mostraram-se

sensíveis a 7 dos antibióticos testados, e apresentaram resistência a 6 deles, em pelo

menos uma das análises. Os resultados indicaram que dois fatores influenciam os valores

aumentados de contaminação: a sazonalidade e o possível despejo de esgoto doméstico. A

determinação do Índice de Resistência a Antibióticos (IRA) possibilitou identificar os pontos

onde a influência antrópica está mais acentuada. O terceiro e o quarto pontos de análise

foram considerados mais críticos devido à influência antrópica exercida nestes locais,

favorecendo a diminuição da rugosidade do solo e o despejo de matéria orgânica

diretamente no rio.

Palavras chave: Rio Passaúna, água, Escherichia coli , coliformes, antibiótico.

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ABSTRACT

Supplying waters present a potencial risk of pollution either by wastewaters or by animal

wastes of human or animal origin and, as a result, these waters may contain pathogenic

microorganisms. For this, it is necessary to carry out microbiological analysis to

determinate a security grade through the bacteriological view. Water analyses of

Passaúna River – Curitiba/Paraná were carried out to determinate the contents of total

and thermotolerant coliforms and also Escherichia coli, in order to obtain water quality

indicatives. Samples were colleted monthly, from March 2006 to February 2007, and five

different points of the river were analysed to obtain representative results for an

extension of the river. In order to determinate the contents of total and thermotolerant

coliforms the multiple tube method was performed (MPN/100mL), and the results

obtained varied from 130 MPN/100mL to 1,6 x 106 MNP/100mL for total coliforms,

where as for thermotoletant coliforms the variation was settled between 40 MPN/100mL

and 5 x 105 MNP/100mL. The Escherichia coli strains isolated from the samples were

tested with thirteen different antibiotics to determinate the antibiotic resistance. The

results isolated strains showed that were constantly sensitive to seven of the thirteen

analysed antibiotics, and also proved to be resistant to one of the other antibiotics. The

results indicated that two factors can influence the increased contamination, which are

sazonality and the domestic waste probable contamination. The determination of

Antibiotic Resistance (AR) indices was carried out as a tool to provide information on the

anthropogenic influence. Two analysed points were considered critical due to the

anthropogenic influence, being responsible for lowering the soil permeability and for

contaminating the river with organic compounds

Keywords: Passaúna River, water quality, Escherichia coli, coliforms, antibiotic.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - Mapa Hidrográfico do Estado do Paraná ....................................... 33

FIGURA 2 - Áreas De Proteção Ambiental - RMC.............................................. 36

FIGURA 3 - Identificação dos Pontos De Coleta................................................ 42

FIGURA 4 - Ponto De Coleta No 1...................................................................... 43

FIGURA 5 - Ponto De Coleta No 2...................................................................... 44

FIGURA 6 - Ponto De Coleta No 3...................................................................... 45

FIGURA 7 - Ponto De Coleta No 4...................................................................... 46

FIGURA 8 - Ponto De Coleta No 5...................................................................... 47

LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 - Numero de amostras classificadas em cada classe da

Resolução CONAMA 357/05......................................................

56

GRÁFICO 2 - Porcentagem de amostras classificadas acima da classe 2

conforme a Resolução CONAMA 357/05..................................

57

GRÁFICO 3 - Curvas de Tendência representadas para Coliformes totais e

Termotolerantes no ponto 1 de análise......................................

60

GRÁFICO 4 - Curvas de Tendência representadas para Coliformes totais e

Termotolerantes no ponto 2 de análise......................................

61

GRÁFICO 5 - Curvas de Tendência representadas para Coliformes totais e

Termotolerantes no ponto 3 de análise......................................

62

GRÁFICO 6 - Curvas de Tendência representadas para Coliformes totais e

Termotolerantes no ponto 4 de análise......................................

63

GRÁFICO 7 - Curvas de Tendência representadas para Coliformes totais e

Termotolerantes no ponto 5 de análise......................................

64

GRÁFICO 8 - Índice Pluviométrico Detectado na Estação Juruqui entre

Janeiro de 2006 e fevereiro de 2007...........................................

66

GRÁFICO 9 - Volume de chuva diário para Curitiba, no mês de março de

2006............................................................................................

67

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GRÁFICO 10 - Volume de chuva diário para Curitiba, no mês de abril de

2006............................................................................................

68

GRÁFICO 11 - Volume de chuva diário para Curitiba, no mês de junho de

2006............................................................................................

68

GRÁFICO 12 - Volume de chuva diário para Curitiba, no mês de julho de

2006............................................................................................

69

GRÁFICO 13 - Volume de chuva diário para Curitiba, no mês de agosto de

2006............................................................................................

69

GRÁFICO 14 - Volume de chuva diário para Curitiba, no mês de setembro

de 2006.......................................................................................

70

GRÁFICO 15 - Volume de chuva diário para Curitiba, no mês de outubro de

2006....................................................................................

70

GRÁFICO 16 - Volume de chuva diário para Curitiba, no mês de novembro

de 2006.....................................................................................

71

GRÁFICO 17 - Volume de chuva diário para Curitiba, no mês de dezembro

de 2006.....................................................................................

71

GRÁFICO 18 - Volume de chuva diário para Curitiba, no mês de janeiro de

2006......................................................................................

72

GRÁFICO 19 - Volume de chuva diário para Curitiba, no mês de fevereiro de

2006............................................................................................

72

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Disponibilidade Hídrica Mundial.....................................................

17

TABELA 2- Resultados correspondentes às coletas realizadas no rio Passaúna, em 5 diferentes pontos de amostragem no período compreendido entre março de 2006 e fevereiro de 2007..............

56

TABELA 3 - Características de resistência de e. coli apresentada para o Ponto 1...........................................................................................

75

TABELA 4 - Características de resistência de e. coli apresentada para o ponto 2...........................................................................................

76

TABELA 5 - Características de resistência de e. coli apresentada para o ponto 3...........................................................................................

77

TABELA 6 - Características de resistência de e. coli apresentada para o ponto 4...........................................................................................

78

TABELA 7 - Características de resistência de E. coli apresentada para o Ponto 5...........................................................................................

79

TABELA 8 - Porcentagem de amostras resistentes aos antibióticos analisados......................................................................................

80

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................. 12

2. REVISÃO DA LITERATURA........................................................................... 14

2.1 UTILIZAÇÃO DAS ÁGUAS............................................................................. 14

2.1.1 A Água no Brasil........................................................................................ 16

2.2 QUALIDADE DA ÁGUA.................................................................................. 17

2.2.1 Doenças Causadas por Elementos Microbiológicos................................... 20

2.3 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA....................................................... 23

2.3.1 Exame Bacteriológico.................................................................................. 24

2.4 DETERMINAÇÃO DO NÍVEL DE RESISTÊNCIA À DROGAS

ANTIMICROBIANAS............................................................................................

28

2.5 BACIAS HIDROGRÁFICAS DO PARANÁ...................................................... 32

2.6 SUB BACIA DO PASSAÚNA.......................................................................... 34

3. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................ 41

3.1 Locais das Coletas.......................................................................................... 41

3.2 Coleta das Amostras..... ................................................................................. 47

3.3 Transporte das amostras................................................................................ 48

3.4 Análise microbiológica.................................................................................... 48

3.4.1 Técnica do NMP ......................................................................................... 48

3.4.2 Antibiograma. ............................................................................................. 50

3.4.2.1 Preparo das placas com meio de cultura.................................................. 50

3.4.2.2 Preparo do inoculo.................................................................................... 50

3.4.2.3 Inoculação das placas............................................................................... 50

3.4.2.4 Escolha dos discos de antibiótico............................................................. 51

3.4.2.5 Aplicação dos discos e incubação............................................................ 51

3.4.2.6 Leitura das placas..................................................................................... 52

3.4.3 Determinação do Índice de Resistência a Antibióticos (IRA)....................... 52

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................ 54

4.1 DETERMINAÇÃO DO NUMERO MAIS PROVÁVEL DE COLIFORMES

TOTAIS E TERMOTOLERANTES........................................................................

54 4.2 INFLUÊNCIA DA SAZONALIDADE NA VARIAÇÃO DO NUMERO MAIS

PROVÁVEL DE COLIFORMES TOTAIS E TERMOTOLERANTES....................

59

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4.3 ESTUDO DA RESISTÊNCIA A ANTIBIOTICOS DAS CEPAS ISOLADAS

DE E. coli.............................................................................................................

73

5. CONCLUSÃO................................................................................................... 81

6. RECOMENDAÇÕES......................................................................................... 82

REFERÊNCIAS................................................................................................ 83

ANEXOS............................................................................................................... 90

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1. INTRODUÇÃO

Aproximadamente 99% de toda a água existente no planeta apresenta-se

na forma de oceanos e geleiras, sendo então pouco considerada para utilização pelo

ser humano, devido a sua salinidade e localização. A água doce superficial, ou seja,

aquela existente em rios e lagos representa apenas 0,007% da água na Terra

(BOTKIN; KELLER, 2000).

A água é um recurso finito e, por isso, precisa ser aproveitada da melhor

forma possível. São raras as situações em que o homem pode se utilizar da água

sem nenhuma forma de beneficiamento (BATALHA, 1998).

A qualidade da água dos nossos rios é comprometida pelos poluentes que

nela são lançados. Em cidades onde não existe um sistema eficiente de

esgotamento sanitário, este se torna um dos principais agentes causadores de

poluição, estimulando o crescimento de bactérias presentes e, ao mesmo tempo,

incluindo outros microorganismos provenientes de resíduos fecais. As bactérias

empregadas como indicadoras de poluição fecal em águas são principalmente os

coliformes totais e os coliformes termotolerantes, mais precisamente a bactéria

Escherichia coli (SOARES, 1999).

A simples presença de coliformes termotolerantes e E. coli, por si só,

porém, não são índices que possam garantir que a contaminação fecal da água seja

de origem humana. Este grupo de bactérias, encontrado no intestino humano e de

outros animais homeotérmicos, é expelido em grande quantidade através das fezes.

Em águas poluídas, são encontrados em densidade proporcional ao grau de

poluição fecal. Quando o grupo coliforme é encontrado, outros tipos de

microorganismos capazes de produzir doenças podem estar presentes. Como o

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grupo coliforme é geralmente mais resistente que bactérias patogênicas, a ausência

de coliformes é indicativa de água bacteriologicamente propícia para o consumo

(AISSE, 2000).

A probabilidade de ocorrência de coliformes na bacia do rio Passaúna é

bastante grande devido às evidências encontradas durante o percurso do rio. A

ocupação das margens da bacia é irregular, ocorrendo atividades agrícolas em suas

margens, ocupação urbana destacada ao norte, na região de Santa Felicidade. No

percurso do rio até o reservatório onde é coletada a água para tratamento e

abastecimento da região oeste da cidade de Curitiba existem ainda alguns pontos

que são utilizados para banhos e para pesca.

O presente trabalho como objetivo geral, determinar a presença de

contaminação por fontes fecais bacteriológicas na bacia do rio Passaúna, na cidade

de Curitiba, no intuito de estabelecer a origem da contaminação, seja ela natural ou

devido à influência antrópica sobre o meio ambiente. Para tanto foi empregada a

análise de resistência da bactéria Escherichia coli isolada de amostras de água

frente a diversos antibióticos, a fim de avaliar os índices de contaminação.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 UTILIZAÇÃO DAS ÁGUAS

A maior parte da água de consumo é destinada para a agricultura, sendo

esta porcentagem maior nos países de terceiro mundo. Já em países de primeiro

mundo, a maior utilização é destinada à área industrial e uma pequena parte (8% em

média) é destinada ao consumo doméstico (MACÊDO, 2000). A história da água

está diretamente ligada ao crescimento da população humana, ao aumento das

áreas urbanas e à multiplicidade de usos que afetam sua quantidade e qualidade.

Entre inúmeras finalidades, a água é utilizada para agricultura (irrigação e outras

atividades relacionadas); abastecimento público, incluindo o uso doméstico;

produção de hidroeletricidade, com a construção de represas e seus impactos

relacionados; uso industrial; para fins recreativos; turismo; pesca comercial ou

esportiva; aquacultura, incluindo cultivo de peixes, crustáceos, moluscos de água

doce; transporte e navegação e, finalmente, uso estético (TUNDISI, 2003).

Com o aumento e diversificação da atividade econômica, a dependência

dos recursos hídricos aumenta, especialmente em regiões com grande variação

anual no ciclo hidrológico e em regiões áridas. A diminuição do volume disponível e

a utilização dos recursos hídricos em maior escala e com maior velocidade têm

produzido grandes alterações nos ciclos hidrológicos regionais: por exemplo, a

construção de barragens produz o aumento da taxa de evaporação; e o excesso de

água retirada para irrigação, que diminui o volume dos rios e lagos. Importante

ressaltar, ainda, que o grau de urbanização interfere na drenagem e aumenta o

escoamento superficial, diminuindo a capacidade de reserva de água na superfície e

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nos aqüíferos. Os impactos qualitativos são inúmeros e variáveis e têm

conseqüências ecológicas, econômicas e sociais e na saúde humana. Por exemplo,

as descargas de fontes difusas e pontuais de produtos químicos e biológicos em

rios, lagos e represas, a partir de esgotos não tratados causam danos graves à

saúde à maior descarga de produtos utilizados no processo de tratamento da

mesma (TUNDISI, 2004).

A qualidade da água dos rios é comprometida pelos poluentes que nela

são lançados. Em cidades onde não existe um sistema eficiente de esgotamento

sanitário, este se torna um dos principais agentes causadores de poluição,

estimulando o crescimento de determinadas bactérias presentes no meio e, ao

mesmo tempo, incluindo outros microorganismos provenientes de resíduos fecais

(SOARES, 1999).

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2.1.1 A Água no Brasil

O Brasil possui a maior disponibilidade hídrica do planeta, ou seja, 13,8%

do deflúvio médio mundial, conforme TABELA 1.

TABELA 1 - Disponibilidade Hídrica Mundial Regiões

Oferta (Deflúvio médio) -1998

Consumo

Total (Km3/ano)

Per capita (m3/hab/ano)

Total (Km3/ano)

Per capita (m3/hab/ano)

Mundo

41 497,73 6 998,12 3240 645

África

3 996 5 133,05 145,14 202

Ásia

13 206,74 3 679,91 1633.85 542

Europa

6 234,56 8 547,91 455,29 625

Oceania

1 614,25 54 794,64 16,73 591

América

América do Norte

5 308,60 17 458,02 512,43 1798

América Central

1 056,67 8 084,08 96,01 916

América do Sul

10 080,91 30 374,34 106,21 335

Brasil

5 744,91 34 784,33 36,47 246

FONTE: ANEEL, 1999.

A interação do quadro climático com os aspectos geológicos dominam os

excedentes hídricos que alimentam uma das mais extensas e densas redes de rios

perenes do mundo. Cerca de 80% da produção hídrica do país está concentrada em

três grandes unidades geográficas: Amazonas, São Francisco e Paraná. Estas

bacias cobrem cerca de 72% do território brasileiro, dando-se destaque à Bacia

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17

Amazônica, que possui cerca de 57% da superfície do País (FREITAS, 1999).

Apesar da grande quantidade de água doce, há um grave problema de

abastecimento do país, devido ao crescimento populacional e à diminuição da

qualidade da água devido a sua degradação. O conhecimento das variações de

tempo, espaço das chuvas, descargas dos rios, de fatores ambientais, sócio-

culturais, condições de uso e conservação dos seus recursos naturais permitem

planejar, evitar ou atenuar os efeitos do excesso ou da falta de água (FREITAS,

1999).

2.2 QUALIDADE DA ÁGUA

A água tem influência direta sobre a saúde, a qualidade de vida e o

desenvolvimento do ser humano. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS,

2001) e seus países membros, “todas as pessoas, em quaisquer estágios de

desenvolvimento e condições sócio-econômicas têm o direito de ter acesso a um

suprimento adequado de água potável e segura” .Quando se refere à “água segura”,

refere-se à oferta de água que não represente riscos significativos à saúde,

possuindo custo acessível, que seja em quantidade suficiente para atender todas as

necessidades domésticas e que esteja disponível de forma contínua (OPAS,2001).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 80% de todas

as doenças que afetam os países em desenvolvimento provém de água de má

qualidade. Desta forma, o simples procedimento de tratamento da água é

fundamental na prevenção de doenças. Se o objetivo é melhorar a saúde pública, é

vital que tais condições sejam consideradas como um todo no momento de se definir

e manter programas de qualidade e abastecimento de água. Ainda assim, a

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prioridade deve ser, sempre, providenciar e garantir o acesso de toda a população a

alguma forma de suprimento de água (MACÊDO, 2000).

Segundo prática adotada em quase todo o mundo, a água potável deve ser

inócua à saúde e, ao mesmo tempo, portadora de substâncias que protejam o

organismo humano, como é o caso da aplicação de compostos de flúor utilizados

como preventivos da cárie dentária (BRANCO, 2002).

De acordo com o relatório “Situação Global de Suprimento de Água e

Saneamento - 2000” (OMS, 2001), apesar do tremendo esforço nas duas últimas

décadas para melhorar os serviços de abastecimento de água e saneamento nas

regiões mais pobres dos países em desenvolvimento, muita gente ainda não foi

beneficiada. Cerca de 2,4 bilhões de pessoas em todo o mundo (quase a metade da

população do planeta) vivem com condições inaceitáveis de saneamento, enquanto

1,1 bilhão de pessoas não têm sequer acesso a um adequado abastecimento de

água. O documento, concluído em novembro de 2000, resulta do Programa de

Monitoramento do Suprimento de Água e Saneamento, uma iniciativa da OMS

(OPAS, 2001).

Em março de 2000, foi lançado o programa Visão 21 - “Água para as

Pessoas”, sob os auspícios do Conselho para Abastecimento de Água e

Saneamento (WSSCC), uma organização internacional, com sede em Genebra, que

congrega profissionais de mais de 130 países, ligados à área. O programa tem como

objetivo até 2015 reduzir, pela metade, o número de pessoas sem acesso a

instalações sanitárias e adequadas e assegurar quantidades de água segura e de

custo acessível e, até 2025, obter acesso universal aos serviços de abastecimento

de água tratada e saneamento básico (OPAS, 2001).

A qualidade da água, em particular a qualidade microbiológica da água,

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tem uma grande influência sobre a saúde. Se não for adequada, pode ocasionar

surtos de doenças e causar sérias epidemias. Os riscos à saúde, associados à água,

podem ser de curto prazo, quando resultam da poluição de água causada por

elementos microbiológicos ou químicos, ou de médio e longo prazos, quando

resultam do consumo regular e contínuo, durante meses ou anos, de água

contaminada com produtos químicos, como certos metais ou pesticidas.

Microorganismos patogênicos não se desenvolvem espontaneamente nos

rios ou outros corpos d’água, sendo aí introduzidos graças à prática do emprego da

água como elemento de lavagem e destino final de resíduos das habitações ou de

áreas contaminadas por excrementos de origem humana. Trata-se, pois, de um

círculo vicioso, em que os organismos patogênicos são introduzidos nos mananciais

a partir de pessoas portadoras de doenças entéricas, retornam ao ambiente

domiciliar através da captação desta água, contaminando populações saudáveis

(BRANCO, 2002).

Segundo a RESOLUÇÃO 357/05 do CONAMA (CONSELHO NACIONAL

DO MEIO AMBIENTE), ANEXO A, as águas doces podem ser classificadas em

diversas classes, cada uma destas possuindo destinações diferentes, conforme

apresentado a seguir:

Classe especial – ausência de coliformes totais e termotolerantes. A água

pode ser destinada ao abastecimento e consumo humano após utilização de

métodos de desinfecção.

Classe 1 - As águas desta classe podem ser destinadas ao consumo

humano após tratamento simplificado.

Classe 2 - Estas águas podem ser utilizadas para consumo humano após

tratamento convencional.

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Classe 3 - Estas águas podem ser utilizadas para consumo humano após

tratamento convencional ou avançado.

Classe 4 –Estas águas não são destinadas ao consumo humano, somente

para navegação e harmonia paisagística.

2.2.1 Doenças Causadas por Elementos Microbiológicos

A grande maioria dos microorganismos presentes na água é originária do

solo. Uma parte considerável é constituída por espécies nitrificadoras e fixadoras de

nitrogênio envolvidas no ciclo de decomposição da matéria orgânica, como por

exemplo, os gêneros Nitrossomonas, Nitrobacter, Rhizobium entre outros. Outras

espécies dos gêneros Micrococus e Serratia tem seu habitat no solo. Todas estas

bactérias são saprófitas e não constituem perigo à saúde (SOARES, 1999).

Dentre os principais organismos patogênicos, os que podem ser

encontrados em amostras de água e portanto sendo de interesse são: Salmonella

typhi, Shigella spp, Giardia lamblia, Vibrio cholerae, Entamoeba histolytica, Virus da

hepatite tipos A e B, e Escherichia coli (SOARES, 1999).

Devido às baixas concentrações em amostras de água, a detecção de

agentes patogênicos, principalmente bactérias, protozoários e vírus, é de extrema

dificuldade. A determinação da potencialidade de um corpo d'água ser portador de

agentes causadores de doenças pode, portanto, ser feita de forma indireta, pela

pesquisa de organismos indicadores de contaminação fecal do grupo dos coliformes

(SOARES, 1999).

É amplamente conhecido que as fezes do homem e de animais de sangue

quente são ricas em coliformes e que estas bactérias existem em águas não

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poluídas em número reduzido. De forma prática, o perigo de transmissão de doença

infecciosa pelas águas refere-se à doenças infecciosas intestinais. Sabendo-se que

as fezes de todas as pessoas e animais de sangue quente possuem uma grande

quantidade de bactérias do grupo coliforme, a presença das mesmas significa a

possibilidade da ocorrência de patogênicos, dada a provável existência de pessoas

doentes ou portadoras em meio à população contaminando aquele ambiente (APHA,

1992).

O grupo coliforme consiste de bacilos Gram-negativos, anaeróbios

facultativos, não esporulados, que fermentam lactose formando ácido e gás em 24 –

48 h em meio líquido ou sólido na faixa de 32 – 35 ºC (PELCZAR, 1996; TORTORA,

2005).

O grupo coliforme compreende dois gêneros, Escherichia e Aerobacter.

Mais comumente refere-se às espécies Escherichia coli, E. freundii, E. intermedium,

Aerobacter aerogenes e A. cloacae, sendo mais importante das bactérias coliformes

a Escherichia coli. Os coliformes podem existir nas fezes na proporção de até 300

milhões por grama de material. A utilização do método de determinação de

coliformes como indicador de poluição fecal em água, deve-se ao fato de o número

de coliformes presentes na água apresentar, com o passar do tempo, decréscimo

praticamente igual ao decréscimo do número de bactérias intestinais patogênicas. O

coeficiente de mortalidade é, então, praticamente igual para a E. coli quanto para as

bactérias patogênicas. Outros membros do grupo coliforme, como o A. aerogenes,

têm uma resistência um pouco maior, a taxa de mortalidade é, então, um pouco

menor. De forma geral, a taxa de mortalidade de coliformes é semelhante a taxa de

mortalidade das bactérias patogênicas (BATALHA, 1993).

A E. coli é uma bactéria de vida intestinal, portanto a sua presença indica

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certamente contaminação fecal, enquanto as outras bactérias do grupo coliforme

podem ser originárias do meio intestinal, do solo ou até de certos vegetais.

Apresença, portanto, de um coliforme na água que não a bactéria E. coli sempre

deixará dúvida sobre o caráter fecal ou não da poluição (APHA, 1992).

De forma geral, a E. coli é uma bactéria que habita o meio intestinal sem

causar danos, de forma comensal. Divide-se, sorologicamente, em grupos e os

grupos em tipos. De todos os tipos sorológicos, alguns podem ser patogênicos para

o homem, provocando gastroenterites ou outras infecções. Fazem parte do grupo

denominado diarreiogênico e são as seguintes:

Escherichia coli ENTEROINVASIVA (EIEC): as cepas enteroinvasivas,

dividem-se em vários sorogrupos. A Escherichia coli enteroinvasiva produz doença

inflamatória da mucosa intestinal e da submucosa com um quadro de diarréia

líquida, dor abdominal severa, vômitos, tenesmo, cefaléia, febre, calafrios e mal-

estar generalizado, semelhante ao produzido pela Shigella.

Escherichia coli ENTEROPATOGÊNICA (EPEC): Pertencem ao sorogrupo

epidemiologicamente implicado como patogênico com mecanismos de virulência não

relacionados à excreção de enterotoxinas típicas de E. coli. Reservatórios e

prevalência de EPEC são controversas porque surtos por alimentos devido a ela são

esporádicos. A sua transmissão pode ser fecal-oral, mãos, objetos e alimentos

contaminados com fezes. Segundo Trabulsi (2004), estudos têm demonstrado que

as EPEC típicas têm como reservatório somente o homem. A doença associada à E.

coli enteropatogênica (EPEC) é a conhecida diarréia infantil (TRABULSI, 2004).

E. coli ENTEROTOXIGÊNICA (ETEC): Causa freqüentemente diarréia em

crianças em países menos desenvolvidos e em visitantes de países industrializados

às áreas menos desenvolvidas. (TRABULSI, 2004).

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Escherichia coli ENTEROHEMORRÁGICA (EHEC): No grupo das

enterohemorrágicas (EHEC), a E. coli O157:H7 é o sorotipo mais comum e mais

estudado (TRABULSI, 2004).

E. coli ENTEROAGREGATIVA (EAEC). Em alguns estudos em países em

desenvolvimento, encontrou-se uma associação entre a diarréia persistente, ou seja,

com duração igual ou superior a 14 dias e a EAEC. Não existe comprovação da

água como veiculo da EAEC (TRABULSI, 2004).

2.3 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA

Para a avaliação de potabilidade da água, a análise microbiológica

realizada deve ser baseada na identificação dos microorganismos indicadores de

contaminação, os coliformes. A análise microbiológica não deve ser baseada na

identificação de microorganismos patogênicos devido a suas baixas condições de

sobrevivência e a baixa concentração destes quando presentes na amostra, além da

especificidade dos métodos de identificação necessários para cada microorganismo.

(PELCZAR, 1996).

A presença dos microrganismos denominados indicadores demonstra a

possibilidade da contaminação por microorganismos patogênicos, fezes humanas

e/ ou de outros animais homeotérmicos, não constituindo, os indicadores, um risco

propriamente dito à saúde pública (TORTORA, 2005).

O exame bacteriológico padrão da água é realizado de acordo com a

Associação Americana da Saúde Pública - APHA. A coleta da água é um fator

decisivo para determinação confiável dos resultados. A vidraria utilizada, a forma de

transporte da amostra, preocupação com a amostragem e a forma correta de coleta

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são elementos que influenciam no resultado final da análise (APHA, 1992).

2.3.1 Exame Bacteriológico

O exame bacteriológico propriamente dito consta de dois processos: a

contagem do número total de bactérias da água e a estimativa do número de

bactérias coliformes.

A contagem tem valor relativo, pois fornece apenas uma idéia geral da

qualidade da água. É de interesse dentro de um sistema de tratamento de águas,

onde se espera uma redução do número total de bactérias a cada etapa do

tratamento (CETESB,1974).

A pesquisa de coliformes tem um valor maior, pois evidencia a presença

dos indicadores de contaminação fecal. A pesquisa clássica é realizada por meio da

técnica de fermentação em tubos múltiplos e se realiza em etapas: prova de

presunção, prova de confirmação e prova completa.

Prova de presunção: A operação inicial consiste na inoculação de volumes

apropriados de água em seu estado natural ou diluições da mesma em meio

contendo lactose. Os coliformes, além de outros microorganismos, têm a

propriedade de fermentar a lactose com a produção de gás, de maneira que, se a

bactéria estiver presente, haverá fermentação da lactose com formação de gás, que

será evidenciado pelo recolhimento do mesmo no tubo de Durhan. Não é uma prova

conclusiva, pois outros organismos têm a propriedade de fermentar a lactose, porém

é indicativo que a análise deve ser continuada para confirmar ou não a presença do

microorganismo (PELCZAR, 1996).

Prova de confirmação: Do tubo positivo na prova de presunção inocula-se

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para um meio sólido como o Agar Eosina azul de metileno (EAM) ou para meio

líquido como o Caldo lactose bile verde brilhante (VB). Caso seja utilizado o caldo

verde brilhante deve aparecer formação de gás no tubo de Durhan.

Na prova completa semeia-se a partir do tubo positivo. Nesta prova,

realiza-se a semeadura na superfície de agar eosina – azul de metileno em placas

de Petri. Após a incubação a 35°C por 24 h, considera-se a prova positiva, quando

se desenvolvem colônias com as características das de coliformes, ou seja,

totalmente negras, chatas, com brilho metálico ou claras, convexas, mucóides e com

centro negro e determina-se o número mais provável (NMP) de coliformes por 100

ml de água, usando-se a TABELA de Hoskins (CETESB, 1974).

Muitas vezes, nas Estações de Tratamento de Água (ETA), o exame de

água é feito somente até a prova de confirmação, não se chegando, como medida

de rotina, a fazer a prova completa. Neste caso é melhor utilizar o meio líquido na

prova de confirmação. Na realidade este procedimento torna-se mais restritivo no

controle, pois o gás produzido no caldo verde brilhante pode ser produzido por outra

bactéria, porém o resultado é considerado como sendo coliforme (CETESB, 1974).

A utilização deste método já provém de bastante tempo e já em 1973 Mara

realizou testes comparativos entre os métodos de determinação comumente

utilizados, demonstrando a preferência pela técnica NMP quando comparada em

relação ao tempo gasto e aos custos do material utilizado.

Já Lavoie (1983) realizou estudos para melhor caracterizar os grupos

denominados de coliformes totais (CT) e coliformes termotolerantes (CF) e avaliar a

utilização de ambos os grupos como indicadores de contaminação fecal. A avaliação

resultou na escolha dos coliformes termotolerantes como melhor indicador, já que a

grupo de coliformes totais nem sempre possui microorganismos provenientes de

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material fecal.

Quanto ao tempo de armazenagem das amostras após a coleta e a

temperatura de armazenagem, McDaniels (1985) realizou análises com amostras

pré-determinadas, armazenadas a temperaturas de 5 a 22o C com tempos de

análise variando de zero a 48 h. O autor recomenda que as amostras de água sejam

analisadas o mais rápido possível e, na necessidade de armazenamento, que seja

feito à temperatura de 5o C.

Rice, em 1989, avaliou a sensibilidade dos testes rápidos de presença –

ausência para detecção de coliformes, concluindo que os mesmos são tão sensíveis

quanto os testes tradicionalmente utilizados, podendo ser utilizado quando há a

necessidade de resultados rápidos com a mesma precisão. No mesmo ano, Baleux

investigou no rio Ardeche, na França, a porcentagem de E. coli presente em

amostras isoladas e identificadas como coliformes fecais. Todas foram identificadas

como enterobacterias e 70,8% destas como sendo E. coli . Já na determinação de

coliformes totais, 24,5% foram identificadas como enterobactérias.

Um comparativo entre a pesquisa de coliformes totais, coliformes

termotolerantes e E. coli demonstra as vantagens de se ter como escolha para

indicador de poluição fecal a presença de E. coli , visto que a mesma, em

comparação com os outros coliformes possui um tempo de sobrevivência menor na

água dos rios. Este tempo menor indica que a contaminação, quando da presença

da E. coli é uma contaminação recente (BAUDISOVA, 1997).

Em 1999, Elmund realizou testes comparativos entre a pesquisa de

coliformes totais, coliformes termotolerantes e E. coli em sistemas de tratamento de

água para determinar o método com maior grau de segurança para a população.

Concluiu que, com auxílio de métodos diretos para pesquisa da E. coli, é muito mais

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seguro realizar o teste direto que meios indiretos de análise.

A utilização da determinação de coliformes totais, termotolerantes e da E.

coli como indicador de contaminação fecal em águas tornou-se padrão mundial

como pode ser comprovado por análises realizadas na Europa (HAVEMEISTER,

1991), Asia (CHAO, 2003), África (BYAMUKAMA, 2005) e América (BASUALDO,

2001).

No Brasil a preocupação com a poluição bacteriológica de mananciais

pode ser observada quando, em 1984, Lee Liao analisou o estado de poluição dos

rios Anil e Bacanga, na ilha de São Luís, estado do Maranhão, durante um período

de 12 meses, concluindo que os índices bacterianos sofrem variações sazonais,

dependendo das precipitações pluviais.

No ano de 2000, D’Aguila realizou uma avaliação da qualidade da água

para abastecimento público do município de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro,

indicando que, apesar do tratamento adequado, a água que abastece as residências

sofre comprometimentos, tornando-se fonte de contaminação bacteriológica.

No Rio Grande do Sul, no município de Pelotas, a preocupação com a

qualidade da água de consumo da microbacia hidrográfica Arroio Passo do Pilão

levou Mattos (2002) a realizar o controle de qualidade dos poços domésticos

utilizados para consumo humano, obtendo resultados preocupantes quanto à

qualidade da água.

No estado do Paraná, Nogueira (2003) avaliou a qualidade microbiológica

de amostras de água tratada e não-tratada proveniente de comunidades urbanas e

rurais e examinou a relação entre ocorrência de coliformes e a média de temperatura

da água, realizando também uma comparação dos níveis de precipitação pluvial,

durante o período de 1996 a 1999. Observou que mais de 17% da água potável

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tratada continha coliformes sugerindo tratamento insuficiente ou recrescimento,

sendo esta contaminação sazonal. A mesma análise foi realizada na região nordeste

do Rio Grande do Sul, no ano de 2004 por Salvador, revelando que 24,7% das

águas tratadas e 61,7% das águas não tratadas eram impróprias para o consumo

humano.

2.4 DETERMINAÇÃO DO NÍVEL DE RESISTÊNCIA À DROGAS

ANTIMICROBIANAS

Bila (2002), relataram em seu estudo que a presença de fármacos

residuais em águas superficiais pode ser um indicativo de contaminação por esgoto.

A autora relata que há indícios que o desenvolvimento de resistência à antibióticos é

favorecido por baixas concentrações , além de citar sobre o desenvolvimento da

resistência bacteriana a antibióticos utilizados largamente em hospitais.

Estudos demonstram que vários fármacos parecem ser persistentes no

meio ambiente, não sendo completamente removidas nas Estações de tratamento

de Esgoto (ETEs) e resistentes aos processos de tratamento convencional de água.

Pelo fato de serem desenvolvidos para manter suas propriedades químicas e servir

a um propósito terapêutico, a sua eliminação do meio ambiente torna-se difícil

(MEADE-CALLAHAN, 2001.)

O antibiograma é uma prova de sensibilidade aos antimicrobianos que se

utiliza para alguns grupos de bactérias, sendo indicado para qualquer

microorganismo estreitamente relacionado a processo infeccioso, cuja sensibilidade

a drogas normalmente empregadas na terapia não é previsível. É o caso, entre

outros, das enterobactérias, que sofrem forte pressão seletiva, já que , pela ação da

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droga, ocorre o extermínio das sensíveis e crescimento das bactérias resistentes,

todas parte de uma mesma população bacteriana (RIBEIRO, 1998). As orientações

sobre o antimicrobiano mais adequado para cada grupo de microorganismos são

publicadas e atualizadas anualmente pelo National Committee for Clinical Laboratory

Standards (NCCLS) (OPLUSTIL, 2000).

O antibiograma foi idealizado por Kirby e Bauer (BARBOSA, 1999),

seguindo condições padronizadas quanto a:

• Volume e composição do meio de cultura sólido (geralmente meio

Muller Hinton),

• Concentração da espécie bacteriana a ser determinada a

sensibilidade,

• Concentração dos antimicrobianos,

• Temperatura e tempo de incubação.

Para o teste, discos de papel de filtro são impregnados com concentrações

apropriadas do antibiótico escolhido, que são aplicados sobre meio de cultura recém

semeado com a bactéria a ser testada. Se a bactéria for sensível ao antibiótico, o

seu crescimento será impedido, pois o antibiótico difunde-se pelo meio de cultura,

formando um halo de impedimento de seu crescimento. O halo será proporcional à

velocidade de difusão do antimicrobiano e à sensibilidade do microorganismo. Este,

porém, não é o único parâmetro utilizado para a escolha do antibiótico. Por

comparações do diâmetro do halo com os dados de resistência fornecidos pelo

NCCLS, chega-se ao resultado do teste: Bactéria sensível, moderadamente

resistente ou resistente ao antibiótico (BARBOSA, 1999).

Em 1988, Al – Ghazali monitorou a poluição da água do rio Al – Kahir,

considerado como um curso estreito da água entre duas curvaturas do rio Tigre

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perto da cidade de Bagdá, utilizando-se de E. coli como indicador de poluição. Este

rio é conhecido pelas descargas de material poluente originárias dos despejos

domésticos. Cepas destas bactérias foram testadas frente a antibióticos para

verificar a resistência das mesmas. O estudo demonstrou que o rio se encontrava

contaminado com E. coli resistente a antibióticos.

No ano de 1991, Baldini pesquisou a presença de E. coli resistente a

antibióticos no rio Sauce Chico e no estuário de Bahia Blanca – Argentina. Foram

utilizadas sete drogas antimicrobianas para verificar a resistência das amostras de E

coli isoladas no local. A resistência encontrada mais comum ocorreu para

tetraciclina, sulfamida e estreptomicina. A autora considerou que a análise da

resistência bacteriana da E. coli frente a uma gama de antibióticos pode identificar o

grau de resistência dos contaminantes termotolerantes e demonstrar o uso

indiscriminado dos mesmos.

Em 1999, Wiggins e colaboradores realizaram um estudo para determinar a

confiabilidade e a repetibilidade da análise antibiótica da resistência como um

método de identificar as fontes da poluição fecal nas águas, concluindo que há

repetição dos resultados quando uma amostra é comparada com um padrão de

mesma origem. Os padrões analisados foram isolados de quatro grupos: fezes de

gado bovino, fezes de frangos e perus, água de esgoto doméstico e água corrente

proveniente de ambiente selvagem. Os antibióticos utilizados foram: amoxacilina,

ampicilina, clortetraciclina, eritromicina , gentamicina , oxitetraciclina, estreptomicina,

tetraciclina e vancomicina. A análise foi realizada com o intuito de classificar o

comportamento dos antibióticos frente a cada um dos quatro padrões, para que, ao

se comparar com uma amostra de origem desconhecida, possa-se determinar se

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esta amostra é originária de fezes de gado bovino, fezes de frangos e perus, água

de esgoto doméstico ou água corrente selvagem.

Também no ano de 1999, Hagedorn e colaboradores classificaram os tipos de

coliformes provenientes de seres humanos e animais e compararam com amostras

provenientes de mananciais da região da Virginia, conseguindo classificar

corretamente a procedência dos coliformes isolados, com a utilização de

clortetraciclina, eritromicina, neomicina, oxitetraciclina, estreptomicina e tetraciclina,

cloranfenicol, amoxacilina, rifampicina, e vancomicina como antibióticos para testar

resistência. Todas as amostras provenientes de mananciais da região apresentaram

resultados positivos para poluição fecal de origem não humana, sendo a criação de

gado a responsável pelas taxas de poluição encontradas.

No ano de 2002, Harwood realizou testes de resistência de coliformes

termotolerantes a padrões de antibióticos, utilizando-se de amostras de esgotos

domésticos, fezes humanas e fezes animais, relacionando os padrões de resistência

a cada um dos grupos de amostra. Os antibióticos utilizados foram: amoxicilina,

ampicilina, cefalotina, clortetraciclina, oxitetraciclina, tetraciclina, eritromicina,

streptomicina, e vancomicina. A taxa média de acerto pela comparação de amostras

chegou a 63%.

Em 2004, Webster analisou a resistência bacteriana a antibióticos no

estuário da Carolina do Sul, pesquisando em 3 regiões distintas em relação à

ocupação humana: o primeiro ponto em área urbanizada, o segundo ponto em uma

encosta com desenvolvimento humano e um terceiro ponto em uma encosta sem

desenvolvimento humano. Os resultados demonstraram a presença de E. coli em

todos os pontos. O primeiro ponto apresentou um número maior de bactérias com

resistência múltipla a antibióticos que nos pontos 2 e 3. A análise identificou a

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resistência de E. coli a 10 antibióticos, sendo eles a ampicilina, a clortetraciclina,

kanamicina, acido nalidixico, neomicina, sulfatiazol, oxitetraciclina, tetraciclina,

streptomicina, e penicilina G. O estudo demonstrou que no ambiente selvagem

houve o aparecimento de resistência a um antibiótico (resistência simples), porém na

área urbanizada ocorreram casos de resistência múltipla a antibióticos,

principalmente frente a clortetraciclina, oxitetraciclina e tetraciclina. O autor analisou

o índice de resistência antibiótica (IRA) a 10 antibióticos. Estes índices foram

calculados para cada amostra isoladamente e para cada local de amostragem. Os

IRAs indicaram que havia uma tendência à resistência a antibióticos maior quanto

maior o índice de urbanização do local.

2.5 BACIAS HIDROGRÁFICAS DO PARANÁ

A qualidade da água no Paraná não é homogênea e está associada ao uso

do solo e aos impactos, muitas vezes severos e intensos, provocados por ações

antrópicas. Os rios no interior do estado tendem a ter boa qualidade, porém nas

áreas de maior ocupação urbana apresentam alterações significativas na qualidade

das águas (SEMA, 2006).

Segundo a SEMA (2006) – Secretaria de Estado do Meio Ambiente e

Recursos Hídricos, de acordo com a Resolução 024/2006, a Bacia Hidrográfica do

Paraná é uma importante unidade físico-territorial, que pode contribuir ao processo

de evolução e aperfeiçoamento da gestão ambiental e dos recursos hídricos

paranaenses (SEMA, 2006).

O Paraná possui 16 Bacias Hidrográficas que drenam para a Bacia do Rio

Paraná e para a Litorânea, apresentando características importantes para a gestão

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das águas superficiais e subterrâneas e suas relações com o solo, cobertura vegetal

e biodiversidade. Compartilha, ainda, bacia com São Paulo e Santa Catarina e

possui importantes águas transfronteiriças com o Paraguai e Argentina, conforme

FIGURA 1, (SEMA, 2006).

FIGURA 1 – Mapa Hidrográfico do Estado do Paraná

FONTE: SEMA, 2006

A bacia hidrográfica do rio Iguaçu possui uma área total de 55.024 km2 e

1.275 km de extensão, cortando o estado do Paraná de leste a oeste. A qualidade

da água é monitorada em 68 pontos localizados na Bacia do Alto Iguaçu (Região

Metropolitana de Curitiba) e em 28 pontos localizados no interior do estado (SEMA,

2006).

O uso mais importante da bacia do Iguaçu é para o abastecimento público.

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Na área metropolitana, existem três captações de porte nos rios Irai, Iguaçu e

Passaúna, além de outras menores. No interior do estado vários cursos d’água são

utilizados como mananciais (SEMA, 2006).

Segundo as estimativas do censo de 2006 do Instituto Brasileiro de Geografia

e Estatística (IBGE), a Região Metropolitana de Curitiba possui população de

3.261.168 habitantes, sendo o Reservatório do Passaúna responsável pelo

abastecimento de 22% desta população. A capacidade operacional deste sistema

de abastecimento varia entre 1300 a 2000 L/s (AISSE,1990).

No Paraná, de acordo com portarias estaduais e em consonância com a

Resolução CONAMA no 357/05, os rios foram enquadrados em classes, em função

da qualidade de suas águas. Os rios da bacia do Iguaçu estão enquadrados na

classe 2, com exceção dos rios dentro da área de tombamento da serra do mar, rio

Capitanduva e seus afluentes e rio dos Papagaios até a BR – 37, que estão

enquadrados na classe especial. Incluídos na classe 1 estão os rios situados no

Parque Nacional do Iguaçu e outros situados no interior do estado. Estão

enquadrados na classe 3 somente o Rio Belém a jusante do Bosque João Paulo II,

rio Barigui, a jusante do parque Barigui e rio Cambuí, a jusante da BR-277 (SEMA,

2006).

2.6 SUB - BACIA DO RIO PASSAÚNA

A sub-bacia do rio Passaúna está localizada na região oeste da Região

Metropolitana de Curitiba. O rio Passaúna é afluente da margem direita do rio

Iguaçu, nascendo entre as serras Bocaina e São Luis do Purunã, a uma altitude de

1.040 m e está compreendido entre os meridianos 25o 18’ 30” e 25o 35’ 00” de

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Latitude Sul e 49o 19’ 30” e 49o 31’ 30” de Longitude Oeste. No seu percurso em

direção ao rio Iguaçu atravessa os municípios de Almirante Tamandaré, Campo

Magro, Curitiba, Campo Largo e Araucária (AISSE,1990).

A sub-bacia do Passaúna é formada por um conjunto de rios tributários,

sendo que na margem direita encontram-se os rios Juriqui, Cachoeirinha, Cachoeira,

Ferraria, Sem Nome e Taquarova, enquanto na margem esquerda não apresenta

afluentes significativos. O rio Passaúna possui largura média de 3,0 m e

profundidade média de 2,0 m (DIAS, 1997). A área da bacia hidrográfica do

Passaúna, até o local da barragem (concluída no final da década de 80),

corresponde a 145 km2 e é protegida por uma Área de Proteção Ambiental (APA),

criada em 1991, e que envolve parte dos municípios de Almirante Tamandaré,

Campo Magro, Curitiba, Campo Largo e Araucária, Figura 2.

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FIGURA 2 – Áreas De Proteção Ambiental - RMC

FONTE: IPPUC, 2007

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De acordo com Sauniti (2004), o tipo climático desta área é o denominado

mesotérmico úmido, sem estação seca e com temperatura média mínima e máxima

de 14,5 oC e de 20,5 o C respectivamente, com temperatura média de 17,5 oC. A

média anual de umidade relativa do ar é de 64%. As precipitações médias

observadas na estação Juruqui estão abaixo das precipitações consideradas típicas

para a região, que estão em torno de 122 mm para os meses mais secos e 336 mm

para os meses mais chuvosos. Apesar desta diferença, a sazonalidade é mantida,

com índices pluviométricos mais elevados nos meses de janeiro e fevereiro,

enquanto nos meses de abril e maio os níveis são os mais baixos (XAVIER, 2005).

Segundo Sauniti (2004), aproximadamente 70% da área da sub-bacia do

Passaúna é formada pelo Complexo Gnáissico-Migmatítico e Grupo Açungui, rochas

intrusivas e sedimentos quaternários, com relevo fortemente ondulado formado por

morros, colinas e outeiros, altimetricamente variando de 875 m a 1.050 m. Na região

encontram-se tipologias vegetais primárias e secundárias consideradas tipícas do

planalto meridional, encontrando-se Floresta Ombrófila mista (com presença de

Araucaria angustifolia) em regiões de geologia mais antiga e estepe gramineo-

lenhosa em áreas aluviais mais recentes do vale do rio Passaúna. As florestas com

pinheiros tiveram o esgotamento do potencial produtivo a partir da década de 60.

Já nesta época, havia a presença de pequenas propriedades produtoras de

alimentos, especialmente batatas. Existe até os dias atuais um sistema rotacional de

culturas (batata, milho e feijão), que depende das condições climáticas e valor de

mercado do produto. Segundo Dias (1987), no período compreendido entre os

meses de junho e julho ocorre a aplicação aproximada de 150 a 300 Kg por hectare

de uréia para fertilização do solo, valor que varia dependendo se o cultivo é de feijão

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ou de milho. Quando é realizado o cultivo da batata nos meses de agosto a outubro,

são utilizados, aproximadamente, 100 kg por hectare de NPK.

Quanto à ocupação urbana, segundo Xavier (2005), a população da bacia do

Passaúna neste ano era de aproximadamente 57.248 habitantes, distribuída em

loteamentos aprovados, sendo 70% destes localizados no município de Curitiba,

16% no município de Campo Largo, 9% em Campo Magro e 4% em Araucária. Estes

loteamentos podem ainda contribuir para o aumento no adensamento populacional.

Ainda de acordo com este autor, além dos loteamentos aprovados existem vários

loteamentos irregulares, principalmente na região de Curitiba, que abrigam

aproximadamente 3.000 famílias. No ano de 2006, existiam 26 assentamentos na

sub-bacia do Passaúna, 14 deles em Áreas de Preservação Permanente (APP) e os

26 em Área de Preservação Ambiental (APA), segundo dados coletados do IPPUC,

da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e do IBGE (IPPUC, 2007).

Praticamente 100% dos loteamentos existentes na área da bacia

hidrográfica são atendidos com água tratada (IPPUC, 2007). Segundo dados da

SANEPAR (2004), 25,97% dos esgotos gerados na sub-bacia são coletados, sendo

desviados do acumulo no reservatório de Abastecimento do Passaúna. Em toda a

Região Metropolitana de Curitiba existe uma rede de coleta domiciliar de lixo que

atua de maneira satisfatória, porém em regiões mais afastadas e em áreas de

invasão ocorre o descarte de lixo nas vias públicas ou nas margens dos rios,

contribuindo, juntamente com a impermeabilização do solo, para agravar os

problemas de enchentes. Na região de Campo Magro pode-se ainda citar a

presença de suinocultura de médio porte, cujos afluentes não são tratados de forma

adequada, constituindo-se desta forma, mais uma fonte de poluição para os corpos

d’água (XAVIER, 2005).

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Praticamente toda a área do rio Passaúna é transposta por rodovias, como a

BR 277, Estrada do Cerne e outras, o que determina pressão de ocupação urbana

dos municípios de Curitiba e Campo Largo. Já no ano de 1991, na 32a ata de

reunião do Conselho Estadual do Meio Ambiente, foram registradas reclamações

sobre a existência de um programa de piscicultura desenvolvido na área pela

Associação de Crédito Rural do Estado do Paraná, sendo que os peixes estavam

sendo alimentados com excrementos de suínos, sendo que a adição de

excrementos estava aumentando o nível de nutrientes na água (SEMA, 2006).

No período compreendido entre 1985 e 1987, o Instituto de Saneamento

Ambiental – ISAM executou análise de 19 parâmetros físico-químicos e 2

parâmetros biológicos, para avaliação das condições do Rio Passaúna, que se

tornaria manancial abastecedor das cidades de Curitiba e Araucária. As avaliações

demonstraram que as amostras de água do Passaúna analisadas no período

encontravam-se dentro dos valores estabelecidos para consumo. (AISSE, 1990).

Em continuidade às análises realizadas pelo ISAM, no ano de 1988 Lesnau

avaliou as fontes de despejo poluentes no manancial do rio Passaúna, concluindo

que as principais fontes de poluição seriam os esgotos domésticos (56%), o aterro

sanitário (24%) e indústrias (20%). Já havia a preocupação com o aumento

populacional futuro e o represamento do rio que poderia provocar alterações no

ecossistema. Sob o ponto de vista biológico, as amostras de água do Passaúna

analisadas no período encontravam-se dentro dos valores estabelecidos para

consumo.

No mesmo ano de 1998, Bagatin aprofundou seu estudo na ação poluente

específica do aterro da Lamenha Pequena sobre o manancial do rio Passaúna,

tendo verificado a ocorrência de problemas como, por exemplo, a presença de

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pontos de fuga de líquidos percolados para o rio e a presença de minas d’água

atravessando o aterro, e contaminação do manancial por metais pesados e fenóis.

No ano de 2005, Xavier analisou de forma comparativa duas bacias

hidrográficas que abastecem a Região Metropolitana de Curitiba, a bacia dos rios

Passaúna e do Irai. Os parâmetros analisados foram a qualidade da água de ambos

os reservatórios e dos tributários, as características geomorfológicas e o uso do solo

nas duas bacias, com a autora analisando e relacionando estes parâmetros para

concluir que ambos encontravam-se bastante impactados, sendo que o reservatório

do Irai estava em pior situação que o Passaúna. A autora relata que análises foram

realizadas na estação do rio Passaúna, próximo à ponte da BR 277, indicaram que

durante a ano de 2005, em relação à contaminação microbiológica, o valor mínimo

encontrado foi de 300 e o valor máximo foi de 110.000 NMP/100 mL de coliformes

termotolerantes.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 LOCAIS DAS COLETAS

As coletas de amostras de água bruta foram realizadas no período de 13

de março de 2006 a 05 de fevereiro de 2007, para a determinação do número mais

provável de coliformes/100 mL em 5 pontos distintos do rio Passaúna, Curitiba,

englobando as regiões da Lamenha Pequena e Campo Magro e da região do

reservatório do Passaúna . Para realização dos antibiogramas, as análises foram

iniciadas em 24 de junho de 2006 e encerradas em 05 de fevereiro de 2007. As

coletas foram realizadas inicialmente de forma quinzenal e posteriormente de forma

mensal, sendo realizadas sempre se utilizando os mesmos procedimentos de coleta

e sempre no mesmo horário pré estabelecido. Os pontos de coleta podem ser

observados na FIGURA 3.

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FIGURA 3 – Identificação Dos Pontos De Coleta

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Os pontos de coleta possuem diferentes características como pode ser

visto a seguir:

Ponto 1: situado na região da Lamenha Pequena, em região rural, com

pouca interferência antrópica. É um ponto que, esporadicamente é utilizado como

local para pesca esportiva, Figura 4. Está compreendido entre os meridianos 25o 21’

9,18” de Latitude Sul e 49o 20’ 18,10” de Longitude Oeste.

FIGURA 4 – Ponto de Coleta No 1

FONTE: ARQUIVO PESSOAL, 2007

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Ponto 2: Situado a jusante do Aterro Sanitário da Lamenha Pequena, com

presença de algumas poucas habitações à margem do rio e suinocultura de

pequeno porte, Figura 5. Está compreendido entre os meridianos 25o 21’ 2,12” de

Latitude Sul e 49o 20’ 16,77” de Longitude Oeste.

FIGURA 5 – Ponto de Coleta No 2

FONTE: ARQUIVO PESSOAL, 2007

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Ponto 3: Próximo à estrada do Cerne, sendo um local com alta

concentração populacional, com presença visível de moradias à beira do rio,

presença de industrias e estabelecimentos comerciais, Figura 6. Está compreendido

entre os meridianos 25o 23’ 8,88” de Latitude Sul e 49o 21’ 38,23” de Longitude

Oeste.

FIGURA 6 – Ponto de Coleta No 3 FONTE: ARQUIVO PESSOAL, 2007

Ponto 4: Próximo à ponte da BR 277 que cruza o rio Passaúna, em região

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rural, com poucas habitações ao entorno do rio, Figura 7. Está compreendido entre

os meridianos 25o 25’ 39,00” de Latitude Sul e 49o 23’ 19,90” de Longitude Oeste.

FIGURA 7 – Ponto de Coleta No 4 FONTE: ARQUIVO PESSOAL, 2007

Ponto 5: Próximo à entrada do Reservatório do Passaúna, Figura 8. Está

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compreendido entre os meridianos 25o 27’ 22,25” de Latitude Sul e 49o 22’ 55,56”

de Longitude Oeste.

FIGURA 8 – Ponto de Coleta No 5 FONTE: ARQUIVO PESSOAL, 2007

3.2 COLETAS DAS AMOSTRAS

Foram coletadas amostras de água com volumes de 1 L para cada ponto

escolhido. Os frascos utilizados são de vidro neutro, convenientemente lavados e

esterilizados por autoclavagem , por um período de 15 minutos a 121oC e abertos

somente na hora da coleta. Cada amostra foi coletada em local com correnteza,

com o frasco aproximadamente a 15 cm da superfície, com a abertura do frasco

contra o sentido da correnteza. O volume de água coletada deve ser de

aproximadamente 4/5 da capacidade total do frasco, a fim de ser possível uma

agitação correta.

3.3 TRANSPORTE DAS AMOSTRAS

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As amostras foram transportadas até o laboratório de análise em caixas de

isopor com gelo sob baixa temperatura. Assim que as amostras chegavam ao

laboratório as análises foram iniciadas, permanecendo as amostras em temperatura

reduzida por não mais que três horas até sua utilização .

3.4 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA

3.4.1 Técnica do Número Mais Provável (NMP)

• NMP de coliformes totais/100 mL.

A determinação do Número Mais Provável (NMP) de coliformes em uma

amostra é efetuada a partir de aplicação da técnica de tubos múltiplos. Consiste na

inoculação de volumes decrescentes da amostra em meio de cultura adequado ao

crescimento dos microrganismos pesquisados, sendo cada volume inoculado em

uma série de tubos. Por sucessivas diluições da amostra, são obtidos inóculos, cuja

semeadura fornece resultados negativos em pelo menos um tubo da série em que

os mesmos foram inoculados e a combinação de resultados positivos e negativos

permite a obtenção de uma estimativa da densidade das bactérias pesquisadas,

através da aplicação de cálculos de probabilidade. Para análises de águas, tem sido

utilizado preferencialmente o fator 10 de diluição, sendo inoculados múltiplos e

submúltiplos de 1 mL da amostra, usando séries de 5 tubos para cada volume a ser

inoculado.

As amostras diluídas para a contagem total de bactérias foram semeadas

em caldo lactosado simples. Os tubos que apresentaram produção de gás foram

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considerados positivos e a cultura foi utilizada para a realização de testes

confirmativos. Esta análise foi realizada em caldo lactosado-bile verde brilhante, a

2%, onde, também, verificou-se a produção de gás. O NMP de coliformes por cem

mililitros foi determinado pela quantidade de tubos positivos, relacionados em

TABELAs disponibilizadas pela Associação Americana de Saúde Pública (APHA,

1992).

• NMP de coliformes termotolerantes/100mL.

Os tubos considerados positivos em caldo lactosado simples foram

semeados em caldo de EC, que é um meio de cultura específico para o crescimento

de Escherichia coli. Em seguida, foram incubados em banho-maria a 44,5°C, por um

intervalo de 18 a 22 horas, onde verificou-se, mais uma vez, a produção de gás.

Todos os tubos de EC com desenvolvimento foram observados sob luz ultravioleta

(l=365nm) numa cabine escura, considerando-se positivos para E. coli os que

apresentaram fluorescência azul. O NMP de coliformes por cem mililitros foi

determinado pela quantidade de tubos positivos, relacionados em TABELAs

disponibilizadas pela Associação Americana da Saúde Pública (APHA, 1992). Uma

alça do material de cada um desses tubos, foi semeada em Ágar Eosina Azul de

Metileno (EMB) para obtenção de colônias isoladas e após incubação a 37°C/24

horas; as colônias típicas foram submetidas a testes de triagem - oxidase (-),

motilidade (+), ornitina (-), VP (+), citrato (-) VM (+), sendo estas provas bioquímicas

utilizadas para classificar bactérias de acordo com as características de reação de

cada bactéria frente aos substratos oferecidos.

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3.4.2 Antibiograma

3.4.2.1 Preparo das placas com meio de cultura

O meio de ágar Muller-Hinton, inicialmente fundido, preparado e

esterilizado, foi resfriado a 45-50oC sobre uma superfície nivelada, e derramado em

placas de Petri a uma profundidade de 4 mm (medida interna).

As placas foram resfriadas com as tampas inclinadas para permitir que o

excesso de umidade evaporasse. Assim que estavam secas foram utilizadas. O pH

do meio solidificado corresponde a valores entre 7,2 e 7,4.

3.4.2.2 Preparo do inoculo

Com o auxilio de um fio bacteriológico tocou-se na superfície de 3 a 4

colônias com a mesma morfologia e suspendendo-se em 3 a 4 mL de solução

fisiológica estéril ou caldo Muller-Hinton. Ao suspender as colônias em meio liquido,

ocorreu turvação do mesmo, tendo sido feita a comparação e o ajuste da turvação

de acordo com padrões preparados de concentrações conhecidas.

3.4.2.3 Inoculação das placas

Procedeu-se a semeadura introduzindo um swab (haste flexível estéril

utilizada para semeadura em meios sólidos) na suspensão ajustada, comprimindo o

swab na parede interna do tubo para retirar o excesso de inóculo e semeando-se na

superfície do ágar em três direções diferentes. As placas foram deixadas em

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temperatura ambiente por no máximo 15 minutos para o inóculo ser absorvido pelo

ágar antes de aplicar os discos de antibiótico.

3.4.2.4 Escolha dos discos de antibiótico

Os antibióticos foram escolhidos de acordo com o tipo de bactéria a ser

pesquisada, conforme trabalhos publicados anteriormente (BALDINI, 1991;

WIGGINS, 1999; HAGEDORN, 1999; HARWOOD, 2002; WEBSTER, 2004), e

também por intermédio das TABELAs disponibilizadas pelo National Committee for

Clinical Laboratory Standards (NCCLS, 2006).

3.4.2.5 Aplicação dos discos e incubação

Foram utilizadas placas com 90 mm de diâmetro, respeitando sempre a

quantidade máxima de 5 discos por placa. A disposição dos discos na placa foi

realizada a fim de evitar que, eventualmente algum antibiótico viesse interagir com

outro proporcionando resultados imprecisos. A colocação dos discos de antibiótico

sempre foi realizada com o auxilio de pinça, pressionando-se levemente a superfície

de cada disco contra o ágar. Respeitou-se sempre o fato de que, uma vez colocado

o disco sobre o ágar, não deve ser removido do local, pois a difusão do antibiótico é

imediata. As placas foram dispostasem estufa a 35oC com tempo de incubação de

18 a 24 horas.

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3.4.2.6 Leitura das placas

As placas de Mueller-Hinton foram lidas sempre sobre superfície escura

com luz posicionada diretamente sobre a placa. Os halos de inibição foram medidos

sempre com a mesma régua e interpretados na categoria sensível, intermediário ou

resistente, de acordo com critérios estabelecidos nas Tabelas do National

Committee for Clinical Laboratory Standards (NCCLS, 2006).

3.4.2 Determinação do Índice de Resistência a Antibióticos (IRA)

A determinação do IRA foi descrita em 2004 por Webster, que demonstrou

que valores encontrados nesta determinação poderiam demonstrar a presença de

resistência simples ou multipla a antibióticos.

Para a identificação do IRA de cada amostra, realizou-se uma relação entre o

número de antibióticos para o qual cada amostra mostrou-se resistente e o número

total de antibióticos testados para cada amostra, conforme demonstrado na equação

de Determinação do IRA por Amostra. Quanto menor o valor resultante, menor a

resistência a antibióticos a amostra possui.

Determinação do IRA por Amostra

IRA = No de antibióticos aos quais a amostra é resistente / No total de antibióticos testados

Para identificação do IRA por ponto de amostragem realizou-se uma relação

entre o número de testes resistentes obtidos em um determinado ponto e o número

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total de testes realizados neste ponto. Quanto menor o valor resultante, menor a

resistência a antibióticos que ocorre este ponto.

Determinação do IRA por Amostra

IRA total = No de testes resistentes em um ponto / No total de testes

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 DETERMINAÇÃO DO NÚMERO MAIS PROVÁVEL DE COLIFORMES

TOTAIS E TERMOTOLERANTES

O Passaúna está enquadrado pela SUREHMA na classe 2, sendo então

destinados ao abastecimento doméstico após tratamento convencional, proteção

das comunidades aquáticas, recreação primária, irrigação de hortaliças e plantas

frutíferas, criação natural e aqüicultura e à atividade de pesca. De acordo com a

classificação realizada pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP), o rio Passaúna é

classificado como de qualidade boa (IAP, 2005).

De acordo com a TABELA 2, que contém os dados referentes a todas as

coletas realizadas no período compreendido entre março de 2006 e fevereiro de

2007, nos cinco pontos pré-estabelecidos, pode-se observar que das 65 coletas

realizadas, 30 das amostras para Coliformes Totais (CT) e 47 das amostras para

Coliformes Termotolerantes (CF) apresentaram valores acima do valor permitido

para o enquadramento da água na classe 2 da Resolução 357/05 do CONAMA, ou

seja, acima de 1.000 NMP/100 mL de CF.

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TABELA 2 – Resultados correspondentes às coletas realizadas no rio Passaúna, em 5 diferentes pontos de amostragem no período compreendido entre março de 2006 e fevereiro de 2007

PONTO 1 PONTO 2 PONTO 3 PONTO 4 PONTO 5 DATA DA COLETA

CT 3.000 30.000 * 30.000 * 90.000 * 1.300 13/03/06 CF 2.300** 7.000** 17.000** 17.000** 170

CT 5.000 5.000 130.000 * 50.000 * 30.000 * 27/03/06 CF 3.000** 5.000** 80.000** 7.000** 5.000**

CT 1.700 5.000 160.000 * 2.400 500 11/04/06 CF 700 5.000** 110.000** 2.400** 500

CT 2.200 7.000 * 17.000 * 11.000 * 300 24/04/06 CF 1.100** 2.800** 3.500** 1.700** 40

CT 700 2.400 50.000 * 7.000 * 700 19/06/06 CF 500 800 17.000** 5.000** 300

CT 1.700 8.000 * 22.000 * 5.000 300 24/07/06 CF 800 8.000** 17.000** 700 40

CT 800 1.300 140.000 * 5.000 140 14/08/06 CF 800 1.300** 90.000** 300 40

CT 2.200 11.000 * 80.000 * 5.000 2.800 11/09/06 CF 230 2.200** 80.000** 1.100** 220

CT 3.000 30.000 * 33.600 * 90.000 * 1.300 23/10/06 CF 2.300** 7.000** 17.000** 17.000** 170

CT 17.000 * 23.000 * 17.000 * 30.000 * 130.000 * 27/11/06 CF 3.500** 23.000** 11.000** 17.000** 130.000**

CT 2800 8000 * 2200 2800 130 11/12/06 CF 2800** 8000** 2200** 1300** 80

CT 5.000 8.000 * 28.000 * 1.700 2.200 08/01/07 CF 1.400** 8.000** 28.000** 1.300** 700

05/02/07 CT 500.000 * 1.600.000 * 500.000 * 500.000 * 8.000 * CF 500.000** 280.000** 500.000** 170.000** 4.000** CT= Coliformes totais (NMP/100ml)

CF= Coliformes termotolerantes (NMP/100ml)

* Valor de coliformes totais acima dos permitidos para o enquadramento na classe 2 da Res. 357/05 do CONAMA ** Valor de coliformes termotolerantes acima dos permitidos para o enquadramento na classe 2 da Res. 357/05 CONAMA

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56

Das 33 amostras para Coliformes Totais com valores acima do permitido

para classe 2, 25 ultrapassam os limites para classe 3, tornando-se classe 4,

imprópria para tratamento e consumo humano. Da mesma forma, dentre as 47

amostras para Coliformes Termotolerantes com valores acima do permitido, 28

ultrapassam os limites para classe 3, GRÁFICO 1.

GRÁFICO 1

Número de amostras classificadas em cada classe da resolução

CONAMA 357/05

Pôde ser verificado na TABELA 2 que, em praticamente todas as análises

ocorreu a existência de um padrão, com valores de Coliformes totais e

termotolerantes mais baixos no ponto 1 e um aumento significativo nos valores dos

pontos 2, 3 e 4, diminuindo os valores novamente no ponto 5. Pode-se verificar que,

no ponto 3 todas as amostras estão fora dos valores para classe 2, conforme a

Resolução 357/05 do CONAMA, como pode ser verificado no GRÁFICO 2 quando

os resultados são demonstrados em porcentagem de casos acima do valor de

referência.

32

10

23

18 19

28

0

5

10

15

20

25

30

35

quan

tidad

e de

cas

os

C T C F

coliformes

classe 2classe 3classe 4

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57

Porcentagem de amostras com valores acima do permitido para classe 2

23,00%

84,60%

61,54%

92,30% 100,00%

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

120,0%

ponto 1 ponto 2 ponto 3 ponto 4 ponto 5

GRÁFICO 2 Porcentagem de amostras classificadas acima da classe 2

conforme a Resolução CONAMA 357/05

Não existe habitações ao redor do ponto 1, podendo demonstrar que a

influência antrópica nestes pontos ainda não é significativa. Porém a grande

porcentagem de amostras classificadas acima da classe 2 pode ser explicada pela

grande presença de animais que pode ser constatada ao redor do rio. No ponto 2, a

presença de algumas habitações sem condições sanitárias adequadas é suficiente

para que mais de 92% das amostras esteja fora das condições ideais. O aumento

excessivo de valores de coliformes totais e termotolerantes no ponto 3 pode ser

devido ao fator de aumento desordenado da população no entorno do rio, conforme

citado por Xavier, (2005) e a quantidade reduzida de residências servidas por

sistema de coleta de esgotos conforme citado por Sanepar (2004),. Em visitas

realizadas neste local, pôde-se perceber uma quantidade grande de materiais

depositados ao redor e no leito do rio, situação característica de áreas com

desenvolvimento desordenado.

No período compreendido entre maio de 1985 e março de 1987, Aisse

(1990) realizou coletas periódicas nos mesmos pontos hoje avaliados, levando em

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58

conta a presença do Aterro Sanitário da Lamenha Pequena e avaliando a influência

do mesmo sobre a qualidade da água do rio. Durante o período de análise foram

encontrados valores médios mínimos para CT de 5 NMP/100 mL e máximos de 24 x

106 NMP/100 mL. Para CF os valores médios mínimos encontrados foram de zero e

máximos de 280.000 NMP/100 mL. Apesar da ocorrência esporádica de valores

altos de CT e CF, a qualidade do rio foi determinada como adequada para consumo

e utilização, sob o ponto de vista biológico - classe 2. O autor não faz referência à

presença antrópica no entorno do rio quando cita o ponto 3, mas os valores médios

de CF encontrados durante o período (mínimo de 12 e máximo de 12.000 NMP/100

mL) nos leva a crer que a população ao redor do ponto 3 deveria ser bem menor em

relação à realidade atual, a ponto de não causar grandes influências quanto à

qualidade da água do rio. Ao realizar comparação com os valores obtidos

atualmente, pode-se perceber que houve mudanças significativas no perfil do

Passaúna, já que a qualidade de certos pontos do rio já não pode ser considerada

como adequada ao consumo após tratamento convencional e utilização, podendo

ser somente utilizada para navegação.

Durante o período compreendido entre 1993 e 2004, Xavier (2005) cita que

análises foram realizadas na estação do rio Passaúna, próximo à ponte da BR 277,

local correspondente ao ponto 4, indicando que durante este período o valor mínimo

encontrado foi de 300 e o valor máximo foi de 110.000 NMP/100 mL de CF, contra

valores mínimos de 12 e máximos de 17.000 NMP/100 mL encontrados

anteriormente por AISSE (1990). Os resultados encontrados por Xavier (2005)

correspondem a valores de até 140.000 NMP/100 mL de CF. No presente trabalho

encontrou-se valores que variam de 300 no mínimo e máximo de 170.000 NMP/100

mL de CF. Em posse destes dados, pode-se verificar que está ocorrendo um

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59

aumento expressivo nas concentrações de coliformes termotolerantes, havendo uma

tendência em ocorrer a mesma situação em outros pontos do rio.

A ocorrência da diminuição significativa da concentração de Coliformes

totais e termotolerantes no ponto 5 pode ser devido ao fato de ocorrer diluição do

volume de água, já que ocorre a junção da água proveniente do rio Cachoeirinha e

outros afluentes menores que, segundo Xavier (2005), são rios que contém poluição

menos significativa. Outro fator que pode influenciar a diminuição dos valores é

referente à incidência e a exposição dos coliformes à radiação solar, talvez

aumentando o efeito deletério da radiação solar intensa sobre a E. coli, como

relatado por Amaral (2004).

4.2 INFLUÊNCIA DA SAZONALIDADE NA VARIAÇÃO DO NÚMERO MAIS

PROVÁVEL DE COLIFORMES TOTAIS E TERMOTOLERANTES

Quanto às análises realizadas durante o período, ao se analisar de forma

isolada cada um dos pontos verificou-se uma curva resultante semelhante, ou seja,

uma curva que se repete de forma semelhante em todos os pontos devido à

influência da sazonalidade, conforme GRÁFICOs 3 a 7.

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60

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

7.000

fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan

COLIFORMES TOTAIS (NMP/100ml)Ponto 1

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan

COLIFORMES TERMOTOLERANTES(NMP/100ml)Ponto 1

GRÁFICO 3 – Curvas de Tendência representadas para Coliformes Totais e

Termotolerantes; Ponto 1 de análise.

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61

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan

COLIFORMES TOTAIS (NMP/100ml)Ponto 2

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan

COLIFORMES TERMOTOLERANTES(NMP/100ml)Ponto 2

GRÁFICO 4 – Curvas de Tendência representadas para Coliformes Totais e

Termotolerantes; Ponto 2 de análise.

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62

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev

COLIFORMES TOTAIS (NMP/100ml)Ponto 3

-100.000

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

1a 2a 3a 4a 5a 6a 7a 8a 9a 10a 11a 12a 13a

COLIFORMES TERMOTOLERANTES(NMP/100ml)Ponto 3

GRÁFICO 5 – Curvas de Tendência representadas para Coliformes Totais e

Termotolerantes; Ponto 3 de análise.

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63

-100.000

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev

COLIFORMES TOTAIS (NMP/100ml)Ponto 4

-50.000

0

50.000

100.000

150.000

200.000

fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev

COLIFORMES TERMOTOLERANTES(NMP/100ml)Ponto 4

GRÁFICO 6 – Curvas de Tendência representadas para Coliformes Totais e

Termotolerantes; Ponto 4 de análise.

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64

-5.000

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan

COLIFORMES TOTAIS (NMP/100ml)Ponto 5

-1.000

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan

COLIFORMES TERMOTOLERANTES(NMP/100ml)Ponto 5

GRÁFICO 7 – Curvas de Tendência representadas para Coliformes Totais e

Termotolerantes; Ponto 5 de análise.

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65

Observou-se um comportamento distinto quanto às épocas de chuva e de

seca. Em meses com maior índice de precipitação pluviométrica, ocorreu o aumento

dos níveis de CT e CF, provavelmente pelo escoamento de material proveniente das

margens e pelo escoamento de material proveniente da incapacidade de captação

dos esgotos, podendo ocorrer o arraste de material para o leito do rio, através de

enxurradas. Deve-se considerar, também, as características pedológicas da região,

como já descrito por Sauniti (2004), com relevo fortemente ondulado, inclinação de

terreno de aproximadamente 20%, que levam ao escorrimento do material das

margens para o leito do rio. O déficit de coleta de esgotos nesta sub bacia pode ser

um dos fatores agravantes da situação, visto que somente 25,97% dos esgotos

gerados na bacia são coletados (SANEPAR, 2004). Há uma tendência maior de

ocorrer altos níveis de contaminação nos meses mais quentes e úmidos, com a

tendência de decréscimo de valores nos meses mais frios e secos, como descrito

por Freitas (2001), Nogueira (2003), Salvador (2004) e Loch (2004).

A linha de tendência dos índices pluviométricos, GRÁFICO 8, obtidos

entre janeiro de 2006 e fevereiro de 2007 acompanhou o mesmo perfil que os

resultados obtidos para cada um dos cinco pontos analisados, conforme pode ser

verificado nos GRÁFICOs 2 a 6, demonstrando que os valores de coliformes

termotolerantes dependem do volume de chuva, pois quanto maior o volume de

chuva, maior a quantidade de material que tende a ser arrastado para o leito do rio,

da mesma forma que demonstrado por Nogueira (2003).

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66

JAN

FEVMAR

ABRILMAIO

JUN

JUL

AGOSET

OUTNOV

DEZJA

N

ALT

UR

AS

MEN

SAIS

(mm

)

GRÁFICO 8 - Indice Pluviométrico detectado na estação Juruqui

entre janeiro de 2006 e fevereiro de 2007

A influência das curvas no aumento ou diminuição dos níveis de CT e CF

fica muito melhor evidenciada quando os dados são analisados isoladamente,

confrontando a data da coleta com os índices de precipitação registrados. Conforme

relatado por Lee Liao, no ano de 1984, pode-se perceber que, em situações

normais, os índices bacterianos são alterados conforme a variação sazonal. Nos

meses mais frios ocorre a diminuição da incidência de chuvas e por conseqüência a

diminuição da poluição bacteriológica. Quando aumenta a incidência de chuva

ocorre o aumento da poluição bacteriológica, devido principalmente ao arraste de

material bacteriológico das margens do rio para o seu leito. Percebe-se que, no caso

do rio Passaúna, a relação entre o índice de chuvas e os índices bacterianos se

repete.

Nas duas coletas realizadas no mês de março de 2006, que ocorreram nos

dias 13 e 27, pôde-se verificar que nos dias anteriores (dia 10 e dia 26) às coletas

ocorreram chuvas com índices de precipitação acima de 40 mm, GRÁFICO 9. Este

fator pôde ser considerado decisivo para demonstrar o motivo de haver quatro dos

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67

cinco pontos de coleta com valores de CF acima do permitido pela Resolução

357/05 para classe 2.

GRAFICO 9 - Volume de chuva diário para Curitiba, no mês de

março de 2006 .

No mês de abril de 2006, foram realizadas duas coletas, nos dias 11 e 24.

Nos dias que antecederam a primeira coleta do mês ocorreu uma precipitação de

aproximadamente 1 mm, no dia da coleta ocorreu precipitação de mais 1 mm,

ocorrendo a manutenção dos níveis de CF altos, em especial no ponto 3, onde a

concentração de CF chega a 110.000 NMP/100 mL. Houve precipitação baixa nos

dias que antecederam a coleta do dia 24 de abril, GRÁFICO 10. Embora os valores

de CF ainda continuarem altos, houve uma diminuição em relação à coleta realizada

14 dias antes.

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68

GRAFICO 10 - Volume de chuva diário para Curitiba, no mês de abril de 2006

No mês de junho, a coleta foi realizada no dia 19, dentro de um período

em que, até esta data, não havia ocorrido precipitação significativa desde o início do

mês, GRÁFICO 11. A concentração de CF mostrou-se significativamente mais baixa,

porém o ponto 3 e o ponto 4 continuaram com valores acima do permitido pela

Resolução 357/05 para classe 2.

GRAFICO 11 - Volume de chuva diário para Curitiba, no mês de junho de 2006

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69

Em julho, a coleta foi realizada em um período de estiagem prolongada, no

dia 24/07, período em que não ocorreu chuva por, pelo menos, 14 dias, GRÁFICO

12, período em que os níveis de CF demonstraram estar mais baixos, com exceção

do observado para os pontos 2 e 3, que continuaram apresentando valores acima do

permitido pela Resolução para classe 2.

GRAFICO 12 - Volume de chuva diário para Curitiba, no mês de

julho de 2006

No mês de agosto, dia 14/08, o material para análise foi coletado, novamente,

em período sem presença de chuva, GRÁFICO 13, sendo que este período registrou

altas temperaturas, com queda nos valores do ponto 2, mesmo assim este ainda não

se enquadrando nos valores da Resolução. Já no ponto 3 houve um aumento

significativo de valores.

GRAFICO 13 - Volume de chuva diário para Curitiba, no mês

de agosto de 2006

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70

Nos meses de setembro e de outubro, a coleta foi realizada em período

sem chuvas, porém ocorreu um aumento de valores para CF em quatro dos cinco

pontos, sendo que três ficaram com valores acima do permitido.

Em setembro a coleta foi realizada no dia 11, GRÁFICO 14, antes do início

do período de chuvas, com um período anterior de 10 dias seguidos sem

precipitação.

GRAFICO 14- Volume de chuva diário para Curitiba, no mês

de setembro de 2006

No mês de outubro a coleta foi realizada no dia 23, GRÁFICO 15. Nesta

coleta ocorreu um aumento significativo de valores, provavelmente pelo fato de

haver ocorrido precipitações por todo o período inicial do mês, se estendendo até o

dia 19 do mês.

GRAFICO 15 - Volume de chuva diário para Curitiba, no

mês de outubro de 2006

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71

No mês de novembro a coleta foi realizada em dia de precipitação (27/11),

GRÁFICO 16, resultando em aumento dos valores em todos os pontos, de modo que

todos os pontos apresentaram valores acima do permitido pela Resolução para

classe 2.

GRAFICO 16 - Volume de chuva diário para Curitiba, no mês

de novembro de 2006

Durante o período de dezembro de 2006, houve uma média de

precipitação alta, sendo que nos dias que antecederam a coleta de material (11/12)

foi registrado volume grande de precipitação, GRÁFICO 17, de modo que 4 dos 5

pontos analisados estavam com valores acima do permitido pela Resolução para

classe 2.

GRAFICO 17 - Volume de chuva diário para Curitiba, no mês

de dezembro de 2006

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72

A coleta do mês de janeiro de 2007 foi realizada em um período de chuvas

diárias (08/01), GRÁFICO 18, o que ficou claramente demonstrado nos valores de

CF determinados. Novamente a ocorrência de quatro entre cinco pontos com valores

de CF acima do permitido pela Resolução para classe 2.

GRAFICO 18 - Volume de chuva diário para Curitiba

no mês de janeiro de 2007

A coleta do mês de fevereiro de 2007, realizada no dia 05/02, ocorreu sob

baixa influência pluviométrica, ocorrendo outro fator que manteve o índice de CT e

CF alto, como pode ser verificado no GRÁFICO 19. Este aumento pode ter ocorrido

por um despejo pontual de poluentes no rio, em dias próximos à coleta ou algum

outro tipo de contaminação pontual que aumentou a contaminação bacteriológica

por toda a extensão do rio analisada.

GRAFICO 19 - Volume de chuva diário para Curitiba, no mês

de fevereiro de 2007

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73

Pode-se verificar que a variação do índice pluviométrico não foi o único fator

determinante para a manutenção de valores altos de CT e CF, podendo ser

percebido de forma clara nos pontos em que a ocupação urbana é maior. Nestes

pontos pode estar ocorrendo contaminação por esgoto doméstico, proveniente de

descargas diretas ou por percolação de fossas sépticas.

4.3 ESTUDO DA RESISTÊNCIA A ANTIBIOTICOS DAS CEPAS ISOLADAS DE

E. coli

Os estudo do índice de resistência a antibióticos (IRA) das cepas E. coli

isoladas frente aos antibióticos mais usados em infecções, pode ajudar na

visualização de uma possível contaminação por esgotos domésticos lançados de

forma irregular (WEBSTER, 2004). Esta possível influência já foi verificada com o

aumento no número de coliformes termotolerantes em alguns dos pontos de coleta.

Os índices de resistência microbiana foram calculados para cada amostra e para

cada ponto de análise, da mesma forma que foi relatado de Webster (2004). Em

ambiente sem desenvolvimento humano, o autor encontrou valores de IRA próximos

a 0,025 e de 0,13 para ambientes com desenvolvimento humano, semelhantes aos

encontrados no presente estudo.

De acordo com a TABELA 3 referente ao ponto 1 de amostragem, verificou-se

que ocorreu resistência da E. coli frente à amoxacilina somente em duas coletas e

o aparecimento de cepa resistente ao imipenem na primeira coleta realizada e

apresentou um IRA de 0,029. Em comparação com Webster (2004), pode-se

verificar que este valor é semelhante a valores encontrados para ambientes não

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74

urbanizados. O ponto 1, que é caracterizado por ser um ponto com influência

antrópica moderada, sem a presença de moradias, esporadicamente utilizado para

pesca esportiva possui um perfil de sensibilidade grande a praticamente todos os

antibióticos, salvo casos pontuais. Estes resultados podem indicar que as cepas

isoladas neste ponto provavelmente são originárias de animais homeotermos não

humanos. Pode-se afirmar que a presença antrópica neste ponto não é significativa.

TABELA 3 - Caracteristicas de resistência de E. coli apresentada para o Ponto 1 ANTIBIÓTICO DATA 24/07/06 14/08/06 11/09/06 23/10/06 27/11/06 11/12/06 08/01/07 05/02/07

Sulfazotrim 25 µg S S S S S S S S Amoxacilina 20 µg I S S S S I S S Imipenem 10 µg R S S S S S S S Amicacina 30 µg S S S S S S S S Cefalotina 30 µg S S S S S S S S Gentamicina 10 µg _ _ _ S S S S S S S Norfloxacina 10 µg S S S S S S S S Cloranfenicol 30 µg S S S S S S S S Ampicilina 10 µg S S S S S S S S Nitrofurantoina 300 µg S S S S S S S S Ciprofloxacina 5 µg S S S S S S S S Tetraciclina 30 µg S S S S S S S S Ceftazidima 30 µg _ _ _ S S S S S S S

IRA por amostra 0,18 0 0 0 0 0,07 0 0

IRA para ponto 1 0,029

S = SENSÍVEL I = INTERMEDIÁRIO R = RESISTENTE

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75

Na TABELA 4, relativa aos resultados encontrados no ponto 2 de coleta,

pode-se perceber que ocorre alteração no perfil geral de resistência, com cepas

resistentes a antibióticos do grupo das penicilinas. Este ponto apresentou um IRA

de 0,068 que ao relacionar com os resultados encontrados por Webster (2004),

encontra-se em um valor mediano. A resistência ocorrida para ampicilina e

amoxacilina podem indicar a influência de esgoto doméstico lançado diretamente no

rio. Estes antibióticos fazem parte da lista de medicamentos básicos fornecidos pelo

Governo Federal, sendo amplamente prescritos nos Postos de Saúde e muitas

vezes mal utilizados. Por esta razão existe hoje uma quantidade grande de

microorganismos que são resistentes a estes antibióticos. O fato de existir moradias

próximas a este ponto do rio, pode ser um fator que contribua para o lançamento de

microorganismos resistentes a antibióticos no leito do rio.

TABELA 4 - Caracteristicas de resistência de E. coli apresentada para o Ponto 2 ANTIBIÓTICO 24/07/06 14/08/06 11/09/06 23/10/06 27/11/06 11/12/06 08/01/07 05/02/07

Sulfazotrim 25 µg S S S S S S S S Amoxacilina 20 µg I S S S S I S S Imipenem 10 µg R S S S S S S S Amicacina 30 µg S S S S S S S S Cefalotina 30 µg S S S S S S S S Gentamicina 10 µg _ _ _ S S S S S S S Norfloxacina 10 µg S S S S S S S S Cloranfenicol 30 µg S S S S S S S S Ampicilina 10 µg S S R R S R S S Nitrofurantoina 300 µg S S S S S S S S Ciprofloxacina 5 µg S S S S S S S S Tetraciclina 30 µg S S S S S S S R Ceftazidima 30 µg _ _ _ S S S S S S S

IRA por amostra 0,18 0 0,07 0,07 0 0,15 0 0,07

IRA para ponto 2 0,068

S = SENSÍVEL I = INTERMEDIÁRIO R = RESISTENTE

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O ponto de numero 3, TABELA 5, apresentou o maior número de cepas

resistentes a um maior número de antibióticos, com um IRA de 0,137, valor alto

quando comparado aos resultados de Webster (2004). Pelo fato de ser um ponto

com influência antrópica muito grande, pode demonstrar que existe a presença de

coliformes termotolerantes provenientes de humanos. É provável que muitas cepas

sejam provenientes dos despejos humanos, visto que neste ponto do rio não há

esgotamento sanitário na sua totalidade. Neste ponto aparece a resistência às

sulfas, situação até então não verificada. Pode-se relacionar esta resistência à

existência de uma Unidade de Saúde, onde medicamentos à base de sulfa são

comumente dispensados, principalmente quando há ocorrência de problemas

respiratórios, que ocorrem de forma sazonal.

TABELA 5 - Caracteristicas de resistência de E. coli apresentada para o Ponto 3 ANTIBIÓTICO 24/07/06 14/08/06 11/09/06 23/10/06 27/11/06 11/12/06 08/01/07 05/02/07

Sulfazotrim 25 µg S S R R S S S R Amoxacilina 20 µg I R S R S R S S Imipenem 10 µg R S S S S S S S Amicacina 30 µg S S S S S S S S Cefalotina 30 µg S S S S S I I S Gentamicina 10 µg _ _ _ S S S S S S S Norfloxacina 10 µg S S S S S S S S Cloranfenicol 30 µg S S S S S S S S Ampicilina 10 µg S S R R S R S S Nitrofurantoina 300 µg S S S S S S S S Ciprofloxacina 5 µg S S S S S S S S Tetraciclina 30 µg S S S R S S I S Ceftazidima 30 µg _ _ _ S S S S S S S

IRA por amostra 0,09 0,07 0,15 0,23 0 0,23 0,15 0,07

IRA para ponto 3 0,137

S = SENSÍVEL I = INTERMEDIÁRIO R = RESISTENTE

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O próximo ponto analisado, ponto 4, TABELA 6, mesmo após o rio sofrer despejos

grandes de dejetos acaba por recuperar-se parcialmente, devido ao aumento de

volume pela entrada de alguns afluentes como o rio Cachoeirinha, diluindo parte do

material carreado pelo rio. Este fato fica visível devido ao IRA, 0,107, encontrado

para este ponto. Porém o perfil de resistência não sofre muita alteração, ocorrendo

um padrão de resistência à penicilinas semelhante ao ponto anterior, o ponto 3.

TABELA 6 - Caracteristicas de resistência de E. coli apresentada para o Ponto 4 DATA ANTIBIÓTICO 24/07/06 14/08/06 11/09/06 23/10/06 27/11/06 11/12/06 08/01/07 05/02/07

Sulfazotrim 25 µg S S S S S S S S Amoxacilina 20 µg I R S S S R S S Imipenem 10 µg R S S S S S S S Amicacina 30 µg S S S S S S S S Cefalotina 30 µg S S S S S I I S Gentamicina 10 µg _ _ _ S S S S S S S Norfloxacina 10 µg S S S S S S S S Cloranfenicol 30 µg S S S S S S S S Ampicilina 10 µg S S S S S R S I Nitrofurantoina 300 µg S S S S S S S S Ciprofloxacina 5 µg S S S S S S S S Tetraciclina 30 µg S S S R S S I R Ceftazidima 30 µg _ _ _ S S S S S S S

IRA por amostra 0,18 0,07 0 0,07 0 0,23 0,15 0,15

IRA para ponto 4 0,107

S = SENSÍVEL I = INTERMEDIÁRIO R = RESISTENTE

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O ultimo ponto analisado, ponto 5, está localizado na entrada da barragem,

onde ocorre o acumulo de água, com a provável diluição dos coliformes. O perfil

encontrado é semelhante ao intermédio do ponto 1 e do ponto 2, provavelmente pelo

fato de o tempo de vida dos coliformes não ser muito longo e não resistir ao

percurso. O IRA de 0,039 para este ponto se aproxima dos pontos 1 e 2, TABELA 7.

TABELA 7 - Caracteristicas de resistência de E. coli apresentada para o Ponto 5 ANTIBIÓTICO 24/07/06 14/08/06 11/09/06 23/10/06 27/11/06 11/12/06 08/01/07 05/02/07

Sulfazotrim 25 µg S S S S S S S S Amoxacilina 20 µg I S S S S I S S Imipenem 10 µg R S S S S S S S Amicacina 30 µg S S S S S S S S Cefalotina 30 µg S S S S S S I S Gentamicina 10 µg _ _ _ S S S S S S S Norfloxacina 10 µg S S S S S S S S Cloranfenicol 30 µg S S S S S S S S Ampicilina 10 µg S S S S S S S I Nitrofurantoina 300 µg S S S S S S S S Ciprofloxacina 5 µg S S S S S S S S Tetraciclina 30 µg S S S S S S S S Ceftazidima 30 µg _ _ _ S S S S S S S

IRA por amostra 0,18 0 0 0 0 0,07 0 0,07

IRA para ponto 5 0,039

S = SENSÍVEL I = INTERMEDIÁRIO R = RESISTENTE

Ao se analisar percentualmente a resistência dos coliformes em cada um dos

cinco pontos de coleta, TABELA 8, e os valores obtidos para o IRA, percebe-se

uma resistência à amoxacilina em todos os pontos de coleta, sendo que, claramente

o ponto 3 é o ponto onde a resistência à este antibiótico é mais acentuada. Quando

se verifica a resistência apresentada ao Imipenem, percebe-se que esta resistência

foi pontual, ocorrendo apenas uma vez, provavelmente pelo despejo de coliformes

resistentes pontualmente. Percebe-se também resistência a praticamente todos os

antibióticos do grupo das penicilinas, porém em apenas alguns pontos. O que se

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torna evidente e surge de maneira extremamente clara é que o ponto 3 que

apresenta o maior número de coliformes resistentes, com clara indicação da

influência antrópica sobre o ponto analisado.

TABELA 8 - Porcentagem de amostras resistentes aos antibióticos analisados durante o período de março de 2006 a fevereiro de 2007.

ANTIBIÓTICO Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Ponto 5

Sulfazotrim 25 µg 0 0 37,5% 0 0 Amoxacilina 20 µg 25% 25% 50% 37,5% 25% Imipenem 10 µg 12,5% 12,5% 12,5% 12,5% 12,5% Amicacina 30 µg 0 0 0 0 0 Cefalotina 30 µg 0 0 25% 0 0 Gentamicina 10 µg 0 0 0 0 0 Norfloxacina 10 µg 0 0 0 0 0 Cloranfenicol 30 µg 0 0 0 0 0 Ampicilina 10 µg 0 37,5% 37,5% 37,5% 0 Nitrofurantoina 300 µg 0 0 0 0 0 Ciprofloxacina 5 µg 0 0 0 0 0 Tetraciclina 30 µg 0 12,5% 25% 12,5% 0 Ceftazidima 30 µg 0 0 0 0 0

Resultados semelhantes foram observados por Webster, 2004, em que se

obtiveram valores de IRA semelhantes aos apresentados pelos pontos analisados.

De acordo com os dados apresentados pode se sugerir que o ponto 1 apresenta

menor influência antrópica direta, que é observada de forma crescente nos pontos 2

e 3 requisitando intervenções para minimizar os danos causados. No ponto 4, o rio

começa o processo de depuração e no ponto 5 o aumento do volume de água

diminui os efeitos da poluição por coliformes.

Percebe-se que no ponto 3 de análise são encontradas as maiores taxas de

resistência, chegando a metade das amostras analisadas, como é o caso da

amoxacilina. Os dados apresentados na TABELA 8 demonstram que todos os

pontos possuem influência antrópica, porém a influência mais evidente se encontra

nos pontos 2, 3 e 4.

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Embora o rio tenha se mostrado auto-suficiente em relação ao processo de

depuração, é necessário pensar em medidas que consigam melhorar as condições

de poluição encontradas principalmente no ponto considerado mais crítico, o ponto

3.

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5. CONCLUSÃO

De acordo com as análises realizadas para a caracterização bacteriológica,

concluiu-se que os níveis aumentados de coliformes termotolerantes CF estão

localizados nos pontos 3 e 4. Com o estudo da sazonalidade ficou evidenciada a

influência da mesma no perfil de contaminação e que nos pontos mais críticos a

presença de ocupações irregulares pode interferir e manter os níveis de

contaminação elevados.

A análise do perfil de contaminação em função da resistência a antibióticos,

tornou mais evidente a possível interferência antrópica no ponto 3. O índice de

resistência a antibióticos empregado, IRA, mostrou-se eficiente para a classificação

dos pontos em pouco afetados, parcialmente afetados e afetados por ações

antrópicas.

A partir dos dados levantados, conclui-se que o rio Passaúna vem sofrendo

agressões, mas ainda consegue se recuperar de forma natural. Chegará um

momento, porém, em que o rio não terá condições de fazer a depuração e as águas

do reservatório sempre apresentarão níveis de contaminação não aceitáveis pela

resolução do CONAMA.

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6. RECOMENDAÇÕES

Uma vez que medidas de gestão integrada da bacia do rio Passaúna e seu

reservatório são fundamentais para a continuidade da sua utilização como

manancial de abastecimento público, é necessária a adoção de medidas que

disciplinem o uso do solo.

Faz-se necessária a adoção de critérios rígidos em relação à ocupação do

solo, respeitando-se os limites estabelecidos, regularizando ocupações já existentes

ou transferindo ocupantes para outros locais. Expansão da rede coletora de esgotos

aos locais não atendidos pelo serviço, diminuindo, assim, o número de locais de

despejo pontual de dejeto, além de criar programas de conscientização da

população, também é fator decisivo no processo de gestão da bacia.

A Companhia de Habitação Popular de Curitiba (COHAB), em vista da

necessidade da implementação de medidas para minimizar os problemas

relacionados ao abastecimento público, lançou o Plano de Regularização Fundiária

Sustentável, com objetivo de minimizar este problema, englobando os pontos acima

citados. Acredita-se que o Plano deve ser aplicado não somente nas bacias onde o

problema já está consumado, mas também nas bacias que a situação pode ser

evitada.

Recomenda-se, ainda, que os órgãos responsáveis pelo abastecimento

urbano realizem o reenquadramento do rio Passaúna e tomem as medidas

necessárias em relação à prováveis alterações no tratamento da água para sua

utilização desta para abastecimento urbano. Ao mesmo tempo recomenda-se a

tomada de medidas que possam minimizar os efeitos poluidores já presentes no rio.

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ANEXOS

ANEXO 1

RESOLUÇÃO CONAMA Nº 357, DE 17 DE MARÇO DE 2005 DOU 18.03.2005

Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das competências que lhe são conferidas pelos arts. 6º, inciso II e 8º, inciso VII, da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990 e suas alterações, tendo em vista o disposto em seu Regimento Interno, e CONSIDERANDO a vigência da Resolução CONAMA nº 274, de 29 de novembro de 2000, que dispõe sobre a balneabilidade; CONSIDERANDO o art. 9º, inciso I, da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que instituiu a Política Nacional dos Recursos Hídricos, e demais normas aplicáveis à matéria; CONSIDERANDO que a água integra as preocupações do desenvolvimento sustentável, baseado nos princípios da função ecológica da propriedade, da prevenção, da precaução, do poluidor-pagador, do usuário-pagador e da integração, bem como no reconhecimento de valor intrínseco à natureza; CONSIDERANDO que a Constituição Federal e a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, visam controlar o lançamento no meio ambiente de poluentes, proibindo o lançamento em níveis nocivos ou perigosos para os seres humanos e outras formas de vida; CONSIDERANDO que o enquadramento expressa metas finais a serem alcançadas, podendo ser fixadas metas progressivas intermediárias, obrigatórias, visando a sua efetivação; CONSIDERANDO os termos da Convenção de Estocolmo, que trata dos Poluentes Orgânicos Persistentes - POPs, ratificada pelo Decreto Legislativo nº 204, de 7 de maio de 2004; CONSIDERANDO ser a classificação das águas doces, salobras e salinas essencial à defesa de seus níveis de qualidade, avaliados por condições e padrões específicos, de modo a assegurar seus usos preponderantes; CONSIDERANDO que o enquadramento dos corpos de água deve estar baseado não necessariamente no seu estado atual, mas nos níveis de qualidade que deveriam possuir para atender às necessidades da comunidade; CONSIDERANDO que a saúde e o bem-estar humano, bem como o equilíbrio ecológico aquático, não devem ser afetados pela deterioração da qualidade das águas; CONSIDERANDO a necessidade de se criar instrumentos para avaliar a evolução da qualidade das águas, em relação às classes estabelecidas no enquadramento, de forma a facilitar a fixação e controle de metas visando atingir gradativamente os objetivos propostos;

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CONSIDERANDO a necessidade de se reformular a classificação existente, para melhor distribuir os usos das águas, melhor especificar as condições e padrões de qualidade requeridos, sem prejuízo de posterior aperfeiçoamento; e CONSIDERANDO que o controle da poluição está diretamente relacionado com a proteção da saúde, garantia do meio ambiente ecologicamente equilibrado e a melhoria da qualidade de vida, levando em conta os usos prioritários e classes de qualidade ambiental exigidos para um determinado corpo de água; RESOLVE: Art. 1º Esta Resolução dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento dos corpos de água superficiais, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes. CAPÍTULO I Das Definições Art. 2º Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições: I - águas doces: águas com salinidade igual ou inferior a 0,5 %; II - águas salobras: águas com salinidade superior a 0,5 % inferior a 30 5%; III - águas salinas: águas com salinidade igual ou superior a 30 %; IV - ambiente lêntico: ambiente que se refere à água parada, com movimento lento ou estagnado; V - ambiente lótico: ambiente relativo a águas continentais moventes; VI - aqüicultura: o cultivo ou a criação de organismos cujo ciclo de vida, em condições naturais, ocorre total ou parcialmente em meio aquático; VII - carga poluidora: quantidade de determinado poluente transportado ou lançado em um corpo de água receptor, expressa em unidade de massa por tempo; VIII - cianobactérias: microorganismos procarióticos autotróficos, também denominados como cianofíceas (algas azuis) capazes de ocorrer em qualquer manancial superficial especialmente naqueles com elevados níveis de nutrientes (nitrogênio e fósforo), podendo produzir toxinas com efeitos adversos a saúde; IX - classe de qualidade: conjunto de condições e padrões de qualidade de água necessários ao atendimento dos usos preponderantes, atuais ou futuros; X - classificação: qualificação das águas doces, salobras e salinas em função dos usos preponderantes (sistema de classes de qualidade) atuais e futuros; XI - coliformes termotolerantes: bactérias gram-negativas, em forma de bacilos, oxidase-negativas, caracterizadas pela atividade da enzima ?-galactosidase. Podem crescer em meios contendo agentes tenso-ativos e fermentar a lactose nas temperaturas de 44? - 45?C, com produção de ácido, gás e aldeído. Além de estarem presentes em fezes humanas e de animais homeotérmicos, ocorrem em solos, plantas ou outras matrizes ambientais que não tenham sido contaminados por material fecal; XII - condição de qualidade: qualidade apresentada por um segmento de corpo d'água, num determinado momento, em termos dos usos possíveis com segurança adequada, frente às Classes de Qualidade; XIII - condições de lançamento: condições e padrões de emissão adotados para o controle de lançamentos de efluentes no corpo receptor; XIV - controle de qualidade da água: conjunto de medidas operacionais que visa avaliar a melhoria e a conservação da qualidade da água estabelecida para o corpo de água;

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XV - corpo receptor: corpo hídrico superficial que recebe o lançamento de um efluente; XVI - desinfecção: remoção ou inativação de organismos potencialmente patogênicos; XVII - efeito tóxico agudo: efeito deletério aos organismos vivos causado por agentes físicos ou químicos, usualmente letalidade ou alguma outra manifestação que a antecede, em um curto período de exposição; XVIII - efeito tóxico crônico: efeito deletério aos organismos vivos causado por agentes físicos ou químicos que afetam uma ou várias funções biológicas dos organismos, tais como a reprodução, o crescimento e o comportamento, em um período de exposição que pode abranger a totalidade de seu ciclo de vida ou parte dele; XIX - efetivação do enquadramento: alcance da meta final do enquadramento; XX - enquadramento: estabelecimento da meta ou objetivo de qualidade da água (classe) a ser, obrigatoriamente, alcançado ou mantido em um segmento de corpo de água, de acordo com os usos preponderantes pretendidos, ao longo do tempo; XXI - ensaios ecotoxicológicos: ensaios realizados para determinar o efeito deletério de agentes físicos ou químicos a diversos organismos aquáticos; XXII - ensaios toxicológicos: ensaios realizados para determinar o efeito deletério de agentes físicos ou químicos a diversos organismos visando avaliar o potencial de risco à saúde humana; XXIII - escherichia coli (E.Coli): bactéria pertencente à família Enterobacteriaceae Produz indol a partir do aminoácido triptofano. É a única espécie do grupo dos coliformes termotolerantes cujo habitat exclusivo é o intestino humano e de animais homeotérmicos, onde ocorre em densidades elevadas; XXIV - metas: é o desdobramento do objeto em realizações físicas e atividades de gestão, de acordo com unidades de medida e cronograma preestabelecidos, de caráter obrigatório; XXV - monitoramento: medição ou verificação de parâmetros de qualidade e quantidade de água, que pode ser contínua ou periódica, utilizada para acompanhamento da condição e controle da qualidade do corpo de água; XXVI - padrão: valor limite adotado como requisito normativo de um parâmetro de qualidade de água ou efluente; XXVII - parâmetro de qualidade da água: substancias ou outros indicadores representativos da qualidade da água; XXVIII - pesca amadora: exploração de recursos pesqueiros com fins de lazer ou desporto; XXIX - programa para efetivação do enquadramento: conjunto de medidas ou ações progressivas e obrigatórias, necessárias ao atendimento das metas intermediárias e final de qualidade de água estabelecidas para o enquadramento do corpo hídrico; XXX - recreação de contato primário: contato direto e prolongado com a água (tais como natação, mergulho, esqui-aquático) na qual a possibilidade do banhista ingerir água é elevada; XXXI - recreação de contato secundário: refere-se àquela associada a atividades em que o contato com a água é esporádico ou acidental e a possibilidade de ingerir água é pequena, como na pesca e na navegação (tais como iatismo); XXXII - tratamento avançado: técnicas de remoção e/ou inativação de constituintes refratários aos processos convencionais de tratamento, os quais podem conferir à água características, tais como: cor, odor, sabor, atividade tóxica ou patogênica;

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XXXIII - tratamento convencional: clarificação com utilização de coagulação e floculação, seguida de desinfecção e correção de pH; XXXIV - tratamento simplificado: clarificação por meio de filtração e desinfecção e correção de pH quando necessário; XXXV - tributário (ou curso de água afluente): corpo de água que flui para um rio maior ou para um lago ou reservatório; XXXVI - vazão de referência: vazão do corpo hídrico utilizada como base para o processo de gestão, tendo em vista o uso múltiplo das águas e a necessária articulação das instâncias do Sistema Nacional de Meio Ambiente-SISNAMA e do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos-SINGRH; XXXVII - virtualmente ausentes: que não é perceptível pela visão, olfato ou paladar; e XXXVIII - zona de mistura: região do corpo receptor onde ocorre a diluição inicial de um efluente. CAPÍTULO II Da Classificação dos Corpos de Água Art. 3º As águas doces, salobras e salinas do Território Nacional são classificadas, segundo a qualidade requerida para os seus usos preponderantes, em treze classes de qualidade. Parágrafo único - As águas de melhor qualidade podem ser aproveitadas em uso menos exigente, desde que este não prejudique a qualidade da água, atendidos outros requisitos pertinentes. SEÇÃO I Das Águas Doces Art. 4º As águas doces são classificadas em: I - classe especial: águas destinadas: a) ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção; b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e, c) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral. II - classe 1: águas que podem ser destinadas: a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado; b) à proteção das comunidades aquáticas; c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA no 274, de 2000; d) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película; e e) à proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas. III - classe 2: águas que podem ser destinadas: a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional; b) à proteção das comunidades aquáticas; c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000; d) à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto; e e) à aqüicultura e à atividade de pesca.

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IV - classe 3: águas que podem ser destinadas: a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado; b) à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras; c) à pesca amadora; d) à recreação de contato secundário; e e) à dessedentação de animais. V - classe 4: águas que podem ser destinadas: a) à navegação; e b) à harmonia paisagística. SEÇÃO II Das Águas Salinas Art. 5º As águas salinas são assim classificadas: I - classe especial: águas destinadas: a) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral; e b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas. II - classe 1: águas que podem ser destinadas: a) à recreação de contato primário, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000; b) à proteção das comunidades aquáticas; e c) à aqüicultura e à atividade de pesca. III - classe 2: águas que podem ser destinadas: a) à pesca amadora; e b) à recreação de contato secundário. IV - classe 3: águas que podem ser destinadas: a) à navegação; e b) à harmonia paisagística. SEÇÃO III Das Águas Salobras Art. 6º As águas salobras são assim classificadas: I - classe especial: águas destinadas: a) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral; e, b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas. II - classe 1: águas que podem ser destinadas: a) à recreação de contato primário, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000; b) à proteção das comunidades aquáticas; c) à aqüicultura e à atividade de pesca; d) ao abastecimento para consumo humano após tratamento convencional ou avançado; e e) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película, e à irrigação de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto. III - classe 2: águas que podem ser destinadas: a) à pesca amadora; e

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b) à recreação de contato secundário. IV - classe 3: águas que podem ser destinadas: a) à navegação; e b) à harmonia paisagística. CAPÍTULO III Das Condições e Padrões de Qualidade das Águas SEÇÃO I Das Disposições Gerais Art. 7º Os padrões de qualidade das águas determinados nesta Resolução estabelecem limites individuais para cada substância em cada classe. Parágrafo único - Eventuais interações entre substâncias, especificadas ou não nesta Resolução, não poderão conferir às águas características capazes de causar efeitos letais ou alteração de comportamento, reprodução ou fisiologia da vida, bem como de restringir os usos preponderantes previstos, ressalvado o disposto no § 3º do art. 34, desta Resolução. Art. 8º O conjunto de parâmetros de qualidade de água selecionado para subsidiar a proposta de enquadramento deverá ser monitorado periodicamente pelo Poder Público. § 1º Também deverão ser monitorados os parâmetros para os quais haja suspeita da sua presença ou não conformidade. § 2º Os resultados do monitoramento deverão ser analisados estatisticamente e as incertezas de medição consideradas. § 3º A qualidade dos ambientes aquáticos poderá ser avaliada por indicadores biológicos, quando apropriado, utilizando-se organismos e/ou comunidades aquáticas. § 4º As possíveis interações entre as substâncias e a presença de contaminantes não listados nesta Resolução, passíveis de causar danos aos seres vivos, deverão ser investigadas utilizando-se ensaios ecotoxicológicos, toxicológicos, ou outros métodos cientificamente reconhecidos. § 5º Na hipótese dos estudos referidos no parágrafo anterior tornarem-se necessários em decorrência da atuação de empreendedores identificados, as despesas da investigação correrão as suas expensas. § 6º Para corpos de água salobras continentais, onde a salinidade não se dê por influência direta marinha, os valores dos grupos químicos de nitrogênio e fósforo serão os estabelecidos nas classes correspondentes de água doce. Art. 9º A análise e avaliação dos valores dos parâmetros de qualidade de água de que trata esta Resolução serão realizadas pelo Poder Público, podendo ser utilizado laboratório próprio, conveniado ou contratado, que deverá adotar os procedimentos de controle de qualidade analítica necessários ao atendimento das condições exigíveis. § 1º Os laboratórios dos órgãos competentes deverão estruturar-se para atenderem ao disposto nesta Resolução. § 2º Nos casos onde a metodologia analítica disponível for insuficiente para quantificar as concentrações dessas substâncias nas águas, os sedimentos e/ou

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biota aquática poderão ser investigados quanto à presença eventual dessas substâncias. Art. 10. Os valores máximos estabelecidos para os parâmetros relacionados em cada uma das classes de enquadramento deverão ser obedecidos nas condições de vazão de referência. § 1º Os limites de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), estabelecidos para as águas doces de classes 2 e 3, poderão ser elevados, caso o estudo da capacidade de autodepuração do corpo receptor demonstre que as concentrações mínimas de oxigênio dissolvido (OD) previstas não serão desobedecidas, nas condições de vazão de referência, com exceção da zona de mistura. § 2º Os valores máximos admissíveis dos parâmetros relativos às formas químicas de nitrogênio e fósforo, nas condições de vazão de referência, poderão ser alterados em decorrência de condições naturais, ou quando estudos ambientais específicos, que considerem também a poluição difusa, comprovem que esses novos limites não acarretarão prejuízos para os usos previstos no enquadramento do corpo de água. § 3º Para águas doces de classes 1 e 2, quando o nitrogênio for fator limitante para eutrofização, nas condições estabelecidas pelo órgão ambiental competente, o valor de nitrogênio total (após oxidação) não deverá ultrapassar 1,27 mg/L para ambientes lênticos e 2,18 mg/L para ambientes lóticos, na vazão de referência. § 4º O disposto nos §§ 2º e 3º não se aplica às baías de águas salinas ou salobras, ou outros corpos de água em que não seja aplicável a vazão de referência, para os quais deverão ser elaborados estudos específicos sobre a dispersão e assimilação de poluentes no meio hídrico. Art. 11. O Poder Público poderá, a qualquer momento, acrescentar outras condições e padrões de qualidade, para um determinado corpo de água, ou torná-los mais restritivos, tendo em vista as condições locais, mediante fundamentação técnica. Art. 12. O Poder Público poderá estabelecer restrições e medidas adicionais, de caráter excepcional e temporário, quando a vazão do corpo de água estiver abaixo da vazão de referência. Art. 13. Nas águas de classe especial deverão ser mantidas as condições naturais do corpo de água. SEÇÃO II Das Águas Doces Art. 14. As águas doces de classe 1 observarão as seguintes condições e padrões: I - condições de qualidade de água: a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro método cientificamente reconhecido. b) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes; c) óleos e graxas: virtualmente ausentes; d) substâncias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes; e) corantes provenientes de fontes antrópicas: virtualmente ausentes; f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes;

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g) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato primário deverão ser obedecidos os padrões de qualidade de balneabilidade, previstos na Resolução CONAMA nº 274, de 2000. Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite de 200 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais, de pelo menos 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente; h) DBO 5 dias a 20ºC até 3 mg/L O2; i) OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/L O2; j) turbidez até 40 unidades nefelométrica de turbidez (UNT); l) cor verdadeira: nível de cor natural do corpo de água em mg Pt/L; e m) pH: 6,0 a 9,0. II - Padrões de qualidade de água:

TABELA I - CLASSE 1. ÁGUAS DOCES PADRÕES PARÂMETROS VALOR MÁXIMOClorofila a 10 µg/L Densidade de cianobactérias 20.000 cel/mL ou

2 mm3/L Sólidos dissolvidos totais 500 mg/L PARÂMETROS INORGÂNICOS Valor máximo Alumínio dissolvido 0,1 mg/L Al Antimônio 0,005mg/L Sb Arsênio total 0,01 mg/L As Bário total 0,7 mg/L Ba Berílio total 0,04 mg/L Be Boro total 0,5 mg/L B Cádmio total 0,001 mg/L Cd Chumbo total 0,01mg/L Pb Cianeto livre 0,005 mg/L CN Cloreto total 250 mg/L Cl Cloro residual total (combinado + livre) 0,01 mg/L Cl Cobalto total 0,05 mg/L Co Cobre dissolvido 0,009 mg/L Cu Cromo total 0,05 mg/L Cr Ferro dissolvido 0,3 mg/L Fe Fluoreto total 1,4 mg/L F Fósforo total (ambiente lêntico) 0,020 mg/L P Fósforo total (ambiente intermediário, com tempo de residência entre 2 e 40 dias, e tributários diretos de ambiente lêntico)

0,025 mg/L P

Fósforo total (ambiente lótico e tributários de ambientes intermediários)

0,1 mg/L P

Lítio total 2,5 mg/L Li Manganês total 0,1 mg/L Mn

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Mercúrio total 0,0002 mg/L Hg Níquel total 0,025 mg/L Ni Nitrato 10,0 mg/L N Nitrito 1,0 mg/L N Nitrogênio amoniacal total 3,7mg/L N, para

pH £ 7,5 2,0 mg/L N, para 7,5 < pH £ 8,0 1,0 mg/L N, para 8,0 < pH £ 8,5 0,5 mg/L N, para pH > 8,5

Prata total 0,01 mg/L Ag Selênio total 0,01 mg/L Se Sulfato total 250 mg/L SO4 Sulfeto (H2S não dissociado) 0,002 mg/L S Urânio total 0,02 mg/L U Vanádio total 0,1 mg/L V Zinco total 0,18 mg/L Zn PARÂMETROS ORGÂNICOS Valor máximo Acrilamida 0,5 µg/L Alacloro 20 µg/L Aldrin + Dieldrin 0,005 µg/L Atrazina 2 µg/L Benzeno 0,005 mg/L Benzidina 0,001 µg/L Benzo(a)antraceno 0,05 µg/L Benzo(a)pireno 0,05 µg/L Benzo(b)fluoranteno 0,05 µg/L Benzo(k)fluoranteno 0,05 µg/L Carbaril 0,02 µg/L Clordano (cis + trans) 0,04 µg/L 2-Clorofenol 0,1 µg/L Criseno 0,05 µg/L 2,4-D 4,0 µg/L Demeton (Demeton-O + Demeton-S) 0,1 µg/L Dibenzo(a,h)antraceno 0,05 µg/L 1,2-Dicloroetano 0,01 mg/L 1,1-Dicloroeteno 0,003 mg/L 2,4-Diclorofenol 0,3 µg/L Diclorometano 0,02 mg/L DDT (p,p'-DDT + p,p'-DDE + p,p'-DDD) 0,002 µg/L Dodecacloro pentaciclodecano 0,001 µg/L Endossulfan (a + b + sulfato) 0,056 µg/L Endrin 0,004 µg/L Estireno 0,02 mg/L

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Etilbenzeno 90,0 µg/L Fenóis totais (substâncias que reagem com 4-aminoantipirina)

0,003 mg/L C6H5OH

Glifosato 65 µg/L Gution 0,005 µg/L Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,01 µg/L Hexaclorobenzeno 0,0065 µg/L Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,05 µg/L Lindano (g-HCH) 0,02 µg/L Malation 0,1 µg/L Metolacloro 10 µg/L Metoxicloro 0,03 µg/L Paration 0,04 µg/L PCBs - Bifenilas policloradas 0,001 µg/L Pentaclorofenol 0,009 mg/L Simazina 2,0 µg/L Substâncias tensoativas que reagem com o azul de metileno

0,5 mg/L LAS

2,4,5-T 2,0 µg/L Tetracloreto de carbono 0,002 mg/L Tetracloroeteno 0,01 mg/L Tolueno 2,0 µg/L Toxafeno 0,01 µg/L 2,4,5-TP 10,0 µg/L Tributilestanho 0,063 µg/L TBT Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 1,2,4-TCB) 0,02 mg/L Tricloroeteno 0,03 mg/L 2,4,6-Triclorofenol 0,01 mg/L Trifluralina 0,2 µg/L Xileno 300 µg/

III - Nas águas doces onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para fins de consumo intensivo, além dos padrões estabelecidos no inciso II deste artigo, aplicam-se os seguintes padrões em substituição ou adicionalmente:

TABELA II - CLASSE 1. ÁGUAS DOCES PADRÕES PARA CORPOS DE ÁGUA ONDE HAJA PESCA OU CULTIVODE ORGANISMOS PARA FINS DE CONSUMO INTENSIVO PARÂMETROS INORGÂNICOS Valor máximo Arsênio total 0,14 µg/L As PARÂMETROS ORGÂNICOS Valor máximo Benzidina 0,0002 µg/L Benzo(a)antraceno 0,018 µg/L Benzo(a)pireno 0,018 µg/L

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Benzo(b)fluoranteno 0,018 µg/L Benzo(k)fluoranteno 0,018 µg/L Criseno 0,018 µg/L Dibenzo(a,h)antraceno 0,018 µg/L 3,3-Diclorobenzidina 0,028 µg/L Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,000039 µg/L Hexaclorobenzeno 0,00029 µg/L Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,018 µg/L PCBs - Bifenilas policloradas 0,000064 µg/L Pentaclorofenol 3,0 µg/L Tetracloreto de carbono 1,6 µg/L Tetracloroeteno 3,3 µg/L Toxafeno 0,00028 µg/L 2,4,6-triclorofenol 2,4 µg/L

Art. 15. Aplicam-se às águas doces de classe 2 as condições e padrões da classe 1 previstos no artigo anterior, à exceção do seguinte: I - não será permitida a presença de corantes provenientes de fontes antrópicas que não sejam removíveis por processo de coagulação, sedimentação e filtração convencionais; II - coliformes termotolerantes: para uso de recreação de contato primário deverá ser obedecida a Resolução CONAMA nº 274, de 2000. Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite de 1.000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 (seis) amostras coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. A E. coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente; III - cor verdadeira: até 75 mg Pt/L; IV - turbidez: até 100 UNT; V - DBO 5 dias a 20ºC até 5 mg/L O2; VI - OD, em qualquer amostra, não inferior a 5 mg/L O2; VII - clorofila a: até 30 ìg/L; VIII - densidade de cianobactérias: até 50000 cel/mL ou 5 mm3/L; e, IX - fósforo total: a) até 0,030 mg/L, em ambientes lênticos; e, b) até 0,050 mg/L, em ambientes intermediários, com tempo de residência entre 2 e 40 dias, e tributários diretos de ambiente lêntico. Art. 16. As águas doces de classe 3 observarão as seguintes condições e padrões: I - condições de qualidade de água: a) não verificação de efeito tóxico agudo a organismos, de acordo com os critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro método cientificamente reconhecido; b) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes; c) óleos e graxas: virtualmente ausentes; d) substâncias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes;

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e) não será permitida a presença de corantes provenientes de fontes antrópicas que não sejam removíveis por processo de coagulação, sedimentação e filtração convencionais; f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes; g) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato secundário não deverá ser excedido um limite de 2500 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. Para dessedentação de animais criados confinados não deverá ser excedido o limite de 1000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite de 4000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano, com periodicidade bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente; h) cianobactérias para dessedentação de animais: os valores de densidade de cianobactérias não deverão exceder 50.000 cel/ml, ou 5mm3/L; i) DBO 5 dias a 20ºC até 10 mg/L O2; j) OD, em qualquer amostra, não inferior a 4 mg/L O2; l) turbidez até 100 UNT; m) cor verdadeira: até 75 mg Pt/L; e, n) pH: 6,0 a 9,0. II - Padrões de qualidade de água:

TABELA III - CLASSE 3. ÁGUAS DOCES PADRÕES PARÂMETROS Valor MÁXIMO Clorofila a 60 µg/L Densidade de cianobactérias 100.000 cel/mL

ou 10 mm3/L Sólidos dissolvidos totais 500 mg/L PARÂMETROS INORGÂNICOS Valor máximo Alumínio dissolvido 0,2 mg/L Al Arsênio total 0,033 mg/L As Bário total 1,0 mg/L Ba Berílio total 0,1 mg/L Be Boro total 0,75 mg/L B Cádmio total 0,01 mg/L Cd Chumbo total 0,033 mg/L Pb Cianeto livre 0,022 mg/L CN Cloreto total 250 mg/L Cl Cobalto total 0,2 mg/L Co Cobre dissolvido 0,013 mg/L Cu Cromo total 0,05 mg/L Cr Ferro dissolvido 5,0 mg/L Fe Fluoreto total 1,4 mg/L F

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Fósforo total (ambiente lêntico) 0,05 mg/L P Fósforo total (ambiente intermediário, com tempo de residência entre 2 e 40 dias, e tributários diretos de ambiente lêntico)

0,075 mg/L P

Fósforo total (ambiente lótico e tributários de ambientes intermediários)

0,15 mg/L P

Lítio total 2,5 mg/L Li Manganês total 0,5 mg/L Mn Mercúrio total 0,002 mg/L Hg Níquel total 0,025 mg/L Ni Nitrato 10,0 mg/L N Nitrito 1,0 mg/L N Nitrogênio amoniacal total

13,3 mg/L N, para pH £ 7,5 5,6 mg/L N, para 7,5 < pH £ 8,0 2,2 mg/L N, para 8,0 < pH £ 8,5 1,0 mg/L N, para pH >8,5

Prata total 0,05 mg/L Ag Selênio total 0,05 mg/L Se Sulfato total 250 mg/L SO4 Sulfeto (como H2S não dissociado) 0,3 mg/L S Urânio total 0,02 mg/L U Vanádio total 0,1 mg/L V Zinco total 5 mg/L Zn PARÂMETROS ORGÂNICOS Valor máximo Aldrin + Dieldrin 0,03 µg/L Atrazina 2 µg/L Benzeno 0,005 mg/L Benzo(a)pireno 0,7 µg/L Carbaril 70,0 µg/L Clordano (cis + trans) 0,3 µg/L 2,4-D 30,0 µg/L DDT (p,p'-DDT + p,p'-DDE + p,p'- DDD) 1,0 µg/L Demeton (Demeton-O + Demeton-S) 14,0 µg/L 1,2-Dicloroetano 0,01 mg/L 1,1-Dicloroeteno 30 µg/L Dodecacloro Pentaciclodecano 0,001 µg/L Endossulfan (a + b + sulfato) 0,22 µg/L Endrin 0,2 µg/L Fenóis totais (substâncias que reagem com 4-aminoantipirina)

0,01 mg/L C6H5OH

Glifosato 280 µg/L Gution 0,005 µg/L

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Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,03 µg/L Lindano (g-HCH) 2,0 µg/L Malation 100,0 µg/L Metoxicloro 20,0 µg/L Paration 35,0 µg/L PCBs - Bifenilas policloradas 0,001 µg/L Pentaclorofenol 0,009 mg/L Substâncias tenso-ativas que reagem com o azul de metileno

0,5 mg/L LAS

2,4,5-T 2,0 µg/L Tetracloreto de carbono 0,003 mg/L Tetracloroeteno 0,01 mg/L Toxafeno 0,21 µg/L 2,4,5-TP 10,0 µg/L Tributilestanho 2,0 µg/L TBT Tricloroeteno 0,03 mg/L 2,4,6-Triclorofenol 0,01 mg/L

Art. 17. As águas doces de classe 4 observarão as seguintes condições e padrões: I - materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes; II - odor e aspecto: não objetáveis; III - óleos e graxas: toleram-se iridescências; IV - substâncias facilmente sedimentáveis que contribuam para o assoreamento de canais de navegação: virtualmente ausentes; V - fenóis totais (substâncias que reagem com 4. aminoantipirina) até 1,0 mg/L de C6H5OH; VI - OD, superior a 2,0 mg/L O2 em qualquer amostra; e, VII - pH: 6,0 a 9,0. SEÇÃO III Das Águas Salinas Art. 18. As águas salinas de classe 1 observarão as seguintes condições e padrões: I - condições de qualidade de água: a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro método cientificamente reconhecido; b) materiais flutuantes virtualmente ausentes; c) óleos e graxas: virtualmente ausentes; d) substâncias que produzem odor e turbidez: virtualmente ausentes; e) corantes provenientes de fontes antrópicas: virtualmente ausentes; f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes; g) coliformes termolerantes: para o uso de recreação de contato primário deverá ser obedecida a Resolução CONAMA nº 274, de 2000. Para o cultivo de moluscos bivalves destinados à alimentação humana, a média geométrica da densidade de coliformes termotolerantes, de um mínimo de 15 amostras coletadas no mesmo

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local, não deverá exceder 43 por 100 mililitros, e o percentil 90% não deverá ultrapassar 88 coliformes termolerantes por 100 mililitros. Esses índices deverão ser mantidos em monitoramento anual com um mínimo de 5 amostras. Para os demais usos não deverá ser excedido um limite de 1.000 coliformes termolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano, com periodicidade bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente; h) carbono orgânico total até 3 mg/L, como C; i) OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/L O2; e j) pH: 6,5 a 8,5, não devendo haver uma mudança do pH natural maior do que 0,2 unidade. II - Padrões de qualidade de água:

TABELA IV - CLASSE 1. ÁGUAS SALINAS PADRÕES PARÂMETROS INORGÂNICOS Valor máximo Alumínio dissolvido 1,5 mg/L Al Arsênio total 0,01 mg/L As Bário total 1,0 mg/L Ba Berílio total 5,3 µg/L Be Boro total 5,0 mg/L B Cádmio total 0,005 mg/L Cd Chumbo total 0,01 mg/L Pb Cianeto livre 0,001 mg/L CN Cloro residual total (combinado + livre) 0,01 mg/L Cl Cobre dissolvido 0,005 mg/L Cu Cromo total 0,05 mg/L Cr Ferro dissolvido 0,3 mg/L Fe Fluoreto total 1,4 mg/L F Fósforo Total 0,062 mg/L P Manganês total 0,1 mg/L Mn Mercúrio total 0,0002 mg/L

Hg Níquel total 0,025 mg/L Ni Nitrato 0,40 mg/L N Nitrito 0,07 mg/L N Nitrogênio amoniacal total 0,40 mg/L N Polifosfatos (determinado pela diferença entre fósforo ácido hidrolisável total e fósforo reativo total)

0,031 mg/L P

Prata total 0,005 mg/L Ag Selênio total 0,01 mg/L Se Sulfetos (H2S não dissociado) 0,002 mg/L S Tálio total 0,1 mg/L Tl Urânio Total 0,5 mg/L U Zinco total 0,09 mg/L Zn

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PARÂMETROS ORGÂNICOS Valor máximo Aldrin + Dieldrin 0,0019 µg/L Benzeno 700 µg/L Carbaril 0,32 µg/L Clordano (cis + trans) 0,004 µg/L 2,4-D 30,0 µg/L DDT (p,p'-DDT+ p,p'-DDE + p,p'- DDD) 0,001 µg/L Demeton (Demeton-O + Demeton-S) 0,1 µg/L Dodecacloro pentaciclodecano 0,001 µg/L Endossulfan (a + b + sulfato) 0,01 µg/L Endrin 0,004 µg/L Etilbenzeno 25 µg/L Fenóis totais (substâncias que reagem com 4-aminoantipirina)

60 µg/L C6H5OH

Gution 0,01 µg/L Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,001 µg/L Lindano (g-HCH) 0,004 µg/L Malation 0,1 µg/L Metoxicloro 0,03 µg/L Monoclorobenzeno 25 µg/L Pentaclorofenol 7,9 µg/L PCBs - Bifenilas Policloradas 0,03 µg/L Substâncias tensoativas que reagem com o azul de metileno

0,2 mg/L LAS

2,4,5-T 10,0 µg/L Tolueno 215 µg/L Toxafeno 0,0002 µg/L 2,4,5-TP 10,0 µg/L Tributilestanho 0,01 µg/L TBT Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 1,2,4- TCB)

80 µg/L

Tricloroeteno 30,0 µg/L III - Nas águas salinas onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para fins de consumo intensivo, além dos padrões estabelecidos no inciso II deste artigo, aplicam-se os seguintes padrões em substituição ou adicionalmente:

TABELA V - CLASSE 1. ÁGUAS SALINAS PADRÕES para CORPOS DE ÁGUA ONDE HAJA pesca ou cultivo de organismos para fins de consumo intensivo PARÂMETROS INORGÂNICOS Valor máximo Arsênio total 0,14 µg/L As PARÂMETROS ORGÂNICOS Valor máximo Benzeno 51 µg/L

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Benzidina 0,0002 µg/L Benzo(a)antraceno 0,018 µg/L Benzo(a)pireno 0,018 µg/L Benzo(b)fluoranteno 0,018 µg/L Benzo(k)fluoranteno 0,018 µg/L 2-Clorofenol 150 µg/L 2,4-Diclorofenol 290 µg/L Criseno 0,018 µg/L Dibenzo(a,h)antraceno 0,018 µg/L 1,2-Dicloroetano 37 µg/L 1,1-Dicloroeteno 3 µg/L 3,3-Diclorobenzidina 0,028 µg/L<, /DIV> Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,000039 µg/L Hexaclorobenzeno 0,00029 µg/L Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,018 µg/L PCBs - Bifenilas Policloradas 0,000064 µg/L Pentaclorofenol 3,0 µg/L Tetracloroeteno 3,3 µg/L 2,4,6-Triclorofenol 2,4 µg/L

Art. 19. Aplicam-se às águas salinas de classe 2 as condições e padrões de qualidade da classe 1, previstos no artigo anterior, à exceção dos seguintes: I - condições de qualidade de água: a) não verificação de efeito tóxico agudo a organismos, de acordo com os critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro método cientificamente reconhecido; b) coliformes termotolerantes: não deverá ser excedido um limite de 2500 por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente; c) carbono orgânico total: até 5,00 mg/L, como C; e d) OD, em qualquer amostra, não inferior a 5,0 mg/L O2. II - Padrões de qualidade de água:

TABELA VI - CLASSE 2. ÁGUAS SALINAS PADRÕES PARÂMETROS INORGÂNICOS Valor máximo Arsênio total 0,069 mg/L As Cádmio total 0,04 mg/L Cd Chumbo total 0,21 mg/L Pb Cianeto livre 0,001 mg/L CN Cloro residual total (combinado + livre) 19 µg/L Cl Cobre dissolvido 7,8 µg/L Cu Cromo total 1,1 mg/L Cr

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Fósforo total 0,093 mg/L P Mercúrio total 1,8 µg/L Hg Níquel 74 µg/L Ni Nitrato 0,70 mg/L N Nitrito 0,20 mg/L N Nitrogênio amoniacal total 0,70 mg/L N Polifosfatos (determinado pela diferença entre fósforo ácido hidrolisável total e fósforo reativo total)

0,0465 mg/L P

Selênio total 0,29 mg/L Se Zinco total 0,12 mg/L Zn PARÂMETROS ORGÂNICOS Valor máximo Aldrin + Dieldrin 0,03 µg/L Clordano (cis + trans) 0,09 µg/L DDT (p-p'DDT + p-p'DDE + p-p'DDD) 0,13 µg/L Endrin 0,037 µg/L Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,053 µg/L Lindano (g-HCH) 0,16 µg/L Pentaclorofenol 13,0 µg/L Toxafeno 0,210 µg/L Tributilestanho 0,37 µg/L TBT

Art. 20. As águas salinas de classe 3 observarão as seguintes condições e padrões: I - materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes; II - óleos e graxas: toleram-se iridescências; III - substâncias que produzem odor e turbidez: virtualmente ausentes; IV - corantes provenientes de fontes antrópicas: virtualmente ausentes; V - resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes; VI - coliformes termotolerantes: não deverá ser excedido um limite de 4.000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente; VII - carbono orgânico total: até 10 mg/L, como C; VIII - OD, em qualquer amostra, não inferior a 4 mg/ L O2; e IX - pH: 6,5 a 8,5 não devendo haver uma mudança do pH natural maior do que 0,2 unidades. SEÇÃO IV Das Águas Salobras Art. 21. As águas salobras de classe 1 observarão as seguintes condições e padrões: I - condições de qualidade de água:

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a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro método cientificamente reconhecido; b) carbono orgânico total: até 3 mg/L, como C; c) OD, em qualquer amostra, não inferior a 5 mg/ L O2; d) pH: 6,5 a 8,5; e) óleos e graxas: virtualmente ausentes; f) materiais flutuantes: virtualmente ausentes; g) substâncias que produzem cor, odor e turbidez: virtualmente ausentes; h) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes; e i) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato primário deverá ser obedecida a Resolução CONAMA nº 274, de 2000. Para o cultivo de moluscos bivalves destinados à alimentação humana, a média geométrica da densidade de coliformes termotolerantes, de um mínimo de 15 amostras coletadas no mesmo local, não deverá exceder 43 por 100 mililitros, e o percentil 90% não deverá ultrapassar 88 coliformes termolerantes por 100 mililitros. Esses índices deverão ser mantidos em monitoramento anual com um mínimo de 5 amostras. Para a irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película, bem como para a irrigação de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto, não deverá ser excedido o valor de 200 coliformes termotolerantes por 100mL. Para os demais usos não deverá ser excedido um limite de 1.000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. A E. coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente. II - Padrões de qualidade de água:

TABELA VII - Classe 1. ÁGUAS SALOBRAS PADRÕES PARÂMETROS INORGÂNICOS Valor máximo Alumínio dissolvido 0,1 mg/L Al Arsênio total 0,01 mg/L As Berílio total 5,3 µg/L Be Boro 0,5 mg/L B Cádmio total 0,005 mg/L Cd Chumbo total 0,01 mg/L Pb Cianeto livre 0,001 mg/L CN Cloro residual total (combinado + livre)

0,01 mg/L Cl

Cobre dissolvido 0,005 mg/L Cu Cromo total 0,05 mg/L Cr Ferro dissolvido 0,3 mg/L Fe Fluoreto total 1,4 mg/L F Fósforo total 0,124 mg/L P Manganês total 0,1 mg/L Mn

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Mercúrio total 0,0002 mg/L Hg Níquel total 0,025 mg/L Ni Nitrato 0,40 mg/L N Nitrito 0,07 mg/L N Nitrogênio amoniacal total 0,40 mg/L N Polifosfatos (determinado pela diferença entre fósforo ácido hidrolisável total e fósforo reativo total)

0,062 mg/L P

Prata total 0,005 mg/L Ag Selênio total 0,01 mg/L Se Sulfetos (como H2S não dissociado) 0,002 mg/L S Zinco total 0,09 mg/L Zn PARÂMETROS ORGÂNICOS Valor máximo Aldrin + dieldrin 0,0019 µg/L Benzeno 700 µg/L Carbaril 0,32 µg/L Clordano (cis + trans) 0,004 µg/L 2,4-D 10,0 µg/L DDT (p,p'DDT+ p,p'DDE + p,p'DDD) 0,001 µg/L Demeton (Demeton-O + Demeton-S) 0,1 µg/L Dodecacloro pentaciclodecano 0,001 µg/L Endrin 0,004 µg/L Endossulfan (a + b + sulfato) 0,01 µg/L Etilbenzeno 25,0 µg/L Fenóis totais (substâncias que reagem com 4-aminoantipirina)

0,003 mg/L C6H5OH

Gution 0,01 µg/L Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,001 µg/L Lindano (g-HCH) 0,004 µg/L Malation 0,1 µg/L Metoxicloro 0,03 µg/L Monoclorobenzeno 25 µg/L Paration 0,04 µg/L Pentaclorofenol 7,9 µg/L PCBs - Bifenilas Policloradas 0,03 µg/L Substâncias tensoativas que reagem com azul de metileno

0,2 LAS

2,4,5-T 10,0 µg/L Tolueno 215 µg/L Toxafeno 0,0002 µg/L 2,4,5-TP 10,0 µg/L Tributilestanho 0,010 µg/L TBT Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 1,2,4-TCB)

80,0 µg/L

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III - Nas águas salobras onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para fins de consumo intensivo, além dos padrões estabelecidos no inciso II deste artigo, aplicam-se os seguintes padrões em substituição ou adicionalmente:

TABELA VIII - Classe 1. ÁGUAS SALOBRAS Padrões para corpos de água onde haja pesca ou cultivo de organismos para fins de consumo intensivo PARÂMETROS INORGÂNICOS Valor máximo Arsênio total 0,14 µg/L As PARÂMETROS ORGÂNICOS Valor máximo Benzeno 51 µg/L Benzidina 0,0002 µg/L Benzo(a)antraceno 0,018 µg/L Benzo(a)pireno 0,018 µg/L Benzo(b)fluoranteno 0,018 µg/L Benzo(k)fluoranteno 0,018 µg/L 2-Clorofenol 150 µg/L Criseno 0,018 µg/L Dibenzo(a,h)antraceno 0,018 µg/L 2,4-Diclorofenol 290 µg/L 1,1-Dicloroeteno 3,0 µg/L 1,2-Dicloroetano 37,0 µg/L 3,3-Diclorobenzidina 0,028 µg/L Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,000039 µg/L Hexaclorobenzeno 0,00029 µg/L Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,018 µg/L Pentaclorofenol 3,0 µg/L PCBs - Bifenilas Policloradas 0,000064 µg/L Tetracloroeteno 3,3 µg/L Tricloroeteno 30 µg/L 2,4,6-Triclorofenol 2,4 µg/L

Art. 22. Aplicam-se às águas salobras de classe 2 as condições e padrões de qualidade da classe 1, previstos no artigo anterior, à exceção dos seguintes: I - condições de qualidade de água: a) não verificação de efeito tóxico agudo a organismos, de acordo com os critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro método cientificamente reconhecido; b) carbono orgânico total: até 5,00 mg/L, como C; c) OD, em qualquer amostra, não inferior a 4 mg/L O2; e d) coliformes termotolerantes: não deverá ser excedido um limite de 2500 por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. A E. coli poderá ser determinada em substituição

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ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente. II - Padrões de qualidade de água:

TABELA IX - CLASSE 2. ÁGUAS SALOBRAS PADRÕES PARÂMETROS INORGÂNICOS Valor máximo Arsênio total 0,069 mg/L As Cádmio total 0,04 mg/L Cd Chumbo total 0,210 mg/L Pb Cromo total 1,1 mg/L Cr Cianeto livre 0,001 mg/L CN Cloro residual total (combinado + li e)- 19,0 µg/L Cl Cobre dissolvido 7,8 µg/L Cu Fósforo total 0,186 mg/L P Mercúrio total 1,8 µg/L Hg Níquel total 74,0 µg/L Ni Nitrato 0,70 mg/L N Nitrito 0,20 mg/L N Nitrogênio amoniacal total 0,70 mg/L N Polifosfatos (determinado pela diferen- ça entre fósforo ácido hidrolisável total e fósforo reativo total)

0,093 mg/L P

Selênio total 0,29 mg/L Se Zinco total 0,12 mg/L Zn PARÂMETROS ORGÂNICOS Valor máximo Aldrin + Dieldrin 0,03 µg/L Clordano (cis + trans) 0,09 µg/L DDT (p-p'DDT + p-p'DDE + p-p'DDD) 0,13 µg/L Endrin 0,037 µg/L Heptacloro epóxido+ Heptacloro 0,053 µg/L Lindano (g-HCH) 0,160 µg/L Pentaclorofenol 13,0 µg/L Toxafeno 0,210 µg/L Tributilestanho 0,37 µg/L TBT

Art. 23. As águas salobras de classe 3 observarão as seguintes condições e padrões: I - pH: 5 a 9; II - OD, em qualquer amostra, não inferior a 3 mg/L O2; III - óleos e graxas: toleram-se iridescências; IV - materiais flutuantes: virtualmente ausentes; V - substâncias que produzem cor, odor e turbidez: virtualmente ausentes;

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VI - substâncias facilmente sedimentáveis que contribuam para o assoreamento de canais de navegação: virtualmente ausentes; VII - coliformes termotolerantes: não deverá ser excedido um limite de 4.000 coliformes termotolerantes por 100 mL em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente; e VIII - carbono orgânico total até 10,0 mg/L, como C. CAPÍTULO IV Das Condições e Padrões de Lançamento de Efluentes Art. 24. Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados, direta ou indiretamente, nos corpos de água, após o devido tratamento e desde que obedeçam às condições, padrões e exigências dispostos nesta Resolução e em outras normas aplicáveis. Parágrafo único - O órgão ambiental competente poderá, a qualquer momento: I - acrescentar outras condições e padrões, ou torná-los mais restritivos, tendo em vista as condições locais, mediante fundamentação técnica; e II - exigir a melhor tecnologia disponível para o tratamento dos efluentes, compatível com as condições do respectivo curso de água superficial, mediante fundamentação técnica. Art. 25. É vedado o lançamento e a autorização de lançamento de efluentes em desacordo com as condições e padrões estabelecidos nesta Resolução. Parágrafo único - O órgão ambiental competente poderá, excepcionalmente, autorizar o lançamento de efluente acima das condições e padrões estabelecidos no art. 34, desta Resolução, desde que observados os seguintes requisitos: I - comprovação de relevante interesse público, devidamente motivado; II - atendimento ao enquadramento e às metas intermediárias e finais, progressivas e obrigatórias; III - realização de Estudo de Impacto Ambiental-EIA, às expensas do empreendedor responsável pelo lançamento; IV - estabelecimento de tratamento e exigências para este lançamento; e V - fixação de prazo máximo para o lançamento excepcional. Art. 26. Os órgãos ambientais federal, estaduais e municipais, no âmbito de sua competência, deverão, por meio de norma específica ou no licenciamento da atividade ou empreendimento, estabelecer a carga poluidora máxima para o lançamento de substâncias passíveis de estarem presentes ou serem formadas nos processos produtivos, listadas ou não no art. 34, desta Resolução, de modo a não comprometer as metas progressivas obrigatórias, intermediárias e final, estabelecidas pelo enquadramento para o corpo de água. § 1º No caso de empreendimento de significativo impacto, o órgão ambiental competente exigirá, nos processos de licenciamento ou de sua renovação, a apresentação de estudo de capacidade de suporte de carga do corpo de água receptor. § 2º O estudo de capacidade de suporte deve considerar, no mínimo, a diferença entre os padrões estabelecidos pela classe e as concentrações existentes no trecho desde a montante, estimando a concentração após a zona de mistura.

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§ 3º Sob pena de nulidade da licença expedida, o empreendedor, no processo de licenciamento, informará ao órgão ambiental as substâncias, entre aquelas previstas nesta Resolução para padrões de qualidade de água, que poderão estar contidas no seu efluente. § 4º O disposto no § 1º aplica-se também às substâncias não contempladas nesta Resolução, exceto se o empreendedor não tinha condições de saber de sua existência nos seus efluentes. Art. 27. É vedado, nos efluentes, o lançamento dos Poluentes Orgânicos Persistentes-POPs mencionados na Convenção de Estocolmo, ratificada pelo Decreto Legislativo nº 204, de 7 de maio de 2004. Parágrafo único - Nos processos onde possa ocorrer a formação de dioxinas e furanos deverá ser utilizada a melhor tecnologia disponível para a sua redução, até a completa eliminação. Art. 28. Os efluentes não poderão conferir ao corpo de água características em desacordo com as metas obrigatórias progressivas, intermediárias e final, do seu enquadramento. § 1º As metas obrigatórias serão estabelecidas mediante parâmetros. § 2º Para os parâmetros não incluídos nas metas obrigatórias, os padrões de qualidade a serem obedecidos são os que constam na classe na qual o corpo receptor estiver enquadrado. § 3º Na ausência de metas intermediárias progressivas obrigatórias, devem ser obedecidos os padrões de qualidade da classe em que o corpo receptor estiver enquadrado. Art. 29. A disposição de efluentes no solo, mesmo tratados, não poderá causar poluição ou contaminação das águas. Art. 30. No controle das condições de lançamento, é vedada, para fins de diluição antes do seu lançamento, a mistura de efluentes com águas de melhor qualidade, tais como as águas de abastecimento, do mar e de sistemas abertos de refrigeração sem recirculação. Art. 31. Na hipótese de fonte de poluição geradora de diferentes efluentes ou lançamentos individualizados, os limites constantes desta Resolução aplicar-se-ão a cada um deles ou ao conjunto após a mistura, a critério do órgão ambiental competente. Art. 32. Nas águas de classe especial é vedado o lançamento de efluentes ou disposição de resíduos domésticos, agropecuários, de aqüicultura, industriais e de quaisquer outras fontes poluentes, mesmo que tratados. § 1º Nas demais classes de água, o lançamento de efluentes deverá, simultaneamente: I - atender às condições e padrões de lançamento de efluentes; II - não ocasionar a ultrapassagem das condições e padrões de qualidade de água, estabelecidos para as respectivas classes, nas condições da vazão de referência; e III - atender a outras exigências aplicáveis. § 2º No corpo de água em processo de recuperação, o lançamento de efluentes observará as metas progressivas obrigatórias, intermediárias e final.

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Art. 33. Na zona de mistura de efluentes, o órgão ambiental competente poderá autorizar, levando em conta o tipo de substância, valores em desacordo com os estabelecidos para a respectiva classe de enquadramento, desde que não comprometam os usos previstos para o corpo de água. Parágrafo único - A extensão e as concentrações de substâncias na zona de mistura deverão ser objeto de estudo, nos termos determinados pelo órgão ambiental competente, às expensas do empreendedor responsável pelo lançamento. Art. 34. Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados, direta ou indiretamente, nos corpos de água desde que obedeçam as condições e padrões previstos neste artigo, resguardadas outras exigências cabíveis: § 1º O efluente não deverá causar ou possuir potencial para causar efeitos tóxicos aos organismos aquáticos no corpo receptor, de acordo com os critérios de toxicidade estabelecidos pelo órgão ambiental competente. § 2º Os critérios de toxicidade previstos no § 1º devem se basear em resultados de ensaios ecotoxicológicos padronizados, utilizando organismos aquáticos, e realizados no efluente. § 3º Nos corpos de água em que as condições e padrões de qualidade previstos nesta Resolução não incluam restrições de toxicidade a organismos aquáticos, não se aplicam os parágrafos anteriores. § 4º Condições de lançamento de efluentes: I - pH entre 5 a 9; II - temperatura: inferior a 40ºC, sendo que a variação de temperatura do corpo receptor não deverá exceder a 3ºC na zona de mistura; III - materiais sedimentáveis: até 1 mL/L em teste de 1 hora em cone Imhoff. Para o lançamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação seja praticamente nula, os materiais sedimentáveis deverão estar virtualmente ausentes; IV - regime de lançamento com vazão máxima de até 1,5 vezes a vazão média do período de atividade diária do agente poluidor, exceto nos casos permitidos pela autoridade competente; V - óleos e graxas: 1. óleos minerais: até 20mg/L; 2. óleos vegetais e gorduras animais: até 50mg/L; e VI - ausência de materiais flutuantes. § 5º Padrões de lançamento de efluentes:

TABELA X - LANÇAMENTO DE EFLUENTES PADRÕES PARÂMETROS INORGÂNICOS Valor máximo Arsênio total 0,5 mg/L As Bário total 5,0 mg/L Ba Boro total 5,0 mg/L B Cádmio total 0,2 mg/L Cd Chumbo total 0,5 mg/L Pb Cianeto total 0,2 mg/L CN Cobre dissolvido 1,0 mg/L Cu

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Cromo total 0,5 mg/L Cr Estanho total 4,0 mg/L Sn Ferro dissolvido 15,0 mg/L Fé Fluoreto total 10,0 mg/L F Manganês dissolvido 1,0 mg/L Mn Mercúrio total 0,01 mg/L Hg Níquel total 2,0 mg/L Ni Nitrogênio amoniacal total 20,0 mg/L N Prata total 0,1 mg/L Ag Selênio total 0,30 mg/L Se Sulfeto 1,0 mg/L S Zinco total 5,0 mg/L Zn PARÂMETROS ORGÂNICOS Valor máximo Clorofórmio 1,0 mg/L Dicloroeteno 1,0 mg/L Fenóis totais (substâncias que reagem com 4-aminoantipirina)

0,5 mg/L C6H5OH

Tetracloreto de Carbono 1,0 mg/L Tricloroeteno 1,0 mg/L

Art. 35. Sem prejuízo do disposto no inciso I, do § 1º do art. 24, desta Resolução, o órgão ambiental competente poderá, quando a vazão do corpo de água estiver abaixo da vazão de referência, estabelecer restrições e medidas adicionais, de caráter excepcional e temporário, aos lançamentos de efluentes que possam, dentre outras conseqüências: I - acarretar efeitos tóxicos agudos em organismos aquáticos; ou II - inviabilizar o abastecimento das populações. Art. 36. Além dos requisitos previstos nesta Resolução e em outras normas aplicáveis, os efluentes provenientes de serviços de saúde e estabelecimentos nos quais haja despejos infectados com microorganismos patogênicos, só poderão ser lançados após tratamento especial. Art. 37. Para o lançamento de efluentes tratados no leito seco de corpos de água intermitentes, o órgão ambiental competente definirá, ouvido o órgão gestor de recursos hídricos, condições especiais. CAPÍTULO V Diretrizes Ambientais para o Enquadramento Art. 38. O enquadramento dos corpos de água dar-se-á de acordo com as normas e procedimentos definidos pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos-CNRH e Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos. § 1º O enquadramento do corpo hídrico será definido pelos usos preponderantes mais restritivos da água, atuais ou pretendidos. § 2º Nas bacias hidrográficas em que a condição de qualidade dos corpos de água esteja em desacordo com os usos preponderantes pretendidos, deverão ser

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estabelecidas metas obrigatórias, intermediárias e final, de melhoria da qualidade da água para efetivação dos respectivos enquadramentos, excetuados nos parâmetros que excedam aos limites devido às condições naturais. § 3º As ações de gestão referentes ao uso dos recursos hídricos, tais como a outorga e cobrança pelo uso da água, ou referentes à gestão ambiental, como o licenciamento, termos de ajustamento de conduta e o controle da poluição, deverão basear-se nas metas progressivas intermediárias e final aprovadas pelo órgão competente para a respectiva bacia hidrográfica ou corpo hídrico específico. § 4º As metas progressivas obrigatórias, intermediárias e final, deverão ser atingidas em regime de vazão de referência, excetuados os casos de baías de águas salinas ou salobras, ou outros corpos hídricos onde não seja aplicável a vazão de referência, para os quais deverão ser elaborados estudos específicos sobre a dispersão e assimilação de poluentes no meio hídrico. § 5º Em corpos de água intermitentes ou com regime de vazão que apresente diferença sazonal significativa, as metas progressivas obrigatórias poderão variar ao longo do ano. § 6º Em corpos de água utilizados por populações para seu abastecimento, o enquadramento e o licenciamento ambiental de atividades a montante preservarão, obrigatoriamente, as condições de consumo. CAPÍTULO VI Disposições Finais e Transitórias Art. 39. Cabe aos órgãos ambientais competentes, quando necessário, definir os valores dos poluentes considerados virtualmente ausentes. Art. 40. No caso de abastecimento para consumo humano, sem prejuízo do disposto nesta Resolução, deverão ser observadas, as normas específicas sobre qualidade da água e padrões de potabilidade. Art. 41. Os métodos de coleta e de análises de águas são os especificados em normas técnicas cientificamente reconhecidas. Art. 42. Enquanto não aprovados os respectivos enquadramentos, as águas doces serão consideradas classe 2, as salinas e salobras classe 1, exceto se as condições de qualidade atuais forem melhores, o que determinará a aplicação da classe mais rigorosa correspondente. Art. 43. Os empreendimentos e demais atividades poluidoras que, na data da publicação desta Resolução, tiverem Licença de Instalação ou de Operação, expedida e não impugnada, poderão a critério do órgão ambiental competente, ter prazo de até três anos, contados a partir de sua vigência, para se adequarem às condições e padrões novos ou mais rigorosos previstos nesta Resolução. § 1º O empreendedor apresentará ao órgão ambiental competente o cronograma das medidas necessárias ao cumprimento do disposto no caput deste artigo. § 2º O prazo previsto no caput deste artigo poderá, excepcional e tecnicamente motivado, ser prorrogado por até dois anos, por meio de Termo de Ajustamento de Conduta, ao qual se dará publicidade, enviando-se cópia ao Ministério Público.

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§ 3º As instalações de tratamento existentes deverão ser mantidas em operação com a capacidade, condições de funcionamento e demais características para as quais foram aprovadas, até que se cumpram as disposições desta Resolução. § 4º O descarte contínuo de água de processo ou de produção em plataformas marítimas de petróleo será objeto de resolução específica, a ser publicada no prazo máximo de um ano, a contar da data de publicação desta Resolução, ressalvado o padrão de lançamento de óleos e graxas a ser o definido nos termos do art. 34, desta Resolução, até a edição de resolução específica. Art. 44. O CONAMA, no prazo máximo de um ano, complementará, onde couber, condições e padrões de lançamento de efluentes previstos nesta Resolução. Art. 45. O não cumprimento ao disposto nesta Resolução acarretará aos infratores as sanções previstas pela legislação vigente. § 1º Os órgãos ambientais e gestores de recursos hídricos, no âmbito de suas respectivas competências, fiscalizarão o cumprimento desta Resolução, bem como quando pertinente, a aplicação das penalidades administrativas previstas nas legislações específicas, sem prejuízo do sancionamento penal e da responsabilidade civil objetiva do poluidor. § 2º As exigências e deveres previstos nesta Resolução caracterizam obrigação de relevante interesse ambiental. Art. 46. O responsável por fontes potencial ou efetivamente poluidoras das águas deve apresentar ao órgão ambiental competente, até o dia 31 de março de cada ano, declaração de carga poluidora, referente ao ano civil anterior, subscrita pelo administrador principal da empresa e pelo responsável técnico devidamente habilitado, acompanhada da respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica. § 1º A declaração referida no caput deste artigo conterá, entre outros dados, a caracterização qualitativa e quantitativa de seus efluentes, baseada em amostragem representativa dos mesmos, o estado de manutenção dos equipamentos e dispositivos de controle da poluição. § 2º O órgão ambiental competente poderá estabelecer critérios e formas para apresentação da declaração mencionada no caput deste artigo, inclusive, dispensando-a se for o caso para empreendimentos de menor potencial poluidor. Art. 47. Equiparam-se a perito, os responsáveis técnicos que elaborem estudos e pareceres apresentados aos órgãos ambientais. Art. 48. O não cumprimento ao disposto nesta Resolução sujeitará os infratores, entre outras, às sanções previstas na Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e respectiva regulamentação. Art. 49. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. Art. 50. Revoga-se a Resolução CONAMA nº 020, de 18 de junho de 1986. MARINA SILVA Presidente do Conselho

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