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1 Educação Ambiental: O fazer docente em uma Escola Publica do Município de Marituba/Pará Mara Rubes da Silva Coutinho/PARFOR/UFPA Priscyla Cristinny Santiago da Luz/Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática/UFMT/UEPA Lucidia Fonseca Santiago /Docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências e Meio Ambiente//UFPA Resumo Este trabalho buscou investigar práticas em Educação Ambiental (EA) na Escola Maria de Fátima no Município de Marituba e teve como meta conhecer as dificuldades enfrentadas pelos professores no trabalho com EA, além de identificar práticas que são trabalhadas e quais disciplinas estão envolvidas. Foi aplicado um questionário aos professores do ensino fundamental maior, contendo perguntas abertas e fechadas sobre o tema. A pesquisa mostrou que são poucas as práticas educativas voltadas a discussão da EA na escola, mesmo sabendo que a escola deve ser um espaço privilegiado para desenvolvimentos de atividades sobre o tema, verificou-se também que os professores não têm definido uma concepção de EA. Justificam a inexistência dessas atividades na escola pela falta de material, planejamento, projetos pedagógicos e apoio pedagógico por parte da coordenação. Abstract This work aimed to investigate practices in Environmental Education (EA) at the Maria de Fátima School in the municipality of Marituba and had as a goal to know the difficulties faced by teachers in working with EE, as well as to identify practices that are worked on and which disciplines are involved. A questionnaire was applied to higher elementary teachers, containing open and closed questions on the subject. The research showed that there are few educational practices focused on the discussion of EE in school, even knowing that the school should be a privileged space for the development of activities on the subject, it was also verified that teachers have not defined an EA concept. They justify the inexistence of these activities in the school due to lack of material, planning, pedagogical projects and pedagogical support by the coordination 1. Introdução A inserção da questão aspecto ambiental ao processo educativo vem ocorrendo gradativamente, mas especificamente a partir da publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) na década de 1998. A escola representa um espaço de trabalho fundamental para o desenvolvimento de praticas de EA, apesar de carregar consigo o IX EPEA Encontro Pesquisa em Educação Ambiental Juiz de Fora - MG 13 a 16 de agosto de 2017 Universidadre Federal de Juiz de Fora IX EPEA -Encontro Pesquisa em Educação Ambiental

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Educação Ambiental: O fazer docente em uma Escola Publica do

Município de Marituba/Pará

Mara Rubes da Silva Coutinho/PARFOR/UFPA

Priscyla Cristinny Santiago da Luz/Programa de Pós-graduação em Educação

em Ciências e Matemática/UFMT/UEPA

Lucidia Fonseca Santiago /Docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências

e Meio Ambiente//UFPA

Resumo

Este trabalho buscou investigar práticas em Educação Ambiental (EA) na Escola Maria de

Fátima no Município de Marituba e teve como meta conhecer as dificuldades enfrentadas

pelos professores no trabalho com EA, além de identificar práticas que são trabalhadas e

quais disciplinas estão envolvidas. Foi aplicado um questionário aos professores do ensino

fundamental maior, contendo perguntas abertas e fechadas sobre o tema. A pesquisa mostrou

que são poucas as práticas educativas voltadas a discussão da EA na escola, mesmo sabendo

que a escola deve ser um espaço privilegiado para desenvolvimentos de atividades sobre o

tema, verificou-se também que os professores não têm definido uma concepção de EA.

Justificam a inexistência dessas atividades na escola pela falta de material, planejamento,

projetos pedagógicos e apoio pedagógico por parte da coordenação.

Abstract

This work aimed to investigate practices in Environmental Education (EA) at the Maria

de Fátima School in the municipality of Marituba and had as a goal to know the

difficulties faced by teachers in working with EE, as well as to identify practices that are

worked on and which disciplines are involved. A questionnaire was applied to higher

elementary teachers, containing open and closed questions on the subject. The research

showed that there are few educational practices focused on the discussion of EE in

school, even knowing that the school should be a privileged space for the development

of activities on the subject, it was also verified that teachers have not defined an EA

concept. They justify the inexistence of these activities in the school due to lack of

material, planning, pedagogical projects and pedagogical support by the coordination

1. Introdução

A inserção da questão aspecto ambiental ao processo educativo vem ocorrendo

gradativamente, mas especificamente a partir da publicação dos Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCN) na década de 1998. A escola representa um espaço de trabalho

fundamental para o desenvolvimento de praticas de EA, apesar de carregar consigo o

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peso de uma estrutura desgastada e pouco aberta às reflexões relativas á dinâmica

socioambiental.

A Educação Ambiental nas escolas brasileiras ganhou notoriedade com a

promulgação da Lei 9.795, de 27 de abril de 1999, que instituiu uma Política Nacional

de Educação Ambiental. Por meio desta foi estabelecida a obrigatoriedade de promover

a 1ª Agenda 21: instrumento de planejamento para a construção de sociedades

sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção

ambiental, justiça social e eficiência econômica (BRASIL, 2001)

A Educação Ambiental deve ser trabalhada em todos os níveis do ensino formal

(BRASIL, 1999). Os PCN estabelecem que as Escolas devam ajustar e adaptar os temas

transversais às necessidades/especificidades da comunidade escolar. Pois, as questões

ligadas ao meio ambiente ganham características diferentes conforme a realidade do

espaço ao qual se encontram. Por isto, há necessidade da adequação das práticas

escolares ao contexto socioambiental, no qual as Escolas estão inseridas.

As práticas educativas sobre a EA nas escolas devem possibilitar uma

abordagem educacional que vise mudança de paradigmas rumo ao desenvolvimento

sustentável (ANDRADE, 2000). Neste direcionamento, os PCN destacam que a

instituição escolar precisa fornecer condições para despertar o questionamento dos

alunos frente à realidade vivida, orientando-os a desenvolver um espírito de crítica às

induções ao consumismo, bem como o senso de responsabilidade e solidariedade no uso

dos bens comuns e recursos naturais, de modo a respeitar o ambiente e as pessoas de sua

comunidade (BRASIL, 1998).

Esta assertiva vendo sendo destacada por BERNA (2004), quando afirma que é

preciso mostrar aos alunos a relevância deles no contexto ambiental, para que tenham

consciência de que podem ser agentes transformadores, que podem mudar a realidade

ao seu redor e que essa realidade transformada influenciará outras realidades. “Mais

importante que dominar informações sobre um rio ou ecossistema da região é usar o

meio ambiente local como motivador” (BERNA, 2004). As discussões realizadas em

sala de aula aliadas as vivências em diferentes meio ambientes são fundamentais para a

formação de um indivíduo crítico e por sua vez atuante socialmente.

A escola é um espaço importante para desenvolvimento da temática ambiental,

onde é possível trabalhar considerando visão integrada do mundo, no tempo e no

espaço, desenvolvendo atividades que propiciem essa reflexão, pois isso necessita de

atividades de sala de aula e atividades de campo, com ações orientadas em projetos e em

processos de participação que levem à autoconfiança, a atitudes positivas e ao

comprometimento pessoal com a proteção ambiental implementada de modo

interdisciplinar (DIAS, 1992).

Ressaltado que as gerações que forem assim formadas crescerão dentro de um

novo modelo de educação criando novas visões do que é o planeta Terra. Entretanto,

não raramente a escola atua como mantenedora e reprodutora de uma cultura que é

predatória ao ambiente, ou se limita a ser somente uma repassadora de informações.

Nesse caso, as reflexões que dão início a implementação da EA devem

contemplar aspectos que não apenas possam gerar alternativas para a superação desse

quadro, mas que o invertam, de modo a produzir consequências benéficas, favorecendo

a paulatina compreensão global da fundamental importância de todas as formas de vida

coexistentes em nosso planeta, do meio em que estão inseridas, e o desenvolvimento do

respeito mútuo entre todos os diferentes membros de nossa espécie ((LOUREIRO,

2006; CARVALHO, 2012).

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Com este direcionamento, verifica-se a necessidade de conhecer práticas de

Educação Ambiental no espaço escolar, com este olhar, este estudo busca investigar

práticas em Educação Ambiental (EA) na Escola Maria de Fátima no Município de

Marituba e teve como meta conhecer as dificuldades enfrentadas pelos professores no

trabalho com EA, além de identificar práticas que são trabalhadas e quais disciplinas

estão envolvidas.

2. Referencial Teórico

A escola por meio da Educação Ambiental deve sensibilizar o aluno a buscar

valores que conduzam a uma convivência harmoniosa com o ambiente e as demais

espécies que habitam o planeta, auxiliando-o a analisar criticamente os princípios que

tem levado à destruição inconsequente dos recursos naturais e de várias espécies. Tendo

a clareza que a natureza não é fonte inesgotável de recursos, suas reservas são finitas e

devem ser utilizadas de maneira racional, evitando o desperdício e considerando a

reciclagem como processo vital. E, principalmente, que é necessário planejar o uso e

ocupação do solo nas áreas urbanas e rurais, considerando que é necessário ter

condições dignas de moradia, trabalho, transporte e lazer, áreas destinadas à produção

de alimentos e proteção dos recursos naturais.

Este processo de sensibilização da comunidade escolar pode fomentar iniciativas

que transcendam o ambiente escolar, atingindo tanto o bairro no qual a escola está

inserida como comunidades mais afastadas nas quais residam alunos, professores e

funcionários. SOUZA (2000) afirma, inclusive, que o estreitamento das relações intra e

extraescolar é bastante útil na conservação do ambiente, principalmente o ambiente da

escola.

Os participantes do Encontro Nacional de Políticas e Metodologias para a

Educação Ambiental (MEC/SEMAM, 1991) sugeriram, entre outras propostas, que os

trabalhos relacionados à Educação Ambiental na escola devem ter, como objetivos, a

sensibilização e a conscientização; buscar uma mudança comportamental; formar um

cidadão mais atuante; sensibilizar o professor, principal agente promotor da Educação

Ambiental; criar condições para que, no ensino formal, a Educação Ambiental seja um

processo contínuo e permanente, através de ações interdisciplinares globalizantes e da

instrumentação dos professores; procurar a integração entre escola e comunidade,

objetivando a proteção ambiental em harmonia com o desenvolvimento sustentado.

(DIAS, 1992).

Com os conteúdos ambientais permeando todas as disciplinas do currículo e

contextualizados com a realidade da comunidade, a escola ajudará o aluno a perceber a

correlação dos fatos e a ter uma visão integral do mundo em que vive. Para isso a

Educação Ambiental deve ser abordada de forma sistemática e transversal, em todos os

níveis de ensino, assegurando a presença da dimensão ambiental de forma

interdisciplinar nos currículos das diversas disciplinas e das atividades escolares.

Assim sendo a escola é o espaço social e o local onde o aluno será sensibilizado

para as ações ambientais e fora do âmbito escolar ele será capaz de dar sequencia ao seu

processo de socialização. Comportamentos ambientalmente corretos devem ser

aprendidos na prática, no cotidiano da vida escolar, contribuindo para a formação de

cidadãos responsáveis.

A metodologia teórica e prática dos projetos mais adequada serão por intermédio

do estudo de temas geradores que englobam aulas críticas, palestras, oficinas e saídas a

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campo. Esse processo oferece possibilidades para os professores atuarem de maneira a

englobar toda a comunidade escolar e do bairro na coleta de dados para resgatar a

história da área para, enfim, conhecer seu meio e levantar os problemas ambientais e, a

partir da coleta de dados, à elaboração de pequenos projetos de intervenção.

Sendo a Educação Ambiental um processo contínuo e cíclico, devem-se

desenvolver projetos e cursos de capacitação de professores para que estes sejam

capazes de conjugar alguns princípios básicos da Educação Ambiental, como: propostas

pedagógicas centradas na conscientização, mudança de comportamento,

desenvolvimento de competências e habilidades, capacidade de avaliação e participação

de professores e educandos.

3. Material e Métodos

Este estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa, pois considera as subjetividades

dos sujeitos, abrangendo o público constituído de professores do 6º ao 9º ano do Ensino

Fundamental (SEVERINO, 2007). Para ter acesso a uma diversidade de olhares sobre o

tema pesquisado, foram pesquisados doze (12) professores das seguintes áreas do

conhecimento: Geografia (1), Biologia (1), Ed. Física(1), Informática(1),

Matemática(2), História(1), Português(2), Inglês(1), Arte(1), Estudos Amazônicos(1).

Para coleta de dados utilizamos um questionário com questões abertas e

fechadas, a fim de levantar os dados que serviram de análise e discussão ao estudo.

Para analise dos dados utilizamos a Análise de conteúdo baseada em Bardin

(2009).

4. Resultados e Discussão

Quando interrogados sobre a quem cabe trabalhar as questões ambientais na

escola, 60% dos professores afirmaram que todos os professores devem trabalhar, 30%

entendem que a EA deve ser trabalhado em Ciências, 5% diz que é gestão da escola que

deve promover atividades neste sentido e 5% diz não ter necessidade desse trabalho,

esta análise se contrapõe aos princípios dos PCN, que incluem a Educação Ambiental

como temática transversal, o que determina a abordagem não exclusiva por uma

disciplina específica, mas de forma conjunta e integralizada.”. E a PNEA, quando

afirma que “A Educação Ambiental será desenvolvida como uma prática educativa

integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal e

“a Educação Ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no currículo

de ensino” (PNEA,1999).

Ao serem questionados com relação à frequência que trabalham temas

relacionado à EA nas aulas, constatou-se que apenas 30% dos professores responderam

que frequentemente, 60% raramente e 10% afirmam nunca terem trabalhando. Podemos

perceber que existe uma incoerência em relação à resposta anterior, onde a maioria

relatou que todos os professores devem trabalhar questões ambientais.

Com relação à existência de projetos que abordem a EA na escola, 40%

disseram que existem e 60% responderam que não. Nesta pergunta é perceptível a falta

de clareza entre a maioria dos profissionais quanto aos projetos e atividades

desenvolvidas na escola, pois pode-se comprovar que na escola tem um projeto de Horta

escolar muito bem sucedida e que a maioria dos professores desconhece.

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No questionamento levantado sobre o desenvolvimento de projetos na escola,

37% responderam que já desenvolveram projetos e 63% responderam negativamente.

Assim pode se verificar que os projetos acontecem de forma esporádica e isolada.

Em relação limitações ao trabalho com o tema 40% ressaltam que é devido à

falta de material, 45% argumentam que há uma necessidade de maior conhecimento

relacionado ao tema, para que haja uma maior compreensão e apropriação das

concepções e metodologias pedagógicas para planejar e desenvolver atividades

significativas . A falta de material é um fator muito comum quando se trabalha EA, pois

é raro encontrar livros que tragam a temática especificamente. Geralmente o que se tem

é questionamentos interligados a alguns conteúdos, e ainda, a maioria dos livros

didáticos traz informações defasadas, confundindo a EA com o conteúdo de ecologia,

dando enfoque utilitarista da natureza e abordando os problemas ambientais de forma

fragmentada.

A falta de tempo é ressaltada como um fator que inviabiliza o trabalho com EA,

já que é muito comum encontrar professores que trabalham quarenta horas semanais e

não tem tempo para se organizarem e planejarem ações de EA.

Quanto à participação em formação, apenas 15% já tiveram a oportunidade de

participar de algum tipo de formação. Entretanto, 85% afirmaram que nunca participou.

Formação especifica em EA ainda é pouco promovida pelos setores responsáveis pela

formação de professores. Porém existem vários outros meios acessíveis onde os

profissionais podem estar buscando esse suporte. Uma das exigências da Política

Nacional de Educação Ambiental no Art. 11 é que “A dimensão ambiental deve constar

nos currículos de formação de professores, em todos os níveis e em todas as

disciplinas”.

Quando indagados se é possível desenvolver atividades em EA dentro da

realidade da escola, 95% responderam que é possível e apenas 5% responderam que

não. Os professores que responderam que sim, citaram projeto didático como

alternativa para trabalhar a interdisciplinaridade. Os que responderam, não, alegaram

falta de apoio, estrutura física e tempo. Observa-se que na hora de dizer que é possível,

todos dizem “sim”, porém a pratica não condiz com as falas.

A dificuldade de se desenvolver trabalhos de maneira interdisciplinar não está

ligada somente aos professores, mas principalmente no sistema escolar. Pois as escolas

não estão minimamente preparadas para uma estrutura pedagógica que trate o

conhecimento de forma interdisciplinar. Tazoni-Reis (2008), retrata bem essa situação

quando afirma: “que no processo de formação o problema do conhecimento

fragmentado não será superado se o foco da analise permanecer apenas na discussão

sobre disciplinas, descolando-o do contexto socio-histórico que as produzem”.

Em relação ao desenvolvimento de atividades, na dimensão dos processos por

meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,

habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente,

bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

90% disseram “sim” quando é pedido pra relatar experiência, 30% disse utilizar a

prática de seminários em sala de aula, 50% promovem estudo dirigido, 15% fazem aulas

práticas e 5% fazem saída de campo.

Apesar das aulas de campo serem apontadas por um número menor de

professores, esta é uma prática bastante recomendada por educadores ambientais.

Carvalho (1998) sugere que as atividades de campo são muito importantes para permitir

a sensibilização ambiental, uma vez que nelas ocorre o contato direto com o ambiente,

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oportunizando assim a reflexão sobre valores, e consequentemente mudanças de atitude.

A alternativa que foi mais apontada pelos professores foi a aula expositiva, esse é um

dos métodos mais utilizados até hoje nas salas de aula, o que demonstra que ainda há

uma forte predominância na tendência pedagógica tradicional, a qual é baseada na

transmissão dos conteúdos de maneira informativa.

No caso da EA, Reigota (1994) defende que esta modalidade pode apresentar

bons resultados, desde que seja bem preparada e que haja espaço para que os alunos

façam seus questionamentos, pois sendo esta um processo não deve ser desenvolvida

por um só sujeito, e sim por toda a coletividade envolvida. E nessa dimensão ainda a

interdisciplinaridade aparece como possibilidade de superação da desarticulação entre

teoria e pratica, buscando formação integral do sujeito e formação na perspectiva da

totalidade (TOZONI-REIS, 2008, p.85).

5. Considerações Finais

Este estudo se propôs a analisar praticas educativas em EA dos professores que

atuam na Escola Municipal Maria de Fátima Monteiro Ferreiras, em Marituba-PA.

Inicialmente, foi possível identificar que a temática sobre EA não faz parte do

currículo trabalhado na escola e, portanto, não esta contemplada no planejamento dos

professores.

É importante salientar que alguns padrões e concepções, tais como, a educação

realizada na escola, apresenta a prevalência da perspectiva conservadora e tradicional

com finalidades voltadas apenas para a transmissão de conhecimento. Além disso, se

observa a prevalência de atividades pontuais (dia da água, dia da árvore, lixo), além da

falta de formação inicial e continuada da maioria dos professores em relação a EA.

Entretanto, reconhecem-se alguns relatos sobre a superação destes padrões de

concepções conservadoras, avançando para perspectivas de sentido complexo que

contribuem para a inserção da EA crítica na escola. Foi possível assim verificar que

alguns professores estão no movimento de paradigmas tradicionais de implementação

da EA, aproximando-se de uma perspectiva crítica, a qual busca superar a fragmentação

das práticas pedagógicas na escola, mesmo com ações isoladas.

A partir destas análises, percebemos que a inserção da EA nas escolas precisa

ser repensada e que os desafios precisam ser vencidos, vão desde uma formação

adequada dos professores, à necessidade de se repensar sobre a EA crítica, para que

ocorra ressignificação das ações desenvolvidas na escola.

Desta forma, ainda ressalta-se que apesar de todo trabalho e propostas

inovadoras identificamos a “resistências” de alguns professores ao tentar compreender

os objetivos e finalidades das atividades realizadas. No entanto, é preciso o

enfrentamento destes fatores como criação de espaços para discussão da EA, a partir da

elaboração e efetivação de políticas públicas, para que ocorra efetivamente uma

educação voltada às questões socioambientais.

As dificuldades encontradas para o desenvolvimento de projetos na

escola são várias, indo desde a limitação de material didático para este fim, falta de

tempo, falta de interesse dos alunos até o sentimento de formação insuficiente por parte

dos professores em relação à temática.

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6. Referencias Bibliográficas

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