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Proposta de uma sequência didática na construção do
conhecimento em educação ambiental
Gilmara Ferreira Alvim
UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Benjamin Carvalho Teixeira Pinto
UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Resumo
O presente trabalho teve como objetivo avaliar uma sequência didática na
construção do conhecimento em Educação Ambiental para estudantes de uma
turma do segundo segmento do Ensino Fundamental. A proposta faz parte de
uma dissertação de mestrado, em andamento. A partir de uma metodologia do
tipo qualitativa, sob a observação participante, foi possível observar que a
sequência didática interdisciplinar estimulou bastante o interesse dos estudantes,
aumentando sua participação e interação nas aulas, construindo coletivamente o
conhecimento através de aulas expositivas, discussões, trabalho prático e
atividades interdisciplinares.
Palavras-chave: Sequência didática, Problematização, Educação Ambiental.
Abstract
The present work had as objective to evaluate a didactic sequence in the
construction of the knowledge in Environmental Education for students of a
class of the second segment of Elementary School. The proposal is part of a
master's dissertation, in progress. It was possible to observe that the
interdisciplinary didactic sequence stimulated students' interest, increasing their
participation and interaction in class, collectively building knowledge through
lectures, discussions, practical work and interdisciplinary activities.
Keywords: Didactic sequence, Problematization, Environmental Education.
1. Introdução
Sequência didática é um conjunto de aulas que se desenvolvem ao longo
de um determinado período e, a partir de uma temática central, que aqui
denominamos „problematização socioambiental‟. Estas aulas são organizadas
conforme a flexibilidade do tema e podem envolver diversas atividades. Já a
problematização surge através da possibilidade de aproximar conhecimento e
realidade de forma que o assunto abordado tenha maior significado para os
estudantes, ao invés de sua simples repetição.
Conforme apontado por Delizoicov (2007) e baseando-se nas concepções
e influencias de Freire (2009), o conhecimento precisa ser abordado de maneira
problematizada na educação escolar, de forma a se tornar um instrumento que
propicie uma melhor compreensão e atuação na sociedade contemporânea. Desta
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forma, a problematização leva o indivíduo a pensar e questionar sua realidade,
tentando compreender as causas de determinados fenômenos e buscar possíveis
soluções para os mesmos.
Pensando em temáticas que contemplem a capacidade de reflexão
individual e coletiva, nos deparamos com a Educação Ambiental, que visa uma
formação mais crítica dos sujeitos em relação ao meio em que está inserido e ao
bem comum. Para Reigota (2009), a educação ambiental é um tipo de educação
política e tem por princípio ser questionadora, criativa e inovadora,
principalmente por ter o objetivo de relacionar os conteúdos e as temáticas
ambientais com a vida cotidiana.
O apelo pela questão socioambiental neste trabalho se deve pela
observação dos crescentes problemas ambientais enfrentados pela natureza, seja
em maior ou menor escala, enfatizando um grande descaso do ser humano frente
à crise socioambiental instaurada há algumas décadas pelo mundo. É preciso um
despertar da sociedade para as suas responsabilidades individuais e coletivas e
consideramos que a chave para a mudança pode estar nos jovens estudantes, que
ao se reconhecerem como co-responsáveis pela degradação ambiental, repensem
suas atitudes.
O Parecer 14/2012 do Ministério da Educação (BRASIL, 2012) aponta a
Educação Ambiental como um processo em construção através do qual deve-se
buscar a compreensão e resignificação da relação entre os seres humanos e a
natureza, avançando na construção de uma cidadania responsável, crítica,
participativa em que cada sujeito tem a oportunidade de aprender e a
potencialidade de transformar o meio no qual as pessoas vivem, seja ele natural
ou construído. O Parecer enfatiza ainda que a Educação Ambiental não é uma
atividade neutra, pois ela envolve valores e interesses, porém deve ser
integradora e capaz de estabelecer relações multidimensionais, contemplando os
aspectos físicos, biológicos, sociais, culturais, econômicos e políticos da
sociedade. De acordo com a Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999 que dispõe
sobre a Educação Ambiental, e institui a Política Nacional de Educação
Ambiental, apresenta a Educação Ambiental como “um componente essencial e
permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada,
em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e
não-formal” (BRASIL, 1999, p. 1, Art. 2).
Nesta perspectiva, confere aos espaços educativos o desafio de promover
a construção do conhecimento, sendo tanto em espaços formais que contam com
diretrizes curriculares e marcadas pela formalidade, sequência e regularidade
como em espaços não formais que contam com a descontinuidade, pela
eventualidade, pela informalidade (GADOTTI, 2005); e que atividades em
espaços não formais oportunizam o cotidiano e experiências históricas do
indivíduo ou grupo. Contudo, a educação formal escolar pode também aceitar a
informalidade e o cotidiano, vivências e experiências dos espaços informais e
não formais.
Neste contexto, a proposta neste estudo é utilizar uma sequência didática
como ferramenta para discussão de problemas socioambientais e, assim, como
recurso para a problematização e construção do conhecimento de maneira
interdisciplinar.
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2. Metodologia
Esta atividade foi desenvolvida no Colégio Estadual Joaquim de Macedo,
localizado no município de Barra do Piraí-RJ com uma turma cujos estudantes
são defasados em idade e série. A turma, denominada Correção de Fluxo, é um
programa de aceleração dos estudos proposta pelo governo estadual e contempla
estudantes com idades entre 14 e 17 anos, que cursam em dois anos, os quatro
anos do segundo segmento do Ensino Fundamental. A turma tem atualmente 20
estudantes matriculados e conta com uma proposta de trabalho um pouco
diferenciada do ensino regular devido à logística de tempo. Pensando nesta
proposta e em maneiras de estimular à participação dos estudantes, bem como
auxiliar o desenvolvimento de uma consciência ambiental, nestes jovens, e
possíveis mudanças de atitude, em particular através da disciplina de Ciências.
Esta pesquisa é classificada como qualitativa e o método utilizado para
seu desenvolvimento foi a observação participante. “O estudo qualitativo é o
que se desenvolve numa situação natural; é rico em dados descritivos, tem um
plano aberto e flexível e focaliza a realidade de forma complexa e
contextualizada” (LAKATOS e MARCONI, 2010, p.271). O método da
observação participante, segundo Prodanov e Freitas (2013), consiste na técnica
em que o observador assume, até certo ponto, a função de membro do grupo
investigado. Como no decorrer das atividades, minha participação foi inevitável,
tanto por ser a professora da turma quanto pelo fato de que as etapas
necessitavam de uma problematização inicial ou da continuação da mesma em
outro momento.
A sequência didática apresentada foi desenvolvida em 4 etapas (dias). A
cada aula apresentada, uma nova adaptação à aula seguinte era feita em função
das potencialidades e fragilidades observadas na aula anterior, desta forma a
sequência didática planejada inicialmente sofreu algumas mudanças para o
melhor aproveitamento do tempo e interesse dos estudantes.
A aula 1 foi a aplicação de um questionário diagnóstico (Anexo 1) com
seis perguntas básicas para verificar os conhecimentos prévios dos estudantes a
respeito do meio ambiente e problemas ambientais locais. O questionário foi
analisado cautelosamente para subsidiar a etapa seguinte.
Na aula 2, foi entregue aos estudantes um texto baseado no livro didático
de Ciências do sexto ano do Projeto Teláris (2016), com adaptações feitas para o
presente estudo (Anexo 2), sob o título „Rochas, solos e problemas ambientais‟.
Para o desenvolvimento da atividade foi solicitado que os estudantes lessem o
texto, identificassem e marcassem os problemas ambientais mencionados. A
segunda parte desta atividade foi montar na lousa uma tabela contendo três
colunas: Problema – Causa – Consequência. A partir daí, os estudantes deveriam
completar oralmente as colunas dizendo qual problema foi identificado no texto,
quais são o (s) agente (s) causador (es) e qual (is) consequência (s) pode (m)
provocar (Figura 1). Buscou-se nesta etapa avaliar a capacidade de correlação
dos assuntos trabalhados, a partir da compreensão pelos estudantes dos
problemas socioambientais, bem como suas causas e possíveis consequências.
Esta atividade foi bastante interativa uma vez que a resposta de um estudante
complementava a do outro. No terceiro momento da aula 2, os estudantes foram
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levados para a sala de multimídia onde foi apresentada uma aula expositiva
sobre os destinos adequados para cada tipo de lixo, suas vantagens e
desvantagens (Figura 2). Houve grande interesse por parte dos estudantes em
conhecer outras formas de destino do lixo, além do lixão.
Figura 1 – Quadro final preenchido oralmente pelos estudantes
Figura 2 – Aula expositiva sobre os destinos do lixo
A aula 3 também foi composta por três momentos: Leitura da „Carta ao
Inquilino‟, apresentação de um mapa conceitual e a confecção de um trabalho
prático. O primeiro momento foi a leitura para os estudantes de um documento
denominado „Carta ao Inquilino‟
(www.semaepiracicaba.sp.gov.br/attachments/7273_Inquilino%20da%20terra.p
df). A carta é de autoria desconhecida, porém é como se o planeta Terra
estivesse escrevendo-a aos seres humanos. Após a leitura da carta, foram feitas
seis perguntas abertas na lousa com o objetivo de verificar se os estudantes
compreenderam o texto e se identificaram a situação exposta. O segundo
momento da aula 3 foi a apresentação na lousa de um mapa conceitual,
construído previamente, que continha palavras-chave como „meio ambiente,
educação e educação ambiental‟. A proposta era discutir o mapa através da
expressão inicial „meio ambiente‟, fazendo seus desdobramentos até chegar na
expressão „educação ambiental‟ buscando explorar cada item exposto e sua
relação com a vida da sociedade atual (Figura 3). O terceiro momento desta aula
foi a construção de cartazes apresentando o tempo de decomposição de cada
material descartado na natureza. Na aula anterior (aula 2) foi solicitado que os
estudantes pesquisassem a respeito do tempo de decomposição de cada tipo de
lixo e levassem para a aula seguinte itens para compor um trabalho que seria
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exposto no mural da escola como forma de sensibilização da comunidade
escolar (Figura 4). No final da aula foi solicitado que os estudantes levassem
materiais recicláveis para as atividades da próxima aula.
Figura 3 – Perguntas sobre a “Carta ao Inquilino” e mapa conceitual
Figura 4 – Trabalho final – tempo de decomposição do lixo
A aula 4 foi uma atividade interdisciplinar na quadra esportiva do
colégio. As disciplinas de Ciências e Educação Física se juntaram para o
desenvolvimento de atividades envolvendo a temática „reciclagem‟ e „jogos
cooperativos‟. Antes das atividades, falamos aos estudantes sobre a importância
da preservação e conservação do meio ambiente, o excesso de lixo, o consumo
consciente e o tempo de decomposição de cada tipo de resíduo na natureza.
Foram propostas duas atividades com o objetivo de sensibilizar e informar a
respeito do desperdício, excesso de lixo, reciclagem e coleta seletiva (Figura 5).
Figura 5 – Atividades interdisciplinares
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3. Resultados e discussão
3.1. Análise do questionário diagnóstico
Ao analisar o questionário inicial verificamos que todos os estudantes
consideram apenas „a natureza‟ como meio ambiente, demonstrando uma visão
limitada, porém já esperada, ao não se considerarem como parte dele. Quanto
aos problemas ambientais locais, todos os estudantes citaram o lixo como o
maior e mais incômodo dos problemas no município, seguido pela poluição do
ar e da água por esgoto. A consciência referente aos problemas ambientais de
determinada localidade se deve à percepção da comunidade, em função de sua
sensibilidade e senso crítico. Para Oliveira (2009), falar em percepção ambiental
refere-se na verdade à visão de mundo, de meio ambiente, seja ele físico,
cultural ou humanizado. Assim, verificamos através de um levantamento inicial,
que os estudantes conseguem perceber algumas consequências socioambientais
produzidas pelo modelo urbano-industrial.
3.2. Conhecendo alguns problemas ambientais
A aula 2 foi bastante interativa, visto que quando um estudante
comentava sobre determinado problema outro auxiliava e completava as outras
colunas do quadro de maneira natural e coletiva. Isso aponta que os recursos
utilizados nesta aula alcançaram o seu objetivo. Quinze estudantes (dos 20
estudantes matriculados) estavam presentes e nenhum deles identificou, no texto
proposto, a erosão como um problema ambiental. Isso indica que os estudantes
entenderam que ocorre erosão por processos naturais e não necessariamente por
um processo antrópico. Todos os outros problemas citados no texto foram
identificados pelos estudantes, embora nem todas as consequências tenham sido
identificadas por uma causa. Durante a apresentação a respeito do lixo,
verificamos que os estudantes conheciam apenas o „lixão‟ e a reciclagem como
destinos finais dos resíduos, ficando muito surpresos e interessados pelos outros
tipos de destino (aterro sanitário, incineração e compostagem).
A interação entre os estudantes e a dinâmica excedeu minhas
expectativas, visto que eles questionavam as vantagens e desvantagens de cada
processo, além de fazer comentários a respeito de situações que presenciaram
em algum momento da vida (como contaminação da água, mau cheiro, chorume,
exposição do lixo e atração de ratos, moscas). Os estudantes ficaram surpresos
com as imagens apresentadas (animais machucados, deformados, mutilados,
mortos, pessoas vivendo em meio ao lixo, entre tantas outras imagens
apresentadas ao longo da aula 2) demonstrando indignação e raiva. De acordo
com Delizoicov et al (2007), a sala de aula deve ser um espaço de trocas reais
entre os estudantes e o professor, no qual o diálogo construído deve se basear no
conhecimento sobre o mundo e sobre a realidade em comum. Desta forma, trazer
o mundo externo para a sala de aula é possibilitar o acesso dos estudantes a
novas formas de compreensão deste mundo.
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3.3 Educação Ambiental em foco
A aula 3 também foi bastante participativa em seus três momentos. Após
a leitura da „Carta ao Inquilino‟, alguns estudantes tiveram dúvidas quanto quem
seria o dono da casa, enquanto outros se posicionaram direta e claramente como
sendo a Terra. No momento da apresentação do mapa conceitual, a turma
observou atentamente minhas explicações, comentários e desdobramentos do
assunto, porém não fizeram perguntas. Após a conclusão, apenas um estudante
comentou: “então meio ambiente é tudo isso?” demonstrando certa surpresa ao
se dar conta de que também faz parte dele.
As definições de meio ambiente são várias, estando elas de acordo com o
campo de estudo de cada área. Em uma de suas obras, Reigota (2009, p.34) nos
traz definições de meio ambiente segundo três áreas do conhecimento que
considera interessante. Segundo um geógrafo francês: “meio ambiente é o
conjunto de dados fixos e de equilíbrios de forças concorrentes que condicionam
a vida de um grupo biológico” (REIGOTA, 2009, p.34 apud JORGE, 1970).
Para um ecólogo belga: “é evidente que meio ambiente é composto por dois
aspectos: o abiótico físico e químico e o meio ambiente biótico” (REIGOTA,
2009, p.34 apud DUVIGNEAUD). E por último, traz a definição de um
psicólogo: “meio ambiente é o que cerca cada indivíduo ou um grupo,
englobando o meio cósmico, geográfico, físico e o meio social com suas
instituições, sua cultura, seus valores” (REIGOTA, 2009, p.35 apud
SILLIAMY). De fato, as definições apresentadas tem sua significância e sabe-se
que existem várias outras inerentes a este termo, cabendo a cada área, explorar
aquela que melhor se adéqua ao seu contexto, mas com o cuidado de não gerar
uma concepção utilitarista e antropocêntrica. Além dos conceitos científicos, há
também as definições populares, entendidas por cada cidadão a respeito do meio
ambiente, as quais estão diretamente relacionadas ao seu contexto social, suas
convicções e modos de vida.
Concordamos com a definição de meio ambiente proposta por Reigota
(2009), pois nessa definição as dimensões sociais, culturais, políticas, históricas
são levadas em conta. Além disso, Reigota aponta para a importância de
considerar a percepção ambiental.
Defino meio ambiente como um lugar determinado e/ou
percebido onde estão em relação dinâmica e em
constante interação os aspectos naturais e sociais. Essas
relações acarretam processos de criação cultural e
tecnológica e processos históricos e políticos de
transformações da natureza e da sociedade (REIGOTA,
2009, p.36).
Na aula 3, ao apresentar aos estudantes o mapa conceitual (elaborado
previamente) a respeito da educação ambiental, retornei ao problema do lixo e
suas consequências, os fazendo entender com base em uma perspectiva
socioambiental, tal como afirma Frederico Loureiro que “a Educação Ambiental
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necessita vincular os processos ecológicos aos sociais na leitura de mundo, na
forma de intervir na realidade e existir na natureza” (LOUREIRO, 2007).
Esta atividade foi finalizada com a construção de cartazes informando o
tempo de decomposição de cada tipo de lixo na natureza. Durante a confecção
dos cartazes, os estudantes, divididos em grupos, ficaram surpresos com o tempo
que alguns materiais levam para se decompor e um deles exclamou: “Isso é
verdade, professora?”.
3.4. Atividade interdisciplinar – Ciências e Educação Física
A aula 4 foi a finalização da sequência didática, com atividades diversas
na quadra do colégio envolvendo a disciplina de Educação Física, através da
temática „Jogos Cooperativos‟. As atividades envolveram coleta seletiva e
reciclagem. Os estudantes se mostraram interessados e fizeram comentários do
tipo “Minha mãe separa o nosso lixo” e “Tem que cuidar do lixo senão quando
chove vai tudo pra rua”. A participação dos estudantes foi bastante ativa,
revelando uma excelente parceria entre as duas disciplinas em questão e
contribuindo para o planejamento de atividades e projetos futuros para o colégio,
de forma disseminar os fundamentos da Educação Ambiental e a
interdisciplinaridade, assim como a contribuição para a formação de sujeitos
críticos, questionadores da sua própria realidade, pois conforme aponta Loureiro
(2007): “A questão não é somente conhecer para se ter consciência de algo, mas
conhecer inserido no mundo para que se tenha consciência crítica do conjunto
de relações que condicionam certas práticas culturais”. Desta forma, através da
problematização da realidade, o indivíduo passa a se enxergar como parte do
meio e assim, busca uma mudança no seu modo de vida e consequentemente da
sua comunidade.
4. Referências
BRASIL. LEI No 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a Educação
Ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras
providências. 2 p.
BRASIL. (2012). Parecer nº 14, de 2012. Diretrizes Curriculares Nacionais
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<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&ali
as=10955-
pcp014-12&category_slug=maio-2012-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 30
mar. 2017.
DELIZOICOV, Demétrio; ANGOTTI, José André; PERNAMBUCO, Marta
Maria. Ensino de Ciências:: fundamentos e métodos. 2. ed. São Paulo: Cortez,
2007. 364 p.
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FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 11. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2009. 107
p.
GADOTTI, Moacir. A questão da educação formal/não-formal. Droit à
l‟education: solution à
tous les problèmes sans solution? Institut International des droits de l‟enfant,
Sion, 2005
LOUREIRO, Carlos Frederico B. Educação Ambiental crítica: contribuições
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google.com/+educação+ambiental+crítica+contribuições+e+desafios&hl=pt-
BR&as_sdt=0,5>. Acesso em: 30 mar. 2017.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia
Científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 312 p.
OLIVEIRA, Lívia de. Percepção Ambiental. Revista Geografia e
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<http://vampira.ourinhos.unesp.br/openjournalsystem/index.php/geografiaepesq
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PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de Freitas.
Metodologia do trabalho científico [recurso eletrônico]: métodos e técnicas
da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. – Novo Hamburgo: Feevale, 2013.
276 p.
PROJETO Teláris Ciências. Coleção Livro didático. 2016.
REIGOTA, Marcos. O que é Educação Ambiental. 2. ed. São Paulo:
Brasiliense, 2009. 107 p.
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ANEXO 1 – Questionário diagnóstico
Questionário diagnóstico para verificar os conhecimentos prévios dos estudantes
da turma Correção de Fluxo acerca de problemas ambientais –
caracterização da turma
Idade: _________ anos
Sexo: ( ) masculino ( ) feminino
1. O que você entende por meio ambiente?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
2. Como você fica sabendo das informações sobre o meio ambiente?
(Pode marcar mais de uma alternativa).
( ) TV ( ) Internet
( ) Jornais ( ) Observando o bairro
( ) Disciplinas da escola ( ) Família
( ) Livros ( ) Amigos
( ) Revistas ( ) Palestras na escola
3. Existem problemas ambientais no seu bairro? ( ) sim ( ) não
4. Quais são os problemas ambientais encontrados no seu bairro?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
5. Quais são os seres vivos afetados por esses problemas?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
6. Quais são as atividades que ocorrem na escola relacionadas ao meio ambiente?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Sou Gilmara Ferreira Alvim, professora de Ciências do Colégio Estadual Joaquim de
Macedo, Barra do Piraí-RJ e este questionário faz parte da minha dissertação de
mestrado e ao respondê-lo, você contribuirá para o desenvolvimento da pesquisa que se
encontra em andamento. Sua participação é muito importante. Esta e outras atividades
propostas para esta pesquisa também contribuirão para seus conhecimentos, pois está
diretamente relacionada a sua disciplina de Ciências.
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ANEXO 2 – Texto – Solos, Rochas e Problemas ambientais
Como você já estudou, as rochas formam a parte sólida da Terra e elas são
usadas na confecção de ferramentas, construção de casas e monumentos. Com o
passar do tempo, o ser humano desenvolveu e aperfeiçoou técnicas capazes de
retirar das rochas, materiais para fabricação de tijolos, cimento, pisos, vidros e
tantos outros produtos e objetos. As rochas podem ser magmáticas (originadas da
lava, que sai dos vulcões nas erupções), sedimentares (formadas pela ação de
agentes naturais como chuva, vento, água, ondas do mar, variações de temperatura
e seres vivos, que as desgastam e vão quebrando-as, aos poucos) e metamórficas
(originadas da transformação de outras rochas).
Estas rochas que formam a crosta terrestre estão, há milhões de anos,
sofrendo ação dos agentes naturais e isso provocou mudanças lentamente,
formando os diversos tipos de solos que conhecemos, pois os solos são a camada
superficial das rochas. Os seres vivos contribuem muito para este processo de
transformação das rochas em solo, porque à medida que se desenvolvem, vão
enriquecendo o solo com matéria orgânica. A erosão é um tipo de degradação
(destruição) dos solos, pois a ação dos agentes naturais vai, lentamente,
desgastando (estragando) a terra. Esse desgaste natural deixa o solo desprotegido,
ocasionando a corrosão e sua infertilidade. A agricultura e o desmatamento
também contribuem para a erosão do solo, deixando-o sem sua cobertura
superficial. O desmatamento (retirada, pelos seres humanos, da cobertura vegetal
de um determinado local, por interesses financeiros) também pode provocar o
desabamento de morros, que perdem a proteção da cobertura vegetal, ocasionando
grandes problemas para os moradores da região (que perdem muitos bens e às
vezes a própria casa) e ainda fazem os animais fugirem e procurem outros abrigos
para viverem.
No solo, existem partículas minerais, água, ar, organismos vivos e mortos.
Os tipos de solo vão variar conforme sua composição e podem ser argilosos ou
arenosos. Os solos arenosos possuem alto teor de areia, tem alto grau de
escoamento da água para camadas mais profundas e são pobres em nutrientes
(porque a maior parte dos nutrientes escoa junto com a água). Os solos argilosos
tem alto teor de argila, retém água e sais minerais em quantidade suficiente que o
deixam fértil (adequado para o desenvolvimento de plantas e micro-organismos).
Os seres vivos encontrados nestes dois tipos de solos estão adaptados a eles.
As queimadas, práticas muito comum na agricultura para limpeza do
terreno e crescimento de pasto novo, agridem profundamente o solo e provocam
sérios danos à biodiversidade. Ela compromete sua fertilidade destruindo os
micro-organismos que realizam a decomposição da matéria orgânica, expõe o solo
à erosão e à ação das chuvas, emitem gases que poluem o ar e prejudicam a saúde
humana e ainda destroem os habitats naturais dos animais silvestres. Um dos
gases produzidos nas queimadas é o gás carbônico, que contribui para aumentar a
temperatura do planeta. Falando em emissão de gases poluentes, outro sério
problema enfrentado pelo meio ambiente é a poluição, que pode ser do ar, da
água, sonora e visual. A poluição do ar caracteriza-se basicamente pela presença
de gases nocivos no ar atmosférico, que são provenientes da queima de
combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral, gasolina, diesel) pelos veículos e
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indústrias. Esses gases afetam principalmente a saúde dos seres humanos,
causando, principalmente, problemas respiratórios e inflamatórios. A poluição da
água é o lançamento de detritos (resíduos, restos de substâncias) diretamente nos
rios, lagos e oceanos, ou através da contaminação do lençol freático (camada de
água subterrânea que se acumula nas rachaduras das rochas). Estas substâncias
são provenientes de indústrias, vazamento de chorume (decomposição do lixo),
utilização de agrotóxicos, vazamentos subterrâneos de embarcações e esgoto.
Tudo isso pode provocar doenças aos seres humanos (diarreia, hepatite,
verminoses, esquistossomose, leptospirose, entre outras), além de contaminar
animais e plantas da localidade, ficando impróprios para o consumo e
prejudicando a cadeia alimentar.
Outro tipo de poluição é a sonora, provocado pelo alto volume de sons da
cidade (motores, buzinas, propagandas, etc). A poluição sonora afeta e prejudica
não só os seres humanos (causa surdez, estresse, irritabilidade, entre outros), como
também a biodiversidade da fauna (animais), cuja sensibilidade ao som é muito
maior que a dos humanos. Já a poluição visual é caracterizada pelo excesso de
informações espalhados pela cidade e pode prejudicar a sinalização do trânsito,
além de descaracterizar a cidade. O lixo também é um tipo de poluição visual,
porém é muito mais sério do que o comprometimento do trânsito: ele provoca
doenças (pois atrai vetores como ratos, baratas, mosquitos, além de bactérias,
protozoários e vírus), contamina o solo, os ambientes aquáticos e o lençol freático.
A grande produção do lixo é proveniente do sistema capitalista vigente, que entre
outros fatores, estimula o consumo exagerado das pessoas e quando há uma falha
ou má administração dos órgãos competentes, esse lixo se acumula em calçadas,
é depositado em lixões ou despejados nos rios. O desperdício é outro fator que
contribui para o excesso de lixo das cidades.
O lixo acumulado em locais impróprios provoca entupimento de bueiros e
valas e quando ocorrem chuvas fortes, há enchentes, que carregam parte desse
lixo para as ruas das cidades ou para os rios, levando com elas o risco de
contaminação. O destino adequado do lixo depende de cada tipo, mas é muito
comum observarmos os „lixões‟ onde todo tipo de lixo é depositado junto, sem
cuidados e sem qualquer triagem. Normalmente, há famílias inteiras que moram
próximas aos lixões e são afetadas por eles: além do odor ser muito forte e
desagradável, há o grande risco da disseminação de doenças.
O ambiente em que vivemos é muito complexo pois nele estão diversas
espécies de seres vivos, que dependem uns dos outros, estabelecendo importantes
relações, portanto quando há problemas ambientais em determinados locais, eles
afetam direta ou indiretamente a biodiversidade local. Sendo assim, cuidar deste
ambiente é uma maneira de garantir a qualidade de vida de todos os seus
habitantes, inclusive nós mesmos. E existem diversas maneiras de cuidarmos do
meio ambiente, basta um pouco de responsabilidade, sensibilidade, senso de
justiça, amor ao próximo e respeito. Se cada um de nós fizer a sua parte,
viveremos num lugar melhor.
Adaptado de: GEWANDSZNAJDER, Fernando. Projeto Teláris. São Paulo:
Ática. 2016.
Juiz de Fora - MG 13 a 16 de agosto de 2017 Universidadre Federal de Juiz de Fora
IX EPEA -Encontro Pesquisa em Educação Ambiental