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ENTREVISTA COM SELENA CASTELÃO RIVAS, PEDAGODA E EDUCADORA BAIANA, EM 26 DE OUTUBRO DE 2010.

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Page 1: Entrevista internet e educação

ENTREVISTA COM SELENA CASTELÃO RIVAS, PEDAGODA E EDUCADORA BAIANA, EM 26 DE OUTUBRO DE 2010.

Page 2: Entrevista internet e educação

Especialistas afirmam que permitir a uma criança acessar a internet sem restrições é o mesmo que deixá-la sozinha em uma esquina de uma grande cidade. Que riscos a internet pode representar à infância?

A internet é mais do que uma ferramenta tecnológica, de caráter neutro. Essa linguagem tem alterado rapidamente nossos hábitos pessoais e sociais. Por isso, devemos identificar o que há de positivo e negativo, bem como seus possíveis riscos. Por outro lado, a infância é um período significativo para o ser humano. A criança está bastante suscetível às influências externas, aberta  a diferentes experiências, sem ter condições de saber o que é adequado ou não. Por isso, precisa ser acompanhada. Diante de um espaço aberto como a internet, a infância corre o risco de não se desenvolver de modo pleno. O acesso indevido a sites pode afetar negativamente a autoestima da criança, contribuir com a desvalorização das crenças assumidas no lar e provocar o isolamento. Há também o risco da pornografia e pedofilia. Do ponto de vista físico, esse contato inadequado pode contribuir para má postura e sedentarismo infantil.

Page 3: Entrevista internet e educação

Um relatório sobre tecnologias e educação diz que os pais devem proteger seus filhos da internet do mesmo modo que os protegem de piscinas – ensinando-os a nadar. Como educar a criança para o mundo virtual?

Compreendo que a educação para o mundo virtual precisa ocorrer da mesma maneira que o fazemos para o mundo real: a partir de princípios claros, regras bem estabelecidas, acompanhamento dos hábitos da criança. É preciso conversar com ela, perguntar sobre o que vê e ouve, confrontando ideias. E apresentar os princípios e normas estabelecidos, com muita paciência e perseverança. O que nos interessa, de fato, é que nossas crianças e adolescentes aprendam a aprender, a ser e a conviver a partir dos princípios estabelecidos pela Lei de Deus. Há diferentes lugares de acesso à internet como o lar, casa de amigos e escola. O que não podemos perder de vista são os princípios que sustentam a educação dos filhos e isso independe do local em que acessam a internet. A criança ou adolescente que internaliza tais princípios será capaz, pela educação integral, de se portar corretamente nos distintos espaços e realidades. Nossa função como pais e educadores é estimular uma decisão pessoal consciente sobre o que ler, ver, acessar, comer, vestir, etc., a partir do que o apóstolo Paulo orienta: tudo o que é verdadeiro, nobre, correto, puro, amável e de boa fama.

Page 4: Entrevista internet e educação

Colocar o computador em um local visível, monitorar os sites acessados e usar filtros são dicas importantes, mas nada substitui o diálogo. O que os pais devem dizer aos filhos sobre a internet?

Filhos precisam de contato íntimo, de troca, de confiança mútua, de transparência e de limites. Mais que isso, filhos precisam de exemplo. Isso para mim é a essência do diálogo. Aí o falar se torna ativo e o ouvir significativo, possibilitando ao filho compreender os riscos e as possibilidades do acesso à internet. É preciso ter cuidado com o tempo que nós pais temos que dedicar ao trabalho para a sobrevivência da família, delegando a responsabilidade da educação à escola e às atividades extracurriculares como cursos de natação, língua estrangeira, etc. Não dá para educar filho à distância.

Page 5: Entrevista internet e educação

Não adianta apenas proibir o acesso a determinados sites. É preciso oferecer opções. Quais as opções mais indicadas na web para a formação cristã de crianças e adolescentes?

É preciso deixar claro para a criança e, principalmente, para o adolescente o que pode e o que não pode ser acessado. Não vejo problema em proibir o acesso ao que quer que seja se isso é claramente discutido e há um acordo entre pais e filhos como resultado da educação no lar. O não e o sim existem para serem vivenciados. No entanto, precisamos dar opções às crianças e adolescentes. Tais opções devem considerar não apenas o que é lícito, mas, sobretudo, o que é o melhor dentro do que é permitido. Trata-se de fazer escolhas com qualidade e sabedoria. É preciso procurar com atenção e calma. Devemos priorizar sites que fortaleçam os valores da formação cristã evidenciados a partir do respeito a si, ao outro e à natureza, cooperação, amor a Deus, verdade, etc. O lar, a escola e a religiosidade podem auxiliar muito se estiverem atentos, favorecendo espaços de discussão e reflexão sobre a internet.