entrevista bens serviÇos 2008...

52
A luta contra a pirataria na visão de Antonio Borges Fecomércio BENS & J U L H O 39 2 0 0 8 entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do céu Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul sucessão Preparação antecipada internacional Em que mundo estamos?

Upload: others

Post on 23-Jul-2020

7 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

A luta contra a pirataria na visão de Antonio Borges

Fe

co

rc

ioBENS&

J U L H O

392 0 0 8

en t rev i s t a

SERVIÇOS

i n o v a ç ã o

Por que as idéiascriativas não caem do céu

Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul

s u c e s s ã o

Preparaçãoantecipada

i n t e r n a c i o n a l

Em que mundoestamos?

Page 2: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do
Page 3: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do
Page 4: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

Núm

ero

25 –

Mai

o 2

007

SUMÁR IOEXPEDIENTE

14 Ser visto para ser lembradoAnunciar produtos ou serviços exige conhecimento

acerca do público-alvo. Dos classificados aos

outdoors, são inúmeras as opções disponíveis

Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS

Federação do Comércio de Bens e de Serviços

do Estado do Rio Grande do Sul

Rua Alberto Bins, 665 – 11º andar – CentroCEP 90030-142 – Porto Alegre/RS – BrasilFone: (51) 3286-5677/3284-2184 – Fax: (51) 3286-2143www.fecomercio-rs.org.br – [email protected]

Presidente: Flávio Roberto Sabbadini

Vice-presidentes: Antônio Trevisan, Flávio José Gomes, Ivo JoséZaffari, João Oscar Aurélio, Joarez Miguel Venço, Jorge LudwigWagner, Júlio Ricardo Mottin, Luiz Antônio Baptistella, Luiz CaldasMilano, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez, Moacyr Schukster,Nelson Lídio Nunes, Olmiro Lautert Walendorff, Renato Turk Faria,Valcir Scortegagna e Zildo De Marchi

Vice-presidentes regionais: Cezar Augusto Gehm, CláudiaMara Rosa, Francisco Franceschi, Hélio José Boeck, IbrahimMahmud, Joel Vieira Dadda, Leonides Freddi, Níssio Eskenazi,Ricardo Tapia da Silva, Sérgio José Abreu Neves e Sérgio Luiz Rossi

Diretoria: Airton Floriani, Alécio Lângaro Ughini, André Arthur K.Dieffenthaler, André Luis K. Piccoli, André Luiz Roncatto, ArnildoEckhardt, Arno Gleisner, Ary Costa de Souza, Carmen Flores,Celso Canísio Müller, Derli Neckel, Edson Luis da Cunha, EugênioArend, Fábio Norberto Emmel, Francisco Amaral, Gerson JacquesMüller, Gilberto Cremonese, Hélio Berneira, Hildo Luiz Cossio,Ildemar José Bressan, Ildoíno Pauletto, Isabel Cristina Vidal Ineu,Itamar Tadeu Barbosa da Silva, Ivanir Gasparin, Ivar Ullrich, JairLuiz Guadagnin, João F. Micelli Vieira, Joel Carlos Köbe, JorgeRubem D. Schaidhauer, José Nivaldo da Rosa, Jovino AntônioDemari, Jovir P. Zambenedetti, Júlio César M. Nascimento,, JuremaPesente e Silva, Leonardo Schreiner, Levino Luiz Crestani, LionesBittencourt, Lúcio Gaiger, Luis Fernando Dalé, Luiz Alberto Rigo,Luiz Carlos Dallepiane, Luiz Eduardo Kothe, Luiz HenriqueHartmann, Luiz Roque Schwertner, Marco Aurélio Ferreira,Maria Cecília Pozza, Marice Guidugli, Milton Gomes Ribeiro,Olmar João Pletsch, Paulo Anselmo C. Coelho, Paulo AntônioVianna, Paulo Ganzer, Paulo Renato Beck, Paulo RobertoKopschina, Paulo Saul Trindade de Souza, Régis Feldmann, RenzoAntonioli, Ricardo Murillo, Ricardo Pedro Klein, RobertoSegabinazzi, Rogério Fonseca, Rui Antônio Santos, Silvio HenriqueFröhlich, Sírio Sandri, Susana Fogliatto, Tien Fu Liu, Valdo DutraNunes, Walter Seewald e Zalmir Fava

Conselho Fiscal: Rudolfo José Müssnich, Celso LadislauKassick, José Vilásio Figueiredo, Darci Alves Pereira, SérgioRoberto H. Corrêa, Ernani Wild

Conselho Editorial: Antonio Trevisan, Derly Cunha Fialho,Everton Dalla Vecchia, Flávio Roberto Sabbadini, Ivo JoséZaffari, José Paulo da Rosa, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez,Moacyr Schukster, Renato Turk Faria e Zildo De Marchi

Assessoria de Comunicação: Aline Guterres, Camila Barth,Catiúcia Ruas, Fernanda Borba, Fernanda Romagnoli, JoséPedro Fontoura, Juliana Maiesky e Simone Barañano

Coordenação Editorial: Simone Barañano

Edição: Fernanda Reche (MTb 9474) e Svendla Chaves (MTb 9698)

Chefia de Reportagem: Marianna Senderowicz

Reportagem: Marianna Senderowicz, Patricia Campello, RenataGiacobone

Colaboração: Alvaro Trevisioli, Edgar Vasques, Francine deSouza, Melissa Barbosa, Moacyr Scliar, Priscilla Ávila

Revisão: Flávio Dotti Cesa

Edição de Arte: Silvio Ribeiro

Foto de capa:

Impressão: Nova Prova

Tiragem: 25,5 mil exemplares

É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte.Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do veículo.

g u i a d e g e s t ã o

FecomércioSERVIÇOSBENS &

O verdadeiro sentido da novidadeIniciativas inovadoras não dependem necessariamente

de altos investimentos. Boas idéias podem surgir em

qualquer área, do desenvolvimento de produtos a gestão

i n o v a ç ã o

26 Gru

po K

eyst

one

Page 5: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

SUMÁR IO

05FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

34

e n t r e v i s t a

Unindo forças contra a piratariaPresidente da Associação Antipirataria de Cinema e

Música (APCM), Antonio Borges defende políticas

educacionais para combater a falsificação no país

18

42e s p o r t e

É dada a largadaA proximidade das Olimpíadas

faz aumentar a ansiedade dos

atletas para a competição.

Delegação brasileira é

promissora

s u c e s s ã o

Depois da primeira geraçãoLaços sangüíneos não garantem

sucessão próspera na gestão de empresas

familiares. Preparação dos herdeiros

é fundamental

t e r c e i r o s e t o r

Em prol da comunidadeCom uma influência crescente na sociedade, o terceiro

setor investe em profissionalismo para ampliar a credibilidade

das organizações da sociedade civil

40

36i n t e r n a c i o n a l

Vários mundos em um sóPrimeiro Mundo, nações emergentes, países em

desenvolvimento: quem define a classificação destes grupos?

Entenda os critérios que indicam a posição de cada país

p a l a v r a d o p r e s i d e n t e

p a i s a g i s m o44

7

v i s ã o t r a b a l h i s t a

p a r a l e r

v i s ã o t r i b u t á r i a

e u , e m p r e e n d e d o r47

46

n o t í c i a s e n e g ó c i o s

s a i b a m a i s

p e s q u i s a s24

8

32

o p i n i ã o

49

17

i m p o r t a ç õ e s12

c r ô n i c a 50

48

a g e n d a 6

Page 6: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

A

G

E

N

D

A

06 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

j u l h o

08Automação ComercialCircuito de Automação Comercial,

promovido pela Fecomércio-RS, em

parceria com CNC e Sebrae, em

Porto Alegre.

09CondançaFronteiras – diálogos, hibridismo

e mestiçagem na dança,

no Sesc Centro e na Casa

de Cultura Mario Quintana, em

Porto Alegre. O evento vai

até 12 de julho.

Informações: www.condanca.com.br.

10Maturidade AtivaLançamento do Clube Sesc Maturida-

de Ativa Santana do Livramento.

Informações: (55) 3242-4411.

13MinimaratonaEtapa Planalto do Circuito Sesc de

Minimaratona, em Erechim.

Informações: www.sesc-rs.com.br/

minimaratona.

TeatroOficinas, palestras e espetáculo A

Poltrona Escura, que passará por seis

cidades gaúchas até 22/07. Informa-

ções: www.sesc-rs.com.br/artesesc.

Dia do ComercianteInício da Semana do Comércio e Ser-

viço de Caxias do Sul (13/07), pales-

tra Desafio da Competência (16/07)

no Sindilojas Torres e 11° Jantar do

Dia do Comerciante (16/07) no Sin-

dilojas Vale do Jacuí.

14FériasBrincando nas Férias, em cerca de 15

cidades gaúchas. Informações nas

Unidades Operacionais do Sesc.

23EnsinoInício das Olimpíadas do

Conhecimento, em Porto Alegre.

29LegislaçãoPalestra Tributação e Legislação

Fiscal, no Secovi. Informações:

www.secovi-rs.com.br.

Pós-graduaçãoInscrições para os cursos de

pós-graduação em Gestão

de Redes de Cooperação e

Cooperativismo (Passo Fundo),

Docência na Educação Profissional,

Gerenciamento de Projetos e

Comunicação Integrada de Marketing

(Pelotas), Administração e Negócios Imobiliários e Comunicação

Estratégica (Porto Alegre) e para a pós-graduação a distância.

Informações: http://www.senacrs.com.br e www.senacead.com.br.

01

Divulgação/Senac-RS

02MostraInício da mostra O melhor do

Anima Mundi Brasil, que percorre-

rá 17 cidades gaúchas até 29 de

agosto, e da exposição 100 anos

sem Machado, em homenagem

aos 100 anos da morte de Macha-

do de Assis. Informações:

www.sesc-rs.com.br/artesesc.

05Jogos EstudantisFinal Estadual do Circuito Sesc de

Jogos Estudantis (5/07 e 6/07),

em Santa Cruz do Sul.

Informações: www.sesc-rs.com.br/

jogosestudantis.

06Olimpíadas ComerciáriasInício das etapas locais das

Olimpíadas Comerciárias 2008.

Informações: www.sesc-rs.com.br.

Page 7: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

PA

LA

VR

A D

O P

RE

SID

EN

TE

07FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

Flávio Roberto Sabbadini

Presidente do Sistema Fecomércio-RS

m época de competitividade

acirrada e tributação excessi-

va, ainda são poucos os esta-

belecimentos que conseguem so-

breviver no Brasil. Os que conse-

guem, em sua maioria, não dispõem

apenas de força de vontade, e sim

de vocação inovadora.

Para inovar não é preciso ter rios

de dinheiro. Pelo contrário, uma

idéia simples, decorrente de uma

observação atenta ao mercado,

pode contribuir para a redução dos

custos ou o aumento dos lucros. As-

sociar uma cafeteria a uma livraria,

por exemplo, agrega valor ao em-

preendimento e mantém o cliente

mais tempo na loja, enquanto usar a

internet como ferramenta de transa-

ções bancárias tornou-se um atrativo

para qualquer consumidor.

Unir serviços ou produtos já

existentes, portanto, também pode

representar uma inovação quando

gerar maior valor ao negócio. As

oportunidades estão à disposição de

todos os segmentos da economia,

sendo papel de cada um avaliar de

que maneira elas podem ser aproveitadas, pois só há ino-

vação quando uma idéia valiosa é colocada em prática.

Assim como os setores de Pesquisa e Desenvolvimen-

to, todas as áreas de uma organização podem desenvolver

seu potencial criativo. Para tanto, estimular a geração de

idéias passa a ser um dever administrativo. Nesse quesito,

as pequenas empresas estão em vantagem, pois possuem

estrutura menos rígida e maior agilidade de comunicação.

Apesar de conviverem com demandas diárias, é preciso en-

contrar um tempo para avaliar sugestões, possibilidades e

aplicação de idéias para assegurar uma atualização contí-

nua. Não existem boas sugestões onde prevalecem a cen-

sura e a punição pelos erros, pois posturas intimidantes

inibem o pensamento criativo e, mais do que isso, a vonta-

de de manifestá-lo em público. Se é desejo da empresa se

destacar em um ambiente marcado pela concorrência, con-

vém estabelecer políticas de incentivo à geração de idéias,

pois só assim haverá envolvimento de quem tem mais con-

dições de fazer evoluir o trabalho – toda a equipe.

E

de todosUma função

Divulgação/Fecomércio-RS

Page 8: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

NOTÍC IAS & NEGÓCIOS

08 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

E d g a r V a s q u e s

Estado não participa deranking de expatriadosNenhuma cidade gaúcha foi elencada no ranking de mu-

nicípios que mais recebem pessoas expatriadas, ou seja,

que são transferidas pela empresa onde trabalham para

outras regiões. De acordo com a Pesquisa Mundial de

Qualidade de Vida Mercer, Brasília, Manaus, Rio de Janei-

ro e São Paulo são as cidades brasileiras que mais recebem

profissionais expatriados. O estudo considerou 215 locali-

dades do mundo todo e desenvolveu um ranking com os

municípios com melhor qualidade de vida. Brasília ocupa a

105ª posição, Rio de Janeiro está na 114ª, São Paulo na

119ª e Manaus na 129ª. Zurique, Viena, Genebra, Vancou-

ver e Auckland ocupam os cinco primeiros lugares. Para

desenvolver o ranking, a Mercer considerou fatores como

ambiente político, social, econômico, cultural e natural,

saúde e saneamento, escolas e educação, serviços públi-

cos e transporte, lazer e bens de consumo.

Cacá Carvalho retorna aoEstado com A Poltrona EscuraO sucesso do espetáculo A Poltrona Escura durante o 3º Festival

Palco Giratório Sesc-POA motivou o retorno de Cacá Carvalho

e seu monólogo ao Estado. Desta vez, a peça faz parte do circui-

to Arte Sesc – Cultura por toda parte e acontece durante a segunda quin-

zena de julho.Cacá Carvalho ministrará algumas oficinas. A progra-

mação começa em Porto Alegre, no dia 15/07, e segue para Pelotas

(16/07), Montenegro (17/07), Caxias do Sul (18/07), Passo Fundo

(20/07) e Camaquã (22/07) e São Leopoldo (23/07).

Lenise Pinheiro/Sesc-RS

Page 9: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

NOT ÍC IAS & NEGÓCIOS

09FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

Mais cargos em comissão emenos concursadosO serviço público federal do país contratou, em 2007,

seis vezes mais funcionários para cargos em comissão do

que concursados. Um estudo realizado pelo Movimento

Voto Consciente e pela Transparency International apu-

rou que 11.939 servidores concursados foram admitidos

pelo governo. Além destes, mais 12.523 passaram a fazer

parte do serviço público por meio de regime de contrata-

ção temporária. No entanto, 75.987 pessoas foram con-

tratadas para os cargos e funções de confiança e gratifica-

ções do poder público federal, sendo 20.187 da Diretoria

e Assessoramento Superior.

Sistema Fecomércio-RS noPrêmio Qualidade RS 2008 Presente bom, futuro

melhor aindaO lucro líquido dos 50 maio-

res bancos do Brasil chegou a

aproximadamente R$ 29 mi-

lhões em 2007, de acordo com

dados da Federação Brasileira

de Bancos (Febraban). A ex-

pectativa para o cenário mun-

dial, segundo a pesquisa Ne-

nhum banco é uma ilha: globalize-se antes que globalizem você,

é de que o sistema bancário quadruplique de tama-

nho até 2025, atingindo a quantia de US$ 1,3 trilhão

em faturamento. Outras conclusões do estudo afir-

mam que, como principal oportunidade de cresci-

mento, mais de 40% dos entrevistados citaram a ex-

pansão para outros países. China e Índia foram indi-

cados como os territórios com maior possibilidade

de crescimento, devido à melhora contínua de suas

economias. O estudo, que engloba 637 executivos

de 320 empresas do setor bancário em 89 países, foi

realizado pela consultoria IBM Corp, ao lado da Uni-

dade de Inteligência do jornal The Economist.

Ministério da Justiça definealterações em call centersApós três audiências públicas, o Mi-

nistério da Justiça, ao lado dos órgãos

integrantes do Sistema Nacional de

Defesa do Consumidor (SNDC), de-

finiu novas regras para o atendimento

em call centers. A regulamentação deve

vigorar a partir de agosto. Entre as

novas determinações está a exigência

de que o tempo de espera seja de, no

máximo, 60 segundos; que o contato direto com o atendente

seja a primeira opção do menu; que o serviço seja gratuito e

que os atendentes tenham capacitação técnica para responder

às perguntas do consumidor. Além disso, a solicitação de can-

celamento de serviço deve ser atendida imediatamente e o

consumidor não pode ser repassado de um atendente para

outro. As empresas que não cumprirem o regulamento esta-

rão sujeitas a sanções pelo Código de Defesa do Consumidor.

Car

los

Cha

vez/

Sto

ck.x

chng

Os sindicatos Ses-

con-RS, das empresas

de contabilidade, e

Seprorgs, das empre-

sas de informática, re-

ceberam medalha de

bronze no Prêmio

Qualidade RS 2008, promovido pelo Programa Gaúcho da Qua-

lidade e Produtividade (PGQP). A premiação, que reconhece

o desempenho das organizações na busca pela melhoria do seu

sistema de gestão, também destacou duas unidades do Senac

(Informática e Uruguaiana, na categoria Bronze) e sete do Sesc

(Lajeado, com o Troféu Ouro, Bagé e Campestre, com Troféu

Prata, e Cruz Alta, Santo Ângelo, Venâncio Aires e Santana do

Livramento, com Troféu Bronze). Ao todo, 64 empresas e ins-

tituições foram agraciadas em cinco categorias. A entrega das

premiações aconteceu no dia 1º de julho, em Porto Alegre.

Mat

hias

Cra

mer

/Tem

poR

ealF

oto

Page 10: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

NOTÍC IAS & NEGÓCIOS

10 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

Variação do Volume das Vendas do ComércioVarejista e Atacadista Segundo Grupos de Atividade - 2008 (%)

Atividades

Comércio

Comércio varejista

Produtos alimentícios,

bebidas e fumo

Combustíveis e lubrificantes

Veículos, motocicletas, partes,

peças e acessórios

Comércio atacadista

Produtos alimentícios,

bebidas e fumo

Combustíveis

Veículos, motocicletas, partes,

peças e acessórios

Mar/08

1,2

3,0

1,2

3,7

11,6

-0,8

-5,4

3,9

11,1

Abr/08

11,3

9,2

-2,0

6,5

27,5

13,6

2,8

17,7

26,0

Acum. 12 meses

8,8

8,3

0,5

7,0

21,3

9,3

4,2

11,3

16,5Fonte: Fecomércio-RS

Apesar da inflação dos alimentos, comércio registra alta em abrilO volume de vendas do comércio gaúcho aumentou

11,3% em abril na comparação com o mesmo período

do ano passado, segundo cálculos do Índice de Ven-

das do Comércio (IVC), realizado pela Fecomércio-

RS e pela FEE. No varejo, a variação positiva chegou

a 9,2%, sendo a maior alta no setor de Equipamentos e

material para escritório, informática e comunicação (37,1%). O

comércio atacadista, por sua vez, registrou alta de

13,6%, puxado principalmente pelo setor de Máqui-

nas, aparelhos e equipamentos (45,7%). A maior queda do

varejo aconteceu em Produtos alimentícios, bebidas e fumo

(-2%), refletindo a inflação dos alimentos e o resulta-

do da Páscoa antecipada de 2008, que ocorreu em mar-

ço. Para ver os resultados completos da pesquisa aces-

se www.agencia.fecomercio-rs.org.br.

Dráuzio Varella participa do Senac SaúdeA primeira edição do Senac Saúde traz a Porto Alegre o médico Dráuzio Varella, que

abordará o tema Qualidade de Vida e Promoção da Saúde. O evento também conta

com a participação de Moacyr Scliar, Fernando Lucchese e Alexandre Dahmer. Os de-

bates, palestras e oficinas acontecerão no dia 29 de setembro, na sede da Associação

Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs), em Porto Alegre. O Senac Saúde é organizado

pela Escola de Educação Profissional Senac Passo D’Areia. As inscrições, assim como a

programação completa, estão disponíveis no site www.senacrs.com.br/senacsaude.

Minimaratona do Sesc-RS segue a todo vaporA primeira e a segunda etapas do Circuito Sesc de Minimara-

tona 2008, ocorridas em Rio Grande e Gravataí, foram um su-

cesso. No dia 13 de julho acontece a terceira etapa da competi-

ção, em Erechim. Depois segue para Camaquã (10/08), Santana

do Livramento (17/08), Santa Cruz do Sul (31/08), Farroupi-

lha (21/09), Ijuí (28/09), Torres (26/10) e Porto Alegre (14/

12). A corrida é dividida em três modalidades: adulta (10 km),

revezamento (duplas) e Minimaratoninha (3 km, para crian-

ças). Outras informações podem ser obtidas no site www.sesc-

rs.com.br/minimaratona.

João Alves/Sesc-RS

Page 11: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

NOT ÍC IAS & NEGÓCIOS

11FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

Foto Rocha/Divulgação

Senac abre inscrições parapós-graduação EADOs cursos de pós-graduação a distância do Senac-RS estão

com as inscrições abertas até o dia 30 de julho. As vagas são

para as seguintes especializações: Governança de Tecnologia

da Informação (TI), Gestão da Segurança de Alimentos, Artes

Visuais: Cultura e Criação, Gestão Educacional, Educação Am-

biental e Educação a Distância. As atividades se iniciam em

agosto. Fichas de inscrição e outras informações estão disponí-

veis no site www.pos-ead.senac.br.

e s p a ç o d o l e i t o r

A Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) agradece,

honrada, o envio da revista Bens e Serviços e cumprimenta

a Fecomércio-RS por mais essa importante publicação.

Rubem Becker

Reitor da Ulbra – Canoas/RS

Legislação diminuisolicitações de falênciaDesde que foi aprovada, em 2005, a Lei de Recuperação

de Empresas e Falências tem sido responsável pela dimi-

nuição no número de solicitações de falência junto à Justi-

ça. De acordo com estudo publicado pela Delloite, nos 16

meses anteriores à implantação da lei, 21.628 empresas

tiveram pedidos de falência decretados. Dezesseis meses

após o decreto, o número caiu para 5.895. No ano passado,

foram solicitadas 2.721 falências, em oposição às 4.192 re-

queridas em 2006. Em relação às solicitações decretadas,

em 2006 foram 1.977 casos, enquanto em 2007 foram 1.479.

Entre as determinações da legislação está a alteração no

ranking de prioridades para pagamento da dívida: primeiro

trabalhadores, depois bancos e por último governo. Outro

ponto é a duração do processo de falência (até 20 anos),

que amplia o prazo para pagamento de débitos.

Page 12: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

IMPORTAÇÕESN

úm

ero

39 –

Julh

o 2

008

12 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

A baixa cotação do dólar não traz apenas prejuízos à economia brasileira.

Há setores da indústria que aproveitam o momento para investir, enquanto o comércio

de produtos importados, por sua vez, não chega a estar eufórico

nem tão ruimNem tão bom

uando o assunto é a valorização do real

frente ao dólar, todo mundo pensa na

queda nas exportações brasileiras, na

concorrência que produtos nacionais enfren-

tam pela oferta de artigos importados e, como

possível conseqüência, na desaceleração na

atividade industrial. De fato: em 2007, as im-

portações cresceram 32%, ao passo que as ex-

portações registraram um aumento de apenas

16%. Este ano, com a moeda norte-america-

na custando menos de R$ 1,70, o quadro pro-

mete se repetir ou, até mesmo, agravar-se.

De janeiro até o final da segunda semana de

junho, o valor das importações, conforme o

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior, havia atingido a cifra de

QUS$ 70 bilhões, US$ 25 bilhões a mais do que o importa-

do no mesmo período do ano passado. Enquanto isso, o

crescimento nas vendas foi de US$ 17 bilhões.

A equação, todavia, não é tão simples. O professor de

Finanças Ricardo Araújo, da Fundação Getulio Vargas do

Rio de Janeiro (FGV), lembra que o momento está sendo

aproveitado pelas indústrias que têm parte de seus custos

de produção indexados à moeda americana. “Assim como

os exportadores comemoraram quando o dólar chegou a

quase R$ 4, hoje quem precisa comprar maquinário no

mercado internacional está comemorando, bem como

quem importa matéria-prima mais sofisticada do ponto

de vista tecnológico.” À queda nos custos de produção

soma-se a melhoria na renda do brasileiro, que está con-

sumindo mais. “O PIB do primeiro trimestre de 2008 au-

mentou 5,8% em relação aos três primeiros meses de 2007.

Foi o maior crescimento em décadas, e a indústria foi o

setor que mais se destacou”, frisa o professor.

Para compensarO comércio de bens de consumo importados não está

eufórico. Para começar, o frete internacional está mais caro.

“Se com o dólar a R$ 2,50 o frete custava US$ 1.500, com

a cotação em aproximadamente R$ 1,65, custa US$ 2.200

para compensar”, ilustra um dos sócios-proprietários da

importadora Vinhos do Mundo, Leocir Vanazzi. A medi-

da não é adotada só pelas transportadoras, mas também

Lúc

ia S

imon

Page 13: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

13FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

IMPORTAÇÕES

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

por empresários de países que vivem situações cambiais

semelhantes à do Brasil. “No Chile, onde a moeda nacio-

nal está forte, as vinícolas reajustaram seus preços em dó-

lar a fim de manter, em peso, o lucro.” O resultado foi um

aumento de 13% no preço dos vinhos chilenos em 2007 e

de 10% em 2008. “Foi bom o real ter valorizado para não

repassarmos esses índices ao consumidor.”

Como não só o valor do dólar influencia as importa-

ções brasileiras – e sim tudo o que acontece nos países

parceiros, como a inflação, responsável pelo aumento de

preço dos produtos argentinos e uruguaios –, empresas

evitam o fechamento de negócios em função apenas do

câmbio. “Nós, por exemplo, temos a filosofia de um for-

necedor por país”, afirma Vanazzi. Assim, para os fre-

qüentadores das duas lojas da importadora em Porto Ale-

gre, o baixo preço da moeda dos Estados Unidos reflete-

se apenas em promoções semanais de bebidas da Nova

Zelândia, da Austrália e da África do Sul, que podem ter

de 30% a 50% de desconto.

Quem mais se beneficia com a atual conjuntura é quem

viaja e faz compras no exterior. “Nunca foi tão barato ir

aos Estados Unidos e à Argentina”, diz Araújo, lembran-

do que, se aumentasse o limite aduaneiro na cota de com-

pras dos turistas, o governo provocaria uma fuga de dóla-

res que contribuiria para o equilíbrio do câmbio.

A desvalorizaçãoA origem da desvalorização do dólar frente ao real está

na entrada vertiginosa de capital estrangeiro no Brasil, cau-

sada fundamentalmente pela elevada taxa de juros do país

– embora a melhora nos fundamentos da economia brasi-

Os valores atingidos pelas importações brasileiras nos últimos dez anos

AnoValor das importações

(US$ bi)Variação em relação ao

ano anterior (%)

- 3,4

- 14,7

13,3

- 0,4

-15,0

2,2

30,0

17,2

24,2

32,0

57,7

49,3

55,8

55,6

47,2

48,3

62,8

73,6

91,4

120,6

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

leira também tenha contribuído para o qua-

dro. “Há compra de ações na bolsa de valores

– que colabora com o crescimento das em-

presas –, mas também há muito dinheiro en-

trando para compra de títulos de renda fixa.”

Enquanto os papéis do tesouro america-

no rendem juros de 2% ao ano, a taxa de juros

no Brasil está em 12,25%. “O que você faz?

Converte dólares e compra papéis da dívida

brasileira. Afinal, já está sendo sinalizada uma

taxa de quase 15% ao ano para 2010”, avalia

Araújo. Como a inflação não permite que o

Banco Central reduza a taxa de juros, a situa-

ção do câmbio deve manter-se por muito tem-

po. “O BC só deixaria de elevar os juros em

função da inflação se fossem aprovadas as re-

formas de que o país necessita, notadamente

a tributária.”

Caso a inflação mundial continue crescen-

do e o Federal Reserve (banco central dos Es-

tados Unidos) não consiga manter a tendên-

cia de reduzir os juros, as bolsas mundiais so-

frerão um impacto, e talvez os investidores

retirem seu dinheiro do Brasil e passem a com-

prar papéis do tesouro americano, mais segu-

ros. “O dólar recuperaria sua cotação em reais,

mas isso seria uma conseqüência de piora dos

nossos fundamentos econômicos.”

Vanazzi: valorização ajuda a não refletir alta dos vinhos chilenos

Lúc

ia S

imon

Page 14: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

GUIA DE GESTÃO

14 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

Dizem que a propaganda é a alma do negócio. Porém, mais do que aparecer na mídia, é

importante ser preciso na hora de dar o recado e ter em mente o público a ser atingido, o

que, muitas vezes, exclui as formas mais tradicionais de anunciar

ser lembrado

osé Abelardo Barbosa de Medeiros, o

saudoso Chacrinha, maior comunicador

que o Brasil já teve, costumava dizer que

“quem não se comunica se trumbica”. No mun-

do dos negócios, onde é preciso estar sempre

um passo à frente da concorrência, poucas ver-

dades têm mais peso que a máxima do Velho

Guerreiro. Mas atenção: nem sempre gastar

muito dinheiro em publicidade é sinônimo de

Ser visto para

sucesso. Na hora de anunciar produtos e serviços, o que

vale é dizer a coisa certa ao público certo. E esse, muitas

vezes, pode ser atingido de formas alternativas e relativa-

mente baratas de propaganda.

“Em um congestionamento, o adesivo no carro da fren-

te pode ser uma boa mídia”, diz o vice-presidente de Mídia

do Grupo Eugênio, Cláudio Barres. A Eugênio, uma hol-

ding que abriga cinco empresas e que possui escritórios

em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre e Sal-

J

Page 15: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

GUIA DE GESTÃO

15FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

vador, foi eleita a Agência de Comunicação do Ano pela

Associação dos Dirigentes de Venda e de Marketing do

Brasil (ADVB). Entre seus clientes, estão gigantes como

Tecnisa – construtora e incorporadora de São Paulo –,

Johnson & Johnson, Monsanto e Pfizer. Mesmo assim,

Barres garante que pequenos empreendedores também

podem fazer bonito quando se trata de puxar a brasa para

o seu assado. “Costumo dizer que não há cliente com

verba pequena, mas sim com verba mal-aplicada.”

Outra crença do executivo é a de que não existe es-

paço publicitário caro. “Caro é não vender”, sentencia.

No entanto, são necessários alguns cuidados para que o

desperdício seja evitado. O fundamental é definir o que

falar e com quem. No que diz respeito ao conteúdo, o

ideal é não pôr toda a informação em uma única peça pu-

blicitária. “No máximo dois ou três atributos”, recomen-

da o professor Flávio Martins, da Escola Superior de Pro-

paganda e Marketing (ESPM) de Porto Alegre. O

conselho vale sobretudo para formas de mídia externa,

como os outdoors, que precisam ser lidos por quem está de

passagem, atento ao trânsito.

Representatividade

Quanto à escolha do meio de divulgação mais ade-

quado, basta uma sondagem, que o próprio estabeleci-

mento, sem o auxílio de uma agência ou de uma consul-

toria, tem condições de fazer. “Deve-se perguntar ao

cliente como ele soube da empresa, se assina algum jor-

nal, que programas de rádio escuta. São informações aces-

síveis, fáceis de levantar”, ensina Martins. Segundo ele,

muitas vezes empresas de pequeno porte ficam encan-

tadas com a idéia de aparecer e acabam anunciando

em veículos que não têm representatividade junto ao

seu público-alvo. “Se quero falar a empresários, o

melhor a fazer é anunciar em jornal. Já o rádio e a tele-

visão atingem um público mais massivo, e a internet, os

jovens”, exemplifica.

Dependendo do que se quer divulgar e para quem,

algumas mídias diretas podem atingir resultados efeti-

vos. Um exemplo é o carro de som. Contudo, é preci-

so adotar certas precauções: o veículo deve estar em

bom estado para não comprometer a imagem da em-

presa e o motorista não pode desobedecer às

regras de trânsito. Também é necessário veri-

ficar se a paz não está sendo perturbada. “Em

Porto Alegre, essa forma de propaganda já é

rechaçada. É interruptiva, avança demais no

espaço alheio. Mas para cidades pequenas,

em que os habitantes ainda freqüentam

muito os locais públicos, é válida.” Uma

saída para quem adota a propaganda direta

é ser simpático, brincar com as pessoas.

Quando se trata de propaganda, também

é importante ter em mente que nem sempre

o retorno é imediato. Isso só costuma ocor-

rer no caso de anúncios promocionais e, ain-

da assim, a oferta precisa ser muito boa. No

caso de anúncios institucionais, os resulta-

dos são obtidos em longo prazo. Outra

questão a ser levada em conta, de acordo

com Martins, é a freqüência: de nada adi-

anta fazer um comercial de rádio ou TV de

30 segundos uma vez ou outra. “É a insis-

tência que marca”, explica o professor, mes-

tre em Gestão Empresarial.

Vendendo o peixe

Com 22 anos de experiência no comér-

cio varejista, Cláudio Strzykalski é um exem-

Carro da Ouro Preto circulará apenas em área rural para evitar poluição sonora

Foto

Tho

mas

/Loj

as O

uro

Pre

to

Page 16: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

GUIA DE GESTÃO

16 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

plo de empresário que descobriu a fórmula

exata para vender o seu peixe – no caso, teci-

dos e artigos de vestuário, cama, mesa e ba-

nho. Proprietário das Lojas Ouro Preto, com

11 pontos-de-venda em dez municípios gaú-

chos, afirma que só anuncia quando tem cer-

teza do retorno. Por isso, escolheu o rádio,

veículo de comunicação preferido pelo públi-

co-alvo da empresa, como demonstraram pes-

quisas. Também é criterioso quando se trata

de definir os produtos que serão divulgados:

devem chamar a atenção pela qualidade e pelo

preço e ser de uma marca já conhecida.

Além do rádio, a Ouro Preto utiliza carro

de som para informar suas ofertas. Diferen-

temente de muitos estabelecimentos, que

contratam terceiros – muitas vezes sem pre-

ocupação com a qualidade do serviço pres-

tado –, a empresa possui veículo próprio para

esse fim, devidamente identificado. À medi-

da que ele percorre as ruas, folhetos são dis-

tribuídos à população. Mas Strzykalski já avisa que a prá-

tica está em vias de extinção. “Na cidade, as pessoas

estão saturadas por causa do barulho. Além disso, as ruas

ficam sujas com os folhetos”, justifica o comerciante.

Em substituição a essa forma de propaganda, as ofertas

passarão a ser entregues de casa em casa. O automóvel

continuará circulando apenas nas zonas rurais de muni-

cípios como Camaquã – onde fica a matriz da empresa –

, Santa Cruz do Sul e Lajeado.

Na hora de contratar

Não é raro uma empresa dispensar a contratação de

uma agência e, na hora de divulgar produtos e serviços,

buscar diretamente o departamento de publicidade dos

jornais – quando não o caderno de classificados – e das

emissoras de rádio e televisão. Tanto Cláudio Barres quan-

to Flávio Martins afirmam que os veículos estão se profis-

sionalizando nesse setor, apesar de ainda representarem,

conforme o professor da ESPM, uma solução standard.

Contudo, munido de algumas dicas, o anunciante pode

ser bem-sucedido na empreitada.

O grande segredo é verificar, previamente, as vanta-

gens de divulgar produtos e serviços em cada um desses

meios. Trata-se, novamente, da questão da representati-

vidade da mídia junto ao público-alvo do empresário. É

preciso ainda preservar a imagem da empresa, selecionan-

do cuidadosamente a foto a ser utilizada e evitando erros

de português. “Se o anunciante não tem algum tipo de

assessoria, também não pode esperar obtê-la do veículo,

que em muitos casos quer apenas vender”, diz Barres.

Mas a contratação de uma empresa de publicidade

também não é tarefa fácil. A procura, conforme o vice-

presidente de Mídia do Grupo Eugênio, é como início de

namoro. “Todos querem uma agência que deixe seu pro-

duto mais bonito, e todas as agências pintam um quadro

maravilhoso sobre si que, muitas vezes, fica no discurso.”

A saída é deixar a vaidade de lado e consultar clientes que

a agência já atende. “Quando contratamos um funcioná-

rio, pedimos referência. O mesmo deve ser feito nesse

caso”, diz o executivo. Outra sugestão é buscar um pro-

fissional ou empresa com experiência na divulgação do

tipo de produto que o anunciante deseja promover.

Na internet

o primeiro trimestre de 2008, a internet recebeu mais em

anúncios do que a TV paga e a mídia exterior. As empresas

do ramo digital faturaram R$ 134,3 milhões com propaganda,

36% a mais do que no mesmo período de 2007. As informações

são do Projeto Inter-Meios, iniciativa conjunta do jornal Meio

& Mensagem e dos principais veículos de comunicação do Bra-

sil que visa à apuração, em números reais, dos investimentos

publicitários em mídia no país.

“É um meio a ser considerado com muito carinho”, afirma Flá-

vio Martins, da ESPM. Segundo ele, a rede mundial de computa-

dores é ideal para atingir jovens e executivos e para a divulgação de

produtos mais sofisticados e segmentados. Entre suas vantagens,

além do custo, está a interatividade – clicando no banner, clientes

em potencial podem descobrir o e-mail do anunciante e entrar em

contato. “Ainda é uma mídia bem barata.” A única recomendação

do professor é a de ter cuidado na hora de escolher o parceiro. “O

site precisa ser idôneo e representativo.”

N

Page 17: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

OPIN

IÃO

17FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

s centrais sindicais brasileiras realiza-

ram, no dia 28 de maio, em várias capi-

tais, o Dia Nacional de Lutas e Mobi-

lizações pela Redução da Jornada de Traba-

lho e pela Ratificação das Convenções 151

e 158 da OIT. Das reivindicações, a redução

da jornada foi escolhida como eixo central.

O assunto coloca representan-

tes do empresariado e do mo-

vimento sindical em campos

opostos. No governo, o presi-

dente Lula e o ministro do Tra-

balho, Carlos Lupi, são a favor

da proposta. Mas Lupi ressal-

va: diminuindo a jornada, é

preciso ter mais trabalhadores,

e, se o patronato trabalha com

custos, se disse a favor da negociação para

que todas as partes saiam satisfeitas.

Se o Dia Nacional de Lutas e Mobiliza-

ções não conseguiu reunir um número ex-

pressivo de trabalhadores nas ruas em favor

da redução da jornada, a coleta de assinatu-

ras catalisou a vontade dos mesmos. Foi mais

de 1,5 milhão de assinaturas entregue por re-

presentantes das centrais sindicais ao presi-

dente da Câmara dos Deputados, Arlindo

Chinaglia, em 3 de junho, durante Comis-

A

são Geral realizada pelo Plenário para discutir as mu-

danças na legislação. Do debate também participaram

representantes da Confederação Nacional da Indústria

(CNI), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

(Ipea), da Federação Brasileira de Bancos (Febraban),

do Departamento Intersindical de Estatística e Estu-

dos Socieconômicos (Dieese) e da Justiça do Traba-

lho. E a polêmica se instalou.

De um lado, o movimento sindical alega que a redu-

ção da jornada vai gerar empregos. De outro, a classe

empresarial afirma que, se não hou-

ver aumento de produtividade, o

custo da hora trabalhada sofrerá au-

mento, que provocará alta de preços

nos produtos e, conseqüentemente,

menor consumo, com efeitos nega-

tivos na economia.

Diante desse quadro, o caminho

a seguir é a negociação, apontada

ao fim da Comissão por Chinaglia.

Ele anunciou que vai mediar as negociações para a vo-

tação dos projetos de redução da jornada. E cabe a ele

trazer do governo propostas de compensações de na-

tureza fiscal para as empresas, como a desoneração da

folha, cujos encargos custam, no mínimo, 70% além do

salário. A desoneração pode ser a moeda de troca com

as empresas. Do contrário, reduzir a jornada sem redu-

zir salários as levará a perderem competitividade, além

de empurrá-las para a informalidade.

Cabe a Chinaglia trazer

do governo propostas

de compensações de

natureza fiscal para as

empresas, como a

desoneração da folha

Redução da jornada

e a economia

Sócio-titular da Trevisioli Advogados Associados

Alvaro Trevisioli*

Divulgação/Trevisioli

Page 18: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

ENTREV I STA

18 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

ENTREVISTA

Antonio Borges

Foto

s: R

odri

go S

acra

men

to

Page 19: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

19FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

ENTREV I STA

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

B & S A APCM foi criada em abril de 2007, substituindo

duas entidades semelhantes. Qual o balanço desse pri-

meiro ano de trabalho?

B o r g e s Acreditamos que o balanço seja bem positivo, pois

onde se encontra a pirataria de CD também se encontra a de

DVD. Esse cenário fez com que juntássemos esforços para

conquistar os melhores resultados.

B & S A entidade reuniu a indústria fonográfica e a cine-

matográfica. Os dois mercados têm as mesmas carac-

terísticas no que diz respeito à pirata-

ria? Os “piratas” são os mesmos ou exis-

tem ações diferenciadas?

B o r g e s Um mercado que sofreu algumas al-

terações é o fonográfico, visto que a pirataria

musical, hoje, acontece mais via internet. Já a

falsificação de filmes continua ocorrendo es-

sencialmente através da mídia física. Mas

quem produz o DVD pirata copia CDs de

forma ilegal, e a distribuição geralmente acon-

tece de maneira integrada.

B & S Antes de dirigir a APCM, o senhor

não trabalhava com a indústria nem es-

pecificamente com pirataria. Como foi

Antonio Borges

O ex-delegado da Polícia Federal atua como

presidente da Associação Antipirataria de Cinema e

Música (APCM), criada em 2007 a partir da fusão

entre a Associação de Defesa da Propriedade

Intelectual e da Associação Protetora dos Direitos

Intelectuais Fonográficos. A entidade viabilizou a

apreensão de mais de 42 milhões de mídias

pirateadas no Brasil somente no ano passado.

Unindo forças contraa pirataria

Page 20: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

ENTREV I STA

20 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

rataria, em Blumenau, no final do ano passado, e estamos partici-

pando agora da criação do conselho de Joinville. Além disso,

promovemos palestras pelo Brasil inteiro e treinamentos para

aumentar o controle sobre mercadorias piratas.

B&S Qual o papel da educação no combate à pirataria?

B o r g e s Em médio ou longo prazo, só por meio de ações de

conscientização e educação em escolas, além de veiculação

de propagandas na mídia, será possível conquistar um pensa-

mento generalizado de combate à prática. Certamente não con-

seguiremos acabar totalmente com a pirataria, uma vez que ela é

um crime e é praticamente impossível eliminar a criminalidade.

B & S A pirataria provoca um déficit de arrecadação de

milhões de dólares ao governo brasileiro todos os anos,

ao mesmo tempo em que os tributos incidentes sobre o

setor são considerados um dos motivos dos altos preços.

Existe um diálogo entre empresas de cine e áudio e ór-

gãos públicos para reduzir o custo dessas mercadorias?

B o r g e s Se analisar o custo de um CD, hoje já está bem mais

barato que há alguns anos. Entretanto, a indústria nunca vai

ter condições de concorrer com os produtos piratas, porque

o custo deles é simplesmente o preço da mídia, que equivale a

menos de R$ 1. Então, por mais barato que seja o CD ou

DVD, nenhum vai chegar ao valor do falsificado. Percen-

tualmente, o lucro que uma mercadoria pirata acumula é

muito maior do que o das indústrias. Já existem alguns

projetos tramitando no Congresso para tentar amenizar o

problema via redução de tributos, principalmente na área

musical, mas mesmo assim não será substancial para fazer frente

aos piratas. Nossa grande preocupação, também, é que a quan-

tidade de artistas que hoje são lançados no mercado fonográ-

fico é bem menor do que a registrada há dez anos, porque as

gravadoras já não estão tendo dinheiro para fazer os investi-

mentos necessários.

este primeiro ano de experiência no se-

tor, e quais são as próximas estratégias

no combate à prática?

B o r g e s Sou oriundo da Polícia Federal, o que

me deu alguma experiência nesse tipo de in-

vestigação. Com a minha aposentadoria e as-

sumindo a Associação, optei por me reciclar

dentro desse mercado para poder ter um

maior rendimento e aproveitamento dos re-

sultados. Classifico o primeiro ano de ativi-

dades da APCM como muito produtivo, até

porque não atuamos apenas por meio de re-

pressão, e sim pela conscientização da popula-

ção e capacitação de agentes púbicos. Partici-

pamos ativamente também da criação do pri-

meiro Conselho Municipal de Combate à Pi-

“Certamente não conseguiremos acabar totalmente

com a pirataria, uma vez que ela é um crime e é

praticamente impossível eliminar a criminalidade.”

Page 21: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

21FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

ENTREV I STA

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

B & S Muitos artistas passaram a disponibilizar, em seus

próprios sites, downloads de músicas, para evitar a práti-

ca da pirataria, mesmo que tenham que abrir mão de

direitos autorais. Como o senhor avalia essa alternativa?

B o r g e s É uma alternativa para alguns artistas, principalmen-

te aqueles que estão começando carreira ou que já estão com

o nome consolidado. Contudo, quem está no meio termo di-

ficilmente tem condições de apostar nisso. Da mesma forma,

já existem sites que disponibilizam a venda de músicas via

internet para que o consumidor possa escolher as músicas que

deseja adquirir.

B & S O senhor acha que essa é uma tendência para o

mercado fonográfico?

B o r g e s É um caminho que ainda não está totalmente deline-

ado, mas com certeza alguma coisa vai mudar nesse ramo.

B & S Outra alternativa, praticada geralmente por gra-

vadoras independentes, é a venda de CDs em bancas

de revistas a custos reduzidos. Como a indústria tem

reagido a isso?

B o r g e s Também é um caminho. As gravadoras independen-

tes, algumas com grande potencial de suporte aos artistas, têm

utilizado esse método. E é uma atitude válida, pois cada um

tem que buscar o caminho disponível para se satisfazer den-

tro da legalidade. Porém, o que se vê é que as grandes gravado-

ras têm uma estrutura muito maior de suporte para os artistas.

B & S Quanto a economia brasileira perde com os pro-

dutos piratas? Existem dados sobre os prejuízos para

empresas e governos?

B o r g e s É algo fantástico. Apenas na área de audiovisual, es-

timamos que em 2007 tenham sido fechadas cerca de 5 mil

videolocadoras no Brasil inteiro devido ao problema da pi-

rataria, porque as pessoas pararam de locar filmes e passa-

ram a comprá-los em versões pirateadas. Essas empresas

fizeram com que fossem encerrados cerca de

20 mil postos de trabalho.

B&S Existem dados sobre a presença de pro-

dutos falsificados no Rio Grande do Sul em

relação aos demais estados brasileiros?

B o r g e s O Estado apresenta algumas carac-

terísticas especiais devido a sua posição geo-

gráfica fronteiriça. Grande parte da apreen-

são de mídias virgens realizada no país neste

ano foi registrada no Rio Grande do Sul, com

a participação da Brigada Militar e principal-

mente da Polícia Rodoviária Federal. Acredi-

“A indústria nunca vai ter condições de concorrer

com os produtos piratas, porque o custo deles é

simplesmente o preço da mídia.”

Page 22: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

ENTREV I STA

22 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

ta-se que esses produtos estivessem entran-

do no país para a falsificação via contrabando

do Uruguai. A apreensão realizada em terri-

tório gaúcho corresponde a um número bem

maior do que o observado no resto do país,

fazendo da região uma fonte de distribuição

para os demais estados. O mesmo problema

acontece com o Paraná, que também tem uma

posição geográfica estratégica para esse tipo

de contrabando em Foz do Iguaçu.

B & S Quando a APCM foi fundada não

houve grande preocupação com a pira-

taria via internet, em função do baixo uso

da banda larga no Brasil. Com a dissemi-

nação de equipamentos para MP3 e MP4,

essa estratégia muda?

B o r g e s Desde a criação da associação temos uma preocupa-

ção muito grande com os setores de internet, sendo que pos-

suímos uma equipe que trabalha diuturnamente em cima dis-

so, buscando sites que disponibilizam músicas de maneira ir-

regular e pessoas que, através de redes de mercado ou sites de

relacionamento, vendem mercadorias piratas. Tudo isso é

acompanhado pela entidade.

B & S Antes mesmo de ser lançado, o filme Tropa de Elite

foi visto por milhões de pessoas em cópias piratas, sen-

do a arrecadação oficial surpreendente após uma cam-

panha elaborada pela produtora para que, mesmo

quem já houvesse assistido, fosse ao cinema. A que o

senhor atribui esse fenômeno? As pessoas querem pa-

gar pelo que gostam?

B o r g e s Isso é uma tendência, até porque quem gosta e valo-

riza o ambiente e o hábito de ir ao cinema não deixa de fre-

qüentar as salas de exibição. Com certeza, se não houvesse

tamanha disseminação dos DVDs piratas naquele caso, a arre-

cadação do filme teria sido bem maior. De qualquer maneira,

aquela situação serviu para trazer à tona a discussão sobre o

problema da falsificação. Com o debate, conseguimos colo-

car o tema na mídia e na sociedade, mostrando que, no caso

específico do cinema brasileiro, que atingiu um grau de respeita-

bilidade incrível no mercado mundial, a sobrevivência ainda de-

pende de subsídios governamentais arrecadados através de DVDs

de filmes estrangeiros que são colocados no mercado nacional.

Então, se a pirataria continuar, daqui a pouco o cinema brasileiro

também não vai mais ter investimento.

B & S Algo mudou depois desse debate?

B o r g e s Eu diria que houve uma conscientização maior para

a importância de se lutar contra a pirataria. Algumas cidades,

via prefeituras, adotaram um posicionamento mais firme para

combater a prática. Até porque existe a falsa ilusão de que a

“Por mais que muitos encarem o ato de adquirir um

CD ou DVD pirata como uma bobagem, a

propriedade intelectual precisa ser respeitada.”

Page 23: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

23FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

ENTREV I STA

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

pirataria gera emprego, e isso é totalmente mentira, porque

só provoca subemprego, ou seja, pessoas que não têm um em-

prego formal e, além de correrem o risco de estar em condi-

ções desfavoráveis de trabalho, não contribuem para arreca-

dação de tributos.

B & S A intenção da APCM é de trabalhar com serviços

de inteligência, atuando junto ao produtor de artigos

piratas e não aos consumidores. Que tipo de ações têm

sido estabelecidas nesse sentido?

B o r g e s Temos procurado atuar não diretamente junto aos

consumidores, e sim com inteligência em cima daqueles que

fabricam esse tipo de artigo. Em outra frente, agimos sobre

quem comercializa produtos piratas. Além disso, promove-

mos capacitação de agentes públicos e palestras e temos pes-

soas qualificadas que fazem contato com órgãos policiais e

fazendários, às vezes até dando suporte logístico para que as

ações sejam realizadas.

B & S O aumento no número de apreen-

sões deve inibir a fabricação de artigos

falsificados?

B o r g e s Acredito que, neste ano, a produ-

ção já tenha sofrido um baque devido à quan-

tidade de mídias virgens apreendidas. So-

mente em 2008, quase 10 milhões de mídias

virgens já foram recolhidas no país. Essas

ações, além de inibirem a fabricação desse

tipo de item, mostram à sociedade que falsi-

ficação é crime previsto no Código Penal.

Por mais que muitos consumidores encarem

o ato de adquirir um CD ou DVD pirata

como uma bobagem, a propriedade intelec-

tual precisa ser respeitada.

Page 24: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

VIS

ÃO

TR

IBU

RIA

46 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

STF encerrou, na segunda quinzena de

junho, o julgamento do RE 559.882-9,

que apreciou a validade dos dispositi-

vos que fixavam em dez anos o prazo para

autuação e cobrança judicial das contribui-

ções devidas ao INSS. O argumento de que

esses prazos, estabelecidos pela Lei 8.212/

91, estavam em choque com os prazos de

cinco anos previstos no Código Tributário

Nacional foi vitorioso, e o STF declarou a

inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da

Lei 8.212/91. Até aí tudo bem, pois a deci-

são já era esperada pela comunidade jurídi-

ca. O problema foi que o STF, além de re-

conhecer que os créditos tributários penden-

tes de pagamento não poderão ser cobrados

administrativa ou judicialmente, determinou

que: as empresas que recolheram aos cofres

fazendários contribuições previdenciárias

atingidas pela prescrição ou pela decadên-

cia (segundo o STF) não podem ajuizar ações

visando à restituição desses valores; a proi-

bição não se aplica a pleitos já formulados

pelos contribuintes, administrativa ou judi-

cialmente, até a data do julgamento do RE

559.882-9. Em resumo, quem pagou e espe-

rou uma posição do STF para, então, ajuizar

a respectiva ação de restituição não recuperará os valo-

res pagos; quem pagou e ajuizou ação de restituição

antes da decisão do STF receberá o dinheiro de volta;

quem não pagou, não será mais cobrado.

A modulação de efeitos constitui importante ins-

trumento para mitigar os efeitos juridicamente inde-

sejáveis da declaração de inconstitucionalidade, de-

vendo sempre ser utilizada visando à preservação dos

valores e garantias previstos na Constituição Federal.

Infelizmente, não foi o que aconteceu no presente jul-

gamento, em que parece ter pesado o nebuloso e ques-

tionável argumento do impacto financeiro da decisão.

E o que é pior, a decisão fomenta a despreocupação

com a aprovação de normas dotadas de constitucio-

nalidade duvidosa, cujos efeitos serão eternizados

desde que o impacto financeiro das mesmas seja rele-

vante. Por fim, puniu o contribuinte de boa-fé que,

presumindo a constitucionalidade da legislação tribu-

tária, aguardou uma posição do STF para, então, bus-

car a apropriação estatal indevida. A modulação dos

efeitos, do modo como ocorreu, parece estar em des-

compasso com os valores que tornam um sistema ju-

rídico estável e identificado com o estado democráti-

co de direito. Estimula a desconfiança jurídica e o

questionamento judicial.

O

do INSSRafael Pandolfo*

Contribuições

*Consultor tributarista da Fecomércio-RS

Ros

i B

onin

segn

a/Fe

com

érci

o-R

S

Julgamento do STF pôs em pauta contribuições atingidas pela prescrição ou pela decadência

Page 25: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

24 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

PESQUISAS

Em época de avalanches de pesquisas como a véspera das eleições convém conhecer o

processo de produção dos estudos para poder avaliar aqueles que devem ser levados a

sério. Política, economia e consumo são os assuntos mais presentes nas enquetes

levantamentosNa mira dos

divulgação de pesquisas na mídia tem

sido cada vez mais freqüente, havendo

estudos sobre qualquer assunto para

avaliar diferentes segmentos e classes. Nesse

cenário, alguns levantamentos podem não tra-

duzir exatamente a realidade a que se referem

por falhas de apuração ou amostragem, moti-

Avo pelo qual conhecer o funcionamento desse tipo de aná-

lise pode ser mais uma ferramenta para assegurar a validade

de um estudo.

Entre os principais tipos de pesquisa destacam-se as

acadêmicas, experimentais, exploratórias, laboratoriais e

mercadológicas. Geralmente, os mais divulgados são os

estudos de mercado. Segundo Lúcio José da Silva, coor-

Lúci

a S

imon

Page 26: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

25FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

P E S Q U I S A S

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

denador do Instituto Fecomércio de Pesquisas (Ifep), os

tipos de investigação variam conforme o que se deseja

saber, sendo as pesquisas de mercado, por exemplo, reali-

zadas diretamente com o consumidor com o intuito de

fornecer informações sobre o que influencia a aquisição, o

consumo e a disposição de bens, serviços e idéias. “As

pesquisas de mercado podem ser consideradas ferramen-

tas de grande valia nos processos de informação e tomada

de decisão das empresas, e, nesse sentido, os resultados e

apontamentos servirão de vantagens competitivas e opor-

tunidades de melhoria”, explica.

Por ser uma das ferramentas mais confiáveis para a ob-

tenção de informações representativas de um determina-

do nicho da população, a pesquisa de mercado se configu-

ra como um importante recurso para processos de infor-

mação e tomada de decisão. “Ao conhecer melhor os con-

sumidores e clientes, pode-se investir em melhorias espe-

cíficas, bem como conhecer a atuação da concorrência.”

Dentre esse tipo de levantamento, Silva destaca as seguin-

tes: visibilidade da marca, satisfação do cliente (quanto a

atendimento, produtos ou serviços), comportamento, há-

bitos de consumo, perfil do consumidor, preço, tendên-

cias e necessidades de mercado, pesquisa de opinião, tes-

te de mercadorias (lançamentos ou relançamentos), perfil

socioeconômico, avaliação de propaganda, audiência, cli-

ente oculto, fatores de decisão de compra.

Qualidade assegurada

Para Marilene Bandeira, vice-presidente técnica da Fun-

dação de Economia e Estatística do Estado (FEE) e pro-

fessora da Ufrgs e ESPM, estudos por amostragem são a

modalidade técnica mais utilizada. Marilene informa que a

validação de uma pesquisa do gênero começa logo de iní-

cio, dependendo de quem planeja a análise. “Obrigatoria-

mente, quem faz o plano deve ser um estatístico. Se não

for assim já começa errado.”

A representante da FEE afirma que a amostragem é a

parte mais importante de todo o processo, sendo que o

trabalho do estatístico inclui a definição do problema, a

organização do questionário e o estudo de bibliografias

sobre o tema pesquisado. A pesquisa deve ser aleatória e a

variabilidade de entrevistados precisa ser proporcional ao

tamanho da proposta. “Além disso, a margem

de erro também deve estar de acordo com o

tamanho da amostragem”, salienta.

Como nenhum estudo objetiva a incredi-

bilidade por parte do público, na hora de orga-

nizar os dados apurados todo o cuidado é pou-

co. No caso de pesquisas eleitorais, que serão

cada vez mais freqüentes nos próximos me-

ses, deve-se ter atenção até mesmo na forma

como os resultados são elencados. “Não se

pode ser tendencioso e para evitar isso os da-

dos devem ser dispostos em gráficos em for-

mato de pizza, o que evita que algum candida-

to fique em primeiro lugar.” Os estudos eleito-

rais bem feitos podem alcançar 95% de acerto,

mas há a freqüente mudança de opinião dos

eleitores. “As pessoas variam de opinião de

acordo com o que está na imprensa, sendo as-

sim, as pesquisas possuem uma validade muito

pequena em épocas eleitorais.”

Para verificar se os resultados estão de acor-

do com a realidade, a professora dá algumas

dicas (veja quadro) e orienta que, caso permane-

çam dúvidas, pode-se recorrer ao cartório e ao

Conselho Regional de Estatística, pois “todas

as pesquisas são registradas e as empresas séri-

as têm cadastro no conselho”.

Fonte: Marilene Bandeira, vice-presidente técnica da FEE

De olho nas pesquisasPara ter certeza da validade de um estudo, algumas

precauções são fundamentais.

Confira o resumo da pesquisa e a metodologia

adotada (de preferência com a quantidade de

entrevistados, a data do estudo e as localidades

investigadas)

A margem de erro sempre deve ser informada

Faça uma rápida investigação a respeito da

empresa pesquisadora, verificando quais outros

estudos ela realizou

Não confie em manchetes tendenciosas, isso

indica o mau uso dos resultados

Page 27: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

INOVAÇÃO

26 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

INOVAÇÃO

Page 28: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

I NO V AÇ ÃO

27FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

O verdadeiro sentidoda novidadePor Marianna Senderowicz

Diferentemente do que a maioria dos

empresários imagina, a inovação não se restringe

a descobertas tecnológicas ou resulta de anos de

pesquisa. Ao contrário, pode ser conseqüência

de uma percepção rotineira de mercado

ssim como a criatividade, a inovação não

depende necessariamente de dinheiro,

sendo uma característica passível de de-

senvolvimento por todos os seres hu-

manos. Considerando que são os pró-

prios seres humanos os principais com-

ponentes de empresas de qualquer

segmento, a conclusão é lógica: todas

as organizações podem ser inovadoras

e criativas, seja por meio de lançamentos de artigos, por

estratégias adotadas ou por desenvolvimento de novos

modelos de negócios.

Da ampulheta ao telefone, os grandes inventos da so-

ciedade foram sofrendo adaptações ao longo do tempo, a

fim de agregar maior valor ao seu uso. Dessa

forma, surgiram artigos como o relógio e os

smartphones, aparelhos que misturam as funções

de telefone celular, microcomputador e palm

top em menos de 20 centímetros quadrados.

No entanto, a inovação não está obrigatoria-

mente relacionada a um produto ou serviço,

podendo ser praticada, por exemplo, em pro-

cessos ou fontes de receita da iniciativa pú-

blica ou privada. “Inovação é uma transfor-

mação realizada para enfrentar uma nova

situação de mercado ou aproveitar uma opor-

tunidade”, resume Cezar Taurion, gerente de

Novas Tecnologias Aplicadas da IBM Brasil.

A

Page 29: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

INOVAÇÃO

28 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

Nesse sentido, uma logística que permita a

redução de custos ou maior agilidade nas en-

tregas – possível de ser implementada em

qualquer companhia, independentemente do

porte ou faturamento – também representa

uma iniciativa inovadora, por exemplo.

Em setores de tecnologia intensiva, como

comunicações, Tecnologia da Informação e

fabricação de medicamentos, são necessários

investimentos mais elevados para se manter

no mercado, pois a vida dos produtos pode

ser muito curta. “As pesquisas são permanen-

tes e os resultados são incertos”, lembra o

consultor em Gestão Empresarial Jairo

Siqueira, diretor da Siqueira Consultoria Em-

presarial (RJ). Contudo, em alguns ramos do

comércio e da prestação de serviços nem sempre são

necessárias grandes somas em dinheiro, pois as fontes de

inovação estão na cabeça dos trabalhadores e não nos

laboratórios. “É mais uma questão de saber gerenciar esse

potencial criativo latente.”

A ocasião faz o ladrão

Até um passado recente, o conceito de inovação es-

tava restrito a produtos, enquanto a criatividade era enca-

rada como uma prática exclusiva de propaganda e pro-

moções. “Por mais que essas áreas mantenham tais carac-

terísticas, o conceito já foi impregnado em todas as áreas

da empresa”, aponta o consultor em Criatividade e Ino-

vação Antonio Carlos Teixeira da Silva, presidente da Pen-

se Diferente (SP). De acordo com ele, qualquer pessoa

pode ter uma idéia que renda bons frutos para o local de

trabalho. “O faxineiro pode perceber que existem for-

mas mais rápidas ou baratas de manter uma peça limpa,

enquanto o vendedor pode desenvolver uma forma de

atender mais clientes por dia.”

A existência de percalços na realidade corporativa ten-

de a ser um importante impulso para o pensamento cria-

tivo. “Quando se encontra uma dificuldade na empresa

De Santa Maria para o BrasilVisão de mercado é uma característica constante na vida do

ex-funcionário público Flavio Conrad. O diretor comercial da

Restaura Jeans, maior empresa de tingimento de roupas usadas e

costuras do Brasil, montou o negócio a partir de uma simples

constatação. “Minha família possuía uma lavanderia com

tingimento para indústrias de jeans, e percebi que muitos

funcionários e vizinhos aproveitavam o serviço para revitalizar

alguma peça particular. Daí surgiu a idéia de abrir uma empresa

específica para pessoas físicas”, conta o empresário. Hoje, o

que nasceu como uma pequena empresa de tingimento em

Santa Maria, no interior gaúcho, transformou-se em uma rede de

franquias composta por 158 lojas espalhadas por nove estados

do país, reunindo, também, serviços de lavanderia, transforma-

ção de peças e renovação de couro. “Percebemos que o

consumidor não tinha mais tempo para levar uma mesma roupa

em diferentes lugares, o que nos levou a centralizar todos os

serviços em um mesmo estabelecimento.”

“Estruturas hierárquicas muito rígidas

inibem a criatividade.”

Cezar Taurion, gerente de Novas Tecnologias Aplicadas da IBM Brasil

Div

ulga

ção/

Res

taur

a Je

ans

Page 30: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

I NO V AÇ ÃO

29FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

somos obrigados a parar para pensar, o que pode resultar

em idéias inovadoras para superar o problema”, aponta

Silva. Para ele, porém, esse tipo de benefício só é obtido

se o clima organizacional permite o desenvolvimento de

um espírito de inovação. “É preciso estimular as pessoas a

darem idéias sem que haja qualquer tipo de bloqueio. To-

dos têm que se sentir à vontade para fazer diferente.” O

consultor lembra que é das tarefas rotineiras que surgem as

inovações. “Pensar e questionar como fazer as atividades

da melhor forma e como ajudar os outros departamentos a

funcionarem de maneira mais rápida, barata e ágil deve ser

uma função incorporada ao dia-a-dia de cada trabalhador,

das escalas mais baixas de hierarquia à presidência.”

Campanhas internas de motivação, treinamentos para

desenvolver o processo criativo e tolerância à experi-

mentação são algumas medidas fundamentais. “O pro-

cesso de inovação dificilmente resulta de uma única ten-

tativa, por isso é preciso disposição para arriscar. Nas

grandes empresas, principalmente, não costuma haver

muita tolerância ao erro”, observa André Saito, coorde-

nador executivo do curso de pós-graduação para Negó-

cios Inovadores de Alto Retorno da Funda-

ção Getulio Vargas (FGV). O professor, que

é Ph.D. em Ciência do Conhecimento, desta-

ca a importância de diferenciar idéia de inova-

ção. “A idéia, por si só, não traz necessariamen-

te algum valor para uma companhia. A inovação,

por outro lado, tem uma aplicação que gera be-

nefícios e, conseqüentemente, agrega valor.”

Portanto, Saito previne que as idéias podem vir

de qualquer setor, sendo importante ter aber-

tura de modo que elas não morram ao nascer.

DNA precursorEm 1895, ao fazer a barba em uma atitude rotineira, King C.

Gillette teve um momento de inspiração e idealizou um

aparelho que revolucionou o ato de barbear para sempre.

Muito mais prático do que a navalha, que exigia manutenção

constante, o sistema utilizava lâminas descartáveis. “O

segredo não era propriamente o aparelho, e sim a lâmina,

uma camada fina de aço afiada dos dois lados, que poderia

ser usada algumas vezes e depois substituída”, revela

Rodrigo Finotti, gerente de Marketing da Procter e Gamble

do Brasil (P&G), que responde pela Gillette. Assim, em

1901 nasceu a Gillette Safety Razor Company, que contra-

riou expectativas pessimistas de especialistas da época e

hoje é referência em barbear no mundo inteiro. Mantendo os pilares de inovação e pioneirismo que sempre

fizeram parte da historia da Gillette, a P&G aposta fortemente em estudos para conhecer os hábitos de seus

consumidores. “Resultados de pesquisas já geraram alterações em embalagens, inclusão de tamanhos diferencia-

dos e lançamentos de novos produtos. Ou seja, todas as ações, até mesmo a escolha de garotos-propaganda para

os comerciais, contam fortemente com a participação dos consumidores”, conclui Finotti.

“Nem sempre a inovação resulta da criação de

algo totalmente novo, mas com muita freqüência

é o resultado da combinação original de

produtos, tecnologias ou serviços já existentes.”

Jairo Siqueira, consultor em gestão empresarial

1901 2007

Div

ulga

ção/

P&

G

Page 31: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

INOVAÇÃO

30 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

É possível estruturar processos de

monitoramento e recepção das novas idéias.

Na IBM, por exemplo, uma série de progra-

mas reúne observações de funcionários, clien-

tes e fornecedores com o intuito de subsidiar

o desenvolvimento de novos produtos e ser-

viços. A companhia baseia-se no princípio de

Open Innovation (inovação aberta). “Temos di-

versos blogs para troca de idéias, wikis

(software colaborativo que permite edição

coletiva dos documentos) para discussão de

temas variados, programas de incentivo à ino-

vação, brainstorms virtuais com clientes, par-

ceiros e funcionários e um portal de inovação para suges-

tões e aprimoramento de idéias. Mais de 300 sugestões

do portal já foram implementadas, seja em mudança de

processos, inovação em produtos, melhorias”, conta

Taurion. Para o representante da IBM, esse tipo de postu-

ra faz com que os produtos cheguem mais rápido ao

mercado e com uma propriedade maior, na medida em

que são feitos segundo as necessidades dos consumido-

res. “Não se trata de uma área de pesquisa isolada”, alega,

lembrando que dessa forma também se diluem os custos,

reduzindo as tarefas de pesquisa e desenvolvimento e

abrindo oportunidades de receita em outros negócios.

Desfazendo o mito

Inicialmente encarada como uma estratégia de nível

industrial, a inovação já virou necessidade em qualquer

segmento da economia, incluindo o varejo e a prestação

de serviços. Entretanto, muita gente treme só de ouvir

falar nessa palavra. “A idéia mais comum é de que a

criatividade encerra algo mágico”, comenta Siqueira. O

consultor lembra de várias invenções que cercam a rotina

da população, como a escada, a tesoura, a chave de fenda,

o lápis e o carrinho de supermercado, e acredita que uma

Suor e recompensaA publicidade é um dos meios em que a criatividade

está mais presente, mas nem por isso a inovação

deixa de ser uma meta constante. Para Guime

Davidson, diretor de Arte da W/Brasil, a capacidade

criadora deriva de treino. “Quanto mais se faz,

melhor se faz”, ressalta. De acordo com o

publicitário, que trabalha em uma das maiores

agências do Brasil – responsável, entre outros

sucessos, pelo retorno do Garoto Bombril e pela

associação de um cãozinho Dachshund aos

amortecedores Cofap –, o ambiente corporativo

nunca foi muito fértil nem inspirador para soluções

realmente criativas, mas essa realidade está mudando.

“A cada dia isso se torna menos verdade. Veja, por

exemplo, o segmento petroquímico: por meio de

investimentos em pesquisa e inovação, está dando

uma aula de criatividade.”

“De repente você está no cinema e, com

apenas uma cena do filme, pode ter uma

idéia de aplicação no ambiente de trabalho.

Basta ter o radar aguçado.”

Antonio Carlos Teixeira da Silva, presidente da Pense Diferente

Div

ulga

ção/

WB

rasi

l

Page 32: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

I NO V AÇ ÃO

31FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

Bom tempo para os negóciosFundada há 20 anos, a Climatempo objetivava disponibilizar a meteorologia para todos os brasileiros. “Naquela

época, a ciência não possuía o reconhecimento e a credibilidade do público em geral”, lembra Carlos Magno,

presidente da empresa. Hoje o grupo conta com 1,5 mil clientes da iniciativa privada, que se apóiam na previsão

do tempo para se preparar para os negócios. No Habib’s, por exemplo, dias de chuva multiplicavam os pedidos

de teleentrega, congestionando a produção. “Saber com antecedência como seria o tempo criou um diferencial

no atendimento, reduzindo a espera e viabilizando o cumprimento de todas as solicitações”, aponta Magno. No

Magazine Luiza, que também recebe boletins por encomenda, o conhecimento prévio facilita a programação de

estoque. “Onde for fazer frio, investe-se em maior

quantidade de mercadorias relacionadas a essa

temperatura.” Dispondo de meteorologistas,

jornalistas, artistas gráficos, programadores e outros

especialistas, o grupo trabalha constantemente para

desenvolver novos produtos, o que deu origem,

entre outras iniciativas, à divulgação de boletins via

celular. “Os meteorologistas se preocupam com os

problemas dos clientes de uma forma que o envolvi-

mento faz a diferença. Somos consultores natos.”

grave conseqüência de percepções errôneas acerca da

criatividade seja o desperdício dos talentos existentes

nas empresas. “Todos esses exemplos não foram frutos

de loucura ou genialidade, mas da mente de pessoas nor-

mais que souberam canalizar sua criatividade na solução

de problemas.”

Um dos exemplos de iniciativas bem-sucedidas do

comércio está no auto-atendimento, que se transformou

em uma realidade em estabelecimentos de diferentes ra-

mos. “Isso não é mais uma novidade e mostra como a

inovação pode ser feita sem o emprego de novas

tecnologias”, enfatiza Siqueira. Para ele, as maiores opor-

tunidades de inovação no segmento estão nos momentos

de relacionamento do cliente. “Terá sucesso quem conse-

guir inovar e transformar esses momentos em uma experi-

ência valiosa, cativante e marcante. Isso não exige muita

tecnologia, mas principalmente mudança de atitudes.”

As pequenas empresas possuem importante papel

nesse processo devido a duas grandes vantagens sobre as

grandes: flexibilidade e agilidade. “Nas organizações de

menor porte existe maior permissão a criatividade e ex-

perimentação, porque os processos são me-

nos estruturados e definidos”, pondera o pro-

fessor Saito, da FGV. No entanto, ele salienta

que, apesar de esses fatores aumentarem a

propensão a um comportamento inovador,

algumas estratégias metódicas requerem mais

infra-estrutura e recursos, o que deixaria as

grandes empresas mais bem preparadas. “Uma

experimentação contínua e sistemática, por

exemplo, exige participação em eventos, via-

gens e reuniões com pessoas de outras re-

giões, o que demanda recursos financeiros e

mais tempo disponível.”

“Nas previsões feitas para nossos clientes,

o importante é atender à demanda de cada um.

São previsões feitas sob medida.”

Carlos Magno, presidente da Climatempo

Divulgação/Habib’s

Page 33: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

47

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

EU, EMPREENDEDOR

Um clic bem-sucedido

Depois de estudar fotografia na Ball State University e no

New York Institute of Fine Arts (nos Estados Unidos),

trabalhei na MPM Propaganda, uma das mais tradicionais

agências de propaganda do Brasil, onde comecei a desco-

brir o mercado publicitário. Em menos de oito meses, junto

ao reconhecimento recebi um conselho inesperado de uma

das principais figuras da alta direção da agência: ‘Você é um

excelente fotógrafo, mas tem uma veia empreendedora.

Monte seu negócio, que nós vamos apoiá-lo’. Aceitei a

sugestão e arrisquei. De lá para cá, desenvolvi uma carreira

meteórica. Montei o primeiro estúdio e em três meses já

havia recuperado o capital investido. Outras mudanças

vieram e hoje tenho meu próprio espaço e o nome da

empresa vinculado à qualidade e à tecnologia de ponta. Isso

mostra o meu potencial empreendedor, que até então

desconhecia, para desenvolver uma iniciativa de sucesso.

Art

Imag

em/D

ivul

gaçã

oCelso Chittolina

Proprietário do Estúdio

Chittolina, de Porto Alegre, que

atua no segmento de foto

publicitária tanto em âmbito

regional como nacional. Além

de empresário, ainda foi eleito

presidente da Associação

Riograndense de Propaganda

(ARP) para a gestão 2008/2010

da entidade.

Mat

eus B

ruch

el

Page 34: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

32 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

SA IBA MA IS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

em

te

mp

o

Mais informações na edição 37 da B&S

Questionando a impunidade

O

Nome empresarial Já está

disponível no site da Junta

Comercial do Estado (Jucergs) a

“Pesquisa de Nome

Empresarial”, que permite

verificar possíveis semelhanças

com Razões Sociais já

arquivadas e checar se o nome

empresarial pretendido está

correto pela legislação.

O serviço, que é gratuito e

funciona mediante

cadastramento, foi criado em

função da legislação sobre a

Simplificação do Registro e da

Legalização de Empresas e

Negócios (Redesim). Consultas

via formulários continuam

disponíveis e isentas de taxas.

Para fazer a pesquisa, acesse o

link “Serviços Online” do

site www.jucergs.rs.gov.br.

Contabilidade A turma-piloto do programa Contabili-

zando o Sucesso, que objetiva preparar contadores

para atuar junto a micro e pequenas empresas, já

iniciou as aulas no Rio Grande do Sul. Programadas

para encerrar em novembro, as atividades incluem

encontros de integração e módulos focados em temas

como gestão simulada, habilidades consultivas, gestão

estratégica, marketing, logística e gestão de pessoas,

entre outros. Promovido pelo Sebrae nacional em

parceria com o Conselho Federal de Contabilidade,

desde 2003 o projeto capacitou cerca de 3 mil profissionais da área em todo o

país. O Sebrae-RS conta com uma lista de espera de interessados para a próxima

turma, que ainda não tem data prevista para ser aberta. Outras informações estão

disponíveis no site www.contabilizando.com.br ou pelo fone (51) 3254-9400.

Convenção 158 A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da

Câmara Federal rejeitou, por 20 votos a 1, a adesão do Brasil à Convenção 158

da Organização Internacional do Trabalho (OIT). O texto, que prevê o fim da

demissão sem justa causa na iniciativa privada, só poderia entrar em vigor no

país mediante aprovação do grupo. Entre as justificativas para a manifestação

contrária está o já existente sistema brasileiro de proteção ao trabalhador, que

inclui aviso prévio, indenização de 40% sobre o saldo do FGTS e seguro-

desemprego, entre outros benefícios.

Tribunal Superior Eleitoral

(TSE) decidiu, em junho, divul-

gar o nome de todos os candidatos às

eleições que estiverem sofrendo algum

tipo de processo na Justiça. A medi-

da é uma compensação à decisão de

permitir que candidatos com “ficha

suja” participem da disputa eleito-

ral, apesar de diversos apelos de en-

tidades e Tribunais Regionais Elei-

torais (TREs) para que políticos em

situações duvidosas fossem barrados

de pleitos até que fossem inocentados

de qualquer acusação. Apesar de ain-

da não haver uma definição sobre como

será feita a divulgação, a lista deve

constar pelo menos no site do Tribu-

nal (www.tse.gov.br) e já deve valer

para as eleições municipais de outubro.

De acordo com o TSE, só não podem

participar das eleições políticos que já

tiverem sido julgados – e condenados

– em última instância. O Movimento

de Combate à Corrupção Eleitoral

(MCCE), formado por 36 entidades,

pretende recolher 1,3 milhão de assi-

naturas no país para apresentar um pro-

jeto à Câmara dos Deputados para

impedir candidaturas de quem já tenha

sido condenado em instâncias inferio-

res ou cuja denúncia, apresentada pelo

Ministério Público, tenha sido aceita.

Page 35: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

SA IBA MA IS

33FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

eu

r

ec

om

en

do

A exposição Iberê Camargo – Moderno

no Limite propõe um percurso ao

longo da carreira do artista por meio

de 89 obras selecionadas pelos

curadores Mônica Zielinsky, Paulo

Sergio Duarte e Sônia Salzstein.

Além da impactante obra de Iberê, a

bela arquitetura de Alvaro Siza

propicia um diálogo entre as salas

expositivas, oferecendo ao visitante

diversos enfoques a partir dos quais

praticar o exercício da arte.

A mostra tem entrada gratuita e fica

em cartaz até o dia 31 de agosto na

sede da Fundação Iberê

Camargo (em Porto Alegre), de

terça a domingo.

Fábio Coutinho

Superintendente Cultural da

Fundação Iberê Camargo

Mercosul Será promovido em outubro um seminário

para avaliar a participação de pequenas e médias

empresas no processo de integração das

cadeias produtivas dos países do Merco-

sul. O evento deverá ser realizado em

Montevidéu (Uruguai). Entre as medidas a serem

adotadas está a implementação, até 2015, de uma

união aduaneira para eliminar as atuais exceções à

tarifa externa comum. Até o final de 2008, deverá ser extinta também a dupla

cobrança da tarifa, praticada quando um produto passa por dois países do bloco. Em

29 de junho, foi aprovado pelo 35° Conselho do Mercado Comum um fundo de

apoio para as MPEs exportadoras, que será assegurado pelo países membros. A

origem do montante e os valores ainda não foram definidos.

Turismo Ampliando ainda mais sua abrangência, o site Rotas e Roteiros do Turismo Receptivo Gaúcho

(www.rotaseroteiros.com.br) já está disponível também em inglês e espanhol. Idealizado pela Comissão

de Turismo e Hospitalidade da Fecomércio-RS, o portal apresenta opções variadas de viagens pelo Rio

Grande do Sul, incluindo sugestões de hospedagem, gastronomia, compras e locais históricos, além de

mapas, condições de rodovias e previsão do tempo.

Supersimples Tramita em caráter de

urgência na Câmara dos Deputados o

Projeto de Lei Complementar 126/07,

que altera o sistema tributário do Super-

simples reduzindo a carga tributária do

sistema. Pela proposta, de autoria do

deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR),

negócios individuais com receita bruta

anual de até R$ 36 mil que se enquadra-

rem no Simples Nacional ficam isentos de quase todos os tributos, pagando

uma taxa de R$ 50 mensais do INSS patronal, sendo que prestadores de

serviço são acrescidos de R$ 30 de ISS. Integrantes do Simples Nacional

com receita bruta anual de até R$ 120 mil passariam a recolher 3% do

faturamento para o INSS, e novas atividades – laboratórios de análises

clínicas ou patologia, decoração, corretagem de seguros, tomografia, diag-

nósticos médicos por imagem, fisioterapia, tradução, agências de publicida-

de, assessorias de imprensa, entre outras – poderiam aderir ao sistema.

Jeff

erso

n B

ote

ga/

Fun

daç

ão I

ber

ê C

amar

go

Page 36: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

SUCESSÃON

úm

ero

39 –

Julh

o 2

008

34 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Nem sempre o velho ditado “filho

de peixe, peixinho é” traduz o que

acontece dentro das empresas

familiares. Não basta ser filho de

empresário para garantir

continuidade aos negócios, sendo

necessário que os herdeiros

apostem na capacitação para

assumir com eficiência o posto

máximo da organização

geraçãoDepois da primeira

ensar na sucessão não deve ser uma ati-

tude de última hora. Isso porque a ca-

pacitação consiste em um motivo a mais

para o negócio continuar prosperando por

muitas gerações. Além do vínculo familiar, ap-

tidão e preparo são pré-requisitos básicos para

que o processo sucessório seja realizado com

êxito, garantindo vida longa à empresa. Para

tanto, o herdeiro precisa começar cedo a inte-

ragir com os valores do empreendimento e,

acima de tudo, investir na profissionalização.

Segundo uma pesquisa do Núcleo de Estu-

dos de Empresas Familiares e Governança Cor-

porativa da Escola Superior de Propaganda e

Marketing (ESPM), em uma amostra de cem

empresas de todos os portes das principais ca-

pitais brasileiras, mais da metade (55%) não se

Ppreocupa em desenvolver um planejamento para quando

chegar o momento de passar o cargo. A falta de programas

de formação surge como um ponto preocupante, e não é

para menos. De acordo com Domingos Ricca, sócio-dire-

tor da DS Consultoria (SP), o preparo conta pontos na hora

de assumir um posto de liderança. “O grande problema é

que na maioria dos negócios com estrutura familiar o assunto

sucessão só entra em pauta por ocasião do falecimento do

fundador. Todos são pegos de surpresa”, afirma.

O consultor observa que não há um tempo padrão para

colocar o futuro empresário a par da cultura da empresa e

dos procedimentos inerentes à gestão corporativa. Antes

de mais nada, é fundamental conversar com o herdeiro e

ver o seu real interesse em continuar conduzindo o empre-

endimento da família. “Nem sempre o desejo do pai é o

sonho do filho. Tem que haver um diálogo aberto e since-

ro. Esse seria um bom começo.”

Lúci

a S

imon

Page 37: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

35FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

S U C E S S Ã O

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

Tão importante quanto a vontade de empreender do

jovem administrador é a disposição do fundador em repas-

sar seu conhecimento para quem está iniciando a empreita-

da. Na maioria das vezes, o sucedido concentra as informa-

ções e desconfia da capacidade das gerações mais novas. A

resistência à mudança e o conflito na transição contribuem

para a alta taxa de mortalidade dos empreendimentos, diz

Ricca, para quem o choque de conflitos não é salutar a

nenhuma das partes. “O mais velho tem muito a transmitir

em termos de informação, experiência, tomada de deci-

sões e princípios. O sucessor, por sua vez, vai melhorar as

falhas e aprimorar o que não foi tão bem-sucedido. Preci-

samos olhar pela ótica da complementaridade.”

Passando o bastão

Depois de buscar o conhecimento através de uma par-

ticipação efetiva na própria organização, torna-se impres-

cindível apostar na capacitação, que pode ser acadêmica

ou por meio de cursos técnicos ou de aperfeiçoamento.

Conforme Ricca, a passagem da fase operacional para a

administrativa requer habilidade em conquistar a liderança

e o carisma dos colaboradores, já que um outro ciclo se inicia.

“A equipe estará sob uma nova direção, e conseguir cativá-la é

uma etapa a ser ultrapassada”, acrescenta o consultor.

A entrega do posto de liderança deve acontecer paula-

tinamente, sem atropelar os estágios de aprendizado do

sucessor. Nesse ritmo, Lindonor Peruzzo Júnior tem con-

duzido sua atuação no Peruzzo Supermercados,do interior

do Estado. Filho do presidente da rede, que possui oito

lojas em Bagé, Dom Pedrito e São Gabriel, foi na adoles-

cência que Júnior se interessou pela atividade do pai. “En-

trei no supermercado com 16 anos. Antes, fiz um curso

técnico e, em seguida, tive a oportunidade de

aplicar o que aprendi no setor de Processa-

mento de Dados. De lá pra cá, estudei mais e,

conseqüentemente, cresci na empresa”, conta o

jovem empresário.

A promoção para uma área de maior con-

tato com os fornecedores representou muito

para o varejista, que pôde se inteirar mais so-

bre o universo supermercadista. Em 2006, após

concluir a faculdade de Administração de

Empresas, resolveu ir mais longe: fez duas pós-

graduações – entre elas, a de Gestão Empre-

sarial, em Madri, na Espanha. “Para se desen-

volver, o profissional precisa fazer um amplo

investimento. O que aprendi nunca entrou em

atrito com as idéias dos meus familiares, mas

foi recebido como um diferencial que agre-

gou valor à gestão das nossas lojas”, afirma

Júnior, que trabalha com os pais e os tios, e,

atualmente, atua como controler da rede, logo

abaixo do presidente na escala hierárquica.

Para ele, a fórmula ideal de sucesso não tem

mistério: basta separar o lado afetivo do pro-

fissional. “Hoje a empresa serve à família e a

família serve à empresa,” conclui.

Fonte: ESPM e DCS Consultoria

De pai para filhoAcompanhe alguns dados referentes ao universo das empresas

familiares no Brasil.

Cerca de 90% dos empreendimentos são constituídos por

pessoas da mesma família

55% não têm planejamento de sucessão

Os fundadores permanecem de 30 a 40 anos na presidência

Das empresas pesquisadas, 57% estão no setor industrial,

21% são prestadoras de serviços e 22%, varejistas

Quanto à composição, 71% estão formadas apenas por

familiares e 21%, multifamiliares

Representam aproximadamente 80% do total de

organizações do Brasil e respondem por até 70% do

Produto Interno Bruto (PIB) da América Latina

Cursos de aperfeiçoamento ajudaram na promoção de Júnior

Divulgação/Peruzzo

Page 38: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

VIS

ÃO

T

RA

BA

LH

ISTA

46 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

o final de abril deste ano, o ministro

Roberto Mangabeira Unger, profes-

sor da Harvard University (EUA),

publicou nos principais jornais do país o

artigo intitulado Diretrizes de um acordo a res-

peito da reconstrução das relações entre trabalho e

capital do Brasil. Em síntese, os objetivos

principais do arrazoado são

os seguintes: diminuição da

informalidade e a reforma

do regime sindical.

Para a formalização dos

empregados a solução apre-

sentada envolve apenas a

contribuição patronal à pre-

vidência do empregado. A

idéia inicial seria substituir a

folha de salários pelo faturamento como base

para o financiamento. Todavia, talvez porque

as empresas intensivas em capital detêm muito

poder e força política em nosso país, de pla-

no essa alternativa foi descartada. Como pro-

posta alternativa surgiu a possibilidade do fi-

nanciamento por um imposto mais neutro,

como, por exemplo, um imposto geral, de alí-

quota única, sobre transações financeiras.

Já quanto ao regime sindical, o ministro simplesmente

reafirma as disposições constantes no projeto de refor-

ma sindical que tramita no Congresso. Dentre outras

propostas, figuram a possibilidade de as Centrais Sindi-

cais celebrarem acordos coletivos com abrangência na-

cional e a garantia das prerrogativas sindicais exclusiva-

mente aos sindicatos mais representativos.

Ainda que o professor parta de premissas corretas,

como a constatação de que a lei trabalhista exclui do seu

âmbito de abrangência a maioria dos trabalhadores, in-

felizmente suas sugestões são ineficazes. Para combater

a informalidade nas relações de traba-

lho é preciso ir além, enfrentar barrei-

ras ideológicas e criar uma legislação

que, sem infringir os direitos sociais fun-

damentais, permita um campo maior de

atuação das negociações coletivas. Já

quanto à revisão do sistema sindical, o

projeto que tramita no Congresso, além

do vício de legitimidade, pois alijou as

entidades de base das discussões que o

formataram, propõe alterações que podem agravar a já

escassa legitimidade dos sindicatos, como, por exemplo,

a possibilidade da comprovação de representatividade

por derivação.

Infelizmente, como só ocorre com professores, o

discurso é arrojado ao apresentar os problemas, mas tí-

mido nas soluções. Tem “fé cega e pé atrás”.

Reforma trabalhista

de Harvard

N

Para combater a

informalidade é preciso

uma legislação que

permita um campo

maior de negociações

coletivas

*Advogado trabalhista-sindical da Fecomércio-RS

Eduardo Caringi Raupp*

Ros

i B

onin

segn

a/Fe

com

érci

o-R

S

Page 39: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

INTERNACIONAL

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

36 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

rimeiro Mundo, nações emergentes,

países desenvolvidos, países pobres do

sul, ricos do norte... Os termos são

muitos e estão presentes no cotidiano de to-

dos. Mas afinal, o que significam essas classifi-

cações? Quem as define? Quais são os critéri-

os? A verdade é que para grande parte das

perguntas não existe uma resposta oficial, pois

as classificações variam conforme as institui-

ções, baseadas em noções econômicas, soci-

ais e midiáticas. Todos os termos se entrela-

çam, a partir da atualização de critérios de

denominação e também do desenvolvimento

de cada país.

“Cada órgão tem as suas metodologias e

não existe um padrão unificado”, explica Pau-

lo Visentini, professor e secretário de Rela-

ções Internacionais da Ufrgs. Em geral, os

critérios básicos são os indicadores econô-

micos e sociais. A perfeita união dos dois é o

que determina se um país pode ser conside-

rado desenvolvido ou não. Dessa forma, uma

entidade como o Fundo Monetário Interna-

cional (FMI), por exemplo, possui um

ranking diferente da Organização das Nações

Unidas (ONU).

No caso dos países ricos do norte e po-

bres do sul, a denominação é um pouco dife-

rente das demais, pois não considera os fato-

res geográficos tradicionais. Estas categorias

P

em um sóVários mundos

Atualmente é

impossível que um

país exista sem que

haja alguma forma

de relação com os

demais. Para tornar

esse processo mais

fácil, as nações

espalhadas pelo

globo são

classificadas de

acordo com

indicadores

econômicos

e sociais

são, na verdade, políticas. Por isso, países que estão locali-

zados ao sul do planeta, como a Austrália, são considera-

dos do norte. Segundo Visentini, essa classificação teve

origem no desenvolvimento do capitalismo. “Desde as

grandes navegações, a revolução comercial e industrial foi

capitaneada por países europeus. Mais tarde, Estados

Unidos e Japão se somaram ao grupo.” O Sul se relacio-

nou dentro desse sistema como uma periferia.

Atualmente, a classificação preponderante considera

alguns grupos políticos, por exemplo, o G-7 (grupo dos

sete países mais industrializados do mundo), a Orga-

nização para a Cooperação e Desenvolvimento Eco-

nômico (OCDE), o G-20 (grupo de países em desen-

volvimento ligados à agricultura), entre outros. Algumas

nações estão em diferentes grupos ao mesmo tempo,

entretanto sem desrespeitar critérios, como o desen-

volvimento de cada uma.

Outro fator destacado por Visentini é que nenhum

país está preso a uma determinada categoria; ele pode

evoluir ou retroceder. O mais comum é que um país evo-

lua em termos de economia e sociedade, mas permaneça

no grupo em que está inserido. “Israel, Coréia do Sul,

Cingapura e Taiwan são países com características de Pri-

meiro Mundo, como nível de vida, renda, inclusive distribui-

ção de renda. Estão em outra faixa, mas para passarem para o

outro grupo há um critério político, tem que haver um con-

vite”, garante. Um exemplo de retrocesso é a Rússia, que

anteriormente tinha grande poder de decisão junto ao G-7

(que, aliás, era conhecido como G-7 + Rússia) e hoje se alia

principalmente aos países em desenvolvimento.

Page 40: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

37FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

INTERNAC IONAL

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

Universos diferentes

De acordo com a classificação preponderante atualmente, Noruega e Alemanha são países desenvolvidos,

Brasil, China e Equador estão em desenvolvimento e Serra Leoa é considerado um país menos desenvolvido

– ou em desenvolvimento com baixas perspectivas. Confira a comparação de alguns índices.

Fontes: FMI (2006), PNUD (IDH 2007/2008) e Banco Mundial (2006)* Poder de Paridade de Compra (purchasing power parity - PPP): índice que equaliza

diferenças de câmbio e custos entre os países, gerando fator mais real de comparação.Medido em “dólares internacionais” ($).

** Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): índice adotado pelo Programa das NaçõesUnidas para o Desenvolvimento, que também considera aspectos de saúde e educação.

G-20

África do Sul, Argentina, Bolívia, Brasil,

Chile, China, Cuba, Egito, Equador,

Filipinas, Guatemala, Índia, Indonésia,

México, Nigéria, Paquistão, Paraguai,

Peru, Tailândia, Tanzânia, Uruguai,

Venezuela e Zimbábue.

Conceito: Criado em 2003, na 5ª

Conferência Ministerial da Organização

Mundial do Comércio (OMC), é um grupo

de países em desenvolvimento que

concentram sua atuação em agricultura.

Atualmente, 23 países integram o G-20. Em

contraponto ao G-7, estão ao sul do mapa.

BRIC

Brasil, Rússia, Índia e China

Conceito: Termo lançado pelo banco de

investimentos norte-americano Goldman Sachs.

Segundo projeções, o BRIC pode superar

economicamente os países desenvolvidos até a

metade do século. Além de populações e

riquezas naturais significativas, representam

grandes áreas no mapa-múndi. Projetando o

futuro, o banco também já elegeu os “Próximos

11” (Next 11), que devem seguir o BRIC.

O N-11 é constituído por Bangladesh, Egito,

Indonésia, Irã, Coréia, México, Nigéria,

Paquistão, Filipinas, Turquia e Vietnã.

Países do G-7/G-8

Estados Unidos, Japão, Alemanha,

Reino Unido, Itália, Canadá

e França + Rússia.

Conceito: Formado em 1975, é um

grupo com os países mais

industrializados do mundo. A

participação ou não da Rússia (antes

URSS) dá a definição de G-7 ou G-8.

Em reuniões periódicas, abordam

questões relativas à economia e ao

comércio internacional. Como se

observa no mapa acima, são países

estão localizados mais ao norte.

BRASIL

RÚSSIA

ÍNDIA

CHINA

Brasil

PIB per capita: US$ 5.741

PIB/PPP per capita*: US$ 9.080

IDH**: 0,80 (70º lugar)População: 189,32 milhões

China

PIB per capita:

US$ 2.011

PIB/PPP per capita*:

US$ 4.649

IDH**:

0,78 (81º lugar)População:

1,311 bilhão

Serra Leoa

PIB per capita: US$ 254

PIB/PPP per capita*: US$ 647

IDH**: 0,34 (177º - últimolugar no ranking)População: 5,74 milhões

Equador

PIB per capita:

US$ 3.057PIB/PPP per capita*:

US$ 6.973

IDH**:

0,77 (89º lugar)População:13,2 milhões

Noruega

PIB per capita: US$ 72.768

PIB/PPP per capita*: US$ 50.203

IDH**: 0,97 (2° lugar no ranking)População: 4,66 milhões

Alemanha

PIB per capita:

US$ 35.432

PIB/PPP per capita*:

US$ 32.432

IDH**:

0,94 (22° lugar)População:

82,37 milhões

Page 41: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

INTERNACIONAL

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

38 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

O pódio do planeta

São considerados países desenvolvidos

aqueles que atingiram um alto grau de indus-

trialização, possuem uma boa estrutura de

prestação de serviços, altos índices em ter-

mos de renda per capita e nível de desenvol-

vimento avançado em todas as áreas. Nessa

categoria incluem-se os países da OCDE e

do G-7. O benefício de estar incluído no gru-

po é simples e bastante vantajoso, segundo

Visentini: “O país que estiver ali faz parte de

um clube que tem poder de decisão”.

Com relação aos países que se encontram “em desen-

volvimento”, o especialista alerta que há uma subdivisão

mais complexa, pois há regiões que estão, seguramente,

no caminho de passar para a OCDE. Outros estão em

posição intermediária, desenvolvendo-se, mas a sua velo-

cidade de crescimento não é suficiente para alcançar a

média mundial. Finalmente, há o grupo dos países em

menor desenvolvimento, antes chamados de subdesen-

volvidos. “São nações extremamente vulneráveis e que

estão, de certa forma, retrocedendo no conjunto de

desenvolvimento.”

Um mundo dos quase lá

Criada pelo francês Alfred Sauvy, a de-

nominação Terceiro Mundo foi baseada na

idéia do Terceiro Estado da Revolução

Francesa, sugerindo que os países de eco-

nomia capitalista, mas pobres e pouco de-

senvolvidos, poderiam ter as chaves para

uma revolução. Visentini explica que o ter-

mo surgiu na década de 50 e foi adotado

pelos jornalistas da época. A partir daí, fo-

ram feitas adaptações e surgiram as deno-

minações Primeiro Mundo – que se referia

aos países que fundaram o capitalismo, ri-

cos e industrializados – e Segundo Mundo,

reunindo os países socialistas.

O fim da União Soviética e a queda do Muro de

Berlim fizeram com que os termos se tornassem ina-

dequados, já que o Segundo Mundo deixara de existir.

Apesar de ter caído em desuso, o professor da Ufrgs

alerta para o fato de alguns países estarem, atualmen-

te, entre a economia capitalista e socialista: “Onde es-

taria a China? A própria Rússia adotou uma economia

de mercado ou continua com fortes ligações estatais,

como tinha na época do socialismo?”.

Com o tempo, mais uma variação foi agregada à

classificação e passou-se a usar a expressão Quarto

Mundo para os países subdesenvolvidos. “O termo

‘subdesenvolvido’ tornou-se politicamente incorreto,

pois tem uma conotação negativa”, afirma Visentini.

Page 42: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

39FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

INTERNAC IONAL

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

Os investimentos em infra-estrutura realizados pelo

Brasil durante as décadas de 1950, 60, 70 e 80 dão ao país

uma certa posição de conforto diante dos demais emer-

gentes, mesmo que a China e a Índia tenham hoje uma

taxa de crescimento mais elevada. “Se pensarmos em ter-

mos de população, PIB e território e elencarmos os dez

primeiros nas três categorias, só há três países no mundo

que participam de todas ao mesmo tempo: Estados Uni-

dos, China e Brasil”, explica Visentini. No entanto, as

vantagens brasileiras esbarram em um problema bastante

sério: a desigualdade social. Embora o país esteja crescen-

do, o sistema de organização política e social não permite

que esse aumento na produção de riquezas e serviços seja

igualmente distribuído e, por isso, o território nacional

permanece classificado como “em desenvolvimento”.

Nem todos os países em desenvolvimento são nações

emergentes. Na verdade, emergentes são “aqueles que

possuem reais perspectivas de passar à categoria de de-

senvolvidos”, explica Visentini. Segundo José Schneider,

professor de Ciências Sociais da Unisinos, essas nações

possuem melhores condições em termos de população,

situação geográfica e variedade do parque de produção

econômico. “Brasil, México, Índia e, mais evidentemen-

te, a China estão ponteando esse tipo de característica”,

explica Schneider, afirmando que existem cerca de 20

países considerados emergentes. Um dos fatores em co-

mum entre esses territórios, de acordo com o professor, é

o desejo pela drástica eliminação dos subsídios agrícolas.

Com relação a Brasil, Rússia, Índia e Chi-

na (Bric), Schneider destaca que sobressaem

por possuírem grande área, volume de popu-

lação e riquezas naturais, o que lhes dá um

grande potencial futuro. “Eles têm uma pre-

sença no cenário internacional cada vez maior”,

completa. Para Visentini, os membros do Bric

são fortes candidatos a não apenas atingirem o

patamar de desenvolvidos, mas também soma-

rem mais da metade do PIB do planeta por vol-

ta de 2050. “Ou seja, o peso dos Estados Uni-

dos e da Europa Ocidental pode ir diminuindo

ao longo do século”, afirma.

Em desenvolvimento = emergente?

Onde nós estamosSchneider considera que o país avançou

em modernidade tecnológica e diversidade de

produção de serviços, mas continua funda-

mentalmente com uma tendência à concen-

tração. Visentini completa: “O Brasil tem al-

guns indicadores sociais que são muito ruins,

como a distribuição de renda. Saúde e

educação estão melhorando, mas ain-

da há muitos indicadores ruins,

como o trabalho infantil”. Apesar

das dificuldades, o professor de Re-

lações Internacionais acredita que as

perspectivas são positivas. “Temos

boas chances de nos inserir nessa ordem

mundial como um time de primeira divisão.”

Page 43: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

TE

RC

EIR

O S

ET

OR

40 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

Englobando instituições de caráter privado com fi-

nalidades públicas, o terceiro setor cresce em rit-

mo acelerado em todo o mundo. No Brasil, país

marcado pelas desigualdades sociais e pelas carências nos

serviços públicos, a realidade não é diferente e contribui

para que as organizações dessa esfera já somem mais de

276 mil, conforme estimativas do IBGE referentes ao

ano de 2002. Somente no Rio Grande do Sul, existem

mais de 22 mil entidades ligadas às ações comunitárias.

Entre os empreendimentos mais comuns do segmen-

to destacam-se Organizações Não-Governamentais

(ONGs), associações, fundações e entidades assisten-

ciais, entre outras. Por se tratar de uma estrutura organi-

zacional como outra qualquer, o terceiro setor lida com

investimentos, treinamento de pessoal e outras despe-

sas. Além disso, nem todos os envolvidos nessa forma

de mobilização são voluntários – no início desta década,

os assalariados brasileiros na área eram mais de 1,5 mi-

lhão. Assim, não basta boa vontade para obter desempe-

nho favorável nas iniciativas do ramo. “O funcionamento

de uma organização do terceiro setor é quase igual ao de

uma empresa, mas poucas pessoas encaram tal realidade

quando decidem ingressar nesse universo”, pondera Ce-

cília Grinberg Herynkopf, diretora do Senac Comunida-

de. De acordo com ela, mesmo que a procura por cursos

na área seja crescente, ainda são poucas as instituições que

possuem uma gestão profissional no setor. “Observamos

Profissionalismo em prol

da sociedadeFotos: Lúcia Simon

Com o objetivo de promover o desenvolvimento

político, econômico, social ou cultural, o terceiro

setor ganha força no país. Para aumentar sua

influência, o profissionalismo passou a ser

essencial nas organizações da sociedade civil

Lúci

a S

imon

Vera dedica cerca de 25 horas semanais ao trabalho voluntário

Page 44: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

41FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

TERCE IRO SETOR

muitas entidades com descuidos básicos que podem ser

evitados a fim de otimizar custos, por exemplo.”

Com o intuito de contribuir para o fortalecimento

de entidades de bases comunitárias, o Senac Comunida-

de dispõe de nove cursos voltados ao terceiro setor (sai-

ba mais no box), elaborados a partir de necessidades do

segmento, como marketing, captação de recursos e ela-

boração de projetos. Conforme Cecília, o custo das au-

las é simbólico, sendo o “Formatos Brasil” isento de pa-

gamento. “Esta modalidade, que viabiliza uma visão

geral de desenvolvimento local auto-sustentável e so-

bre a importância do terceiro setor, foi desenvolvida

basicamente para chefias, diretores e assessores com

poder de decisão, mas temos conteúdos para qualquer

esfera de participação.”

Os cursos são realizados em todo o Estado, seja em

unidades do Senac-RS ou em entidades parceiras. A es-

colha dos conteúdos foi feita de acordo com resultados

de entrevistas com líderes de comunidades, visitas em-

preendidas por profissionais da entidade e experiência

de envolvimentos em projetos de organizações repre-

sentativas do terceiro setor. A linguagem adotada pelos

docentes permite que todas as pessoas atendidas — alu-

nos com qualquer nível de formação acadêmica ou pro-

fissional — tenham condições de compreender os te-

mas, desde definições de conceitos até formas de

captação de recursos e modelos de comunicação e mar-

keting. “Ainda é difícil obter capacitação em terceiro setor

no Rio Grande do Sul. Mesmo que existam diversas pós-

graduações na área, seria preciso, antes, passar por uma

graduação, e essa não é a realidade da maioria da popula-

ção que atua nesse segmento”, comenta a diretora do

Senac Comunidade.

Mão na massa

O que começou como uma coincidência se transfor-

mou em envolvimento total para Vera Lúcia Lima Pauli-

no. A aposentada carioca, que chegou ao Estado em 2004

para acompanhar a sobrinha que permanece na lista de

espera de transplante de pulmão, iniciou sua atuação no

terceiro setor via Parceiros Voluntários, uma

das ONGs de maior representatividade no

Rio Grande do Sul. “De lá, fui encaminhada

para a ONG Via Vida Pró-Doações de Ór-

gãos e Tecidos, onde passei a atuar na cons-

cientização da população no que diz respeito

à prevenção de doenças e a como funciona a

doação de órgãos”, conta.

Desde então, a vida de voluntária só foi

se desenvolvendo, e hoje Vera possui a fun-

ção de conselheira fiscal da Via Vida e atua

como auxiliar em outras duas organizações.

Tendo participado de todos os cursos de ter-

ceiro setor do Senac Comunidade, a profes-

sora, que dedica cerca de 25 horas semanais

ao voluntariado e também trabalha em um

banco privado, acredita que as aulas ajuda-

ram a lidar com a realidade do meio. “Apesar

de a minha relação pessoal com os demais en-

volvidos não ter mudado em nada, passei a

ter um conhecimento técnico que se mostrou

fundamental para o bom desempenho nas ati-

vidades. Com a capacitação, pode-se aumen-

tar a confiabilidade na entidade e, com isso,

atrair mais parceiros e investimentos.”

ntre as diferentes áreas abrangidas pelo Senac Co-

munidade está a Gestão para o Terceiro Setor, que

já realizou mais de 220 cursos em todo o Estado. São eles:

Formatos Brasil (40 horas), Como montar uma ONG (8

horas), Planejamento organizacional para entidades do ter-

ceiro setor (16 horas), Gestão de pessoas em organiza-

ções do terceiro setor (16 horas), Captação de recursos

(16 horas), Elaboração de projetos sociais (16 horas), Ges-

tão financeira para entidades sociais (16 horas) e Marke-

ting para o Terceiro Setor (16 horas). Para saber detalhes

de cada um, ligue para (51) 3211-3579.

E

Gestão para o terceiro setor

Page 45: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

PA

RA

LE

R

49FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

Administrando reações

Bolsa de valores

Como participar do mercado de capitais (Tre-

visan Editora Universitária, 48 páginas)

reúne informações sobre vantagens, cus-

tos e tempo necessário para que uma or-

ganização possa abrir o capital e lançar

ações na bolsa de valores. De autoria de

Antoninho Trevisan, presidente das empresas Trevisan e

da BDO Trevisan, o livro – produzido em formato de per-

guntas e respostas – está na quinta edição.

livro Trabalhar com você está me ma-

tando é o resultado de 20 anos de

pesquisa de uma psicoterapeuta e uma

estrategista corporativa, que elucidam

preceitos relacionados ao grande desa-

fio psicológico de integrar e liderar uma

equipe. São oito capítulos centrados nos

fatores que impactam o ambiente de tra-

balho e que mostram a principal arma para

vencer comportamentos e hábitos noci-

vos: o autocontrole emocional.

A partir de técnicas básicas, as au-

toras apresentam mecanismos capazes

de libertar os gestores e profissionais das

armadilhas emocionais. O primeiro en-

sinamento seria aprender a lidar com os

inevitáveis conflitos do cotidiano, o que

imediatamente significa conviver com

personalidades difíceis, diferentes e su-

jeitas a humores também cheios de al-

tos e baixos. Por se tratar de um local

volúvel, onde os colaboradores ficam

por muitas horas reunidos, uma empre-

sa concentra porção borbulhante de

sentimentos – que sempre podem res-

pingar de uma mesa para outra.

Contudo, como escapar deste ci-

poal de relacionamentos complicados?

Estabelecendo limites e fazendo um

exercício de auto-avaliação, já que cada

personalidade se identifica com um tipo

de ambiente de trabalho. O sucesso não

depende apenas da competência, mas

da afinidade entre valores, preferências

de vida e a cultura da empresa em que a

pessoa está atuando no momento.

Como um verdadeiro manual de

sobrevivência, o livro dá munição àque-

les que enfrentam problemas sérios e

l e i a t a m b é m

“Quer esteja em meio ao fogo

cruzado da politicagem ou enredado

em uma situação com um colega

difícil, ou mesmo refém dos golpes

baixos de determinado departamento,

você pode adotar atitudes para mudar

o seu próprio comportamento e, com

isso, obter um resultado diferente.”

O

Recursos Humanos

Em Competências: conceitos, métodos e experi-

ências (editora Atlas, 306 páginas), Joel Sou-

za Dutra, Maria Tereza Leme Fleury e Ro-

berto Ruas reúnem artigos de diversos

autores sobre a competência e sua articula-

ção com diferentes campos do conhecimento em gestão

de pessoas. Entre os temas abordados estão a noção de

competência, a aplicação do conceito nas organizações e

impactos em outras esferas dos estudos organizacionais.

sentem-se emocionalmente impoten-

tes diante de uma situação que exige

uma postura racional. Tanto um co-

mentário mal-educado quanto uma

sabotagem podem assumir um caráter

negativo e comprometedor de produ-

tividade. Ao passar de trivial para um

grau mais avançado, chega o momen-

to de o líder buscar recursos, como re-

correr às normas da empresa ou admi-

nistrar as reações internas.

Katherine Crowleye Kathi Elster

Editora:

Autor:

No de páginas:

Trabalhar com você está me matando

254

Sextante

Page 46: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

ESPORTE

42 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

Com a proximidade das Olimpíadas, espectadores do mundo todo já se mostram ansiosos

para assistir a um dos maiores espetáculos esportivos do planeta. Com uma das maiores

delegações da história da competição, o Brasil se prepara para alcançar o máximo de finais

largadaÉ dada a

e 8 a 24 de agosto, o mundo vai come-

morar os Jogos Olímpicos de Pequim,

que reunirão competidores de

inúmeros países e dos mais variados espor-

tes. Apesar da fama no futebol, os brasileiros

mostraram que estão no páreo com garra para

disputar diferentes modalidades esportivas.

Até a segunda quinzena de junho, o Brasil so-

mava 251 atletas garantidos para rumarem à

China. Deste total, 11 são gaúchos.

Será o início de um sonho para aqueles

que buscam as medalhas olímpicas e uma gran-

de oportunidade de negó-

cios para a China e as de-

mais nações participantes.

É nesse período que se

vende uma ampla gama de

artigos com temática vol-

tada para os jogos. O país

sede do evento tem um in-

cremento importante na

economia. Segundo a Stan-

dard & Poor’s (S&P), uma

das maiores agências de

avaliação de risco do mun-

do, a infra-estrutura mon-

Dtada para receber turistas de todo o globo e o investi-

mento avaliado em aproximadamente US$ 20 bilhões

deverão resultar no fortalecimento da imagem da capital

chinesa diante dos investidores.

Essa megaprodução também será coroada com uma

apresentação impecável dos atletas do Brasil, os quais

fizeram a melhor preparação olímpica da história, con-

forme o chefe da delegação brasileira em Pequim, Marcus

Vinicius Freire. “Pela primeira vez, tivemos um quadriênio

completo de utilização da Lei Agnelo/Piva – que prevê a

destinação de 2% da verba das loterias federais às fede-

rações esportivas do país”, explica Freire, ressaltando que

os recursos proporcionaram um

planejamento de trabalho e uma

execução extremamente positi-

va. “Isso dá ao Comitê Olímpi-

co Brasileiro (COB) melhores

condições de treinamento e pre-

paração a partir de viagens de in-

tercâmbio internacional, contra-

tação de técnicos estrangeiros e

participação em competições

oficiais e amistosas.”

Os programas rígidos e inten-

sos de preparo dos competidores

são justificados pelo alto grau deColucci: preparo intenso para o sonho olímpico

Gas

par

Nób

rega

/Vip

com

m

Page 47: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

43FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

ESPORT E

complexidade da disputa, que reúne os melhores atletas

do mundo em cada uma das modalidades. Sem dúvida, o

maior empecilho serão os adversários das 204 nações que

estarão na China, além do Brasil. “Estamos aptos a en-

frentar todas as dificuldades de uma competição tão dis-

putada como essa e dispostos a superar os obstáculos

para apresentar um bom desempenho em Pequim e re-

presentar o país da melhor maneira possível”, afirma.

Rumo ao pódio

As Olimpíadas se constituem em uma experiência

única que vai além da conquista de medalhas. Freire lem-

bra que o exemplo positivo da prática esportiva deve

servir de modelo para a sociedade. “Os ideais olímpicos

são aspectos morais e éticos importantes para consoli-

dar o esporte como uma atividade vinculada à educação

e à formação de uma juventude saudável, sendo um meio

fundamental para a formação do caráter”, acrescenta.

Para o atleta, uma competição desse porte também

tem um significado especial. Classificado pelo ranking

da Federação Internacional de Triathlon, Reinaldo Co-

lucci (foto) é um dos brasileiros que estarão levando o

nome do Brasil a Pequim. “A visibilidade para a carreira é

muito grande em uma Olimpíada, e a chance de enfren-

tar grandes profissionais acaba sendo gratifi-

cante”, diz o competidor, enfatizando que

esta é sua oportunidade de fazer história no

triathlon, um sonho alimentado desde os 15

anos de idade. Alcançar tal objetivo tem soli-

citado de Colucci muito empenho. Em junho,

o esportista esteve na Suíça realizando pro-

vas de treinamento de altitude para aumentar

a resistência. Uma viagem à Coréia servirá

para acostumar ao fuso e às condições climá-

ticas parecidas com as de Pequim. “Desejo

chegar entre os primeiros”.

O COB não faz estimativa em relação a

número de medalhas. A meta do comitê é ele-

var qualitativamente o esporte nacional. E

nesse quesito, para Freire, o Brasil cresceu ex-

pressivamente. “Levaremos a maior delega-

ção da nossa história na quantidade de atle-

tas, no maior número de modalidades (31)

de todos os tempos”, constata. A expectati-

va não poderia ser diferente: atingir o máxi-

mo de finais e ter o esforço desempenhado

ao longo dos últimos quatro anos recompen-

sado com excelentes resultados.

Olimpíadas Comerciárias é uma das iniciativas do Ssec-RS

João Alves/Sesc-RS

Promovendo o esporteSesc-RS desenvolve projetos

para fomentar a prática espor-

tiva e promover a qualidade de vida

dos colaboradores do comércio de

bens, serviços e turismo e da comu-

nidade em geral. Os torneios têm al-

cance estadual e são disputados em

três etapas: microrregionais, regionais

e finais estaduais. Entre eles, destacam-

se Circuito Sesc de Minimaratona,

Olimpíadas Comerciárias, Circuito

Verão Gaúcho de Esportes e de Jogos

Estudantis e Sesc Triathlon Circuito

Nacional. Este último,

por exemplo, é um

evento nacional que

conta com a participa-

ção de cinco estados,

incluindo o gaúcho.

Compõem a prova três modalidades:

natação, ciclismo e corrida. “Os me-

lhores atletas brasileiros se reúnem na

competição, assim como os comerci-

ários, que têm no esporte a possibili-

dade de integração com outras regi-

ões do Estado”, afirma Marcelo de

Campos Afonso, coordenador de Es-

portes da entidade, lembrando que as

competições ainda contribuem para a

economia dos municípios que sediam

os jogos. Outras informações sobre as

atividades esportivas podem ser obti-

das no site www.sesc-rs.com.br.

O

Page 48: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

PA ISAGISMO

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

44 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Aplicações variadas para plantas e flores

contribuem para o crescimento do mercado

de paisagismo. O Rio Grande do Sul é o

estado que mais consome produtos do gênero

no Brasil e o segundo que mais exporta

voltam a crescerFlores e plantas

ma planta em casa pode ajudar a reter o pó, oxige-

nar o ambiente e reduzir o estresse – e também a

enxaqueca, a rouquidão e a tosse. A afirmação é do

secretário-executivo da Associação Rio-Grandense de

Floricultura (Aflori), Walter Eichler. Ele salienta que há

até uma disciplina que estuda a influência do verde na

vida das pessoas: a psicologia ambiental. Já lugar-comum

na Europa, a idéia agora está se popularizando no Brasil,

e, com isso, o mercado de flores e plantas ornamentais

está crescendo novamente.

O Rio Grande do Sul é o maior consumidor desses

produtos no Brasil, diz Eichler. No Estado, esse mercado

movimenta cerca de R$ 1 bilhão ao ano. A média de con-

sumo aqui é de R$ 40 por pessoa ao ano, enquanto no

resto do Brasil é de R$ 6 (por outro lado, na Europa che-

ga a R$ 150). O Dia das Mães ainda é a melhor data para

a venda de flores, mas o Dia dos Namorados e o Dia da

Mulher não ficam muito atrás. No caso das plantas, o forte

são jardins e decoração de ambientes. Na produção são

empregadas cerca de 3 mil pessoas, e, no comércio, pratica-

mente o dobro. E quando o assunto é exportação, os gaú-

chos estão em segundo lugar, atrás apenas de São Paulo.

Isso não implica uma história sem percalços. O cres-

cimento do setor foi de 20% ao ano entre 1996 e 2003.

Com a estiagem, porém, veio a estagnação. O fôlego está

U

Jess

y B

eere

ns/S

tock

.Xch

ng

Por Melissa Barbosa

Page 49: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

45FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

PA I SAG ISMO

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

sendo retomado, e a expectativa é de crescimento de 10%

em 2008. Para alavancar os números, em junho foi realiza-

da uma campanha envolvendo diversos pontos-de-venda

na região metropolitana, chamada + Flores. O projeto,

idealizado pelo Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibra-

flor) e abraçado pela Aflori, tem como objetivo incentivar

a compra. O piloto aconteceu há três anos na cidade de

Campinas, no interior de São Paulo.

A Aflori tem 750 produtores cadastrados, a maioria

de pequeno porte, e a produção é bastante variada. Eich-

ler aponta que a entidade tentou, há alguns anos, identifi-

car a flor e a planta símbolos do Rio Grande do Sul, sem

sucesso. Rosas, crisântemos, bromélias, orquídeas e cicas

têm destaque, entre outras. A maior exportadora fica em

Vacaria, e é uma multinacional italiana. Por outro lado, a

informalidade – expressa na falta de notas fiscais, por exem-

plo – ainda é realidade em diversos empreendimentos.

Essa área requer ainda constantes investimentos em tec-

nologia. Criam-se novos substratos e há, hoje, fertilizantes

específicos para cada espécie – e para cada fase de desen-

volvimento. Além disso, como o Rio Grande do Sul sofre

com bruscas mudanças na temperatura, as estufas também

passam por modernizações. Mas se por um lado os substra-

tos são geralmente desenvolvidos dentro das fronteiras gaú-

chas, inclusive em universidades, já que os materiais utiliza-

dos devem estar próximos aos produtores, os fertilizantes

são, na maioria das vezes, importados. Ou seja: o mercado

é mais amplo do que pode parecer à primeira vista.

Vale lembrar que o verde não tem uma importância

somente estética e terapêutica. A arquiteta Patrícia de

Freitas Nerbas, professora da Ulbra, salienta que a vege-

tação inserida no contexto urbano desempe-

nha funções que contribuem para a manuten-

ção da saúde e da vida, como redução dos

processos de erosão do solo e melhoria do

ciclo hidrológico. “O planejamento da com-

posição dos espaços no entorno das edifica-

ções, integrado aos potenciais paisagísticos

da vegetação, pode contribuir para a susten-

tabilidade local, regional e global”, salienta.

De abelhas a jardins

A empresa de paisagismo da engenheira

agrônoma Beatriz Firpo Vasquez não come-

çou por causa das plantas ou das flores, mas

de abelhas. Enquanto ainda estava na facul-

dade, Beatriz e um colega criavam os insetos

e disponibilizavam-se a retirar enxames das

casas. Certo dia, uma senhora pediu outro

favor ao casal: arrumar o jardim. Mesmo sem

experiência, os dois aceitaram o desafio. Hoje

ela emprega três pessoas na Oficina do Ver-

de, criada há 10 anos em Porto Alegre.

Beatriz avalia esse mercado como bom,

especialmente na construção civil, e aponta

que o paisagismo está cada vez mais popula-

rizado. A empresária conta que já recebeu li-

gações até de moradores de bairros mais ca-

rentes da capital gaúcha. Mas os condomí-

nios – cada vez mais pensados como parques

– são seus maiores clientes. Além da criação,

os profissionais podem se dedicar também à

manutenção das áreas, como é seu caso.

No paisagismo também existem tendên-

cias, explica Beatriz, mas que não mudam a

cada seis meses como as de roupas, por exem-

plo. Atualmente, os jardins têm menos péta-

las e mais folhas. Esse estilo foi desenvolvido

nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo,

que exercem grande influência no Rio Gran-

de do Sul. Além do modismo, contudo, há a

questão da praticidade, pois as plantas são

mais duráveis do que as flores.

Lúcia Simon

Beatriz comemora a popularização das atividades de paisagismo

Page 50: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do

CRÔNICA

50 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

39 –

Julh

o 2

008

Famílias e

fortunas

Por Moacyr Scliar

conjugação trabalho-família ou empre-

sa-família é muito antiga e provavelmen-

te começou nos albores da história,

quando pais lavradores levavam os filhos para

ajudar no trabalho da terra. Surgiu assim uma

tradição que, no caso de artesãos, atravessou

gerações. Tapeceiros, joalheiros, fabricantes

de relógios estavam nessa categoria. Mais re-

centemente, muitas grandes companhias,

como Wal-Mart, Ford, Motorola, Hewlett-

Packard, foram fundadas por famílias.

Surgiram daí histórias interessantes, algu-

mas das quais dariam estupendas obras de fic-

ção. Foi o caso da saga dos Rothschild, famí-

lia de financistas de origem judaica, cujo pa-

triarca, Mayer Amschel Rothschild (1744–

1812), era de Frankfurt-am-Main, na Alema-

nha. Mayer Amschel entrou no ramo das fi-

nanças e logo seus negócios se ampliaram ex-

traordinariamente, com a ajuda dos cinco

filhos. Mas, e talvez isso tenha sido um

passo decisivo para o sucesso, eles

não trabalhavam juntos; o

patriarca espalhou-os

pela Europa. Amschel, o

mais velho, ficou em

Frankfurt; Solomon foi

para Viena, Nathan

para Londres, Cal-

mann para Nápoles,

James para Paris.

Nathan (famoso pela feiúra) acabou tendo um papel de-

cisivo, porque sua presença em Londres, coincidiu com

as guerras napoleônicas, nas quais França e Inglaterra

disputaram o domínio da Europa (e do mundo). Na-

than financiava o esforço de guerra britânico. Ele ope-

rava na Bolsa de Valores de Londres onde caracteristi-

camente ficava encostado numa coluna, até hoje co-

nhecida como “a coluna de Rothschild”. E estava lá no

dia da decisiva batalha de Waterloo, cujo resultado era

aguardado com enorme ansiedade. Numa época em que

não havia telégrafo ou telefone, o sistema de comuni-

cações era extremamente precário e dependia basica-

mente de mensageiros que traziam as notícias a cavalo.

Acontece que os Rothschilds tinham seu próprio sis-

tema de correios, muito mais eficiente do que aquele

de que o governo dispunha; sabia-se, portanto, que Na-

than receberia a notícia do desfecho da batalha antes

de qualquer outra pessoa. E ali estava Nathan, encos-

tado na coluna, quando entrou um mensageiro e lhe

passou um papel, obviamente com o resultado da bata-

lha. Nathan guardou o papel e, sem nada dizer, come-

çou a vender títulos ingleses. Para os demais investido-

res a interpretação disso era clara: Napoleão tinha ven-

cido, a Inglaterra estava destruída. A corrida para ven-

da foi dantesca. E então, minutos antes do encerramen-

to do pregão, Nathan comprou tudo, a preço de bana-

na. A Inglaterra tinha vencido e ele também, ganhando

uma gigantesca fortuna.

Claro, nem todas as empresas familiares seguirão esse

caminho. Mas os sonhos de sucesso estão sempre presen-

tes. Não é de estranhar que sejam sonhados em família.

A

Page 51: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do
Page 52: entrevista BENS SERVIÇOS 2008 Fecomérciofecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista39.pdf · entrevista SERVIÇOS inovação Por que as idéias criativas não caem do