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páginas 8 a 10 _( Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da UFSC - Maio de 2000 ouxas caem todos os golpes Fiasco e viol  Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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Page 1: todos os golpes - Santa Catarinahemeroteca.ciasc.sc.gov.br/zero/zerojornais/zero2000mai.pdfpáginas8 a 10 _( JornalLaboratóriodoCursode JornalismodaUFSC-Maiode 2000ouxas caem todosos

páginas 8 a 10 _(

Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da UFSC - Maio de 2000

ouxas caem

todos os

golpes

Fiasco e violÂ

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

Page 2: todos os golpes - Santa Catarinahemeroteca.ciasc.sc.gov.br/zero/zerojornais/zero2000mai.pdfpáginas8 a 10 _( JornalLaboratóriodoCursode JornalismodaUFSC-Maiode 2000ouxas caem todosos

ZERO ANO XVI - N° 1 : MAIO DE 2000 : CURSO DE JORNALISMO: CCE : UFSC

Jornal Laboratório do

Curso de Jornalismo daUniversidade Federal de

SantaCatarina Nosso editorialo laboratório com um computador e sem espaço físico.Arte

Marcos Daniel Barros

ColaboraçãoAna Paula LacerdaClóvis GeyerFelipe PereiraKelen Vanzin da SilvaMicheliCristianaRibas

CoordenaçãoProfessor Henrique FincoCopy-WriteElissa BonatoHumberto Maia JuniorLúcia Passafaro PeresMário Ignácio Coelho JuniorMarthaHuffMartins

Rhodrigo DedaEdiçãoElissa BonatoHumberto Maia JuniorMário Ignácio Coelho JuniorRhodrigoDedaEditoraçãoEletrônicaElissa BonatoMário Ignácio Coelho JuniorSinuê Giacomini

FotografiaHumbertoMaia JuniorLeonardoMirandaMário Ignácio Coelho JuniorMicheli Cristiana RibasSinuê Giacomini

Projeto GráficoPedroValente

RhodrigoDedaTextosAna Paula de SousaAndi..éa FischerCamille Cristina dos ReisHumberto Maia JuniorLeonardoMirandaLúcia Passafaro PeresMárcia BizzottoMário Ignácio Coelho JuniorMartha HuffMartins

Raquel Sabrina da Silva

ImpressãoO Estado

RedaçãoCurso de Jornalismo (UFSC­CCE)Trindade, CEP 88040-900

Florianópolis/SeTelefones: (48) 331-9490

(48) 331-9215Fax: (48) 381-9898Home Page:www.jornalismo.ufsc.brEndereço eletrônico:[email protected]

Depois de mais de 70 dias de espera, o Zero

finalmente está pronto, o que pode parecermuitotempo para quem não faz parte do dia-a-dia do

nosso Jornal Laboratório.

Mas, nas condições ern que trabalhamos, o re­

sultado pode ser considerado satisfatório: na mu­

dança do prédio, o Zero ficou alocado em uma

sala de aula, em que a porta não tinha chave. O

resultado foi que os dois únicos equipamentos (umcomputador e uma impressora) foram queimados.O computador, conseguimos recuperar; a impres­sora foi completamente perdida. Além disso, quan­do havia aulas de outras disciplinas, não podíamostrabalhar no Zero, o que também acabou por dis­

persar boa parte dos alunos interessados.

Isto tudo é ainda mais desanimador quando se

constata que todos os outros laboratórios de nos­

so Departamento foram alocados em condiçõesrazoáveis de funcionamento - alguns em condi­

ções ótimas, incluindo laboratórios voltados exclu-

sivamente para atividades de extensão.

Mas deixamos o desânimo de lado e fomos à luta:

criamos e ocupamos um espaço de 3 por 4 metros,feito de divisórias e sem janelas. Com a ajuda da

Diretoria do CCE, conseguimos um scanner em­

prestado e recauchutamos um computador. O edi­

tal para a impressão de nosso jornal também não

havia sido providenciado. De novo o prof. FelícioMargotti, Diretor do CCE, socorreu-nos, resolven­do esse problema com criatividade.

O Zero é um jornal muito importante, e não só

por ser um laboratório de jornalismo, mas também

por ser o único jornal realmente independente de

Santa Catarina: em várias ocasiões, fomos os úni­

cos a abordar pautas recusadas por toda a impren­sa de nosso estado, como o caso de superfatura­mento nos aluguéis de prédios públicos, entre ou­

tras.

O fato é que continuamos de pé e nossa próximaedição estará ainda melhor. Até lá.

Greve na UFSCraquel sabrina

O Sindicato dos Trabalhado­res da Ufsc (Sintufsc) decidiu pa­rar as atividades na última sexta­

feira, dia 15 de maio. A Associaçãodos Professores da Ufsc (Apufsc)resolveram na assembléia realiza­da no dia 16, apoiar a greve dosservidores e podem parar as aulasa partir da próxima quarta feira,dia 25, quando também o DiretórioCentral dos Estudantes (DCE) deveapresentar sua pauta própria de

greve. Fazem parte das reivindica­ções a reposição salarial, que não

acontece há 5 anos, a defesa do ser­

viço público e o aumento de recur­sos para a Universidade.

Os funcionários da UFSC jáestão oficialmente em greve. A co­

ordenadora elo comando de greve da

Sintufsc, Jussara da Costa Godoy,afirma que o número de funcioná­rios parados chega a 700/0, sendoque 8 dos 11 centros da universi­dade estão fechados. entre eles o

Restaurants Universitário p a Bi­blioteca. As reinvinelicaçães dosservidores federais são a reposiçãosalarial de 63,68%, fixação da data-

base em maio para reajustes sala­riais, além do pagamento de vale­

alimentação. Os servidores queremtambém a garantia damanutençãodo serviço público e das ações sala­riais obtidas na Justiça.

Os professores aprovaram o

indicativo de greve para a próximaquarta-feira, dia 25, quando estão

programadas reuniões nos setores,pela manhã e uma assembléia, àtarde, decidirá se os professores dauniversidade paralisam ou não. APresidente da Apufsc, professoraCorália Piacentini, afirma que o

número de professores que compa­recem às assembléias vem aumen­

tando num processo crescente de

mobilização. Para as aulas serem

suspensas, os professores dependemde uma decisão nacional que deveacontecer na Reunião do Setores das

Instituições Federais de Ensino Su­

perior, dia 22 em Brasília.Os estudantes têm se reunido

nos Centros Acadêmicos de cadacurso e no DeE. Até o dia 19, elespretendem decidir se apóiam ou não

o indicativo de greve dos professo-

res e servidores da Ufsc. Em Flori­

anópolis, parte dos estudantes daUDESC (Universidade do Estado deSanta Catarina) já decretaram gre­ve. Em alguns cursos da Ufsc há

mobilização para manifestações e

paralisação. Os alunos apontamcomo causas para a greve o corte deverbas e de bolsas e a cobrança detaxas. Segundo Maíra Souto, coor­denadora do movimento de greve

pelo DCE, além da UDESC, as uni­versidades estaduais paulistasUni­camp, USP, Unesp e a Universida­de Federal de Santa Maria (RS) jápararam.

Em vários setores da Univer­sidade são apontadas também como

causas de greve a insatisfação com

a política do governo Fernando Hen­

rique Cardoso. A repressão violentaàs manifestações durante a come­

moração dos 500 anos do Brasil, aameaça de colocar o exército na rua

para combater o Movimento SemTerra e as manobras políticas parafixação do salário mínimo em R$151são os principaismotivos do descon­tentamento com o presidente.

-

FLorianópoLis - 5/2000Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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ZERO

FotojornalismoEstas fotos foram tiradas no

dia 19 de abril, às 15h, numa pra­ça perto do Beira Mar Shopping,no centro de Florianópolis. Lá,crianças de 10 a 15 anos do mor­

ro Nova Trento brincavam no

parquinho e jogavam bola. Per­

guntei se poderia tirar umas fo­

tos. Consentiram. Enquanto foto­grafava, percebi que algumasbrincavam de polícia e ladrão,usando armas de brinquedo.

Depois de algumas fotos da

garotada jogando futebol, eu fuifotografar quatro crianças quebrincavam no "trepa-trepa". Che­gou então um senhor de terno e

gravata, uma pasta na mão, apa­rentando uns 40 anos. Pergun­tou o que eu fazia. Expliquei queera estudante de Jornalismo e es­

tava fotografando para o meu

portfólio. A reação dele foi violen­ta: "jornalista é tudo safado, põea arma na mão de uma criançapara depois colocar no jornal e

chamá-la de bandida!". Procuran­

do manter a calma, expliquei quenão estava usando as crianças,que a arma de brinquedo não

havia sido dada por mim e que

não pretendia expor ninguém.As agressões continuaram.

Mandei minha razão para o in­

ferno e comecei a xingá-lo tam­

bém. Para mim, aquele senhor re­presentava um tipo de elite con­

tra a qual vou lutar durante o

resto da minha vida. A praça pa­

rou' viramos dois leões nomeio de

um picadeiro. A platéia, formada

pelas crianças e pessoas que pas­savam pelo local, ficou surpreen­dida com o ridículo espetáculo.

Lá pelas tantas, o homem da

pasta foi embora, ainda gritando.Sentei na praça, chamei as crian­

ças e tentei explicar o que tinha

acontecido. Disse que minhas fo­

tos não eram para expô-las, maspara mostrar o abandono e a hi­

pocrisia de uma sociedade falida

e faminta por dignidade e respei­to. Logo, a gurizada voltou a brin­

car como se nada tivesse aconte­

cido. Aí, voltei ao trabalho.

o fotojornalismo transita entre dois pontos da linguagemvisual: o estético e o histórico.

O trabalho do fotojornalista é juntar a estética com a notí­

cia. A fotografia precisa ficar equilibrada num ponto mediano

entre a arte e o jornalismo.O bom fotojornalista é aquele que consegue juntar a magia

da arte com o seu trabalho de contar um fato. A discussão se

[otojornalismo é arte ou não já e ultrapassada. Fotojornalismo ti

mais do que arte, é mais do que historia. É uma incansável bus­

ca no equilibrio entre o sentimento e a razão.

por Leonardo Miranda

Florianópolis - 5/2000

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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110 desvio é melhor que o

viaduto", diz vereadorônibus de turismo não passa por baixo do viaduto

ZERO

textQmárcia bizzotto

fQtQSmicheli nbas

seram aproveitá-lo", contaPassos. O chefe da divisão

de obras da prefeitura,Dalton da Silva, garanteque a Prosul foi contrata­da através de licitação,mas não sabe dizer quaisas outras empresas con­

correntes. "Eu só cuido da

obra", afirmou.A pessoa que poderia

esclarecer todas essas dú­

vidas, o secretário de obrasda prefeitura, FranciscodeAssis, não foi encontra­do para falar a respeito.Durante duas semanas

nossa reportagem tentou

localizá-lo, mas ele estavasempre "para chegar den­tro duas horinhas", segun­do seus assessores. Na

única vez em que encon­

tramos o secretário em seu

escritório, fomos informa­dos que ele estava "muito

ocupado para dar entre:vista por telefone".

O elevado do CIC

deve ser concluído dentro

de três meses." Agora es­

tamos fazendo as finaliza­

ções' a drenagem e o as­

faltamento", conta DaltonSilva. Mas o vereador

Mauro Passosjá tem uma

conclusão: "Esta é a únicaobra em que o desvio é me­

lhor que o viaduto em si".

Muitosmoradores da capi­tal concordam.

As suspeitas deineficiência do

elevado do CIC,levantadas por engenhei­ros e arquitetos de Floria­

nópolis desde meados do

último ano, finalmente

chegam à Câmara de Ve­

readores. No final da últi­ma semana de abril, o ór­gão entrou com pedido de

investigação sobre a obra,iniciada pela empreiteiraSESBE emjunho de 1998

e agora em fase final.O erro mais visível,

de acordo com o professordo Curso de Arquiteturada UFSC, Paulo Rizzo, dizrespeito à altura do viadu­

to. "Ele deveria ter sido

construído para que um

ônibus de dois andares

pudesse passar em baixo,mas isso não foi feito",afirma. O projeto, desen­volvido pelo consórcio Pro­sul, não previu esse deta­

lhe e o único jeito de corri­

gir a falha agora, segun­do Rizzo, seria escavar a

pista embaixo da ponte,algo inviável em um ter­

reno de mangue como o daAvenidaBeiraMar. "Apri­meira chuva alagariatudo", completa o profes­sor.

A arquiteta Lisiane

Schineider, moradora dobairro Trindade apontaoutra falha no elevado: "

Quem quer pegar a Beira

Mar a partir do CIC é obri­

gado a ir até a rótula doSanta Mônica para, só

então, fazer o retorno

para o centro ou para as

praias", reclama. Os moto­ristas que vêm do norte dailha em direção à Trinda­

de ou à UFSC também so­

frem: têm que fazer o re­

torno depois do supermer­cado Angeloni.

Segundo o vereador

Mauro Passos, a planta da

Prosul, orçada em poucomais de R$ 9.678.000, ja­mais foi apresentada àCâmara para aprovação."A obra toda foi conduzi-

da de uma forma muito

fechada. A lei prevê quedois vereadores a acompa­nhem, mas isso nunca foipermitido. O porquê a

gente não sabe", Passosdenuncia.

O vereador também

questiona o processo ado­

tado na escolha do proje­to. "Um aluno da Arqui­tetura (da UFSC) apre­sentou, como conclusão

de curso, uma alternativa

para o elevado do CIC. Otrabalho ganhou um con­

curso nacional e seria

mais barato, mas não qui-

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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o que fizeram com a

Praça XV1artesaos se recusam a 7r para a rua Victor Meirelles

A Praça XV foi rea­berta no dia 17, numa ce­

rimônia que contou com a

participação da prefeitaAngela Amin (PPB) e da

Orquestra da Câmara

MunicipalAmor à Cidade.A reforma custou R$109mil.

A reabertura seria

em março, mas segundoEdelberto Adam, diretorde operações da Floram

(Fundação Municipal doMeio Ambiente), os traba­lhos de restauração da

praça demorarammais do

que o previsto porque fo­ram artesanais.

A etapa da obra que

exigiu mais tempo foi a

restauração do piso, que éobra do artista plásticoHassis. Além disso, foramfeitos trabalhos de jardi­namento, reforma no core­to e limpeza nos monu­

mentos. No final da refor­

ma, a Praça XV recebeunova iluminação, 80 novosbancos de madeira e gra­des nos canteiros.

A Prefeitura espera­va que a reforma estives-

se pronta até dezembro doano passado, antes da che­gada dos turistas, mas al­guns problemas impedi­ram o início das obras.

Em julho do ano pas­sado, membros da Secre­

tariaMunicipal de Trans­porte e Obras e da Floramse reuniram com os arte­

sãos para negociar a saí­

da da praça e as obras pu­dessem ser iniciadas. Ne­nhum acordo, no entanto,foi firmado. Com o apoio dealguns vereadores, os ar­tesãos conseguiram per­manecer na praça até que

9:9'Ul'O" "f} .100tesãos estão hoje

gun"do e

taocal o

al é difetentüenta a P1-àça . iiO públi:... .

00 da Praça XV ia lá para com-

..prar artesanato. Já aqui é um lo�cal de passagem onde as pesso­as não param para comprar. Se�remos obrigados a vender outro

e

pata elesa: ni�'O c ãó �{) lado

do Terminal Urbano de Floria­

nópolis foi o local escolhidomaioria dos artesãos. Mas nem

todos qué'rempermanecet nocal.

ZERO

textohumberto mala e marthamartinsfotoshumberto maia

fosse cedido outro local.

Outromotivo do atraso foia demora daPrefeitura emarrecadar a verba neces­

sária para o começo dasobras.

Havia suspeitas de

que a praça fosse tomba­

da, o que impediria mu­

danças, pois patrimôniostombados não podem ser

alterados. Mas Edelberto

negou que a reforma na

Praça XV seja ilegal. O di­retor afirmou que apenasa figueira e os prédios ao

redor da praça são tomba­dos.

rmou que suas vendas';aumentaram desde a mudançapara o novo lugar. "Não adianta'ficarmos brigando pela PraçaXV. O jeito é nos adaptarmos ao

local que nos cederem".

Florianópolis - 5/2000

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

Page 6: todos os golpes - Santa Catarinahemeroteca.ciasc.sc.gov.br/zero/zerojornais/zero2000mai.pdfpáginas8 a 10 _( JornalLaboratóriodoCursode JornalismodaUFSC-Maiode 2000ouxas caem todosos

No meio do deserto, sem� .

agua e com penqo

ZERO

texto e fotosmárcia bizzptto

Vale daMorte:"Omais solitário, o

mais quente, o mais

mortal e perigoso pon­to nos Estados Uni­

dos". -NewYorkWorld,1899.

Setembro, começo dooutono americano. O ter­

mômetro do carro marca

110° Farenheit - mais de

43° Celsius. Do lado de

fora, pequenos arbustos e

flores selvagens fazem es­

quecer que estamos na re­

gião mais quente da Amé­rica, o deserto do Vale da

Morte, no sudeste da Ca­lifórnia. Na vastidão da

paisagem vê-se apenas

morros e uma estrada sem

fim, mas o cenário muda

de cor e. relevo a todo ins­

tante.

Trocando a estrada

principal por uma trilhade quase 5 Km - a Wildro­

se Road - chegamos ao

Telescope Peak: o pontomais alto do Vale da Mar­

te, que oferece uma vista

fabulosa de todo o parque.

A 3.355 metros, as árvo­

res são altas e pode-se ou­vir os pássaros cantando,mas água é inexistente

nessa época do ano. A ve-

Florianópolis - 5/��OO

getação se adaptou ao

meio e sobrevive das re­

servas do inverno, quan­do o pico fica coberto deneve. Há mais de 900 ti­

pas de plantas no Vale.O Telescope Peak é o

único lugar do parque

onde o camping é gratui­to. O banheiro se restrin­

ge a um vaso sanitário

colocado sobre um buraco

sem fim. Do lado de fora,um placa alerta para o

perigo de queimadas: "Sevocê ouvir um barulho se­

melhante ao de um trem

se aproximando, deixesua barraca imediata-

mente e dirija-se a umas

das trilhas de fuga paraincêndio indicadas no

mapa".Indústria primitiva

Na estrada de Wil­

drose vê-se os primeirossinais da tentativa de vida

no vale: pequenas estufas

de pedra, construídas no

final do século XIX para a

produção de carvão. O pro­

duto era usado por duas

indústrias de fundição de

prata, situadas a mais de

40 Km a oeste. As estufas

de Wildrose empregavam

quarenta homens e a re­

gião se tornou o lar de cer­

ca de cem pessoas. Em

1878, as indústrias de pra­ta faliram e a fábrica de

carvão foi abandonada,apenas um ano após en­

trar em funcionamento.

Anos mais tarde, em1884, um outro tipo de in­

dústria começou no Vale

da Morte. A mina de bo­

rax de Harmony chegou a

produzir três toneladas dominério por dia, mas du­

rante o verão as ativida­

des tinham que ser para­

lisadas. O calor era tão in-

tenso que não permitiaque a água processada es­friasse o suficiente paracristalizar o borax extraí­

do.Outra dificuldade

enfrentada pelos traba­

lhadores de Harmony erafazer sua produção chegaraté o mercado. Para resol­

ver o problema, a compa­nhia passou a usar um

time de vinte mulas, quepuxava duas carroças car­

regadas com ominério por

quase 265 km até a estra­

da de ferro do Mojave. Ocomboio tornou-se o sím­bolo da indústria de boraxnos Estados Unidos.

A mina de Harmonyfoi desativada em 1888,mas suas ruínas fazem

parte da paisagem doValedaMorte até hoje. No oes­

te do parque, encostado às

montanhas, ainda pode-sever máquinas, tanques e

restos da construção. Os

resquícios de borax tam­

bém estão expostos em Sto­

vepipe Wells Village, cer­ca de uma hora ao sul damina.

O banho da semana

--------::s- IAcervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

Page 7: todos os golpes - Santa Catarinahemeroteca.ciasc.sc.gov.br/zero/zerojornais/zero2000mai.pdfpáginas8 a 10 _( JornalLaboratóriodoCursode JornalismodaUFSC-Maiode 2000ouxas caem todosos

ZERO

110 cenário muda de core relevo a todo instante"

res de aventureiros que,em 1849, iniciaram amar­

cha para o oeste, em bus­ca do ouro recém descober­to na Califórnia. Viajandoem carroças puxadas porcavalos, muitos não supor­taram a dura travessia da

região desértica e morre­

ram.

Naquela época, ha­via um pequeno lago, queum viajante passou a cha­mar de Badwater - águaruim - depois que seu ca­

valo se recusou a beber lá.Badwater é o que restoudo Lago Manly, um dosmuitos que preenchiam o

vale há cerca de 10 milanos.

Hoje o lago de 183metros de profundidade se

resume a uma grande ba­cia de sal e uma poça de

água suja, habitat de

plantas microscópicas. Aágua só persistiu por tan­to tempo devido ao relevodo lugar. A 86 metrosabaixo do nível do mar,Badwater é a região maisbaixa do hemisfério oeste.

O relevo também é arazão do surgimento dodeserto. Localizado ao les­te da cadeia de monta­

nhas de Sierra Nevada, o

Vale da Morte não recebea umidade vinda do Oce­ano Pacífico e, devido àalta temperatura - duran­te o verão, a temperaturamédia é de 50° Celsius - a

pouca chuva que cai eva­

pora rapidamente. Aomesmo tempo que repele apresença humana, o valese torna o paraíso para as

mais de 900 espécies deplantas e animais queaprenderam a VIver no

vale.

COMOCHEGAR

Linhas aéreas, rodoviárias e ferroviárias vão até Las

Vegas,Nevada.Barstow, naCalifórnia.é servida portrens ¢. ônibus. f}partir dç uma dess� cidades Vocêprecisa de um carro, de preferência alugado.

Para quem vem daCalifórnia, a rodoviaUS 395passa; ª oeste do Vale da l'4orte e conecta com ásestaduais 178 e 190, que levam ao parque.

Vindo de Nevada, aUS 95 passa a leste e fazconexão com as.estaduais 267, 374 e373, para o vale.

PARADORMIR

Mahogany Flat: no topo de Telescope Peak, éfresco e com sobra, mas só veículos pequenos podemir até lá. Apesar do banheiro precário e da ausênciatotal<le água,tem uma ótima vista para o parque e é oúnico camping gratuito.Mesquite Springs: espaços para Motorhomes e

banlleiros comágua, a3� de Scotty's Castle. $10,00.FUrnace Creek: com espaço para Motorhomes e

mesas, esse camping possui chuveiros, lavanderia e

piscjJla. $16,00.Fone: (760)786-2331.Stovepipe WeBs Village: uma pequena pousada

com piscina aquecida, é o melhor lugar do deserto. Temtambém um restaurante e Um bar; com salão de jogos.

FUrnace Creek Inn Resort: construído em pedra, olugar parece um oásis no meio do deserto. Comrestaurante, piscina, bar e 4 quadras de tênis. Fone:

Furnace Creek Ranch; ao lado do centro de

informações turísticas, oferece restaurante, bar, coffeeshop, piscina, passeios a cavalo e um campo de golfe.

Quem quer conhecero Vale da Morte deve ir

preparado para passaruns três dias sem tomarbanho. Como em todo de­serto que se preze, água éartigo de luxo só encontra­do nos dois minúsculos vi­larejos do parque - Stove­pipe Wells Village e Fur­nace Creek Ranch.

O único banheirocom água fora das vilasfica há cerca de duas ho­ras ao norte de TelescopePeak. Em frente ao case­

bre, uma placa com expli­cações sobre o local e umamangueira para a salva­ção dos corpos empoeira­dos.

Stovepipe Wells Vi­

llage é parada obrigatóriapara esticar as pernas,comprar artesanato e co-

nhecer um pouco mais dahistória do parque.

Além de objetos da

antiga mina de Harmony,um antigo caminhão do

corpo de bombeiros tam­bém está à mostra lá.

Em Stovepipe é pos­sível abastecer o carro e

renovar o estoque de co­

mida para o dia. O próxi­mo ponto de civilização ficahá quatro horas.

Em Furnace Creekfunciona o centro de infor­mações turísticas. O lugarabriga uma livraria e um

museu, onde há exibiçõesdiárias de vídeos sobre a

história natural doVale daMorte.

Agrande husca.neloouro

O Vale daMorte her­dou esse nome dos milha-

NÃODElXEDEVER

Scotty's Castle é umamansão de US$2,5 milhões noestilo mouro, que começou a ser construída em1924 e nunca foi concluída. A casa funcionoucomo hotel por alguns anos, hospedando artistascomo Bette Davis e Norman Rockwell.Artists Palette é uma pequena trilha de mão única ao

norte de Badwater, onde se pode ver O multicoloridodas rochas, causado por depósitos vulcânicos e

minérios sedimentados.Zabriskie Point tem uma das melhores vistas do

Vale daMorte. A beleza do lugar foi tema de um filmeque levou seu próprio nome, feito pelo italiano

Michelangelo Antonioni.Dante's View fica a mais de 1525 metros no alto de

BlackMountains. ao sui de Zabriskie Point. De Ia

pode-se ver quase todo O Vale da Morte

F�rianópo�s- 5/2000

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

Page 8: todos os golpes - Santa Catarinahemeroteca.ciasc.sc.gov.br/zero/zerojornais/zero2000mai.pdfpáginas8 a 10 _( JornalLaboratóriodoCursode JornalismodaUFSC-Maiode 2000ouxas caem todosos

ZERO

textoana paula de sousa e

andréa fischerfotosmáno coelho Júmor e

micheli ribas

Florianópolis - 5/2000

Golpes para todos os gostos e tipos de trouxas!!!

André Manoel deOliveira, delegado do 10

DP da Capital, conta queas pessoas caem em gol­pes porque acreditam que

possam ter lucros na situ­

ação criada pelos golpis­tas. O delegado adverteque é no fim do mês,quando se recebe o salá­

rio, que os golpes são maisfreqüentes. Também ocor­

rem muito em dezembro,

Ele pede a senha e o nú­mero da agência da vítimae finge que está tentandoresolver o problema. Nãoconsegue, então ofereceum celular à vítima, for­necendo o número de umfalso serviço de atendi­mento. A vítima telefonae quem atende é outro la­drão. Ele orienta para

que a pessoa deixe o car­

tão na máquina, vá embo­ra e volte no outro dia, an­tes do banco abrir. A víti­ma acredita. O golpistafica no banco com o núme­ro da agência e a senha dapessoa e retira o dinheiro.

em função do décimo ter­ceiro salário. Amaior par­te das vítimas são mulhe­res, com idade acima de 60anos. O mais comum é os

golpistas agirem em con­

junto (geralmente em du­

pla). Os golpes mais apli­cados são os seguintes:Cola e cartão

O golpe do cartão decrédito preso é dado geral­mente à noite. A vítimaestá sacando o dinheirono caixa eletrônico e seu

cartão fica preso. Isso podeacontecer por um proble­ma da máquma ou pelaação dos golpistas. Nestemomento, aparece o la­drão e lhe oferece ajuda.

Para se prevenir dessetipo de golpe, o conselho éque as pessoas não aceitem

ajuda estranha na horaem que estão efetuandooperações no caixa eletrô­nico. Só se deve pedir aju­da a funcionários do ban­co, devidamente identifi­cados.

Além deste, existemmais dois outros golpescom cartão de crédito. Omais comum é o do cartãoclonado. Uma das vítimasfoi um professor da Uni­versidade Federal de San­ta Catarina que não quisse identificar. Ele foi avi­sado no did 20 de marçoque seu cartão havia sido

clonado. As compras, no

valor de R$ 1.600, foramfeitas em três estabeleci­mentos do Rio de Janeiro,três dias antes. A operado­ra, sabendo que o clientemora em Florianópolis e

não esteve no Rio de Ja­

neiro, concluiu que se tra­tava de um caso de clonede cartão. Mesmo assim,não soube informar comoisso ocorreu. Até que a ope­radora mande um novo

cartão, ele não poderá re­

tirar dinheiro ou talão decheques no caixa eletrôni­co ou fazer compras com

cartão de crédito.

Segundo o delegadoOliveira Filho, nas com­

pras com cartão de créditoduas faturas são emitidas:uma fica para o cliente e

outra para o estabeleci­mento comercial. O golpeacontece quando a faturado comerciante, que con­

tém os dados necessários

para fazer uma cópia docartão, é entregue a um

falsificador. Após a clona­gem, o cartão é usado paracompras, geralmente dealto valor.Achei um cheque!

O golpe do achadi­nho acontece com pessoasque se deixam convencer

pela possibilidade de obterdinheiro de maneira fácil.Este golpe é aplicado em

dupla: na saída de um

banco, o golpista deixa cairum cheque de alto valor.A vítima que vem logoatrás, acha o cheque e ten­

ta devolver. O ladrãonega que seja seu. Logo de­pois aparece outro ladrãodizendo ser ele o dono do

cheque e oferece um prê­mio aos ctui� por elos te­

rem-no devolvic!o () 11.­drão faz uni cheque de mt'­nor valor e leva a vítun,

até a entrada de um edifí­cio pedindo para que elavá até um certo andar e o

desconte. Mas o outro gol­pista diz ter direito a me­

tade do prêmio. Ele exigeque a pessoa deixe sua

bolsa como garantia quevai descer com o dinheiro.Os dois ladrões fogem e a

vítima quando volta, semdinheiro, não encontramais nada.

Outro golpe aplicadocom cheque é o da conta

fantasma. O golpista vaiao banco e abre uma con­

ta com documentos falsos.Ele retira o talão de che­

ques e faz compras só com

chequespré-datados.Quando o comercian­

te vai descontar o cheque,ele não tem fundo.Loteria

Neste golpe, a vítimaé abordada na rua poruma pessoa que pede in­

formações sobre um ende-

reço que não existe. Di­zendo estar perdido, con­ta que recebeu um bilhete

premiado da Loteria Fede­ral como pagamento porum serviço feito. Nessemomento chega o outro

golpista, convidando parair até uma casa lotérica re­ceber o dinheiro do prê­mio. Ao chêgar na lotéri­

ca, os números conferem.Mas são do sorteio anteri­

or, invalidando o bilhete,o que passa despercebidopela vítima. O segundo la­drão propõe à vítima que

comprem o bilhete do su­

posto ganhador e dividameles dois o prêmio. Os la­drões então fogem com o

dinheiro da compra do bi­lhete.O golpe do chute

O golpe do chute é

praticado há mais de 20anos em Santa Catarina.Em Balneário Camboriú,foram 100 casos só no ano

passado e em Itajaí é regis­trado um caso por dia. Em

Florianópolis o número decasos ainda é pequeno:

quatro denúncias em 1999.O golpe consiste em

vender mercadorias que

supostamente seriam leilo­adas pela Receita Federal,mas amercadoria não exis­te. O chutador recebe o pa­

gamento e a vítima ficasem dinheiro e sem a mer­

cadoria. No ano passado, ogolpe movimentou US$200 milhões nas cidades de

Itajaí e Balneário Cambo­riú.

Segundo o delegadoOliveira Filho, 99% das pes­soas que caem nesse tipo de

golpe são empresários. Aprimeira coisa que o esteli­onatário faz é procurar nalista telefônica o nome de

empresários que tenhamuma boa situação financei­ra e que possam estar in­

teressados em comprarmercadorias. Os contatos

com as vítimas são feitos

por meio de ligações telefô­nicas feitas em celulares

comprados com documen­tos frios.

O estelionatário pro­

põe vender as mercadoriasa um preço bem inferior ao

que elas valem. São ofere­cidos aparelhos eletrônicos,máquinas para agropecu­

ária, computadores, ouro,café, tecidos,celulares, te­levisão, pneus, óleo, ova detainha.

Os golpistas inven­tam nomes para si e paraos seus supostos superiores(chefes) naReceita Federal- Dr. Palhares, Dr. Rodol­fo - e paramostrar aos em­

presários que o negócio é

seguro, alguns pedem do­cumentos da empresa,como por exemplo o Cadas-

tro Geral do Contribuinte

(CGC). A negociação durade uma semana a dez diase durante todo esse tempoé mantida apenas por te­

lefone.

Depois de tudo acer­

tado a vítima sai da sua ci­dade em direção ao localonde está a mercadoria.Em Santa Catarina, as ci­dades onde existem os mai­ores índices de golpe dochute registrados são

aquelas que têm portos:São Francisco do Sul, Ita-

aproxima do chutador

cumprimentando-o pelonome falso e entra no pré­dio da Receita. Pouco de­

pois, sob a alegação de quevai entregar o dinheiro a

seu superior, o esteliona­tário pega o dinheiro do

empresário e entra sozi­nho no prédio. Prometevoltar paramostrar a mer­

cadoria, mas sai pelos fun­dos levando todo o dinhei­ro. Para a vítima, quandopercebe que tudo não pas­sou de um golpe, já é tar-

jaí, Balneário Camboriú.Existem três tipos degolpe do chute

Segundo o delegadoOliveira, em 90% dos ca­

sos o estelionatário ageusando a mesma tática:recebe o dinheiro direta­mente das mãos do empre­sário, sem confrontos e

sem precisar usar armas

ou força física. Os "chuta­dores", pessoas que apli­cam o golpe, vão até o ae­

roporto receber o empre­

sário, levam-no até um

hotel e marcam um local

para fazer a negociação.Namaioria das vezes é emfrente do prédio da Recei­ta Federal.

Para dar mais credi­bilidade à negociação,uma segunda pessoa se

de demais.No segundo tipo de

golpe, o estelionatário pedepara o empresário trans­

ferir a quantia combinadado banco da cidade ondemora para a cidade ondeestá a mercadoria. A víti­ma faz a transferência e o

golpista retira o dinheirousando uma carteira deidentidade falsa. Segundoo delegado Oliveira, embo­ra ainda existam casos

sendo registrados, essa

maneira de agir tem dimi­nuído nos últimos temposporque os bancos passa­ram a exigir prazo de 24

horas para a retirada de

grandes quantias de di­nheiro.

O terceiro e último

tipo de golDE' do chute é o

ZERO

Só caem nos golpes os quetambém querem tirar vantagem

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

Page 9: todos os golpes - Santa Catarinahemeroteca.ciasc.sc.gov.br/zero/zerojornais/zero2000mai.pdfpáginas8 a 10 _( JornalLaboratóriodoCursode JornalismodaUFSC-Maiode 2000ouxas caem todosos

Outro golpe é o dobilhete premiado

mais violento e o que às vezes aca­ba resultando na morte dos em­

presários. Os estelionatários le­vam as vítimas a um local ondedizem estar a mercadoria, apon­tam uma arma para a vítima e

forçam-na a entregar o dinheiro.Alguns reagem e são mortos. Essetipo do golpe do chute é como umassalto, com a diferença de que a

vítima já conhece os assaltantes.Quem são os

golpistasOs chutadores geralmente

são pessoas de classe baixa quejá cumpriram pena e, em 90% dos

ZERO

A comerciante E.S.R. teve 1.Un pre­[uízn em agosto desse ano: R$ 20 milem jóias e mais R$ 1,1 mil em dinhei­Iro. A vítima conta que quando entra­IVa no Centro Comercial Santa Môni­ea foi abordada por um homem que�oht6u ser do interior e analfabeto,perguntando onde ficava um certo en­

dereço. O golpista disse que tinha com­

prado roupas com a pessoa residentenesse endereço e precisava pagá-las.Também queria a ajuda para retirara quantia de R$ 30 mil- valor inven-ado pelo golpista para o prêmio dobilhete de loteria que carregava.

Um segundo homem apareceu•entando ajudar. A vítima e o homem

O agropecuarista E.D.A.R.,de São Borja, Rio Grande do SuI,caiu no golpe do chute em mar­

ço deste ano. A vítima ficou sa­

bendo por meio de seu vizinhoque uma colheitadeira apreendi­da na Receita Federal de Flori­

anópolis estava à venda. Entrouem contato com o chutador - quese passava por Dr. Rodolfo, de­legado da Receita - que confir­mou estar apreendida uma co-

Florianópolis - 5/2000

casos, semi-analfabetos.O delega­do Oliveira conta que as três pri­meiras coisas que os estelionatá­rios fazem, assim que têm o di­nheiro em mãos, são comprar umcarro novo, encher a geladeira decomida e ir para as boates "fes­tar" com os amigos.

As maneiras mais usadas

pela Polícia para identificar os

chutadores são: a descrição (re­trato-falado), o reconhecimento

por meio de banco de dados e o

reconhecimento com a ajuda de

informantes, que é o método queoferece melhores resultados. Na

foram até a lotérica conferir os nú­m�;ros e verificaram que o valor doprêmio era bem maior: R$ 124 mil.O segundo homem propôs queE.s.R. deveria receber a recompen­sa de R$ 15 mil por ter ajudado. Oest�lionatário que estava com o bi­lhete disse que tinha medo de ser

enganado e pediu que os dois (a ví­tima e o segundo golpista) deixas­sem com ele algum bem de valor en­quanto estivessem retirando o prê­mio. O golpista mostrou dólares quetrazia na maleta. A vítima foi atéem casa e trouxe jóias e dinheiro,num total de R$ 21,1 mil.

Os dois foram buscar o prêmio .

lheitadeira. A mercadoria serialeiloada até o dia 30 daquelemês, mas O golpista ofereceu-aao empresário pelo valor de R$78 mil.

Depois de vários contatos

telefônicos, o agropecuaristasaiu da cidade de São Borja com

destino a Florianópolis. No diaseguinte, o Dr. Rodolfo apresen­tou a vítima a seu chefe, o DI'.Palhares, também nome falso, e

maioria dos casos, os chutadoressão identificados com a ajuda deinformantes.

Os informantes são empre­sários, donos de casas de jogos,policiais, presidiários, namoradasdos chutadores, os próprios golpis­tas e ex-chutadores que se arre­

penderam do que faziam.Dos quatro golpes do chute

aplicados este ano em Florianó­polis, dois já estão resolvidos. Oschutadores já foram identificadose os outros, segundo o delegado Oli­veira, têm 90% de chance de seremencontrados.

As jóias, o dinheiro e os dólares falsosficaram com o dono do bilhete, que con­

forme o combinado, iria devolvê-los juntocom a recompensa, assim que tivesse o

dinheiro do prêmio.Um pouco depois, o bandido pediu

para descer do éarro porque. precisavaavisar sua filha do que iria fazer. A ví­tima retornou ao local onde tinha dei­xado os bens com o estelionatário, masao chegar lá não o encontrou, Retornouem busca do segundo homem, que tam­bém tinha desaparecido. E.S.R. ficouapenas com o canhoto de loteria, quenada valia. O dinheiro e as jóias nãoforam recuperados, nem os e$telionatá­rios identificados.

os três se deslocaram até o pré­dio da Receita Federal, onde o

empresário entregou aos golpis­tas a quantia combinada. Depoisde uma hora de espera em fren­te ao prédio, a vítima percebeuo que estava acontecendo: o gol­pe do chute. A ocorrência foi re­gistrada na I" Delegacia de Po­lícia de Florianópolis e os golpis­tas ainda não foram identifica­dos.

II Caí no golpe do bilhete e perdi 21 mil reais"

Veio' do Rio Grande e levou golpe

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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Lembranças do passadoA partir desta edição, o Zero vai resgatar a memória de alguns dos craques do futebol catarinense.

Oberdan, Mengálvio, Zenon, Toninho... Nesta edição, vamos contar um pouco da história de Jurandir,

ex-goleiro do Grêmio, e Balduíno, ídolo tanto no Avaí quanto no Figueirense.

ZERO

textomário coelho juniorfotossinuê giacomini

Jurandir, de goleiro a contador judicial

Balduíno, o pequeno grande craque

"Quando o jogador ainda temdinheiro, bebe uísque; quando párae não possui mais dinheiro, vai nacachaça mesmo", diz JurandirAscn­dia da Cunha, o popular Jurandir,ex-goleiro com passagens pelo Grê­mio e Criciúma, falando sobre como

é difícil parar a carreira.

"Quando eu parei de jogar foium baque paramim". Jurandir acre­dita que a falta de exposição namí­dia para quem pára de jogar é fatordecisivo para ter problemas com a

bebida. ''Você sai de casa e ninguémmais te cumprimenta. No jornal ne­nhuma notícia sare você é dada. Édifícil", conclui.

Jurandir começou a carreira

de jogador de futebol no Grêmio em1971, nas categorias de base do clu­

be, levado pelo também jogador tri­color Beta Fuscão. Naquela época,quem jogasse e não fosse boêmio, era

João Carlos da Silva, o popu­lar Balduíno: polêmico, falador, cra­que de bola. Com a mesma habili­

dade que tratava a bola dentro de

campo, fala de política, da crônica

esportiva catarinense, e como não

poderia deixar de ser, de tudo rela­cionado ao futebol.

Badu, como é chamado pelosamigos, começou a jogar na várzea,na equipe da Friamberia Dona Cla­

ra. "Naquele tempo a gente jogavacom os pés descalços. Apenas o adul­to na várzea podia jogar de chutei­ras." Começou como profissional noAvaí, sendo campeão estadual em1973 e 1975. Em 1978, foi para o

Joinville, onde foi campeão do cata­rinense de 1978. Em 1981, dividiuseu tempo entre a cadeira de profes­sor de futebol da Udesc e o Figuei­rense. No período em que esteve no

time do estreito, foi tri-vice-campeãodo estado.

Balduíno afirma que jogar nasequipes da Capital foi seu maior or­gulho e frustação no futebol. "JogarnoAvaí e no Figueirense é amelhor

coisa do mundo. "Minha única frus-

considerado um "dedo duro". "Tinha­

se a concepção na época de que paraser jogador de futebol não podia es­

tudar, tinha que beber, sair a noite,etc.", afirma.

Por que um atleta de Floria­

nópolis começa a carreira em Porto

Alegre? Jurandir diz que falta paraos clubes daqui estrutura para apoi­ar as categorias de base. "Eles não

gostam de investir em garotos". Oex-goleiro destaca o Avaí como um

clube que consegue revelar poucos

jogadores.Os cinco anos passados no Grê­

mio foram de luta constante, já quea equipe passava por uma fase ruim."O time era perdedor, e a cada ano

precisava de uma reformulação",diz. A torcida exercia uma pressãomuito grande, pois além de fazermás campanhas, omaior rival, o In­ternacional, havia sido pentacam-

tação é não ter sido campeão quan­do passei pelo Figueirense".

A arbitragem catarinense me­

receu o destaque de Balduíno: "a

maioria dos árbitros não tem condi­

ções de apitar aqui. É falta de crité­

rio, preparo físico, entre outros fato­res". Na opinião de Badu, o melhor

juiz de futebol no estado é Renildo

Nunes. "É uma pena que ele tenha

se licenciado por um ano para fazer

mestrado. Ele é o melhor de todos",afirma.

"O problema do Brasil é a dis­

tribuição de renda", conclui, quan­do começa a falar de política. Masdiz que não vota no candidato eter­

no do PT à presidência da RepúblicaLuís Ináci.o Lula da Silva. "Como

posso votar em alguém que critica

quem mora no Morumbi e tem fi­

lhos estudando no exterior mas faz

o mesmo?", pergunta. Depois diz quenão concorda com a radicalidade queo partido mostra

Após o breve comentário sobre

a política nacional, Balduínu dispa­ra sua metralhadora giratória con­

tra a crônica esportiva da Capital,

peão estadual. Foi aí que Jurandirtrocou de equipe, indo para o Ipiran­ga de Erechim. Jogou lá por três

temporadas, até ser convidado pelaprimeira vez para jogar em SantaCatarina pelo Joaçaba.

Após a passagem pelo timedo meio-oeste, Jurandir foi con­tratado pelo Criciúma. "Foi nes­te momento da minha carreira

que eu me senti profissional denovo. Cheguei na cidade juntocom o presidente do clube num

jatinho". Como em Joaçaba, foiconsiderado o melhor goleiro doestado.

A maior emoção para Ju­randir foijogar contra Avaí e Fi­gueirense. "Jogar contra os

grandes da capital é amaior emo­ção possível. Você dá o sangue nes­tas partidas esperando reconhe­cimento."

da qual chegou a fazer parte até1991. "Aqui todos têm a mesma ma­

nia de só falar do negativo que acon­

tece durante as partidas".Várias no­mes de jornalistas esportivos são ci­tados, como Roberto Alves, MiguelLivramento e Claudionir Miranda.

"Um velho defeito do pessoaldaqui é manter uma opinião até o

fim. Só que no futebol nenhuma ver­dade dura mais de 24 horas", diz.

Florianópolis - 5/2000

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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ZERO

tuitos, no final de janei­ro, os dois maiores pro­vedores pagos do país

·-texto--Na briga de gigantes, osmário coelho júniorfotomicheli ribas provedores gratuitos viram moda no pars e Lutam por in ternautos

Nósnão vamos

pagar nada, étudo free.

Com a música de Raul

Seixas, a iG mostra na

sua campanha publici­tária o fenômeno queestá acontecendo no

país nos últimos meses:

acesso gratuito à Inter­net. Neste período, a

comunidade de inter­nautas aumentou 15%,segundo pesquisa di­

vulgada pelo Internati­onal Data Corporation(IDC), um dos maioresinstitutos de pesquisado ramo. Os pioneirosdesse serviço não foramos provedores, mas simdois dos maiores bancos

privados do país: Bra­desco e Unibanco.

A primeira empre-

"Nõo existe internet de

graça. Quem paga a conta éo consumidor"

Florianópolis - 5/2000

sa nacional a entrar no

mercado foi o provedormineiro BRFree, que. .

Inaugurou seus serviçosno dia 7 de Janeiro, emBelo Horizonte, esten­dendo-se para São Pau­lo e Rio de Janeiro. Doisdias depois, a iG, quetem por trás da sua es­

trutura o Grupo Garan­tia e o Banco Opportu­nity, lançou seu portalna rede. Apenas no pri­meiro dia de funciona­

mento, a iG conseguiu35 mil cadastros.

Em doze dias, o

país já contava com mais

quatro provedores gra­tuitos: BRFree, iG,C@tolico e o Superll. OC@tolico recebeu 70 mil. . - ..

inscrrçoes no prrmerrodia apenas na GrandePorto Alegre e o Super11 começou a disponibi­lizar acesso para maisde 50 cidades brasilei­

ras, favorecendo os usu­

ários que não residemnas grandes capitais.

---

----.5

Em mais da metade de­

las, o provedor ofereceum número de telefone0800 para o acesso, ou

seja: o internauta não

precrs a pagar nem os

impulsos telefônicos.Em represália, a

Associação Brasileirados Provedores de Aces­so à Internet (Abranet)entrou com pedido deconsulta no ConselhoAdministrativo de Defe­sa Econômica (Cade) e

na Agência Nacional de

Telecomunicações (Ana­tel) sobre a possibilida­de de suspender o.s aces­sos gratuitos à redemundial de computado­res. Mas o superinten­dente de Serviços Públi­cos da Anatel, EdmundoMatarazzo, afirmou queos bancos e empresas

que estão oferecendoacesso gratuito não es­

tão infringindo a legis­lação. "Nada está acon­

tecendo fora da regula­mentação", disse.

Para não perder as­sinantes, os provedorespagos estão melhorandoo conteúdo dos seus por­tais. Segundo RicardoJosé Giani, gerente ge­ral da Matrix Florianó­

polis, a forma para man­

ter clientes é investirem vantagens exclusi­vas. "Estamos melhoran­do o nosso conteúdo, au­mentando os benefíciosdos clientes Dial-up e

criando diferenciais

para o cliente ser fiel abanda estreita".

Mesmo com a Abra­net pedindo para sus­

pender os acessos gra-

. .

erraram seus serviços

gratuitos: o UOL, como NetGratuita, e o Zaz- que mudou seu nome

para Terra após ter

sido comprado pela em­

presa espanhola Tele­fônica - lançando o Ter­ra Livre.

Ao mesmo tempo,o grupo Starmedia, umdos maiores portais vol­tados para a América

Latina, associou-se a

fundos de investimen­to para criar um mega­

portal latino-america­no, o Grátis 1. O últi­mo a entrar no merca­

do nacional foi o Tuto­

pia, lançado pela em­

presa americana IFX,que adquiriu pequenos

provedores, como a

Brasilnet.

Apenas na primei­ra semana de funciona­mento dos portais gra­tuitos, haviam chegadoao Cade, pela Internet,41 denúncias de prove­dores contra o acesso

gratuito. A Anatel diz

que não há impedimen­to para que os bancos

ofereçam o serviço.Para Caio Túlio Costa,diretor-geral do Uni­verso Online (empresados grupos Folha e

Abril), não existe Inter­net de graça. "Alguémvai estar sempre pa­

gando a conta. E quem

paga a conta é o consu­

midor."

Yantagens?A maior vantagem

para os usuários seria

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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Internautas podem ganharsaiba quais são os melhores e as vantagens de cada um

a possibilidade de pou­

par entre R$ 20 e R$ 30

por mês da assinaturade um provedor. Entre­tanto, boa parte dos in­ternautas estão descon­fiados do serviço. CarlosAndré Laner, editor darevista digital Atitude.

Em mais demetade delas, o

intemauta não

precisa nem pagarpelos impulsos tele­

fônicos

net, diz que "não há ga­rantia alguma do servi­

ço prestado, são muitos

usuários, logo o acesso

sempre tende a decair".Para chamar a

atenção dos internau­

tas, cada provedor pro­cura dar o maior núme­ro de vantagens possí­vel ao assinante. O ser­

viço gratuito Terra Li­vre é, por enquanto, o

que oferece as melhores

condições para seus as­

sinantes - além do aces­

so ilimitado, forneceuma caixa de e-mail, 10megabytes (MB) para

páginas pessoais e 10

MB para armazenar ar­

quivos fora do computa­dor pessoal. O suportetécnico não será cobra­do no primeiro mês e,

depois, o internauta po­derá contratar um segu­

ro-ajuda por R$ 7,90mensais. A NetC mi uitalfe.'Pd=' apenas li -lld con­

ta do e-mail, (011 1 �I B

dc· e ...paço 1" J 1'" 'Lias corn a p , h

do usuário abrir outra,só que no BOL (BrasilOn Line).

Ricardo José Gia­

ni' gerente geral da Ma­trix Florianópolis, afir­ma que "alguns clientesjá estão retornando

após o cancelamento

para utilizar a Internet

Gratuita, devido a difi­culdade de acesso e a

lentidão da navegaçãonos provedores gratui­tos". A Matrix, 6° maiorprovedor do país, pre­sente em mais de 50 ci­

dades, deve ainda con­

firmar se também opta­rá pela internet gratui­ta

Precursores

O Banco do Brasil

começou em julho doano passado a ofereceracesso gratuito de 5 ho­

ras mensais à Internet,por meio de convênios

com pequenos e médios

provedores. "Temosconvênio com 370 pe­

quenos e médios prove­dores em todo o país e

queremos ampliar esse

número", afirmou Amé­rica Mendes Júnior,consultor da área de In­ternet do BB. Já a Bra­

desco, maior banco pri­vado do país, lançou o

acesso gratuito à Inter­

net para os seus ciien­tes em dezembro passa­do. O banco oferece 20

horas de navegação por

mês, mais bonificaçõesacrescidas pela utiliza­

ção de produtos do ban­

co.

O L'ni'ianco. 3° mai­or bar. J pviva do do

P8.1�. r 11' I r ilhões de

correntistas, passou a

oferecer aos clientes

acesso gratuito à Inter­net na segunda quinze­na de janeiro. A grandenovidade em relação ao

Bradesco é que o Uni­

banco não impõe limitede horas. Hoje, um pa­cote desse tipo com pro­vedor de acesso pagocusta cerca de R$ 35

fora das promoções. Maso cliente do Unibanconão recebe um e-mail.

A expectativa dobanco é que 600 mil cli­entes estejam utilizandoo serviço até o fim doano. Nesse número es­

tão incluídos os 280 milclientes que já recorrem

ao Micro 30 horas e ao

Internet banking, os queainda não usam serviçoseletrônicos e novos cli­

entes atraídos pela ofer­ta. Inicialmente o ser­

viço será oferecido na

cidade de São Paulo,com investimentos de

R$ 3,5 milhões. A previ­são era de que até a se­

gunda quinzena de mar­

ço, todo o Estado de SãoPaulo estivesse sendoatendido. Por outro

lado, o projeto nacional

deve estar concluído atémaio. Em São Paulo, o

Unibanco fez uma par­ceria com a Telefônica

para utilização da rede

IP, como o Bradesco.

://www.tutopia.com.br

http://www.matrix.com.br

ZERO

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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ZERO

textocamÜe reis

fotoshumberto maia

Ufsc faz tratamento delixo 30% mais baratouso de bolsistas é fundamental para a coleta seletiva

Terreno onde é

tratado o lixo na

UFSC, perto da

prefeiturauniversitária

Florianópolis - 5/2000

Depois de percorrertodos os bares da UFSCrecolhendo restos de comi­da e cascas de frutas, Gi­ancarlo Verre despeja o

lixo em várias pilhas e co­

meça a misturar. Debaixode um sol forte, vestindobermuda e galochas, os

longos cabelos do garotoficam encharcados desuor. O trabalho no lixo édiário. Oito rapazes se re­

vezam para tratar de maisde oito toneladas por se­

mana. Assim como Gian­

carlo, todos são alunos doCurso de Agronomia da

UFSC. "No começo foi es­tranho trabalhar no lixo,tem muito preconceito,mas quando a gente per­cebe a importância do pro­jeto, de não poluir a Ilha,vê que vale a pena", con­ta o estudante da T" fase.

O professor que coor­dena o trabalho - Rick

Miller, do departamentode Engenharia Rural doCentro de Ciências Agrá­rias - também põe a mãona massa, ou melhor, nolixo. A diferença desse lixoé que nele não se vêemmoscas e urubus, não exis-

te mau-cheiro e todo ele étransformado em adubo.Além disso, o tratamentosai 30% mais barato que o

convencional (despejo em

aterro sanitário) e chega a

ser quase dez vezes maiseconômico que a coleta se­

letiva feita pela Comcap.(Ver quadros 1 e 2).

O processo que os es­

tudantes desenvolvem na

UFSC é a compostagemtermofílica, criada na Ín­dia. O lixo orgânico (res­tos vegetais, de frutas, so­bras de refeições), juntocom restos de grama e a

cama de cobaias (serra­gem com fezes e urina de

rato) é arrumado em pi­lhas para que sofra a açãodecompositora de micróbi­os (a uma temperatura de

65°C) e se transforme em

adubo rico em nutrientes.Durante o processo, as pi­lhas são misturadas paragarantir a entrada de oxi­

gênio e impedir a fermen­tação de outros microorga-

tampas, não fica exposto e

não atrai animais.O professor RickMil­

ler, doutor em Ecologia,defende a adoção dessetratamento na cidade. "Es­tamos batalhando para

que a coleta seletiva sejafeita com o lixo orgânico,não com o seco". Segundoele, além de ser bem mais

barato, o tratamento da

parte orgânica (que repre­senta 48% de todo o lixo)diminuiria o impacto am­

biental causado pelo des­

pejo desórdenado do lixonos aterros ..

Em Florianópolis,todo o lixo recolhido pelaComcap é despejado no

único aterro aprovadopela Fatma, localizado emBiguaçu e de propriedadeda empresa Formacco. Sãomais de 100 toneladas pordia só de matéria orgâni­ca. Somando-se o lixo seco

(papel, vidro, alumínio,etc),o total chega a 240toneladas. Com o peso, o

lixo vai sendo compactadoe, junto com as águas da

chuva, produz um líquidomal-cheiroso e altamente

......,---,._--�------------------------------ ..QUADRO 'I dc,.�gw.o tôiO �.íirrc.

IE:" ffamWf"renl.I:1 ae:f"nati'IIi'OteC¥.:Jtai!l<��· de 7e!i,�d iW:'.:G ,�,::::,fi

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msmos, o que provocariamau-cheiro. Como todo o

lixo é transportado em

bombonas plásticas com

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Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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Universidade não gastamais dinheiro com adubopoluente, chamado choru­me. Esse líquido, contami­nado por metano, álcool emetais pesados, acaba se

infiltrando na terra e po­luindo o lençol freático,causando danos irreversí­veis. "Apesar de ter sidodesativado, o lixão do Ita­corubi, ou ltacorubu como

era chamado, continuasoltando chorume que po­lui o mangue", diz Rick.

o Modelo da UFSCO tratamento de

compostagem na UFSC érealizado numa área pró­xima à prefeitura univer­sitária. Nesse local, exis­tem sete pilhas enfileira­das com dimensões de

aproximadamente 1,5mde altura, 2m de largurae 7m de comprimento. Alié tratado 40% dos resídu­os gerados no campus, ouseja, todo o lixo orgânicoseparado pelos bares dauniversidade, obrigaçãooficial da UFSC. Com mi­crotrator e carreta da pre­feitura universitária, to­dos os dias, às nove da ma­nhã, o professor Rick Mil­ler e quatro bolsistas doproj eto percorrem uma

rota de recolhimento. Opátio de compostagem re­

cebe ainda a cama de co­

baias do biotério central eos restos de grama do ser­viço de manutenção dosjardins da Universidade.

A montagem das lei­ras é feita manualmentepelos bolsistas. Depois dese fazer o contorno da pi­lha com capim, a primeiracamada depositada é de

serragem (cama animal)ou folhas secas - materi­ais que garantem a entra-

da de ar na leira. Em se­

guida, é despejado todo o

lixo orgânico separado nacoleta, coberto por uma úl­tima camada de grama e

serragem.A serragem atua

como isolante térmico paramanter a alta temperatu­ra. Também é adicionadauma quantidade do adu­bo já pronto que acelera o

processo, otimizando as

condições de umidade e

estimulando o crescimen­to microbiano. Depois de48 horas, pode se colocarmais lixo e misturar o ma­terial. O "rodízio de despe­jo" é um procedimento decontrole adotado para evi­tar o desenvolvimento delarvas.

Depois de seis meses,o material é reduzido à 1110 de sua massa e se

transforma num aduborico em nutrientes, quepode ser vendido a R$ 0,40o quilo. "Vale mais que o

quilo da fruta", lembra o

professor Rick Miller. Ohúmus resultante do pro­cesso mantém todos os jar­dins da universidade."Agora, além de economi­zar com a coleta do lixo, seeconomiza com a comprado adubo. Antes a UFSCtinha que comprar cercade 15 toneladas de adubotodo mês", diz GuilhermeBressan, aluno da 8a fasede Agronomia, que há trêsanos trabalha no projeto."Sem contar que não temmais moscas, rato, baratae cachorro por causa dolixo", lembra. O estudan­te da T" fase Igor Diter,que há um mês largou a

bolsa na biblioteca paratrabalhar com o lixo, não

ZERO

se arrepende: "Pelo poucoque aprendi até agora, jáestá valendo a pena".

Os alunos do curso

de Agronomia da UFSCmantém ainda o projetono Ceasa, em São José.Através de um convêniocom o Centro de CiênciasAgrárias, desde março de1997 são tratadas de 5 a 8toneladas diárias de resí-

duos varridos do pátio.A coleta é feita por

caminhão basculante e re­

troescavadeira; as leirassão confeccionadas e mo­

nitoradas pelos alunos. Nofinal do mês, além da eco­

nomia pela utilização deum processo 36% mais ba­rato, 10 toneladas de com­

posto orgânico podem ser

vendidas.

Estudantes de

Agronomia ganhamexperiência trabalhandocom lixo

QUADRO 2

Comparação econômica entre as diferentes coletasrealizadas na capital

1- Coleta seletiva de material reciclável: R$ 241,OO/toneiada (Seforem considerados os gastos com estação de triagem + a vendados recicláveis após a coleta: R$ 820,OO/tonelada )

2- Coleta convencional: R$ 71 ,OO/tonelada (Se forem somados os

gastos como transporte para o aterro Biguaçu: R$108,OO/tonelada)3- Coleta seletiva de resíduos orgânicos + implantação dacompostagem: R$ 34,79/tonelada

FLorianópolis - 5/2000

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Festa dos 500 anos émarcada por protestosmanifestantes jogam balões com tinta no relógio da RBS

textolúcia peres

fotos"zé brasil"

Cerca de 150 pessoas, em sua maioria

estudantes, protesta:ram contra a comemoraçãodos 500 anos do Brasil no dia22 de abril. Durante a mani­

festação, cinco pessoas forampresas e outras feridas porbalas de borracha e cacetetesusados pela polícia militar.Policiais infiltrados no movi­mento detiveram os estudan­tes. Cerca de 30 militares fo­ram enviados para conter a

manifestação.O conflito entre mani­

festantes e policiais começouem frente ao relógio comemo­rativo dos 500 anos, instala­do pela RBS naAvenida Bei­raMar. Os estudantes carre­gavam balões de tinta paraatirar nomonumento. Os po­liciais tentaram contê-los com

granadas de efeito moral e

tiros de bala de borracha. Jor­ge Silva, presidente do CEC­CA (Centro de Estudos deCultura e Cidadania), levouum tiro na mandíbula e tevede ser levado ao hospital. Elepassou por uma cirurgia de

reconstituição facial e está

temporiariamente incapaci­tado de falar.

O comandante de poli­ciamento da capital, coronelValmir Cabral, supõe que os

policiais queriam atirar emoutra pessoa e que Jorgedeve ter passado na frentedeles nomomento do tiro. "Se

quisessem atirar na cabeça,teriammirado na testa ou nosolhos e não na bochecha".Valmir disse que o caso será

investigado e os culpados pu­nidos.

Amanifestante JulianeMoreira, 23 anos, explicouque os estudantes queriamdestruir o relógio porque ele

"é um ícone da história tra­dicional". "Nós queremosmostrar os outros 500", dis­se. A estudante Daniela Co­lossi, 19 anos, participou do

protesto e não concorda coma justificativa da polícia de

que o relógio é um patrimô­nio público. Outro motivo da

repressão policial, segundo o

coronel Valmir, foi o fato deos manifestantes terem "im­

pedido o trânsito, violando o

direito das pessoas de ir e

vir;"Daniela afirmou que os

estudantes pretendiam fazeruma manifestação pacífica,mas a polícia foi "muito gros­sa" desde o começo. "Nós te­mos o direito de nosmanifes­tar, de expor nossa opinião".Valmir classificou os estu­

dantes de baderneiros, poisalguns estavam com o rostocoberto e carregavam bolasde sinuca. "Os policiais foramatingidos com as bolas núme­ro quatro e número oito."

O protesto continuou na

praça xv, onde algumas pes­soas derrubaram e botaramfogo nos tapumes. Algunsdeles caíram em cima dos car­ros de táxi. Os taxistas não

gostaram e entraram em con­

flito com os manifestantes.Policiais à paisana bateramem estudantes e os entrega­ram à polícia fardada. Dani­ela, detida por um policialnão identificado, contou quefoi levada a duas delegacias,mas não foi fichada por cau­sa da desorganização. Rena­to Trivella, 18 anos, disse

que foi detido por criticar aviolência com que os policiaispegaram uma menina. Le­vou cacetadas nas costas e

nos joelhos e foi imobilizadopelo pescoço com um cacete­

te, mas nem chegou à dele­

gacia porque não havia maislugar no carro da polícia.

Quatro manifestantesforam presos por policiais semidentificação (conhecidoscomo P2) depois de desceremem urn ponto de ônibus pró-

ximo ao Shopping Itaguaçu.Levados a uma guarnição nacabeceira da Ponte ColomboSales, foram filmados e entre­

gues a policiais fardados. Nadelegacia, os rapazes ficarampresos das 16h às 23h, até a

fiança ser paga.O coronel Valmir disse

que o ônibus dos manifestan­tes foi seguido porque seus

rostos foram reconhecidos nasfilmagens do protesto feitaspela polícia.

Vidal Vanhoni Filho, ad­vogado que vai defender os

quatro, afirma que a prisãofoi ilegal porque os policiaisnão tinham identificação.Além disso, acredita que a fil­magem foi um abuso e ofen­de os direitos do cidadão."Esta filmagem é feita porP2", disse. Vidal criticou a atu­ação da polícia de Santa Ca­tarina e a presença de P2 na

manifestação. "É um serviçoreservado da polícia militar,uma polícia política e secreta

que estão construindo".

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina