entrevista fevereiro bens serviÇos fecomércio e pequenas

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David Neeleman e as perspectivas da aviação no país & FEVEREIRO entrevista SERVIÇOS internacional Negócios à francesa exportação A vez das micro e pequenas Fecomércio 46 BENS Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul 2 0 0 9 mercado Onde negócios locais e globais se encontram

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David Neeleman e as perspectivas da aviação no país

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en t rev i s t a

SERVIÇOS

internacional

Negócios àfrancesa

exportação

A vez das microe pequenas

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io46BENS

Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul2 0 0 9

mercado

Onde negócios locais eglobais se encontram

Núm

ero

25 –

Maio

2007

SUMÁR IOEXPEDIENTE

14 Abrindo as portas para o mundoCom destaque nas contas nacionais ao longo dos

últimos anos, as exportações não se restringem aos

grandes empreendimentos e se tornaram uma

alternativa também para micro e pequenas empresas

Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS

Federação do Comércio de Bens e de Serviços

do Estado do Rio Grande do Sul

Rua Alberto Bins, 665 – 11º andar – CentroCEP 90030-142 – Porto Alegre/RS – BrasilFone: (51) 3286-5677/3284-2184 – Fax: (51) 3286-2143www.fecomercio-rs.org.br – [email protected]

Presidente: Flávio Roberto Sabbadini

Vice-presidentes: Antônio Trevisan, Flávio José Gomes, Ivo JoséZaffari, João Oscar Aurélio, Joarez Miguel Venço, Jorge LudwigWagner, Júlio Ricardo Mottin, Luiz Antônio Baptistella, Luiz CaldasMilano, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez, Moacyr Schukster,Nelson Lídio Nunes, Olmiro Lautert Walendorff, Renato Turk Faria,Valcir Scortegagna e Zildo De Marchi

Vice-presidentes regionais: Cezar Augusto Gehm, CláudiaMara Rosa, Francisco Franceschi, Hélio José Boeck, IbrahimMahmud, Joel Vieira Dadda, Leonides Freddi, Níssio Eskenazi,Ricardo Tapia da Silva, Sérgio José Abreu Neves e Sérgio Luiz Rossi

Diretoria: Airton Floriani, Alécio Lângaro Ughini, André Arthur K.Dieffenthaler, André Luis K. Piccoli, André Luiz Roncatto, ArnildoEckhardt, Arno Gleisner, Ary Costa de Souza, Carmen Flores,Celso Canísio Müller, Derli Neckel, Edson Luis da Cunha, EugênioArend, Fábio Norberto Emmel, Francisco Amaral, Gerson JacquesMüller, Gilberto Cremonese, Hélio Berneira, Hildo Luiz Cossio,Ildemar José Bressan, Ildoíno Pauletto, Isabel Cristina Vidal Ineu,Itamar Tadeu Barbosa da Silva, Ivanir Gasparin, Ivar Ullrich, JairLuiz Guadagnin, João F. Micelli Vieira, Joel Carlos Köbe, JorgeRubem D. Schaidhauer, José Nivaldo da Rosa, Jovino AntônioDemari, Jovir P. Zambenedetti, Júlio César M. Nascimento, JuremaPesente e Silva, Leonardo Schreiner, Levino Luiz Crestani, LionesBittencourt, Lúcio Gaiger, Luis Fernando Dalé, Luiz Alberto Rigo,Luiz Carlos Dallepiane, Luiz Eduardo Kothe, Luiz HenriqueHartmann, Luiz Roque Schwertner, Marco Aurélio Ferreira,Maria Cecília Pozza, Marice Guidugli, Milton Gomes Ribeiro,Olmar João Pletsch, Paulo Anselmo C. Coelho, Paulo AntônioVianna, Paulo Ganzer, Paulo Renato Beck, Paulo RobertoKopschina, Paulo Saul Trindade de Souza, Régis Feldmann, RenzoAntonioli, Ricardo Murillo, Ricardo Pedro Klein, RobertoSegabinazzi, Rogério Fonseca, Rui Antônio Santos, Silvio HenriqueFröhlich, Sírio Sandri, Susana Fogliatto, Tien Fu Liu, Valdo DutraNunes, Walter Seewald e Zalmir Fava

Conselho Fiscal: Rudolfo José Müssnich, Celso LadislauKassick, José Vilásio Figueiredo, Darci Alves Pereira, SérgioRoberto H. Corrêa, Ernani Wild

Conselho Editorial: Antonio Trevisan, Derly Cunha Fialho,Everton Dalla Vecchia, Flávio Roberto Sabbadini, Ivo JoséZaffari, José Paulo da Rosa, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez,Moacyr Schukster, Renato Turk Faria e Zildo De Marchi

Assessoria de Comunicação: Aline Guterres, Camila Barth,Catiúcia Ruas, Fernanda Borba, Fernanda Romagnoli, JoséPedro Fontoura, Juliana Maiesky e Simone Barañano

Coordenação Editorial: Simone Barañano

Edição: Fernanda Reche (MTb 9474) e Svendla Chaves (MTb 9698)

Reportagem: Bianca Alighieri, Francine de Souza, Leandro Melo,Patricia Campello

Colaboração: Edgar Vasques, João Satt Filho, Moacyr Scliar,Priscilla Ávila

Revisão: Flávio Dotti Cesa

Edição de Arte: Silvio Ribeiro

Impressão: Nova Prova

Tiragem: 25,5 mil exemplares

É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte.Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do veículo.

e x p o r t a ç ã o

FecomércioSERVIÇOSBENS &

Onde local e global se encontramConsolidado o movimento de globalização, os mercados

locais se adaptaram aos novos tempos. Agora, local e

global são forças complementares no cenário mundial

me r c a d o

26

Mar

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mag

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Núm

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Fevere

iro

2009

SUMÁR IO

05FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

24

e n t r e v i s t a

Dinheiro para investirnas alturasDavid Neeleman, presidente da Azul Linhas Aéreas, faz

o panorama da aviação no Brasil e aponta os

caminhos que a empresa deve adotar nos céus do país

18

l e i g e r a l

Novos personagens daeconomia formalAs novidades na Lei Geral das Micro e Pequenas

Empresas permitem que novas figuras se

enquadrem no mercado formal

42p r o f i s s i o n a l i z a ç ã o

Educação em amplo e restrito sensoA pós-graduação já está incorporada à realidade de muitos

brasileiros, que optam pela formação como alternativa para

agregar conhecimentos e se diferenciar no mercado

e n t r e t e n i m e n t o

Muita cultura à beira-marVerão não é só sinônimo de

sombra e água fresca. O litoral

gaúcho já oferece diversas opções

culturais e de entretenimento no

entorno da praia

40

44i n t e r n a c i o n a l

Comércio com ovelho mundo

França e Brasil intensificam relações

comerciais e culturais, promovendo

novos negócios e o intercâmbio de

conhecimento e informação

p a l a v r a d o p r e s i d e n t e7

v i s ã o p o l í t i c a

m a i s & m e n o s

v i s ã o e c o n ô m i c a47

n o t í c i a s e n e g ó c i o s

s a i b a m a i s32

8

o p i n i ã o

49

17

g u i a d e g e s t ã o12

c r ô n i c a 50

48

a g e n d a 6

v e í c u l o s

i n v e s t i m e n t o

38

e s t á g i o 34

36

A

G

E

N

D

A

06 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

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46 –

Fevere

iro

2009

f e v e r e i r o

11Rio Grande do PalcoO Grupo Colapso Teatral apresenta

O Patinho Feio, uma comédia musi-

cal. No Teatro do Sesc Vale do

Gravataí, às 21h.

Sesc MúsicaOs músicos Rafa Schuler, Tiago Ferraz

e Paulinho Cardoso apresentam O

Rádio e o Cinema eram assim...

Também no dia 12, às 19h30, no

Teatro do Sesc Caxias do Sul.

13Festa da melanciaAs atividades da 8ª Expofesta Regional

da Melancia se estendem até domingo

(15), na cidade de Pedro Osório.

14Travessia Sesc5ª edição da Travessia Sesc Torres –

Tramandaí. A largada será às 6h,

próximo ao quiosque do Estação

Verão Sesc, em Torres.

6Música GaúchaInício do Circuito Sesc de Música

Gaúcha. Nas cidades de São

Lourenço do Sul, Arambaré,

Capão da Canoa, Capão Novo,

Arroio do Sal e Torres. Sempre às

21h com entrada franca.

Verão para TodosÚltimo dia das atividades

educacionais e culturais do Senac,

em Carazinho. Mas no dia 16, a

cidade recebe novamente o Projeto,

através do Sesc, que leva música,

teatro, dança e literatura, durante

todo o dia. Das 8h às 21h30.

10Carreta OdontoSescLançamento em Fazenda Vila

Nova, no Vale do Taquari. Na Av.

Rio Grande do Sul, 100, às 11h.

FormaturaO núcleo de Aprendizagem

Comercial do Senac Tramandaí

forma turmas de Operador de

Supermercado e Agente Comercial.

No auditório da Prefeitura de

Tramandaí, às 20h30.

Festa de conclusãoFormatura da turma de Análise

de Desenvolvimento de Sistema, da

Faculdade de Tecnologia

Senac Passo Fundo, no Teatro

do Sesc Passo Fundo.

24FenavinhoSenac Bento Gonçalves finaliza suas

atividades na feira de vinho,

onde a instituição montou uma

cozinha para ministrar oficinas

gratuitas de gastronomia.

28Projeto ResistênciaNo município de Santa Rosa, às

20h30, no Teatro do Sesc.

Atividades CulturaisO Verão Band Sesc 2009

chega à reta final. Último dia de

atividades culturais como

exibição de filmes e apresentações

teatrais e musicais, na

Praia de Torres.

Internet grátisApós um mês disponibilizando aos

veranistas acesso gratuito à internet,

a Carreta Senac finaliza suas

atividades na praia de Tramandaí.

Das 9h às 18h.

28

Div

ulga

ção

Sen

ac

PA

LA

VR

A D

O P

RE

SID

EN

TE

07FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

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Fevere

iro

2009

Flávio Roberto Sabbadini

Presidente do Sistema Fecomércio-RS

uando a globalização emergiu

com mais vigor no final dos

anos 80, acreditava-se que as

relações de consumo de âmbito lo-

cal estariam com os dias contados.

Entretanto, o que de fato se obser-

vou foi a promoção de uma nova con-

figuração do globo, provocada pela

queda de fronteiras virtuais. Com

isso, emergiu um novo modelo de de-

senvolvimento econômico, que está

a favor daqueles que sabem adaptar

os seus negócios aos novos formatos.

A globalização facilitou os cami-

nhos que nos permitem comercializar

produtos importados e vender os

nossos produtos e serviços para o

mundo; agregou conhecimento e di-

minuiu distâncias. Permitiu também

que tivéssemos uma visão de mundo

mais abrangente, retirando do cami-

nho ruídos que não permitiam uma

comunicação plena entre regiões so-

cial e economicamente distintas.

Com isso, as relações comerciais, em

tese, tornaram-se mais transparentes.

Mas a grande mudança provoca-

da por este fenômeno foi o chacoa-

lhar dos antigos modelos de negócio. Para garantirmos o nosso

lugar, fomos forçados a adequar nossas empresas à música

que toca no mundo e a desenvolver novas formas de fazer

comércio, promovendo o fortalecimento das redes de coo-

peração. O associativismo ilumina o setor e revigora as nos-

sas ações. Do interior à capital, o Rio Grande do Sul está

repleto de bons exemplos de empreendimentos econômicos

solidários, que dinamizam localidades que se viram intima-

das pela expansão global da economia.

Por outro lado, a abertura das fronteiras não deve ser en-

carada como uma ameaça; o melhor proveito que podemos

usufruir do processo de globalização é a escolha das alterna-

tivas que surgem diante de nós. Precisamos ser dinâmicos

para dialogar com os fatores externos ao mesmo tempo em

que vislumbramos as potencialidades que se mostram ao nosso

redor. O que significa aceitar que o global e o local não são

grandezas distantes, mas elementos que se inter-relacionam

para promover a ascensão e a sustentabilidade de segmentos

econômicos. Movimentos assim nos tiram da letargia e pro-

movem uma sempre bem-vinda mudança de ponto de vista.

Q

de vistaUm novo ponto

Divulgação/Fecomércio-RS

NOTÍC IAS & NEGÓCIOS

08 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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2009

E d g a r V a s q u e s

Lei dos ConsórciosEntrou em vigor no início de fevereiro a Lei nº 11.795/2008,

que regulamenta os consórcios no país. Até então o setor re-

cebia normas do Banco Central, com a nova lei há muito mais

garantias jurídicas para o consumidor. Um exemplo é a com-

pra da casa própria através de consórcio imobiliário, em que o

consumidor terá a segurança dessa transação, que está subor-

dinada ao Código de Defesa do Consumidor, deixando mais

fáceis questões como devolução do dinheiro pago em caso de

desistência. A lei também exige a separação, por parte da ad-

ministradora, do que é recurso próprio e o capital dos consor-

ciados, livrando o consumidor de possível prejuízo em caso

de falência da administradora. A expectativa do setor é que as

novas regras atraiam mais consumidores e que promovam um

crescimento de 6% a 8% neste tipo de compra em 2009.

Div

ulga

ção/

Sen

ac-R

S

Senac-RS forma bacharéisO dia 17 de janeiro marcou uma das mais importantes etapas

do Senac-RS em sua atuação no Ensino Superior. Em cerimônia

realizada no Centro de Eventos do Hotel Plaza São Rafael, a

Faculdade de Administração Senac (Facad), de Porto Alegre,

formou sua primeira turma do Curso Superior de Bacharelado

em Administração. O evento marcou o fim do curso de 18

estudantes, depois de mais de 3 mil horas de atividades

curriculares desenvolvidas nos últimos oito semestres. Para a

coordenação do curso, o projeto pedagógico é um dos pontos

altos do bacharelado, com princípios e práticas que

fundamentam e sustentam a construção de competências para

o mundo do trabalho.

FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

NOT ÍC IAS & NEGÓCIOS

09

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2009

Educação Infantil do Sesc chega à Região Metropolitana

Governo poderá negar crédito à empresa que está demitindo

Envio simplificadoCidadãos brasileiros e empresas que precisam transfe-

rir recursos do exterior para o Brasil não precisam mais

se submeter à moeda norte-americana. Brasileiros que

moram no Japão, por exemplo, eram obrigados a con-

verter ienes (moeda japonesa) para dólares e, depois,

os dólares para reais. Para simplificar a transação, o Banco

Central regulamentou medida que permite que o envio

de dinheiro seja feito diretamente em reais, reduzindo

para uma só as operações de câmbio. Com isso, a insti-

tuição financeira diminui os custos da operação e sim-

plifica a vida de empresas e de milhares de cidadãos

brasileiros que moram no exterior.

Impossibilitado de impedir a onda de de-

missões que teve início este ano, o governo

avalia a posibilidade de negar crédito públi-

co à empresa que está demitindo, mas apre-

senta situação financeira saudável. O Minis-

tério da Fazenda pretende definir a real si-

tuação financeira de uma empresa como cri-

tério a ser analisado para garantir o acesso

ao crédito público. Uma equipe técnica já

está envolvida na tarefa de fazer uma radio-

grafia detalhada das grandes empresas que

estão cortando funcionários para checar se

elas estão ou não com problemas financei-

ros, para isso conta com ajuda dos dados do

Cadastro Geral de Empregados e Desem-

pregados (Caged). Segundo a Agência Es-

tado, algumas empresas estão tirando pro-

veito da crise financeira para conseguir mais

vantagens do governo; e ainda assim estão

demitindo funcionários.

As cidades de Alvorada e Cachoeiri-

nha, localizadas na Região Metropoli-

tana de Porto Alegre, passarão a con-

tar, em 2010, com Escolas de Educação

Infantil do Sesc-RS. O acordo para im-

plantação das unidades escolares acon-

teceu no final de fevereiro durante uma

reunião (foto) entre o presidente em

exercício da Fecomércio-RS, Moacyr

Schukster, o diretor regional do Sesc/RS,

Everton Dalla Vecchia, os prefeitos João

Carlos Brum, de Alvorada, e Luiz Vicente

da Cunha Pires, de Cachoeirinha, na sede

do Sistema Fecomércio-RS. As 120 vagas

disponibilizadas para as duas esco-

las serão gratuitas para crianças de

2 anos e 6 meses a 5 anos e 11 me-

ses, cuja renda familiar seja de até

três salários mínimos, e distribuí-

das através de sorteio para o ano

letivo de 2010. As unidades que se-

rão inauguradas em Alvorada e Ca-

choeirinha foram contempladas pelo

Programa de Comprometimento e

Gratuidade (PCG).

Cat

iúci

a R

uas/

Ses

c-R

S

Calote em altaCrescimento do desemprego, menor oferta de crédito e da

expectativa de queda na renda são apontados pela pesquisa

Serasa Experian Expectativa Empresarial como os principais

fatores motivadores do aumento da inadimplência no pri-

meiro trimestre de 2009. Segundo o estudo, 72% das com-

panhias acreditam que o calote vai aumentar. A enquete, de

abrangência nacional, consultou 1.024 empresas do comér-

cio, indústria e serviços, além de instituições financeiras, sen-

do estas últimas as mais pessimistas: 86% dos bancos acredi-

tam no aumento da inadimplência, seguidos pela indústria

(73%), o comércio (70%) e os serviços (71%).

NOTÍC IAS & NEGÓCIOS

10 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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Artigos de informática e comunicação mantêmacumulado do ano em alta

Fonte: Fecomércio-RS

Variação do Volume das Vendas do ComércioVarejista e Atacadista Segundo Grupos de Atividade - 2008 (%)

Atividades

Comércio

Comércio varejista

Produtos alimentícios,

bebidas e fumo

Combustíveis e lubrificantes

Veículos, motocicletas, partes,

peças e acessórios

Comércio atacadista

Produtos alimentícios,

bebidas e fumo

Combustíveis

Veículos, motocicletas, partes,

peças e acessórios

Out

-1,8

-1,1

-1,7

4,0

-1,8

-2,7

-3,0

-1,7

4,5

Nov

-3,6

-3,4

-2,3

6,3

-10,7

-3,7

-1,4

-4,5

-5,5

MensalOut

5,8

5,8

-0,9

8,4

15,1

5,8

0,0

7,5

16,0

Nov

4,9

4,9

-1,0

8,2

12,4

4,9

-0,1

6,3

13,9

Acum. anoApesar da variação negativa de -3,6% apresentada pelo co-

mércio gaúcho no mês de novembro de 2008 em comparação

com o mesmo período de 2007, no acumulado do ano (perío-

do jan-nov/08) houve uma elevação de 4,9% no volume de

vendas. Ainda segundo o Índice de Vendas do Comércio

(IVC), divulgado em parceria entre a Fecomércio-RS e a FEE,

essa elevação foi promovida, principalmente, pelo setor de Equi-

pamentos e material para escritório, informática e comunicação (26,7%),

no comércio varejista; e pelas Máquinas, aparelhos e equipamentos

(25,6%), no comércio atacadista. A queda de -3,4% no varejo

apresentada em novembro foi acentuada nas vendas de Livros,

jornais, revistas e papelaria (-11,4%). O mesmo ocorreu com o

comércio atacadista, que revelou um decréscimo de 3,7%, sen-

do o setor de matérias-primas agropecuárias o que obteve mai-

or variação positiva (16,1%).

Fecomércio-RS e Famurs assinam termo de cooperaçãoCom o objetivo de impulsionar o turismo receptivo no

Estado, o presidente em exercício da Fecomércio-RS, Mo-

acyr Schukster, e o presidente da Federação dos Municí-

pios do Rio Grande do Sul (Famurs), Elir Domingo Girar-

di, assinaram um termo de cooperação entre as entidades.

O documento prevê o desenvolvimento de ações de infor-

mação, facilitação, capacitação, promoção e desenvolvi-

mento do turismo junto aos sindicatos filiados, às empresas re-

presentadas e às associações regionais. “Dessa forma mais uma

vez estaremos empenhados em buscar soluções para a crise”,

destacou Schukster. Para o presidente da Famurs, a parceria pode

apontar alguns caminhos com um foco em uma gestão munici-

pal cada vez mais aprimorada. A iniciativa foi comandada pelo

Conselho de Turismo e Hospitalidade da Fecomércio-RS.

Seminário destaca moda e belezaO 4° Seminário Moda & Beleza e o 1° Preview de Tendências Internacio-

nais, eventos promovidos pelo Senac Canoas nos dias 6 e 9 de março,

respectivamente, prometem trazer inúmeras novidades e tendências do

setor. As atividades, que incluem previews das próximas estações, irão ocor-

rer no auditório da escola (Rua Mathias Velho, 255) e terão como conteú-

do principal pesquisa realizada por docentes do Senac Canoas em tradicio-

nais semanas de moda de Paris e Milão – além do São Paulo Fashion Week.

As vagas são limitadas e os interessados podem obter informações pelo

telefone (51) 3476-7222 ou pelo e-mail [email protected] estilo criativo e inconfundível da estilista Vivienne Westwood

Márcio Weiss/Senac-RS

NOT ÍC IAS & NEGÓCIOS

11FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

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es

pa

ço

do

le

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r

Oficina de culinária na praiaUma parceria entre Sesc-RS, Se-

nac-RS e Programa Social Coma

Bem, da Ceasa, realizou, nas praias

do Litoral Norte gaúcho, o projeto

Estação Verão na Cozinha. A iniciativa

ofereceu oficinas de culinária aos ve-

ranistas, com receitas de pratos eco-

nômicos que valorizam o aproveitamento integral dos alimentos.

As aulas aconteceram em um ônibus da Ceasa totalmente adapta-

do à atividade, que foi ministrada por professores de gastrono-

mia, cozinheiros e nutricionistas das entidades promotoras da ideia.

Em cada oficina foi preparada uma das opções do livro Receitas do

Mesa Brasil, publicado pelo Sesc-RS e que, além de reunir receitas

variadas, retrata o trabalho desenvolvido pelo Programa Mesa Brasil

Sesc no Estado e no Brasil. O Estação Verão na Cozinha aconteceu

nas praias de Capão da Canoa, Tramandaí, Torres e Cidreira; cada

participante doou dois quilos de alimentos não perecíveis.

Agradecemos pelo envio da revista Bens & Serviços

n° 43 e apresentamos nossos cumprimentos

pela excelência da publicação, que veio enriquecer,

complementar e atualizar nosso acervo.

Daiane Carreño

Biblioteca Central Unilasalle - Canoas/RS

Nova tabela previdenciáriaA expectativa de sobrevida da população subiu de 72,3 para

72,6 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Es-

tatística (IBGE). A partir desta atualização, o INSS passou

a usar uma nova tabela do fator previdenciário. Os novos

pedidos de aposentadoria por tempo de contribuição já es-

tão sujeitos à nova tabela, que pode diminuir ou elevar o

valor final do benefício. Nas faixas de idade acima de 60

anos a nova tabela do fator previdenciário acrescentou em

média mais 0,1 ano. O fator previdenciário é utilizado obri-

gatoriamente no cálculo das aposentadorias por tempo de

contribuição, entretanto ele não incide sobre as aposenta-

dorias por invalidez e, na aposentadoria por idade, o cálcu-

lo é feito apenas se houver benefício para o segurado.

Melissa Stoffel

GUIA DE GESTÃO

12 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

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46 –

Fevere

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2009

A garantia da correta prestação de serviço por parte das empresas de segurança privada

começa no momento da contratação. A escolha de uma empresa de segurança é um processo

criterioso que envolve a busca de informações e muita atenção por parte do contratante

bons serviços

riado em 1967 para ajudar a coibir o

aumento de assaltos a bancos, o servi-

ço de segurança privada era fiscalizado

pelos governos estaduais. A atividade só foi

regulamentada dois anos mais tarde. Em 1983,

a legislação estabeleceu novas regras para o

setor, que passou a ter controle do Ministério

da Justiça por meio da Polícia Federal. “O au-

mento da violência contribuiu para uma explo-

são na contratação de segurança privada, espe-

Segurança privada:

cialmente na década de 80. É importante ressaltar, porém,

que nossos serviços são complementares à ação da segu-

rança pública, sempre do portão para dentro. Quem cuida

da rua são as polícias civil e militar”, esclarece José Adir

Loiola, presidente do Sindicato das Empresas de Seguran-

ça Privada, Segurança Eletrônica, Serviços de Escolta e

Cursos de Formação do Estado de São Paulo (Sesvesp).

Hoje os clientes das empresas de segurança concen-

tram-se, em sua maioria, entre condomínios residenciais

e comerciais. Segundo Lucas Vieira, gestor operacional

C

GUIA DE GESTÃO

13FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

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46 –

Fevere

iro

2009

da STV, empresa gaúcha que atua na área, o setor é muito

competitivo e teve o crescimento paralisado nos últimos

anos, uma vez que há um grande número de firmas em

atuação e os contratos perduram, não havendo uma mi-

gração de clientes nem novas contratações. “Juntamente

com esse cenário surgiram outros serviços como o ras-

treamento de veículos por satélite, tanto para pessoa ju-

rídica quanto física. Investir nessa área garantiu um novo

fôlego para os negócios.”

As empresas de segurança prestam serviço nas áreas

de vigilância patrimonial, estando restritas aos limites do

terreno do contratante; serviços de escolta armada, quan-

do objetiva proteger o transporte de carga ou de valores;

de segurança pessoal, protegendo os indivíduos; de trans-

porte de valores, utilizando veículos, equipamentos e téc-

nicas para o transporte de numerário, bens ou importân-

cias; e cursos de formação e treinamento, possibilitando

formar, especializar e reciclar os vigilantes do próprio gru-

po ou de outras empresas.

Os fora da lei

Olhando o vigilante na porta do mercado, a postura,

a farda e as armas dão um alerta: o local está seguro.

A força aparente, porém, torna-se vulnerável se a empre-

sa prestadora do serviço não estiver em acordo com a lei

e autorizada a atuar. Segurança não tem preço, e uma das

reivindicações mais ouvidas entre empresários do ramo é

que somado ao crescimento tido como vegetativo, de 5%

ao ano, quem opera dentro da lei não consegue bater os

preços muito menores praticados por quem corre à mar-

gem do mercado.

Empresas regularizadas dispõem de vigilantes treina-

dos, com formação acadêmica e que, consequentemente,

necessitam de remuneração mais elevada. O custo de equi-

pamentos mais eficientes também é contabilizado na ofer-

ta de serviços e geralmente faz a diferença em uma ação

que precisa de eficácia e preparo. “Segurança privada hoje

é muito mais preventiva do que reativa. Até o final da

década de 80, o vigilante entrava em cena para o enfren-

tamento. Nos últimos anos, ele é treinado para perceber

o perigo, calcular o risco e tentar minimizá-lo; se isso não

for possível, só então a força é utilizada. Garantir essa

estratégia e esse preparo tem um preço, e sa-

ímos perdendo frente a quem atua na clan-

destinidade”, explica Loiola, do Sesvesp.

A fim de fortalecer quem anda na linha,

está em tramitação no Congresso Nacional

projeto de lei que qualifica como crime a

contratação de serviço de segurança priva-

da clandestina – patrimonial ou de proteção

pessoal –, além do emprego de vigilantes sem

treinamento ou registro na Polícia Federal.

Vieira, da STV, lembra que os profissionais

devem passar por cursos de reciclagem a

cada dois anos e ter o seu registro renova-

do. “A população também corre risco quan-

do há uma pessoa despreparada e armada na

função de vigilante.”

Manual da contrataçãoVeja algumas dicas para contratar corretamente o serviço de

segurança patrimonial ou pessoal.

Custos X Serviços: Solicite às empresas de segurança uma

planilha detalhada, com informações dos serviços prestados e

dos custos praticados em cada uma. Utilize a tabela para

fazer acompanhamento do serviço prestado, certificando-se

de que todos os valores especificados estejam corretamente

contemplados.

Plano de segurança: Avalie se o contingente destacado é

suficiente ou demasiado para a sua solicitação, ou se os

horários são compatíveis com a sua rotina. O plano ou

projeto de segurança é um mapeamento dos serviços de

segurança que oferece a dimensão do número de pessoal

que estará em ação e as atribuições, funções e jornada diária

de cada trabalhador.

Empresa legal: Certifique-se da idoneidade da empresa a ser

contratada, exigindo a apresentação do registro e autorização

de funcionamento emitidos pela Polícia Federal, obrigatórios

para qualquer serviço dessa natureza, e as certidões

atualizadas de negativa de débito das empresas junto ao

INSS, FGTS, GDF e à Receita Federal, além do comprovante

de recolhimento da Contribuição Sindical do exercício atual

(GRCS). Informações adicionais podem ser obtidas junto a

outros clientes da mesma prestadora.

EXPORTAÇÃON

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14 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Abrindo as portaspara o mundo

MPEs batem recorde de exportações e mostram que um plano de negócios bem estruturado e

focado no mercado internacional é a principal ponte entre o Brasil e o mundo. Ao alcance dos

empresários há uma série de alternativas que direcionam para o comércio exterior

s micro e pequenas empresas (MPEs)

são consideradas o principal pilar de

sustentação da economia brasileira.

Empregam quase 60% das pessoas economi-

camente ativas do país, ou seja, aproximada-

mente, 14,5 milhões de cidadãos. Em 2007, elas

alcançaram mais um patamar na cadeia produ-

tiva ao atingirem o recorde histórico de US$

2,1 bilhões em exportação, uma elevação de

12,4% em relação ao ano anterior, conforme

conclui o estudo Desempenho Exportador –

AMicro e Pequenas Empresas Brasileiras 1998/2007, do Se-

brae Nacional. No Rio Grande do Sul, as MPEs realizaram,

no mesmo período, exportações de US$ 273,3 milhões –

quase 1,8% do total exportado pelo Estado.

Em contrapartida, o mesmo estudo, que foi divulgado

no final do ano passado, mostra virtual estabilidade no nú-

mero de MPEs exportadoras em 2007 com relação a 2006

– 12.986 contra 13.001. Segundo Emanuel Malta, integrante

da Unidade de Gestão Estratégica do Sebrae Nacional, isso

se explica pela continuidade do trabalho de exportação re-

alizado pelas MPEs, ou seja, houve um planejamento dire-

Fotos: Lúcia Simon

15FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

EXPORTAÇÃO

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cionado para este fim. “Muitas empresas exportam espora-

dicamente e não possuem uma estratégia específica para o

mercado externo, por outro lado, há aquelas que definiram

o foco nas exportações e mantiveram o ritmo dos negóci-

os, e foram elas as responsáveis pelos números de 2007.”

Para o sócio-gerente da Exim Serviços de Exporta-

ção, Vanderlei Cardoso, a desburocratização e as estraté-

gias de incentivo do governo foram fatores importantes

para o aumento da participação das MPEs nas exporta-

ções, principalmente nos setores de informática e com-

ponentes eletrônicos. A mesma opinião tem a empresária

Beatriz Willhelm Dockhorn, da Bia Brazil, empresa por-

to-alegrense que exporta há 12 anos roupas para fitness.

“Quando eu comecei a exportar a taxa de câmbio para as

pequenas empresas era a mesma das grandes corporações,

hoje, temos a nosso favor o câmbio simplificado, por exem-

plo”, lembra.

Empregando 42 funcionários, Beatriz exporta 90% da

sua produção – os outros 10% são comercializados na úni-

ca loja da empresa, localizada em São Paulo. “Antes, para o

pequeno empresário participar de uma feira no exterior ti-

nha que desembolsar quase 30 mil reais, hoje, a ApexBrasil

(Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investi-

mentos ) já oferece uma estrutura que reúne várias empre-

sas em um estande brasileiro, o que confere, também, mais

visibilidade ao pequeno exportador”, aponta a empresária.

Um objetivo e vários caminhos

Atuar no cenário internacional é, sem dúvida, um tra-

balho delicado que exige, antes de mais nada, conhecimento

detalhado do mercado em que se deseja entrar. “Uma al-

ternativa para quem não tem experiência em comércio ex-

terior é utilizar as Comerciais Exportadoras”, aconselha

Arno Gleisner, diretor do Conselho de Comércio Exterior

da Fecomércio-RS. Também conhecidas como Trading Com-

panies, as Comerciais Exportadoras são uma terceirização

do serviço de exportação, que além de reduzir custos com

agentes comissionados, por exemplo, retiram do empresá-

rio a carga de tempo e dinheiro com os trâmites burocráti-

cos. Segundo Gleisner, é importante que haja um incenti-

vo para utilização deste canal e que as empresas que o fa-

zem sejam contabilizadas nos estudos sobre o setor.

No Rio Grande do Sul, os incentivos ao

comércio exterior estão reunidos na Sala do

Exportador, que além de orientar as empresas

disponibiliza acesso a serviços importantes ao

empresário, como o Exporta Fácil, dos Cor-

reios e Telégrafos, Banco do Brasil, serviços de

despacho aduaneiro, Trade Point, dentre outros.

O espaço é uma iniciativa da Secretaria do De-

senvolvimento e dos Assuntos Internacionais

(Sedai) e tem como proposta principal fomen-

tar a participação das empresas gaúchas no

comércio internacional, disponibilizando ori-

entações sobre procedimentos, legislação e do-

cumentação do comércio exterior.

Ensinando o bê-á-bá

Em âmbito nacional, iniciativa de destaque

é a da ApexBrasil, que pretende capacitar cer-

ca de 10 mil empresas até 2010 para ampliar as

exportações brasileiras. O foco do Projeto

Extensão Industrial Exportadora (Peiex) nes-

te primeiro momento, conforme explica Tia-

go Terra, coordenador do Peiex, são Estados

que não possuem tradição em exportações,

como a Bahia, onde falta mão-de-obra qualifi-

cada para o comércio exterior. “Vamos traba-

lhar com empresas que já exportam e fazem

parte da Apex, aquelas que já exportam e não

Beatriz Dockhorn, da Bia Brazil, exporta 90% de sua produção para 48 países

EXPORTAÇÃON

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16 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

integram nenhum dos nossos programas, e,

principalmente, as empresas com potencial para

entrar no mercado de exportações”, acrescenta.

Os empresários aprenderão como se tor-

nar mais atraentes em um mercado internaci-

onal bastante competitivo: “Eles vão receber

todo o bê-á-bá para exportar”, conta Terra.

Para tanto, a Apex fará parcerias com univer-

sidades, que serão os núcleos operacionais e

vão disponibilizar professores capacitados

pela Agência para fazer atendimentos indivi-

dualizados dentro das empresas. “Em um pri-

meiro momento, será feito um diagnóstico dos

pontos fracos e fortes dos empreendimentos,

para depois desenvolvermos um plano de ca-

pacitação específico.” O treinamento da pri-

meira equipe aconteceu em janeiro, na cida-

de gaúcha de Lajeado, no Vale do Taquari, e

apesar desses capacitadores começarem os tra-

balhos com as empresas em março, empresá-

rios interessados em participar do Projeto

podem procurar a Apex para se inscrever.

Apesar de alguns entraves, como as lon-

gas filas de espera nos portos, o excesso de

documentação e a precariedade das vias bra-

sileiras de escoamento – como as rodovias e

os sistemas hidroviários –, o governo sabe da

importância desse plano de negócio para a

economia. Em novembro do ano passado, em

meio ao turbilhão da crise financeira mundial,

foi anunciada a liberação de R$ 10 bilhões ao Banco Na-

cional de Desenvolvimento Econômico e Social (BN-

DES), para financiar o capital de giro de empresas e para

empréstimos em linhas de exportação pré-embarque.

Entretanto, o futuro das exportações brasileiras em 2009,

conforme examina Vanderlei Cardoso, está condiciona-

do a dois itens: a manutenção do câmbio favorável ou o

prolongamento da crise. “Vamos ver quem vai reinar”.

Números das MPEs gaúchasConfira a classificação dos ramos de ativida-

de e classe de produtos das empresas exportado-

ras do Rio Grande do Sul, conforme estudo do

Sebrae Nacional.

As microempresas do comércio e a indústria

exportaram US$ 19,6 milhões, em 2007

Nas pequenas empresas, a indústria e o

comércio também foram o destaque, com o

montante de US$ 242,6 milhões em

exportações, em 2007

81% do valor total exportado pelas MPEs do

Estado são oriundos de produtos

manufaturados

Em 2007, calçados, suas partes e componen-

tes responderam por 10,5% do valor total

exportado, ou seja, US$ 2,2 milhões

Entre as pequenas empresas, o principal

destaque nas exportações foi “móveis

e suas partes”, com vendas de US$ 29,6

milhões em 2007

Evolução do número de empresas exportadoras segundo tamanho (1998-2007)

Fontes: Sebrae com dados da SECEX/MDIC, RAIS/MTE e IBGE (PIA e Cadastro Central de Empresas)

OPIN

IÃO

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os mercados financeiros, assim como

em marketing, percepção é realidade.

Os consumidores estão ficando cada

vez mais assustados e pessimistas em relação

às surpresas da economia que estão por vir e

já começam a comportar-se como se estivés-

semos dentro de uma verdadeira recessão, e

estão procurando alternativas para obter se-

gurança em suas compras e investimentos.

Na opinião de alguns profissionais de

marketing, reduzir preços é sempre uma for-

ma de atraí-los. Porém, isto não gera nada além

de margens menores e uma queda brutal no

equity da marca. Ou seja: quanto menor o lu-

cro, menor o valor da marca. A grande ques-

tão é: como adequar nossas marcas para este

novo cenário? Se as marcas de sucesso são

aquelas que geram confiança, segurança e le-

aldade – independentemente dos bons ou

maus momentos –, todas deveriam ser acon-

selhadas a investir no reforço destes atribu-

tos nas suas imagens, justo no momento em

que os consumidores estão mais seletivos em

relação às suas compras.

N

Para medir a performance das marcas nas diferentes

condições econômicas, a agência norte-americana

Young&Rubicam criou o BAV – Brand Asset Valuator,

com um banco de dados integrado por mais de 35 mil

marcas de centenas de países. Nele, concluiu-se que cer-

tos atributos devem ser enaltecidos em períodos de es-

tabilidade, e outros, durante períodos de crise. Isto por-

que o comportamento e a visão do consumidor se modi-

ficam da mesma forma que o corpo de uma mulher grá-

vida, que tem uma carga hormonal distinta. Para dife-

rentes situações, diferentes programas de ação.

A melhor alternativa para as marcas se manterem for-

tes e preferidas está no reforço permanente da confian-

ça e da credibilidade. A conclusão que tiramos é que é

possível, sim, transformar períodos recessivos em opor-

tunidades significativas, desde que as marcas se mostrem

inovadoras nas formas de entregar novos e desejados

valores. Os consumidores querem, de forma crescente,

que as marcas entreguem liderança, performance e visão

na produção de valores. A máxima “não faça nada e corte

preços” não funciona: ao contrário, fragiliza ainda mais as

marcas. Antes de tudo, é recomendável modificar o mo-

delo de operação e a forma de comunicar, pois quanto

maior a entrega de valores, melhores serão as condições

de manter-se no mercado e aumentar a rentabilidade.

Crise pode

fortalecer marcas

*Diretor-presidente da Competence

João Satt Filho*

Divulgação

ENTREV I STA

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ENTREVISTA

David Neeleman

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ENTREV I STA

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B & S A JetBlue, empresa da qual o senhor é fundador,

introduziu um novo conceito na aviação mundial ao

baratear o preço das passagens, permitindo que mais

pessoas tivessem acesso ao transporte aéreo. Um pla-

no de negócios arriscado. Que garantias o senhor ti-

nha, na época, de que sua empresa não iria quebrar

logo nos primeiros anos?

N e e l e m a n Bastante dinheiro. Esta era e continua sendo a me-

lhor garantia que podíamos ter. Quando se abre uma empresa

de aviação ou de qualquer outro ramo, não basta ter um produ-

to bom. É preciso ter pessoas que experimen-

tem o serviço e voltem a utilizá-lo porque gos-

taram. Isso demora. No primeiro mês de voo

da Azul, por exemplo, tínhamos 11 mil passa-

geiros, em janeiro esse número saltou para 20

mil, ou seja, as pessoas precisam de um tempo

para absorver o novo serviço. Por mais inova-

dora que seja a ideia, não se lucra no início, o

que exige muito dinheiro para crescer e aguen-

tar os tempos difíceis.

B & S De que modo a sua receita de bara-

tear serviços sem perder a qualidade pode

ser aplicada nas pequenas empresas?

David Neeleman

O mundo da aviação nunca mais foi o mesmo desde

que David Neeleman, fundador da Azul Linhas

Aéreas, colocou no mercado o e-ticket e o conceito de

qualidade com baixo custo. Apostando pesado no

mercado nacional, Neeleman é contra a privatização

dos aeroportos brasileiros e aposta em uma frota

exclusiva de aviões da Embraer.

Dinheiro para investir

nas alturas

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20 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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capacidade de observar situações e questionar: por que não

fazemos isso de forma mais simples? Por que não fazer dessa

maneira em vez do método atual?. Não existe uma forma úni-

ca de fazer as coisas. Com o passar dos anos nos acostuma-

mos tanto com certas metodologias que muitas atividades fi-

caram mais complexas do que deveriam ser; por isso, sempre

questiono como mudar para oferecer o melhor para nossos

clientes. O questionamento deve ser constante.

B & S Nenhuma empresa está imune a uma crise. Em

2007, a JetBlue sofreu um choque na sua imagem de-

pois que centenas de voos foram cancelados devido a

uma decisão errada durante uma tempestade. Como

se manter em pé depois de uma crise?

N e e l e m a n Como você afirmou, a crise pode atingir qualquer

empresa, mas o modo como o empresário irá agir com seus

públicos durante e depois da crise, explicando o que aconte-

ceu e dando garantias de que não acontecerá novamente, é

que vai garantir a sobrevivência após a crise. Foi o que fize-

mos no caso da JetBlue. Uma atitude que reconquistou a con-

fiança dos nossos clientes a ponto de voltarmos ao normal em

apenas um mês, como se nada tivesse acontecido.

B & S A chegada da Azul ao Brasil foi rodeada por uma

forte ação de marketing, envolvendo, principalmente, a

participação do cidadão. Essa interação com o passa-

geiro será uma constante nos trabalhos da empresa?

N e e l e m a n Acreditamos que a ferramenta de propaganda mais

importante é o boca-a-boca, por isso vamos oferecer sempre

o melhor para que os clientes tenham uma ótima experiência

ao voar na Azul. Queremos que eles saiam das aeronaves e

N e e l e m a n Eu acredito que qualquer empre-

sa, não importa o porto, pode ser a melhor na

sua área de atuação. A receita é aplicável a

muitos ramos, pois não é difícil diferenciar um

serviço e oferecer o melhor ao cliente.

B & S Sua trajetória empresarial é rodeada

de grandes ideias, como a utilização da

internet para a venda de bilhetes, uma

inovação que é aplicada pela maioria

das empresas aéreas do mundo. De onde

vem sua inspiração para os negócios?

N e e l e m a n A essa pergunta eu não saberei

responder. Mas uma coisa é certa, eu tenho a

“Não basta ter um produto bom. É preciso ter

pessoas que experimentem o serviço e voltem a

utilizá-lo porque gostaram.”

21FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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digam: “Puxa, foi tão fácil, barato e confortável viajar por essa

empresa; vamos voar de novo”. Faremos o que for preciso

para ter a satisfação do passageiro.

B & S Quais fatores o motivaram a abrir uma empresa

aérea no Brasil?

N e e l e m a n O Brasil é um país muito interessante e encon-

tra-se em um estágio de bastante desenvolvimento. Obser-

va-se o crescimento de várias cidades e a ascensão de 20

milhões de pessoas para as classes C e D. Diante deste cená-

rio vislumbramos uma oportunidade de negócio, uma vez

que a Gol e a Tam, apesar de serem boas empresas, não pos-

suem rotas muito abrangentes. Como seus aviões são muito

grandes, os passageiros se veem obrigados a realizar muitas

escalas e conexões para chegar ao destino final. Vimos en-

tão uma oportunidade de expandir o mercardo, de dar mais

opções aos clientes não somente em voos, mas em tarifas.

A cidade de Campinas, por exemplo, onde estamos voando

hoje, é uma das maiores do país, mas possuía apenas 14 voos

saindo de lá, ou seja, nossos concorrentes estão forçando as

pessoas a enfrentarem as Marginais Pinheiro e Tietê para

chegar em Congonhas ou Guarulhos na capital paulista. Com

esse inconveniente, as pessoas não viajam tanto quanto gos-

tariam e poderiam.

B & S Como se deu a escolha das primeiras rotas da Azul?

Algum motivo especial para a escolha da cidade de

Porto Alegre?

N e e l e m a n Como nosso objetivo é atender com voos diretos

cidades que não tinham esse serviço, passamos a observar al-

gumas cidades. O mercado entre Salvador e Campinas só

possuía 12 pessoas por dia porque elas eram obrigadas a fazer

conexão; hoje, com a entrada da Azul, nós temos mais de 300

pessoas por dia saindo de Campinas em direção a Salvador. Já

Porto Alegre, uma cidade grande com muitos negócios, care-

ce de serviços diretos: se você quiser sair de Porto Alegre e ir

para algum lugar que não seja São Paulo, Brasília ou Rio de

Janeiro tem que fazer conexão.

B & S Quais parcerias locais a Azul pre-

tende formar para fomentar o turismo

nas cidades em que atua?

N e e l e m a n Os mercados locais já perceberam

que quanto mais pessoas viajam para suas ci-

dades muitas outras pessoas são beneficiadas.

São taxistas, hotéis, restaurantes, locadoras de

automóveis. Muitas cidades estão entrando em

contato conosco para fazermos rotas até elas,

pois sabem que mais viajantes significam mais

lucro. Estamos estudando os pedidos.

“Não existe uma forma única de fazer as coisas.

Muitas atividades ficaram mais complexas do que

deveriam ser.”

ENTREV I STA

22 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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“Os mercados locais já perceberam que quanto mais

pessoas viajam para suas cidades muitas outras

pessoas são beneficiadas.”

B & S Quais fatores foram decisivos para

a escolha dos jatos da Embraer?

N e e l e m a n O tamanho foi sem dúvida o fa-

tor principal. Os jatos com 106 ou 118 são

ideais para voar entre as cidades que não têm

serviço direto. Além disso, eles barateiam os

custos. Nosso custo para voar nessas rotas é

30% menor que o dos concorrentes. Se não

há demanda por uma rota não tem por que

ter um avião grande. Os jatos da Embraer me

surpreenderam quanto ao conforto. Eles não

têm o acento do meio, a janela é maior e as

poltronas são mais largas.

B & S Poucos meses separaram o anúncio

da criação da Azul e o primeiro voo. Po-

demos dizer que a agilidade do gover-

no brasileiro para liberar a documenta-

ção da empresa é um indício de que o mercado da

aviação brasileira carece de novas companhias?

N e e l e m a n O governo sabe que não é bom para o mercado

ter apenas duas empresa fortes como Gol e Tam; e também

sabe que há novas rotas a serem atendidas. Por isso, quando

ouvimos que o Brasil não precisa de uma terceira grande em-

presa, eu concordei, porque a malha aérea dessas companhias é

praticamente a mesma coisa, elas voam para os mesmos lugares.

O que o Brasil precisa é de uma empresa como a Azul e a Ocean

Air, por exemplo, que vão realizar voos entre cidades que não

têm esse serviço. Apesar do diagnóstico, eles não deram ne-

nhuma vantagem para nós. Ajudaram como ajudariam qualquer

outra empresa que quisesse começar suas atividades no Brasil.

B & S Que benefícios o brasileiro pode esperar com a

entrada da Azul no mercado nacional de aviação?

N e e l e m a n Voos entre cidades que não são atendidas pelas

grandes companhias, aeronaves mais confortáveis, tarifas mais

baratas, principalmente se compradas com antecedência. Nos

Estados Unidos são raras as pessoas que fazem longas viagens

de ônibus, porque se você comprar a passagem de avião um

mês antes do embarque o preço se equipara ao de ônibus.

B & S Com apenas um mês de operação o senhor anun-

ciou que pretende colocar a Azul no terceiro lugar no ran-

king do setor aéreo do Brasil. Como pretende fazer isso?

N e e l e m a n Comprando mais aviões e voando para mais cida-

des. Nós temos dinheiro para isso. Vamos investir US$ 1 bi-

lhão na compra de aeronaves, oriundos de recursos próprios,

financiamentos com o BNDES e com outros bancos interna-

23FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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cionais. Além disso, também iremos expandir nosso quadro

de funcionários, que hoje é formado por 700 pessoas.

B & S Durante a crise aérea que atingiu o setor entre

2006 e 2007 questionavam-se as condições de traba-

lho do sistema de tráfego aéreo brasileiro. Este item já

foi superado? O que falta para um cenário ideal?

N e e l e m a n Isso sem dúvida já foi resolvido. Estive com o

tenente brigadeiro Ramon Borges Cardoso – diretor-geral

do Departameto de Controle do Espaço Aéreo (Decea) – e

ouvi seus planos sobre o assunto. Ele tem viajado com

frequência para Estados Unidos e Canadá para conhecer a

dinâmica nesses países. Eu tenho muita confiança na habilida-

de da equipe para expandir o espaço aéreo brasileiro. Sem

dúvida há espaço para isso.

B & S Como o senhor avalia a gestão da Agência Nacio-

nal de Aviação Civil (Anac)?

N e e l e m a n A Anac está fazendo um ótimo trabalho, princi-

palmente no que diz respeito à abertura de mercado e na atra-

ção de mais investimentos para o setor. Vejo com bons olhos

a tentativa de abrir aeroportos centrais como o Santos Dumont,

no Rio de janeiro; e a retirada da tarifa mínima para que as pes-

soas possam voar mais barato nas rotas internacionais.

B & S A privatização dos aeroportos brasileiros é uma

boa alternativa para a modernização?

N e e l e m a n Não. Nos Estados Unidos, por exemplo, nenhum

aeroporto importante é privatizado. Eles pertencem ao Es-

tado ou à cidade onde estão localizados. Não acho que a

privatização dos aeroportos brasileiros seja uma atitude boa

a se tomar, pois vende-se para uma empresa estrangeira que

vai cobrar mais caro e talvez não ofereça um bom serviço.

Além disso, dentro da própria Infraero existem setores e pes-

soas capazes de realizar um bom trabalho nos aeroportos; é

importante que se nomeiem profissionais que saibam tomar

as melhores decisões para os passageiros e não pessoas que

“Dentro da própria Infraero existem

setores e pessoas capazes de realizar um bom

trabalho nos aeroportos.”

apenas façam política. Existem ótimos pro-

fissionais dentro e fora do Brasil que podem

auxiliar na elaboração de um plano de cres-

cimento sem a necessidade de privatização.

B & S Quais são os planos da Azul a curto

e longo prazos? Haverá novas rotas até

o final do ano?

N e e l e m a n Vamos sim expandir nossas rotas,

mas só posso adiantar que haverá mais voos

partindo de Porto Alegre; afinal temos que

fazer surpresa para os nossos concorrentes.

LE I GERAL

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24 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

O ajuste da Lei Geral de Micro e Pequenas

Empresas, que passou a vigorar em janeiro de

2009, oferece condições para desburocratizar e

simplificar a abertura de empresas e a sua

manutenção dentro da formalidade

economia formal

e antes ser pipoqueiro significava ape-

nas colocar o carrinho na rua, agora ele

passa a ter um outro tratamento: a de

Microempreendedor Individual (MEI). Assim,

o vendedor de picolé, a costureira, o artesão

e todos os demais profissionais que contabili-

zam faturamento inferior a R$ 36 mil de re-

ceita bruta anual podem ingressar no merca-

do formal, com uma tributação extremamen-

S

te reduzida. Esta prerrogativa foi garantida com a aprova-

ção, em dezembro passado, da Lei Complementar 128,

que ajusta a Lei Geral de Micro e Pequenas Empresas. Os

artigos sancionados trazem medidas de estímulo ao de-

senvolvimento e à formalização de negócios que estavam

à margem da sociedade.

Quem aderir ao MEI recolhe mensalmente uma par-

cela única de R$ 45,65, mais R$ 1 de ICMS (comércio e

indústria) ou R$ 5 de ISS (serviços). A melhor notícia é

que o empresário não fica sujeito ao pagamento de várias

contribuições, como, por exemplo, o Imposto sobre Pro-

dutos Industrializados (IPI). Em caso de haver colabora-

dores, o MEI retém 8% do salário pago e complementa

com mais 3% para o INSS do trabalhador. De acordo com

Rafael Borin, assessor tributário da Fecomércio-RS, a

criação da nova personalidade jurídica vai contribuir para

Novos personagens da

Lúcia Simon

25FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

LE I GERAL

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que o país tenha controle do número de brasileiros com

empresas em território nacional: “Com este conhecimen-

to, o Brasil terá condições de prever aonde precisará avan-

çar em termos de legislação”.

Sem burocracia

Para facilitar a vida do interessado em se regularizar

como Microempreendedor Individual, o registro terá um

trâmite especial. Tais regras aguardam regulamentação

pelo Comitê para Gestão da Rede Nacional para a Sim-

plificação do Registro e da Legalização de Empresas e

Negócios. “Nos termos da nova lei, o Estado ou municí-

pio deverá adotar os formulários com os requisitos míni-

mos estabelecidos no Código Civil, objetivando agilizar

ainda mais a constituição do MEI”, explica o advogado.

Está prevista a redução a zero do valor das taxas, emolu-

mentos e custos relativos a abertura, inscrição, alvará, li-

cença, cadastro e demais itens referidos na legislação.

A lei ainda estabelece uma outra importante figura

jurídica – a Sociedade de Propósito Específico (SPE).

Trata-se de um tipo societário que permite aos estabele-

cimentos do Simples Nacional se associarem para com-

prar e vender sem sofrer bitributação. “A SPE possui um

regramento específico e minucioso, consistindo como um

diferencial positivo em relação aos consórcios.”

Crédito no caixa

As boas notícias não param por aí. O empresariado

brasileiro poderá respirar mais aliviado em relação a anti-

gos problemas referentes ao ICMS. A nova lei possibilita

a transferência ou aproveitamento de créditos dos tribu-

tos pagos pelos optantes do Simples Nacional, o que an-

tes era expressamente vedado. Conforme o presidente

do Sescon-RS, Luiz Carlos Bohn, cabe ao executivo es-

tadual de cada federação adotar ou não a medida por meio

da edição de um decreto. “Contudo, não é a alíquota nor-

mal de ICMS do produto vendido que poderá ser credi-

tada, mas o valor correspondente à faixa em que a empre-

sa está enquadrada.”

A tabela do Simples Nacional também passou por

mudanças. Houve uma reestruturação de atividades e

anexos principalmente nos setores de prestação de servi-

ços. Os escritórios de contabilidade, por

exemplo, migraram do anexo 5 para o 3, uma

alteração vantajosa por eximir o pagamento

da contribuição previdenciária patronal. Al-

gumas categorias foram incluídas no regime

tributário, como laboratórios de análises clí-

nicas ou de patologia clínica, serviços de to-

mografia, diagnósticos médicos por imagem,

registros gráficos e métodos óticos, ressonân-

cia magnética e serviços de prótese em geral.

O que mudouConfira alguns pontos da Lei Complementar 128, que já estão

valendo desde 1º de janeiro de 2009:

A lei cria duas personalidades jurídicas: Microempreendedor

Individual e Sociedade de Propósito Específico

Houve um ajuste na tabela do Simples Nacional, com novas

categorias tendo a oportunidade de aderir ao regime tributário.

Alguns setores sofreram um remanejo entre os anexos

Os estados e municípios passam a mais autonomia para

conceder incentivos tributários às micro e pequenas empresas

Estabelecimentos com atividades paradas há mais de três anos

terão baixa automática, a pedido do proprietário

Será concedido para ingresso no Simples Nacional

parcelamento, em até 100 parcelas mensais e sucessivas, dos

débitos fiscais de responsabilidade da microempresa ou

empresa de pequeno porte e de seu titular ou sócio, com

vencimento até 30 de junho de 2008

A fim de facilitar as vendas, indústrias do Simples Nacional

poderão transferir créditos de ICMS para grandes clientes

MERCADO

26 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

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iro

2009

MERCADO

M E R C A D O

27FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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2009

Onde local e globalse encontram

Embora às vezes pareçam mundos distantes, mercados

com características e dimensões diferentes mostram

que não são apenas contradições que marcam sua

relação. Há uma complementação de interesses e uma

corrida para conquistar espaço

á quem diga que o processo de globali-

zação se iniciou com as grandes navega-

ções e as descobertas marítimas nos sé-

culos 15 e 18, quando os europeus

buscaram entrar em contato com po-

vos de outros continentes. O tempo

passou e a ideia de formar uma aldeia

global, com a quebra de barreiras geo-

gráficas e a dinamização do capitalismo,

tomou forma efetivamente na década de 1980. Com um

novo modelo de desenvolvimento econômico, mercados

locais e regionais ganharam a possibilidade de levar seus

produtos e matérias-primas a países de diferentes partes

do mundo, agregar tecnologias importadas e se comunicar

com redes de conexões capazes de aproximar longas dis-

tâncias. Contudo, também houve a necessidade de se or-

ganizarem para não sucumbir ao impacto da competição

internacional. Pequenos e médios negócios precisaram

voltar seu olhar para as potencialidades do seu entorno

sem deixar de dialogar com elementos externos importan-

tes na geração de conhecimento e crescimento.

Mesmo diante desta realidade mundial ins-

taurada há quase três décadas, movimentos da

sociedade vêm fortalecendo as relações soci-

ais e de consumo em âmbito regional. Na ver-

dade, trata-se da simbiose entre o local e o

global, em que aspectos referentes a identida-

de de um bairro, condomínio, cidade ou esta-

do influenciam na vida da comunidade, assim

como recursos advindos da globalização, como

a internet. O consumidor não deixou de pre-

zar pelo varejo próximo a sua casa, gerando

renda naquele circuito e vínculos a partir de

uma ação de compra e venda. Integração essa

que contribui para a sustentabilidade de seg-

mentos econômicos de menor porte. Segun-

do a socióloga e professora do Instituto de

Filosofia e Ciências Humanas da Ufrgs Lorena

Holzmann, a troca consiste em um compo-

nente importante na formação dos contatos

sociais: “Claro que na maioria das vezes são

relações superficiais e pouco duradouras.

H

Por Patricia Campello

MERCADO

28 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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A pessoa que frequenta continuamente o co-

mércio da sua redondeza acaba conhecendo

os atendentes, que, por sua vez, passam a en-

tender os seus gostos. Isso até pode estreitar

laços, mas não a impede de migrar para um raio

maior”. Lorena ressalta que não cabe mais pen-

sar em uma economia fechada e restrita a um

lugar, pois o abastecimento do lojista extrapola

limites territoriais. “Hoje o tecido comercializa-

do na lojinha do bairro vem da Ásia. Os jovens

da periferia vão para a lan house próxima a sua

casa intercambiar informações com culturas e

individuos distantes do seu dia-a-dia.”

Comunidades nem tão distantesSe milhas ou quilômetros os afastam, não

importa. Sem dúvida, estes mundos opostos

se comunicam. Nas grandes cidades, a relação

de convivência dos bairros remonta, em cer-

tos casos, à pacata e nostálgica comunidade

interiorana. O servidor público José Ronaldo

Soares representa um caso típico de quem vive

os dois extremos, aproveitando as facilidades

proporcionadas pelo e-commerce sem abrir mão

de todos os serviços oferecidos no bairro onde

reside, em Porto Alegre: “Dificilmente deixo

de usufruir da infra-estrutura da Zona Sul”. Os

motivos que o tornaram apegado ao bairro tan-

gem tanto questões referentes a comodidade

quanto a confiança adquirida por meio da convivência com

os varejistas locais. “A gente cria amizade por ir sempre na

mesma locadora, restaurante e supermercado e, com cer-

teza, acabamos influenciados por esta ligação afetiva.” Por

outro lado, Soares mantém uma rotina bastante comum no

contexto contemporâneo: compra com assiduidade on-line.

As aquisições vão de produtos hortigranjeiros a equipamen-

tos eletrônicos. “Na verdade, não é um contraponto e sim

uma alternativa a mais para se ter qualidade de vida”, diz.

Assim como Soares, a catarinense Mariana S.Thiago

mantém uma ligação forte com um pedacinho da capital

porto-alegrense: o Bom Fim. A estudante de marketing

mudou-se para o Rio Grande do Sul a fim de concluir os

estudos e desde então não se imagina morando em outra

região da cidade. “Faço tudo no bairro para evitar pegar

ônibus. Quando vou à pizzaria, a funcionária nem pergunta

o meu nome e já sabe o que quero pedir. Inclusive partici-

po da comunidade do Bom Fim no Orkut”, conta; a intera-

ção pela web ajuda a fortalecer o vínculo local. Contudo,

Mariana não dispensa os artifícios inerentes a uma era mo-

derna, sendo uma internauta de “carteirinha”. Pela rede, se

abastece de comida, livros, CDs, DVDs e eletrônicos. Não

sai de casa antes de realizar uma pesquisa virtual dos pro-

dutos que pretende adquirir. De dentro do apartamento

ainda mata a saudade dos amigos radicados em Portugal e

Curitiba através de comunicadores e e-mails. “Acesso o

site da locadora situada na esquina do meu prédio para

avaliar os filmes diponíveis para locação. Não são ‘mundi-

nhos’ à parte, eles se complementam”, analisa.

Contradições e convergênciasSe por um lado brasileiros como Soares e Mariana en-

caram com bons olhos o encontro de mercados ora distan-

tes, ora próximos, por outro há um segmento que vivencia

as contradições de um mundo globalizado. Pequenas e

médias empresas não ficaram imunes à competição inter-

nacional e precisaram adequar sua gestão e melhorar seus

processos produtivos para acompanhar as novas deman-

das. Uma missão nada fácil para estruturas sem o suporte

de megaempreendimentos.

Para o economista Alfredo Meneghetti Neto, hoje exis-

te uma fusão entre o global e o local cercada de muitos

“Temos amor pela

nossa terra e

abraçamos com

sinceridade a causa

de todos aqueles

que diariamente

levantam a sua

bandeira.”

Edson Lessa

Presidente da

Acic de Camaquã

Div

ulga

ção/

Aci

c C

amaq

A moeda social circulante local palmas é aceita em 240

empreendimentos de um bairro da periferia de Fortaleza

Div

ulga

ção/

Ban

co P

alm

as

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29FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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conflitos: “O empreendedor tem o desafio permanente da

concorrência mundial. O produtor gaúcho de vinho, por

exemplo, enfrenta o chileno, o californiano e uma infinidade

de nacionalidades”. Meneghetti lembra o fato de a globali-

zação ter mudado a dinâmica da produção, a qual não ocorre

mais localmente e, sim, em qualquer país. “Os empresários

americanos e europeus dispõem de terras extremamente

caras e dispendiosas e, consequentemente, saem à procura

de economias alternativas. O governo da China, por sua vez,

atua no sentido de reduzir custos, não respeitando sequer os

direitos humanos. É uma disputa predatória.”

Já para a socióloga Lorena Holzmann não se trata de

uma relação marcada somente por contradições ou har-

monia. Há uma convergência de interesses, em que sem-

pre existe um “sócio” maior e com poder de decisão. “Este

nunca é o local ou regional, por não possuir o mesmo siste-

ma de poder, circulação e de negociação das grandes cor-

porações”, afirma.

Força na redeImersas em um panorama de negócios globalizados, as

empresas de menor porte tiveram que achar um caminho

para sobreviver; o conceito de rede, tão difundido pelo

mundo www, também encontra bons resultados fora do

computador. Várias iniciativas surgiram com o propósito

de obter vantagens competitivas, como as redes de coo-

peração. Para não atuar de maneira isolada, es-

tabelecimentos de um mesmo setor unem for-

ças regionalmente para garantir espaço no mer-

cado. As organizações setoriais se ajudam por

meio da complementação mútua tanto em as-

pectos técnicos como mercadológicos. “A cri-

atividade do brasileiro não tem limites, haja

vista as formas insistentes de se organizar e

cooperar para dar uma resposta à concorrên-

cia. No Brasil, o cooperativismo ainda é

embrionário, diferentemente do resto da

América Latina”, enfatiza o economista Al-

fredo Meneghetti Neto.

A Associação dos Supermercados da Re-

gião Noroeste e Missões do Estado do Rio

Grande do Sul (Rede CNS) reúne 36 lojas e

exemplifica bem esse movimento que atual-

mente possui adeptos em vários segmentos

econômicos. De acordo com Marco Antônio

Kuhn, presidente da Rede CNS, ao associar-

se muitos lojistas evitaram fechar as portas. A

parceria promoveu o intercâmbio de experi-

ências, informações e uma maior capacidade

de barganhar junto ao fornecedor. “A indústria

não nos enxerga como um cliente pequeno,

mas um grupo com poder de compra.” Com

isso, os estabelecimentos conseguem dispo-

nibilizar itens de qualidade e um mix de pro-

dutos variados. Uma ferramenta importante

para a conquista de bons preços é o site da

rede que funciona como uma espécie de licita-

ção virtual. Os supermercadistas entram no

portal com uma senha, lançam suas necessida-

des e o fornecedor cota os produtos. Quem

fizer o melhor preço, ganha. “A integração de

supermercados nacionais a companhias inter-

nacionais nos inspirou a não trabalhar sozinhos.”

A Rede Tchê também surgiu com o objeti-

vo de superar dificuldades e gerar benefícios

econômicos. Inaugurada em junho de 2002, por

iniciativa de empreendedores de Pelotas, ela

contabiliza 57 farmácias em 26 municípios de

“Há uma

convergência de

interesses entre a

economia global e

local, em que

sempre existe um

‘sócio’ maior e

com poder de

decisão.”

Lorena Holzmann

Socióloga

Lúci

a S

imon

O que é o palmas?rata-se de uma moeda social local circulante

emitida pelo Banco Palmas, o qual foi institui-

do pela Associação dos Moradores do Condomínio

Palmeiras – bairro situado na periferia de Fortaleza,

capital do Ceará. O objetivo é fazer o dinheiro circu-

lar na própria comunidade, assim gerando renda lo-

cal. O banco oferece uma linha de microcrédito (tanto

a consumidores como a empreendedores), moeda pró-

pria, cartão de crédito e alternativas de comercializa-

ção como feiras e lojas solidárias. O palmas é lastrea-

do e indexado ao real. A espécie tem componentes

de segurança como papel moeda, marca d’água, có-

digo de barra e número serial para evitar falsificação.

T

MERCADO

30 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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2009

todo o Estado, criando aproximadamente 280

empregos diretos. Além de obter mercado-

rias com custos acessíveis, a associação em-

placa benefícios imprescindíveis para a divul-

gação dos seus associados, desenvolvendo gra-

tuitamente encartes, propagandas e demais

mídias. “Individualmente fica difícil o varejista

bancar estas despesas”, analisa Adriana Mar-

que Vieira Conceição, gerente-geral da rede.

A executiva explica que participar desta socie-

dade requer a adoção de alguns padrões: “De-

pendendo da localização, o estabelecimento

deve ter um ano de existência, assim como

seguir um layout, usar uniformes e crachás e

demais detalhes para fixar uma identidade”.

Amor geográficoA solidariedade, a integração social e coo-

peração representam um agente de transfor-

mação sócioeconômico de um espaço geo-

gráfico. O amor pelo bairro, o associativismo

e a valorização da produção regional evidenci-

am a preocupação das instituições e da socie-

dade civil em interagir com o seu entorno. Essa

é a luta incessante da Associação Comercial

de Camaquã (Acic), responsável pela promo-

ção de campanhas de incentivo à valorização

de produtos e do comércio local. O presiden-

te da entidade, Edson Lessa, aposta na qualifi-

cação dos lojistas para o fortalecimento do varejo cama-

quense: “Levamos aos associados informações de merca-

do, palestras com profissionais renomados e cursos tanto

para o empresário como para o colaborador”. A saída para

driblar os efeitos da globalização, afirma o empresário, está

justamente em se apropriar de elementos globais para cres-

cer. “Companhias de expressão nacional chegaram ao nos-

so município, com equipes especializadas, e restou aos

micro e pequenos empreendedores se profissionalizar e

reciclar conhecimentos para não perder campo.”

Estratégias simples e com custo zero para cativar o

consumidor são pautas constantes nos encontros da enti-

dade. O atendimento personalizado e o “olho no olho”,

destaca Lessa, caracterizam as relações de consumo no

interior. O contato humano com o cliente conta pontos a

favor. “Os grandes varejistas têm dificuldade neste senti-

do, em função das dimensões do negócio. Observamos

que a população preza a interação com o vendedor ou com

o dono do comércio. Passamos aos lojistas o quanto a

atitude adotada no balcão fideliza.”

A cidade localizada no sul do Estado carrega o título de

Capital Nacional do Arroz Parboilizado. Base econômica

de Camaquã, o cereal recebe um tratamento especial da

Acic, que desenvolve ações com o propósito de cultivar

nos munícipes o hábito de consumir o alimento oriundo

das indústrias conterrâneas. “Semanalmente realizamos reu-

niões-almoço e servimos aos participantes (cerca de cem

empresários) pratos de entrada e sobremesas em que o

arroz da região configura como ingrediente principal.” Re-

centemente, a associação promoveu um desfile de moda

Mariana não vive longe do Bom Fim e tampouco dispensa

todas as facilidades oferecidas pelo mundo virtual

Lúci

a S

imon

Apesar de realizar compras pela internet, José Ronaldo não

dispensa o contato pessoal com os varejistas do seu bairro

M E R C A D O

31FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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com comerciantes camaquenses, contabilizando um pú-

blico aproximado de 3 mil pessoas. O ingresso equivalia a

um quilo de arroz ou feijão colhido e industrializado regi-

onalmente (posteriormente destinado a entidades caren-

tes). “Temos amor pela nossa terra e abraçamos com sin-

ceridade a causa de todos aqueles que diariamente levantam

a sua bandeira, gerando postos de emprego e contribuindo

para o bem-estar da comunidade”, declara Lessa.

Dois lados da moedaA ideia de fomentar uma economia mais igualitária che-

gou a círculos bem menores do que Camaqüã. A meta não

é diferente daquela determinada pela Acic: destacar-se em

um mercado cada vez mais amplo. Conforme Fábio San-

chez, secretário-adjunto da Secretaria Nacional de Econo-

mia Solidária, existem no país mais de 2 milhões de traba-

lhadores com a renda atrelada a empreendimentos

econômicos solidários (cooperativas, associações e gru-

pos informais). “Uma ação interessante no eixo do acesso

ao capital são os bancos comunitários, entidades que aliam

microcrédito com moedas sociais”, aponta. Em Fortaleza,

por exemplo, os 32 mil habitantes do Condomínio Pal-

meiras vivem uma realidade à parte. Na cartei-

ra, além de real, carregam palmas – um instru-

mento monetário paralelo aceito em 240 co-

mércios do bairro. Emitido pelo Banco Palmas,

instituição de crédito montada pela Associa-

ção de Moradores, o dinheiro (que tem valor

equivalente ao do real) é alternativo e uma for-

ma de a riqueza circular localmente. De acor-

do com Joaquim Melo, coordenador-geral do

banco, enfrentar o desemprego requer iniciati-

vas capazes de dar fôlego aos empregadores:

“No Palmeiras, temos microempresas de vári-

os segmentos. A moeda própria estimula as pes-

soas a comprarem dentro do condomínio. As-

sim, o PIB local aumenta”. Quem utiliza o palmas

recebe benefícios como descontos. O banco

faz o câmbio livremente, segundo a necessida-

de do consumidor ou empreendedor, além de

disponibilizar empréstimos sem juros. “O objeti-

vo foi estabelecer um circuito econômico fecha-

do, mas não isolado. Importamos tecnologias e

insumos. Os mercados se inter-relacionam.”

Mãos unidas, força garantidaO associativismo tem se configurado como a alternativa de alguns segmentos

da economia para driblar os desafios de um mercado globalizado. Entenda o que muda

ao participar de uma rede de cooperação:

Avanço da cultura dos empreendedores e colaboradores que buscam a capacitação

Fortalecimento de uma marca, em função da criação de padrões

Aumento do poder de barganha junto ao fornecedor

Parceria entre fornecedores e varejo que aumenta o mix de produtos a ser oferecido ao consumidor

União entre os participantes

Troca de conhecimentos e experiências

Crescimento conjunto

Compra conjunta

32 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

SA IBA MA IS

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e u r e c o m e n d o

Eu recomendo “Cartas a Nelson

Algren – um amor transatlântico

1947- 1964”, de Simone de

Beauvoir, publicado pela

Editora Nova Fronteira.

O livro com 304 cartas de

Simone para Algren é

maravilhoso. Enquanto nos

presenteava com obras de

referência como O Segundo Sexo

e Os Mandarins, ela escrevia

cartas apaixonadas em que

assinava “sua Simone”,

oferecendo desta forma uma

outra imagem de si mesma. As

cartas de Simone para Nelson

Algren, escritas em inglês,

foram adquiridas pela

Universidade de Columbus,

Ohio, em um leilão.

Sandra de Deus

Pró-reitora de Extensão da UFRGS

Psicologia Antes mesmo de sentir

no bolso, empresários e

profissionais sentem a crise

causar danos em sua mente.

Problemas que variam desde

estresse leve até depressão

profunda podem atacar pessoas

que não estejam preparadas.

Segundo a psicóloga Márcia

Rezende, diretora e

coordenadora do Instituto Saber, a realidade acontece só dentro do cérebro,

o que significa que a informação absorvida é acatada imediatamente. “Se o

profissional não estiver com a sua neurologia preparada, a crise pode se

tornar algo devastador, colocando em risco todo um trabalho.” Márcia

acredita que para escapar dos problemas financeiros globais é preciso

manter atitude positiva e entender quais as mudanças necessárias para o

ambiente de trabalho.

ISO 9001:2008 Desde dezembro do ano

passado está em vigor no Brasil o novo

formato mundial do certificado de

qualidade ISO 9001:2008. De acordo com

o International Accreditation Forum (IAF),

responsável pela reformulação, a partir de

dezembro de 2009 todos os certificados

emitidos devem estar atualizados conforme a versão 9001:2008.

Os certificados ISO 9001:2000 perderão a validade em janeiro de 2011.

As normas da família 9000 garantem ao cliente a qualidade do produto

por meio da implementação dos Sistemas de Gestão da Qualidade, que

consiste no gerenciamento de todos os processos da organização.

INSS Tradicionalmente conhecido por sua lentidão, o

Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) promete mudar

sua imagem diante do público a partir da concessão de

serviços a jato. O primeiro deles foi a liberação de

aposentadorias por tempo de contribuição dos trabalhadores

urbanos em 30 minutos. Agora, também em meia hora, as

gestantes brasileiras têm seu salário-maternidade autorizado. A previsão é de que

outros serviços passem a fazer parte deste sistema a partir de março.

Gav

in W

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Sto

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chng

SA IBA MA IS

33FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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e m t e m p o

ncontrar consumidores

desinformados não é mais uma

tarefa fácil. Com o crescente acesso a

informação, os brasileiros passaram a

fazer pesquisas sobre os produtos

desejados antes de ir até a loja efetuar

a compra. Uma das ferramentas mais

presentes nesses estudos pré-compra

é a internet. Basta uma página de

busca e a palavra-chave para que em

um clic se saiba qual a visão do

mercado diante do item desejado.

E

Boca a boca virtual

O boca-a-boca na internet se tornou

tão forte que já existem páginas

virtuais especializadas em coletar as

reclamações e elogios. De acordo com

um estudo da F/Radar, dos 64,5

milhões de brasileiros conectados à

internet, 48% decidem se realizarão a

compra ou não considerando a opinião

de outros usuários publicada em sites.

A pesquisa, que foi realizada

com o apoio do Datafolha, concluiu

também que 51% dos entrevistados

têm na busca de dados a maior

motivação para a navegação. Além

disso, 26% já expuseram sua opinião e

20% fizeram reclamações on-line

relativas a bens de consumo.

Mais informações na edição 40 da B&S

Coaching Prática bastante comum nos países de

Primeiro Mundo e ainda incipiente no Brasil, o

coaching assegura crescimento profissional e pessoal.

Em uma tradução livre para o português, o coach pode

ser comparado a um mentor. As atividades incluem,

basicamente, formular perguntas e estimular as

pessoas a encontrarem as respostas por conta própria.

Segundo o coach executivo Carlos Cruz, seu papel é

estimular as pessoas a obterem melhores resultados

durante os processos que levam ao desenvolvimento

de suas competências pessoais e profissionais. Ainda

de acordo com Cruz, o primeiro coach atuou há

séculos. Aristóteles guiou Alexandre, O Grande, que

a partir dos conhecimentos ensinados pelo seu

mentor construiu impérios.

Empresas As constantes oscilações das bolsas de todo o

mundo causaram queda nos valores das empresas

americanas. De acordo com levantamento realizado pela

consultoria Economática, que analisou 1.888

empreendimentos da América Latina e Estados Unidos,

122 empresas encolheram mais de 80% em 2008. Deste

total, 45 são empreendimentos brasileiros. A Agrenco foi a

empresa nacional mais castigada no ano passado, perdendo

98,3% do seu valor. Outro estudo da Economática

concluiu que 323 empresas de capital aberto na Bolsa de

Valores de São Paulo (Bovespa) tiveram redução de R$ 871

bilhões no seu valor de mercado entre 2007 e 2008.

ESTÁGION

úm

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34 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Frequentadores

assíduos das salas

de aulas, com

informações

fresquinhas e muita

vontade de fazer

acontecer, os

jovens talentos das

universidades

podem, sim, fazer

parte do seu

quadro funcional.

Atuar em

diferentes setores é

a principal isca

oferecida pelas

pequenas empresas

talentosPescando grandes

oda universidade possui em suas salas

de aula grandes talentos; estudantes que

em pouco tempo se tornarão obje-

to de desejo das principais empresas do setor

no qual atuam. Esses jovens profissionais se-

rão cortejados pelo mercado e desde o início

estão predispostos a optar pelas vagas em

grandes empreendimentos, já reconhecidos.

Conforme Carlos Henrique Mencaci, pre-

sidente do Núcleo Brasileiro de Estágios

(Nube), os acadêmicos mais talentosos cos-

tumam participar de diversos processos sele-

tivos e, por isso, podem escolher em qual

empresa irão atuar. “A isca para atraí-los in-

clui benefícios, como salário e auxílio-saúde,

mas o principal é a perspectiva de futuro.”

Aparentemente, empresas de grande porte

Toferecem mais oportunidades para a carreira, devido à

quantidade de níveis hierárquicos que possuem. Em con-

trapartida, em um empreendimento pequeno o jovem ta-

lento pode desenvolver diversas aptidões. “As pequenas

e médias empresas são sempre uma segunda opção para

os estudantes, porém têm um diferencial positivo. A pe-

quena é mais generalista e assim o profissional pode atuar

em várias áreas. Na grande é tudo muito específico e se

torna desinteressante com o tempo”, argumenta Mencaci.

Leis da atraçãoAtrair a atenção do futuro colaborador é o primeiro

passo para, depois, conquistar seu coração. Para Menca-

ci, é preciso divulgar a vaga, utilizar os serviços ofereci-

dos por agentes de integração, mas também ir até as uni-

versidades, colar cartazes, mandar e-mails e noticiar a vaga

inclusive entre os colaboradores, que podem ter uma boa

35FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

ESTÁGIO

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indicação. “O empresário tem que vender o cargo”, des-

taca o presidente do Nube.

A Athena Cargo, empresa porto-alegrense que atua

no setor de despachos aduaneiros, fretes internacionais,

assessoria e projetos especiais, utiliza a estratégia. Com

21 colaboradores e quatro estagiários, a Athena conta com

serviço oferecido por um agente integrador e está sempre

atenta às indicações da equipe. “O site também funciona

como uma ferramenta de atração”, afirma Silvana Truco-

lo, psicóloga do empreendimento. Os benefícios ofereci-

dos pela Athena incluem lanches, ambiente descontraído,

bolsa-auxílio compatível e vale-transporte. “Conversamos

também com os próprios candidatos para termos um re-

torno e, assim, melhorarmos o que for indicado.” Apesar

de ser uma empresa pequena, 80% dos estagiários foram

promovidos. Inclusive, segundo Silvana, os jovens que com

eles trabalham e ainda estão no Ensino Médio acabam se

interessando pelo setor e buscam cursos específicos.

Outro ponto importante na conquista de talentos é a

tradição da empresa. Ex-estagiários têm o hábito de co-

mentar com colegas e amigos os benefícios e os malefícios

de seus trabalhos. “A empresa que não incentiva seus cola-

boradores acaba ficando queimada. É preciso fazer a vaga

de estágio ser desejada para se criar um nome entre os

universitários”, explica Mencaci.

Motivar o aprimoramento dos estudos, promovendo

cursos e treinamentos, ou apenas oportunizar horário di-

ferenciado para quem permanece aperfeiçoando seus co-

nhecimentos também é muito valorizado pelos estudan-

tes. O presidente do Nube destaca que muitos conside-

ram este fator preponderante.

Atrair jovens talentos exige estratégia or-

ganizada; no entanto, depois de contratar o

estudante é iniciada uma nova batalha. Para

Cláudio Inácio Bins, gestor de Relações Ins-

titucionais do Ciee-RS, o grande desafio não

é atrair, mas sim, manter os mais capacitados.

“As dificuldades variam conforme o porte da

empresa.” Nos pequenos e médios empreen-

dimentos a criatividade deve ser a principal

ferramenta de manutenção. Além disso, se-

gundo Bins, garantir a permanência de futu-

ros profissionais acima da média inclui lem-

brar que o jovem é estudante antes de ser es-

tagiário e, por isso, necessita de algumas re-

galias, como carga horária menor, até desen-

volver o espírito empreendedor.

Athena Cargo: ambiente agradável é isca para talentos

Em primeiro lugar, atrair...

Compreender qual é o objetivo do programa de estágio

Preparar o ambiente para receber o estudante, ou seja, definir

atribuições, nomear supervisor, proporcionar treinamentos,

realizar relatórios de desempenho, oferecer a maior bolsa-

auxílio possível, entre outros itens

Ajudar o estagiário a enxergar novos desafios

Em alguns casos, desenvolver potencial empreendedor

... depois, manter

Proporcionar crescimento pessoal e profissional

Identificar objetivos comuns entre a empresa e o estagiário

Tratar os jovens profissionais de forma humana,

sincera e construtiva

Oferecer benefícios atraentes, como vale-refeição, auxílio-

moradia, cursos, participação nos lucros

Pagar remuneração justa, de acordo com o porte e a

rentabilidade da empresa

Esclarecer quais são as atividades do estagiário e o que a

empresa espera dele

Incentivar e ajudar a vencer desafios

Oportunizar o desenvolvimento de habilidades

Abrir espaço para o desenvolvimento da criatividade

Promover a cultura do reconhecimento

Luci

a S

imon

INVEST IMENTO

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36 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Segurança parainvestir

Mesmo com todo o

medo que está no

ar, a economia

brasileira cresceu

em 2008. Investir

os lucros desse

crescimento de

forma adequada

pode ser a garantia

de vida para as

empresas do país

clima é de insegurança. Por todos os la-

dos só se ouve falar na crise, que deixou

de ser virtual e passou a integrar, de fato,

a vida de muitos brasileiros. Os temores vari-

am desde crescimento desacelerado, ao con-

trário do que vinha acontecendo até então, até

desemprego em massa. Somente em dezem-

bro do ano passado, segundo o Ministério do

Trabalho, o Brasil perdeu mais de 650 mil pos-

tos de trabalho com carteira assinada.

No entanto, apesar de a crise ter estourado

antes da virada do ano, no segundo trimestre

de 2008 o Brasil cresceu 6,1% em comparação

com o mesmo período de 2007. No primeiro

Osemestre do ano passado, de acordo com o IBGE, o Pro-

duto Interno Bruto (PIB) sofreu incremento de 6% em re-

lação aos seis primeiros meses de 2007. Com estes índices

o Brasil alcançou o melhor semestre desde os primeiros

seis meses de 2004, quando o PIB cresceu 6,6%.

Mesmo com toda a turbulência global ocorrida no final

do ano, a economia nacional conseguiu produzir bons fru-

tos para 2009. Para este ano, as expectativas são bem

menos positivas. Durante grande parte do ano passado, o

Banco Central apostou que o PIB cresceria 3,5%, entre-

tanto, a tormenta fez o BC baixar as previsões para 2%.

Por outro lado, de acordo com um estudo realizado pela

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Eco-

nômico, o Brasil está à frente dos países ricos e das outras

Lucia Simon

37FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

I N V E S T I M E N TO

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2009

nações que constituem o Bric (Rússia, Índia e China) quan-

do o assunto é perspectiva econômica.

Seguro morreu de velho

Com todas as incertezas que rondam a economia, mais

do que nunca é necessário avaliar bem quais são as opções

de investimentos e depois de muita reflexão optar por

aquela que se adapta melhor a sua realidade. Para o consul-

tor Raphael Cordeiro, diretor da Raphael Cordeiro Con-

sultoria de Investimentos, a recomendação padrão é con-

servadorismo: “O investimento mais conservador é o títu-

lo público”. Segundo o consultor, os títulos públicos po-

dem ser acessados através de fundos DI, que seguem a

taxa Selic ou CDI. “Além disso, estes fundos não possuem

risco de crédito e oferecem liquidez diária.” Uma segunda

opção são os fundos de renda fixa. Porém este formato

possui riscos mais elevados.

Cordeiro destaca que antes de pensar em investir é

preciso fazer um “colchão de liquidez”. “O segundo se-

mestre do ano passado foi bastante difícil e a tendência é

que este seja tão ruim ou pior. Por isso, é preciso ter o

máximo de segurança possível e só depois avaliar qual o

investimento mais adequado.” Aos empresários que já

possuem seu “colchão”, o consultor aconselha a compra

de equipamentos que hoje estão com preços mais bai-

xos. Comprar máquinas agora e fazer a manutenção das já

existentes, explica Cordeiro, fará com que a empresa dis-

pare na frente dos seus concorrentes quando a economia

voltar a aquecer.

Novas contratações não são bem vistas pelo consultor.

“Não é o momento, pois contratar envolve alto custo ope-

racional, que precisa ser muito controlado”, alerta Cordei-

ro. Em contrapartida, este também não é o momento ideal

para demissões. A dica é fazer um pacto com a equipe,

optando pela honestidade e clareza, explicando a situação

da empresa e propondo alternativas, como redução de tur-

no ou até de salário. “Dessa forma, a equipe se une, geran-

do comprometimento entre todos.”

Produto Interno

Já Fernando Montero da Costa, diretor de Operação

da Human Brasil, afirma que investir nos colaboradores é,

sim, uma forma de driblar a crise. “Tradicional-

mente, nesta época as empresas estão com o

orçamento aberto para novos direcionamen-

tos. Por isso, é uma boa ocasião para dar início

a projetos de desenvolvimento e treinamen-

to”, explica Costa.

Na opinião do consultor, isso não se aplica

àquelas empresas que já foram atingidas pela

crise. Para ele, até agora os problemas finan-

ceiros têm alcançado determinados setores, e

aqueles que não foram afetados devem apro-

veitar o momento para investir nas “pratas da

casa”. “Recomendamos que sejam desenvol-

vidas avaliações internas e identificadas as ne-

cessidades dos profissionais. É preciso in-

vestir e corrigir as fraquezas para que a equi-

pe possa proporcionar o seu máximo e assim

ajudar o empreendimento a enfrentar qual-

quer tipo de crise”, salienta o consultor de

RH. Dessa forma, a empresa agregará valor

ao seu produto, além de melhorar a qualidade

e a produtividade.

Investimento Risco

Ações de grandes empresas Médio

Ações small caps Alto

CDB/RDB Muito Baixo

Debêntures Baixo

Derivativos Muito alto

Dólar ou outras moedas Alto

Fundos de ações Médio

Fundos de private equity Alto

Fundos de renda fixa Baixo

Fundos multimercado Médio

Imóveis Baixo

Obras de arte e antiguidades Médio

Ouro Médio

Poupança Muito baixo

Previdência privada Baixo

Títulos públicos Baixo

Principais tipos de investimentos praticadosno Brasil e seus riscos

VE ÍCULOSN

úm

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2009

38 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

uando o veículo sai da fábrica, ele está

de acordo com a legislação vigente e o

desenho do projeto original. Mas o gos-

to, a necessidade e a criatividade do novo

dono determinam se ele será mais um nas ruas

ou uma peça completamente diferenciada. “As

pessoas buscam a transformação veicular prin-

cipalmente por economia e personalização:

deixar o carro com a cara do dono”, diz An-

tônio Gaspar de Oliveira, do Sindicato da In-

dústria de Reparação de Veículos e Acessórios

do Estado de São Paulo (Sindirepa-SP).

Do sistema de som até a blindagem, tudo

passa pelo mercado de transformação e mo-

dificação veicular, bastante forte no Brasil.

Dados do Sindirepa-SP apontam um cresci-

mento do número de profissionais na área e

também do faturamento das oficinas, que sal-

tou de R$ 7,1 bilhões em 2005 para R$ 8,3

bilhões em 2007.

Q

Mesmo quem

compra um

automóvel com o

maior número

de acessórios

pode dar um

toque particular

à máquina.

O mercado e

as opções

são amplas e

abrangem

carros, barcos e

outros veículos

Os carros tunning (que podem ser traduzidos como

de “ajuste fino”) são a maior vitrine desse tipo de traba-

lho, capaz de alterar completamente a forma e a funcio-

nalidade de um modelo. O mesmo acontece no setor

náutico, que vem crescendo no país. Na terra ou na água,

os proprietários com disposição para investir em modifi-

cações com quantias bastante superiores ao valor original

do veículo buscam alternativas de cor, formato e muitos

acessórios, que podem melhorar a aerodinâmica, o rendi-

mento e a velocidade.

Sem limites

Mas nem só da estética vive o mercado de transfor-

mações. A necessidade de adaptar um veículo para uma

pessoa com deficiência física, por exemplo, gera negóci-

os para muitas empresas. Ainda nos mares, um grande

destaque é o projeto da USP para competições paraolím-

picas, o Poli 19. Desenvolvido ao longo de dois anos, a

partir de uma solicitação da Federação de Vela feita à Es-

cola Politécnica da USP (Poli/USP), o objetivo era obter

eu queriaNovo e do jeito que

Foto

s: L

ucia

Sim

on

VE ÍCULOS

39FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

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2009

um barco seguro e de bom desempenho para treinar atle-

tas paraolímpicos. Nas competições se utiliza um barco

inglês, com 23 pés, quilha fixa, o que dificulta o transporte,

com um custo médio de US$ 40 mil. Já o Poli 19 tem 19

pés, com excelente desempenho, quilha retrátil, facilitan-

do o transporte, e custo aproximado de R$ 25 mil.

Em casos assim, o que se busca é ergonomia, facilida-

de operacional, conforto e adaptabilidade às restrições

de mobilidade. O mesmo acontece sobre quatro rodas.

No Centro Automotivo Pit Stop, em Porto Alegre, cerca

de 20 carros por mês estacionam nas rampas da oficina

para algum tipo de adaptação. O movimento intenso se

contrapõe à pouca oferta do serviço no Estado; mesmo

assim, a atenção dedicada a cada projeto é fundamental

para garantir melhor dirigibilidade. “Em primeiro lugar,

deve-se levar em conta qual deficiência o cliente apre-

senta. Alguns já trazem na carteira de habilitação ou um

laudo médico, indicando o tipo de adaptação necessária

a ser feita”, explica Ricardo Luiz Rosa, gerente comer-

cial da empresa.

Novo ou usado, qualquer carro pode ser adaptado,

para portadores de deficiência, mas os equipamentos, pe-

ças e acessórios precisam ser regulamentados para ofere-

cer condições seguras para a condução. Os veículos tam-

bém precisam obter autorização do Detran para circular

com as modificações. Os novos já saem da fábrica homo-

logados e com redução de impostos. Já os seminovos pre-

cisam da vistoria de empresas autorizadas pelo Inmetro,

o que também vale para motocicletas.

Pode atirar

Certificação também é palavra de ordem no setor de

blindagem automotiva. A moda pegou no Brasil há 20 anos

e nesse período já ganhou inúmeras inovações e mais adep-

tos. Para se ter uma ideia, um carro chegava a pesar uma

tonelada depois de blindado, lá pelos anos 90. Hoje, o

peso extra chega a 200 quilos. Segundo Bernardo Falla-

vena, representante de grandes empresas do ramo, já na

primeira quinzena de janeiro a procura pelo serviço foi

intensa, superando anos anteriores. Entretanto, o núme-

ro de oficinas clandestinas e de serviços que não garan-

tem a segurança dos usuários aumenta conforme a de-Ricardo Luiz Rosa, da Pit Stop: “Em primeiro lugar, deve-se levar emconta qual deficiência o cliente apresenta”.

Classificação Marca Modelo

1º Toyota Corolla

2º Landrover Freelander

3º Toyota Hillux SW

4º Mitsubishi Pajero Full

5º VW / Honda Jeta / Civic

Carros mais blindados no Brasil

Fonte: Abrablin/2007

2º Semestre de 2007

manda. “Há quem ofereça blindagem parcial,

o que não garante a segurança dos ocupantes

do veículo e não é autorizada. A cobertura

deve ser feita a partir do painel até o banco

traseiro, passando pelas laterais, teto, coluna

e vidros”, alerta. Segundo a Associação Brasi-

leira de Blindagem (Abrablin), antes de con-

tratar uma blindadora é preciso verificar se ela

possui o Certificado de Registro no Exército.

Sem este documento, a empresa não pode atu-

ar no segmento, uma vez que o carro blinda-

do é um produto sob controle. As fornecedo-

ras de materiais utilizados na blindagem tam-

bém devem ser certificadas com testes feitos

pelo Exército. A entidade divulga que em

2007 a produção das blindadoras associadas

representava 70% da produção brasileira, pas-

sando de 5 mil veículos, a um custo unitário a

partir de R$ 50 mil.

ENTRETENIMENTO

40 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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2009

uem tem por hábito passar as férias de

verão no litoral já deve ter percebido

que a diversão não se limita mais ao mer-

gulho no mar ou ao jogo de vôlei de praia.

Para complementar as belezas naturais, que

por si só já atraem milhares de veranistas, as

praias dos litorais Norte e Sul do Estado es-

tão apostando, já há alguns anos, em ativida-

des culturais, que divertem, diversificam e

promovem o turismo local durante o período

Muita cultura à

beira-marAs praias gaúchas oferecem uma ampla

programação de entretenimento para os turistas

que procuram o mar na época mais quente do ano.

As atividades arejam o cotidiano dos veranistas e

aquecem o circuito cultural no Estado

de maior movimento na região. Com isso, além de um

bonito bronzeado é possível pegar também um cinemi-

nha, um teatro, participar de um sarau poético ou de um

show de música contemporânea.

Muitas atrações estão concentradas no Litoral Norte,

mas o sul do Estado também oferece uma programação

cultural diversificada. A principal delas é a Feira do Livro

que acontece entre os meses de janeiro e fevereiro na pra-

ça Didio Duhá, na praia do Cassino. Realizado pela Fun-

dação Universidade Federal do Rio Grande (Furg) com

apoio do Sesc-RS e da Prefeitura Municipal de Rio Gran-

de, o evento está em sua 36ª edição e tem como patrono o

músico e escritor Vítor Ramil. De acordo com a Furg, a

edição de 2009 oferece muito mais que bancas de livros:

dois palcos abrigam shows de artistas locais e estaduais.

Evento homônimo também movimenta as areias de

Tramandaí: o Departamento de Cultura realiza há oito

Q

Divulgação Prefeitura de Torres/Adriano Daca

Vista do Parque da Guarita, na Praia de Torres, que alterou sua programação por sugestão dos veranistas

41FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

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Fevere

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2009

ENTRETEN IMENTO

anos a Feira do Livro da cidade. Segundo o administra-

dor do Departamento, Adriano Lima, a feira é um dos

maiores eventos culturais do Litoral Norte do Rio Gran-

de do Sul durante as temporadas de veraneio. “A Feira

do Livro é primordial para a região, por fomentar o tu-

rismo local ao oferecer lazer com cultura.”

O evento também agrega outras atividades além das

tradicionais noites de autógrafos e shows musicais; rea-

liza-se a Mostra de Artes Plásticas de Tramandaí e o pro-

jeto Fazendo arte nas férias – arte reciclada, que ensina

crianças, jovens e adultos a reaproveitar vidros, latas,

jornal e CDs. O público estimado da feira, segundo Lima,

é de cerca de 70 mil pessoas.

Atendendo a pedidos

Na praia de Torres, a agenda cultural durante o ve-

rão foi alterada a pedido dos próprios frequentadores

Circuitos culturais

do local. “Os veranistas não gostavam dos sho-

ws realizados na areia da praia e que se pro-

longavam até tarde da noite”, conta Roniel

Lumertz, secretário municipal de Cultura de

Torres. Motivada por essa solicitação, foi inau-

gurada a Casa de Cultura, um espaço para 300

pessoas, climatizado e com estrutura para pro-

jeções de filmes, apresentações teatrais e ex-

posições. “No início as pessoas ficaram rece-

osas e pouco iam aos eventos promovidos na

Casa de Cultura”, lembra o secretário. Hoje,

o espaço está sempre com lotação máxima,

recebendo 2 mil pessoas por semana. Em Tor-

res, a programação de verão inclui espetácu-

los teatrais, exibição de filmes brasileiros, ita-

lianos, argentinos e uruguaios, shows de

música e feiras de artesanato.

radição nas praias dos litorais

Norte e Sul do Estado, as ati-

vidades culturais promovidas pelo

Sesc já fazem parte do cotidiano dos

veranistas gaúchos. Em 2009 não

podia ser diferente: são diversas

ações de lazer, entretenimento, inte-

gração e aprendizagem. Nas praias de

Cidreira, Tramandaí, Capão da Ca-

noa, Arroio do Sal, Torres, Cassino,

Laranjal e São Lourenço estão insta-

ladas as casas do Estação Verão 2009.

Além de atividades culinárias e de saú-

de, estão à disposição dos veranistas

80 livros em cada casa, para emprés-

timo gratuito de uma semana. Entre

as obras estão: O rumor da casa, de Tel-

ma Scherer; Canalha, de Fabrício Car-

pinejar; Eu sou o mensageiro, de Markus

Zusak; O Crepúsculo, de Stephenie

Meyer; Mais comédias para ler na escola,

de Luis Fernando Verissimo.

Até o dia 28 de fevereiro, o Arte

Sesc – Cultura por toda parte realiza apre-

sentações de grandes nomes da mú-

sica gaúcha em 14 praias do litoral.

Luiz Marenco, Ernesto Fagundes, Cé-

sar Oliveira e Rodrigo Melo, Daniel

Torres, Joca Martins e Renato Bor-

ghetti são alguns dos artistas que es-

tão mostrando seu trabalho durante a

temporada de veraneio. Todas as apre-

sentações são gratuitas.

A programação do Sesc inclui ain-

da a terceira edição do projeto Verão

Band Sesc, na praia de Torres, com di-

versas atividades culturais, que englo-

bam cinema, teatro, literatura e músi-

ca. Tudo organizado pelo Sesc-RS,

através do Arte Sesc – Cultura por toda

parte, e pela Rede Bandeirantes, para

garantir o entretenimento dos vera-

nistas e da comunidade local.

A programação completa das ati-

vidades do Sesc-RS no litoral gaúcho

está no site www.sesc-rs.com.br.

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PROFISSIO

NALIZAÇÃO

42 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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2009

pós-graduação no Brasil tem pouco mais

de 70 anos, uma história recente em se

tratando de evoluções sociais, mas sufi-

ciente para deixar marcas na cultura da educa-

ção. Das tradicionais salas de aula e pesquisas

em bibliotecas abarrotadas de livros e periódi-

cos até as coleções de frames na tela do com-

putador da educação a distância (EAD), as dis-

ciplinas cursadas após a graduação ganham

espaço e são cada vez mais requisitadas no mer-

cado de trabalho. Já oferecem uma larga esteira

de opções e formatos, que se estendem do de-

sejo de tornar-se um mestre ou doutor, com-

provando dissertações e teses e propondo teo-

rias, até a formação de especialistas em

determinados assuntos.

É preciso, antes de tudo, separar as duas li-

nhas de trabalho existentes. “De forma genéri-

ca, na pirâmide do ensino há duas vertentes de

educação: lato sensu e stricto sensu (do latim: senso

amplo e senso restrito, respectivamente). O

primeiro é mais focado no mercado, com cur-

sos específicos para quem procura especializa-

ção. Já o segundo engloba o mestrado e o dou-

Educação em restrito e

amplo sensoÀ medida que o indivíduo avança em sua

formação acadêmica, fica mais direcionado o foco

dos estudos e do aprimoramento. Nesse trajeto

encontra-se a pós-graduação, como importante

degrau para se obter a titulação desejada

torado para áreas do conhecimento com ênfase no desen-

volvimento de pesquisa”, esclarece Flávia Feitosa Santana,

diretora de Pós-Graduação e Pesquisa do Senac-SP.

Conhecimento renovado

Conforme o Ministério da Educação (MEC), as insti-

tuições credenciadas pelo órgão podem oferecer cursos

de pós-graduação lato sensu sem a necessidade de autoriza-

ção, reconhecimento e renovação de reconhecimento. Essa

determinação impede que se tenha um controle maior so-

bre a oferta de cursos nessa modalidade. Mesmo assim, as

pós lato sensu são submetidas ao processo de supervisão do

MEC, e essa avaliação é levada em consideração para o

recredenciamento da instituição. A legislação que trata do

tema define que o corpo docente de cursos de pós-gradu-

ação lato sensu deve ser constituído por pelo menos 50% de

professores com título de mestre ou de doutor, obtido em

programa de pós-graduação stricto sensu reconhecido. Os cur-

sos devem ainda ter duração mínima de 360 horas. “Para

escolher adequadamente a instituição e o curso, além de ve-

rificar critérios como facilidade de deslocamento e custos é

preciso avaliar os requisitos que atestam a qualidade do en-

sino”, recomenda Adalberto Américo Fischmann, diretor

educacional da Fundação Instituto de Administração (FIA).

As modalidades têm especificação clara. Em geral os

cursos stricto sensu (mestrado acadêmico, mestrado profis-

sionalizante, doutorado e pós-doutorado) são orientados

à formação de professores, acadêmicos e pesquisadores.

A opção entre os mestrados profissionalizante e acadêmi-

co depende da atuação do educando. Ambos necessitam

da elaboração e defesa de dissertação para se obter a titu-

A

43FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

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PROF I SS IONAL IZAÇÃO

lação, mas o primeiro está ligado à prática do mercado,

enquanto o segundo objetiva a produção científica.

O pré-requisito para se ter acesso a uma pós-gradua-

ção é a conclusão do nível anterior, a graduação. Um exa-

me escrito, a prova de língua estrangeira, a análise de cur-

rículo, uma proposta de projeto de pesquisa e a entrevista

pessoal são as etapas para se conseguir o ingresso.

A cada diploma, mais um passo

A aposta na pós-graduação contribui para a formação

de um padrão cultural mais elevado, da pessoa e do país,

acredita o professor Fischmann: “A sociedade também

ganha com isso, não só a pessoa que escolhe esse cami-

nho. Investimentos nessa área ajudam a diferenciar uma

nação, que passa a se destacar pela competência em qual-

quer modalidade do conhecimento”. O incremento na

competitividade se dá pela formação de uma elite de pes-

quisadores e produtores de material científico. No que

se refere às especializações, um maior número de profis-

sionais qualificados e mais bem preparados garante mer-

cado mais sólido e produtivo. “A Coreia do Sul é hoje

uma potência por ter essa visão: cuida da educação supe-

rior e básica com a mesma ênfase. O diferencial é que o

ensino básico é gratuito, enquanto a graduação e a pós-

graduação são pagos pelos usuários.”

Os diferenciais na carreira promovidos por uma pós-

graduação são um consenso geral. O nível de especiali-

zação do candidato a uma vaga de trabalho ou mesmo

para assumir um cargo superior é sempre considerado.

Com uma grande oferta de cursos em todas as áreas, a

educação superior em pós-graduação está disponível em

todo o território nacional em instituições de ensino tra-

dicionais e outras criadas recentemente para atender o

público que demanda estes serviços. “Os alunos não

precisam mais estar na sala de aula. Temos cursos pre-

senciais ou a distância e também elaborados de acordo

com a necessidade de grupos, empresas e outras insti-

tuições. No caso da pós em lato sensu, o importante é

focar na área de conhecimento necessária ao desenvol-

vimento profissional”, finaliza Flávia.

Pós-graduação Senac-RSO Senac-RS oferece diversas opções de cursos de pós-

graduação nas áreas mais requisitadas do mercado. Confira as

oportunidades que esperam por você

Faculdade de Tecnologia Senac Passo Fundo

Especialização em Administração em Banco de Dados

Especialização em Geotecnologias Aplicadas

Especialização em Docência na Educação Profissional – 2ª edição

Faculdade de Tecnologia Senac/RS

Especialização em Moda, Criatividade e Inovação – 3ª edição

Especialização em Gestão, Planejamento e Organização de Eventos

Especialização em Gestão de Vendas

Especialização em Marketing Esportivo

Especialização em Gestão em Gastronomia

Faculdade Senac/RS

Especialização em Gerenciamento de Projetos

Especialização em Administração e Negócios Imobiliários – 2ª Edição

Especialização em Comunicação Estratégica – 3ª Edição

Faculdade de Tecnologia Senac Pelotas

Especialização em Comunicação Integrada de Marketing

Mercado de Capitais: Formação de Operador e Analista

Especialização em Gestão da Logística Empresarial – 2ª Edição

Especialização em Gerenciamento de Projetos – 2ª Edição

Responsabilidade Social: Gestão, Inovação e Estratégias para

Organizações Públicas & Privadas – 2ª Ed.

Especialização em Gestão Hoteleira com Ênfase em Marketing – 2ª Edição

Especialização em Mercado da Moda: Comunicação, Marketing e Estilo

Especialização em Gestão Integrada do Capital Intelectual – 5ª Edição

Senac EAD

Artes

Especialização em Artes Visuais: Cultura e Criação

Gestão e Comércio

Especialização em Gestão Cultural

Especialização em Gestão de Varejo

Meio Ambiente

Especialização em Educação Ambiental

Saúde

Especialização em Gestão da Segurança de Alimentos

Tecnologia da Informação

Especialização em Governança de TI

Tecnologia Educacional

Especialização em Educação a Distância

Especialização em Gestão Educacional

INTERNACIONAL

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44 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

As comemorações pelo Ano da França no Brasil colocam em evidência os números que

mantêm estáveis as relações comerciais entre os dois países. Movido principalmente pelas indústrias

aeronáutica e espacial, o comércio franco-brasileiro atingiu um recorde histórico em 2007

velho mundoComércio com o

m 2009, expressões como merci, s’il vous

plaît e bonjour vão ser tão comuns aos

ouvidos brasileiros quanto obrigado,

por favor e bom dia. Isso porque no dia 21 de

abril iniciam-se as comemorações do Ano da

França no Brasil, que seguem até o dia 15 de

novembro. Em 2005 os franceses conheceram

de perto a diversidade e a riqueza da cultura

brasileira; agora a situação se inverte, é a vez

Eda França mostrar o seu multiculturalismo ao Brasil.

O convite para as festividades já foi distribuído: em de-

zembro, uma publicação especial sobre o Ano da França

no Brasil foi lançada juntamente com a revista Vogue. En-

tretanto, a visita do presidente francês Nicolas Sarkozy

ao país no final do ano passado mostra que as relações

entre as duas nações ultrapassam as passarelas da moda.

O Brasil é hoje o principal parceiro comercial da Fran-

ça na América Latina, desbancando México e Argentina.

Lúcia Simon

45FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

INTERNAC IONAL

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2009

Em 2007, segundo informações da Missão Econômica da

Embaixada da França no Brasil, o intercâmbio comercial

franco-brasileiro se intensificou, estabelecendo um re-

corde histórico acima dos 6 bilhões de euros – 3,1 bi-

lhões referentes às exportações francesas e 3,5 bilhões

oriundos das importações francesas vindas do Brasil –,

uma progressão de 19,9% em relação a 2006. Mais do

que isso, a França foi o sexto investidor no Brasil em 2007

e ocupa a quarta posição quanto ao estoque de investi-

mentos estrangeiros no país, o que significa algo em tor-

no de US$ 15 bilhões. O presidente da regional Rio

Grande do Sul da Câmara de Comércio França-Brasil

(CCFB-RS), Roner Guerra Fabris, enumera alguns dos

motivos que fortaleceram a parceria franco-brasileira nos

últimos anos: “O Brasil tornou-se um país politicamen-

te estável, uma poderosa economia atuante e detentora

de credibilidade que se internaliza, rica em recursos na-

turais e que se firma como um grande parceiro industri-

al e comercial”.

Fabris também destaca um expressivo número de

mudanças ocorridas no Brasil nos últimos anos, favorá-

veis às relações de comércio exterior. “Elas anunciam ten-

dências do ambiente de negócios que a estratégia setorial

francesa não pode ignorar: uma maior aspiração de con-

forto pela classe média que possui uma situação financei-

ra privilegiada; balanço energético excedente; tendências

a uma reestruturação financeira e de estratégias objetivan-

do criar parcerias de porte no cenário internacional; além

de medidas para impulsionar a construção e desenvolvi-

mento de infraestruturas.”

Eles escolheram o Brasil

Nada menos do que 360 filiais francesas estão instala-

das em território brasileiro, empregando mais de 250 mil

pessoas. A presença da França torna-se ainda mais signi-

ficativa quando se identifica que 35 das 40 empresas da

Bolsa de Valores de Paris, principalmente do setor indus-

trial, estão aqui implantadas. Uma delas é o Grupo Actia,

representado pela Actia do Brasil, com sede em Porto Ale-

gre. As duas empresas se juntaram em 1997, quando o

Grupo Actia buscava no Brasil um parceiro que já produ-

zisse mercadorias como as suas, ou seja, produtos e solu-

ções eletrônicas automotivas para veículos co-

merciais. “Parcerias deste tipo permitem a tro-

ca de experiências entre culturas e formas de

trabalho diferentes”, destaca Luís Augusto

Duarte, sócio-proprietário da Actia do Brasil.

Para Fabris, a atração de empresas para o

Rio Grande do Sul figura na capacidade de se

vender o Estado para a França. “Não há seto-

res específicos mais ou menos atraentes. Nos-

sa educação e mão-de-obra qualificada, alia-

das a um custo de implantação, de segurança

e de melhor qualidade de vida, nos conduz a

sermos potencialmente mais atraentes do que

outros estados onde estes fatores estão sen-

do fortemente considerados.” “É preciso aten-

De mãos dadas

A visita do presidente francês, Nicolas Sarkozy, em dezem-

bro do ano passado resultou na assinatura de uma série de acor-

dos entre a França e o Brasil. São eles:

Plano de ação para implementação da parceria estratégica

entre os dois países

Acordo na área da luta contra a exploração ilegal do ouro

em zonas protegidas ou de interesse patrimonial

Protocolo adicional ao acordo de cooperação técnica e

científica entre os dois países para criação do Centro Franco-

Brasileiro da Biodiversidade Amazônica

Protocolo de cooperação para o desenvolvimento sustentável

do bioma amazônico, tanto do lado francês (Guiana

Francesa) como do lado brasileiro

Acordo na área de submarinos

Protocolo sobre cooperação no domínio do ensino profissional

INTERNACIONAL

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2009

46 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

der às exigências dos franceses”, completa

Roger Aubert, fundador e primeiro presiden-

te da CCFB-RS. A participação francesa no

Estado ocorre em diversos setores, como a

Doux, na área de alimentos; a Kuhn-Metasa,

no setor de máquinas agrícolas; a Chandon,

com os espumantes naturais; e a C-Lines, na

área de estruturas pré-fabricadas.

O carrinho de compras

Produtos da construção aeronáutica e es-

pacial, equipamentos para automóveis e pre-

parações farmacêuticas são os três principais

itens da lista de compras brasileiras, represen-

tando 30%, 10% e 5,8% das importações, res-

pectivamente. No velho mundo, minérios de

ferro, petróleo e resíduos oleaginosos e pro-

dutos da indústria de serraria somam 40,5%

das importações francesas vindas do Brasil.

Segundo Fabris, no primeiro semestre de 2008 a França

exportou para o Brasil um montante aproximado de 1,5

bilhão de euros; no mesmo período, o Brasil exportou

quase 1,9 bilhão em moeda européia.

Na pauta dos investimentos franceses em terras tupi-

niquins observa-se um esforço em larga escala. “Na área

de energia a Tractebel (Energia-Suez) está investido US$

300 milhões na construção de duas unidades e na manu-

tenção dos parques geradores; a Louis-Dreyfus vai inves-

tir até 2010 US$ 310 milhões no setor sucroalcooleiro.

E no setor automobilístico, a Renault está investindo 360

milhões de euros no lançamento de seis novos modelos

no Paraná”, enumera Fabris.

Uma vasta programação foi organizada para comemo-

rar o Ano da França no Brasil: a relação completa está no

site http://anodafrancanobrasil.cultura.gov.br. Entretanto,

esta não é apenas uma oportunidade de conhecer a cultu-

ra francesa, mas de estabelecer parcerias e aproveitar a

ocasião para estreitar laços comerciais.

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Núm

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2009

crise financeira internacional desem-

barcou no Brasil através do setor in-

dustrial. O dado mais recente, refe-

rente a novembro de 2008, mostra que a pro-

dução de bens da indústria foi 6,2% inferior

àquela observada em novembro de 2007 e

5,2% abaixo da registrada em ou-

tubro de 2008. A redução de pro-

dução observada em novembro

de 2008 foi a mais acentuada des-

de maio de 1995. Infelizmente, a

crise não ficará restrita apenas ao

setor industrial. A queda na pro-

dução industrial, que já gerou fé-

rias coletivas em várias empresas,

vai se traduzir a seguir em elevação da taxa

de desemprego, com efeitos negativos sobre

os setores de comércio e serviços.

A principal correia de transmissão da cri-

se econômica será o mercado de trabalho.

O crédito mais caro atrapalha o comércio,

mas o principal efeito negativo sobre o co-

mércio sempre vem da deterioração do mer-

cado de trabalho. Até dezembro de 2008,

os efeitos da crise econômica sobre o mer-

cado de trabalho têm sido concentrados em alguns se-

tores específicos, sem efeitos generalizados sobre o

mercado de trabalho. A taxa de desemprego de dezem-

bro (6,8%) foi a mais baixa da nova série histórica do

IBGE iniciada em 2002. Na região metropolitana de

Porto Alegre o resultado positivo foi ainda mais expres-

sivo, com o desemprego atingindo apenas 4,7%. Contu-

do, já é claro o efeito da crise sobre o mercado formal de

trabalho. Ao longo dos primeiros meses de 2009 devere-

mos observar uma deterioração no

mercado de trabalho, com efeitos

negativos sobre o setor de comér-

cio de bens e serviços.

Em 2009, a melhor estratégia

para os empresários do setor de co-

mércio e serviços é a prudência.

É preciso cortar custos e ficar ca-

pitalizado, dando prioridade para

as vendas à vista ou de prazo relativamente mais curto.

Uma empresa capitalizada pode não apenas enfrentar os

percalços da crise com maior resistência, mas também

estará preparada para as oportunidades que a crise possa

oferecer. A crise vai enfraquecer ou eliminar as empre-

sas menos preparadas e resistentes, de forma que aque-

las que conseguirem estar capitalizadas e resistir à crise

terão boas oportunidades de expansão no futuro.

A crise vai chegar

no comércio

A

* Consultor econômico da Fecomércio-RS

Ros

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Marcelo S. Portugal*

Em 2009, a

melhor estratégia para

os empresários

do setor de

comércio e serviços

é a prudência

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Núm

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2008

es , we can!”, este foi o slogan de Barack

Obama durante o extenso processo elei-

toral americano. Traduz mais do que

a esperança de minorias americanas. Expressa

os anseios de grande parcela da população mun-

dial, que há décadas atribui ao imperialismo

americano as culpas pelas mazelas da

humanidade. Assim como Lula, Oba-

ma é um fenômeno social, e não polí-

tico. Venceu as eleições nos Estados

Unidos apoiado em um discurso oti-

mista e sedutor, mas ao tomar posse

de suas atribuições presidenciais, no

início de janeiro, adotou um discur-

so alicerçado na realidade que o cargo impõe.

Tradicionalmente, discursos de posse apre-

sentam sinais do governo que está por vir.

O de Obama foi realista, e seu governo também

deve ser. Para os que esperam uma maior aten-

ção do governo dos Estados Unidos com a co-

munidade internacional, é necessário lembrar que

Obama é o presidente de um país, e não do

mundo. O “we” (nós) da campanha dizia respei-

to a ele e todos os seus compatriotas, e não ao

resto do planeta. Em sua fala de 18 minutos, o

novo presidente deixou clara sua preocupação

em manter o país que governa na liderança mun-

dial, apesar dos efeitos da crise econômica. Ele governará

para os americanos e atenderá aos anseios desse povo.

Por isso, muitas das mudanças aguardadas pelo resto

do mundo, que espera a ruptura com as políticas de Bush,

podem acontecer, mas o foco continuará a ser o desenvol-

vimento econômico dos Estados Unidos. Exemplo clássi-

co é a guerra do Iraque. Os americanos não querem o fim

da guerra por compaixão aos habitantes que vivem no Ori-

ente Médio, mas sim pela falta de resultados que ela traz ao

seu país. É uma questão de orça-

mento, e não de humanismo. A re-

tirada das tropas do Oriente Mé-

dio não será imediata, e o país ten-

de a aumentar o protecionismo em

suas relações comerciais, principal-

mente em tempos de crise.

Barack Obama não é o herói

que vive no imaginário de boa parte da população mundi-

al, nem promoverá mudanças profundas no modo norte-

americano de fazer política. É jovem, e sua carreira política

tem pouco mais de uma década, mas seus primeiros atos

demonstram cautela e responsabilidade. Formou sua equi-

pe com nomes que estiveram nos governos Bush e Clin-

ton e políticos tradicionais do Congresso. Cerca-se de

políticos com mais experiência, pois sabe que para fazer

um governo responsável precisa manter os aspectos posi-

tivos dos dois governos que sucede, aprender com os er-

ros dos antecessores e manter o apoio popular.

Nóspodemos?

“Y

O foco continuará

a ser o

desenvolvimento

econômico

dos Estados Unidos.

*Cientista político do Sistema Fecomércio-RS

Rodrigo Giacomet

Julia

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2009

MAIS & MENOS

Entrave tributário

das 54 empresas do sul do país

entrevistadas pela PricewaterhouseCo-

opers e Amcham-Porto-Alegre

apontaram a carga tributária como

o item que provoca maior impacto

negativo nos negócios

Agências bancárias

é a quantidade de agências

espalhadas na cidade de São

Paulo, segundo um levantamento

realizado pela Federação Brasileira

de Bancos (Febraban). Cerca de

12% das agências do país

2,3 mil

1,8%

Papéis de curto prazo

Segundo a Associação Nacional

dos Bancos de Investimento, em

2008 o volume de notas

promissórias cresceu

161,5%

Ausência parlamentar

Levantamento feito pelo

Congresso em Foco revela que o

índice de ausências dos

senadores nas sessões deliberativas

de 2008 sofreu um aumento

de 8,53% em relação

ao ano anterior, acumulando

1.782 faltas

Dinheiro estrangeiro

bilhões foi o ingresso dos

Investimentos Estrangeiros Diretos

no Brasil em 2008. Cifra que

segundo o Banco Central é o

maior nível desde o início da série

histórica, em 1947

US$ 45,060

Crescimento cooperado

Números da Organização das

Cooperativas Brasileiras (OCB)

apontam um faturamento das

cooperativas do país de

bilhões, em 2008. Um aumento de

15% em relação a 2007

R$ 83

Pirataria

O número de brasileiros que

compram produtos piratas cresceu

no ano passado, segundo pesquisa

da Fecomércio-RJ

8 milhões

Não à fidelidade

Em pesquisa da Fundação

Getulio Vargas,

dos clientes se declararam

infiéis à operadora de

telefonia celular atual

64%

66,7%

Baixo crescimento

A previsão do Fundo Monetário

Internacional (FMI) é de

que a economia brasileira

cresça apenas

em 2009

Benefício ao trabalhador

Segundo o Ministério do Trabalho, o número

de trabalhadores que deram entrada em pe-

didos de seguro-desemprego no país cresceu

em novembro de 2008, na comparação

com o mesmo período de 2007

20%

CRÔNICA

50 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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2009

Grande oupequeno?

Por Moacyr Scliar

o seu País das Maravilhas o escritor in-

glês Lewis Carroll faz Alice encontrar,

sobre uma mesa, um frasco com

um rótulo dizendo: “Bebe-me”. A princípio

desconfiada, a garota experimenta o líquido,

gosta, bebe-o todo, e o resultado é que de

súbito começa a encolher vertiginosamente

até que sua altura fica reduzida a uns vinte

centímetros. Põe-se a chorar, mas então vê,

agora que ficou muito pequena, uma caixa que

está no chão contendo um bolinho e o rótu-

lo: “Come-me”. Come o bolinho, e aí cresce

até ficar gigantesca. No fim, contudo, acaba

voltando ao seu tamanho natural.

A aflição de Alice é experimentada

diariamente por muitas pessoas, empresários

e profissionais principalmente. Ser grande ou

ser pequeno, eis o dilema (mais angustiante,

só o “Ser ou não ser”, de Hamlet). “Pense

grande” é um dos imperativos de nossa épo-

ca globalizada, na qual muitas coisas ocorrem

em escala mundial. “Small is beautiful”, pe-

queno é bonito, garantiu o economista inglês

E.F.Schumacher no título de um livro famoso publicado

em 1973. E aí? Larga escala ou pequena escala? Cliente-

la selecionada ou o mercado planetário?

Uma coisa que ajudou nisto foi o conceito de nicho de

mercado. Nicho, curiosamente, é um termo que designa

uma cavidade ou um vão em parede ou muro. Quem pri-

meiro usou o nicho como a metáfora foi a ecologia, que é

uma disciplina relativamente recente, e que concebe a na-

tureza como um todo ordenado, no qual cada espécie tem

seu lugar bem definido para se relacionar com outras espé-

cies e com o ambiente natural – o nicho ecológico.

A idéia de nicho representa, pois, a resposta para o

dilema de muitas pessoas. Conheço uma professora de

idiomas que criou um método próprio, e muito bem-

sucedido, de ensino. Ficou conhecida por isso e frequen-

temente recebe propostas de pessoas que, em outras

cidades, oferecem-se para reproduzir o curso através de

um sistema de franchising. É tentador, mas a professora

alega que o contato pessoal com seus alunos, e a gratifi-

cação que daí deriva, é fundamental. Prefere, portanto,

ficar em seu nicho.

Mas vale a pena fazer duas considerações a respeito.

Primeiro: no conceito do dicionário, é dito que o nicho

serve para abrigar “estátua, imagem ou qualquer objeto

ornamental”, o que definitivamente é incompatível com a

ideia de um trabalho bem-sucedido; segundo, nicho tam-

bém é conceituado, figurativamente, como “emprego ren-

doso e pouco trabalhoso; sinecura”, o que, de novo, não é

a melhor coisa para quem quer progredir. Portanto, para

não passar pela aflição de Alice, e para não cometer enga-

nos, o nicho tem de estar, em termos de trabalho, bem

definido. No mercado e na cabeça de quem o ocupa.

N