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Ricardo Englert e o equilíbrio das contas gaúchas & A B R I L entrevista SERVIÇOS gestão Empresas em fase de crescimento emprego Os índices que revelam o Brasil Fecomércio 48 BENS Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul 2 0 0 9 estratégia Os cuidados para conservação e exposição de seus produtos

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Ricardo Englert e o equilíbrio das contas gaúchas

&A B R I L

en t rev i s t a

SERVIÇOS

g e s t ã o

Empresas em fasede crescimento

emp r e g o

Os índices querevelam o Brasil

Fe

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io48BENS

Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul2 0 0 9

e s t r a t é g i a

Os cuidados para conservaçãoe exposição de seus produtos

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Núm

ero

25 –

Maio

2007

SUMÁR IOEXPEDIENTE

12 Utilizando bem os númerosO Brasil possui duas grandes pesquisas de emprego,

uma do IBGE e outra do Dieese. Compreender os

critérios que as conduzem ajuda a entender um

pouco a real situação econômica nacional

Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS

Federação do Comércio de Bens e de Serviços

do Estado do Rio Grande do Sul

Rua Alberto Bins, 665 – 11º andar – CentroCEP 90030-142 – Porto Alegre/RS – BrasilFone: (51) 3286-5677/3284-2184 – Fax: (51) 3286-2143www.fecomercio-rs.org.br – [email protected]

Presidente: Flávio Roberto Sabbadini

Vice-presidentes: Antônio Trevisan, Flávio José Gomes, Ivo JoséZaffari, João Oscar Aurélio, Joarez Miguel Venço, Jorge LudwigWagner, Júlio Ricardo Mottin, Luiz Antônio Baptistella, Luiz CaldasMilano, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez, Moacyr Schukster,Nelson Lídio Nunes, Olmiro Lautert Walendorff, Renato Turk Faria,Valcir Scortegagna e Zildo De Marchi

Vice-presidentes regionais: Cezar Augusto Gehm, CláudiaMara Rosa, Francisco Franceschi, Hélio José Boeck, IbrahimMahmud, Joel Vieira Dadda, Leonides Freddi, Níssio Eskenazi,Ricardo Tapia da Silva, Sérgio José Abreu Neves e Sérgio Luiz Rossi

Diretoria: Airton Floriani, Alécio Lângaro Ughini, André Arthur K.Dieffenthaler, André Luis K. Piccoli, André Luiz Roncatto, ArnildoEckhardt, Arno Gleisner, Ary Costa de Souza, Carmen Flores,Celso Canísio Müller, Derli Neckel, Edson Luis da Cunha, EugênioArend, Fábio Norberto Emmel, Francisco Amaral, Gerson JacquesMüller, Gilberto Cremonese, Hélio Berneira, Hildo Luiz Cossio,Ildemar José Bressan, Ildoíno Pauletto, Isabel Cristina Vidal Ineu,Itamar Tadeu Barbosa da Silva, Ivanir Gasparin, Ivar Ullrich, JairLuiz Guadagnin, João F. Micelli Vieira, Joel Carlos Köbe, JorgeRubem D. Schaidhauer, José Nivaldo da Rosa, Jovino AntônioDemari, Jovir P. Zambenedetti, Júlio César M. Nascimento, JuremaPesente e Silva, Leonardo Schreiner, Levino Luiz Crestani, LionesBittencourt, Lúcio Gaiger, Luis Fernando Dalé, Luiz Alberto Rigo,Luiz Carlos Dallepiane, Luiz Eduardo Kothe, Luiz HenriqueHartmann, Luiz Roque Schwertner, Marco Aurélio Ferreira,Maria Cecília Pozza, Marice Guidugli, Milton Gomes Ribeiro,Olmar João Pletsch, Paulo Anselmo C. Coelho, Paulo AntônioVianna, Paulo Ganzer, Paulo Renato Beck, Paulo RobertoKopschina, Paulo Saul Trindade de Souza, Régis Feldmann, RenzoAntonioli, Ricardo Murillo, Ricardo Pedro Klein, RobertoSegabinazzi, Rogério Fonseca, Rui Antônio Santos, Silvio HenriqueFröhlich, Sírio Sandri, Susana Fogliatto, Tien Fu Liu, Valdo DutraNunes, Walter Seewald e Zalmir Fava

Conselho Fiscal: Rudolfo José Müssnich, Celso LadislauKassick, José Vilásio Figueiredo, Darci Alves Pereira, SérgioRoberto H. Corrêa, Ernani Wild

Conselho Editorial: Antonio Trevisan, Derly Cunha Fialho,Everton Dalla Vecchia, Flávio Roberto Sabbadini, Ivo JoséZaffari, José Paulo da Rosa, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez,Moacyr Schukster, Renato Turk Faria e Zildo De Marchi

Assessoria de Comunicação: Aline Guterres, Camila Barth,Catiúcia Ruas, Fernanda Borba, Fernanda Romagnoli, JoséPedro Fontoura, Juliana Maiesky e Simone Barañano

Coordenação Editorial: Simone Barañano

Edição: Fernanda Reche (MTb 9474) e Svendla Chaves (MTb 9698)

Reportagem: Bianca Alighieri, Francine de Souza, Leandro Melo,Patricia Campello

Colaboração: Edgar Vasques, Moacyr Scliar, Priscilla Ávila, Soelide Oliveira

Revisão: Flávio Dotti Cesa

Edição de Arte: Silvio Ribeiro

Tiragem: 25,5 mil exemplares

É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte.Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do veículo.

emp r e g o

FecomércioSERVIÇOSBENS &

É hora de cuidar dos produtosInseguro quanto à economia, o consumidor compra me-

nos por impulso e se torna mais exigente. Saiba como

manter a boa conservação e exposição de seus produtos

e s t r a t é g i a

26

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Núm

ero

48 –

Ab

ril 2009

SUMÁR IO

05FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

34

e n t r e v i s t a

Déficit zero como valorRicardo Englert assumiu a Secretaria Estadual da

Fazenda com a missão de manter a receita maior

que as despesas. Para isso, ele conta com a

experiência de quem já geriu dívidas anteriores

18

g e s t ã o

Em fase de crescimentoTransformar-se em uma média empresa

exige revisão de processos. Por isso, é

fundamental dar atenção especial à

gestão de finanças e pessoas

42s a ú d e

Melhor prevenir do que remediarHábitos de vida saudáveis desde a

juventude são a melhor alternativa para

evitar problemas futuros. Comer bem e

realizar atividades físicas são atitudes que

podem reduzir a incidência de câncer

me r c a d o

Quem a crise não pegaPor mais estranho que pareça, setores específicos

da economia foram pouco ou nada afetados pela

crise. Varejo de alimentos e transporte público são

alguns deles. Saiba por quê

40

44f o rm a ç ã o

Olhar atento no balcãoPresença de um técnico especializado nas ópticas de todo

o Estado passa a ser fiscalizada com mais rigor,

oferecendo conforto e segurança aos consumidores

p a l a v r a d o p r e s i d e n t e7

c o m u n i c a ç ã o

v i s ã o p o l í t i c a

v i s ã o e c o n ô m i c a46

n o t í c i a s e n e g ó c i o s

c o m é r c i o24

8

o p i n i ã o

48

17

g u i a d e g e s t ã o14

m a i s & m e n o s 49

47

a g e n d a 6

s e r v i ç o s

c o m p o r t a m e n t o

38

s a i b a m a i s 32

36

c r ô n i c a50

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A

G

E

N

D

A

06 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

48 –

Ab

ril 2009

* Mais informações sobre as atividades culturais do Sesc-RS estão no site www.sesc-rs.com.br/artesesc

a b r i l

8SuportePalestra inaugural do Curso de

Manutenção de Notebooks, no

Senac Novo Hamburgo.

Informações: (51) 3594-6133.

14FormaçãoLançamento do Serviço de Estágio e

Aperfeiçoamento Profissional, no

Senac Santa Cruz do Sul, às 16h.

Informações: (51) 3711-6460.

17Festival de BalonismoDurante o 21º Festival de

Balonismo de Torres, que acontece

de 17 a 21/4, o Senac disponibiliza

acesso gratuito à internet

através da carreta da entidade.

O Sesc também promove

atividades culturais*.

22MúsicaCirculação dos espetáculos

Curupira, Saci e Cobra-que-Mama,

com Paulo Freire (22 a 29/4), Sem

batuta para todos (23 a 26/4),

Pedrinho Figueiredo Trio (24 a

29/4) e Poético-Musical Nossa

Bossa (29/4), por meio do projeto

Sesc Música*.

1Sesc Rio Grande no PalcoCirculação, ao longo de todo o

mês de abril, de 17 peças teatrais

por diversos municípios gaúchos*.

5Mix BazaarÚltimo dia do evento que busca

incentivar novos estilistas gaúchos.

No Cais do Porto, na capital.

Informações: www.mixbazaar.com.br

MinimaratonaÀs 9h30 acontece a etapa

Camaquã do Circuito Sesc de

Minimaratona. Informações

www.sesc-rs.com.br/minimaratona

6WorkshopSenac Comunidade realiza, até o

dia 9, Workshop Elaboração de

Projetos Sociais, das 8h às 12h,

em Porto Alegre. Informações:

(51) 3211-3579.

7Encontro com o autorAs cidades de Santa Cruz do Sul,

Rio Pardo, Porto Alegre, Tramandaí

e Bento Gonçalves recebem

Magda Raupp, no Encontro com o

autor, até o dia 29*.

30Festimalha 2009Início da feira de moda, que

acontece de quinta a domingo e

feriados até o dia 31/5, no centro

de eventos de Nova Petrópolis.

Informações www.festimalha.com.br

FotografiaÚltimo dia da Exposição Fotográfica

Inverno no RS. A mostra reúne as

imagens selecionadas no 5º

Concurso Sesc de Fotografias 2008.

Na Unidade Operacional do Sesc

Uruguaiana*.

Fenegócios 2009O Senac participa por meio de

atividades, como oficinas de

informática e idiomas, na Unidade

Móvel da entidade. Até o dia

3/5, no Parque de Exposições

Dr. Lauro Dornelles, em Alegrete.

FormaturaAlunos do curso Agente Comercial,

do Senac Santa Cruz do Sul,

formam-se às 19h na Câmara

Municipal do município.

03

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PA

LA

VR

A D

O P

RE

SID

EN

TE

07FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

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Ab

ril 2009

Flávio Roberto Sabbadini

Presidente do Sistema Fecomércio-RS

riatividade é olhar uma situa-

ção corriqueira e pensar um

novo modo de executá-la.

Em geral, momentos turbulentos,

como o que vive a economia mun-

dial, são fatores desencadeantes

desse sentimento de inovação.

Quando se percebe que a prosperi-

dade dos negócios não caminha

mais com a mesma facilidade de

antes, logo paramos para pensar so-

bre nossos procedimentos, buscan-

do alternativas que superem ou evi-

tem perdas. Mas, infelizmente, te-

mos por hábito esperar a chegada

do desequilíbrio para sairmos em

busca de soluções.

O ponto de desarmonia, nes-

te momento, está na pouca disposi-

ção do consumidor para comprar.

Abalado e inseguro diante da insta-

bilidade econômica, ele freou o con-

sumo e está mais cauteloso e exi-

gente na hora de gastar. Percebe os

detalhes com muito mais atenção do

que antes, submetendo o empresá-

rio a repensar suas práticas comer-

ciais. O cuidado na exposição e

conservação das mercadorias passa agora a figurar como

procedimento fundamental para garantir uma parcela das

vendas. Loja limpa, mercadorias bem conservadas e em-

balagens acondicionadas adequadamente são processos

que, na verdade, devem ser diários e não momentâneos,

por respeito ao cliente.

Não foi só a crise que afastou o consumidor. Nos acos-

tumamos a deixar procedimentos básicos para depois.

E como consequência, distanciamos o cliente do nosso co-

mércio, do nosso serviço. Trazê-lo de volta é um desafio

que vai exigir muito mais do que a retomada de critérios

essenciais. Vamos precisar de soluções harmoniosas que

interpretem o consumidor dentro de um contexto social

economicamente abalado. A crise tem colocado nossa ca-

pacidade criativa à prova.

Saber ler os desejos do consumidor é a melhor estraté-

gia no momento em que a razão figura como fator de influ-

ência na compra. É preciso reconquistar um coração que

está em turbulência, despertando o desejo e oferecendo

aquilo que ele mais anseia.

C

e essenciaisSoluções criativas

Divulgação/Fecomércio-RS

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NOTÍC IAS & NEGÓCIOS

08 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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ril 2009

E d g a r V a s q u e s

Aeroportos regionaisterão R$ 32 milhõesRecursos da ordem de R$ 32 milhões, oriundos do go-

verno do Estado, da Contribuição de Intervenção no Do-

mínio Econômico (Cide), do Programa Federal de Au-

xílio a Aeroportos (Profa) e Aeronáutica, devem chegar

aos aeroportos regionais gaúchos ainda este ano.

A maior parcela desse investimento, cerca de R$ 17 mi-

lhões, será destinada à construção do aeroporto de Va-

caria. O empreendimento é uma velha reivindicação para

escoamento da produção local. Também recebem inves-

timentos os aeroportos de Passo Fundo, com a aquisição

de um caminhão para combate a incêndio; e de Caxias

do Sul, onde serão adquiridos um equipamento de raio-

X e um esteira rolante para bagagem. Outros aeroportos

gaúchos também serão beneficiados com a compra de

máquinas, recapagem de pista e outras melhorias.

Incentivo à inovaçãoAs empresas inovadoras com até dois

anos de existência que quiserem partici-

par do Programa Primeira Empresa Ino-

vadora (Prime), da Financiadora de Estu-

dos e Projetos (Finep), têm até o dia 30

de abril para se inscrever. É necessário es-

colher uma entre as 17 incubadoras-ân-

cora, que vão atuar como os agentes financeiros da Finep nos

estados brasileiros. No Rio Grande do Sul há duas cadastradas,

a Incubadora Multissetorial de Base Tecnológica Raiar, da Pucrs,

e o Centro de Emprendimento em Informática, da Universida-

de Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Na primeira etapa,

cada empresa receberá R$ 120 mil não reembolsáveis. Cumpri-

da essa fase, seguindo as metas definidas no projeto, serão de-

sembolsados mais R$ 120 mil, dessa vez com juro zero e parce-

lamento de até cem vezes. O objetivo do programa é fomentar

o desenvolvimento de ideias inovadoras, apoiando empresas

jovens na consolidação da sua estratégia.

Raj

a R

/Sto

ck.x

chng

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FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

NOT ÍC IAS & NEGÓCIOS

09

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48 –

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ril 2009

Instituições profissionalizamvarejo de CanoasCom o objetivo de fortalecer o comércio de Canoas por meio

da qualificação dos empresários e comerciários, a Escola de Edu-

cação Profissional Senac e o Sindicato do Comércio Varejista

(Sindilojas) dão início à temporada do Programa de Qualifica-

ção para o Comércio. A iniciativa ofertará, até outubro, quatro

cursos gratuitos de aperfeiçoamento profissional: Código de De-

fesa do Consumidor, Aperfeiçoamento em Vendas, Preparação

de Temporários para o Comércio e Atendimento ao Cliente.

O programa, que vai beneficiar 400 pessoas no município, foi

pensado para contemplar não apenas quem já está no mercado,

mas contribuir para a inserção daqueles que procuram uma colo-

cação. O primeiro curso a ser oferecido é o de Atendimento ao

Cliente, nos dias 14, 15 e 16 de abril. As aulas acontecem no

auditório da escola Senac Canoas, na rua Mathias Velho, 255.

Mais informações nos telefones (51) 3472-3789 ou 3476-7222.

Sesc-RS recebecertificação ISO 9001:2000Após uma série de auditorias, o Sesc-RS recebeu, no fi-

nal de março, a recertificação ISO 9001:2000, concedida

pelo Bureau Veritas. Foram recertificados as Escolas de

Educação Infantil Sesc Ijuí e Navegantes/Porto Alegre,

Academias do Sesc Centro/Porto Alegre e de Caxias do

Sul, o Hotel Sesc Campestre/Porto Alegre, as quatro

Carretas OdontoSesc, a Agência de Turismo de Lajeado,

a Odontologia de Santana do Livramento, a Direção Re-

gional. “A qualificação dos nossos serviços depende do

trabalho da equipe como um todo. Vemos o quanto o

processo da qualidade está internalizado na cultura orga-

nizacional de nossa entidade. A recertificação mostra que

estamos no caminho certo”, comenta o diretor regional

do Sesc-RS, Everton Dalla Vecchia.

Nova malha fina empresarialO controle das declarações de rendimentos e

deduções das empresas passará por uma nova

malha fina, parecida com a que já existe para as

pessoas físicas. Segundo a Receita Federal, a

malha atual não permite o cruzamento de muitas

informações; a nova proposta busca aproveitar

de maneira mais intensa os bancos de dados existentes.

Agora, será comparado o faturamento de uma empresa com

o número de empregados constantes do cadastro do Insti-

tuto Nacional de Seguro Social (INSS), por exemplo. Ou-

tra novidade está na criação de uma área especial que irá

definir estratégias de fiscalização por setor. A fiscalização

intensa e mais específica, segundo a Receita, poderá identi-

ficar com mais exatidão os pontos de sonegação.

Cartilha para agir na criseCom o intuito de auxiliar as micro e pequenas empresas

durante o período de turbulência econômica, o Sebrae Mi-

nas Gerais criou a cartilha Como agir na crise. São 23 páginas

com dicas que ajudam os empreendedores a tomarem deci-

sões e identificarem oportunidades nos momentos de crise.

Entre as recomendações estão: alerta na aquisição de crédi-

tos bancários; cuidados para quem pretende vender para o

mercado interno e para grandes empresas; atenção redo-

brada nas exportações e importações.

Há também informações para quem

deseja abrir um negócio, como plane-

jar, realizar pesquisa de mercado, bus-

car informações sobre o ramo de ativi-

dade e analisar a necessidade de inves-

timento. Os procedimentos apresen-

tados na cartilha deveriam ser cumpridos continuamente pelo

empreendedor, independentemente da situação financeira

nacional, mas em momentos instáveis eles são cruciais.

Kev

in M

cGee

/Sto

ck.x

chng

Divulgação/Sesc-RS

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NOTÍC IAS & NEGÓCIOS

10 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

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Poucos setores não sofreram queda nas vendas em janeiro

Fonte: Fecomércio-RS

Variação do Volume das Vendas do ComércioVarejista e Atacadista Segundo Grupos de Atividade - 2008/9 (%)

Atividades

Comércio

Comércio varejista

Produtos alimentícios,

bebidas e fumo

Combustíveis e lubrificantes

Veículos, motocicletas, partes,

peças e acessórios

Comércio atacadista

Produtos alimentícios,

bebidas e fumo

Combustíveis

Veículos, motocicletas, partes,

peças e acessórios

Dez

2,9

0,8

-0,9

9,4

8,3

5,8

12,9

2,2

9,6

Jan

-4,7

-5,6

-0,9

3,1

-8,1

-3,6

0,7

-1,2

-1,1

MensalDez

4,7

4,5

-1,0

8,3

12,0

5,0

1,1

6,0

13,6

Jan

-4,7

-5,6

-0,9

3,1

-8,1

-3,6

0,7

-1,2

-1,1

Acum. ano

O início do ano não foi dos mais favoráveis para

o comércio gaúcho, que apresentou, em janeiro,

uma variação negativa de 4,7% no seu volume de

vendas, no comparativo com o mesmo mês de

2008. No varejo, a queda foi de 5,6%, sendo o se-

tor de combustíveis e lubrificantes o único com ele-

vação (3,1%). E a maior queda foi registrada nas

vendas de livros, jornais, revistas e papelaria

(-20,8%). No comércio atacadista o decréscimo foi

de 3,6%, com maior queda registrada no setor ma-

terial de construção, madeira, ferragens e ferramen-

tas (-24,5%), e taxas positivas nas matérias-primas

agropecuárias (11%). A Região Metropolitana de

Porto Alegre registrou um descréscimo de 6,2%, e

a Região Não Metropolitana, uma queda de 3% no

seu volume de vendas, em janeiro de 2009.

Senac-RS é destaqueno Marcas de Quem Decide

Pelo terceiro ano conse-

cutivo, o Senac-RS tem

a qualidade dos seus ser-

viços e produtos reco-

nhecida pelo público

gaúcho. A instituição fi-

gurou em primeiro lugar

como a marca líder em

preferência e lembrança

no segmento de Ensino de Capacitação Profissional da pes-

quisa Marcas de Quem Decide. A apresentação da pesquisa

– que ouviu 480 empresários, executivos e profissionais li-

berais, em mais de 40 municípios gaúchos – e a entrega dos

certificados aconteceram em março no centro de eventos

do Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre (foto). O Mar-

cas de Quem Decide é realizado há 21 anos pelo Jornal do

Comércio e a QualiData, configurando-se como o mais

abrangente indicador de lembrança e de preferência de mar-

cas realizado no Estado.

Depois de quatro meses de trabalho árduo e um investimento

de R$ 2 milhões, o Sistema Fecomércio-RS inaugurou, em

março, as novas instalações do Sesc Uruguaiana. Com área to-

tal de 1.292 metros quadrados, a nova unidade possui sala de

cinema e espaço multimídia, com acesso à internet, livros e

jogos à disposição da comunidade. O Sesc está presente em

Uruguaiana desde 1956, onde desenvolve atividades de saúde

bucal, turismo social e cultura; disponibiliza também uma aca-

demia de musculação e ginástica, além do Sesccred – progra-

ma de financiamento voltado ao trabalhador do comércio de

bens, serviços e turismo, entre outras atividades. A nova unida-

de (foto) está localizada na rua Flores da Cunha, 1.984.

Sesc Uruguaianaganha novas instalações

Div

ulga

ção/

Ses

c-R

S

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NOT ÍC IAS & NEGÓCIOS

11FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

48 –

Ab

ril 2009

Mulheres em açãoDuas pesquisas recentes, uma da Catho Consulto-

ria em RH e outra do Ibope/Instituto Patrícia Gal-

vão/Cultura Data, revelam a participação das mulhe-

res na política e nos negócios. Realizado em 142 mu-

nicípios brasileiros, o estudo do Ibope revelou que

75% da população brasileira é favorável à criação de

cotas para mulheres na política; seguindo a mesma

linha, 75% concordam que só há democracia se as

mulheres estiverem nos espaços de poder. A pesqui-

sa da Catho, intitulada A Mulher e o Mercado de

Trabalho, ouviu mais de 100 mil executivos de São

Paulo, sendo 48,37% mulheres. Para 49,92% dos pes-

quisados, as mulheres se comunicam melhor por

manterem as pessoas atentas e não usar vícios de lin-

guagem; 64,75% acreditam que o crescimento femi-

nino em altos cargos é explicado por salário menor,

maior competência e melhor preparo acadêmico.

es

pa

ço

do

le

ito

r

“Geralmente revistas institucionais abordam temas muito específicos, que não

são do interesse de leitores de outras áreas. No entanto, deparei-me com ótimos

artigos e temas variados na revista Bens & Serviços 47. Em especial, o texto

do Sr. Flávio Roberto Sabbadini chamou minha atenção, tanto pela relevância

do seu conteúdo como pelo fato de o presidente de uma instituição ligada ao

comércio preocupar-se com uma questão que, para a maioria das pessoas passa

completamente despercebida.”

Baiard Brocker

Administrador do Centro Municipal de Cultura – Porto Alegre/RS

“Eu considero esta revista excelente, pois retrata o Estado em sua conjuntura

econômica, social e cultural. Na edição 44 foram tantas reportagens boas que

nem posso dizer qual foi a melhor. Gostaria muito de ler mais sobre consumi-

dores, embalagens, informações e garantia de qualidade nos alimentos.”

Raquel FaccoQuímica industrial – Cruz Alta/RS

N. da E.: o texto referido por Baiard tratou do poder das

palavras; e a sugestão de Raquel foi aproveitada na matéria de

capa desta edição. Obrigada, leitores!

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EMPREGO

Núm

ero

48 –

Ab

ril 2009

12 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Utilizando bem

os númerosOs indicadores

de emprego

espelham tanto a

saúde das

empresas quanto

os rumos da

economia.

Conhecer bem

essa miscelânea de

índices e

porcentagens

pode ajudar a

evitar sustos com

o vai e vem

dos números

s taxas de emprego, desemprego e ocu-

pação se valem de dados oficiais e es-

tatísticas, seguindo critérios consolida-

dos internacionalmente. Compreender como

são estabelecidos os parâmetros sobre cada

segmento ajuda não só a entender o funcio-

namento desse mecanismo de aferição como

também a prevenir oscilações na produtivi-

dade ou, ainda, orienta na realização de in-

vestimentos quando o cenário se mostrar fa-

vorável. Saber se o setor em que se está inse-

rido tem uma boa projeção de empregos pode

significar a abertura de uma nova loja, a aqui-

sição de equipamentos e até o efeito reflexo

de contratar mais pessoas para o trabalho.

Assim como são diversificadas as fórmu-

las e os cálculos, os institutos de pesquisa que

Afornecem o quadro do emprego no país se multiplicam.

Os mais conhecidos e conceituados são a Pesquisa Men-

sal de Emprego (PME), realizada desde 1981 pelo Insti-

tuto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e a Pes-

quisa de Emprego e Desemprego (PED), iniciada em 1984

pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos

Socioeconômicos (Dieese), que atua em convênio com a

Fundação Seade e outros órgãos públicos de São Paulo.

Em relação aos dados fornecidos pelo governo federal, o

Ministério do Trabalho e Emprego detém os números da

Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Cadas-

tro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

A Rais é formada a partir da coleta de informações junto a

empresas e instituições, sobre o vínculo ou relação de tra-

balho nos setores público e privado. Já o Caged guarda

os registros de admissões e dispensas de empregados re-

gidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Luci

a S

imon

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13FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

EMPREGO

Núm

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48 –

Ab

ril 2009

Esses indicadores, somados aos dados coletados em

pesquisas domiciliares, oferecem o caminho para se che-

gar aos valores que apontam os rumos do emprego no

país. Também com essas informações é possível formular

as políticas públicas de promoção do emprego ou inicia-

tivas que se proponham a ampliar o número de postos de

trabalho. Em cada estado há entidades que publicam ín-

dices regionais periódicos, mas é importante ressaltar que

todos seguem as recomendações da Organização Inter-

nacional do Trabalho. Essas diretrizes ajudam a estabele-

cer a comparação dos dados colhidos e a aferir as condi-

ções empregatícias em todo o mundo comparativamente.

Uma só realidade

Foi a partir do crash da bolsa americana, em 1929, que

se percebeu a necessidade de estatísticas consistentes para

mapear a massa sem ocupação formal e dissociá-la dos

grupos de indigentes. “Não ter um emprego ou ser de-

sempregado é característica de trabalhadores que perde-

ram seu posto de trabalho. Essas pessoas estão fora do

mercado formal, mas ainda procuram retornar a ele. Quem

não está em busca de um emprego, vive de assistência

social ou pratica mendicância, logo, não está desempre-

gado, e fica de fora da população economicamente ati-

va”, explica Patrícia Lino Costa, coordenadora da PED

na região metropolitana da capital paulista.

Os números variam, mas a realidade é única. Mesmo

com recomendações internacionais, cada instituto de pes-

quisa tem sua abordagem e linha de atuação. Ao longo de

anos os resultados obtidos pelo Dieese e IBGE eram mui-

to diferentes, dicotomia minimizada depois que ambos

os institutos buscaram ajustar seus métodos, a partir do

início do século 21. Ambas as pesquisas são realizadas em

domicílios, com entrevistas e avaliações da situação de

cada respondente. Hoje é possível avaliar não só a quan-

tidade de pessoas desempregadas, mas os motivos que as

levam a ficar fora do mercado. “Se você tem em mente

que as pessoas estão com dificuldades de conseguir tra-

balho ou se manter empregadas e desejam reverter essa

situação, a pesquisa pode fornecer dados concretos de

por que e como isso acontece. É um meio de mostrar aos

gestores públicos os caminhos possíveis para gerar mais

emprego, qualificar mão de obra e uma série

de outras ações”, avalia a pesquisadora.

Patrícia Costa lembra que não só entre as

pesquisas há diferenças, mas entre os países.

“Mesmo com uma linha-mestra para orientar

os pesquisadores, é preciso focar muito bem

a pesquisa para não cometer injustiças. No

Brasil se trabalha e estuda desde a adolescên-

cia, e em países da Europa a pessoa entra no

mercado de trabalho próximo de concluir o

ensino superior ou depois.” Também os siste-

mas de previdência e de amparo social apre-

sentam muitas diferenças. Os franceses, que

implantaram a redução da jornada diária, en-

frentaram uma grave crise recentemente e ain-

da sentem seus efeitos. Ainda assim o territó-

rio brasileiro tem sobressaído no globo, es-

pecialmente nesse período de crise econômi-

ca. O levantamento internacional da consul-

toria Grant Thornton International com 7.200

empresas revela saldo positivo de 20% para o

Brasil entre contratações e demissões, contra

4% na média global. A explicação ainda é o

bom andamento da economia até a eclosão

da crise. “A economia aquecida é o melhor in-

dicador para o aumento de empregos”, ob-

serva Patrícia.

Emprego e burocraciacontratação legal no Brasil se dá com base na Constituição

Federal e na CLT. Análise do National Bureau of Economic

Research, realizada em 2003, com base no exame de leis trabalhistas,

sistemas de negociação coletiva e leis da previdência social de 85

países, mostra o efeito da legislação sobre a empregabilidade.

O Brasil tem o mais alto índice de regulação legislada

Os países ricos têm menos regulação da lei para contratação

do que os países em desenvolvimento

Os índices de informalidade e desemprego são diretamente

proporcionais ao índice de regulação pela lei

No Brasil, as despesas de contratação chegam a 103,46% do

salário de um funcionário

A

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GUIA DE GESTÃO

14 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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Enchentes,

roubos, furtos,

danos elétricos e

incêndios não

acontecem apenas

na empresa ao

lado. Conheça

quais são os

seguros que

podem garantir a

integridade da sua

empresa e

evitar que os

prejuízos sejam

ainda maiores

empresariaisPrimeiros socorros

eguro morreu de velho! O dito popu-

lar comum nos tempos dos nossos avós

ganha força no século 21, não apenas

pelo aumento da violência urbana, mas por-

que o conceito de seguro já não é mais o mes-

mo. Ele agora é encarado como uma ferramen-

ta de gestão tão importante quanto os inves-

timentos em comunicação ou treinamento de

pessoal. E não se restringe ao reembolso em

caso de roubo, assalto, enchentes ou qualquer

outro sinistro – palavra usada pelos profissio-

nais do seguro para simplificar eventuais aci-

dentes sobre o bem segurado – que possa atin-

gir o patrimônio da sua empresa.

SMas o que pode ser segurado? Tudo, garantem os pro-

fissionais da área. “A intenção do seguro é proteger a maior

gama possível de bens”, afirma Luciano Silveira, diretor

vice-presidente do Sindicato das Seguradoras do Rio

Grande do Sul. Sendo assim, nada impede que um mi-

croempresário faça seguros dos trailers da sua rede de

cachorro-quente, por exemplo, uma vez que todos os bens

de utilização da empresa podem ser segurados: desde o

aparelho de fax até computadores, maquinários, utensí-

lios, equipamentos, prédios, estoque, pessoas ou mesmo

o lucro da empresa. A escolha do bem a ser segurado fica

por conta do empresário.

Outro conceito que caiu por terra nos últimos anos

diz respeito ao custo do serviço: “Os seguros estão cada

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GUIA DE GESTÃO

15FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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ril 2009

vez mais acessíveis, uma vez que a procura crescente por

este serviço reduz os riscos e faz os preços caírem, dei-

xando-os com valores mais convidativos”, destaca o dire-

tor. Silveira lembra também que nada impede que uma

pequena empresa tenha acesso aos mesmos seguros que

uma companhia de grande porte. O segredo está em es-

colher um corretor de seguros de confiança para orientar

na contratação do serviço.

O cardápioEm tempos de tecnologia portátil cada vez mais aces-

sível, é comum que as empresas equipem seus funcioná-

rios com notebooks, palm tops, smarthphones e outros

apetrechos de última geração, que apesar de estarem bem

guardados em mochilas esportivas ainda são alvos fáceis,

principalmente em aeroportos e hotéis. Para segurar este

tipo de bens, que com frequência deixam as instalações

da companhia, existe a modalidade de seguro cha-

mado Riscos Diversos. “Há produtos de seguros

até mesmo para proteger um profissional que saiu

do estúdio fotográfico carregando sua máquina, que

é um bem de trabalho”, exemplifica Silveira.

Ricardo Pansera, vice-presidente administrati-

vo-financeiro do Sindicato dos Corretores de Se-

guros do Rio Grande do Sul e diretor da Pansera

Corretora de Seguros, em Canoas, cita o seguro

multirrisco patrimonial como uma alternativa com-

pleta para o empresário que deseja segurar não ape-

nas equipamentos, mas o estoque e a própria em-

presa. “Se a companhia não tiver um caixa muito

favorável, na eminência de um imprevisto o em-

presário não vai conseguir recuperá-la com recur-

sos próprios. Somente através do seguro ele vai

manter sua empresa com vida”, defende. Explican-

do melhor, este tipo de contrato garante a cober-

tura de todos os bens existentes na empresa do

segurado, em caso de incêndio, explosão, danos

elétricos, roubos e outros sinistros. Defende-se que

este tipo de seguro possui, além de taxas reduzi-

das, cláusulas mais compreensíveis e a possibilida-

de de personalizar o serviço de acordo com as ne-

cessidades da empresa.

Outra variedade de seguro comum no

mundo empresarial é o Lucro Cessante. Seu

objetivo é cobrir prejuízos causados pela in-

terrupção das atividades da empresa em caso

de algum acidente. “Essa modalidade de se-

guro irá garantir todos os custos fixos ocasio-

nados pelo fato de a empresa estar paralisa-

da”, explica Pansera. Em detalhes, o serviço

irá se responsabilizar pelo pagamento dos

funcionários e tributos, além de indenizar o

empresário por um eventual lucro da empre-

sa. “Se a companhia estivesse trabalhando

com lucro durante o período indenitário, o

seguro irá garantir o lucro que tinha antes do

sinistro pelo tempo determinado na apólice.”

Ainda na linha do lucro, há também o

Seguro de Crédito à Exportação, que garante

Seguro à la carte

Conheça alguns tipos de seguro interessantes para a sua empresa

Patrimonial – contra riscos como incêndio, vendaval, danos elétricos,

roubo, entre outros. Protege o prédio e seu conteúdo

Pessoas – saúde, vida, previdência. Oferece um benefício a mais aos

funcionários, além de ajudar a reter talentos

Lucro Cessante – mantém a lucratividade e operacionalidade da

empresa nos mesmos níveis anteriores ao acidente

Seguro de Crédito à Exportação – em caso de inadimplência dos

importadores, o empresário exportador tem seu pagamento garantido

Riscos Diversos – cobre perdas e danos materiais contra acidentes

externos. Ideal para equipamentos que são utilizados fora da

empresa, como equipamentos fotográficos e notebooks.

Multirriscos – é um seguro personalizado

Contrate com segurançaAlém de buscar um corretor de seguros de confiança e com registro

no Sindicato dos Corretores de Seguros, é recomendável, para se fazer

um seguro bem planejado, responder às seguintes questões:

O que se deseja segurar?

Quando vale este bem?

Qual é a proposta da seguradora para o bem que se quer segurar?

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GUIA DE GESTÃO

16 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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ao segurado o recebimento do valor das mer-

cadorias vendidas. “Um exportador não tem

exatidão de como o seu cliente está se com-

portando no exterior e realiza uma venda com

pagamento futuro; havendo inadimplência, o

seguro vai garantir o pagamento e depois a

seguradora é quem vai cobrar do importador”,

explica Pansera.

Pessoas seguradasNão só os bens materiais podem ser segu-

rados dentro de uma empresa: o bem pessoal

também pode ser garantido. Existem os se-

guros de vida, acidentes pessoais, saúde, pre-

vidência privada e mais uma gama de serviços

que podem servir de ferramenta para evitar a

troca constante de funcionários. “Esses segu-

ros são muito procurados por empresas que

desejam reter talentos e bus-

car os melhores profissionais”,

explica Silveira.

As variedades não param

por aí. Ainda no ramo empre-

sarial existe o Seguro de Res-

ponsabilidade Civil dos Exe-

cutivos. Destinado a adminis-

tradores, conselheiros, direto-

res e gerentes, ele oferece ga-

rantias por perda e danos cau-

sados por uma ação judicial

que responsabilize o gestor da

empresa, afetando seu patrimônio pessoal.

Diante de uma diversidade enorme de seguros, os

empresários devem saber exatamente o que querem e

buscar uma consultoria de confiança para encontrar as

melhores opções.

Luciano Silveira: a procura

crescente por seguros deixa

os preços mais acessíveis

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OPIN

IÃO

17FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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atendimento ao cliente é o calcanhar

de Aquiles de muitas empresas. En-

quanto a empresa for de pequeno por-

te – e principalmente quando está iniciando –, é

preciso muito cuidado para não cair na ten-

tação de escolher colaboradores por sua bai-

xa pretensão salarial. A melhor ferramenta

para aumentar as suas vendas são

vendedores bem preparados. O fa-

tor isolado mais importante para o

sucesso dos negócios é a seleção

das pessoas. Como a pequena em-

presa tem poucos colaboradores, o

desempenho de cada um para o re-

sultado é fundamental.

As vendas são o coração da empresa.

Nada acontece enquanto não houver um

pedido de cliente. Em um mundo globaliza-

do, onde as mercadorias e preços são cada

vez mais semelhantes, o bom atendimento

faz toda a diferença. Por isso a função de

atendente deixou há muito tempo de ser o

ritual de iniciação na vida corporativa, reque-

rendo cada vez mais profissionalização.

Você, dono de um negócio próprio,

está preparado para selecionar colaborado-

res para a área-chave do atendimento? O su-

cesso de qualquer negócio depende da ha-

bilidade de atrair, conquistar e manter clien-

O

tes. Se você não sabe selecionar as pessoas certas, bus-

que ajuda com quem sabe, pois sem isso o seu sonho

de sucesso nos negócios poderá virar um pesadelo.

Ao vendedor não basta conhecer os produtos e ser-

viços. Primeiro é preciso que ele venda a credibilidade

sua e a de sua empresa. Em seguida, mais do que as

características dos produtos, é necessário vender so-

nhos. Focar as necessidades dos clientes. É preciso

dar permanente resposta à pergunta que não quer

calar dentro de cada cliente: “O que eu ganho com

isso?”. Venda os benefícios e

não as características dos seus

produtos e serviços. Seja dou-

tor em seus produtos, saiba

principalmente o que ele faz

por seus clientes.

O contato de atendimento

deve ser cada vez mais perso-

nalizado. Antes de vender é preciso “entender para

atender”, o que se faz perguntando e sabendo ouvir.

Muitas vendas e clientes são perdidos porque os ven-

dedores não sabem ouvir.

Vivemos a era dos clientes informados e exigentes,

que buscam mais do que satisfazer suas necessidades e

desejos, querem experiências, emoções, anseiam pelo

reconhecimento de sua importância, querem ser trata-

dos como únicos. E merecem, porque embora nem sem-

pre tendo razão, são a razão de ser de qualquer negócio.

Atendimento para vender

mais e melhor

Soeli de Oliveira

Consultora e palestrante de marketing

O sucesso de

qualquer negócio

depende da habilidade

de atrair, conquistar e

manter clientes

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ENTREV I STA

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ENTREVISTA

Ricardo Englert

Fot

os:

Luci

a S

imon

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19FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

ENTREV I STA

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B & S O senhor declarou, no dia de sua posse, que a

bússola de sua gestão será o orçamento realista. Em

que direção seguirão a partir de agora as contas do

Estado, tendo esse referencial?

E n g l e r t A partir do momento em que se tem um orçamento

equilibrado, temos que acompanhar receita e despesa ao longo

do ano, mês a mês. Se tudo andar como previsto, conquista-

mos o equilíbrio no final do ano. O tamanho do Estado e todas

as pessoas que atuam sob o seu guarda-chuva tornam essa tare-

fa aparentemente simples algo complexo. Especialmente esse

ano, com a crise mundial, acompanhar atentamente a receita

é extremamente importante, sempre visando ao equilíbrio.

B & S A crise abala esse equilíbrio?

E n g l e r t Acredito que não. O orçamento

deste ano já está acertado. O nosso principal

tributo, o ICMS, precisa crescer nominalmen-

te cerca de 6,5% em relação ao desempenho

de 2008 – quando o crescimento superou

20%. Se crescer acima disso, realizaremos a

receita do orçamento. Como as despesas es-

tão controladas, teremos espaço para melho-

rar o desempenho de alguns setores.

B & S Serão necessários mais cortes?

E n g l e r t O controle dos gastos e o cuidado

na execução das despesas são valores que pre-

Ricardo Englert

Secretário estadual da Fazenda desde janeiro, Ricardo

Englert tem como meta transformar o déficit zero em

valor intrínseco da sociedade, para tornar perene o

equilíbrio conquistado. Responsável pelo orçamento

estadual, Englert foi um dos responsáveis pela gestão

de dívidas passadas. Essa experiência é a principal

arma no desafio de manter as contas em dia.

Déficit zero

como valor

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ENTREV I STA

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B & S Qual será sua missão prioritária à frente da Secre-

taria da Fazenda (Sefaz-RS)?

E n g l e r t Sem dúvida, manter o equilíbrio alcançado. O que

não significa que estamos perfeitamente saneados. O gasto

sempre foi maior do que a arrecadação, sobrando uma porção

de dívidas. É preciso ter receita maior que despesa por um

determinado período. Como a pessoa que gastava mais do

que tinha, até chegar ao ponto em que ela já não gasta mais

do que entra. O que sobra é para pagar as contas velhas. É

necessário transformar em um valor para a sociedade gaúcha

o fato de que o Estado não gasta mais do que arrecada. As-

sim como o Brasil conquistou o controle da inflação – e hoje

ninguém mais questiona se isso é bom ou ruim, porque se

sabe o preço dos produtos, é possível planejar as contas e

crescer realmente. Isso tem que ser um valor, para ficar ar-

raigado, não se perder, mas ainda não chegamos lá. O equi-

líbrio aconteceu, mas é muito tênue. Todos que se relacio-

nam com o Rio Grande do Sul devem saber que aqui se cum-

pre com as obrigações, hoje e no futuro. Se o funcionalismo

receber um aumento de 10%, acabamos com o investimento

previsto para este ano sobre a folha. Tenho certeza de que os

funcionários achariam pouco e atrapalharia o Estado, que

perderia a capacidade de fazer investimentos em outras

áreas. Ou seja, não ajuda a ninguém. É evidente que mais

adiante precisaremos remunerar melhor os professores, os

servidores da segurança pública, da saúde, todos, enfim. Re-

cuperar parte do que foi perdido pelas categorias funcionais

do Estado, mas com responsabilidade, vinculando ao cresci-

mento da receita. De maneira que esses valores não passem

a inviabilizar investimentos e a devolução em obras para a

sociedade daquilo que é arrecadado em tributos. Se nos en-

dividarmos novamente, voltaremos ao sistema antigo, em-

purrando vencimentos, pedindo prazos e voltando a um cír-

culo vicioso. O fornecedor vai cobrar mais caro e voltare-

mos a arcar com custos indiretos.

cisam ser constantemente reforçados junto a

todas as equipes de governo, de tal sorte que

façamos cada vez mais obras de qualidade,

apenas com recursos próprios e disponíveis.

Quanto ao custeio, sim, ainda temos espaço

para cortes. O Estado passou muito tempo

pagando com atraso. Quando se retoma a

adimplência dos compromissos, pode-se

avançar mais, não necessariamente para dimi-

nuir o que se gasta, mas para comprar mais

com os recursos existentes. Só na saúde o

Estado investe mais de R$ 100 milhões por

ano em remédios. A adimplência provocou

uma redução média de 30%, isto é, R$ 30

milhões. Significa que se continuarmos com-

prando a mesma quantidade de remédios, vai

sobrar para comprar outros itens. Multiplican-

do isso para todas as despesas, incluindo dis-

cricionárias, a soma ultrapassa R$ 1 bilhão. Se

isso acontecer com todas as compras, a cifra

atinge R$ 300 milhões de saldo positivo.

“O equilíbrio alcançado não significa que estamos

perfeitamente saneados.”

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21FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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B & S Já está traçado um plano para aumentos ou boni-

ficações de funcionários?

E n g l e r t Hoje não há um plano para isso, existe o que foi

contratado em ocasiões anteriores. Veja o caso da segurança:

ainda na administração Rigotto, foi estabelecido um mecanis-

mo chamado matriz da segurança pública. Com exceção dos

delegados, todos são sócios do programa de ajuste fiscal. Pode-

se dizer que se o Estado tem ganhos fiscais, 10% dos ganhos

são distribuídos a título de remuneração para os profissionais.

Então o valor que vai ser pago este ano é de cerca de 125

milhões de reais – parte do R$ 1,25 bilhão do orçamento –, o

que significa aumento para os servidores da segurança públi-

ca. Os valores variam de 10,9%, para os menores salários, até

1,8%, para os maiores.

B & S Há alguma medida relacionada mais diretamente

ao setor empresarial, como o combate à informalidade

ou à sonegação fiscal?

E n g l e r t O combate à sonegação e à evasão fiscal é prioritá-

rio. Temos o compromisso de fortalecer os segmentos em-

presariais do Estado, de ouvi-los, especialmente nesse mo-

mento de crise. Estamos buscando formas para que cada vez

mais se negocie internamente. Enquanto se gera emprego e

renda aqui, se fortalece a economia, independentemente de

ser indústria, serviços ou comércio. São ações como a cobrança

diferencial de alíquota nas compras interestaduais. Essa é uma

questão debatida há muito tempo, e finalmente decidimos a

favor dela, a fim de que as empresas que produzem aqui não

sofram concorrência desleal. Uma empresa que concorria com

outra de fora tinha prejuízo fiscal, porque a outra tributava

menos. Já no sentido de equipar o Estado na melhoria da ad-

ministração tributária, fizemos um contrato com o BNDES, o

Profisco, já aprovado, e agora estamos enviando a documen-

tação necessária à Secretaria do Tesouro Nacional, que viabi-

lizará a assinatura e liberação dos recursos. São R$ 16 milhões,

a serem aplicados na gestão da despesa. É um investimento na

estruturação dos mecanismos, melhores controles e aparelha-

mento de nosso sistema de informação.

B & S Como as empresas podem participar

da manutenção do equilíbrio econômico

e da formação desse valor?

E n g l e r t Aí eu diria não só as empresas, mas

cada cidadão, e também as entidades de clas-

se, têm que ajudar, sendo vigilantes e cobran-

do que o Estado não gaste mais do que arre-

cada. Em relação aos empresários, pedimos o

esforço de evitar demissões. Mesmo na crise,

isso contribui para manter a economia estabi-

lizada. Enquanto as empresas estiverem bem,

também o Estado vai estar.

B & S Os investimentos previstos na casa

de R$ 700 milhões para o primeiro se-

“É necessário transformar em valor para

a sociedade gaúcha o fato de que o Estado não

gasta mais do que arrecada.”

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ENTREV I STA

22 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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Ab

ril 2009 “Mais adiante precisaremos remunerar

melhor os professores, os servidores da segurança

pública, da saúde, todos, enfim.”

mestre apontam para infraestrutura,

saúde, educação e segurança. Como

será aplicado esse dinheiro e que bene-

fícios diretos terá o Estado?

E n g l e r t Fizemos uma contratação com a go-

vernadora, de que no mínimo 60% dos inves-

timentos previstos no orçamento sejam apli-

cados no primeiro semestre. Exatamente para

que o Estado consiga, por meio dessa medi-

da, contratar obras que vão gerar empregos e

benefícios para a sociedade. Do total de R$

1,25 bilhão, R$ 415 milhões vão para a infra-

estrutura – 60% aplicados no primeiro semes-

tre. Precisamos transformar o orçamento em

obra e em emprego. Temos um estudo da Fun-

dação de Economia e Estatística de qual seria

o impacto dos investimentos, que somam R$

2,5 bilhões com o R$ 1 bilhão das estatais, e

o número chegou a 85 mil empregos diretos

e indiretos. Traçamos um perfil desses pos-

tos de trabalho e vimos que 45 mil empregos

seriam da construção civil, com vencimentos de até dois salá-

rios mínimos. É o Estado atuando na manutenção do equilí-

brio social. É importante entender que o Estado não pode

pegar os poucos recursos que tem e atender casos isolados.

B & S As estradas receberão especial atenção, consumin-

do boa parte dos R$ 415 milhões destinados à infraes-

trutura. O que isso representa?

E n g l e r t Não só as estradas, mas toda a infraestrutura, quan-

do melhorada, potencializa a competitividade estadual. Por-

que isso significa menos custo com transporte, mais veloci-

dade e menos tempo de deslocamento, só para citar alguns

pontos. Também estamos trabalhando em aeroportos, vias na-

vegáveis, portos, dragagens, todo um conjunto de elementos

que gera renda para quem trabalha no projeto, melhorias es-

truturais e competitividade. Há um esforço na recuperação

de escolas, em dotar a Secretaria de Educação com melhor

nível de atendimento e favorecer a qualidade do aprendizado.

Também investimento na saúde, que tem um custeio muito

grande com os hospitais conveniados, repasse de recursos e

de melhorias na infraestrutura de atendimento. Foram entre-

gues 1.009 veículos à força da Segurança Pública, o que reduz

de imediato o custo de manutenção, e integrados mais 3 mil

oficiais não brigadianos. É dessa forma que se materializa o

fato de as contas terem sido equilibradas.

B & S Os ataques contra o governo e as reivindicações

dos professores podem atrapalhar o planejamento do

executivo para os investimentos do Estado?

E n g l e r t A governadora sempre diz que as manifestações e as

matérias negativas publicadas fazem parte da discussão políti-

ca, integram a rotina da administração pública. Isso só atrapa-

lha em um ponto: nos toma tempo demais. Enquanto poderí-

amos estar trabalhando em outros setores, é preciso dedicar

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23FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

ENTREV I STA

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atenção a esses alardes. Mas não deixamos essas questões se

sobreporem à agenda de trabalho – porém, nosso expediente

não termina às 19h, e sim às 22h.

B & S Na sua opinião, o que torna um estado economi-

camente forte?

E n g l e r t Cumprir com os seus compromissos e ter as contas

ajustadas. Possuir um quadro funcional preparado e que aten-

da às demandas da sociedade com eficiência e eficácia.

B & S Além de cargos em instituições financeiras ligadas

ao desenvolvimento, o senhor já fez parte da equipe

econômica de dois governos estaduais, assumindo ago-

ra a Secretaria da Fazenda. O que essa experiência

ensina sobre momentos de crise?

E n g l e r t Eu estive durante muitas vezes aqui e aprendi que é

muito difícil administrar as finanças sem recursos, especial-

mente em tempos de crise. Se fecha a folha de pagamento em

um mês e já se começa a pensar em como pagar a próxima.

O desgaste emocional e físico de saber que tem gente que

não está recebendo salário é muito grande. O que eu tenho

como lema e todos devem ter em mente é que déficit nunca

mais. Temos que lutar com todas as forças para não perder

isso. Hoje temos tempo para analisar, escolher a melhor op-

ção, fazer o melhor negócio.

B & S Por que vivemos nesse cenário tanto tempo?

E n g l e r t Me parece que a principal causa foi a existência de

alternativas de endividamento. Até 2007 o custeio discricio-

nário (aquele que cada secretário decide) crescia 12% ao ano.

No primeiro ano de governo determinamos que em vez de

crescer 12% cortaríamos 30%. Isso não é fácil. Não significa

que outras vezes não se tentou fazer isso, mas se pegava um

empréstimo e depois se via como resolver. Justiça seja feita, o

funcionalismo entendeu muito bem o porquê de não receber

reajuste. No segundo ano também tivemos dificuldades, mas

sabemos que chegará o tempo de pagar essa fatura. Entre 2008,

2009 e uma pequena parcela de 2010, vamos

conceder reajuste a todos os funcionários, in-

clusive àqueles que não obtiveram ganho de

direito judicial. Os índices de reajuste são em

torno de 19% e 33%. Isso será pago.

B & S É possível fazer um paralelo entre a

administração financeira governamental

e a empresarial?

E n g l e r t Só gastar aquilo que se tem e fazer

poupança para investimento futuro são prin-

cípios comuns entre os setores público e em-

presarial. Gastar bem e com eficiência. Quem

faz isso bem estará mais bem aquinhoado.

Inclusive foi a parceria com o PGQP e a pro-

ximidade com o universo empresarial que nos

ensinaram a ser mais eficientes. Da mesma

forma que as empresas bem administradas têm

sucesso, o Estado também terá.

“Da mesma forma que as empresas bem

administradas têm sucesso, o Estado também terá.”

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COMÉRC ION

úm

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24 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

No segmento de produtos populares, o equilíbrio entre a

indústria brasileira e os itens made in Ásia espanta o

fantasma do alto custo da importação. As lojas conhecidas

como R$ 1,99 se fortalecem com a união dos lojistas e

atendem uma gama cada vez maior de consumidores

produtos populares

em empresário que não quer ouvir fa-

lar em importação, mas quem investiu

no setor de produtos populares não está

muito preocupado com a turbulência econô-

mica. Combinar a produção nacional com itens

importados de consumo rápido e garantido tem

resultado em bons negócios para as lojas de

R$ 1,99. A cifra ainda é o símbolo da iniciativa

que possibilitou às populações de baixa renda

uma experiência de consumo por muito tem-

po inimaginável: passar no caixa com as saco-

las cheias de utensílios de cozinha, material

escolar e até brinquedos. Ao longo dos anos,

porém, o preço das mercadorias já não é limi-

tado, e os pontos de venda, que antes tinham

o público formado essencialmente por consu-

midores das classes C, D e E, agora atraem tam-

bém aqueles que ignoraram a existência desse

comércio no seu início. “Atendemos diretamen-

te os anseios do consumidor com menor po-

der aquisitivo, mas conquistamos espaço na

preferência de outros perfis, especificamente

neste período de crise”, avalia Eduardo Todres,

proprietário de uma importadora e distribui-

dora para o mercado de populares.

Foi a paridade do real com o dólar, em

meados de 1994, que fez surgir no Brasil um

T

conceito de loja que já fazia sucesso na Europa – em es-

pecial na Espanha – e nos Estados Unidos, as Dolar Stores.

Por aqui, estabelecimentos que brotavam em todos os

lugares ostentavam o valor único dos produtos como lo-

gomarca e atraíam milhares de pessoas em busca de bugi-

gangas baratas, mas de qualidade duvidosa. Durante os

primeiros anos, cerca de 95% do mix era formado por itens

fabricados na Ásia – China e Taiwan –, e no quesito identi-

ficação com o consumidor brasileiro deixava a desejar. Eram

comuns os cartões de felicitações de Natal ou aniversários

com mensagens em inglês e espanhol, e estampas de ca-

dernos, garrafas térmicas, pratos e brinquedos com gran-

des imagens e frases conhecidas e entendidas somente por

quem habitava o setor norte do globo terrestre.

Mas a novidade chegou mesmo com os argentinos, que

tiveram a moeda dolarizada mais cedo. Quando houve a

A nova onda dos

Luci

a S

imon

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COMÉRC IO

primeira crise da década de 90 na terra do tango, foi sim-

ples para os empresários de lá migrarem para o território

brasileiro, consolidando rapidamente seus negócios. “A pri-

meira loja nasceu em Blumenau, Santa Catarina, e não de-

morou para que se percebesse o bom negócio que repre-

sentavam os produtos populares. Um ponto de venda onde

se encontra de tudo e onde quem compra uma vez sempre

volta”, argumenta Todres.

Não demorou para que o Brasil mostrasse seu poten-

cial e chamasse atenção dos fabricantes orientais e das

exportadoras da Califórnia, nos Estados Unidos, respon-

sáveis pelo envio de contêineres abarrotados, primeira-

mente para São Paulo e estados da região Sul. Logo se

estabeleceram parâmetros de qualidade e a adequação às

políticas de importação brasileira. Todres avalia que há

lojistas revendendo mercadorias compradas ilegalmente,

mas é um número pequeno, garante.

Unir para crescer

A união de quem arriscou trilhar um novo caminho no

mapa da economia brasileira foi o que manteve o setor atu-

ante. A partir de 1999, com a primeira forte desvalorização

do real frente ao dólar, muitos lojistas não conseguiram man-

ter as portas abertas. O movimento de aumento dos pre-

ços, que já vinha se manifestando nas pratelei-

ras, deixava para trás de vez o compromisso de

vender tudo por R$ 1,99 e concentrava-se em

oferecer bons produtos com preços razoáveis.

“Esse momento favoreceu a entrada do fabri-

cante nacional no mercado. Eles perceberam

que era um ramo importante e podia render

bons lucros. Foi só uma questão de tempo para

que eles adequassem a produção para atender

esse mercado e também criassem linhas espe-

cíficas para o segmento. Hoje o estoque é 50%

importado e 50% nacional”, diz Todres.

Para garantir a sobrevivência, 27 lojistas da

região metropolitana fundaram a Associação

Comercial Rede Bazar Sul, surgida em 2002.

“O nosso maior problema eram os custos agre-

gados ao produto. Sozinho ninguém podia com-

prar. Agora negociamos diretamente com o fa-

bricante e conseguimos um custo menor com

as importadoras”, conta Maria da Glória de Sou-

za Costa, presidente da associação. A experi-

ência serve para estes tempos de crise econô-

mica. Maria da Glória acredita que sempre há

espaço para inovar e crescer e vê na diversifica-

ção do mix e na modernização das lojas uma

oportunidade para se manter no mercado.

Um indicador de que tudo vai bem é o

permanente crescimento da Feira 1,99 Brasil,

que acontece desde outubro de 2000 em São

Paulo e tem duas edições anuais. O evento,

realizado pela primeira vez em uma área de

1,2 mil metros quadrados, hoje distribui seus

expositores em 15,5 mil metros quadrados. “Ali

é realizada a maioria das encomendas para as

épocas de maior volume de vendas, que são as

datas festivas”, comenta Eduardo Todres, que

também é diretor da Feira. A expectativa de

faturamento do evento para este ano ultrapas-

sa os R$ 5 bilhões. A euforia, no entanto, não é

maior do que a cautela. Por mais promissor que

seja o cenário, o momento é de atenção, e o

custo de qualquer deslize não é barato.

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ESTRATÉGIA

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ESTRATÉGIA

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ESTRATÉGIA

27FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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É hora de cuidar dos produtos

Cauteloso. É assim que podemos definir o

comportamento do consumidor brasileiro neste

momento de instabilidade econômica. Com isso, ele

muda seu modo de consumo e analisa mais detalhes do

produto que irá comprar. Se a mercadoria não estiver

bem conservada e exposta para saltar aos olhos e reforçar

o desejo, o consumidor não vai tirar a mão do bolso

m tempos de incertezas econômicas, o

consumidor tende a não consumir com

tanta frequência. Quando o faz, o valor

gasto não é o mesmo dos tempos de

bonança. Cada centavo que deixa sua con-

ta bancária vai para um destino detalhada-

mente escolhido, que alcança a melhor

relação custo/benefício. Isso significa que

o consumidor está mais cauteloso na hora

da compra e não consome tanto por impulso, colocando a

razão acima da emoção. Para conquistar esse prudente ci-

dadão, o empresário vai precisar ser tão cauteloso quanto

ele, ou seja, terá que prestar atenção nos detalhes. Produ-

tos empoeirados, roupas amassadas e manchadas, cosmé-

ticos expostos ao sol, carnes esverdeadas, frios mal emba-

lados: todos estes descuidos passam em uma fração de

segundos pela cabeça do consumidor mais atento e com

restrição de gastos na hora da compra. É o resultado dessa

percepção que vai conduzir ou não o cliente ao caixa da loja.

Estudos mostram que grande parte das de-

cisões de compra acontece no ponto de venda

– assim, se o zelo na conservação das mercado-

rias já era uma exigência, agora é uma necessida-

de. “O trabalho nesse momento vai ser mais

difícil, porque quem tem dinheiro não vai soltar

com muita facilidade. A tarefa então é envolver

o cliente de uma maneira mais eficiente do que

quando não há crise”, conta Kátia Bello, especi-

alista em comunicação estratégica do varejo e

sócia-diretora da Opus Design. “É no estabele-

cimento que acontece a conversão da intenção

na compra”, completa. Mesmo cauteloso, o cli-

ente mantém suas atividades de consumo, só

que agora elas seguem outros critérios. “As pes-

soas continuam sentindo a vontade de consu-

mir; independentemente da crise essa vontade

permanece. O que temos visto é que o direcio-

namento do consumo tem mudado”, observa

E

Por Bianca Alighieri

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ESTRATÉGIA

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Vera Rita Ferreira, psicanalista e doutora em psi-

cologia econômica pela PUC-SP.

O caso da Cinderela

Kátia lembra que em situações econômicas

instáveis o consumidor sente necessidade de

extravasar e por isso é mais suscetível ao estí-

mulo visual; ou seja, mesmo que o cidadão se

sinta atraído por um cartaz enorme na frente da

loja informando uma queima de estoque, ele

não vai permanecer lá dentro por muito tempo

se encontrar som alto e mercadorias amontoa-

das e danificadas dentro de um balaio. “A con-

servação vale para todos os segmentos. O prin-

cípio é o mesmo: pensar no usuário. Quem

souber observar isso em tempo de crise vai se

dar bem”, destaca Kátia. Segundo a especialista,

um dos elementos que mais afastam o consumi-

dor é a poluição, não apenas a visual, mas a sujei-

ra mesmo. Produtos empoeirados ou sujos dão a sensação

de descaso e provocam desconfiança quanto ao estabeleci-

mento, principalmente se o pó estiver sobre medicamentos

ou a sujeira estiver na roupa de uma butique. “O que concre-

tiza a venda é o encantamento e a empolgação.” Aqui vale a

metáfora da Cinderela, que mesmo tendo o pé no tamanho

ideal para o sapatinho de cristal, precisou se arrumar linda-

mente para conquistar o coração do príncipe. O conceito é

o mesmo para todos os setores: presunto, xampu e sapatos

qualquer estabelecimento tem, a diferença principal está no

tratamento dado aos produtos.

Cuidados básicos

Percebe-se que, em momentos de menos fartura, o

consumidor tende a evitar bens de maior valor e que envol-

vam crédito; ao esbarrar nesse obstáculo ele acaba se dire-

cionando às compras de menor valor. “ Ele migra o consu-

mo, por isso é preciso ler a necessidade do cliente”,

completa Kátia. Se antes o consumidor comia na rua, agora

“A conservação

vale para todos os

segmentos.

O princípio é o

mesmo: pensar no

usuário. Quem

souber olhar isso

em tempo de crise

vai se dar bem.”

Kátia Bello

Especialista em

comunicação

estratégica do varejo e

sócia-diretora da

Opus Design

Div

ulga

ção/

Opu

s Des

ign

Esmero nas araras

pesar de não serem perecíveis, os

artigos de vestuário também estão

expostos a ameaças como pó, mofo, traças

e cupins. O maior manuseio dos produtos

pelos consumidores é outro fator que ex-

põe as peças a máculas e danos.

Seguindo a premissa de que cada elemento é pensa-

do para emocionar os clientes, a loja gaúcha de roupas

femininas Tok mostra como um pouco de disciplina

não faz mal a ninguém. Fundado em 1977, o estabeleci-

mento tem tanto cuidado com as roupas e acessórios à

venda que nos provadores há uma pequena orientação

às clientes sobre como experimentar as peças sem da-

nificá-las. “Caso ocorra algum acidente, a peça é devol-

vida para a fábrica”, explica Norma Stricker, gerente de

marketing da Tok. Não é só isso: se as mercadorias che-

garem com o fio puxado, manchadas ou no tamanho

errado em relação aos padrões de qualidade da loja, elas

também retornam à fábrica. E aquelas que foram ma-

chucadas na prova ganham mais uma sessão de ferro

antes de retornarem às araras. Além desses artifícios,

que fazem parte do check list diário das lojas, a Tok ob-

serva as demandas de mercado e expõe com mais aten-

ção as peças de maior demanda no momento, como os

jeans, no período de volta às aulas.

A

Lúci

a S

imon

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ESTRATÉGIA

29FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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ele vai comer em casa, por exemplo. O que valoriza a

sessão de congelados, comida pronta e rotisseria, além de

deixar o cliente mais atento à conservação de produtos como

carnes, legumes, peixes e demais alimentos perecíveis.

O esmero deve abranger o comércio varejista como

um todo e vai além da limpeza do chão e das vidraças do

estabelecimento. Em alguns ramos, como o alimentício e

o farmacêutico, os cuidados são regidos por critérios da

vigilância sanitária. “Em questão de saúde do consumidor

não há dinheiro que pague uma possível intoxicação e até

a interdição do estabelecimento pelos órgãos fiscalizado-

res. O próprio cliente faz questão de pagar por produtos

de melhor qualidade. Seguir os critérios básicos exigidos

não demanda muito investimento, somente disciplina e

responsabilidade”, defende Tânia Nakajima, engenheira de

alimentos. Logo, estamos diante de um consumidor que

sabe diferenciar um produto em bom ou mau estado de

conservação. Segundo Ronaldo Costa, farmacêutico e tu-

tor do Portal Educação, na hora de adquirir medicamentos,

o comprador mais atento irá prestar atenção à

integridade da embalagem externa, como rasu-

ras e sujeira, além da validade dos produtos. No

campo dos alimentos, Tânia acredita que os

consumidores já sabem avaliar a qualidade de

um alimento, principalmente a temperatura

ideal e também a validade, uma vez que o as-

pecto do produto é a primeira denúncia de al-

guma não conformidade.

Por isso, não basta tirar os pneus da loja de

autopeças do sol ou manter ideal a temperatura

do refrigerador da mercearia – a limpeza do local

e dos produtos também deve seguir regras que

vão garantir a integridade da mercadoria. “Quan-

to mais se adia a limpeza, mais difícil se torna.

Locais com fluxo intenso de veículos necessi-

tam de atenção especial, pois a fuligem se depo-

sita rapidamente em todos os locais”, observa

Costa. O farmacêutico lembra que a limpeza de

iante do número expressivo de farmácias exis-

tentes no comércio gaúcho, o consumidor tem

a facilidade de escolher onde quer comprar, e o co-

merciante tem, ainda maior, a tarefa de conservar com

cuidado os delicados produtos que vende. Para come-

çar, um dos grandes inimigos dos medicamentos é a

temperatura. “O primeiro cuidado que todo comerci-

ante de farmácia deve ter é com o calor e umidade”,

Com saúde não se brinca

destaca Ronaldo Costa, farmacêutico e tutor do Portal Educação. O clima

gaúcho é, em geral, úmido, com grandes variações de temperatura ao longo de

um único dia, por isso a atenção deve ser para lá de especial. “Deve-se conside-

rar como fonte de calor a própria temperatura ambiente. Comumente no Brasil

temos cidades onde a temperatura ultrapassa os 35ºC, e os medicamentos, em

geral, devem ser armazenados entre 8ºC e 25ºC, exceto os que necessitam de

refrigeração. Desta forma, a necessidade de ar condicionado é uma realidade.”

Costa também lembra que os produtos correlacionados devem ser dispostos

próximos uns aos outros, como aqueles focados no público infantil ou feminino.

Além da umidade, outros dois grandes vilões das farmácias são a luz solar

e a água. “Produtos expostos à luz podem sofrer reações, alterando a sua

composição original. No caso da água, além de danificar a embalagem, promo-

ve alterações drásticas, como dissolução de formas farmacêuticas sólidas.”

Entretanto, alguns medicamentos pedem ainda atenção especial, como os

antibióticos e vitaminas, que possuem estruturas mais sensíveis à oxidação.

“Um antibiótico alterado pode levar um paciente a óbito muito facilmente,

por não controlar uma infecção”, alerta. No caso das vacinas, insulinas e soros,

que precisam ser armazenados em refrigerador, Costa lembra que a tempera-

tura deve ser monitorada ao menos duas vezes ao dia, de forma a sempre se

manter entre 2ºC e 8ºC.

D

Lúci

a S

imon

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ESTRATÉGIA

30 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

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A

bri

l 2009

“A vontade de

consumir ainda

existe. O que

temos visto é que o

direcionamento do

consumo tem

mudado.”

Vera Rita Ferreira

Psicanalista e doutora

em psicologia

econômica pela

PUC-SP

Arq

uivo

pes

soal

esmo sem ter sentido queda nas

vendas por conta da crise financei-

ra, Jorge Dolgener, proprietário da Padaria

Suíça, em Lajeado, não dispensou os cui-

dados que sempre teve com seus quitutes,

que conquistaram os clientes da região.

“Toda a nossa loja é climatizada e ainda as-

sim os produtos destinados ao autosservi-

ço são pré-embalados e os demais são

acondicionados nos balcões refrigerados”,

conta. Os frios, como presuntos, queijos e

salames, são fatiados na loja diariamente –

com exceção dos que já vêm de fábrica

fechados a vácuo. Ainda assim, os clientes

mais exigentes não abrem mão de ver os

produtos expostos, em embalagens impermeá-

veis, pode ser feita com um pano umedecido

em água, uma vez que álcool ou outro solvente

podem danificar as informações impressas. Além

disso, é fundamental selecionar criteriosamente

os fornecedores, assim como o carro que faz a

entrega, o comerciante precisa calcular adequa-

damente a frequência de venda do produto para

expor somente a quantidade necessária para durar

até a próxima reposição. “Se há reposição se-

manal, não há motivo para dispor nas prateleiras quantidade

de produto para 15 dias de venda”, alerta Costa.

Cuidados à parte, o consumidor está mais cauteloso não

apenas por conta da crise econômica, que reduziu a jornada

de trabalho e o salário no final do mês; a sua atenção também

é fruto de um cidadão mais informado. O conhecimento

hoje é moeda corrente, o acesso a ele deixou as pessoas

mais seguras dos seus direitos. Se o consumidor já pensava

duas vezes antes de comprar um produto, agora ele pensa

três; por isso, a conquista tem que ser diária.

Sabor de refinamento

produtos serem fatiados na sua frente. Um exemplo de

que o consumidor está cada dia mais atento ao destino

do seu dinheiro.

Assim como a Padaria Suíça já faz, todos os estabe-

lecimentos que comercializam alimentos precisam,

segundo a engenheira de alimentos Tânia Nakajima, ter

obrigatoriamente um manual de boas práticas de fabri-

cação e um responsável técnico – que pode ser o pro-

prietário do estabelecimento, devidamente certifica-

do pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(Anvisa). “Todos os produtos alimentícios merecem e

devem ser tratados dentro dos critérios exigidos pela

vigilância sanitária. Eles já foram estudados e são efeti-

vos para a manutenção correta da qualidade dos ali-

mentos.” Ao receber carnes, frios e produtos de ori-

gem animal frescos do fornecedor, preste atenção na

data de validade e fabricação; faça avaliação sensorial e

confira as condições das embalagens e do entregador;

meça as temperaturas (congelados: -18ºC a -12ºC;

refrigerados: até 4ºC; e resfriados: de 6ºC a 10ºC).

Frutas e verduras devem receber um pré-preparo an-

tes da exposição para retirar impurezas e também pre-

cisam ficar expostas em temperatura controlada de

até 10ºC; o local de exposição deve ser limpo e sani-

tizado diariamente, e o de estocagem, semanalmente.

“Alimentos mal condicionados podem sofrer contami-

nação e oferecer perigo à saúde do consumidor”, alerta

Tânia.

M

Lúci

a S

imon

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ESTRATÉGIA

FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS 31

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A

bri

l 2009

Receitada com frequência por uma amiga

à outra que esteja com o lado emocional de-

bilitado, a “shoppingterapia” é o melhor

exemplo do momento em que deixamos a

razão de lado e consumimos apenas para o

deleite de nossas emoções. Em momentos

como o atual, em que a palavra crise é citada

com frequência tanto nos telejornais quanto

nas conversas informais, atormentando ânimos,

a shoppingterapia adquire um aspecto bas-

tante interessante. A prática é tão comum em

tempos de instabilidade econômica que, em

2001, Leonard Lauder, um grande empresário

do setor de cosméticos, verificou que mes-

mo com o sentimento de pânico instalado

pelo ataque às torres gêmeas do World Trade

Center, a venda de batons com a sua marca

apresentaou um crescimento de 11% em com-

paração com anos anteriores.

O índice batom mostra que a crise desen-

cadeia no consumidor outra necessidade de

compra: a do presentinho ou autopresente.

“O impulso para consumir se mantém, as pes-

soas podem tentar adequar um pouco a sua

nova realidade financeira”, constata Vera Rita

Ferreira, da PUC-SP. Vera destaca que o com-

portamento do consumidor só vai mudar de

verdade quando ele perder o emprego, antes

disso não haverá, necessariamente, uma alte-

ração radical no hábito de compra. “Temos

uma tendência ao otimismo excessivo.”

O sentimento de “pelo menos uma lingerie eu posso

comprar” surge como um atenuante do estresse que o mo-

mento de crise pode causar na profissional. “A emoção sem-

pre está presente, uma vez que ela é o substrato do nosso

funcionamento mental. A parte do nosso cérebro encarrega-

da do processamento das emoções é muito primitiva, em

termos de história da espécie, e a primeira a ser acionada em

qualquer momento”, explica Vera Rita. Nesse caso, o ideal

para o consumidor seria integrar razão e emoção, fazendo

com que esta funcione a seu favor.

Momentos de birra

Outro exemplo de que a emoção é um forte motivador

de compra é a mudança de comportamento quando se de-

seja muito um produto. Momento em que o lado infantil, ou

primitivo, como se refere Vera, ressurge com for-

ça: “Temos esse lado primitivo na nossa men-

te o tempo inteiro, mas disfarçamos. Ele vem

à tona na hora da compra porque achamos

que aquele produto irá resolver todos os nos-

sos problemas.” A psicanalista destaca

que esse lado é muito frágil e por conta

disso mais vulnerável às ilusões – con-

sequentemente, deixa o cidadão mais

suscetível às promoções do comércio.

“O ser humano nunca é completo e sem-

pre vai haver uma falta internamente; ou

se aprende a conviver com ela, achando

que se está em satisfação plena, ou o

consumidor continuará suscetível aos

apelos do consumo.”

Índice batom

Hid

den/

Sto

ck.x

chng

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32 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

SA IBA MA IS

Núm

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e m t e m p o

A

Mais informações na edição 47 da B&S

Um português para todospolêmica reforma ortográfica

continua angariando mais

opositores a cada dia. Confusas e

questionáveis, as discussões sobre as

mudanças na língua portuguesa se

iniciaram ainda na década de 80 e em

1990 a proposta começou a ser

alinhavada. Dezenove anos depois, as

novidades estão aí e exigem a

adaptação de todos os setores.

No entanto, existem brasileiros que

ainda querem lutar contra alguns

pontos impostos pela reforma, como a

falta de simplificação. Este é o caso dos

300 participantes do movimento

Acordar Melhor, organizado pelo

professor Ernani Pimentel e apoiado

por quatro senadores, entre eles

Cristovam Buarque e Adelmir Santana.

Com o objetivo de conquistar mais

simpatizantes, cerca de 20 pessoas

participaram, no início de março, de

uma manifestação no Senado Federal.

Os integrantes do movimento

salientam que não são contra a

reforma, mas sim contrários à forma

como ela foi conduzida,

desconsiderando a opinião pública e

colocando questões culturais em

segundo plano. O manifesto “Acordar

melhor enquanto há tempo” está

disponível no site

www.acordarmelhor.com.br.

Fusões e aquisições Nem sempre

casamentos dão certo. No mundo

corporativo esta realidade não é diferente.

A Associação Nacional dos Bancos de

Investimento (Anbid) afirma que,

somente no ano passado, foram

realizadas, no Brasil, 94 operações de

fusões e aquisições, envolvendo

aproximadamente R$ 20 milhões cada.

Para afastar o risco de separação, um dos

fatores mais significativos é a sinergia

cultural. Segundo a Tree Branding

Consultoria, isso ocorre em função da

falta de diagnóstico prévio sobre as

compatibilidades culturais entre as

organizações a serem integradas,

conhecido como Due Diligence Cultural, e

pela ausência de um plano sistêmico e

sistemático da integração cultural, que faz

parte do Post Merger Integration.

Tempo Verdadeiro inimigo da sociedade moderna, o tempo parece estar

diminuindo a cada dia; as 24 horas hoje parecem 12. Exatamente por

isso, administrar cada minuto de forma a evitar os desperdícios é mais

do que necessário. De acordo com o professor Newton Ferreira,

psicólogo e especialista em RH, é importante definir metas e agendá-las

seguindo a classificação urgente, crítica e normal.

Urgente: é tudo aquilo que precisa ser feito no mesmo dia

Crítico: são as atividades que precisam ser acompanhadas de perto

Normal: ações que integram a agenda convencional

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SA IBA MA IS

33FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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eu

r

ec

om

en

do

Emoções A melhor tática de vendas para

o Dia das Mães, segundo Marcelo

Ortega, autor do livro Sucesso em vendas, é

usar e abusar das emoções. Mas lidar

com sentimentos não é tarefa fácil, por

isso o especialista em vendas aconselha

que desde já sejam desenvolvidos

workshops e treinamentos. Vale

ressaltar que a data é considerada a

segunda mais rentável do ano para o varejo. Para formar, treinar e gerenciar

uma equipe comercial, Ortega aconselha que se siga a técnica dos Três Erres:

Regras: sem regras a equipe fica solta e muitos vendedores saem do eixo;

é importante definir sua forma de trabalho e objetivos

Reconhecimento: elemento essencial para a produção da equipe

Resultado: competência não basta sem que haja resultado; o vendedor

deve ter esse objetivo central

Cartórios

De acordo com o Conselho Nacional de Justiça, os cartórios gaúchos

deverão cobrar taxas correspondentes ao custo do serviço prestado e, no

caso de partilhas, não poderão ser calculadas com base nos bens

partilhados. O Colégio Notarial do Brasil e o Sindinotars vinham

questionando a decisão usando como justificativa a legislação vigente, que

permite a cobrança de taxas utilizando como base de cálculo a soma do

valor de todos os bens. O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul

compreende que a lavratura de escritura de partilha de bens deve ser

cobrada como ato único, sem variação financeira.

Juventude Empreender definitivamente entrou para o

dicionário dos jovens brasileiros. O levantamento mundial

Global Entrepreneurship Monitor (GEM) colocou o país em terceiro

lugar no ranking de empreendedorismo jovem.

De acordo com o estudo, a razão para a busca pelo próprio

negócio, que antes era necessidade, agora é oportunidade.

A pesquisa apontou que 25% do total de empreendedores são

jovens; o Irã, com 29%, e a Jamaica, com 28%, ocupam a

primeira e a segunda posição, respectivamente. Sem considerar

a idade, o Brasil ocupa a 13a posição no ranking.

Andrew

C./S

tock.x

chng

Das tantas coisas boas a recomendar

entre as obras surgidas

recentemente, eu fico com o cd

“Frank Jorge - Volume 3”. Experiente

cancionista, integrante do famoso

grupo underground “Graforréia

Xilarmônica”, roqueiro de fé, dono

de um humor irresistivelmente

porto-alegrense, Frank Jorge passeia

pelo estilo da Jovem Guarda para

comentar a vida atual, com seus

amores e desencontros, em doze

canções. Diversão certa, sorriso mais

certo ainda, ao embalo daquele

sonzinho amigo.

Luís Augusto Fischer

Escritor e professor da Universidade Federal

do Rio Grande do Sul (Ufrgs)

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ulga

ção/

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emiã

o

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GESTÃON

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34 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

O processo de

transição da

empresa que deixa

de ser micro e se

torna média é árduo

e exige atuação

intensa não só do

setor comercial, mas

de toda a gerência,

especialmente em

áreas como

recursos humanos

e contabilidade

crescimentoEm fase de

rescer não é fácil. Nem mesmo quando

esse crescimento é extremamente de-

sejado e aguardado; o aumento do caixa

é diretamente proporcional ao acréscimo de

trabalho. Apesar disso, crescer é necessário.

CPara tornar todo esse processo menos passível de erros é

preciso estar atento a questões que envolvam a adminis-

tração de finanças e de pessoas. Boanerjes do Amaral Cou-

to, superintendente da HGB Consultoria, acredita que o

primeiro dos problemas se refere à estrutura. “A micro-

empresa é quase artesanal. No momento em que ela passa

a ser média, os processos deverão ser divididos, mesmo

que não seja uma organização formal.”

O consultor destaca que o gestor terá a incumbência

de desvendar o talento do seu pessoal e separá-lo de acor-

do com este critério. Neste momento, toda a atenção é

necessária, já que este é um dos trabalhos que possuem

mais chances de erro. No entanto, deve haver setorização

de processos e não de departamentos. “O empreendimen-

to pequeno não pode se dar ao luxo de ter departamentos.

Se insistir neste estratégia e tentar copiar a estrutura de

uma grande empresa, irá quebrar”, avisa Couto.

A fase de transição tende a ser difícil e dolorosa, por

esse motivo o empreendedor precisa ter consciência deste

momento e dar prioridade àquilo que é necessário.

“O grande perigo é ter a ilusão de que, de repente, virou

grande.” Contratar demais e não contratar também são

riscos vigentes. Couto destaca que o segredo é desempe-

nhar múltiplas funções, sem deixar de dar atenção inte-

gral à comercialização.

Segundo o consultor, é bastante comum nestes casos

que o gestor disponibilize toda a sua equipe para a execu-

ção do serviço que foi vendido e esqueça do comercial.

Depois que o trabalho estiver pronto, ou se algum con-

trato for cancelado, o empresário se deparará com a triste

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35FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

GESTÃO

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realidade de que durante um longo período não fechou

nenhum negócio. “Sem falar no tempo de maturação da

negociação, que geralmente leva meses.”

No Supermercado Dois Irmãos, de Santa Maria, o cres-

cimento foi sentido principalmente na questão de tribu-

tos e recursos humanos. Para o gerente de Marketing, Vi-

nícius Bittencourt, é complicado lidar com a diversidade

de perfis que compõem as equipes das lojas. Nascido em

1980 como um pequeno mercadinho de bairro, o Dois

Irmãos viu sua estrutura expandir-se em 2002, quando inau-

gurou uma filial no centro de Santa Maria. “De repente

saímos de um mercado com dez funcionários para 100!”

Nem tão simples

Bittencourt considera que enquanto a microempresa

possui benefícios fiscais, como o Simples, por exemplo, a

grande tem poder de barganha. “A média não tem nem

uma coisa, nem outra.” Segundo Daniela Wasem, sócia da

empresa de contabilidade Astercon, quando o empreen-

dimento muda de categoria a contabilização também é

alterada. No caso das empresas que aderiram ao sistema

de tributação simplificado as variações são ainda mais sig-

nificativas. “Quando deixa de integrar o Simples, o negó-

cio passa a ser tributado de acordo com o lucro presumi-

do ou real, segundo a atividade da empresa”, explica.

A assessora contábil destaca ainda que um empreen-

dimento não pode deixar o sistema no mesmo ano. “Quan-

do fatura a mais do que o permitido, a empresa deve pa-

gar um percentual a mais sobre o excedente e sair do Sim-

ples após a virada de ano.” Uma vez que o negócio supe-

rou este limite, não poderá voltar ao sistema.

Fita métrica

A definição de micro e pequena empresa no Brasil se-

gue, basicamente, duas linhas: a financeira e a humana.

No primeiro caso, em 1999, o Estatuto da Micro e Peque-

na Empresa indicou como critério a receita bruta anual.

Em 2004 o Decreto nº 5.028 definiu que microempresa é

aquela que tem receita bruta anual igual ou inferior a

R$ 433.755,14; enquanto no empreendimento de peque-

no porte a mesma receita deve ser superior ao valor da

micro, mas sem ultrapassar o teto de R$ 2.133.222,00.

Vale ressaltar que para o Simples Nacio-

nal, a micro deve ter receita bruta anual de até

R$ 240 mil e a pequena igual ou menor que R$

2,4 milhões. Apesar dessas definições, cada Es-

tado possui um critério próprio de acordo com

sua situação econômica e fiscal. Quanto aos

municípios, são poucos os que se referem, em

sua legislação, ao segmento de MPEs.

O segundo formato de classificação é o

adotado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às

Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que uti-

liza a contagem do número de pessoas na

equipe, inclusive nas pesquisas que indicam

índices de empreendedorismo brasileiro. Para

a entidade, os negócios da indústria e cons-

trução civil que contam com até 19 funcioná-

rios e, também, do comércio e serviços com,

no máximo, nove, são micro. Pequenos são

aqueles da indústria e construção civil que

possuem de 20 a 99 pessoas na equipe, e do

comércio e serviços de 10 a 49.

Para o Instituto Brasileiro de Geografia

(IBGE), a formação de categorias considera

o número total de pessoas ocupadas, incluin-

do os proprietários. Seguindo este formato,

o IBGE pode mensurar o índice de microuni-

dades empresariais, que são fonte de renda

para seus proprietários, apesar de não contar

com colaboradores.

A prova dos cincoSegundo Couto, para gerir um empreendimen-

to que está passando por momento de transição,

o profissional deve contar com cinco habilidades,

“algumas que se aprende, outras com que se nasce”

Técnica

Administrativa

Comercial

Liderança

Estratégia

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COMPORTAMENTO

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36 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

A hora da geração

multifuncionalA geração

“multitudo”

está chegando

ao mercado

de trabalho e

arrumando

confusão com os

mais experientes.

Aprenda a lidar

com estes jovens e

tire o melhor

proveito daqueles

que irão gerir

sua empresa em

alguns anos

s confrontos entre gerações deixaram a

sala de estar e agora fazem parte dos

escritórios das empresas de todo o mun-

do, independentemente do porte. A entrada

da geração Y no mercado de trabalho coloca

em discussão a necessidade de uma nova pos-

tura por parte dos gestores.

De acordo com o consultor Sidnei Olivei-

ra, presidente da Kantu Consultores Associa-

dos, o aumento da longevidade é um dos fato-

res responsáveis pela presença de profissio-

nais de diferentes idades em um mesmo em-

preendimento e, muitas vezes, competindo

pelo mesmo cargo. “As pessoas estão vivendo

mais e ficando mais tempo nos seus empre-

gos. Enquanto isso, os jovens chegam com in-

formação e conhecimento para ocupar a mes-

Oma vaga.” Oliveira destaca que esta é uma das razões para

os altos índices de desemprego dos jovens.

A explicação para os conflitos é a mais humana possí-

vel: o novo colaborador chega qualificado e com habilida-

des adicionais, concorrendo com quem já está no empre-

endimento. A reação é de insegurança e consequente cer-

ceamento de atuação. “Os gestores são das gerações Baby

Boomer e X; não estão habituados ao questionamento e à

quebra de autoridade imposta pela Y.” Um dos resultados

bastante comuns, segundo o consultor, é a limitação do

uso de ferramentas como o MSN Messenger, por exem-

plo. “Ele não sabe usar, acredita que aquilo não serve para

nada e impede sua utilização”, elucida Oliveira.

Sai gestor, entra mentor

Os modelos de liderança aplicados hoje não funcio-

nam com os colaboradores da geração Y. Os jovens profis-

Lúci

a S

imon

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37FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

C O M P O R TA M E N TO

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sionais não querem passar 30 anos na mesma empresa e,

por isso, são difíceis de manter. Conforme Oliveira, eles

estão atrás de experiências e desafios; o salário não é fator

determinante. “Um funcionário de 40 anos teve dois ou

três empregos ao longo da sua carreira. Hoje quem entra

com 20 anos no mercado atuará em 15 ou 20 empresas.”

Para solucionar os problemas de relacionamento e tirar

proveito das capacidades desses talentos é preciso deixar

de lado a função de gestor e assumir a de mentor. “É impor-

tante adotar essa postura e ensiná-los. Já que todos, inde-

pendentemente de geração, estão lá pelo mesmo objetivo,

vale abrir mão do medo de comprometer o trabalho e dar

chances aos novatos.”

A maior fraqueza da geração Y é também sua força.

Eles são instruídos e capacitados, mas não possuem expe-

riência, e é nessa hora que o profissional da velha escola sai

ganhando. Por outro lado, essa mesma falta de know-how

abre nova possibilidade: a inexperiência faz com que suas

ideias não fiquem restritas a modelos já tentados e eles

acabam ousando mais. “A crise está mostrando que os mo-

delos adotados até agora estavam errados. Quem pode dar

as respostas que procuramos são os jovens, que estão com

a cabeça livre de conceitos”, assegura o consultor.

Mudar de posição parece simples, mas não é tarefa

fácil. O primeiro passo, segundo Oliveira, é não se sentir

ameaçado e não competir. A partir daí o mentor deve enca-

rar o iniciante como um aprendiz e transmitir para ele o

conhecimento adquirido ao longo dos anos. Ao mesmo

tempo, é importante lembrar que aquele inexperiente pro-

fissional tem experiência de vida diferente da sua, e por

essa razão tem o que ensinar.

Quem são esses foguetes?

Na opinião do presidente da Kantu, a geração Y possui

a força de um foguete, mas sem a orientação necessária

para alcançar os propósitos dos empreendimentos. Mas,

afinal, quem são estas pessoas? São considerados integran-

tes da geração Y os nascidos entre 1979 e 1999. Antes

deles houve a geração X – hoje com 30/50 anos – e os Baby

Boomers, gerados no pós-guerra.

A principal característica dos Ys é a sofisticação tecno-

lógica. Acostumados a utilizar os recursos da informática

desde que foi difundida, os jovens “digitais”

têm a capacidade de realizar diferentes ações

ao mesmo tempo, com agilidade e qualidade.

Questionadores e apressados, preferem tra-

balhar com metas específicas e curto prazo.

Sua ousadia e criatividade são estimuladas

pelos desafios. Hierarquia e formalidade são

palavras que não constam no dicionário, assim

como planos de longo prazo. Preocupados

em viajar e conhecer o mundo, eles querem a

variedade de experiências e buscam dinheiro

suficiente para realizar sonhos; poupar, logica-

mente, não é uma preocupação.

Determinados e conscientes do que que-

rem, os jovens de 20 e poucos anos estão aten-

tos às novidades do mercado. E para mantê-

los na empresa é necessário dar-lhes voz e

proporcionar ambiente adequado às expecta-

tivas. Se estão insatisfeitos com alguma situa-

ção, não pensarão duas vezes antes de deixar

o emprego. Independentemente de qualida-

des e defeitos, lembre-se que a geração Y e

todos os seus predicados são o futuro.

Sintomas de uma geraçãoÉ fácil diferenciar a geração Y das anteriores.

Confira algumas das principais características

destes jovens:

Questionadores

Impacientes

Bem informados

Possuem facilidade para desenvolver

novas ideias

Transitórios

Pouco experientes

Ambiciosos

Focados em resultados de curto prazo

Motivados por desafios e reconhecimento

Graduados e pós-graduados

Ágeis

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SERV IÇOSN

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38 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

É só sentar e aguardar,por favor

A frase não soa bem em seus ouvidos. Com a agenda lotada,

você ainda vai ter que esperar! O tempo perdido é inevitável, mas existem

ferramentas que podem tornar este momento menos tortuoso

sperar não é fácil; especialmente quan-

do o relógio faz pressão constante. Al-

gumas atividades – como ir ao médico,

ao banco ou ao restaurante – são quase impos-

síveis de serem feitas sem que haja aqueles

conhecidos momentos de tédio e irritação. Para

tornar o período mais agradável e menos an-

gustiante é interessante investir no espaço onde

o público aguardará, ou seja, a sala de espera.

As arquitetas Nina Rosa Rech e Marcela

Schneider Ferreira, da Anima Arquitetura, ex-

plicam que cada projeto varia de acordo com

o perfil do negócio desenvolvido. “O local de

espera de um consultório médico é diferente

de um escritório de advocacia, que, por sua

vez, é bem diferente de um salão de beleza.”

A sala de espera de uma estética no shopping

pode ser produzida de forma que pareça uma

vitrine; a de uma locadora, por contar com car-

tazes de cinema, pode remeter o cliente ao

foco do empreendimento.

Os valores necessários para desenvolver o

ambiente ideal também variam conforme di-

versos aspectos, segundo Marcela. Como

mencionado anteriormente, uma boa sala de

espera depende do que o empreendimento

oferece, mas se seguida uma pequena lista de

critérios que englobam ergonomia, bem-estar,

Ecriatividade (aproveitar os espaços) e funcionali-

dade, o resultado será positivo. Nina destaca que

cor, iluminação, vegetação e tapetes são funda-

mentais para tornar o local mais aconchegante.

Sob medida

No caso de restaurantes, por exemplo, as ar-

quitetas aconselham o uso de mesas altas com

apoio para copos. “É imprescindível que se pro-

picie o consumo ali mesmo”, salienta Marcela.

O restaurante Outback de Porto Alegre já co-

nhecia essa regrinha básica quando planejou seus

espaços. Segundo Naldo Barbosa, sócio do Ou-

tback Rio Grande do Sul, o ambiente faz parte

do conceito desenvolvido ainda na Austrália. “Aliar

uma área descontraída ao restaurante foi pensado desde o

início. Faz parte do que é o Outback.”

Com o sistema de pager, o cliente que vai ao restaurante

ganha mobilidade e tranquilidade. “Ele não precisa ficar

preocupado com o número que está sendo chamado. Quan-

do sua mesa estiver liberada receberá um aviso através do

equipamento”, explica Barbosa. Para aqueles que preferi-

rem comer nas mesinhas laterais ou no bar – locais dedica-

dos à espera – há a opção de contar com o mesmo serviço

disponibilizado na parte interna do restaurante. “Por não

ser tão reservado quanto as mesas e contar com a circula-

ção do público, o bar é o ponto preferido por executivos

que estão de passagem pelo Estado”, comenta.

Divulgação/Outback

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39FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

S E R V I ÇOS

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Um problema bastante comum é a quantidade de es-

paços disponibilizados. Nina e Marcela dizem que de-

pende da quantidade de pessoas que passam pelo local

ao longo do dia. O indicado é que se deixe 1,20 m entre

a cadeira e a recepcionista. Tem que haver 60 cm de circu-

lação para cada pessoa. “Se o movimento for muito gran-

de é importante contar com uma ferramenta que avise o

tempo de espera.”

Mantenha em dia

As revistas são de dois anos atrás, as flores estão mur-

chas, o branco já é bege. Uma das explicações plausíveis

para a frequente desatualização das salas de espera é a pou-

ca participação dos responsáveis pelo

ambiente. “Para o empresário é apenas

um local de passagem”, explica Marce-

la. Mas a sala de espera é extremamente

importante para a imagem da empresa.

É ela que será vista e analisada durante

um longo período.

“O espaço deve estar sempre lim-

po; banheiros, então, nem se fala.” As

revistas e jornais devem ser atuais e sem

dispositivos antifurtos. “É melhor ter

apenas um jornal diário do que uma re-

vista com um equipamento que atrapa-

lha a leitura, além de parecer que a em-

presa desconfia do cliente”, defende

Nina. O som deve estar com o volume

baixo e as rádios devem ser evitados.

“Grave um CD com boas músicas, que

sejam tranquilizantes.” A televisão, de

preferência, desligada.

Espera em miniatura

Esperar nunca foi o ponto forte da

criançada, ainda mais quietinhas e senta-

dinhas como exigem as salas de espera

tradicionais. Arquitetos têm aconselha-

do o desenvolvimento de locais ade-

quados para os pequeninos, que garan-

tam, acima de tudo, entretenimento. Te-

levisão passando desenho animado, mesinhas

para desenhar, jogos e livrinhos são as dicas

das profissionais da Anima Arquitetura.

Com os filhotes concentrados e envolvi-

dos com a brincadeira, a espera se torna bem

mais agradável e tranquila para as mães, sem

falar nas outras pessoas que aguardam também.

Vale lembrar que a segurança das crianças é

imprescindível, portanto proteja tomadas e

quinas e mantenha os brinquedos em locais

de fácil acesso. Não esqueça da organização; a

presença de crianças não é desculpa para dei-

xar o espaço bagunçado.

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MERCADO

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40 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Quem a crisenão pega

As manchetes sobre o mercado continuam pouco animadoras, mas alguns números

trazem alento até mesmo aos mais pessimistas. No entanto, mesmo os setores da

economia brasileira ainda distantes do cenário de crise estão pautados pela cautela

ensar que a crise econômica instalada

desde o segundo semestre de 2008 não

afeta todos é ingenuidade. Frente a

um recuo do Produto Interno Bruto (PIB) da

ordem de 3,6%, é difícil encontrar quem acre-

dita estar imune aos efeitos da derrocada das

bolsas de valores ou da fuga de investimen-

tos. Mesmo assim, o vendaval das finanças foi

uma brisa para determinadas estruturas eco-

nômicas. Alguns setores da economia brasi-

Pleira sobrevivem e bem, depois de tantas más notícias e

golpes profundos nos cofres de governos e empresas.

O crédito corroído, em especial nos países do hemis-

fério norte, contrariou velhos costumes e fez valer uma

nova ordem na qual mais vale o dinheiro na mão do que o

crédito na praça. Por essa razão, os setores que vivem do

gotejar constante de moedas no caixa estão se saindo me-

lhor do que os gigantes que por décadas controlaram o

mercado, negociando grandes valores virtuais e o destino

econômico das nações.

Lucia Simon

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41FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

MERCADO

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Para o economista Marcelo Portugal, quem está se

saindo melhor até agora estava bem capitalizado ou aten-

de a segmentos bastante específicos. Contudo, ele alerta

para as duas ondas da crise. “Na primeira os pequenos

estavam a salvo, ela pegou os exportadores de grande porte

e os especuladores. Agora vem a segunda e vai atingir

todos pela correia de transmissão do mercado de traba-

lho. Mesmo quem está empregado tem medo do desem-

prego e restringe o consumo.” O consultor da Fecomér-

cio-RS lembra que o Brasil registrou um dos maiores dé-

ficits na indústria de manufaturados em novembro, atin-

gindo o varejo de forma global em janeiro.

Mesmo nesse cenário, ao que tudo indica, vai demo-

rar um pouco para que o varejo de alimentos e o ramo de

transporte público sejam atingidos. Esses setores despon-

tam entre os que encampam as necessidades básicas do

consumidor. Ou seja, ainda que as vendas decaiam conti-

nuarão em um bom nível de atividade. Os gastos das fa-

mílias com produtos de primeira necessidade há muitos

anos comandam boa parcela do crescimento do país.

O longo período que antecedeu a crise, marcado pelo au-

mento do emprego formal e os baixos índices de inflação,

forneceu um esteio para a continuidade do consumo. Basta

ver a surpresa da Associação Brasileira de Supermercados

(Abras) ao constatar um aumento acima do traçado para

as vendas do segmento no último trimestre para entender

que as mudanças são poucas nos caixas.

Na rota do dinheiro

O agronegócio também vem apresentando crescimen-

to e superando expectativas, especialmente no Rio Gran-

de do Sul, com a volta das chuvas dos últimos meses. Sen-

sível ao clima, mas ainda forte nas exportações, enquanto

a desvalorização cambial derruba a indústria e aqueles que

atendem o mercado internacional, a diferença entre o real

e o dólar favorece o aumento no ganho dos agricultores,

mesmo com uma produção menor em relação ao ano pas-

sado. O Levantamento Sistemático da Produção Agríco-

la, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-

tística (IBGE), aponta que a safra brasileira de grãos de-

verá atingir 135,3 milhões de toneladas, caindo 7,3% em

relação à anterior (145,8 milhões de toneladas).

O economista Marcelo Portugal, no en-

tanto, comenta que qualquer redução nos in-

dicadores da agricultura não precisa ser vis-

ta com alarde: “A soja é um exemplo, por-

que teve uma queda nos preços em torno de

50%, mas o pico de valorização foi de 150%

no semestre anterior. Se compararmos a mé-

dia histórica dos últimos cinco ou seis anos,

o mercado não está mal”.

Outro setor bem-sucedido nesse perío-

do é o de turismo, que terá investimentos

de R$ 11 milhões de sua pasta ministerial

utilizados na divulgação dos destinos turís-

ticos brasileiros na América do Sul este ano.

O valor é 20% maior que o aplicado no ano

passado e tem o objetivo de atrair nossos

vizinhos para o território verde-amarelo.

A Associação Brasileira de Agentes de

Viagem (Abav) divulga que as operadoras de

turismo tiveram um incremento de 15% nas

vendas de pacotes turísticos em relação a

janeiro e fevereiro de 2008. Aumentaram

também voos domésticos em cerca de 10%,

comparando o mesmo período. Esse quadro

reflete o redirecionamento dos gastos. Os

brasileiros trocaram o exterior pela terra

natal e os estrangeiros, mesmo com o de-

semprego generalizado, consideram o Bra-

sil mais barato.

Se o consumidor ainda tem algum di-

nheiro no bolso, é bom ficar atento às opor-

tunidades. “O empresário deve ter uma vi-

são ampla e ser sensível ao momento que

estamos vivendo. Com bom capital próprio

ele pode até comprar seu concorrente, se

este demonstrar sinais de fraqueza”, suge-

re Marcelo Portugal. Mas não se deixe le-

var pelas aparências ou afirmativas entu-

siasmadas de que o Brasil sentirá menos as

consequências da crise. O economista avi-

sa: “O momento é de cautela. Devemos ser

otimistas, mas não irresponsáveis”.

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SAÚDE

42 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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alar em prevenção está na moda. Mas

será que o brasileiro se preocupa em

ter atitudes capazes de evitar ou ame-

nizar a incidência de doenças? Estudos mos-

tram que hábitos de vida saudáveis contribuem

para uma saúde plena. No Brasil, segundo o

relatório do Fundo Mundial de Pesquisa para

o Câncer, a ocorrência dos 12 tipos mais co-

muns da patologia, como o de esôfago (60%),

endométrio (52%), estômago (41%), intesti-

no (37%), pulmão (36%) e mama (28%), po-

Melhor prevenir do

que remediarOs consultórios médicos recebem pacientes

ávidos por tratamento e pouco informados sobre

a importância da prevenção quando o assunto é

saúde. Medidas preventivas podem ser remédios

para muitos problemas

deria diminuir em 30% com a adoção de uma dieta equili-

brada e a atividades físicas regulares. Isso significaria pra-

ticar exercícios, consumir menos bebidas alcoólicas, aban-

donar o cigarro e primar por uma alimentação balanceada.

O problema está em justamente transformar comporta-

mentos e mudar histórias de vida.

Para Felice Riccardi, coordenador do Núcleo de Me-

lanoma do Hospital Santa Rita, unidade de oncologia do

Complexo Hospitalar da Santa Casa de Porto Alegre, a

dificuldade em construir uma cultura preventiva no país

se explica pela má orientação iniciada em casa: “O pai e

a mãe não ensinam os filhos a tomar sol no horário ade-

quado, e as crianças seguem a conduta dos seus familia-

res. Se os adultos vão para a praia às 11 horas da manhã,

elas absorvem esta prática como a correta”. Riccardi lem-

bra a importância de unir prevenção e educação. Como

é algo comportamental, diz o médico, essa conscienti-

zação em apostar em prevenção só vai acontecer no lon-

go prazo a partir de campanhas educativas capazes de

promover o autoconhecimento.

Atitude preventiva

Cuidar da saúde de forma preventiva dribla proble-

mas como obesidade, doenças vasculares, cardíacas e tan-

tas outras que se observadas antecipadamente não che-

gam a um estágio avançado. “O paciente tem o costume

de ir ao dentista quando o dente dói e já há uma cárie para

tratar. Não se dá conta de que o ideal seria fazer revisões

periódicas”, exemplifica Joaquim Guilherme Cerveira, pre-

sidente do Conselho Regional de Odontologia do Rio

Grande do Sul. De acordo com Cerveira, na área da saú-

F

Divulgação/Sesc-RS

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43FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

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ril 2009

SAÚDE

de bucal muito se evoluiu nos últimos anos. Desde a dé-

cada de 1970, por exemplo, a legislação nacional obriga

os municípios a colocar flúor nas águas de abastecimento

público. “Esta lei ajudou no processo de redução da cárie

dental.” O especialista ressalta que, assim como as inicia-

tivas do poder público e das entidades, também são im-

prescindíveis mudanças de hábito. “Criar uma nova cul-

tura realmente exige tempo e um esforço maior, que

depende de cada um. Temos atuado em uma linha dife-

renciada, orientando para alimentação saudável”, diz.

Olhar antecipado

Abrir mão do tabaco, do álcool, da exposição exa-

gerada ao sol, consumir alimentos adequados e realizar

consultas regulares ao médico representam

para os profissionais da área atitudes ideais

para alcançar resultados positivos e soluções

efetivas. Quanto mais cedo uma doença for

diagnosticada, mais chances de cura. Assim

caminha a medicina, buscando estar à frente

tanto na detecção precoce quanto em en-

contrar estratégias que minimizem a insti-

tuição de uma patologia. “As pessoas inves-

tem em tratamento, e a medicina, por sua

vez, em prevenir antecipadamente para ob-

ter uma resolução maior”, afirma Felice Ric-

cardi, coordenador do Núcleo de Melano-

ma do Hospital Santa Rita.

Saúde Sesc – Uma Vida Melhor é lançado no Rio Grande do Sulo mês de abril, foi lançado o

pilar de atividades voltado à

área da saúde. Denominado “Saú-

de Sesc – Uma vida melhor”, a ini-

ciativa reúne um conjunto de ações

já desenvolvidas pela entidade em

centenas de municípios gaúchos,

assim como foram lançados proje-

tos inovadores. “Nosso objetivo é

informar a comunidade e contribuir

com a prevenção de doenças, pro-

piciando qualidade de vida e bem-

estar, que é a missão do Sesc”, des-

taca o diretor regional da entidade,

Everton Dalla Vecchia, enfatizando

que, desde sua criação, o Sesc tem

a saúde como uma prioridade.

Sob esse guarda-chuva, o Sesc

manterá os programas OdontoSesc

e Sorrindo para o Futuro, assim

como suas clínicas odontológicas e

ações sistemáticas, a exemplo das

Oficinas da Memória e Alzheimer.

O Saúde Sesc, porém, lança novi-

dades: a Mostra Casa da Saúde

Sesc, uma exposição itinerante que

circulará, em 2009, pelas cidades

de Porto Alegre, São Leopoldo,

Caxias do Sul, Santa Cruz do Sul

e Erechim, com dicas e informa-

ções relevantes sobre doenças

como obesidade x alimentação sau-

dável, IMC, câncer de mama, cân-

cer de pele, câncer de próstata, do-

enças crônicas não-degenerativas

(hipertensão, diabetes, trigliceríde-

os, colesterol), saúde visual e doen-

ças sexualmente transmissíveis. A

mostra é aberta à comunidade e

contará com o auxílio de monito-

res para o esclarecimento dos te-

mas abordados. Outro destaque do

programa está na Unidade Sesc de

Saúde Preventiva. O projeto, apre-

sentado em maquete, deve ser

inaugurado no segundo semestre

de 2009, e tem como objetivo dis-

ponibilizar serviços básicos de di-

agnóstico à saúde aos gaúchos. En-

tre os serviços disponíveis estarão

mamografia, ultrassonografia, ele-

trocardiografia, oftalmologia, exa-

mes clínicos e citopatológicos.

A partir do Saúde Sesc, a enti-

dade planeja realizar mais de 33 mi-

lhões de atendimentos na área.

“Entendemos que os problemas da

sociedade em geral passam pela dis-

seminação de informações que esti-

mulem a criação de hábitos voltados

para a prevenção e conseqüente pre-

servação da saúde”, comenta Dalla

Vecchia, ressaltando que, para isso,

o Sesc-RS contará também com a

parceria de diversas entidades no de-

senvolvimento do programa.

N

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FORMAÇÃO

44 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

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48 –

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ril 2009

consumidor brasileiro encontra nas

ópticas um ambiente caracterizado pela

tecnologia e pelo profissionalismo. Para

atender a um mercado cada vez mais com-

petitivo, as empresas do setor qualificam suas

atividades e se enquadram nas normas de ex-

celência do segmento. A legislação também

contribui para que a aviação de receitas de ócu-

los e lentes de contatos seja realizada com se-

gurança. Exemplo disso, a lei estadual 12.903,

sancionada em janeiro do ano passado, deter-

Olhar atento

no balcãoA visita a uma óptica pode significar apenas um

momento de vaidade, bem como a solução

para um problema de saúde visual. A partir de

outubro, os gaúchos vão poder contar com

atendimento ainda mais qualificado

mina que todas as lojas do Estado tenham em seu quadro

funcional um responsável técnico. A medida objetiva dis-

ponibilizar no balcão um profissional com conhecimento

e capacidade para se responsabilizar pelos artigos comer-

cializados, uma vez que estão ligados à saúde visual.

A exigência da presença física de um técnico em ópti-

ca nos estabelecimentos já é antiga. Mas a partir do mês

de outubro a fiscalização será ampliada. Cada loja terá que

contratar um profissional com a

respectiva formação para traba-

lhar durante o horário de funci-

onamento do comércio. Fica a

cargo dele fazer os lançamentos

nos livros de registros onde

constam dados como o nome

do paciente, do médico, ende-

reço de ambos e a transcrição

da receita. “Ele assina a respon-

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idde

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André Roncato, presidente

do Sindióptica-RS

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45FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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FORMAÇÃO

sabilidade pelo serviço”, afirma André Luiz Roncatto, pre-

sidente do Sindicato do Comércio Varejista de Material

Óptico, Fotográfico e Cinematográfico do Estado do Rio

Grande do Sul (Sindióptica-RS). Conforme Roncatto,

tanto o varejo quanto o cliente ganha: “As mudanças im-

postas pela lei conferem credibilidade ao setor e respeito

às pessoas que buscam soluções nas ópticas”.

Hoje, além de uma gama de materiais modernos, o

setor ainda precisa estar atento para atender às peculiari-

dades do consumidor contemporâneo, que passou a va-

lorizar o conforto e o compromisso do fornecedor com o

seu bem-estar físico. Assim como deseja achar um meio

para resolver as dificuldades visuais, o cliente se preocu-

pa em seguir estilos e o que dita a moda. “Atualmente,

observamos uma variedade enorme de armações, mode-

los, cores, formatos e lentes. O consumidor compra um

óculos para cada ocasião”, ressalta Marlei Silva de Andra-

de, professora do curso de Técnico em Óptica do Senac-RS.

A habilitação técnica auxilia justamente no momento

de mensurar todas as opções oferecidas pelo mercado e

orientar a melhor escolha. “A pessoa chega na óptica lei-

ga. Se colocar um produto que não for o ideal, vai ser

difícil a adaptação. Cabe aos técnicos identificar as ne-

cessidades e levar em conta o que ela precisa.”

Segundo o Sindióptica-RS, o Estado contabiliza

aproximadamente 2.100 empreendimentos do ramo. A

contratação obrigatória de um colaborador especializa-

do ainda pode resultar na abertura de postos de traba-

lho. Roncatto enfatiza que todas as lojas (in-

clusive de departamento e boutiques) que ven-

derem produtos ópticos ficam condicionadas

a ter um espaço físico próprio para as merca-

dorias, assim como equipamentos e um técni-

co. “Algumas lojas de surfwear, por exemplo,

estão investindo na formação dos seus funci-

onários, pois apostam na comercialização de

óculos de sol para um público mais jovem. Sem

dúvida, o varejo vai acabar absorvendo esta

mão de obra.”

O que diz a leiSancionada em janeiro de 2008, a lei estadual 12.903

aponta algumas questões importantes para o setor

Todo estabelecimento de varejo e de serviços ópticos

deve ter licença do órgão de vigilância sanitária

A responsabilidade técnica compete ao óptico

habilitado e registrado no órgão fiscalizador

O comércio de produtos ópticos com departamento

de lentes de contato deverá ter uma área adequada

com pia e possuir caixa de prova, ceratômetro e

tabela universal de conversão de lentes de grau

Os estabelecimentos deverão manter livro de registro

de receita, o qual ficará disponível à fiscalização

Para atuar como contatólogo, profissional

especializado em lentes de contato, também é

preciso fazer o curso Técnico em Óptica

Senac-RS oferece curso Técnico em Ópticatento às tendências de mercado, o Senac-RS pro-

move anualmente o curso Técnico em Optica.

A atividade tem duração de um ano e meio, habilitando o

profissional para atuar na manufatura industrial, laboratóri-

os especializados, venda de produtos e serviços ópticos e

gerenciamento de estabelecimentos do setor. “Depois de

formado, o aluno pode ainda empreender, abrindo o seu

próprio negócio. Ele também tem a possibilidade de fazer

treinamentos e se voltar para a área de docência”, explica a

professora Marlei Silva de Andrade. Vale salientar, que o

Senac-RS está considerando as sugestões de empresários do

setor e do Sindiópticas na elaboração do projeto de atuali-

zação da matriz curricular do curso .

Por enquanto, o curso só está disponível na unidade do

Senac Passo d’Areia, em Porto Alegre. Contudo, a entidade já

projeta para 2010 ministrar as aulas por meio de um programa

de educação a distância. Informações adicionais a respeito

do curso podem ser obtidas pelo telefone (51) 3341-0444.

A

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VIS

ÃO

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ÔM

ICA

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Errata: Na Visão Tributária da edição 47, último parágrafo, leia-se: “...quase irrelevante, dado o fato do Poder Judiciário ter retirado a força...”.

iz a teoria econômica que, em momen-

tos de crise, é recomendável alguma

elevação do déficit público como for-

ma de minimizar possíveis efeitos negativos

sobre a renda e o emprego. É preciso levar

em conta, contudo, perguntas relativas a

“como” e “quanto” deve ser o im-

pulso fiscal.

O melhor caminho é de ele-

vação do déficit público através

de redução de impostos e de am-

pliação de gastos públicos em in-

vestimento. A redução de impos-

tos para as famílias e empresas

eleva os recursos disponíveis para

o gasto privado, que é feito de forma mais

eficiente que o gasto público. Por outro lado,

no caso da opção por uma elevação do gasto

público, é mais recomendável o aumento do

investimento em infraestrutura, que tem efei-

tos positivos sobre o crescimento da econo-

mia por vários anos. Nesse particular cabe

lembrar que, como o investimento público é

uma parcela muito pequena do gasto público

total, poderíamos dobrar os gastos em inves-

timento sem um impacto de grande magnitu-

de sobre o déficit total.

Infelizmente, a atuação do governo nos últimos anos

não aponta nessa direção. Há forte resistência à redu-

ção de impostos e incompetência gerencial no setor

público para elevar os gastos em investimento. O que

temos observado nos últimos anos, e em particular de-

pois do início da crise, é um discurso oficial que privi-

legia os gastos em investimento, mas uma atuação con-

creta que eleva os gastos em custeio.

Há ainda a questão referente ao tamanho recomen-

dável para a elevação do déficit

público. Nesse caso, não há mui-

to espaço para excessos, pois o

Brasil já é um país com uma ele-

vada e cara dívida pública. A re-

comendação óbvia nesse aspecto

é a de moderação. Não podemos

incorrer no mesmo erro já come-

tido em meados dos anos 70.

Naquela época, o governo Geisel, com o objetivo de

combater a crise externa gerada pela subida dos preços

do petróleo, elevou drasticamente a dívida pública, prin-

cipalmente com recursos externos, criando um proble-

ma de insolvência que nos assombrou ao longo de toda

a década de 80.

Em resumo, é preciso cuidar da forma e do tama-

nho do impulso fiscal a ser aplicado no momento de

crise. Caso contrário, estaremos plantando um proble-

ma de grande magnitude para o futuro.

Política fiscal no

combate à crise

D

* Consultor econômico da Fecomércio-RS

Ros

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Marcelo S. Portugal*

Não podemos incorrer

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cometido em meados

dos anos 70, elevando

drasticamente a

dívida pública

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47FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

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COMUNICAÇÃO

Em tempos de economia instável, muitos empresários optam por enxugar o orçamento

cortando os investimentos em comunicação. Mas será este o momento ideal para isso? Na verdade,

não seria a hora de reforçar as relações com os públicos por meio de uma comunicação eficiente?

vender

s contas da empresa apertaram e você não viu ou-

tra saída, senão enxugar o orçamento. Corta da-

qui, corta dali, decide-se por não manter a verba

em comunicação. Em geral, essa prática, comum em tem-

pos de pouco dinheiro, acontece quando a experiência

anterior em comunicação não foi satisfatória devido à fal-

ta de planejamento e de objetivos claros, conforme expli-

ca o jornalista e administrador de empresas Luiz Santiago,

gerente de Comunicação e Marketing da Fundação Van-

zolini. “Empresas com uma cultura de comunicação mais

desenvolvida, diante de uma situação financeira menos fa-

vorável, irão reduzir os investimentos na área de forma pro-

porcional aos objetivos que tinham. Reduzir é parte da re-

visão da estratégia. Cortar é ter certeza de que não havia

nenhuma estratégia de negócios, o que favore-

ce o fortalecimento da empresa concorrente.”

Deixar o mercado livre para a concorrên-

cia não é uma estratégia muito sensata, princi-

palmente em tempos de recessão; afinal, sem

comunicação o consumidor vai esquecer a sua

marca. “Um corte nos investimentos na área

pode abrir espaço para que o principal con-

corrente tome o lugar da empresa ou conquis-

te seus principais clientes”, adverte Santiago.

Por isso, lembra o gerente, a comunicação,

mesmo que esteja representada por um traba-

lho de pós-venda, é fundamental para manter

o relacionamento com o cliente: “A marca deve

estar na mente dos consumidores”.

Comunicar para

Entretanto, antes que se pense que a co-

municação é a solução para os problemas, vale

lembrar que ela é parte do processo. Segundo

Santiago, ela é uma porção importante para

atravessar a crise e deve estar contemplada

tanto para o ambiente interno quanto para o

externo. “Os funcionários precisam conhecer,

em detalhes, quais os novos objetivos e estra-

tégias da empresa. Promover esse alinhamen-

to com todas as áreas será fundamental para a

empresa se reerguer. Quando retomado o

crescimento da economia, o que pode levar

meses ou anos, a companhia sairá em forte van-

tagem competitiva”, aconselha.

A

Custo ou investimento?

Quando o empresário sabe exatamente qual resultado espera atingir e

faz planejamento adequado para isso, a comunicação deixa de ser um custo e

passa a ser um investimento. Com esse pensamento, 48% dos empresários

entrevistados na pesquisa realizada pela Forma Editora responderam que,

entre os oito itens indicados, seus principais investimentos serão nas áreas

de marketing e comunicação; sendo que os segmentos de marketing de re-

lacionamento e digital representariam juntos 61,61% da aplicação de inves-

timentos; e brindes e produtos promocionais, 23,48%.

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VIS

ÃO

PO

LÍT

ICA

48 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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48 –

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uando os efeitos de qualquer crise

começam a ser sentidos por um gru-

po, as relações internas e externas deste

começam a ficar mais tensas. A economia

move o desenvolvimento de um país e suas

relações políticas. Em um

ambiente como esse, a for-

ma com que os agentes po-

líticos lidam com os confli-

tos e a popularidade de seus

mandatos, em um cenário

de antecipação do debate

eleitoral, exige que o em-

presariado fique atento às

medidas que podem ser adotadas.

Segundo o Instituto de Pesquisas Da-

tafolha, a popularidade do presidente Lula

caiu pela primeira vez desde o início do seu

segundo mandato. Conforme a pesquisa, a

percepção do aumento do desemprego foi

um dos fatores mais relevantes para tal re-

sultado. Mesmo assim, com uma aprova-

ção de 65%, o governo procura evitar per-

cepções negativas da população em rela-

ção aos seus atos, estimulando programas

e garantias sociais que não estão vinculadas à eficiên-

cia e o controle dos gastos públicos.

As três esferas de governo já sentem a queda na

arrecadação. Segundo a Confederação Nacional dos Mu-

nicípios (CNM), 60% do total de receitas tributárias das

prefeituras do país são compostas por repasses obriga-

tórios da União e dos estados. O último repasse do Fun-

do de Participação dos Municípios (FPM), no dia 20 de

março, foi 19% inferior à previsão da Secretaria do Te-

souro Nacional.

No Rio Grande do Sul, os desa-

fios do empresariado e do governo

são, principalmente, a manutenção

das condições de investimento e a

racionalização das contas públicas.

Além disso, medidas tributárias que

desonerem o potencial de empreen-

dedorismo da sociedade gaúcha tam-

bém são pleitos a serem conquistados.

A atuação do empresariado junto aos governos em

favor da ampliação das linhas de crédito, bem como

da diminuição de tributos, contribui para o aperfei-

çoamento da gestão pública, o aquecimento da eco-

nomia e o desenvolvimento do processo democráti-

co. A sociedade recebe maiores benefícios por parte

do Estado quando participa e fiscaliza as atividades

públicas, e não quando se afasta delas.

O empresariado

e a política

Q

*Cientista político do Sistema Fecomércio-RS

Rodrigo Giacomet

Julia

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ecom

érci

o-R

S

O governo

procura evitar

percepções

negativas da população

em relação

aos seus atos

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49FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

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48 –

Ab

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MAIS & MENOS

Adesão

Números da secretaria

executiva do Comitê Gestor do

Simples Nacional (CGSN)

registraram mais de

pedido de adesão ao

Simples Nacional

Calote em alta

Segundo pesquisa Serasa

Experian, nos dois primeiros meses

do ano, a inadimplência dos

consumidores aumentou

8,6%

Rompimento internacional

Conforme levantamento da

Associação de Comércio Exterior

do Brasil, em janeiro,

empresas deixaram de atuar no

comércio exterior no Brasil

1.109

R$ 8,2 bilhões

E-commerce

As compras de bens de consumo

realizadas no comércio eletrônico

brasileiro somaram

em 2008. A informação é da 19ª

edição do Relatório WebShoppers

realizado pela e-bit

Carência desustentabilidade

As companhias brasileiras

investem menos de

de seu faturamento em tecnologias

sustentáveis. As conclusões

são do estudo Tecnologias

Sustentáveis no Brasil, feito pela

Roland Berger Strategy

1%

13oUm passo à frente

É a posição que o Brasil ocupa

entre as nações do mundo com a

maior economia de turismo.

O ranking é da World Travel and

Tourism Council (WTTC). Até o ano

passado, ocupávamos o 14º lugar

Despesas médicas

Nos últimos dez anos o

Senado gastou

com o ressarcimento de

despesas médicas e

odontológicas de senadores e

ex-senadores. O levantamento

foi feito com exclusividade pelo

Congresso em Foco

R$ 16,7 milhões

Tijolos a menos

Dados da Associação Nacional

dos Comerciantes de Material

de Construção (Anamaco)

apontam queda de

no varejo de material de

construção, no primeiro

bimestre de 2009

Mai

ra K

ouva

ra/

Sto

ck.x

chng

12%

Medo iminente

De janeiro a março, o percentual

de pessoas que manifestaram

temor de perder o emprego

passou de 42,7% para

segundo pesquisa CNT/Sensus44,8%,

Ameaça virtual

Conduzida pela Harris

Interactive, a pesquisa Norton

Online Living Report aponta que

dos brasileiros adultos pes-

quisados já sofreram alguma

tentativa de ataque via web

40%

440 mil

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CRÔNICA

50 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

48 –

Ab

ril 2009

Pelo que espera,a sala de espera

Por Moacyr Scliar

famosa Bíblia de Gutenberg foi impres-

sa por Johann Gutenberg na cidade de

Mogúncia, Alemanha, entre os anos de

1450 e 1455. É um livro muito importante,

não apenas por seu conteúdo, mas também

porque marca o início da produção em massa

de livros no Ocidente, me-

diante o uso da prensa com

tipos móveis. Existem exem-

plares cuidadosamente pre-

servados na Biblioteca Naci-

onal da França, em Paris, na

Staatsbibliothek, em Berlim,

na Bilblioteca do Vaticano, na

Biblioteca Nacional em Lis-

boa, na British Library, em

Londres, na Biblioteca do

Congresso em Washington; junto com outras

obras raras, atraem milhares de visitantes.

Mas há um lugar que, em matéria de publi-

cações antigas, rivaliza com estes relicários da

cultura: é a sala de espera, o lugar em que pes-

soas aguardam atendimento do médico, do

dentista, do cabeleireiro ou do gerente do ban-

co. Ali, sobre uma mesinha, a pessoa pode en-

contrar revistas, em geral em estado lamentá-

vel. Se folheá-las, o leitor descobrirá que o

Muro de Berlim acabou de ruir, ou que tomou

posse um novo presidente do Brasil, chamado

Itamar Franco; ou que a sensação do futebol

brasileiro é agora um garoto chamado Pelé. As

pessoas que organizam as salas de espera (se é

que se pode falar em organização neste caso) não estão

muito preocupadas com o grau de informação do clien-

te, que não está ali para se atualizar nos últimos aconte-

cimentos, mas sim para esperar. E esperar significa que

o tempo deixa de ter importância; fica por assim dizer

congelado, imóvel. A vida, nesses momentos (ou nessas

horas) está em suspenso, e

neste caso a leitura serve mais

como um derivativo. Aliás, no

caso de muitos psicanalistas

do passado, nem revistas es-

tavam disponíveis. Elas pode-

riam revelar alguma coisa da

preferência dos terapeutas (se

aparecesse ali algum exemplar

de Caras, o paciente teria mui-

to a comentar) e isto compro-

meteria a neutralidade do tratamento.

As revistas são velhas, mas o que dizer da tevê? É

pior ainda. De repente somos obrigados a rever uma an-

tiquíssima novela ou um programa que não nos interessa

nem um pouco.

Claro, a sala de espera pode ser diferente. Em unida-

des de saúde, há profissionais que aproveitam para con-

versar com as pessoas que ali estão, discutindo, por exem-

plo, a adoção de um estilo de vida sadio. Mas trata-se,

convenhamos, de uma exceção. As salas de espera em

geral ainda aguardam, desconsoladas, a fórmula mágica

que as transformará em lugares interessantes e acolhe-

dores. Onde está a fórmula mágica é uma questão em

aberto. Certamente não é nas velhas revistas empilha-

das sobre a mesinha.

A

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