entrevista no centro brasileiro de cooperação e intercâmbiode serviços sociais - cbciss

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE SERVIÇO SOCIAL FUNDAMENTOS DE SERVIÇO SOCIAL II Visita Técnica ao Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais - CBCISS Carla Ferraz Carlos Jr. Cíntia Lo Bianco Joaquim Josiane Telles Ponciana Beserra Sônia de Jesus

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Trabalho para a AV2 da disciplina de Fundamentos II no ano de 2009.

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Page 1: Entrevista no Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbiode Serviços Sociais - CBCISS

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁCURSO DE SERVIÇO SOCIAL

FUNDAMENTOS DE SERVIÇO SOCIAL II

Visita Técnica ao Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais - CBCISS

Carla FerrazCarlos Jr.

Cíntia Lo BiancoJoaquim

Josiane TellesPonciana Beserra

Sônia de Jesus

Rio de Janeiro

11/2009

Page 2: Entrevista no Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbiode Serviços Sociais - CBCISS

Visita Técnica ao Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais – CBCISS

Por Alcinéia Milanez, Carla Ferraz, Carlos Jr, Cíntia Lo Bianco, Joaquim,

Josiane Telles, Ponciana Beserra e Sônia de Jesus.

Trabalho acadêmico elaborado com o objetivo de

obter aprovação na AV2 da disciplina Fundamentos

de Serviço Social II da Universidade Estácio de Sá.

Rio de Janeiro

11/2009

Page 3: Entrevista no Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbiode Serviços Sociais - CBCISS

INTRODUÇÃO

O Serviço Social é uma profissão cujo processo de construção se deu de forma

complexa. O que causa apreensões divergentes quanto ao seu processo de transformação

e atuação profissional. Ela surge no seio da Igreja Católica “que teve sua base teórica os

conceitos morais, confessional do Neotomismo, em meio a uma conjuntura sócio-

histórica e contexto institucional, tem hoje em sua fundamentação teórica e prática o

método dialético de Karl Marx”. Neste momento deu-se o Processo de Renovação

Crítica do Serviço Social.¹

Durante a década de 40 foi criado o Centro Brasileiro de Cooperação e

Intercâmbio de Serviços Sociais – CBCISS. Instituição representante no Brasil do

Conselho Internacional de Bem Estar Social (ICSW). Esta Instituição é propulsora de

políticas de desenvolvimento social, no qual possui o papel de fomentador das

discussões no âmbito das ciências sociais e humanas, proporcionando um fórum para o

debate e formulações de Políticas Sociais que visam à justiça social, desenvolvimento

social e bem-estar social, contribuindo com a elaboração de produções cientificas na

área acadêmica.

DESENVOLVIMENTO

1.1 A RENOVAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL

“O processo de renovação crítica do Serviço Social é também conhecido como

o processo de ruptura do Serviço Social com o tradicionalismo profissional. Este

processo não aconteceu de imediato, mas iniciou-se a partir de questionamentos e

reflexões críticas acerca do seu conteúdo metodológico e da sua prática profissional,

explicitando assim, os conflitos e contradições existentes, configurando novas

possibilidades de ação voltadas para a classe trabalhadora.”(OMENA, p.08)

A especificidade que historicamente caracteriza o serviço Social, situa-se na

demanda social que viabiliza e legitima a implantação e desenvolvimento da instituição

a partir do momento em que a secularização e o alargamento da base social de

recrutamento – o meio profissional – ultrapassa os limites do “bloco católico”. A

profissão não poderia deixar de ser profundamente marcada por aquela especificidade.

Page 4: Entrevista no Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbiode Serviços Sociais - CBCISS

Situa-se aqui a questão da auto justificação da atividade profissional dos

assistentes sociais e das estratégias de desenvolvimento do campo de ação profissional,

de reconhecimento e status. O Serviço Social não está isento da necessidade de

constantemente produzir sua própria justificação. Será necessário atualizar

constantemente um discurso que legitime o Serviço Social perante sua clientela. Por

outro lado, a contradição evidente entre o discurso institucional, seus objetivos e

pretensões e aquilo que realiza cotidianamente o assistente social torna uma

confirmação constante de sua utilidade social e do caráter de seus objetivos: De que os

determinismos sociais - vistos como fatores que atuam de fora – são os principais

responsáveis pelas limitações e condicionamentos à prática profissional.

O lapso histórico que é coberto pela vigência da autocracia burguesa demarca

também uma quadra extremamente importante e significativa no desenvolvimento do

Serviço Social no Brasil.

Do ponto de vista profissional, o fenômeno mais característico relaciona-se à

renovação do Serviço Social. Sua natureza e funcionalidade constitutiva alteraram

muitas demandas práticas a ele colocadas e a sua inserção nas estruturas organizacional-

institucionais (a alteração das condições do seu exercício profissional).

A reprodução da categoria profissional – a formação dos seus quadros técnicos –

viu-se profundamente redimensionada (bem como os padrões da sua organização como

categoria) e seus referenciais teórico-culturais e ideológicos sofreram giros sensíveis

(assim como as suas auto representações). Este rearranjo global indica que os

movimentos ocorridos neste marco configuram bem mais que a resultante do acúmulo

que a profissão vinha operando desde antes.

A contestação procede do exterior da profissão: indiretamente, parte da

movimentação social que caracteriza o período; diretamente, retira a intervenção

imediata dos assistentes sociais dos segmentos sociais que perecem. Sua conversão em

efervescência profissional interna deve-se à convergência de vetores que afetam a

reprodução da categoria profissional como tal: a revisão crítica que se processa na

fronteira das ciências sociais.

O insumo científico de que historicamente fornecia-se a credibilidade teórica do

fundamento do Serviço Social com o respaldo das disciplinas sociais acadêmicas via-se

questionado no seu próprio terreno de legitimação original. A impugnação do

funcionalismo, do quantitativismo e da superficialidade que impregnavam as ciências

sociais universitárias não provinha de protagonistas alheios à 'comunidade científica',

Page 5: Entrevista no Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbiode Serviços Sociais - CBCISS

mas tinha seus centros dominantes no interior de respeitáveis instituições de que

socorria o Serviço Social.

Há também o deslocamento sociopolítico de outras instituições, cujas

vinculações com o Serviço Social são notórias: as igrejas – católica, em especial e

algumas protestantes.

A renovação está intimamente vinculada ao circuito sociopolítico latino-

americano da década de 1960: a questão que originalmente a comanda é a

funcionalidade profissional na superação do subdesenvolvimento. Indagava-se sobre o

papel dos profissionais em face de manifestações da questão social, a adequação dos

procedimentos profissionais consagrados às realidades regionais e nacionais, a eficácia

das ações profissionais e a eficiência e legitimidade de suas representações e inquietava-

se com o relacionamento da profissão com os novos atores que emergiam na cena

política (ligados às classes subalternas). Tudo sob o peso do colapso dos pactos políticos

que vinham do pós-guerra, do surgimento de novos protagonistas sociopolíticos, da

revolução cubana, do incipiente reformismo gênero aliança para o progresso. Ao

mover-se assim, através de seus segmentos de vanguarda, os assistentes sociais latino-

americanos estavam minando as bases tradicionais de sua profissão, abrindo espaço para

a renovação do Serviço Social. Isso é o ponto de partida para o processo que se esboça

em 1965 e tem por objetivo expresso adequar a profissão às demandas de mudanças

sociais registradas ou desejadas no marco continental.

A evolução do movimento de renovação se extingue por volta de 1975; vai

explicitar esta heterogeneidade – patente na sua elaboração e nos confrontos teóricos

que pôde propiciar – dissipando completamente a ilusão de unidade que marcou o seu

desenvolvimento.

Pela primeira vez de forma aberta, a elaboração do Serviço Social vai socorrer-

se da tradição marxista e o fato central é que o pensamento de raiz marxiana deixou de

ser estranho ao universo profissional dos assistentes sociais. A partir de então, criaram-

se as bases para pensar a profissão sob a lente de correntes marxistas. Seguindo essa

linha de raciocínio, a interlocução entre o Serviço Social e a tradição marxista

inscreveu-se como um dado da modernidade profissional.

Outro elemento importante introduzido no curso do processo de renovação foi

uma nova relação dos profissionais no marco continental.

No que toca à distribuição diacrônica da elaboração profissional, é sugerido um

cenário em que se registram três momentos privilegiados de condensação da reflexão: o

Page 6: Entrevista no Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbiode Serviços Sociais - CBCISS

primeiro cobre a segunda metade dos anos de 1960, o segundo é constatado um decênio

depois e o terceiro localiza-se na abertura do ano de 1980. Esta distribuição, de alguma

maneira se relaciona com os organismos que sustentam o processo de renovação.

O CBCISS E A RENOVAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL

No primeiro momento, o impulso organizador é praticamente monopolizado

pelas iniciativas do CBCISS, que então abre a série dos seus importantes seminários de

teorização. No segundo, além da presença dessa entidade, verifica-se especialmente a

objetivação das inquietudes sistematizadas no âmbito dos cursos de pós-graduação,

inaugurados pouco antes. No terceiro, acresce-se a estas duas fontes alimentadoras a

intervenção de organismos ligados à agências de formação (ABESS) ou diretamente à

categoria profissional (como as associações profissionais, sindicatos, entre outros).

Esta diversidade de organismos tem conexões com proposições profissionais

diferentes; o movimento global desses momentos parciais oferece um desenho nítido: a

renovação inicia-se mediante a ação organizadora de uma entidade que aglutinam

profissionais e docentes, em seguida tem o seu centro de gravitação transferido para o

interior das agências de formação e, enfim, espraia-se desses núcleos para organismos

de clara funcionalidade na imediata representação da categoria profissional. Esta é a

evolução que leva da ação quase exclusiva do CBCISS ao debate nas escolas

(principalmente nos cursos de pós-graduação) e, posteriormente, à conjunção desses

dois espaços com aqueles de organizações estritamente profissionais.

Neste processo rebatem tanto o peso novo que vão adquirindo as agências de

formação (postas a sua ampliação e a sua inserção acadêmica) quanto as implicações da

organização da categoria (posto o mercado nacional do trabalho).

No mesmo movimento, dois dados são significativos: o alargamento do elenco

de interlocutores, em função da pluralidade dos organismos envolvidos e da ampliação

da categoria profissional e a modalidade de difusão dos conteúdos da renovação. A

decorrência do primeiro compreende o relevo das personalidades profissionais –

gradualmente, o grupo restrito de pessoas consagradas da profissão que vai sendo

deslocado por um segmento cada vez maior de profissionais (inclusive com uma

localização geográfica menos concentrada no país) que participa dos debates que dão o

tom da polêmica profissional. No segundo, o que se observa é a emergência de condutas

Page 7: Entrevista no Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbiode Serviços Sociais - CBCISS

mais eficazes para divulgar os eixos temáticos da renovação.

A primeira direção conforma uma perspectiva modernizadora para as

concepções profissionais, ou seja, um esforço no sentido de adequar o Serviço Social.

Enquanto instrumento de intervenção inserido no arsenal de técnicas sociais a ser

operacionalizado no marco de estratégias de desenvolvimento capitalista, às exigências

postas pelos processos sociopolíticos emergentes no pós-64. Trata-se de uma linha de

desenvolvimento profissional que se encontra no auge de sua formulação, exatamente

na segunda metade dos anos 1960.

A IMPORTÂNCIA E AS OBRAS DE LUCENA DANTAS.

A importância das obras de Lucena Dantas é tão significante para evolução do

serviço social, principalmente no seminário de Araxá sob o tema de “A teoria

Metodológica do serviço Social”.

Com sua abordagem sistêmica, ele declarou em plenária o “Método

Profissional” visando os princípios teóricos para constituição da estrutura básica para a

“Teoria Metodológica do Serviço Social” numa abordagem sistêmica.

Desses documentos é que emerge a orientação sobre o instrumental técnico para

a massa da categoria profissional e é neles que ela se pauta em suas ações cotidianas.

Também é num deles, no Documento de Teresópolis, que se encontra o texto exemplar

da Perspectiva Modernizadora: o de José Lucena Dantas que se constitui em um dos

poucos trabalhos existentes na literatura do Serviço Social que discorre sobre o

instrumental técnico

CONTRIBUIÇÕES DOS DOCUMENTOS DE ARAXÁ E TERESÓPOLIS PARA

O SERVIÇO SOCIAL.

Seus grandes monumentos, sem dúvidas, são os textos dos seminários de Araxá

e de Teresópolis – revelar-se-à um eixo de extrema densidade no momento de reflexão

profissional: não só continuará mobilizando energias nos anos seguintes como,

especialmente, mostrar-se-á o vetor de renovação que mais precisamente marcou a

categoria profissional. A especificidade que historicamente caracteriza o serviço Social,

situa-se na demanda social que viabiliza e legitima a implantação e desenvolvimento da

Page 8: Entrevista no Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbiode Serviços Sociais - CBCISS

instituição a partir do momento em que a secularização e o alargamento da base social

de recrutamento – o meio profissional – ultrapassa os limites do “bloco católico”. A

profissão não poderia deixar de ser profundamente marcada por aquela especificidade.

Situa-se aqui a questão da auto-justificação da atividade profissional dos

assistentes sociais e das estratégias de desenvolvimento do campo de ação profissional,

de reconhecimento e status. O Serviço Social não está isento da necessidade de

constantemente produzir sua própria justificação. Será necessário atualizar

constantemente um discurso que legitime o Serviço Social perante sua clientela. Por

outro lado, a contradição evidente entre o discurso institucional, seus objetivos e

pretensões e aquilo que realiza cotidianamente o assistente social , torna uma

confirmação constante de sua utilidade social e do caráter de seus objetivos: De que os

determinismos sociais - vistos como fatores que atuam de fora – são os principais

responsáveis pelas limitações e condicionamentos à prática profissional.

O lapso histórico que é coberto pela vigência da autocracia burguesa demarca

também uma quadra extremamente importante e significativa no desenvolvimento do

Serviço Social no Brasil.

Do ponto de vista profissional, o fenômeno mais característico relaciona-se à

renovação do Serviço Social. Sua natureza e funcionalidade constitutiva alteraram

muitas demandas práticas a ele colocadas e a sua inserção nas estruturas organizacional-

institucionais (a alteração das condições do seu exercício profissional).

A reprodução da categoria profissional – a formação dos seus quadros técnicos –

viu-se profundamente redimensionada (bem como os padrões da sua organização como

categoria) e seus referenciais teórico-culturais e ideológicos sofreram giros sensíveis

(assim como as suas auto-representações). Este rearranjo global indica que os

movimentos ocorridos neste marco configuram bem mais que a resultante do acúmulo

que a profissão vinha operando desde antes.

A contestação procede do exterior da profissão: indiretamente, parte da

movimentação social que caracteriza o período; diretamente, retira a intervenção

imediata dos assistentes sociais dos segmentos sociais que perecem. Sua conversão em

efervescência profissional interna deve-se à convergência de vetores que afetam a

reprodução da categoria profissional como tal: a revisão crítica que se processa na

fronteira das ciências sociais.

O insumo científico de que historicamente fornecia-se a credibilidade teórica do

fundamento do Serviço Social com o respaldo das disciplinas sociais acadêmicas via-se

Page 9: Entrevista no Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbiode Serviços Sociais - CBCISS

questionado no seu próprio terreno de legitimação original. A impugnação do

funcionalismo, do quantitativismo e da superficialidade que impregnavam as ciências

sociais universitárias não provinha de protagonistas alheios à 'comunidade científica',

mas tinha seus centros dominantes no interior de respeitáveis instituições de que

socorria o Serviço Social.

Há também o deslocamento sociopolítico de outras instituições, cujas

vinculações com o Serviço Social são notórias: as igrejas – católica, em especial e

algumas protestantes.

A renovação está intimamente vinculada ao circuito sociopolítico latino-

americano da década de 1960: a questão que originalmente a comanda é a

funcionalidade profissional na superação do subdesenvolvimento. Indagava-se sobre o

papel dos profissionais em face de manifestações da questão social, a adequação dos

procedimentos profissionais consagrados às realidades regionais e nacionais, a eficácia

das ações profissionais e a eficiência e legitimidade de suas representações e inquietava-

se com o relacionamento da profissão com os novos atores que emergiam na cena

política (ligados às classes subalternas). Tudo sob o peso do colapso dos pactos políticos

que vinham da pós-guerra, do surgimento de novos protagonistas sociopolíticos, da

revolução cubana, do incipiente reformismo gênero aliança para o progresso. Ao mover-

se assim, através de seus segmentos de vanguarda, os assistentes sociais latino-

americanos estavam minando as bases tradicionais de sua profissão, abrindo espaço para

a renovação do Serviço Social. Isso é o ponto de partida para o processo que se esboça

em 1965 e tem por objetivo expresso adequar a profissão às demandas de mudanças

sociais registradas ou desejadas no marco continental.

A evolução do movimento de renovação se extingue por volta de 1975; vai

explicitar esta heterogeneidade – patente na sua elaboração e nos confrontos teóricos

que pôde propiciar – dissipando completamente a ilusão de unidade que marcou o seu

desenvolvimento.

Pela primeira vez de forma aberta, a elaboração do Serviço Social vai socorrer-

se da tradição marxista e o fato central é que o pensamento de raiz marxiana deixou de

ser estranho ao universo profissional dos assistentes sociais. A partir de então, criaram-

se as bases para pensar a profissão sob a lente de correntes marxistas. Seguindo essa

linha de raciocínio, a interlocução entre o Serviço Social e a tradição marxista

inscreveu-se como um dado da modernidade profissional.

Outro elemento importante introduzido no curso do processo de renovação foi

Page 10: Entrevista no Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbiode Serviços Sociais - CBCISS

uma nova relação dos profissionais no marco continental.

No que toca à distribuição diacrônica da elaboração profissional, é sugerido um

cenário em que se registram três momentos privilegiados de condensação da reflexão: o

primeiro cobre a segunda metade dos anos de 1960, o segundo é constatado um decênio

depois e o terceiro localiza-se na abertura do ano de 1980. Esta distribuição, de alguma

maneira se relaciona com os organismos que sustentam o processo de renovação.

No primeiro momento, o impulso organizador é praticamente monopolizado

pelas iniciativas do CBCISS, que então abre a série dos seus importantes seminários de

teorização. No segundo, além da presença dessa entidade, verifica-se especialmente a

objetivação das inquietudes sistematizadas no âmbito dos cursos de pós-graduação,

inaugurados pouco antes. No terceiro, acresce-se a estas duas fontes alimentadoras a

intervenção de organismos ligados à agências de formação (ABESS) ou diretamente à

categoria profissional (como as associações profissionais, sindicatos, entre outros).

Esta diversidade de organismos tem conexões com proposições profissionais

diferentes; o movimento global desses momentos parciais oferece um desenho nítido: a

renovação inicia-se mediante a ação organizadora de uma entidade que aglutina

profissionais e docentes, em seguida tem o seu centro de gravitação transferido para o

interior das agências de formação e, enfim, espraia-se desses núcleos para organismos

de clara funcionalidade na imediata representação da categoria profissional. Esta é a

evolução que leva da ação quase exclusiva do CBCISS ao debate nas escolas

(principalmente nos cursos de pós-graduação) e, posteriormente, à conjunção desses

dois espaços com aqueles de organizações estritamente profissionais.

Neste processo rebatem tanto o peso novo que vão adquirindo as agências de

formação (postas a sua ampliação e a sua inserção acadêmica) quanto as implicações da

organização da categoria (posto o mercado nacional do trabalho).

No mesmo movimento, dois dados são significativos: o alargamento do elenco

de interlocutores, em função da pluralidade dos organismos envolvidos e da ampliação

da categoria profissional e a modalidade de difusão dos conteúdos da renovação. A

decorrência do primeiro compreende o relevo das personalidades profissionais –

gradualmente, o grupo restrito de pessoas consagradas da profissão que vai sendo

deslocado por um segmento cada vez maior de profissionais (inclusive com uma

localização geográfica menos concentrada no país) que participa dos debates que dão o

tom da polêmica profissional. No segundo, o que se observa é a emergência de condutas

mais eficazes para divulgar os eixos temáticos da renovação.

Page 11: Entrevista no Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbiode Serviços Sociais - CBCISS

A primeira direção conforma uma perspectiva modernizadora para as

concepções profissionais, ou seja, um esforço no sentido de adequar o Serviço Social.

Enquanto instrumento de intervenção inserido no arsenal de técnicas sociais a ser

operacionalizado no marco de estratégias de desenvolvimento capitalista, às exigências

postas pelos processos sociopolíticos emergentes no pós-64. Trata-se de uma linha de

desenvolvimento profissional que se encontra no auge de sua formulação, exatamente

na segunda metade dos anos 1960.

Seus grandes monumentos, sem dúvidas, são os textos dos seminários de Araxá

e de Teresópolis – revelar-se-à um eixo de extrema densidade no momento de reflexão

profissional: não só continuará mobilizando energias nos anos seguintes como,

especialmente, mostrar-se-á o vetor de renovação que mais precisamente marcou a

categoria profissional.

DOCUMENTO DE TERESÓPOLIS

Coube ao C.B.C.I.S.S. a iniciativa de organizar um segundo seminário para

estudo do assunto: A “Metodologia do Serviço Social”.

Este segundo seminário deveria ser realizado novamente em Araxá, em outubro

de 1969.

Devido a acontecimentos políticos, foi adiado e aconteceu no período de10 a 17

de janeiro de 1970, em Teresópolis, estado do Rio de Janeiro. Este evento foi presidido

pela professora Helena Iracy Junqueira e contou com a coordenação da Assistente

Social Edhit M. Motta e com Maria Augusta de Luna Albano, Maria das Dores

Machado e José Lucena Dantas - membros da comissão organizadora do seminário e da

liderança pioneira do CBCISS Contou com a presença de 33 Assistentes Sociais de

vários estados.

Como aconteceu no Seminário de Araxá, documentos básicos foram

previamente preparados, alguns dos quais tornaram-se clássicos para o estudo do

Serviço Social.

A Comissão Organizadora do Seminário elaborou o seguinte roteiro acerca da

metodologia do Serviço Social:

I- a) Teoria do diagnóstico e da intervenção em Serviço Social – A intervenção em

Serviço Social.

Page 12: Entrevista no Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbiode Serviços Sociais - CBCISS

b) Teoria do diagnóstico e da intervenção em Serviço Social – O diagnóstico social.

II-Diagnóstico e intervenção em nível de planejamento, incluindo situações globais e

problemas específicos.

III-Diagnóstico e intervenção em nível de administração.

IV-Diagnóstico e intervenção em nível de prestação de serviços diretos a indivíduos,

grupos e populações.

Esse roteiro foi distribuído a 103 Assistentes Sociais, possíveis participantes do

futuro encontro. Os critérios adotados pelo CBCISS na escolha dos profissionais foram:

interesse pelo estudo da teoria do Serviço Social, realizações ou vivência profissional,

especialização, regionalidade, representatividade de instituições nacionais, públicas e

privadas, diversidade, e quanto a procedência institucional, tempo de formatura e

procedência regional.

Seguidos de plenários, o seminário não produziu um documento final como o de

Araxá e o CBCISS, publicou o relatório de cada grupo em separado.

De fato, os grupos enfocaram o assunto de forma diferente.

Havia a preocupação com a metodologia do Serviço Social, mais que a

concepção profissional. O método vai ser entendido como um jogo de ordenações

formais, com assepsia científica.

O objeto da intervenção era: situações sociais (problema). Esse enfrentamento

daria em áreas de prática distinta, na relação profissional sistema cliente. Tinha como

propósito analisar a metodologia no Serviço Social.

Vinte e um documentos versando sobre os itens sugeridos no temário preliminar

foram encaminhados ao CBCISS e posteriormente mimeografados e distribuídos entre

os participantes, como subsídio ao estudo da matéria.

Em síntese , o CBCISS recebeu e distribuiu 11documentos de São Paulo; 7 da

Guanabara; 1de Brasília; 1 do Estado do Rio e 1 do Paraná, sendo 6 documentos sobre o

Tema III e 3 sobre o Tema IV.

A primeira reunião de estudos foi iniciada com o debate sobre a dificuldade de o

temário ser seguido na íntegra. Discutido o assunto, ficou acertado que o seminário se

concentraria no estudo de apenas três pontos:

1- Fundamentos da metodologia do serviço social.

Page 13: Entrevista no Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbiode Serviços Sociais - CBCISS

2- Concepção científica da prática do serviço social.

3- Aplicação da metodologia do serviço social.

O estudo do primeiro ponto embasaria as reflexões sobre os dois últimos e seria

feito através da análise dos subsídios recebidos sobre o assunto. O temário foi então re-

elaborado como se segue:

1- Fundamentos da metodologia do serviço social.

2- Concepção científica da prática do serviço social.

2.1- Conhecimentos científicos que embasam a prática do serviço social.

2.2- Apreciação dos critérios e das tendências que vêm orientando a formulação da

metodologia do serviço social.

3-Aplicação da metodologia do serviço social.

3.1- Teorias que fundamentam o diagnóstico e técnicas para sua elaboração.

3.2- Teorias que fundamentam a intervenção e técnicas para sua elaboração.

Foi também apresentada uma proposta de Pesquisas sobre Serviço Social no

Brasil, documento elaborado por um grupo de São Paulo.

Aceito o roteiro de trabalho, o Seminário desenvolveu-se nas seguintes etapas:

A- Apresentação da proposta sobre Pesquisa em Serviço Social no Brasil. O assunto

despertou grande interesse entre os participantes e um subgrupo encarregou-se da

elaboração de um anteprojeto com sugestões de aspectos a serem estudados, levantados

ou pesquisados.

B-Análise e debate, em plenário, de três documentos sobre o tema 1: Fundamentos da

Metodologia do Serviço Social .

- Introdução às Questões de Metodologia – Teoria do Diagnóstico e da Intervenção em

Serviço Social, por Suely Gomes Costa.

- Teoria Metodológica do Serviço Social, uma Abordagem Sistemática, por José Lucena

Dantas.

Page 14: Entrevista no Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbiode Serviços Sociais - CBCISS

- Bases para Reformulação da Metodologia do Serviço Serviço Social, por Tecla

Machado Soeiro.

C-Subdivisão dos participantes em dois grupos –A e B – para estudo dos temas

subsequentes:Tema 2- Concepção científica do serviço social;e Tema 3- Aplicação da

metodologia do serviço social.

D-Apresentação, em plenário, dos documentos elaborados pelos dois grupos. O grupo A

aprofundou-se mais no Tema 2, o Grupo B seguiu fielmente o esquema proposto. A

diversidade nas formas de trabalho impossibilitou a fusão dos dois relatórios.

Os assistentes sociais que subscrevem o Documento de Teresópolis, conscientes

da responsabilidade assumida, reconhecem que o assunto deve ser objeto de estudos e

reflexões futuras. A matéria, por demais vasta, não pôde ser suficientemente

aprofundada num encontro de sete dias. O seminário não pretendeu esgotar assunto de

tão alta relevância.

Nesse documento, vai acontecer um processo de adoção de técnicas,

conceituação e relação com o instrumental técnico forjado em outras profissões, tais

como a Sociologia e Antropologia. Busca instrumentalizar o assistente social para o

desenvolvimento nacional, resgatando as técnicas de caso, grupo e comunidade,

deveriam ser trançadas as estratégias, a partir da experiência ou das investigações

científicas.

A partir daí, observa-se a grande preocupação entre assistentes sociais e escolas

em conceituar o Serviço Social de modo a se tornar um meio eficiente de participação

no processo de desenvolvimento do País.

Na verdade, tornou-se claro que a Teorização do Serviço Social promovida pelo

CBCISS não terminou. Ganhou mais força seu potencial de questionamentos ao

oferecer novas alternativas para o reconhecimento da sua questão: o que é o Serviço

Social. Ofereceram questionamentos e críticas para serem pensadas as bases dos novos

paradigmas, esperados com certa ansiedade, no plano das ideias e da ação política.

DOCUMENTO DE ARAXÁ

O CBCISS organizou um encontro com 38 assistentes sociais brasileiros com a

cooperação da UNICEF, do governo do Estado de Minas Gerais e de organizações

Page 15: Entrevista no Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbiode Serviços Sociais - CBCISS

públicas e privadas, essas parcerias que ajudaram na participação dos assistentes sociais.

Em 1967, o CBCISS realizou na cidade de Araxá, em MG um encontro com 38

assistentes sociais que discutiram a elaboração do presente documento cujo título era:

DOCUMENTO DE ARAXÁ, que tinha como objetivo teorizar o serviço social com a

realidade da demanda brasileira atual (RENOVAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL). Este

seminário aconteceu em 19 a 26 de março de 1967.

Este documento foi um marco na renovação do serviço social, essa renovação

alcançou outras profissões.

Organizaram-se quatro grupos de nove ou onze membros cada um, cabendo a

uma comissão, constituída por representantes de todos os grupos, a redação final do

documento que o CBCISS ora apresenta.

Analisar os objetivos remotos e operacionais do Serviço Social, sua natureza e

funções, com base em sua evolução histórica, projetando-se, no entanto, para o futuro,

em perspectivas de mudança social.

Estuda a metodologia do Serviço Social, confrontando-se as concepções atuais

acerca dos processos básicos, ao mesmo tempo em que procura identificar os elementos

constitutivos de cada um. Levando, ainda, a problemática da maior rentabilidade na

utilização da sua instrumentalidade metodológica.

Examina a adequação à realidade brasileira do Serviço Social, tal como foi

conceituado e visualizado em sua dinâmica operacional.

Este encontro propôs uma abordagem daquilo que era à necessidade do

momento presente, de forma alguma foi de interesse definitivo. Pelo contrário, o

CBCISS e o grupo de Assistentes Sociais consideram como o início de estimular outros

debates, pesquisas e estudos.

CONSIDERAÇÕES SOBRE A NATUREZA DO SEVIÇO SOCIAL

O Serviço Social não alcançou uma definição única, tem uma corrente que

define como ciência social aplicada, por se utilizar do conhecimento de outras áreas

como: Sociologia, antropologia, Psicologia, Economia, Política, etc., para intervir na

realidade social. Outros defendem posições de independência para o serviço Social, no

quadro das ciências, afirmando possuir um sistema de conhecimentos científicos,

normativos e transmissíveis, em torno de um objetivo comum. Há, ainda, os que

Page 16: Entrevista no Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbiode Serviços Sociais - CBCISS

asseveram que o Serviço Social é uma ciência quando sintetiza as ciências

psicossociais.

Quanto ao componente arte, originariamente incluído nas definições de Serviço

Social, verificam-se divergências, ficando, por este motivo, a questão em aberto.

A evolução dos conceitos de Serviço Social e sua sistematização como disciplina

permitem afirmar a existência de componentes essenciais e que podem ser

sistematizados como instrumento de intervenção na realidade social.

Como prática institucionalizada, o Serviço Social se caracteriza pela atuação

junto a indivíduos com desajustamentos familiares e sociais.

A evolução do Serviço Social no Brasil caracterizou-se por ser um Estado

paternalista, por essa razão surgiram instituições sociais com interesse de solucionar os

problemas através de programas assistenciais.

OBJETIVOS DO SERVIÇO SOCIAL

O objetivo remoto do Serviço Social pode ser considerado como provimento de

recursos indispensáveis ao desenvolvimento, à valorização e à melhoria de condições do

ser humano, pressupondo o atendimento dos valores universais e a harmonia entre estes

e os valores culturais e individuais. Esses valores funcionam como um quadro de

referência de bens tangíveis e intangíveis, que informa o plano operacional do Serviço

Social.

Não tendo um estudo amplo da condição humana, ressalta-se, entretanto, a

necessidade de investigações sistemáticas sobre a matéria, cujos resultados venham

consolidar o embasamento teórico do Serviço Social, enriquecendo, assim, seu

conteúdo.

São objetivos operacionais:

a) identificar e tratar problemas ou distorções residuais que impedem indivíduos,

famílias, grupos, comunidades e populações de alcançarem padrões econômico-sociais

compatíveis com a dignidade humana e estimular a contínua elevação desses padrões;

b) colher elementos e elaborar dados referentes a problemas ou disfunções que

estejam a exigir reformas das estruturas e sistemas sociais; c) criar condições para tornar

efetiva a participação consciente de indivíduos, grupos, comunidades e populações, seja

Page 17: Entrevista no Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbiode Serviços Sociais - CBCISS

promovendo sua integração nas condições decorrentes de mudanças, seja provocando as

mudanças necessárias; d) implantar e dinamizar sistemas e equipamentos que permitam

a consecução dos seus objetivos.

FUNÇÕES DO SERVIÇO SOCIAL

a) Política Social: provocar o processo de formulação da política social,

quando ausente, ou de sua dinamização, quando inoperante, e

provocar sua reformulação quando necessária; oferecer subsídios,

dentro de uma perspectiva de globalidade, ao embasamento dessa

política; criar sistemas, canais e outras condições para a participação

de quantos venham a ser atingidos pelas medidas da política;

ENFRENTAMENTO DA POBREZA;

b) Planejamento: contribuir com o conhecimento vivenciado das

necessidades, das expectativas, dos valores, atitudes e comportamento

das comunidades e das populações, face à mudança, na formulação

dos objetivos e fixação das metas; contribuir para a criação de

condições que permitam a participação popular no processo de

planejamento; a profissão que constrói e cria conhecimento;

c) Administração de Serviços Sociais: promover e participar de pesquisas

operacionais; elaborar o micro-planejamento, implantar, administrar e

avaliar programas de serviços sociais, levar os usuários a participar da

programação dos serviços;

d) Serviços de atendimento direto, corretivo, preventivo e promocional,

destinado a indivíduos, grupos, comunidades, populações e

organizações: trabalhar com indivíduos que apresentam problemas ou

dificuldades de integração social, proporcionar o exercício da vida em

grupo, principalmente quanto ao desempenho de papéis inerentes à

vida social, e outros.

Page 18: Entrevista no Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbiode Serviços Sociais - CBCISS

METODOLOGIA DE AÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL

De acordo com a classificação das funções de Serviço Social adotada neste

documento, que inclui funções aos níveis de política social, planejamento,

administração de Serviços Sociais e prestação de serviços diretos, verificou-se a

necessidade de incorporação de novos processos aos já existentes.

A analisar a natureza dos diferentes níveis de atuação do Serviço Social, infere-

se que estes são de duas categorias: a) nível de microatuação; b) nível de macroatuação.

O nível de microatuação é essencialmente operacional e vinculado ao usuário,

compreendendo as funções de Serviço Social aos níveis de administração e prestação de

serviços diretos..

O nível de macroatuação compreende a integração das funções do Serviço Social

ao nível de política e planejamento para o desenvolvimento.

Políticas de estado e de governo;

Exemplo: MICRO - A Assistente Social que atende no posto de saúde;

MACRO - Bolsa família;

A infra-estrutura social é aqui entendida como “facilidades básica, programas

para saúde, educação, habilitação e serviços sociais fundamentais” que pressupõem o

atendimento das seguintes condições:

a) disponibilidade de um alto potencial de empregos para pessoas de diferentes

grupos sócio-econômicos;

b) utilização da terra em benefício de toda a população, não só pelo governo

local, senão também pelo empresário particular;

c) existência de uma rede adequada de comunicações, no sentido físico (telefone,

rádio etc.), e em termos de canais sociais para a comunicação dos grupos entre si e

destes com o governo;

d) provisão de amplas facilidades sócio-culturais: instituições educacionais,

culturais, sociais, recreativas etc.

Page 19: Entrevista no Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbiode Serviços Sociais - CBCISS

A aplicação dos processos de Serviço Social varia de acordo com os níveis de

atuação.

O nível de microatuação compreende a prestação de serviços diretos, através dos

processos de Caso, Grupo e Desenvolvimento de Comunidade e Processos de trabalho

com populações. Este último, também empregado ao nível de macro-atuação, é de

aplicação recente e está a exigir a elaboração de sua metodologia e estratégia de ação.

Ao nível de macro-atuação o modus operandi do Serviço Social consiste em:

a) participar de todas as fases de programação para o macro plano;

b) formular a metodologia e estratégia de ação para elaborar e implantar a

política social;

c) planejar e implementar a infra-estrutura social;

Esses níveis de atuação formam a pirâmide profissional necessária ao Serviço

Social para a consecução de seu objetivo remoto e objetivos operacionais.

INTEGRAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL

Dentro da nova perspectiva da metodologia operacional, coloca-se a questão da

integração do Serviço Social. É discutível o tema. Os elementos conceptuais são

escassos; as experiências em curso, ainda incipientes.

Essa busca de integração evidencia o desejo de um maior rendimento do Serviço

Social, podendo-se já identificar algumas formas de abordagem, como: integração dos

processos de Serviço Social, de programas de projetos, das técnicas dos processos em

programas, e da docência com o exercício profissional e pesquisa.

SERVIÇO SOCIAL E A REALIDADE BRASILEIRA

A necessidade do conhecimento da realidade brasileira é pressuposto

fundamental para que o Serviço Social nela possa inserir-se adequadamente, neste seu

esforço atual de reformulação teórico-prática. Ressalta-se que este conhecimento deve

ser baseado em termos de diagnóstico da realidade nacional, diagnóstico este

indispensável a um planejamento para a intervenção na realidade brasileira, com vistas à

Page 20: Entrevista no Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbiode Serviços Sociais - CBCISS

implantação das necessárias mudanças.

O esforço do Serviço Social, nesta perspectiva, tem em mira uma contribuição

positiva ao desenvolvimento, entendido este como um processo de planejamento

integrado de mudança nos aspectos econômicos, tecnológicos, sócio-culturais e político-

administrativos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviço Social – CBCISS. Debates

Sociais – Memória. cópia mimeo.

______________________________________________________________ . Debates

Sociais. Desafios - Araxá 30 anos depois. cópia mimo.

DANTAS, José L. – Assistente Social – Seminário Regional sobre Serviço Social-maio

de 1965. cópia mimeo.

________________ – Assistente Social – Teorização do Serviço Social - Documentos

de Araxá e Teresópolis – 2ª edição. cópia mimeo.

________________ – Assistente Social – Desenvolvimento e Marginalização Social –

Seminário de Petrópolis. cópia mimeo.

________________ – Assistente Social – Assistente Social no Desenvolvimento Social;

Anais do II Congresso Brasileiro de Assistente Social. cópia mimeo.

IAMAMOTO, Marilda. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil; Ed. Cortez. cópia

mimeo.

NETTO, José P. Ditadura e Serviço Social: Uma Análise do Serviço Social no Brasil;

Ed. Cortez; 2004. cópia mimeo.

VIEIRA, Balbina O. Introdução ao Serviço Social. cópia mimeo.

________________ . História do Serviço Social. cópia mimeo.

Page 21: Entrevista no Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbiode Serviços Sociais - CBCISS

ANEXO I – RELATÓRIO

VISITA TÉCNICA AO CBCISS – CENTRO BRASILEIRO DE

COOPERAÇÃO E INTERCÂMBIO DE SERVIÇO SOCIAL

Av. Gen. Justo 275 Salas 301/302 Portaria B - Centro

Fomos recebidos pela Sra. Telma Telles de Freitas (bibliotecária), onde nos foi

apresentada a biblioteca do CBCISS. Sra. Telma trabalha no CBCISS desde 1976.

1- Alunos - O que é o CBCISS?

Sra. Telma: “ - Significa Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio

de Serviço Social. Compreende uma organização não governamental, sem

fins lucrativos e sua sede fica na cidade do Rio de Janeiro.”

2- Alunos - Quando foi fundado o CBCISS?

Sra. Telma: “ - O CBCISS foi fundado em 1946 como representante no

Brasil da ONG Internacional Council On Welfare – TCSW.”

3- Alunos - Qual o objetivo do CBCISS?

Sra. Telma: “- O CBCISS tem o objetivo de contribuir para a promoção

do desenvolvimento socioeconômico e cultural do país, mantendo um diálogo

permanente com a sociedade civil e o poder público, na busca e definição de

estratégias que assegurem a elevação dos níveis de bem-estar social, que

promovam a justiça social e a erradicação de todas as formas de violência,

maus tratos e discriminação.”

4- Alunos - Quais as atividades programadas que o CBCISS oferece?

Sra. Telma: “- São administrados cursos, palestras e intensivos para

concursos públicos na área de Serviço Social.”

5- Alunos - Como o CBCISS se mantém?

Sra. Telma: “ - O CBCISS se mantém através de contribuições de sócios

– pessoas físicas e jurídicas, ajuda de empresas como o SESI e doações de

livros feitas por formandos. A maior renda é a utilização do serviço de xerox.

Page 22: Entrevista no Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbiode Serviços Sociais - CBCISS

Quando finalizam uma pesquisa, as pessoas tiram xerox dos livros que já estão

esgotados.”

6- Alunos - Como foi montada a biblioteca do CBCISS?

Sra. Telma: “- A biblioteca foi montada através de doações de

profissionais de Serviço Social (aposentados e na ativa) e também de editoras

que no início, enviavam seus livros; porém, na atualidade, os editores não mais

doam. A biblioteca do CBCISS possui grandes acervos históricos de Serviço

Social.”