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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 1 AGOSTO • 2015 ÓRGÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES FEDERAIS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO • Fundada em 02/12/1981 R. Álvaro Alvim, 21/2º andar CEP:20031-010 • Sede Própria • Tel/Fax: (21)2532-0747 - 2240-2420 • MENSAL • ano XXXII - Nº 341 - AGOSTO 2015 • IMPRESSO Entenda a PEC 443/2009 Salve a PEC 443/09 - Márcio Alemany - Pág. 02 PEC 443 em foco para votação na Câmara dos Deputados - Pág. 03 Reflexões Sobre a PEC nº 443/2009 - Rosemiro Robinson S. Junior - Pág. 20 Págs 11 e 12 Advogados Públicos Federais comemoram no Plenário da Câmara, a aprovação em primeiro turno da PEC 443/2009.

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Page 1: Entenda a PEC 443/2009 - APAFERJAGOSTO 2015 JORNAL DA APAFERJ - 2 Márcio Alemany Presidente Os membros da Advo-cacia-Geral da União têm envidado esforços no Par-lamento para fins

JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br1 AGOSTO • 2015

ÓRGÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES FEDERAIS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO • Fundada em 02/12/1981R. Álvaro Alvim, 21/2º andar CEP:20031-010 • Sede Própria • Tel/Fax: (21)2532-0747 - 2240-2420 • MENSAL • ano XXXII - Nº 341 - AGOSTO 2015 • IMPRESSO

Entenda a PEC 443/2009

Salve a PEC 443/09 - Márcio Alemany - Pág. 02

PEC 443 em foco para votação na Câmara dos Deputados - Pág. 03

Reflexões Sobre a PEC nº 443/2009 - Rosemiro Robinson S. Junior - Pág. 20

Págs 11 e 12

Advogados Públicos Federais comemoram no Plenário da Câmara, a aprovação em primeiro turno da PEC 443/2009.

Page 2: Entenda a PEC 443/2009 - APAFERJAGOSTO 2015 JORNAL DA APAFERJ - 2 Márcio Alemany Presidente Os membros da Advo-cacia-Geral da União têm envidado esforços no Par-lamento para fins

JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 2AGOSTO • 2015

Márcio Alemany Presidente

Os membros da Advo-cacia-Geral da União têm envidado esforços no Par-lamento para fins de apro-vação da PEC 443. O gover-no e parte dos veículos de comunicação tentam lhe atribuir equivocadamente a pecha de pauta-bomba, como se fosse incompatí-vel com o ajuste fiscal. Mas a PEC não trará impacto orçamentário imediato, eis que seus efeitos finan-ceiros só serão implemen-tados após dois anos da promulgação. Além disso, o impacto corresponderá

a apenas 0,21% do retorno financeiro que a AGU, com o seu trabalho, deu à so-ciedade somente em 2014 (quando arrecadou e eco-nomizou R$ 625 bilhões, diante de orçamento de R$ 2,3 bilhões; um supe-rávit de mais de R$ 620 bi-lhões).

Trata-se de uma das me-didas de fortalecimento institucional que buscam conferir paridade de armas com a magistratura e as de-mais Funções Essenciais à Justiça, tais como o Minis-tério Público e a Defensoria

Pública — equilíbrio que foi objeto de preocupação do constituinte, evitando des-nivelamento entre as men-cionadas carreiras.

É importante que se saiba que os membros da AGU atuam em áreas es-trategicamente relevantes, como o combate à corrup-ção, à lavagem de dinheiro, à sonegação e recuperação desses valores; participa-ção no marco regulatório de políticas públicas; arre-cadação tributária; defesa judicial em causas bilioná-rias; obras do PAC, a Olim-

píada; o Enem; petróleo e pré-sal; e viabilização de obras de mobilidade urba-na. Causas bilionárias e de relevância estratégica exi-gem um órgão estruturado, bem como advogados al-tamente qualificados, sob pena de prejuízo aos cofres públicos, à sociedade e de continuidade do processo de evasão desses profissio-nais.

O papel constitucional destinado aos membros da AGU é de defesa do Esta-do e do patrimônio públi-co, não devendo ficar sob

o jugo dos interesses do governo de ocasião. Ain-da que estritamente sob o prisma econômico-finan-ceiro, o implemento de tais medidas estruturantes re-presentam um investimen-to estratégico, sobretudo se considerarmos o ínfimo percentual de incremento frente ao ‘desempenho fi-nanceiro’ da AGU em prol da sociedade e a certeza de que a melhor qualificação de seus quadros e das con-dições gerais de trabalho implicará retorno econômi-co ainda maior ao país.

Fortalecer a AGU como foco no interesse do povo

Com a vitória acachapan te de 445 votos na Câmara dos

Deputados e com a presença maciça de mais de seiscentos Advogados Públicos marcamos uma etapa histórica na luta para aprovação da chama-da PEC da Redenção. Depois de um período de vacas magras com nossas remunerações ridiculamente acha-tadas, o esforço de todos começou a ser vislumbrado. Anos se-guidos de celeiro para atendimento da Ma-

gistratura e do Ministé-rio Público, a Advocacia Pública assistia a seus quadros minguarem ano após ano para alimen-tar essas duas carrei-ras que sempre foram igualmente submetidas a concursos públicos de mesmo quilate, com exigências máximas, vivenciando distancia-mento remuneratório ul-trajante. Como poderia ter o Estado permitido essa longa espera para uma carreira que tem apresentado resultados financeiros espetacula-res? Durante um longo período tomamos as-sento na mesa de nego-ciação para ver propos-tas ou contra propostas com minguados valores quando sempre exerce-mos as funções essen-ciais à Justiça. E, sem condição ética para tal,

afinal quem teria, como sempre teve, que pro-porcionar sustentação jurídica para decidir es-ses pretensos aumentos salariais? Nós, os Advo-gados Públicos! E, as-sim, decidiríamos tam-bém os nossos? Com máximo interesse, seria eticamente possível? Essa condição impar do exercício das funções à Justiça, essenciais nos asseguram a para-metrização proposta na PEC nº 443/09. Nossas reivindicações deveriam ser resolvidas como ini-ciativa e acerto do Sr. Ministro Chefe da AGU, com audiência à Chefia do Estado, diretamen-te. Resultado é que fi-camos por todos esses anos discutindo esse assunto com os técni-cos do MPOG ou com o Sr. Secretário de Recur-

sos Humanos para en-tão, examinarmos esses interesses juntamente com os nossos mesmos interesses. Realizamos um certo, censurável, patrocínio infiel, ou cer-tos patrocínios infiéis, entendemos, por todos esses anos. Mas agora as coisas tendem ir para os devidos lugares, não poderemos prosseguir nessa perda de qua-dros, a cada novo con-curso público para a Magistratura ou para o Ministério Público va-mos deixar de perder gente competente e de-dicada, já incluída nas nossas equipes que, quando debandam, dei-xam furos que demo-ram por vezes a serem preenchidos. Vamos nos orgulhar em realizar um trabalho mais bem compensador com re-

SALVE A PEC 443/09muneração mais dig-na, que será corrigi-da no mesmo tempo, dia e hora, em que os nossos queridos ma-gistrados e membros de nosso MP forem aumentados. Pena ainda que teremos que esperar ainda dois anos para come-çarmos a perceber esses novos salários, aliás, uma medida das mais injustas, adiando uma decisão há muito devida e que precisou do sacrifício de inúmeros colegas que tiveram que en-tregar seus cargos comissionados para pressionar esse des-caso e insensibilida-de dos que poderiam ter há muito resolvido com mais presteza e reconhecimento do nosso trabalho.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br3 AGOSTO • 2015

Prezado Associado,

Seja um colaborador do seu jornal. Envie artigos, monogra-fias, casos pitorescos de sua vida forense, biogra-fias de juristas famosos e tudo que se relacione com assuntos jurídicos. Os trabalhos após ana-lisados, poderão ser pu-blicados.Obs: Os textos não de-verão ultrapassar duas laudas, espaço dois.

Na segunda edição da Re-vista Anajur do ano de 2015, dedicamos uma abordagem especial aos esforços despen-didos pelos advogados públi-cos para que duas propostas de interesse da classe sejam votadas pelo Legislativo, pleitos esses essenciais ao equilíbrio entre os poderes da Repúbli-ca e à garantia da democracia brasi leira. Como é largamente sabido, essas propostas, mate-rializadas nas PECs 82/2007 e 443/2009 – que visam, respec-tivamente, garantir autonomia à Advocacia-Geral da União e fixar novo parâmetro para os valores dos subsídios dos ad-vogados públicos –, aguardam votação em Plenário, já tendo sido aprovadas por comissão espe cial. Agora, finalmente, já se tem uma previsão da data da votação da proposta de melho-ria salarial: segundo o presiden-te da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), a PEC 443/2009 entrará em pau-ta em agosto próximo.

Já no texto Advocacia Pú-blica respeitada – Estado bra-

sileiro forte!, abordamos duas novas situações que, mais uma vez, motivaram a classe a de-monstrar, nas esferas social e jurídica, a relevância da mis-são constitu cional que lhe foi atribuída enquanto função es-sencial à Justiça. Na primeira, dando resposta à ADI 5334, ajuizada pelo Ministério Públi-co Federal, que questio na a inscrição dos advogados públi-cos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); e na segunda, contestando a comparação fei-ta entre advogados públicos e analistas judiciários, promovida pelo Supremo Tribunal Federal.

Por oportuno, consideran-do a atual “conjuntura polí tica confusa”, Antônio Augusto de Queiroz, assessor po lítico-legislativo e parlamentar da Anajur, realiza breve análise acerca do cenário político bra-sileiro, decorridos poucos me-ses do início do segundo man-dato da presi dente Dilma Rou-sseff dando especial atenção às relações entre Executivo e Legislativo Federal.

Com o intuito de demonstrar

os desafios enfrentados pela Advocacia Consultiva, a Re-vista Anajur entrevistou nossa delegada em Roraima, Elena Natch Fortes, respon sável pela Consultoria Jurídica da União naquele estado.

No capítulo da Coletânea História do Brasil Con tada pela Advocacia Consultiva desta edição, Arnaldo Godoy, mestre e doutor em Filosofia do Direito e ex- consultor-geral da União, escreveu um artigo que retra-ta um caso singularíssimo de denúncia de pretensa injúria contra a República, cometida por um estudante nos idos de 1907.

Godoy também nos prestigia com o notável artigo “Monteiro Lobato, um desiludido com o Direito”, no qual explora a difícil relação que o autor, um ícone da nossa literatura e advogado de formação, tinha com o Direi-to.

Por sua vez, o diretor cultu-ral da Anajur, Leslei Lester, em interessante abordagem a res-peito do direito constitucional à vida, discorre, com propriedade,

sobre a proteção do nascituro e a forma como o Estado brasilei-ro lida com a questão do aborto.

No espaço destinado à saú-de, entrevistamos o den tista Marco Antonio dos Santos, que abordou as causas, os sintomas e o tratamento de uma doença bucal pouca conhecida, a DTM, ou disfunção temporomandibu-lar, e seus reflexos sobre a qua-lidade de vida do paciente.

Por derradeiro, na seção de Publicações, indicamos os livros “Suprema Corte dos Estados Unidos - Prin cipais Decisões”, de autoria do procurador da Fazenda Nacional João Carlos Souto, e “Inatividade Remune-rada e Pensão dos Militares das Forças Armadas”, do advo gado da União Roberto Carlos Kayat, e acrescentamos informações sobre o “XXIX Congresso Bra-sileiro de Direito Administrativo”, a ser realizado em Goiânia, pelo Instituto Brasileiro de Direito Ad-ministrativo (IEDA).

Boa leitura!Joana d’Ark Alves Barbosa

Vaz de MelloPresidente da ANAJUR

PEC 443 em foco para votação na Câmara dos Deputados

O Conselho da Justiça Fe-deral vetou o início de novas obras neste ano e em 2016 na proposta orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, por causa do impacto da desaceleração da economia nas contas pú-blicas. A decisão, aprovada em 10 de agosto, vai gerar

uma economia de mais de R$ 150 milhões para a Justiça Fe-deral.

Segundo o presidente do co-legiado e do Superior Tribunal de Justiça, Francisco Falcão, não há como pensar no início de novas obras diante das di-ficuldades orçamentárias apon-tadas pelos órgãos técnicos,

CJF diz que vai poupar R$150 milhões ao vetar obras

em tribunaisem decorrência do cenário fis-cal desfavorável do país.

Ele diz que devem ser mantidas apenas as aquisi-ções de imóveis, ampliações, reformas e obras já em anda-mento, além dos projetos cus-teados pelos contratos com o Banco do Brasil e com a Caixa Econômica Federal.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 4AGOSTO • 2015

*Clarêncio FontesUm vitorioso por excelência, o

Procurador Federal, ex-Profes-sor Universitário e exímio pes-quisador Jurídico, não obstante estar exercendo com valor e pro-ficiência um dos cargos da Di-reção Nacional, como Assessor Especial da Presidência e Mem-bro da Associação Nacional dos Procuradores Federais (ANPAF) em Brasília-DF, e sempre sen-do consultado para marcar pre-sença em eventos de relevante importância na vida brasileira, é hoje destaque merecido em nossa página pela qualidade de estudioso da cultura do Direi-to, e pelos valores morais que acumula na sua personalidade; pontificando e operoso em várias áreas das convenções sociais, inclusive até no Jornalismo, ten-do publicado uma quantidade de textos na Imprensa, e como Membro efetivo da Associação Sergipana de Imprensa (A.S.I.), pelos seus méritos de Cultor do Direito, está sendo consultado para integrar o Conselho Jurídico do Sodalício com investidura ain-da no corrente ano.

O Procurador Federal Dr. Gi-valdo Rosa Dias é o nome in-fluente nos bastidores, não só da Jurisprudência como tam-bém no Cenário Eclético da Ga-leria de Reconhecidos Homens Públicos. Para exemplificar este reconhecimento de alto nível enumeramos algumas honrarias a que fez jus: 1ª) Medalha “Pro-fessor SAN TIAGO DANTAS” no grau de Comendador, outorga-da pelo Conselho Superior dos Procuradores Federais em Bra-sília em 2003, cuja distinção só recebida pelo Sergipano ex-Pre-sidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Carlos Ayres de Freitas Britto; 2ª) Medalha de Honra ao Mérito “Tobias Bar-reto” em 1990; 3ª) Medalha do Mérito Cultural da Magistratura, no grau de “Comendador”, con-cedida pelo Instituto dos Magis-

trados Brasileiros em 2011, sole-nidade acontecida no Palácio da Justiça do Rio de Janeiro RJ; 4ª) Medalha do Mérito do Procura-dor Federal, Diploma de Honra ao Mérito por ter prestado rele-vantes serviços junto ao Poder Executivo e no Congresso Na-cional em favor da carreira de Procurador Federal, outorgada pela Associação dos Procura-dores Federais no Estado do Rio de Janeiro, (APAFERJ), em dezembro de 2011, 5º) Medalha dos Colonizadores da Província, outorgada pelo reconhecimento do estudo da árvore da genea-logia Sergipana como tris neto e descendente do Barão de Es-tância, Presidente da Província e Senador Antônio Dias Coelho e Mello, que governou a Provín-cia de Sergipe Del Rey, chefe político, Senador, proprietário do Engenho Escurial e várias outras propriedades, homem mais abastado do Estado, que fez seus genros casados com suas filhas Aurélia Dias Rol-lemberg (conhecida por tia Si-nhá) e Anna Dias Sobral, do primeiro e segundo consórcio, Senadores da República, cuja descendência até os dias de hoje exerceram cargos públicos como Deputados Federal o Dr. Luiz Dias Rollemberg, e Sena-dores, a exemplo do Barão de Japaratuba, o médico Gonçalo de Faro Rollemberg, o Usineiro Moacir Sobral Barreto, suplente que assumiu o Senado Federal, Senador Francisco Leite Neto e o jovem Rodrigo Sobral Rollem-berg, Senador da República elei-to nesta legislatura Governador do Distrito Federal e o ex- Go-vernador do nosso Estado José Rollemberg Leite, neto do Barão de Estância com sua segunda. consorte. Lourença Almeida Dantas Dias Rollemberg Leite. 6ª) Medalha “Monsenhor Silvei-ra” concedida pela Associação Sergipana de Imprensa maior condecoração da Instituição jor-

nalística em 2013; 7ª) Medalha “Estrela de Distinção Maçônica” concedida pelo Grande Oriente do Brasil em setembro de 2014; e de Benemérito da Ordem em 2006, concedida pelo Grão Mes-tre em Brasília-DF. 8º) Diploma de Honra ao Mérito da Sergipa-nidade, outorgado pelo CIRLAP em setembro de 2010, 9º) Mem-bro Efetivo do Instituto Brasileiro de Cultura Hispânica, desde 20 de maio de 1996. 10º) Designa-do pela portaria 071/2005, para participar das reuniões do Con-selho Federal da OAB em Brasí-lia-DF, na Comissão de Advoca-cia Pública Nacional. Teve seus artigos publicados na Revista IN-VERBIS do Instituto dos Ma-gistrados Brasileiros, e também no Jornal da APAFERJ dos Pro-curadores Federais no Rio de Janeiro, além da republicação de seus artigos sido destacados pelos Jornais desta Capital: Jor-nal da Cidade e Cinform.

O Dr. Givaldo Rosa Dias é um homem realizado e feliz por conhecer diversos Países da Europa onde foi a passeio e a estudos em 2002, destacando a França, Itália, Suíça, Alema-nha e Áustria. Feliz por ter uma plêiade de amigos e transitar junto aos Tribunais Superiores e frequentar no Sul do País, con-claves, congressos, seminários e salões do Copacabana Pálace e há vários anos participando da festa de Réveillon do Iate Clube de Brasília.

Encaminhou seus filhos nos estudos e por concurso públi-

co os filhos do primeiro consór-cio foram aprovados e exercem suas funções em cargo de nível superior: Aldo Luiz de Menezes Dias, na Procuradoria da Repú-blica, como Delegado do Estado do Pará, Thiago José de Me-nezes Dias e na Procuradoria Geral de Justiça deste Estado, Francisco Neto, filhos da primei-ra consorte, Professora Cândida Maria de Menezes Dias, neta da Usineira Cândida Dias Sobral do Engenho “Tartaruga” de Ria-chuelo. todos pós-graduados em Direito, inclusive com trabalhos já publicados. Do segundo con-sórcio teve a alegria de ver seu filho de 17 anos, Rodrigo Sobral Dias, aprovado duas vezes, para o curso de Direito, onde ingres-sou no curso superior, só res-tando a garota de 11 anos Maria Clara Sobral Dias, filhos da Ad-vogada Denilza de Gois Sobral Rosa Dias, tris neta do Cônego e maior Orador Sacro da Província de Sergipe Del Rey, José Fran-cisco de Menezes Sobral. Maria Clara, sua única filha, estudiosa, umas das primeiras alunas do 6º ano, do Colégio do Salvador que pretende ser médica.

Os ensinamentos vindos do pai, que estimulando o desenvol-vimento intelectual e afetivo da prole. A união entre seus descen-dentes e a honestidade herdada de seus ancestrais, solidificam a dignidade e unidade familiar com fé e amor.

O Procurador Federal Dr. Gi-valdo Rosa Dias em seu renoma-do artigo publicado “Uma inter-pretação Fidedigna da Sergipa-nidade” editado em 10 de maio de 2010, foi buscar as raízes genealógicas das doze famílias mais antigas do Brasil desde a época do descobrimento, fazen-do assim jus as honrarias que lhe foram outorgadas.

*Clarêncio Fontes, Jornalista, Secretário Geral

da A.S.I. (Associação Sergipana de Imprensa).

Givaldo Rosa Dias, um homem realizado e felizProcurador

Federal Givaldo

Rosa Dias

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br5 AGOSTO • 2015

Allam SoaresProcurador Federal

A Farsa Igualitária

Um escritor fran-cês, Jean de Meunn, escre-

via sobre as mulhe-res, as quais consi-derava desprovidas de boa formação mo-ral e, às vezes, com uma pitada de malda-de. A misoginia desse Autor levou, entre ou-tras razões, a escrito-ra Christine de Pizau, que já tinha reconhe-cida obra literária, a escrever seu melhor romance: A Cidade das Damas.

Nessa obra - um dos primeiros textos feministas (séc, XV) - ela narra a histó-ria de três senhoras respeitáveis, alego-ricamente chamadas de Justiça, Razão e Integridade. Na Ci-dade das Damas, a população tinha bons critérios e julgava corretamente seus dirigentes. Por isso, dedicava especial respeito e admiração às três matronas, que faziam jus a seus no-mes. Nessa história, essas figuras alegó-ricas cuidavam, com correção, dos assun-tos masculinos, sem jamais usar de seus poderes e atributos em benefício próprio

“Eu amo meu homem como meu igual; sua autoridade,

real ou usurpada, não me alcança, a menos que a razão

individual comande o meu respeito; e, mesmo assim, a

submissão é à razão e não ao homem.”

(Mary Wollstonecraft)

ou de seu gênero. Os problemas e conflitos sociais eram dirimidos através de um estímu-lo ao debate intelectual como forma de afirma-ção feminina.

Elas não eram ape-nas filhas e esposas, mas pintoras, escri-toras extremamente eruditas, que solucio-navam os assuntos da Cidade com rapidez, ponderação e sem in-justiças. Por tais ra-zões, nessa cidade mítica, não havia a de-pressão feminina, tão comum naquela época. Há, ainda, nesse tex-to literário uma crítica indireta, mas eviden-te, à ótica paternalista da maioria dos antigos historiadores masculi-nos.

Até hoje, foi pouco alterada a visão que a sociedade tinha da mulher, pois a cultura a esse respeito não é muito diferente da do passado, embora haja leis que lhe são favo-ráveis. Como nos tem-pos bíblicos, entre nós o estupro de uma vir-gem, até 2002, deixava de ser crime se o ofen-

sor se casasse com ela. Ainda há o enten-dimento de que o que se passa com um casal entre quatro paredes – mesmo uma grande violência – não impor-ta aos outros, cabendo, no máximo, que essa violência seja debati-da com ponderação no mais estrito âmbito fa-miliar.Também muitos homens acham que, às vezes, é o modo de vestir e o compor-tamento feminino mais livre e extrovertido que leva ao estupro.

Noticiou o Jornal Na-cional (TV Globo) que um homem, acusado em 2002 do estupro de três meninas de 12 anos, foi absolvido por não haver crime, já que elas seriam prostitutas. Os que são favoráveis a essa decisão argu-mentam que isto não se repetirá por ter havi-do mudança legislativa em 2009, além do que essa violência poderá ser reparada por meio de terapia e assistên-cia social. Não é esta a questão central. Aque-les que concordam com tal decisão (outras

iguais poderão vir, com delitos ocorridos antes de 2009), abstêm-se de discutir os atos do acusado. Já quanto às meninas de 12 anos, por serem prostitutas mirins, eles, com ligei-reza, consideram-nas responsáveis por seus atos.

São conhecidos tam-bém casos de pessoas famosas que, ao serem acusadas de violência, têm, como usual defe-sa, seu alto relevo pú-blico, ao passo que a ofendida não teria uma credibilidade que a res-paldasse da acusação, mesmo que as circuns-tâncias depusessem a seu favor.

Há alguns anos, fa-moso advogado crimi-nalista, com conhecida atuação em favor da igualdade política, de-fendeu um réu confes-so (homicida), sob ale-gação de dupla defesa da honra, já que ele fora traído e por uma mulher. Venceu!

Bem, há muitos ca-sos e situações fora do ambiente criminal, em que se constata a desi-gualdade com que são

tratadas as mulheres, ainda que isso não seja reconhecido até por algumas delas ou confessado pelos homens. Muito mais do que alteração da responsabilidade cri-minal, cotas no servi-ço público ou reforma eleitoral, isso precisa mudar.

Embora não sirva de reparação, vale como lembrança de inúmeras e anôni-mas vítimas desse crime hediondo o que se acha na Segunda Epístola dos Corín-tios: “Somos atribu-ladas mas não an-gustiadas; perplexas mas não desampa-radas; abatidas mas não destruídas.”

Escrevi esta ma-téria para chamar a atenção dos muitos que se consideram igualitários, mas que, de algum modo, se in-cluem nas situações acima explicitadas. Também, com atraso, é uma homenagem a Maria Lúcia, vítima desse preconceito, que não pode mais ler este artigo.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 6AGOSTO • 2015

Publicada no Diário Oficial da União do dia 20/08, a no-meação de 252 procuradores federais é a maior desde 2007, segundo a Procuradoria-Geral Federal (PGF), órgão da Advo-cacia-Geral da União (AGU) re-sponsável pela representação judicial e extrajudicial das au-tarquias e fundações federais. Naquele ano, 529 foram em-possados.

Os novos membros da AGU serão lotados em 18 estados e no Distrito Federal. A posse está marcada para o dia 18 de setembro. A cerimônia ocorrerá às 15h, no Teatro Calmon, lo-calizado no Quartel Geral do Setor Militar Urbano, em Bra-sília. A solenidade deve contar com a presença de dirigentes da AGU e de autoridades de outros órgãos federais.

O concurso foi realizado en-tre o final de 2013 e o início de 2014. Com o reforço, a PGF passa a contar com 4.092 pro-curadores federais em todo o país. Os novos membros da Advocacia-Geral devem trabal-har, principalmente, nas áreas previdenciária, agrária, ambien-tal, indigenista e no contencioso.

“Com esta nomeação, tere-mos um reforço da equipe para melhor equalizar a distribuição dos mais de cinco milhões de processos movimentados anu-almente pela PGF, o que con-tribuirá com a produção de resultados ainda mais expres-sivos”, diz o procurador-geral Federal, Renato Vieira.

Lotação. Entre os nomeados,

111 vão para a Região Norte, sendo 25 no Pará, 14 no Ama-zonas, 34 em Rondônia, oito em Roraima, 16 em Tocantins, nove no Acre e cinco no Amapá. No Centro-Oeste, serão lotados 49, em unidades de Brasília (3), Goiás (5), Mato Grosso (25) e Mato Grosso do Sul (16).

Para a Região Sudeste irão 44, divididos entre os estados de São Paulo (26), Minas Ger-ais (17) e Espírito Santo (1). O Sul receberá 29, que vão para o Rio Grande do Sul (12), Santa Catarina (13) e Paraná (4). No Nordeste serão 19, sendo 11 na Bahia e oito no Maranhão.

A cidade que receberá o maior número de procuradores de uma só vez será Cuiabá (MT), para onde irão 21 mem-bros nomeados, a maior parte para repor vagas abertas com a remoção de outros membros. “Eles vão atuar principalmente na área previdenciária, mas aqui temos também uma im-ensa demanda por questões

Nomeação de 252 procuradores federais da AGU é a maior desde 2007

agrárias e de defesa do meio ambiente”, explica o procura-dor-chefe da Federal no es-tado, Fabrício Lopes Oliveira, que deve contar agora com 34 membros em atuação.

Ao todo, 105 vão trabalhar nas capitais estaduais e outros 147 vão para cidades do inte-rior. Pará, Mina Gerais, Bahia, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, inclu-sive, devem lotar seus novos procuradores somente nos es-critórios avançados e de rep-resentação, fora das grandes aglomerações urbanas.

Lariane Pereira, uma das convocadas, que assume o primeiro cargo público após dez anos na advocacia privada, diz que espera ter uma experiência agregadora com a nova função. “Quando soubemos da autori-zação da nomeação e quando houve a publicação foi uma enorme felicidade e sensação de alívio. Desde quando optei estudar para os concursos da

advocacia pública federal aguar-do por este momento”, afirma.

A PGF em números. O refor-ço pode ajudar a melhorar ainda mais os números do órgão. Só no ano passado, a PGF arreca-dou cerca de R$ 9,43 bilhões em ações de ressarcimento, ex-ecuções e protestos de títulos. Outros R$ 3 bilhões foram ob-tidos em depósitos judiciais por meio de processos e acordos com 360 grandes devedores das autarquias e fundações.

“Estamos certos de que os novos procuradores oxigenarão a PGF com novas experiências e ideias, e nos impulsionarão no sentido do constante aper-feiçoamento, fortalecimento e modernização da advocacia pública federal frente aos com-plexos desafios aos quais es-tamos cotidianamente envolvi-dos”, afirma Renato Vieira.

Também no ano passado, foram ajuizadas quase 400 ações regressivas em busca de reparação de cerca de R$ 74 milhões gastos pelo Insti-tuto Nacional do Seguro Social (INSS) com o pagamento de auxílio-doença e aposentado-rias a trabalhadores que sof-reram acidentes por causa da negligência da empresa empre-gadora com as normas de se-gurança e higiene no trabalho.

Para contribuir com o com-bate à corrupção, foram 95 ações ajuizadas pela PGF, com expectativa de ressarcimento de R$ 103 milhões aos cofres públicos.

Flávio Gusmão

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br7 AGOSTO • 2015

Carmen Lucia Vieira Ramos LimaProcuradora Federal

Há um movimento migratório mundial. A migração existe

desde os primórdios, En-tretanto, muito se deve observar a respeito des-se fato, pois que, quando atinge o mundo e cresce como bolo fermentado, aspectos políticos e jurídi-cos eclodem, instalando o dito fenômeno social, deixando sem respos-tas interrogações quanto aos motivos que o pro-vocaram. Muitas são as causas que levam o indi-víduo a buscar outra pá-tria: identificação cultural, parentela, propriedades; a razão da sua mobili-dade pode ser estudo avançado, oportunidade de trabalho, conhecimen-to de novos horizontes. Todavia, o vínculo um-bilical costuma persistir; não se trata de desistir da terra onde nasceu, da nacionalidade, dos seus interesses comunitários, do futuro no seu país, no seu “recanto”. É mantido um liame de equilíbrio: a opção evidencia a luci-dez de uma escolha, em princípio temporária que, com o decorrer do tempo e da oportunidade pode se tornar algo mais defi-nitivo. A tristeza lírica se mantém, mas não afas-ta a possibilidade de um retorno sem obstáculos. Não há absurdo, mas,

POLÍTICA E JUSTIÇADesistência, Insistência, Persistência.

Temos o País que construímos.

sim, um desejo que persis-tiu, que se tornou insisten-te e reagiu positivamente ao chamado de uma nova realidade. A participação se dá no caso, por vontade do indivíduo; ele reflete sobre o seu querer; pondera, anali-sa informações.

No mundo civilizado, to-dos os povos, para usufruí-rem de justiça, necessitam vivenciar Política com P maiúsculo: a busca do bem comum que proporcionará justiça, garantia dos direitos, denúncia de malfeitos e de corrupção, de violação da dignidade humana. A segu-rança interna, a concórdia vivenciadas em tal situação, propiciam as condições ne-cessárias para manter a ilu-são do povo esperançoso num dia seguinte ensolara-do. Não há o que falar em neutralidade. A cidadania pressupõe o estado de coi-sas apropriado ao bem viver.

Em um sentido absurdo, temos o que vemos: popu-lações inteiras do Oriente Asiático, África, povos anti-

gos, civilizações históricas, cujos legados eram orgulho e patrimônio humanitário, em total desamparo, açoita-dos pela ignorância de ideias controversas, pelo terroris-mo, pela fome, pela insensi-bilidade que toma conta de pensamentos/sentimentos que, por medo de morrerem em seus países, atiram-se em desespero, na busca de um porto seguro, naufragan-do nos mares, perdendo-se pelos caminhos, destruindo famílias; sem tempo para re-fletir, levando só memórias, partem como suicidas. Viver será um prêmio.

A crise mundial abrange o globo terrestre. “Os refu-giados aprendem a dizer “Quero viver”, ”Quero co-mer”. Nada é mais básico. Para quem não tem nem o sonho do dia seguinte, ter objetivos demanda uma for-ça sobrenatural que se cho-ca com a incredulidade de se ver atirado no meio do nada à mercê da loucura, onde a morte é praticamente a única certeza. Ter consciência de

que o único de que precisa é o mesmo que têm todos os homens livres, ou seja, a liberdade de movimento e a vida rotineira, torna esse individuo um ser desconhe-cido de si mesmo, capaz de quaisquer atos para tentar respirar. O homem é um ani-mal social, dizia Aristóteles. Atualmente, estamos vendo o que ocorre quando o indiví-duo perde sua nação, pátria, sua língua e se torna um pá-ria, por forças que lhe fazem se sentir um estrangeiro, sem ilusões e oportunidade. Retornar para onde?

Estamos vivendo o tem-po Cibernético-Capitalista? Não sei. Homens e mulhe-res instruídos, ou não, sub-metem-se a viver situações sub-humanas. Muitos já morreram; outros, possivel-mente vão morrer, em bus-ca de outra pátria. Por que querem?

No Brasil, em decorrên-cia dos problemas do antigo Haiti, muitos dos haitianos estão aqui, trabalhando em construção civil etc porém,

mantendo ainda a espe-rança de retornar ao seu País de origem. Entre-tanto, ainda guardam sua cultura e seus sonhos e estes os manterão vivos.

É fundamental a existência de Política com P maiúsculo, para que se possa sanear e legitimar os distin-tos setores sociais e manter a política com p minúsculo como deve ser: uma fração do de-senvolvimento social, uma estratégia e não o fim para a conquista do bem comum. Que o mundo ouça as vozes dos milhares de refu-giados e sinta o peso da ruptura de tantas nações. UNIDOS PELO LAÇO DA LEGÍTIMA HUMANIDADE.

A negação de acesso aos direitos básicos, que oportuniza esse movi-mento migratório mundial é o grande câncer da de-sumanidade enraizado em toda a humanidade.

REFLEXÕES:• A coragem é a primeira das qualidades humanas, porque é a que garante todas as outras - Aristóteles.• Olhando ao redor: Se Deus criou as pessoas para serem amadas e as coisas para serem usadas, por que será que as coisas são amadas e as pessoas usadas?• Sabedoria vietnamita: Há pessoas por todos os lados. Sinta-as. Você pode ajudá-las e elas a você.• “Entre a miséria e o sol, nasci”. Escritor argelino de nascimento, Prêmio Nobel de Literatura/1957. Conhecido escritor que enriqueceu o panteão literário francês, onde fez história, também na Imprensa. - A.Camus• A migração global, no seu movimento caótico, busca elementos vitais para a sobrevivência da espécie humana.• O mover dos refugiados gera expectativas positivas na arrumação sócio-política mundial.• A possibilidade de enriquecimento com a troca cultural é sinônimo de esperança de vida, de surgimento de novas oportunidades para as populações.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 8AGOSTO • 2015

A Advocacia-Geral da União (AGU) está participando das discussões em torno do Projeto de Lei nº 8.058/2014, que insti-tui métodos de controle e inter-venção do Poder Judiciário em políticas públicas. O objetivo da instituição é aperfeiçoar a pro-posta para estabelecer balizas legais que orientem a conduta dos magistrados nas decisões judiciais a serem cumpridas pelo Estado.

As formas de colaboração foram colocadas pelo advoga-do-geral da União substituto, Fernando Luiz Albuquerque, durante audiência pública da Comissão de Finanças e Tribu-tação da Câmara dos Deputa-dos nesta terça-feira (01/09). O debate reuniu parlamentares, autoridades e advogados públi-cos em torno da atual redação do projeto de lei, de autoria do deputado federal Paulo Teixeira (PT/SP).

O advogado-geral da União substituto ressaltou a importân-cia da proposta evitar impactos excessivos do controle jurisdi-cional nos poderes Executivo e Legislativo, o que, segundo ele, acabaria atingindo toda a sociedade. Fernando Albuquer-que lembrou o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) no exame da eficácia das decisões que obrigam o Estado a implementar um direito obtido na Justiça, como, por exemplo,

AGU discute projeto que regula impacto de decisões judiciais

em políticas públicas

a aquisição de um medicamen-to.

“O Supremo entende que não é possível um controle de mérito, ao menos que esse mérito esteja violando a legali-dade ou a constitucionalidade da política pública”, ponderou. Fernando Albuquerque acres-centou, ainda, que também não há precedente no STF determi-nando a inclusão de crédito na lei orçamentária anual para o cumprimento de ordem judicial.

Ao final da audiência pública, ficou definido que a AGU e os órgãos que enviaram represen-tantes ao debate encaminharão contribuições ao projeto, que é relatado na Comissão de Finan-ças e Tributação pelo deputado federal Esperidião Amin (PP/SC).

Wilton Castro

Advogado-geral da União subs-tituto, Fernando Luiz Albuquer-que. Foto: Lucio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados

A Advocacia-Geral da União (AGU) conseguiu derrubar, na Justiça, o pagamento de auxíl-io-moradia para os defensores públicos federais. A estimativa é de que repasse do benefício de R$ 4,3 mil para a catego-ria custasse R$ 2,4 milhões mensais aos cofres públicos.

No entendimento da AGU, o benefício não poderia ser in-stituído por mera resolução da própria Defensoria Pública da União (DPU), como ocorreu. Para a Advocacia-Geral, se-ria necessário que a ajuda de custo estivesse regulamentada pela legislação. Só que nem a Lei Orgânica da DPU (nº 80/94) nem o estatuto dos servidores públicos (Lei nº 8.112/90) au-torizam o pagamento indiscrim-inado do benefício. A lei que rege os funcionários públicos, por exemplo, estabelece que o auxílio só deve ser pago ao

servidor removido para outro lo-cal do país no interesse da ad-ministração pública.

O repasse do auxílio já havia sido interrompido anteriormente por uma liminar obtida pela AGU, mas a defensoria havia recorrido e conseguido decisão monocrática autorizando a reto-mada dos pagamentos. No en-tanto, a segunda turma do Tri-bunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) acolheu os ar-gumentos da AGU ao analisar o caso e, por unanimidade, deter-minou à DPU que se abstenha de fazer qualquer pagamento do benefício com base na reso-lução interna.

Atuou no caso a Procura-doria-Regional da União da 1ª Região, unidade da AGU.

Ref.: Agravo de Instrumento nº 001917-64.2015.4.01.0000 - TRF1

Raphael Bruno

AGU convence TRF-1 a suspender auxílio-moradia de R$4,3 mil

para defensores públicos

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Os trabalhos após analisados, poderão ser publicados.Obs: Os textos não deverão ultrapassar duas laudas, espaço dois.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br9 AGOSTO • 2015

A Escola Nacional de For-mação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam) divulgou a íntegra dos 62 enunciados que servirão para orientar a magis-tratura nacional na aplicação do novo Código de Processo Civil (NCPC). Os textos foram apro-vados por cerca de 500 magis-trados durante o seminário O Poder Judiciário e o novo CPC, realizado de 26 a 28 de agosto na sede do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Os enunciados tratam de

questões consideradas relevan-tes sobre a aplicação do novo código, a saber: Contraditório no novo CPC; Precedentes e jurisprudência; Motivação das decisões; Honorários; Inciden-te de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR); Recursos repetitivos; Tutela provisória; Ordem cronológica, flexibiliza-ção procedimental e calendário processual; Sistema recursal; Juizados especiais; Cumpri-mento de julgados e execução; e Mediação e conciliação.

Enunciados sobre aplicação do novo CPC já estão disponíveis

A OAB está disponibilizando um curso WEB gratutio sobre o Novo CPC. Seu objetivo tem foco na discussão das princi-pais alterações e novidades.

O programa, intitulado “O Novo Código de Processo Ci-vil”, é composto por cinco au-

las em ambiente virtual. Para participar, é preciso se inscre-ver por meio do site da ESA (Escola Superior de Advoca-cia) da OAB de São Paulo. Façer sua inscrição no site: http://endireitados.jusbrasil.com.br/

OAB disponibiliza curso online gratuito sobre o Novo CPC

O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), aplicou o rito abrevia-do para julgar o mérito a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5334 que discute a obri-gatoriedade dos advogados públicos se inscreverem na Or-dem dos Advogados do Brasil (OAB). O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, autor da ação, questiona a validade do artigo 3º, caput e parágrafo 1º, da Lei 8.906/1994 (Estatuto da Advocacia), que impõe aos advogados públicos inscrição na OAB.

Segundo o procurador-geral, os advogados públicos “exer-cem, sim, atividade de advoca-cia, mas sujeitam-se a regime próprio (estatuto específico), não necessitando de inscrição na OAB, tampouco a ela se submetendo”.

Ao analisar o pedido de cau-telar, o relator observou que a lei questionada está em vigor desde 4 de julho de 1994, há

Ministro aplica rito abreviado em ADI que questiona

obrigatoriedade de inscrição de advogados públicos na OAB

mais de 20 anos. Diante disso, aplica-se ao caso jurisprudên-cia do STF que, “sobre esse específico aspecto, já advertiu, por mais de uma vez, que o tar-dio ajuizamento da ação direta de inconstitucionalidade, quan-do já decorrido lapso temporal considerável desde a edição do ato normativo impugnado, desautoriza o reconhecimento de situação configuradora do ‘periculum in mora’, o que invia-bilizaria, em tese, a concessão da medida cautelar postulada”, disse.

No entanto, o relator afirmou que se encontram presentes os requisitos para a aplicação do procedimento abreviado (artigo 12 da Lei 9.868/99) para julgar diretamente o mérito da ação, dispensando a análise da limi-nar. O ministro Celso de Mello solicitou informações à presi-dente da República e aos pre-sidentes da Câmara dos Depu-tados e do Senado Federal, no prazo de dez dias.

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) apro-vou nesta quarta-feira (2) a PEC 48/2015, que dá mais seguran-ça jurídica aos efeitos positivos gerados por atos administra-tivos que tenham algum vício jurídico. A matéria, de autoria do senador Vicentinho Alves (PR-MT), será agora apreciada pelo Plenário, em dois turnos.

Os atos administrativos são todas as decisões do Estado que não sejam leis, decisões da administração pública que criam, resguardam, transfe-rem, modificam ou extinguem direitos. Exemplos disso são os decretos presidenciais, as por-tarias de agências reguladoras, as certidões de registro civil as multas de trânsito.

A PEC garante a validação, após cinco anos, de qualquer ato administrativo benéfico com

imperfeição jurídica em sua for-mulação. A regra não vale caso haja comprovada má-fé no vício identificado. A intenção é evitar que cidadãos sejam prejudi-cados em suas expectativas e garantias anos depois da ob-tenção delas, a partir de algum novo entendimento administra-tivo ou jurídico.

De acordo com o senador Vicentinho Alves, a convalida-ção de atos administrativos sob estas condições é uma prática embasada por decisões do Su-perior Tribunal de Justiça (STJ). Além disso, a Lei do Processo Administrativo já traz dispositivo semelhante, que a PEC apro-vada pela CCJ consolida agora como norma constitucional.

O relator da PEC na CCJ foi o senador Valdir Raupp (PMDB-RO), que foi favorável à apro-vação.

PEC protege cidadão contra revisão de decisões da administração pública

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 10AGOSTO • 2015 10JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.brAGOSTO • 2015

Festa dos Aniversariantes

Na noite de 25 de agosto, foi realizada na sede da APAFERJ, a festa de comemoração aos aniversariantes do mês.

Como sempre acontece, um grande número de convidados,

compareceu para homenagear os colegas.

Na foto vemos os Drs. Antonio C. Calmon N. da Gama, Hélio Arruda e Carlos Alberto Mambrini,

felizes com a recepção.

A contratação sem licitação de escritório particular de advocacia para representar órgão público é ir-regular e configura a prática de im-probidade administrativa. Esta é a tese defendida pela Advocacia-Geral da União (AGU) em ação pautada para ser julgada pelo Supremo Tri-bunal Federal (STF).

O caso envolve recurso contra acórdão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que considerou ilegal a contratação sem licitação de um escritório pela prefeitura de Itati-ba (SP). A União, representada pela AGU, entrou no processo como ami-cus curiae, ou seja, como parte inte-ressada no processo.

Em manifestação encaminhada ao Supremo, a AGU argumenta que a licitação deve ser a regra geral para as contratações feitas pela adminis-tração pública, sendo possível abrir mão do procedimento somente em condições excepcionais inexistentes no caso do município. A Advocacia-Geral, inclusive, elaborou parecer em 2009 vetando órgãos da admi-

nistração direta e indireta federal que já são representados pela AGU de contratarem escritórios particu-lares.

O documento da AGU recomen-da que tais contratações só devem ser feitas por empresas públicas e sociedades de economia mista e, mesmo assim, em situações extraor-dinárias em que sejam demonstra-das a natureza singular do caso e a notória especialização no assunto dos profissionais contratados. Se-

gundo a Advocacia-Geral, este tem sido, inclusive, o entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU).

A AGU destaca, ainda, que o mu-nicípio de Itatiba conta com procu-radoria própria apta a exercer as funções para as quais contratou o escritório particular. Também foi observado que a prefeitura não de-monstrou em momento algum que somente os advogados contratados teriam capacidade de realizar o ser-viço.

Para a Advocacia-Geral, deve ser mantida a condenação por improbi-dade administrativa dos envolvidos na contratação, inclusive dos res-ponsáveis pelo escritório particular contratado. “Não há dúvida de que a contratação direta de sociedade civil de advogados, em hipótese em que a lei exigia a realização de licitação, consubstanciou prática para a qual concorreram tanto os responsáveis pela gestão dos negócios da prefei-tura como o escritório privado, ten-do em vista que ambos foram res-ponsáveis pela quebra dos deveres de legalidade e de imparcialidade preconizados pelo artigo 11 da Lei de Improbidade Administrativa”, afirma a AGU na manifestação.

Atua no caso a Secretaria-Geral de Contencioso, órgão da AGU res-ponsável por defender e representar a União no STF. O relator do recurso é o ministro Dias Toffoli. Como o STF reconheceu a repercussão geral do processo, a decisão do tribunal irá valer para todas as ações semelhan-tes sob análise da Justiça brasileira.

AGU defende no STF que órgãos públicos não devem contratar

advogados sem licitação

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br11 AGOSTO • 201511 JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br AGOSTO • 2015

Fonte: ConjurPor Ricardo Marques de Almeida e Lilian Chaves Bezerra

A Proposta de Emenda à Cons-tituição 443, de 2009 traz uma singela mudança na Lei Maior, ao estabelecer um parâmetro míni-mo para a remuneração, por sub-sídio, das carreiras da Advocacia Pública, da Defensoria Pública e das Polícias Judiciárias.

A PEC 443 não se resume ape-nas a uma questão remunera-tória. Ela corrigirá omissões in-constitucionais que perduram por décadas e trará uma mudança de paradigma vista apenas em pou-cas ocasiões, desde que a Consti-tuição de 1988 foi promulgada.

Poucos foram os órgãos que mereceram a atenção da Consti-tuição. A magistratura, a advoca-cia pública, o Ministério Público e a Defensoria Pública estão en-tre esse seleto grupo. E isso não é desprovido de sentido, afinal a Constituição quis dar um trata-mento nacional a essas catego-rias.

A Constituição trouxe regras que podem ser consideradas como o “estatuto constitucional da Advocacia Pública”. São elas: o artigo 5º, incisos XIII, parágrafo 2º; o artigo 37, inciso XI; o artigo 52, inciso II; o artigo 84, inciso XVI e parágrafo único; o artigo 93, in-ciso IX; o artigo 103, parágrafo 3º; o artigo 131, parágrafos 1º a 3º; o artigo 132, o artigo 133, o ar-tigo 135, o artigo 165, parágrafo 9º, inciso III; o artigo 235, inciso VIII, todos da Constituição Fede-ral, e artigo 29, parágrafos 1º à 5º, e artigo 69, do Ato das Dispo-sições Constitucionais Transitórias (ADCT).

A Advocacia-Geral da União, quando criada pela Constituição, representou a subtração da com-petência de assessorar e repre-sentar a União, que era realizada

Entenda a PEC 443/2009 com o artigo do procurador federal Ricardo MarquesPEC 443 pode garantir paridade de armas entre carreiras jurídicas

até então pelo Ministério Público Federal, que passou a atuar de forma independente, inclusive do Poder Executivo. A Advocacia-Ge-ral da União, ao contrário, assu-miu o papel de advogada de uma parte: o Estado brasileiro.

Segundo Gustavo Binenbo-jm, “essa imbricação lógica da Advocacia Pública com o Estado Democrático de Direito pode ser explicada teoricamente por uma vinculação das suas funções insti-tucionais aos dois valores funda-mentais de qualquer democracia constitucional. O primeiro deles, legitimidade democrática e gover-nabilidade. O segundo deles, con-trole de legalidade ampla, que eu prefiro chamar de controle de ju-ridicidade. Em primeiro lugar, vou abordar o compromisso democrá-tico da Advocacia Pública. Esse compromisso atende à compreen-são do nosso papel institucional em relação aos governantes elei-tos. O Advogado Público não é um censor, não é um juiz administrati-vo, nem um Ministério Público in-terno à Administração Pública. O Advogado Público tem como uma das suas missões institucionais mais nobres e relevantes cuidar da viabilização jurídica de políti-cas públicas legítimas definidas pelos agentes políticos democra-ticamente eleitos. O Advogado Público tem o direito, como cida-dão, de discordar dessas políticas. Eu diria que ele tem até o dever se esta for sua convicção pessoal. Todavia, ele tem o dever funcional de se engajar na promoção e na preservação dessas políticas, des-de que elas se mantenham dentro dos marcos da Constituição e das leis em vigor”.

Os Advogados Públicos torna-ram-se, assim, não apenas advo-gados do ente público, mas advo-gados do Estado Democrático de Direito que exercem funções es-

senciais a dois Poderes da Repú-blica: à Justiça e à Administração Pública.

O compromisso democrático da Advocacia Pública é importan-te para ressaltar a relevância e ur-gência da PEC 443, de 2009, afas-tar qualquer pecha de inconstitu-cionalidade que se queira colocar sobre seu texto.

Quando o texto diz que o sub-sídio do grau ou nível máximo das carreiras da Advocacia-Geral da União corresponderá a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, fi-xado para os Ministros do Supre-mo Tribunal Federal, escalonando as demais categorias da Advocacia Pública a partir dele, ele não está afrontando o artigo 37, inciso XIII, da CF que estabelece ser “vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remunerató-rias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público”.

Em primeiro lugar, não há uma equiparação exata entre os sub-sídios das carreiras do Poder Ju-diciário ou do Ministério Público da União, pois o percentual de 90,25% se aproximaria da catego-ria intermediária dessas carreiras, conforme definido em lei.

Outrossim, é preciso lembrar que a proibição de equiparação remuneratória entre categorias é dirigida ao legislador ordinário. No texto constitucional, ao con-trário, há inúmeras regras que pa-

rametrizam órgãos de diferentes, a exemplo do artigo 73, parágrafo 3º, da CF, que parametriza o TCU ao STJ (órgãos do Poder Legisla-tivo e Judiciário) ou do artigo 29, inciso VI, da CF, que trata de Ve-readores e Prefeitos (cargos do Poder Legislativo e Executivo).

Esta autorização constitucional ocorreu em diversos momentos de nossa história, a exemplo das propostas que resultaram na EC 19/98, da EC 45/2004 ou das re-centes EC 87/2015 e 88/2015.

A chamada simetria constitu-cional dos subsídios entre o Poder Judiciário e o Ministério Público, por seu turno, é feita pela legis-lação infraconstitucional, pois o texto da CF se resumiu a dizer, no seu artigo 129, paragrafo 4º, da CF que “aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no art. 93” (texto dado pela EC nº 45/2004), ao passo que o artigo 134, parágrafo 4º, reza que “são princípios institucionais da Defen-soria Pública a unidade, a indivi-sibilidade e a independência fun-cional, aplicando-se também, no que couber, o disposto no artigo 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição Federal” (texto dado pela EC 80/2014).

A PEC 443, de 2009, portanto, não viola o artigo 37, XIII da CF (até porque o parâmetro de con-trole das Propostas de Emenda à Constituição são as cláusulas pé-treas) e, ainda por cima, respeita

O placar da Câmara dos Deputados mostra o resultado da votação: 445 votos a favor e 16 contra.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 12AGOSTO • 2015

a tradição constitucional brasilei-ra, ao reconhecer a necessidade de dar uma paridade de armas entre órgãos de Poderes diferen-tes, de modo a lhes assegurar a harmonia e independência.

A separação de Poderes, que é uma cláusula pétrea invocada sem muita densidade argumenta-tiva, também não pode ser usada contra a PEC 443, de 2009.

Com efeito, no julgamento da ADI 1.949/RS, o STF traçou al-gumas linhas sobre o âmbito de proteção da garantia de separa-ção dos Poderes, indicando qual o limite das leis e do texto cons-titucional. Segundo a decisão, “o voluntarismo do legislador infra-constitucional não está apto a criar ou ampliar os campos de in-tersecção entres os poderes esta-tais constituídos sem autorização constitucional”.

Esta autorização constitucional ocorreu em diversos momentos de nossa história, a exemplo das pro-postas que resultaram na EC 19/98, da EC 45/2004 ou das recentes emendas constitucionais 87/2015 e 88/2015. No caso da Advocacia Pública, a autorização constitucio-nal para a parametrização do sub-sídio com outras carreiras jurídicas federais virá no texto da PEC 443, que tem aplicabilidade imediata e eficácia diferida no tempo, confor-me cronograma trazido nos artigos finais da Proposta.

O fato de não depender de lei própria para fixar o subsídio da advocacia pública, além de não afrontar a cláusula pétrea da se-paração de Poderes, também não viola o princípio da legalidade, que é uma garantia fundamen-tal. Na verdade, ocorrerá com a Advocacia Pública Federal exata-mente o que se observa nas car-reiras do Poder Judiciário e do Ministério Público dos Estados-Membros, cujo subsídio deixou de ser fixado por lei estadual, mas se parametrizou a partir da lei federal, conforme decisões proferidas no Pedido de Provi-dências 0.00.000.001770/2014-83 pelo CNMP, bem como no

Pedido de Providências 0006845-87.2014.2.00.0000 no CNJ, que foram cumpridas por todos os Es-tados.

No caso específico dos advoga-dos públicos, há ainda um argu-mento favorável: subsídio deixa-rá de ser fixado por lei ordinária, passando a ser tratado pela Lei Maior.

Mais uma vez, não há nenhu-ma novidade, tampouco incons-titucionalidade, na Proposta de Emenda à Constituição nº 443, de 2009, que só não vem em bora hora, pois chegou tarde. Sua apro-vação é, cada vez mais, urgente e indispensável.

Com efeito, o Brasil precisa de sistemas e instituições saudáveis. A Advocacia-Geral da União e seus órgãos vinculados, não obstante seus expressivos resultados, está longe disso. A carreira de Procu-rador Federal, que chegou a atrair magistrados estaduais e promoto-res de justiça para seus quadros, hoje amarga a evasão constante de seus quadros, o que inegavel-mente tem reflexos sobre os bens, serviços e interesses da União, de suas autarquias e fundações, cuja representação judicial, consulto-ria e assessoramento cabem aos Advogados Públicos (artigo 131 da CF c/c artigo 29 do ADCT).

Segundo as conclusões do Gru-po de Trabalho sobre as carreiras da AGU, o “GT-carreiras” criado pela Portaria 157/2012, havia, no final de 2012, cerca de 1.600 car-gos vagos em todos os órgãos da Advocacia-Geral da União (PGF, PGFN, PGU e PGBacen).

No 1º Diagnóstico do Ministé-rio da Justiça sobre a Advocacia Pública Federal, outros números perturbadores: “37% dos Advoga-dos Públicos Federais que respon-deram ao questionário afirmaram que pretendem prestar concurso para outra Carreira, sendo que 65,1% demonstraram interesse em seguir a carreira da Magistra-tura Federal e 57,8% a carreira do Ministério Público Federal”. Em outras palavras, praticamente metade dos integrantes da carrei-

ra pretende deixá-la.As entidades representativas

da categoria já apontavam, des-de aquela ocasião, que há outro número que não aparece nessas estatísticas e se refere aqueles que passam na seleção para o ór-gão, mas não tomam posse. Cerca de 20% dos aprovados desistem de assumir o cargo porque, até a posse, já passaram em outro con-curso mais vantajoso. No decorrer dos dois anos seguintes, mais 20% deles desistem de continuar. Isso significa que, entre aprovados e os recém-nomeados, a desistên-cia chega a 40% em dois anos.

Levando em consideração os números do início desse ano, dos 610 nomeados para o cargo de procurador federal no concurso de 2005 (homologado pela Portaria 578/2006) apenas 373 permane-cem na carreira. No concurso de 2007 (PT 1.529/2007, retificada pela PT 153/2008) dentre os 942 nomeados, 683 permanecem na carreira. No concurso de 2010 (PT 2.053/2010, retificada pela PT nº 286/2011), dentre os 305 nomea-dos, tão somente 218 permane-cem na Advocacia Pública Fede-ral. Na data do ajuizamento desta ação, os números certamente já serão maiores.

Conforme dados da própria Advocacia-Geral da União, exis-tem 4.362 vagas de procurador federal, número que representa a lotação ideal da Procuradoria-Ge-ral Federal. Ou seja, o número de vagas minimamente necessárias para representar de forma eficaz o interesse público na represen-tação judicial e extrajudicial das autarquias e fundações públicas federais. Todavia, no mês de mar-ço de 2015, existiam apenas 3.748 procuradores federais lotados na PGF, ou seja, existem aproxima-damente de 500 vagas abertas na carreira, sem contar as vagas de-vidamente preenchidas, mas cujo exercício não está sendo prestado pelo titular, em razão de licenças ou demais afastamentos permiti-dos por lei.

Tais números demonstram a

deterioração das condições de trabalho dos advogados públicos, bem como a necessidade de apro-vação a PEC 443, de 2009, que amenizará o problema. Por ou-tro lado, esse mesmo quadro de-monstra que não é mais possível encarar uma das instituições mais importantes da República, como a Advocacia-Geral da União, como uma realidade estanque.

Por exercerem funções igual-mente essenciais à Justiça, as leis sobre os subsídios e a estrutura da magistratura, Ministério Pú-blico, Defensoria e Advocacia Pú-blica repercutem reciprocamente entre si, conforme reconheceu, ainda que indiretamente, o Procu-rador-Geral da República, na ADI 5.017/DF, quando registrou que, “tendo em vista que a criação de TRFs acarreta a mudança da lotação desses agentes públicos [os procuradores federais] e alte-ração da própria estrutura física de seus órgãos, o ato normativo objeto desta ação, no entender da autora – e desta Procuradoria-Geral da República – afeta direta-mente interesses comuns (...)”.

Na decisão proferida na ação, o Ministro Joaquim Barbosa des-tacou essa relação referencial, quando pontuou que “a criação dos novos tribunais projetará uma série de expectativas para a magistratura, para a União, para a advocacia pública, para a advoca-cia privada ate para os jurisdicio-nados”.

A realidade própria das carrei-ras jurídicas da União, diante da qual seus membros migram de umas para outra, com destaque à evasão das carreiras da Advo-cacia-Geral da União para as de-mais, não pode mais ser ignora-da, sob pena de se perpetuar o impacto desproporcional sobre a Advocacia Pública.

A flagrante omissão legislativa, em concretizar a paridade de ar-mas dos advogados públicos com os demais está prestes a mudar. E um dos primeiros passos para essa revolução copernicana se concretizar, será dado a partir da aprovação da PEC 443, de 2009.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br13 AGOSTO • 2015

Com 65 votos favoráveis, dois contrários e uma abs-tenção, o Plenário do Senado aprovou, nesta quarta-feira (2), a indicação de Marcelo Navarro Ribeiro Dantas para o cargo de ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele foi indicado pela presidente da República para vaga destina-da a juízes dos Tribunais Re-gionais Federais decorrente da aposentadoria do ministro Ari Pargendler.

Navarro iniciou a carreira como advogado. No Rio Gran-de do Norte, foi procurador e chefe do setor jurídico do Serviço Social da Indústria, procurador-geral da Assem-bleia Legislativa, promotor de Justiça e procurador-chefe da Procuradoria da República no

estado. Tomou posse como juiz federal em 2003 e, quan-do foi indicado, presidia o Tri-bunal Regional Federal da 5ª Região, com sede em Recife.

Durante sabatina na Comis-são de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), Navarro defendeu o uso da delação premiada. Para ele, o método é positivo por incorporar um instrumento moderno e neces-sário ao combate do crime or-ganizado.

Vários senadores elogiaram a conduta e o currículo do juiz federal. Romero Jucá (PMDB-RR) ressaltou que o indica-do foi aprovado na CCJ por unanimidade e afirmou que o STJ vai ganhar um membro comprometido com a Justiça e com o país. Já o senador José

Agripino (DEM-RN) afirmou que o indicado tem isenção, competência e caráter para o cargo.

— O doutor Marcelo é le-galista por excelência. Ele

Senado aprova indicação de Marcelo Navarro para o STJ

se posiciona ao lado do bom direito. Sempre se pauta em cima de critérios republicanos e da legalidade — disse Agri-pino.

FONTE: Agência Senado

Brasília – Em resposta ao requerimento formulado pela OAB Nacional no fim de ago-sto, solicitando garantias ao pleno funcionamento do Poder Judiciário durante a greve de seus servidores, o CNJ (Con-selho Nacional de Justiça) ratificou decisão no sentido de proteger advogados e cidadãos para que não mais sejam prej-udicados pela paralisação, que já ultrapassa três meses.

Após nova comunicação so-bre dificuldades e descontinui-dade no acesso aos prédios da Justiça, notadamente na Bahia e no Rio de Janeiro, a questão voltou à pauta do CNJ. “De fato a advocacia brasileira se en-contra perplexa e preocupada com a ausência de prestação jurisdicional”, apontou o presi-dente nacional da OAB, Mar-cus Vinicius Furtado Coêlho.

Ele lembrou que a matéria já foi resolvida pelo STF (Su-premo Tribunal Federal. “O ci-dadão não pode ter, em razão

da greve, seu direito de acesso à Justiça obstruído. Da mes-ma forma, o advogado precisa desenvolver seu mister, com acesso às repartições e aos autos, para defender os ansei-os da sociedade”, elencou.

Sobre a greve, o presidente do CNJ, ministro Ricardo Le-wandowski, lembrou que são cabíveis as possibilidades de corte do pagamento pelos dias não trabalhados e também de compensação posterior. “Se o servidor não trabalha, deve

haver o desconto, desde que facultando a eventual cobertu-ra dos dias não trabalhados para fins de percepção do sa-lário. Mesmo assim, cabe res-saltar que esta é uma greve selvagem, que sequer foi co-municada formalmente ao Judiciário. Não houve inter-locução. É um direito de greve que extrapolou e muito o limite constitucional”, criticou Lewan-dowski.

DECISÃOA relatoria do processo foi

feita pelo conselheiro Fabi-ano Silveira, que determinou ao Judiciário, em especial o TRT-5 (Tribunal Federal da 5ª Região, que abrange a Bahia), que suspenda os pagamentos pelos dias não trabalhados. “Não poderíamos admitir que o Estado remunerasse um serviço sem a devida contra-partida. A situação é calami-tosa, já são quase três meses de paralisação total e parcial, restando a população prejudi-cada. Não dá para assistirmos de forma passiva ao pagamen-to religioso da remuneração”, apontou.

O conselheiro lembrou que a decisão não atinge a essên-cia do direito de greve, mas somente executa uma conse-quência jurídica deste direito. Ele ainda sugeriu que o TRT-5 continue dando andamento às demandas administrativas, independentemente do caráter ou não de urgência que cada causa carregue.

CNJ atende OAB e ratifica medidas quanto à greve no JudiciárioMarcus Vinicius pediu respeito aos prazos e à liberdade profis-sional (Foto: Euge-nio Novaes - CFOAB)

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 14AGOSTO • 2015

A geração de divisas por meio do turismo é uma ação que exige planejamento e gestão estratégica na divulgação das riquezas naturais e culturais de um país. No caso do Brasil, boa parte dessa política passa pela Procuradoria Federal Especiali-zada junto ao Instituto Brasilei-ro de Turismo (PFE/Embratur). Nos últimos 12 anos, a unidade avançada da Advocacia-Geral da União (AGU) contribuiu para que a autarquia obtivesse um aumento de 56% no número de visitantes estrangeiros no país, que movimentaram R$ 6,9 bi-lhões em solo brasileiro no pe-ríodo.

Entre as ações de maior des-taque estão a que viabilizou a captação de recursos para a estruturação do Centro Integra-do de Mídia durante a Copa do Mundo de 2014, além da reali-zação das Olimpíadas Indíge-nas deste ano, das Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016 e do 8º Fórum Mundial de Água, em

2018.Atualmente, quatro procura-

dores, três servidores da Em-bratur, uma terceirizada e esta-giários compõem o quadro de colaboradores da procuradoria. A unidade trabalha exclusiva-mente no assessoramento e consultoria jurídica à autarquia. É dela, por exemplo, a respon-sabilidade de checar a validade de contratos, licitações e de ou-tros processos administrativos.

Entre as peculiaridades do serviço está o foro de atuação. A Embratur trabalha quase que exclusivamente na contratação de agências de publicidade para a veiculação de propaganda em solo estrangeiro. Três contratos estão em vigor atualmente. E como eles são executados em países diversos, com moedas distintas, a procuradoria tem a missão frequente de promover o reequilíbrio contratual de for-ma a compensar as variações cambiais.

A atuação internacional tem

Procuradoria da Embratur ajuda a aumentar número de turistas estrangeiros no país

dificuldades específicas. A prin-cipal delas, segundo a procu-radoria, é a conformação do direito público brasileiro com o direito internacional privado. “Por exemplo, é difícil explicar a um fornecedor anglo-saxão sobre a necessidade de enca-minhamento do ato constitutivo da empresa ou da justificativa de preços nas contratações di-retas por inexigibilidade”, expli-ca a procuradora da Embratur Patrícia Martins de Sá.

O cuidado da procuradoria com os contratos ajudou a au-tarquia a enfrentar somente um questionamento judicial no ex-terior até hoje. O caso envolve uma ação ajuizada na Corte da Califórnia, nos Estados Unidos, por uma subcontratada da au-tarquia. A empresa alega falta de pagamento pela montagem de um estante em feira de turis-mo. O processo ainda está em fase de contestação.

Flávio Gusmão

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Corregedores de Justiça de todo o Brasil vão propor o aumento do prazo para que o novo Código de Processo Civil entre em vigor, tese de-fendida pelo corregedor-geral do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Ha-milton Elliot Akel. De acordo com dispositivo da norma, ela deverá entrar vigor um ano após sua publicação, o que deve ocorrer em 18 de mar-ço de 2016. Os corregedores, no entanto, apontam que os

tribunais precisam de mais tem-po para adequar diversos pro-cedimentos trazidos pelo novo CPC.

Reunidos no 69º encontro do colegiado da categoria, entre os dias 26 e 28 de agosto, os desembargadores também de-cidiram pela criação de uma co-missão para atuar junto ao Con-selho Nacional de Justiça, a fim de que o órgão contribua com os tribunais e corregedorias de Justiça na adequação do códi-go à realidade de cada estado.

“O novo código trará mudanças profundas na estrutura e atua-ção do Judiciário, impactando em mudanças substanciais nos regimentos das cortes de Jus-tiça em todo o Brasil”, afirma a presidente do colégio e corre-gedora do Maranhão, desem-bargadora Nelma Sarney.

Propostas de alcance social também foram aprovadas, como a que manifesta apoio ao Proje-to de Lei 368/13 do Senado, cujo teor dispõe sobre a demarcação e a legitimação de posse para

fins de regularização fundiária rural de áreas ocupadas por agricultores familiares. Essa proposta se fundamenta na finalidade do interesse social da propriedade.

Os corregedores decidi-ram ainda pelo integral apoio à proposta de regulamentar, mediante averbação, áreas de reserva legal, conforme previsão do Código Florestal (Lei Federal 12.651/12). Com informações da Assessoria de Imprensa do TJ-SP.

Corregedores de Justiça pedem mais prazo para o novo CPC entrar em vigor

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br15 AGOSTO • 2015

Orlando GonzalezProcurador Federal aposenta-do

A medicina de hoje não será a mesma de amanhã, e mui-tos princípios vigentes estarão revogados pelo exato fluir do tempo. Alguns dos atuais pre-ceitos serão ridicularizados no futuro que, não obstante de-morado, desconstruirá para-digmas equivocados, criados às vezes até por interesses de mercado, como é o caso das indústrias alimentícia e far-macêutica. A primeira prepa-ra para a segunda o filão que lhes propicia bilionárias cifras: o doente.

Em paralelo a esse cenário, como remate de um quadro de incoerências, prosperaram as administradoras de planos de saúde, em prol de cujo do-mínio os sucessivos governos sucatearam cruelmente a me-dicina pública sob a justifica-tiva de que sua terceirização parcial abrandaria a corrosão das disponibilidades orçamen-tárias e beneficiaria o usuário, hoje, ao revés, abandonado à própria sorte ou tangido a fir-mar contratos leoninos com os ditos planos, se seus recursos financeiros assim permitirem e forem capazes de não perder fôlego diante dos aumentos pecuniários desproporcionais que a velhice determina. Drau-zio acha, com razão, que os planos deveriam reduzir os va-lores cobrados ao adquirente que zelasse pela sua higidez.

Em recente entrevista que trouxe a público o lançamento de seu livro (“Correr”), Drauzio Varella cunha uma verdade in-contestável: o paciente é res-ponsável pela sua saúde. Em-bora a entrevista não refira a omissão dos órgãos de saúde sobre a necessária, minuciosa e insistente divulgação dessa afirmativa e seu incontornável e ininterrupto aprofundamen-to, é inerente a ela a premis-

sa de que é irresponsabilidade do doente delegar ao médi-co a tarefa exclusiva de zelar pelo seu bem maior: a saúde. Inexistente, ou com suspiros mínimos, inaudíveis, essa di-vulgação raquítica e espaçada dos setores governamentais de saúde é avassalada no co-tidiano por uma esbelta publici-dade dos produtos alimentícios e farmacêuticos que soa como autorizativa dos desmandos exercidos pelos cidadãos de-sinformados ou acomodados à alimentação viciosa e aos remédios que não raro criam fama mais pelos seus efeitos tóxicos do que pelas “curas” alardeadas nas suas bulas.

Da entrevista em causa se colhe um exemplo de como vi-ver bem: pela utilização de ali-mentos saudáveis que, sobre nutrir, afastam a eventualida-de de doenças facilmente con-traídas. Drauzio diz que ver-duras, legumes e frutas são indispensáveis ao bem viver. E nisso parece estar correto, mais do que a sua proposta de correr, prática de que se vale desde os cinquenta anos (tem agora setenta e dois).

Drauzio corre trinta minutos por dia aos quais atribui sua energia e faz por isso contun-dente censura ao sedentaris-mo que, reconhecidamente, não é aconselhável. Mas os mistérios da natureza vêm obscurecer um pouco o tema, uma vez que muitos já mor-reram correndo (dizem que o próprio tradutor do livro de Cooper foi a óbito em plena corrida). Ortopedistas espe-cializados em medicina espor-tiva alegam danos aos joelhos de quem abusa das corridas, circunstância que Drauzio nega. Por outro lado, do se-dentarismo se esperará in-variavelmente uma vida mais curta dos que o aceitam vo-luntariamente, a reunir as di-versas pontas de uma posição científica supostamente unâni-

me: o sedentarismo mata.Também nesse item (seden-

tarismo), a controvérsia se de-bate incontidamente. Seden-tários famosos, a começar por Dorival Caymmi (morto aos 94 anos), curtiram sua placidez sem prejuízos ou trabalharam sem folgas até a morte que se distanciou muito em números de anos, quando confronta-da com a curta temporada de corredores nas pistas da vida. Profissionais de saúde há que optam pelo aconselhamen-to de que caminhadas geram efeitos melhores do que cor-ridas. Podem estar errados, mas a polêmica está posta, e cabe à ciência dirimi-la.

Há muitos exemplos reais de que o sedentarismo ainda não fornece certezas irremo-víveis sobre seus malefícios, e condições alegadamente fatais passam despercebidas ao nosso distraído olhar. Al-guns deles, que certamente enriqueceriam os prolegôme-nos da “medicina baseada em evidências”: Pontes de Miran-da, jurista e filósofo, viveu 87 anos. Pelo impressionante acervo de sua obra, vê-se que permaneceu sentado a maior parte de sua vida (ao contrário de Marx que escreveu os últi-mos capítulos de seu “Capital” em pé, acometido de furún-culos nas nádegas que o im-pediam sentar). A vastíssima produção literária de Josué Montello (morreu aos 88) não nos permite visualizá-lo em movimentos bizarros correndo e simultaneamente escreven-do, contrariando a advertên-cia de seu clínico: “se correr, não escreva”. George Bernard Shaw (morto aos 94 anos, ain-da assim em decorrência de acidente) ocupou-se intensa-mente da escrita, vazada na forma clássica: sentado. Cru-divorista, Shaw é um exem-plo de que Drauzio está certo quando fala da importância da alimentação. Freud, que mas-

tigava charmosos e insepará-veis charutos, talvez motivo de seu câncer na língua (e aos quais sugestivamente não conferiu simbologia sexual), não corria porque exauriu todo o seu tempo fazendo palestras e formulando seus escritos, que resultaram em alentados volumes. Presumivelmente, sentado.

Entre médicos homeopatas, longevos e sedentários, a lis-ta é grande a despeito de se-rem numericamente inferiores comparativamente aos da clí-nica dominante, o que supõe significativo valor estatístico. Orlando Mollica (91), Duque Estrada (88), Emílio Wagner (92), Júlio Pimentel (89), Cás-sio Rezende (90), Mariano José Pereira da Fonseca (99, na certidão; na verdade, 102), Eudas de Figueiredo Baptista (88 anos), Renato de Faria (88 anos), Kamil Curi (92), Ernani de Paula (96), Roberto Costa (88), entre outros. Muitos tra-balharam lúcidos, até pouco antes do falecimento.

Todos, escritores e homeo-patas, viveram em épocas em que correr não era moda nem recomendação médica. Eles andavam e se mexiam normal-mente. O veneno do sedenta-rismo parece predominar em aposentadorias imobilistas sa-crificadas por alimentação ina-dequada e remédios alopáti-cos de componentes pernicio-sos e cumulativos, aos quais sucumbem os desinformados, mantidos nessa deplorável condição pelos omissos seto-res oficiais de saúde. Não se sabe ainda quanto custa esse silêncio republicano ao con-tribuinte, financiador indefeso da cultura populista de forne-cimento de drogas a popula-ções adoecidas e transforma-das em massa de consumo que, escravizadas à ignorân-cia de princípios elementares da manutenção de saúde, não têm para onde correr.

As Corridas do Dr. Drauzio

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 16AGOSTO • 2015

A petição inicial constitui, como é cediço, o primeiro ato postula-tório do processo, devendo ser construída à luz do modelo esta-belecido nos artigos 319 e 320 do novo Código de Processo Civil (Lei 13.105/2015).

A petição inicial indicará, em pri-meiro lugar, a teor do artigo 320, I, o juízo que é o destinatário do pedi-do de tutela jurisdicional.

Em seguida, a qualificação do autor e do réu, inclusive com o res-pectivo endereço eletrônico, o do-micílio e o endereço da residência (inciso II). Não sendo disponíveis tais informações, poderá o autor, na própria petição inicial, requerer ao juiz que sejam deferidas diligên-cias para a obtenção das mesmas (parágrafo 1º).

De qualquer modo, a petição ini-cial não será indeferida por insufi-ciência dos dados pessoais exigidos, desde que possível a citação do réu (parágrafo 2º). Igualmente, não será indeferida se a obtenção prévia de tais informações “tornar impossível ou excessivamente oneroso o aces-so à justiça” (parágrafo 3º).

Impõe-se, outrossim, a exposi-ção dos fatos e dos fundamentos jurídicos do pedido, vale dizer, a causa de pedir remota (fato cons-titutivo do direito do autor) e pró-xima (ato ou omissão contrária ao ordenamento jurídico) (inciso III).

Observo que o fundamento jurídico não se confunde com o fundamen-to legal, sendo a indicação deste dispensável em decorrência do afo-rismo iura novit curia.

Importa enfatizar que esse re-quisito é de suma importância, vis-to que, do ponto de vista lógico, é da argumentação fático-jurídica que será extraída a consequência jurídica visada pelo demandante.

Depois da narração da causa petendi, o autor deverá formular a sua pretensão, consubstanciada no pedido ou pedidos (inciso IV). O pedido imediato, ou seja, a espé-cie de tutela jurisdicional pleiteada (por exemplo: condenação do réu) e, ainda, o pedido mediato (o mon-tante da obrigação que deverá ser imposta pela sentença).

Diante das peculiaridades do liame jurídico existente entre os li-tigantes, o autor pode deduzir um único pedido ou vários pedidos, em cumulação objetiva, como é expres-samente permitido pelo artigo 327 do CPC/2015: “É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ain-da que entre eles não haja conexa”.

Dependendo da natureza do cú-mulo de pedidos, o autor desejará a procedência de todos eles, ou, então, de pelo menos um dentre aqueles que foram formulados.

Daí, a tradicional distinção dou-trinária entre cumulação própria, que encerra as hipóteses nas quais é admitido o acolhimento conjunto dos pedidos (artigo 327), e cumu-lação imprópria, em que, por força de fatores peculiares ao direito ma-

terial controvertido, a procedência de uma pretensão exclui a das de-mais (artigo 326).

Naquela primeira categoria, marcada pela simultaneidade ou multiplicidade de pretensões, in-cluem-se as espécies de cumulação simples e cumulação sucessiva (o demandante busca o atendimento, ao mesmo tempo, de mais de um pedido); enquanto, na segunda, delimitada pela singularidade de pretensão, insere-se a tipologia de cumulação alternativa e cumulação subsidiária (o demandante deseja que o réu cumpra uma das presta-ções da alternativa; que a sentença acolha o pedido subsidiário caso não possa reconhecer a procedên-cia do pedido antecedente).

Segue-se a atribuição do valor da causa (inciso V), que correspon-de ao proveito econômico alvitra-do.

O autor ainda formulará o pro-testo por provas, sobretudo aque-las pelas quais pretende ele de-monstrar a veracidade dos fatos articulados (inciso VI). Considere-se, no entanto, que, segundo dis-põe o artiso 320: “A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação”.

Como importante novidade, a petição inicial deverá também con-ter, a teor do inc. VII do mesmo ar-tigo 319, a expressa disposição do demandante à realização ou não de audiência de conciliação ou de me-diação.

Procurando infundir a cultura da pacificação entre os protago-

nistas do processo, o CPC/2015, em inúmeros preceitos, sugere a autocomposição. Dispõe, com efei-to, o parágrafo 2º do artigo 3º que: “O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos”. Dada a evidente rele-vância social da administração da Justiça, o Estado deve mesmo em-penhar-se na organização de insti-tuições capacitadas a mediar confli-tos entre os cidadãos.

Ajuizada a demanda, antes mes-mo de determinar a citação do réu, o sistema do novo diploma proces-sual pressupõe o início da ativida-de saneadora do juiz, com o exame formal da petição inicial. Caso con-trário, ou seja, se a petição inicial não se encontrar em termos para ser admitida, seja do ponto de vista lógico, seja sob o aspecto técnico, deverá ser indeferida.

A rejeição da petição inicial é ex-pressamente prevista nas hipóte-ses arroladas no artigo 330, desde a inépcia, ilegitimidade de parte, ausência de interesse processual, até a incompatibilidade de pedidos. Verificada qualquer uma destas si-tuações anormais, quando possível, o juiz determinará que o autor, no prazo de 15 dias, supra o defeito, sob pena de indeferimento (artigo 321 e parágrafo único).

Não há se confundir a natureza da sentença terminativa de inde-ferimento da petição inicial, com aquela que decorre da improce-dência liminar do pedido, segundo a regra do artigo 332, implicativa da prolação de sentença de mérito, que produz coisa julgada material.

Novo Código de Processo Civil traz mudanças na petição inicial

Por José Rogério Cruz e TucciAdvogado e professor da USP

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br17 AGOSTO • 2015

Ronaldo de Araújo MendesProcurador Federal

Na época em que o Brasil era Colônia de Portugal, a Legislação Portuguesa, praticamen-te, abolira as Cadeias...

No começo da Colo-nização do Brasil, Por-tugal, além de possuir apenas Um milhão de Habitantes, tinha uma escassez muito grande de mão de obra razão pela qual, dez por cento de sua população serem compostas de negros Africanos.

Durante grande pe-ríodo de nossa Coloni-zação, vigia no Reino “Dispositivo Legal” que proibia, terminantemen-te, a emigração, ou seja, saída de portugueses para o Brasil, dizia assim tal dispositivo: “... aten-dendo a Lei publicada na Chancelaria-mór da Corte determinava, sob o pretexto falta de gen-te (na Metrópole) que “... Nenhuma pessoa de qualquer qualidade ou estado possa vir para o Estado do Brasil senão os que forem providos em governo, postos, car-gos ou ofícios de Justi-ça ou fazenda os quais, inclusive, estariam pri-vados de levarem mais criados dos que os ne-cessários”.

Devido à escassez de mão de obra, D. João III (que reinou de 1521 a

1557) abriu o nosso país aos criminosos que nele quisessem morar, sem receio de perseguições por parte da Justiça Pú-blica. Diz assim o De-creto assinado por sua Majestade: “Atendendo EI Rei que o Brasil pre-cisa ser povoado, há por bem decretá-lo cou-to e homizio para todos os criminosos que nele quiserem ir morar, ainda que já condenados em sentença, até em pena de morte”.

Luiz Edmundo em sua obra sob o Títu-lo “OLHANDO PARA TRÁS”, em sua 2ª Edi-ção -1954, nas páginas 191 a 197 - segundo mi-nucioso estudo feito em várias Bibliotecas, diz dentre outras considera-ções: “Analisando os vo-lumes das “Ordenações e Leis de Portugal” im-pressas por resoluções de sua Majestade, em 2 de Setembro de 1786, Coimbra, na Real Im-prensa da Universidade, ano 1806. Dessa mesma coleção resumimos, en-tre muitos, alguns casos de degredo para o Bra-sil”.

Vejamo-los:Para cá vinham os in-

divíduos que roubavam (vol. III, tít. 61); os que furtavam (vol. III, 61); os falsificadores de moeda (vol. III, 12); os burlões (vol. III, tít. 66); os falsi-ficadores de mercadoria

(vol. III, tít. 57); os cafténs das próprias filhas (vol. III tít. 32). Era a flor da crapulagem portuguesa que aqui desembarcava como se vê. Vinham ain-da vadios (vol. III, tít. 68), os que quebravam frau-dulentamente; os que roubavam no peso.

Um nunca acabar! Só ficavam no Reino os réus de delitos simples.

Em Portugal, duran-te muitos anos, se tem notícia de que não se enforcou quaisquer indi-víduos, mesmo sabendo que mais de 500 esta-vam em condições de padecer dessa medida extrema.

Vinham para o Brasil e, por incrível que pare-ça! tais elementos inde-sejáveis concorriam aos empregos com as pes-soas honestas de bom costume daqui, porque para nós não havia uma legislação que nos as-segurasse privilégios e regalias iguais aos que aqui encontravam os nascidos no Reino.

João Francisco Lisboa em sua Obra, Volume III pág. 119, assevera o seguinte: “Que o Go-vernador-Geral da épo-ca levou consigo para a implantação da Funda-ção da Bahia centenas de degredados, tendo, inclusive, poderes para nomeá-los para os mais diversos Empregos, o que fizera”.

Em sua mesma Obra citada, mesmo volume, às páginas 122, diz, dentre outras conside-rações, que: “O gover-nador José Teles da Sil-va confessou em Carta, escrita a 25 de julho de 1786, ao ministro de Ul-tramar, que chamara para servir de vogal na Junta de Justiça a um degredado que ali estava a cumprir sentença “por ser formado” e mandar a lei preferir os bacharéis. Até graduados pela Jus-tiça Pública podiam ser esses criminosos degre-dados de Portugal para o Brasil”!

No Rio de Janeiro o Juízo dos degredos era assim composto em 1799: Juiz dos degreda-dos, o desembargador Luiz José de Carvalho. Escrivão - Pedro Henri-que da Cunha. Solicita-dor, Manoel Martins de Sá. (Almanaque do Rio de Janeiro, de Duar-te Nunes, tomo XXI da Revista do Instituto Histórico Brasileiro).

Já não bastavam os fidalgos de mau com-portamento, os padres e frades que mal se con-duziam no reino, os mi-litares de má nota, que de lá vinham, fazia-se necessário que, para cá, também viessem sen-tenciados por crimes co-muns.

Falamos dos maus padres que vinham para

Brasil Colônia Pátria dos Degredados e do Sistema

Penitenciário Penal Portuguêscá. Para provar o que aqui se afirma, valho-me de informe precioso en-tre vários, o de Antonio Vieira, que nos conta: “os mais dos poucos pa-dres que havia no Ma-ranhão eram degreda-dos e todos eles de má vida e mui ruim exemplo” (Carta de 20 de maio de 1663).

Talvez que os des-cendentes de toda essa crapulagem que a Me-trópole, continuamente, enviava para cá, fosse a que no tempo de D. João VI ainda fazia do nosso país aquele “Éden” de velhacos aos quais o Sr. Oliveira Lima se refere, dizendo: “A época de D. João VI estava contudo destinada a ser na his-tória brasileira, pelo que diz respeito à Adminis-tração, uma era de mui-ta corrupção e peculato; quanto aos costumes pri-vados uma era de muita depravação e frouxidão, alimentadas pela escra-vidão e pela ociosidade”.

De tudo isto se de-preende que devido à pouca escolaridade dos habitantes que aqui se encontravam, muitos cargos de alta complexi-dade, ou seja, de maior responsabilidade, fos-sem dados aos Degreda-dos que aqui chegavam, devido a maior parte da escolaridade deles, ser bem superior às do Povo que aqui se encontrava.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 18AGOSTO • 2015

Aos onze dias do mês de agosto, é comemorado no Bra-sil o Dia do Advogado. A esco-lha dessa data remete ao dia em que foram instituídas, no ano de 1827, as duas primeiras facul-dades de Direito do Brasil, a sa-ber: a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo, e a Faculdade de Direito de Olinda, em Pernam-buco – que foi transferida para a cidade de Recife em 1854. Dessa forma, a comemoração do Dia do Advogado, no Brasil, é, antes, uma celebração sobre o início do ensino das discipli-nas jurídicas em solo brasileiro.

Ao contrário de outros paí-ses da América Latina, que, desde o seu primeiro século de colonização, tiveram a instala-ção de universidades em seus territórios, o Brasil, até a fase do Império, não havia recebido nenhuma instalação de institui-ção educacional oficial. Com exceção do sistema de ensino levado a cabo pelos jesuítas, as primeiras faculdades pro-priamente ditas a serem cons-truídas no Brasil foram às de São Paulo e Olinda, cinco anos após a Independência do país.

Mais do que formar bacha-réis em Direito – prática que se tornou uma verdadeira “epide-mia” no século XIX (todos os filhos de famílias abastadas eram destinados às faculdades de Direito) –, as faculdades de Olinda e São Paulo torna-ram-se os primeiros centros de

formação de intelectuais, no sentido mais amplo do termo. Foi das faculdades de Direito que saíram nomes como Cas-tro Alves, Gonçalves Dias, Joaquim Nabuco, Pontes de Miranda, Sílvio Romero, To-bias Barreto e muitos outros.

Até a década de 1930 (épo-ca em que foi criada a Univer-sidade de São Paulo), todo o pensamento sociológico, an-tropológico, jurídico, histórico e toda crítica cultural e política (exposta em veículos jornalís-ticos) era derivada dos bacha-réis em Direito. Assim, os pri-meiros centros de ensino do Direito eram também escolas de pensamento, onde eram discutidas ideias como o repu-blicanismo, o abolicionismo, o liberalismo, o conservadoris-mo, darwinismo social etc.

Um exemplo notável foi o da Escola de Recife, lidera-da por Tobias Barreto, na se-gunda metade do século XIX. Nessa época, a Faculdade de Direito de Olinda já havia se transferido para Recife, e Bar-reto notabilizou-se por divulgar o pensamento de vários filóso-fos de língua alemã no Brasil, desenvolvendo um pensamen-to jurídico e sociológico muito particular para os padrões da época.

Nesse sentido, as faculda-des de Direito do século XIX ti-veram importância crucial para a formação da “inteligência brasileira”.

Dia do AdvogadoSENTENÇAS DE SANTO IVO(O Padroeiro dos Advogados)

I - O advogado deve pedir a ajuda de Deus nas suas deman-das, pois Deus é o primeiro protetor da Justiça.II - Nenhum advogado evitará a defesa de casos injustos, por-que são perniciosos à consciência e ao decoro.III - O advogado não deve onerar o cliente com gastos exces-sivos.IV - Nenhum advogado deve utilizar no patrocínio dos casos que lhe são entregues meios ilícitos ou injustos.V - Deve tratar o caso de cada cliente como se fosse seu pró-prio.VI - Não deve poupar trabalho nem tempo para obter a vitória do caso de que se tenha encarregado.VII - Nenhum advogado deve aceitar mais causas do que o tempo disponível lhe permite.VIII - O advogado deve amar a Justiça e a honra tanto como as meninas dos olhos.IX - A demora e a negligência de um advogado causam pre-juízo ao cliente e quando isso acontece deve este indenizá-lo.X - Para fazer uma boa defesa o advogado deve ser verídico, sincero e lógico.XI - Os principais requisitos de um advogado são saber estu-dar, diligenciar, verdade, fidelidade e sentido de justiça.

Estas sentenças de fama internacional inicialmente foram ela-boradas em francês e bretão, posteriormente em latim e gre-go. Hoje, traduzido em todas as línguas, foi acrescido de mais um preceito de autoria do jurista uruguaio Eduardo Couture.

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A P A F E R JR. Álvaro Alvim, 21/2º andar. CEP: 20031-010. Centro. Rio de Janeiro - Sede Própria e-mail: [email protected]: www.apaferj.org.brTel/Fax: (21)2532-07472240-2420

DIRETORIAPresidente - José Marcio Araujo de AlemanyVice-Presidente - Rosemiro Robinson Silva JuniorDiretor Administrativo - Miguel Carlos Melgaço PaschoalDiretor Administrativo Adjunto - Maria Auxiliadora CalixtoDiretor Financeiro - Fernando Ferreira de Mello Diretor Financeiro Adjunto - Dudley de Barros Barreto FilhoDiretor Jurídico - Hélio ArrudaDiretor Cultural - Carlos Alberto MambriniDiretor de Patrimônio - Rosa Maria Rodrigues MottaDiretor de Comunicação Social - Antonio Carlos Calmon N. da Gama

CONSELHO REVISORNATOS:1. Wagner Calvalcanti de Albuquerque2. Rosemiro Robinson Silva Junior

TITULARES:1. Allam Cherém Soares 2. Edson de Paula e Silva3. Emygdio Lopes Bezerra Netto4. Fernando Carneiro5. Francisco Pedalino Costa6. Luiz Carlos de Araujo7. Mariade Lourdes Caldeira8. Newton Janote Filho9. Sylvio Mauricio Fernandes10. Tomaz José de Souza

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Jornal da APAFERJEditor Responsável: Carlos Alberto Pereira de Araújo Reg. Prof.: 16.783Corpo Editorial: Antonio Calmon da Gama, Carlos Alberto Mambrini, Fernando Ferreira de Mello, Miguel Carlos Paschoal, Rosemiro Robinson Silva Junior.Supervisão Geral: José Márcio Araújo de AlemanyEditoração e Arte: Jane Fonseca - [email protected]ão: Monitor MercantilTiragem: 2.000 exemplares

Distribuição mensal gratuita. Os artigos assinados são de exclusiva

responsabilidade dos autores

As matérias contidas neste jornal poderão ser publicadas, desde que citadas as fontes.

TRIÊNIO 2014 / 2016

ANIVERSARIANTES DE SETEMBRO

Na última terça-feira do mês vamos fazer uma festa para comemorar

o seu aniversárioCOMPAREÇA!

Com a sua presença haverá mais alegria e confraternização.

01 - Alba Regina de Jesus - M.

Saúde

01 - Lucia Maria da Silva Brito -

Incra

03 - Carlos Eduardo C. Machado

- Inpi

03 - Luiz Augusto Paiva da Silva

- M. Faz

05 - Marlene Ferreira Barbosa -

C.P.II

06 - Luiz Antonio Cavaleiro - M.

Faz

06 - Moysés Lopes Maciel - Iba-

ma

07 - Maria Denise de Góes Fis-

cher - Cnen

08 - Antonio Pereira de Souza -

Inss

08 - Arnaldo Osborne M. da Cos-

ta - Inss

08 - Nelson Fagundes de Mello

- Inpi

09 - Ana Maria Vieira - Mpog

10 - Dorothy Geszikter - Incra

10 - Jairo Jacintho Vieira - Inss

11 - Heloisa Lucciola L. Gonçal-

ves - Inss

11 - Renato Rabe - Agu

12 - Pedro Machado de Souza -

M. Saúde

13 - Cedenir da Costa Issa - M.

Agric

13 - Herbert Gomes - Inss

13 - Milton Pinheiro de Barros -

Mpas

14 - Antonio Lages Cavalcanti -

Incra

15 - Fernando Carneiro - M.

Tranp

15 - Sebastião Wagner Sab - In-cra16 - Júlio César da Motta Buys - M. Transp16 - Zuréa de Sousa Martins - Incra17 - Almir Rodrigues Carreira - Ufrj18 - Jonas de Jesus Ribeiro - Agu19 - Carlos Edgar G. Moritz - Fns20 - Gladstone dos Santos - In-cra20 - Sérgio Luiz P. Sant’anna - Agu21 - Carlos Roberto Barciela - In-cra21 - Seir Soares da Silva - Ufrj22 - Orlando Gonzalez Fernan-dez - M. Saúde24 - Amaury de Souza - Inss24 - Edibaldo Homobono S. Brí-gida - Agu25 - Sonia Maria de Jesus Car-melo - Mpas26 - Napoleão Pereira Guima-rães - M. Faz28 - Izaura Pereira Campos - M. Saúde28 - Maria Helena Dock de Aquino - Inss28 - Nina Maria Hauer - Unirio28 - Romeu Guilherme Tragante - Inpi29 - Antonio Célio de Barros - Inss29 - Maria Tereza de Oliveira - C.P.II30 - Luiz Carlos Gonçalves Arru-da - Embratur

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 20AGOSTO • 2015 JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 20AGOSTO 2015

PEÇO A PALAVRA

Rosemiro Robinson S. JuniorVice-Presidente

Meus caros e fiéis leitores: quando assisti à históri-

ca sessão (1º.Turno) da Câmara dos Deputados, de que resultou expres-siva votação aprovando a PEC nº 443/2009, dois pensamentos invadiram a minha mente. O primei-ro, de incontido Júbilo, de natureza pessoal e insti-tucional, porquanto vi vi-toriosa tese que defendo secularmente, não se de-vendo fazer abstração do desempenho da APAFERJ, caminhando firmemente, sem nenhum desvio, na busca pela PEC da Reden-ção, que, caso venha a ser promulgada, nos livrará da humilhante peregri-nação anual que fazemos a Brasília, para pedir me-lhoria salarial, conforme assinalei no artigo publi-cado na edição de julho do corrente ano.

O segundo, poderoso e avassalador, se relacio-na ao dedicado e brilhan-te posicionamento dos

jovens Advogados Públicos Federais, que, de manei-ra objetiva e convincente, deram aos Parlamentares Subsídios essenciais ao perfeito conhecimento da matéria, contribuindo, as-sim, de modo altamente louvável, para a retumban-te vitória no primeiro turno da votação. Consoante escrevi em numerosos tex-tos publicados neste jornal, as nossas pretensões estão lastreadas em argumentos com sede constitucional, históricos e lógicos, que construíram um monumen-to jurídico-legal, o qual, com certeza, nos permiti-rá, em breve tempo, obter o ansiado reconhecimento da inegável importância dos Advogados Públicos Federais na defesa do Esta-do e da Cidadania, impor-tância essa que se traduz não apenas no significativo êxito conseguido nas lides judiciais, como também em razão da gigantesca arreca-dação realizada em prol do Erário, sendo irrecusável admitir-se que as despesas com os futuros reajustes não pesarão nos cofres do Tesouro, porquanto serão pagas pelo trabalho produ-zido pelos referidos profis-sionais.

Como é notório, as Fun-ções Essenciais à Justiça estão incluídas no Capítulo IV do Título IV da Constitui-ção Federal, abrangendo o Ministério Público, a Ad-vocacia-Geral da União, as Procuradorias dos Estados e do Distrito Federal, e a Defensoria Pública, caben-do acentuar que a supra-citada PEC nº 443/2009 é

endereçada à Advocacia-Geral da União, e às Procu-radorias dos Estados e do Distrito Federal, sendo de ressaltar que as carreiras componentes das aludidas instituições, além de serem Carreiras Típicas de Estado, exercem Funções Essen-ciais à Justiça, com sede constitucional.

É bem verdade que ga-nhamos uma batalha, mas não vencemos a guerra. Todavia, com base na pos-tura adotada pela Câmara dos Deputados no primeiro turno e que espero venha a ser ratificada no segun-do turno de votação, creio que o Senado Federal nos concederá o indispensável e valioso apoio para que consigamos a promulgação da PEC nº 443/2009, a PEC da Redenção.

Desse modo, utilizando expressão conhecida na área castrense, não pode-mos ensarilhar as armas, mantendo a combatividade e a vigilância que nos asse-guraram o primeiro e notá-vel passo na longa e árdua jornada em busca de nos-sos legítimos objetivo, que têm respaldo, também, na isonomia, princípio univer-salmente consagrado no Direito pátrio.

Cumpre-me homena-gear aqui os nomes do saudoso Dr. Saulo Ramos, ex-Consultor-Geral da Re-pública, o Grande Pioneiro, que idealizou e impulsio-nou a criação da Advoca-cia-Geral da União, do Dr. Geraldo da Cruz Quintão, ex-Advogado-Geral da União, que, acolhendo pa-recer da APAFERJ, fortale-

ceu e valorizou a atuação dos Advogados Públicos Federais, do Dr. Gilmar Mendes, ex-Advogado-Ge-ral da União, cuja atuação, sem sombra de dúvida, re-volucionou a Advocacia Pú-blica e do Dr. Antonio Dias Toffoli, ex-Advogado-Geral da União, que projetou no universo jurídico a imagem da novel instituição, sendo de registrar que os dois úl-timos ilustram, hoje, o Su-premo Tribunal Federal.

Inobstante admitir que estamos enfrentando difícil e conturbado período polí-tico-econômico, o que ma-ximiza as críticas as nossas pretensões, é – nos defeso desanimar frente ao mar revolto e cheio de escolhos, porquanto o caráter dos Advogados é forjado nas duras e desgastantes bata-lhas forenses, que lhes en-rijecem o ânimo, a fim de, após longa travessia, che-garem ao porto seguro do Reconhecimento, palavra que sintetiza muitos anos de luta corajosa e incansá-vel, na busca de melhores dias, não se afastando, em nenhum momento, do sá-bio ensinamento contido na monumental sentença de Cícero, que encima e or-namenta este texto.

Contudo, se, por aca-so, algum colega sentir um vislumbre de desânimo ou impaciência, antevendo os formidáveis obstáculos que teremos de transpor, peço vênia para transcrever o parágrafo final do discur-so proferido pelo Deputa-do Federal Odilon Ribeiro Coutinho, no Congresso Nacional, em 1965, trans-

crito no livro “Rio Gran-de do Norte ORADORES (1889-2000)”, organiza-do pelo Escritor Jurandyr Navarro, editado pelo Departamento Estadual de Imprensa do Rio Gran-de do Norte e que me foi ofertado por meu saudo-so amigo e cunhado Mar-cos Maranhão. O texto a seguir adapta-se, muta-tis mutandis, à magnífica campanha empreendida pelas Associações repre-sentativas dos Advoga-dos Públicos Federais:

“A luta pela liberda-de, como a luta pelo amor, não termina nunca e o campo de batalha jamais se aquieti. Vamos travar a luta pela liberdade, qualquer que seja o seu preço, na certe-za de que ela um dia ressurgirá. Podemos perder com nossa atitude, o Congresso, mas teremos ganho a liberdade porque, a imagem que pro-jetaremos no Brasil, com a atitude que tivermos, será a se-mente da nossa res-surreição. E depois, quando a noite vier, estaremos lembra-dos das palavras de Maritain, quando os alemães invadiram a sua doce França: ‘A noite pode ser longa, a noite pode ser ne-gra. Por mais longa e negra que seja, ela caminha sempre, ine-vitavelmente, para a aurora’”.

Si vis, potes.

Reflexões Sobre a PEC nº 443/2009

Legum omnes servi sumus ut liberi esse possimus –

(Cícero)“Somos todos

servos das leis para que possamos ser

livres”