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WWW.PCO.ORG.BR/CAUSAOPERARIA • ANO XXXVI • Nº 895 • dE 9 A 15 dE ABRIl dE 2016 • OUtROS EStAdOS: R$ 2,00 • SãO PAUlO: R$1,00 SEmANáRIO NACIONAl OPERáRIO E SOCIAlIStA F u n d a d o e m j u n h o d e 1 9 7 9 EDITORIAL Impeachment, eleições gerais, parlamentarismo: tudo é golpe A direita não quer mais o PT no poder. Essa é a ba- se do golpe. Quando a im- prensa cartelizada, junto com setores do Judiciário e da Polícia Federal fazem de tudo para derrubar um presidente recém eleito, trata-se de um golpe. Pág.2 O golpismo vacila diante da pressão O tamanho e a tendência à radicalização das manifestações contrárias ao golpe estão colocando a política golpista na defensiva Pág.2 CONTRA O GOLPE DO IMPEACHMENT OCUPAR BRASÍLIA N o dia 11 de abril, a Comissão for- mada para ana- lisar o pedido de impeach- ment pretende votar o texto do relator. O movimento contra o golpe está se organizan- do para que pessoas de to- do o País estejam presentes em Brasília nesse dia, uma enorme caravana nacional em direção à capital federal. A luta precisa se expandir. O golpe só pode ser derrota- do pela mobilização dos tra- balhadores, dos movimen- tos sociais e de todos que se opõem a ele. Essa mobilização nacio- nal é importante para mos- trar que os trabalhadores não querem o impeachment, não querem um novo golpe de Estado. Por isso, a próxima eta- pa dessa luta deve ser to- mar Brasília, ocupando-a de ponta a ponta. É preciso estar atento para a possibi- lidade de que o governador do Distrito Federal, o direi- tista Rodrigo Rollemberg (PSB), procure impedir os manifestantes de chegarem ao seu destino, tal como fez Geraldo Alckmin no dia da manifestação do dia 18 de março, quando a polícia pa- rou diversos ônibus que se encaminhavam para o ato, atrasando a chegada deles. É preciso superar esses e outros obstáculos que a di- reita possa colocar no cami- nho e ocupar a capital fede- ral contra o impeachment. Os sindicatos devem colo- car todos os seus recursos a serviço dessa mobiliza- ção. Esses recursos, advin- dos dos trabalhadores, de- vem ser utilizados até o últi- mo centavo para derrotar o golpe, pois os golpistas são justamente os patrões, as di- reitas, que querem derrubar Dilma para impor um regi- me ainda mais duro contra os trabalhadores, retirando direitos e deteriorando suas condições de vida. ACESSE E LEIA: DIÁRIO CAUSA OPERÁRIA ONLINE CAUSAOPERARIA.ORG.BR NÃO LEIA O QUE ELES QUEREM QUE VOCÊ LEIA! A defesa capituladora de Dilma na Câmara Na segunda-feira (4), Jo- sé Eduardo Cardozo, advo- gado-geral da União, apre- sentou a defesa da presiden- te Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, em sessão da comissão do impeachment. Apesar de reconhecer o cará- ter político do processo, Car- doso apresentou uma defesa basicamente jurídica e téc- nica, sem responder direta- mente ao problema do golpe. Pág.3 Depois de “não é golpe”, “governo acabou” Após fazer campanha de que a manobra da direita pa- ra derrubar o governo não é golpe, os golpistas afirmam agora que o governo acabou. Usam a saída do PMDB do governo para afirmar que Dil- ma já estaria com os dias con- tados, ocultando a crise aber- ta por esta ruptura dentro do partido do vice-presidente e a fragilidade do próprio impea- chment. Estas notícias criadas na imprensa burguesa servem para criar uma realidade pa- ralela e pressionar os setores ainda vacilantes a irem à di- reita.Pág.3 “Não vai ter golpe”: grito se espalha pelo Brasil apesar do ministério da verdade Pág.4 Moro insiste e prepara nova fase do golpe Juiz de exceção “acha” que corrupção tem relação com a morte de Celso Daniel Pág.5 ONGs do imperialismo fazem campanha contra Maduro Milhares protestam contra candidatura de Keiko Fujimori no Peru Primárias: Sanders vence sexta consecutiva LEIA NA PÁGINA 8 MOVIMENTO ESTUDANTIL MULHERES FORÇA SINDICAL Paulinho da Força lamenta a dificuldade em dar o golpe Pág.7 Herói da direita golpista é alvo de 14 representações Pág.5 As eleições para DCE da USP em meio ao golpe de Estado no País A campanha eleitoral deve ser uma campanha contra o golpe dentro da USP Pág.7 Kit bíblico, a direita continua na ofensiva Igreja passa por cima do Estado laico Pág.7 ESCANDALO Papéis do Panamá só atingem países atrasados Pág.8 DIA 17 EM SÃO PAULO: TOMAR A AV. PAULISTA

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WWW.PCO.ORG.BR/CAUSAOPERARIA • ANO XXXVI • Nº 895 • dE 9 A 15 dE ABRIl dE 2016 • OUtROS EStAdOS: R$ 2,00 • SãO PAUlO: R$1,00

SEmANáRIO NACIONAl OPERáRIO E SOCIAlIStA

• fun

dado em junho de 1979 •

EditoriaLImpeachment, eleições gerais, parlamentarismo: tudo é golpeA direita não quer mais o PT no poder. Essa é a ba-se do golpe. Quando a im-prensa cartelizada, junto com setores do Judiciário e da Polícia federal fazem de tudo para derrubar um presidente recém eleito, trata-se de um golpe.

Pág.2

O golpismo vacila diante da pressãoO tamanho e a tendência à radicalização das manifestações contrárias ao golpe estão colocando a política golpista na defensiva

Pág.2

Contra o Golpe do ImpeaChment

oCupar BrasílIaNo dia 11 de abril,

a Comissão for-mada para ana-

lisar o pedido de impeach-ment pretende votar o texto do relator.

O movimento contra o golpe está se organizan-do para que pessoas de to-do o País estejam presentes em Brasília nesse dia, uma enorme caravana nacional em direção à capital federal.

A luta precisa se expandir. O golpe só pode ser derrota-do pela mobilização dos tra-balhadores, dos movimen-tos sociais e de todos que se opõem a ele.

Essa mobilização nacio-nal é importante para mos-trar que os trabalhadores não querem o impeachment, não querem um novo golpe de Estado.

Por isso, a próxima eta-pa dessa luta deve ser to-mar Brasília, ocupando-a de ponta a ponta. É preciso estar atento para a possibi-lidade de que o governador

do Distrito federal, o direi-tista Rodrigo Rollemberg (PSB), procure impedir os manifestantes de chegarem ao seu destino, tal como fez Geraldo Alckmin no dia da manifestação do dia 18 de março, quando a polícia pa-rou diversos ônibus que se encaminhavam para o ato, atrasando a chegada deles.

É preciso superar esses e outros obstáculos que a di-reita possa colocar no cami-nho e ocupar a capital fede-ral contra o impeachment. Os sindicatos devem colo-car todos os seus recursos a serviço dessa mobiliza-ção. Esses recursos, advin-dos dos trabalhadores, de-vem ser utilizados até o últi-mo centavo para derrotar o golpe, pois os golpistas são justamente os patrões, as di-reitas, que querem derrubar Dilma para impor um regi-me ainda mais duro contra os trabalhadores, retirando direitos e deteriorando suas condições de vida.

aCesse e leIa: dIárIo Causa

operárIa onlIneCausaoperarIa.orG.Br

não leIa o Que eles Querem Que

voCê leIa!

a defesa capituladora de dilma na Câmara

Na segunda-feira (4), Jo-sé Eduardo Cardozo, advo-gado-geral da União, apre-sentou a defesa da presiden-te Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, em sessão da comissão do impeachment.

Apesar de reconhecer o cará-ter político do processo, Car-doso apresentou uma defesa basicamente jurídica e téc-nica, sem responder direta-mente ao problema do golpe. Pág.3

depois de “não é golpe”, “governo acabou”

Após fazer campanha de que a manobra da direita pa-ra derrubar o governo não é golpe, os golpistas afirmam agora que o governo acabou. Usam a saída do PMDB do governo para afirmar que Dil-ma já estaria com os dias con-tados, ocultando a crise aber-

ta por esta ruptura dentro do partido do vice-presidente e a fragilidade do próprio impea-chment. Estas notícias criadas na imprensa burguesa servem para criar uma realidade pa-ralela e pressionar os setores ainda vacilantes a irem à di-reita.Pág.3

“não vai ter golpe”: grito se espalha pelo Brasil apesar do ministério da verdade Pág.4

moro insiste e prepara nova fase do golpe

Juiz de exceção “acha” que corrupção tem relação com a morte de Celso Daniel Pág.5

ONGs do imperialismo fazem campanha contra Maduro

Milhares protestam contra candidatura de Keiko Fujimori no Peru

Primárias: Sanders vence sexta consecutiva

LEia na Página 8

movImento estudantIl

mulheres

Força sIndICal

paulinho da Força lamenta a dificuldade em dar o golpe Pág.7

herói da direita golpista é alvo de 14 representações

Pág.5

as eleições para dCe da usp em meio ao golpe de estado no paísA campanha eleitoral deve ser uma campanha contra o golpe dentro da USP Pág.7

Kit bíblico, a direita continua na ofensivaIgreja passa por cima do Estado laico Pág.7

esCandalo

papéis do panamá só atingem países atrasados Pág.8

dIa 17 em são paulo: tomar a av. paulIsta

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CAUSA OPERÁRIA De 9 a 15 De abril De 20162

Impeachment, eleições gerais, parlamentarismo: tudo é golpe

A direita não quer mais o PT no poder. Essa é a base do golpe. Quando a imprensa

cartelizada, junto com setores do Ju-diciário e da Polícia federal fazem de tudo para derrubar um presidente re-cém eleito, trata-se de um golpe.

A maior parte da direita adotou o im-peachment como fórmula para o golpe, o que é conveniente, pois o processo tem uma aparência legal, constitucional.

Já para parte da esquerda peque-no-burguesa que se colocou do lado golpista, pedir o impeachment não é suficiente, pois ele significaria a su-bida de Michel Temer, do PMDB, o que é indefensável para a esquerda. Para remediar a situação, formularam um “fora todos” para acompanhar o “fora Dilma”, que de fato é o que está em pauta, e pedem eleições gerais. A formulação é absurda, uma vez que as eleições acabaram de ocorrer e antes mesmo delas, a direita já pedia a saída de Dilma. É como dizer que o resul-tado da eleição não valeu porque não ganhou quem era desejado pelo setor

que agora defende o impeachment. Pior ainda é o resultado de tal política. Em eleições gerais ou ganharia nova-mente o PT ou o PSDB. Pedir eleições gerais é, portanto, pedir que o PSDB entre no governo.

Há ainda uma outra reivindicação golpista, de um setor no momento mi-noritário; o parlamentarismo. Retirar poderes da presidência, transforman-do-a em figura meramente decorativa e dar o poder a um primeiro-ministro que, no atual momento, seria um Edu-ardo Cunha ou outra figura igualmente repudiada pela população.

Esse golpe foi dado inclusive contra João Goulart, que conseguiu reverter esse golpe, poucos anos antes de ele ser efetivamente derrubado pelos mi-litares.

Todas essas saídas são soluções para uma crise criada pela direita que, a ser-viço do imperialismo, quer retomar o poder a qualquer custo, e está usando desde a imprensa até a máquina estatal para conseguir esse objetivo. Trata-se de um golpe.

Charge da semana“A imprensa imparcial”, por Laerte

O golpismo vacila diante da pressão

O tamanho e a tendência à radicalização das manifes-tações contrárias ao golpe

estão colocando a política golpista na defensiva. A saída do PMDB do governo expôs o golpismo de parte deste partido, sobretudo de Michel Temer, vice-presidente da Repúbli-ca. A grande mobilização contrária ao golpe do último dia 31 se virou contra o PMDB, desde os cartazes le-vados por manifestantes até as falas dos dirigentes mais vacilantes e con-ciliadores.

O presidente do PT, Rui falcão, conhecido pela posição centrista, afir-mou no ato ocorrido na Praça da Sé, em São Paulo, que a política assumida por Temer é golpe. “Eu lamento que o vice eleito na nossa chapa, com o nos-so programa, participe agora de um impeachment sem base legal. Isso tem nome. É golpe”, disse falcão. Houve também falas bem mais agressivas e diretas contra o golpe do PMDB.

O sinal de que uma parcela consi-derável da população não aceitará este golpe sem reagir foi dado no dia em que o ex-presidente Lula foi levado para depor à força na Operação Lava Jato. O objetivo neste dia era o de levá-lo para Curitiba, mas devido à reação popular espontânea, que tomou as ruas de várias cidades,foi impossível colo-car esse plano em prática. O ato do úl-timo dia 18, ocorrido também em todo o país, com a maior concentração em São Paulo, na av. Paulista e no dia 31, na Pça da Sé, mostraram que a mobili-zação é crescente e muito viva.

A extensão da mobilização contra o golpe e sua radicalização, além do foco no PMDB podem colocar em xeque a operação de derrubada do governo, uma vez que se levado a diante pode levar a uma reação sem precedentes, empurrado toda a situação para a es-querda. Esta defensiva dos golpistas deve ser explorada para ampliar a mo-bilização contra o golpe.

Os atos já são uma extraordinária vitória contra o golpe

Na última semana foram re-alizados mais gigantescos e vitoriosos atos contra a

direita e o golpe. foram reunidas, em diversas cidades, dezenas de milha-res de pessoas. E uma coisa muito interessante começa a acontecer: os atos conseguiram de alguma maneira paralisar a burguesia. Os resultados práticos serão vistos nas próximas semanas.

Para esta semana está previsto o desenrolar da Comissão pelo impe-achment na Câmara dos Deputados além de novas manifestações. Mas já deu para perceber o clima na burgue-sia através da imprensa burguesa. Há muita dúvida. Já não há a certeza de que está tudo caminhando conforme o previsto. Além disso, a imprensa capi-talista decidiu atacar o vice-presidente Michel Temer (PMDB). “Será que o impeachment é a melhor solução?”.

Nada disso significa que a carta do impeachment está fora do jogo. Mas claramente estão sendo levantadas dú-vidas. A imprensa não pode negar o tamanho da mobilização contra os gol-pistas. Além disso está havendo uma evolução da mobilização popular.

O movimento começou com uma mobilização que era mais restrita ao ativismo político dos partidos de es-querda e dos sindicatos. Agora a coisa se generalizou. Ultrapassou barreiras e se transformou em uma verdadeira

mobilização popular. Trabalhadores, estudantes, artistas, juristas, a popula-ção em geral. Em certo sentido, o mo-vimento ganhou vida própria.

Até agora a imprensa capitalista não conseguiu responder ou mostrar o que está acontecendo. A dimensão que está tomando a luta contra o gol-pe; os atos de Brasília e de São Paulo, particularmente, chamaram muito a atenção de todos.

A burguesia nacional sem a ajuda do imperialismo não tem força nenhuma para lutar contra a multidão que saiu às ruas. Diante das manifestações fica evidente para a burguesia que os ata-ques contra os trabalhadores não serão possíveis assim tão facilmente.

Em outubrodo ano passado, uma das primeiras datas estipuladas para o golpe, o deputado Paulinho da força (do partido Solidariedade), declarou que não esperava ser tão difícil der-rubar Dilma. Essa perspectiva deve estar muito mais consolidada nesse momento.

As manifestações são uma extraor-dinária vitória contra o golpe e estão colocando em xeque toda a burguesia.

Nesse sentido é necessário não es-morecer ou acreditar na derrota do golpe. Ao contrário, é necessário for-talecer a mobilização; ampliar os atos e deixar claro que se necessário haverá uma verdadeira ocupação em Brasília para impedir o impeachment.

Organizar a discussão da 24ª Conferência Nacional do PCONos dias 22, 23 e 24 de abril, o

Partido da Causa Operária realizará sua 24ª Conferência Nacional. Diante da atual situação, em que o País se vê ameaçado por um golpe de Esta-do colocado em marcha pela direita, é fundamental uma análise profunda de tais acontecimentos.

Por isso, o PCO realizará uma conferência que reunirá delegados de vários estados do País para discutir a situação nacional, internacional e um balanço de atividades do partido, necessário para organizar o seu cres-cimento.

Será analisada a situação política brasileira a partir do fim do regime militar, em 1985, até hoje. A situa-ção também será analisada do ponto de vista internacional, tendo como ponto de partida a crise capitalis-ta que eclodiu em 1974, passando pelo neoliberalismo e a crise dessa política, que veio à tona em 2008 e que causou inúmeros levantes popu-lares, em especial na América Lati-na. A crise do neoliberalismo está na

origem do ascenso dos governos na-cionalistas burgueses, inclusive do próprio PT.

Compreender a situação em toda sua profundidade é essencial para avançar e ter uma política correta diante dos acontecimentos de enorme importân-cia que estão se dando no Brasil nesse momento.

Devido à importância da situação política, a discussão será aberta ao pú-blico em geral, que poderá se inscrever para participar da conferência e que poderá acompanhar também pela inter-net a discussão política em transmissão ao vivo.

O debate e esclarecimento das ques-tões colocadas hoje na ordem do dia são importantes para a organização da vanguarda consciente da classe operá-ria e para o avanço da luta popular con-tra o golpe.

Convidamos todos os interessados a participar da conferência, com o ob-jetivo de estabelecer de maneira firme a política revolucionária a ser seguida daqui para frente.

EDITORIAIS

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De 9 a 15 De abril De 2016 3CAUSA OPERÁRIA

CAUSA OPERARIA • Semanário Nacional Operário e Socialista •Ano XXXVI - nº 895 • de 9 a 15 de abril de 2016 • R$ 1,00 • Editor - Rui Costa Pimenta - Tiragem - dez mil exemplares Redação - Rua Apotribu nº 111, Saúde, São Paulo, Capital, CEP 04302-000 - Telefone (11) 5584-9322 • Sede Nacional - Distrito Federal - SCS Quadra 2, Edifício São Paulo, sala 310, CEP 70314-900, Fone (61) 3036-6158 - Correspondência e assinaturas - Todas as cartas, pedidos de assinaturas ou de informações sobre as publicações Causa Operária devem ser enviadas para a redação ou para o endereço eletrônico - [email protected], página na internet - www.pco.org.br/causaoperaria.

POLÍTICA

O ex-ministro da Justiça se ateve aos aspectos jurídicos do processo

Para a imprensa golpista, o governo morreu, só falta entenrrá-o

Impeachment

A defesa capituladora de Dilma na câmaraNa segunda-feira (4), José

Eduardo Cardozo, advo-gado-geral da União, apre-sentou a defesa da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, em sessão da comissão do impeach-ment. Apesar de reconhecer o caráter político do processo, Cardoso apresentou uma de-fesa basicamente jurídica e técnica, sem responder direta-mente ao problema do golpe.

Eduardo Cardozo, ex-mi-nistro da Justiça, marcou sua atuação pela conivência com as arbitrariedades do judici-ário e da Polícia Federal na Operação Lava Jato.

Antes de começar a expor a defesa de Dilma, ouve um protesto de dois deputados da direita, Arnaldo Faria de Sá (PTB) e Marcelo Aro (PHS), com o objetivo de impedir o

ministro de apresentar a de-fesa. Esta ação mostra a agres-sividade e o assanhamento da direita golpista, o qual não é respondido pelo PT.

A defesa apresentada por Cardozo se baseou no argu-mento de que as peladas fis-cais não configuram crime de responsabilidade, necessário para o processo de impeach-ment. A explicação técnica passa pelo fato de outros go-vernos terem usado a mesma ferramenta e conseguido a aprovação das contas e de que houve mudança na jurispru-dência em 2015, de forma que não poderia ser usada para um acontecimento pregresso.

O único argumento po-lítico que apareceu é que o processo teria sido aberto por vingança de Eduardo Cunha. A explicação é que o presi-

dente da Câmara dos Depu-tados teria se irritado pelo PT não ter o protegido no Con-selho de Ética, em que sofre processo que pode destituí-lo do cargo.

O espaço dado à defesa de Dilma deveria ter sido apro-veitado para fazer a denúncia do golpe, como um todo e não se ater a argumentos ju-rídicos e amenidades. É esta capitulação que condena o próprio governo e dá ainda mais espaço para a direita rai-vosa. Seria preciso denunciar a forma como o processo está se dando e que a falta de ar-gumentos jurídicos é só uma demonstração de que é um golpe. Se até agora levaram todo o processo sem levar em conta os problemas jurídicos, usar estes argumentos não servirão de nada.

Depois de “não é golpe”, “governo acabou”

Após fazer campanha de que a manobra da direita para derrubar o governo não é golpe, os golpistas afirmam agora que o governo acabou. Usam a saída do PMDB do governo para afirmar que Dilma já estaria com os dias contados, ocultando a crise aberta por esta ruptura dentro do partido do vice e a fragilidade do próprio im-peachment. Estas notícias criadas na imprensa burguesa servem para criar uma reali-dade paralela e pressionar os setores ainda vacilantes a irem à direita.

Esta mesma imprensa não conseguiu esconder, no en-tanto, que grande parte do PMDB, incluindo a maioria dos ministros se opuseram à saída do governo e planejam pedir licença do partido, para continuar apoiando a situação. Sobre o impeachment, se o PT conseguir o apoio da maioria do PP, PR e PSD, como está se configurando, não haverá o apoio de dois terços do Con-gresso Nacional para votá-lo.

Mesmo com toda a fragi-lidade do golpe, não faltam declarações de que o go-verno já estaria morto, só es-perando a sua troca. Mem-bros do PMDB e do PSDB chegam a aparecer publi-camente discutindo a for-mação do suposto novo go-verno, baseados nesta tese.

Estas manobras da im-prensa golpista precisam ser denunciadas e esclarecidas. Não se trata de o governo já

ter caído, mas do interesse dos golpistas e dar o governo por derrubado, facilitando sua própria atuação, seja pela pressão dos indecisos, seja por desanimar aqueles que se opõem ao golpe. Ainda que as bases sejam frágeis e no mesmo princípio da aliança do PT com a burguesia feita desde 1989, os acordos com a saída do PMDB podem ga-rantir sua permanência, pelo menos por algum tempo.

O melhor para o PT seria sair do poder?

Em entrevista à revista Carta Capital, o professor de História da Universidade Federal Fluminense, Da-niel Aarão Reis, apresentado como membro da fundação do PT, argumenta que a queda do governo seria favo-rável para o partido, para ele se renovar. Crítico à política levada pelo governo de Dilma Rousseff, Reis ignora que a movimentação da direita não tem o objetivo único de der-rubar o governo, mas atacar abertamente toda a esquerda e os direitos democráticos.

Na entrevista, o professor universitário critica a política do governo e levanta a tese da direita de que Dilma teria co-metido “estelionato eleitoral” por, assim como todos polí-ticos eleitos, não ter feito as promessas de campanha.

“A grande questão é a se-guinte: Dilma quer se manter

no poder para que, exata-mente? Para fazer que tipo de política? Ela não está fazendo o tipo de política com a qual se comprometeu no segundo turno. Vai fazer agora? Se esse é o caso, precisaria esclarecer. Mas ela manteria o apoio de Sarney e de Renan? É um mato sem cachorro…”, afirma Reis. Quer dizer que por estar sendo acuada e pressionada pela direita golpista, não va-leria a pena para o PT perma-necer na presidência? É uma tese completamente fora da realidade, que desconsidera a crise geral do governo, colo-cando o impeachment como algo isolado.

Para piorar, Daniel ainda defende que a saída do go-verno seria algo positivo, não uma derrota e um risco para o PT e toda a esquerda, como se pode imaginar. “Bem, se o impeachment for aprovado,

não parece razoável imaginar o PT apoiando um governo fruto do impeachment. Teria que ir para a oposição, cer-tamente. E isso poderia fazer bem ao partido” e ainda mais abertamente, diz que “para se reinventar, o PT precisa sair do poder”. Precisaria se con-siderar, em primeiro lugar, se o partido continuará exis-tindo depois deste golpe.

As ações da Polícia Federal e do juiz Sérgio Moro na Operação Lava Jato deixam claro que o objetivo final é cassar o registro do PT, apli-cando multas ao partido, dando-lhe a responsabili-dade pelos supostos crimes investigados. Para isto, já houve busca e apreensão na casa do ex-presidente Lula e outros dirigentes do partido, como o ex-tesoureiro João Vaccari Neto, que já foi in-clusive condenado.

O cinismo da burguesia não tem limites

Diante da saída do PMDB do governo, abandonando vá-rios cargos comissionados, Dilma teve de fazer um ajus-te, repondo estes cargos. Para a cínica imprensa burguesa, a medida é feita pelo gover-no para tentar angariar apoio entre alguns partidos e tentar impedir a aprovação do impea-chment, o que seria condenável.

Até hoje, todos os governos no Brasil que tiveram um par-lamento precisaram do apoio dele para conseguir gover-nar. O método para conseguir este apoio, em geral, é sempre o mesmo, através da distri-buição de cargos, dinheiro e favores. Isto sempre foi aceito ou ignorado, agora, no entan-to, os acordos que o governo procura formar para garantir sua capacidade de governar e, consequentemente, evitar sua derrubada, toda a imprensa condena este método.

Eliane Catanhêde, colu-nista de O Estado de S. Paulo, afirma que o grande proble-ma é que estes acordos têm como principal objetivo con-seguir mais de um terço no Congresso, necessário para conseguir impedir a apro-vação do impeachment ao invés de se focar na aprova-ção das medidas recessivas, que, para ela, deveriam ser o foco do governo. Mas como pode o governo se preocu-par com o “ajuste” se sequer possui a garantia de que du-rará o tempo necessário para aplicá-lo?

Outro argumento é que o governo estaria sendo salvo por políticos “fisiológicos”, aqueles interessados apenas em cargos, sem qualquer ca-ráter ideológico. O PMDB, o partido mais fisiológico neste sentido, que participou de to-dos os governos desde o fim

da Ditadura Militar, mostra que diante da crise política e a pressão pela derrubada do governo, os oportunistas são os que rompem, para apoiar a política golpista. O setor que continua no governo ou acei-ta a aliança neste momento o faz justamente em oposição ao golpe e não pelos supostos interesses fisiológicos.

A argumentação da im-prensa porta-voz dos golpistas é sem tamanho. Qualquer medida do go-verno e qualquer um que se aproximar dele são condena-dos, usando dos argumentos mais absurdos para isto. As alianças feitas desde o iní-cio da Frente Popular pela direção do PT foi a forma que escolheram para chegar no governo e para gover-nar, como fizeram também os governos que o antecede-ram.

O espírito público e a coragem de Eduardo Cunha e do PMDB

No último dia 29, o jornal O Estado de S. Paulo publicou o editorial “Espirito Público e Coragem”, em que ataca a política social petista e de-fende que o próximo governo, já pressupondo a queda do atual, aplique “medidas impo-pulares em benefício de toda a população”. O texto é uma defesa de que o PMDB, visto como um exemplo pelo pre-visto rompimento com o go-verno, imbuído de “espírito público e coragem”, governe o país, para aplicar a política exigida pelo imperialismo, de privatização e cortes públicos.

O texto começa afirmando que a política levada pelos se-guidos mandatos petistas na presidência agiram de forma “populista”. Esta acusação é tradicional dentro da direita, para atacar todo governo que crie programas voltados para que a população não morra de fome, como o Bolsa Família.

“A diferença entre um po-pulista como Lula e uma lide-rança movida por genuíno es-pírito público e democrático é que o ex-presidente, pater-

nalisticamente, se empenha em dar ao povo o que o povo pede, enquanto o verdadeiro líder cria condições para que o povo tenha efetivamente acesso àquilo de que precisa e a que tem direito”. Ou seja, quem sabe o que o povo pre-cisa é o “líder”, não o próprio povo. Com base neste racio-cínio, havendo uma liderança, não há necessidade de demo-cracia, pois é ela que sabe o que o povo precisa. É desta forma que o O Estado de S. Paulo, um dos principais porta-vozes da burguesia demonstra seu des-prezo pela população.

Este discurso é a repro-dução da máxima direitista de que não se deve dar o peixe, mas ensinar a pescar. Acon-tece que esses setores não são favoráveis a dar peixe, vara ou aula de pesca, são favoráveis a que a população pobre morra de fome, como acontecia até o governo de Fernando Hen-rique Cardoso.

Depois de muito criticar o governo, seu populismo e a corrupção estatal, o O Estado de S. Paulo passa a defender

a atuação do PMDB, que já teria se comprometido em partes com a política golpista.

“Assim sendo, só resta es-perar que o substituto legal de Dilma, [Michel Temer,] que já se comprometeu com programas pontuais impor-tantes, continue a inscrever com dignidade seu nome na História do Brasil, conven-cendo o corpo político de que o momento exige muito espí-rito público e coragem e tra-zendo para a administração pessoas notáveis que se afas-taram da política partidária, mas jamais deixaram de com-bater o bom combate.”

Neste trecho final do edi-torial, o jornal deixa claro que quem tem “espírito público e coragem” necessários é o PMDB, de Michel Temer, Edu-ardo Cunha, Renan Calheiros e etc. Aqueles que estavam do lado do terrível populismo até agora e que são envolvidos em toda a corrupção denun-ciada pelo mesmo jornal são os ideais para a política dos golpistas, para aplicar a polí-tica impopular.

Decisão do STF é em si um golpeGravações são ilegais mas

estão nas mãos do SupremoO Supremo Tribunal Fe-

deral decidiu que o processo que envolve a investigação de Lula deve ser analisado pelo próprio Supremo. Aparente-mente a decisão seria posi-

tiva, pois tiraria Lula do tri-buna de exceção de Sérgio Moro.

Porém, a decisão do STF foi apenas sobre uma questão formal, quer dizer, que a decisão liminar impe-dindo a posse de Lula como

ministro não poderia ser de-ferida por Gilmar Mendes tendo como base as grava-ções ilegais da conversa de Dilma e Lula.

Os votos vencidos, de Marco Aurélio Mello e Luiz Fux defenderam que, como

Lula não tem foro privile-giado, as investigações contra ele deveriam ser mantidas em Curitiba, e Moro deveria enviar a Brasília apenas as partes que envolvam Dilma e outras autoridades com prer-rogativa de serem investi-gadas pelo Supremo.

As gravações ilegais não estavam no mundo do di-reito e nem no STF, mas

agora estão, pelo menos de posse do tribunal, e podem ser levadas em consideração quando e se for debatido o mérito do problema.

São provas constituídas de maneira ilegal e deveriam ser desconsideradas de todo e qualquer processo, mas pode ser que não seja o caso no STF, especialmente por conta do golpe que está em anda-

mento e do que já foi feito pelo Poder Judiciário até o momento.

Uma das ilegalidades do judiciário é reconhecer que Sérgio Moro atacou aberta-mente o sigilo telefônico de Lula e Dilma, além de di-vulgar essa prova ilegal, mas, diante disso, nenhuma me-dida será tomada contra o juiz de exceção de Curitiba.

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De 9 a 15 De abril De 20164 CAUSA OPERÁRIAPOLÍTICA

Mobilização Permanente

“Não vai ter golpe”: grito se espalha pelo Brasil apesar do “Ministério da Verdade”Apesar do monopólio de imprensa golpista

Com o aprofundamen-to do processo golpista no País diversas manifestações foram realizadas. Tanto as direitistas, quanto popula-res anti golpe. Com o pas-

sar do tempo e o desenvol-ver da situação política, as de direita ficaram cada vez mais fascistas e as popula-res cada vez mais combati-vas.

Sem dúvida nenhuma a palavra de ordem que mais foi dita em todas as manifes-tações convocadas pela fren-te contra o golpe foi “não vai ter golpe!”. E essa palavra de ordem se espalhou pelo Bra-sil, chegando até a presidenta Dilma falar várias vezes.

O PIG (Partido da Im-prensa Golpista) tenta de to-das as formas apresentar que o impeachment tem posição unânime entre a população, de que todo o povo brasilei-ro esta contra o governo do PT. São como pesquisas elei-torais, onde durante todo o

processo passam informa-ções totalmente contrárias ao que acontecem no final.

O grito se espalhou, ape-sar do ministério da verdade, mais conhecido como mono-pólio de imprensa capitalista, que só apresenta mentiras. A imprensa tem papel impor-

tante no golpe de estado. A Rede Globo, principal repre-sentante deste monopólio já é reconhecidamente golpista.

É necessário cassar a con-cessão pública dessa meia dú-zia de famílias que controlam toda a informação. Golpista não pode ter concessão.

Jornal O Globo

Pesquisa é milagre:“o jornal mais confiável do País”

De acordo com pesqui-sa realizada pelas empresas Ideia Inteligência e CDN Co-municação, o jornal O Globo foi considerado o jornal mais confiável do país.

É de se admirar e dá pra di-zer até que é um milagre que o diário da Rede Globo, princi-pal alvo da campanha popular contra o monopólio dos meios de comunicação, seja eleito o jornal mais confiável do País.

Porém, a matéria diz, entre elogios a si mesma, que esta pesquisa foi realizada apenas com executivos e profissio-nais liberais acima de 29 anos de idade.

Quer dizer, apenas para a pequena-burguesia e a bur-guesia essa imprensa é con-fiável – afinal, eles dizem o que a classe média histérica quer ouvir. E a pesquisa mos-tra, mais uma vez a farsa que é a imprensa golpista.

Enquanto que a pequena-burguesia se deleita com o falso moralismo e as men-tiras contra as organiza-ções da esquerda e a popu-lação, a população está cada vez mais tomando consciên-cia da necessidade de acabar com essa emissora golpista e o resto do monopólio da im-prensa.

É preciso exigir já a cassação de conceção

Capa da Istoé de 6 de abril de 2016

Raquel Sheherazade, porta- voz da direita fascista em uma das maiores emissoras de TV do País

Istoé mostra os métodos da direita

A revista Istoé publicou nesta semana reportagem de capa em que a presidenta Dil-ma Rousseff é descrita como desequilibrada, louca, irascí-vel (apenas para citar alguns adjetivos). O título da ma-téria diz muito: “Uma presi-dente fora de si”.

Para caracterizá-la como uma “governante que age de maneira ensandecida” a com-para com um personagem da história colonial brasileira; “Maria I, a louca”.

Até o nome de medica-mentos psiquiátricos que Dilma Rousseff estaria to-mando são apresentados na matéria. “A medicação nem sempre apresenta efi-cácia, como é possível no-tar”, ressalta o texto. A Ad-vocacia Geral da União pu-blicou nota onde afirma que medidas jurídicas serão tomadas.

Esse é o método da direita contra seus adversários. Não tem nada de política. A críti-ca é baixa, caluniosa.

Esse é o jornalismo do mo-nopólio da imprensa burgue-sa quando se dedica a achin-calhar uma pessoa.

É também o método de setores da esquerda peque-no-burguesa. A provoca-ção substitui o debate polí-tico. Ao invés de teoria re-volucionária o que ocorre é uma adesão à mentalidade fascista.

A única elaboração a qual essa esquerda é capaz de produzir tem caráter es-tritamente fascistóide e busca através da exposição pública, da humilhação, da violência psicológica a inti-midação moral.

O que a Istoé e a impren-sa em geral fazem com a presidenta Dilma Rousseff, tem muito a ver com o que a esquerda pequeno-bur-guesa faz com organizações menores.

Essa é uma mentalidade de direita que precisa ser com-batida no seio da militância e organizações de esquerda.

Revista Veja

A enésima campanha judicial-policial-global: Celso Daniel

As campanhas da im-prensa burguesa contra o PT e pelo golpe já passa-ram por quase toda a vida do partido, independente de provas, crimes, fatos, o que importa é não esfriar a cam-panha.

Depois do último ato con-tra o golpe realizado pela es-querda, organizações, cen-trais, partidos políticos, a imprensa lançou a enésima campanha policial e judicial contra o Partido dos Traba-

lhadores, o caso Celso Da-niel, ex-prefeito de Santo An-dré, morto em 2012.

Depois do mensalão, da Petrobras, grampos, etc. ago-ra desenterraram o caso Cel-so Daniel como sendo um “cadáver da Lava-Jato”, como aponta a revista Veja desta se-mana.

Matérias de cinco anos atrás foram devolvidas aos noticiários e à imprensa es-crita. E, para provar algu-ma ligação de Dilma e Lula

ao caso, usaram uma cane-ta marca texto quando os no-mes forem citados. Os dois teriam sido responsáveis por desvios de 100 milhões de reais.

Para variar, a iniciativa de trazer o caso de volta foi do juiz de exceção Sérgio Moro, que, no seu entendimento, e também sem prova algu-ma, acha que Celso Daniel foi morto após tomar conhe-cimento de esquemas de cor-rupção.

Não existe prova algu-ma de ligação de algum es-quema de corrupção do PT com a morte de Celso Da-niel. Tudo não passa de mais uma fase da operação Lava-Jato que, enfraqueci-da, busca de todas as for-mas localizar algum fato que jogue mais gasolina no esquema golpista da im-prensa, da Polícia Federal e do Poder Judiciário contra Dilma, Lula e o Partido dos Trabalhadores.

Portal Opera Mundi

A prisão Breno Altman: Moro quer intimidar a imprensa democrática

A polícia federal decidiu executar, por ordem do juiz do Paraná Sérgio Moro, a condução coercitiva de Breno Altman, do portal na internet Opera Mundi.

O mandado foi cumprido em São Paulo. Ciente da ação, Breno Altman se apresen-tou diante da Polícia Federal em Brasília, onde estava para participar da mobilização do último dia 31 contra o golpe.

A condução coercitiva acontece mais uma vez sem que a vítima tenha sido an-

teriormente convocada para depor, o que a transforma em uma ilegalidade. Mas, o mais importante dessa nova ação da República do Paraná é que se trata de uma investida con-tra a imprensa democrática.

A decisão de Moro de prender Altman é uma ver-dadeira ameaça aos que estão denunciando o golpe, vale destacar, não é a primeira vez que isso acontece.

Foi dado o recado de que quem estiver usando seus instrumentos de resistên-

cia (a imprensa alternativa) para lutar contra o golpe e denunciar as arbitrariedades da justiça, particularmente de Moro estão ameaçados de terem o mesmo destino, pas-sarem pelo constrangimen-to, pela humilhação, investi-gação e acusação sem provas.

A imprensa democrática tem sido um importante foco de resistência. Tem sido a voz dissonante diante do mono-pólio da imprensa, contri-buindo para o esclarecimen-to e também para a mobiliza-

ção antigolpista. E Moro ten-ta calar essa voz.

A intimidação é a prática comum. Através dela a bur-guesia, através da justiça etc. tenta impedir que haja qual-quer reação contra os ataques que já está realizando e pre-tende ampliar contra os tra-balhadores.

É preciso denunciar essa investida de Moro e respon-der a ela com uma decidida e ainda maior campanha de mobilização contra a direita e o golpe.

SBT

Sheherazade: cachorro de estimação dos monopólios

Um vídeo com vários ar-tistas da Globo foi publicado na internet, e nele persona-lidades como José de Abreu, Monica Iozzi, Tonico Pereira e Letícia Sabatella se colocam contra o impeachment e cha-mam a Rede Globo de corrup-ta, uma reação natural contra um dos maiores monopólios da imprensa e que tem levado adiante a campanha golpista.

A jornalista do SBT, a fas-cista Rachel Sheherazade

compartilhou o link da notí-cia sobre o vídeo e criticou os artistas dizendo: “cuspindo no prato que comem”.

Sheherazade é uma das mais conhecidas jornalistas direitistas do Brasil. É dela que parte os maiores ataques aos direitos democráticos da população, a campanha gol-pista e os ataques ao direito do povo negro.

Entusiasta nº 1 dos “justi-ceiros”, a jornalista defende

grupos de extermínio e or-ganizações da extrema direi-ta, além da redução da maio-ridade penal, dentre outras propostas fascistas.

Essa jornalista não cospe no prato que come, pelo con-trário, lambe até a última mi-galha. É daquele tipo de jor-nalista que se estende no chão para os donos dos mo-nopólios limparem seus pés. Ela é o cachorrinho dos mo-nopólios da comunicações.

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De 9 a 15 De abril De 2016 5CAUSA OPERÁRIA POLÍTICA

Faixa do PCO já deu o recado em 2015...

Operação Lava-Jato

Moro insiste e prepara nova fase do golpe

Juiz de exceção “acha” que corrupção tem relação com a morte de Celso Daniel

Já está estampada nos jor-nais da imprensa burguesa a nova fase da Operação La-va-Jato, ou a nova fase do golpe, Operação Carbono 14. Agora a operação liga a corrupção na Petrobras ao assassinato do ex-prefei-to de Santo André, Celso Daniel.

Nesta operação já foi pre-so, por exemplo, o dono do jornal “Diário do Grande ABC”, Ronan Maria Pinto, que teria recebido, em 2004, R$ 6 milhões do Partido dos Trabalhadores, (também su-postamente) dinheiro de em-préstimo obtido pelo parti-do junto ao Banco Schahin

em troca de contrato com a Petrobras.

Para se tornar mais uma manchete dos jornais golpis-tas, bastou Moro “achar” que o suposto esquema de cor-rupção teria relação com a morte de Celso Daniel, algo que é especulado pela im-prensa, mas nunca houve uma prova capaz de provar essa alegação.

Sem prova alguma de suas alegações, Sérgio Moro disse que “é possível que este esque-ma criminoso tenha alguma relação com o homicídio, em janeiro de 2002, do então pre-feito de Santo André, Celso Da-niel, o que é ainda mais grave”.

Supostamente um juiz não poderia fazer alegações va-gas, de que “acha” uma coi-sa, que “é possível” outra coi-sa. Moro faz de tudo para for-necer para a direita golpis-ta uma nova manchete, uma nova operação golpista.

Por outro lado, tudo não passa de novas delações, novos depoimentos de gente aberta-mente comprada para atacar o PT e o governo. Não se trata de operação contra o crime, con-tra a corrupção, mas de uma nova operação golpista.

Herói da direita golpista é alvo de 14 representaçõesGrampos ilegais, delações e sequestro: a rotina de juiz golpista

O juiz do tribunal de exce-ção de Curitiba, Sérgio Moro, é apontado como herói nacio-nal pela direita golpista, pela imprensa burguesa e por uma parte do Poder Judiciário e Ministério Público.

O problema é que para ser o herói do golpe, Sérgio Moro rasgou diversas garantias de-mocráticas e constitucionais, abrindo uma perseguição política sem precedentes no judiciário brasileiro desde a abertura democrática.

Esses ataques promovidos por Moro foram alvo de di-versas denúncias políticas e, agora, começam a fazer parte de processos administrativos

movidos contra o represen-tante da República do Para-ná, e que tramitam no Con-selho Nacional de justiça.

São, até o momento, 14 re-presentações contra o modo de atuar de Sérgio Moro.

Onze dessas representações são reclamações disciplina-res relativas à divulgação dos grampos telefônicos de con-versas do ex-presidente Lula com a presidente Dilma Rous-seff. Esses grampos foram “va-zados” para a imprensa bur-guesa, que divulgou cada pala-vra da conversa como se o fato de conversar já fosse crime.

Outras três representações foram contra o sequestro de

Lula, alvo da chamada con-dução coercitiva determina-da por Moro, além de mais dois pedidos de providência.

Todos os pedidos foram apresentados ao CNJ, que é quem deve tomar alguma providência administrativa diante das más atuações de juízes.

O problema aqui é que não foram erros administrativos, mas ataques frontais aos di-reitos mínimos de um cida-dão, baseados nas delações premiadas, que, na verdade, não passam de fofocas com um determinado objetivo.

Diante disso, o mínimo que poderia acontecer é que Sérgio Moro fosse completa-mente afastado de suas atri-buições, por tempo indeter-minado.

Por trás do golpe, a privatização da Petrobras

“Petroserra” se destacaO jornalista Rodrigo Vian-

na publicou em seu blog Es-crevinhador, no portal da re-vista Fórum, um artigo sobre a situação política que, se-gundo ele, estaria sendo sor-didamente atacado pelo se-nador José Serra (PSDB-SP), que visa derrubar o governo Dilma e se colocar no poder. Para isto, afirma o articulista, o senador conta com apoio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e de seu presidente Paulo Skaf – filiado ao Partido do Movi-mento Democrático Brasilei-ro (PMDB).

A estratégia de Serra tam-bém conta com o apoio po-lítico do vice-presidente Mi-chel Temer (PMDB-SP) e com o presidente da Câma-ra dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Na análi-se de Vianna, o ex-presidente da República, Fernando Hen-rique Cardoso também esta-ria apoiando o tucano.

“Com Aécio descarta-do e envolvido até o pesco-ço em denúncias de corrup-ção, e com Alckmin enxota-do nas ruas e desmoralizado pelo escândalo da merenda e a ocupação das escolas, so-brou Serra no PSDB”, justifica Vianna.

José Serra constantemente tem sido atacado pela esquer-da e pelos representantes das direções sindicais, como foi o caso dos dirigentes da Fe-deração Única dos Petrolei-ros (FUP), que o chamou de entreguista, pelo fato de que o senador levou ao plenário do Senado, o PL 131, que ti-rava das mãos da Petrobras a participação mínima de 30% nos leilões de exploração do pré-sal.

Serra também é apontado

como o mentor do golpe que está sendo arquitetado con-tra o governo petista e toda esquerda nacional. Com sus-peitas de favorecer as multi-nacionais do petróleo, como a Shell e a Chevron, o tuca-no foi detectado pelo site Wi-kiLeaks, em conversa com a diretora da Chevron no Bra-sil, Patrícia Padral.

A diretora teria dito em um dos telegramas divulga-dos pelo site que José Serra não demonstrava “senso de urgência” e que ele deixava os “caras [do PT] fazerem o que eles quiserem”. Porém, Ser-ra, teria dito que se apoiaria – como de fato fez, basta ver sua justificativa para aprovar o PL 131 – na tese de que o petróleo, enquanto recurso energético estava com os dias contados devido à tendência mundial de mudar as matri-zes energéticas para fontes re-nováveis, as chamadas “ener-gias limpas”.

“As rodadas de licitações não vão acontecer, e aí nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava… E nós mudaremos de volta”, teria dito Serra, que na oca-sião era pré-candidato à pre-sidência da República.

Ao se atentar ao artigo de Rodrigo Vianna, rapidamen-te chegamos à conclusão de que Serra é definitivamen-te um oportunista. De forma completamente maniqueís-ta ela trama nos bastidores a queda do governo Dilma e a implantação de um governo cujas diretrizes são estranhas ao povo brasileiro.

“Agora o combate é esse: o povo brasileiro contra José Serra!”, defende o articulista.

O PL 131 foi aprovado pelo Senado na noite do último dia 24 de fevereiro por 40 votos a favor e 26 contrários. Em ca-ráter de urgência, os senado-res aprovaram o projeto após um acordo feito entre a opo-sição e o governo federal (al-guns dizem que Dilma teria sido contra). O acordo, que teria sido costurado pelo se-nador Romero Jucá (PMDB-RR), tira da Petrobras a posi-ção de exclusiva para dar a ela a posição de especial. Agora, a estatal, caso não queira, não mais terá obrigação de ser responsável pela quantia de 30% das jazidas petrolíferas.

O PL agora está na Câma-ra. E lá, estimam alguns ana-listas, a ofensiva sobre a Pe-trobras pode ser maior.

Impeachment

“Não é golpe”, a burguesia se esforça para convencer

Diante do aumento da po-larização entre golpistas e an-tigolpistas, evidenciada pelo tamanho das últimas mani-festações dos dois lados, a imprensa burguesa tem feito campanha em torno da legi-timidade da movimentação que participam. Um dos prin-cipais meios para a defesa do impeachment tem sido a utili-zação de declarações de juris-tas, que afirmam ser uma me-dida legal.

Do Supremo Tribunal Fe-deral, Celso de Mello, Cár-mem Lúcia e Dias Toffoli já deram declarações públicas de que o impeachment não pode ser considerado um gol-pe. “o impeachment não pode ser reduzido a um mero golpe de Estado porque o impeach-ment é um instrumento pre-visto na Constituição que es-tabelece regras básicas”, dis-se Mello em vídeo gravado por uma participante do gru-po de extrema-direita Mo-vimento Contra Corrupção,

que foi divulgado nos prin-cipais meios de comunicação da burguesia.

O ex-ministro do STF, Eros Grau foi mais longe e afir-mou que tentar lutar contra o golpe seria, este sim, um ata-que à Constituição. “A con-duta tendente a impedir o es-trito e rigoroso cumprimento do que dispõe a Constituição consubstancia desabrida con-fissão de prática de crime de responsabilidade”, declarou o ex-ministro que foi nomeado por Lula.

O posicionamento de indi-cados pelos governos do PT para o STF, que supostamen-te seriam apenas jurídicas, evi-denciam que o processo de impeachment não será barrado pela corte que analisará a de-cisão do Congresso Nacional. Ao contrário do que a pró-pria imprensa burguesa diz, esta corte não é controlada pelo PT, ainda que tenha indi-cado a maioria dos ministros, mas pelo contrário, Dilma já

é refém do STF. Isto aconte-ce, pois, em geral, as nomea-ções foram feitas com base em acordos com a base do gover-no, principalmente o PMDB, que agora se afasta do PT.

As declarações da direção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que decla-rou seu apoio aberto ao golpe, também têm sido amplamen-te divulgadas e vão no mes-mo sentido. “Quando se bus-ca questionar a própria lisu-ra de um processo de impea-chment, está se desconhecen-do a Constituição”, declarou o presidente da entidade, Clau-dio Lamachia, em entrevista a “O Globo”.

Declarações como estas se repetem nas colunas e nos edi-toriais dos principais jornais da burguesia. O esforço para tentar mostrar o golpe como algo legal demonstra a fraque-za do próprio golpe, uma vez que se ficar evidente como tal, pode desencadear um amplo movimento de reação.

“Pela legalidade”

Oito mil advogados assinam manifesto contra o golpeEstá em marcha o “gol-

pe legislativo”, “golpe branco” ou “golpe encoberto”, diz o documento

Muito embora a Ordem dos Advogados do Brasil, em nível nacional, tenha protocolado um pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, ad-vogados e outros juristas se co-locaram frontalmente contra o pedido, especialmente por fal-tar substância legal e por se tratar de uma campanha polí-tica da oposição.

Parte dessa resistência foi o documento assinado por oito

mil advogados, chamado Ma-nifesto da Legalidade, no qual é afirmado que a “a Presidenta Dilma Rousseff tem sido alvo de ataques sistemáticos pro-venientes de políticos da opo-sição, da grande mídia e de setores conservadores da so-ciedade desde o anúncio ofi-cial de sua vitória no segundo turno das eleições de 2014”.

O documento também de-nuncia o caráter golpista da imprensa burguesa: Grandes grupos de comunicação se de-dicam claramente a descons-truir um dos lados da disputa

política e a fortalecer o outro, fomentando a ideia de que o Partido dos Trabalhadores é o responsável pela corrupção estrutural no Brasil”.

Parte essencial do gol-pe, Eduardo Cunha (PMDB/RJ) já apareceu em diversas denúncias, mas, contornan-do todas elas, permanece na campanha golpista e lidera o impeachment da presidenta no Congresso Nacional.

Os advogados também re-conhecem esse fato ao dizer que “Eduardo Cunha, ainda não afastado pela Comissão

de Ética da Câmara dos De-putados, segue intocado no cargo de Presidente daquela Casa. Nessa condição, com o apoio da oposição derrotada nas urnas em 2014, está pres-tes a conduzir a primeira e mais importante fase do pro-cesso de impeachment”.

Denunciando o golpe pelo impeachment, o documento também afirma que “a ausên-cia de fundamento fático váli-do para motivação do impea-chment, a utilização de juízos políticos, vagos e imprecisos, e o descumprimento do prin-

cípio constitucional da lega-lidade são o instrumental ca-racterizador do que se pode chamar de “golpe legislativo”, “golpe branco” ou “golpe en-coberto” (a deposição de Fer-nando Lugo, Presidente do Paraguai, em 2012, embora não seja caso isolado na Amé-rica Latina, é o que mais bem ilustra a aplicação desse juízo político)”.

A reação dos advogados, em grande medida contra a própria OAB, mostra que a reação geral contra o golpe está crescendo.

Estes e outros setores de-mocráticos já denunciaram o caráter golpista dos pedidos de impeachment de Dilma Rousseff. Finalmente, ape-sar da campanha da impren-sa burguesa, nenhum des-ses pedidos apresenta uma prova de algum crime que, por ventura, pudesse levar a um processo a presidenta. E, se fosse o caso, ao impea-chment. A direita corre con-tra o relógio, e a cada dia que passa aumenta a resistência popular e democrática con-tra os golpistas..

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De 9 a 15 De abril De 20166 CAUSA OPERÁRIAMOVIMENTOS

São Paulo

Ditadura nos estádiosNa última segunda-feira

(4) em reunião da Secretaria de Segurança Pública do Es-tado de São Paulo, com a par-ticipação do Ministério Pú-blico, Poder Judiciário, Po-licia Militar, Policia Civil e a Federação Paulista de Futebol foi deliberada uma série de medidas ditatoriais contra as torcidas de futebol, limitando o direito de organização dos torcedores e circulação nos espaços públicos.

Torcida única nos clássicos paulistas, proibição de ade-reços, instrumentos, faixas e bandeiras, invasões nas sedes das torcidas e prisões arbitrá-rias, essas medidas estão sen-do justificadas pelo MP em campanha na imprensa gol-pista, devido ao confronto en-tre as torcidas no último do-mingo no clássico entre Pal-

meiras e Corinthians. A per-seguição às torcidas organiza-das no Estado de São Paulo é parte da campanha golpista, no momento em que as orga-nizadas saem às ruas denun-ciando a elitização do futebol, a máfia da CBF e da Rede Glo-bo, além do roubo da meren-da pelo governo tucano.

Fernando Capez, presi-dente da Assembleia Legis-lativa de São Paulo, acusado de ser articulador do roubo da merenda, é um grande co-nhecido das torcidas organi-zadas. Sua carreira política foi impulsionada no início da década de 90 pelos veículos de imprensa, ainda quando era Promotor de Justiça. Ca-pez foi responsável em iniciar uma guerra entre o Estado e as torcidas com a conhecida demagogia de acabar com a

violência nos estádios, o ob-jetivo dessa perseguição, po-rém, é a de abrir espaço pa-ra a elitização do futebol aca-bando com o foco de resis-tência popular no esporte que são as torcidas organizadas.

A Gaviões da Fiel, torci-da corintiana, tem levado à frente uma grande campanha de denúncia de toda a direi-ta golpista, e vem servindo de exemplo a outras torcidas, o que esta gerando uma repres-são tanto da policia quanto da justiça. A imprensa golpis-ta assim como faz aos movi-mentos sociais e partidos de esquerda, tem intensificado a campanha contra as organi-zadas para destruir a organi-zação popular que se mantém nos estádios “modernizados” com ingressos absurdamente caros.

As organizadas assim co-mo qualquer organização po-pular tem o direito de existir, esse direito democrático vem sendo atacado sistematica-

mente pela campanha golpis-ta. As torcidas devem cons-truir uma verdadeira luta contra a ditadura no futebol, contra a privatização e eliti-

zação do esporte que perten-ce ao povo e contra a direi-ta que pretende intensificar o ataque aos trabalhadores a partir do golpe de Estado.

Imagem do evento criado pelas torcidas no facebook

Torcida do São Paulo faz ato contra o golpe

Na noite da quarta-feira, dia 5 de abril, no Estádio do Morumbi, um pouco antes da partida entre São Paulo e Tru-jillanos, a torcida organizada Independente, do São Paulo, realizou um ato no estádio.

O ato foi realizado em frente ao portão principal do Estádio e tinha como eixo a luta contra o golpe, o escân-dalo da merenda do PSDB

-SP e a ditadura que a direita está tentando impôr nas par-tidas de futebol. Inclusive, os protestos foram realiza-dos um dia antes do governo de São Paulo decretar que só pode haver uma torcida nos clássicos.

Os torcedores organizados começaram a gritar palavras de ordem e outros torcedores aderiram às manifestações.

Torcidas do Rio convocam ato contra o golpe

Está marcado para este sá-bado, dia 9, um ato contra o golpe de Estado convocado por várias torcidas organiza-das do Rio de Janeiro.

O ato também será contra os ataques dos governos esta-duais de direita contra o fute-bol e os torcedores.

Várias manifestações de

torcidas organizadas contra o golpe estão acontecendo no Brasil inteiro, principalmente em São Paulo.

É importante que, como

parte da mobilização per-manente contra o golpe, se-jam organizados atos como esse por torcidas de todo o Brasil.

Análise Política da SemanaNa Fundação João Jorge da Costa Pimenta

Os manifestantes antigolpistas estão com uma agenda bastante grande nesta semana. Diversas atividades de grande porte foram marcadas, como encontros e mais um ato contra o golpe, no Vale do Anhangabaú.

Já tornado tradicional, o PCO vai realizar mais uma plenária para dis-cutir os principais assuntos da se-

mana, com o companheiro Rui Costa Pimenta.

Para participar apenas venha até a Fundação João Jorge da Costa Pimenta, em São Paulo, localizado na rua Apotri-bu, 111. Para outros que quiserem acom-panhar e residem fora da cidade de São Paulo poderá acompanhar, ao vivo, pelo canal CausaOperariaTV, no Youtube.

ao vIvo Todo sábado, 10h30

Causa operárIa tvcom Rui CoSTA PimenTA

acesse: www.causaoperaria.org.br

diário operário e socialista desde 2003

os acontecimentos do mundo visto de um ponto de vista crítico e revolucionário

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De 9 a 15 De abril De 2016 7CAUSA OPERÁRIA MOVIMENTOS

movimento estudantil

mulheres

Entre em contato com o PCO: por e-mail, [email protected] • por telefone, (11) 95456-9764 | (11) 5594-7651 • por whatsapp, (61) 9556-4183 • nas redes sociais, facebook.com/pco29 • pessoalmente, em Sao Paulo: Rua Serranos nº 108, Metrô Saude

Eles sabem: o golpe não tem apoio popular

O “Fora Todos”é um encobrimento do golpe da direita

Força Sindical

Paulinho da Força lamenta a dificuldade em dar o golpeO deputado Paulo Pereira

(Solidariedade), o Paulinho da Força, presidente da cen-tral sindical patronal Força Sindical e um dos principais golpistas dentro da Câma-ra, lamentou, em outubro do ano passado, que “imaginava que seria mais fácil derrubar a presidenta Dilma Rousseff ”. A lamentação de Paulinho se deu em uma entrevista para o jornal Valor publicada no mesmo mês.

Após essa declaração, ocorreram diversas revira-voltas na situação política. Diversas manifestações a fa-

vor e contra o golpe, algumas gigantescas, como as do dia 18 de março convocada pela Frente Brasil Popular.

Recentemente, foi vazado um áudio de uma conversa telefônica do mesmo golpis-ta, no qual diz que existe mui-ta gente que financia o impea-chment e que tem muita gente realmente interessada na der-rubada de Dilma e que mes-mo assim a oposição não con-seguia apoio para dar o golpe.

Paulinho da Força e os ou-tros golpistas sabem que o golpe não possui apoio po-pular. Por isso utilizam-se de

todos os meios possíveis pa-ra enganar a população, co-mo o monopólio da impren-sa que martela todos os dias na cabeça do cidadão tudo o que os golpistas querem que acredite.

O impasse dos golpistas deve ser ainda maior neste momento. Com o estado de mobilização permanente que a frente contra o golpe tem realizado, o golpe se torna ca-da vez mais difícil. O golpe é dado por uma minoria con-tra uma maioria e não possui apoio popular, como as decla-rações de Paulinho provam.

Professores- SP

Alckmin suspende pagamento de bônus aos professores

O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alck-min (PSDB), suspendeu o pagamento do bônus aos professores e servidores da educação.

Foi anunciada pelo Gover-no de São Paulo, a suspensão do pagamento do bônus aos professores e servidores. O bônus é pago às escolas que atingem as metas do Índice de Desenvolvimento da Edu-cação do Estado de São Paulo (IDESP) por meio da aplica-ção da prova SARESP. Segun-do o governo, o pagamen-to do bônus será convertido em um reajuste salarial de 2,5% a 400 mil professores e servidores.

O bônus sempre foi um golpe contra a categoria, pois é devolvido, a uma par-cela, parte do que foi rouba-do de todos, para aprofundar a divisão na luta pelas ques-tões concretas de melhoria da educação. Enquanto o alto escalão da Secretaria de Edu-cação, Diretoria de Ensino e diretores das escolas recebe valores elevados a maior par-te da categoria fica com mi-galhas ao invés de um reajus-te salarial digno.

Pagar bem o alto escalão é a forma encontrada pelo go-verno de comprar os que co-mandam e assediam os pro-fessores a não lutarem contra a destruição da educação pú-blica. Nas escolas, os profes-sores são coagidos pelos dire-tores e coordenadores a me-lhorarem os índices de ava-liação, ludibriando os traba-

lhadores com o mentiroso bônus.

Em 2015 a categoria lutou contra esta situação, foram 92 dias de greve, sem ob-ter nada de concreto do go-verno tucano, os estudantes também lutaram no final do ano através das ocupações das escolas, o que impediu o fechamento de centenas de escolas, porém a desorga-nização continua e milhares de salas de aulas estão sen-do fechadas. O não paga-mento da migalha do bônus e a proposta de reajuste de 2,5% é um grande calote le-vado pela categoria.

A direita golpista do PS-DB não pretende investir e melhorar a educação, mas privatizá-la, entregar um di-reito da população aos es-peculadores capitalistas. A destruição da educação é proposital, criada pelos que roubam merenda das crian-ças por meio de contratos fraudulentos. Estes querem aplicar um golpe de Esta-do e destruir todas as for-mas de organização da clas-se trabalhadora. Aplicar em todo o país as compulsórias privatizações dos setores es-senciais para a população, como saúde e educação.

Os professores não po-dem acreditar em mentiras como o bônus, mas lutar por um reajuste real dos salários. Barrar o golpe no Brasil e lu-tar contra a direita inimiga da educação pública é um dever imediato de todos os professores.

As eleições para DCE da USP em meio ao golpe de Estado no PaísA campanha eleitoral deve ser uma campanha contra o golpe dentro da USP

Esta começando nesta se-mana a campanha eleitoral para ser decidido qual será a nova gestão do DCE (Di-retório Central dos Estudan-tes) da USP (Universidade de São Paulo). Na última quinta-feira (30) foram inscritas dez chapas para concorrerem. O período para campanha se-rá de apenas cinco dias, pois a votação já acontecerá nos dias 12,13,14 de abril.

Há diversos anos a juven-tude do PCO, a AJR, partici-pa das eleições, denunciando os golpes que são dados pelo PSOL/PSTU para se mante-rem na direção da entidade, no entanto, neste momento esta acontecendo uma luta de muito maior envergadura no País inteiro e que afeta bas-tante a USP.

A atual gestão do diretó-rio esta nas mãos da esquer-da coxinha, mais conhecida como Psol e PSTU. Eles es-tão favoráveis a derrubada do governo petista pela di-reita e por isso não mobili-zam os estudantes para a lu-ta. E para se manter no con-trole do diretório sem gran-des problemas organizam uma eleição de mentirinha, com apenas um dia de ins-crição, uma semana de cam-panha, ignoram as lutas po-líticas que estão ocorren-do de grande envergadura e impõe diversas barreiras pa-ra inscrição de chapas, entre outros golpes.

Os estudantes do PCO que participam da mobilização contra o golpe desde o iní-cio montou uma chapa com o nome ‘USP contra o Golpe’, que conta com membros da AJR e membros independen-tes, mas que estão se posicio-nando contra o golpe.

O intuito da chapa é apro-fundar o debate sobre a ques-

tão de resistir ao golpe, sobre as posições de direita que a esquerda pequeno burguesa tem tomado, principalmen-te dentro da USP, e mobilizar ao máximo todos os estudan-tes da USP para lutar contra o golpe.

Para a defesa da USP e de todas universidades e esco-las públicas do Brasil é ne-

cessário resistir ao golpe. É preciso que o movimento es-tudantil brasileiro, principal-mente o da USP se some ao movimento não só nacional, mas também internacional que já possui milhões de pes-soas para dizer não ao gol-pe. A USP precisa se levantar contra o golpe em marcha no País.

Esquerda pequeno-burguesa

O 1º de abril da esquerda coxinhaNa sexta-feira, 1º de

Abril, aconteceu o ato con-vocado pelo Espaço Unida-de de Ação (EUA), que se intitula de terceira via. Pe-dindo a saída de “todos”, o ato se concentrou no vão li-vre do MASP e saiu em pas-seata até o escritório da Pre-sidência da República, no Edifício Nacional, também situado na av. Paulista.

Entre os grupos que par-ticipam do EUA estão PSTU, Movimento Revolucionário dos Trabalhadores, Movimen-to Negação da Negação, Par-tido Operário Revolucioná-rio e as correntes internas do Psol MES, LSR e CST. Todos da esquerda pequeno-burgue-sa e com variações e iam desde denunciar o golpe e se opor ao governo, exigência de eleições gerais e, o mais escandaloso, a repetição da palavra de ordem da direita de “fora Dilma”.

Segundo os organizadores,

haveria cinco mil pessoas, número bem inferior dos atos a favor e contra o golpe de Es-tado em marcha. Ocupando menos de uma quadra e ape-

nas um dos sentidos da im-portante avenida, no entanto, dificilmente o movimento re-uniu mais de mil pessoas.

O desânimo dos partici-

pantes com a baixa adesão ao ato que deveria se opor aos outros dois que tomaram os noticiários nos últimos meses era evidente.

Kit bíblico: a direita continua na ofensivaIgreja passa por cima do Estado laico

Esta em discussão na As-sembleia Legislativa de São Paulo um projeto de lei que determina a distribuição de um “kit bíblico” para jovens e crianças das escolas públicas estaduais. A autoria do proje-to de lei é do deputado Rodri-go Moraes, do DEM.

Além de deputado, Ro-drigo também é missionário da Igreja Mundial do Po-der de Deus e filho de outro missionário que também já se elegeu deputado federal pelo DEM.

De acordo com o depu-tado Rodrigo, o PL (Projeto de Lei) determinaria uma sé-rie de materiais, incluindo a própria Bíblia para distribui-ção nos colégios públicos de S. Paulo. Sua defesa é de que a Bíblia por ser o livro mais im-presso no mundo é base para uma sociedade moral e sau-

dável. E que os bons valores para se ter em sociedade es-tão todos na própria Bíblia.

Claro que tudo não pas-sa do velho cinismo da di-reita para impor uma políti-ca de repressão. A sociedade “moral e saudável” é aquela que oprime as mulheres, por exemplo.

Com o andamento do processo golpista no País, di-versos setores de direita fica-ram assanhados para atuar. A Igreja que atua no cená-rio político atacando sempre as mulheres e as minorias agora aumentou mais ainda os ataques, como por exem-plo o Estatuto do Nascituro, o Estatuto das Famílias, en-tre outros projetos. Essa no-va lei é um exemplo claro da ofensiva da direita contra es-ses setores oprimidos da so-ciedade.

Page 8: PC.R.RCASAPERARIA • AN XXXVI • Nº 895 • DE 9 A 15 DE ARI ... · a defesa capituladora de dilma na Câmara Na segunda-feira (4), Jo-sé Eduardo Cardozo, advo-gado-geral da União,

De 9 a 15 De abril De 20168 CAUSA OPERÁRIAINTERNACIONAL

Escândalo

“Papéis do Panamá” só atingem países atrasadosDocumentos vazados de escritório panamenho mostram o mundo secreto de corrupção da burguesia, mas figuras de países imperialistas não são atingidas

No domingo, 3 de abril, o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (CI-JI) publicou uma série de do-cumentos mostrando um grande esquema envolven-do bancos e bancas de advo-cacia para esconder e lavar dinheiro.

Os documentos, que che-gam a cerca de 11,5 milhões, pertencem à empresa pana-menha Mossack Fonseca, e mostram como políticos, cri-minosos e celebridades ocul-tam recursos no exterior por meio de offshores. Essas em-presas dão uma cobertura le-gal para a ocultação de re-

cursos e para a lavagem de dinheiro.

Por meio de empresas cria-das especialmente para esse fim, seus verdadeiros donos permanecem anônimos e po-dem abrir contas em bancos e adquirir propriedades sem aparecer. O “serviço” é usa-do para esconder dinheiro de corrupção, tráfico de drogas, armas e pessoas, evasão fis-cal etc.

O maior destaque dado pe-la imprensa internacional foi para o fato de que estão na lista figuras próximas do pre-sidente da Rússia, Vladimir Putin. Apesar do destaque,

o nome do presidente rus-so não aparece nenhuma vez no 11,5 milhões de documen-tos. Outros nomes que apare-cem são os do ex-presidente egípcio Hosni Mubarack e do presidente da Síria, Bachar Al Assad.

Também está na lista o atual presidente da Argentina, Mauricio Macri, que foi dire-tor de uma empresa sediada no Panamá gerenciada pela Mossack Fonseca. A lista atin-ge muitos líderes políticos de direita em todo o mundo, mas nenhum político de nenhum país imperialista, o que indi-ca tratar-se de uma manobra para atacar os países atrasa-dos, em um momento em que o imperialismo está em uma ofensiva para aumentar seu controle.

Alguns brasileiros também aparecem entre os que usa-ram os serviços da Mossack Fonseca, como o presiden-te da Câmara dos deputados e capitão do golpe no Con-gresso, Eduardo Cunha, e o

ex-ministro do STF Joaquim Barbosa. Junto com o PMDB, políticos de mais seis partidos aparecem nos Papéis do Pana-má, esses partidos são os se-guintes: PDT, PP, PSB, PSD, PSDB e PTB.

Além disso, a Mossack Fonseca também seria dona do famoso “triplex de Paraty” da Rede Globo. A Odebrecht, investigada na Lava Jato, tam-bém aparece nos documen-tos.

Empresa que foi dividida pelo atual presidente da Argentina está na lista

Eleições nos EUA

Sanders vence sexta primária consecutivaCandidato que desafia a cúpula democrata ainda está longe de sua concorrente, Hillary Clinton, mas continua em ascensão, numa disputa cada vez menos desigual

Na terça-feira, 5 de abril, aconteceu mais uma etapa das eleições primárias nos EUA, dessa vez no importante es-tado de Wisconsin. Pelos re-publicanos, Ted Cruz venceu mais, ameaçando cada vez mais vencer Donald Trump, ou pelo menos evitar que ele eleja a quantidade necessária de delegados para garantir a nomeação na Convenção Na-cional, caso em que os delega-dos ficariam livres para votar em quem quiserem.

Seja com o avulso Trump, ou com o candidato do Tea Party, Cruz, a direção do par-tido foi derrotada e não con-seguiu impor nenhum de seus favoritos, começando por Jeb Bush, que naufragou logo no começo da campanha. Isso é a expressão de uma crise po-lítica nos EUA, consequência do aprofundamento da crise do capitalismo e do colapso neoliberal.

Essa mesma crise se ex-pressa também no Partido Democrata. A candidata pre-ferida pela direção do parti-do e pelos grandes patrocina-dores de campanhas de Wall Street, Hillary Clinton, era dada como vencedora antes mesmo de as primárias come-çarem. Hoje, faltando pouco mais de um terço do proces-so para as primárias termina-rem, o adversário de Hillary, Bernie Sanders, elegeu 1027 delegados, contra 1279 da candidata.

Em Wisconsin, Hillary também era favorita, mas ter-minou derrotada por Sanders, em forte ascensão. Sanders venceu em sete dos oitos esta-dos que votaram anteriormen-te, e emplacou sua sexta vitó-ria consecutiva. No começo da campanha, as pesquisas mos-travam Sanders entre 60 e 70 pontos atrás de Hillary, agora ficam entre um ponto de van-tagem e um de desvantagem.

Graças aos “superdelega-dos” democratas, que não são eleitos e votam em quem quiser, Hillary ainda tem uma vantagem muito gran-de. Contando esses votos, a vantagem de Hillary vai pa-ra 1748 contra 1058. Os su-perdelegados são uma forma antidemocrática de a direção do partido exercer ainda mais um controle direto sobre as primárias internas.

A diferença entre Hillary e Sanders no apoio dos super-delegados (469 para Hillary contra 31 de Sanders) mostra o quanto a direção do parti-do está apoiando a ex-secre-tária de Estado. Se os super-delegados tornam uma vitó-ria de Sanders improvável, embora possível até agora, o desempenho da candidatu-ra que desafiou o aparato do partido já expôs uma enorme crise entre os democratas, as-sim como acontece entre os republicanos. Uma profunda crise política do regime nor-te-americano de conjunto.

França

Polícia prende 130 em protesto contra reforma trabalhistaProtestos por todo o País reuniram 1,2 milhões de pessoas contra projeto que facilitará demissões e atacará a jornada de trabalho de 35 horas

Na terça-feira, 5 de abril, a polícia prendeu 130 pessoas em Paris, para “checar suas identidades”. As detenções ocorreram durante um pro-testo massivo contra a refor-ma trabalhista proposta pelo governo do Partido Socialista (PS), do presidente François Hollande.

Além de Paris, o protesto, que reuniu centenas de mi-lhares de estudantes univer-sitários e secundaristas, que se juntaram aos sindicalistas, aconteceu também em cidades como Marselha, Rouen e Ren-nes. Ao todo, 1,2 milhões de pessoas foram às ruas, segun-do os organizadores. A polícia

afirma que seriam 390 mil.Há várias noites, há uma

ocupação com centenas de pessoas na Praça da Repúbli-ca. A proposta de mudança das leis será lida no Congres-so na quinta-feira (7). Duran-te a quarta-feira, a ministra da Educação, Najat Vallau-d-Belkacem, reuniu-se com líderes do movimentos estu-dantil para discutir as reivin-dicações do movimento.

O governo vende o paco-te de ataques aos trabalhado-

res como uma suposta solu-ção para o desemprego que atinge a França. Um pretexto frequente da direita para ata-car os trabalhadores, sendo re-produzido pelos “socialistas” do PS. O governo pretende fa-cilitar a demissão dos funcio-nários pelos patrões, e atacar a jornada de trabalho conquis-tada no passado pelos france-ses, de 35 horas. As horas extra que passem dessas 35 horas, custariam 10% para os empre-gadores, e não os atuais 25%.

Peru

Milhares protestam contra candidatura da filhade Fujimori no PeruKeiko Fujimori lidera as pesquisas eleitorais e representa a nova ofensiva neoliberal do imperialismo em toda a região

Na terça-feira, 5 de abril, milhares de pessoas protes-taram contra a candidatu-ra de Keiko Fujimori à pre-sidência do Peru. O protesto aconteceu na capital, Lima, e em muitas outras cidades por todo o País. Keiko Fujimo-ri aparece em primeiro lugar em diversas pesquisas para a votação do primeiro turno, no próximo dia 10.

A data do protesto tam-bém marca o aniversário do autogolpe dado pelo ex-pre-sidente Alberto Fujimori em 1992. Atualmente preso, Al-berto Fujimori é pai da can-didata Keiko, que manteve

vários dos quadros do “fuji-morismo” no que poderá se tornar sua equipe de gover-no. O autogolpe de Fujimori na década de 90 foi dado para impor as políticas econômi-cas do neoliberalismo contra a população.

Outras grandes mobiliza-ções contra Keiko acontece-ram em março, em Lima, pe-dindo que sua candidatura fosse excluída. Pedidos para excluir a candidata foram re-jeitados no Tribunal Nacional Eleitoral.

O atual presidente, Ollanta Humala, disse que o 5 de abril representa uma data “funesta

na história do Peru”, mas de-clarou não apoiar as manifes-tações. Defendeu, no entanto, “direito de se expressarem li-vremente dentro do clima de liberdade para fazer as mo-bilizações”. Humala foi alvo de uma campanha de direita supostamente “contra a cor-rupção” do mesmo tipo que foi feita contra o PT no Bra-

sil e tantos outros governos na região.

Uma vitória de Keiko in-tensificará a repressão no País, para implementar mais uma ofensiva neoliberal no País, como está acontecendo em toda a América Latina, com a política golpista da di-reita a a serviço do imperia-lismo.

Venezuela

ONGs do imperialismo fazem campanha contra MaduroUtilizar ONGs para promover campanhas golpistas é um esquema já tradicional do imperialismo norte-americano para derrubar governos

Na segunda-feira, 4 de abril, a Human Rights Watch (HRW) e o Programa Vene-zuelano de Educação-Ação em Direitos Humanos (Provea) divulgaram um estudo acu-sando a Venezuela de praticar detenções e execuções extra-judiciais. Todas as ONGs que participam dessa campanha contra o governo da Venezuela são ligadas aos EUA, que têm o objetivo de derrubar o presi-dente Nicolás Maduro.

O imperialismo tem usa-do órgãos internacionais para pressionar a Venezuela, usando

a questão dos direitos huma-nos. O relatório foi divulgado horas antes de um representan-te venezuelano falar à Comis-são Interamericana de Direi-tos Humanos, onde o governo venezuelano já era pressiona-do com acusações por supos-tos “abusos” contra os direitos humanos. Ironicamente, essas acusações partem dos norte-a-mericanos, que mantêm mi-lhões de presos em condições deploráveis e são responsáveis pela prisão de Guantánamo.

Financiar ONGs para ata-car governos que os EUA que-

rem derrubar é um esquema frequente do imperialismo norte-americana para promo-ver o golpismo. Essa manobra foi usada para dar o golpe na Ucrânia ou o golpe no Brasil em 1964, além de estar sendo usada agora na tentativa de golpe em curso.

Na Venezuela, os golpistas, apoiados pelos EUA, tentam derrubar o governo há mais de dez anos. Em 2002, uma tentativa fracassada teve que ser abandonada devido à rea-ção popular. Há uma campa-nha sistemática contra o go-verno chavista na imprensa capitalista, parte dessa cam-panha é feita por essas ONGs que supostamente defende-riam os direitos humanos.

Ministro Russo

Lavrov denuncia a tentativa de golpe na VenezuelaGoverno russo denuncia o golpismo teleguiado em curso contra o chavismo

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, afirmou na sema-na passada, em um encontro com estudantes latino-ame-ricanos, que acompanha de perto a situação da Venezuela e que “a Venezuela é um País que estão tratando de destruir de fora”.

Em março de 2014, du-rante a agitação golpista promovida pela direita que procurava desestabilizar o País para derrubar o gover-no, o ministério comandado por Lavrov já havia mani-festado sua solidariedade ao

governo venezuelano contra os golpistas.

Os interesses de fora que buscam dar um golpe na Ve-nezuela, como denuncia La-vrov, são os interesses do imperialismo, os mesmos interesses por trás do gol-pismo de direita no Brasil. Os EUA sofreram as con-sequências do aprofunda-mento da crise capitalista a partir de 2008. Diante disso, colocou-se para o imperia-lismo a necessidade de in-tensificar a exploração dos países atrasados.

Para aumentar a explo-

ração dos países atrasados, com mais entrega de recur-sos para o imperialismo e mais exploração dos traba-lhadores desses países, o im-perialismo precisa de go-vernos que imponham esse programa contra os traba-lhadores. Governos que im-ponham um programa en-treguista e de ataques aos di-reitos dos trabalhadores e a suas organizações por meio da repressão.

É esse tipo de governo que o imperialismo busca impor no maior número de países atrasados. É a serviço desses interesses de fora que a direi-ta golpista atua, na Venezue-la, no Brasil e em muito ou-tros países.