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ENSINO SUPERIOR ENTREVISTA Andrea Matarazzo e o desafio de solucionar dramas da metrópole AGITAÇÃO CULTURAL Curso reconstrói a história paulista por meio da arte ACRE Estágio para índios ajuda a preservar a natureza 200 anos de erros e acertos

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ENSINO SUPERIOR

ENTREVISTAAndrea Matarazzo e o desafio de solucionar dramas da metrópole

AGITAÇÃO CULTURALCurso reconstrói a história

paulista por meio da arte

ACREEstágio para índios ajuda

a preservar a natureza

200 anos de erros e acertos

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Conheça o Projeto Aprendiz Legal e dê uma oportunidade a quem não tem.O Aprendiz Legal é um programa de aprendizagem no trabalho para jovens de 14 a 24 anos, realizado na empresa,

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cumprir a Lei da Aprendizagem (nº 10.097/2000). Afinal, um bom empresário não deixa uma boa oportunidade passar.

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Da empresa para o poder público: a trajetória de Andrea Matarazzo. pág. 8

nº 81, maio/junho 2008

A tiragem desta edição é de 85.000 exemplares.

Auditada por

200 anos de ensino superior: um panorama do desen-volvimento da educação desde 1808 até hoje. pág. 26

ENTREVISTA

CAPA

História paulistana é revisi-tada pelas manifestações culturais. pág. 74

CULTURAL

Teste de temperamento ajuda na busca por uma profissão. pág. 43

AGITAÇÃO JOVEM

Carta ao leitor ..........................................................4

Ponto de Partida .......................................................6

Aprendiz ...................................................................12

Social ........................................................................15

Tendências ................................................................16

Novas Idéias .............................................................19

Serviços ....................................................................20

Escolas ......................................................................22

Bahia .........................................................................24

Carreira ....................................................................25

Justiça .......................................................................36

Centro-Oeste ...........................................................39

Empresas ..................................................................40

3º Setor ....................................................................51

Opinião .....................................................................52

Gerais .......................................................................54

Santa Casa ................................................................56

Em Foco ...................................................................58

Pesquisa ....................................................................66

Eventos .....................................................................68

Análise ......................................................................72

Dicas de Português ...................................................78

Cartas .......................................................................80

Os índios estagiários na luta pela preservação ambiental. pág. 34

ACRE

Aprendiz Legal ..........................................................2

Corrida Universitária CIEE .......................................5

Prêmio CIEE/SENAD ...............................................17

Prêmio Literário CIEE/CADE ..................................37

Prêmio As Melhores Empresas para Estagiar ..........59

Programa Diálogo Nacional .....................................67

Conta Universitária Bradesco ...................................83

CIEE, estágio de qualidade .......................................84

DIVULGAÇÃO

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4 Agitação mai/jun 2008

é editada pelo

Editor responsável: Luiz Gonzaga Bertelli, MTb 10.170 (Presidente executivo do CIEE).Conselho editorial: Ruy Martins Altenfelder Silva, Luiz Gonzaga Bertelli, Jacyra Octaviano.Redação: Jacyra Octaviano (assessora de comunicação), André L. Rafaini Lopes, Andrea de Barros, Cláudio Barreto, Elizabeth da Conceição, Erika Sari-nho, Roberto Ma ttus e Rafael Dias (estagiário). Colaboradores: Lucíola Souza (Goiânia/GO), Márcia de Freitas (São José do Rio Preto/SP); Hetth Carvalho (Salvador/BA). Revisão: Mário Gonzaga Athayde.Fotos: Servfoto.Arte: Edith M. Schmidt e Marcelo Matsumoto (edição de arte/capa); Wilson André Filho (ilustrações).Capa (foto): Latinstock Brasil.Produção gráfica: PIC Comunicação.Impressão: Gráfica Plural.

As matérias publicadas nesta edição poderão ser reproduzidas total ou parcial-mente, desde que citada a fonte. Solicitamos que as reproduções de matérias sejam comunicadas à redação. As opiniões expressas em artigos assinados não coincidem necessariamente com a opinião da revista.Agitação: Rua Tabapuã, 445 - 3º andar - Itaim Bibi - São Paulo/SP - CEP 04533-001 - Tel.: (11) 3040-6527/6526 - [email protected] atrasados podem ser solicitados à redação ou podem ser consulta-dos acessando o site www.ciee.org.br.

Filiada àAgitação foi considerada a melhor publicação empresarial de 2002 pela ABERJE.

CARTA AO LEITOR

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é editada pelo

Atendimento ao assinante: Para alteração de nome ou endereço para recebimento de Agitação, favor enviar e-mail para [email protected], colocando no campo Assunto a seguinte indicação: Agitação – Alteração de cadastro.

Num ano tão rico de efemérides como este, os dois séculos do iní-cio do ensino superior no país passou quase despercebido, apesar de ter sido um dos resultados da vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil, exaustivamente explorada pela mídia. O curioso é que a primeira faculdade do país, a Escola de Medicina de Salvador/BA, localizada em pleno Pelourinho, ganhou notoriedade por um fato negativo. O curso, que pertence à Universidade Federal da Bahia (UFBA), obteve nota 2 no Exame Nacional de Desempenho dos Estu-dantes (Enade). Ao comentar o baixo conceito, o então coordenador do curso de Medicina da UFBA, Antônio Natalino Manta Dantas, atri-buiu o resultado ao “baixo QI dos baianos”, o que resultou em mui-tos protestos e na sua demissão do cargo. Sem dúvida, o conceito não tem qualquer relação com falta de inteligência; é, sim, mais um reflexo da crise de qualidade da educação brasileira – reconhecida, lamentada e debatida à exaustão, mas ainda distante de soluções realmente eficazes.

Na reportagem de capa, Agitação faz um histórico da educação superior, buscando as origens do problema. Evidentemente, esses 200 anos não foram apenas de erros. O ensino superior atingiu, nos últimos anos, parcelas da população antes excluídas das salas de aula, graças a programas oficiais de financiamento, adoção de cotas e outros instrumentos. Mas ainda falta uma política educacional que atenda às atuais e futuras necessidades da juventude e do país. Por exemplo, apesar de alguns avanços, ainda persiste o fosso entre a universidade e a empresa, medido tanto pela ausência de maior contribuição acadêmica ao desenvolvimento, quanto pela deficiente preparação dos estudantes para a vida profissional. Aqui, avulta o valor do estágio, sem dúvida, o melhor caminho para a inclusão dos estudantes no mercado de trabalho.

A importância do estágio já foi descoberta até pelos índios do Acre, como mostra uma experiência realizada em aldeias, graças a um convênio do CIEE com a Secretaria de Extensão Agroflorestal, a Pro-dução Familiar do Acre (Seaprof) e a Comissão Pró-Índio (CPI). Por meio da parceria, os indígenas adquirem técnicas para preservar a natureza e melhorar a qualidade de vida da comunidade.Agitação nº 81 também traz a estréia da coluna Dicas de Português, elaborada pela jornalista Dad Squarisi. Especialista em língua portu-guesa e autora de livros sobre o tema, Dad publica sua coluna em 15 jornais do país. O espaço destinado ao uso correto do idioma sempre foi uma preocupação do CIEE, pois a boa expressão oral e escrita é um diferencial para o jovem que busca seu espaço no mercado de trabalho.

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6 Agitação mai/jun 2008

PONTO DE PARTIDA

A pouco mais de seis meses para terminar o curso de Sistemas de Informação na Faculdade Bandeirantes (Fa-ban), em Ribeirão Preto, o estagiário Marlon Souza está tranqüilo quanto a uma possível efetivação na Compra-jato, livraria virtual sediada na mesma cidade do oeste paulista. “Já falaram comigo sobre essa possibilidade, que é real”, comenta. Na empresa há seis meses, Souza esta-gia auxiliando na estruturação e programação do site da empresa. “No estágio, emprego aquilo que aprendo na fa-culdade”, diz o estudante. Cadastrado no CIEE, ele sem-pre recebeu oportunidades de estágio em seu endereço eletrônico. Foi dessa forma que conseguiu a vaga na loja virtual. “As oportunidades sempre apareceram pelo CIEE e dessa vez não foi diferente”, afi rma.

ESTÁGIO A JATO

Formado em Comunicação Social com ênfase em Publicidade e Pro-paganda, pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Valdir Cimino é coordenador da área de Relações Públicas da Funda-ção Armando Álvares Penteado (FAAP), onde leciona duas discipli-nas, além de outra no curso de Rádio e TV. Cimino também é diretor de marketing e fundador da Associação Viva e Deixe Viver, institui-ção não-governamental que leva a pacientes hospitalares entreteni-

mento e cultura. Mas o caminho trilhado até hoje exigiu um es-forço inicial que veio com o estágio, quan-do estava no terceiro ano do colegial, atual ensino médio. “O es-tágio pelo CIEE na Secretaria de Desen-volvimento e Plane-jamento me deu uma visão mais ampla de carreira”, revela. Para Cimino, esse perío-do foi fundamental na carreira e, ainda hoje, muito do que aprendeu se deve ao estágio.

COM A VISÃO AMPLIADA

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7Agitaçãomai/jun 2008

“Ter a oportunidade de vivenciar o âm-bito empresarial e verifi car se o seu perfi l se encaixa nessa área é um dos pontos chaves do estágio.” É dessa forma que Elaine Saad, vice-presidente geral da seccional paulista da Associação Bra-sileira de Recursos Humanos (ABRH-SP) e diretora da Right Management do Brasil, fala sobre a relevância do estágio. Formada em Psicologia pela Universida-de de Santo Amaro (Unisa) e pós-gradua-da em Administração de Empresas pela Faculdade Armando Álvares Penteado (FAAP), Elaine realizou seu primeiro es-tágio na área de recrutamento e seleção da Rádio e Televisão Bandeirantes. “Esse período foi muito importante, mais do que eu imaginava, pois é uma chance de vivenciar a realidade”, comenta. Além das atividades cotidianas, Elaine tam-bém atua como consultora de carreira para o portal de Recursos Humanos da revista Você S/A.

VIVENCIAR A REALIDADE

PRIMEIRO ESTÁGIO EM FOCO

No segundo ano da faculdade de Administração de Em-presas da Universidade Santo Amaro (Unisa), Paloma Zillig Reimberg estagia na Planus Informática e Tecno-logia há um ano e oito meses. “É o meu primeiro estágio e tem sido muito bom poder colocar em prática aquilo que se aprende na teoria”, comenta. As perspectivas de futuro são boas para Paloma. Segundo ela, grande parte dos esta-giários costuma ser efetivada na empresa. “Não tenho cer-teza que isso vá acontecer comigo, mas a possibilidade é grande”, diz a confi ante estagiária. Aos 27 anos, ela auxilia na área de administração de contratos e gosta bastante do ambiente empresarial. “O clima organizacional e a intera-ção profi ssional são muito bons e isso me motiva”, revela.

SEGUNDA E TERCEIRA LÍNGUAS

Agitaçãomai/jun 2008

Adriano Pedrozo nunca imaginou que aprenderia francês, mas hoje “um segun-do idioma é fundamental para se desta-car nos estudos e no mercado de traba-lho”, revela. O supervisor de marketing da Aliança Francesa fala com desenvol-tura inglês e francês, é formado em de-sign digital pela Universidade Anhembi Morumbi e está pronto para iniciar uma pós-graduação no ano que vem. Assim que entrou na faculdade, Pedrozo se inscreveu no CIEE e seis meses depois

já estagiava numa empresa de informá-tica, onde era o responsável por atuali-zar a página da companhia na Internet e criar um banco de dados. “O estágio foi essencial para mim, pois pude colo-car em prática todas as ferramentas que uso hoje na Aliança”, comenta. Mas ele reforça: quem procura um estágio, deve sempre ligar para o CIEE para atualizar seu cadastro. “Eu sempre ligava para atua lizar o cadastro e saber de novidades sobre vagas”, revela.

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8 Agitação mai/jun 2008

ANDREA MATARAZZO, secretário Municipal de Coordenação das Subprefeituras de São PauloENTREVISTA

Quando assumiu a “supersecretaria” de Coordenação das Subprefeituras da ci-dade de São Paulo, o empresário Andrea Matarazzo sabia que teria muito trabalho pela frente. Mas não se intimidou com a empreitada. Travou duras batalhas com o mundo do tráfico, do contrabando, da pirataria e da prostituição. Para Matarazzo, descendente de uma das famílias mais im-portantes de São Paulo, o poder público precisa de pessoas preparadas e expe-rientes. Formado em administração de empresas, ele já presidiu empresas do grupo Matarazzo. Sua trajetória profissional começou com um estágio, administrado pelo CIEE, no Banco Bradesco, no qual permaneceu por dois anos. Segundo o secretário, essa experiência foi vital para sua car-reira. Por isso, o empresário não tem dúvidas em recomendar o estágio para os jovens, inclusive no serviço público. “São os jovens que fazem a diferença, que transformam o ambiente”, revela.Depois de uma carreira brilhante no setor privado, passou pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, entre outros cargos, como ministro-chefe da Secretaria de Co-municação, de 1999 a 2001, até ser indi-cado para liderar a embaixada brasileira na Itália. Assumiu a Secretaria de Coordena-ção das Subprefeituras em São Paulo, em

A força do poder público

abril de 2006, convidado pelo então pre-feito José Serra. Quando Serra venceu a eleição para o governo do estado, Gilberto Kassab, o vice-prefeito, assumiu a admi-nistração municipal. Mas para Matarazzo não houve mudanças. “Tivemos uma continuidade absoluta”, diz. Uma de suas maiores bandeiras no período foi a revitali-zação da Luz, um bairro da região central, conhecido popularmente como “Cracolân-dia”, por causa do tráfico e do consumo

da droga no local. Acompanhe a seguir a entrevista exclusiva de Andrea Matarazzo para Agitação:

Agitação – Até que ponto o poder públi-co pode mudar para melhor a realidade das grandes cidades?Matarazzo – O poder público tem um poder grande de interferência na cida-de, para o bem e para o mal. O que é importante é saber priorizar os recursos

Experiência no estágio foi vital para a trajetória de sucesso como empresário e administrador.

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9Agitaçãomai/jun 2008

“O estágio também serve para o jovem sentir qual é a sua verdadeira

vocação.”

e também saber ouvir a sociedade nas diversas regiões da cidade, para você entender o que é prioritário, não para a administração, mas para as pessoas. É isso que nós temos feito aqui em São Paulo, desde o início da gestão José Serra-Gilberto Kassab.

Agitação – Uma das maiores interven-ções da sua pasta foi a revitalização da região conhecida como “Cracolândia”, no centro da cidade. O que de fato foi realizado nessa área?Matarazzo – Essa região, que já foi uma das mais nobres da cidade, passou 40 anos abandonada pelo poder público, desde a desativação da antiga rodoviá-ria. Isso trouxe uma deterioração. Com o abandono dos imóveis da área, acabou concentrando-se lá o quartel general do tráfico de drogas de São Paulo. O que a prefeitura fez foi justamente – vendo que aquela área era muito importante para a recuperação da região central – gerar ali um grande pólo de soluções. Fizemos uma intervenção bastante grande entre prefeitura e polícia na fiscalização de to-dos os imóveis. Depois interviemos na infra-estrutura local, refazendo a parte de iluminação, recapeando as ruas, me-lhorando as calçadas e recolocando a limpeza pública. Isso mudou a cara da região, o que não significa que o con-sumo de drogas no local tenha desapa-recido, por causa dos muitos imóveis abandonados. Então a prefeitura definiu um perímetro específico, declarando-o como de utilidade pública, e iniciou um processo de desapropriação para poder vender os imóveis. O objetivo era desa-propriar e fazer uma reurbanização no local. E ao mesmo tempo criamos uma lei, que foi votada na Câmara dos Ve-readores, de incentivo para empresas de tecnologia da informação, de comu-nicação e as ligadas ao turismo, para, com isso, atrair atividade econômica.

Agitação – Atitudes como a do CIEE que reformou um prédio histórico no

centro da cidade, onde instalou o pré-dio-escola para cursos de capacitação e desenvolvimento estudantil, ajudam a revitalizar a cidade?Matarazzo – Esse tipo de atitude é que faz a revitalização do lugar. Uma estru-tura como a do CIEE atrai muitos jovens para o centro. Da mesma forma as uni-versidades, que se instalaram no local. O centro hoje está bem diferente do que era há dois anos. Hoje ele tem vida. O próprio estado vai fazer um investimento lá, colocando uma de suas secretarias, a sede da Guarda Civil Metropolitana, a Fundação Paula Souza e a sede da Pro-dam [Empresa de tecnologia da infor-mação e comunicação do município], que deve se instalar em breve naquela região. A idéia é ocupar a área com um novo ambiente, um misto de atividade econômica e habitação, até porque a re-gião para se recuperar precisa de ativi-dade 24 horas por dia. Nós acreditamos que num prazo de três anos teremos lá um local completamente diferente da-quilo que existia.

Agitação – De certa forma, com essa atuação na “Cracolândia”, o senhor acredita que tenha colaborado para afastar os jovens das drogas – uma preocupação recorrente do CIEE?

Matarazzo – Não podíamos deixar o que acontecia lá. Era uma área em que nin-guém quis mexer porque, certamente, daria muita polêmica. A região central pas-sou a ser fiscalizada como todo o resto da cidade, mudando o perfil da região.

Agitação – Especialistas acentuam que a “Cracolândia” só mudou de endereço.Matarazzo – Quando falam que houve uma migração – ‘ah o pessoal saiu da Cracolândia e foi para outro lugar’–, é uma verdade. Agora, não era razoável você deixar uma região refém do tráfi-co pela ausência do poder público. Nós voltamos a assumir o lugar e os trafi-cantes, que não foram presos, estão em outro lugar, claro. Cabe ao poder público ir atrás, sem dúvida. Por outro lado, pela própria degradação do local, acabava sendo um lugar seguro para os usuá-rios. Eles são uma vítima desse pro-cesso e precisam de cuidado. Aí é um problema de saúde e não de polícia.

Agitação – O senhor vem de uma das famílias mais tradicionais de São Paulo e deixou de dirigir algumas empresas da família para se dedicar ao poder pú-blico. O que motivou essa troca? É uma questão de vocação?Matarazzo – Eu me realizei muito cedo no setor privado, nas empresas da mi-nha família. Com a eleição do Serra para a prefeitura, ele me convidou no-vamente. Acho que o poder público me satisfaz mais. Através do poder público, você tem a satisfação de fazer trans-formações importantes na sociedade. Principalmente quando participa de uma equipe como a do Serra. Era um convite quase irresistível. E acho também que é um pouco de vocação. Tem de gostar. Agitação – É verdade que sua primeira experiência profissional foi num estágio pelo CIEE?Matarazzo – Minha primeira experiência foi em um estágio no Banco Bradesco, pelo CIEE. Diria que foi determinante por

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10 Agitação mai/jun 2008

várias coisas. Primeiro porque o Bra-desco é uma das melhores escolas pro-fissionais do Brasil. E aí, escola como disciplina, como estrutura hierárquica e como motivação. O Bradesco tem um dos melhores planos de carreira que estimulam o profissional. Isso para mim foi um modelo que levei para sempre para todos os lugares por onde traba-lhei. Tanto que até hoje eu vou ao Bra-desco, encontro o “seu” Brandão, com quem trabalhei na época, e me sinto em casa, com apenas dois anos de estágio no banco.

Agitação – O senhor recomenda o es-tágio para os jovens?Matarazzo – Acho vital, porque é o pri-meiro contato que o jovem estudante tem com uma estrutura de empresa. É uma adaptação interessante, porque ele consegue fazer, junto com a escola, a aplicação na vida prática. Diria que não tem nada melhor para alguém, nos úl-timos anos da faculdade, do que fazer uma adaptação a essa transição através do estágio.

Agitação – Como foi sua experiência de ser embaixador brasileiro na Itália, no governo do presidente Fernando Henri-que Cardoso?Matarazzo – A experiência foi muito in-teressante por eu não ser um diplomata

de carreira. E indo para a Itália, país de onde minha famíliaemigrou, no final do século 19. É uma emoção grande vol-tar ao país de onde sua família saiu e representando o país que te acolheu. In-clusive, a minha família, na Itália, é um dos símbolos da emigração bem-suce-dida. Cheguei num momento em que a Itália tinha duas situações diferentes: o governo de Silvio Berlusconi, que tinha um estilo muito diferente, e, ao mesmo tempo, a implantação do euro. A sen-sação que a gente tinha era como se estivesse vivendo o nascimento de uma nova nação, a Europa do euro. Com a criação da União Européia, as questões diplomáticas propriamente ditas, passa-ram a ser feitas por Bruxelas. Com isso, o papel da embaixada era muito mais comercial, empresarial e de incentivo ao conhecimento do Brasil. E para minha surpresa, a Itália conhece muito pouco do Brasil real.

Agitação – Qual dessas experiências foi a mais difícil para o senhor: dirigir uma empresa, ser embaixador na Europa ou administrar a Secretaria das Subprefei-turas em São Paulo?Matarazzo – São coisas completamente diferentes. Acho difícil comparar o setor público com o privado. E a embaixada também é uma experiência diferenciada, pois você está em outro país. Uma outra

realidade, um outro universo. Mas um dos mais interessantes trabalhos que já fiz é o que estou realizando hoje. Participar da gestão do dia-a-dia numa cidade como São Paulo, com toda a complexidade, e de um governo que implementou conceitos completamente diferentes de gestão, fo-cados na qualidade de vida do cidadão e priorizando aquilo que a sociedade quer, é realmente um grande prazer. Um governo de muitas pequenas obras de interesse da comunidade e algumas grandes obras de interesse geral da cidade.

Agitação – O senhor foi convidado a participar da administração pelo gover-nador de São Paulo José Serra, quando este era prefeito da cidade. Existiu al-guma mudança em relação à sua ad-ministração, quando Gilberto Kassab (vice-prefeito de Serra), assumiu a pre-feitura?Matarazzo – Não. Tivemos uma con-tinuidade absoluta. O programa de go-verno que era do Serra (PSDB) e do Kassab (DEM), vem sendo implemen-tado desde o primeiro dia, exatamente da mesma forma e praticamente com a mesma equipe.O que mudou foi o co-mando, mas seguindo uma transição sem sobressaltos, pelo contrário, uma transição tranqüila e uma continuidade de prioridades.

Agitação – O senhor já definiu o apoio para a sucessão na prefeitura?Matarazzo – Acho que o importante para a cidade é que se dê continuidade a esse projeto que tem dado certo e con-ta com uma aprovação grande da so-ciedade. Esperamos que qualquer que seja o prefeito, não mude essa visão de administração focada na prioridade das pessoas.

Agitação – O senhor é sobrinho de Ciccillo Matarazzo, um dos grandes in-centivadores da arte e da cultura neste país. Qual o legado que recebeu dele?Matarazzo – Imenso. Convivi muito

“Você sempre tem de fazer coisas que

estão acima dos seus interesses

pessoais.”

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11Agitaçãomai/jun 2008

“Não tem nada melhor para os jovens do

que fazer uma adaptação através

do estágio.”

com ele. Ciccillo era um misto de gran-de empreendedor e mecenas, talvez o último mecenas que o Brasil tenha tido. O que a gente viu depois foram alguns arremedos, mecenas com a lei Rouanet, que no fundo é você fazer com o dinhei-ro do Estado. Ciccillo fez tudo o que fez – a Bienal de São Paulo, o Museu de Arte Contemporânea, o Teatro Brasileiro de Comédia, a Companhia Vera Cruz de Cinema, o Museu de Arte Moderna, além de ter doado um grande acervo para o MASP e para a Biblioteca da USP – com recursos próprios. O principal aprendiza-do que deixou é que você sempre tem de fazer, em algum momento da sua vida, coisas que estão acima dos seus interes-ses pessoais. Essa é a melhor forma de se contribuir com a sociedade.

Agitação – Quais são seus planos para o futuro próximo?Matarazzo – Quando você está exercendo esse trabalho no poder público, o plano é para o dia seguinte. Quero continuar ama-nhã fazendo melhor o que a gente tem feito hoje. Ou seja, manter o ritmo das transfor-mações, manter a cidade em ordem, e ten-tar formar pessoas dentro da minha equipe que possam criar uma nova mentalidade dentro do setor público.

Agitação – Por falar em trabalho, o se-nhor é considerado um workaholic. Dá tempo de pensar em lazer?Matarazzo – Aprendi uma vez que quan-do você corre por prazer, você não tem o direito de reclamar de cansaço. Hoje estou no setor público porque eu gosto, porque eu quero. Isso aqui para mim é um prazer imenso. É um trabalho que ao mesmo tempo é lazer. A minha diver-são é a responsabilidade de fazer direito isso que eu estou fazendo. É a única forma de você conseguir desempenhar bem o que você faz. Para mim, não faz falta o lazer, pois o tempo para eu estar com a minha família, isso sempre se consegue. Às vezes, não tanto quanto o necessário, mas no momento que você

tem filhos grandes e faz o que gosta, dá tempo para fazer sempre mais. Andar por São Paulo para mim é um lazer, e ao mesmo tempo estou fazendo meu trabalho.

Agitação – O senhor, então, é mesmo o xerife da cidade como dizem?Matarazzo – A imprensa costuma falar isso, mas acho que é a minha vontade de ver as coisas bem feias. Uma vez que estou exercendo um cargo importante numa cidade como São Paulo, eu quero exercer direito. Não há justificativas para não se fazer direito. Sou um pouco per-feccionista e obsessivo. Não sou capaz de ir num lugar, ver uma coisa errada, e não tomar uma providência imediata para corrigi-la.

Agitação – Tem algo que o senhor gos-taria de fazer pela cidade que ainda não conseguiu?Matarazzo – Muitas coisas. Para isso você precisa de tempo. Todas as novidades que estamos implementando, nos dão uma satisfação imensa. Mas nós gostaríamos de ver em São Paulo o cidadão se imbuir mais do espírito de fiscal da cidade e de participar. Eu gostaria de ver a população inteira olhando pela cidade, para que ela esteja bem cuidada, usando a cidade com responsabilidade, com o objetivo de man-tê-la em ordem.

Agitação – Mas isso depende muito da educação.Matarazzo – Sem dúvida. É um pouco ‘usos e costumes’ também, e o poder público tem que dar o exemplo, fazendo as leis serem aplicadas. Acredito tam-bém que quando a população percebe que tem respaldo do poder público, ela participa mais. A cada interferência que você faz – por exemplo, quando limpa uma pichação de uma parede ou quando pavimenta uma rua – você percebe o en-torno melhorar. Quando a pessoa vê que o poder público está presente, ela partici-pa muito mais das nossas decisões.

Agitação – O senhor gostaria de deixar uma mensagem para os jovens?Matarazzo – Acho vital e fundamental que o jovem faça estágio. Além da ex-periência e capacitação, o estágio tam-bém serve para o jovem sentir qual é a sua verdadeira vocação, para o que ele está mais preparado e tem mais talento para seguir. Ter persistência nas coisas. E nunca esquecer que o poder público precisa de pessoas preparadas. Isso vale para o jovem que está começando na carreira, vale para as pessoas mais maduras que estão encerrando suas carreiras no setor privado. Gente jovem é quem faz a diferença, fazem a trans-formação e, os mais maduros, dão a direção. A

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12 Agitação mai/jun 2008

APRENDIZ

Mantido pelo CIEE há cinco anos e tur-binado pela parceria com a Fundação Roberto Marinho (FRM) desde 2007, o programa Aprendiz Legal registra suces-sivos recordes na contratação de jovens. Até abril, 9,6 mil aprendizes tinham sido contratados por 2,3 mil empresas e ór-gãos públicos de todo o país. Os resulta-dos positivos já chamam a atenção até de entidades internacionais como a Organi-zação Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização dos Estados Americanos (OEA). A primeira está elaborando um site para o Projeto Regional de Empre-go de Jovens na América Latina (Prejal), que terá uma seção específica sobre pro-gramas relacionados à empregabilidade de jovens, que documentará o Aprendiz Legal, entre outras iniciativas.

Identidade e autonomia. A OEA tam-bém está montando um portfólio com experiências bem sucedidas de educação e capacitação de jovens para o trabalho, realizadas em Honduras, Guatemala, Costa Rica, Colômbia, Chile, Uruguai e Brasil, do qual selecionou o Aprendiz Legal. Voltado para jovens de 14 a 24 anos, sem experiência profissional e que estejam cursando ou tenham concluí-do o ensino fundamental, o programa atende a faixa etária que concentra os maiores índices de desemprego do país. Nesse segmento, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o desemprego é 3,5 vezes maior do que o observado entre adultos com mais de 24 anos. A proporção é a maior de todos os países latino-americanos.

A escalada do Aprendiz LegalPrograma combina vivência prática nas empresas e aulas teóricas no CIEE.

Uma pesquisadora da OEA no Brasil realizou 18 entrevistas, ao longo de dois meses e meio, reunindo números e histórias sobre o impacto social da mo-dalidade de contratação que mescla a aprendizagem prática em ambiente de trabalho com cursos teóricos de prepa-ração formatados de acordo com área de atuação do jovem. “Uma aprendiz da TAM, por exemplo, me confiden-ciou que gostava tanto da experiência que era difícil para ela deixar a empresa e voltar para casa todo dia”, lembra Ma-riana Köhler Pereira, autora do estudo apresentado no final de maio no Fórum de Empresários da OEA. A pesquisadora elogia o direcionamento pedagógico que leva o jovem a construir sua identidade e autonomia financeira. “Eles passam a projetar um futuro, pla-nejando até mesmo a ida para o ensino

superior, e com a remuneração come-çam a fazer parte de novas redes de re-lacionamento que ampliam horizontes”, observa. Apesar dos bons resultados e da quantidade de jovens ainda não atendi-dos – 1,5 milhão que se encaixa no perfil de aprendiz e ainda não foram absorvi-dos pelas empresas –, o sucesso e a ma-nutenção dos programas de aprendiza-gem a longo prazo dependem e muito de atuações mais empenhadas do governo federal, analisa Mariana.

Decolagem garantida. A preocupação é compartilhada também por Ricardo Pi-quet, gerente de Desenvolvimento Insti-tucional da FRM. “Para que a aprendiza-gem decole na dimensão que o governo já projetou é preciso posicionamentos mais ágeis e claros sobre questões cha-ves”, defende. Entre as maiores dúvidas

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enfrentadas pelas organizações que se in-teressam em aderir ao programa Apren-diz Legal está a definição sobre como se dá a contratação dos jovens na esfera pública e sobre as regras da capacitação fora da empresa para que se caracterize a aprendizagem – tais como carga horá-ria das aulas e quais instituições, além do próprio Sistema Nacional de Apren-dizagem (Senai, Senac, Senar, Senat, Sescoop), podem ministrar os cursos.Esse último ponto será resolvido em grande parte pela Portaria 615, baixa-da em dezembro pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que cria o Cadastro Nacional de Aprendizagem, destinado à inscrição das entidades qualificadoras em formação técnico-profissional. Até então, cada Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) autorizava lo-calmente os cursos de capacitação. Os pareceres desses órgãos ainda pesam, mas não são decisivos.Pablo Roberto Gonçalves da Silva, presi-dente do CMDCA de Feira de Santana/BA, visitou as salas de aula do CIEE na cidade como parte do processo de apro-vação da organização como entidade qualificadora. Tanto em Feira de Santa-na quanto em todo o Brasil, o Aprendiz Legal oferece quatro modalidades de ca-

pacitação: Ocupações Administrativas, Comércio e Varejo, Práticas Bancárias e o recém-lançado Telesserviços, este últi-mo elaborado em parceria com a Asso-ciação Brasileira de Telemarketing para atender à crescente demanda por mão-de-obra habilitada para realizar atendi-mentos e vendas por telefone. “Os jovens da nossa região são extremamente ca-rentes de oportunidades de capacitação e pudemos presenciar que o trabalho do CIEE e da FRM vai muito além do mero encaminhamento de jovens para empre-sas”, opinou o presidente do CMDCA.

Metodologia participativa. Além de contar com o material didático desen-volvido pela FRM, que faz uso de uma metodologia participativa nos moldes do já tradicional Telecurso e do mo-derno Canal Futura, o Aprendiz Legal leva os jovens para encontros culturais com as famílias e excursões que enri-quecem o período de capacitação. Em Feira de Santana, 54 aprendizes do Programa de Ocupações Administra-tivas visitaram as instalações baianas do Centro Industrial da Nestlé. Re-cepcionados pelo gerente da fábrica e pelos responsáveis pelo setor de Re-cursos Humanos, eles conheceram a história, o funcionamento e projetos

de uma das maiores indústrias ali-mentícias do mundo. Os aprendizes também puderam co-nhecer processos operacionais internos de produção e o centro de distribuição, observando a complexidade do mundo organizacional. A partir do contato feito com o CIEE, cinco dos nove aprendi-zes da companhia foram incluídos no Aprendiz Legal. A tendência parece se expandir para outras unidades da mul-tinacional, que já conta com 95 jovens contratados pelo programa do CIEE e da FRM. Na Nestlé Business Services Latin America (NBS), o centro de servi-ços compartilhados instalado na cidade de Ribeirão Preto/SP, há um ano apren-dizes convivem e aprendem com a ex-periência de cerca de 400 colaboradores efetivos, que prestam serviços na área de Finanças e Recursos Humanos para 21 países da América Latina.

Sorte grande. Nilson Casali, gestor de Recursos Humanos da NBS, conta que há 21 jovens aprendizes lotados nos se-tores de RH, contas a pagar, contabilida-de e departamento fiscal. “Eles desempe-nham funções na recepção, distribuição de documentos, lançamento de infor-mações no sistema de pagamentos, con-ferência de documentos”, detalha. Para

Aprendizes fazem excursão à fabrica da Nestlé em Feira de Santana/BA.

Nilson (à esq.) e Wendel: desenvolvimento acompanhado.

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APRENDIZ

Casali, a experiência com os aprendizes tem sido muito positiva e examinada sempre na ponta do lápis. “Existe um documento de acompanhamento de de-sempenho dos jovens, além disso, cada supervisor avalia individualmente com-petências comportamentais, tais como a disposição em servir e a cooperação proativa”, comenta. Do lado dos aprendizes, Wendel Me-nezes, de 16 anos, que está cursando o terceiro ano do ensino médio, sonha alto. Ele é um dos candidatos que con-seguiram uma vaga na Nestlé. “Quando eu passei nas entrevistas e fiquei saben-do que era essa a empresa, quase não acreditei, afinal era uma oportunidade única”, conta o jovem que já tem planos para o ano que vem: estudar Comércio Exterior em uma faculdade e aprender espanhol – Wendel já faz um curso de inglês. E, para o futuro, aprendeu uma grande lição: quem guarda, tem. Por isso, parte do salário recebido por suas quatro horas diárias de trabalho é de-positada num um plano de previdência privada. “Ainda tive o privilégio de tra-balhar bem próximo de casa”, diz o estu-dante que só precisa de condução para ir para a NBS quando o sol é mais forte. Como sai à noite, volta a pé. Por ser seu primeiro emprego, Wendel acredita que tirou a sorte grande.

Discurso afinado. Ricardo Piquet, ge-rente da FRM, comemora o primeiro ano da parceria entre a fundação e o CIEE. “O avanço pode ser traduzido nos

números alcançados, no discurso mais afinado entre as instituições e na decisão de ampliar a abrangência do Aprendiz Legal”, avalia Piquet. O programa, que começou em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, chegou em abril ao Rio Grande do Sul e a Santa Catarina. “Notamos que organizações que não têm a obrigato-riedade das cotas estão aderindo”, opina Denise Salamani, gerente do CIEE res-ponsável pelo Aprendiz Legal. O Banco Nossa Caixa, por exemplo, por ser do segmento público, não está obri-gado pela Lei 10.097 a preencher per-centuais que variam de 5% a 15% do seu quadro funcional com jovens aprendizes de 14 a 24 anos, como acon-tece com a grande maioria das empresas de médio e grande porte. Ainda assim, mantém 15 contratados, em parceria com o CIEE, em Presidente Prudente/SP. “A Nossa Caixa tem um papel social a cumprir e não pode deixar de atender às neces-sidades da comunidade”, esclarece Martha Cecília Zornoff, gerente da Divisão de Operações de Gestão de Pessoas do banco. Martha vê no programa uma for-ma efetiva de promover a inclusão social por meio da educação, do

trabalho e do desenvolvimento pessoal do jovem. Quem agradece é a aprendiz Valessa Orácio Rocha, de 18 anos, que durante quatro dias da semana trabalha no departamento de contabilidade do núcleo operacional do banco e às quin-tas-feiras recebe a capacitação teórica em Práticas Bancárias, no CIEE. “Dou nota dez a esse programa, porque é a oportunidade que tenho para amadu-recer e crescer profissionalmente”, con-ta Valessa, que elogia a disposição dos seus supervisores em responder dúvi-das e que, tal qual Wendel, tem vonta-de de continuar seus estudos no nível superior. “Estou adorando trabalhar no banco e por isso penso em fazer uma faculdade de Administração”, projeta a futura caloura.

Daqui para o futuro. Iniciativa da ONG Atletas pela Cidadania para popularizar essa forma de contratação, o Placar do Aprendiz registrava em março um nú-mero próximo dos 125 mil. A expectati-va de atingir a meta de 800 mil beneficia-dos fixada para 2010 é alta, pois nenhum

outro programa de inclu-são tem crescido tanto. O Aprendiz Legal é um bom indicador: de abril de 2007 ao mesmo mês deste ano, deu um salto de 113%, passando de 4,5 mil para 9,6 mil contratados.

Ricardo Piquet: “Avanço traduzido em números.”

Mariana Pereira: “Projeção internacional.”

Martha Zornoff (destaque): capacitação profissional de aprendizes como Valessa é prática social pelo seu poder de inclusão.

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SOCIAL

A falta de certidão de nascimento im-pede a matrícula na escola. Trata-se de um pequeno problema solucioná-vel pela internet – recurso distante da maioria da população, da qual 11,1% são analfabetos puros e apenas 21,4%, de internautas. Portanto, a falta da sim-ples informação sobre o endereço do cartório que arquiva o registro do nas-cimento acabará transformando alguns jovens em mais brasileiros com baixa escolaridade, empregabilidade reduzi-da e excluídos de alguns dos direitos da

Parceria facilita acesso à JustiçaCIEE e OAB prestam orientação gratuita à população carente.

corretas sobre quem, quando, onde e como se pode resolver problemas em todas as áreas do Direito – servi-ço que, de outra maneira, requereria o pagamento de honorários advoca-tícios”, lembra Luiz Gonzaga Bertelli, presidente executivo do CIEE. O aten-dimento será prestado por estagiários de Direito sob a supervisão de advo-gados do CIEE e da OAB-SP.“Além de enriquecer o lado técnico, essa experiência é fundamental para humanizar a visão desses futuros pro-fissionais”, afirma Luiz Flávio Borges D’Urso, presidente da OAB-SP que, em seu tempo de estudante, conquis-tou estágio pelo CIEE. Essa forma-

ção prática também é elogiada por Roberto Vallim Bellochi, presi-dente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, órgão que mantém sete mil jovens em estágios adminis-trados pelo CIEE.

Débora de Lima Almeida, 21 anos, é uma das estagiárias do posto. Ela conta que realizou trabalhos voluntários em sua igreja, mas não conseguiu conciliar ação social com nenhum de seus outros três estágios. “É fácil para quem tem condições financeiras ver seu caso so-lucionado, por isso será gratificante aju-dar quem nem sabe por onde começar a resolver os problemas”, conta. “Essa é exatamente uma das funções do estágio, na nossa visão: contribuir para uma edu-cação que se entenda com a realidade”, explica Paulo Nathanael Pereira de Sou-za, presidente do Conselho de Adminis-tração do CIEE O posto funcionará das 13h às 17h, no Prédio-Escola CIEE, localizado no centro antigo da capital paulista (Rua Genebra, 65/57), região de alto fluxo da população alvo do projeto. O foco são pessoas que tenham renda familiar até três salários mínimos e somente um imóvel, mesma norma aplicada pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo, que também mantém parceria com a OAB-SP.

Luiz Flávio Borges D’Urso, Luiz Gonzaga Bertelli e Paulo Nathanael Pereira de Souza assinam o convênio.

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cidadania. Drama na dimensão huma-na e grave problema social, em especial nas grande metrópoles. O Projeto de Orientação Jurídica Gra-tuita à População Carente, implemen-tado em parceria pelo CIEE e pela Or-dem dos Advogados do Brasil – Secção São Paulo (OAB-SP) em junho, chega para reduzir a distância que existe en-tre os cidadãos e seus direitos na ca-pital paulista e em alguns municípios vizinhos. “O posto não é um pequeno juizado, mas um centro de indicações

Durante inauguração do posto, Roberto Vallim Bellochi destacou o valor do estágio.

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TENDÊNCIAS

Com o término do curso superior, o recém-formado se vê diante de uma dúvida: continuar os estudos com uma pós-graduação, atualizando-se sobre o mercado de trabalho, ou empenhar-se ainda mais no emprego? São muitos os que decidem tomar os dois rumos, mas empacam na hora de decidir que curso de pós-graduação fazer. Especializa-ção, mestrado, doutorado ou MBA? As possibilidades são muitas e as dúvidas também. Divididos em dois tipos – lato sensu e stricto sensu –, os cursos de pós-graduação podem confundir os menos familiarizados com os termos. São ex-pressões latinas que significam sentido amplo e extenso e sentido restrito, res-pectivamente. Os cursos stricto sensu englobam mestrado, mestrado profis-sional, doutorado e pós-doutorado. Já os lato sensu são os cursos de especiali-zação, incluídos os de MBA. “O lato sensu é uma especialização mais curta, indicada para o estudan-te que busca uma melhoria específica num prazo curto”, explica Alberto Luiz Albertin, coordenador do programa

Atualização educacionalExigência do mercado faz estudantes e profissionais buscarem novas alternativas em cursos stricto sensu e lato sensu.

de pós-graduação da Fundação Getú-lio Vargas da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (Eaesp). Segundo ele, a carga horária mínima para os cursos de especialização é de 360 horas/aula com duração de quatro meses em média. “O MBA, que ficou conhecido no Brasil há dez anos, é um curso lato sensu”, informa. Quem pro-cura um MBA vê nele uma forma de alavancar a carreira, caso da enfermei-ra Ivanilda Rodrigues, que faz o curso em Serviço da Saúde na Universidade Nove de Julho (Uninove). “Hoje, in-dependentemente da área de atuação, quem se limita a ter apenas uma uni-versidade pode ficar estagnado e por isso é preciso se atualizar”, comenta.

Tom mais acadêmico. Os cursos stricto sensu englobam os mestrados e douto-rados. O mestrado foca mais a pesqui-sa, tendo um cunho mais científico; o doutorado já exige uma contribuição de conhecimento ao qual possa ser agrega-do mais conteúdo. “O curso stricto sensu fornece um título ao pesquisador que se

forma, promove pesquisas mais ligadas à academia e é mais procurado por quem deseja seguir na docência”, diz Albertin. Quando Ivanilda é questionada se não pretende fazer um curso stricto sensu, responde que não quer ser professora. “Fiz um curso de especialização em ad-ministração hospitalar e agora vou ter o MBA.” Mas engana-se quem pensa que ela vai parar por aí. Seu objetivo é terminar o curso e partir para uma especialização em auditoria na área de saúde. Ivanilda está certa: atualização permanente é o que o mercado exige. No entanto, a pós-graduação requer um investimento financeiro alto, pois a maioria dos cursos passa a barreira dos mil reais. Por isso, é essencial ter a cer-teza de que o investimento será útil na carreira, pois há casos em que as expec-tativas não correspondem à realidade.A jornalista Adriana Zottis, especialista de Relações Internacionais da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), inscreveu-se no curso de pós-graduação da Faculdade Cásper Líbero para aprofundar seus conhecimentos em Comunicação Corporativa. Hoje, com o diploma nas mãos, ela revela que o retor-no não foi o esperado. “Tinha expectati-vas grandes quanto ao nível do ensino e aos conteúdos que seriam apresentados, mas entendo que todo conhecimento é bem-vindo e que, bem ou mal, todo aprendizado tem repercussões positivas e pode trazer avanços na carreira.”

Alberto Luiz Albertin, coordenador de pós-graduação da Fundação Getúlio Vargas.

Ivanilda: atualização é fundamental para quem quer progredir no mercado de trabalho.

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TENDÊNCIAS

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VII Concurso de monografia sobre Drogas

para UniversitáriosSENAD/CIEE

A Secretaria Nacional Antidrogas – SENAD, em parceria com o Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE, promove oVII Concurso de monografia sobre Drogas para Universitários, com a finalidade de incentivar a reflexão e a discussão sobre a questão das drogas no ambiente universitário.

Para maiores informações, acesse os sites:www.obid.senad.gov.brwww.senad.gov.brwww.ciee.org.br

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18 Agitação mai/jun 2008

1 – Do tema:Poderão enfocar um dos seguintes temas:

Prevenção do Uso de Drogas.• Tratamento, recuperação e/ou reinserção social do usuário • e dependente.Redução dos danos sociais e à saúde.• Redução da oferta. • Estudos, pesquisas, avaliação.• Legislação.•

LEMBRETE: Procure escrever algo inédito e atual. NÃO serão aceitos plágios e/ou cópias literais.

2 – Da participação:Poderão participar do concurso estudantes devidamente • matriculados em cursos de graduação das Instituições de Ensino Superior reconhecidas pelo MEC, independentemente do curso, do ano e da localização geográfica.

3 – Da inscrição:Os trabalhos poderão ter, no máximo, três autores.• O participante deverá preencher e imprimir, • obrigatoriamente, o formulário de inscrição disponível no portal do Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas – OBID (www.obid.senad.gov.br) e nos sites da SENAD (www.senad.gov.br) e do CIEE (www.ciee.org.br) e enviar junto com a monografia.No caso dos universitários que não tiverem acesso • ao Formulário de Inscrição, as monografias deverão, obrigatoriamente, vir acompanhadas dos dados abaixo, sem abreviações:

Nome completo1.Data de nascimento2.Endereço completo3.Telefone4.Nome do curso5.Período do curso6.Nome da Instituição de Ensino Superior7.

O recebimento das Monografias pela SENAD, • no formato descrito no item 6, juntamente com o Formulário de Inscrição e o Comprovante de Matrícula, impressos separadamente, significa a inscrição no concurso. As inscrições são gratuitas e deverão, obrigatoriamente, • ser encaminhadas à Secretaria Nacional Antidrogas - SENAD no endereço:VII Concurso de monografia sobre Drogas para UniversitáriosSecretaria Nacional AntidrogasPraça dos Três Poderes – Palácio do Planalto – Anexo IIAla B – Sala 211CEP: 70.150-900 Brasília – DFAs Monografias devidamente inscritas no concurso, não • serão devolvidas.

4 – Da apresentação dos trabalhosOs trabalhos deverão ser apresentados de acordo com os seguintes critérios:

Papel formato A4• Fonte Arial, corpo 12, espaçamento entre as linhas de 1,5.• Conter no mínimo 20 e no máximo 30 laudas, todas • devidamente numeradas, inclusive os anexos, se houver.Margens – esquerda: 3 cm; direita: 2 cm; superior: 3 cm; • inferior: 2 cm.Notas de rodapé, se houver, fonte Arial, tamanho 10.• A capa deve conter apenas o título da monografia e cidade/ano.• A monografia deverá ser apresentada sem • nenhuma informação que identifique o autor, direta ou indiretamente, sob pena de desclassificação.

5 – O trabalho deverá conter, obrigatoriamente:Introdução• Desenvolvimento• Conclusão• Referências bibliográficas•

6 – Dos prazos:Serão aceitas as monografias com a data de postagem até o • dia 16 de maio de 2008. Não serão aceitas as inscrições que forem enviadas após • a data de 16/05/08, estampada pelo serviço de postagem, comprovado pelo serviço de protocolo da SENAD.

7 – Da avaliação:A avaliação dos trabalhos será feita por uma comissão julgadora constituída por especialistas designados pela SENAD e pelo CIEE, observando os seguintes critérios:

Consonância com a Política Nacional sobre Drogas – • PNAD (disponível em www.obid.senad.gov.br).Fundamentação teórica atualizada.• Criatividade• Articulação e coerência das idéias apresentadas.• Linguagem adequada: objetividade, estilo, concisão e • correção.Relevância para a melhoria do conhecimento teórico sobre • o tema e/ou aplicabilidade prática.

8 – Dos impedimentosEstão impedidos de participar do concurso funcionários e • parentes de funcionários da Secretaria Nacional Antidrogas – SENAD e do Centro de Integração Empresa/Escola – CIEE, de membros da comissão julgadora, da assessoria de órgãos parceiros e apoiadores do evento.Universitários premiados no concurso anterior não • poderão ser premiados no ano consecutivo.

9 – Da divulgação dos resultadosO resultado do julgamento será publicado no portal do • OBID (www.obid.senad.gov.br) e nos sites da SENAD (www.senad.gov.br) e do CIEE (www.ciee.org.br) a partir do dia 13 DE JUNHO DE 2008.

10 – Da premiaçãoSerão premiados os 1°, 2° e 3° classificados.

1° lugar: • Prêmio de R$ 6.000,00 (seis mil reais) e certificado. Passagens aéreas e diárias para o aluno comparecer à cerimônia de premiação em Brasília.2° lugar: • Prêmio de R$ 4.000,00 (quatro mil reais) e certificado. Passagens aéreas e diárias para o aluno comparecer à cerimônia de premiação em Brasília.3° lugar: • Prêmio de R$ 3.00,00 (quatro mil reais) e certificado. Passagens aéreas e diárias para o aluno comparecer à cerimônia de premiação em Brasília.

Observação: Caso o trabalho tenha mais de uma autoria, devem constar os nomes de todos os participantes, porém, só um comparecerá à solenidade de entrega dos prêmios. O agraciado na cerimônia assume a responsabilidade de dividir o prêmio com os demais autores.

11 – Disposições finaisA SENAD e o CIEE realizarão a entrega do prêmio em • Brasília, em solenidade especial com exibição pública dos trabalhos premiados.A inscrição no concurso implicará a cessão de todos os • direitos de uso dos trabalhos à SENAD e ao CIEE, sem qualquer tipo de ônus, garantidos os créditos ao autor.As instituições promotoras se reservam o direito de • publicação e divulgação das monografias.

REGULAMENTO - VII Concurso de monografia sobre Drogas para Universitários

A Secretaria Nacional Antidrogas – SENAD do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e o Centro de Integração Empresa/Escola – CIEE, com a finalidade de incentivar a reflexão e a discussão sobre a questão das drogas no ambiente universitário, estabelecem as normas para a realização e a participação do VII Concurso Nacional para Universitários sobre o Tema Drogas.

Os trabalhos deverão ser apresentados em forma de MONOGRAFIA e contemplar um dos capítulos da Política Nacional sobre Drogas – PNAD ou a Legislação sobre drogas.

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19Agitaçãomai/jun 2008

Luiz Gonzaga Bertelli NOVAS IDÉIAS

LUIZ GONZAGA BERTELLI É PRESIDENTE EXECUTIVO DO CIEE, PRESIDENTE DA ACADEMIA PAULISTA DE HISTÓRIA (APH) E DIRETOR DA FIESP. 19

Pesquisa atirou no que viu e acertou no que não viu. Ao investigar o valor do estágio sob a óptica dos estudan-tes, gestores de recursos humanos e educadores, o instituto TNS Inter-Science acabou confirmando algo sa-bido há décadas. Como parte do levan-tamento das informações, a pesquisa reuniu dados sobre cada um dos três grupos entrevistados e teve duas sur-presas ao avaliar o perfil dos profes-sores. A primeira é preocupante. Dos 146 educadores ouvidos no estado de São Paulo – 66 do ensino médio e 80 do superior –, apenas 37% dão aulas há mais de cinco anos, o que mostra o esvaziamento do corpo docente das escolas. Constata-se que é difícil se-guir carreira no magistério ou atuar com eficiência, principalmente pela falta de reconhecimento financeiro e de valorização social. Assim, com a motivação do docente posta à prova, é de se supor também que as aulas sofram perdas de qualidade. Do outro lado da carteira estão jovens que dependem de bases sólidas para construir o conhecimento pelo qual serão cobrados por toda a vida e se destacarão no mercado de trabalho. Pergunto: o que, se não uma boa formação técnica e pessoal, é capaz de destacar um entre os 1,7 mil can-didatos que disputaram uma única vaga de advogado júnior em recente concurso público da Petrobrás? Aqui vem a segunda e boa surpresa. Nes-se cenário, o estágio desponta como

O estágio faz a diferença

um dos mais eficazes complementos educacionais. É significativo que jus-tamente os educadores apontem a maior diferença a favor do estudante que faz estágio: para 90% dos pro-fessores, o estágio “ajuda” e “ajuda muito” na retenção das matérias e, para 53%, tornam-se mais exigentes e mais questionadores em classe. Por esses e outros benefícios, 97% dos professores recomendam o estágio. Um programa de treinamento prático nas empresas não pode nem deve subs-tituir a educação formal, mas é uma boa resposta às demandas atuais do mercado de trabalho. É uma experiên-cia pedagogicamente enriquecedora e que deve ser multiplicada para núme-ros cada vez maiores de estudantes. Os graves reflexos das deficiências educacionais estão espelhados na mais recente Pesquisa Nacional por Amostra

de Domicílios (Penada): o índice de de-semprego entre os jovens de 18 a 29 anos está cinco pontos porcentuais acima da média geral – 13,66% contra 8,42%. Como dizem que o passo mais importante para solucionar um proble-ma é reconhecê-lo como tal, a afirma-ção do presidente Lula em seu progra-ma semanal de rádio, transmitido no final de abril, representa um leve alen-to. Para o presidente, a estratégia a ser adotada seria o aumento de investimen-tos nos “programas para a juventude” oficiais. Entretanto, dos 16 programas listados no site www.juventude.gov.br, só três proporcionam a indispensável intersecção entre os mundos da escola e do trabalho – e nenhum apresenta serviço tão bem feito como o tradicio-nal estágio. A prova vem da boca dos próprios jovens. A mesma pesquisa da TNS InterScience revela que 100% dos estagiários recomendam o estágio a colegas, amigos ou parentes. Portan-to, nada mais lógica do que a repetida pergunta argumentativa: por que não valorizar o estágio ao lado das ainda tímidas iniciativas voltadas para as-segurar um melhor futuro aos jovens e ao país? Afinal, diante do tamanho do problema educacional/empregabili-dade jovem, o Brasil não pode se dar ao luxo de dispensar, na elaboração de políticas públicas para esse setor, o mais eficiente instrumento de inclusão profissional, que existe há quatro dé-cadas e rende a 64% dos estagiários a tão sonhada efetivação.

Um programa de treinamento prático nas

empresas não pode e nem deve substituir a educação formal, mas é uma boa resposta às demandas atuais do

mercado de trabalho. É uma experiência

enriquecedora.

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20 Agitação mai/jun 2008

Bruna Carlin de Oliveira, 20 anos, cursou Administração e estagiou na corretora de um banco. Quando se formou, logo foi efetivada. Sua função era atualizar planilhas de cotação, lidar com clientes e divulgar as novidades do mercado finan-ceiro para os colaboradores da empresa. Em um sistema de triagem por cursos, sua vaga provavelmente seria preenchida por um estudante de Economia, que, em tese, estaria mais apto a exercer essa ati-vidade. Então, o que possibilitou a Bruna

SERVIÇOS

Ampliando horizontesOportunidades por áreas de atuação aumentam chance dos candidatos a uma vaga de estágio.

concorrer e conquistar a vaga no estágio? As áreas de atuação de seu curso. Com o objetivo de acelerar o processo de preenchimento das vagas, divulgar os diversos cursos oferecidos pelas univer-sidades e ampliar as possibilidades de o jovem atuar no mercado de trabalho, o CIEE desenvolveu e utiliza, desde janei-ro de 2006, um sistema que indica opor-tunidades de estágio por área de atuação. Em outras palavras, significa que o can-didato e a própria empresa não mais pre-

cisam se limitar à estreita opção de um ou dois cursos, pois passam a contar com um leque de escolha bem mais diversifi-cado. Para se ter uma idéia da limitação anterior, em 2005, quando o projeto foi elaborado, dos 250 mil estagiários espa-lhados pelo Brasil, 50% concentravam-se em apenas 20 dos cursos cadastrados no Banco de Dados do CIEE.

De acordo com o mercado. Para mon-tar o sistema de áreas de atuação de acordo com a flexibilidade atual do mercado de trabalho e, ao mesmo tem-po, assegurar uma escolha adequada ao perfil da vaga, a Gerência Técnica de Estágio do CIEE partiu de levanta-mentos baseados nas Diretrizes Cur-riculares do Ministério da Educação (MEC), na Classificação Brasileira de Ocupações, em sites oficiais, publica-ções especializadas e informações das universidades. Em seguida, agrupou os 2.905 cursos atualmente cadastrados em seu banco de dados, em 694 áreas de atuação, que foram reunidas em 67 áreas profissionais. Ao abrir uma vaga de estágio pelo CIEE, a empresa informa a área pro-fissional desejada e recebe uma relação das áreas de atuação compatíveis com suas especificações. Exemplificando: se antes uma vaga de Gestão de Mar-keting estava limitada a dois cursos, hoje esse número se elevou para 217. A Gerência Técnica de Estágio apon-ta as vantagens do novo sistema. Para as empresas, as vagas são preenchidas em menor espaço de tempo e há maior variedade de candidatos à disposição na hora da seleção, boa aceitação, tan-to que, das oportunidades de estágio, em todo o Brasil, mais de 60% já são abertas por área de atuação. Com essa abordagem, as instituições

O sistema por áreas de atuação trouxe mais oportunidades de estágio para Celso.

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21Agitaçãomai/jun 2008

Cursos:• Comunicação Social • Comunicação Social - Editoração • Comunicação Social - Jornalismo• Comunicação Social - Publicidade e Propaganda • Comunicação Social - Produção Editorial • Comunicação Social - Habilitação em Publicidade

e Marketing • Comunicação e Tecnologia (Seq.) • Hipermídia - Comunicação Social• Habilitação em Hipermídia • Tecnologia em Editoração Eletrônica • Tecnologia em Comunicação Digital - Fotografia• Tecnologia e Gerenciamento em Editoração -

Técnicas Gráficas e Digitais • Tecnologia da Produção de Fotografia, Rádio,

TV e Vídeo • Tecnologia em Comunicação Audiovisual• Realidade Comunicação e Expressão (Seq.)• EAD - Comunicação Social - Publicidade e

Propaganda

de ensino ganham espaço para di-vulgar seus cursos, além da chance de identifi car a demanda do mercado e adequar a ele os currículos de seus cursos. Assim, o CIEE cumpre uma de suas funções como agente de integra-ção, que é servir de canal de comuni-cação entre a empresa e a escola. Para os estudantes, as oportunidades de conseguir um estágio e de conhecer os diversos segmentos de sua futura carrei-ra tornaram-se bem maiores. Celso Pe-reira dos Santos, 22 anos, cursa Matemá-

tica no Centro Universitário Sant’Anna (UniSantana) e estagia na Clínica de Anestesiologia de São Paulo, elaborando planilhas eletrônicas de estatísticas para controle de qualidade e dados fi nancei-ros. Num sistema de triagem por cursos, seu campo de atuação estaria restrito à monitoria em sala de aula e difi cilmente teria essa oportunidade. Ele não tinha noção do leque de opções profi ssionais que seu curso possibilita exercer: “Acha-va que, no máximo, atuaria na área ban-cária”, afi rma.

Apesar de fazer Administração, Bruna conquistou sua vaga de estágio na área de Economia.

Gestão para um mundo melhor, de Elcio Aníbal de Lucca

Uma lição sobre a evolução da admi-nistração dos ne-gócios por quem é reconhecidamente um dos executi-vos mais inova-dores do país. Em Gestão para um mundo melhor, o autor Elcio Aníbal de Lucca – que presidiu o Serasa de 1991 a janeiro de 2008 – compartilha suas experiências e conhecimentos sobre as práticas de excelência de gestão, mostrando a importância da serenidade nos ne-gócios. Referência como adminis-trador à frente de seu tempo, o em-presário narra em primeira pessoa seus princípios éticos e os conceitos e valores que consolidaram o suces-so de sua administração no Serasa. Pelas suas mãos, a organização teve um crescimento de 34.233% de re-ceita líqüida.O livro traz ainda depoimentos das principais lideranças do país, como o presidente do Conselho de Administração do CIEE, Paulo Natha nael Pereira de Souza; do ex-presidente da FIESP, Horácio Lafer Piva; do presidente da Nestlé, Ivan Zurita; do empresário Romeu Chap Chap, entre muitos outros.Uma leitura fundamental que serve como referência para quem busca interpretar as tendências dos negó-cios e da administração de empre-sas no terceiro milênio. (217 pags. Editora Campus-Elsevier).

LIVROS

Uma determinada empresa de comuni-cação necessita de um estagiário para exercer funções ligadas à editoração. Anteriormente, sua opção estaria restrita apenas aos estudantes de Jornalismo. Hoje com a triagem por áreas de atuação, essa vaga tem quinze cursos à disposição:

ÁREA PROFISSIONAL: Comunicação

ÁREAS DE ATUAÇAO:• Editoração• Relações Públicas• Gestão• Roteiro• Assessoria de Imprensa• Multimídias• Projetos

EXEMPLO DE ÁREA DE ATUAÇÃO

EditoraçãoEditoração• Relações Públicas

• Assessoria de Imprensa• Multimídias

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21Agitaçãomai/jun 2008

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ESCOLA

Em um ato involuntário, uma pessoa pode mudar o destino de muitas outras. Foi o que aconteceu em 1999, quando uma jovem deficiente visual procurou pela Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), interessada em fazer o curso de Pedagogia. O reitor da universidade, Sérgio Naddeo, viu então a necessidade de transformar a instituição de ensino em um ambiente adaptado para os defi-cientes. Com isso, passou a acompanhar de perto a estudante, concedendo-lhe material em braille e tudo que fosse ne-cessário. Pouco tempo depois, por mo-tivo de doença, o reitor perdeu cem por cento da visão. Visando melhorar as condições de acessibilidade dos estudantes com de-ficiência à universidade, a Unicid criou o Centro de Apoio Acadêmico ao Defi-ciente (Caad), responsável por assegurar a igualdade, inclusão e participação dos alunos com deficiência em todas as ativi-dades. Desde sua inauguração, o Caad já atendeu três mil pessoas da comunidade, além de 300 alunos da universidade, to-talizando mais de 43 mil horas de aulas. Hoje, o projeto é referência para outras universidades, pois, além dos estudantes, o corpo docente também recebe a cola-boração de deficientes.

LIÇÃO DE EFICIÊNCIAHá quase dez anos, a Unicid é referência para universidades e alunos na capacitação de pessoas com deficiência.

Foi por intermédio desses alunos que o projeto se estendeu. A universidade deu espaço e eles começaram a dar sugestões de cursos e materiais que poderiam ser adquiridos. Cursos de informática, braille, sorobã – ferramenta pedagógica que auxilia no aprendizado da matemática – e música entraram na grade curricular do centro. As pessoas que freqüentam o Caad tam-bém têm acesso a aulas para melhorar a qualidade de vida dos atendidos e ajudá-los a serem mais independentes. Nas au-las de práticas diárias, os deficientes vi-suais exercitam os cuidados com a casa,

como passar roupa e cozinhar. Também têm aula de orientação e mobilidade, na qual aprendem como se localizar em ambientes públicos e a andar com mais segurança no metrô, trem e ôni-bus. Eduardo José Drezza, coordenador do centro e professor especializado em Orientação e Mobilidade, chega a fazer três ou quatro viagens com o deficiente visual, para que ele consiga chegar sozi-nho na universidade. “Quando vejo que

Eduardo Drezza: o próximo passo é a inserção de projetos para formação e

inclusão profissional dos alunos.

Marcio Horta, deficiente visual e professor de violão e piano, acredita que o fato de ele também

não enxergar o aproxima mais dos alunos.

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depois de quatro meses a pessoa chegou sozinha no Caad, me sinto orgulhoso do meu trabalho”, comemora Drezza.

Qualidade de vida. Caio Henrique Re-berte Leal de Sá, 12 anos, freqüenta o projeto desde os 7 e aprova os cursos: “Já aprendi a arrumar a cama, lavar a louça e até sei fazer miojo”, brinca. Com en-tusiasmo, ele fala da facilidade que tem com a internet, habilidade que adqui-riu durante as aulas de informática, sob a orientação do professor Almir Silva de Oliveira. O profissional concilia sua formação em Ciências da Computação com o seu trabalho no projeto. Entretan-to, admite que são poucos os profissio-nais da área com experiência para atuar com deficientes. “Hoje, vejo que, dentro da minha profissão, tenho muito que fa-zer, porque descobri as diversas utilida-des do meu trabalho para pessoas com deficiência.”A cada ano, a Unicid coloca mais pro-fissionais habilitados no mercado de trabalho, como Fabiana Aparecida Santos, formada em Direito e profes-sora de braille. Apesar de ter perdido a visão aos 18 anos, ela aprendeu rapi-damente a escrita e procurou pela uni-

versidade, por causa da infra-estrutura que oferece às pessoas com deficiência. De aluna passou a ser professora e hoje ajuda outras pessoas a ler e escrever em braille. “Foi difícil quando perdi a vi-são, mas trabalhar aqui me mostrou o quanto posso ser útil”, diz. “Tudo é uma questão de adaptar-se.” O jovem Daniel Hollenstiin, estudante do primeiro ano de Direito, também usufrui das atividades oferecidas pelo centro. Aluno de Fabiana, ele admite ter muitas dificuldades no manuseio da máquina reglete – aparelho manual para escrita em braille. “É bem mais fácil mexer no computador”, ressalta. Apesar de morar distante da univer-sidade e demorar cerca de uma hora e meia para chegar à Unicid, Daniel é um dos alunos que procuraram a instituição devido à precariedade das outras faculdades em atender pessoas com deficiência. “Estou estudando aqui por causa do programa de inte-

gração”, explica. “Até o porteiro sabe como me ajudar.”Para Maria Aparecida Luiz, pedagoga responsável por orientar docentes na inclusão dos deficientes nas aulas, o pa-pel das faculdades é oferecer a integra-ção plena: “Não é só colocar uma ram-pa e deixar o ambiente adaptado para o deficiente. É preciso oferecer suporte ao aluno”. Para a ex-aluna Tânia Waidemann Fuentesal, deficiente visual, a nota para o Caad é dez. Ela se formou em Admi-nistração e atualmente faz duas pós-gra-duações. Uma das especializações é fora da instituição e, por isso, sente muitas dificuldades para acompanhar a aula, já que a outra faculdade não oferece apos-tilas impressas em braille, ou mesmo slides transmitidos em áudio. “Se todas as instituições oferecessem os recursos que temos aqui, nós deficientes teríamos mais opções na hora de escolher uma universidade”, conclui.

Desde os 7 anos no Caad, Caio já aprendeu a mexer no

computador e agora tem aulas de práticas diárias.

De aluna Fabiana Santos passou a professora. Hoje, ela ajuda jovens como Daniel a escrever e a ler em braille.

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O estímulo para novas vagas de está-gio promete aumentar de modo pro-gressivo no setor educacional. Em maio deste ano, o CIEE Bahia assinou convênio com o Sindicato das Escolas Particulares de Salvador (Sinepe), que prevê o aumento de oferta de vagas em instituições de ensino da Bahia, onde atualmente centenas de jovens já par-ticipam de programas de capacitação. De acordo com Luciana Gomes Vieira de Menezes, supervisora de Relações Externas do CIEE, o convênio fortale-ce a parceria já existente com as esco-las do estado. “Atualmente mantemos muitos colégios cadastrados e com ex-celentes resultados, como os colégios Marista, Sartre, Dois de Julho, Módu-lo, Antônio Vieira, Instituto Adventis-ta, entre outros”, explica.Os resultados dessa parceria já supe-raram as expectativas no Colégio An-

Parceria investe nas escolas Convênio consolida previsão de aumento de vagas de estágio na área de Educação.

chieta. A instituição mantém 80 esta-giários distribuídos nas mais diversas áreas: Pedagogia – que possui o maior volume de vagas –, cursos de licen-ciaturas, Administração, Informática, Biblioteconomia, entre outros. Para o diretor geral do Anchieta, João Batis-ta de Souza, a iniciativa é uma grande oportunidade para o aprendizado na área. “Os jovens vivenciam todos os campos e aspectos de uma institui-ção de ensino. Isso é um grande dife-rencial no currículo de cada um.” Ele também ressaltou que o convênio só é possível, porque conta com a parceria do CIEE. “Destaco a pré-seleção fei-ta pelo CIEE, de onde recebemos jo-vens orientados e com muita vontade de aprender. Tanto que já efetivamos muitos deles”, reforça.O jovem Tarcísio de Castro Amorim é um exemplo disso. Efetivado no Colé-gio Anchieta desde novembro passa-do, Tarcísio é elogiado pela diretoria por sua proatividade e competência. Aos 23 anos e com uma vontade enor-me de garantir seu espaço no concor-rido mercado de trabalho, ele não dei-

xa por menos. Diz que continua com a mesma empolgação do seu primeiro dia de estágio. “Este é o meu primeiro emprego e por isso procuro mostrar dedicação e dar tudo de mim.” Quan-do questionado sobre a palavra que melhor define seu trabalho, ele não vacila: “Comprometimento. E o bom é que a empresa reconhece isso.” Com 27 anos no segmento, o Anchieta conta hoje com mais de 2,8 mil alunos.

Encaminhamento de jovens. O Sine-pe mantém atualmente cerca de 300 associados e tem buscado estreitar os laços com o CIEE. Segundo o presi-dente do sindicato, Natálio Dantas, o CIEE tem colaborado muito para ampliar o encaminhamento de jovens ao mercado da Educação por meio de estágios. “É uma instituição que se tornou referência e conquistou mui-ta credibilidade no nosso segmento”, afirma.

João Batista de Souza, do Anchieta: “Os jovens vivenciam todos os aspectos da instituição.”

Colégio Anchieta: 80 estagiários em diversas áreas.

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Muitos estudantes trabalham em uma área totalmente diferente da cursada na universidade. Apesar de o emprego ter registro em carteira, remuneração razoável e garantia de estabilidade, esse jovem sabe que o estágio, além de fonte de aprendizado, serve como alavanca em sua carreira e emprega-bilidade. Então, vale a pena trocar o emprego efetivo por um estágio? “Valeu muito a pena. Cresci, não só no lado profissional, mas também no pessoal”, afirma Wagner Mendes Fon-seca, 21 anos, estudante do curso de Análise de Sistemas da Universidade Bandeirante de São Paulo (Uniban). Ele era auxiliar administrativo em um escritório de engenharia, quando a empresa lhe ofereceu uma vaga de es-tágio na área de informática. Não pen-sou duas vezes. Estagiou por dois anos e foi efetivado novamente, assumindo o cargo de analista de sistemas.Mesmo com o valor menor da bolsa-au-xílio em relação ao antigo salário, César de Souza Ramos, 22 anos, estudante do terceiro ano de Engenharia Elétrica da Uniban, também preferiu partir para o estágio na área de Engenharia a per-manecer no trabalho como técnico eletrônico. Segundo ele, nessa fase da carreira, o mais importante é acumular experiência. “Muitos não saem do em-prego pelo fato de ganhar menos com a bolsa-auxílio, mas acabam não rumando para a área escolhida”, explica.

Fonte de aprendizado. Para a Gerên-cia de Acompanhamento de Estágio do CIEE, a troca do estágio pelo em-prego é comum, pelo fato de muitos

De efetivo para estagiárioAs vantagens de trocar estabilidade por conhecimento.

estudantes ingressarem na universi-dade já trabalhando. Quando o jovem entra no curso superior, ele se vê na condição de atuar na área em que es-tuda. Mas, antes de tomar qualquer decisão, deve verificar se a vaga lhe dá oportunidades de se desenvolver pessoal e profissionalmente. Em mui-tos casos, as vantagens são muitas. Colocar em prática o que se aprende na teoria faz do estágio uma excelen-te fonte de aprendizado, ampliam as chances de conseguir boas oportuni-dades e expande a rede de contatos na área de atuação desejada. Além dis-so, o estágio colabora para colocação profissional do recém-formado, que já entra no mercado com experiência no seu ramo de atividade. Apesar de ser confortável manter-se em um empre-go seguro, optar pelo estágio é a opor-

tunidade de ingressar no ramo em que se estuda na universidade e, assim, dar o primeiro passo dentro da carreira pretendida.

CARREIRA

Wagner trocou a carteira assinada pelo foco na carreira. Hoje ele é efetivo novamente.

César: “A experiência de estágio vale mais que a estabilidade financeira.”

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CAPA

Apesar de alguns lampejos de cursos superiores antes de 1808 – estudos de Filosofi a em seminários jesuíticos e Engenharia para soldados do exérci-to –, apenas com a chegada ao Brasil de D. João, então príncipe regente, foi criada a primeira faculdade. Nesses 200 anos de história, a educação supe-rior desenvolveu-se lentamente. Até os anos 1960, praticamente apenas os jovens da elite conseguiam alcançar a universidade. Com o número peque-no de faculdades e cursos, a qualidade do ensino sobressaía. A partir da dé-cada de 1970, com uma nova parcela da população atendida pela educação básica, o contingente de alunos para a educação superior cresceu. Sem con-

ENSINO SUPERIOR:ENSINO SUPERIOR:200 ANOS200 ANOS DE ERROS DE ERROS E ACERTOSE ACERTOS

No século 19, as defi ciências do ensino básico marcaram a trajetória inicial dos cursos superiores no país. Dois séculos depois, a história parece se repetir.

dições de acolher essa população, as universidades públicas recorreram a vestibulares superconcorridos, sele-cionando os alunos mais bem prepa-rados, a maioria dos quais desfrutava de melhores condições econômicas para estudar. Para acolher os exceden-tes, ocorreu nos anos 1990 um boom de faculdades e universidades particu-lares que viria suprir, de certa forma, a nova e crescente demanda – impul-sionada, entre outras razões, pelas exi-gências mais rigorosas que passaram a dominar o mercado de trabalho.Com a maior oferta de vagas, a quali-dade não se manteve e, pior, vem cain-do vertiginosamente com o passar dos anos. Para Paulo Nathanael Pereira de

Souza, presidente do Conselho Ad-ministrativo do CIEE e ex-presidente do Conselho Federal de Educação, a universidade está muito defasada em relação aos currículos e às didá-ticas. “É preciso oferecer um tipo de educação que combine a teoria com a prática”, enfatiza. Segundo o professor, isso acontece porque prevalece, ainda hoje no país, a tradição do modelo de educação européia do início do século passado, que dá ênfase ao ensino en-ciclopédico, com excesso de informa-ções, muitas das quais desnecessárias em um ambiente de inclusão digital e abundância de disponibilidade de da-dos. “É inútil aprender algo sem saber exatamente para que serve”, diz. Para exemplifi car, Paulo Nathanael cita as aulas sobre o teorema de Pitágoras: “Os alunos até conseguem fazer os cálculos, mas nunca sabem qual será a aplicação prática daquilo.” Ele acredita

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que a origem do problema está no fato de a educação brasileira ter começado de maneira equivocada em 1808, pois nasceu de forma invertida. “A estrutu-ra foi criada de cima para baixo. Ou seja, primeiro preocupou-se com o curso superior, sem um programa de educação básica defi nido.”

Sempre sob pressão do mercado. Até a chegada da Família Real no Brasil, em 1808, a fundação de faculdades na América Portuguesa era proibida por decreto da Coroa portuguesa. Se nas colônias espanholas havia univer-sidades desde o século 16, no Brasil os fi lhos das elites tinham de obter o diploma na Europa. Quando o prín-cipe regente chegou ao Rio de Janei-ro, cedeu à necessidade da criação de institutos superiores, já que, com o bloqueio continental determinado por Napoleão Bonaparte, fi cou im-possível para os brasileiros viajarem à Europa em busca do aperfeiçoamento dos estudos. O primeiro curso foi o de Medicina, instalado em Salvador, principalmente devido às condições precárias de higiene e saúde da cidade.

Professores não faltavam, pois muitos médicos acompanharam a comitiva real para cuidar da rainha D. Maria, que sofria de problemas neurológicos.Foi esse o cenário que marcou os pri-mórdios da educação superior no país, já nascendo torta por falta de qualquer tipo de planejamento ou sistemati-zação. A educação básica ofi cial, por exemplo, inexistia no início do século 19. Os jesuítas que chegaram à colônia logo após o descobrimento fundaram escolas com o propósito principal de catequizar os índios, ministrando um ensino recreativo, que visava mais ao preparo para o batismo e à conversão ao catolicismo. Quando os jesuítas fo-ram expulsos pelo marquês de Pom-bal, extinguiram-se as escolas. Em seu lugar, decidiu-se instituir as chamadas classes reais, espécie de escola pública com o dinheiro da Coroa. No entanto, a idéia não foi para frente, pois falta-vam professores.O descaso com a educação – uma de-fi ciência que se tornaria tradicional, persistindo até hoje – condenava gran-de parte dos jovens ao analfabetismo, puro e simples. Uma das raras exceções

Fundada em 18 de fevereiro de 1808 pelo prín-cipe regente D. João com o nome de Escola de Cirurgia da Bahia, a Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA) é a primeira do Brasil e pioneira no desenvolvimento de estudos e pesquisas nas áreas de doenças tropicais, psiquiatria, antro-pologia e medicina legal. Também nessa faculdade foram lecionadas as primeiras aulas de Física e Quí-mica e fundado o primeiro hospital universitário brasileiro. “Fomos palco de muitos acontecimentos importantes”, afirma o diretor José Tavares Neto, que mantém com orgulho um acervo de 5.514 teses doutorais escritas por alunos de vá-rias épocas, incluindo a primeira tur-

ma de formandos. “Essas teses contam a história e a evolução da medicina brasileira”, revela. Entre os muitos estudiosos e profissionais ilustres que

passaram pela instituição, destacam-se Nina Rodrigues, Juliano Moreira, Afrânio Peixoto, Carlos Chagas, Oscar Freire, Manuel Vitorino

e Martagão Gesteira. “Todos deixa-ram um grande legado. Como eles, todos os médicos precisam pensar no coletivo, no todo. É preciso ter respeito à dignidade humana”, res-salta José Tavares.Com mais de 20 mil metros quadra-dos de área construída, funciona no Terreiro de Jesus, no Pelourinho. Em comemoração ao bicentenário, a Fa-culdade de Medicina da Bahia ganhou um amplo projeto de restauração, que tem como meta garantir a revitalização e o uso pleno do imóvel, tombado pela Unesco – um dos mais importantes patrimônios da Bahia e do Brasil.

eram os fi lhos dos grandes fazendeiros, educados dentro de casa, muitas vezes por padres, que transmitiam conheci-mento de linguagem, latim, matemáti-ca, arte e religião. Naquela época, só os homens eram educados.

Qualifi cação, drama antigo. Após a independência, de novo a realidade, mais do que o reconhecimento da importância do ensino para o desen-volvimento do país, impulsionou um novo salto. Como o nascente Império precisava de advogados para ajudar a institucionalizar o país, D. Pedro I criou as faculdades de Direito de Olinda/PE e São Paulo/SP. O modelo vingou até a primeira metade do século 19, quan-do começaram a surgir os primeiros sinais de urbanização e industrializa-ção nas cidades. “O aumento das exi-gências, somado ao desenvolvimento econômico, foi um dos fatores funda-mentais para a criação da escola pú-blica popular”, conta Paulo Nathanael.Com a libertação dos escravos e o ad-vento da República, nova pressão da realidade, já na virada para o século 20, provocou a explosão da demanda

A PRIMEIRA FACULDADE DO BRASIL

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por mão-de-obra preparada e o pre-caríssimo nível educacional levou o governo federal a buscar trabalhado-res livres na Europa, principalmente portugueses, italianos, espanhóis e alemães. A partir da década de 1930, lotaram-se as escolas de ensino pri-mário, já insufi cientes para atender toda a população infantil. Na década seguinte, o contingente passou para o curso ginasial (atual segundo ciclo do ensino fundamental) e nos anos 50 e 60, no colegial ou científi co (atual en-sino médio). No início da década de 60, o drama dos excedentes – jovens que não conseguiam vencer a barreira do vestibular para o reduzido número

de vagas na rede do ensino superior, então constituída basicamente pelas poucas universidades públicas e algu-mas confessionais. A partir dos anos 80, Brasília come-çou a construir a grande rede de ins-tituições federais por todo o país para atender à nova demanda: os fi lhos da classe média. A partir dos anos 90, surge o boom de universidades par-ticulares, para tentar absorver esse contingente que não tem condições de competir por uma vaga na faculdade pública. Os núme-ros desse cresci-mento são espan-tosos. Segundo o

Censo da Educação Superior de 2006, de 1997 a 2006 as matrículas no en-sino superior subiram 140%. As ins-tituições superiores aumentaram em 152% no mesmo período. Esse cres-cimento do número de estudantes no ensino superior teve um forte refl exo na qualidade do ensino.

Desestabilização da qualidade. Para Pedro Salomão José Kassab, presiden-te do Conselho Estadual de Educação de São Paulo, a falta de planejamento

pública. Os núme-ros desse cresci-mento são espan-tosos. Segundo o

Com a necessidade de institucionalizar o país, foram criadas as faculdades de Direito do Largo São Francisco (à esq.) e a de Olinda (acima); a politécnica da USP (à dir.) surgiu anos depois.

Jesuítas (à dir.) catequizam índios em São Paulo.Marquês de Pombal (abaixo) observa a saída de

jesuítas expulsos do país.

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ao longo do processo de universaliza-ção do nível básico gratuito causou o trágico sucateamento que marca hoje a educação brasileira. “Quando ape-nas a elite tinha acesso à educação básica, a qualidade era muito melhor”, lembra. “Hoje, as escolas públicas não conseguem sequer preparar os alunos para a universidade.”A massifi cação e a heterogeneidade econômico-social dos alunos que in-vadiram as salas de aula, sem que a pe-dagogia conseguisse atualizar e diver-sifi car seus procedimentos, levaram ao fracasso, revelado por péssimos indicadores e avaliações nacionais e internacionais. No Programa Interna-cional de Avaliação de Alunos (Pisa), realizado pela Organização para a Coo-peração e Desenvolvimento Econômi-

co (OCDE) em 2006, os estudantes brasileiros – 9.265 participantes com idade em torno de 15 anos – deram vexame na avaliação de conhecimen-to de Matemática e Ciências. Entre 57 países participantes, o Brasil fi cou em 52.ª posição na área de ciências e 54.ª em matemática.Os resultados do Exame Nacional de Desempenho (Enade) para as institui-ções de cursos superiores não são mais animadores. De acordo com o Minis-tério da Educação (MEC), com dados baseados no Enade, um em cada cinco cursos de Medicina precisa melhorar urgentemente a qualidade. No último exame, em 2007, pelo menos 30 cursos tiveram notas 1 ou 2 numa escala até 5. Os resultados dos últimos anos do exa-me da Ordem dos Advogados do Bra-

sil (OAB) também não deixam dúvidas sobre as precárias condições de ensino das faculdades de Direito. Na opinião do sociólogo José Pastore, “há certo conluio entre alunos e professores em favor do mau ensino”. Se-gundo ele, os estudantes estão interessados no di-ploma e poucos querem estudar. “Já os professo-res, apenas pretendem se manter empregados.”

Sem pesquisa ou investimento. A falta de ensino superior de qualidade provoca uma crise de mão-de-obra es-pecializada no país. Apesar do desem-prego recorde que atinge atualmente a faixa etária dos 18 aos 24 anos – taxa de 16,7%, segundo dados do Institu-to de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) –, há sobra de vagas para algu-mas carreiras por falta de candidatos qualifi cados, como Engenharia, Con-tabilidade e Tecnologia de Informa-ção (TI). Pastore acredita que um dos entraves seja a falta de interesse das universidades e faculdades no inves-timento em pesquisa. “Isso é grave. A universidade não pode dispensar a inoculação nos alunos do vírus da curiosidade.”Em levantamento feito pelo Conselho Nacional da Educação (CNE), das 177 universidades, 56% não chegam a ter um curso de doutorado e três de mes-trado, quantidade considerada mínima pelo Conselho. Nas instituições parti-culares, a situação é ainda pior: 70% não possuem cursos de pós-graduação. Dos 1.146 programas de doutorado re-gistrados na Coordenação de Aperfei-çoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), somente 118 são de faculda-des privadas. Apesar de a maioria dos cursos ser das 53 universidades fede-rais, em 15 delas não há a quantidade mínima de mestrados e doutorados.

Pedro Salomão Kassab: “Quando apenas a elite tinha acesso à educação básica, a qualidade era muito melhor.”

José Pastore: “Há certo conluio entre alunos e

professores em favor do mau ensino.”

Milton Linhares:”Se somarmos os

investimentos públicos visando ao aumento de vagas na rede de

universidades gratuitas, teremos um resultado pífi o,

muito aquém das reais necessidades de um país

continental como o nosso.”

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30 Agitação mai/jun 200830 Agitação mai/jun 2008

CAPA

Para o vice-reitor da Universidade Bandeirante de São Paulo (Uniban), Milton Linhares, reconduzido recen-temente à Câmara de Educação Supe-rior do CNE, há mais de duas décadas que a demanda pelo ensino superior vinha dando sinais de que iria cres-cer, mas nada foi feito pelas várias administrações federais e estaduais. “Se durante esse tempo somarmos os investimentos públicos visando ao aumento de vagas na rede de uni-versidades gratuitas, teremos um re-sultado pífi o, muito aquém das reais necessidades de um país continental como o nosso”, ressalta. Segundo ele, o governo federal transferiu a responsa-bilidade da expansão do sistema para a iniciativa privada, o que colaborou para o cenário atual.

Ilhas de excelência. No ranking das 200 melhores universidades do mundo,

de 2007, a Universidade de São Paulo (USP), reconhecida como a melhor do Brasil, aparece em 175ª posição, duas à frente da segunda brasileira citada, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Só para comparar, Estados Unidos e Grã-Bretanha juntos têm 84 instituições no levantamento. Apesar disso, o resultado alcançado pela USP e pela Unicamp ainda merece come-moração, já que, em 2006, nenhuma escola de ensino superior do Brasil constava no ranking.Para Pedro Kassab, a USP, a Unicamp e a Universidade Estadual Paulista (Unesp) formam ilhas de excelência e, não por coincidência, estão localiza-das em São Paulo, estado de reconhe-cida expressão cultural e de elevada qualidade de recursos humanos. Ele credita esse resultado a uma política de fi nanciamentos de recursos dife-renciada das demais universidades do país, já que as três são mantidas pelo governo paulista. A dotação fi xa de percentual da arrecada-ção de impostos para essas universidades,

aprovada pela Assembléia Legislativa, assegura melhores condições de pla-nejamento do que as encontradas nas federais. “Não sofrem asfi xiamento por falta de recursos”, pondera.Essa excelência gerou multiplicadores na área de tecnologia, como o res-peitado Instituto de Pesquisas Tec-nológicas (IPT), nascido na Escola Politécnica da USP. O IPT tem exten-so currículo de contribuição para o Brasil, como nas assistências técnicas às hidrelétricas de Sobradinho e Itai-pu, na construção de estradas como a Rodovia dos Imigrantes (que liga São Paulo à Baixada Santista), além do de-senvolvimento de pesquisas em muitas áreas, como engenharia civil, metalur-gia, madeiras, mecânica e eletricidade industrial, engenharia naval e oceâni-ca, entre outras.

A vez dos cursos de tecnologia. A valorização dos cursos tecnológicos, voltados para a formação aplicada e

de curta duração, é cita-da por especialistas em

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31Agitaçãomai/jun 2008 31Agitaçãomai/jun 2008

O secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação, Ronaldo Mota, acredita que o Brasil precisa, com ur-gência, ampliar o acesso de estudantes ao ensino superior. Segundo ele, é inaceitável que apenas 11% dos jovens com ida-des entre 18 e 24 anos consigam atingir esse nível educacional. “No entanto, não basta ampliar, é preciso fazê-lo com qualidade”, reconhece.

Agitação – Quais os princípios que devem nortear o ensino superior no país? Ronaldo Mota – A educação supe-rior deve balizar-se pelos seguintes princípios complementares entre si: expansão da oferta de vagas, garan-tia de qualidade, promoção de inclu-são social pela educação, ordenação territorial, permitindo que o ensino de qualidade seja acessível às regiões mais remotas do país, e desenvolvi-mento econômico e social, fazendo que a educação superior seja forma-dora de recursos humanos altamente qualificados ou peça imprescindível na produção científico-tecnológica, elemento chave da integração e for-mação da nação.

Agitação – Como o governo federal pretende melhorar a qualidade do ensino nas universidades privadas? Ronaldo Mota – Garantindo quali-dade, o que remete à nossa capaci-dade de avaliar e regular o sistema de educação superior. A avaliação da educação superior será feita em con-sonância com os três componentes do Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Sinaes): avaliação

educação como uma das formas de se melhorar a inserção dos jovens no en-sino superior, já que o Brasil precisa com urgência de mão-de-obra espe-cializada graduada. No entanto, apesar da explosão das faculdades privadas, apenas 8% da população tem superior completo, contra 14% da Argentina, 13% do Chile e a média de 26% dos países pesquisados pela OCDE. Além das difi culdades que as classes C e D têm de chegar ao ensino superior, ou-tro grave problema derruba ainda mais esse índice: a evasão de universitários. Nos últimos seis anos, a porcentagem de desistência permaneceu na casa dos 20%, ou 811.720 alunos desisten-tes, segundo o último Censo do Inep, em 2006. O motivo mais comum para a evasão é a falta de condições para o pagamento das mensalidades. Essa foi a justifi cativa para a desistência da estudante Cláudia Silva dos Santos, que cursava o 3º ano de Odontologia no Centro Universitário de Santo An-dré (Unia). Com uma mensalidade de 680 reais, a jovem teve de adiar o sonho do diploma. “Não tive como continuar, mas tenho fé e pretendo voltar um dia”, diz Cláudia, que sempre sonhou em atuar na área de saúde.

institucional, de cursos e de desempenho dos estudantes. Assim, a avaliação se torna a base da regulação, em um de-senho institucional que cria um marco regulató-rio coerente e assegura ao Poder Público maior capacidade, inclusive do ponto de vista jurídico, de supervisão do siste-ma federal de educação

superior e abrindo às boas instituições condições de construir sua reputação e conquistar autonomia.

Agitação – Quais as atitudes da se-cretaria em relação às universidades federais?Ronaldo Mota – Por meio do Progra-ma de Apoio a Planos de Reestrutu-ração e Expansão das Universidades Federais (Reuni), a secretaria preten-de estimular a reestruturação acadê-mica de seus cursos de graduação presenciais, dotando essas institui-ções das condições necessárias para ampliação do acesso e permanência na educação superior.

Agitação – Quais as próximas metas que o governo pretende atingir no to-cante à educação superior? Ronaldo Mota – Ampliação com quali-dade, promovendo inclusão social pela educação e com visão de territorialida-de. Além disso, a ampliação do acesso ao ensino superior, público e privado, só adquire pleno sentido quando vis-lumbrada como elo adicional de um conjunto de projetos que articulam, com um olho na educação básica e outro na pós-graduação, a ampliação de acesso e permanência, a reestrutu-ração acadêmica, a recuperação orça-mentária, a avaliação e a regulação.

AMPLIAR COM QUALIDADE

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32 Agitação mai/jun 2008

CAPA

Financiamento e estágio. Para ame-nizar esse problema, uma das saídas foi a criação de um sistema de finan-ciamento estudantil para faculdades privadas, que atende a 10% dos alu-nos matriculados no ensino privado, ou seja, 310 mil estudantes, segundo o MEC. O Programa Universidade para Todos (ProUni), criado em 2004, ofe-rece bolsas de estudo em instituições de educação superior privadas, em cursos de graduação e seqüenciais, para estudantes sem diploma anterior. A bolsa pode ser integral – concedida a estudantes que obtiveram nota supe-rior a 45 pontos no Enade, pertençam a famílias com renda até 622 reais (1,5 salário mínimo) – ou parcial, que cobre 50% dos custos, com exigência de ren-da mensal até 1.245 reais (três salários mínimos). Existe ainda a modalidade complementar, que abrange calouros das faculdades contempladas, que se enquadrem no perfil do ProUni.Estudante do terceiro ano de Jorna-lismo na Uniban, Guilherme Teixei-ra Lopes, 22 anos, assume que se não fosse pelo ProUni não conseguiria cursar a faculdade. “O difícil não é entrar na faculdade, mas pagá-la to-dos os meses”, diz. Guilherme traba-

lhava de balconista em um shopping, quando foi orientado por um amigo a prestar o Enem. Ao ver o resulta-do, surpreendeu-se; acertara 73% das questões, uma boa média. Por causa disso, não se sente inferiorizado por estar no ProUni. “Quem participa do programa até alcança notas melhores, pois existe o compromisso de 75% de aproveitamento.” Para quem não atin-giu os pontos suficientes no Enem, o Programa de Financiamento Estudan-til (Fies) pode ser uma opção. Pelo projeto, o estudante recebe financia-mento da Caixa Econômica Federal

(CEF) para custear a faculdade parti-cular. Criado em 1999, para substi-tuir o Programa de Crédito Educativo, já beneficiou mais de 500 mil estudan-tes, com aplicação de recursos da or-dem de 4,6 bilhões de reais.Recentemente o MEC assinou con-vênio com a CEF para oferta de es-tágio nas unidades administrativas do

banco aos bolsistas do ProUni. Os jo-vens que quiserem se candidatar a uma vaga podem se cadastrar no site do CIEE (www.ciee.org.br), que interme-deia o processo. De acordo com pesquisa realizada pelo CIEE, 24% dos jovens têm medo de in-gressar na faculdade exatamente por não conseguir pagar o curso. Geradora de renda para o estudante, a bolsa-au-xílio proveniente de estágio é uma das formas encontradas pelos jovens para custear os estudos. Segundo a pesquisa, a maioria dos estagiários utiliza o valor da bolsa-auxílio para pagar a faculda-de. Com 44 anos de atuação, o CIEE já viabilizou a capacitação de 7 milhões de jovens para o mercado de trabalho. Só em 2007, foram pagos mais de 2 mi-lhões de bolsas-auxílio.

Tendência de crescimento. Outro fator que vem aumentando gradati-vamente a inserção de alunos no en-sino superior é a educação a distância (EaD), modalidade que foi regulamen-tada em 1996, pelo governo Fernando Henrique Cardoso. Nos últimos anos, a expansão da oferta de cursos de EaD abriu um novo flanco na democrati-zação do ensino superior. Entre 2003 e 2006, o novo formato teve um cres-cimento de 315% no número de ma-Guilherme Lopes: “Difícil não é entrar na faculdade, mas pagá-la todos os meses.”

Ricardo Brentani: “Pode fechar metade das faculdades de Medicina do país que não haverá maiores problemas.”

Segundo Frederic Litto, 25 milhões de pessoas utilizam EaD no mundo.

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33Agitaçãomai/jun 2008

Para garantir a qualidade dos profissio-nais, a Ordem dos Advogados do Bra-sil (OAB) criou, no final da década de 1960, o exame da ordem para o exer-cício da carreira de Direito. Em São Paulo, no exame realizado em janeiro do ano passado, 85,8 % dos candidatos foram reprovados. Em julho de 2007, o índice caiu para 69%. Para Ivete Senise, ex-presidente da Comissão do Exame da Ordem da OAB-SP e conselheira do CIEE, o exame foi necessário porque “a maioria se forma sem o nível de conhe-cimento necessário para desenvolver o trabalho de advocacia”, revela.Antes dos anos 60, os alunos faziam dois anos de estágio obrigatório, o que capacitava o jovem para uma inserção no mercado. Quando foram abertos os cursos noturnos, os estudantes não tinham mais a obrigação de fazer está-gio e a qualidade começou a cair. As-sim nasceu o exame, com o intuito de assegurar a presença no mercado de bons profissionais. “O mau advogado causa grandes prejuízos para a socie-dade”, diz a conselheira do CIEE.A Associação Brasileira de Medicina

Soluções para manter a qualidade(AMB) e o Conselho Federal de Medici-na (CFM) também já ensaiam a criação de um exame nos moldes da OAB para validar a qualidade dos futuros médicos. Em uma prova realizada pelo Conse-lho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), no ano passado, apenas 44% dos formandos foram aprovados. Por enquanto, o exame é voluntário e a re-provação não impede o exercício da pro-fissão, mas seus resultados comprovam que a qualidade do ensino de Medicina é deficiente até mesmo no estado mais rico do país. Ricardo Brentani, diretor presidente do Hospital AC Camargo, é uma das vozes favoráveis à obrigatorie-dade do exame. “O diploma de médico não é um bem de consumo, mas uma ferramenta de política de saúde. Não basta querer ser médico, é preciso mos-trar competência e vocação.”Um dos grandes fatores da queda na qualidade do ensino de Medicina, se-gundo Brentani, é o aumento desor-denado de faculdades – mais um sinal de que a falta de planejamento e a per-sistência do descaso com a educação são pragas que continuam bem vivas no país. Para quem teme que a saú-de do brasileiro seja prejudicada com medidas drásticas e rigorosas na fis-calização das escolas, ele lembra que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um médico para cada mil habitantes. “Num país como o Brasil, precisaríamos de 180 mil médicos. Hoje são 320 mil”, enfatiza. “Pode fechar me-tade dos cursos de Medicina que não haverá problemas.” Seria interessante que a mesma comparação fosse levada em conta na autorização para abertura de outros tipos de cursos superiores... Quem sabe, assim, alunos brasileiros deixariam de fingir que aprendem e as escolas, de fingir que ensinam.

trículas e permanece num patamar de aumento em torno de 80%. Para os especialistas na área, a tendência de crescimento é exponencial e deve se manter nos próximos anos. De acor-do com Frederic Litto, presidente da Associação Brasileira de Ensino a Dis-tância (Abed), 25 milhões de estudan-tes utilizam a EaD no mundo. “Quem pensa que essa modalidade é para os alunos preguiçosos está enganado. Só se dá bem quem é organizado e esfor-çado”, diz. Os resultados do Enade já provaram isso. Das 13 áreas avaliadas, os estudantes a distância obtiveram melhores resultados em sete delas.

Ivete Senise: “ O mau advogado causa muitos prejuízos para a sociedade brasileira.”

Aula na área de saúde na Unicamp: universidade está entre as 200 melhores instituições superiores do mundo. A

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34 Agitação mai/jun 2008

ACRE

O MEIO AMBIENTE AGRADECEO estágio de indígenas traz resultados positivos na preservação da floresta. Segurança alimentar para a comunida-de, implementação de sistemas agro-florestais, regionalização da merenda escolar, recuperação de áreas degra-dadas, fortalecimento das economias familiares por intermédio da comer-cialização da produção excedente e fiscalização das terras indígenas. Esses são alguns dos reflexos da atuação dos 69 estagiários indígenas nas aldeias do estado do Acre, resultado da parceria do CIEE, Secretaria de Extensão Agro-florestal, Produção Familiar do Acre (Seaprof) e Comissão Pró-Índio (CPI/AC), organização não-governamental responsável pela formação técnica pro-fissionalizante de Agentes Agroflores-tais, por intermédio da Escola Centro de Formação dos Povos da Floresta. A formação desses agentes faz parte de um projeto que vem sendo desenvolvi-do há mais de dez anos pelo governo do estado em parceria com a CPI/AC, onde aproximadamente 2,5 milhões de hectares de florestas são ocupados por 15 mil indígenas – o equivalente a 14% da extensão territorial do Acre. “Tra-balhamos com uma população delimi-tada que precisa incorporar novas téc-nicas para garantir seu futuro e o uso sustentável desses recursos depende da orientação”, diz Francisco da Silva Pinhanta, assessor especial dos Povos

Produção de cacau: prática desenvolvida por alunos do curso técnico de Agentes Agroflorestais.

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Indígenas do gabinete do governador Arnóbio Marques de Almeida Júnior. A exemplo do que foi realizado com as categorias profissionais de professores e agentes de saúde indígenas, o objetivo do governo é regulamentar a profissão do agente agroflorestal.

Incorporação de novas técnicas. Cada indígena desenvolve o estágio na sua própria aldeia e recebe uma bolsa-auxí-lio para ajudar nas despesas familiares. Ainda há uma demanda de 130 agentes para a cobertura do território indígena e a expectativa é supri-la, capacitando novos alunos que, num primeiro mo-mento, atuarão como estagiários, se-gundo o assessor. “Para contratá-los, faremos ainda, neste ano, um concurso público específico”, adianta Pinhanta.O programa de formação dos agentes agroflorestais é diferenciado, contri-buindo com as atividades milenares dos indígenas no trato com a terra e na gestão de seus recursos naturais, minimizando os altos índices de des-matamento, caça predatória, escassez de alimentos, poluição dos rios, me-lhorando o saneamento e a saúde, en-

fim, garantindo uma melhor qualida-de de vida para a comunidade. “Mas, assim como na formação tradicional, é necessário esse período de estágio”, diz Nilton Luís Cosson Mota, secretá-rio da Seaprof. Para ele, a capacitação é fundamental para potencializar e desencadear os processos de reorgani-zação política, econômica e cultural e a efetiva garantia da ocupação produ-tiva das terras indígenas. “Antes, fazíamos tudo, mas sem pla-nejamento”, diz José Guilherme Kaxi-nawá, da aldeia Paroá, município de Feijó. A implantação do sistema agro-florestal, evitando o desmatamento, o fortalecimento do artesanato, fonte de renda das 116 famílias da aldeia, e a produção da merenda escolar com recursos naturais, para evitar o consu-mo de produtos industrializados, são alguns dos feitos dos quais se orgulha. Para o CIEE, o estágio desses indígenas é estratégico, pois assegura a legalida-de, por intermédio da Lei do Estágio, para que possam exercer uma atividade tão importante para as comunidades e para a preservação do meio ambiente, segundo Eurivan Pereira, supervisor

do CIEE Rio Branco/AC. Eles passam 15 dias recebendo ensina-mentos teóricos e os outros 15 dias nas aldeias, atuando como multiplicadores das técnicas aprendidas com o homem branco, favorecendo as próprias famí-lias indígenas, como as comunidades ao seu entorno. Para garantir que o estágio esteja propiciando a prática equivalente ao conteúdo ministrado em sala de aula, são supervisionados por agrônomos da Seaprof durante as suas atividades e, ainda, preenchem relatórios periódicos de avaliação.

Parte da equipe de indígenas na Escola Centro de Formação dos Povos da Floresta.

O QUE É A COMISSÃO PRÓ-ÍNDIO

A Comissão Pró-Índio do Acre (CPI/Acre), organização não-governa-mental sem fins lucrativos, foi criada 1979 com o objetivo de prestar assessoria às populações indígenas em suas lutas pela conquista e pelo exercício de seus direitos coletivos. Atua em processos educa-cionais com a formação básica e profissionalizante dos cursos de Magistério Indígena e Agentes Agroflorestais Indígenas, envolvendo dez povos indígenas em 21 territórios no estado do Acre. Possui uma equipe multidisciplinar, composta por antropólogo, sociólogo, geógra-fo, arqueólogo, lingüista, agrônomo, técnico agrícola e florestal.A Escola Centro de Formação dos Povos da Floresta (CFPF), mantida pela CPI em um sítio de 31 hectares (localizado na área rural de Rio Bran-co, na estrada AC-90, km 8), possui uma área de 26 hectares como Re-serva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Nesse espaço é realizado o curso técnico profissionalizante de Agentes Agroflorestais Indígenas, cuja formação passa pelo desenvolvimento de competências relacio-nadas à vigilância e fiscalização das terras indígenas, implementação e experimentação de sistemas agroflorestais, criação racional de animais domésticos e silvestres, monitoramento ambiental e manejo agroextrati-vista, estudo das leis ambientais e indígenas e artes e ofícios.

Oficina de manejo de abelhas: conhecimento multiplicado nas aldeias pelos estagiários indígenas.

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36 Agitação mai/jun 2008

JUSTIÇA

Desde março do ano passado, mais de seis mil colaboradores de todas as co-marcas do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ/MT) participaram de trei-namentos. A iniciativa colaborou para o diagnóstico das carências e identi-ficação de talentos internos e trouxe, ainda, melhorias nas atividades dos 160 estagiários participantes, que atuam nas dependências do órgão público. O resultado dessas ações beneficia tanto o Poder Judiciário como toda a sociedade, que busca a tutela do Esta-do, pois o estagiário melhor orientado reúne condições para, ainda que na função de aprendizado, desenvolver suas tarefas de forma mais satisfatória, segundo o desembargador Paulo Les-sa, presidente do TJ/MT. “É sabido que apenas a formação al-cançada no ambiente acadêmico não é suficiente para garantir plenitude no exercício profissional. Nesse sentido, o estágio na atividade-fim representa grande chance para o futuro profissio-

Seleção de talentos no alto escalãoTribunais de Mato Grosso e da Paraíba apostam no estágio para oxigenar seus quadros.

nal que, no Poder Judiciário, está assegurado a estudantes de Direito, Administração de Empresas, Psicologia e ou-tras áreas do conhecimento”, esclarece Lessa, referindo-se aos 605 estagiários do TJ/MT, administrados pelo CIEE.A preocupação do TJ/MT com a aprendizagem dos jo-vens mato-grossenses não pára por ai. O órgão já plane-ja implantar o projeto Acadê-mico Conciliador, que prevê a atuação de docentes do curso de Direito nos juizados espe-ciais e nas varas de Família e Sucessões, de todo o estado. Além disso, também já ana-lisa a proposta de viabilizar, com o CIEE, a contratação de mais jovens, dessa vez por meio do Programa Aprendiz Legal. Confiança na atuação dos jovens. Investir na formação das futuras ge-rações também foi o que motivou o Tribunal de Justiça da Paraíba (TJ/PB) a contratar cem estagiários do curso

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Antônio de Pádua, presidente do TJ/PB.

de Direito, em parceria com o CIEE, para auxiliar os juízes nas Varas das Comarcas de João Pessoa e de Campi-na Grande. “Tenho plena confiança na atuação desses jovens, que agora dão o primeiro e importante grande passo no início de sua vida profissional”, diz o desembargador Antônio de Pádua, presidente do TJ/PB, durante integra-tivo dos estagiários, em 28 de abril, no Palácio da Justiça, sede do Poder Judi-ciário paraibano. Essa é a primeira vez que o TJ dispõe de uma política específica voltada para o es-tágio, segundo José Antônio Coelho Ca-valcanti, secretário de Recursos Huma-nos do TJ/PB. O programa ainda prevê a contratação de mais 156 estagiários, até o final deste ano, dos cursos de Admi-nistração de Empresas, Contabilidade e Biblioteconomia entre outros.

Paulo Lessa, presidente do TJ/MT

Tribunal de Justiça de Mato Grosso: 605 estagiários administrados em parceria com o CIEE.

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Anuncio Prêmio

Seu talento em uma estrutura empresarial

VIII Prêmio Literário CIEE/CADE“O Poder de Compra na Análise Antitruste”

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1 O VIII Prêmio Literário CIEE/CADE é destinado a todos os estudantes de nível superior, de todo o Brasil, regularmente matriculados, independentemente do ano e do curso.

2 O tema do VIII Prêmio Literário CIEE/CADE será: "O Poder de Compra na Análise Antitruste".

3 O trabalho deverá ter, no mínimo, 2.800 palavras e, no máximo, 4.200 palavras (de 7 a12 páginas).O texto deverá ser digitado e impresso em papel A4, fonte Arial, corpo 12, espaço 1,5.

4 O estudante deverá assinar o trabalho e anexar, em uma folha à parte, as seguintes informações: nomecompleto, idade, endereço completo, telefone, nome da faculdade e da universidade, bem como o cursoque freqüenta.

5 A inscrição ao concurso é isenta de qualquer taxa.

6 Os trabalhos deverão ser entregues ou enviados à sede do CIEE/SP, na Rua Tabapuã, 540,11º andar, Itaim Bibi – São Paulo/SP – CEP 04533-001, indicando o nome do concurso - Prêmio CIEE/CADE - até 20 de junho de 2008, via Correios, valendo a data de postagem.Os trabalhos postados ou entregues fora do prazo serão automaticamente desconsiderados.

7 Os três primeiros classificados receberão, em sessão solene, uma medalha alusiva ao Prêmio, um diploma e uma premiação em dinheiro nos seguintes valores:1º lugar – R$ 6.000,00 (seis mil reais).2º lugar – R$ 4.000,00 (quatro mil reais).3º lugar – R$ 3.000,00 (três mil reais).

8 Os trabalhos inscritos e não classificados não serão devolvidos.

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O CIEE poderá publicar os trabalhos premiados, independentemente de prévia aprovação deseus autores.

10 – O julgamento dos trabalhos será feito por um júri constituído de 3 (três) especialistas no assunto epresidido por um membro do CADE.

11 – Não poderão participar estudantes que foram premiados nos concursos anteriores promovidos peloCIEE/CADE e estudantes que estejam envolvidos direta ou indiretamente com as entidades promotorasdo Prêmio.

12 – A entrega do VIII Prêmio Literário CIEE/CADE aos classificados será no mês de julho de 2008, emsolenidade na sede do CADE, em Brasília/DF.

O Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE, em parceria com o Conselho Administrativo de DefesaEconômica – CADE, está promovendo o VIII Prêmio Literário CIEE/CADE (2008),

um concurso que visa estimular o gosto pela literatura entre os milhões de universitários brasileiros.

“O Poder de Compra na Análise Antitruste”

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39Agitaçãomai/jun 2008

CENTRO-OESTE

O Serviço Brasileiro de Apoio às Mi-cro e Pequenas Empresas (Sebrae) é um dos maiores parceiros do CIEE em Mato Grosso do Sul. Essa parceria, que começou há 11 anos, colhe seus frutos e atualmente beneficia 25 estudantes, via estágio. O programa foi planejado como estratégia de inclusão e formação de profissionais qualificados para o mer-cado de trabalho, com uma visão crítica a respeito do funcionamento da micro e pequena empresa. Durante os 11 anos de parce-ria com o CIEE, cerca de 430 estudantes já estagiaram na entidade.De acordo com a ge-rente de Recursos Humanos do Sebrae/MS, Janister de Mello, o acompanhamento dos jovens é feito por meio da supervisão direta de um profissional quali-ficado e experiente na área. “Os estudantes recebem diversos treinamentos para o aperfeiçoa-mento e desenvolvimento pes-soal, passam por avaliação de desempenho mensalmente e recebem o feedback de seu crescimento”, diz. Todo o procedimento é acompanhado de perto pela Unidade de Gestão de Pessoas, que conduz reuniões mensais com o objetivo de integrar os estagiá-rios, disseminar novas informações e realizar jogos e dinâmicas de grupos.Atualmente, os estágios no Sebrae abrangem as áreas de Administração de Empresas, Economia, Ciências Contábeis, Psicologia, Informática, Direito, Comunicação Social, Secre-

Formação para a microempresaJovens de Mato Grosso do Sul são capacitados em estágio do Sebrae.

tariado Executivo, Turismo, além de estudantes do ensino médio. As oportunidades não são apenas para os estudantes de Campo Grande. Existem hoje 15 jovens que estagiam nos postos avançados do Sebrae/MS, distribuídos nos postos das cidades de Dourados, Coxim, Corumbá, Três La-goas e Ponta Porã. O estagiário Olivar Estevan Correa Ri-beiro, 26 anos, estudante do décimo semestre do curso de Psicologia da Uni-versidade Católica Dom Bosco (UCDB),

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iniciou suas atividades na entidade em janeiro de 2007, na Unidade de Gestão de Pessoas. “O estágio tem desenvolvido em mim a consciência da produtividade, a comunicação de idéias e experiências, estimulando o senso critico e a minha criatividade”, declara.Outra boa referência é a contadora Pa-trícia Salles Martins, formada há dois anos, pela Faculdade Estácio de Sá , de Campo Grande. Ela conheceu o CIEE pela Internet e estagiou no Sebrae via CIEE, por um ano, no departamento de Auditoria Interna. Após o fim da ca-pacitação, Patrícia foi contratada pelo Sebrae. Ela garante que o estágio foi uma grande oportunidade para colo-car em prática os conhecimentos ad-quiridos na faculdade. “Pude entender melhor o funcionamento do processo operacional nas empresas. O Sebrae ressaltou a importância do trabalho em equipe”, relembra.

Encontro de estagiários do Sebrae (acima). Patrícia Salles Martins (à esq.), ex-estagiária.

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40 Agitação mai/jun 2008

São 64 vagas para todas as áreas de interesse dos estudantes que buscam uma oportunidade de estágio. Estão abertas para quem quiser tentar. E vá-rios estudantes querem. Pasmem: mais de cinco mil candidatos inscritos. Estamos falando das oportunidades oferecidas no primeiro semestre deste ano na empresa 3M do Brasil, de Su-maré/SP, cidade próxima de Campi-nas. E sempre foi assim. Há cerca de dez anos, a 3M mantém um programa de estágio. “Os estagiários sempre fize-rem um papel de renovação na empre-sa. E estamos vendo uma nova gera-ção de estudantes que vem muito bem preparada, até com fluência na língua inglesa. Eles ficam aqui por, no máxi-

RECORDES DE OPORTUNIDADEA 3M, multinacional norte-americana, tem vagas de estágio disputadíssimas.

EMPRESAS

mo, dois anos para mostrar a que vie-ram com muita garra. Se efetivados, a motivação ainda aumenta”, conta José Fernando do Valle, gerente geral de Recursos Humanos da 3M do Brasil. Para ele, a recente parceria firmada com o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) deverá agregar valores ao programa já implantado.Na empresa, o departamento que mais contrata estagiários é o conhecido PRO – Otimização de Processos. “São 34 estagiários das mais diversas áreas. No PRO são previstas as melhorias em qualquer área da companhia. Por exemplo, é preciso otimizar o tem-po de fabricação de um determinado produto. Toda a equipe trabalha para esse fim. Os perfis diferentes contri-buem para as soluções. O PRO forne-ce o subsídio para as áreas da empresa tomarem as decisões”, explica Maria Amélia de Moura Ramos, gerente de

Otimização de Processos, que está na empresa há 34 anos. Os estagiários passam por 200 horas de treinamentos além da vivência dos novos projetos.

Avaliação de desempenho. O grande interesse dos estudantes nos estágios da 3M tem um motivo especial: quem passa por lá pode ser contratado pela própria empresa e, caso isso não acon-teça, poderá buscar, com mais condi-ções, um lugar no mercado de trabalho. “O estagiário tem um supervisor e um plano de estágio para ser seguido dia-riamente e, semestralmente, passa por outra avaliação de desempenho, com um feedback formal da sua evolução”, diz Regiani Carrero de Mello, supervi-sora de Planejamento de Pessoal, Re-crutamento e Estágio. Para ela, o esta-giário traz para a companhia a cultura de inovação e leva com ele uma postura profissional e um ótimo aprendizado.

É o que atesta, feliz, Da-nilo Martorelli, que con-seguiu a tão desejada oportunidade há exatos um ano e oito meses. Nem terminou o período do es-tágio e foi contratado em dezembro do ano passa-do. “Foi meu presente de Natal. Para participar da seleção do estágio, enviei pela internet um currícu-lo e participei da dinâmi-ca de grupo com mais 15 pessoas”, conta. “É uma sensação muito boa, difí-cil de descrever.” Agora é manter a efetivação.

Maria Amélia de Moura Ramos, Regiani Carrero de Mello e o estagiário Danilo Martorelli: cultura de inovação.

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41Agitaçãomai/jun 2008

Fundada em 1902, no es-tado de Minnesota, região dos Grandes Lagos, nos Es-tados Unidos, a 3M faz his-tória. Desde que se instalou na cidade de Campinas/SP, em 1946, sob a razão Du-rex, Lixas e Fitas Adesivas Ltda., a empresa logo atin-giu seu primeiro marco. A fita adesiva lançada em 1946 fez tanto sucesso que a marca Durex tornou-se um substantivo comum para fita adesiva usado até hoje. A primeira filial de vendas da empresa no Bra-sil foi inaugurada em 1948, no Rio de Janeiro.Em 1954, a empresa trans-feriu-se para Sumaré, ini-ciando a fabricação dos primeiros produtos abra-sivos da empresa: lixas de papel. A produção de fotocopiadoras, fitas magnéticas e materiais refletivos passou a ser realizada na fábrica re-cém-inaugurada em Ribeirão Preto/SP, em 1975.Com o objetivo de ter em um único local suas tecnologias e soluções pa-ra a indústria nacional, a 3M do Brasil inaugurou, em 2005, o primeiro Cen-tro Técnico para Clientes (CTC) da América Latina, na unidade de Suma-ré, reunindo no local 17 laboratórios técnicos.Ainda em 2005, o grupo 3M Com-pany adquiriu as operações globais da Cuno – empresa multinacional es-pecializada em filtração. A aquisição representa a ampliação de atividades do grupo no Brasil.As atividades na unidade de Manaus/AM tiveram início no primeiro se-mestre de 2007, com a produção de

Empresa faz história

fitas especiais para área industrial e para o mercado de consumo, além de respiradores elastoméricos, do setor de segurança do trabalho.No segundo semestre de 2007, a 3M do Brasil anunciou sua segunda aquisi-ção no país: a empresa Abzil Indústria e Comércio Ltda, do segmento de pro-dutos ortodônticos, complementando a linha de materiais da 3M Unitek. A Abzil, com sede em São José do Rio Preto/SP, produz localmente brackets, bandas, tubos e fios ortodônticos.Em 2007, a 3M do Brasil fechou o ano com cerca de 3.191 funcionários, que juntos com os da Cuno Latina, 3M Ma-naus e Abzil – 98, 15 e 168, respectiva-mente – são responsáveis pela fabricação e comercialização de mil produtos bási-cos, dos quais derivam 25 mil itens.

José Fernando do Valle: “Os estagiários sempre fizeram um papel de renovação na empresa.”

A

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42 Agitação mai/jun 2008

Um dos sonhos de consumo do estudan-te que pretende conseguir um estágio é participar de uma empresa que se preo-cupa com sua formação, em detrimen-to de ações puramente mecânicas. Por isso, o estagiário Thiago Galvão Pereira de Andrade, aluno do curso de Siste-mas da Informação, acredita que está no lugar certo. “Para ter cem por cento de aproveitamento dentro de uma empresa é fundamental que ela colabore para o aprimoramento profissional do estagiá-rio. Acredito que seja o caso do meu estágio”, analisa. O estudante é estagiário da CPM Braxis, maior empresa brasilei-ra de serviços de Tecnologia da Informa-ção (TI), na área de consultoria, desen-volvimento e manutenção de aplicativos. Com um histórico de mais de 26 anos de atuação e cerca de 5,2 mil colaboradores, as atividades passam pela América Lati-na, Estados Unidos, Europa e Ásia.

Estágio classe APrograma na empresa CPM Braxis ganha reconhecimento entre os estagiários.

A missão da organização é ser uma das dez maiores empresas de TI do mundo.Para isso, a CPM Braxis investe em treinamentos para seus funcionários, o que explica o baixo índice de rota-tividade no quadro de empregados e o seu bem estruturado programa de es-tágio. Desde a implantação em 2006, o programa vem ganhado força a cada ano. Só no início do primeiro semes-tre, a CPM Braxis já contratou 80 es-tagiários e nos meses de maio e junho abriu mais 60 vagas. Inicialmente, os jovens passam por treinamentos específicos durante dois meses, em que aprendem progra-mações novas e métodos de organi-zações. “Acompanhamos de perto o comportamento dos estagiários e lhes damos um feedback diário, porque é importante que eles se sintam parte da empresa”, explica Ricardo Rossatto, gerente sênior do departamento de Application Outsourcing.

De fato, essa é uma atitude consensual da organização. Um exemplo disso foi o recente almoço oferecido aos estagiários com o presidente da empresa. O grupo de estudantes teve a oportunidade de expor suas idéias, apresentando críticas e elogios. Detalhe: a entrada de supervi-sores e gerentes foi proibida.“Para a CPM Braxis, o estagiário é um investimento para o presente, pensando no futuro”, enfatiza Alexandre Ullmann, gerente de RH. De acordo com a polí-tica interna da companhia, quando os profissionais são promovidos e deixam cargos em aberto, a tendência é que essas vagas sejam ocupadas por funcionários da própria empresa. Com isso, os esta-giários têm mais probabilidade de serem efetivados. Cerca de 85% dos jovens que ingressam na organização são contrata-dos durante ou no final do estágio. Uma das propostas da empresa é não desperdiçar talentos. O que dá a liber-dade para o estudante trocar de área quando não se adapta. Por tudo isso, Thiago não quer deixar a oportunida-de passar: “Estou me esforçando para garantir minha permanência aqui”.

Alexandre Ulmann: “O diferencial da CPM Braxis é seu programa de treinamento.”

EMPRESAS

Ricardo Rossatto (à esq.): “O jovem deve se sentir parte da empresa; Thiago e Eliane são resultado disso.”

A

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www.ciee.org.br

Suplemento especial de Agitação nº 81

Você tem dúvidas so-bre qual seria a carrei-

ra mais indicada? Aque-la que tem mais a ver com seus talentos, seu modo de ver o mundo, seus interesses? Ciente da fase angustiante vivenciada por tantos jovens na hora da escolha da profi s-são, o CIEE disponibilizou em seu portal, no campo destinado a estudantes, um teste de temperamento. Essa ferramenta de autoco-nhecimento, denominada Indicador Brasileiro de Temperamentos para Adolescentes (IBTA) foi especialmente elaborada pela pedagoga Maria da Luz Calegari, que estuda tempe-ramentos há 20 anos e não tem dúvidas de que a essência da personalidade (visão de mundo, modo de fazer escolhas, interesses, valores e talentos naturais) está no tempera-mento do ser humano, que é inato. “O ideal é que o jovem possa seguir para um campo no qual é naturalmente vocacionado, a fi m de não se frustrar e ter prazer no que faz”, diz a pedagoga, co-autora do livro Temperamento e Carreira, da Summus Editorial. Ao fi nal do teste de temperamento, o Portal

Em busca

Teste de temperamento tira dúvidas e ajuda jovens na hora da opção pela carreira.

CIEE emite uma resposta imediata, relacio-nando o participante a um dos quatro perfi s psicológicos, batizados de guardião, idealis-ta, hedonista ou cerebral, e cada um deles associado a um leque de profi ssões mais adequadas. Já no primeiro mês de lançamen-to, completado em maio, o teste havia sido respondido por 14 mil usuários. Ele fi cará disponível durante um ano no site do CIEE, a quem a autora concedeu os direitos de uso exclusivo temporário.Juliana Henrique dos Santos, 18 anos, apren-diz da área administrativa de um shopping center, em São Paulo, confi rmou, ao fazer o teste, que poderá ter sucesso se atuar com animação e desenhos, uma das profi ssões relacionadas ao perfi l hedonista (gosta de ação e é inteligente para usar os sentidos), apontado no resultado. “Eu tinha dúvidas sobre o curso que deveria fazer, mas o teste me mostrou que devo seguir uma aptidão natural”, diz a jovem que, nas horas vagas, faz um trabalho voluntário de ilustração do jornal de uma igreja, em São Paulo.

da profissão correta

Milton Silva Lima Júnior, 18 anos, aprovou e se identifi cou com o teste. “As perguntas eram todas relacionadas a mim e às coisas que gosto de fazer. É bastante simples e prático”, diz. O resulta-do aponta que ele tem desenvol-

I B T AIndicadorBrasileiro de Temperam

entos

para

Adolescen

tes

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JOVEM

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tura com o corpo, que pode trabalhar com áreas que estejam relacionadas a atividades físicas. “Tem tudo a ver comigo, pois preten-do seguir a carreira militar”, completa. O teste dos temperamentos é mais um serviço desenvolvido pelo Programa CIEE de Orientação e Informação Profi ssional (OIP), para auxiliar os estudantes, em es-pecial os de ensino médio, que têm dúvi-das quanto à carreira.

Presencial ou a distância. Destinado a es-tudantes da oitava série até o primeiro ano do ensino superior, o Programa de OIP tem carga horária de 14 horas, divididas em qua-tro encontros, e propicia aos participantes uma refl exão sobre suas aptidões, tendências e gostos, além de informar as perspectivas de várias profi ssões e as que mais estão ligadas às características e habilidades pessoais de cada um. De acordo com Zélia Ribas Varajão Teixeira Soares, gerente Educacional do CIEE, o ideal é que a ofi cina de OIP seja realizada antes do estágio. Assim, o jovem pode esco-

lher uma área para a qual realmente possui vocação, evitando erros muito comuns. A opinião é compartilhada por Maria da Luz, para quem “quanto mais cedo houver a com-provação da área escolhida, melhor.” Segun-do a especialista, a pessoa que se reconhece na profi ssão, se sente motivada para apren-der e progredir rapidamente. Mas se descobrir que errou, não deve adiar a troca. Hoje, há muito mais fl exibilidade entre as profi ssões do que havia dez anos atrás. Nossos talentos são empregáveis em uma área bastante extensa de profi ssões e não apenas a uma carreira. E vale a pena lembrar que, hoje, pessoas trocam de profi ssão várias vezes ao longo da vida. Bem diferente dos nossos pais, que se formavam advogados e se aposentavam como tais.

Os estudos sobre temperamentos são muito antigos. A primeira informação que temos sobre esse tipo de pesquisa data de 590 antes de Cristo e está na Bíblia. O profeta Ezequiel já classifi cava os homens de seu tempo em quatro temperamentos: leão, boi, homem e águia. Leão identifi cava os corajosos, boi os que trabalhavam duro, homem aqueles preocupados com a condição humana e águia designava os que enxergavam mais longe que a maioria. O médico grego Hipócrates (370 a.C.) denominou os tem-peramentos como alegre, sombrio, entusiasmado e calmo, enquanto o médico romano Galeno (190 d.C) os designou como sangüíneo, melancólico, colérico e fl eumático. So-mente com Carl Gustav Jung, psicólogo suíço, o estudo dos temperamentos ganhou status de ciência. A partir da observação das pessoas e da “coletivização” de seus comportamentos, foi possível estabelecer tipos psicológicos com características comuns. As descobertas de Jung fo-ram exaustivamente pesquisadas por psicólogos norte-americanos que criaram inventários de temperamento, para auxiliar os jovens a encontrarem a sua vocação e as empresas a selecionarem as pessoas mais adequadas para as diferentes funções. Atualmente, a nomenclatura mais utilizada é a do psicólogo junguiano David Keirsey, que batizou os temperamentos como artesão, guardião, idealista e racional. Você já sabe qual é o seu? Então, entre no site e faça o teste.

As ofi cinas de OIP podem ser realizadas na modalidade presencial ou a distância. Mais informações e inscrições gratuitas pelo site www.ciee.org.br.

Maria da Luz: quanto mais cedo houver comprovação da área escolhida, melhor.

Juliana Santos: o teste tirou a dúvida sobre a carreira que deve seguir.

para quem “quanto mais cedo houver a com-provação da área escolhida, melhor.” Segun-do a especialista, a pessoa que se reconhece na profi ssão, se sente motivada para apren-

www.ciee.org.br. A

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A apertada agenda acima era da estu-

dante Sheila Rafaini Lopes, quartanista de

Psicologia da Universidade Mackenzie, até o

ano passado. Com habilidade e organização,

dividia-se em até quatro atividades diárias

– o curso de idiomas acontecia “apenas”

duas vezes por semana. Não contente, dedi-

cava um final de semana por mês para aulas

de acupuntura e todos os domingos para o

trabalho voluntário em uma entidade benefi-

cente da zona leste de São Paulo.

Ela planejava o dia seguinte na noite anterior

e aproveitava cada momento livre para fazer

trabalhos da faculdade ou estudar para pro-

vas. “Naquele ritmo, não tinha tempo para

refletir e era muito estressante saber que não

dava para ser cem por cento em todas as

atividades”, diz Sheila. Apesar de tantas ati-

vidades, não sentia seu rendimento ser afe-

tado em nenhuma das ocupações. “Desde o

ensino médio via colegas que desperdiçavam

Curso gratuito a distância ensina a administrar o tempo.

tardes na frente da televisão e não conse-

guiam cumprir a tempo as tarefas, enquanto

eu conseguia”, confidencia.

A administração do tempo é essencial para

o sucesso de um estudante e, conseqüen-

temente, de um estagiário. O assunto é tão

relevante que serve de tema ao mais recen-

te lançamento do Programa CIEE de Edu-

cação a Distância (EaD). Feito pela internet,

com inscrições pelo site www.ciee.org.br,

o curso desenvolve desde a habilidade de

priorizar tarefas por ordem de importância

até a de se esquivar dos tomadores de tem-

po, como excesso de telefonemas, papéis

e tarefas. Os estudantes poderão fazer o

download de uma apostila com o conteúdo

teórico do curso e terão o acompanhamen-

to on-line de tutoras aptas a tirar dúvidas

por salas de bate-papo e e-mail. Ao final, os

aprovados podem imprimir um certificado

de participação.

Mesmo sem ter sido aluna de EaD do CIEE,

a futura psicóloga percebeu que precisaria

abrir mão de algumas atividades para, nes-

te ano, realizar seu trabalho de conclusão

de curso e procurar um estágio na área. As-

sim, parou o ballet e o trabalho – que já era

temporário. Com tempo livre para pesquisa

e uma maior qualidade de vida, o que Sheila

sente mesmo é saudade da correria: “Uma

coisa que aprendi sozinha é que quanto mais

coisas fazemos, mais encontramos tempo

para nos dedicar a outras”.

Sheila: “Quanto mais se faz, mais se encontra tempo para novas atividades.”

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Entender a obra de Padre Antônio Vieira,

aos 14 anos, não é tarefa fácil, principal-

mente quando é preciso representá-lo

numa academia de letras. O estudante

Rafael Pereira viveu essa situação logo

que ingressou na Academia Estudantil

de Letras (AEL) da Escola Municipal Pa-

dre Antônio Vieira, na zona leste de São

Paulo. “Não havia um representante para

essa cadeira na academia e coube a mim,

com a ajuda da professora, entender sua

obra”, revela. Hoje no ensino médio, Rafael

percebe os benefícios que a academia lhe

proporcionou. “Primeiro, foi muito inte-

ressante porque, por oito anos, não tinha

idéia de quem era o patrono do colégio”,

conta. Fora isso, ele percebeu uma melho-

ra na dicção e adquiriu o gosto e interesse

pela literatura.

Futuros ImortaisA idéia de criar a AEL partiu

da professora de língua

portuguesa da escola,

Maria Sueli Fonseca

Gonçalves. A partir

de um projeto de

poesia, em 2002,

em que alunos da

quinta série expu-

nham suas percep-

ções sobre os textos e

realizavam saraus e apre-

sentações, o interesse pelo tema

aumentou. “Os alunos se sensibilizaram

com o projeto e, aos poucos, foi surgindo

a idéia da academia estudantil”, comenta.

Nos mesmos moldes de uma academia de

letras, mas com adaptações, os estudantes

escolhem um patrono e ocupam a cadeira

Os futuros imortais, Rafael e Gabriela, e a professora Maria Sueli: valores humanos indispensáveis.

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Reinaldo Domingos

Reinaldo Domingos é consultor e terapeuta fi nanceiro, autor do livro Terapia Financeira e criador da metodologia comportamental DISOP ( www.disop.com.br) 5

BALADA: curtir com moderação

As baladas fazem parte do coti-diano dos jovens. Esses eventos podem ser os mais variados possíveis – desde um cinema com a namorada ou amigos até virar a noite em uma rave. Nada contra os jovens aprovei-tarem a vida, afi nal é um direito de todos. Contudo, é necessário um alerta para que o excesso não proporcione o descontrole da saú-de fi nanceira.Alguns “baladeiros” afi rmam que curtir esses eventos não tem impacto no quanto gas-tam mensalmente, já que só compram uma cerve-ja, uma porção de petisco ou um suco. Entretanto, são esses pequenos gastos, quando feitos com freqüência, que proporcionam a maior parte do dinheiro desperdiçado.Em uma rápida análise, podemos comprovar isso: uma pessoa que sai uma vez por semana e gasta 30 reais (o que é relativamente pouco, se pensar-mos que apenas o cinema, a pipoca e o refrige-rante já custam esse valor), no fi m do mês gastará 120 reais. O que dará, em um ano, sem aplicar esse dinheiro, 1.440 reais. Se esse valor for aplicado mensalmente, se tornará em dez anos 22.450 reais e 26 centavos. Lógico que os jovens não devem pa-rar totalmente com as baladas, mas podem, nesse caso, reduzi-las para duas vezes por mês, o que possibilitará uma boa economia.Só que o exemplo acima não refl ete a realidade, já que essas despesas não são as únicas que devem ser levadas em conta em uma balada. Existem ou-tros pequenos gastos, que somados causam um grande estrago em nossas contas. Estão inclusos aí o transporte, estacionamento, roupas novas, cigarro, bebidas, adereços e até mesmo balas e chicletes.

O grande problema é que as pes-soas não percebem esses gastos.

Para ter uma maior percepção de como infl uenciam em sua vida fi nanceira, recomendo que, tanto para as baladas como para os dias comuns, seja feito o exercício de anotar em uma pequena caderneta ou folha de papel do próprio caderno escolar tudo o que gastamos por tipo de despe-

sa, como roupas e transportes. Com certeza, no fi m de um mês, você verá que muito

do que foi comprado era desnecessário, causando o desequilíbrio fi nanceiro.Além disso, pequenos atos podem também ocasio-nar redução de custos, como dividir caronas para as baladas, evitar beber demais, parar de fumar ou não fi car nas festas até muito tarde; o melhor é que essas mudanças também farão com que você tenha uma vida mais saudável.Outra forma de diminuir gastos sem deixar de se divertir é realizar reuniões em casa, pois, além de não ter de pagar entradas, os custos também serão bem menores.A verdade é que ninguém deve deixar de curtir por causa do dinheiro. Por outro lado, aproveitar a vida com moderação, além de ser muito mais saudável, também poderá proporcionar, no futuro, muitas realizações fi nanceiras. Lembre-se: quem começa a poupar cedo, certamente terá maior chance de se tornar uma pessoa independente fi nanceiramen-te. Tome essa atitude e invista em sua educação fi nanceira. Só depende de você.

literária. Existente desde 2005, a AEL Padre

Antônio Vieira conta com a participação de

alunos da quinta à oitava série e tem 60

cadeiras.

As reuniões da academia são semanais e

têm duração de uma hora e meia. Nelas,

são realizadas palestras, seminários e dis-

cussões acerca dos temas expostos e au-

tores catedráticos. O intuito de promover

maior conhecimento de escritores e agu-

çar a vontade dos alunos em aprender li-

teratura tem sido um dos pontos fortes da

AEL. “Minha cadeira é a de número 27, de

Tatiana Belinky, e a cada reunião aprendo

mais sobre ela e os demais autores”, diz

Gabriela Soares Lopes, estudante da séti-

ma série do colégio.

O resultado da AEL é surpreendente. As

escolas municipais Octávio Mangabeira,

Cecília Meireles, José Carlos de Figueiredo

Ferraz seguem os passos da Padre Antô-

nio Vieira e já estimulam seus alunos a

escolherem um catedrático para assumi-

rem suas cadeiras nas AEL Lygia Fagundes

Telles, Cecília Meireles e Monteiro Lobato,

respectivamente.

Valores humanos indispensáveis. A ini-

ciativa deu tão certo que serviu de mode-

lo para o primeiro projeto do tipo no Rio

Grande do Norte, em Apodi. Vinculada à es-

cola municipal Profª. Lourdes Mota, a Aca-

demia Estudantil de Letras Poeta Antônio

Francisco será fundada em junho, durante

uma cerimônia na Casa de Cultura de Apo-

di. “Poder desenvolver, por meio da leitura,

valores humanos indispensáveis à edifi ca-

ção da auto-estima e ao convívio pacífi co

e solidário, é a nossa intenção”, revela

Rokatia Kleania, professora-coordenadora

da sala de leitura da Escola Municipal Profª

Lourdes Mota. Os futuros imortais brasilei-

ros parecem surgir aos poucos. A

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Tirar uma boa nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pode ajudar na hora de conseguir um estágio ou emprego. Isso porque o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) pretende disponibilizar para as empresas, até o fim do primeiro semestre, os dados de de-sempenho dos participantes do exame. A ferra-menta, chamada Mundo Trabalho, servirá como um currículo on-line, disponibilizando não ape-nas uma radiografia do desempenho do aluno no Enem, mas dados socioeconômicos e outras in-formações que o inscrito queira tornar públicas.

Ter uma carreira de sucesso pode exigir certos sacrifícios. Para alcançar o

sucesso, alguns executivos descuidam da saúde, estressam-se em demasia e deixam a vida

pessoal em segundo plano. E não pense que são apenas os presidentes de empresas ou executivos de sucesso que sofrem com esses problemas. Segundo um estudo divulgado pela Fundação Dom Cabral, profissionais jovens, com menos de 30 anos, e em cargos intermediários, já sofrem desse mal. Será que vale a pena?

Correndo atrás do sonhoO atleta sul-africano Oscar Pistorius vai para a Olimpíada de Pequim. “Blade Runner”, como é conhecido, teve suas pernas amputadas e usa próteses de carbono, motivo que levou a Federação Internacional de Atletismo (IAAF, em inglês) a proibi-lo de participar de suas competições, alegando que as próteses davam vantagens para o atleta. Porém, Pistorius apresentou um recurso contra a decisão ao Tribunal Arbitral do Esporte (Tas), que analisou o caso e derrubou a decisão do IAAF.

SAÚDE em segundo plano

ACESSO AO DESEMPENHO NO ENEM

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Tirar uma boa nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pode ajudar na hora de conseguir um estágio ou emprego. Isso porque o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) pretende disponibilizar para as empresas, até o fim do primeiro semestre, os dados de de-sempenho dos participantes do exame. A ferra-menta, chamada Mundo Trabalho, servirá como um currículo on-line, disponibilizando não ape-nas uma radiografia do desempenho do aluno no Enem, mas dados socioeconômicos e outras in-formações que o inscrito queira tornar públicas.

Cientistas da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, implantaram um aparelho no cérebro de macacos

que os possibilitou manipularem um braço mecânico com a “força da mente”. Os especialistas acreditam que esse

avanço pode ajudar a tratar doenças como Mal de Parkinson e Paralisia. Além disso, o experimento também pode ajudar a

entender melhor o cérebro, o que aumenta a possibilidade dos cientistas encontrarem a cura para muitas doenças.

Macaco manipula braço mecânico

Tirar uma boa nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pode ajudar na hora de conseguir um estágio ou emprego. Isso porque o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) pretende disponibilizar para as empresas,

Fundação Dom Cabral, profissionais jovens, com menos de 30 anos, e em cargos intermediários, já sofrem desse mal. Será

ACESSO AO DESEMPENHO NO ENEMACESSO AO DESEMPENHO NO ENEM

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Lupi De Tomazzo é jornalista especializado em veículos; produtor e apresentador do programa Sobre Rodas da rádio USP FM e responsável pelo site www.carrouniversitario.com.br.

Bebida e direção é uma mistura perigosa. Isso todo jovem, habilitado ou não, deveria saber “de cor e salteado”, como diria a minha avó. Aqui no Brasil, porém, quando um motorista embriagado provoca um acidente de trânsito, raramente se vê uma pena que passe de uma reprimenda do juiz, o pagamento de indenização(ões) ou uma condenação para realizar trabalhos comunitários. Por isso, causou surpresa a decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF) de levar um motorista a júri por um acidente de trânsito com vítima fatal. A notícia, que passou quase desper-cebida pela imprensa, merecia um tratamento mais adequado.Histórica, a decisão do TJ-DF levará, pela primeira vez, um responsável por causar morte no trânsito a júri por homicídio qualifi cado, a pior tipifi cação possível, comparável à de crime hediondo. Caso seja condenado, o réu poderá pegar de 12 a 30 anos de prisão. Na época do acidente, em 2004, o condutor tinha apenas 21 anos e participava de um racha com uma Mercedes numa avenida de Brasília. Ao passar pela ponte JK, colidiu, a 165 km/h, com a traseira de outro carro, provocando a morte de seu motorista. O jovem em questão dirigia embriagado.Outra notícia, igualmente importante, também passou despercebida pela mídia. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Depu-tados aprovou, em dezembro, o aumento em um terço a pena para quem, em um acidente de trân-sito, matar de forma involuntária por estar em-briagado ou sob o efeito de drogas. O texto altera o Código Penal, acrescentando agravantes.Em São Paulo, o Detran montou esquema para suspender a carteira de habilitação de motoristas

fl agrados dirigindo embriagados. Agora quem se envolve em acidente alcoolizado é chamado a prestar esclarecimentos no órgão de trânsito. Caso não haja uma justifi cativa convincente para esse ato (será que existe alguma?), a carteira será imediatamente suspensa.Bem, como se pode verifi car, o cerco está se fechan-do cada vez mais em torno daqueles que cultivam o mau hábito de dirigir embriagado. Alguma coisa está mudando, ainda que lentamente, neste país. É inadmissível que, com toda a informação dispo-nível, ainda aconteçam acidentes provocados por condutores bêbados e/ou drogados. E, se os cida-dãos não se conscientizam sozinhos, a justiça está cuidando para que isso aconteça.Por isso, se for assumir o volante de um veículo, deixe a bebida para outro dia. Se for entrar num carro conduzido por alguém que esteja embriaga-do, desista. Bebida e direção, decididamente, não combinam.

P.S.: Você já deve ter lido várias notícias sobre ce-lebridades indo para a cadeia nos Estados Unidos por dirigirem embriagadas, não é? Se ainda não tinha, a última “vítima” dessa irresponsabilidade foi o ator inglês Kiefer Sutherland (o Jack Bauer, da série 24 Horas). Além de ser condenado a 48 dias em prisão, na Penitenciária de Glendale (Los Angeles), o ator teve de freqüentar um curso de 18 meses sobre consumo responsável de álcool e se submeter a um tratamento de reabilitação. De-talhe: ele foi “apenas” fl agrado dirigindo bêbado. Só isso...

Uma pesquisa divulgada pelo Ibope/Net Ratings aponta que 45,5% dos in-ternautas acessam blogs, mais que o dobro do ano passado. A maior parte desses sites ainda são diários virtuais, mas existem muitos segmentos para esses sites: jornalísticos, empresariais, etc. Entre os blogueiros (quem produz blogs), 47% são menores de 18 anos. Já entre os leitores, a faixa etária é mais equilibrada, liderada pelos internautas entre 35 e 49 anos (23%) e pelos ado-lescentes entre 12 e 17 anos (22%).

A cara da BLOGOSFERA

Um estudo divulgado pela revista americana Archives of Pediatrics diz que jovens de cidades onde é proi-bido fumar em lugares públicos são menos propensos a aderir ao vício. Segundo Michael Siegel, da Boston University Health, quando os fuman-tes não são dominantes na socieda-de, essa prática começa a ser ques-tionável. O estudo foi realizado com 3.834 jovens de Massachusetts, nordeste dos Estados Unidos, du-rante três séries de encontros entre 2001 e 2006.

Ação

tionável. O estudo foi realizado 3.834 jovens de Massachusetts, nordeste dos Estados Unidos, du-rante três séries de encontros entre 2001 e 2006.

contra fumo

Lupi De Tomazzo

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É provável que ao ouvir a palavra compu-tador você pense num PC, notebook ou até num handheld. No entanto, quem poderia imaginar que a história dele remete ao ano 4 mil antes de Cristo? Por meio de um ins-trumento feito de argila, era possível escre-ver algarismos que ajudavam os cálculos. O ábaco (que em árabe quer dizer areia) foi evoluindo até atingir, em 200 antes de Cris-to, o formato de um quadro com discos mó-veis presos a varetas paralelas para acele-rar as operações matemáticas. “Originário da China, o ábaco é considerado o primeiro computador”, diz José Carlos Valle, curador do Museu do Computador de São Paulo. O ábaco dominou o mercado por muito tempo, até 1642, quando Blaise Pascal, com apenas 18 anos, criou a primeira máquina de somar. A Pascalina era capaz de realizar operações aritméticas apenas girando discos interligados. Só em 1822, Charles Babbage desenvolveu uma má-quina que permitia cálculos com funções trigonométricas e logarítmicas utilizando cartões perfurados. Mais tarde ele desen-volveu uma nova plataforma para exe-cutar as quatro operações, armazenando dados em uma memória. Em 1890, durante o censo norte-americano, Hermann Hollerith criou máquinas para ma-nipular os cartões perfurados, obtendo um resultado mais rápido, dando origem à era do computador. Seis anos depois, Hollerith fundou uma empresa chamada Tabulation Machine Company (TMC) que, em 1914, se associou a duas outras pequenas empresas. Elas originaram, em 1924, a conhecida Inter-national Business Machine (IBM).

DA AREIA

É uma calculadora. O pri-meiro computador digital eletrônico surgiu em 1946, projetado por John W. Mauchly e J. Presper Eckert. “O Eletronic Numerical Interpreter and Calculator (Eniac) tinha 30 toneladas e 18 mil válvulas, podendo ser comparado com o que hoje é uma calculadora”, explica Valle. Após alguns projetos sem grande re-percussão, em 1959 surge o IBM 360, que já utilizava chips, com a função de incor-porar, numa única peça, vários transistores interligados, formando circuitos eletrônicos complexos. Seis anos depois, aparece o pri-meiro minicomputador comercial feito pela Digital Equipment. Os estudantes William Gates e Paul Allen, em 1975, criam o primeiro software para microcomputadores, e fun-dam a Microsoft. A produção em série de micro-computadores surge em 1977 com o Apple II da Apple, TRS-80 da Radio Shack e o PET da Commodore. “O lançamento do Apple II foi um marco compara-do ao aparecimento da internet na década de 1990”, diz Valle. A

partir daí, novas tecnologias foram desco-bertas, mais espaço e velocidade adicio-nados ao computador e novos programas e sistemas operacionais desenvolvidos. Algo impensável há 6 mil anos, quando o ábaco foi criado.

AO CHIP

Mauchly e J. Presper Eckert. “O Eletronic Numerical Interpreter and Calculator (Eniac) tinha 30 toneladas e 18 mil válvulas, podendo ser comparado com o que hoje é

Em sentido horário: o Ábaco, o Osborne

e o Apple II. Abaixo o Eniac.

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51Agitaçãomai/jun 2008

Ao mesmo tempo em que aumentam a profissionalização e, conseqüentemen-te, as oportunidades de estágio para os jovens, as organizações do Terceiro Setor conseguem manter aceso o lado humano de ações e projetos. Na Co-munidade Inamar, por exemplo, 1,4 mil crianças de 2 a 6 anos, de seis mu-nicípios vizinhos à capital paulista, im-pedem que o racionalismo exacerbado dos números e balanços tome conta.A entidade é um misto entre creche e pré-escola que começou suas atividades na região carente de Inamar, em Dia-dema, há 37 anos. A proposta sempre foi a de cuidar de uma fase da infân-cia que, se desprovida de alimentação desbalanceada, estímulos de raciocínio e estabilidade emocional, pode com-prometer o desenvolvimento pleno do jovem. Apesar da tal relevância, não recebe atenção dos governantes. “É um contra-senso, porque há escolas para 97% das crianças acima de 7 anos, sendo que menos de 5% têm acesso às creches”, explica Fernando Ulhôa Levy, empresário que apóia e acompanha o projeto há três décadas.Na Comunidade Inamar, as crianças têm três refeições diárias, quadras de esportes, playground e brinquedote-ca, além da sala de aula. Ao longo das nove horas que passam nas 14 escolas da entidade, elas são alfabetizadas e aprendem noções de higiene pessoal e cidadania com professores acompa-nhados também por estagiários. “As crianças se apegam muito e criam vín-culos com a gente”, explica Lucinete

Sem perder a ternuraEstágio na área social ajuda estudantes e comunidade.

TERCEIRO SETOR

Souza de Araújo, futura pedagoga da Universidade do Grande ABC (UniA-BC), que está sendo treinada há um ano e meio na Comunidade Inamar, ao lado de outros 24 universitários.Lucinete reconhece o diferencial desse programa de estágio que já foi classi-ficado por dois anos consecutivos no Prêmio As Melhores Empresas Para Estagiar, promovido pelo CIEE, Ibo-pe Inteligência e seccional paulista da Associação Brasileira de Recursos Hu-

manos (ABRH-SP). “Antes fui estagiá-ria de uma creche que tinha uma visão muito assistencialista. Aqui, aprende-mos a formar cidadãos”, explica a jo-vem que pretende levar a filosofia da Comunidade Inamar adiante. Esse, aliás, é outro dos objetivos da entidade, que ainda procura novas parcerias para continuar a expandir seu serviço.“Se quisermos mudar o Brasil, de nada adiantarão construções monumentais. É preciso criar capital humano”, de-fende Levy. A melhoria da educação em sua base gera um efeito cascata que, na opinião do empresário, afeta até mesmo o destino do país: “Quanto mais tempo se passa nas escolas, mais se aumenta a visão crítica do que está ao nosso redor e isso é essencial para decidir quem escolhemos para nos governar.” E assim segue o Terceiro Setor, tomando corpo sem perder a ternura, jamais.

O empresário Fernando Levy acredita que a melhoria da educação gera um efeito cascata.

Lucinete de Araújo, estagiária: “Aqui aprendemos a formar cidadãos por meio da educação.”

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52 Agitação mai/jun 2008

Gaudêncio Torquato

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OPINIÃO

GAUDÊNCIO TORQUATO É JORNALISTA, PROFESSOR TITULAR DA USP E CONSELHEIRO DO CIEE.

O pernambucano Denisson encanta a platéia que assiste, embevecida, a um vídeo sobre o Programa Acelera Brasil, ação social capitaneada por Viviane Senna para puxar do fundo do poço crianças ameaçadas de afo-gamento nas águas do analfabetis-mo. O Instituto Ayrton Senna, que dirige, deu novo rumo à vida de qua-se 8 milhões de crianças e jovens em 1.360 municípios de 25 estados. O menino brincalhão e articulado que redescobriu a alegria de viver quan-do passou a engatinhar no caminho das palavras é o símbolo de uma re-volução empreendida às margens do Estado por uma miríade de entidades – associações, institutos, fundações, redes filantrópicas, organizações da sociedade civil de interesse público – tocadas pela chama cívica de idea-listas e sonhadores. O dinheiro que se investe em garotos como ele é muito pouco, comparado com a cifra gasta pelo Estado, apenas 100 reais por ano. Essa é a banda limpa da gigantesca cadeia das Organizações Não-Governamentais (ONGs) que nas duas últimas décadas passaram a compor um dos mais vigorosos eixos do poder social no país, também co-nhecido como Terceiro Setor.A sigla ONG está na ordem do dia. Ora freqüenta a pauta do bem, ora a agenda do mal, carecendo, por isso mesmo, que a mão da lei baixe em sua seara para separar o joio do tri-go. Há, nesse sentido, duas iniciati-

As ONGs do bem e do mal

vas em andamento: a CPI das ONGs, a cargo do Legislativo, e um projeto de lei do Executivo para regular a ação de entidades, algumas interna-cionais, na Amazônia. Sob o foco da lupa estão desvios em entidades que servem de fachada para a locupleta-ção de grupos empresariais e políti-cos, suspeitos de contrabando das ri-quezas da região amazônica e ações que ameaçam a soberania nacional. Para onde foram 12,6 bilhões de reais que 7.700 ONGs receberam da União entre 2003 e 2007? O que justifica a existência de 320 entidades não-governamentais na Amazônia, vol-tadas para a questão indígena, uma para cada mil índios? O ministro da Justiça, Tarso Genro, parece não ter dúvidas: a biopirataria é o objeto de interesse.O fato é que a filantropia, receita de

certas associações sem fins lucrativos, esconde boa dose de “pilantropia”. A degeneração do conceito cresceu na esteira da expansão de demandas e desestruturação dos serviços sociais, conseqüência da transformação de um país predominantemente agrário em grandes concentrações urbanas. Em seu primeiro ciclo, nas décadas de 70 e 80, as Organizações Não-Go-vernamentais se inspiraram em ideá-rio composto por temas de elevado conteúdo cívico: defesa de direitos (a condição feminina, o movimento ne-gro), luta pela democracia política, promoção do meio ambiente, desen-volvimento social, particularmente pela via educacional. Tratava-se de abrir o respiradouro após os anos de chumbo, quando o autoritarismo eliminava qualquer possibilidade de ativismo social. A Constituição de 88 abriu as veias da participação de grupos na arena política. Consagrava a idéia de entidades civis, indepen-dentemente de autorização, vedando a interferência estatal em seu fun-cionamento. Nos anos 90, os movi-mentos se multiplicaram e, a partir daí, começaram a aparecer curvas e desvios em suas trilhas.A abertura do ciclo de crises políti-cas contribuiu para abrir um vácuo social, ensejando a multiplicação de núcleos organizados. Decepcionada com o desempenho de seus repre-sentantes no Parlamento, a socieda-de passou a buscar no associativismo

A sigla ONG está na ordem do dia. Ora

freqüenta a pauta do bem, ora a agenda do mal, carecendo,

por isso mesmo, que a mão da lei baixe em sua seara para

separar o joio do trigo.

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53Agitaçãomai/jun 2008

Está na hora de desvendar o véu

que cobre as ONGs. Àquelas movidas a

idealismo, que não se deixam contaminar

pelo vírus do paternalismo,

aplausos. Elas abrem a porta da cidadania.

GAUDÊNCIO TORQUATO É JORNALISTA, PROFESSOR TITULAR DA USP E CONSELHEIRO DO CIEE.

respostas para suas demandas e a resgatar, de certa forma, a modela-gem da democracia direta. Categorias organizaram-se nas frentes de pres-são. Empresas reforçaram sistemas de formação e inserção do jovem no mercado de trabalho. O CIEE, a maior ONG brasileira, já capacitou mais de 7 milhões de jovens, encaminhando-os à vida profissional. Ganhando for-ças, as redes sociais integraram-se ao esforço de complementar a ação do Estado no atendimento de serviços qualificados. As ONGs entraram no processo de formulação de políticas públicas, ampliando sua cobertura e vocalizando interesses de grupos marginalizados. Em 2002, o IBGE contabilizava 276 mil fundações e associações sem fins lucrativos. So-mando-se à teia de organizações in-formais, que não entram nos cadas-tros oficiais, é razoável supor, hoje, a existência de 500 mil entidades do Terceiro Setor funcionando como motor da dinâmica social.Desse montante, milhares integram os esquadrões da pilantragem. Algu-mas servem de fachada ao assisten-

cialismo político, recebendo verbas do orçamento da União. Outras, como o Movimento dos Sem-Terra (MST), ganham polpudos recursos do Estado para agir com virulência, invadindo propriedades e instaurando o impé-rio da insegurança, fato de destaque no recente discurso de posse do mi-nistro Gilmar Mendes na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF). Mas o governo as protege sob o ar-gumento de que suas ações, até as de caráter criminoso, se fazem ne-cessárias para despertar o ânimo po-pular. No grupo suspeito, as ONGs da região amazônica lideram o ranking. A desconfiança vem de longe. O ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, chegou a dizer: “Ao contrá-rio do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é deles, mas de todos nós.” E o ex-todo-poderoso Mikhail Gorbachev, quando dirigia a União Soviética, proclamava: “O Brasil deve delegar parte de seus direitos sobre a Amazônia aos organismos interna-cionais competentes.” Sob o cober-tor da sustentabilidade ambiental e da preservação de áreas indígenas, algo mais atrai a cobiça: a riqueza da floresta, diamantes, ouro e urâ-nio de uma das maiores províncias de minerais nobres do planeta, que é Roraima. A área da Raposa Serra do Sol, que reacende a polêmica, enco-bre interesses outros além da prote-ção aos indígenas.Está mais do que na hora de desvendar o véu que cobre as ONGs que atuam no território. Às que servem a obje-tivos espúrios se negue licença para funcionamento. Àquelas movidas a idealismo, que não se deixam con-taminar pelo vírus do paternalismo, aplausos. Para milhares de brasileiri-nhas e brasileirinhos, como Denisson, elas abrem a porta da cidadania.

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54 Agitação mar/abr 2007

G E R A I S

Os professores brasileiros estão entre os mais insatisfeitos, segundo pesquisa em 11 países em desenvolvimento realizada pela Unesco. No estudo, 83% dos alunos do ensi-no primário (equivalente no Brasil aos quatro primeiros anos do ensino fundamental), es-tão em classes cujos docentes se declararam insatisfeitos com os salários recebidos. Na pesquisa, o Brasil só fica atrás do Uruguai. O estudo, intitulado Um olhar para o interior das escolas primárias, faz parte do programa WEI (da sigla em inglês que significa Indica-dores Mundiais da Educação), que monitora a educação nos países em desenvolvimento. Outros dados da pesquisa chamam atenção, como a alta porcentagem de repetência no país, que chega a 19%. O índice é mais que o dobro do segundo colocado em repetência: o Peru, com 8,8%.

A partir de 2009, a Universidade de Cam-pinas (Unicamp) vai abrir oito cursos em Limeira/SP. As graduações são engenha-ria de produção, engenharia de manufatu-ra, nutrição, ciência do esporte, gestão de agronegócio, gestão de comércio interna-cional, gestão de políticas públicas e ges-tão de empresas. Serão 480 vagas – 60 para cada curso. Há previsão de abertura

Uma faculdade da Argentina já oferece a primeira pós-graduação sobre tango, a dança que é símbolo da cultura do país. O curso na Faculdade Latino-Americana de

Ciências Sociais (Flacso) recebeu o título de Tango: Genea-logia, Política e História.

O objetivo é mostrar o desenvolvimento da dança de maneira paralela à história da Argentina. O curso foi criado em um momento em que existe um renasci-

mento na dança da Argentina. Segundo dados do go-verno de Buenos Aires, cerca de 15 mil estrangeiros

chegam à cidade todos os anos para dedicar-se a atividades que incluem o tan-go. O curso vai durar de maio a agosto e será ministrado pela internet.

Faculdade argentina abre pós-graduação em tango

de novos cursos – quando o campus ficar pronto, em 2009 –, como produção cultu-ral, conservação e restauro, terapia ocu-pacional e fisioterapia. As carreiras foram escolhidas com o objetivo de não repetir nenhum curso oferecido pelas unidades da Unicamp. Metade dos cursos será no período diurno. Os quatro cursos de ges-tão serão ministrados à noite.

Em uma sala isolada acusticamente, basta tocar uma música em volume alto para que o corpo sinta as vibrações das ondas sonoras e identifique o ritmo. Esse é o método utilizado em Paris para que os alunos deficientes auditivos consigam até criar suas próprias melodias. Os es-tudantes iniciam o curso com bastante timidez, mas ao sentirem que são capa-zes de avançar se soltam e se apaixonam pela atividade. O projeto faz parte da As-sociação Chandanse des Sourds (Canto e dança dos surdos). A entidade oferece também teatro, hip-hop e até dança do ventre e espanhola. Todos os professores são deficientes auditivos.

Deficientes auditivos aprendem música

Unicamp terá campus em Limeira

PROFESSORES insatisfeitos

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55Agitaçãomar/abr 2008

De acordo com o balanço da Associa-ção Brasileira de Telecomunicações (Te-lebrasil), cerca de 2,5 mil escolas públi-cas já contam com internet por banda larga. O programa, lançado em abril pelo Ministério da Educação (MEC), prevê que um total de 56 mil escolas sejam beneficiadas até 2010, das quais 40% até o final de 2008, segundo o MEC. Um dos problemas detectados pelas empre-sas de telefonia é a falta de estrutura de algumas escolas para receber o cabe-amento. Em alguns casos, inclusive, a diretoria barrou a entrada dos técnicos da empresa porque não havia sido co-municada da instalação.

O Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia firmou convênio com a Steinbeis University, da Alemanha, para a implantação do curso de pós-graduação em Administra-ção Empresarial, com ênfase em Estratégia de Crescimento com caráter internacional. O acordo possibilitará aos estudantes fazer parte do curso em Berlim, obtendo, assim, dupla diplomação: mestrado profissional

com diploma alemão e validade na União Européia; e especia-lização (MBA executivo) com certificado brasileiro emitido

pela Mauá. A primeira turma terá início em setembro e o

curso será desenvolvido em dois anos no Brasil e estada de quatro sema-nas na Alemanha.

As mulheres lêem mais que os homens, segundo resultado da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgado no final de maio em Brasília. O estudo, elaborado pelo Instituto Pró-livro, mostra que a população está acostumada a dedicar muito pouco ou quase nenhum tempo aos livros. Do total dos leitores pesquisados, 55% são do

As disciplinas de filosofia e sociologia serão obrigatórias para os alunos do ensino médio nas escolas públicas e privadas. A lei sancio-nada pelo vice-presidente da República, José Alencar, foi aprovada na Câmara e no Senado, o que alterou o a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. A resolução dá às escolas um ano de prazo para se adequarem ao sistema. Es-sas disciplinas ficaram fora do currículo bási-co por 37 anos (de 1971 a 2008). Na época da ditadura militar, elas foram substituí das pela matéria Educação Moral e Cívica.

Banda larga nas escolas públicas

MAUÁ faz parceria com universidade ALEMÃ sexo feminino. Segundo o levantamento,

a Bíblia é o livro mais lido pela população brasileira, lido por cerca de 43 milhões de pessoas. O segundo colocado é o Sítio do Pica-pau-amarelo, de Monteiro Lobato, apon tado como o escritor brasileiro mais lido. Seguem Paulo Coelho, Jorge Amado e Machado de Assis.

Mulheres lêem mais que homens

FILOSOFIA E SOCIOLOGIA:

obrigatórias no ensino médio

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56 Agitação mai/jun 2008

A Irmandade da Santa Casa de Mise-ricórdia de São Paulo elegeu seu novo provedor, o advogado Kalil Rocha Ab-dalla, 66 anos, natural de São Paulo. Ele foi eleito com 63% dos votos, em eleição considerada histórica, pois é a primeira vez na história da Irmandade que é realizada uma eleição com duas chapas concorrentes entre si.Abdala recebeu o título de Irmão Re-

Santa Casa de São Paulo elege novo gestorKalil Abdalla assume um dos mais importantes complexos hospitalares do país e traça planos para ampliar o trabalho filantrópico.

SANTA CASA

mido da Irmandade em 1988, tendo exercido os cargos de Procurador da Administração Imobiliária e atual-mente Mordomo da Administração Imobiliária e Procurador Jurídico da instituição desde 1990. Realizou importantes negociações em prol da Irmandade, dando início à aquisição de prédios ao redor do Hos-pital Central, contando hoje com mais de vinte imóveis. “O nosso principal desafio é, além de equilibrar custos, conseguir junto às principais instâncias de governo e, por intermédio de parcerias com a iniciati-va privada, buscar investir em reformas e novos equipamentos, com o objetivo de proporcionar o melhor atendimento possível aos pacientes”, destaca Abdala.

Entre as prioridades de sua gestão es-tão as reformas do Hospital Santa Isa-bel, do Centro Cirúrgico Central e do Departamento de Medicina, a restau-ração das calçadas do quadrilátero da Irmandade, a inauguração do Hospital Santa Isabel - Jaguaribe, a ampliação do Serviço de Hemodiálise, a moderniza-ção dos equipamentos de Serviço de Diagnóstico por Imagem, entre outras.

São 180 mil atendimentos mensais. A Irmandade da Santa Casa de Misericór-dia de São Paulo, fundada há mais de quatro séculos, é um dos mais impor-tantes complexos hospitalares da cidade. É também o maior hospital filantrópico da América Latina. Atende, aproxima-damente, oito mil pacientes por dia, em

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57Agitaçãomai/jun 2008

Em 7 de maio, tomaram posse na nova gestão da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo: Ruy Martins Altenfelder Silva, vice-presidente do Conselho de Admi-nistração do CIEE, como vice-mordomo de Escrivania; Antonio Penteado Men-donça, conselheiro do CIEE, como vice-mordomo de Hospitais Gerais; Kalil Rocha Abdalla, como provedor; Luiz Gonzaga Bertelli, presidente Executivo do CIEE, e Yvonne Capuano, conselheira do CIEE (ausente na foto), como Irmãos Mesários.

Kalil Rocha Abdalla, casado com Anna Maria Arouche Abdalla, pai de dois fi-lhos, Ana Carolina e Fernando Arouche, é formado em Direito pela Universidade de São Paulo (USP). Além de provedor da Irmandade da Santa Casa de Mise-ricórdia, é diretor jurídico do São Paulo Futebol Clube e administra um escritório próprio de advocacia. Ainda, na sua tra-jetória profissional, Kalil soma experiên-cias como oficial de gabinete da Secre-taria Estadual dos Transportes, membro do Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Paulista de Futebol, diretor financeiro da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Árabe, membro do Superior Tribunal de Justiça Desportiva da Confederação Brasileira de Futebol, presidente do Tribunal de Ética III da OAB/SP e diretor da Associação dos Antigos Alunos da Faculdade de Direito da USP, além dos cargos exercidos na Irmandade.

todas as especialidades médicas. Registra uma média mensal de 90 mil atendimen-tos ambulatoriais, 75 mil atendimentos de emergência, 3,5 mil cirurgias, oito mil internações e 255 mil exames, sendo 90% dos atendimentos viabilizados com repasses do Sistema Único de Saúde (SUS) e os 10% restantes complementa-dos por recursos próprios, oriundos de aluguéis de imóveis e renda do Hospital Santa Isabel. A entidade conta com 9.072 colaboradores, entre eles 1.558 médicos e 479 residentes. Além da Medicina, a Santa Casa tam-bém é referência na área da Educação. Desde 1963, funciona, nas instalações do Hospital Central, a Faculdade de Ciências Médicas, a primeira particu-lar no ensino da medicina e conside-rada como uma das melhores escolas do país. Atualmente, 947 alunos estão matriculados na instituição, que já formou 4.030 profissionais nos cursos de Medicina, Enfermagem e Fonoau-diologia. Seu corpo docente é forma-do por 43 especialistas, 111 mestres, 248 doutores e 19 livre-docentes.

A faculdade foi, ainda, berço de outras grandes escolas médicas, como a Facul-dade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e a Escola Paulista de Medicina, atual Universidade Fede-ral de São Paulo (Unifesp). Também influenciou decisivamente no aprimo-ramento de residentes e docentes.Por tradição de benemerência, a Santa Casa investe em diversos programas sociais. Entre eles, o Programa Apren-diz Legal, em parceria com o CIEE. Desde 2006, nove jovens passaram pelo programa. Desses, quatro ainda estão em capacitação e três foram con-tratados. “Mesmo antes da existência da Lei 10.097/2000, já auxiliávamos os jovens a se inserir no mercado de trabalho, oferecendo a eles a oportu-nidade do primeiro emprego”, des-taca José da Silva Passos, diretor de Recursos Humanos da Santa Casa de São Paulo, referindo-se, também ao Projeto Jovem Cidadão, que absorve estudantes de escolas públicas e é rea-lizado paralelamente ao programa de aprendizagem. A

O NOVO PROVEDOR

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CIEE em foco

58 Agitação mai/jun 2008

CIEE em Barra Mansa/RJNo dia 16 de abril, o CIEE inaugurou, oficialmente, uma unidade em Barra Mansa/RJ, com o objetivo de auxiliar es-tudantes a entrarem no mercado de tra-balho. A nova unidade atenderá também as cidades fluminenses de Quatis, Angra dos Reis, Rio Claro, Paraty e Piraí.A Prefeitura e a Associação Comer-cial Industrial e Agro-Pastoril de Barra Mansa (Aciap) foram homenageadas com placas comemorativas pela parceria que exercem há 25 anos, desde a inaugu-ração do CIEE na cidade. O CIEE está localizado na Rua Doutor Mário Ramos, 145, Loja 2, Centro.

Edevaldo Alves da Silva, presidente do Centro Universitário das Faculda-des Metropolitanas Unidas (UniFMU) passou a fazer parte do CIEE como membro honorário. O título foi entregue, em 16 de maio, a Edson (à dir.) e Eduardo Alves da Silva, filhos de Edevaldo, que o receberam em nome do

pai, impossibilitado de comparecer por recomendação médica. O evento aconte-ceu em solenidade aberta, no Teatro CIEE, com apresentação musical do maestro João Carlos Martins, diretor cultural da UniFMU, acompanhado por alunos da instituição. O evento foi prestigiado por empresários, educadores e conselheiros do CIEE, e contou com a participação dos presidentes do CIEE, Paulo Nathanael Pereira de Souza (Conselho) e Luiz Gonzaga Bertelli (Executivo).

Posto em Lauro de Freitas/BAA expansão dos serviços do CIEE também ocorreu na Bahia. No dia 27 de maio, a organização inaugurou um posto de atendimento em Lauro de Freitas, conside-rado o terceiro município mais industrializado do estado. Esse é o quarto posto de atendimento da unidade do CIEE em Salvador e está instalado nas dependências da União Metropolitana de Educação e Cultura (Unime). Endereço: Avenida Luiz Tar-quínio Pontes, 600. O atendimento é realizado das 15 às 21 horas por um estagiário e um assistente de atendimento a empresas, visando potencializar as oportunidades de estágio e o Programa Aprendiz Legal na região.

Posto na UniCariocaInaugurado no final de abril, o posto de atendimento do CIEE na UniCarioca fica aberto de segunda a sexta, das 9 às 21 horas, e possibi-lita aos estudantes da uni-versidade e da comunidade ao seu entorno a inscrição, verificação de vagas e o en-caminhamento para progra-mas de estágio, de aprimora-mento profissional e gestão de carreira. A inauguração contou com uma pales-tra para os estudantes sobre tendências do mercado de trabalho e atitudes para alcançar vagas em estágios. Durante o evento, também foi assinado o acordo entre a UniCarioca e o CIEE para a im-plantação do Programa Aprendiz Legal na Universidade, em cumprimento à Lei 10.097/2000, que obriga as empre-

sas de médio e grande porte a contra-tar aprendizes, entre 14 e 24 anos, em percentuais correspondentes de 5% a 15% do número de colaboradores. O posto está localizado na Avenida Paulo de Frontin, 568, Rio Compri-do, Rio de Janeiro.

Arnaldo Niskier, presidente do Conselho de Administração do CIEE Rio, e Celso Niskier, reitor da UniCarioca, assinam acordo para a instalação do posto.

Novo membro honorário do CIEE

Lúcia Venina, vice-presidente do Conselho de Administração do CIEE Rio, e Fanuel Fernando de Paula Faria, secretário de Administração Municipal de Barra Mansa, descerraram a placa inaugural.

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Estágios com qualidade merecem ser premiados!

Para empresas que valorizam hoje o profi ssional do amanhã.

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O Prêmio “As Melhores Empresas para Estagiar” é uma profunda avaliação do ambiente empresarial dos programas de estágio e dos estagiários.

A pesquisa é realizada com base no que pensam os estagiários de cada empresa e na qualidade dos programas de estágio.

Esta é uma grande oportunidade para apresentar as razões que fazem a sua empresa ser referência em gestão de programas de estágio!

• A empresa atrai e retém talentos. As companhias que se classifi cam entre as melhores para estagiar são vistas com outros olhos, tanto pelos talentos que já estão ali dentro, quanto pelos que estão buscando sua oportunidade.

• A empresa adquire visibilidade no mercado, principalmente sob o prisma social, por sua visão de futuro, ao investir na formação da nova geração profi ssional.

• A empresa participante fi ca sabendo exatamente o que seus estagiários pensam dela. Por meio da pesquisa,

é possível detectar quais são os pontos positivos e quais devem ser melhorados em seus programas de estágio, aprimorando cada vez mais as oportunidades de estágio na empresa.

• O levantamento é consolidado pela experiência de mais de quatro décadas do CIEE – a organização que mais entende de jovens talentos no Brasil, da ABRH-SP e pela expertise do IBOPE Inteligência.

• A premiação elege as empresas que são referência em gestão de

programas de estágio, divulgando um ranking das melhores para estagiar.

• Somente os resultados das empresas que se classifi cam entre as melhores são divulgados. O mercado não fi ca sabendo quais empresas participaram e não obtiveram pontuação sufi ciente.

• As empresas que obtiverem os melhores índices receberão a síntese da avaliação do seu programa de estágio, con forme a opinião de seus esta giários.

Benefícios diretos aos participantes

Inscreva sua empresa nesta premiação!

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REGULAMENTO

I. Da instituição do prêmio:• O Prêmio “As melhores empresas para estagiar” é

uma iniciativa do Centro de Integração Empresa-Escola - CIEE, em parceria com o IBOPE Inteligência e com a Associação Brasileira de Recursos Humanos - Seccional São Paulo - ABRH-SP, para distinguir e reconhecer as organizações que investem na formação e no treinamento de jovens profissionais, colaborando para a sua efetiva inserção no mercado de trabalho.

II. Dos objetivos:• O Prêmio é o resultado de uma pesquisa que tem por

objetivo estabelecer um ranking das organizações que oferecem as melhores condições de realização de estágio de estudantes, conforme a opinião dos próprios estagiários. Tem também o objetivo de promover a troca de experiências positivas e inovadoras sobre a gestão de Programas de Estágio de Estudantes.

III. Da abrangência:• O Prêmio “As melhores empresas para estagiar”,

em sua 3ª edição, terá sua abrangência restrita às organizações estabelecidas no Estado de São Paulo.

IV. Das condições para participar:• Para concorrer à premiação estão aptas a participar

quaisquer organizações públicas, privadas ou de economia mista que mantenham Programas de Estágio com 15 (quinze) ou mais estagiários contratados, administrados ou não em parceria com o CIEE.

V. Das inscrições:• As organizações interessadas em participar poderão

efetuar sua inscrição gratuitamente, no período de 17/04 a 11/07/2008, até às 24h, exclusivamente via Internet, nos sites do CIEE (www.ciee.org.br), do IBOPE Inteligência (www.ibope.com.br) ou da ABRH-SP (www.abrhsp.org.br), onde haverá o link para o site “As melhores empresas para estagiar” (www.melhorestagio.ibope.com.br).

• A inscrição pressupõe, por parte da organização, a concordância e aceitação das normas e condições constantes deste regulamento e o seu não cumprimento tornará nula sua participação. A inscrição somente será validada a partir do preenchimento completo da respectiva ficha, que inclui dados cadastrais, logomarca, perfil da organização, perfil do programa de estágio oferecido e relação completa dos estagiários.

VI. Do processo de avaliação• As organizações inscritas serão avaliadas pelos seus

estagiários, de acordo com dados coletados em formulário eletrônico específico. Nas organizações que tenham até 50 estagiários, todos serão selecionados para participar da pesquisa. Para as organizações que possuírem uma quantidade superior a 50 estagiários, o IBOPE Inteligência selecionará, aleatoriamente, 50 deles para participarem.

• As informações solicitadas aos estagiários estarão divididas em 3 (três) blocos, sendo que o:

1º bloco destina-se a traçar o perfil geral dos esta-giários e do estágio oferecido;

2º bloco destina-se a avaliar o programa de estágio; 3º bloco destina-se a identificar a atitude do

estudante frente ao estágio, independente do local

ou organização onde é realizado.• Para essa coleta de dados, cada uma das

organizações inscritas receberá, via Sedex, envelopes lacrados (carta-convite) nominais aos estagiários, contendo instruções e senha para acesso ao instrumento de avaliação do Programa de Estágio. Esse instrumento estará disponível exclusivamente on-line e os estagiá rios poderão preenchê-lo, acessando-o por meio de terminais disponibilizados pela organização, em suas residências ou sua instituição de ensino ou outro local que possua equipamento com acesso à Internet.

VII. Do período de avaliação pelos estagiários:• As organizações participantes terão o prazo das

8h de 04/08 até às 24h do dia 05/09/2008 para que seus estagiários preencham o instrumento de avaliação dos seus Programas de Estágio.

VIII. Da apuração dos resultados:• A avaliação do programa de estágio será feita por

meio do preenchimento de um formulário eletrônico, composto por frases afirmativas, abrangendo diferentes atributos característicos de um bom programa de estágio e de uma avaliação geral do programa de estágio. Cada uma das frases apresenta uma escala de 1 a 10, na qual a escala “1” significa que o estagiário “discorda totalmente” da frase afirmativa e a escala “10” significa que o estagiário “concorda totalmente” com a frase. O estagiário assinalará uma das escalas entre “1” e “10”, que corresponda à opinião dele sobre o estágio que está realizando.

• O critério de classificação será a média da avaliação geral do programa de estágio. Em caso de empate, valerá a média das avaliações em todos os atributos. Persistindo o empate, a classificação será pelo maior índice top two box (soma das escalas 9 e 10) referente à avaliação geral do programa de estágio.

• Todo o processamento dos dados e a emissão dos resultados estarão a cargo do IBOPE Inteligência.

IX. Da validação dos resultados:• Para que o resultado de uma organização seja

considerado válido, as duas condições abaixo devem ser satisfeitas simultaneamente:

no mínimo, 15 estagiários terem preenchido completamente o instrumento de avaliação do Programa de Estágio;

no mínimo, 75% dos estagiários selecionados terem preenchido completamente o instrumento de avaliação do Programa de Estágio.

• Se o número absoluto correspondente a 75% for um número não inteiro, o mínimo será o menor número inteiro superior a 75%.

• Os estagiários respondentes das organizações que obtiverem os melhores índices de avaliação serão contatados, por telefone, pelos promotores da pesquisa. Esse contato será realizado por amostragem e tem a finalidade de legitimar que o instrumento de avaliação do Programa de Estágio foi, efetivamente, preenchido pelos estagiários.

• As organizações que obtiverem os melhores índices de avaliação serão visitadas para verificação, in loco, das informações fornecidas nos instrumentos de avaliação, com as efetivas condições de realização

de estágio de estudantes praticadas no dia-a-dia da organização. Também faz parte dessas visitas a rea-lização de entrevistas com os estagiários e com os gestores do Programa de Estágio. Essas visitas serão agendadas previamente, em comum acordo com o coordenador interno da pesquisa, e a constatação de divergências entre as informações fornecidas com as práticas adotadas na gestão do programa de estágio se constitui em motivo para desclassificação da organização.

X. Da divulgação dos resultados:• A divulgação do ranking das melhores empresas

para estagiar, com a entrega de troféus pelo CIEE, IBOPE Inteligência e ABRH-SP, ocorrerá no dia 28/11/2008, em solenidade de premiação, a ser realizada no Espaço Sociocultural - Teatro CIEE. O ranking compreenderá as 50 organizações que atingirem os melhores índices de avaliação, em ordem alfabética, sendo que as 10 organizações que atingiram as médias mais altas receberão a classificação de 1ª a 10ª colocação.

• Todas as organizações participantes, que tenham seus dados validados conforme item IX deste regulamento, receberão posteriormente, via correio, a síntese da avaliação do seu Programa de Estágio (médias em escalas de concordância de 1 a 10) referente à avaliação dos seus estagiários. Para que as organizações possam comparar sua posição em relação às demais organizações participantes e, se necessário, promover ajustes em seu programa de estágio, essa síntese também contemplará as médias das 10 organizações que atingiram as médias mais altas, e as médias das 50 organizações que atingirem os melhores índices de avaliação.

• O CIEE, o IBOPE Inteligência e a ABRH-SP promoverão ampla divulgação do Prêmio e dos resultados da pesquisa “As melhores empresas para estagiar” em todos os veículos de comunicação ao seu alcance, em suas diferentes fases de realização, bem como do ranking das organizações que reunirem as melhores condições de realização de estágio de estudantes.

• Os estudos resultantes da pesquisa serão publicados na íntegra ou em parte e poderão ser mantidos em seus sites ou em páginas na Internet sob sua responsabilidade, por tempo indeterminado.

XI. Disposições finais:• O ato da inscrição pela organização implica, para

todos os efeitos: sua expressa aceitação do presente regulamento; sua responsabilização pela veracidade das

informações fornecidas, em qualquer tempo, aos promotores do Prêmio “As melhores empresas para estagiar”;

a expressa autorização para a publicação do nome, logomarca e imagens da organização, nas mídias relacionadas exclusivamente à promoção do Prêmio nesta e nas próximas edições.

• O FAQ, disponibilizado no site dos promotores do Prêmio, complementa o presente regulamento.

• As situações não previstas neste Regulamento serão julgadas pelos organizadores do Prêmio e suas decisões serão soberanas, sendo vetada a interposição de recursos. Esclarecimentos poderão ser solicitados pelo e-mail [email protected].

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Participe! Acesse o link do Prêmio As Melhores Empresas para Estagiar nos sites:

PRÊMIO 2008

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63Agitaçãomai/jun 2008

CIEE Bahia faz parceria com lojistas

O CIEE da Bahia assinou um acordo de cooperação técnica com a Câma-ra de Dirigentes Lojistas de Salvador (CDL). O objetivo é desenvolver ativi-dades conjuntas, capazes de propicia-rem a operacionalização de programas de estágio, não só nas dependências da CDL, mas também nas suas insti-tuições associadas.Para Eduardo Paderes, gerente de Mar-keting e Vendas da CDL, o acordo comunga com a visão da Câmara que é a de fomentar o comércio varejista e apoiar os associados para manter uma atividade cada vez mais saudável. “Quanto mais profissionais capacita-dos inserirmos no mercado melhor para a nossa atividade. Por isso acre-dito que a contratação de estagiários poderá garantir essa alta capacitação futuramente”, registra. Mesmo antes da formalização desse acordo, o CIEE já possuía ligação com o setor varejista baiano. Além de man-ter estagiários na própria CDL, num total de 32 jovens, foram estabelecidas parcerias com grandes empresas como Insinuante, Tend Tudo e Dismel.

O CIEE Pernambuco destacou e ho-menageou com um diploma as empre-sas vencedoras do Prêmio Melhor Pro-grama para Estagiar 2007, concedido aos dez melhores programas de está-gio realizados pelas organizações par-ceiras. O prêmio objetiva distinguir os melhores programas na avaliação dos estagiários. Para chegar à classificação dos dez melhores, o CIEE ouviu 1.553 estagiários de 86 empresas em acom-panhamentos in loco. A entrega ocorreu durante o XV En-contro de Integração com Unidades Concedentes de Estágios, realizado em maio, no auditório da Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), no Recife. As premiadas foram: Banco Ci-tibank S/A, RBZ Assessoria e Cons. de Cobranças S/C Ltda, Superintendência Regional da Receita Federal do Bra-sil na 4ª Região Fiscal, Departamento Nacional de Produção Mineral, Banco

Melhor Programa para Estagiar em PE

Central do Brasil, Unidade de Gestão de Programa de Apoio ao Desenvol-vimento Sustentável da Zona da Mata (Promata), Instituto de Pesos e Medi-das do Estado de Pernambuco (Ipem), Companhia Brasileira de Trens Urba-nos (CBTU), MV Informática Nordes-te e Activecred Promotora de Vendas.

Antoine Youssef Tawil, presidente da CDL.

Lucilo Varejão, presidente do CIEE/PE, e João Dantas, da RZB Assessoria, uma das vencedoras do prêmio.

Maria da Penha Maia foi agredida pelo marido durante seis anos, até ficar paraplégica em tentativa de assassina-to. Em sua homenagem, a lei que oferece medidas de as-sistência e proteção às mulheres que sofrem violência do-méstica e familiar, sancionada em 2006, recebeu o nome de Maria da Penha. Para discutir as aplicações da lei, o Movimento Mulheres da Verdade organizou o Seminário sobre a Lei Maria da Penha – realizado no Teatro CIEE,

no dia 8 de abril – no qual foi discutida a aplicação prática da nova legislação. Para o delegado-geral Maurício José Lemos Freire, da Polícia Civil de São Paulo, a polícia tem muitas contribuições a dar, assim como tem muito o que aprender sobre a questão. “Com o aperfeiçoamento de dados estatísticos, podemos propi-ciar um melhor atendimento às vítimas de violência doméstica.” Stella Taquette, diretora de Projetos da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres do go-verno federal, disse que, apesar de as mulheres terem mais escolaridade, estão em situação desfavorável na sociedade. “Freqüentemente ganham menos que os homens.” Com a nova lei, os inquéritos e prisões em flagrante subiram bastante, assim como as reportagens sobre o assunto na mídia.

Proteção às mulheres

CIEE em foco

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CIEE em foco

64 Agitação mai/jun 2008

Gilberto Kassab, prefeito de São Pau-lo, foi homenageado com o título de Professor Honoris Causa, pelo Centro Universitário Belas Artes, no Espaço Sociocultural – Teatro CIEE, em 23 de abril, em virtude de suas posições po-líticas e administrativas, em especial pela aprovação da Lei Cidade Limpa, que proibiu todo tipo de publicidade externa no município.O prefeito agradeceu o título, confes-sando-se emocionado. De acordo com ele, foi o combate às poluições urba-nas que lhe propiciou a honraria. “A

Troféu Dom Quixote Concebido pela revista Justiça e Cidada-nia, os troféus Dom Quixote de La Man-cha e Sancho Pança foram concedidos a personalidades que “se destacaram no respeito à dignidade humana e ao amor”. Foi assim que o ministro do supremo Tribunal de Justiça, Massami Uyeda, presidente honorário da Confraria Dom Quixote, apresentou o prêmio entregue em 14 de abril. Entre os premiados estão nomes como Paulo Nathanael Pereira de Souza, presidente do Conselho de Ad-ministração do CIEE; Ruy Martins Al-tenfelder Silva, presidente do Conselho Superior de Estudos Avançados da FIESP e vice-presidente do Centro das Indús-trias do Estado de São Paulo (CIESP) e do conselho de Administração do CIEE;

Medalha Lauro Ribas BragaO Rotary Club de São Paulo – Norte homenageou com a medalha Lauro Ribas Braga Paulo Nathanael Pereira de Souza, presidente do Conselho de Administração do CIEE, pela sua atua-ção na área de Educação, e Yvonne Capuano, conselheira do CIEE, pelas realizações no setor empresarial, na solenidade realizada em 9 de abril, na sede da entidade, no bairro de Higie-nópolis, em São Paulo. Lauro Ribas Braga foi um notável membro do Rotary Club, chegando ao cargo de governador de distrito de Ro-tary, em 1966. Médico especializado em obstetrícia e ginecologia, fazia par-te do clube da região norte de São Pau-lo. A medalha que leva o seu nome foi uma honraria instituída em agosto de 2000, oficializada pelo Governo do Estado. O objetivo é agraciar perso-nalidades por seus méritos pessoais e relevantes serviços prestados à comunidade.

importância da Cidade Limpa foi compreendida rapidamente pela sociedade, principalmente pelos arquitetos que demonstraram seu apoio em artigos e entrevistas a veí-culos de comunicação”, afirmou. Outro ponto que Kassab afirmou prioritário em sua gestão é a edu-cação, citando as ações adotadas para ampliação do número de pessoas beneficiadas pelas escolas municipais, para a melhoria da qualidade no ensino fundamental e da infra-estrutura escolar.

Belas Artes homenageia Kassab no CIEE

Ives Gandra Martins, professor Eméri-to do CIEE; Paulo Skaf, presidente da FIESP, entre outros. Os agraciados com o prêmio foram escolhidos de acordo com a razão de existir da confraria que deseja alcançar “a ética, a moralidade, a justiça, o direito, a cidadania e a dig-nidade”, nas palavras de seu chanceler, Bernardo Cabral.

Paulo Antonio Gomes Cardim, reitor do Centro Universitário Belas Artes e o prefeito Gilberto Kassab.

Massami Uyeda, presidente da confraria Dom Quixote.

Paulo Nathanael Pereira de Souza e Yvonne Capuano:

homenageados pela atuação na área educacional e empresarial.

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65Agitaçãomai/jun 2008

A Academia Paulista de Letras Jurídi-cas (APLJ) inaugura uma nova fase em sua história com a posse do seu novo presidente, Ruy Martins Altenfelder Silva, também presidente do Conse-lho Superior de Estudos Avançados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e vice-presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e do Conselho de Admi-nistração do CIEE. A transmissão do cargo foi feita por Ives Gandra da Sil-va Martins, então presidente da APLJ. Saudado como um homem prático e doutrinador no campo do direito, “o novo presidente sabe dar execução aos planos e não fica só no campo das idéias”, elogiou Ives Gandra. Como prova desse perfil arrojado, a primei-ra ação de Altenfelder foi empossar o

Posse na APLJ

ex-presidente no cargo de chanceler da APLJ, um título vitalício e perpétuo. Entre os membros da academia estão Ney Prado, presidente da Academia Internacional de Direito e Economia, e Antonio Penteado Mendonça, ambos conselheiros do CIEE. A solenidade de posse aconteceu no auditório do Cen-tro de Extensão Universitária, no dia 16 de maio, na capital paulista.

No dia 11 de junho, Ricar-do Melantonio, conselhei-ro do CIEE, tomou posse como associado efetivo do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP). A enti-dade, criada em 1874, visa promover o aprimoramento do estudo e da prática da ciência jurídica e tem Maria Odete Duque Bertasi e Ivette Se-nise, respectivamente, como presidente e vice-presidente. Congregando profissio-nais da área do Direito – divididos entre associados efetivos (advogados) e cola-boradores –, o IASP conta hoje com 799 membros. Os requisitos para a admissão permitem a manutenção do elevado nível do quadro associativo, que exige notório saber jurídico. A solenidade de posse aconteceu na sede do IASP.

O programa de Ensino a Distância (EaD) do CIEE recebeu o Prêmio E-Learnig Bra-sil 2008/2009, como Referência Nacional, concedido pela MicroPower, ao lado de outras 18 organizações, entre as quais: Banco do Brasil, Fundação Bradesco, HSBC, FGV On line, Telefônica, Univer-sidade Presbiteriana Mackenzie.Entre os objetivos da premiação figura o estímulo da utilização de recursos tec-nológicos por organizações empresariais para a promoção do aprendizado contí-nuo de seus colaboradores e alunos, ele-vando o nível de capacitação, desempenho e contribuição para os resultados e níveis de competitividade global das ins-tituições brasileiras.Implementado em 2005, o programa de EaD do CIEE dis-põe atualmente de 21 cursos interativos, que podem ser feitos gratuitamente pelos estudantes cadastrados em seu banco de dados. Só em 2007, houve 165.798 matrículas, crescimento de 501% com relação ao ano anterior.

Novo associado do IASP

Referência nacional em EaD

O jurista Ives Gandra (à dir.) na transmissão do cargo a Ruy Altenfelder.

Com uma mistura de música clássica com samba, a Or-questra Bachiana Jovem abriu a temporada de concertos no CIEE, em 26 de abril, no Teatro CIEE, em São Paulo. Com a liderança do maestro e pianista João Carlos Martins, os jovens interpretaram canções clássicas de Bach, Brahms e Beethoven. A surpresa da apresentação ocorreu quando o maestro chamou para o palco músicos da bateria da Esco-la de Samba Vai-Vai, comandados por mestre Tadeu. Junto com a orquestra, eles fizeram a percussão da Quinta Sinfo-

nia, de Beethoven, e Trem das Onze, do pau-listano Adoniran Barbosa. “A música está aci-ma de todos os preconceitos”, disse o maestro no final do espetáculo. A Orquestra Bachiana Jovem é formada por 40 jovens carentes, que receberam bolsa de estudo das Faculdades In-tegradas Unidas (UniFMU). Em uma parceria com o CIEE, todos os jovens são estagiários com direito a bolsa-auxílio para estudar músi-ca. “Esse é o primeiro programa de estágio de música no Brasil”, lembrou Luiz Gonzaga Ber-telli, presidente executivo do CIEE.

Música sem preconceito

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66 Agitação mai/jun 2008

PESQUISAS

Perigo: motoristas sem carteira!Um cruzamento de dados na pesquisa Jovem motorista revela um número alarmante: dos 1.430 entrevistados que dirigem, 25% deles afi rmaram que não possuem Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A pesquisa foi realizada pelo CIEE e res-pondida por 2.334 pessoas, a maioria com idade entre 18 e 21 anos. Dirigir sem CNH ou Permissão para Dirigir é falta gra-víssima, penalizada com multa e apreensão do veículo, como previsto no Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

Você dirige?

O esporte é muito importante na for-mação do jovem, seja como fonte de inspiração, saúde ou valores éticos. O CIEE quis saber a quantidade de jovens que fazem alguma atividade esportiva, a freqüência e os locais mais comuns:

MERCADO EXIGE EXPERIÊNCIA

Falta de experiência é a maior barreira dos recém-formados na luta por um emprego. Essa resposta foi dada por 38% dos 5.993 estudantes que responderam a enquete Como você avalia o mercado de trabalho para os recém-formados?, realizada pelo site do CIEE. Segundo eles, a exigência de experiência anterior atrapalha a entrada dos jovens no mercado de trabalho:

A exigência de experiência anterior ou estágio dificulta ainda mais conseguir uma vaga 38%

O mercado é concorrido, mas existem oportunidades 32%

O mercado é ruim e os salários são baixos 10%

Há oportunidades para todos 7%

As boas ofertas estão concentradas apenas em São Paulo 6%

Não há grandes perspectivas no Brasil 4%

Não opinaram 3%

1 hora ou 1 hora e meia 48%

30 minutos 23%

2 horas e 2 horas e meia 12%

3 horas 6%

4 horas 4%

Outros 7%

77%

23%Sim

Não

Você possui carteira de motorista (CNH)?

61%

Sim39%Não

Com o objetivo de descobrir quanto tempo o jovem perde nas idas e vindas de casa para o local do estágio ou da escola para o tra-balho, o portal do CIEE disponibilizou uma enquete com a seguinte pergunta: Quanto tempo você fica, em média, no trânsito durante a

ida e a volta para: escola, estágio ou trabalho?

AOS CAPRICHOS DO TRÂNSITO

GERAÇÃO SAÚDE

Com que freqüência?

2 a 3 vezes por semana 39%

Uma vez por semana 20%

Diariamente 15%

Respondi “não” na questão anterior 14%

Aos finais de semana 12%

Em que locais?

Escola 28%

Em espaço público 23%

Na academia 20%

Respondi “não” na questão anterior 14%

No clube 9%

No local onde moro (condomínio) 6%

Sim 86%

Não 14%

Você pratica ou já praticou algum esporte?

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67Agitaçãomai/jun 2008

Diálogo Nacional com Ruy Altenfelder

políticaeconomia

ciêncialiteratura

religiãorelações internacionais

artes plásticasmarketing político

cinemacomunidade

saúdemovimentação popular

medicinamarketing eleitoral

teatroesporte

educação urbanismo

Um programa de entrevistas com os maiores. E melhores.

Sintonize

4ª Feira – 23h TV Aberta São Paulo Canal 72 TVA e 09 Net5ª Feira – 19h30 Canal 8 Campinas – Canal 8 Net

5ª Feira 21h Canal de São Paulo – Canal 18 TVA6ª Feira 21h30 TV Com Santos - Canal 11 Net

Domingo 12h Canal de São Paulo – Canal 18 TVADomingo 12h Blue TV Rio de Janeiro – Canal 18 TVA

2ª Feira 23h TV Com Belo Horizonte – Canal 6 Net3ª Feira 20h TV Com Belo Horizonte – Canal 6 Net

4ª Feira 19h TV Cidade Livre Brasília – Canal 11 Net

www.dialogonacional.com.br

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68 Agitação mai/jun 2008

no: “Iniciativas como essa, do CIEE, fazem com que o Brasil desperte para dar o primeiro passo rumo à melhoria da qualidade de vida da sua população, que é discutir os problemas relativos à educação.” Wander Soares, membro da Comissão de Educação a Distância do Conselho Estadual de São Paulo, fez um retrospecto da educação bra-sileira e o ex-deputado federal Paulo Delgado destacou a importância da

“estudiosidade” – vontade de estudar aliada à certeza de que isso vai render con-forto e bem-estar.Ao encerrar o seminário, Luiz Gonzaga Bertelli, pre-sidente executivo do CIEE, alertou para a urgência de se melhorar a qualidade do ensino no país, sob pena de estancar nossas possi-bilidades de crescimento e comprometer o futuro das novas gerações. 15 de maio – Auditório da Asso-ciação dos Magistrados do Esta-do de Goiás

Educação em pautaA educação entrou na pauta de debates da sociedade brasileira. Essa foi uma das conclusões do Seminário Inventá-rio da Educação Brasileira e Recomen-dações para o seu Aperfeiçoamento: a Situação de Goiás. O seminário, que faz parte das comemorações dos 26 anos de atuação do CIEE em Goiás, com-pletados em abril, levantou propostas para a melhoria da educação no país, por meio das análises, comentários e sugestões apresentadas por especialis-tas e políticos presentes. Esse trabalho, que começou em março de 2007, já percorreu as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Manaus, Fortaleza e Recife. Nessas localidades, o encontro rendeu bons frutos, pois, a partir das discussões, os palestrantes traçaram um panorama dos problemas atuais e apresentaram boas iniciativas regionais e internacionais.Ao abrir o encontro, Paulo Natha-nael Pereira de Souza, presidente do

Conselho de Administração do CIEE, enfatizou a crise atual da educação brasileira. Segundo ele, os estudantes estão perdidos num mar de problemas. O presidente alertou para a importância de se atrelar a educação ao desenvolvimento do país. Durante sua breve exposição, a deputada federal Raquel Tei-xeira apresentou um histórico das condições socioculturais do estado, que prejudicam os alunos. Ela destacou o progresso de projetos educacionais que foram implantados e têm colhido bons re-sultados. Já a secretária municipal de Educação de Goiânia, Márcia Pereira Carvalho, mostrou aos participantes o empenho com que a administração municipal tem investido na educação fundamental e a importância dele para a formação do cidadão. Outro ponto de relevância no encontro foi apontado pela secretária estadual de Educação de Goiás, Milca Severi-

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Paulo Delgado, Thiago Peixoto, Márcia Pereira Carvalho, Paulo Nathanael, Milca Severino, Raquel Teixeira, Wander Soares e Luiz Gonzaga Bertelli.

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Seminário em Goiás reúne cerca de 600 pessoas.

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69Agitaçãomai/jun 2008

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Quando se trata de alertar os estudantes sobre o perigo das drogas, o acompa-nhamento dos próprios jovens, em rela-ção ao uso que seus amigos fazem dessas substâncias, é tão importante quanto o envolvimento das instituições de ensino. “Do ponto de vista pessoal, não pode-mos ver alguém próximo se estragan-do com cocaína e não falarmos nada”, exemplificou Maria de Lourdes Zemel, coordenadora da Câmara de Assessora-mento Técnico-Científico do Conselho Nacional Antidrogas (Conad). A pales-tra A prevenção na instituição de ensino e a prevenção de cada um de nós¸ profe-rida por Maria de Lourdes, fez parte do primeiro seminário da Campanha Na-cional Antidrogas nas Escolas Superiores

A cada ano, crescem as discussões em relação ao papel da pessoa com deficiência, suas dificuldades e habi-lidades. Isso é um reflexo dos dados que apontam para números bastante expressivos: cerca de três milhões de pessoas com deficiência ou mobilida-de reduzida vivem na cidade de São Paulo. Em todo o estado, são estima-dos oito milhões de deficientes. Com a criação da Secretária Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilida-de Reduzida da Prefeitura de São Paulo (SMPED) – idealizada pela vereadora da capital paulistana e ex-secretária da SMPED, Mara Cristina Gabrilli – o quadro de abandono que havia no Le-gislativo para essas questões tem sofri-do importantes mudanças. Em 2001, apenas 80 deficientes trabalhavam com carteira assinada. Hoje são 80 mil. O avanço no assunto ainda não é o sufi-ciente para suprir as necessidades des-

Maria de Lourdes (à esq.) e Eroy Aparecida durante seminário antidrogas, na Unicsul.

Jovens cuidando de jovens2008, mantido pelo CIEE em parceria com a Secre-taria Nacional Antidrogas (Senad) e promovido no campus Anália Franco da Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul), na zona leste de São Paulo. “O assunto merece toda atenção porque se reflete diretamente na inclusão dos universi-tários no mercado de trabalho”, afirma Jorge Alexandre Onoda Pessanha, pró-reitor de Extensão e Assuntos Comuni-tários da Unicsul. Na ocasião, também se pronunciaram Eroy Aparecida da Silva, psicoterapeuta familiar e professora da Universidade Federal de São Paulo (Uni-fesp), e Luiz Gonzaga Bertelli, presiden-

te executivo do CIEE. “Não podemos ter a pretensão de salvar das drogas toda a juventude, mas é nosso dever plantar-mos uma semente”, disse Bertelli, para os 500 jovens que lotaram o auditório. 16 de fevereiro - Auditório Prof. Dr. Fernando Henrique Cardoso da Unicsul/Anália Franco, em São Paulo/SP.

Questão de atitudesa parcela da população, como ressaltou a vereadora na palestra A inclusão social e profissional da pessoa deficiente, profe-rida no Econtro do 3º Setor: “A pessoa

com deficiência faz um verdadeiro rali quando sai de casa, porque a cidade não é um ambiente acessível para ela.” Mara colocou-se em defesa dos de-ficientes após sofrer um acidente de carro, há 14 anos. O trauma deixou-a tetraplégica. Após uma estada nos Es-tados Unidos, durante a reabilitação, Mara criou o projeto Próximo Passo, com vistas à melhora da qualidade de vida de pessoas com mobilidade reduzida: “Comecei a me questionar porque os deficientes dos Estados Unidos pareciam menos deficientes.” O sonho da vereadora é trazer para o Brasil a infra-estrutura para locomo-ção dos deficientes, que viu nos Estados Unidos. Ela acredita, no entanto, que os brasileiros precisam mudar a men-talidade em relação aos deficientes. “As barreiras arquitetônicas são mínimas perto das barreiras de atitude.” 17 de abril – Teatro CIEE/SP.

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E V E N T O S

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“É imprudente imaginar que um país continental como o nosso não encon-tre obstáculos nessa seara”, advertiu Alberto Cardoso, general da reserva, ministro de Estado da Segurança Na-cional no governo de Fernando Henri-que Cardoso, exemplifi cando seu pen-samento com o fato ocorrido na Bolívia em 2006, quando o exército boliviano ocupou as refi narias da Petrobrás na-quele país. A afi rmação foi feita duran-te sua palestra no Fórum Permanente de Debates do CIEE sobre a Realidade Brasileira, em abril. O general tratou do tema Defesa nacional e a situação das Forças Armadas Brasileiras.O palestrante abordou a necessidade de aumentar os investimentos nacionais nas Forças Armadas e na manutenção de uma base industrial de equipamentos militares, para proteção de nossas fron-teiras e para que outros países saibam

Para manter a pazque o Brasil tem poder de retaliação mi-litar. Isso, de acordo com ele, facilitaria a defesa dos interesses nacionais, por me-canismos pacífi cos e diplomáticos. Para Cardoso, esse não seria o caso de retaliação militar, pois caberiam outros tipos de dissuasão, como a econômica, mas faltou, sim, visão externa de que o Brasil teria condições de retaliar mili-tarmente, se isso fosse necessá-rio. “É importante para qualquer país defender e fazer prevalecer seus interesses nacionais e interna-cionais. Isso pode ser feito por meio da estratégia indireta, pela dissuasão, o que só é possível quando suas Forças Ar-madas estão bem equipadas”, afi rma.O ex-ministro fi nalizou sua palestra de-monstrando preocupação com o baixo investimento nas Forças Armadas, que tem se mantido o mesmo, em valores ab-solutos, desde 1954, apesar de o Produto

Interno Bruto (PIB) ter crescido muito desde aquela época. “Para se ter uma idéia, o maior orçamento das Forças Ar-madas é o da Aeronáutica, que represen-ta apenas 0,12% do PIB. O orçamento total do setor é de18 bilhões de reais, dos quais 86% estão comprometidos com o pagamento de pessoal”, alertou. 24 de abril – Auditório Ernesto Igel do CIEE/SP.

Para manter a pazque o Brasil tem poder de retaliação mi-litar. Isso, de acordo com ele, facilitaria a defesa dos interesses nacionais, por me-canismos pacífi cos e diplomáticos. Para Cardoso, esse não seria o caso de retaliação militar, pois caberiam outros tipos de dissuasão, como a econômica, mas faltou, sim, visão externa de que o Brasil teria condições de retaliar mili-tarmente, se isso fosse necessá-rio. “É importante para qualquer país defender e fazer prevalecer seus interesses nacionais e interna-

Brasília, Transamazônica, Itaipu, me-trô de São Paulo, ponte Rio–Niterói, aeroportos, Tucuruí e Jupiá. Alguém consegue imaginar o Brasil sem essas obras? Todas elas, essenciais ao cres-cimento do país, foram realizadas, entre 1950 e 1970, pela Camargo Cor-rêa, um dos maiores conglomerados empresariais brasileiros, e lembradas com orgulho por Wilson Quintella, durante palestra no Fórum de Deba-tes Sobre a Realidade Brasileira e lan-çamento do livro Memórias do Brasil Grande. Advogado de formação, ele trabalhou por 35 anos no grupo Ca-margo Corrêa, começando de baixo, até se tornar o presidente da empresa e braço direito do legendário Sebastião Camargo. Para ele, essas obras foram

Retrato de um Brasil grandepossíveis graças a uma soma de esforços. Do setor privado, de executar as obras, e do lado do governo, a capacidade de planejamento, poder decisório e de ação para sustentá-las. “Alguns homens foram decisivos para as grandes obras que o Brasil precisou fazer, como os presiden-tes Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, João Goulart, Emílio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo, entre muitos outros, além de funcionários pú-blicos de maior qualidade – exemplo de como é possível haver gente na adminis-tração pública capaz de decidir e de levar grandes tarefas a cabo”, diz. A máquina pública funcionava sem as amarras que a tolhem nos dias de hoje. “Ouço dos meus netos que eles não estão mais en-contrando esses homens nas repartições

públicas, para que puxem o comando para tocar novamente os projetos de que o país precisa”, enfatiza. 29 de maio – Auditório Ernesto Igel do CIEE/SP.

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Escolher qual carreira seguir não é uma tarefa fácil. Nessa hora a ajuda de orien-tadores vocacionais pode ser um exce-lente auxílio. Por meio de técnicas e ins-trumentais, esses profissionais detectam traços de personalidade ou aptidão que auxiliam a definir o ramo de atividade em que o jovem melhor se encaixa. Como o instrumento Visão do Futuro, que estimula os estudantes a desenha-rem uma projeção dele daqui a dez anos, o que possibilita diagnosticar as pers-pectivas de futuro e sua visão da carreira pretendida. “Temos de ensiná-lo a gostar da profissão”, explica Flávia Marques, psicóloga e orientadora vocacional do Instituto Colméia, assim como Maria Apparecida de Freitas, Maria Stella Leite e Giovanna de Lima.Para orientar as pessoas que decidem mudar de profissão, Maria Apparecida usa a dinâmica Leilão de Valores, uma técnica utilizada para detectar o con-

Ajuda profissional na escolha da carreirajunto de valores pessoais que devem in-fluenciar na escolha da carreira. Quando esses ideais são descartados ou transfor-mados, nasce o desejo de mudar a vida profissional. O objetivo da dinâmica é identificar essa transformação.No método apresentado por Maria Stella,

Roles Ocupacionales, a intenção é desco-brir como os jovens vêem as profissões e revelar seus conflitos. “A orientação profissional é um momento importan-te, capaz de grandes transformações”, afirma Giovanna, que ajuda os profis-sionais a entenderem sua função, se conhecerem melhor e lidarem com as influências das pessoas.14 de maio – Auditório Ernesto Igel do CIEE/SP.

Linguagem adequada

Ao escrever um texto corporativo, o redator assume o papel de procurador da empresa e, assim, a cada parágrafo a imagem da companhia é colocada à pro-va. Daí a necessidade de escrever corre-tamente, respeitando as regras gramati-cais e entendendo o real significado de cada expressão.A redação empresarial não precisa ser re-buscada e deve atentar para qual público a receberá, escolhendo a linguagem mais apropriada, que possibilite sua compreen-são. “Alguns vícios de linguagem devem ser evitados, como ‘Venho por meio des-ta...’, que pode ser substituído pela infor-mação direta que o texto deseja passar; ‘Sem mais até o momento’, quando se pode optar pelo magnífico ponto final, para citar apenas alguns casos”, exempli-

fica João Jonas Veiga Sobral, professor de língua portuguesa nos colégios Móbi-le e Rio Branco, durante o Ciclo CIEE de Palestras dobre RH, que tratou do tema Redação Empresarial. Ao falar pela empresa, deve-se sem-pre utilizar a primeira pessoa do plu-ral, pois não é a pessoa física quem se manifesta nesse momento, mas, sim, a jurídica. Quem seguir algumas regras tem mais chance de transmitir ade-quadamente a mensagem que deseja. As normas são: clareza, correção, pre-cisão e objetividade. “Por exemplo, se enviarmos um comu-nicado urgente solicitando que um fun-cionário compareça a um local, corre-se dois riscos: se o receptor for uma pessoa ansiosa, antes que terminemos de escre-

ver ele estará lá, ou se for alguém tran-qüilo, aparecer depois de dois dias. Isso seria resolvido se a comunicação infor-masse a data e a hora que o requisitado deve comparecer”, explica Sobral.13 de maio – Auditório Ernesto Igel do CIEE/SP.

Orientadoras do Instituto Colméia: Flávia (à esq.), Maria Aparecida, Giovanna e Maria Stella.

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Paulo Nathanael Pereira de Souza

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Vez por outra, e a propósito não sei de que, aflora-me à superfície da memó-ria uma reminiscência, que jazia ador-mecida lá no fundo e que vem à tona para me lembrar dos tempos heróicos de minha adolescência, toda ela pas-sada na cidade montanha-russa, que, ainda hoje, ostenta o abençoado nome de São Carlos do Pinhal. Além das co-linas sucessivas que serviam, e ainda servem, de base ao traçado das ruas e das praças, essa São Carlos, que traz no nome a pista histórica sobre seu fun-dador, o Conde do Pinhal, arrodeou-se para sempre de um clima excepcional, nem quente, nem frio, a lhe dar, por todo o ano, aquele toque de europeís-mo, que lhe afivelava nas faces o char-me de uma alma urbana de exceção: acolhedora, hospitaleira e multicolori-da. Haja vista a praça da prefeitura que defrontava a igreja matriz, com o bos-que de árvores altíssimas a cobrirem de sombras, com seu dossel de folhas, alamedas e chafarizes, onde as águas cantavam seus rumorejos contra o coro ensurdecedor do trisso das andorinhas, que, vindas dos Estados Unidos, no verão, se juntavam às dezenas de mi-lhares na copa da imensa figueira de esquina, ao que todos proclamavam, plantada um século antes pela condes-sa, viúva do fundador. Tantas belezas, tantas levezas a circularem no céu azul da urbe de graças mil, tinham que vo-cacionar o povo daquele sítio para o encantamento poético, que se expres-sava na voz renovada das gerações de

São Carlos: uma cidade e seus poetas

jovens trovadores, que faziam dos três jornais locais – A Cidade, O Correio de São Carlos e A Tarde – suas antologias de inumeráveis poemas, modernos uns, antiquados vários, alguns com rima e métrica impecáveis, caóticos outros, como, aliás, convinha à adolescência férvida que os produzia, no afã de marcar presença naquela terra, em que fazer poesia, amar e rir-se à toa, como reflexo do bem-estar da vida, era de to-dos uma rotina divinatória e generosa. Hoje sei que no seio daquela comuni-dade humana, como ocorre com todas as demais, combatiam-se os combates da sobrevivência e dava-se curso ao sofrido convívio coletivo, palco inevi-tável do drama, da comédia e até da tragédia, nascidos do entrechoque de sentimentos, por vezes santos e solidá-

rios, mas quase sempre mesquinhos e hostis. Ocorre que nos meus anos teen, quando a esperança vencia sempre o pessimismo, tudo parecia funcionar sob a batuta de Deus a reger a paz e a compreensão dos homens, em meio ao cenário idílico daquela São Carlos, aparentemente feita para a morada de anjos e de bem-aventurados.Foi nesse tempo – para ser exato, nos anos 40 – que nos reuníamos em rodas diversas de fruição poética, de que participavam, entre versejadores idosos e jovens, principiantes e vete-ranos, consagrados e tatibitates, tan-tos saudosos nomes, hoje ensartados no esgotado livro-registro Poetas de São Carlos, que Ítalo Savelli escreveu em 1978. Entre muitos deles, ressal-tavam os talentos de Ambrosio dos Santos, quase octogenário e ainda ca-paz de amar, para em versos celebrar suas emoções; os quartetos caipiras, musicais e graciosos, do Fontoura Costa, sempre de gravata borboleta, a passear seu corpo esguio e leve como pluma entre as estantes da bi-blioteca onde, dia e noite, trabalhava como um condenado; o Homero Frey, romântico, e inspirado no seu lirismo de tons bilaqueanos, a ostentar em todas as ocasiões o seu único terno de sarja azul-marinho, que sua mãe passava religiosamente a ferro nos fins de tarde; os sonetos, trabalhados como jóias pelo José Galdino, aluno, como eu, do Ginásio Diocesano e que, no tempo da guerra, escrevia sátiras

Hoje sei que no seio daquela comunidade

combatiam-se os combates da sobrevivência e

dava-se curso ao sofrido convívio coletivo, palco

inevitável do drama, da comédia e da

tragédia.

PAULO NATHANAEL PEREIRA DE SOUZA É DOUTOR EM EDUCAÇÃO, PRESIDENTE DO CONSELHO DIRETOR DO CIEE NACIONAL E DO

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ANÁLISE

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São Carlos: uma cidade e seus poetas

movimento local do “petróleo é nos-so”, e acabei, depois, eleito vereador à Câmara Municipal.Mas o maior de todos nós, que de pro-pósito deixei para o fim, chamou-se Clóvis Pacheco, poeta e jornalista, fu-mante desbragado, com olhos quase cegos a tentarem vislumbrar pessoas e paisagens, e que, mesmo foscos e doentios, não conseguiram impedir viessem à luz seus Sonetos camonia-nos, uma pequena obra prima, toda vazada em vernáculo do século 16. Eis a seguir, uma amostra do que se disse:

contra alemães, italianos e japoneses, que todos cantávamos a plenos pul-mões, nos bondes apinhados de es-tudantes, a balançarem como navios enlouquecidos no trajeto entre o cen-tro da cidade e a escola da Vila Prado; o Flávio Sampaio, meu professor de Português, no ginásio, assim como o seria, mais tarde, o mesmo Ítalo Sa-velli, no colégio – a ambos devo o meu gosto da vida toda pela litera-tura, nos seus gêneros mais diversos; o Orlando Damiano, que morreu tão precocemente, deixando como pa-trimônio um livro de versos – Raça – , nos quais se entrosam o fantasiar onírico das musas e o refletir filosó-fico dos pensadores; o Celso di Muno Correia, que virou magistrado, mas

nem por isso per-deu o frescor da inspiração poética, que o

fez colecionar poemas de uma

ternura inexcedí-

“Tristes versos de amor, que vou tecendo,Qual tece o tecelão o seu tecido,Fazei o meu amor ir revivendoMais vivo e mais pujante que esquecido.Sois versos para irdes descrevendo, Amargos desenganos que hei sofrido,

E assim fazer também ir renascendoLembranças do passado em meu sentido.Dizei, meus pobres versos, da ansiedadeQue sinto no meu peito e me consome,

Matando até meu gosto de viver.Podeis dizer da mágoa, e da saudade.

Sentida ao relembrar um certo nome,Que não tenho a coragem de escrever ”.

vel. E as mulheres, tantas delas jo-vens e belas, que comigo dividiram salas de aula e colunas de imprensa, como Wilma Veloso, Maria Augusta Naclério, Stela Freire Lima, Cecília de Arruda Pacheco, Dulce Botelho Vieira, algumas ainda vivas, a maioria com Deus, tendo nos herdado todos, como expressão do seu talento, de versos inesquecíveis, tanto em sonoridades, quanto em ritmos e na imagética. Até este que vos escreve mereceu do autor da obra citações e comentários de simpatia, por uma série poética intitulada Impressões, que chegou a virar coqueluche dos moços, naqueles es-maecidos tempos de uma juventude de sonhos em que fui preso por presidir o

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO CIEE/SP E PRESIDENTE DA ACADEMIA CRISTÃ DE LETRAS (ACL).

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Curso faz reconstrução da história de São Paulo pelas manifestações culturais e pelos meios

de comunicação da época.

Um engarrafamento nunca an-tes visto em São Paulo. Cerca de cem automóveis tumultuaram o cen-tro, próximo à atual Praça Ramos de Azevedo. O motivo era nobre: a inau-guração do Teatro Municipal, em se-tembro de 1911, com a apresentação da ópera Amleto, de Ambroise Th o-mas, pela companhia do barítono ita-liano Titta Ruff o, considerado o maior intérprete da música erudita da época. Para complicar ainda mais, uma mul-tidão postou-se lá fora com a intenção de acompanhar a entrada dos ricos e famosos que podiam pagar 25 mil réis por um ingresso. Assim, São Paulo as-

Teatro Municipal na noite de inauguração: primeiro congestionamento registrado na cidade; no destaque, rua Líbero Badaró, percurso dos bondes pelo centro.

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sistia ao primeiro congestionamento de sua história.A cidade dos superlativos – maior centro urbano, maior atividade eco-nômica, maior população – era ape-nas a 11ª em 1870, menor que Recife, Salvador e até Teresina. A partir daí, quando entra em declínio a mão-de-obra escrava nas lavouras do café, a solução foi atrair os imigrantes euro-peus e asiáticos. Entre 1870 e 1920, es-panhóis, japoneses e principalmente italianos invadiram as terras paulistas. O café também dinamizou o centro urbano. O comércio desenvolveu-se nesse bojo, assim como o processo de industrialização. Em 1920, São Paulo já contava com meio milhão de habi-tantes, superado apenas pelo Rio de Janeiro, a Capital Federal.Com o predomínio de imigrantes – em 1893, 54,6% da população era estrangeira – aumentou a demanda por atividades culturais na cidade. A construção do Teatro Municipal, pelo arquiteto Ramos de Azevedo, que de-morou oito anos para ser inaugurado,

fez parte das novas necessidades da época. Os grandes nomes da ópera da primeira metade do século 20 es-tiveram na cidade. Em 1917, Enrico Caruso chegou a São Paulo no auge, quando ostentava a posição de pri-meiro tenor do Metropolitan de Nova York. O carismático Bienamino Gigli passou oito vezes pela cidade, de 1920 a 1951. “Quando Gigli estava em São Paulo, ia à missa, aos domingos, no Brás. Em uma das visitas, foi reco-

nhecido pela sua voz e teve de cantar, antes mesmo da apresentação que te-ria, à tarde, no municipal, com Bidu Sayão”, contou Sérgio Casoy, professor da Universidade de São Paulo (USP), durante aula no Teatro CIEE, em São Paulo. Ele foi um dos docentes con-vidados para o 5.º Curso de História de São Paulo, que está sendo realizado todas as quintas-feiras, às 9h30. Até o encerramento do evento, em 17 de ju-lho, o curso aborda as manifestações culturais e os veículos de comunica-ção de massa – teatro, dança, cinema, música, ópera, televisão, rádio, circo e imprensa humorística – como subsí-dio para a reconstrução histórica de São Paulo e a compreensão da realida-de no passado e no presente de uma das maiores megalópoles do mundo.Coordenado pela historiadora Ana Maria Camargo, do Departamento de História da USP, as aulas são indepen-dentes, podendo os interessados, as-sistirem aos temas que mais lhes con-

Chegada dos imigrantes a Santos: italianos incrementam a cultura.

O arquiteto Ramos de Azevedo planejou todos os detalhes do

Teatro Municipal.

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vier. (ver quadro pág. 79). Ana Maria montou o curso com o objetivo de dar um novo panorama para a história da cidade. “Já era antiga a idéia de um curso voltado para artes e comunica-ção pensando numa perspectiva his-tórica”, admite.As abordagens têm feito sucesso entre o público. O estudante de pós-gradua-ção do curso de Relações Internacio-nais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP), An-tônio Rodrigues de Carvalho Amoedo é um dos alunos assíduos do 5.° curso. Segundo ele, a interação de informa-ção e imagens para reconstruir a his-tória da cidade é um dos pontos altos do curso. “As aulas me sur-preenderam, porque não tem aquela abordagem pe-sada da academia”, enfatiza.Para manter o nível das apre-sentações, Ana Maria escolheu a dedo os palestrantes. “Se não fi zermos com nível alto, o curso perde prestígio”, ressalta. “Por

ção e imagens para reconstruir a his-tória da cidade é um dos pontos altos

Para manter o nível das apre-sentações, Ana Maria escolheu a dedo os palestrantes. “Se não fi zermos com nível alto, o curso perde prestígio”, ressalta. “Por

isso, todos os palestrantes são autorida-des dentro dos temas escolhidos.”Especialista do Departamento de Lin-guagens do Corpo da Pontifícia Uni-

versidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Helena

Katz abriu o evento ao abor-

dar a tradição da dança na cidade.

Crítica dos espetá-culos de dança do

jornal O Estado de S.Paulo, Helena mos-

trou a trajetória dos movimentos de dança

no município a partir das comemorações dos

400 anos de São Paulo, em 1954. Para a data, foi cria-

da a companhia de Ballet do Quarto Centenário, com 60 baila-rinos, sob a batuta do coreógrafo hún-garo Aurell Millos. “Toda a dança que é feita hoje em São Paulo tem origem no Ballet do Quarto Centenário, que

se relacionava com o entendimento moderno da arte”, argumenta.

Ideologias e interdisciplinaridade. Até os anos 50, a única técnica no Bra-sil capaz de formar o bailarino era o balé clássico, utilizado desde o século 15. Quando Millos teve contanto com a cultura brasileira de Villa Lobos, Di Cavalcanti e Flávio de Carvalho, entre outros, propôs a utilização de temas do folclore brasileiro, formando, assim, o pensamento moderno na dança, com a mistura de ideologias e sensações, desembocando na interdisciplinarida-de. “Nessa época, São Paulo tinha essa referência moderna e contemporânea de dança, enquanto o Rio de Janeiro continuava com a dança clássica.”Com apresentações de sucesso no Rio e São Paulo, a companhia ganhou des-taque na mídia brasileira. Mas por pro-blemas políticos, a melhor iniciativa de dança na cidade, até então, teve o seu fi m prematuramente. O prefeito da cidade, Jânio Quadros, desfez a companhia ale-gando que não manteria um conjunto artístico organizado para um evento que já tinha acabado. “A dança foi desarti-culada com a falta de compromisso do poder público”, ressalta Helena. Só nos anos 70, com a criação do Ballet

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Manifesto Antropofágico, destaques da Semana de 22; Estadão na década de 20.

Charges de jornais em 1910 brincam com líderes políticos e personalidades da época.

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Dança em São Paulo: uma tradi-ção moderna (8 de maio)Helena Katz, PUC-SP

Crônica da ópera paulistana (15 de maio)Sérgio Casoy, USP

A Teatralidade circense na cidade (29 de maio)Ermínia Silva, Centro de Formação Profissional em Artes Circenses (Cefac)

Projetos modernistas para o teatro (5 de junho)Sérgio de Carvalho, USP

O Cinema: das primeiras “cavações” à fundação da “Hollywood brasileira” (12 de junho)Carla Miucci Ferraresi, Mnemoine: memória e imagem

Stagium, a dança volta a se articular, com uma proposta parecida à da companhia do Quarto Centenário: fazer uma dança mais acessível para os brasileiros, incorporando te-mas como a fl oresta amazônica, o uira-puru e os índios. “Eles foram dançar onde nunca havia existido apresenta-ções, como praças, hospitais, presídios e até na área do Xingu.”

Uma revolução cultural. Esse cenário de modernismo e vanguarda dos paulis-tas durante o século 20 nas atividades ar-tístico-culturais de poetas, romancistas, ensaístas, cronistas, pintores, músicos, dançarinos, atores, entre outros, reve-la a arrancada industrial que a cidade

vivia. Não é por acaso, que a revo-lução cultural do país deu-se em São Paulo, durante a dé-cada de 20, na Sema-na de Arte Moderna (1922). O movimento representou a tentativa vanguardista de incor-porar o novo espírito moderno. As mudan-ças, na época, eram alu-cinantes. O crescimento urbano, com a indústria e com o comércio, era ir-

reversível. As idéias não poderiam fi car estacionadas no romantismo do século 19. Era preciso mais.Durante três dias, no palco do Teatro Municipal, para um público bastante seleto, escritores e artistas expuseram seus ritmos poéticos, cores e sons inovadores – muitos em tom de irre-verência e provocação. A estranheza

A televisão em São Paulo – anos 1950 e 1960 (19 de junho)Marcos Francisco Napolitano de Eugênio, USP

O rádio, a cidade e a modernidade (3 de julho)Fernando Limongelli Gurgueira, FAAP

A imprensa de humor no início do século XX (10 de julho)Paula Ester Janovitch, editora Carbono 14

As músicas da cidade (17 de julho)Cacá Machado, Universidade Anhembi-Morumbi

Na trilha das grandes orquestras: a invenção da São Paulo moderna (26 de julho)Francisco Alberto Rocha, Colégio Bialik

que causou a leitura de Os Sapos, de Manuel Bandeira, no qual fazia uma sátira ao parnasianismo, e as discus-sões entre Graça Aranha, imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), e o jovem Coelho Neto fi caram na me-mória do evento.Oswald de Andrade referia-se à cida-de como uma “luminosa metrópole”, enquanto Menotti del Picchia a defi -nia como “braço que trabalha, cérebro que cria”.

Humor nos problemas cotidianos. A sátira em São Paulo não foi exata-mente um produto criado no movi-mento de 1922. Na imprensa paulista, vários periódicos do início do século já utilizavam tal artifício. Nas revistas O Pirralho, A Farpa e Arara eram co-muns artigos humorísticos e charges que captavam o momento histórico. Em sua tese de doutorado, defendida na USP, a pesquisadora Paula Ester Janovitch trabalhou com essas publi-cações e vai apresentar, no dia 10 de julho, durante o curso de história no CIEE, a aula A imprensa de humor no início do século 20. “Esses periódicos faziam críticas bem-humoradas a pro-blemas do cotidiano, como as taxas de coleta de lixo, os buracos na cidade, a presença dos estrangeiros e seus pro-blemas de linguagem”, afi rma Paula. Nessa época, a imprensa escrita era o mais desenvolvido meio de comuni-cação de massa do país. Cerca de 50 jornais circulavam na capital paulista, por volta dos anos 20.Com o avanço da tecnologia, o rá-dio ganhou espaço no cotidiano dos paulistanos e, mais tarde, a televisão – com a estréia , em 1950, da TV Tupi, de propriedade do empresário Assis Chateaubriand. Ambas as invenções vão transformar a realidade da cidade, marcando defi nitivamente o modo de vida contemporâneo.

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DICAS DE PORTUGUÊS

O porquê dos porquêsPor que, por quê, porque, porquê. São quatro caras e confusão geral. Estudantes, jornalistas, advogados, todos hesitam na hora de escrever uma ou outra forma. Muitos chutam. Mas como a língua não é loteria, a Lei de Murphy entra em vigor. Se pode dar errado, dá. Você joga no time dos que apostam na sorte? Faça o teste. Preencha os espaços com uma das quatro feições do camaleão:Não sei ………..… tanta gente tropeça nos ………...… . Professores explicam …………… a palavra provoca tantos …………..... . Apresentam macetes capazes de facilitar a vida dos que perguntam: “.……...…... será? Será …………?” Por mais que se empenhem, porém, não conseguem convencer. Não sei ………….. No fundo, não há ………….. temer os ……...….. Quem domina o assunto sabe ………....... Ops! Um tropeço e lá se vai a vaga na universidade, a promoção no trabalho, a chance do bom emprego. Melhor não correr riscos. Afinal, desvendar o segredo da duplinha é fácil como tirar chupeta de bebê.

POR QUE

Por que, separado e sem acento, tem dois empregos:1. nas perguntas: Por que a leitura facilita a redação? Por que se lê tão pouco no Brasil? Por que há poucas livrarias em nosso pais?2. nos enunciados em que é substituível por “a razão pela qual”: É bom saber por que (a razão pela qual) a leitura faci-lita a redação. Explique por que (a razão pela qual) se lê tão pouco no Brasil. Eis por que (a razão pela qual) há pou-cas livrarias no país – há poucos leitores.

EIS O PORQUÊ DOS PORQUÊS

Acertou o teste? Confira:Não sei por que tanta gente tropeça nos porquês. Professores explicam por que a palavra provoca tantos porquês. Apresentam macetes capazes de faci-litar a vida dos que perguntam: “Por que será? Será por quê?” Por mais que se empenhem, porém, não conseguem convencer. Não sei por quê. No fundo, não há por que temer os porquês. Quem domina o assunto sabe por quê.

PORQUÊ

O porquê assim, com chapéu, deixa de ser conjunção. Torna-se substantivo. Para mudar de classe, precisa da companhia do ar-tigo ou de pronome: Explicou o porquê da importância da leitura. Certos porquês quebram a cabeça da gente. Não sei responder a este porquê.

POR QUÊ

O separado com circunflexo só tem vez quando o que-zinho for a última – a última mesmo – palavra da frase. Sabe por quê? Ele é átono. No fim do enunciado, torna-se tônico. O acento lhe dá a força: A leitura facilita a redação por quê? Lê-se tão pouco no Brasil por quê? Há poucas livrarias em nosso país e todos sabem por quê (a razão pela qual há poucas livrarias).

PORQUE

Juntinho como unha e carne, a dissílaba é conjunção causal ou explicativa: Os professores estimulam a leitura porque bons textos enriquecem o vocabulário. Há poucas li-vrarias no Brasil porque há poucos leitores. Leio muito porque quero escrever melhor.

DAD SQUARISI

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Masculinidade em xequeO bonitão estava assediado por dezenas de fãs. Elas queriam um olhar, uma palavra, um toque. Ele, sedu-tor, não poupava esforços. Falava com uma, sorria pra outra, jogava beijinhos pra todas. A mais ousada com-prou flores. Chegou-se a ele e, com malícia, entregou-lhe o buquê. O charmoso agradeceu:– Muito obrigada, queridas amigas.As moças murcharam. Decepcionadas, deram-lhe as costas. O atôni-to desprezado não entendeu nada. Nem desconfiou de que, ao agrade-cer, pôs a masculinidade em xeque. A razão: o homem diz obrigado. A mulher, obrigada. Ambos respondem por nada.

LÁ VEM CONFUSÃO

Ops! A pronúncia de hora e ora é a mesma. Mas o sentido não tem nenhum parentesco. Veja como não cair na esparrela de tomar uma pela outra:Hora significa 60 minutos: A velocidade na ponte é de 60km por hora. Ganho 50 reais por hora de trabalho. Quando divertir-se? A qualquer hora. Afinal, como diz o outro, toda hora é hora.Ora quer dizer por enquanto, por agora: Por ora, a velocidade na ponte é de 60km por hora. O governo não pretende, por ora, privatizar as universidades federais. Lamento, mas, por ora, nada posso fazer.

O GOSTO DO FREGUÊS

Como separar os números das datas? Usam-se barras ou pontos (3.8.08 ou 3/8/08). A generosidade pára aí. Evite o zero à esquerda (03.08.2008). Ele não tem função. Pior: desperdiça tempo e es-paço. Xô!

SER NATURAL É…

Escolher palavras simples e curtas. Em vez de somente, use só. Em lugar de fa-lecer, prefira morrer. Substitua féretro por caixão. Obviamente por é claro. Morosi-dade por lentidão.

Com u ou com l? Os professores não se cansam de explicar. Dizem que mau joga no time dos adjetivos. Mal, no dos substantivos ou advérbios. Mas a explicação en-tra por um ouvido e sai pelo outro. Os mestres não desistem. Recorrem ao macete do oposto. Conhece?Mau é o contrário de bom. No troca-troca dá bom? O u pede passagem: homem mau (homem bom), lobo mau (lobo bom), mau funcionário (bom funcionário), mau humor (bom humor).Mal opõe-se a bem: Nos filmes, mal (o bem) não tem vez. A tuberculose foi o mal (bem) do século 19. Dormi mal (bem). Anda mal (bem) das pernas. Não tenho paciência com mal-humorados (bem-humorados).Guarde isto: como diz o outro, não confie no ouvido. Ele engana o bobo na casca do ovo.

Nova colaboradora

Nesta edição, a jornalista Dad Squa-risi estréia como a mais nova inte-grante do corpo de colaboradores de Agitação, ocupando o espaço desti-nado, desde o primeiro número da revista, à difusão do uso correto do idioma – entre outras razões, porque a boa expressão oral e escrita é um di-ferencial indispensável para o sucesso no mundo acadêmico e no mercado de trabalho. Editora de opinião do jornal Correio Braziliense, comenta-rista da TV Brasília e professora de edição de textos do Centro Univer-sitário de Brasília, Dad assina a co-luna Dicas de Português, publicada em 15 jornais do país. Formada em Letras, pela UnB, tem especialização em Lingüística e mestrado em Teoria da Literatura, é autora de Dicas da Dad, Mais dicas da Dad e A arte de escrever bem (com Arlete Salvador) e certamente tem muito a contribuir para a informação e formação de nossos leitores.A

VEZ

DO M

ACET

E

Olha a diferençaOh! ou ó? A pronúncia de uma é gê-mea univitelina da outra. Por isso, na hora de escrever, pinta a confusão. São duas grafias. E dois sentidos. Como acertar sempre?O ó aparece no vocativo, quando a gente chama alguém: Deus, ó Deus, onde estás que não me escutas? Até tu, ó Brutus, meu filho? Seu pai morreu? Morreu pra você, ó filho ingrato.O oh! é interjeição. Tem vez quando a gente fica de boca aberta de ad-miração ou espanto: Oh! Que linda voz! Oh! Que trapaceiro! Ó Paulo, não entendi seu oh! de espanto. Pode me explicar?

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80 Agitação mai/jun 2008

Postos de Atendimento do CIEE

SÃO PAULO / CAPITAL

Faculdade Belas Artes • Faculdade Drummond • Faculdade Flamingo • Faculdade São Judas • Faculdade São Marcos • FMU - Faculdades Metropolitanas Unidas • Instituto Presbi-teriano Mackenzie I • PUC - Pontifícia Universidade Católica • UNG - Universidade Guarulhos • Unib - Universidade Ibira-puera • Uniban - Universidade Bandeirante / Campo Limpo • Uniban / Marte • Uniban / Maria Cândida • Uniban / Morumbi • Uniban / Rudge • Unicid - Universidade Cidade de São Pau-lo • Unicsul - Universidade Cruzeiro do Sul / Anália Franco • Unicsul / São Miguel Paulista • Unimesp - Universidade Metropolitana de São Paulo • Uninove - Universidade Nove de Julho / Memorial • Uninove / Vergueiro • Uninove / Vila Maria • Unip - Universidade Paulista / Bacellar • Unip /Marquês • Unisa - Universidade de Santo Amaro • UniSantanna - Centro Universitário Sant’Anna • Universidade Anhembi Morumbi

SÃO PAULO / INTERIOR

Araraquara: Uniara - Centro Universitário de Araraquara • Batatais: Ceuclar - Centro Universitário Claretiano • Bo-tucatu: P.A. Botucatu • Campinas: PUCCamp - Pontifícia Universidade Católica de Campinas • Guaratinguetá: Unesp - Universidade Estadual Paulista • Hortolândia: Faculdades Hoyler • Guarulhos: UNG - Universidade Guarulhos • Ituve-rava: Fundação Educacional de Ituverava • Jaboticabal: Fa-culdade São Luís de Jaboticabal • Jacareí: FIJ - Faculdades Integradas de Jacareí • Lorena: Unisal - Centro Universitário Salesiano de São Paulo • Mococa: Fundação de Ensino de Mococa • Mogi das Cruzes: UMC - Universidade Mogi das Cruzes • Osasco: Uniban - Universidade Bandeirante • Ouri-nhos: Femm - Fundação Educacional Mofarrej • Piracicaba: Unimep - Universidade Metodista de Piracicaba Ribeirão Pre-to: Unaerp - Universidade de Ribeirão Preto • Santo André: UniABC - Universidade do Grande ABC • São Bernardo do Campo: Uniban - Universidade Bandeirante • São João da Boa Vista: UniFeob - Centro Univ. da Fundação de Ensino Oc-tavio Bastos • São José do Rio Preto: Unip - Universidade Paulista • Sorocaba: Uniso - Universidade de Sorocaba

OUTROS ESTADOS

Amazonas: ULBRA - Centro Universitário Luterano de Ma-naus (Manaus) • Bahia: UCSAL - Universidade Católica do Salvador (Salvador) • Distrito Federal: Call Tecnologia (Brasília) • PUC/Brasília - Pontifícia Universidade Católica de Brasília • STJ - Superior Tribunal de Justiça (Brasília) • Uniceub - Centro Universitário de Brasília (Brasília) • Unieuro - Universidade Euro Americana (Brasília) • Unip (Brasília) • Universidade Católica de Brasília (Taguatinga) • Ceará: BNB - Banco do Nordeste do Brasil S/A (Fortaleza) • Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá) • FA7 - Faculdade Sete de Setembro (Fortaleza) • Unifor - Universidade Fortale-za (Fortaleza) • Goiás: STJ - Superior Tribunal de Justiça (Goiânia) • UCG - Universidade Católica de Goiás (Goiânia) • UEG - Universidade Estadual de Goiás (Anápolis) • ULBRA - Universidade Luterana do Brasil (Itumbiara) • Mato Grosso: UNIC - Universidade de Cuiabá (Cuiabá) • Unirondon - União Educacional Cândido Rondon (Cuiabá) • Univag - Universidade de Várzea Grande (Cuiabá) • Mato Grosso do Sul: Aems - Associação de Ensino e Cultura de Mato Grosso do Sul (Cam-po Grande) • CDL - Câmara de Dirigentes Lojistas (Dourados) • UCDB - Universidade Católica Dom Bosco • Maranhão: UFMA - Universidade Federal do Maranhão (Imperatriz) • Rio de Janeiro: Centro Universitário Carioca (UniCarioca) • Universidade Bennett • Rio Grande do Norte: UERN - Uni-versidade do Rio Grande do Norte (Mossoró) • Roraima: Fa-culdade Catedral (Boa Vista) • Pará: ILES - Instituto Luterano de Ensino Superior (Santarém)

Parceira na educaçãoÉ de vital importância as facul-dades trabalharem vinculadas às necessidades do mercado de trabalho. Por isso, Agitação tem sido um excelente material de pesquisa nas nossas instituições, devido ao conteúdo de suas ma-térias, que tem agregado muito aos nossos alunos. Devemos ressaltar que a cada edição a re-vista tem superado as nossas expectativas e apresentado um trabalho brilhante.

Roberto Armando PedriniDiretor da Campanha Nacional de Escolas

Superiores da Comunidade (Cnec)Florianópolis/SC

Fonte de informaçãoBimestralmente, recebemos Agitação e, como é de costume, suas matérias trazem relevantes informações, razão pela qual a revista é incor-porada ao acervo bibliográfico da Prefeitura Municipal de Florianópolis.

Dário Elias Berger, prefeito municipal de Florianópolis

Sebastião José Machado, secretário adjunto da Secretaria Municipal do Governo

Florianópolis/SC

Páginas amarelasLi a entrevista realizada com o presidente da Federação do Comércio do Estado de São Pau-lo (Fecomércio), Abram Szajman (Agitação 80) e devo parabenizar o conselho editorial da revista, assim como os seus jornalistas pela brilhante matéria.

João Abujamra Jr.São Paulo/SP

Conselho de amigaConheci Agitação por intermédio de uma amiga, e o filho dela conseguiu estágio pelo CIEE. Tive boas referências dessa instituição e notei que a revista é uma boa fonte de informação sobre áreas de atuação e capacitação profissional.

Vera Lucia Pereira Santana SilvaSão Paulo/SP

Pedido realizadoHá pouco tempo solicitei por e-mail a assi-natura da Agitação e recebi a revista imedia-tamente na minha casa. Com isso, notei o bom negócio que fiz, porque agora não corro o risco de perder mais nenhuma revista, que

por sinal, nessa última edição está demais. Mas também não é surpresa que Agitação seja tão completa, considerando que é uma revista elaborada pelo CIEE. Essa ONG que tem desenvolvido um trabalho tão importante com os jovens de todo Brasil.

Lindailza Melo LimaSão Paulo/SP

Leitor assíduoRecentemente, li Agitação (edição 75, maio/junho de 2007) e apesar de ser uma publicação antiga, suas matérias me cativaram bastante. Agora pre-tendo ser um leitor assíduo da revista.

Eduardo Vinicius Farias da SilvaJoão Pessoa/PB

Link de notíciasCom freqüência acesso o site do CIEE e em uma dessas consultas vi Agitação, baixei o PDF da revista e gostei bastante do seu conteúdo, prin-cipalmente porque traz muitas dicas sobre mer-cado de trabalho, o que me interessa muito.

Éder Rafael DominguesSão Paulo/SP

Alfabetização para adultosFomos notificados a respeito das ações de alfa-betização que o CIEE vem desenvolvendo com jovens e adultos, e da abertura de sete salas de aula, no mês de março, para receber 170 novos alunos. Na oportunidade, gostaríamos de pa-rabenizá-los pelo exemplo de responsabilidade social demonstrado nas ações desenvolvidas, e, pelo engajamento neste desafio de levar a al-fabetização a milhares de pessoas que tiveram negado o seu direito à educação.

Maria Aparecida ZanettiDiretora de Políticas da Educação

de Jovens e AdultosBrasília/DF

Feira do estudanteNa edição janeiro/fevereiro da Agitação (edi-ção 79), li sobre a Feira do Estudante – Expo CIEE e fiquei feliz de saber que anualmente o CIEE prepara um evento exclusivo para reunir estudantes, faculdades e empresas. Parabéns a todos pela iniciativa, porque pela primeira vez fui à feira. Reuni um grupo de amigos e todos ficaram muito satisfeitos, porque tivemos a chance de ouvir importantes personalidades do mundo corporativo. Além disso, participa-

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81Agitaçãomai/jun 2008

CIEE/SP e Unidades Administradas

SÃO PAULO: Capital (Sede) (11) 3040-9800 • Alphaville (11) 4134-3600 • Americana (19) 3405-6621 • Araçatuba (18) 3625-1088 • Araraquara (16) 3333-4441 • Assis (18) 3323-6396 • Atibaia (11) 4418-4848 • Avaré (14) 3732-9504 • Barretos (17) 3322-4178 • Batatais (16) 3661-0069 • Bau-ru (14) 3104-6000 • Botucatu (14) 3814-3781 • Campinas (19) 3705-1513 • Catanduva (17) 3525-1143 • Diadema (11) 4044-9791 • Franca (16) 3724-3636 • Guaratinguetá (12) 3125-4593 • Guarulhos (11) 6468-7000 • Hortolândia (19) 3865-5504 • Ituverava (16) 3729-2949 • Jaboticabal (16) 3202-8884 • Jacareí (12) 3961-3449 • Jaú (14) 3626-7573 • Jundiaí (11) 4586-4607 • Limeira (19) 3038-8785 • Lorena (12) 3157-8309 • Marília (14) 3413-1883 • Mococa (19) 3665-5251 • Mogi das Cruzes (11) 4799-2500 • Olímpia (17) 3279-8987 • Ourinhos (14) 3326-4434 • Piracicaba (19) 3424-5242 • Presidente Prudente (18) 3222-9733 • Ribeirão Preto (16) 3913-1050 • Santo André (11) 4436-5444 • San-tos (13) 3234-8929 • São Bernardo do Campo (11) 4126-9200 • São Carlos (16) 3364-2333 • São João da Boa Vista (19) 3623-3344 • São José do Rio Preto (17) 3234-2966 • São José dos Campos (12) 3234-2966 • São Sebastião (12) 3893-2453 • Sorocaba (15) 3212-2900 • Tambaú (19) 3673-2360 • Taubaté (12) 3631-2320 • Tupã (14) 3491-3798 - ACRE: Rio Branco (68) 3224-8794 - ALAGOAS: Maceió (82) 3338-2650 - AMAPÁ: Macapá (96) 3225-3914 - AMAZONAS: Manaus (92) 2101-4250 - BAHIA: Salvador (71) 2108-8900 • Camaçari (71) 3622-4848 • Feira de Santana (75) 3623-2866 • Ilhéus (73) 3634-1408 • Itabuna (73) 3613-8469 • Lauro de Freitas (71) 3288-2530 • Vitória da Conquista (77) 3424-4714 - DISTRITO FEDERAL: Brasília (61) 3701-4800 - CEARÁ: Fortaleza (85) 4012-7600 • Juazeiro do Norte (88) 3512-5995 • Sobral (88) 3613-3166 - GOIÁS: Goiânia (62) 4005-0750 • Anápolis (62) 3321-3500 • Itumbiara (64) 3431-5944 - MARANHÃO: São Luís (98) 3221-3003 • Imperatriz (99) 3523-4167 - MATO GROSSO: Cuiabá (65) 2121-2450 • Sinop (66) 3532-4887 - MATO GROSSO DO SUL: Campo Grande (67) 3382-3533 • Dourados (67) 3421-7555 - PARÁ: Belém (91) 3202-1450 • Marabá (94) 3322-4007 • Santarém (93) 3524-0202 - PARAÍ BA: João Pessoa (83) 2107-0450 • Campina Grande (83) 3341-2212 - PIAUÍ: Teresina (86) 3223-8885 - RIO DE JANEIRO: Capital (Sede) (21) 2505-1266 • Barra Mansa (24) 3323-4835 • Campos (24) 2722-6529 • Campo Grande (21) 2415-1282 • Duque de Caxias (21) 2671-7756 • Macaé (22) 2762-4616 • Madureira (21) 3350-5050 • Nova Friburgo (22) 2523-7438 • Nova Iguaçu (21) 2667-3405 • Niterói (21) 2719-4019 • Petrópolis (24) 2243-4873 • Realengo (21) 31594625 • Resende (24) 3360-6200 • Três Rios (22) 2255-1499 • Volta Redonda (24) 3342-0816 - RIO GRANDE DO NORTE: Natal (84) 3222-7709 • Mos-soró (84) 3312-2084 - RONDÔNIA: Porto Velho (69) 3221-3687 - RORAIMA: Boa Vista (95) 3624-2760 - SERGIPE: Aracaju (79) 3214-4447 - TOCANTINS: Palmas (63) 3215-5267

CIEEs AUTÔNOMOS

ESPÍRITO SANTO (CIEE/ES) - Vitória (Sede) (27) 3232-3200 - MINAS GERAIS (CIEE/MG) - Belo Horizonte (Sede) (31) 3429-8106 - PARANÁ (CIEE/PR) - Curitiba (Sede) (41) 3313-4333 - PERNAMBUCO (CIEE/PE) - Recife (Sede) (81) 3092-1555 - RIO GRANDE DO SUL (CIEE/RS) - Porto Alegre (Sede) (51) 3284-7000 - SANTA CATARINA (CIEE/SC) - Florianópolis (Sede) (48) 3216-1400

SISTEMA CIEE NACIONALCIEE NACIONAL

Brasília (Sede) (61) 3226-9919mos de um teste de temperamento e o resulta-do da minha avaliação apontou características e profissões que tem tudo a ver comigo. Só te-nho uma observação a fazer: a matéria que re-gistrou a Feira de Estudante desse ano (edição 80), deveria ter mais espaço, porque quatro páginas não foram o suficiente para mostrar a quantidade de atividades e benefícios que os estudantes podem encontrar na Expo.

Márcia de SouzaSão Paulo/SP

InovaçãoTive a oportunidade de conhecer Agitação no meu primeiro ano de faculdade. A revista sempre fica exposta na biblioteca. Contudo, o máximo que fazia era folheá-la sem nenhuma atenção. Mas, há alguns meses, voltei a consultar Agitação e fiquei surpresa, pois essa revista mudou muito. Está mais bonita e com matérias mais descontraídas. Porém, o que mais gostei foi da Agitação Jovem, essa seção está moderna e com um visual lindo! Impossível não parar para lê-la.

Edna Aparecida AraújoItapecerica da Serra/SP

Dica de leituraSou professora de educação infantil e constante-mente procuro informações para ampliar meus conhecimentos e complementar minhas aulas. Gosto de preparar atividades dinâmicas para os meus alunos. E foi dessa maneira que cheguei até a Agitação como dica de leitura do site UOL.

Thais Zanut PrataManhuaçu/MG

Assinatura de AgitaçãoSempre que vou às unidades do CIEE, pego uma Agitação para levar para casa. Nela sempre encontro valiosas dicas de como me

comportar no meio corporativo. Contudo, li em uma das edições que a assinatura da revista é gratuita e fiquei muito interessada. Como faço para me tornar assinante?

Ideane Claudia da SilvaNatal/RN

Como faço para receber Agitação?Fabiana SumiSão Paulo/SP

NR: Para receber Agitação, favor enviar um e-mail para [email protected], colocando no campo Assunto a seguinte indicação: Agitação – Assinatura.

Administrando seu dinheiroAchei a matéria de capa da Agitação Jovem (edição 80) muito bacana. É bom ver que o CIEE não se preocupa em apenas ajudar o es-tudante a conseguir uma vaga de estágio, mas também oferece dicas de como gastar com moderação a bolsa-auxílio ganha durante as atividades de estágio.

Gabriele PernambucoSobral/CE

Material de subsídioConheci o CIEE por intermédio de uma profes-sora do colegial e, desde então, participo de vários cursos de EAD para me manter infor-mado das atividades dessa instituição, através da Agitação. Sem dúvida, a revista não deixa a desejar, sobretudo nas matérias com dados históricos, como Agitação Cultural (edição 80), que recentemente falou sobre os 200 anos da vinda da família real ao Brasil e surpreendeu com sua riqueza de dados.

Saulo RodriguesEmbu-Guaçu/SP

RECEBEM AGITAÇÃO E AGRADECEM:

Alie – Associação Limeirense de Educação (Limeira/SP); Cefet – Centro Universitário de Edu-cação Tecnológica (São Vicente do Sul/RS); Derdic/PUC – Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (São Paulo/SP); Fafip – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Piraju (Estância Turística de Piraju/SP); Fieo – Fundação Instituto de Ensino para Osasco (Osasco/SP); Iesam – Instituto de Estudos Superiores da Amazônia (Belém/PA); UCB - Universidade Católica de Brasília (Taguatinga/DF); Uesc – Universidade Estadual de Santa Cruz (Ilhéus/BA); UNC – Universidade do Contestado (Concórdia/SC); Uniararas – Centro Universitário Hermínio Ometto (Araras/SP); Unic – Uni-versidade de Cuiabá (Cuiabá/MT); Unicamp – Universidade de Campinas (Campinas/SP); Unioeste – Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Marechal Cândido Rondon/PR); Utpr – Universidade Tecnológica Federal do Paraná (Cornélio Procópio/PR).

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Luís Nassif PONTO FINAL

LUÍS NASSIF É JORNALISTA E DIRETOR PRESIDENTE DA AGÊNCIA DINHEIRO VIVO.

Vamos analisar, neste artigo, as posi-ções em relação à Educação, a partir de estudos produzidos pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, e pelo ministro da Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo, Roberto Mangabeira Unger.Dos estudos de ambos se constata o seguinte: a melhora da qualidade do ensino público é uma prioridade na-cional. Para alcançá-la, propõem-se duas iniciativas:1. Construção de uma rede de esco-

las médias federais, com dimen-são técnica e profissional;

2. Reconciliação da gestão das es-colas pelos estados e municípios com padrões nacionais de inves-timento e qualidade.

Em relação às escolas técnicas, a meta será absorver 10% das matrícu-las totais do ensino médio. Nos últi-mos anos, aliás, tornou-se consenso a importância das escolas técnicas na formação escolar.Com os 10% de matrícula, a idéia será trazer um impacto maior do que um mero programa-piloto.Segundo o estudo, o elo mais fraco do sistema escolar é justamente o médio. Nos últimos anos houve, in-clusive, redução do número de alu-nos matriculados.Além de melhorar a qualidade, o ensino médio permitirá mudar o pa-radigma atual do ensino brasileiro. Hoje, ainda se privilegia o chama-

Idéias para a Educação

do ensino enciclopédico e informá-tico – com excesso de informações (desnecessárias em um ambiente de inclusão digital e de abundância de disponibilidade de dados).A proposta é reforçar dois aspectos da Educação: os métodos de análise verbal e numérica e o uso criterio-so da informação. Ou seja, ensinar a pensar e a verbalizar.Em relação ao modelo pedagógico das escolas técnicas, o trabalho constata

que não será suficiente oferecer en-sino tradicional rigidamente espe-cializado. Ou seja, não se vai ensinar o aluno a especialização A ou B.Hoje, exige-se do trabalhador um conjunto de capacitações conceituais e práticas genéricas. Por exemplo, modelos de gestão, de organização do pensamento, de uso de ferramen-tas de informática. Ministrar ensino especialista para o aluno de uma es-cola técnica significará confiná-lo a profissões de pouco futuro e pouco espaço de especialização.Para avançar na gestão local das es-colas pelos estados e municípios, o trabalho propõe algumas ações.Primeiro, avançar no sistema nacio-nal de monitoramento e avaliação, que já possui ferramentas como a Prova Brasil e o Índice de Desenvol-vimento da Educação Básica (Ideb), que permite redistribuir recursos e quadros dos lugares mais ricos para os mais pobres.Quando uma rede local de escolas não consegue atingir níveis mínimos de qualidade, hoje existem os PAR (Pla-nos de Ações Articuladas), expedien-te previsto no PDE (Plano de Desen-volvimento da Educação) que torna realidade o regime de colaboração. A idéia será ampliar esse tipo de ação, por meio da criação de órgãos con-juntos com os governos federal, esta-duais e municipais, visando atuar so-bre os estados que ficarem para trás.

O elo mais fraco do sistema escolar,

atualmente, é o ensino médio.

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Estágio com Qualidade

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