nesta ediÇÃo e foco · espaços planejados para abrigar permanentemente empresas ino-vadoras,...

14
BOLETIM DO NÚCLEO DE POLÍTICA E GESTÃO TECNOLÓGICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ANO XIII - Nº 47 - JULHO/AGOSTO/SETEMBRO DE 2006 INOVA GESTÃO & TECNOLOGIA E M F OCO Sistematização do conhecimento em habitats de inovação: bases de um programa de capacitação ROBERTO SBRAGIA, ISAK KRUGLIANSKAS, LUCIANE MENEGUIM ORTEGA E IVETE RODRIGUES Nos últimos cinco anos, o movimento do setor de incubadoras, parques e pólos tecnológicos de empresas cresceu mais de 100%, passando de 135 incubadoras em operação, em 2000, para 283 em 2004 (Rede Incubar, 2004). Os dados colocam o país em primeiro lugar no ranking latino-americano e entre os primeiros do mundo. Em Foco .......................1 a 5 O PGT apresenta um modelo de capacitação gerencial em inovação para demandas apresentadas pela ANPROTEC Estudos Concluídos......... 6 e 7 Antônio Luis Aulicino avalia os estudos de foresight tecnológico no Brasil e como eles podem auxiliar no desenvolvimento sustentável. Clovis Hegedus estuda a difusão das inovações nos domicílios brasileiros. Novas Idéias.............................. 8 Tatiana Urban seleciona e analisa as lições que a Embraco aprendeu na China. Painel PGT ................ 9 a 11 O que você verá no XXIV Simpósio de Inovação, em Gramado, e os projetos do PGT para as redes temáticas da Petrobrás. Agenda .............................12 Os principais eventos mundiais em gestão tecnológica. Notícias ............................13 Lançamentos sobre o gerencia- mento de projetos e a eficiência de equipes virtuais em TI. Publicações .....................14 Pesquisa da UnB detecta o desperdício de idéias em parques e incubadoras no Brasil. E o protesto da Anpei pela concentração da inovação no setting do setor produtivo. N ESTA E DIÇÃO

Upload: hoangkien

Post on 19-Oct-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

BOLETIM DO NÚCLEO DE POLÍTICA E GESTÃO TECNOLÓGICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULOANO XIII - Nº 47 - JULHO/AGOSTO/SETEMBRO DE 2006

INOVAGESTÃO & TECNOLOGIA

EM FOCO

Sistematização doconhecimento em

habitats deinovação: bases de

um programa de capacitação

ROBERTO SBRAGIA, ISAK KRUGLIANSKAS,

LUCIANE MENEGUIM ORTEGA E IVETE RODRIGUES

Nos últimos cinco anos, o movimento dosetor de incubadoras, parques e pólos

tecnológicos de empresas cresceu mais de100%, passando de 135 incubadoras emoperação, em 2000, para 283 em 2004

(Rede Incubar, 2004). Os dados colocam o país em primeirolugar no ranking latino-americano e

entre os primeiros do mundo.

Em Foco .......................1 a 5O PGT apresenta um modelo decapacitação gerencial eminovação para demandasapresentadas pela ANPROTEC

Estudos Concluídos......... 6 e 7Antônio Luis Aulicino avalia osestudos de foresight tecnológicono Brasil e como eles podemauxiliar no desenvolvimentosustentável. Clovis Hegedusestuda a difusão das inovaçõesnos domicílios brasileiros.

Novas Idéias..............................8Tatiana Urban seleciona e analisaas lições que a Embraco aprendeuna China.

Painel PGT ................ 9 a 11O que você verá no XXIV Simpósiode Inovação, em Gramado, e osprojetos do PGT para as redestemáticas da Petrobrás.

Agenda.............................12Os principais eventos mundiais emgestão tecnológica.

Notícias ............................13Lançamentos sobre o gerencia-mento de projetos e a eficiência de equipes virtuais em TI.

Publicações .....................14Pesquisa da UnB detecta odesperdício de idéias em parquese incubadoras no Brasil. E oprotesto da Anpei pelaconcentração da inovação nosetting do setor produtivo.

NESTA EDIÇÃO

Mostram também umextraordinário crescimento médiode 30% ao ano. Os números atuaisindicam a existência de mais de330 habitats no país.

Incubadoras são ambi-entes dotados de capacidade técni-ca, gerencial, administrativa einfra-estrutura para amparar oempreendedor. Hoje, mais de trintaanos após o surgimento daprimeira incubadora, a experiênciade incubação de negócios ino-vadores é realizada em quase todoo mundo, não somente em univer-sidades, para beneficiar jovens uni-versitários, mas como uma impor-tante tendência da chamada “novaeconomia”. Esse sistema conta,geralmente, com parcerias estra-tégicas, aplicação de capital derisco e apoio financeiro e institu-cional proveniente das esferas pri-vada, estatal e pública.

Com relação aos ParquesTecnológicos, estes são grandesespaços planejados para abrigarpermanentemente empresas ino-vadoras, apoiando o seu desen-volvimento e competitividade,estimulando a sua integração comentidades de ensino e pesquisa, econtribuindo com a orientação dodesenvolvimento urbano de umaregião (ANPROTEC, 2004). Onúmero de parques tecnológicostem aumentado a uma taxa muitoelevada nos últimos 3 anos, segun-do a ANPROTEC. No Brasil estãolocalizados nos seguintes locais:Rio de Janeiro, São Carlos,Uberaba, Recife, Petrópolis, SãoLeopoldo (RS), Porto Alegre,Florianópolis e Cascavel.

Já os Pólos Empresariais ouArranjos Produtivos são programasformalmente estabelecidos parapromover o planejamento, desen-volvimento e implantação de pro-jetos de “cidades tecnológicas”focadas num determinado setor na

busca do desenvolvimentoeconômico local, regional enacional, e motivados, a partir dosanos 90, pela abertura do mercadointerno brasileiro e o surgimentode novos investimentos em ciênciae tecnologia (ANPROTEC, 2004).Conforme MEDEIROS et alii.(1990), os pólos tecnológicos sãoiniciativas conjuntas e planejadascom o envolvimento dos parceirosrepresentando o setor privado,governo e instituições de ensino epesquisa. Os empreendimentosdessa natureza têm por objetivoagregar ações que permitam facili-tar e acelerar o surgimento de pro-dutos, processos e serviços onde atecnologia assume papel principal.

Para as instituições de ensi-no e pesquisa, o pólo pode ser umlaboratório para fazer a retroali-mentação dos programas desen-volvidos nas suas diversas áreas deatuação. Se essas condições exis-tirem, pode-se ter um bem sucedi-do empreendimento, capaz de pro-porcionar resultados aos parceiros.Os pólos tecnológicos, tambémchamados de Redes de Incuba-doras do Brasil, estão localizadosda seguinte forma: dois emCampina Grande (PB), Salvador(BA), Maceió (AL), Belém (PA),três em Maringá (PR), São Paulo(SP), Brasília (DF), Porto Alegre(RS), Fortaleza (CE), Rio deJaneiro (RJ) e Belo Horizonte(MG).

Diante da importância dosdiferentes habitats de inovação noscenários brasileiro e mundial,destaca-se a necessidade de capaci-tação de profissionais com elevadopotencial de formação de opinião,de capacidade crítica para dis-cussão e análise sobre os rumos etendências, bem como proposiçãode alternativas para o enfrentamen-to dos desafios da área. Atendendoa um interesse da ANPROTEC,com base em levantamentos con-

duzidos junto a representantes deentidades governamentais, agên-cias de fomento, associações declasse, gestores de habitats e espe-cialistas selecionados, pode-seconceber uma visão sistêmica domovimento e o público-alvo de umpotencial Programa de Capa-citação, demonstrado sintetica-mente por meio da Figura 1. Talcomo visualizado, entende-se queo sistema empreendedor de ino-vação é composto por três subsis-temas: inteligência, estratégico eempresarial, os quais, com suascaracterísticas individuais, intera-gem e compõem um sistema único.De forma sintética, pode-se atri-buir a cada subsistema as seguintesresponsabilidades típicas:

• Subsistema de Inte-ligência: estabelecer dire-trizes nacionais, estaduais elocais; fomentar; avaliar.

• Subsistema Estraté-gico: selecionar, abrigar egerenciar possíveis habitats,integrando-se com os subsis-temas de Inteligência eEmpresarial (demais atores).

• Subsistema Empresa-rial: criar e desenvolverprodutos e serviços comêxito.

Com base nessa configu-ração, percebe-se três grandesnecessidades que deveriam seratendidas como parte de um pro-grama de capacitação:

• Compreensão limitada arespeito do campo de conhe-cimento em habitats de ino-vação, levando à necessi-dade de um nivelamento deconceitos e criação de lin-guagem comum;

• Carência, principalmentepor parte dos subsistemas de

EM FOCO INOVA

2

inteligência e estratégico, demaior compreensão sobre oSistema Nacional deInovação e suas articu-lações: atores, papéis, inter-faces, importância da ino-vação para a competitivi-dade sistêmica;

• Necessidade de avançarem termos de capacitaçãogerencial, envolvendo odesenvolvimento de conhe-cimentos, habilidades e ati-tudes gerenciais, tais como:Visão estratégia de negó-cios; Gestão da inovaçãotecnológica; Elaboração egestão de projetos; Com-preensão das funções e mo-delos de incubação, comfoco em experiênciasnacionais e internacionais.

Frente a este cenário, éimportante ressaltar que um poten-cial programa de capacitação deve-ria ser visto como um espaçovoltado para a formação de uma"inteligência" do movimento deincubadoras, ou seja, para uma for-mação de caráter estratégico e nãotanto instrumental. Assim,

entende-se que o primeiro objetivodo programa seria criar um ambi-ente favorável para discussão domovimento ligado aos habitats deinovação, apontando os rumos etendências na área, tanto nacionaisquanto internacionais, auxiliando,assim, o governo e seus agentes, asentidades financiadoras, as associ-ações de classe, as empresas ino-vadoras, as universidades e outrasinstituições a criar, desenvolver emanter, pela agregação de forças ecompetências, uma liderança sus-tentável em relação ao movimento.

Além disso, um segundoobjetivo, atinente a qualquer pro-grama de capacitação, seria capaci-tar atuais e potenciais gerentes deincubadoras, parques e pólosempresariais em aspectos básicos eavançados de gestão empresarial,com ênfase na inovação e noempreendedorismo. Esta capaci-tação tem em vista possibilitar aoparticipante o desenvolvimento decompetências necessárias, entendi-das como os conhecimentos, habi-lidades e atitudes que levarão a umsaber agir responsável e reconheci-do, que implica mobilizar, integrar,transferir conhecimentos, recursos

e habilidades, que agreguem valoreconômico à organização e valorsocial ao indivíduo (FLEURY &FLEURY, 2000). Estas competên-cias são necessárias à criação,gerenciamento e avaliação de habi-tats de inovação, com foco noambiente específico no qual estari-am inseridas suas empresas resi-dentes. As empresas nascidas apartir de processos de incubaçãotêm especificidades a seremrespeitadas e entendidas pelosagentes envolvidos. Dentre estaspeculiaridades podem ser citadas: anecessidade de fundamentar suasestratégias na inovação; o altovalor agregado de seus produtos;mercados não tradicionais, nosquais exigências de custos e quali-dade em relação aos produtos e/ouserviços não são mais suficientes,devendo agregar outros valoresambientais e sociais; e necessidadede linhas de financiamento apro-priadas.

Em função desses propósi-tos, a metodologia didática a serutilizada na condução do programadeveria propiciar exemplos, exercí-cios e estudos de casos que con-templassem as necessidades e

3

INOVAEM FOCO

FFIIGGUURRAA 22:: MMóódduullooss ee DDiisscciippll iinnaass

EM FOCO INOVA

interesses específicos do públicopotencial visado. Assim, comoabordagem metodológica, deveri-am ser utilizados, além das aulastradicionais, recursos pedagógicoscomo projeto transversal, edu-cação a distância e simulação.

a) Projeto Transversal

Tendo em vista que algunstemas do curso permeiam todas asdisciplinas, os mesmos seriam tra-balhados por meio de projetostransversais, de forma a garantirum maior encadeamento dosmódulos do curso e a preservar o

caráter holístico desejado. A títulode ilustração, podemos citar o temaempreendedorismo que, mais queensinado, deveria ser vivenciadopelos alunos ao longo do curso.

b) Educação a Distância

As atividades seriam rea-lizadas tanto presencialmente(80% do total da carga horária de-dicada a aulas) quanto a distância(20% do total). Dada a dispersãogeográfica dos participantes, esteformato traria as seguintes vanta-gens:

• Maior flexibilidade no

acesso ao curso, realizado aqualquer hora e local;

• Ritmo do curso adaptadoao ritmo do aluno;

• Redução de custos comviagens;

• Integração de profissio-nais distantes geografica-mente, com potencial paraformação de comunidadesde prática.

c) SimulaçãoPara esta atividade, grupos

de indivíduos seriam empossados

Módulo Disciplinas CargaHorária

Módulo I – Gestão deNegócios Inovadores

Economia, Gestão Estratégica de Negócios eInternacionalização de Empresas 36

Gestão de Pessoas e Habilidades Gerenciais 24

Marketing em Ambientes Inovadores 28

Finanças Corporativas e Contabilidade Gerencial 24

Tecnologia da Informação e Métodos Quantitativos 24

Sub-Total 136

Módulo II – Gestão doConhecimento, Inovação eProjetos

Sistemas Nacionais de Inovação, Criação deEmpresas Inovadoras e Empreendedorismo 36

Arranjos Organizacionais para Inovação e Gestãodo Conhecimento 40

Gerenciamento de Projetos 40

Sub-Total 116

Módulo III – Gerenciamentode Habitats de Inovação

Modelagem de Habitats de Inovação 52

Gestão de Habitats de Inovação 64

Sub-Total 116

Módulo IV – AtividadesComplementares

Orientações Metodológicas 16

Simulação 24

Palestras Nacionais e Internacionais 12

Visitas Técnicas 20

Sub-Total 72Módulo V – Projeto Aplicado (Trabalho de Conclusão do Curso) 100

Módulo VI – Internacional (Optativo) 40

Carga Horária Total do Curso 580

4

INOVAEM FOCO

no papel de gestores de habitats deinovação. Seria apresentado umcaso dinâmico descrevendo umasituação-problema complexa e nãoestruturada. Os participantes seri-am desafiados a gerenciar, demaneira sustentável, um habitat deinovação fazendo uso dos conteú-dos teóricos apresentados no pro-grama e prestando contas ao finalquanto aos resultados alcançadosno período. Desta forma seriampromovidas por meio de vivências(razão mais emoção) as competên-cias gerenciais, técnicas e interpes-soais focalizadas no programa.

Quanto ao conteúdo pro-gramático, para atender aos obje-tivos e metodologia propostos, oprograma estaria estruturado emseis módulos, conforme Figura 2,totalizando 580 horas, sendo 440horas dedicadas às atividadesdidáticas (horas/aula presenciais eà distância), 100 horas relativas aoProjeto Aplicado (Trabalho deConclusão de Curso); e 40 horaspara uma atividade internacional,optativa.

Para efeito de implemen-tação do programa, uma série dediretrizes deveriam ser conside-radas, tais como:

• Público alvo prioritário:Sub-sistema II (aproximada-mente 70%), com inclusãoseletiva de pessoas dosdemais sub-sistemas (princi-palmente I) em 30% dasvagas

• Conteúdo centrado nascarências do Sub-sistema II,mas com visão sistêmica(temas dos demais sub-sis-temas);

• Respeito aos aspectosregionais (vocações locais,prioridades, cases, entre ou-tros);

• Duração mínima de 360

horas de aulas presencias,podendo chegar a 580 hs,com titulação “Pós-Gra-duação Latu Sensu emGestão de Habitats deInovação”, ou outro título,;

• Respeito à disponibili-dade física do público-alvo(intervalos, fins de semana,etc.) para garantir presença,respeitados os critériosacadêmicos da instituiçãocredenciadora;

• Oferta regionalizada epúblico-alvo de origemdiversificada (mix adequa-do)

• Comitê de seleção, comcritérios adequados, paragarantir saída eficaz (pes-soas tituladas, preparadas eatuantes);

• Coordenação centraliza-da (certificador único), comprofessores do “núcleoduro” formado por pessoal

da entidade certificadora etambém entidades regionais,devidamente preparadosdidaticamente;

• A entidade certificadoradeve ser reconhecida aca-demicamente, em nívelnacional;

• O trabalho de conclusãode curso deve ser voltadopara aplicação prática;

• Inclusão de módulo deatividades complementares:seminários, visitas, pales-tras, entre outros (articularcom seminários da ANPRO-TEC - especialistas interna-cionais e outros eventosinternacionais – IASP - mis-sões);

• Existência de indicadoresde avaliação do curso, quan-titativos e qualitativos.

Ao mesmo tempo em que sebuscou atender a uma demanda daANPROTEC procurou-se, atravésda observação participante, ampli-ar os conhecimentos sobre aborda-gens que possam ser utilizadaspara a concepção de programaseducacionais inovadores focadosem necessidades emergentes, comoé o caso dos habitats de inovação.Neste sentido, este trabalho podeser caracterizado como umamodalidade de pesquisa-ação que,neste ensaio, é relatada com opropósito de compartilhar o co-nhecimento adquirido com outrospesquisadores e educadores.

Roberto Sbragia é coordenador doPGT/USP e professor titular daFaculdade de Economia,Administração e Contabilidade da USP(FEA/USP);Isak Kruglianskas é professor titularda FEA/USP;Luciane Meneguim Ortega é pós-doutoranda da FEA/USP;Ivete Rodrigues é assistente técnicado PGT/USP e doutoranda da FEA/USP

ReferênciasBibliográficas

ANPROTEC. Pesquisa realizadaem Dezembro de 2004. Panoramade Incubadoras e ParquesTecnológicos. In: http/:www.anprotec.org.br/incubadoras

FLEURY, A. e FLEURY, M. T.Estratégias Empresariais e for-mação de competências. SãoPaulo, Atlas, 2000.

MEDEIROS; MATTEDI; MAR-CHI. Pólos Tecnológicos. Revistade Administração. Out/dez, 1990.

REDEINCUBAR. Pesquisa emDez/2004. Panorama de Incuba-doras e Parques Tecnológicos.In:ww.redeincubar.anprotec.org.br:8280/portal/montarRedesIncubacao.do?id=9&tipo=RedesIncubacao

5

PEstudos prospectivos no Brasil: o longo caminho até odesenvolvimento sustentável

ANTÔNIO LUÍS AULICINO

ara continuarem competi-tivos, os países procuram apri-moramento contínuo da capaci-dade em Ciência, Tecnologia eInovação (CT&I) num contexto deglobalização mundial. Para isso,necessitam definir prioridades eformular políticas. Uma das açõesque podem contribuir para a me-lhoria da competitividade é a ela-boração do foresight tecnológico(estudos prospectivos), utilizadotanto para prever conseqüências douso dessas tecnologias para omeio-ambiente e a sociedade,quanto para desenvolver formas deprevenir o seu impacto, visandoconservar o meio-ambiente.

Situado em tal contexto, estetrabalho baseou-se em pesquisaexploratória realizada por meio doestudo de caso, de levantamentosbibliográficos, obtenção de dadosdocumentais e entrevistas com pes-soas que participaram de estudosforesight. Assim, este trabalho ve-rifica o estágio em que o Brasil seencontra na elaboração de estudosdesse tipo e avalia o estudo de casodo Programa Brasileiro de Pros-pectiva Tecnológica Industrial, quefoi coordenado pela Secretaria deTecnologia Industrial (STI) emconjunto com a Secretaria de De-senvolvimento da Produção (SDP),do Ministério de Desenvolvimento,Indústria e Comércio Exterior. Oprograma governamental propôs-serealizar os estudos prospectivos dequatro cadeias produtivas que constituem objeto do Fórum de

Competitividade da SDP: cons-trução civil, madeira e móveis, têx-teis e confecções e transformadosde plásticos.

Na avaliação, este estudoconcluiu que tal programa gerouresultados positivos que contri-buíram para o desenvolvimento dopaís nas cadeias produtivas estu-dadas, embora haja ainda muito oque fazer para se atingir o padrãoda União Européia, que sabe apro-veitar bem os investimentos efetu-ados nos estudos foresight, imple-mentando os resultados e aprovei-tando-os na formulação de estraté-gias tanto de países que os elabo-ram como das organizações queparticipam do processo de elabo-ração desses estudos.

O objetivo geral da pesqui-sa, que era “entender como os pro-cedimentos adotados no processode elaboração do estudo foresightcondicionam sua efetividade comoinstrumento de formulação depolíticas públicas para CT&I nocontexto de desenvolvimento sus-tentável, a fim de contribuir para oavanço do conhecimento daadministração nessa área”, foiatingido. Verificou-se que tanto noPrograma Brasileiro de Prospec-tiva Tecnológica Industrial quantonos estudos prospectivos de cadacadeia produtiva, a maneira pelaqual o processo de elaboração foiconduzido não produziu o resulta-do desejado, não sendo eles oinstrumento de formulação depolíticas públicas de CT&I, comoocorre na União Européia. Porém,deve ser ressaltado que o estudo

prospectivo da cadeia produtiva daconstrução civil contribuiu deforma indireta para gerar uma re-solução do Banco Central (Resolu-ção 3.177) e uma lei federal(10.931, de 2004).

Verificou-se a dificuldade dogoverno brasileiro em utilizar osresultados de foresight para a for-mulação de políticas públicas. Aprincipal razão é a dificuldade emenvolver os diversos tipos de par-tes interessadas no processo deelaboração desses estudos. Esseprocedimento leva tempo e neces-sita de persistência e continuidadede forma sistemática. Deve sersalientado também que os estudosprospectivos não contemplaram odesenvolvimento sustentável deforma igualitária em suas dimen-sões: econômica, social e meio-ambiente. A ênfase maior foi dadaà di-mensão econômica, em detri-mento das dimensões social e demeio-ambiente. O modelo depesquisa deste estudo pode con-tribuir na avaliação do processo deelaboração dos estudos foresight,identificando as razões pelas quaisalguns ou todos os resultados nãoforam atingidos.

Título : Foresight para políticas deCT&I com desenvolvimento sustentável:estudo de caso BrasilAutor: Antônio Luís AulicinoOrientador: Prof. Dr. IsakKruglianskasTese de doutorado apresentada aoDepartamento de Administração daFaculdade de Economia,Administração e Contabilidade daUniversidade de São Paulo (FEA/USP)em julho de 2006.

6

INOVAESTUDOS CONCLUÍDOS

7

INOVAESTUDOS CONCLUÍDOS

CCLOVIS E HEGEDUS

omo uma população aceitauma determinada inovação é umfator determinante de seu sucessoou fracasso, sendo que a veloci-dade da difusão, bem como outrascondições, são fatores importantesna determinação da estratégia delançamento de um novo produtoou serviço. Essa preocupaçãoquanto à compreensão do fenô-meno orientou a pesquisa do tra-balho.

Há quase um século algunspesquisadores começaram a se pre-ocupar com o fenômeno de comouma idéia, um produto ou um com-portamento se difundia entre umapopulação. O desenvolvimentodesses estudos permitiu a cons-trução de uma teoria que modela aresposta a uma inovação qualquer.Um de seus maiores expoentes foiEverett Roger e que propôs ummodelo, hoje clássico na área, quepode ser representado por umacurva sigmoidal.

O trabalho se baseou nométodo de pesquisa empírica demodelos quantitativos, procurandoverificar como e se o processo dedifusão de inovações no Brasilatendia aos modelos propostos. Foidefinido que a base da pesquisaseriam os domicílios brasileiros e aforma como ocorreu a difusão dealguns itens nestes locais, sendoidentificados como alvo depesquisa rádios, geladeiras, apare-lhos de televisão, filtros de água ecanalização interna de água nasresidências. Um dos itens teve suadifusão levantada desde o censo de1940. A base dos dados foi, princi-palmente, os resultados dos censos

e das PNAD’s (Pesquisa Nacionalde Amostragem Domiciliar),vários deles a partir das micro-bases disponíveis (resultados bru-tos dos levantamentos feitos peloIBGE).

Para verificar a aplicaçãodos modelos propostos foram le-vantadas as curvas de difusão realocorridas no Brasil para os itenscitados, sendo constatada a suasimilaridade com a teoria. Emseguida, a população foi segmenta-da em cinco diferentes faixas derenda: até um salário mínimo(SM), de um a dois SM, dois acinco SM, cinco a dez SM e maisque dez SM. As curvas entãoencontradas mostram resultadosinteressantes, apontando que asclasses de renda de maior poderaquisitivo respondem a formas dedifusão mais próximas dos mode-los de difusão externa e que as demenor poder aquisitivo respondemde maneira mais próxima a mode-los de difusão mista ou interna.Isso também indicou que as curvasde difusão levantadas pela teoriarefletem curvas médias e que apopulação apresenta diferentespadrões de resposta às inovaçõesem função de seu poder aquisitivo.Análises de aderência das curvaslevantadas em relação às curvasteóricas foram objeto do estudo,confirmando tal condição.Também foi possível verificar umaforte correlação na resposta adiferentes inovações dentro de umamesma classe de renda.

O estudo ainda identificouque a área urbana apresentarespostas mais rápidas a inovaçõesquando comparada a áreas rurais; a

inovação se difunde primeiro emEstados com IDHM (Índice deDesenvolvimento Humano Muni-cipal) situados próximos aos limi-tes superiores (São Paulo) emcomparação àqueles situados pró-ximos aos níveis inferiores (Ala-goas). Outra pesquisa complemen-tar do estudo foi o levantamento depreços de eletrodomésticos entreos anos de 1960 e 2005, constatan-do que, em quantidade de saláriosmínimos, os preços mantiveramuma razoável estabilidade, portan-to invalidando a queda de preçosao longo do tempo como um fatorimpulsionador básico da difusão.

O trabalho permitiu apontarque as empresas podem acompa-nhar o comportamento das classesde renda mais alta como um indi-cador de tendências das demaisclasses de renda (este fenômenotambém foi encontrado quando doabandono, pois as classes de rendamais alta abandonam primeiro umainovação); que a análise da difusãopor meio de uma visão segmentadapode representar melhor o fenô-meno, diferindo da abordagemclássica atual; e que a difusão dasinovações no Brasil apresenta umacerta independência das criseseconômicas, ao mostrar que o pro-cesso teve continuidade mesmonestes períodos.

Título: A introdução de novos produtose o processo de difusão das inovaçõesem estratégia das empresas: umaanálise de bens duráveis.Autor: Clovis E. HegedusOrientador: Afonso Carlos CorreaFleuryTese de Doutorado defendida naEscola Politécnica da Universidade deSão Paulo em Março de 2006.

A difusão das inovações nos domicílios brasileiros

O

8

INOVANOVAS IDÉIAS

TATIANA URBAN

crescimento econômicoidentificado pelo Banco Mundialem 2004 foi impulsionado pelaseconomias emergentes. Os investi-mentos diretos no exterior, apóstrês anos de declínio, foram posi-tivos nesse mesmo ano, comcrescimento considerável dos flu-xos para países em desenvolvimen-to. Segundo a UNCTAD (Confe-rência das Nações Unidas sobre oComércio e o Desenvolvimento), ocrescimento pronunciado dos in-vestimentos nos países em desen-volvimento é explicado por pres-sões competitivas em diversas in-dústrias, resultando na expansão deoperações em mercados de rápidocrescimento, pela racionalizaçãodas atividades de produção e pelaelevação dos preços de commodi-ties. Espera-se que esse aumentocontinue nos próximos anos.

O interesse deste estudositua-se na reorganização domundo produtivo em decorrênciada ascensão dos emergentes. Ofoco concentra-se nas empresas doBrasil que passaram a produzir noexterior. Apesar de ser um movi-mento ainda considerado recenteem sua história, o Brasil já sedestaca como investidor externo,sendo o único país latino-ameri-cano dentre os 20 maiores investi-dores do mundo. Em 2004, o Bra-sil foi o 16º investidor do mundoe, ao mesmo tempo, o principaldestino dos investimentos diretosexternos na América Latina e o 3ºentre os emergentes, com US$18bilhões.

Foi selecionada, para umestudo de caso exploratório, umamultinacional brasileira com sub-

sidiária de produção no exterior,com destaque para a China, con-siderado o país mais atraente parainvestimentos no mundo, o quemais recebeu investimentos em2004 entre os emergentes e tam-bém um dos países psicologica-mente mais distantes do Brasil. Aempresa estudada foi a EmbracoS.A, uma referência de empresaentrante tardia por definição, quefoi capaz de conquistar a liderançamundial e é um exemplo de empre-sa brasileira que gerencia elevadonível de comprometimento no mer-cado chinês. O objetivo da análisedo caso foi descrever o processo deinternacionalização dessa empresa,avaliar o valor explicativo de seuprocesso pela teoria clássica deinternacionalização e avançar emuma discussão sobre cultura, com-petências da organização e apren-dizagens ocorridas ao longo daexperiência no exterior.

Identificou-se que o proces-so de internacionalização daempresa estudada seguiu etapasgraduais tanto no grau de envolvi-mento quanto na distânciapsíquica, principalmente nasprimeiras etapas do processo. Apósadquirir maior experiência interna-cional, fez sentido a aplicação damatriz de Vahlne e Nordström de1993 que apresenta o ambiente daindústria e a experiência já acumu-lada pela empresa como variáveisa serem consideradas para determi-nar o valor explicativo do modelo.Avançando a análise do caso paraas discussões sobre cultura organi-zacional, foi possível observar, naEmbraco S.A., a influência da cul-tura do país e principalmente daregião do país em que está situada

sua matriz. Algumas das carac-terísticas da cultura da empresaque são críticas foram um certoisolamento entre os departamentose a homogeneidade cultural envol-vendo diversos níveis resultandoem poucos conflitos e pouco ques-tionamento entre os diretores. Aempresa, entretanto, possui umacaracterística importante: forte li-gação com os clientes sendo umdeles seu principal acionista, queestimula a auto-crítica e motivou oquestionamento em que a empresase observa atualmente: uma apren-dizagem de circuito duplo, ou seja,o questionamento das estruturasque orientam o seu modo de ser efazer.

Ao longo de todo seu pro-cesso de internacionalização, aempresa aprimorou muitos de seusprocedimentos, mas certamente,foi com a experiência na China quediversos questionamentos vieram àtona. Além de ter aprendido aentrar e ainda estar aprendendo aconduzir um negócio na China,uma lição mais profunda está,ainda, em processo de aprendiza-gem: o questionamento em buscade maior flexibilidade, agilidade esimplicidade. Dentre as competên-cias desenvolvidas pela empresa apartir da experiência nesse país,destaca-se a gestão de relaciona-mentos locais (clientes e parceiro).

Tatiana Proença Urban desenvolvedissertação de mestrado com o título“O processo de internacionalização deuma multinacional brasileira” peloDepartamento de Administração daFaculdade de Economia,Administração e Contabilidade daUniversidade de São Paulo (FEA/USP)sob orientação da prof. Maria TerezaLeme Fleury. [email protected] .

O que uma empresa brasileira pode aprender crescendo na China

9

INOVAPAINEL PGT

Otema principal do XXIV Simpósio deGestão da Inovação Tecnológica, “redes

de inovação”, é também o que reúne o maior grupoisolado de trabalhos a serem apresentados, com 18%do total (47 trabalhos). O segundo maior grupo é o de“estratégias de inovação e alinhamento estratégico”,com 14% (38 trabalhos), seguido pelos temasreferentes a “políticas públicas” (13%) e“competitividade industrial” (11%). Dos 990 resumosenviados ao evento, foram selecionados paraapresentação final 259 trabalhos (26%). O XXIVSimpósio acontecerá entre os dias 17 e 20 de outubro,em Gramado, no Rio Grande do Sul.

O evento será promovido pela AssociaçãoNacional de Pós-Graduação e Pesquisa emAdministração (ANPAD) e organizado pelo Núcleo deGestão da Inovação Tecnológica da UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul (NITEC/EA/UFRGS) epelo Núcleo de Política e Gestão Tecnológica daUniversidade de São Paulo (PGT/USP). Veja abaixoum resumo dos dados e dos temas referentes aoevento:

DADOS GERAIS• Total de trabalhos completos aceitos: 259 (26%)• Total de trabalhos completos enviados paraavaliação: 365 (37%)• Total de resumos aceitos: 434 (44%)• Total de resumos enviados: 990

ÁREAS TEMÁTICAS1. Redes de Inovação: 47 trabalhos (18%) –Especial atenção para redes multi-organizacionaispara a inovação.2. Estratégia de Inovação e AlinhamentoEstratégico: 38 trabalhos (14%). 3. Políticas públicas e DesenvolvimentoCientífico e Tecnológico: 33 trabalhos (13%) –Maior parte trabalhos sobre propriedade intelectuale patentes, além de capital de risco.4. Competitividade empresarial e capacitaçãotecnológica: 28 trabalhos (11%) – Maioria dostrabalhos parte de uma visão setorial decapacidade tecnológica (18).5. Ferramentas de Gestão da Inovação: 26trabalhos (10%) – Foco em gestão de projetos edesenvolvimento de produtos, bem comotecnologias da informação.

6. Incubadoras, Pólos e Parques: 23 trabalhos(9%) – Predomínio de trabalhos sobre incubadoras(13).7. Inovação e Sustentabilidade: 21 trabalhos (8%)– Gestão ambiental e desenvolvimento sustentável.8. Empreendedorismo e novos negócios: 18trabalhos (7%) – Debate concentrado em trabalhossobre perfil do empreendedor, start-ups e ensinode empreendedorismo.9. Gestão do conhecimento: 15 trabalhos (6%) –Processos de acúmulo de informações,aprendizado, compartilhamento e criação deconhecimento.10. Indicadores de C&T e Inovação: 10 trabalhos(4%) – Indicadores e métricas para atividade deinovação.

ORIGEM DOS TRABALHOS • Instituições de ensino superior com maistrabalhos apresentados: FGV (RJ e SP), PUCRS,UFMG, UFPR, UFRGS, UFSC, UFSCar, UNICAMP,UNISINOS, USP e UTFPR, entre outras.• Instituições de C&T: CENPRA, CNEN, CPqD,FINEP, FIOCRUZ, IEA, INPE, INPI, INT, IPT, ITA eSENAI.• Empresas participantes: Artecola, Eletrobrás,Gerdau, Natura, Petrobrás, Petroflex, Souza Cruz,Suzano, Tramontina, Volkswagen.

LINHAS GERAIS DA PROGRAMAÇÃO• Sessão de Abertura (17/10 às 18h30) –Apresentação do evento e retrospectiva dos 30anos de atividades de gestão da inovação noBrasil.• Sessões Temáticas (18, 19 e 20/10) –Apresentação dos trabalhos selecionados pelamanhã (10h-12h), e pela tarde (14h-15h30 e 16h-17h30)• Sessões Plenárias (18 e 19/10 das 18h às19:30) – Duas mesas redondas, com participaçãode representantes de empresas e instituiçõesrelevantes, sobre “casos de gestão da inovação” e“inovação em rede e redes de inovação”.• Sessão de Encerramento (12h00) –Fechamento do evento com a premiação domelhor trabalho e das menções honrosas.Encaminhamentos para o XXV Simpósio de Gestãoda Inovação Tecnológica a ser realizado em 2008.

Redes, estratégias e políticaspúblicas serão os principais temasdo XXIV Simpósio de Inovação

10

INOVAPAINEL PGT

ONúcleo de Política e GestãoTecnológica da Universidade de SãoPaulo (PGT/USP) está entre os

integrantes do conjunto de 38 redes temáticas depesquisa lançadas pela empresa Petrobrás no finaldo primeiro semestre deste ano. O lançamentodessas redes temáticas representa um modelo deparceria tecnológica com universidades einstitutos de pesquisa inédito no país, e resultaráem investimentos de R$ 1,2 bilhão em três anos,equivalente a quase o triplo do que foi investidopela empresa entre os anos de 2003 e 2005.

O PGT integra a rede temática “Metodologiade Processos de Gestão da InovaçãoTecnológica” e está apresentando, em conjuntocom a Universidade Federal do Rio de Janeiro(Fundação COPPETEC), dois projetos depesquisa, referentes a um programa de gestão doconhecimento e a um modelo de avaliação ex-postde projetos de inovação.

O primeiro, intitulado “Gestão e apropriaçãodo conhecimento em redes de pesquisa doCenpes e da Petrobrás”, pretende desenvolveruma metodologia de governança de redes depesquisa, gerando capacitações na área degestão de tecnologia e inovação mediante arealização de três trabalhos de pesquisa eaplicação experimental. Eles serão realizados deforma integrada entre a UFRJ e a USP, emarticulação com a UFRGS, a UFMG, a PUC-Rio e aUFBA. Seus objetivos específicos são osseguintes:

a) Capacitação para gestão das redestemáticas de pesquisa: desenvolvimento demetodologias e experimentação de ferramentaspara governança de redes de pesquisatemáticas, multidisciplinares einterinstitucionais, que o Cenpes estácoordenando ou em que está inserido visandoassegurar a geração, transmissão eapropriação do conhecimento;

b) Estudo sobre as melhores práticas degestão do conhecimento num ambiente deprojetos multidisciplinares e interinstitucionais,que possibilite à Petrobrás aprimorar seumodelo de gestão de tecnologia e inovação oraem curso;

c) Pesquisas, aplicações e consolidação deferramentas de inteligência coletiva paradesenvolver competências e metodologias paraa melhoria do processo de gestão datecnologia, visando à implantação de formasinovadoras de gerir o Sistema TecnológicoPetrobrás, a capacitação para gestão das redestemáticas de pesquisa, o estudo sobre asmelhores práticas de gestão do conhecimentoe a realização de pesquisas, aplicações econsolidação de ferramentas de inteligênciacoletiva.

Pretende-se analisar em profundidade, demodo a proporcionar o monitoramento das redestemáticas da empresa, três elementos críticos. Umtratando da natureza do conteúdo que é trocadoentre os atores que fazem parte da rede, outroreferindo-se aos distintos mecanismos degovernança que sustentam a coordenação e ogerenciamento dos relacionamentos entre osatores, e um terceiro focando na estrutura da redecriada pelos relacionamentos entre atores.

O segundo projeto de pesquisa é intitulado“Desenvolvimento de um sistema de avaliaçãoex-post de projetos tecnológicos” e tem aparticipação prevista também da Unicamp e daPUC-RJ. Seu objetivo é disponibilizar umametodologia testada referente a um sistema deavaliação baseado em indicadores que forneçasubsídios aos diferentes stake e shareholdersenvolvidos, desde o gerente de projeto,passando pela alta administração da empresa eindo até a sociedade como um todo. Pretende-secom isso disponibilizar um ambientecomputacional de Raciocínio Baseado em Casos(CBR – “Case Based Reasoning”), o qual auxiliana resolução e criação de novos projetos epossivelmente novos programas tecnológicos,tomando como base projetos passados. Esteambiente utilizará como critério de escolha osprojetos similares já realizados, além dasavaliações ex-post de projetos tecnológicos,tendo em vista que soluções similares e bem-sucedidas podem ser reusadas com facilidade.Desta maneira, o ambiente fornecerá subsídiosaos gerentes de projeto e demais stake eshareholders para a definição de novos projetoscom grande margem de sucesso e entendimento

PGT integra redes temáticasde pesquisa da Petrobrás

11

INOVAPAINEL PGT

dos fracassos passados.Trata-se de um sistema de avaliação

terminal que verifica se um determinado projetoatingiu seus objetivos específicos, se houveeficiência nos instrumentos utilizados e em suaaplicação. A avaliação terminal, utilizando comobase os relatórios de acompanhamento, relatóriofinal e plano original do projeto, vai valorar odesempenho do projeto no momento de suaconclusão. Como o conceito de sucesso deprojeto é multidimensional, foi necessáriodesenvolver um conjunto de indicadoressubordinados às diversas variáveis relacionadascom o sucesso percebido do projeto nestemomento do tempo, tais como desempenhotécnico, quanto a prazo, custos, satisfação docliente, contribuições para organização-mãe, etc.

A concepção inicial do sistema pode servista na Figura 1.

Com a criação destas redes temáticas, aPetrobrás pretende estimular o trabalho conjuntode instituições de pesquisa e gestores daempresa em projetos que envolvam desde acriação de infra-estrutura até a capacitaçãoprofissional para desenvolvimento de pesquisa e

desenvolvimento (P&D).Este novo conceito de parcerias

tecnológicas se baseia em dois modelos derelacionamento estratégico. Um deles é o destasredes temáticas, para as quais serão pautadostemas de interesse da empresa com o objetivo deformar núcleos de excelência nacional nestestemas, e que tenham em sua composição tantointegrantes da própria Petrobrás quanto dosnúcleos de pesquisa. Desta forma, pretende-secriar redes relacionais que produzam sinergia nodesenvolvimento de projetos de inovação. O outromodelo que se junta a este é o da criação deNúcleos Regionais de Competência,especializados nos setores de petróleo, gás eenergia. Haverá no estabelecimento destesnúcleos regionais uma distribuição geográfica, deacordo com a localização das unidadesoperacionais da Petrobrás, envolvendo inclusiveos núcleos de RH, unidades de negócios e a infra-estrutura da empresa.

Mais informações sobre as redes temáticasda Petrobrás podem ser obtidas no seguinteendereço na internet:http://www.tpn.usp.br/petroleo/relac.pdf .

12

INOVAAGENDA

16 a 17 de novembro de 2006

Lugano, Suíça

International Conference on Science, Technology and Innovation Indicators* Informações: www.ticinoricerca.ch/conference.html

6th International Triple Helix Conference – University-Government-Industry Links* Informações: www.triplehelix6.com

IAMOT 2007 – Management of Technology for the Service Economy* Informações: www.iamot.org . Ou com Mostafa HashemSherif([email protected]), fone +1 732 420 2448

16 a 18 de maio de 2007SingapuraPrazos: 8 de janeiro de 2007:entrega de resumos;16 de abril de 2007: entrega detrabalhos completos

PMI Global Congress 2006 (América Latina) * Informações: http://congresses.pmi.org

6 a 8 de novembro de 2006

Santiago, Chile

13 a 17 de maio de 2007Miami, EUAPrazos: 1º de dezembro de2006: entrega de resumos; 2 de abril de 2007: entrega de

trabalhos completos

Eventos mundiais em Gestão TecnológicaData e local Evento

5th International Symposium on Management of Technology(ISMOT 2007) - Managing Total Innovation and OpenInnovation in the 21st Century* Informações: www.cma.zju.edu.cn/ismot/index.htm

1 a 3 de junho de 2007Hangzhou, ChinaPrazos: 15 de novembro de 2006:entrega de resumos;1º de janeiro de 2007: entrega detrabalhos completos

PICMET 2007 – Management of Converging Technologies* Informações: www.picmet.org

5 a 9 de agosto de 2007Portland – EUAPrazos: 15 de novembro de 2006:entrega de resumos31 de janeiro de 2007: entrega detrabalhos completos

IX Seminário Iberoamericano Para El Intercambio y laActualización en Gerencia de Ciencia y Tecnología -IBERGECYT 2006* Informações pelo e-mail [email protected] ou pelos telefones537-203-01-60 e 537-202-79-20. Fax: 537- 204-96-64

3 e 4 de novembro de2006

Havana, Cuba

XXIV Simpósio de Gestão da Inovação Tecnológica* Informações no site da ANPAD (www.anpad.org.br) ou com Paulo Zawislak ([email protected])

17 a 20 de outubro de 2006

Gramado, Rio Grande do Sul

EVENTOS COM INSCRIÇÕES ABERTAS SOMENTE PARA

PARTICIPAÇÃO - SUBMISSÃO DE PAPERS ENCERRADA

EVENTOS COM INSCRIÇÕES ABERTAS

PARA SUBMISSÃO DE PAPERS

XII Seminario Latino-Iberoamericano de Gestíon Tecnológica- ALTEC 2007 - "Producción, Empleo e Inclusión"* Informações: http://www.altec.secyt.gov.ar/index.htm

8 a 10 de outubro de 2007Buenos Aires, ArgentinaPrazos: 31 de dezembro de2006: entrega de resumos30 de abril de 2007: entrega detrabalhos completos

13

INOVAPUBLICAÇÕES INOVA

Obter resultados rápi-dos e eficientes temcada vez mais rela-

ção com uma das atividades maisrecentes e promissoras no ambi-ente empresarial, o gerenciamentode projetos. Numa análise doProject Management Institute(PMI), entidade norte-americanacom 35 anos de dedicação à ativi-dade, nada menos que 25% do PIBmundial (ou cerca de US$ 10 bil-hões) relacionam-se às ditas “ativi-dades inteligentes de projetos”.Esses dados constam do livro“Construindo competências paragerenciar projetos”, de MarlyMonteiro de Carvalho e de Roque

Rabechini Jr (Editora Atlas).Os autores estão situados no

que classificam como segundaonda do gerenciamento de proje-tos. A primeira surgiu na década de90 tratando de questões básicas daatividade, com foco no projeto.Esta segunda onda refina o con-ceito dando atenção a questõescomo o gerenciamento de risco e àimplantação de modelos de maturi-dade em projetos, como o OPM3(Organizational Project Mana-gement Maturity Model), do PMI.

No livro, eles apresentamum modelo de gerenciamento deprojetos na empresa que envolvegrande nível de interação entre

estrutura da empresa, suas compe-tências e seu próprio nível de ma-turidade, considerando variáveiscomo custo, qualidade, prazo, riscocomunicação, escopo, suprimentose RH. Baseado neste modelo, olivro foi concebido para apresentaras teorias em gerenciamento deprojetos por meio de casos.

Tem crescido a tendênciadentro das empresas

pela realização de projetos de tec-nologia da informação comequipes virtuais, já que se trata depessoas que supostamente domi-nam a tecnologia de comunicaçãonecessária para esse contato remo-to. Tal tendência tem feito crescero número de estudos sobre a inter-ferência de interfaces específicasneste tipo de projetos. Quais asvariáveis que mais interferem nasua eficiência? Tal questão é discu-tida em estudo de Lauro NoboruHassegawa e Roberto Sbragia, inti-tulado “The interface role on virtu-al team project success: a study inthe sector”. O estudo será publica-do no livro “Connecting People,Ideas, and Resources AcrossCommunities”, editado por DavidGibson, Manuel Heitor eAlejandro Ibarra-Yunez (EditoraPurdue University Press, Indiana,EUA) por meio do IST- Instituto

Superior Tecnico de Lisboa.O estudo, realizado junto a

seis companhias de TI, mostraalgumas surpresas, como a de quevariáveis geralmente relacionadasà eficiência nesse tipo de equipes,como tecnologia de comunicação emeios de interação, não se mostra-ram tão relevantes. Isso porquetodas as empresas consultadas sãoda área de TI e, portanto, já resol-vem de forma satisfatória essasquestões. Concluiu-se, portanto,que nesse recorte de empresas, osfatores que mais interferem nosucesso são similares aos projetosconvencionais de equipes não-vir-tuais, tais como a interface técnica(treinamento da equipe, consultaao cliente etc). Também foramassociados com o sucesso em pro-jetos interfaces organizacionaiscomo processos, objetivos comuns,planejamento de projetos; e inter-faces humanas como política derecursos humanos e liderança.

O livro terá 21 capítulos,divididos em cinco partes, sendoelas “Promovendo a mudança ins-titucional”, com textos sobre o se-tor de telecomunicações, a indús-tria coreana e as reformas industri-ais e militares recentes na Europa;“Construindo capacidades”, comtextos sobre tecnologias emer-gentes e políticas não-convencio-nais de suporte à inovação tecno-lógica; “Estimulando a conectivi-dade”, que inclui o texto brasileiro;“Medindo e modelando um melhorentendimento”, com textos sobredistribuição de renda e relaçõesentre o público e o privado; e“Aprendendo com os estudos decaso”, com textos sobre capitais derisco, acumulação de conhecimen-to tecnológico e as indústrias auto-mobilística e farmacêutica.

Mais informações no site:http:// in3.dem.ist .utl .pt/ istpi/volume.asp?id=9 .

A medida da eficiência de equipes virtuais em TI

Uma proposta para o estudodo gerenciamento de projetos

INOVA é uma publicação trimestral do Núcleo dePolítica e Gestão Tecnológica da Universidade deSão Paulo, instituição acadêmica, voltada para apesquisa e formação nessa área do conhecimento.

O boletim tem por objetivo discutir, analisar, interpretar einformar sobre os principais acontecimentos do setor, com opropósito fundamental de alcançar a máxima integração entreos diversos profissionais que atuam na área. Esta publicaçãotem o apoio do Fundo de Cultura e Extensão da Pró-Reitoriade Cultura e Extensão Universitária da USP, do Depto. deEngenharia de Produção da Escola Politécnica e do Depto.de Administração da FEA-USP. INOVA é distribuído gratuitamente.

Conselho EditorialAfonso Fleury, Eduardo Vasconcellos,

Guilherme Ary Plonski, HélioNogueira da Cruz, Henrique

Rozenfeld, Jacques Marcovitch, JulioCesar R. Pereira e Milton Campanario

Editores:Roberto Sbragia e Ivete Rodrigues

Jornalista responsável:Fábio Sanchez (MTb 18.152)

Direção de arte: Robson Regato

PGT/USPAv. Prof. LucianoGualberto, 908,

prédio 1, piso superiorCEP: 05508-900

Cidade Universitária São Paulo - SP - BrasilTel.: (011) 3091-5969

Fone/fax: (011) 3818-4011

[email protected]

www.fia.com.br/pgtusp

INOVANOTÍCIAS

Estudo indica desperdíciode idéias em parques e incubadoras

Um estudo sobre par-ques científicos etecnológicos enco-

mendado pelo Movimento BrasilCompetitivo (MBC) à Univer-sidade de Brasília concluiu que oaproveitamento para o mercadodas inovações realizadas nessesparques é de cerca de um décimodaquela que acontece em paísescom parques que têm perfis seme-lhantes ao do brasileiro. O estudoavaliou cinco parques tecnológi-cos: Padetec, da UniversidadeFederal do Ceará (UFC); Biomi-nas, da Universidade Federal deMinas Gerais (UFMG); FundaçãoBio-Rio, da Universidade Federaldo Rio de Janeiro (UFRJ); Inova,da Universidade de Campinas; eTecnopuc, da PUC do Rio Grandedo Sul (PUC-RS). Juntos, eles con-tém mais de 72 mil pesquisadorese de 35 mil alunos de mestrado oudoutorado. Eles produziram 585patentes desde suas fundações.

O estudo “Mecanismo daInovação e Competitividade”, doMBC, também traçou um perfildos parques brasileiros e dasempresas de base tecnológica nopaís, chegando a algumas con-clusões importantes:

• Há no Brasil 42 Parques Cien-

tíficos Tecnológicos (PCTs), al-guns destes ainda em fase de im-plantação. Eles atuam principal-mente nos setores de Biotecno-logia (44%), Meio-Ambiente(41%), Agronegócio (30%).

• A maioria (83%) têm vincu-lação formal com universidadese 17% têm ligação informal comcentros de pesquisa.

• O tempo de operação dosPCTs no Brasil é semelhante aodos Estados Unidos (cerca dequinze anos);

• Os gestores dos parques têmcerca de 20 anos de formaçãoacadêmica.

Ainda é grande a concen-tração de empresas de base tec-nológica em certas regiões do país.42% delas estão em São Paulo,29% em Minas Gerais e 9% no Riode Janeiro, por exemplo. Emalguns setores, como o das empre-sas ligadas à biotecnologia, issotambém fica claro: apenas cincoestados, situados principalmenteno Sudeste (São Paulo, Rio deJaneiro, Minas Gerais, Paraná eDistrito Federal) têm 90% dasempresas ligadas a este setor. Já nosegmento de fornecedores, 92%das empresas estão situadas emSão Paulo e Minas Gerais.

MEC acendepolêmica: ondedeve se situar ainovação?

INOVA

AAssociação Nacional dePesquisa, Desenvolvi-

mento e Engenharia das EmpresasInovadoras (Anpei) lançou emjulho um manifesto que criticauma proposta feita no mês anteriorpelo Ministro da Educação,Fernando Haddad, ao Ministérioda Fazenda, permitindo que as uni-versidades apresentem projetos decaptação de recursos junto aempresas, em troca de isenção fis-cal na declaração do imposto derenda destas. A proposta da univer-sidade teria que ser apresentada eaprovada pelos ministérios deEducação e de Ciência eTecnologia.

Em seu protesto contra a ini-ciativa, a Anpei afirma que oespaço onde o investimento eminovação deve ser mais estimuladoé o das próprias empresas, deforma a reduzir o problema estru-tural do baixo investimento dosetor produtivo em inovação nopaís: “Há hoje no Brasil um dese-quilíbrio claro entre a produçãocientífica das universidades e aprodução tecnológica e de ino-vação praticada pelas empresas”,afirma o manifesto, que pode serlido na página da Anpei(www.anpei.org.br) .

14