ensaio pobreza

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Page 1: Ensaio pobreza

Escola Secundária de Paços de Ferreira

Ensaio Filosófico

Ano Lectivo 2009/10

Teremos, nós, o dever de ajudar aqueles

que vivem na pobreza absoluta?

Inês Mota, 10º1B, n.º 14

Abril de 2010

A pobreza absoluta é definida como a ausência de rendimento

suficiente em dinheiro ou em espécie para satisfazer as necessidades básicas

da vida, como por exemplo, aquelas pessoas que nem dinheiro ou bens têm

para poder comer devidamente como uma pessoa necessita normalmente

de comer.

Pretendo, assim, depois de analisar e explicar devidamente todos os

argumentos contra ou a favor, mostrar se é nosso dever ou não ajudar parte

das pessoas que vivem na pobreza absoluta, contribuindo com alguns dos

nossos bens ou dinheiro.

Todos devemos saber que é moralmente correcto ajudar quem vive na

pobreza absoluta, mas teremos ou não o dever de o fazer?

Peter Singer é um filósofos utilitarista e afirma que temos o dever de o

fazer, pois se podermos fazer que um mal não aconteça sem sacrificarmos

nada de importância moral comparável devemos fazê-lo. E visto que a

pobreza absoluta é um mal e que sem sacrificarmos nada de importância

moral comparável podemos impedir que exista alguma dessa pobreza temos,

então, a obrigação de ajudar, pois se não ajudarmos estaremos a fazer nada

ou quase nada para salvar a vida dos outros, portanto encontrar-nos-emos ao

mesmo nível de quem mata directamente.

Por conseguinte existem os deontologistas que são aqueles que

defendem que há uma diferença moralmente relevante entre actos e

omissões. Defendem então, que há diferença entre tentar matar uma pessoa

directamente (por envenenamento, por exemplo) ou não ajudar para que

essa mesma pessoa saia da pobreza absoluta, mesmo tendo estas resultados

iguais. A diferença é que quem tenta matar uma pessoa directamente, por

envenenamento, como já foi dado como exemplo anteriormente, age de

maneira intencional e quebra um direito, o direito à vida; enquanto que quem

não ajuda para impedir que haja pobreza absoluta não está a quebrar

nenhum direito e muita das vezes não o faz de forma intencional, porque nem

sequer chega a pensar em fazê-lo.

Os deontologistas defendem também que não somos responsáveis pela

morte de ninguém que vive na pobreza absoluta, pois nunca poderemos ser

responsáveis de algo que não causámos e que também é injusto sermos

condenados por usufruirmos do rendimento que recebemos em vez de o

doarmos sendo isto fruto do nosso trabalho.

Segundo o meu ponto de vista, quem está correcto são os

deontologistas concordando com todos os argumentos atrás mencionados e

julgando os utilitaristas pelo facto de defenderem que devemos abdicar do

nosso bem-estar para ajudar os que vivem na pobreza, ficando, assim,

satisfeitos, apenas, com as necessidades básicas da vida.

Page 2: Ensaio pobreza

Escola Secundária de Paços de Ferreira

Ensaio Filosófico

Ano Lectivo 2009/10

Ao maximizarmos imparcialmente o bem-estar, teremos de fazer árduos

sacrifícios pessoais, pois significa que teremos de abdicar de parte de

compromissos e “sonhos” que fazem que a vida tenha valor para nós próprios.

E isto poderá levar-nos a todos (todas as classes sociais) à pobreza absoluta.

Uma das objecções factuais é de Garret Hardin que defende esta ideia

propondo a “ética do bote salva-vidas” que consiste num naufrágio em que

as pessoas que se encontram nos botes salva-vidas tentarem salvar a vida das

outras que se encontram a naufragar, mas assim matando-se também a si

próprio porque o bote nunca irá aguentar o peso de tantas pessoas,

naufragando, assim, novamente. Se isso acontecesse neste caso, da pobreza

absoluta, a economia mundial seria prejudicada e a evolução humana

estagnaria.

Pesando então vantagens e desvantagens, não me parece que valha

a pena abdicar dos nossos bens pessoais para ajudar os pobres, pois assim

estaremos a prejudicar a evolução humana em global e não estaríamos a

contribuir nada ou quase nada para maximizar o bem-estar de todos.

Concluímos, então, que ajudar quem vive na pobreza absoluta é

moralmente correcto, mas se não o fizermos não estaremos a cometer

nenhum crime, pois não estamos a violar nenhum direito nem somos

responsáveis pelo sucedido porque não fomos nós que o causamos.