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ENERGIA E MEIO AMBIENTE: INTERFACE IMPRESCINDÍVEL NO ENSINO DE FÍSICA EM SALA DE AULA Renéia Coelho Corrêa 1 ; João Amadeus Pereira Alves 2 1 Professora SEED PR – [email protected]; 2 Professor Msc. DEMET/UEPG-PR – [email protected] Resumo: Sob uma perspectiva de introduzir discussões sobre questões socioambientais relacionadas à produção e à utilização de Energia no ensino de Física, neste trabalho são analisadas alternativas metodológicas voltadas a diversificar a abordagem dos conteúdos curriculares por meio da inserção de um conjunto de diferentes atividades educacionais, tais como: levantamento de questões ambientais no interior da escola; viagem de estudos a uma usina hidrelétrica subterrânea; pesquisas e atividades experimentais relacionadas à energia; análises de textos científicos e reportagens; elaboração de folder educativo etc. Tais alternativas implementadas objetivaram despertar nos alunos o interesse pelo conhecimento científico inerente à energia e suas relações com a Tecnologia, a Sociedade e o Ambiente em favor da formação de uma consciência crítica quanto às questões socioambientais. Para tanto, procurou-se analisar a relação que a energia apresenta com a Sociedade desde os primórdios da humanidade. Estiveram envolvidas com essas atividades quatro turmas de primeira série do Ensino Médio, de uma escola estadual do município de Ponta Grossa, estado do Paraná (Brasil). Com tal abordagem metodológica, objetivou-se contribuir para a formação de cidadãos críticos a partir de uma visão mais ampla da Física, fundamentada por aspectos éticos e colaborativos diante das implicações socioambientais contemporâneas. A seqüência de atividades melhorou o entendimento acerca do conceito de energia pelos alunos, mas constatou-se a dificuldade dos mesmos em relacionar a energia com outros conteúdos curriculares de Física, bem como com os problemas socioambientais, o que exige do professor repensar e reconstruir a sua prática educacional. Palavras-chave: Energia, Ensino de Física, Problemas Socioambientais. ENERGY AND ENVIRONMENT: INDISPENSABLE INTERFACE ON TEACHING PHYSICS EDUCATION IN THE CLASSROOM Abstract: In a perspective for introducing discussions about issues in social and environmental problems associated to production and utilization of Energy in teaching physics, this study was carried out to investigate some alternative methodologies focused on diversifying the approach of curriculum through the insertion of different educational activities, such as: collection of environmental issues into the school, study trip to an underground hydroelectric power plant, research and experiments related to energy, analysis of scientific texts and news, elaboration of educative folders etc, which could stimulate the interest of students for scientific knowledge about energy and its relationship with technology, society and environment, supporting a formation of critical consciousness in social and environmental problems. There fore, a relationship between energy and society, since the beginning of humanity, was analyzed. Four classes of first grade from a public high school in Ponta Grossa - PR were involved in these activities. The aim of this methodological approach was to contribute to a citizen formation using a wide view of physics, based on ethic and mutual aspects in front of contemporary social and environmental implications. These activities improved the understanding of concepts of energy among students, but also their problems in relating energy to other physical subjects was observed, as well as with social and environmental problems, which demands a second thought and reconstruct teacher’s educational practices. Key words: Energy, Teaching Physics, Social and Environmental Problems.

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ENERGIA E MEIO AMBIENTE: INTERFACE IMPRESCINDÍVEL NO ENSINO DE FÍSICA EM SALA DE AULA

Renéia Coelho Corrêa1; João Amadeus Pereira Alves2

1Professora SEED PR – [email protected]; 2 Professor Msc. DEMET/UEPG-PR – [email protected] Resumo: Sob uma perspectiva de introduzir discussões sobre questões socioambientais relacionadas à produção e à utilização de Energia no ensino de Física, neste trabalho são analisadas alternativas metodológicas voltadas a diversificar a abordagem dos conteúdos curriculares por meio da inserção de um conjunto de diferentes atividades educacionais, tais como: levantamento de questões ambientais no interior da escola; viagem de estudos a uma usina hidrelétrica subterrânea; pesquisas e atividades experimentais relacionadas à energia; análises de textos científicos e reportagens; elaboração de folder educativo etc. Tais alternativas implementadas objetivaram despertar nos alunos o interesse pelo conhecimento científico inerente à energia e suas relações com a Tecnologia, a Sociedade e o Ambiente em favor da formação de uma consciência crítica quanto às questões socioambientais. Para tanto, procurou-se analisar a relação que a energia apresenta com a Sociedade desde os primórdios da humanidade. Estiveram envolvidas com essas atividades quatro turmas de primeira série do Ensino Médio, de uma escola estadual do município de Ponta Grossa, estado do Paraná (Brasil). Com tal abordagem metodológica, objetivou-se contribuir para a formação de cidadãos críticos a partir de uma visão mais ampla da Física, fundamentada por aspectos éticos e colaborativos diante das implicações socioambientais contemporâneas. A seqüência de atividades melhorou o entendimento acerca do conceito de energia pelos alunos, mas constatou-se a dificuldade dos mesmos em relacionar a energia com outros conteúdos curriculares de Física, bem como com os problemas socioambientais, o que exige do professor repensar e reconstruir a sua prática educacional. Palavras-chave: Energia, Ensino de Física, Problemas Socioambientais.

ENERGY AND ENVIRONMENT: INDISPENSABLE INTERFACE ON TEACHING PHYSICS EDUCATION IN THE CLASSROOM

Abstract: In a perspective for introducing discussions about issues in social and environmental problems associated to production and utilization of Energy in teaching physics, this study was carried out to investigate some alternative methodologies focused on diversifying the approach of curriculum through the insertion of different educational activities, such as: collection of environmental issues into the school, study trip to an underground hydroelectric power plant, research and experiments related to energy, analysis of scientific texts and news, elaboration of educative folders etc, which could stimulate the interest of students for scientific knowledge about energy and its relationship with technology, society and environment, supporting a formation of critical consciousness in social and environmental problems. There fore, a relationship between energy and society, since the beginning of humanity, was analyzed. Four classes of first grade from a public high school in Ponta Grossa - PR were involved in these activities. The aim of this methodological approach was to contribute to a citizen formation using a wide view of physics, based on ethic and mutual aspects in front of contemporary social and environmental implications. These activities improved the understanding of concepts of energy among students, but also their problems in relating energy to other physical subjects was observed, as well as with social and environmental problems, which demands a second thought and reconstruct teacher’s educational practices. Key words: Energy, Teaching Physics, Social and Environmental Problems.

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Introdução

A energia é um dos conceitos centrais do currículo de Ciências Naturais na

Educação Básica, mas antes disso é o componente, o “ingrediente”, essencial para a

existência e manutenção da vida. Na sociedade moderna, a demanda por esse

recurso é ainda maior, pela expansão populacional humana, bem como pela

crescente exigência desse recurso, para fins de locomoção rápida, conforto,

segurança etc.

O significado e as aplicações do termo “energia” são tantos, que por vezes

nas escolas são produzidas confusões quanto às grandezas, idéias e conceitos

distintos envolvidos, tais como: força, potência, atividade física, poder calórico dos

alimentos etc.

Entre os conceitos físicos necessários à compreensão dos alunos da

Educação Básica, o de energia pode ser considerado um dos mais complexos,

inclusive no que diz respeito ao seu ensino, por diversas razões. Sendo que uma

delas pode ser pelo fato de a “energia” apresentar vasta significação no discurso da

população e também porque as diferentes disciplinas escolares fornecem distintos

enfoques ao termo. Portanto, conceituá-lo com clareza em Física exige uma boa

“limpeza do terreno”.

Além disso, quase sempre a energia é estudada ou analisada de forma

superficial enfatizando-se alguns tipos, como a energia cinética e potencial ou

idealizando-se situações que visam facilitar sua compreensão, mas que acabam

incutindo idéias e conceitos irreais, os quais permeiam e até solidificam no tempo de

escolarização do aluno na Educação Básica.

Em Física, a aprendizagem deste grande conceito envolve um alto grau de

abstração, além de conhecimentos em várias sub-áreas da Física, como mecânica,

termodinâmica e eletricidade. Não raro, a idéia de energia relatada pelos alunos se

restringe a fatos relacionados à energia elétrica. Também se observa grande

dificuldade em estabelecer correlações entre os conteúdos curriculares relacionados

à energia, os conhecimentos científicos, os avanços tecnológicos com os problemas

socioambientais.

Para Bunge (2000), o conceito de energia da forma como é apresentado nos

livros e ensinado nas escolas torna-se abstrato e pouco informativo para os alunos.

Ainda, segundo Romero (2003) o tipo de aprendizagem de Física que acontece na

maioria das situações pode ser resumido a um aglomerado de equações que deve

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ser misturado a um grande conjunto de dados que supostamente resultarão nas

respostas de problemas propostos.

Para tentar romper com esse modelo tradicional de ensino é necessário

priorizar os conceitos físicos, as suas inter-relações e a contextualização, que

considere os saberes e a cultura do aluno como ponto de partida do processo

pedagógico. O professor deve ser o responsável pela mediação entre o saber

escolar e as experiências provenientes do cotidiano dos alunos. Estas, por sua vez,

devem ser aproveitadas no processo ensino-aprendizagem. Desse modo, “quanto

mais próximos estiverem o conhecimento escolar e os contextos presentes na vida

pessoal e no mundo no qual eles transitam, mais o conhecimento terá significado”

(SEED-PR, 2000, s/d).

Segundo Oliveira e Carvalho (2007), se as atividades de conhecimento físico

tornarem-se significativas para os alunos, as ações a partir delas também o serão,

tornando assim a linguagem escrita parte de uma ação a ser compreendida por eles.

Considerando as dificuldades encontradas pelos alunos e professores em

relação ao ensino de Física, entende-se como relevante a possibilidade de realizar

atividades que objetivem melhor entendimento de diferentes aspectos relativos à

energia e aos problemas socioambientais a ela atrelados. Neste trabalho, parte de

uma das atividades desenvolvidas no Programa de Desenvolvimento Educacional do

Estado do Paraná (PDE), procurou-se analisar o desempenho de alguns alunos

durante o desenvolvimento de uma seqüência didática de atividades abordando o

tema energia. Segundo Zabala (1998), seqüência didática é um conjunto de

atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos

objetivos educacionais.

A interface entre Energia e as Questões Socioambientais

Atualmente vive-se um período de crise centralizado no tema energia. A

discussão sobre o fim dos combustíveis fósseis e sua substituição gradativa por

novas fontes tem sido abordada constantemente nos diferentes meios de

comunicação e por especialistas da área energética (físicos, economistas, ecólogos,

engenheiros etc). A escola deve incorporar essas informações no desenvolvimento

curricular para que, efetivamente, o aluno possa desenvolver-se como cidadão

crítico, atuante no meio em que vive.

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Segundo Giroux (1995), ao analisar toda a gama dos lugares diversificados e

densamente estratificados de aprendizagem, tais como a mídia, a cultura popular, o

cinema, a publicidade, as comunicações de massa, entre outras, os Estudos

Culturais ampliam nossa compreensão do pedagógico e de seu papel fora da

escola. Nesse sentido, os Estudos Culturais da Ciência indicam na educação as

possibilidades para a formação de uma escola mais democrática, que considere os

conhecimentos históricos, políticos e sociais da comunidade. De acordo com Cruz e

Zylbersztajn (2001), numa perspectiva educacional abrangente, o papel mais

importante a ser cumprido pela educação formal é o de habilitar o aluno a

compreender a realidade (tanto do ponto de vista dos fenômenos naturais quanto

sociais) ao seu redor para que possa participar ativamente da sociedade na qual

está inserido.

Para Hage (2008), no século XX e no atual os conflitos e disputas por posses

de estoques energéticos têm sido constantes. Os embates existentes há tempos no

Oriente Médio e Ásia Central são uma amostra disso e, as grandes potências

industrializadas, com crônica pobreza em hidrocarbonetos, direcionam seus poderes

para as áreas externas em que ainda pode haver grandes estoques de petróleo.

O Brasil tem procurado aumentar sua disponibilidade de energia para garantir

maior progresso econômico e, talvez isso possa reverter em ações que melhorem as

condições de vida da população mais pobre.

A busca pela auto-suficiência em petróleo é uma política tradicional do setor

energético, porém, no passado a política apresentada esteve baseada na

necessidade de reduzir gastos financeiros com importação apenas.

Nesse sentido, para Goldemberg (2005), à medida que o problema da

importação perdeu importância graças à grande produção interna de petróleo, é

apropriado considerar outros fatores. A produção e o consumo de energia são

ambientalmente impactantes, mas os padrões atuais de consumo podem ser

melhorados, estimulando o uso mais eficiente de energia e a transição de fontes

fósseis de energia para fontes renováveis. A empresa brasileira Petrobras vem

deixando de atuar exclusivamente com petróleo para tornar-se uma empresa

integrada de energia no sentido mais amplo. Com isso, ela vem ampliando

gradativamente sua atuação em fontes de energia renováveis, como solar, eólica,

biomassa etc buscando a diversificação da matriz energética brasileira.

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Incorporar essas informações no universo escolar é primordial para ampliar a

atuação social e crítica dos alunos sob o horizonte de transformação de sua vida e

do meio que os cerca.

A Energia e os conteúdos curriculares de Física

Há cerca de uma década, o Congresso Nacional brasileiro promulgou a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996 –

que estabelece o Ensino Médio como etapa final da Educação Básica, voltada para

o aprimoramento do educando em sua formação ética, autonomia intelectual e

pensamento crítico. Também a referida Lei propôs destaque à educação tecnológica

básica, à compreensão da ciência, do processo histórico de transformação da

sociedade etc. No entanto, é preciso admitir que não é tarefa simples para os

professores e outros profissionais envolvidos com a educação cumprir os termos da

Lei, em especial no que concerne à necessária adequação curricular e de

preparação dos docentes para que se possa promover um aprendizado e uma

avaliação condizente com o esperado pela Lei.

As Diretrizes Curriculares de Física para o Ensino Médio (PARANÁ/SEED,

2008), consideram que para entender Ciência é necessário perceber que o meio

social e os avanços técnicos e científicos se inter-relacionam. Considerando a

Ciência como uma produção cultural é preciso ainda localizar os conteúdos

curriculares num contexto social, econômico, cultural e histórico onde o professor

aborde os fenômenos físicos sob ênfase qualitativa, como uma Ciência em

construção, sem perder de vista a consistência teórica. Assim, elas consideram

importante também que o aluno compreenda a evolução dos sistemas físicos, suas

possíveis aplicações e influências na sociedade, destacando-se sempre a não

neutralidade da produção científica. No entanto, as Diretrizes não enfocam

diretamente a necessidade de tratar das questões socioambientais relacionados à

energia no currículo escolar.

A motivação que resultou na escolha do tema “Energia e suas Implicações

Socioambientais” para investigação ocorreu por várias razões: em primeiro lugar

porque se trata de um conceito central no ensino de Física; em segundo lugar, a

vivência profissional da professora/pesquisadora, com experiência no ensino

tradicional, mas ciente das dificuldades dos alunos em aprenderem sobre energia;

em terceiro lugar, a energia atualmente é uma das mais importantes commodities e

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a escola deve incorporar temas atuais ao seu currículo, inclusive quando o apelo

econômico é grande. Em resumo, sintetiza-se esses interesses a partir do que expõe

Delizoicov (2005), para o qual o conhecimento trabalhado na escola deve ter a

função de instrumentalizar o aluno para a sua melhor compreensão e atuação na

sociedade contemporânea.

Segundo Silva e Carvalho (2002), a complexidade que envolve a problemática

ambiental é bastante ampla, porém, isso quase não tem sido objeto de preocupação

na Educação Básica, por várias razões, dentre elas é possível citar: a ausência de

discussões mais aprofundadas na formação inicial do professor; a dificuldade no

acesso pelos professores aos cursos de formação continuada, que apresentem tal

preocupação e; a dificuldade na integração entre docentes no estudo consistente e

posterior produção de trabalhos que auxiliem no processo ensino-aprendizagem.

Para Angotti e Auth (2001), nos currículos, as metodologias e os processos

pedagógicos priorizados no espaço escolar tendem a encarar a problemática

ambiental sob uma visão naturalista e quase romântica, sem considerar dimensões

fundamentais como a perspectiva histórica, a educação para um presente e futuro

de melhor qualidade de vida para todos, o caráter relacional da dimensão ambiental

e as representações sociais de natureza e meio ambiente. Percebe-se que em

muitos casos prevalece entre os alunos a idéia de separação homem-natureza.

Krasilchik (2000) afirma que entre os anos de 1960 e 1980, as crises

ambientais, o aumento da poluição, a crise energética e a efervescência social

manifestada em movimentos como a revolta estudantil, as lutas anti-segregação

racial e por igualdade social determinaram profundas transformações nas propostas

das disciplinas em todos os níveis de ensino. No entanto, os professores em classe

ficaram cada vez mais afastados tanto do centro de decisões políticas como dos

centros de pesquisa.

Silva e Saad (1998) observaram que o professor de Física tem, na maioria

das vezes, o livro didático ou um material apostilado como principal ou até o único

instrumento didático. Porém, de modo significativo, nos livros didáticos de Física não

aparecem atividades educativas relevantes ligadas a debates acerca do significado

do conhecimento científico para a nossa sociedade. Mover a prática educativa para

direções que permitam ao aluno e a ao professor múltiplos olhares é, portanto, algo

que precisa ser planejado, analisado e avaliado pelo próprio professor. Mas isso

necessita ser desenvolvido por todos os participantes da prática educacional –

principalmente o professor e os seus alunos.

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Segundo Furukawa (1999) existem visíveis lacunas no ensino de Física, pois

este se apresenta basicamente livresco, desprovido de atividades experimentais e

sem relação com o cotidiano do aluno. Como, de maneira geral, os livros didáticos

têm definido o conteúdo e os procedimentos de trabalho do professor, é provável

que a maioria dos docentes não esteja incorporando outros elementos na prática

educativa, além daqueles sugeridos pelos livros ou materiais apostilados. Daí a

importância de o professor planejar e produzir seus conhecimentos pedagógicos,

buscando ampliar as possibilidades, a criatividade e a capacidade de seus alunos.

A Energia e sua relação com a Mídia

Muitas vezes temas atuais relacionados à energia são abordados pela mídia

de forma simplificada, rústica e sensacionalista, passando até mesmo a imagem de

que as questões energéticas estão distantes da vida das pessoas. Uma mídia não

especializada e de conteúdo perecível, portanto, desafinada com assuntos

científicos privilegia na maioria das vezes a comercialização da notícia tão somente,

contribuindo para a desinformação e o desconhecimento da população. Assim, o

papel da escola assume maior responsabilidade, pois é necessário inclusive

combater o senso comum fortalecido por tais veículos.

Nesse contexto, o professor de Física e os seus alunos deparam-se com

veiculações da mídia sobre temas como: os efeitos nocivos da radiação ultravioleta,

a crise mundial no abastecimento de água, o fim anunciado dos combustíveis

fósseis, o efeito estufa, os testes nucleares bélicos, a chuva ácida, o crescente

processo de extinção de espécies da fauna e da flora, energias alternativas etc. Na

maioria das vezes, essas veiculações são abordadas de modo descompromissado,

sem qualquer percepção firme que estabeleça relação com as suas vidas, seu

cotidiano. Sobretudo, se deparam com tais assuntos sem que haja uma

sistematização e uma rigorosidade necessárias quando se há um interesse

educativo para a população e que favoreça uma prática pedagógica crítica

(GIROUX, 1986).

Fora do ambiente escolar, os alunos encontram um mundo cada vez mais

carregado por informações sobre temas sócio-científicos. São informações oriundas

das fontes mais variadas, mas que não lhes permitem ter condições de julgar sua

veracidade, impedindo assim a definição de posição sobre as questões informadas,

de maneira que não podem tomar decisões sobre como estão agindo (AIKENHEAD,

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1988). Pode-se observar ainda que as questões éticas, políticas, ambientais, sociais

e econômicas relacionadas aos diversos aspectos do conhecimento não são, em

geral, apresentadas pelos diferentes meios de comunicação ou pela escola (LEMKE,

2000).

Nas escolas, problemas internos são pouco ou nunca discutidos. A iluminação

deficitária dos ambientes, o desperdício de água em torneiras, ambientes sem

ventilação e que geram aquecimento excessivo no verão e resfriamento demasiado

no inverno, o destino dos resíduos produzidos etc, se configuram cada vez mais

como situações recorrentes na maioria das escolas públicas, bem como em suas

vizinhanças. No entanto, quase nada disso é levado em conta no processo

educativo, são questões marginalizadas à prática docente. Desse modo, afetam o

desempenho educacional e a qualidade de vida dos alunos, professores e outros

envolvidos com esses estabelecimentos.

Implantando atividades diversificadas no ensino de Física

A literatura decorrente de pesquisas educacionais tem revelado a importância

da utilização das diversas formas de expressão cultural como instrumento para que

os alunos venham a dominar o discurso racional comunicativo da Ciência. Para

Angotti e Auth (2001), o desafio é envolver e comprometer os professores em

atividades colaborativas, para inquietá-los e desafiá-los em suas concepções de

Ciência, de “ser professor” e em suas limitações nos conteúdos e nas metodologias.

Espera-se que ao inserir alguns aspectos da temática ambiental no ensino de

Física o professor possa criar um ambiente de discussão para que os alunos

possam refletir e debater sobre a complexidade das questões socioambientais

relacionadas à energia e compreender sua relação com os conteúdos curriculares de

Física.

Segundo Carvalho (2001, apud OLIVEIRA e CARVALHO, 2007), falar, ouvir e

procurar uma explicação sobre os fenômenos, depois escrever e desenhar, isto é, se

expressar em diversas linguagens, solidifica e sistematiza os conceitos aprendidos.

Dessa forma, têm sido pesquisados e empregados como recursos de ensino,

diferentes materiais que integram a vivência do aluno fora do espaço escolar. Dentre

eles, os textos literários, letras de música, poesias, filmes de ficção científica,

anúncios, jornais, charges e histórias em quadrinhos.

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Ao analisar com os alunos, os princípios científicos que se encontram

presentes em um filme de ficção, quadrinho, tiras de humor etc, se está muitas

vezes, aproximando as experiências vividas por eles, daquilo que vem sendo

produzido pela humanidade onde quase sempre há uma explicação baseada em

conceitos produzidos pelo senso comum. Justificar um fenômeno científico dentro de

uma visão mais elaborada, hierarquizada em relação à evolução histórica que o

conceito experimentou até atingir uma versão aceita pela comunidade científica,

pode ser uma forma criativa e interessante de desenvolver o aprendizado.

As viagens de estudo ou turismo pedagógico, termo muito utilizado

atualmente, também podem se constituir numa estratégia de aprendizagem bem

sucedida quando planejada e programada com antecedência e coerência educativa.

As viagens incluem pelo menos três momentos de aprendizagem: o planejamento,

fase de organização, da elaboração de regras e da pesquisa sobre o local a ser

visitado; a execução, através da observação e coleta de dados, do prazer de

observar uma paisagem; das atividades de retorno, através da sistematização de

conhecimentos, de montagens de relatórios, de organização de painéis com fotos,

desenhos e textos.

Segundo Angotti e Auth (2001), atividades como a visita a um bosque, a uma

usina hidrelétrica, ao local de tratamento do lixo não são significativas em si, mas

poderão fazer sentido se estiverem vinculadas ao currículo escolar e a uma nova

visão de mundo.

O trabalho didático pedagógico e as problematizações a partir de diferentes

atividades devem permitir a apreensão dos conceitos, leis e relações da Física, bem

como sua aproximação com fenômenos ligados a situações vividas pelos alunos.

Para Delizoicov (2005) o ponto culminante de uma problematização é fazer com que

o aluno sinta necessidade da aquisição de outros conhecimentos que ainda não

detém.

Assim, torna-se urgente a pesquisa e o desenvolvimento de alternativas

metodológicas diversificadas, com a intenção de dinamizar as aulas, motivando os

alunos a participarem ativamente na construção do próprio conhecimento, além de

oferecer uma opção diferente para a prática pedagógica diária dos professores.

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A Metodologia

Buscando introduzir metodologias diversificadas para auxiliar o desempenho

escolar dos alunos e facilitar a compreensão do conceito de energia, analisaram-se

algumas questões relacionadas às várias formas de apropriação de energia pelo

homem: aspectos históricos, políticos, econômicos e sociais, envolvidos no

desenvolvimento de novas tecnologias de produção, transmissão e consumo de

energia e sua relação com os problemas socioambientais. Assim, algumas

atividades ligadas ao tema escolhido foram desenvolvidas ao longo de um semestre

e interligadas com os conteúdos curriculares previstos no Planejamento Anual

(Quadro 1). A maioria das atividades foi desenvolvida durante os horários de aula.

Neste trabalho, durante a coleta dos dados, optou-se pelo uso de

instrumentos escritos. Nesse caso, as produções escritas dos alunos sobre as

atividades desenvolvidas se constituíram como um material importante ao processo

de análise. Esses registros serviram, ainda, para avaliar como os conteúdos

trabalhados foram abstraídos e compreendidos pelos alunos, pois como afirmam

Oliveira e Carvalho (2007), “a escrita, como instrumento cognitivo tende a ser uma

ferramenta discursiva importante por organizar e consolidar idéias rudimentares em

conhecimento mais coerente e bem estruturado”.

Quadro 1 - Relação das atividades desenvolvidas

1 – Levantamento do perfil dos alunos envolvidos no estudo

2 – Visita exploratória na escola e seus arredores

3 – Palestra - profissional da Compagás (Companhia Paranaense de Gás) – Tema: O gás natural

4 – Atividades - Dia Mundial da Água

5 – Viagem de Estudos – Usina Hidrelétrica Governador Parigot de Souza e as cidades de Antonina e Morretes

6 – Exibição de fotos e vídeos realizados durante a Viagem de Estudos

7 – Relato da visita e produção de trabalhos (cartazes, charges, quadrinhos e desenhos)

8 – Trabalhos com textos e reportagens

9 – Pesquisa experimental com sacolas plásticas biodegradáveis

10 – Exibição de vídeo sobre a evolução histórica da produção de energia elétrica

11 - Atividades com o material didático Folhas “O que a energia tem a ver com a extinção dos dinossauros?”

12 – Palestra com profissional de Meio Ambiente

13 – Elaboração de folder com sugestões ambientais

14 – Exposição e socialização dos trabalhos realizados com os alunos, professores e funcionários da escola

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As aulas iniciais estiveram vinculadas a duas atividades: na primeira, os

alunos responderam a um questionário relatando dados pessoais; suas

expectativas com relação à escola e a continuidade de seus estudos; na segunda,

eles realizaram uma visita exploratória aos diferentes ambientes da escola e suas

imediações para iniciar as discussões sobre as questões ambientais e estabelecer a

idéia inicial dos alunos sobre energia.

A metodologia de trabalho foi delineada conforme às condições físicas e

pedagógicas disponíveis para que o processo ensino-aprendizagem pudesse ocorrer

de forma satisfatória. Os alunos trabalharam durante as aulas com materiais de

apoio disponibilizados pela professora e com outros referenciais. A leitura de textos

técnicos e científicos sobre o tema Energia e Meio Ambiente e a produção de

charges, cartazes, poesias e quadrinhos relacionados ao tema energia foram

explorados em momentos específicos do trabalho.

Os alunos participaram de uma palestra com um profissional da Compagás

(Companhia Paranaense de Gás) sobre o tema “O gás natural”. A rede de

distribuição de gás natural estava iniciando obras na cidade e a empresa solicitou à

escola espaço para divulgar informações sobre essa fonte de energia. Assim,

aproveitando a oportunidade, introduziu-se o estudo das fontes de energia (Atividade

3).

No Dia Mundial da Água foi apresentado aos alunos um texto com dicas para

o uso racional da água, um gráfico com a distribuição e a disponibilidade de água

doce na Terra e a letra e áudio da música “Planeta Água”, de Guilherme Arantes.

Durante a realização da atividade procurou-se destacar a importância da

conservação da água, inclusive para a geração de energia elétrica através das

hidrelétricas (Atividade 4).

Cerca de oitenta alunos participaram de uma viagem de estudos a uma

Usina Hidrelétrica Subterrânea (em 10 e 15 de abril), situada na Serra do Mar, no

município de Antonina, Estado do Paraná, a cerca de 220 km do município de

residência deles. Com planejamento prévio, essa atividade foi possível porque os

próprios alunos custearam a viagem. Ela propiciou o estudo das características da

Usina, seus aspectos técnicos, históricos, sociais, econômicos e ambientais, além

das normas da Empresa para a visitação. Foram realizadas duas viagens porque o

limite máximo diário de visitantes é de 45 pessoas sendo que cada grupo de 10

alunos foi acompanhado por um professor da escola. Durante a visita nessa Usina,

houve: a exibição de vídeo institucional da empresa; a explanação de um funcionário

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técnico, inclusive utilizando-se de um folder institucional distribuído aos alunos, os

quais puderam esclarecer dúvidas, permitindo a eles a confecção de um relatório

escrito com questões sugeridas pela professora, com antecedência. É importante

dizer que essa atividade de visita de estudos foi realizada em conjunto a disciplina

de Geografia.

A exibição de fotos e vídeos realizados durante as viagens de estudos serviu

como incentivo para a produção de trabalhos e socialização da atividade, já que nem

todos os alunos participaram da viagem. Os alunos foram divididos em grupos, com

quatro pessoas cada, e realizaram pesquisas sobre questões envolvendo diferentes

tipos de energia, produção de cartazes, charges, quadrinhos e desenhos

(Atividades 6 e 7).

Os conceitos de energia cinética e potencial, as idéias de conservação de

energia mecânica a partir do funcionamento de uma usina hidrelétrica,

transformação de energia e trabalho também foram trabalhadas utilizando os dados

obtidos durante a viagem de estudos à usina hidrelétrica. Tais assuntos foram

retomados em outras ocasiões e utilizados nas atividades propostas aos alunos.

As atividades experimentais inicialmente planejadas para serem efetivadas

no laboratório de Física da escola foram adaptadas como atividades demonstrativas

em sala de aula, devido a dificuldades ocorridas após a interdição do prédio, onde

funcionava a escola, em razão da necessidade de reformas no telhado e na parte

estrutural. Isto ocasionou a necessidade de realocação dos alunos em outros

espaços alternativos. Os trabalhos de pesquisa programados também sofreram

adaptações e optou-se então, pelo uso de textos, reportagens de revistas, jornais e

outros materiais didáticos.

Em grupos, os alunos realizaram atividades com textos e reportagens e

responderam questões relacionadas à energia e aos principais impactos da indústria

energética, como a poluição atmosférica e o efeito estufa. Utilizou-se ainda debates

sobre a produção de eletricidade em hidrelétricas, termelétricas, usinas nucleares,

fontes alternativas de energia e os desafios para se continuar a expandir as

necessidades energéticas da sociedade com menores impactos ambientais.

As embalagens plásticas também foram objeto de estudo, por meio de uma

pesquisa experimental com sacolas plásticas oxibiodegradáveis. Os alunos

levantaram dados em supermercados da cidade sobre o padrão de sacolas plásticas

que estes utilizavam, além de outras informações como a quantidade consumida

mensalmente e os projetos relacionados ao meio ambiente que essas empresas

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desenvolviam. De posse das informações, os alunos verificaram quais empresas

utilizavam sacolas plásticas biodegradáveis e coletaram amostras para a realização

de uma atividade experimental que objetivava comprovar se as informações

indicadas nas embalagens pelo fabricante, como os tempos para a decomposição

do material e os resíduos resultantes eram procedentes. As amostras recolhidas

foram dispostas a céu aberto e enterradas a cerca de 10 cm de profundidade e

monitoradas uma vez por mês. Até o presente momento (novembro de 2008), os

alunos estão acompanhando o processo e posteriormente serão coletadas amostras

do material em decomposição para análise dos resíduos. No entanto, a mudança de

local da escola comprometeu a atividade e para que ela não fosse interrompida, as

amostras foram colocadas no quintal da casa da professora e de alguns alunos.

Trechos de um vídeo sobre a evolução histórica da produção da energia

elétrica gravados pela professora foram utilizados para debater com os alunos o

processo histórico envolvendo a energia elétrica e como ela chegou às primeiras

cidades do Estado do Paraná (Atividade 10).

Com o material didático pedagógico produzido pela professora da turma, os

alunos realizaram leituras, análise críticas, debate e resoluções de questões

abordando diferentes fontes de energia e expressaram sua opinião sobre a relação

entre a energia e as questões socioambientais. O texto abordou questões como:

“Você acredita que existe alguma relação entre a falta de energia, a escassez de

água e o planejamento familiar?”.

Em outra atividade, os alunos auxiliados pela professora elaboraram um

folder educativo com dicas de consumo consciente, sugestões ambientalmente

corretas para a destinação de pilhas e baterias, informações sobre reciclagem,

divulgação das atividades desenvolvidas, etc. Esse material foi distribuído aos

alunos da escola, professores, funcionários e para a comunidade local durante a

socialização das atividades, que constou de uma exposição de fotos, cartazes,

desenhos e demais trabalhos realizados ao longo do semestre. As informações

apresentadas neste trabalho representam os registros escritos e análises de

algumas situações específicas vivenciadas durante a realização das atividades.

Discussão dos Resultados

O questionário inicial preenchido pelos alunos e o levantamento de dados

foram disponibilizados à equipe pedagógica e à direção da escola visando a

contribuição deles com os projetos que, dentre outros objetivos, buscam unir a

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comunidade escolar e reduzir os índices de evasão e repetência. A visita

exploratória às dependências internas e externas da escola, com posterior

levantamento dos problemas relacionados à energia, conservação do meio ambiente

e das possíveis ações para solucioná-los (Atividade 2), foi realizada para que os

alunos conhecessem a escola e os arredores da mesma, uma vez que a maioria dos

alunos eram oriundos de outras escolas da região e estavam iniciando o Ensino

Médio na escola participante do trabalho.

Por meio da análise de dados e dos debates foi possível perceber as

dificuldades dos alunos em expressar seus pensamentos, seja por escrito ou

verbalmente, além da falta de sonhos, de uma meta de vida, para um futuro

profissional ou a continuidade dos estudos. Ao serem indagados:

“Em que profissão você imagina estar atuando e como será a sua vida

daqui a dez anos?”

Muitas foram as respostas em branco. Quando se manifestaram deram como

resposta “trabalhando e casado”. Pelo exposto, pode-se perceber que os alunos não

têm clareza da profissão que desejam exercer e do que almejam para sua família no

futuro. Outro objetivo do questionário era que os alunos percebessem que a escola

se preocupa com o seu futuro e quer auxiliá-los para que possam planejar com

autonomia e responsabilidade o seu futuro.

As observações realizadas pela maioria dos alunos em torno do ambiente

físico da escola mostraram a necessidade de se manter as lâmpadas, tanto dos

corredores quanto das salas de aulas, acesas durante o dia. Outra importante

observação levantada por eles foi a necessidade urgente de reformas nos telhados e

nos banheiros para evitar o desperdício de água. Percebeu-se nos relatos que os

alunos detectam os problemas, mas poucos apontam soluções ou se mostram

dispostos a colaborar. Talvez a ausência de discussões mais aprofundadas ou

exemplos de ações concretas na escola sejam fatores determinantes para a apatia

dos alunos quanto aos problemas ambientais no ambiente escolar. De acordo com

Angotti e Auth (2001) é necessário passar de uma visão simplista a uma visão mais

ampla onde o sujeito esteja integrado ao meio ambiente e ciente da necessidade de

sua conservação.

Na aula seguinte os alunos foram instigados a refletir por meio de algumas

questões sobre o assunto e, após um breve debate deveriam registrar por escrito

suas respostas. O quadro 2, apresenta alguns desses relatos.

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Quadro 2: Questionamentos iniciais e as respostas escritas de alguns alunos.

O que você sabe sobre a produção de energia no Brasil?

“Eles (governo) produzem uma quantidade de energia e as pessoas usam sempre mais.”(Aluno 31A) “Aqui no Paraná existe uma grande usina hidrelétrica de Itaipu que é responsável pela metade da energia do Brasil.”(Aluno 14A) “Que existem vários tipos de energia não só a elétrica.” (Aluno 16B) “Sei que a maior parte da energia é produzida através das usinas hidrelétricas.”(Aluno 23C)

O que é energia para você?

“A energia é vital para a vida, pois precisamos dela para sobreviver.”(aluno 06B) “A energia é uma fonte que existe de várias formas, solar, elétrica, renovável e não renovável.” (Aluno 13A) “Para mim é força.”(Alunos 11C e 19C) “É toda e qualquer coisa que possua luz ou eletricidade. É um tipo de força que facilita a vida do homem.”(Aluno 24D) “Energia pra mim hoje é tudo, sem energia o homem volta a idade da pedra e energia se resume em eletrodoméstico, energia nuclear etc... e energia move quase tudo no mundo hoje.” (Aluno 30D) “É um módulo avançado da tecnologia que nos dá muitos benefícios, como a claridade e o aquecimento.”(aluno 14B)

Cite alguns equipamentos de sua casa que utilizam energia para funcionar. Eles poluem o meio ambiente? Explique de que forma?

“Rádio, TV e automóvel. O rádio e a TV aparentemente não poluem, agora o automóvel, seu combustível (gasolina) que produz o CO2.” (Aluno 18A) “Celular, TV, som porque gastam energia que é gerada da água.”(Aluno 05A) “TV, computador, rádio. Não, porque não poluem o ar.” (Aluno 09B) “Fogão, geladeira, prancha de cabelo, máquina de lavar roupas, chuveiro, TV, som. Eu acho que isso não polui o meio ambiente.” (Alunos 21B e 33C) “Liquidificador, geladeira, TV, rádio, chuveiro. Eles não poluem porque eles não queimam nem soltam fumaça ou vapor químico.”(Aluno 24D) “Computador, televisão lâmpada, geladeira etc. Eles poluem de um jeito diferente. Por ex: computador, televisão lâmpada e geladeira precisa de energia elétrica e pra isso tem que desviar rios pra construir usina hidrelétrica.” (aluno 30D)

Durante os debates em sala de aula e nos relatos escritos os alunos

levantaram alguns aspectos históricos sobre as fontes de energia e a idéia de que o

ritmo acelerado da mudança tecnológica e a vida moderna tornaram as pessoas

cada vez mais dependentes e consumidoras de energia. A poluição gerada pelo uso

dos equipamentos domésticos e a substituição das fontes fósseis por renováveis

também foram relatadas, porém em alguns casos percebeu-se que os alunos não

relacionam o uso dos equipamentos domésticos que utilizam energia com a poluição

ambiental.

Os relatos indicaram ainda que as informações dos alunos acerca da energia

são quase sempre associadas à energia elétrica e que no Brasil há predominância

de geração de energia elétrica por meio das hidrelétricas. Todavia, não apareceram

nos relatos ou debates um conceito mais elaborado para energia. O quadro 2,

apresenta respostas discrepantes, com pouca veiculação ao significado de energia

do ponto de vista escolar . Isso reflete a fragmentação do conhecimento dos alunos

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sobre o assunto. Essa situação pode ser conseqüência da maneira como esse

conteúdo é trabalhado nas séries iniciais.

O fato dos alunos utilizarem os termos força e energia como sinônimos já foi

relatado em pesquisas de Driver e seus colaboradores (1994). Esses autores

destacam que há uma grande vinculação quando os alunos analisam os conceitos

de energia e força. Já, Barbosa e Borges (2006), em estudo realizado com

estudantes do primeiro ano do Ensino Médio de uma escola pública verificaram que

os alunos concebem energia como algo que tem existência material e que exibe

propriedades típicas de substâncias, o que está em desacordo com os conceitos da

Física e indica a idéia de calórico vigente no século XIX.

Nas aulas seguintes, alguns alunos de cada turma apresentaram suas

respostas ao grande grupo na busca de uma resposta consensual e mais

significativa do ponto de vista físico. Cabe dizer ainda que durante os debates, o

papel de mediador ficou a cargo da professora que conduzia os trabalhos de forma

que os alunos percebessem a evolução dos conceitos físicos como uma construção

histórica, resultado de um embate de idéias e experiências humanas. Em uma

avaliação individual escrita, as questões foram retomadas e a maior parte dos alunos

formulou um conceito mais coerente do ponto de vista físico, mas uma relação mais

ampla com o meio ambiente ainda não foi observada. Vejamos alguns recortes das

inferências de determinados alunos:

Energia é a capacidade de poder realizar uma tarefa, pode ocorrer de

diversas formas, pode ser transformada ou convertida em outro tipo (Aluno

06B).

É a propriedade de um equipamento que permite realizar movimento, é o

que move a vida moderna (Aluno 19C).

Energia é a fonte para nossa sobrevivência, pois sem ela não seria possível

a existência de vida na Terra. E sem a fonte principal, o Sol, nada existiria.

Nós a usamos no nosso cotidiano para fazer quase tudo. E energia tem

relação com o meio ambiente, pois a geração de energia em qualquer tipo

de usina causa grandes impactos ambientais (Aluno 22B).

Foi apresentado, aos alunos, dados do Ministério das Minas e Energia sobre

a composição da matriz de energia nacional (Quadro 3). A partir desses dados

solicitou-se aos alunos que elaborassem um texto com comentários sobre a variação

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ocorrida em cada uma das formas de energia. No caso do petróleo e derivados, os

alunos foram questionados sobre qual a razão do percentual ser o mesmo apesar do

aumento da frota de veículos. Somente após a intervenção da professora os alunos

apresentaram respostas coerentes.

Quadro 3 – Matriz energética brasileira nos anos de 1970 e 2006.

Fonte de Energia 1970 (%) 2006 (%) PETRÓLEO E DERIVADOS 37,72 37,72 GÁS NATURAL 0,25 9,60 CARVÃO MINERAL E DERIVADOS 3,64 5,99 URÂNIO (U3O8) E DERIVADOS 0,00 1,62 HIDRÁULICA E ELETRICIDADE (*) 5,11 14,83 LENHA E CARVÃO VEGETAL 47,58 12,65 DERIVADOS DA CANA-DE-AÇÚCAR 5,37 14,60 OUTRAS RENOVÁVEIS 0,33 2,99

Adaptado de MME, 2007.

Vejamos duas delas:

Houve um aumento de consumo de energias renováveis e uma diminuição

de consumo de energias poluidoras. A sociedade brasileira de qualquer

nível deve conhecer melhor este assunto para poder exercer sua cidadania

ao participar das grandes decisões nacionais com relação a matriz

energética brasileira, onde predomina a hidráulica, a energia do petróleo, do

gás natural e agora do álcool, da cana de açúcar (Aluno 28C).

Uma boa parte da energia no Brasil teve mudanças significativas, mas na

parte de energia gerada por queima de combustíveis fósseis é preocupante,

porque a madeira usada não está sendo reposta e vai acabar. Mas surgiram

outras fontes de energia renováveis que correspondem a uma porcentagem

muito pequena (Aluno 32A).

Em outro momento, os debates em sala de aula e os relatos escritos sobre a

viagem de estudos a Usina Hidrelétrica Governador Parigot de Souza demonstraram

que os alunos não perceberam grandes modificações no ambiente, decorrentes da

instalação da usina. Isso pode ser justificado pelas características da construção, já

que o reservatório da usina situado no Rio Capivari está separado da central de

máquinas subterrânea, localizada em Antonina, por cerca de 22 km de túneis

escavados ao longo da Serra do Mar. O que mais despertou a atenção dos alunos

foi a beleza da paisagem na área externa da usina e as instalações da central

subterrânea que consideraram muito diferente do tipo de usina hidrelétrica que

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conheciam a partir de imagens de televisão ou de livros. Outro destaque dos relatos

escritos foi a informação de que como conseqüência da construção da hidrelétrica

ocorreu a união das águas dos rios Capivari no primeiro planalto, 830 metros acima

do nível do mar com o Rio Cachoeira, no litoral.

Figura 1: Fotos - Viagem de Estudos Usina Hidrelétrica Governador Parigot de Souza, Antonina - PR.

Os cartazes, desenhos, poesias e quadrinhos produzidos pelos alunos

durante as aulas demonstraram o fascínio pela obra de engenharia realizada na

década de 1960, os alunos também debateram as características históricas e a

importância da usina para o litoral do Estado do Paraná. Segundo David Ausubel

(2000) a aprendizagem de significados (conceitos) é a mais relevante para os seres

humanos.

A utilização de informações reais durante o desenvolvimento das aulas

favoreceu o entendimento das situações problemas, tornou mais acessível a

construção do conceito e facilitou a compreensão das relações matemáticas

envolvidas. É importante destacar a satisfação que a viagem de estudos gerou e

como repercutiu nas conversas entre os alunos por várias semanas. O

relacionamento e os laços de afetividade professor-aluno também foram estreitados

por meio da viagem de estudos.

A produção e a utilização de charges e quadrinhos como elemento central na

elaboração de enunciados de situações problemas, durante as aulas de Física

buscou o desenvolvimento do senso crítico, o domínio da linguagem científica, a

aplicação dos conteúdos em situações do dia-a-dia e a compreensão das teorias e

modelos científicos a partir de uma abordagem mais dinâmica e interessante para os

alunos. Santos e Trivelato (2003) afirmam que 80% dos estímulos que recebemos

estão ligados à visão e que a imagem também pode assumir papel importante sobre

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a opinião pessoal, pois se cria um efeito lúdico sobre aquilo que se observa. A

construção de texto informal e a ausência de conhecimento da ortografia segundo os

padrões das normas culta da língua foi observada nos cartazes, quadrinhos e tiras

elaborados pelos alunos.

Figura 2: Cartaz (Aluno 24C); pesquisa com embalagens plásticas.

Algumas questões regionais também foram abordadas, como por exemplo, o

investimento que o governo do Estado do Paraná vem realizando em pesquisas com

espécies vegetais com o objetivo de gerar Biodiesel, bem como a sua relação com o

aumento de preços de alguns produtos e, ainda a possível escassez de alimentos

devido ao crescimento de áreas plantadas exclusivamente para a produção final de

energia, como ocorre nitidamente com a cana-de-açúcar para produção de etanol.

Quando indagados sobre a importância dessas pesquisas verificamos

respostas vinculadas a argumentos alarmistas e até mesmo radicais.

Sim e não, o Paraná deve investir em biodiesel, mas tem que ver como para

não prejudicar outro ponto. Hoje por causa do biodiesel o mundo tem uma

crise de fome (Aluno 20D).

Podemos perceber no texto do aluno certo conhecimento acerca das

discussões mundiais sobre o aumento da área agrícola destinada à produção de

energia, porém sua argumentação ainda é precária e relaciona o problema da fome

no mundo apenas como conseqüência da produção de energia através da

biomassa.

Alguns textos utilizados durante as aulas discutiam as conseqüências para o

meio ambiente decorrente da produção, transmissão e consumo de diferentes fontes

de energia. Buscou-se durante a realização das tarefas aliar a realidade do aluno

com a problematização, a organização e as possíveis aplicações desse

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conhecimento em sua vida cotidiana. As questões e situações problemas

apresentadas procuraram explorar e ser compreendidas como situações que

abrangessem, além dos “tradicionais” problemas numéricos de Física, outras

situações que em favor da explicitação das concepções alternativas dos alunos, a

elaboração e verificação de hipóteses e, num estágio final, permitissem o

aprofundamento dos conteúdos configurando-se como desafios a serem vencidos.

Assim, os conteúdos curriculares foram desenvolvidos utilizando-se as atividades

diversificadas como uma “ponte”, visando a aprendizagem dos conceitos físicos

envolvidos em cada situação.

Considerações Finais

Verificou-se nos textos escritos pelos alunos, o conflito entre os conceitos

físicos, a linguagem cotidiana e as formulações matemáticas, além da dificuldade de

alguns deles em utilizar as unidades padrão para as grandezas físicas.

Os dados analisados permitiram afirmar ainda que o entendimento dos alunos

sobre a temática energia, na maioria das vezes se restringe a lembrança da energia

elétrica, mesmo quando outras formas de geração de energia são trabalhadas no

âmbito escolar. Alguns alunos reconhecem uma articulação entre a produção e o

consumo de energia e os problemas socioambientais. No entanto, para outro grupo

de alunos não há vínculo algum entre a utilização de equipamentos domésticos e os

problemas relacionados ao meio ambiente. Isso pode ser conseqüência de uma

escolarização que privilegia o raciocínio abstrato e matemático e que na maioria das

vezes não analisa os aspectos socioambientais envolvidos na produção e consumo

de energia.

Nas turmas onde a faixa etária era mais homogênea em relação ao fator

idade-série, o interesse na realização das atividades e a participação nas discussões

foram mais intensos. Em uma das turmas, em que a faixa etária dos alunos estava

acima da média, a participação foi pequena e a avaliação baseada na realização de

atividades não surtiu o efeito esperado. No entanto, os registros produzidos pelos

alunos foram muito ricos, pois ao se expressarem livremente, por meio da escrita,

desenhos, charges etc, foi possível perceber em que patamar se encontrava cada

aluno e que explicações eles forneciam para os problemas socioambientais ou para

os conceitos físicos estudados.

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Por outro lado, esta experiência nos proporcionou um repensar sobre as aulas

de Física no sentido de privilegiar situações e temáticas concretas que possam

proporcionar espaços de leitura, atividades diversificadas, construção de situações

problemas a partir de dados reais, pois a partir daí conseguiu-se aproximar um

pouco mais das idéias e concepções dos alunos.

Agradecimentos

Ao Prof. Msc. João Amadeus Pereira Alves pela amizade e competente orientação.

À Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) pelo apoio durante o período de

estudos.

À direção, professores e alunos do Instituto de Educação Estadual Professor Cesar

Prieto Martinez pelo apoio durante a realização das atividades.

À Secretaria de Estado da Educação do Paraná - Programa PDE pela oportunidade

de estudo e aperfeiçoamento profissional.

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ANEXOS

ANEXO A - Ficha de Reconhecimento do aluno

SÉRIE:

NOME:

DATA DE NASCIMENTO: ........../.........../..................... Nº DE IRMÃOS:.

NOME DOS PAIS:

MORA COM QUEM?

ENDEREÇO:

TELEFONE:

ESCOLAS ONDE JÁ ESTUDOU:

O QUE ESPERA DA ESCOLA?

O QUE GOSTA DE FAZER NOS HORÁRIOS DE FOLGA?

COM QUAL(IS) DISCIPLINAS TEM MAIS AFINIDADE?

GOSTA DE LEITURA? LEMBRA QUAL FOI O ÚLTIMO LIVRO QUE LEU?

EM QUE PROFISSÃO VOCÊ IMAGINA ESTAR ATUANDO E COMO SERÁ A SUA VIDA DAQUI A

DEZ ANOS?

O QUE VOCÊ SABE A RESPEITO DA PRODUÇÃO E CONSUMO DE ENERGIA NO BRASIL?

QUANTOS E QUAIS SÃO OS EQUIPAMENTOS DE SUA CASA QUE UTILIZAM ENERGIA PARA

FUNCIONAR?

VOCÊ ACREDITA QUE A PRODUÇAO E O CONSUMO DE ENERGIA É PREJUDICIAL AO MEIO

AMBIENTE? JUSTIFIQUE.

VOCÊ GOSTARIA DE VISITAR UMA USINA HIDRELÉTRICA?

ANEXO B - Pesquisa, observação e mapeamento da comunidade

OBJETIVOS

• Conhecer os ambientes da Escola, a Direção e Equipe Pedagógica.

• Levantar os problemas ambientais da escola e vizinhança.

• Apresentar sugestões para resolver ou minimizar os problemas levantados.

ALUNOS PARTICIPANTES:

SÉRIE:................................................................. DATA: ......../.........../.........................

Nome da Escola: .......................................................................................................................

Endereço: ...................................................................................................................................

CEP:............................. Fone: .................................... E-mail:......................................

Diretor: ................................................................................................................................

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Diretor Auxiliar:..................................................................................................................

Equipe Pedagógica:..............................................................................................................

Secretária:............................................................................................................................

Relate suas observações sobre as instalações físicas da escola. Condições das salas de aula,

banheiros, biblioteca, ginásio de esportes, refeitório, laboratórios, quadras e outros ambientes

internos. Relate também as condições de áreas externas, pátios, jardim etc.

Como é feita a coleta de lixo na Escola? Existe separação do lixo reciclável?

Os problemas observados têm alguma relação com a conservação do meio ambiente? Explique.

Proponha soluções viáveis para os problemas levantados. Como melhorar? O que fazer? Quem pode

realizar essas ações?

ANEXO C - Viagem de Estudos Usina Hidrelétrica Gov. Pedro Viriato Parigot de Souza

PROBLEMATIZAÇÃO

Conhecer uma usina hidrelétrica, seu funcionamento, importância histórica e estabelecer relação entre

o uso racional da energia e a conservação do meio ambiente.

OBJETIVOS

• Estimular alunos e comunidade escolar a relacionar-se de forma mais racional com o uso da

energia evitando o desperdício;

• Levar o aluno a compreender os conceitos físicos através do estabelecimento de correlações

entre os conteúdos curriculares, os conhecimentos científicos, os avanços tecnológicos e os

problemas ambientais;

• Possibilitar a interação do conteúdo das diferentes áreas trabalhando o conhecimento de

forma contextualizada, a partir do tema energia e meio ambiente.

INSTRUÇOES PARA COLETA DE DADOS

1) Identificar a importância da instalação dessa usina para o estado do Paraná.

2) Coletar dados históricos com relação ä construção e de geração da usina.

3) De que forma a construção afetou a população local? Pontos positivos e negativos.

4) Como o empreendimento afetou o meio ambiente?

5) Que soluções a Copel adotou para resolver os problemas ambientais?

6) Procurar registrar a visita com dados escritos, fotos e vídeos.

7) Entregar relatório com os levantamentos para a professora.

Sugestão: pesquisar antecipadamente no site da Copel <www.copel.com> e verificar as dúvidas

para que possam ser resolvidas com os guias no dia da visita.

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ANEXO D - Pesquisa Experimental com Embalagens Plásticas

Leitura do texto: “Plástico biodegradável já é fabricado no Brasil”

Turma: Alunos integrantes do grupo:

Pesquisa no local de coleta do material (sacolas plásticas).

1) Nome e endereço completo da empresa pesquisada

2) Nome do responsável pelas informações

3) Tempo de decomposição indicado pelo fabricante

4) Nº de sacolas consumidas mensalmente na empresa

5) Os consumidores costumam levar sacolas de casa?

6) Por que a empresa optou ou não pelo uso das sacolas plásticas biodegradáveis?

7) Que outras soluções ou projetos relacionados ao meio ambiente existem na empresa?

Procedimento experimental

Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Amostra 4

Aberta e em contato

direto com a superfície

Amassada e em contato

direto com a superfície

Aberta e enterrada

a cerca de 10 cm

Amassada e enterrada

a cerca de 10 cm

Importante: Escolher local com boa ventilação, sombreado e com umidade.

Fazer a verificação das condições das amostras a cada final de bimestre (realizar anotações,

registros fotográficos e de imagens das amostras).

ANEXO E – ATIVIDADES MATERIAL DIDÁTICO PEDAGÓGICO 1) No quadro abaixo estão especificados os tipos de energia renováveis. Complete o quadro, fazendo

um levantamento onde os diferentes tipos de energia podem ser utilizados e de onde elas provêm:

Tipos de energia renováveis De onde provêm? Onde são utilizadas? Pontos positivos e negativos de sua

produção e consumo Biomassa

Eólica

Geotérmica

Solar

Hídrica

Ondas marítimas

Célula a combustível

2) Converse com seus pais sobre a crise energética ocorrida no ano de 2001. Boa parte da

população brasileira foi forçada a diminuir o consumo de eletricidade em cerca de 20% para evitar o

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risco de um apagão. Os baixos níveis dos reservatórios de água, associados à predominância da

geração através de hidrelétricas, levaram a um racionamento de eletricidade.

a) Faça uma lista do que deixa de funcionar em uma cidade durante a falta de energia elétrica.

b) Faça um texto sugerindo algumas propostas para o setor de eletricidade que atenda aos interesses

da população carente e que diminua os impactos ambientais.

3) O que é energia para você? Você acredita que existe relação entre o uso da energia e a

preservação do meio ambiente? Explique.

4) É importante evitar o desperdício de energia. Você tem realizado alguma ação nesse sentido?

Sugira algumas ações que podem ser realizadas em sua escola para contribuir com o desperdício de

energia.

5) Você acredita que haja alguma relação entre a falta de energia, a escassez de água no mundo e o

planejamento familiar?Justifique.

SITES CONSULTADOS A Física na Escola. Disponível em: <htpp://www.sbfisica.org.br/fne>. Acesso em: 11 mar 2007 Agência Estadual de Notícias. Programa Paranaense de Biodiesel. Disponível em: <http://www.agenciadenoticias.pr.gov.br/modules/news/article.php?storyid=21577>. Acesso em: 21 jul 2006. ANEEL. Agência Nacional de Energia Elétrica. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/15htm>. Acesso em: 07 out 2007. Com Ciência. Energia e Meio Ambiente. Disponível em: <http://www.comciencia.br/reportagens/energiaeletrica/energia12.htm> Acesso em: 11 mar 2008. COPEL. Disponível em: <http://www.copel.com>. Acesso em: 12 jun 2007. DIA A DIA EDUCAÇÃO. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br>. Acesso em: 07 out 2007. INB. Indústrias Nucleares Brasileiras. Disponível em: <http://www.inb.gov.br>. Acesso em: 12 jun 2007

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ITAIPU BINACIONAL. Disponível em: http://www.itaipu.gov.br/. Acesso em: 01 dez 2007. Propostas para o Ensino de Física. Disponível em: <http://www.ensinodefisica.net/>. Acesso em: 11 mar 2008. RECICLAVEIS - Plástico biodegradável já é fabricado no Brasil. Disponível em: <http://www.reciclaveis.com.br/noticias/00310/0031008plastico.htm>. Acesso em: 11 mar 2008. Revista do Departamento de Geografia. Disponível em: <http://www.geografia.fflch.usp.br/publicacoes/RDG/RDG_16/Jos%C3%A9_Bueno_Conti.pdf>. Acesso em: 02 out 2007.