energia e meio ambiente: interface imprescindÍvel … · energia com outros conteúdos...
TRANSCRIPT
ENERGIA E MEIO AMBIENTE: INTERFACE IMPRESCINDÍVEL NO ENSINO DE FÍSICA EM SALA DE AULA
Renéia Coelho Corrêa1; João Amadeus Pereira Alves2
1Professora SEED PR – [email protected]; 2 Professor Msc. DEMET/UEPG-PR – [email protected] Resumo: Sob uma perspectiva de introduzir discussões sobre questões socioambientais relacionadas à produção e à utilização de Energia no ensino de Física, neste trabalho são analisadas alternativas metodológicas voltadas a diversificar a abordagem dos conteúdos curriculares por meio da inserção de um conjunto de diferentes atividades educacionais, tais como: levantamento de questões ambientais no interior da escola; viagem de estudos a uma usina hidrelétrica subterrânea; pesquisas e atividades experimentais relacionadas à energia; análises de textos científicos e reportagens; elaboração de folder educativo etc. Tais alternativas implementadas objetivaram despertar nos alunos o interesse pelo conhecimento científico inerente à energia e suas relações com a Tecnologia, a Sociedade e o Ambiente em favor da formação de uma consciência crítica quanto às questões socioambientais. Para tanto, procurou-se analisar a relação que a energia apresenta com a Sociedade desde os primórdios da humanidade. Estiveram envolvidas com essas atividades quatro turmas de primeira série do Ensino Médio, de uma escola estadual do município de Ponta Grossa, estado do Paraná (Brasil). Com tal abordagem metodológica, objetivou-se contribuir para a formação de cidadãos críticos a partir de uma visão mais ampla da Física, fundamentada por aspectos éticos e colaborativos diante das implicações socioambientais contemporâneas. A seqüência de atividades melhorou o entendimento acerca do conceito de energia pelos alunos, mas constatou-se a dificuldade dos mesmos em relacionar a energia com outros conteúdos curriculares de Física, bem como com os problemas socioambientais, o que exige do professor repensar e reconstruir a sua prática educacional. Palavras-chave: Energia, Ensino de Física, Problemas Socioambientais.
ENERGY AND ENVIRONMENT: INDISPENSABLE INTERFACE ON TEACHING PHYSICS EDUCATION IN THE CLASSROOM
Abstract: In a perspective for introducing discussions about issues in social and environmental problems associated to production and utilization of Energy in teaching physics, this study was carried out to investigate some alternative methodologies focused on diversifying the approach of curriculum through the insertion of different educational activities, such as: collection of environmental issues into the school, study trip to an underground hydroelectric power plant, research and experiments related to energy, analysis of scientific texts and news, elaboration of educative folders etc, which could stimulate the interest of students for scientific knowledge about energy and its relationship with technology, society and environment, supporting a formation of critical consciousness in social and environmental problems. There fore, a relationship between energy and society, since the beginning of humanity, was analyzed. Four classes of first grade from a public high school in Ponta Grossa - PR were involved in these activities. The aim of this methodological approach was to contribute to a citizen formation using a wide view of physics, based on ethic and mutual aspects in front of contemporary social and environmental implications. These activities improved the understanding of concepts of energy among students, but also their problems in relating energy to other physical subjects was observed, as well as with social and environmental problems, which demands a second thought and reconstruct teacher’s educational practices. Key words: Energy, Teaching Physics, Social and Environmental Problems.
2
Introdução
A energia é um dos conceitos centrais do currículo de Ciências Naturais na
Educação Básica, mas antes disso é o componente, o “ingrediente”, essencial para a
existência e manutenção da vida. Na sociedade moderna, a demanda por esse
recurso é ainda maior, pela expansão populacional humana, bem como pela
crescente exigência desse recurso, para fins de locomoção rápida, conforto,
segurança etc.
O significado e as aplicações do termo “energia” são tantos, que por vezes
nas escolas são produzidas confusões quanto às grandezas, idéias e conceitos
distintos envolvidos, tais como: força, potência, atividade física, poder calórico dos
alimentos etc.
Entre os conceitos físicos necessários à compreensão dos alunos da
Educação Básica, o de energia pode ser considerado um dos mais complexos,
inclusive no que diz respeito ao seu ensino, por diversas razões. Sendo que uma
delas pode ser pelo fato de a “energia” apresentar vasta significação no discurso da
população e também porque as diferentes disciplinas escolares fornecem distintos
enfoques ao termo. Portanto, conceituá-lo com clareza em Física exige uma boa
“limpeza do terreno”.
Além disso, quase sempre a energia é estudada ou analisada de forma
superficial enfatizando-se alguns tipos, como a energia cinética e potencial ou
idealizando-se situações que visam facilitar sua compreensão, mas que acabam
incutindo idéias e conceitos irreais, os quais permeiam e até solidificam no tempo de
escolarização do aluno na Educação Básica.
Em Física, a aprendizagem deste grande conceito envolve um alto grau de
abstração, além de conhecimentos em várias sub-áreas da Física, como mecânica,
termodinâmica e eletricidade. Não raro, a idéia de energia relatada pelos alunos se
restringe a fatos relacionados à energia elétrica. Também se observa grande
dificuldade em estabelecer correlações entre os conteúdos curriculares relacionados
à energia, os conhecimentos científicos, os avanços tecnológicos com os problemas
socioambientais.
Para Bunge (2000), o conceito de energia da forma como é apresentado nos
livros e ensinado nas escolas torna-se abstrato e pouco informativo para os alunos.
Ainda, segundo Romero (2003) o tipo de aprendizagem de Física que acontece na
maioria das situações pode ser resumido a um aglomerado de equações que deve
3
ser misturado a um grande conjunto de dados que supostamente resultarão nas
respostas de problemas propostos.
Para tentar romper com esse modelo tradicional de ensino é necessário
priorizar os conceitos físicos, as suas inter-relações e a contextualização, que
considere os saberes e a cultura do aluno como ponto de partida do processo
pedagógico. O professor deve ser o responsável pela mediação entre o saber
escolar e as experiências provenientes do cotidiano dos alunos. Estas, por sua vez,
devem ser aproveitadas no processo ensino-aprendizagem. Desse modo, “quanto
mais próximos estiverem o conhecimento escolar e os contextos presentes na vida
pessoal e no mundo no qual eles transitam, mais o conhecimento terá significado”
(SEED-PR, 2000, s/d).
Segundo Oliveira e Carvalho (2007), se as atividades de conhecimento físico
tornarem-se significativas para os alunos, as ações a partir delas também o serão,
tornando assim a linguagem escrita parte de uma ação a ser compreendida por eles.
Considerando as dificuldades encontradas pelos alunos e professores em
relação ao ensino de Física, entende-se como relevante a possibilidade de realizar
atividades que objetivem melhor entendimento de diferentes aspectos relativos à
energia e aos problemas socioambientais a ela atrelados. Neste trabalho, parte de
uma das atividades desenvolvidas no Programa de Desenvolvimento Educacional do
Estado do Paraná (PDE), procurou-se analisar o desempenho de alguns alunos
durante o desenvolvimento de uma seqüência didática de atividades abordando o
tema energia. Segundo Zabala (1998), seqüência didática é um conjunto de
atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos
objetivos educacionais.
A interface entre Energia e as Questões Socioambientais
Atualmente vive-se um período de crise centralizado no tema energia. A
discussão sobre o fim dos combustíveis fósseis e sua substituição gradativa por
novas fontes tem sido abordada constantemente nos diferentes meios de
comunicação e por especialistas da área energética (físicos, economistas, ecólogos,
engenheiros etc). A escola deve incorporar essas informações no desenvolvimento
curricular para que, efetivamente, o aluno possa desenvolver-se como cidadão
crítico, atuante no meio em que vive.
4
Segundo Giroux (1995), ao analisar toda a gama dos lugares diversificados e
densamente estratificados de aprendizagem, tais como a mídia, a cultura popular, o
cinema, a publicidade, as comunicações de massa, entre outras, os Estudos
Culturais ampliam nossa compreensão do pedagógico e de seu papel fora da
escola. Nesse sentido, os Estudos Culturais da Ciência indicam na educação as
possibilidades para a formação de uma escola mais democrática, que considere os
conhecimentos históricos, políticos e sociais da comunidade. De acordo com Cruz e
Zylbersztajn (2001), numa perspectiva educacional abrangente, o papel mais
importante a ser cumprido pela educação formal é o de habilitar o aluno a
compreender a realidade (tanto do ponto de vista dos fenômenos naturais quanto
sociais) ao seu redor para que possa participar ativamente da sociedade na qual
está inserido.
Para Hage (2008), no século XX e no atual os conflitos e disputas por posses
de estoques energéticos têm sido constantes. Os embates existentes há tempos no
Oriente Médio e Ásia Central são uma amostra disso e, as grandes potências
industrializadas, com crônica pobreza em hidrocarbonetos, direcionam seus poderes
para as áreas externas em que ainda pode haver grandes estoques de petróleo.
O Brasil tem procurado aumentar sua disponibilidade de energia para garantir
maior progresso econômico e, talvez isso possa reverter em ações que melhorem as
condições de vida da população mais pobre.
A busca pela auto-suficiência em petróleo é uma política tradicional do setor
energético, porém, no passado a política apresentada esteve baseada na
necessidade de reduzir gastos financeiros com importação apenas.
Nesse sentido, para Goldemberg (2005), à medida que o problema da
importação perdeu importância graças à grande produção interna de petróleo, é
apropriado considerar outros fatores. A produção e o consumo de energia são
ambientalmente impactantes, mas os padrões atuais de consumo podem ser
melhorados, estimulando o uso mais eficiente de energia e a transição de fontes
fósseis de energia para fontes renováveis. A empresa brasileira Petrobras vem
deixando de atuar exclusivamente com petróleo para tornar-se uma empresa
integrada de energia no sentido mais amplo. Com isso, ela vem ampliando
gradativamente sua atuação em fontes de energia renováveis, como solar, eólica,
biomassa etc buscando a diversificação da matriz energética brasileira.
5
Incorporar essas informações no universo escolar é primordial para ampliar a
atuação social e crítica dos alunos sob o horizonte de transformação de sua vida e
do meio que os cerca.
A Energia e os conteúdos curriculares de Física
Há cerca de uma década, o Congresso Nacional brasileiro promulgou a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996 –
que estabelece o Ensino Médio como etapa final da Educação Básica, voltada para
o aprimoramento do educando em sua formação ética, autonomia intelectual e
pensamento crítico. Também a referida Lei propôs destaque à educação tecnológica
básica, à compreensão da ciência, do processo histórico de transformação da
sociedade etc. No entanto, é preciso admitir que não é tarefa simples para os
professores e outros profissionais envolvidos com a educação cumprir os termos da
Lei, em especial no que concerne à necessária adequação curricular e de
preparação dos docentes para que se possa promover um aprendizado e uma
avaliação condizente com o esperado pela Lei.
As Diretrizes Curriculares de Física para o Ensino Médio (PARANÁ/SEED,
2008), consideram que para entender Ciência é necessário perceber que o meio
social e os avanços técnicos e científicos se inter-relacionam. Considerando a
Ciência como uma produção cultural é preciso ainda localizar os conteúdos
curriculares num contexto social, econômico, cultural e histórico onde o professor
aborde os fenômenos físicos sob ênfase qualitativa, como uma Ciência em
construção, sem perder de vista a consistência teórica. Assim, elas consideram
importante também que o aluno compreenda a evolução dos sistemas físicos, suas
possíveis aplicações e influências na sociedade, destacando-se sempre a não
neutralidade da produção científica. No entanto, as Diretrizes não enfocam
diretamente a necessidade de tratar das questões socioambientais relacionados à
energia no currículo escolar.
A motivação que resultou na escolha do tema “Energia e suas Implicações
Socioambientais” para investigação ocorreu por várias razões: em primeiro lugar
porque se trata de um conceito central no ensino de Física; em segundo lugar, a
vivência profissional da professora/pesquisadora, com experiência no ensino
tradicional, mas ciente das dificuldades dos alunos em aprenderem sobre energia;
em terceiro lugar, a energia atualmente é uma das mais importantes commodities e
6
a escola deve incorporar temas atuais ao seu currículo, inclusive quando o apelo
econômico é grande. Em resumo, sintetiza-se esses interesses a partir do que expõe
Delizoicov (2005), para o qual o conhecimento trabalhado na escola deve ter a
função de instrumentalizar o aluno para a sua melhor compreensão e atuação na
sociedade contemporânea.
Segundo Silva e Carvalho (2002), a complexidade que envolve a problemática
ambiental é bastante ampla, porém, isso quase não tem sido objeto de preocupação
na Educação Básica, por várias razões, dentre elas é possível citar: a ausência de
discussões mais aprofundadas na formação inicial do professor; a dificuldade no
acesso pelos professores aos cursos de formação continuada, que apresentem tal
preocupação e; a dificuldade na integração entre docentes no estudo consistente e
posterior produção de trabalhos que auxiliem no processo ensino-aprendizagem.
Para Angotti e Auth (2001), nos currículos, as metodologias e os processos
pedagógicos priorizados no espaço escolar tendem a encarar a problemática
ambiental sob uma visão naturalista e quase romântica, sem considerar dimensões
fundamentais como a perspectiva histórica, a educação para um presente e futuro
de melhor qualidade de vida para todos, o caráter relacional da dimensão ambiental
e as representações sociais de natureza e meio ambiente. Percebe-se que em
muitos casos prevalece entre os alunos a idéia de separação homem-natureza.
Krasilchik (2000) afirma que entre os anos de 1960 e 1980, as crises
ambientais, o aumento da poluição, a crise energética e a efervescência social
manifestada em movimentos como a revolta estudantil, as lutas anti-segregação
racial e por igualdade social determinaram profundas transformações nas propostas
das disciplinas em todos os níveis de ensino. No entanto, os professores em classe
ficaram cada vez mais afastados tanto do centro de decisões políticas como dos
centros de pesquisa.
Silva e Saad (1998) observaram que o professor de Física tem, na maioria
das vezes, o livro didático ou um material apostilado como principal ou até o único
instrumento didático. Porém, de modo significativo, nos livros didáticos de Física não
aparecem atividades educativas relevantes ligadas a debates acerca do significado
do conhecimento científico para a nossa sociedade. Mover a prática educativa para
direções que permitam ao aluno e a ao professor múltiplos olhares é, portanto, algo
que precisa ser planejado, analisado e avaliado pelo próprio professor. Mas isso
necessita ser desenvolvido por todos os participantes da prática educacional –
principalmente o professor e os seus alunos.
7
Segundo Furukawa (1999) existem visíveis lacunas no ensino de Física, pois
este se apresenta basicamente livresco, desprovido de atividades experimentais e
sem relação com o cotidiano do aluno. Como, de maneira geral, os livros didáticos
têm definido o conteúdo e os procedimentos de trabalho do professor, é provável
que a maioria dos docentes não esteja incorporando outros elementos na prática
educativa, além daqueles sugeridos pelos livros ou materiais apostilados. Daí a
importância de o professor planejar e produzir seus conhecimentos pedagógicos,
buscando ampliar as possibilidades, a criatividade e a capacidade de seus alunos.
A Energia e sua relação com a Mídia
Muitas vezes temas atuais relacionados à energia são abordados pela mídia
de forma simplificada, rústica e sensacionalista, passando até mesmo a imagem de
que as questões energéticas estão distantes da vida das pessoas. Uma mídia não
especializada e de conteúdo perecível, portanto, desafinada com assuntos
científicos privilegia na maioria das vezes a comercialização da notícia tão somente,
contribuindo para a desinformação e o desconhecimento da população. Assim, o
papel da escola assume maior responsabilidade, pois é necessário inclusive
combater o senso comum fortalecido por tais veículos.
Nesse contexto, o professor de Física e os seus alunos deparam-se com
veiculações da mídia sobre temas como: os efeitos nocivos da radiação ultravioleta,
a crise mundial no abastecimento de água, o fim anunciado dos combustíveis
fósseis, o efeito estufa, os testes nucleares bélicos, a chuva ácida, o crescente
processo de extinção de espécies da fauna e da flora, energias alternativas etc. Na
maioria das vezes, essas veiculações são abordadas de modo descompromissado,
sem qualquer percepção firme que estabeleça relação com as suas vidas, seu
cotidiano. Sobretudo, se deparam com tais assuntos sem que haja uma
sistematização e uma rigorosidade necessárias quando se há um interesse
educativo para a população e que favoreça uma prática pedagógica crítica
(GIROUX, 1986).
Fora do ambiente escolar, os alunos encontram um mundo cada vez mais
carregado por informações sobre temas sócio-científicos. São informações oriundas
das fontes mais variadas, mas que não lhes permitem ter condições de julgar sua
veracidade, impedindo assim a definição de posição sobre as questões informadas,
de maneira que não podem tomar decisões sobre como estão agindo (AIKENHEAD,
8
1988). Pode-se observar ainda que as questões éticas, políticas, ambientais, sociais
e econômicas relacionadas aos diversos aspectos do conhecimento não são, em
geral, apresentadas pelos diferentes meios de comunicação ou pela escola (LEMKE,
2000).
Nas escolas, problemas internos são pouco ou nunca discutidos. A iluminação
deficitária dos ambientes, o desperdício de água em torneiras, ambientes sem
ventilação e que geram aquecimento excessivo no verão e resfriamento demasiado
no inverno, o destino dos resíduos produzidos etc, se configuram cada vez mais
como situações recorrentes na maioria das escolas públicas, bem como em suas
vizinhanças. No entanto, quase nada disso é levado em conta no processo
educativo, são questões marginalizadas à prática docente. Desse modo, afetam o
desempenho educacional e a qualidade de vida dos alunos, professores e outros
envolvidos com esses estabelecimentos.
Implantando atividades diversificadas no ensino de Física
A literatura decorrente de pesquisas educacionais tem revelado a importância
da utilização das diversas formas de expressão cultural como instrumento para que
os alunos venham a dominar o discurso racional comunicativo da Ciência. Para
Angotti e Auth (2001), o desafio é envolver e comprometer os professores em
atividades colaborativas, para inquietá-los e desafiá-los em suas concepções de
Ciência, de “ser professor” e em suas limitações nos conteúdos e nas metodologias.
Espera-se que ao inserir alguns aspectos da temática ambiental no ensino de
Física o professor possa criar um ambiente de discussão para que os alunos
possam refletir e debater sobre a complexidade das questões socioambientais
relacionadas à energia e compreender sua relação com os conteúdos curriculares de
Física.
Segundo Carvalho (2001, apud OLIVEIRA e CARVALHO, 2007), falar, ouvir e
procurar uma explicação sobre os fenômenos, depois escrever e desenhar, isto é, se
expressar em diversas linguagens, solidifica e sistematiza os conceitos aprendidos.
Dessa forma, têm sido pesquisados e empregados como recursos de ensino,
diferentes materiais que integram a vivência do aluno fora do espaço escolar. Dentre
eles, os textos literários, letras de música, poesias, filmes de ficção científica,
anúncios, jornais, charges e histórias em quadrinhos.
9
Ao analisar com os alunos, os princípios científicos que se encontram
presentes em um filme de ficção, quadrinho, tiras de humor etc, se está muitas
vezes, aproximando as experiências vividas por eles, daquilo que vem sendo
produzido pela humanidade onde quase sempre há uma explicação baseada em
conceitos produzidos pelo senso comum. Justificar um fenômeno científico dentro de
uma visão mais elaborada, hierarquizada em relação à evolução histórica que o
conceito experimentou até atingir uma versão aceita pela comunidade científica,
pode ser uma forma criativa e interessante de desenvolver o aprendizado.
As viagens de estudo ou turismo pedagógico, termo muito utilizado
atualmente, também podem se constituir numa estratégia de aprendizagem bem
sucedida quando planejada e programada com antecedência e coerência educativa.
As viagens incluem pelo menos três momentos de aprendizagem: o planejamento,
fase de organização, da elaboração de regras e da pesquisa sobre o local a ser
visitado; a execução, através da observação e coleta de dados, do prazer de
observar uma paisagem; das atividades de retorno, através da sistematização de
conhecimentos, de montagens de relatórios, de organização de painéis com fotos,
desenhos e textos.
Segundo Angotti e Auth (2001), atividades como a visita a um bosque, a uma
usina hidrelétrica, ao local de tratamento do lixo não são significativas em si, mas
poderão fazer sentido se estiverem vinculadas ao currículo escolar e a uma nova
visão de mundo.
O trabalho didático pedagógico e as problematizações a partir de diferentes
atividades devem permitir a apreensão dos conceitos, leis e relações da Física, bem
como sua aproximação com fenômenos ligados a situações vividas pelos alunos.
Para Delizoicov (2005) o ponto culminante de uma problematização é fazer com que
o aluno sinta necessidade da aquisição de outros conhecimentos que ainda não
detém.
Assim, torna-se urgente a pesquisa e o desenvolvimento de alternativas
metodológicas diversificadas, com a intenção de dinamizar as aulas, motivando os
alunos a participarem ativamente na construção do próprio conhecimento, além de
oferecer uma opção diferente para a prática pedagógica diária dos professores.
10
A Metodologia
Buscando introduzir metodologias diversificadas para auxiliar o desempenho
escolar dos alunos e facilitar a compreensão do conceito de energia, analisaram-se
algumas questões relacionadas às várias formas de apropriação de energia pelo
homem: aspectos históricos, políticos, econômicos e sociais, envolvidos no
desenvolvimento de novas tecnologias de produção, transmissão e consumo de
energia e sua relação com os problemas socioambientais. Assim, algumas
atividades ligadas ao tema escolhido foram desenvolvidas ao longo de um semestre
e interligadas com os conteúdos curriculares previstos no Planejamento Anual
(Quadro 1). A maioria das atividades foi desenvolvida durante os horários de aula.
Neste trabalho, durante a coleta dos dados, optou-se pelo uso de
instrumentos escritos. Nesse caso, as produções escritas dos alunos sobre as
atividades desenvolvidas se constituíram como um material importante ao processo
de análise. Esses registros serviram, ainda, para avaliar como os conteúdos
trabalhados foram abstraídos e compreendidos pelos alunos, pois como afirmam
Oliveira e Carvalho (2007), “a escrita, como instrumento cognitivo tende a ser uma
ferramenta discursiva importante por organizar e consolidar idéias rudimentares em
conhecimento mais coerente e bem estruturado”.
Quadro 1 - Relação das atividades desenvolvidas
1 – Levantamento do perfil dos alunos envolvidos no estudo
2 – Visita exploratória na escola e seus arredores
3 – Palestra - profissional da Compagás (Companhia Paranaense de Gás) – Tema: O gás natural
4 – Atividades - Dia Mundial da Água
5 – Viagem de Estudos – Usina Hidrelétrica Governador Parigot de Souza e as cidades de Antonina e Morretes
6 – Exibição de fotos e vídeos realizados durante a Viagem de Estudos
7 – Relato da visita e produção de trabalhos (cartazes, charges, quadrinhos e desenhos)
8 – Trabalhos com textos e reportagens
9 – Pesquisa experimental com sacolas plásticas biodegradáveis
10 – Exibição de vídeo sobre a evolução histórica da produção de energia elétrica
11 - Atividades com o material didático Folhas “O que a energia tem a ver com a extinção dos dinossauros?”
12 – Palestra com profissional de Meio Ambiente
13 – Elaboração de folder com sugestões ambientais
14 – Exposição e socialização dos trabalhos realizados com os alunos, professores e funcionários da escola
11
As aulas iniciais estiveram vinculadas a duas atividades: na primeira, os
alunos responderam a um questionário relatando dados pessoais; suas
expectativas com relação à escola e a continuidade de seus estudos; na segunda,
eles realizaram uma visita exploratória aos diferentes ambientes da escola e suas
imediações para iniciar as discussões sobre as questões ambientais e estabelecer a
idéia inicial dos alunos sobre energia.
A metodologia de trabalho foi delineada conforme às condições físicas e
pedagógicas disponíveis para que o processo ensino-aprendizagem pudesse ocorrer
de forma satisfatória. Os alunos trabalharam durante as aulas com materiais de
apoio disponibilizados pela professora e com outros referenciais. A leitura de textos
técnicos e científicos sobre o tema Energia e Meio Ambiente e a produção de
charges, cartazes, poesias e quadrinhos relacionados ao tema energia foram
explorados em momentos específicos do trabalho.
Os alunos participaram de uma palestra com um profissional da Compagás
(Companhia Paranaense de Gás) sobre o tema “O gás natural”. A rede de
distribuição de gás natural estava iniciando obras na cidade e a empresa solicitou à
escola espaço para divulgar informações sobre essa fonte de energia. Assim,
aproveitando a oportunidade, introduziu-se o estudo das fontes de energia (Atividade
3).
No Dia Mundial da Água foi apresentado aos alunos um texto com dicas para
o uso racional da água, um gráfico com a distribuição e a disponibilidade de água
doce na Terra e a letra e áudio da música “Planeta Água”, de Guilherme Arantes.
Durante a realização da atividade procurou-se destacar a importância da
conservação da água, inclusive para a geração de energia elétrica através das
hidrelétricas (Atividade 4).
Cerca de oitenta alunos participaram de uma viagem de estudos a uma
Usina Hidrelétrica Subterrânea (em 10 e 15 de abril), situada na Serra do Mar, no
município de Antonina, Estado do Paraná, a cerca de 220 km do município de
residência deles. Com planejamento prévio, essa atividade foi possível porque os
próprios alunos custearam a viagem. Ela propiciou o estudo das características da
Usina, seus aspectos técnicos, históricos, sociais, econômicos e ambientais, além
das normas da Empresa para a visitação. Foram realizadas duas viagens porque o
limite máximo diário de visitantes é de 45 pessoas sendo que cada grupo de 10
alunos foi acompanhado por um professor da escola. Durante a visita nessa Usina,
houve: a exibição de vídeo institucional da empresa; a explanação de um funcionário
12
técnico, inclusive utilizando-se de um folder institucional distribuído aos alunos, os
quais puderam esclarecer dúvidas, permitindo a eles a confecção de um relatório
escrito com questões sugeridas pela professora, com antecedência. É importante
dizer que essa atividade de visita de estudos foi realizada em conjunto a disciplina
de Geografia.
A exibição de fotos e vídeos realizados durante as viagens de estudos serviu
como incentivo para a produção de trabalhos e socialização da atividade, já que nem
todos os alunos participaram da viagem. Os alunos foram divididos em grupos, com
quatro pessoas cada, e realizaram pesquisas sobre questões envolvendo diferentes
tipos de energia, produção de cartazes, charges, quadrinhos e desenhos
(Atividades 6 e 7).
Os conceitos de energia cinética e potencial, as idéias de conservação de
energia mecânica a partir do funcionamento de uma usina hidrelétrica,
transformação de energia e trabalho também foram trabalhadas utilizando os dados
obtidos durante a viagem de estudos à usina hidrelétrica. Tais assuntos foram
retomados em outras ocasiões e utilizados nas atividades propostas aos alunos.
As atividades experimentais inicialmente planejadas para serem efetivadas
no laboratório de Física da escola foram adaptadas como atividades demonstrativas
em sala de aula, devido a dificuldades ocorridas após a interdição do prédio, onde
funcionava a escola, em razão da necessidade de reformas no telhado e na parte
estrutural. Isto ocasionou a necessidade de realocação dos alunos em outros
espaços alternativos. Os trabalhos de pesquisa programados também sofreram
adaptações e optou-se então, pelo uso de textos, reportagens de revistas, jornais e
outros materiais didáticos.
Em grupos, os alunos realizaram atividades com textos e reportagens e
responderam questões relacionadas à energia e aos principais impactos da indústria
energética, como a poluição atmosférica e o efeito estufa. Utilizou-se ainda debates
sobre a produção de eletricidade em hidrelétricas, termelétricas, usinas nucleares,
fontes alternativas de energia e os desafios para se continuar a expandir as
necessidades energéticas da sociedade com menores impactos ambientais.
As embalagens plásticas também foram objeto de estudo, por meio de uma
pesquisa experimental com sacolas plásticas oxibiodegradáveis. Os alunos
levantaram dados em supermercados da cidade sobre o padrão de sacolas plásticas
que estes utilizavam, além de outras informações como a quantidade consumida
mensalmente e os projetos relacionados ao meio ambiente que essas empresas
13
desenvolviam. De posse das informações, os alunos verificaram quais empresas
utilizavam sacolas plásticas biodegradáveis e coletaram amostras para a realização
de uma atividade experimental que objetivava comprovar se as informações
indicadas nas embalagens pelo fabricante, como os tempos para a decomposição
do material e os resíduos resultantes eram procedentes. As amostras recolhidas
foram dispostas a céu aberto e enterradas a cerca de 10 cm de profundidade e
monitoradas uma vez por mês. Até o presente momento (novembro de 2008), os
alunos estão acompanhando o processo e posteriormente serão coletadas amostras
do material em decomposição para análise dos resíduos. No entanto, a mudança de
local da escola comprometeu a atividade e para que ela não fosse interrompida, as
amostras foram colocadas no quintal da casa da professora e de alguns alunos.
Trechos de um vídeo sobre a evolução histórica da produção da energia
elétrica gravados pela professora foram utilizados para debater com os alunos o
processo histórico envolvendo a energia elétrica e como ela chegou às primeiras
cidades do Estado do Paraná (Atividade 10).
Com o material didático pedagógico produzido pela professora da turma, os
alunos realizaram leituras, análise críticas, debate e resoluções de questões
abordando diferentes fontes de energia e expressaram sua opinião sobre a relação
entre a energia e as questões socioambientais. O texto abordou questões como:
“Você acredita que existe alguma relação entre a falta de energia, a escassez de
água e o planejamento familiar?”.
Em outra atividade, os alunos auxiliados pela professora elaboraram um
folder educativo com dicas de consumo consciente, sugestões ambientalmente
corretas para a destinação de pilhas e baterias, informações sobre reciclagem,
divulgação das atividades desenvolvidas, etc. Esse material foi distribuído aos
alunos da escola, professores, funcionários e para a comunidade local durante a
socialização das atividades, que constou de uma exposição de fotos, cartazes,
desenhos e demais trabalhos realizados ao longo do semestre. As informações
apresentadas neste trabalho representam os registros escritos e análises de
algumas situações específicas vivenciadas durante a realização das atividades.
Discussão dos Resultados
O questionário inicial preenchido pelos alunos e o levantamento de dados
foram disponibilizados à equipe pedagógica e à direção da escola visando a
contribuição deles com os projetos que, dentre outros objetivos, buscam unir a
14
comunidade escolar e reduzir os índices de evasão e repetência. A visita
exploratória às dependências internas e externas da escola, com posterior
levantamento dos problemas relacionados à energia, conservação do meio ambiente
e das possíveis ações para solucioná-los (Atividade 2), foi realizada para que os
alunos conhecessem a escola e os arredores da mesma, uma vez que a maioria dos
alunos eram oriundos de outras escolas da região e estavam iniciando o Ensino
Médio na escola participante do trabalho.
Por meio da análise de dados e dos debates foi possível perceber as
dificuldades dos alunos em expressar seus pensamentos, seja por escrito ou
verbalmente, além da falta de sonhos, de uma meta de vida, para um futuro
profissional ou a continuidade dos estudos. Ao serem indagados:
“Em que profissão você imagina estar atuando e como será a sua vida
daqui a dez anos?”
Muitas foram as respostas em branco. Quando se manifestaram deram como
resposta “trabalhando e casado”. Pelo exposto, pode-se perceber que os alunos não
têm clareza da profissão que desejam exercer e do que almejam para sua família no
futuro. Outro objetivo do questionário era que os alunos percebessem que a escola
se preocupa com o seu futuro e quer auxiliá-los para que possam planejar com
autonomia e responsabilidade o seu futuro.
As observações realizadas pela maioria dos alunos em torno do ambiente
físico da escola mostraram a necessidade de se manter as lâmpadas, tanto dos
corredores quanto das salas de aulas, acesas durante o dia. Outra importante
observação levantada por eles foi a necessidade urgente de reformas nos telhados e
nos banheiros para evitar o desperdício de água. Percebeu-se nos relatos que os
alunos detectam os problemas, mas poucos apontam soluções ou se mostram
dispostos a colaborar. Talvez a ausência de discussões mais aprofundadas ou
exemplos de ações concretas na escola sejam fatores determinantes para a apatia
dos alunos quanto aos problemas ambientais no ambiente escolar. De acordo com
Angotti e Auth (2001) é necessário passar de uma visão simplista a uma visão mais
ampla onde o sujeito esteja integrado ao meio ambiente e ciente da necessidade de
sua conservação.
Na aula seguinte os alunos foram instigados a refletir por meio de algumas
questões sobre o assunto e, após um breve debate deveriam registrar por escrito
suas respostas. O quadro 2, apresenta alguns desses relatos.
15
Quadro 2: Questionamentos iniciais e as respostas escritas de alguns alunos.
O que você sabe sobre a produção de energia no Brasil?
“Eles (governo) produzem uma quantidade de energia e as pessoas usam sempre mais.”(Aluno 31A) “Aqui no Paraná existe uma grande usina hidrelétrica de Itaipu que é responsável pela metade da energia do Brasil.”(Aluno 14A) “Que existem vários tipos de energia não só a elétrica.” (Aluno 16B) “Sei que a maior parte da energia é produzida através das usinas hidrelétricas.”(Aluno 23C)
O que é energia para você?
“A energia é vital para a vida, pois precisamos dela para sobreviver.”(aluno 06B) “A energia é uma fonte que existe de várias formas, solar, elétrica, renovável e não renovável.” (Aluno 13A) “Para mim é força.”(Alunos 11C e 19C) “É toda e qualquer coisa que possua luz ou eletricidade. É um tipo de força que facilita a vida do homem.”(Aluno 24D) “Energia pra mim hoje é tudo, sem energia o homem volta a idade da pedra e energia se resume em eletrodoméstico, energia nuclear etc... e energia move quase tudo no mundo hoje.” (Aluno 30D) “É um módulo avançado da tecnologia que nos dá muitos benefícios, como a claridade e o aquecimento.”(aluno 14B)
Cite alguns equipamentos de sua casa que utilizam energia para funcionar. Eles poluem o meio ambiente? Explique de que forma?
“Rádio, TV e automóvel. O rádio e a TV aparentemente não poluem, agora o automóvel, seu combustível (gasolina) que produz o CO2.” (Aluno 18A) “Celular, TV, som porque gastam energia que é gerada da água.”(Aluno 05A) “TV, computador, rádio. Não, porque não poluem o ar.” (Aluno 09B) “Fogão, geladeira, prancha de cabelo, máquina de lavar roupas, chuveiro, TV, som. Eu acho que isso não polui o meio ambiente.” (Alunos 21B e 33C) “Liquidificador, geladeira, TV, rádio, chuveiro. Eles não poluem porque eles não queimam nem soltam fumaça ou vapor químico.”(Aluno 24D) “Computador, televisão lâmpada, geladeira etc. Eles poluem de um jeito diferente. Por ex: computador, televisão lâmpada e geladeira precisa de energia elétrica e pra isso tem que desviar rios pra construir usina hidrelétrica.” (aluno 30D)
Durante os debates em sala de aula e nos relatos escritos os alunos
levantaram alguns aspectos históricos sobre as fontes de energia e a idéia de que o
ritmo acelerado da mudança tecnológica e a vida moderna tornaram as pessoas
cada vez mais dependentes e consumidoras de energia. A poluição gerada pelo uso
dos equipamentos domésticos e a substituição das fontes fósseis por renováveis
também foram relatadas, porém em alguns casos percebeu-se que os alunos não
relacionam o uso dos equipamentos domésticos que utilizam energia com a poluição
ambiental.
Os relatos indicaram ainda que as informações dos alunos acerca da energia
são quase sempre associadas à energia elétrica e que no Brasil há predominância
de geração de energia elétrica por meio das hidrelétricas. Todavia, não apareceram
nos relatos ou debates um conceito mais elaborado para energia. O quadro 2,
apresenta respostas discrepantes, com pouca veiculação ao significado de energia
do ponto de vista escolar . Isso reflete a fragmentação do conhecimento dos alunos
16
sobre o assunto. Essa situação pode ser conseqüência da maneira como esse
conteúdo é trabalhado nas séries iniciais.
O fato dos alunos utilizarem os termos força e energia como sinônimos já foi
relatado em pesquisas de Driver e seus colaboradores (1994). Esses autores
destacam que há uma grande vinculação quando os alunos analisam os conceitos
de energia e força. Já, Barbosa e Borges (2006), em estudo realizado com
estudantes do primeiro ano do Ensino Médio de uma escola pública verificaram que
os alunos concebem energia como algo que tem existência material e que exibe
propriedades típicas de substâncias, o que está em desacordo com os conceitos da
Física e indica a idéia de calórico vigente no século XIX.
Nas aulas seguintes, alguns alunos de cada turma apresentaram suas
respostas ao grande grupo na busca de uma resposta consensual e mais
significativa do ponto de vista físico. Cabe dizer ainda que durante os debates, o
papel de mediador ficou a cargo da professora que conduzia os trabalhos de forma
que os alunos percebessem a evolução dos conceitos físicos como uma construção
histórica, resultado de um embate de idéias e experiências humanas. Em uma
avaliação individual escrita, as questões foram retomadas e a maior parte dos alunos
formulou um conceito mais coerente do ponto de vista físico, mas uma relação mais
ampla com o meio ambiente ainda não foi observada. Vejamos alguns recortes das
inferências de determinados alunos:
Energia é a capacidade de poder realizar uma tarefa, pode ocorrer de
diversas formas, pode ser transformada ou convertida em outro tipo (Aluno
06B).
É a propriedade de um equipamento que permite realizar movimento, é o
que move a vida moderna (Aluno 19C).
Energia é a fonte para nossa sobrevivência, pois sem ela não seria possível
a existência de vida na Terra. E sem a fonte principal, o Sol, nada existiria.
Nós a usamos no nosso cotidiano para fazer quase tudo. E energia tem
relação com o meio ambiente, pois a geração de energia em qualquer tipo
de usina causa grandes impactos ambientais (Aluno 22B).
Foi apresentado, aos alunos, dados do Ministério das Minas e Energia sobre
a composição da matriz de energia nacional (Quadro 3). A partir desses dados
solicitou-se aos alunos que elaborassem um texto com comentários sobre a variação
17
ocorrida em cada uma das formas de energia. No caso do petróleo e derivados, os
alunos foram questionados sobre qual a razão do percentual ser o mesmo apesar do
aumento da frota de veículos. Somente após a intervenção da professora os alunos
apresentaram respostas coerentes.
Quadro 3 – Matriz energética brasileira nos anos de 1970 e 2006.
Fonte de Energia 1970 (%) 2006 (%) PETRÓLEO E DERIVADOS 37,72 37,72 GÁS NATURAL 0,25 9,60 CARVÃO MINERAL E DERIVADOS 3,64 5,99 URÂNIO (U3O8) E DERIVADOS 0,00 1,62 HIDRÁULICA E ELETRICIDADE (*) 5,11 14,83 LENHA E CARVÃO VEGETAL 47,58 12,65 DERIVADOS DA CANA-DE-AÇÚCAR 5,37 14,60 OUTRAS RENOVÁVEIS 0,33 2,99
Adaptado de MME, 2007.
Vejamos duas delas:
Houve um aumento de consumo de energias renováveis e uma diminuição
de consumo de energias poluidoras. A sociedade brasileira de qualquer
nível deve conhecer melhor este assunto para poder exercer sua cidadania
ao participar das grandes decisões nacionais com relação a matriz
energética brasileira, onde predomina a hidráulica, a energia do petróleo, do
gás natural e agora do álcool, da cana de açúcar (Aluno 28C).
Uma boa parte da energia no Brasil teve mudanças significativas, mas na
parte de energia gerada por queima de combustíveis fósseis é preocupante,
porque a madeira usada não está sendo reposta e vai acabar. Mas surgiram
outras fontes de energia renováveis que correspondem a uma porcentagem
muito pequena (Aluno 32A).
Em outro momento, os debates em sala de aula e os relatos escritos sobre a
viagem de estudos a Usina Hidrelétrica Governador Parigot de Souza demonstraram
que os alunos não perceberam grandes modificações no ambiente, decorrentes da
instalação da usina. Isso pode ser justificado pelas características da construção, já
que o reservatório da usina situado no Rio Capivari está separado da central de
máquinas subterrânea, localizada em Antonina, por cerca de 22 km de túneis
escavados ao longo da Serra do Mar. O que mais despertou a atenção dos alunos
foi a beleza da paisagem na área externa da usina e as instalações da central
subterrânea que consideraram muito diferente do tipo de usina hidrelétrica que
18
conheciam a partir de imagens de televisão ou de livros. Outro destaque dos relatos
escritos foi a informação de que como conseqüência da construção da hidrelétrica
ocorreu a união das águas dos rios Capivari no primeiro planalto, 830 metros acima
do nível do mar com o Rio Cachoeira, no litoral.
Figura 1: Fotos - Viagem de Estudos Usina Hidrelétrica Governador Parigot de Souza, Antonina - PR.
Os cartazes, desenhos, poesias e quadrinhos produzidos pelos alunos
durante as aulas demonstraram o fascínio pela obra de engenharia realizada na
década de 1960, os alunos também debateram as características históricas e a
importância da usina para o litoral do Estado do Paraná. Segundo David Ausubel
(2000) a aprendizagem de significados (conceitos) é a mais relevante para os seres
humanos.
A utilização de informações reais durante o desenvolvimento das aulas
favoreceu o entendimento das situações problemas, tornou mais acessível a
construção do conceito e facilitou a compreensão das relações matemáticas
envolvidas. É importante destacar a satisfação que a viagem de estudos gerou e
como repercutiu nas conversas entre os alunos por várias semanas. O
relacionamento e os laços de afetividade professor-aluno também foram estreitados
por meio da viagem de estudos.
A produção e a utilização de charges e quadrinhos como elemento central na
elaboração de enunciados de situações problemas, durante as aulas de Física
buscou o desenvolvimento do senso crítico, o domínio da linguagem científica, a
aplicação dos conteúdos em situações do dia-a-dia e a compreensão das teorias e
modelos científicos a partir de uma abordagem mais dinâmica e interessante para os
alunos. Santos e Trivelato (2003) afirmam que 80% dos estímulos que recebemos
estão ligados à visão e que a imagem também pode assumir papel importante sobre
19
a opinião pessoal, pois se cria um efeito lúdico sobre aquilo que se observa. A
construção de texto informal e a ausência de conhecimento da ortografia segundo os
padrões das normas culta da língua foi observada nos cartazes, quadrinhos e tiras
elaborados pelos alunos.
Figura 2: Cartaz (Aluno 24C); pesquisa com embalagens plásticas.
Algumas questões regionais também foram abordadas, como por exemplo, o
investimento que o governo do Estado do Paraná vem realizando em pesquisas com
espécies vegetais com o objetivo de gerar Biodiesel, bem como a sua relação com o
aumento de preços de alguns produtos e, ainda a possível escassez de alimentos
devido ao crescimento de áreas plantadas exclusivamente para a produção final de
energia, como ocorre nitidamente com a cana-de-açúcar para produção de etanol.
Quando indagados sobre a importância dessas pesquisas verificamos
respostas vinculadas a argumentos alarmistas e até mesmo radicais.
Sim e não, o Paraná deve investir em biodiesel, mas tem que ver como para
não prejudicar outro ponto. Hoje por causa do biodiesel o mundo tem uma
crise de fome (Aluno 20D).
Podemos perceber no texto do aluno certo conhecimento acerca das
discussões mundiais sobre o aumento da área agrícola destinada à produção de
energia, porém sua argumentação ainda é precária e relaciona o problema da fome
no mundo apenas como conseqüência da produção de energia através da
biomassa.
Alguns textos utilizados durante as aulas discutiam as conseqüências para o
meio ambiente decorrente da produção, transmissão e consumo de diferentes fontes
de energia. Buscou-se durante a realização das tarefas aliar a realidade do aluno
com a problematização, a organização e as possíveis aplicações desse
20
conhecimento em sua vida cotidiana. As questões e situações problemas
apresentadas procuraram explorar e ser compreendidas como situações que
abrangessem, além dos “tradicionais” problemas numéricos de Física, outras
situações que em favor da explicitação das concepções alternativas dos alunos, a
elaboração e verificação de hipóteses e, num estágio final, permitissem o
aprofundamento dos conteúdos configurando-se como desafios a serem vencidos.
Assim, os conteúdos curriculares foram desenvolvidos utilizando-se as atividades
diversificadas como uma “ponte”, visando a aprendizagem dos conceitos físicos
envolvidos em cada situação.
Considerações Finais
Verificou-se nos textos escritos pelos alunos, o conflito entre os conceitos
físicos, a linguagem cotidiana e as formulações matemáticas, além da dificuldade de
alguns deles em utilizar as unidades padrão para as grandezas físicas.
Os dados analisados permitiram afirmar ainda que o entendimento dos alunos
sobre a temática energia, na maioria das vezes se restringe a lembrança da energia
elétrica, mesmo quando outras formas de geração de energia são trabalhadas no
âmbito escolar. Alguns alunos reconhecem uma articulação entre a produção e o
consumo de energia e os problemas socioambientais. No entanto, para outro grupo
de alunos não há vínculo algum entre a utilização de equipamentos domésticos e os
problemas relacionados ao meio ambiente. Isso pode ser conseqüência de uma
escolarização que privilegia o raciocínio abstrato e matemático e que na maioria das
vezes não analisa os aspectos socioambientais envolvidos na produção e consumo
de energia.
Nas turmas onde a faixa etária era mais homogênea em relação ao fator
idade-série, o interesse na realização das atividades e a participação nas discussões
foram mais intensos. Em uma das turmas, em que a faixa etária dos alunos estava
acima da média, a participação foi pequena e a avaliação baseada na realização de
atividades não surtiu o efeito esperado. No entanto, os registros produzidos pelos
alunos foram muito ricos, pois ao se expressarem livremente, por meio da escrita,
desenhos, charges etc, foi possível perceber em que patamar se encontrava cada
aluno e que explicações eles forneciam para os problemas socioambientais ou para
os conceitos físicos estudados.
21
Por outro lado, esta experiência nos proporcionou um repensar sobre as aulas
de Física no sentido de privilegiar situações e temáticas concretas que possam
proporcionar espaços de leitura, atividades diversificadas, construção de situações
problemas a partir de dados reais, pois a partir daí conseguiu-se aproximar um
pouco mais das idéias e concepções dos alunos.
Agradecimentos
Ao Prof. Msc. João Amadeus Pereira Alves pela amizade e competente orientação.
À Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) pelo apoio durante o período de
estudos.
À direção, professores e alunos do Instituto de Educação Estadual Professor Cesar
Prieto Martinez pelo apoio durante a realização das atividades.
À Secretaria de Estado da Educação do Paraná - Programa PDE pela oportunidade
de estudo e aperfeiçoamento profissional.
Referências AIKENHEAD, G.. An analysis of four ways of assessing student beliefs about STS topics. Journal of Research in Science Teaching, v. 25 n. 8, p. 607-629, 1988. ANGOTTI, J. A. P. AUTH, M. A.. Ciência e Tecnologia: implicações sociais e o papel da educação. Ciência em Educação. Bauru: Unesp, n. 1, v.7, 2001. p.15-27. BARBOSA, J. P. V.; BORGES, A. T.. O Entendimento dos Estudantes Sobre Energia no Início do Ensino Médio. Cad. Bras. Ens. Fís. Florianópolis, v. 23, n.2: p. 182-217. 2006. BUNGE, M.. Energy: Betwen physics and metaphysics. Science & Education, v. 9, p. 457-461, 2000. CRUZ, S. M. S. C. S.; ZYLBERSZTAJN, A.. O enfoque ciência, tecnologia e sociedade e a aprendizagem centrada em eventos. In: Maurício Pietrocola. (Org.). Ensino de Física: conteúdo, metodologia e epistemologia numa concepção integradora. Florianópolis: Editora da UFSC, 2001, p. 171-196. DELIZOICOV, D.. Problemas e problematizações. In: Maurício Pietrocola. (Org.). Ensino de Física: conteúdo, metodologia e epistemologia em uma concepção integradora. Florianópolis: Editora da UFSC, 2005, p. 125-150. DRIVER, R. et al. Making sense of secondary science – Research into children’s ideas. New York: Routledge, 1994. FURUKAWA, C. H.. A Energia como um tema de estudos no ensino de Física no nível médio: um estudo de caso. Dissertação de Mestrado. Programa
22
Interunidades de Pós Graduação em Energia (IEE/EP/IF/FEA) da Universidade de São Paulo. São Paulo: 1999, 197p. GIROUX, H. A.. Teoria e Resistência em Educação. Petropólis: Vozes, 1986. _______ Praticando Estudos Culturais nas faculdades de educação. In: SILVA, Tomaz T. da. (Org.). Alienígenas na sala de aula: uma introdução aos Estudos Culturais. Rio de Janeiro: Vozes, 1995. p. 85-103. GOLDEMBERG, J. ; MOREIRA, J. R.. Política energética no Brasil. Estudos Avançados. São Paulo, v.19, n.55, set/dez 2005. HAGE. J. A. A.. O poder político na energia e relações internacionais: o difícil equilíbrio entre o direito e a segurança do Estado brasileiro. Rev. Bras. Pol. Int. Brasília, v. 51, n.1, 2008 KRASILCHIK, M.. Reformas e realidade: o caso do ensino das ciências. São Paulo Perspec., São Paulo, v. 14, n. 1, 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392000000100010&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 18 jun. 2007. LEMKE, J. L.. Talking Science: language, learning and values. Norwood, New Jersey: Ablex Publishing Corporation, 1997. MME. Ministério das Minas e Energia. Matriz Energética – 1970 em diante. Disponível em: <http://www.mme.gov.br> Acesso em: 07 out. 2007. OLIVEIRA, C. M. A.; CARVALHO, A. M. P.. Escrevendo Em Aulas de Ciências. In: VI ENPEC Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, 2007, Florianópolis, SC, 2007. PARANÁ/SEED. Diretrizes Curriculares para a Educação Básica: Física. Curitiba, SEED, 2008. PARANÁ/SEED. Física. Vários autores. Curitiba: SEED-PR, 2006. 232 p. SANTOS, C.; TRIVELATO, S. F.. Telecurso 2000: Ensino Médio – Biologia. V. 2. 1ª ed. Rio de Janeiro: Globo 2003. 210 p. SILVA, A. V. P.; SAAD, F. D.. Problemas e perspectivas do ensino de Física no município de Bauru. Pesquisa em Ensino de Física. v.37, n.46, 1998. SILVA, L. F.; CARVALHO, L. M.. A Temática Ambiental e o Ensino de Física na Escola Média: Algumas Possibilidades de Desenvolver o Tema Produção de Energia Elétrica em Larga Escala em uma Situação de Ensino. Rev. Bras. Ens. Fís. São Paulo, v.24, n.3, set. 2002. ZABALA, A.. A Prática Educativa: como ensinar. Porto Alegre: ArtMed, 1998.
23
ANEXOS
ANEXO A - Ficha de Reconhecimento do aluno
SÉRIE:
NOME:
DATA DE NASCIMENTO: ........../.........../..................... Nº DE IRMÃOS:.
NOME DOS PAIS:
MORA COM QUEM?
ENDEREÇO:
TELEFONE:
ESCOLAS ONDE JÁ ESTUDOU:
O QUE ESPERA DA ESCOLA?
O QUE GOSTA DE FAZER NOS HORÁRIOS DE FOLGA?
COM QUAL(IS) DISCIPLINAS TEM MAIS AFINIDADE?
GOSTA DE LEITURA? LEMBRA QUAL FOI O ÚLTIMO LIVRO QUE LEU?
EM QUE PROFISSÃO VOCÊ IMAGINA ESTAR ATUANDO E COMO SERÁ A SUA VIDA DAQUI A
DEZ ANOS?
O QUE VOCÊ SABE A RESPEITO DA PRODUÇÃO E CONSUMO DE ENERGIA NO BRASIL?
QUANTOS E QUAIS SÃO OS EQUIPAMENTOS DE SUA CASA QUE UTILIZAM ENERGIA PARA
FUNCIONAR?
VOCÊ ACREDITA QUE A PRODUÇAO E O CONSUMO DE ENERGIA É PREJUDICIAL AO MEIO
AMBIENTE? JUSTIFIQUE.
VOCÊ GOSTARIA DE VISITAR UMA USINA HIDRELÉTRICA?
ANEXO B - Pesquisa, observação e mapeamento da comunidade
OBJETIVOS
• Conhecer os ambientes da Escola, a Direção e Equipe Pedagógica.
• Levantar os problemas ambientais da escola e vizinhança.
• Apresentar sugestões para resolver ou minimizar os problemas levantados.
ALUNOS PARTICIPANTES:
SÉRIE:................................................................. DATA: ......../.........../.........................
Nome da Escola: .......................................................................................................................
Endereço: ...................................................................................................................................
CEP:............................. Fone: .................................... E-mail:......................................
Diretor: ................................................................................................................................
24
Diretor Auxiliar:..................................................................................................................
Equipe Pedagógica:..............................................................................................................
Secretária:............................................................................................................................
Relate suas observações sobre as instalações físicas da escola. Condições das salas de aula,
banheiros, biblioteca, ginásio de esportes, refeitório, laboratórios, quadras e outros ambientes
internos. Relate também as condições de áreas externas, pátios, jardim etc.
Como é feita a coleta de lixo na Escola? Existe separação do lixo reciclável?
Os problemas observados têm alguma relação com a conservação do meio ambiente? Explique.
Proponha soluções viáveis para os problemas levantados. Como melhorar? O que fazer? Quem pode
realizar essas ações?
ANEXO C - Viagem de Estudos Usina Hidrelétrica Gov. Pedro Viriato Parigot de Souza
PROBLEMATIZAÇÃO
Conhecer uma usina hidrelétrica, seu funcionamento, importância histórica e estabelecer relação entre
o uso racional da energia e a conservação do meio ambiente.
OBJETIVOS
• Estimular alunos e comunidade escolar a relacionar-se de forma mais racional com o uso da
energia evitando o desperdício;
• Levar o aluno a compreender os conceitos físicos através do estabelecimento de correlações
entre os conteúdos curriculares, os conhecimentos científicos, os avanços tecnológicos e os
problemas ambientais;
• Possibilitar a interação do conteúdo das diferentes áreas trabalhando o conhecimento de
forma contextualizada, a partir do tema energia e meio ambiente.
INSTRUÇOES PARA COLETA DE DADOS
1) Identificar a importância da instalação dessa usina para o estado do Paraná.
2) Coletar dados históricos com relação ä construção e de geração da usina.
3) De que forma a construção afetou a população local? Pontos positivos e negativos.
4) Como o empreendimento afetou o meio ambiente?
5) Que soluções a Copel adotou para resolver os problemas ambientais?
6) Procurar registrar a visita com dados escritos, fotos e vídeos.
7) Entregar relatório com os levantamentos para a professora.
Sugestão: pesquisar antecipadamente no site da Copel <www.copel.com> e verificar as dúvidas
para que possam ser resolvidas com os guias no dia da visita.
25
ANEXO D - Pesquisa Experimental com Embalagens Plásticas
Leitura do texto: “Plástico biodegradável já é fabricado no Brasil”
Turma: Alunos integrantes do grupo:
Pesquisa no local de coleta do material (sacolas plásticas).
1) Nome e endereço completo da empresa pesquisada
2) Nome do responsável pelas informações
3) Tempo de decomposição indicado pelo fabricante
4) Nº de sacolas consumidas mensalmente na empresa
5) Os consumidores costumam levar sacolas de casa?
6) Por que a empresa optou ou não pelo uso das sacolas plásticas biodegradáveis?
7) Que outras soluções ou projetos relacionados ao meio ambiente existem na empresa?
Procedimento experimental
Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Amostra 4
Aberta e em contato
direto com a superfície
Amassada e em contato
direto com a superfície
Aberta e enterrada
a cerca de 10 cm
Amassada e enterrada
a cerca de 10 cm
Importante: Escolher local com boa ventilação, sombreado e com umidade.
Fazer a verificação das condições das amostras a cada final de bimestre (realizar anotações,
registros fotográficos e de imagens das amostras).
ANEXO E – ATIVIDADES MATERIAL DIDÁTICO PEDAGÓGICO 1) No quadro abaixo estão especificados os tipos de energia renováveis. Complete o quadro, fazendo
um levantamento onde os diferentes tipos de energia podem ser utilizados e de onde elas provêm:
Tipos de energia renováveis De onde provêm? Onde são utilizadas? Pontos positivos e negativos de sua
produção e consumo Biomassa
Eólica
Geotérmica
Solar
Hídrica
Ondas marítimas
Célula a combustível
2) Converse com seus pais sobre a crise energética ocorrida no ano de 2001. Boa parte da
população brasileira foi forçada a diminuir o consumo de eletricidade em cerca de 20% para evitar o
26
risco de um apagão. Os baixos níveis dos reservatórios de água, associados à predominância da
geração através de hidrelétricas, levaram a um racionamento de eletricidade.
a) Faça uma lista do que deixa de funcionar em uma cidade durante a falta de energia elétrica.
b) Faça um texto sugerindo algumas propostas para o setor de eletricidade que atenda aos interesses
da população carente e que diminua os impactos ambientais.
3) O que é energia para você? Você acredita que existe relação entre o uso da energia e a
preservação do meio ambiente? Explique.
4) É importante evitar o desperdício de energia. Você tem realizado alguma ação nesse sentido?
Sugira algumas ações que podem ser realizadas em sua escola para contribuir com o desperdício de
energia.
5) Você acredita que haja alguma relação entre a falta de energia, a escassez de água no mundo e o
planejamento familiar?Justifique.
SITES CONSULTADOS A Física na Escola. Disponível em: <htpp://www.sbfisica.org.br/fne>. Acesso em: 11 mar 2007 Agência Estadual de Notícias. Programa Paranaense de Biodiesel. Disponível em: <http://www.agenciadenoticias.pr.gov.br/modules/news/article.php?storyid=21577>. Acesso em: 21 jul 2006. ANEEL. Agência Nacional de Energia Elétrica. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/15htm>. Acesso em: 07 out 2007. Com Ciência. Energia e Meio Ambiente. Disponível em: <http://www.comciencia.br/reportagens/energiaeletrica/energia12.htm> Acesso em: 11 mar 2008. COPEL. Disponível em: <http://www.copel.com>. Acesso em: 12 jun 2007. DIA A DIA EDUCAÇÃO. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br>. Acesso em: 07 out 2007. INB. Indústrias Nucleares Brasileiras. Disponível em: <http://www.inb.gov.br>. Acesso em: 12 jun 2007
INMETRO. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br>. Acesso em: 07 out 2007.
ITAIPU BINACIONAL. Disponível em: http://www.itaipu.gov.br/. Acesso em: 01 dez 2007. Propostas para o Ensino de Física. Disponível em: <http://www.ensinodefisica.net/>. Acesso em: 11 mar 2008. RECICLAVEIS - Plástico biodegradável já é fabricado no Brasil. Disponível em: <http://www.reciclaveis.com.br/noticias/00310/0031008plastico.htm>. Acesso em: 11 mar 2008. Revista do Departamento de Geografia. Disponível em: <http://www.geografia.fflch.usp.br/publicacoes/RDG/RDG_16/Jos%C3%A9_Bueno_Conti.pdf>. Acesso em: 02 out 2007.