em tempo - 12 de abril de 2015

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VENDA PROIBIDA EXEMPLAR DE ASSINANTE PREÇO DESTA EDIÇÃO R$ 2,00 ANO XXVII – N.º 8.681 – DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO O JORNAL QUE VOCÊ LÊ MÁX.: 31 MÍN.: 23 TEMPO EM MANAUS DENÚNCIAS • FLAGRANTES 98116-3529 As bandas O Rappa e Soja se apresentam juntas pela primeira vez em Manaus dia 28 de maio. Ingressos começam a ser vendi- dos amanhã. Plateia D7 PLATEIA FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700 ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELEIÇÕES, ELENCO E CURUMIM. CURUMI M ALBERTO CÉSAR ARAÚJO Pelo menos 1,1 bilhão de ado- lescentes e jovens correm risco de perda auditiva em função do uso excessivo de aparelhos eletrônicos. Saúde F3 Conhecida por usar uma lingua- gem divertida de como fazer uma boa maquiagem, a gaúcha Alice Salazar chega a Manaus para mi- nistrar um workshop. Elenco 16 Escondido do público até o final dos anos 2000, o primeiro Batmóvel oficial da história foi leiloado em dezembro de 2014 nos Estados Unidos por US$ 137 mil. O Curumim con- ta essa história. Curumim Investimentos no Estado serão aplicados gradativamente ‘População terá padrão de energia bem melhor’ EDUARDO BRAGA PARA ONDE VAI O NOSSO LIXO NOVENTA E OITO POR CEN- TO DO LIXO PRODUZIDO EM MANAUS É DEPOSITADO NO ATERRO SANITÁRIO LOCALI- ZADO NO QUILÔMETRO 18 DA RODOVIA AM-010, QUE LIGA MANAUS A ITACOA- TIARA. O ATERRO DE 750 HECTARES TEM PRAZO DE VALIDADE ATÉ 2021. A PARTIR DE 2021, O ATERRO NÃO TERÁ MAIS CONDIÇÕES DE RECEBER OS RESÍDUOS DA CAPITAL. NO LOCAL, ATUALMENTE, NÃO EXISTE NENHUM PRO- CESSO DE TRIAGEM DO EN- TULHO PARA RECICLAGEM. O ÚNICO LIXO SEPARADO É O HOSPITALAR. O DESPEJO ATRAI MUITOS URUBUS PARA O LOCAL. PARA MANTER AS AVES DISTAN- TES, ROJÕES SÃO ACESOS A CADA CINCO MINUTOS, O QUE EVITA TAMBÉM POSSÍVEIS ACIDENTES AÉREOS, TENDO EM VISTA QUE O ATERRO FICA PRÓXIMO AO AEROPORTO IN- TERNACIONAL. PARA RESOLVER O PROBLEMA, A PREFEITURA DE MANAUS ESTÁ ESTU- DANDO A CRIAÇÃO DE UM NOVO ATERRO SANITÁRIO, QUE PODE SER INSTALADO NO QUILÔMETRO 13 DA BR- 174, RODOVIA QUE LIGA MANAUS A BOA VISTA. DIA A DIA C4 E C5 IONE MORENO O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, fala sobre o inves- timento de R$ 6 bilhões para ampliar o sistema elétrico do Estado e reforça que o governo federal está preparando o Amazonas para uma nova estruturação econômica. Com a palavra A5

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EM TEMPO - Caderno principal do jornal Amazonas EM TEMPO

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VENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTEVENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTE

PREÇO DESTA EDIÇÃO

R$

2,00

ANO XXVII – N.º 8.681 – DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO

O JORNAL QUE VOCÊ LÊ

MÁX.: 31 MÍN.: 23TEMPO EM MANAUS

DENÚNCIAS • FLAGRANTES

98116-3529

As bandas O Rappa e Soja se apresentam juntas pela primeira vez em Manaus dia 28 de maio. Ingressos começam a ser vendi-dos amanhã. Plateia D7

PLATEIA

FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELEIÇÕES, ELENCO E CURUMIM.

CURUMIM

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Pelo menos 1,1 bilhão de ado-lescentes e jovens correm risco de perda auditiva em função do uso excessivo de aparelhos eletrônicos. Saúde F3

Conhecida por usar uma lingua-gem divertida de como fazer uma boa maquiagem, a gaúcha Alice Salazar chega a Manaus para mi-nistrar um workshop. Elenco 16

Escondido do público até o fi nal dos anos 2000, o primeiro Batmóvel ofi cial da história foi leiloado em dezembro de 2014 nos Estados Unidos por US$ 137 mil. O Curumim con-ta essa história. Curumim

Investimentos no Estado serão aplicados gradativamente

‘População terá padrão de energia bem melhor’

EDUARDO BRAGA

PARA ONDE VAI O NOSSO

LIXO

NOVENTA E OITO POR CEN-TO DO LIXO PRODUZIDO EM MANAUS É DEPOSITADO NO ATERRO SANITÁRIO LOCALI-ZADO NO QUILÔMETRO 18 DA RODOVIA AM-010, QUE LIGA MANAUS A ITACOA-TIARA. O ATERRO DE 750 HECTARES TEM PRAZO DE VALIDADE ATÉ 2021.

A PARTIR DE 2021, O ATERRO NÃO TERÁ MAIS CONDIÇÕES DE RECEBER OS RESÍDUOS DA CAPITAL. NO LOCAL, ATUALMENTE, NÃO EXISTE NENHUM PRO-CESSO DE TRIAGEM DO EN-TULHO PARA RECICLAGEM. O ÚNICO LIXO SEPARADO É O HOSPITALAR.

O DESPEJO ATRAI MUITOS URUBUS PARA O LOCAL. PARA MANTER AS AVES DISTAN-TES, ROJÕES SÃO ACESOS A CADA CINCO MINUTOS, O QUE EVITA TAMBÉM POSSÍVEIS ACIDENTES AÉREOS, TENDO EM VISTA QUE O ATERRO FICA PRÓXIMO AO AEROPORTO IN-TERNACIONAL.

PARA RESOLVER O PROBLE MA, A PREFEITURA DE MANAUS ESTÁ ESTU-DANDO A CRIAÇÃO DE UM NOVO ATERRO SANITÁRIO, QUE PODE SER INSTALADO NO QUILÔMETRO 13 DA BR-174, RODOVIA QUE LIGA MANAUS A BOA VISTA. DIA A DIA C4 E C5

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CEscondido do público até o

fi nal dos anos 2000, o primeiro Batmóvel ofi cial da história foi leiloado em dezembro de 2014 nos Estados Unidos por US$ 137 mil. O Curumim con-ta essa história.

O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, fala sobre o inves-timento de R$ 6 bilhões para ampliar o sistema elétrico do Estado e reforça que o governo federal está preparando o Amazonas para uma nova estruturação econômica. Com a palavra A5

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A2 Última Hora MANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015

Município de Amaturá em situação de emergência

O município de Amaturá, distante 909 quilômetros de Manaus, é o 14º a de-cretar estado de Situação de Emergência no Ama-zonas, em decorrência da enchente deste ano.

O decreto foi publica-do na sexta-feira (10), no Sistema Integrado de Infor-mações sobre Desastres. A Defesa Civil do Ama-zonas começa na próxima semana, a distribuição de ajuda humanitária aos mu-nicípios afetados na região do Alto Solimões.

Amaturá, com população de pouco mais de nove mil habitantes, contabiliza 193 pessoas afetadas em 21 co-munidades devido à cheia do rio. A cota no municí-pio está em 13,13 metros, ultrapassando a cota de alerta que é 11,80 metros, condição que coloca a ci-dade em emergência.

Além dos 14 municípios em emergência, Boca do Acre, no Purus, permanece em Estado de Calamidade Pública, totalizando 15 mu-nicípios em anormalidade no Amazonas, com mais de 80 mil pessoas afetadas.

O governo do Esta-do, por meio da Defesa Civil, já enviou mais de 325 toneladas de alimen-tos não perecíveis as fa-mílias atingidas, além de kits dormitório (colchões, redes, mosquiteiros) kits de higiene pessoal, medi-camentos, filtros de água, hipoclorito de sódio.

O Executivo estadual também fez o repasse fi-nanceiro para as Prefeitu-ras Municipais de Boca do Acre Boca do Acre, Envira, Itamarati e Eirunepé no valor total de R$ 1,250 milhão, para ser usado no socorro às vítimas.

Lewis Hamilton é pole pela terceira vez este ano

Xangai, China - Lewis Ha-milton manteve os 100% de aproveitamento em treinos de classificação neste ano e conquistou a pole position para o GP da China de F-1, sua terceira consecutiva. Esta é a primeira vez desde 2013 que Hamilton emenda uma sequência de três cor-ridas na primeira colocação do grid. Naquela temporada, ele saiu quatro vezes segui-das na pole. “Mas a corrida vai ser complicada. O Nico [Rosberg] esteve muito rápi-do hoje”, afirmou Hamilton, que agora soma 41 poles em sua carreira.

A segunda posição no grid ficou com Rosberg, que ad-mitiu ter ficado “irritado” por ter perdido o primeiro posto para o companheiro por uma diferença de apenas 0s042. “Claro que estou decepcio-

nado porque a margem foi muito pequena”, declarou.

O terceiro posto no grid ficou com Sebastian Vettel, vencedor da última etapa, o GP da Malásia. Felipe Massa conseguiu a quarta coloca-ção, seguido pelo compa-nheiro de Williams, Valtteri Bottas. Kimi Raikkonen, da Ferrari, larga na sexta posi-ção, logo à frente de Daniel Ricciardo, da Red Bull.

Romain Grosjean ficou com o oitavo lugar, ime-diatamente à frente de Felipe Nasr. O brasileiro larga pela primeira vez entre os dez primeiros.

Seu companheiro de equipe, o sueco Marcu Ericsson, sai na décima co-locação na prova de hoje, cuja largada está prevista para as 3h (de Brasília).

Por Tatiana Cunha

Pelo menos 21 comunidades do município foram atingidas

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AÇÃO

Piloto britânico admite que corrida não será fácil

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Grupo terrorista mata 35 pessoas no Iraque

São Paulo, SP - A fac-ção radical Estado Islâmico (EI) assassinou 35 pessoas na manhã de ontem, en-tre policiais e parentes dos agentes de segurança (in-cluindo mulheres e crianças) na província de Al Anbar, no oeste do Iraque.

Uma fonte policial disse que o massacre ocorreu na região de Albu Farach, perto de Ramadi, capital de Al Anbar. Entre as vítimas, 18 eram policiais e 17 membros de suas famílias. Os agentes foram mortos por pertencer às forças governamentais. Já seus parentes morreram por prestar socorro e for-necer alimentos às tropas leais ao governo.

Após a execução, cente-nas de famílias abando-naram a região temendo sofrer o mesmo tipo de punição dos jihadistas.

Vários xeques tribais da província de Al Anbar aler-taram sobre a o possibili-dade de o EI seguir prati-cando massacres como este se o governo não enviar reforços à região.

Na sexta-feira (10), os extremistas lançaram um

ataque contra Albu Fara-ch, separada de Ramadi pelo rio Eufrates, e con-seguiram tomar o contro-le de amplas regiões após intensos combates com as forças de segurança.

A ofensiva contra Ramadi, situada a 110 quilômetros ao oeste de Bagdá, ocorre dez dias depois de o Exército ira-niano, apoiado por milícias xii-tas, ter recuperado o controle da cidade de Tikrit, capital da província de Saladino.

Na última quarta-feira (8), o primeiro-ministro do país, Haidar al Abadi, garantiu que a próxima região a ser libertada das mãos do EI será a província de Al An-bar. “A próxima batalha será em Al Anbar, que libertare-mos completamente. Assim como ganhamos em Tikrit, venceremos em Al Anbar”, afirmou Al Abadi.

RamadiNesse fim de semana, o Esta-

do Islâmico decapitou mais 25 pessoas de uma mesma tribo em Ramadi, capital da região iraquiana de Al-Anbar, nesta sexta-feira (10), segundo a emissora “Arabiya”.

MASSACREFÓRMULA 1

ENCHENTE

Momento histórico na Cúpula das AméricasPela primeira vez, os presidentes dos EUA e de Cuba se encontraram após os dois países reatarem os laços diplomáticos

Panamá - Um momen-to histórico marcou o início da Cúpula das Américas, na Cidade

do Panamá. Pela primeira vez, os presidentes dos EUA, Barack Obama, e de Cuba, Raúl Cas-tro, se encontraram após os dois países reatarem os laços diplomáticos.

O momento foi registrado pelo governo peruano e mostra os dois líderes conversando ao lado do presidente equatoriano, Rafael Correa, na cerimônia de abertura da cúpula.

Um porta-voz da Casa Bran-ca descreveu o encontro como “informal”, sem que tenha ha-vido “uma conversa substancial entre os dois líderes”. Os dois presidentes já haviam estado juntos em dezembro de 2013, no funeral de Nelson Mandela, na África do Sul.

Em discurso também nesta sexta, Obama afirmou que “já se acabaram os dias em que nossa agenda no hemisfério davam por certo que os EUA poderiam

se intrometer impunemente (na América Latina)”.

O encontro oficial entre Oba-ma e Castro está marcado para hoje durante a primeira reunião formal de um presidente em exercício americano com um par cubano desde que Dwight Eisenhower se sentou com Ful-gencio Batista em 1958. Daí o caráter histórico do encontro.

Obama afirmou que os EUA estão abrindo um novo capítulo em suas relações com Cuba.

“Esperamos criar um ambien-te que melhore a vida do povo cubano”, disse o americano. “Não porque isso seja imposto por nós, os EUA, mas através do talento, da engenhosidade e das aspirações (cubanas).”

A reaproximação histórica entre os dois rivais deve dominar as atenções na Cú-pula das Américas, quatro meses depois de Washington e Havana terem anunciado os primeiros passos da dos esforços para reatar laços diplomáticos e comerciais. Barack Obama e Raúl Castro se cumprimentam, sorrindo, em encontro na Cúpula das Américas, no Panamá

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AÇÃO

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O massacre de policiais e seus familiares ocorreu em Ramadi

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MANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015 A3Opinião

O esforço pela moralização das campanhas eleitorais sofreu um preocupante questionamento há exatamente um ano. Na quarta-feira, 2 de abril de 2014, a maioria dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votara pela proibição de doações de empresas às campanhas eleitorais de partidos políticos. A decisão foi adiada porque o ministro Gilmar Mendes pediu vista do processo. E nunca mais voltou a falar do assunto. Naquele momento, o ministro Teori Zavascki votou por manter as doações empresariais.

Gilmar Mendes, para quem a questão “é mais complexa”, entendia que somente os partidos menores seriam prejudicados com o fi m das doações de empresas. “Os partidos que estão no poder e que já têm recursos só precisam de mais algumas centenas de milhares de CPFs para novas distribuições. Certamente, haverá pessoas pobres que doarão seu salário porque receberão dinheiro para isso. Basta ver o fenômeno de doação para saber como isso opera. Os partidos que tiverem base de raiz vão operar com essa lógica e já operam. O dinheiro não é problema. O problema é encontrar CPFs para fazer essa distribuição”.

Para o ministro Ricardo Lewandowski (e também Luiz Fux, Joaquim Barbosa, Dias Toff oli, Luís Roberto Barroso e Marco Aurélio Mello), o fi nanciamento de partidos e campanhas por empresas fere profundamente o equilíbrio dos pleitos, que nas democracias deve se reger pelo princípio “a cada cidadão um voto, com igual peso e idêntico valor. As doações milio-nárias feitas por empresas a políticos claramente desfi guram esse princípio multissecular”. A intervenção do ministro Gilmar Mendes, no entanto, mostra quanto o país está envolvido com a corrupção. É o tal “jeitinho brasileiro”, sempre disposto a alterar a ordem. Gilmar Mendes perdeu de vista o processo.

Contexto3090-1017/8115-1149 [email protected]

Para a atitude do senador Omar Aziz (PSD-AM), que retirou seu nome da CPI para investigar as operações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e colocou os interesses do Amazonas acima de seus interesses políticos.

Omar retira nome de CPI

APLAUSOS VAIAS

WatsApp neles!

Lançado pelo Detran/AM, WhatsApp (98802-5246) como ferramenta para de-núncia de trânsito tem di-vidido as opiniões.

Originalmente, a ideia é fazer com que os internautas possam enviar fotos e vídeos com o registro da placa do veículo que apresentar condutas irre-gulares no trânsito.

No fl agra

Alguns acham uma grande sacada para registrar fla-grantes de abuso nas ruas. Principalmente de moto-queiros que cometem todos os tipos de atrocidades no dia a dia das ruas.

Armações

Outros acreditam que o De-tran poderá embarcar em algu-mas situações armadas.

Entre as armações pode-rão surgir muitos trotes com cenas de vídeo ou fotografi a montadas, afi nal tem “espírito de porco” para tudo.

Roubo de carro

De acordo com dados de uma pesquisa da Confedera-ção Nacional das Empresas de Seguros Gerais (CNSeg), embasadas com informações do Departamento Nacional do Trânsito (Denatran), no Estado do Amazonas tem um dos menores índices de recu-peração de carros roubados: não chega a 30%.

Dá-lhe, Tocantins!

Já Tocantins, com 60% do total de veículos rouba-dos, está entre os Estados que mais recuperam/locali-zam veículos proporcional-mente, em se comparando o efetivo da Polícia Militar e densidade populacional.

No Acre é pior

Para se ter uma ideia, em Estados como Acre, apenas 28,9% dos automóveis rou-bados/furtados são recupe-rados, assim como no Pará (35,2%), Roraima (35,37%) e Amapá (37,7%).

Em Sampa

O deputado Serafi m Corrêa (PSB) vai a São Paulo para receber a Medalha Ministro Celso Furtado.

A comenda está sendo concedida pelo Conselho Regional de Economia de São Paulo e a solenida-de, dia 8 de junho, será na Câmara Municipal da capital paulista.

100 dias de sofreguidão!

Sem muitas razões para co-memorar, a presidente Dilma Rousseff faz, nesta sexta-fei-ra, cem dias do seu segundo mandato.

Isolada, a petista tem di-fi culdades para reverter o ceticismo do mercado, a desconfi ança de aliados e o des-crédito de uma parte cada vez maior da população.

Bons tempos

Benefi ciada pelo então bom momento econômi-co e pela popularidade em alta de seu antecessor, o ex-presidente Lula, Dilma terminou os três primei-ros meses de mandato em 2011 com a confi ança de 73% da população.

Inverteu

Mas a situação se inverteu no segundo mandato.

Agora, o mesmo percentu-al de pessoas diz não confiar na presidente, segundo a pesquisa CNI-Ibope divulga-da na semana passada.

Desconfi ança

O índice de desconfi ança é o mais alto em 20 anos.

Segundo o levanta-mento, somente 24% dos entrevistados dizem confiar em Dilma.

Perdeu para FHC

O pior resultado até então havia sido registrado pelo ex-presidente Fernando Hen-rique Cardoso, de 22%, no início do seu segundo man-dato, em 1999.

Defesa da mulher

Por iniciativa da presiden-te da comissão, senadora Simone Tebet (PMDB-MS) e da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), a ministra-chefe da Secre-taria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, Eleonora Meni-cucci, participa nesta ter-ça-feira (14) de audiência pública no Senado.

Enfrentamento

Menicucci vai apresentar à Comissão Mista de Combate à Violência Contra a Mulher as políticas de enfrenta-mento à violência adotadas hoje no Brasil.

Maria da Penha

A intenção é traçar um quadro sobre a situação atual no enfrentamento de violência contra a mulher e os avanços conquistados desde a aprovação da Lei Maria da Penha.

Por quê?

As senadoras querem tam-bém saber das difi culdades na implantação de medidas destinadas à erradicação desse tipo de violência.

Para quem demarca espaço de estacio-namento em locais públicos, reservando o espaço com cones, caixas e pedaços de pau, como se fossem os donos da rua. O Detran ou o Manaustrans deveriam coibir essa prática.

Donos da rua

Uma notícia que levantou, esta semana, o astral dos amazonenses.O Teatro Amazonas está na Lista Indicativa Brasileira do Patrimônio Mundial, em 2015,

da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).O passo seguinte à inclusão é a avaliação e o possível recebimento do título. A informa-

ção é do Ministério da Cultura, por meio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Agora é torcer!

Teatro, patrimônio mundial

DIVULGAÇÃO IONE MORENO

[email protected]

Há exatamente um ano

Faz muito tempo que se discute a conveniência de antecipar a maio-ridade penal e alterá-la de 18 para 16 anos, ou mantê-la como está hoje na legislação, ou seja, nos 18 anos. Um ano eleitoral como este que acabamos de atravessar contribuiu para o acirramento da discussão, quando os postulantes a cargos eletivos procuraram mostrar que estão sensíveis às preocupações que povoam as mentes da população, entre as quais há grande destaque para as questões inerentes ao binô-mio criminalidade x segurança.

Precisamente nessa área, o noti-ciário disponibilizado pelos veículos de comunicação tem mostrado que há uma considerável participação de menores legalmente inimputá-veis, ao que parece, adrede incor-porados às atividades criminosas à vista precisamente da sua condição frente à lei penal.

Por este caminho, fi ca fácil fazer parecer à sociedade que a redução da maioridade penal é uma provi-dência que redundará na defesa da segurança dos cidadãos, pela via da presumida queda das práticas deli-tuosas que adviria da instituição da imputabilidade na faixa etária entre 16 e 18 anos.

Mas será tal premissa válida? Na verdade, a baixa da imputabilidade ao nível de idade inferior certamente contribuirá para o aumento de uma população carcerária mais jovem, mais imatura e mais manipulável pe-los delinquentes de maior experiên-cia, que naturalmente se constituem nas lideranças dentro dos presídios e também das casas de correção.

O argumento muito utilizado, de que hoje o jovem de 16 anos, que até já pode ser eleitor, possui um acervo de informações e uma ca-pacidade de discernir bem maior do que aquela da juventude de outrora, é absolutamente verdadeiro, mas isso não implica em já ter a maturidade

que se exige para uma aceitável per-cepção da existência e um desejável autoposicionamento frente a ela.

Ademais, de que adiantará a pri-são e o processamento criminal de jovens com menos de 18 anos, se os conduzirmos aos precários estabelecimentos correcionais que hoje possuímos, sem que se viabi-lizem os desejáveis procedimentos de reinserção social?

Recentemente, Walter Maierovi-tch, em artigo publicado na “Carta Ca-pital”, fez lembrar o episódio ocorrido no ano de 1855, quando Dom Bosco conseguiu retirar de um rigoroso reformatório cerca de 300 jovens infratores, tidos como de alta pericu-losidade, para com eles conviver, sem qualquer escolta, e exercer sua ação pedagógica e, ao termo, devolveu todos menos um, que parecia ter-se evadido, mas que logo surpreendeu ao voltar espontaneamente.

Vem de longe essa disputa entre os que veem a conduta irregular e infratora de crianças e jovens como pura delinquência e, portanto, a exigir tratamento policial e penal, e aque-les que persistem em considerar a questão como algo a exigir uma ação educativa, até para prevenir que a ainda pré-delinquência evolua para a verdadeira delinquência.

Esta segunda foi a opção de Dom Bosco e foi também a de Mello Mattos, quando conseguiu a cria-ção do primeiro Juizado de Menores do Brasil e da América Latina, em 1924, e produziu e fez promulgar, em 1927, o primeiro Código de Menores do país.

Fazer a questão migrar, do âm-bito policial e penal, para o âmbito pedagógico, sob a égide da ética da proteção à infância e à adolescên-cia, foi um salto de qualidade que se deveu a Mello Mattos. O que alguns pretendem hoje é simplesmente fugir do verdadeiro problema e dar um passo atrás.

João Bosco Araú[email protected]

João Bosco Araújo

João Bosco Araújo

Diretor Executivo do Amazonas

EM TEMPO

Maioridade penal

[email protected]

Regi

Vem de longe essa disputa entre os que veem a con-duta irregular e infratora de crianças e jovens como pura delin-quência e, portanto, a exigir trata-mento policial e penal, e aqueles que persistem em considerar a questão como algo a exigir uma ação educativa”

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A4 Opinião MANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015

FrasePainelVERA MAGALHÃES

O senador Aécio Neves driblou convite para participar do encontro entre vice-presidente Michel Temer e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, nesta segunda-feira. O presidente nacional do PSDB temia que sua presença desse um caráter de pacto entre governo e oposição à conversa, que ofi cialmente será para tratar da reforma política. Recém-designado articulador político, Temer também quer incluir o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, na comitiva que vai a FHC.

Vem... Temer quer nego-ciar para que os partidos ten-tem chegar a um consenso em torno das propostas mais viáveis da reforma.

... na minha O vice avalia que sua ideia do “distritão” para a eleição de deputados federais é que mais reúne apoio na base e na oposição.

Efi ciente Jorge Gerdau le-vou a Temer na quarta-feira seu estudo que recomenda a redução do número de mi-nistérios e o corte de cargos comissionados na máquina.

Silêncio Em meio ao impas-se da nomeação de Henrique Alves para o Turismo e do destino de seu afi lhado Vini-cius Lages, aliados brincaram que Renan Calheiros passou os últimos dias “mudo”: ele fez uma cirurgia na boca e fi cou sem poder falar direito.

Pra cima Lages deve “cair para cima”, assumindo um car-go que tenha orçamento maior que o ministério. É cotado para dirigir a Transpetro, também da cota de Renan.

BBB Câmara Eduardo Cunha sugeriu que a TV Câmara

crie uma série para mostrar a semana dos deputados, regis-trando inclusive atividades na base eleitoral.

Corta pra mim Cleber Verde (PRB-MA), primeiro deputado a comandar a Secretaria de Comunicação da Casa, vai apresentar a Cunha em algu-mas semanas a proposta da nova grade de programação, com menos variedades e mais atividade legislativa.

Erosão A pesquisa Data-folha mostra que é decres-cente o percentual dos que consideram Lula o melhor presidente que o país já teve: o índice, que era de 71% em 2010, é de 50% hoje.

Descanso No PT, o “contá-gio” de Lula preocupa tanto ou mais que o desgaste de Dilma. O ex-presidente foi aconselhado a fazer um tour internacional para receber vá-rios prêmios de doutor honoris causa que foram concedidos por universidades.

Daqui não saio Aliados di-zem, no entanto, que o petista nem pensa em se ausentar da política enquanto o governo não sair das cordas.

Nem aí O Planalto vai evitar mobilização de ministros e en-trevistas em reação aos pro-testos deste domingo, como houve em março. A ordem é mostrar que os atos são vistos com “naturalidade”.

Nuvens Preocupa o gover-no uma decisão do Tribunal de Contas da União para que técnicos apurem a respon-sabilidade de membros do Conselho de Administração da Petrobras sobre contratos que deram prejuízo à estatal desde 2005.

Alarme O temor é que, mais à frente, o TCU bloqueie os bens de atuais e ex conselhei-ros, entre eles Dilma.

Bloqueio Em reunião na úl-tima sexta-feira, Eduardo Paes (PMDB) criticou o convite de Dilma para que a ex-jogadora de vôlei Ana Moser coman-de a APO (Autoridade Pública Olímpica) e ameaçou retirar a prefeitura do Rio do órgão.

Rotina Auxiliares de Ge-raldo Alckmin esperam que o governador retome atividades de rua nesta segunda-feira. Ele deve visitar obras da linha 6-Laranja do Metrô.

Não, obrigado

Contraponto

No início do ano, o prefeito Dorival Botelho (PRB), da pequena Macaubal, no noroeste paulista, foi ao Palácio dos Bandeirantes pedir recursos para reformar um muro no cemitério da cidade,de 8.006 habitantes.

Foi recebido pelo secretário da Casa Civil, Edson Aparecido. Preocupado com o ajuste nas contas do Estado, o auxiliar de Geraldo Alckmin (PSDB) escutou o aliado, mas não se convenceu da necessidade da obra:

– Quem está dentro do cemitério não pode sair, e quem está fora não quer entrar... Vamos deixar esse muro para depois!

Publicado simultaneamente com o jornal “Folha de S.Paulo”

Fica para a próxima

Tiroteio

DO DEPUTADO LÚCIO VIEIRA LIMA (PMDB-BA), sobre críticas do PT ao projeto aprovado pela Câmara e a contratação de médicos estrangeiros pelo governo.

O PT e o governo dizem que a terceirização é nociva, mas fabricaram o maior programa terceirização do mundo: o Mais Médicos.

São João Paulo 2º durante o seu pontifi cado instituiu a festa da Divina Misericórdia, fi xando-a no segundo domingo de Páscoa. Quando isto aconteceu minha pri-meira reação foi negativa. Afi nal, toda a liturgia é uma celebração da Misericórdia de Deus que cria, conserva e redime. Para quem acredita em Jesus, é evidente que o grande princípio da ação divina é a misericórdia. Deus Amor não quis bastar-se a si mesmo e se realizou na criação.

Uma criação, que impressiona cada vez mais na medida em que vamos tomando conhecimento do Universo em expansão con-tinua e do microcosmo cada vez mais misterioso. À medida que a ciência desvenda seus mistérios, chegando cada vez mais perto do núcleo da matéria desco-bre que ainda há um caminho infi nito a percorrer. Este Deus Amor cria um interlocutor com quem estabelece comunicação, a humanidade.

E a tal ponto chega este amor que Deus se faz humano, parte da criação, exprimindo assim uma aliança eterna, e se manifes-tando como relação trinitária. Jesus revelou este Deus e isto foi Boa Nova para os pobres de seu tempo, foi libertação para os possuídos pelo Maligno, foi recuperação da visão para os cegos, liberdade de movimento para os paralíticos, direito de falar e capacidade de ouvir para os surdos. A revelação do Deus Amor se deu no rompimento das barreiras entre puros e impuros, quando se deixou tocar e tocou mulheres e homens doentes, quando acariciou e abençoou as crianças. O reino de Deus se fez presente na comunidade de dis-cípulos e discípulas que criaram novos laços de fraternidade.

Tudo isto pode parecer tão evidente, mas não é. Como es-tamos longe do princípio da Misericórdia quando convicções religiosas dividem, separam as pessoas, transformam os fi éis em sectários. Como explicar que se continue a destruir o outro em nome de Deus. Como justifi car uma teologia que apresenta um Deus que castiga, que dá prêmios a alguns escolhidos, que sente um prazer mórbido ao ver o so-frimento humano? Como aceitar que fortunas amealhadas com métodos nem sempre corretos sejam vistas como benção di-vina? Quantas vezes estamos longe do Pai que faz nascer o sol e manda chuva para todos.

Estou cada vez mais conven-cido de que as relações pesso-ais, as sociais, e até entre as nações dependem do Deus que acreditamos. Para os cristãos a revelação de Deus se dá em Jesus e é definitiva, e Jesus nas suas palavras e sinais revelou um Deus infinitamente mise-ricordioso. Para que não seja-mos nós a colocar limites ao amor é importante relembrar e celebrar a Divina Misericórdia. Pode parecer ingenuidade, mas não há outro caminho para a paz, para o desenvolvimento sus-tentável, para a vivência plena da nossa humanidade.

É a misericórdia, o colocar-se no lugar do outro, sofrendo o seu sofrimento, experimentando a sua dor que está na origem da ética que impede a corrupção nos seus diversos matizes, e elimina a violência nos seus múltiplos aspectos e manifestações. Deus, ao ressuscitar Jesus, e ao consti-tuí-lo Senhor e Messias, deu-nos a possibilidade de sonhar e lutar por um mundo onde a Misericór-dia tenha a última palavra.

Dom Sérgio Eduardo [email protected]

Dom Sérgio Eduardo Castriani

Dom Sérgio Edu-ardo Castriani

Arcebispo Metropolitano de

Manaus

Estou cada vez mais convencido de que as relações pessoais, as sociais, e até entre as na-ções depen-dem do Deus que acredi-tamos. Para os cristãos a revelação de Deus se dá em Jesus e é defi nitiva, e Jesus nas suas pala-vras e sinais revelou um Deus infi nita-mente mise-ricordioso”

Misericórdia

Olho da [email protected]

Enquanto no Congresso Nacional, adultos de má-fé tentam colocar na adolescência brasileira a culpa da roubalheira na Petrobras e em outros tesouros públicos, mães que acreditam que um mundo melhor para todos é perfeitamente possível levam os que ainda vão nascer para ouvir o sonoro não que repercute nas ruas do país neste domingo. Os que vão nascer verão

DIEGO JANATÃ

Neste domingo, novamente os brasileiros vão à rua e vão di-zer que não aguentam mais tanta mentira, a infl ação saindo

de controle, o desemprego aumentando e um governo que não governa mais. Se você está com esse nó na garganta, vá para a rua, se manifeste. Vamos mostrar que o Brasil merece

muito mais do que esse governo medíocre está sendo

Aécio Neves, senador (MG), presidente nacional do PSDB, em um vídeo de menos de 30 segundos, convocou sexta-feira

10, em suas redes sociais, a população para os protestos deste domingo contra a presidente Dilma Rousseff (PT).

Norte Editora Ltda. (Fundada em 6/9/87) – CNPJ: 14.228.589/0001-94 End.: Rua Dr. Dalmir Câmara, 623 – São Jorge – CEP: 69.033-070 - Manaus/AM

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MANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015 A5Com a palavra

Todos esses investimen-tos vão ge-rar emprego e circulação de recursos para todo o Amazonas. Isso demos-tra a aten-ção e com-primisso da presidente Dilma com o Estado”

O novo presidente da Amazo-nas Energia tomou posse na semana passada. E depositamos muita espe-rança de que ele irá tocar a adminis-tração do órgão com exigência”

O Ministro de Minas e Energia, Eduar-do Braga (PMDB), apresentou na últi-

ma sexta-feira (10), na sede da Eletrobras Amazonas Energia, o Plano de Expansão e Melhorias do Setor Elétrico do Estado do Amazonas. Na ocasião, o ministro anunciou o investimento de R$ 6 bilhões para ampliar o sistema elétri-co do Estado do Amazonas.

Segundo Braga, as obras previstas incluem a constru-ção de novas usinas, inte-gração de novos municípios ao Sistema Interligado Na-cional (SIN), a criação de novas linhas e subestações, instalação de novas redes de distribuição e a expan-são do programa Luz para Todos. “Este plano de obras representa a consolidação de um projeto que já vem sendo implantado há 4 anos e que já consumiu mais de R$ 2 bilhões, com a obra do Linhão de Tucuruí e a preparação de todo o sistema de Manaus para receber essa energia do Sistema Interligado Nacio-nal”, lembrou o ministro.

Entre os investimentos di-vulgados estão as linhas que ligam Manaus a Rio Preto da Eva (R$57 milhões); Manaus a Manacapuru (R$116 mi-lhões); e ainda a implantação da linha de Itacoatiara a Silves (R$ 82 milhões) e Silves a Itapiranga (R$ 60 milhões). Eduardo Braga anunciou ain-da a criação da ligação do sistema nacional de Parintins e a rede básica, que custará aproximadamente R$ 768 mi-lhões, convênio já assinado desde setembro de 2014.

Conforme o ministro, os investimentos para o Estado serão aplicados gradativa-mente e os principais mu-nicípios a serem beneficia-dos com esse pacote serão Barreirinha, Humaitá, Borba, Parintins e Manaus.

EM TEMPO - Na se-mana passada, o senhor apresentou o plano de investimentos para a Amazonas Energia. Quais serão as pespectivas de crescimento?

Eduardo Braga - Esses in-vestimentos serão para o pró-ximo quadriênio (2015/2018).Serão R$ 6 bilhões de investi-mento. Neste primeiro ano, na Amazonas Energia da capital, vamos aplicar R$ 500 milhões. Estivemos na subestação da Compensa, que faz parte do anel de alta tensão que esta-mos fechando no setor metro-

politano, que vai fazer com que a qualidade de energia primária melhore muito em Manaus. Hoje, no desliga-mento de energia, temos em torno de 35 intercorrências em Manaus, destas 20 delas acontecem por problemas no setor primário de distribuição. Os outros 12 problemas estão no setor secundário - que está na saída da estação para as residências. Isso tem sido um dos grandes desconfortos da cidade, mas já foi bem maior, em torno de 44%. Porém, não tenho dúvidas que de vamos entregar um padrão de energia muito melhor para a população. Mas, quero pedir desculpas ao consumidor por intercorrências como a que aconteceu na noite da última quinta-feira, dia 9, em que por 28 minutos ficamos com quase 50% da cidade de Ma-naus sem energia, por conta de uma descarga elétrica em Oriximiná, e mesmo estando com 160 mega na linha de transmissão de Tucuruí para Manaus, acabou-se fazendo um desligamento do siste-ma de proteção, que desli-gou 600 mega e derrubou a rede de estação em Balbina e outras geradoras da cidade. Aparentemente, isso foi uma leitura equivocada do sistema de proteção, portanto, peço um pouco de compreensão da população, pois sabemos que esses investimentos vão melhorar e muito a quali-dade da energia. Com esse novos investimentos, vamos fazer muitas ações, como a interligação da Linha de Tu-curuí até Itacoatiara, Silves e Itapiranga. Parintins também será beneficiada até 2017 e de lá vamos levar para Bor-ba, passando por Barreirinha, Boa Vista do Ramos, Maués, Urucurituba, Nova Olida do Norte, levando muita ener-gia e garantido suprimento energético para a exploração da silvinita. Vamos também interligar Humaitá, a partir de Porto Velho. E, assim, vamos cobrir toda a reserva central de silvinita para transformá-la em potássio. Além disso, estamos tentando, com apoio das senadoras Sandra Braga e Vanessa Grazziotin, a insta-lação de portos, pois sem essa infraestrutura não podermos nos preparar para o ciclo de desenvolvimento economico; sem isso, a silvinita não se tor-nará realidade e a população não terá atividades economi-cas que gerarão uma série de produtos que irão beneficiar todas as cidades. Fechando

esse investimento estrutu-rante, teremos uma fronteira de expansão econômica que, com a construção da ponte sobre o Rio Negro, nos obri-ga termos planejamdos no ponto de vista de energia até Manacapuru, e isso também estará sendo licitado para que possamos garantir ener-gia neste eixo de expansão da região metropolitana. E, por fim, no município de Rio Preto da Eva, que é uma ci-dade de grande concentração de trabalhos voltados para psicultura e agronegócio e que hoje tem uma limitação de energia forte, mas nós estaremos equacionado com esse programa.

EM TEMPO - E os inves-timentos para o programa Luz para Todos?

EB - Esse será um programa de R$ 400 milhões e assina-mos já na última sexta-feira, dia 10, o contrato de R$ 195 milhões. São obras que estão com o financeiro liberado já para 2015 e são de recursos oriundos da tarifa, financia-mentos com o Banco Mundial, BNDS e recursos da própria Eletrobras. E isso trará um novo cenário em curto, medio e longo prazo.

Estamos preparando o Amazonas para uma nova estruturação econômica e nova fronteira de desenvol-vimento. Assim como fizemos há 10 anos atrás, quando o Amazonas não tinha o ga-soduto, e a linha de Tucuruí. E aproveito para esclarecer uma declaração atribuída ao presidente da Cigás, Lino Chíxaro, sobre o uso do gás. O nosso contrato contrato com a Cigás e a Amazonas Energia é de quatro milhões de metros cúbicos, e estamos usando neste momento 3,6 milhões, e o que estamos pagando e não usando é cumulativo. No ano que vem, haverá uma adesão de 576 megawatts em Mauá. Há um espaço para o Estado crescer nesta área. Essas obras todas vão gerar emprego e circulação de re-cursos, no momento em que o país está precisanto disto. É uma clara demonstração do governo federal e da presi-dente Dilma Rousseff de cari-nho, respeito e compromisso com o Amazonas.

EM TEMPO - E quan-do será dado o início das atividades?

EB - Nos já estamos em atividades. Iniciamos obras, como a subestação da Com-

pensa, que está sofrendo al-terações nos seus transfor-madores. E, agora, estamos licitando e leiolando outras ações. A linha de Parintins já está em obras e, em Ita-coatiara, Silves e Itapiranga, vamos levar a leilão até em maio. Na semana passada, tomou posse a nova diretoria da Amazonas Energia e de-positamos muita esperança de que ele irá tocar com nível de exigência que pede uma empresa com o aporte da Amazonas Energia. Entre as distribuidoras federaliza-das a Amazonas Energia é a segunda maior do país.

EM TEMPO - Existe um certo receio em relação à falta de recursos hídricos no Sudeste do Brasil e teme-se a necessidade de usar a estrutura de Tucurí para abastecer essa re-gião. Isto procede?

EB - Essa situação já acon-tece. Hoje, Tucuruí manda energia não só para o Sudes-te, como Nordeste e Norte. A importância de termos o gás natural é isso, porque poderemos estar exportan-do energia e nos transformar em um importante polo de energía para o país. Tere-mos aqui uma experiência pioneira em Balbina, que será a energia solar com flutuadores dentro do lago de Balbina, aproveitando tudo que é subutilizado lá. Além disso, a ANP divulgou recentemente que foi encon-trado indícios de petróleo em Silves, que nos alimenta de esperanças de que teremos ali um potencial de oléo e gás tão virtusoso como é Urucu. Esperamos até 2030 estarmos interligados a San-to Antônio Girau, em Porto Velho. A segurança energé-tica para o país é termos essas alternativas.

EM TEMPO - E quais serão outros projetos de investimentos para Manaus ?

EB - Finalmente, a rede de distribuição da Eduardo Ribeiro de forma subterrâ-nea, e vamos fazer isso em comum acordo com a prefei-tura. E vamos ter a avenida mais tradicional da cidade de forma organizada. Nosso intuito é fazer um crono-grama de investimentos no centro histórico, auxiliando as ações que a prefeitura desejar executar, e isso dará a cidade uma despoluição de visual e energia.

Eduardo BRAGA

‘Vamos ENTREGAR um padrão de ENERGIA melhor’

Pedimos desculpas à população pela interrup-ção de energia ocorrida na última quinta-feira, quando 50% da cidade ficou quase 28 minutos no escuro. O que ocorreu foi uma descarga elétrica em Oriximiná que aca-bou afetando o Estado. Mas, com esses investi-mentos vamos melhorar”

FOTOS: ALBERTO CÉSAR ARAÚJO

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A6 Política MANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015

BB investe 10% do seu orçamento na Fórmula 1

Dono de um dos maiores orçamentos publicitários do Brasil (R$ 544,3 milhões em 2014), o Banco do Brasil re-servou mais de 10% de toda essa bolada apenas para um patrocínio, em 2015: a equipe Sauber, de Fórmula 1, do piloto brasileiro Felipe Nasr. Relatórios de audiência da Federação Internacional de Automobilismo revelam que-da de 15% de espectadores da F1 entre 2012 e 2014. O patrocínio é por um ano.

Palavra de especialistaO Banco do Brasil não re-

vela o valor pago à equipe Sauber, nem foi necessário. É que a mídia inglesa já revelou a cifra: R$ 55 milhões.

Queda livreAudiência da F-1 caiu de

500 milhões a 425 milhões espectadores, mas para o BB é a melhor opção para inter-nacionalizar sua marca.

Mau negócioA Alemanha, que ven-

ceu metade dos últimos 20 campeonatos, perdeu 50% da audiência da F-1. No Brasil, a queda de audiência foi de 5%.

OlheiraUma olheira do Ministério

da Justiça não perde uma reunião da CPI da Petrobras, para depois informar o chefe, José Eduardo Cardozo.

Peemedebistas dão tré-gua de um mês a Dilma

O PMDB estabeleceu prazo de um mês para o vice-presi-dente Michel Temer reorga-nizar a articulação política do governo; defi nindo cargos, li-beração de emendas e nome-ações do segundo escalão. Há receio, no entanto, de que Dilma não dará autonomia ao vice. Por isso, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câ-

mara, já defi niu a retaliação: votar a proposta que cria o piso salarial nacional para policiais militares.

PEC 300A Proposta de Emenda

Constitucional 300, que cria o piso para PMs, é um pesadelo para o governo: pode gerar gastos de mais de 46 bilhões.

Ô, coitadoTemer disse a amigos

que ficou constrangido com a proposta de Dilma. Aliados acreditam que sua nova função funcionará para “fritá-lo”.

Sem saídaSem carta-branca, Temer

pode perder a credibilidade que hoje possui junto a par-lamentares. E o governo, seu principal articulador.

Caixa ama terceirizarEm vez de alugar mani-

festantes contra a Lei da Terceirização, a CUT poderia usar sua ligação ao governo para saber por que a Caixa Econômica Federal gastou R$ 1,5 bilhão com terceiri-zados em 2014.

O avesso do avessoA punição do diplomata

Eduardo Saboia “foi uma decisão absurda e covar-de” do governo, para o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que presidiu a Comissão de Relações Exteriores do Senado. E lembra a canção de Cae-tano: “O avesso do avesso do avesso do avesso”.

Ato heroicoEduardo Saboia foi sus-

penso por vinte dias porque salvou a vida de um sena-dor boliviano, Roger Molina, que, perseguido por Evo Mo-rales, estava asilado havia 455 dias na embaixada do Brasil em La Paz.

Princípio nobrePara Ricardo Ferraço,

a decisão do Saboia, sal-vando a vida de Molina, “foi absolutamente com-patível com os princípios que devem mover nossa política externa: os direitos humanos e o asilo político.” Segundo ele, foi uma deci-são focada num princípio nobre: a vida humana.

MolezaA Comissão de Constitui-

ção e Justiça, a mais im-portante do Senado, não realizou qualquer debate expressivo neste semes-tre. Agora, parou de vez para fazer uma reforma no seu plenário.

Clamor atendidoParece até que havia um

“clamor” pela prisão do ex-deputado André Vargas (ex PT-PR), tal a reação positiva que causou em Brasília. Os políticos, inclusive os nada santos, acham que poucos contribuíram tanto quanto Vargas para arruinar a ima-gem do Congresso.

O amor é lindoO ministro Renato Janine

(Educação) tomou posse na segunda (6) e terminou a semana, na sexta, em clima de romance, encomendan-do buquê de rosas – levado no carro ofi cial – para a pessoa amada.

#vempraruaO deputado Paulinho da

Força (SD-SP) acha que os protestos deste domingo contra Dilma ocorrerão em mil cidades, ainda que o número de pessoas venha a ser menor do que os 2,2 milhões de março.

Pensando bem...... sem a CUT para alugar

manifestantes, os protestos de hoje não correm o risco de serem terceirizados

PODER SEM PUDOR

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

Eu bebo, sim

www.claudiohumberto.com.br

Pedro irá colaborar para descobrir tudo que aconteceu no Petrolão”

CLÓVIS CORRÊA, primo e advogado do ex-deputado Pedro Corrêa, novamente preso

Senador disse que o brasileiro que se sentir com um “nó na garganta” deve participar das manifestações de hoje

Aécio chama povo às ruas para manifestações de hoje

Tucano chama a população brasileira para as manifestações que acontecem hoje em todo o país

A exemplo do que fez na véspera da manifes-tação do dia 15 de março, o presidente do

PSDB, senador Aécio Neves (MG), divulgou vídeo nas redes sociais criticando o governo e chamando a população para ir às ruas neste domingo (12). Sua presença, no entanto, ain-da não está confi rmada.

No vídeo, gravado dentro de um carro em movimento, Aécio está sentado no banco de couro bege de passageiro e diz que quem está com “esse nó na garganta” em relação ao governo deve se manifestar. No momento em que pro-nuncia essa frase, o senador aperta o colarinho da camisa e faz uma breve pausa para dramatizar a situação.

O tucano diz que os brasi-leiros irão às ruas para dizer que “não aguentam mais tan-ta mentira, não aguentam mais a inflação saindo de controle, o desemprego au-

mentando e um governo que não governa mais”, e finaliza chamando o governo Dilma Rousseff de “medíocre”.

Como Aécio ainda não defi -niu se irá comparecer aos pro-testos, evita usar expressões, no vídeo, que levem a crer que estará presente. Segundo pes-soas próximas ao tucano, ele deixará para o último momento a defi nição de sua presença, que dependerá do alcance das manifestações desta vez.

“Nesse domingo, dia 12, novamente os brasileiros vão à rua. Vão dizer que não aguentam mais tanta men-tira, não aguentam mais a infl ação saindo de controle, o desemprego aumentando e um governo que não governa mais. Se você está com esse nó na garganta, vá para a rua, se manifeste e vamos mostrar que o Brasil merece muito mais do que esse governo medíocre que está tendo”, diz o senador, no vídeo.

ParticipaçãoO protesto contra a presi-

dente Dilma já tem mais de 500 cidades que confi rmaram a realização. As manifesta-ções são organizadas por vá-rios movimentos, com desta-que para o Vem Pra Rua e o Movimento Brasil Livre.

Foram divulgadas pelos mo-vimentos a lista de cidades que confi rmaram participa-ção, e outras pessoas estão postando nos comentários no site e nos posts da fan page os nomes de outras cidades. Em Aracaju, o movimento está previsto para às 15h, com saída do Mirante da 13 de Julho

A página no Facebook do movimento Vem Pra Rua, já compartilhou vídeos grava-dos pelos cantores Roger Moreira, da banda Ultraje a Rigor, e Beto Barbosa, do humorista e ex-Casseta e Pla-neta Marcelo Madureira e do fundador e coordenador do AfroReggae José Junior.

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AÇÃO

A divergência de opiniões em relação à solução ime-diata para o Brasil levou o protesto anti-Dilma, marca-do para hoje, a virar um caso de Justiça. Responsável pela organização do ato, o segun-do de grande mobilização em prol do impeachment da presidente da Repúbli-ca em 2015, o Movimento Brasil Livre entrou com uma liminar na Comarca de Ca-rapicuíba, na Grande São Paulo, para impedir a par-ticipação de grupos defen-sores da intervenção militar na manifestação marcada

para ocorrer na avenida Paulista, a partir das 11h.

O MBL entrou com a ação especifi camente contra o movimento SOS Forças Ar-madas. Se o juiz responsável pela apreciação do caso aca-tar a liminar, militantes do grupo não poderão participar ativamente da manifestação, ou seja, serão impedidos de levar às ruas no próximo do-mingo sua estrutura de ca-minhões e trios elétricos, a exemplo do que haviam feito no dia 15 de março.

“A liminar pede que eles (SOS Forças Armadas) sejam

impedidos de convocar atos no mesmo lugar em que con-vocamos, baseada no artigo 5º do inciso XVI da Consti-tuição Federal”, explica ao iG o advogado Rubens Alberto Gatti Nunes, coordenador jurídico do MBL.

O motivo para a liminar, endereçada a Renato Tamaio, fundador e líder do SOS For-ças Armadas, é que os defen-sores de um golpe militar para derrubar a presidente Dilma Rousseff atrapalhariam os grupos organizados que têm como principal pauta o impe-achment da petista.

Sem apologia às Forças Armadas

Flores da Cunha foi um dos maiores líderes políticos do Rio Grande do Sul, mesmo com a reputação de emérito boêmio, chegado ao carteado, às bebidas e às mulheres, como acusou um adversário, num comício:

- Não bebo, não jogo e nem ando com mulheres de vida duvidosa!

O líder gaúcho ganhou a eleição admi-tindo, sem medo de ser feliz:

- Pois eu bebo, fumo, jogo, ando com mulheres... E tenho votos.

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MANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015 A7Politica

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A8 Política MANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015

Ceticismo e isolamento nos cem dias de Dilma RousseffPetista tem dificuldades para reverter o ceticismo do mercado, a desconfiança de aliados e o descrédito da população

Passados mais de três meses após reassumir o comando do país, as preocupações de Dilma

se estendem desde a econo-mia até a política, passando pela relação com a sociedade, fragilizada especialmente pelo escândalo de corrupção na Pe-trobras. O cenário atual é distinto de quando a petista assumiu a Presidência, em janeiro de 2011. Nos cem primeiros dias daquele ano, o quadro geral era bem mais favorável à presidente, mas tam-pouco totalmente positivo.

Em comunicado, a Secre-taria-Geral da Presidência da República afirmou que “o go-verno está operando em ritmo acelerado, dando continuidade aos programas e fazendo ajus-tes para acelerar o crescimen-to econômico do país”. “Neste ano, por exemplo, o governo entregou mil unidades resi-denciais do programa Minha Casa, Minha Vida por dia. Os compromissos assumidos na campanha se estendem até 2018”, acrescenta o texto.

PopularidadeBeneficiada pelo então bom

momento econômico e pela popularidade em alta de seu antecessor, o ex-presidente Lula, Dilma terminou os três primeiros

meses de mandato em 2011 com a confiança de 73% da popula-ção. Mas a situação se inverteu no segundo mandato: agora, o mesmo percentual de pessoas diz não confiar na presidente, segundo a pesquisa CNI-Ibope divulgada na semana passada.

O índice de desconfiança é o mais alto em 20 anos. Segun-do o levantamento, somente 24% dos entrevistados dizem confiar em Dilma. O pior re-sultado até então havia sido registrado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de 27%, no início do seu se-gundo mandato, em 1999.

EconomiaNa economia, Dilma assu-

miu a Presidência também com bons ventos a seu favor, ainda que com a previsão de um me-nor crescimento para o ano. Nos três primeiros meses de 2011, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu 1,7% sobre o trimestre imediatamente an-terior e 4,2% na comparação anual, com destaques para a agropecuária e indústria.

O crescimento foi comemo-rado pelo governo, especial-mente em meio a uma ativi-dade econômica já aquecida. Em 2010, a economia havia registrado alta de 7,5%.

Isolada, presidente Dilma tem agora muito mais desafios do que em igual período no primeiro mandato, dizem especialistas

O mercado espera uma piora desse quadro neste ano. Se-gundo uma estimativa do re-latório Focus do Banco Central, que pesquisa semanalmente as previsões de mercado para a

economia, espera-se uma que-da de 1% no PIB brasileiro em 2015. A taxa de desemprego média entre janeiro e março de 2011 foi de 6,3%, refletin-do, segundo o IBGE, o cenário

mais favorável na economia e empregos mais qualificados.

Por outro lado, sinais de que a meta do superavit primário (economia para pagar os juros da dívida) não seria cumprida

e em meio à aceleração da inflação (o índice foi de 6,3% nos últimos 12 meses termi-nados em março daquele ano) levaram o governo a adotar um forte ajuste fiscal.

Mercado, desconfiado, aguarda por respostas

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EconomiaCa

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[email protected], DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015 (92) 3090-1045

O consultor econômico Ailson Rezende afi rma que é na época de crise que alguns negócios crescem. Segundo ele, quem apro-

veita a oportunidade são os empresários mais arrojados que não têm medo de en-frentar desafi os com novos empreendimentos.

Ele acentua que para ter sucesso com o novo negócio é necessário re-

alizar um bom estudo de mercado para identifi car que produtos são os mais consumidos no determina-do período. “As empresas que obtêm sucessos são aquelas que aproveitam o momento de crise para ampliar ou diversifi car seus negócios”, comenta.

Conforme ele, essas em-presas têm a possibilida-de de crescer ainda mais

quando o mercado retomar a sua normalidade. “O em-presário que traça estra-tégias em momento difícil tem maior oportunidade de aumentar o faturamento após a regularização do mercado. O índice de cres-cimento vai depender de cada segmento e também dos tipos de bens e serviços que está sendo ofertado no mercado”, salienta.

Estratégias para negócios

Economia B5

Amazonensesde olho no mercado árabe

DIVULGAÇÃO

O consultor econômico Ailson Rezende afi rma que é na época de crise que alguns negócios crescem. Segundo ele, quem apro-

alizar um bom estudo de mercado para identifi car que produtos são os mais consumidos no determina-do período. “As empresas

Estratégias para negócios

Momento de crise é tempo para investir no AmazonasEmpreendedores apostam nas lacunas do mercado, com visão de médio e longo prazo

A certeza de que crises são passageiras e que é crucial estar prepa-rado para atender à

demanda quando o merca-do se normalizar estimula o lado empreendedor de alguns empresários no Amazonas. A classe, movida pela visão de longo prazo e pelo anseio de ocupar lacunas deixadas pela concorrência, abre novos em-preendimentos na capital dian-te do pessimismo quase gene-ralizado, alimentado por uma série negativa de indicadores e perspectivas econômicas.

A empresária Arenaide Pe-reira, por exemplo, trouxe para Manaus a primeira unidade da franquia de restaurantes baia-na Mariposa Creperia, presen-te no Amazonas. De acordo com ela, o investimento para a franquia em si custou R$ 600 mil, mas com o diferencial regional, como a mão de obra signifi cativamente mais cara, altos custos para transportes de equipamentos e produtos, fi zeram o valor total chegar a R$ 1,2 milhões.

Ela conta que todo o proces-so para abrir o novo negócio, do estudo de qual seria a fran-quia ideal até a inauguração do restaurante, que ocorreu no último dia 30 de março, no Manauara Shopping, Zona Centro-Sul, durou pelo menos um ano. “Resolvemos investir no ramo de alimentos, que tem um retorno mais assegurado. A Mariposa Creperia uniu tudo o que buscamos em uma mar-ca: produtos e serviços dife-renciados e reconhecimento nacional da marca”, declara.

O empreendimento até o

momento já ge-rou em torno de 28 empregos diretos. Para driblar a concorrência, Arenaide aposta na marca. Conforme a empresária, a Mariposa Creperia é nacio-nalmente conhecida pelos produtos oferecidos e pelo incentivo à alimentação sau-dável. “No restaurante, os clientes podem encontrar um mix de saladas com mais de 30 opções, além de comida japonesa, massas integrais produzidas com grãos sele-cionados, grelhados e crepes doces e salgados”, revela.

A empresária também in-veste no Happy Hour, com a promoção diária de chope em dobro, que acontece sempre das 17h às 20h. “Enquanto a maioria dos restaurantes faz essa promoção somente nos primeiros dias da semana, a Mariposa Creperia realiza dia-riamente. Além disso, todos esses atrativos são oferecidos em um ambiente aconchegan-te, com decoração exclusiva e que remete os frequentadores aos points mais badalados de Trancoso, na Bahia”, frisa.

Os empresários Humberto Gandra e Emerson Escóssio investiram em torno de R$ R$ 300 mil em uma empresa três em um. A loja, Up Digital, inaugurada no último dia 27 de março, na rua Aloísio Bra-sil, bairro Japiim, na Zona Sul, oferece serviços de gráfi ca digital, brindes e comuni-cação visual. Segundo Gan-dra, a escolha do segmento foi baseada na experiência na área e no mercado, que é carente. “Apesar de ha-ver muitas empresas desse segmento, elas não atendem toda a demanda”, relata.

SILANE SOUZAEquipe EM TEMPO

Gandra explica que a carência do mercado foi observada quando um cliente que busca fazer campanha publicitária, congresso ou serviço de identidade visual de uma empresa tem que se des-locar a várias gráfi cas para fazer o trabalho. “Resolvemos reunir tudo em um só lugar. Oferecer ao cliente um mix de produtos”, aponta.

A aceitação do mer-cado, segundo o em-presário, foi imediata. Ele avalia que, em no máximo um ano, a em-presa renderá todo o investimento emprega-do no empreendimento. “Depois que ligamos as máquinas, elas ainda não mais pararam de funcionar”, afi rma. Con-forme ele, sete vagas de empregos diretos foram geradas e a previsão, por conta da demanda, é criar mais três.

Carência de mercado e as oportunidades

Investimento na franquia de alimentação Mariposa Creperia por um retorno fi nanceiro seguro

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B2 Economia MANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015

Cálculo para aprender a economizar na torneiraCampanha da Arsam tem como objetivo orientar o usuário quanto ao uso racional da água consumida nas residências

Para deixar um aler-ta aos usuários dos serviços de abaste-cimento de água e

esgotamento sanitário de Manaus, a Agência Regula-dora dos Serviços Públicos Concedidos (Arsam) dará iní-cio, a partir da próxima se-mana, à campanha “Aprenda a Calcular Sua Conta”.

Coordenada pelo Depar-tamento de Fiscalização de Saneamento, a campanha tem como objetivo orientar os usuários quanto ao uso racional da água, demonstran-do, a cada visita domiciliar, a relação entre o valor pago e o volume de água consumido.

Esclarecimentos simples sobre a importância do hi-drômetro e torneira boia, reservação de caixas d’água para o controle do consu-mo e o cálculo da conta são os primeiros procedimentos realizados pela Arsam nas fiscalizações de rua. Além disso, o percentual cobrado pelo serviço de tratamento de esgoto, se existente, também é esclarecido.

“Quando chegamos à casa de um usuário, a primeira providência é a análise das contas recebidas. Verificamos a média dos últimos meses de

consumo e explicamos como a cobrança foi feita, se está cor-reta ou não. Depois partimos para os problemas operacio-nais”, informou o engenheiro Jorge Carésto, chefe do depar-tamento de fiscalização.

Além de medidas imedia-tas de economia, a campanha também incluiu o combate a vazamentos nas redes de

abastecimento, por meio da redução do tempo de ma-nutenções, sendo que a Ar-sam avisa e exige o reparo imediato à concessionária Manaus Ambiental. A Arsam também realiza o combate às ligações clandestinas, que acabam prejudicando a pres-são da água em áreas mais altas, por exemplo.

Cada vez que uma torneira

é aberta, o hidrômetro entra imediatamente em ação. É o hidrômetro que registra a quan-tidade de água que o usuário consome. O hidrômetro, obri-gatoriamente, possui um lacre que não deve ser violado, pois o perfeito estado do lacre asse-gura que não houve adulteração no marcador.

Fazer a leitura do hidrôme-tro é simples. O usuário deve anotar os quatro números pre-tos, localizados em sua parte esquerda (de uma sequência de seis dígitos), e desprezar os números vermelhos (lo-calizado na parte direita da citada sequência). Um mês depois de fazer a anotação, o usuário voltará a consultar a numeração dos números pretos e fazer uma conta de subtração. O resultado desta equação indicará a quantida-de de metros cúbicos consu-midos durante este período.

Se na primeira leitura os qua-tro números pretos registrarem 0549 e um mês depois a nova numeração desta sequência for 0632, o usuário terá consumido 0083 metros cúbicos de água no mês (00632 – 00549 = 0083). Se efetivo o serviço de esgoto, o valor cobrado corres-ponderá a 100% sobre o valor da conta de água.

DIVULGAÇ

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Agência quer, com a medida, combater o uso desnecessário de água e o desperdício por vazamentos

DESPERDÍCIOLavar o veículo em casa nos finais de semana, por exemplo, é dos maiores respon-sáveis pelo desperdício de água, bem como a falta de reparo na rede de distribuição do bem líquido da residência

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B3EconomiaMANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015

Protesto anti McDonald’sTrabalhadores brasileiros da franquia participarão, no próximo dia 15 de abril, da mobilização mundial que envolve vários países que questionam, entre outras coisas, o acúmulo de funções sem a devida remuneração e situação de insalubridade

São Paulo - A campanha brasileira #SemDirei-tosNãoéLegal irá para as ruas no dia 15 de

abril em São Paulo, Salvador, Goiânia e Brasília. O objetivo dos protestos é alertar a po-pulação sobre o desrespeito recorrente e contínuo aos direi-tos trabalhistas pela franque-

adora máster do McDonald’s no Brasil, a Arcos Dourados Comércio de Alimentos Ltda.

A campanha #SemDireitos-NãoéLegal é o braço brasileiro de um movimento mais amplo. O Brasil está entre os 40 paí-ses de vários continentes que participarão dos protestos de quarta-feira em prol do respei-

to aos direitos dos trabalhado-res do setor de fastfood.

A mobilização é organiza-da pela Nova Central Sindi-cal de Trabalhadores (NCST) com o apoio da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade (Contratuh), juntamente com outras entidades sindicais

como o Sinthoresp ( Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis, Restaurantes, Bares e Simila-res de São Paulo), a Fethepar (Federação dos Empregados em Turismo e Hospitalidade do Estado do Paraná) e a Fetrhotel (Federação Interes-tadual dos Trabalhadores Ho-teleiros de São Paulo e Mato

Grosso do Sul).A campanha brasileira ini-

ciou-se no dia 24 de feverei-ro com o ingresso na Justiça trabalhistas de uma ação civil pública que denunciou a prá-tica de “dumping social”, e recobrou forças em março, quando a empresa foi acio-nada uma vez mais.

O McDonald’s é acusado de praticar a jornada móvel variá-vel, o acúmulo de funções sem a devida remuneração e não reconhece a insalubridade de algumas funções. Esse modelo de negócio faz com que a rede no Brasil obtenha indevida-mente vantagem competitiva sobre seus concorrentes.

Campanha começou nos EUA e se espalhou pelos continentes

Entre as violações cons-tatadas na McDonald’s es-tão também o pagamento de salários com valores inferiores ao mínimo es-tabelecido por lei, horas extras habituais não re-muneradas, supressão dos intervalos para des-canso e refeições, indícios de fraudes nos holerites e no registro de horas trabalhadas.

Constatou-se ainda pro-blemas com relação ao desempenho de múltiplas funções sem a devida remu-neração, ausência de horá-rios regulares de trabalho e atividades insalubres sem o uso de equipamento de proteção individual (inclu-sive com a utilização de mão de obra de adolescen-tes de 16 a 18 anos, em atividades insalubres).

O movimento global contra as condições de trabalho da McDonald’s começou nos Estados Uni-dos da América (EUA), em 2012. Inicialmente restri-to a Nova York, contou com a participação de 200 trabalhadores. A ação glo-bal de quarta-feira deve contar, só nos Estados Unidos, com a participa-ção de 60 mil pessoas, que farão greves ou atos de protesto em mais de 200 cidades nos EUA.

No país de origem, além do respeito às leis traba-lhistas, os trabalhadores reivindicam o pagamento de um mínimo de 15 dólares por hora (#Fightfor$15). Na Europa, a principal queixa é a evasão de divisas pela corporação por meio de paraísos fiscais.

Salários inadequados

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Brasileiros denunciam desrespeito aos direitos trabalhistas

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015

Oportunidade de pequenos negócios para reabilitadosGoverno do Estado garante crédito do Banco do Povo para ex-pacientes do Centro de Reabilitação que se capacitaram

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ÃOResidentes que conclu-

írem o curso de pani-ficação e confeitaria, do Centro de Reabili-

tação em Dependência Quími-ca Ismael Abdel Aziz, terão a chance de se tornarem peque-nos empresários e conquistar o próprio negócio. Durante a comemoração de um ano da unidade, na última terça-feira (7) o governador do Amazonas, José Melo, afirmou que o Esta-do ajudará os pacientes a saí-rem da unidade de tratamento com futuro garantido.

De acordo com Melo, os resi-dentes do centro de reabilita-ção capacitados terão acesso a crédito da Agência de Fomen-tos do Amazonas (Amazonas), por meio do Banco do Povo, para comprar os maquinários e assim montar a sua padaria. “Vamos fechar uma parceria entre Afeam e todo paciente que concluir o curso de pani-ficação e confeitaria no centro de reabilitação. Ele receberá a ajuda do governo para iniciar seu próprio negócio. Desta for-ma, vamos garantir um futuro melhor lá fora para eles e suas famílias”, disse.

Para garantir o direito ao financiamento do Banco do Povo e ter seu próprio negócio, o paciente tem de concluir não somente o curso de pa-nificação e confeitaria, mas também o tratamento tera-pêutico oferecido pelo centro de reabilitação.

Ao ouvir o anúncio do gover-nador sobre o investimento, Alexandre Viegas de Carvalho começou a traçar seu futuro e já pensa em montar sua pada-ria. Num primeiro momento, os planos é organizar a produção e venda na sua residência, em Manaus, e só depois expandir o empreendimento.

“Vou começar com o pé no chão. Primeiro vou montar a

padaria em casa, depois ex-pandirei o negócio com o meu ponto comercial. Graças à nova oportunidade que tive desde quando comecei a me tratar no centro de reabilitação”, afir-ma o paciente, que completou seu tratamento terapêutico na última sexta-feira (10).

Com o mesmo pensamento, o paciente Gregory Victor Oli-veira Costa vai aproveitar o ponto comercial de seus fami-liares para iniciar sua venda de pães, doces e salgados. “Terei a facilidade de ter um ponto comercial para iniciar meu ne-gócio. Porém, precisarei desse investimento do governo com

a finalidade de comprar ma-quinários para confeccionar os quitutes que aprendi quando fiz o curso”, conta o paciente.

Lugar onde os pacientes recebem formações como, por exemplo, no ramo do ar-tesanato e o de panificação, o centro de reabilitação está localizado no quilômetro 53 da Rodovia AM-010 (estrada que liga os municípios de Manaus e Rio Preto da Eva). É uma unidade pública de saúde do governo do Amazonas, geren-ciada pelo Instituto Novos Ca-minhos (organização social), por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Susam).

Quero montar meu negócio e assim

garantir uma renda para me manter

com minha família e o que é melhor, longe das drogas

Lenilson Ribeiro Viana,ex-residente

Participam do curso de panificação e confeitaria os pacientes do centro de rea-bilitação com tempo mínimo de 70 dias de internação. O curso de 40 horas é dividido em duas etapas: prática e teórica. Cada turma é for-mada por 11 alunos residen-tes. Todos os pacientes são incentivados a participar da atividade terapêutica.

Desde o primeiro dia de

aula, os residentes colocam a mão na massa e produzem o seu primeiro pão. Depois, eles aprendem a produzir bolos, tortas, doces e salgados.

Para o diretor do centro de reabilitação, psiquiatra Pablo Gnutzmann, o curso, além da importância terapêutica, ga-rantirá uma nova profissão e fonte de renda ao residente. “O compromisso é não apenas promover a saúde em seu sen-

tido mais amplo, mas também buscar o recrutamento social dos pacientes por meio de oficinas que proporcionam no pós-alta uma nova possibili-dade de trabalho”, diz.

No centro há cursos de artesanato, informática, bio-joias, piscicultura, horticul-tura, corte e costura, todos com finalidade terapêutica ocupacional e profissionali-zante. Todos ganham certifi-

cado reconhecido pelo Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam).

Todos os produtos confec-cionados no curso de pani-ficação e confeitaria pelos residentes complementam a alimentação deles durante o tempo de tratamento. “Nes-te curso eles aprendem a fazer pães, doces, salgados, bolos confeitados e tortas”, informa o diretor.

Profissionalização com poder terapêutico

O Centro de Reabilitação Ismael Abdel Aziz é pioneiro no Brasil com a política de Redução de Danos. O total de 588 pacientes adoecidos pelo uso abusivo de álcool e outras drogas já foram atendidos. “Mostramos a eles os malefícios causados pela droga e apresentamos para uma nova forma de se tratar e viver sem o uso de drogas”, explica o secretário de Estado de Saúde (Su-sam), Wilson Alecrim.

Construído e mantido pelo governo do Amazonas, o centro trabalha com es-tratégias que possibilitam a mudança de vida dos re-sidentes. “Minha vida mudou depois que o conheci. Hoje tenho vida nova. Ganhei uma nova profissão enquanto fa-zia o tratamento terapêuti-co, uma nova família, e estou muito feliz por tudo que me aconteceu graças à dedica-ção de cada profissional que

trabalha no centro”, relata o artesão Lenilson Ribeiro Viana. Ele fez parte da pri-meira turma de residentes da unidade de tratamento e hoje trabalha com a confec-ção artesanal, profissão que aprendeu no centro.

Lenilson afirma que as oportunidades iniciaram depois que concluiu o cur-so de artesanato e ganhou sua Carteira de Artesão Profissional, emitida pela Secretaria de Estado do Trabalho (Setrab). “Hoje eu confecciono meu artesa-nato. Quero montar meu próprio negócio e assim ga-rantir uma renda para me manter com minha família e o que é melhor, longe das drogas”, comemora.

O centro de reabilitação atende homens, mulheres e adolescentes acima de 13 anos adoecidos pelo consumo excessivo de ál-cool e outras drogas.

Pioneiro na redução de danos

Governador Melo anunciou crédito no centro de reabilitação

Doces e salgados produzidos pelos internos que se capacitaram

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B5EconomiaMANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015

Além de cosméticos e fi toterápicos, frutas amazônicas também estão na pauta de

exportações dos empreendedores do Estado

Mercado árabe desperta interesse dos amazonenses

ANWAR ASSIEquipe EM TEMPO

O empreendedor ama-zonense tem uma oportunidade real de fechar um verda-

deiro “negócios das Arábias”. Responsáveis por fabricarem itens que carregam em suas essências uma marca forte e atraente – a Amazônia -, eles foram sondados, na semana passada, durante a visita ao Amazonas de uma comitiva com embaixadores e repre-sentantes de 17 países que estão situados entre o norte da África, Oriente Médio e a região do Golfo, para levar seus produtos para o tenta-dor mercado árabe, composto de aproximadamente 365 mi-lhões de consumidores.

Ciente do sucesso que os produtos de beleza fazem no mundo árabe, em especial entre o público feminino, o proprietário da Pronatus do Amazonas, Evandro de Araújo Silva, tem interesse em vender os itens de cosméticos que pro-duz, como gel, pomadas e óleos corporais, para esses países. Segundo o empreendedor, que hoje exporta apenas, aproxi-madamente, US$ 20 mil para o Japão, ingressar no mercado árabe será uma oportunidade

para ampliar sua participação no cenário internacional.

“Queremos fechar negócios. Estamos estudando quais são os países que possuem inte-resse na área de cosméticos. Fizemos cinco aproximações e a promessa de participar de uma feira comercial naquela região”, revela.

O empresário Schubert Pinto Junior afi rma que comercializar no mercado árabe um dos 150 tipos de produtos que fabrica, entre sabonetes, gel, xampus e hidratantes, na Pharmakos D’Amazônia é um sonho que parecia distante, mas que fi cou mais próximo agora com a vinda da comitiva de embaixa-dores ao Estado. Ele salienta que já possui alguns contratos com os Estados Unidos e a Itália. “O nome da Amazô-nia é muito forte no mundo inteiro. Fazer um cosmético de qualidade, certifi cado e do Amazonas, com certeza, va-mos conseguir achar um nicho no mercado árabe que possa aceitar esses produtos”, des-taca o empresário ao revelar que o único país árabe que já teve a oportunidade de visitar foi a Palestina.

‘Voos altos’Embora ainda esteja “enga-

tinhando” no Centro de Incuba-

ção e Desenvolvimento Empre-sarial (Cide), a Amazo’e Nutri Flore pensa como “gente gran-de” e sonha alto com o mercado árabe. Segundo a consultora de Marketing, Eliane Gomes, a empresa que fabrica itens nutricionais e cosméticos com insumos amazônicos vai come-çar sua produção em escala

semi-industrial a partir do se-gundo semestre de 2015.

Conforme Eliane, entre os produtos que a Amazo’e tem interesse em exportar estão suplementos nutricionais fei-tos à base de soja com in-sumos amazônicos (andiroba, castanha, açaí, copaíba, entre outros), itens de reposição hor-monal, de emagrecimento e de revigoramento. “Nossos nu-trientes garantem a segurança alimentar exigida”, destaca.

FrutasOutro item que está na pauta

de discussão é a importação por parte dos árabes de frutas tipicamente amazônicas como o açaí e o camu camu, por exemplo, ou que são ampla-mente produzidas na região, como é o caso do abacaxi.

Durante o seminário re-alizado na Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), no úl-timo dia 8 de abril, vários países árabes expressaram o desejo de consumir as frutas “exóticas” da Amazônia.

Um dos interessados foi o Sultanato de Omã, um prós-pero país do Golfo cuja renda per capita da população é de US$ 93,7 mil.

“A Região Amazônica pos-sui frutas exóticas que podem ser muito bem aceitas nos países árabes”, declara com exclusividade ao EM TEMPO o embaixador de Omã no Brasil, Khalid Al Jaradi.

Situada no bairro Santa Etelvina, na Zona Norte, a empresa Infrutas possui pla-nos para começar a exportar sua produção de polpa de fru-tas para outros países, entre eles, os do bloco árabe. Entre os sabores estão os de açaí, cupuaçu e taperebá, afi rma o empresário Fábio Ribeiro.

PISCICULTURAOs peixes da Região Amazônica, como ma-trinxã e jaraqui, podem ser exportados para os países árabes que mostraram interesse no consumo dessas es-pécies encontradas em abundância no Estado

País que possui várias zonas industriais, a Tunísia tem interesse em captar investimentos estrangeiros, inclusive do Brasil, o que pode benefi ciar a indústria ama-zonense. De acordo com o embaixador tunisiano, Sabri Bachtobji, o maior interesse do país é o de fazer parcerias na área farmacêutica.

“Essa parceria será uma oportunidade para os ama-zonenses venderem seus produtos também no mer-cado europeu, uma vez que a Tunísia é o ponto mais avançado da Europa (próxi-mo da Itália). Temos um novo código de investimentos que é muito vantajoso. Criar uma parceria entre o sistema da

Fieam e as entidades homó-logas na Tunísia cria uma sinergia nova”, falou o diplo-mata ao EM TEMPO em um excelente “portunhol”.

BarreirasSegundo o empresário

Evandro Silva, da Pronatus do Amazonas, para que o intercâmbio com os árabes tenha sucesso é necessário que o empreendedor amazo-nense tenha conhecimento sobre as barreiras que po-dem travar o comércio, como as exigências sanitárias, aduaneiras e até culturais. “Não adianta investir em ou-tros países se há barreiras que podem travar todo esse negócio”, comenta.

Medidas para vencer gargalos

ANWAR ASSI

Amazonenses negociam com o embaixador da Argélia

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B6 País MANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015

Terceirização gera nova polêmica no CongressoPor uns é visto como modernidade. Mas, para outros, a regulamentação vai se configurar na precarização das relações trabalhistas

Na última quarta-feira, os deputados entraram pela noite votando o texto-base do projeto que regulamenta a terceirização no país. Os que votaram contrários realizaram um protesto no plenário

Brasília (Agência Câ-mara) – Uma nova polêmica ronda o país e pode gerar mais uma

crise na política brasileira: o projeto que regulamenta a ter-ceirização para todas as áreas da empresa, cujo texto-base foi aprovado na última quarta-feira na Câmara dos Deputados, promete gerar muita discussão, briga, protestos e conflitos já na desgastada relação entre o povo brasileiro e os políticos do Congresso Nacional.

A discussão do projeto que regulamenta a terceirização (PL 4330/04) colocou em lados opostos dois argumentos: os contrários alegam que haverá precarização das relações de trabalho, enquanto os favorá-veis falam em modernidade e competitividade da economia brasileira. O embate deve con-tinuar nesta semana, quando serão votados os destaques.

O projeto autoriza a tercei-rização para todas as áreas de empresas. Hoje, a Justiça do Trabalho limita a subcon-tratação a áreas-meio, como limpeza, segurança e serviços especializados que não tenham relação com o objeto de empre-sa. A terceirização de funcioná-rios da área-fim é considerada ilegal pela Justiça do Trabalho. Esse é o ponto mais polêmico da proposta. Os partidos que se aliaram contra o proje-to foram PT, PCdoB e Psol. Eles chegaram a levar uma faixa ao plenário da Câma-ra dos Deputados criticando o projeto.

O deputado Valmir Assunção (PT-BA) disse que a proposta vai retirar dos trabalhadores as conquistas dos últimos 12 anos com a redução do desemprego e a política de valorização do

salário mínimo.A proposta também foi criti-

cada pelo deputado Alessandro Molon (PT-RJ). “O atual projeto que se quer votar neste mo-mento quer transformar os 33 milhões de empregados diretos em terceirizados, e isso nós não queremos”, disse.

Molon informou que deu en-trada no Supremo Tribunal Fe-deral (STF) com mandado de segurança pedindo a anulação da sessão da Câmara desta quarta-feira. Ele argumentou que uma medida provisória já aprovada em comissão mista estaria trancando a pauta do plenário, o que impediria a vota-ção do texto da terceirização.

SindicatosJá o deputado Paulo Pereira da

Silva (SD-SP) defendeu o proje-to. Ele ressaltou que o relator, deputado Arthur Oliveira Maia (SD-BA), aceitou uma emenda que garante aos terceirizados os mesmos direitos de acordos coletivos do sindicato dos funcionários da empresa con-tratante. “O sindicato será o mesmo, então, vai garantir os mesmos direitos”, disse.

Na avaliação do deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), sindicatos contrários à propos-

ta estão menos preocupados com trabalhadores e mais com o financiamento das entidades sindicais. “(A proposta) vai aca-bar com a categorização e com o financiamento, pelos tercei-rizados, de sindicatos que não lhes servem”, disse. Para ele, a Justiça também errou ao criar a distinção entre atividade-meio ou atividade-fim. “Quem ganha uma concessão de rodovia con-trata uma empresa para fazer o asfalto e outra para fazer a pintura”, afirmou.

O texto também regulamenta obrigações de empresas con-tratantes e terceirizadas; exige que a contratante fiscalize o pagamento de encargos tra-balhistas pela terceirizada; e obriga as fornecedoras de mão de obra a serem especializadas em um segmento.

Situação dos trabalhadoresPara a deputada Eliziane

Gama (PPS-MA), o projeto pre-cisa ser mudado para não preju-dicar os trabalhadores. “Temos um histórico de violações de leis trabalhistas e, quanto mais afrouxarmos a legislação, mais suscetíveis seremos a essas vio-lações”, avaliou. Contra o pro-jeto, o deputado Cabo Daciolo (Psol-RJ) apelou para Deus e afirmou que apenas um “mi-lagre” impediria a aprovação do texto. Ele lembrou, no en-tanto, que os deputados serão cobrados no futuro por seus votos. “Tem parlamentar aqui que vai ser candidato a pre-feitura em 2016, e aqueles que votarem ‘sim’ vão ver que não vão entrar. Deus vai cobrar”, disse o deputado.

Já o relator, Arthur Oliveira Maia, negou que o projeto piore a situação dos trabalhadores e lembrou que a falta de norma é pior para o setor.

SÚMULAAtualmente, a terceiri-zação trabalhista é re-gulada por uma súmula do Tribunal Superior do Trabalho. Mas, so-mente para atividade-meio, como limpeza, segurança e serviços especializados

GUSTAVO LIMA/CÂMARA DOS DEPUTADOS

O líder do PT, deputa-do Sibá Machado (AC), lembrou que a propos-ta impede o crescimento profissional de trabalha-dores. Ele citou o caso da ex-presidente da Petro-bras Graça Foster, que entrou na empresa como es-tagiária e chegou ao topo. “A terceirização não permite isso, não permite que ne-

nhum trabalhador de qual-quer setor possa pensar em ascensão futura, em cargos de comando”, criticou.

Para o deputado Ronaldo Fonseca (Pros-DF), no entan-to, o projeto é bom. “Está se querendo fazer acreditar que o projeto é precarização do direito do trabalhador, mas o que é bom para o trabalhador tem de ser bom para o em-

pregador”, afirmou.O deputado Silas Brasilei-

ro (PMDB-MG) disse que os terceirizados são mais com-prometidos com o trabalho e mais eficientes. “Quando fui prefeito, fazer concurso foi o maior erro que cometi. Todos sentiram que estavam estáveis e passaram a só cum-prir horário, porque estavam estáveis”, opinou.

Opositor critica proposta de lei

Deputado Sibá Machado (PT-AC) é contra a proposta. Para ele, impede o crescimento profissional

LUIS MACEDO/AGÊNCIA CÂMARA

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B7MANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015 País

Políticas de combate à violência contra mulherParlamentares do Congresso Nacional vão avaliar a efetividade de ações adotadas na proteção dos direitos femininos no país

Brasília (Agência Se-nado) - A ministra-chefe da Secretaria de Políticas para as

Mulheres da Presidência da República, Eleonora Menicuc-ci, participa, depois de ama-nhã, de audiência pública no Senado. Ela vai apresentar à Comissão Mista de Combate à Violência Contra a Mulher as políticas de enfrentamen-to à violência adotadas hoje no Brasil.

A iniciativa de chamar a ministra foi da presidente da comissão, senadora Simone Tebet (PMDB-MS) e da se-nadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). A intenção é traçar um quadro sobre a situação atual no enfrenta-mento de violência contra a mulher e os avanços con-quistados desde a aprovação da Lei Maria da Penha. As senadoras querem também saber das dificuldades na im-plantação de medidas des-tinadas à erradicação desse tipo de violência.

De acordo com estudo do Instituto de Pesquisa Econô-mica Aplicada (Ipea), divul-gado no início de março, a Lei Maria da Penha reduziu em aproximadamente 10% a taxa de homicídio contra

as mulheres dentro de suas residências. Entretanto, a efetividade da lei não se deu de maneira uniforme no país. Segundo o insti-tuto, isso ocorre porque há “diferentes graus de insti-tucionalização dos serviços protetivos às vítimas de vio-lência doméstica”.

Uma das explicações en-contradas no estudo para

esse resultado diferenciado por região foi de que nos locais onde a sociedade e o poder público não se mobi-lizaram para implantar dele-gacias de mulheres, juizados especiais, casas de abrigo e outros equipamentos de apoio à vítima de violên-cia, o temor pela punição da lei não foi internalizado

na população. Daí a neces-sidade de uniformizar, em todo o país, os instrumen-tos de combate à violência contra mulher.

RelatoriaAntes da audiência com

a ministra, a comissão irá escolher seu relator e votar três requerimentos que cons-tam da pauta do colegiado. O primeiro, de autoria da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), pede diligên-cias, em cada uma das re-giões brasileiras, para obter informações sobre as polí-ticas públicas de combate à violência contra a mulher criadas e implementadas nessas regiões e as dificul-dades para conduzi-las.

O segundo, apresenta-do pela deputada Moema Gramacho (PT-BA), propõe realização de audiência pública para apresentação do Programa Ronda Maria da Penha, atualmente exe-cutado na Bahia. O último requerimento, de iniciativa da vice-presidente da co-missão, deputada Keiko Ota (PSB-SP), propõe au-diência pública para dis-cutir a violência contra mulheres policiais.

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AÇÃO

Ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Política para as Mulheres, participará de audiência

AVANÇOSAudiência pública no Senado na próxima terça-feira vai discu-tir o enfrentamento à violência contra a mulher no Brasil e os avanços conquistados desde a aprovação da Lei Maria da Penha

PL quer atendimento prioritário Brasília (Agência

Câmara) - Tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de lei 134/15, do deputado João Derly (PCdoB-RS), que garante atendimento prioritário em bancos e reparti-ções públicas a pessoas com doenças graves. A proposta também obri-ga as concessionárias e as empresas públicas de transporte coletivo a re-servarem assentos, devi-damente identificados, a esse público.

De acordo com o texto, serão consideradas gra-ves para fins do benefí-cio as doenças listadas na lei 7.713/88. Entre as enfermidades, estão: tu-berculose ativa; alienação mental; esclerose múlti-

pla; neoplasia maligna (câncer); cegueira; han-seníase; paralisia irrever-sível e incapacitante; car-diopatia grave; e doença de Parkinson.

O conteúdo da proposta é o mesmo do projeto de lei 372/11, que foi arqui-vado ao final da legisla- tura passada.

Piora do quadroJoão Derly destaca a im-

portância de reduzir o tem-po de espera dos cidadãos doentes. “Tal situação (a espera) implica não ape-nas desconforto, mas pode também levar à piora do quadro de saúde dessas pessoas”, diz Derly.

A proposta altera a lei 10.048/00, que já prevê o atendimento prioritário às pessoas com deficiência; aos idosos; às gestantes e às lactantes; e aos ci-dadãos acompanhados por crianças de colo. O projeto, que tramita apensado ao PL 574/15, será analisa-do, em caráter conclusivo, pelas comissões de Segu-ridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Deputado João Derly (PCdoB-RS) quer atender pessoas com doenças graves com proposta

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AÇÃO

DOENÇAS GRAVES

PROPOSTADeputado quer apro-var projeto que obriga atendimento prioritário a pessoas portadoras de doenças graves, como câncer, cegueira, esclerose múltipla e tuberculose, em repar-tições públicas

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B8 Mundo MANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015

AGÊN

CIA

EFE

Estudo diz que islamismo crescerá 73% até 2050Religião é a que mais irá se expandir no mundo neste período, motivado pela alta taxa de fertilidade e população jovem atual

São Paulo (Opera Mundi) -Nas próximas quatro décadas, o islamismo crescerá mais rápido do

que qualquer outra religião ao redor do mundo, expandindo-se em 73%. Essa tendência foi apresentada com base em um estudo divulgado na última semana pela ONG norte-ameri-cana PewResearch Center.

O relatório parte de 2010 para realizar uma análise compara-tiva com 2050, investigando padrões de comportamento das pessoas que aderem a cada religião. Uma das conclusões é que o número de muçulmanos se aproximará mais do que nunca ao de cristãos, embora ainda não os ultrapassem como maior grupo religioso do planeta.

Há 5 anos, estimava-se que o cristianismo possuía 2,2 bilhões de fiéis, mais de um terço (31%) das 6,9 bilhões de pessoas na Terra à época. Em seguida, es-tava o islamismo, com 1,6 bilhão de fiéis, representando 23% da população mundial.

Contudo, se a tendência de-mográfica continuar, o número de cristãos crescerá apenas 35%, ao passo que os muçul-manos terão um aumento de 73% de fiéis até 2050, quando a população mundial chegar a 9,3 bilhões de pessoas. Desse modo, em 35 anos, haverá quase uma paridade entre as duas religiões: o cristianismo possuirá 2,9 bi-lhões de aderidos e o islamismo, 2,8 bilhões. Com isso, até 2050, os muçulmanos terão represen-tatividade de mais de 50% da população em 51 países.

Vários motivos explicam esse fenômeno: entre os muçulma-nos, a taxa de fertilidade média é de 3,1 crianças por família, enquanto a taxa mundial é de 2,1. Além disso, mais de 34%

da população muçulmana tem menos de 15 anos, número significativamente superior à média de 27% da população mundial nessa faixa etária.

Como consequência, fiéis ao islamismo serão mais de 10% da população da Euro-pa até 2050. Há 5 anos, a religião representava 5,9% do continente.

Nos Estados Unidos, por sua vez, muçulmanos serão cada vez mais numerosos e se tornarão a segunda maior religião do país. Lá, o cristianismo deve ter uma queda significativa de aderidos.

Até 2050, haverá ainda outras modificações notáveis em ou-tras religiões, salvo o budismo, que permanecerá de tamanho semelhante a 2010.

O judaísmo e o hinduísmo serão maiores do que 5 anos atrás, com crescimento de 16% e 34% respectivamente nas pró-ximas quatro décadas. Na Índia, o hinduísmo continuará a ser a religião da maioria da popula-ção, mas o país terá a maior po-pulação muçulmana do planeta, superando a Indonésia.

EVOLUÇÃOConforme o estudo de ONG americana, a religião islâmica es-tará quase no mesmo patamar do cristianis-mo em 2050, apresen-tando um crescimento de 73% neste período investigado

Grupos palestinos e o go-verno do presidente sírio, Bashar al-Assad, concorda-ram, na última quinta-feira, com a criação de uma força militar conjunta para expul-sar o EI (Estado Islâmico) do campo de refugiados palestinos de Al Yarmouk, situado a oito quilômetros ao sul de Damasco.

Após a tomada do lo-cal pelo grupo jihadista no início da semana passada, a situação humanitária foi descrita como “catastrófi-ca” por autoridades. Tam-bém na última quinta, o secretário-geral da Orga-nização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, pediu uma ação para evitar um massacre. “O que está se desenrolando em Yarmouk é inaceitável”, disse Ban a repórteres na sede da ONU. “Nós simplesmente não po-

demos ficar parados assis-tindo o desdobramento de um massacre”, afirmou.

As declarações de Ban foram proferidas após o porta-voz da Organização pela Libertação da Palesti-na, Ahmad Majdalani, afir-mar que foi realizado um acordo entre as facções pa-lestinas e lideranças sírias para continuar as consultas para uma força conjunta com forças do governo.

“O esforço palestino será complementar à ação do Estado sírio para expul-sar os terroristas do cam-po de Yarmouk”, afirmou Majdalani, um dia após se reunir com todas as organizações palestinas, com exceção da Aknaf-Beit al-Maqdess, ligada ao grupo radical Hamas e de oposição ao regime sírio de Bashar Al Assad.

Estado Islâmico se tornou ameaça

Há mais de 3,5 mil menores submetidos a risco de mortes e traumas no campo, alerta ONU

Família muçulmana na Malásia: levantamento mostra que até 2050 religião terá representatividade de mais de 50% da população em 51 países do planeta

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O lixo e a realidade de Manaus

Dia a dia C2 a C5

IONE MORENO

Parintins (AM) – O muni-cípio de Parintins (dis-tante 331 quilômetros de Manaus) nunca teve

uma unidade prisional nos moldes que conhecemos, onde as pessoas pudessem cumprir suas penas com dignidade. O que é chamado de unidade prisional funciona num prédio de uma antiga delegacia de polícia desativada há cerca de 20 anos e que, inicialmente, seria a Delegacia da Mulher.

Como não se efetivou a especializada, o prédio pas-sou a ser utilizado para abri-gar presos condenados pela Justiça ou aguardando seu pronunciamento. Porém, fora pequenos reparos, o imóvel nunca recebeu uma reforma que o adequasse para funcio-nar como unidade prisional, ou seja, continuou com a estru-tura de uma delegacia cujas celas só têm capacidade para receber 35 presos.

Hoje na cadeia pública de Parintins vivem 105 presos. Uma das maiores populações carcerárias do Estado, guar-dadas as devidas proporções, em relação a outras unidades em municípios menores.

O presídio não tem um pavi-lhão dividindo os setores mas-

culino e feminino. As mulhe-res cumprem pena separadas apenas por celas dos demais presos. Isso é um problema para a administração. Também não existe guarita para segurança e observação quando os presos estiverem no banho de sol.

Recentemente, a prefeitura municipal revitalizou uma par-te da iluminação da cadeia.

Outro problema sério é a falta de um local para a guarda feita pela Polícia Militar. A maioria dos PMs tiram ser-viço sentados num banco em frente ao prédio.

Diante da gravidade da si-tuação, com a superpopulação carcerária, o Ministério Pú-blico, em 2014, ajuizou uma ação civil pública pedindo a interdição total da cadeia.

Julgado o pedido, o juiz Ita-mar Gonzaga, à época titular de Execuções Penais da Co-marca, acatou parcialmente o pedido. Mas, os presos nunca deixaram de chegar à cadeia. Ou seja, a medida nunca foi cumprida.

Nova administraçãoNo ano passado, assumiu a

anidade o funcionário Bosco Paulain, que vem “se virando nos 30” para amenizar a situ-ação. “Todo dia a gente mata um leão aqui, agora, dentro de nossas condições, já fi zemos

algumas melhorias, inclusive com pintura externa do muro do presídio. Estamos cons-truindo uma fossa, uma vez que a anterior dava problema constantemente. Não resta menor dúvida de que existem problemas maiores a esperar por solução”, assegura.

Pouco tempo após assumir a unidade prisional, Bosco Pau-lain enfrentou a mais san-grenta rebelião da história da cidade, na tarde de 1º de setembro de 2014.

A rebelião terminou com dois presos mortos - um de-les decapitado - e a unidade prisional completamente des-truída. Os líderes da rebelião foram transferidos 48 horas depois para presídios de Ita-coatiara e Manaus. “Todo o nosso arquivo foi destruído. Eles utilizaram material de expediente para iniciar o fogo e até hoje ainda não con-seguimos nos recuperar dos prejuízos”, diz Bosco.

Foi a primeira vez que Pa-rintins e região assistiram a uma rebelião tão violenta. Antes dessa, duas outras, em proporções menores, sacudi-ram a tranquilidade da Ilha Tupinambarana. Em todas, o primeiro item da pauta de reivindicação era a execução de melhorias na estrutura do prédio.

Presídio ‘espreme’ 105 prisioneiros em 35 vagasUnidade prisional de Parintins nunca foi reformada para funcionar como cadeia pública. Resultado é um “barril de pólvora”

TADEU DE SOUZAEquipe EM TEMPO

Vista externa da problemática unidade prisional de Parintins, imóvel que, com vagas para apenas 35 presos, comporta 105 homens e mulheres sem condições dignas para cumprirem suas penas

FOTOS: TADEU DE SOUZA

Nova unidade não saiu do papel

O promotor Flávio Mota (à dir.) e o juiz Fábio Olintho: à espera de uma resposta do Incra

O debate sobre a constru-ção de um novo presídio já se arrasta há dois anos. A prefeitura municipal havia disponibilizado uma área na estrada Eduardo Braga, po-rém, segundo a Secretaria de Estadual de Administra-ção Penitenciária, o local não atende às exigências do Ministério da Justiça, razão pela qual foi descartada.

A alternativa seria cons-truir o novo presídio numa área do assentamento do governo federal em Vila

Amazônia (distante 30 mi-nutos de barco da sede do município) mas, para que isso aconteça, é necessário que haja uma autorização do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

“O Incra até agora não autorizou”, diz o Ministé-rio Público Estadual, por meio do promotor Flávio Mota, da 1ª Promotoria de Parintins, enfatizando que uma reunião acontecerá em Manaus, em data a ser

defi nida, com a superinten-dência do órgão para tentar obter essa concessão.

A preocupação do juiz de Execuções Penais, Fábio Olintho de Souza, é quanto à possibilidade de a Justiça executar a ação do MPE. “Isso inviabilizaria por com-pleto a cadeia pública, e para evitar isso convocamos o secretário de Administração Penitenciária para informar o andamento das providên-cias para construção do novo presídio”, afi rmou.

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C2 Dia a dia

Em 2021, o aterro sanitário de Manaus, localizado na rodovia AM-010, não poderá mais comportar as toneladas de lixo descartadas pela população. Outra área está em estudo na BR-174. Enquanto isso, os descartes continuam

Noventa e oito por cento do lixo pro-duzido em Manaus é depositado no

aterro sanitário da prefei-tura, localizado no quilô-metro 18 da rodovia AM 010 (Manaus- Itacoatiara). O aterro de 750 hectares tem prazo de validade até 2021, e a partir desse perí-odo não terá mais condições de receber os resíduos da capital.

O supervisor do aterro, Edvar José Pereira, contou que a prefeitura estuda a criação de um novo ater-ro sanitário no quilôme-tro 13 da rodovia BR-174 (Manaus-Boa Vista), porém

aguarda novas in-formações.

Até 2006, Ma-naus tinha um lixão a céu aberto, segun-do Edvar. O local atual começou a ser construído em 1985, depois de vários bairros, como Novo Israel e Colônia Antônio Aleixo, te-rem alguns de seus espaços transformados em lixões. Foi em 2006 que começou o aterro de lixo.

Edvar contou que no ater-ro controlado não existe ne-nhum processo de triagem do lixo para reciclagem. An-tes de ser iniciado o aterro, o solo recebe uma camada de 50 centímetros de argila, seguido por uma manta de Polietinelo de Alta densida-de (Pead), como se fosse um

plástico de 1,5 milíme-tro. Nova-

mente uma ca-mada de 60 centímetros de argila compac-tada é lançada

por cima e de-pois um dreno de

pedras.“Esse procedimento é fei-

to para evitar que o solo seja contaminado de algu-

ma forma. Depois de toda essa preparação, começa-

mos a colocar o lixo até atingir 5 a 6

metros, e o processo

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camadas, como se fosse um bolo de noiva”, explicou.

Após ser colocado o lixo, uma máquina passa para alinhar o terreno. Quando o local não está mais apro-priado para receber o aterro, uma nova camada de argila é colocada no fi nal do bolo de lixo, e são jogados se-mentes de capim e restos de cigarros para acelerar o crescimento da área verde no aterro. Uma vez esgotado o espaço, poderá no futuro se tornar um parque.

O único lixo que é se-parado é o hospitalar. De acordo com o supervisor, é feito o mesmo procedi-mento, porém diariamente a área recebe cal virgem para acelerar no processo de de-composição do material.

Gases A preocupação do aterro

também é a liberação do gás metano, que tem um impacto maior no aqueci-mento global. Todo o gás produzido no lixão é moni-torado por meio de tubu-lações apropriadas que o levam para uma estação de tratamento.

Na estação, o gás é quei-mado em uma tempera-

tura de 850 graus. O mesmo processo é feito com o cho-rume, do qual fi ca somente a água após o tratamento, que retorna para os leitos dos rios.

Todo o trabalho é monito-rado 24 horas. O engenheiro ambiental que trabalha dire-tamente com o tratamento do gás, Lucas Costa, expli-cou que a equipe está aten-ta diariamente para acom-panhar e resolver qualquer problema que aconteça nas zonas de tratamento. “Às vezes, uma tubulação racha, então precisamos de ime-diato identifi car e resolver a situação”, reforçou.

Urubus O lixo atrai muitos urubus

para o aterro sanitário. O supervisor Edvar disse que como a população das aves é grande, conseguiu com o Instituto de Proteção Am-biental do Estado (Ipaam) liberação para fazer o abate, pois o único predador dos urubus - a sucuri - não vive naquela região.

Para manter os urubus dis-tantes, rojões são acessos a cada cinco minutos. “Esta é uma forma de afugen-tar as aves, até para evitar

qualquer tipo de acidente, pois estamos localizados em uma área próxima do aeroporto, e há normas e leis que precisam ser res-peitadas”, disse.

Outra parte do aterro está sendo preparada para con-tinuar a receber o lixo pro-duzido em Manaus. Prova-velmente esta área estará pronta até 2021.

HistóriaDesde 1986, o local de

destinação fi nal dos resídu-os sólidos urbanos de Ma-naus pertence à Prefeitura de Manaus, conforme decre-to municipal número 2.694. Antes, o terreno pertencia a Honorino Dalberto.

Segundo o Serviço Geoló-gico do Brasil (CPRM), a área está inserida na bacia do igarapé Matrinxã, afl uente do igarapé Acará, o qual se junta com o igarapé de Santa Etelvina para formar o igarapé da Bolívia.

Em 1990, o Ministério Pú-blico determinou recupera-ção da área e monitoramen-to, mas somente em julho de 2006 foram concluídos os termos de acordo sobre o assunto, com a implantação do aterro sanitário.

ALTERNATIVAO supervisor do aterro, Edvar José Pereira, contou que a prefeitura estu-da a criação de um novo aterro sanitário no quilômetro 13 da rodovia BR-174 (Ma-naus-Boa Vista)

ISABELLE VALOISEquipe EM TEMPO

Aterro sanitário com dias contados

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MANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015 C3

No período de janeiro a dezembro de 2014, foram produzidas mais de 960 to-neladas de lixo, o que repre-senta mais de um quilo diário de dejetos por habitante da capital, ultrapassando em 200 gramas por pessoa a média diária de 860 gramas indidivuais por dia prevista pela legislação.

A Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semusp) contabilizou um aumento de 2,4% de lixo em 2014

comparado com 2013. A média diária ultrapassou 2,6 toneladas. Deste total, 65,4% foi recolhido na coleta domiciliar, com uma média diária de um pouco mais de 1,7 tonelada de lixo.

Em 2014, só das casas foram retirados mais de 634,450 toneladas de lixo, considerado um acréscimo de 28.912 toneladas do ano anterior, signifi cando acrés-cimo de 4,8%.

Do total de lixo produzi-

do em Manaus, além das residências, pessoas físicas ou empresas que trabalham com entulhos, construtoras, indústria, entre outras, tam-bém produzem os resíduos que são descartados no ater-ro sanitário. Só ano passado mais de 28 toneladas foram descartadas por terceiros.

Desde maio de 2013, a prefeitura começou a co-brar valores conforme a tonelada e classifi cação dos resíduos.

Em 2014, 960 toneladas de lixoPreparação do aterro sa-nitário para receber o lixo produzido pela população da capital amazonense

Quando a área do aterro não puder receber dejetos, será transformada em área verde

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Aterro sanitário com dias contados

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Coleta seletiva e reciclagem são desafi osO tratamento adequado do lixo em Manaus é o grande obstáculo a uma racionalização da exploração de uma cadeia ambientalmente correta e economicamente viável, a partir do instante em que se perceber de fato as vantagens que se pode tirar do que é descartado ainda indiscriminadamente

Dentro de cinco anos, o aterro localizado no quilômetro 19 da rodovia AM-010

(Manaus-Itacoatiara) será de-sativado. A previsão baseia-se em estudo realizado pela Se-cretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp), que ainda não defi niu um novo projeto de destinação de lixo e leva em conta a relação entre a produção de resíduos e a área disponível.

Segundo o analista ambien-tal Sérgio Martins, do Institu-to de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), um licen-ciamento de aterro em área privada está em tramitação na Gerência de Projetos Es-peciais do órgão.

“O que temos ali é um aterro controlado, que carac-

teriza-se, basicamente, pelo isolamento do perímetro de resíduos, pelo controle de gases emitidos e pela au-sência de catadores. Já o aterro sanitário dispõe de um sistema de impermea-bilização e tratamento de chorume. É o procedimento ideal”, explica Martins.

No âmbito da coleta e reci-clagem de resíduos, o método executado pela Semulsp vem gerando críticas por parte de cooperativas de catadores. A coordenadora da Aliança, Alcineia da Cunha, diz que o sistema substituiu parte do trabalho feito por catadores que atuam no Centro de Ma-naus. O de coleta de resíduos orgânicos e recicláveis agora é realizado por uma empresa terceirizada. Em vez de ir à rua, o catador se limita a receber, fazer a triagem e o envio do material às fábricas de garra-

fas PET, papelão e lata. “Antigamente, recolhía-

mos cerca de 55 toneladas por semana. A atual capaci-dade caiu para 15 toneladas no mesmo período, o que

acaba causando prejuízos”, explica. A Aliança mantém hoje aproximadamente 42 associados (também cha-mados de donos) e 112 em-pregados, entre catadores e

motoristas, que atendem a capital e seis municípios do interior. A maioria não possui vínculo empregatício.

O serviço de coleta da coo-perativa é feito por meio de caminhões e carros que con-duzem o lixo para os centros de reciclagem. As visitas, agendadas pelas próprias empresas de acordo com a demanda, ocorrem em média duas vezes por semana nes-ses locais – mercados, lojas e distribuidoras - e diariamen-te em supermercados. A sede da Aliança, criada em 2008, está localizada na rua frei José dos Inocentes, no centro histórico da cidade.

A média mensal de geração de lixo naquela área é de 1.583 toneladas por habitante, vi-sitantes e lojistas. Esse lixo agora é dividido em resíduos recicláveis – que vão para as-sociações de catadores e lixo

normal – que vai para o aterro sanitário de Manaus.

Por meio de nota, a asses-soria da Semulsp informa que a prefeitura não determina o que os catadores podem ou não fazer ou onde eles podem ou não atuar. Ela apenas apoia a atividade dos profi ssionais e busca estratégias para im-pulsionar o seu trabalho, de acordo com a Politica Nacio-nal dos Resíduos Sólidos.

“O que existe é um serviço de coleta seletiva porta a por-ta da Prefeitura de Manaus, que ainda é pequeno, mas abastece os catadores de ma-teriais e uma coleta diferen-ciada no centro da cidade que também gera material para eles. Essas são fontes extra de material para eles. Fora isso, os catadores (a maioria) possui seus próprios meios de arrecadar mais produtos”, diz o texto da nota.

Lixo coletado e separado pelas cooperativas para reaproveitamento: Manaus ainda carece de um processo de coleta seletiva efi ciente e de reaproveitamento de resíduos como vidro, gerando uma lacuna na exploração econômica do lixo

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Aproximadamente 1,3 quilo de lixo são produzidos por pessoa em Manaus, conforme estimativas da Semulsp. Entretanto, a geração de resíduos só-lidos não acompanha um descarte ‘inteligente’, que possa ser reaproveitado de alguma forma.

“A coleta seletiva é um processo que envolve edu-cação ambiental. A partir do momento que separa-mos em casa o lixo molha-do (orgânico) do seco (pa-pelão, plásticos e outros), é mais viável trabalhar com a reutilização dele”, explica o subsecretário de Gestão da Semulsp, Eisenhower Campos.

De acordo com ele, das 80 mil toneladas de lixo geradas mensalmente na capital amazonense, de 70

a 75% poderia ser rea-proveitado, fomentando a cadeia de reciclagem.

Em Manaus quatro pon-tos de entrega de mate-rial – os Pontos de En-trega Voluntária (PEVs) -, são gerenciados por entidades, que segundo Campos, recebem, sepa-ram e comercializam o material lá deixado.

A Semulsp oferece ape-nas suporte logístico a es-tas entidades. “Em torno de 300 mil pessoas partici-pam do processo de coleta seletiva em Manaus, en-tre geradores, catadores e munícipes. Esse número é variado e não podemos precisar”, observa ele.

Outra difi culdade encon-trada pela Semulsp refere-se à reciclagem de vidros, pois não há nenhum local em Manaus que trabalhe com o reaproveitamento deste tipo de material.

Manaus enterra dinheiro

Do lixo descartado, de 70% a 75% pode ser reaproveitado

COOPERATIVAA Aliança mantém hoje aproximadamente 42 associados (também chamados de donos) e 112 empregados, entre catadores e motoris-tas, que atendem a ca-pital e seis municípios do interior

DANIEL AMORIMEspecial EM TEMPO

Com uma estimativa de vida útil de menos de 10 anos, o aterro sanitário controlado, localizado no quilômetro 19 da rodovia AM-010 (Manaus – Itacoatiara) poderá futu-ramente ser substituído por um novo aterro semelhante - cuja administração se dará por meio de uma Parceria Público Privada (PPP) -, ou ainda por uma usina de tra-tamento de resíduos. Nesta modalidade os resíduos sóli-dos não são enterrados.

“As usinas de de trata-

mento de resíduos reque-rem um sistema de limpeza pública mais moderno. O rejeito fi nal é mínimo e nada é enterrado”, observa o subsecretário da Semulsp, Eisenhower Campos.

Segundo ele, uma das em-presas que atuam na gestão do lixo da cidade, a Marquise, detém um terreno, localizado na rodovia BR-174 (Manaus - Boa Vista), que está pas-sando por um processo de licenciamento junto aos ór-gãos competentes. Quando

estiver pronto, poderá ser oferecido tanto à prefeitura quanto a outras instituições e empresas interessadas.

“A princípio não há nada definido de que a prefei-tura firmará contrato para um novo aterro sanitário, pois queremos modernizar o sistema de limpeza pú-blica, e uma dessas viabili-dades é o modelo de usina de tratamento de resíduos. Mas quem decidirá será o prefeito Arthur Neto”, destaca. (SM)

Uma nova opção para o aterro

Tratamento de resíduos sólidos poderá substituir o enterro dos detritos no aterro sanitário

SÍNTIA MACIELEquipe EM TEMPO

POSTOS DE ENTREGA VOLUNTÁRIA (PEVS)

1- Lagoa do Japiim: avenida General Rodrigo Otá-vio Jordão Ramos, bairro Japiim, Zona Centro-Sul.

2- Parque dos Bilhares: avenida Djalma Batista, bairro Chapada, Zona Centro-Sul

3- Dom Pedro: avenida Pedro Teixeira, ao lado da praça de alimentação, bairro Dom Pedro I, Zona Oeste

4- Parque do Mindu: avenida Perimetral, bairro Parque 10 de Novembro, Zona Centro-Sul

Funcionamento de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h

Manaus possui quatro pontos de entrega voluntária (os PEVs) de material em três zonas da cidade, que fazem a separação e comercialização do que é descar-tado pela população

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Coleta seletiva e reciclagem são desafi osO tratamento adequado do lixo em Manaus é o grande obstáculo a uma racionalização da exploração de uma cadeia ambientalmente correta e economicamente viável, a partir do instante em que se perceber de fato as vantagens que se pode tirar do que é descartado ainda indiscriminadamente

Dentro de cinco anos, o aterro localizado no quilômetro 19 da rodovia AM-010

(Manaus-Itacoatiara) será de-sativado. A previsão baseia-se em estudo realizado pela Se-cretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp), que ainda não defi niu um novo projeto de destinação de lixo e leva em conta a relação entre a produção de resíduos e a área disponível.

Segundo o analista ambien-tal Sérgio Martins, do Institu-to de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), um licen-ciamento de aterro em área privada está em tramitação na Gerência de Projetos Es-peciais do órgão.

“O que temos ali é um aterro controlado, que carac-

teriza-se, basicamente, pelo isolamento do perímetro de resíduos, pelo controle de gases emitidos e pela au-sência de catadores. Já o aterro sanitário dispõe de um sistema de impermea-bilização e tratamento de chorume. É o procedimento ideal”, explica Martins.

No âmbito da coleta e reci-clagem de resíduos, o método executado pela Semulsp vem gerando críticas por parte de cooperativas de catadores. A coordenadora da Aliança, Alcineia da Cunha, diz que o sistema substituiu parte do trabalho feito por catadores que atuam no Centro de Ma-naus. O de coleta de resíduos orgânicos e recicláveis agora é realizado por uma empresa terceirizada. Em vez de ir à rua, o catador se limita a receber, fazer a triagem e o envio do material às fábricas de garra-

fas PET, papelão e lata. “Antigamente, recolhía-

mos cerca de 55 toneladas por semana. A atual capaci-dade caiu para 15 toneladas no mesmo período, o que

acaba causando prejuízos”, explica. A Aliança mantém hoje aproximadamente 42 associados (também cha-mados de donos) e 112 em-pregados, entre catadores e

motoristas, que atendem a capital e seis municípios do interior. A maioria não possui vínculo empregatício.

O serviço de coleta da coo-perativa é feito por meio de caminhões e carros que con-duzem o lixo para os centros de reciclagem. As visitas, agendadas pelas próprias empresas de acordo com a demanda, ocorrem em média duas vezes por semana nes-ses locais – mercados, lojas e distribuidoras - e diariamen-te em supermercados. A sede da Aliança, criada em 2008, está localizada na rua frei José dos Inocentes, no centro histórico da cidade.

A média mensal de geração de lixo naquela área é de 1.583 toneladas por habitante, vi-sitantes e lojistas. Esse lixo agora é dividido em resíduos recicláveis – que vão para as-sociações de catadores e lixo

normal – que vai para o aterro sanitário de Manaus.

Por meio de nota, a asses-soria da Semulsp informa que a prefeitura não determina o que os catadores podem ou não fazer ou onde eles podem ou não atuar. Ela apenas apoia a atividade dos profi ssionais e busca estratégias para im-pulsionar o seu trabalho, de acordo com a Politica Nacio-nal dos Resíduos Sólidos.

“O que existe é um serviço de coleta seletiva porta a por-ta da Prefeitura de Manaus, que ainda é pequeno, mas abastece os catadores de ma-teriais e uma coleta diferen-ciada no centro da cidade que também gera material para eles. Essas são fontes extra de material para eles. Fora isso, os catadores (a maioria) possui seus próprios meios de arrecadar mais produtos”, diz o texto da nota.

Lixo coletado e separado pelas cooperativas para reaproveitamento: Manaus ainda carece de um processo de coleta seletiva efi ciente e de reaproveitamento de resíduos como vidro, gerando uma lacuna na exploração econômica do lixo

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Aproximadamente 1,3 quilo de lixo são produzidos por pessoa em Manaus, conforme estimativas da Semulsp. Entretanto, a geração de resíduos só-lidos não acompanha um descarte ‘inteligente’, que possa ser reaproveitado de alguma forma.

“A coleta seletiva é um processo que envolve edu-cação ambiental. A partir do momento que separa-mos em casa o lixo molha-do (orgânico) do seco (pa-pelão, plásticos e outros), é mais viável trabalhar com a reutilização dele”, explica o subsecretário de Gestão da Semulsp, Eisenhower Campos.

De acordo com ele, das 80 mil toneladas de lixo geradas mensalmente na capital amazonense, de 70

a 75% poderia ser rea-proveitado, fomentando a cadeia de reciclagem.

Em Manaus quatro pon-tos de entrega de mate-rial – os Pontos de En-trega Voluntária (PEVs) -, são gerenciados por entidades, que segundo Campos, recebem, sepa-ram e comercializam o material lá deixado.

A Semulsp oferece ape-nas suporte logístico a es-tas entidades. “Em torno de 300 mil pessoas partici-pam do processo de coleta seletiva em Manaus, en-tre geradores, catadores e munícipes. Esse número é variado e não podemos precisar”, observa ele.

Outra difi culdade encon-trada pela Semulsp refere-se à reciclagem de vidros, pois não há nenhum local em Manaus que trabalhe com o reaproveitamento deste tipo de material.

Manaus enterra dinheiro

Do lixo descartado, de 70% a 75% pode ser reaproveitado

COOPERATIVAA Aliança mantém hoje aproximadamente 42 associados (também chamados de donos) e 112 empregados, entre catadores e motoris-tas, que atendem a ca-pital e seis municípios do interior

DANIEL AMORIMEspecial EM TEMPO

Com uma estimativa de vida útil de menos de 10 anos, o aterro sanitário controlado, localizado no quilômetro 19 da rodovia AM-010 (Manaus – Itacoatiara) poderá futu-ramente ser substituído por um novo aterro semelhante - cuja administração se dará por meio de uma Parceria Público Privada (PPP) -, ou ainda por uma usina de tra-tamento de resíduos. Nesta modalidade os resíduos sóli-dos não são enterrados.

“As usinas de de trata-

mento de resíduos reque-rem um sistema de limpeza pública mais moderno. O rejeito fi nal é mínimo e nada é enterrado”, observa o subsecretário da Semulsp, Eisenhower Campos.

Segundo ele, uma das em-presas que atuam na gestão do lixo da cidade, a Marquise, detém um terreno, localizado na rodovia BR-174 (Manaus - Boa Vista), que está pas-sando por um processo de licenciamento junto aos ór-gãos competentes. Quando

estiver pronto, poderá ser oferecido tanto à prefeitura quanto a outras instituições e empresas interessadas.

“A princípio não há nada definido de que a prefei-tura firmará contrato para um novo aterro sanitário, pois queremos modernizar o sistema de limpeza pú-blica, e uma dessas viabili-dades é o modelo de usina de tratamento de resíduos. Mas quem decidirá será o prefeito Arthur Neto”, destaca. (SM)

Uma nova opção para o aterro

Tratamento de resíduos sólidos poderá substituir o enterro dos detritos no aterro sanitário

SÍNTIA MACIELEquipe EM TEMPO

POSTOS DE ENTREGA VOLUNTÁRIA (PEVS)

1- Lagoa do Japiim: avenida General Rodrigo Otá-vio Jordão Ramos, bairro Japiim, Zona Centro-Sul.

2- Parque dos Bilhares: avenida Djalma Batista, bairro Chapada, Zona Centro-Sul

3- Dom Pedro: avenida Pedro Teixeira, ao lado da praça de alimentação, bairro Dom Pedro I, Zona Oeste

4- Parque do Mindu: avenida Perimetral, bairro Parque 10 de Novembro, Zona Centro-Sul

Funcionamento de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h

Manaus possui quatro pontos de entrega voluntária (os PEVs) de material em três zonas da cidade, que fazem a separação e comercialização do que é descar-tado pela população

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C6 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015

Dependentes dão nova chance para os estudosNa reabilitação, internos do centro Abdel Aziz têm força de vontade e apoio para concluir o ensino fundamental ou médio

Alguns dos internos do Centro de Reabilitação em Dependência Química Ismael Abdel Aziz: na luta contra o vício, eles encontram forças para retomar e concluir os estudos, ganhando nova chance

O Centro de Reabilita-ção em Dependência Química Ismael Ab-del Aziz tem como

missão resgatar e reintegrar usuários de álcool e outras drogas e ajudá-los a reescrever seu futuro.

Uma das estratégias utiliza-das para alcançar esse objetivo é o incentivo à retomada de seus estudos. “Nós sabemos que apenas o tratamento te-rapêutico não é tão eficaz, por isso oferecemos também as oficinas e as aulas. Com isso temos alcançado sucesso com nossos pacientes”, disse o se-cretário de Estado de Saúde, Wilson Alecrim.

“Minha vida mudou depois que eu entrei no centro de reabilitação. Iria morrer caso continuasse nessa vida louca de drogas, pois sentia que meu organismo não suportava mais a carga exagerada de entorpe-centes que usava diariamente. Hoje quero viver muito longe das drogas, pois foi aqui que retomei meus estudos e quero ir mais longe”. Com essa afir-mativa, a ex-paciente Arlete*, da unidade de tratamento Is-mael Abdel Aziz, começou a reescrever seu futuro.

Após ter concluído o tra-tamento, a paciente, que é usuária de substância psico-ativa há 18 anos, decidiu que a melhor alternativa para sua vida era uma mudança radical. No centro de reabilitação ela encontrou o que queria para colocar em prática seu plano. A paciente foi incentivada por profissionais da unidade de tratamento a retomar seus estudos, fator primordial que está ajudando a jovem a rees-crever seu futuro.

Arlete teve a chance de con-cluir o ensino médio no centro de reabilitação, por meio do Provão da Secretaria de Edu-cação e Qualidade de Ensino (Seduc) e hoje está habilitada a dar prosseguimento a seus estudos em nível superior.

“Percebi que somente eu po-deria mudar minha situação. Por isso pedi para me tratar no centro de reabilitação do governo. Agora, com ajuda da equipe multiprofissional da unidade de tratamento, sei que posso ir longe e me formar em um curso superior e garantir um futuro melhor a mim”, res-saltou a ex-paciente.

* nomes fictícios

Arlete frequenta assidu-amente as reuniões fami-liares que acontecem se-manalmente no auditório da Secretaria de Seguran-ça Pública do Estado do Amazonas (SSP-AM), loca-lizada na avenida Torqua-to Tapajós, bairro Flores, Zona Centro-Sul. “Esse su-porte pós-tratamento tem me auxiliado bastante na caminhada rumo à liber-tação das drogas, porque assim consigo manter o foco no meu objetivo, que é estudar, me formar em psicologia e conseguir um bom emprego”, finalizou.

O centro de reabilita-ção oferece aos pacientes, também, oficinas tera-pêuticas que se tornaram cursos profissionalizantes para muitos dependentes químicos. Dentre os cur-sos estão biojoias, arte-sanato, corte e costura, cabeleireiro, horticultura, informática, música, pa-

nificação e confeitaria. “Nosso compromisso é oferecer ao paciente não apenas um cuidado com sua saúde em geral, mas também possibilitar uma nova chance de reinserção social. Uma das formas

encontradas para isso é possibilitar que o indivíduo desenvolva suas habilida-des de acordo com um pla-no singular de tratamento. As oficinas terapêuticas e profissionalizantes têm se

mostrado muito eficazes nessa promoção de saúde aqui no centro de reabi-litação”, afirma o diretor do centro de reabilitação, o médico psiquiatra Pablo Gnuztmann.

Localizado no quilôme-tro 53 da rodovia AM-010 (Manaus-Itacoatiara), em Rio Preto da Eva, o Centro de Reabilitação em De-pendência Química Ismael Abdel Aziz é uma unidade do governo do Amazonas gerenciada pela Secreta-ria de Estado de Saúde (Susam) em parceira com o Instituto Novos Caminhos – Organização Social.

EstudosPelo menos 300 residen-

tes retomaram seus estudos depois que iniciaram o tra-tamento no Centro de Rea-bilitação Ismael Abdel Aziz, dos quais pelo menos 50 já concluíram os estudos, seja fundamental ou médio.

O aprendizado aliado à terapia

O Provão é realizado via internet, na sala de informática do centro, e acontece duas vezes por mês. “Desde que cheguei, minha vida ganhou um incentivo a mais. Graças à dedi-cação e incentivo dos profissionais, ganhei ânimo para voltar a estudar e hoje tenho fé que consegui a aprovação no Provão da Seduc”, ressaltou o residente Patrick*, que tentava retomar aos estudos há pelo menos 10 anos.

Participam do Pro-vão do ensino médio e fundamental residen-tes com idade superior a 16 anos que não tinham concluído seus estudos.

Incentivo para os estudantes

DIV

ULG

AÇÃO

CHANCESO Centro de Reabi-litação Abdel Aziz oferece aos pacien-tes, também, ofici-nas terapêuticas que se tornaram cursos profissionalizantes para muitos depen-dentes químicos

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C7Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015

Nos iga-rapés, em virtude da sujeira, eles vêm se alimentando de ratos (...), que é um problema muito mais sério, por conta das zoonoses transmitidas por esses roedores”

Atenção é fundamental ao circular por espa-ços - ainda que inad-vertidamente - em

que pode haver a probabili-dade, mesmo que pequena, da existência de um jacaré no local, de acordo com o doutor em ecologia e profes-sor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Ronis da Silveira. Em mais de 20 anos de estudos dedicados aos crocodilianos da Amazô-nia, o biólogo conversou com o EM TEMPO a respeito do evento fatídico ocorrido na última semana na Região Me-tropolitana de Manaus (RMM), cuja vítima foi um menino de 12 anos de idade, além de mostrar que muitas dessas espécies estão entre nós e não percebemos.

EM TEMPO - Na última semana, ocorreu o ataque de um jacaré a um menino, em uma área alagadiça, na Região Metropolitana de Manaus. É comum o ataque de jacarés ao homem ou foi uma fatalidade, um acidente isolado?

Ronis da Silveira - Os jaca-rés podem atacar o ser humano de duas maneiras: uma delas é reagindo a alguma forma de provocação, ou tentando se alimentar. Provavelmente, ele pode ter confundido a criança com alguma presa dele, com um pato nadando, por exemplo. Es-tes animais são muito atentos, oportunistas e curiosos. Eles podem ficar parados por até 24 horas, inertes num local, sem se movimentar, sem atacar, mas na primeira oportunidade, eles avançam. O repertório de comportamento do jacaré é muito limitado. Por exemplo:ele vê algo se batendo na água e interpreta que aquilo pode ser um alimento em potencial. Ape-sar de predadores, estes bichos passam períodos longos sem se alimentar. Esse animal que atacou a criança, por exemplo, agora com a cheia, poderá passar até quatro meses sem se alimentar, voltando a comer apenas na época da vazante. Os animais pequenos comem invertebrados, insetos, cama-rões, caranguejos e à medida que vão crescendo, vão acres-centando novos itens alimen-tares à dieta.

EM TEMPO - Uma das hipóteses levantadas para o ataque à criança é a de que se tratava de um jacaré fêmea e estaria defendendo o ninho. É possível que isto ocorra?

RS - Se foi um jacaré-açu (em virtude do tamanho descrito do animal, de mais de dois metros de comprimento), dificilmente seria uma fêmea, porque as fêmeas dessa espécie estão sempre nos lagos mais iso-lados, não frequentam aquele tipo de ambiente temporário e tão pouco aberto. Esse tipo de acidente, quando ocorre, as pessoas atribuem a uma fêmea defendendo o ninho por ser uma explicação fácil. Há ainda a confusão em acreditar que os animais maiores são as fêmeas e os menores são os machos, como ocorre com os quelônios e outros bichos de casco, cujas fêmeas são maiores. No caso dos jacarés, os machos são maiores. Agora não é período de reprodução deles. Os jacarés vão começar a se agregar para reproduzir a partir de junho. No pico da enchente, as fêmeas começam a construir o ninho, e no início da vazante, entre setembro e outubro. No início de janeiro eles começam a nascer. Uma fêmea no ninho nesse perí-odo seria muito improvável, pois elas ainda nem copularam.

EM TEMPO - Ainda con-forme os relatos dos mo-radores, o local não seria uma área de aparição de jacarés, e o animal só teria aparecido devido à cheia. Isso também é possível?

RS - Aquele é um ambiente temporário que alaga. Cada vez mais estamos tendo cheias mais acentuadas e os animais ocu-pam os espaços. Esse animais tiveram um sucesso evolutivo na interface água/terra. Como está enchendo, esta interface vai migrando, porque são locais mais rasos e eles podem obter alimentos tanto do ambiente terrestre quanto do ambien-te aquático. Então eles estão numa área que infelizmente é o lugar onde nós também es-tamos. Os adultos (ribeirinhos) atuais cresceram num mundo em que havia poucos jacarés, porque os pais manejaram erroneamente esses bichos e essas populações diminuíram. Quando acabou essa caça, as populações voltaram a crescer, e as pessoas não têm um conhe-cimento necessário para evitar esse tipo de acidente. O que ocorreu foi um caso extremo. Mas o que ocorre é uma falta de conhecimento da biologia do bicho. Além disso, nós estamos, sim, cada vez mais expandindo e entrando no ambiente deles. Não temos o conhecimento e às vezes achamos que temos.

EM TEMPO - Qual a média de ataques desses animais a humanos em nossa região?

RS - A média de mortes na

Amazônica é baixa. Uma pes-soa morre por ano, mas há os casos de acidentes que termi-nam em mutilações sérias. As ocorrências são relativamente muito baixas, comparadas com a quantidade de pessoas que vivem nessas áreas, em que eles também vivem, e considerando a quantidade de jacarés que nós temos. Eles estão muito localizados nas regiões de Tefé (Mamirauá), Manacapuru (lago do Piranha) e na região do Piagaçu (rio Purus). Os jacarés são muito atentos. A pessoa não pode se distrair ao circular por determinados espaços, ainda que seja miníma a ocorrência desses bichos no local.

EM TEMPO - O ataque des-ta semana lavantou a ques-tão da caça ao animal, que é protegido por lei e cuja captura se dá apenas por manejo. Como o manejo pode preservar estas espécies?

RS - Há o bom e o mau manejo. Até os anos 1970, o Amazonas era o maior expor-tador legal de peles de jacaré do mundo. Nos anos 1980, entrou uma proibição e esse manejo de peles foi substituído por um manejo ilegal de carne. Ou seja, antes a gente vendia a pele e jogava a carne fora, depois passou a ser o inverso, por restrições internacionais. Agora em 2013, surgiu a legis-lação estadual específica para o aproveitamento econômico, o manejo, dentro de áreas delimi-tadas. O manejo - o bom - tende a aumentar as populações.

EM TEMPO - Eventualmen-te, aqui em Manaus, ocorre a captura de jacarés em áreas residenciais. Isso se deve à invasão do espaço deles ou há uma grande concen-tração desses animais no espaço urbano?

RS - Na Amazônia temos quatro espécies de jacarés, que são o jacaré-açu, jacaretinga, jacaré-coroa e o jacarepaguá, como é popularmente conheci-do no interior. Mas duas delas são comuns em Manaus - o jacaretinga e o jacaré-coroa. O que ocorre é o seguinte: com a expansão da cidade, a gente cresce sobre a vegetação, a flo-resta. Na floresta está o jacaré, então, ao entrar nela, a gente tem contato com ele. Ao mes-mo tempo, quando a gente vai alterando o ambiente, começa a entrar luz, e isso favorece a entrada de uma outra espécie, o jacaretinga. Temos muitos desses animais na cidade em função disso, porque estamos destruindo a periferia da cidade, e eles estão indo para a água, igarapés, sem muito alimento. Nos igarapés, em virtude da

sujeira, eles vêm se alimentando de ratos, ou seja, os jacarés provavelmente estão contro-lando a população de ratos na cidade, que é um problema muito mais sério, por conta das zoonoses transmitidas por esses roedores. Fora isso, eles estão comendo lixo e plástico. Sabemos disso porque já cap-turamos alguns animais e, com uma técnica apropriada, sem sacrificar o bicho, conseguimos fazer uma espécie de refluxo, e para nossa surpresa, ele havia ingerido sacos plásticos.

EM TEMPO - Há áreas es-pecíficas, com uma maior concentração desses ani-mais na capital? Há algum mapeamento desses locais na cidade?

RS - Existem áreas de gran-de aglomerações de jacarés na cidade, e ainda não sabe-mos o porquê de isso ocorrer, mas provavelmente seja de-vido à ocorrência de algumas praias ou de encontros de igarapés, pontes. Atrás do Carrefour da Ponta Negra, na Zona Oeste, por exemplo, pas-sa um igarapé, onde é grande a concentração de jacarés.Quanto a um mapeamento, ainda não conseguimos fazer, mas em Manaus existem no mínimo umas dez áreas onde eles se agregam. Basicamen-te são jacaretingas. Há algo que favorece a permanência deles lá: ambiente, fonte de alimentos, ainda não sabe-mos. Tentamos fazer um es-tudo lá, mas não conseguimos evoluir muito. Na verdade, eles sempre estiveram lá, nós é que não percebíamos.

EM TEMPO - Seria possí-vel explorar de alguma for-ma esses locais, como um local de observação, mas desde que esses animais não fossem incomodados?

RS - Sim, claro. Há algu-mas propostas que poderiam ser aplicáveis de forma fá-cil, mas sem ter que cuidar deles ou alimentá-los, por exemplo. Seria um bom atra-tivo turístico, mas envolve algumas questões, entre elas políticas. Já vi em algumas ocasiões alguns grupos ob-servando os animais. Entre-tanto, temos que observar que pode ser que não trouxes-se um efeito positivo, devido ao lugar ser um pouco mal cheiroso. Mas há de resaltar que, caso uma ideia deste tipo seja posta em prática, o animal nunca vai sair da água para assustar a pes-soa. Muito pelo contrário, eles aprendem muito rápido que nós é que somos uma ameaça a eles.

Ronis da SILVEIRA

‘A cidade invade o espaço do jacaré’

Os jacarés podem ata-car o ser humano de duas maneiras: uma

delas é reagindo a al-guma forma de pro-vocação, ou tentando se alimentar. Provavel-mente ele pode ter con-fundido a criança com

alguma presa dele, com um pato nadando, por exemplo. Estes animais

são muito atentos, oportunistas e curiosos”

FOTOS: RAIMUNDO VALENTIM

Existem áre-as de grande aglomeração de jacarés na cidade, e ainda não sabemos o porquê de isso acon-tecer, mas provavel-mente seja devido à ocorrência de algumas praias”

SÍNTIA MACIELEquipe EM TEMPO

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C8 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015

Francisca Mendes chega a 2,58 mil procedimentosNúmero corresponde aos procedimentos endovasculares de alta complexidade realizados pelo serviço de hemodinâmica

A Fundação do Co-ração Francisca Mendes, vincula-da à Secretaria de

Estado da Saúde (Susam), está comemorando um ano de funcionamento do novo serviço de hemodinâmica da unidade, com a marca de 2.580 procedimentos en-dovasculares de alta com-plexidade realizados neste período. Os números foram apresentados na última sex-ta-feira (10), em reunião da equipe multiprofissional que compõe o serviço, realizada na sede da fundação.

O secretário estadual de Saúde, Wilson Alecrim, des-tacou que o novo serviço foi implantado como parte dos investimentos realiza-dos pelo governo do Es-tado, em parceria com o Ministério da Saúde, para modernizar e ampliar a ca-pacidade de atendimento na área, na rede pública do Amazonas. “E é orientação do governador José Melo que o investimentos continuem, para fazer frente ao cres-cimento da demanda pelos serviços especializados na área de cardiologia”, disse o secretário.

De acordo com o balanço

apresentado na reunião de sexta-feira, na área de cardio-logia intervencionista, o novo serviço realizou 1.663 proce-dimentos, incluindo 38 catete-rismos cardíacos pediátricos. Na área neuroendovascular, foram 351 procedimentos, três deles de angiografia em crianças na faixa etária de 10 a 14 anos. Os demais procedimentos ficaram distri-buídos entre as áreas vascular (236) e de arritmologia (330), incluindo um caso de procedi-mento terapêutico (ablação) em criança.

“A Fundação do Coração Francisca Mendes já dispu-nha de serviço de hemodinâ-mica, mas os investimentos realizados pelo governo do Estado, em parceria com o Ministério da Saúde, foram necessários para dar um up grade no atendimento”, fri-sa Alecrim. Ele ressalta que o equipamento de hemodi-nâmica, dotado de tecno-logia 3D, que foi colocado em funcionamento há um ano, é considerado um dos mais modernos em uso nas regiões Norte e Nordeste do país. “Esse aporte tecnológi-co nos permitiu, por exemplo, dobrar a capacidade de re-alização de procedimentos

endovasculares, tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento de doenças car-díacas em adultos e crian-ças”, disse Wilson Alecrim.

InvestimentosA implantação do novo

serviço de hemodinâmica da Fundação Francisca Mendes integrou o pacote de inves-timentos da ordem de R$ 45 milhões – entre obras e equipamentos – que resultou na ampliação das instalações da unidade, que é a referência da rede estadual de saúde, na área de cardiologia.

A área de expansão – um prédio de três andares – abriga a enfermaria pediátrica com 21 leitos, a Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica, com dez leitos (sendo três neonatais), e o serviço de hemodinâmica.

“Essa nova estrutura permi-tiu que a Fundação passasse a realizar as cirurgias cardíacas em crianças, que até então era oferecida pelo Estado por meio da rede conveniada. Nes-se período, já realizamos 58 cirurgias pediátricas e esta-mos avançando na ampliação da oferta desses procedimen-tos”, explicou o diretor-presi-dente da Fundação do Cora-ção, Pedro Elias Souza.

DIVULGAÇ

ÃO

O serviço de hemodinâmica representa os altos investimentos no setor de saúde do Amazonas

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MANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015 [email protected] (92) 3090-1010

3 Bendita ascensão socialIndividualismo e religião na nova classe trabalhadora. Pág. 4

2 Chiclete com bananaArthur Nestrovski recorda Rodrigo Rodrigues. Pág. 3

1 O vazio da Batata, por Guilherme WisnikE seis indicações culturais. Pág. 2

6 João Pessoa, 1979. Pág. 7Do arquivo de Vladimir Carvalho

O fi m do jejum e o café mulato5 Diário de Nova York. Pág. 6

4 O que será do PT?País vai precisar de um partido social-democrata. Pág. 5

Capapintura deSérgio Sister

7 A imaginação de Natalia Ginzburg. Pág. 8O passo fi rme de quem não renuncia

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G2 MANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015

1 Sem desertos na cidade

Ilustríssima Semana

O ativismo urbano está na ordem do dia, tanto pelas ma-nifestações políticas e os “oc-cupy” pelo mundo quanto pelas ações urbanas que reivindicam o uso efetivo dos espaços pú-blicos. Fruto do cruzamento de muitos fatores, esse ativismo decorre da combinação entre a evidente exaustão dos modelos políticos tradicionais, por um lado, e a ascensão das práticas autogestionárias através das novas redes de compartilha-mento, por outro.

É nesse contexto que um mo-vimento recente contra a cons-

GUILHERME WISNIK

O MELHOR DA CULTURA EM 6 INDICAÇÕES

trução de um shopping em uma praça de Istambul ganhou re-percussão mundial. É também nesse contexto que, em São Paulo, grupos ativistas da so-ciedade civil, organizando-se de formas colaborativas, horizon-tais e independentes, passaram a ocupar intensamente certas áreas da cidade, tais como o Minhocão e o seu entorno, o parque Augusta e o largo da Batata. Ações conhecidas como “urbanismo tático”.

O movimento A Batata Pre-cisa de Você surgiu em janeiro de 2014, como um grupo de pessoas que passou a realizar encontros na praça às sextas-feiras no fi nal da tarde e à noite. Ganhando repercussão inespe-rada, o grupo passou a servir também como plataforma co-laborativa para a organização de eventos variados naquele

mesmo espaço, gerindo um ca-lendário comum de atividades, e fornecendo apoio logístico para sua realização. São de-bates, apresentações musicais, cinema ao ar livre, ofi cinas, saraus, jogos, festas, e um la-boratório de mobiliário urbano que se dedica à construção de bancos de praça.

O objetivo fundamental do movimento é a transformação desse espaço estéril e de passa-gem em um lugar de estar, que possa durante um certo tempo agregar as pessoas. Trata-se de uma guerrilha urbana, procuran-do apropriar-se de um enorme descampado árido, sem bancos, sombra ou proteção contra a chuva e com parca iluminação e árvores esquálidas.

Ao contrário da “plaza mayor” na América hispânica, que disci-plina o desenho em grelha das

cidades a partir de um espaço público nítido, os “largos” lusi-tanos, no caso brasileiro, são em geral espaços sobrantes e irregulares, resultados, muitas vezes, da expansão de pátios e terreiros de igrejas. No caso de São Paulo, alguns desses largos se tornaram importantes centros regionais da metrópole, tais como os largos Treze (San-to Amaro), da Concórdia (Brás) e da Batata (Pinheiros), mar-cados por uma relação simbi-ótica entre transporte público, comércio informal, alta aglo-meração humana e urbanidade caótica. Espaços vitais, porém muito precários.

Principal obra pública da Operação Urbana Faria Lima, iniciada por Maluf nos anos 1990, o novo largo da Batata surge com a chegada do metrô e o deslocamento do terminal

de ônibus para a marginal Pi-nheiros, acompanhando uma nova vocação corporativa para a área. Erradicando o antigo comércio local, a obra criou um espaço desertifi ca-do, tido formalmente como espaço público, mas feito sob medida para que nada mais aconteça efetivamente ali. O largo virou esplanada.

Lembrando que a região abrigou desde longa data mercados populares (o mer-cado caipira, depois o Mer-cado de Pinheiros), e tem seu nome ligado à cooperativa de agricultores japoneses que ali estabeleceram seu importan-te entreposto de comércio de batatas, vejo um paralelo entre o nosso largo e o Les Halles parisiense, principal mercado popular da capital francesa até a sua destruição em 1971 para

Ponto CríticoURBANISMO - LARGO DA BATATA

Ilustríssimos desta edição

SERGIO SISTER, 66, é artista plástico.

ARTHUR NESTROVSKI, 55, é diretor artístico da Osesp.CELSO BARROS, 42, é doutor em sociolo-gia pela Universidade de Oxford (Inglaterra).DIOGO COSTA, 32, é cursa doutorado em economia política no King’s College de Lon-dres, onde ensina princípios de economia.GUILHERME WISNIK, 42, é professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanis-mo da USP. Foi curador da 10ª Bienal de Arquitetura de São Paulo, em 2013.HENRIQUE DE FRANÇA, 32, é artista plástico (www.henriquedefranca.com).

MAURÍCIO SANTANA DIAS, 46, é pro-fessor de literatura italiana e estudos da tradução na USP.NATALIA GINZBURG (1916-1991) foi escritora, dramaturga e ensaísta italiana.ROBERTO DUTRA, 33, doutor em sociologia pela Universidade Humboldt de Berlim e professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), é coautor de “A Ralé Brasileira: Quem É e Como Vive” (ed. UFMG).RAFAEL CAMPOS, 45, é ilustrador e cartunista, autor de “Deus, Essa Gos-tosa” (Quadrinhos na Cia.).

a construção de um enorme shopping, que é considerado um dos maiores fracassos ur-banos da segunda metade do século 20.

Não por acaso, foi recente-mente demolido e encontra-se em processo de revisão e transformação.

Voltando ao nosso caso, po-demos indagar quanto tempo ainda teremos que fi car com essa novíssima batata quente na mão. Mas tomando o exem-plo do grupo que atualmente está incentivando o uso da-quele lugar, entendemos que, em tais condições adversas, “a batata” precisa mesmo é de nós. Isto é, são as pessoas organizadas pelo idealismo cí-vico que poderão, em alguma medida, reinventar em novas bases, pelo uso, aquele lugar como espaço público.

Folha - Qual o traço mais marcante da tra-jetória do Espanca!?

Marcelo Castro - O traço mais marcante da com-panhia é a encenação de dramaturgias contemporâ-neas, em que o ser humano é retratado do ponto de vista da violência das afetividades através de atua-ções com caráter performativo. Procuramos fazer um teatro de transgressões, mas que valoriza acima de tudo a presença e o encontro com o outro.

O que liga essa nova produção às peças an-teriores do grupo?

Como as outras obras da companhia, essa é uma dramaturgia inédita feita de maneira processual e em colaboração com todos os criadores envolvidos. Dente de leão é uma delicada fl or cheia de sementes, mas também é a ferramenta natural usada pelo mamífero carnívoro para dilacerar seus alimentos. Essa imagem de leveza e força de um feroz animal, sintetiza o trabalho do Espanca! desde sua origem: a escrita cênica de uma “poética da violência”.

Como é para a companhia manter o repertório em atividade?

Amanutenção de nosso repertório é um ato político e artístico na mesma medida, algo que fazemos na contramão do imediatismo atual, segundo o qual até as obras de arte parecem sofrer de obsolescência programada. Através da manutenção em repertório de todas as peças do Espanca!, é possível acompanhar o desenvolvimento da linguagem teatral do grupo.

Sesc Ipiranga | tel. (11) 3340-2000 “Dente de Leão”, qui. a sáb., às 21h, dom., às 18h, até 26/4; “Congresso Internacional do Medo” (de 30/4 a 3/5), “Por Elise” (7 a 10/5) e “Amores Surdos” (de 14 a 17/5), qui. e sáb., às 21h, sex. e dom., às 18h, de 14 a 17/5 | R$ 20

EXPOSIÇÃO | LUCAS ARRUDANa mostra “Deserto-Modelo”, o artista

paulistano dá seguimento a uma pesquisa recente, em que pinta diretamente sobre a superfície transparente de slides a serem projetados no espaço da exposição. A galeria Pivô também apresenta, até 30/5, trabalhos de Tonico Lemos Auad.

tel. (11) 3255 8703 | ter. a sex, das 13h às 20h; sáb., das 13h às 19h | grátis | até 30/5

EXPOSIÇÃO | LEDACATUNDA E O GOSTODOS OUTROSPinturas, gravuras, aquarelas,

colagens, esculturas e um pa-pel de parede formam o acervo exposto pela artista paulista-na. Catunda faz um apanhado de referências da cultura pop e questiona os conceitos de beleza, exotismo, bom e mau gosto.

Galpão Fortes Vilaça | tel. (11) 3392-3942 | ter. a sex, das 10h às 19h; sáb., das 10h às 18h | grátis | até 23/5

COLÓQUIO | FOUCAULTO Instituto Ricardo Brennand,

em Recife, recebe o 9º Colóquio Internacional Michel Foucault: Michel Foucault e as Hetero-topias do Corpo. No evento pesquisadores do Brasil, como Tania Navarro Swain e Marga-reth Rago, e de países como Estados Unidos, Canadá e Por-tugal, falam em conferências e mesas-redondas.

Programação e inscrições em institutoricardobrennand.org.br/coloquio | de ter. (14) a sex. (17)

EXPOSIÇÃO | ANSELMKIEFERTrabalhos recentes do artis-

ta alemão compõem a mostra “Paintings”. A série de cinco pinturas em grande formato ex-plora as paisagens da Alemanha e a história e política do país nos últimos 70 anos.

White Cube | tel. (11) 4329.4474 | de seg. a sex., das 11h às 19h; sáb., das 11h às 17h | grátis | até 20/6

TEATRO | ESPANCA! 10 ANOSA “Ilustríssima” faz três perguntas a Marcelo

Castro, ator e diretor de “Dente de Leão”, que a companhia mineira estreia em São Paulo dentro da mostra de repertório que celebra seus dez anos. (ÚRSULA PASSOS)

LIVRO | MOLL FLANDERSO romance de 1722, do londrino Daniel Defoe (1660-1731), narra os esforços para sobreviver

da personagem-título, da prostituição ao roubo, levando-a ao degredo. O volume sai pela reno-vada coleção Prosa do Mundo, com textos críticos de Cesare Pavese, Virginia Woolf e Marcel Schwob, e sugestões de leitura complementar.

trad. Donaldson M. Garschagen | Cosac Naify | R$ 59,90 | 510 págs.

Pintura sobre slide, em mostra no espaço Pivô

‘Indonésia’ (2015), acrílica sobre voal e couro

EDUARDO ORTEGA/DIVULGAÇÃO

DANIELA OMETTO/DIVULGAÇÃO

EDUARDO ANIZELLI/FOLHAPRESS

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G3MANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015

RESUMOOs dez anos da morte precoce de Rodrigo Rodrigues ensejam re-fl exão sobre sua arte musical, que se revela no pouco comentado “Fake Standards”, gravado em 2001 e lançado postumamen-te em 2007. No CD, a emissão vocal, entre canto e fala, e os arranjos sutis fazem soar brasileiros os hits do cancioneiro norte-americano.

2 Presença e lembrança

Estive com Rodrigo Rodrigues uma única vez. Foi em fi ns de 2004, ou começo de 2005. Na-quela época, aconteciam muitos saraus em casa e, numa dessas ocasiões, ele veio trazido por um amigo. Sentou discreto num canto, só ouvindo. Depois de um tempo, pegou o violão e apre-sentou três ou quatro músicas, “standards” americanos, que can-tava como ninguém.

Não era só a emissão de voz e a afi nação, uma mais perfeita que a outra, nem a pronúncia em inglês, igualmente rara, nem ainda o toque econômico mas suingado do violão, com harmonias estu-dadamente simples; não era só a emoção controlada daqueles pequenos roteiros afetivos, de uma leveza profunda, cantados ao mesmo tempo como presença e lembrança, sutilmente descola-dos de si. Era, sim, a combinação inaudita de todos os elementos que fazia dele um cantor original e essencialmente brasileiro, mesmo nesse repertório americano.

Conversamos um pouco, era tar-de, ele se despediu prometendo voltar. Deixou a cópia de um CD ainda inédito, “Fake Standards”, com aquelas canções e outras. Fora gravado poucos anos antes, em 2001, no estúdio de Mário Manga, com quem, ao lado ainda de Fábio Tagliaferri, Rodrigo for-mava há mais de uma década o cultuado trio Música Ligeira.

Poucos meses mais tarde, recebi a notícia de que Rodrigo estava muito doente, com uma leucemia fulminante, que o tirou de nós em 6 de abril de 2005, data em que completava 44 anos de idade.

Na época não tive coragem de ouvir de novo o CD, guarda-do num envelopinho de plástico. Qualquer gravação mecânica da música é sempre um triunfo con-tra a morte, mas, quando a vida se limita assim a seu registro, tão literal e subitamente, aquele objeto de plástico ganha outro caráter, que pede algum tempo para ser confrontado.

O CD permaneceu intocado, en-tão, no plástico e acabou fi cando preso entre dois outros, perdido numa estante. Dois anos depois,

ARTHUR NESTROVSKI

em 2007, “Fake Standards” seria lançado pela gravadora Dubas; mas a imprensa na época mal o noticiou, e as gravações, até hoje, permanecem mal conhecidas.

Há poucos dias, procurando outra coisa, deparei com aque-le exemplar de “Fake Standards” que o próprio Rodrigo me deu, com a letra dele grafada a ca-neta, escondido entre os outros discos. Tantos anos depois, essa voz gravada ganha outro estatuto, mas sua audição, mesmo assim, não perde a força evocativa de tornar presente quem não está mais aqui.

Em outro contexto, valeria a pena comentar faixa por faixa des-se disco impressionante, que reúne 14 canções de autores como Irving Berlin e Kurt Weill, uma penca de clássicos eternizados por artistas como Fred Astaire, Frank Sinatra, Ella Fitzgerald e Chet Baker.

Além de cantar, Rodrigo toca violão, faz lindos solos de harmô-nica e ainda toca clarinete e sax, em arranjos que se distribuem de modo parcimoniosamente varia-do ao longo do percurso, incluindo o violão e cello de Mário Manga e aqui e ali um grupo de cordas (Luiz Amato, Adriana Holtz e o próprio Tagliaferri). Boa parte das canções é acompanhada só pelo violão de Rodrigo e do incompa-rável Manga. O disco (que pode ser ouvido em streaming aqui: tny.gs/1Fz3fTj) não tem percussão nem bateria.

BreveA arte é imensa, a vida é breve;

vamos nos concentrar numa can-ção. Uma das mais curtas, inter-

pretada só com acompanhamento de violão e sem repetições, como uma cena teatral ou um poema, que depois cada um pode ouvir ou ler de novo, mas que não faz sentido cantar mais de uma vez.

Composta em 1938 por Irving Berlin, “Change Partners” foi feita para o fi lme “Dance Comigo”, no qual era cantada por Fred Astaire, contracenando com Ginger Rogers (bit.ly/1ItdXhE). Foi gravada depois no disco “Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim” (1967), com Tom tocando violão e a orquestra por trás num arranjo bossa nova clássico (bit.ly/1y5msfd).

A comparação entre as duas ver-sões esclarece muito da maneira de cantar de Rodrigo Rodrigues. O ponto central é a relação entre a voz cantada e o acompanhamento. Tanto Sinatra quanto ele entoam a letra de um modo que aproxima o canto da fala, alargada liricamente que seja; mas Rodrigo, sem perder nada do lirismo que a letra pede, leva isso a um extremo – um extre-mo só possível para quem passou a vida ouvindo João Gilberto.

No caso de Sinatra, a voz guarda uma regularidade métrica essen-cial, sob a aparência de fl exibilida-de, enquanto o acompanhamento desloca os acentos à maneira ele-gante de Jobim.

Já com Rodrigo, é quase o con-trário: o violão vai pingando os acordes do modo mais regular (como faz João Gilberto em muitas situações), enquanto a voz fl utua livremente, com sutilezas rítmicas que desafi am a notação. Isso dá a ele também a liberdade para fazer portamentos (passar de uma nota a outra de modo contínuo e expres-

sivo) e espichar algumas sílabas, ressaltadas afetivamente por um vibrato delicado, mas crucial.

O mesmo fenômeno, em maior ou menor grau, pode ser ouvido também em versões inesquecí-veis de “Sweet Lorraine” (Burwell/ Parish, 1928), “September Song” (Kurt Weill/ Maxwell Anderson, 1938) e “Let’s Face the Music and Dance” (Irving Berlin, 1936), para fi car só nessas.

O que se está descrevendo aqui, de forma bem sucinta, resume algo do que há de fundamental no canto brasileiro moderno e que tem a ver justamente com a apro-ximação sutil e a não menos sutil transformação entre o canto e a voz falada (assunto por excelência de nosso mestre Luiz Tatit).

Caetano Veloso fez isso por ou-tras vias em “A Foreign Sound” (2004), projeto de imensa riqueza vocal e instrumental, com a ambi-ção de defi nir padrões de excelên-cia para a música e os músicos do Brasil, aos olhos do mundo.

Nessas gravações de Rodrigo, o que se escuta vai numa dire-ção contrária, mas atingindo o mesmo objetivo; nada menos que a depuração das lições de João Gilberto e de Tom, transferidas para o repertório americano com a autoridade discreta de um ar-tista brasileiro.

Escutar esse CD agora – e tanto mais este CD em particular, que recebi em mãos naquele encontro único, dez anos atrás – deixa a gente mais que comovido e faz de cada um de nós depositário e mensageiro da arte de Rodrigo Ro-drigues, um dos maiores cantores que o Brasil já produziu.

Música

Rodrigo Rodrigues e a arte do canto brasileiro

RAFAEL CAMPOS | Ogro

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G4 MANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015 MANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015 G5

Sociologia

RESUMOO debate sobre a es-trutura social no Brasil passa pelo entendi-mento da nova classe trabalhadora. À dife-rença de sua anteces-sora clássica, ela não estrutura sua identida-de a partir de ideais do chão da fábrica, mas sim em torno de comu-nidades religiosas que propiciam identifi cação baseada em medos e expectativas comuns.

3 Do sindicato à religião

Ao contrário da crença inte-lectual predominante nas últi-mas duas décadas do século passado – na academia e na esfera pública –, as classes sociais existem e travam lutas decisivas para toda a socieda-de, nos diferentes contextos.

Isto, porém não signifi ca que os antigos sistemas conceitu-ais e explicativos dedicados ao tema – como o marxismo e algumas teorias sociais da primeira metade do século passado – sejam a melhor alternativa intelectual para a construção de um entendi-mento adequado sobre ele.

O apego a certos axiomas do pensamento marxista (que muitas vezes resultam de uma interpretação simplifi cada e pobre de Marx), por exemplo, em nada ajuda na tarefa de compreender o real signifi cado das clivagens de classe para a

ROBERTO DUTRAILUSTRAÇÃO SÉRGIO SISTER

O individualismo da nova classe trabalhadora

ação social dos indivíduos.O teorema marxista de que

uma única e mesma estrutura de classes (entre proletários e capitalistas) perpassa todo o conjunto de campos e contex-tos sociais não se sustenta. A construção política de formas de solidariedade e reconheci-mento social transclassistas mostra que a sociedade dispõe de sistemas capazes de pro-duzir modalidades de identifi -cação e pertencimento (como a solidariedade nacional que sustenta o estatuto trans-classista da cidadania) que transcendem a reprodução da desigualdade de classes.

É o que podemos chamar de contingência (o caráter mu-tável, não necessário) da luta de classes.

A luta de classes, por mais penetrante que seja, não está fadada a ser totalizante no con-junto das relações sociais. Nem todas as relações sociais são relações de classe em luta.

No nível das trajetórias de vida individuais, essa contin-gência também se faz pre-sente. Ainda que a origem de classe (ditada pela origem familiar) estruture a identi-dade social dos indivíduos, confi gurando expectativas de ascensão e atuação social nos mais diversos contextos, exis-tem instituições capazes de reestruturar essa identidade, criando expectativas, interes-ses e sonhos que conferem novo rumo ao que o passado classista fez dos indivíduos. O engajamento no serviço mi-litar é um exemplo; a escola republicana é outro.

Essas instituições têm voca-ção para transcender o vínculo de classe e para criar inte-resses sociais compartilhados entre distintas classes. A iden-tidade de classe não é um dado nem um fato determinado por uma única dimensão da vida

social. Está sujeita aos efei-tos de instituições e agentes que sempre podem redefi nir interesses, expectativas e pro-jetos coletivos, capazes tanto de reiterar como de superar fronteiras de classe.

A consequência disso é uma “indefi nição relativa” da iden-tidade de classe. Essa “indefi -nição relativa” constitui o fer-mento das disputas ideológicas atuais em torno do surgimento e ascensão de uma nova clas-se social no cenário brasileiro, pois abre um campo de lutas pela defi nição da identidade de classe também por meio da identifi cação com outras clas-ses ou frações de classe.

Aliás, a escolha da termi-nologia adequada já encerra uma disputa importantíssima. Se a denominamos “nova clas-se trabalhadora”, projetamos uma “fusão de interesses” para “baixo”, com o restan-te das classes populares; se falamos em “nova classe mé-dia”, fazemos uma projeção para “cima”, imaginando uma “fusão de interesses” com a classe média tradicional. O mesmo vale para a adoção ou não do adjetivo “nova”.

FordismoEmbora as possibilidades de

identifi cação sejam em princí-pio muito variadas, a trajetó-ria de vínculos institucionais típicos de uma classe limitam e estruturam essas possibi-lidades. O período fordista, por exemplo, marcado pela organização fabril do trabalho e pela estabilidade do empre-go e da renda, ao favorecer a organização sindical, cons-tituiu um perfi l de vínculos muito particular, responsável por fazer com que a posição de trabalhador assalariado na esfera da economia se tradu-zisse em plataforma de ação coletiva no campo político.

É importante lembrar que essa ação coletiva esteve vin-culada também à identifi ca-ção com interesses e valores transclassistas, mesmo se o fordismo corresponde a um momento decisivo de oposi-ção entre as classes. O perfi l social dessa classe trabalha-dora “clássica” é específi co de pouquíssimos países e regiões do mundo.

O grande equívoco é tomar esse perfi l contingente e da-tado como se fosse a “verda-deira e única face” da classe trabalhadora.

Assim como falamos hoje em “variações do capitalis-mo”, podemos falar também em variações da “classe tra-balhadora”. O que chamamos de nova classe trabalhado-ra não dispõe das relações de produção fordistas para construir seu perfi l de ação social e política; como sa-bemos todos, a ausência do sindicato como forma de or-ganização sociopolítica é o principal sintoma disto.

No entanto, não basta saber o que não constitui o perfi l desta nova classe; é preciso saber o que o constitui, sua positividade.

O equivalente mais cotado do sindicato para essa nova classe trabalhadora é a co-munidade religiosa. Se não dispõe de uma organização (como o sindicato) capaz de operar a tradução e a iden-tifi cação política a partir de interesses e estilos de vida forjados no chão da fábri-ca, essa classe encontra nas comunidades (especialmente as pentecostais) espaço para criar uma identifi cação (espe-cifi camente religiosa) a partir de dramas, medos e expecta-tivas comuns.

A face religiosa da nova classe trabalhadora, que des-norteia e irrita o dogmatismo

conceitual da intelectualida-de antirreligiosa de distintas orientações ideológicas, não é um fenômeno inédito do Brasil, da América Latina ou dos “pa-íses em desenvolvimento”.

Expandindo o conceito de classe trabalhadora para além da “noção fabril” de classe operária, vemos, por exemplo, que a classe trabalhadora das cidades médias e pequenas da Alemanha do século 19 e início do século 20 formou sua identidade coletiva com base na construção de um ambiente social católico que servia de contraponto tanto ao secularismo radical dos socia-listas como ao protestantismo liberal das classes altas.

A diferença mais importante não é tanto se o elemento reli-gioso está ou não presente, mas antes se a identifi cação coletiva fi ca ou não restrita a ele.

FaltaNo caso da nova classe tra-

balhadora brasileira, a varia-ção em relação ao modelo da classe operária fordista, sindicalizada, que levou à constituição do PT, costuma ser caracterizada pelo signo da “falta”.

Tal caracterização descreve essa nova classe como despro-vida das formas de mobiliza-ção e identifi cação coletivas (sindicato e partido) típicas do “perfi l clássico”. Por conta dessa “falta”, costuma ser ta-chada de “individualista”, em contraste com o sentimento de pertencimento coletivo re-sultante da inclusão sindical e partidária.

A isso se somaria uma orien-tação ideológica fl utuante e mal defi nida, compondo um quadro interpretativo afi na-do com um sentimento de “perda” por parte dos setores progressistas do campo polí-tico. É esse sentimento que possivelmente melhor defi ne a crise atual do chamado “lu-lismo”, com a desfi delização anunciada de grande parte de sua base eleitoral.

O grande desafi o, intelectual e prático, é o de compreender essa fl utuação para além de defi nição pela “falta”, apreen-dendo os elementos que pro-duzem um tipo de orientação que o script ideológico tradi-cional não consegue captar.

Esse tipo de orientação – eis uma hipótese para fu-turas análises – pode talvez ser pensado como uma espécie de “fi losofi a liberal popular”, que embasa “espiritualmente” a identifi cação da nova classe trabalhadora com o ideário pequeno burguês do controle individual da vida em contra-posição também ao modelo da grande empresa fordista.

Não se trata de uma orien-tação bem defi nida, mas de uma orientação disputada entre os agentes e institui-ções de mobilização política engajados em interpretar, de formas diferentes, a valoriza-ção da dignidade individual típica desta nova classe e, com base nesta interpretação, for-jar compromissos transclas-sistas no campo político.

Essa hipótese parece plausí-vel uma vez que a nova classe trabalhadora, como a velha, compartilha projetos de vida genuinamente ancorados nos valores e visões de “vida boa” do individualismo moderno, embora seja falsa a afi rmação de que tal individualismo não tenha contrapesos comunita-ristas – basta ver as redes de ajuda mútua criadas em torno das comunidades religiosas –, como também é falsa a tese de que a classe trabalhadora “clássica” não se orientava por valores individualistas.

A diferença principal des-sa nova classe trabalhadora, quando confrontada a sua antecessora, reside na des-crença relativamente maior nas formas de representa-ção e participação políticas existentes – o que, no limite, acaba afetando sua adesão a projetos políticos baseados em uma maior politização das relações sociais.

Política

4 O dilema do PT

O PT vai acabar? Provavel-mente não. Não há dúvida de que a crise é a mais grave da história do partido, e sem uma resposta adequada da direção o risco de declínio é real. Mas a necessidade de um partido social-democrata forte deve ser muito maior nos próximos anos do que foi nos últimos 12. E, como veremos, a criação de uma alternativa de esquerda ao PT (um “pós-PT”) não será fácil.

Trinta anos de crescimento baixo sugerem que serão mes-mo necessárias reformas para aumentar nossa produtividade, e muitas dessas reformas de-vem pressionar a desigualdade para cima. Mas já estamos na fronteira superior da desigual-dade possível. Não adianta os liberais brasileiros quererem brincar de Thatcher: um pro-grama liberal no Brasil não será implementado contra o fundo

CELSO BARROS

Partido social-democrata forte será importante nos próximos anos

de 30 anos de construção do “welfare state” e forte queda de desigualdade, como foi no Reino Unido.

Será contra 12 anos de go-vernos de esquerda muito mo-derados que conseguiram fazer a desigualdade cair até o nível (já altíssimo) do Brasil dos anos 1960. Justamente porque o país precisa de reformas liberais, precisa ao mesmo tempo re-distribuir renda e oportunidades com um entusiasmo que nunca teve. Este é o acordo necessário para nossas próximas décadas: mais liberalismo em troca de mais redistribuição.

Após quatro vitórias presi-denciais, seria razoável supor que o PT liderasse a esquerda nessa negociação. Mas os es-cândalos de corrupção recentes podem colocar em xeque a he-gemonia petista na esquerda. Para fechar esse fl anco, o parti-do precisa ao menos começar a pagar sua conta junto à opinião pública. Moralmente a ferida agora é mais profunda do que foi no mensalão.

A acusação de que o PT levava uma porcentagem do dinheiro supostamente desviado pelo PP, se comprovada, descarta o argumento da governabilidade que, em algum grau, funcionava no mensalão e escândalos an-teriores. Não parece provável que o PP tenha exigido que o PT aceitasse uma porcentagem do esquema como condição para apoiar o governo.

Cabe então perguntar, visto que o PT já demonstrou habili-dade política razoável, por que não faz o óbvio: reconhece seus erros e afasta os dirigentes en-volvidos em casos de corrupção. Parte da história, é claro, deve ser a infl uência política que vários dos acusados ainda têm. Mas não é só isso.

ObstáculoA alternância de poder no PT

esbarra em um obstáculo: as tendências internas que mais aparecem nas denúncias de corrupção são as que melhor entenderam a necessidade de aceitar as regras do jogo polí-tico e da economia de mercado. Deve haver correlação entre as duas coisas, e isso deve dizer algo sobre o jogo político e o mercado no Brasil, mas são temas para outra hora.

Enquanto a oposição dentro do PT não aceitar o programa social-democrata, a alternância interna continuará inviável, já que muita gente que não é corrupta apoia o atual grupo dirigente (ou dele faz parte) porque não quer implementar o programa de transição trotskis-ta, alguma versão à esquerda da “nova matriz econômica” ou seja lá que atualização programáti-ca os avatares ornitológicos de Chávez tenham dado ao boliva-rianismo nesta semana.

É bastante frequente que críticos do governo à esquer-da comecem falando coisas ponderadas sobre corrupção e terminem falando coisas inde-fensáveis sobre alianças e eco-nomia. Enquanto isso continuar, o grupo dirigente do PT tem estabilidade no emprego. E falta de alternância política sempre traz o risco de corrupção.

A revisão programática do PT é urgente. Pode haver algum espaço para pequenos movi-mentos que ainda tentem ex-trair algo da tradição socialista, assim como para “libertarians”, anarquistas ou conservadores de todo tipo.

Seria ruim se toda ideia po-lítica fosse submetida ao teste pragmático “faz sentido imple-mentar isso hoje?” em toda e qualquer situação. As ideias po-líticas se fertilizam mutuamente de maneira imprevisível; elas não existem só para governar, e nunca se sabe da mistura de quê com o quê sairá a próxima

boa ideia. Um espaço público em que só se discuta a centro-es-querda e a centro-direita seria desnecessariamente pobre.

Mas nada que não tenha uma boa resposta para o teste prag-mático deve chegar perto de posições de governo.

Se o PT, ou uma grande par-te de sua esquerda, quiser ser uma alternativa de esquerda à social-democracia, talvez valha lembrar que ninguém aqui con-quistou o direito ao tédio escan-dinavo. As tarefas históricas da social-democracia mal começa-ram a ser realizadas no Brasil. O PT tem vencido eleições porque deu passos importantes nesse sentido. Não foi porque “derro-tou o neoliberalismo” ou porque o Foro de São Paulo esconde a verdade da população.

Não interessa o que os qua-dros ou os intelectuais do PT achavam que estavam cons-truindo, os sindicatos e os elei-tores construíram um partido social-democrata.

Social-democracia é mirar o imposto para cima e o gasto governamental para baixo, e é isso que a população espera que o governo petista faça. A social-democracia exige contas públicas razoavelmente equili-bradas, pois uma social-demo-cracia com um Estado em crise é como um liberalismo alavan-cado em “subprime”.

É muito difícil fazer isso tudo em um país pobre: talvez o único exemplo indiscutível de partido social-democrata no Terceiro Mundo seja o Partido Socialista chileno. Mas essa é a tarefa histórica do Partido dos Traba-lhadores, que pode aceitá-la ou sair da frente.

EsboçosOs esboços de pós-PT que

apareceram recentemen-te (Rede, Raiz, talvez o PSB) normalmente começam pelo fi nal: pela adesão declarada ao

programa social-democrata e/ou verde, pela defesa da éti-ca, pela reconquista da classe média. Mas esses são planos para resolver os problemas do PT (e que o PT faria bem em copiar), não para substituí-lo no que ele funciona.

Eric Hobsbawm caracterizou o PT como um exemplo tardio dos velhos partidos social-de-mocratas que prosperaram na Europa. O “tardio” aqui tem con-sequências práticas profundas. Os partidos social-democratas europeus cresceram junto com o operariado fabril, que era uma parcela grande da população, e deixaram como legado imensos Estados de bem-estar social. No Primeiro Mundo, o “welfare state” sobrevive ao declínio nu-mérico e político do operariado tradicional, aos trancos e bar-rancos, pelo apoio dos usuários de seus serviços.

Hoje, boa parte do que os sociais-democratas europeus precisam fazer é ajustar a máquina de redistribuição de oportunidades às necessidades da efi ciência econômica e às novas reivindicações de gênero, ambientais etc. Não é por acaso que é fácil para a centro-direi-ta brasileira se dizer social-de mocrata. Seu modelo é a social-democracia que já venceu.

O PT é um partido social-democrata da fase heroica, de quando o “welfare state” ainda não estava montado. Mas a ja-nela em que os grandes partidos social-democratas europeus se consolidaram já se fechou. O tempo entre nossa industriali-zação tardia e a crise do indus-trialismo não foi sufi ciente para que um movimento operário de massas construísse nosso Estado de bem-estar social – e muito dessa industrialização se deu sem democracia.

Os “30 anos gloriosos” da so-cial-democracia europeia aqui foram alguns anos de commodi-ties um pouco mais caras. O PT teve que tentar outra coisa.

Em sua “História do PT”, Lin-coln Secco sugere uma fórmula interessante: ao contrário da social-democracia europeia, que se moveu para o centro se aproximando da classe média, o PT o fez se aproximando dos setores mais pobres, que são a maioria da população

brasileira. Como notou André Singer, os mais pobres são mais sensíveis a mudanças bruscas (por exemplo, no que se refere à infl ação), o que explica que essa aproximação tenha se manifestado como movimento para o centro.

É importante notar que, como mostrou Singer, a apro-ximação da esquerda com os pobres se deu principalmente após a conquista do governo. O carisma de Lula é inegável, mas ele só foi totalmen-te ativado quando a ren-da dos pobres começou a subir aceleradamente.

O pós-PT entraria no jogo sem o patrimônio político e or-ganizacional acumulado nessa história. O cenário em que a maioria da população se sindi-caliza é tão improvável para o pós-PT quanto para o PT – e o pós-PT precisaria mobilizar os mais pobres sem o crédito das políticas sociais do lulismo. Não poderia reeditar os anos 80, e não começaria sendo governo.

Mesmo se quisesse voltar aos 80 (às vezes parece ser o caso do PSOL), àquela época o PT não disputava com outro PT já constituído; e, mesmo se já começasse no governo, as políticas sociais mais fáceis de implementar e de aceitação mais universal já foram postas em prática por Lula/Dilma. Isto é, o pós-PT precisaria descobrir formas de mobilização popular que o PT não soube criar, ao menos para crescer o sufi ciente para atrair uma grande dissi-dência petista.

E, para que a crítica ética do pós-PT se traduzisse em algo mais efetivo, precisaria de uma base de apoio popular ainda maior e mais mobilizada, que se refl etisse numa maioria parla-mentar. Não é impossível. Mas, mesmo se o PT fracassar na au-tocrítica moral e programática, o mais provável é que os projetos de pós-PT só prosperem, de início, como sócios minoritários em alianças que incluam o PT, ou como alternativas eleitorais onde o partido for fraco.

Isso, claro, supondo que a crise não cause uma deserção de petistas tão grande que o pós-PT acabe sendo pouco mais que uma mudança de nome (ou de direção).

RESUMOA oposição interna do PT, com posi-ções indefensáveis sobre economia e alianças, difi culta a alternância de poder na sigla, que precisa de uma autocrítica moral e programáti-ca. O desafi o é seguir tardiamente a trilha dos partidos social-democratas da “fase heroica” num país em que “welfare state” não foi construído.

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Sociologia

RESUMOO debate sobre a es-trutura social no Brasil passa pelo entendi-mento da nova classe trabalhadora. À dife-rença de sua anteces-sora clássica, ela não estrutura sua identida-de a partir de ideais do chão da fábrica, mas sim em torno de comu-nidades religiosas que propiciam identifi cação baseada em medos e expectativas comuns.

3 Do sindicato à religião

Ao contrário da crença inte-lectual predominante nas últi-mas duas décadas do século passado – na academia e na esfera pública –, as classes sociais existem e travam lutas decisivas para toda a socieda-de, nos diferentes contextos.

Isto, porém não signifi ca que os antigos sistemas conceitu-ais e explicativos dedicados ao tema – como o marxismo e algumas teorias sociais da primeira metade do século passado – sejam a melhor alternativa intelectual para a construção de um entendi-mento adequado sobre ele.

O apego a certos axiomas do pensamento marxista (que muitas vezes resultam de uma interpretação simplifi cada e pobre de Marx), por exemplo, em nada ajuda na tarefa de compreender o real signifi cado das clivagens de classe para a

ROBERTO DUTRAILUSTRAÇÃO SÉRGIO SISTER

O individualismo da nova classe trabalhadora

ação social dos indivíduos.O teorema marxista de que

uma única e mesma estrutura de classes (entre proletários e capitalistas) perpassa todo o conjunto de campos e contex-tos sociais não se sustenta. A construção política de formas de solidariedade e reconheci-mento social transclassistas mostra que a sociedade dispõe de sistemas capazes de pro-duzir modalidades de identifi -cação e pertencimento (como a solidariedade nacional que sustenta o estatuto trans-classista da cidadania) que transcendem a reprodução da desigualdade de classes.

É o que podemos chamar de contingência (o caráter mu-tável, não necessário) da luta de classes.

A luta de classes, por mais penetrante que seja, não está fadada a ser totalizante no con-junto das relações sociais. Nem todas as relações sociais são relações de classe em luta.

No nível das trajetórias de vida individuais, essa contin-gência também se faz pre-sente. Ainda que a origem de classe (ditada pela origem familiar) estruture a identi-dade social dos indivíduos, confi gurando expectativas de ascensão e atuação social nos mais diversos contextos, exis-tem instituições capazes de reestruturar essa identidade, criando expectativas, interes-ses e sonhos que conferem novo rumo ao que o passado classista fez dos indivíduos. O engajamento no serviço mi-litar é um exemplo; a escola republicana é outro.

Essas instituições têm voca-ção para transcender o vínculo de classe e para criar inte-resses sociais compartilhados entre distintas classes. A iden-tidade de classe não é um dado nem um fato determinado por uma única dimensão da vida

social. Está sujeita aos efei-tos de instituições e agentes que sempre podem redefi nir interesses, expectativas e pro-jetos coletivos, capazes tanto de reiterar como de superar fronteiras de classe.

A consequência disso é uma “indefi nição relativa” da iden-tidade de classe. Essa “indefi -nição relativa” constitui o fer-mento das disputas ideológicas atuais em torno do surgimento e ascensão de uma nova clas-se social no cenário brasileiro, pois abre um campo de lutas pela defi nição da identidade de classe também por meio da identifi cação com outras clas-ses ou frações de classe.

Aliás, a escolha da termi-nologia adequada já encerra uma disputa importantíssima. Se a denominamos “nova clas-se trabalhadora”, projetamos uma “fusão de interesses” para “baixo”, com o restan-te das classes populares; se falamos em “nova classe mé-dia”, fazemos uma projeção para “cima”, imaginando uma “fusão de interesses” com a classe média tradicional. O mesmo vale para a adoção ou não do adjetivo “nova”.

FordismoEmbora as possibilidades de

identifi cação sejam em princí-pio muito variadas, a trajetó-ria de vínculos institucionais típicos de uma classe limitam e estruturam essas possibi-lidades. O período fordista, por exemplo, marcado pela organização fabril do trabalho e pela estabilidade do empre-go e da renda, ao favorecer a organização sindical, cons-tituiu um perfi l de vínculos muito particular, responsável por fazer com que a posição de trabalhador assalariado na esfera da economia se tradu-zisse em plataforma de ação coletiva no campo político.

É importante lembrar que essa ação coletiva esteve vin-culada também à identifi ca-ção com interesses e valores transclassistas, mesmo se o fordismo corresponde a um momento decisivo de oposi-ção entre as classes. O perfi l social dessa classe trabalha-dora “clássica” é específi co de pouquíssimos países e regiões do mundo.

O grande equívoco é tomar esse perfi l contingente e da-tado como se fosse a “verda-deira e única face” da classe trabalhadora.

Assim como falamos hoje em “variações do capitalis-mo”, podemos falar também em variações da “classe tra-balhadora”. O que chamamos de nova classe trabalhado-ra não dispõe das relações de produção fordistas para construir seu perfi l de ação social e política; como sa-bemos todos, a ausência do sindicato como forma de or-ganização sociopolítica é o principal sintoma disto.

No entanto, não basta saber o que não constitui o perfi l desta nova classe; é preciso saber o que o constitui, sua positividade.

O equivalente mais cotado do sindicato para essa nova classe trabalhadora é a co-munidade religiosa. Se não dispõe de uma organização (como o sindicato) capaz de operar a tradução e a iden-tifi cação política a partir de interesses e estilos de vida forjados no chão da fábri-ca, essa classe encontra nas comunidades (especialmente as pentecostais) espaço para criar uma identifi cação (espe-cifi camente religiosa) a partir de dramas, medos e expecta-tivas comuns.

A face religiosa da nova classe trabalhadora, que des-norteia e irrita o dogmatismo

conceitual da intelectualida-de antirreligiosa de distintas orientações ideológicas, não é um fenômeno inédito do Brasil, da América Latina ou dos “pa-íses em desenvolvimento”.

Expandindo o conceito de classe trabalhadora para além da “noção fabril” de classe operária, vemos, por exemplo, que a classe trabalhadora das cidades médias e pequenas da Alemanha do século 19 e início do século 20 formou sua identidade coletiva com base na construção de um ambiente social católico que servia de contraponto tanto ao secularismo radical dos socia-listas como ao protestantismo liberal das classes altas.

A diferença mais importante não é tanto se o elemento reli-gioso está ou não presente, mas antes se a identifi cação coletiva fi ca ou não restrita a ele.

FaltaNo caso da nova classe tra-

balhadora brasileira, a varia-ção em relação ao modelo da classe operária fordista, sindicalizada, que levou à constituição do PT, costuma ser caracterizada pelo signo da “falta”.

Tal caracterização descreve essa nova classe como despro-vida das formas de mobiliza-ção e identifi cação coletivas (sindicato e partido) típicas do “perfi l clássico”. Por conta dessa “falta”, costuma ser ta-chada de “individualista”, em contraste com o sentimento de pertencimento coletivo re-sultante da inclusão sindical e partidária.

A isso se somaria uma orien-tação ideológica fl utuante e mal defi nida, compondo um quadro interpretativo afi na-do com um sentimento de “perda” por parte dos setores progressistas do campo polí-tico. É esse sentimento que possivelmente melhor defi ne a crise atual do chamado “lu-lismo”, com a desfi delização anunciada de grande parte de sua base eleitoral.

O grande desafi o, intelectual e prático, é o de compreender essa fl utuação para além de defi nição pela “falta”, apreen-dendo os elementos que pro-duzem um tipo de orientação que o script ideológico tradi-cional não consegue captar.

Esse tipo de orientação – eis uma hipótese para fu-turas análises – pode talvez ser pensado como uma espécie de “fi losofi a liberal popular”, que embasa “espiritualmente” a identifi cação da nova classe trabalhadora com o ideário pequeno burguês do controle individual da vida em contra-posição também ao modelo da grande empresa fordista.

Não se trata de uma orien-tação bem defi nida, mas de uma orientação disputada entre os agentes e institui-ções de mobilização política engajados em interpretar, de formas diferentes, a valoriza-ção da dignidade individual típica desta nova classe e, com base nesta interpretação, for-jar compromissos transclas-sistas no campo político.

Essa hipótese parece plausí-vel uma vez que a nova classe trabalhadora, como a velha, compartilha projetos de vida genuinamente ancorados nos valores e visões de “vida boa” do individualismo moderno, embora seja falsa a afi rmação de que tal individualismo não tenha contrapesos comunita-ristas – basta ver as redes de ajuda mútua criadas em torno das comunidades religiosas –, como também é falsa a tese de que a classe trabalhadora “clássica” não se orientava por valores individualistas.

A diferença principal des-sa nova classe trabalhadora, quando confrontada a sua antecessora, reside na des-crença relativamente maior nas formas de representa-ção e participação políticas existentes – o que, no limite, acaba afetando sua adesão a projetos políticos baseados em uma maior politização das relações sociais.

Política

4 O dilema do PT

O PT vai acabar? Provavel-mente não. Não há dúvida de que a crise é a mais grave da história do partido, e sem uma resposta adequada da direção o risco de declínio é real. Mas a necessidade de um partido social-democrata forte deve ser muito maior nos próximos anos do que foi nos últimos 12. E, como veremos, a criação de uma alternativa de esquerda ao PT (um “pós-PT”) não será fácil.

Trinta anos de crescimento baixo sugerem que serão mes-mo necessárias reformas para aumentar nossa produtividade, e muitas dessas reformas de-vem pressionar a desigualdade para cima. Mas já estamos na fronteira superior da desigual-dade possível. Não adianta os liberais brasileiros quererem brincar de Thatcher: um pro-grama liberal no Brasil não será implementado contra o fundo

CELSO BARROS

Partido social-democrata forte será importante nos próximos anos

de 30 anos de construção do “welfare state” e forte queda de desigualdade, como foi no Reino Unido.

Será contra 12 anos de go-vernos de esquerda muito mo-derados que conseguiram fazer a desigualdade cair até o nível (já altíssimo) do Brasil dos anos 1960. Justamente porque o país precisa de reformas liberais, precisa ao mesmo tempo re-distribuir renda e oportunidades com um entusiasmo que nunca teve. Este é o acordo necessário para nossas próximas décadas: mais liberalismo em troca de mais redistribuição.

Após quatro vitórias presi-denciais, seria razoável supor que o PT liderasse a esquerda nessa negociação. Mas os es-cândalos de corrupção recentes podem colocar em xeque a he-gemonia petista na esquerda. Para fechar esse fl anco, o parti-do precisa ao menos começar a pagar sua conta junto à opinião pública. Moralmente a ferida agora é mais profunda do que foi no mensalão.

A acusação de que o PT levava uma porcentagem do dinheiro supostamente desviado pelo PP, se comprovada, descarta o argumento da governabilidade que, em algum grau, funcionava no mensalão e escândalos an-teriores. Não parece provável que o PP tenha exigido que o PT aceitasse uma porcentagem do esquema como condição para apoiar o governo.

Cabe então perguntar, visto que o PT já demonstrou habili-dade política razoável, por que não faz o óbvio: reconhece seus erros e afasta os dirigentes en-volvidos em casos de corrupção. Parte da história, é claro, deve ser a infl uência política que vários dos acusados ainda têm. Mas não é só isso.

ObstáculoA alternância de poder no PT

esbarra em um obstáculo: as tendências internas que mais aparecem nas denúncias de corrupção são as que melhor entenderam a necessidade de aceitar as regras do jogo polí-tico e da economia de mercado. Deve haver correlação entre as duas coisas, e isso deve dizer algo sobre o jogo político e o mercado no Brasil, mas são temas para outra hora.

Enquanto a oposição dentro do PT não aceitar o programa social-democrata, a alternância interna continuará inviável, já que muita gente que não é corrupta apoia o atual grupo dirigente (ou dele faz parte) porque não quer implementar o programa de transição trotskis-ta, alguma versão à esquerda da “nova matriz econômica” ou seja lá que atualização programáti-ca os avatares ornitológicos de Chávez tenham dado ao boliva-rianismo nesta semana.

É bastante frequente que críticos do governo à esquer-da comecem falando coisas ponderadas sobre corrupção e terminem falando coisas inde-fensáveis sobre alianças e eco-nomia. Enquanto isso continuar, o grupo dirigente do PT tem estabilidade no emprego. E falta de alternância política sempre traz o risco de corrupção.

A revisão programática do PT é urgente. Pode haver algum espaço para pequenos movi-mentos que ainda tentem ex-trair algo da tradição socialista, assim como para “libertarians”, anarquistas ou conservadores de todo tipo.

Seria ruim se toda ideia po-lítica fosse submetida ao teste pragmático “faz sentido imple-mentar isso hoje?” em toda e qualquer situação. As ideias po-líticas se fertilizam mutuamente de maneira imprevisível; elas não existem só para governar, e nunca se sabe da mistura de quê com o quê sairá a próxima

boa ideia. Um espaço público em que só se discuta a centro-es-querda e a centro-direita seria desnecessariamente pobre.

Mas nada que não tenha uma boa resposta para o teste prag-mático deve chegar perto de posições de governo.

Se o PT, ou uma grande par-te de sua esquerda, quiser ser uma alternativa de esquerda à social-democracia, talvez valha lembrar que ninguém aqui con-quistou o direito ao tédio escan-dinavo. As tarefas históricas da social-democracia mal começa-ram a ser realizadas no Brasil. O PT tem vencido eleições porque deu passos importantes nesse sentido. Não foi porque “derro-tou o neoliberalismo” ou porque o Foro de São Paulo esconde a verdade da população.

Não interessa o que os qua-dros ou os intelectuais do PT achavam que estavam cons-truindo, os sindicatos e os elei-tores construíram um partido social-democrata.

Social-democracia é mirar o imposto para cima e o gasto governamental para baixo, e é isso que a população espera que o governo petista faça. A social-democracia exige contas públicas razoavelmente equili-bradas, pois uma social-demo-cracia com um Estado em crise é como um liberalismo alavan-cado em “subprime”.

É muito difícil fazer isso tudo em um país pobre: talvez o único exemplo indiscutível de partido social-democrata no Terceiro Mundo seja o Partido Socialista chileno. Mas essa é a tarefa histórica do Partido dos Traba-lhadores, que pode aceitá-la ou sair da frente.

EsboçosOs esboços de pós-PT que

apareceram recentemen-te (Rede, Raiz, talvez o PSB) normalmente começam pelo fi nal: pela adesão declarada ao

programa social-democrata e/ou verde, pela defesa da éti-ca, pela reconquista da classe média. Mas esses são planos para resolver os problemas do PT (e que o PT faria bem em copiar), não para substituí-lo no que ele funciona.

Eric Hobsbawm caracterizou o PT como um exemplo tardio dos velhos partidos social-de-mocratas que prosperaram na Europa. O “tardio” aqui tem con-sequências práticas profundas. Os partidos social-democratas europeus cresceram junto com o operariado fabril, que era uma parcela grande da população, e deixaram como legado imensos Estados de bem-estar social. No Primeiro Mundo, o “welfare state” sobrevive ao declínio nu-mérico e político do operariado tradicional, aos trancos e bar-rancos, pelo apoio dos usuários de seus serviços.

Hoje, boa parte do que os sociais-democratas europeus precisam fazer é ajustar a máquina de redistribuição de oportunidades às necessidades da efi ciência econômica e às novas reivindicações de gênero, ambientais etc. Não é por acaso que é fácil para a centro-direi-ta brasileira se dizer social-de mocrata. Seu modelo é a social-democracia que já venceu.

O PT é um partido social-democrata da fase heroica, de quando o “welfare state” ainda não estava montado. Mas a ja-nela em que os grandes partidos social-democratas europeus se consolidaram já se fechou. O tempo entre nossa industriali-zação tardia e a crise do indus-trialismo não foi sufi ciente para que um movimento operário de massas construísse nosso Estado de bem-estar social – e muito dessa industrialização se deu sem democracia.

Os “30 anos gloriosos” da so-cial-democracia europeia aqui foram alguns anos de commodi-ties um pouco mais caras. O PT teve que tentar outra coisa.

Em sua “História do PT”, Lin-coln Secco sugere uma fórmula interessante: ao contrário da social-democracia europeia, que se moveu para o centro se aproximando da classe média, o PT o fez se aproximando dos setores mais pobres, que são a maioria da população

brasileira. Como notou André Singer, os mais pobres são mais sensíveis a mudanças bruscas (por exemplo, no que se refere à infl ação), o que explica que essa aproximação tenha se manifestado como movimento para o centro.

É importante notar que, como mostrou Singer, a apro-ximação da esquerda com os pobres se deu principalmente após a conquista do governo. O carisma de Lula é inegável, mas ele só foi totalmen-te ativado quando a ren-da dos pobres começou a subir aceleradamente.

O pós-PT entraria no jogo sem o patrimônio político e or-ganizacional acumulado nessa história. O cenário em que a maioria da população se sindi-caliza é tão improvável para o pós-PT quanto para o PT – e o pós-PT precisaria mobilizar os mais pobres sem o crédito das políticas sociais do lulismo. Não poderia reeditar os anos 80, e não começaria sendo governo.

Mesmo se quisesse voltar aos 80 (às vezes parece ser o caso do PSOL), àquela época o PT não disputava com outro PT já constituído; e, mesmo se já começasse no governo, as políticas sociais mais fáceis de implementar e de aceitação mais universal já foram postas em prática por Lula/Dilma. Isto é, o pós-PT precisaria descobrir formas de mobilização popular que o PT não soube criar, ao menos para crescer o sufi ciente para atrair uma grande dissi-dência petista.

E, para que a crítica ética do pós-PT se traduzisse em algo mais efetivo, precisaria de uma base de apoio popular ainda maior e mais mobilizada, que se refl etisse numa maioria parla-mentar. Não é impossível. Mas, mesmo se o PT fracassar na au-tocrítica moral e programática, o mais provável é que os projetos de pós-PT só prosperem, de início, como sócios minoritários em alianças que incluam o PT, ou como alternativas eleitorais onde o partido for fraco.

Isso, claro, supondo que a crise não cause uma deserção de petistas tão grande que o pós-PT acabe sendo pouco mais que uma mudança de nome (ou de direção).

RESUMOA oposição interna do PT, com posi-ções indefensáveis sobre economia e alianças, difi culta a alternância de poder na sigla, que precisa de uma autocrítica moral e programáti-ca. O desafi o é seguir tardiamente a trilha dos partidos social-democratas da “fase heroica” num país em que “welfare state” não foi construído.

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Goles de preconceito, sem açúcar e sem afeto

O calendário islâmico

Diário de Nova York O MAPA DA CULTURA

O prefeito Bill de Blasio de-cidiu adicionar ao calendário letivo das escolas públicas dois feriados consagrados ao islamismo. Católico não praticante, De Blasio disse que a medida é uma maneira de “honrar a contribuição” da comunidade islâmica de Nova York. Segundo a Uni-versidade Columbia, cerca de 10% do total de 1 milhão de estudantes da cidade são muçulmanos.

Os feriados são o Eid al-Adha ou Grande Festa, em que Abraão oferece o fi lho em sacrifício a Deus, em vigor a partir de setembro em Nova York, e o Eid al-Fitr, celebração do último dia do Ramadã, que estreará em agosto de 2016.

O novo calendário pode ser visto como uma marca do pluralismo americano em defesa das minorias – al-guns distritos nos Estados de Nova Jersey, Vermont e Massachusetts também têm seus feriados muçulmanos. Ou como evidência de que Nova York superou o trauma do ataque às Torres Gême-as em 2001. No entanto, a decisão contraria o caráter laico da educação na cidade, um dos pilares ideológicos do partido do prefeito de-mocrata. Quem comemora são as crianças, com menos dias de aula.

Macchiato“Race together” não du-

rou uma semana. A gran-de campanha do Starbucks lançada no mês passado para promover a discussão sobre o racismo provocou uma avalanche de irritação nas redes sociais.

As críticas iam do despre-paro dos baristas para falar

do tema até a hipocrisia da própria empresa. Segundo os internautas, o alto escalão da maior rede de cafeterias do mundo está composto de brancos, enquanto quem serve as bebidas é negro. Outros diziam que o assunto era indigesto.

Segundo o chefe execu-tivo da Starbucks, Howard Schultz, a ideia surgiu das tensões raciais pelo país, agravadas nos últimos me-ses com mortes de negros desarmados por policiais brancos, como Eric Garner em Staten Island em julho do ano passado e, no mês seguinte, o jovem Michael Brown, em Ferguson, no Es-tado de Missouri.

Bem antes da iniciativa do Starbucks no mês pas-sado, a Mix Coff eehaus, um café temporário no bairro do Bronx, questionava a identi-dade racial dos clientes.

Em lugar de perguntar o nome do cliente, como na rede mundial de cafés, os baristas perguntavam como ele se defi nia racialmente. A resposta, além da escolha do grão, que podia ser “Uma gota”, “Mulato” e “Vira-lata”, abria debates sobre o tema. Tudo fazia parte de um pro-jeto da estudante Vernicia Colon para a Parsons the New School for Design. A cafeteria funcionou em abril e em dezembro de 2014.

Macchiato 2Depois do fracasso da

campanha de interação do Departamento de Polícia de Nova York com as comunida-des da cidade por fotos no Twitter, em que #myNYPD virou palco de imagens vio-lentas da polícia contra o povo, o departamento es-treia o IdeaScale.

O sost ware já adotado por

diversos órgãos federais, como a Agência de Prote-ção Ambiental e até mesmo a Casa Branca, lança nova possibilidade de diálogo entre policiais e morado-res por meio de debates e votação anônima em ideias e projetos. O recurso talvez gere mais indagações do que respostas, mas já é uma abertura para temas difíceis e seus diagnósticos.

PlumasMais empolgante do que a

exposição de Björk no MoMA é deixar-se absorver pelos cadernos inéditos de Jean-Michel Basquiat no Museu do Brooklyn.

Enquanto a islandesa é decifrada por meio de seus álbuns em um clima en-cantado de faz de conta, a mostra de Basquiat não precisa de muitos artifícios para fi rmar sua linguagem irreverente e grafi teira.

O artista que nasceu no Brooklyn e morreu aos 27 anos é uma das vozes mais originais da arte contempo-rânea. Descobrir esses cader-nos é, em si, pura poesia.

No Museu Metropolitan, “The Plains Indians”, que vai até maio, é outra mostra im-perdível sobre a arte indíge-na na América do Norte, com belas vestimentas e pinturas sobre couro que retratam danças vitoriosas e animais míticos, oriundas de grandes coleções como a do museu parisiense Quai Branly.

Para quem viu Björk e Basquiat (que terminam, respectivamente, em junho e agosto), a mostra dos in-dígenas é uma lembrança da sua forte infl uência sobre a imagética de Basquiat, ou da fascinação pelos rituais tri-balistas de Björk, a serpente emplumada do rock.

LUCRECIA ZAPPI

ONDEC

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6 O velho, o mar e a memória

Arquivo AbertoMEMÓRIAS QUE VIRARAM HISTÓRIAS

João Pessoa, 1979

Ao entender-me de gente, logo aprendi a admirar José Américo de Almeida, como fi gura incontornável da mito-logia nordestina – como todo paraibano que se preze.

Em 1967 fui entrevistá-lo para o jornal em que tra-balhava, substituindo o seu repórter principal. Não tinha experiência do batente e ao fi nal, quando pensava em dar por terminada a tarefa, José Américo surpreendeu-me com uma inesperada exi-gência: que eu lesse para ele a algaravia que lançara no bloco de notas.

Tremi nas bases e a cus-to consegui, nervosíssimo, “traduzir” o manuscrito. Ele então rubricou folha a folha, passando-as de volta para mim. Era sua tácita e caute-losa concordância com o que escrevera. Era seu jeito e seu estilo de ser, e aquilo fi cou-me para sempre na memória.

Doze anos depois voltei ao seu retiro, ele já um solitário nonagenário ao pé do mar, para tomar-lhe extenso de-poimento destinado ao meu longa-metragem “O Homem de Areia”, que pretendeu ser o seu perfi l no cinema. Inter-ditado o trânsito em frente ao seu casarão no Cabo Branco, guiei-o até a beira da praia para uma caminhada que ar-quitetara desde o roteiro. Ali, no plano meio inclinado, onde as ondas morrem no areal.

Mesmo discreto, o desní-vel do terreno onde pisava difi cultava os seus passos e acentuava o seu coxear, pu-xando pela perna esquerda, exigindo-lhe certo esforço.

Era a marca indelével que trazia no corpo desde o de-sastre aéreo de 1930, quan-do assumiu o Ministério de Viação e Obras, no primei-

ro governo Vargas. Míope e sem saber nadar, quando o avião Savoia-Marchetti se precipitou nas águas do mar da Bahia, o nosso herói foi milagrosamente salvo, fato que atribuía à intervenção de uma força superior, mais do que aos tripulantes de um saveiro que por ali passava, içando-o dos destroços em que se mantinha agarrado.

Na véspera das fi lmagens não consegui conciliar o sono de tão ansioso que estava, pensando em como iria en-frentar uma das mais temidas lendas da política brasileira. Eu havia visto, fazia pouco, uma entrevista que ele con-cedera a Otto Lara Resende, na televisão, e constatara o respeito reverencial com que o velho profi ssional de im-prensa tratara o autor de “A Bagaceira”, o que só fi zera au-mentar o meu nervosismo.

Para me deixar mais pre-ocupado, José Américo me pedira para assistir ao meu fi lme “O País de São Saruê” que por aqueles dias havia sido liberado e ganhava as páginas dos jornais, depois de uma quarentena de mais de oito anos preso na censura.

A essa altura eu fi cara sa-bendo da visita que agentes do Dops haviam feito a Ro-berto Faria, então dirigente da Embrafi lme. Os famigerados queriam obter o roteiro de “O Homem de Areia” e saber sobre o seu fi nanciamento por aquele órgão de governo.

Consta que era uma injun-ção do general Reinaldo de Almeida, fi lho de José Américo, cogitado para assumir a Pre-sidência da República.

No fundo, penso que, se assim foi, o seu gesto expres-sava tão somente um compre-ensível zelo fi lial, temendo que o velho que concordara em ser fi lmado entrasse numa fria.

Mas Roberto saiu-se muito bem. Disse aos “emissários” que dali só sairiam documen-tos com tal conteúdo median-te autorização do Ministro da Educação e Cultura, a quem era subordinado.

De manhã fi z da fraqueza força e acudiu-me pensar em El Cid, o grande cavalheiro: “Treme perna, mas eu te levo lá”. E fui!

Tranquei a rua, orientei a equipe e passeei o ministro pelas areias do Cabo Bran-co, sem sofrer interrupção de monta. E, no outro dia, fomos muito cedo tocaiar a chega-da de Jorge Amado, Zélia e o artista plástico Calazans Neto, que tinham vindo para uma visita exclusiva a José Américo. Filmamos o impor-tante encontro e entrevis-tamos o romancista baiano desmanchando-se em elogios ao mestre.

Depois que a caravana par-tiu, foi a vez de José Américo falar em longo depoimento que percorre todo o fi lme. E aí foi dura a lida! Foi como es-culpir em rocha impenetrável; ele não era presa fácil, mas prevenido e astuto.

De fato, tinha muito o que narrar o ex-revolucionário de 1930, o ex-governador e fun-dador da Universidade da Pa-raíba (e seu primeiro reitor), o ex-senador e membro da Aca-demia Brasileira de Letras, e assim o fez, porque, como ele mesmo disse: “Ninguém se perde na volta”.

Entretanto as ideias e os argumentos que fervilhavam por trás da ampla calva do ca-beção nordestino passavam, frise-se, por uma espécie de imaginária trava exercida, ao que parecia, na região de sua mandíbula sempre tensa. Ele como que ruminava entre den-tes cada palavra, no curso de breves silêncios, antes de pro-

VLADIMIR CARVALHO nunciá-las com sua prosódia tão característica, eliminando os “ls” (eles) fi nais, vítimas da chamada apócope.

Preliava naturalmente com a memória que não era mais a mesma, num último e de-safi ador “tour de force”, no

crepúsculo do próprio mito, aos 92 anos. Dessa jornada de mais de quatro horas de falas e ruminações guardo como fetiche, ou relíquia, um diminuto rolo magnético de som, com uma de suas in-quietantes pausas que du-

ram a eternidade de quase um minuto.

Assim era José Américo de Almeida, no ocaso da vida, tão rico no trato com as palavras, mas ainda trancado e caute-loso como raposa política do seu tempo.

José Américo de Almeida, Walter Carvalho e Vladimir Carvalho, em praia de João Pessoa, em 1979

ACERVO PESSOAL

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Imaginação

RESUMOO presente relato integra “As Pequenas Virtudes”, coletânea de 1962 em que a autora reuniu escritos publicados em jornais e revistas entre 1944 e 1960. O livro sai pela Cosac Naify no mês que vem.

PROSA, POESIA E TRADUÇÃO

7 Os sapatos rotos

Tenho os sapatos rotos, e a amiga com quem vivo neste mo-mento também tem os sapatos rotos. Quando estamos juntas, falamos sempre de sapatos. Se lhe falo do tempo em que serei uma escritora velha e famosa, ela logo me pergunta: “Com que sapatos?”. Então lhe digo que terei sapatos de camurça verde, com uma grande fi vela de ouro ao lado.

Pertenço a uma família em que todos têm sapatos sólidos e saudáveis. Aliás, minha mãe teve até de fazer um armarinho só para guardar os sapatos, de tantos pares que tinha. Quando volto para casa, soltam altos gritos de dor e indignação ao verem meus sapatos. Mas sei que também se pode viver com sapatos rotos. No período ale-mão eu estava sozinha aqui, em Roma, e tinha apenas um par

de sapatos. Se fosse levá-los ao sapateiro, teria de passar dois ou três dias na cama, e isso não era possível. Assim continuei a usá-los, e para piorar chovia, sentia que eles se desfaziam lentamente, moles e informes, e sentia o frio do piso sob a planta dos pés. É por isso que ainda hoje uso sempre sapatos rotos, porque me lembro daqueles, e então estes não me parecem tão ruins em comparação, e se tenho dinheiro prefi ro gastá-lo com outras coisas, porque os sapatos já não me parecem algo de muito essencial. Fui mimada pela vida de antes, sempre cercada de um afeto terno e atento, mas naquele ano aqui, em Roma, estive sozinha pela primeira vez, e por isso gosto tanto de Roma, apesar de carregada de história para mim, carregada de lembran-ças angustiantes, poucas horas alegres. Também minha amiga tem os sapatos rotos, e por isso estamos bem juntas. Minha amiga não tem ninguém que a reprove pelos sapatos que usa, tem apenas um irmão que vive no campo e circula com botas de caçador. Ela e eu sabemos o que ocorre quando chove, e as pernas estão nuas e molhadas, e nos sapatos entra água, e então há aquele pequeno rumor a cada passo, aquela espécie de chapinhar.

Minha amiga tem um rosto pálido e másculo, e fuma numa piteira preta. Quando a vi pela primeira vez, sentada a uma mesa, óculos com armação de tartaruga e rosto misterioso e altivo, com a piteira preta entre os dentes, pensei que parecia um general chinês. Na época eu

não sabia que ela usava sapatos rotos. Soube mais tarde.

A gente se conheceu poucos meses atrás, mas é como se fosse há anos. Minha amiga não tem fi lhos; já eu tenho fi lhos, e para ela isso é estranho. Ela nun-ca os viu senão em fotografi as, porque eles estão no interior com minha mãe, e isso para nós também é estranhíssimo, ou seja, que ela nunca tenha visto meus fi lhos. Em certo sentido, ela não tem problemas e pode ceder à tentação de jogar a própria vida aos cães; eu, ao contrário, não posso fazer isso. Meus fi lhos estão morando com minha mãe, e por enquanto não têm sapatos rotos. Mas como serão quando crescerem? Quero dizer: que sapatos terão na idade adulta? Que caminhos escolhe-rão para seus passos? Preferirão excluir de seus desejos tudo o que é agradável, mas não ne-cessário, ou dirão que tudo é necessário e que um homem tem o direito de ter nos pés sapatos sólidos e sadios?

Eu e minha amiga conversa-mos longamente sobre isso e também sobre como vai ser o mundo quando eu for uma velha escritora famosa e ela esti-ver girando o mundo com uma mochila nas costas, como um velho general chinês, e meus fi -lhos seguirem seu caminho com sapatos sadios e sólidos nos pés e o passo fi rme de quem não renuncia, ou com sapatos rotos e o passo frouxo indo-lente de quem sabe o que não é necessário.

Às vezes combinamos ca-samentos entre meus fi lhos e os fi lhos do irmão dela, aquele que vagueia pelos campos com

botas de caçador. Discorremos assim até noite alta, bebendo chá preto e amargo. Temos um colchão e uma cama, e toda noite tiramos no par ou ímpar quem de nós duas deve dormir na cama. De manhã, quando le-vantamos, nossos sapatos rotos nos esperam no tapete.

Minha amiga às vezes diz que está cheia de trabalhar e queria jogar a vida aos cães. Queria se fechar num boteco e beber todas as suas economias, ou então enfi ar-se na cama e não pensar em mais nada, deixar que venham cortar a luz e o gás, deixar que tudo vá à deriva bem devagar. Diz que vai fazer isso quando eu for embora. Porque nossa vida em comum durará pouco, em breve vou partir e voltar para minha mãe e meus fi lhos, para uma casa onde não me será permitido andar de sapatos rotos. Minha mãe tomará conta de mim, me impedirá de usar alfi netes em vez de botões, de escrever até altas horas. E eu por minha vez tomarei conta de meus fi lhos, vencendo a tentação de jogar a vida aos cães. Voltarei a ser séria e maternal, como sempre acontece quando estou com eles, uma pessoa diferente de agora, uma pessoa que minha amiga desconhece inteiramente.

Vou olhar o relógio e controlar o tempo, vigilante e atenta a cada coisa, e cuidarei que meus fi lhos tenham os pés sempre enxutos e aquecidos, porque sei que é assim que deve ser sem-pre que possível, pelo menos na infância. Aliás, para aprender mais tarde a caminhar com sapatos rotos talvez seja bom ter os pés enxutos e aquecidos quando se é criança.

NATALIA GINZBURGTRADUÇÃO MAURÍCIO SANTANA DIASILUSTRAÇÃO HENRIQUE DE FRANÇA

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[email protected], DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015 (92) 3090-1042 Plateia 3

Trinta anos sem a escritora Cora Coralina

DIVULGAÇÃO

SnapchatMaior interação e a função de apagar textos, vídeos e fotos são itens apontados como “qualidades” do aplicativo

Manausconquista usuários em

Criado em 2011 pelo ame-ricano Evan Spiegel, o Snapchat está conquis-tando cada vez mais usu-

ários em Manaus. O aplicativo (App) permite o compartilhamen-to de fotos, textos e vídeos, e tudo é “destruído” em segundos. O usuário pode ainda defi nir o tempo de duração e para quem a postagem será enviada, item apontado como vantagem. “Eu uso Snapchat há 1 ano. A posta-gem fi ca o tempo e os segundos que eu desejo. É uma versão melhorada do Instagram (App que valoriza compartilhamento de fotografi as digitais). Eu acho mais dinâmico”, afi rma o hoteleiro Antônio Feijó Jr., 23.

Só no Play Store (loja virtual para usuários dos sistemas Android), o Snapchat tem mais de 100 milhões de downloads e ainda tem versão para iPhone. Com o crescimento de usuários em todo o mundo o grupo chinês Alibaba anunciou no mês passado o investimento de US$ 200 milhões no Snapchat.

O App mexe com o mercado de redes sociais. Tanto que, no dia 1º de abril, o Facebook lançou o aplicativo de criação e compar-tilhamento de vídeos de até 20 segundos de duração, chamado Riff , para concorrer com o Snap-

chat. Em 2013, o Facebook chegou a fazer a proposta para comprar o aplicativo, mas foi recusada por Spiegel.

Para a analista de mídias so-ciais Ana Célia Costa, grandes empresas já estão usando o App visando a geração Z, pessoas que nasceram a partir de 1994. “O Snapchat é uma das redes que mais crescem nos últimos anos. Mundialmente é bastante usada pela geração Z. Grandes empresas já viram o aplicativo como modelo de negócio como a MTV, Yahoo!, CNN e National Geographic. Há retorno, já que cada vez mais grupos de comunicação estão investindo nisso”, diz.

CompartilhamentosA estudante Camila Suzam, 24,

afi rma que o interessante do App é a agilidade no compartilhamento das fotos e vídeos. “Meus amigos usam muito e acabei gostando. É legal conversar através de ima-gens e vídeos rápidos. A diferença é que ninguém tem o compromis-so de responder aquela interação. E isso não gera nenhum confl ito como acontece com as outras mídias sociais”, opina.

Para o estudante de direito Bre-no Matheus, 20, um dos pontos fortes do App é o pouco consumo de memória interna. Segundo ele, O fato da postagem desaparecer faz com que as pessoas publi-quem fotos e vídeos inusitados. “Para mim a maior vantagem é o fato da postagem não fi car salva na memória do celular. Então é um aplicativo que não consome tanta memória interna do celular. As pessoas, pelo fato da foto ou do vídeo sumirem depois que você abre, acabam fazendo coi-sas muito engraçadas que você não vai ver no Instagram, Twitter ou Facebook”.

Mas o Snapchat também permi-te o compartilhamento de conte-údos jornalísticos ou de interesse público. Breno afi rma que usa o App para se informar. “É um bom aplicativo para acompanhar coberturas de notícias em tempo real também”, ressalta.

CuidadosMas a principal característica

no Snapchat pode criar uma falsa sensação de privacidade, o que leva a uma maior exposição. Para o psicólogo Afonso Brasil Jr., as pessoas precisam ter cautela na publicação dos conteúdos. “No Snapchat o usuário envia uma foto ou um vídeo e determina quem o visualizará e quanto tem-po de duração esse material fi cará passível, além de não permitir o download no aparelho de quem o receber. A pessoa que o recebe pode ainda ‘printar’ (print scream) o que foi recebido, mas automati-camente uma mensagem é envia-da àquele que postou o conteúdo. Cria-se, portanto, uma falsa sen-sação de segurança à exposição. As pessoas veem nesses recursos uma falsa defesa para o desejo de expor sua intimidade, pois temos uma necessidade inata de sermos percebidos, notados, de recebermos atenção”, afi rma.

O psicólogo explica ainda que o comportamento nas redes sociais pode revelar a personalidade e confl itos pessoas. “Pessoas que buscaram autoconhecimento, que estão bem consigo mesmas, sa-tisfeitas com suas vidas tendem a fi ltrar melhor as coisas que expõem assim como o contrário se faz verdadeiro. Quanto menos nos conhecemos, menos somos seguros, mais necessitaremos que o outro nos perceba e nos dê atenção, que reconheça alguma valia em nós”, fi naliza.

DANIEL JORDANOEspecial EM TEMPO

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. Murad Aziz pilotou festa surpresa pelo aniversário de sua Marília, na noite de quarta-feira.

. O dinner-party sensacional reuniu um pequeno grupo de amigos do casal, no endereço cheio de charme no Parque das Laranjeiras. Noite ótima com o set-list do DJ Alexandre Prata.

>> Dinner-party

Fernando Coelho [email protected] - www.conteudochic.com.br

. O funkeiro Mr. Catra estará em mais um de seus shows com letras do gênero ‘proi-bidão’, em Manaus.

. Dentro do projeto Conexão Carioca, Mr. Catra será uma das atrações do evento na piscina do Tropical Hotel, que terá ainda MC Guimê e os MCs Pikeno e Menor, além da atração local Real MCs.

. A festa será no dia 2 de maio.

>> Conexão Carioca

. A badalada rua Oscar Freire, nos Jardins, em São Paulo esteve totalmente parada na quinta-feira. Tudo culpa da cantora ameri-cana Cher! No bom sentido, claro.

. É que a cantora está no Brasil para participar do gala amfAR, que aconteceu na sexta-feira na casa do empresário paulista Dinho Diniz, e escolheu o hotel Emiliano para se hospedar. Não deu outra: os fãs da diva estavam enlouquecidos na porta do hotel gritando “Cher, Cher, Cher”. O apelo foi tanto que ela até apareceu para dar um oi!

>> Star

. O gala da amfAR no Brasil, que aconteceu na sexta-feira em São Paulo, na mansão do empresário Dinho Diniz, trouxe ao Brasil uma lista de estrelas internacionais.

. Além de Cher, também estão no Brasil, o estilista francês Jean Paul Gaultier, a cantora Kyllie Minogue e as tops Kate Moss e Naomi Campbell, além do estilista italiano da estre-lada griff e Givenchy, Ricardo Tisci.

. Em tempo: a amfAR, Fundação para a Pesquisa da Aids, é uma das mais importantes organizações sem fi ns lucrativos dedicada ao suporte da pesquisa da Aids, prevenção do HIV, educação do tratamento e defesa de uma política pública sólida relacionada à doença. Desde 1985, a fundação investiu mais de US$ 415 milhões em seus programas e concedeu subsídios a mais três mil equipes de pesquisa em todo o mundo

>> Star II

Murad Aziz e a aniversa-riante Marília Zuazo, no dinner-party no Parque das Laranjeiras

Mouhamad Moustafá e o lindo fi lho Hilleli

Rose Souza e Silva, Marília Zuazo e Ana Claudia Gomes

Marco Barbosa e Paula Gar-cia Cavalcanti

Bernardo Mussa e Anette Perrone

Waltinho Oliva Pinto, Waisser Botelho e Guto Oliveira

Alessandro e Cristiane Pacheco

Marco Barbosa e Paula Gar-

Marcos e Suelem Pacheco

Marthi-nha e Clóvis Cruz

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D3PlateiaMANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015

“Este nome não inventei, exis-te mesmo, é de uma mulher que

vive em Goiás: Cora Coralina. (...) Na estrada que é Cora Coralina passam o Brasil velho e o atual, passam as crianças e os miseráveis de hoje. O verso é simples, mas abrange a realidade varia. (...) Assim é Cora Coralina, repito: mulher extraordinária, diamante goia-no cintilando na solidão (...).”

Publicadas em 1980 no Jornal do Brasil, as palavras de Carlos Drummond de Andrade levaram a obra da poeta Cora Coralina – que morreu há 30 anos, no dia 10 de abril de 1985 – ao restante do país.

Nascida em Goiás em 1889, Cora começou a escrever em

1911. Eram contos e crôni-cas publicados nos jornais da época. Depois da Semana de Arte Moderna de 1922, ela se reconheceu no modernismo e seguiu esse caminho, ficando conhecida como poetisa.

“O que Cora produziu está muito bem escrito no ideário modernista, ela trabalha com verso livre, busca o cotidiano, o coloquial, ela tem versos lon-gos contaminados da prosa. Pensando que escreveu até as vésperas da morte, ela conti-nua escrevendo em um tempo contemporâneo, mas persiste nesse ideário”, explicou a pro-fessora de literatura da Univer-sidade Federal de Goiás (UFG) Goiandira de Fátima Ortiz de Camargo.

A pesquisadora diz que o tema

da memória e a recuperação do passado foram recorrentes na poesia de Cora. “A cidade, a sua geografia, os casarios, os becos, as pessoas mais simples, a irmandade de Cora com os páreas, a mulher da vida, o presidiário, aquele que está à margem, a solidariedade, tanto que o aniversário de nascimento dela, 20 de agosto, se tornou o dia do vizinho em Goiás. Ela acredita que vivemos com o outro e temos que cantar o outro com uma responsabili-dade social.”

O primeiro livro de Cora, Po-emas dos Becos de Goiás e Estórias Mais (1965), foi publi-cado quando ela tinha 76 anos. “A obra dela é uma obra real. Não é uma obra voltada ao sentimenta-

lismo, mas não usa palavras negativas”, explicou a diretora do museu Casa de Cora Coralina, Mar-lene Vellasco.

A poetisa, que viveu até os 95 anos, ainda publica mais dois livros em vida: “Meu Livro de Cordel” (1976), e “Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha” (1983).

Para a professora de literatura da Universidade Estadual de Goiás (UEG) Ebe Maria de Lima Siqueira, Cora Coralina fez uma escolha pela simplicidade. “Ela escreveu sobre gente simples, sobre as mulheres que ela via passar

pela janela”.

Trinta anos sem Cora CoralinaNascida no Estado de Goiás em 1889, Cora Coralina começou a escrever em 1911. Eram contos e crônicas publicados nos jornais da época

O primeiro livro de Cora foi publicado

quando ela tinha 76 anos

de idade

A poeta Cora Coralina é considerada por estudiosos e especialistas em sua obra como uma mulher forte e li-bertária. Embora não tenha incorporado o discurso femi-nista, a forma como ela se impôs na sociedade machis-ta e conservadora em que vivia fez com que também pudesse ser estudada sob a perspectiva de gênero.

Nascida e criada em Goiás, Cora saiu de lá em 1911 para poder viver ao lado do advo-gado Cantídio Tolentino de Figueiredo Bretas, que era casado. Criou quatro filhos trabalhando no interior de São Paulo, após a morte do

marido. E, 45 anos depois, teve a coragem de voltar para buscar suas memórias e escrever sobre aquele es-paço. “Na cidade de Goiás, como antiga capital do es-tado, havia uma agitação cultural forte e mulheres ins-critas no tradicionalismo, no conservadorismo da cidade, mas que também atuavam”, disse a professora de li-teratura da Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiandira de Fátima Ortiz de Camargo.

Cora publica seus primei-ros textos no semanário A Rosa, dirigido por ela própria e outras poetisas. De acor-

do com Goiandira, a poeta, que viveu até os 95 anos, não se inspira apenas nas mulheres, mas lia poetas como Almeida Garrett e tex-tos que vinham do exterior. “Ela estava alguns passos à frente dessas mulheres que escreviam nos moldes tra-dicionais, sonetos, poesia metrificada, ou simbolista ou parnasiana. Elas tinham medidas. Cora não, Cora era da desmedida. Seus primei-ros versos assustaram tanto as pessoas que os imputa-ram ao primo dela Luiz do Couto”, contou Goiandira.

Agência Brasil

Marcada por ideais libertários

Considerada a “poetisa do cotidiano”, escritora Cora Coralina morreu há 30 anos

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D4 Plateia MANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015

Na última semana, o cantor Ed Motta proferiu um discurso um tanto quanto estranho em seu Facebook ao anunciar sua “turnê” pela Europa. Pe-diu aos brasileiros que se encontram por lá, para evitarem falar português ou pedirem a música “Manuel”, um de seus poucos sucessos.

Conheço pouco da obra do artista. Na verdade, umas duas ou três com-posições que me reservo no direito de não saber se ele é autor. O fato é que, independentemente de fazer essa turnê para conseguir admiradores europeus, o “artista” deveria ter tido a sensibilidade de dar atenção aos turistas e moradores que se encontram no continente.

Não acredito que cantar músicas em português possa, de alguma forma, prejudicar sua carreira internacional. Veja o caso da cantora Ivete Sangalo. Gravou DVD no Madson Square Garden (amo muito esse nome) e mais de 80% do seu repertório foi todo baseado nas canções em sua língua nativa. É claro que ela não deixou de lado o inglês e o espanhol, por exemplo, mas fez de tudo para mostrar o Brasil de uma forma diferente.

Não apenas o lado político duvidoso ou os crimes graves cometidos. Ela mostrou que o Brasil tem cultura sim, tem artistas sim e que cantam no seu idioma. Ainda sobre Ivete, podemos destacar os shows no Rock in Rio Lisboa e sua participação no Rock in Rio Las Vegas, que será agora no mês maio.

Mas aí terão aqueles que dirão que a música produzida pela baiana não é de qualidade, que não tem riqueza de composição... Para esses eu deixo uma coisa chamada licença poética. Gostaria de saber em que parte da Constituição a pessoa é obrigada a compor músicas apenas com conteú-do específi co? Onde está escrito que o forró, o axé ou o sertanejo não é música boa?

Aliás, nunca entendi esse negócio de música boa. Música é música e ponto.

Se aquela canção foi produzida e fez sucesso é porque é boa para uma determinada classe. E isso não obriga ninguém a escutar a “sofrência” do Pablo ou “Camaro Amarelo” da dupla Munhoz & Mariano. Ninguém é obriga-do a ouvir/ver aquilo que não quer.

Falo isso porque o mesmo Ed Motta teve a capacidade de segregar, em um dos comentários na sua página do Facebook, o forró. E por não explicar a coisa didaticamente, acabou generali-zado o estilo musical. Como podemos esquecer da importância do mestre Dominguinhos? Como se pode ofender a memória de Gonzagão?

De fato que nem tudo que é produ-zido agrada aos ouvidos deste que vos escreve, mas isso não me dá o direito de dizer o que é bom ou não para se ouvir. Não me sinto no direito de for-çar o colega ao lado a ouvir algo que somente eu gosto. Não me dá o direito de achincalhar um gênero musical que representa a cultura de todo uma região como é o caso da Nordeste. Aliás, um salve para a cultura nordestina!

E não me venha com a história de que ele é sobrinho de Tim Maia e por isso fala o que der na veneta. Não sou dessa filosofia. Se você não tem algo relevante para falar, é melhor ficar calado. O que o cantor fez, foi ser preconceituoso com seu povo, com a sua cultura, com a sua realidade.

O jazz, o soul e o blues são incríveis, maravilhosos na verdade. Mas ter o pensamento que somente esses estilos são importantes é uma falta de tato e de senso que muito me surpreende, tendo em vista o alcance cultural do artista.

A vida segue, o artista em questão continuará com a sua vida e “carreira”, e o forró continuará sendo patrimônio nacional. Graças a Deus! Do mais, habemus menos Ed Motta e mais artistas com relevância e algo de importante para acrescentar, seja da forma que for.

Bruno Mazieri*E-mail: [email protected]

Bruno Mazieri*Jornalista e editor do caderno Imóveis

& Decor

O jazz, o soul e o blues são in-críveis, ma-ravilhosos na verdade. Mas ter o pensamento que somen-te esses estilos são importantes é uma falta de tato que muito me surpreende”

Habemus Ed Motta

Caprichoso lança CD ‘Amazônia’O Anfi teatro do Complexo

Turístico Ponta Negra é pal-co do lançamento do CD do Boi Caprichoso 2015 hoje, a partir das 17h. Todo o evento que deve reunir mais de 18 mil pessoas conta com o apoio da Prefeitura de Manaus, por meio da Fundação Municipal de Turismo, Cultura e Eventos (Manauscult).

Além de lançar oficial-mente o CD “Amazônia” com 20 toadas inéditas deste ano, no evento também serão gravadas imagens para o DVD oficial, que será lançado posteriormente. “A festa é gratuita e também é uma homenagem do povo manauara ao Festival de Pa-rintins, ao mesmo tempo em que o Boi Caprichoso pres-tigia nossa cidade incluin-do-a em parte do trabalho que será apresentado pela agremiação neste ano”, destaca o diretor-presiden-

te da Manauscult, Bernardo Monteiro de Paula.

“Somos muito gratos à par-ceria com a Prefeitura de Ma-naus, que está nos dando todo o suporte para que façamos

este show aqui em Manaus para toda a galera azul e branca que mora na capital”, afi rmou o presidente do Boi Caprichoso, Joilto Azedo, du-rante entrevista coletiva.

Além do Complexo Turístico

Ponta Negra, cedido pela Pre-feitura de Manaus, a Manaus-cult também fornecerá toda a estrutura de sonorização, pal-co, banheiros químicos e supor-te técnico para a apresentação dos artistas parintinenses e convidados. Uma queima de fogos também será apresen-tada ao público durante o show que contará com a participa-ção de diversos artistas do boi azul, além da apresentação especial da cantora paraense Joelma, da banda Calypso, que interpretou juntamente com o levantador David Assayag uma das faixas do CD.

A festa inicia às 17h com término previsto às 22h. Nas duas primeiras horas alguns artistas, como Prince do Boi, grupo Canto da Mata, Fa-biano Neves, Paulinho Viana entre outros comandarão a festa. Às 19h iniciará o show que terá imagens captadas para compor o DVD.

BOI

EFEITOSNo evento serão gra-vadas imagens para o DVD ofi cial, a ser lan-çado posteriormente. Também haverá quei-ma de fogos durante o show que contará com a participação de diversos artistas

Itens do boi azul e branco fazem apresentação no palco da Ponta Negra, a partir das 17h

Diário fi ccional de Drácula com luxúria ae violênciaObra do romeno Marin Mincu investiga a verdadeira identidade de um herói pátrio, combinando fi cção e história real

INGRID ANNE/DIVULGAÇÃO

São Paulo, SP - Está fadado ao fracasso e à decepção o candidato a leitor que buscar em

“O Diário de Drácula” mais um da horda de romances que en-volvem vampiros sedutores e pálidas adolescentes em crise de identidade.

A obra do romancista e semiólogo romeno Marin Mincu (1944-2009) investi-ga a verdadeira identidade de um herói pátrio --para isso, combina sua fi cção com doses da história real, trans-corrida na segunda metade do século 15.

Seu Drácula não é um morto-vivo capaz de se transformar em morcego, chupador de pescoços de mocinhas inde-fesas e, não poucas vezes, desejosas. O protagonista é o próprio Empalador, o príncipe Vlad 3º da Valáquia (região da Romênia), cuja crueldade sem fi m teria sido a inspiração para o vampiro de Bram Stoker (1847-1912).

O autor escocês, por sinal, é desprezado pelo fi ctício editor de “O Diário de Drá-cula” --que se confunde com o próprio Mincu de carne e osso. Na apresentação dos textos, o narrador conta que, em sua busca por saber mais

sobre Drácula, chegou a ler Stoker: “Considerei-o deplo-rável”, resume.

Mesmo assim, o romeno escolheu para sua narrativa a mesma estrutura usada na saga vampiresca. Aqui, porém, quem escreve o diário não é um observador apavorado, mas o próprio agente da his-tória, consciente da imagem que pretende transmitir para a posteridade (“Serei eu mesmo o idealizador dos mais mons-truosos fatos que contarão a meu respeito”).

No romance de Mincu, o diá-rio do príncipe da Valáquia foi encontrado mais de 500 anos depois de sua morte, preser-vado em compartimento se-creto na masmorra do castelo às margens do Danúbio em que Vlad 3° (1431-1476) fora aprisionado pelo seu antigo parceiro Matias Corvino, rei da Hungria.

VítimaEmerge das anotações um

nobre de refi nada cultura, que cita fi lósofos gregos, dia-loga com a obra de Dante e se corresponde com o papa Pio 2º (1405-1464), de quem foi herói --”atleta da cris-tandade”, era chamado pelo religioso--, e vítima.

Líder guerreiro, protetor dos valacos contra os turcos, Dracul se vê enredado em tra-paças palacianas e familiares --não sem fazer também as suas traições.

Vivendo como vítima, aquele que foi algoz medita sobre seu ser e a criação do mundo, embrenha-se pela metafísica e pela psicologia: “Não sou um monstro. Minhas histórias as-sustam somente porque aque-les que as leem sentem-se ligados à minha culpa”.

Ele faz questão, porém, de contar sobre si histórias que são ainda mais assustadoras do que o folclore que envolve seu personagem. Espraia-se em sexo, meleca-se com san-gue, sofre estupro, ordena empalamentos, queima mul-tidões. Sua linguagem é, en-tão, a um só tempo picaresca e lúbrica, prenhe de luxúria e violência.

E se mostra também poeta sofredor. Ao olhar com langui-dez o céu noturno, Vlad, o Em-palador, o Dracul em pessoa, encarnação do Demônio e de todas as suas denominações, se derrama: “Minha mente se ilumina (...) Vejo os corpos ce-lestes com meu olhar interior e fi co cheio de alegria”.

Por Rodolfo Lucena

No romance de Mincu, o diário do príncipe da Valáquia (imagem) foi encontrado 500 anos depois de sua morte

DIVULGAÇÃO

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D5PlateiaMANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015

Canal [email protected]

Flávio Ricco

Colaboração:José Carlos Nery

TV TudoAinda sobre issoO fato é que João Ema-

nuel Carneiro já sentiu, pelo quadro atualmente em car-taz, a necessidade de ofe-recer um produto capaz de manter aceso o interesse do público, passando pelo próprio roteiro e escolha de elenco. Há um movimento diferente acontecendo na televisão, onde, constata-se, não existe mais lugar para a mesmice. Insistir no erro pode signifi car o au-mento constante do manu-seio do seletor de canais.

EventosCom a presença dos auto-

res Alcides Nogueira e Mário Teixeira e elenco, a Globo promove terça-feira, no Rio, a entrevista coletiva de “I Love Paraisópolis”, substitu-ta de “Alto Astral”. Já a festa de lançamento será em São Paulo, no buff et França.

Esforço inútilA Globo tem solicitado aos

proprietários de casas notur-nas em São Paulo discrição em relação às gravações da novela “Verdades Secretas”, próxima das 11, até para não vazar nada antes da hora. Teme-se principalmente a presença de equipes de pro-gramas de entretenimento da concorrência nos locais. Um esforço quase inútil por-

que a própria equipe entrega. É preciso combinar melhor.

TorcidaDe ofi cial mesmo, a res-

peito do próximo “The Voice” na Globo, apenas a saída de Daniel – como já informado neste espaço. Uma outra im-portante baixa no júri ainda poderá ocorrer. Numa des-sas, já tem até torcida orga-nizada, entre os seguidores de Paula Fernandes, para que ela possa ocupar uma das cadeiras giratórias. E aí?

Programa do bemHoje, no programa “Além

do Mais”, da TV Gazeta e do Sergio Waib, Oscar Schmidt é o entrevistado, falando de tudo um pouco, mas especialmente da sua história de superação. No ar a partir das 21 horas.

Prestação de serviçoDepois de espalhar pla-

cas pelas principais vias de São Paulo em protesto con-tra a indústria das multas, o “Encrenca”, da Rede TV!, vai retomar esse trabalho, mas, agora, identifi cando as crateras. Vai faltar aviso para tamanha quantidade de buracos.

Não vai amarelar“Babilônia” está sofrendo

uma série de mudanças, to-das provocadas pelo recente grupo de discussão realizado em São Paulo. As altera-ções que já estão sendo colocadas em prática têm como principal objetivo dar à novela o ritmo que ela não apresentou no começo.

Não vai amarelar 2As alterações nas carac-

terísticas e mesmo no rumo de algumas personagens, casos de Glória Pires e Sophie Charlotte, também começam a acontecer por-que se entendeu que serão úteis no futuro da novela. Mas é isso. E só isso.

Equipe Rafa Brites, Sandy e Fer-

nanda Lima estão no “Su-perStar”, da Globo, que vol-ta ao ar neste domingo.

Bate-rebate• As fi lmagens de “Em Nome

da Lei” estão agitando a ci-dade de Dourados, no Mato Grosso do Sul...

• ....No elenco, Mateus Solano e Paolla Oliveira, entre outros.

• Sabrina Sato estará em Fortaleza nos dias 15 e 16 para uma série de gravações...

• ... O roteiro inclui uma entre-vista exclusiva com o Ceará, Wellington Muniz...

• ...Em comum, o fato de ambos terem trabalhado no “Pânico”.

• Começa hoje a nova tempo-rada do “SuperStar” na Globo, com Sandy, Thiaguinho e Paulo Ricardo na bancada.

• A Band confi rma para a próxima terça-feira o início de gravações da segunda edi-ção do “MasterChef”, com Ana Paula Padrão e Cia.

Substituta de ‘Babilônia’

Responsável pela próxima das nove, “Favela chic”, João Emanuel Carneiro surpreendeu a equipe de produção ao informar que a sua novela ganharia mais dez personagens. O estranha-mento se deve ao fato de que ele, gosta de trabalhar com um elenco bem reduzido. Isso comprova informações de que o seu trabalho ainda está pas-sando por uma fase de ajustes.

GLOBO/JOÃO MIGUEL JÚNIOR

Até em função do barulho provocado por “Os Dez Manda-mentos”, o diretor Alexandre Avancini já se credencia como principal candidato para tocar a próxima novela bíblica, “Jo-sué e a Terra Prometida”.

Ficamos assim. Mas ama-

nhã tem mais. Tchau!

C’est fi ni

Mario Adolpho

Regi

Elvis

Gilmal

Na última quarta feira, 8, o setor turístico perdeu uma de suas mais importantes entusiastas. Enilda Lins partiu para uma última viagem dei-xando saudades em todos aqueles que a admiravam. Mas sua partida, ao invés de representar o fi m de um panorama refl exivo sobre o turismo, acaba por nos impulsionar a construir uma política que não se limite ape-nas a promoção turística, mas que busque a requalifi cação de produtos turísticos muitas vezes alijados do plano de ações ou mesmo de um pensamento político (em seu sentido latu) para a construção deste.

O turismo é o meio pelo qual uma cidade apresenta suas caracterís-ticas singulares, os elementos que a diferenciam das outras, se utili-zando metodologicamente de ele-mentos de apreensão reconhecíveis ao turista como limpeza, educação, transporte, hospedagem, informa-ção etc. Manaus é uma cidade que tem difundido de modo mui-to desajeitado e intelectualmente descabido dois atrativos: o folclore, através dos “bois de Parintins”, e as belezas naturais de seu entorno, já que a própria cidade ainda não foi capaz de incorporar à sua identi-dade o rio e a fl oresta como parte imanente de sua verve. Uma política pública para o turismo precisa ser formatada - o que de certo modo, pelo menos no plano municipal, existe um esboço de implantação - de modo a criar uma relação de pertencimento entre a cidade e seus habitantes através de programas de educação patrimonial, museus (incorporando a nova museologia entre seus conceitos e ações), cir-cuitos culturais, passeios etc.

A vocação de Manaus para o tu-rismo cultural é algo que tem sido debatido muito pouco e clandesti-namente. O Festival Amazonas de Ópera já tem programas, pacotes e convênios exclusivos para atender

aos turistas dos navios de rota in-ternacional. Segundo Greg Richards, a principal motivação dos turistas quando se deslocam para algum lu-gar é a combinação de três fatores: atmosfera, cultura local e história. A história local é desconhecida dos pró-prios nativos inclusive quanto às suas origens indígenas. Quem conhece a história dos índios Manaú, cujo prin-cipal líder, Ajuricaba, criou a maior confederação tribal das Américas para lutar contra os portugueses? E os Baré? Quem conhece a fundo nossos atores, cantores, artistas plásticos e visuais? Nossos prédios, entornos, praças, balneários?

E quando falo de turismo, falo de um modo muito geral. Manaus precisa entender que sua cultura é o seu cartão de visitas. Temos todos os ingredientes para transformá-la numa Cidade Cultural aos moldes de outras como Mérida e Santiago do Chile. Para tanto, é louvável os esforços da Prefeitura de Manaus em atrair investimentos através da Copa do Mundo e agora das Olim-píadas. Como a cidade é vaidosa e receptiva, mesmo os mais pregui-çosos fazem algum tipo de investi-mento em seus estabelecimentos, hotéis e restaurantes. Os artistas fazem parte da programação, afi nal, citando novamente Greg Richards, “cultura e turismo necessitam, cada vez mais, um do outro”.

O que nos alivia quanto ao caso local é que a atual administração tem a pretensão de dar uma nova cara, o que já vem sendo feito, ora garantindo suas autonomias, ora potencializando-as através de ações conjuntas. Manaus precisa, de fato, de um componente essen-cial: amor e respeito, tanto à sua história quanto a seus habitantes. Isto Enilda Lins nos deixou como legado, muito amor, sem dúvida, para continuar tentando e insistin-do numa cidade cada vez melhor.

Márcio Braz [email protected]

Márcio Braz ator, diretor,

cientista social e membro do

Conselho Municipal de Política Cultural

Manaus tem difundido de modo muito desajeitado e intelec-tualmente descabido dois atrativos: o folclore, por meio dos ‘bois de Parintins’, e as belezas naturais de seu entorno”

Enilda Lins e o turismo

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D6 Plateia MANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015

ÁRIES - 21/3 a 19/4 Hora de cuidar do físico, que tal marcar a academia, ou outra atividade física. Alimenta-ção também deve ser mais equilibrada. Com familiares e amigos seja gentil. Evite confusão com vizinhos. Reserve tempo e carinho para a pessoa amada.

TOURO - 20/4 a 20/5 Os medos pode ser seu maior inimigo, cuidado com o fantasma do passado que teimam e voltar. Falsas crenças podem atrapalhar suas verdades.

GÊMEOS - 21/5 a 21/6 A expectativa pode ser além da realização, conte com isso também. Evite atitudes preconceituosas, isso pode gerar muito mal estar. Comece a olhar a vida com os outros olhos e adote atitudes otimistas e bem humoradas. Cuide dos cabelos.

CÂNCER - 22/6 a 22/7 Mesmo que fi nanceiramente o momento não seja dos melhores, convém manter o otimismo. Não deixe que critique abale sua autoconfi ança.

LEÃO - 23/7 a 22/8 O astral conspira a seu favor, não perca as boas oportunidades de colocar em pratica seus desejos. O espiritual deve ser equilibrado. Não se prenda a fatos passados.

VIRGEM - 23/8 a 22/9 Alguma crise pode surgir no relacionamento com amigos. Evite fazer grandes planos hoje, só deixe a vida acontecer. Com a pessoa do seu interesse evite forçar situações.

LIBRA - 23/9 a 22/10 Sua casa merece mais atenção, principalmen-te a pintura, de uma renovada no astral com cores vibrantes. Amigos e colegas estarão presentes nas suas decisões.

ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11 Paciência não é uma das suas maiores virtudes, portanto mantenha o equilíbrio e os pés no chão. Procure passar um tempo ao ar livre, abrace uma árvore, medite!

SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12 Não se deixe abalar por falsas promessas, levante a cabeça e olhe para frente. Cui-dado com dinheiro, não gaste demais em coisas supérfluas.

CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/1 Evite entrar em confusão e desentendimen-tos, o astral não é dos melhores. Velho amigo pode voltar ao circuito. Procure focar nos seus objetivos, não é tempo de dispersar energias.

AQUÁRIO - 20/1 a 18/2 Controle a irritação e o nervosismo, não ofenda por qualquer coisa, o bom humor, pode fazer a diferença. O clima pode esquentar entre você e a pessoa amada.

PEIXES - 19/2 a 20/3 Busque por mais qualidade de vida, saia do stress constante que vive. Hoje deve redobrar o cuidado nas ruas. A saúde deve ser mais bem avaliada. Não reclame demais no ouvido da pessoa amada, isso cansa.

Programação de TV

CruzadinhasHoróscopo Cinema

CONTINUAÇÕESVelozes e Furiosos 7: EUA. 14 anos.

Cinemark 1 – 19h, 22h10 (dub/diariamen-te), Cinemark 4 – 11h30 (3D/dub/somente sábado e domingo), 14h50, 18h, 21h10 (3D/dub/diariamente), 0h15 (3D/dub/so-mente sábado), Cinemark 7 – 11h (3D/dub/somente sábado e domingo), 13h50, 17h, 20h10 (3D/dub/diariamente), 23h15 (3D/dub/somente sábado); Cinépolis Mil-lennium 1 – 12h (3D/dub/somente sex-ta-feira e sábado), 15h, 18h, 21h (3D/dub/diariamente), Cinépolis Millennium 4 – 17h, 20h (3D/leg/diariamente), Cinépolis Millennium 8 – 13h, 16h, 19h, 22h (3D/leg/diariamente); Cinépolis Plaza 1 – 13h, 16h, 19h, 22h (3D/dub/diariamente), Cinépolis Plaza 2 – 15h, 18h, 21h (3D/dub/diaria-mente), Cinépolis Plaza 3 – 17h, 20h (3D/dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 1 – 14h, 17h, 20h (3D/leg/dia-riamente), 23h (3D/leg/somente sába-do), Cinépolis Ponta Negra 5 – 13h10 (3D/dub/somente sábado), 19h10 (3D/dub/diariamente), 16h10, 22h10 (3D/leg/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 9 – 18h10 (dub/diariamente), 15h10, 21h10 (leg/diariamente); Kinoplex 3 – 14h50, 17h40, 20h30 (3D/dub/diariamente), 13h, 15h50, 18h40, 21h30 (3D/dub/somente sábado e domingo); Kinoplex 5 – 15h20, 21h (3D/dub/diariamente), 13h30, 16h20, 22h (3D/dub/somente sábado e domin-go), 18h10 (3D/leg/diariamente), 19h10

(3D/leg/somente sábado e domingo); Playarte 1 – 12h30, 15h15, 18h, 20h45 (3D/dub/diariamente), 23h30 (3D/leg/somente sexta-feira e sábado), Playarte 5 – 14h, 17h, 20h (dub/diariamen-te), 22h50 (dub/somente sexta-feira e sábado), Playarte 6 – 12h50, 15h35, 18h20, 21h05 (leg/diariamente), 23h50 (leg/somente sexta-feira e sábado).

Cinderela: EUA. Livre. Cinemark 3 – 14h, 16h20, 18h50, 21h30 (dub/dia-riamente), Cinemark 8 – 12h40, 15h10, 17h50, 20h30 (dub/diariamente), 23h (dub/diariamente); Cinépolis Millennium 6 – 14h30, 17h25, 20h15 (dub/diaria-mente), Cinépolis Millennium 7 – 14h15, 16h45, 19h15, 21h45 (leg/diariamente); Cinépolis Plaza 5 – 13h45, 16h15, 18h45, 21h15 (dub/diariamente), Cinépolis Pla-za 6 – 14h30, 19h45 (dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 3 – 15h, 18h (dub/diariamente), 21h (leg/diariamen-te), Cinépolis Ponta Negra 10 – 14h20, 16h50, 19h40 (dub/diariamente), 22h30 (leg/diariamente); Kinoplex 2 – 13h50, 16h20, 18h50, 21h20 (dub/diariamente); Kinoplex 4 – 14h20 (dub/diariamente); Playarte 3 – 12h50, 15h15, 17h40, 20h05 (dub/diariamente), 22h25 (dub/somente sexta-feira e sábado), Playarte 4 – 12h51, 15h16, 17h41, 20h06 (dub/diariamente), 22h26 (dub/somente sexta-feira e sába-

do), Playarte 7 – 18h50, 21h20 (leg/diaria-mente), 23h40 (leg/somente sexta-feira e sábado).

A Série Divergente - Insurgente: EUA. 14 anos. Cinemark 2 – 12h30 (dub/exceto domingo), 15h20, 18h10 (dub/diariamente), 20h50 (dub/exce-to quarta-feira); Cinépolis Millennium 5 – 15h45, 21h30 (dub/diariamente), 12h45 (leg/somente sexta-feira e sába-do), 18h45 (leg/diariamente); Cinépolis Plaza 7 – 12h45 (dub/somente sexta-feira e sábado), 15h45, 18h30, 21h45 (dub/diariamente), Cinépolis Plaza 8 – 16h30, 21h30 (dub/diariamente); Ci-népolis Ponta Negra 6 – 18h30 (dub/diariamente), 15h30, 21h30 (leg/dia-riamente); Kinoplex 4 – 16h30, 19h, 21h30 (dub/diariamente).

Golpe Duplo: EUA. 14 anos. Cinemark 5 – 22h (dub/diariamente); Playarte 8 – 13h15, 15h30, 17h45, 20h10 (dub/diariamente), 22h20 (leg/somente sexta-feira e sábado).

Kingsman – Serviço Secre-to: RUS. 16 anos. Playarte 2 – 13h, 15h30, 18h, 20h30 (dub/diariamen-te), 23h (dub/somente sexta-feira e sábado).

Simplesmente Acontece: RUS/ALE. 14 anos. Playarte 9 – 13h40, 15h55, 18h10, 20h25 (dub/diariamente), 22h40 (dub/somente sexta-feira e sábado).

Bob Esponja – Um Herói Fora D’água: EUA. 12 anos. Playarte 7 – 12h50, 14h50, 16h50 (dub/diariamente).

O “Programa Silvio Santos” começa às 19h, no canal SBT

GLOBOSBT5h Santo Culto Em Seu Lar5h30 Desenhos Bíblicos8h30 Record Kids - Pica Pau10h Domingo Show14h30 Hora do Faro18h30 Domingo Espetacular22h15 Repórter em Ação23h15 Roberto Justus +0h15 Programação IURD

5h Power Rangers – Na Galáxia Perdida6h30 Santa Missa no Seu Lar7h30 Sabadão do Baiano8h Power Rangers + Jimmy Neutron9h30 Palavra Cantada10h45 Verdade e Vida11h Irmão Caminhoneiro – Boletim11h05 Pé na Estrada11h30 Band Esporte Clube – Parte 112h Fórmula Truck – Ao Vivo13h30 Band Esporte Clube – Parte 214h Gol: O Grande Momento do Futebol14h30 Futebol 2015 – Ao Vivo – Campeonato Carioca17h50 3º Tempo19h Sabe ou Não Sabe20h A Liga21h30 Pânico na Band0h15 Canal Livre1h15 Alex Deneriaz1h50 Show Business – Reapresen-tação2h40 Igreja Universal

4h45 Jornal da Semana SBT6h Brasil Caminhoneiro6h30 Planeta Turismo7h30 Vrum8h Chaves10h Domingo Legal14h Eliana18h Roda a Roda Jequiti18h45 Sorteio da Telesena19h Programa Silvio Santos23h Conexão Repórter0h Série: Sobrenatural1h Série: Rizzola & Isles2h Série: Pessoa de Interesse3h Big Bang3h30 Igreja Universal

RECORD5h10 Santa Missa6h11 Amazônia Rural6h40 Pequenas Empresas, Grandes Negócios7h15 Globo Rural8h11 Auto Esporte8h45 Esporte Espetacular (9h – Final da Superliga de Vôlei Masculino – Cruzeiro x Sesi – SP)12h Esquenta13h Temperatura Máxima. Filme: As Mil Palavras15h Futebol 2015: Campeonato Carioca – Flamengo x Vasco da Gama 17h Domingão do Faustão20h Fantástico22h23 Superstar (Estreia)23h32 TUF – Em Busca de Campeões0h27 Domingo Maior. Filme: Guerreiro1h54 Sessão de Gala. Filme: O Solteirão3h02 Mentes Criminosas

BAND

ESTREIAS

REPRODUÇÃO

Cada Um Na Sua Casa: EUA. Livre. Quando a Terra é inva-dida pelos confi antes Boov - uma raça alienígena em busca de um novo lar - todos os humanos são prontamente deslocados, enquanto os Boov se ocupam de organizar o planeta. Cinema-rk 1 – 11h10 (dub/somente sábado e domingo), 13h40, 16h10 (dub/diariamente), Cinemark 5 – 12h15, 14h40, 17h15, 19h40 (3D/dub/diariamente); Cinépolis Millennium 2 – 14h, 16h15, 18h30, 20h30 (dub/diariamente), Cinépolis Millennium 3 – 13h15, 15h30, 17h45 (3D/dub/diariamente), 19h50, 22h15 (3D/leg/diariamente), Cinépolis Millennium 4 – 12h30 (3D/dub/somente sexta-feira e sábado), 14h45 (3D/dub/diariamente); Cinépolis Plaza 3 – 12h30 (3D/dub/somente sábado e domingo), 14h45 (3D/dub/diariamente), Cinépolis Plaza 4 – 13h15, 15h30, 17h45, 20h15 (3D/dub/dia-riamente), Cinépolis Plaza 8 – 14h15, 19h15 (dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 2 – 13h (dub/somente sábado), 16h, 19h (dub/diariamente), 22h (leg/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 5 – 14h50, 17h20, 19h30, 21h40 (3D/dub/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 8 – 14h10, 16h30, 18h40, 20h50 (dub/diariamente); Kinoplex 1 – 14h, 16h10, 18h20, 20h40 (dub/diariamente); Playarte 10 – 13h, 15h, 17h, 19h, 21h (dub/diariamente), 23h (dub/somente sexta-feira e sábado).

Risco Imediato: EUA. 16 anos. Um jovem casal de ame-ricanos, Tom (James Franco) e Anna Reed (Kate Hudson), se endivida gravemente ao renovar a casa da família de Anna, em Londres. Cinépolis Plaza 6 – 17h30, 22h20 (dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 7 – 15h40, 20h10 (dub/diariamente), 17h50, 22h20 (leg/diariamente).

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D7PlateiaMANAUS, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015

Dia 18, vai ter festa pilotada pela coluna, no Le Rêve, com almoço regiona-líssimo. Trata-se da celebração do niver do editor com o lançamento do Blog jan-dervieira.com. O encontro será animado pelo Cordão do Marambaia seguido da apresentação do DJ Sidney Almada. Uma pista de dança será montada para os 301 convivas se esbaldarem. As camisetas-convites já estão circulando.

Alto-astral

, DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015

Dia 18, vai ter festa pilotada pela coluna, no Le Rêve, com almoço regiona-líssimo. Trata-se da celebração do niver do editor com o lançamento do Blog jan-dervieira.com. O encontro será animado pelo Cordão do Marambaia seguido da apresentação do DJ Sidney Almada. Uma pista de dança será montada para os 301 convivas se esbaldarem. As camisetas-

Ingressos disponíveis amanhãAs bandas O Rappa e

Soja se apresentam jun-tas pela primeira vez em Manaus no dia 28 de maio, no Studio 5 (pavilhão), em um show inédito. O início das vendas está marca-do para amanhã. Para o evento serão oferecidos dois setores: pista e área VIP. Nesta última haverá open bar de água, refri-gerante, caipirinha, caipi-roska e cerveja até às 2h da manhã. Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do Studio 5, nos estandes da Fábrica de Eventos (Amazonas Sho-pping e Shopping Cidade Leste) e no site www.bilheteriavirtual.com.

A relação entre as ban-das começou em meados de 2012, quando o Soja veio ao Brasil para uma série de shows. A amizade resultou na participação

de Marcelo Falcão no cli-pe da música “Everything Changes”, e no dia 28 de maio mais uma par-ceria de sucesso será firmada entre as ban-das que se apresentarão em Manaus.

ReggaeCom quase 20 anos de

carreira, o Soldiers of Jah Army, também conhecido como Soja, é um grupo de reggae norte-ameri-cano formada por Jacob Hemphill (vocal, guitar-ra), Bobby Lee (baixo, vo-cal), Ryan Berty (bateria), Kenny Bongos (percus-são), Patrick O’Shea (te-clados), Hellman Escorcia (saxofone), Rafael Rodri-guez (trompete) e Trevor Young (guitarra).

Seu som eclético con-quistou fãs em toda a América e Europa, ga-

rantindo à banda sucesso em seus shows ao redor do mundo. Os integran-tes estão na vanguarda de uma revolução com a esperança de trazer mudanças positivas no pensamento ambiental, político e social.

Hip HopA banda O Rappa es-

culpe melodias em dub, reggae, rock e hip hop para sonorizar a força que o brasileiro empre-ga nas batalhas de seu dia a dia.

Conhecida por suas letras de forte impacto social, o grupo apresenta em seu repertório novas músicas que dividem o palco com os clássicos de 20 anos de estrada. Atual-mente, a banda viaja pelo país com a turnê “Nunca Tem Fim”.

SHOW

SERVIÇOSOJA E O RAPPA

QuandoOnde

Ingressos

Postos de Venda

Informações

28 de maiopavilhão do Studio 5 (av. Rodrigo Otávio, 3.555, Distrito Industrial)Pista 1º lote R$ 60; área VIP 1º lote: R$ 180 (todos valores de meia-entrada) bilheteria do Studio 5, estande da Fábrica de Eventos (Amazonas Sho-pping e Shopping Cidade Leste) e ww.bilheteriavirtual.com(92) 3303-0100

DIVULGAÇÃO

A linda sinhazinha do Ca-prichoso, Karyne Medeiros está trocando idade hoje. Amanhã, Carlysson Sena estará aniversariando. Os cumprimentos da coluna.

No próximo fi m de semana, nos dias 18 e 19, os pilotos mais velozes da Região Nor-te têm encontro marcado na pista Amazonas Dragway, em Iranduba, na disputa da pri-meira etapa do Campeonato Amazonense de Arrancada.

A Coca-Cola e suas in-críveis promoções. A grife de bebidas acaba de lançar transadas minigarrafi nhas com adesivos que brilham no escuro para personalizar seu estilo para usar como chaveiro. O mimo é item de colecionador.

Dia 18, tem luau comandado pela M1 Eventos com show do Nando Reis e os Infernais, na piscina do Tropical Hotel.

Hoje, a Morada do Peixe vai contar com show de hu-mor do tipo indispensável “Turnê meio mundo 2015” pilotado pelo talentoso Ti-

tela do Ceará. A sessão risada está marcada para começar às 20h.

Juliana de Sá Fioretti, tabeliã do 7° Cartório de

Notas, convida para o coquetel de inau-guração da nova sede. Quando? No

próximo dia 24, às 19h30, no Parque 10

de Novembro.

Sala de Espera

O Parque Cidade da Criança, no Aleixo, hoje, tem programação dedicada ao universo das histórias infantis. O espaço, que está funcio-nando em novo horário desde o início deste mês, estará aberto das 15h às 20h, oferecendo uma série de atividades gratuitas às famílias. Vale conferir!

Mundo de contos

A Susam arrecadou em 29 unidades de saúde da capital, alimentos não perecíveis e produtos de higiene para doar às vitimas da enchente no interior do Amazonas. Por meio da Campanha Governo Solidário, a presidente do Fundo de Promoção Social, Vânia Barbosa, entregou as doações na sede da Defesa Civil do Estado, no meio da semana. Organizado pelo FPS, Seas e UnaTI, a campanha já arrecadou mais de 27 toneladas de doações que ajudará as famílias afetadas pela anormalidade.

União necessária

As bandas O Rappa e Soja se apresentam juntas pela primeira vez em Manaus no dia 28 de maio, no Studio 5 (pavilhão), em um show inédito. O início das vendas está marcado para amanhã. Para o evento serão oferecidos dois setores: pista e área VIP. No setor mordomia haverá open bar de água, refrigerante, caipirinha, caipiroska e cerveja até as 2h da manhã. Os ingressos pode-rão ser adquiridos na Bilheteria do Studio 5, nos estandes da Fábrica de Eventos no Amazonas Shopping e no Shopping Cidade Leste ou pelo www.bilheteriavirtual.com.

AgendávelA temporada de ensaios ofi ciais dos bois de Pa-

rintins, em Manaus, começou ontem. Mais uma vez a Moto Honda da Amazônia, voltada para seu com-promisso com a cultura amazonense, está apoiando o camarote da imprensa. Os formadores de opinião que forem ao evento para trabalhar ou para se divertir terão um espaço VIP, para trocar ideias, durante as promoções de Caprichoso e Garantido. Este é o sétimo ano que a empresa japonesa fi rma parceria com os Movimentos Marujada e Amigos do Garantido.

Caprichosamente garantido

Jander [email protected] - www.jandervieira.com

transadas minigarrafi nhas com adesivos que brilham no escuro para personalizar seu estilo para usar como chaveiro. O mimo é item de colecionador.

Dia 18, tem luau comandado pela M1 Eventos com show do Nando Reis e os Infernais, na piscina do Tropical Hotel.

Hoje, a Morada do Peixe vai contar com show de hu-mor do tipo indispensável “Turnê meio mundo 2015” pilotado pelo talentoso Ti-

tela do Ceará. A sessão risada está marcada para começar às 20h.

Juliana de Sá Fioretti, tabeliã do 7° Cartório de

Notas, convida para

19h30, no Parque 10 de Novembro.

Os recém-casados Chris e Moisés Soares protagoni-zaram (ontem) um moderno enlace no Classic Buff et, reunindo a ala jovem inte-ressante da cidade

Em tempo: a Páscoa dos bam-binos da Casa da Criança foi só

alegria este ano. Orquestrado pela imortal Carmen Novoa Sil-va, a festa contou com festival de entrega de ovos de chocola-te e um lanche divertido com a

presença do coelhinho

Casal de jornalistas Anwar Assi e Marcela Valente com o embaixador do Líbano, Joseph Sayah, e a embaixatriz, Sana Sayah, durante evento cultural, no Teatro Amazonas

Fim de semana de festa para comemorar os 60 anos de Valdir Vasconcelos, o “Firmeza”, garçom ofi cial do gabinete do prefeito Arthur Virgílio Neto. Há 30 anos no serviço público, Firmeza tem um currículo de fazer inveja: já serviu prefeitos, governadores e até presidentes da República como Fernando Henrique, João Figueiredo e José Sarney. Aplausos

KARLA VIEIRA/SEMCOM

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