em tempo - 1 de setembro de 2013

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TRICIA CABRAL VENDA PROIBIDA EXEMPLAR DE ASSINANTE PREÇO DESTA EDIÇÃO R$ 2,00 MÁX.: 31 MÍN.: 23 TEMPO EM MANAUS FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700 ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO, SALÃO IMOBILIÁRIO E CONCURSOS. ANO XXV – N.º 8.110 – DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO O JORNAL QUE VOCÊ LÊ INFLUÊNCIA CRIMINOSA? VIDEOGAMES O massacre com a família Pesseghini, em São Paulo, supostamente executado pelo menino Marcelo, rea- cende uma discussão so- bre a influência dos jogos de videogame violentos no comportamento humano. Marcelo costumava jogar “Assassin’s Creed” (foto). A psicóloga Nelma Ro- mano explica que os jogos eletrônicos contribuem, sim, para uma patologia. “Ao assistir ou brincar com um jogo violento, tende-se a repetir isso na interação com os familiares e tam- bém na escola”, afirma. Dia a dia C3 Elenco selecionou algumas perso- nalidades, consideradas “workaho- lics”, que afirmam que o entusiasmo pelo trabalho é o caminho mais rápido para a felicidade. Elenco 14 e 15 A fórmula da felicidade no trabalho WORKAHOLIC Beber dois copos de chocolate quente, diariamente, ajuda os ido- sos a manter o cérebro mais sau- dável, segundo recente pesquisa. Saúde e Bem-estar F2 Chocolate quente para a memória IDOSOS Apesar do sucesso de “A Doce Vida”, dirigido por Federico Fellini (foto), foi com o filme “Oito e Meio”, que o adjetivo “felliniano” nasceu para o mundo. Ilustríssima G8 O filme que deu sentido a Fellini “OITO E MEIO” Salão Imobiliário 4 e 5 Duplex é garantia de conforto LUXO DUAS MAIORES TORCIDAS DO BRASIL DUELAM HOJE 15H00 | MARACANÃ SÃO PAULO BOTAFOGO X 15H00 | PACAEMBU FLAMENGO CORINTHIANS X 17H30 | MINEIRÃO VASCO CRUZEIRO X 15H00 | COUTO PEREIRA INTERNACIONAL CORITIBA X 15H00 | BARRADÃO CRICIÚMA VITÓRIA X Em situações diferentes na tabela, Corinthians e Flamengo se enfrentam, neste domingo, diante das duas maiores torcidas do país. Pódio E6 TIMÃO X MENGÃO VIAGENS Com dólar em alta, o jeito é mudar de voo A escalada da moeda americana mudou os planos do amazonense, que optou por outras alternativas para curtir férias ou feriado. Economia B1 Método reabilitatório de- nomimado TheraSuit ajuda crianças com paralisia cerebral a conquistar independência. Saúde e Bem-estar F4 e F5 Crianças na conquista da superação THERASUIT Em sete meses, mais de 300 toneladas de drogas foram apre- endidas pela polícia no Amazonas, em posse das chamadas “mulas”, a maioria mulheres. Dia a dia C2 Mulheres no submundo do tráfico ENTORPECENTES DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO Machu Picchu é uma das alternativas para quem não quer gastar muito

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EM TEMPO - Caderno principal do jornal Amazonas EM TEMPO

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ASSINANTE

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2,00

MÁX.: 31 MÍN.: 23TEMPO EM MANAUSFALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700

ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO, SALÃO IMOBILIÁRIO E CONCURSOS.

ANO XXV – N.º 8.110 – DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO

O JORNAL QUE VOCÊ LÊ

INFLUÊNCIA CRIMINOSA?

VIDEOGAMES

O massacre com a família Pesseghini, em São Paulo, supostamente executado pelo menino Marcelo, rea-cende uma discussão so-bre a infl uência dos jogos de videogame violentos no comportamento humano. Marcelo costumava jogar “Assassin’s Creed” (foto).

A psicóloga Nelma Ro-mano explica que os jogos eletrônicos contribuem, sim, para uma patologia. “Ao assistir ou brincar com um jogo violento, tende-se a repetir isso na interação com os familiares e tam-bém na escola”, afi rma. Dia a dia C3

Elenco selecionou algumas perso-nalidades, consideradas “workaho-lics”, que afi rmam que o entusiasmo pelo trabalho é o caminho mais rápido para a felicidade. Elenco 14 e 15

A fórmula da felicidade no trabalho

WORKAHOLIC

Beber dois copos de chocolate quente, diariamente, ajuda os ido-sos a manter o cérebro mais sau-dável, segundo recente pesquisa. Saúde e Bem-estar F2

Chocolate quente para a memória

IDOSOS

Apesar do sucesso de “A Doce Vida”, dirigido por Federico Fellini (foto), foi com o fi lme “Oito e Meio”, que o adjetivo “felliniano” nasceu para o mundo. Ilustríssima G8

O fi lme que deu sentido a Fellini

“OITO E MEIO”

Salão Imobiliário 4 e 5

Duplex é garantia de conforto

LUXO

DUAS MAIORES TORCIDAS DO BRASIL DUELAM HOJE

15H00 | MARACANÃ

SÃO PAULOBOTAFOGO X

15H00 | PACAEMBU

FLAMENGO CORINTHIANS X

17H30 | MINEIRÃO

VASCO CRUZEIRO X15H00 | COUTO PEREIRA

INTERNACIONAL CORITIBA X15H00 | BARRADÃO

CRICIÚMA VITÓRIA X

Em situações diferentes na tabela, Corinthians e Flamengo se enfrentam, neste domingo, diante das duas maiores torcidas do país. Pódio E6

TIMÃO X MENGÃO

VIAGENS

Com dólar em alta, o jeito é mudar de voo

A escalada da moeda americana mudou os planos do amazonense, que optou por outras alternativas para curtir férias ou feriado. Economia B1

TIMÃO X MENGÃOTIMÃO X MENGÃO

Método reabilitatório de-nomimado TheraSuit ajuda crianças com paralisia cerebral a conquistar independência. Saúde e Bem-estar F4 e F5

Crianças naconquista da superação

THERASUIT

Em sete meses, mais de 300 toneladas de drogas foram apre-endidas pela polícia no Amazonas, em posse das chamadas “mulas”, a maioria mulheres. Dia a dia C2

Mulheres no submundo do tráfi co

ENTORPECENTES

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AÇÃO

Machu Picchu é uma das alternativas para quem não quer gastar muito

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A2 Última Hora MANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013

Francisco escolhe novo secretário do Vaticano O novo secretário de Estado é o italiano Pietro Parolin, 58, que até então atuava como núncio da Venezuela

O papa Francisco anunciou ontem uma troca no se-gundo cargo mais

importante da hierarquia do Vaticano, o de secretário de Estado. Ele trocou o influen-te cardeal italiano Tarcisio Bertone pelo também italiano Pietro Parolin, 58, que atuava como núncio da Venezuela.

É uma das nomeações mais esperadas do pontificado do argentino, já que a imagem de Bertone, 78, tinha fica-do manchada por causa do escândalo de vazamento de documentos vaticanos -apeli-dado de VatiLeaks- nos quais era acusado de má gestão e de abuso de poder.

Em nota oficial, o escritório de imprensa do Vaticano co-municou que o papa aceitou a renúncia daquele que foi duran-te muitos anos o braço direito de Bento 16. Bertone deverá permanecer no cargo, porém, até 15 de outubro, quando Parolin tomará posse.

Uma vasta reforma da Cúria está sendo realizada pelo papa Francisco desde a sua eleição, em março pas-sado. Várias comissões foram criadas com este intuito. Os principais objetivos desta re-forma devem ser anunciados

no início de outubro. Relativamente jovem nos

escalões superiores do Va-ticano, o novo secretário de Estado é um homem especiali-zado em diplomacia vaticana e com experiência na Cúria, já que de 2002 a 2009 foi subsecretário da Seção para as Relações com os Estados da Secretaria de Estado.

Ele nasceu na cidade de Schiavon, na região do Vê-neto, no norte da Itália, em 1955, e foi ordenado sa-cerdote em 1980. É for-mado em direito canônico, fala italiano, francês, inglês e espanhol. Trabalhou no México (1989) e na Nigé-ria (1986) e já lidou com temas sensíveis, tais como as relações com a China

comunista, o Vietnã e Israel. Bento 16 o nomeou em 2009 núncio na Venezuela.

“Sinto o peso da responsa-bilidade a que fui incumbido para um missão difícil e exi-gente, frente à qual poucas são minhas forças e fracas as minhas capacidades”, afirmou Parolin em comunicado.

Bertone continuará a ser presidente da comissão de cardeais que cuida do IOR, o Banco do Vaticano, até ser completado o estudo exigido a esta instituição financeira pelo Moneyval, o órgão do Conselho Europeu que avalia a transparência das entidades. Ele também manterá o cargo de camerlengo até comple-tar 80 anos. O camerlengo é quem guia a Igreja Católica na eventual transição entre um papa e outro.

Também ontem, Francisco confirmou à frente da Casa Pontifícia (encarregada das audiências e da logística do pequeno Estado) a permanên-cia de um próximo colabora-dor de Bento 16, o monsenhor Georg Gänswein. Ele continua-rá a ser secretário particular do papa alemão, que se reti-rou para viver em um antigo monastério localizado dentro dos muros do Vaticano. Ainda jovem, o novo secretário de Estado é um homem especializado em diplomacia vaticana

DIVULGAÇÃO

PERFILRelativamente jo-vem nos escalões superiores do Vati-cano, o novo secre-tário de Estado é um homem especia-lizado em diploma-cia vaticana e com experiência na Cúria

Inspetores da ONU deixam o país O secretário-geral da ONU,

Ban Ki-moon, disse aos cin-co membros permanentes do Conselho de Segurança que seus inspetores poderão levar até duas semanas para apre-sentar o resultado final das análises das amostras recolhi-das no local de um ataque com armas químicas na Síria.

Ban afirmou isso a repre-sentantes de Reino Unido,

China, França, Rússia e Es-tados Unidos durante uma reunião em Nova York.

Os inspetores da ONU dei-xaram a Síria ontem após in-vestigar um ataque com gás que matou centenas de civis no bairro Ghouta, subúrbio da capital, Damasco.

Uma testemunha disse que a equipe chegou ao aeroporto in-ternacional de Beirute ontem,

após cruzar a pé a fronteira da Síria para o Líbano, no início do dia. A equipe de 20 mem-bros, incluindo especialistas da Organização para a Proibição de Armas Químicas, esteve na área do suposto ataque três vezes, pegando amostras de sangue e tecidos das vítimas. Eles também pegaram amos-tras do solo, roupas e fragmen-tos de foguetes.

SÍRIA

Cadastramento no Mundo NovoAproximadamente 900

moradores da comuni-dade Mundo Novo, Zona Norte de Manaus, parti-ciparam de uma reunião na manhã de ontem, para discutir a emissão de 1,2 mil títulos de terra pelo governo do Estado.

De acordo com o secretá-rio de Política Fundiária, Iva-nhoé Mendes, as equipes do órgão visitarão nos próximos dias as casas dos morado-

res e farão a medição dos terrenos e o cadastro socio-econômico das famílias. Os comunitários deverão apre-sentar documentos pessoais necessários como registro geral (RG) e cadastro de pes-soa física (CPF).

As ruas que serão cadas-tradas são: Dr. Astrolábio Passos, Colômbia, Barão de Parina, Conde Vera Cruz; ruas 01-A, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 10, 11, 12, 13, 14, 15,

16, 17, 18, avenida B; ave-nida C, avenida D, avenida E, avenida F e a atual rua Conde de Sapucaí.

Mendes disse que a Se-cretaria de Política Fundiá-ria está fazendo trabalhos de regularização fundiária em mais de dez bairros de Manaus. A entrega dos títu-los definitivos dessas áreas deve ocorrer no primeiro se-mestre do próximo ano, a partir do mês de janeiro.

ZONA NORTE

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, revelou que o resultado das análises vai demorar

Ação social no Tarumã

Serviços como aten-dimentos médicos, odontológicos e jurí-dicos, distribuição de remédios, cadastros no programa “Minha Casa Minha Vida”, corte de cabelo, serviços na área de educação, cultura e lazer foram oferecidos no dia de ontem à co-munidade do Parque São Pedro, no Bairro do Tarumã, Zona Oeste de Manaus. A ação so-cial foi promovida pela Eletrobras Amazonas Energia, empresa coor-denadora do evento, em parceria com o Colégio Santa Dorotéia.

Segundo o gerente da Assessoria de Sus-tentabilidade e de Meio Ambiente da empresa, Thiago Flores, “o even-to promove o estreita-mento da relação entre cliente e empresa, re-sultando em benefícios principalmente para a comunidade, como o cadastro na tarifa so-cial, um desconto na conta de energia para as famílias de baixa renda já cadastradas nos programas do go-verno federal”.

A programação se ini-ciou às 8h e se estendeu até as 15h, na Escola Waldok Frick de Lira. A prática visa construir um relacionamento com a comunidade oferecen-do os serviços da Eletro-bras Amazonas Energia e demais órgãos.

CIDADANIADique rompe e deixa duas mil pessoas desabrigadas

Um alagamento que co-meçou por volta da meia-noite de sábado pegou de surpresa os moradores das vilas Asa Branca, Brasília e Elisabete, no Bairro Saran-di, na Zona Norte de Porto Alegre. A cheia foi provo-cada por um rompimento de cerca de seis metros de um dique do rio Gravataí, segundo a Defesa Civil. A estimativa inicial é que cer-ca de 2 mil pessoas tiveram que deixar suas moradias.

Em poucos minutos, a água tomou conta das ruas e atingiu cerca de 500 ca-sas, conforme o coorde-nador da Defesa Civil de Porto Alegre, Hélio Oliveira. Ninguém ficou ferido.

As famílias desalojadas pela enchente foram trans-feridas inicialmente para a igreja Santa Catarina, no Sarandi. A capacidade no local, de 200 pessoas, foi atingida no início da manhã e os necessitados foram le-vados para Escola Municipal

João Goulart.A suspeita é que tenha sido

uma ação humana, já que a vegetação está cortada per-to do local do rompimento.

Até ontem a água conti-nuava subindo rapidamen-te. A Defesa Civil informou

que equipamentos pesados estão sendo movimentados para tentar sanar o fluxo da água na região onde houve o rompimento. Apesar das perdas materiais e do clima de insegurança, não há re-gistros de feridos.

TRAGÉDIA

PERDASDesesperadas com o avanço rápido das águas, as pessoas estão se deslocando de suas residências com o máximo de pertences que con-seguem carregar com segurança

Os desabrigados saíram de casa com o que podiam levar

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MANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013 A3Opinião

Oswald de Andrade (1890-1954), o modernista que os professores de literatura e língua portuguesa tratam ainda como o poeta da piada pronta, não tinha muitos motivos para levar o Brasil (e sua lite-ratura) a sério. Era a maneira dele, antropofágica, de cuidar da realidade com seriedade – “A alegria é a verdadeira prova dos noves”.

Oswald (ele insistia na pronúncia osválde, e não ósvald) cunhou, entre outras expressões ilumina-das, “venceu o garçom de costeleta”, que neste momento crucial da República Federativa do Brasil fi caria bem com a vitória de um pastor evangélico, um guarda de trânsito, um ministro, um deputado presidiário e outros indivíduos da fauna sociopolítica nacional, não apenas com um garçom ou um(a) alpinista social, a sorrir porque está sendo fi lmado(a).

Por volta dos anos 20/30 do século passado, Oswald de Andrade fotografou o Brasil com sua Rolleitfl ex e revelou-se “a sua imensa ingratidão” da primeira década do século 21, em que se tornou impossível distinguir onde se concentram os intermediários da gorjeta, entre os emergentes de A a Z. Os garçons de costeleta fi caram incomodados com o mico que pagaram nesta semana, ao confrontarem o Supremo Tribunal de Federal para garantir o mandato de um ladrão de dinheiro público devidamente condenado por esse tribunal a mais de 13 anos de prisão (onde já está), em regime fechado.

Os garçons de costeleta não respeitaram o “Estatuto de gafi eira”, porque o rádio de hoje não toca mais música inteligente nem fala mais português inteligível. Querem anular a burrada em que se meteram, “tocando alto para a polícia não manjar”, mas ainda faltam mandatos a garantir: os dos condenados no processo do mensalão. Esta é a próxima etapa do desastre moral, não a última. Era uma vez o Brasil (parafraseando Oswald).

Contexto3090-1017/8115-1149 [email protected]

Para o Ministério da Saúde que de-terminou que cidades que substituírem médicos pagos pelas prefeituras por profi ssionais pagos pelo “Mais Médicos” podem ser excluídas do programa.

Ministério da Saúde

APLAUSOS VAIAS

Informações secretas

Glenn Greenwald foi o res-ponsável por expor progra-mas secretos dos Estados Unidos com base em dados vazados pelo ex-técnico da Agência de Segurança Na-cional (NSA), Edward Snow-den. Segundo o jornalista, documentos em análise, que podem ser divulgados a qual-quer momento, trazem infor-mações estratégicas sobre a política e o comércio do Brasil.

Interceptações

A senadora Vanessa Graz-ziotin (PCdoB-AM), que pro-pôs a apuração, afi rmou que a CPI vai investigar quais empresas de telecomunica-ção no país estariam colabo-rando com os Estados Unidos por meio de transferência de dados sigilosos e tam-bém avaliar medidas para aumentar a segurança da in-formação. “Nos dedicaremos ao estudo, ao conhecimento do grau de segurança do nos-so país em relação a essas interceptações”, disse.

Reivindicações

O Sindicato dos Servidores Públicos Federais (Sindsep) continua no encalço do go-verno federal pelo fi m do fa-tor previdenciário, redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem re-dução do salário, suspensão dos leilões de petróleo e a não aprovação do PL 4.330 sobre a terceirização.

Bloqueio

O governo federal anun-ciou um corte de R$ 10 bi-

lhões em gastos com servi-ço público, no orçamento de 2013, segundo informações do ministro da Fazenda, Guido Mantega. O bloqueio adicional se soma aos R$ 28 bilhões já cortados em maio deste ano. O bloqueio total de 2013 agora é de R$ 38 bilhões.

Cortes

Segundo o Sindsep, no Amazonas isso gerou o cor-te de R$ 4 milhões no qua-dro orçamentário do Inpa, o corte orçamentário de R$ 2 milhões do Ibama, falta de condições de trabalho na Funai e a suspensão do pagamento dos créditos da reforma agrária no Incra. E agora, José?

Médicos desembarcam

Susam, Semsa e o Conse-lho de Secretários Munici-pais de Saúde do Amazonas (Cosems-AM) realizam ama-nhã, no auditório da Funda-ção de Medicina Tropical, a solenidade de acolhimento aos primeiros 52 médicos que vão atuar nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Distritos Sanitários Espe-ciais Indígenas (DSEIs) do Estado, por meio do pro-grama “Mais Médicos”, do governo federal.

Museu

O caso do “Monstro da Coli-na”, que aconteceu na década de 1970, em Manaus, é um dos julgamentos que farão parte do acervo do Museu do Crime do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), que vai funcionar no térreo do Anexo

1. A intenção dos organizado-res é inaugurar esse espaço até fi m do ano.

Acervo

O Museu do Crime vai mos-trar aspectos marcantes da história do Poder Judiciá-rio estadual, por meio de peças, fotos e documentos históricos que estão sendo coletados pela equipe de ser-vidores do Depósito Público do TJAM.

Novidade

A Yamaha vai estreitar laços com o Amazonas. A japonesa lança, neste mês, a produção da Fazer, a pri-meira motocicleta de 150 cilindradas da marca no PIM. A motocicleta chega ao mer-cado no dia 1º de outubro.

Nova fase

A motocicleta é a pri-meira da categoria que foi desenvolvida por engenhei-ros brasileiros e japoneses da Yamaha, o que marca a nova fase da multinacional no país.

Mais uma

Além de anunciar o “start” da produção da Fazer, a mul-tinacional informou que trará para o país a TMax, scooter mais vendida na Europa em 2012.

Produção em Manaus

De início, a TMax que será comercializada no país será importada, mas a Yamaha já estuda a possibilidade de produzir o modelo de 550 cilindradas em Manaus.

Para as constantes brigas nos estádios de futebol, orquestradas pelas torcidas “organizadas”. Esporte deve ser encarado como entretenimento em vez de palco para badernaços como o da semana passada.

Brigas de torcidas

A instalação da CPI da Espionagem, que vai investigar denúncias de que o governo americano monitorou milhões de e-mails e telefonemas no Brasil, ocorre nesta terça-feira (3). A CPI terá 11 membros titulares e sete suplentes.

O Brasil seria um dos países mais vigiados, segundo o jornalista Glenn Greenwald, que falou à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) no início de agosto.

Vem aí a CPI da Espionagem

DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO

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O garçom de costeleta

Faz muito tempo, li num dos textos de Platão a signifi cativa narrativa de que, um dia, o velho Thales de Mileto, tido como o primeiro dos pensadores pré-so-cráticos, vagava em seu jardim a observar o fi rmamento, absorto nos cálculos que lhe possibilita-riam a previsão de um eclipse so-lar, quando deixou de ver, diante dos seus pés, um buraco em que teria caído como se fosse cego.

No caso específi co de Thales, nada a objetar, pois a sua aten-ção estava toda concentrada no ofício de fi lósofo, matemático e astrônomo e nada o obrigava ou recomendava que atentasse para os acidentes topográfi cos do solo em que pisava. Correu o risco de quem exerce o pensamento abstrato e pagou por isso.

Casos há, entretanto, em que ocorrem desvios inaceitáveis, precisamente porque redundam do descumprimento daquilo que constituiria o que se consagrou chamar “dever de ofício”. Ima-gine-se um engenheiro que, ao invés de se concentrar prio-ritariamente nos cálculos das estruturas de sustentação do prédio a edificar, dispersasse sua atenção em cuidar principal-mente da escolha das cores com que pretenda pintar sua obra. Ou um médico que negligenciasse o ato cirúrgico e os cuidados com o seu paciente, preocupado mais com a escolha do modelo do carro esportivo que pretende comprar tão logo venha a rece-ber os honorários pelos serviços que está a prestar.

Esta é precisamente a impres-são que me passa o presidente que recebeu um mandato, ou seja, a incumbência de cuidar e prover o bem-estar do povo que lhe outorgou o mesmo, e deixa esse mesmo povo sem sanea-

mento básico, sem boa educação, sem assistência à saúde, sem segurança, porque deliberou le-vianamente utilizar os recursos do Estado para promover dois campeonatos de futebol e uma competição olímpica. E ainda lega ao sucessor o projeto de um trem-bala, ao custo absurdo de 50 bilhões e, o que completa a loucura, o sucessor, no caso a sucessora, se apaixona pela estapafúrdia ideia.

E como, quanto mais de cima vier o exemplo, maior será sua força paradigmática, o modelo logo se espraia para atingir as instâncias de poder mais baixas. Aí, os governos estaduais e muni-cipais, os gestores de empresas, bancos e fundos estatais passam a seguir os mesmos padrões e a substituir o essencial pelo supérfl uo. Elefantes e dinossau-ros brancos são edifi cados, sem que suas utilidades apareçam ou justifi quem seus preços. É quando estádios já existentes, bem projetados e bem construí-dos, são sumariamente demoli-dos, para que outros, menores e mais caros sejam edifi cados. Pontes majestosas são erguidas e, mais de um ano depois, con-tinuam a exibir seu deprimente vazio. Obviamente, não estou a falar da ponte Rio-Niteroi, de custo/benefício perceptível.

Ah! Será que essa turma viu o último “Profissão Repórter” e ali conheceu o retrato nu e cru da estarrecedora e revoltante situação dos serviços de saúde do nosso país?

Enfim, enquanto Thales, por acidente, meteu o pé no buraco, outros, nem tão sábios, nem tão matemáticos, nem tão filóso-fos, meteram o pé na jaca, na nossa jaca, e a esparramaram no chão.

João Bosco Araú[email protected]

João Bosco Araújo

João Bosco Araújo

Diretor Executivo do Amazonas

EM TEMPO

Não se oculta o óbvio

[email protected]

Charge

Quanto mais de cima vier o exemplo, o modelo logo se es-praia para atingir as instâncias de poder mais baixas. Aí, os governos estaduais e municipais, os gestores de empresas, bancos e fundos esta-tais passam a seguir os mesmos padrões e a substituir o essencial pelo supérfl uo”.

[email protected]

A03 - OPINIÃO.indd 3 8/31/2013 10:33:52 AM

A4 Opinião MANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013

FrasePainelVERA MAGALHÃES

Dilma Rousseff estipulou o início de janeiro como prazo para que os ministros-candidatos deixem suas pastas. Até lá, no entanto, a presidente orientou Gleisi Hoff mann (Casa Civil), Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e Alexandre Padilha (Saúde), os mais proeminentes, a só marcar atividades políticas nos fi ns de semana. Com o “Mais Médicos”, no entanto, Padilha tem sido acionado pela petista aos sábados e domingos, sem tempo para percorrer os municípios de São Paulo.

Fora do ar A prioridade à transferência de médicos para o interior é tal que a ordem no PT é só exibir o virtual candidato ao governo nas inserções de TV em São Paulo em novembro, quando, acredita o Planalto, a medida provisória do programa já terá sido aprovada no Congresso.

Vaza Já em relação aos dois ministros do PSB, a ordem é pressionar para que saiam dos cargos imediatamente, dada a clara disposição de Eduardo Campos de se can-didatar a presidente.

Âncora Há duas semanas, a cúpula do PSB discutiu o timing da saída de Leônidas Cristino (Portos) e Fernando Bezerra (Integração Nacional), mas os deputados presentes pres sionaram para que esti-cassem a corda.

Pelo... Marina Silva quer evitar embates com a Justiça Eleitoral, mas a Rede decidiu que vai reclamar novamente ao TSE sobre o atraso na certifi -cação de assinaturas de apoio à sigla em Estados como São Paulo e Pará. Neste, há fi chas que estão há 60 dias nos car-tórios, sem análise.

... cansaço Por outro lado, o partido admite que a lentidão na obtenção do registro se deve também a falhas de sua própria equipe: no interior de Goiás e de Minas, há certidões prontas que não foram retiradas pelos representantes da Rede.

Em casa Na última sema-na, a Rede conseguiu registro regional no Acre, o terceiro diretório estadual do partido e base eleitoral da pré-candi-data a presidente. O pedido estava na fila há um mês.

Leva eu Marco Feliciano (PSC-SP) se insinuou recente-mente para o PMDB. Ele tem procurado caciques da legenda de olho em uma candidatura ao Senado em 2014.

Quites Preso por ordem do STF, Natan Donadon (ex-PMDB-RO) usou sua verba indenizatória de 2011 a 2013 para contratar a Rádio Planalto de Vilhena, do senador Ivo Cas-sol (PP-RO), também condena-do pela corte por fraude em licitação. Os repasses variam de R$ 1.200 a R$ 1.850.

Outro lado A assessoria de Cassol diz que o repasse

é “normal”, com objetivo de divulgação. Informa também que a emissora é a estação de maior audiência da região e que só o senador é proibido de fazer divulgação na rádio.

Plantão... O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, ope-rou pessoalmente e convenceu a Amil a desistir da compra do hospital Santa Marina, no Jaba-quara, arrematado em leilão em agosto por R$ 55 milhões.

... médico A empresa vai vender o prédio à prefeitura, que repassará a gestão ao hospital Albert Einstein.

Virou moda Parlamentares da base aliada planejam novo revés para o governo caso o Planalto se recuse a retirar a ur-gência do Código de Mineração, em discussão na Câmara. Por tramitar em regime de urgência, o projeto tranca a pauta e nenhu-ma matéria pode ser votada.

Clonagem A ideia dos de-putados é derrubar o projeto do governo e propor um novo texto nos mesmos termos, para que permaneça em dis-cussão por mais tempo nas comissões da casa.

Dedicação exclusiva

Contraponto

Durante reunião no Palácio do Planalto com ministros, na quinta-feira, Garibaldi Alves (Pre-vidência) levantou-se e fez uma rápida prestação de contas da pasta.Ao concluir sua apresentação, provocou Gleisi Hoffmann (Casa Civil), que coorde-nava a reunião:— Nosso atendimento ao público melhorou muito. Quando estava com problemas, a ministra Gleisi me ligava todos os dias. Agora que melhorou, não liga mais! — brincou Garibaldi.A chefe da Casa Civil riu e respondeu:— Parabéns, ministro!

Publicado simultaneamente com o jornal “Folha de S.Paulo”

Carência zero

Tiroteio

DO SENADOR ÁLVARO DIAS (PSDB-PR), sobre os municípios que declararam intenção de demitir brasileiros para receber profissionais do “Mais Médicos”.

O governo trocou o certo pelo duvidoso. Agora, só falta criar um seguro-desemprego para os brasileiros que podem ser demitidos.

Assim como temos família temos pátria. Nascemos num povo, num momento da histó-ria, num território. Assim como não escolhemos família, não escolhemos pátria, mas dela herdamos a língua com a qual nos expressamos e a cultura que nos faz interagir com as outras pessoas e com o meio ambien-te. Da pátria recebemos mitos e histórias, expressões, senso de humor, heróis e bandidos. A pátria nos emociona, quando desfi la com seus símbolos.

Quando fiz o ensino médio, tínhamos aula de moral e cívica, e nos ensinaram a diferença entre pátria, nação, Estado. Os conceitos eram claros, mas a realidade nem tanto.

Naquela época, o Estado au-toritário tinha se apropriado dos símbolos nacionais para fa-zer propaganda de si mesmo e justifi car a sua ação repressora e autoritária, o que nos levou a um certo mal-estar diante desses símbolos que voltaram a nos encantar com a volta da democracia. Mais tarde, desco-bri que na mesma pátria podem viver várias nações ou nacio-nalidades. As nações indígenas não são uma ameaça à unidade nacional, mas partilham com outros povos e nações a mesma pátria, os mesmos sentimentos e ideais de pertença.

Pátria é uma construção histó-rica, que se fez a custa de muito sangue, destruição, escravidão, injustiças, mas também de mui-ta abnegação, trabalho, luta por justiça e liberdade, sonhos e ideais. Os sonhadores, os utó-picos, os que não tiveram medo de perder a vida pelos ideais de justiça e liberdade, são os verdadeiros responsáveis pela pátria que temos hoje.

O cristão, a pessoa de fé, sabe que não temos pátria permanente neste mundo, e por isto tem consciência da relatividade dos conceitos e da necessidade de permane-cer crítico e nunca se deixar manipular por aqueles que tor-nam absoluto o relativo. Entre outros perigos em relação aos sentimentos patrióticos está o populismo que usa e abusa destes sentimentos para pro-mover modelos econômicos e projetos de poder que aparen-temente são para todos, mas privilegiam grupos, classes e elites. Há também o perigo do fundamentalismo, que faz da pátria valor absoluto, gerando e justificando a violência na obtenção de objetivos aparen-temente bons e salvadores.

No meio de tantas ambi-guidades, é bom ser brasilei-ro, é desafiador participar da construção de uma pátria que seja de fato para todos, é bom sonhar e não perder a utopia de um Brasil justo e fraterno. O Brasil é uma pátria que pode ser amada, e, como cantamos, até idolatrada, no sentido de afeto profundo. Mas porque amado, precisa ser olhado com muita verdade e honestidade, também no seu passado, e aí não pode deixar de doer em nós a visão da multidão dos excluí-dos, dos que vivem e viveram na pátria amada em situações de miséria e humilhação.

Que a Semana da Pátria nos permita continuar a sonhar o Brasil, um Brasil de todos, de raças e nações diversas, com um Estado a serviço da nação, num território onde reine a paz, sem medo do futuro e sem vergonha do passado que nos fez ser aquilo que somos.

Dom Sérgio Eduardo [email protected]

Dom Sérgio Eduardo Castriani

Dom Sérgio Eduardo

CastrianiArcebispo Metropo-

litano de Manaus

No meio de tantas am-biguidades, é bom ser brasileiro, é desafi ador participar da constru-ção de uma pátria que seja de fato para todos, é bom sonhar e não perder a utopia de um Brasil justo e fraterno. O Brasil é uma pátria que pode ser amada, e, como can-tamos, até idolatrada”.

Pátria amada

Olho da [email protected]

Em Iranduba, cenário da expansão imobiliária de uma Manaus que não tem mais para onde expandir, todo dia é Dia de Índio, segundo os brancos quase negros, quase amarelos, que usam até as enfezadas indiazinhas como entradas e bandeiras rumo à conquista da margem leste do rio Negro. Ou vai ou racha!, é a ordem do progresso

IONE MORENO

(Com direitos políticos suspensos) A gente não pode nem se candidatar, muito menos exercer mandato. Lamento muito que estejamos hoje

diante desse impasse constitucional absurdo. Mas o Congresso é soberano, tomou a sua decisão. Ele

terá que conviver e lidar com as conseqüências

Joaquim Barbosa, presidente do STF, disse na sexta-feira 30, lamentar o “impasse constitucional absurdo” provocado

pela decisão do plenário da Câmara, que rejeitou a cassação do deputado Natan Donadon (sem partido-RO), que cumpre

pena de 13 anos, no presídio Papuda, em Brasília.

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A04 - OPINIÃO.indd 4 8/31/2013 10:51:59 AM

MANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013 A5Política

Prefeitos articulam apoio ao candidato de OmarInclusive filiados ao PMDB já estudam a possibilidade de sair do partido e ingressar em outro para garantir a unidade

DIVULGAÇÃO/AAM

A 34 dias do término do prazo imposto pela Justiça Eleitoral para a troca de partido, a mo-

vimentação no interior entre os prefeitos dos 61 municípios é intensa, principalmente aque-les filiados ao PMDB que não descartam a hipótese de sair da legenda e migrar para outro partido a fim de apoiar uma candidatura majoritária indi-cada pelo governador Omar Aziz (PSD). Entre os nomes, os mais cotados são o vice-gover-nador José Melo (sem partido) e a secretária de Governo, Re-becca Garcia (PP).

Apesar da tensão pré-elei-toral e com as costuras de bastidores a todo vapor, os nomes dos candidatos que irão disputar a cadeira de Omar Aziz somente serão oficializa-dos entre os dias 10 e 30 de junho de 2014, data limite da realização das convenções partidárias. Portanto, dentro de pouco mais de nove meses.

Conforme apurado pelo EM TEMPO, 12 dos 17 prefeitos do interior do Estado filiados ao Partido da Mobilização Demo-crática Brasileiro (PMDB) pode-rão trocar de sigla para viabilizar o apoio à candidatura de José Melo – dada como certa pela maioria dos prefeitos consulta-dos. A informação foi repassada pelo prefeito de Juruá, Tabira Ferreira (PSD). Na correlação de forças partidárias, o PSD de Omar Aziz conquistou 24 pre-feituras nas eleições municipais de 2012, enquanto o PMDB, co-mandado pelo senador Eduardo Braga, elegeu 17.

Gestores peemedebistas en-trevistados pela reportagem, mas que preferiram o anoni-mato, confirmaram a intenção de se filiar a partidos que es-tão em processo de criação, se afastando, dessa forma, da possibilidade de apoio à uma chapa encabeçada por Braga. O senador é o único entre os seis pré-candidatos ao governo que não tornou pública sua in-tenção “Aqui a gente é governo, com certeza”, disse um deles.

“Existe sim esse entendimento, mas estamos esperando para ver como desenrola isso e até o fim do ano teremos uma posição definitiva”. O nome do vice-governador é o que mais recebe adesão.

Nas contas de Tabira, apenas quatro ou cinco prefeitos dos

61 municípios do interior não apoiarão a candidatura de Melo. “Como sou secretário-geral da Associação Amazonense de Mu-nicípios (AAM) converso muito com todos os prefeitos e eles estão sinalizando para isso. A gente sabe que esse negócio

de partidarismo não funciona aqui no Amazonas”, disse.

Para Tabira, José Melo será o candidato apoiado pelo gover-nador e ganhará musculatura política assumindo o governo em abril do próximo ano, caso Omar se desincompatibilize do cargo para disputar a única vaga do Amazonas ao Senado.

O prefeito de Nhamundá, Gle-dson Machado (PDT), também confirmou essa articulação e disse que isso se deve ao apoio que o governo tem dado a to-das às prefeituras. “O gover-nador Omar e o professor José Melo têm estado ao nosso lado, conversando e tratando bem a todos os prefeitos”, disse.

O único prefeito peemede-bista que se identificou, Ivon Rates, gestor do município de Envira, foi mais cauteloso e disse que não há uma defini-ção concreta quanto à troca de partidos, mas também não poupou elogios ao vice-gover-nador. “O que eu lamento muito é que essas forças políticas do Estado poderiam estar juntas nesta eleição”, disse.

“Agora, não posso deixar de reconhecer que o professor José Melo com a experiência de governo que ele tem, com o conhecimento do interior do Estado e as amizades com as lideranças que ele conquistou, é muito justo que ele tenha esse pleito”, acrescentou.

Rates repete um discurso frequente na boca de todos os políticos que, receosos, querem esconder o jogo: “Muitas águas ainda vão rolar por debaixo da ponte”. Na possibilidade cada vez mais aparente de uma disputa entre Melo e Braga, Rates disse que esperará a hora que o embate acontecer para decidir se toma, ou não, “uma medida radical”.

Além do possível apoio desses prefeitos do PMDB, o futuro candidato da situação também tenderá a receber o apoio da maioria dos demais partidos que integram a base de governo. O prefeito de Japurá, Raimundo Guedes (PCdoB), disse que sua gestão apoiará o candidato in-dicado por Omar, independen-temente de quem seja. Apesar

do partido dele ter uma aliança muito forte com o PMDB, Gue-des afirmou que a legenda dá espaço para que ele escolha o palanque de apoio. “O meu partido me dá liberdade para eu apoiar o que eu quiser. Aqui, estamos com o governador para o que der e vier”, reforçou.

O pedetista Gledson Macha-do, de Nhamundá, também con-firmou apoio à candidatura da situação. “Marcharemos juntos com o governador Omar para onde ele seguir”, disse.

Rebecca resisteApesar de uma aparente pre-

ferência por José Melo entre os prefeitos do interior, a maioria dos consultados foi categórico que o apoio é, principalmente, ao candidato do governador, não descartando a possibilidade de candidatura da secretária de Governo, Rebecca Garcia

Mesmo, assim há linhas de raciocínio, como a de Tabira Ferreira, que na atual conjuntura política, o mais provável é que Rebecca componha a chapa na vice-governança.

RECUOO anúncio da pré-can-didatura do vice-pre-feito Hissa Abrahão (PPS) parece que desa-gradou o grupo que o circunda, sob o coman-do do prefeito Arthur Neto. Desde então, Hissa tem se recolhido

Prefeitos já trabalham uma aliança em favor do candidato do governador Omar Aziz. Tabira Ferreira (de terno marrom), de Juruá, disse que gestores do PMDB estudam sair do partido para outro sigla

Mesmo negando ter inte-resse em disputar o pleito estadual, o prefeito Arthur Neto é apontado por aliados como um dos poucos políti-cos com grande densidade eleitoral que atualmente te-ria chances de um embate mais equilibrado com Braga nas urnas. No último dia 28 de agosto, o prefeito chegou a dizer que esqueceu como fazer política e que está mais interessado em tocar os trabalhos da prefeitura. “Eu simplesmente desapren-di a fazer política e estou muito pouco preocupado com eleição”, afirmou.

Apesar da pré-candidatura de Hissa Abraão, o presidente da Câmara Municipal de Ma-

naus (CMM) e colega de par-tido de Arthur, Bosco Saraiva, disse que nada está definido e que não está descarta-da nenhuma possibilidade. “Nada está acertado ainda. As águas ainda estão rolando, não era para nem para chover este verão e está chovendo (risos)”, desconversou.

Bosco não quis comentar a pré-candidatura de Hissa e disse que a orientação do partido é de apenas tra-balhar e que as questões políticas só serão discuti-das no momento oportuno, mais próximo das eleições. “O que eu posso dizer é que o PSDB, em todo o Brasil, terá desde candida-to à presidente quanto a

deputado estadual, concor-rendo em todos os níveis”, frisou. Para ele, antes das definições finais de candida-turas é necessário ser feito um balanço das filiações e ter início o processo de desincompatibilizações.

Questionado sobre um movimento dentro do par-tido que considera que o PSDB tem condições de concorrer com uma candi-datura própria, o presidente do diretório municipal da legenda, Danízio Elias, sem mais detalhes, adiantou que dentro da convenção regional do partido have-rá um amadurecimento das idéias relativas a essa e outras possibilidades.

Cresce aposta em favor de ArthurPara o cientista político,

coordenador do Núcleo de Cultura Política da Ufam e professor universitário, Ademir Ramos, a relação entre os caciques Omar Aziz, Eduardo Braga e o ex-prefeito Amazonino Mendes (PDT) é “visceral e estruturante”. Por conta disso, Ramos acredita que José Melo ainda poderá ficar sozinho nesta dispu-ta. “Não há contraditório entre esse grupo. O único que diferente é o Arthur (Neto, prefeito de Manaus) e não sei se ele vai conse-guir se firmar nesse grupo”, observou o analista.

O cientista ressaltou que Braga tem uma gran-

de densidade eleitoral e que isso será um peso na hora das definições fi-nais. Para ele, Omar está querendo referendar um candidato para afirmar e consolidar sua posi-ção. Entretanto, segundo

Ramos, esse movimento ainda é um ensaio. “As definições dessas chapas ao governo passam pelos cartolas da política do Estado”, frisou.

Ademir Ramos avaliou a pré-candidatura de José Melo como positiva para o vice-governador e obser-vou que o grupo político do qual ele faz parte, lhe havia prometido que seria o próximo candidato ao governo, ao fim do man-dato de Braga em 2010. Quanto a troca de parti-dos dos prefeitos peeme-debistas, Ramos considera uma possibilidade remota, sendo mais especulação do jogo político.

Analista vê cenário com ressalvasDÚVIDAPara Ademir Ramos, a chance de José Melo sair candidato ao governo ainda é contestada. Tudo por-que, explica, a relação entre Aziz, Braga e Amazonino é “visceral e estruturante”

LUCIANO FALBOEquipe EM TEMPO

A05 - POLÍTICA.indd 5 8/31/2013 10:34:09 AM

A6 Política MANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013

Cuba paga a médico salá-rio de 573 pesos (R$ 58)

A ditadura cubana esfrega as mãos de ansiedade pelos R$ 510,9 milhões que espera faturar no Brasil explorando a mão-de-obra barata dos 4 mil médicos que atuarão em municípios brasileiros. Cuba promete continuar pagando-lhes o de sempre, ou seja, 573 pesos (25 dólares ou 58 reais) por mês. Não há negócio tão lucrativo nem no capitalismo selvagem: cada um renderá R$ 10 mil aos irmãos Castro.

VaivémAlém dos salários que ja-

mais chegarão aos médicos cubanos, o Brasil vai gastar R$ 12,2 milhões para custear suas passagens aéreas.

Filme velho...Evo Morales humilhou o

Brasil surrupiando refina-ria da Petrobras e revis-tando avião (da FAB) do ministro da Defesa. Não houve resposta.

...a continuaçãoO Planalto fi nge não sa-

ber que a Convenção Caracas obrigava o cocaleiro Evo Mo-rales a liberar salvo conduto ao senador Molina.

Bullying, não Assim como ninguém quis

substituir uma ajudante-de-ordens cansada de humilha-ções, já não há diploma-tas dispostos a trabalhar com Dilma.

Com Patriota, não havia hierarquia a ser quebrada

O Itamaraty considera falta grave a “quebra de hierar-quia”. Mas isso não pode ser aplicado ao caso do diplomata Eduardo Saboia porque, com o ex-chanceler Antonio Pa-triota, não havia liderança, vontade política, autoridade.

A rigor, nem havia hierarquia. Apenas omissão e pouco caso com questões graves da di-plomacia brasileira. Algo teria de acontecer, e aconteceu de forma exitosa graças à com-petência de Eduardo Saboia, por isso ele merece reconhe-cimento e não punição.

AjudaInternautas em todas as

redes sociais participam de movimento para livrar Eduar-do Saboia de perseguição. Tem até abaixo-assinado.

RepresentaçãoO custo do escritório po-

lítico da deputada Manuela D’Ávila (PCdoB) em Porto Alegre passou de R$ 6 mil em maio, para R$ 13 mil em junho.

Mestre universalGuido Mantega (Fazenda)

disse que “o fundo do poço” da crise estava “superado”. Ou o poço não tem fundo ou além dele vemos a China.

Ao menos issoOs R$ 26 mil recebidos

na Câmara dos Deputados impedem o ladrão transitado em julgado Natan Donadon de pedir o auxílio-reclusão. Só quem ganhava até R$ 971,78 antes de ser preso tem direito ao auxílio.

Dedo na feridaDeputados apostam que o

presidiário Natan Donadon (RO) conseguiu reverter vo-tos e se safar da cassação no momento em que acu-sou o Ministério Público de cometer injustiças, posição unânime na Câmara.

Procura-seIsolado após comprar briga

com o dono do PDT, Carlos Lupi, o ex-ministro do Traba-lho Brizola Neto (RJ) está em busca de outro partido pelo

qual possa sair candidato a deputado federal em 2014.

Baixa no PSDO PSD de Gilberto Kassab

está em vias de perder seis deputados federais: entre eles, Cesar Halum (TO), Armando Vergílio (GO), Ri-cardo Izar (SP) e Raul Lima (RR), todos prontos para outras siglas.

EnganaçãoA multinacional italiana

Saipem ganhou Licença Am-biental e de Operação junto à Marinha, Ibama, Cetesb e Co-desp para operar em Guarujá alegando que aplicaria na obra dragas da Bandeirantes Dragagem Construção Ltda, com a qual não tem sequer um contrato.

BombeirosApós ter ameaçado inter-

venção no PSB-RJ, o presi-denciável Eduardo Campos (PSB-PE) pediu aos fi éis escudeiros Carlos Siqueira e Roberto Amaral para pôr panos quentes na conversa com Alexandre Cardoso.

ConseqüênciaPresidente do DEM, José

Agripino (RN), joga no colo da presidente Dilma a culpa pelo apagão no Nordeste, na quarta (28): “Ela baixou a tarifa da energia, mas não compensou as empresas pe-las despesas”.

Se acha o favoritoPresidente do PT, Rui Falcão

lançará sua chapa ‘Partido é para todos, na luta’ ao comando do PT, na terça (3), em Brasília. A chapa teria apoio de cinco das dez correntes na sigla. E de ministros de Dilma.

Pensando bem......já está na hora de Lula

reaparecer em público. De jaleco.

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

www.claudiohumberto.com.br

A postura do diplomata Saboia deve ser elogiada e reconhecida”

AÉCIO NEVES (PSDB), sobre a operação que resgatou o senador boliviano Roger Molina

PODER SEM PUDOR

Vendendo saúde

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Para o parlamentar baiano Walter Pinheiro, tanto a Câmara dos Deputados quanto o PT erraram na condução desse caso

Senador petista critica absolvição de Donadon

Mesmo sendo do PT, senador baiano criticou a postura do seu partido quanto ao caso Donadon

Respeitado até pelos adversários em razão da franqueza com que expõe suas opiniões,

o senador baiano Walter Pi-nheiro faz, na condição tanto de parlamentar federal quanto de membro do Partido dos Tra-balhadores, severa autocrítica da atuação do Legislativo e do PT na votação da cassação do ainda deputado Natan Dona-don (sem partido-RO).

Como mostrou o Congresso em Foco, o comportamento do PT foi decisivo para que o assunto fosse levado à vota-ção em plenário, ignorando os alertas já então feitos pelos partidos da oposição e por vozes isoladas na base do governo. Eles defendiam que a mesa da Câmara simples-mente acatasse, por ato de ofício – isto é, sem consulta a qualquer outra instância de-liberativa –, a decisão fi nal do Supremo Tribunal Federal (STF), que condenou Donadon a mais de 13 anos de prisão, numa sentença que não pode

mais ser alterada (porque, conforme o jargão jurídico, “transitou em julgado”).

O principal adversário da ideia foi o presidente da Câ-mara dos Deputados, Henri-que Eduardo Alves (PMDB-RN), alegando necessidade

de afi rmar a autonomia da Câmara em matéria que ele julgava ser da alçada do Poder Legislativo. Henrique, o PT e os demais partidos da base governistas eram favoráveis ao encaminhamento da ques-tão ao plenário, decisão afi nal

adotada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), tendo como motivação du-pla dar uma resposta ao STF e ao que os congressistas costumam chamar de “judi-cialização da política” e uma tentativa de lançar a última boia salva-vida para os con-denados do mensalão.

“Foi uma loucura. Gostemos ou não, a sorte dos nossos companheiros condenados no assim denominado mensalão está selada. Esse erro na vota-ção de Donadon está nos cus-tando caro”, disse um deputado federal petista a este site. O desgaste foi mais retumbante quando se viu que 11 parlamen-tares petistas (uma delas, a de-putada capixaba Iriny Lopes, por razões de saúde), não votaram na cassação de Natan Donadon, mesmo após terem assinado a lista de presença.

Walter Pinheiro anali-sa a questão sem se refe-rir ao caso mensalão ou a qualquer outra acusação criminal específi ca.

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ADO

A péssima repercussão da preservação do mandato de Donadon pela Câmara levará o Congresso a antecipar a vo-tação de algumas propostas legislativas no caminho da transparência e do comba-te à corrupção. Na Câmara, Henrique Alves já anunciou que o caso Donadon foi o último em que uma cas sação de deputado foi apreciada com voto secreto. No Sena-do, antecipa Pinheiro, costu-ra-se o entendimento para que sejam aprovadas duas

medidas de impacto já na semana que vem.

Uma delas é a proposta de emenda constitucional (PEC) 18/2013, de autoria do senador Jarbas Vasconce-los (PMDB-PE), que elimina qualquer dúvida de interpre-tação do texto constitucional e torna automática a perda de mandato parlamentar em caso de condenação transi-tada em julgado por impro-bidade administrativa ou cri-me contra a administração pública. A ideia é votá-la, em

primeiro turno, na terça ou na quarta-feira.

A outra medida é uma ver-são mais ampla da PEC do Voto Aberto, proposta pelo senador Paulo Paim (PT-RS), que reduz as possibilidades de votação secreta em rela-ção a outra PEC, já aprovada pelo Senado e em tramita-ção na Câmara. Mudanças à parte, Pinheiro acredita que a bancada do PT na Câmara deve rediscutir o po-sicionamento que encampou durante o debate na CCJ.

Senado deverá reagir à decisão

AFRONTAO senador Walter Pinheiro afi rmou que a decisão da Câmara Federal, em manter o mandato de Donadon na noite da última quarta-feira, não foi uma birra ao STF, mas sim uma afronta à sociedade

Empossado governador do Rio Grande do Norte, Dinarte Mariz nomeou o engenheiro José Nilson de Sá para o Departamen-to de Estradas e Rodagens, mas, com problemas pulmonares, o amigo não obteve o atestado médico exigido pela diretora de pessoal do Palácio, e não pôde assumir. Mas só até Mariz tomar conhecimento do fato:

- Doutora Nani – disse o governador à diretora – quando eu nomeio um amigo é porque ele tem saúde para dar e vender. Nem precisa de atestado médico.

José Nilson, subitamente restabelecido, assumiu o cargo.

A06 - POLÍTICA.indd 6 8/31/2013 10:38:05 AM

MANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013 A7Com a palavra

Em 1996, quando Afrâ-nio Soares decidiu ins-talar a empresa Action Pesquisa de Mercado

em Manaus, o projeto seria abranger apenas a área merca-dológica sem qualquer ligação com pesquisas eleitorais. Mas, com a expansão e a credibi-lidade da empresa percebeu que este nicho tinha espaço e a Action entrou para esse seg-mento tornando-se uma das empresas mais especializadas da Região Norte.

Professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), mestre em administração de marketing e doutorando em mercadologia, Afrânio recebeu o EM TEMPO para falar sobre cenário político para 2014, dos potenciais nomes que pode-rão ser eleitos e também da campanha eleitoral, que pra-ticamente já se iniciou.

Segundo Afrânio, o vice-governador José Melo, se-nador Eduardo Braga, go-vernador Omar Aziz, prefeito Arthur Neto e o ex-prefeito Amazonino Mendes são no-mes de grande potencial e que devem fazer toda di-ferença na corrida eleitoral no próximo ano. E ressaltou também, que caso Eduardo Braga e Omar Aziz coloquem seus nomes na disputa para qualquer cargo, terão como certa a vitória nas urnas.

EM TEMPO – Qual é o intervalo de tempo para as pesquisas eleitorais?

Afrânio Soares – As pes-quisas nunca cessam e se in-tensificam 1 ano antes de cada período eleitoral. Mas, no ano da eleição, a coisa fica mais intensa. A maioria das pesqui-sas é solicitada por coligações para dar apoio na estrutura política nas definições de si-glas. Já chegamos também a ter pesquisas diárias, princi-palmente quando começa o

horário eleitoral gratuito. Em média, para cada campanha eleitoral, chegamos a realizar 300 pesquisas eleitorais.

EM TEMPO – Então é ne-cessária uma estrutura mui-to grande para desenvolver esse trabalho?

AS – Temos um grupo fle-xível de trabalho. Mas claro que precisamos de toda uma logística. Temos casos em que somos contratados para apre-sentar uma pesquisa eleitoral em 15 dias e, em campanhas, principalmente para governo, realizamos trabalho em todos os 61 municípios do interior do Amazonas. Isso requer um cus-to e uma organização enorme. Temos um setor de planeja-mento e análise de coleta de dados, que faz esse resultado dar certo.

EM TEMPO – Na prática como são feitas as pes-quisas?

AS – Cada município tem uma amostragem eleitoral, por exemplo, em Manaus temos 1,4 milhão de eleitores. E por meio da amostragem probabilística, você ouvindo 1,3 mil eleito-res, podemos desenvolver uma pesquisa com uma margem de erro de apenas 3%. Hoje, temos um trabalho grande em relação a isso, mas em resumo há uma equipe que atua em sistema de rota e cota, onde enviamos o pesquisador, que passa por um treinamento para cair em campo com um aparelho es-pecializado e faz essa pesqui-sa em locais já selecionados. Imediatamente, os resultados dessas pesquisas chegam ao nosso sistema, onde temos um coordenador que faz uma visto-ria desse trabalho ligando para o entrevistado e confirmando os dados.

EM TEMPO – Mas, muita gente questiona o resulta-do das pesquisas e dizem que os índices foram ma-nipulados.

AS – Têm pessoas que ana-lisam como torcedores, e não são realistas. A pesquisa nada mais é que uma fotografia da opinião do eleitor naquele momento. As críticas são uma bobagem, fazem parte da de-mocracia. É a mesma história do cara que torce por um time e quando ele não vai bem no jogo culpa o técnico. E candida-tos que criticam os resultados fazem isso por puro medo de prejudicar sua campanha.

EM TEMPO – Estamos há um ano de uma campanha eleitoral. Como está o ce-nário político atual?

AS – A classe política já pensa em 2014, porém as coisas estão acontecendo nos bastidores. O que temos são apenas indicadores de pesso-as que vão disputar. A correria agora está na definição de partidos, pois para que se saia candidato é preciso estar filiado a uma sigla no período de um ano pelo menos.

EM TEMPO – Então, qual a melhor estratégia para que um bom candidato possa ter mais chance de ser eleito?

AS - Tem que se fazer uma conta para que seja possível atingir o coeficiente eleitoral. Optar por uma coligação me-nor e que tenha muita gente de expressão pode ser uma boa escolha. Atualmente, para você colocar seu nome como candidato são necessárias duas coisas: domínio sobre um partido e ter condições de coligar com outras siglas para formar uma coligação forte. Agora claro, temos exceções como a que ocorreu com o PTN em 2012, que tinha candida-tos com grande expressão em classes sociais, e que apesar de não ter coligado com nin-guém conseguiu fazer cinco vereadores porque atingiu o coeficiente eleitoral.

EM TEMPO – O senhor acredita que teremos uma

renovação nas casas le-gislativas?

AS – Na Assembleia Le-gislativa do Estado acredito que teremos uma renovação expressiva em 35%. Aposto que 1/3 dos parlamentares da casa serão novos. Já na bancada fe-deral, suponho que dos oito já existentes, três serão novos.

EM TEMPO – Quais as chances de eleição para os candidatos ao governo e ao Legislativo federal?

AS - Esse quadro ainda pode mudar. Mas, para o governo, se o Eduardo Braga vier candida-to, ele tem grande chance de se eleger. Temos outros pré-can-didatos que também já lançam nomes, como José Melo, Re-becca Garcia e Hissa Abrahão e nesse trio, Melo tem uma grande vantagem, pois assume o governo em março de 2014 e tem conhecimento no interior do Estado. Na outra ponta do Senado, Omar tem todas as chances de garantir a cadeira e, Alfredo Nascimento, em uma disputa direta com Omar está em desvantagem. Na Câmara Federal é difícil de apontar ainda, pois temos casos de pes-soas que após lançarem seus nomes tem um crescimento meteórico e apresentam gran-des surpresas, como foi o caso de Rebecca Garcia quando en-trou na disputa pela primeira vez. Podemos dizer que nomes antigos certamente irão se re-eleger, como Atila Lins, Silas Câmara, Francisco Praciano, que atuam em segmentos cer-tos de massa. Sabino Castelo Branco também tem voto e boas chances de retornar para Brasília, mas a votação dele não flutua muito.

EM TEMPO – Quem são os candidatos que nos últimos anos apresentaram grande maturidade política?

AS – Hissa Abrahão, Rebecca Garcia, Henrique Oliveira estão em potencial formação. Já Bra-ga e Aziz são veteranos.

Afrânio SOARES

‘O cenário para 2014 SERÁ pesado’

Os políticos já pensam em 2014, porém as coisas estão acontecendo nos bastidores. O que temos são apenas indicadores de pessoas que vão disputar. A correria agora está na definição de partidos, pois para que se saia candida-to é preciso estar filiado um ano antes”

ISABELLA SIQUEIRAEquipe EM TEMPO

FOTOS: ALEXANDRE FONSECA

As pesquisas nunca ces-sam e se in-tensificam 1 ano antes de cada período eleitoral. Mas, no ano da eleição, a coi-sa fica mais intensa. A maioria das pesquisas é solicitada por coligações”

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A8 Política MANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013

Requerimentos, indicações e moções são submetidos ao plenário durante as sessões legislativas, na ordem do dia

Os 41 vereadores da Câmara Municipal de Manaus (CMM) apresentaram, em

sete meses de legislatura, aproximadamente 4,8 mil requerimentos, 1,3 mil indi-cações e 846 moções, como parte das proposituras par-lamentares. De acordo com o gerente do Departamento de Registro Parlamentar (DRP) da CMM, Francisco Assis Lima, as requisições de serviços bási-cos ao Poder Executivo lideram entre as proposituras apresen-tadas. “Geralmente o maior volume de proposituras é de requerimentos que se atém, sobretudo, a pedidos para a execução de serviços que são feitos aos próprios expedien-tes das secretarias municipais, como tapa-buracos, desobs-trução de esgoto, limpeza das vias públicas e, também, de alguns serviços ligados a re-formas”, informou.

O setor registrou exatos 4.796 requerimentos, entre os pedidos, também estão soli-citações de dados de órgãos da administração municipal, sobre gastos e contratações de serviços e até a convocação

de secretários para prestarem esclarecimentos das ações de suas gestões. Lima explicou que, na maioria das vezes, o parlamentar quer saber do Exe-cutivo, por exemplo, quanto as secretarias municipais investi-ram durante determinado perí-odo na área da sua atribuição; sobre contratos mantidos com terceiros; também dos permis-sionários ou concessionários sobre o que prestaram a partir daquele contrato com a prefei-tura; além de obras e repasses de recursos. “Um pedido que é comum também por meio de requerimento é a oitiva de um secretário em sessão ple-nária ou audiências públicas e, todos os pedidos têm sido aceitos”, acrescentou.

O gerente observou que to-dos os requerimentos, de auto-ria de um ou mais vereadores, vão para análise e votação no plenário, onde podem ser acatados ou rejeitados.

Quanto às indicações, que são ideias, opiniões ou mesmo sugestões ao Poder Executi-vo, Lima enumerou 1.306, de fevereiro até 31 de agosto. E, segundo explicou, estes do-cumentos são apenas lidos e deferidos pela mesa diretora para, depois, serem encami-nhados aos seus destinos.

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Vereadores da Câmara de Manaus apostam nos mecanismos junto à prefeitura para atender anseios da população

Serviços básicos lideram pedidos de requerimentos

Em relação à moção, pro-posição pela qual o vereador expressa seu louvor, congra-tulação ou pesar, o setor re-gistrou 848 propostas. “Estas proposituras são de agravo e de desagravo, este últi-mo, que seria em caso de o vereador achar que algo foi indigno para a população e que vem ferir a democracia, a

dignidade da pessoa humana, ou até mesmo os princípios da administração pública”, explicou o gerente.

Apresentada à mesa direto-ra, a moção é imediatamente despachada pelo presidente e enviada à publicação. Quan-do seus autores pretendem traduzir manifestações cole-tivas da casa, a moção deve

ser assinada, no mínimo, pela maioria absoluta dos vere-adores. “O nosso regimento interno fala sobre propor so-lidariedade e pesar, e existe também o de protesto”.

Na última terça-feira,o pre-sidente da Câmara, vereador Bosco Saraiva (PSDB), reve-zou com o vice-presidente, Sildomar Abtibol (PRP), na

leitura e deferimento de um volume de mais de cem indi-cações que, segundo Bosco, foram zeradas na mesa.

Um deles requer a presença de órgãos competentes para a audiência pública na CMM para discutir sobre VLP (Veícu-lo Leve Sob Pneus), como uma das propostas do Executivo municipal para o trânsito.

Câmara zera pauta de indicativos em sessão

Novas eleições em cinco cidadesEleitores de cinco municí-

pios de cinco diferentes Es-tados voltam às urnas neste domingo para eleger prefeitos e vice-prefeitos. As novas elei-ções ocorrerão nas seguintes cidades: Goiatuba-GO, Santa-na de Cataguases-MG, Sole-dade-PB, Augusto Pestana-RS e Taipas do Tocantins-TO.

Esses novos pleitos ocorre-rão porque as eleições de ou-tubro do ano passado nessas cidades foram anuladas pela Justiça Eleitoral, uma vez que o registro de candidatura dos candidatos a prefeito que obtiveram mais de 50% dos votos válidos foi indeferido.

Assim, a Justiça Eleitoral anu-lou os votos recebidos por tais candidatos, que ficaram impedidos de serem diplo-mados e empossados.

Segundo o Código Eleito-ral (lei nº 4.737/1965, artigo 224), no caso de nulidade de mais de 50% dos votos, novas eleições devem ser marcadas pelos respectivos Tribunais Regionais Eleito-rais, no prazo de 20 a 40 dias a partir da decisão judicial que determinou a anulação. Além disso, em conformida-de com a resolução do Tribu-nal Superior Eleitoral (TSE), os regionais devem agendar

os pleitos para o primeiro domingo de cada mês.

Até que os novos prefeitos e vices eleitos assumam suas funções, as prefeituras dos municípios estão sendo co-mandadas pelos presidentes das respectivas Câmaras de Vereadores.

Treze candidatos a prefeito irão disputar as eleições su-plementares nos cinco municí-pios. A maioria dos prefeitos e vice-prefeitos das cidades que tiveram os mandatos cassa-dos pela Justiça Eleitoral foi por compra de voto e abuso de poder econômico, no pleito municipal de 2012.

HOJE

THIAGO GONÇALVESEquipe EM TEMPO

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EconomiaCa

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[email protected], DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013 (92) 3090-1045Economia B4

Produção de abelhas atrai investidores

IONE MORENO

Amazonenses procuram alternativas de viagensDevido à alta do dólar, turistas locais buscam outras opções mais baratas do que visitar destinos famosos nos EUA

O turista amazonen-se que planeja ir aos Estados Unidos tem pisado no freio

na hora de realizar a viagem. A escalada da moeda ame-ricana, que esta semana al-cançou a casa de R$ 2,56, afugentou os interessados em visitar a terra do Tio Sam.

A queda na procura pelas passa-gens aéreas para destinos como Orlando e Miami, registrada por algumas agências de turismo da cidade, chegou a 70%.

O gerente geral da Amazon Explores, Andrey Lima, conta que nos últimos quatro meses observou a procura de seus clientes por destinos nos Es-tados Unidos diminuir gradu-almente. “A palavra de ordem dos turistas é aguardar. Com exceção dos que já adquiriram pacotes e passagens com muita antecedência, 70% dos interes-sados resolveu dar um tempo nos planos”, contou.

O diretor da FM turismo, Pe-dro Mendonça, por sua vez, classifi cou o momento como turbulento para quem deseja viajar aos Estados Unidos. Ele

calcula que de 30 a 40% de seus clientes tenham deixa-do de realizar a viagem nas últimas duas semanas em função da alta cotação.

Mendonça observou que o maior número de desistências foi de clientes que decidiram fazer a viagem de última hora.

“Eles não desistem do bilhete, mas quando pensam na com-pra das notas americanas no câmbio para alimentação, ati-vidades de lazer e hospedagem, pensam duas vezes e deixam o projeto de lado”, comenta.

Mendonça diz ainda que o período de turbulência está pas-sando e que a situação deve voltar ao normal em breve. O dólar turismo, responsável por

nivelar as operações de câm-bio, estava cotado a R$ 2,40 e esta semana caiu para R$ 2,30. “Essa retração nos leva a crer que, aos poucos, o volu-me de negócios e o interesse dos turistas pelos Estados Uni-dos voltarão a ser como era antes”, avalia o empresário.

“Jeitinho”Enquanto esperam a cotação

do dólar se tornar mais atrativa, os turistas partindo da capital amazonense decidem entre desistir da viagem, mudar de destino ou dar o famoso “jei-tinho brasileiro”, adaptando os gastos à nova realidade.

A última opção foi a escolhida pelo profi ssional de educação física, André Galvão, que na se-mana passada embarcou para Miami e Orlando, em função de compromissos de trabalho. Ele conta que chegou a pensar em desistir, mas como havia marcado reuniões realizou a viagem, não sem antes, fazer alguns ajustes. “Na última via-gem, quando o dólar custava R$ 2,20, gastei US$ 1 mil em compras. Este ano, deixei os presentes de lado. Até os gastos com restaurantes precisaram ser dosados”, relata.

Na medida em que os Esta-dos Unidos deixaram de ser a preferência dos manauen-ses, nos últimos meses, des-tinos nacionais e regionais surgem como solução. Um programa alternativo é a vila de Alter do Chão, em Santarém, no Pará.

No lugar do passeio em dólar, o turista de Manaus pode ter acesso ao chamado “caribe brasileiro” pagando a partir de R$ 900 por pacote completo de três dias.

Outros destinos também estão em alta. O gerente geral da Amazon Explorers, Andrey Lima conta que sen-tiu uma procura maior para passagens e pacotes para Fortaleza, “O Ceará, que é um destino bastante popu-

lar entre os manauenses, foi ainda mais solicitado neste período de dólar alto. Até que a poeira baixe, o Es-tado é apontado como al-ternativo para quem deseje fazer turismo”, avalia.

ExteriorOutra alternativa é trocar

os Estados Unidos por pa-íses europeus como Portu-gal e sul-americanos, como Argentina, Chile e Peru têm chamado a atenção de ma-nuenses que não estão dis-postos a perder a viagem.

A jornalista Layana Rios, por exemplo, que em abril deste ano passou 20 dias nos Estados Unidos, reser-vou as férias de julho para viajar com os amigos para o

Peru. “O real é valorizado no Peru, então o dinheiro rende bem mais. Lembro de ter gasto em torno de mil reais para fi car no país durante nove dias e não ter passado nenhum aperto”, destaca.

Uma das grandes dife-renças notadas por ela, que torna o destino sul-america-no vantajoso no momento, são os gastos com cartão de crédito. Para ela, o “dinhei-ro de plástico” foi útil. “Na minha viagem de abril, nos Estados Unidos, fi z compras no cartão de crédito. Agora, as faturas chegam com a cotação atual do dólar, o que fez meus gastos dispa-rarem. Em um destino mais próximo, esse problema não ocorre”, acrescenta.

Vizinhos são opções de turismo

PASSEIO Com apenas R$ 200, um casal pode passar um fi nal de semana em clube fechado com direito a ter acesso à piscina, igarapé e café da manhã gratuito em Presidente Figueiredo, no interior do Estado

Machu-Pichu, no Peru, é um dos destinos que amazonenses têm procurado com frequência

Subida da moeda norte-americana frente ao real motivou mudança de hábito do viajante local

FOTOS: DIVULGAÇÃO

A Disney, no Estado da Flórida, nos Estados Unidos, é considerada como um dos points turísticos que são bastante procurado por quem quer visitar a terra do Tio Sam durante as férias

JULIANA GERALDOEquipe EM TEMPO

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B2 Economia MANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013

A Constituição de 1988 é uma conquista de toda a sociedade brasileira, assim como as leis trabalhistas, que normatizam o interesse do fator humano, essencial e sagrado na dinâmica da economia e do tecido social. Ambas, porém, como toda a legislação e instituições, a despeito da universalidade de seus princípios, precisam de permanentes ajustes, adap-tações e revisões na aplica-ção cotidiana de seus pos-tulados. Daí a importância do entendimento, da oitiva entre as partes e da negocia-ção solidária. Recentemente, para dar um exemplo dessa flexibilidade diante dos dog-mas, no caso a discussão sobre homossexualismo nas instituições, o papa Francis-co - titular da mais sólida instituição da história, e a despeito de poder invocar a infalibilidade do cargo em matéria de fé e dogma – foi enfático: “Se uma pessoa é gay, busca Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?” A magnanimidade da postura do pontífice si-naliza e ilustra a sabedoria do entendimento, a grandeza de olhar mais longe quando alguém chega mais perto de uma questão. Isso permite retomar o preceito segundo o qual a lei, do ponto de vista do legalismo intransi-gente e autoritário, mata e

o espírito vivifica, no sentido da acolhida, da negociação transparente e positiva da boa vontade. Isso nada tem a ver com anarquia ou ano-mia de valores ou adoção da amoralidade, muito pelo contrário. Ensaia-se aqui a defesa e a procura de um hu-manismo sadio, que transcen-da o autoritarismo legalista e afirme a ética solidária da conversação fecunda.

Essas premissas são invo-cadas para comentar o re-cente posicionamento do Mi-nistério Público do Trabalho ao multar algumas empresas do Polo Industrial de Manaus em valores surpreendentes e descabidos, um posiciona-mento muito parecido ao que o Ministério Público Federal e Estadual, tomados de rigi-dez exacerbada e preciosis-mo estéril, nos último anos, assumiram na condução do projeto do Terminal Portuário das Lajes, condenando-o, no limite e sequela danosa de suas insinua ções e acusa-ções, a habitar nos escani-nhos imprevisíveis da cor-te suprema. Como nenhum outro até então, o projeto de modernização portuária, que iria incrementar a com-petitividade da indústria e a reduzir os custos da cesta básica, foi demonizado sob a acusação de destruir o En-contro das Águas, entre ou-tras aleivosias estapafúrdias

que incluíam a ausência de “...estudo conclusivo com o devido esclarecimento sobre o local ser ou não habitat do peixe-boi ou do morcego-pescador”, numa orla ocupa-da há 500 anos, antropizada e manejada por históricos empreendimentos, onde roda 90% da economia do Esta-do. Em cima do fenômeno ancoram navios petroleiros há 60 anos e não há notícia de que isso comprometa o curso e a beleza do Encontro das Águas. Faltou conversa, no sentido do entendimento proativo, ou atenção maior ao interesse público ali envolvi-do. Ou será que não merece trela a consideração de que a empresa, diferentemente de todas as outras do ramo, cumpriu rigorosamente toda a legislação exigida pelo ór-gão ambiental?

As multas aplicadas por questões trabalhistas pelo MPT às empresas do distri-to devem alcançar, até aqui, quase R$ 1 bilhão, valores próximos aos que têm sido aprovados nas reuniões do Conselho de Administração da Suframa, com a previsão de gerar milhares de empre-gos. É essencial registrar que não se está advogando aqui o desrespeito às leis trabalhis-tas, jamais o faremos. Elas fazem parte do acordo maior entre capital e trabalho, para resguardar a saudável e ne-

cessária interatividade entre economia e cidadania. E mais: as entidades do setor produ-tivo se mostram abertas e dispostas a debater mecanis-mos de ajustes, a combater excessos, apurar responsa-bilidades em nome do bem-comum. A saúde é um bem universal e a do trabalhador é um bem do cidadão colabo-rador e da empresa, suposta-mente. É vesgo, e passível de punição exemplar, descuidar disso. Surpreende-nos, entre-tanto, a forma, o conteúdo e o valor da medida disciplinar, seus efeitos, de curto e mé-dio prazo, na manutenção do modelo, do qual emerge par-te determinante do substrato econômico do tecido social. A medida alcançou diversas empresas, entre elas empre-endimentos premiados, na-cionalmente, como o melhor lugar para trabalhar.

No caso do Porto das La-jes, o Ministério Público, com toda boa vontade e movido pelo zelo do estatuto legal - mas baseado em parece-res questionáveis, parte deles formulados por profissionais desqualificados - focou no detalhe e descuidou da tota-lidade, chegando ao ponto de confundir Estado de Direito com direito de levar no grito uma decisão. E a solicitar da Justiça suspender audiência pública e proibir a empresa de interagir com a comunida-

de (sic!). Assim procedendo, e indiretamente, combateu a modernização portuária de Manaus, a estrutura lo-gística mais cara do país. A concorrência aplaudiu e o combate à carestia da cesta básica lamentou. Uma ex-trapolação de funções e um abuso impune e inaceitável de autoridade superposto ao interesse público. Em 1988, nas discussões que precede-ram a promulgação da Carta Magna, além dos militares e da bancada ruralista, a pres-são do Ministério Público so-bre os constituintes para as-segurar independência, deu a seus membros o privilégio de confundir autonomia com inimputabilidade. Eis um beco em que se meteu a instituição para o qual ela própria não vê saída, sempre e quando constata exageros e confu-sões, típica do ser humano, entre seus membros. As mul-tas aplicadas – supostamente respaldadas em ilícitos obje-tivos - alcançaram espeta-cular efeito publicitário mas não foram precedidas de negociação, aquelas focadas nos ajustes de conduta, com arbitragem comum, dentro do verdadeiro espírito francis-cano de assegurar a boa-von-tade efetiva e a transparência obrigatória que dão suporte sadio ao acerto desejável e ao desfecho da comunhão. Temos dito.

Alfredo MR Lopes [email protected]

A lei e o espírito

Alfredo MR Lopes

Filósofo e ensaísta

Isso nada tem a ver com anar-quia ou anomia de valores ou adoção da amoralidade, muito pelo contrário”

Balbina poderá dobrar a produção de peixes no AMMeta é ampliar a criação do pescado no lago da hidrelétrica e, desta forma, benefi ciar expansão da piscicultura no Estado

Tambaqui, matrinxã e surubim são os principais tipos de peixes que serão criados em Balbina

O uso de apenas 1% do lago de Balbina – o equivalente a 2,6 mil quilômetros

quadrados da área total do local -, poderá triplicar a pro-dução de peixes em cativeiro no Amazonas. De acordo com o secretário executivo adjunto da Pesca e Aquicultura do Amazo-nas (Sepa), Geraldo Bernardino, o Estado - que hoje produz em torno de 20 mil toneladas de pescado por ano -, passará a ter um potencial de 60 mil tonela-das, em particular, de tambaqui, matrinxã e surubim. “Esses pei-xes são vendidos com um valor agregado diferenciado para o mercado porque são utilizados para a produção de polpa de peixes, que é consumida em grandes escala por empresas e distribuída nas escolas esta-duais e municipais”, declarou

Para ser implementado, porém, o projeto depende da conclusão de estudos de im-pacto ambiental que estão sendo apurados pelo Institu-to Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). O Ministério da Pesca e Aquicultura (Mapa) destinou R$ 600 mil para que o Inpa elaborasse um estu-do de viabilidade econômica e ambiental do projeto.

A pesquisadora do Inpa e bióloga de água doce e pesca, Elizabeth Gusmão, explica que

a piscicultura é um processo muito delicado que requer estu-dos específi cos e coordenados para que os peixes não pade-çam de estresse, prejudicando seu crescimento, reprodução ou até mesmo, causando a morte. “Para viabilizar uma produção grande é preciso ter domínio de aspectos como a temperatura, a qualidade da água, alimentação, nível de oxigênio e demais agentes macrobióticos”, salienta.

O superintendente federal de

Pesca e Aquicultura no Estado do Amazonas, Raimundo Perei-ra Costa, destaca que metade da verba para os estudos e pesquisas socioambientais foi liberada. Segundo ele, a outra parte dos recursos deverá ser repassada até o fi nal deste mês. “O potencial do lago de Balbina para a produção de pescado é imenso. Ele vai benefi ciar as políticas sociais do governo federal, além de abrir espaços

para a piscicultura familiar por-que está prevista a concessão de espaços para a produção privada de peixes”, ressalta.

Para capacitar os pescadores do Amazonas, o Ministério da Pesca e Aquicultura fi rmou con-vênio com a Secretaria de Esta-do da Produção Rural (Sepror) para que a Sepa capacite os pescadores às novas práticas de produção. “As famílias que não tinham renda fi xa passa-rão a se organizar conforme o pescado que produzem. Mas, antes, é preciso formar homens e mulheres que devem demons-trar na prática conhecimentos que eles ainda não possuem”, frisa Raimundo Costa.

IndependênciaO chefe do Departamento

de Pesca e Aquicultura da Se-pror, Ivo Calado, afi rma que com o uso do lago de Balbina seria possível eliminar a atual dependência que o mercado interno tem em relação a outros Estados que produzem peixes em cativeiro. “O lago de Balbina possui o que é mais importante para a produção de peixes com qualidade superior. O que não depende de ração nem de co-nhecimentos técnicos porque a água é de uma qualidade excelente, o PH é perfeito, a clarividade contribui e a alca-linação é ótima. A maior ma-téria-prima para a criação dos peixes não é a ração, mas a qualidade da água”, frisa.

ESCASSEZSegundo a Sepror, a criação de peixes nos rios amazônicos está escassa. Para piorar, dentro de 40 dias começará o período de defeso 2013/2014, que proíbe a pesca de várias espécies

BRUNO MARZZOEquipe EM TEMPO

HUDSON FONSECA

B3EconomiaMANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013

Novo modelo acirrará o mercado de motosYamaha lança a Fazer, a primeira motocicleta com 150 cilindradas da empresa, cuja venda começará em outubro

Dentro de 30 dias chegará ao mercado nacional a YS150 Fa-zer, a primeira mo-

tocicleta de 150 cilindradas da Yamaha produzida no Polo Industrial de Manaus (PIM). O veículo, desenvolvido por engenheiros brasileiros e ja-poneses, estará disponível nas versões ED e SED pelos preços de R$ 7.390 e R$ 7.850 respectivamente, conforme anunciado pela multinacional em evento de lançamento do produto na Bahia.

De acordo com o gerente comercial da Yamaha, Márcio Hegenberg, o “start” na pro-dução do modelo será dado nesta semana, quando será industrializado o primeiro lote que abastecerá parte das concessionárias da ja-ponesa no país. “É um modelo da Yamaha inédito no Brasil desenvolvido pela engenha-ria da Yamaha no Brasil e Japão para atender o público brasileiro”, destaca o diretor, ao informar que a moto é bicombustível e possui uma potência de 12,2 cavalos.

Segundo Hegenberg, os modelos vão “bater de fren-te” com o modelo de 150 cilindradas da concorrente pelas características que

possui. “A Fazer é um mo-delo com característica de moto de alta cilindrada. Por ter design arrojado, é econô-mica e, por fazer entre 40 e 46 quilômetros com um litro de combustível, tem injeção eletrônica, mostrador digital e indicador de marcha, tanque com capacidade para receber até 15,2 litros de combustível, entre outros atrativos. Com o modelo, pretendemos con-quistar entre 10% e 12% de

market share de vendas nas motos da categoria”, observa o executivo, ao frisar que o projeto da Fazer foi “pensado” por três anos.

O diretor-presidente da Yamaha, Shigeo Hayakawa, também mostrou otimismo com a entrada da japonesa no ramo de 150 cilindradas. “É um modelo que supera as ex-pectativas e que representa

uma nova era para a Yamaha”, disse o presidente durante o lançamento da Fazer e do novo slogan da multinacional — Revs your heart (aceleran-do o seu coração).

As versões As duas versões da Fazer

estarão disponíveis nas 500 concessionárias da marca no país a partir de 1º de outubro. A SED é a mais completa por ter cavalete central, pintura e grafismo diferenciados, pis-cas com lente cristal, além do acabamento do banco com textura especial e mo-las amortecedoras traseiras na cor vermelha.

O modelo também será contemplado pela exclusiva revisão com preço fixo Ya-maha, onde o cliente sabe exatamente quanto vai pa-gar desde a primeira até a sétima revisão (até os 30 mil quilômetros), permitindo economia, valorização do mo-delo e maior segurança. Além disso, a Fazer oferecerá linha de peças de reposição Y-TEQ, com qualidade Yamaha e pre-ços competitivos. A versão ED conta com as cores preto sólido e vermelho metálico, a versão SED azul, branco e laranja metálicos.

*O repórter viajou a con-vite da Yamaha

PLANOSYamaha não descarta a possibilidade de produ-zir a TMax, futuramen-te, no PIM. A empresa possui também novos projetos de modelos de motos voltados para o público brasileiro que estão em estudo

Além de anunciar um novo modelo de motos, a Yamaha garante que es-treitará laços com o Bra-sil, país considerado pela japonesa um dos cinco mercados mais importan-te no qual atua. De acordo com o diretor-presidente da multinacional, Shigeo Hayakawa, a Yamaha en-tra em uma etapa onde o Brasil será mais “ativo” no processo de elaboração de projetos para motos vol-

tadas para os brasileiros. “É o que aconteceu com a Fazer e vai acontecer com mais frequência daqui para frente”, destacou.

O presidente salientou ainda que até 2015 a Ya-maha pretende laçar 250 novos modelos de moto-cicletas no mundo e con-quistar novos patamares de vendas. Ele projeta que nos próximos dois anos a quantidade de veículos da marca comercializados dê

um salto de seis milhões de unidades vendidas em 2012 para oito milhões até o final de 2015.

NovidadesSomado ao lançamento

da Fazer, a Yamaha pro-mete mais novidades para os “amantes” e admira-dores de motocicletas. A japonesa deverá trazer, em breve, para o país a TMax, a scooter mais vendida na Europa em 2012.

Estreitando laços com o Brasil

RICHARDO RODRIGUES*Equipe EM TEMPO

Apresentada na semana passada, moto Fazer será produzida a partir de setembro no PIM

RICHARD RODRIGUES

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013

Cultivo de abelhas atrai o interesse de investidores De olho em um negócio rentável, novos apicultores aplicam um capital de até 5 mil para atuar na atividade na região

Com uma produção anual estimada em seis toneladas no Amazonas, o mel tem

atraído a atenção de pequenos produtores rurais da região que “olham” para a substância como um negócio rentável. Eles chegam a investir até R$ 5 mil para dar início a atividade com a obtenção das abelhas e dos equipamentos necessários para o cultivo.

De acordo com a Associação dos Criadores de Abelha do Amazonas (Acam), a popula-ção do Estado precisa conhe-cer os benefícios do consumo de mel para aumentar a pro-dução e baratear o preço do produto que é comercializado hoje a R$ 20 o quilo. “A cul-tura da produção do mel no Amazonas é muito baixa se comparada aos Estados das regiões Sul e Sudeste, onde as pessoas usam a substân-cia para substituir o açúcar nas refeições comumente. Na Região Norte é mais usa-do como remédio para gar-ganta”, explica o presidente da Acam, João Fernandes.

Atualmente, o consumo anu-al de mel por habitante no

Estado é 10 vezes inferior a média nacional. Um ama-zonense consome em média 100 gramas por ano, enquan-to as populações do Sul e Sudeste consomem um quilo e, na Suíça, cinco quilos por habitante. “A condição finan-ceira pesa muito. As indústrias locais, que utilizam o mel como insumo de seus produtos, compram tudo do Nordeste, principalmente, do Ceará e da Bahia”, avalia Fernandes.

O apicultor Marcos Estenes, que atua há mais de 20 anos no ramo, garante que uma colmeia de abelhas rende mais que uma vaca por ano. Ele revela que com R$ 5 mil é possível começar o negócio, mas para comercializar é pre-ciso obter um certificado do Ministério da Agricultura, cujo nome é Serviço de Inspeção Federal (SIF). “Por R$ 1 mil pode-se adquirir um enxame de abelhas. Uma caixa onde será instalada a colmeia custa R$ 500 reais. Não é recomen-dado trabalhar sozinho nessa atividade, portanto será pre-ciso comprar dois macacões de abelha ao custo de R$ 250 cada. O fumegador que é essencial para acalmar as abelhas custa R$ 130 e um par de botar R$ 40”, revela.

Consumo de mel ainda tem sido baixo no Amazonas se comparado com outros Estados do país

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A temporada mais favorável para os api-cultores do Amazonas começa neste mês e se-guirá até o final de outu-bro, quando as flores da região desabrocham em grandes quantidades. “Neste período trans-porto as abelhas até o outro lado do rio Negro, onde existem flores que possuem um néctar que geram uma qualidade superior de mel nas mi-nhas abelhas”, destaca Marcos Estenes.

Segundo dados do Mi-nistério da Agricultura, Pecuária e Aquicultura (Mapa), os Estados do Norte e Nordeste li-deraram o incremento (2002/2011) da pro-dução. O Amazonas apresentou um cres-cimento de aproxi- madamente 9.000%.

Temporada favorece a produção

BRUNO MARZZOEquipe EM TEMPO

Segundo produtores, uma colmeia tem rentabilidade anual maior do que uma vaca leiteiraIO

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B5EconomiaMANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013

Pesquisa nacional mediu o humor dos principais setores da economia brasileira

Empresários estão pouco otimistas

Constantes mudanças dos indicadores econômicos como os da inflação influenciam a percepção geral do empresariado do país

Os empresários bra-sileiros apontam expectativas me-nores para o mer-

cado para o terceiro trimes-tre de 2013. Causas como o impacto dos últimos eventos sociais, a baixa expectativa em relação ao crescimen-to econômico e o cenário internacional incerto im-pactaram negativamente a avaliação para ao cenário de curto prazo. É o que aponta o Boletim Clima Empresa-rial (BCE), da consultoria Boucinhas&Campos.

O Índice de Expectativa para o terceiro trimestre to-talizou 5,42 pontos. Com o nível mais baixo para o ano, a expectativa futura das ven-das foi o elemento que sofreu a maior variação negativa da composição, atingindo 5,5 pontos, que havia sido indicado no boletim anterior em 7,08 pontos.

ServiçosSeguindo o padrão dos bo-

letins anteriores, o setor de serviços apresenta os maio-res índices em relação aos critérios qualitativos. Já a indústria sentiu o impacto deste contexto, apontando os menores valores para to-dos os indicadores.

Em geral, o comércio apre-sentou pontuações inter-mediárias entre os demais setores. Apenas serviços

avaliou positivamente todos os indicadores, ao contrário da indústria que apresentou avaliações negativas em to-dos os critérios, apontan-do ainda que a expectati-va para o próximo período é inferior à atual.

Índice O Índice do Clima Empre-

sarial é resultado da com-binação de dois índices que avaliam momentos diferen-tes: a Expectativa para o Tri-mestre e o Momento Atual. Cada índice é composto por três indicadores qualitati-vos, que combinados, per-mitem uma avaliação geral sobre o Clima Empresarial para cada trimestre do ano. “Os resultados do Boletim corroboram com o clima de cautela por parte do merca-do em geral. Com expectati-vas de crescimento menores que o esperado por parte da indústria e do comércio para o ano, o impacto sobre estes acabou sendo de maior expressão”, afirma a direto-ra da Boucinhas&Campos, Celeste Boucinhas.

Segundo ela, este clima geral ao longo de 2013 é reforçado, em parte, pelas constantes indicações sobre a redução do crescimento econômico previsto, que so-mados aos últimos fatos eco-nômicos globais influenciam na percepção geral.

O Boletim do Clima Empre-sarial questionou os partici-pantes sobre as manifesta-ções sociais que ocorreram entre os meses de junho e julho deste ano. Diferen-tes pesquisas apontaram que a percepção e avalia-ção da economia e política brasileira sofreram forte impacto em decorrência destas manifestações.

As respostas dos partici-pantes se dividiram em dois principais grupos, que de for-ma geral atribuem a outros fatores econômicos o impac-to negativo atual do cená-rio brasileiro. Cerca de 45% apontam as manifestações como parte complementar a fatores econômicos que influenciaram de forma re-presentativa a economia.

Outros 44% avaliam que as manifestações não influenciaram nega-tivamente a economia e 6% acreditam que não há nenhum impacto negativo sobre a economia brasilei-ra atualmente. Em relação à avaliação geral sobre o impacto das manifesta-ções, 51% indicam que o resultado será positivo para o cenário sociopolítico

brasileiro. Os demais 49%

não esperam mudanças significativas deste con-texto. “As manifestações somam-se a insatisfações de uma parcela significa-tiva da população que já demonstrava desconten-tamento com questões estruturais econômicas, e que impactou diretamente sobre o clima e visão geral da economia, bem como da política brasileira”, analisa Tiago Vianna Mar-tins, diretor de operações da Boucinhas&Campos.

ImpostosEm consideração ao posi-

cionamento do governo em relação à atual conjuntura político econômica, o bole-tim apontou que a priorida-de do governo Dilma para este momento deve ser a redução da carga tributá-ria, indicada por cerca de 50% dos participantes.

Protestos são mal avaliados

Manifestações responsabilizadas por desempenho ruim

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B6 País MANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013

Brasil sondou cubanos antes de projetar o ‘Mais Médicos’Professores brasileiros viajaram para diversas regiões de Cuba para ensinar português e passar informações sobre o SUS

Médicos cubanos recrutados para trabalhar no Brasil recebem aulas de

português e informações sobre o Sistema Único de Saúde há pelo menos seis meses. Mesmo sem a formalização de um acordo, professores brasilei-ros, usando material didático do “Mais Médicos”, viajaram para diversas localidades de Cuba para iniciar a formação dos profissionais, em uma si-nalização de que o governo há tempos trabalha com a meta de trazê-los para o país.

“Agora é só revisão. Boa par-te do conteúdo aprendemos lá”, assegurou o médico Alfredo Rousseaux, que desembarcou semana passada em Brasília para um estágio de três se-manas. “Um dos professores daqui conheço de vista, já deu curso lá em Cuba”, completou.

A apostila de português, dis-tribuída nesta semana para os alunos com o logo do “Mais Médicos”, também já é conhe-cida de Rousseaux. “Os profes-sores exibiam projeções com o mesmo conteúdo”. Os amigos Veronico Gallardo, Marisel Velas-quez Hernandez e Diego Correa também se preparam para a temporada no país há meses. Desde o início do ano recebem

uma formação específica, vol-tada para o trabalho que seria feito aqui. Com domínio razoável de português, Gallardo afirma ter estudado bastante sobre problemas comuns na Região Norte, onde espera atuar. “Devo trabalhar no Amazonas”.

Rousseaux conta que todos es-tavam convictos de que o desem-barque no Brasil seria questão de tempo. “Fui informado sobre a vinda mais ou menos 15 dias antes da viagem. Disseram que era para deixar tudo pronto”.

RelaçõesO acordo entre Brasil e Or-

ganização Pan-Americana de Saúde (Opas), organismo inter-nacional encarregado de fazer a triangulação com o governo cubano, contudo, foi formali-zado somente na quarta-feira da semana passada. Três dias depois, 400 dos 4 mil médicos desembarcaram no país. A rapi-dez no desfecho destoou com o restante do processo.

A vinda dos médicos cubanos é cogitada há meses. Só que o primeiro anúncio foi feito em maio, pelo então ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. Ele afirmara na época que 6 mil profissionais viriam ao Brasil para trabalhar em locais com carência de médicos. Médicos brasileiros se recusam a aceitar as condições impostas pelo governo federal para inserção de estrangeiros nos municípios

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Senador asilado critica politizaçãoBOLIVIANO

O advogado Fernando Ti-búrcio Peña, que defende o senador oposicionista bo-liviano Roger Pinto Molina, disse que está negociando a possibilidade de obter asilo político para seu cliente em dois países latino-americanos que fazem fronteira com o Brasil, se o processo dele for politizado. Em entrevista à Agência Brasil, Tibúrcio la-mentou “a politização do pro-cesso”. Segundo ele, politizar o caso influencia nas questões técnicas e jurídicas.

O parlamentar boliviano continua em Brasília, mas se prepara para visitar a mulher e as filhas no Acre. “É uma pena essa politização toda, porque a discussão técnica e jurídica se perde em meio a tudo isso”, reforçou o advo-gado. “Insistimos na manu-tenção do senador em terri-

tório brasileiro, mas temos que negociar alternativas, se isso não for possível”.

Tibúrcio disse que já con-versou com os embaixadores de dois países latino-ame-ricanos sobre a possibilida-de asilo político para Pinto Molina. Porém, para evitar prejuízos às negociações, o advogado mantém sigilo sobre os países cujos repre-sentantes foram consultados. Sabe-se, no entanto, que são países que fazem frontei-ra e para os quais há voos diretos partindo do Brasil.

RetornoPerguntado sobre a possibi-

lidade de Molina ser enviado de volta à Bolívia, como pediu o presidente Evo Morales, o ad-vogado disse que a “devolução” é a proposta “mais esdrúxula” que ouviu nos últimos dias.

“Não restam dúvidas de que, hoje, a situação do senador é a de quem tem status de asilado político, como afirmou o vice-presidente Michel Temer, que é um jurista brilhante. Imaginar a devolução do senador é a coisa mais impossível e mais esdrúxula que há. As chances são abaixo de zero”, afirmou.

Há uma semana, o senador Roger Pinto Molina, que faz oposição ao governo de Evo Morales, deixou a embaixada brasileira em La Paz, onde passou cerca de um ano e meio, com a ajuda do diplomata Eduardo Saboia, que assumiu a responsabilidade pela opera-ção de retirada do parlamentar da Bolívia. Mesmo com as autoridades bolivianas afir-mando que as relações entre o Brasil e a Bolívia não foram afetadas, o caso provocou uma crise diplomática.

A entrada de Molina no Brasil provocou uma crise diplomática com o governo boliviano

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B7MANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013 Mundo

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B8 Mundo MANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013

Será que um ataque dos EUA contra a Síria é inevitável?Com o deslocamento de navios de guerra para as proximidades da Síria, ataque é visto por analistas como iminente

O tom da Casa Branca mudou no último final de semana, adotando uma retórica mais dura

com o governo da Síria, partin-do do pressusposto de que as mortes observadas em vídeos divulgados na semana passada foram causadas por ataques quí-micos perpetrados pelo governo de Bashar Assad. O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse que as cenas vistas na Síria, que não puderam ser verificadas de forma independente, “desafiam qualquer código de moralidade”.

“A matança indiscriminada de civis (...) com armas químicas é uma obscenidade moral e, apesar de desculpas fabricadas por alguns, é inegável”, disse Kerry.

Antes disso, um comunicado da Casa Branca menosprezou o gesto do governo sírio de permitir o aces-so de inspetores da ONU ao local do ataque. A nota argumenta que as provas do que ocorreu já teriam sido destruídas por bombardeios.

Ao presidente americano, Bara-ck Obama, foram dadas diversas opções militares como resposta. Ele também falou com os líderes de França e Grã-Bretanha, seus alia-dos-chave. Três navios de guerra americanos estão na região, e um quarto está a caminho. Muitos con-gressistas americanos defendem

que essas embarcações realizem um ataque com mísseis.

Possível ofensiva?Em entrevista à BBC, o chance-

ler britânico, William Hague, disse que Reino Unido e seus aliados podem intervir militarmente na Síria mesmo sem ter o aval de

todos os membros do Conselho de Segurança da ONU.

Jornais britânicos sugerem que ainda nesta semana possa haver uma ofensiva de retaliação à Síria, mas pode haver um exagero da imprensa quanto à possibilidade de conflito. Obama, por sua vez, tem sido cauteloso e relutante em agir. Agora, porém, terá dificuldades em recuar sem perder sua credibilida-de. A não ser que algo mude.

Uma pergunta ainda permanece

sem resposta. Enquanto o fato de um governo usar armas quími-cas contra seu próprio povo seja uma afronta e demande reação internacional, parece óbvio que, do ponto de vista dos EUA, um horror maior seria o fato de essas armas serem usadas contra seu próprio povo ou contra aliados.

O grande temor, desde o 11 de Setembro, é o de armas como essas caírem nas mãos de gru-pos que o Ocidente tacha de terroristas. Considerando que um dos principais grupos de oposi-ção na Síria se declarou aliado formal da al-Qaeda, essa é uma possibilidade real. Seria de inte-resse dos EUA obter o controle dessas armas e inutilizá-las. Mas temos visto poucas discussões relacionadas a essa opção.

RússiaÉ importante lembrar também

que diplomatas americanos e russos devem se encontrar nesta semana na Holanda para discutir a pacificação da Síria - e um ata-que perpetrado pelos EUA reduziria suas chances de sucesso no diálo-go. Ameaças, por sua vez, podem aumentá-las. Ainda que Obama possa ignorar as advertências rus-sas, o argumento central de Mos-cou reverbera: os russos querem evitar uma iminente guerra. Manifestantes pedem a Obama que tenha cautela ao provocar uma guerra contra os sírios

CONFRONTOAo presidente ameri-cano, Barack Obama, foram dadas diversas opções militares como resposta. Ele também falou com os líderes de França e Grã-Bre-tanha, seus aliados-chave contra os sírios

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Dia a diaCade

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[email protected], DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013 (92) 3090-1041

Uma vida sobreduas rodasAinda alvo de muita desconfi ança, o mototaxista em Manaus quer conquistar clientela e respeito em meio a tantos problemas gerados por maus condutores, entre vários outros

Em qualquer cidade, grande ou pequena, a melhor alternativa para se chegar rápi-

do a um lugar, por via terres-tre, é utilizando a moto. Os que não possuem o veículo de duas rodas dependem dos mototaxistas - cate-goria que, após a regula-mentação, busca alcançar um objetivo ainda maior: conquistar o cliente.

O desafi o para tentar ga-nhar um passageiro está em atitudes simples e pequenos detalhes que vão ganhando espaço no meio. A gentile-za, honestidade, acessórios bem cuidados e um cartão de visita sempre em mãos podem até mesmo fi delizar a clientela.

Com os capacetes regu-larmente limpos e com uma maneira humilde de tratar o cliente, o mototaxista Edel-ton Vieira, 34, há seis anos no ramo, tem sustentando sua família com o trabalho e ainda não pensa em trocar de função. “É preciso ser gentil, educado, prezar pela limpeza é saúde do cliente. Temos que estar prontos para oferecer o melhor

serviço, pois nem todos os clientes são iguais. Consigo tirar o sustento apenas com este trabalho”, disse.

Para se destacar no ramo, Edelton afi rma, há pessoas que não se importam se o capacete está limpo ou se vai sujar o equipamento, porém a diferença está nas precauções que serão toma-das para agradar quem se preocupa, e inovar é uma boa opção.

“A gente trabalha com o público, e nem sempre todos se cuidam da mes-ma maneira, por isso tenho sempre comigo toucas para proteger o cabelo, lenços de rosto caso a pessoa este-ja suada ou queira utilizar para limpar o assento ou o capacete”, explicou.

As “touquinhas” chamam atenção de várias pessoas que passam. A equipe do

EM TEMPO passou um

curto tempo no ponto onde o mototaxista aguarda os clientes e notou que, sem-pre quando um passageiro colocava a touca, as pes-soas que passavam fi cavam observando o que estaria ocorrendo e a opinião era sempre igual: uma ideia boa e diferente.

“É a primeira vez que eu vejo, mas gostei, acho que ele deve conseguir mais clientes que muitos outros. Eu não pego um mototaxista com um capacete melado de suor”, opinou a vendedora Paula Ferreira, 28.

Sol e chuvaDiferente do motorista co-

mum, o mototaxista está su-jeito a diferentes condições climáticas e do ambiente, uma vez que sua proteção se limita à própria roupa e ao capacete. O sol, a chuva, a poeira, as imprudências no trânsito e os mototaxistas “piratas” são os principais problemas enfrentados.

“É um trabalho cansa-tivo e desgastante. Além de ter que enfrentar qual-quer tempo e em qualquer lugar, às vezes eu acordo 4h, passo o dia todo tra-balhando e só termino 23h”, comentou Edelton.

Além disso, precisam se preocupar com o trânsito, pois em uma colisão, por exemplo, não importa quem está certo ou no direito: o menor sempre perde.

Outro problema enfrenta-do pelos mototaxistas é a desconfi ança dos clientes quanto ao valor cobrado. Até que sejam implantados os motocímetros – aferido-res de percurso percorrido pela moto, semelhante ao taxímetro – os trabalhado-res precisam sempre ser questionados quanto ao preço informado.

“Há mototaxistas que co-bram valores muito altos, assim como tem clientes que querem pagar o valor referente ao gasto de ga-solina da quilometragem rodada”, conta Edelton. “In-felizmente a forma como as pessoas veem nosso tra-balho não é boa, pois tem muita gente que acha que todo mototaxista é pilan-tra”, afi rmou a mototaxista Suziane Neves, 28.

Segundo ela, existem vantagens e desvantagens de ser mulher no ramo. “Por um lado é bom porque

o cliente sente mais con-fi ança e acaba preferindo ir comigo, mas por outro lado ser mulher facilita o assalto. Eu já fui assaltada uma vez”, acrescentou.

Os mototaxistas registra-dos também afi rmam que outro grande problema são os “piratas” que não perten-cem a nenhuma associação ou sindicato e oferecem o serviço de qualquer jeito.

Aprovado em 14 de agos-to último, o projeto de lei 282/2013, que regulamenta a atividade de mototaxista em Manaus, determina que, além das exigências da lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de Trânsi-to Brasileiro), o mototaxista deve ter 21 anos comple-tos; possuir habilitação, por pelo menos dois anos na categoria, e ser aprovado em curso especializado, nos termos da regulamentação do Conselho Nacional de Trânsito (Contran).

Problemas e regulamentação

SEGREDOO desafi o para tentar ganhar um passageiro está em atitudes simples que vão ganhando es-paço no meio, como gentileza, honesti-dade e acessórios bem cuidados

O mototaxista Edelton Vieira em atividade: honestidade e gentileza com o cliente são es-senciais para o negócio

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GUILHERME ALVESEquipe EM TEMPO

Dia a dia C2

Apreensões de drogas chegam a 300 toneladas

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C2 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013

Criminosos por trocadosEm sete meses, mais de 300 toneladas de entorpecentes foram apreendidas pela polícia no Estado, na posse de ‘mulas’ que, na maioria, são mulheres que decidem arriscar suas vidas no transporte de drogas dentro e fora do país

O volume do tráfico de drogas aumentou nos últimos seis meses, conforme dados apu-

rados pela Delegacia Especia-lizada em Prevenção e Repres-são a Entorpecente (Depre). Há constatações de que, em 2013, cada vez mais pessoas estão sendo presas por transportarem os entorpecentes. Conhecidos como “mulas”, esses indivíduos colocam suas vidas em risco por pequenas quantias em dinheiro, como explica a delegada titular da Depre, Vanêssa Ricardo.

Somente nos primeiros sete meses deste ano, já foram apreendidos 303.606 quilos de entorpecentes na Depre, e, junto da mercadoria, dezenas de pessoas detidas. Se a es-tatística continuar nessa linha crescente, conforme assinalam os números, a tendência é que vários outros flagrantes desse tipo se tornem mais comuns em Manaus.

A maconha foi a droga que registrou maior apreensão apenas no primeiro semestre do ano, seguida pela cocaí-na. Normalmente, as “mulas”

chegam de avião e vêm de diferentes locais. E, apesar de não existir um perfil típico, a maioria é de mulheres entre 21 e 50 anos, e que representa um comportamento diferenciado dos demais passageiros.

A delegada Vanêssa Ricardo preferiu não revelar as técni-

cas usadas para identificar os traficantes, mas adiantou que a sensibilidade dos inves-tigadores da Polícia Civil (PC), aliada à tecnologia, dificulta que os investigados consigam seguir viagem.

Vale ressaltar que as maio-res apreensões realizadas nes-te ano foram em embarcações

oriundas do interior do Amazo-nas ou da cidade de Porto Velho (RO). “Geralmente as apreen-sões e prisões acontecem após alguns meses de investigação. Sem contar que temos como peça fundamental as denún-cias”, apontou.

Os “bons” valores pagos pelos “barões” do tráfico às mulas fazem com que pessoas comuns e desesperadas por dinheiro aceitem arriscar a própria vida nesse comércio ilegal. As investidas policiais mandaram para a cadeia, nos últimos sete meses, 21 pes-soas acusadas de tentarem embarcar em voos domésticos com substâncias proibidas.

Em maio passado, a polícia recebeu a informação de que duas pessoas iriam desembar-car no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, provenientes de São Paulo, com drogas nas malas. No desembarque foram identificadas as “mulas” e, por solicitação policial, suas bagagens foram submetidas à máquina de raio-X, quando foi constatada a existência de drogas. Eles foram conduzi-dos ao saguão do aeroporto, e, na saída, receberam voz de prisão.

PAULA CASTROEquipe EM TEMPO Online

Geralmente as apreensões e prisões

acontecem após alguns meses de

investigação. Temos como peça funda-

mental as denúncias

Vanêssa Ricardo, delegada

O delegado titular do 18º Distrito Integrado de Polícia (DIP), Ivo Martins, explicou que a polícia tem intensifi-cado as investigações para combater os atos ilícitos. “A gente trabalha com sistema de investigação. Ou seja, recebemos as informações, muitas vezes através de de-núncias, que nos chegam por meio do disque 181 da Secretaria de Seguran-ça, que apura a veracidade das informações. Consta-tando que são verdadeiras, a

gente monta um cerco para identificar as pessoas e, efe-tivamente, fazer as prisões. Assim ocorreram com essas quatro grandes quantidades apreendidas neste ano, no aeroporto da capital ama-zonense. Os ‘mulas’ sempre existiram, e, eu creio, até que passe muito mais delas do que consigamos pegar, aca-bam passando mais drogas do que a gente imagina. Po-rém, os próprios traficantes têm visto que a empreitada deles não é correta e pro-

curam outras vias. É quando eles enviam pelos rios ou outras maneiras que não pelo aeroporto de Manaus”, emendando que nos últimos dias uma menor foi apreen-dida quando vinha de Campo Grande, mas, antes passou por Cuiabá, Santarém até o seu destino final Manaus com 15 quilos de drogas.

De janeiro a julho de 2013, o 18º DIP realizou quatro grandes apreen-sões, o que resultou em 135 quilos de maconha.

Investigações intensificadas

Segundo balanço da Depre, em sete meses foram apreendidos 303.606 quilos de drogas

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Mulher presa com entorpecentes escondidos sob as roupas em uma das operações desencadeadas pela Polícia Civil: levantamento mostrou que mulheres se submetem mais ao trabalho de “mulas”

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C3Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013

Games no banco dos réusMassacre da família Pesseghini, em São Paulo, supostamente executado pelo filho do casal, reacende a antiga - e aparentemente infindável - discussão sobre a influência dos jogos de características violentas sobre o comportamento

A recente chacina da família Pesseghini na vila Brasilândia, em São Paulo, rea-

cendeu a polêmica em tor-no da influência de jogos de videogames violentos sobre crianças e adolescentes.

Apesar de muitos questiona-mentos e divergências na in-vestigação da morte das cinco pessoas, o principal suspeito ainda é o jovem Marcelo Pes-seghini, 13, que supostamente planejou os crimes, executou a família e em seguida teria tirado a própria vida.

A hipótese atualmente sus-tentada pela polícia gira em torno do fascínio que o ga-roto possuía por jogos como “Assassin’s Creed”, cuja série de ficção-história faz alusão a uma batalha travada entre assassinos e templários em momentos distintos da his-tória da humanidade.

A afirmação de que esse seria um dos fatores que mo-tivaram o garoto a suposta-mente cometer os crimes tem dividido amantes dos jogos e levantando dúvidas quanto aos limites que devem ser im-postos aos jovens na escolha de jogos de entretenimento.

A psicóloga Nelma Campelo da Mata Romano explicou que os jogos eletrônicos contri-buem para uma patologia. “Os

games interferem, e muito, na vida da criança. Se o jovem começar a assistir diversas vezes ela tende a repetir esse comportamento segundo a teoria da aprendizagem de Albert Bandura”, afirmou. “Ao assistir ou brincar com um jogo violento ele tende a re-petir isso na interação com os familiares e também na esco-la, onde justamente afloram os problemas de desempenho educacional e a convivência até com os colegas de turma”, explicou a psicóloga.

DefesaApesar das duras críticas da

opinião pública quanto à in-fluência negativa dos jogos, adeptos desses passatem-pos defendem uma investi-gação mais apurada acerca do caso “Pesseghini”.

O acadêmico de administra-ção Andrew Kartes, 18, acre-dita que deva haver um olhar mais apurado. “Não acho que influencie, pois tudo depende da formação da pessoa, se os pais passaram uma boa edu-cação. A criança conseguindo absorver que realmente é ape-nas um jogo, ela não levará isso para sua vida e nem se tornará o personagem”, falou. “Eu jogo ‘Call of Duty: Black Ops’ e há um prazer sim. Acre-dito que na minha condição é uma questão de autossupe-ração, evolução de táticas e estratégias”, argumentou.

LUCIANO LIMAEquipe EM TEMPO

O avanço da tecnologia e a realidade empregada em gráficos cada vez mais per-feitos nos jogos chamam a atenção dos amantes dessa fatia de mercado crescente no mundo.

Como qualquer produto os jogos possuem classificação de uso por faixa etária. Nos Estados Unidos, a ESRB (En-tertainment Sostware Rasting Board) é o órgão que regula

e faz a classificação do con-teúdo por meio de selo de identificação. No entanto, esta classificação passa muitas ve-zes despercebida por pais que não observam o selo ou mui-tas vezes até desconhecem o conteúdo do jogo.

O designer gráfico Cláudio Cruz, 23, defende a política de uso dos jogos. “Esse tipo de argumento não sustenta uma acusação, já que a limitação

da faixa etária para os jogos está aí para ser respeitada e os próprios pais não se dão conta disso às vezes”, contou.

“Eu nunca deixaria meus filhos jogarem jogos violen-tos, pois eu seria o primeiro a estar com eles na compra dos jogos. Acho que para uma boa formação de per-sonalidade da criança os pais têm que estar presentes”, completou o designer.

A psicóloga Nelma Romano reforçou que a neurociência explica também que aquilo que o ser vivencia consciente ou inconscientemente, tende a ser potencializado pelo cé-rebro humano. A profissional também lembrou que uma criança que joga videogame violento pode reproduzir o con-teúdo no mundo real por ainda não possuir crivo para separar fantasia de realidade.

Um mercado sedutor e cheio de cuidados

Imagem do jogo “Assassin’s Creed”, um dos mais populares da atualidade: jogos que podem influenciar negativamente o homem

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013 C5

Ministério Público do Trabalho expõe a verdadeira face do trabalho infantil que deve ser combatida sobretudo no interior do Estado, onde a “ajuda” de crianças e adolescentes é banalizada por costumes sociais

Para tentar reverter essa situação, a Coordenação Regional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e Adolescente já vi-sitou algumas cidades, entre elas Parintins, onde buscou informações nos Conselhos Tutelares, prefeitura e es-colas. “Em Parintins, assim como em outros municípios, essa rede precisa de ajustes para funcionar melhor”, ava-lia Alzira Costa.

Sobre as políticas públi-cas, a procuradora explica que segundo a Constituição Federal, todas as prefeitu-ras têm que destinar um percentual do orçamento para ser implementado na prevenção e erradicação do trabalho infantil.

Visando não apenas a re-tirada das crianças e ado-lescentes do trabalho, mas também aumentar o nível de conscientização da popula-ção, o MPT está implemen-tando algumas ações, de acordo com a procuradora.

Segundo Alzira, a primei-ro é da aprendizagem, rea-lizada concomitantemente junto a jovens e instituições, que visa a conscientização

de todos, implementando políticas públicas evitando trabalhos em feiras e mer-cados, que podem levar à exploração sexual. O outro é o projeto Sinaleira, que, como o nome sugere, tem a intenção de tirar crianças e jovens dos sinais. “Mas não basta apenas dizer que não pode, temos que dar opção, como colocá-los em progra-mas educacionais tanto no município quanto no governo federal”, revela.

O projeto que é “menina dos olhos” da procuradora é o “MPT na escola” – que está em via de ser assinado com a Secretaria Municipal de Educação (Semed) - con-siste em levar o tema sobre o trabalho infantil aos estu-dantes. “A implantação está avançada. Será tratado de forma transversal e não jurí-dica em todas as disciplinas possíveis. Não daremos um enfoque jurídico, afi nal esta-mos tratando com crianças e adolescentes, mas vamos mostrar que se ele não tra-balhar terá mais oportunida-des de ganhar dinheiro. Isso numa aula de matemática, por exemplo”, informa.

‘Ajustes para funcionar melhor’

Com os números do Instituto Brasileiro de Geo grafi a e Estatís-tica (IBGE) revelando

que a exploração do trabalho de crianças e jovens de 5 a 17 anos aumentou na Região Norte entre 2009 a 2011 de 10,1% para 10,8%, e levando em conta que a questão, muito além de mostrar apenas núme-ros frios, revela uma questão cultural arraigada nas famílias, foi necessário que o Ministé-rio Público do Trabalho (MPT) tomasse algumas medidas de prevenção e orientação.

Para a procuradora do MPT, Alzira Melo Costa, apesar de muito batido, esse tema é bas-tante complexo e tem que levar em consideração uma série de situações bem regionalizadas. Ela, que também é coorde-nadora regional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e Adolescente, explica que em muitas situações existe por parte de todos um pacto de não enxergar a exploração que acontece ao lado. Ela cita os casos de meninas que são tra-zidas dos municípios do interior

para cuidarem de crianças e em turnos diferentes estudarem. “As pessoas acham que estão fazendo caridade, afi nal, dão tudo e ainda deixam estudar, mas isso é uma falsa carida-de. Isso é oprimir”, salienta, completando que muitas pes-soas acham normal crianças em estado de vulnerabilidade trabalharem. Na opinião delas,

essa é uma forma de esca-parem da marginalização. A sociedade fecha os olhos e fi nge que não está vendo e não é errado. Na verdade, é o inverso do que pensam, pois as crianças pobres precisam ter oportunidades de ascensão social e somente a conseguirão estudando, e não trabalhando.

Permitir que crianças pobres trabalhem é condená-las duas vezes”, opina.

Outra ponta dessa situação, avalia a procuradora, é quanto às famílias das cidades do interior, onde a economia gira em torno da agricultura. Elas não veem nada errado no fato de as crianças “ajudarem” nos trabalhos. “Os pais dizem que os fi lhos não estão trabalhan-do, mas apenas dando uma ajudinha nos trabalhos da roça. Nas cidades do interior nosso trabalho é muito grande, pois a aceitação com essa prática é bem maior”, acentua.

De acordo com a procura-dora, o Ministério Público tem um papel abrangente porque o objetivo é “quebrar” a cultura (errada) que está impregna-da na cabeça da população. Para ela, é um trabalho de “formiguinha” realizado pelo MPT. “Temos um trabalho de incentivo e construção de im-plementação de políticas pú-blicas para tirar as crianças do trabalho”, disse, comple-mentando que são responsá-veis ainda por verifi car se os órgãos estão implementando medidas de erradicação do trabalho infantil.

Opressão, sim. Caridade, não

Meninos fazem malabarismo em sinal de trânsito: cena cada vez mais comum

TEMAPara a procuradora do MPT, Alzira Melo Costa, apesar de muito bati-do, o tema do trabalho infantil é bastante complexo e tem que levar em consideração uma série de situações bem regionalizadas

CHRIS REISEquipe EM TEMPO

Garoto trabalha em obra: imagem combatida cada vez mais pelo Ministério Público do Trabalho

Em muitos casos crianças são utilizadas como mão de obra exposta a perigos e sem formação

A utilização sem limites do trabalho infantil muitas vezes vem disfarçada como uma forma de auxílio no rendimento da família

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013 C5

Ministério Público do Trabalho expõe a verdadeira face do trabalho infantil que deve ser combatida sobretudo no interior do Estado, onde a “ajuda” de crianças e adolescentes é banalizada por costumes sociais

Para tentar reverter essa situação, a Coordenação Regional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e Adolescente já vi-sitou algumas cidades, entre elas Parintins, onde buscou informações nos Conselhos Tutelares, prefeitura e es-colas. “Em Parintins, assim como em outros municípios, essa rede precisa de ajustes para funcionar melhor”, ava-lia Alzira Costa.

Sobre as políticas públi-cas, a procuradora explica que segundo a Constituição Federal, todas as prefeitu-ras têm que destinar um percentual do orçamento para ser implementado na prevenção e erradicação do trabalho infantil.

Visando não apenas a re-tirada das crianças e ado-lescentes do trabalho, mas também aumentar o nível de conscientização da popula-ção, o MPT está implemen-tando algumas ações, de acordo com a procuradora.

Segundo Alzira, a primei-ro é da aprendizagem, rea-lizada concomitantemente junto a jovens e instituições, que visa a conscientização

de todos, implementando políticas públicas evitando trabalhos em feiras e mer-cados, que podem levar à exploração sexual. O outro é o projeto Sinaleira, que, como o nome sugere, tem a intenção de tirar crianças e jovens dos sinais. “Mas não basta apenas dizer que não pode, temos que dar opção, como colocá-los em progra-mas educacionais tanto no município quanto no governo federal”, revela.

O projeto que é “menina dos olhos” da procuradora é o “MPT na escola” – que está em via de ser assinado com a Secretaria Municipal de Educação (Semed) - con-siste em levar o tema sobre o trabalho infantil aos estu-dantes. “A implantação está avançada. Será tratado de forma transversal e não jurí-dica em todas as disciplinas possíveis. Não daremos um enfoque jurídico, afi nal esta-mos tratando com crianças e adolescentes, mas vamos mostrar que se ele não tra-balhar terá mais oportunida-des de ganhar dinheiro. Isso numa aula de matemática, por exemplo”, informa.

‘Ajustes para funcionar melhor’

Com os números do Instituto Brasileiro de Geo grafi a e Estatís-tica (IBGE) revelando

que a exploração do trabalho de crianças e jovens de 5 a 17 anos aumentou na Região Norte entre 2009 a 2011 de 10,1% para 10,8%, e levando em conta que a questão, muito além de mostrar apenas núme-ros frios, revela uma questão cultural arraigada nas famílias, foi necessário que o Ministé-rio Público do Trabalho (MPT) tomasse algumas medidas de prevenção e orientação.

Para a procuradora do MPT, Alzira Melo Costa, apesar de muito batido, esse tema é bas-tante complexo e tem que levar em consideração uma série de situações bem regionalizadas. Ela, que também é coorde-nadora regional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e Adolescente, explica que em muitas situações existe por parte de todos um pacto de não enxergar a exploração que acontece ao lado. Ela cita os casos de meninas que são tra-zidas dos municípios do interior

para cuidarem de crianças e em turnos diferentes estudarem. “As pessoas acham que estão fazendo caridade, afi nal, dão tudo e ainda deixam estudar, mas isso é uma falsa carida-de. Isso é oprimir”, salienta, completando que muitas pes-soas acham normal crianças em estado de vulnerabilidade trabalharem. Na opinião delas,

essa é uma forma de esca-parem da marginalização. A sociedade fecha os olhos e fi nge que não está vendo e não é errado. Na verdade, é o inverso do que pensam, pois as crianças pobres precisam ter oportunidades de ascensão social e somente a conseguirão estudando, e não trabalhando.

Permitir que crianças pobres trabalhem é condená-las duas vezes”, opina.

Outra ponta dessa situação, avalia a procuradora, é quanto às famílias das cidades do interior, onde a economia gira em torno da agricultura. Elas não veem nada errado no fato de as crianças “ajudarem” nos trabalhos. “Os pais dizem que os fi lhos não estão trabalhan-do, mas apenas dando uma ajudinha nos trabalhos da roça. Nas cidades do interior nosso trabalho é muito grande, pois a aceitação com essa prática é bem maior”, acentua.

De acordo com a procura-dora, o Ministério Público tem um papel abrangente porque o objetivo é “quebrar” a cultura (errada) que está impregna-da na cabeça da população. Para ela, é um trabalho de “formiguinha” realizado pelo MPT. “Temos um trabalho de incentivo e construção de im-plementação de políticas pú-blicas para tirar as crianças do trabalho”, disse, comple-mentando que são responsá-veis ainda por verifi car se os órgãos estão implementando medidas de erradicação do trabalho infantil.

Opressão, sim. Caridade, não

Meninos fazem malabarismo em sinal de trânsito: cena cada vez mais comum

TEMAPara a procuradora do MPT, Alzira Melo Costa, apesar de muito bati-do, o tema do trabalho infantil é bastante complexo e tem que levar em consideração uma série de situações bem regionalizadas

CHRIS REISEquipe EM TEMPO

Garoto trabalha em obra: imagem combatida cada vez mais pelo Ministério Público do Trabalho

Em muitos casos crianças são utilizadas como mão de obra exposta a perigos e sem formação

A utilização sem limites do trabalho infantil muitas vezes vem disfarçada como uma forma de auxílio no rendimento da família

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Sujou, pagou?A aplicação de multas para quem joga lixo nas ruas, já em prática no Rio de Janeiro, tem ecos de apoio na capital amazonense. O problema é estrutura e a “ressurreição” do projeto local, parado desde 2011

Multas que variam de R$ 157 a R$ 3 mil para quem jogar lixo nas ruas

cariocas parecem estar mes-mo surtindo efeito. A Com-panhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio divulgou que apenas uma semana após a aplicação da lei, o volume de lixo coletado nas ruas re-duziu em 34%. Um projeto semelhante hiberna há dois anos na Câmara Municipal de Manaus (CMM), na capital que emprega cerca de R$ 12 milhões por mês em coleta e aterro dos resíduos sólidos. A medida divide opiniões entre moradores e representantes da administração municipal.

A maioria das pessoas en-trevistadas elogiou a iniciativa defl agrada no Rio. Para o autô-nomo Luciano Silva, 37, a me-dida coercitiva pode ser uma saída, uma vez que a população não contribui com a limpeza da própria cidade. “Acho essa lei muito importante. O povo não tem preocupação com o meio ambiente ou com o que o mu-nicípio vai gastar coletando o lixo para limpar as ruas. Acho que só existe uma maneira de educar o povo: fazer com que a lei seja cumprida, aplicando multas. Que doa no bolso, des-sa forma o povo vai se educar. É um absurdo a pessoa esperar a prefeitura limpar frente da casa, isso é papel de quem mora”, afi rmou o autônomo Luciano Silva, 37.

A doméstica Gracileide Lo-pes, 50, acredita que a aplica-ção das multas pode garantir que o centro comercial da cidade seja mais limpo. “Acho válido, só assim poderemos ter uma cidade limpa, prin-cipalmente o Centro que é mais sujo, próximo aos lan-ches e camelôs nas paradas de ônibus”, disse a doméstica Gracileide Lopes, 50.

Além de diminuir a quan-tidade de resíduos lançados em via pública, a cozinheira Zeneide Silva do Nascimento, 58, acredita que a lei poderia reduzir até mesmo a sujei-ra nas áreas de convivência dos conjuntos habitacionais. “Achei a lei ótima, e seria importante se fosse aplica-da aqui, principalmente no Prosamim (Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus), onde eu moro. Vai

Há dois anos tramita na CMM o projeto de lei 086, chamado “Ma-naus Saudável”, que proíbe e prevê inclusi-ve multa a quem jogar lixo em via pública. O morador que sujar a ci-dade, seria multado de 1 a 20 unidades fiscais do município (UFMs). Cada UFM equivale a R$ 74,59.

O projeto apresenta-do em junho de 2011, de autoria do verea-dor Massami Miki, foi aprovado em dezem-bro daquele ano pela Comissão de Consti-tuição Justiça e Re-dação (CCJR), e está sob análise da Comis-são de Finanças, Eco-nomia e Orçamento (CFEO), desde então.

Projeto local ainda está ‘estacionado’

fazer seis anos e todo tempo eu falo para a minha vizinha, que mora em cima, não jogar pito de cigarro e os fi lhos dela pacote de ‘milhitos’ no chão. Mas, não tem jeito”, afi rmou a cozinheira.

O estudante de enferma-gem Ismael da Mota, 28, acredita que essa é uma maneira de garantir todas as zonas da cidade limpas, não apenas as áreas nobres. “O governo do Rio agiu cor-reto. Nos bairros mais ricos como o Leblon, são mais organizados. Mas nas outras áreas em que a TV não mos-tra, tem muita sujeira. Falta mais consciência da popu-lação para ter uma cidade limpa. Acho que a lei deveria ser aplicada aqui”, afirmou o Ismael da Mota.

Para a auxiliar de cozinha Lucileina Gonzaga, 46, as multas poderiam incentivar a população a desenvolver hábitos saudáveis. “Acho que em Manaus já deveria ter sido aplicada há mais tempo. Lá onde moro, próximo à avenida das Torres, tem coleta seleti-va, mas não tem capinação. O povo ainda joga lixo e fi ca pior”, afi rmou Gonzaga.

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Enquanto no Rio de Janeiro o ato de jogar lixo na rua gera multa, em Manaus e outras cidades cenas como esta se repetem

IVE RYLOEquipe EM TEMPO

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Sujou, pagou?

Dos R$ 12 milhões mensais gastos com coleta e aterro dos resíduos sólidos em Manaus, R$ 1 milhão é direcionado à co-leta de lixo lançado nos igarapés que cor-tam a cidade, segun-do dados divulgados pela Secretaria Mu-nicipal de Limpeza Pública (Semulsp).

A secretaria não tem estimativa de quanto é gasto, ou quantas toneladas de lixo lan-çadas em via pública são recolhidas pelos agentes. Para o secre-tário da Semulsp, Paulo Ricardo Rocha Farias, a experiência vivenciada no Rio de Janeiro pode não se adequar às ne-cessidades de Manaus, uma vez que poderia ser difícil deslocar po-liciais militares para trabalhar no programa. “No Rio foram criadas 190 equipes compos-tas por um PM, um gari e um fi scal de meio ambiente. Foram des-locados 190 policiais, uma coisa que no nosso caso, seria muito difí-cil: colocar o PM para limpeza urbana. Com certeza a população de Manaus tem como ajudar e disposição para isso, sem precisar mobilizar todo o efeti-vo militar para evitar que joguem papel no chão”, salientou.

Experiência difícil em Manaus

Para Farias, o uso da força militar na segu-rança seria mais inte-ressante, e o investi-mento em campanhas educativas pode gerar um resultado mais efe-tivo. “As pessoas já têm consciência, o que falta é motivação”, defendeu.

Ele lembrou que o Có-digo de Postura prevê a destinação de um fi scal de postura, que diaria-mente está em campo para analisar e mul-tar casos de descarte clandestino ou lixeiras viciadas. “O valor gas-to com coleta e ater-ro se reduziria muito com a implementação efetiva da Política Nacional de Resíduo Sólido”, pontuou.

Falta mais motivação para o povo

Lixo jogado em rua da Zona Sul da capital amazonense: problema de conscientização cada vez mais difícil sem punições

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Paulo Ricardo Farias, da Semulsp: cidade não tem estrutura

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[email protected], DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013 (92) 3090-1042

No Amazonas desde 2000, maestro Luiz Fernando Malheiro comemora 30 anos de carreira com concerto especial

GUSTAV CERVINKAEquipe EM TEMPO

A primeira ópera que o maestro regeu foi em 1983, no Theatro Muni-cipal de São Paulo

No dia que o Estado cele-bra a data de elevação do Amazonas à categoria de província (5 de setembro), a OAF apresenta um concerto especial. Em continuação ao programa de execução integral dos choros de Villa-Lobos, a orquestra toca o “Choro nº 11”, considerado pelo próprio maestro Mar-celo de Jesus, que vai reger o concerto, o mais difícil da série. “Esse é o penúlti-mo choro escrito por ele e igualmente o penúltimo da orquestra para completar os 12 que compõem o ciclo de Choros & Bachianas Bra-sileiras. A duração somente dessa peça, por exemplo, é uma hora e 20 minutos, aproximadamente”, diz.

A composição é destina-da para orquestra e piano solista. Para isso, a OAF recebe a participação es-pecial do pianista paulista Paulo Henrique Almeida, que esteve no FAO deste ano. Formado em música pela Universidade de São

Paulo (USP), Paulo detém diversos prêmios como instrumentista e atua como preparador de ópe-ra no Theatro Municipal de São Paulo. “É um dos nomes mais importantes da nova geração. Ele tem apenas 26 anos de idade, mas possui uma maturida-de muito grande”, comenta Marcelo de Jesus.

A Série Guaraná contem-pla, ainda, para o próximo fi m de semana, um concerto específi co para a não deixar em branco a passagem do Dia da Independência. No sábado, dia 7, a OAF faz apresentação em dois mo-mentos, a partir das 20h.

O maestro Otávio Simões rege os hinos do Brasil, do Amazonas, da Indepen-dência e de Manaus. Logo depois, o maestro Marcelo de Jesus apresenta “Mandu Sarará” e “Choro nº 10”, de Villa-Lobos. Estão confi r-madas as participações do Coral do Amazonas e do Coro Infantil do Laocs.

Semana da Pátria sonora

Fernando Malheiro é diretor artístico do festival de ópera

Desde 2000, o maestro se fi xou no Amazonas

no comando das batutasTrês décadas

FOTOS: MICHAEL DANTAS/ARQUIVO

O primeiro fi m de semana do mês de setembro será marcado pelo con-

certo especial que a Orquestra Amazonas Filarmônica (OAF) prepara em homenagem aos 30 anos de atividade artísti-ca do maestro Luiz Fernan-do Malheiro. A apresentação acontece no domingo, dia 8, no Teatro Amazonas, e faz parte da “Série Guaraná”.

Com pelo menos uma hora e meia de duração prevista, segundo o maestro Marcelo de Jesus, o espetáculo que homenageia o regente titu-lar a OAF está dividido em três momentos distintos e contará com algumas partici-pações especiais. Na primeira parte, o maestro adjunto Otá-vio Simões será o responsável por reger a abertura da ópera “Fosca”, de Carlos Gomes. Na sequência, o maestro Malhei-ro assume a batuta e executa “O guarani”, igualmente de Carlos Gomes. “Esta, talvez, seja a mais emblemática obra dele com a OAF”, diz Marcelo de Jesus.

Logo depois, Malheiro rege três trechos de ópera, que são compostos por duas árias e um dueto. As árias (“Song to the moon”, da ópera “Rusalka”, e uma parte da ópera “Ma-dame Butterfl y”, de Giacomo Puccini) serão interpretadas pela soprano carioca Daniella Carvalho, que mora em Nova York. O dueto será referente a outro trecho de “Madame Butterfl y”, no qual Daniella cantará junto com o tenor gaúcho Juremir Vieira, amigo do maestro Malheiro desde o início de carreira musical e que por diversas vezes foi convidado no Festival Ama-zonas de Ópera (FAO). “Vieira esteve na primeira ópera que o maestro Malheiro regeu, no Theatro Municipal de São Pau-lo (em 1983)”, lembra Marcelo

de Jesus, que é o responsável pela terceira e última parte do concerto. “Vou reger “Mandu Sarará” e “Choro nº 10”, ambos de Villa-Lobos”, diz.

O dia 8 de setembro é a data exata em que Luiz Fernando Malheiro regeu pela primeira vez uma ópe-ra (“Werther”, do francês Ju-les Massenet) e, por isso, é a escolhida como marco inicial de sua carreira como maestro. Em Manaus, o maestro esteve

em concerto em 1998, retor-nou no ano seguinte como convidado para ser o diretor artístico da edição do FAO da-quele ano e, em 2000, assumiu em defi nitivo o cargo.

Para Malheiro, a realidade de produzir música clássica na região Norte e no Brasil como um todo já vem apresentando novos sinais de mudanças. “Há 30 anos, quando comecei a me envolver mais na carreira, tudo era bem diferente. Os maestros não se comunicavam entre eles. Hoje não é assim. Quase todos con-versam, trocam experiências, regem uns as orquestras dos outros. Hoje, os diálogos são mais possíveis. Ainda existem resistências, mas o quadro é outro, sem dúvidas”, afi rma.

Há 30 anos, quando comecei a me envol-ver mais na carreira,

tudo era bem diferen-te. Os maestros não

se comunicavam entre eles. Hoje não é assim

Luiz Fernando Malheiro, maestro

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de Jesus, que é o responsável pela terceira e última parte do concerto. “Vou reger “Mandu Sarará” e “Choro nº 10”, ambos de Villa-Lobos”, diz.

O dia 8 de setembro é a data exata em que Luiz Fernando Malheiro regeu pela primeira vez uma ópe-ra (“Werther”, do francês Ju-les Massenet) e, por isso, é a escolhida como marco inicial de sua carreira como maestro. Em Manaus, o maestro esteve

Há 30 anos, quando comecei a me envol-ver mais na carreira,

tudo era bem diferen-

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Fernando Coelho [email protected] - www.conteudochic.com.br

. Martha e Clóvis Cruz Jr. pilotaram uma bela festa quinta-feira no Mega Planet, comemorando o primeiro ano da fi lha Sophia.

. A festinha tinha o tema ‘Jardim Oriental’, com lindas cerejeiras e as bonecas Kokeshi no décor. Noite supe-

ragradável com a simpatia dos anfi triões, Marthinha e Clóvis, que recebem de forma especial seus convidados.

Superprodução assinada pelo expert Junior Carvalho, the Best no quesito festas infantis em Manaus.

>> Brigadeiro

>> Niver

. O Grupo Top Inter-nacional está prestes a inaugurar nova loja em Manaus.

. Com mais de 600 metros quadrados, será no Amazonas Shopping , com ênfase em eletrôni-cos e casa e decoração com marcas exclusivas, além de perfumaria e be-bidas com espaço para degustação. A inaugura-ção está prevista para este mês de setembro. A cereja do bolo será o espaço da L’occitane.

>> Nova top

Guto Oliveira e a fi lha Bárbara

Guto Oliveira e a fi lha Bárbara

James Cavalcanti, Waisser Botelho e Rafael Kowalski

Guto e Ana Rodrigues

Mauro Gabriel, Vanda, Odete Figueiredo, Daiana Pereira com a fi lha Elizabeth e o sr. João Pereira

Figueiredo, Daiana

fi lha Elizabeth e o sr. João Pereira

Daiana Pereira e Bete Dezembro com a aniversariante Elizabeth na linda festinha no Elegance

FOTOS: MAURO SMITH

O vice-governador José Melo com Edilene

O desembargador Ari Moutinho e Lourdinha, avós maternos da aniversariante

Ari e Andréa Moutinho com o fi lho Ari Neto Michele e Edson Cunha

Marcello Coelho e Ana Rachel Lobo

Hissa e Amanda Abrahão

Taisa Neves, Lene Oliveira e Isabel Prata

. Bete Dezembro e Daiana Pereira festejaram o primeiro aniversario da bambina Elizabeth, no Elegance, na noite de quinta-feira.

. Linda festa com o personagem ‘Galinha Pintadinha’. Ambientação e organização ímpar com cerimonial da competente Zeina Neves e serviço do estrelado Buff et Village. Festão que movimentou o Alto de Adrianópolis. Bete e Daiana grandes anfi triãs!

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. Martha e Clóvis Cruz Jr. pilotaram uma bela festa quinta-feira no Mega Planet, comemorando o primeiro ano da fi lha Sophia.

. A festinha tinha o tema ‘Jardim Oriental’, com lindas cerejeiras e as bonecas Kokeshi no décor. Noite supe-

ragradável com a simpatia dos anfi triões, Marthinha e Clóvis, que recebem de forma especial seus convidados.

Superprodução assinada pelo expert Junior Carvalho, the Best no quesito festas infantis em Manaus.

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Clóvis e Marthi-nha Cruz com a aniversariante Sophia, na festa no Magic Planet

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‘Mais que Dilmais’, hojeAlém das sátiras à presidente da República, Dilma Rousseff, o show de Gustavo Mendes, com apresentação única no Teatro Direcional, conta com imitações de nomes como Maria Betânia, Alcione, Fagner, Ana Carolina, entre outros

Interpretações musicais, stand-ups, piadas e ain-da sátiras aos comporta-mentos da presidenta da

República, Dilma Rousseff, compõem o show “Mais que Dilmais” apresentado pelo comediante global Gustavo Mendes. O espetáculo será exibido hoje no palco do Teatro

Direcional a partir de 19h.A apresentação inicia com

uma conversa entre o humo-rista e o público, momento em que ele cria um diálogo rápido e engraçado que deve deter-minar a linha cômica a ser ado-tada pelas próximas horas. O mineiro explica que adotou essa prática ao perceber as

diferenças existentes entre os públicos da cada cidade brasileira. “Faço isso de cara limpa, sem caracterização. A partir do primeiro contato vou saber como proceder até o final do show. Há públicos que são conservadores, outros mais joviais ou que mantém características voltadas para

casais”, explica.O espetáculo é uma soma

das principais personagens in-terpretadas pelo comediante e dos seus melhores textos. Imi-tações a artistas como Maria Betânia, Alcione, Fagner, Ana Carolina, Joana, entre outros, fazem parte do seu repertório. Além das performances em

que Mendes retrata os acon-tecimentos atuais do cenário local e nacional. O show tem duração de uma hora e meia. “Tenho buscado informações sobre Manaus. Como está a questão das manifestações e outros assuntos que possa vir a abordar”, disse o artista.

Em poucas palavras, Men-

des anunciou que o público vai conferir uma surpresa. “Será em um momento bem especial do show, mas só quem for ao teatro vai saber do que se trata”, disse aos risos.

O ingresso custa R$ 40 e estão à venda na bi-lheteria do teatro, no Manauara Shopping.

De acordo com o comediante, o segre-do para apresentar espetáculos diferentes a cada agendamento está na reformulação semanal da estrutura do show. Ele se iden-tifica como um profis-sional perfeccionista e exigente, que precisa se divertir junto com o público para entender que está fazendo um bom trabalho. “Se não estiver à vontade a cada interpretação penso que meu trabalho não está alcançando o ob-jetivo . Enjoo facilmente das coisas, só ainda não mudei o nome do show porque o meu produtor não deixou”, declarou.

Comedianteé exigente e profissional

Cantora faz show noteatro

O governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (SEC), promove no dia 1º de setembro o show “Um canto para a América Latina”, da cantora peruana radicada no México, Tania Liberdad. O evento acontecerá no Tea-tro Amazonas (largo de São Sebastião, s/nº, Centro, Zona Sul). A entrada é gratuita.

A turnê da artista será apresentada em Manaus por meio de uma parceria com as embaixadas do México e do Peru no Brasil. A capital do Amazonas é a sexta e última parada da série de seis apre-sentações no país.

Uma característica mar-cante dos shows aplaudidos por crítica e público de São Paulo, Brasília, Ceilândia, Rio de Janeiro e Niterói é a capacidade de Liberdad de transcender com o que co-nhecemos como a “tradicio-nal música peruana/andina” e revisitar gêneros como a música negra, baladas e bo-leros tão característicos dos latinos assim como canções de protesto, árias operís-ticas, rancheiras e claro, a música brasileira, com a qual mantém uma estreita rela-ção e já dividiu o palco com Gal Costa, Chico Buarque e Caetano Veloso, no show em homenagem ao baiano em Las Vegas (EUA) em 2012. Premiada com o Grammy Latino, Libertad começou sua carreira artística aos 8 anos de idade e soma 37 discos gravados e mais de 40 milhões vendidos no mundo. Sua obra transcende a músi-ca tradicional peruana.

GRATUITO

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Hip-hop no CD de Arctic MonkeysLANÇAMENTO

O novo disco da banda de indie rock Arctic Monkeys, elaborado e gravado na Ca-lifórnia, mostra que os ga-rotos ingleses de Sheffield aprenderam alguma lição do hip-hop americano.

“AM”, que será lançado no próximo dia 9, tem influência do rapper Dr. Dre, referência mencionada pelo vocalista do grupo, Alex Turner. Mas o sucesso de vendas de Jay-Z e Kanye West também foi uma inspiração.

Os jovens introduziram ao repertório uma bateria ele-trônica, outra novidade na carreira que caminha para completar uma década.

O rock dos anos 1970 do Black Sabbath, que já faz parte do cânone da banda, também foi motivação para este quinto trabalho, pilotado pelo pro-dutor e amigo James Ford e co-pilotado por Ross Orton, “o grande responsável por unir a equipe”, disse o baterista Matt Helders à “Folha”.

Josh Homme, do grupo americano Queens of the Stone Age, participa com vocais que, segundo Tuner, vieram à tona em uma noite em que a turma tomava seus drinques. Turner participara com letras e voz no sexto disco da banda de Homme.

A imagem que abre “AM”, uma simulação de ondas de rádio formando as iniciais de Arctic Monkeys, é obra do vo-calista, que desconversa ao ser questionado se suas habi-lidades extrapolam a fronteira musical. “Foi só uma ideia que me veio à cabeça”.

ConhecidasO disco já tem três

músicas divulgadas e uma fila de pedidos dos fãs para, segundo Hel-ders, “liberar isso de uma vez”. “R U Mine?” saiu no ano passado, “Do I Wanna Know?”, em junho, e “Why’d You Only Call Me When You’re High?”, em agosto.

A estratégia foi intencional, diferentemente do que ocorreu no lançamento anterior.

Em tempos de revelações sobre a vigilância praticada pelo governo dos EUA, Turner considera “crucial” o debate sobre monitoramento na rede. “Vigilância é como tantas ou-tras coisas, pode ser usado para o bem e o mal.”

“Eu não me sinto sendo muito vigiado, mas, se fosse, seria um problema, pois faço coisas bem estranhas”, com-pleta o ba- terista.

Dessanas na Tacacaria ParintinsHoje, a partir das 17h,

a Tacacaria Parintins, lo-calizada no Centro Social Urbano (CSU) do bairro Par-que 10, terá a presença do grupo As Dessanas, dentro do projeto “Tacacá com pa-vulagem”. Elas prometem um show com um repertório repleto de toadas de Garan-tido e Caprichoso.

Além de música, o espa-ço também terá exposição do artista plástico Edh So-ares, que cria miniaturas dos bois de Parintins, além de outros

souvenires temáticos.

Não há cobrança de cou-vert artístico.

De acordo com Suzan-na Batista, proprietária do espaço, a ideia é sempre trazer alguma artista local ou até mesmo fotógrafo local para expor na tacaca-ria. “Afinal temos que fazer jus ao nosso slogan”, expli-cou, lembrando a frase que marca a tacacaria: “Somos mais que sabor, somos a identidade de um povo”.

Na opinião de Hêmilly Lira, uma das integrantes do grupo, cantar na Taca-caria Parintins é uma boa

oportunidade para mostrar o trabalho nessa volta do grupo, pois é um lugar onde as pessoas que se iden-tificam com a cultura da toadas sempre prestigiam os artistas.

GrupoAs Dessanas são Ana

Claudia Ribeiro, Susy Maury, Hêmilly Lira e Isa-bela Nogueira. O grupo teve o nome inspirado na pri-meira toada interpretada por essas vozes feminina, que narra o mito da criação do mundo na visão do povo

Dessana, que habita o alto Rio Negro.Criado em2006 pelo jornalista, Herman Ma-rinho, tem como objetivo levar ao mundo as canções inspiradas no imaginário dos povos que habitam a maior floresta tropical do planeta. Pioneiro no gênero entre as mulheres, marcou o cenário musical amazo-nense, e após alguns anos separadas decidiram retor-nar aos palcos para enalte-cer a cultura amazonense e relembrar todo o encan-to da união de vozes das quatro cantoras.

HOJEDIVULGAÇÃO

Paixões em família

RESENHA

PERFIL

César Augusto é jornalista, editor do caderno Dia a dia

Arnaldo Jabor se aventurou pelo uni-verso do dramatur-go Nelson Rodri-

gues (1912-1980) em duas ocasiões, em adaptações bem-sucedidas, ainda que limitadas pelas condições técnicas da produção cine-matográfica brasileira na década de 1970. Depois de “Toda nudez será castiga-da”, de 1973, 2 anos depois ele exploraria o tema do incesto em “O casamento”.

No filme, baseado no ro-mance escrito por Rodrigues em 1966, Glorinha (Adriana Prieto, bela atriz que morre-ria em um acidente de auto-móvel no ano do lançamento da película de Jabor) está prestes a casar com Zé Ho-nório (André Valli). A jovem, sem saber, desperta o amor do próprio pai, o industrial Sabino (Paulo Porto), ca-sado com Noêmia (Camila Amado) mas que mantém um caso com sua secretária

Eudóxia (Mara Rúbia), em quem “desconta” sua atra-ção incestuosa pela própria filha. Desse modo, tenta es-conder sua paixão proibida, centrado em levar adiante o casamento de Glorinha mesmo após descobrir que seu genro é homossexual por meio do amigo Camarinha (Fregolente). Esse drama se estende nos flashbacks de Glorinha, quando se desco-bre sua vida desregrada com Antônio Carlos (Érico Vidal), filho desajustado e suicida de Camarinha, até o final trágico, bem ao estilo rodri-gueano, envolvendo crimes passionais e autopunição.

O mesmo tema teve uma adaptação mais sofrível dirigi-da por Braz Chediak em 1981. “Álbum de família” trazia o incesto para mostrar a degra-dação moral, mas acabou se tornando um filme arrastado e superficial, apesar do bom ní-vel do elenco, que trazia estre-las de destaque daquela déca-da, como Lucélia Santos, Dina Sfat, Rubens Correa e Vanda Lacerda. Na história, Jonas

(Rubens Cor-rea) é casado com Senhorinha (Dina Sfat), mas a aparen-te harmonia familiar começa a se destruir aos poucos por con-ta do amor que sente pela filha mais nova, Glória (Lucélia Santos), também desejada pelo irmão Guilherme (Marcos Alvisi). En-quanto este se refugia em um seminário para escapar da paixão proibida, Jonas manda Glória para um colégio de frei-ras e, na intenção de satisfazer seus desejos, tira a virgindade de garotas da vizinhança com ajuda da cunhada Ruth (Vanda Lacerda), a qual o ama.

O outro filho do casal, Edmundo (Carlos Gregório), mesmo casado, nutre pai-xão pela própria mãe, que o leva a não consumar o ca-samento, mas Senhorinha ama o caçula louco, Nonô (Gustavo José), o qual corre pelos campos da proprieda-de da família nu e aos gritos. A volta de Glória, Guilher-

me e Ed-mundo para casa

vai gerar conflitos entre os familiares movidos por essas paixões proibidas. Bem adaptada, a peça de Nelson Rodrigues poderia ter sido melhor aproveita-da. Em vez disso, tornou-se um desperdício de talen-tos naquela época. Foi lan-çado em VHS, mas nunca chegou à era do DVD, ao contrário de “O casamen-to”, disponível juntamente com outros filmes de Ar-naldo Jabor.

“Álbum de família” vale, apenas, como curiosidade e para conhecer trabalhos de artistas de grande po-tencial já falecidos, como Dina Sfat, Rubens Correa e Vanda Lacerda.

As adapta-ções de “O casamento” e “Álbum de família” retratam o tema talvez mais po-lêmico de Nelson Ro-drigues em sua obra: o incesto”

CÉSAR AUGUSTO*Equipe EM TEMPO

Grupo é pioneiro em colocar mulheres para cantar toadas

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D5PlateiaMANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013

Canal [email protected]

Flávio Ricco

Colaboração:José Carlos Nery

TV Tudo Protagonista de Violetta é sucesso

A série “Violetta”, exibida pelo Disney Channel, se tornou um furor na Argentina. E muito desse sucesso se deve principalmente ao traba-lho de sua protagonista, Martina Stoessel, atriz e cantora. Recen-temente, a produção conquistou prêmios importantes naquele país, como os troféus “Martin Fierro” de Melhor Programa Infantil/Juvenil e Talento Revelação, além de um “Gardel” de melhor álbum de trilha sonora para TV..

Um quadro de sinusite pegou Humberto Martins de jeito. Baixou enfermaria. Entre um remédio e outro, ele já iniciou preparação para a próxima novela de Manoel Carlos, substituta de “Amor à Vida”.

Ficamos assim. Mas ama-nhã tem mais. Tchau!

C’est fi ni

Bate–rebate• Os preparativos da Bru-

na Linzmeyer nas gravações da personagem, Linda Ro-drigues, autista em “Amor à Vida”, impressionam os próprios companheiros do elenco...

• ...Um processo interes-sante, que inclui até um tem-pinho extra para se desco-nectar, depois do “ok”.

• Nesta altura do cam-peonato, tudo indica que o novo programa da Patrícia Abravanel no SBT, só irá estrear em 2014.

• Emissoras da Bandei-rantes, no Rio e Brasília, aguardam investimentos na área de equipamentos...

• ...Só que isso não é uma prioridade no momento.

• Após “Joia Rara”, Bruno Gagliasso vai retomar tra-balhos no cinema.

Bom senso Elenco de “Sangue Bom”,

a das sete na Globo, torce para que não aconteçam participações especiais na reta fi nal da novela.

E simplesmente porque já existem muitos atores do seu elenco esquecidos, reclamando de tão poucas oportunidades... Se chegar mais gente, então, vai fi car pior ainda.

Perguntar não ofende Aliás, excesso de perso-

nagens e núcleos não é algo novo na teledramaturgia.

Vira e mexe, algumas pro-duções derrapam feio no mesmo problema, revoltan-do o seu pessoal.

Mas, para que insistir nis-so? Todos já conhecem o fi nal dessa história.

Esconde-esconde Veja, só como mais um

exemplo, o caso da Cris-tina Mutarelli em “Amor à Vida”.

Um nome importante da nossa dramaturgia, coloca-da como fi gurante de luxo, irmã do Fagundes, na nove-la. A maioria não deve saber que o nome da personagem é Priscila.

Vida que segue Ontem, 31, terminou

oficialmente o contrato

do autor Tiago Santiago com o SBT, mesmo com a sua saída comunicada há algum tempo.

Além disso, foi avisado também que a emissora terá apenas Iris Abravanel, mu-lher de Silvio Santos, como autora-adaptadora na sua teledramaturgia.

Futebol Com a volta de Marcos

Mendonça ao comando da

TV Cultura, são aguardadas também algumas mudanças no “Cartão Verde”, exibido nas noites de terça-feira. Há tantos anos no ar é impossí-vel contar quantas foram as modifi cações realizadas.

Se vira como pode A Cultura ainda adota

sistema de rodízio na apre-sentação do seu principal telejornal, após saída da Maria Cristina Poli.

Modelo na luta Fã de MMA, o modelo Jesus Luz fala da sua paixão

por artes marciais, hoje, 22h, no canal Combate, em entrevista a repórter Renata Aymoré.

DIVULGAÇÃO

Flavio Ricco

Já é sabido que o espaço desti-nado à crítica de arte nos jornais impressos e revistas no Brasil é cada vez mais restrito e reduzi-dos a textos com um pouco mais de 3.000 caracteres (com espaço) quando não a risíveis bonequinhos que aplaudem sentado ou de pé, ou então são substituídos por “bo-linhas pretas” ou estrelinhas, e em outros mais, frases inspiradas que buscam “ resumir” às impressões sobre a peça.

Quando lemos as críticas de Yan Michalski, Décio de Almeida Prado, Henrique Oscar, Eric Ben-tley, Machado de Assis e confron-tamos suas impressões com as de artistas e grupos que tiveram seus trabalhos analisados por eles percebemos claramente a impor-tância do crítico para o aprimora-mento, no caso, do fazer teatral e para a emergência da linguagem atribuída, além da indicação de caminhos a serem trilhados pelos grupos/artistas no que tange ao aperfeiçoamento do próprio tra-balho. Os jornais abriam, à época, significativos espaços para tais análises onde o público recorria às críticas como método indicativo e de orientação do que assistir (e por que assistir) e do compromisso para com o trabalho. Em Manaus, nomes como Leyla Leong e Mário Freire exerceram importantes pa-péis como críticos teatrais numa época em que os cadernos de cultura eram bem mais comprome-tidos com a formação de público para as artes e com a diversidade artística.

Não se trata de uma divagação nostálgica a rememorar os tempos em que havia uma linha editorial comprometida e criativa (e menos envolvida com o modo de produção capitalista - embora saibamos que o jornal “aberto” é uma empresa com patrões e empregados antes

de ser constituído como um veículo de comunicação), mas sim, talvez, de sugerirmos aos empresários do ramo, bem como aos editores dos cadernos e chefes de redação que observem e ponham como ponto de pauta a importância de atividades como esta que quando exercidas de forma constante e comprometida contribui não só para o engrandecimento do tra-balho dos artistas mas também (e principalmente) para o olhar do público. Este condicionamento do olhar não se impõe sobre o público leitor de forma passiva e mecânica, mas sim procurando elos dialógicos entre a famosa tríade composta pelo autor/artis-ta, a obra e o público de forma a reconhecer as forças possíveis que regem a ligação entre eles.

Os atributos a que se deve ter um crítico de arte já foi motivo de artigos e textos de diversos crí-ticos. Em suas premissas básicas são, primeiramente, um profundo amor pelo objeto e gênero a que vai analisar. Um segundo dado é possuir um conhecimento ade-quado da história das artes, suas evoluções e imbricações sociais. E um terceiro (e não definitivo!) é o olhar tensionado sobre a obra de modo dialético e não descritivo procurando os entrechos que a enfeixam e as relações formais e sociais que a estruturam.

O externo se faz interno e é dentro da obra/objeto que vamos descobrir até que ponto os meios sociais condicionam a feitura da obra de arte e quais os limites para se avaliar a autonomia da expressão artística dentro do pró-prio campo de produção simbólica. Parece academicista, é verdade, mas é justamente aí que o exercício crítico poderá encontrar paralelos possíveis de análise de modo equâ-nime ao objeto artístico.

Márcio Braz*E-mail: [email protected]

Márcio Braz**ator e diretor

teatral

Já é sabido que o espa-ço destinado à crítica de arte nos jor-nais impres-sos e revis-tas no Brasil é cada vez mais restrito e reduzidos a textos com um pouco mais de 3.000 ca-racteres”

O reduzido espaço para a crítica de arte

Paloma vai sofrer ainda mais Basta Paloma (Paolla Oli-

veira) e Paulinha (Klara Cas-tanho) se encontrarem em cena para o público se sentir cúmplice de suas histórias, em “Amor à Vida” (Globo). O telespectador que acom-panha a trama sabe que a médica é a verdadeira mãe da menina, mas um exame de DNA coloca a protago-nista em confl ito. “Ela sen-te esse amor incondicional. Minha mãe me dizia que eu sentiria isso quando tivesse um fi lho. Hoje, experimento esse sentimento pela Palo-ma”, conta Paolla, que enca-ra sua segunda mocinha na faixa das nove.

Na lista das personagens que dividem a opinião do público, Paloma deve revelar uma outra face nos pró-ximos capítulos da novela. Depois de resgatar Paulinha no Peru, a médica cairá na armadilha de Alejandra (Ma-ria Maya) e acabará presa por tráfi co de drogas quando chegar ao Brasil. “Na prisão, ela será espancada por uma

detenta, e isso vai fazer com que ela se torne uma outra pessoa. Uma mulher guerreira’’, conta Paolla.

Segundo a atriz, o calvário de Paloma não parará por aí. Félix (Mateus Solano), que quer se ver livre da irmã, convencerá a família de que a pediatra está louca, pois vive chamando por Pauli-nha, e precisa ser internada. “É graças ao irmão que a Paloma vai parar em um hospício e passará por trata-mentos pesados. Ela lutará para provar que está bem e, enfi m, poder ter a fi lha nos braços’’, diz a atriz.

Para o doutor em teledra-maturgia pela USP (Universi-dade de São Paulo), Claudino Mayer, a fase de transição de Paloma pode aproximá-la do público, que, agora, a consi-dera chata. “Ela ganhou an-tipatia, pois está apenas em um plano fi ccional. Quando luta pela fi lha, começa, então, uma conexão com a realida-de. Principalmente com as mães, que se identifi cam com

esse tipo de drama”, diz. Sobre as críticas do pú-

blico, Paolla garante que avalia o que pode ser acres-centado a seu trabalho. “É bom saber a opinião das pessoas, pois signifi ca que elas estão assistindo à no-vela. Mas é preciso fi ltrar algumas coisas e não ser refém dos comentários”, afi rma a atriz, que, na se-mana passada, já foi apon-tada como um dos nomes no elenco da próxima novela de Aguinaldo Silva. “Quero primeiro concluir esse tra-balho e fazer com que ele me abra portas. Mas todo papel é bem-vindo”.

Paolla revela que espera por um acerto de contas entre Paloma e Félix, o prin-cipal responsável pelo sofri-mento da médica. “Todo o mundo quer que ela acorde e veja o quanto o irmão a prejudicou a vida toda. Eu torço para que ela dê uma boa surra nele quando des-cobrir que ele jogou a fi lha em uma caçamba”, conta.

‘AMOR À VIDA’DIVULGAÇÃO

D05 - PLATEIA.indd 7 8/31/2013 12:23:48 AM

D6 Plateia MANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013

Programação da TV

5:30 Jornal da Semana

6:00 Arnold

6:30 Pesca Alternativa

7:30 Brasil Caminhoneiro

8:00 Aventura Selvagem

8:30 Vrum

9:00 Amazonas da Sorte

10:00 Domingo Legal

14:00 Eliana

18:00 Vamos Brincar de Forca

18:45 Sorteio da Telesena

19:00 Programa Sílvio Santos

23:00 De Frente com Gabi

0:00 True Blood

1:00 O Mentalista

2:00 Rizzoli & Isles

4:30 Igreja Universal

SBTGLOBO

4:40 Sagrado

4:55 Santa Missa em Seu Lar

5:55 Amazônia Rural

6:02 Pequenas Empresas, Grandes

Negócios

7:00 Globo Rural

8:00 Auto Esporte

8:40 Esporte Espetacular

11:25 Temperatura Máxima

13:00 Esquenta!

15:00 Futebol 2013: Campeonato

Brasileiro – Corinthians x Flamengo

17:00 Domingão do Faustão

20:00 Fantástico

22:05 Revenge

23:35 Domingo Maior

00:40 Sessão de Gala

2:45 Corujão

4:20 Festival de Desenhos

4:45 Bíblia em Foco

5:00 Santo Culto em Seu Lar

5:30 Desenhos Bíblicos

8:00 Record Kids

9:00 Amazonas da Sorte

10:00 Record Kids

12:00 Tudo a Ver

14:00 Programa do Gugu

18:30 Domingo Espetacular

22:15 Tela Máxima

0:15 Programação IURD

RECORD

BAND

05:00 – Igreja Mundial05:50 – Popeye06:30 – Santa Missa No Seu Lar07:30 – Desenho08:30 – Ação Na Tv09:30 – Mackenzie Em Movimento09:45 – Infomercial – Polishop10:45 – Verdade E Vida11:00 – Irmão Caminhoneiro - Bo-letim11:05 – Pé Na Estrada11:35 – Campeonato Sudamericano De Gran Turismo12:30 – Minuto Da Copa12:35 – Gol, O Grande Momento 13:00 – De Olho Na Copa13:05 – Band Esporte Clube14:30 – Futebol 2013 Campeonato Brasileiro16:50 – Terceiro Tempo19:00 – As Detetives20:00 – Só Risos21:00 – Pânico Na Band00:00 – Canal Livre

HoróscopoGREGÓRIO QUEIROZ

ÁRIES - 21/3 a 19/4 Você poderá interferir positivamente em seu trabalho, ao sair da roda maçante das rotinas obrigatórias e introduzir outras opções na maneira de conduzir essas atividades.

TOURO - 20/4 a 20/5 A difi culdade de expressão pessoal e amorosa é algo a ser resolvido, ao menos em pequenos passos. Aceite formulações renovadoras em seu comportamento.

GÊMEOS - 21/5 a 21/6 Não adianta tentar sustentar a ordem familiar sempre do mesmo jeito. As situações aí já estão cansadas disso. É preciso abrir perspectivas novas para o futuro de vocês.

CÂNCER - 22/6 a 22/7 Modifi que a importância de certas atividades no trabalho. Só assim você poderá encontrar outra formulação para a rotina, de modo a esta ser menos desgastante e mais produtiva.

LEÃO - 23/7 a 22/8 Você se aferra a algumas coisas, mas es-tas já não dão mais resultado, não vão lhe resolver nada. Olhe para os horizontes que estão se abrindo diante de seu nariz.

VIRGEM - 23/8 a 22/9 É tempo de se aventurar em novos territórios, indo além do que já conhece. Você quer de-fender aquilo que já tem, o que já constituiu, mas isso não vai levá-lo a nada mais.

LIBRA - 23/9 a 22/10 Seus temores, fundados ou infundados, ten-dem a afundá-lo, se perseverar em olhar só para eles. O mundo lhe oferece oportunidades diferentes e você deveria ir por essa trilha.

ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11 Os velhos sonhos e projetos precisam, mais do que nunca, ser reformulados. Há muita ativida-de interessante acontecendo. Envolva-se com ela e vá seguindo um caminho novo

SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12 Teimar em manter uma situação insusten-tável em seu trabalho é o erro provável neste momento. Seja criativo em procurar soluções que não estavam em sua progra-mação.

CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/1 Não adianta apontar seus esforços para algo que já não pode acontecer. Antes de se esforçar à toa, fortaleça a calma e um estado interior de autoconfi ança.

AQUÁRIO - 20/1 a 18/2 Você deverá procurar novas alternativas para os acordos e compromissos com seus parceiros. Nem tudo está perdido, mas é preciso que você proponha outras saídas.

PEIXES - 19/2 a 20/3 Antes de exigir do outro, para se aproximar ou fortalecer um relacionamento, você terá que dar de você. Sem ceder bastante de você, será difícil formar uma boa parceria.

CruzadinhasCinema

Percy Jackson e O Mar de Mons-tros – Livre: Playarte 5 – 14h, 16h15, 18h30, 20h45 (dub/diariamente) e 23h (dub/somente sexta e sábado); Cinemark 8 – 12h30, 15h, 17h30, 20h e 22h30 (dub/diariamente); Cinemais Millennium – 15h10, 17h20, 19h30, 21h40 (dub/diariamente); Cinemais Plaza – 14h40, 16h50, 19h15, 21h25 (dub/diariamente); Cinépolis 2 – 16h15 (dub/diariamente), 21h45 (leg/diariamente).

Minha Mãe é Uma Peça – 12 anos: Playarte 2 – 13h15, 15h05, 16h55 e 18h45 (diariamente).

Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos – 12 anos: Cinemark 3 – 13h10, 19h e 22h (dub/diariamente); Cinemais Millennium – 16h30, 22h (leg/diariamente); Cinemais Plaza – 14h05, 16h40, 19h20, 22h (dub/diariamente); Cinépolis 2 – 13h30 (dub/diariamente), 18h45 (leg/diariamente).

Gente Grande 2 – 12 anos: Playarte 4 – 13h10, 15h15, 17h20, 19h25, 21h30 (leg/diariamente) e 23h35 (leg/somente sexta e sábado); Playarte 5 – 12h, 14h40, 17h20, 19h50 e 22h20 (dub/diariamen-te); Cinemais Millennium – 14h40, 17h15,

19h25, 21h30 (leg/diariamente); Cinemais Plaza – 14h30, 16h45, 19h10, 21h15 (dub/diariamente); Cinépolis 3 – 17h45 (leg/dia-riamente), 15h15 (dub/diariamente).

Meu Malvado Favorito 2 – Livre: Playarte 8 – 14h, 16h05 e 18h10 (dub/diariamente).

Círculo de Fogo – 12 anos: Playar-te 8 – 20h15 (dub/diariamente) e 22h50 (dub/somente sexta e sábado); Cinemais Millennium – 18h50, 21h35 (dub/diaria-mente); Cinemais Plaza – 19h05, 21h50 (dub/diariamente); Cinépolis 3 - 20h45 (leg/

diariamente), 12h20 (dub/diariamente).

Os Smurfs 2 – Livre: Playarte 10 – 13h30, 15h40 e 17h50 (dub/diariamente); Cinemark 4 – 13h40, 16h10, 18h40 e 21h20 (dub/diariamente); Cinemais Millennium – 14h30, 16h40 (dub/diariamente); Cinemais Plaza – 14h10, 16h15 (dub/diariamente).

Wolverine: Imortal – 12 anos: Playarte 10 – 20h (dub/diariamente) e 22h35 (dub/somente sexta e sábado); Cinemark 3 – 16h (dub/diariamente); Cinemais Millennium – 14h, 19h15 (dub/diariamente).

CONTINUAÇÕES

Se Puder... Dirija!: BRA. 12 anos. João trabalha como manobrista de es-tacionamento, está separado de Ana e virou pai ausente de Quinho. Infeliz no amor e na família, ele quer reverter esse cenário e promete para a ex que irá passar um dia daqueles com o fi lhão. Para isso, ele resolve pegar “emprestado” o carro de uma fi el cliente do estacionamento onde trabalha com Ednelson. O problema é que a saidinha simples acabou virando uma complicada aventura. Playarte 1 – 13h40, 15h30, 17h20, 19h10, 21h (3D/diariamente) e 22h50 (3D/somente sexta e sábado); Playarte 7 – 12h50, 14h40, 16h30, 18h20, 20h10 (diariamente) e 22h (somente sexta e sábado); Cinemark 7 – 12h20, 14h30, 16h50, 19h10, 21h30 (3D/diariamente) e 23h40 (3D/somente sexta e sábado); Cinemais Millennium – 15h, 17h10, 19h10, 21h20 (3D/diariamen-te); Cinemais Plaza – 15h20, 17h30, 19h40, 21h40 (3D/diariamente), 14h20, 16h20, 18h40, 20h50 (diariamente); Cinépolis 1 – 13h15, 15h30, 17h30, 19h30, 21h30 (3D/diariamente).

Cine Holliúdy: BRA. 12 anos. Interior do Ceará, década de 1970. A popula-

rização da TV permitiu que os habitantes da cidade desfrutassem de um bem até então desconhecido. Porém, o televisor afastou as pessoas dos cinemas. É aí que Francisgleydisson entra em ação. Ele é o proprietário do Cine Holiúdy, um pequeno cinema da cidade que terá a difícil missão de se manter vivo como opção de entretenimento. Playarte 3 – 13h30, 15h25, 17h20, 19h15, 21h10 (diariamente) e 23h05 (somente sexta e sábado); Playarte 6 – 12h20, 14h30, 16h50, 19h10, 21h30 (diariamente) e 23h40 (somente sexta e sábado); Cinemais Millennium – 15h20, 17h30, 19h40, 21h45 (diariamente); Cinemais Plaza – 15h, 17h, 19h, 21h10 (diariamente); Cinépolis 4 – 13h, 15h05, 17h15, 19h45, 22h (leg/diariamente).

Os Estagiários: EUA. 12 anos. Quando são demitidos, dois homens na casa dos quarenta anos de idade (Vince Vaughn e Owen Wilson) começam a procurar por novas alternativas de trabalho. Apesar de não conhecerem nada de mídias digitais, eles são contratados como estagiários em uma grande empresa de produtos eletrônicos, onde devem conviver com chefes vinte anos mais novos do que eles. Playarte 6 – 13h10, 15h35, 18h, 20h25 (leg/diaria-mente) e 22h50 (leg/somente sexta e sábado); Cinemark 1 – 12h10, 15h10, 18h, 21h (dub/diariamente) e 23h50 (dub/somente sexta e sábado); Cinemais Millennium – 14h20, 16h50, 19h20, 21h50 (leg/diariamente); Cinemais Plaza – 14h, 16h30, 18h50, 21h30 (dub/diariamente); Cinépolis 5 – 12h45, 15h40 (dub/diariamente), 18h20, 21h (leg/diariamente).

O Casamento do Ano: EUA. 14 anos. Missy e Alejandro se conhecem desde pequenos e estão prestes a se casar. Al, como é chamado pelos mais íntimos é adotado e fi ca feliz com a notícia de que sua mãe biológica irá ao seu casamento. Mas tem um problema... Ela é muito religiosa e não acredita no divórcio. Com isso, o jovem pede para seus pais adotivos, divorciados há anos, para fi ngirem que vivem juntos e felizes. Playarte 9 – 13h15, 15h10, 17h05, 19h, 20h55 (leg/diariamente) e 22h50 (leg/somente sexta e sábado); Cinemark 2 – 12h40, 14h50, 17h10, 19h30, 21h50 (dub/diariamente) e 0h00 (dub/somente sexta e sábado); Cinemais Millennium – 14h50, 17h, 19h, 21h10 (leg/diariamente).

“Fantástico” é exibido hoje

REPRODUÇÃO

ESTREIA

6:30 Igreja Internacional da Graça7:30 Igreja Internacional da Graça8:30 TV Kids9:00 TV Shopping Manaus10:00 Super Oferta10:30 A Questão É11:00 Igreja Internacional da Graça12:00 Fique Ligado13:00 Esporte Performance14:00 Encircuito15:30 A Questão É16:00 TV Kids16:45 Video Mania17:30 Ritmo Brasil18:10 O Último Passageiro19:30 Te Peguei20:30 Teste de Fidelidade22:30 TV Shopping Manaus23:30 Dr. Hollywood0:30 É Notícia1:30 Bola na Rede2:30 Igreja Internacional da Graça

REDE TV! 01:00 – Minuto Da Copa 01:05 – Alex Deneriaz01:45 – Show Business-reapresen-tação02:35 – O Encantador De Cães03:00 – Igreja Mundial

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D7PlateiaMANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013

Jander [email protected] - www.jandervieira.com.br

Os clãs Pinheiro, Pacífico e Simões estão em êxtase. E não é para menos, o Grupo Simões – que tem 70 anos de sucesso no mercado empresarial – conquistou o cobiçadíssimo Prêmio Família Empresária, em São Paulo. Concedido pela Höft, consul-toria especializada em empresas familiares. O evento está na sua quarta edição. Detalhe visionário: o negócio que começou como uma pequena sorveteria pelo fundador Antônio Simões e depois se transformou em uma fábrica de massas e bolachas, tem hoje cinco mil funcionários diretos e é composto por 21 empresas organizadas em três principais divisões: bebidas, gases e veículos – fincadas no Pará, Amapá, Acre, Rondônia, Roraima e Amazonas.

::::: Pódio merecido

Doralice Santos está trocando de idade hoje. Os cumprimentos

da coluna.

O Lappa Bar vai ferver hoje. O motivo? A comemoração dos 22 anos do programa pilotado pelo amigo Waisser Botelho. Samba de roda, ala puro-poder, vaivém de gente bonita e divertida não falta-rão. Eu vou!

A querida Lucimar Au-gusto reunirá amanhã, no Naoca, elenco interessan-te de sobrenomadas para festejar seu aniversário – a partir das 19h.

Escolhida como o melhor corpo dos desfi les do Fashion Rio, a top model Patrícia Beck ilustra a capa da terceira edição da revista Manauara Mag, do Manauara Shopping, recheada de dicas e looks primavera/verão adaptados para Manaus. Um luxo.

O renomado arquiteto Benedito Abbud, assina todo o projeto paisa-gístico do primeiro em-preendimento da linha business center da Villa Municipal, o The Offi ce, que a Engeco inaugura no próximo mês.

Hoje, às 19h, tem o espe-táculo risonho do “Mais que Dilmais” com o global Gustavo Mendes, no Teatro Direcional, assinado pela Tribus Produ-ções e Eventos.

::::: Sala de Espera

, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013 Pla

Ecos e mais ecos do “grand monde” dão conta de que não há nada melhor do que comemorar datas simbólicas, como 20 anos de colunismo, por exemplo, em meio a muitas e boas gargalhadas, por isso a festa deste colunista é o comentário nas altas rodas. No pró-ximo dia 26, no Diamond, com show do global Gustavo Mendes. Simples e sorridente, assim como eu…

::::: Burburinho

Anteontem, o Elegance transpirava bom gosto, diversão, elegância e tudo que há de chique, sob a coordenação impecável da Ativa Eventos, durante a sessão parabéns da linda Elizabeth Dezembro Pereira. Aliás, Júnior Carvalho caprichou na montagem da Fazendinha com presença da famosa Galinha Pintadinha e sua turma. As mães da princesa Daiana e Bete eram o retrato da felicidade.

::::: Viva, Elizabeth!

Mazé Mourão tietando a Galinha Pintadinha

Manu Mourão

Gabriel Dezembro

Renata Levy e Selma Reis

Juliane e Denis Pereira

Bárbara e Guto Oliveira

Rubens Rangel e Dacy Barroso

Patrícia e Gaio Rocha com Louise e Loren Olavo Castro

e Alê Mourão Waisser Botelho e Fernando Coelho Jr.

Tereza e Duda Dezembro

Tereza e Bete De-zembro mais a bambina aniver-sariante com Daiana e Vanda Pereira

A compe-tente Zei-na Neves

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D8 Plateia MANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013

Muito samba, calor humano e água gelada. A combi-nação não poderia

ser melhor. Para refrescar o público que prestigia o maior festival de samba do país, a Fábrica de Eventos formou mais uma parceria de suces-so com a empresa Magistral, responsável pela fabricação e comercialização de refri-gerantes e água mineral, das marcas Magistral, Magistral Gold e Yara.

O Samba Manaus 2013 será nos dias 11 e 12 de outubro, mas as ações para oferecer todo o conforto ao público no sambódromo já estão confi rmadas, inclusive as parcerias de sucesso de temporadas anteriores, como a fi rmada com a água Yara, que mais uma vez traz as garrafi nhas personalizadas que hoje já fazem parte dos objetos de colecionadores.

“É uma parceria que faze-mos questão de manter por-que a Fábrica de Eventos é uma empresa séria que traz eventos de grande sucesso e, com isso, estamos aliados a uma marca bem-sucedida. A Fábrica tem feito a diferença, em matéria de eventos, em Manaus e a presença das nos-sas garrafas personalizadas é um fator muito bom, tanto para nós, quanto para o pú-

blico que prestigia o show”, ressalta o gerente-geral da Yara, Loreni Berlt.

Segundo Berlt, a água é tão popular quanto o sam-ba, o ritmo brasileiro mais amado. “Água mineral é um produto natural, popular, de baixo custo e que todo mundo compra. No Samba Manaus 2013 estaremos presentes com muito prazer nessa par-ceria. É uma maneira de aliar a marca a esse evento de sucesso”, completou.

Para Daiana Pereira, uma das organizadoras do evento, essa é uma parceria de anos que, mais uma vez, chega ao Samba Manaus como uma maneira da empresa home-nagear a Fábrica de Eventos por meio da realização do maior espetáculo de samba do mundo. “Em anos ante-riores o público adorou as garrafi nhas personalizadas, que acabaram virando até mania de colecionadores. A água Yara é um produto da terra e a parceria foi uma ideia que deu certo”.

As atraçõesO Samba Manaus apresen-

ta na sexta-feira, dia 11, o swing inconfundível de Jei-to Moleque, Sorriso Maroto, Arlindo Cruz, Péricles, Bom Gosto e o talento da Turma do Pagode.

No sábado, dia 12, a alegria continua com os grandes su-cessos do Raça Negra, SPC, Revelação, Belo, Thiaguinho e, como não poderia deixar de ser, um encerramento apoteótico com Neguinho da Beija-Flor e a bateria da es-cola de samba da Beija-Flor. É para arrepiar. A abertura dos portões será às 20h e o

início do show às 21h. Ingressos à venda Quem quiser se antecipar e

garantir o seu ingresso para a 13ª edição do maior espe-táculo de samba que Manaus já viu pode acessar o site www.fabricaingresso.com e confi rmar sua participação nos dois dias de festa.

Os passaportes para pista, Área VIP Brahmeiro e Camarote Stage Brahma estão disponíveis na loja virtual da Fábrica de Even-tos, mais um diferencial que a empresa traz para o seu público, a exemplo de ou-tras produtoras nacionais, provando mais uma vez seu pioneirismo na área.

Outra novidade é a ven-da de ingressos individu-ais, uma tendência dos grandes festivais de mú-sica no país. Os ingressos, individual (uma noite) ou passaporte (duas noites), podem ser adquiridos no estande da Fábrica de Eventos, segundo piso do Amazonas Shopping.

Ingressos para o Samba Manaus à venda

SERVIÇOSAMBA MANAUS 2013

Quando:

valores:

11 e 12 de outu-bro, no sambó-dromoIndividual: Pista R$ 40 (1º lote estudante). Área Vip Brahmeiro R$ 120 (1º lote estu-dante) com open bar até às 3h (Chopp Brahma, água, refrigeran-te, caipirinha e caipiroska).Passaporte: Pista R$ 70 (1º lote estudante). Área Vip Brahmeiro R$ 200 (1º lote estu-dante) com open bar até às 3h (Chopp Brahma, água, refrigerante, caipirinha e caipi-roska). Camarote Stage Brahma R$ 400 (1º lote estudante) com open bar até 4h (Chopp Brahma, água, refrige-rante, caipirinha, caripiroska, vodka importada e whisky 8 anos).

MANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013

SERVIÇOSAMBA MANAUS 2013

Quando:

valores:

blico que prestigia o show”, ressalta o gerente-geral da

Segundo Berlt, a água é tão popular quanto o sam-ba, o ritmo brasileiro mais amado. “Água mineral é um produto natural, popular, de baixo custo e que todo mundo compra. No Samba Manaus 2013 estaremos presentes com muito prazer nessa par-ceria. É uma maneira de aliar com muito prazer nessa par-ceria. É uma maneira de aliar com muito prazer nessa par-

a marca a esse evento de

Para Daiana Pereira, uma

Ingressos para o Samba Manaus à venda

Uma parceria que deu samba para a cidade

Thiaguinho é uma das atrações do Samba Ma-naus 2013

Fábrica de Eventos e água Yara estão juntas, mais uma vez, no maior espetáculo de samba do mundo, o Samba Manaus 2013

DIVULGAÇÃO

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MANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013 [email protected] (92) 3090-1010

3 Por terra, mar e ar Invadir o Brasil, como e por quê? Págs. 4 e 5

2 Eles querem seu dinheiro A imprensa independente passa o chapéu. Pág. 3

1

4

O mundo gráfi co de Jan Tschichold E outras 7 indicações culturais. Pág. 2

5

6

Do arquivo de Carlos Diegues

Diário de LisboaDo novo mirante, a cidade em seu esplendor. Pág. 6

O Fellini ‘felliniano’ nasceu com ‘Oito e Meio’. Pág. 8A invenção de Federico

Veneza, 1969. Pág. 7

Capapintura de Deborah Paiva

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G2 MANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013

Ilustríssima Semana O MELHOR DA CULTURA EM 8 INDICAÇÕES

Ilustríssimos desta edição

Folha.com

A BIBLIOTECADE RAQUELA colunista do Painel das Letras e repórter da “Ilustríssima” co-menta o mercado editorial

FOLHA.COM/ILUSTRISSIMAAtualização diária da página da “Ilustríssima” no site da Folha

‘MEU KAFKA’Seleção de desenhos da artista alemã Stefanie Harjes para textos do escritor

>>folha.com/ilustrissima

CARLOS DIEGUES, 73, cineasta, dirigiu “Os Her-deiros” (1969), “Xica da Silva” (1976) e “Bye Bye Brasil” (1979).

CLAUDIUS CECCON, 75, é arquiteto e cartunista.

DEBORAH PAIVA, 62, é artista plástica.

EDUARDO BERLINER, 35, é artista plástico.

EUCLIDES SANTOS MENDES, 33, é editor do “Painel do Leitor” e doutor em multimeios (cinema) pela Unicamp com a tese “Cristais de Tempo: Fellini e o Neorrealismo Italiano”.

BRASILEIRO

ESTRANGEIRO

ERU

DIT

O POP

ZANONE FRAISSAT - 15.05.13/ FOLHAPRESS

PALESTRA | TRADUÇÕES DE HAROLDO DE CAMPOS Aurora Fornoni Bernardini, pro-

fessora de literatura da USP, comenta a teoria de tradução do poeta concre-to (1929 - 2003), além de apresentar uma versão de Campos para versos do italiano Eugenio Montale.

Casa das Rosas | quinta (5), às 20h | grátis

ISABEL COUTINHO, 47, é repórter do jornal portu-guês “Público”.

MARIA CELESTE CONSOLIN DEZOTTI é professora de língua e literatura grega na Unesp.

NELSON DE SÁ, 52, é repórter especial da Folha e coordenador, ao lado da repórter-fotográfica Lenise Pinheiro, do blog Cacilda (www.cacilda.blogfolha.uol.com.br), dedicado ao teatro.

RICARDO BONALUME NETO, 52, é repórter da Folha especializado em ciência, história militar e assuntos militares atuais. É autor de “A Nossa Segunda Guerra - Os Brasileiros em Combate, 1942-1945” (editora Expressão e Cultura, 1995).

1 LIVRO | JAN TSCHICHOLD O artista plástico alemão (1902-74) foi um

dos principais nomes da tipografi a no século 20. Este volume lançado pela Edusp comenta vida e obra de Tschichold, contextualiza o momento histórico de sua produção e as inovações de seus trabalhos, entre eles o design de livros da Penguin.

trad. Flavia Bancher | 352 págs. | R$ 137

EDUARDO ORTEGA/ GALERIA FORTES VILAÇA

EXPOSIÇÃO | NUNO RAMOS O artista plástico apresenta uma

série de desenhos, todos feitos com guache, carvão e pastel seco, na exposição “Anjo e Boneco”. O título, extraído de um verso do livro “Ele-gias de Duíno”, de Rainer Maria Rilke, expõe a faceta literária do também poeta Ramos.

Galeria Fortes Vilaça | ter. a sex., de 10h às 19h; sáb., de 10h às 18h, até 14/9 | grátis

TEATRO | NADA, UMA PEÇA PARA MANOEL DE BARROS O espetáculo criado por Adriano e Fer-

nando Guimarães parte da obra do poeta Manoel de Barros. A história, de tom lírico, trata de uma família no meio do nada.

Sesc Belenzinho | estreia na quinta (5), às 21h30; qui. e sex., às 21h30; sáb. e dom., às 18h30 | até 6/10 | de R$ 4,80 a R$ 24

LIVRO | PAULO HENRIQUES BRITTO O escritor e tradutor reuniu em um úni-

co volume seus dois primeiros livros de poemas, “Liturgia da Matéria” (1982) e “Mínima Lírica” (1989) – este último dá nome à compilação. O rigor formal e ironia marcam o olhar do poeta sobre a realidade e a tradição literária.

Companhia das Letras112 págs. | R$ 29,50

‘Prefiro o Boneco de Corpo Cheio’, desenho de Nuno Ramos

Esboço de Jan Tschichold para cartaz (à esq.) e a peça já concluí-da, de 1931

FOTOS DIVULGAÇÃO

LIVRO | O CAPITALISMO COMORELIGIÃO Ensaios pouco conhecidos do fi lósofo e

crítico literário alemão Walter Benjamin (1892-1940) compõem o livro. A seleção abarca desde textos de juventude, antes do primeiro contato de Benjamin com a teoria marxista, até outros, do fi nal dos anos 1930, seu período mais militante.

trad. Nélio Schneider | Boitempo | 192 págs. | R$ 42

LIVRO | MEU KAFKA A artista alemã Stefanie Harjes transpõe o

universo perturbador do escritor tcheco Franz Kafka (1883-1924) para desenhos, pinturas e fotografi as. Harjes selecionou trechos de clás-sicos do autor (“O Processo”, “A Metamorfose”) e os intercala com suas imagens, ora líricas, ora verdadeiros pesadelos kafkianos.

trad. Priscila Figueiredo | Cosac Naify | 130 págs. | R$ 42

CINEMA | O CINEMA EM BUSCADE EMPREGO O Instituto Moreira Salles apresenta,

a partir desta sexta (dia 6), em sua sede carioca, festival de fi lmes com a temá-tica do trabalho. “Ladrões de Bicicleta” (1948), de Vittorio De Sica, inicia a programação. O IMS também lança em DVD o fi lme “O Emprego” (1961), do italiano Ermanno Olmi.

IMS - Rio | até 12/9 | programação: ims.uol.com.br | grátis

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G3MANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013

2Quem paga a conta?

Jornalismo

Em abril, durante encontro de jornalismo no Texas, a Open Society Foundations (OSF), ins-tituição mantida pelo investi-dor George Soros, patrocina-dor de campanhas democratas nos EUA e de bandeiras como a legalização da maconha, aler-tou uma série de sites latino-americanos de reportagem de que iria cortar a subvenção que lhes provinha. Entre os meios eletrônicos benefi cia-dos listam-se o salvadorenho El Faro, o colombiano La Silla Vacía, o chileno Ciper e o bra-sileiro Agência Pública.

O apoio fornecido pela Open Society, em muitos casos reali-zado em paralelo ao da Funda-ção Ford, ambas sediadas em Nova York, ajudou a estabelecer uma rede on-line de jornalismo alternativo na região.

Com o anúncio do corte, ainda não concretizado, ace-lerou-se a corrida por outras formas de fi nanciamento que permitam a sobrevivência dos sites. Os veículos passaram a procurar outras fundações, além de “crowdfunding” (me-canismo de fi nanciamento di-reto, por indivíduos).

A Open Society foi forma-da por Soros em 1993, nos Estados Unidos, para coorde-nar ações que o investidor americano de origem húngara apoiou no período de transição do Leste Europeu para a demo-cracia e o capitalismo. Com o tempo, diversifi cou seu campo de atuação para a América Latina e a África.

O advogado Pedro Abramo-vay, 33, ex-secretário nacional de Justiça (governo Lula), as-sume neste mês a direção da Open Society para a América Latina. Ele explica que a ins-tituição passa por uma “gran-de reestruturação interna”. Os programas regionais, como o latino-americano, estão “ga-nhando força” em detrimento dos temáticos, como o progra-ma de mídia, que vinha fi nan-ciando os sites de jornalismo – não só na América Latina, mas em outras áreas do globo, como o Leste Europeu.

Abramovay foi indicado para a fundação pelo ex-presidente

NELSON DE SÁ

Mídia independente sai à busca de alternativas de fi nanciamento

RESUMOO anúncio de que a Open Society, ins-tituição de George Soros, iria cortar a subvenção a sites latino-americanos de reportagem acelerou a corrida por novas formas de financia-mento. Doações de indivíduos e de em-presas de tecnologia ganham força, mas podem trazer riscos ao jornalismo dos veículos.

Fernando Henrique Cardoso, que preside a Comissão Glo-bal sobre Política de Drogas, “fi nanciada em grande me-dida”, segundo o advogado, pela própria Open Society. Ele chegou a ser o secretário na-cional de Políticas Antidrogas do governo Dilma Rousseff , mas deixou o cargo em pou-cos dias, depois de defender penas alternativas para pe-quenos trafi cantes.

A reestruturação e a es-colha do diretor brasileiro apontam para a priorização do tema das drogas nas ações regionais da instituição. Além da aproximação com FHC e Abramovay, o próprio Soros se encontrou com Lula há quatro meses, quando o ex-presidente recebeu prêmio do International Crisis Group, organização nova-iorquina também fi nanciada, em parte, pela Open Society.

Paralelamente, o fundo de investimento de Soros, base-ado nas ilhas Cayman, passou a investir no setor brasileiro de comunicações, um ano atrás. O primeiro passo foi a aquisição da operadora de TV paga Sunrise, de São Paulo. O segundo, o lançamento, há um mês, da On Telecom, opera-dora que começa oferecendo acesso à internet de banda larga no interior paulista.

Questionado sobre os inte-resses comerciais de Soros no Brasil, Abramovay – lembran-do ainda não ter assumido seu cargo na Open Society – diz ter sido informado de que “há uma política muito rígida de separação das coisas, para que não exista nenhum confl i-to de interesses”. Para tanto, a fundação vem buscando cada vez mais uma “gover-nança própria, independente da vontade” do investidor.

DemocratizaçãoSe a Open Society revê

suas subvenções, cujos be-nefi ciados incluem ainda or-ganizações como o Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, no Texas, e a As-sociação Brasileira de Jorna-lismo Investigativo (Abraji), a Fundação Ford segue fi rme na área de “democratização da mídia”, que começou a se desenvolver na última dé-cada, segundo Mauro Porto, coordenador do projeto dedi-cado a “mídia e liberdade de expressão” na instituição.

Há mais de meio século no país, a Fundação Ford tem linhas tradicionais de doa-ção, como direitos humanos e igualdade racial. “A área mais nova, que é de acesso à mídia, tem um portfólio de doações principalmente para organi-zações da sociedade civil”, diz ele. Além da Pública, do Centro Knight e da Abraji, lista o Coletivo Intervozes e o Observatório da Imprensa.

As subvenções seguem “dois eixos estratégicos: a necessidade de atualização do marco regulatório para as comunicações e o mo-nitoramento de como os meios tratam determinadas temáticas”. Segundo Porto, o

projeto surgiu há dez anos, quando a fundação avaliou ser “fundamental, para con-solidação da democracia no Brasil, a democratização dos meios de comunicação”.

Questionado sobre as do-ações de mídia da Fundação Ford nos anos 50 e 60, que seguiam a política externa dos EUA, como relata o livro “The Cultural Cold War” (no Brasil, “Quem Pagou a Conta?”, Re-cord, 2008), Porto responde que “certamente ocorreram erros na história” da institui-ção, mas agora ela “atua com a mais absoluta independência e transparência”.

A exemplo de Abramo-vay sobre a Open Society, ele afi rma que a Fundação Ford é hoje mantida “única e exclusivamente pelo seu ‘endowment’”, dotação de grande volume feita pela fa-mília Ford, cujos rendimen-tos fi nanceiros sustentam “tudo o que a instituição faz ao redor do mundo e no Brasil”. Enfatiza que “a fun-dação não recebe dinheiro de nenhuma empresa nem de nenhum governo”.

AmeaçaA Fundação Ford, porém,

não quer ser o sustentáculo da mídia alternativa na Amé-rica Latina e, segundo Porto, “incentiva a que nenhum dos parceiros dependa dela”, o que representaria “ameaça à sustentabilidade e à indepen-dência fi nanceira” dos meios apoiados pela instituição.

O problema é que no Brasil, acrescenta Pedro Abramovay, “falta cultura de doação”, tan-to de fundações como de indivíduos. Nos últimos dois anos, fora do governo, Abra-movay esteve à frente do site global Avaaz, de campanhas e petições, que não aceita fi nanciamento de governos ou fundações, só “crowdfun-ding”. Com base na sua expe-riência, avisa que, junto aos brasileiros, não é tarefa fácil. “O Brasil tem o maior número de membros da Avaaz, está

em primeiro lugar, com 5 milhões, mas em doações fi ca lá atrás”.

Natália Viana, da Agência Pública, que iniciou em agosto um programa de fi nancia-mento coletivo para repor-tagens, discorda. “Se fosse dois anos atrás, também teria essa visão, mas o fenômeno do ‘crowdfunding’ no Brasil está muito forte, especial-mente através do Catarse”, diz, citando o site escolhido pela agência para levantar re-cursos. “Há várias campanhas bem-sucedidas no Catarse”.

Ela apresenta dois argu-mentos contra “essa coisa de que brasileiro não doa”. O primeiro é que as experiên-cias que já deram certo, aqui, seguem estratégia diferente daquela usada nos EUA. “Não é uma lógica de doar todo mês um valor para uma ONG, mas uma lógica de campanha mesmo. É o momento em que todos se juntam. Depois, pas-sou. No Brasil, com o Catarse, tem funcionado”.

O segundo é o exemplo de outras organizações. “O Gre-enpeace já tem arrecadação muito grande no Brasil. E a Anistia Internacional rea-briu no Rio depois de anos, apostando que dá para fazer ‘fund-raising’ [levantamento de fundos]”. Até a última quarta, segundo Viana, a Agência Pública havia levan-tado R$ 16 mil via Catarse – o valor salta para R$ 32 mil, com a decisão da fun-dação americana Omidyar (entidade fi lantrópica criada por Pierre Omidyar, fundador do site de leilões eBay, e sua mulher) de doar R$ 1 para cada R$ 1 real arrecadado. O objetivo é chegar a R$ 47,5 mil até o dia 20, quando acaba a campanha.

GigantesAlém de fundações e indi-

víduos, outros personagens têm surgido na subvenção ao jornalismo alternativo: os gigantes da tecnologia. Car-los Castilho, do Observatório

da Imprensa, confi rma que o Google Brasil “fi nanciou a ida de pessoas” ao Texas para o encontro de jornalistas em que foi anunciada a retirada de cena da Open Society.

Na conferência, que reuniu representantes de 12 sites jornalísticos latino-america-nos, do México à Argentina, as ferramentas de mídia do Google, como o YouTube, foram apresentadas como alternativa de monetização. “O Google está começando a apresentar alguma coisa”, diz Castilho. “Mas está fazendo coisas pontuais. Não há um projeto de médio e longo pra-zo. Pelo menos até agora”.

A aproximação com o jorna-lismo começou no último ano, nos EUA, quando a empresa passou a patrocinar a série de conferências TechRaking, do Center for Investigative Reporting, organização ame-ricana voltada ao jornalismo investigativo. E não é só o Google que tem “se achegado aos jornalistas”, segundo Nick Winfi eld, do “New York Times”, que cita o site de classifi cados Craigslist e outros.

Para Winfi eld, a movimen-tação talvez se deva ao sen-tido de responsabilidade, até “culpa”, pela disrupção do jor-nalismo nos meios tradicio-nais. Na sua opinião, porém, “o dinheiro que as empresas de tecnologia estão gastando para apoiar o jornalismo pode ser visto de modo mais cínico: como investimento de rela-ções públicas em uma indús-tria que se debate, mas ainda pode causar problemas ou, pelo contrário, favorecer seus interesses empresariais”.

Quaisquer que sejam as intenções dos fi nanciadores, da parte dos sites sem fi ns lucrativos “o dilema é a susten-tabilidade dos projetos”, alerta Castilho. “Não existe receita pronta para ser aplicada ou caso para ser copiado. Está todo mundo tentando, na base de erro e acerto. E provavel-mente não haverá uma solução para todos”.

DAVID SIPRESS/cartum

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G4 MANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013 MANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013 G5

Estratégia

RESUMOEmbora hoje pare-ça improvável uma invasão do território, as fragilidades do sistema de Defesa e a porosidade das fronteiras do país tornariam viável um ataque. Neste texto, desenham-se cinco cenários hipotéticos de invasões por terra, mar e ar, uma dos quais chegou a ser planejada pelos Esta-dos Unidos, em 1942.

3Exercícios de guerra

“Si vis pacem, para bellum.” “Se quer a paz, prepare a guerra”, diz o clássico provérbio latino atri-buído a Publius Flavius Vegetius Renatus. O romano sabia do que falava. Além de autor de um importante tratado militar, ele vivia a decadência do Império Romano do Ocidente, que cedia aos bárbaros invasores partes de seu território.

Mesmo os EUA não estavam preparados para a Segunda Guerra Mundial; tinham uma respeitável Marinha, mas Exér-cito e aviação ridiculamente pequenos quando Japão e Ale-manha declararam guerra em 1941. E confl itos podem surgir de repente. Ninguém previu o ataque argentino a uma colônia britânica em 1982 no Atlântico Sul, as Falklands (ou “Malvinas”, para os invasores). Havia menos de cem fuzileiros navais para defender a colônia habitada por cerca de 2.000 britânicos.

Graças à diplomacia ao lon-go de dezenas de anos, com destaque para o barão do Rio Branco no começo do século passado, o Brasil tem as fron-teiras mais tranquilas do pla-neta. Ninguém quer um pedaço dos seus 8.511.865 quilômetros quadrados. Ninguém ambiciona os recursos naturais do país. No entanto nem sempre foi assim, como mostra a história.

E se os cenários mudarem? Um país com perto de 200 milhões de habitantes e apenas 325 mil militares teria como se defender? São cerca de 200 mil homens e mulheres no Exército, 60 mil na Marinha e 65 mil na Força Aérea. Mas a disponi-bilidade de equipamento para esse pessoal costuma ser baixa. Faltam recursos para a manu-tenção e operação.

Dos cerca de cem navios da Marinha, só metade está dispo-nível. Dos 200 aviões de combate (caça-bombardeiros), o normal é ter só uns 85 operacionais. Dos quase 300 aviões de transporte, só um terço poderia decolar

RICARDO BONALUME NETO ILUSTRAÇÃO DEBORAH PAIVA

Como o Brasil poderia ser invadido

agora. E dos perto de 2.000 blindados de vários tipos do Exército, só metade conseguiria sair dos quartéis.

Existe ainda a questão da obsolescência. O único porta-aviões, de segunda mão, é de 1963 (além de passar a maior parte do tempo no porto, seus caça-bombardeiros foram pro-jetados nos anos 1950).

O país tem investido no desen-volvimento e compra de novos equipamentos, mas em quanti-dade pequena.

Se algum inimigo hoje in-suspeito atacasse de repente, hipoteticamente, o que pode-ria acontecer?

Cenário 1 – Amazônia“Jovens, bem-vindos ao Ama-

pá. Soube que entre vocês estão estudantes de várias disciplinas. História, geografi a, ciência po-lítica, arquitetura, engenharia. Ótimo. Embora vocês provavel-mente interajam pouco com seus colegas de outras áreas, aqui é o lugar em que um enfoque multi-disciplinar faz sentido. É preciso entender um pouco de tudo para apreciar essa obra-prima, esse monumento que ajuda a explicar o motivo de a maior parte da Amazônia ser brasileira”.

Os estudantes continuam em silêncio. Alguns olham para a anatomia das colegas mais jei-tosas, outros fi cam pensando se foi boa ideia embarcar nessa via-gem até o fi m do mundo para ver um monte de pedras empilhadas, algumas moças pensam no efei-to que o calor equatorial vai ter na sua maquiagem. E, surpresa, há até alguns que param para digerir o que diz o anfi trião.

“Moças, rapazes; vocês agora têm o prazer de conhecer uma joia da arquitetura militar luso-brasileira, a fortaleza de São José de Macapá. E seu simbolismo é tão forte que seu traçado está na própria bandeira do Estado”.

Os estudantes automatica-mente levantam o olhar para uma das bandeiras. Logo em seguida, olham estarrecidos na direção do mar. Uma explosão, um clarão. Novas explosões. Eles saem correndo em várias dire-ções. Uns poucos têm o bom senso de se jogar no chão ou de

CHINAMas e se, em um fu-turo não tão distante, os chineses conseguis-sem bases no oeste africano e prosseguis-sem por algum motivo na sua busca insa-ciável por recursos naturais no Brasil

se proteger atrás das muralhas da velha fortaleza. As explosões continuam. A Amazônia está sen-do invadida.

ObstáculoUm historiador tinha deixado

claro o papel da fortaleza: “Imen-sa e bem construída, esta fortifi -cação se ajustou razoavelmente às propostas do marquês de Pombal para a região, servindo de prova efetiva e tangível de que a Coroa portuguesa era a proprietária do cabo do Norte e de que qualquer pessoa que tentasse disputar a posse teria que superar esse gigantesco obstáculo antes de atingir seu objetivo. A fortaleza passava a ser o verdadeiro ‘fecho do Impé-rio’ na foz do Amazonas”.

Continuando, o historiador Adler Homero Fonseca de Cas-tro foi preciso: “Em 1863, um relatório que examinou as for-tifi cações do Brasil teceu novas considerações elogiosas sobre a posição”, “a mais vantajosa e interessante, por estar situada na foz do norte do Amazonas”, apesar de não defender “total-mente” a entrada do rio.

Embora esteja obsoleta há mais de um século, a fortaleza, num ataque como o descrito, não seria o alvo, a despeito de ser uma das antigas “fechaduras” da região.

Um dos objetivos era relativa-mente pequeno e modesto: um navio de patrulha da classe “G” ali atracado, com deslocamen-to de apenas 217 toneladas, comprimento de 46,5 metros e velocidade máxima de 27 nós (50 km/h). O armamento principal é um modesto canhão de calibre 40 mm de duplo emprego (antia-éreo e antinavio). Os 12 navios de patrulha brasileiros da classe Grajaú têm todos os nomes co-meçando com “G”, como Guarujá, Guanabara e Gurupi.

Refl etem uma tradição; du-rante a Segunda Guerra Mun-dial, a Marinha deu os mesmos nomes para também pequenos caça-submarinos de fabricação americana, usados para patru-lhar o litoral do país contra submarinos “invasores” no mar territorial do país vindos da Alemanha e da Itália.

É tudo muito pouco para de-fender o extenso litoral do país. Um invasor facilmente ocuparia as chaves da região amazônica, Macapá e Belém.

Cenário 2 – ‘Amazônia azul’Para mostrar a importância

do mar territorial, a Marinha criou a curiosa expressão “Ama-zônia azul”.

Mais ao sul, mais especifi ca-mente no sudeste do país, um dos três mais modernos navios da Marinha do Brasil estava em operação, uma missão de rotina. A Marinha adora siglas; logo, os três navios da mesma classe, Amazonas, são conheci-dos como NPaOc, acrônimo para Navio Patrulha Oceânico.

São navios modernos – os mais novos de todos, com um maior grau de informatização –, apesar de não serem os navios

com maior poder de combate para seu tamanho: mesmo com mais de 2.000 toneladas com-pletamente carregados, só têm armamento leve. Nem mísseis nem torpedos; e o canhão prin-cipal tem calibre 30 mm. Já as fragatas e corvetas da Marinha têm canhões principais de cali-bre 114 mm, além de ter mísseis e armas antissubmarinas.

Os três NPaOc servem mais a uma função “policial” do que “mi-litar”. Não foram projetados para a guerra convencional contra uma marinha inimiga, mas para lidar com problemas mundanos como narcotráfi co, pirataria e contra-bando. A Marinha, afi nal, tem que proteger instalações como as plataformas de petróleo.

À noite, essas plataformas pa-recem inusitadas cidades em pleno oceano. Luzes no horizon-te, contatos no radar. É difícil imaginar isso em pleno mar. Mas ali vivem e trabalham mi-lhares de brasileiros, extraindo do fundo do mar um recurso cada vez mais raro no plane-ta. Isso faz as plataformas se multiplicarem e, cada vez mais, se aprofundarem em busca do combustível fóssil.

O navio classe A estava patru-lhando entre dois grandes cam-pos de plataformas quando um marinheiro observou um clarão no horizonte. Quase simultane-amente, um sargento notou um contato no radar se aproximan-do rapidamente. Lembrou-se de um treinamento anterior. Pare-ce um míssil vindo na direção do navio. Como? Não há nenhum exercício planejado!

Seria um alvo fácil para um ataque surpresa. E o resto da esquadra, concentrada na baía da Guanabara, seria fácil de achar e atacar. Claro, apenas os americanos teriam hoje condi-ções de fazer um ataque destes. Mas e se, em um futuro não tão distante, os chineses conseguis-sem bases no oeste africano e prosseguissem por algum moti-vo na sua busca insaciável por recursos naturais?

Cenário 3 – Mais AmazôniaO veículo, ou “viatura”, como

prefere o pessoal do Exército, foi chamado de VBTP-MR Guarani. Veículo (ou “Viatura”) Blindado de Transporte de Pessoal, Médio, So-bre Rodas. Produzido em Minas Gerais, projeto em parceria com a empresa italiana Iveco. Alguns deles estão sendo testados em um lugar incomum: Roraima.

Detalhes do veículo? Compri-mento: 6,91 m/altura: 2,34 m/largura total: 2,7 m/peso vazio: 14,5 toneladas/peso carregado: de 17 a 20 toneladas/velocidade máxima em estrada: 100 km/h.

Demorou anos, mas o Exér-cito Brasileiro, o EB, resolveu substituir seus velhos blindados sobre rodas Urutu e Cascavel, produtos da jurássica empre-sa (faz tempos falida) Engesa. Eram bons veículos de seis rodas, exportados para vários países, usados pelo EB em missões de paz em Angola, Moçambique, Haiti – lamentavelmente, porém, são obsoletos hoje.

O Guarani começou a ser pro-

FRACASSOO plano de invasão poderia certamente redundar em fracasso. Nem tanto pela com-petência brasileira, mas pela notável falta de experiência ame-ricana em desembar-ques anfíbios

duzido em uma versão básica de transporte de infantaria, le-vando um grupo de combate de infantes, com uma metralhadora no teto, de calibre 12,7 mm, de controle remoto. Mas também se criou uma versão experimental de “veículo de combate de in-fantaria”, com um mais parrudo canhão calibre 30 mm; e uma versão para substituir o Casca-vel, um carro de reconhecimento, com canhão calibre 90 mm ou o mais poderoso 105 mm.

Sejam quais forem as deci-sões sobre armamento, ainda pendentes, dois grupos desses VBTP-MR foram enviados para dois possíveis locais de empre-go em guerras convencionais contra vizinhos, por mais que os vizinhos da República Fe-derativa do Brasil sejam em geral amistosos.

Com certeza um dos destinos previstos e previsíveis foi o Rio Grande do Sul. Esse sempre foi o local de praxe paras as forças mais móveis do Exército, onde se concentrou o grosso da cava-laria e da sua versão moderna, mecanizada, os tanques (que o EB chama de “carros de comba-te”) e os blindados de transporte de tropas. Durante muito tempo se pensou em uma “Blitzkrieg” de blindados argentinos ata-cando a região (Uruguai e Pa-raguai nunca foram ameaças sérias no século 20). Cenário cada vez mais improvável.

Os primeiros testes com o Guarani foram feitos no Rio, no campo de provas do Exército. Depois duas pequenas unida-des foram enviadas a campo. E, além do óbvio Rio Grande do Sul, outro lugar foi Roraima – a Amazônia não inclui apenas fl oresta: Roraima tem campos perfeitamente adequados para veículos militares.

ClareiraUm pelotão de Guaranis – qua-

tro veículos – fazia uma patrulha perto da fronteira. Uma opção de organização desse tipo de uni-dade, ainda não defi nitiva, inclui um veículo armado com o canhão de 30 mm, e os restantes com o tradicional 12,7 mm (a clássica metralhadora “ponto cinquenta”, ou .05 polegada). De repente saem de uma clareira alguns blindados não identifi cados. O tenente comandante do pelotão ordena que os VBTP parem e pro-curem cobertura possível atrás das poucas árvores e colinas em torno. Ele abre a escotilha para observar melhor, quando vê um clarão e ouve logo em seguida uma explosão.

O inimigo avançaria rápido por esses campos com forças blinda-das. Supondo que fossem vene-zuelanos bolivarianos fanáticos, também tomariam a região de Essequibo, na vizinha Guiana.

Foi pura coincidência. Alguém no Exército também resolveu testar na região uma bateria de artilharia bem especial: o sistema Astros II, da Avibrás, um sistema de foguetes de múltiplos calibres capaz de atingir alvos a distâncias entre 9 e 300 km, que logo entra-ria em ação, tornando o resultado do confl ito menos previsível.

Cenário 4 – FronteirasEm vários pontos do país

existe outro produto da in-dústria de defesa nacional em operação no mesmo momento, um avião de transporte. Levou algum tempo para produzi-lo, um pouco mais que o previsto, mas compreensivelmente, pois o objetivo era substituir um dos aviões mais icônicos, seminais e clássicos da história, o avião de transporte americano Her-cules C-130. “O substituto de um Hercules é outro Hercules”, dizia a fabricante, a Lockheed. A empresa brasileira Embraer resolveu apostar que teria uma opção melhor: a aeronave de

transporte e reabastecimento aéreo de combustível KC-390.

O C-130 é um turboélice de quatro motores; o KC-390 é um bimotor a jato, o primeiro grande projeto multinacional na área de aviação em que uma empresa brasileira é a principal envolvida. E os novos aviões estavam voando pelo país em diferentes missões.

As fronteiras do país, no mar ou em terra, costumavam ter os fortes como principais bar-reiras a uma invasão. Mura-lhas e canhões eram o principal desafi o que um inimigo tinha que contornar, assim como – e principalmente – os homens por trás das defesas.

A ameaça passou a ter no-vas dimensões. Um dos novos “fechos” da Amazônia, e das fronteiras em geral, é outra classe de aviões da Embraer, os EMB 145 ISR – aviões-radar, de vigilância área e de senso-riamento remoto.

A empresa usou como pla-taforma para o equipamento eletrônico seu bem-sucedido avião comercial ERJ 145 e criou a dupla R-99 e E-99. O EMB 145 Multi Intel, ou R-99, é voltado para sensoriamento remoto, e o EMB-145 AEW&C (do inglês “Airborne Early War-ning and Control”), ou E-99, é um avião-radar de alerta aéreo antecipado e controle de tráfego aéreo.

Aviões-radar dão informa-ções. Mas é preciso que exis-tam aviões de combate aptos a utilizá-las. A depender da ame-aça, não precisam ser caças de última geração: aviões de trafi cantes e contrabandistas podem ser visados por aero-naves de ataque leve como o Embraer EMB-312 T-27 Tucano (um sucesso internacional de vendas: cerca de 650 aeronaves operando em 15 forças aéreas mundo afora) ou seu sucessor, o EMB 314 A-29 Super Tucano – ou ALX.

O Super Tucano também tem uma função de ataque a guer-rilhas, ou “insurgentes”, como é moda defi ni-las hoje. Tem sido usado nessa função pela Força Aérea da Colômbia.

MíssilO par de Super Tucanos pa-

trulhava a fronteira sobre a fl oresta. Impossível identifi car qualquer coisa debaixo das ár-vores. O avião-radar, contudo, tem uma visão mais precisa e detalhada. É possível “enxergar” parte do que acontece no solo. De repente surge um clarão na tela. Que se repete visualmente, na direção dos dois aviões de ataque leve. Um míssil terra-ar, certamente disparado do ombro, da classe do antigo so-viético SAM-7, ou do americano Stinger. Seja qual for o míssil, é barato, é simples de operar, e um grupo de narcotrafi cantes pode usar. Os dois Tucanos percebem a ameaça e começam manobras evasivas.

Meio-dia, terça-feira, 26 de fevereiro de 1991; cerca de 40 homens realizam uma incursão em território brasileiro. Eles atacaram um destacamento do Exército na margem do rio Traíra, na fronteira entre Brasil e Colôm-bia. Durante a ação, a unidade brasileira de 17 homens teve três soldados mortos e nove feridos; armas e equipamento brasileiros foram capturados. Uma retalia-ção depois recuperaria parte do armamento roubado e mataria parte dos “insurgentes”.

O episódio deixa claro a “área cinzenta” entre tráfi co de drogas, guerrilha e banditismo puro em partes da fronteira do país, retra-tada também em artigo do coronel Álvaro de Souza Pinheiro (“Guer-rilla in The Brazilian Amazon”, Fo-reign Military Studies Offi ce, Fort Leavenworth, KS., 1995).

HistóriaUm pouco de história: em

1624 os holandeses atacaram e tomaram Salvador. Perderam no ano seguinte.

Atacaram e tomaram Recife e Olinda em 1630; só foram expul-sos em 1654. Mesmo antes disso, tinham iniciativas na Amazônia – pequenos fortes e feitorias –, assim como ingleses, franceses e mesmo irlandeses.

Franceses fundaram, na práti-ca, duas cidades brasileiras, duas capitais de Estados: Rio de Janeiro e São Luís. Foram expulsos pelos portugueses. Em 1710 e 1711, atacaram de novo o Rio, mas apenas para saquear – com su-cesso, na segunda vez.

Os holandeses queriam do-minar o comércio do açúcar, e também o dos escravos neces-sários para sua produção (por esse mesmo motivo chegaram a dominar Luanda, em Angola, antes de serem rechaçados).

Novos invasores podem ir atrás de outros recursos. Como o pe-tróleo do pré-sal. Biodiversidade amazônica? Difícil; a biotecnolo-gia resolve as coisas com mais facilidade nos laboratórios, sem precisar invadir um país para ter acesso a folhas e formigas. Recurso mais raro e valioso no futuro: a simples água doce.

Na Amazônia está a maior re-serva do mundo, que pode ter cada vez mais sede, dependendo do aumento da população e da mudança climática.

Cenário 5 – Plano“Em 22 de fevereiro de 1942,

dois meses e meio após o ataque japonês a Pearl Harbor, os Esta-dos Unidos invadiram e ocuparam o Nordeste do Brasil. Após 12 dias de navegação a partir de Hampton Roads, Virgínia, EUA, uma força naval de apoio de fogo – incluindo o couraçado USS Texas (BB-35), e o 11º Grupo de Aviação dos fuzileiros navais embarcado no porta-aviões USS Ranger (CV-4), e um comboio de navios de transporte carregados de equipa-mento de combate para a força de desembarque de batalhões da 1ª Divisão de Fuzileiros Navais e 9ª Divisão do Exército –, apareceu na madrugada ao largo da cida-de de Natal na ‘protuberância’ a leste do Brasil”, foi a descrição de um historiador da invasão que poderia ter acontecido, e foi planejada, mas não houve, graças à diplomacia (“Invade Brazil?!”, por Michael Gannon, United States Naval Institute Proceedings, Vol. 125, No. 10, Oct. 1999).

Segundo Gannon, o “problema” do governo americano com o Brasil era a ditadura liderada por Getúlio Vargas e a noção de que a maior parte das Forças Armadas, especialmente o Exér-cito, era a favor do eixo Berlim-Roma-Tóquio.

O curioso, como ele mostra, é que o plano de invasão poderia redundar em um grande fracasso. Nem tanto pela competência das Forças Armadas brasileiras, mas pela falta de experiência ameri-cana em desembarques anfíbios e pelas praias de difícil acesso do Nordeste por embarcações ainda não testadas.

O número de tropas era peque-no para lidar com eventual insur-gência. Os EUA poderiam ter tido no Brasil em 1942 o que teriam no Iraque depois de 2003.

Preservado hoje no Estado que lhe deu o nome, o USS Texas foi veterano da Primeira Guerra Mundial e da Segunda. Seus ca-nhões deram apoio de fogo em operações importantes, como a invasão da África do Norte em 1942, a da Normandia em 1944 (o “Dia D”) e depois, no Pacífi co, contra os japoneses em Iwo Jima e Okinawa, em 1945. Recebeu cinco “battle stars” (“estrelas de batalha”) por operações como essas. Para sorte dos brasileiros, Natal não entrou nessa lista.

FORÇAO Brasil, um país com perto de 200 milhões de habitantes e ape-nas 325 mil militares, teria como poderia se defender de verdade? Faltam recursos para manter e operar equi-pamentos militares

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G4 MANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013 MANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013 G5

Estratégia

RESUMOEmbora hoje pare-ça improvável uma invasão do território, as fragilidades do sistema de Defesa e a porosidade das fronteiras do país tornariam viável um ataque. Neste texto, desenham-se cinco cenários hipotéticos de invasões por terra, mar e ar, uma dos quais chegou a ser planejada pelos Esta-dos Unidos, em 1942.

3Exercícios de guerra

“Si vis pacem, para bellum.” “Se quer a paz, prepare a guerra”, diz o clássico provérbio latino atri-buído a Publius Flavius Vegetius Renatus. O romano sabia do que falava. Além de autor de um importante tratado militar, ele vivia a decadência do Império Romano do Ocidente, que cedia aos bárbaros invasores partes de seu território.

Mesmo os EUA não estavam preparados para a Segunda Guerra Mundial; tinham uma respeitável Marinha, mas Exér-cito e aviação ridiculamente pequenos quando Japão e Ale-manha declararam guerra em 1941. E confl itos podem surgir de repente. Ninguém previu o ataque argentino a uma colônia britânica em 1982 no Atlântico Sul, as Falklands (ou “Malvinas”, para os invasores). Havia menos de cem fuzileiros navais para defender a colônia habitada por cerca de 2.000 britânicos.

Graças à diplomacia ao lon-go de dezenas de anos, com destaque para o barão do Rio Branco no começo do século passado, o Brasil tem as fron-teiras mais tranquilas do pla-neta. Ninguém quer um pedaço dos seus 8.511.865 quilômetros quadrados. Ninguém ambiciona os recursos naturais do país. No entanto nem sempre foi assim, como mostra a história.

E se os cenários mudarem? Um país com perto de 200 milhões de habitantes e apenas 325 mil militares teria como se defender? São cerca de 200 mil homens e mulheres no Exército, 60 mil na Marinha e 65 mil na Força Aérea. Mas a disponi-bilidade de equipamento para esse pessoal costuma ser baixa. Faltam recursos para a manu-tenção e operação.

Dos cerca de cem navios da Marinha, só metade está dispo-nível. Dos 200 aviões de combate (caça-bombardeiros), o normal é ter só uns 85 operacionais. Dos quase 300 aviões de transporte, só um terço poderia decolar

RICARDO BONALUME NETO ILUSTRAÇÃO DEBORAH PAIVA

Como o Brasil poderia ser invadido

agora. E dos perto de 2.000 blindados de vários tipos do Exército, só metade conseguiria sair dos quartéis.

Existe ainda a questão da obsolescência. O único porta-aviões, de segunda mão, é de 1963 (além de passar a maior parte do tempo no porto, seus caça-bombardeiros foram pro-jetados nos anos 1950).

O país tem investido no desen-volvimento e compra de novos equipamentos, mas em quanti-dade pequena.

Se algum inimigo hoje in-suspeito atacasse de repente, hipoteticamente, o que pode-ria acontecer?

Cenário 1 – Amazônia“Jovens, bem-vindos ao Ama-

pá. Soube que entre vocês estão estudantes de várias disciplinas. História, geografi a, ciência po-lítica, arquitetura, engenharia. Ótimo. Embora vocês provavel-mente interajam pouco com seus colegas de outras áreas, aqui é o lugar em que um enfoque multi-disciplinar faz sentido. É preciso entender um pouco de tudo para apreciar essa obra-prima, esse monumento que ajuda a explicar o motivo de a maior parte da Amazônia ser brasileira”.

Os estudantes continuam em silêncio. Alguns olham para a anatomia das colegas mais jei-tosas, outros fi cam pensando se foi boa ideia embarcar nessa via-gem até o fi m do mundo para ver um monte de pedras empilhadas, algumas moças pensam no efei-to que o calor equatorial vai ter na sua maquiagem. E, surpresa, há até alguns que param para digerir o que diz o anfi trião.

“Moças, rapazes; vocês agora têm o prazer de conhecer uma joia da arquitetura militar luso-brasileira, a fortaleza de São José de Macapá. E seu simbolismo é tão forte que seu traçado está na própria bandeira do Estado”.

Os estudantes automatica-mente levantam o olhar para uma das bandeiras. Logo em seguida, olham estarrecidos na direção do mar. Uma explosão, um clarão. Novas explosões. Eles saem correndo em várias dire-ções. Uns poucos têm o bom senso de se jogar no chão ou de

CHINAMas e se, em um fu-turo não tão distante, os chineses conseguis-sem bases no oeste africano e prosseguis-sem por algum motivo na sua busca insa-ciável por recursos naturais no Brasil

se proteger atrás das muralhas da velha fortaleza. As explosões continuam. A Amazônia está sen-do invadida.

ObstáculoUm historiador tinha deixado

claro o papel da fortaleza: “Imen-sa e bem construída, esta fortifi -cação se ajustou razoavelmente às propostas do marquês de Pombal para a região, servindo de prova efetiva e tangível de que a Coroa portuguesa era a proprietária do cabo do Norte e de que qualquer pessoa que tentasse disputar a posse teria que superar esse gigantesco obstáculo antes de atingir seu objetivo. A fortaleza passava a ser o verdadeiro ‘fecho do Impé-rio’ na foz do Amazonas”.

Continuando, o historiador Adler Homero Fonseca de Cas-tro foi preciso: “Em 1863, um relatório que examinou as for-tifi cações do Brasil teceu novas considerações elogiosas sobre a posição”, “a mais vantajosa e interessante, por estar situada na foz do norte do Amazonas”, apesar de não defender “total-mente” a entrada do rio.

Embora esteja obsoleta há mais de um século, a fortaleza, num ataque como o descrito, não seria o alvo, a despeito de ser uma das antigas “fechaduras” da região.

Um dos objetivos era relativa-mente pequeno e modesto: um navio de patrulha da classe “G” ali atracado, com deslocamen-to de apenas 217 toneladas, comprimento de 46,5 metros e velocidade máxima de 27 nós (50 km/h). O armamento principal é um modesto canhão de calibre 40 mm de duplo emprego (antia-éreo e antinavio). Os 12 navios de patrulha brasileiros da classe Grajaú têm todos os nomes co-meçando com “G”, como Guarujá, Guanabara e Gurupi.

Refl etem uma tradição; du-rante a Segunda Guerra Mun-dial, a Marinha deu os mesmos nomes para também pequenos caça-submarinos de fabricação americana, usados para patru-lhar o litoral do país contra submarinos “invasores” no mar territorial do país vindos da Alemanha e da Itália.

É tudo muito pouco para de-fender o extenso litoral do país. Um invasor facilmente ocuparia as chaves da região amazônica, Macapá e Belém.

Cenário 2 – ‘Amazônia azul’Para mostrar a importância

do mar territorial, a Marinha criou a curiosa expressão “Ama-zônia azul”.

Mais ao sul, mais especifi ca-mente no sudeste do país, um dos três mais modernos navios da Marinha do Brasil estava em operação, uma missão de rotina. A Marinha adora siglas; logo, os três navios da mesma classe, Amazonas, são conheci-dos como NPaOc, acrônimo para Navio Patrulha Oceânico.

São navios modernos – os mais novos de todos, com um maior grau de informatização –, apesar de não serem os navios

com maior poder de combate para seu tamanho: mesmo com mais de 2.000 toneladas com-pletamente carregados, só têm armamento leve. Nem mísseis nem torpedos; e o canhão prin-cipal tem calibre 30 mm. Já as fragatas e corvetas da Marinha têm canhões principais de cali-bre 114 mm, além de ter mísseis e armas antissubmarinas.

Os três NPaOc servem mais a uma função “policial” do que “mi-litar”. Não foram projetados para a guerra convencional contra uma marinha inimiga, mas para lidar com problemas mundanos como narcotráfi co, pirataria e contra-bando. A Marinha, afi nal, tem que proteger instalações como as plataformas de petróleo.

À noite, essas plataformas pa-recem inusitadas cidades em pleno oceano. Luzes no horizon-te, contatos no radar. É difícil imaginar isso em pleno mar. Mas ali vivem e trabalham mi-lhares de brasileiros, extraindo do fundo do mar um recurso cada vez mais raro no plane-ta. Isso faz as plataformas se multiplicarem e, cada vez mais, se aprofundarem em busca do combustível fóssil.

O navio classe A estava patru-lhando entre dois grandes cam-pos de plataformas quando um marinheiro observou um clarão no horizonte. Quase simultane-amente, um sargento notou um contato no radar se aproximan-do rapidamente. Lembrou-se de um treinamento anterior. Pare-ce um míssil vindo na direção do navio. Como? Não há nenhum exercício planejado!

Seria um alvo fácil para um ataque surpresa. E o resto da esquadra, concentrada na baía da Guanabara, seria fácil de achar e atacar. Claro, apenas os americanos teriam hoje condi-ções de fazer um ataque destes. Mas e se, em um futuro não tão distante, os chineses conseguis-sem bases no oeste africano e prosseguissem por algum moti-vo na sua busca insaciável por recursos naturais?

Cenário 3 – Mais AmazôniaO veículo, ou “viatura”, como

prefere o pessoal do Exército, foi chamado de VBTP-MR Guarani. Veículo (ou “Viatura”) Blindado de Transporte de Pessoal, Médio, So-bre Rodas. Produzido em Minas Gerais, projeto em parceria com a empresa italiana Iveco. Alguns deles estão sendo testados em um lugar incomum: Roraima.

Detalhes do veículo? Compri-mento: 6,91 m/altura: 2,34 m/largura total: 2,7 m/peso vazio: 14,5 toneladas/peso carregado: de 17 a 20 toneladas/velocidade máxima em estrada: 100 km/h.

Demorou anos, mas o Exér-cito Brasileiro, o EB, resolveu substituir seus velhos blindados sobre rodas Urutu e Cascavel, produtos da jurássica empre-sa (faz tempos falida) Engesa. Eram bons veículos de seis rodas, exportados para vários países, usados pelo EB em missões de paz em Angola, Moçambique, Haiti – lamentavelmente, porém, são obsoletos hoje.

O Guarani começou a ser pro-

FRACASSOO plano de invasão poderia certamente redundar em fracasso. Nem tanto pela com-petência brasileira, mas pela notável falta de experiência ame-ricana em desembar-ques anfíbios

duzido em uma versão básica de transporte de infantaria, le-vando um grupo de combate de infantes, com uma metralhadora no teto, de calibre 12,7 mm, de controle remoto. Mas também se criou uma versão experimental de “veículo de combate de in-fantaria”, com um mais parrudo canhão calibre 30 mm; e uma versão para substituir o Casca-vel, um carro de reconhecimento, com canhão calibre 90 mm ou o mais poderoso 105 mm.

Sejam quais forem as deci-sões sobre armamento, ainda pendentes, dois grupos desses VBTP-MR foram enviados para dois possíveis locais de empre-go em guerras convencionais contra vizinhos, por mais que os vizinhos da República Fe-derativa do Brasil sejam em geral amistosos.

Com certeza um dos destinos previstos e previsíveis foi o Rio Grande do Sul. Esse sempre foi o local de praxe paras as forças mais móveis do Exército, onde se concentrou o grosso da cava-laria e da sua versão moderna, mecanizada, os tanques (que o EB chama de “carros de comba-te”) e os blindados de transporte de tropas. Durante muito tempo se pensou em uma “Blitzkrieg” de blindados argentinos ata-cando a região (Uruguai e Pa-raguai nunca foram ameaças sérias no século 20). Cenário cada vez mais improvável.

Os primeiros testes com o Guarani foram feitos no Rio, no campo de provas do Exército. Depois duas pequenas unida-des foram enviadas a campo. E, além do óbvio Rio Grande do Sul, outro lugar foi Roraima – a Amazônia não inclui apenas fl oresta: Roraima tem campos perfeitamente adequados para veículos militares.

ClareiraUm pelotão de Guaranis – qua-

tro veículos – fazia uma patrulha perto da fronteira. Uma opção de organização desse tipo de uni-dade, ainda não defi nitiva, inclui um veículo armado com o canhão de 30 mm, e os restantes com o tradicional 12,7 mm (a clássica metralhadora “ponto cinquenta”, ou .05 polegada). De repente saem de uma clareira alguns blindados não identifi cados. O tenente comandante do pelotão ordena que os VBTP parem e pro-curem cobertura possível atrás das poucas árvores e colinas em torno. Ele abre a escotilha para observar melhor, quando vê um clarão e ouve logo em seguida uma explosão.

O inimigo avançaria rápido por esses campos com forças blinda-das. Supondo que fossem vene-zuelanos bolivarianos fanáticos, também tomariam a região de Essequibo, na vizinha Guiana.

Foi pura coincidência. Alguém no Exército também resolveu testar na região uma bateria de artilharia bem especial: o sistema Astros II, da Avibrás, um sistema de foguetes de múltiplos calibres capaz de atingir alvos a distâncias entre 9 e 300 km, que logo entra-ria em ação, tornando o resultado do confl ito menos previsível.

Cenário 4 – FronteirasEm vários pontos do país

existe outro produto da in-dústria de defesa nacional em operação no mesmo momento, um avião de transporte. Levou algum tempo para produzi-lo, um pouco mais que o previsto, mas compreensivelmente, pois o objetivo era substituir um dos aviões mais icônicos, seminais e clássicos da história, o avião de transporte americano Her-cules C-130. “O substituto de um Hercules é outro Hercules”, dizia a fabricante, a Lockheed. A empresa brasileira Embraer resolveu apostar que teria uma opção melhor: a aeronave de

transporte e reabastecimento aéreo de combustível KC-390.

O C-130 é um turboélice de quatro motores; o KC-390 é um bimotor a jato, o primeiro grande projeto multinacional na área de aviação em que uma empresa brasileira é a principal envolvida. E os novos aviões estavam voando pelo país em diferentes missões.

As fronteiras do país, no mar ou em terra, costumavam ter os fortes como principais bar-reiras a uma invasão. Mura-lhas e canhões eram o principal desafi o que um inimigo tinha que contornar, assim como – e principalmente – os homens por trás das defesas.

A ameaça passou a ter no-vas dimensões. Um dos novos “fechos” da Amazônia, e das fronteiras em geral, é outra classe de aviões da Embraer, os EMB 145 ISR – aviões-radar, de vigilância área e de senso-riamento remoto.

A empresa usou como pla-taforma para o equipamento eletrônico seu bem-sucedido avião comercial ERJ 145 e criou a dupla R-99 e E-99. O EMB 145 Multi Intel, ou R-99, é voltado para sensoriamento remoto, e o EMB-145 AEW&C (do inglês “Airborne Early War-ning and Control”), ou E-99, é um avião-radar de alerta aéreo antecipado e controle de tráfego aéreo.

Aviões-radar dão informa-ções. Mas é preciso que exis-tam aviões de combate aptos a utilizá-las. A depender da ame-aça, não precisam ser caças de última geração: aviões de trafi cantes e contrabandistas podem ser visados por aero-naves de ataque leve como o Embraer EMB-312 T-27 Tucano (um sucesso internacional de vendas: cerca de 650 aeronaves operando em 15 forças aéreas mundo afora) ou seu sucessor, o EMB 314 A-29 Super Tucano – ou ALX.

O Super Tucano também tem uma função de ataque a guer-rilhas, ou “insurgentes”, como é moda defi ni-las hoje. Tem sido usado nessa função pela Força Aérea da Colômbia.

MíssilO par de Super Tucanos pa-

trulhava a fronteira sobre a fl oresta. Impossível identifi car qualquer coisa debaixo das ár-vores. O avião-radar, contudo, tem uma visão mais precisa e detalhada. É possível “enxergar” parte do que acontece no solo. De repente surge um clarão na tela. Que se repete visualmente, na direção dos dois aviões de ataque leve. Um míssil terra-ar, certamente disparado do ombro, da classe do antigo so-viético SAM-7, ou do americano Stinger. Seja qual for o míssil, é barato, é simples de operar, e um grupo de narcotrafi cantes pode usar. Os dois Tucanos percebem a ameaça e começam manobras evasivas.

Meio-dia, terça-feira, 26 de fevereiro de 1991; cerca de 40 homens realizam uma incursão em território brasileiro. Eles atacaram um destacamento do Exército na margem do rio Traíra, na fronteira entre Brasil e Colôm-bia. Durante a ação, a unidade brasileira de 17 homens teve três soldados mortos e nove feridos; armas e equipamento brasileiros foram capturados. Uma retalia-ção depois recuperaria parte do armamento roubado e mataria parte dos “insurgentes”.

O episódio deixa claro a “área cinzenta” entre tráfi co de drogas, guerrilha e banditismo puro em partes da fronteira do país, retra-tada também em artigo do coronel Álvaro de Souza Pinheiro (“Guer-rilla in The Brazilian Amazon”, Fo-reign Military Studies Offi ce, Fort Leavenworth, KS., 1995).

HistóriaUm pouco de história: em

1624 os holandeses atacaram e tomaram Salvador. Perderam no ano seguinte.

Atacaram e tomaram Recife e Olinda em 1630; só foram expul-sos em 1654. Mesmo antes disso, tinham iniciativas na Amazônia – pequenos fortes e feitorias –, assim como ingleses, franceses e mesmo irlandeses.

Franceses fundaram, na práti-ca, duas cidades brasileiras, duas capitais de Estados: Rio de Janeiro e São Luís. Foram expulsos pelos portugueses. Em 1710 e 1711, atacaram de novo o Rio, mas apenas para saquear – com su-cesso, na segunda vez.

Os holandeses queriam do-minar o comércio do açúcar, e também o dos escravos neces-sários para sua produção (por esse mesmo motivo chegaram a dominar Luanda, em Angola, antes de serem rechaçados).

Novos invasores podem ir atrás de outros recursos. Como o pe-tróleo do pré-sal. Biodiversidade amazônica? Difícil; a biotecnolo-gia resolve as coisas com mais facilidade nos laboratórios, sem precisar invadir um país para ter acesso a folhas e formigas. Recurso mais raro e valioso no futuro: a simples água doce.

Na Amazônia está a maior re-serva do mundo, que pode ter cada vez mais sede, dependendo do aumento da população e da mudança climática.

Cenário 5 – Plano“Em 22 de fevereiro de 1942,

dois meses e meio após o ataque japonês a Pearl Harbor, os Esta-dos Unidos invadiram e ocuparam o Nordeste do Brasil. Após 12 dias de navegação a partir de Hampton Roads, Virgínia, EUA, uma força naval de apoio de fogo – incluindo o couraçado USS Texas (BB-35), e o 11º Grupo de Aviação dos fuzileiros navais embarcado no porta-aviões USS Ranger (CV-4), e um comboio de navios de transporte carregados de equipa-mento de combate para a força de desembarque de batalhões da 1ª Divisão de Fuzileiros Navais e 9ª Divisão do Exército –, apareceu na madrugada ao largo da cida-de de Natal na ‘protuberância’ a leste do Brasil”, foi a descrição de um historiador da invasão que poderia ter acontecido, e foi planejada, mas não houve, graças à diplomacia (“Invade Brazil?!”, por Michael Gannon, United States Naval Institute Proceedings, Vol. 125, No. 10, Oct. 1999).

Segundo Gannon, o “problema” do governo americano com o Brasil era a ditadura liderada por Getúlio Vargas e a noção de que a maior parte das Forças Armadas, especialmente o Exér-cito, era a favor do eixo Berlim-Roma-Tóquio.

O curioso, como ele mostra, é que o plano de invasão poderia redundar em um grande fracasso. Nem tanto pela competência das Forças Armadas brasileiras, mas pela falta de experiência ameri-cana em desembarques anfíbios e pelas praias de difícil acesso do Nordeste por embarcações ainda não testadas.

O número de tropas era peque-no para lidar com eventual insur-gência. Os EUA poderiam ter tido no Brasil em 1942 o que teriam no Iraque depois de 2003.

Preservado hoje no Estado que lhe deu o nome, o USS Texas foi veterano da Primeira Guerra Mundial e da Segunda. Seus ca-nhões deram apoio de fogo em operações importantes, como a invasão da África do Norte em 1942, a da Normandia em 1944 (o “Dia D”) e depois, no Pacífi co, contra os japoneses em Iwo Jima e Okinawa, em 1945. Recebeu cinco “battle stars” (“estrelas de batalha”) por operações como essas. Para sorte dos brasileiros, Natal não entrou nessa lista.

FORÇAO Brasil, um país com perto de 200 milhões de habitantes e ape-nas 325 mil militares, teria como poderia se defender de verdade? Faltam recursos para manter e operar equi-pamentos militares

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G6 MANAUS, DOMINGO, 1º DE SETEMBRO DE 2013

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Mirante e nova fadista maravilham lisboetas

Terrinha à vista, em 360º

Diário de Lisboa O MAPA DA CULTURA

Há um novo mirante na cidade de onde se pode ver Lisboa em todo o seu esplendor. Fica no alto do arco da rua Augusta, mo-numento que começou a ser pensado em 1759, a seguir ao terramoto, e foi concluído em 1875.

A Associação Turismo de Lisboa, que gere o espaço, fez um investimento de 950 mil euros para restaurá-lo e instalar um elevador que permite que o monumento seja agora visitável. Está aberto ao público desde o dia 9 de agosto.

Para chegar ao topo do arco, vai-se de elevador, mas depois é preciso subir dezenas de degraus para se chegar ao salão (onde fi ca a maquinaria do relógio) e, mais ainda, de uma escada em caracol para se chegar ao mirante.

Dali se vê o Terreiro do Paço (a praça com a es-tátua equestre de D. José 1º, também restaurada), o Cais das Colunas, a ponte

sobre o rio Tejo, o Cristo-Rei do outro lado do rio, a Baixa Pombalina, a Sé e o castelo de São Jorge. O arco da rua Augusta, que tem a inscrição “Às virtudes dos maiores, para que sirva a todos de ensinamento”, pode ser visitado das 9h às 19h, todos os dias, e o bilhete custa 2,50 euros. A vista e o restauro têm dei-xado todos maravilhados.

Fado musical Lisboa também anda en-

tusiasmada com uma nova fadista que veio do norte de Portugal. O primeiro disco de Gisela João, 29, acaba de sair (está à venda no iTunes) e a crítica foi unâni-me. Desde o aparecimento de Carminho que não se ouviam elogios assim.

Tudo começou quando Gisela, ainda criança, ouviu na rádio a fadista Amália a cantar “Que Deus Me Per-doe”. Achou que a canção falava do que ela sentia. “Isto sou eu, caraças”, pen-sou a rapariga, que com-prou então uma fi ta com as músicas da diva e sozinha,

no quarto, imitava-a. Sua mãe adorava Elis

Regina, mas em casa nin-guém ouvia fado. Mais tar-de, quando em Barcelos abriu uma casa de fado Adega Lusitana, Gisela foi para lá cantar. Mudou-se para o Porto; de dia traba-lhava numa loja, de noite cantava fado.

Conheceu o fadista Hel-der Moutinho, que a trouxe a Lisboa, à casa de fados Sr. Vinho (www.srvinho.com), onde a fadista Maria da Fé a convidou a fazer parte do elenco.

Gisela João já cantou com Nicolas Jaar, gravou com o brasileiro Pierre Aderne (“Um Lugar pra Ficar”) e cantou “Os Argonautas”, de Caetano, no fi lme “Lisbon Soul of Music”, de João Botelho. Tal como o verso de uma das canções que ela canta: “Não é fadista quem quer, mas sim quem nasceu fadista”.

Quero ser Casa Nova John Malkovich está em

Lisboa a gravar o fi lme “As Variações de Giaco-

mo”, de Michael Sturmin-ger. Depois de interpretar Giacomo Casanova (1725-98) na ópera de mesmo nome, também dirigida por Sturminger, agora vai en-carnar o famoso libertino no cinema.

Produzido por Paulo Branco, o fi lme será intei-ramente rodado em Portu-gal. Malkovich atuará com o tenor Jonas Kaufmann no teatro Nacional de São Carlos, onde se passa gran-de parte do longa.

O ator norte-americano irá cantar na produção. “Irei abrir a boca e vamos ver o que sairá”, brincou.

A exemplo do que ocorria no fi lme “Quero Ser John Malkovich” (1999), faz o papel dele mesmo na parte do novo projeto que se passa nos dias de hoje. A ideia foi do diretor do novo longa, mas Malkovich encontra uma explicação para ela. “Casanova era uma celebridade, as histó-rias que se contavam sobre ele podiam não ter ne-nhuma base factual. Isso acontece comigo e com

qualquer fi gura pública”.

Cinema em transe Nesta semana foi lan-

çada uma petição à As-sembleia da República em defesa da Cinemate-ca Portuguesa, reagindo às notícias de que a institui-ção está a lutar para não fechar as portas por falta de verbas.

Há duas semanas a dire-tora da Cinemateca, Maria João Seixas, disse que a instituição corria o risco de suspender as atividades já neste mês. Parte do orça-mento da Cinemateca vem das receitas provenientes da taxa cobrada sobre a publicidade televisiva. Como houve uma quebra acentuada nessas receitas, foi necessário nos últimos meses arranjar dinheiro de outra forma.

O secretário de Esta-do da Cultura português, Jorge Barreto Xavier, já veio assegurar que a Ci-nemateca não vai fechar, mas não disse ainda como vai resolver o problema do fi nanciamento.

ISABEL COUTINHO

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5 Concorrência desleal

Arquivo Aberto MEMÓRIAS QUE VIRAM HISTÓRIA

Veneza, 1969

A grande atração do festival de Veneza de 1969 era a esperadíssima estreia mundial de “Satyricon”, de Federico Fellini.

Fellini estava sem lançar um longa havia quatro anos. Com a saúde abalada, se retirara para sua casa na praia de Ostia, perto de Roma, e desaparecera do noticiário.

Parece que só saía de Ostia para jantar com Marcello Mastroianni, seu ator preferido e amigo fi el. Mas diziam também que, na maior parte das vezes, eles marcavam seus encontros e nenhum dos dois aparecia no restaurante.

“Satyricon”, superprodução com estrelas de várias nacionalidades, ia passar no fi m do festival, no mesmo dia previsto para meu fi lme “Os Herdeiros”, que também estava na seleção ofi cial.

Eu ainda não tinha 30 anos e dividia a última jornada do festival com o mestre italiano, com seu fi lme

mais esperado dos últimos tempos. No Lido de Veneza, só se falava de “Satyricon”, não se lia nenhum jor-

nal que não o tivesse como assunto principal. Ou único.

No dia 4 de setembro, data marcada para sua exibição, “Os Herdeiros” deveria passar três ve-zes – de manhã, no fi m da tarde e às 21h. A última sessão se daria na Arena do Lido, um espaço po-pular; as anteriores, no Palácio do Festival, palco ofi cial do evento. Todas as três antecederiam pro-jeções de “Satyricon”.

Naquele dia, acordei bem cedo e fui para a porta do palácio. Uma fi la gigantesca parecia estar ali há horas, esperando o sol nascer para entrar na sala de exibição.

Estando “Os Herdeiros” progra-mado para a primeira sessão, des-confi ei de que havia algo errado. Chegando mais perto, vi que havia outra fi la, de tamanho muito menor, que começava a se mover antes da mais comprida.

A fi la maior esperava pela sessão

de “Satyricon”, que se daria dali a umas duas horas, depois que o pessoal da fi la menor visse “Os Herdeiros” e que déssemos nossa entrevista coletiva, ao fi nal da pro-jeção, no palco do próprio palácio.

A projeção de “Os Herdeiros” mal terminara e a multidão já começava a forçar a entrada na sala. Uma autoridade do festival tentou gentilmente me explicar o que estava acontecendo.

Como tudo se passasse cada vez mais rápido, entrou logo no as-sunto que o afl igia e me pediu o favor de aceitar duas alterações na programação: dar a entrevista nos camarins do palácio em vez de no palco, evitando assim as hor-das que entravam na sala para ver “Satyricon”; e abrir mão da sessão da tarde de “Os Herdeiros”, para que pudessem programar mais uma projeção do fi lme de Felllini, a fi m de atender a demanda.

Ainda estávamos nos camarins do palácio quando o presidente do fes-tival, Ernesto Laura, apareceu vindo

dos fundos do prédio, trazendo Fede-rico Fellini pelo braço para que fosse ao palco apresentar seu fi lme.

Ao me ver, Laura teve a delicade-za de interromper sua marcha em direção à glória de programador e me apresentou o mestre. Felli-ni, que devia estar a par do que acontecia, estendeu-me a mão, fez um gesto na direção do teatro agitado e, muito simpaticamente, disse-me apenas: “Mi dispiace”. Em bom português, queria me dizer “desculpe qualquer coisa”.

Só voltei a encontrá-lo muitos anos depois, em 1986, quando “Quilombo” estreou em Nova York. Durante os dias em que fi camos na cidade, fomos a uma sessão especial do fi lme dele, “Ginger e Fred”, e depois a uma festa em sua homenagem.

Ao nos encontrarmos, lembrei-o daquele festival de 1969, e Fellini riu muito. Dessa vez estava mais feliz – porque, em Veneza, “Satyricon” acabara se tornando uma grande decepção. Bem feito.

CARLOS DIEGUES

O cineasta Federi-co Fellini (de gra-vata) e parte da trupe de ‘Satyri-con’ navegam por Veneza, em 1969

ARCHIVIO CAMERA PHOTO EPOCHE/ GETTY IMAGES

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Cinema

6Filme que cunhou estilo de Fellini faz 50 anos

O documentarista do sonho

Acredita-se que alguns dos perso-nagens mais característicos da obra de Federico Fellini (1920-93) tenham tido seu primeiro sopro de vida nas recordações que o cineasta reunia no seu “Libro dei Sogni”.

Esse “livro dos sonhos” se relaciona ao modo de criação artística por meio do inconsciente e da subjetividade. Ao que se supõe, há nos desenhos registra-dos ali impulsos profundos de criação de personagens e episódios, alguns recriados na tela cinematográfi ca.

Em “Oito e Meio”, fi lme que completa agora 50 anos, o cineasta traz o mundo onírico que anotava em seus álbuns ao primeiro plano, ao tentar explicar as motivações do protagonista, o cineasta Guido, naquilo, em suma, que o crítico italiano Ennio Bispuri qualifi cou, no livro “Interpretare Fellini”, como “o sonho de onipotência de um impotente”.

Não se sabe ao certo se os registros imagéticos do “Livro dos Sonhos” – obra ainda a ser devidamente estudada – têm relação direta com a criação de “Oito e Meio”. Vale observar, no entanto, que há uma camada onírica essencial no enredo do fi lme.

Guido Anselmi (interpretado por Mar-cello Mastroianni, ator-fetiche de Felli-ni) é um cineasta que, prestes a começar seu próximo trabalho, não tem ideia de que fi lme fazer. A crise criativa mergulha o personagem em sonhos assombrados pela família, recordações da infância e mulheres que marcaram sua vida.

A arquitetura visual arrebatadora cir-cula pelo inconsciente de Guido, mas também avança pela memória deco-dificada do personagem e pelo tempo presente.

RiminiA relação de Fellini com o desenho

se estabeleceu ainda na infância e na adolescência em Rimini, cidade na costa do mar Adriático onde nasceu. Apre-ciava caricaturas, charges e histórias em quadrinhos – tornou-se “fumettista” (cartunista) precocemente.

Foi no começo dos anos 1960 que o talento para desenhar transformou-se numa terapia. Aconselhado por um psicanalista junguiano, o berlinense Ernst Bernhard, com quem passou a se consultar, Fellini decidiu registrar grafi camente os próprios sonhos.

Quase todas as manhãs, assim que despertava, punha-se a desenhar efu-sivamente as lembranças da noite. O hábito durou até 1990; quando se deu por satisfeito, possuía três grandes ál-buns preenchidos por imagens coloridas e voluptuosas, com histórias carregadas de simbolismo.

Após a morte do diretor, em 1993, dois dos álbuns – o terceiro desapareceu – foram trancados no cofre de um ban-co italiano, a salvo da disputa entre os herdeiros de Fellini e os de sua mulher, a atriz Giulietta Masina (1921-94).

Em 2006, após um acordo que en-volveu a Fundação Federico Fellini (se-

diada em Rimini), o governo da Emilia Romagna (região italiana onde Fellini nasceu) e os herdeiros de Masina, os enigmáticos livros foram, enfi m, aber-tos e apresentados publicamente como um precioso instrumento para ajudar a compreender a estilística e a poética do diretor de “Oito e Meio”.

Seu conjunto foi publicado de fato como livro em 2007, na França e na Itália.

MergulhoEm “8 1/2 de Fellini - O Menino Per-

dido e a Indústria”, publicado no livro “A Sereia e o Desconfi ado - Ensaios Críticos”, o crítico Roberto Schwarz vê na estrutura atemporal do fi lme o sinal e, por conseguinte, o caminho para o mergulho simbólico na “alma” do protagonista.

O crítico adverte, todavia, ser um artifício enganoso o espelhamento que costumeiramente se faz entre Fellini e Guido – identifi cação “autorizada pelos colunistas de mexerico, pelo próprio diretor, talvez, mas não pelo fi lme”.

“Se Fellini é Guido”, escreve Schwarz, “os conflitos deste campeiam idênticos no peito daquele, que seria o bobo de suas próprias limitações, um peque-no-burguês nostálgico e fantasioso, incapaz de fazer qualquer coisa que preste”.

A potência subjetiva de “Oito e Meio” é reveladora de um gesto maior, que vai além da psicologia do diretor e que avança pelo campo do imaginário na criação artística, como um tratado poético em forma de imagens, cujo

pensamento, vivo e pulsante, alcança densidade poética inigualável.

É como se o fi lme e o gesto de pensá-lo criassem, em película, a experiência de uma aventura em que o mundo da memória e dos sonhos se manifesta por meio de imagens “signifi cantes”.

No ensaio “O Salto Mortal de Felli-ni”, publicado no livro “Exercícios de Leitura”, a crítica Gilda de Mello e Souza avalia que o filme se inscreve na linha de vanguarda da narrativa contemporânea.

Segundo a ensaísta, apesar de dúvi-das e indecisões, avanços e recuos, “foi para a aventura de saltar da torre no espaço vertiginoso da arte que Guido se preparou longamente. O fi lme de Fellini é a fenomenologia deste gesto frágil e arriscado”.

De onde vêm, contudo, essa fragilidade e esse risco? Talvez da própria tentativa de construção imagético-discursiva do “cinema de poesia” em Fellini.

“Cinema de poesia”, tal como pensa-do e analisado pelo cineasta e crítico italiano Pier Paolo Pasolini no ensaio de mesmo nome, é um termo que se relaciona ao uso da “subjetiva indire-ta livre”, meio narrativo, derivado do discurso indireto livre da literatura, em que o autor manifesta suas ideias, seus sentimentos e suas perspectivas de mundo por meio da psicologia dos personagens e da poética inerente ao discurso cinematográfi co.

A existência contraditória de Guido evidencia a experiência do impasse no fi lme como gesto criativo complexo. O

personagem é o “álibi narrativo” para Fellini tecer seu argumento poético, na medida em que ele expressa em Guido condições análogas – e, por isso, enganosas numa relação direta de iden-tifi cação – na cultura e na psicologia, como requintados atributos de onde ecoa sua própria voz.

Guido, num ambiente marcado pela decadência e pelo posterior reencontro moral, talvez seja o ápice da experiência de confronto do cineasta com a cria-ção cinematográfi ca tal como pensada pelo “cinema de poesia”. É por meio da expressão ambígua e desnorteante do personagem que se evidencia o sentido da formação individual do diretor, pois “Oito e Meio” se resume nisto: é como Fellini torna-se cineasta.

Em 1960, “A Doce Vida” havia feito de Fellini um ícone do cinema; mas foi “Oito e Meio” o fi lme que fez nascer para o mundo o adjetivo “felliniano”.

Federico Fellini, esse “documentarista do sonho”, como diz Glauber Rocha no ensaio “Glauber Fellini”, dá adeus à escola em que se formou – desde que, em 1945, colaborou como corroteirista em “Roma, Cidade Aberta”, de Roberto Rosselini, fi lme-manifesto do neorrealismo.

Com “Oito e Meio”, Fellini mergulha na poesia de seu próprio cinema, re-tornando ao magma neorrealista origi-nário, mas moldando-o como artifício da sua própria expressão, colocando o artista em confronto com sua subjeti-vidade mais real e, por isso, também, configurando-se como um exame de maturidade.

EUCLIDES SANTOS MENDES

CLAUDIUS CECCON/cartum

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