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ELISABETH BADINTER: RACIONALISMO, IGUALDADE E FEMINISMO1
Fernanda Henriques
Universidade de Évora
RESUMO: O presente texto tem como objectivo mostrar os contornos fundamentais do pensamento de Elisabeth Badinter, filósofa e feminista francesa, evidenciando a sua pertença a um modo de pensar radicado no racionalismo moderno, herdeiro do pensamento iluminista.
PALAVRAS-CHAVE: modernidade, pós-modernidade, racionalismo, universalidade, desnaturalização, contingência
Razões deste texto
O livro de Elisabeth Badinter, Fausse Route, saído em 2003,
provocou fortes controvérsias no meio intelectual francês2, em
virtude da crítica que nele se leva a cabo a uma certa perspectiva
feminista de análise e de intervenção, que a autora considera
representar um caminho errado e incorrecto para a emancipação das
mulheres, por não contribuir para a construção de uma representação
social do feminino e das mulheres conducente a uma simbólica capaz
de realizar uma verdadeira simetria entre os dois sexos3.
A posição que Elisabeth Badinter mantém ao longo da referida
obra resulta de uma radicação racionalista, herdeira da tradição
iluminista, e, ao mesmo tempo, de uma defesa intransigente da
1 Comunicação apresentada ao Congresso Evocativo do Primeiro Congresso Feminista em Portugal: Lisboa 2005. 2 O peso do impacto do livro de Elisabeth Badinter reflecte-se nas diferentes intervenções a favor e contra a obra aparecidas na imprensa escrita francesa. Saliento algumas: L’ Express de 24/4/2003, com um texto assinado por Jaqueline REMY, com o título “Le j’accuse d’ Elisabeth Badinter”. Le Nouvel Observateur, nº 2009, de 8 de Maio de 2003 e nº 2011 de 22 de Maio de 2003. L’Humanité de 28 de Maio de 2003 e 20 de Junho de 2003. Libération de 18 de Setembro de 2003. 3 Dos temas de Fausse Route que originaram maior polémica, salientaria dois: 1. a denúncia de que uma forte corrente feminista europeia actual, sob a influência cega das ideias americanas, está a exibir uma ideia das mulheres apenas ligada à situação de vítima e de vitimização, inscrevendo-se no que ela designa por feminismo moral e essencialista. Dentro deste movimento, ela situa todas as formas, mais ou menos adocicadas e eufemísticas de fazer voltar as mulheres a casa e à maternidade. 2. a denúncia de que o activismo feminista se está a desligar da investigação e do trabalho teórico.
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igualdade entre os sexos, contra toda a perspectivação de um
feminismo baseado na diferença.
Os debates sobre o livro de Elisabeth Badinter, no interior da
sociedade francesa, foram muito acesos e demonstraram, a meu ver,
duas coisas muito importantes:
• Por um lado, a vitalidade e a solidez do pensamento
feminista francês que pode vir a lume assumir publicamente
as suas clivagens.
• Por outro, a existência clara da força de um pensar
pós-moderno que, no feminismo, assume contornos
específicos e, até de ruptura, com o feminismo de raiz
moderna4.
Foi esta circunstância – isto é, o aparecimento do livro de
Badinter e a respectiva polémica que originou –, que me levou a uma
interrogação mais funda que se prende com a procura do lugar
filosófico do feminismo e, no interior desse lugar, com a procura de
compreensão do diálogo possível entre a modernidade e a
pós-modernidade. Dito de outra maneira, a violência da discussão em
torno de Fausse Route levou-me a questionar como é que a
racionalidade que herdámos da tradição das luzes pode ainda dialogar
com as novas problemáticas postas pela dinâmica social e cultural da
segunda metade do século XX, no quadro dos novos contextos do
pensar que essa dinâmica fez emergir.
4 Uma das forças feministas que mais se encarniçou contra Elisabeth Badinter e o seu livro foi o grupo que se designa por chiennes de garde. Em 23 de Maio de 2003, um texto deste grupo, assinado por Saratoga, deixa claro a ruptura entre duas formas de racionalidade, a moderna e a pós-moderna, e entre dois tipos de feminismos, o “tradicional” e o “actual” (sublinhados meus). O texto, que começava por agradecer a Elisabeth Badinter o seu contributo para a emancipação das mulheres, nomeadamente, a sua desconstrução da ideia de instinto maternal, terminava com uma demarcação clara de um femismo “de outro tempo”. Dizia-o assim: “Les femmes du vingtième siècle étaient consentantes. Les femmes du ving-et-unième siècle seront désirantes. Le féminisme du ving-et-unième siècle será le féminisme de la sexualité. Voilà pourquoi vous, Elisabeth Badinter, ne pouvez plus faire partie du mouvement féministe aujourd’hui.” Cf., http//chiennesdegarde.org .
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Pessoalmente, não creio nem no absolutamente novo, nem nas
rupturas absolutas. Creio, antes, que o saber, o pensamento e a vida
são constitutivamente históricos e creio, ainda, que a História,
enquanto auxiliar na compreensão dos problemas, é um recurso
fundamental de esclarecimento e de desnaturalização das situações.
Neste meu quadro de crenças, penso que o feminismo, para ser
epistemologicamente consistente e socialmente eficaz, tem de
procurar dialogar com a sociedade no seu todo e de se procurar
compreender nas suas raízes filosóficas, de modo a poder afirmar-se
como uma corrente de pensamento que, tendo embora os seus
começos na compreensão da situação das mulheres, se desenvolveu
pela configuração de um ponto de vista geral sobre a realidade,
gerando um modo de pensar o real a partir de outros lugares de
análise e de outras interrogações ou, pelo menos, de outras formas
de formular velhas interrogações.
A concretização desta reflexão na figura de Elisabeth Badinter
deve-se ao facto de ela ser o seu motivo próximo, mas também se
deve a que ela representa um excelente paradigma para pôr em
evidência quer o difícil lugar da filosofia no feminismo, quer o difícil
diálogo entre a modernidade e a pós-modernidade.
A figura e a obra de Elisabeth Badinter
Nascida em 1944, Elisabeth Badinter tem uma formação
filosófica de base que se evidencia na sua produção escrita, através
do registo discursivo que nela assume. Na verdade, as suas obras
materializam um discurso de fronteira, de raiz interdisciplinar, mas
onde a preocupação pela compreensão e pela busca do conceito ou
do universal são a intencionalidade constitutiva. Servindo-se e
articulando os dados da História, da Psicologia, da Biologia ou da
Literatura, ela procura sempre a construção de uma visão sistemática
que vá tão longe quanto possível na apresentação de uma totalidade
orgânica de sentido.
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Num debate recente com Alain Touraine5, proclama-se
defensora do republicanismo como lugar social e político da liberdade
e inscreve-se como herdeira directa do pensamento de Simone de
Beauvoir, afirmando-se, por isso, como pertencendo a um feminismo
da igualdade. Nesse quadro, reivindica que a maior conquista da
cidadania democrática corresponde ao reconhecimento do direito à
indiferença e não do direito à diferença. Neste debate, fica muito
clara a pertença de Elisabeth Badinter ao quadro racional da
modernidade, com a consequente defesa do valor da universalidade
da razão como instrumento de emancipação.
O seu pensamento pessoal e as suas investigações
corporizam-se em dois tipos de obras: temáticas e históricas6.
As obras históricas, também organizadas a partir de uma
temática específica, centram-se no século XVIII e representam, ou
estudos próprios, como é o caso da obra saída em 1983, sobre a
ambição feminina, e como também é o caso da trilogia intitulada
Paixões intelectuais, cuja publicação se iniciou em 1998, ou então,
correspondem a apresentações de textos ou ainda a prefácios de
obras. Em qualquer das situações, é possível perceber que o trabalho
de Elisabeth Badinter sobre as autoras e os autores do século XVIII é
motivado pela convicção de que é nesse tempo e nesse espaço
cultural que se forjam os modos de pensar que ajudam a
compreender algumas das determinações políticas da sociedade
actual, nomeadamente, o despertar do valor e do peso da opinião
pública como força.
Das obras a que chamei temáticas, fazem parte três textos que
constituem outras tantas referências incontornáveis do acervo
feminista europeu. Refiro-me a L’amour en plus, de 1980, L’un est
l’autre, de 1986, e XY. De l’identité masculine, de 1992. São obras
5 Cf. Le Nouvel Observateur de 19 de Junho de 2003. 6 No ponto 1 das referências bibliográficas, indicar-se-ão as principais obras de Elisabeth Badinter.
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em torno das questões ligadas à libertação das mulheres e à
compreensão das identidades, caracterizando-se por serem processos
de desconstrução, por desnaturalização, de adquiridos culturais. Ou
seja, em todas elas se mostra que algumas ideias e princípios, que no
funcionamento da vida social ou científica aparecem como se fossem
ingredientes naturais dos processos em causa, mais não são, afinal,
do que construções históricas que o desenvolvimento da vida humana
foi produzindo, transformando e sedimentando. Dito de outra
maneira, nestas obras, Elisabeth Badinter demonstra que não há
nenhum processo ligado à vida humana que seja puramente natural
ou inerente à própria natureza das coisas, sejam elas o sentir, o
viver ou o pensar.
Na obra de 1980, L’amour en plus, faz-se a história do amor
maternal entre os séculos XVII e XX. O seu objectivo é desnaturalizar
a ideia de amor maternal, através da desconstrução do seu velho
alicerce, o instinto maternal. Assim, a obra procura mostrar que o
instinto maternal, enquanto sentimento, é, por um lado, frágil e
imperfeito, e, por outro, tem uma dimensão de educabilidade sendo,
por isso, marcado pela historicidade, como toda a vida humana.
L’un est l’autre assenta noutro processo de desnaturalização –
no caso vertente, está em causa o modo de relação intersubjectiva e
colectiva entre homens e mulheres no sistema patriarcal. O que a
autora quer demonstrar, ao longo das páginas do seu livro, é que as
relações de poder do patriarcado não são naturais, nem atemporais.
A sua hipótese de leitura e interpretação dos dados históricos e
culturais sobre o desenvolvimento das sociedades ocidentais consiste
na afirmação de que a relação de poder entre homens e mulheres
não tem de ser pensada apenas nos quadros de uma dicotomia em
que um dos sexos é detentor exclusivo do poder. Ou seja, recusa,
simultaneamente, que o patriarcado tenha sido a única forma de
organização da vida colectiva ou que antes do patriarcado tenha
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havido matriarcado. Em oposição à linearidade desta análise,
apresenta a hipótese de que, antes da instauração da supremacia do
poder masculino, tenha havido um modo de vida colectivo em que o
poder estava fragmentado em diferentes áreas e formas, constituindo
uma rede de relações complexas e que, homens e mulheres detinham
e partilhavam poderes que interagiam no conjunto da vida colectiva.
XY, a obra de 1992, corresponde a um processo de
desnaturalização da dimensão epistemológica mais radicada na
cultura ocidental que consiste em desenvolver qualquer processo de
pensamento sempre a partir de um modelo ou de uma referência
masculina. Neste texto, Elisabeth Badinter propõe um novo modo de
ler a questão da construção da identidade humana. Partindo da
afirmação de que o feminino é a matriz vital da humanidade, uma vez
que se pode viver sem o cromossoma Y, mas não se sobrevive sem o
cromossoma X, a autora vai construir a tese de que o feminino é a
identidade de referência, sendo a identidade masculina uma
construção que decorre de uma longa negação sistemática do
feminino.
Do meu ponto de vista, independentemente das reservas ou
das críticas que possam ser feitas a esta obra de Badinter, o seu
valor real e inultrapassável reside no facto de ela propor um quadro
de compreensão do feminino e do masculino construído a partir do
feminino e não do masculino, como é de tradição da nossa cultura –
tradição milenar, mas a que Freud deu novo fôlego e um suporte,
supostamente, científico7.
A radicação Moderna da obra de Elisabeth Badinter
7 Apresentei uma leitura mais desenvolvida desta obra de Elisabeth Badinter em: HENRIQUES, Fernanda, “Género e Desejo. Da biologia à cultura”, Cadernos de Bioética , ano XII, Nº 35, pp. 33-49, Agosto/Setembro 2004.
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No seu conjunto, os textos de Elisabeth Badinter não só
procuram desocultar as raízes iluministas da nossa vida social e
política, como, sobretudo, se constroem através de uma racionalidade
fortemente marcada pela carga das Luzes e no horizonte dos valores
universalistas então estabelecidos.
Na verdade, os três textos temáticos a que me referi no ponto
anterior só cobram sentido no interior de um modo de pensar que
admita o poder analítico e crítico da racionalidade e aceite o seu valor
desmistificador no processo de busca de um universal possível.
Em qualquer deles, como também disse, se desnaturaliza um
adquirido cultural, mostrando o seu carácter histórico e, portanto,
contingente. Do ponto de vista da transformação social possível,
mostrar o carácter contingente de qualquer situação – seja um modo
de vida ou um paradigma teórico –, é absolutamente fundamental, na
medida em que se evidencia a sua dimensão de mera possibilidade,
destruindo a ideia de que tal situação tenha em si uma raiz
determinista, necessitante, sendo, por essa razão, inalterável. Que
algo seja contingente significa que teve uma origem histórica, que
poderia não ter acontecido ou ter acontecido de outra forma e que,
portanto, é passível de ser transformado. Desse modo, o valor
indiscutível da produção textual de Elisabeth Badinter é,
exactamente, este pôr a descoberto do carácter contingente de
alguns adquiridos culturais, dotando os movimentos feministas de
instrumentos teóricos de análise e de discussão. Contudo, a
legitimidade dos suas teses radica na aceitação da capacidade
racional para propor esquemas de leitura da realidade com valor
operativo, por um lado, e, por outro, para manusear conceitos com
estabilidade teórica, como é o caso, quer da ideia de desenvolvimento
e progresso histórico – que sustenta as suas obras L’amour en plus e
L’un est l’autre – quer o conceito de identidade, sem o qual a obra
XY não tem qualquer sentido.
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Ora, acontece que o designado pensamento pós-moderno, nas
diferentes caracterizações de que se reveste8, precisamente põe em
causa a capacidade discriminadora da razão, o seu poder
universalizador e a valor efectivo do conceito de identidade, deixando
fragilizadas e, portanto, inoperantes, as teses de Badinter. Nessa
medida, mais do que a questão da igualdade ou da diferença, é o
conceito de razão manuseado por Badinter que a inclui ou a exclui do
diálogo com um certo feminismo actual, tendo sido ele que esteve na
base das discussões sobre o seu livro Fausse Route, porque aceitar
o valor das suas teses significa não renunciar a um conceito de razão
de raiz moderna e continuar a considerar que ele tem legitimidade,
embora se deva deixar questionar pelas críticas pós-modernas,
nomeadamente no que diz respeito às dimensões tecnicista,
totalitária e excluente que ele assumiu ao longo dos séculos XIX e
XX.
De um certo ponto de vista, a minha posição é próxima da de
Elisabeth Badinter, porque penso que não é possível conciliar a luta
feminista com um conceito totalmente fragmentado de razão, como o
que é defendido por algumas posições pós-modernas. Nesse
contexto, tal como algumas filósofas espanholas, nomeadamente,
Celia Amoros9, defendo que foi a Modernidade que definiu o
paradigma racional capaz de permitir pensar modelos de viver e de
agir libertadores e igualitários, não sendo, por isso, possível continuar
a pugnar por igualdade de direitos e perspectivas transformadoras da
sociedade se se puser totalmente de lado o conceito moderno de
racionalidade10.
8 Seja a sistematização de Jean-François Lyotard, seja a de Gianni Vattimo. Ver, especialmente: LYOTARD, Jean-François, La condition postmoderne, Paris, Les Éditions de Minuit, 1979; LYOTARD, Jean-François, O pós-moderno explicado às crianças, Lisboa, Don Quixote, 1987. VATTIMO, Gianni, “posmodernidad: una sociedad transparente?. In: AAVV, En torno a la posmodernidad, Barcelona, Anthropos, 1994, pp. 9-19.
9 AMORÓS, Celia, Tiempo de feminismo, Madrid, Cátedra, 1997. 10 Tenho procurado definir um conceito de racionalidade que articule a intencionalidade emancipadora da razão moderna, mas não volte costas às críticas da pós-modernidade. Ver, especialmente: HENRIQUES, Fernanda, “Do que está em causa. Notas para pensar, na pós-modernidade”, ex aequo, nº 9, pp. 11- 16,
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Referências bibliográficas
1. Obras fundamentais de Elisabeth Badinter
• L’Amour en plus. Histoire de l’amour maternel (XVII-XX siècle), Paris, Flammarion, 1980.
• Émilie, Émilie: L’ambition feminine au 18 siècle, Paris, Flammarion, 1983.
• l’un est l’autre, Paris, Odile Jacob, 1986. • Condorcet: un intellectuel en politique, Paris, Fayard, 1988 (em colaboração com Robert Badinter).
• XY. De l’identité masculine, Paris, Odile Jacob, 1992. • Les passions intellectuelles: tome I. Désir de gloire(1735-1751), Paris, Fayard, 1998.
• Les passions intellectuelles: tome II. Exigence de dignité(1751-1762), Paris, Fayard, 2002.
• Fausse Route, Paris, Odile Jacob, 2003.
2. Outras obras referidas no texto
• AMORÓS, Celia, Tiempo de feminismo, Madrid, Cátedra, 1997. • HENRIQUES, Fernanda, “Do que está em causa. Notas para pensar, na pós-modernidade”, ex aequo, nº 9, pp. 11- 16, 2003.
• HENRIQUES, Fernanda, “As teias da razão: a racionalidade hermenêutica e o feminismo”. In: FERREIRA, Mª Luísa R. (org.) As Teias que as Mulheres tecem, Lisboa, Colibri, 2003, pp. 133-144.
• HENRIQUES, Fernanda, “Género e Desejo. Da biologia à cultura”, Cadernos de Bioética , ano XII, nº 35, pp. 33-49, Agosto/Setembro 2004.
• LYOTARD, Jean-François, La condition postmoderne, Paris, Les Éditions de Minuit, 1979.
• LYOTARD, Jean-François, O pós-moderno explicado às crianças, Lisboa, Don Quixote, 1987.
• VATTIMO, Gianni, “posmodernidad: una sociedad transparente?. In: AAVV, En torno a la posmodernidad, Barcelona, Anthropos, 1994, pp. 9-19.
2003; HENRIQUES, Fernanda, “As teias da razão: a racionalidade hermenêutica e o feminismo”. In: FERREIRA, Mª Luísa R. (org.) As Teias que as Mulheres tecem, Lisboa, Colibri, 2003, pp. 133-144.