elisabete segantini saron - dissertação de mestrado

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  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

    UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

    FACULDADE DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS

    DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

    ESTABILIDADE DE SUCO DE MARACUJ ACONDICIONADOEM EMBALAGENS DE AO COM DIFERENTES

    REVESTIMENTOS ORGNICOS

    Elisabete Segantini Saron

    Campinas, SP2.004

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

    ii

    UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

    FACULDADE DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS

    DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

    ESTABILIDADE DE SUCO DE MARACUJ ACONDICIONADOEM EMBALAGENS DE AO COM DIFERENTES

    REVESTIMENTOS ORGNICOS

    Autora: Elisabete Segantini SaronOrientadora: Prof.a. Dra. Hilary Castle de MenezesCo-orientadora: Dra. Slvia Tondella Dantas

    Dissertao apresentada Faculdade de Engenharia de Alimentos daUniversidade Estadual de Campinas, para a obteno

    do ttulo de Mestre em Tecnologia de Alimentos

    Campinas, S.P.2.004

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

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    FICHA CATALOGRFICA ELABORADA PELABIBLIOTECA DA F.E.A. UNICAMP

    Sa74e

    Saron, Elisabete Segantini

    Estabilidade de suco de maracuj acondicionado emembalagens de ao com diferentes revestimentos orgnicos/ Elisabete Segantini Saron. Campinas, SP: [s.n.], 2004.

    Orientador: Hilary Castle de Menezes

    Co-orientador: Slvia Tondella Dantas

    Dissertao (mestrado) Universidade Estadual deCampinas, Faculdade de Engenharia de Alimentos.

    1. Embalagens. 2. Latas. 3. Suco de frutas. 4.Estabilidade. 5. Vernizes. I.Menezes, Hilary Castle.II.Dantas, Slvia Tondella. III.Universidade Estadual deCampinas. Faculdade de Engenharia de Alimentos.IV.Ttulo.

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

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    BANCA EXAMINADORA

    ___________________________________________Prof.a. Dra. Hilary Castle de Menezes

    Orientadora

    ___________________________________________Dra. Leda Coltro

    Membro - CETEA/ITAL

    ___________________________________________Dra. Marisa Padula

    Membro - CETEA/ITAL

    ___________________________________________Prof. Dr. Carlos Alberto Rodrigues Anjos

    Suplente - FEA/UNICAMP

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

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    DEDICATRIA

    Aos meus pais, pela minha existncia, educao e formao.

    minha querida irm Virgnia, pelo amor e incentivo.

    Ao Alexandre, pelo amor, apoio e inspirao.

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

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    AGRADECIMENTOS

    Este trabalho no teria sido realizado sem a colaborao de inmeras pessoas s

    quais agradeo imensamente:

    Ao ITAL - Instituto de Tecnologia de Alimentos, e ao CETEA Centro de

    Tecnologia de Embalagem do ITAL, pelo apoio para a realizao da dissertao

    de mestrado;

    FAPESP - Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo, pela

    aprovao de projeto de pesquisa que possibilitou a aquisio de matria-prima,

    embalagens, equipamentos e materiais fundamentais realizao desta pesquisa;

    Ao CNPq pela concesso de bolsas de iniciao cientfica;

    Prof.a. Dra. Hilary Castle de Menezes, pela orientao do programa de

    mestrado, confiana e dedicao na conduo do trabalho;

    Dra. Slvia Tondella Dantas, pela co-orientao do programa de mestrado,

    incentivo e grande dedicao minha formao profissional;

    Ao meu esposo Alexandre, pelo enorme amor, fora e dedicao minha pessoa

    e compreenso das minhas ausncias e dos meus momentos de silncio...;

    WOW Indstria e Comrcio Ltda., pela viabilizao da aquisio das

    embalagens e matrias-primas e pela disponibilizao das instalaes industriais para o

    processamento do suco de maracuj;

    pesquisadora Jozeti Ap. B. Gatti, pela colaborao na realizao de ensaios de

    caracterizao dos sistemas de envernizamento das latas estudadas;

    pesquisadora Valria D. A. Anjos e assistente tcnica Marta Gomes da Silva,

    pela colaborao na realizao das anlises instrumental de cor e vitamina C,

    respectivamente;

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

    vii

    Aos especialistas de laboratrio Paulo, Pitucha e Anglica e assistente tcnica

    Christiane pela colaborao na realizao de anlises;

    s bolsistas de iniciao cientfica Beatriz, Michelle e Maria Augusta, pela

    colaborao e dedicao na realizao de anlises e tratamento de dados durante oprojeto;

    Nilda Doris Montes Villanueva, pela assessoria na anlise estatstica dos dados;

    Patrcia e Gabriela pela colaborao na editorao da dissertao e Marta pela

    colaborao na elaborao das referncias e citaes bibliogrficas;

    amiga Rosa, pela companhia durante as disciplinas cursadas na ps-graduaoe tambm pelo grande incentivo e apoio;

    s amigas Fiorella, Sandra, Andra e a todos os amigos do CETEA, pelo grande

    apoio e amizade;

    Aos Professores Doutores Leda Coltro, Marisa Padula e Carlos Alberto Rodrigues

    Anjos, membros da banca examinadora, pelas valiosas contribuies, que muito

    enriqueceram este trabalho;

    Ao grande amigo que muito me ensinou, Sylvio Ortiz.... Que Deus o ilumine e que

    um dia possamos nos reencontrar...;

    A todos que direta ou indiretamente, participaram e colaboraram para o

    desenvolvimento deste trabalho;

    E finalmente..., que em meu corao est em primeiro lugar, agradeo a Deus, por

    me eleger merecedora de mais esta vitria em minha vida... muito obrigada.

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

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    SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS...................................................................................................................xi

    LISTA DE TABELAS...................................................................................................................xiv

    LISTA DE APNDICES.............................................................................................................. xviii

    LISTA DE ABREVIATURAS....................................................................................................... xix

    RESUMO ................................................................................................................................... xx

    ABSTRACT.................................................................................................................................xxii

    1 INTRODUO.........................................................................................................................1

    2 REVISO BIBLIOGRFICA ...................................................................................................6

    2.1 Histrico............................................................................................................................6

    2.2 Suco de maracuj.............................................................................................................7

    2.3 Composio qumica do suco de maracuj......................................................................8

    2.4 Estudos de caracterizao e estabilidade fsico-qumica e sensorial de sucos de

    maracuj ..........................................................................................................................11

    2.5 Processamento de suco de maracuj ..............................................................................15

    2.6 Embalagens Metlicas......................................................................................................20

    2.6.1 Materiais utilizados na fabricao de embalagens metlicas....................................20

    2.6.2 Latas de trs peas ...................................................................................................21

    2.6.3 Solda eltrica .............................................................................................................22

    2.6.4 Envernizamento.........................................................................................................23

    2.6.5 Side stripe ..................................................................................................................25

    2.6.6 Vedantes....................................................................................................................26

    2.7 Processos de corroso e estudos de interao entre embalagens metlicas e

    alimentos..........................................................................................................................26

    2.8 Corroso interna em latas envernizadas ..........................................................................28

    2.9 Mercado............................................................................................................................34

    3 MATERIAIS .............................................................................................................................36

    3.1 Embalagem.......................................................................................................................36

    3.2 Produto .............................................................................................................................37

    4 MTODOS...............................................................................................................................38

    4.1 Caracterizao da embalagem.........................................................................................38

    4.1.1 Ensaios de migraes total e especfica ...................................................................38

    4.1.1.1 Migrao total .....................................................................................................38

    4.1.1.2 Migrao especfica de fenol ..............................................................................39

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

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    4.1.1.3 Migrao especfica de metais ...........................................................................39

    4.1.2 Exame de recravao................................................................................................41

    4.1.3 Caracterizao do material metlico .........................................................................43

    4.1.3.1 Espessura...........................................................................................................43

    4.1.3.2 Dureza superficial da folha de ao......................................................................434.1.3.3 Determinao da camada de estanho e de cromo .............................................44

    4.1.4 Caracterizao do envernizamento interno e do side stripe......................................44

    4.1.4.1 Camada seca......................................................................................................44

    4.1.4.2 Identificao........................................................................................................45

    4.1.4.3 Aderncia............................................................................................................45

    4.1.4.4 Grau de cura .......................................................................................................48

    4.1.4.5 Porosidade..........................................................................................................48

    4.2. Avaliaes peridicas ......................................................................................................494.2.1 Avaliao visual interna das latas..............................................................................49

    4.2.2 Nvel de vcuo ...........................................................................................................50

    4.2.3 Composio gasosa do espao livre .........................................................................51

    4.2.4 Determinao de pH, acidez e estimativa dos slidos solveis ................................51

    4.2.5 Determinao de cromo, estanho e ferro ..................................................................52

    4.2.6 Determinao do contedo de cido ascrbico (Vitamina C)...................................53

    4.2.7 Avaliao instrumental da cor....................................................................................53

    4.2.8 Avaliao sensorial....................................................................................................544.2.8.1 Pr-seleo.........................................................................................................54

    4.2.8.2 Seleo...............................................................................................................54

    4.2.8.3 Treinamento........................................................................................................56

    4.2.8.4 Anlise sensorial peridica dos produtos ...........................................................58

    4.2.9 Avaliao estatstica dos resultados..........................................................................59

    5 RESULTADOS E DISCUSSO...............................................................................................60

    5.1 Migraes total e especfica .............................................................................................60

    5.1.1 Migrao Total ...........................................................................................................605.1.2 Migrao especfica de fenol .....................................................................................61

    5.1.3 Migrao especfica de metais ..................................................................................61

    5.2 Exame de Recravao .....................................................................................................64

    5.3 Caracterizao do material metlico ................................................................................68

    5.3.1 Espessura e dureza superficial..................................................................................68

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

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    5.3.2 Determinao da camada de estanho e de cromo ....................................................69

    5.4 Caracterizao do envernizamento interno e do side stripe.............................................71

    5.4.1 Camada seca.............................................................................................................71

    5.4.2 Identificao...............................................................................................................72

    5.4.3 Aderncia...................................................................................................................795.4.4 Grau de cura..............................................................................................................80

    5.4.5 Porosidade.................................................................................................................81

    5.5 Avaliaes Peridicas......................................................................................................85

    5.5.1 Avaliao visual interna das latas..............................................................................85

    5.5.2 Nvel de vcuo ...........................................................................................................95

    5.5.3 Composio gasosa do espao livre .........................................................................97

    5.5.4 Determinao de pH, acidez e estimativa dos slidos solveis ................................106

    5.5.5 Determinao de cromo, ferro e estanho ..................................................................1105.5.6 Determinao do contedo de cido ascrbico (Vitamina C)....................................119

    5.5.7 Avaliao da cor ........................................................................................................120

    5.5.8 Avaliao sensorial....................................................................................................127

    5.5.8.1 Pr-seleo e seleo ........................................................................................127

    5.5.8.2 Avaliao sensorial peridica dos produtos........................................................127

    6 CONCLUSES........................................................................................................................138

    7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ........................................................................................140

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 -Fluxograma geral das principais etapas do processamento de suco de maracuj...20

    Figura 2 - Seo transversal da recravao e identificao dos parmetros avaliados............41

    Figura 3 -Aperto da recravao classificado pelo enrugamento do gancho do fundo..............43

    Figura 4 -Escala descritiva para avaliao da aderncia de verniz por meio de ensaio defita adesiva. ................................................................................................................46

    Figura 5 - Representao esquemtica do ensaio de dobra. ....................................................47

    Figura 6 -Representao esquemtica do ensaio de cruz. ......................................................47

    Figura 7 - Exemplos de porcentagem de reas para a corroso generalizada, escala G, da

    ASTM D610-01 (2001). ..............................................................................................50

    Figura 8 - Apresentao da bandeja com as amostras do suco de maracuj aos

    provadores no teste triangular....................................................................................56

    Figura 9 - Apresentao da bandeja com as amostras do suco de maracuj aosprovadores na avaliao sensorial. ............................................................................58

    Figura 10 - Espectros obtidos por espectrofotometria no infravermelho dos vernizes

    aplicados internamente no corpo (a) e no side stripe (b) da lata Normal. ..................73

    Figura 11 - Espectros obtidos por espectrofotometria no infravermelho dos vernizes

    aplicados internamente na lata Repair: (a) verniz do corpo sem separao das

    camadas, (b) verniz aplicado diretamente no material metlico do corpo, (c)

    verniz aplicado como segunda camada sobre o corpo, (d) verniz aplicado

    diretamente na eletrossolda e (e) verniz aplicado como segunda camada naregio de solda. Os espectros (b), (c), (d) e (e) foram obtidos por reflexo

    mltipla (MIR). ............................................................................................................75

    Figura 12 - Espectros obtidos por espectrofotometria no infravermelho dos vernizes

    aplicados internamente na lata P na regio do corpo (a) e regio do side stripe

    (b). ..............................................................................................................................76

    Figura 13 - Espectros obtidos por espectrofotometria no infravermelho dos vernizes

    aplicados internamente na tampa de alumnio (a) e no fundo em folha cromada

    (b) utilizados nos trs tipos de lata estudadas. ..........................................................77Figura 14 - Distribuio por freqncia de latas e fundos em relao porosidade do

    verniz, para cada tipo de lata estudado......................................................................82

    Figura 15 Graus mdios atribudos na avaliao visual interna aos corpos das latas

    Normal, Repaire P, para as duas temperaturas estudadas, durante os 180 dias

    de estocagem.............................................................................................................85

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

    xii

    Figura 16 - Aspecto visual interno das latas Normal (a), Repair (b) e P (c) no incio do

    estudo e mantido at 180 dias de estocagem............................................................89

    Figura 17 -Exemplo do grau de amassamento ocorrido durante o processamento do suco

    de maracuj nas latas Normal (a), Repair (b) e P (c). ..............................................90

    Figura 18 -Exemplos da ocorrncia de riscos no corpo (a) e corroso na solda prximo arecravao do fundo (b), ambos da lata Normal. .......................................................91

    Figura 19 -Exemplo da presena de corroso na solda prxima recravao da tampa

    (a), destacamento do verniz interno prximo recravao da tampa na regio de

    abertura da lata para avaliao (b) e presena de risco no fundo (c) e no corpo

    (d), todos da lata Repair. ............................................................................................92

    Figura 20 - Exemplo da ocorrncia de enrugamento do side stripe da lata P e

    desenvolvimento de corroso prximo recravao da tampa ao zero dia (a) e

    180 dias (b) de estocagem, trinca no side stripe em verniz P prximo aamassamento na tampa (c) e ocorrncia de risco no corpo da lata (d). ....................93

    Figura 21 -Exemplo da presena de corroso de latas P classificadas como grau 7 (a) e

    a ocorrncia de corroso generalizada de grau 5, em uma unidade de lata P,

    verificado aos 120 dias de estocagem a 25C (b)......................................................94

    Figura 22 -Exemplo da presena de risco na tampa utilizada no fechamento das latas..........94

    Figura 23 Nveis de vcuo mdios obtidos para as latas Normal Repaire P, para as

    temperaturas de 25C (a) e 35C (b), durante os 180 dias de estocagem. ...............96

    Figura 24 -Concentraes relativas dos gases O2 (a), N2 (b), CO2 (c) e H2 (d) determinadosno espao livre das latas Normal, Repair e P com o suco de maracuj em

    funo da poca e temperatura de estocagem..........................................................100

    Figura 25 - Concentrao mdia de Fe e Sn determinados no suco de maracuj

    acondicionado nas latas Normal, Repair e P em funo das pocas e

    temperaturas de estocagem.......................................................................................112

    Figura 26 Representao grfica das concentraes mdias de Fe determinados no

    suco de maracuj acondicionado nas latas Normal, Repaire P em funo do

    tempo e temperaturas de 25C (a) e 35C (b) de estocagem....................................117Figura 27 Representao grfica das concentraes mdias de Sn determinados no

    suco de maracuj acondicionado nas latas Normal, Repaire P em funo do

    tempo e temperaturas de 25C (a) e 35C (b) de estocagem e suas respectivas

    equaes e coeficientes de determinao. ................................................................118

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

    xiii

    Figura 28 - Evoluo da Luminosidade (L*) e cor Vermelho (a*) durante os 180 dias de

    estocagem..................................................................................................................126

    Figura 29 - Evoluo dos resultados dos atributos obtidos na avaliao sensorial do suco

    de maracuj, apresentando os resultados obtidos ao zero dia (a) e aos 180 dias

    de estocagem a 25C (b) e 35C (c). .........................................................................137

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

    xiv

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Padres de identidade e qualidade estabelecidos pela Instruo Normativa

    n12/03 para nctar de maracuj. ..............................................................................8

    Tabela 2 -Principais caractersticas fsico-qumicas determinadas em sucos de maracujestudados no Brasil. ...................................................................................................15

    Tabela 3 - Descrio do envernizamento interno das latas elessoldadas e nomenclatura

    adotada para o estudo. ..............................................................................................36

    Tabela 4 - Resduos de migrao total das latas Normal, Repaire P, em mg/kg(1 e 2)............60

    Tabela 5 -Migrao especfica de fenol para o verniz interno das latas Normal, Repaire

    P, corrigido em relao camada seca de verniz de 10mg/dm2, em mg/dm2(1). .....61

    Tabela 6 - Resduos da migrao especfica de metais para as latas Normal, Repaire P,

    em g/kg(1)..................................................................................................................62Tabela 7 -Limites mximos de metais em alimentos, em vigor atualmente no Brasil, em

    g/kg(1)........................................................................................................................63

    Tabela 8 -Parmetros determinados e calculados da recravao de tampa e fundo da lata

    Normal(1). ....................................................................................................................65

    Tabela 9 - Parmetros determinados e calculados da recravao de tampa e fundo da lata

    Repair(1). .....................................................................................................................66

    Tabela 10 - Parmetros determinados e calculados da recravao de tampa e fundo da

    lata P(1). ....................................................................................................................67

    Tabela 11 - Resultados da determinao de espessura e dureza Rockwell 30T das latas

    Normal, Repaire P. ..................................................................................................69

    Tabela 12 - Resultados de determinao do xido de cromo, cromo metlico e do cromo

    total no fundo das latas, em mg/m2(1). ........................................................................70

    Tabela 13 - Resultados da determinao da camada de estanho livre, estanho liga e

    estanho total do corpo das latas Normal, Repair e P, em g/m(1).............................70

    Tabela 14 -Resultados da determinao da camada seca nos vernizes do corpo, tampa,

    fundo e solda das latas Normal, Repaire P(1). .........................................................72Tabela 15 -Identificao dos vernizes(1). ...................................................................................78

    Tabela 16 - Resultados da determinao da aderncia nos vernizes do corpo, tampa,

    fundo e solda das latas Normal, Repaire P(1). .........................................................79

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

    xv

    Tabela 17 - Resultados da determinao do grau de cura dos vernizes internos das latas

    Normal, Repaire P pelos mtodos da absoro de corantes e de dissoluo em

    solventes(1). ................................................................................................................81

    Tabela 18 - Resultados da determinao da porosidade do verniz aplicado nas latas

    Normal, Repaire P, todas com a tampa recravada, e no fundo(1)............................82Tabela 19 - Requisitos de porosidade de verniz pelo WACO Enamel Rater Testpara latas

    de cerveja. ..................................................................................................................83

    Tabela 20 - Avaliao visual interna da lata Normal, em funo do tempo de estocagem a

    25C e 35C, em grau(1). ............................................................................................86

    Tabela 21 - Avaliao visual interna da lata Repair, em funo do tempo de estocagem a

    25C e 35C, em grau(1). ............................................................................................87

    Tabela 22 - Avaliao visual interna da lata P, em funo do tempo de estocagem a 25C

    e 35C, em grau(1). .....................................................................................................88Tabela 23 -Nvel de vcuo, em cm Hg, das latas Normal, Repaire P em funo do tempo

    de estocagem temperatura de 25C e 35oC............................................................97

    Tabela 24 -Concentrao relativa de oxignio no espao livre das latas Normal, Repaire

    P acondicionando o suco de maracuj em funo da poca e temperatura de

    estocagem, em (%v/v)(1). ............................................................................................101

    Tabela 25 -Concentrao relativa de nitrognio no espao livre das latas Normal, Repaire

    P acondicionando o suco de maracuj em funo da poca e temperatura de

    estocagem, em (%v/v)(1). ............................................................................................102Tabela 26 -Concentrao relativa de dixido de carbono no espao livre das latas Normal,

    Repair e P acondicionando o suco de maracuj em funo da poca e

    temperatura de estocagem, em (%v/v)(1)....................................................................103

    Tabela 27 - Concentrao relativa de hidrognio no espao livre das latas Normal, Repair

    e P acondicionando o suco de maracuj em funo da poca e temperatura de

    estocagem, em (%v/v)(1). ...........................................................................................104

    Tabela 28 - Resultados de pH do suco de maracuj acondicionado nas latas Normal,

    Repaire P em funo do tempo de estocagem temperatura de 25o

    C e 35o

    C. .....107Tabela 29 -Resultados de acidez, em g de cido ctrico em 100g de amostra, do suco de

    maracuj acondicionado nas latas Normal, Repaire P em funo do tempo de

    estocagem temperatura de 25oC e 35oC.................................................................108

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

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    Tabela 30 -Resultados da estimativa do teor de slidos solveis, em graus Brix, do suco

    de maracuj acondicionado nas latas Normal, Repaire P em funo do tempo

    de estocagem temperatura de 25oC e 35oC............................................................109

    Tabela 31 Concentrao de Cr, Sn e Fe do suco de maracuj acondicionado em

    embalagem cartonada Tretra BrikAseptic, em g/kg(1)...........................................111

    Tabela 32 Concentrao de cromo do suco de maracuj acondicionado nas latas

    Normal, Repaire P em funo do tempo de estocagem temperatura de 25oC

    e 35oC, em g/kg(1). ....................................................................................................113

    Tabela 33 Concentrao de estanho do suco de maracuj acondicionado nas latas

    Normal, Repaire P em funo do tempo de estocagem temperatura de 25oC

    e 35oC, em g/kg(1). ....................................................................................................114

    Tabela 34 Concentrao de ferro do suco de maracuj acondicionado nas latas Normal,

    Repaire P em funo do tempo de estocagem temperatura de 25oC e 35oC,

    em g/kg(1)..................................................................................................................115

    Tabela 35 - Regresses dos dados de concentrao de Fe no suco de maracuj

    acondicionado nas latas estudadas, em funo do tempo e temperatura de

    estocagem e estimativa de vida-de-prateleira utilizando como critrio a

    concentrao mxima de ferro de 20mg/kg. ..............................................................116

    Tabela 36 - Concentrao de cido ascrbico do suco de maracuj acondicionado nas

    latas Normal, Repaire P, em mg cido ascbico/100mL(1)......................................119

    Tabela 37 - Avaliao instrumental de cor do suco de maracuj acondicionado na lata

    Normal, em funo do tempo de estocagem a 25C e 35oC(1)...................................122

    Tabela 38 - Avaliao instrumental de cor do suco de maracuj acondicionado na lata

    Repair, em funo do tempo de estocagem a 25C e 35oC(1)....................................123

    Tabela 39 -Avaliao instrumental de cor do suco de maracuj acondicionado na lata P,

    em funo do tempo de estocagem a 25C e 35oC(1). ...............................................124

    Tabela 40 - Resultados da avaliao sensorial da amostra referncia de suco de maracuj

    apresentada codificada juntamente com as amostras de 25C(1). .............................129

    Tabela 41 - Resultados da avaliao sensorial da amostra referncia de suco de maracuj

    apresentada codificada juntamente com as amostras de 35C(1). .............................130

    Tabela 42 - Resultados da avaliao sensorial do suco de maracuj acondicionado na lata

    Normal, condicionada a 25oC(1). .................................................................................131

    Tabela 43 - Resultado da avaliao sensorial do suco de maracuj acondicionado na lata

    Normal, condicionada a 35oC(1). ................................................................................132

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

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    Tabela 44 -Resultado da avaliao sensorial do suco de maracuj acondicionado na lata

    Repair, condicionada a 25oC(1). .................................................................................133

    Tabela 45 -Resultado da avaliao sensorial do suco de maracuj acondicionado na lata

    Repair, condicionada a 35oC(1). ..................................................................................134

    Tabela 46 - Resultado da avaliao sensorial do suco de maracuj acondicionado na lataP, condicionada a 25oC(1). ........................................................................................135

    Tabela 47 -Resultado da avaliao sensorial do suco de maracuj acondicionado na lata

    P, condicionada a 35oC(1). ........................................................................................136

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

    xviii

    LISTA DE APNDICES

    Apndice A - Modelo de ficha aplicada no teste triangular para a seleo dos

    provadores para a realizao da avaliao sensorial do suco demaracuj.............................................................................................. 147

    Apndice B - Modelo de ficha utilizada na avaliao sensorial peridica do suco

    de maracuj......................................................................................... 148

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

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    LISTA DE ABREVIATURAS

    ABIA Associao Brasileira das Indstrias de Alimentao.

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    AOAC Association of Official Analytical Chemists

    ASTM American Society for Testing and Materials

    CNTP Condies normais de temperatura e presso

    CSN Companhia Siderrgica Nacional

    EVOH Copolmero de etileno e lcool vinlico

    MERCOSUL Mercado Comum da Amrica do Sul

    PEBD Polietileno de baixa densidade

    PEBDL Polietileno de baixa densidade linear

    PET Potereftalato de etilenoPVDC Copolmero de cloreto de vinila e cloreto de vinilideno

    TPO2 Taxa de permeabilidade ao oxignio

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

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    RESUMO

    Este estudo teve por objetivo avaliar diferentes especificaes de envernizamento

    interno do corpo e da costura lateral de latas de folha-de-flandres de trs peas, formadaspor eletrossolda, no acondicionamento de suco de maracuj pronto para beber, por meio

    de teste de estocagem e avaliao do desempenho em relao interao

    embalagem/alimento.

    Durante o estudo foram avaliados trs sistemas de revestimento orgnico interno

    da embalagem, sendo o primeiro composto de verniz epxi-fenlico lquido aplicado na

    folha plana e verniz epxi-vinlico-acrilado lquido aplicado na regio da solda; o segundo

    um verniz epxi-fenlico lquido aplicado na folha plana, verniz epxi-vinlico-acriladolquido aplicado na solda e uma segunda camada de verniz epxi modificado lquido,

    aplicado por sprayaps a formao da lata e o terceiro um verniz lquido epxi-fenlico

    aplicado na folha plana e verniz polister em p aplicado na solda, denominados latas

    Normal, Repaire P, respectivamente.

    As embalagens foram caracterizadas quanto ao tipo de material metlico

    (espessura, dureza e camadas de estanho e cromo), avaliao do fechamento

    (recravao), atendimento aos requisitos de embalagens para contato com alimentosprevistos pela Legislao Brasileira e pelo MERCOSUL e caracterizao dos

    revestimentos orgnicos do corpo, tampa, fundo e side stripe, em relao camada seca,

    identificao, aderncia, porosidade e grau de cura.

    O teste de estocagem foi realizado pelo perodo de 6 meses em duas condies

    de temperatura controlada, 25oC 2C e 35oC 3oC, com avaliaes peridicas a

    intervalos de 15 dias no primeiro ms, 30 dias no segundo ms e de 60 dias at completar

    180 dias de estocagem. Os parmetros de avaliao peridica foram aparncia visualinterna das latas, nvel de vcuo, composio de gases (O2, N2, CO2 e H2) no espao-livre

    da embalagem, avaliao sensorial, avaliao instrumental de cor, pH, acidez, estimativa

    dos slidos solveis (Brix), concentrao de ferro, estanho e cromo no suco de maracuj

    e contedo de vitamina C, sendo que este ltimo foi determinado apenas ao zero dia, 15 e

    180 dias de estocagem.

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

    xxi

    Os resultados mostraram que as embalagens estudadas no apresentam restrio

    de uso para contato com alimentos aquosos cidos (pH < 5,0), temperatura de

    elaborao de at 100C, seguido de uso prolongado a temperaturas de at 40C.

    As avaliaes peridicas de nvel de vcuo, pH, acidez e slidos solveis no suco,mantiveram-se estveis para as duas temperaturas avaliadas ao longo do tempo de

    estocagem. No entanto, neste mesmo perodo foi observado decrscimo do contedo de

    vitamina C e leve escurecimento do suco.

    As alteraes observadas na avaliao visual interna das latas, o aumento da

    concentrao de hidrognio no espao livre das embalagens e o aumento das

    concentraes de ferro e estanho no suco permitiram evidenciar o incio do

    desenvolvimento de corroso interna. A avaliao sensorial demonstrou perda dequalidade do suco acondicionado nas trs latas, principalmente nas embalagens

    estocadas a 35C. Apesar disso, todos os sucos mantiveram qualidade aceitvel at os

    180 dias de estocagem.

    O teste de estocagem mostrou que os trs tipos de embalagem apresentaram

    desempenho adequado para o acondicionamento do suco de maracuj pronto para beber,

    sendo que a embalagem com verniz em p apresentou desempenho inferior aos outros

    dois sistemas estudados, devido a menor proteo oferecida pelo envernizamento docorpo da lata.

    O estudo permitiu concluir que as trs embalagens estudadas podem ser utilizadas

    no acondicionamento de suco de maracuj pronto para beber para uma vida-de-prateleira

    mnima de 6 meses.

    Palavras-chave:Embalagens. Latas. Suco de frutas. Estabilidade. Vernizes.

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    ABSTRACT

    The purpose of this study was to evaluate different specifications of welded three

    piece tinplate cans with respect to the internal body passion fruit juice. The evaluation wasby a storage test, evaluating the performance relative to food/packaging interaction.

    Three systems of internal organic coatings of the cans were analyzed. The first was

    composed of a liquid epoxy-phenolic lacquer applied to the flat tinplate and liquid epoxy-

    vinillic-acrylate lacquer applied to the side stripe. The second type was a liquid epoxy-

    phenolic lacquer applied to the flat tinplate and a liquid epoxy-vinillic-acrylate lacquer

    applied to the side stripe and a second layer of liquid modified epoxy lacquer, applied by

    spraying after the formation of the can. The third type was a liquid epoxy-phenolic lacquerapplied to the flat tinplate and a powdered polyester lacquer applied to the side stripe. The

    systems were denominated Normal, Repair and P, respectively.

    The cans were characterized according to the type of metallic material (thickness,

    hardness and tin and chromium layers), evaluation of the double seams, approval for

    contact with foodstuffs in accordance with the procedures and rules of the Brazilian and

    MERCOSUR Legislation and evaluation of the organic coatings of the body, bottom, end

    and side stripe, in relation to the internal lacquer weight, porosity, identification, adherenceand curing degree.

    The storage test was conducted during a period of 6 months under two conditions

    of controlled temperature, 25C 2C and 35C 3C, with evaluations at intervals of 15

    days during the first month, 30 days up to the second month and then every 60 days to

    complete 180 days of storage. The parameters included in the evaluations were visual

    internal appearance of the cans, vacuum level, oxygen, nitrogen, carbon dioxide and

    hydrogen composition of the cans headspace, sensorial analysis, instrumental evaluationof color, pH, total titratable acidity, soluble solids (Brix), iron, tin and chromium

    concentration in the passion fruit juice and ascorbic acid content (vitamin C), which was

    only determined at zero day and after 15 and 180 days of storage.

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

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    The results showed that all cans presented no restriction for use in contact with

    aqueous acid foodstuffs (pH < 5;0) at processing temperatures of up to 100C, followed by

    prolonged use at temperatures of up to 40C.

    The results for vacuum level, pH, acidity and soluble solids in the juiceremarried stable at the two temperatures throughout storage. In the same period at

    both temperatures, there was a decrease in vitamin content and a slight darkening

    of the juice.

    The alterations observed in the visual internal evaluation and the increase in

    hydrogen concentration in the can headspace and iron and tin concentrations in

    the juice, demonstrated the beginning of internal can corrosion. The sensorialevaluation demonstrated a loss of quality of the juice packed in the three cans,

    mainly in the cans stored at 35C, but all juices maintained acceptable quality up to

    the 180th day of storage.

    The storage test showed that the three kinds of cans presented good

    performance for the packaging of passion fruit juice and that the sample with

    powdered lacquer on the side stripe presented a worse performance than the other

    two systems studied, due to the smaller protection offered by the lacquer applied to

    the body.

    The study allowed for the conclusion that the three packages studied could

    be used in the packaging of passion fruit juice with a shelf life of up to 6 months.

    Keywords:Packages. Cans. Fruit juices. Stability. Coatings.

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    1 INTRODUO

    Os alimentos so submetidos a vrios tipos de situaes desde o momento em

    que so removidos de seu meio natural at o consumo. Fatores fsicos, qumicos e

    microbiolgicos incidem adversamente em maior ou menor grau sobre os alimentos, aolongo das fases distintas de comercializao, podendo ocasionar sua perda para o

    consumo, o que torna necessria uma proteo adequada mediante vrias formas de

    atuao. Oferecer esta proteo uma das funes primordiais da embalagem (DANTAS,

    1998).

    A utilizao de embalagens metlicas confeccionadas em folhade-flandres a

    forma mais antiga de acondicionamento industrial de alimentos, iniciado no sculo XIX,

    que durante muitos anos representaram a principal alternativa de conservao dos maisdiversos tipos de alimentos.

    As embalagens de ao so produzidas principalmente por folhas-de-flandres ou

    folhas cromadas. As latas de trs peas, compostas por tampa, corpo e fundo, podem ser

    fabricadas com tipos diferentes de costura lateral, que podem ser reunidas em trs grupos

    principais, a soldagem convencional, a costura agrafada e a soldagem eltrica, existindo

    pequenas variaes de processo em funo do tipo adotado.

    A soldagem convencional foi por muitos anos utilizada para a formao da costura

    lateral de latas de alimentos e bebidas, utilizando a solda estanho/chumbo, que causava

    contaminao dos produtos por chumbo. Proposies legislativas levou os fabricantes de

    latas de trs peas a buscar mtodos alternativos para esse processo (PEARSON, 1984

    apud DANTAS, 1998, p.2). As opes empregadas atualmente para a formao da

    costura lateral so a solda de estanho puro, o uso de resinas termoplsticas e a soldagem

    eltrica.

    A soldagem eltrica, introduzida nos anos 60, mostrou-se a melhor alternativa para

    a fabricao de embalagens para alimentos (NORMAN,1976). O processo utilizado

    baseia-se na soldagem por resistncia, ou seja, a fuso permanente de metais obtida pelo

    efeito de seu aquecimento resultante da passagem de corrente eltrica atravs do metal,

    que atua como uma resistncia no circuito de soldagem, conjuntamente com a aplicao

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

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    de presso (CHIAPPE, 1970; FALKENBURG; MCGUINESS, 1980; SCHAERER, 1980). O

    resultado a formao de uma solda homognea, cuja resistncia excede aquela do

    material ao qual foi aplicada.

    No processo de formao da eletrossolda, na regio correspondente soldaocorre um deslocamento do estanho da folha-de-flandres, ficando o ao exposto nesta

    regio. Alm disso, a estrutura da solda apresenta um desnvel ou degrau, devido

    diferena entre a sua espessura e a espessura da folha. Assim, no acondicionamento de

    grande parte dos produtos alimentcios, o desempenho da lata eletrossoldada funo da

    qualidade de proteo da regio de soldagem, chamada side stripe, a qual feita pela

    aplicao de revestimentos orgnicos, formando uma barreira ao acesso dos alimentos,

    minimizando as reaes de interao lata/alimento.

    Alm dos revestimentos orgnicos, os revestimentos metlicos (estanho e cromo)

    tambm oferecem proteo contra as reaes de interao lata/alimento. Com o custo

    crescente do estanho e a preocupao na reduo do consumo das reservas minerais,

    cada vez mais visa-se diminuir a camada de estanho, o que leva necessidade do

    desenvolvimento de vernizes e/ou sistemas de envernizamento interno mais eficientes,

    visando a manuteno da proteo dos produtos alimentcios.

    Atualmente a Portaria n28/96 que regulamenta o uso de embalagens metlicas e

    equipamentos em contato direto com alimentos, harmonizando as legislaes nacionais e

    do MERCOSUL, autoriza o uso de folha-de-flandres com envernizamento interno com

    camadas nominais de estanho de 2,8g/m, para contato direto com alimentos em geral,

    sendo que camadas de estanho inferiores esto sujeitas aprovao prvia da

    autoridade competente (BRASIL, 1996). Para tanto, existe a necessidade da realizao

    de estudos cientficos que comprovem a viabilidade da reduo da camada de estanho

    sem o comprometimento da qualidade do produto.

    Faria (2000) e Dantas, Gatti e Saron (2000) avaliaram a viabilidade da reduo da

    camada de estanho da folha-de-flandres no acondicionamento de produtos alimentcios

    cidos. Faria (2000) avaliou latas com camadas nominais mnimas de estanho de 2,8g/m,

    permitida pela legislao brasileira. Apenas Dantas, Gatti e Saron (2000) avaliaram a

    possibilidade da utilizao da folha-de-flandres com envernizamento interno, com camada

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

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    de estanho de 2,0g/m, portanto inferior recomendada pela legislao brasileira,

    conforme resumido a seguir.

    Faria (2000) avaliou o desempenho de latas de folhas-de-flandres no

    acondicionamento e estocagem de palmito pupunha acidificado e pasteurizado,acondicionado em latas com revestimentos nominais de estanho de 8,4, 5,6 e 2,8g/m

    todas com envernizamento interno com verniz epxi-fenlico dourado e um quarto tipo de

    lata com revestimento nominal de estanho de 5,6g/m e com envernizamento interno em

    verniz polister pigmentado de branco. O estudo demonstrou que no ocorreu uma

    alterao da qualidade sensorial do produto durante a estocagem, sendo que a

    embalagem com menor revestimento de estanho apresentou desempenho superior

    quanto qualidade sensorial em relao embalagem de maior revestimento nominal de

    estanho. A autora tambm concluiu que alm do revestimento de estanho, a pelcula e aqualidade do verniz aplicado so fatores decisivos na definio dos mecanismos e

    velocidades dos processos decorrentes da interao lata/produto.

    Dantas, Gatti e Saron (2000) avaliaram a viabilidade da reduo da camada de

    estanho em latas para o acondicionamento de conserva de palmito, tendo sido estudados

    trs tipos de latas em folha-de-flandres eletrossoldadas, com camadas nominais de

    estanho de 2,0, 2,8 e 5,6g/m, mantendo o mesmo envernizamento interno para as trs

    latas, em teste de estocagem a 35C por 180 dias. Verificou-se que a lata de menorestanhagem apresentou uma maior dissoluo de ferro em relao s latas de maior

    estanhagem. A maior concentrao de ferro foi relacionada proteo insuficiente da

    costura lateral pelo verniz, permitindo exposio excessiva do ao. Os autores concluram

    que a utilizao de folhas-de-flandres com menores revestimentos de estanho de corpo

    possvel, desde que seja garantida uma proteo eficiente na costura da eletrossolda.

    A interao lata/alimento, considerando-se o enlatamento de alimentos cidos,

    caracterizada principalmente pela dissoluo dos metais que constituem a embalagem, oferro e estanho, quando do uso de folhas-de-flandres e ferro e cromo quando do uso de

    folhas cromadas (FARIA, 2000), o que pode levar a uma alterao das caractersticas

    organolpticas do produto, podendo determinar a sua vida-de-prateleira.

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

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    Assim, a forma mais tradicional e eficiente de avaliao do desempenho da

    embalagem frente ao produto acondicionado para estimativa da vida-de-prateleira tem

    sido a realizao de estudos de estabilidade, ou seja, testes de enlatamento e estocagem

    em condies controladas, reproduzindo as condies reais de produo e uso. As

    dificuldades destes estudos devem-se necessidade de dispor de grande nmero deembalagens e ao longo tempo envolvido, por determinar o tempo real, o que significa

    altos investimentos, embora dificilmente se possa prescindir deles no estudo das

    caractersticas bsicas da interao embalagem/alimento (DANTAS, 1999a).

    A acidez do alimento o fator decisivo na interao lata/alimento, sendo, em geral,

    a maior corrosividade correspondente a produtos com pH mais baixo, porm o efeito da

    acidez no depende somente do pH do meio, mas tambm do tipo de cido presente, que

    pode condicionar o comportamento eletroqumico dos metais (CATAL, 1979).

    Os sucos de frutas so sistemas complexos que consistem de uma mistura aquosa

    de vrios componentes orgnicos volteis e instveis, responsveis pelo sabor e aroma

    do produto, alm de acares, cidos, sais minerais, vitaminas e pigmentos (ALVES;

    GARCIA, 1993). Em particular o suco de maracuj tem um sabor intenso e muito

    aromtico, com um alto contedo em slidos solveis e alta acidez.

    O suco de maracuj apresenta uma importante possibilidade de crescimento nacomercializao e consumo de sucos prontos para beber, uma vez que o maracuj uma

    fruta tpica brasileira, disponvel em abundncia em todas as pocas do ano. Por ser

    representante da classe de frutas cidas, apresenta caractersticas agressivas ao material

    metlico, requisitando uma especificao adequada de envernizamento interno,

    principalmente do side stripe,para manuteno das suas propriedades organolpticas e

    garantia da sua vida-de-prateleira.

    Neste estudo foram realizados testes de estocagem do suco de maracuj prontopara beber acondicionado em embalagens de ao, com trs sistemas diferentes de

    revestimentos orgnicos internos, com variaes principalmente no side stripe, utilizando-

    se duas temperaturas de estocagem, de forma a se obter dados sobre as alteraes do

    suco decorrentes da interao embalagem/produto.

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

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    Os objetivos do presente estudo foram:

    avaliar a melhor condio de envernizamento interno do corpo e costura lateral de

    latas de folha-de-flandres de trs peas, por meio da aplicao de trs sistemas de

    revestimentos orgnicos diferentes, objetivando a proteo da regio de soldagem,onde existe uma maior exposio do ao constituinte da folha metlica, permitindo a

    diminuio das reaes de interao embalagem/alimento e aumentando

    consequentemente a sua vida-de-prateleira;

    verificar a viabilidade da utilizao de folha-de-flandres com camada de estanho

    nominal de 2,0g/m em contato com bebidas cidas, inferior ao permitido atualmente

    pela legislao brasileira de 2,8g/m, quando considerado seu uso com revestimento

    polimrico;

    introduzir essa embalagem como alternativa para o acondicionamento de sucos de

    frutas cidas.

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

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    2 REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 Histrico

    A maioria das espcies Passifloraso brasileiras, conhecidas pelo nome indgenamaracuj. Passiflora uma palavra latina composta de passio, a paixo, e de flos oris, a

    flor, ou seja, flor da paixo, nome empregado para designar as espcies do gnero

    Passiflora, da famlia das Passifloraceae, da ordemPassiflorales. Os colonos portugueses

    acreditavam ver nos segmentos das flores de maracuj os diversos objetos que serviram

    ao martrio de Jesus Cristo, da o nome Flor da Paixo (PIRATININGA, 2001).

    A famlia Passifloraceae, da ordem Passiflorales, qual o maracuj pertence,

    compreende 12 gneros e mais de 400 espcies, sendo que mais de 50 espcies socomestveis, com distribuio principalmente nos trpicos, na Amrica, sia e frica. No

    Brasil a famlia representada apenas pelos gneros Dilkea e Passiflora (JAGTIANI;

    CHAN JUNIOR; SAKAI, 1988; TEIXEIRA, 1994).

    As duas principais variedades comerciais so o maracuj roxo, Passiflora edulis

    Sims, e o maracuj amarelo, Passiflora edulis Sims f. flavicarpa Degener. O maracuj

    roxo produz um fruto menos cido que o maracuj amarelo, bastante apreciado para o

    consumo in natura. O maracuj amarelo tem um sabor muito cido e a variedadecomercial de maior produtividade, sendo a nica variedade industrializada no Brasil

    (FOLEGATTI; MATSUURA, 2002).

    O fruto do maracuj uma baga de forma subglobosa ou ovide, com epicarpo s

    vezes lignificado e mesocarpo com espessura variando de 0,5 a 4,0cm. No maracuj

    amarelo, seu dimetro polar de 6 a 8cm e o equatorial de 5 a 7cm, com peso mdio

    variando de 44 a 160g. No roxo, estes dimetros so de 4,3 a 7,2cm e de 3,9 a 5,1cm,

    respectivamente, com peso mdio de 23,6 a 61g. A casca de textura coricea e acolorao varia do amarelo intenso ao roxo no final do amadurecimento. O mesocarpo

    carnoso e no seu interior esto as sementes (200 a 300) recobertas pelo arilo, o qual

    contm um suco amarelo e aromtico. O desenvolvimento do arilo est intimamente

    relacionado com o das sementes (DURIGAN; DURIGAN, 2002).

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

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    A utilizao do maracuj bastante diversificada, sendo que a sua principal

    aplicao se encontra no uso alimentcio. Devido natureza da sua poro comestvel, o

    maracuj utilizado principalmente na forma de suco. Segundo Medina et al. (1980), o

    maracuj no muito utilizado para consumo como fruta fresca, em funo de seu sabor

    muito concentrado. Em virtude do exotismo e intensidade de seu sabor, bem como de suaelevada acidez, o suco de maracuj tem sido descrito como um concentrado natural

    (LUH, 1971). Quando adoado e diludo produz uma bebida bastante saborosa e o seu

    sabor combina facilmente com outras frutas.

    A polpa do maracuj pode ser aproveitada em diversos produtos como doces,

    aroma de sorvetes, iogurtes, saladas tropicais, refrescos e refrigerantes, porm os

    produtos de maior importncia econmica so o suco integral, o suco concentrado e o

    nctar (CHAN JUNIOR, 1993).

    2.2 Suco de maracuj

    A demanda por bebidas de fruta amplamente baseada no seu valor nutritivo,

    sabor, aroma e cor. Estes fatores de qualidade dependem diretamente da composio

    qumica da fruta fresca. O suco de fruta uma fonte de vitaminas, minerais, carboidratos,

    aminocidos, compostos de flavonides e provavelmente outros constituintes ainda no

    identificados. A composio qumica do suco de fruta depende da combinao dasinfluncias dos mecanismos reguladores genticos e das condies fsicas, qumicas e

    biolgicas do ambiente ao qual a fruta fresca submetida durante o crescimento e depois

    da colheita (LUH, 1971).

    O suco de maracuj pronto para beber classificado como suco tropical, de

    acordo com os padres de identidade e qualidade gerais para suco tropical do Ministrio

    da Agricultura. Suco tropical , por definio, produto obtido pela dissoluo, em gua

    potvel da polpa da fruta polposa de origem tropical, por meio de processo tecnolgicoadequado, no fermentado, de cor, aroma e sabor caractersticos da fruta, submetido a

    tratamento que assegure sua conservao e apresentao at o momento do consumo. O

    suco tropical adicionado de acar, pode ser designado com suco pronto para beber ou

    com termos semelhantes (BRASIL, 2003).

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

    8

    Os sucos prontos para beber provenientes da polpa de maracuj, de acordo com a

    Instruo Normativa n12/2003 do Ministrio da Agricultura, so designados de nctar de

    maracuj, que definido como bebida no fermentada, obtida da diluio, em gua

    potvel, da parte comestvel do maracuj e acares, destinado ao consumo direto,

    podendo ser adicionado de cidos. Os padres de identidade e qualidade estabelecidospela referida Instruo Normativa para nctar de maracuj so apresentados na Tabela 1

    (BRASIL, 2003).

    Tabela 1 - Padres de identidade e qualidade estabelecidos pela Instruo Normativa

    n12/03 para nctar de maracuj.

    Parmetro Especificao

    Cor Variando de amarela a alaranjada

    Sabor Caracterstico

    Aroma Prprio

    Suco ou polpa de maracuj (g/100)(1) Mnimo de 10,00

    Slidos solveis em Brix, a 20C(1) Mnimo de 11,00

    Acidez total em cido ctrico (g/100g)(1) Mnimo de 0,25

    Acares totais (g/100g)(1) Mnimo de 7,0(1)Valores mximos no estabelecidos.

    Fonte: Brasil (2003).

    2.3 Composio qumica do suco de maracuj

    Existem poucos trabalhos na literatura sobre sucos prontos para beber, assim a

    descrio de composio qumica do suco de maracuj feita principalmente com relao

    as caractersticas dos sucos integrais, adoados e diludos.

    A composio qumica do suco de maracuj pode variar em funo de vrios

    fatores relacionados ao tipo, plantio e manuseio do fruto, dentre eles a espcie, a poca

    de colheita, o tamanho e estgio de maturao e desenvolvimento do fruto, fertilidade do

    solo, condies climticas, manuseio ps-colheita, dentre outros (GARCIA et al., 1980).

    O suco de maracuj um produto de aroma e acidez muito acentuados e alto

    contedo de cidos orgnicos. As faixas de pH e de acidez total para o maracuj amarelo

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    so de 2,8 e 3,3 para o pH e de 5% para acidez total, expresso como cido ctrico, m/m, e

    para o maracuj roxo de 2,6 a 3,3 para pH e 2,4 a 4,8% para a acidez total em cido

    ctrico.

    O maracuj amarelo tem o cido ctrico como cido predominante (55%), seguidode cido mlico (10,55%) e em menor proporo o cido ltico (0,58%), malnico (0,13%)

    e traos do cido succnico. O maracuj roxo apresenta 13,10% de cido ctrico, 3,86%

    de cido mlico, 7,49% de cido ltico, 4,95% de cido malnico, 2,42% de cido

    succnico (JAGTIANI; CHAN JUNIOR; SAKAI, 1988; CHAN JUNIOR, 1993).

    Os carboidratos totais so o segundo maior grupo de constituintes do suco de

    maracuj. Os teores de acares totais da variedade amarela representam 13 a 18% com

    valor mdio de 15% e os teores da variedade roxa variam entre 14,4 a 21,9%, com umvalor mdio de 17,3%. A relao acar/acidez de 5:1 para o maracuj roxo e de 3:8

    para o maracuj amarelo (LUH, 1971; JAGTIANI; CHAN JUNIOR; SAKAI, 1988; CHAN

    JUNIOR, 1993).

    A distribuio dos principais componentes dos slidos solveis totais do suco do

    maracuj de ambas as variedades so praticamente iguais. Na variedade amarela a

    glicose o acar principal com 38,1%, seguido da sacarose com 32,4% e da frutose com

    29,4%, enquanto que no maracuj roxo o principal acar a glicose com 37,1%, seguidoda frutose com 33,5% e da sacarose com 29,4% (JAGTIANI; CHAN JUNIOR; SAKAI,

    1988; CHAN JUNIOR, 1993).

    O suco de maracuj uma fonte de cido ascrbico e a variedade roxa apresenta

    teores maiores de cido ascrbico que a variedade amarela. A estabilidade do cido

    ascrbico no suco de maracuj comparvel estabilidade de sucos ctricos (LUH,

    1971). O contedo de vitamina C maior nas espcies roxas (29,8mg de cido ascrbico

    em 100g de suco) que nas amarelas, que de 18,2mg de cido ascrbico em 100g desuco (JAGTIANI; CHAN JUNIOR; SAKAI, 1988; CHAN JUNIOR, 1993; DURIGAN,

    DURIGAN, 2002).

    A presena de aminocidos livres em sucos de maracujs tem sido reportada. O

    suco de maracuj roxo contm leucina, valina, tirosina, prolina, teonina, glicina, cido

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    asprtico, arginina e lisina. Contudo, no foi verificada a presena de metionina,

    fenilalanina e triptofano no produto (LUH, 1971; JAGTIANI; CHAN JUNIOR; SAKAI, 1988;

    CHAN JUNIOR, 1993).

    O suco de maracuj contm pequenas quantidades de pectina e quantidadessignificativas de amido, o que pode provocar o aparecimento de precipitados brancos ou

    escuros durante a estocagem de sucos e bebidas (LUH, 1971). Geralmente as

    quantidades de amido verificadas no suco de maracuj da variedade roxa so superiores

    s observadas na variedade amarela, cerca de 0,74% e 0,06%, respectivamente.

    O amido presente no maracuj se gelatinisa em temperaturas superiores a 55C.

    Isto leva a severos problemas durante o processamento a quente de suco de maracuj. O

    alto teor de amido causa depsitos gelatinosos que acumulam na superfcie aquecida dotrocador de calor, resultando na diminuio da eficincia do sistema e deteriorao do

    sabor do suco.

    A presena da enzima catalase em suco de maracuj da variedade amarela j foi

    comprovada, podendo ser at 100% inativada pelo aquecimento do suco a 79C por 75

    segundos. Tambm foi verificada a presena da enzima fenolase, responsvel pelo

    escurecimento de suco concentrado. A enzima pectina metil esterase j foi relatada como

    estando presente no suco de maracuj roxo e sua inativao pode ser conseguida peloaquecimento a 80C por 60 a 75 segundos (JAGTIANI; CHAN JUNIOR; SAKAI, 1988;

    CHAN JUNIOR, 1993).

    O suco de maracuj apresenta cor de laranja para amarelo devido a complexa

    mistura de pigmentos carotenides no qual o beta caroteno predomina (LUH, 1971).

    Jagtiani, Chan Junior e Sakai (1988) e Chan Junior (1993) citam que os principais

    pigmentos do maracuj roxo so o -, - e - caroteno e relatam ainda a presena das

    substncias fitoflueno, -apo-12-carotenal, -apo-8-carotenal, criptoxantina, auroxantinae mutatoxantina, a ausncia de antocianinas e a presena de traos de flavonides.

    Segundo reviso bibliogrfica realizada por Durigan; Durigan, (2002) o aroma do

    suco de maracuj formado por 73 compostos volteis, sendo que os principais

    componentes (95%) so o hexanoato de hexila, principal componente, o butirato de etila,

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    responsvel pelo aroma adocicado e indicador do frescor, o hexanoato de etila e o

    butirato de hexila. Os componentes do suco do maracuj amarelo e da sua forma

    Flavicarpa diferem consideravelmente entre si, seus componentes so o linalol, nerol,

    geraniol e -terpeniol, que esto mais na forma de glicosdeos que na forma livre.

    Recentemente, alguns trabalhos tm revelado a presena de vrias outras agliconas

    norterpenides C13.

    O processamento trmico do suco de maracuj pode ocasionar a perda de grande

    parte dos componentes de aroma e sabor, os quais devem ser repostos, alm de gerar

    outros componentes aromticos, no presentes na forma livre, liberados durante o

    tratamento trmico na presena de cidos naturais da fruta (FOLEGATTI, MATSUURA,

    2002).

    A presena de compostos alcalides foi detectada em maracuj e testes

    farmacolgicos mostraram que o suco tem um leve efeito sedativo. Ambas as variedades

    de maracuj amarelo e roxo apresentam pequenas quantidades de compostos

    cianognicos no fruto maduro, porm sem efeito toxicolgico (JAGTIANI; CHAN JUNIOR;

    SAKAI, 1988; CHAN JUNIOR, 1993).

    2.4 Estudos de caracterizao e estabilidade fsico-qumica e sensorial de sucos de

    maracuj

    Cecchi (1978) avaliou as caractersticas fsicas, qumicas e sensoriais de sucos de

    maracuj processados e no processados. Os sucos processados foram elaborados a

    partir de sucos simples pasteurizados e engarrafados e os no-processados foram

    obtidos de dois lotes de frutas, as quais tiveram a polpa e as sementes batidas em

    liquidificador e seu Brix corrigido com gua at atingir o mesmo teor do suco processado

    (9Brix). O suco processado foi centrifugado e a polpa separada. Foram detectados sete

    tipos de carotenides no suco no-processado e na polpa extrada do suco processado,os quais foram identificados como -, -, - e - caroteno, neurosporeno, licopeno,

    aurocromo, criptocromo e auroxantina. O - caroteno e -caroteno representaram 55 e

    20% dos carotenides totais nos sucos processados e 36 e 32% no suco no processado,

    respectivamente. Os slidos totais determinados para o suco com polpa foi de 8,90Brix e

    para o suco sem polpa 8,73Brix. O pH observado para ambos os sucos com e sem polpa

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    foi de 3,10. A acidez titulvel, em % de cido ctrico, dos dois sucos foram de 1,64 a 1,68.

    O teor de cido ascrbico encontrado foi de 1,51 a 1,67 para o suco com polpa e de 1,22

    a 1,38 para o suco sem polpa.

    Garruti (1989), a partir da comparao das caractersticas qumicas, fsicas efsico-qumicas de duas marcas comerciais nacionais de sucos de maracuj no

    estabilizados e duas marcas de suco estabilizado, todos integrais, pasteurizados e

    engarrafados, no verificou grandes variaes qumicas nestes produtos, observando

    uma faixa de 12,97 a 14,33Brix (a 20C), valores de pH de 2,01 a 2,76, acidez titulvel

    (% de cido ctrico) de 2,73 a 4,09, relao Brix/acidez de 3,17 a 5,25 e teor de cido

    ascrbico (mg/100mL) de 9,11 a 17,59. A avaliao sensorial destes produtos indicou que

    os sucos estabilizados apresentaram caractersticas sensoriais semelhantes s dos sucos

    no estabilizados, no havendo alterao da intensidade de cor, turbidez, saborcaraterstico de maracuj, adstringncia e acidez.

    Righetto (1996) avaliou a estabilidade fsico-qumica e sensorial de suco de

    maracuj, puro (integral) e adoado na proporo de 1:1 (m/v), (quantidade necessria

    para que o suco, aps diluio, fosse adequado para consumo) acondicionados em sacos

    de polietileno de baixa densidade e congelados por um perodo de 55 dias, elaborados de

    maracujs amarelos adquiridos no mercado da cidade de Londrina. Verificou que no

    ocorrem variaes fsico-qumicas: pH, teor de slidos solveis, acidez, acares totais eredutores, cido ascrbico, exceo feita para o -caroteno que sofreu uma perda

    considervel nos dois produtos, para a cor e para alguns atributos sensoriais.

    Os sucos apresentaram valores de pH entre 2,79 e 3,09 e o teor de slidos

    solveis variou no suco entre 12,8 e 13,2% e no suco adoado entre 54,7 a 55,6%, no

    havendo alterao do teor de slidos ao longo do tempo de congelamento. A acidez dos

    dois sucos no apresentou diferenas significativas, sendo em mdia de 4,17% de cido

    ctrico. Os teores de cido ascrbico determinados inicialmente no suco fresco variaramentre 13,5 e 20,0mg/100g, sendo verificada uma perda mdia de 4,0 e 4,9%, para os

    sucos puro e adoado, respectivamente, tendo concludo que estas diferenas foram

    insignificantes. Os teores de -caroteno determinados inicialmente no suco fresco

    variaram entre 4,3 a 9,0g/g, sendo que durante a estocagem o -caroteno foi degradado,

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    com uma perda total para o suco puro de 50,6% e no adoado de 38,2%, concluindo que

    o acar pode ter proporcionado ao suco um efeito crioprotetor sobre o -caroteno.

    A avaliao instrumental da cor demonstrou que no houve alterao do suco

    adoado, no entanto, ocorreu o clareamento do suco integral ao longo do tempo de

    estocagem, provavelmente em funo da degradao dos pigmentos. A avaliao

    sensorial mostrou que o suco puro perdeu praticamente todos os aromas maracuj e

    adocicado e dos sabores maracuj e doce, mantendo intensamente apenas as

    percepes de gosto cido e sensao residual. O suco adoado apresentou uma

    reteno maior do aroma e sabor caracterstico do maracuj e do aroma adocicado e

    apresentou uma menor percepo do gosto cido e sensao residual (RIGHETTO 1996).

    Alves et al., (2001) avaliaram a estabilidade fsico-qumica e sensorial de suco demaracuj pronto para beber, acondicionado em trs tipos de embalagens plsticas, com

    diferentes propriedades de barreira ao oxignio, e em uma embalagem cartonada,

    condicionados a temperatura controlada de 252C por 90 dias. O suco estudado foi

    formulado a partir da polpa congelada, com adio de gua potvel, cido, acares e

    conservantes (50mg/kg de metabissusulfito de sdio mais 100mg/kg de benzoato de

    sdio), pasteurizado e acondicionado assepticamente nas embalagens plsticas de

    250mL e na embalagem cartonada. Afim de diminuir o oxignio presente no espao livre

    das embalagens plsticas, estas foram enchidas com injeo de nitrognio.

    As embalagens plsticas utilizadas eram filmes multicamadas base de polietileno

    de baixa densidade linear PEBDL combinado a um polietileno barreira a gs, sendo dois

    copolmeros de etileno e lcool vinlico EVOH, com dois nveis de barreira a gases,

    filmes A e B, com taxas de permeabilidade ao oxignio TPO2 (25C e 75% umidade

    relativa) de 1,40 e 2,96cm(CNTP)/m/dia, respectivamente e um copolmero de cloreto de

    vinila e cloreto de vinilideno PVDC, filme C, com TPO2de 13,74cm (CNTP)/m/dia. A

    embalagem cartonada era um laminado composto de polietileno de baixa densidade -

    PEBD/carto duplex/PEBD/Alumnio (9m)/PEBD, com TPO2de

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    de 4 para 10% e na embalagem com filme C, a mais permevel, o teor oxignio aumentou

    de 5,5 para 15%. Os volumes mdios de gases dos espao-livres determinados foram de

    22 a 23mL, embora tenham sido observados grandes intervalos de variao em cada tipo

    de embalagem, sendo de 8 a 47mL na embalagem de filme A, de 12 a 32mL na

    embalagem de filme B e de 10 a 45mL na embalagem de filme C.

    O suco de maracuj pronto para beber foi caracterizado no incio do estudo como

    tendo o teor de slidos solveis de 14,2 a 14,6Brix. Os valores de pH e acidez (em % de

    cido ctrico) permaneceram estveis em todas as embalagens estudadas durante os 90

    dias de estocagem a 25C, mantendo-se os valores de pH entre 3,0 e 3,3 e os teores de

    cido ctrico entre 0,31 a 0,34%. Foi verificada uma reduo acentuada no teor de

    vitamina C durante a estocagem, uma vez que o suco das diversas embalagens no incio

    dos estudo apresentou entre 14,5 e 23,3mg/100mL de cido scorbico e aos 41 dias deestocagem reduziu-se a menos de 1mg/100mL de cido scorbico.

    A avaliao sensorial do suco de maracuj pronto para beber demonstrou que a

    cor amarela manteve-se estvel ao longo dos 90 dias de estocagem nos sucos estocados

    nas embalagens com filme A e cartonada, havendo uma pequena perda da qualidade nos

    produtos das embalagens B e C, constatada aos 60 dias de estocagem. A perda da

    qualidade global no suco foi causada principalmente pela perda de sabor caracterstico

    aps 70 dias de estocagem, sendo mais acentuada nas embalagens dos filmes B e C,comparativamente aos sucos da embalagem cartonada e da embalagem com o filme A.

    A vida-de-prateleira do suco de maracuj nas diferentes embalagens foi

    determinada pela qualidade sensorial global do suco, quando ocorreu a perda de cerca de

    50% da qualidade inicial do produto. Assim sendo, a vida-de-prateleira estimada para o

    suco pronto para beber foi de cerca de 70 dias para as embalagens com os filmes B e C,

    de 80 dias no filme A e de 90 dias na cartonada (ALVES et al., 2001).

    A Tabela 2 apresenta um resumo das principais caractersticas fsico-qumicas

    citadas anteriormente, em sucos de maracuj integrais e pronto para beber estudados no

    Brasil.

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    Tabela 2 -Principais caractersticas fsico-qumicas determinadas em sucos de maracuj

    estudados no Brasil.

    Cecchi(1978)

    Garruti(1989)

    Righetto(1996)

    Alves et al.,(2001)

    ParmetroSuco integral

    clarificado Suco integral Suco integralSuco prontopara beber

    Brix (a 20C) 8,73 8,90 12,97 14,33 12,8 13,2 14,2 14,6

    pH 3,10 2,01 2,76 2,79 3,09 3,0 3,3

    Acidez total em cidoctrico (g/100g)

    1,64 1,68 2,73 4,09 4,17 0,31 0,34

    cido ascrbico(mg/100mL)

    1,51 1,67 9,11 17,59 13,5 20,0 14,5 23,3

    2.5 Processamento de suco de maracuj

    No processamento do suco inicialmente os frutos de maracuj so selecionados,

    visando eliminar os frutos com problemas de contaminao microbiolgica ou

    deterioraes, que poderiam comprometer a qualidade do suco do ponto de vista

    sanitrio, sensorial e de composio. Posteriormente, passam por uma etapa de lavagem,

    realizada com o objetivo de remover as sujidades aderidas casca dos frutos e desinfet-

    los. A gua utilizada para a lavagem deve conter um nvel varivel de 5 a 20mg/L de

    cloro livre. Geralmente esta operao feita manualmente, enquanto os frutos so

    conduzidos por uma esteira transportadora (TOCHINNI et al., 1994).

    Uma etapa crtica no processamento do suco de maracuj a operao de corte,

    pois pode ocorrer a incorporao ao suco de materiais provenientes da casca e da ruptura

    das sementes, de difcil remoo, que resultam em defeitos no produto final, como

    alteraes de cor, aroma e sabor. Este problema pode ser minimizado pela escolha de

    cortadores que causem menos danos aos frutos. Em alguns sistemas de produo, o

    corte feito pelo mesmo equipamento que realiza a extrao do suco, em operaes

    consecutivas. Alguns extratores, por outro lado, so alimentados com frutos inteiros

    (TOCHINNI et al., 1994; FOLEGATTI; MATSUURA, 2002).

    Vrios so os mtodos empregados na extrao da polpa e do suco de maracuj.

    O mtodo manual o mais simples, utilizado por indstrias caseiras, onde a fruta

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    cortada, a polpa extrada manualmente e separada da semente por meio de peneira ou

    pano.

    Um dos mtodos de extrao industrial considerado muito eficiente para grandes

    volumes de produo, com rendimento mdio de 33% de suco, foi desenvolvido pelaUniversidade do Hawai. O fruto cortado em fatias por um sistema de facas circulares e

    transferido para um extrator centrfugo, que consiste em um cesto perfurado, com paredes

    inclinadas e aletas internas soldadas na parede, que formam quatro compartimentos que

    asseguram que as fatias da fruta girem na mesma velocidade do cesto. A fora centrfuga

    separa a polpa e as sementes da casca atravs das perfuraes do cesto e as cascas

    so transportadas para fora. Uma das desvantagens deste sistema que algumas

    sementes podem ser cortadas, sendo necessrio o uso de telas para a operao de

    acabamento, podendo tambm ocorrer a extrao de sabores indesejveis da casca.

    A Nova Zelndia e Tonga utilizam um mtodo de extrao onde o fruto cortado

    em duas partes e a polpa extrada por suco. Neste caso as sementes so extradas

    junto com a polpa e a separao feita por centrifugao ou por telas.

    Na Austrlia vrios sistemas de extrao so utilizados. O mais utilizado um

    sistema de extrao com cones convergentes, onde o dispositivo consiste em dois cones

    giratrios, com duas aberturas, sendo uma maior em cima e uma menor em baixo. A fruta alimentada pela abertura maior e carregada para baixo, sendo esmagada entre os dois

    rolos, provocando o rompimento da casca e a expulso da polpa e da semente. A polpa

    separada das sementes por telas giratrias.

    Em outro mtodo australiano, a fruta presa entre duas semi esferas e feito um

    corte na forma cruz na casca na parte inferior da fruta, em seguida um pisto entra pela

    parte superior da fruta ejetando a polpa, o suco e as sementes pela parte inferior. Este

    processo tem a vantagem de manter o contato mnimo do suco com as enzimas da casca.A separao do suco da polpa e das sementes pode ser feito em dois estgios, passando

    por um despolpador com escovas de nylon e tela e em seguida por um segundo

    despolpador com lminas de borracha e tela de acabamento em ao inoxidvel de

    60mesh.

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    Semelhante ao mtodo australiano, na Itlia foi desenvolvido um sistema de

    extrao por compresso, onde a fruta comprimida entre dois rolos, sendo um revestido

    de borracha e outro possui dentes de ao inox. A casca fraturada entre os rolos, o rolo

    dentado ento prensa a fruta quebrada contra uma tela por onde a polpa flui (JAGTIANI;

    CHAN JUNIOR; SAKAI, 1988; CHAN JUNIOR, 1993).

    O sistema de extrao mais utilizado atualmente no Brasil o de trs estgios,

    composto por um cortador de discos de ao inoxidvel, que tem por finalidade cortar o

    fruto, um batedor que consiste em um cilindro de ao inoxidvel perfurado, provido de

    uma srie de batedores acoplados a um eixo central, que separa a casca do suco, polpa e

    sementes. E finalmente, por dois despolpadores, que consistem em peneiras cilndricas

    com um eixo central equipado com escovas de nylon. O primeiro despolpador separa o

    suco das sementes e o segundo realiza o acabamento, que a remoo parcial ou totalda polpa extrada com o suco. Existe ainda um sistema de dois estgios, provido de um

    nico despolpador (TOCCHINI et al., 1994; TOCCHINI; NISIDA; MARTIN, 1995).

    Aps a extrao, o suco pode ser aquecido a 50C e submetido a um tratamento

    enzimtico, que utiliza enzimas pectinolticas que degradam a pectina, diminuindo assim a

    viscosidade do suco. A alta viscosidade do suco pode ocasionar depsitos e queimas nos

    trocadores de calor durante a pasteurizao, comprometendo a qualidade do produto

    (FOLEGATTI; MATSUURA, 2002).

    Aps o tratamento enzimtico realizada a centrifugao, que tem por objetivo

    remover a polpa contida no suco, que tambm influencia a sua viscosidade. Em alguns

    sistemas so utilizadas centrfugas que operam sob presso de um gs inerte, como o

    nitrognio, o que evita a incorporao de oxignio. Em outros, a centrifugao seguida

    por um processo de desaerao, que consiste na remoo do ar dissolvido no produto por

    meio de desaeradores, para evitar reaes de oxidao, responsveis por alteraes da

    cor, aroma e sabor do produto final (TOCHINNI et al., 1994; FOLEGATTI; MATSUURA,2002).

    Os mtodos de preservao do suco de maracuj podem ser atravs de

    tratamento trmico, congelamento e adio de preservantes qumicos como o benzoato

    de sdio e sorbato de potssio. O sabor do maracuj extremamente sensvel ao calor,

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    sendo que quando se utiliza a pasteurizao inevitavelmente ocorre perda de sabor e

    aroma e a grande quantidade de amido, presente no maracuj, pode provocar o acmulo

    de depsitos gelatinosos nos trocadores de calor, que podem alterar a qualidade do suco

    (JAGTIANI; CHAN JUNIOR; SAKAI, 1988; CHAN JUNIOR, 1993).

    Quando empregado, o tratamento trmico tem por objetivo eliminar

    microrganismos patognicos e causadores de deteriorao e inativar enzimas presentes

    no suco. A contaminao por microorganismos decorre, principalmente, da operao de

    corte dos frutos, quando a etapa de lavagem no bem realizada. Sendo um produto de

    acidez elevada e razovel concentrao de acares, o suco de maracuj um meio

    altamente seletivo, sendo que os microorganismos que suportam estas condies no suco

    so leveduras do gnero Candidae Saccharomyces(TOCHINNI et al., 1994).

    O tratamento trmico do suco estabelecido em funo das caractersticas

    desejadas para o produto como viscosidade, grau de contaminao inicial, etc., mas, de

    modo geral, recomendam-se sempre temperaturas superiores a 85C. Diferentes

    combinaes de temperatura/tempo podem ser usadas, dependendo do tipo de

    equipamento utilizado e qualidade do suco. Em pasteurizadores de placas pode-se

    efetuar o tratamento a 90-95C por 45 segundos (TOCHINNI et al., 1994; FOLEGATTI;

    MATSUURA, 2002).

    A concentrao outro mtodo que pode ser utilizado na manuteno da

    estabilidade de suco de maracuj. A definio do tempo de reteno do produto no

    concentrador deve considerar a viscosidade do suco, que dependente dos seus teores

    de polpa, compostos pcticos e amido, principalmente. Este processo comprometido

    pela presena de amido, que se geleifica durante o aquecimento, aumentando a

    viscosidade do suco. Nas variedades de maracuj com alto teor de amido,

    recomendvel o tratamento enzimtico (com amilases) ou a separao por centrifugao.

    O suco concentrado deve necessariamente ser readicionado de aromas. Quando o

    equipamento empregado na concentrao no dispuser de uma unidade recuperadora de

    aromas, deve-se efetuar a adio de parte de suco fresco (10%) ao suco concentrado.

  • 5/25/2018 Elisabete Segantini Saron - Disserta o de Mestrado

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    A concentrao do suco de maracuj pode ser realizada por meio de concentrador

    a vcuo, operando a temperaturas entre 41C e 55C, at a obteno de teores de slidos

    solveis prximos a 55Brix (TOCCHINI et al., 1994; TOCCHINI; NISIDA; MARTIN, 1995).

    No Brasil e Austrlia comum o uso de evaporadores centrfugos para aconcentrao de suco de maracuj. Nesses equipamentos, a superfcie de transferncia

    de calor consiste em um ou mais cones rotativos de ao inoxidvel. O suco distribudo

    por fora centrfuga nas superfcies internas dos cones, formando um filme de espessura

    fina, posteriormente a remoo do concentrado feita por um tubo, a partir de uma

    depresso na base do cone. A principal vantagem dos evaporadores centrfugos que

    operam com tempos de reteno baixos (0,2 a 1,0 segundo), o que minimiza as

    alteraes no produto causadas pelo calor. O suco de maracuj processado sem a

    remoo do amido por centrifugao pode ser concentrado por este tipo de equipamentoat 40 a 56Brix e sucos centrifugados podem obter uma concentrao final de 65 a

    70Brix.

    O mtodo de conservao de suco de maracuj integral ou concentrado por

    congelamento mostra-se bastante eficiente na preservao do sabor e cor, podendo ser

    mantido a temperaturas de -2 a -12C. O suco concentrado tambm pode ser adicionado

    de acar (55 a 65 partes de acar para 100 partes de suco) (JAGTIANI; CHAN

    JUNIOR; SAKAI, 1988; CHAN JUNIOR, 1993).

    A Figura 1 apresenta fluxograma simplificado das principais etapas do

    processamento de suco de maracuj integral.

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    Extrao do suco

    Seleo e inspeo

    Lavagem

    Seleo final

    Corte

    Recebimento da matria-prima

    Remoo de talos

    Acabamento

    Tratamento enzimtico

    CongelamentoPasteurizao Preservantesqumicos

    Adio deacar

    Concentrao

    Figura 1 -Fluxograma geral das principais etapas do processamento de suco de maracuj.

    2.6 Embalagens Metlicas

    2.6.1 Materiais utilizados na fabricao de embalagens metlicas

    As principais matrias-primas empregadas na fabricao de embalagens metlicas

    so as folhas base de ao, as chapas de alumnio, os vernizes para o revestimento

    interno e externo e vedantes utilizados nas recravaes (unio entre o corpo e a tampa ou

    fundo) para o fechamento das latas.

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    As folhas metlicas so produtos planos de ao de baixo teor de carbono, com

    espessura mxima de 0,45mm, revestidas por processo eletroltico ou sem revestimento.

    Dentre as folhas encontram-se a folha-de-flandres, a folha cromada, a folha no revestida

    e as folhas de baixo revestimento de estanho (COMPANHIA SIDERRGICA NACIONAL -

    CSN, s.d.; ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS - ABNT, 1995).

    A folha-de-flandres formada por distintas camadas, onde o ao de baixo teor de

    carbono revestido em uma ou em ambas as faces com uma camada de estanho

    metlico comercialmente puro, depositado por eletrodeposio; por uma camada de

    passivao, formada por compostos de cromo; e finalmente protegida por uma pelcula de

    leo lubrificante, que visa facilitar o manuseio e proteo das folhas contra danos

    mecnicos. O estanho nesta folha pode se apresentar somente na forma metlica ou

    como uma camada intermetlica de ferro/estanho na forma de FeSn2, dependendo da suaespecificao (SARON; GATTI,1999).

    A folha cromada a folha de ao de baixo teor de carbono revestida em ambas as

    faces com camadas de cromo metlico e xidos de cromo, aplicado por eletrodeposio,

    protegida com uma pelcula de leo lubrificante (CSN, s.d.; SARON; GATTI, 1999).

    As chapas de alumnio apresentam na sua superfcie uma camada de xidos

    formados naturalmente na sua produo. O alumnio apresenta dutilidade superior folha-de-flandres e menor densidade em relao ao ao, sendo muito utilizado na

    indstria de embalagens metlicas para alimentos para vrias aplicaes, dentre elas a

    fabricao de latas de duas peas (corpo e fundo) pelos sistemas DRD (Draw-Redraw) e

    DWI (Draw and Wall Ironing), tubos colapsveis, tampas de fcil abertura, dentre outras

    (DANTAS,1999a).

    2.6.2 Latas de trs peas

    As latas de trs peas so formadas por corpo, tampa e fundo, onde uma

    extremidade recravada ao corpo pelo fabricante da lata e a outra enviada

    separadamente ao usurio, para o fechamento da lata aps o enchimento. Geralmente,

    as latas de trs peas possuem formato cilndrico, podendo apresentar formatos

    retangulare