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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO 1 Eletricista

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g o v e r n o d o e s ta d o d e s ã o pa u l o

1Eletricista

1

Eletricista

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emprego

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Geraldo Alckmin

Governador

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO,

CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Rodrigo Garcia

Secretário

Nelson Baeta Neves Filho

Secretário-Adjunto

Maria Cristina Lopes Victorino

Chefe de Gabinete

Ernesto Masselani Neto

Coordenador de Ensino Técnico, Tecnológico e Profissionalizante

Caro(a) Trabalhador(a)

Estamos bastante felizes com a sua participação em um dos nossos cursos do Programa Via Rápida Emprego. Sabemos o quanto é importante a capacitação profissional para quem busca uma oportunidade de trabalho ou pretende abrir o seu próprio negócio.

Hoje, a falta de qualificação é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo desempregado.

Até os que estão trabalhando precisam de capacitação para se manter atualizados ou quem sabe exercer novas profissões com salários mais atraentes.

Foi pensando em você que o Governo do Estado criou o Via Rápida Emprego.

O Programa é coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, em parceria com instituições conceituadas na área da educação profissional.

Os nossos cursos contam com um material didático especialmente criado para facilitar o aprendizado de maneira rápida e eficiente. Com a ajuda de educadores experientes, pretendemos formar bons profissionais para o mercado de trabalho e excelentes cidadãos para a sociedade.

Temos certeza de que iremos lhe proporcionar muito mais que uma formação profissional de qualidade. O curso, sem dúvida, será o seu passaporte para a realização de sonhos ainda maiores.

Boa sorte e um ótimo curso!

Paulo Alexandre BarbosaSecretário de Estado de Desenvolvimento Econômico,

Ciência e Tecnologia

Antonio Rafael Namur MuscatPresidente da Diretoria ExecutivaHugo Tsugunobu Yoshida Yoshizaki Vice-presidente da Diretoria Executiva

Gestão de Tecnologias aplicadas à Educação

Direção da ÁreaGuilherme Ary Plonski

Coordenação Executiva do ProjetoAngela Sprenger e Beatriz Scavazza

Gestão do PortalLuiz Carlos Gonçalves, Sonia Akimoto e Wilder Rogério de Oliveira

Gestão de ComunicaçãoAne do Valle

Gestão do processo de produção editorial

Gestão Editorial Denise BlanesEquipe de ProduçãoAssessoria pedagógica: Ghisleine Trigo SilveiraEditorial: Airton Dantas de Araújo, Beatriz Chaves, Camila De Pieri Fernandes, Carla Fernanda Nascimento, Célia Maria Cassis, Daniele Brait, Fernanda Bottallo, Lívia Andersen, Lucas Puntel Carrasco, Mainã Greeb Vicente, Patrícia Maciel Bomfim, Patrícia Pinheiro de Sant’Ana, Paulo Mendes e Sandra Maria da SilvaDireitos autorais e iconografia: Aparecido Francisco, Beatriz Blay, Hugo Otávio Cruz Reis, Olívia Vieira da Silva Villa de Lima, Priscila Garofalo, Rita De Luca e Roberto PolacovApoio à produção: Luiz Roberto Vital Pinto, Maria Regina Xavier de Brito, Valéria Aranha e Vanessa Leite RiosDiagramação e arte: Jairo Souza Design Gráfico

Fundação Carlos Alberto Vanzolini

Concepção do programa e elaboração de conteúdos

Geraldo Biasoto Jr.Diretor Executivo

Lais Cristina da Costa Manso Nabuco de AraújoSuperintendente de Relações Institucionais e Projetos Especiais

Coordenação Executiva do Projeto José Lucas Cordeiro

Equipe TécnicaAna Paula Alves de Lavos, Bianca Briguglio, Dilma Fabri Marão Pichoneri, Emily Hozokawa Dias, Karina Satomi, Laís Schalch, Selma Venco e Walkiria Rigolon

Textos de ReferênciaMaria Helena de Castro Lima

Fundação do Desenvolvimento Administrativo – Fundap

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia

Coordenação do ProjetoJuan Carlos Dans Sanchez

Equipe TécnicaCibele Rodrigues Silva e João Mota Jr.

Agradecemos aos seguintes profissionais e instituições que colaboraram na produção deste material:

CTP, Impressão e Acabamento Imprensa Oficial do Estado de São Paulo

Anamaco, Arnaldo Borges da Silva Filho, Jhone da Silva, Marcelo Bonetti e Rima Yehia

Caro(a) Trabalhador(a)

Estamos felizes com a sua participação em um dos nossos cursos do Programa Via Rápida Emprego. Sabemos o quanto é importante a capacitação profissional para quem busca uma oportunidade de trabalho ou pretende abrir o seu próprio negócio.

Hoje, a falta de qualificação é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo desempregado.

Até os que estão trabalhando precisam de capacitação para se manter atualizados ou quem sabe exercer novas profissões com salários mais atraentes.

Foi pensando em você que o Governo do Estado criou o Via Rápida Emprego.

O Programa é coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, em parceria com instituições conceituadas na área da educação profis-sional.

Os nossos cursos contam com um material didático especialmente criado para facilitar o aprendizado de maneira rápida e eficiente. Com a ajuda de educadores experientes, pretendemos formar bons profissionais para o mercado de trabalho e excelentes cidadãos para a sociedade.

Temos certeza de que iremos lhe proporcionar muito mais que uma formação profissional de qualidade. O curso, sem dúvida, será o seu passaporte para a realização de sonhos ainda maiores.

Boa sorte e um ótimo curso!

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia

Caro(a) Trabalhador(a)

Você inicia um novo caminho rumo à construção de novas aprendizagens.

O objetivo do Programa Via Rápida Emprego é ampliar seus conhecimentos, para além dos conteúdos específicos da ocupação de eletricista.

Este Programa parte do princípio de que é muito importante que o estudante- -trabalhador aprenda as técnicas relacionadas à ocupação. Porém, entendemos que igualmente importante é compreender como os conhecimentos sobre essa área avançaram ao longo do tempo, como está o mercado de trabalho da ocupação, o que se espera que o trabalhador saiba para exercê-la, como desenvolver o trabalho por conta própria, entre outros aspectos.

Também acreditamos que você já tem muitos conhecimentos, experiências e vivências, e tudo isso será valorizado e potencializado neste curso. Nele, você terá a oportunidade de aprender sobre o ofício de eletricista, conhecendo o seu histórico, desde sua origem até os dias de hoje.

A Unidade 1 trata de como o conhecimento sobre eletricidade foi construído ao longo dos anos.

Na Unidade 2, partindo do levantamento de suas experiências, você aprenderá mais sobre os conhecimentos necessários para o exercício da atividade de eletricista.

As ferramentas e os materiais básicos para o exercício do trabalho de eletricista são tema da Unidade 3.

A Unidade 4 vai tratar de um tema fundamental para todas as ocupações: a segurança do trabalho; e buscaremos mostrar como esse aspecto é particularmente importante quando se trata da ocupação de eletricista.

O planejamento de serviços elétricos é assunto da Unidade 5. Você vai saber como identificar as necessidades do cliente, definir o tipo e a quantidade de material a ser utilizado, elaborar um cronograma com a previsão de quanto tempo levará para concluir o trabalho e, ainda, preparar o orçamento do trabalho para apresentação ao cliente.

Na Unidade 6, você vai estudar os principais conceitos que fazem parte dos estudos de eletricidade e que serão fundamentais para você exercer esta ocupação.

Você está pronto para começar? Então, mãos à obra!

Sum á ri o

Unidade 19

Alguns trAços dA históriA dA eletricidAde

Unidade 2 35

os conhecimentos dA ocupAção e os próprios conhecimentos

Unidade 347

As ferrAmentAs de trAbAlho do eletricistA

Unidade 455

trAbAlhAr com segurAnçA

Unidade 5 65

plAnejAr serviços elétricos

Unidade 673

revisão e AmpliAção de conceitos

FICHA CATALOGRÁFICASandra Aparecida Miquelin - CRB-8/6090

Tatiane Silva Massucato Arias - CRB-8/7262

São Paulo (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia. Via Rápida Emprego: construção civil: eletricista, v.1. São Paulo: SDECT, 2012.

il. - - (Série Arco Ocupacional Construção Civil)

ISBN: 978-85-65278-38-6 (Impresso) 978-85-65278-36-2 (Digital)

1. Ensino profissionalizante 2. Construção civil - Qualificação técnica 3. Eletricista - Instalação elétrica. Eletricidade - Aparelho e material elétrico I. Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia II. Título III. Série.

CDD: 371.425621.31042621.31924

Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 9

unida d e 1

Alguns traços da história da eletricidadeEm geral, quando falamos de eletricidade, o que nos vem à cabeça?

Um choque? Um raio? Ou as cidades e suas ruas iluminadas; os fios que percorrem toda a cidade fixados em postes; aparelhos elétricos em funcionamento; chuveiros elétricos com água quen-te; motores elétricos trabalhando e movimentando a produção industrial e agrícola; MP3, tablets, computadores, televisões ligadas trazendo informação de todo o mundo para dentro de nossas casas? Carros, ônibus, trens e metrôs, movidos a eletri-cidade; baterias e pilhas que mantêm em funcionamento brin-quedos, relógios, máquinas fotográficas, filmadoras, telefones celulares; transformadores de tensão e corrente; carregadores de baterias e pilhas...

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10 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

Há, ainda, muitos outros exemplos. Para se ter uma ideia, pense em tudo que você fez hoje, desde a hora em que acor-dou: Quantas coisas utilizou que dependem de eletricidade?

Não é exagero pensar que quase todos os confortos e comodidades de que desfrutamos hoje dependem da descoberta da eletricidade e de seu desenvolvimento pos-terior. Parece difícil acreditar que muitos e muitos anos se passaram antes de tudo isso se tornar realidade.

E saiba, foram muitos anos mesmo! Pois a história da hu-manidade tem milhões de anos e o homem sempre convi-veu com fenômenos de natureza elétrica tão grandiosos como os raios ou pequenos como as centelhas e faíscas geradas ao bater duas pedras (uma na outra), mas foi so-mente por volta do século VI (6) a.C. (antes de Cristo), em um lugar chamado Grécia, que foram dados os primeiros passos em direção à descoberta da eletricidade como nós a conhecemos hoje.

Outro aspecto difícil de imaginar é que a eletricidade não surgiu associada às tomadas e à luz elétrica. Isso, que para nós é tão normal, demorou muito a ser inventado e trouxe mudanças que os homens que viveram no passado jamais puderam sonhar. O estudo da eletricidade se iniciou a par-tir de uma curiosa capacidade que alguns objetos adquirem se forem atritados com outros. Após o atrito, eles passam a atrair ou repelir outros objetos, e isso depende de quais objetos são atritados e também de quais são colocados em sua proximidade. Voltaremos a conversar sobre isso, pois se trata de um ramo da eletricidade, chamado eletrostática, que teve grande importância no início do desenvolvimento da eletricidade, mas hoje apresenta pouca relevância, pois as grandes transformações que ocorreram quanto ao conhe-cimento da eletricidade se deram pelo entendimento da eletrodinâmica, que permitiu, posteriormente, compreender e unir eletricidade e magnetismo.

O conceito de eletricidade tem a ver com a produção de energia envolvendo cargas elétricas e a passagem de corren-te elétrica. E foi preciso muitos séculos de estudo até

Conceito: Forma de expres-são de um conhecimento que é reconhecido e compar-tilhado universalmente.Século: 100 anos.

Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 11

a humanidade chegar ao conhecimento de cargas elétricas.

Vamos olhar para essas ideias um pouco mais devagar?

Primeiro, vale saber que a energia sempre se modifica de uma forma em outra, e por isso se pode produzir energia elétrica a partir de qualquer outra forma de ener-gia. No entanto, é comum que sejam utilizadas as se-guintes formas:

• com o movimento da água → energia hídrica;

• com o movimento do vento → energia eólica;

• com a queima de combustíveis (carvão, óleo, derivados do petróleo, cana-de-açúcar) → energia térmica ou calor;

• com as reações químicas (pilhas e baterias) → energia química;

• com a luz do sol → energia solar.

Aerogeradores de energia eólica.Barragem de usina hidrelétrica.

Painéis de energia solar.Vista de usina termoelétrica.

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12 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

É porque a energia se transforma que podemos reaproveitar a energia elétrica, que percorre centenas ou milhares de quilômetros até chegar às casas, e transformá-la em outras formas de energia que necessitamos. Por exemplo, para tomarmos um banho quente nos chuveiros elétricos, a energia elétrica é transformada em térmica; ou para movimentar o motor de um liquidificador, a energia elétrica se transforma em energia mecânica.

Vamos retomar a história do desenvolvimento do conhecimento humano sobre a eletricidade?

Por volta do ano 500 a.C. (antes de Cristo), quase nada se sabia sobre a eletricidade, embora alguns povos já tivessem conhecimentos bastante avançados em outras (e variadas) áreas:

• Os chineses, por exemplo, inventaram o papel, a bússola e a pólvora; e no ano 3000 a.C. (antes de Cristo) tinham uma sociedade imperial organizada. As artes na China também eram muito desenvolvidas. Os chineses se destacavam na ar-quitetura, na escultura e na pintura, usando, em geral, cores fortes e brilhantes.

• Os egípcios conheciam a arte e as técnicas de construção com pedras, e fizeram uso dessa técnica produzindo grandiosas construções.

• Uma parte dos povos que viviam no Oriente Médio conhecia muito sobre núme-ros e consta que um dos alfabetos mais antigos do mundo foi criado nessa região, em um lugar chamado Ugarit, ao norte da Síria.

Pedra com inscrições em alfabeto cuneiforme.

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• Já os macedônios, como parte do povo que vivia na região onde hoje é a Grécia, eram peritos na arte da guerra.

Enfim, havia muito conhecimento sendo desenvolvido no mundo.

E foi nessa época, por volta do ano 600 a.C. (antes de Cristo), na Grécia, que um filósofo e matemático chamado Tales (que nasceu na cidade de Mileto) fez expe-riências que marcaram o início do estudo da eletricidade.

Ele percebeu que, esfregando lã de carneiro em âmbar, este passava a atrair pequenos pedaços de palha e de madeira. Começou então a experimentar se outros materiais se comportavam como o âmbar, com a capacidade de atrair objetos depois de atritados.

Tales de Mileto, c. 625 a.C.–558 a.C. (antes de Cristo).

600 a.C.

No Egito, surgem as 1as construções de pedra em for-

ma de tijolos.

2800 a.C.

Na China, inven-ção da bússola.

2000 a.C.

Na Síria, em Ugarit, surge o 1º alfabeto.

1500 a.C. 700 a.C.

Na Grécia, Tales de Mileto faz as 1as experiências de eletricidade.

Na Fenícia, sur-gem as 1as embar-

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de cada lado.

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Com isso, Tales de Mileto identificou – de forma ain-da elementar – um dos tipos de energia de que falamos anteriormente: a energia elétrica. Ou seja, ele percebeu que pelo atrito (fricção) entre dois objetos específicos (lã de carneiro e âmbar), um deles (o âmbar) ganhava uma característica (ou propriedade) que ele não tinha antes de ser atritado: a capacidade de atrair outros objetos.

Os estudos sobre o poder de atração, resultante do atrito, continuaram, e acredita-se que o nome eletricidade tenha sido criado na Grécia, já que a palavra âmbar, na língua grega, é élektron. Por isso, supõe-se que desse vocábulo tenham surgido as palavras elétron e eletricidade.

2 000 anos depois

Somente cerca de 2 000 anos mais tarde, os estudos sobre a eletricidade tornaram-se mais constantes.

Foi nessa época, mais especificamente em 1672, que um cientista alemão chamado Otto von Guericke (1602-1686) inventou uma máquina capaz de gerar eletrização (e poder de atração) pelo atrito de uma esfera de enxofre com a terra.

Essa máquina, e muitas outras que surgiram posterior-mente, ficou conhecida pelo nome de gerador eletrostá-

Você sabia?Hoje sabemos que o fe-nômeno observado por Tales acontece porque, quando dois corpos neu-tros (com número igual de cargas positivas e negati-vas) são atritados, um de-les perde elétrons (um dos tipos de cargas nega-tivas que existem). Com isso, ele ganha carga elé-trica positiva (passa a ter mais cargas positivas do que negativas), já o outro corpo que foi atritado fica com carga elétrica negati-va, pois ficou com mais cargas negativas (elétrons) do que positivas. Mas nin-guém sabia disso naquela época.

Mas o que é âmbar? É uma espécie de pedra, de cor amarela, formada pelo endurecimento da seiva de deter-minadas árvores muito antigas. Isto é, o âmbar é a seiva em estado sólido (endurecido), também chamada resina.

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tico, ou seja, uma máquina que gera eletricidade estática ao atritar objetos para eletrizá-los.

Veja a seguir como era a máquina construída por Guericke; como se deu sua evo-lução, com a construção de um gerador eletrostático mais moderno e potente em 1931, pelo físico Robert Jemison van de Graaff (1901-1967); e como se reproduz seus efeitos nos dias de hoje.

Atividade 1 É hora de experimentar

Vamos fazer uma experiência bastante simples para observar como a energia elétri-ca pode ser gerada pelo atrito.

1. O primeiro passo é cortar alguns pedaços de papel bem pequenos e deixá-los espalhados sobre uma mesa ou bancada de madeira.

2. Em seguida, cada aluno receberá um pedaço de plástico e deverá esfregá-lo no próprio cabelo algumas dezenas de segundos.

Gerador eletrostático de van de Graaff.

Simulação de um gerador eletrostático.

Máquina construída por Guericke.

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3. Agora, aproxime o plástico dos pedaços de papel e observe.

4. Registre os resultados da experiência e suas conclusões.

5. Discuta com os colegas. Todos chegaram ao mesmo resultado? Por que isso aconteceu?

Se você tiver oportunidade, visite:1. A Estação Ciência da Universidade

de São Paulo, disponível em: <http://www.eciencia.usp.br/>,

acesso em: 14 maio 2012.2. O Parque Sabina, da Prefeitura de Santo André, disponível em: <http://

www2.santoandre.sp.gov.br/page/143/42>, acesso em: 14 maio

2012. Durante a semana ele é aberto apenas para escolas, mas nos fins de semana abre para o público em geral.Nesses locais, você poderá ver várias experiências e conhecer muito sobre

as ciências físicas e naturais; até mesmo ficar com os “cabelos em pé”,

como os da imagem reproduzida anteriormente.

As ciências da natureza e o conhecimento científico

Podemos dizer – ao tratar-mos de ciências da natureza – que um conhecimento é científico quando a mesma ideia pode ser verificada em diferentes momentos e con-textos, desde que mantidas algumas condições predeter-minadas.

No caso desse experimento, as condições eram que todos trabalhassem usando os mes-mos materiais: plástico, cabe-lo humano e pequenos peda-ços de papel.

Isso ocorrendo, todos chega-rão aos mesmos resultados.

Para lembrar a história

No século XVIII (18), a ciência e a técnica passaram por muitas mu-danças; e, com isso, também mudou a forma de produzir bens e serviços. Era a chamada Revolução Industrial.

São características desse período:

• novasrelaçõesdetrabalho,commáquinasocupandoolugardepar-te do trabalho humano e a disseminação do trabalho assalariado;

• novasrelaçõespolíticas,comaperdadepoderdanobrezaedoclero (Igreja) e a ascensão de uma nova elite política nas cidades: a burguesia;

• novasrelaçõessociaiseeconômicas,comaseparaçãoentreaque-les que eram donos dos meios de produção (máquinas, ferramen-tas etc.) e os que sabiam trabalhar com eles; e a dominância do modo de produção capitalista.

Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 17

Condução e resistência elétrica

A partir do século XVIII (18), o conhecimento sobre as possibilidades de eletrização por atrito avançou bastante.

Aproximadamente 50 anos após a criação da máquina de Otto von Guericke, outro estudioso da Física – o inglês Stephen Gray (1666-1736) – descobriu que um corpo eletrizado poderia passar essa propriedade para outros corpos.

Gray descobriu que a eletrização também pode acontecer por contato ou por con-dução (ser conduzida de um corpo para outro), e não apenas por atrito.

Stephen Gray também percebeu que existem elementos que conduzem a eletricida-de (uns mais, outros menos) e outros que não permitem que ela seja conduzida para outros corpos. Assim fez, pela primeira vez, a distinção entre condutores e isolantes elétricos.

Atividade 2Condutores e isolantes elÉtriCos

1. Em dupla, refletindo sobre sua experiência, pensem sobre os materiais a seguir e indiquem se eles são condutores de eletricidade ou se a isolam. Justifiquem em que se baseia a opinião de vocês.

Material Condutor ou isolante O que justifica nossa resposta

Borracha Isolante Os fios são encapados com borracha para não dar choques.

Água

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Ferro

Madeira

Alumínio

Terra (chão de terra/solo)

Prata

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2. Discutam com a classe as respostas de vocês e vejam se todos têm a mesma opinião.

Para resumir

A essa altura, as principais descobertas nesse assunto eram as seguintes:

1. A de que existem duas possibilidades de gerar eletricidade:

a) Eletrização por atrito: quando se atrita um objeto em outro, desde que ambos sejam compostos de materiais distintos, eles ganham eletricidade (carga elétrica).

b) Eletrização por contato: quando se encosta um objeto eletrizado em um “neutro” (não eletrizado), o primeiro cede uma parte de sua eletricidade (carga) para o segundo e os dois se tornam eletrizados.

2. E a de que existem dois tipos de produtos ou objetos: os que conduzem a eletricidade e os que a isolam e não permitem que ela seja conduzida para outros corpos.

Eletricidade vítrea e eletricidade resinosa

Conhecendo os trabalhos de Guericke e de Gray, e buscando aprimorar essas teorias, um químico francês chamado Charles Du Fay (1698-1739) pesquisou vários mate-riais e identificou outros condutores e isolantes elétricos.

Percebeu que poderiam ocorrer diferentes fenômenos com um mesmo material. Ele poderia atrair outro corpo ou então repeli-lo, dependendo do material com o qual foi atritado. Enquanto dois objetos eletrizados por atrito com o vidro se repeliam, qualquer um deles poderia atrair objetos eletrizados com o âmbar. O mesmo poderia ser identificado para dois objetos que fossem atritados com o âmbar: eles iriam se repelir, mas atrairiam objetos que fossem atritados com o vidro. Assim, estabeleceu que haveria duas formas de eletricidade (a vítrea e a resinosa), e que dois corpos carregados com o mesmo tipo de eletricidade se repeliam (afastavam), enquanto dois corpos carregados com formas de eletricidade distin-tas se atraíam.

Pela primeira vez, falava-se de dois tipos de eletricidade (e por isso havia a possibi-lidade de os objetos se repelirem ou atraírem). E essa constatação possibilitou que, mais tarde, se identificasse a existência de dois tipos de cargas elétricas, hoje deno-minadas positivas e negativas.

Acumuladores de eletricidade

O próximo passo importante nesse caminho da ciência foi a descoberta de uma forma de “guardar” ou armazenar a eletricidade, para usá-la quando fosse necessá-rio. Isso foi possível com a invenção do condensador ou capacitor, um dispositivo capaz de guardar cargas elétricas.

Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 19

Dois cientistas (o holandês Pieter van Musschenbroek [1692-1761], na cidade ho-landesa de Leyden, e o alemão Ewald Georg von Kleist [c. 1700-1748], na Pomerâ-nia, atual Alemanha) tiveram destaque nesse campo. Ambos fizeram experiências muito semelhantes, praticamente na mesma época. E, ao custo de alguns choques, aprenderam que a eletricidade produzida por uma máquina eletrostática (ou gerador) poderia ser acumulada.

Seus experimentos envolveram jarros de vidro, água e pedaços de metal. Falando de forma simplificada, eles conseguiram manter eletrizado, por um tempo maior, um metal preso numa garrafa de vidro preenchida com água. O metal ficava em parte dentro da garrafa, mergulhado na água apenas com uma ponta para fora. Essa ponta era eletrizada por contato (com um gerador eletrostático) e permanecia ele-trizada por muito mais tempo do que se estivesse fora da garrafa. Nasciam assim os primeiros acumuladores de eletricidade.

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Atividade 3 refazendo a história da CiênCia:

a Garrafa de leyden

Já vimos como funciona a eletricidade estática em nossos cabelos e também falamos de condutores e isolantes. Que tal, agora, construir um acumulador de eletricidade casei-ro, ou seja, uma versão simplificada da “Garrafa de Leyden”?

Para isso, acompanhe a receita descrita a seguir.

1. Você vai precisar de:

• pote pequeno de plástico com tampa (por exemplo, um copo de requeijão vazio ou algo ainda menor);

• palha de aço;

• papel-alumínio;

• dois clipes de metal grandes ou dois alfinetes de segu-rança grandes;

• um pedaço de cano de PVC;

• um pedaço de lã, seda ou flanela;

• massa epóxi;

• fita adesiva.

2. Como fazer:

a) Forre as partes interna e externa do pote de plástico com papel-alumínio, até um pouco mais da metade. Prenda o papel com fita adesiva.

b) Coloque a palha de aço dentro do pote até a altura do papel-alumínio.

c) Na tampa do pote, faça um pequeno furo e coloque um clipe ou um alfinete de segurança aberto. Para fixar, use um pouco de massa epóxi. A parte do clipe ou alfinete que fica dentro do pote de plástico deve encostar na palha de aço.

Você sabia?No estudo da língua por-tuguesa, a receita é um gênero de texto muito im-portante de ser explorado, pois nos dá instruções de como fazer as coisas – um bolo, um experimento – passo a passo.

Para saber mais sobre diferentes gêneros de texto, procure no site <http://www.viarapida.sp.gov.br>, no Caderno do Trabalhador 1 – Con-teúdos Gerais, acesso em: 14 maio 2012.

Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 21

d) Coloque um segundo clipe aberto preso no papel- -alumínio que está em volta, na parte de fora do pote. Não deixe que as pontas do clipe se toquem.

3. A garrafa está montada. Mas é preciso agora carregá---la com eletricidade estática. Vamos às novas instruções.

a) Com o cano de PVC e o pedaço de tecido (lã, seda ou flanela) faça um movimento de atrito e encoste o cano no clipe (ou alfinete) que está na parte central da tampa do pote de plástico.

b) Faça isso várias vezes, com cuidado para não encostar sua mão em nenhum dos clipes nem deixar um en-contrar o outro.

c) Depois de repetir esse procedimento por um tempo, o interior do pote estará energizado.

4. Agora, conclua a experiência. Para isso, encoste a pon-ta de um dos clipes na outra e veja o que acontece. Então, responda às seguintes perguntas: Este experimento só deve ser feito no

laboratório da escola, pois a garrafa vai armazenar energia, e o risco de

você levar um choque é grande.

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22 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

a) O que aconteceu?

b) Por que você acha que isso aconteceu?

5. Troque impressões com seus colegas sobre a experiência.

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Todas essas descobertas nos deixaram cada vez mais perto de utilizar a eletricidade para fins mais práticos.

Ainda na segunda metade do século XVIII (18), um físico e político estadunidense (como são chamadas as pessoas nascidas nos Estados Unidos da América), Benjamin Franklin (1706-1790), descartou a ideia de que existiam dois tipos de energia: a vítrea e a resinosa.

Segundo Franklin, durante o processo de eletrização por atrito, enquanto um cor-po ganha eletricidade, o outro perde. E, por isso, era suficiente pensar que havia apenas um tipo de fluido elétrico, que poderia aumentar ou diminuir sua quanti-dade. Depois disso ficou mais fácil entender que as cargas elétricas podiam ser consideradas positivas ou negativas, pois se tratava de aumentar ou diminuir a quantidade do fluido elétrico que existia naturalmente nos corpos.

Benjamin Franklin, em 1752, também inventou o para-raios, uma haste de metal que é presa à terra e atrai para si a carga elétrica positiva dos raios, neutralizando-a.

Conta-se que Franklin percebeu essa possibilidade observando seu filho empinar uma pipa de papel com fios de metal, em um dia de tempestade. Mas há também quem diga que ele percebeu esse fenômeno por um raio que atingiu sua pipa. Isso é, certamente, uma lenda, porque um choque dessa natureza o teria matado.

Joseph-Siffred Duplessis. Retrato de Benjamin Franklin, c. 1785. Óleo sobre tela. Galeria Nacional do Retrato, Washington, EUA.

Georges Dary. A travers l’électricité, 1900. Gravura. Paris, França.

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24 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

Independentemente de como tenha sido sua descoberta, Benjamin Franklin acre-ditou (propôs) que o raio é uma descarga elétrica forte e que, se ela for direcionada de modo correto para a Terra, a eletricidade será absorvida e distribuída pela super-fície terrestre. Dessa forma não ocorrem os efeitos nocivos que um raio pode causar ao atingir um objeto ou uma casa.

O para-raios ganhou o mundo. Rapidamente, foi dos Estados Unidos da Améri-ca (EUA) para a Inglaterra e, depois, o conhecimento alcançou outros países da Europa.

Ainda hoje, a forma usada pelos para-raios para neutralizar os efeitos nocivos de grandes descargas de eletricidade, como num raio, é utilizada em máquinas, equi-pamentos e aparelhos elétricos. É o chamado aterramento ou colocação de “fios terra”. São aqueles fios que saem de nossos chuveiros, geladeiras etc. e se conectam a algo que neutraliza uma corrente elétrica indesejada. Enfim, eles são muito importantes nos circuitos elétricos e previnem choques elétricos, como os que podem ocorrer em chuveiros elétricos, quando estamos em contato com a água, por exemplo.

Mas, como você deve ter intuído, a evolução da ciência da eletricidade não parou por aí.

Ao fazer experiências com rãs, o médico e físico italiano Luigi Aloisio Galvani (1737-1798) observou que as pernas delas se contraíam quando os músculos e ner-vos entravam em contato com ferro ou com cobre. Com isso, Galvani concluiu que os músculos guardavam eletricidade e os nervos a conduziam. Acreditou, erronea-mente, que havia uma eletricidade animal e que todos os seres vivos eram fontes de energia.

Nessa época, apenas a eletricidade estática era conhecida. Mas foram as experiências desse médico, embora suas conclusões estivessem erradas, que levaram aos primei-ros estudos sobre corrente elétrica.

Aproveitando os estudos de Galvani, mas desconfiando da “teoria da eletricidade animal”, outro italiano – Alessandro Volta (1745-1827) – pesquisou e descobriu que os metais têm condutividade diferente e que o contato entre diferentes tipos de metal pode criar uma corrente elétrica.

Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 25

Veja suas palavras, em 1796:

Quando condutores diversos – principalmente os metálicos, incluindo

as piritas, outros minerais ou o carvão de lenha, que vou chamar de

condutores secos ou de primeira classe – combinam entre si ou com

outros condutores úmidos, chamados de segunda classe, então essa

combinação gera a corrente elétrica.

Fonte: VOlTA, Alessandro. Coleção das obras. Tomo II, parte II. liber liber. p. 7.

Tradução: Rita de luca. Texto italiano disponível em: <http://www.liberliber.it/mediate

ca/libri/v/volta/collezione_dell_opere_2_2/pdf/volta_collezione_dell_opere_2_2.pdf>.

Acesso em: 25 jun. 2012.

Na aplicação de sua teoria, Volta criou a primeira pilha de que se tem notícia. Ele partiu das reações produzidas por tipos de metal – o zinco e o cobre – em contato com uma substância química: o ácido sulfúrico. Por meio dessas reações químicas, criaram-se dois polos – positivo e negativo – que, ligados por um fio, conduziam corrente elétrica.

Essa pilha, chamada pilha galvânica ou voltaica, foi construída com “discos” de cobre e de zinco alternados, sendo colocados, entre eles, pedaços de feltro molhados em ácido sulfúrico, conforme se pode ver a seguir.

Volta não sabia disso, mas ele poderia ter usado outros metais, desde que eles tives-sem cargas elétricas de tipos diferentes, tornando opostas as polaridades de cada lado da pilha.

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26 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

Atividade 4 mais um experimento: a pilha de Volta

1. Veja outra forma de representar essa experiência, na qual se detalha o que acon-tece com os metais e as cargas elétricas. Em grupo de cinco pessoas, observem e busquem entender o esquema a seguir.

2. Agora, usando o laboratório e com a ajuda do monitor, vocês vão construir uma pilha de Volta.Zinco, cobre, um pedaço de arame, fita adesiva e ácido sulfúrico deverão estar à disposição da classe.

Prestem atenção, em particular, no momento de usar o ácido sulfúrico – como esse produto libera calor quando é diluído em água, ele deve ser manuseado com cuidado.

3. Descreva em seu caderno como a experiência foi feita (dificuldades, acertos etc.) e seus resultados.

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Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 27

O eletromagnetismo

Após a invenção da pilha de Volta, esse mecanismo foi sendo aprimorado por di-versos cientistas, criando pilhas mais eficientes e baterias recarregáveis.

Ao observar a ação da corrente elétrica sobre uma bússola, o físico e químico dina-marquês Hans Christian Oersted (1777-1851) percebeu que a corrente elétrica era capaz de produzir um campo magnético. Com isso, deu início à compreensão de que eletricidade e magnetismo eram duas faces de uma mesma moeda, criando um novo conhecimento físico: o eletromagnetismo.

Alguns anos à frente, novos nomes são dados aos fenômenos

Você pode ter estranhado os nomes que aparecem no desenho da pilha de Volta no item 1 da atividade 4. A pilha é a mesma e gera energia com base nas diferenças de polaridade (negativa e positiva). Porém, quando Volta fez sua experiência, não utilizava os nomes “íons” e “elétrons”.

Esses nomes ou conceitos surgiram apenas no século XX (20), quando, na tentativa de entender as ca-racterísticas das matérias, os cientistas recorreram a um modelo novo para explicar a composição dos objetos e cargas elétricas. De acordo com esse modelo – que é seguido pela ciência até os dias de hoje –, todas as substâncias, materiais e objetos que existem no mundo são formados por átomos.

Os átomos têm duas partes: um núcleo, composto de prótons e nêutrons, e a órbita onde ficam os elétrons girando em torno do núcleo. Eles são carregados de carga negativa e, conforme é sabido hoje, em muitos casos são os responsáveis pela geração de eletricidade.

Os íons são partículas, ou moléculas, com desequilíbrio entre o número de cargas positivas e negativas. Eles podem ser íons positivos se tiverem excesso de cargas positivas, por exemplo, uma molécula ou átomo com menos elétrons do que prótons; nesse caso são chamados de cátions ou íons positivos. Já os íons negativos são aqueles que têm excesso de cargas negativas, com mais cargas negativas do que positivas, por exemplo, uma molécula ou átomo com mais elétrons do que prótons. Os íons se despren-dem dos metais e de outros materiais, conforme eles entram em contato com determinadas substâncias químicas, ou com a luz, ou por serem aquecidos, entre outras causas.

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28 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

Essa descoberta não foi pouca coisa: até então, os estudos permitiam que se gerasse energia elétrica com base em substâncias químicas. Era o que acontecia no caso das pilhas e baterias. Mas a energia gerada por esses mecanismos não era suficiente para iluminar uma cidade, por exemplo; ou para fazer uma fábrica funcionar.

Com as observações de Oersted e os estudos que se seguiram à sua descoberta, uma nova forma de gerar energia elétrica foi possível. Descobriu-se que ela podia ser gerada por um campo magnético.

As bases para a criação do primeiro gerador de correntes elétricas foram dadas pelos experimentos do inglês Michael Faraday (1791-1867), que, em 1831, conseguiu observar e explicar um fenômeno chamado indução eletromagnética.

Aplicada, essa descoberta possibilitou a geração de corrente elétrica de forma indu-zida. Com isso, os geradores de energia foram sendo aperfeiçoados, passando a fornecer eletricidade para as cidades: uma eletricidade produzida a preço baixo e em quantidade expressiva.

Substâncias químicas Energia elétrica

Campo magnético Energia elétrica

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Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 29

Se de um lado se descobriu como gerar energia elétrica, de outro também se percebeu que a corrente elétrica pode gerar movimento, calor, iluminação.

Estava aberto o caminho para a transformação da ener-gia elétrica em outras formas de energia. O primeiro motor elétrico foi criado nesse período.

Passados aproximadamente 40 anos das descobertas de Faraday, em 1873, instalou-se, em uma estação de trem em Paris (na França), um gerador que permitia acender lâmpadas ao redor da estação.

Mais descobertas

Paralelamente, outras formas de gerar energia foram sen-do encontradas, assim como inúmeros avanços nos estudos do campo do eletromagnetismo permitiram que novas invenções ganhassem espaço. Vejamos alguns exemplos:

• Em 1885 – com base em estudos sobre a luz e o ele-tromagnetismo realizados por um físico escocês (James Clerk Maxwell, 1831-1879) –, Heinrich Hertz (físico alemão, 1857-1894) deduziu que a luz e o rádio são ondas eletromagnéticas que se propagam, conhecimen-tos que, apenas anos mais tarde, foram aplicados. Foi quando, já no início do século XX (20), o italiano Guglielmo Marconi (1874-1937) usou ondas de rádio para criar o primeiro telégrafo sem fio.

Você sabia?Em 1879, Thomas Alva Edison (estadunidense, 1847-1931) inventou o pri-meiro tipo de lâmpada elétrica. Fez isso promo-vendo o aquecimento de um fio de carvão em arco, por meio de uma corrente elétrica. Como ele usou um recipiente sem ar, con-seguiu que o brilho da luz se mantivesse.

Charles Rivière, Estação Ferroviária do Norte. Gravura. Museu Nacional do Automóvel e do Turismo, Compiègne, França.

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30 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

• Em 1886 foi instalada a primeira hidrelétrica, que utilizava como força motriz as águas das cataratas do Niágara, nos Estados Unidos da América. Com ela, desen-volveram-se mecanismos para distribuir essa energia, empregando condutores de diferentes tipos: do ferro e do cobre até os tipos de fios usados ainda hoje.

O que importa nesses exemplos é perceber que, a partir de determinado momento da história, experimentos e descobertas se sucederam, abrindo vários caminhos nas áreas de conhecimento que envolvem a Física e a Química.

Por exemplo: estudos relacionados à luz e a suas formas de propagação deram origem à parte da ciência que hoje conhecemos como ótica; estudos de como os corpos se movimentam deram origem à mecânica; estudos das ondas sonoras e de como elas se propagam hoje são chamados de acústica etc. E, com esses estudos, surgiram telégrafos, telefones, motores, lentes... e tantos outros inventos.

Atividade 5 a eVolução da CiênCia pelos territórios

Você reparou que, quando falamos de vários cientistas e da expansão de suas inven-ções, nos referimos a países diferentes?

1. Vamos localizar no mapa (da página 32) esses países.Use os números apresentados no quadro a seguir e marque no mapa da página 32 os locais em que os cientistas citados nasceram e/ou viveram. Aproveite também para relembrar seus inventos ou descobertas.

Localize, primeiro, os países da Europa. Em seguida, localize os EUA e observe a distância entre esse país e o continente europeu.

Cientista País Teoria ou fenômeno observado

(ano 500 a.C. [antes de Cristo])

1. Tales de Mileto Grécia Eletrização do âmbar por atrito.

Dois mil anos depois – do final do século XVII (17) ao século XIX (19)

2. Otto von Guericke Alemanha Gerador eletrostático.

Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 31

Cientista País Teoria ou fenômeno observado

Dois mil anos depois – do final do século XVII (17) ao século XIX (19)

3. Stephen Gray Inglaterra (Reino Unido)

Eletrização por contato ou condutividade.

Materiais condutores e isolantes.

4. Charles Du Fay FrançaDois tipos de eletricidade e a atração e repulsão que ocorrem entre eles.

Eletricidade vítrea e eletricidade resinosa.

5. Pieter van Musschenbroek Holanda Condensador de eletricidade ou capacitor.

6. Ewald Georg von Kleist Alemanha Condensador de eletricidade ou capacitor.

7. Benjamin Franklin EUA

Um único tipo de eletricidade, que poderia aumentar (se fosse acrescentada: positiva) ou poderia diminuir (se fosse retirada: negativa).

Para-raios.

8. luigi Aloisio Galvani Itália

“Teoria da eletricidade animal.”

Primeiras observações de efeitos biológicos da corrente elétrica.

9. Alessandro Volta Itália Pilha de Volta ou galvânica.

10. Hans Christian Oersted Dinamarca Eletromagnetismo.

11. Michael Faraday Inglaterra (Reino Unido)

Fornece as bases para a construção de motores elétricos e geradores elétricos.

12. James Clerk Maxwell

Escócia (Reino Unido)

Entende que a luz é uma onda eletromagnética e como ela se propaga.

13. Heinrich Hertz AlemanhaConfirma a teoria de Maxwell e percebe que as ondas de rádio também são ondas eletromagnéticas.

14. Guglielmo Marconi Itália Cria o primeiro telégrafo sem fio, com base nos

estudos de Heinrich Hertz.

15. Thomas Alva Edison EUA lâmpada elétrica.

32 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

Círculo Polar Ártico

Equador

Trópico de Câncer

Trópico de Capricórnio

Círculo Polar Antártico

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OCEANO

PACÍFICO

OCEANO

PACÍFICO

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Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 5. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009, p. 32-33 (adaptado).

Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 33

2. Além de fornecer a localização dos países, esse exercício também permite concluir coisas a respeito de como algumas importantes descobertas científicas estiveram concentradas em determinadas regiões da Terra.Em grupo de quatro pessoas, pesquisem e respondam:

a) Por que os primeiros passos do estudo da eletricidade foram dados na Grécia? O que acontecia nesse país, na época dessa descoberta? Que outros lugares do mundo eram centrais nesse período?

b) Por que o desenvolvimento das ciências entre os séculos XVII (17) e XIX (19) foi maior na Europa e nos Estados Unidos da América do que nos demais países?

34 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

c) O que acontecia na Europa, nessa época, que a dife-renciava dos demais locais do mundo?

3. Cada grupo apresentará as conclusões de sua pesqui-sa em um cartaz e a classe discutirá com o monitor os resultados do trabalho.

Os átomos

Antes de encerrarmos essa história, vale ainda ressaltar, no campo da Física, um estudo que muito contribuiu para o que se conhece sobre eletricidade nos dias de hoje: o dos átomos, pequenas partículas presentes na estrutu-ra de todas as substâncias.

Seu estudo teve início muito antes (os próprios gregos já usavam essa palavra), mas foi somente no século XX (20) que as teorias sobre os átomos ganharam maior consistência.

Os primeiros estudos sobre a estrutura dos átomos, que têm relação com o que sabemos hoje, foram feitos pelo físico Ernest Rutherford (1871-1937), da Nova Zelân-dia, em 1911.

No modelo de Rutherford, os núcleos dos átomos são fixos (parados) e compostos de prótons (que têm carga positiva) e nêutrons (não carregados). Apenas os elétrons, que ficam na parte externa (nas órbitas) dos átomos, se movimentam. Eles são carregados de carga negativa.

Mais adiante voltaremos a falar dos elétrons e das cor-rentes elétricas. Antes disso, vamos ver alguns dados sobre a ocupação de eletricista.

Você já ouviu falar de he-gemonia?

Hegemonia é quando um ou mais povos ou nações con-seguem ter comando sobre outros. Isso pode acontecer por meio da política, do do-mínio militar, ideológico ou cultural.

Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 35

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Os conhecimentos da ocupação e os próprios conhecimentosCom tantas coisas em nossa vida que dependem da eletricidade, você já deve ter se deparado com o desconforto de ter um chu-veiro queimado, um lustre que não funciona, uma tomada que não traz energia...

Alguma vez, você tentou consertar essas coisas em casa ou foi chamado por um amigo para ajudá-lo a consertar algo desse tipo?

Se você já fez isso, ou mesmo se trabalhou como eletricista ou como ajudante nessa área, é provável que você tenha alguma ideia sobre a ocupação de eletricista.

Vamos iniciar esta Unidade pensando sobre sua experiência.

Atividade 1reflita Com base em sua experiênCia

1. Pense em tudo o que você já fez e liste o que acredita que possa ter relação com a ocupação de eletricista.

• Vasculhe sua memória e não deixe nada de fora, pois no balanço da vida sempre se encontram qualidades (e, lógico, defeitos; mas sempre se pode aprender com eles!).

• Tenha em mente que, muitas vezes, pequenas coisas que aprendeu – como trocar uma lâmpada – podem ser impor-tantes para o que você fará no futuro.

• Quantas coisas você teve de observar e saber para fazer essa troca? A voltagem da lâmpada, o formato do soquete etc.

36 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

• E será que algum dia você desmontou o rádio de pilha de seu avô? Mais um bom exemplo seu e importante para ser eletricista: curiosidade em checar o funciona-mento de um aparelho.

2. Troque sua lista com o colega ao lado e explique a ele por que você pensa que cada uma das experiên-cias listadas poderá ajudá-lo a ser eletricista. Depois, ouça os argumentos dele em relação ao que ele es-creveu.

Essa atividade poderá auxiliá-los a descobrir saberes e qualidades em vocês que ainda não conheciam.

Vamos ver agora o que informa sobre essa ocupação o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) – órgão do governo federal responsável por regulamentar as relações de trabalho no País.

O MTE produz um documento chamado Classificação Brasileira de Ocupações, a CBO, na qual estão descritas 2 422 ocupações.

E, para cada uma dessas ocupações, a CBO indica: o que os profissionais fazem; qual a escolaridade neces-sária para exercer a ocupação; onde o profissional pode atuar etc.

Você sabia?A descrição de cada ocu-pação da CBO é feita pe-los próprios trabalhado-res. Dessa forma, temos a garantia de que as in-formações foram dadas por pessoas que atuam no ramo e, portanto, en-tendem bem a ocupação. Você pode conhecer esse documento na íntegra acessando o site no labo-ratório de informática: <http://www.mte.gov.br/Empregador/CBO/procu racbo/conteudo/tabela3.asp?gg=8&sg=5&gb=5.> Acesso em: 14 maio 2012.

Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 37

A CBO organiza as ocupações em “famílias”. A família que nos interessa neste momento é a dos “Trabalhadores de instalações elétricas”, na qual vamos encontrar a definição do que faz e do que deve saber fazer um trabalhador que pretende ser eletricista nos dias de hoje.

Nessa família, estão incluídas três ocupações um pouco diferentes:

• eletricistas de instalações especializados em cenários de teatro e cinema;

• eletricistas de instalações especializados em edifícios;

• eletricistas de instalações, também chamados eletricistas auxiliares ou ajudantes de eletricista.

A descrição resumida (sumária), feita na CBO, sobre o que fazem esses trabalhado-res nessas três áreas é a seguinte:

• planejam serviços elétricos;

• realizam instalação de distribuição de alta e baixa tensão;

• montam e reparam instalações elétricas e equipamentos auxiliares em residências, estabelecimentos industriais, comerciais e de serviços;

• instalam e reparam equipamentos de iluminação de cenários ou palcos.

Cada um desses itens é bastante detalhado, indicando o que os três tipos de eletri-cistas de instalações devem saber fazer em relação a esses aspectos.

Neste curso, focaremos as áreas de atividade dos eletricistas de instalações residen-ciais ou ajudantes de eletricista, que é o nível mais básico da ocupação. Eles não fazem, por exemplo, instalações de distribuição de alta e baixa tensão ou instalações e manutenção preventiva de equipamentos industriais.

Seu trabalho será, sobretudo, direcionado para o atendimento das necessidades e instalações elétricas de residências. Mas isso não quer dizer que será pouco o que você vai aprender. Nem que haverá um mercado restrito de trabalho para quem desenvolver aprendizados nessa área. Ao contrário, há bom campo de trabalho para esse tipo de eletricista, que poderá atuar como autônomo ou em empresas presta-doras de serviços de eletricidade.

No mais, com os conhecimentos que vai adquirir neste curso e com experiência na atividade, você poderá, mais tarde, fazer novos cursos e especializar-se em cenários ou edifícios, por exemplo.

38 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

Atividade 2 os saberes preVistos na Cbo

e os próprios saberes

O monitor ou um dos alunos da classe vai ler, em voz alta, cada um dos itens a seguir e as áreas de atividades que são correspondentes a cada item.

Acompanhe atentamente essa leitura e, enquanto estiver ouvindo, aproveite para assinalar ao lado de cada uma das atividades:

• aquelas que você já sabe fazer;

• as que você sabe mais ou menos, ou seja, precisa apri-morar seu conhecimento;

• as que não sabe fazer ou, até mesmo, nem tem ideia do que se trata.

Planejar serviços elétricos O que sei fazer O que sei fazer

mais ou menos O que não sei fazer

levantar material a ser utilizado

Quantificar material a ser utilizado

Orçar serviço

Dimensionar local de execução de serviço

Estabelecer cronograma de execução de serviço

Organizar equipamentos e ferramentas

Determinar número de ajudantes para o serviço

Durante a leitura, mantenham um dicionário próximo de vocês. Talvez a classe precise consultar o significado

de algumas palavras para compreender totalmente o texto. O monitor também vai ajudá-los

nesta etapa, explicando os termos ou atividades que não forem conhecidos

por todos.

Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 39

Realizar instalações elétricas prediais

O que sei fazer

O que sei fazer mais ou menos

O que não sei fazer

Passar condutores elétricos nos dutos

Instalar quadros de distribuição de circuitos

Seguir padrões de medição

Instalar pontos de luz conforme solicitação do cliente

Balancear cargas de circuitos de distribuição

Testar as instalações elétricas

Executar serviços de manutenção corretiva

O que sei fazer

O que sei fazer mais ou menos

O que não sei fazer

Identificar defeitos

Preparar equipamentos para manutenção

Selecionar ferramentas e materiais

Corrigir defeitos de máquinas, equipamentos e sistemas

Testar funcionamento de máquinas, equipamentos e sistemas

liberar máquinas, equipamentos e sistemas para operação após manutenção

Como parte dessas atividades, em particular as que envolvem máquinas e sistemas, não é desenvolvida pelos

eletricistas de instalações residenciais, por essa razão não

será tratada neste curso.

40 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

Se você desconhece a maior parte dessas atividades ou acha que não sabe executá-las direito, não se sinta mal. Muitas delas somente fazem parte do trabalho de eletri-cistas experientes, com algum tempo de atuação no mercado.

Além disso, um dos objetivos deste curso de qualificação é desenvolver alguns desses conhecimentos, que podem ser considerados mais “técnicos” e estão direta-mente relacionados à ocupação de eletricista.

O que mais diz a CBO

São ainda contemplados na CBO conhecimentos relacionados:

• à escolarização formal e à formação profissional dos trabalhadores, por meio de cursos e/ou de experiências de trabalho;

• a atitudes pessoais que interferem no desempenho profissional.

Vamos fazer, com relação a esses conhecimentos, o mesmo exercício que realizamos anteriormente.

Escolarização e formação/experiência profissional

Conhecimentos que tenho

Conhecimentos que preciso

aprimorar ou em andamento

Conhecimentos que não tenho

Ensino Fundamental completo

Curso de qualificação de nível básico de 200 horas*

Utilizar informática básica

Aplicar procedimentos de primeiros socorros

Saber diferenciar cores

* Para eletricistas de instalações em geral. Para os eletricistas de instalações especializados em cenários e/ou edifícios, a carga horária de qualificação é de 400 horas.

Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 41

Aspectos relacionados às atitudes no âmbito pessoal e no ambiente

de trabalho

O que sei fazer

O que sei fazer mais ou menos

O que não sei fazer

Comunicar-se com os colegas

Demonstrar condicionamento físico para executar a função

Demonstrar iniciativa para executar o serviço

Sobre “saber diferenciar cores”

Colocar esse tipo de qualificação para a ocupação de eletricista pode parecer estranho. Mas há duas razões importantes para isso.

A primeira refere-se ao fato de um eletricista precisar efetivamente diferenciar cores, pois os fios com os quais vai trabalhar não têm cores diferentes à toa. As cores têm significado e, se você não conseguir distingui-las, seu trabalho ficará comprometido.

A segunda tem a ver com uma doença (as pessoas já nascem com ela) chamada daltonismo, que impede que as pessoas diferenciem algumas cores ou todas as cores.

Trata-se de uma doença genética – transmitida de pais para filhos – e pode acontecer de a pessoa demo-rar a perceber que a tem. Para o diagnóstico, são necessários testes específicos, feitos por oftalmologis-tas. Isso não quer dizer que você deva fazer tais testes, mas sim que você deve fazê-los se tiver dúvidas.

Veja um exemplo de como o daltonismo pode afetar a visão:

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42 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

Aspectos relacionados às atitudes no âmbito pessoal e no ambiente

de trabalho

O que sei fazer

O que sei fazer mais ou menos

O que não sei fazer

Demonstrar capacidade para enfrentar situações de emergência

Usar equipamentos de proteção individual (EPI)

Demonstrar atenção na execução do serviço

Demonstrar organização

Seguir normas de segurança

Antes de seguir adiante, lembre-se de que parte desses últimos aprendizados você pode ter obtido em momentos de sua vida. São saberes adquiridos em vivências (experiências de vida) que não precisam estar relacionadas ao trabalho e à escola. Ou seja, esses saberes podem ou não ter relação com o que você aprendeu na esco-la ou com suas experiências de trabalho, quaisquer que elas tenham sido.

Lembre-se sempre de que existem saberes:

• de tipos diferentes – relacionados à comunicação (fala e escrita), aos números, aos esportes, às habilidades manuais etc.;

• que aprendemos em lugares diferentes – na escola, no trabalho, na vizinhança, na reunião da associação de bairro etc.;

• que aprendemos de formas diferentes – olhando os outros fazendo (ou seja, pelo exemplo), lendo, exercitando etc.

Por isso, vamos sugerir que você, antes de seguir adiante, retorne um pouco mais para as histórias de sua vida.

Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 43

Atividade 3 ensinamentos da Vida

1. Preencha o quadro a seguir, indicando se e como suas histórias podem ter con-tribuído para você adquirir esses saberes.Dois lembretes:

a) Esse quadro ficará apenas com você e essa atividade não tem “certo” ou “errado”. Escreva o que você achar importante, sem se preocupar com os outros.

b) Não é preciso preencher todos os espaços. Apenas o que você encontrar de in-formação ao buscar “nos escuros da cabeça”.

Saberes Exemplo Suas histórias

Comunicar-se com os outrosA professora da 4ª série organizava debates na classe e todos tinham de falar.

Ter iniciativa

Um de meus colegas de classe sempre pesquisava e propunha coisas diferentes para a classe. Ele era o melhor aluno. Com ele aprendi a importância de não ficar esperando alguém me chamar para tudo.

Saber enfrentar situações de emergência

Trabalhei como cozinheiro e a panela de pressão estourou.

Manter a atenção quando vai fazer alguma coisa

Trabalhei entregando remédios na farmácia de um hospital e, se fizesse algo errado, prejudicaria os pacientes.

A expressão “nos escuros da cabeça” é de um escritor mineiro chamado João Guimarães Rosa, que viveu entre 1908 e 1967. Está na novela “Campo Geral”, publicada em Manuelzão e Miguilin (Corpo de Baile, 1956).

Ele era um mestre em criar expressões desse tipo, usando um linguajar típico da região sertaneja de Minas Gerais, onde nasceu e viveu parte de sua vida, até mudar-se para o Rio de Janeiro.

Seus livros mais conhecidos são: Sagarana (publicado em 1946) e Grande sertão: veredas (1956).

44 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

Saberes Exemplo Suas histórias

Organizar-seTrabalho fora, tenho três filhos e sou eu que cuido de tudo em casa. Se não organizar meu tempo...

2. Depois de preencher esse quadro, volte ao quadro anterior, “Aspectos relacionados às atitudes no âmbi-to pessoal e no ambiente de trabalho” (páginas 41-42), e veja se há algo que você deve mudar nele.

Outras formas de conhecer a ocupação

Embora a CBO, como vimos, traga uma lista de tudo o que um eletricista precisa saber, profissionais que trabalham nessa área podem dar opiniões sobre como é a ocupação e dicas que podem ser úteis para quem está começando.

Nossa próxima atividade será ouvir os profissionais da área.

Atividade 4entreViste eletriCistas

1. Para complementarem as informações da CBO e terem uma visão menos técnica e mais pessoal de como é a ocupação, vocês vão entrevistar profissionais dessa área.

Em grupo de quatro colegas, escolham um profissional para entrevistar.

Considerando o conhecimento de cada um, procurem se dividir de modo que cada grupo entreviste pessoas que trabalhem em lugares diferentes e façam serviços distin-tos como eletricista.

Se você não tem certeza se algumas de suas experiências de vida podem

ser aproveitadas na ocupação de eletricista, troque informações com

os colegas a seu lado. Um ajudará o outro a reconhecer e a

extrair, das vivências de cada um, saberes que podem ser úteis para a

ocupação que estão buscando. Saber ouvir e aprender com os outros

é muito importante em qualquer ocupação.

Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 45

Seguem algumas sugestões:

• eletricista residencial que trabalhe por conta própria;

• eletricista residencial que trabalhe em empresa;

• eletricista industrial;

• eletricista na construção civil;

• eletricista de aparelhos elétricos.

O importante é tentar coletar diferentes olhares e expe-riências sobre a ocupação, pois isso poderá ajudá-lo a saber se você vai mesmo por esse caminho e de que for-ma vai procurar trabalhar no futuro.

Na sequência, há um roteiro de entrevista, mas cada grupo pode acrescentar outras perguntas que gostaria de fazer para esse profissional:

a) Quem é o entrevistado? Homem ou mulher? Quantos anos ele tem? Qual é sua escolaridade? Ainda estuda ou pretende voltar a estudar?

b) Onde trabalha? O que faz?

c) Trabalha somente em um lugar?

d) Como escolheu essa ocupação?

e) Como a aprendeu? Fez algum curso de capacitação antes ou depois de começar a trabalhar na área para se especializar? Costuma fazer cursos para se especializar?

f) Quais os pontos positivos e negativos nesse trabalho?

g) Quais são seus conselhos a alguém que vai começar a trabalhar agora?

Procurem investigar também as oportunidades de tra-balho que existem para quem exerce essa ocupação.

2. Com a entrevista feita, cada grupo vai organizar as principais informações que coletou.

No dia da entrevista, leve as perguntas escritas para não se esquecer de nada. E também

anote as respostas.

46 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

Para isso, cada pessoa do grupo fará um texto individual sobre a entrevista, buscando indicar: o que o entrevistado contou de mais importante sobre sua ocupação; quais argumentos usou para relatar o que é positivo e negativo nela, e quais as conclusões do grupo depois dessa entrevista.

3. Agora é o momento de mostrar os resultados dos trabalhos para a classe.Junte-se novamente ao grupo para a troca de informações sobre o que escreveram e preparem uma exposição coletiva.

Procurem planejar como será essa apresentação: um cartaz, um relato etc. Lem-brem-se de que ela deve conter informações sobre quem vocês entrevistaram, os argumentos que o profissional usou para relatar como é a ocupação e as conclu-sões do grupo a respeito da entrevista.

Bem, a esta altura, todos na classe já sabem um pouco mais sobre o que é e como é ser um eletricista.

Portanto, também está na hora de irmos adiante, começando pela apresentação dos principais instrumentos com os quais você vai lidar.

Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 47

unida d e 3

As ferramentas de trabalho do eletricistaNesta Unidade, vamos ver algumas das principais ferramentas de trabalho usadas pelos eletricistas.

Mas pode ser que essa lista não esgote tudo o que você precisa-rá adquirir. Afinal, assim como a ocupação evolui, ferramentas e instrumentos de trabalho novos estão sempre sendo criados; por isso, de tempos em tempos, você precisará se atualizar.

A proposta é apresentar as ferramentas e os materiais que serão de uso mais frequente e básico para o exercício da ocupação. Outros, você conhecerá quando estiver exercendo a atividade, dependendo do que for fazer, do tipo de obra e local em que for trabalhar.

Por que não começar por aqueles que você já conhece? Afinal, a eletricidade não é um assunto estranho a você. Todos nós um dia já trocamos uma lâmpada, verificamos o disjuntor etc.

Atividade 1 ferramentas ConheCidas

1. Procure se lembrar de todas as ferramentas que podem ser utilizadas no trabalho do eletricista.

Liste-as a seguir.

Ferramentas Para que servem

48 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

Vamos, agora, fazer uma lista que seja mais abrangen-te. Assim, você poderá conhecer outros instrumentos e/ou assimilar detalhes dos principais equipamentos e materiais existentes. Vamos dividir nossa lista em dois grandes grupos.

No primeiro, você encontrará um conjunto básico de ferramentas que lhe servirão para cortar e/ou desencapar fios, desmontar tomadas, ajustar ou colocar lustres etc.

São elas: alicate universal; alicate de corte de cabos; cha-ve Philips; chave de fenda; garra para cabos; barras de junção de diversos tamanhos; passador de fios; e um teste com uma lâmpada incandescente comum 220 V presa num rabicho.

Ferramentas Para que servem

Escolha sempre ferramentas cujos cabos sejam feitos com material

isolante: borracha ou plástico. Dessa forma você evitará choques.

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Alicate universal.

Chave Philips. Chave de fenda.

Alicate de corte de cabos.

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O uso específico de cada uma delas será visto assim que formos indicando as fases dos trabalhos.

De qualquer maneira, é importante dizer que essas fer-ramentas deverão estar o tempo todo com você.

Inclua também nesse kit:

• Cabos elétricos e fios de cobre com revestimento plás-tico (PVC) de diversos diâmetros, que serão utilizados nas instalações elétricas.

Quando for comprá-los, certifique-se de que estão de acordo com as normas técnicas da área, definidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), pois é isso que vai garantir a segurança das instalações.

• Uma trena ou fita métrica retrátil, usada para fazer medidas em centímetros ou metros.

As normas da ABNT foram criadas para que todos usem o mesmo conjunto de regras em uma determinada área profissional e, também, uti-lizem os mesmos nomes e critérios para identificar ma-teriais, ferramentas, compo-nentes etc. Por exemplo, a ABNT NBR 6689:1981 dis-põe sobre os requisitos ge-rais para condutos de insta-lações elétricas prediais.

As trenas são feitas de plástico ou aço e podem ter diferentes

comprimentos: 1, 2, 5, 10 ou até mesmo 50 metros. Uma trena de 5

metros tende a ser adequada para as atividades de profissional que

trabalha com pequenos consertos.

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Garra para cabos.Barra de Junção.

Teste com lâmpada.

50 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

• Alguns rolos de fita isolante. Esta é utilizada em praticamente todos os trabalhos que envolvem eletricidade, por ser um tipo de revestimento que impede a passa-gem de energia do local isolado para outros. É com ela que se encapam as juntas realizadas em fios elétricos, por exemplo.

• Um passador de cabos e fios.

• Uma lata de limpador de contatos elétricos, para remover poeira, umidade, restos de comida, oleosidade e outros resíduos. Ele é usado nos componentes elétricos dos eletrodomésticos, dos instrumentos e materiais usados em consertos elétricos.

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• Uma escada segura e fácil de portar. Vários trabalhos caseiros – como a instalação e consertos de lustres – ocorrem em locais altos e, caso seu cliente não tenha uma escada em casa, você deverá levá-la.

No segundo grupo de materiais estão concentrados os instrumentos utilizados para fazer medições relacionadas à passagem de energia elétrica: tensão, corrente, potên-cia, resistência, polaridade etc.

Vamos vê-los.

Caneta de teste

É utilizada para indicar (diferenciar) polaridade, mostrar se o fio é um fio fase (ou vivo), ou se é um fio neutro (ou retorno).

Esse equipamento também pode identificar o fio terra (aterramento utilizado para evitar choques).

A caneta de teste apenas diferencia os fios que estão ligados à fase (em que a tensão oscila entre +127 V e ‒127 V, acendendo uma luz) dos que não oscilam (a luz per-manece apagada), seja o neutro – que tem uma voltagem fixa e serve de referência para a oscilação do fase –, seja o fio terra – que está ligado ao segundo aterramento específico para esse fim.

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Multímetro

É um aparelho que serve para testar a passagem de eletricidade e medir grandezas elétricas. Mesmo os modelos mais simples indicam voltagem (medida de tensão), amperagem (medida de corrente elétrica) e ohm (medida de resistência à corrente elétrica).

O nome multímetro tem relação com o fato de o aparelho ser “multiuso”, agregan-do em um único aparelho a função de vários, que continuam a existir e que podem ser comprados separadamente.

Além dessa vantagem (de ser multiuso), é fácil de operar e de portar (carregar de um local para outro).

Há multímetros mais ou menos sofisticados. Eles se diferenciam, entre outros as-pectos, em função de sua precisão, da resolução das medidas e do tipo de mostrador, que pode ser analógico ou digital (como o da figura).

Há ainda modelos domésticos (para uso em casas) e industriais (ou profissionais).

Amperímetro de alicate

De forma semelhante ao multímetro, esse instrumento combina mais de uma função: utilizando fios, indica voltagem e amperagem. Mas sua principal função é indicar a intensidade da corrente elétrica em um fio (amperagem), bastando colocar o fio dentro da pinça do alicate, sem precisar ligar o equipamento ao

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Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 53

circuito elétrico. Alguns modelos mais completos po-dem usar essa medida e indicar a potência elétrica em um circuito.

Ohmímetro ou ducter

É um aparelho específico para fazer a indicação de ohm/ medida de resistência.

Zelar pelo próprio material de trabalho é um dos cuidados

importantes que você deve ter!Sempre guarde suas ferramentas e

instrumentos em locais seguros, protegidos de calor, umidade e

outros fatores externos, que podem danificá-los.

Se você verificar a lista de ferramentas necessárias à ocupação

indicadas na CBO, verá que ela é bem maior. Não se preocupe com isso,

pois a lista da CBO inclui ferramentas de uso industrial e/ou específicas

para especialistas em determinados tipos de serviço – por exemplo,

detector de alta-tensão, guindalto, termovisor, terrômetro, luxímetro,

ponte de Kelvin etc. – que não serão usadas em trabalhos residenciais.

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Atividade 2 aprenda Como se usa

1. A classe vai se dividir em cinco grupos para experimentar os instrumentos de medida de eletricidade.

2. Cada grupo vai escolher um dos instrumentos e testá-lo, de acordo com as ins-truções dadas pelo monitor.Anote no caderno as medidas realizadas e as conclusões relacionadas ao uso dos instrumentos.

3. Troquem os aparelhos até que todos os grupos conheçam cada um deles.

4. Em seguida, discutam em classe as dificuldades verificadas e os aprendizados alcançados.

Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 55

unida d e 4

Trabalhar com segurançaTrabalhar com segurança é essencial em qualquer ocupação. E a quantidade de acidentes de trabalho no Brasil, embora esteja reduzindo ano a ano, ainda é, infelizmente, bastante alta.

No ano de 2009, foram quase 2500 acidentes fatais (seguidos de morte) no Brasil e 651 no Estado de São Paulo, segundo dados do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS).

A legislação brasileira trata com seriedade desse tema.

A Constituição Federal do Brasil, promulgada no ano de 1988, é bastante clara ao tratar dos direitos dos trabalhadores. Veja o que é dito sobre acidentes e doenças do trabalho.

Artigo 7º. São direitos dos trabalhadores urba-

nos e rurais:

[…] XXII – redução dos riscos inerentes ao tra-

balho, por meio de normas de saúde, higiene e

segurança […].

Na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), fica ressaltada a responsabilidade das empresas de “cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho […]”. (Art. 157)

Outras obrigações dos empregadores estão detalhadas na legis-lação do sistema previdenciário brasileiro.

Artigo 19 da Lei no 8.213 de 1991:

– A empresa é responsável pela adoção e uso

das medidas coletivas e individuais de proteção

e segurança da saúde do trabalhador.

– Constitui contravenção penal, punível com

multa, deixar a empresa de cumprir as normas

de segurança e higiene do trabalho.

56 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

– É dever da empresa prestar informações

pormenorizadas sobre os riscos da ope-

ração a executar e do produto a manipular.

Assim, as empresas têm de garantir para os trabalhadores tanto os equipamentos de proteção individual (luvas, capacetes, botas etc.) como coletiva, que assegurem boas condições de trabalho e manuseio para sua segurança.

Situações de risco e normas de segurança

Nem precisamos dizer que, nas ocupações que envolvem eletricidade, os riscos para os trabalhadores são bastante grandes.

Lidar com tensões elétricas, sem os equipamentos de proteção adequados, pode causar a perda da vida de uma ou mais pessoas. Um choque elétrico, mesmo que não seja forte, pode provocar quedas e queimaduras ou lesões muito graves.

É um assunto, portanto, que deve ser tratado com bas-tante atenção.

O MTE tem normas específicas para tratar da seguran-ça dos trabalhadores. São as chamadas Normas Regula-mentadoras (NR).

A NR que aborda as questões de segurança dos trabalha-dores da área de eletricidade é a NR no 10, regulamen-tada pelo MTE no ano de 2004 (Portaria MTE no 598 de 07/12/2004).

De acordo com o texto da norma, estão definidos os requisitos e as condições para que sejam implementadas medidas preventivas que garantam “a segurança e a saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços com eletri-cidade” (NR no 10. Disponível em: <http://www.guiatra balhista.com.br/legislacao/nr/nr10.htm>. Acesso em: 14 maio 2012).

Você sabia?O MTE foi criado pelo então presidente Getúlio Vargas (1882-1954) em 1930. Foi também o go-verno Vargas que insti-tuiu a legislação trabalhis-ta tal como a conhecemos hoje: a CLT, Consolidação das Leis do Trabalho. En-tre outros direitos, foram regulamentadas naquela época a jornada de traba-lho de 8 horas e as férias remuneradas dos traba-lhadores.

Para saber mais sobre es-se período, você pode consultar: <http://www.viarapida.sp.gov.br> (aces-so em: 14 maio 2012), Ca-derno do Trabalhador 1 – Conteúdos Gerais.

Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 57

Vamos ver o que diz a NR no 10 sobre as medidas de proteção coletiva e individual.

Medidas de proteção coletiva

No caso das medidas de proteção coletiva, especial ênfa-se é dada à necessidade de interromper o fornecimento de energia elétrica, para que se possa trabalhar em segurança.

Quando se trata de empresas, essa interrupção, em geral, não é responsabilidade direta dos eletricistas. Portanto, antes de iniciar qualquer trabalho, ela deve ser solicitada aos setores responsáveis e o trabalho só poderá ser reali-zado depois da confirmação de que houve desenergização do local onde ele será feito. Esse mesmo tipo de proce-dimento deverá ocorrer em relação aos serviços públicos que envolvem fornecimento de energia.

A interrupção da passagem de energia também deve acontecer quando o trabalho do eletricista é executado em residências. Nesse caso, porém, não há necessidade de preenchimento de papéis.

Basta que o eletricista converse com os moradores da casa e desligue o quadro de distribuição de energia (às vezes, chamado quadro de luz), ou peça a eles que o façam.

Você sabia?Nas empresas, para esse tipo de procedimento (so-licitar um pedido para in-terrupção de energia em um local e responder a ele), utiliza-se, em geral, um formulário chamado ordem de serviço.

Trata-se de um documen-to padronizado, que deve ser preenchido e assinado pelos responsáveis das áreas. Isso facilita a comu-nicação entre setores da empresa, além de deixar registradas todas as ocor-rências.

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58 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

De qualquer modo, antes de começar, certifique-se de que não há corrente elétrica passando pelo local em que vai mexer.

Quando a interrupção de energia não é possível, são in-dicadas medidas alternativas na NR no 10. São elas:

• isolamento das “partes vivas”, ou seja, dos locais ener-gizados;

• colocação de obstáculos, barreiras e sinalização onde há passagem de energia;

• corte automático de alimentação de energia e bloqueio de religamentos automáticos.

Além disso, é considerado medida de proteção coletiva o aterramento das instalações elétricas.

O que é isso?

É a ligação dos equipamentos elétricos a um ambiente que neutraliza a energia. Essa ligação costuma ser cha-mada, em aparelhos elétricos caseiros, de colocação de um “fio terra”. Sua função é canalizar a energia elétrica gerada por descargas atmosféricas para um lugar que a absorva, evitando que os aparelhos elétricos sejam dani-ficados e, principalmente, que a descarga elétrica atinja uma pessoa e a machuque.

Fique ligado

De acordo com a NR nº 18 (Norma Regulamentadora nº 18), os equipamentos de pro-teção individual devem ser fornecidos de forma gratuita aos empregados de qualquer ocupação. Essa medida so-mente é dispensada se hou-ver medidas de proteção coletiva que ofereçam com-pleta proteção aos operários.

Fonte: Norma Regulamentadora nº

18. Ministério do Trabalho e Empre-

go. Disponível em: <http://portal.

mte.gov.br/legislacao/norma-regula

mentadora-n-18-1.htm>. Acesso em:

31 maio 2012.

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Medidas de proteção individual

Embora fundamentais para a segurança do trabalho, as medidas de proteção cole-tiva são, muitas vezes, insuficientes. Elas devem ser acompanhadas do uso de equi-pamentos de proteção individual, os chamados EPI.

Nas empresas, os EPI são, obrigatoriamente, fornecidos pelos empregadores.

Mas não deixe esse assunto “de lado”, se você for trabalhar por conta própria, fa-zendo consertos em residências. São esses equipamentos que vão garantir que você trabalhe com segurança.

Muita gente acha que se preocupar com isso é desperdício de tempo e dinheiro. Não é bem assim. Acidentes podem acontecer, quando menos se espera.

Atividade 1 os equipamentos de proteção indiVidual

essenCiais para um eletriCista

1. Em dupla, discuta com o colega ao lado quais EPI vocês consideram essenciais:

a) se estiverem trabalhando em uma indústria ou obra de construção civil;

b) se estiverem trabalhando em uma residência.

2. Justifiquem suas respostas na tabela a seguir.

Equipamento de Proteção Individual

(EPI)

Uso obrigatório em uma indústria ou

obra de construção civil: sim ou não

Uso obrigatório para o trabalho em residências:

sim ou não

Justificativa

luvas de borracha e/ou de raspa (mais resistentes do que as de borracha)

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60 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

Equipamento de Proteção Individual

(EPI)

Uso obrigatório em uma indústria ou

obra de construção civil: sim ou não

Uso obrigatório para o trabalho em residências:

sim ou não

Justificativa

Botas ou sapatos com solas de borracha

Capacete plástico

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Se vocês consideraram todos esses EPI essenciais ao tra-balho em indústrias ou obras de construção civil, estão certos. Nenhum desses equipamentos é dispensável nes-ses locais. Mesmo que você, como eletricista, não circu-le por todos os lugares e possa estar menos sujeito a de-terminados riscos, é preciso estar prevenido.

Há ainda outros equipamentos de proteção mais especí-ficos, que às vezes são exigidos para quem trabalha em condições especiais: sob altas temperaturas, ou com pro-dutos químicos, por exemplo.

Para os eletricistas que fazem trabalho em residências, são essenciais:

• luvas e botas ou sapatos fechados com solado de bor-racha. Nunca pense em trabalhar usando chinelos ou sandálias;

• óculos de proteção, para o caso de seu trabalho pro-duzir alguma fagulha.

Além disso, usar um guarda-pó (avental) próprio para essa atividade – como o apresentado na figura a seguir – pode evitar que roupas soltas atrapalhem seus movi-mentos.

Caso a última coluna do quadro da Atividade 1 tenha ficado incompleta, procure identificar com o monitor as

justificativas para o uso dos EPI.

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Outro aspecto a ser observado quanto à segurança individual diz respeito ao uso de anéis, correntes, pulseiras, brincos ou quaisquer outros tipos de adorno de metal que sejam condutores de energia.

Retire-os quando for fazer qualquer trabalho nessa área, seja em empresas ou em re-sidências. Por fim, caso possua cabelos compridos, eles deverão estar sempre presos.

E se acontecer um acidente?

Quando trata dos conhecimentos necessários a um trabalhador dessa área, a CBO – conforme vimos na Unidade 2 – cita a importância de saber como aplicar proce-dimentos de primeiros socorros.

Por quê? Por mais que sejam tomados cuidados, o risco de ocorrer um acidente continua existindo. E há situações em que providenciar medidas certas e de forma imediata faz toda a diferença.

Existe um órgão do Ministério da Saúde, a Agência Nacional de Vigilância Sanitá-ria (Anvisa), que publicou, em 2003, um Manual de primeiros socorros.

Há dois itens nesse manual que interessam diretamente aos trabalhadores que vão exercer a ocupação de eletricista. O primeiro trata de choques elétricos e o segundo, de queimaduras por eletricidade.

Choque elétrico

São abalos musculares causados pela passagem de corrente elétrica pelo corpo humano.

[...] Esses efeitos variam, porém, conforme a sua frequência, a intensidade medida em amperes, a tensão medida em volts, a duração da sua passagem pelo corpo, o seu percurso através do mesmo e das con-dições em que se encontrava a vítima.

[...]

Em condições habituais correntes de 100 a 150 volts já são perigosas e acima de 500 volts são mortais.

A intensidade da corrente é o fator mais importante a ser considerado nos acidentes com eletricidade. Corrente com 25 mA determina espasmos musculares, podendo levar à morte se atuar por alguns minu-tos, por paralisia da musculatura respiratória. Entre 25 mA e 75 mA, além do espasmo muscular, dá-se a parada do coração em diástole (fase de relaxamento) ventricular. [...]

Cada segundo de contato com a eletricidade diminui a possibilidade de sobrevivência da vítima.

Queimaduras por eletricidade

Estas queimaduras são produzidas pelo contato com eletricidade de alta ou baixa voltagem. Os principais danos à saúde do acidentado são os provocados pelo choque elétrico. Os danos resultam dos efeitos diretos da corrente e conversão da eletricidade em calor durante a passagem da eletricidade pelos tecidos, são difíceis de avaliar, pois dependem da profundidade da destruição celular, e mesmo as lesões que

Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 63

Atividade 2aprendizado de primeiros soCorros

1. A classe se dividirá em dois grupos. Um dos grupos vai ler na íntegra o que diz o Manual de primeiros socorros da Anvisa sobre choques elétricos (p. 102-105); e o outro vai ler o que é dito sobre as queimaduras por eletricidade (p. 138-140).

2. Faça anotações e discuta em seu grupo o que vocês entenderam do texto.

3. Cada grupo vai, agora, preparar uma apresentação para a classe sobre o tema que estudou. Essa apresen-tação deverá conter as providências ou primeiros so-corros a serem dados em cada caso. Considerem utilizar diferentes recursos para fazer essa exposição: dramatização, simulação do acidente, car-tazes etc. O importante é que expliquem com clareza o que apreenderam sobre esses possíveis acidentes, de modo que não sejam pegos de surpresa se tiverem de lidar com situações dessa natureza.

parecem superficiais podem ter danos profundos alcançando os ossos, necrosando tecidos, vasos san-guíneos e provocando hemorragias.

[...] A corrente de alta-tensão geralmente causa os danos mais graves, porém lesões fatais podem ocorrer mesmo com as baixas voltagens das residências.

[...]

A complicação mais importante das queimaduras elétricas é a parada cardíaca. A lesão local nestas queimaduras raramente necessita de cuidado imediato, porém, as paradas respiratória e cardíaca sim. [...]

Manual dos Primeiros Socorros. Ministério da Saúde. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/reblas/manual_primeiros_socorros.pdf>. Acesso em: 14 maio 2012.

Se você quiser conhecer mais sobre a legislação de proteção aos

trabalhadores da área de instalações elétricas, consulte a NR nº 10 no site: <http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr10.htm>. Acesso em:

14 maio 2012.

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Planejar serviços elétricosVocê já ouviu falar em planejamento?

Planejar é uma ação que fazemos naturalmente em nossa vida. Mas isso é feito de modo informal.

Se, no fim de semana, pensamos em tudo que vamos fazer durante a semana que vai começar, estamos planejando.

Quando, no início do ano, combinamos com alguém (ou deci-dimos nós mesmos) que vamos visitar nossa família que mora no Recife no feriado da Páscoa, estamos planejando.

Também fazemos planejamento para mudar de emprego, para voltar a estudar, para marcar a data de nosso casamento, para comprar uma coisa mais cara, que exige controle para econo-mizar algum dinheiro.

Mas, afinal, por que planejamos? Porque, quando nossas atitu-des são planejadas, nos organizamos melhor, ganhamos tempo, gastamos menos... Muitas vezes, precisamos fazer um plano de nossas atividades para seguirmos em frente de forma mais es-truturada.

Pense sobre isso

O planejamento é um instrumento muito importante para os governos.

Imagine, por exemplo, se não houvesse pessoas planejando como fazer a coleta de lixo das cidades. O lixo ficaria espalhado nas ruas e, com ele, o mau cheiro, o aumento da quantidade de insetos e pequenos animais que vivem ao redor dos lixos (moscas, baratas, ratos...) e a propagação de doenças que poderiam afetar grande parte da população.

Todos os serviços públicos – transporte, distribuição de água e energia, coleta de lixo, educação, saúde etc. – devem ser planejados, de forma que se possa atender os cidadãos da melhor forma possível.

O planejamento também faz parte do dia a dia das indústrias, do comércio, dos bancos...

Imagine se o dono do mercadinho que fica perto de sua casa não tivesse pensado em quantas pessoas usam sabão em pó no bairro e não tivesse comprado o produto para vender.

E se a indústria de automóveis produzir carros em excesso e não tiver ninguém para comprá-los?

Quanto prejuízo, não é?

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Atividade 1o planejamento no trabalho de um eletriCista

Imagine que você acabou este curso e vai começar a trabalhar como eletricista. Será que o planejamento poderá auxiliá-lo em algum aspecto?

Registre o que pensou.

Enfim, é planejando seu trabalho que você poderá saber: o que precisará comprar para fazê-lo, quanto tempo vai gastar em determinado serviço, quantas pessoas serão necessárias para ajudá-lo a fazer o serviço, quanto deverá cobrar por ele, qual será seu ganho líquido (descontadas as despesas) e assim por diante.

Esse tipo de planejamento, entretanto, apenas estará sob sua responsabilidade se você trabalhar por conta própria – um tema que trataremos na Unidade 10.

Se você for prestar serviço para uma empresa da área de construção civil, por exem-plo, é provável que participe de trabalhos grandes, mais demorados e que demandam uma quantidade maior de profissionais. Nesse caso, a definição dos prazos, a com-pra e organização dos materiais para executar o trabalho e o tamanho da equipe que se envolverá na obra não serão, provavelmente, sua responsabilidade.

Vamos imaginar, porém, que sua escolha seja como autônomo; um eletricista que é chamado diretamente pelas pessoas que precisam do serviço de eletricista em suas casas, lojas, restaurantes etc.

Ganho líquido

despesas (gastos com material, ferra-mentas, ajudantes, transporte etc.)

Preço cobrado pelo serviço (ganho bruto)

Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 67

Para poder planejar o trabalho, a primeira coisa é enten-der de que tipo de serviço o cliente necessita.

O tipo e a quantidade de material a ser usado serão diferentes se o trabalho for, por exemplo, o conserto de uma ou duas tomadas ou a instalação de várias tomadas e lustres em uma casa que acabou de ser construída.

O cronograma de execução do serviço – isto é, a de-finição de quanto tempo você precisará – também vai depender do tipo de serviço.

Se o trabalho for muito grande e o cliente tiver pressa, você poderá chamar outros profissionais para dividi-lo com você. Pode ser um ajudante ou um colega, a depen-der da dificuldade encontrada na obra.

Tenha em mente que, mesmo que isso implique ganhar um pouco menos, trabalhar em dupla é algo interessante. Vocês podem trocar informações e dicas sobre o trabalho: um aprende com o outro e o resultado final pode ser melhor. Além disso, para muitas pessoas, o trabalho compartilha-do, dividido, fica menos cansativo, mais prazeroso.

Enfim, após a primeira conversa (ao vivo ou mesmo por telefone) para identificar o que o cliente quer ou pre-cisa, você poderá definir as ferramentas ou instrumentos necessários para o trabalho e programar as etapas do serviço que será feito.

Essa programação será indispensável apenas se forem vários trabalhos em um mesmo local e, principalmente, se eles forem difíceis, complicados de resolver.

Imagine a seguinte situação:

Você foi chamado pelo senhor Mario para fazer os se-guintes trabalhos na casa dele:

• instalar uma nova luminária com ventilador em um dos quartos;

• verificar e colocar para funcionar quatro tomadas, sendo duas em quartos e duas na cozinha;

Sempre inclua os EPI no seu material

de trabalho.

68 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

• verificar por que o chuveiro está dando choque e resolver o problema;

• descobrir por que a lâmpada do corredor algumas vezes acende e outras vezes não, e por que as lâmpadas queimam mais do que o esperado.

Nenhum desses trabalhos parece muito complicado, mas eles talvez demorem. Sempre podem surgir surpresas e um problema aparentemente simples seria mais difícil de resolver do que estava previsto.

Para você se organizar melhor – também para explicar suas ações com detalhes a seu cliente –, coloque as informações dos serviços em uma planilha, indicando o tempo que você imagina gastar para cada um.

Veja o exemplo a seguir:

Etapa Tempo de trabalho previsto

Instalar luminária com ventilador 2 horas

Acerto das tomadas (4) 2 horas

Verificação e conserto do chuveiro 1 hora

Verificação e correção da instalação elétrica do corredor 2 horas

Total de tempo 7 horas

Selecionadas as ferramentas e os EPI, calculados os materiais e as horas ou dias de trabalho, você já tem condições de fazer o orçamento do serviço a ser executado.

Um orçamento é uma espécie de lista, na qual você soma o custo de tudo que será utilizado no serviço a ser prestado mais (+) o valor de seu trabalho.

Calcular o que vai gastar de material – tomadas, fios, fita isolante etc. – é uma das bases para elaborar seu orçamento e apresentá-lo ao cliente. Certifique-se de que será você quem comprará a totalidade dos materiais necessários ou se terá de adqui-rir apenas uma parte deles.

Em geral, os clientes preferem escolher e comprar, eles mesmos, alguns produtos. Isso acontece, principalmente, em relação àqueles que ficarão aparentes (como to-madas, interruptores etc.). Nesse caso, pedem ao eletricista para se encarregar so-mente das compras dos materiais que ficam “escondidos” e que possuem especifi-cações técnicas: soquetes, fios, fusíveis etc. Se isso acontecer, inclua no orçamento só aquilo que você deverá realmente comprar.

Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 69

Sabendo o que terá de comprar, comece montando o orçamento por esses itens.

Um item que, em geral, não é colocado nos orçamentos é o das ferramentas. Elas não são incluídas porque você já deverá tê-las comprado e não vai adquirir outras novas a cada trabalho. Mas não devemos esquecer que, conforme vão sendo usadas, as ferramentas estragam e precisam ser trocadas, não é? Ou seja, com o tempo e o uso constante, as ferramentas se desgastam.

Pensando nisso, quando organizar seu orçamento, você deve incluir um valor, uma pequena quantia, que corresponde ao desgaste de suas ferramentas, já que, no futuro, precisará repô-las. Dessa forma, depois de realizar alguns trabalhos, a soma desses valo-res deverá ser suficiente para a compra de novas ferramentas, conforme for necessário.

Também pode acontecer de um trabalho exigir uma ferramenta especial, diferente das que você tem. Nesse caso, você poderá conversar com seu cliente e acrescentar uma parte do custo dessa ferramenta no orçamento; ou mesmo solicitar que o cliente a adquira e desconte seu valor do serviço de forma parcelada.

Além dos materiais e das ferramentas, um orçamento deve conter os chamados custos indiretos de seu trabalho: gastos que terá com transporte para o local da obra, alimentação no dia de serviço, ajudantes, caso sejam incluídos. Sem esses itens, você vai gastar para trabalhar; ou seja, terá prejuízo.

Por fim, não se esqueça de colocar nesse orçamento o custo do próprio serviço. Caso contrário, você vai trabalhar de graça! Pode ser difícil determinar valor para um trabalho, pois várias coisas fazem parte dele e/ou devem ser consideradas na hora de defini-lo.

Quando for colocar preço no seu trabalho, não deixe de considerar: 1) o tempo que levará para executar o serviço; 2) o “valor de mercado” daquele trabalho, ou seja, quanto os outros eletricistas cobram; 3) o valor que você considera justo para remu-nerar o seu trabalho.

Apresentação do orçamento

Quando for apresentar um orçamento ao cliente, lembre-se de que o ideal é o orça-mento estar discriminado, ou seja, mostrando os itens que você incluiu. Assim, o cliente terá uma ideia clara do que está contratando.

Além disso, um orçamento bem-feito (se possível, em uma planilha elaborada em computador) causa impressão de organização, seriedade, e dá confiança para seu trabalho.

70 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

Veja a seguir um exemplo de planilha:

Item Custo unitário Custo total

X metros de fio tipo ...

X metros de fio tipo ...

X pacotes de fita isolante

X soquetes para lâmpadas comuns

Desgaste das ferramentas

Transporte para o local da obra

Alimentação no dia do trabalho

Ajudante (diária)

Custo da hora ou do dia de trabalho

Total

Atividade 2 apresente um orçamento ao Cliente

1. Imagine que você foi consultado para apresentar um orçamento para os serviços que listamos anteriormente:

a) Monte uma lista com o material que você vai usar. Pesquise, na internet, os preços e anote-os ao lado de cada material.

b) Lembre-se também de colocar um valor para compensar o desgaste de suas fer-ramentas. Se alguma ferramenta especial, diferenciada, for necessária para o trabalho, verifique seu preço para conversar com o cliente.

c) Verifique e inclua na planilha os custos indiretos do trabalho.

d) Inclua, no final, o preço de seu serviço: pode ser por tarefa ou pelos dias ou horas de trabalho que vai gastar. Para isso, imagine como será o trabalho e faça uma lista com as etapas e o tempo que deverá usar.

e) Some tudo ao final.

Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 71

2. No laboratório de informática da escola, digite a lista que você fez em uma planilha. Aproveite para confe-rir a soma dos valores, caso você não tenha usado uma calculadora.

3. Com a planilha pronta, vamos discuti-la na classe. Metade da classe apresentará os resultados de seu le-vantamento. A outra metade fará o papel de cliente, como se fosse um teatro.

A ideia é observar se há diferenças entre os orçamen-tos e as percepções dos clientes. Caberá a eles verificar e argumentar, com os que expuseram a planilha, se os preços dos serviços estão adequados ou se estão muito caros.

4. Registre, a seguir, o que você aprendeu com essa dis-cussão.

Depois de fechar o orçamento com o cliente, combine a forma de pagamento.

Se o serviço for de apenas algumas horas, você poderá pedir para receber o valor todo de uma única vez.

Caso seja um trabalho grande, que envolva vários dias, é interessante que você negocie um “sinal” – uma parte do valor do trabalho –, antes de iniciá-lo, pois assim pode

Se precisar, peça ajuda ao monitor para fazer a planilha.

72 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

cobrir as primeiras despesas com material, ferramenta e transporte. O restante do pagamento vocês podem combinar se fazem em uma ou duas vezes, sendo uma parcela intermediária e outra no encerramento da obra ou do serviço.

Após essa combinação, peça ao cliente que confirme sua aprovação do valor e da forma de pagamento do serviço, o que pode ser feito com a assinatura das duas partes em uma cópia da planilha. Isso garantirá que vocês têm um acordo, um compromisso, que envolve a realização adequada do trabalho e o pagamento devido.

Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 73

unida d e 6

Revisão e ampliação de conceitosAntes de iniciar o trabalho em residências, será preciso ter em mente certos conceitos da Física. De alguns deles já falamos, ao discorrermos sobre a história da ocupação de eletricista (Unida-de 1). A respeito de outros, você ouvirá agora pela primeira vez.

De uma forma ou de outra, todos esses conceitos serão muito usados daqui para a frente – tanto no curso como em sua ocupa-ção –, e você, aos poucos, ganhará familiaridade com eles. Vamos lá?

Chamamos de instalação elétrica qualquer ligação que possibi-lita a passagem de corrente elétrica de um ponto para outro, com diferença de potencial entre eles.

Os fios que são condutores de eletricidade são os caminhos em que a corrente elétrica vai passar, é como se o fio fosse um ca-minho por onde os elétrons podem se movimentar quando estão ordenados. O que coloca os elétrons em movimento or-denado é a diferença de potencial entre dois pontos, e isso é indicado pela voltagem.

A energia em casa

A energia chega a nossas casas por uma rede de distribuição, da qual fazem parte os parques de transformação, os sistemas de segurança, as estações e subestações, os transformadores nos postes, entre outros.

Dos transformadores que atendem a rua em que estamos, a energia segue para o padrão de entrada, nele há o medidor de energia. E desse, por meio de um circuito de distribuição, ela segue até os quadros de luz de nossas casas. Dentro de nossas casas, esse caminho continua. Veja a seguir:

74 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

Esse caminho é chamado circuito elétrico. Ele é composto de uma fonte de energia elétrica (neste caso, a caixa de distribuição de energia), um aparelho elétrico (a te-levisão, as lâmpadas...) e fios que fazem a ligação entre a fonte de energia e o apare-lho e por onde caminham os elétrons.

Mas se a caixa de luz distribui energia de forma contínua e constante para dentro de nossas casas, por que as luzes, a televisão, o chuveiro e outros aparelhos elétricos que temos não ficam ligados o tempo todo?

Isso acontece porque o circuito elétrico pode ser interrompido. Ou seja, entre a fonte de energia (o quadro de luz) e o aparelho que se quer ligar (ou lâmpada que se quer acender), existe uma interrupção no circuito, que não deixa a energia seguir adiante.

Na televisão, no liquidificador, no aparelho de CD, essa interrupção se dá pelo botão de “liga-desliga”. Mas os botões de acender e apagar a luz (interruptores) – as tomadas, os disjuntores – também têm essa função.

Fios de ligação

Fios para conexão ao poste de rua

Interruptor

TomadaCaixa de entrada com medidor de energia

Caixa de entrada com medidor de energia

Postede rua

Circuito de distribuição

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Lâmpada

Televisor

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Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 75

Quando o circuito se fecha, a energia segue seu caminho. É isso que acontece no momento em que colocamos um aparelho na tomada, acionamos o interruptor de uma lâmpada ou ligamos um chuveiro.

É importante saber que, mesmo quando parte dos cir-cuitos de casa está aberta (ou seja, a distribuição de energia para um aparelho qualquer não está acontecen-do ou uma lâmpada não está acesa), a energia não de-saparece. A eletricidade continua “dentro das tomadas”, “circulando pelos fios”. Basta que você feche o circuito para que a corrente elétrica circule no circuito e o apa-relho funcione.

Essa é uma das razões pelas quais não podemos colocar os dedos, ou outros condutores de energia, nas tomadas, ou separar fios desencapados sem os devidos cuidados. Se nosso corpo fechar o circuito, tomamos um choque!

Grandezas elétricas

Para entender mais a fundo todo esse processo, que é fundamental para o trabalho de um eletricista, vamos tratar das grandezas elétricas. Ou, se preferir, das dife-rentes medidas que têm relação com a eletricidade.

Circuito aberto – interrupção da corrente elétrica.

Circuito fechado – passagem da corrente elétrica

TomadaInterruptor Aparelho elétrico

Fios de ligação

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76 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

Você já reparou quantos números e letras aparecem nos aparelhos elétricos? Obser-ve, por exemplo, uma lâmpada. Quantas informações constam nela, que nós nem vemos, não é mesmo?!

Nem sempre os aparelhos têm indicação das cinco grandezas que utilizaremos para o trabalho de eletricista: tensão, potência, corrente elétrica, frequência e resistência.

Vamos ver cada uma dessas grandezas a seguir.

Tensão elétrica ou voltagem (U ou V)

A tensão elétrica é medida em uma unidade chamada volt, nome dado em home-nagem a Alessandro Volta (1745-1827), que criou a primeira pilha, lembra-se?

Mas o que representa tensão? Ela é uma medida que mostra a força empregada para que os elétrons comecem a caminhar de forma ordenada e a corrente elétrica se estabeleça.

Os símbolos usados quando se trata de tensão são: “V” ou “U” (estes símbolos são utilizados quando a tensão é apresentada em fórmulas matemáticas).

Tanto as residências como os aparelhos têm uma medida de tensão predeterminada. São chamadas genericamente de 110 V ou 220 V. (Na realidade, a tensão nominal 110 V é fornecida em todo o Brasil no padrão 127 V. Apenas em casos particulares, e onde esses padrões já existiam, ela é fornecida em outros valores, como 100 V, 110 V, 115 V. Toda nova rede de distribuição obrigatoriamente fornece em 127 V. Já a tensão nominal 220 V é fornecida ou em 220 V ou em 254 V. Existem ainda tensões de 380 V e 440 V, de uso comercial.)

Em uma casa, esse valor ou, melhor dizendo, a tensão está predeterminada pelo tipo de ligação feita na rede de distribuição.

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Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 77

Embora a conversão de 110 V para 220 V (e vice-versa) possa ser feita com um transformador, para isso há um consumo extra de energia. Isso, portanto, encarece o uso do equipamento. Por essa razão, o ideal é que os aparelhos elétricos da casa estejam de acordo com a voltagem do local.

Potência elétrica (P)

A potência elétrica é marcada em uma unidade chama-da watt, também em homenagem a um cientista, o es-cocês James Watt (1736-1819).

A potência que nos interessa no caso das instalações elé-tricas residenciais é a chamada “potência ativa”, que in-dica o consumo de energia – quanto um aparelho ou uma lâmpada, por exemplo, gastam de energia – em determinado período de tempo.

Quanto maior a potência, maior o consumo de energia.

Em uma lâmpada comum você verá que a potência ten-de a variar de 60 a 100 watts.

A informação sobre potência é fundamental por duas razões.

A primeira é porque permite saber o consumo de energia dos aparelhos e fazer escolhas, buscando aqueles que gastem menos energia. É bom para o bolso (seu e do cliente) e melhor ainda para o planeta! E é importante ficar esperto, porque há grande diferença de consumo de energia entre os aparelhos!

A segunda é porque, com a indicação da potência, você conseguirá saber de que tipo de cabo e/ou disjuntor vai precisar para dimensionar um circuito em que se utiliza um determinado aparelho ou um conjunto de aparelhos. Vejamos a seguir um exemplo de um circuito que abas-tece apenas uma geladeira.

Se a potência da geladeira é de 800 watts e a tensão da casa onde ficará instalada é de 110 V, haverá necessidade de um disjuntor de 7,3 amperes.

Hoje em dia muitos aparelhos elétricos são “bivolt”; ou seja, eles se ajustam, automaticamente, à tensão do local, quando são ligados. Pode- -se dizer, assim, que funcionam nas

duas voltagens.Mas é preciso ter cuidado:

aparelhos com tensão exclusiva de 110 V ligados em casas com

tensão 220 V queimam;e aparelhos com tensão exclusiva de 220 V ligados em residências com

tensão 110 V não funcionam ou funcionam mal. E se o uso

do aparelho for prolongado, também haverá queima.

Por isso, verifique ambas as tensões antes de fazer qualquer ligação.

Você sabia?Existe, além da potência ativa (que é transformada em potência mecânica, luminosa ou térmica), a potência reativa, que é transformada em campo magnético.

78 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

Esse cálculo é feito da seguinte forma:

Potência (watt) = corrente elétricaTensão (voltagem)

Ou

800 W = corrente elétrica 7,3 amperes 110 V

Corrente elétrica (i)

A corrente elétrica é um fluxo de elétrons que se movimenta por um condutor. Esse movimento acontece quando há uma diferença de potencial elétrico (ou seja, de tensão) entre as extremidades desse condutor.

A corrente elétrica é indicada por uma medida chamada ampere, uma referência ao nome de André-Marie Ampère (1775-1836), físico, matemático, químico e filósofo francês.

O que se mede, neste caso, é a intensidade da corrente elétrica, dada pela quanti-dade de carga elétrica (elétrons em movimento) que atravessa o condutor em um determinado intervalo de tempo.

A intensidade da corrente elétrica é uma medida que, como vimos, tem relação com a tensão (voltagem) e a potência dos aparelhos. Ela também tem relação com a re-sistência (grandeza elétrica, que veremos a seguir).

Matematicamente, a intensidade da corrente pode ser expressa da seguinte forma:

I (intensidade da corrente elétrica) = P (potência)U (voltagem)

Existem dois tipos de corrente elétrica:

• Corrente contínua (cc) → quando a intensidade da corrente não se altera em um mesmo aparelho. É o que acontece, por exemplo, nas pilhas, baterias de carros etc.

• Corrente alternada (ca) → a intensidade da corrente altera continuamente, sempre de um mesmo jeito; vai aumentando até chegar ao máximo (por exem-plo, numa tomada 110 V a corrente máxima ocorre quando a tensão no fio fase chega até 127 V), depois vai diminuindo até chegar ao mínimo (quando a tensão no fio fase chega até 0 V), e volta a aumentar, enquanto o aparelho está sendo utilizado (ou está ligado). É o que acontece com a corrente elétrica for-necida para as residências.

Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 79

A informação sobre amperagem nem sempre aparece nos aparelhos elétricos, mas, em termos práticos, conhecer a intensidade da corrente é bastante importante para um eletricista. Se um cabo, por exemplo, estiver dimensionado com amperagem menor do que a necessária para suportar determinada potência e voltagem, poderá aquecer e gerar risco de incêndio. Um disjuntor com amperagem correta poderá prevenir esse problema, pois desligará sozinho antes que o circuito elétrico corra risco de ser danificado. Mas se sua amperagem também estiver errada, o problema permanecerá e poderá causar graves consequências como, por exemplo, um incêndio.

Resistência (R)

Medida por uma unidade chamada ohm (referência ao nome do físico alemão Georg Simon Ohm, 1789-1854), ela representa quanto um material resiste à passa-gem da corrente elétrica.

Quando essa resistência é muito intensa, há geração de calor, pois os elétrons têm de se esforçar mais para seguir seu caminho e manter a corrente. É o que acontece nos chuveiros, por exemplo, em que temos a presença de uma resistência (ou resistor).

A relação entre resistência (R), tensão (U) e corrente elétrica (i) pode ser expressa, matematicamente, pela Lei de Ohm da seguinte forma: i = U

R

Frequência elétrica (F)

A frequência elétrica é marcada em hertz, referência ao nome de Heinrich Rudolf Hertz (1857-1894), que estudou o fenômeno das ondas eletromagnéticas da luz e do rádio.

Trata-se de uma medida fixa que, no Brasil, é padronizada em 60 ciclos por segun-do. Isso quer dizer que a corrente elétrica se alterna 60 vezes a cada segundo.

Tipos de aparelhos elétricos

Falamos de como a energia chega a nossas casas, dos circuitos elétricos, das gran-dezas relacionadas à eletricidade.

E os aparelhos elétricos? Nem todos são iguais, não é mesmo? Será que podemos comparar um chuveiro ou um ferro de passar roupa com uma furadeira elétrica? Ou uma televisão com uma bateria?

Se você respondeu que não, está correto. Entretanto, mais do que isso, precisamos saber o que os diferencia.

80 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 1

Existem basicamente quatro tipos de aparelhos. Vamos ver cada um deles.

1. Aparelhos resistores: são aqueles que têm como função produzir aquecimento; ou seja, eles transformam a energia elétrica em calor (energia térmica).

Para funcionar, esses aparelhos contam com um componente chamado resistência ou resistor. O resistor pode ser facilmente identificado em alguns aquecedores como um pedaço de metal em forma de espiral que aquece e fica avermelhado quando é ligado, e “distribui” calor para a região que está próxima dele. É assim em um se-cador de cabelo, um chuveiro, um aquecedor elétrico de marmita, mas há muitos outros tipos de resistores, como os cerâmicos.

No caso do chuveiro, o resistor aquece a água; no aquecedor elétrico, ele aquece o ambiente. No caso do ferro elétrico, o rolamento não é em espiral. O resistor, nes-se caso, aquece uma chapa que, por sua vez, aquecerá as roupas.

2. Aparelhos motores: são aqueles que, quando ligados, transformam energia elé-trica em energia mecânica, gerando algum tipo de movimento. Furadeiras, ven-tiladores, liquidificadores são alguns desses aparelhos.

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3. Aparelhos de comunicação e informação: são os que possibilitam às pessoas se comunicar, como os telefones, os rádios, a televisão... Eles também guardam informações, que podem ser recuperadas mais tarde. É o caso dos computadores, por exemplo.

4. Fontes: são os aparelhos que alimentam outros aparelhos com energia elétrica.Ao contrário dos dois primeiros grupos, eles não transformam energia elétrica em outras formas de energia, mas são fontes de energia elétrica.Com essa característica, temos as tomadas, as baterias, os plugues etc.

Atividade 1 os aparelhos e as medidas de enerGia

1. No laboratório da escola, procure aparelhos elétricos, tomadas, soquetes, inter-ruptores, cabos...

a) Classifique os aparelhos e elementos que estão à disposição no laboratório, de acordo com os quatro tipos mencionados na última parte do texto:

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• aparelhos resistores:

• aparelhos motores:

• aparelhos de comunicação e informação:

• fontes:

b) Escolha dois aparelhos e identifique os valores das cinco grandezas físicas estu-dadas: tensão, potência, corrente elétrica, frequência e resistência.Os valores não especificados nos aparelhos devem ser calculados.

2. Com a ajuda do monitor, faça testes de tensão, amperagem, potência.

3. Compartilhe os resultados com a classe.

4. Com base nessa conversa coletiva, anote os aprendizados que podem servir quando estiver exercendo a ocupação.

Eletricista 1 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 83

Pode ser que esta Unidade tenha lhe parecido um pouco complicada. E é bem provável que essa situação tenha acontecido com mais alunos na classe. Isso é normal, pois compreender conceitos tão abstratos não é, realmente, fácil.

Nas próximas Unidades, porém, quando formos colocar “a mão na massa”, esses conceitos tenderão a ficar mais claros para você.

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Alguns traços da história da eletricidade

Os conhecimentos da ocupação e os próprios conhecimentos

As ferramentas de trabalho do eletricista

Trabalhar com segurança

Planejar serviços elétricos

Revisão e ampliação de conceitos

Sum á ri o

Unidade 79

Instalações elétrIcas resIdencIaIs: como fazer

Unidade 839

manutenção corretIva resIdencIal

Unidade 9 47

as atItudes e as relações nos locaIs de trabalho

Unidade 10 51

PossIbIlIdades de trabalho e vínculos emPregatícIos

Unidade 1161

seus novos conhecImentos e seu currículo

FICHA CATALOGRÁFICASandra Aparecida Miquelin - CRB-8/6090

Tatiane Silva Massucato Arias - CRB-8/7262

São Paulo (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia. Via Rápida Emprego: construção civil: eletricista, v.2. São Paulo: SDECT, 2012.

il. - - (Série Arco Ocupacional Construção Civil)

ISBN: 978-85-65278-39-3 (Impresso) 978-85-65278-37-9 (Digital)

1. Ensino profissionalizante 2. Construção civil - Qualificação técnica 3. Eletricista - Instalação elétrica. Eletricidade - Aparelho e material elétrico I. Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia II. Título III. Série.

CDD: 371.425621.31042621.31924

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unida d e 7

Instalações elétricas residenciais: como fazerImagine a seguinte situação: você foi chamado para trabalhar em uma casa que acabou de ser construída. As paredes estão erguidas e as janelas, portas e telhado já instalados em seus de-vidos lugares. Até os dutos para a passagem dos cabos de energia elétrica (chamados eletrodutos) estão embutidos nas paredes.

Você sabia?Existem eletrodutos de PVC e de metal. Os de PVC são mais recomen-dáveis pelas seguintes razões:

•Não esquentam e não são condutores de ener-gia, o que acontece com os de metal.

•Não têm cantos rígidos, o que diminui o risco de que cabos e fios sejam desencapados no mo-mento em que são pas-sados em seu interior.

A impressão é a de que tudo está pron-to. Quer dizer, quase tudo. Faltam as instalações elétricas. E não dá para fazer a mudança sem isso, não é?

Por onde você começaria? Difícil? Nem tanto!

A primeira coisa é saber se existe um projeto de instalação elétrica.

Embora importantíssimos, não são todas as residências construídas que contam com projetos de instalações elétricas, elaborados por engenheiros ou técnicos com essa especialidade.

Se houver um projeto, caberá a você – eletricista – executá-lo.

Se não houver um projeto, caberá a você fazer as instalações elétricas e,

para isso, precisará conhecer alguns parâmetros e detalhes téc-nicos desse tipo de instalação.

De uma forma ou de outra, é preciso que você saiba como é um projeto desses. Por isso, vamos começar mostrando um deles.

10 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

Cada circuito elétrico tem uma numeração, que, em geral, é indicada ao lado ou dentro dos símbolos que marcam os pontos de iluminação, tomadas e interruptores.

Veja, no exemplo de projeto a seguir, as outras marcações.

Talvez você ainda não consiga entender exatamente o significado do que vai ver, mesmo com as legendas. Não se preocupe com isso neste momento. Vamos voltar a esses termos muitas vezes daqui para a frente.

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Ponto de luz no teto

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Tomada média monofásica com terra

Ponto de luz na parede

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Campainha

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Eletroduto embutido na parede

Eletroduto embutido no piso

Caixa de medição

Quadro de distribuição

Caixa de saída média bifásica com terra

Caixa de saída alta bifásica com terra

Interruptor paralelo

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Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 11

Para ensinarmos passo a passo como devem ser as instala-ções elétricas de uma casa, vamos supor, daqui em diante, que você não teve acesso ao projeto de instalações elétricas.

Por onde começar? Alguém que não trabalha na área provavelmente começaria pensando em comprar e ins-talar um poste de entrada de energia, desses que ficam na frente da casa e que são ligados aos postes de distri-buição de energia das ruas, instalados pelas empresas concessionárias de energia.

Essa é uma das primeiras e mais importantes providên-cias, mas que se inicia com o dimensionamento da de-manda de eletricidade da casa.

A escolha do poste de entrada de energia depende de haver uma previsão da potência (quantidade de watts [W]) que será utilizada na residência. E esta, por sua vez, depende de uma previsão da iluminação e das tomadas a serem instaladas.

Você sabia?Determinados serviços públicos são providos por concessionárias: empre-sas privadas que recebem do Estado uma concessão que lhes permite prestar algum serviço. Isso acon-tece com energia elétrica, telefonia, distribuição de água, coleta de lixo (estes dois últimos em alguns municípios), entre outros serviços.

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12 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

Enfim, é essa última previsão que servirá de base para definir o tipo de fornecimento de energia que será solici-tado à concessionária. Só assim a empresa responsável pela distribuição de energia em seu município poderá instalar e ligar o medidor dos serviços de energia. E apenas dessa maneira a casa contará com a energia elétrica adequada para todos os cômodos e será possível utilizar os aparelhos elétricos de uso cotidiano.

Dimensionamento da demanda de eletricidade

Os primeiros passos para o dimensionamento da deman-da de eletricidade são definir os pontos de iluminação e de tomadas e calcular as potências (cargas elétricas) que estarão associadas a cada um deles. A potência total será dada, na sequência, pela soma das potências parciais.

Definir a quantidade mínima de pontos de luz e de tomadas não é uma decisão individual: nem do proprietário da casa, nem do eletricista. A norma técnica NBR 5 410 da Associa-ção Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) – que trata das instalações elétricas de baixa tensão – define critérios que devem ser mantidos em todas as residências. A decisão de colocar mais pontos de luz e de tomadas, além do padrão mínimo, cabe ao proprietário, ao engenheiro e/ou arquiteto responsáveis pelo projeto e ao eletricista.

Vamos começar pelos critérios apresentados na NBR 5 410.

Dimensionamento da iluminação

• É preciso que haja pelo menos um ponto de luz fixo no teto de cada cômodo ou dependência, com potên-cia mínima de 100 VA, com um interruptor corres-pondente de parede.

• Para cada 6 metros quadrados (m2) de área deve-se prever um mínimo de potência aparente de 100 VA. Acima desses 6 m2, para cada 4 m2 adicionais deve-se acrescentar 60 VA de potência.

A unidade VA equivale a volt (tensão) x amperes (cor-rente elétrica) e corresponde à potência aparente (ativa e reativa).

Recordando cálculo de áreas:Retângulo: figura geométrica que

tem quatro lados, sendo dois de um mesmo tamanho e dois de outro. Sua área é calculada multiplicando a base pela altura: lado menor × lado maior.

Quadrado: figura geométrica que tem quatro lados iguais e que formam um ângulo reto entre si.

Sua área é calculada multiplicando lado × lado.

Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 13

Por exemplo, se um quarto tiver uma área de 9 m2, a potência de iluminação prevista será de 100 VA, pois a metragem é equivalente a 6 m2 + 3 m2. Mas, se o quar-to tiver uma área de 11 m2, a potência prevista deverá ser de 160 VA (100 VA para os primeiros 6 m2 e 60 VA para os 5 m2 adicionais).

• A iluminação do banheiro deve estar a pelo menos 60 centímetros (cm) do boxe do chuveiro.

Dimensionamento de tomadas

Com relação às tomadas de uso geral – conhecidas como TUG –, aquelas usadas para a ligação de aparelhos móveis ou portáteis (televisão, liquidificador, secador de cabelo etc.), as recomendações são as seguintes:

• É preciso ter pelo menos uma tomada nos cômodos com área de até 6 m2. Nos cômodos com mais de 6 m2, reco-menda-se pelo menos mais uma tomada, preferencialmen-te respeitando uma distância de cerca de 5 m da primeira.

• No caso de cozinhas, o indicado é uma tomada a cada 3,5 m de perímetro (medida em linha reta), indepen-dentemente da metragem.

• Nos banheiros, deve-se ter pelo menos uma tomada próxima à pia, mantendo, neste caso, a distância de 60 cm do boxe onde fica o chuveiro.

• As garagens e varandas também precisam contar com pelo menos uma tomada.

• Para o cálculo de potência, devem ser considerados como parâmetros:

-600 VA por tomada a ser colocada em banheiros, cozinhas, copas, áreas de serviço e lavanderias, onde são conectados aparelhos motores ou resistores que, em geral, consomem mais energia (liquidificador, ferro elétrico e barbeador, por exemplo).

-100 VA por tomada para os demais cômodos da casa.

Perímetro: Soma dos lados de uma figura.

14 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

• Quanto às tomadas de uso específico – conhecidas como TUE –, deve ser pre-vista uma delas para cada um dos usos relacionados: geladeiras, chuveiros, tor-neiras elétricas, micro-ondas, lavadoras de roupa, secadoras de roupa, aparelhos de ar-condicionado. Como se trata, neste caso, da potência ativa, seu valor de-pende do consumo de energia (watts) preestabelecido em cada aparelho elétrico. Ou seja, a potência do aparelho corresponde à potência ativa (watts).

• São ainda consideradas TUE o fornecimento de eletricidade a motores de equi-pamentos de manutenção como esmeril, tornos, furadeiras de bancada, serras etc. Também é o caso, em casas mais luxuosas, de motores de piscina e banheiras de hidromassagem. Ainda que nesses casos não se coloque necessariamente o dispo-sitivo denominado tomada (como geralmente ocorre em chuveiros, em que a li-gação é feita diretamente com junção dos fios), eles são denominados tomadas de uso específico.

À exceção das TUE (cuja potência ativa já está determinada no equipamento a que é destinada), no caso das demais tomadas (TUG) e pontos de iluminação, os valo-res dimensionados consideram a potência aparente (VA). É preciso transformá-los em potência ativa.

Fazer isso é bastante simples: multiplica-se o valor da potência aparente por um fator de potência.

No caso dos pontos de luz, esse fator de potência é 1.

Na prática, isso quer dizer que, num ponto de iluminação de 100 VA, a lâmpada incandescente utilizada poderá ser de até 100 W, já que o fator de potência é 1.

Já para as tomadas de uso comum, multiplica-se a potência aparente pelo fator de potência 0,8. Assim, para uma tomada de 100 VA, por exemplo, a maior potência de um aparelho a ser ligado nela deverá ser de 80 W. Ou seja, para tomadas dimensionadas para 100 VA não se pode ligar nenhum aparelho que tenha potência superior a 80 W, como aspiradores de pó, secadores de cabelo, computadores etc.

O que está por trás desses fatores de potência? O fator de potência será igual a 1 sempre que houver a possibilidade de toda a potência aparente (VA) ser efetivamente transformada em potência ativa do aparelho (W). Não há potên-cia reativa.

Feitos os cálculos de potências ativas, basta somá-las para chegar à potência total.

Com o exemplo a seguir, tais cálculos podem ficar mais claros:

Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 15

Tipo de cômodo

Área (m2)

Perímetro (m)

Previsão de ponto

de luz

Potência aparente

(VA)

Previsão de tomada

(TUG)

Potência aparente

(VA)

Previsão de

tomada (TUE)

Potência ativa (W)

Quarto 9 12 1 100 3 300 – –

Sala 12 14 2 160 4 400 – –

Cozinha 9 12 1 100 2 1 200 1 (geladeira) 400

Banheiro 4 8 2* 200 1 600 1 (chuveiro) 6 000

Total 6 560 10 2 500 2 6 400

* Embora considerando que na área do banheiro um único ponto de luz fosse obrigatório, foram previstos dois pontos pelo fato de ser comum, em banheiros, termos um ponto de luz central no teto e outro lateral, iluminando um espelho. A decisão de ir além do que é obrigatório e previsto na NBR 5 410 é, como já vimos, uma opção do proprietário e pode ser recomendada pelos eletricistas.

Total previsto para a potência aparente (VA)

Fator de potência

Potência ativa (W)

Ponto de luz 560 1 560

TUG 2 500 0,8 2 000

TUE – – 6 400

Total a ser instalado 8 960

Atividade 1 AgorA é com você

1. Você vai trabalhar com mais dois colegas para calcular a potência total que de-verá ser prevista em uma casa com as seguintes características:

16 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

O que vimos até agora foi o dimensionamento da demanda de

eletricidade de uma casa (ou dimensionamento da potência instalada), tendo como base a previsão de pontos de luz e de

tomadas necessárias. Esse trabalho não tem relação com o fornecimento de eletricidade, que pode ocorrer em dois padrões, 110 V e 220 V. Assim, a potência a ser instalada engloba tudo

que será fornecido em 110 V e/ou em 220 V.

A diferenciação do fornecimento será relevante apenas

posteriormente, quando se for dimensionar cabos e fios elétricos

e sistemas de segurança.

a) Dois quartos, sendo um com 9 m2 de área e períme-tro de 12 m, e o outro com 16 m2 de área e perímetro de 16 m.

b) Um banheiro com chuveiro elétrico (5 000 W).

c) Uma cozinha onde haverá uma geladeira (800 W).

d) Uma área de serviço onde ficará uma máquina de lavar roupa (1 200 W).

e) Uma garagem.

2. Façam uma tabela parecida com a da página anterior ou anotem seus cálculos, passo a passo, no caderno.

3. Comparem seus resultados com os dos demais grupos, aproveitando para resolver as dúvidas com o monitor.

Tipos de fornecimento de energia: monofásico, bifásico ou trifásico

Como indicamos anteriormente, esses cálculos têm como objetivo definir a demanda de energia elétrica da casa. Essa demanda servirá de base para que se escolha o tipo de fornecimento de energia que será solicitado à conces-sionária responsável por instalar e ligar o medidor.

Há três possibilidades, apresentadas a seguir.

• Fornecimento monofásico, isto é, feito com dois cabos – um cabo fase e um neutro: quando a potência ativa total da residência for inferior aos 12 000 W. Vale ressal-tar que esse valor pode variar conforme a companhia fornecedora. Por isso, é importante o eletricista sempre ir à companhia que atende a região e conhecer esses limites.

Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 17

Nas cidades em que há fornecimento nominal de 110 V e o fornecimento é monofásico, a voltagem nominal será necessariamente de 110 V. Ou seja, em uma casa com esse tipo de fornecimento de energia não se podem instalar equipamentos – chuveiros, por exem-plo – de 220 V. A tensão será fornecida apenas com valor nominal de 110 V e, para qualquer uso de 220 V, serão necessários transformadores.

Vale lembrar que, nas regiões Norte e Nordeste do País, por exemplo, existem concessionárias que fornecem monofásico em 220 V. Nesses casos não há tensão nominal de 110 V.

• Fornecimento bifásico, isto é, feito com três cabos – dois cabos fase e um neutro. Há, em alguns manuais, a indicação de que esse tipo de ligação deve ocorrer quando a potência ativa total da residência variar de 12 000 W a 25 000 W. Mais uma vez, entretanto, vale lembrar que esse valor é indicativo. Ele pode sofrer variações, dependendo da companhia fornecedora de energia. Dessa forma, ca-berá ao eletricista investigar, junto à companhia que atende a região, para saber os limites praticados na localidade.

Também cabe observar que, em cidades fora do padrão convencional, ou com redes muito antigas, pode ocorrer de os três fios serem fase. Nesse caso, não haverá for-necimento em 110 V e só será possível instalar dispositivos 110 V com um trans-formador. Essa situação não é comum. Mas, para não ter surpresas, consulte a empresa de fornecimento de energia local.

• Fornecimento trifásico, isto é, feito com quatro cabos – três (cabos) fase e um neu-tro: confira, junto à empresa responsável, o padrão de potência ativa total da resi-dência que exige esse tipo de fornecimento.

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Atividade 2retomAdA do exercício Anterior

1. Na casa a que nos referimos a Atividade 1, a solicitação a ser feita para a empresa concessionária será de for-necimento monofásico. Por quê?

2. E na residência para a qual a classe calculou a potência total (Atividade 1), que padrão de fornecimento será solicitado à concessionária? Justifique sua resposta.

O padrão de entrada de energia elétrica

Definido o emprego do fornecimento monofásico, bifá-sico ou trifásico para a residência em função do dimen-sionamento da demanda prevista, o proprietário da casa poderá mandar instalar um poste de fornecimento de energia. Essa parte deverá estar de acordo com o padrão de fornecimento verificado no dimensionamento da po-tência ativa da residência.

Com o poste, deverão estar uma caixa de medição e um cabo de aterramento. Esse conjunto (poste + caixa de medição + cabo de aterramento) é chamado padrão de entrada. Ele é comprado pronto e deve seguir a norma da ABNT NBR 5 410, citada anteriormente.

Uma casa de padrão médio dificilmente terá potência total acima

de 75 000 W. Essa potência é, em geral, característica de indústrias e

estabelecimentos comerciais, principalmente aqueles que utilizam

máquinas, como no ramo da alimentação, oficinas mecânicas, clubes e associações com grandes instalações elétricas, entre outros.

Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 19

Cabe ainda consultar a empresa fornecedora de energia, para verificar se há restrições ou alterações necessárias ao padrão comum vendido em lojas de materiais de cons-trução. É usual que, mesmo quando o padrão comprado está dentro das especificações, as companhias distribui-doras façam outras exigências para ligar a energia. O eletricista deverá verificá-las, para garantir que a ligação seja executada.

Note os detalhes apresentados a seguir:

• O cabo de aterramento vem com a bitola (diâmetro) adequada à potência ativa prevista para a residência (em geral, 16 milímetros quadrados [mm2]).

• A caixa de medição tem duas partes:

a) uma dessas partes estará vazia e receberá o relógio de medição que será instalado pela empresa concessioná-ria de energia. Após a instalação do relógio, esse lado da caixa será lacrado;

Você sabia?Apesar de a escolha do que comprar e da instala-ção do padrão na entrada de energia da residência ser de responsabilidade do proprietário – que arcará com os custos antes mes-mo que a empresa de dis-tribuição chegue até a casa –, a empresa distri-buidora pode se negar a ligar a rede elétrica se identificar que o dimensio-namento da demanda de energia está equivocado.

É usual a distribuidora não realizar a ligação e instalação do medidor se o dimensionamento esti-ver abaixo do adequado (subdimensionado). Se o problema for inverso – su-perdimensionamento da necessidade de energia – é provável que a ligação e instalação do medidor sejam feitas, já que o con-sumidor pagará uma tari-fa maior pelo mesmo for-necimento de energia.

Por essa razão, é muito importante que o dimen-sionamento seja bem- -feito.

Caso um cliente (proprie-tário da residência onde você irá trabalhar) peça algo que você considere fora do normal, consulte a distribuidora de energia para orientações sobre como responder a esse pedido do cliente.

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b) na outra parte deverá estar instalado um único disjun-tor de, no mínimo, 50 amperes (A). Esse disjuntor precisará ter o número adequado de polos (fios fase). Por exemplo: se forem dois fios fase, esse disjuntor será bipolar, ou seja, terá dois terminais. Desses polos sai-rão os cabos que irão para o quadro de luz da casa.

• No topo do poste deve haver um isolador elétrico do tipo roldana (uma espécie de carretel, conhecido como castanha entre os profissionais dessa área). A conces-sionária o usará para prender o cabo de proteção que virá do poste de rua.

• Ao lado do poste haverá um tubo de PVC – chamado bengala (por conta de seu formato) –, por onde o ele-tricista passará os cabos que sairão do disjuntor:

a) um fio fase (vermelho ou preto) e um fio neutro (azul- -claro), se o fornecimento for monofásico;

b) dois fios fase (vermelhos ou pretos) e um fio neutro (azul-claro), se o fornecimento for bifásico;

c) três fios fase (vermelhos ou pretos) e um fio neutro (azul-claro), se o fornecimento for trifásico.

O eletricista deverá deixar esses cabos aparentes (cerca de 50 cm), pois será neles que a empresa concessionária fará as ligações de energia. Eles são chamados fios de espera.

Os cabos de aterramento e fios terra ligados aos circuitos e aparelhos

elétricos têm a função de evitar que a energia elétrica atinja as pessoas, provocando choques. Ou seja, o aterramento direciona a corrente

elétrica e neutraliza seus efeitos caso encoste no aparelho. A corrente

elétrica é direcionada para a terra e lá é dissipada.

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O momento da inspeção

Ainda antes das ligações, a empresa concessionária de energia realizará uma inspeção para verificar se a insta-lação está obedecendo às normas técnicas. Apenas se tudo estiver de acordo é que ela fará os ramais de ligação e instalará o relógio medidor de energia, liberando, assim, passagem de energia da rua para a casa.

Isso quer dizer que está tudo resolvido? As lâmpadas podem ser acesas, os aparelhos elétricos podem ser liga-dos, já é possível tomar um banho quente? Ainda não!

O passo a passo

Na realidade, agora começa a maior parte do trabalho:

• a instalação do Quadro de Distribuição de Luz e For-ça (QDLF), também chamado quadro de distribuição de energia ou somente quadro de luz. É ele que capta a energia que vem do medidor e a distribui para os diversos espaços da casa;

• a definição dos circuitos elétricos;

• a passagem dos circuitos elétricos terminais;

• as ligações dos pontos de luz, tomadas e chuveiros.

Vamos ver cada uma dessas etapas.

Se houver dúvida sobre esses caminhos, reveja os esquemas apresentados na Unidade 6.

Cabos e fios usados nos circuitos elétricos são chamados também condutores, pois é por meio deles que a corrente elétrica e os elétrons são conduzidos.

Conforme foi dito, os condutores são feitos de cobre (um metal com alto poder de condutividade), entre outros materiais condutores, e cobertos com material plástico, isolante.

E qual a diferença entre um cabo e um fio?

Os fios são compostos de um único condutor (um único fio de cobre).

Os cabos são compostos de um conjunto de fios. Quanto maior o número de fios, maior o diâmetro (ou bitola) do cabo.

Existem fios e cabos mais ou menos flexíveis. Eles são classificados, segundo sua flexibilidade, de 1 (menos flexível) a 5 (mais flexível).

A flexibilidade é importante porque os fios e cabos são colocados dentro de eletrodutos, que passam pelas pa-redes, pelos forros e pelos pisos das casas. Sendo assim, esses dutos fazem curvas e os fios e cabos precisam acompanhá-los.

Quanto mais flexíveis os condutores, mais fácil é colocá-los dentro dos dutos.

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Instalação do quadro de distribuição de luz e força (QDLF)

O passo inicial desse processo é definir o local onde fi-cará o quadro de luz. Essa definição deverá ser feita com o proprietário da casa, mas há algumas regras a seguir.

A primeira regra (e a mais importante) é que o quadro de luz esteja colocado em lugar de fácil acesso, preferen-cialmente em um corredor, no qual não haja portas, móveis ou outras obstruções impedindo o acesso rápido a ele.

A segunda é colocar o quadro onde as cargas elétricas fiquem equilibradas. Isso evitará que haja circuitos elé-tricos muito diferenciados e que muitos cabos tenham de passar em um mesmo eletroduto.

Observe o projeto a seguir: considerando os dois critérios, o local destacado, que faz a passagem entre o banheiro e a cozinha, parece ser o mais adequado.

Há ainda uma terceira regra que poderá ser seguida, tra-zendo alguma economia para seu cliente. Quanto mais perto do medidor o quadro estiver, menor será o gasto com o cabo de ligação entre os dois (caixa de medição e QDLF). Como o diâmetro (bitola) desse cabo deve ser igual ao diâmetro do cabo que liga o poste da rua ao

Além de uma questão de segurança, para o conserto da maioria dos

problemas de eletricidade, é necessário desligar os disjuntores.

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Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 23

medidor, acaba sendo mais caro do que os utilizados para os circuitos internos. Se você usá-lo em menor metragem, vai economizar.

Definido o local da “caixa”, o passo seguinte será a liga-ção do circuito de distribuição, ou seja, a ligação entre o medidor e o quadro de luz.

O diâmetro dos cabos (fio neutro, fios fase e fio terra) que ligam o padrão de entrada ao quadro de distribuição é idên-tico ao estipulado pela companhia de distribuição para o padrão de entrada (isto é, o cabo que vem da rua e se liga ao medidor), pois ambos têm de suportar a mesma potência/amperagem. Assim, ao adquirir o padrão de entrada, é ne-cessário já estimar o custo desses cabos. Observe que, quan-to maior a distância entre o QDLF e o padrão de entrada, maior será esse custo. Uma vez adquiridos os cabos, bastará fazer a ligação com os cabos do padrão de entrada ao QDLF.

Essa ligação é feita em dois locais no QDLF:

• O cabo de proteção (ou terra) será ligado ao “barra-mento de proteção” ou “barramento de terra”.

• Os cabos neutro e os fios fase serão ligados a um disjun-tor específico, chamado Disjuntor Diferencial Residual Geral ou “DR” (diferencial residual).

A função desse disjuntor (DR) é proteger as pessoas. Ele cumpre essa função porque identifica a fuga de corrente e desvia essa parte da corrente elétrica para um aterramen-to, protegendo quem estiver por perto. É o mesmo que acontece quando uma pessoa encosta num fio desencapa-do; ela passa a conduzir energia elétrica para o chão. Essa parte da corrente elétrica que é desviada, e não retorna pelo fio neutro ou por outro fio fase, é identificada no dispositivo diferencial residual que desliga o circuito. Di-ferentemente deste, os disjuntores antigos só protegiam os circuitos elétricos (fios) nos casos em que a corrente elétri-ca excedia o limite para o qual ele era projetado. O disjun-tor residual é, portanto, uma peça obrigatória nos quadros de luz atuais. Mas nem sempre foi assim.

O circuito elétrico que vai do medidor ao quadro de luz (QDLF) é chamado

circuito de distribuição.Os circuitos que ligam o quadro às tomadas e pontos de iluminação da

casa são chamados circuitos terminais.

Quanto maior o diâmetro de um cabo, maior passagem de elétrons ou energia ele é capaz de aguentar

e mais caro ele é.Existem tabelas prontas que indicam a relação entre amperagem e bitola

(diâmetro).

24 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

Embora seja um dispositivo de segurança muito importante, apenas recentemente esse tipo de disjuntor se tornou obrigatório. Assim, no dia a dia de seu trabalho, você poderá encontrar casas antigas que não contam com disjuntores desse tipo. Nesse caso, as ligações que vêm da caixa de medição serão feitas diretamente no disjuntor termomagnético e no barramento de fio neutro. Tenha em mente também que um eletricista consciente deve orientar os proprietários de imóveis que ainda não o possuam a instalá-lo.

Os disjuntores (DR) podem ser bipolares (1 fio fase + 1 fio neutro) ou tetrapolares (3 fios fase + 1 neutro, como o da figura).

Sua sensibilidade – em quaisquer dos casos – pode variar. Existem bobinas de sensibilidade de 30 mA, 100 mA, 300 mA, 500 mA, entre outras. As mais sensíveis são de 30 mA. Nesse caso, cortam a passagem de energia sempre que há fuga de corrente elétrica.

mA = miliampere1 mA = 1 milésimo de ampere

Barramento de neutro

Barramento deinterligação

das fases

Disjuntor diferencialresidual tetrapolar

Barramento de proteção

Disjuntores doscircuitos terminais

bifásicos

Disjuntores dos circuitos terminais

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Isso equivale a dizer que, por sua sensibilidade, o disjuntor “detecta” a variação de campo magnético e reage a problemas com grande rapidez. Isso impede que ocorram danos graves às pessoas que levam choques e contribui para evitar que sofram risco no caso de contato acidental com fios desencapados, tomadas, torneiras energizadas, chuveiros mal instalados etc.

Depois de passar pelo disjuntor diferencial residual, os cabos de fase seguem seu cami-nho para outro tipo de disjuntor existente no QDLF: o termomagnético. Mais especi-ficamente, eles vão para uma parte desse tipo de disjuntor chamado barramento de interligação das fases.

O disjuntor termomagnético – presente em todos os quadros de luz – também tem função de proteção. Mas ele foi feito para proteger: fios, tomadas etc.

Ele funciona com dois circuitos e reage, isto é, desliga automaticamente, cortando a passagem de energia, em duas situações:

• Quando há aquecimento excessivo por sobrecarga de potência – “função termo”. Dessa forma, impede-se o aquecimento da fiação e evita-se que ela pegue fogo. Essa parte do disjuntor protege o circuito em relação a uma sobrecarga pequena durante um longo tempo. Mas se durante esse período a instalação tiver sobre-corrente (ou seja, uma corrente elétrica maior do que a corrente para a qual ela foi dimensionada e que é suportada pela fiação por curtos intervalos de tempo) podem ocorrer incêndios.

Barramento de neutro

Barramento deinterligação

das fases

Disjuntor diferencialresidual tetrapolar

Barramento de proteção

Disjuntores doscircuitos terminais

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Disjuntores dos circuitos terminais

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• Quando há um aumento repentino de corrente elétri-ca, sendo esta maior que a especificada para o disjun-tor, como ocorre nos casos de curto-circuito.

Vimos até agora como se dá a ligação dos cabos que vêm da rua, passando pelo medidor e indo até o quadro de distribuição (QDLF). Vale lembrar que todos os fios uti-lizados até esse momento têm o mesmo diâmetro dos que foram estipulados pelo padrão de entrada.

Para passarmos para a próxima etapa do trabalho, a ins-talação dos circuitos terminais (aqueles que ligam o qua-dro de luz às áreas da casa), temos de voltar ao projeto de instalações da casa e fazer o planejamento da distri-buição de energia.

É pelo projeto que se vai indicar a quantidade de disjun-tores terminais que serão acoplados ao barramento de interligação das fases. Ou seja, a quantidade de disjun-tores dependerá da definição de quais (e quantos) serão os circuitos elétricos.

Definição dos circuitos elétricos

Vamos primeiro conhecer algumas regras básicas rela-cionadas aos disjuntores.

• O número de disjuntores terminais – e, portanto, de circuitos elétricos – será sempre par. Isto acontece por-que deve haver equidade na distribuição da potência em cada fase, de modo a não sobrecarregar uma delas enquanto as outras quase não são utilizadas.

• Os disjuntores terminais podem ser monofásicos (110 V) – como no caso dos pontos de luz e tomadas de uso geral (TUG) – ou bifásicos (220 V) – como no caso dos chuveiros e outros equipamentos elétricos com potência ativa (watts) elevada. Vale lembrar que o fio neutro não deve ser ligado a um disjuntor no terminal. Ele é ligado no barramento do fio neutro, assim como o fio terra, que é ligado no barramento de proteção (do fio terra).

Você sabia?Chuveiros com resistência elétrica comum não po-dem ser ligados em resi-dências com disjuntor diferencial residual. Nesse tipo de chuveiro há fuga de corrente, que fará o DR desligar o circuito. Nesse caso, o eletricista deverá instalar um chuvei-ro com resistência blinda-da, que seja compatível com o disjuntor diferen-cial residual. O tipo de resistência é informado nas embalagens dos chu-veiros.

Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 27

• No caso dos disjuntores terminais monofásicos, deve-se buscar um equilíbrio da potência prevista entre os pares.

Além dessas regras, há outras que devem ser obrigatoriamente cumpridas. São elas:

• Os circuitos de iluminação devem ser separados dos circuitos de tomadas.

• Cada TUE deve ter um circuito elétrico próprio, exclusivo para ela.

• Também deve ter circuito próprio (independente) todo ponto previsto para ali-mentar um equipamento com corrente superior a 10 A.

• Cada circuito elétrico deve receber, no máximo, 1 200 W (iluminação ou TUG). São exceções as TUG de 600 W. Nesse caso, é possível ter três no mesmo circui-to elétrico (1 800 W).

Isso posto, vamos observar novamente o projeto da casa com o qual estávamos trabalhando.

De imediato, podemos falar em dois circuitos elétricos bifásicos, sendo um para o chuveiro (circuito 1) e outro para a máquina de lavar roupa (circuito 2).

Se forem colocadas duas TUG de 600 W na cozinha, este pode ser um terceiro circuito, com 1 200 W (circuito 3).

O banheiro também receberá duas TUG de 600 W. Será o circuito 4, comportan-do 1 200 W.

As tomadas (TUG) da sala e dos quartos comporão mais dois circuitos:

• 4 TUG na sala = 400 W (circuito 5).

• 2 TUG em cada quarto = 200 + 200 = 400 W (circuito 6).

Os circuitos 7 e 8 serão de iluminação:

• quarto do casal (160 W), banheiro (100 W) e quarto menor (100 W) = 360 W (circuito 7).

• sala (160 W), cozinha (100 W) e área de serviço (100 W) = 360 W (circuito 8).

Ficamos, assim, com oito circuitos elétricos, sendo dois bifásicos e seis monofásicos, estes últimos formando dois pares com relativo equilíbrio:

• TUE 6 000 W (circuito 1)

• TUE 1 000 W (circuito 2)

28 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

• TUG 1200 W (circuito 3) ------ 1200 W (circuito 4)

• TUG 400 W (circuito 5) ------ 400 W (circuito 6)

• Iluminação 360 W (circuito 7) ------ 360 W (circuito 8)

Atividade 3PlAneje os circuitos elétricos

1. Em grupo de quatro pessoas, estudem a planta da casa a seguir.

2. Releiam as indicações sobre os circuitos elétricos e planejem os circuitos dessa residência.

No planejamento, lembrem-se de considerar a proximidade entre os cômodos.

3. Anotem um a um os circuitos planejados para verificar se há um equilíbrio possível entre os pares.

4. Quando o grupo concluir que chegou ao desenho ideal, ele deve ser colocado na planta.

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Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 29

Além do desenho dos circuitos, retornem ao início da Unidade e relembrem os símbolos dos pontos de iluminação e de tomadas e os incluam no desenho.

5. Vocês vão comparar os desenhos dos vários grupos e o monitor comentará, in-dicando os aspectos adequados e/ou inadequados das propostas.

Antes ainda de vermos a passagem dos condutores elétricos pelos eletrodutos, vamos voltar ao QDLF (página 22) e ver como ocorre a saída dos fios e cabos dos disjun-tores terminais e dos barramentos de fio neutro e de proteção (ver desenho a seguir).

Lembre-se de que, obrigatoriamente, cada um dos circuitos elétricos deverá ter, além dos fios fase e neutro, um cabo de fio terra.

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30 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

Vamos olhar, mais uma vez, a representação de um quadro de distribuição. Obser-ve que cabos de neutro (1) e de proteção (2) vão sair dos barramentos que lhes são correspondentes (1 e 2). Já os cabos de fases sairão dos disjuntores terminais (3).

Dimensionamento dos condutores

Retomando os circuitos terminais que indicamos anteriormente, vamos ver, primei-ramente, quais são os cabos que vão compor:

[1] – TUE (chuveiro) → 2 F + PE (2 fases + proteção)

[2] – TUE (máquina de lavar roupa) → 2 F + PE (2 fases + proteção)

[3] – 2 TUG (cozinha) → F + N + PE (fase + neutro + proteção)

[4] – 2 TUG (banheiro) → F + N + PE (fase + neutro + proteção)

[5] – TUG (sala) → F + N + PE (fase + neutro + proteção)

[6] – TUG (quartos) → F + N + PE (fase + neutro + proteção)

[7] – Iluminação (quarto/banheiro/quarto) → F + N + PE (fase + neutro + proteção)

[8] – Iluminação (sala/cozinha/serviço) → F + N + PE (fase + neutro + proteção)

Barramento de neutro

Barramento deinterligação

das fases

Disjuntor diferencialresidual tetrapolar

Barramento de proteção

Disjuntores doscircuitos terminais

bifásicos

12

3

Disjuntores dos circuitos terminais

monofásicos

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Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 31

O dimensionamento dos condutores a serem utilizados em cada circuito segue a padronização indicada na NBR 5 410 da ABNT, que, como já citado, trata das instalações elétricas de baixa tensão.

Essa norma também define como deve ser a forma de instalação dos eletrodutos e dos fios e cabos. Em geral, nas instalações elétricas residenciais, usa-se o mé-todo de referência “B1”. Isto equivale a dizer que os condutores podem ser dis-postos em eletrodutos de seção circular ou não circular; e que estes eletrodutos podem estar aparentes, embutidos nas alvenarias, sobre paredes ou um pouco espaçados destas (menos de 0,3 vez o diâmetro de eletroduto) ou, ainda, em espaço de construção.

Definido o método de referência, o próximo passo é a escolha da bitola ou do diâ-metro dos cabos (condutores) que serão utilizados, que também deve estar apoiada nas determinações da NBR 5 410.

Essa escolha deve levar em conta a corrente elétrica prevista para passar pelos cabos e a quantidade de condutores carregados de cada circuito (fases e neutro). Quanto menor a espessura do cabo, menor será a corrente que suportará.

A tabela com as indicações precisas dos diâmetros com as respectivas capacidades de condução de corrente elétrica está na ABNT. Confira a seguir algumas das in-dicações que permitirão concluir as instalações dos circuitos terminais.

Seção nominal (mm2)

Método de referência: B1

Número de condutores carregados

2 3

Fase + Neutro 2 Fases + Neutro

Capacidade de condução de corrente elétrica (A)

0,5 9 8

0,75 11 10

1 14 12

1,5 17,5 15,5

2,5 24 21

4 32 28

32 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

Passagem dos circuitos elétricos terminais

Definidos os circuitos terminais e dimensionados os condutores, agora é preciso levá-los até os pontos de li-gação: tomadas (TUE e TUG) e pontos de luz.

Nesse momento, há um importante cuidado a ser obser-vado: quando dois circuitos se cruzam, os eletrodutos pelos quais eles serão passados devem estar em alturas diferentes: um na laje e outro no piso. Isso evita que sejam gerados campos magnéticos que tragam problemas futuros.

Chegou a hora de fazer a passagem dos condutores pelos eletrodutos.

Para isso, você usará uma ferramenta específica: um pas-sa fio. Trata-se de cabo flexível de PVC, que pode ter de 15 m a 25 m. Em uma de suas pontas há uma pequena esfera, que será introduzida, em primeiro lugar, no ele-

Seção nominal (mm2)

Método de referência: B1

Número de condutores carregados

2 3

Fase + Neutro 2 Fases + Neutro

Capacidade de condução de corrente elétrica (A)

35 125 110

50 151 134

70 192 171

95 232 207

120 269 239

150 309 275

185 353 314

240 415 370

300 477 426

Essa tabela é uma versão bastante resumida das indicações

apresentadas na NBR 5 410. Diante de situações diferentes das citadas, a

norma deverá ser consultada.

Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 33

troduto. Sua função será conduzir o passa fio e, caso necessário, desobstruir even-tuais estrangulamentos.

Na outra ponta do passa fio estarão presos os cabos que serão inseridos no eletrodu-to. Para prendê-los, essa extremidade do passa fio conta com uma pequena abertura.

Após inserir os cabos de determinado circuito nessa abertura, o eletricista deverá prendê-los com fita isolante, assegurando-se de que estejam bem presos. Dessa forma, não haverá risco de um dos cabos se soltar no meio do caminho e ficar “perdido” no eletroduto. Caso isso aconteça, você deverá retirar todos os cabos e começar uma nova operação de passar os fios.

Vale a pena enfatizar: se você estiver fazendo uma instalação nova, todos os cabos de um mesmo circuito elétrico devem ser colocados no eletroduto ao mesmo tempo. Se a condução dos fios e cabos for uma a uma, a chance de eles se atritarem, “ma-chucando” ou partindo sua camada de isolamento, aumenta.

Se isso ocorrer, você já sabe, haverá fuga de corrente elétrica (de elétrons) por meio dos condutores. Além de o proprietário pagar pela energia desperdiçada, o maior perigo corresponde ao risco de choques e curtos-circuitos.

Se a instalação não for nova, e você tiver de substituir um fio cortado e/ou colocar um novo, não irá tirar todos os fios para passá-los outra vez. Nesse caso, passa-se apenas o novo fio, utilizando o passa fio.

Um último detalhe a ser observado na passagem dos condutores pelos eletrodutos é o seguinte: os condutores não devem preencher mais do que 40% do diâmetro dos eletrodutos.

Esse cuidado tem o mesmo objetivo de que falamos: evitar atrito entre os cabos, rupturas em sua camada isolante e fuga de corrente elétrica.

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34 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

Atividade 4 exercite o uso do PAssA fios

No laboratório da escola, vamos, neste momento, exercitar o uso de passa fios e a colocação dos condutores em eletrodutos.

1. Forme dupla com um colega e se familiarizem com as ferramentas e materiais: condutores, passa fios, eletrodutos. Aproveitem este momento para se lembrar do passo a passo do processo.

2. Quando estiverem prontos, iniciem o trabalho. Um de vocês será o responsável pela atividade, enquanto o outro vai observar e orientar, de acordo com o que foi visto nesse item. Depois, vocês invertem os papéis.

3. Terminada a atividade, conversem com os colegas e com o monitor sobre as di-ficuldades e os aprendizados. Anotem as conclusões e as observações que possam auxiliá-los quando forem exercer a ocupação.

Ligações dos pontos de luz, tomadas e chuveiros

Vencida mais uma etapa! Agora os condutores elétricos estão nos eletrodutos, mas ainda falta ligá-los.

Vamos, agora, à parte final de seu trabalho de instalador residencial: fazer, enfim, as ligações dos pontos de luz (incluindo interruptores), tomadas e chuveiros.

Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 35

Para todas essas ligações valem os mesmos procedimen-tos iniciais:

• Descasque as pontas dos fios que serão conectados; tanto dos fios que passaram pelos eletrodutos como dos aparelhos. Para isso, utilize descascadores de fios, com cuidado para não rompê-los. Há cabos cujos fios que os compõem são muito finos, o que requer uma atenção especial.

• No momento de uni-los, torça um no outro e isole as conexões com fita isolante.

Circuito de iluminação

Já vimos que os circuitos de iluminação envolvem três condutores: fase, neutro e de proteção (fio terra).

O que não falamos ainda é que parte desses condutores tem de passar por dois lugares: o ponto de luz e seu interruptor.

Observe como as ligações devem ser feitas.

• O condutor neutro (azul-claro) – que tem seu ponto de origem no barramento de neutro – será conectado di-retamente ao ponto de luz.

• O condutor de proteção ou terra (verde ou verde e ama-relo) – que tem origem no barramento de proteção – poderá ser isolado em uma parte da luminária, desde que essa parte seja feita de material não condutor de energia. Ele deverá ser ligado na parte específica do dis-positivo para o aterramento. Esse fio jamais poderá ser ligado junto com o neutro ou com o fase.

• O condutor de fase (vermelho ou preto) – que tem ori-gem nos disjuntores de circuito terminal monofásico – será conectado diretamente ao interruptor, e seguirá, por meio do fio denominado retorno, do interruptor ao ponto de luz.

O trecho de ligação do condutor de fase até o interruptor é chamado

circuito de fase. Já o trecho de ligação do ponto de luz ao interruptor é

chamado circuito de retorno.

36 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

F1 N

N (neutro)

PEF2

Circuitode retorno

Circuitode fase

F2

F2 (fase)N

PE

7 6 5 4 3 2 1

Barra de aterramento para o �o terra - condutorde proteção elétrica (PE)

E quando há dois interruptores acionando uma mesma lâmpada?

Essa situação é bastante comum em quartos – um interruptor fica próximo à porta e outro próximo à cabeceira da cama – e em escadas, quando se coloca um inter-ruptor em cada extremidade.

Nesse caso, o condutor de fase deverá ser conectado ao primeiro interruptor. Deste, deverão sair dois retornos, que serão ligados ao segundo interruptor. Depois, como no caso anterior, um retorno será ligado ao ponto de luz.

Fase

Neutro

Retorno

Retorno

Retorno

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n C

alas

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Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 37

• O condutor neutro (azul-claro) – que tem seu ponto de origem no barramento de neutro – será conectado diretamente ao condutor neutro da tomada (indicado pela letra N).

• O condutor de proteção ou terra (verde ou verde e amarelo) – que tem origem no barramento de proteção – deve ser ligado no conector do fio terra da tomada, que corresponde ao pino central.

• O condutor de fase (vermelho ou preto) – que tem origem nos disjuntores de circuito terminal monofásico – será conectado diretamente ao condutor de fase da tomada (indicado pela letra F).

7 6 5 4 3 2 1

F1

N (neutro)

F2

F1 (fase)N

PE

Barra de aterramento para o �o terra - condutor de proteção elétrica (PE)

N (neutro)

F1 (fase)

PE

N

PE

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n C

alas

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Circuito de ligação monofásico

Por serem monofásicas, as tomadas mostradas anteriormente têm condutores em seus circuitos de ligação: fase, neutro e condutor de proteção (fio terra).

Essas ligações são mais simples do que as do circuito de iluminação, pois não há retorno. Veja no texto e no desenho a seguir.

Circuito de ligação de chuveiro (tomadas de uso específico – TUE)

Escolhemos o chuveiro para exemplificar um circuito de ligação bifásico, com equipamento de 220 V. Outras TUE são instaladas praticamente da mesma forma.

38 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

Atividade 5fAçA, você mesmo, As ligAções

É hora de praticar! No laboratório da escola, há tomadas de diferentes tipos e kits para a instalação de pontos de luz.

Escolha o que vai fazer primeiro e mãos à obra.

Passe pelos três tipos de circuitos. O monitor estará com a classe para orientar, tirar dúvidas, relembrar os detalhes tratados nas aulas.

Anote suas dificuldades, as respostas e dicas que possam ajudá-lo no futuro.

Bem, já que você sabe como fazer, é só ligar os disjunto-res. A casa – agora, sim! – pode ser habitada!

N

PEF2 F1 (fase)

F1

F2 (fase)N

PE

7 6 5 4 3 2 1

Barra de aterramentopara o fio terra - condutorde proteção elétrica (PE)

Sempre que a passagem de corrente elétrica for expressiva e o risco de

acidente ou choque o justificar, deverá ser instalado, junto da ligação

do aparelho, um disjuntor residual (DR) adicional, como medida de

proteção. É o caso dos chuveiros e de outras TUE em áreas molhadas ou

externas das residências.

Hoje as instalações residenciais seguem, obrigatoriamente, um novo

padrão de tomadas. O reparo de tomadas antigas pode ser feito, mas o ideal é que elas sejam substituídas.

Embora essa decisão caiba ao proprietário, o eletricista pode

incentivar a mudança para o novo padrão de tomada, por motivos

de segurança.

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Esse tipo de ligação envolve três condutores: 2 fases e 1 condutor de proteção (fio terra). Nesse caso, todos os três fios seguem o mesmo caminho, como mostrado no de-senho a seguir. Isso também ocorre em relação a outras tomadas de uso específico.

Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 39

unida d e 8

Manutenção corretiva residencialQuando se fala em manutenção, logo pensamos em uma ação que se faz preventivamente, isto é, antes que algum problema aconteça.

De fato, essa é uma das possibilidades de manutenção e, com certeza, a mais recomendável, por se tratar de equipamentos que envolvem algum risco, como é o caso das instalações elé-tricas de uma casa.

Mas, sejamos sinceros, dificilmente você será chamado por um cliente apenas para olhar se as instalações elétricas de sua casa estão em ordem. O mais provável é você ser chamado quando houver algum problema elétrico a resolver.

E quais são os mais comuns? Um chuveiro que não esquenta, um fio que derrete, uma tomada que não funciona, um inter-ruptor que não acende a lâmpada...

Em geral, são situações simples, mas que podem se mostrar complicadas de serem resolvidas, se o diagnóstico não for acer-tado. Ou seja, se você não conseguir identificar o problema.

Esta Unidade será dedicada a destrinchar alguns desses proble-mas. Outros, você aprenderá a solucionar na prática da ocupa-ção ou por meio de livros e manuais de consulta.

Por onde começar?

Qualquer que seja a causa pela qual você foi chamado, observe atentamente se, antes de iniciar o trabalho, não é preciso inter-romper a passagem de energia.

Há problemas que você terá que investigar com a corrente elétrica em funcionamento. É o caso, por exemplo, de identificar a tensão

40 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

fornecida utilizando um multímetro, o que possibilitará checar se um circuito está funcionando corretamente.

Outra situação semelhante é a identificação da passagem de corrente em um circuito. Isso se faz com um alicate amperímetro e com o disjuntor ligado. Somente para introduzir um amperímetro no circuito ou quando for mexer nele, ele será desligado.

De qualquer forma, se você tiver dúvida quanto à sua segurança, interrompa a passagem de energia. Isso evi-tará que você se arrisque sem motivo.

Constatado o problema, avalie se é necessário cortar a energia de toda a casa, desligando o disjuntor residual (DR), ou apenas desligar um dos disjuntores de circuito terminal, de forma que a energia não chegue a um ou outro ponto da casa, mas esteja presente nos demais ramais.

Depois, faça um teste para ver se, de fato, a passagem de corrente está interrompida. Afinal, pode ser que o proble-ma seja esse: excesso de energia passando por locais onde não deveria. E como fazer esse teste? Utilizando um am-perímetro, aparelho que mede se há passagem de energia em determinado ponto e qual a sua intensidade.

Outra providência importante: não se esqueça de seus equipamentos de proteção individual e de outros pro-cedimentos fundamentais para sua segurança. Já trata-mos desse assunto na Unidade 4 do Caderno 1, mas nunca é demais reforçar:

• use botas ou sapatos com solado de borracha;

• trabalhe com ferramentas com cabos feitos de materiais isolantes;

• esteja com as mãos e os pés sempre secos;

• deixe em casa: relógios, brincos, anéis, pulseiras, cor-rentes..., quaisquer objetos metálicos que tenha o cos-tume de usar com regularidade.

Com esses cuidados, você pode começar a trabalhar.

Entre eletricistas há uma máxima que diz que nunca se utilizam as duas

mãos ao trabalhar com eletricidade, pois se a corrente elétrica passar

entre as duas mãos do profissional, ela passará pelo coração. Se a

corrente elétrica não passar pelo coração, a chance de causar danos

irreversíveis será menor.

Veja o que diz este texto: “O corpo humano é con-dutor de eletricidade e sua resistência varia de pes-soa para pessoa e ainda depende do percurso da corrente. A corrente no corpo humano sofrerá variações conforme for o trajeto percorrido e com isso provocará efeitos di-ferentes no organismo. Quando percorridos por corrente elétrica os órgãos vitais do corpo podem sofrer agravamento e até causar sua parada levando a pessoa à morte”.

ALCANTARA, Daniel Soares de. Efeitos da eletricidade no corpo humano. Disponível em: <http://dalcantara.vilabol.uol.com.br/index4.html>.

Acesso em: 4 jun. 2012.

Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 41

Alguns problemas cotidianos e suas soluções

Iluminação

Problema: este interruptor não acende a lâmpada!

Causas prováveis:

• Um ou os dois fios que se ligam ao interruptor estão desconectados.

• O circuito elétrico não está funcionando, podendo ser um problema de sobrecarga ou de fiação partida, im-pedindo a passagem de energia.

• O interruptor está quebrado/queimado.

O que fazer:

• Primeira causa: com uma chave de fenda ou Philips, solte os parafusos e retire o espelho do interruptor. Se a causa do problema for comprovada, faça a religação dos fios. Teste o conserto, fechando o circuito. Reco-loque o espelho.

• Segunda causa: verifique se outros pontos de ilumina-ção que fazem parte desse circuito elétrico estão ope-rando adequadamente. Faça isso usando um aparelho de medição de passagem de corrente. Se o circuito estiver com problema, cheque se há sobrecarga que impeça o religamento do disjuntor.

Descartada a sobrecarga, verifique se há problemas com a fiação e providencie sua substituição. Para acertar isso, desligue a chave geral (todos os disjuntores) e refaça o circuito usando cabos novos.

• Terceira causa: verifique se há marcas de oxidação nos terminais ou coloração que indique sobreaquecimento e deterioração do material. Se isso ocorrer, troque o inter-ruptor.

Sempre que fizer emendas em fios, junte os lados com cuidado e

firmeza, pois isso vai evitar que se soltem ou esquentem pela liberação

de energia. Depois de prender os condutores, isole-os bem, sem

economizar fita isolante.

Informe o cliente sobre os custos e o tempo desse tipo de reparo e aprove

o orçamento antes de iniciar o trabalho.

42 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

Problemas: qualquer lâmpada nesse soquete queima di-reto! Uma hora essa lâmpada acende, outra não. O que acontece?

Causas prováveis:

• O soquete da lâmpada apresenta defeito ou mau con-tato.

• Há problemas de isolamento elétrico nos fios do cir-cuito (fuga de corrente elétrica).

• Os fios estão fora do padrão para a intensidade de energia.

O que fazer:

• Primeira causa: teste o soquete para verificar se há problemas de passagem de energia. Se confirmado o defeito, substitua-o.

• Segunda e terceira causas: substitua a fiação do circui-to elétrico.

Não segure na parte de metal do bocal da lâmpada se a energia

não estiver cortada.

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Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 43

Tomadas

Problema: eu tento ligar a televisão e nada acontece!

Causa provável:

• A tomada está danificada, o que pode ser resultado do tempo de uso ou uso inadequado (ligação de um aparelho em curto-circuito, por exemplo).

O que fazer:

• Use um multímetro para verificar se a tensão na tomada está correta, ou se não há tensão na tomada, e faça um teste para identificar o fio fase na tomada.

• Substitua a tomada.

• Desligue o circuito que alimenta a tomada em questão. Com uma chave de fenda, desparafuse e retire o espelho da tomada. Remova os parafusos internos e retire a tomada da caixa onde fica embutida. Desaperte os parafusos que fixam os fios. Verifique se os fios estão em bom estado.

• Se estiver tudo certo, conecte os fios na tomada nova, aperte os parafusos e faça o processo inverso, até a colocação do espelho.

• Se os fios estiverem danificados, faça a substituição.

Chuveiro

Problema: no meio do meu banho, o fio começou a pegar fogo. Eu quase morri de susto!

Causas prováveis:

• Sobrecarga de energia.

• Condutores inadequados para a intensidade da corrente elétrica e potência do aparelho.

O que fazer:

• Desligue a passagem de energia e substitua o circuito elétrico do chuveiro. Con-fira se o dimensionamento do cabo utilizado está adequado e considere a utiliza-ção de cabos com diâmetro maior (maior bitola).

• Observe também as orientações do fabricante com relação às distâncias do chu-veiro até a caixa de distribuição.

44 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

• Verifique as junções, pois como o chuveiro envolve grande corrente elétrica elas podem causar o incêndio. Utilize junções cerâmicas com dimensões adequadas para a corrente elétrica do chuveiro.

Problema: com todo esse frio, o chuveiro não esquenta!

Causas prováveis:

• Sobrecarga: ao ligar o chuveiro, caem os disjuntores.

• A resistência está queimada ou partida.

• A corrente elétrica não está chegando até o chuveiro.

• A água não pressiona o sistema que faz funcionar o chuveiro.

O que fazer:

• Primeira causa: desligue a passagem de energia e subs-titua o circuito elétrico do chuveiro. Considere a uti-lização de cabos com diâmetro (bitola) maior.

• Segunda causa: substitua a resistência.

• Terceira causa: verifique se a fiação está danificada ou se há fios partidos, com fuga de corrente elétrica, e substitua o circuito elétrico do chuveiro.

• Quarta causa: com uma chave de fenda, ajuste os me-canismos de forma que fiquem da mesma altura e mais sensíveis à pressão da água.

Os procedimentos devem ser realizados com os disjun-tores desligados.

Aquecedor, ferro elétrico, aparelho de ar- -condicionado

Problema: basta eu ligar o aparelho, que cai o disjuntor!

Causas prováveis:

• Sobrecarga de energia.

Não diminua a resistência para fazer a água do chuveiro ficar mais quente,

nem reaproveite pedaços da resistência trocada.

Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 45

• Os condutores são inadequados para a intensidade da corrente elétrica e potência do aparelho.

O que fazer:

• Use um circuito elétrico de maior potência para a li-gação desses aparelhos.

• Outra possibilidade é substituir os cabos do circuito elétrico que alimentam as TUE onde ficam esses apa-relhos. Considere a utilização de cabos com diâmetro (bitola) maior.

Antes de iniciar o trabalho, desligue a passagem de energia.

Atividade 1Pesquise outrAs situAções

Não é a intenção, nesta Unidade, esgotar o universo de possibilidades de consertos, mas apenas dar algumas indicações dos problemas mais comuns com os quais o eletricista tem de lidar em seu dia a dia.

1. Para enriquecer essa lista, levantem na classe outros pro-blemas que lhes pareçam comuns. Façam uma lista com dez a quinze problemas mais usuais de uma instalação.

Sempre prefira fios e cabos de boa qualidade. Embora mais caros, sua

utilização evita problemas como superaquecimento e desgaste

acelerado dos isolantes, além de evitar que a passagem de energia

fique prejudicada.

46 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

2. A classe vai se dividir em grupos e cada grupo deve pesquisar as causas prováveis, encontrando as possíveis soluções para três ou quatro dos problemas apresentados na lista do item anterior.

3. Tragam os resultados da pesquisa para a classe. Vocês podem fazer um cartaz para cada um dos problemas pesquisados e suas soluções. Antes de fazer o cartaz e apresentar à classe, verifiquem com o monitor se as soluções propostas são adequadas.

4. Terminadas as exposições, o monitor poderá orientar a classe sobre como registrar essas orientações em seus cadernos. Assim, todos ficarão com dicas mais com-pletas dos procedimentos para a solução de cada caso.

Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 47

unida d e 9

As atitudes e as relações nos locais de trabalhoAlém dos saberes técnicos – mais específicos da ocupação –, se você retomar a Unidade 2, verá que há um conjunto de saberes listados como necessários na Classificação Brasileira de Ocupa-ções (CBO) que dizem respeito ao modo de ser e de agir das pessoas em seus locais de trabalho.

Nossa proposta é examinar, neste momento, quais são essas atitudes e esses saberes.

Alguns deles já foram comentados ao longo do texto, em par-ticular:

• A necessidade de seguir normas de segurança, que você po-derá consultar, sempre que necessário, no site do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), na seção Legislação e, den-tro dela, no item Normas Regulamentadoras, e de fazer uso de equipamentos de proteção individual.

• A importância de estar preparado para enfrentar situações de emergência, visto que, ao trabalhar com circuitos e equipa-mentos elétricos, os riscos de choque estão sempre presentes.

Outros aspectos apontados na CBO, como manter atenção constante no trabalho, também têm relação direta com as con-dições de segurança que o tipo de atividade impõe.

Entretanto, é possível ir um pouco além disso. Manter a atenção também pode ter implicações no tempo que se leva para fazer um serviço e em seu resultado. A tendência é você desempenhar melhor sua função, de forma mais limpa e organizada, e isso ficará evidente para seu cliente, gerando credibilidade e con-fiança em seu trabalho.

48 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

Associadas à atenção, demonstrar iniciativa e organização nos momentos de execu-ção de um trabalho também são atitudes colocadas como características desejáveis para os que querem exercer a ocupação de eletricista. E, certamente, não apenas para estes.

Mostrar-se motivado, buscar novas referências para realizar um serviço que ainda não sabe fazer, ir atrás de novos aprendizados... são fatores que podem contribuir muito para seu crescimento profissional.

Há várias possibilidades de intervenção: desde a procura de novos cursos e da lei-tura de revistas especializadas até a simples observação do trabalho de um colega de ocupação que tenha mais experiência que você. Tudo isso o ajudará a conhecer mais sobre a ocupação e a manter-se atualizado sobre novas técnicas e materiais, e demonstrará sua iniciativa e vontade de saber mais.

Quanto a organizar-se, já falamos, na Unidade 5, sobre como saber planejar bem um trabalho é condição essencial no cotidiano de qualquer profissional.

Isso não significa apenas programar-se e fazer um orçamento bem-feito. É muito importante levar a sério o cumprimento dos prazos combinados, seja com empre-gadores ou com clientes, no caso de exercer a atividade como autônomo.

Ninguém gosta de saber que uma obra vai atrasar, ainda mais quando isso envolve o próprio local de moradia.

Contratempos são normais: a dificuldade de achar um produto no mercado, alguém na família que precisa de sua ajuda e o faz se ausentar por algumas horas...

Mas é importante que você tente comunicar a possibilidade de atraso com antece-dência. E que explique os motivos pelos quais você vai atrasar a entrega prevista.

Essa explicação não resolverá o problema, mas, certamente, mostrará sua disposição de resolvê-lo da melhor forma possível e seu profissionalismo e comprometimento com o trabalho, características que precisam estar sempre presentes em seu cotidia-no profissional.

Um trabalhador com esse perfil mostra, tanto para os empregadores como para os clientes, que se pode contar com ele. Mais do que isso, mostra ética profissional. E esse é um caminho que pode lhe abrir novas portas no mundo do trabalho.

Mas o que, afinal, é ser ético?

Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 49

Atividade 1reflitA sobre éticA no trAbAlho

1. Leia o quadro a seguir e marque SIM para as atitudes que você considera éticas e NÃO para as que não considera éticas.

Atitudes SIM ou NÃO

Fazer um orçamento mais alto do que o normal porque naquele mês você teve despesas extras para cobrir.

Ajudar um companheiro de trabalho que está atrasado em seu serviço, mas que não faz parte do que seu empregador espera que você faça.

Levar para sua casa sobras de material.

Comentar com o empregador ou com os encarregados em uma obra que um colega de trabalho faz o trabalho dele muito devagar.

Organizar um grupo de colegas de ocupação para reivindicar condições melhores de trabalho.

Procurar o sindicato, caso se sinta prejudicado no ambiente de trabalho, independentemente das relações pessoais.

2. Discuta suas respostas com a classe e tentem chegar a um consenso sobre as atitudes que todos devem ter no cotidiano (não apenas no ambiente de trabalho).

Nessa discussão, vocês devem ter percebido como a cooperação é fundamental. Principalmente em uma obra de porte médio ou grande, onde várias pessoas traba-lham juntas e, em geral, o trabalho de uma depende e interfere na atividade da outra.

Referir-se aos colegas, clientes e empregadores de forma respeitosa ajuda a preservar o clima de cooperação, além de tornar o ambiente de trabalho mais prazeroso para todos.

Quantas vezes você ouviu falar ou teve de conviver com pessoas grosseiras que se sentem superiores às demais? É horrível, não é mesmo?

Pois é. Assim como não temos de conviver com alguém que não nos reconhece nem nos respeita, também não devemos agir desse modo com os colegas.

Pessoas são diferentes umas das outras: são diferenças físicas, diferenças no modo

50 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

de pensar, diferenças no modo de agir, diferenças de idade, diferenças de orientação sexual, entre tantas outras.

Além de as pequenas regras de civilidade ajudarem a manter o ambiente de trabalho equilibrado, respeitar as diferenças e reconhecer a todos como iguais é uma questão de cidadania.

Um último aspecto que vale a pena ser relembrado tem relação com a necessidade de um eletricista demonstrar condicionamento físico para exercer a função. Isso não quer dizer ser magro ou extremamente ágil. Afinal, nem sempre a atividade exigirá tanto de você.

Entretanto, por outro lado, é preciso ter claro que trabalhar em pé durante várias horas e subir em escadas, por exemplo, fará parte de seu cotidiano. Reflita sobre suas características e disposição e veja se o trabalho está adequado ao que você de fato espera fazer.

Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 51

unida d e 10

Possibilidades de trabalho e vínculos empregatíciosSaber como exercer uma ocupação nem sempre é suficiente para que as pessoas tenham sucesso em sua vida profissional.

Estudar, ampliar nossos saberes, é, sem dúvida, o primeiro pas-so para começarmos nossa carreira. Contudo, mesmo que ado-temos essas atitudes, às vezes esbarramos em problemas que não conseguimos contornar e, com isso, não seguimos adiante na ocupação escolhida.

Você já deve ter ouvido falar de alguém que montou um negó-cio próprio, por exemplo, mas esse negócio não foi para a fren-te; ou de uma pessoa que sabe fazer muito bem alguma coisa, mas não encontra um emprego naquela área.

Isso pode acontecer por várias razões: uma crise econômica nacional ou mundial, uma mudança no processo de produção na área em que estamos procurando trabalho e que ainda não conhecemos, uma alteração na forma de organizar um servi-ço etc.

Conhecer o mercado de trabalho pode ser um caminho para evitar que você seja pego de surpresa na hora de procurar um local para trabalhar, ajudando-o a saber quais são as oportuni-dades que seus novos saberes podem lhe abrir.

É por isso que nesta Unidade vamos tratar do mercado de trabalho que está aberto para eletricistas residenciais de nível básico.

Mas lembre-se: o mercado de trabalho é dinâmico, ou seja, muda conforme a economia, a localidade, a ocupação. Portan-to, você tem de estar sempre se atualizando. E isso vale para tudo que fazemos.

52 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

Como está o mercado de trabalho?

Se pensarmos nos eletricistas de modo geral, podemos vê-los com um amplo campo de trabalho pela frente. Quando vocês entrevistaram trabalhadores dessa área, na Unidade 2, devem ter encontrado eletricistas atuando na indústria, na construção civil, em residências... São várias as possibilidades.

Atualmente, no Brasil, a construção civil é um mercado em franca expansão.

Como a economia do País está crescendo, as pessoas estão conseguindo comprar moradias, as construtoras estão fazendo mais prédios e existe um maior investi-mento público em obras para a melhoria das cidades.

Isso equivale a dizer que há muita procura por pedreiros, pintores, azulejistas, eletricistas, mestres de obra, entre outros profissionais do setor. Ou seja, está mais fácil conseguir trabalho nessas áreas.

Por outro lado, também há um contingente grande de trabalhadores de outros setores buscando emprego na construção civil. Inclusive mulheres, que, há poucos anos, estavam totalmente ausentes das obras e desse tipo de ocupação.

O campo de trabalho para o eletricista que quer atuar nas áreas industriais, na manutenção preventiva e corre-tiva de máquinas, também está em expansão.

Afinal, mesmo que outras formas de energia – que se renovem e não sejam nocivas ao meio ambiente – estejam sendo buscadas, ainda há muitas indústrias e máquinas ou equipamentos cujo funcionamento está concentrado na eletricidade. E isso deverá se manter por um bom tempo.

Se você é mulher, certamente seu desafio para entrar nessa área é maior. Mas as mulhe-res já enfrentaram tantas ve-zes a dificuldade de serem aceitas em novas ocupações que não será agora que vão desistir, não é mesmo?

Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 53

Atividade 1o trAbAlho de eletricistA

1. O texto a seguir fala do trabalho de eletricista, comentando dois aspectos que nos interessam: o da segurança – abordado na Unidade 4 – e o do mercado de trabalho. Leia com atenção. Trata-se de parte de um artigo publicado no site Manutenção e Suprimentos.

[...]

O trabalho de um eletricista é de alto risco de acidentes como choque

elétrico, quedas de andaimes ou de escadas. Eles trabalham nas situações

mais desconfortáveis, por isso, há a necessidade de utilizar sempre equi-

pamentos de proteção individual para evitar acidentes graves, especialmen-

te quando o profissional trabalha diretamente com instalação e monitora-

mento de circuitos elétricos, seja em indústrias ou na construção civil.

Energia renovável é aquela que pode ser gerada constantemente, sem depender de fontes que podem se esgotar de uma hora para outra. A energia captada por meio dos ventos (chamada energia eólica), por exemplo, é um tipo de energia renovável.

Diversificar a matriz energética é uma maneira de fazer a indústria crescer, mas também é necessário para o País.

Veja o que diz Ricardo Baitelo, coordenador, no Brasil, da Campanha de Energias Renováveis da organi-zação não governamental Greenpeace.

“Hoje, o parque elétrico nacional é baseado em grandes usinas hidrelétricas e absolutamente depen-dente do regime pluviométrico. Apesar de complementado pelo acionamento temporário de terme-létricas movidas a combustíveis fósseis, esse modelo provoca insegurança e ameaça o desenvolvi-mento do Brasil”, explica Baitelo. “Os riscos de racionamento podem ser minimizados, no curto prazo, com políticas sérias de incentivos às renováveis. Estamos propondo um novo modelo”.

Relatório aponta caminho da sustentabilidade energética brasileira. Greenpeace, 28 maio 2008. Disponível em: <http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/

relat-rio-aponta-caminho-da-su/>. Acesso em: 4 jun. 2012.

54 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

Para todos os riscos que estão dispostos a assumir na carreira,

eletricistas são bem recompensados ganhando, em média, de

R$ 2 000,00 a R$ 3 000,00 por mês, dependendo da sua experiên-

cia, dos conhecimentos técnicos adquiridos com cursos complemen-

tares e também da região onde atuam. Sempre haverá oportunida-

des de emprego para eletricistas, porque há sempre um projeto de

construção em curso, principalmente levando-se em conta que o

setor de construção civil no Brasil cresce vertiginosamente. As em-

presas sempre precisarão de serviços de manutenção, uma vez que

elas contam com uma grande quantidade de eletricidade para man-

ter as operações fluindo normalmente.

O trabalho de um eletricista profissional. Manutenção & Suprimentos, 22 abr.

2008. Disponível em: <http://www.manutencaoesuprimentos.com.br/

conteudo/2037-o-trabalho-de-um-eletricista-profissional/>. Acesso em: 4 jun. 2012.

2. Junte-se com um colega e respondam:

a) Por que o artigo considera que os eletricistas são bem recompensados por seu trabalho?

b) Como vocês imaginam que o mercado de trabalho do eletricista será afetado, caso o País passe a usar outras formas de energia, como propõe o coordenador da Cam-panha de Energias Renováveis do Greenpeace no Brasil (ver boxe na página 55)?

3. Compartilhe suas conclusões com a classe.

Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 55

Possibilidades de trabalho para um eletricista residencial

Como eletricista residencial, você pode trabalhar:

• como empregado assalariado na condição de ajudante de eletricista para construtoras particulares (empresas privadas), que constroem prédios residenciais, e/ou para indústrias;

• como empregado assalariado, também na condição de ajudante de eletricista, para pequenas construtoras e/ou pequenas empresas que atendem diretamente resi-dências, prédios ou estabelecimentos de comércio que necessitam de serviços de eletricistas;

• por conta própria – de forma autônoma –, fazendo atendimento em residências, comércios etc.; e tocando sua ocupação sozinho ou em parceria com algum ami-go ou colega.

Empregado assalariado

O empregado assalariado é aquele que atua contratado por outro: pode ser por uma pessoa física ou por uma pessoa jurídica (uma empresa ou organização). Em geral, quando pensamos em trabalho assalariado, sempre nos vem à mente um trabalho com registro na carteira pro-fissional (carteira de trabalho) e direitos garantidos: apo-sentadoria após determinado tempo de trabalho, auxílio- -doença, auxílio em caso de acidente de trabalho, vale-transporte, vale-refeição etc.

É possível que você já tenha passado por uma experiên-cia de trabalho assalariado. Por isso, pode ter uma opinião com relação às vantagens e, também, quanto a algumas dificuldades que se tem de enfrentar quando se trabalha para um empregador.

As principais vantagens desse tipo de trabalho (indepen-dentemente do lugar) são o salário garantido e o vínculo empregatício assegurado pelo Estado.

Neste caso, o início da ocupação pode ser mais difícil, pois você

precisará arrumar clientes e comprar todo o material necessário

para começar.

56 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

Em geral, o trabalhador tem um salário fixo, que é anotado em sua carteira de trabalho. E com esse registro em sua carteira, ele goza de direitos sociais como férias, 13o salário, descanso semanal remunerado e licença-maternidade ou licença-pater-nidade, entre outros benefícios assegurados pela Constituição Federal e pela Con-solidação das Leis do Trabalho (CLT).

Há ainda os direitos chamados previdenciários, que estão associados ao pagamento, por parte do empregador e do empregado, da contribuição previdenciária – que é feita ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

O valor de contribuição dos empregados corresponde a um porcentual do que ele ganha, e que é recolhido diretamente do seu salário. Esse porcentual varia: quanto maior o salário do empregado, maior será a alíquota de contribuição.

Veja a tabela a seguir:

Tabela de contribuição dos segurados empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso, para pagamento de

remuneração. A partir de 1º de janeiro de 2012

Salário de contribuição (R$)Alíquota para fins de

recolhimento ao INSS (%)

Até R$ 1 174,86 8

De R$ 1 174,87 a R$ 1 958,10 9

De R$ 1 958,11 a R$ 3 916,20 11

Tabela de Contribuição Mensal. Ministério da Previdência Social. Disponível em:

<http://mpas.gov.br/conteudoDinamico.php?id=457>. Acesso em: 14 maio 2012.

A contribuição previdenciária garante ao empregado o direito de receber um auxí-lio em caso de doença ou de acidente de trabalho – entre outros problemas –, além de lhe assegurar a aposentadoria, que é de fato a “devolução” do imposto recolhido durante a vida de trabalho.

Outro aspecto positivo do trabalho assalariado é que o trabalhador pode atuar com outros profissionais de sua área ou de áreas semelhantes à sua. E essa convivência possibilita uma troca de experiências muito rica para todos. Ou seja, novas possibi-lidades de qualificação são abertas.

Os profissionais que atuam no mesmo local podem e devem se ajudar. A solidarieda-de e o esforço em equipe tornam o trabalho mais prazeroso e os resultados melhores.

Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 57

Atividade 2 Pense sobre o trAbAlho AssAlAriAdo

1. Com base no que você leu até agora, reflita sobre as características do trabalho assalariado e como é ter um emprego de ajudante de eletricista em uma grande e em uma pequena empresa. Veja o que lhe parece mais interessante e anote suas reflexões.

2. Troque suas impressões com os colegas, de modo a perceber aspectos que ainda não lhe tinham ocorrido e estão relacionados ao trabalho nas empresas. Podem ser aspectos positivos ou negativos.

Antes de seguir adiante, lembre-se: a forma ideal de trabalho é sempre aquela que garante os direitos do profissional. Entretanto, essa possibilidade não está disponí-vel para todos.

Por outro lado, há pessoas que preferem trabalhar sozinhas, de forma mais autôno-ma e com mais liberdade para organizar a própria vida. Pense no que será melhor em seu caso.

Trabalho por conta própria ou autônomo

Se você considerar que prefere trabalhar por conta própria, para atuar como eletri-cista em residências, em vez de ser empregado assalariado, lembre-se: esse caminho exige maior organização e planejamento.

58 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

O primeiro passo, nesse caso, é você se planejar sobre como começar, respondendo para si mesmo um conjun-to de questões. Por exemplo:

• Vou precisar de ajuda financeira (financiamento) para comprar os instrumentos e materiais de que preciso?

• Sei como e onde obter esse financiamento?

• Como vou divulgar meu trabalho e arrumar meus primeiros clientes?

• O bairro onde moro é um lugar adequado para divul-gar esses serviços ou tenho de fazer essa divulgação em vários locais da cidade?

• Estou tranquilo para iniciar meu negócio sozinho ou prefiro ter uma sociedade com alguém?

São várias perguntas, não é?

Atividade 3 PArA AtuAr como Autônomo

1. Imagine-se trabalhando como autônomo.Procure lembrar-se de suas características pessoais e re-gistre a seguir, na coluna da esquerda, aquelas que podem ajudá-lo nesse processo. Na outra coluna, liste as carac-terísticas que podem atrapalhá-lo.

Podem ajudar Podem atrapalhar

Exemplo: Sou muito organizado e cumpro os prazos com os quais me comprometo.

Exemplo: Não sei como cobrar adequadamente por meu trabalho.

Reflita sobre suas características pessoais e tente responder à seguinte pergunta: Eu tenho disposição para

comprar materiais, planejar meu trabalho, controlar meus ganhos e

minhas despesas? Essas são questões fundamentais para você decidir

trabalhar como autônomo.

Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 59

2. Analise seu quadro e avalie se trabalhar por conta própria combina com suas características.

3. Apresente suas reflexões para a turma e troque ideias sobre suas conclusões com os colegas.

Como fazer uma planilha de custos

Saber se você tem ou não o perfil para trabalhar como autônomo provavelmente não será suficiente para decidir o que fará adiante.

Fazer uma planilha de custos servirá para você prever tudo o que vai gastar para iniciar na ocupação e ver se isso é possível nesse momento de sua vida.

No laboratório de informática, use um programa para elaborar uma planilha e calcular esses gastos. Se você não tiver muita familiaridade com o computador, forme dupla com alguém um pouco mais experiente. O monitor do laboratório também pode ajudá-lo.

Nessa planilha, você vai anotar todos os materiais que precisará comprar e que estão indicados na Unidade 3. Em seguida, escreva ao lado de cada item quanto vai gastar para comprá-lo pela primeira vez.

Você usará a planilha para saber se precisa ou não pedir financiamento a fim de abrir seu próprio negócio.

60 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

Além do material que você já tem descrito, é importante incluir nessa planilha os custos de se tornar um Microempreendedor Individual, que é uma forma de você garantir alguns direitos, como o de aposentadoria, mesmo sem ser empregado.

Finalmente, inclua também na planilha os custos que você terá para divulgar seu trabalho.

E não deixe de considerar que, quando trabalhamos por conta própria, temos de nos locomover todos os dias para diferentes locais de trabalho, o que representa mais um gasto diário.

Microempreendedor Individual (MEI)

Atualmente, existe uma legislação que facilita a abertura de empresas para quem tem pequenos negócios, cujo faturamento seja menor do que R$ 60 mil por ano.

Ser um microempreendedor individual pode ajudá-lo na hora de conseguir acesso a um empréstimo bancário. Você também ficará habilitado a se inscrever no INSS como contribuinte individual. Isso garan-tirá não só a possibilidade de você obter futuramente sua aposentadoria, como lhe dará direito a outros benefícios, como o auxílio-doença.

Para se tornar um microempreendedor individual, é preciso ir a uma junta comercial e abrir uma empre-sa. Não é nada complicado.

Você pode obter mais informações no site: <http://www.portaldoempreendedor.gov.br/modulos/inicio/index.htm> (acesso em: 14 maio 2012).

Dicas

1. Existe um órgão da Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho que concede financiamento a juros baixos para pessoas que estejam se iniciando em uma ocu-pação. Trata-se do Banco do Povo Paulista. Consulte o site da Secretaria para saber as condições de financiamento e os documentos necessários para obter o emprés-timo. Disponível em: <http://www.emprego.sp.gov.br/banco-do-povo>. Acesso em: 6 jun. 2012.

2. Identifique entre os amigos, vizinhos e parentes aqueles que podem ajudá-lo a divulgar seu trabalho. Veja se vale a pena pedir auxílio da associação de seu bairro ou colocar um anúncio em um site.

3. Consulte, de tempos em tempos, informações sobre os rendimentos médios das famílias em sua cidade. Esses dados estão coletados e divulgados por um órgão do governo do Estado de São Paulo: a Fundação Seade. Disponível em: <http://www.seade.sp.gov.br>. Acesso em: 14 maio 2012. Essa informação, associada às demais já apontadas na Unidade 5, poderá ajudá-lo a definir quanto poderá cobrar por seus serviços.

Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 61

unida d e 11

Seus novos conhecimentos e seu currículoCom esta Unidade, chegamos ao fim deste curso.

É importante, neste momento, que você esteja seguro do que aprendeu e de quais são agora seus conhecimentos. Você tam-bém tem de se preparar para se colocar no mercado de traba-lho: seja como empregado assalariado ou como profissional autônomo.

Vamos começar retomando seus conhecimentos.

Atividade 1observe de novo o que diz A cbo

1. Nossa primeira atividade será retomar o quadro que você elaborou na Unidade 2, no qual estão os saberes necessários para ser um eletricista residencial, de acordo com a CBO.

Você vai preencher o quadro novamente. Em seguida, compa-re-o com aquele que você preencheu no início do curso e veja se alguma coisa mudou.

Planejar serviços elétricos O que sei fazer O que sei fazer

mais ou menos O que não sei fazer

Levantar material a ser utilizado

Quantificar material a ser utilizado

Orçar serviço

Dimensionar local de execução de serviço

62 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

Planejar serviços elétricos O que sei fazer O que sei fazer

mais ou menos O que não sei fazer

Estabelecer cronograma de execução de serviço

Organizar equipamentos e ferramentas

Determinar número de ajudantes para o serviço

Realizar instalações

elétricas prediais

O que sei fazer O que sei fazer mais ou menos O que não sei fazer

Passar condutores elétricos nos dutos

Instalar quadros de distribuição de circuitos

Seguir padrões de medição

Instalar pontos de luz conforme solicitação do cliente

Balancear cargas de circuito de distribuição

Testar as instalações elétricas

Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 63

Executar serviços de

manutenção corretiva

O que sei fazer

O que sei fazer mais ou menos

O que não sei fazer

Identificar defeitos

Preparar equipamentos para manutenção

Selecionar ferramentas e materiais

Corrigir defeitos de máquinas, equipamentos e sistemas

Testar funcionamento de máquinas, equipamentos e sistemas

Liberar máquinas, equipamentos e sistemas para operação após manutenção

Parte dessas atividades, em particular as que envolvem máquinas e

sistemas, não foi trabalhada neste curso, pois não faz parte do escopo

de trabalho dos eletricistas de instalações residenciais.

Aspectos relacionados às

atitudes no âmbito pessoal e no ambiente de

trabalho

O que sei fazer O que sei fazer mais ou menos O que não sei fazer

Comunicar-se com os colegas

Demonstrar condicionamento físico para executar a função

64 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

Aspectos relacionados às

atitudes no âmbito pessoal e no ambiente de

trabalho

O que sei fazer O que sei fazer mais ou menos O que não sei fazer

Demonstrar iniciativa para executar o serviço

Demonstrar capacidade para enfrentar situações de emergência

Usar EPI (equipamentos de proteção individual)

Demonstrar atenção na execução do serviço

Demonstrar organização

Seguir normas de segurança

2. Comparando os dois quadros, a que conclusão você chega? Você considera que está mais preparado para ser um eletricista? Justifique sua resposta.

Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 65

É importante não ficar parado

Analisando esses quadros, é possível que você note que ainda há saberes e práticas que precisam ser aprimorados ou aprendidos por você.

Isso é normal e o fato não deve desanimá-lo.

Uma parte desses conhecimentos você poderá adquirir pesquisando, fazendo outros cursos, informando-se das mais diversas formas.

Há ainda conhecimentos, relacionados às mais variadas profissões, que os trabalhadores só aprendem na prática, com a experiência. Aliás, por essa razão, muitos empre-gadores apenas contratam pessoas que comprovem ter experiência de trabalho na área em que estão procurando.

Atividade 2 sAibA mAis sobre o desemPrego

entre os jovens

1. Leia o artigo a seguir, publicado em novembro de 2011:

Você sabia?A exigência de experiência prévia de trabalho por par-te dos empregadores é um dos fatores que implicam altos índices de desempre-go entre os jovens.

Também por essa razão os responsáveis pela ges-tão das políticas públicas desenvolvem políticas de emprego especialmente voltadas para a obtenção do primeiro emprego. Consulte a esse respeito os sites do Ministério do Trabalho e Emprego e do Governo do Estado de São Paulo. Disponíveis em: <http://www.mte.gov.br> e <http://www.saopaulo.sp.gov.br>. Acesso em: 14 maio 2012.

66 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

Desemprego atinge 12,9% dos jovens latino-americanos; percentual

dobra entre afrodescendentes

Paula Laboissière

Da Agência Brasil, em Brasília

Dados do Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa) indicam que 12,9% do

total de latino-americanos com idade entre 15 e 29 estavam desempregados em

2009, sendo que as taxas de desemprego entre jovens afrodescendentes são

maiores do que entre os demais da região.

O relatório Juventude Afrodescendente na América Latina: Realidades Diversas

e Direitos (des)Cumpridos, divulgado hoje (18), mostra que, no Brasil, por exem-

plo, o desemprego entre os jovens afrodescendentes chegava a 23,8% no início

da década, contra 20,7% entre o restante da população jovem. Os dados têm

por base o Censo Demográfico de 2000, do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE).

Na Colômbia, em 2005, 12,2% dos jovens afrodescendentes estavam desemprega-

dos, enquanto o percentual entre os demais jovens ficou em 9,3%. No Panamá,

em 2010, 15% do desemprego juvenil era representado por afrodescendentes,

contra 11,6% entre o restante dos jovens.

O documento aponta ainda que o desemprego na América Latina é maior entre

as mulheres jovens afrodescendentes. Na Guatemala e em Honduras, as taxas

de desemprego nesse grupo são três e duas vezes maiores, respectivamente,

do que os índices registrados entre as demais jovens.

Os jovens latino-americanos que não estudam nem trabalham, de acordo com

o relatório, totalizam entre 20% e 35%. Em 2000, no Brasil, as taxas entre afro-

descendentes chegaram a 29%, enquanto no restante da população jovem, o

índice ficou em 24%.

No Equador, os jovens afrodescendentes que não trabalhavam nem estuda-

vam representavam 47% do total, enquanto as taxas entre os demais jovens

alcançou 42%.

LABOISSIÈRE, Paula. Desemprego atinge 12,9% dos jovens latino-americanos; percentual dobra

entre afrodescendentes. Agência Brasil, 18 nov. 2011. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/

cotidiano/ultimas-noticias/2011/11/18/desemprego-atinge-129-dos-jovens-latino-americanos

-percentual-dobra-entre-afrodescendentes.htm>. Acesso em: 4 jun. 2012.

Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 67

2. Anote os aspectos do desemprego jovem que mais chamaram sua atenção.

3. Orientados pelo monitor, organizem um debate em classe para discutir o desem-prego jovem na América Latina e, em particular, o desemprego entre os afrodes-cendentes.

Seguindo adiante

Para continuar, sugerimos a você dois caminhos, que não são excludentes; ou seja, podem acontecer ao mesmo tempo.

Caminho 1 – Para ampliar seus saberes

Esse caminho tem como ponto de partida aquilo que você relacionou nas últimas colunas do quadro preenchido na atividade 1 desta Unidade (“Observe de novo o que diz a CBO”): “O que sei fazer”; “O que sei fazer mais ou menos” e “O que não sei fazer”.

Observando esses dados, planeje o que fará para dar sequência a seu aprendizado ou como ampliará seus conhecimentos para ser eletricista:

• Voltar a estudar.

• Procurar um novo curso nessa área.

• Ler revistas ou livros especializados.

• Pesquisar na internet informações sobre novas formas de trabalhar.

Só você poderá escolher o que fazer. Não há regra sobre o que é certo ou errado nessa hora. O importante é não deixar o tempo passar para não perder o ânimo e também se programar para realizar as atividades escolhidas de forma organizada.

68 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

O planejamento é um instrumento que deve ser revisto de tempos em tempos para não se tornar ultrapassado. Ações e prazos podem, e devem, ser sempre atualizados.

Não adianta prever muitas ações difíceis de serem executadas. A chance de você desanimar, nesse caso, é muito grande.

Atividade 3PlAneje seus Próximos PAssos

Para fazer seu planejamento, utilize o quadro a seguir.

O que fazer? Por quê? Como? Quando?

Caminho 2 – A preparação para o mercado de trabalho

Se você escolheu trabalhar por conta própria, programe-se para comprar suas fer-ramentas de eletricista e para divulgar seus conhecimentos, de modo a conquistar os primeiros clientes.

Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 69

Avise amigos, vizinhos, parentes, antigos empregadores. Informe a todos que você fez um curso de qualificação para ser eletricista de residências e pode trabalhar nes-sa área.

Se você vai procurar trabalho, é importante deixar seus documentos organizados e fazer seu currículo.

A primeira coisa a fazer é colocar em ordem seus saberes e suas práticas, para comprovar tudo o que você já fez.

Esses comprovantes, assim como uma cópia de seus do-cumentos pessoais, devem ser colocados, de forma orga-nizada, em uma pasta.

Ela servirá para sua apresentação nos locais em que você vai procurar emprego.

Esse tipo de pasta é conhecida como portfólio e deve conter:

• Comprovação de sua escolaridade formal – diplomas.

• Certificados de cursos que você fez – incluindo este.

• Comprovação de suas experiências de trabalho, que podem ser registros informais, declarações, fotos etc.

• Cartas de recomendação.

• Documentos pessoais.

Além de ter seus documentos organizados, você precisa preparar um currículo.

Nele você vai elaborar um resumo de tudo o que já fez, tudo o que sabe e o que pretende fazer.

Antigamente, os currículos eram extensos, e todas as informações constantes nele eram muito detalhadas.

Algumas pessoas até inventavam dados para tornar seus currículos mais interessantes.

Talvez você não saiba, mas a indicação (o “boca a boca”) é uma das

formas pelas quais as pessoas mais conseguem emprego.

Você sabia?A palavra currículo vem do latim, língua que deu origem ao português e a outros idiomas, como o espanhol, o francês e o italiano. A expressão cur-riculum vitae, traduzida do latim, quer dizer “car-reira de vida”. Em portu-guês, é melhor o termo currículo, em vez de cur-riculum ou curriculum vitae.

70 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l Eletricista 2

Hoje, os currículos são curtos e objetivos. Vão direto aos assuntos e, de preferência, ressaltam os conhecimentos e as práticas relacionados à ocupação ou ao cargo que a pessoa pretende.

Para tornar sua apresentação mais adequada, os dados que sempre devem constar em um currículo são:

a) Nome.

b) Dados pessoais. Inclua apenas seu endereço completo. Não precisa colocar data de nascimento, idade, nem estado civil. Essas informações só devem constar se forem im-portantes para o cargo ou função que você tem in-tenção de ocupar.

c) Objetivo, ou seja, a vaga em que você está interessado.

d) Seus saberes e suas práticas mais adequados ao traba-lho pretendido.

e) Histórico profissional, isto é, os trabalhos que já teve. Se você não teve emprego formal, escreva: “Principais experiências”. Siga a ordem cronológica inversa: co-mece pelo mais atual e siga em ordem até o mais antigo.

f) Escolaridade e cursos. Lembre-se de que, neste item, vale qualquer curso que você tenha frequentado – de idiomas, computação, oficinas de qualificação profis-sional relacionadas às suas áreas de interesse etc.

g) Trabalhos voluntários, passatempos e áreas de interesse.

h) Data (o dia da elaboração do currículo).

i) Assinatura.

Se você quiser saber mais sobre como se apresentar para um trabalho e como fa-zer seu currículo, consulte o site do Programa Via Rápida Emprego, Caderno do Traba-lhador 1 – Conteúdos Gerais, disponível em: <http://www.viarapida.sp.gov.br>. Acesso em: 14 maio 2012.

Eletricista 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 71

Atividade 4fAçA seu currículo

1. Com base nas informações relacionadas anteriormente, elabore uma primeira versão de seu currículo, escrevendo em seu caderno os dados principais.

2. Troque ideias com os colegas e com o monitor do curso, verificando se há algu-ma mudança a fazer. Se houver, registre a seguir.

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3. Agora, no laboratório de informática, digite e formate seu currículo no computador, deixando-o bem apresentável para que seja enviado para possíveis empregadores.

Última etapa

A última etapa a enfrentar é a entrevista ou a seleção para o emprego que você pretende.

Se você procurar uma empresa que necessita de eletricistas ou uma construtora, por exemplo, é provável que haja uma entrevista, na qual você deverá relatar sua vida e falar sobre sua experiência profissional.

A depender do tamanho e das características da empresa, essa entrevista poderá ser mais ou menos formal e ter uma ou mais etapas. Nas empresas maiores, é possível que o clima seja mais formal e o processo de seleção mais demorado.

De qualquer forma, não se intimide em uma entrevista. Procure mostrar o que sabe com tranquilidade.

Algumas dicas poderão ajudá-lo nesse momento:

• Informe-se antes sobre o local: onde é, como se organiza, quantas pessoas traba-lham nele etc.

• Chegue sempre uns 15 minutos antes da hora marcada para a entrevista.

• Leve uma pasta organizada com todos os seus documentos e seu currículo.

• Desligue seu celular e jogue fora balas ou gomas de mascar.

• Mantenha-se calmo.

• Exponha com clareza seus saberes e práticas, tanto sobre a ocupação de eletricis-ta como em relação a suas atitudes e seu jeito de ser.

• Mostre-se confiante a respeito do que sabe, mas não queira parecer mais do que é. Seja honesto em dizer que não sabe sobre algo que lhe seja perguntado.

• Seja simpático, mas não fale mais do que o necessário.

• Evite intimidades. Cumprimente o entrevistador com um aperto de mão apenas.

Uma última dica: nem sempre tudo dá certo de primeira. Nesse caso, não desanime. Mantenha a confiança e procure outras oportunidades.

Boa sorte!

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www.viarapida.sp.gov.br

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