eleições 2014 - 19 de outubro de 2014

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Especial MANAUS, DOMINGO, 19 DE OUTUBRO DE 2014 [email protected] (92) 3090-1019 Eleições 2014 Eleições 2014 Especial Candidatos mantêm troca de ataques em programas Nesta primeira semana, Braga apresentou o projeto de desconstrução da imagem de Melo. Já o governador manteve o perfil Após concentrar ataques ao governo no 1º turno, Braga se volta agora para a imagem de Melo Buscando a reeleição, Melo preferiu manter a tônica do seu discurso de mais humanizado A primeira semana da propaganda eleitoral, após o primeiro tur- no destas eleições, já caracterizou as estratégias eleitas pelo senador Eduardo Braga (PMDB) e o governador José Melo (Pros) para aumen- tar a diferença apertada vista na votação do último dia 5. Enquanto o senador peeme- debista concentra esforços para desconstruir a imagem e o discurso de José Melo, o candidato à reeleição mantém o arsenal usado no primeiro turno, mas apresenta mais ataques ao adversário. Após concentrar os ataques aos setores do governo Melo no primeiro turno, a campa- nha do PMDB agora aposta na desconstrução da imagem alavancada pelo governador durante primeira etapa da disputa. A campanha peeme- debista diagnosticou que o discurso construído por Melo a respeito das “origens e da humildade” do governador teve sucesso na campanha do adversário e contribuiu para a surpresa nas urnas, ante o que vinha sendo apontado pelas pesquisas. A primeira ofensiva produ- zida pela campanha do PMDB no programa do segundo tur- no foi a peça em que Melo é intitulado como candida- to “bonzinho” e Braga como “bom”, ironizando o discurso do adversário e questionando se o eleitor escolherá “o bom ou o bonzinho”. Braga também combateu o discurso de Melo, que o acusa de “arrogante”, alavancando peças publicitá- rias em que o senador aparece humanizado, em convívio com a família. Já a partir da última quin- ta-feira (16), a campanha peemedebista subiu o tom e escalou novamente o depu- tado Marcos Rotta (PMDB) para apresentar novos ata- ques. Rotta apresentou uma peça em que Melo é acusado de ter trabalhado para a ditadura militar e associa a imagem do governador à busca pelo poder. Aconselhado pela base alia- da, José Melo deverá repetir as estratégias do primeiro turno, mas subirá o tom às ofensi- vas do PMDB. O governador continuará explorando as ima- gens do prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB) e do ex-governa- dor eleito para o Senado, Omar Aziz (PSD). A campanha do Pros diagnosticou ainda que obteve sucesso no discurso da “humildade contra a ar- rogância” e deverá continuar alavancando a tática. José Melo rebateu as pri- meiras críticas de Braga em relação a sua ausência no debate da Band afirmando que o senador já havia faltado a debates em eleições anterio- res. O gover- nador tam- bém tenta desconstruir a nova es- tratégia do adversário peemede- bista, que se apresenta mais humani- zado. Na peça, a campanha de Melo diz que Braga “tenta se mostrar calmo e humilde”, mas a população “conhece” a realidade. Já na última sexta-feira (17), a campanha de Melo também subiu o tom e inaugurou uma peça em que diz que Braga foi eleito para o Senado “pelo povo” e que agora quer dei- xar a cadeira, “sem concluir o mandato”. A peça repercute o fato e questiona ainda se o senador “quer mesmo” go- vernar o Estado. Novas peças publicitárias em tom de ata- ques estão programadas para esta semana RAPHAEL LOBATO Equipe EM TEMPO IONE MORENO IONE MORENO Tendo alcançado o terceiro lugar no primeiro turno, com 180 mil votos, o eleitorado do deputado estadual Marcelo Ramos (PSB) é alvo de um pacote de acenos do senador Eduardo Braga. Com peças publicitárias repaginadas para criar um aspecto mais jovem, o candidato do PMDB tem focado grande fatia do programa intitulado “en- contro com os jovens” para destacar propostas para o público adolescente. Para evitar a migração dos votos de Ramos para o adver- sário, a campanha de Braga tem abordado temas como o fortalecimento da Universi- dade Estadual do Amazonas (UEA) e programas sociais voltados para adolescentes. Na sua página do Facebook, Braga chegou a defender o Passe Livre para estudantes, proposta que era um dos carros-chefe da campanha da ex-presidenciável do PSB, Marina Silva. Já a campanha do Pros não levou, até agora, o anúncio de apoio do PSB de Ramos ao governador, nem a declaração do depu- tado de que votará em Melo, ao programa do candidato à reeleição. Sem Ramos, o partido anunciou o apoio “incon- dicional” no último diz 8, sob forte resistência do de- putado, que fez críticas à postura da sigla e descartou engajamento na campanha de Melo. O parlamentar, no entanto, confirmou o voto no governador. Eduardo Braga mira eleitorado de Ramos Ramos ficou em terceiro lugar no pleito, com 180 mil votos ALBERTO CÉSAR ARAÚJO ATAQUES BUSCAM CARTADA FINAL “O objetivo das acusações é evi- dente: acertar o soco decisivo que vai definir as elei- ções. O efeito de cartadas como essa é imprevisível. A fase de descons- trução do adver- sário é a última de uma campanha eleitoral. Já no ter- ceiro estágio, que em geral coincide com o segundo turno, é hora de tentar manchar a imagem do adver- sário”, disse. Carlos Manhanelli, professor e especialista em marketing político “As pesquisas mostram que essa tática não está tendo efeito. Acho que eles deveriam tentar um debate mais ideológico. A população até curte uma briga, mas não curte o tempo todo. A linha se divide da campanha de proposta e outra de ataques. O que há é um desequi- líbrio, em que a proposta passa a ser uma mínima discussão”, avalia. Afrânio Soares, empresário e consultor político ELEIÇÕES 2014 - 01.indd 1 17/10/2014 23:43:49

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Eleições 2014 - Caderno especial do jornal Amazonas EM TEMPO http://www.emtempo.com.br

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Especial

MANAUS, DOMINGO, 19 DE OUTUBRO DE 2014 [email protected] (92) 3090-1019

Eleições 2014Eleições 2014Especial

Candidatos mantêm troca de ataques em programas Nesta primeira semana, Braga apresentou o projeto de desconstrução da imagem de Melo. Já o governador manteve o perfi l

Após concentrar ataques ao governo no 1º turno, Braga se volta agora para a imagem de Melo Buscando a reeleição, Melo preferiu manter a tônica do seu discurso de mais humanizado

A primeira semana da propaganda eleitoral, após o primeiro tur-no destas eleições, já

caracterizou as estratégias eleitas pelo senador Eduardo Braga (PMDB) e o governador José Melo (Pros) para aumen-tar a diferença apertada vista na votação do último dia 5. Enquanto o senador peeme-debista concentra esforços para desconstruir a imagem e o discurso de José Melo, o candidato à reeleição mantém o arsenal usado no primeiro turno, mas apresenta mais ataques ao adversário.

Após concentrar os ataques aos setores do governo Melo no primeiro turno, a campa-nha do PMDB agora aposta na desconstrução da imagem alavancada pelo governador durante primeira etapa da disputa. A campanha peeme-

debista diagnosticou que o discurso construído por Melo a respeito das “origens e da humildade” do governador teve sucesso na campanha do adversário e contribuiu para a surpresa nas urnas, ante o que vinha sendo apontado pelas pesquisas.

A primeira ofensiva produ-zida pela campanha do PMDB no programa do segundo tur-no foi a peça em que Melo é intitulado como candida-to “bonzinho” e Braga como “bom”, ironizando o discurso do adversário e questionando se o eleitor escolherá “o bom ou o bonzinho”. Braga também combateu o discurso de Melo, que o acusa de “arrogante”, alavancando peças publicitá-rias em que o senador aparece humanizado, em convívio com a família.

Já a partir da última quin-ta-feira (16), a campanha peemedebista subiu o tom e escalou novamente o depu-

tado Marcos Rotta (PMDB) para apresentar novos ata-ques. Rotta apresentou uma peça em que Melo é acusado de ter trabalhado para a ditadura militar e associa a imagem do governador à busca pelo poder.

Aconselhado pela base alia-da, José Melo deverá repetir as estratégias do primeiro turno, mas subirá o tom às ofensi-vas do PMDB. O governador continuará explorando as ima-gens do prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB) e do ex-governa-dor eleito para o Senado, Omar Aziz (PSD). A campanha do Pros diagnosticou ainda que obteve sucesso no discurso da “humildade contra a ar-rogância” e deverá continuar alavancando a tática.

José Melo rebateu as pri-meiras críticas de Braga em relação a sua ausência no debate da Band afi rmando que o senador já havia faltado a debates em eleições anterio-

res. O gover-nador tam-bém tenta desconstruir a nova es-tratégia do adversário p e e m e d e -bista, que se apresenta mais humani-zado. Na peça, a campanha de Melo diz que Braga “tenta se mostrar calmo e humilde”, mas a população “conhece” a realidade.

Já na última sexta-feira (17), a campanha de Melo também subiu o tom e inaugurou uma peça em que diz que Braga foi eleito para o Senado “pelo povo” e que agora quer dei-xar a cadeira, “sem concluir o mandato”. A peça repercute o fato e questiona ainda se o senador “quer mesmo” go-vernar o Estado. Novas peças publicitárias em tom de ata-ques estão programadas para esta semana

RAPHAEL LOBATOEquipe EM TEMPO

IONE MORENO IONE MORENO

Tendo alcançado o terceiro lugar no primeiro turno, com 180 mil votos, o eleitorado do deputado estadual Marcelo Ramos (PSB) é alvo de um pacote de acenos do senador Eduardo Braga. Com peças publicitárias repaginadas para criar um aspecto mais jovem, o candidato do PMDB tem focado grande fatia do programa intitulado “en-contro com os jovens” para destacar propostas para o público adolescente.

Para evitar a migração dos votos de Ramos para o adver-sário, a campanha de Braga tem abordado temas como o fortalecimento da Universi-dade Estadual do Amazonas (UEA) e programas sociais voltados para adolescentes. Na sua página do Facebook,

Braga chegou a defender o Passe Livre para estudantes, proposta que era um dos carros-chefe da campanha da ex-presidenciável do PSB, Marina Silva.

Já a campanha do Pros não levou, até agora, o anúncio de apoio do PSB de Ramos ao governador, nem a declaração do depu-tado de que votará em Melo, ao programa do candidato à reeleição.

Sem Ramos, o partido anunciou o apoio “incon-dicional” no último diz 8, sob forte resistência do de-putado, que fez críticas à postura da sigla e descartou engajamento na campanha de Melo. O parlamentar, no entanto, confi rmou o voto no governador.

Eduardo Braga mira eleitorado de Ramos

Ramos fi cou em terceiro lugar no pleito, com 180 mil votos

ALBERTO CÉSAR ARAÚJO

ATAQUES BUSCAM CARTADA FINAL

“O objetivo das acusações é evi-dente: acertar o

soco decisivo que vai definir as elei-ções. O efeito de cartadas como

essa é imprevisível. A fase de descons-trução do adver-sário é a última

de uma campanha eleitoral. Já no ter-ceiro estágio, que em geral coincide com o segundo turno, é hora de

tentar manchar a imagem do adver-

sário”, disse.

Carlos Manhanelli, professor e especialista em

marketing político

“As pesquisas mostram que essa

tática não está tendo efeito. Acho que eles deveriam tentar um debate mais ideológico. A população até curte uma briga, mas não curte

o tempo todo. A linha se divide

da campanha de proposta e outra

de ataques. O que há é um desequi-líbrio, em que a

proposta passa a ser uma mínima

discussão”, avalia.

Afrânio Soares, empresário e consultor

político

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2 MANAUS, DOMINGO, 19 DE OUTUBRO DE 2014Eleições 2014Eleições 2014

Fim de expediente para 11 deputados estaduaisSem conseguir conquistar o retorno à Assembleia Legislativa do Estado, parlamentares correm para tentar “emplacar” projetos

Com a legislatura 2010/2014 chegan-do ao fi nal, os 11 de-putados estaduais

da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) que não conquistaram nenhum man-dato público no último pleito já iniciaram as articulações para emplacar seus projetos de lei em tramitação na casa. O receio é que as matérias fi quem pendentes e acabem sendo arquivadas na próxima legislatura, já que de acordo com o as regras impostas pelo regimento interno da Aleam, elas só podem ser apreciadas com a presença de seus autores.

Alçada ao cargo de deputa-da federal, Conceição Sam-paio (PP) acredita que ainda existe tempo hábil para que os projetos com pareceres expedidos pelas comissões específi cas sejam levados pela presidência à votação em plenário. A corrida con-tra o tempo para agilizar o andamento dos 37 projetos formulados ao longo do últi-mo ano de mandato, segundo Sampaio, começou logo após o resultado nas urnas.

Levantamento“Já reuni com a minha equi-

pe para fazer o levantamento de todos os nossos projetos, também vou conversar com o deputado Davi Almeida, que é presidente da Comis-são de Constituição, Justiça e Redação (CCJ), para ver se conseguimos dar celeridade ao andamento dos projetos. É claro que, em alguns casos, a CCJ apontará a existência de algum vício ou ilegalidade, mas é atribuição dela iden-

tifi car essas s i tuações . Mas vale lembrar que esse pro-jeto, que com certe-za refl ete um desejo social, não precisa necessa-riamente ser arquivado, seu autor pode transformá-lo em indicação ao governo, e é isso que vou fazer com os meus”, ressaltando que foi a partir de uma indicação que o projeto recém-implan-

tado pelo governo, intitula-do Ronda Maria da Penha, para atender mulheres víti-mas de violência doméstica, foi criado.

O socialista Marcelo Ra-mos, que acabou como ter-ceiro colocado na disputa em primeiro turno pelo governo do Estado, também se despe-de do parlamento estadual, com o objetivo de empla-car o máximo possível dos 73 projetos de sua autoria, em tramitação.

Em conversa com a repor-tagem, o parlamentar disse que apelará ao presidente da casa, deputado Josué Neto (PSD), para que por uma atitude de lealdade, coloque todas as suas propostas em

pauta de votação. “Vou pedir que ele faça isso, nem que seja para derrubar. Porque entendo que derrubar é de-mocrático, já não votar é que não é”, destacou.

EngavetadosPara que seus projetos não

venham a ser esquecidos e arquivados, Marcelo Ramos destacou que pedirá ajuda de Serafi m Corrêa (PSB), que ocupará um das 24 cadeiras do legislativo entre 2015 e 2019. “É óbvio que pedirei ao Serafi m que reapresente esses projetos, o importante é que eles não se percam por falta de propositor”, falou.

Um dos projetos ao qual Ramos tem dedicado aten-ção é o que prevê repasse de 5% do Fundo de Fomento ao Turismo, Infraestrutura, Serviço e Interiorização do Desenvolvimento do Esta-do do Amazonas (FTI) para a construção e manuten-ção de aterros sanitários pelo Estado.

Chico PretoEm processo de levanta-

mento dos projetos de lei em tramitação originados do seu gabinete, o deputado estadual Chico Preto (PMN), que como Marcelo Ramos fi cou sem mandato, após op-tar por concorrer ao Execu-tivo Estadual, comentou que vem chamando a atenção da mesa diretora, para que pro-jetos importantes venham a ser apreciados, sob pena de acabarem arquivados.

Reconhecendo que é im-possível que todos os pro-jetos acabem aprovados, Chico Preto frisou que, em algumas situações, será inadmissível entender, caso eles não cheguem a

ser apreciados.“Em alguns casos, como

o da Proposta de Emenda Constitucional (PEC), apre-sentados ainda em 2011, por mim e pelo deputado Luiz Castro (PPS), que determina o repasse mínimo de 2,5% da receita do Estado, para po-líticas voltadas para o setor primário, todos os pareceres necessários já foram expedi-dos e nada impede que ela entre em votação”, disse.

Chico Preto defende que matérias com esse tempo de maturação recebam aten-ção especial da presidência da Alem, que é responsável por decidir quais as matérias que entraram na pauta, ou não. “Não será ético que assuntos tão importantes sejam deixados para a pró-xima legislatura enfrentar, lembrando que foram os de-putados da atual que inicia-ram o debate”, ponderou.

Bisneto O deputado Arthur Bis-

neto (PSDB) declarou que, durante sua atuação na Assembleia Legislativa do Amazonas, apresentou inú-meros projetos de lei, e que 40 ainda estão em proces-so de tramitação na casa. Para não deixar que suas propostas passem em vão, o parlamentar tucano vai tentar contar com a cola-boração dos colegas para limpar todas as pendências. “Vamos tentar aprovar tudo ainda esse ano, se for pos-sível, dentro da normalida-de do trâmite da casa, não vou pedir foro privilegiado. E se algum fi car penden-te, vou tentar sensibilizar algum colega para que ele dê prosseguimento na nova legislatura”.

Os deputados Marcelo Ramos e Conceição Sampaio vão deixar a Aleam no ano que vem

JOELMA MUNIZEquipe EM TEMPO

Durante a semana, o presi-dente da Aleam, Josué Neto, chegou a comentar com a imprensa que existia inte-resse dos parlamentares em começar a votar os projetos ainda na semana passada. A promessa era que a últi-ma quinta-feira (16) seria marcada pela retomada de votações, após o primeiro turno das eleições, mas nenhum projeto foi votado aquele dia.

Josué Neto enfatizou que a Assembleia está com a tramitação dos projetos atualizada. “Os nossos pro-jetos estão em dia, como já havíamos informado na

semana passada, não exis-tem projetos pendentes, pois praticamente 90% são deste ano de 2014”, disse.

O presidente garantiu que, até o fi nal do ano, a pauta de projetos da Assembleia Legislativa vai fi car enxuta, dentro dos prazos de tra-mitação, e que logo após o segundo turno da eleição, a Mesa Diretora volta a tra-balhar com a informação antecipada sobre os dias de votação. De acordo com Josué Neto, se for preciso, a mesa fará uma votação de pauta grande por semana até o fi nal do ano, a fi m de não deixar projetos pendentes.

Josué quer retomar votação

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3MANAUS, DOMINGO, 19 DE OUTUBRO DE 2014 Eleições 2014Eleições 2014

Eleito o deputado fe-deral mais votado do Amazonas, com 250,8 mil votos, Ar-

thur Virgílio do Carmo Ribei-ro Bisneto (PSDB) vai fazer carreira política agora em Brasília. Carregando o peso do nome da família, que fez história no parlamento na-cional, Bisneto circulará no Congresso sob os olhares da mídia, e principalmente da oposição.

Filho do atual prefeito de Manaus e ex-senador da Re-pública, Arthur Neto, e neto do também ex-senador Ar-thur Virgílio Filho, aos 35 anos, Arthur Bisneto admite que será um grande desafi o, mas garante que irá cre-ditar a confi ança dos seus eleitores. Eleito vereador em 2001 e deputado estadual em 2003, cargo em que per-manece até o fi m deste ano, quer ir para capital do país com bandeiras que desenvol-vam o crescimento turismo do Amazonas, reabertura do Centro de Biotecnologia da Amazônia, fortalecimento do Polo Industrial, por meio da quebra dos gargalos que prejudicam tanto a questão dos aeroportos, dos portos, das hidrovias, da BR-319, da telefonia

Uma semana após divulga-ção do pleito, Bisneto rece-beu a equipe do EM TEMPO, onde conversou sobre seus projetos, de como está sua preparação para estrear na Câmara Federal, sua carreira política e também o apoio do seu partido, PSDB, ao candi-dato ao governo José Melo (Pros) e ao presidenciável Aécio Neves.

EM TEMPO – Você está indo para Brasília com uma grande responsabilidade, pois carrega o nome da família, que sempre teve forte atuação no parla-mento. Como está se pre-parando para isso?

Arthur Bisneto – Já estou estudando bastante, eu sei da responsabilidade deste man-

dato. Existe uma expectativa muito grande nesta minha atuação, até pela votação que tive e a volta de um Arthur Virgílio a Brasília, que sem-pre foi sinônimo de orgulho e segurança para o Estado do Amazonas. Mas encaro com tranquilidade essa nova missão, apesar de saber do nível de responsabilidade que tenho com esse mandato.

EM TEMPO – Em 2015, teremos uma nova legis-latura, com a renovação de boa parte da banca-da. Como será sua re-lação com seus colegas de parlamento?

AB – Eu vou chegar a Bra-sília pregando a união. Tem deputado federal que mal senta-se à mesa com outro, e isso, com uma bancada pe-quena de apenas oito deputa-dos federais e três senadores, é péssima.

Somos poucos para co-locarmos qualquer tipo de divergência pessoal à frente dos interesses do Estado.

Assim que acabar esse clima quente de campanha vou procurar os deputa-dos e senadores para que a partir daí possamos ava-liar uma coesão clara em relação as questões voltadas para o Amazonas. Disponho-me a participar ativamente deste processo.

EM TEMPO – Caso o Aé-cio, que é presidente nacio-nal do seu partido, o PSDB, for eleito presidente da República, isso será bom aos tucanos. O senhor vai lutar por uma liderança de governo ou de bancada lá em Brasília?

AB – A primeira coisa que se faz quando se chega a Bra-sília é fi ncar o pé. Demonstrar a que veio, e a partir deste momento as coisas vão se defi nir com tranquilidade.

Estou fi rme e sereno e sei que não chegamos lá em Bra-sília como um deputado qual-quer, as pessoas vão prestar atenção no nosso mandato.

Essa questão da liderança será defi nida com o tempo. Eu já conversei com alguns deputados tucanos sobre o assunto, e combinados de sentar para defi nirmos. Ain-da é muito cedo para fa-larmos sobre isso. O foco agora é outro.

Agora é claro que se o Aécio for presidente será bom para o Amazonas como um todo. A presidente Dilma Rousseff (PT) prometeu muita coisa para o Estado em plena praça pública, disse que enviaria quase R$ 400 milhões à pre-feitura e não veio um real. Esse dinheiro seria investido em asfaltamento, reconstru-ção da área urbana da cidade e construção de casas popula-res. Se ser amigo é fazer como ela fez, imagina o que ela não faz com um inimigo.

O Aécio vai tratar o Ama-zonas de uma forma diferen-te. Além da relação pessoal que ele tem, é um homem de compromisso, e assumiu que iria se dedicar ao nosso Estado. Vamos trazer coisas boas para o Amazonas.

EM TEMPO – Agora, se a candidata petista ganhar o pleito, como será o seu posicionamento?

AB – Farei a oposição cla-ramente. Eu não pulo de galho em galho. Não sou aquele tipo de político que durante o pleito está de um lado e ao abrir as urnas vira para outro lado. Tenho minhas posições muito fi rmes.

Vou respeitar a questão constitucional como sempre, sem ser raivoso, apenas com embates calorosos. Já fi z opo-sição ao governo de Eduardo Braga uma vez e tivemos confrontos duros, mas nunca deixei de votar um projeto de governo que fosse favo-rável ao Amazonas. Mas não vou fazer oposição a Dilma porque tenho a convicção de que o Aécio vai ganhar esta eleição.

EM TEMPO – E quais serão as bandeiras

que o senhor vai levar para Brasília?

AB – Investimento em tu-rismo, reabertura do Centro de Biotecnologia da Amazô-nia, fortalecimento do Polo Industrial, através da quebra dos gargalos que prejudicam tanto a questão dos aeropor-tos, dos portos, das hidrovias, da BR-319, da telefonia.

São gargalos que preju-dicariam a competitividade do PIM. Eu vou trabalhar com firmeza para que os nossos inimigos não se-jam só os externos, e sim que possamos eliminar os inimigos internos.

EM TEMPO – E como fi ca-rão os projetos que foram elaborados na sua gestão aqui na Assembleia Legis-lativa do Amazonas após sua ida para Brasília?

AB – Vamos tentar aprovar tudo este ano se for possí-vel, dentro da normalidade do trâmite da casa, não vou pedir foro privilegiado. E se al-gum fi car pendente, vou ten-tar sensibilizar algum colega para que ele dê prossegui-mento na nova legislatura.

EM TEMPO – O PSDB tem feito uma campanha intensa na cidade em apoio ao presidenciável Aécio. E ao governo do Amazonas, Jose Melo continua como o candidato dos tucanos?

AB – Sim, o nosso candidato é o Melo. O prefeito Arthur Neto precisa de parcerias, está governando praticamen-te só. Tendo o governo federal e estadual ao lado é claro que Manaus fi cará em uma situação melhor.

Estivemos na semana pas-sada em Brasília e vamos seguir mantendo a nossa ban-deira para o Aécio. Sei do potencial do Aécio, se fosse um candidato ruim, mesmo sendo do meu partido, eu não apoiaria. Minha primei-ra bandeira é o Amazonas e a segunda é o Brasil. Sei que o Aécio irá fazer um mandato verdadeiro.

Arthur BISNETO

‘Eu sei O NÍVEL DE responsabilidade deste meu NOVO MANDATO’

Se o Aécio for o pre-sidente do Brasil, será melhor para o Ama-zonas e para o país. A Dilma prometeu repas-se de R$ 400 milhões para a prefeitura em praça pública e até hoje nunca mandou um centavo”

FOTOS: ALBERTO CÉSAR ARAÚJO

O Candidato do PSBD ao governo do Amazonas é o José Melo. O prefeito Arthur Neto precisa de parcerias, pois está governador praticamen-te só”

Em Brasília, vou traba-lhar em in-vestimentos no turismo, reabertura do Centro de Biotec-nologia da Amazônia e também no forta-lecimento do Polo Industrial de Manaus”

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4 MANAUS, DOMINGO, 19 DE OUTUBRO DE 2014Eleições 2014Eleições 2014

Petrolão: 34 deputa-dos envolvidos foram reeleitos

Dos 49 políticos envol-vidos no escândalo do Pe-trolão, citados na delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, 34 deputados fede-rais foram reeleitos para a Câmara ou eleitos para outros cargos, inclusive de governador. Entre os envol-vidos no esquema de rece-bimento de dinheiro sujo estão políticos de partidos governistas como PT, PP e PMDB, e os oposicionistas PSB e PSDB.

Dinheiro sujoQuase todos os políticos

enrolados no Petrolão irão responder pelo recebimento de dinheiro sujo para fi nan-ciar suas campanhas.

A verdadeInvestigadores avaliam

que Paulo Roberto e Yous-sef não mentem em seus depoimentos, pela coinci-dência de nomes, valores e datas.

Sem combinaçãoO ex-diretor da Petrobras

e o megoleiro Alberto Yous-sef não mantêm contato, por isso não poderiam com-binar seus depoimentos.

Pareceu estranhoEm julho, preso, o ex-di-

retor Paulo Costa pediu à Justiça para arrolar Eduardo Campos e Fernando Bezerra Coelho como testemunhas.

Lava Jato: governadores podem não tomar posse

Fontes ligadas às inves-tigações da operação Lava Jato afi rmaram, sem citar nomes, que “alguns gover-nadores” eleitos no último dia 5, em primeiro turno, podem não tomar posse em 1º de janeiro, em razão da gravidade do envolvimento

deles no esquema de corrup-ção e lavagem de dinheiro chefi ado pelo megadoleiro Alberto Youssef e o ex-di-retor da Petrobras Paulo Roberto Costa, presos há sete meses.

Tem maisHá políticos disputando

o 2º turno, segundo fontes da investigação, que tam-bém podem ser alçadas pela Justiça, no escândalo da Lava Jato.

Pânico geral Tira o sono de muita gente

a suspeita de que o ministro Teori Zavascki vai liberar, antes do 2º turno, a lis-ta dos políticos enrolados na delação.

GuerraOcorrências policiais

mostram que carros com adesivos “Fora Dillma” têm sido atacados em Brasília. Quebram faróis, lanternas, retrovisores.

Tem que parecerDica de veterano políti-

co pernambucano ligado a Eduardo Campos: em vez de apenas afi rmar in-dignação contra mentiras da adversária, Aécio Ne-ves (PSDB) precisa de-monstrar indignação, nos próximos debates.

Desembarque?Em conversas com lulis-

tas próximos, aos palavrões, quinta-feira (16), Lula co-meçou a culpar Dilma pelos problemas na campanha e nas pesquisas, queixando-se de que ela não o aciona como deveria.

DescolandoLula também desconfi a de

que Dilma quer experimen-tar “o gostinho” de se ree-leger sem sua ajuda. Para ele, é o primeiro passo para formar um governo em que

a infl uência do antecessor será bem menor.

ContumazAs denúncias de doações

milionárias providenciadas por Paulo Roberto Costa para campanhas de Pernambuco não surpreende políticos. O ex-diretor da Petrobras vi-sitava o Estado ao menos uma vez por mês.

Rei Mandão Candidato ao governo de

Goiás, Íris Rezende (PMDB) comemorou o sucesso da animação do personagem Rei Mandão, sobre Marconi Perillo (PSDB). O assunto foi Trending Topic no Twitter, esta semana.

Campanha tucana Gerou irritação no Planalto

e no PT a entrevista do líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), criticando erros de Dilma e informando que a bancada na Câmara está dividida no apoio ao governo.

Corrupção em RondôniaO ex-secretário adjun-

to de Saúde de Rondônia José Batista da Silva fe-chou acordo de delação premiada para acusar o governador Confucio Mou-ra (PMDB), cuja campanha teria sido paga com dinheiro da Saúde.

Vai dar roloO PSDB prepara denúncia

à Justiça Eleitoral: emissora educativa e católica, a rádio Padre Cícero FM, de Juazeiro do Norte(CE), fez de sua programação um comício. Pede votos abertamente para o PT.

Pergunta no PetrolãoAs autoridades america-

nas que investigam corrup-ção na compra da refi naria de Pasadena, da Petrobras, batizaram o escândalo de “big Petrol”?

PODER SEM PUDOR

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

Judas, o carioca

www.claudiohumberto.com.br

Para lançar candidato em 2018,o partido precisa estar unifi cadoMICHEL TEMER, PRESIDENTE LICENCIADO DO

PMDB, tentando reverter o “racha” na Câmara

Estava pesado o clima na cidade de Lauro Muller, na campanha eleitoral de 1960. A UDN era representada pelo Sebastião Neto Campos, que tinha como adversário o agressivo vereador Antônio Gaiteiro. Durante um comício, Gaiteiro atacou o adversário e exortou a população:

- Vamos expulsá-lo da nossa cidade! Ele é o Judas carioca do povo!

Alguém lembrou, interrompendo-o, que Sebastião Neto Campos nada tinha de carioca. Era catarinense da gema. Gaiteiro insistiu:

- Ele é Judas carioca, sim. É aquele do Evangelho, que traiu Cristo.

REPRODUÇÃO

A presidente teve uma súbita queda de pressão e foi hostilizada em postagem de um médico

Após Dilma passar mal, no debate do SBT, profi ssional postou uma mensagem mandando a candidata procurar um cubano

Médico que xingou Dilma já agrediu até um colega

O médico Milton Simon Pires, funcionário do Grupo Hospitalar Con-ceição, em Porto Ale-

gre (RS), causou indignação ao xingar a candidata à presidên-cia da República Dilma Rousseff (PT) e ironizar sua queda de pressão após o debate veiculado pelo UOL, SBT e rádio Jovem Pan. Em sua página no Facebook, o médico postou a seguinte men-sagem: “Tá se sentindo mal? A pressão baixou? Chama uma médico cubano, sua grande f* da p*!”. A postagem rapidamente se espalhou pelas redes sociais e foi alvo de críticas dos inter-nautas que questionavam ética profi ssional de Pires.

Dono do blog “Ataque Aberto”, Pires tornou-se uma fi gura con-troversa na comunidade médica gaúcha. Em setembro deste ano, uma colega de trabalho regis-tou um boletim de ocorrência contra o médico por agressão verbal e física, e a direção do hospital optou por afastá-lo de suas funções na UTI do hospital,

onde trabalha como concursado desde 2010.

No entanto, o médico diz em seu blog que é vítima de perse-guição política e que seu afasta-mento teria sido motivado por suas críticas à administração

do hospital, que é vinculada ao Ministério da Saúde. Suas pos-tagens fazem ataques ao PT e o PCdoB, que segundo ele são responsáveis pelo hospital, ao governo Dilma e ao programa Mais Médicos.

A reportagem conversou com

a assessoria jurídica do hospital so-bre o caso e foi infor-mada que o médico ainda faz parte do quadro e que continua a receber salário, mas que seu afastamento foi solici-tado até que o caso de agressão seja julgado. “O que nos consta é que a agressão à colega foi um desentendimento de trabalho. Nem tínhamos conhecimento do blog dele e das críticas que fazia à administração até esse caso chegar a até nós. Nestes quatro anos, ele já teve outros desentendimentos com colegas, sempre por causa de proce-dimentos técnicos, mas desta vez houve ocorrência policial e tivemos de afastá-lo”, conta a assessora jurídica Angelita da Rosa. A reportagem tentou con-tato com o médico, mas até o fechamento da reportagem não conseguiu localizá-lo.

A repórter do SBT Simone Queiroz desconfi ou que a presidente Dilma Rousse-ff (PT) não se sentia bem, pouco antes de levá-la ao ar no início do telejornal SBT Brasil, que começou logo após o debate entre os presidenciáveis promo-vido por UOL, SBT e Jovem Pan, na noite da quinta-feira (16). “Perguntei a ela se estava tudo bem e ela me disse que sim”. Na conversa que precedeu a entrevista, a repórter disse que avisou “duas vezes” a presidente de que a entrevista entraria ao vivo no telejornal.

Durante as suas consi-

derações sobre o debate, em determinado momento, Dilma se atrapalhou com a resposta e sugeriu que co-meçassem novamente, sem perceber que a transmissão era em tempo real. Nesse momento, Dilma comunicou à repórter que não se sentia bem e que teve uma queda de pressão. Imediatamente, Simone a conduziu a uma cadeira e foi oferecida água à presidente.

Dilma tentou retornar à entrevista, mas foi interrom-pida, pois já havia falado pelo mesmo tempo destina-do ao seu adversário, Aécio Neves, que havia sido entre-

vistado pouco antes.Na sexta-feira (17), a

presidente cancelou as agendas que teria amanhã, no Rio de Janeiro. Ela se encontraria com os candi-datos Luiz Fernando Pezão (PMDB) e Marcelo Crivella (PRB). Dilma foi aconselha-da a descansar e as agendas serão remarcadas na próxi-ma semana. O cancelamen-to, informou a assessoria da presidente, não ocorreu por determinação médica.

Hoje, Dilma e Aécio vol-tam a se encontrar, em debate promovido pela TV Record, o penúltimo antes da eleição.

Repórter percebeu mal-estar

RECLAMAÇÃODono do blog “Ata-que Aberto”, o médico tornou-se uma fi gura controversa na comu-nidade médica gaúcha, inclusive uma colega de trabalho registou um boletim de ocorrên-cia contra ele

‘Quero ser lembrado pelo Nordeste’O candidato à Presidência

pelo PSDB, Aécio Neves, foi a Campina Grande no fi nal de semana dizendo que, se eleito quer ser lembrado como o “pre-sidente mais generoso com a região do Nordeste”. Em uma rápida coletiva no saguão do aeroporto, onde abriu espaço para apenas duas perguntas de veículos locais, ele afi rmou que pretende ampliar projetos sociais, como Bolsa Família.

“Vamos lutar pela diminuição da violência e implementar um choque de infraestrutura”.

O tucano não fez, durante a entrevista, qualquer referência ao PT ou a sua adversária, Dilma Rousseff . Ao lado do can-didato ao governo da Paraíba pelo PSDB, Cássio Cunha Lima, ele se comprometeu a terminar as obras de transposição do rio São Francisco, caso vença a eleição no dia 26. “Vamos

concluir todas as obras em andamento”, disse.

Logo depois, em evento re-alizado na cidade, o candidato do PSDB pediu ajuda dos mili-tantes para encerrar o ciclo de governo do PT no comando do País. “Até o dia 26 de outubro, que cada um de vocês seja a minha voz, a minha deter-minação e a minha coragem para tirar o PT do governo”, afi rmou Aécio.

DIZ AÉCIO

Em cidade do Nordeste, Aécio disse que quer ser lembrado como um presidente generoso

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5MANAUS, DOMINGO, 19 DE OUTUBRO DE 2014 Eleições 2014Eleições 2014

Os tucanos propõem in-vestigação também con-tra a Petrobras, Correios e Caixa Econômica Federal, mas o entendimento de parte do tribunal é de que Ação de Investigação Ju-dicial Eleitoral (AIJE) não pode ser proposta contra pessoa jurídica. A previsão é de que antes de notifi -car os envolvidos, o cor-regedor-geral eleitoral, ministro João Otávio de Noronha, despache ainda neste mês para excluir da investigação nomes que não deveriam estar lá.

O advogado da campa-nha tucana aponta que a intenção foi abarcar todas

as possibilidades existen-tes para dar andamento à ação, pois a decisão sobre incluir ou não pes-soas jurídicas é passível de discussão no TSE. Só depois da notifi cação, to-dos os envolvidos terão prazo para defesa, bem como o Ministério Público deverá se manifestar e, a partir daí, o corregedor deve iniciar a etapa de recolhimento de provas.

A declaração de inele-gibilidade pode causar a cassação não só de candi-datura, mas também de di-ploma, caso as apurações constatem abuso de poder econômico e político. Além

de suposto favorecimento das campanhas de Dilma e do governador eleito de Minas Gerais, Fer-nando Pimentel, o PSDB lista outras práticas que ensejariam a investiga-ção eleitoral, como o uso pelo PT de ministros na campanha eleitoral, bem como de bens e servidores públicos em propaganda eleitoral; a veiculação de propaganda eleitoral no site da Central Única dos Trabalhadores (CUT); a pu-blicidade institucional no período vedado por lei, com uso da Petrobras; uso indevido dos meios de comunicação.

Petrobras também está na miraNovo presidente terá problemas com Câmara

Sem maioria defi nida, Dil-ma Rousseff , do PT, e Aécio Neves, do PSDB, vão preci-sar buscar novas alianças no Congresso Nacional para garantir a aprovação de pro-jetos importantes, como as reformas tributária e políti-ca. Além disso, a composi-ção mais conservadora das bancadas deve difi cultar a discussão de temas como a liberação do aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Ou seja: um dos maiores desafi os do futuro presidente será lidar com os deputados e senadores.

São 28 partidos represen-tados no Congresso, o maior número desde 1994 - PSDC, PSL, PTC, PTN, PHS e PRTB conseguiram eleger parla-

mentares desta vez.Apesar da diminuição da

bancada, o PT ainda é o maior partido da Câmara dos Deputados, com 70 eleitos a partir de 2015 – eram 88 atualmente.

O partido que teve o maior crescimento foi o PRB, de Edir Macedo, impulsionado pelos votos de Celso Russo-manno, em São Paulo. A le-genda ocupará 21 cadeiras, contra 10 atualmente.

PSDB e PSB também au-mentaram suas bancadas em 10 deputados, com 54 e 34 eleitos, respectivamen-te. O número de mulheres cresceu de 45 para 51, mas ainda assim é bem pequeno em comparação com os ho-mens 462.

COMPOSIÇÃO

CÂMARA DOS DEPUTADOS

ELEITOS 2010 PARTIDOS ELEITOS 2014

28 DEM 22 -6 15 PC DO B 10 -5 18 PDT 19 +1 1 PEN 2 +1 0 PHS 5 +5 71 PMDB 66 -5 3 PMN 3 -- 40 PP 36 -4 6 PPS 10 +4 32 PR 34 +2 10 PRB 21 +11 20 PROS 11 -9 2 PRP 3 +1 0 PRTB 1 +1 24 PSB 34 +10 12 PSC 12 -- 45 PSD 37 -8 44 PSDB 54 +10 0 PSDC 2 +2 0 PSL 1 +1 3 PPSOL 5 +2 88 PT 70 -18 3 PT DO B 1 -2 18 PTB 25 +7 0 PTC 2 +2 0 PTN 4 +4 8 PV 8 -- 22 SD 15 -7

HÁ 15 DIAS

Investigação sobre Correios está paradaA ação que pede a investi-

gação eleitoral da presidente da República e candidata do PT para um novo mandato no comando do Palácio do Planalto, Dilma Rousseff , por suposto uso da máquina pública no caso envolvendo os Correios, entre outras acusações, está parada há quase 15 dias no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e não será fi nalizada antes do segun-do turno. O pedido da coligação de Aécio Neves (PSDB) para investigar denúncias contra a campanha do PT à Presidência e ao governo de Minas Gerais foi distribuída no fi nal da noite do dia 2 de outubro à Correge-doria-Geral Eleitoral do TSE e não teve andamentos desde o último dia 3.

O próprio corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro João Otávio de Noronha, admite que, dada a complexidade do caso e o total de envolvidos, a inves-tigação não será concluída até o dia 26 de outubro e pode se estender até o próximo ano. Na ação, os tucanos pedem que os registros de candidatura ou diplomas de Dilma Rousseff e do vice, Michel Temer, sejam cas-sados após o fi m das apurações e que todos os nomes citados sejam declarados inelegíveis. A distribuição de panfl etos de candidatos do PT sem a de-vida chancela da estatal foi revelada pelo jornal “O Estado de S. Paulo”.

O advogado Flávio Costa, da campanha de Aécio, não se surpreende com a demora na solução do caso. “É uma grande quantidade de provas a serem produzidas, oitiva de testemu-nhas a ser realizada. Porém, também temos a expectativa de que isso não se eternize, dada a natureza de agilidade da Justiça eleitoral”, disse.

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Suposto uso dos Correios em campanha de Dilma Rousseff deveria estar sendo investigado

Eleitor jovem é o que mais apoia Aécio, diz DatafolhaSegundo o levantamento, 47% dos eleitores de 16 a 24 anos votariam no tucano, pela perspectiva de mudança já

O eleitor mais jovem, que passou a maior parte da vida com o PT no Palácio do Planalto,

é o que mais quer mudanças no comando do governo fede-ral, mostra pesquisa Datafo-lha. Segundo o levantamento, 47% dos eleitores de 16 a 24 anos votariam em Aécio Neves (PSDB), caso as eleições fossem naquele dia. É a faixa etária em que o tucano mais se sobressai contra a rival Dilma Rousseff (PT). Nessa faixa, a petista ti-nha 38% das intenções de voto quando a pesquisa foi feita. Em votos válidos, Aécio tinha 55%, e Dilma, 45%.

Para o professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo Aldo Fornazieri, isso ocorre porque os jovens, nesta eleição, estão mais identifi cados com a perspectiva de mudança, tão defendida pelo tucano. “É decor-rência natural dos protestos de junho de 2013”, afi rma.

Segundo ele, o PT não conse-guiu dialogar com o movimento que levou milhares de jovens às ruas do país e perdeu a chance de “capturar” a massa para o diálogo. “O PT, num primeiro mo-mento, identifi cou aquilo como um movimento conservador, mas os protestos foram espon-tâneos. O Aécio, na campanha,

conseguiu se colocar como uma respos-ta a esse an-seio de mu-dança”, diz.

A pesqui-sa Datafo-lha tem um ponto que corrobora a análise de Fornazieri. Entre os jovens, 64% avaliam como ótimo ou bom o desempenho de Aécio no horário eleitoral gratuito – o maior percentual nessa leitura entre todas as faixas etárias. No caso de Dilma, ocorre o con-trário: só 46% consideram seu desempenho ótimo ou bom, o pior resultado nessa leitura entre todas as faixas.

Partidários“Esse jovem não é partidário

e tem menos memória do go-verno Fernando Henrique Car-doso, por isso a propaganda que compara o governo pe-tista com o dele tem menos efeito para esse eleitorado”, diz o professor.

Também está nessa faixa o maior percentual de eleitores de Aécio que afi rmam conhe-cê-lo bem: 94%. O valor, no entanto, não é maior que os 99% que Dilma tem entre seus apoiadores da mesma idade.

Empate O tucano perde nas faixas de

25 a 34 anos e de 35 a 44 anos, mas a margem de erro - inclusive nas faixas seguintes - o coloca em empate técnico com Dilma. Ou seja, é apenas entre os mais novos que ele tem preferência clara do eleitor. Considerando todas as faixas etárias, o Da-tafolha apontou que, a menos de duas semanas da eleição, os dois candidatos continuavam empatados, ele com 51% dos votos válidos; ela, com 49%. Como a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, confi gura-se empate técnico.

RejeiçãoTambém é entre os mais jo-

vens que a rejeição ao tucano é menor: 33% afi rmaram que não votariam nele de jeito nenhum, o menor percentual medido pelo Datafolha. Na mesma faixa, a rejeição a Dilma é de 42%.

Os escândalos na Petrobras podem explicar parte dessa alta rejeição. Mais da metade (55%) dos eleitores de até 24 anos afi rmam que as denún-cias que envolvem a estatal têm infl uência sobre a decisão de seu voto. Esse também é o maior percentual entre todas as faixas etárias.

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AÇÃO

Aécio, segundo o Datafolha, tem

maior identifi -cação com os

jovens

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Partidos: benção e maldição com alianças no pós-eleiçãoAs coligações, responsáveis pela fragmentação das bancadas na Câmara dos Deputados, atingiram níveis inéditos nas eleições

A existência de coligações nas eleições para depu-tado federal - um sub-produto do “mercado”

do tempo de propaganda na TV - é uma das principais respon-sáveis pela fragmentação das bancadas partidárias na Câmara dos Deputados, fenômeno que atingiu níveis inéditos na eleição deste ano. Cálculos feitos por analistas políticos concluem que, se as coligações fossem proibi-das, o número de partidos com assento na Câmara na próxima legislatura cairia de 28 pra 22.

Além disso, haveria uma am-pliação do peso dos maiores partidos. PMDB, PT e PSDB, que elegeram pouco mais de um terço dos deputados, ganhariam nada menos que 84 cadeiras e con-trolariam 53% da casa. Dezoito partidos perderiam vagas sem a existência das coligações.

O principal benefi ciado por essa mudança (já cogitada em discussões sobre reforma políti-ca) seria o PMDB: sua bancada cresceria de 66 eleitos para 102. O PT fi cariam com 31 represen-tantes a mais, passando de 70 para 101. E o PSDB, em vez de 54 deputados, elegeria 71. Os nú-meros evidenciam que as alian-ças nas eleições para deputados são sempre um mau negócio

para os par-tidos gran-des e uma bênção para os médios e pequenos. O que leva en-tão as maio-res legendas a aceitar esse tipo de acordo?

Aí é que entra o fator tempo de televisão. A única forma de candidatos a governador ou pre-sidente ampliarem sua presença no palanque eletrônico é fechar alianças com outros partidos, absorvendo, assim, o tempo de propaganda a que cada sigla tem direito. Em contrapartida, os na-nicos exigem que a aliança para o cargo majoritário se reproduza na disputa proporcional.

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AÇÃO

FENÔMENOAlém de contribuir com a fragmentação partidária, o fenôme-no das coligações na eleição para deputado também geram dis-torções na represen-tação da vontade do eleitor brasileiro

Isso acontece porque os partidos menores têm di-fi culdades para atingir o quociente eleitoral, núme-ro de votos necessários para ganhar uma vaga na Câmara. Sozinho, um par-tido só elege um deputado se sua lista de candidatos obtiver o equivalente ao dobro do quociente elei-toral. Em São Paulo, onde o quociente eleitoral foi de 299 mil votos, seriam necessários 600 mil votos para conquistar duas va-gas, por exemplo. A regra das coligações, porém, permite que esse total de votos seja obtido não ape-nas pelos partidos, mas também por coligações. Assim, uma legenda pode eleger dois representan-tes mesmo sem alcançar 600 mil votos - basta que sua coligação o faça.

Má notícia vem do quociente

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7MANAUS, DOMINGO, 19 DE OUTUBRO DE 2014 Eleições 2014Eleições 2014

LINK MONITORAMENTO

EXPEDIENTEEDIÇÃO Isabella Siqueira de Castro e Costa e Náis Campos

REPORTAGEMRaphael Lobato,Joelma Muniz eAssessorias

REVISÃOGracycleide Drumond e João Alves

DIAGRAMAÇÃOAdyel Vieira, Leonardo Cruz, Marcelo Robert, Mário Henrique Silva e Pablo fi lard

TRATAMENTO DE FOTOSAdriano Lima

Campanha: peso do Bolsa Família é maior em 2014Pesquisa em cidades atendidas pelo programa revela que relação entre benefi ciários e votação de Dilma supera 2006 e 2010

O Bolsa Família, prin-cipal programa de transferência de ren-da do país, teve em

2014 o maior impacto eleitoral desde sua criação, segundo es-tudo do cientista político Cesar Zucco, da Fundação Getúlio Vargas, feito em parceria com o Estadão Dados. A análise in-dica que cada ponto porcentual de cobertura do Bolsa Família em um município rendeu, em média, 0,32 ponto porcentual na votação de Dilma naquela cidade - o dobro do que foi verifi cado em 2010.

O estudo compara o desem-penho da presidente em municí-pios de perfi s socioeconômicos semelhantes, mas com diferen-ças nos porcentuais de atendi-mento do Bolsa Família.

Embora não permitam dizer exatamente como benefi ciá-rios e não benefi ciários do pro-grama se comportam na hora

de votar, os resultados i n d i c a m que, quan-to maior a parcela de famílias be-neficiadas, maior a pro-babilidade de a presidente ga-nhar na cidade analisada.

Segundo o estudo, um em cada cinco votos em Dilma está relacionado ao mais fa-moso programa de transfe-rência de renda dos governos petistas. A extrapolação dos resultados, porém, sugere que a presidente teria recebido vo-tações expressivas nos locais mais pobres, mesmo sem o programa.

A análise de Zucco leva em conta variáveis socioeconômi-cas - como a pujança da eco-nomia do município, medida pelo Produto Interno Bruto, e

o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) -, para especi-fi car municípios semelhantes a serem comparados entre si.

São levados em conta ainda fatores políticos, como o parti-do a que pertencem o prefeito e o governador do Estado em que está localizada a cidade. É por isso que é possível iso-lar o efeito eleitoral do Bolsa Família quando comparado ao impacto das outras variáveis.

VizinhosO cientista político ressalta,

no entanto, que não se pode afi rmar que os votos extras de Dilma nas cidades com maior cobertura do progra-ma venham necessariamente dos benefi ciários. “Pode ser que mesmo o eleitor que não receba o Bolsa Família veja o efeito do benefício em um vizinho e decida, assim, votar no candidato do governo”.

Em 2002, ainda durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), quando o programa de transferência de renda do governo era o Bolsa Escola, o então candidato da situação, José Serra, recebeu, em média, 0,17 ponto porcen-

tual a mais em sua votação para cada ponto porcentual adicional de cobertura daquele programa. Quatro anos de-pois, em 2006, o Bolsa Família deu a Lula cerca de 0,15 ponto porcentual de votos válidos para cada ponto porcentual na

cobertura do programa - índice que se manteve praticamente estável na eleição seguinte, de 2010, em benefício da candi-data petista Dilma Rousse-ff : 0,18. Só agora, em 2014, esse índice passou dos 0,3 ponto porcentual.

Benefícios começaram com FHC

Quando Lula assumiu a Presidência, ele unifi cou os programas sociais iniciados com FHC

Programa de transferên-cia de renda é, também, de votos nas eleições

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