eleições 2014 - 15 de outubro de 2014

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Especial MANAUS, QUARTA-FEIRA, 15 DE OUTUBRO DE 2014 [email protected] (92) 3090-1019 Eleições 2014 Eleições 2014 Especial Candidatos trocam farpas em primeiro debate na TV Em primeiro confronto, Dilma e Aécio fizeram acusações entre si sobre temas como a questão da saúde e bancos públicos O s candidatos à Pre- sidência Aécio Ne- ves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) partici- param, na noite de ontem, do primeiro debate na TV neste 2º turno. O encontro teve troca de fartas entre os candidatos sobre questões como corrup- ção, educação e segurança. O debate teve duração de 1 hora e 20 minutos, dividido em cinco blocos - quatro de perguntas e respostas e o último para considerações finais. Por ordem de sorteio, quem abriu as discussções foi a can- didata Dilma. “Nesta eleição, eu acredito que dois projetos de nação estarão se apresen- tando. Nós fizemos o mais pro- fundo projeto de distribuição de renda da história. Leva- mos 42 milhões de pessoas à classe média. Uma Argentina inteira. Todos ganharam, mas ganharam mais os que mais precisavam. Lançamos as ba- ses para um novo ciclo de desenvolvimento. Haverá uma prioridade para a educação. Da creche à pós-graduação, continuaremos dando a prin- cipal atenção à educação”. Em seguida foi a vez do candidato Aécio se apresen- tar. “Os brasileiros terão a oportunidade de dizerem o que querem para seu futuro. A grande realidade é que o Brasil tem avançado muito nas últi- mas décadas. Avanços sociais vieram a partir da estabili- dade econômica conseguida pelo governo do PSDB. Venho neste debate representar um sentimento crescente na so- ciedade brasileira que quer ver um governo que olhe para o futuro, que não caia nesta armadilha de ‘nós’ e ‘eles’. Eu me preparei ao longo destes 30 anos não para fazer um governo de partido político, mas para fazer um governo que tire o Brasil da lanterna do crescimento econômico”. Após as apresentações co- meçou a rodada de perguntas, e o primeiro candidato a fazer foi Dilma, que questionou Aé- cio sobre a CPMF, pela qual o PSDB votou contra, e sobre propostas em saúde. Firmi- mente, o tucano respondeu: “Sinto muito a senhora estar desinformada. Todos os meus investimentos são aprovados pelo Tribunal de Contas. Minas Gerais é o Estado que mais tem qualidade em saúde na Região Sudeste. Quando o governo do PT assumiu, 57% dos investimentos em saúde vinham do governo federal. Hoje, são 46%”. Em seguida foi a vez de Aécio direcionar pergunta à presidente, e acusou a petista de mentir so- bre os seus oponentes durante a campanha . “Eu acho que quem fazataquescruéiséosenhor.Acho que o senhor distorce todos os da- dos e a realidade. Vocês dizem que são pais do Bolsa Família, quando zeram um programa que não abrangeopaís,nãotemescala”,se defendeu a presidente. “A senhora falta com a verdade, candidata”, replicou Aécio. “O maior projeto social da história do Brasil não foi o Bolsa Família, foi o Plano Real”, afirmou. O debate, que durou pouco mais de uma hora, teve cinco blocos. Os candidatos discutiram questões como segurança da mulher, educação e saúde No segundo bloco do de- bate, foram quatro pergun- tas ao todo. Cada candidato questionou duas vezes o seu oponente. A primeira pergun- ta do bloco foi do candidato Aécio, que questionou Dilma sobre inflação. A pestista re- trucou. “Temos uma inflação controlada, dentro dos limi- tes da meta. Eu acredito que o senhor esqueceu o que ocorria no governo FHC. O senhor indica um ministro da Fazenda que, por duas vezes, deixou a inflação ultrapassar o limite da meta”, defendeu Dilma Rousseff (PT). Diante de uma grave crise, mantive- mos emprego, mantivemos salário e continuamos cres- cendo”, finalizou a petista. Em seguida foi a vez de Dilma questionar Aécio sobre educação e escolas técnicas. “Um orgulho que tenho na vida foi ter levado Minas Gerais a ter a melhor educação pública do Sudes- te”, alegou. Em seguida Aécio ques- tionou a candidata sobre corrupção e citou a Petro- bras. “A minha determi- nação em punir todos os culpados é prioridade. É fundamental que o Brasil não tenha mais impunida- de”, e citou casos de corrup- ção envolvendo o PSDB. “Não queira nos igualar, presidente. O que acontece na Petrobras é um escândalo jamais visto. Eu quero saber quais foram os relevantes serviços prestados pelo ex- diretor da Petrobras”, repli- cou Aécio Neves (PSDB). Indignada, a candidata petista replicou questio- nando o tucano sobre o aeroporto construído em terras da família de Aécio Neves: “Eu não acho isso moral nem ético”. “A senhora está sendo le- viana. Fiz milhares de obras no meu governo, e todas ates- tadas pelo Tribunal de Con- tas”, finalizou o senador. Inflação e casos de corrupção questionados Nos últimos blocos, a questão da segurança e da educação tomaram a tônica dos discursos. A candidata Dilma ques- tionou o tucano sobre o tema segurança falan- do mal da administra- ção de Aécio em Minas Gerais. “A senhora está muito enganada. No meu governo, os cri- mes em Belo Horizon- te diminuíram em 37%. Cheque com o ministro Cardozo. Minas foi o Es- tado que mais investiu em segurança. Mas a coisa vai bem? Não vai. Não vai no Brasil intei- ro. O governo federal, o que faz? Terceiriza a responsabilidade”, de- fendeu Aécio (PSDB). Depois, o tucano questionou Dilma so- bre investimentos em educação. “Fizemos o Pronatec para tratar a questão do ensino mé- dio como uma questão de formação profissio- nal”, disse a petista. “A nossa proposta para educação come- ça pela construção das 6 mil creches que fi- caram pelo caminho”, rebateu Aécio. Questão de segurança eleva o tom Dilma alegou que os tucanos acabaram com programas sociais Aécio garantiu que irá manter a continuidade do Bolsa Família NELSONANTOINE/FRIME NELSONANTOINE/FRIME ELEIÇÕES 2014 - 01.indd 1 15/10/2014 00:02:53

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Eleições 2014 - Caderno especial do jornal Amazonas EM TEMPO http://www.emtempo.com.br

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Especial

MANAUS, QUARTA-FEIRA, 15 DE OUTUBRO DE 2014 [email protected] (92) 3090-1019

Eleições 2014Eleições 2014Especial

Candidatos trocam farpasem primeiro debate na TV Em primeiro confronto, Dilma e Aécio fi zeram acusações entre si sobre temas como a questão da saúde e bancos públicos

Os candidatos à Pre-sidência Aécio Ne-ves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) partici-

param, na noite de ontem, do primeiro debate na TV neste 2º turno. O encontro teve troca de fartas entre os candidatos sobre questões como corrup-ção, educação e segurança. O debate teve duração de 1 hora e 20 minutos, dividido em cinco blocos - quatro de perguntas e respostas e o último para considerações fi nais.

Por ordem de sorteio, quem abriu as discussções foi a can-didata Dilma. “Nesta eleição, eu acredito que dois projetos de nação estarão se apresen-tando. Nós fi zemos o mais pro-fundo projeto de distribuição de renda da história. Leva-mos 42 milhões de pessoas à classe média. Uma Argentina inteira. Todos ganharam, mas ganharam mais os que mais precisavam. Lançamos as ba-ses para um novo ciclo de desenvolvimento. Haverá uma prioridade para a educação. Da creche à pós-graduação, continuaremos dando a prin-cipal atenção à educação”.

Em seguida foi a vez do candidato Aécio se apresen-tar. “Os brasileiros terão a oportunidade de dizerem o que querem para seu futuro. A grande realidade é que o Brasil tem avançado muito nas últi-mas décadas. Avanços sociais vieram a partir da estabili-dade econômica conseguida pelo governo do PSDB. Venho neste debate representar um sentimento crescente na so-ciedade brasileira que quer ver um governo que olhe para o futuro, que não caia nesta armadilha de ‘nós’ e ‘eles’. Eu me preparei ao longo destes 30 anos não para fazer um governo de partido político, mas para fazer um governo que tire o Brasil da lanterna do crescimento econômico”.

Após as apresentações co-meçou a rodada de perguntas, e o primeiro candidato a fazer foi Dilma, que questionou Aé-cio sobre a CPMF, pela qual o PSDB votou contra, e sobre propostas em saúde. Firmi-mente, o tucano respondeu: “Sinto muito a senhora estar desinformada. Todos os meus investimentos são aprovados pelo Tribunal de Contas. Minas Gerais é o Estado que mais tem qualidade em saúde na Região Sudeste. Quando o governo do PT assumiu, 57% dos investimentos em saúde vinham do governo federal. Hoje, são 46%”.

Em seguida foi a vez de Aécio direcionar pergunta à presidente, e acusou a petista de mentir so-bre os seus oponentes durante a campanha . “Eu acho que quem faz ataques cruéis é o senhor. Acho que o senhor distorce todos os da-dos e a realidade. Vocês dizem que são pais do Bolsa Família, quando fi zeram um programa que não abrange o país, não tem escala”, se defendeu a presidente. “A senhora falta com a verdade, candidata”, replicou Aécio. “O maior projeto social da história do Brasil não foi o Bolsa Família, foi o Plano Real”, afi rmou.

O debate, que durou pouco mais de uma hora, teve cinco blocos. Os candidatos discutiram questões como segurança da mulher, educação e saúde

No segundo bloco do de-bate, foram quatro pergun-tas ao todo. Cada candidato questionou duas vezes o seu oponente. A primeira pergun-ta do bloco foi do candidato Aécio, que questionou Dilma sobre infl ação. A pestista re-trucou. “Temos uma infl ação controlada, dentro dos limi-tes da meta. Eu acredito que o senhor esqueceu o que ocorria no governo FHC. O senhor indica um ministro da Fazenda que, por duas vezes,

deixou a infl ação ultrapassar o limite da meta”, defendeu Dilma Rousseff (PT). Diante de uma grave crise, mantive-mos emprego, mantivemos salário e continuamos cres-cendo”, fi nalizou a petista.

Em seguida foi a vez de Dilma questionar Aécio sobre educação e escolas técnicas. “Um orgulho que tenho na vida foi ter levado Minas Gerais a ter a melhor educação pública do Sudes-te”, alegou.

Em seguida Aécio ques-tionou a candidata sobre corrupção e citou a Petro-bras. “A minha determi-nação em punir todos os culpados é prioridade. É fundamental que o Brasil não tenha mais impunida-de”, e citou casos de corrup-ção envolvendo o PSDB.

“Não queira nos igualar, presidente. O que acontece na Petrobras é um escândalo jamais visto. Eu quero saber quais foram os relevantes

serviços prestados pelo ex-diretor da Petrobras”, repli-cou Aécio Neves (PSDB).

Indignada, a candidata petista replicou questio-nando o tucano sobre o aeroporto construído em terras da família de Aécio Neves: “Eu não acho isso moral nem ético”.

“A senhora está sendo le-viana. Fiz milhares de obras no meu governo, e todas ates-tadas pelo Tribunal de Con-tas”, fi nalizou o senador.

Infl ação e casos de corrupção questionados

Nos últimos blocos, a questão da segurança e da educação tomaram a tônica dos discursos. A candidata Dilma ques-tionou o tucano sobre o tema segurança falan-do mal da administra-ção de Aécio em Minas Gerais. “A senhora está muito enganada. No meu governo, os cri-mes em Belo Horizon-te diminuíram em 37%. Cheque com o ministro Cardozo. Minas foi o Es-tado que mais investiu em segurança. Mas a coisa vai bem? Não vai. Não vai no Brasil intei-ro. O governo federal, o que faz? Terceiriza a responsabilidade”, de-fendeu Aécio (PSDB).

Depois, o tucano questionou Dilma so-bre investimentos em educação. “Fizemos o Pronatec para tratar a questão do ensino mé-dio como uma questão de formação profi ssio-nal”, disse a petista.

“A nossa proposta para educação come-ça pela construção das 6 mil creches que fi-caram pelo caminho”, rebateu Aécio.

Questão de segurança eleva o tom

Dilma alegou que os tucanos acabaram com programas sociais Aécio garantiu que irá manter a continuidade do Bolsa Família

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Projeto quer estabilidade de PMsO deputado estadual Cabo

Maciel (PR) apresentou, nes-ta terça-feira (14), projeto de emenda à lei aprovada em junho pela Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), que trata da es-tabilidade do policial mili-tar, alterando o tempo de carreira para a estabilidade dos praças que ingressam na corporação. Pela chamada Lei de Carreira, o tempo para alcançar a estabilidade é de dez anos, tempo reduzido para apenas três anos de acordo com a emenda.

O deputado, que representa politicamente a categoria dos policiais militares, comparou que o estado probatório do

policial civil, dos professores e dos profi ssionais da saúde é de três anos, e somente o dos policiais e bombeiros militares é dez anos.

Cabo Maciel analisou que, hoje, com a Lei de Carreira

aprovada, o policial militar que ingressar na carreira como praça só após cinco anos será promovido a cabo, e com mais cinco anos será promovido a terceiro sar-gento. “Ou seja, ele vai ser sargento na Polícia Militar e ainda não vai estar com a sua estabilidade garantida”, explicou. “Este Projeto de Lei faz mudança nesta parte da estabilidade, reduzindo para três anos, equiparando com a da Polícia Civil. É uma de-manda que a categoria vem pleiteando e que causa gran-des prejuízos em relação a ou-tras categorias”, disse Maciel, pedindo aos deputados que apoiem essa mudança.Cabo Maciel propõe alterar o tempo de carreira para estabilidade dos praças da corporação

DIVULGAÇÃO

TRAMITAÇÃO

MUDANÇA O PL apresentado on-tem na Aleam preten-de alterar o tempo de carreira para a estabi-lidade dos praças que ingressem na corpora-ção. Pela lei, o tempo hoje é de dez anos para estabilidade

Melo defende aumento decrédito a produtores ruraisCandidato ao governo, durante entrevista a uma rádio local, disse que pretente diminuir a burocracia para produtores

Candidato do Pros à reeleição, o governa-dor José Melo planeja expandir o crédito e

reduzir a burocracia para a produção rural no interior do Amazonas. Em entrevista concedida a uma emissora de rádio local, nesta terça-feira, dia 14 de outubro, Melo afi r-mou que manterá subsídios para a produção e destacou a criação dos programas Banco do Povo e Casa do Produtor Rural, entre as medidas para benefi ciar o setor primário.

Segundo o governador, os dois novos programas de go-verno trarão benefícios dire-tos para as famílias agriculto-ras. Com a Casa do Produtor, Melo vai reunir todos os ór-gãos que trabalham no aten-

dimento ao setor produtivo, montando uma espécie de PAC (Pronto Atendimento ao Cidadão). Serão montadas estruturas do Idam, Ipaam, ADS, Iteam e Afeam para o atendimento dos produtores, concentrando os serviços de assistência técnica, crédito rural, licenciamento ambien-tal, regularização fundiária e apoio à comercialização.

Outra proposta com impac-to positivo para o segmento é o Banco do Povo para oferta de crédito e consultoria de atividades econômicas de pe-queno porte. A expectativa é incentivar a formalização e a abertura de novos empreen-dimentos. Os financiamentos terão juros de 3% ao ano, sete vezes menor que as condi-

ções dos bancos privados. Os empréstimos podem chegar a até R$ 15 mil por pessoa, de acordo com o perfil do negó-cio. A expectativa é financiar 70 mil empreendimentos em todo o Estado, investimen-tos que devem alcançar R$ 1,2 bilhões em quatro anos de governo.

Outra frente de investimen-tos será no asfaltamento e abertura de vicinais, disse Melo. As medidas devem facilitar o escoamento da produção gerada nos muni-cípios e estimular novas ati-vidades. Essa infraestrutura também é uma das bases do programa de incentivo à piscicultura e fruticultura no interior, explicou o candida-to. “Vamos asfaltar três mil

quilômetros de estradas e colocar projetos importantes como a piscicultura, produzir frutas, implantar a cultura da mandioca, desenvolvida pela Embrapa em Cruz das Almas, que dá produção seis vezes maior. Nosso governo

vai fazer tudo isso subsidia-do”, frisou.

Para alcançar a meta de transformar o Amazonas no maior produtor de peixe em cativeiro, a cultura será pro-liferada em todos os municí-pios. A vocação econômica das cidades será intensifi -cada em consórcio com os projetos de peixe, disse Melo, usando como exemplo Carei-ro da Várzea. “Careiro da Vár-zea tem vocação para criação de gado, sobretudo leiteiro, e vamos continuar com ele sendo o maior produtor e também consorciar com a criação de peixe, de mandio-ca e frutas”, resumiu.

Durante a entrevista radio-fônica, o governador disse ainda que tem metas de longo

prazo para o desen-volvimento do Estado, por meio de poten-c ia l idades regionais. A ideia de José Melo é estender o modelo de incentivos tributários aplica-do às indústrias do Polo Indus-trial de Manaus como forma de desenvolver novos polos econômicos no Estado, como a piscicultura e a criação de uma indústria petroquímica, de fertilizantes, e polo de biocosméticos e fármacos. Além da redução do ICMS, a proposta é oferecer terrenos para a instalação das novas iniciativas econômicas.

Segundo o governador José Melo, novos programas de governo como a Casa do Produtor e o Banco do Produtor irão implantar mais benefícios diretos para as famílias dos agricultores

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AÇÃO

INVESTIMENTO

R$ 1,2É a expectativa de fi-nanciamento de 70 mil empreendimentos em todo o Estado

bilhões

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3MANAUS, QUARTA-FEIRA, 15 DE OUTUBRO DE 2014 Eleições 2014Eleições 2014

‘Não haverá trégua para corrupção’, diz MonteiroEm sua posse ontem, novo procurador-geral de Justiça disse que irá manter pulso fi rme contra crimes como corrupção

Mais votado entre os membros do Minis-tério Público Esta-dual (MPE-AM),

o promotor Fábio Monteiro tomou posse, na manhã de ontem, do comando do órgão ministerial pelo próximo biênio (2015/2016). O promotor, que coordenou investigações que desmontaram esquemas de pe-dofi lia em Coari, disse que a sua gestão “não dará trégua” à luta contra corrupção e ao crime or-ganizado. Monteiro substituirá o promotor Francisco Cruz.

“Não haverá trégua para a corrupção, o tráfi co de drogas, os crimes de pistolagem, a cri-minalidade organizada, dentro e fora dos presídios, os danos ao meio ambiente e ao consu-midor. Não haverá trégua para os transgressores da lei. Vamos ampliar estruturas que defen-dam os direitos dos idosos, das vítimas de crimes sexuais, das mulheres vítimas de violência, o acesso mais amplo de todos à saúde”, disse Monteiro, durante a cerimônia de posse, realizada na sede do órgão.

O novo promotor-geral de Justiça abordou ainda um pa-cote de urgências do órgão ministerial. “Vamos ampliar o braço dos representantes da sociedade e fi scais da lei para melhor servir a democracia, ga-rantindo melhores condições de trabalhos a todos. Na capital, instalaremos vinte novas pro-motorias, que irão contribuir para a movimentação da carrei-ra dos servidores. Investiremos nas coordenadorias, seja em equipamentos, como na gestão de pessoas”, afi rmou.

A gestão de Monteiro terá a Subprocuradoria Administrati-va comandada pelo promotor

Jeferson Neves de Carvalho, a Jurídica pelo procurador Pedro Bezerra e a Secretaria Geral pela promotora Leda Mara Al-buquerque. O promotor deixa a coordenadoria do Centro de Apoio Operacional de Inteli-gência, Investigação e Comba-te ao Crime-Organizado (Cao-Crimo), onde está desde 2011, sob o controle do promotor Lauro Tavares.

À frente da Cao-Crimo, Mon-teiro entregou à Justiça no iní-cio deste ano as investigações que resultaram na prisão do ex-prefeito de Coari, Adail Pi-nheiro, acusado de chefi ar um esquema de exploração sexual infantil no município. As ações em torno de Coari levaram o órgão a ingressar na Justiça também com um pedido de intervenção governamental na região. A medida, no entanto, foi negada pela corte do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) na última semana.

Abordado pela reportagem, o promotor disse que “respei-ta” a decisão da corte, mas adiantou que haverá recursos para defender a ação do MPE. Monteiro, no entanto, não deu detalhes sobre a contestação da decisão que foi unânime entre os desembargadores. “Eles entenderam que não tinha elementos o sufi ciente para a intervenção, então nós vamos analisar as possibili-dades”, afi rmou.

Estiveram presentes na ceri-mônia o governador e candida-to à reeleição, José Melo (Pros), o prefeito Arthur Neto(PSDB), o presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Ale-am), Josué Neto (PSD), além das presidentes do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), desembargadora Graça Figuei-redo e do Tribunal Eleitoral do Amazonas, desembarga Socor-

ro Guedes. Deputados, juízes e promotores também compuse-ram a cerimônia.

Durante a posse, Arthur des-tacou que o MPE-AM tem atua-do de forma equilibrada, sendo um parceiro das demais insti-tuições públicas. Ele defendeu a autonomia do órgão para que a sociedade se sinta mais pro-tegida. “Desejo ao jovem pro-curador Fábio que seja fi rme. Tenho certeza de que teremos uma gestão muito equilibrada. O Fábio e o Francisco Cruz são da mesma linha de retidão, que, espero, se estenda na proteção da sociedade”, destacou.

“Vamos dar continuidade ao

fortalecimento do Ministério Público, principalmente no in-terior, que está mais aquém, se comparado a capital. Quere-mos mais celeridade nas ações desempenhadas pelos procura-dores e promotores de Justiça e, por isso, vamos realizar concur-so público para promotores de Justiça nos interiores e para os demais profi ssionais de apoio. Na capital, teremos concurso para peritos, engenheiros, con-tadores, enfi m, vamos subsidiar melhor os laudos das nossas investigações”, afi rmou o novo procurador-geral.

De acordo com o governador José Melo, a relação entre o Ministério Público e o governo

do Amazo-nas tem sido republicana e construti-va para as duas institui-ções e para a população amazonen-se. Melo destacou o bom traba-lho desempenhado pela gestão do procurador Francisco Cruz e declarou que espera a mesma relação com o novo gestor.

“Eu, democrata que sou, no-meei o que obteve o primeiro lugar na votação e tenho certe-za que teremos uma relação das mais proveitosas do ponto de vista institucional entre o entre o Ministério Público e nosso Governo, e entre o Ministério Público e a sociedade”, declarou o governador José Melo.

Melo elogia ArthurO governador José Melo

(Pros) dedicou grande fatia do seu discurso durante a posse de Monteiro a uma ma-ratona de afagos ao prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB). Melo disse que o tucano é uma liderança “superlativa” e destacou ações de Arthur durante a Copa do Mundo e projetos de recuperação de vias públicas. As declarações foram dadas após rumores de o prefeito estaria distante da campanha do candidato.

O governador voltou a afi r-mar que continuará neutro em relação ao palanque nacional. “Não posso ser arrogante e determinar em quem os ama-zonenses devem votar, essa é uma escolha pessoal. Nós somos a campanha da humil-dade, não da arrogância. Essa é uma decisão que não vem de cima para baixo, e sim de um processo democrático da escolha”, afi rmou Melo.

Fábio Monteiro, que foi o mais votado entre os membros do Ministério Público Estadual, tomou posse ontem do comando do órgão para o biênio de 2015/2016. Monteiro assume lugar de Cruz

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AÇÃO

ALTERAÇÕES o novo procurador-ge-ral de Justiça destacou ainda que criará um pacote de urgências do órgão ministerial, como ampliar o braço de representantes da sociedade e fi scais da lei para melhor servir

RAPHAEL LOBATOEquipe EM TEMPO

Esse foi o primeiro encontro público entre Melo e Arthur depois do primeiro turno das eleições. O governador e o prefeito de Manaus se cum-primentaram e fi zeram fotos ao lado do novo procurador do MPE. Segundo Melo, a parceria com Arthur Neto segue e tem como interesse maior a cidade de Manaus. “Minha relação com o Artur é a melhor possível. Temos uma relação que não tem mácula. Relação institucional que está dando resultado. O interesse maior é o da cidade de Manaus”, disse.

O governador ressaltou que a parceria mantida com a Pre-feitura de Manaus tem gera-do bons resultados e está em pleno andamento. “Eu tenho orgulho de ter um prefeito de superlativos”, elogiou Melo, fazendo alusão às parcerias entre Estado e prefeitura, como o convênio de R$ 100 milhões para asfaltamento

de mais de 4 mil ruas nas zonas Norte e Leste da cida-de, a recuperação do Proama após o acidente que interrom-peu o fornecimento de água para aquela região, além de parceria no transporte co-letivo para garantir o preço da passagem de ônibus. Em seu plano de governo, Melo prevê a expansão da parceria para as áreas de educação, saúde e mobilidade urba-na, modelo que será repro-duzido com as prefeituras municipais do interior.

O governador afi rmou ain-da que, caso seja reeleito, não fará mudanças no corpo de secretários de governo. O candidato à reeleição do Pros afi rmou que está “satisfeito” com os atuais secretários e que só fará mudanças “que se mostrarem necessárias”. José Melo, no entanto, declarou que ninguém é “insubstituí-vel” e que todos estão “su-jeitos à demissão”.

União entre governo e prefeitura

Governador ressaltou que parceria seguirá mantida

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Desfeita de Lulapode provocar saída de ministroPrimo do candidato ao

governo Henrique Alves (PMDB-RN), o ministro Ga-ribaldi Alves (Previdência) avalia abandonar o cargo após notícia de que ex-pre-sidente Lula irá ao Estado para pedir votos ao adver-sário Robinson Faria (PSD). Garibaldi confi rma ter con-versado com Henrique sobre a possibilidade de deixar o ministério, mas nada foi de-cidido: “Não pretendo tomar nenhuma decisão isolada ou precipitada”, afi rmou.

Mais umA oposição aguarda o des-

fecho do caso para tentar fazer Garibaldi Alves “correr para o abraço” com Aécio Neves para presidente.

Calma nessa horaO problema com Lula

será tratado inicialmen-te pelo vice Michel Te-mer num “contexto nacio-nal”, diz Garibaldi: “Não queremos dissidência”.

Sob pressãoHenrique Alves tem sido

pressionado a romper com o governo Dilma desde que Lula gravou vídeo pedin-do voto para Robinson, no 1º turno.

Bem feito Lula apoia Robinson sob

pressão do PT-RN, que acu-sa Henrique de prejudicar Fátima Bezerra para se aliar ao DEM, PSDB e PSB.

Delação atinge quem já não pode se defender

Procuradores da Repúbli-ca discutem o tratamento a ser conferido às denúncias do ex-diretor de Abasteci-mento da Petrobras Paulo Roberto Costa, em depoi-mentos na delação premia-da, contra personalidades

já falecidas, como o ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, e o ex-governador Eduardo Campos. Eles já não podem se defender, nem tampouco contestar os indícios que foram apresen-tados pelo delator.

VivaldinosMais importantes que

acusações a políticos falecidos são denúncias, com provas, do ex-diretor contra autoridades vivas, muito vivas.

Bancada majoritáriaSegundo o que vazou dos

depoimentos até agora, a maior parte do rateio de dinheiro roubado da Petro-bras foi com partidos go-vernistas.

Rateio do rouboPolíticos do PMDB e do

PP recebiam o equivalente a 1%, cada, de contratos bilionários da Petrobras. Políticos do PT recebiam até 3%.

Previsão otimistaVice-governador eleito de

São Paulo, Márcio França (PSB) acredita que o tucano Aécio Neves (PSDB) terá 60% dos votos, contra 30% de Dilma (PT), no segundo turno das eleições.

Dose triplaA petista Dilma manterá

estratégia do 1º turno de fazer atos eleitorais para-lelos ao antecessor Lula e ao vice Michel Temer. A ideia é multiplicar por três a presença do governo nos Estados.

Barbas de molho no TCUColegas do ministro Arol-

do Cedraz estão preocupados com a atuação ostensiva do fi lho, Tiago Cedraz, nos últi-mos meses do ano, antes de o pai assumir a presidência do

Tribunal de Contas da União, em 2015.

Acesso negadoEm diversos ministérios,

como do Meio Ambiente, o acesso ao site Dilma 13 é feito sem a menor difi culdade, mas sempre que se tenta visitar o site Aécio 45, nem vale a pena insistir: o bloqueio é total.

Conta outraEm busca de votos, com

a economia abaixo de zero, Dilma prometeu “estudar” o reajuste dos servidores do Ju-diciário, que ameaçam greve após auxílio-moradia dos juí-zes, que provocou protestos.

Quem manda é prefeitoAo encontrar Eliomar No-

gueira, prefeito de Fortale-za dos Nogueiras (MA), em Brasília, o ministro Moreira Franco (Aviação Civil), que já ocupou o cargo, obser-vou com humor que pre-feito é quem tem poder: “Quem mais pode instalar parada de ônibus na porta do adversário?”

Campanha intensaO PSDB espera reunir

nesta quarta (15) mais de 500 prefeitos, além da ban-cada paulista de deputados federais, em ato de apoio à candidatura do tucano Aé-cio Neves, em São Paulo.

Portas abertasApesar de haver abando-

nado a campanha após a morte de Eduardo Campos, o novo presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, ga-rante que Marina Silva “só não permanece no partido se não quiser”.

Pensando bem......se for instalado um

“mentirômetro” em Bra-sília, como sugeriu Aé-cio Neves, logo os bi-lhões do impostômetro seriam superados.

PODER SEM PUDOR

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

Criação divina

www.claudiohumberto.com.br

O PSB e o PPS têm uma identidade muito forte”

DEPUTADO ROBERTO FREIRE, presidente do PPS, sobre a possível fusão com o PSB

Quando era presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), certa vez, quase teve um troço de tanto rir. Com ar sério, o 4º secretário da mesa diretora, João Caldas (PR-AL), ensaiou a defesa de nomear filhos de políticos para cargos públicos, com faz Severino, “desde que sejam bem preparados”. E arrematou:

- Se Deus, que é Deus, quando quis salvar o mundo, confiou a tarefa ao filho, por que nós, seus servos, não podemos fazer o mesmo?...

Em agosto, Carlos Siqueira declarou para Marina que ela fosse “mandar na Rede dela”, e desde então romperam

Presidente do PSB pede desculpas a Marina Silva

Novo presidente do PSB, Carlos Siqueira afi rmou que ligou ontem para ex-presidenciável

O novo presidente do PSB, Carlos Siquei-ra, afirmou nesta terça-feira (14)

que ligou para a candidata derrotada do partido à Pre-sidência, Marina Silva, para se desculpar pelo “desenten-dimento” que os dois tiveram em agosto, durante a campa-nha eleitoral, e destacar que ela e grupo político dela, a Rede Sustentabilidade, são “bem-vindos” se optarem por continuar na legenda.

Nesta segunda (13), Siquei-ra foi eleito por aclamação para a presidência do PSB. Ele substituirá Roberto Ama-ral, que atuou como presidente interino da sigla depois da morte do ex-governador Edu-ardo Campos em um acidente aéreo, em Santos (SP).

Em 21 de agosto, um dia após a ex-senadora ter sido ofi cializada como substituta de Eduardo Campos na cor-rida presidencial, Siqueira se desligou da coordenação da campanha do PSB por ter fi cado contrariado com indicações da ex-ministra para postos-chave da orga-nização da candidatura. Uma das mudanças promovidas por Marina foi designar o ex-deputado Walter Feldman (PSB), integrante da Rede,

para a vaga de coordenador da campanha eleitoral, papel que Siqueira desempenhava na campanha de Campos.

Na ocasião, pouco antes do início de uma reunião na sede da sigla, em Brasília, o dirigente partidário que é um quadro histórico do PSB disse a repórteres que Marina fosse “mandar na Rede dela”, referindo-se ao grupo político

da presidenciável. Ele também declarou à época que não iria fazer campanha para ela por considerar que a ex-senadora não representava o legado de Eduardo Campos.

Em resposta, Marina de-clarou na ocasião que o episódio se tratava de um “mal-entendido”.

Siqueira relatou que na conversa telefônica que man-

teve com Marina na última sex-ta (10), logo após ter seu nome co-tado para assumir o c o m a n d o da legenda, disse que havia tomado conhecimento de que ela planejava antecipar sua saída do PSB em razão do mal-estar que tiveram em meio à campanha. Por telefo-ne, ele assegurou à ex-sena-dora que, da parte dele, não havia mais “indisposição”.

Carlos Siqueira informou que, para ele, o episódio está “superado”, já que Marina também se desculpou pelo desentendimento ocorrido em agosto. O presidente da le-genda afi rmou que a conversa foi “boa” para que pudessem encerrar o caso.

“Disse a Marina que havia comentários de que ela sairia do PSB em função do desen-tendimento. Eu a tranquilizei e disse que não há indispo-sição, fi camos desculpados e vamos viver civilizadamente. Foi uma conversa boa, escla-recedora e disse que se ela e o grupo da Rede quiserem continuar [no PSB], serão bem-vindos”, contou.

SUPERADO Carlos Siqueira infor-mou que, para ele, o episódio está supera-do e encerrado, já que Marina também se desculpou pelo desen-tendimento ocorrido entre ambos no mês de agosto

Arthur grava programa para Melo

O prefeito de Manaus, Ar-thur Virgílio Neto (PSDB), gravou nesta terça-feira, dia 14 de outubro, a primeira inserção na campanha do governador e candidato à reeleição José Melo (Pros) neste segundo turno. A presença de Arthur no programa eleitoral de Melo deve ser veicu-lada na próxima semana.

Arthur gravou o programa à tarde, após o expediente como prefeito de Manaus. A participação derruba os bo-

atos alimentados pela opo-sição da saída do tucano da campanha de José Melo. As notícias ganharam força esta semana nas redes sociais. Pela manhã, Melo e Arthur tiveram o primeiro encontro público depois da votação do primeiro turno das eleições durante a posse do novo procurador de Justiça do Ministério Público do Estado, Fábio Monteiro.

Na ocasião, Melo declarou que sua parceria com Arthur

está mantida e que sua re-lação com ele é a melhor possível. “Minha relação com o Artur é a melhor possível. Te-mos uma relação que não tem mácula. Relação institucional que está dando resultado. O interesse maior é o da cidade de Manaus”, disse.

Melo ressaltou, ainda, que a parceria mantida com a prefeitura de Manaus tem ge-rado bons resultados e rasgou elogios a Arthur.

PEDINDO VOTOS

Essa foi a primeira inserção gravada pelo prefeito para o governador neste segundo turno

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Agenda dos candidatos

Candidato não divulgou agenda.

EDUARDO BRAGA

Candidato irá participar de almoço na Honda da Amazônia. À tarde, faz caminhada em bairro da Zona Sul. Às 19h30, reúne com moradores da Zona Norte e em seguida com moradores da Zona Leste.

JOSÉ MELO

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5MANAUS, QUARTA-FEIRA, 15 DE OUTUBRO DE 2014 Eleições 2014Eleições 2014

Sumiço de ex-presidente preocupaDilma Rousseff e seu anteces-

sor e principal cabo eleitoral, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não aparecem juntos em público desde 3 de outubro. O sumiço está gerando descon-forto em torno da petista, que cobra nos bastidores uma ação mais enérgica do ex-presiden-te. Desde o dia 5 de outubro, quando as urnas confi rmaram o segundo turno com Aécio Neves (PSDB), auxiliares de Dilma se queixam da ausência de Lula.

Mas enquanto dilmistas re-clamam, lulistas rebatem com outro argumento: ele não só trabalhou no primeiro turno como ainda espera o chama-do de Dilma para defi nir sua ação no segundo. Pedindo ano-nimato, um amigo de ambos classifi cou de “sacanagem” as críticas, feitas nos bastidores, ao ex-presidente.

Na segunda-feira (13), o ex-presidente apareceu pela pri-meira vez desde o início da cam-

panha para o segundo turno no programa eleitoral de Dilma na televisão, com uma mensagem gravada ainda no primeiro tur-no. Ele já se colocou à disposição para uma nova gravação, que está prevista para hoje (15). Ocorre que faltam apenas 12 dias para a eleição, e os aliados de Dilma estranham ele não ter aparecido mais nos pro-gramas desta segunda etapa da disputa.

Ouvidos pela reportagem, dilmistas afi rmam que o ex-presidente, muito popular no Nordeste, não pôs os pés na região. Na semana passada, a presidente Dilma fez um pé-riplo por Estados nordestinos para tentar ampliar sua van-tagem. O ex-presidente não a acompanhou.

‘Filho’ Para esse grupo, Lula era o

único com interlocução sufi -ciente para tentar evitar que

a família de Eduardo Campos aderisse à candidatura tucana. Lula costumava chamar o can-didato do PSB, morto em agosto e substituído no primeiro turno por Marina Silva, de “fi lho”. No sábado, a viúva de Campos divulgou carta formalizando o apoio a Aécio. Com isso, os tucanos esperam abocanhar parte dos eleitores que ajuda-ram Marina a vencer Dilma em Pernambuco no primeiro turno. Antes de o ex-governador se lançar candidato à Presidência, Lula mantinha relação próxima com a família Campos.

Assim como ocorreu com Renata, ministros de Dilma pontuam que o antecessor também não se movimentou para impedir que Marina Silva pulasse para o barco tucano e declarasse apoio a Aécio. Petistas esperavam que ela se mantivesse neutra, como em 2010, quando também fi cou em terceiro lugar.

DILMISTAS

Lula reclama que Dilma não dá ouvidos aos seus conselhos e só faz o que ela bem quer

AE

Chamou atenção de alia-dos do governo a ausência do ex-presidente em encontro de Dilma com governadores e parlamentares eleitos, em Brasília, na semana passada. Nos últimos anos, o petista reclamou a diversos interlo-cutores que a “afi lhada” não ouvia seus conselhos. Dilma

escutava, argumenta ele, mas só faz o que quer.

Passados dez dias sem contato público, embora te-nham falado por telefone diversas vezes, Lula e Dilma ainda não tinham agenda confi rmada até a conclu-são desta edição. Assesso-res afi rmam que a ideia é

que eles se dividam para percorrer o país.

Na segunda (13), Dilma disse que apoiaria uma can-didatura de Lula em 2018. “Olha, isso foi dito pelo Rui Falcão, o presidente Lula não me disse isso. Agora, se depender de mim, com certeza eu ajudo”.

‘Afi lhada’ não ouve conselhos

Lula vem para campanhaEx-presidente vem pedir votos para o candidato ao governo do Amazonas, senador Eduardo Braga (PMDB). Essa será a segunda visita de Lula ao Amazonas; ele esteve na cidade em setembro, participando de uma convenção interna do PT

O ex-presidente Luiz Iná-cio Lula da Silva (PT) de-sembarcará em Manaus amanhã (16), para pedir

votos ao senador e candidato ao governo do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB). Essa será a se-gunda visita de Lula ao Estado, em virtude das eleições 2014; no dia 11 de setembro, ele esteve na cidade participando de uma convenção interna do Partido dos Trabalhadores e na época ele foi só elogios ao aliado, que inti-tulou de “leal”. O cabo eleitoral de peso subirá no palanque que tem previsão de ser instalado na rua Curaçao, bairro Galileia, Zona Norte da cidade, com a missão de turbinar a campanha do aliado, que saiu do primeiro turno com apenas 1.777 votos de diferença para o segundo colocado, o candidato à reeleição, José Melo (Pros).

De acordo com a secretária

geral do Par-tido dos Tra-balhadores no Amazonas (PT/AM), Sila M e s q u i t a , a comitiva de Lula tem previsão de desembarque no aeroporto inter-nacional Eduardo Gomes, loca-lizado na Zona Oeste, às 18h30 da quinta-feira.

Após desembarcar, Lula seguirá para o comício que acontecerá no mesmo lugar em que a presidente Dilma Rousseff (PT) realizou sua última aparição em Manaus, no ano de 2012. Na ocasião, a Chefe de Estado e candidata à reeleição pedia votos para Vanessa Grazzio-tin (PCdoB), que disputava a Pre-feitura de Manaus, contra Arthur Neto (PSDB). Lula, que começa uma peregrinação por Estados do Norte e Nordeste, virá para Ma-naus depois de passar pelo Acre, onde trabalhará pela reeleição de

Tião Viana (PT). “A ideia do partido é ajudar na campanha dos aliados e correligionários. O presidente Lula tem esse papel fundamental, já que por seu trabalho frente ao governo ganhou a confi ança e simpatia do povo”, comentou Sila Mesquita.

ReuniõesO ex-presidente dormirá em Ma-

naus, e logo nas primeiras horas da sexta-feira (17) enfrentará uma série de reuniões com os respon-sáveis pela campanha petista no Estado. Ele ainda gravará par-ticipação no programa eleitoral de Eduardo Braga para o rádio e televisão. Encontros com os orga-nizadores da campanha do PMDB também são cogitados.

A previsão de partida de Lula é para as 11h. A agenda do ex-presidente está sendo organizada em parceria pelos dois partidos. Sandra Braga, esposa de Eduardo Braga, é a responsável pelas arti-culações referentes ao encontro.

No cenário nacional, a relação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a campanha petista, durante o segundo turno, já começou a sofrer uma série de acusações. Nos bastidores, aliados chega-ram a cobrar mais energia de Lula em prol da campa-nha de Dilma.

A primeira aparição de Lula ao lado de Dilma depois do resultado do primeiro turno aconteceu oito dias depois do plei-to, ocorrido no último dia 5. O ex-presidente teve participação no programa eleitoral gratuito apresen-tado pela petista na última segunda-feira (13).

No Amazonas, a alta cú-pula do PT esteve reunida com a imprensa no último dia 10, para ofi cializar as estratégias do grupo, a fi m alavancar a campanha da legenda no Estado. O pre-sidente estadual da sigla,

Valdemir Santana, chegou a comparar os resultados de 2010, quando a presidente obteve 80% dos votos no Amazonas, a maior votação proporcional do país na oca-sião, e disse que é preciso correr atrás do prejuízo, já que este ano a queda no nú-mero de eleitores de Dilma no Estado foi de 16%.

“A companheira Dilma ganhou aqui no Amazo-nas com apenas 54%, o que nós queremos é que esse número chegue a 70% ou mesmo 80%. Nós tí-nhamos focado na eleição para deputados e senador, agora vamos intensificar a campanha para presiden-te”, analisou Santana.

Articulações do PT em ManausCOBRANÇASA primeira aparição de Lula ao lado de Dilma depois do resultado do primeiro turno aconteceu no dia 5. Nos bastido-res, aliados chegaram a cobrar mais energia do ex-presidente em prol da campanha de Dilma

JOELMA MUNIZEquipe EM TEMPO

Lula chega a Manaus no fi nal da tarde de amanhã e sobe no palanque do senador e candidato ao governo Eduardo Braga, que será instalado em uma das ruas do bairro Galileia, na Zona Norte de Manaus

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TRE inicia treinamento de biometria para mesários

Os mesários que trabalha-rão no segundo turno das eleições gerais de 2014 fo-ram convocados para treina-mento de aperfeiçoamento entre os dias 14 e 23 de outubro. O treinamento tem como objetivo melhor capa-citar os mesários para o uso do sistema biométrico. O pro-cedimento acontece nos 10 dias anteriores à realização do segundo turno, marcada para o dia 26 de outubro, em um colégio no bairro da Madalena, Zona Norte de Re-cife. Cerca de 285 mesários do Recife foram convocados para o treinamento.

Implementado pela primei-ra vez em Recife no primeiro turno das eleições de 2014, o sistema biométrico de identi-fi cação de eleitores recebeu críticas devido às grandes fi las que se formaram nas seções eleitorais. O problema foi causado pelo fato de os mesários não estarem fami-liarizados ao novo sistema.

De acordo com o coorde-nador de desenvolvimento de sistemas do Tribunal Regio-nal Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE), Acácio Leite, a ca-pacitação com os mesários tem cerca de duas horas de

duração. Os mesários convo-cados para atuar no segundo turno são os mesmos que já receberam a convocação para o primeiro.

BenefíciosO eleitor que trabalha

como mesário durante o dia das eleições ganha direito a folgas no emprego e que correspondem ao dobro de dias trabalhados. Como na maioria dos casos os mesá-rios passam por treinamen-to, as folgas são geralmente de quatro dias: dois pelo dia do treinamento e dois pelo dia da eleição.

Os mesários ainda rece-bem um valor de R$ 25 para auxiliar nos gastos com ali-mentação no dia de trabalho e as horas trabalhadas po-dem ser usadas como ativi-dades extracurriculares em cursos superiores.

O mesário convocado ou voluntário ainda garante a preferência nos critérios de desempate em concursos pú-blicos. Ou seja, caso o eleitor que trabalhou como mesário fi que em situação de empate com alguém que nunca foi mesário, ele terá preferência e fi cará com a vaga.

2° TURNO

PL propõe gratuidade a estudantesA Câmara Municipal de

Manaus (CMM) deliberou, na manhã de ontem (14), Proje-to de Lei (PL) de autoria do vereador Júnior Ribeiro (PTC), que institui a gratuidade do passe-livre estudantil no ser-viço de transporte coletivo na cidade de Manaus. O PL nº 274/2014, deliberado no ple-nário, segue para a Comissão de Constituição, Justiça e Reda-ção (CCJR) para ser analisado. Se for aprovado pela CMM, a lei benefi ciará também os estudantes matriculados em cursos profi ssionalizantes, téc-nicos, preparatórios e cursos de educação para jovens e adultos, reconhecidos pelo Mi-nistério da Educação.

A gratuidade, de acordo com o PL, será oferecida em todos os dias e horários da semana, sem limite diário de viagens. De acordo com o vereador, os cus-tos da gratuidade serão ban-cados pelo Tesouro Municipal, podendo ser complementado com o aporte do Estado e da União, caso necessário.

Júnior Ribeiro explicou que a iniciativa é fruto da sua preo-cupação com o grande número de alunos que se matricula no início do ano e depois não tem

como ir à escola por difi culda-de fi nanceira. “Muitos moram em um bairro e estudam no outro”, justifi cou.

O vereador vê também que a gratuidade no sistema de transporte coletiva segue um caminho natural. “Nas propos-tas, já vi os candidatos à presi-dente discutindo a gratuidade

do transporte para os estudan-tes”, disse ele, que acredita ser viável a sua proposta com o subsídio do transporte coletivo. “Resolveríamos a questão da Educação [evasão], onde os estudantes teriam mais aces-so às escolas. Acredito que o melhor caminho para resolver o problema do Brasil é por meio da Educação”, defendeu.

ÔNIBUS

Vereador quer gratuidade para estudantes nos ônibus

Júnior Ribeiro acredita, ainda, que a gratuidade não resultaria no reajuste da ta-rifa. “As empresas não vão perder nada, por causa do subsídio”, argumentou ele, ao afi rmar que ainda vai ter bastante discussão sobre o assunto, uma vez que o PL tramitará pelas comissões, após passar pela CCJR.

O vereador enfatizou

que, com a melhoria da mobilidade urbana e do transporte público, um maior número de pesso-as passará a andar de ônibus, deixando seus carros em casa.

“O correto seria mais usu-ários utilizando o transpor-te público, provocando uma maior arrecadação para o sistema”, disse ele.

Tarifa não será reajustada

QUEM PAGA?A gratuidade, de acordo com o PL, será oferecida em todos os dias e ho-rários da semana, sem limite diário de viagens e os custos serão bancados pelo Tesouro Municipal

ALBERTO CÉSAR ARAÚJO

Regimento interno da CMMvai a plenário para votaçãoDe acordo com a Câmara Municipal de Manaus, o regimento passou por ajustes em que foram analisados os aspectos jurídicos

Após alguns ajustes re-dacionais, o regimen-to interno da Câmara Municipal de Manaus

(CMM) passará pela análise da Comissão de Constituição, Jus-tiça e Redação (CCJR) na manhã de hoje (15). A reunião, que está marcada para as 10h, será conduzida pelo presidente da CCJR, o vereador Mário Frota (PSDB). Segundo o parlamen-tar, esses ajustes redacionais se fazem necessários, pois além de analisar os aspectos jurídicos e constitucionais, a comissão também analisa a redação do documento. “É necessário fazer esses ajustes para que possa-mos então analisar o projeto de forma geral,” explica Frota.

Ainda segundo o vereador, a última reforma signifi cativa feita no regimento interno da CMM ocorreu em 1989, quan-do o regimento interno passou por adaptações junto às cons-tituições federal e estadual. “Na época, fi zemos um tra-balho muito bom, adaptando

a nova reali-dade demo-crática, e eu tive a opor-tunidade de ser um dos relatores na época. De lá para cá ocor-reu, sim, muitas mudanças. Isso ocorre naturalmente, e agora coincidiu de estar como presidente da CCJR”, comple-menta o parlamentar.

AlteraçõesQuestionado sobre quando o

projeto irá para votação plenária, Mário Frota explicou que por se tratar de um documento extenso, que aborda toda a administração da casa legislativa, é necessário ter um cuidado maior. Segundo ele, não adianta aprovar uma lei que vá precisar de emendas daqui a dois ou três anos. “A ideia é realizar as devidas alterações no regimento, de forma que só se pense em fazer alterações daqui a dez anos, pois não é interessante aprovar uma lei que precise de emendas em um prazo muito curto,” fi nalizou.

Desde o último dia 15 de setembro, a Câmara Mu-nicipal de Manaus (CMM) vem funcionando com a pauta invertida, ou seja, os trabalhos da casa le-gislativa, iniciando pela ordem do dia, votação dos Projetos de Lei (PL), e, em seguida, o pequeno e grande expedientes.

A medida foi adotada por conta da proximidade

do período eleitoral. Na ocasião, o presidente da CMM, vereador Bosco Sa-raiva (PSDB), se posicionou a favor da mudança e não descartou a possibilida-de de voltar a defender a proposta após as eleições, quando a CMM voltará a tratar dos assuntos refe-rentes à revisão do regi-mento interno da casa, iniciada em 2013.

Mudanças internas pós-eleições

Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR), Mário Frota conduzirá trabalhos do regimento interno hoje

TIAGO CORREA

MÁRCIA OLIVEIRAEquipe AGORA

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7MANAUS, QUARTA-FEIRA, 15 DE OUTUBRO DE 2014 Eleições 2014Eleições 2014

Para atrair votos de Marina, presidente inaugura 3 UCs Para encerrar uma onda de críticas dos ambientalistas, Dilma cria unidades, mas termina seu mandato com saldo negativo

Criticado pelo setor am-bientalista por não ter criado nenhuma unidade de conservação, o gover-

no Dilma Rousseff publicou na se-gunda-feira (13) decretos criando suas três primeiras unidades na Amazônia, a duas semanas do segundo turno das eleições. Os decretos instituíram três reservas extrativistas marinhas no Pará e ampliaram outra já existente no Estado, em um total de cerca de 60 mil hectares. Trata-se da Re-sex Marinha Mocapajuba, com 21 mil hectares em São Caetano de Odivelas, Resex Marinha Mestre Lucindo, em Marapanim, com 26,4 mil hectares, e a Resex Marinha Cuinarana, em Magalhães Barata, com 11 mil hectares. Também houve ampliação da Reserva Ex-trativista Marinha de Araí-Peroba, em Augusto Corrêa, que acres-centou 50,5 mil hectares a sua área, antes de 11,5 mil hectares. Havia também a expectativa do setor ambiental de criação de uma outra unidade, a estação ecológica Maués, no Amazonas, mas que não saiu.

Desde a ditadura militar, esta será a primeira vez que um pre-sidente da República encerrará um mandato sem ter criado uma única unidade de Conservação na Amazônia. Além de não terem sido criadas novas áreas protegidas na região, o governo de Dilma Rousse-ff reduziu o território de unidades existentes para acomodar projetos de hidrelétricas, deixando cinco delas, na região do rio Tapajós (PA), com menos áreas do que tinham antes. Para piorar, a pe-tista tem baixo desempenho na consolidação das UCs já criadas. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi o que mais criou UCs desde o regime militar. No primeiro mandato, ele fez 21 novas UCs, e no segundo criou outras 60, somando 81 novas áreas protegidas.

Depois dele, o ex-presidente Lula também teve alto índice de criação de áreas de preservação na região amazônica: 77 em seus dois mandatos, sendo 54 no primeiro e 23 no segundo. Na época de FH, iniciou-se um intenso processo de expansão de áreas protegidas para evitar a investida de grileiros sobre a fl oresta e frear o des-

matamento. Desde então, as áreas de preservação fazem parte da política go-vernamental de combate ao desmata-mento e redução das emissões de gases estufa, principal causador de mudanças climáticas.

Amazônia: zeroNa área ambiental do governo,

há quem diga que Dilma desco-nhece a importância das áreas protegidas. Em seus três anos e meio de governo, a presidente teve a iniciativa de criar apenas duas UCs, mas nenhuma delas fi ca na Amazônia: o Parque Furna Feia, na Caatinga do Rio Grande do Norte, e a Reserva Biológica Bom Jesus, na Mata Atlântica do Paraná. Uma terceira UC foi criada por iniciativa do Congresso, com sanção de Dilma: o Par-

que Nacional Marinho Ilha dos Currais, no Paraná. No total, as áreas somam 44 mil hectares (equivalente a 44 mil campos de futebol). Em seus governos, Lula protegeu 26,7 milhões de hectares e Fernando Henrique, 21,5 milhões de hectares. “Do ponto de vista de áreas protegidas, este governo foi um fi asco. As unidades de conservação estão fragilizadas porque Dilma não percebe bem a importância dessas áreas”, diz um analista ambiental do governo.

Segundo uma fonte do setor, há outras três UCs prontas para serem criadas e que já contam com a aprovação dos Estados onde se localizam, mas não saem do papel.

O ex-presidente Lula teve alto índice de

criação de áreas de preservação na região amazônica:

77 em seus dois mandatos, sendo

54 no primei-ro e 23 no

segundo

FHC LULAJá Fernando Henrique Cardoso foi o que mais criou UCs desde o regime militar. No primeiro mandato, ele fez 21 novas UCs, e no segundo criou outras 60, somando 81 novas áreas protegidas

Insatisfeitos do PMDB vão de AécioO líder da bancada do PMDB

na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), afi rmou ontem (14) que parte dos recém-eleitos do partido está insatisfeita e reclamou de uma propaganda eleitoral de Dilma Rousseff (PT), veiculada em 9 de outubro, que diz que a presidente vai con-tar com o apoio de todos os peemedebistas no Congresso Nacional. Metade da bancada eleita do PMDB, 33 deputados, é a favor da eleição do candi-dato Aécio Neves (PSDB) no segundo turno.

“Nós não vamos tomar ne-nhuma decisão como bancada que vá confrontar a decisão convenção nacional, mas houve uma reclamação de parte da bancada, a parte que apoia a candidatura de Aécio Neves que não se sentiu contemplada na medida que a propaganda elei-toral da reeleição da presidente Dilma falava numa bancada que apoia contando entre seus 304

os 66 eleitos do PMDB, quando a metade não a estão apoiando. Então, eles estão de uma certa forma insurgindo contra essa propaganda eleitoral”, declarou o líder do PMDB.

Cunha disse, no entanto, que a bancada não tomará nenhuma ação contra a pro-paganda. “É um processo po-lítico e é uma queixa política. De uma certa forma quando você expressa politicamente isso você está tornando a propaganda inverossímil”.

VotaçãoO PMDB decidiu, com uma

votação apertada, em conven-ção nacional do partido em junho, manter a aliança com o PT fi rmada em 2010 e o apoio à reeleição de Dilma, manten-do como vice Michel Temer (PMDB). Foram apurados 398 votos para manter a aliança (59% do total), contra 275 que queriam a ruptura com o PT.

Meses antes da convenção, alguns membros do PMDB ameaçaram romper a aliança com o PT. Esses dissidentes lideraram na Câmara dos De-putados uma rebelião contra o Palácio do Planalto e difi culta-ram votações de interesse do governo federal. Para o grupo dissidente na Câmara, o gover-no Dilma não incluiu o PMDB em decisões importantes do país. Houve também discordân-cia sobre a postura do PT por priorizar candidaturas próprias em alguns Estados.

“Há uma divisão clara na bancada do PMDB, onde a metade apoia a reeleição da presidente Dilma e a outra metade apoia a candidatura presidencial de Aécio Neves. Essa divisão é salutar, é conhe-cida da direção do partido, fi -cou clara durante a Convenção Nacional, já que a Convenção Nacional não teve maioria ab-soluta”, disse Cunha.

DISSIDENTES

Eduardo Cunha diz que parcela dos descontentes do PMDB já não apoiava Dilma no 1º turno

CÃMARA DOS DEPUTADOS

O líder do PMDB negou que esteja surgindo uma nova onda de insatisfação na bancada contra Dilma. Segundo Cunha, o descon-tentamento com a presiden-te já existia antes. “Essa parte da bancada que não apoia a reeleição da presi-dente Dilma já não apoiava

no primeiro turno mesmo quando o Aécio sequer tinha condição de ir, uma parte até apoiava a candidatura de Marina aqui. E o PMDB não está mudando de posição, estamos apenas refl etindo aquilo que já existia, então quem era contra continuou contra e quem era a favor

continuou a favor”.Cunha não quis se posi-

cionar pessoalmente sobre o apoio ao segundo turno. “A minha posição, na medida que eu tenho uma bancada estritamente dividida, é de fi car exatamente em cima do muro. Ou seja, sem declinar a minha posição pessoal”.

‘Descontentamento já existia’

Atualmente, cerca de 30% do território brasileiro se encontram protegidos (por UCs federais, estaduais, municipais, terras indígenas ou territórios quilom-bolas). Isso signifi ca um total de 2,7 milhões de km². Na Amazônia, cerca de 24% do território estão dentro de unidades de conser-vação. Mas Maretti lembra que o Brasil se comprometeu junto à Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU a incluir em unidades de conservação 30%

da Amazônia até 2010. Somando unidades federais e estaduais, há hoje 247 delas na região.

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) argumenta que o foco da gestão da ministra Izabella Teixeira é “arredondar mais” os processos de criação para evi-tar questionamentos sobre áre-as protegidas depois que elas forem criadas. Muitas vezes, o Estado onde a UC se situa faz reclamações, e o governo fede-ral tem que se desdobrar para

solucionar confl itos.Lula e FHC também retiraram

áreas de UCs já existentes para realizar projetos de infraestrutu-ra, principalmente. Um levanta-mento do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) mostra que, em 1996, o tucano tirou quase 1 milhão de hectares de terras que estavam protegidas. E em 2010, Lula fez a mesma coisa. Nesses locais, o Imazon apurou que houve au-mento do desmatamento.

A real implementação das uni-dades de conservação já demar-cadas é outro velho problema ambiental. Uma auditoria do Tri-bunal de Contas da União (TCU) apontou, no ano passado, que apenas 4% das UCs da Amazônia têm alto grau de implementação, o que signifi ca que, em termos de estrutura para visitação, tu-rismo, exploração sustentável de madeira e estrutura para a manutenção da área, a gestão Dilma Rousseff deixa a desejar.

Publicidade na contramão do meio ambiente

Acoada por ambien-talistas, presidente

Dilma cria suas três únicas Unidades

de Conservação na Amazônia

DIVULGAÇÃO

INÉDITODesde a ditadura militar, esta será a primeira vez que um presidente da Repú-blica encerrará um mandato sem ter criado uma única Uni-dade de Conservação na Amazônia

ELEIÇÕES 2014 - 07.indd 7 14/10/2014 23:17:04

8 MANAUS, QUARTA-FEIRA, 15 DE OUTUBRO DE 2014Eleições 2014Eleições 2014

EXPEDIENTEEDIÇÃO Isabella Siqueira de Castro e Costa e Náis Campos

REPORTAGEMRaphael Lobato, Joelma Muniz, Márcia Oliveira e Assessorias

REVISÃODernando Monteiro e João Alves

DIAGRAMAÇÃOKleuton Silva, Leonardo Cruz, Marcelo Robert, Mário Henrique Cruz e Pablo Filard

TRATAMENTO DE FOTOSAdriano Lima

Evangélicos impulsionam campanha de Aécio NevesA defesa de Dilma por bandeiras da causa gay e a criminalização da maconha jogou os evangélicos no “colo” de Aécio

A derrota da ex-ministra Marina Silva (PSB) no 1º turno das eleições presidenciais e a defe-

sa de bandeiras da causa gay assumida pela presidente Dilma Rousseff (PT), como a crimina-lização da homofobia, fez com que lideranças evangélicas do país migrassem seu apoio para o candidato do PSDB, Aécio Neves. Além de ter recebido o apoio do presidenciável do PSC, Pastor Everaldo, Aécio Neves ob-teve a adesão do apóstolo Renê Terra Nova, líder do Ministério Internacional da Restauração, e conta com a simpatia de Robson Rodovalho, da Sara Nossa Terra, e do apóstolo César Augusto, da Igreja Fonte da Vida. “Ele é uma pessoa mais aberta para diálogo do que a presidente Dilma se mostrou. Além de ser um cara ca-sado, com fi lho, ter família, uma história de vida mais coerente, é religioso”, afi rma Rodovalho, que em 2010 ajudou a formular o programa de governo da petista. “A entrada de Dilma em prol dos homossexuais a afasta (dos evangélicos), com certeza. Isso é um ponto muito importante e queremos posicionamentos”, cobra César Augusto.

Eles se juntarão ao líder evan-gélico mais empenhado na cor-rente anti-Dilma, Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, e que fez campanha para Everaldo no 1º turno. Sobre a possibilidade de Dilma tentar uma aproximação com o meio evangélico, Malafaia disse duvi-dar que qualquer pastor aceite apoiá-la. “Durante quatro anos, o PT votou em tudo que é con-

tra as nossas crenças e va-lores. Chega na hora da eleição, vem com essa hi-pocrisia”.

D i a n t e desse ce-nário, a campanha da petista aposta no mantra de que “voto não tem dono” e montou uma estratégia para buscar esse elei-tor, usando discurso que compa-ra as políticas sociais do PT “ao chamado de Jesus para cuidar dos ‘mais pequeninos’”.

Dilma tem na sua coliga-ção o PRB, partido ligado à Igreja Universal. Também já recebeu elogios do bispo Ma-noel Ferreira, da Convenção Nacional das Assembleias de Deus, maior denominação pentecostal do País.

Força-tarefa Na tarde de sexta-feira (10), o

ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, coordenou uma reunião no QG da campanha com deputados e vereadores do PT que têm trânsito entre os evangélicos. A ordem é tentar associar as políticas sociais dos 12 anos de governo do PT a uma men-sagem “evangelizadora”. “No 1º era mais difícil por causa da Ma-rina. São dois políticos. Vamos mostrar quem representa mais o que a gente aprende na igreja por provérbios. Quem fala para os mudos e os necessitados”, diz o prefeito de Uberlândia, Gilmar Machado (PT) que é da Igreja Batista.

A campanha da petista man-dou preparar material específi -co para os evangélicos. Além de dois milhões de panfl etos com uma declaração feita por Dilma em visita à Assembleia de Deus do Brás (SP), imprimiram 10 mil encartes intitulados “Mensa-gem de Dilma aos Evangélicos do Brasil”. Nele, Dilma diz que se “impressiona” com a fi rmeza

dos evangélicos em “responder ao chamado de Jesus para cui-dar dos ‘mais pequeninos’”.

A petista também alega no panfl eto que não descumpriu o compromisso assumido em 2010 com os evangélicos, de “não promover nenhuma iniciativa que afronte a fa-mília”. “Honramos tal com-promisso em todo o nosso

mandato e o reafi rmamos agora”, diz o texto.

Segundo fontes que par-ticiparam do encontro com Carvalho, os militantes da campanha foram orientados a argumentar, no contato com os fi éis nos templos, que a criminalização da homofo-bia “não vai ferir a liberdade religiosa”. Pastores tratam o

projeto como cerceamento da liberdade de expressão nas igrejas.

Eles também devem defen-der políticas adotadas no go-verno Dilma, como a aprovação de uma PEC que isentou de tributos obras musicais de ar-tistas brasileiros - inclusive de música gospel - e do apoio dado a comunidades terapêuticas.

Partido de Dilma corre atrás dos ‘crentes’

Aécio Neves recebe apoio de evangélicos do Sara Nossa Terra

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