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Foto: Piti Reali FGV/Direito SP premia iniciativas inovadoras de ensino jurídico O Núcleo de Metodologia de Ensino da FGV/Direito SP realizou em 25 de junho a cerimônia de entrega do Prêmio Esdras Borges Costa de Ensino do Direito, criado para identificar iniciativas inovadoras do ensino jurídico brasileiro. Nesta primeira edição, o primeiro lugar como iniciativa de metodologia de ensino foi dividido entre as professoras Ana Maria de Sant’Ana e Silmara Faro Ribeiro, da Faculdade de Direito da Universidade Braz Cuba, na cidade paulista de Mogi das Cruzes. Elas ministraram uma disciplina que levou os alunos a identificar situações reais, levantar dados, fazer entrevistas, estudar as situações jurídicas envolvidas e apresentar propostas de mudança em políticas públicas que possam contribuir para a prevenção dos problemas. O projeto se chama “Políticas Públicas no Município de Mogi das Cruzes e Região do Alto Tietê”. Na cerimônia, o diretor da FGV/Direito SP, Oscar Vilhena Vieira, fez uma homenagem ao professor Esdras Borges Costa, que dá nome ao prêmio, “um entusiasta da metodologia de ensino participativo”. O professor José Garcez Ghirardi, um dos coordenadores do Núcleo de Metodologia de Ensino, falou sobre os desafios do ensino jurídico, e o professor Emerson Fabiani, coordenador da pós-graduação lato-sensu (GVlaw), destacou a importância do método de ensino participativo nos cursos de pós-graduação. A mesa solene foi composta por Dircêo Torrecillas Ramos, presidente da Comissão do Ensino Jurídico da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP); Rogério Sottili, secretário-adjunto de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura do Município de São Paulo; Antonio Carlos Caruso Ronca, conselheiro da Câmara da Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE); Talita Nascimento, coordenadora geral de Legislação e Normas de Regulação e Supervisão da Educação Superior do MEC; e Nuno Manuel Coelho, professor da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FDRP/ USP). A comissão julgadora foi formada pelos professores Alexandre Kehrig Veronese Aguiar (UnB), Nuno Manuel Coelho (FDRP- USP), José Garcez Ghirardi, Nara Cristina Takeda Taga e Roberto Baptista Dias da Silva (FGV/Direito SP). “Os principais critérios de julgamento foram a viabilidade logística de realização do projeto, interação entre teoria e prática, interdisciplinaridade e diálogo com contexto social”, apontou Coelho. Durante a cerimônia os convidados puderam conhecer os projetos de ensino jurídico participativo do Núcleo de Metodologia de Ensino, como o Banco de Materiais, a partir de aplicativos e plataformas interativas. No Banco, os materiais didáticos vencedores e outros apontados pela comissão julgadora do Prêmio Esdras ficarão à disposição para consultas gratuitamente. Nas próximas páginas, conheça um pouco mais sobre as experiências que mereceram destaque no Prêmio Esdras. eJUR PARTICIPATIVO Boletim ensino jurídico participativo do núcleo de metodologia de ensino da FGV/Direito SP EDIÇÃO 4 – ANO 1 – 2015

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Foto: Piti Reali

FGV/Direito SP premiainiciativas inovadorasde ensino jurídico

O Núcleo de Metodologia de Ensino da FGV/Direito SP realizou em 25 de junho a cerimônia de entrega do Prêmio Esdras Borges Costa de Ensino do Direito, criado para identificar iniciativas inovadoras do ensino jurídico brasileiro.

Nesta primeira edição, o primeiro lugar como iniciativa de metodologia de ensino foi dividido entre as professoras Ana Maria de Sant’Ana e Silmara Faro Ribeiro, da Faculdade de Direito da Universidade Braz Cuba, na cidade paulista de Mogi das Cruzes. Elas ministraram uma disciplina que levou os alunos a identificar situações reais, levantar dados, fazer entrevistas, estudar as situações jurídicas envolvidas e apresentar propostas de mudança em políticas públicas que possam contribuir para a prevenção dos problemas. O projeto se chama “Políticas Públicas no Município de Mogi das Cruzes e Região do Alto Tietê”.

Na cerimônia, o diretor da FGV/Direito SP, Oscar Vilhena Vieira, fez uma homenagem ao professor Esdras Borges Costa, que dá nome ao prêmio, “um entusiasta da metodologia de ensino participativo”. O professor José Garcez Ghirardi, um dos coordenadores do Núcleo de Metodologia de Ensino, falou sobre os desafios do ensino jurídico, e o professor Emerson Fabiani, coordenador da

pós-graduação lato-sensu (GVlaw), destacou a importância do método de ensino participativo nos cursos de pós-graduação.

A mesa solene foi composta por Dircêo Torrecillas Ramos, presidente da Comissão do Ensino Jurídico da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP); Rogério Sottili, secretário-adjunto de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura do Município de São Paulo; Antonio Carlos Caruso Ronca, conselheiro da Câmara da Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE); Talita Nascimento, coordenadora geral de Legislação e Normas de Regulação e Supervisão da Educação Superior do MEC; e Nuno Manuel Coelho, professor da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FDRP/USP).

A comissão julgadora foi formada pelos professores Alexandre Kehrig Veronese Aguiar (UnB), Nuno Manuel Coelho (FDRP-USP), José Garcez Ghirardi, Nara Cristina Takeda Taga e Roberto Baptista Dias da Silva (FGV/Direito SP). “Os principais critérios de julgamento foram a viabilidade logística de realização do projeto, interação entre teoria e prática, interdisciplinaridade e diálogo com contexto social”, apontou Coelho.

Durante a cerimônia os convidados puderam conhecer os projetos de ensino jurídico participativo do Núcleo de Metodologia de Ensino, como o Banco de Materiais, a partir de aplicativos e plataformas interativas. No Banco, os materiais didáticos vencedores e outros apontados pela comissão julgadora do Prêmio Esdras ficarão à disposição para consultas gratuitamente. Nas próximas páginas, conheça um pouco mais sobre as experiências que mereceram destaque no Prêmio Esdras.

eJUR PARTICIPATIVOBoletim ensino jurídico participativo do núcleo de metodologia de ensino da FGV/Direito SP

EDIÇÃO 4 – ANO 1 – 2015

Foto: Piti Reali

Em cartaz, o ensinodo direito

Se a literatura tem espaço garantindo nas escolas de direito, o cinema também é fonte de inspiração para professores que apostam nos métodos de ensino jurídico participativo. Três atividades envolvendo produções cinematográficas ganharam destaque no Prêmio Esdras. A professora Alejandra Leonor Pascual, da Universidade de Brasília (UnB), recebeu menção honrosa pela atividade “Produção cinematográfica para direitos humanos”, na qual ensinou técnicas de edição, filmagem e elaboração de roteiro cinematográfico aos seus alunos. O produto final da metodologia foi a realização de um filme feito totalmente pelos estudantes com o intuito de aprimorar sua sensibilidade para temáticas de direitos humanos.

Finalistas do prêmio, os professores Augusta Isabel Junqueira Fagundes, da Universo BH, e Claudio Henrique Ribeiro da Silva, da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), também elaboraram atividades envolvendo o cinema. No projeto “Cine Arte e o Direito”, elaborado por Augusta Fagundes, os alunos escolheram um filme, identificaram uma questão jurídica envolvida no enredo e a legislação relacionada a ela e, a partir daí, apontaram soluções já existentes na jurisprudência, ao mesmo tempo em que foram incentivados a criar uma nova resposta para o problema. Já na atividade “Direito, Câmera e Ação”, o professor Claudio Ribeiro da Silva levou seus alunos a elaborarem um vídeo para responder a uma questão relacionada ao conteúdo da disciplina, incentivando-os a desenvolverem habilidades para a delimitação dos dados juridicamente relevantes.

Alunos criamorganizaçãointernacionalem sala de aula

O desafio: criar uma organização internacional. Esta foi a atividade proposta pelos professores Ana Paula Correa de Sales e Wladimir Cerveira de Alencar aos alunos de Direito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Os dois receberam menção honrosa da comissão julgadora do Prêmio Esdras ao proporem que grupos de estudantes criassem organizações internacionais com diferentes funções e temáticas, sendo que cada aluno de cada grupo representaria um país diferente. Três países foram de inclusão obrigatória (EUA, China e Irã) e os outros dois ficaram à escolha dos grupos. Os alunos tiveram a oportunidade de vivenciar as dificuldades de conciliação de interesses e elaborar uma carta fundadora para a organização – trabalhando as habilidades de argumentação, negociação, expressão oral e escrita, redação jurídica e criatividade.

Foto: Rob Chandler, 25/09/2006

Estudantes propõempolíticas públicas em Mogi

Vencedora do Prêmio Esdras, a atividade “Políticas Públicas no Município de Mogi das Cruzes e Região do Alto Tietê” baseia-se no método de ensino “Problem-Based Learning”, que utiliza problemas como parte do processo de aprendizagem do aluno. Elaborada pelas professoras Ana Maria de Sant’Ana e Silmara Faro Ribeiro, da Faculdade de Direito da Universidade Braz Cubas, a atividade propôs aos alunos que identificassem um problema no município de Mogi das Cruzes e região do Alto Tietê a partir de pesquisa em jornais, mídia virtual, denúncias públicas e em suas próprias observações. Em um segundo momento, os alunos foram buscar mais informações sobre os problemas identificados para fazer um estudo de caso completo – o passo seguinte foi a apresentação de soluções para toda a comunidade universitária.

Um dos problemas identificado por um grupo de alunos, o da violência urbana contra as mulheres, fez com que os estudantes fossem convidados a participar de uma audiência pública na Assembleia Legislativa para apresentar os resultados de seu trabalho.

Diversidade culturalé assimilada na prática

A temática dos direitos humanos também foi recorrente entre os finalistas do Prêmio Esdras. Na Unisinos, a professora Taysa Schiocchet pôs em prática seu “Projeto de promoção e concretização local dos direitos humanos a partir do protagonismo discente”, pelo qual grupos de alunos trabalharam diferentes problemas de direitos humanos na região do Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul. Os alunos colaboraram com o trabalho de instituições de defesa dos direitos humanos, e consolidaram seu aprendizado em trabalhos escritos e produziram eventos e materiais de conscientização. Além de estudarem a elaboração de políticas públicas e os fenômenos políticos, sociais, culturais, econômicos e históricos que impactam os direitos humanos, os alunos tiveram a oportunidade de desenvolver suas habilidades em comunicar os direitos para pessoas leigas.

“Reconhecer a diversidade cultural”, desenvolvida pelo professor Antonio Augusto Nogueira Matias, da Universo BH, foi outra atividade finalista do Esdras, pela qual estudantes de direito e de outros cursos conheceram diferentes tribos indígenas do Estado de Minas Gerais, entre elas as comunidades Krwenak e Pataxó. O objetivo da atividade era o de fazer com que os alunos vivenciassem as diferenças culturais, despertando neles a aceitação da diversidade.

Em Minas, direito penalé estudado in loco

O direito penal foi tema de duas atividades que mereceram destaque no Prêmio Esdras. Em “Visita Técnica ao Sistema Prisional”, atividade finalista elaborada pelos professores Liciane Faria Traverso Gonçalves, Maria Esther de Abreu Xavier e Maira Andrade Paulo, da Universo BH, os alunos foram divididos em grupos para uma visita aos diferentes sistemas prisionais após a leitura do livro “Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal”, de Alessandro Baratta. Eles entrevistaram presos, diretores e funcionários dos estabelecimentos e elaboraram um relatório, apresentado e debatido com os colegas e professores em sala de aula.

Associando o direito penal ao direito constitucional e a outras disciplinas, como medicina, serviço social e sociologia, a professora Fernanda de Matos Lima Madrid, do Centro Universitário Toledo de Presidente Prudente, propôs aos seus alunos a formulação de propostas de um sistema jurídico ideal para usuários de drogas no Brasil. Ao final, a professora organizou uma audiência pública, da qual participaram promotores, juízes, advogados, policiais, assistentes sociais, vereadores e prefeitos da região, para que os alunos apresentassem seus trabalhos e debatessem as soluções propostas durante a atividade “Perspectivas sobre o enfrentamento jurídico do uso de drogas no Brasil”, também finalista do Prêmio Esdras.

Júris simuladosa partir deobras literárias

O estudo de uma obra literária e sua transformação em júri simulado é outra atividade que recebeu menção honrosa do Prêmio Esdras. Os “Júris Simulados Literários”, aplicados pela professora Margarete Terezinha de Andrade Costa na Uninter, consistiram na escolha de uma obra literária a cada semestre para que fosse transformada em um júri pelos alunos. A ideia foi desenvolver habilidades de comunicação escrita e oral dentro de uma situação-problema.

Na mesma linha de associar a literatura ao direito, os professores Marcos Alexandre Coelho Zilli, Henrique Caivano Soares e Sandra Regina Chaves Nunes, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), foram finalistas com o trabalho “A literatura no banco dos réus: Bentinho matou Capitu”. A atividade envolveu a realização de um júri simulado inspirado no clássico “Dom Casmurro”, de Machado de Assis.

Já a obra “Tempo de Matar” foi a escolhida pelos professores Caroline Hoffmann Britto, Antônio Augusto Nogueira Matias, Carla Cristina Campos Ribeiro Moura e Liciane Faria Traverso Gonçalves, da Universo BH, para protagonizar uma atividade de júri simulado. A atividade também foi finalista do Prêmio

Esdras.

Foto: Piti Reali

Alunos aprendem aler decisões judiciais

A leitura de decisões judiciais foi o tema desenvolvido pela professora Camila Villard Duran nas faculdades de economia, administração e direito da Universidade de São Paulo (USP) na atividade “Como ler uma decisão judicial”, finalista do Prêmio Esdras. A atividade foi aplicada em três cursos diferentes e pretendia desenvolver a competência técnica de pesquisa e compreensão das decisões judiciais, com adaptações e enfoques diferentes em cada curso. O trabalho consistiu em um treinamento pontual e intensivo em direito para futuros juristas e não-juristas interessados em compreender a racionalidade de uma decisão judicial e o impacto do Poder Judiciário na implementação de uma lei ou de uma política pública.

Professor simulaprocesso tributáriovirtual

Ao simular um processo tributário eletrônico, o professor Érico Hack, das Faculdades OPET, levou seus alunos a assimilarem o conteúdo de direito tributário e de processo tributário, na atividade “Processo Tributário Simulado Eletrônico”, finalista do Prêmio Esdras. O aprendizado foi baseado na busca por soluções para o problema apresentado em fontes diversas, fazendo com que o aluno compreendesse a questão envolvida, contextualizasse com a teoria e decidisse qual o caminho mais adequado a seguir. Toda a atividade ocorreu no ambiente virtual e a interação entre os alunos

e o professor foi feita por e-mail ou por mensagens pelo sistema.

Técnicas de negociaçãoem avanço progressivo

A partir do método “Problem-Based Learning” e do método de negociação de Harvard, a professora Maria Lúcia de Freitas Petrucci Ferreira, da FACAMP, estimulou os alunos a refletir sobre a forma como já negociavam, quebrar velhas formas de se negociar e propor novas técnicas, na atividade finalista do Prêmio Esdras chamada de “Curso de negociação: um novo olhar didático-pedagógico”. A atividade foi desenvolvida dentro do tema de especialidade dos alunos e de maneira progressiva: os alunos respondiam a um relatório que permitiu à professora fazer um diagnóstico das

competências e habilidades a serem trabalhadas.

Conheça outrasatividades que irãocompor o Bancode Materiais

Além das atividades vencedoras e finalistas do Prêmio Esdras, outros professores e professoras que participaram da seleção tiveram suas atividades indicadas para compor o Banco de Materiais do Núcleo de Metodologia de Ensino da FGV/Direito SP. O Banco de Materiais, em constante atualização, está disponível no link www.ejurparticipativo.com.br/material-de-ensino/.

- PBL sobre resolução de conflitos coletivos mediante aplicação de interpretação alternativa por instância jurisdicionalAutor: José Artur Teixeira Gonçalves, do Centro Universitário Toledo de Presidente Prudente

- Audiências simuladasAutor: Adauto Gallacini Prado, da FAAT

- Projeto de Iniciação Científica - Bolsa FamíliaAutor: Inês Maria de Carvalho Campolina, da Universo BH

- Manual Informativo do CidadãoAutores: Inês Maria de Carvalho Campolina e Andressa Silmara Alves Carvalho Rios, da Universo BH

- Júri Simulado do 8º períodoAutor: Sebastião Francisco dos Santos, da Universo BH

- O Habitus e o habitat do jurista praticante: primeiras impressões sobre a divisão do trabalho forense Autor: Mário Sérgio Falcão Maia, da UFERSA

- Oficinas de debates e produção do conhecimentoAutores: Eliezer José Bonan Junior e Anna Luisa Walter de Santana Daniele, da UNISOCIESC

- Curso Fundamentos de Processo Penal I na Plataforma Moodle 1ª edição Campus Rio BrancoAutor: Danilo Lovisaro do Nascimento, da UFAC

- Educar pela pesquisa no Ensino do Direito: o uso de metodologias ativas baseadas em projetos de pesquisa temática.Autor: Everkley Magno Freire Tavares, da UnP