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EXPLORANDO DIFERENÇAS�COMUNICANDO E INTEGRANDO�DENTRO E FORA�EU E NÓS�DE BICHOS E GENTE�MATO E CIDADE�O CORPO EM MOVIMENTO�RITMO E MOVIMENTO�BRINCADEIRAS�ESCUTA E INTEGRAÇÃO�MOVIMENTO E RESPIRAÇÃO�VIDA E COMUNICAÇÃO

EDUCAÇÃOE CIDADANIA UM PROGRAMA PARA ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL

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EDUCAÇÃOE CIDADANIA UM PROGRAMA PARA ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL

13ORGANIZAÇÃO CURRICULAR PARA AS

UNIDADES DE INTERNAÇÃO PROVISÓRIADA FEBEM/SP

MÓDULO DE ATIVIDADES ESCOLARES

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Governador do Estado de São PauloGeraldo AlckminSecretário de Estado da EducaçãoGabriel ChalitaSecretário AdjuntoPaulo Alexandre Pereira BarbosaChefe de GabineteMariléa Nunes ViannaCoordenadora de Estudos e Normas PedagógicasSonia Maria SilvaPresidente da Fundação Estadual do Bem-Estar do MenorMarcos Antonio Monteiro

Secretaria de Estado da EducaçãoPraça da República, 53 Centro01045-903 São Paulo SPTelefone: (11) 3218-2000www.educacao.sp.gov.br

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EDUCAÇÃOE CIDADANIA UM PROGRAMA PARA ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL

13

Autoria

SECRETARIA DEESTADO DA EDUCAÇÃO

Realização

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CENPEC - CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS EMEDUCAÇÃO, CULTURA E AÇÃO COMUNITÁRIAR. Dante Carraro 68 Pinheiros05422-060 São Paulo SPhttp://www.cenpec.org.br

Diretora presidenteMaria Alice SetubalCoordenação geralMaria do Carmo Brant de Carvalho

Coordenação do Projeto (Equipe Currículo & Escola)Maria Silvia Bonini Tararam (Coord.)e-mail: [email protected] José Reginato RibeiroMarilda F. Ribeiro de MoraesAutoria do módulo Música e movimentoMarisa Trench de Oliveira FonterradaEquipe técnicaAmérica A.C.MarinhoElizabeth BarolliMarlene C. AlexandroffRonilde Rocha MachadoAssessoriaIsa Maria F. R. GuaráYara SayãoEdição de TextoTina Amado

A equipe agradece a contribuição dos educadores daFEBEM/SP, participantes dos encontros de discussãoque subsidiaram a produção deste material entreoutubro de 2000 e fevereiro de 2001

Edição de ArteEva Paraguassú de Arruda CâmaraJosé Ramos NétoCamilo de Arruda Câmara RamosIlustraçãoLuiz Maia

São Paulo, 2003

Coleção Educação e Cidadania, módulo 13Material produzido no âmbito do projetoElaboração e Implementação de Proposta Pedagógica para Adolescentes emSituação de Conflito com a Lei, desenvolvido pelo CENPEC paraa FEBEM/SP – Fundação para o Bem-Estar do Menor do Estado de São Paulo eSEE/SP - Secretaria de Estado da Educação

Música e movimento / Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Culturae Ação Comunitária – CENPEC – São Paulo; CENPEC; FEBEM, SEE/SP;2003. Coleção Educação e Cidadania.

Módulo de oficinas culturais 13Ilustr.; 4 fichasISBN: 85-85786-35-3

Educação e Cidadania: proposta pedagógica 1. Educação, ponte para omundo 2. Família e relações sociais 3. Justiça e cidadania 4. Saúde,uma questão de cidadania 5. O trabalho em nossas vidas 6. Artesvisuais e cênicas 7. Conto 8.Correspondência 9. Educação ambiental:problemas globais, ações locais 10. Hora de se mexer 11. Jogos davida 12. Jornal 13. Música e movimento 14. Poesia 15. Ponto deencontro I. Título II. CENPEC III. FEBEM

CDD-370.11

Wagner Mendes Soares CRB-8 – 038/2002

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SUMÁRIO

Introdução 6

Oficina 1 Explorando diferenças 10

Oficina 2 Comunicando e integrando 13

Oficina 3 Dentro e fora 14

Oficina 4 Eu e nós 16

Oficina 5 De bichos e gente 18

Oficina 6 Mato e Cidade 20

Oficina 7 O corpo em movimento 22

Oficina 8 Ritmo e movimento 24

Oficina 9 Brincadeiras 26

Oficina 10 Escuta e integração 28

Oficina 11 Movimento e respiração 29

Oficina 12 Vida e comunicação 31

Referências bibliográficas 32

Fichas 33

Cartões para oficina 5 37

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6EDUCAÇÃO E CIDADANIA

INTRODUÇÃO

Pode parecer assustador ao professor ou aoagente de educação a atribuição de “maestro”e “coreógrafo” que estas oficinas parecempropor. Como este talvez seja um forte foco deresistência, é o ponto que escolhemos paradiscutir primeiro. Antes de mais nada, umapalavra tranqüilizadora: as oficinas Música eMovimento não foram planejadas para serexecutadas por um especialista. Ao contrário,suas propostas podem ser desenvolvidas porpessoas sem conhecimento técnico de músicae dança; a oficina é dirigida ao cidadão quegosta de dançar e fazer música, sozinho ou emgrupo, que “arranha” um violão, ou quesimplesmente canta no banheiro, mas temsensibilidade suficiente e gosto para quererfazer e, também, querer ajudar outraspessoas a fazer música.

Nas sociedades tribais, a música e a dançafazem parte do quotidiano das pessoas; nãoexiste o conceito de “talento” ou “dom”. Todasas pessoas participam das cerimônias,cantando e dançando; nunca lhes dizem quesão desajeitadas ou desafinadas. Na sociedadeem que vivemos, ao contrário, o incentivo aoconsumo e o fortalecimento da indústriacultural têm deixado nas pessoas, por vezes, aidéia de que somente os artistas podem tocar,cantar ou dançar. Desse modo, elas se retraeme a possibilidade de se aproximar da arte comoparticipantes fica cada vez mais remota.Considerando-se incapazes de “fazer arte”,passam a ser consumidoras de produtosculturais.

A idéia, nesta proposta, é resgatar o artistapotencial que habita o interior de cada um.Trata-se de um exercício de descoberta daspróprias possibilidades e potencialidades, paraque o indivíduo, seja o educador ou o jovematendido pela FEBEM, possa sentir prazer emfazer música e movimento, não como artista,mas como cidadão. Essa possibilidade favorecea vida interior, fortalece a identidade, podelevar a buscar melhor qualidade de vida.

Esta proposta, pois, não tem nada a ver com

profissionalização. Não se pretende formarmúsicos nem acenar com expectativas nomercado de trabalho com base nas habilidadesdesenvolvidas nas oficinas. Nestas, temos aintenção de permitir aos jovens participantesuma imersão no universo musical e aoportunidade de trabalhar em grupo. Nesseprocesso, de maneira lúdica e agradável, elesterão oportunidade de se conhecer melhor, deaprofundar suas experiências de escuta, de sereconhecer como pessoas singulares, deconviver com a diversidade dos outros, de sefamiliarizar com seu ambiente e de ter acessoà produção cultural de seu meio, de seu país ede outros lugares. Nosso intuito é que cadaexercício, cada momento de reflexão contribuapara o desenvolvimento do jovem e para aconstrução de uma auto-imagem positiva.Acreditamos que essa ampliação do universocultural é essencial para o desenvolvimento doser humano.

O que propomos?Nossa proposta é que o educador e osparticipantes tenham oportunidade deexperimentar o fenômeno sonoro de váriasmaneiras, com um enfoque lúdico, poisacreditamos que o brincar é uma interessantee eficaz maneira de trabalhar, individualmenteou em grupo - mas o lúdico nunca é simplespassatempo ou entretenimento. A motivaçãoproporcionada pelo jogo está sempre ligada aoaperfeiçoamento individual e do grupo, seja noque se refere à consciência de si, seja emtermos de habilidades, relações interpessoais,conhecimento do meio, competência na escuta,criação, uso do corpo, capacidade de reflexão,conhecimento artístico. As atividadespropostas não são fechadas e, sempre quepossível, os jovens devem ser incentivados acontribuir oferecendo sugestões ou criandomúsica e movimento a partir delas.

As Oficinas de Música e Movimento foramelaboradas para durar de uma hora e meia aduas horas, consistindo em uma série deatividades com o corpo, a voz e os ouvidos (istoé, com a capacidade de escuta). É difícil fixarde antemão o tempo dedicado a cada atividade,

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7MÚSICA E MOVIMENTO

pois cada grupo tem uma dinâmica própria epode realizá-la em mais ou menos tempo; alémdisso, algumas demandam mais tempo queoutras. No entanto, estimamos de 15 a 20minutos para cada atividade. Cabe a vocêmanter, prolongar, reduzir ou substituir aatividade, seguindo sua compreensão do grupoe sua sensibilidade, levando em conta ointeresse dos jovens; você deverá, também,perceber em que momento será melhor insistirpara que continuem, de modo a superar algumobstáculo que tenha surgido.

As atividades consistem em jogos demovimento individuais ou em grupo, atividadesde escuta de sons ambientais, jogos cantados eaudição de músicas brasileiras ou de outrasculturas. Essas atividades têm como propósitoincentivar a conscientização do fenômenosonoro e seus modos de organização. Nesseprocesso, seu papel é fundamental, pois cabe avocê incentivar os participantes a ouvirconscientemente, pensar, estabelecercomparações, desenvolver o pensamentocrítico e apresentar suas próprias criações.

Como são as oficinasO objetivo das oficinas é oferecer aos jovens aoportunidade de:

� fortalecer sua auto-imagem por meio de

ações específicas de conscientização

corporal;

� desenvolver a percepção do próprio corpo;

� interagir de modo positivo com os outros

membros do grupo e com o meio ambiente;

� participar de diferentes experiências de

percepção dos sons do próprio corpo, do

ambiente em que estão e de outros

ambientes, aguçando o sentido da escuta e

aprofundando, inclusive, a capacidade de

análise;

� utilizar essa consciência corporal e sonora

na expressão individual e do grupo,

traduzida como “atividade musical e de

dança”.

� criar música a partir de sua experiência,

dentro e fora das oficinas; participar de

grupos de música e dança;

� familiarizar-se com expressões musicais de

outras culturas, ampliando seu repertóriocultural.

Organização deste móduloEste fascículo contém orientações e sugestõesde procedimento para o desenvolvimento de 12oficinas. Cada uma é apresentada nas seçõesdescritas abaixo. Duas fichas para uso dosalunos são reproduzidas ao final destefascículo, assim como o “baralho” de animaispara a oficina 5. Antes de iniciar cada oficina,estude este fascículo e as fichas dos jovens,providenciando o material necessário (indicadono começo de cada uma) com antecedência; umdisquete para impressão das fichas e dobaralho, conforme o número de alunospresentes, integra este módulo. Tambémintegra o módulo um CD contendo as cançõesou músicas que serão ouvidas no decorrer dasoficinas, aqui referido como CD M&M (Músicae Movimento).

Orientações geraisCada oficina traz, no início, um texto básicoque dá suporte às atividades propostas eorienta quanto às intenções de ênfase a serdada, em cada dia. Destina-se a você, agentede educação ou professor que se ocupará daoficina, e não precisa - embora possa - serpassado aos jovens participantes; seupropósito é auxiliá-lo na condução dasdiscussões ao final de cada encontro, poistodas as atividades se amparam nele, por maisdiversas que possam parecer. Nunca é demaisenfatizar a necessidade de você estar sempreatento/a à proposta geral deautodesenvolvimento e ampliação do repertóriocultural, para que não se descaracterize.O texto orientador, portanto, é esclarecedordas intenções e dá subsídios acerca dosprocedimentos a serem adotados.

PALAVRAS TÉCNICAS: na descrição dasoficinas, os termos técnicos foram evitados,de modo a reforçar a intenção primeira, queé a de permitir que pessoas sem formaçãomusical ou de dança possam participar do

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8EDUCAÇÃO E CIDADANIA

trabalho. Tomamos cuidado de forneceresclarecimentos e explicações suficientes,em cada descrição, para que o conceitofique claro, não dando margem a dúvidas.No entanto, quando palavras técnicas semostraram necessárias, a explicação foicolocada, seja no corpo do texto, seja naforma de box.

VARIANTES: muitas vezes, são apresentadasvariantes aos exercícios, que poderão ounão ser executadas, de acordo com adinâmica de cada grupo. Variantes tambémsão apresentadas na forma de box, ao finalde cada oficina. Assim, caso a proposta seja“fácil” demais, você terá material paraexplorar outros aspectos; caso seja difícil,você poderá ater-se a uma, deixando asvariantes para outro momento. Lembre-seque há sempre espaço para manifestações epropostas surgidas no grupo; as oficinasnão são rígidas e deverão adequar-se ao queemergir no momento de sua aplicação. Noentanto, fique atento/a para que não hajadispersão. Em suma, as alternativasdeverão enriquecer a proposta e nãotransformá-la em outra coisa.

CONTROLE DO TEMPO: é importante controlaro tempo, estabelecendo uma média de 15 a20 minutos para cada atividade. Isso nãodeve ser rígido; mas é bom que asdiferentes atividades propostas em cadaoficina sejam realizadas, a menos quealgumas despertem extremo interesse e aultrapassagem do tempo médio contemple apossibilidade de aprofundamento.

COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL: nestas oficinasprivilegia-se o não-verbal. Embora o textosirva-se da palavra, você deve ter em menteque a ênfase é posta no desenvolvimento deoutras linguagens, destacando-se ascorporais e sonoras. Assim, os principaiselementos de comunicação e expressãodestas oficinas são o corpo e a voz. O CDque acompanha este módulo traz materiaisdifíceis de se obter em sala, como exemplosmusicais instrumentais, músicas de outrasculturas, ou base musical para que os

participantes trabalhem sobre ela.Orientações para uso do CD constam dotexto das respectivas oficinas.

PREPARAÇÃO: é importante que você seprepare com cuidado para a oficina, o queinclui: leitura prévia da proposta do dia,preparo cuidadoso de cada atividade ereflexão sobre a melhor maneira deapresentá-la para o grupo. Isso significaque você deve efetivamente realizar asatividades propostas, não se limitando àleitura do texto. Somente pelaexperimentação corporal e vocal daatividade é que poderá adquirir segurança edomínio, executando com propriedade asatividades corporais em repouso oudeslocamento e as canções sugeridas, quevocê vai procurar cantar de cor, comfluência e qualidade expressiva. Isso podeparecer demasiado, mas não é: suapreparação para o trabalho é a única formade adquirir autoconfiança para desenvolveras atividades aqui propostas. O temor quepode surgir no início vai aos poucos sediluindo, se você persistir no hábito de sepreparar para cada oficina.

RECEPÇÃO: os jovens devem ser recebidos emespaço amplo que permita movimento, comcadeiras ou bancos que possam serdeslocados em função de cada exercício. Oambiente também deve permitir sentar-seno chão, em círculo. Como muitas dasatividades são de movimento, quanto menosmobiliário na sala, melhor.

AQUECIMENTO: este é um momentoimportante, pois propicia a integração daspessoas e o acolhimento dos novosparticipantes. Em cada oficina há umaproposta diferente de aquecimento, mas vocêdeve sempre lembrar-se de apresentar aogrupo os novos, mesmo que os jovens já seconheçam de outros ambientes, pois estaapresentação enfatiza aspectos pessoais decada um - como preferências, gosto, maneirade se comportar de cada um perante umadeterminada proposta -, que constituemdados relevantes a ser compartilhados.

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9MÚSICA E MOVIMENTO

CONDUÇÃO DAS ATIVIDADES: ao ministrar a

oficina para o grupo, siga o roteiroproposto, não se esquecendo, porém, da

necessidade de acatar possíveis

interferências dos participantes, quando

elas forem o resultado do entusiasmo e da

motivação despertados pelo tema. Nesses

momentos, sua atitude deverá ser, a um sótempo, firme e solta, o que requer o domínio

da proposta e entusiasmo pela própria

tarefa de ensinar.

PROCEDIMENTOS NO ENSINO DAS MÚSICAS:

no preparo para as canções sugeridas, siga

este roteiro: promova uma primeira

audição, sem leitura da letra; em seguida,

toque novamente e, quando for o caso,

explique o texto, verificando se há palavrasque desconhecem, esclarecendo seu

significado. No caso de cantos em outra

língua - canto indígena, ou de origem

africana - dê prioridade à sonoridade e ao

ritmo das palavras, como forma de

memorização; faça o grupo repetir cadapedacinho, até que consiga dizer o texto

sem dificuldade. Você vai sentir se deve ou

não ensinar toda a letra da música, ou

apenas parte dela. Talvez seja preciso dosar

a informação e fixar-se em apenas uma ou

duas estrofes, deixando as demais paraoutro momento. Insista na memória

auditiva. O CD que acompanha as oficinas

foi preparado para auxiliá-lo. Assim, no

momento de preparação de cada atividade,

ouça várias vezes os exemplos musicais

correspondentes, para sentir-se seguro/a nomomento de transmitir aos alunos a

proposta. Quanto mais vezes você ouvir,

mais estará confiante no que está fazendo.

ESPAÇO DE REFLEXÃO: cada oficina tem um

momento de conclusão, com a duração

aproximada de 10 minutos, em que você

discute com os jovens as atividades

realizadas e procura extrair do grupo suas

impressões, idéias e sentimentos. Éinteressante que consigam verbalizar essas

impressões, por isso incentive-os a falar

acerca das atividades desenvolvidas: se as

consideram importantes, em termos de

conhecimento, exploração do corpo, doespaço e da relação com as outras pessoas;

você também pode conversar a respeito dos

sentimentos que, muitas vezes, afloram

após determinada atividade. No entanto,

não se esqueça de que as oficinas não são

espaço psicoterápico e que, portanto, asdiscussões devem manter-se no “agora”: o

que está acontecendo conosco agora, se

gostamos ou não da atividade, de que

maneira essa atividade nos afetou, ou que

aspectos se mostraram positivos, ou nos

levaram a refletir. Como se pressupõe quetoda oficina dê espaço à reflexão, esse

momento é importante para auxiliar os

participantes a tirar suas próprias

conclusões e a desenvolver a capacidade

crítica e reflexiva. Seu papel é da maior

relevância na construção desse espaço dereflexão. Por esse motivo, você deve estar

preparado/a para o trabalho, o que inclui o

conhecimento da proposta e uma atitude

atenta e descontraída, para auxiliar o grupo

a, também, se soltar.

FICHAS E PORTFÓLIO: como a ênfase é na

audição e na oralidade, não propomos

trabalho com leitura e escrita durante as

oficinas. As fichas trazem apenas as letrasdas canções ouvidas, para poderem

lembrar-se mais tarde, quando quiserem

cantá-las. No momento da reflexão final,

convide os jovens a fazer registros em

folhas de papel avulsas. Valorize o portfólio:

as fichas e outras folhas avulsas, comregistros ou desenhos, devem ser guardadas

no portfólio de cada um.

TRABALHO COM ALUNOS COM DIFICULDADEDE LEITURA E ESCRITA: estes devem ser

incentivados a fazer registros da forma

como souberem (desenhos, esquemas etc.);

no momento da reflexão final, junte-os em

dupla com um leitor mais experiente,

estimulando a cooperação entre eles; senecessário, convide um colega, ou ofereça-

se para ser escriba daqueles que tiverem

dificuldade.

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10EDUCAÇÃO E CIDADANIA

OFICINA 1EXPLORANDODIFERENÇASMaterial necessário: ficha 1; papel, lápis, borracha,caneta; lousa ou papel pardo; aparelho de som, CDM&M.Nesta oficina, o foco é a percepção de diferenças(inspirado nas idéias de Moshe Feldenkrais,1977). A idéia central é que devemos ser capazesde ouvir o outro e ouvir a nós próprios, para poderreconhecer e aceitar a diferença. Para isso, temosde começar a explorar os sentimentos que temosem relação a nós mesmos, às outras pessoas e aoambiente em que vivemos. É da comparação como diferente que pode surgir a vontade de mudar, deagir diferente.Aquecimento e integraçãoEm roda, sentados lado a lado, um dos jovensinicia sua apresentação, dizendo aos demais, comvoz clara e firme: seu nome; cidade de origem;uma coisa de que gosta e outra de que não gosta(estas são meras sugestões: você pode alterá-las oupropor outras; o importante é que as informaçõespessoais sejam simples, diretas e sempre na mesmaordem, para facilitar a memorização).O próximo jovem, situado à esquerda do primeiro,prossegue repetindo o que acabou de ouvir docompanheiro, acrescentando as mesmasinformações a respeito de si mesmo. Cada um dosoutros participantes repete a corrente deidentificação desde o início, antes de acrescentarsua própria informação. Ao final, os jovens saberãoo nome e a origem de todos, além de alguns dadospessoais, que possam ser compartilhados. Esteprocedimento contribui para a formação de laçosentre eles e auxilia a conferir um senso defamiliaridade e companheirismo.Se o número de participantes for muito numeroso,a atividade pode ser prejudicada; recomenda-se queo exercício seja feito com no máximo 15 pessoas. Sea quantidade de participantes ultrapassar essenúmero, divida o grupo em dois. Nesse caso, aofinal, coletivamente, um subgrupo apresenta-se ao

outro, dizendo em forma de jogral, em alto e bomsom, o nome, a cidade de origem e o gosto pessoalde cada um dos participantes. O segundo subgrupo,em seguida, faz o mesmo, procurando variar ainflexão das vozes, isto é, diferenciando a sonoridadeda voz de cada um, variando a velocidade, amaneira de falar ou cantar e a expressão.Atividade exploratória do corpoe do espaçoPara esta atividade, é importante um espaço amplo,livre. Solicite aos alunos andar à vontade pela sala,cada um escolhendo a direção a ser seguida e avelocidade do andar, sem formar filas e sem seguirninguém. Cada um faz o percurso por si próprio.Há algumas normas: não dar trombadas noscompanheiros e tentar sempre preencher osespaços vazios. O exercício deve ser feito emsilêncio. Combine de antemão com os jovens umsinal para o início e outro para o encerramento daatividade; por exemplo, uma palma para iniciar eduas para encerrar, ou um aviso como “Já”,indicando o início ou o fim da atividade. Ao sinalde parar, os jovens observarão a maneira comoocuparam o espaço, para perceber se há lacunas ouconglomerados. Nas próximas paradas deverãocorrigir isso, trabalhando para que o espaço sejaocupado de maneira mais uniforme, sem deixar“buracos” e sem se aproximar demais uns dosoutros. A cada vez, os jovens aguardam o sinalpara reiniciar. Você deve estimular que busquemoutras direções e velocidades e que exploremdiferentes maneiras de caminhar, como: andar naponta dos pés, de lado, como caranguejo,apoiando-se nos calcanhares, de gatinhas e outros.Algumas vezes, procure alterar o tempo de espera,antes do reinício da atividade, para obrigar osparticipantes a ficar atentos aos sinais.Não deixe de observar o trabalho todo o tempo,dando sugestões gerais que estimulem osparticipantes a procurar outras posições e aexplorar os planos alto, médio e baixo:� plano alto - andar nas pontas dos pés, subir em

algum objeto, erguer os braços e outros;� plano médio - andar, correr ou saltar

normalmente;� plano baixo - arrastar-se, andar de cócoras ou

engatinhar.

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11MÚSICA E MOVIMENTO

InterlúdioApós atividade tão intensa, é preciso um momentode calma. Peça que os jovens se sentem em círculo.Faça com que fiquem em silêncio, de olhosfechados, até que a respiração se regularize e aexcitação baixe. Oriente-os para evitar qualquerconversa, pedindo que se concentrem em simesmos e em suas sensações, buscando atingir umtônus equilibrado. Incentive-os a conviver com aspróprias sensações, sem fugir delas.

INTERLÚDIOInterlúdio é um termo musical e foi introduzido aquipor se tratar de uma oficina de música. Em músicaexistem trechos que são tocados no início de umapeça maior - é o Prelúdio - e outros, tocados ao final- o Postlúdio. Muitas vezes, esse trecho musicalocorre no meio da obra, estabelecendo seja umaligação entre as partes ou uma mudança nasintenções. O Interlúdio prepara o ouvinte para o quevem a seguir. Esta foi a intenção do termo aqui, poisapós o exercício anterior, é preciso recuperar a calmae o controle respiratório para o exercício que segue.

Busque conversar sobre esse momento em um tomde voz apropriado e com gestos comedidos; isso éimportante para auxiliar o grupo a atingir oresultado esperado. O tempo estimado para ointerlúdio é de um minuto e meio a dois minutos(não mais que isso). Repita essa conduta após cadaatividade que exija movimento e deslocamento noespaço, mesmo que isso não esteja explicitado. A

V. 1 Após algumas vezes, torne a atividade maiscomplexa: ao parar, peça que cada um “congele”o movimento, como se fosse uma estátua. Aoouvir o sinal, os jovens reiniciam a atividade, atéo próximo sinal de parada; nesse momento,farão outra estátua, diferente da anterior.

V. 2 Acrescente mudanças de expressão: uma estátuaque exprima raiva; uma estátua que exprimaalegria, timidez, soberba, ou ainda que provoquerisos, que convide ao sonho ou a aventurasmalucas; invente outros e solicite aos jovens quetambém façam propostas.

V. 3 Agora, as estátuas passam a ser feitas em gruposde duas pessoas, com um ponto de contato:mãos, pés, ombros, costas, cotovelos, cabeças.Dado o sinal para o reinício, as estátuas sedesmancham e, da próxima vez, buscam outrosmodos alternativos de composição, com outroscompanheiros. A cada vez que a atividade forrecomeçar, anuncie o próximo ponto de contato.

V. 4 Caso persista o interesse e haja tempo, busqueoutros modos de composição da estátua, commaior número de pessoas e mais pontos decontato. Procure fazer com que os participantescontribuam com sugestões.

VARIANTES

atitude de silêncio e concentração prepara as pessoaspara atividades que exijam atenção. Neste casoespecífico, o Interlúdio coloca os jovens em posiçãoadequada para o próximo exercício, que exigesilêncio e concentração para a atividade de escuta.Escuta do ambiente sonoroDê uma folha de papel e lápis ou caneta a cadaparticipante (se necessário, escreverão no chão).Instrua-os a permanecer em silêncio,concentrados. Essa atitude é essencial nestaproposta. Somente você deve falar, com voz suavee pausada, mas segura e próxima a eles, de modo aincentivar um ambiente de calma e concentração.Peça que, em silêncio, ouçam os sons do ambiente,durante aproximadamente um minuto. Quantomais concentrados estiverem, mais intensamentevão ouvir. Se houver dificuldade de concentração,intervenha explicando que essa é uma atividadedifícil, mas não impossível, e que devem tentar denovo, pois a cada vez será mais fácil. Não deixe quedesistam. Passe-lhes confiança. Finalizado o tempode escuta, peça que cada um registre na folha depapel os sons que ouviu. Se no grupo houver algumjovem analfabeto, cuide para que não se sintaexcluído, incentivando-o a ouvir com cuidado e afazer no papel algum sinal, desenho ou gráfico que oauxilie a lembrar-se do que escutou, para poderrelatar aos companheiros. Em seguida, peça paralerem suas listas. Estimule a confiança deles,deixando claro que não existe certo ou errado nestetipo de exercício, pois o processo de escuta é muitoparticular; cada um escuta de um jeito. Após a

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12EDUCAÇÃO E CIDADANIA

leitura das listas, sugira que as comparem,discutindo as diferenças entre elas e o que é comum.O passo seguinte é classificar os sons ouvidos emcategorias, rearranjando-os em três colunas. Issopode ser feito coletivamente, enquanto você anotaem uma folha de papel pardo. Explique as trêscategorias em que devem distribuir os sons quelistaram:� sons da natureza (canto de pássaros, latidos de

cachorro, som de vento, chuva, outros);� sons produzidos por objetos ou máquinas

(veículos, máquinas, porta que bate, outros);� sons humanos (risos, vozes, choro, soluços,

tosse, outros).

VARIANTESSe perceber que o interesse persiste, faça outrostipos de classificação como, por exemplo (em duascolunas), sons que têm origem dentro da sala e osque vêm de fora. Ou, ainda:� sons corporais internos (barulho do estômago,

som de engolir saliva, pigarro, respiração) e sonscorporais externos (palmas, ruídos de pés);

� sons produzidos por pessoa com o auxílio deobjetos (cortar unhas, deslocar-se com umchaveiro na mão etc.);

� sons procedentes de fonte fixa e de fonte móvel(relógios de parede, porta batendo, no primeirocaso, ou sons de carro, avião, ou passos, nosegundo).

Incentive os jovens a criar outras categorias e leveem conta o que sugerirem. Quando, por algumarazão, não for possível acatar a idéia, explique porquê; tenha o cuidado de não desconsiderar apessoa em hipótese nenhuma, mesmo que, a seusolhos, a proposta pareça absurda.

Hora de cantarApós o término dessa atividade, pergunte aogrupo: O que gostariam de cantar agora? Háalguma música que todos conheçam? Se não surgirnenhuma sugestão, você deve propor alguma.Pergunte se conhecem músicas que você conheçabem, que goste de cantar. Caso os jovens nãoconheçam as músicas propostas, será o caso devocê ensinar-lhes uma canção de sua escolha (ou,

se preferir, a Ciranda apresentada na ficha 1).Neste caso, não forneça ao grupo o texto escrito,para incentivar a memória auditiva e corporal;cante a canção, frase por frase, fazendo com querepitam, uma a uma. Verifique se todoscompreenderam o texto. Cante com voz calma efirme, procurando entoar do modo mais precisopossível. Incentive o grupo a cantar junto,encorajando-os a vencer as barreiras e aderir aocanto. Às vezes, alguém pode hesitar em cantar,mas é importante estimular a participação de todos.Estimule os jovens a expressar-se individualmentee em conjunto. Uma vez conseguida a participação,incentive-os a que se movimentem no espaço(dancem) ou façam uma batucada enquanto cantam.Caso ache difícil encontrar uma canção, a sugestão écantar uma ciranda, importante manifestaçãofolclórica de origem pernambucana. O CD (faixa 1)traz essa ciranda e você pode ouvi-la muitas vezes etocá-la para o grupo, para que os jovens se sintamseguros ao cantar. Foi gravada por AntúlioMadureira, um cantor de Pernambuco (para vocêtreinar, a letra encontra-se transcrita na ficha 1, p.33).Espaço para reflexãoA última parte da oficina, como mencionado, é oespaço para falarem do que ocorreu; é importanteque o aluno reflita a respeito de suas descobertas eeventuais dificuldades. Seja flexível para seguir oencaminhamento dos alunos sem, porém, perder ospontos relevantes que ache importante destacar.Você pode sugerir tópicos de discussão, como:Gostaram das atividades de hoje? Por quê?O que descobriram com elas? Tiveramdificuldade? Perceberam diferentes modos defazer ações costumeiras? Quais? Do que maisgostaram de fazer?Após a discussão, distribua a ficha 1, espere quepreencham o cabeçalho com seu nome e data; peçaque copiem na ficha a classificação feitacoletivamente (na folha de papel pardo). Lembre-os de guardar no portfólio suas listas iniciais, juntocom a ficha. Incentive o registro, em folha quedeve ser guardada no portfólio, das impressões quecada um teve; ressalte a possibilidade de o registroser escrito ou por meio de desenho, gráfico, tirasetc. Lembre aos participantes que o tema destaoficina é “diferenças”. Isso pode ajudar adirecionar o registro.

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OFICINA 2COMUNICANDOE INTEGRANDOMaterial necessário: ficha 1; papel, caneta;aparelho de som, CD M&M.Todos nós vivemos simultaneamente em doismundos: o mundo interior, pessoal e o mundoexterno. Mas, nem sempre conseguimos viver comfacilidade nos dois: ora nos concentramos emnosso mundo interior e esquecemos o que está ànossa volta, ora toda a nossa atenção vai para omundo externo - o ambiente, as pessoas, assituações que enfrentamos em nosso dia-a-dia, eperdemos a relação conosco. É importante, porém,deixar uma porta aberta entre esses mundos, paraque possamos transitar por eles; só assim nãoperderemos a capacidade de nos perceber, entendernossas emoções e aperfeiçoar nossas relações comas pessoas e com o meio ambiente.AquecimentoNo início desta atividade, todos estão sentados emroda. Retome as atividades da oficina anterior.Essa retomada serve para recordar e fixar osprocedimentos trabalhados (para os queparticiparam da atividade) e, ao mesmo tempo,informar aos novos o que ocorreu. Você podedesenvolver essa atividade como jogo: estimulecada participante a falar algo e anote os tópicosprincipais na folha de papel pardo. Prossiga nessaatividade por algum tempo, até que o assunto seesgote. Se a canção aprendida na última oficinadespertou interesse, este é um bom momento pararecordá-la. O CD vai ajudar.Diálogo estrangeiroEstamos agora no reino do faz-de-conta. Expliqueaos jovens que, quando queremos sair de nossomundinho particular e nos comunicar com outraspessoas, utilizamos a língua (no caso, aportuguesa), mas que há também outros recursosexpressivos, como gestos, olhares ou sonoridadesdiversas, que podem imprimir ao que falamosdiferentes intenções. Ilustre o que está dizendocom exemplos práticos, falando uma frase comum,

com diferentes entonações que lhe modificarão osentido: isto é vida? (interrogação) Isto é vida!!!(admiração) Isto é (a) vida (desconsolo).Em seguida, proponha: “Vamos fazer de conta quenão sabemos falar português; temos de noscomunicar com o colega sem usar nenhumapalavra”. Acrescente que é permitido o uso da voz,mas apenas com ruídos ou fonemas sem nexo. Osjovens poderão, também, explorar diferentesexpressões faciais e corporais, mímica eentonações.Depois da explanação, divida as pessoas por pares,que se espalharão pela sala. Cada par deve secomunicar da maneira acima descrita, exercitandodiferentes estados de espírito ou ações: alegria,dúvida, pedir algo. Pode ser, também, acomunicação de alguma coisa engraçada, algocurioso, que provocou espanto, ou mesmo umsonho. Ao final da atividade, os participantesvoltam à roda e comentam o que ocorreu em cadadupla. É importante, nesse momento, verificar seforam ou não bem-sucedidos ao transmitir suamensagem ao companheiro. O sentido exato doque propuseram não é tão importante de sercaptado neste caso, mas sim a intenção mais geral.Alguns jovens podem fazer o exercício comfacilidade, enquanto outros talvez tenham achadodifícil. É importante respeitar o limite de cada um,não estabelecendo comparações entre os grupos.Lembre-se que a averiguação do resultado daatividade deve ser feita num clima ameno edivertido. Se os jovens gostaram da atividade eestiverem receptivos, você pode chamar algunspares para que mostrem aos colegas como“conversaram”. Quando perceber que já explorouo assunto suficientemente, passe à próximaatividade.Atividade musicalConverse com o grupo a respeito de manifestaçõesmusicais que, embora possam ser desenvolvidasindividualmente, na maior parte das vezes sãogrupais. Pensar em uma música, “cantar dentro dacabeça” são manifestações do mundo interior;cantar em voz alta, tocar no grupo sãomanifestações externas, que podem sercompartilhadas. Mostre a eles a diferença entre osdois procedimentos e peça que pensem em uma

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música e, depois, a cantem em voz alta. Conte aosjovens que todos os grupos sociais humanosfazem música e que essa música varia muito deum para outro grupo. Há uma grandediversidade de manifestações musicais no mundo,porque existem diferentes culturas, que secomunicam entre si de modo bem diferente donosso: esses povos falam outra língua, têm outroshábitos, outras formas de viver. Dificilmentetemos acesso à música desses povos e, por isso,conhecemos apenas o repertório musical de nossaprópria cultura e o que chega até nós pelos meiosde comunicação - o que é muito pouco, emrelação ao que se produz no mundo. Explique,também, que as manifestações musicais semodificam no tempo e o que é conhecido eapreciado numa época pode ficar esquecido ousofrer profundas modificações em outra.Na cidade grande, hoje, é comum que grupos sereúnam para cantar e dançar rap. Pergunte se entreeles há quem saiba raps ou que já participou degrupo de rap. Se houver, abra espaço para quemostrem alguma composição para os outros eestimule-os a compartilhar com os colegas o quesabem. Comece pelo texto, fazendo com quememorizem as palavras. Em seguida, passe acuidar da inflexão das palavras - isto é, da maneiracomo são organizadas as palavras e frases que, nocaso do rap, têm um ritmo muito peculiar. Vocêpode fazer um gancho com o exercício anterior(Diálogo estrangeiro), relembrando os esforçosque fizeram para se comunicar sem usar palavras.Deixe, portanto, um espaço para que aprendam orap proposto por alguém do grupo. Uma vezaprendido, estimule-os a dançar. Mostre que éimportante repetir os trechos mais difíceis até quetodos consigam participar. O CD traz, na faixa 3,uma base rap que serve para cantar qualquer um.Caso não haja ninguém disposto a ensinar um rap aoscolegas, é você que vai fazer isso. Se conhecer um,ensine-o, enfatizando o tipo de batida rítmica, algummovimento de mãos ou percussão corporal e ospassos. Ou, se preferir, ensine o Rap da velhinha,gravado no CD (cuja letra encontra-se na ficha 1).Foi criado pelo músico paulista Celso Del Neri, sobreum texto de Cecília Meireles (A língua do nhem).Ouça a faixa 2 previamente com cuidado, paraaprender a melodia.

Toque o Rap da velhinha para o grupo, veja seconseguem memorizar. Distribua a ficha 1 (oupeça aos que já a têm da oficina anterior, que aretomem) e proponha cantarem com oacompanhamento rítmico.Espaço para reflexãoDestaque os momentos desta oficina em que osjovens tiveram liberdade de escolha (os fonemas emodos de expressão no “diálogo estrangeiro”) e osmomentos em que tiveram de seguirdeterminações (como foi o caso do rap). Mostreque, pelas características sociais da música, não sepode executá-la sem que haja algum tipo deorganização: é preciso determinar quem canta, aque horas inicia, em que momento interrompe;estabelecem-se também tarefas: o que cada um faz,isto é, se canta, toca, dança, e em que momento.Reserve um tempo para fazerem seus registros.

VARIANTEComo estímulo à continuação da reflexão, quandocontou que as músicas se modificam no tempo e noespaço, se você estiver familiarizado commanifestações típicas de diferentes lugares do Brasil,pode apresentar questões como: Vocês podemimaginar que música se tocava no palácio de DomPedro I durante as festas? Sabiam que até a décadade 1940 havia um músico nas salas de cinema, quetocava antes da sessão, ou no intervalo dos filmes?Ou ainda, que tipo de música se canta em diferentesregiões do Brasil? Estimule os jovens a lembrar demúsicas antigas aprendidas com pessoas mais velhasda família, ou em suas cidades de origem.

OFICINA 3DENTRO E FORAMaterial necessário: colchonetes (um para cadaparticipante); folhas de papel, caneta; aparelho desom, CD M&M.É importante conseguir unir todas asmanifestações corporais, mentais e afetivas, paracriar uma auto-imagem definida e positiva. Seconseguirmos fazer isso, seremos capazes de

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compreender melhor o mundo que nos cerca, e nosrelacionarmos com ele de um modo positivo. Sehouver uma fusão equilibrada de todos essesaspectos, nosso relacionamento com o meioexterior será, também, equilibrado (Lowen, 1987).AquecimentoVerifique se há pessoas novas no grupo e peça quese apresentem, dizendo seu nome, a cidade ondenasceram, alguma coisa de que gostem e outra deque não gostem. É o mesmo exercício da Oficina1; se houver um número grande que tenhaparticipado daquela oficina, peça simplesmenteque cada um se apresente.Em seguida, peça que se deitem sobre oscolchonetes e tentem perceber suas sensações emrelação a diferentes partes do corpo. Sugirapensarem: “Onde está minha cabeça? Tenho tensãonas costas ou em algum outro ponto? Sinto meusjoelhos sem precisar olhar para eles? Que espaçomeu corpo ocupa na sala? Sou muito espaçoso?Ocupo pouco espaço?”EscutaPeça que os jovens se sentem em roda, em silêncio.O desafio é a busca de uma atitude concentrada,para que possam realizar adequadamente oexercício e a audição proposta. Os jovens devemestar suficientemente próximos uns dos outros,para poder passar uma folha de papel de mão emmão, sem precisar se inclinar demais.Você inicia a ação: tome uma folha de papel eexplique que deve ser passada pela roda, de mãoem mão, de tal maneira que não se escute nenhumruído, nem o mais leve roçar de dedos na folha.Eles devem se esforçar para cumprir a tarefaconcentrando-se no gesto, não conversando nem semovendo mais do que o mínimo necessário paraexecutar o que foi proposto. Um ambiente deconcentração deve ir se instalando. Após a rodada,quando o papel voltar novamente às suas mãos,estimule os participantes a comentar o ocorrido: seconseguiram realizar a tarefa, se foi fácil ou não, sealgum ruído externo atrapalhou a concentração etc.Repita o exercício. Em geral, na repetição oexercício é melhor realizado. Chame a atenção parao silêncio e sua importância. Fale de como, emgeral, o silêncio é percebido como algo negativo e

opressivo; mostre que, no entanto, pode serpositivo, colocando-nos em contato conoscomesmos e com outras pessoas, estimulando aconcentração e a percepção que temos de nósmesmos, do ambiente e do outro. Comente queessa atitude imprime em nós uma sensaçãopositiva, que serve de preparação a outrasatividades de escuta, ou de fazer música.Uma variação interessante é propor, em seguida,exatamente o contrário: sugira que passem a folhade papel explorando suas diferentes possibilidadessonoras. Os jovens passarão o papel de mão emmão, mas não antes de produzir um som com ele:dobrando, batendo, agitando no ar, amassando eoutros. O silêncio permitirá uma escuta atenta ecrítica. Comente com eles o que ocorreu, no finalda atividade. Pergunte: a proposta de fazer silênciofoi positiva? Enfatize a importância do silêncio edas diferentes possibilidades de produzir sons.Dança tribalPreparação: todos sentados em círculo, conversecom os jovens a respeito da diversidade demanifestações de música e dança em cada cultura.Em seguida, dê a seguinte instrução: “Este é umjogo de faz-de-conta. Imaginem que vocêspertencem a uma tribo que mora no meio dafloresta e não tem contato nenhum com acivilização. Essa comunidade vive do que planta -milho, mandioca e outras raízes - dos frutos quecolhe na mata e dos peixes que pesca no rio. Hoje,toda a tribo está reunida, para executar uma dançacerimonial”. Estimule o grupo a imaginar a razãode terem se reunido para dançar; pode ser ocasamento da filha do cacique; uma cerimônia delouvor aos deuses tribais pela boa colheita, ou umafesta anual em honra de determinada divindade;pode ser, ainda, uma dança de guerra. É omomento de deixarem a imaginação solta e vocêdeve ter a habilidade de, ao mesmo tempo,estimular propostas e impedir que saiam do tema.Os jovens vão, também, imaginar o espaço em quese dá a cerimônia; para isso estimule-os comperguntas, até que todo o quadro seja composto:Há uma fogueira no centro da roda? Como estãovestidos os participantes? Como se cumprimentamquando se encontram? Que língua falam? Quandofor decidida a razão do cerimonial e os pormenores

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desse grupo imaginário, explique que, nessa tribo,as danças cerimoniais são feitas em roda, comtodos participando. Em seguida, convide-os aparticipar da dança tribal. A faixa 4 do CD M&Mtraz uma base rítmica apropriada.Coreografia: em círculo, voltados para o centro daroda, guardando distância suficiente para que osbraços possam ser abertos lateralmente sem tocarnos companheiros do lado. Movimentação: pédireito se afasta, pé esquerdo se junta ao direito; pédireito se afasta, pé esquerdo se junta ao direito...Esse movimento é executado oito vezes, de modoque a roda vá se movimentando para a direita.Depois, repetir para a esquerda oito vezes,deslocando-se, então, a roda em sentido contrário.Quando esse movimento estiver assimilado, repeti-lo adicionando os braços: a cada dois passos (pédireito e pé esquerdo), os braços abrem-selateralmente. Nos próximos dois passos, eles sefecham. Disso resulta que os braços semovimentam mais lentamente que os pés, havendoum movimento de braços para dois movimentosdos pés. Acrescente som de voz (Rá, Rô),conjugado ao movimento dos braços. Atenção:esses fonemas devem ser pronunciados como o haspirado inglês, isto é um “r” gutural, eexpressarão alegria, suavidade, bravura ou outrosentimento, de acordo com a temática sugerida poreles no início da atividade.Espaço para reflexãoSiga a orientação geral dada na Oficina 1. Lembreaos jovens que houve dois momentos importantes econtrastantes: um que exigiu grande concentração ea imersão em si mesmo, e outro em que aparticipação em grupo foi privilegiada. Peça querelembrem situações em que é importante o espaçoindividual (interior) e outras, em que o principal é ogrupo, ou o ambiente (fora). Mostre quepermanecer em uma atitude única (só dentro de simesmo, ou exteriorizar-se o tempo todo, impedindoatividades ou que outras pessoas se manifestem) éatitude extrema que mostra inadequação de nossospapéis no grupo, ou na sociedade. Às vezes, éimportante o recolhimento, o entendimento do quese passa conosco em nosso íntimo (recorde comeles o exercício de aquecimento). Outras vezes, éimportante prestar atenção nas outras pessoas, ouno ambiente; nesse caso, cite como exemplo a

dança tribal, que só pode ocorrer se todosparticiparem em conjunto. Pensando nas duasmaneiras de estar no mundo (imerso em si mesmo,ou participando em um grupo), pergunte, dasatividades realizadas, qual pode ilustrar cada umadessas atitudes? Estimule o registro em folhasavulsas, que serão guardadas no portfólio.

OFICINA 4EU E NÓSMaterial necessário: ficha 1 (verso); colchonetes;aparelho de som, CD M&M.Embora cada um de nós tenha característicaspeculiares, que nos distinguem das outras pessoas,temos outras, formadas com base nos valores dogrupo social a que pertencemos. Se formos muitodiferentes do padrão comum, iremos nos sentirdeslocados. Para evitar isso, às vezes tendemos anos afastar de nossas características individuais,preferindo as que nos aproximam de um padrãogeral. Com isso, muitas vezes deixamos de ladonossas próprias necessidades, enfatizando as que sãocomuns ao grupo. Mas ambas as atitudes sãoimportantes: as particulares e as coletivas; portanto,é preciso equilibrar nossas necessidades pessoais eaquelas ditadas pelo grupo, visando o equilíbrio.AquecimentoPeça os jovens para sentar-se em círculo. Comecerecordando o que se passou na aula anterior.Verifique se lembram do que foi feito, da folha depapel, da dança. Em seguida, comente que tudotem som mas que, muitas vezes, esquecemo-nosdisso. Tome como exemplo nosso próprio nome:embora tenha muitas sonoridades diferentes, de tãoacostumados que estamos, não prestamos atenção.Se houver participantes novos, este é o momentode se apresentarem.É necessário espaço livre para movimentação. Todosse levantam e andam à vontade pela sala, emqualquer direção, cada um por si. À medida que semovimentam, vão pronunciando o próprio nome emvoz alta, escutando sua sonoridade, procurandovariar a maneira de pronunciá-lo: rápido, devagar,

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com sons agudos ou graves, modulando a voz, istoé, explorando os sons que conseguem fazer,separando as sílabas, enfim, buscando variar o maispossível o próprio nome e sentindo as diferentessonoridades que provoca, ao modificá-lo. Em suma,peça que transformem o próprio nome numa obramusical, rica em sonoridades. Depois de um certotempo de exploração, reúna os participantesnovamente em círculo, pedindo que cada umdemonstre aos outros as variações sonoras queconseguiu fazer a partir do seu nome. Em seguida,faça com que formem pequenos grupos de quatroou cinco e oriente-os para tentar produzircombinações interessantes dos sons que descobrirama partir de seus nomes. O resultado desse esforçoconjunto será uma obra musical construída por sonse silêncios, com diferentes inflexões da voz: sonscurtos, longos, ditos rapidamente ou muito devagar,fortes, fracos, ásperos ou suaves. Estimule-os asoltar a inspiração, utilizando sempre os ouvidospara controlar o resultado.Estica-esticaPara esta atividade, os participantes deitam-se emcolchonetes estendidos no chão. Peça silêncio eincentive os jovens a permanecer concentrados emsi mesmos, procurando perceber as sensações dopróprio corpo. Qualquer conversa, risada, movimentobrusco pode comprometer o exercício; desse modo,esteja preparado para, continuamente, relembrar anecessidade de trabalharem sua capacidade deconcentração e de se manterem quietos.Deitados cada qual em seu colchonete, braçospousados no chão, ao longo do corpo,naturalmente, sem esforço, peça que se concentremnas próprias sensações, sentindo o próprio corpo eos lugares em que este se apóia no chão. Faça comque percebam os pontos de tensão e relaxamento.E que prestem atenção ao ritmo respiratório,procurando aprofundar a respiração, imaginandoque o ar vai ocupar todos os espaços internos.Depois de alguns momentos de concentração, osjovens deverão perceber que as costelas se ampliame a respiração se aprofunda.Quando a calma estiver instalada, peça que ergamas pernas sobre o tronco, com os joelhos dobrados.Devem segurar o joelho direito com a mãoesquerda; delicadamente, forçar um pouco com a

mão a perna a se aproximar do tronco; mantendo aperna direita nessa posição, esticar a esquerda renteao solo; dobrar bem o pé esquerdo, com os dedospara cima; perceber que a musculatura da parteposterior da perna se estica. Cada um deveprocurar encostar a perna esquerda toda no chão,respeitando, porém, os limites do próprio corpo,isto é chegar ao ponto máximo que conseguir;manter a posição durante um certo tempo e,depois, relaxar, voltando à posição inicial (deitado,pés apoiados no chão, joelhos flexionados). Fazer omesmo com o joelho esquerdo, obedecendo àmesma seqüência. Depois, farão ainda uma vez decada lado. Estimule os participantes a seconcentrar em si mesmos, percebendo as sensaçõesdo corpo, o volume que ocupa no espaço e o tipode movimento realizado.Nossa herançaApós o término da atividade e retirados oscolchonetes, voltem a sentar-se todos em roda.Converse com os jovens falando do Brasil e dospovos que o formaram. Comece dizendo que osbrasileiros, em geral, em maior ou menor grau,têm em si elementos das três raças formadoras doBrasil: branca, negra e indígena. Antes dechegarem os portugueses, aqui havia apenasindígenas. Um pouco mais tarde chegaram osnegros, trazidos à força da África como escravospelos europeus, geralmente portugueses. Logo amiscigenação começou, isto é, indivíduos de raçasdiferentes passaram a unir-se e ter filhos. NoBrasil houve tanta miscigenação que já não é maispossível identificar o quanto de cada raça estápresente em nosso sangue. (Se algum dosparticipantes tiver freqüentado oficinas de Poesia,pode querer comentar o rap de Gabriel o Pensadorsobre esse assunto). A influência dessas culturas énítida e pode ser detectada nas artes emanifestações folclóricas.Prossiga na explicação dizendo que hoje irãoescutar uma música de tradição negra, recolhidano Norte do Brasil por um paulista muitoimportante por seu trabalho de tornar conhecidasem todo o país nossas tradições regionais demúsica e dança: Mário de Andrade. Em suaspesquisas, Mário viajou com um grupo para oNorte e Nordeste e registraram tudo que ouviram,em forma de gravação, fotos, documentos e textos.

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Isso ocorreu em 1937-1938 e o grupo chamava-seMissão de Pesquisas Folclóricas. Esse material foipublicado por ele no livro O turista aprendiz.Recentemente, esse material caiu nas mãos de umgrupo de artistas que resolveu divulgá-lo, emforma de espetáculo e em CD. O grupo chama-se“A Barca” e o espetáculo-CD, O turista aprendiz.Irão ouvir uma canção africana gravada nesse CD(foi gravada em São Luís do Maranhão em 1938,pelo Mário; quem canta é Maria José Paixão).Logo em seguida, é apresentada em versãomoderna, pelo grupo A Barca. Peça que ouçam,procurando manter silêncio e perceber de que jeitoessa música se apresenta: Como é cantada? Háinstrumentos ou não? Se existem, é possívelidentificá-los? São vozes de homens, mulheres,crianças? Em que língua cantam? Essas sãoalgumas questões que podem ser feitas, mas vocêpode criar outras. Os jovens podem, também,sugerir questões que orientem a audição da obra.Depois de ouvir e discutir, incentive o grupo acantar; mas para que isso dê certo, você precisaestar preparado/a. Para ensinar a canção, faça comque os participantes a ouçam e repitam, frase afrase, antes de cantá-las em seqüência. O CD vaifacilitar (v. box).

MINA TERÊ TERÊA letra de Mina terê é transcrita no verso da ficha 1(p.34). No CD (faixas 5 e 6), a música aparece duasvezes; na primeira, cada frase é cantadaseparadamente, seguida de um espaço vazio, paravocê e os jovens repetirem o que acabaram de ouvir.Depois, outra frase e mais um trecho em branco; eassim por diante. Repita com o grupo muitas vezes, atéque não tenham mais dúvidas. Na faixa 6, a música éapresentada por inteiro. Cantem junto!

Espaço para reflexãoA questão enfatizada nesta oficina é a oposiçãoindivíduo/grupo, ilustrada pelos exercíciosEstica-estica e Nossa herança. As questões devemconduzir para a compreensão dessa oposição, quegera nas pessoas determinadas atitudes, de duascategorias: as que se dirigem ao crescimentopessoal e as que se destinam ao desenvolvimentodo grupo. A voz é um excelente espelho do que

se passa em nosso interior, pois reflete o quesomos, ou o estado em que nos encontramos. Asatividades musicais coletivas mostram o outrolado, isto é, o social, pois é necessário haver umasérie de adequações de uns aos outros. Você podelembrar que o homem é um ser gregário, querdizer, que não pode viver sozinho; qualquer serhumano depende de outros, embora essadependência possa ser maior ou menor, pordiversos fatores; descubra, em conjunto com ogrupo, na discussão, situações que mostrem apredominância de uma ou outra dessas forças,ambas necessárias ao equilíbrio pessoal e dasociedade. Dê um tempo para registro. Vocêtambém pode sugerir que desenhem comoimaginam o grupo que canta o Mina terê.

OFICINA 5DE BICHOS E GENTEMaterial necessário: ficha 1 verso; cartões comdesenhos e nomes de animais, aos pares; aparelhode som, CD M&M.Preparação: imprima com antecedência o“baralho” de animais (reproduzido na últimapágina deste fascículo); o arquivo para impressãoencontra-se no mesmo CD contendo os arquivosdas fichas, parte integrante deste módulo.AquecimentoA intenção desta oficina é a de levar osparticipantes a refletir a respeito deles mesmos eda posição que ocupam no mundo; também é ummomento de reflexão sobre a imagem que têm desi, perante si próprios e perante o grupo.Propomos aqui uma comparação com animais.Peça que mencionem animais que vivem emgrupos, manadas ou rebanhos. Explique quevários animais (certas baleias, elefantes, leões,zebras, primatas - “macacos” - e muitos outros)convivem em grupos que vão desde os pequenos,semelhantes a famílias humanas, até imensasmanadas. Esses grupos são em geral estruturadosao redor de um/a líder. Cada indivíduo revelaconhecer o ambiente em que vive e seu lugardentro do grupo familiar, rebanho ou bando. Todos

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podem cooperar para a defesa do grupo e ajudar ummembro em perigo ou dificuldade. Em seguida,proponha comparação com seres humanos,destacando a consciência humana, a capacidade depensar sobre si próprio: “O homem é dotado nãosomente de uma consciência altamente desenvolvida,mas também de uma capacidade específica, que lhepermite saber o que está acontecendo dentro dele,quando usa esse poder” (Feldenkrais, 1977).Pergunte se, nos grupos humanos que conhecem,todos parecem preocupar-se com o bem-estar detodos; se acham que o líder de um grupo devefazer com que as pessoas trabalhem para benefíciopróprio ou deve zelar para o bem-estar dos demaiscomponentes do grupo.Jogo sonoro: ZoológicoAproveitando o que tiver surgido do exercícioanterior, encaminhe a conversa para o tema“animais”. Comente que os animais têm voz e secomunicam com os de sua espécie. Enumere, eestimule os participantes a enumerar também, osanimais domésticos e de zoológico que conhecem.Pergunte se sabem como é a “voz” desses animais.Procure obter a participação de todos e perceber eentusiasmá-los com a possibilidade de explorar asvozes dos animais, dê início ao jogo.Se houver uma mesinha, espalhe sobre ela, com aface escrita voltada para baixo, os cartões comnome e desenho de um animal (um par de cadaanimal); se não for o caso, embaralhe e distribua oscartões na roda. Enfatize que não devem mostrá-loa ninguém, nem contar qual é seu animal.O jogo se inicia com todos no centro da sala. A umsinal, todos se afastam, movimentando-se peloambiente, fazendo o som de seu animal e procurandoseu par. Para isso, devem tentar identificar, nomeio do ruído, o som do animal igual ao seu. Cadapar que se encontra sai do espaço central e vai paraum dos cantos da sala, fazendo vozes, como se osdois animais estivessem conversando.Quando todos tiverem encontrado seu par, ajudeos participantes a conferir se realmenteencontraram o parceiro correto pois, às vezes,podem ocorrer enganos na identificação das vozesdos animais. O jogo termina com um “grandeconcerto no zoológico”, em que os “artistas” são ospróprios animais.

InterlúdioSempre depois de um jogo de movimento, é bomconduzir os participantes a relaxar: em círculo,peça que se sentem no chão em posição de ioga(com as pernas cruzadas à frente do corpo),mantendo silêncio por um momento, enquantoesperam a respiração voltar ao normal. Sugiraentão um exercício simples de alongamento,apenas para ajudá-los a retomar o equilíbrio:esticar a perna direita à frente na diagonal,segurar os dedos dos pés com a mão direita(mesmo que, para isso, tenham de manter ojoelho um pouco dobrado) e flexionar o troncoem direção a essa perna. O braço esquerdo ergue-se acima da cabeça e acompanha o tronco,tentando chegar até o pé direito. Enquanto isso,respirem profundamente, mandando ar para olado esquerdo do peito e sentindo que estão emextensão; farão o mesmo do outro lado, repetindoa seqüência.Um pouco de cantoRecorde com os jovens músicas que já cantaramnas oficinas - no caso de haver participantes deencontros em que se cantou. Caso não haja, ousejam muito poucos, passe imediatamente para aatividade do dia. Após a exploração das vozes dosanimais, será fácil conduzir a conversa em direçãoà expressão musical dos homens e dos grupossociais. Os marinheiros, por exemplo, por viveremno mar e tirarem seu sustento dele, lembram-sedele em suas canções, falam de coisas do mar,falam da amada que os espera em terra, dasincertezas da vida, pois a cada vez que o barco sai,não sabem se volta. Do mesmo modo que cadaanimal (do exercício anterior) tinha uma voz, osdiferentes grupos sociais têm também uma vozprópria, que expressa seus sentimentos, valores,preferências e uma maneira peculiar de ver omundo.Converse a respeito de cantos folclóricos, isto é,que o povo canta, que na maioria das vezes já nemse sabe mais quem inventou e que são bemdiferentes de região para região. São exemplos demúsica folclórica as cantigas de roda, folguedos edanças como o Maracatu ou o Bumba-meu-boi.A canção que irão ouvir e aprender a cantar éMarinheiro só. O mar é muito importante para os

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brasileiros pelo papel que desempenha na vida demuitas pessoas - basta lembrar o tamanho da costabrasileira, para se ver quantos estados sãobanhados pelo Oceano Atlântico. É inevitável,portanto, que muitos dos cantos folclóricos seinspirem no mar.Prepare-se ouvindo Marinheiro só no CD (letrano verso da ficha 1). Está gravado duas vezes(faixas 7 e 8). Na primeira, cada frase é seguidapor um momento de silêncio. Ouça e repita,procurando cantar o mais próximo possível doque está ouvindo. Repita o procedimento até quenão haja mais dúvidas. Passe então para a faixaseguinte, do canto sem interrupções, e cantejunto com o modelo.Primeiro, toque a música para os jovens ouvirem.Depois, incentive-os a cantar, ouvindo linha porlinha e repetindo. Quando souberem a primeiraparte, divida o grupo em dois: um canta a estrofee o outro canta o refrão. Passe, então, para asegunda estrofe; o procedimento é o mesmo, mashaverá uma troca: quem cantava a estrofe, passa acantar o refrão e quem cantava o refrão, cantaagora a estrofe. Isso mantém o interesse e permiteque todos tenham o mesmo tipo de experiência.Espaço para reflexãoSerá interessante enfatizar a questão apresentadalogo no início: a maneira como indivíduos dealgumas espécies cuidam não apenas de seusinteresses, mas também do bem-estar do grupo.Peça aos jovens que se manifestem a respeito dosexercícios dos animais e da canção de marinheiros(Lembre-se de distribuir aos que ainda não a têma ficha 1.) Estabeleça comparações entre animaisdotados de instinto social e grupos sociaishumanos, que aliam a consciência individual aorespeito e adequação ao grupo a que pertencem:mostre como um determinado grupo consegueproduzir música e dança que reflita seus valores,seus sonhos e a consciência de pertencer aogrupo. De que modo esse sentido de pertinênciase manifesta? Qual seria, no caso dos jovens quefreqüentam esta oficina, a música ou a dança quemelhor os caracterizaria? A respeito de quêgostam de falar? Quais seus valores? Que tal, paraterminar, improvisar uma música? Ou escolheruma de que gostem para cantar?

OFICINA 6MATO E CIDADEMaterial necessário: papel pardo e canetas; papel,lápis, canetas; aparelho de som, CD M&M.Adolescentes costumam preferir a companhia degrupos da mesma idade. Temos a tendência, emgeral, de medir nosso valor pelo valor do grupo; écomum atribuirmos grande importância àaceitação pelo grupo, às vezes em detrimentodaquilo em que acreditamos ou achamos certofazer. Com isso, atribuímos menos valor a nósmesmos, a nossos sonhos e nossas idéias. Paraafastar-se dessa tendência, é preciso fazer umesforço de autovalorização, que começa com apercepção da auto-imagem.Aquecimento: MarionetesComece o trabalho perguntando se os jovens sabemo que é uma marionete e explique que é um bonecomanipulado por fios, pelo titereiro. Em seguida,peça que formem pares, em que um será amarionete, e o outro o titereiro (isto é, o ator quemanipula o boneco). Ambos ficam de pé frente afrente. O boneco fica imóvel, enquanto o titereiro,sem falar nada e sem tocar no companheiro, moldadiferentes posições de seu corpo, puxando cordéisimaginários, procurando fazer com que o bonecoassuma posturas diversas. Ele pode, por exemplo,fazer o boneco andar ou dançar, insinuando umritmo repetitivo ou cantando uma canção, mas oimportante é que haja coordenação entre o seu gestoe o movimento e a postura do boneco. Depois deum certo tempo, trocar: quem foi boneco passa a sertitereiro, quem foi titereiro passa a ser boneco. Ojogo deve se desenvolver em silêncio.Escutando a naturezaConte aos jovens que, em oposição ao exercícioanterior, que lidou com o silêncio, irão agora lidarcom o ruído. Peça que se sentem em círculo. Iniciea conversa afirmando que, provavelmente, uma dascoisas que mais há no mundo é ruído. Cada ambientetem seus próprios sons que o tornam diferente deoutros ambientes. Converse a respeito dos ruídosde que se lembram, da época em que eram bempequenos; talvez algum som peculiar, próximo ao

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lugar onde moravam (ou moram), ou de visita aalgum local que tinha um som característico. Lembreque os sons podem ser classificados de diferentesmaneiras: urbanos (automóveis, apitos de fábrica, detrem ou metrô); de fenômenos naturais (chuva, vento,tempestade, trovão); rurais (canto de pássaros, vozesde animais, cascos de cavalo) etc. Diga que os sonsurbanos, principalmente nas grandes cidades, sãodensos e fortes, misturando-se e tornando difícil aidentificação de cada um. Ao contrário, os sons deuma paisagem rural ou de mata são mais fáceis deidentificar, porque não se misturam.Vá anotando na lousa os sons mencionados pelosjovens. E, na própria lousa ou em uma folha depapel pardo, proponha que sugiram uma forma declassificá-los; se houver algum participante daoficina 1, ele poderá lembrar da classificação feita(sons humanos, de objetos ou máquinas, danatureza); anote os sons em colunas conforme aclassificação escolhida.Em seguida, anuncie que irão ouvir uma gravaçãofeita em diferentes regiões da Mata Atlântica porum pesquisador do ambiente acústico das matasbrasileiras. O nome dele é Beto Bertolini, moradorde Curitiba. Explique que irão ouvir quatroexemplos de sons: Sapos e rãs; Água, insetos ecorruíra (passarinho); Árvores ao vento; e Beija-flores. Toque o CD (faixas 9 a 12) e faça com queouçam várias vezes, incentivando-os a comentar oque ouviram. Pergunte se conseguem identificardiferenças entre os sons escutados, se reconhecemalgum pássaro, inseto ou fenômeno natural, seacham interessante essa atividade de escuta ereconhecimento. Peça também que digam senotam outros ruídos além dos que são informadosna gravação. Para responder a essas perguntas, énecessário retornar ao exemplo musical outrasvezes, pois, a cada audição, as peculiaridades dosexemplos ficam mais claras.Música urbana: ChiquinhaGonzagaEm contraste com os sons ouvidos na atividadeanterior, esta sessão consistirá em um exercício deescuta de música urbana. Não é, porém, da épocaatual, mas um exemplo do que se fazia no Rio deJaneiro há mais de cem anos. Além dessaoportunidade de comparar os dois tipos de som

encontrados em diferentes ambientes, podemostambém notar que os sons se modificam no tempo,pois a música de cem anos atrás é diferente da queouvimos hoje. Além disso, é uma boa ocasião deconhecer um pouco da obra de uma mulher que setornou uma das mais importantes figuras femininasdo final do século XIX: Chiquinha Gonzaga.Tente descobrir, em conversa, o que o grupo sabedela (se sua UIP é justamente a que foi denominadaem homenagem a ela, aproveite para destacar isso);estimule os jovens a falar a respeito, veja se alguémassistiu à minissérie exibida pela TV Globo há umcerto tempo. Se necessário, complementeinformações a respeito dessa compositora, regente,primeira mulher a tocar violão em público nasociedade tradicional do Rio de Janeiro do final doséculo XIX. Desde cedo, Chiquinha chocou asociedade da época, enfrentando os costumes sociaiscom atitudes que não eram usuais naquele tempo; e,apesar disso, conquistou o respeito de muitos, porseu talento musical e pela paixão com que abraçavacausas políticas e sociais importantes na vidanacional, como as campanhas de que participou,em favor do abolicionismo e da República.Isso é importante para caracterizar a personalidadede Chiquinha Gonzaga, mas o foco principal daatividade, nesse momento, é levar os jovens aconhecer uma de suas músicas: o tango Gaúcho,composto em 1895 e mais conhecido como Corta-jaca. Nesta gravação do CD (faixa 13), essa dançaé executada por piano, violão, cavaquinho epandeiro, por Talitha Peres, (piano), HenriqueCazes (cavaquinho), Marcelo Gonçalves (violão desete cordas) e Beto Cazes (pandeiro).

TANGO BRASILEIRO E CORTA-JACAGaúcho é um tango brasileiro, mais tarde chamadode Corta-jaca. Ambos - tango brasileiro e corta-jaca- são nomes de danças brasileiras bastantepopulares no século XIX. No corta-jaca, o dançarinoexecuta sozinho passos de sapateado, enquanto otango brasileiro mostra a mistura de elementoslatinos a lundus de inspiração negra. No final doséculo XIX, era comum tocarem-se peças em ritmode dança já em arranjo para instrumentos, isto é,não necessariamente para acompanhar danças.(Andrade, 1989, p.160 e 501)

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Faça com que todos ouçam a música em silêncio epeça que identifiquem os instrumentos queouviram. Ajude-os a reconhecer os instrumentos àmedida que se evidenciam. Em seguida, chame aatenção para o tema, isto é, aquela parte da músicaque mais se destaca, pela melodia fácil epenetrante. Após o tema, deverão perceber que háoutra parte diferente, depois da qual o tema érepetido. A esse tipo de estrutura musicalchamamos “forma A-B-A”, porque o tema Aaparece no início e no final da canção, enquanto otema B fica no meio, como um recheio desanduíche. Após a discussão, toque novamente agravação, para que ouçam e percebam que aaudição consciente da música melhora a cadarepetição. Se conseguir mantê-los interessados naescuta dessa obra, toque ainda uma vez.Espaço para reflexãoFinalmente, converse a respeito do que foi feito naoficina. Comece perguntando o que sentiramsendo bonecos e titereiros e peça para destacaremmomentos difíceis, interessantes ou desafiadores.Lembre que era um jogo interativo, decomunicação; “dá certo” quando ambosconseguem comunicar-se bem. Além disso, ainversão de papéis (ser boneco ou titereiro)permite perceber a maneira como nos sentimos enos comportamos nas duas posições. O quesentiram como bonecos obedientes? E quandopuderam dirigir e manipular o colega? Lembreque essa relação não é necessariamente negativa.Bonecos e titereiros podem atuar emcumplicidade: cada um desenvolve sua percepçãodo outro, para que não haja um condutor e umconduzido, mas dois indivíduos em colaboração.O exercício de escuta da natureza pode ser pretextopara várias discussões como, por exemplo, aharmonia entre os sons do ambiente natural, queconvivem sem se descaracterizar, como ocorre comos sons da cidade grande. Distribua folhas de papele lápis e reserve espaço para aqueles que quiseremfazer seus registros, copiando o quadro declassificação dos sons. Em relação aos sons da mata,pergunte: se tivessem um gravador e tempo para sededicar a isso, que ambiente sonoro gravariam?E, nessa questão da adequação entre sonsambientais, pode-se seguir a discussão sobre

Chiquinha Gonzaga, pois ela conseguiudesenvolver muito seu talento, mesmo vivendo emuma sociedade que desconsiderava as iniciativas ehabilidades das mulheres (e de negros ou índios,entre outros), não permitindo que essas pessoascultivassem seus gostos e talentos pessoais,obrigando-as a se submeter aos valores da época.Destaque como as atitudes de Chiquinha Gonzagase refletem em sua música e como enfrentou asociedade sabendo fazer-se respeitar, mesmo emuma profissão que só os homens costumavamexercer. Discuta: até que ponto é possível enfrentaros valores de um grupo ou sociedade sem cair ematitudes extremas que, em vez de nos elevar,podem nos fazer mal? Como conciliar nossashabilidades e talentos individuais com os interessesdo grupo? De que modo a história de ChiquinhaGonzaga pode auxiliar a refletir sobre isso? Seráque ela conseguiu fazer o que queria por terconsciência de sua condição e não querer sesubmeter ao que considerava uma indignidade?Será que é por isso que foi capaz de rebelar-se e, aomesmo tempo, se impor?

OFICINA 7O CORPO EMMOVIMENTOMaterial necessário: ficha 2; paus de rumba ougarrafinhas plásticas, um par para cadaparticipante; papel e lápis ou caneta para registro;aparelho de som, CD M&M.Diz o bailarino e professor Ivaldo Bertazzo(1996): “o homem é uma estrutura emmovimento”. E, de fato, com a evolução, osmovimentos humanos foram ficando cada vez maiscomplexos e o ser humano ampliou seu raio deação, interferindo cada vez mais no ambiente. Masnão foi só isso: com o aperfeiçoamento dos gestos,estes foram se tornando cada vez mais autônomos,competentes e específicos.Aquecimento: Relógio suíçoEm roda, sentados no chão, em posição ioga (pernascruzadas à frente do corpo), cada um terá nas mãos

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paus de rumba, um em cada mão. Incentive osjovens a percuti-los de diversos modos: um nooutro, em uma das mãos, ou no chão ao lado docorpo. Peça que prestem atenção nas diferentessonoridades do instrumento, dependendo damaneira como o seguram e do material onde épercutido; que percebam a diferença quandobatem na madeira, no ladrilho, ou nas mãos.

PAU DE RUMBAInstrumento de percussão pequeno, feito demadeira; usa-se aos pares, percutidos uns contra osoutros. Podem ser substituídos por garrafas deplástico vazias (de água mineral ou detergente).

Finda a exploração, passe ao exercício específico,de batidas regulares. A sugestão é que osparticipantes procurem ser tão regulares quantoum relógio suíço, que nunca adianta nem atrasa.Peça que prestem atenção ao som resultante dogrupo, pois uma coisa é conseguir batidasregulares individualmente, outra é conseguir omesmo em grupo. Devem cuidar para não apressarnem atrasar o andamento. Sugira que imaginemque são muitos relógios de precisão tocando juntos,os tics e os tacs rigorosamente batidos ao mesmotempo. Mostre que quem controla essaregularidade é o ouvido, aliado ao controle dosmovimentos. Insista na concentração do grupo.Quando a precisão for obtida, pare e peça para

fazerem de novo, só que, agora, no dobro davelocidade. Trabalhe do mesmo modo que antes,para conseguir precisão. Repita várias vezes os doisexercícios, variando a velocidade e a dinâmica (istoé, fazendo com que batam forte e fraco,alternadamente).Quando os participantes conseguirem passar deuma velocidade para outra sem perder a precisão,faça nova proposta rítmica, alternando os dois tiposde batida, por exemplo: duas lentas, quatrorápidas, duas lentas, quatro rápidas, e assimsucessivamente.Canto indígenaA precisão encontrada num relógio não é própria,apenas, da máquina. O homem, em determinadascircunstâncias tem também necessidade de realizarmovimentos precisos. Os índios, quando executamcerimônia coletiva, cultivam muito a precisão,cantando e dançando em conjunto, batendo os pésno chão ritmicamente. E é isso que fazemos,quando dançamos em conjunto. Mas por queestamos falando de índios?Embora façam parte de nossa cultura e, em algunsestados do Brasil ainda haja muitos índios, nãotemos aparentemente sinais evidentes de suaherança ou influência, em nosso dia-a-dia. Noentanto, indícios de sua presença existem e, comum pequeno exame, poderemos perceber que aherança indígena está bem presente: nos nomes debairros, ruas, cidades e rios: Anhangabaú,Caiowaa, Ibirapuera, Iperoig, Araçatuba, Itaúna,Itabuna. Estimule os jovens a falar sobre isso,pergunte se conhecem nomes de outras ruas,bairros, cidades, rios, ou pessoas, que mostreminfluência indígena. Você pode mencionar o cantorCarlinhos Brown que, negro, faz questão de seapresentar sempre com um cocar, para lembrar ainfluência indígena presente na cultura brasileira.Aproveitando a oportunidade do tema, você podeensinar a pequena melodia indígena Tamán, tamán.Esse canto foi recolhido pelo sertanista OrlandoVillas Bôas, que conta que ele é cantado quando ocacique de uma tribo resolve ir embora e sedespede da sua aldeia. Imagine a cena: o cacique,em sua canoa, canta a canção; todos os índios daaldeia, à beira do rio, ouvem em silêncio e, depois,respondem em coro. Isso se repete, até que a canoa

VARIANTESV. 1 Faça o exercício batendo os paus de rumba um

no outro, de diversas maneiras: só com a mãodireita, só com a mão esquerda, ou alternandoas mãos, de modo a bater as lentas com adireita e as rápidas com a esquerda; depois,faça o contrário, isto é, as lentas com aesquerda e as rápidas com a direita.

V. 2 Outra possibilidade é o grupo pronunciarfonemas enquanto bate, como, por exemplo:Tá - tá - titititi - tá - tá - titititi - tá - tá etc.

V. 3 De pé, fazer o mesmo com os pés, enquantoandam pela sala, buscando, sempre, aregularidade e a precisão (dois passos lentos,quatro passos rápidos).

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suma na distância. Explique que é um cantoindígena do Alto Xingu, ensinado por OrlandoVillas Bôas ao Samuel Kerr e à autora do material(quem canta é Sabrina Schütz). A letra de Tamán,tamán, tiore-hê é transcrita na ficha 2.Apresente a canção Tamán, tamán (faixa 14 do CD),fazendo com que ouçam algumas vezes ecomparem com outras músicas que conhecem, ouque ouviram nas oficinas. Estimule a conversa arespeito: Como a canção se organiza? Há pessoascantando? São homens, mulheres, ou crianças?Algum desses grupos não canta? Há alguminstrumento tocando junto com o canto?Conseguem identificá-lo? Faça outras perguntas domesmo tipo. Estimule os participantes não somentea responder, mas também a fazer perguntas.

VARIANTEQuando o grupo souber cantar bem, comdesenvoltura, dentro do tempo, pode fazermovimentos. A maneira habitual do índio dançar éem roda, mão direita no ombro esquerdo docompanheiro da frente, joelhos levementedobrados, peso no pé esquerdo ao andar; o pédireito pisa de leve. Verifique se os participantesaceitam bem essa posição. Caso não aceitem, façao mesmo, mas suprimindo o gesto de mão noombro do companheiro e mantendo o andar maispesado no pé esquerdo do que no direito.

Espaço para reflexãoO foco desta oficina é o corpo como estrutura e oaperfeiçoamento do movimento, como resultado daadaptação do homem ao meio. Faça com que osjovens percebam alguns movimentos cotidianos eos músculos que são acionados para conseguirprecisão. Pergunte: Quem aqui é bom de bola?Como você consegue driblar o colega e marcargol? Como seu corpo executa esses passes? Queoutros movimentos corporais exigem precisão?Esses são exemplos de perguntas em relação àestrutura corporal e à precisão do movimento.Estimule o registro das respostas em folha que seráguardada no portfólio. Você pode, também,estender a questão para a dança, na qual a precisãode movimentos e a livre expressão se unem paraobter um efeito prazeroso. E o mesmo se dá no

canto: quanto maior a união de elementosaparentemente discrepantes, como precisão eliberdade de criação, melhor o resultado obtido emaior o prazer em fazer música.

OFICINA 8RITMO EMOVIMENTOMaterial necessário: ficha 2; aparelho de som, CDM&M.O que é ritmo? Ritmo é movimento. Há ritmo narespiração, na circulação do sangue. Nossos nomestêm ritmo, nossos passos têm ritmo. Quandocomemos, dormimos ou nos movemos, fazemos issonum determinado ritmo; cada movimento executadono espaço tem seu ritmo. Nosso corpo tambémdenuncia nosso estado de espírito pelo ritmo:quando estamos agitados, nervosos, calmos ousonolentos, movemo-nos em ritmos diferentes, deacordo com o que estamos sentindo no momento.Há ritmo também na natureza: as estações do ano,o dia e a noite, os planetas se movimentando emtorno do sol obedecem a ciclos, revelando quetambém têm ritmo, um ritmo cósmico.Aquecimento: Jogo rítmicoEm roda, atribua um número a cada participante,pedindo que não o esqueçam; cada pessoa recebe umnúmero diferente. Todos juntos batem regularmente,duas palmas, dois estalos de dedo, duas palmas,dois estalos de dedo e assim por diante. Inicie ojogo seguindo o esquema: as duas palmas servemde preparação; aos dois estalos de dedos devem serditos o próprio número e o de outra pessoa.(Legenda: - = palma; x = estalo de dedos.)Exemplo:

_ _ x x _ _ x x _ _ x x _ _ x x1, 5 5, 7 7, 2 2, 9 etc.

Há uma linha rítmica no CD, para ajudá-los amanter o ritmo (faixa 16).No primeiro estalo de dedos, o participante diz seunúmero e, no segundo, chama outro; o jovem quetem o número chamado pelo anterior prepara-se

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para falar durante as duas palmas: na hora dosestalos de dedo, diz ritmicamente seu número e,em seguida, chama outro. Quem tiver o númerochamado procede do mesmo modo: prepara-sedurante as duas palmas, diz seu próprio número eo de outro durante os estalos de dedos. Quemerrar, não conseguindo falar a seqüência no tempocerto, sai da roda.À medida que os participantes erram e saem daroda, formam uma nova roda; os participantes dasegunda roda batem palmas e estalam dedos talcom os da primeira, mas não cantam os números,ficando preparados para receber, a cada vez, oscompanheiros da primeira roda que tambémerrarem - sem perder, porém, a seqüência demovimentos. Quando o jogo terminar pelaexclusão dos jogadores da primeira roda, asegunda imediatamente recomeça o jogo, apósserem renumerados.

VARIANTEDepois que o jogo estiver bem compreendido,acrescentar uma dificuldade: os jogadores devemguardar na memória o número de quem saiu, poisnão podem chamar números de pessoas que nãoestiverem mais na roda. Se alguém se enganar echamar um número de quem já saiu, perde a vez esai também. Ganha quem conseguir ficar por últimona roda. O jogo na segunda roda é idêntico ao daprimeira.

Maria FumaçaVocê pode introduzir esta atividade sugerindo umacomparação de ritmos. Diga que, no jogo queacabaram de fazer, foi importante manter um ritmocomum a todos os participantes; esse ritmo podeser comparado ao de um relógio mecânico, quemarca os segundos sempre iguais. Agora, porém,irão perceber variações no ritmo. Pergunte: Quemjá andou de trem? Trens são bons exemplos demáquinas ritmadas, pois têm um barulho quesempre se repete. Mas esse som não é sempreconstante, como no caso do relógio. Ele semodifica quando o trem chega à estação e quandoparte. Pergunte quem sabe o que acontece com osom do trem ao chegar ou sair da estação? Seninguém responder, auxilie explicando que os trens

começam a se mover bem devagar e vão acelerandoaté atingir a velocidade adequada. Para parar,ocorre a mesma coisa, só que no sentido oposto: otrem vai diminuindo (ralentando) até parar.Em seguida pergunte quem já ouviu falar naMaria Fumaça. Esse era o nome das locomotivasmovidas a carvão. Há muito tempo elas caíram emdesuso, substituídas hoje por máquinas elétricas.Sugiram formarem uma Maria Fumaça. Peça quefiquem em fila como se fossem vagões de um trem.Podem colocar a mão esquerda no ombro docompanheiro da frente, pois os vagões sãoconectados um com o outro. A mão direita ficalivre, para fazer movimentos circulares, o braçodobrado à altura do cotovelo. Quem está na frenteserá a locomotiva. Você pode utilizar um tamborpara marcar o tempo; os jovens saem marchandoquando o tambor começa, acompanhando o ritmodado. O trem sai da estação lentamente, ao som deum apito (pode ser um assobio, feito por quemestiver na frente, ou um apito de verdade.) Aospoucos, ganha velocidade, até que, a partir de umcerto momento, ela se estabiliza. Os participantes,enquanto marcham, fazem o som de trem: txu, txu,txu, txu, procurando manter a regularidade nopasso e na voz. O “maquinista” (a pessoa que vai àfrente) anuncia a próxima estação, alto e bom som.Ele diz o nome que quiser, pode ser uma cidadereal, ou um lugar imaginário, não importa. Após oanúncio, o trem começa a diminuir a marcha, atéparar na estação. O “chefe” do trem (quem estiverno segundo lugar da fila) anuncia a chegada e diztrês coisas interessantes sobre esse lugar. Não épreciso ser realista: pode inventar o que quiser; porexemplo, pode dizer “Venham todos conhecerIbipocã, cidade em que as árvores das ruas têmfrutas à vontade para a população comer”; ou“aqui, as pessoas andam de patinetes, pois não háautomóveis”; ou “todo final de semana, elas sereúnem na praça central, para dançar e comemoraro que quer que seja. Elas têm mania decomemorar”. A idéia é que soltem a imaginação ealinhavem, em três ou quatro frases, a cidade ideal.Após o anúncio, enquanto o trem está parado naestação, a “locomotiva” (os dois primeiros da fila)desprende-se dos vagões e faz manobras no pátio,indo mais rápido ou mais devagar, pelos caminhosque escolher. Ao ouvir o som do tambor que

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anuncia o reinício, a “locomotiva” não volta aoprimeiro lugar da fila, mas vai engatar no últimovagão. A nova locomotiva apita e tudo recomeça,até parar na próxima estação. O novo “chefe”(segundo lugar na fila) anuncia as qualidades dacidade etc.Exercício de canto: ainda a MariaFumaçaVocê pode prosseguir lembrando que a MariaFumaça não existe mais, pois foi substituída pormáquinas muito mais potentes. Mas a MariaFumaça ficou no imaginário do povo e, muitasvezes, é lembrada com saudade. É o que acontecena música Ponta de Areia, de Milton Nascimento,que lembra com nostalgia a época em que a MariaFumaça era praticamente o único meio de ligaçãoda cidadezinha com outros lugares.Apresente então essa canção. Primeiro, escutam-navárias vezes. Depois, você canta frase a frase, epede que repitam. Tente fazer com que percebamqualidades expressivas no próprio canto emodulem a voz de acordo. Não se esqueça de quea atividade principal é o canto, e que a escuta dáreferência para a atividade principal.Valendo-se da gravação, chame a atenção dosparticipantes para as qualidades expressivas docanto, para tentar reproduzi-las na hora em queeles próprios cantarem. No CD a gravação aparecetambém duas vezes (Faixas 18 e 17); na 18, cadafrase é interrompida, para que possam cantar o queouviram, até aprender bem a canção; na faixa 17 agravação vem inteira. Chame ainda atenção parao arranjo instrumental. Faça com que ouçammuitas vezes. Quando souberem bem, cantemjunto com a gravação.Espaço para reflexãoPergunte: Os exercícios que fizemos podem noscontar alguma coisa a respeito de nós mesmos, oudo mundo em que vivemos? Vocês já andaram detrem? Quantos tipos de trem conhecem?Conversem, por alguns momentos, a respeito detrens. Velocidade... Progresso... Passado epresente. Lembrar de coisas passadas é bom ou éruim? Por quê? Até que ponto conseguimoscontrolar o que é bom e o que não é em nossavida? Nossas decisões podem afetar o rumo de

nossas vidas? Nossa vida é o não é resultado dasescolhas que fazemos? Será que somos semprevagões, ou podemos, também, ser maquinistas?A quem não tem, distribua a ficha 2, com a letrade Ponta de Areia. Lembre-os de registrar asrespostas e reflexões em folhas avulsas.

OFICINA 9BRINCADEIRASMaterial necessário: papel e lápis ou caneta pararegistro; ficha 2, aparelho de som, CD M&M.No senso comum, associamos a idéia de “música”a sons produzidos por instrumentos, ou à vozhumana cantando. Nas oficinas, vimos tentandoampliar essa idéia, mostrando aos jovens música dediversos ambientes e diversos povos. Nesta oficinapropomos, de forma lúdica, experimentar sonsproduzidos com a boca, mas sem cantarpropriamente. É uma forma de expandirem apercepção das possibilidades do próprio corpo.AquecimentoAnuncie que irão fazer um jogo sonoro, de criaçãoe imitação, com variações. Você é o/a líder eapresenta a canção Alecum; a letra vem na ficha 2.Repare que as variações são introduzidas noúltimo verso. Treine antecipadamente para falar otexto escandindo-o bem, ritmadamente, frase afrase; os jovens vão repetindo cada frase, seguindosuas sugestões de intensidade e entonação. Façacom a voz o sugerido na última frase (cantar bemforte, baixinho etc.).Após o último verso, recomeça-se do início,respeitando-se a característica anunciada no versofinal. No início, quem lidera é você, introduzindo(no último verso) variações a cada vez, para osparticipantes imitarem. Depois de um tempo naliderança, você pode transferi-la a um dos jovens,tomando cuidado para que a liderança sejaexperimentada por vários, tendo oportunidade depropor diferentes variações. Variantes possíveis sãocantar bem “fraquinho”, bem rápido, bem devagar,com batata quente na boca, como se uma abelhativesse picado a língua, com voz estridente, comvoz cavernosa, dentre outras.

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Terminando a brincadeira do Alecum, observe como grupo que ela permitiu exercitar muitas variantesno modo de cantar.Vozes brincantesProssiga anunciando que agora irão explorarvariantes dos sons da própria boca. Há muitossons que podemos fazer utilizando a voz, a línguae o espaço interno da boca.Proponha formarem um círculo e convide osparticipantes a explorar movimentos bucais,preparatórios à emissão de consoantes, como:� apertar os lábios e soltar com diferentes forças -

muito suavemente, explodindo;� imaginar que comeu uma fruta meio verde e

agora seus lábios estão “colando”. Eles sóconseguem abrir com uma certa força para fora;

� continuar a exploração: estalos de língua (t, tl,trrrr), estalidos dos lábios (p, b, brrrr), e outrosmovimentos labiais;

� soprar o ar com diferentes resistências doslábios: vvvvvvv, ffffff, mmmmmmm,nnnnnnnn, e outros;

� em seguida, explorar diretamente os fonemas ,repetindo muitas vezes, para perceber o exatomovimento dos lábios, da boca e da língua.

Discuta com o grupo diferentes maneiras deagrupamento de fonemas por semelhança, isto é,faça com que os jovens descubram semelhanças nomovimento dos lábios para agrupar fonemas quetêm sons parecidos: m-b-p, d-t, f-v, s-z, j-ch.Após a exploração, divida os participantes em doisgrupos. Cada grupo vai descobrir uma maneira decriar uma música que só use o som das consoantes(tome cuidado para que não usem vogais, ouapenas as empreguem para algum efeito especial).Os jovens vão explorar sonoridades para compor,pensando em sons longos e curtos, fortes e fracos,graves e agudos.É importante que planejem a estrutura geral dapeça, isto é, que pensem em conjunto uma maneirade organizar os sons de modo a poder apresentaruma proposta sonora. Isto também é composição:este tipo de criação não se ampara em textomusical, apenas nos próprios sons. Ao final, cadagrupo apresenta ao outro a peça que criou.

Samba de bocaAgora que exploraram sons usando a boca comoinstrumento, desafie os jovens: Mesmo semdispor de instrumentos musicais, poderíamos criaruma batida de escola de samba somente com a voze o corpo? Vale a pena tentar.Toque para o grupo a faixa 21 Samba de boca, doCD M&M. Ouçam algumas vezes, tentandoperceber como foi realizado; depois, procuremfazer também.“Instrumentos” do samba de boca1o grupo (como o surdo):

Tum tum, pssscatunga lá,pssscaTum tum, pssscatunga lá,Psssca etc.

2o grupo (como cuíca, cantando de modointermitente):Eu ti cutúcuNão cutúcuEu ti cutúcuNão cutúcu..

3o grupo (como um tamborim):Tóki, potóki, potóki tákitikekê tikekêTóki, potóki, potóki tákiTikekê, tikekê etc.

Divida a turma em grupos, conforme o número de“instrumentos”. Se os participantes sugeriremoutras sonoridades que enriqueçam a proposta,incorpore-as. Cada grupo treina isoladamenteprimeiro. Depois, cantam todos ao mesmo tempo.Essa atividade comporta variações. Deixem acriatividade à solta. Divirtam-se fazendo músicacom o samba de boca.Espaço para reflexãoFaça perguntas: Nas brincadeiras de hoje, houveoportunidade para mover partes do corpo demodos diferentes do usual? E a voz? Como sesentiram fazendo as atividades? Foi divertido?Cansou? Acham que brincadeiras como essaspodem contribuir para o aperfeiçoamento de cadaum? Proponha criarem uma frase coletiva, ou umdesenho ou outra forma de expressão que mostrecomo foi esse dia na oficina e a registrem em folhaavulsa, que será guardada no portfólio.

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OFICINA 10ESCUTA EINTEGRAÇÃOMaterial necessário: ficha 2 verso; mapa-múndigrande; aparelho de som, CD M&M.As pessoas tendem a achar que sua auto-imagem édada pela natureza e, portanto, imutável. Mas, naverdade, ela é formada por nossa experiência epelas relações que estabelecemos com as outraspessoas, com a sociedade em geral e com oambiente.AquecimentoTodos deitados nos colchonetes, peça queimaginem estar dormindo. Imite o som de umdespertador e instrua-os a, lentamente, começarema “acordar”. Espreguiçam devagar, procurandoacordar todas as partes do corpo. Vá conduzindo oexercício, observando-os e mencionando as partesque ainda não foram acionadas: os braços, opescoço, primeiro o lado direito, agora o esquerdoetc. Aos poucos, eles vão se levantando, seesticando, buscando acordar (e esticar) todos ossegmentos do corpo. Prossiga na estimulação:“estiquem os braços à frente e levem a bacia paratrás, fazendo oposição aos braços”; “procuremtocar o teto com as mãos, enquanto os pés entramno chão, como se fossem raízes.” “Espreguicem ascostas, cada vez de um lado; imaginem que ascostelas do lado direito estão se abrindo; agora, asdo lado esquerdo” etc. Quando todos estiverem depé, peça que fiquem eretos, sem, porém, esticar ojoelho ou forçar a barriga da perna para trás.Proponha fazer movimentos suaves no rosto, comos próprios dedos: percutir levemente a testa,rodear os olhos, estimular as asas do nariz,contornar os lábios com pancadinhas dos dedos,puxar levemente a ponta da orelha; massagear oszigomas (ossos da face, abaixo dos olhos), fazermovimentos labiais e linguais, fazer caretas,buscando movimentar o máximo possível amusculatura do rosto.Você pode utilizar imagens sugestivas: lamber osbeiços depois de comer uma boa feijoada; fazer omovimento de riso hipócrita; mandar um beijo

para a namorada (ou para o namorado); mastigaruma bala puxa-puxa e outras.Ao final, peça que prestem atenção nas própriassensações: perceber se o corpo está mais presente,se houve alguma modificação no que vêem ououvem; que sentimentos foram provocados poressa conscientização do corpo? Bem-estar? Mal-estar? Peça que verbalizem o que sentiram. Nãofaça comentários; esteja atento/a para que oscolegas não façam comentários desairosos. Épreciso que todos respeitem o que for expresso. Setiverem confiança no ambiente, aos poucos seexpressarão com mais naturalidade.EscutaNesta atividade, vamos conhecer um pouco arespeito de um povo diferente, que mora muitolonge do Brasil. Esse povo foi escolhido parailustrar outro modo de integração. Sua música seinspira em seu ambiente e se integra a ele. Moranum país chamado Nova Guiné, ao norte daAustrália, e é conhecido como Kaluli. Estenda omapa-múndi, pedindo a voluntários queidentifiquem os continentes e indiquem o Brasil;em seguida, peça para localizarem a Austrália ePapua-Nova Guiné, país que ocupa metade deuma ilha (a outra metade faz parte da Indonésia).Deixe que percebam como se situam longe de nós.Diga que os Kaluli moram lá desde muito antes dachegada dos brancos. Habitam florestas cheias deárvores, rios e cachoeiras. Os ruídos dosfenômenos naturais influenciam muito sua música:quando cantam, é como se estivessem dialogandocom a natureza. Eles chamam a si mesmos de“vozes da floresta”, pois cantam com os pássaros,com os insetos, com a água - mas não apenas comeles: cantam como eles. As vozes dos Kaluli fazemparte naturalmente da paisagem sonora dasflorestas da Nova Guiné.Toque a faixa 15 do CD uma primeira vez. Antesde ouvir pela segunda vez, sugira que reparemcomo o canto das pessoas se integra aos sons damata. Toque a faixa várias vezes; quanto maisouvirem, mais detalhes irão perceber. Após aescuta, estimule a discussão dos participantes arespeito do que ouviram; essa discussão deveseguir o fluxo de interesse deles, mas você deveestar atento/a para estimular discussões em dois

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níveis, pelo menos: observações a respeito daprópria música e comparação com a música queconhecem. Se surgirem observações desse tipo, ébom lembrar que, ao conhecer manifestações deoutras culturas, podemos estranhar o que elas têmde diferente, mas precisamos compreender quecada povo tem seus próprios meios de expressão;além disso, muitas vezes, rejeitamos o que édesconhecido; no entanto, à medida que ouvimosde novo e de novo, nos familiarizamos e passamosa entender melhor o que estamos ouvindo. Gostare não gostar de alguma coisa, muitas vezes, estáligado a conhecermos ou não essa coisa.Espaço para reflexãoLevante agora uma série de questões sobre a auto-imagem: Nascemos já determinados a ser do jeitoque somos, ou o ambiente e a vida nos moldam?Talvez a resposta correta não esteja em nenhumdos dois extremos: algumas características sãoherdadas (cor dos olhos, tipo físico, cor da pele,tipo de cabelo etc.). No entanto, desde quenascemos, vamos interagindo com o ambiente e,nessa troca, nosso corpo, nossa mente, nossossentimentos vão se moldando e estruturando.A atividade feita no colchonete ajudou a percebero corpo do jeito que ele é? Vocês conseguiramperceber os vários segmentos do corpo sendo“acordados”? E o que acharam dos Kaluli?Conseguiram perceber como a música que fazem éinfluenciada pelo ambiente em que vivem? Seráque a nossa música, também, sofre influência doambiente em que vivemos?Distribua a ficha 2 àqueles que ainda não a têm epeça que, no mapa no verso, reconheçam a NovaGuiné e registrem suas impressões sobre a músicados Kaluli.

OFICINA 11MOVIMENTO ERESPIRAÇÃOMaterial necessário: ficha 2 verso; dois cortesgrandes de pano colorido (ou lençóis velhos),duas bolinhas; aparelho de som, CD M&M.

Vida é movimento. Tudo que é vivo se movimenta,mesmo que quase imperceptivelmente. Ummovimento dos seres vivos que denota a vida é oda respiração. O ambiente, já vimos, também évivo. Será que o ambiente também respira?Aquecimento: Espaço mágicoAnuncie que hoje irão jogar com panos. Com umapeça de pano leve e colorido (do tamanho de umlençol de casal), faz-se um jogo com oito pessoas;portanto, num grupo de 15 ou 16, são necessáriasduas peças de pano - e, também, duas bolinhas deborracha, do tamanho aproximado de uma bola detênis, mas mais leves do que ela.Oriente os jovens: quatro seguram nas pontas equatro no meio de cada um dos lados do pano.Imaginem que esse pano está vivo, respira e semovimenta. No centro, coloca-se uma bolinha deborracha. O jogo é fazer a bolinha percorrer opano em várias direções, sem deixar que caia nochão. Será preciso coordenar os movimentos daequipe, pois um movimento brusco ou umadistração podem fazer a bola cair.Deixe o grupo experimentar por alguns momentos.Pode iniciar uma canção, ou deixar que alguém dogrupo escolha uma, para ser cantada enquantomovimenta a bolinha no pano. Essa música deve serleve, para que se adapte aos movimentos suaves econstantes. Cuide para que haja troca e interaçãoentre os participantes, para que a bolinha semovimente de maneira interessante, sem cair dopano, fazendo uma dança de vai-e-vem na superfícieque se move. Lembre-os de que dosagem de força ecolaboração do grupo são essenciais. Se o exercíciofor bem realizado, o grupo todo parecerá umorganismo vivo, movendo-se e respirando.Como respiram os animais?Em seguida, proponha explorar a idéia derespiração: por que respiramos, o quanto ela ocorreindependentemente da nossa vontade e até queponto podemos influir sobre ela. Converse com ogrupo, verificando se sabem que determinadasfunções corporais (respiração, batimentoscardíacos) ocorrem independentemente de nossavontade (se tivéssemos de controlarconscientemente a respiração, não poderíamosdormir, sob risco de morrer!). Quando nascemos,

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aprendemos imediatamente a respirar. O recém-nascido chora quando o primeiro jato de ar entraem seus pulmões, iniciando um processo que só seinterrompe com a morte. Por isso, respiração ésinônimo de vida.Embora não tenhamos controle total da respiração,até certo ponto podemos regulá-la: podemos fazeruma respiração mais profunda, ou imaginar que oar penetra em cada célula do corpo enquantorespiramos. Os bebês e os animais respiramprofundamente, como nós mesmos respirávamosquando éramos pequenos. Depois, a vida nos leva aesquecer essa respiração mais profunda. As emoçõesque sentimos alteram, também, a respiração: omedo a interrompe momentaneamente; se levamosum susto, interrompemos a respiração com umsoquinho; quando acontece algo que nãoesperávamos, a respiração se aprofunda (é assimque expressamos espanto).Dê exemplos de situações em que alteramos nossarespiração, sugerindo que os jovens vivenciem cadauma, observando o que ocorre com sua respiração:� imaginem situações em que sintam medo,

levem um susto, ou se surpreendam;� prendam a respiração ao sentir um cheiro ruim;� imaginem que estão dormindo;� agora, estão tendo um pesadelo e enfrentando

monstros marinhos;� sintam o cheiro de sua comida preferida etc.Pergunte: Como fica a respiração em cada umadessas situações?Após experimentar diferentes maneiras de respirar,prossiga explicando que irão fazer um jogo em queserão levados a controlar a maneira de respirar.Divida a classe em três grupos: o primeiro é ogrupo dos cachorros cansados; respiramrapidamente, com a língua para fora; o segundogrupo faz a respiração de um coelho: permanecede boca fechada, enquanto inspira e expira o arrapidamente, com as narinas abertas; o terceirogrupo solta o ar muito lentamente, num só fluxo,com um “x” sonoro e vibrante.Conduza a atividade fazendo os grupos sealternarem ou soarem ao mesmo tempo, formandouma “música’ respiratória. Chame a atenção detodos para o resultado.

Sons do ambienteExplique que, trabalhando com movimento erespiração, vimos que são sinônimos de vida.Pensando agora no meio ambiente, podemos verque se modifica o tempo todo, tem movimentos esons. Cada ambiente tem seus próprios sons,diferentes dos de outros. Quem já morou emvários lugares pode se lembrar disso: cadaambiente, cada cidade, tem sons característicosmas, ao mesmo tempo, tem sons comuns a outroslugares. pergunte: Que sons são comuns a todas ascidades de hoje? Conhecem algum lugar que tenhaum som típico, difícil de ser encontrado em outrolugar? Há também sons que se modificam com otempo: telefones celulares, por exemplo, são bemrecentes: há cinco anos atrás não eram comuns,mas hoje, onde quer que se vá, escuta-se umcelular tocando. O motor dos carros de hoje é bemdiferente do de carros antigos. Alguns lugares têmsons típicos porque são produzidos por pessoasque moram lá, e cantam ou falam de determinadamaneira. Os pregões, por exemplo, que é o mododos vendedores anunciarem suas mercadorias,oferecem um painel variado de sons, ritmos emaneiras típicas de falar ou cantar. Algumas ruastêm sons peculiares, diferentes dos sons de umacasa ou de um edifício. Se prestarmos atenção aesses barulhos, aumentaremos nosso senso delocalização, pois os sons nos informam muito arespeito do espaço em que se produzem.Explique que uma compositora paulista, DeniseGarcia, é muito sensível a essa questão do somambiental. Assim, numa de suas composições elaapresenta os sons que gravou em São Luís doMaranhão, que serviram de matéria prima parasua composição Vozes da cidade. Os ruídospredominantes nesse ambiente são os de vozeshumanas: falas do povo, pregões, criançasbrincando, cantos de mendigos ou cegos.O interessante é que Denise Garcia preferiu, nessacoleta, as vozes dos chamados excluídos sociais,isto é, a população pobre de São Luís, em seusafazeres e lazeres cotidianos. Proponha ouvirementão essa gravação e toque o CD (faixa 19).Todos devem preparar-se para isso sentando-seconfortavelmente, concentrando-se em silêncio,sem falar. A audição mostrará vozes apresentadasem sucessão (umas depois das outras) ou

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simultaneamente. Logo no início, ouve-se o HinoNacional Brasileiro tocado em uma flautinhapopular, que se mistura a vozes infantis. Hápregões e falatório de ambulantes. Estimule osparticipantes a identificar esses elementos naescuta. É preciso escutar muitas vezes até poderimaginar com clareza a cena do mercado e das ruasde São Luís, a partir de sua imagem sonora.Discutam o que ouviram.Espaço para reflexãoConcentramo-nos hoje em trabalhar movimentose respiração. Isso nos fez ver que o movimento,a respiração e os sons são sinais de que estamosvivos. Onde há vida, há sons e movimentos.Podemos então dizer que um ambiente também évivo, pois tem sons, se movimenta e respira?Concordam com essa afirmação? Puderamperceber isso na música de Denise Garcia (Vozes dacidade)? O que acharam dela? É diferente de outrasque conhecem? Se tivessem um gravador paragravar sons ambientais, que lugar escolheriam?E, com esse material gravado, que tipo de músicafariam? Qual seria o nome de sua composição? Peçaque registrem suas respostas no verso da ficha 2.

OFICINA 12VIDA ECOMUNICAÇÃOMaterial necessário: ficha 2 verso; mapa-múndi;aparelho de som, CD M&M.Já dissemos que tudo que é vivo se movimenta.Agora, vamos observar que as coisas do mundoproduzem sons. Sons variados, cada um diferentedo outro: agudos, graves, estridentes, abafados,rápidos, contínuos, intermitentes. O mundo é tãopovoado de sons que o compositor canadense R.Murray Schafer prefere dizer que o mundo é umacomposição musical de enormes proporções.E, nessa gigantesca composição musical, usamossons para nos comunicar.Aquecimento: Paisagem sonoraSe, nesta oficina, houver jovens que participaram

da oficina anterior, peça sua ajuda para recordar oque foi discutido sobre os sons da cidade. Se não,converse a respeito e, para explorar mais o assunto,proponha um jogo com os participantes.Divida a classe em dois grupos e peça que cadagrupo escolha um local da cidade para seridentificado só por sua sonoridade; é importanteque esse local seja conhecido por todos (uma feira,a estação do metrô, um parque da cidade podemter sons típicos, que permitem reconhecê-los).Quando examinamos um ambiente a partir do queouvimos, e não do que vemos, dizemos que se tratade uma “paisagem sonora”. O “retrato” de umapaisagem sonora é um retrato acústico.Proponha aos grupos recriar a sonoridade típica dolocal escolhido, tentando torná-lo reconhecível apartir de seus sons. Insista em que estes sejamfeitos de maneira precisa, para serem reconhecidos.Após cerca de 10 minutos, cada grupo apresentaráao outro o ambiente sonoro escolhido – apenas ossons que o tornam reconhecível como paisagemsonora. Os jovens do outro grupo podem ouvirde olhos fechados, tentando identificar a paisagempela experiência auditiva. Depois, inverte-se: ogrupo que se apresentou passa a ouvir, enquanto oque ouviu apresenta sua paisagem para serreconhecida.Pés tagarelasO ambiente se comunica pelos sons aí emitidos;pessoas em geral comunicam-se usando a fala, apalavra - ou música. Mas também podemos noscomunicar sem usar a língua. Proponha então aosjovens uma tentativa de comunicar-se usando os pés.Em duplas, ficam em pé um de frente para ooutro. Um dos dois inicia o jogo, batendo os pésno chão, como se estivesse “falando” algo ao outro;este ouve e, logo, responde. A partir daí, os pésconversam, mexendo-se ou batendo no chão. Aoouvir o colega da dupla, o interlocutor respondecriando seus próprios ritmos e movimentos;quando parar, o primeiro recomeça e assim pordiante. Incentive mudanças no caráter da conversa,sugerindo – e dando espaço para eles sugerirem –diferentes estados afetivos que devem se traduzirna produção sonora dos pés: alegria, calma, prazer,irritação, discussão acalorada, entre outros.

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Exercício de escuta: ViagemimagináriaRetome as atividades anteriores: o ambiente podenos comunicar sua identidade pelos sons; podemosusar a linguagem ou o próprio corpo para noscomunicar. E também podemos comunicar-nospela música. A música é uma linguagem, pode-sedizer, universal: não há povo algum no mundo quenão cultive algum tipo de música. Por ela os povosse expressam e comunicam sentimentos de alegria,dor, prazer; comemoram, fazem orações, lamentamos mortos.Proponha ouvirem então a música feita por umpovo que habita um lugar longínquo, a Sumatra,uma das ilhas do arquipélago da Indonésia.Retome o mapa-múndi, como sugerido na oficina10, para situarem a ilha. Explique que esse povo sechama Batak e mora nas imediações de um lago denome Toba. Nessa região, há muitas tribosdiferentes, com línguas e costumes diversos, mastodas têm em comum algumas coisas, como porexemplo uma festa religiosa chamada adat. Umadas principais características dessa festa é a adoraçãodos ancestrais, isto é, dos antepassados. A músicainstrumental desses povos chama-se gondang.A estrutura dessa música é bem complexa: utilizamtambores de vários tamanhos, gongos e uminstrumento de sopro chamado sarune. Essa músicagondang acompanha as festas cerimoniais e consiste emdiferentes ritmos que se repetem incansavelmente.Ouçam a gravação (faixa 20 do CD).

Espaço para reflexãoNosso tema, hoje, foi comunicação. Pergunte oque puderam aprender hoje a respeito. Lembreque o mundo, o ambiente, os seres humanos secomunicam por sons - e, no caso dos seres humanos,não necessariamente por palavras (como foi o casodo jogo dos pés). Comente como podemos apreciara música de um povo distante, do qual poucosabemos. Então, talvez, a música possa ser utilizadacomo uma ótima ponte para a comunicação entre ospovos. Peça que pensem sobre isso e sugira queregistrem suas impressões no verso da ficha 2;àqueles que tiverem participado de várias oficinas,explique que essa é a última e sugira que façam umregistro (desenho ou outra forma) representando otrabalho nas oficinas de Música.

REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICASANDRADE, Mário de. Dicionário musical brasileiro. São

Paulo: Itatiaia, 1989.

A BARCA. Mina terê terê. O turista aprendiz. s.l.: RobDigital; CPC; UMES, 2000. CD.

BERTAZZO, Ivaldo. Cidadão corpo. São Paulo: SESC,1996. (Coleção Opera Prima).FELDENKRAIS, Moshe.Consciência pelo movimento. São Paulo: Summus,1977.

DEL NERI, Celso. Rap da velhinha. s.n.t.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 14.ed. Rio deJaneiro: Paz e Terra, 1983.

GAINZA, Violeta H. Conversas com Gerda Alexander.São Paulo: Summus, 1997.

EL HAOULI, Janete, FONTERRADA, Marisa, TABORDA,Tato. Escuta! A paisagem sonora da cidade. Rio deJaneiro: Secretaria do Meio Ambiente, 1999.

LOWEN, Alexander. Prazer. São Paulo: s.ed., 1987.

SCHAFER, Murray. A sound education. Indian River:Arcana, 1993.

OUVIR VÁRIAS VEZESNesse processo de ampliar o repertório musical dosparticipantes das oficinas, é importante fazê-losouvir a mesma música várias vezes, alternando-se aescuta da obra com discussões acerca do que seescutou. A maneira pela qual você conduz aconversa é vital para a melhor compreensão damúsica. A cada audição, tente fazer com que osparticipantes expressem e discutam com os outroso que ouviram. Você pode enfatizar a escuta decada um dos vários instrumentos, o que, no caso, éfácil, porque tocam ritmos repetidos. É importanteque os jovens percebam que, quanto mais ouvem,maior é a capacidade de captação do que estáocorrendo sonoramente.

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A canção Ponta de Areia foi reproduzida comautorização dos autores.O Cenpec e a autora deste módulo agradecem a gentilcessão de direito de uso de texto e/ou material sonorode Celso del Néri, Orlando Villas-Bôas; Grupo ABarca, Beto Bertolini, Naturenet (www.cdnature.com),Conservatório Brasileiro de Música, Maison desCultures du Monde, Steven Feld, Denise Garcia/RioArte Digital, bem como aos intérpretes Luís Felipede Oliveira, Rael Gimenes, Sabrina Schulz e Xerxes deOliveira.

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FICHA 1MÚSICA E MOVIMENTOEDUCAÇÃOE CIDADANIA

NOME DATA

Oficina 1 Explorando diferençasVocê trabalhou com os sons do ambiente. E aprendeu a classificar os sons ouvidos emdiversas categorias: sons da natureza, sons produzidos por objetos ou máquinas e sonshumanos.� Nas três colunas abaixo, dê exemplos de sons que você conhece, para cada categoria.

SONS DA NATUREZA SONS DE OBJETOS E SONS HUMANOSMÁQUINAS

Havia uma velhinhaQue andava aborrecidaPois dava sua vidaPra falar com alguémEstava sempre em casaA boa da velhinhaResmungando sozinha:Nhem, nhem, nhemNhem, nhem, nhem (refrão)O gato que dormiaNo canto da cozinha,Escutando a velhinhaPrincipiou tambémA miar nessa línguaE se ela resmungava,O gato acompanhava:Nhem, nhem, nhemNhem, nhem, nhem (refrão)

O refrão, cantado nointervalo entre asestrofes, consiste emuma só palavra:

Nhem nhem nhem nhemnhem nhem nhem nhemnhem nhem nhem nhem nhem!Nhem nhem!Nhem nhem!Nhem nhem nhem nhem nhemnhemNhem nhem!

Depois veio o cachorroDa casa da vizinhaPato, cabra e galinha,De cá, de lá, de alémE todos aprenderamA falar noite e diaNaquela melodia:Nhem, nhem, nhemNhem, nhem, nhem (refrão)De modo que a velhinhaQue muito padeciaPor não ter companhiaNem falar com ninguémFicou toda contente,Pois mal a boca abria,Tudo lhe respondia:Nhem, nhem, nhemNhem, nhem, nhem (refrão)(Partitura fornecida pelo autor)

Rap da velhinhaCelso Del Neri (sobre um texto de Cecília Meirelles)

Oficina 2 Comunicando e integrando

Esta ciranda não é minha só,É de todos nós, ela é de todos nós.A melodia principal quem dizÉ a primeira voz, é a primeira voz (bis)P’ra se dançar cirandaJuntamos mão a mãoFormamos uma rodaCantando esta canção.

HORA DE CANTARCiranda (folclore pernambucano)

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Oficina 4 Eu e nósNOSSA HERANÇAVocê aprendeu uma música de origem africana, recolhida no Nordeste do Brasil em 1938por Mário de Andrade. Esta é a letra da música. Veja se consegue cantá-la.Mina terê terê

Oficina 5De bichos e genteUM POUCO DE CANTOEsta é letra da canção Marinheiro só.A disposição dos versos sugere que sejacantada por dois grupos.Marinheiro só(Folclore brasileiro)

(da tradição oral)

GRUPO 1 ESTROFE I GRUPO 2 REFRÃOOi marinheiro, marinheiro Marinheiro sóQuem te ensinou a nadar Marinheiro sóOu foi o tombo do navio Marinheiro sóOu foi o balanço do mar Marinheiro sóGRUPO 1 ESTROFE II GRUPO 2 REFRÃOLá vem, lá vem Marinheiro sóEle vem faceiro Marinheiro sóTodo de branco Marinheiro sóCom seu bonezinho Marinheiro só

Oficina 6Mato e cidade

Nesta oficina, você ouviu sonsda Mata Atlântica e uma músicade Chiquinha Gonzaga.

Música urbanaChiquinha Gonzaga e a sociedadede sua épocaVocê ouviu o tango Gaúcho, compostoem 1895 pela compositora e regentebrasileira Chiquinha Gonzaga. Desdecedo, ela chocou a sociedade de suaépoca, enfrentando os costumessociais com atitudes que não eramusuais naquele tempo. Não se admitiaque mulheres fizessem música; e elafoi, por exemplo, a primeira brasileira atocar violão em público. Apesar de agircontra os costumes da época, elaconquistou o respeito de muitos, porseu talento musical e pela paixão comque abraçava causas políticas esociais importantes na vida nacional,como as campanhas de queparticipou, em favor do abolicionismoe da República.

Ô mina terê terêMissaína saiô saiôBoboromim saíla vodumIé cum aiê, Ié cum aiáAicô ia madê ô,Kiri elé ia made ô,Aicô ia madê ô,Kiri elé ia madê ô.Et cuia madê ô!oi keri elé ia madê ôAicô ia madê ô!Kiri elé ia made ô!O mina terê terê ...(do CD O turista aprendiz, grupo A Barca, 2000)

FICHA 1 VERSOMÚSICA E MOVIMENTO

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EDUCAÇÃOE CIDADANIA

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NOME DATA

Oficina 7 O corpo em movimentoCanto indígena

Tamán, tamán, tiore-hêTamán, tamán, tiore-hê,Erehuê, erehuê, erehuê,Erehuê, erehuê, erehuê. (repetir muitas vezes)(Canto indígena do Alto Xingu,ensinado por Orlando Villas Bôas aSamuel Kerr e à autora)

Oficina 8 Ritmo e movimento� Recorde como foi o jogo dos números, com palmas e estalos. Se uma palma for

representada por um traço ( — ) e um estalo por um “x”, escreva aqui a representaçãodo ritmo do jogo.____________________________________________________________________________

MARIA FUMAÇAEsta é a letra da canção Ponta de Areia, de Milton Nascimento.

Ponta de AreiaMilton Nascimento e Fernando Brandt

Oficina 9 BrincadeirasAlecam, alecum

(solo) Alecam, alecum(todos) alecam, alecum(solo) alecam, alecum(todos) Alecam alecum(solo) Alecam, tchicauáca, tchicauáca, tchicabum(todos) alecam, tchicauáca, tchicauáca, tchicabum(solo) Oh, yes!(todos) Oh, yes!(solo) Tudo bem?(todos) tudo bem?(solo) Vamos cantar… bem forte!(da tradição oral)

(A partir daí, recomeça a canção, respeitando-se a característica anunciada na frase final: inúmeras variações são possíveis:bem baixinho, bem rápido etc.).

Maria FumaçaNão canta mais...Para moças, flores,Janelas e quintais.Na praça vaziaUm grito, um ai...Casas esquecidas,Viúvas nos portais

Ponta de Areia,ponto finalDa Bahia a Minas,Estrada naturalQue ligava MinasAo porto, ao mar.Caminho de ferroMandaram arrancar.

(repete) Maria Fumaça…Velho maquinista,Com seu bonéLembra o povo alegreQue vinha cortejar

(do CD Minas, EMI, 1975)

FICHA 2

35MÚSICA E MOVIMENTOEDUCAÇÃO

E CIDADANIA

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FICHA 2 VERSOMÚSICA E MOVIMENTO

EDUCAÇÃOE CIDADANIA

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� Anote aqui suas impressões a respeito da música dos Kaluli.__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Oficina 11 Movimento e respiraçãoSons do ambiente� Escreva aqui suas impressões sobre a música Vozes da cidade. Se tivesse sido você o

compositor, o que escolheria para gravar?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Oficina 12 Vida e comunicaçãoMúsica dos Batak da SumatraVocê ouviu a música de uma orquestra gandang, da Sumatra. Veja no mapa acima onde selocaliza essa ilha tão distante.� Registre aqui sua impressão a respeito da música da Sumatra. É semelhante ou

diferente das que costuma ouvir ou cantar? Em que aspectos?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Brasil

Oficina 10Escuta eintegraçãoO som dos KaluliVocê ouviu música dos Kaluli,povo da Nova Guiné que cantaem conjunto com a natureza.Veja no mapa onde fica o paísdos Kaluli

Nova Guiné PAPUA-NOVA GUINÉ

ÁSIA

Sumatra

FILIPINAS

MALÁSIA

INDONÉSIA

AUSTRÁLIAOCEANIA

Bali TIMOR LESTEJava

NOVA ZELÂNDIA

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CARTÕES PARA OFICINA 5

37MÚSICA E MOVIMENTOEDUCAÇÃO

E CIDADANIA

LEÃO LEÃO ELEFANTE ELEFANTE

MACACO MACACO PAPAGAIO PAPAGAIO

BODE BODE PERU PERU

VACA VACA LOBO LOBO

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CARTÕES PARA OFICINA 5

39MÚSICA E MOVIMENTOEDUCAÇÃO

E CIDADANIA

CACHORRO CACHORRO GATO GATO

CAVALO CAVALO PATO PATO

GALO GALO GRILO GRILO

PORCO PORCO RATO RATO

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ISBN 85-85786-35-3

Autoria

SECRETARIA DEESTADO DA EDUCAÇÃO

Realização