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Educação, Corpo e Arte Consuelo Alcioni Borba Duarte Schlichta Isis Moura Tavares IESDE BRASIL S.A Curitiba 2013 2.ª edição Edição revisada

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Educação, Corpo e Arte

Consuelo Alcioni Borba Duarte SchlichtaIsis Moura Tavares

IESDE BRASIL S.ACuritiba

2013

2.ª ediçãoEdição revisada

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Capa: IESDE BRASIL S/A

Imagem da capa: Shutterstock

IESDE BRASIL S/AAl. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br

Todos os direitos reservados.

© 2006-2008 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________________________S37e Schlichta, Consuelo A. B. D. (Consuelo Alcioni Borba Duarte) Educação, corpo e arte / Consuelo Alcione Borba Duarte Schlichta, Isis Moura Tava-res. - 2 .ed., rev. - Curitiba, PR : IESDE BRASIL, 2013. 208 p. : 28 cm Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-3610-3 1. Arte na educação 2. Arte - Estudo e ensino. 3. Dança na educação. I. Tavares, Isis Moura, 1970-. II. Título. 13-1067. CDD: 707 CDU: 7(07)

19.02.13 21.02.13 042902 ________________________________________________________________________________

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SumárioEnsinar Arte. Por quê? ...........................................................................................................5

A função dos objetos ..................................................................................................................................6A necessidade da arte ...............................................................................................................................12Linguagens artísticas ...............................................................................................................................13Retomando algumas questões importantes ..............................................................................................15

Fazer e apreciar arte .............................................................................................................17Objetivos do ensino de Arte .....................................................................................................................17Organização dos conteúdos de dança e teatro .........................................................................................30

Vários jeitos de dançar .........................................................................................................35Conteúdos de dança .................................................................................................................................35Criar e seguir passos ................................................................................................................................39Frevo ........................................................................................................................................................47Salsa .........................................................................................................................................................48Danças da moda ......................................................................................................................................49

O corpo em movimento .......................................................................................................51Tipos de movimento ................................................................................................................................51O movimento expressivo na dança ..........................................................................................................54A música e a dança ..................................................................................................................................55Corpo .......................................................................................................................................................56Como podemos expressar determinada emoção por intermédio dos movimentos? ................................67

O movimento e o espaço .....................................................................................................69O espaço na dança ...................................................................................................................................69Formação e posição inicial ......................................................................................................................69Dança solo ...............................................................................................................................................73Salto e queda ............................................................................................................................................74Rotação ....................................................................................................................................................76Deslocamento ..........................................................................................................................................77Caminho reto, curvo e angular .................................................................................................................79Espaço alto, médio e baixo ......................................................................................................................80Capoeira ...................................................................................................................................................80

O movimento e o tempo .......................................................................................................83Todo mundo junto – andamento e sincronia ............................................................................................83Dança de salão – sincronia a dois ............................................................................................................84Movimento – sequência, repetição e simultaneidade ..............................................................................88Dança étnica ou ritual – transe .................................................................................................................89Islã – dervishes e o sufismo .....................................................................................................................91Movimento contínuo e interrompido .......................................................................................................92Danças com materiais ..............................................................................................................................92

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A história da dança: a dança que conta uma história ...................................................................101História da dança .....................................................................................................................................101Dança artística ou de espetáculo ..............................................................................................................103Balé – a dança que conta uma história ...................................................................................................104A avaliação em dança/arte .......................................................................................................................114

Hora de representar ..............................................................................................................119O teatro ....................................................................................................................................................119Conteúdos do teatro .................................................................................................................................120Personagem ..............................................................................................................................................125

Diversos lugares para representar ........................................................................................137Destinação ambiental ...............................................................................................................................137Cenário/palco ...........................................................................................................................................138Iluminação ...............................................................................................................................................142Sonoplastia ...............................................................................................................................................143Marcação ..................................................................................................................................................144Profissionais do teatro ..............................................................................................................................144

Ação – improvisação ............................................................................................................151Ação .........................................................................................................................................................151Narração ...................................................................................................................................................153Atos e cenas .............................................................................................................................................158Improvisação ...........................................................................................................................................160

Ação – texto dramático e gêneros teatrais ...........................................................................169Texto dramático .......................................................................................................................................169Gêneros teatrais .......................................................................................................................................176

Fantoches, máscaras e sombras ............................................................................................185Teatro direto e teatro indireto...................................................................................................................185A história do teatro indireto .....................................................................................................................185Máscaras ..................................................................................................................................................188Fantoches e marionetes ............................................................................................................................190Teatro de sombras ....................................................................................................................................193História do teatro .....................................................................................................................................194

Referências ...........................................................................................................................199

Referências das imagens ......................................................................................................201

Anotações.............................................................................................................................207

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Ensinar Arte. Por quê?

L embre-se do seu tempo de escola primária... Qual o número de aulas de Português e Mate-mática por semana? E de História, Geografia e

Ciências? E quantas de Educação Artística e Edu-cação Física? Pois é...além disso, quando se fala em outras áreas do conhecimento ninguém pergunta:

Mas por que estudar Português? Por que tantas aulas de Português na semana?

Por que estudar Matemática, História ou Geografia?

Parece que esses “porquês” são de fácil resposta: precisamos desses conhecimentos para concluir a es-colaridade, passar no vestibular, trabalhar e viver.

Mas, e a arte? Quando se fala em arte e no seu ensino na escola sempre se tem que justificar, ex-plicar ou provar seu valor. E isso ocorre justamente porque as pessoas não percebem a presença da arte em suas vidas e, muitas vezes, nem percebem que necessitam dela para viver.

Observe as imagens a seguir:

Imagem 2: Dança da quadrilha.

Imagem 1: Crianças japonesas em uma aula de violino.

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Ensinar Arte. Por quê?

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Imagem 3: Cena do filme Homem-Aranha. Imagem 4: Os Muppets em Sesame Street.

O que essas imagens estão nos mostrando? Você já presenciou um espetá-culo, filme ou teatro semelhantes aos mostrados nas imagens? Analisando essas imagens e estabelecendo relações com o nosso dia a dia podemos chegar à conclu-são que a arte pode estar mais presente em nossas vidas do que imaginamos.

Para entender melhor qual a função da arte em nossa vida vamos pensar um pouco sobre os objetos que o homem constrói.

A função dos objetosInicialmente, observe a imagem do espetá-

culo de dança EJM1-EJM2 e escreva, dando a sua opinião sobre qual a função do bule que a bailarina equilibra na cabeça.

Agora, olhe com atenção ao seu redor. Liste os objetos que você está vendo, podem ser canetas, cadeiras, calendários, fotos, qualquer objeto feito pelo homem. Mesmo que pareça óbvio, escreva, a seguir, ao lado do nome do objeto, a sua fun-ção, isto é, por que foi criado.

Ex.: caneta – escrever, desenhar, registrar símbolos graficamente.

Imagem 5: Cena do espetáculo de dança EJM1-EJM2, de Fréderic Flamand.

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Ensinar Arte. Por quê?

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O homem cria objetos para satisfazer suas necessidades. Por isso criou ar-mas, instrumentos musicais, recipientes, casas, roupas, sinais, sons, movimentos, tintas, computadores etc. Podemos analisar todos esses objetos de acordo com suas funções, como fizemos anteriormente, e classificá-los em diversos grupos: usados em casa, usados para comer, usados para escrever etc.

Neste material, analisaremos os objetos de acordo com sua função, classifi-cando-os em quatro grandes grupos: objetos com função utilitária, com função de documento histórico, com função decorativa e com função artística.

Função utilitáriaO bule da imagem anterior é um objeto utilitário: nós o

usamos para colocar café, chá ou outro líquido. E o bule do es-petáculo EJM1-EJM2, qual a sua função em um espetáculo de dança? Sua função é utilitária?

Um objeto com função utilitária é feito com a intenção de ser usado, tendo uma utilidade prática. Um sofá, uma cane-ta, um som de uma campainha ou de uma buzina, o gesto de “tchau” ou de “OK”, uma xícara etc., são exemplos de objetos com função utilitária.

Já que estamos falando em arte, escolha, em revistas, vá-rias figuras de um mesmo objeto utilitário, por exemplo, vários relógios. Monte com essas figuras uma composição em uma fo-lha de papel. Pense em que lugar você vai colar cada relógio, se vai colar um por cima do outro etc. Nesse caso, estará trabalhando com a imagem de relógios como recursos utilizados para criar uma composição visual.

Função de documento histórico

Imagem 7: Utensílios da época renascentista.

Imagem 6: Bule.

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Ensinar Arte. Por quê?

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Muitas vezes, alguns objetos que foram feitos para serem usados com uma função meramente utilitária, ou até artística, podem, com o passar do tempo, ser-vir como testemunho de uma época ou lugar. Se pensarmos no exemplo do reló-gio, teremos como documentos históricos o primeiro relógio de pulso inventado, um relógio usado por uma grande personalidade mundial etc. O sino da primeira Maria Fumaça, a primeira roupa do balé clássico ou o chapéu que Chaplin usou no seu primeiro filme, também são exemplos de objetos usados como documentos históricos. Esses objetos já não são mais vistos de acordo com a sua funcionalida-de, mas como uma fonte de investigação de uma época, pessoa ou lugar.

E na sua família? Existe algum objeto que pode ser considerado docu-mento histórico? Fotos, a primeira meia do seu avô, um grampo de cabelo da sua tataravó?

Lembre-se da casa da sua mãe ou de pessoas mais velhas, quem sabe, da sua própria casa! Você ou essas pessoas possuem objetos com a função de documento histórico? Escreva sobre um desses objetos e o que ele representa para você ou sua família.

Função decorativaTambém existem aqueles obje-

tos que são feitos ou utilizados para enfeitar e deixar um ambiente mais agradável. Podem ser objetos antigos, que até têm uma função de docu-mento histórico, mas são colocados no armário de vidro da sala para en-feitar. Taças de cristal, por exemplo, já não são mais usadas para tomar vinho e na verdade ninguém sabe de que época são ou a quem pertenceu, mas estão na cristaleira, arrumadas e enfileiradas, só para enfeitar. Ca-

lendários, ímãs de geladeira, vasinhos, e até o próprio relógio. Aquele relógio cuco, que nem funciona mais, mas está na parede para enfeitar, pois suas formas são consideradas bonitas. Algumas vezes os objetos decorativos também têm uma função utilitária, mas são usados com o intuito de embelezar o ambiente.

Faça uma lista de objetos que você tem em casa com a finalidade de enfeitar e deixar o ambiente mais agradável.

Imagem 8: Enfeite para porta de recém-nascido.

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Ensinar Arte. Por quê?

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Agora você deve estar confuso! Mas esses não seriam os objetos artísti-cos? Vamos ver o que consideramos objetos artísticos para que você tire suas próprias conclusões.

Função artísticaLembram da imagem ao lado?

O bule, no espetáculo de dança é um exem-plo de um objeto que não cumpre uma função imediata: servir café. Ele, nesse caso, traduz ele-mentos fundamentais na dança: equilíbrio, movi-mento e simetria.

Agora a coisa está complicando, não é? Pois normalmente, quando pensamos em arte, pensa-mos em beleza. Veja esse comentário de Kant so-bre o belo e a arte e reflita: “a beleza natural é uma coisa que é bela; a beleza artística é a bela repre-sentação de uma coisa.”

O que você pensa sobre esse conceito de beleza? O que é o belo para você? Escreva um pouco sobre o que você considera belo.

A arte pode ter muitas funções: questionar, homenagear, criticar, sensi-bilizar, mostrar a realidade e, inclusive, embelezar etc. Mas para cumprir essas funções, os objetos não precisam necessariamente serem “bonitos”. No caso da imagem do espetáculo em que aparece a dançarina com o bule na cabeça, o objeto é um elemento usado para mostrar as relações entre o movimento e o equilíbrio, pois esse espetáculo foi criado para homenagear um dos primeiros fotógrafos que trabalhou com o registro de movimentos.

Pense um pouco sobre as músicas, quadros, fotografias, danças ou peças de teatro que você conhece. Tudo o que você já viu de arte é “bonito”, de acordo com o sentido que usamos essa palavra no dia a dia?

Imagem 9: Cena do espetáculo de dança EJM1-EJM2, de Fréderic Flamand.

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Cite um exemplo de uma manifestação artística que você viu e considerou bonita.

Cite um exemplo de uma manifestação artística que você viu e não consi-derou bonita.

Os objetos artísticos nos fazem refletir sobre nós mesmos, nos mostram a realidade humana e, de uma certa forma, nos fazem questionar ou analisar a nossa própria realidade. Cada objeto artístico pode conter todas essas funções ou priorizar uma delas. Mas o importante é que nós só entenderemos essas fun-ções se apreciarmos os objetos artísticos, compreendermos seus significados e códigos e entendermos o que o artista quis nos dizer com ele. Quando temos essa compreensão, o prazer que sentimos com esse entendimento é o que costumamos chamar de satisfação estética.

Tudo isso está parecendo complicado demais? Vamos explicar melhor. É importante ressaltar, nessa análise, que um gesto, uma canção, um vaso ou até um som são considerados como objetos.

Por exemplo, o gesto de acenar que fazemos com as mãos, representando o “tchau” na nossa cultura, é um movimento convencional, feito, normalmente, com a intenção de nos despedir de alguém ou para sermos avistados.

Um exemplo de gesto como documento histórico pode ser o sinal que faze-mos com a mão conhecido como “paz e amor”. Esse gesto mostra toda a filosofia do movimento hippie na década de 1960.

Os movimentos das chamadas “chacretes” ou outras dançarinas de progra-mas de auditório, podem ser considerados movimentos decorativos, pois sua fun-ção é acompanhar a música e animar o programa para os telespectadores.

Já os movimentos e gestos feitos em uma apresentação de balé clássico, por exemplo, são movimentos que refletem a realidade dos homens por meio de gestos que nada têm de utilitários. Esses movimentos podem ser considerados como documentos históricos atualmente, mostrando a forma como as pessoas da época concebiam os movimentos na dança. Mas a intenção original desse movimento é transcender o mero utilitarismo e expressar com o corpo uma rea-lidade que, para os dançarinos ou coreógrafos, não poderia ser expressa de outra forma. Esses movimentos, assim como os de diversas danças, são movimentos artísticos ou estéticos.

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Na verdade, se pararmos para pensar um pouquinho, podemos nos pergun-tar: por que o homem sempre fez e faz arte? Justamente porque existem coisas que só a arte parece poder expressar. O homem, realmente, tem uma necessidade esté-tica, sente necessidade de fazer e apreciar arte porque tem coisas que sente, gosta, não gosta, admira ou quer mudar, quer mostrar ou esconder, que só por meio dos sons, dos gestos, das cores e formas, consegue.

Leia um trecho de uma música chamada “Porque sim não é resposta”, de Hélio Ziskind.

Porque sim não é respostaHelio Ziskind

(...) Eu quero saber por quêque a gente gritaEu quero saber por quêTem grito de chamar,Tem grito de avisar,Tem grito de bravoE grito de contenteTem grito de rock,Tem grito de óperaTem grito de guerraGrito de gol,Tem grito de menina,Quando vê barata AaaiiiGrito de horror

Quero saber por quê

Quero saber

Por que o galo grita,

Araponga também grita,

Ganso, macaco, elefante, baleia,

Todo mundo grita

Desde a idade da pedra

Com os dinossauros uhhhrrauuuuu

Quero saber por quê

Quero saber por quê

Quero saber por quê

Tem grito de Tarzan,

Tem grito karatê,

Tem grito de mãe e grito de bebê

Tem grito de dom Pedro no Ipiranga

E tem grito de assustar

Quero saber por quê

Quero saber por quê

Quero saber por quê

A gente grita porque tem coisas que só o grito consegue dizer... en-tenderam o porquê?

Você não acha que analisando o sentido que Ziskind dá ao grito poderíamos estabelecer um paralelo com a arte em nossas vidas?

A gente faz e aprecia arte porque tem coisas que só por meio da arte se consegue dizer.

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A necessidade da arte

Imagem 10: Madonna, fenômeno musical dos anos 1980.

Imagem 11: Pintura egípcia que mostra instru-mentos musicais usados na Antiguidade.

Na verdade, esse é um dos pontos em que queríamos chegar, na necessidade estética e, consequentemente, na importância que a arte tem na vida das pessoas.

Com certeza, você já disse para alguém “eu te amo”! Pois é, muitas pessoas já disseram essa frase, mas parece que ela nem sempre dá conta de expressar, real-mente, o amor que sentem. A resposta a esse anseio e a essa vontade do homem de dizer o que sente de um jeito diferente está na arte. Quantas músicas você conhece que falam de amor? Quantos artistas pintaram quadros de suas amadas? Quantas danças ou peças de teatro falam do amor entre as pessoas?

Roberto Carlos com suas músicas românticas; Picasso com os vários retra-tos de suas diversas esposas; Shakespeare, com Romeu e Julieta; e o maravilhoso balé Daphnis et Chloé, de Maurice Ravel, são exemplos de obras de arte cujo tema é o amor.

Podemos dizer que, essa necessidade existiu em todas as épocas, após o surgimento do homem na Terra e em todos os lugares do planeta. Desde o antigo Egito, e mesmo antes, o homem fez e faz arte, sente necessidade de fazê-la, de muitas maneiras, com muitos materiais. Fazer e apreciar arte, para o ser humano, é vital.

Será que depois de toda essa explicação você vai considerar importante a luta dos artistas, apreciadores de arte e arte-educadores, para justificar a arte nos currículos escolares e fora deles?

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Linguagens artísticasInicialmente, vamos sistematizar e classificar todas

as manifestações artísticas que conhecemos nas diferentes linguagens.

O homem produz objetos artísticos usando inúmeras téc-nicas materiais e suportes, com um objetivo final que pode ser a elaboração de uma música, uma coreografia, um fantoche, uma pintura, uma fotografia etc. Para elaborar cada uma dessas com-posições ele vai trabalhar com determinadas linguagens: músi-ca, dança, teatro e artes visuais. Cada uma delas tem um objeto de estudo.

MúsicaImagine um compositor ou intérprete. O que ele pro-

duz? Música. Muito bem. Para elaborar música ele vai tra-balhar com os sons; portanto, o som é o objeto de estudo da música, é a matéria-prima básica com a qual o compositor trabalha. Pode ser que ele escolha o som de vozes, sons da natureza, de instrumentos musicais ou de todos esses elemen-tos juntos, mas seu objeto de estudo é sempre o som. Dessa forma, quando compomos ou analisamos uma música com nossos alunos, devemos ter como ponto de partida o som.

A música e seu objeto → som.

Pense nas músicas que você gosta de ouvir. Que tipo de sons são mais executados nessas músicas? Quais os ins-trumentos que você mais gosta de ouvir? Existe algum som que você não gosta? Por quê?

DançaJá um coreógrafo ou dançarino terá como objeto

de estudo, como matéria-prima básica, o movimento, mas não é qualquer movimento. Os movimentos expres-sivos ou estéticos são aqueles que são considerados ar-tísticos, lembra? Movimentos que transcendam o mero utilitarismo e expressem a realidade humana. Quando dançamos ou analisamos uma dança com nossos alunos, devemos prestar atenção nos aspectos que envolvem a elaboração dos movimentos expressivos.

A dança e seu objeto → movimento expressivo.

Imagem 12: Abstrato 235. Luiz Sacilotto – guache sobre papel.

Imagem 13: Música da Nigéria (África).

Imagem 14: Cena do balé A Bela Adormecida.

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TeatroE em uma peça de teatro? O ator ou dramaturgo tem

como objeto de estudo a representação, isto é, o momento em que deixamos de ser nós mesmos e representamos um perso-nagem. Essa representação, esse “ser outro ser” é o objeto do teatro, seja com fantoches ou máscaras, no Japão ou no Brasil.

O teatro e seu objeto → representação.

Você já viu alguma peça de teatro? O que mais chamou a sua atenção? Você já fez alguma encenação teatral? Quando? Que personagem representou?

Artes visuaisNas artes visuais, os artistas lidam

com a imagem, esta entendida como a re-presentação gráfica, fotográfica, pictórica de uma pessoa ou um objeto.

As artes visuais e seu objeto → imagem.

Você tem alguma pintura, desenho, fotografia ou quadro em casa? Qual? O que você gosta nele? O que não gosta?

Composição artísticaJá vimos o que diferencia os objetos utilitários dos

artísticos e quais as linguagens artísticas trabalhadas no ensino de Arte. As composições artísticas são o resultado das combinações e elaborações feitas com os objetos de es-tudo. Vamos entender isso melhor: por exemplo, o som de um apito, por si só, não é uma composição artística, pode ser um som utilitário ou apenas um som. No momento em que alguém utilizar esse som, trabalhá-lo, juntá-lo, ou não, a outros sons, repeti-lo e organizá-lo de alguma forma com a intenção de fazer música, criará uma composição artísti-ca. São essas composições, feitas nas diferentes linguagens artísticas, que vamos estudar com nossos alunos na escola. Nosso interesse é o som, o movimento, a representação e a imagem usados com a intenção de criar composições artís-ticas, e consequentemente, objetos artísticos.

Imagem 15: Ator Ricardo Sawaya, em cena, na peça Las Muchachas, do grupo Folias D’Arte.

Imagem 16: Artista carioca Ernesto Neto – escultura com blocos de espuma.

Imagem 17: Pintura medieval, Minnesinger Heinrich von Meissen.

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Retomando algumas questões importantesDepois de tantas informações sobre a arte, dividam-se em equipes e reto-

mem essa primeira aula. Cada equipe deverá, dando exemplos, justificar as afir-mações colocadas a seguir. Vocês podem justificar as afirmações por meio de desenhos, rimas, músicas, representações, danças etc. Usem a criatividade!

A arte faz parte da nossa vida.

Um objeto utilitário tem como principal finalidade ser útil para alguma coisa, ser usado.

Os objetos artísticos nem sempre são bonitos no sentido como usamos essa palavra normalmente.

A música trabalha com o som, a dança com o movimento, o teatro com a representação e as artes visuais com a imagem.

Existem alguns gestos que são o documento histórico de uma época ou lugar.

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