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EDUCAÇÃO AMBIENTAL E INTERDISCIPLINARIDADE: QUE CAMINHO É ESSE? Eliane Oliveira Moreira* RESUMO A educação ambiental na escola deve contribuir para a formação de cidadãos conscientes, que visem a construção de uma sociedade mais justa e responsável, que compreendam os problemas decorrentes de alterações ambientais provocadas pelo desenvolvimento humano e reconheçam que atitudes locais podem contribuir com a preservação ambiental do planeta. O presente artigo aborda o tema educação ambiental numa concepção interdisciplinar. Tem como objetivo analisar o processo de implementação de um projeto ambiental interdisciplinar, em escola pública estadual de ensino fundamental, de 5ª a 8ª séries, no norte paranaense, envolvendo professores, alunos e a comunidade escolar. O projeto intitulado “A atitude faz a diferença” foi elaborado pelos professores do corpo docente da escola. O principal desafio dessa abordagem interdisciplinar foi manter uma ligação entre diferentes ciências, sem descaracterizar a disciplina de origem. A análise permitiu conhecer as vantagens e as dificuldades da abordagem interdisciplinar da educação ambiental na realidade local, bem como estimulou a reflexão de professores sobre os procedimentos possíveis de serem adotados. Palavras-chave: Interdisciplinaridade. Educação ambiental. Escola. * Professora PDE 2007, Licenciatura Plena em Biologia (FAFICOP/PR), Farmacêutico-bioquímico (UEL/PR), Especialista em Meio ambiente e desenvolvimento sustentável (FAFICOP/PR) E-mail: [email protected] Professor orientador – Marcelo de Carvalho - UEL Agradecimentos sinceros a toda equipe de professores e funcionários da Escola Padre Manuel da Nóbrega, Cornélio Procópio/PR, que permitiu a realização deste trabalho.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL E INTERDISCIPLINARIDADE: QUE CAMINHO É ESSE?

Eliane Oliveira Moreira*

RESUMO

A educação ambiental na escola deve contribuir para a formação de cidadãos conscientes, que visem a construção de uma sociedade mais justa e responsável, que compreendam os problemas decorrentes de alterações ambientais provocadas pelo desenvolvimento humano e reconheçam que atitudes locais podem contribuir com a preservação ambiental do planeta. O presente artigo aborda o tema educação ambiental numa concepção interdisciplinar. Tem como objetivo analisar o processo de implementação de um projeto ambiental interdisciplinar, em escola pública estadual de ensino fundamental, de 5ª a 8ª séries, no norte paranaense, envolvendo professores, alunos e a comunidade escolar. O projeto intitulado “A atitude faz a diferença” foi elaborado pelos professores do corpo docente da escola. O principal desafio dessa abordagem interdisciplinar foi manter uma ligação entre diferentes ciências, sem descaracterizar a disciplina de origem. A análise permitiu conhecer as vantagens e as dificuldades da abordagem interdisciplinar da educação ambiental na realidade local, bem como estimulou a reflexão de professores sobre os procedimentos possíveis de serem adotados.

Palavras-chave: Interdisciplinaridade. Educação ambiental. Escola.

* Professora PDE 2007, Licenciatura Plena em Biologia (FAFICOP/PR), Farmacêutico-bioquímico (UEL/PR), Especialista em Meio ambiente e desenvolvimento sustentável (FAFICOP/PR)E-mail: [email protected] orientador – Marcelo de Carvalho - UEL Agradecimentos sinceros a toda equipe de professores e funcionários da Escola Padre Manuel da Nóbrega, Cornélio Procópio/PR, que permitiu a realização deste trabalho.

ABSTRACT

The environmental education at school must contribute to the formation of aware citizens that aim the construction of a more responsible and fair society, that understand the problems that come from the environmental change provoked by the human development and recognize that the local attitudes can contribute to the preservation of the planet’s environment. The present article approaches the theme of environmental education in an inter-disciplinary conception. It has as an objective analyzing the process of implementation of an inter-disciplinary environmental project in a state public elementary school, from 5th grade to 8th grade, in the north of Paraná, involving teachers, students and the school community. The project whose title is “The attitude makes the difference” was elaborated by the teachers of the school where the implementation was carried out. The main challenge of this inter-disciplinary approach was maintaining a connection among different sciences without mischaracterizing the original discipline. The analyses permitted recognizing the advantages and the difficulties of the interdisciplinary approach of the environmental education in the local reality, as well as stimulating the reflection of the teachers about the possible procedures that have to be adopted in the environmental education.

Key words: Inter-disciplinarity. Environmental education. School.

1 INTRODUÇÃO

Os estudos das conseqüências ambientais provocadas pelo

desenvolvimento humano atingiram seu auge em fevereiro de 2007. Nesta

ocasião, as Nações Unidas apresentaram um painel, formado pelos mais

respeitados especialistas em clima do mundo, apresentando uma lista de

acontecimentos lamentáveis, como fome, seca, miséria, furacões e

inundações de cidades inteiras, decorrentes do aquecimento global. Esse

relatório, com repercussão no mundo todo, tem apresentado uma

credibilidade muito grande e remete à reflexão. Tanto que, governos,

empresas e boa parte da população começam a questionar sobre maneiras

e ações que poderiam frear essa agressão cada vez mais acentuada à

natureza em nome do desenvolvimento humano.

2

A educação e a formação ambiental foram concebidas desde a

Conferência de Tbilisi em 1977, como um processo de construção de um

saber interdisciplinar e de novos métodos holísticos para analisar os

complexos processos sócio-ambientais que surgem da mudança global

(Reigota, 2006.p.16). Esse posicionamento foi reforçado em outros dois

grandes acontecimentos promovidos pela UNESCO em 1992 e em 1997, a

saber, respectivamente, na ECO 92, no Rio de Janeiro, cujas metas estão

reunidas na Agenda 21 abordando os problemas em destaque na atualidade

e procurando preparar o mundo para os desafios do século 21 e na

Conferência Internacional de Thessaloniki, na Grécia, vinte anos mais tarde.

A Declaração deste evento complementa a Agenda 21, defendendo que só

através da educação ambiental interdisciplinar e com abordagem holística é

possível atingir a sustentabilidade. (MALHADAS, 2001 p. 17-19)

Frente a esses acontecimentos, a educação ambiental passa a ser

valorizada como instrumento capaz de despertar nas gerações atuais a

responsabilidade individual e social para atingirmos a sustentabilidade.

Entretanto, na prática, a educação ambiental vem sendo descaracterizada

desse enfoque interdisciplinar e de ampla abordagem, tanto na escola

quanto na sociedade em geral.

A educação ambiental desenvolvida em muitas escolas, ainda

permanece preocupada com a transmissão de conhecimentos ecológicos;

por conseqüência, perdem a visão holística proposta pela UNESCO, não

atingindo a tão desejada mudança de costumes que poderia contribuir com

a formação de cidadãos conscientes de seu papel na sociedade.

Muitos professores ainda não se sentem estimulados a terem um

comprometimento pessoal com trabalhos que estimulem mudanças de

atitudes, não conseguiram assimilar, que questões relativas ao ambiente e

sustentabilidade devem fazer parte de todas as disciplinas, incluindo as

áreas de Ciências Humanas e Sociais.

3

2 PROBLEMATIZAÇÃO

Como profissional da área de educação me questiono sobre qual

seria o papel da escola na formação de cidadãos responsáveis e sensíveis à

necessidade da conservação de um ambiente saudável para a vida presente

e futura. Afinal, o que estaria impedindo a compreensão do aluno sobre sua

responsabilidade nestas questões ambientais? Estas considerações levam à

seguinte problematização: Como a prática pedagógica do professor de

Ciências, norteada pelos princípios da interdisciplinaridade, pode promover

nos alunos uma melhor compreensão das causas e dos efeitos da

degradação ambiental?

3 OBJETIVOS

Através do processo integrador do ensino baseado teoricamente

nos princípios da interdisciplinaridade, este artigo tem por objetivo

aprofundar as questões relativas ao ensino das relações homem-ambiente,

articulando os conteúdos curriculares do ensino fundamental, segundo as

Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado do

Paraná - Ciências (PARANÁ, 2006). O presente trabalho tem por objeto de

estudo valorizar a proposta da UNESCO, que defende uma educação

ambiental integrada em todas as disciplinas com diferentes olhares.

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para aplicação e análise de uma proposta interdisciplinar, foi

escolhida uma escola da rede estadual de educação, no município de

Cornélio Procópio. Uma escola de pequeno porte, com aproximadamente 80

alunos, distribuídos em turmas de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental,

localizada em um jardim afastado do centro da cidade.

Esta proposta foi apresentada aos professores e funcionários da

escola em 11 de fevereiro de 2008. Os professores participantes têm

diferentes formações, idades, origens e princípios. Essas diferenças foram

4

mais um estímulo para continuar com os trabalhos interdisciplinares, pois

poderiam propiciar riqueza nas trocas de experiências entre esses

profissionais. A proposta de implementação procurou se basear numa

abordagem interdisciplinar, que além de combater a fragmentação do

conhecimento ambiental, permitisse aos participantes um enriquecimento

mútuo.

4.1 A apresentação da proposta e a adesão dos professores

Num primeiro momento, quando convidados a participarem de um

projeto interdisciplinar voltado para a educação ambiental, os professores

envolvidos tiveram um posicionamento comum e, não se mostraram muito

interessados em participar dos trabalhos, pela preocupação e possibilidade

de terem suas disciplinas prejudicadas para a realização do mesmo. Porém,

num segundo momento, para contornar esta posição dos professores e

conseguir o seu necessário apoio para a execução do projeto, procurou-se

base em referencial teórico. O respaldo foi encontrado em Malhadas (2001,

p. 19 e 20), quando afirma que a educação ambiental deve partir de: “uma

abordagem holística e interdisciplinar que reúna diferentes disciplinas e

instituições e preserve suas identidades distintas”. A concepção de Reigota

(2006, p. 25) sobre a importância da educação ambiental “como

perspectiva educativa”, também ajudou a esclarecer os professores.

Segundo comenta o citado autor, o assunto “pode estar presente em todas

as disciplinas, quando analisa temas que permitem enfocar as relações

entre a humanidade e o meio natural, e as relações sociais, sem deixar de

lado suas especificidades”.

Assim, com a adesão e apoio dos professores e após definição do

que se esperava de uma ação interdisciplinar, foi delineado um projeto

interdisciplinar voltado para a educação ambiental. Esse projeto intitulado

“A atitude faz a diferença” foi elaborado com o apoio de todos os

professores da escola onde ocorreu a implementação (ANEXO I). As

disciplinas envolvidas foram: Língua Portuguesa, Matemática, Ciências,

História, Geografia, Artes, Ensino Religioso, Inglês e Educação Física. No

5

projeto ficaram detalhados os objetivos gerais e objetivos específicos de

cada disciplina. Esta proposta permitiria a aplicação dos mais diferentes

recursos.

Os professores foram também sensibilizados a reconhecerem no

decorrer de suas atividades, que qualquer projeto em desenvolvimento

apresenta potencialidades que podem desencadear outras ações, que

devem ser valorizadas, desenvolvidas e aprofundadas dentro da disciplina

ou em um novo projeto interdisciplinar, que permita a continuidade da

educação ambiental. Os professores envolvidos no projeto também foram

estimulados a realizar uma comparação entre as metodologias utilizadas

regularmente em suas atividades e as metodologias que podem ser

aplicadas através do processo integrador da interdisciplinaridade. O

intercâmbio de experiências entre professores é rico e pode desenvolver e

estimular outras atividades criativas, que dependerão do tipo de professor e

das características de seus alunos.

4.2 As atividades desenvolvidas em cada disciplina

Os ofícios, convites, organização de entrevistas, elaboração de

perguntas para palestrantes, produção e correção de frases estimulando a

preservação ambiental, elaboração de slogans para combate à dengue,

roteiros para histórias em quadrinhos destinadas ao combate e controle de

viroses transmitidas por vetores, seriam desenvolvidas pela disciplina de

Língua Portuguesa.

A disciplina de Matemática ficou responsável pela produção de

cartazes, os quais através de gráficos permitiriam a interpretação de dados

epidemiológicos sobre doenças decorrentes de alterações ambientais; se

propôs ainda, a valorizar as atividades de reciclagem através de situações

problemas.

A disciplina de História se propôs a fazer um levantamento da

história do bairro, para isso se utilizaria: fotos antigas, fotos atuais de

localidades próximas à escola e locais do bairro com acúmulo de lixo e mal

conservados, entrevistas com moradores antigos para resgatar os velhos

costumes e hábitos daquela localidade, organização de palestra com

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profissionais da Sanepar – Companhia de abastecimento de águas e

esgotos, encerrando com produções de textos relatando a história local.

A disciplina de Geografia com o auxílio de mapa do bairro,

planejou que cada aluno da escola pudesse determinar a localização de sua

própria residência, de prédios locais, Unidade Básica de Saúde (UBS) e da

escola. Esse mesmo material seria utilizado para a localização de áreas, que

pelo acúmulo de lixo, poderiam servir para o desenvolvimento de vetores de

doenças. Com o auxílio da equipe pedagógica, essas informações serviriam

de respaldo para a construção de uma maquete do bairro.

A disciplina de Ciências, utilizando-se do laboratório de

informática, estimularia a produção de histórias em quadrinhos, trabalhando

doenças virais, cujo vetor se aproveita de alterações ambientais e acúmulos

de lixos, nas regiões urbanas para seu desenvolvimento. Através de visita à

Estação de Tratamento de Esgotos, seria possível trabalhar questões

relacionadas ao saneamento básico e suas implicações para a qualidade de

vida humana. Através de uma exposição de rochas, identificação de alguns

minerais, pesquisas de recursos renováveis e não renováveis, valorização

da reciclagem do alumínio e de outros metais seriam confeccionados

cartazes relacionando conhecimentos adquiridos do assunto. A

contaminação dos solos e águas, pelo destino inadequado de materiais que

muitas vezes poderiam ser reciclados, ou de pilhas e baterias, que através

das características químicas dos metais utilizados em sua fabricação, são

responsáveis por graves contaminações do ambiente, seria discutida em

uma mesa redonda, da qual participariam autoridades municipais e

estaduais que apresentariam a importância da reciclagem e da

responsabilidade individual para preservar o planeta. Aproveitando o

levantamento da realidade local, pelas disciplinas de História e Geografia,

seriam trabalhadas as conseqüências do desmatamento, aquecimento

global e queimadas, relacionando esses temas com a importância da

fotossíntese realizada pelas plantas.

A disciplina de Educação Física faria adaptação de algumas

histórias em quadrinhos produzidas pelos próprios alunos e desenvolveria

7

teatro de fantoches, destacando os sintomas da dengue e formas de

controle da doença.

Na disciplina de Inglês, os alunos produziriam alguns animais

domésticos e selvagens, utilizando-se de materiais recicláveis, para nomeá-

los em Inglês, também fariam pinturas em camisetas, com frases

estimulando a preservação ambiental na língua inglesa.

A disciplina de Ensino Religioso, através de pesquisas de

personagens atuais, que desenvolveram trabalhos ambientais em nome da

paz, organizaria um mural tendo o planeta Terra no centro, envolvido por

frases ambientais.

Artes seria a disciplina que auxiliaria as demais nas atividades

que necessitassem de habilidades manuais, como produção de desenhos e

pinturas, produção de dobraduras para compor a maquete e auxílio na

produção de cartazes.

Teoricamente o projeto se mostrou bastante articulado. Definiu-se

que os trabalhos deveriam ser realizados em 60 dias, com encerramento

previsto para o final do 2º bimestre de 2008.

5 TEORIZAÇÃO

São inúmeras as informações relativas ao ambiente vindas de

diversos meios de comunicação, da escola, da família, dos grupos de

amigos, entre outros. A população, de uma maneira geral sabe dos

problemas decorrentes das alterações ambientais. A sociedade não se

mostra consciente de que essas reações ambientais são decorrentes do

desenvolvimento humano. Esse posicionamento já era mencionado por

Helene e Marcondes (2005) na década passada. Para os citados autores,

A maioria das pessoas, não se vê como participante desse processo de interferência na natureza. Vivendo nas cidades, distantes desses acontecimentos, nos importamos com a biodiversidade apenas de modo teórico ao ouvirmos falar de uma ou outra espécie ameaçada, ou ecossistema alterado. A falta de relação direta com os processos naturais nos torna ignorantes sobre nossa dependência, próxima e direta, da biodiversidade global. Deixamos de nos sentir ligados à terra, aos cursos d’água e aos seres vivos, e não sentimos a necessidade de compreender seus ciclos e inter-relações. Ao invés disso, ‘admiramos’ ou ‘protegemos’ a natureza

8

apenas quando estimulados por campanhas ou datas especiais (HELENE; MARCONDES, 2005, p. 55).

Por outro lado, apesar da falta de sensibilidade da sociedade

nesta questão, de não se ver como parte do processo que interfere na

natureza, muitos ambientalistas têm se mostrado preocupados com a

educação ambiental. Para eles, é a educação ambiental que pode ajudar a

encontrar caminhos para a sustentabilidade do planeta. A preocupação

sobre educação ambiental é reforçada por Reigota (2004, p.11) quando

menciona que,

a educação ambiental deve procurar estabelecer uma ‘nova aliança’ entre a humanidade e a natureza, uma ‘nova razão’ que não seja sinônimo de autodestruição e estimular a ética nas relações econômicas, políticas e sociais. Ela deve se basear no diálogo entre gerações e culturas em busca da tripla cidadania: local, continental e planetária, e da liberdade na sua mais completa tradução, tendo implícita a perspectiva de uma sociedade mais justa tanto em nível nacional quanto internacional.

Como proposta para sensibilizar a sociedade para questões

ambientais, a UNESCO, organismo da Organização das Nações Unidas

(ONU), realizou diversos seminários, nos diferentes continentes do mundo,

para discutir a educação ambiental. A interdisciplinaridade na educação

ambiental e sua implementação, foi citada em muitos deles, como no

Primeiro Congresso Mundial Sobre Educação Ambiental, realizado em Tbilisi,

em 1977.

Em 1992, no Rio de Janeiro, os chefes de estado de 178 nações

participaram da ECO-92, cujo documento resultante é a Agenda 21. Cada

país participante deveria criar uma Agenda 21 nacional. A brasileira destina

um de seus capítulos à educação ambiental. Conforme a Agenda 21 (2002,

p. 239) “todas as disciplinas, incluindo as áreas de ciências humanas e

sociais, necessitam de uma abordagem holística interdisciplinar, que reúna

as diferentes disciplinas e instituições e preserve as suas identidades

distintas...”. Alguns anos mais tarde, na Conferência de Thessaloniki, em

1997 foi elaborada a “Declaração de Thessaloniki”, na qual a UNESCO

reforça que a educação ambiental deve ser interdisciplinar e direcionada

para a sustentabilidade do planeta.

9

Esses movimentos internacionais influenciaram as políticas

nacionais e estaduais em diversos países e também no Brasil. A

Constituição Federal (BRASIL,1988), em seu artigo 225, manifesta a

preocupação com o meio ambiente:

“ Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”

Outras leis se mostram preocupadas com a preservação

ambiental e estimulam que a educação ambiental deve ser articulada, em

todos os níveis e modalidades do processo educativo, como por exemplo: A

Política de Educação Ambiental – PNEA ( Lei nº 9.795/99), que regulamenta

a inclusão da educação ambiental em todos os níveis de ensino, permeando

as disciplinas e Os Parâmetros e Diretrizes Curriculares Nacionais, PCNs, Lei

nº 10.172/01, que define a educação ambiental como uma prática

educativa integrada, contínua e permanente.

A Secretaria de Educação do Estado do Paraná, nas Diretrizes

Curriculares da Disciplina de Ciências, aponta direcionamentos para a

interdisciplinaridade, quando se refere à educação ambiental, solicitando

que os professores considerem em seus conteúdos específicos, os aspectos

sociais, políticos, econômicos e éticos intrínsecos aos problemas

ambientais. (PARANÁ, 2006, p.29). Estas mesmas diretrizes também se

mostram direcionadas para a interdisciplinaridade, quando solicitam que os

professores utilizem-se das idéias de Gasparim2 (apud PARANÁ, 2006, p.

27), da seguinte forma,

Os conteúdos específicos poderão ser abordados em suas inter-relações com outros conteúdos e disciplinas, considerados seus aspectos conceituais, científicos, históricos, econômicos, políticos e sociais, que devem ficar evidentes no processo de ensino e de aprendizagem da disciplina.

2 GASPARIN, J.L. Uma didática para pedagogia histórico-crítica. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 2003.

1

Destacou-se igualmente nas Diretrizes Curriculares Estaduais do

Paraná (DCE), a possibilidade da disciplina de Ciências em “estabelecer

relações e inter-relações entre os conteúdos estruturantes e entre estes e os

específicos e com as diversas áreas de conhecimento, de modo a

proporcionar um ambiente favorável a uma abordagem articulada”

(PARANÁ, 2006, p.35).

Para encontrar caminhos que articulassem os conhecimentos

relativos ao ambiente, procurei fundamentação epistemológica e definições

que me orientassem a um encaminhamento metodológico adequado para

interdisciplinaridade. Muitos autores conceberam a origem e configuraram

interdisciplinaridade de forma semelhante: interdisciplinaridade é

decorrente da necessidade do combate à fragmentação do saber, mas não

chegam a uma teoria única e estável da mesma.

Para Fazenda (2003, p. 11) a interdisciplinaridade é

essencialmente um processo que precisa ser vivido e exercido, portanto

único e diferente para todos que quiserem aplicá-lo. O citado autor ainda

complementa:

Interdisciplinaridade é uma exigência natural e interna das ciências, no sentido de uma melhor compreensão da realidade que elas nos fazem conhecer. Impõe-se tanto à formação do homem como às necessidades de ação, principalmente do educador (FAZENDA, 2003, p. 91).

Ao assumir o compromisso de trabalhar educação ambiental

utilizando-se da interdisciplinaridade, o professor assume um desafio, o qual

é reforçado por Moss3 (apud LEFF, 2001, p. 212): “não existe caminho único

para a atividade interdisciplinar bem-sucedida, não há uma solução única

para conseguir uma integração interdisciplinar”, mas pode ser o caminho

para ajudar a despertar o senso crítico dos futuros cidadãos brasileiros

quanto a questões ambientais.

3 MOSS, R. The integration of teaching on envionmental education. Univesities and Environmental Education. Paris: UNESCO, 1986, P. 75-76.

1

6 RESULTADOS

As atividades do projeto interdisciplinar direcionado ao ambiente,

precisavam de muita flexibilidade para não interferir na rotina da escola.

A disciplina de Ensino Religioso, estimulou a pesquisa sobre

personagens da história atual, que ao promoverem a recuperação e

preservação ambiental em seus locais de origem, conseguiram uma melhor

qualidade de vida aos habitantes do local e por conseqüência estimularam a

paz entre seres humanos e o ambiente onde vivem. O título do projeto:

Ambiente – a atitude faz a diferença, foi escolhido pelos alunos, inspirados

na iniciativa desses personagens. Estimulados, os alunos elaboraram frases

valorizando a vida e o respeito ao próximo através da preservação da

natureza, que foram corrigidas pelos professores de Língua Portuguesa.

Esse material foi exposto no pátio/refeitório da escola, durante todo o

período de desenvolvimento do projeto.

Durante a semana cultural da escola, diferentes oficinas foram

ofertadas e cada aluno teve a liberdade de escolher em qual delas faria

inscrição. A oficina “Histórias em Quadrinhos”, coordenada pelas

professoras de Ciências, Língua Portuguesa, Artes e Educação Física, teve

24 participantes. Para embasar as histórias que seriam produzidas, foi

trabalhado o material pedagógico “Dengue!!! O que podemos fazer para

evitar essa doença???” (ANEXO II), onde os alunos puderam conhecer

características de algumas viroses transmitidas por vetores e como estes se

reproduzem, observaram também que uma história em quadrinhos, pode

trazer muitas informações educativas. Num segundo momento, cada aluno

pôde criar sua história, enfocando as características e formas de controle de

algumas doenças virais. As questões estruturais e gramaticais foram

trabalhadas com o auxílio da professora de Língua Portuguesa. Essas

histórias foram digitadas e impressas. A professora de Artes pôde então

orientar as ilustrações e pinturas das mesmas.

Nas semanas seguintes algumas histórias foram selecionadas e os

demais alunos da escola puderam ilustrá-las e refletir sobre hábitos urbanos

que permitem o desenvolvimento de doenças transmitidas por vetores.

1

Slogans, produzidos na disciplina de Língua Portuguesa, ilustraram as

exposições dessas histórias em quadrinhos.

Utilizando-se de todo esse material a professora de Educação

Física adaptou algumas histórias e organizou um teatro de fantoches que foi

apresentado durante o encerramento do projeto e na semana cultural do

SESC, para alunos de diferentes escolas.

A professora de História, para iniciar o resgate histórico proposto,

solicitou que procurassem fotos antigas do bairro. Para compreender a

história de desenvolvimento do local, como os habitantes antigos viviam

quando ainda não existia água tratada, coleta de lixo, esgoto doméstico e

pavimentação com rede pluvial, foram realizadas visitas em casas de

moradores antigos (numa delas foi encontrado um antigo poço d’água ,

ainda utilizada para lavar calçadas), os quais foram entrevistados e

puderam relatar suas experiências, comentando as vantagens de investir

em saneamento básico. A Sanepar foi convidada para fazer uma palestra e

nessa oportunidade lembraram porque o bairro era chamado “Vila Seca” e

numa abordagem cronológica, relataram conquistas locais relacionadas ao

desenvolvimento urbano.

Numa parceria entre as disciplinas de Geografia e História, os

arredores da escola foram visitados e fotografados, foram escolhidas

algumas regiões bem conservadas, outras abandonadas e outras com

acúmulo de lixo.

Com todas essas informações foram possíveis as produções de

textos relatando a história local.

Com o auxílio de mapa do bairro, cada aluno pôde definir

geograficamente a localização de sua residência e de alguns prédios, como

a UBS e a escola. Utilizando-se do levantamento fotográfico e das

características atuais do bairro, puderam também localizar no mapa, áreas

com acúmulo de lixo, que permitem a reprodução de insetos e roedores,

responsáveis pela transmissão de doenças.

A equipe pedagógica da escola reuniu todas essas informações e,

com o auxílio dos alunos e de professores, organizou uma maquete. A

professora de Artes orientou os alunos a confeccionarem réplicas de suas

1

residências, utilizando-se da técnica de dobraduras, as quais foram

instaladas na maquete. A professora de Ciências, através de uma visita à

estação de tratamento de esgotos, trabalhou a importância do saneamento

básico como forma de evitar inúmeras doenças. O responsável pelo setor

destacou a importância da participação da sociedade, para a instalação

correta do escoamento de esgotos. Essa mesma visita permitiu que

reconhecessem que bactérias são utilizadas para decompor material

orgânico, foi possível então, trabalhar a importância da manutenção da

biodiversidade do planeta, mostrando a interligação entre as mais

diferentes espécies de seres vivos. Só depois desse contexto, as ligações de

água tratada, esgoto residencial e rede pluvial puderam ser representados

na maquete.

Nas atividades desenvolvidas no projeto, o lixo foi reconhecido

como problema local e atual. Era preciso encontrar uma solução para esse

problema. Na disciplina de Ciências foram realizados debates entre os

alunos, que definiram como solução retirar esse lixo de locais inadequados

e estimular a reciclagem. A mãe de uma das alunas da escola, trabalhava

com recolhimento de resíduos que podem ser reciclados. Essa aluna soube

relacionar o valor financeiro de alguns produtos recicláveis. Com esse

levantamento, muitos alunos passaram a compreender porque latinhas de

alumínio são tão procuradas pelos profissionais da reciclagem. Uma

pesquisa sobre a origem do alumínio, métodos de exploração, recursos

naturais renováveis e não renováveis e a importância de sua preservação,

estimulou os alunos a praticarem a reciclagem em seu dia-a-dia. Uma

exposição de rochas, organizada pelos alunos, permitiu relacionar minerais

à sua utilização para o desenvolvimento humano.

Como proposta para continuar explorando a reciclagem, foi

organizada uma mesa redonda da qual participaram: um vereador,

envolvido com questões ambientais e a chefe da Vigilância Sanitária

Municipal - VISA. Os convites para a participação da atividade na escola

foram escritos com o auxílio da professora de Língua Portuguesa, que

também orientou sobre o comportamento e a maneira como deveriam ser

elaboradas as perguntas durante a atividade. Esse interesse permitiu a

1

abordagem de questões relativas a metais utilizados em pilhas e baterias,

que ao serem descartados em locais inadequados provocam a

contaminação do solo e das águas. A reciclagem e a contaminação de

águas pela infiltração de chorume, dos muitos lixões a céu aberto que

existem no país também foram assuntos explorados.

Conforme foi se aproximando o dia de encerramento dos

trabalhos, a professora de Matemática procurou alguns dados

epidemiológicos a fim de elaborarem gráficos e apresentá-los em cartazes,

para expor no encerramento do projeto.

As professoras responsáveis pela disciplina de Inglês, procuraram

desenvolver trabalhos na língua inglesa com a produção de cartazes que

defendiam a natureza e com a identificação de objetos e animais,

produzidos com sucatas.

No decorrer do Projeto, surgiram atividades não previstas que

foram inseridas ao mesmo, como a CIJMA – Conferência Infanto-Juvenil do

Meio Ambiente, que foi realizada alguns dias antes do encerramento do

mesmo e permitiu iniciar a avaliação dos trabalhos desenvolvidos. O

objetivo da CIJMA é despertar nos alunos de todo Brasil, a consciência sobre

questões ambientais, que no ano de 2008, estava direcionada para

aquecimento global. Para tanto são encaminhados às escolas, materiais

como: cartilhas, vídeos, textos, entre outros, estimulando uma análise local

de problemas ambientais, em que a comunidade escolar pode intervir e

colaborar com sua resolução. Após a apresentação de vídeos sobre

aquecimento global e de debates entre alunos, as turmas foram divididas

em equipes para produzir cartazes que apresentassem problemas

ambientais locais que podem contribuir para o aquecimento do planeta.

Para escolha do mais criativo cartaz que estivesse dentro da proposta da

CIJMA, foram convidados representantes do NRE, da SEAB - Secretaria da

Agricultura e do Abastecimento e da Sanepar. As diferentes equipes

precisavam apresentar seus cartazes e explicar o que sabiam sobre o tema

escolhido. As queimadas produzidas pelos moradores do bairro, foi o tema

mais apresentado e, por isso, escolhido como tema da escola para

participar da Conferência Regional Infanto – Juvenil do Meio Ambiente -

1

CRIJMA, a ser realizada no mês de outubro de 2008. A CIJMA ainda

proporcionou uma apresentação das diferentes turmas, com propostas a

serem implantadas na escola e comunidade escolar, para combater e

diminuir as queimadas desnecessárias no bairro. Essa apresentação

permitiu escolher o representante da escola para a CRIJMA.

O encerramento do projeto interdisciplinar, abriu as portas para

toda a comunidade escolar e para algumas autoridades estaduais e

municipais: SEAB, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural –

Emater, Instituto Ambiental do Paraná - IAP, Sanepar, NRE, VISA, órgãos

envolvidos, direta ou indiretamente, com questões ambientais. Nessa

oportunidade todos os trabalhos desenvolvidos no Projeto “Ambiente – A

atitude faz a diferença”, foram expostos e os alunos puderam apresentá-los

e expor suas idéias sobre a importância da conscientização da sociedade

para questões que auxiliem na preservação ambiental.

AVALIAÇÃO

As avaliações aplicadas neste projeto interdisciplinar foram muito

variadas. Para o trabalho coletivo desenvolvido pelos alunos, a forma de

avaliação escolhida pelos professores foi a análise de desenvolvimento do

mesmo, observando se as atividades propostas foram realizadas a contento

e dentro da programação pré-estabelecida.

A maioria dos professores conseguiu desenvolver as atividades

programadas e não relataram dificuldades para seu desenvolvimento. Os

que tiveram dificuldades em participar foram das disciplinas de Inglês, que

alegaram possuir poucas aulas na escola (apenas 1 dia da semana), o que

dificultou a integração ao projeto e ao desenvolvimento dos trabalhos. A de

Matemática, alegou estar muito ocupada com atividades específicas da

disciplina, como a Olimpíada de Matemática, não conseguindo se inserir no

contexto interdisciplinar proposto.

Algumas atividades que dependiam do outros órgãos, não foram

cumpridas dentro do prazo, como a visita ao Museu de História Natural de

Taxidermia e ao tratamento de esgoto industrial da maior fábrica regional,

1

pois não houve tempo hábil para o agendamento dentro do período de

realização do projeto.

Os professores envolvidos estavam cientes que a avaliação

individual dos alunos é sempre difícil, quando se trata de educação

ambiental, cujo objetivo é a mudança de idéias e costumes, a avaliação

passa a ser extremamente difícil, porém necessária.

Seguindo essa idéia, a avaliação surgiu em vários momentos,

inicialmente, antes da realização do projeto, foi realizada uma pesquisa

entre os alunos e seus familiares, sobre os maiores problemas enfrentados

pelos moradores do bairro onde a escola está inserida. As respostas foram

as mais variadas, referiam-se a pavimentação, saneamento, falta de

segurança, drogas, trânsito perigoso e outros. Apenas 46 alunos trouxeram

respostas e em nenhum momento a expressão: problema ambiental foi

citado. O único problema relacionado a ambiente, foi lixo em locais

inadequados.

Ao final do projeto, essa avaliação foi refeita e as respostas de 71

alunos foram as seguintes: 51 alunos se mostraram preocupados com

queimadas, 19 alunos expressaram preocupação com o lixo disposto em

locais inadequados e 10 alunos ou menos, demonstraram preocupação com

bueiros entupidos/sem tampa, ruas esburacadas, poluição do ar, poluição

dos rios, destruição de árvores, esgoto a céu aberto e destino inadequado

de pilhas e baterias. É preciso ressaltar que cada aluno poderia citar mais

de um problema que considerasse relevante. Percebe-se aí o impacto do

trabalho realizado, pois problemas que não faziam parte das preocupações

dos alunos ou mesmo não eram associados a ambiente, passaram a ser

relacionados como problemas ambientais importantes para eles.

A análise do material produzido pelos alunos, também foi

utilizada para avaliar a participação e interesse de cada um. Durante o

projeto, os alunos se mostraram estimulados a realizarem as atividades

propostas, tinham orgulho de apresentar e mostrar seus trabalhos a outros

professores, familiares e diferentes profissionais que compareceram à

escola como avaliadores. O que demonstrou interesse pelas atividades

desenvolvidas.

1

Questionários de auto-avaliação foram aplicados para todos os

alunos que participaram do projeto, posicionamento estimulado por Reigota

(2006, p. 45) “para evitar a avaliação equivocada e estimular a auto-

reflexão e o diálogo, o professor deve solicitar aos alunos a auto-avaliação”

Foram avaliados 71 alunos através desse processo de auto-

avaliação, em que atribuíram valores de 0 a 10 para seu

interesse/preocupação sobre os seguintes temas: reciclagem, destino

adequado para pilhas e baterias, queimadas, dengue, preservação de

recursos não renováveis e biodiversidade. Essa avaliação deveria ser

referenciada para o período anterior ao projeto e para o período posterior a

ele. Em quase todos os itens pudemos observar um maior valor atribuído

para depois do projeto, apenas na avaliação que se referia a dengue, os

valores ficaram muito próximos para antes e depois do projeto, o que nos

permite dizer, que dengue é um assunto teoricamente conhecido dos alunos

em seu dia-a-dia.

Outra forma de avaliação foi, a escolha das disciplinas com que

os alunos mais se identificaram, as mais citadas foram: Ciências, seguida de

Geografia e Língua Portuguesa. A menos citada foi a Matemática, que

apresentou apenas trabalhos pontuais, não se inserindo nas atividades

interdisciplinares. Um aluno apenas relacionou essa disciplina.

A expectativa da escola participar do “Fera Com Ciência”, uma

exposição regional promovida pelo Governo do Estado do Paraná, gerou

uma grande polêmica entre os alunos. Grande parte deles desejavam ser

escolhidos para participarem desse evento e apresentarem os trabalhos

desenvolvidos na escola durante o projeto Ambiente – A atitude faz a

diferença. Essa postura mostrou que, de maneira geral, os alunos gostaram

da forma como foram produzidos e apresentados os trabalhos, pois queriam

expor aos alunos de outras escolas o que eles tinham produzido no projeto.

Uma avaliação muito negativa desse projeto foi a falta de

participação da comunidade escolar. No encerramento, todos os alunos da

escola estavam envolvidos no projeto, todos os alunos tinham trabalhos

1

expostos e todos os pais de alunos tinham sido convidados a participar

dessa comemoração. Porém foram poucos os pais que estiveram presentes,

o que indica que nossos trabalhos não ultrapassaram as fronteiras da

escola.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Buscamos desenvolver algumas atividades interdisciplinares

voltadas à educação ambiental por meio de projeto, observamos que de

maneira geral, essa implementação apresentou aspectos positivos.

Sabemos, contudo, que não é um processo simples e nem instantâneo.

Entendemos que a interdisciplinaridade aplicada na educação ambiental

oferece uma perspectiva positiva. Nesta implementação, o fato de a maioria

dos alunos citar problemas locais, como queimadas e saber relacioná-los a

problemas globais, como o aquecimento do planeta, nos estimulou a

continuar nossos trabalhos. Reigota (2006), lembra que “ ’pensar

globalmente e atuar localmente’ pode guiar a avaliação de atitudes e

comportamentos, sendo fundamental que o aluno consiga perceber os

problemas da humanidade acima dos seus interesses individuais”.

Como último ponto para reflexão, gostaríamos de lembrar que

este trabalho interdisciplinar, foi apenas um passo em direção à Educação

Ambiental que queremos e que essa caminhada não deve se encerrar aqui.

A Educação Ambiental precisa acompanhar cada um de nossos alunos por

toda sua vida para que possamos acreditar nessa vida futura.

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