educação à distância na amazônia indígena: estratégias de...

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II Mostra de experiências exitosas do Sistema UNA-SUS Monroe PR 1 , Pinto TP 1 , Ferron MM 1 , Oliveira LSS 1 , Rodrigues D 1 , Furtado JP 1 1 Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP Palavras-chave: Saúde Indígena, Educação Permanente em Saúde, Educação à Distância, Interação tutor-aluno. Eixo 1. Educação Permanente dos Trabalhadores do SUS Educação à Distância na Amazônia indígena: estratégias de interação entre tutores e alunos

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II Mostra de experiências exitosas do Sistema UNA-SUS

Monroe PR1, Pinto TP1, Ferron MM1, Oliveira LSS1, Rodrigues D1, Furtado JP1 1Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP

Palavras-chave: Saúde Indígena, Educação Permanente em Saúde, Educação à Distância, Interação tutor-aluno. Eixo 1. Educação Permanente dos Trabalhadores do SUS

Educação à Distância na Amazônia indígena: estratégias de interação entre tutores e alunos

Povos indígenas no Brasil : 0,44% da população 817.963 pessoas, 250 etnias, 150 línguas 502.783 vivem em terras indígenas sendo 60% na Amazônia. (IBGE, 2010) Grande vulnerabilidade social, diversos processos de contato, diversidade sociocultural e barreiras geográficas. Saúde indígena: área em expansão no campo do ensino e pesquisa de saúde coletiva. Política afirmativa que contempla as especificidades étnicas e culturais dos indígenas. Integrou-se ao SUS em 1999 (Subsistema de Saúde Indígena), e a atenção básica está organizada a partir do território da saúde denominado DSEI - Distrito Sanitário Especial Indígena (Brasil, 1999).

Contextualização

Projeto Xingu/Depto de Medicina Preventiva/EPM/UNIFESP 1965 integração ensino-pesquisa-extensão no Parque do Xingu e

outras regiões 2007 Curso de Especialização em Saúde Indígena à distância: 420 hs,

350 concluintes de 3 turmas – equipes multidisciplinares

Contextualização

Contextualização

Oferta atual - parceria UNA-SUS - médicos do Programa Mais Médicos (PMMB) inseridos em 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) do país Início em dezembro/2014 350 vagas para médicos do PMMB e 50 vagas para supervisores do PMMB e gestão da Saúde Indígena. 6 grupos: Manaus (2 turmas), Belém, Recife, Cuiabá e São Paulo. 420 horas 2 encontros presenciais

Disciplinas do Curso Adaptação ao Ambiente Virtual de Ensino Políticas e Organização dos Serviços de Saúde Indígena Antropologia e Saúde Epidemiologia Aplicada aos Serviços de Saúde Indígena Intervenções Clínicas voltadas para a população indígena brasileira Processos Educativos em Saúde Indígena Orientação para a elaboração do trabalho de conclusão de curso

Contextualização

Grupo Manaus 1 - Populações e territórios de trabalho

Distrito Sanitário Especial Indígena População Etnias TMI* Médicos

3. Alto Rio Juruá 14.108 16 56 12

5. Alto Rio Purus 10.420 7 67 6

6. Alto Rio Solimões 55.304 7 40 15

16. Médio Rio Purus 7.793 9 51 6

21. Médio Rio Solimões e Afluentes 17.600 16 53 13

30. Vale do Rio Javari 5.490 6 123 7 Fontes: Ministério da Saúde/ SESAI, 2013. Projeto Xingu, UNIFESP, 2015

*TMI: Taxa de mortalidade infantil – n. óbitos de menores de 1 ano por mil nascidos vivos . MS, 2013

Municípios do Acre Assis Brasil, Cruzeiro do Sul, Feijó, Jordão, Marechal Thaumaturgo, Santa Rosa do Purus, Sena Madureira e Tarauacá Municípios do Amazonas Amaturá, Atalaia do Norte, Eirunepé, Lábrea, Pauini, Santo Antônio do Içá, São Paulo de Olivença, Tabatinga, Tefé e Tonantins

Grupo Manaus 1 - Populações e territórios de trabalho

Região de fronteira – Brasil, Colômbia, Peru e Bolívia

Cerca de 60 etnias com histórias de contato com a sociedade envolvente muito diversas:

• alguns povos isolados e de contato muito recente;

• práticas tradicionais de saúde, outras concepções do processo saúde doença, português e língua materna

• Contato marcado pela catequização e trabalho extrativista, relações de dominação

• Grupos vivendo em periferias das cidades, vulneráveis ao alcoolismo, violência, prostituição, desorganização social e exploração econômica.

Isolamento geográfico e dispersão populacional dentro do território Infraestrutura de trabalho precária, indicadores de saúde ruins, predomínio de doenças infecciosas e parasitárias; emergência de doenças crônico degenerativas Tutores do grupo Manaus 1: 2 enfermeiros e 1 médico com experiência em saúde indígena e EAD Estratégias pedagógicas visando minimizar dificuldades e a evasão. Questionário no início do curso: rotina de trabalho, períodos para estudo e características da tecnologia disponível para acessar o AVA. Suporte personalizado, vínculo e relação de empatia e valorização.

Metodologias e soluções implantadas

Perfil: 63 cursistas trabalhando em 6 DSEI 10 municípios do Amazonas e 8 do Acre Intercambistas cubanos do sexo masculino Idade entre 35 e 55 anos com experiência profissional em áreas remotas pouca fluência digital em ambientes virtuais de aprendizagem Permanência de 30 dias nos territórios indígenas com acesso restrito à eletricidade e meios de comunicação. Período de descanso - cidades com acesso precário à internet

Metodologias e soluções implantadas

Monitoramento mensal das escalas de trabalho, adequando com os docentes o plano de estudos e os prazos.

Comunicação: clareza, precisão e vocabulário acessível na língua portuguesa. Mensagens por grupo de médicos do mesmo DSEI, fortaleceu o sentimento de equipe. Interação com feedbacks rápidos e frequentes, em tempo para que os cursistas retornassem ao conteúdo

Comunicação síncrona e complementar ao AVA: e-mail, telefone e ‘WhatsApp’ para envio de material ou recebimento de atividades.

Envio de pen drive com todo o conteúdo do AVA.

Metodologias e soluções implantadas

Resultados e considerações finais Ao longo de 7 meses: mudanças na relação dos estudantes com os tutores e com o processo de ensino-aprendizagem. Muitos passaram a estudar juntos e a informarem sobre as dificuldades dos colegas.

Relatos iniciais de alunos inclinados a desistir, seguiram-se de manifestações de motivação, estímulo e gratidão pelo apoio oferecido.

A experiência prévia dos tutores como trabalhadores da saúde indígena colaborou no vínculo e reconhecimento das particularidades desta realidade.

São imprescindíveis competências e habilidades do tutor que aliem afetividade, vínculo, empatia e disponibilidade com os aspectos cognitivos do aprendizado e as exigências do plano de curso.

As peculiaridades da região Amazônica não podem ser desconsideradas no processo de avaliação e no planejamento pedagógico de um curso à distância.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretária Especial de Saúde Indígena [acesso em 12 dez 2014]. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/oministerio/principal/secretarias/secretaria-sesai Carvalho AB. Os Múltiplos Papéis do Professor em Educação a Distância: Uma Abordagem Centrada na Aprendizagem. Anais do 18° Encontro de Pesquisa Educacional do Norte e Nordeste – EPENN. Maceió: Universidade Federal de Alagoas, 2007. Cunha CR, Silva JMC, Bercht M. Proposta de um Modelo de Atributos para o Aprimoramento da Comunicação Afetiva para Professores que atuam na Educação à Distância. Anais do XIX Simpósio Brasileiro de Informática na Educação–SBIE. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2008. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010. [acesso em: 12 set de 2015]. Disponível em: http://censo2010.ibge.gov.br/. Mendonça S. Saúde mental e os povos indígenas: reflexões e práticas no contexto do Programa de Saúde da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/UNIFESP) no Parque Indígena do Xingu. Curso de Especialização em Saúde Indígena. Ministério da Educação/ Universidade Federal de São Paulo, 2014. Monteiro AF et al. A afetividade na relação tutor-aluno: o ensinar e o aprender na educação online. Anais do XI Congresso Brasileiro de Ensino Superior à Distância - ESUD 2014. Florianópolis: UNIREDE, 2014. Oliveira, LSS. Projeto Político Pedagógico. Curso de Especialização em Saúde Indígena. Universidade Federal de São Paulo. Reitoria de Extensão. São Paulo, 2014.

Referências Bilbiográficas