editorial: polÍtica ou politicagem? - cpvsp.org.br · quem tinha até ir anos em 1964 e tem até...

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BIBLLQJECA Ano i Feira de Santana, novembro de 1982 IM. 11 - ^^40,00 Eleições. Esta é a palavra de ordem. Até o final da apuração dos votos a palavra eleições continuará no prato do dia. No ônibus, no bar da esquina, no locJ de trabalho, na escola, no lar; se fala de eleições. Realmente é um fato muito importante, sobretudo se consideramos que faz duas décadas que não eleições para qovemador. Milhares e milhares de eleitores vão ter o prazer de votar pela primeira vez para governador. Quem tinha até IR anos em 1964 e tem até 36 anos hoje, nunca opinou na escolha dos governa- dores. As eleições são tão importantes que o presidente João Figueiredo está percorrendo todos os Estados como forma de reforçar a campanha do seu partido e aumentar a Votação do PDS. As eleições serviram até mesmo para baixar a inflação no mês de se- tembro... Mas as eleições não são tudo na vida. As dificuldades que grande parte do povo brasileiro entrentava um ano atrás são as mesmas dificuldades de hoje. Mas no momento esses pro- blemas até parece que não existem. Não se fala de custo de vida, que con- tinua sendo o grande prego no sapato das famílias mais pobres; não se fala da grilagem que continua expulsando trabalhadores rurais do campo; não se fala da falta de escolas, dos precários serviços do INPS... Não se fala da guerra civil de El Salvador, da situação dos palestinos, dos massacres* na Gua- temala... As eleições serão realizadas no dia 15 de novembro. Alguns dias depois estará concluída a upuração dos votos. No caso da Bahia os comentários gira- rão em torno de três partidos polí- ticos: o PDS, o PMDB e o PT. Um teve tantos por cento dos votos, outro teve tantos por cento.e assim por diante. Esse partido foi vitorioso e aquele foi derrotado. Mas toda essa poeira volta- a ser assentada. E aí? O que acon- tecerá com os grandes e graves proble- mas que & sociedade brasileira enfren- ta hoje? Perspectivas de melhores ou de piores dias? Isso vai depender, também da qualidade dos novos parla- mentares, do comportamento que os vereadores, os deputados, os sena- dores, assim como os pr feitos e go- vernadores tenham com o povo que os elegeu. Um futuro mais promissor ou um futuro mais negro para o Brasil vai depender, também da nova "classe política". Porisso que cada voto fun- ciona como um tijolo na construção. A parede, depois, sai torta ou sai no prumo a depender da forma como cada tijolo é colocado. Se a parede sai tofta, seguramente que o destino dela é cair, cedo ou tarde. Nessa perspectiva cada cidadão deve procurar construir uma parede no prumo. EDITORIAL: POLÍTICA OU POLITICAGEM? LEIA NA PÁGINA 2 Pontes caem em 1980 são recuperadas até e nao hoje A foto mostra um dos precipícios que existem na estrada que liqa Serrinha a Araci (são dois de dimen- sões e proporções iguais). Desde as chuvas do início de 1980, quando duas pon- tes caíram, que não se pro- videnciou qualquer conser- to. Vários acidentes ocor- reram. Segundo moradores da vizinhança, num dos lugares morreram 9 pessoas em dois acidentes. Eles in- formaram também que não havia qualquer placa de si- nalização e que, somente depois de vários acidentes, é que providenciaram placas de sinalização indicando o desvio. E por demais curioso que uma rodovia de tamanha importância é a única via de acesso a lugares como Caldas do Jorro, Tucano, Euclides da Cunha, dentre outras importantes cidades, permaneça em tamanho des- prezo. Mas o que é mais cu- rioso ainda é que políticos do PDS, è suas campanhas eleitoral, têm a coragem de, publicamente, dizerem que foram eles os responsá- veis pela pavimentação da citada rodovia, como o fez Plínio Carneiro, candidato a reeleição, em recente comí- cio na cidade de Serrinha. A precariedade da rodo- j/ia não se limita apenas aos trechos onde as pontes mi- ram. A "borra" asfáltica está totalmente danifrèeda, com enormes buracos no meio da pista. Segundo moradores, de Araci, Plínio Carneiro tra- fega por aquela rodovia se- manalmente para "visitar" a filial da Cooperativa de Ser- rinha, filial de Araci. Logo, ele próprio, conhece de perto a situação, porém, a recuperação não sai. Sinal de desprestígio? Ou será que ele ainda pensa que o "eleitor de cabresto" não olha para os benefícios pú- blicos? Comenta-se que a rodo- via que liga Serrinha a Biri- tinga, pavimentada me- nos de um ano, encontra-se em situação ainda pior do que a rodovia que estamos comentando. Não é de se estranhar, vez que a preocu- pação em construir estradas com a finalidade de servir ao povo não existe mais. Saem ganhando as constru- toras que recebem pelos ser- viços de pavimentação e na realidade põem uma "bor- ra" que não dura sequer um ano. Exemplos semelhantes encontramos em toda a Bahia. E a utilização dos recursos públicos. E a administração do dinheiro do povo. E ainda se diz quo "a Bahia vai bem". Ela, a Bahia, pode ir muito bem, mas para uns... O significado das eleições Pág. 2 Isto você deve saber Pág. 3 Desigualdade social Pág. 4 JLJ O homem e a seca no Nordeste Pág. 4 Eleições no Sincaver e no STR/FE1RA Pág. 5 Coluna sindical Ríg. 7 Sargento da PM pode perder a farda Pág. 7 A Universidade e a Política . Pág. 8

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BIBLLQJECA

Ano i — Feira de Santana, novembro de 1982 IM. 11 - ^^40,00

Eleições. Esta é a palavra de ordem.

Até o final da apuração dos votos a

palavra eleições continuará no prato

do dia. No ônibus, no bar da esquina,

no locJ de trabalho, na escola, no lar;

só se fala de eleições. Realmente é um

fato muito importante, sobretudo se

consideramos que faz duas décadas

que não há eleições para qovemador.

Milhares e milhares de eleitores vão ter

o prazer de votar pela primeira vez

para governador. Quem tinha até IR

anos em 1964 e tem até 36 anos hoje,

nunca opinou na escolha dos governa-

dores. As eleições são tão importantes

que o presidente João Figueiredo está

percorrendo todos os Estados como

forma de reforçar a campanha do seu

partido e aumentar a Votação do PDS.

As eleições serviram até mesmo para

baixar a inflação no mês de se-

tembro...

Mas as eleições não são tudo na

vida. As dificuldades que grande parte

do povo brasileiro entrentava há um

ano atrás são as mesmas dificuldades

de hoje. Mas no momento esses pro-

blemas até parece que não existem.

Não se fala de custo de vida, que con-

tinua sendo o grande prego no sapato

das famílias mais pobres; não se fala

da grilagem que continua expulsando

trabalhadores rurais do campo; não se

fala da falta de escolas, dos precários

serviços do INPS... Não se fala da

guerra civil de El Salvador, da situação

dos palestinos, dos massacres* na Gua-

temala...

As eleições serão realizadas no dia

15 de novembro. Alguns dias depois

estará concluída a upuração dos votos.

No caso da Bahia os comentários gira-

rão em torno de três partidos polí-

ticos: o PDS, o PMDB e o PT. Um teve

tantos por cento dos votos, outro teve

tantos por cento.e assim por diante.

Esse partido foi vitorioso e aquele foi

derrotado. Mas toda essa poeira volta-

rá a ser assentada. E aí? O que acon-

tecerá com os grandes e graves proble-

mas que & sociedade brasileira enfren-

ta hoje? Perspectivas de melhores ou

de piores dias? Isso vai depender,

também da qualidade dos novos parla-

mentares, do comportamento que os

vereadores, os deputados, os sena-

dores, assim como os pr feitos e go-

vernadores tenham com o povo que os

elegeu.

Um futuro mais promissor ou um futuro mais negro para o Brasil vai

depender, também da nova "classe

política". Porisso que cada voto fun-

ciona como um tijolo na construção.

A parede, depois, sai torta ou sai no

prumo a depender da forma como

cada tijolo é colocado. Se a parede sai

tofta, seguramente que o destino dela

é cair, cedo ou tarde.

Nessa perspectiva cada cidadão

deve procurar construir uma parede

no prumo.

EDITORIAL: POLÍTICA OU POLITICAGEM? LEIA NA PÁGINA 2

Pontes caem em 1980 são recuperadas até

e nao hoje

A foto mostra um dos precipícios que existem na estrada que liqa Serrinha a Araci (são dois de dimen- sões e proporções iguais). Desde as chuvas do início de 1980, quando duas pon- tes caíram, que não se pro- videnciou qualquer conser- to. Vários acidentes já ocor- reram. Segundo moradores da vizinhança, num dos lugares morreram 9 pessoas em dois acidentes. Eles in- formaram também que não havia qualquer placa de si- nalização e que, somente depois de vários acidentes, é que providenciaram placas de sinalização indicando o desvio.

E por demais curioso que uma rodovia de tamanha importância — é a única via de acesso a lugares como Caldas do Jorro, Tucano, Euclides da Cunha, dentre outras importantes cidades, permaneça em tamanho des- prezo. Mas o que é mais cu- rioso ainda é que políticos do PDS, è suas campanhas eleitoral, têm a coragem de, publicamente, dizerem

que foram eles os responsá- veis pela pavimentação da citada rodovia, como o fez Plínio Carneiro, candidato a reeleição, em recente comí- cio na cidade de Serrinha.

A precariedade da rodo- j/ia não se limita apenas aos trechos onde as pontes mi- ram. A "borra" asfáltica está totalmente danifrèeda, com enormes buracos no meio da pista.

Segundo moradores, de Araci, Plínio Carneiro tra- fega por aquela rodovia se- manalmente para "visitar" a

filial da Cooperativa de Ser- rinha, filial de Araci. Logo, ele próprio, conhece de perto a situação, porém, a recuperação não sai. Sinal de desprestígio? Ou será que ele ainda pensa que o "eleitor de cabresto" não olha para os benefícios pú- blicos?

Comenta-se que a rodo- via que liga Serrinha a Biri- tinga, pavimentada há me- nos de um ano, encontra-se em situação ainda pior do que a rodovia que estamos comentando. Não é de se estranhar, vez que a preocu-

pação em construir estradas com a finalidade de servir ao povo não existe mais. Saem ganhando as constru- toras que recebem pelos ser- viços de pavimentação e na realidade põem uma "bor- ra" que não dura sequer um ano. Exemplos semelhantes encontramos em toda a Bahia. E a má utilização dos recursos públicos. E a má administração do dinheiro do povo.

E ainda se diz quo "a Bahia vai bem". Ela, a Bahia, pode ir muito bem, mas só para uns...

O significado das eleições

Pág. 2

Isto você deve saber Pág. 3

Desigualdade social Pág. 4

JLJ

O homem e a seca no Nordeste

Pág. 4

Eleições no Sincaver e no STR/FE1RA

Pág. 5

Coluna sindical Ríg. 7

Sargento da PM pode perder a farda

Pág. 7

A Universidade e a Política .

Pág. 8

Página 2 Novembro/82 O GRITO DA TERRA

EDITORIAL: POLÍTICA OU POLITICAGEM? O momento por que passamos no

Brasil nos impõe uma profunda e serena reflexão: porque nós estamos dando tanta importância à política? De norte a sul, o Brasil inteiro» não fala em outra coisa: partidos, situação, oposição, pode- rosos, caciques, coronéis, p of issionais da política, ptndb, pds, ptb, pt, voto ca- marão, canalhas, corruptos, corrupção, safadeza, interesses pessoais, ficar por cima, enrolação, não perder o poder, ta- pinhas nas costas, promessas e mais pro- messas, xingamentos e humilhações, pedidos, aproveitar a oportunidade por- que passando 15 de nnvembrolll nada mais se consegue. Este é o mundo em que estamos mergulhados. Nas cidades e no íntarlôr, não se ouve outra coisa; até parece que a c^restia acabou, que as in- justiças de todos os dias tomaram férias. Muita gente chega à dizer: "a política dá nojo".

Como é que pode? A arte humana de conviver, de partilhar, de garantir o bem de todos, de arrumar a organização dos homens, de dirigir os serviços públicos para proteger os cidadãos? Como é qüe pode, se o sentido original de política é o interessar-se pelo bem de todos? Se po- lítica deveria ser um modo de amar os outros, os irmãos? Se política é parti- cipar na solução dos problemas do povo? Como é que pode, chegarmos a "sentir nojo" de nossa convivência, do nosso jeito de estarmos vivos tentando

ser gente? Como é que pode "sentir nojo" da política?

Para podermos responder a estas for- tes questões vamos dar uma olhada no que ocorre em nossa política:

Quem são os políticos atuais? De quais famílias eles são? Ricas ou

pobres? Se foram pobres, ficaram do lado dos

pobres? Ou se transformaram em ricos?

Os políticos não são os militares bem graduados? Os grandes proprietários de terras? Os;fazendeiros? Os proprietários de bancos? Os comerciantes? Os altos funcionários da máquina corrupta do Estado? Quantos são os pobres, os tra- balhadores, que nós conhecemos que entraram até agora na política e foram fiéis, ou bem sucedidos? Náo será que a política está sendo dominada pelas pes- soas da "classe rica? " E estas pessoas que são ricas terão outros interesses que não os de defender os interesses da classe rica? Estes políticos ricos nas assem- bléias fazem as leis; será que na confec- ção das leis, dos decretos, eles têm inte- resses outros que não os de proteger seus previlégios, seus investimentos, seus grandes lucros? Porque é que os traba- lhadores, sempre que precisam de uma melhoria para a sua classe, têm de lutar tanto para conseguir uns pequenos "fa- vores", e ainda são denominados de subversivos, de preguiçosos, de agita- dores, etc?

O que está acontecendo, a nosso ver, é que a política se transformou em poli- ticagem; a política não cuida mais do bem comum, mas cuida dos previlégios pessoais da classe rica que usa de todos os meios para não perder o poder. A política dos ricos usa, em proveito pró- prio, aquilo que é de todo mundo. É por isso que o dinheiro do pobre não dá para nada; o salário está sempre pouco; nunca se tem um emprego que preste; nunca se tem saúde direito; nunca se pode estudar decentemente, porque as escolas não prestam e os ricos não querem um povo bem educado e crítico; o que os ricos querem é um bocado de gente sem ou- tras condições senão a de ser empregado deles e dependente deles.

O que é preciso é recuperar o verda- deiro sentido de política; limpar a polí- tica da politicaaem; é necessário uma política nova, onde c; trabalhadores, operários, agicultores, índios e não só os doutores, pai ricipem de maneira decisiva do poder político, pois que são estas pes- soas a maioria da população do país. São os trabalhadores que produzem a riqueza do país e estes trabalhadores nunca deci- diram como esta riqueza deve ser repar- tida. Nunca, os trabalhadores, ajudam a fazer as leis; os trabalhadores não têm o direito de dizer quanto deve ser o seu salário; não dão palpite em como empre- gar o dinheiro público porque não lhes deixam opinar.

É por tudo isto que precisamos trans- formar a politicagem em política. Preci- samos de uma política diferente em que o povo, os trabalhadores, possam parti- cipar na decisão de tudo.

Para fazer isto não se pode ficar espe- rando esmolinhas dos políticos profis- sionais. O importante é reunir as nossas forças. Todos os trabalhadores descobri- rem como se organizar em associações de classe. Discutir o que está aí, se chaman- do de política e desmascarar os politi- queiros, mostrando que eles são aprovei- tadores, que não merecem o nosso apoio e que nós não os queremos mais toman- do todas as decisões por nós. Nós não podemos mais votar neles. Os que estão no poder, os que se dizem donos dos destinos do nosso País, não querem sair mais de lá de cima de jeito nenhum, por- que lá eles têm tudo para mandar e des- viar em benefício próprio o que deveria ser de todos nós.

Neste momento de eleições preci- samos utilizar o mínimo de direito que temos e votar contra eles, os ricos, os poderosos. Depois das eleições precisa- mos retomar a caminhada para conse- guirmos transformar a politicagem, a política nojenta, numa política humana, de gente, onde todos tenham o direito e a vez de participar, de dar sua opinião, de escolher seus empregos, seus salários, ter a garantia de sua saúde e de sua edu- cação, porque isto tudo é propriedade de todos e não só dos privilegiados.

O significado das eleições de 1982 (Proibido aos menores de 18 anos)

1. A importância para a história passada e futura Estas eleições serão as mais importantes

da história do Brasil até hoje. Não é só o Brasil que espera pelos seus resultados, mas todo continente latino-americano, que tem ou vive situações parecidas. No restante do mundo também se espera. Porque tanto sig- nificado e tanto interesse? Porque faz 18 anos que no Brasil, o poder se concentrou pelas armas e pela força em 1964. Desde esse tempo que esse poder vem tentando se legitimar, isto é, receber o apoio popular. Outros países da América Latina e do mundo também fizeram coisa parecida. Este governo escolheu então uma forma para governar o país, um jeito de adminis- trar a nação. Nos primeiros anos era difícil dizer e julgar se este modo e este jeito de governar daria certo mesmo, porque o tempo era pouco. Depois não havia liber-

dade suficiente para o povo dizer sim ou dizer não. Agora o tempo já é bastante, apesar das liberdades não serem suficientes ainda pan um bom julgamento sereno e tranqüilo, devido aos inúmeros "pacotes" que se sucedem.

2. O sentido do voto nessas eleições

A eleição deste ano vai julgar os 18 anos passados. Vai fazer um plebiscito. Não será tanto a escolha dos candidatos futuros, será mais o julgamento deste jeito e desta forma de governar até agora. Não significará o julgamento de pessoas, que podem até ser bem intencionadas, capacitadas e dinâ- micas. Significará mais a aprovação ou desa- provação deste jeito de governar, cujo re- presentante máximo é o senhor Delfim Netto e não o presidente João Figueiredo, onde ambos, tem por trás outros grupos que dominam. Não serão os candidatos bons ou ruins, da situação ou da oposição

r O Gríto daTerra

A

4W^% Entidade Responsável . „ , c t L ADEFS - Associação das Entidades de Feira de Santana Rua J. J. Seabra, 163 - I? andar - sala 103 Feira de Santana - Bahia - Brasil

RMpomaWlidMle edhorlal: Corpo de Opinifo. ^ Corpo de OptniBo: Marie Renilda Daltro, Jçné Carlos Barreto Santena, Neldaort Wouintolte Baptista, Hélder Agostinho Carneiro de Oliveira, Josenor Nascimento Cerquelra/Jalfne da Cruz Uaeaf da Magalhães Lopes, lides Ferreira de Oliveira.

( Oiagramação, composição e impressão: Editora Jornal Feira Hoje Ltda. - Rua Macárlo Cerqueira, 313 -â Feirada Santana. Aa matérias assinadas são de responsabilidade exclusiva de seus autores.

que estão em jogo. O que está em jogo é uma forma, um jeito de governar a nação.

3. O que quer dizer o voto do PDS

O eleitor que vota no PDS, estará pen- sando que o valor do seu voto é escolher o candidato preferido. Ou por razões pessoais ou porque é o político melhor. Mas este valor que o eleitor está atribuindo ao seu voto serve só para ele e o candidato. Na realidade, o valor do voto este ano ultra- passará a escolha individual. Quem vai dar o valor não é o eleitor, mas o conjunto da situação. € um objetivo aue não depende do eleitor. E uma qualidade nova no voto de 1982. O voto de uma dona de casa que pensa ter escolhido o seu amigo do PDS, significará muito mais do que isso, é a mes- ma coisa que ela dizer para o país e para o mundo o seguinte:

— "O governo acertou. Deu certo seu jeito de administrar o país. Continue assim, que estará certo. Pode continuar aumen- tando ás preços, a inflação, a gasolina, os aluguéis, os empréstimos externos. Pode continuar apertando o cinto do operário. Pode cobrar mais dos trabalhadores e apo- sentados para o INPS. Está correto dimi- nuir o atendimento do INAMPS, etc, etc".

Claro que o eleitor do PDS não vai afir- mar isso, não está querendo isso. Ele quer é o senhor fulano para governador, sicrano para deputado, beltrano para vereador, pre- feito etc. Porém, aí é que está a questão. O sentido do seu voto não vai depender da vontade individual. Vai depender de todo um conjunto da situação histórica que o País está vivendo. O próprio governo não vai'querer que o povo descubra este valor

objetivo do voto. Mesmo assim, aqui e acolá escapa da boca dos candidatos do PDS e do presidente João Figueiredo o

pedido de apoio popular para continuar.

4. O que quer dizer o voto da oposição

* O eleitor da oposição não quer dizer tan- to com o seu voto que o seu candidato é bom. Votando na oposição ele quer dizer que esta forma de administrar que vem sendo realizada há 18 anos não deu certo para a maioria imensa da população. Não aprovou. Se continuar assim, vai piorar muito mais para o povo. Precisa consertar, precisa mudar. Mesmo sabendo que muitas coisas não são fáceis de mudar, nem mesmo possível numa eleição, o eleitor quer parti- cipar do julgamento dizendo não. O PDS dizendo sim. Mesmo assim, com toda e qualquer limitação, o eleitor da oposição quer dar sua opinião.

6. Conclusão

A realidade está defronte de nós. Toda a Nação está interessada na pergunta: E para continuar do jeito que vem ou é para modi- ficar? O que o povo vai responder? A si- tuação continua no poder central, pois o presidente não será eleito agora. Se o povo diz que quer continuar do mesmo jeito, então mãos à obra, não precisa mudar nada. Pelo contrário, pois o povo aprovou. O mundo inteiro ficará sabendo que o brasi- leiro gostou do regime. Se a maioria do povo diz não, o governo federal vai saber que precisa modificar, que o povo não aprovou. Se o nordestino diz não, então o governo federal vai ver que precisa mudar no Nordeste, que o nordestino não é mais aquele que se iludia fácil, então, mãos à

obra para mudar. Até o p/óprio governo federal vai se ver obrigado a modificar este jeito de governar. (Divulgação do Comitê em Prol da candidatura de Joaquim Florên- cio-SP).

O GRITO DA TERRA Novembro/82 Página 3

Isto você deve saber Muitos acontecimentos vem ocor-

rendo em Feira de Santana nesse período eleitoral e que mereceriam uma análise mais intensiva para serem incorporada à "crônica política" local. Aqui apenas citamos algumas desss ocorrências, para um início de conversa com os leitores:

x x x x

0 ex-prefeito Coibert Martin? afastou- se do seu cargo para concorrer a uma vaga na Assembléia Legislativa. Nada de

truindo, na realidade, sua casa própria. Só que através de financiamento da Caixa Econômica Federai e, em virtude do atraso na liberação do dinheiro , faz muito tempo que a obra está parada. O ex-servidor de Coibert é, para quem o conhece cie perto, um dos poucos que sabe zelar pelo bem público. É incapaz, seguramente, de desviar um saco de cimento para benefício próprio. E Coi- bert sabe também disso. O que teria, então, |evado-o a fazer tal acusação? Será que vale o ditado popular "o jeito

anormal, mas pelo contrário, esse é um do cachimbo deixa a boca torta"? Ou direito legítimo de qualquer cidadão. O seja, será que não se pode admitir que que há de anormal é o fato de Coibert, alguém nesta terra exerça com honesti como um simples funcionário municipal que é atualmente, continuar dando or- dens em diversos setores do governo mu- nicipal. Entre os inúmeros fatos que poderiam ser citados (alguns já denun- ciados pela imprensa), estão alguns mais recentes. Eie proibiu que prédios esco- lares da zona rural sejam utilizados para qualquer tipo de reunião dos moradores locais com Luciano Ribeiro ou algum dos defensores da sua candidatura. Mas ele, Cobert tem utilizado daqueles locais para atividades da campanha do seu can- didato Gerson Gomes. Com que auto- ridade Cobert Martins pode fazer isso? 0 correto seria que as escolas não fossem utilizadas nas campanhas políticas. Mas o que se vê é o contrário. São amplamente usadas, indiscriminadamente, sendo que os prédios escolares da rede estadual servem unicamente à campanha do PDS. Se esses prédios são patrimônio público, o certo seria não serem utilizados por nenhum candidato ou serem utilizados por todos indiscriminadamente. Por que a proibição? Que direito Coibert tem de fazer isso?

x x x x

O candidato a prefeito pelo PDS, José Falcão da Silva, participando de um

dade a administração do bem público? x x x x

Por mais de uma vez Coibert Martins falou, de alto e bom som, que "era melhor José Falcão ganhar do que Lucia- no Ribeiro". Até aí nada de anormal, já que qualquer um tem o direito de ter suas preferências. O que há de anormal é o fato do grupo a que pertence Coibert haver divulgado na cidade, por mais de uma vez, uma nota acusando Luciano Ribeiro de estar com o apoio do PDS e fazendo o seu jogo. Quem é, na reali- dade, que está fazendo o jogo do PDS? Mas por conta do destino — ou por pura ironia — a candidatura de José Falcão ameaça os candidatos do PMDB. E agora, José?

X X X X

Quando Coibert Martins ainda era prefeito, e por iniciativa do executivo municipal, a Câmara de Vereadores apro- vou uma lei isentando as habitações mais simples do imposto predial, atendidos os critérios que a própria Lei estabelece. Ocorre que, como sempre ocorre, o gran-

de público — e reais interessados — sequer tiveram conhecimento do bene- fício. Agora, época de campanha elei- toral, um grupo de funcionários da Pre-

debate público na Universidade de Feira feitura está localizando e visitando os de Santana com os demais candidatos a prefeito de Feira de Santana, por mais de uma vez disse que não entraria, como não entrou na antiga ARENA, que en- trou foi para o PDS. Qual a real dife- rença que José Falcão encontrou entre um e outro? Ambos têm as mesmas fina- lidades — mesmo ditas de forma dife- rentes —, ambos defendem a situação e o governo, onde está a diferença?

x x x x

proprietários beneficiados com a medida para a entrena do documento de isenção. No ato da entrega, um recado: "isto aqui foi Dr. Coibert quem mahdou; ele man- dou dizer que uma mão lava a outra". Com isso quer dizer que ele deu a isen- ção, agora quer o voto.

Por que esses documentos não foram entregues no devido tempo?

O benefício, na verdade, não foi dado por A ou B. Foi um serviço público

V!

prestado à comunidade por quem tinha a Coibert Martins acusou, num dos seus obrigação de fazer. Tem alguém que está

comícios na cidade, um dos seus ex- depositando nos cofres públicos os valo- servidores que dirigiu um órgão muni- res correspondentes aos impostos que cipal, de haver desviado 4 milhões de foram liberados? Certamente que não. cruzeiros do órgão que dirigia para cons- Como então entender essa de "uma mão truir a sua casa. Essa pessoa está cons- lava a outra"?

RIACHAO E A OPOSIÇÃO Em Riachãó, a juventude fecha com a

oposição. E o prato predileto é "CAMA- RÃO" - é o voto que dá.

Na terra do cineasta Olney São Paulo, a juventude começa a acordar e se lança, a toda força e entusiasmo, na oposição. Lá só existe diretório de um partido de oposição, o PMDB, que é formado basicamente de jovens que já não suportam mais ser esma- gados pela política mesquinha do atual Prefeito, discípulo nato do governador Antônio Carlos Magalhães, que com as re- presálias e corrupção não deixa a cidade e a juventude de Riachão crescer.

0 prefeito manipula toda a máquina mu- nicipal em favor do seu grupo e esquece que a população é quem, na veràade, man- tém o município em pé. Pois é ela quem paga os impostos que resulta na boa receita que tem a Prefeitura.

Cabe ao povo saber para onde vai o dinheiro dessa boa receita da qual dispõe a Prefeitura, qup as professoras passam até 6 meses sem receber a minguada quantia de 3 mil cruzeiros e assinam a folha em branco.

Para onde vai o resto do dinheiro das pro- fessoras, quando se sabe que ninguém pode ganhar menos de 1 salário mínimo, de fome, estabelecido pelo Governo Federal?

As escolas se encontram abandonadas, algumas até fechadas. Dizem que é para re- formar. Que reforma é essa que nunca chega?

Riachão é uma cidade que possui um colégio eleitoral de 40 mil eleitores. Uma cidade não tãolpequena. E por que é que em Riachão não tem trabalho para os seus filhos, mesmo sendo uma das maiores pro- dutora de sisal da Bahia?

Diante destes quadros ridículos que vemos, a saída é lutar contra essa situação de descaso. Mas como lutar contra isso tudo comendo no mesmo cocho?

Por ig|«!r é que os jovens de Riachão estão começando a mudar de opinião, estão começando a atuar, a participar da luta que já vinha sendo desencadeada, em outros lugares, na busca de dias melhores para o povo brasileiro, mudando de partido, pois no PDS é impossível lutar por melhorias.

PDS troca favores pelo voto e pela filiapão partidária

"alistar" as pessoas que buscam algum be- nefício. Mas a coisa não pára aí. O "novo título" a que o informante so roforiu na realidade era*uma ficha do filiarão partidá-

Em várias cidades do FstaHo dn Rahi-i n PDS implantou postos para a distribuição de favores com os eleitores visando a "com- pra" do voto.

Diante da situação de pobreza o carência da população, nada mais vantajoso do que dispor de dinheiro para distribuir sacos do cimento, roupas, rolos de arame, objetos do uso doméstico e mnitos outros benefícios em troca de voto. Um eleitor de um muni- cípio da região procurou o jornal O GRITO

DA TERRA para denunciar que na sua ci- dade "estava-se fazendo outro título de eleitor para quem já tinha". A sua descrição foi a seguinte: "todo mundo lá s^be que o PDS está distribuindo um bando de coisas com o povo, então eu fui lá e fiz o pedido de um rolo de arame, /y me exigiram um retrato. Tirei o retrato e levei. Chegando lá eles fizeram uma ficha, parece que era ou- tro título de eleitor, colaram o meu retrato, mandaram eu assinar e ficou prá ir buscar o arame depois. I; o está sendo feito com to- do mundo".

Como o prazo para a inscrição de novos eleitores (fazeren-se novos títulos) já esta- va encerrado, achamos estranha a informa-

ção. Fomos então à sua cidade (distante 130 quilômetros de Feira de Santana) e constatamos que na verdade os favores são distribuídos abertamente. Há duas funcio- nárias no comitê do PDS que cuidam de

riav

l!m duplo absurdo, ou, porque não di- zer, um duplo crime. Primeiro porque a fi- liação ou ingresso a qualquer partido políti- co deve ser por livre o espontânea vontade de cada um e nunca por coação ou por troca de qualquer favor. Há ainda o agravante de que os novos pedessístas com a sua ingenui- dade de homens simples, não sabem sequer que estão sendo filiados num partido políti- co. Filiação esta que não corresponde à sua vontade e à sua livre escolha. E tanto isso é verdade que não dizem sequer do que se

trata na realidade. Em segundo lugar, o crime reside no fa-

to de que a legislação proíbe a distribuição de qualquer tipo de benefício ou favor em troca de voto. E tudo isso funciona às cla- ras, "as barbas da própria Justiça", sem que qualquer providência seja tomada.

é a política do clientelismo que ainda está viva e forte, ê mais conveniente — para

quem está por cima — conservar esses meto dos, continuar com todas as formas de do- minação, reforçar os "currais" e o voto de cabresto. Não é interessante, por outro la- do, fazer uma ação onde se procure levar o eleitor a votar livremente, onde haja o res- peito à lei e à liberdade de cada um.

VIDA DE MATUTO Seu-moço me arripuna Vê os home de pude Ganhando tanto dinheiro Inté mais num querê E os pobre lá da roça Sen tê nem o qui cume

Seu doto lá no sertão Nunca mais o só se pois E um sequidão danado Num dá feijão nem arrôis E diz um tá CTA Qui ano ruim ten mais dois

Fui percurá um imprêgo Pra tê direito a Instituto Andei, virei, remexi Acabei ficando puto Pois os povo da cidade Vira as costa pro matuto

Mi faiz alembrá a históra Do pedrêro Vardemá Qui alevantou muitas casa Prós home rico mora E dispois de tudo pronto Num pôde nelas entra

Assim é o pobre matuto Qui trabáia sen para Ajudando todo dia Esse Brazí prospera Cum a panela vazia Sen tê prá quen apela

Parece qui pobre né gente Vive de temozo qui é De dia é no trabáio E de note na muié Se danando a fazê fio E diminuino o café

Ocê tarvês inté pense Qui tô ficando "pancada" Se num cunhece uma foice Uma xibanca, uma inxada Pegue na mão dum matuto E veja cume calejada

Nóis num queremo moleza Nóis gosta de trabaiá Mais precizamo de terra Um lugazim pra mora E garantia dos home Qui num vão nos inxotá

Aqui nóis faiz um apelo Prós home de pusição Qui num dispreze o matuto Oi pro nosso sertão Trate bem do camponeis Qui também é seu irmão

Edmilson Rarbosa Fortaleza, 78.10.81

O poder em mãos do povo No dia 15 de novembro, dia de eleições, parte do poder

político no Brasil retorna às mãos do povo. Apenas parte

porque não haverá eleição plena, para todos os cargos como Presidente da República, governador do Distrito Federal, prefeito das capitais dos Estados e das chamadas áreas de Segurança Nacional, dentre outros.

No entanto, todo o Poder Legislativo fica em mãos do povo. Caberia ao povo saber utilizar-se disso e escolher os parlamentares (vereadores, deputados estaduais e federais e senadores) que estão comprometidos com as suas lutas. É claro que hoje o número de candidatos que estão, realmente, comprometidos com as lutas do povo ainda 6 muito pequeno. Deve-te reconhecer que a grande porte dos candidatos representam (se não nos seus discursos mas em suas ações) a situação, ou seja, a conservação de tudo como esto. Aqueles que demonstram, na prática, um comprometimento com n transformação da sociedade representam uma quantidade de pessoas ainda muito pequena em relação ao número de candidatos de todo o país.

Mas a luta para que existam candidatos que repre- sentem, na realidade, os interesses populares á também do povo. É ele quem deve se organizar e indicar as pessoas para serem candidatas, é claro que isto não se faz de um dia para outro, no entanto, precisa-se inici*. Aliás, am muitos lugares já se começou a fazer i$»o. A população organizada, discutiu e indicou candidatos. Feito isso, a própria população encarrega-se em trabalhar pela eleição do candidato escolhido. Este é um importante passo, mas ainda não basta. Depois de eleito, os eleitores precisam estar juntos do candidato eleito, orientando-lhe e aju- dando-lhe a levar a luta adiante.

O próprio povo precisa descobrir o fentido rias eleições com candidatos que representam os interesses populares Feito isso, precisa atuar na direção de escolher pessoas que realmente, quando eleitos, atuem em função de quem

o elegeu. Hoje, com raras exceções, as palavras o os discur- sos bonitos são somente em épocas de camp.inha Depois que se elegem, que "sobem", um adeus aos eleitores. Volta novamente a falar com eles daqui a quatro anos, quando precisar se eleger novamente.

Pagina 4 Novembro/82 O GRITO DA TERRA

Desigualdade social: Problema cada vez mais grave

Nos últimos anos estamos assistindo a um agravamento das diferenças que se alon- gam entre as camadas da sociedade brasi- leira. Para ordenarmos um breve raciocínio, basta lembrar alguns assuntos que são co- mentados no dia a dia: a inflação, a dívida externa, o desemprego e o conseqüente empobrecimento da maioria da c^sse traba- lhe 'ora, que é aquela que sustenta o pro- croj.o e acumulação da riqueza por uma minoria privilegiada.

. Alguns dados são necessários à ilustração e compreensão da situação em que nos encontramos.

Pessoas economicamente ativas de 10 anos ou mais rendimento médio mensal em salário mínimo (S.M.)

Rendimento médio mensal (S.M.) (%) PEA1

Até 1/2 12,11 5.000 + 1/2a2 20,87 9.000 + 1 a2 28,08 11.000 + 2a3 11,25 5.000 +3 a 5 9,76 4.000 +5a 10 6,18 3.000 +10 a 20 2,59 1.000 +20 1,13 500 S. Rendimentos 5,47 2.400 S. Declarações 0,33 100

Fonte IBGE Censo de 1980.

(1) Expressão em milhares

Em 1980, 61,06% da população traba- lhadora recebia até dois salários mínimos, ou seja, em valores atuais, isto corresponde a aproximadamente 0^28.800,00. Para eormos uma idéia mais clara, basta lembrar que isto implica em um contigente de 25 milhões de pessoas que na prática têm que sustentar mais de 50 milhões, além da sua própria manutenção. Percebe-se, portanto, que 75 milhões de brasileiros possuem um baixo nível de vida. Aqui abstrai-se a possi- bilidade concreta de que a população^mais pobre possui famílias mais numerosas. Os números oficiais são alarmantes, mostrando um quadro estarrecedor que leva sérias preocupações quanto ao futuro da maioria

dos brasileiros. No mesmo no, 72,31% da população

economicamente ativa do país tinha um rendimento médio de até três salários míni- mos. Isto significa dizer que-perto de 30 milhões de brasileiros recebiam uma mísera quantia de no máximo quarenta e três mil e duzentos cruzeiros (r.r<f';43.200,00). Am- pliando nossa observação, constatamos que 82,07% da PEA recebia até 5 salários mínimos. Trocando em miúdos, como diria o tabaréu, vemos que 34 milhões de pessoas têm remuneração mensal inferior a Cr^S72.000,00. Em contrapartida, susten- tam, a grosso modo, mais de 102 milhões de.habitantes deste país.

Estes dados fazem referência ao quadro geral da população trabalhadora do nosso país. Portanto, estão aí, as condições de reprodução da força de trabalho e que em alguns á estão comprometendo a própria sobrevivência do homem como espécie sobre a terra.

Entretanto, se passarmos a considerar o Estado da Bahia como objeto de análise, esta situação com certeza se agravará, pois os desníveis regionais fazem com que seja aguçada ainda mais a miséria, tanto no campo quanto na cidade. Isto se deduz, uma vez que a observação, feita estatisti- camente , contou com forte influência do Centro-Sul, que é mais desenvolvido.

A partir destas constatações, lançamos algumas perguntas: Como pode o trabalha- dor dar a sua família alimentação, moradia digna de um ser humano, educação e saúde? Estas são as, necessidades^ básicas para que o homem possa continuar como espécie e reproduzir a sua força de tra- balho. Estamos beirando o século XXI e tudo que fosse produzido deveria beneficiar a todos sem distinção de cor, sexo, raça, nacionalidade ou ideologia, Uma sociedade evoluída haverá de ser justa, terá de abolir os privilégios de uma minoria e assegurar uma participação equitativa a todos os cidadãos.

José Nélio Monteiro Corsini D.A. Economia

Banco do Brasil nao compra dos lavradores teijao

CARLOS DRUMMOND/80 ANOS "A Considerado o maior poeta vivo da

lingua portuguesa, Carlos Drummond de Andrade completou, no dia 31 de outu- bro, os seus oitenta anos.

Se conseguir chegar aos oitenta já é motivo de admiração, oitenta anos de alguém como Drummond é motivo de reverências; reverências por toda a sua obra, que, mesmo para os que não leram, (e são tantos) representa o que de mais importante já se escreveu nas letras brasi- leiras destes tempos; reverências também por chegar aos oitenta perfeitamente lú- cido e atualizado, capaz de escrever hoje com as palavras/girias dos mais jovens, acrescentando-jhes qualidade e bom gos- to, atento a todos os acontecimentos nacionais e registrando da melhor forma a sua opinião pessoal que se torna cons-

tantemente a sintetização do pensamento do povo brasileiro.

O poeta que nasceu para ser gaúche na vida, cansou de ser moderno e se tornou eterno.

Vai Carlos, vive muitos anos ainda, se não por tudo que representas para o Brasil, pelo menos para nos livrar de as- sistir num bolorento domingo, no cin- zento show da vida os Nei Latorraca e Toni Ramos da aldeia a fingir uma dor que todo o Brasil há de sentir.

Em Feira de Santana, o Grupo Hera, formado por poetas da terra, lançou o Hera 14 (uma homenagem a Drum-' mond), uma coletânea de poesias em comemoração aos oitenta anos de Drummond, reproduzimos aqui a primei- ra poesia do livro.

O poeta faz 80 anos

Há em teu sorriso a superfície de águas passando lentas movendo rodas; a tormenta profunda e a solidão medonha dé quem teme pela vida pela vida presente.

• Há em teu sorriso a profunda ausência da mais sincera alegria —

••movimento pendular

uma aceitação maior de tudo

de quem viaja entre luas. Permaneces oculto.

Há em teu sorriso a pergunta clara — cristal perdido — sem resposta.

O silêncio cfns deuses te faz sofrer. A conversa dos homens de faz sofrer. E a vida que te move cristaliza.

w'ilson Pereira de Jesus

Sabedores de que o Go- verno tem um programa para adquirir os produtos agrícolas, pequenos agricul- tores do município de Feira de Santana dirigiram-se ?o Banco do Brasil, agente exe- cutor do programa, ofere- cendo-lhs sua produção de feijão. Chegando lá,"a fun- cionária encarregada pelo setor, muito gentilmente, explicou aos lavradores co- mo funciona o "esquema" para a compra de ^eijão pelo banco. No final da conversa, ela própria resumiu: "o ban- co compra o tipo um por Cr?!l;5.200,00, no entanto, há os seguintes requisitos" e passou a explicar. No final, os lavradores concluíramro seguinte: "E melbor vender na praça por ^153.500,00 o saco do que vender ao ban- co por ^$5.200,00", fren- te às exigências que foram apresentadas.

O fato é que, pelo que se

sabe, os agricultores de Fei- ra de Santana não consegui- ram vender sua produção ao Banco do Brasil, a exemplo do que ocorreu noutros mu- nicípios da região onde a quantidade de feijão "entre- gue" ao banco foi bastante alta.

Para que existe o tal pro- grama se não pode ser apli- cado? E só para poder-se, em cima disso, fazer as pro- pagandas que se ouvem e se vêem diariamente nos rádios e Tvs?

E bom lembrar que não existe, de iniciativa do Go- verno, qualquer infra-estru- tura na região que garanta o armazenamento das colhei- tas, assim como não existe qualquer garantia para a aquisição do produto. O mesmo não acontece para as culturas de exportação co- mo a soja, o café, o cacau etc.

E ainda se diz: "plante que João garante"...

Há um programa, dentro da política agrícola, que prevê a compra da produção agrícola. E é para isso que servem os famosos preços mínimos, que nada têm a ver com o mercado.

Neste ano, na região, a safra de feijão foi conside- rada a melhor dos últimos 30 anos, segundo alguns agricultores. E como sempre acontece nessas ocasiões, boa colheira, preço baixo. O saco do feijão chegou a cus- tar exatamente o mesmo va- lor do preço de um ano atrás. Nesse período os pro- dutos industrializados, no mínimo, dobraram de pre- ço. Mas como não há inte- resse por parte do governo em organizar o mercado para os produtos dos peque- nos produtores, a situação é tal' que os lavradores que adquiriram empréstimos para suas roças não sabem como vão pagá-los.

O HOMEM E A SECA NO NORDESTE No número 5 de O GRITO DA TERRA

transcrevemos uma Carta dos Bispos do Nordeste falando sobre o seminário sobre "O Homem e a Seca no Nordeste" que seria realizado no período de 1 a 4 de junho deste ano.

O seminário foi realizado com a partici- pação de bispos, agentes da Pastoral, pa- dres, representantes da CONTAG e de FETAGs, líderes sindicais e alguns agricul- tores que não integram diretorias de sindi- catos. Aqui apresentamos alguns pontos do relatório do seminário (que se realizou em Caucaia, Ceará), publicado pelo Cadernos doCEASn. 81).

"Esse Seminário era importante, não só para estudar a questão da seca, mas sobre- tudo, para se ver como o homem está sendo tratado no Nordeste. Ele é tratado com todo respeito aos seus direitos? E tratado como filho de Deus? Como irmão? Ou é explorado como mão-de-obra barata? O que há de bom no Nordeste é destinado ao bem estar do homem? Ou é reservado para projetos que vêm favorecer o lucro de alguns em prejuízo dos que mais neces- sitam? E quem é responsável por tudo isso? A seca? Ou a organização social, eco- nômica e política? (...).

"O motivo maior da pobreza dos campo- neses é a terra em mãos dos latifundiários. O modelo econômico explora os traba- lhadores, preocupados em produzir para o mercado externo, o estrangeiro, e não para alimentar o povo. A solução do problema não está em acabar com a seca, fenômeno natural e inevitável, mas numa justa e bem feita Reforma Agrária, que deixe a terra em mãos de quem nela trabalha. E na mudança do modelo econômico, a fim de que, livre das empresas multinacionais, produza para o consumo interno do País, exportando apenas o excedente. Para isso, porém, é necessário que se implante a verdadeira democracia no Brasil, de maneira que tenhamos uma sociedade solidária, justa e fraterna, em que todos tenham vez, voz e voto.

"No terceiro dia foram apresentadas várias soluções alternativas de convivência com a seca. As soluções dos grandes pro- jetos do Governo não servem aos interesses dos trabalhadores rurais e muitas vezes os prejudicam, expulsando-os da terra. Muitas dessas alternativas, já do conhecimento e uso dos trabalhadores rurais, são tecnica- mente válidas e de custo mais baixo qus as

' empregadas pelos órgãos oficiais: irrigação por potes, cisternas, cacimbas, adubação orgânica, silagem e outras".

As proposições do seminário foram as seguintes (aqui apresentadas de forma resu- mida):

1) Aprofundar o conhecimento da reali- dade nordestina, convivendo com o povo e lhe escutando, já oue é ele o verdadeiro detentor do saber e capaz de encontrar so- luções para seus problemas;

2) Continuar o esforço para que toda a

Igreja assuma efetivamente a opção pelos pobres, solidarizando-se cada vez mais com os oprimidos.

3) Dinamizar sempre mais a presença pastoral da Igreja, Povo de Deus, na cami- nhada dos pobres para que todas as forças do mundo urbano e rural abram caminhos novos de libertação;

4) Apoiar os movimentos populares nas justas reivindicações dos seus direitos;

5) Ajudar o povo a tomar consciência de que a pobreza no Nordeste não é apenas de causas naturais, como a seca, mas resultado sobretudo da organização social e política injusta;

6) Incentivar cada vez mais a formação comunitária através da participação respon- sável nas Comunidades, na Pastoral da Terra, nas organizações e movimentos populares e nos sindicatos;

■^ Insistir para que todos colaborem na criação de uma verdadeira democracia para se construir uma sociedade justa, solidária e fraterna, na qual todos tenham vez, voz e voto;

8) Apoiar a luta em favor de sindicatos livres e autônomos;

9) Incentivar a articulação das categorias sindicais e organizações populares a fim de que sejam transformadas as estruturas so- ciais injustas, superando-se o modelo econômico que explora os trabalhadores;

10) Considerar o agricultor como res- ponsável pelo seu trabalho e capacitado nas suas iniciativas para criar benfeitorias como irrigação, cisternas e para a elaboração de projetos, de preferência comunitários;

11) Apoiar iniciativas que levem à distri- buição de terra em proveito do pequeno lavrador, proporcionando ao homem do campo as técnicas mais a -ropriadas às iuas condições;

12) Reivindicar a mudança da política agrícola no -entido de voltar-se para o aten- dimento das necessidades dos trabalhadores rurais, de buscar o uso dos recursos naturais e das matérias-primas nativas;

13) Apoiar os trabalhadores rurais para que, organizados, reivindiquem o direito de participar na elaboração e fiscalização dos projetos e programas do Governo;

14) Inserir na reformulação do Programa de Emergência .segundo as modificações propostas pelo Movimento Sindical dos Trabalhadores Rurais;

15) Denunciar que a estrutura agrária brasileira, como mostram os grandes proje- tos agrícolas, está articulada e subordinada ao processo de transnacionalizacão da nossa economia;

16) Denunciar o abuso do poder econô- mico e político que vem impedindo o cumprimento do disposto no Estatuto da Terra;

17) Assumir como prioridade a luta de- cidida e pacífica por uma Reforma Agrária justa, ampla e imediata, que assegure o uso e a posse da terra, cista como dom primeiro concedido por Deus a todos os que vivem e trabalham nela.

O GRITO DA TERRA Novembro/82 Página 5

Eleições do Sincaver O Sindicato dos Condu- grantes da diretoria.

tores Autônomos de Veícu- los Rodoviários — SINCA-

VER, é uma das 29 entida- des que assinaram a Carta

de Princípios de O GRITO DA TERRA e por isso parti- cipa dele, como integrante.

No final do mês de no- vembro dias 29 e 30, serão realizadas eitições para nova

diretoria do SINCAVER. A disputa é intensa, havendo três chapas concorrentes.

Uma delas tem à frente o atual presidente, Liomar Ferreira que se encontra afastado de suas funções (pelo menos teoricamente) para concorrer a uma vaga na Câmara Municipal, pelo PMDB I. Nesta mesma cha- pa está o ex-inimigo núme- ro 1 do presidente, à época da sua eleição. Trata-se do presidente anterior e candi- dato a reeleição que foi der-

rotado pela atual diretoria. Outra chapa concorrente

é a autodenominada "Opo-

sição e Renovação" que divulgou um folheto entre os motoristas de táxis, com

dez itens, todos eles volta-

dos praticamente contra a pessoa do presidente que se encontra afastado, sr. Lio- mar Ferreira, mas sem pou- par críticas a todos os inte-

Há uma terceira chapa,

denominada "Coopertáxis*' que recorreu à Delegacia Regional do Trabalho atra- vés do requerimento proto- colado sob 08842-DRT-Ba., solicitando providências do DelegHo do Trabalho no

sentido de garantir o regis-

tro da referida chapa. Se- gundo os seus integrantes, o

presidente do SINCAVER (afastado para candidatar-se

a vereador) continua "man- dando e desemandando

dentro do Sindicato" e im- pediu o registro da chapa. Também o requerimento endereçado ao Delegado do Trabalho descarrega toda a

sua "munição" contra o sr. Liomar Ferreira.

Sem conhecer de perto a realidade dos fatos, não queremos aqui emitir qual- quer juízo de valor. Porém, não podemos deixar de re- gistrar que o direito a con- correr às eleições de qual- quer entidade sindical é de todos os associados. Evitar

— de forma direta ou atra- vés de manobras — o regis- tro de qualquer chapa,

desde que os seus integran- tes estejam no gozo dos seus direitos, é uma discrimina- ção, é uma violação do di-

reito sagrado de participa-

ção. Mas há um aspecto que

merece alguns comentários. Nenhuma das três chapas concorrentes divulgou uma proposta de ação, um pro- grama de trabalho para ser desenvolvido em função dos taxistas. Apenas a chapa que não consegniu se regis- trar, ainda, e que recorreu à Delegacia do Trabalho, mes- mo sem divulgar uma plata- forma de trabalho, coloca a criação de uma cooperativa como meta principal. O que estaria levando, então, a essa vontade de participação nas eleições? No lugar de um plano de trabalho para ser discutido e analisado entre os 1.250 associados do SINCAVER, os integran- tes das três chapas, com as

honrosas excessões que sem- pre existem, encarregam-se

de trocar acujações e xin- gamentos.

Aqui fica uma sugestão para cada uma das chapas concorrentes: por que não elaborar um plano de traba- lho, distribuir entre os taxis- tas, colocando as suas metas e prioridades, para que cada um dos associados possa sentir o sentido do seu

voto?

NORDESTE IV Secas memoráveis — o século XVIII

foi bastante chuvoso, de uma maneira

geral. Ainda assim, oito grandes secas tiveram lugar no período, três delas mar- caram época: a de 1721, no Ceará e Pernambuco; a de 1777 que destruiu quase totalidade do rebanho do Ceará e do Rio Grande de Norte e a de 1793 que atingiu todas as capitanias do Nordeste.

De acordo com Eloy de Souza, que pertencia no começo do século ao Insti- tuto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, a estiagem de 1721 se estendeu por seis anos e chegou a tal ponto que até as fontes da capital fica- ram estanques. E no seu rastro deixou um saldo de destruição sem precedentes, tendo sido responsável pelo desapareci- mento de numerosas tribos indígenas. Diz ele que a situação chegou a um li- mite tão insustentável que a Câmara da capital decidiu representar à metrópole contra o lançamento do imposto para aumentar o donativo destinado ao casa- mento dos príncipes.

A estiagem e 1777 teria seu impacto especialmente sobre os rebanhos e, se- gundo Manoel Corrêa, o povo só não chegou a passar fome porque seu número era tão grande e porque houvesse alguma indústria.

Superado esse impacto, prosperaram os anos. Os rebanhos aumentaram, a população cresceu e houve certa estabi- lidade durante os 13 anos seguintes, quando sobreviria nova estiagem abran- gendo toda a antiga capitania geral de Pernambuco, começando na Bahia até Sergipe e atingindo o norte do Maranhão e do Piauí. O depoimento a respeito, de

Eloy de Souza, é contundente: segundo ele a seca não poupou "nem homem nem feras, combatendo a vida onde quer que

ela existisse, e as tragédias que se passa- ram nesse tempo" "nenhuma imaginação ousaria criar".

Na carta do Padre Joaquim José Perei- ra, vigário de índios na Villa de Port'Ale- gre, em 1798, endereçada a D. Rodrigo de Souza Coutinho, Conselheiro, Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos, ele comentava os percalços da estação dos anos de 1792 e 1793< nos quais "a cada passo se esperava a morte". De acordo com o seu relato, pelo excesso a que se chegou, a seca devastou e despovoou os sertões, resultando em "tristíssimas con- seqüências e desgraçados fins".

Ele anunciou, em seu depoimento, o paradoxo representado pelas secas num ano e pelas inundações em outro, como ocorrera em 1791 na vila das Alagoas, onde as chuvas foram tantas que "as águas inundaram os campos, de sorte que os moradores viram-se obrigados a refu- giar-se nos lugares mais altos e experi- mentaram total ruína nas suas habita- ções, apodrecendo todas as sementeiras".

Data de 11 de juíiho de 1799 a pri- meira Carta-Rágia determinando que se coibisse a "indiscreta e desordenada ambição dos habitantes (da Bahia e Per- nambuco) que têm assolado a ferro e fogo preciosas matas... que tanto abun- davam e já hojeMticam a distâncias consi- deráveis". A província, associada à nomeação de um juiz conservador de matas, em 1796, tinha a preservação das florestas como indispensável

Herval Passos de Ar

Trabalhadores de Feira de Santana participam

de encontro em São Paulo Os repnsentantes da Associação dos

Trabalhadores nas Indústrias Gráficas de

Feira de Santana e do Conselho Perma-

nente do SESI, Carlos Melo e Edmilson de

Jesus, respectivamente, participaram de um

encontro a nível nacional, sobre sindica-

lismo, que teve lugar nos dias 2 e 3 de outu-

bro, em São Paulo. Neste encontro que

contou com a participação de entidades sin-

dicais de todo país, foram discutidos assun-

tos considerados de maior importância para

o movimento sindical hoje, tais como: Li-

berdade e Autonomia Sindical, CUT

(Central Ünica dos Trabalhadores), Comis-

sões de Fábricas, Organização IO Campo,

dentre outros.

Os principais objt ivos do encontro fo-

ram os seguintes: aorofundar os estudos

sobre a realidade sindical no país, a discus-

são de formas específicas de ações conjun-

tas, a busca de pistas para o fortalecimento

do sindicalismo desatrelado, a criação de

uma CUT que represente os interesses dos

trabalhadores, apoio mútuo nas lutas das

entidades sindicais de trabalhadores.

No decorrer dos trabalhos prevaleceu a

idéia de se desenvolver um trabalho de

base, buscando-se uma participação efetiva

dos trabalhadores em seus órgãos de classe.

Foi relatado como funcionam as Comissões

de Fábricas, consideradas como uma impor-

tante forma de organização na luta dos

trabalhadores. Ficou patente que tanto

essas comissões como os dirigentes sindicais

têm um papel muito importante no movi-

mento sindical, mas o mais importante

ainda são as bases organizadas como exten-

são viva do movimento sindical.

O encontro foi promovido pela Frente

Nacional de Trabalho (FNT) que é uma

organização de trabalhadores que visa a

construção de uma sociedade nova, não vio-

lenta, onde as decisões e a repartição dos

bens sejam feitas. Fundada em 1960, a

FNT concentra a sua força no trabalho de

base e na organização do trabalhador, com

sede na av. Ipiranga, 1.267, 9P andar, São

Paulo.

Um aspecto de grande importância no

encontro foi a forma como ele foi organi-

zado e a seriedade demonstrada pela dire-

toria da FNT, sobretudo o Edmundo, Sal-

vador, Abid, Felício e Grof, entre tantos

outros. O encontro terminou sendo uma

grande família reunida onde buscava, atra-

vés da troca de idéias, melhoras para o tra-

balhador brasileiro, acreditando que a paz

só acontecerá em conjunto com a justiça e

de liberdade de todo o povo.

Carlos Mello

Sindicato de trabalhadores rurais faz eleição

O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Feira de Santana vive um clima de eleições sindicais. A atual diretoria da entidade, apesar dos entraves e limitações da própria estrutura do sindicato, vem se esforçando no sentido de desenvolver um trabalho de base, ajudando o trabalhador associado a compreender o verdadeiro sentido do sindi- cato s a importância da entidade nas lutas por melhores condições de vida para o homem do campo.

Chegado o período para a formação de novas chapas para concorrerem às aleicões, a diretoria do sindicato convocou uma reu- nião com a finalidade específica de discutir os critérios e nomes pára uma chapa. Parti- ciparam dessa reunião mais de 60 asso- ciados que, depois de discutirem alguns cri- térios para a participação da nova diretoria, escolheram, democraticamente, os nomes que deveriam integrar a chapa, indicando, logo, os devidos cargos para cada um.

Nesta escolha o atual presidente foi escolhido para outro cargo, o que não foi

aceito por ele, já que a sua pretensão era de continuar como presidente. Imediatamente os lavradores escolheram outro nome para substituí-lo. Inconformado, o atual presi- dente (por sua própria conta) formou outra chapa .que também concorre às eleições.

Há, ainda, uma terceira chapa, integrada por um ex-presidente do sindicato e que é conhecido pelo período de corrupção e de atrelamento da entidade aos interesses de fazendeiros e políticos do partido govér- nista.

As eleições estão marcadas para o dia 13 de dezembro, quando os trabalhadores rurais escolherão entre as três chapas os novos dirigentes sindicais para o período de três anos. Há de início uma referência im- portante: uma chapa que foi formada atra- vés do debate aberto e da indicarão dos próprios trabalhadores rurais; uma chapa formada por apenas uma pessoa, o atual presidente; e uma chapa p.tra cujo candi- dato a presidente já é conhecido pela sua atuação em função de interesses que não são de trabalhadores rurais.

SíS CR A O RespoNsXvçL.

MAIOR petA FALTA VASU* Nos\ BAIRROS (SCRV aue jj EsaaeceRHivi f}f

PELO '«SeUMCAMeNTo* Ous PUAs Dt ^ FCIRA, ERA CoNdDERAto OOMO UM b*i] Pioe« Sec«çTAR|os 0o ÇoveRi A90RA ç CANMOATo -1 ^0»€í-

você TÁ FEITO Bofio,' SLE è CANDIDATO NAOi

i poRaue TEíl ALQt/MA COISA ERRADA. E po«<}u€/

Tê* MU WS COISAS EMW SE ^Ão FoSÇf £•!.£ õ ,çue-'

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Página 6 Novembro/82 O GRITO DA TERRA

Os furos do Vaticano r O déficit nas finanças do

Vaticano, em 1982, foi cal- culado em 30 milhões de dólares. Em 1981, o "bura- co" foi de 25 milhões, co- berto totalmente por ofer- tas das Dioceses. Para o pre- sidente da Prefeitura de Ne- gócios Econômicos da Sant. Sé o déficit do Vaticano se deve ao crescente peso dos salários e aposentadorias dos funcionários e ex-fun-

cionários do Vaticano. Como sempre, a culpa

por erros desse tipo é jogada nas costas dos servidores.

Segundo D. Eugênio Sa- les que integra o Conselho de arrecadação de fundos para o Vaticano, a situação

financeira do Vaticano é melhor do que se pensava. "Isso por causa da generosi- dade com que as igrejas locais atenderam a nosso apelo no ano passado, para que, além do tradicional óbulo de São Pedro (ofere- cido ao Papa pelos fiéis do

mundo todo), houvesse uma espécie de segundo óbulo — que nos foi generosamente enviado, principalmente pe- los países do Terceiro Mun- do". O Te.rceiro Mundo, ou seja, os países mais pobres, nessa hora são chamados a colaborar mais!

xx x xxx x Qualquer comparação

com a Previdência Social, aqui no Brasil, não passa de mera coincidência. Vão apa- recendo os "furos" e o povo (no caso lá, os católicos) convidado a cobrir...

Carta a um rescém-nascido

Orapão de nossa querida mãe nossa Senhora Aparecida

Querida Mãe Nossa Senhora Aparecida, vós- que nos ama e nos guia todos os dias, vós que sois a mais bela das Mães, a quem eu amo com todo o coração, eu Vos peço mais uma vez que me ajude a alcançar esta graça por mais dura que ela seja. Sei que Vós me ajudareis alcançar e me acompanhareis até a hora da minha morte. Amém. z . „ . ,

Rezar um Pai Nosso, Ave-Maria, fazer três dias seguidos esta oração que alcançará a graça por mais difícil que ela seja e mandar publicar. Em caso extremo fazer a oração em 3 horas. (A.M.G.).

Olá Paulinho!

Que a paz de Cristo esteja com você

nesta nova vida!

Avocê, Paulinho, que acaba de chegar

ao mundo e ainda não sabe das coisas

que temos de encarar, eu vou lhe apre-

sentar as coisas ruins que existem neste

tão badalado mundo. E você chegou logo neste ano em que

haverá eleições para escolhermos os nos-

sos representantes e governantes? Mas

Paulinho, isso dá uma dor de cabeça... os

candidatos tratam você como se já o

conhecessem há muito tempo, mas.isso

só dura até 15 de novembro. Não fique

pensando que você será bem recebido

neste mundo cheio de corrupção, onde

só os filhos de papai têm uma vida me-

lhor. Você, Píulinhc. não vai respirar ar

puro, sab^ por que? Os homens são os

próprios responsáveis pelo mundo, po-

luem o mundo.

Como você é filho de pobre, vai sofrer

muito, até para achar um litro de leite

para sobreviver, é sim, pois o leite é

vendido pelos ricos, e coisa de rico você

vai saber quando começar a entender

melhor as coisas deste mundo cheio de

injustiças, vinganças, ódio, onde a falta

de amor é maior do que o amor que as

pessoas têm para com o próximo.

Este mundo está mesmo precisando

de uma reforma. Eu nem sei como você

nasceu! Está de parabéns por ter esca-

pado da pílula que não deixa muitos vir

ao mundo. Você pode estar me achando

chato, enjoado. Mas é isto mesmo. Estas

coisas chateiam a gente. Talvez você não

entenda a minha carta, sabe por que?

Porque estas coisas a gente não aprende,

a gente vive. Caminhe, lute sempre.

Seu amigo Jorge Santana (Mairi-

Bahia).

N.R. Prezado Jorge, continue colaboran-

do para que O GRITO DA TERRA vá

em frente. Ele é um jornal de entidades

cujos membros pensam também como

você. Abraços.

Retrato da Escravidão No dia 13 de maio Fomos libertados Libertados de quê? Se somos de carne e osso Como os brancos,

Mas para eles Somos escravos. Só temos o retrato da escravidão. Devemos culpar a sociedade, Que não nos dá liberdade? Ou a nós mesmo. Que desde a escravidão O preto era escravo E o branco o patrão? Hoje continua a mesma coisa. Somos empregados Em opressão.

Bárbara Goretti dos Santos 2P grau. Colégio Anísio Teixeira

O CONTINUISMO O COrtrlNVlSM*

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SM, CLAUO, meu 0lte*otí ^.ftiotÍNcm oexti ^ QlÊOSI* Seifutl/tfA.' e 0 SfK FtTutO, MCI, fAtOl»/

r QUE BUSCA O SISTEMA CONFEA/CREAS?

A* dtficoUUdcf enfrentodai petos profis- áonai* de atai médio dai amai de Enje- IIIUTU, Arquhetm» e Agronomia continuam ■e arohimando a cada dia, na medida em que M protela a regulamentaçío da Lei a.5.S24/68.

A VIA-CRUCIS doa Técnicos Agrícolas e Induatríai* em boaca de uma (pasmem!) Ifgtiytit» para o exercício profiasioiul é um abenaçio que »e traduz em más condi- (Bea de trabaflio, remuneração na maioria dai vezea indecente», apropriaçio indébita do trabalho deacaa categoria», etc.

A»»im, compreendemos que já nío cabe mak (a eaU altura do campeonato) dttcua- *o a respeito da neceMidade ou nío de ngulamentaffo da Lei 5.524/68. Cabendo, no entanto, diacuaaio a respeito doa termos de tal "legalização da Lei" onde as parte» envolvidas (Engenheiros, Agrônomos e Arquitetos, além dos Técnicos de 29 Grau) apresentem as waa razões e contra-razaes para a apreciaçio das autoridades compe- tente».

Ora, parece nío ser este o caminho per- corrido até agora, pois se foi apresentada uma proposta ao Sr. Presidente da Repú- blica em 17 de abril de 1980, a qual desceu ao MinMério do Trabalho (MTb) com o ca- rimbo de "URGENTE"; este Ministério, por sua vez, juntamente ao da Educação e Cul- tura (MEC), mais representantes do CON- FEA e dos Técnicos de 29 Grau conseguiu a

elaboraçia e aprovaçto de uma MINUTA DE DECRETO DE REGULAMENTAÇÃO (ver "O TfiCNICÓ AGRÍCOLA" n- 5)L

Depois disto, muitas reuniOes se fizeram, tanto entre Técnicos Agrícola» e Industriai» isoladamente, como entre as partes envol- vida» mais os organismos mediadores.

Apesar disto, recentemente fomos surpre- endidos aos tomarmos conhecimento do RELATÓRIO DO GRUPO DE TRABALHO MEC/CONFEA (dezembro/1981), o qual ao. debruçar-se sobre a questfc, numa da» reao- hiçOes aprovada» pode-se ler: "49 - Na hi- pótese de se considerar necessária a regula- mentaçto da Lei 5.524/68 recomenda-se, que seja baixado unt Decreto nos termos do estudo elaborado p*> CONFEA".

Ora, isto joga por água abaixo todas as grandes esperança» de se ver regulamentada a Lei em apreço num prazo curto e dentro de um padiio de respeito à prática social dos Técnicos de 29 Grau. Isto porque todas as propostas de definiçio de atribuições emanadas do CONFEA relativas aos Técni- cos Agrícolaikindustriau sempre nos foram extremamelRe prejudiciais, tentando mais negar-nos do que atribuir-nos um espaço preciso de trabalho. Portanto, o fato acima citado aliado ao pronunciamento dos Dire- tores de CONFEA em SJo Paulo, durante leuniio realizada em 21 de agosto próximo

passado, entre representantes daquela enti- dade e das AssociaçOes de Técnicos de Nível Médio mostra-nos uma visão mais real do ponto em que se encontram as coisas. Ou seja, para completar o quadro de inseguran- ça em que vivemos os senhores diretores do CONFEA disseram em resumo o seguinte: NESTA REUNIÃO. NÔS VAMOS DIS- CUTIR E DETERMINAR O, QUE Ê CON- SENSO E 0 QUE É DIVERGÊNCIA ACERCA DO ASSUNTO, PARA ENTRE- GARMOS AO MINISTÉRIO. A PARTIR DAÍ, TODOS ESTARÃO LIVRES PARA EXERCEREM AS PRESSÕES QUE PUDE- REM A FIM DE FAZER PREVALECER OS SEUS PONTOS DE VISTA.

Pois bem, assim poderíamos perguntar: 1) Caberia ao Sistema CONFEA/CREAS

fazer pressões contra quem? 2) Contra os Técnicos de 29 Grau? Então, estes profissionais além de tudo,

teriam contra si até pressões do órgão que ajudam a sustentar!

PACIÊNCIA!-, parece que os limites da razão começam a ser atingidos e é necessário que o Sistema CONFEA/CREA» acorde e sinta o tamanho da brutalidade que está cometendo contra as categorias de Grau Mé- dio, a ele próprio vinculadas e que deveriam receber tratamento similar ao dispensado às categorias de Nível Universitário.

Cordel da EMBASA

Funcionário da Embasa São bons e eficientes Mas a injustiça desgraça Com a vida dessa gente

Tem gente que trabalha E meio-dia não come Tem gente que os filhos Estão passando fome

Falo de todo quadro Do escritório, campo e estação Que acreditam em conversa E promessa de promoção

Promoção que eu sei que veio E veio que nem chuveiro Pra doutor formado, advogado, químico. Economista e engenheiro

Aqui se fala em letras Mas gente que puxa saco tira uma de artista Mas "aga" mesmo não come Quem come são os economistas (formados)

Inda tem uma missiva de suma importância Basta ter um padrinho político Não precisa ter diploma Mesmo sendo filho da sagrada ignorância

No campo a coisa va' mal Tá todo mundo em aflição Pois eu nunca vi chefe Olhar para o peão

Vou encurtar meu papo Porque também sou peão Comi conversa bonita numa tal reunião Circo armado com tudo sob a batuta de patrão

V Roque (Fuscão Preto)/82

AGOÍ ASTA-BA

CONVOCAÇÃO A Associação de Entidades de Feira de Santana (ADEFS),

convoca os seus sócios efetivos, ou seja, todas as entidades que assinaram a Carta de Princípios do jornal C> GRITO DA TERRA para uma Assembléia Geral a ser realizada no dia 27 de novembro, a partir das 14:00 horas, tendo como local o auditório da Biblioteca Municipal, para tratar de assuntos de interesse da ADEFS e de O GRITO DA TERRA.

O GRITO DA TERRA Novembro/82 PÃairia 7

COLUNA SINDICAL

O que vai pelos sindicatos

COMERCIÁRIOS

0 presidente em exercício co Sindicato dos Em- -. ..ados no Comércio esteve na Delegacia do Tra- balho quando solicitou da subdelegada uma inspeção junto a algumas casas comerciais que não vêm obede- cendo o cumprimento do horário de trabalho. Ao lado disso, está sendo feita uma orientação junto aos comerciários sobre o que é o sindicato e estreitar o relacionamento entre diretoria e a classe.

Com a programação comemorativa do Dia do Comerciário, um dos pontos altos é a escolha de um operário padrão, que receberá, como prêmio, uma estadia de W dias na Colônia de Férias do SESC junta- mente com a família. Todas as despesas serão co- bertas p^lo sindicato.

TAXISTAS

Fiscalizar ou punir os motoristas de táxis que vêm cometendo irregularidades com os usuários de táxi é um dos problemas que o presidente em exercício, Tércio Fonseca, do Sindicato dos Condutores Autô- nomos de Veículos Podoviários (SINCAVER) vem enfrentando, chegando ao ponto de admitir que tais abusos são casos de polícia e que alguns motoristas que agem dessa maneira têm o interesse de prejudicar a imagem do profissional responsável e consciente. Tércio esclarece que o sindicato fica numa situação difícil, não podendo evitar a participação de moto- ristas inescrupulosos que degride a classe e solicita dos usuários para anotarem o número das placas dos motoristas que estão agindo irresponsavelmente.

BANCÁRIOS

A sede social do Sindicato dos Bancários vem funcionando todos os fins de semana e feriados, contudo já está prevista uma inauguração dos refle- tores da quadra de esportes a fim de permitir a reali- zação de torneios esportivos nas noites cfe sextas- feiras, prolongando assim o lazer dos associados do sindicato. Ê de interesse da diretoria eleger um diretor Social para assumir a direção do clube. Está em anda- mento, também, a campanha de arrecadação de fundos para construção da 2? etapa.

TRABALHADORES RURAIS

O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Feira de Santana está em fase de eleições. Os companheiros Dionízio e Barbosa vêm trabalhando intensamente na conscientização dos associados, mostrando a cada um a sua plataforma de trabalho. Uma das metas que Barbosa acha fundamental é o trabalho de base feito em grupos ou individualmente com a participação dos trabalhadores rurais, o que é defendida também por Dionízio, Caciano e outros integrantes da chapa que encaram com muita seriedade os destinos da classe com vistas a lutar por melhores condições de vida.

GRÁFICOS

Conscientizar a classe é um dos trabalhos que a diretoria da Associação dos Trabalhadores Gráficos vem realçando com o objetivo de fazer com que os companheiros assumam a sua verdadeira posição e conheçam de fato o seu real valor com participação direta nos problemas e nos destinos da classe. Com reunião já programada, os trabalhadoras gráficos dis- cutirão os assuntos que serão apresentados na reunião que será realizada com outras entidades de trabalha- dores visando a programação e realização de um Semi- nário das Classes Trabalhadoras durante n mês de dezembro. Está em estudo, também,' um programa comemorativo do Dia do Gráfico à realizar-se no mês de fevereiro de 1983. Os gráficos se reúnem no SESI, sempre aos domingos.

CONDUTORES

A Delegacia do Sindicato dos Condutores de Veí- culos Rodoviários de Salvador, em Feira de Santana, tem aumentado os convênios procurando dar amparo e assistência social aoj rodoviários da cidade. 0 dele- gado, João Vieira, vem realizanuo visitas às empresas, ouvindo os companheiros e tomando informações para o cumprimento do dissídio coletivo. Ao mesmo tempo, estão sendo feitos contatos com a dire-toria d;> sindicato, na capital, visando com isso levar sugestões para a nomeação de delegados representantes em cada empresa ou formar comissões eleitas pelos traba- lhadores, diretamente.

Carlos Melo e Cos e Ribeiro.

r O LEITOR ESCREVE

v:

Senhores Redatores: Mais uma vez os jornais compro-

metidos com a classe dominante tentam fazer com que seus idéias passem a ser idéias dominantes em

toda sociedade. Para conseguirem isto, usam de todos os meios, até mesmo a falsificação das notícias, alterando as declarações dadas por pessoas para conseguirem agradar seus oatrões.

Na sua edição do dia 5/1 D/R? o jornal A TARDE publica uma re- portagem feita pelo senhor Raimun- do José, conhecido cabo eleitoral

do PDS. De maneira pouc reco- mendada para um profissional da imprens?, procura formar entre os leitores, uma visão errada do Par- tido dos Trabalhadores em Serri- nha. Ouerendo demonstrar que o município é dividido entre "Jacus"

(PDS-2) e/'Bocas Pretas" (PDS-1), como se não existissem pessoas li- vres e conscientes da realidade que está a í.

A reportagem feita pelo repórter do PDS, prejudica não apenas o Par- tido dos Trabalhadores (PT) e o PMDB, mas também ilude todo o povo.

A candidata a profoita dr; Sor- rinha, polo Partido dos Trabalhado- res, sra. Rosália Santiago, "invioij uma carta, desmentindo o próprio jornal A TARDE o estamos envian- do uma cópia anexa, solicitando a sua publicação, considerando o caráter democrático do jornal d GRITO DA TERRA.

Serrinha, 18 de outubro de 1982. Braz Santiago de Araújo, pelo

Partido dos Trabalhadores.

N.R. Companheiro Braz: não pu- blicamos a carta endereçada ao jor- nal A TARDE e enviada para nós por questão de espaço.

Sargento pode perder a farda por abuso de poder Na cidade de Santa Luz o sargento

Betão, filho de João Canelão, é conhe-

cido pelas suas façanhas. Por ter a patente de sargento da Polícia Militar, ele tira uma de delegado local e se acha no direito de fazer o que bem entende. Comenta-se na cidade que basta ele "cismar" com a cara de al- guém para levá-lo para a prisão e surrar à vontade. E do seu costume prender motoristas pelo simples fato

de estacionarem veículos longe do meio-fio ou em lugares proibidos.

Há também em Santa Luz um fula- no conhecido como Jorge do Posto, que é também propnetário de uma pa- daria, do Posto Santa Luz e de uma frota de caminhões, entre outros bens..

Jorge é igualmerlfe famoso por outros tipos de artimanhas. Comenta-se que nos seus empreendimentos comerciais, os caixas ntínca fecham e os funcio- nários, «empre, são obrigados a cobrir os valorei correspondentes. 0 dinheiro some "misteriosamente" e, quando o funcionário se recusa a pagar é demi- tido como ladrão e às vezes deportado

da cidade com a ajuda do sargento Betão.

Recentemente o fato aconteceu com o menor T.G.O. Por várias vezes faltou dinheiro no caixa e Tadeu foi obrigado a dar diferença e Jorge, com a ajuda de Betão, levou o menor para a prisão e lhe espancou o quanto quis. Mas desta vez a coisa não deu muito

certo para Jorge e Betão. Os pais do menor, com a ajuda de amigos, recor- reram à Justiça.

No momento os processos trami- tam no Juizado de Menores de Feira de Santana, e tanto Jorge como Betão poderão pagar pelos seus atos. É pos- sível até que Betão venha a perde o seu posto por abuso de poder.

É a velha história: de um lado o trabalhador, explorado e maltratado

pelo patrão, em verdadeiro sistema de escravidão. Do outro, integrantes da polícia, pagos com dinheiro que sai do bolso do próprio povo, estão sempre a defender os poderosos e a castigar os pobres, mesmo contra a Lei.

Agora é esperar pra ver.

TÉCNICOS AG/COLAS REALIZAM ENCONTRO Durante o período de 29.09 a

02.10.82 foi realizado em Urucuca (EMARC) o I ENCONTRO ESTA- DUAL DOS TÉCNICOS AGRfCO- LAS DA BAHIA.

O evento foi promovido pela As- sociação Profissional dos Técnicos Agrícolas do Estado da Bahia — ASTA-BA e pela Sociedade dos Técnicos Agrícolas do Cacau — STAC. tenc3 contado com o apoio da CESE (Coordenadoria Ecumê- nica de Serviços), EMATER-BA e CEPLAC.

O conteúdo do referido Encon- tro constou de palestras, debates, atividades recreativas e culturais e da realização de uma Assembléia Geral da ASTA-BA.

Ao chamado da ASTA-BA e da STAC acorreram 252 Técnicos Agrícolas que participaram ativa- mente de toda a programação, ti- rando o máximo de proveito das palestras proferidas, seja pela aten- ção com que seguiram as exposi- ções, seja através do nível de ques- tionamentos colocado diante dos

Os temas tratados na oportuni- dade foram: A EXTENSÃO RURAL NA BAHIA, exposto pelos engenheiros agrônomos Abdon Jor- dão Filho (presidente da EMATER- BA) e Antônio Manoel F. de Carva- lho (chefe do DEPEX/CEPLAC); A ORGANIZAÇÃO DOS PRODUTO- RES, cuja apresentação ficou a car- go do sociólogo João Saturnino (coordenador técnico da CEPA/ BA); POLÍTICA SALARIAL NO BRASIL, com exposição do econo- mista José Sérgio Gabrielli (pro- fessor da FCE/UFBA); O ENSINO AGRÍCOLA DO 2? GRAU NO BRASIL, tratado sob a forma de mesa-redonda, na qual debateram os Técnicos Agrícolas Edegar da Silva, Acácio Araújo e Elieser Bar- ras, representando, respectivamen- te, à FE NATA, à ASTA-BA e à STAC; AGRICULTURA E DESEN- VOLVIMENTO, com palestra pro- ferida pelo economista Vitor de Athayde Couto (professor da FTE/ UFBA); o, finalmente, n TÉCNICO AGRÍCOLA NA SOCIEDADE, cujo expositor foi o engenheiro me-

cânico José Hamilton Silva Bastos (presidente do CR EA/BA).

Apesar de não constar explicita-

mente da programação, o tema-base do Encontro foi a regulamentação da Lei 5.524, de 05 de novembro de 1968, que permeiou todas as ati- vidades ali desenvolvidas. Justifi- cando-se isto pelo fato de existir a profissão desde o início do século, (a 1? Escola Agrícola do Brasil foi fundada em 1910) sem que haja no entanto o reconhecimento legal de sua existência configurado na regu- lamentação da acima referida Lei, apesar de já decorridos praticamen- te 14 (quartoze) anos de sua apro-

.vação em Congresso e sanção pela Presidência da República.

No final do Encontro foi elabo- rado um documento abordando o posicionamento dos Técnicos Agrí- colas com referência aos problemas que lhes afetam dinta e indireta mente, tanto do peito de vista profissional como no tocante a sua vida na ociedade.

(ASTA-BA). palestrantes.

Conselho Mundial de Igrejas ra^ reunião em Feira O Conselho Mundial de Genebra, Filipinas, Brasil e dificuldades principais que para preservar o seu pedaço

Igrejas (CMI) é uma jnstitui- cãe ecumênica, integrado por Igrejas Evangélicas e Ca- tólica e representando uma pfjpulacão superior a 400 milhões de pessoas, tem sede em Genebra, na Suiça, e desenv^lwo uma arão em favor do ecumenismo no mundo e apoia projetos que visem a defesa dos direitos humanos e a melhoria das condições de vida dais popu- lações mais pobres e oprimi- das.

No dia 14 de outubro, 4integrantos da dirorã"> do Conselho Mundial de hre jas, corri representantes do

Porto Rico, acompanhados pela CESE (Coordenadoria Ecumênica de Serviços) — que é uma entidade filinda ao CMI — realizaram uma reunião c" Feira de Santa- na, tendo como local o Ser viço de Integração de Mi- grantes (SIM), rom repre- sentantes de projetos apoia- dos pela CESF/CMI em lacu. Santa Maria da Vitó- ria, Itanhém, Boa Vista do Tupim e Feira de Santana. Dessas áreas vieram tra balhadores rurais que deram o seu testemunho sobre :!S ações que estão sendo de- senvolvidas é relataram os

enfrentam no dia-a-dia. A reunião teve a finali-

dade de demonstrar aos in- tegrantes do Conselho Mun- dial de Igrejas, através de depoimentos de pessoas que estão diretamente relacio- nadas com os projetos, a problemática vivenciada pela população hojo, sobre- tudo na zona rural. Como não podia deixar de ser, o pmbhma fundamental apre- sentado pelos trabalhadores rurais é a quostõo da torra, onde a orilagcm é prati- camontn gench?Uzada o os trabalhadores rurais lut.im, atrnwés dos sons sindicatos,

de terra, de onde retira o seu sustento, da sua família o ainda contribui com a ali-. mentação da população da cidade.

O encontro servhi, tam- bém, para o conhecimento mútuo do trabalhadores ru- rais de locais e regiões dife- rentes, assim como para .i troca do informações sobre as dificuldades o JS lutas do cada lugar. No final Meou a sugestão do scrom roalizados outros encontros,-rio maior duração, a fim do permit-ii um entrosamento majoi entre os trabalhadorvs rurais do várias locilidarios.

PáginaS Novembro/82 O GRITO DA TERRA

Eleições livres ou fraudulentas? A escolha de candidatos Já não existem dúvidas

sobre a realização e a impor- tância das eleições de 15 de novembro. Agora as dúvidas são quanto honestidade de tais eleições.

Embora o sistema poé- tico necessite realizar tais eleições para dar um aspec- to d legitimidade ainda não alcançcido por nenhum go- verno pós 1964, é verdade também que o governo te- me as eleições e vem tentan- do evitá-las ao longo destes 18 anos. Desde 1962 não se realizam eleições diretas pa.a a Presidência da Repú- blica; em 1966 tivemos elei- ções parciai: para governa- dores, cujos nsultados não foram respeitados; as elei- ções de 1980 adiadas, sob falsos pretextos de conve- niências econômicas e coin-

cidências de mandatos. Teremos eleições em 15

de novembro, porém estas eleições não refletirão todos os anseios da população bra- sileira.

Uma grande parcela da população brasileira, adulta, ene' ntra-se impedida de manifestar sua opinião, tra- ta-se dos analfabetos, que juntamente com militares que ocupam o posto de cabo ao de soldado. Todos eles pagam os seus impostos e estão sujeitos a leis como qualquer outros brasileiros.

Outra grande parcela da população brasileira não conseguirá expressar seus anseios, trata-se dos "alfabe- tizados" que não consegui- rão a cédula eleitoral, con- cebida com este fim especí- fico.

A corrupção eleitoral é evidente, lotes de votos são vendidos por "cabos eleito- rais" a quem der mais, isto é, aos representantes do poder econômico e da má- quina governamental.

O clientelismo é uma ins- tituição, e a população de- sesperada com o desempre- go, a fome e a carestia, acaba trocando o seu voto por promessas e favores.

A "Lei Falcão" não per- mite o acesso do candidato à televisão, apenas fotos ri- dículas são exibidas, no entanto ao Presidente, ao Governador e outros ocu- pantes de altos cargos públi- cos é assegurada a presença, para pedir votos. Some-se a isto a massificação das pro- pagandas governamentais, e veremos que a "Lei Falcão"

é apenas mais umâ- arbitra- riedade contra queni faz oposição.

A justiça eleitoral está nas mãos dos governantes e é comum as denúncias de mortos que voltam no PDS, enquanto isto vivos votam duas vezes (ou mais), tam- bém no PDS. Na Bahia foi inclusive registrado o fato de municípios com mais eleitores que habitantes!II

•Estes fatos, ligados à res- trição de liberdade de orga- nização partidária,, proibi- ção de coligações entre partidos, voto vinculado, pressões sobre funcionários (públicos ou não) etc, dão as dimensões da falta de se- riedade de quem fala em eleições livres e democrá- ticas em 15 de novembro de 1982.

A UNIVERSIDADE E A POLÍTICA

V

Discuvr eleições e falar de polí- tica partidária era um tabu para a Universidade de Feira de Santana. Ninguém ousava tomar a iniciativa de promover um debate sobre tais temas. Reconhece-se que este não é um mérito da UFS, mas da Univer- sidade Brasileira como um todo que continua isolada das coisas que acontecem no dia a dia.

Por uma iniciativa dos estudan- tes de Ciências Contábeis que cursam a disciplina Sociologia das Organizações, realizou o primeiro debate político na história da Uni- versidade de Feira de Santana. Par- ticiparam do evento os 4 candidatos a prefeito de Feira de Santana (2 do PMDB, 1 do PDS, 1 do PT), servin- do de oportunidade para um debate direto entre candidatos e público presente. Aliás, este foi também o primeiro debate do gênero em Feira de Santana, já que os debates reali- zados na cidade não deram oportu- nidade de o público participar dire-

tamente com perguntas. Foi uma oportunidade, também,

para cada candidato expressar»para um público formado basicamente de estudantes universitários as suas idéias e as suas propostas como can- didatos a prefeito de Feira.

Os comentários posteriores, tanto de estudantes como de pro- fessores, foram todos no sentido de elogiar a iniciativa. Todos diziam que foi "um grande acontecimen- to" para uma universidade que está ainda se formando.

Terminado o debate, veio a ques- tão:'entre os candidatos a prefeito, quem saiu ganhando e quem saiu perdendo? As pessoas que foram contactadas foram unânimes em afirmar: o candidato do PT, Antô- nio Ozzetti, foi o melhor de todos. Em segundo lugar, o candidato do PMDB 11, Luciano Ribeiro e por úl- timo, sem se saber quem ficou à frente ou atrás, os candidatos Gerson Gomes do PMDB I e José

Falcãoda Silva do PDS. Depois disso dois outros debates

foram organizados pela Comissão Pró-DCE da UFS, com os candi- datos a vereadores que são estudan- tes da Universidade de Feira de Santana. Foram também eventos considerados muito importantes. Nessas oportunidades, além do ronhecimento das idéias e das pro- postas de cada candidato, foi tam- bém possível um debate direto com o público presente que formulava suas perguntas e direcionava ao can- didato ou ao partido. Na Universi- dade de Feira de Santana existem 10 candidatos a vereadores, sendo 4 do PT, 4 do PDS e 2 do PMDB.

Esses acontecimentos são tam- bém parte da luta por uma Univer- sidade engajada, voltada para a rea- lidade concreta, é parte da luta por uma universidade menos alienada, menos dissociada da comunidade. Que esse início tenha prossegui- mento.

Candidatos do PDS apoiam Roberto Santos Pelo que foi noticiado

pela imprensa, prefeitos do

PDS de vários municípios

(Iguaí, Santa Inês, Cafar- naum, Conceição do Coité etc) deram apoio aberto ao candidato a governo do PMDB, Roberto Santos, subindo inclusive em seus palanques.

O que teria levado esses políticos do PDS a apoia- rem o PMDB? Não foi ou- tra coisa senão a crueldade

do governo do Estado na pessoa de Antônio Carlos Magalhães, já apelidado popularmente de "Toinho Malvadeza".

Para quem não está com- prometido partidariamente, não é difícil, neste momen- to, expressar o seu apoio a qualquer partido político. Mas para um prefeito que foi eleito pelo partido do governo (antiga Arena) e se mantém no mesmo partido

do governo, o PDS, vir de público anunciar o seu

apoio a um partido de opo-

sição, é preciso que haja um grande motivo. Some-se a isso o fato de ser Roberto Santos, o candidato do

PMDB.

A verdade é que, /em muitos outros municípios,

mesmo não havendo um apoio aberto de políticos do

PDS ao PMDB, há um apoio indireto na medida em que

é pregado o voto camarão. A presença de João Durval não eliminou a presença do

camarão, pregado pelo pró- prio PDS. Isso significa , na realidade, que nesses lugares o PDS não concordam com o governo ACM e, de al- guma forma, contribuem com a campanha de Rober- to Santos retirando votos que seriam contados para o candidato s governador João Durval Carneiro.

O GRITO DA TERRA éumjornal que se .sustenta, basicamen- e envie para a ADEFS - Associação de Entidades de Feira de

te, a partir da colaboração dos seus leitores. Por isso é importante Santana, rua J. J. Seabra 163 - sala 103 -IP andar - Cep:

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Para o eleitor comum, que não tem acesso a outros meios de informações senão

a propaganda eleitoral, fica até difícil escolher um can- didato que possa, quando eleito, fazer alguma coisa

em favor do povo. A verdade que nesse pe-

ríodo todos sâío bons, todos estão ao lado do povo e as- sim por diante. Mas todos sabem que muitos candi- datos a cargo eletivo apenas correm atrás do ouro (os vencimentos de um depu- tado' federal não serão, em

1983, menores do que hum milhão de cruzeiros), sem nenhum compromisso com os problemas do dia -dia que o povo enfrenta. Ocorre muitas vezes o contrário: o candidato é eleito pelo povo

para atuar contra ele. Que ninguém se esqueça do Pa-

cote da Previdência que, sob os protestos de toda a na- ção, foi aprovado pelos deputados do PDS.

São muitas as obras deste período, sobretudo nos três últimos meses que antece- dem às eleições. Todos os dias inaugura-se alguma coisa aqui, outra ali, e assim vai. Mas por que não se mantém este rítimo durante

todo o período de manda- to? Não é para isso que escolhemos os vereadores, prefeitos, deputados, sena- dores e governadores (pelo menos este ano muita gente vai ter o prazer de votar para governador)? Na reali- dade, essas obras têm a fina- lidade única de servir na cata de votos, é cada um querendo aparecer mais, mostrando o que fez e o que não fez.

Que não seja por esse meio a forma para escolher um bom candidato. Que não seja a simpatia pessoal e a presença do candidato nos velórios, enterros, cultos re- ligiosos etc. Que levem o eleitor a votar em alguém. O eleitor, antes de tudo, deve procurar saber da vida do candidato, o que ele fez no passado, e o que ele faz ago- ra. Precisa conhecer o candi- dato e "conhecer não é ver de vista não, é saber o que ele fazia antes", na opinião de um lavrador, é isso mes- mo, que ninguém se engane com a presença neste perío- do eleitoral.

O voto é a "arma" do eleitor. Ele precisa saber uti- lizá-lo.

PDS pode, oposição não pode Toda a imprensa local

(falada e escrita) desenvol- veu (ou desenvolve) violenta campanha contra as picha- ções na cidade. .Os autores e defensores dessa campanha

se esquecem de que a picha- ção eleitoral passa a ser uma

necessidade na medida em que os meios de comunica- ção não podem ser utiliza- dos pelos candidatos. Como

fazer a campanha eleitoral, em plena vigência da fami- gerada Lei Falcão, sem fazer

uso das pichações? Mas é curioso que a cam-

panha contra as pichações não existe para todos os partidos. Exemplo disso é que o muro do Centro Edu- cacional Assis Chataubriand estava todo limpo, pintaJo de branco. Ele foi poupado pelos partidos de oposição (PT e PMDB). No entanto, num dia desses, em plena luz do dia, era pintado o no-

me de João Durval e de José Falcão, candidatos do PDS ao governo do Estado e a prefeito de Feira de San- tana.

Certamente que a picha- ção do muro do Assis Cha- taubriand foi autorizada

pela direção do Colégio, do contrário não se faria em pleno dia.

Mas o fato carece de al- gumas interrogações: se fos- se pichação de um partido

de oposição seria permi- tida? Por que os inimigos das pichações não denuncia- ram essa, é porque é do PDS?

Há, pelo visto, pichação que incomoda e pichação que agrada. Os argumentos de sujeira poluição etc. Va- lem somente para os parti- dos da oposição. A pichação

do PDS não suja e nem polui...