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Editora Penalux Guaratinguetá, 2018 AO TEMPO POEMAS Cristina Macena

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Page 1: Editora Penalux - AO TEMPO POEMAS · 2019-01-10 · 18 AO TEMPO POEMAS EU Numa constante descoberta. Madrugada. Olhos abertos. Sentidos. Ânsia [...]. Trago um cigarro e tomo um gole

Editora Penalux

Guaratinguetá, 2018

AO TEMPO

POEMAS C r i s t i n a M a c e n a

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Rua Marechal Floriano, 39 – CentroGuaratinguetá, SP | CEP: 12500-260

[email protected]

Edição: França & Gorj

Capa e editoração eletrônica: Karina Tenório

Revisão: Gustavo da Cruz

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

M141t MACENA, Cristina. 1980 – Ao tempo poemas / Cristina Macena – Guaratinguetá, SP: Penalux, 2018. 100 p.: 21 cm. ISBN: 978-85-5833-646-8 1. Poesia I. Título.

CDD: B869.1

Índice sistemático:1. Literatura Brasileira

Todos os direitos reservados.A reprodução de qualquer parte desta obra só é permitida

mediante autorização expressa do autor e da Editora Penalux.

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Cr i s t i na Macena 17

I

Anunciação!A canção de ninar.

Brisa! Arrepio!Lentidão, rapidez, latência!Existência!

Estou à sua frente, estive atrás.Te acompanho, sigo seus passos.

Me pergunta quem sou?Não me reconhece?Sou você, estou em você.Somos juntos.

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18 AO TEMPO POEM A S

E U

Numa constante descoberta.Madrugada. Olhos abertos. Sentidos. Ânsia [...].

Trago um cigarro e tomo um gole de vida, na vida.

[Fudida]

Para fugir, correr e não temer

a morte já declarada de um mundo cão,

recriada na mecanização. Emprego, regras, ordens, Industrialização.

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Cr i s t i na Macena 19

[Humanidade?]

Fantoches. Os bonecos dos sonhos ganharam vida, transitam no medo, na solidão.

Eu vejo o esquecimento, a dor, o coração vazio, o sorriso plástico,formatado,comprado na liquidação.

Eu reconheço cada máscara e cada parte deixada para trás.Eu vejo a imundice humana.Eu vejo o abismo que está sob nossos pés.A trilha que deixamos a caminhar.Até lá.

Eu vejo a mortee o renascimento em cada gota de sangue.A esperança gritando socorro.

Mundo grande,absoluto,devora-me.

Minha vestecobre minha pureza,tripudia sobre

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20 AO TEMPO POEM A S

a alma que querser exposta.

Choro a dorde uma solidãonão sentida,conectadana tecnologia,alimentadana perversãode não sentir.

E ao longe, no horizonte, vejo o céu do azul mais vibrante e me pergunto se ainda vale a pena tentar, se ainda há como fazer o mundo voltar a pulsar [...].

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Cr i s t i na Macena 21

Minha casaArcabouçoMeus sinaisMinhas marcasTempoHistórias

Meu corpoHabitávelDesejávelCurvilíneoGordoDoceMacioA promessaO prazer

Meu corpoO eu desejoEu toqueEu curvasEu cheiroEu tesãoO eu receboAceitoArrepio

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22 AO TEMPO POEM A S

Meu corpoTemplo de mimAbsolutoSagrado

Onde repousaNo centroEm meio ao peitoO eu sinto.

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Cr i s t i na Macena 23

Tatuada em luz e sombrasEsculturaDesenho arquitetônico

Ela tinhaNos cabelos a bagunçaprópria da vidaNuances coloridasOlhos de sentidosEscuros De perdiçãoBoca profana Não tinha censuraEu me rendiaA cada respiraçãoCurvas de promessasImagens de prazerQue me faziamEstremecerEnlouquecerCada toqueMinha luxúria

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Este livro foi composto em Sabon LT Std pela Editora Penalux e impresso em papel pólen bold 90 g/m², em dezembro de 2018.