poemas marginais

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"Poemas Marginais" é um livro digital que contém oito textos escritos por Josue Feltrin, autor independente e busca, na sua diagramação, inspiração nos fanzines. O produto foi elaborado pelos acadêmicos de Produção Editorial da UFSM Andressa Amaral, Bruno Benaduce Emanuelli Mello e Laura Garcia, para a disciplina de "Redação para Editores", ministrada pela Profa. Dra. Marília Barcelos. Textos: Josue Feltrin Diagramação: Bruno Benaduce Emanuelli Mello

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Page 1: Poemas Marginais
Page 2: Poemas Marginais

Prefácio

Todas as gerações tiveram os seus “poetas marginais” que inspiraram os jovens mais rebeldes de sua época. O caso desse livro é um que perpassa todas essas gerações.

O autor Josue Feltrin em seus poemas nos prova que há como pegar carona nos EUA anos 60 com Kerouac, gostar da estrada, dar uma parada e beber algo forte e conversar com Bukowski e, apesar de tudo, também ser intimista e flertar com Clarice Lispector aqui no Brasil.

Não existe um padrão para suas poesias quanto a forma, podem ser longos mas também podem aparecer em forma de Hai Cais nos mostrando aqui uma influência de Leminski. Falando nisso, há uma Clarisse com dois esses, que dá nome a uma de suas obras “Das Histórias de Clarisse” cujo poema de mesmo nome encerra da seguinte forma:

“...Pois isso que é a vida,é caminhar com pedras no sapato

e não se importar.E eu caminho, eu aguento!

Como já disse:Me dê uma boa guerra

Que lhe dou boas batalhas.”

E é nesse sentido que o ato da poesia underground se dá, numa batalha de mostrar seus textos até serem reconhecidos, textos estes feito com a paixão de quem precisa enfiar o dedo na ferida pra aliviar a sua dor.

Em tempos onde a autoajuda se revela um fenômenos editorial, esse livro é um convite para quem acredita em palavras mais reais e mais autênticas.

Prefácio

Todas as gerações tiveram os seus “poetas marginais” que inspiraram os jovens mais rebeldes de sua época. O caso desse livro é um que perpassa todas elas

O autor Josue Rowstock em seus poemas nos prova que há como pegar carona nos EUA anos 60 com Kerouac, cair na estrada sem rumo, dar uma parada e beber algo forte e conversar com Bukowski numa mesa de um boteco qualquer e, além de tudo, também ser bastante intimista e flertar com Clarice Lispector aqui no Brasil.

Não existe um padrão para suas poesias quanto a forma, podem ser longos mas também podem aparecer em forma de Hai Cais nos mostrando aqui uma influência de Leminski.

Falando nisso, há uma Clarisse com dois esses, que dá nome a uma de suas obras “Das Histórias de Clarisse” cujo poema de mesmo nome encerra da seguinte forma:

“...Pois isso que é a vida,é caminhar com pedras no sapato

e não se importar.E eu caminho, eu aguento!

Como já disse:Me dê uma boa guerra

Que lhe dou boas batalhas.”

é nesse sentido que o ato da poesia underground se dá, numa batalha de mostrar seus textos até serem reconhecidos, textos estes feito com a paixão de quem precisa enfiar o dedo na ferida pra aliviar a sua dor. Em tempos em que a autoajuda se revela um fenômenos editorial, esse livro é um convite para quem acredita em palavras mais reais e mais autênticas.

Page 3: Poemas Marginais

Eu me perdi, em cada linha.De cada livro de romance ou poesia.

Eu aprendi a fugir da vida,em cada página virada ou escrita.

Eu preferi ficar na bagunçajunto às bitucas de cigarro

Pois é na lama que eu me achoE não tente me compreender...

Eu escolhi esse modo de viverEssa forma de ser um limite

E mesmo que isso as vezes irriteeu já não vou mudar...

Pois meu lance estáem cada verso

em cada palavra que pescoPois meu lance é poético

E meus heróis morreram de overdose...

Portanto, só peço que entendaQue a escrita é meu remédioE o resto não passa de tédio

Na espera do copo transbordarPara eu me salvar de novo.

Pois então é gostosointenso e louco

E da vida jánão quero tão pouco.

Pois muitofaz parte de mim

e de meus estragos,que trago

em cada cicatrizou cigarro.

Que sempre escapo por um trizDa efervescência que um dia ira me pegar

Todavia, em quanto eu não deixar

Deste copoDesta alma

Vou proteger com minha vidaO que restar ou já restou.

Pois aqui estou de novo a lamuriar escritos

E já por isso, volto ao meu lugar.Meus livros

Minhas linhasMinha terapia

Que me faz continuar

E a sujeira que ficarfaz parte deste lance

de cigarros e romancesContados em poesiasdifíceis de terminar

Portanto, sem me preocuparMe narcotinizoMe morfinizoMe eternizo

Na palavras dos meus livros

DEFINIÇÃO PESSOAL

Page 4: Poemas Marginais

Na minha mocidade,no auge do meu ser

- “Rimbaudiano”Eu também não era sério.Aliás, eu era promíscuoe demasiado dionisíaco.

Pois eu estava na efervescênciados meus dez anos a mil,

que hoje são apenasengraçadas lembranças.

É tão crú dizer isso,mas já me sinto velho

e já dei adeus a mocidade...

É, faz parte.

Relaxa que eu tô bemSó não ando esbanjando

Felicidade, portanto.

Page 5: Poemas Marginais

É tão forte que a vida joga com a gente, que por vezesficamos um tão impressionados com a sua elegância e rispidez

além da rapidez, é claro, nós somos comoágua de rio tentando encontrar o mar.

Os escritores alemães fudem tua cuca.São grandes pensadores.

Os russos também.São duros na queda.

A América vêm com aquela de liberdade,mas depois você acaba entendendo

o tal sonho americano.Basta ler Kerouac e depois Bukowski.

Você vai entender.Aqui no Brasil temos bons escritores.

Fernando Pessoa é um dos grandes pra mim.

Page 6: Poemas Marginais

Todo mundo tem seu lado doentio.O de alguns esta bem escondido nos seus

sorrisos…

Fase da Fase

Tá aí, eu estou numa fase que não atendo telefones.Que ficar sozinho me basta e nada mais além de mim.

Não quero nada, não busco nada. O vazio, o eterno vazio.Se acontecer, aconteceu! Se foi bom, foi bom.

Se foi ruim, aconteceu. Simplesmente assim, seco tipo gim.A verdade me dirá o caminho que devo andar.

E por ele vou saltando, tipo amarelinha.-Olha lá, um junkie brincando de amarelinha,deixando cinzas de cigarro na casa anterior.

Isso mostra a minha felicidade em estar sozinho,comigo mesmo, sem ninguém me incomodando.

Tá aí, estou numa fase dessas.

Page 7: Poemas Marginais

Cara, eu sou um puta ímã pra louco.Eles não podem me ver que já ficam mais doidos

e cada um vem com uma história pra contar.E são histórias que dariam belos livros,tem um que se parece até com Hesíodo.

Mas daí eu já estaria confinando eles a outra loucura e já basta a deles.Imagina eles almoçando miojo

e tomando banho com café preto,depois todos molhados

batendo teclas no quarto mofado.

Page 8: Poemas Marginais
Page 9: Poemas Marginais

Posfácio:

Nascido em Porto Alegre (RS) e residente em Santa Maria (RS) há quase 10 anos, Josue Rowstock, estudante de Letras/Espanhol na Universidade Federal de Santa Maria, escreve desde cedo e tomou gosto pela poesia através do rock escrevendo as letras de uma banda grunje que existia na cidade.

Mesmo após o término da banda, Josue tinha pelos cantos da casa ainda muitos manuscritos guardados e nunca perdeu o interesse pelas palavras, seja em forma de prosa ou de suas poesias. Mesmo tendo se iniciado com a música e lendo biografias como as de Johnny Cash , David Bowie, Lou Reed e Iggy Pop, no ramo da literatura sempre seguiu seu instinto e verdadeiro gosto pelos livros, dos beatnicks americanos ao Bukowski, de Jane Austen até Virgínia Woolf.

Ele explica que escreve para sobreviver, que é uma questão meio terapêutica como o Moacyr Scliar definia a escrita em geral. Como uma espécie de terapia para quem faz a leitura e para quem escreve.

Page 10: Poemas Marginais

Sobre o hábito de escrever

“[...] Veja bem, eu TENHO que escrever. É uma obrigação já para mim.Então eu sento nesse computador velho e barato, antigo e medieval, mas querido e amável. Acendo um cigarro Carlton e deixo uma xícara de café passado do meu lado. [...]

E por simplesmente sentar e me sentir confortável, acaba por vezes saindo um poema, por vezes uma crônica e raramente nada.Daí eu penso: “fui enganado!”Então eu tento de novo e a poesia sai lentamente como o gosto do tabaco.

É tudo tão lindo e perfeito, uma sincronia entre quem escreve e o que é escrito.Por isso que eu escrevo, para compartilhar com você a minha dor e a minha felicidade.

Sei que não aguento a vida sozinho. E não quero aguentar sozinho. Eu preciso de vocês pra me salvar de enlouquecer de vez.”

J. RowstockFebre deratoJosue Feltrin