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EDILMAR DE MOURA SANTOS NATAL / RN 2016 VALOR PROGNÓSTICO DE POLIMORFISMOS NOS GENES DE REPARO DO DNA XRCC3 E RAD51 EM PACIENTES COM CARCINOMA EPIDERMÓIDE ORAL E DE OROFARINGE

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EDILMAR DE MOURA SANTOS

NATAL / RN

2016

VALOR PROGNÓSTICO DE POLIMORFISMOS NOS GENES DE REPARO DO DNA XRCC3 E RAD51 EM PACIENTES COM CARCINOMA

EPIDERMÓIDE ORAL E DE OROFARINGE

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL

VALOR PROGNÓSTICO DE POLIMORFISMOS NOS GENES DE REPARO DO DNA XRCC3 E RAD51 EM PACIENTES COM CARCINOMA

EPIDERMÓIDE ORAL E DE OROFARINGE

Tese apresentada ao Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Patologia Oral.

Orientadora: Profª. Drª. Roseana de Almeida Freitas

Natal / RN 2016

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Catalogação da Publicação na Fonte

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Santos, Edilmar de Moura. Valor prognóstico de polimorfismos nos genes de reparo do DNA XRCC3 E RAD51 em pacientes com carcinoma epidermóide oral e de orofaringe / Edilmar de Moura Santos. - Natal, 2016. 104f: il.

Orientadora: Roseana de Almeida Freitas. Tese (Doutorado em Patologia Oral) -Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de ciências da Saúde. Departamento de Odontologia. Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral. 1. Carcinoma de células escamosas -Tese. 2.

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DEDICATÓRIA

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DEDICATÓRIA

Eu, dedico esta pesquisa a todos os pacientes e cuidadores que mesmo diante da

assustadora e muitas vezes, inesperada situação patológica, aceitaram colaborar

com uma pesquisa. Pesquisa que possivelmente ajude a outros pacientes que não

eles participantes neste momento. Isso foi muito significante na minha vida, aprender

a ajudar mesmo quando estamos necessitando de tanta ajuda, aprender a doar

mesmo quando temos tão pouco. Aos maiores professores da minha vida, aos

pacientes e cuidadores.

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AGRADECIMENTOS

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AGRADECIMENTOS

A Deus Pai, Filho e Espirito Santo e a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro,

obrigado pelo dom da vida, por minha profissão, por minha família. Peço ajuda para

ser digno de tantas bênçãos.

A minha mãe. Mulher que me guiou, me orientou, me formou o que sou hoje.

Exemplo de mãe, exemplo de mulher cristã. Espero que saiba que meu amor é

infinito. Sou um simples filho que ama muito sua mãe.

A minha esposa Patrícia, um presente que Deus fez para mim. Me completa, me faz

feliz, me orienta, me ajuda, ou seja, excencial para minha felicidade. Amo você

minha “preta”. Espero sempre te fazer feliz!!!

Minhas filhas, Raquel e Isabel, encomendadas durante o mestrado criadas durante

o doutorado. A maior felicidade da minha vida, sou eternamente grato a DEUS por

ter tido essa felicidade na vida. Ser Pai. Que tenham uma vida cheia de amor e

sejam felizes, o papai vai sempre estar do lado de vocês, SEMPRE!

A que está chegando, um feto, hoje com cerca de 10 semanas, seja bem vindo a

família. A vida é linda!!!!!

Ao vovô e a vovó, obrigado, saudades. Mesmo diante de uma vida sem estudos

sempre insistiram que esse era o caminho. Gente inteligente, mesmo sem estudo.

Meu sogro e minha sogra, obrigado por me receberem tão bem. Obrigado por toda

a confiança. Pessoas especiais.

Aos meus tios(as) e primos(as) por se fazerem presentes em minha vida,

proporcionando-me momentos de felicidade. Vocês são muito importantes para mim!

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Meus colegas de trabalho na radioterapia, pessoas que proporcionaram tempo para

meu aprofundamento no mundo da pesquisa e ensino. Obrigado pela oportunidade.

À minha querida amiga e chefe do Serviço de Radioterapia da Liga Contra o

Cancer, Dra. Rosa Maria Xavier Najas, obrigado por acreditar em mim, obrigado

pela paciência comigo, obrigado por me ensinar, muito obrigado. Espero ajudar e

corresponder nas demandas do nosso amado e trabalhoso serviço.

Ao Departamento de Ensino e Pesquisa da Liga Contra o Cancer, obrigado por toda

ajuda e compreensão. Você são os verdadeiros responsáveis pela grandeza desse

departamento.

Obrigado a todos os alunos que passaram por mim e de uma forma muito forte me

estimularam a chegar onde cheguei.

A Liga Contra o Cancer, hospital em que exerço minha profissão com dignidade e

honestidade, podendo tratar as pessoas como elas devem e merecem, como iguais.

À minha orientadora, Profª. Drª. Roseana de Almeida Freitas, muito obrigado,

agradeço humildemente. Aprendi muito, tenho muito a aprender ainda com a

senhora. Que isso tenha sido somente o começo. Desejo um dia ser um professor

como a senhora foi para mim. Que Deus possa te agraciar com o que mais deseja.

Dr. Leão Pereira Pinto e Dra. Lélia Batista de Souza, tudo começou com eles.

Através de nossos contatos no hospital foi levado a UFRN em busca de uma vaga

no programa de mestrado em patologia oral, obrigado pela oportunidade e parceria.

Aos professores do programa de pós-graduação em patologia oral Dra. Hébel Cavalcanti Galvão, Dr. Antônio de Lisboa Lopes Costa, Dra. Lélia Maria Guedes Queiroz, Dra. Márcia Cristina da Costa Miguel, Dra. Éricka Janine Dantas da Silveira, Dra. Ana Miryam Costa de Medeiros e Dr. Bruno César de Vasconcelos

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Gurgel. Obrigado pelo carinho com que fui recebido no departamento. Estarei

sempre a disposição no que puder ajudar.

Aos meus colegas e amigos de curso, Adriana Costa, Emília Beatriz, Nazareno Aguiar, Rodrigo Gadelha, Joabe Pereira, Keila Marta, Cyntia Carvalho, Emeline Lima, Felipe Matos, Conceição Maia, Fernando Nóbrega, Maiara Moraes, Águida Henriques, Pedro Paulo, Bárbara Vanessa, Ana Luiza, Melka Sá, Denise Helen, Roseane Vasconcelos, Clarissa Demeda, Natália Guimarães, Pedro Carlos, Jamile Oliveira, Francisco Jadson, Andréia do Carmo, Marcelo Nascimeto, Maria Luiza, Luciana Castro, Viviane Oliveira, Tiago João, Thâmara Bezerra, Thais Maciel e Luiz Juliasse, pelo conhecimento compartilhado, por toda

ajuda que me foi dado, sem vocês não teria conseguido.

Aos funcionários Lourdinha, Gracinha, Hévio, Idelzuíte, Ricardo e Sandrinha,

pela simpatia e disponibilidade em ajudar sempre que precisei.

Ao grupo de Piracicaba (UNICAMP), uma parceria saudável, inteligente, humilde e

produtiva. Coloco a mim e o Hospital em que trabalho e exerço atividade de gestão a

disposição para futuras novas parceiras.

Ao Prof. Dr. Ricardo Della Coletta, obrigado por ter sido tão generoso conosco.

Característica marcante nos grandes mestres. Generosidade!

Ao CNPq, que através do PROCAD (Programa Nacional de Cooperação Acadêmica), viabilizou financeiramente e cientificamente nosso projeto de pesquisa.

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RESUMO

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RESUMO

Falhas nos genes responsáveis por reparos no DNA podem influenciar no

surgimento de câncer ou afetar a resposta aos tratamentos. Nesta pesquisa avaliou-

se a frequência de três polimorfismos de nucleotídeos únicos (SNPs) em dois genes

de reparo do DNA RAD51 172G>T (rs1801321), RAD51 135G>C (rs1801320) e

XRCC3 T241M (rs861539) em indivíduos sem câncer (n=130) e indivíduos com

Carcinoma epidermoide oral (CEO) e Carcinoma epidermoide de orofaringe (CEOR)

(n=126) e investigou-se possíveis relações de tais achados com dados clínicos e

patológicos e com os desfechos clínicos: resposta tumoral ao tratamento com

radioterapia e quimioterapia, recidiva, e sobrevida global. Constatou-se que as

frequências alélica e genotípica estavam em equilíbrio de Hard-Weinberg. A

presença de ao menos um alelo polimórfico no gene XRCC3 (rs861539), está

associado a um grau histológico (OMS) pior (p=0,007). Observamos uma tendência

a maior taxa de recorrência (p=0,08) e estádio mais avançados (p=0,08) no grupo

que possuía ao menos um alelo polimórfico do gene RAD51 (rs1801321). A

presença dos SNPs analisados não revelou ser um fator de risco isolado para o

desenvolvimento de CEO ou CEOR; contudo, quando associado ao hábito de fumar

ou beber, aumentou o risco de desenvolver o câncer de três a cento e cinquenta

vezes. A resposta tumoral ao tratamento de radioterapia e quimioterapia foi

semelhante nos pacientes com ou sem SNPs. Nenhum polimorfismo demonstrou

significância estatística em relação à sobrevida livre de recidiva ou sobrevida global.

Concluímos que a presença de ao menos um alelo polimórfico dos SNPs rs861539

no gene XRCC3, rs1801320 e rs1801321 no gene RAD51, aumentam o risco do

desenvolvimento de CEO e de CEOR, quando associados ao hábito de beber ou

fumar. Os polimorfismos estudados nos genes XRCC3 e RAD51 não estão

associados à resposta à radioterapia, sobrevida livre de recidiva ou sobrevida global.

Palavras-chave: Carcinoma Epidermoide Oral; Carcinoma Epidermoide de

Orofaringe; Polimorfismos de Nucleotídeo Único; Reparo de DNA; RAD51; XRCC3.

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ABSTRACT

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ABSTRACT

Faults in the genes responsible for repairs to the DNA can influence the onset of cancer or affect the response to treatment. This research evaluated the frequency of three single nucleotide polymorphisms (SNPs) in two repair genes DNA RAD51 172g> T (rs1801321), RAD51 135G> C (rs1801320) and XRCC3 T241M (rs861539) in individuals without cancer (n = 130) and patients with oral squamous cell carcinoma (OSC) and carcinoma oropharyngeal squamous (ORSC) (n = 126) and investigated possible relationships of these findings with clinical and pathological data and clinical outcomes: tumor response to radiotherapy and chemotherapy, disease-free survival, and overall survival. It was found that the allele and genotype frequencies were in equilibrium Hard-Weinberg equilibrium. The presence of at least one polymorphic allele in XRCC3 (rs861539) gene is associated with histological grade (WHO) higher (p = 0.007). We observed a higher recurrence rate trend (p = 0.08) and more advanced stage (p = 0.08) in the group that had at least one polymorphic allele of RAD51 gene (rs1801321). The presence of the analyzed SNPs not proved to be a risk factor for the development of CEO or CEOR; however, when combined with smoking or drinking, increased the risk of developing cancer from three to one hundred and fifty times. The tumor response to radiotherapy and chemotherapy was similar in patients with and without SNPs. No polymorphism showed statistical significance in relation to recurrence-free survival or overall survival. We conclude that the presence of at least one polymorphic allele of the SNPs rs861539 in XRCC3 gene, rs1801320 and rs1801321 in the RAD51 gene increase the risk of development of OSC and ORSC, when associated with the habit of drinking or smoking. Polymorphisms studied in XRCC3 and RAD51 genes are not associated with response to radiation therapy, relapse-free survival or overall survival.

Keywords: Oral squamous cell carcinoma; Oropharyngeal epidermoid carcinoma; Single Nucleotide Polymorphisms; DNA repair; RAD51; XRCC3.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Esquema da via de reparo de DNA por junção de extremidade não

homólogas (Christmann et al., 2003).........................................................................43

Figura 2 - Esquema da via de reparo de DNA por recombinação homóloga

(Christmann et al., 2003)............................................................................................47

Gráfico 1 - Análise de Kaplan-Meier da sobrevida livre de doença em pacientes com

carcinoma de células escamosas oral e de orofaringe e o polimorfismo XRCC3

(rs861539)..................................................................................................................73

Gráfico 2 - Análise de Kaplan-Meier da sobrevida livre de doença em pacientes com

carcinoma de células escamosas oral e de orofaringe e o polimorfismo RAD51

(rs1801320).... ...........................................................................................................73

Gráfico 3 - Análise de Kaplan-Meier da sobrevida livre de doença em pacientes com

carcinoma de escamosas oral e de orofaringe e o polimorfismo RAD51

(rs1801321)...... .........................................................................................................74

Gráfico 4 - Análise de Kaplan-Meier da sobrevida global em pacientes com

carcinoma de células escamosa oral e de orofaringe e o polimorfismo XRCC3

(rs861539) ............................................ ....................................................................74

Gráfico 5 - Análise de Kaplan-Meier da sobrevida global em pacientes com

carcinoma de células escamosa oral e de orofaringe e o polimorfismo RAD51

(rs1801320) ...............................................................................................................75

Gráfico 6 - Análise de Kaplan-Meier da sobrevida global em pacientes com carcinoma de

escamosas oral e de orofaringe e o polimorfismo RAD51 (rs1801321)..............................75

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LISTA DE TABELAS

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LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Distribuição das características da amostra de casos e controle.

Natal/2016..................................................................................................................62

Tabela 2 - Características dos polimorfismos de nucleotídeo únicos (SNPs). Natal,

2016 .......................................................................................................................... 64

Tabela 3 - Frequência alélica e genotípica dos polimorfismos estudados. Natal/2016.

.................................................................................................................................. 64

Tabela 4 - Distribuição dos genótipos nos grupos controle e carcinoma de células

escamosas oral e de orofaringe no modelo aditivo.

Natal/2016................................................................................................................. 65

Tabela 5 - Distribuição dos genótipos nos grupos controle e carcinoma de células

escamosas oral no modelo dominante. Natal,2016 ................................................. 66

Tabela 6 - Distribuição dos genótipos nos grupos controle e carcinoma de células

escamosas de orofaringe no modelo dominante. Natal,2016....................................66

Tabela 7 - Associação entre os genótipos e consumo de bebidas alcoólicas no risco

de ocorrência do carcinoma de células escamosa oral e de orofaringe (modelo

dominante). Natal/2016............................................................................................. 68

Tabela 8 - Associação entre os genótipos e o tabagismo no risco de ocorrência do

carcinoma de células escamosa oral ou de orofaringe (modelo dominante).

Natal/2016. .............................................................................................................. 69

Tabela 9 - Associação entre os genótipos do XRCC3 (rs861539) e variáveis

demográficas e clínicas dos pacientes com carcinoma de células escamosas oral e

de orofaringe. Natal/2016..........................................................................................71

Tabela 10 - Associação entre os genótipos do RAD51 (rs1801320) e variáveis

demográficas e clínicas dos pacientes com carcinoma de células escamosa oral e de

orofaringe. Natal/2016 .............................................................................................72

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

APEX1 – Apurinic/Apyrimidinic endonuclease 1

Arg – arginina

Asp – aspartato

BER – reparo por excisão de base (Base Excision Repair)

BRCA – breast cancer gene

CEO – carcinoma epidermoide oral

CEOR – carcinoma epidermoide de orofaringe

CCP – carcinoma de cabeça e pescoço

CID – Classificação Internacional de Doenças

DNA – ácido desoxirribonucleico (deoxyribonucleic acid)

DSB – quebra de fita dupla (Double-Strand Break)

EGFR – receptor do fator de crescimento epidérmico (Epidermal Growth Factor

Receptor)

EBV – Epstein-Barr vírus

EDTA – ácido etilenodiamino tetra-acético (Ethylenediamine tetraacetic acid)

EORTC – Organização Européia para Pesquisa e Tratamento do Câncer (European

Organization for Research and treatment to Cancer)

Gln – glicina

Glu – glutamina

Gy –Gray, unidade de dose de radiação

H+ - radical hidrogênio

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HPV – papiloma vírus humano (human papiloma virus)

HR – reparo por recombinação homóloga

HSV – vírus Herpes Simples (human simple virus)

IC – intervalo de confiança

IGRT – radioterapia guiada por imagem

INCA – Instituto Nacional do Câncer

IMRT – radioterapia de intensidade modulada

Lys – lisina

MMR – reparo de bases mal pareadas (MISMATCH repair)

NaCl – cloreto de sódio

NER – reparo por excisão de nucleotídeo (nucleotide excision repair)

NHEJ – reparo por junção de extremidades não homólogas

OH- - radical hidroxila

OMS – organização mundial de saúde

OR – Odds ratio

PCR – reação em cadeia da polimerase (Polymerase Chain Reaction)

rad – dose absorvida de radiação

RNAm – ácido ribonucleico mensageiro (messenger ribonucleic acid)

RAD51 – gene humano membro da família Rad 51

RT – radioterapia

RTOG – Grupo de Oncologia e Radioterapia (Radiotherapy Oncology Group)

SDS –sodium dodecyl sulfate

SNP – polimorfismo de nucleotídeo único (single nucleotide polymorphisms)

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TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TE – tampão com EDTA

Thr – treonina

TNM – Sistema de estadiamento que leva em conta o tumor primário, linfonodo e

metástase

Tri – triptofano

XP – xeroderma pigmentoso

XRCC1 –X-ray repair cross-complementing group 1

XRCC3 –X-ray repair cross-complementing group 3

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SUMÁRIO

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 23 2 REVISÃO DA LITERATURA.................................................................... 26 2.1 Carcinoma epidermoide......................................................................... 26 2.2 Tratamento.............................................................................................. 32 2.2.1 Cirurgia.................................................................................................... 32 2.2.2 Radioterapia e quimioterapia................................................................ 32 2.3 Genes de reparo do DNA....................................................................... 38 2.3.1 Reparo da quebra de dupla fita............................................................. 41 3 PROPOSIÇÃO.......................................................................................... 50 4 MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................... 52 4.1 Implicações Éticas.................................................................................. 53 4.2 Caracterização da amostra.................................................................... 53 4.3 Amostra................................................................................................... 53 4.4 Coleta dos dados clinicopatológicos................................................... 54 4.5 Coleta do sangue.................................................................................... 56 4.6 Extração do DNA..................................................................................... 56 4.6.1 Avaliação da eficiência da extração do DNA....................................... 57 4.6.2 Genotipagem da amostra....................................................................... 57 4.7 Análise estatística................................................................................... 57 5 RESULTADOS ....................................................................................... 61 6 DISCUSSÃO ............................................................................................ 77 7 CONCLUSÃO........................................................................................... 84 REFERENCIAS.................................................................................................... 86 APÊNDICE............................................................................................................ 94 ANEXO................................................................................................................. 102

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INTRODUÇÃO

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1 INTRODUÇÃO

O câncer de cabeça e pescoço (CCP) é considerado um problema de saúde

pública em todo o mundo. A última estimativa mundial apontou que ocorreriam cerca

de 300 mil casos novos e 145 mil óbitos, para o ano de 2012, por câncer de boca e

lábio. Desses, cerca de 80% ocorreram em países em desenvolvimento (OMS,

2014). No Brasil, a estimativa para 2016 é de 11140 novos casos de câncer da

cavidade oral em homens e 4350 em mulheres. Na região Nordeste, 3070 novos

casos. O INCA não possui dados publicados de incidência para tumores de

orofaringe (INCA, 2016).

Os fatores de risco associados ao desenvolvimento do carcinoma

epidermóide oral (CEO) e carcinoma epidermóide de orofaringe (CEOR) são bem

conhecidos como, por exemplo, tabaco, álcool, radiação ultravioleta (CEO), vírus e

outros (UDEABOR et al., 2012). A carcinogênese e os mecanismos que determinam

a resposta tumoral, recidiva e metástase são os fatores que mais intrigam a

oncologia nos dias de hoje. O conhecimento do papel do reparo DNA, nestes

desfechos, constitui alvo de estudo de importantes linhas de pesquisa

(ANANTHARAMAN et al., 2014; GINSBERG et al., 2011)

O processo de reparo do dano celular antes do início da mitose é importante

mecanismo de preservação celular; entretanto, falhas nos genes responsáveis por

esses reparos podem influenciar no surgimento de câncer ou afetar a resposta aos

tratamentos (CHOUDHURY et al., 2014). Segundo Christman et al. (2003) são

reconhecidos 5 mecanismos de reparo do DNA: (1) reparo de bases mal pareadas

(MISMATCH - MMR), (2) reparo por excisão de base (Base excision repair- BER),

(3) reparo por excisão de nucleotídeo (Nucleotide excision repair- NER), (4) reparo

por reversão direta do dano e (5) reparo da quebra de dupla fita por recombinação

homóloga (Homologous recombination- HR) e por recombinação não homóloga

(Non-homologous end-joinning- NHEJ).

Estudos têm demonstrado que a variação na capacidade de reparo do DNA

pode ser resultado de polimorfismos funcionais nestes genes, e alguns destes

experimentos sugerem que a presença de polimorfismos de nucleotídeos simples

(SNPs, do inglês single-nucleotide polymorphisms), em genes de reparo, está

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relacionada ao desenvolvimento do câncer e resposta variável ao tratamento de

vários cânceres, incluindo o CEO e CEOR (OSTI et al., 2015). Nessa pesquisa, avaliamos a frequência de três SNPs em dois genes de

reparo da quebra de dupla fita do DNA, RAD51 172G>T (rs1801321), RAD51

135G>C (rs1801320) e XRCC3 T241M (rs861539) em indivíduos sem câncer e

indivíduos com CEO e CEOR e relacionamos tais achados com características

clinicopatológicas e com os desfechos clínicos: resposta tumoral ao tratamento com

radioterapia e quimioterapia, sobrevida livre de doença e sobrevida global.

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REVISÃO DA LITERATURA

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 CARCINOMA EPIDERMÓIDE

Anualmente, nos Estados Unidos, mais de quarenta e cinco mil pessoas são

afetadas por um tumor na região de cabeça e pescoço. Mais de 90% dos tumores

localizados na região de cabeça e pescoço são carcinomas epidermóides, também

denominado carcinoma de células escamosas ou carcinoma espinocelular. Podem

estar relacionados a fatores etiológicos como: tabaco, álcool ou a alguns subtipos do

vírus do papiloma humano (HPV) (VAEZI et al., 2012).

O carcinoma epidermóide é uma neoplasia maligna que se origina no epitélio

de revestimento. Considerando todos os neoplasmas malignos, aproximadamente

3% a 5% dos mesmos ocorrem na região de cabeça e pescoço. Deste total,

aproximadamente a metade envolve especificamente a cavidade oral e orofaringe

(KADEMANI et al., 2005; SCULLY; BAGAN, 2009).

Dentre os variados tipos histológicos de cânceres que ocorrem na cavidade

oral e orofaringe, o carcinoma epidermóide é o mais frequente, perfazendo mais de

90% de todos os casos de câncer nestes sítios anatômicos (JOHNSON;

JAYASEKARA; AMARASINGHE, 2011).

A carcinogênese é um evento dependente de vários fatores intrínsecos e

extrínsecos. Carcinógenos presentes no tabaco, associado a outros fatores como o

álcool, desnutrição e fatores biológicos, tais como infecções virais, resultam no

descontrole do crescimento e diferenciação celular (NAGPAL; DAS, 2003;

ROSENQUIST et al., 2005).

Em relação aos fatores intrínsecos, a carcinogênese oral e orofaríngea, está

associada às alterações genéticas cumulativas, que refletem a suscetibilidade à

mutação e a tendência do genoma para adquirir múltiplas alterações, conduzindo ao

desequilíbrio no ciclo celular, incluindo divisão, diferenciação e morte das células. Os

outros fatores intrínsecos relacionados com a etiologia do CEO e CEOR são

principalmente a imunossupressão e as deficiências nutricionais (PETTI; MASOOD;

SCULLY, 2013).

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A relação entre o desenvolvimento do carcinoma e o ato de fumar está bem

estabelecida. O tabaco é usado em todo mundo em diversas formas; contudo, o

fumo de cigarros manufaturados é a forma mais prevalente. O uso de cachimbo e

charutos é também considerado um importante fator de risco em CEO. Nos países

em desenvolvimento, o hábito de mascar fumo é extensamente propagado. No

continente asiático, é evidente o aumento do risco de carcinomas de cabeça e

pescoço (CCP) entre mascadores de fumo comparado a não mascadores

(JOHNSON; JAYASEKARA; AMARASINGHE, 2011).

O ato de fumar/mascar tabaco pode causar reações oxidativas nos tecidos,

que têm sido implicadas na iniciação de reações que produzem radicais livres nos

eventos celulares. Assim, a presença de oxigênio reativo pode causar dano às

proteínas, aos carboidratos, aos lipídios e ao DNA. O menor dano ao DNA pode

resultar em mutagênese e em alteração no ciclo celular. Além disso, vários produtos

da combustão advindos do ato de fumar tabaco são carcinogênicos, dos quais os

hidrocarbonetos aromáticos policíclicos são predominantes. Um aumento da

permeabilidade da mucosa bucal facilita a passagem da N-nitrosonornicotina, uma

das nitrosaminas mais carcinogênicas do cigarro (MADANI et al., 2014).

Existe ainda o pirobenzeno que ao ser metabolizado pelo citocromo p450 por

meio de reações monooxidativas, produz espécies que formam DNA adulterado.

Quantidades pequenas do pirobenzeno são suficientes para promover a

carcinogênese (CHI et al., 2009). Conforme Souza; Fontes; Bolanho (2009), o

tabaco é responsável por 90% dos casos de carcinoma epidermóide oral e é

prejudicial nas suas diversas formas, tanto mascado como fumado. Dependendo do

tipo e da quantidade do tabaco utilizado, os tabagistas apresentam probabilidade 4 a

15 vezes maior de desenvolver o CCP, que os não tabagistas. Segundo O’Regan et

al. (2006), 41% dos CCP podem estar relacionados ao hábito de fumar. Ribeiro et al.

(2009) mostraram que dos 46 casos de carcinoma epidermóide em jovens

brasileiros, com média de idade abaixo de 45 anos, 70% destes eram tabagistas e

etilistas, e 65% foram diagnosticados em estadiamento clínico III e IV.

Outro fator extrínseco importante é o álcool, responsável principalmente pelos

casos de carcinoma epidermóide localizados na língua e assoalho bucal. Ainda não

está claro como o consumo de álcool, por si só, pode elevar o risco para o

desenvolvimento do CCP uma vez que o etanol sozinho não foi confirmado como

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carcinogênico (ANANTHARAMAN et al., 2014). O acetaldeído, primeiro metabólito

do etanol, parece agir como um solvente, facilitando a passagem de carcinógenos

através das membranas celulares. O consumo de álcool também eleva a atividade

metabólica do fígado, podendo, por conseguinte, ativar substâncias carcinogênicas.

Além disso, o consumo de álcool pode alterar o metabolismo intracelular das células

epiteliais com as quais ele entra em contato (efeito local). Este prejuízo da função

celular pode ser agravado se coexistirem deficiências nutricionais, incluindo vitamina

C, niacina, riboflavina e ferro (PETTI; MASOOD; SCULLY, 2013).

A respeito da dieta, tem-se destacado o papel da mesma na incidência dos

cânceres epiteliais. Fatores dietéticos parecem estar envolvidos em

aproximadamente 30% dos cânceres em países ocidentais, pelo fato do alto

consumo de produtos animais, gordura e açúcar. A contribuição da dieta como fator

de risco do câncer em países em desenvolvimento é menor, provavelmente em

torno de 20%, onde a dieta é baseada em um ou dois tipos de alimentos que têm

como matéria-prima o amido, baixa ingestão de produtos animais, gordura e açúcar

(LANGIUS et al., 2013).

Alguns micronutrientes encontrados em frutas frescas e vegetais, tais como

as vitaminas A, C e E, os carotenóides e selênio parecem diminuir a incidência de

neoplasias malignas epiteliais. O efeito protetor de alguns destes micronutrientes

deve-se à atividade antioxidante que eles possuem como também à modulação do

metabolismo carcinogênico, alteração da transformação e diferenciação celular,

inibição da proliferação celular, expressão oncogênica e da formação endógena de

carcinogênicos, e função imune. Como regra geral de prevenção do câncer, sugere-

se selecionar uma dieta balanceada, adequadamente acrescida de frutas, vegetais e

cereais e restringir o consumo de tabaco e álcool (LI et al., 2014).

Nos dias atuais, muita atenção é reservada ao possível papel dos vírus com

potencial oncogênico. A relação do HPV com o desenvolvimento do CEO e do

CEOR, foi sugerida primeiramente por Syrjänen et al. (1983); entretanto, o papel do

HPV e de outros vírus, tais como o Epstein Barr vírus (EBV) e o Herpes Simplex

vírus (HSV), no desenvolvimento do CCP não está claramente elucidado e, assim,

parece que tais vírus, logo após sua integração irreversível ao DNA da célula

infectada, atuariam como coadjuvantes neste processo (DESCAMPS; WATTIEZ;

SAUSSEZ, 2014a).

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Termine et al. (2008) realizaram um estudo de meta-análise com 62 estudos

anteriormente publicados com relação à participação do HPV em CCP. Do total da

amostra, 4.852 casos de carcinoma epidermóide, o HPV foi detectado em 34,5%

deles. Os principais tipos encontrados fossem o HPV tipo 16 e 18, dentre a centena

de tipos existentes. Os pacientes com HPV nas células tumorais apresentam tais

lesões 5 anos antes que a média dos pacientes com tumor sem HPV.

Na orofaringe, a presença do HPV em pacientes com CEOR não etilistas ou

tabagistas, é importante informação. Tal grupo apresenta boa resposta a

radioterapia e quimioterapia. O tratamento primário, principalmente em pacientes

com doença localmente avançada passa a ser o tratamento não cirúrgico

(DESCAMPS; WATTIEZ; SAUSSEZ, 2014b).

O HPV nos tumores de cavidade oral tem baixa prevalência chegando a cerca

de 5% dos casos, bem próximo à prevalência intracelular na população geral. Não

temos na literatura embasamento para mudar conduta por esse achado na cavidade

oral (GONZÁLEZ-RAMÍREZ et al., 2013).

Na cavidade oral a língua é o sítio mais afetado. Ariyoshi et al. (2008),

observaram que em 1816 casos de câncer oral, o carcinoma epidermóide

correspondia a 88,7% de todos os casos, e destes, 59,2% acometeram homens,

com idade média de 65,2 anos, e a localização mais frequente foi a língua (40,2%),

seguida pela gengiva (32,7%), mucosa jugal (10,1%) e assoalho bucal (9,0%). Na

Índia, a mucosa jugal é a localização mais afetada em decorrência do hábito de

mascar produtos derivados do tabaco. Na orofaringe, a base da língua é o principal

sítio (MADANI et al., 2014; UDEABOR et al., 2012).

Os CEO e CEOR são caracterizados histologicamente pela invasão de ilhas e

cordões de células epiteliais no tecido conjuntivo adjacente. Estas podem se

apresentar de tamanhos variados, com núcleos geralmente grandes, muitas vezes

hipercromáticos, sendo comum a perda da relação núcleo-citoplasma. O

pleomorfismo nuclear e celular é observado, bem como disceratosee formação de

pérolas de ceratina em tumores bem diferenciados. Em casos onde o tumor ainda se

encontra em estágios iniciais, costuma-se denominá-lo superficialmente invasivo ou

microinvasivo. Em casos mais avançados as células malignas podem se estender

profundamente atingindo tecido muscular, nervoso, adiposo e/ou ósseo, podendo

ainda causar destruição de vasos sanguíneos (NEVILLE et al., 2009).

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Uma ferramenta bastante útil para avaliação do prognóstico dos CEO e

CEOR, com o intuito de prever uma melhor abordagem no tratamento do mesmo, é

o estadiamento clínico através do sistema TNM. O parâmetro “T” refere-se ao

tamanho em centímetros do tumor, o “N” à presença ou não de metástase tumoral

em linfonodos regionais e o “M” à presença ou não de metástases distantes. Após a

quantificação destes parâmetros, os tumores são classificados em estágios que

variam de I a IV e já é bem estabelecido na literatura que os tumores classificados

no estágio I exibem melhor prognóstico que aqueles no estágio IV (KADEMANI et

al., 2005). Além destes parâmetros clínicos, Jerjes et al. (2010) reportam que, o sítio

do tumor primário, espessura de invasão tumoral, envolvimento nodal,

comprometimento de margens cirúrgicas e o efeito acumulativo do tabaco e álcool

constituem importantes fatores de prognóstico.

Mesmo com o avanço da terapêutica, as taxas de sobrevivência em 5 anos

permanecem baixas. Quando os tumores são diagnosticados em estágios iniciais

respondem bem a terapêutica instituída, contudo cerca de 60% dos pacientes são

diagnosticados em estágios avançados e pouco menos de 30% são curados

(MACHADO, 2014). Rose et al (2011) detectaram em sua pesquisa que idades

avançadas, pacientes da raça negra e a utilização de tratamento não cirúrgico são

fatores que contribuem para o aumento na mortalidade dos pacientes portadores

destes tumores. Os protocolos de tratamentos instituídos são baseados na

realização de cirurgia, radioterapia e quimioterapia com cisplatina (ANG et al., 2014).

2.2 TRATAMENTO

2.2.1 Cirurgia

A cirurgia é o método de tratamento de preferência para a maioria dos

pacientes com CEO e CEOR. O tratamento cirúrgico tem como objetivo a ressecção

total da lesão e dissecção linfonodal cervical de risco. A ressecção local isolada é

tratamento exclusivo para pacientes com tumores em estágios iniciais ressecados

com margens livres. Com a cirurgia existe a possibilidade de uma maior avaliação

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do tipo histológico, grau de invasão tumoral e metástases linfonodais. O resultado

dessa avaliação histológica culmina em um estadiamento mais detalhado que

poderá ser usado para avaliar a necessidade de tratamento adjuvante (SHIM et al.,

2010).

O prognóstico de pacientes portadores de CEO e CEOR está

significativamente relacionado com a presença de metástase linfonodal cervical. A

condição linfática parece ser o maior determinante da evolução clínica do paciente.

O sítio primário e o status linfonodal são preditores independentes dos resultados

após cirurgia e radioterapia adjuvante (DE BREE; VAN DEN BREKEL, 2015;

SCHMIDT, 2015).

2.2.2 Radioterapia e quimioterapia

A radioterapia é uma opção de tratamento para tumores malignos e benignos,

cujo agente terapêutico é a radiação ionizante, ou seja, a radiação promove

ionização na área em que é aplicada tornando-a eletricamente instável. As radiações

ionizantes são divididas em corpusculares e eletromagnéticas. Radiações

corpusculares são representadas por elétrons, prótons e nêutrons; radiações

eletromagnéticas são chamadas de fótons, sendo representadas pelos raios X e por

raios gama. Na prática clínica da radioterapia, a maioria dos tratamentos é feita

através do uso de fótons (HELD, 2010).

As radiações ionizantes agem sobre o DNA nuclear levando a um dano na

dupla hélice que pode ser irreparável, consequentemente, levando à uma possível

morte celular ou perda de sua capacidade reprodutiva. O DNA duplica durante a

mitose e as células com alta atividade mitótica são mais radiossensíveis. A ação da

radiação pode ser direta ou indireta. Na ação direta, a molécula de DNA é clivada,

interferindo no processo de duplicação. Na indireta, a água é dissociada em seus

dois elementos, H + e OH -, e este último reage com as bases do DNA, interferindo

no processo de duplicação. Como a água representa a maior parte do conteúdo da

célula, o efeito indireto é proporcionalmente mais importante do que o direto

(CABRERA; YOO; BRIZEL, 2013).

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As células malignas tendem a sofrer os efeitos da radiação porque estão em

contínua multiplicação; no entanto, esta capacidade varia de acordo com o tipo

celular. Assim, há uma escala de radiossensibilidade tanto para o tumor quanto para

as células normais. Células malignas embrionárias e os linfomas são

radiossensíveis, enquanto que os carcinomas são moderadamente radiossensíveis.

Para expressar a quantidade de radiação absorvida pelos tecidos, uma unidade

internacional rad (dose absorvida de radiação) foi inicialmente proposta, isto é, a

diferença entre a radiação aplicada e a que foi absorvida através dos tecidos Esta

unidade foi substituída por Gray, definido como 1 joule por quilograma. Gy é o

símbolo para Gray, assim: 1 Gy = 100 cGy = 100 rad. A radioterapia pode ser

administrada em esquemas de curta duração até esquemas longos, com duração de

várias semanas(HARTLEY et al., 2010).

A maioria dos pacientes em radioterapia recebe uma dose total de 50-70 Gy

com objetivo curativo. Essa dose é fracionada durante um período de 5-7 semanas,

uma vez por dia, cinco dias por semana, com uma dose diária de cerca de 1,8 - 2Gy.

A justificativa para aplicações diárias de pequenas frações é baseada nos "5 Rs" da

radiobiologia: reoxigenação, redistribuição, recrutamento, repopulação e

regeneração. Dividindo a dose total em frações, os tecidos normais são poupados

devido ao reparo do dano subletal do DNA e devido à repopulação dessas células

danificadas em cada fração, ao mesmo tempo em que acrescenta dano ao tumor

devido à reoxigenação tumoral, tornando essas células mais radiossensíveis, e à

redistribuição das células no ciclo celular, permitindo que novas células cheguem à

fase de mitose, momento de maior chance de dano ao DNA pela irradiação (JHAM;

FREIRE, 2006).

A hipóxia tecidual é um tópico importante na oncologia. A eficácia da

radioterapia e de certos agentes quimioterápicos é dependente de oxigênio. A

oxigenação tecidual inadequada, em pacientes anêmicos por exemplo, reduz a

resposta à terapia. A correção da hipóxia tecidual antes do início do tratamento é de

grande importância terapêutica. A hipóxia tecidual é causada por uma redução na

perfusão ou difusão do suprimento de oxigênio ou por aumento do consumo em

situações onde a atividade metabólica está intensificada. Tumores avançados estão

associados com anemia em 50 a 70% dos casos, sendo esta anemia causada

geralmente pelo tumor antes da terapia e pode se tornar mais pronunciada durante o

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curso clínico como resultado da cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Um estudo

demonstrou uma redução significativa na sobrevida quando os pacientes eram

tratados e mantinham Hg < 12ng/dL, devido a menor ação radiobiológica indireta de

quebra do DNA (BEGG, 2010).

A radioterapia pós-operatória (adjuvante) tem sido indicada nos casos de:

margens positivas, linfonodos com extensão extracapsular, múltiplos linfonodos

positivos, invasão perineural, invasão linfática, padrão de invasão profunda e

agressiva e invasão perivascular. Embora a radioterapia tenha melhorado as taxas

de controle local, os resultados em relação à cirurgia isolada não eram animadores,

com sobrevida global de 30% em cinco anos. Na tentativa de melhorar estes

resultados, a Organização Europeia para Pesquisa e Tratamento do Câncer

(EORTC, do inglês European Organization for Research and Treatment to Cancer) e

o Grupo de Oncologia e Radioterapia (RTOG, do inglês Radiotherapy Oncology

Group) realizaram dois ensaios clínicos avaliando a inclusão de quimioterapia

(BERNIER et al., 2004, 2005). Ambos os estudos encontraram melhora no controle

loco-regional e sobrevida livre de doença nos pacientes que receberam cisplatina

em relação aos que receberam radioterapia isolada. Com base nesses dois estudos,

a cisplatina com radioterapia pós-operatória tornou-se padrão no cuidado para

pacientes com alto risco.

Em relação às técnicas de tratamento, são divididas inicialmente em dois

grupos: convencional e conformacional. A radioterapia convencional consiste no uso

do conhecimento anatômico, exame físico e radiografias adquiridas em dois planos

(0 e 90 graus) para determinação do alvo a ser irradiado. Tal técnica de

planejamento é a mais limitada na possibilidade de acertar o alvo e poupar

estruturas normais. A radioterapia conformacional surgiu na década de 70 com o

advento da tomografia. Tais imagens passaram a ser utilizadas para identificar a

doença e suas relações com as estruturas adjacentes. Com a radioterapia

conformacional (3D) foi possível a elevação nas doses de tratamento e uma

diminuição da toxicidade com o conhecimento das doses administradas em cada

órgão (FERRIGNO et al., 2010).

A radioterapia de intensidade modulada (IMRT) é um avanço no planejamento

do tratamento conformacional. Ela aperfeiçoa a entrega de irradiação para volumes

tumorais irregulares e tem a capacidade de produzir concavidades nas curvas de

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isodose de tratamento, poupando ainda mais determinados volumes, trazendo uma

menor toxicidade e morbidade. A preservação da glândula salivar (principalmente a

parótida) é um dos principais exemplos. Estudos revelam uma a redução

significativa no grau da xerostomia após um ano da radioterapia (40% vs 74%) com

o uso do IMRT em comparação ao tratamento 3D. Isto se traduz também em melhor

qualidade de vida para os pacientes (WELSH et al., 2015).

A radioterapia guiada por imagem (IGRT) aperfeiçoa o IMRT fazendo uso

adicional de técnicas de imagem para garantir a precisão e reprodutibilidade do

tratamento radioterápico. Consiste na aquisição diária de imagens da região a ser

tratada com o objetivo de corrigir qualquer desvio do isocentro de tratamento

causado por erro de localização ou pela movimentação fisiológica diária dos

diversos órgãos. Com essa técnica existe um menor risco de desvio do alvo diário

possibilitando esquemas de tratamento mais seguros e eficazes (GUPTA et al.,

2012).

Outro avanço recente em busca de um melhor tratamento radioterápico é o

uso de novas partículas carregadas, como prótons e nêutrons. Uma característica

dessas partículas é de depositar pouca energia no início da penetração na matéria

até que elas alcancem o final de sua escala (em função da sua energia), ponto onde

a maior parte da energia é depositada em uma pequena área, conhecida como “Pico

de Bragg”. A terapia com prótons é uma realidade com diversas pesquisas em

andamento, prometendo um tratamento cada vez menos tóxico (LANDRY et al.,

2015).

O tempo total de tratamento é hoje reconhecido como um importante fator

prognóstico que influencia no controle local dos pacientes tratados com radioterapia

externa e portadores de carcinoma oral. Aumento do tempo total do tratamento pode

resultar em uma diminuição do controle local variando de 1,5% para 1,7% por dia

adicional. Tal aumento se deve principalmente à toxicidade que leva a uma

interrupção temporária da irradiação e a dificuldades sociais que dificultem a vinda

diária ao serviço de radioterapia. Considerando da cirurgia até o final da

radioterapia, esse tempo não deve ser maior que 100 dias a fim de não diminuir a

taxa de controle tumoral e sobrevida Desta forma é necessário um

acompanhamento rigoroso do paciente em busca da detecção precoce da toxicidade

aguda e na detecção e resolução de possíveis dificuldades sociais. Um estudo

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avaliou essas paradas e demonstrou que 63% dos pacientes com tumores de

cabeça e pescoço tratados com radioterapia tiveram uma ou mais interrupções e as

principais causas foram paradas das máquinas para manutenção e toxicidade do

paciente (BALUKRISHNA, 2015).

O fracionamento padrão em um tratamento radioterápico consiste em uma

dose diária, cinco dias por semana, com 1,8 – 2 Gy por fração. Alguns estudos

propuseram fracionamentos alterados como possibilidades de tratamento (FU et al.,

1999). Os mais conhecidos são: hiperfracionamento (dose maior no mesmo tempo

do tratamento padrão, com mais de uma fração por dia), fracionamento acelerado

(mesma dose padrão em um menor tempo) e hiperfracionamento acelerado (dose

menor em um menor tempo). O fracionamento alterado vem apresentando melhores

resultados que o fracionamento convencional Estudos radiobiológicos afirmam que

os fracionamentos alterados, como o hiperfracionamento, são capazes de aumentar

a dose total da irradiação com aumento da toxicidade aguda, porém sem aumentar

de forma significativa a toxicidade tardia e aumentando a eficácia do tratamento

(BOURHIS et al., 2006; BUDACH et al., 2006).

O melhor esquema de radioterapia para os tumores de cabeça e pescoço é,

segundo uma meta-análise, a radioterapia com fracionamento acelerado

concomitante a quimioterapia. Existem evidências que permitem, hoje, o uso do

fracionamento alterado concomitante à quimioterapia. Há uma melhora no controle

local, sobrevida livre de metástases à distância e sobrevida câncer específica,

quando comparada com a radioterapia hiperfracionada sozinha, isso sem diferença

significativa na toxicidade tardia (BERNIER; PFISTER; COOPER, 2005; GHADJAR

et al., 2012).

Complicações orais da radioterapia são frequentes. As reações adversas irão

depender do volume, da área a ser irradiada, da dose total, do fracionamento, da

idade, das condições clínicas do paciente e dos tratamentos associados. Reações

agudas ocorrem durante o tratamento e, na maioria das vezes, são reversíveis. As

complicações tardias são normalmente irreversíveis, levando à incapacidade

permanente em geral, com piora da qualidade de vida. Dentre as complicações pós-

radioterapia, pode-se citar: 1) mucosite, que é definida como uma inflamação na

mucosa e é um importante evento adverso que pode interferir no processo da

radioterapia, alterar o controle local do tumor e, portanto, a sobrevida do paciente; 2)

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infecções bucais causadas por fungos e bactérias; 3) disfagia, que é a alteração do

paladar e surge a partir da segunda ou terceira semana da radioterapia; 4) cárie de

radiação, cujo principal causa é a diminuição da quantidade e alteração na qualidade

da saliva; 5) osteorradionecrose, que é a necrose isquêmica do osso causadas pela

radiação, sendo uma das mais graves consequências da radioterapia, causando dor,

bem como possível perda substancial da estrutura óssea; e 6) xerostomia, que é a

sensação de "boca seca”, uma das queixas mais frequentes entre os pacientes

irradiados na região da cabeça e pescoço (DUNLOP et al., 2015; ROE et al., 2010).

A quimioterapia vem sendo usada de três maneiras: quimioterapia de indução

(neoadjuvante), concomitante a radioterapia e após a radioterapia (adjuvante). A

quimioterapia de indução não demonstrou benefício quando comparada à

quimioterapia concomitante, mesmo com a associação do 5-fluoracil à cisplatina. A

quimioterapia concomitante é o esquema padrão e está associada a um aumento de

8% na sobrevida quando comparada a esquemas com radioterapia exclusiva. A

maioria dos estudos usa a Cisplatina com dose de 100 mg/m2, por três ciclos,

durante o curso da radioterapia (HOMMA et al., 2011; PIGNON et al., 2009;

SALAMA et al., 2009).

Em resumo, a adição da quimioterapia concomitante a radioterapia parece

aumentar a taxa de controle e sobrevida, com um aumento aceitável da toxicidade.

No entanto, apesar dessas agressivas modalidades de tratamento, a recidiva local

ou persistência da doença é vista em taxas que chegam a 50% e a sobrevida global

em 5 anos não ultrapassa 45%, na maioria dos estudos (GHADJAR et al., 2012).

Desta forma, torna-se importante entender o papel que o organismo

hospedeiro, com suas características genéticas, exerce na gênese e no

comportamento biológico desta neoplasia. Para tal, tem sido demonstrado que a

presença de polimorfismos em genes de reparo do DNA pode atuar tanto como fator

de risco para o desenvolvimento de vários tipos de cânceres, quanto na evolução e

prognóstico de neoplasias malignas de mama (GAO et al., 2011; RICKS-SANTI et

al., 2011), da região colorretal (KRUPA et al., 2011) e da região de cabeça e

pescoço (KONG et al., 2015).

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2.3 GENES DO REPARO DO DNA

A preservação da informação genética, que é codificada pela estrutura

química do DNA, é um processo biológico essencial na manutenção da homeostase

genômica. Esta estrutura, entretanto, constantemente sofre alterações e mudanças

no curso normal do seu metabolismo. O DNA é um longo polímero e está

susceptível a danos. A descontinuidade nessa molécula é uma ameaça para a

integridade da informação genética. Danos induzidos por estresses mecânicos, bem

como agentes endógenos (hidrólise, oxidação e alquilação) e exógenos (radiação

ionizante, ultravioleta e agentes químicos), necessitam ser urgentemente

reconhecidos e corrigidos a fim de evitar erros sequenciais e acumulativos

(KANAAR; WYMAN; ROTHSTEIN, 2008).

O genoma humano, como outros genomas, tem a capacidade de codificar

informações que protegem a sua própria integridade. As enzimas de reparo do DNA

continuamente monitoram os cromossomos para corrigir danos aos resíduos de

nucleotídeos gerados pela exposição à carcinógenos e compostos tóxicos. O dano é

parcialmente uma consequência de fatores ambientais, como radiação ultravioleta,

fumo de cigarro ou fatores da dieta ainda indefinidos (HU et al., 2013).

Uma grande proporção de alteração do DNA é causada por fatores

mutagênicos endógenos, como espécies reativas do oxigênio e metabólitos que

podem agir como agentes alquilantes (EMANUEL; SCHEINFELD, 2007).

O processo de reparo a danos ao DNA depende da atuação de algumas

dezenas de enzimas, que trabalham coletivamente reconhecendo uma base

alterada, removendo-a ao cortar o filamento do DNA. Estima-se que esses

mecanismos de reparo corrijam 99,9% dos erros iniciais (EMANUEL; SCHEINFELD,

2007b; KANAAR; WYMAN; ROTHSTEIN, 2008).

O reconhecimento e a correção apropriados de dano ao DNA requerem a

integridade da maquinaria de reparo para manter a funcionalidade celular normal.

Uma resposta defeituosa ao dano do DNA pode resultar em apoptose ou pode levar

à instabilidade genômica, crescimento celular desregulado e um aumento no risco

de câncer. Há uma considerável variação na resposta individual ao dano no DNA.

Enquanto alguns indivíduos têm uma capacidade de reparo apropriada, pacientes

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com defeitos nestas vias, tais como aqueles com xeroderma pigmentoso (XP), são

mais suscetíveis ao câncer (FLORES-OBANDO; GOLLIN; RAGIN, 2010; SINHA et

al., 2013).

Genes de reparo do DNA podem ser agrupados em: (1) genes associados

com a sinalização e regulação do reparo do DNA e (2) genes associados com

mecanismos distintos de reparo (CHRISTMANN et al., 2003):

2.1) Reparo de bases mal pareadas (MISMATCH - MMR), tais como MSH2 e

MSH6;

2.2) Reparo por excisão de base (BER, do inglês Base Excision Repair), tais

como APEX1 e XRCC1;

2.3) Reparo por excisão de nucleotídeos (NER, do inglês Nucleotide Excision

Repair), tais como XPA, XPB, XPD e XPF;

2.4) Reparo pela quebra de dupla fita do DNA (DSB, do inglês Double-Strand

Break), tais como BRCA, XRCC3 e RAD51;

2.5) reparo por reversão direta do dano, como o gene MGMT.

Alterações nestes genes podem contribuir para o desenvolvimento de

doenças. Dentre estas alterações, a literatura tem destacado a presença de

polimorfismos genéticos, como os polimorfismo de nucleotídeo único (SNP, do inglês

single nucleotide polymorphisms) que consiste na variação da sequencia do DNA

em um único nucleotídeo (WYSS et al., 2014).

Dentro de uma espécie, os cromossomos homólogos são bastante similares

entre si, mas em determinadas localizações podem haver variabilidades na

sequência do DNA. Se a variação é encontrada em uma frequência superior a 1%

da população, denomina-se polimorfismo. Genes são considerados polimórficos

funcionalmente, quando as variantes alélicas existentes, de forma estável na

população, alteram a atividade de alguma proteína (CHOUDHURY et al., 2014;

LEITE; GUERRA; DE MELO, 2005).

Em muitos casos, o SNP está associado com atividade enzimática reduzida,

mas há exemplos de variantes com atividade aumentada. Estima-se que um milhão

de SNPs (um para cada mil nucleotídeos) possa existir no genoma humano, dos

quais 60 mil estão em regiões que codificam proteínas (ARAKAKI; MARQUES;

SANTOS, 2009).

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Os polimorfismos são responsáveis pela diversidade humana. Diferentes

fenótipos são decorrentes de diferentes polimorfismos, como o sistema ABO. De

outro modo, os polimorfismos podem influenciar diretamente sobre fatores de risco

associados ao desenvolvimento e evolução de doenças (CHENG et al., 2015).

Uma revelação surpreendente advinda do sequenciamento do genoma

humano é de que a notável diversidade dos seres humanos é codificada por

aproximadamente 0,1% do DNA (cerca de 3 milhões de pares de bases), pois dois

indivíduos diferentes compartilham, em média, aproximadamente 99,9% das suas

sequências de DNA. Muito provavelmente, os segredos da predisposição para

doenças e para a resposta a agentes ambientais e a drogas deve residir nestas

regiões (MITCHELL RS, KUMAR V, ABBAS AK, 2007).

No campo dos estudos moleculares, atualmente tem-se buscado avaliar se o

grande número de polimorfismos genéticos encontrados no genoma humano pode

estar relacionado às diferenças de expressão proteica capaz de alterar o fenótipo

celular e/ou tecidual, aumentando ou não o risco de desenvolvimento de vários

distúrbios, condições e doenças de natureza variada, tais como as doenças

cardiovasculares, neoplasias benignas e malignas (XUAN; HUI; FANG, 2015).

Diante do exposto, ressalta-se que apesar da importância dos fatores

extrínsecos e hábitos deletérios relacionados à carcinogênese oral, um número

relativamente baixo de pessoas expostas a tais fatores irão desenvolver o câncer

oral. Assim, parece que a susceptibilidade genética individual tem papel fundamental

no desenvolvimento deste tipo de câncer. Além disso, estratégias de prevenção e

tratamento do câncer serão extremamente influenciadas quando for possível

identificar na população, aqueles indivíduos considerados de risco ao

desenvolvimento do câncer. Sendo assim, torna-se necessária a realização de

estudos que analisem a relevância funcional de SNPs, em especial, no CCP (HU et

al., 2013).

2.3.1 Reparo da quebra de dupla fita

Dentre os tipos possíveis de dano ao DNA da célula, provavelmente o mais

perigoso é a quebra de dupla fita, a qual pode resultar de agentes exógenos como

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radiação ionizante e certas drogas quimioterápicas, bem como de espécies reativas

do oxigênio gerados endogenamente e de estresses mecânicos sobre os

cromossomos. As DSBs do DNA são consideradas particularmente importantes

porque seu reparo é intrinsecamente mais difícil do que aqueles de outros tipos de

danos do DNA (CABRERA; YOO; BRIZEL, 2013).

O erro da DSB do DNA pode ocorrer, levando à perda ou amplificação do

material cromossômico, ou sob certas circunstâncias, a translocações nas quais

segmentos cromossômicos são trocados, às vezes, de forma recíproca. Estes

eventos podem levar à tumorigênese, se, por exemplo, a região cromossômica

deletada codificar um gene supressor tumoral ou se uma região amplificada codificar

uma proteína com potencial oncogênico. Nos casos das translocações, isto ainda

pode levar à formação de um gene de fusão que desregula ou altera a função de um

proto-oncogene. Evidências experimentais suportando a ligação entre DSBs e a

indução de mutações gênicas, aberrações cromossômicas e transformação celular

têm sido muito documentadas (CHENG et al., 2015; CHOUDHURY et al., 2014; HU

et al., 2013).

Existem mecanismos para detectar e reparar as DSBs constituídos por

proteínas altamente conservadas durante a evolução, para a ativação dos pontos de

checagem e subsequente reparo da lesão. Sua importância é evidente pelo fato de

que defeitos hereditários nesses mecanismos resultam em esterilidade, desordens

de desenvolvimento, deficiências imunes e predisposição ao câncer (MIMITOU;

SYMINGTON, 2011).

Em alguns eucariotos, uma única DSB não reparada inativando um gene

essencial pode ser suficiente para induzir a morte celular via apoptose. Há duas

principais vias para o reparo da DSB, ou seja, o reparo por recombinação homóloga

(HR) e o reparo por junção de extremidades não homólogas (NHEJ), os quais são

livres de erro e propensos a erro, respectivamente. Nos mamíferos, a via NHEJ é

predominante e a escolha entre as duas vias também depende da fase do ciclo

celular, onde a NHEJ ocorre principalmente na fase G0/G1 e a HR na fase S e G2

(CHRISTMANN et al., 2003).

Uma característica chave da HR é a preservação do material genético, uma

vez que nesta via, o molde doador de sequências de DNA é usualmente uma

cromátide irmã; por outro lado a NHEJ pode ser acompanhada por ganho ou perda

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de nucleotídeos nas junções, sendo, portanto, considerada mutagênica (MIMITOU;

SYMINGTON, 2011).

O sistema NHEJ liga as duas pontas terminais de uma DSB sem o

requerimento de homologia de sequências entre as pontas do DNA. O primeiro

passo nesta via é a ligação de um complexo heterodimérico consistindo de proteínas

Ku70 e Ku80 ao DNA danificado, protegendo-o, assim, da digestão por exonuclease.

Após a ligação ao DNA, o heterodímero Ku se associa com a subunidade catalítica

de DNA-PK (XRCC7), formando a haloenzima DNA-PK ativa. Um dos alvos da DNA-

PK é o XRCC4, o qual forma um complexo estável com a DNA ligase IV. Este

complexo, então, se liga às pontas terminais da molécula de DNA e une as

moléculas duplex de DNA com pontas terminais complementares (Figura 1)

(CHRISTMANN et al., 2003).

Figura 1: Esquema da via de reparo de DNA por junção de extremidade não homólogas Fonte: Christmann et al., 2003.

Ainda de acordo com Christmann et al. (2003), na via HR, a sequencia que

contem a lesão entra em contato físico com uma molécula de DNA não danificada,

com a qual compartilha uma homologia de sequência e é usada como fita molde

para o reparo. A HR é iniciada por uma ressecção do nucleotídeo da DSB na direção

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5 ́para 3 ́ pelo complexo MRE11-Rad50-NBS1. O DNA de fita única 3 ́ resultante é

então ligado por um complexo anelar heptamérico formado por proteínas Rad52, as

quais protegem contra a digestão exonucleolítica. A proteína Rad52 compete com o

complexo Ku pela ligação às pontas terminais do DNA e isto pode determinar se a

DSB será reparada via HR ou NHEJ. Rad52 interage com Rad51 e RPA estimulando

a atividade de troca de fita de DNA de Rad51. Rad51 forma nucleofilamentos, liga

DNA de fita única e de fita dupla e promove interações com uma região homóloga

em uma molécula de DNA não danificada. A montagem da nucleoproteína filamentar

da Rad51 é facilitada por 5 diferentes parálogos de Rad51 (Rad51B, C e D, XRCC2

e XRCC3). Após o reconhecimento da DSB, troca da fita feita pelas proteínas Rad,

síntese e ligação do DNA, migração dos ramos, as estruturas resultantes são

reconstituídas através de junções Holliday (Figura 2).

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Figura 2: Esquema da via de reparo de DNA por recombinação homóloga Fonte: Christmann et al., 2003.

A iniciação dessa checagem ao DNA é dependente do recrutamento

transitório do complexo MRE11/RAD50/NBS1 aos sítios com DSB, seguidos pelo

recrutamento e ativação da ataxia-telangectasia mutada (ATM) que é um membro da

família das quinases PIKK. Adicionalmente, outras duas PIKK, as DNA-PK e ATR

também são ativadas e estão envolvidas na resposta à DSB. ATM, ATR e DNA-PK

fosforilam vários alvos que contribuem para a resposta geral ao dano do DNA.

Assim, minutos após à DSB, ATM ativa fosforila proteínas que são essenciais para a

resposta e o reparo do DNA. Para ilustrar, ATM fosforila a histona H2AX, que

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ativada, recruta outras proteínas e inicia o processo de remodelação da cromatina

que é essencial para o processo de reparo. Pode-se ainda acrescentar como alvos

de ATM as proteinas MDC1, 53BP1 e o BRCA1. Dessa forma, observa-se que

alterações nas proteínas supracitadas podem comprometer a realização da

checagem do dano ao DNA, principalmente nas fases G1/S e G2/M. Uma vez que o

DNA é reparado, as células saem da fase de checagem e prosseguem com o ciclo

celular. Entretanto, se o dano não for reparado, a célula é direcionada para a

apoptose dependente de p53 (HAKEM, 2008).

Estudos genéticos têm elucidado os detalhes moleculares da ressecção das

pontas terminais das DSBs em Saccharomyces cerevisiae e um mecanismo de dois

passos que inclui nucleases e helicases tem sido proposto. De forma resumida, após

a DSB ser formada, o complexo MRE11- RAD50-XRS2 (MRX) é recrutado para a

ponta terminal do DNA para exercer funções arquiteturais e catalíticas. O complexo

MRX provê a nuclease MRE11, a qual coopera com SAE2 para catalizar o primeiro

passo no processamento da DSB, a remoção de um oligonucleotídeo curto da região

5 ́. O passo inicial é essencial para o processamento de DSB meiótico, no qual

DSBs são formados pela topoisomerase SPO11. Na região da clivagem do DNA, a

SPO11 permanece covalentemente ligada na região 5 ́da quebra, apresentando um

bloco para ressecção (MIMITOU; SYMINGTON, 2011).

As reações centrais de recombinação homóloga, reconhecimento de

homologia e troca da fita são mediadas por proteínas recombinases, tais como RecA

em procariotos e RAD51 em eucariotos, incluindo leveduras e mamíferos. Os

eventos de rearranjo de DNA que definem a recombinação homóloga são

catalizados pela RECA e RAD51 arranjadas em proteínas filamentares na fita única

de DNA. Estas nucleoproteínas são máquinas moleculares promovendo rearranjos

de DNA específicos através de sua montagem sequencial, rearranjo e desmontagem

(DESCAMPS; WATTIEZ; SAUSSEZ, 2014b).

A manutenção da estabilidade genética se baseia enormemente no reparo

mediado por HR. Células com mutações nos genes HR (por exemplo, BRCA1,

BRCA2, RAD51, RAD54, XRCC2 E XRCC3) exibem altos níveis de instabilidade

genética e sensibilidade à radiação ionizante. Superexpressão de Rad51, o fator

chave da recombinação homóloga tem sido observado em numerosas células

tumorais. Expressão elevada da proteína Rad51 selvagem é inversamente

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correlacionada com a gradação histológica de carcinoma ductal invasivo de mama.

Além disto, a RAD51 interage com muitas proteínas supressoras tumorais, como

p53, BLM, BRCA1 e BRCA2, indicando uma possível associação do RAD51 ao

processo de tumorigênese, porém o papel desta proteína neste processo, ainda

precisa ser melhor esclarecido (KONG et al., 2015).

De forma geral, parece haver uma correlação fundamental entre o aumento

da expressão de RAD51 e a resistência a várias drogas quimioterapêuticas,

incluindo cisplatina, actinomicina D, doxorubicina, metotrexato e taxol. Níveis

elevados de Rad51, presumivelmente, não são devido à estabilidade aumentada da

proteína, mas sim devido ao gene da RAD51 estar transcricionalmente

superregulado em linhagens de células tumorais. Por outro lado, a subregulação da

Rad51 aumenta a radiossensibilidade de células do câncer de próstata e de gliomas

malignos. Estes autores relatam ainda que o aumento nos níveis da proteína Rad51

poderia levar à recombinação descontrolada, instabilidade genômica e aumento da

resistência dos tumores à radio e quimioterapia e que a subregulação da mesma

poderia ser uma estratégia promissora para terapia tumoral (ZHOU et al., 2014).

Segundo Thacker (2005), há indicações suficientes que sugerem que as

atividades da família do gene RAD51 podem influenciar a carcinogênese,

especialmente em relação à ligação entre os genes RAD51 e BCRA. Quanto a isto,

estes autores afirmam que portadores de mutação no gene BRCA2 têm um risco

aumentado de câncer de mama, quando portam também a variante polimórfica

G135C de RAD51.

Nos últimos anos, vários estudos vêm sendo desenvolvidos no intuito de

correlacionar alguns polimorfismos deste grupo de genes de reparo do DNA

associados às DSBs com vários parâmetros em diversos tipos de tumores, como,

por exemplo, carcinoma colorretal (KRUPA; SLIWINSKI; et al., 2011), leucemia

mielóide aguda (HAMDY et al., 2011), câncer de mama (GAO et al., 2011), câncer

endometrial (KRUPA; SOBCZUK; et al., 2011) e carcinoma de células escamosas de

cabeça e pescoço (LU et al., 2007; PRATESI et al., 2011; SLIWINSKI et al., 2010;

WERBROUCK et al., 2009).

Lu et al. (2007) levantaram a hipótese de que variações genéticas na RAD51

são associadas com susceptibilidade ao câncer e que esta susceptibilidade pode ser

modulada pelo polimorfismo Arg72Pro da p53. A partir disto, eles pesquisaram a

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relação de dois polimorfismos do RAD51(135G>C e 172G>T) em 716 pacientes com

carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço e em 719 pacientes livres de

câncer como controle. Além disto, também avaliaram os efeitos destes

polimorfismos na modulação fenotípica à aberrações cromossômicas induzidas por

radiação gama nas amostras de sangue de 148 pacientes do grupo controle. Eles

encontraram uma importante associação entre o genótipo 172TT da RAD51 e um

risco diminuído de carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço nestes

pacientes estudados. Os autores sugerem que o genótipo 172TT pode conferir

proteção por aumentar a capacidade de reparo do DNA ou por reduzir a

sensibilidade mutagênica à radiação, concluindo que o polimorfismo RAD51 172G>T

pode ser um marcador da susceptibilidade reduzida ao carcinoma de células

escamosas de cabeça e pescoço.

Werbrouck et al. (2009) investigaram a associação entre polimorfismos de

alguns genes de reparo de DSBs (XRCC3, RAD51, LIG4, KU70 e KU80) e a

ocorrência de reações agudas após radioterapia de intensidade modulada em

pacientes com CCP (86 carcinomas de células escamosas e 2 adenocarcinomas).

Eles verificaram o grau de mucosite, dermatite e disfagia destes pacientes.

Concluíram que os genótipos XRCC3 (c.722CT/TT) e KU70 (c.1310CG/GG) foram

significativamente associados com o desenvolvimento de disfagia severa e nenhum

polimorfismo investigado mostrou relação com o desenvolvimento de dermatite ou

mucosite.

O gene pertencente à família do reparo de DNA por recombinação homóloga

XRCC3 (X-ray repair cross-complementing group 3) exibe função importante no

desenvolvimento de algumas neoplasias malignas e dessa forma contribui com a

manutenção da estabilidade cromossômica e auxilia no reparo do DNA (QIU et al.,

2010).

O polimorfismo mais frequente do XRCC3 é a transição C/T que resulta na

substituição do aminoácido Thr para Met no códon 241. Indivíduos com o alelo Met

exibem altos níveis de carcinógenos ligados covalentemente ao DNA de linfócitos, o

que poderia ser resultado de uma baixa capacidade de reparo do DNA (KRUPA;

SLIWINSKI et al., 2011). Os polimorfismos genéticos em genes de reparo de

recombinação homóloga, como o XRCC3, podem causar haploinsuficiência proteica

(ALSBEIH et al., 2010) e são geralmente associados com um aumento no risco de

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desenvolvimento do câncer (ROMANOWICZ- MAKOWSKA et al., 2011; SMILENOV,

2006).

Kietthubthew et al. (2006) investigaram a associação entre carcinomas

epidermoide orais e vários polimorfismos em genes de reparo de DNA, dentre estes

XRCC3 (c.722C>T (Thr241Met)) em uma população Tailandesa. Além de

observarem um risco aumentado para tais neoplasias e a ocorrência do polimorfismo

supracitado, os autores observaram um risco maior quando este polimorfismo foi

combinado com outros (XRCC1 194Trp, XPD exon 6). Estes resultados indicam a

existência de interações sinérgicas entre determinados genótipos mais susceptíveis

ao carcinoma oral de células escamosas. Um risco ainda maior foi encontrado nos

pacientes portadores do alelo polimórfico para o XRCC3 241Met e XRCC1 194Trp

associado à ingestão de bebidas alcoólicas e ao fumo, sugerindo que os

polimorfismos pesquisados podem modificar a susceptibilidade individual para

determinados carcinógenos ambientais.

Em estudo semelhante, Werbrouck et al. (2008) avaliaram a associação entre

nove polimorfismos em genes de reparo de DNA (XRCC3 (c.-1843A>G, c.562-

14A>G, c.722C>T), RAD51 (c.-3429 G>C, c.-3392 G>T), LIG4 (c.26 C>T, c.1704

T>C), KU70 (c.-1310 C>G), KU80 (c.2110-2408 G>A)) e o risco de desenvolvimento

de carcinomas de células escamosas de cabeça e pescoço. Observou-se uma

associação significativa entre o polimorfismo XRCC3 (c.722) e o risco para os

carcinomas anteriormente citados. O alelo polimórfico de LIG4 (c.26 C>T), por sua

vez, exibiu a associação negativa mais forte com o risco para esta neoplasia,

sugerindo que o alelo polimórfico possui um efeito protetor na susceptibilidade

individual para o câncer. A variante c.-3429 de RAD51 exibiu também um efeito

protetor, estando relacionado principalmente ao câncer na cavidade oral onde houve

uma diminuição do risco de até 10 vezes. Os autores sugerem que o produto do

gene RAD51 polimórfico pode possuir uma função alterada, diferente da proteína

normal.

Sliwinski et al. (2010) avaliaram a correlação entre o risco do desenvolvimento

de carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço e o polimorfismo em dois

genes de reparo de DNA: o XRCC3 (Thr241Met) e o RAD51 (G135C). A amostra foi

composta por 97 pacientes com lesões hiperplásicas pré-cancerígenas da laringe ,

191 com carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço e 353 pacientes

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saudáveis. Os genótipos GT e TT do XRCC3 e o GC do RAD51 foram relacionados

com um aumento no risco para a PHLL e o carcinoma de células escamosas, tanto

individualmente quanto com os dois grupos de pacientes combinados. Também se

evidenciou uma correlação em direções opostas entre as variantes polimórficas do

XRCC3 e as do RAD51 (exceto 135CC), o tempo de duração ou intensidade do

hábito de fumar e ingerir bebidas alcoólicas e o risco para as mesmas patologias. Os

autores ainda citam que esses SNPs podem ser considerados como marcadores de

diagnóstico precoce para a ocorrência de câncer de cabeça e pescoço. Os padrões

de expressão e as atividades biológicas destas variantes polimórficas in vivo

poderão esclarecer seu real papel no risco para o câncer em nível molecular.

Pereira et al. (2016) analisaram, através de PCR-RFLP, a presença do SNP

no gene XRCC3 e observaram uma maior presença de metástase e de pacientes

com estádio III e IV quando ao menos um alelo polimórfico esteve presente.

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PROPOSIÇÃO

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3 PROPOSIÇÃO

3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Investigar a frequência de três SNPs nos genes de reparo de DNA RAD51

172G>T (c.-61 G>T, rs1801321), RAD51 135G>C (c.-98 G>C, rs1801320) e XRCC3

T241M (c. 722 C>T, rs861539) em pacientes com CEO e de CEOR comparando

com indivíduos sem câncer.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

• Investigar possíveis associações destes polimorfismos com os

seguintes parâmetros relacionados aos desfechos clínicos: resposta

tumoral ao tratamento com radioterapia e quimioterapia, sobrevida livre

de doença e sobrevida global.

• Investigar possíveis associações destes polimorfismos com as

variáveis clinicopatológicas dos casos.

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MATERIAL E MÉTODOS

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 IMPLICAÇÕES ÉTICAS

O presente trabalho faz parte da pesquisa intitulada “Correlações

clinicopatológicas, imuno-histoquímicas e de resposta ao tratamento quimioterápico

e radioterápico com polimorfismos em genes do reparo do DNA em pacientes com

Carcinoma de Células Escamosas de Cabeça e Pescoço”, que foi aprovado pelo

Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Dr. Luiz Antônio da Liga Norte-

Riograndense Contra o Câncer sob protocolo número 022/022/2014 (ANEXO 1).

Todos os pacientes selecionados para participar do estudo foram devidamente

esclarecidos quanto aos seus objetivos e, caso concordassem em participar, foram

convidados a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE –

APÊNDICE A).

4.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO

O presente trabalho representou um estudo de coorte longitudinal prospectivo

e um estudo de caso controle, no qual foi realizada investigação de três SNPs em

dois genes de reparo de DNA (XRCC3 e RAD51) em uma série de casos de CEO e

CEOR e indivíduos sem câncer da população.

4.3 AMOSTRA

A amostra desta pesquisa foi constituída por pacientes com CEO e CEOR,

diagnosticados e tratados entre os anos de 2011 a 2014, no Hospital Dr. Luiz

Antônio da Liga Norte-Riograndense Contra o Câncer.

Como critérios de inclusão na amostra:

• quantidade suficiente de sangue coletado do indivíduo;

• quantidade suficiente de DNA extraído;

• casos com prontuários contendo dados necessários para a realização

do estudo;

Como critérios de exclusão:

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• impossibilidade de avaliar o material genético.

• paciente não terminou o tratamento.

• presença de história prévia de câncer.

A amostra foi dividida em dois grupos de acordo como o tratamento recebido:

• Grupo 1 - pacientes tratados com cirurgia seguida de radioterapia e

quimioterapia adjuvantes.

• Grupo 2 - pacientes tratados com radioterapia e quimioterapia

exclusivas, seguido ou não de cirurgia de resgate, até seis meses após

o tratamento clínico, caso não tenha resposta completa.

Adicionalmente, para verificar se os polimorfismos em estudo, nos pacientes,

encontravam-se em consonância com a Lei de Hardy-Weinberg, foram utilizadas

amostras de DNA de 130 indivíduos, armazenadas no Laboratório de Análises

Clínicas da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Estas amostras foram de indivíduos que, de acordo com a história médica

pregressa, não possuíam relato de câncer, e correspondiam a material armazenado

proveniente de projeto de pesquisa já executado e aprovado pelo Comitê de Ética e

Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, ainda não publicada.

Esse foi o grupo controle.

4.4 COLETA DOS DADOS CLINICOPATOLÓGICOS

Os dados clínicos como sexo, idade, localização tumoral e grau histológico do

tumor e informações sobre hábito de fumar e beber foram obtidos antes da coleta de

sangue, através de anamnese e analise de prontuários. Dados a respeito do

estadiamento e tratamento clínico e/ou cirúrgico foram coletados em prontuário até o

final do tempo de seguimento (julho de 2015).

Os pacientes podiam fazer o tratamento de duas maneiras:

• Grupo 1: Cirurgia seguida de radioterapia e quimioterapia adjuvantes.

o Variáveis:

§ Estádio cirúrgico

§ Grau histológico

§ Margens cirúrgicas

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§ Infiltração angiolinfática e perineural

§ Linfonodos com Extensão extracapsular

• Grupo 2: Radioterapia e quimioterapia exclusivas, seguidas ou não de

cirurgia de resgate.

o Variáveis:

§ Estádio clínico

§ Grau histológico

Em relação aos desfechos após tratamento observamos as seguintes

variáveis:

• Grupo 1

o Variáveis:

§ Sobrevida livre de doença

§ Sobrevida global

§ Seguimento

• Grupo 2

o Variáveis:

§ Resposta ao tratamento clínico, avaliada através do

exame físico e exames de imagem, até três meses após o

termino do tratamento (critérios da OMS).

• resposta completa: ausência de doença

• resposta parcial: redução tumoral maior que 50%

em relação ao quadro inicial, avliado pelo exame

físico e de imagem

• ausência de resposta: redução tumoral menor que

50% em relação ao tumor inicial ou progressão da

doença

§ Sobrevida livre de doença

§ Sobrevida global

§ Seguimento

Todos os dados foram, inicialmente, anotados em fichas clínicas elaboradas

para a pesquisa (APÊNDICE B, C, D e E).

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4.5 COLETA DE SANGUE

Os pacientes foram convidados a participar do estudo, antes do início do

tratamento de radioterapia e quimioterapia, e após assinarem o TCLE, procedeu-se

a coleta de sangue (4 ml) em tubos a vácuo contendo EDTA (vacutainer®), de onde,

posteriormente, foi realizada a extração do DNA.

4.6 EXTRAÇÃO DO DNA

As amostras sanguíneas foram coletadas em tubos a vácuo com EDTA

(sistema Vacutainer®) e transferidas para um tubo falcon de 15 ml para serem

centrifugadas a 2000 rpm, por 10 minutos, a 4ºC. Após a centrifugação, o plasma foi

separado do pellet de células, e o sobrenadante de plasma foi descartado. Ao pellet

foi acrescidos 5 vezes o seu volume, de tampão para lise de hemácias (0.1M cloreto

de amônio, 0.01M bicarbonato de amônio e água MiliQ qsp 1 litro). Após a adição, a

amostra foi agitada vigorosamente por 30 segundos, em seguida incubada em gelo

por 15 minutos, sendo agitada por 30 segundos a cada 5 minutos. Após este

procedimento, a amostra foi centrifugada a 2000 rpm, por 15 minutos, a 4ºC, e o

sobrenadante foi descartado. Novamente, foram adicionados 5 vezes o volume, do

tampão de lise de hemácias e o passo foi repetido. Ao fim, após a obtenção do pellet

de leucócitos, foi realizado o procedimento de precipitação salina.

O pellet de leucócitos foi suspendido novamente em 3 ml de tampão de lise

de leucócitos (10 mM Tris-HCl, 400 mM NaCl, 2 mM Na2EDTA pH 8.2). Após

suspensão, foram adicionados 0.2 ml de SDS 10% e 0.5 ml de solução de

proteinase K (1 mg de proteinase K, 1% SDS a 10% e 2mM Na2EDTA) e a amostra

permaneceu em estufa a 37 ºC por 18 horas. Após esse período, foi adicionada uma

solução saturada de NaCl (6M) que, em seguida, foi mantida no vórtex, em

velocidade média, por 15 minutos. Logo após, a amostra foi centrifugada a 2500

rpm, por 15 minutos, a 20 ºC. O sobrenadante foi transferido para outro tubo falcon

de 15 ml onde foram acrescidos 2 volumes de etanol absoluto a -20ºC. O tubo foi

invertido diversas vezes até a precipitação do DNA. As fitas do DNA foram coletadas

com auxílio de microponteiras e transferidas para microtubos contendo 200 µl de

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tampão TE (10mM Tris-HCl, 0.2 mM Na2EDTA pH 7.5). O material foi incubado por

2 horas a 37ºC antes de ser quantificado e analisado em gel de agarose.

4.6.1 Avaliação da eficiência da extração do DNA

O DNA extraído do sangue foi avaliado quantitativa e qualitativamente. Para

verificar sua eficácia, todas as amostras foram submetidas à análise por

espectrofotometria e por eletroforese em gel de agarose a 1% corado com SYBR

Green®. A espectrofotometria para quantificação da concentração e pureza do DNA

extraído foi realizada através de aparelho de precisão (Nanovue, GE Healthcare Life

Sciences, UK) pela razão A260nm/A280nm.

4.6.2 Genotipagem da amostra

Para genotipagem dos SNPs foi utilizado o TaqMan 5’-exonuclease allelic

discrimination assays (Applied Biosystems, Foster City, CA). Foram pipetados 3,8 µl

de amostra de DNA a 5ng/ µl, acrescido de 0,2 µl de sonda 40X (rs861539 –

XRCC3, rs1801320 e rs1801321 – RAD51) e 4 µl de Master Mix Genotyping em

placas de 96 poços. A reação em cadeia da polimerase (PCR, do inglês Polymerase

Chain Reaction) em tempo real foi realizada no StepOnePlus Real-Time PCR

Systems (Applied Byosystems). As condições da PCR em tempo real foram:

aquecimento inicial 60°C por 30 segundos, 95°C por 10 minutos, 50 ciclos (92°C por

15 segundos e 60°C por 1 minuto) e 60°C por 30 segundos. No final do experimento,

o software StepOnePlus informou os genótipos das amostras que foram anotados

em fichas (APÊNDICE E). A genotipagem foi repetida aleatoriamente em 10% das

amostras.

4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA

As informações demográficas, clínicas, as referentes ao seguimento e a

análise da genotipagem dos SNPs das proteínas de reparo nos grupos de casos e

grupo controle foram tabuladas no software Microsoft Excel (Microsoft Corporation,

USA) e posteriormente transferidas para análise estatística.

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As frequências alélicas para cada polimorfismo dos genes de reparo nos

grupos foram determinadas por contagem gênica direta. Foi aplicado o binômio p2 +

2pq + q2 para definição da frequência genotípica da Lei de Hardy-Weinberg

(frequência esperada) através das frequências alélicas encontradas nos indivíduos

com CEO e CEOR, grupo controle e amostra total. De posse dos percentuais das

frequências esperadas, foi utilizado o teste χ2 para associá-las com os percentuais

das frequências observadas. Dessa forma, foi verificado se a distribuição dos alelos

na amostra estudada encontrava-se dentro do equilíbrio de Hardy-Weinberg.

Posteriormente, foram empregados testes estatísticos apropriados:

• foi utilizado o teste do qui-quadrado e, posteriormente, a regressão

logística para averiguar a relação da frequência genotípica dos SNPs

(no modelo aditivo e dominante) entre os pacientes com carcinoma e do

grupo controle, além do cálculo do Odds ratio com intervalo de

confiança de 95%.

• o teste do qui-quadrado também foi utilizado para analisar a associação

entre os genótipos dos SNPs com sítio tumoral, grau histológico (OMS)

e tipo histológico.

• para avaliar o valor preditivo de resposta e controle tumoral, a relação

entre os genótipos dos SNPs com resposta a radioterapia e

quimioterapia, sobrevida livre de doença (local e metastática) e

sobrevida global foram analisadas por meio da curva de Kaplan-Meier

(Logrank test).

• análise multivariada de Cox para avaliar a correção dos variáveis com

os desfechos definidos

Para todos os testes estatísticos utilizados, foi considerado um nível de

significância de 5% (α=0,05). A análise estatística foi realizada com o objetivo de

testar as seguintes hipóteses:

H1

• H1.0 – Não há associação entre polimorfismos nos genes XRCC3 e RAD51 e

um maior risco de desenvolver carcinoma epidermoide de cavidade oral ou

orofaringe.

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• H1.1 – Há associação entre polimorfismos nos genes XRCC3 e RAD51 e um

maior risco de desenvolver carcinoma epidermoide de cavidade oral ou

orofaringe.

H2

• H2.0 – Não há associação entre polimorfismos nos genes XRCC3 e RAD51 e

uma melhor resposta clínica a radioterapia e quimioterapia em pacientes

carcinoma epidermoide de cavidade oral ou orofaringe.

• H2.1 – Há associação entre polimorfismos nos genes XRCC3 e RAD51 e uma

melhor resposta clínica a radioterapia e quimioterapia em pacientes com

carcinoma epidermoide de cavidade oral ou orofaringe.

H3

• H3.0 - Não há associação entre os polimorfismos nos genes XRCC3 e RAD51

e uma melhor sobrevida livre de doença em pacientes com carcinoma

epidermoide de cavidade oral ou orofaringe.

• H3.1 - Há associação entre os polimorfismos nos genes XRCC3 e RAD51 e

uma melhor sobrevida livre de doença em pacientes com carcinoma

epidermoide de cavidade oral ou orofaringe.

H4

• H4.0 - Não há associação entre os polimorfismos nos genes XRCC3 e RAD51

e uma melhor sobrevida global do paciente com carcinoma epidermoide de

cavidade oral ou orofaringe.

• H4.1 - Há associação entre os polimorfismos nos genes XRCC3 e RAD51 e

uma melhor sobrevida global do paciente com carcinoma epidermoide de

cavidade oral ou orofaringe.

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H5

• H5.0 - Não há associação entre os polimorfismos nos genes XRCC3 e RAD51

e as variáveis clinicopatológicas do paciente com carcinoma epidermoide de

cavidade oral ou orofaringe.

• H5.1 - Há associação entre os polimorfismos nos genes XRCC3 e RAD51 e as

variáveis clinicopatológicas do paciente com carcinoma epidermoide de

cavidade oral ou orofaringe.

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RESULTADOS

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5 RESULTADOS

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

A amostra deste estudo foi composta de 126 pacientes diagnosticados com

CEO ou CEOR e 130 indivíduos sem câncer identificados como grupo controle. A

média de idade dos pacientes com câncer foi de 62,63 anos (mínimo de 30 anos e

máximo de 94 anos). De acordo com o gênero, a maioria foi composta por homens

(n=95, 75,4%). Em relação ao álcool e tabaco, percebeu-se um consumo mais

expressivo entre os pacientes com carcinoma (n=92, 73% para o álcool; n=114,

90,5% para o tabaco). As características demográficas dos pacientes e dos

indivíduos do grupo controle encontram-se listadas na Tabela 1.

Tabela 1 -Distribuição das características da amostra de casos e controles. Natal/2016.

Variável Grupo Controle

n (%)

Grupo Câncer

n (%) Valor de p

Oral Orofaringe

Idade (media) 43 62,63 p<0,001

Gênero

Feminino 75 (57,7%) 26 (32%) 5 (11,1%) p<0,0001

Masculino 55 (42,3%) 55(68%) 40 (88,9%)

Consumo de álcool

Sim 64 (49,2%) 55 (68,7%) 37 (82,2%) p<0,0001

Não 66 (50,8%) 25 (31,3%) 8 (17,8%)

Tabagismo

Sim 15 (11,5%) 71 (88,8%) 43 (95,6%) p<0,0001

Não 115 (88,5%) 9 (11,3%) 2 (0,4%)

Fonte: Liga Contra o Cancer, 2016.

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5.2 CARACTERÍSTICAS E DISTRIBUIÇÃO DA FREQUÊNCIA DOS POLIMORFISMOS

As características dos polimorfismos estudados estão presentes no Quadro 1.

Quadro 1 - Características dos polimorfismos de nucleotídeo únicos (SNPs). Natal, 2016.

Gene SNP Cromossomo Posição Alelos

XRCC3 rs861539 14 104,165,753 C/T

RAD51 rs1801320 15 40,695,330 G/C

RAD51 rs1801321 15 40,695,367 G/T

Fonte: Elaboração Própria, 2016.

Todos os polimorfismos analisados encontravam-se em equilíbrio de Hardy-

Weinberg, uma vez que o valor de é menor que 3,84, valor encontrado com um

nível de significância de 5% (Quadro 2).

Quadro 2 - Frequência alélica e genotípica dos polimorfismos estudados. Natal/2016.

SNP p q Frequência genotípica observada

p2 2pq q2

RAD51-172G/T

rs1801321 0.39 0.61 0.15 0.47 0.37 3.36

RAD51 135G>C

rs1801320 0.93 0.07 0.86 0.13 0.005 0.41

XRCC3 T241M

rs861539 0.76 0.24 0.57 0.36 0.06 0.14

Fonte: Elaboração Própria, 2016.

A Tabela 2 mostra a distribuição dos genótipos nos grupos controle e de

carcinoma epidermóide no modelo aditivo. No entanto, para as análises posteriores,

foi utilizado o modelo dominante (Tabelas 3 e 4). Nesse modelo, considera-se um

grupo sem alelos polimórficos (referência) e outro grupo que representa a soma dos

casos com um ou dois alelos polimórficos (heterozigoto e homozigoto variante,

respectivamente).

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Tabela 2 - Distribuição dos genótipos nos grupos controle e carcinoma de células escamosas oral e de orofaringe no modelo aditivo. Natal/2016.

Variável Grupo Controle n (%)

Grupo Câncer n (%)

Oral Orofaringe rs861539 (XRCC3)

CC 73 (56,2%) 50(62,9%) 27 (60%) CT 45 (34,6%) 30 (37%) 16 (35,6%)

TT 12 (9,2 %) 1 (0,1%) 2 (0,4%) rs1801320 (RAD51)

GG 111 (85,4%) 72(88,9%) 38 (84,4%)

GC 17 (13,1%) 9 (11,1%) 7 (15,6%)

CC 2 (0,1%) 0 (0%) 0 (0%) rs1801321 (RAD51)

GG 51 (57,7%) 30(37%) 21 (46,7%)

GT 56 (57,7%) 36 (44,4%) 16 (35,6%)

TT 23 (42,3%) 15(18,6%) 8 (17,8%) Fonte: Elaboração Própria, 2016.

Tabela 3 - Distribuição dos genótipos nos grupos controle e carcinoma de células escamosas oral no modelo dominante. Natal, 2016.

Variável Grupo Controle n(%)

Grupo Câncer Oral n(%) OR (95% IC) Valor de p

ajustado

rs861539 (XRCC3) CC 73 (56,2%) 50 (61,7%) Referência 0,848 TT+CT 57 (43,8%) 31 (38,3%) 1,25 (0,71 – 2,21)

rs1801320 (RAD51)

GG 111 (85,4%) 72 (88,9%) Referência 0,709 CC+GC 19 (14,6%) 9 (11,1%) 1,369 (0,58 – 3,19) rs1801321 (RAD51)

GG 51 (39,2%) 30 (37%) Referência 0,273 TT+GT 79 (60,8%) 51 (63%) 0,911 (0,514 – 1,614) Fonte: Elaboração Própria, 2016.

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Tabela 4 - Distribuição dos genótipos nos grupos controle e carcinoma de células escamosas de orofaringe no modelo dominante. Natal,2016.

Variável Grupo Controle n(%)

Grupo Câncer Orofaringe

n(%) OR (95% IC) Valor de p

rs861539 (XRCC3)

CC 73 (56,2%) 27 (60%) Referência 0,864 TT+CT 57 (43,8%) 18 (40%) 1,17 (0,58 – 2,33) rs1801320 (RAD51)

GG 111 (85,4%) 38 (84,4%) Referência 0,436 CC+GC 19 (14,6%) 7 (15,6%) 0,929 (0,36 – 2,38) rs1801321 (RAD51)

GG 51 (39,2%) 21 (46,7%) Referência 0,350 TT+GT 79 (60,8%) 24 (53,3%) 1,35 (0,684 – 2,68)

Fonte: Elaboração Própria, 2016.

De acordo com os resultados apresentados observa-se que a presença dos

SNPs analisados não revelou ser um fator de risco para o desenvolvimento de CEO

ou CEOR na população estudada.

5.3 DISTRIBUIÇÃO DA FREQUÊNCIA DOS POLIMORFISMOS ASSOCIADO AO

HÁBITO DE BEBER OU FUMAR

A distribuição dos genótipos, associados ao consumo de bebida alcoólica e

hábito de fumar, com o risco de desenvolvimento do CEO ou CEOR, encontra-se

nas tabelas 5 e 6, respectivamente.

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Tabela 5 - Associação entre os genótipos e consumo de bebidas alcoólicas no risco de ocorrência do carcinoma de células escamosa oral e de orofaringe (modelo dominante). Natal/2016

Variável Grupo Controle n(%)

Grupo Câncer n(%) OR (95% IC) Valor de p

ajustado rs861539 (XRCC3) CC e não álcool 38 (29,2%) 21 (16,6%) Referência

0,0004 0,0001

TT+CT ou álcool 63 (48,5%) 69 (54,8%) 1,981 (1,052 – 3,732) TT+CT e álcool 29 (22,3%) 36 (28,6%) 2,193 (1,089 – 4,630) rs1801320 (RAD51) GG e não álcool 55 (42,3%) 30 (23,8%) Referência CC+GC ou álcool 67 (51,5%) 82 (65,1%) 2,243 (1,295 – 3,887) 0,0001 CC+GC e álcool 8 (6,2%) 14 (11,1%) 2,979 (1,11 – 7,991) 0,0012 rs1801321 (RAD51) GG e não álcool 28 (21,5%) 13 (10,3%) Referência TT+GT ou álcool 61 (46,9%) 57 (45,2%) 2,012 (0,959 – 4,262) 0,0432 TT+GT e álcool 41 (31,5%) 56 (44,4%) 2,88 (1,334 – 6,253) 0,0001 Fonte: Elaboração Própria, 2016.

Pode-se observar que a presença do alelo polimórfico, em qualquer um dos

genes estudados, associado ao uso do álcool, aumenta o risco de desenvolvimento

do CEO ou CEOR. Esse risco pode ser até três vezes maior no caso dos SNP

rs1801320 (RAD51).

Tabela 6 - Associação entre os genótipos e o tabagismo no risco de ocorrência do carcinoma de células escamosa oral ou de orofaringe (modelo dominante). Natal/2016.

Variável Grupo Controle n(%)

Grupo Câncer n(%) OR (95% IC) Valor de p

ajustado rs861539 (XRCC3) CC e não tabaco 64 (29,2%) 7 (16,6%) Referência

<0,0001 <0,0001

TT+CT ou tabaco 60 (48,5%) 75 (54,8%) 11,42 (4,88 – 26,76) TT+CT e tabaco 6 (22,3%) 44 (28,6%) 67,04 (21,10 – 213,02) rs1801320 (RAD51) GG e não tabaco 97 (42,3%) 8 (23,8%) Referência CC+GC ou tabaco 32 (51,5%) 104 (65,1%) 39,40 (17,30 – 89,71) <0,0001 CC+GC e tabaco 1 (6,2%) 13 (11,1%) 157,62 (18,21 – 1364,04) <0,0001 rs1801321 (RAD51) GG e não tabaco 47 (21,5%) 5 (10,3%) Referência TT+GT ou tabaco 72 (46,9%) 51 (45,2%) 6,658 (2,475 – 17,90) 0,0016 TT+GT e tabaco 11 (31,5%) 69 (44,4%) 58,96 (19,23 – 180,76) <0,0001 Fonte: Elaboração Própria, 2016.

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Em relação ao tabagismo o risco é conhecidamente maior. Contudo a

associação com a presença do alelo polimórfico, em qualquer um dos genes

estudados, associado ao uso do tabaco aumentou ainda mais esse risco. No SNP

rs1801320 (RAD51) esse risco é mais que cento e cinquenta vezes maior.

5.4 ASSOCIAÇÃO ENTRE OS GENÓTIPOS E AS VARIÁVEIS DEMOGRÁFICAS E

CLÍNICAS

A relação entre os genótipos e as variáveis demográficas e clínicas,

encontram-se na tabela 7 (XRCC3 – rs861539), tabela 8 (RAD51 – rs1801320) e

tabela 9 (RAD51 – rs1801321).

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Tabela 7 - Associação entre os genótipos do XRCC3 (rs861539) e variáveis demográficas e clínicas dos pacientes com carcinoma de células escamosas oral e de orofaringe. Natal/2016.

Parâmetro rs861539 (XRCC3)

Valor de p CC Nº de pacientes (%)

TT+CT Nº de pacientes (%)

Gênero Masculino 58 (74,4%) 38 (79,2%) 0,512 Feminino 20 (25,6%) 10 (20,8%)

Hábito de fumar Sim 71 (91%) 44 (91,7%) 0,912 Não 7 (9%) 4 (8,3%)

Etilismo Sim 57 (73,1%) 37 (77,1%) 0,632 Não 21 (26,9%) 11 (22,9%)

Sítio Tumoral Cavidade Oral 51 (66,2%) 30 (62,5%) 0,782

Orofaringe 27 (33,8%) 18 (37,5%)

Grau Histológico

Grau I e II 74 (94,9%) 38 (79,2%) 0,007 Grau III 4 (5,1%) 10 (20,8%)

Grupo de Estádio Estádio I e II 8 (10,3%) 8 (16,7%) 0,214

Estádio III e IV 70 (89,7%) 40 (83,3%) Grupo de Estádio T

T1 e T2 28 (35,9%) 19 (39,6%) 0,717 T3 e T4 50 (64,1%) 29 (60,4%)

Grupo de Estádio N0 20 (25,6%) 18 (37,5%) 0,126 N+ 58 (74,4%) 30 (62,5%)

Resposta Clínica Completa (Radioterapia e Quimioterapia)

Sim 27 (62,8%) 18 (64,3%) 0,988 Não 16 (37,2%) 10 (35,7%)

Extensão Extra Capsular (cirúrgicos)

Sim 18 (52,9%) 11 (52,4%) 0,96 Não 16 (47,1%) 10 (47,6%)

Infiltração Angiolinfática (pacientes cirúrgicos)

Sim 10 (29,4%) 2 (9,5%) 0,080 Não 24 (61,6%) 19 (90,5%)

Infiltração Perineural (cirúrgicos)

Sim 12 (35,3%) 6 (28,6%) 0,605 Não 22 (64,7%) 15 (71,4%)

Margens Cirúrgicas Livres Sim 16 (47,1%) 9 (42,9%) 0,761 Não 18 (52,9%) 12 (57,1%)

Tratamento Clínico 44 (56,4%) 27 (56,3%) 0,964

Cirúrgico 34 (43,6%) 21 (43,8%) Recorrência

Sim 33 (42,3%) 18 (37,5%) 0,553 Não 45 (57,7%) 30 (62,5%)

Fonte: Elaboração Própria, 2016.

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Tabela 8 - Associação entre os genótipos do RAD51 (rs1801320) e variáveis demográficas e clínicas dos pacientes com carcinoma de células escamosa oral e de orofaringe. Natal/2016.

Parâmetro rs1801320 (RAD51)

Valor de p GG Nº de pacientes (%)

CC+GC Nº de pacientes (%)

Gênero Masculino 13 (74,4%) 82 (74,3%) 0,560 Feminino 3 (25,6%) 28 (25,5%)

Hábito de fumar Sim 13 (81,3%) 101 (91,8%) 0,132 Não 3 (18,8%) 8(7,3%)

Etilismo Sim 13 (81,3%) 80 (72,7%) 0,632 Não 3 (18,7%) 30 (22,9%)

Sítio Tumoral Cavidade Oral 9 (56,3%) 72 (65,5%) 0,472

Orofaringe 7 (43,8%) 38 (34,5%) Grau Histológico

Grau I e II 15 (93,7%) 97 (88,2%) 0,507 Grau III 1 (6,3%) 13 (11,8%)

Grupo de Estádio

Estádio I e II 1 (6,3%) 14 (12,7%) 0,498 Estádio III e IV 15 (93,7%) 96 (87,3%)

Grupo de Estádio T T1 e T2 8 (50%) 39 (35,5%) 0,261 T3 e T4 8 (50%) 71 (64,5%)

Grupo de Estádio N0 3 (18,7%) 34 (30,9%) 0,318 N+ 13 (81,3%) 76 (69,1%)

Resposta Clínica Completa (Radioterapia e Quimioterapia)

Sim 7 (63,6%) 38 (63,3%) 0,984 Não 4 (36,4%) 22 (36,7%)

Extensão Extra Capsular (cirúrgicos)

Sim 3 (60%) 26 (52%) 0,732 Não 2 (40%) 24 (48%)

Infiltração Angiolinfática (pacientes cirúrgicos)

Sim 0 (0%) 12 (24%) 0,215 Não 5 (100%) 38 (64%)

Infiltração Perineural (cirúrgicos)

Sim 1 (20%) 17 (34%) 0,493 Não 4 (80%) 33 (66%)

Margens Cirúrgicas Livres Sim 3 (60%) 22 (44%) 0,761 Não 2 (40%) 28 (66%)

Tratamento Clínico 11 (68,8%) 60 (54,5%) 0,284

Cirúrgico 5 (31,2%) 50 (45,5%) Recorrência

Sim 10 (62,5%) 65 (59,1%) 0,795 Não 6 (37,5%) 45 (40,9%)

Fonte: Elaboração Própria, 2016.

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Tabela 9 - Associação entre os genótipos do RAD51 (rs1801321) e variáveis demográficas e clínicas dos pacientes com carcinoma de células escamosas oral e de orofaringe. Natal/2016.

Parâmetro rs 1801321 (RAD51)

Valor de p GG Nº de pacientes (%)

TT+GT Nº de pacientes (%)

Gênero Masculino 39 (76,5%) 56 (74,7%) 0,817 Feminino 12(23,5%) 19 (25,3%)

Hábito de fumar Sim 46 (90,2%) 69 (92%) 0,699 Não 5 (9,8%) 6 (8%)

Etilismo Sim 38 (74,5%) 55 (73,3%) 0,934 Não 13 (25,5%) 20 (26,7%)

Sítio Tumoral Cavidade Oral 30 (58,8%) 51 (68%) 0,291

Orofaringe 21 (41,2%) 24 (32%) Grau Histológico

Grau I e II 45 (88,2%) 67 (89,3%) 0,847 Grau III 6 (11,8%) 8 (10,7%)

Grupo de Estádio Estádio I e II 3 (5,9%) 12 (16%) 0,08

Estádio III e IV 48 (94,1%) 63 (84%) Grupo de Estádio T

T1 e T2 15 (29,4%) 32 (42,7%) 0,131 T3 e T4 36 (70,6%) 43 (57,3%)

Grupo de Estádio N0 13 (25,5%) 24 (32%) 0,431 N+ 38 (74,5%) 51 (68%)

Resposta Clínica Completa (Radioterapia e Quimioterapia)

Sim 24 (72,3%) 21 (55,3%) 0,127 Não 9 (27,3%) 17 (44,7%)

Extensão Extra Capsular (cirúrgicos)

Sim 11 (61,1%) 18 (48,6%) 0,385 Não 7 (38,9%) 19 (51,4%)

Infiltração Angiolinfática (pacientes cirúrgicos)

Sim 4 (22,2%) 8 (21,6%) 0,959 Não 14 (77,8%) 29 (78,4%)

Infiltração Perineural (cirúrgicos)

Sim 4 (22,2%) 14 (37,8%) 0,246 Não 14 (77,8%) 23 (62,2%)

Margens Cirúrgicas Livres Sim 9 (50%) 16 (43,2%) 0,636 Não 9 (50%) 21 (56,8%)

Tratamento Clínico 33 (64,7%) 38 (50,7%) 0,118

Cirúrgico 18 (35,3%) 37 (49,3%) Recorrência

Sim 35 (68,6%) 40 (53,3%) 0,086 Não 16(31,4%) 35 (46,7%)

Fonte: Elaboração Própria, 2016.

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Observa-se na Tabela 7 que a presença de pelo menos um alelo variante do

SNP XRCC3 (rs861539) está associada a um Grau Histológico (OMS) mais

avançado, grau III (p = 0,007).

Nenhuma associação entre o SNP RAD51 (rs1801320) ou RAD51

(rs1801321) e variáveis demográficas e clínicas foram encontrados.

No entanto, foi observada uma maior taxa de recorrência tumoral (p=0,08) e

estádio mais avançados – III e IV (p=0,08) no grupo que possui ao menos um alelo

polimórfico RAD51 (rs1801321).

5.5 ANÁLISE DA SOBREVIDA LIVRE DE DOENÇA

O estudo da sobrevida livre de recidiva mostrou que a presença de linfonodo

comprometido foi o único fator com significância estatística na análise univariada,

contudo isso não foi confirmada na analise de COX (Tabela 10).

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Tabela 10 - Taxa de sobrevida e análise univariada em relação aos fatores clínicos patológicos relevantes. Natal/2016.

Parâmetros Sobrevida livre de doença em 5 anos p Sobrevida Global

em 5 anos p

XRCC3 rs861539 CC 72,58% 55,84% TT+CT 78,95% 0.564 68,75% 0,308

RAD51 rs1801320 GG 73,86% 60,91% CC+GC 83,33% 0.631 62,50% 0,988

RAD51 rs1801321 GG 83,33% 66,67% TT+GT 68,97% 0.127 57,33% 0,271

Estádio I e II 80% 93,3% III e IV 73% 0.656 56,36% 0,015

Estádio Tumoral T1 e T2 79,07% 74,47% T3 e T4 71,93% 0.381 53,16% 0,020

Estádio Linfonodal Linfonodo negativo 89,29% 78,38% Linfonodo positivo 69,44% 0.038 53,93% 0,031

Grau histológico (OMS)

Grau I e II 75% 62,5% Grau III 70% 0.829 50% 0,441

Sítio Tumoral Cavidade oral 72,86% 62,96% 0,480 Orofaringe 80% 0,467 57,78%

Margens cirúrgicas* Livres 70% 84% Comprometidas ou

exíguas 76% 0.362 63,33% 0.080

Infiltração Angiolinfática*

Ausente 74,42% 76,74% Presente 66,67% 0.435 58,33% 0.124

Infiltração perineural* Ausente 78,38% 78,38% Presente 61,11% 0,174 61,11% 0,151

Linfonodo com extensão extra capsular*

Ausente 76,92% 88,46% Presente 68,97% 0.551 58,62% 0,022

Tratamento RXT e QT 77,78% 52,11% Cirurgia + (RXT e QT)

72,73% 0.565 72,73% 0,005

Resposta clínica** Completa - 73,33% Não completa - - 15,38% <0,0001

*Somente pacientes tratados com cirurgia seguida de radioterapia e quimioterapia. **Somente pacientes tratados

com radioterapia e quimioterapia. RXT (radioterapia). QT (quimioterapia).

Fonte: Elaboração Própria, 2016.

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A taxa de sobrevida global em 5 anos está descrita na Tabela 10 com uma

análise univariada dos parâmetros estudados.

Nenhum polimorfismo demostrou significância estatística em relação a

sobrevida global. Vários parâmetros clínico patológicos apresentaram significância

estatística (estádio I e II / III e IV, estádio T, estádio N, extensão extra capsular

linfonodal, resposta clínica ao tratamento com RXT e QT e tipo de tratamento),

contudo na análise multivariada de COX somente o tipo de tratamento permanece

com significância (p=0,009), a favor do tratamento cirúrgico seguido de RXT e QT.

Os Gráficos de 1 a 6 ilustram a relação entre a sobrevida livre de doença e a

sobrevida global e os SNPs estudados através da Análise de Kaplan-Meier.

Observa-se que nenhum dos polimorfismos estudados estão associados à sobrevida

livre de doença ou sobrevida global na população estudada.

Gráfico 1- Análise de Kaplan-Meier da sobrevida livre de doença em pacientes com carcinoma de células escamosas oral e de orofaringe e o polimorfismo XRCC3 (rs861539), p=0,564.

Fonte: Elaboração Própria, 2016.

0102030405060708090

100

Sobrevida Livre de Doença(rs861539)

0 20 40 60 80 100Tempo (meses)

Pro

babi

lidad

e de

Sob

revi

da (%

)

CC

CA+AATT+CT

CC

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Gráfico 2 - Análise de Kaplan-Meier da sobrevida livre de doença em pacientes com carcinoma de células escamosas oral e de orofaringe e o polimorfismo RAD51 (rs1801320), p=0,631.

Fonte: Elaboração Própria, 2016.

Gráfico 3 - Análise de Kaplan-Meier da sobrevida livre de doença em pacientes com carcinoma de escamosas oral e de orofaringe e o polimorfismo RAD51 (rs1801321), p=0,127.

Fonte: Elaboração Própria, 2016.

0102030405060708090

100

Sobrevida Livre de Doença(rs1801320)

0 20 40 60 80 100Tempo (meses)

Pro

babi

lidad

e de

Sob

revi

da (%

)

GG

GC+CCCC+GC

0102030405060708090

100

Sobrevida Livre de Doença(rs1801321)

0 20 40 60 80 100Tempo (meses)

Pro

babi

lidad

e de

Sob

revi

da (%

)

GT+TT

GG

TT+GT

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Gráfico 4 - Análise de Kaplan-Meier da sobrevida global em pacientes com carcinoma de células escamosa oral e de orofaringe e o polimorfismo XRCC3 (rs861539), p=0,308.

Fonte: Elaboração Própria, 2016.

Gráfico 5 - Análise de Kaplan-Meier da sobrevida global em pacientes com carcinoma de células escamosa oral e de orofaringe e o polimorfismo RAD51 (rs1801320), p=0,988

Fonte: Elaboração Própria, 2016.

0102030405060708090

100

Sobrevida Global(rs861539)

0 20 40 60 80 100Tempo (meses)

Pro

babi

lidad

e de

Sob

revi

da (%

)

CC

CA+AATT+CT CC

0102030405060708090

100

Sobrevida Global(rs1801320)

0 20 40 60 80 100Tempo (meses)

Pro

babi

lidad

e de

Sob

revi

da (%

)

GGGC+CCCC+GC

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Gráfico 6 - Análise de Kaplan-Meier da sobrevida global em pacientes com carcinoma de escamosas oral e de orofaringe e o polimorfismo RAD51 (rs1801321), p=0,271.

Fonte: Elaboração Própria, 2016.

0102030405060708090

100

Sobrevida Global(rs1801321)

0 20 40 60 80 100Tempo (meses)

Pro

babi

lidad

e de

Sob

revi

da (%

)

GT+TT

GG

TT+GT

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DISCUSSÃO

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6 DISCUSSÃO

O indivíduo se expõe, voluntária ou involuntariamente, a diferentes agentes

com capacidade carcinogênica, que induzem danos ao DNA, como mutações que

podem resultar no desenvolvimento de algum tipo de câncer; contudo, somente

alguns indivíduos desenvolvem neoplasias malignas. Mecanismos de reparo do

DNA existem para tentar manter o equilíbrio celular, corrigindo falhas induzidas por

esses carcinógenos antes do processo de divisão celular, evitando, assim, a

perpetuação da mutação para células filhas. A falha nesses mecanismos de

proteção, fundamentados na atuação de genes responsáveis pelas proteínas

envolvidas no reparo do DNA, pode ser um fator facilitador para o início de uma

neoplasia maligna.

Segundo Sinha et al. (2013), o funcionamento adequado das proteínas de

reparo do DNA é determinante na manutenção da homeostase genômica e

prevenção do câncer. Choudhury et al. (2014) relatam que falhas nos genes

responsáveis pelo reparo do DNA podem determinar o surgimento do câncer e

afetar a resposta tumoral aos tratamentos. De acordo com Hartley et al. (2010) o

processo de reparo do DNA é fator decisivo na resposta do tumor e do tecido normal

à radioterapia e quimioterapia. De fato, a imprevisibilidade no comportamento e na

sensibilidade a tratamentos fundamentados na radio e/ou quimioterapia de alguns

tumores com quadro histológico e estadiamento clínico semelhantes, é uma

realidade intrigante e, muitas vezes, angustiante no tratamento do câncer.

Com base nesses conhecimentos, este experimento objetivou investigar o

papel que alguns SNPs nos genes de reparo do DNA XRCC3 e RAD51 em

indivíduos com carcinoma epidermoide oral e de orofaringe. Nossa amostra

caracterizou-se por uma média de idade de 62 anos, com predominância de homens

e usuários de álcool ou tabaco, à semelhança do que é relatado na literatura,

destacando-se o estudo de Ang et al. (2014) que verificou média de idade de 58

anos, 80% de homens e 85% tabagistas ao serem avaliados mais de 800 pacientes

com câncer de cabeça e pescoço. De acordo com Descamps, Wattiez e Saussez

(2014) polimorfismos de nucleotídeo único são considerados fatores prognósticos

independentes da etiologia viral ou não viral.

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No grupo controle utilizado para o presente estudo, houve uma predominância

de mulheres, não etilistas e cerca de 50% não tabagistas. Dessa forma, os grupos

foram constituídos de forma não pareada. As diferenças foram levadas em conta

quando tais variáveis entraram na análise de resultados, corrigindo o nível de

significância p.

Na análise da distribuição genotípica, as amostras de casos e controles foram

semelhantes quanto à presença de pelo menos um alelo polimorfo (modelo

dominante). Desta forma, realizou-se análise de risco onde se observou que os

indivíduos que possuíam algum alelo polimorfo para qualquer um dos polimorfismos

analisados e fumavam ou bebiam, tinham um risco maior de desenvolver câncer.

Dentre os achados, destaca-se a presença do alelo polimorfo no gene RAD51

135G>C (c.-98 G>C, rs1801320) e o hábito de fumar com um risco 157 vezes maior

a favor do desenvolvimento do câncer.

De forma semelhante, Sliwinski et al. (2010) observaram em seus estudos

maior risco ao desenvolvimento do câncer de cabeça e pescoço em indivíduos que

apresentavam SNPs nos genes RAD51 (135GC) e XRCC3 (722CT) tanto

isoladamente como de forma concomitante. O risco mostrou-se ainda maior quando

a presença do SNP estava associada ao hábito de fumar ou beber. Estes achados

indicam, assim como parte dos nossos, que a forma como o organismo portador de

alguns polimorfismos metaboliza os produtos químicos decorrentes de hábitos como

o tabagismo e etilismo, pode influenciar de maneira importante na carcinogênese.

Reforçando essa hipótese, Shen et al. (2002) realizaram um estudo de caso

controle com 367 pacientes portadores de carcinoma epidermoide de cabeça e

pescoço e não observaram associação significativa de polimorfismo no gene XRCC3

(Thr241Met) com o risco de desenvolver esta neoplasia, exceto quando analisado o

polimorfismo + tabagismo em relação à ausência do polimorfismo em não

tabagistas, com um risco 2,26 vezes maior.

Em 2014, Kayani, Khan e Baig analisaram os genes RAD51 (135G/C, 172

G/T) e XRCC3 (Thr241Met) em 200 pacientes com câncer de cabeça e pescoço e

verificaram que a presença do alelo polimorfo aumentou o risco de desenvolver

câncer tanto para o gene RAD 51 quanto XRCC3.

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Contudo, o experimento de Gresner et al. (2012) demonstrou menor risco ao

desenvolvimento do câncer de cabeça e pescoço em indivíduos com SNP no gene

RAD51 (rs1801321), embora tenha evidenciado maior risco associado ao SNP no

gene XRCC3 (rs3212057). A associação deste último gene com o risco ao câncer de

cabeça e pescoço foi confirmada em uma meta-análise realizada por Yin et al.

(2012), que analisou 3.191 casos e mais de 5.000 controles.

Em 2015 foi publicado um estudo tailandês que avaliou o risco

especificamente para o desenvolvimento do câncer oral. Análise importante, visto

que os trabalhos comumente avaliam em conjunto pacientes com sítios diversos na

região da cabeça e pescoço. Foram analisados os genes de reparo do DNA XRCC1

(rs1799782), XRCC2 (rs2040639), XRCC3 (rs861539), e XRCC4 (rs2075685) em

103 casos e 98 controles. O risco mostro-se aumentado em todos os polimorfismos,

principalmente quando associado ao uso do tabaco. A maior elevação do risco

aconteceu na análise associada às variações nos genes XRCC1 e XRCC2 de forma

concomitante (YANG et al., 2015).

Estudos de associação genética do carcinoma epidermoide oral e orofaringe

têm sido incluídos entre os casos de carcinomas de cabeça e pescoço e do trato

aerodigestivo superior. No entanto, os resultados destes estudos são considerados

inconsistentes por alguns autores, que justificam essa afirmativa, por considerarem

que há diferenças potenciais tanto na etiologia, quanto no desfecho clínico entre as

diferentes localizações (RIKARDSEN et al., 2014).

Outros sítios tumorais também foram estudados quanto ao risco de

desenvolvimento de câncer e os polimorfismos nos genes responsáveis pelo reparo

do DNA. Em uma meta-análise, mais de onze mil casos de câncer de mama e onze

mil mulheres sem câncer foram estudadas. O polimorfismo no gene RAD51 (135GC)

não foi associado com o risco maior de desenvolver câncer de mama (LI et al.,

2015). O polimorfismo no gene XRCC3-rs861539 também não foi associado a um

maior risco de câncer gástrico, exceto no subgrupo de asiáticos (CHENG et al.,

2015). A associação entre o polimorfismo no gene XRCC3 (Thr241Met) e o risco do

câncer colorretal foi estudado em uma meta-análise publicada em 2015 por Namazi,

Abedinzadeh e Nourbakash, onde no modelo dominante um risco maior de

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desenvolver o câncer colorretal foi encontrado com a presença de ao menos um

alelo polimorfo.

Farnebo et al (2015) desenvolveram um estudo semelhante ao nosso,

avaliando o risco do desenvolvimento do CCP e não encontraram associação entre

o polimorfismo no gene XRCC3 (Thr241Met) e o risco de desenvolver câncer e

também não identificaram relação com a sobrevida global dos pacientes.

Em um estudo com pacientes portadores de adenocarcinoma da próstata,

destaca-se um resultado contraditório no estudo de Xuan, Hui e Fang (2015),

indicando o polimorfismo no gene XRCC3 (Thr241Met) como um fator protetor.

Ao analisar a relação entre os polimorfismos e as informações clínicas e

patológicas dos indivíduos com CEO e CEOR, observamos associação significativa

somente na relação grau histológico e XRCC3-rs861539, com maior chance de Grau

Histológico III (OMS) nos indivíduos com algum alelo polimorfo nesse gene

(p=0,007). Também existe uma maior taxa de recorrência (p=0,08) e estádios mais

avançados – III e IV (p=0,08) no grupo que possui um alelo polimorfo do gene

RAD51-rs1801321, contudo sem significância estatística nessa análise. Em nossa

análise, os pacientes com um polimorfismo em um dos genes estudados apresentou

tendência a maior taxa de recidiva.

Os pacientes diagnosticados com tumores mais avançados, com

acometimento linfonodal maior têm, em geral, pior prognóstico (DE BREE; VAN DEN

BREKEL, 2015). Pacientes submetidos a procedimento cirúrgico que tenham

margens comprometidas ou extensão extracapsular linfonodal, possuem prognóstico

semelhante aos pacientes que não foram operados por irressecabilidade tumoral

(KWOK et al., 2010). Nossos resultados demonstram uma sobrevida livre de recidiva

pior nos pacientes com linfonodos comprometidos. A sobrevida global foi pior na

presença de linfonodos comprometidos, extensão extracapsular linfonodal, margens

cirúrgicas comprometidas ou exíguas, tratamento clínico inicial e ausência de

resposta completa após tratamento clínico.

A resposta tumoral ao tratamento, a recidiva tumoral, a metástase linfonodal,

são desfechos que, em geral, definem o prognóstico do paciente. Tal evolução é

multifatorial. Nosso estudo não identificou uma relação entre os polimorfismo e tais

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desfechos. Contudo, observamos que os fatores de risco que estavam presentes na

nossa amostra foram importantes, conforme descrito em diversos estudos, presença

de linfonodo comprometido é um exemplo. Acreditamos que tais genes são

importantes na modulação do reparo do DNA, contudo esse fator isoladamente

parece não ser suficiente para mudar a evolução da doença.

A presença do alelo polimórfico dos SNPs analisados neste estudo não foi

associada a uma melhor ou pior sobrevida livre de recidiva ou sobrevida global.

Acreditamos que múltiplos fatores influenciam de forma determinante para um

melhor ou pior desfecho clínico, fazendo com que a análise separada de um fator

genético pareça não ter força isoladamente para demonstrar impacto na sobrevida

livre de recidiva e sobrevida global.

A ausência de linfonodo comprometido foi associada a uma melhor sobrevida

livre de recidiva e melhor sobrevida global, o que nos faz concordar com Cabrera,

Yoo e Brizel (2013) que afirmam ser a presença de acometimento linfonodal o fator

isolado mais importante no estadiamento e desfecho dos pacientes com CEO e

CEOR.

A sobrevida global também foi melhor nos grupos com estádio T1 ou T2,

estádio I ou II, pacientes operados sem extensão extracapsular linfonodal, grupo

tratado com cirurgia seguida de radioterapia e quimioterapia e grupo de pacientes

tratados com radioterapia e quimioterapia sem cirurgia que tiveram resposta

completa ao final do tratamento. Consideramos esses achados previsíveis, pois

pacientes com estádio inicial têm melhor prognóstico e possuem melhores chances

de cirurgia como tratamento inicial. Pacientes tratados com RXT e QT que

conseguem resposta clínica completa possuem melhores chances de cura que

pacientes com doença ao final do tratamento (WELSH et al., 2015).

A toxicidade ao tratamento radioterápico, embora não tenha sido alvo do

nosso estudo, mas também vem sendo estudada. O mecanismo de ação da

radioterapia é a quebra da dupla hélice do DNA, logo variações genéticas em genes

de modulam o reparo podem levar uma maior ou menor toxicidade. Pratesi et al.

(2011) analisaram o papel de polimorfismos nos genes XRCC1 (c.1196A > G) e

RAD51 (c.-3429G > C, c.-3392G > T) na toxicidade da radioterapia no tratamento de

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101 pacientes com câncer de cabeça e pescoço. A presença de ao menos um dos

alelos polimorfos dos genes estudados levou ao aparecimento mais rápido da

toxicidade e em um grau mais elevado, tanto em pele quanto em mucosa. No câncer

colorretal, SNPs nos genes XRCC1 (rs25487), XRCC3 (rs1799794) e RAD51

(rs1801320) mostraram-se associados a um maior risco de toxicidade intestinal

segundo estudo publicado por Osti et al. (2015). Tais pesquisas sugerem uma

menor capacidade de reparo celular causada pala presença do polimorfismo.

Em relação ao fator causal ou facilitador no desenvolvimento de um câncer,

acreditamos que em estudos que avaliem o CCP, será importante no futuro isolar

sítios tumorais, definir a presença ou não do vírus HPV e utilizar grupo controle com

idade e exposição ao álcool ou cigarro, semelhantes ao grupo de casos, o que

possibilitaria estudos mais aprofundados do real papel dos polimorfismos nesta

doença.

Apesar de todo avanço científico e tecnológico no entendimento do carcinoma

epidermoide, este é um tumor que em região de cabeça e pescoço, leva a óbito

cerca de 50% dos pacientes. Segundo Cabrera, Yoo e Brizel (2013), pacientes com

CCP que apresentam o mesmo estadiamento, recebem o prognóstico semelhante.

Entretanto o quadro evolutivo é imprevisível e as diferentes respostas desta

neoplasia diante de protocolos terapêuticos, por vezes equivalentes, despertam para

o importante papel que o organismo hospedeiro com suas características genéticas

deve exercer na gênese e no comportamento biológico desta neoplasia.

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CONCLUSÃO

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85

7 CONCLUSÃO

• Os genótipos TT e CT do SNP rs861539 no gene XRCC3, os genótipos CC e

GC do SNP rs1801320 e TT e GT do SNP 1801321 no gene RAD51,

aumentam o risco do desenvolvimento de carcinoma epidermoide oral e de

orofaringe, quando associados ao hábito de beber ou fumar.

• Os polimorfismos estudados nos genes XRCC3 e RAD51 não estão

associados à resposta a radioterapia, sobrevida livre de recidiva ou sobrevida

global.

• Pacientes com estádio tumoral avançado, acometimento linfonodal, margens

cirúrgicas inadequadas, tratamento clínico inicial e resposta incompleta ao

tratamento clínico têm pior prognóstico com uma sobrevida global menor.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

CORRELAÇÕES CLINICOPATOLÓGICAS, IMUNO-HISTOQUÍMICAS E DE RESPOSTA

AO TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO E RADIOTERÁPICO COM POLIMORFISMOS EM

GENES DO REPARO DO DNA EM PACIENTES COM CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS DE CABEÇA E PESCOÇO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

A) OBJETIVO E JUSTIFICATIVA DA PESQUISA:

A presente pesquisa tem por objetivo desenvolver um estudo dos achados clínicos e morfológicos (características visualizadas no microscópio) em uma série (grupo) de casos (pacientes) de câncer de cabeça e pescoço diagnosticados no Serviço de Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Dr. Luiz Antônio, com intuito (objetivo) de verificar se existe associação de algumas informações clínicas (sexo, idade, localização da lesão, tipo de tratamento) e características morfológicas com o resultados do tratamento instituído nos pacientes com a lesão. Isso seria uma ferramenta muito útil na prática clínica do dia-a-dia dos médicos oncologistas para orientá-los ao melhor tratamento a ser eleito (feito) para o paciente, ao se pesquisar possíveis fatores prognósticos (indicam a situação do paciente, se boa ou ruim).

B) RISCOS POSSÍVEIS E BENEFÍCIOS ESPERADOS:

Os sujeitos desta pesquisa não serão expostos (sofrerão) a nenhum risco, visto que os mesmos não serão chamados para execução da pesquisa, em nenhum momento. Esclareço, outrossim, (explico) que os benefícios esperados envolvem o melhor conhecimento da doença, do perfil da população do Rio Grande do Norte acometida pelo câncer de cabeça e pescoço e, por conseguinte, um tratamento mais adequado, sendo que os resultados obtidos serão publicados para o conhecimento na literatura científica pertinente.

C) PROCEDIMENTOS:

Para realização desta pesquisa, serão coletados os dados clínicos contidos nos prontuários (fichas clínicas) no Centro Avançado de Oncologia da Liga Norte-Rio-Grandense Contra o Cancer (LNRCC). Adicionalmente, será coletada uma pequena amostra de sangue dos pacientes. Essa pequena quantidade de sangue será proveniente da coleta que já é realizada pelo serviço supracitado, ou seja, para não o incomodar ou causar-lhe desconforto. Poderá ser realizada uma coleta extra, caso seja impossível a realização da

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mesma durante os exames de rotina. Além disso, você será entrevistado de forma anônima a respeito de consumo de bebida alcoólica e hábito de fumar. Todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será identificado em nenhum momento. Os dados serão guardados em local seguro e a divulgação dos resultados será feita de forma a não identificar os voluntários.

D) RESSARCIMENTO:

Não está previsto nenhum ressarcimento ou indenização para os participantes desta pesquisa, uma vez que o estudo será realizado com dados obtidos em prontuários (fichas clínicas) e laudos histopatológicos, que se encontram arquivados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Dr. Luiz Antônio, além de uma análise das lâminas coradas em Hematoxilina-Eosina e com marcação imuno-histoquímica processadas no laboratório de Anatomia Patológica da Disciplina de Patologia Oral da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

E) ACESSO ÀS INFORMAÇÕES:

Você poderá desistir de participar da pesquisa em qualquer momento, mesmo que tenha assinado este Termo de Consentimento. As informações obtidas de cada participante são confidenciais e somente serão usadas com o propósito científico (objetivo explicado anteriormente), sem divulgação de nomes. O pesquisador, os demais profissionais envolvidos nesse estudo e o Comitê de Ética em Pesquisa da Liga Norte-Rio-Grandense Contra o Câncer (LNRCC), terão acesso aos arquivos dos participantes, para verificação de dados, sem, contudo, violar a parte confidencial.

F) CONSENTIMENTO:

Declaro que, após ter lido ou terem lido para mim e compreendido as informações contidas neste documento, concordo em participar deste estudo. Portanto, autorizo o uso dos dados contidos nos prontuários e dos pedaços de tumor retirados de mim e armazenados no serviço de Patologia Oral da UFRN.

E através deste instrumento e da melhor forma de direito, autorizo o Professora Doutora Roseana de Almeida Freitas, RG 358.638 – SSP/RN,, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral, situado a Av. Salgado Filho, 1787, lagoa Nova – Natal/RN CEP: 59.060-000, a incluir meu caso no estudo.

Autorizo também a publicação do referido trabalho, de forma escrita, sem citar meu nome. Permito também o direito do uso para fins de ensino e divulgação em revistas científicas, desde que mantido o sigilo sobre minha identidade. Estou ciente que deverá ser de livre e espontânea.

Em caso de alguma dúvida sobre a conduta ética nesta pesquisa posso entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Liga Norte-Rio-Grandense Contra o Câncer

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(LNRCC), pelos telefones 4009-5494 / 4009-5440 ou com o próprio pesquisador no endereço já mencionado ou, ainda, no Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral, localizado no Departamento de Odontologia da UFRN, no endereço supracitado, pelo telefone (84) 3215.4108.

Natal, _____/_____/_____.

Concordo com os termos deste documento, razão pela qual estudo de acordo:

Nome do paciente: ________________________________________________________

Endereço: _______________________________________________________________

RG: ________________ Órgão expedidor: _____________ CPF:___________________

Assinatura: ______________________________________________________________

________________________________________________

Professora Dra. Roseana de Almeida Freitas

(Pesquisadora responsável)

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APÊNDICE B – Ficha para coleta dos dados clínicos

Caso Sexo Idade Localização Estadiamento

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APÊNDICE C – Ficha para coleta dos dados clínicos Caso Bebe Dose/dia Tempo Fuma Cigarros/dia Tempo

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APÊNDICE D – Ficha para anotação: metástase, tratamento utilizado, tempo de sobrevida sem a doença e desfecho.

Caso:______ Data do tratamento: _____/_____/____ Tratamento recebido: ( ) {[1-cirurgia; 2-radioterapia; 3-quimioterapia], mais de um tratamento, colocar os nº correspondentes} Metástase linfonodo: ( ) Data de coleta das informações no prontuário: _____/_____/_____ Estado da doença: ( ) Metástase linfonodo: ( ) Metástase à distância: ( ) Data de coleta das informações no prontuário: _____/_____/_____ Estado da doença: ( ) Metástase linfonodo: ( ) Metástase à distância: ( ) Data de coleta das informações no prontuário: _____/_____/_____ Estado da doença: ( ) Metástase linfonodo: ( ) Metástase à distância: ( ) Data de coleta das informações no prontuário: _____/_____/_____ Estado da doença: ( ) Metástase linfonodo: ( ) Metástase à distância: ( ) Data de coleta das informações no prontuário: _____/_____/_____ Estado da doença: ( ) Metástase linfonodo: ( ) Metástase à distância: ( ) Data de coleta das informações no prontuário: _____/_____/_____ Estado da doença: ( ) Metástase linfonodo: ( ) Metástase à distância: ( ) Data de coleta das informações no prontuário: _____/_____/_____ Estado da doença: ( ) Metástase linfonodo: ( ) Metástase à distância: ( ) Data de coleta das informações no prontuário: _____/_____/_____ Estado da doença: ( ) Metástase linfonodo: ( ) Metástase à distância: ( ) Estado da doença: [1-remissão completa, 2-remissão parcial, 3-doença estável, 4-doença em progressão, 5-óbito por câncer, 6-óbito por não câncer] Metástase linfonodo: [1-sim, 2-não] Metástase à distância: [1-sim, 2-não] Data do último seguimento ou data do óbito _____/_____/_____

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APÊNDICE E – Análise da genotipagem dos SNPs

CASO

XRCC3

(rs861539)

RAD51

(rs11801320)

RAD51

(rs11801321)

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ANEXOS

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ANEXO – Parecer consubstanciado

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