edição 77 - revista hospitais brasil

68
www.revistahospitaisbrasil.com.br Como lidar com o sério problema da alergia ao látex Nova linha para remoção segura de lâminas de bisturis Lançamento inédito no Brasil para eletrocirurgia Estratégias para enfrentar as doenças causadas pelo Aedes aegypti e a polêmica sobre a microcefalia Aplicativos para dispositivos móveis aproximam médicos e pacientes Crise no Rio de Janeiro levanta discussão sobre Organizações Sociais Cuidados especiais para pacientes com mobilidade reduzida Empresas brasileiras marcam presença na Arab Health Estetoscópio: amigo ou inimigo?

Upload: publimed-editora

Post on 26-Jul-2016

275 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Na primeira edição do ano, hospitais fazem parceria para ampliar atendimento oncológico; fusões, aquisições e entrada de capital estrangeiro prometem movimentar o setor; projeto “cuidando de quem cuida” trata da humanização com relação ao profissional da saúde. Matéria especial aborda os cuidados com pacientes acamados. Leia também sobre como os hospitais estão se adequando ao surto das doenças causadas pelo Aedes aegypti. A crise no Rio de Janeiro permite falarmos mais uma vez das Organizações Sociais. E, como novidade, iniciamos uma série de matérias sobre redução de custos.

TRANSCRIPT

Page 1: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

www.revistahospitaisbrasil.com.br

Como lidar com o sério problema da alergia ao látexNova linha para remoção segura de lâminas de bisturisLançamento inédito no Brasil para eletrocirurgia

Estratégias para enfrentar as doenças causadas pelo Aedes aegypti e a

polêmica sobre a microcefalia

Aplicativos para dispositivos móveis aproximam médicos e pacientes

Crise no Rio de Janeiro levanta discussão sobre Organizações Sociais

Cuidados especiais para pacientes com mobilidade reduzida

Empresas brasileiras marcam presença na Arab Health

Estetoscópio: amigo ou inimigo?

Capa.indd 1 19/02/2016 17:21:48

Page 2: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Editorial.indd 2 19/02/2016 17:23:46

Page 3: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Editorial.indd 3 19/02/2016 17:24:06

Page 4: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

JAN-F

EV

4

Edito

rial

A palavra da vez no Brasil é “crise” (em grande concorrência com “zika”) e, embora estejamos vivendo um momento de apreensão

e incertezas, também é a oportunidade de aprendermos com as difi culdades e enfrentarmos nossos próprios limites, com criati vidade, trabalho e, claro, esperança. O que você, como pessoa e profi ssional, pode fazer para melhorar a situação?

Nesta edição, apresentamos matérias mostrando que nem só de notí cia ruim vive o Brasil. Hospitais fazem parceria

para ampliar atendimento oncológico; fusões, aquisições e entrada de capital estrangeiro prometem movimentar o setor; empresa amplia instalações e lança produto inédito no Brasil; e, talvez a mais profunda, sobre o projeto “cuidando de quem cuida”, que trata da humanização com relação ao profi ssional

da saúde, da autoesti ma, do diálogo entre as pessoas, do foco na assistência e no afeto. As mudanças precisam vir, sim, das

lideranças, mas cada um tem potencial para fazer a diferença.E falando em cuidados, nossa matéria especial aborda

justamente a atenção dada aos pacientes acamados. Três grandes hospitais detalham suas estratégias para banho no

leito e os diferenciais, em relação a conforto e bem-estar, oferecidos àqueles em situação tão vulnerável.

Como novidade, iniciamos uma série de seis matérias sobre redução de custos que será publicada ao longo do

ano. Nesta primeira, a Rede São Camilo, de São Paulo, e o

É hora de sair da zona de confortoHospital Araújo Jorge, de Goiás, contam como reduziram

desperdícios e melhoram o desempenho. O primeiro, com mudanças na área de nutrição, e o segundo com a

implantação da metodologia lean healthcare.Claro que também demos espaço a assuntos mais críti cos,

como a crise no Rio de Janeiro, que permiti u falarmos mais uma vez das Organizações Sociais e o que precisa ser feito

para que elas realmente cumpram o seu papel.Outro tema tão em voga e que ainda divide opiniões é a

relação entre o vírus da zika e a microcefalia. A matéria não se refere apenas à polêmica, mas também mostra como

os hospitais estão se adequando com relação ao surto das doenças causadas pelo Aedes aegypti e as ações de órgãos

brasileiros e internacionais para controlar o mosquito e oferecer tratamento às pessoas afetadas.

Esse ano será, sim, de muitos desafi os. Mas vamos sair da zona de conforto, como diz nossa entrevistada em “Gente

que Faz”, a coach Karin Guth. “Nada muda se você não mudar. Não permita que ninguém o contamine com o

próprio desânimo, use as suas apti dões para o seu bem”. Consequentemente, o bem se estenderá a todos.

Aproveito a oportunidade para agradecer à Leda, nossa Diretora de Redação, que acaba de se aposentar, pela

confi ança que sempre teve em mim e por tudo que me ensinou sobre o mercado da saúde e sobre a vida. Mais

que chefe, foi mãe, amiga e confi dente. De coração, desejo muitas alegrias em seus novos caminhos.

Um óti mo ano de 2016!

Diretor GeralAdilson Luiz Furlan de Mendonç[email protected]

Diretora AdministrativaVanessa Borjuca [email protected]

Editora e JornalistaCarol Gonçalves - MTb 59413 DRT/[email protected]

Redatora de Conteúdo WebLuiza Mendonça - MTb 73256 DRT/[email protected]

Gerente de NegóciosRonaldo de Almeida [email protected]

Ano XII - Nº 77 - JAN | FEV 2016Circulação: Fevereiro 2016Imagem de capa cedida gentilmente pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz, de São Paulo (SP). Crédito: Lalo de Almeida..

A Revista Hospitais Brasil é distribuída gratuitamente em hospitais, maternidades, clínicas, santas casas, secre-tarias de saúde, universidades e demais estabelecimen-tos de saúde em todo o país.

A Revista Hospitais Brasil não se responsabiliza por conceitos emitidos através de entrevistas e artigos assinados, uma vez que estes expressam a opinião de seus autores e também pelas informações e qualidade dos produtos, equipamentos e serviços constantes nos anúncios, bem como sua regulamentação junto aos órgãos competentes, sendo estes de exclusiva respon-sabilidade das empresas anunciantes.

Não é permitida a reprodução total ou parcial de artigos e/ou matérias sem a permissão prévia por escrito da editora.

EXPEDIENTE

A Revista Hospitais Brasil é uma publicação da PUBLIMED EDITORA LTDA., tendo o seu registro arquivado no INPI-Instituto Nacional de Propaganda Industrial e Intelectual.

Rua Marechal Hermes da Fonseca, 482 – sala 402020-000 – São Paulo/SP

Tel.: (11) 3966-2000www.publimededitora.com.br

www.revistahospitaisbrasil.com.br

Um óti mo ano de 2016!

Assistente ComercialRafaela dos [email protected]

Representação comercial RJCoelho Comunicação(21) 2496-0051/[email protected]

Gerente de RelacionamentoAndréa Neves de Mendonç[email protected]

Design Grá� co e Criação PublicitáriaLilian [email protected]

DiagramaçãoCotta Produções Grá� [email protected]

Leda Lúcia Borjuca, nossa Diretora de Redação, acaba de se aposentar. Fundadora da Publimed, junto com outros sócios, assumiu a área com muita garra e disposição, enfrentando desafi os imensuráveis que nunca a fi zeram desisti r. Muito do sucesso da editora se deve à sua determinação e capacidade de lidar com as difi culdades com fi rmeza e responsabilidade.

Editorial.indd 4 19/02/2016 17:24:07

Page 5: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

5

JAN-F

EV

5

Editorial.indd 5 19/02/2016 17:24:08

Page 6: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Sum

ário

JAN-F

EV

6

8 ATENDIMENTOAs ações dos hospitais para lidar

com o surto de dengue, chikungunya e zika, além da polêmica sobre os casos de microcefalia

16 MATERNIDADE

• Contato com prematuro diminui estresse materno

• A importância do fi sioterapeuta na UTI neonatal

18 INFECÇÃOO perigo da disseminação de

bactérias através do estetoscópio

20 REDUÇÃO DE CUSTOSNesta primeira matéria de

uma série de seis sobre o tema, Rede São Camilo e Hospital Araújo Jorge contam como melhoraram sua receita e diminuíram desperdícios

26 GENTE QUE FAZA coach Karin Guth fala de seu

projeto “Cuidando de quem cuida” e da importância da autoesti ma

30 LUVASMucambo dá dicas sobre

como lidar com o sério problema do látex

32 eHEALTHComo os aplicati vos para

saúde estão mudando a relação médico x paciente

38 ADMINISTRAÇÃOO economista da saúde

André Medici fala sobre a crise no Rio de Janeiro e aponta cinco aspectos essenciais para o correto funcionamento das Organizações Sociais

42 CENTRO CIRÚRGICOFleximed traz ao país linha

completa de removedores de lâminas estéreis da Qlicksmart

44 ARAB HEALTHPrincipal feira médica do Oriente

Médio atrai expositores e visitantes do mundo todo; Brasil marca presença

48 ELETROCIRURGIASimilar & Compatí vel lança

primeira caneta monopolar descartável do Brasil e anuncia nova sede

49 PARCERIABenefi cência Portuguesa de SP e

Albert Einstein fi rmam aliança para ampliar atendimento e tratamento oncológico

50 MERCADOFusões, aquisições e entrada de

capital estrangeiro movimentam o setor e trazem boas perspecti vas de melhoria

53 SAÚDE SUPLEMENTARReajustes entre planos de

saúde e hospitais têm nova regra

54 ASSISTÊNCIATrês grandes hospitais

detalham suas estratégias para banho no leito e os cuidados oferecidos a pacientes acamados e seus familiares

60 DIREITO MÉDICOEm arti go, a advogada Natalia

Verdi aborda a apuração criminal das práti cas de eutanásia e ortotanásia

61 LEGISLAÇÃOCFM altera resolução sobre o

uso das redes sociais por médicos

62 PEQUENAS DOSESNesta edição, ações de

humanização, cura colaborativa, órgãos bioartificais, visita virtual e muito mais

64 GESTÃOAs tecnologias são importantes,

mas o sucesso está em práti cas mais simples e humanas, expõe José Cléber

65 EQUIPAMENTOSCentro Cirúrgico do HC da

Unicamp recebe seis sistemas de anestesia Aisys CS2

66 OPINIÃOSeverino Silva explica por que

os serviços de saúde pecam tanto na gestão de suas ati vidades

Milc

a G

oula

rt

Milc

a G

oula

rt

Sumário_1_pagina.indd 6 19/02/2016 17:25:17

Page 7: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

7

JAN-F

EV

7

Sumário_1_pagina.indd 7 19/02/2016 17:25:19

Page 8: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Aten

dim

ento

JAN-F

EV

8

Não apenas o Brasil, mas também outras nações estão em alerta contra o mosquito Aedes aegypti , vetor responsável pela transmissão dos vírus da dengue, chikungunya e zika. Este últi mo, que começou a infectar seres humanos nos conti nentes africano e asiáti co em 1951, chegou, em 2015, a países como Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador, Guatemala, México, Paraguai, Suriname e Venezuela. Pesquisas estão sendo realizadas no mundo inteiro a fi m de conhecer mais esta doença, que está sendo relacionada à microcefalia.

Em fevereiro deste ano, um estudo feito em Liubliana, capital da Eslovênia, e publicado na revista cientí fi ca americana The New England Journal Of Medicine, reforçou a tese da relação entre o vírus e a má formação do feto.

Uma mulher europeia que morava em Natal (RN) teve sintomas da zika, mas não fez o exame. De volta à Europa, com 32 semanas de gravidez, um ultrassom revelou que o bebê ti nha a cabeça menor do que o normal e calcifi cações no cérebro. A pedido da mulher, e com aprovação de um comitê de éti ca da Eslovênia, a gravidez foi interrompida aos oito meses. A autópsia mostrou danos graves no cérebro e também na medula espinhal do feto. Uma análise microbiológica revelou que o vírus da zika estava no tecido do cérebro.

Pra excluir outras possíveis causas de microcefalia, os cienti stas procuraram sinais de infecção por citomegalovírus, herpes, rubéola e até dos vírus que provocam dengue, febre amarela e chikungunya. Todos os exames deram negati vo. A mulher e o parceiro também não ti nham alterações genéti cas que pudessem aumentar o risco de má formação do bebê.

A escola de medicina da universidade de Harvard, nos

Estados Unidos, analisou o estudo. O pesquisador Eric Rubin disse que uma pesquisa apenas não é sufi ciente pra provar a ligação de uma coisa com outra. Mas essa é a melhor evidência que já surgiu: “estamos chegando perto”.

Mas se há uma relação, como se explica a situação da Colômbia, onde mais de 3.100 mulheres que pegaram o vírus não ti veram bebês com microcefalia? “Ainda precisamos descobrir muita coisa. Se há variações no vírus de uma região para outra, e se os bebês de mulheres infectadas que não apresentam sintomas também correm risco”, declarou. (Fonte: Jornal Nacional, da Rede Globo, edição de 11 de fevereiro de 2016)

Em 25 de janeiro deste ano, o Ministério da Saúde publicou um Protocolo de Atenção à Saúde e resposta à ocorrência de microcefalia relacionada à infecção pelo vírus da zika, que pode ser visualizado no link goo.gl/HLFzVH.

Mesmo com essa pesquisa, Dr. Beny Schmidt, chefe e fundador do Laboratório de Patologia Neuromuscular e professor adjunto de Patologia Cirúrgica da Unifesp – Universidade Federal de São Paulo (SP), mantém a opinião que sempre sustentou. “Até o momento, o vírus da zika não pode ser considerado eti ológico para microcefalia. É preciso entender qual é o mecanismo que faz o vírus interagir com o sistema nervoso central para estabelecer causa e efeito de maneira acadêmica. Por exemplo, ele provoca infl amação do folheto embrionário (ectoderme)? É capaz de interagir com os genes do núcleo do hospedeiro? São necessários mais trabalhos cientí fi cos para se estabelecer essa ligação. Além disso, até agora, apenas foi relatada microcefalia associada à doença no Brasil”, declara.

Dr. Schmidt criti ca o fato de nenhum neuropediatra,

O mosquito que virou emergência de saúde pública internacional

Rafa

el N

edde

rmey

er/F

otos

Púb

licas

Por Carol Gonçalves

Atendimento.indd 8 19/02/2016 17:26:15

Page 9: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Atendimento.indd 9 19/02/2016 17:26:17

Page 10: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Aten

dim

ento

JAN-F

EV

10

neonatologista e, sobretudo, nenhum neuropatologista ter sido chamado inicialmente para falar sobre o assunto. “Com todo respeito aos especialistas em molésti as infecciosas, é preciso ter o mínimo de bom senso para ouvir os profi ssionais que realmente conhecem a patologia. Um dos principais e verdadeiros compromissos do governo com a sociedade brasileira seria o de aproveitar esse sensacionalismo e ensinar ao povo a importância de se evitar os casamentos consanguíneos, que, infelizmente, são absurdamente frequentes no Brasil e que são a real eti ologia das más formações e doenças hereditárias no nosso país”, afi rma.

NA PRÁTICAEste grave problema de saúde pública tem levado os hospitais a criarem estratégias para se adequarem ao aumento da demanda, afi nal, a população de Aedes aegypti ati nge seu pico entre os meses de março e abril.

Primeiramente, o mais importante é saber identi fi car qual desses vírus a pessoa adquiriu. A Dra. Andreia Maruzo Perejão, infectologista do Hospital e Maternidade São Cristóvão, de São Paulo (SP), explica que, muitas vezes, somente com a história clínica do paciente não é possível diferenciar essas doenças, porque seus sintomas são muito parecidos. “Algumas característi cas são mais marcantes em algumas delas, como as dores arti culares intensas na chikungunya, a conjunti vite na zika e chikungunya, e a febre mais baixa na zika, porém todas podem apresentar os sintomas. Assim, os exames laboratoriais e sorológicos são essências para a certeza no diagnósti co”, conta.

Embora todas sejam igualmente tratadas, com sintomáti cos e suporte clínico, a importância no diagnósti co se dá, principalmente, para critérios epidemiológicos e para histórico do paciente, pois um antecedente de uma das doenças pode signifi car agravantes em quadros redicivantes futuros, além de levar a complicações em situações associadas, como gestação no caso de zika.

O Hospital de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT/HAA), de Goiânia (GO), recebe apenas situações graves e complicadas de dengue, chikungunya e zika. A insti tuição possui unidade de emergência com corpo clínico treinado e estrutura adequada, além dos insumos para esse atendimento. Na maior parte das ocorrências, são necessárias apenas hidratação vigorosa e observação dos sinais clínicos que indiquem piora do quadro. Outro

setor relevante é a Agência Transfusional, que conta com hemocomponentes e hemoderivados.

“Por sermos especializados em doenças infectocontagiosas, temos infectologistas de plantão em todos os horários, o que facilita o reconhecimento e o diagnósti co dessas doenças. Para identi fi cação dos vírus são feitos exames iniciais de hemograma e função hepáti ca, seguidos dos exames sorológicos, para confi rmação do resultado”, explica a diretora técnica, Dra. Letí cia Aires, infectologista e pediatra.

O hospital já precisou ampliar o setor emergência e, desde 2014, possui 14 leitos no setor, além de um leito na área de reanimação. Conta ainda com 10 leitos de UTI adulto e cinco de UTI pediátrica: os principais nos casos de maior gravidade.

A maior difi culdade ao lidar com épocas de surtos dessas doenças, de acordo com a Dra. Letí cia, é o excesso de pacientes que não têm quadro compatí vel com dengue, chikungunya e zika, mas são encaminhados à unidade. “Para resolver esse problema, é preciso fazer a contrarreferência e encaminhar principalmente aos serviços de hematologia, quando necessário”, expõe.

Outro hospital que divide sua experiência é o Dr. Miguel Soeiro (HMS), unidade própria da Unimed Sorocaba (SP), que implementou em 2015 um plano de conti ngência nesses casos. A insti tuição conta com uma sala especial, com diversos pontos de hidratação necessários para o atendimento e tratamento desses pacientes. “Neste ano, já estamos fazendo os testes rápidos de dengue. Os exames de suspeitas de zika e chikungunya são encaminhados à Vigilância Epidemiológica da cidade”, explicam Paulo Hungaro Neto, diretor vice-presidente da Unimed Sorocaba, e Mário Sérgio Moreno, diretor técnico do HMS.

Segundo eles, o plano de conti ngência adotado vai além das ações no hospital, envolvendo, nas clínicas e consultórios, os cooperados com disponibilidade de agenda para receber os pacientes que necessitam de acompanhamento médico. Com esta retaguarda, diminuiu substancialmente o fl uxo no pronto-socorro, evitando retornos.

“Na práti ca, o primeiro atendimento conti nua sendo feito no pronto-socorro do hospital. Quando a pessoa é diagnosti cada com dengue, recebe as orientações necessárias para que, depois de três dias ou a critério

Dra. Letí cia Aires, do Hospital de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad

Dr. Beny Schmidt, do Laboratório de Patologia Neuromuscular da Unifesp

Dra. Andreia Perejão, do Hospital e Maternidade São Cristóvão

Atendimento.indd 10 19/02/2016 17:26:20

Page 11: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

11

JAN-F

EV

11

Atendimento.indd 11 19/02/2016 17:26:22

Page 12: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Aten

dim

ento

JAN-F

EV

12

do médico, agende horário nos consultórios de um dos cooperados que aderiram à escala”, detalham.

As equipes médica e de enfermagem que atuam na Emergência do HMS foram capacitadas para o diagnósti co correto das doenças. Também foram distribuídos materiais impressos aos colaboradores e clientes, com orientações específi cas.

No ano passado, a maior difi culdade que a insti tuição enfrentou foi absorver o abrupto aumento de, aproximadamente, 40% no número de pacientes atendidos no serviço de emergência. “Resolvemos esse problema com a readequação fí sica do setor e, também, aumentando o quadro de técnicos de enfermagem e de laboratório, as equipes de acolhimento e os profi ssionais médicos específi cos”, fi nalizam os diretores.

Já o Hospital São Francisco, de Ribeirão Preto (SP), tem grande experiência quando se fala em dengue. A insti tuição possui uma equipe multi profi ssional, composta por médicos, enfermeiros, farmacêuti cos, pessoal de laboratório e administradores, que mantêm um plano de ação para o fl uxo de atendimento e parti cipam constantemente de treinamentos e workshops de capacitação de acordo com os protocolos do Ministério da Saúde.

Além disso, para melhor atender ao aumento da demanda, contratou mais médicos, enfermeiros e profi ssionais administrati vos. A estrutura recebeu modifi cações para acomodar exclusivamente os pacientes com casos suspeitos ou confi rmados.

O número total de atendimentos no São Francisco teve um acréscimo de 30%, sendo que em meados de janeiro de 2016 os casos suspeitos já são 70% superiores ao mesmo período relati vo a janeiro de 2011, ano da maior epidemia de dengue na cidade e de atendimentos no hospital.

Com o aumento, foram reforçados procedimentos que incluem a triagem por uma equipe de enfermeiros de todos os pacientes suspeitos. Se algum sinal indicar a presença do vírus, o paciente recebe uma pulseira adicional de cor laranja, sendo, em seguida, encaminhado para a sala de coleta de exames de sangue. Neste momento, já recebe uma garrafi nha de água para iniciar a hidratação, que é o melhor tratamento conhecido para combater os efeitos da doença.

Após a coleta, os pacientes esperam o resultado do exame, que fi ca pronto em até uma hora, quando então é atendido por um

médico que já está com o documento em mãos. “Caso ainda ocorra alguma dúvida, são realizados novos exames. Se for necessário, receberá hidratação endovenosa e uma carteirinha específi ca com retorno agendado para o dia seguinte ou para dias alternados, conforme a avaliação médica”, explica a gerente médica do hospital, Dra. Sílvia Fonseca.

Mário Sérgio Moreno, do Hospital Dr. Miguel Soeiro Dra. Sílvia Fonseca, do Hospital São Francisco

MAIS AÇÕES

• Em janeiro, os planos de saúde passaram a ser obrigados a oferecer aos seus beneficiários 21 novos procedimentos, entre eles o teste rápido para dengue e o exame de diagnóstico de chikungunya. O diagnóstico do vírus da zika não entrou no novo rol da ANS porque quase nenhum laboratório privado brasileiro oferecia o procedimento quando as coberturas do novo rol foram definidas, em outubro de 2015.

• O Ministério da Saúde distribuirá 500 mil testes para realizar o diagnóstico de PCR (biologia molecular) para o vírus da zika. Com isso, os laboratórios públicos ampliarão em 20 vezes a capacidade dos exames, passando de mil para 20 mil diagnósticos mensais.

• O governo brasileiro firmou em fevereiro deste ano um acordo com a Universidade do Texas, nos Estados Unidos, para desenvolver vacina contra o vírus da zika. Com a união de esforços entre os dois países, ela poderá ficar pronta para aplicação em três anos. Desse prazo, a parte do desenvolvimento poderá ser encurtada de dois para um ano. Após isso, serão necessários mais dois anos para produção e comercialização do produto. A pesquisa será feita por cientistas brasileiros e norte-americanos do Instituto Evandro Chagas, localizado no Pará, e da Universidade do Texas Medical Branch.

• A OMS – Organização Mundial da Saúde, que considera o avanço da microcefalia ligada ao vírus da zika uma emergência internacional, lançou um plano estratégico de resposta à epidemia que prevê investimentos globais de US$ 56 milhões. Pelos critérios de distribuição dos recursos, o Brasil receberá a maior parte da verba. A prioridade é para países com presença do Aedes, da zika e de malformações congênitas, e só o Brasil preenche todos esses quesitos. Até o fechamento desta edição, não tinha sido divulgado o quanto o país irá receber.

Paulo Hungaro Neto, da Unimed Sorocaba

Atendimento.indd 12 19/02/2016 17:26:24

Page 13: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Atendimento.indd 13 19/02/2016 17:26:25

Page 14: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Aten

dim

ento

JAN-F

EV

14

Atendimento.indd 14 19/02/2016 17:26:26

Page 15: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

15

JAN-F

EV

15

Atendimento.indd 15 19/02/2016 17:26:28

Page 16: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Mat

erni

dade

JAN-F

EV

16

Contato com bebê prematuro diminui estresse materno

Colocar o bebê em contato com a mãe, pele a pele, para senti r o seu cheiro e ganhar o calor do seu corpo. Esse é o método canguru, um ti po de assistência neonatal que esti mula o desenvolvimento e ajuda na recuperação de bebês de baixo peso e prematuros.

O método surgiu na Colômbia, em 1979, com o objeti vo de solucionar uma situação de superpopulação na unidade de terapia intensiva, visando reduzir os custos da assistência perinatal e promover maior vínculo afeti vo, estabilidade térmica e melhor desenvolvimento.

Pesquisas demonstram que laços estáveis entre pais e fi lhos são fundamentais para o desenvolvimento saudável da criança. Para os pais de bebês nascidos prematuramente ou com necessidades médicas especiais, este vínculo precoce pode ser interrompido ou abalado pela assistência médica complexa, necessária em uma unidade de terapia intensiva neonatal.

Em recente estudo conduzido em uma grande UTI neonatal americana e apresentado no encontro anual da Academia Americana de Pediatria (AAP), pesquisadores concluíram que o contato pele a pele entre mães e bebês pode reduzir os níveis de estresse materno, condição unânime entre aquelas com recém-nascidos internados.

Segundo os autores da pesquisa, todas as mulheres separadas de seus fi lhos senti ndo-se impotentes e incapazes de protegê-los contra a dor e procedimentos dolorosos relataram uma diminuição objeti va do nível de estresse.

Todos os recém-nascidos pesquisados apresentavam diversos problemas de saúde, e mais da metade deles necessitava de suporte de oxigênio. Ao nascer, o peso dos pequenos, com 3 a 109 dias, variava entre 450 g e 3,7 kg.

“Já conhecíamos os benefí cios fi siológicos do contato pele a pele, como a estabilização dos bati mentos cardíacos, dos padrões e níveis de oxigênio no sangue, do ganho de peso, diminuição do choro, sono mais tranquilo, maior sucesso do aleitamento materno e tempo menor de internação hospitalar. Agora, temos mais evidências de que esta técnica simples também pode diminuir o estresse parental, interferir na relação de saúde e bem-estar emocional e nas relações interpessoais dos pais, bem como nas taxas de amamentação”, afi rma o pediatra e homeopata Moises Chencinski. Assista ao vídeo sobre o assunto no link goo.gl/BFyWi2.

Muitos reconhecem o papel do fi sioterapeuta na reabilitação de movimentos motores em crianças e adultos, mas nem todos sabem de sua importância para prematuros em UTIs neonatais. Isso se deve, principalmente, ao fato de os cursos e treinamentos na área de cuidados intensivos com neonatos serem recentes. No Brasil, por exemplo, a especialização começou a se difundir somente a parti r do ano 2000.

Com o avanço contí nuo da medicina obstétrica e neonatal, a taxa de sobrevida dos bebês prematuros (nascidos com menos de 37 semanas) e prematuros extremos (com menos de 28 semanas) tem crescido consideravelmente. A interação entre recém-nascido, equipe multi disciplinar especializada, ambiente propício para o tratamento, equipamentos modernos, roti nas e protocolos é a grande responsável por essa evolução.

Os prematuros têm necessidades especiais e normalmente seus órgãos são muito imaturos. O pulmão, por exemplo, pode não estar completamente formado e, também por isso, a presença do fisioterapeuta no tratamento se torna necessária, uma vez que atua especialmente em casos de doença respiratória, como membrana hialina, displasia broncopulmonar, síndrome da aspiração do mecônio, atelectasia, pneumonia, entre outras.

São estes profi ssionais que, além de preparar a musculatura do recém-nascido por meio de alongamentos para o desenvolvimento motor, também auxiliam na respiração. “Somos responsáveis por toda essa tecnologia avançada do suporte respiratório e de manuseio do bebê, ajudando-o a deslocar o ar ou a expelir alguma secreção que esteja incomodando”, explica Liss Labate, fi sioterapeuta da UTI Neonatal da Maternidade Pro Matre Paulista, em São Paulo (SP).

De acordo com o Ministério da Saúde, toda UTI neonatal precisa de assistência fi sioterápica 24 horas. “Na Pro Matre, por exemplo, somos uma equipe de 15 fi sioterapeutas especializados em prematuros e nos revezamos em duplas para atendê-los 24 horas, isso reduz o tempo de internação hospitalar a parti r da evolução clínica do bebê”, comenta Liss.

Desde 2010, a especialização em neonatologia tornou-se também uma obrigatoriedade para os fi sioterapeutas que atuam em maternidades, conforme publicado no diário ofi cial pela Anvisa.

Outro setor dentro das maternidades que necessita de fi sioterapeutas é a UTI adulto. Nela, porém, os exercícios são aplicados em prol do bem-estar da gestante. “Nosso trabalho é parte importante de uma maternidade como um todo. Contribuímos para a melhor reabilitação dos bebês e das mamães”, fi naliza.

A importância do fisioterapeuta na UTI neonatal

Maternidade.indd 16 19/02/2016 17:28:47

Page 17: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

17

MAI-

JUN

17

Maternidade.indd 17 19/02/2016 17:28:48

Page 18: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Infe

cção

SET-O

UT

18

Muitos estudos feitos no Brasil e em outros países apontam para os riscos que o estetoscópio, quando mal usado, pode oferecer aos pacientes em ambientes hospitalares, clínicas, consultórios e até ambulâncias. O aumento dos casos de doenças como H1N1, superbactérias e outras, transmiti das pelo contato, gera preocupação com relação a todas as possibilidades de contágio.

Sem falar no grave problema da sepse, que é a principal causa de morte por infecção em todo o mundo, apesar dos avanços da medicina moderna, como vacinas, anti bióti cos e cuidados intensivos. Milhões de pessoas ao redor do mundo morrem de sepse todos os anos. No Brasil, o quadro é alarmante. Dados de estudos epidemiológicos, coordenados pelo ILAS – Insti tuto Lati no Americano de Sepse, apontam que cerca de 30% dos leitos das unidades de terapia intensiva no país são ocupados por pacientes com sepse grave; e a taxa de mortalidade pode chegar a 55% nas UTIs. Por isso, a prevenção é imprescindível.

Segundo matéria publicada no jornal americano The New York Times, um estudo descobriu que os estetoscópios estão contaminados com bactérias que podem passar facilmente de um paciente para outro. Pesquisadores desenvolveram culturas de bactérias encontradas nas pontas dos dedos, nas palmas das mãos e nos estetoscópios de três médicos que ti nham realizado exames fí sicos de roti na em 83 pacientes de um hospital da Suíça.

Os testes foram feitos para verifi car a presença de células viáveis de bactérias, especifi camente a potencialmente mortal Staphylococcus aureus resistente à meti cilina (Sarm). O relatório foi publicado no periódico Mayo Clinic Proceedings.

A ponta dos dedos da mão mais uti lizada pelos médicos foi a área estudada mais contaminada. No entanto, a quanti dade de bactérias encontrada na parte do estetoscópio que tem contato com a pele do paciente foi duas vezes superior à existente na palma da mão.

Segundo Didier Pitt et, autor sênior do estudo e professor de medicina dos Hospitais da Universidade de Genebra, não é uma surpresa a descoberta de bactérias no aparelho. O médico deveria limpar seu estetoscópio com hastes de

O perigo da disseminação de bactérias através do estetoscópio

algodão banhadas em álcool após cada exame clínico, mas a maioria não faz isso, de acordo com ele. “Não há nenhuma solução fácil para esse problema. Talvez seja o momento de termos um estetoscópio para cada paciente, ao menos nas UTIs. Porém, torna-se imprati cável em hospitais grandes, com muita demanda. Isso é lamentável, porque não temos nenhuma norma de procedimento”, acrescentou o especialista.

DESAFIOS No trabalho de controle de infecção hospitalar, há vários desafi os diários, que aumentam a cada ano devido ao progresso da medicina, informa o presidente da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Insti tuto de Infectologia Emílio Ribas, de São Paulo (SP), Dr. Nilton José Fernandes Cavalcante.

“Um dos principais é a restrição da disseminação de agentes multi rresistentes. Outro envolve a mudança de comportamento das pessoas e sua adesão às medidas de proteção. Há também os desafi os em se buscar soluções adequadas para lidar com novas doenças”, conta.

Dentro do aspecto da restrição, Dr. Nilton diz que as ações mais importantes são a assepsia das mãos e a adoção das medidas apropriadas, como o isolamento de contato. “O profi ssional de saúde deve uti lizar luvas e avental somente dentro do quarto do paciente. Além disso, precisa lavar as mãos antes e após qualquer contato com material do indivíduo. Ao tocar o local entorno do paciente, fazer um exame ou preparar uma medicação, já deve fazer esse ti po de isolamento”, explica.

Para ele, é importante considerar todas as opções hoje disponíveis para conseguir controlar a disseminação de agentes multi rresistentes, inclusive aquelas que são recicláveis e ajudam o profi ssional de saúde a se proteger e a quebrar essa cadeia, como os protetores de estetoscópio.

É importante considerar todas as opções hoje disponíveis para conseguir controlar a disseminação de agentes multirresistentes, inclusive aquelas que são recicláveis e ajudam o profissional de saúde a se proteger e a quebrar essa cadeia, como os protetores de estetoscópio”

Infecção.indd 18 19/02/2016 17:29:36

Page 19: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

19

SET-O

UT

19

Infecção.indd 19 19/02/2016 17:29:37

Page 20: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Redu

ção

de c

usto

sJA

N-F

EV

20

Por Carol Gonçalves

Reduzir custos é sempre importante para ser competi ti vo, principalmente em momentos de crise econômica. Pensando nisso, iniciamos nesta edição uma sequência de seis matérias que serão publicadas ao longo do ano apresentando casos de sucessos de hospitais que adotaram novas práti cas nos mais diferentes setores para melhorar suas receitas e diminuir os desperdícios.

Quem nos ajuda a analisar essa realidade é o professor Walter Cintra Ferreira Junior, coordenador do Curso de Especialização em Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (CEAHS da FGV/EAESP). Em 2015 houve as primeiras consequências da recessão econômica, com a redução na renda líquida dos hospitais e o incremento das despesas. Outros pontos importantes são: a desvalorização da moeda nacional, que pressiona o aumento dos custos, uma vez que muitos materiais uti lizados pelos hospitais são importados; o aumento do desemprego, que provoca redução dos benefi ciários de planos de saúde e, por consequência, queda nas receitas das operadoras; e o medo da perda de emprego e do plano de saúde patrocinado pela empresa, que provoca o crescimento da demanda por consultas e exames e, portanto, da sinistralidade dos planos.

Normalmente o principal gasto dos hospitais está relacionado aos recursos humanos, sejam os empregados diretos ou terceirizados. Os contratos com prestadores de serviços de outra natureza também entram na lista, como de lavanderia, limpeza, portaria, nutrição e esterilização de materiais.

Outro componente importante são os materiais de custeio, principalmente aqueles ligados diretamente com a assistência

É hora de mudar processos e engajar pessoas

ao paciente, como os uti lizados em procedimentos cirúrgicos e as OPME – Órteses, Próteses e Materiais Especiais.

Quando se fala em reduzir custos, a primeira ação que os hospitais devem tomar é o combate vigoroso ao desperdício, explica o professor da FGV/EAESP. Nas insti tuições bem gerenciadas, não se espera encontrar um setor que sozinho proporcione uma grande economia, mas pequenas economias em todas as áreas podem gerar resultados signifi cati vos. “Portanto, é um trabalho ‘de formiguinha’ que depende do comprometi mento e da conscienti zação de todos os colaboradores. São necessárias criati vidade e inovação para buscar processos menos onerosos sem colocar em risco a qualidade e a segurança do atendimento”, expõe.

Por isso, é preciso transparência na comunicação entre todas as pessoas envolvidas. As lideranças devem estar bem informadas e capacitadas para transmiti r as informações e devem ser capazes de moti var suas equipes para ati ngir os resultados planejados. “É imprescindível que os profi ssionais sejam vistos como parte fundamental da solução e recurso precioso da organização, não como problema a ser cortado”, acrescenta Ferreira Junior.

Para promover a redução de custos, o hospital precisa conhecer primeiro os seus gastos, e isso se consegue com um sistema confi ável de apuração, o que, infelizmente, segundo o professor, poucas insti tuições no Brasil possuem. “Além disso, é preciso entender qual é a margem de contribuição de cada setor para o resultado fi nanceiro fi nal. Promover cortes em áreas de alto custo, mas que ao mesmo tempo geram alta margem de contribuição, pode ser desastroso. Muitas organizações têm na venda de materiais e medicamentos uma

Redução de custos.indd 20 19/02/2016 17:31:17

Page 21: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

21

JAN-F

EV

21

Redução de custos.indd 21 19/02/2016 17:31:18

Page 22: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Redu

ção

de c

usto

sJA

N-F

EV

22

parte importante de suas receitas, e isso pode ser um estí mulo à inefi ciência”, ressalta.

A seguir, dois hospitais detalham sua experiência com excelentes resultados em diferentes áreas.

DO DESPERDÍCIO AO PLANEJAMENTOO primeiro caso é da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo (SP), que reduziu os desperdícios no Setor de Nutrição e Dietéti ca. A nutricionista e gerente de Hotelaria da Rede, Marisa Resende Couti nho, explica que em um processo produti vo, deve ser considerado o controle da sobra limpa e do resto alimentar.

Sobra limpa é o alimento que foi preparado, mas não distribuído. Seu monitoramento precisa ser bastante sensível, pois todo o processo de produção prevê uma “reserva técnica”, principalmente em restaurantes/refeitórios em que não existe um número fi xo de pessoas uti lizando-se dele.

Resto alimentar é aquele que foi distribuído, mas não consumido pelo usuário e, neste ponto, deve-se ter também muita atenção, pois a rejeição pode acontecer por vários fatores, como sabor, consistência, temperatura, hábito do usuário do local e tamanho da porção.

“Ambos os desperdícios confi guram custos desnecessários dentro da unidade. Signifi ca que estamos comprando uma quanti dade maior que a necessária, consumindo mais recursos, como água e energia, e uti lizando mais funcionários”, expõe.

Na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, o controle de sobra e restos é feito desde 2005. Nos últimos quatro anos, os índices passaram de uma média de 4,4% de sobra limpa para 2,08%, e de 5,8% de restos alimentares para 2,6%.

Segundo o livro “Cardápios: planejamento, elaboração e eti queta”, de Fáti ma Aparecida Ferreira de Castro, o esperado é que os restos não ultrapassem 5% da produção, neste caso, o serviço é classifi cado como óti mo. Aquele cujo desperdício de alimentos varia de 5% e 10% é considerado bom; na faixa regular está o que perde entre 10% e 15%. Os desperdícios que superam 15% da produção representam um indicati vo de péssimo desempenho.

Com o objeti vo de melhorar seus números, a São Camilo realizou ações para diminuição das sobras, como produção pautada na ocupação diária do hospital, revisão do per capita de cada preparação e treinamento da equipe para

elaborar somente o esti pulado pelo nutricionista. Com relação ao resto alimentar, revisou os cardápios, modifi cou os pratos com menor aceitação e conscienti zou os colaboradores sobre a montagem das refeições.

Segundo Marisa, a maior difi culdade encontrada foi engajar as pessoas, pois, culturalmente, grande parte tem por hábito montar um prato cheio, mesmo que não consiga consumir tudo. “Nos nossos monitoramentos, observamos que cerca de 70% dos alimentos não consumidos eram aqueles que os usuários se servem livremente, como arroz, feijão e salada”, aponta. Outra difi culdade relatada foi conscienti zar a equipe de que não é necessário produzir uma quanti dade muito maior do que a será consumida, basta seguir o porcionamento adequado.

“Estamos superando esses desafi os com trabalho de educação, tanto do usuário, por meio de campanhas, quanto dos funcionários que trabalham na produção”, conta Marisa, que acredita que o sucesso de qualquer ação está na persistência e no engajamento das pessoas.

Suas três principais dicas para diminuir desperdícios em alimentação são: organização do processo de produção, com educação dos funcionários, promovendo seu engajamento na redução da quanti dade produzida desnecessariamente; implantação de cardápios pautados em estudo de aceitação da população; e campanhas de educação dos usuários do refeitório/restaurante.

“Saber negociar a compra dos alimentos, uti lizar aqueles com boa rentabilidade na hora do preparo e ter equipamentos para pré-processamento e processamento, como fornos combinados, também ajudam”, fi naliza a nutricionista.

DA DÍVIDA AO SUCESSOO segundo caso é a história de superação do Hospital Araújo Jorge, manti do pela ACCG – Associação de Combate ao Câncer em Goiás, de Goiânia (GO), o único no Centro-Oeste especializado no tratamento contra a doença. Em 2012, a insti tuição sofreu uma intervenção judicial do Ministério Público Estadual, pois suas obrigações com terceiros eram superiores ao ati vo. Traduzindo em números, a dívida acumulada era de mais de 74 milhões de reais.

Essa situação gerava não apenas demora no atendimento, mas também atendimento parcial, por exemplo, o paciente necessitava de tratamento coadjuvante de quimioterapia e radioterapia, no entanto, realizava somente o de radioterapia.

Outros problemas consequentes foram: descumprimento do protocolo de tratamento quimioterápico; falta contí nua de profi ssionais; atraso no pagamento dos salários dos colaboradores, gerando desmoti vação; atraso no pagamento de fornecedores, o que resultou na suspensão do fornecimento de medicamentos; honorários médicos reti dos há vários meses; e redução signifi cati va na captação de recursos em virtude do destaque negati vo na mídia.

Foi então que, neste mesmo ano, para assegurar a sobrevivência da insti tuição, que se encontrava no auge de uma crise fi nanceira/gerencial, começou a ser implantado o modelo de gestão parti cipati va, uti lizando principalmente a fi losofi a lean healthcare. A ideia era incenti var e capacitar os colaboradores para construírem em parceria com os gestores as soluções para melhorar a situação.

A empresa responsável pela implantação do modelo lean no Araújo Jorge é a Lure Consultoria, que atua com a fi losofi a

Com a revisão de processos, Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo conquista baixo índice de desperdício de alimentos

Redução de custos.indd 22 19/02/2016 17:31:21

Page 23: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Redução de custos.indd 23 19/02/2016 17:31:22

Page 24: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Redu

ção

de c

usto

sJA

N-F

EV

24

hands on (mão na massa), ou seja, juntamente com a equipe do hospital elabora, executa e acompanha o plano diretor de mudanças. Foram uti lizadas as seguintes ferramentas: gestão a vista, indicadores, Kaizen, mapa mental Makigami, relatório A3, mapa de fl uxo de valor, fl uxo contí nuo e 5S.

Foi então que começou a ter resultados sati sfatórios. Com a revisão do processo de compras e da área da estocagem de materiais e medicamentos, somados à implantação do sistema de custos aprimorado, ao pente fi no nas horas extras e à revisão das escalas de trabalho, conseguiu uma redução de 6% do custo total da insti tuição.

Na área de anatomia patológica, diminuiu o tempo para a entrega dos resultados de exames de 11 dias (janeiro de 2015) para seis (novembro de 2015). Além disso, saiu de um resultado defi citário de R$ 65.895,00 (01/2015) para o superavitário de R$ 36.223,00 (10/2015). Esses números foram obti dos com a implantação de fl uxo contí nuo, o balanceamento das ati vidades e a criação de células de trabalho entre médicos e digitadores.

Com a prescrição médica 100% eletrônica, os atrasos com a entrega da medicação reduziram 66%, diminuindo em 1 hora e 44 minutos o tempo de chegada do pedido à farmácia. Sem falar que caiu de 52 minutos para zero o tempo de envio da prescrição. A mudança se deu através de campanhas de adesão, ajustes na tela do sistema junto aos médicos e instalação de novos computadores.

Em radioterapia, o Araújo Jorge adotou a metodologia 5S para melhoria interna do setor, tanto de organização, quanto de cultura e convivência, através de reuniões para discussão de problemas e soluções. O hospital passou a acompanhar os indicadores de produti vidade para análises gerenciais e tomadas de ação. Também mudou o layout das salas de espera e da recepção de enfermagem de 60 para 75 cadeiras; alterou o agendamento de consultas de revisão: de três dias para 0,5 dia; adotou sistema eletrônico para chamada de pacientes; implantou faixas de rotas para orientar melhor os usuários; e reduziu o desperdício na procura de fi chas de mais de 2 horas para menos de 5 minutos.

Na área de enfermagem, padronizou os relatórios, reduziu a quanti dade de cadernos, formulários e papéis uti lizados pela equipe assistencial; implantou quadros de programação diária ao paciente, intercorrência e controles de chegada dos medicamentos; e criou check list de passagem de plantão para os enfermeiros.

No setor de quimioterapia, aumentou o faturamento em mais de 30% no primeiro projeto. No segundo, a fi la de espera para o atendimento caiu de 12 dias para 0, e a capacidade

de agendamento aumentou em 10%, graças a um sistema inteligente. Antes, os leitos e as cadeiras do setor fi cavam vagos em grande parte do tempo, mas havia pacientes na fi la para atendimento. Atualmente, o sistema permite encaixar essas pessoas, sem espera, nos horários vagos.

Segundo Alexandre Meneghini, presidente da ACCG, os principais desafi os de implantação do lean healthcare foram falta de recurso fi nanceiro (por ser uma insti tuição fi lantrópica); resistência a mudanças por parte da equipe de colaboradores e de algumas pessoas no corpo clínico que, à medida que foram enxergando os resultados, aderiram ao projeto; e parte da infraestrutura da ACCG, que é anti ga, atrapalhando em certos momentos.

Em resumo, os objetivos do hospital eram equilibrar a área financeira; regularizar o fornecimento de medicamento quimioterápico; atender com agilidade o paciente em tratamento; pagar as dívidas antigas com fornecedores, empréstimos e encargos sociais; aumentar as receitas operacionais e as subvenções; e promover a melhoria contínua dos processos internos utilizando a filosofia lean healthcare.

“Gradati vamente, esses pontos estão sendo alcançados. Em comparação com a realidade anterior, agora estamos em uma situação econômica fi nanceira mais sólida, com números positi vos dentro da realidade econômica brasileira do segmento”, considera Meneghini.

Dos 23 setores estabelecidos como prioridades, 16 já foram benefi ciados até o momento. E mais sete ainda serão contemplados de acordo com a programação.

Para os hospitais que desejam reduzir custos, o presidente da ACCG dá as dicas:

• Em primeiro lugar, o problema não são as pessoas, mas, sim, os processos, por isso eles precisam ser revistos e melhorados.

• Não adianta ter óti mos processos se as pessoas não são qualifi cadas. Busque capacitá-las para que estejam preparadas para as mudanças.

• Passe a medir tudo dentro do hospital, aquilo que não se mede não se gerencia.

• Busque ajuda de especialistas, pois eles mostram o método, auxiliam a ter objeti vos claros e a manter o foco.

• Não tenha medo de mudar, pois a mudança ti ra as pessoas da zona de conforto e também traz resultados diferentes para o que está estagnado. Mas tenha cuidado em fazer isso com planejamento.

Alexandre Meneghini, da Associação de Combate

ao Câncer em Goiás

As equipes do Hospital Araújo Jorge e da Lure Consultoria elaboram, executam e acompanham juntas o plano diretor de mudanças

Redução de custos.indd 24 19/02/2016 17:31:23

Page 25: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

25

JAN-F

EV

25

Redução de custos.indd 25 19/02/2016 17:31:24

Page 26: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Gent

e qu

e fa

zJA

N-F

EV

26

Amorosa, leve e impetuosa. É assim que Karin Brigitt e Guth se autodefi ne, embora seja muito fácil identi fi car essas qualidades simplesmente conversando com ela, pois é uma pessoa que se entrega de forma afetuosa àqueles que buscam conhecê-la melhor.

Seu currículo é extenso, de fotógrafa a diretora de exportação, mas é como palestrante moti vacional e coach ontológica – linha de coaching fi losófi ca que analisa o ser humano como um todo – que vem se destacando, inclusive no segmento de saúde, no qual possui experiência de mais de 35 anos.

Karin defende a importância de se pensar na humanização do ambiente hospitalar levando em conta não somente pacientes, mas, principalmente, cuidadores, médicos e enfermeiros, que se posicionam diariamente frente à dor, ao sofrimento e às doenças fí sicas e mentais.

A falta de humanização traz consequências muito sérias para as equipes. Com jornadas de trabalho exausti vas – e muitas vezes mais do que dois empregos –, os profi ssionais acabam sofrendo de depressão, bipolaridade, estresse e irritabilidade. Para o hospital, um colaborador que não está em seu equilíbrio perfeito não consegue ter excelência na sua função.

Nesta entrevista, Karin fala sobre o seu projeto “Cuidando de quem cuida”, aborda a importância do diálogo entre as pessoas e como trabalhar a autoesti ma.

F��� � �������� �� ������� “C������� �� ���� �����”.Esse trabalho é realizado, dentre outras formas, através de encontros para diálogos dentro das insti tuições de saúde, envolvendo setores nos quais a situação é mais tensa e exija muito de quem está na linha de frente. Nessas reuniões é trabalhada a construção de relações refl exivas, parti cipati vas e repletas de ensinamentos para serem colocados em práti ca, dando sustentação e criando mecanismos para o autoconhecimento, com o objeti vo de propiciar melhor qualidade de vida para os cuidadores e, consequentemente, melhor atendimento aos pacientes. Não é simplesmente um projeto, porque se trata de uma necessidade urgente de mudança.

C��� �������� �� ������� ����� ��������� ���� � �������?A diretoria do hospital aprova esses encontros para alguma área específi ca, como atendimentos de emergência ou UTIs. Em uma sala, com no máximo 10 pessoas, eu começo ensinando uma respiração que fará com que elas relaxem um pouco, para harmonizar a dinâmica. Depois, leio algumas frases de um tema – previamente escolhido de acordo com o problema enfrentado na unidade – e começamos a roda de diálogos, cada um expressando a sua opinião. Esta dinâmica é muito interessante porque após um tempo, outro assunto aparece e, aí sim, o trabalho efeti vamente começa. É impressionante como o ser humano não se ouve e não ouve mais o que o outro tem a dizer. No fi nal de cerca de duas horas de trabalho, as pessoas parecem outras, diferentes das que entraram, pois liberaram pensamentos, emoções, opiniões,

KARIN BRIGITTE GUTHMovida a alegria, ensina as pessoas a se cuidarem no meio do caos

Por Carol Gonçalves

angústi as, alegrias, tristezas e começam a enxergar no outro qualidades que nunca imaginavam. Cada encontro é totalmente inédito, inusitado, não dá para saber o fi nal. Só sei descrever como lindo, fascinante, profundo e intenso!

Q��� � � �������� ���� � �������� �� ��� �� �������� ���� ���� ��������� ������������?A insti tuição verá o surgimento de uma equipe preparada emocionalmente, que usará das técnicas e ferramentas para não perder o autocontrole, sabendo gerenciar a si mesmo e, o mais importante, não entrando no looping do estresse, da depressão e às vezes até da bipolaridade. Ter uma equipe altamente treinada e preparada faz com que a rotati vidade de funcionários diminua substancialmente, sem falar que reduz os gastos com o tratamento quando eles adoecem emocionalmente.

Q��� � ����������� �� ����������� �� �������� �������-��� ������� ���� �� ������������� �� �����?Durante um bom tempo, passei dias dentro de vários hospitais a trabalho. Infelizmente, entre 2010 e 2012 os motivos foram outros: fui acompanhante do meu irmão que estava em tratamento quimioterápico. Oncologia não é um lugar alegre, mas eu percebia o esforço absurdo que os enfermeiros faziam para transformar aqueles dias em momentos de alívio. Não posso deixar de mencionar um deles, que cantava baixinho ao lado do paciente e dizia que a música tinha o poder de curar. Muitos que tiveram a sorte e a honra de tê-lo como enfermeiro plantonista sobreviveram... mas ele cantava quando sentia em seu coração que deveria. Uma vez pedi que cantasse para o meu irmão, mas ele não o fez, só me olhou com profunda dor... foi esse olhar que me contou o final deste capítulo de tristeza e sofrimento na minha vida. Ninguém pediu para aquele enfermeiro fazer isso, era um dom, um talento só dele. Era a maneira de colocar o seu melhor em benefício do próximo. Gesto lindo, marcante e único! Esta história nunca saiu da minha cabeça e foi a inspiração para idealizar o projeto “Cuidando de quem cuida”. Existem inúmeras técnicas, dinâmicas, treinamentos, rodas de diálogos e coaching para cuidar destes verdadeiros anjos, pois eles também precisam de alguns momentos para se fortalecerem, para serem ouvidos, se expressarem e dividirem, afinal, médicos, enfermeiros e toda a equipe envolvida com os pacientes convivem com a dor, o sofrimento e assistem a cenas que nós sequer conseguiríamos imaginar. Humanizar é cuidar de quem cuida!

P����� � ��� ������� ��������� � ��� ��������?Para dialogar é necessário ceder, parar de julgar, bloquear os próprios pensamentos quando achamos o que o outro

Gente que faz.indd 26 19/02/2016 17:32:14

Page 27: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

27

JAN-F

EV

27

Gente que faz.indd 27 19/02/2016 17:32:16

Page 28: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Gent

e qu

e fa

zJA

N-F

EV

28

quer dizer e já estamos com a resposta pronta, sem antes prestar atenção de verdade no contexto que estamos ouvindo. Expressar o que senti mos nos expõe, e nem sempre isso é confortável para quem fala e para quem ouve. As pessoas não têm com quem conversar, uns não querem ouvir, outros não querem falar do que acontece no seu dia a dia. Essa situação gera estresse porque não existe uma válvula de escape. Às vezes, só o fato de ouvir o que o outro tem a dizer faz com que muitos dos problemas se resolvam. As fofocas acontecem quando não nos colocamos no lugar do outro e não enxergamos o quanto este vício de conduta só prejudica, sem agregar valor algum. Aqui vale uma máxima dos indianos: “Se não tem nada de úti l para dizer, é melhor se calar”.

A� ������� ����� ���� ��� ���� �� ���������� ��� �� ������, ����� ��������� � ��� � ���������� �����. C��� ����� ��� ����?Ainda existem muitos tabus quando se fala de autoesti ma, parece que é algo que está fora do seu controle, mas trabalhá-la é um dever diário, é criar o habito, é se reconhecer com um olhar honesto, é se reconectar com o seu melhor e desfrutar dos benefí cios que este “se gostar” traz. No “Cuidando de quem cuida”, este assunto é abordado amplamente. Os benefí cios próprios e para os demais são renovadores, o ambiente muda, a sensação é que a parede que estava preta foi pintada de branco, faz-se luz!

Q�� ����� ���� �� ��� ������������� �� ����� ���� �����-��� ��� ��������� ��� ���� � �����?Acredito de verdade que afeto existe sempre, mas foco, só de vez em quando, devido às situações de esgotamento que esses profi ssionais enfrentam. A minha dica é: saia da roti na diariamente, mude o caminho para o trabalho, comece a tomar banho por um lado que nunca antes começou, engraxe o sapato, se nunca o fez, saia do piloto automáti co. Isto ajuda muito a prestar atenção no que se está fazendo, amplia as percepções e aguça o foco.

Q�� ����������� �� �������/�������� ����� ��� �� �������?Ironicamente, os líderes são os que mais podem se benefi ciar de trabalhos como coaching e roda de diálogos, mas são os que menos se dão tempo para isso. A agenda é repleta de compromissos e reuniões, eles precisam saber o que está acontecendo ao seu redor e acabam “se esquecendo” de si mesmos neste processo. Um trabalho como o “Cuidando de quem cuida” deveria iniciar pelos líderes, que são o exemplo, considerados capazes e experientes, com habilidade de escuta, raciocínio rápido, conexão com as pessoas e principalmente entusiasmo. Para se moti var, basta ter estas característi cas e, se não as ti ver, pode desenvolvê-las com técnicas e ferramentas apropriadas. O mais difí cil é fazer com que as pessoas queiram mudar. Sair da zona de conforto não é para todos.

Q�� ����������� ����������� ����� ��� ����������?“Não vou conseguir!”, “Isto não é pra mim!”, “Nunca chegarei lá!”, “Eu não sou capaz!”... Poderia escrever centenas de exemplos, mas as frases que o colocam para baixo não devem ser repeti das, pois o sabotam e o impedem de dar um passo além, atrofi ando o melhor que existe em cada um. Também existem técnicas e dicas preciosas para eliminar estes pensamentos sabotadores, que exponho em meus treinamentos.

F��� ����� � ����������� � �������� � �� �����������.Quando falamos de mudanças, algumas pessoas adoram, outras fogem assustadas porque a sensação de conforto do

conhecido, do que nos é familiar, nos impede de aceitarmos qualquer outra ideia diferente da qual já conhecemos. O desconhecido parece um grande inimigo, é algo a ser explorado, dá trabalho, traz desconforto, gera dúvidas e incertezas e acabamos preferindo a acomodação ao movimento.

O ��� � � ����������� ��� �������� � ���� ������-��?Sabemos que não é lenda que alguns médicos perdem as estribeiras durante a cirurgia e quem sofre as consequências são as pessoas que estão ao redor. Muitas vezes não dá para segurar estes rompantes de ira, dor, sofrimento, ou seja lá qual for o motivo do impulso violento. O que devemos trabalhar nestes casos é como reagir quando este tipo de cena acontece. A CNV (comunicação não violenta) tem vários ensinamentos que deveriam servir como padrão para uma das Certificações de Excelência que os hospitais tanto almejam. O treinamento é extenso, profundo e muito eficaz.

C������ ���� �����: “Q����� ��������� �� ������ ���-����, ������� �� ������ ���� �� �����”.Quando nos reconhecemos e sabemos quem somos, temos ciência de como reagimos em certas situações. O controle das emoções cria novas oportunidades para transformarmos em ações o que antes só gerava reação.

M����� ����� ����� ��� � ����� �����, ��� ���� � ������� �� ��� ������� ���� ������?Não existe segredo, mas, sim, o querer. Nada muda se você não mudar! Temos o hábito de achar que o outro é o culpado, mas somos os únicos responsáveis por absolutamente tudo o que acontece em nossas vidas. Não deixe nas mãos de ninguém a sua felicidade, não permita que o outro o contamine com o próprio desânimo, use as suas apti dões para o seu bem, para os seus olhos brilharem de verdade, para cuidar de si e de todos com compaixão, amor e generosidade.

www.americaschoicebbs.com

Gente que faz.indd 28 19/02/2016 17:32:19

Page 29: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

29

JAN-F

EV

29

Gente que faz.indd 29 19/02/2016 17:32:21

Page 30: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Luva

sJA

N-F

EV

30

O látex é um produto que está muito presente em nosso dia a dia, principalmente no de quem trabalha em instituições de saúde. Mas o contato com a substância pode acasionar sérias alergias em médicos e pacientes. A União Internacional de Sociedades de Imunologia identificou que o principal agente alergênico do látex são as proteínas.

As luvas com talco ou pó lubrifi cante são as principais fontes de antí genos entre as equipe médicas, já que as partí culas de poeira ou talco presentes em sua consti tuição formam ligações com as proteínas e podem transportá-las pelo ar na forma de aerossóis.

Nas salas cirúrgicas, como ocorrem trocas frequentes de luvas, os níveis de partí culas no ar podem ser muito altos, gerando sintomas que vão desde conjunti vites, rinites, tosse e rouquidão até broncoespasmo.

Muitos administradores hospitalares não acreditam em alergia ao látex, o que é um grande risco, pois ela pode levar a óbito. Por isso, a prevenção é a melhor solução. Entre as principais medidas a serem tomadas estão: identificar os pacientes alérgicos ou sob risco de se tornarem alérgicos ao látex; distinguir no estabelecimento de saúde quais produtos contêm látex; ter um protocolo por escrito de procedimentos para atendimento a um paciente alérgico; e possuir medicação e equipe treinada no caso de ocorrência dessas reações.

Deveria ser incluída na anamnese pergunta específica sobre alergia ao látex ou a alguns alimentos como manga, banana, kiwi, pêssego, mamão e mandioca, uma vez que as proteínas encontradas no látex também estão presentes neles. Vale lembrar que os empregadores podem se envolver em grandes questões jurídicas se incapacitar para o trabalho os usuários de produtos com a substância.

Então, por qual material substi tuir as luvas? A ideia geral é que produtos sintéti cos não oferecem a mesma sensibilidade, conforto e segurança em comparação aos de látex natural. Entretanto, Guilherme Guarnieri, gerente de Marketi ng da Mucambo, conta que esta percepção se

Como lidar com o sério problema da alergia ao látex

deve às opções sintéti cas oferecidas na década de 1990. “Essa realidade mudou muito com o desenvolvimento de novas tecnologias, como o látex sintéti co poliisopreno, que é quimicamente similar ao de borracha natural. Estudos mostram que as luvas feitas com essa matéria-prima apresentam a mesma característi ca em termos de segurança, sensibilidade e conforto em comparação às luvas de látex natural”, explica.

MERCADOCom grande destaque na produção e comercialização de luvas cirúrgicas no Brasil, a Mucambo foi a primeira empresa brasileira do setor a conquistar a certi fi cação ISO 9000 para seu Sistema de Qualidade. Fundada em 1950, em 1999 foi integrada à Mapa Spontex, empresa sediada na França e líder mundial na produção de luvas de proteção e segurança com a marca Mapa Professionnel.

A Mucambo é detentora das marcas de luvas cirúrgicas Sensitouch, Sensifi rm, Sensitex, Sensifree e Sensimax, e da luva de procedimento D´Exam.

A Sensitouch foi especialmente desenvolvida para profi ssionais alérgicos ao látex natural, proporcionando segurança aos usários. Sua matéria-prima é o poliisopreno, polímero livre de proteínas do látex natural e isento de pó biodegradável. Por sua vez, a Sensifi rm possui textura anti derrapante, que permite maior agilidade e precisão durante procedimentos em condições escorregadias. A Sensitex, pela confi ança conquistada ao longo de mais de 30 anos de existência, é hoje a luva cirúrgica mais solicitada pelos profi ssionais da saúde no Brasil, aliando sensibilidade táti l e proteção. As luvas Sensifree são isentas de pó lubrifi cante e apresentam mínimo teor de proteínas do látex natural e de resíduos químicos. São especialmente recomendadas para os profi ssionais que apresentam predisposição a reações alérgicas que estejam relacionadas aos produtos químicos ou ao pó lubrifi cante. A Sensimax oferece máximo conforto com mínimo risco de alergias. Por conter pouco pó e baixo teor de proteínas do látex natural, é indicada

para prevenção, evitando uma elevada exposição às proteínas do látex. Por fi m, a luva de procedimentos gerais D´Exam

garante aos usuários maior proteção e segurança nos procedimentos gerais.

www.mucambo.com.br l (11) 2133-3036

Fabricada pela Mucambo, a Sensitouch foi especialmente desenvolvida para profi ssionais alérgicos ao látex natural

Luvas.indd 30 19/02/2016 17:32:58

Page 31: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Luvas.indd 31 19/02/2016 17:32:59

Page 32: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

eHea

lthJA

N-F

EV

32

Por Carol Gonçalves

É impossível, hoje, imaginarmos nossa rotina sem tecnologia e internet. Tanto é que o bloqueio do aplicativo WhasApp, em dezembro do ano passado – mesmo sendo somente por 14 horas –, causou um grande rebuliço, não apenas porque as pessoas o usam para conversas pessoais, mas também em suas atividades profissionais, inclusive os médicos.

Imagine que uma pessoa está na mesa de cirurgia, pronta para ser operada, mas quando o médico pede o exame para fazer o procedimento com segurança, ela diz que o esqueceu em casa. Então, o profissional aconselha alguém da família da paciente a tirar uma foto do exame e enviar por WhatsApp, para não ter de cancelar o procedimento e gerar gastos extras. E assim tudo ocorre como foi previsto. Esse exemplo é real e provavelmente acontece com muita frequência.

Uma recente pesquisa da consultoria britânica Cello Health Insight apontou que 87% dos médicos no Brasil usam WhatsApp com pacientes, colocando o país em primeiro lugar nesse quesito, entre Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Espanha, Estados Unidos e China. Em segundo fi cou a Itália, com 61%. Na China, 50% dos médicos disseram usar o WeChat, uma versão local do aplicati vo. Os países que ti veram menor índice foram Reino Unido, com 2%, e Estados Unidos, com 4%. A pesquisa completa, em inglês, pode ser conferida no link goo.gl/T5yhzO.

De acordo com o Dr. Daniel Branco, CEO do Medicinia – plataforma de comunicação em saúde –, é inegável que as novas tecnologias impactaram fortemente a área da saúde, mudando a maneira com que os médicos se relacionam com todo o ecossistema: processos, roti nas,

Como os aplicativos estão mudando a relação médico x paciente

equipamentos e, especialmente, pessoas – sejam colegas ou pacientes. “A tecnologia está resgatando a proximidade que a Medicina foi naturalmente perdendo para o ritmo acelerado da vida moderna. Nossos contatos fi caram muito restritos às paredes dos hospitais, clínicas e consultórios. A possibilidade de comunicação em tempo real trazida pelos aplicati vos de mensagem se disseminou rapidamente. As pessoas provaram e aprovaram a ideia de poder estreitar remotamente os vínculos pessoais e profi ssionais. E não foi preciso muito tempo para que os pacientes passassem a convidar seus médicos para se conectarem por meio de aplicati vos de bate-papo e redes sociais”, diz.

O estudo Cisco Customer Experience Report já registrava, em 2013, que 85% dos pacientes brasileiros entendiam que a comunicação online médico-paciente proporcionava um acompanhamento de saúde mais regular, e 97% deles fi cavam sati sfeitos com a possibilidade de se conectar online com seus médicos.

Segundo a Dra. Renata Velloso, coordenadora do programa de médicos embaixadores da plataforma Curely em todo o mundo, os aplicati vos tem uma grande aceitação tanto no Brasil como no mundo, pois são a maneira mais conveniente e práti ca para buscar informações e aconselhamento sobre questões de saúde.

Ela lembra que o mercado global de telemedicina tem previsão de ati ngir 4.5 bilhões de dólares em 2018, sendo que nesse período o número de usuários de smartphones no mundo deve superar 2 bilhões. No últi mo ano, cerca de 62% dos usuários de smartphones uti lizaram seu celular para buscar informações a respeito da sua saúde. Esses dados, mais a pesquisa inglesa sobre o uso

Uso de aplicativos de celulares na saúde.indd 32 19/02/2016 17:33:39

Page 33: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

33

JAN-F

EV

33

Uso de aplicativos de celulares na saúde.indd 33 19/02/2016 17:33:41

Page 34: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

eHea

lthJA

N-F

EV

34

do WhatsApp, demonstra que tanto médicos quanto pacientes acreditam que o celular pode ser uma ferramenta fundamental na atenção à saúde. “Em pouco tempo, com o desenvolvimento da tecnologia dos wearables, sensores ligados aos pacientes irão mandar automati camente informações aos médicos que poderão ser usadas para benefí cio do próprio paciente e também terão um impacto enorme nas pesquisas. Na verdade, a revolução digital na saúde está apenas começando”, expõe.

CUIDADOS E ENTRAVESNa opinião da Dra. Renata, a principal barreira ao crescimento do uso da tecnologia no Brasil na área é a regulamentação, pois o CFM – Conselho Federal de Medicina não reconhece o atendimento médico que não seja presencial. “Mas já existem pesquisas que demonstram que a telemedicina é efi ciente nos mais diversos ambientes e que tem um excelente grau de sati sfação dos usuários. Para essa regulamentação mudar, é questão de tempo. Eu espero que aconteça rápido para que o Brasil não fi que atrasado em relação ao que está sendo feito no resto do mundo.”

Ela acredita que em vez de proibir, as enti dades de classe deveriam regulamentar a telemedicina, a transmissão de dados e criar incenti vos que levem às boas práti cas médicas no mundo digital. “Um profi ssional que usa a tecnologia para informar seus pacientes e, com isso, consegue ter melhores resultados, seja em prevenção ou no tratamento de doenças, deveria ser premiado e não, punido”, acrescenta.

Outra preocupação apontada pela Dra. é em relação ao sigilo das informações que estão sendo transmiti das digitalmente. “O Whatsapp, por exemplo, pode ser muito conveniente, mas não foi criado para transmiti r informações confi denciais, é necessário mais segurança. A regulamentação precisa resolver isso também, mas enquanto o CFM fecha os olhos para o que já está acontecendo em larga escala e apenas proíbe a comunicação digital, fi ca difí cil corrigir esse ti po de problema.”

Neste ponto também toca o Dr. Daniel. O uso de ferramentas genéricas e redes sociais gera difi culdade na organização dos contatos, falhas na privacidade e potencial perda de conteúdo trocado nas conversas. “Em suma, um grande risco. A comunicação no setor segue regras muito específi cas de segurança e privacidade, algo que os apps genéricos de mensagem não oferecem”, destaca.

De acordo com ele, a maior parte da comunicação formal dos hospitais é feita através de registros em prontuário; ou seja, se trata mais de um registro do que de uma comunicação. E os canais uti lizados são apenas o telefone,

o e-mail e apps genéricos de texto. “Em outras palavras, essas insti tuições ainda não levam o assunto a sério. Nada fi ca registrado, nada é monitorado. Com as metas de comunicação efeti va e segurança clínica das enti dades de acreditação hospitalar, cada vez mais será necessário que os hospitais se formalizem neste aspecto, garanti ndo a curadoria e a segurança das informações”, opina.

SOLUÇÕESEm vista a esses problemas, foi criada a plataforma de comunicação em saúde Medicinia, que reúne mais de 6.000 médicos e pode ser uti lizada por insti tuições de saúde e profi ssionais da área. Foi desenvolvida a parti r de uma pesquisa com quase uma centena de médicos, demonstrando que ter um canal de comunicação direto, efi ciente e seguro com o paciente era a maior necessidade.

“O Medicinia permite , por exemplo, a criação e o gerenciamento de grupos de discussão e o envio de alertas importantes, como noti fi cação de laudos críti cos, agenda de consultas e cirurgias, admissão e transferência e alta de paciente, entre outros. Além disso, possibilita gerenciar a execução de tarefas pelos diferentes membros das equipes multi assistenciais, tornando o hospital mais efi ciente e produti vo”, explica o Dr. Daniel.

O Hospital e Maternidade São Cristóvão, em São Paulo, e o Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, adotaram o aplicativo para agilizar a comunicação nos processos de alta hospitalar. A ferramenta ajuda a diminuir o tempo de liberação de leitos, aumentando sua rotatividade e, consequentemente, a receita hospitalar. No Hospital Giovanni Battista, localizado no Mãe de Deus Center, os médicos recebem uma notificação quando o paciente chega e está apto à cirurgia, contribuindo para a organização do tempo do corpo clínico e gerando mais conveniência.

Outro exemplo é do HCor – Hospital do Coração, de São Paulo, que usa o aplicativo com as funções de alertar e notificar os médicos do Pronto-Socorro sobre cada novo laudo retificado e crítico, ocasionando ganho em segurança clínica do paciente e na comunicação entre as áreas. “O Medicinia também é utilizado para enviar a agenda médica com antecedência para o profissional e ajudá-lo na organização do seu dia. No caso dos pacientes, o HCor registrava problemas de pessoas que compareciam sem o devido preparo para a o procedimento ou sequer apareciam nas consultas e exames. O hospital passou a enviar alertas e notificações, o que diminuiu o no-show”, conta.

Dr. Daniel descreve, ainda, que ao lançar as funcionalidades da plataforma, a equipe teve o cuidado de seguir regras de segurança internacionais – como a norma americana HIPAA – e os preceitos da ética médica. Inclusive, contam com a consultoria do Prof. Dr. Max Grinberg, membro do conselho de bioética do Cremesp – Conselho Regional de Medicina do Estado

Dra. Renata Velloso, do Curely

Os aplicativos são a maneira mais conveniente e prática para buscar informações e aconselhamento sobre questões de saúde”“

Uso de aplicativos de celulares na saúde.indd 34 19/02/2016 17:33:42

Page 35: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

35

JAN-F

EV

35

Uso de aplicativos de celulares na saúde.indd 35 19/02/2016 17:33:43

Page 36: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

eHea

lthJA

N-F

EV

36

de São Paulo e do Incor. Dr. Max afirma que aplicativos de comunicação próprios para a área são mais efetivos que o telefone e permitem um olhar mais próximo sobre a evolução do tratamento, direcionando para um aconselhamento quanto ao tipo mais conveniente de atendimento sequencial ou complementar. “É essencial, no entanto, que a ferramenta seja utilizada de modo seguro, respeitoso e dentro dos limites éticos da Medicina para que a experiência seja boa para todos”, ressalta.

A mais recente novidade no uso do Medicinia é a opção de o médico cobrar pelo tempo que dedica ao acompanhamento do paciente após a consulta, o que abre possibilidade para um novo modelo de atendimento. “É importante notar que a consulta pela internet ou por aplicati vos esbarra no código de éti ca brasileiro. O Medicinia não é uma plataforma de consultas online, mas, sim, uma ferramenta desenvolvida para acompanhamento médico conti nuado, práti co e seguro dos pacientes, que deve ser sempre iniciado após a consulta presencial”, salienta o Dr. Daniel.

Para ele, o Brasil está muito atrasado com relação a aplicativos específicos para a área. Em países como Estados Unidos e Alemanha, onde o Medicinia também atua, a relação entre instituições de saúde, médicos e pacientes por e-mail, SMS, WhatsApp e outros canais genéricos de comunicação está fora de cogitação. No caso dos hospitais acreditados pela Joint Commission, há ainda a preocupação com comunicação efetiva, ou seja, não basta que a informação vá de “A” a “B”, é preciso se certificar de que “B” recebeu a mensagem, entendeu e deu retorno. “São controles de fluxo de informação que nenhuma ferramenta genérica de comunicação oferece”.

Outro aplicati vo específi co para o setor é o Curely, que tem como objeti vo conectar médicos e pacientes ao redor do mundo. Fundada pelos médicos Christi an Assad e Paul Lee e pelo empreendedor Joshua Hong, possui cerca de 1.400 médicos de 36 países diferentes.

A Dra. Renata explica que o Curely é especialmente atraente para viajantes e pessoas que emigraram para outros países e que preferem ter suas dúvidas de saúde respondidas por profi ssionais que falam a sua língua e conhecem sua cultura.

Os médicos entram no aplicati vo e criam um perfi l onde colocam sua formação e especialidades. Eles controlam a

página pessoal podendo esti pular o preço para responder às perguntas bem como a sua disponibilidade. Para garanti r a idoneidade dos profi ssionais, eles precisam mandar cópia da licença ao se cadastrarem, o Curely conta com uma equipe responsável pela checagem e veracidade das informações.

Quando um paciente tem uma pergunta a respeito da sua saúde, pode escolher o médico para endereçar a dúvida. É como se fizesse a pergunta no Google, mas em vez de obter uma resposta escrita por uma pessoa qualquer, sabe que está recebendo a informação diretamente de um médico. Além disso, o usuário pode filtrar a sua busca por especialidade, país, idioma, preço e pelos reviews.

O aplicati vo não contraria as regras do CFM porque tem caráter educati vo e não é uma consulta. “O médico não pode fazer um diagnósti co ou prescrever qualquer medicamento através da ferramenta. O que se está disponibilizando é uma central de dúvidas respondidas por profi ssionais qualifi cados.”

Outra vantagem é que a tecnologia foi criada para utilizar o mínimo de banda de dados possível, podendo ser usada mesmo em lugares com baixa qualidade de internet. “Os médicos podem usar o Curely nas horas vagas e, com isso, expandir o alcance dos seus conhecimentos para pessoas que normalmente não teriam acesso a ele”, explica.

Dra. Renata acrescenta que é preciso ser muito cauteloso e não colocar o paciente em risco, por outro lado, ampliar o acesso aos profi ssionais é fundamental. “Faltam médicos no mundo todo e, na realidade, nunca haverá o sufi ciente. A tecnologia pode ser uma aliada importante para cobrir esse buraco. O celular está disponível prati camente no mundo todo e através dele podemos criar uma medicina sem fronteiras e muito acessível”.

Se o Curely não equivale a uma consulta, ou seja, os profi ssionais não podem dar diagnósti co ou receitar medicamentos, qual sua real importância para os pacientes? A médica explica que existe uma correlação importante entre educação, informação e conhecimento com bons resultados no tratamento e na prevenção de doenças. O paciente bem informado torna-se sujeito ati vo quando o assunto é a sua própria saúde, o que é extremamente importante. “Acredito que parti rá dos pacientes a evolução que tanto precisamos no setor. Com isso, há uma mudança de paradigma: os médicos deixam de ter uma posição paternalista e de donos da verdade e passam a ser parceiros dos pacientes. Aplicati vos como o Curely são fundamentais nessa mudança porque empoderam o paciente, permiti ndo a ele ter no próprio bolso uma linha de contato direto e instantâneo com um profi ssional, o que lhe dá poder sem precedentes sobre a sua saúde”, ressalta.

Dr. Daniel Branco, do Medicinia

A tecnologia está resgatando a proximidade que a Medicina foi naturalmente perdendo para o ritmo acelerado da vida moderna”“

Uso de aplicativos de celulares na saúde.indd 36 19/02/2016 17:33:44

Page 37: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

37

JAN-F

EV

37

Uso de aplicativos de celulares na saúde.indd 37 19/02/2016 17:33:46

Page 38: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Adm

inist

raçã

oJA

N-F

EV

38

Por Carol Gonçalves

desde dezembro do ano passado, o setor de saúde do Rio de Janeiro passa por uma crise que fechou unidades, deixando pacientes sem atendimento e funcionários sem salários e insumos para trabalhar. inclusive, foi decretado estado de emergência para que o estado pudesse receber dinheiro, equipamentos e medicamentos do governo federal com menos burocracia e de forma mais rápida. Os hospitais mais afetados foram Getúlio Vargas, Albert Schweitzer e Rocha Faria.

Medidas anunciadas na últi ma semana de 2015 previam a liberação de R$ 155 milhões federais para a regularização de contratos do Governo do Estado, sendo R$ 20 milhões em insumos estratégicos hospitalares, um total de 300.000 itens, incluindo medicamentos, luvas cirúrgicas e próteses ortopédicas. Também foram disponibilizados 1.500 leitos em hospitais federais para pacientes encaminhados pela rede estadual.

Uma das alternati vas encontradas pelo governo foi a municipalização dos hospitais Albert Schweitzer e Rocha Faria. O objeti vo é que, com isso, o estado possa aplicar recursos em outras unidades para reduzir a crise.

Em janeiro deste ano, saiu a notí cia de que os gastos com as OSs – Organizações Sociais, que fazem a gestão de hospitais e Unidades de Pronto Atendimento no município do Rio, devem superar o valor da despesa com funcionários da saúde. de acordo com o Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2016, as OSs receberão cerca de R$ 400 milhões a mais que os gastos previstos com pessoal.

O problema é que esse aumento chegou em uma época em que se discute a fragilidade na fi scalização da maioria das OSs que fazem a gestão de hospitais e UPAs na cidade. Das 10 organizações que têm contratos com a Secretaria Municipal de Saúde, oito são alvo de denúncia do Ministério Público do Estado do Rio ou do Tribunal de Contas do Município, por

Crise na saúde do Rio de Janeiro levanta discussão sobre as OSs

superfaturamento, má qualidade na prestação de serviços e superlotação de hospitais, entre outros fatores.

Também em janeiro, a 2ª Promotoria de Justi ça de Tutela Coleti va de Defesa da Saúde da Capital e o Grupo de Atuação integrada da Saúde do MP recomendaram ao município do Rio que suspendesse todas as novas contratações por meio de OSs para a saúde. O MP ainda sugeriu a reestruturação interna da Secretaria Municipal de Saúde para permiti r a fi scalização efi caz dos contratos de gestão.

OSsEssa situação abriu caminho para discuti r, mais uma vez, as Organizações Sociais. De acordo com o economista da saúde André Medici, editor do blog Monitor de Saúde (www.monitordesaude.blogspot.com), as OSs tem se caracterizado como um modelo de gestão que permite melhorar a efi ciência e o alcance de resultados, através de um processo em que os recursos públicos são gastos de acordo com a conquista de metas estabelecidas, e parte da remuneração de pessoal é associada ao desempenho. Ele explica que na medida em que se vincula o fi nanciamento a metas de resultado, tanto quanti tati vo como qualitati vo, as chances de alcançar melhores ganhos são maiores do que no setor público, no qual os serviços de saúde são fi nanciados por orçamentos históricos, o pessoal é estável e desmoti vado e não existe nenhum incenti vo para que possam melhorar a produti vidade ou a qualidade no atendimento à população.

“do meu ponto de vista, não há problemas com o modelo de OSs, mas pode haver devido à forma pela qual essas organizações estão sendo gerenciadas, ou seja, caso algumas das condições básicas para que funcionem não estejam sendo cumpridas, levando à desconti nuidade dos serviços. no caso do Rio de Janeiro, o principal problema foi a crise no fi nanciamento e o fato de o governo ter suspendido os pagamentos contratuais às OSs por algum tempo”, conta.

Fern

ando

Fra

zão/

Agê

ncia

Bra

sil

Administração.indd 38 19/02/2016 17:34:21

Page 39: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

39

JAN-F

EV

39

Segundo Medici, a administração dessas organizações é um processo complicado porque envolve compromissos do poder concedente (no caso, a Secretaria do Estado de Saúde) com a concessionária (a OS). Ele acredita que é preciso considerar alguns aspectos essenciais para que elas funcionem adequadamente.

O primeiro são os contratos, tanto do governo com a OS quanto desta com os trabalhadores de saúde, nos quais todos os processos associados a como se fixam e se medem as metas de produção, desempenho e qualidade são estabelecidos, bem como os mecanismos de financiamento associados aos resultados alcançados, através de indicadores de desempenho que realizem o pagamento de acordo com a métrica exata dos resultados esperados. “Os contratos de trabalho entre as OSs e os trabalhadores precisam ser muito claros em relação aos incentivos associados a estas metas de produção e qualidade; e os indicadores e controles para que os resultados sejam alcançados devem ser estabelecidos, respeitados e fiscalizados”, expõe.

O segundo aspecto a se considerar é o financiamento justo e oportuno. Medici diz que se as OSs não recebem os pagamentos associados aos seus resultados nas datas e quantidades estipuladas nos contratos – uma vez que as metas de resultado são alcançadas –, ocorre uma ruptura contratual que pode prejudicar a concessão do serviço. Também devem ser consideradas cláusulas que permitam que estes pagamentos sejam reajustados caso os custos dos insumos aumentem.

Fiscalização é o terceiro item. “O poder concedente para a OSs, no caso a Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, tem de estar a postos e ter pessoal qualificado para fiscalizar se os contratos estão sendo rigorosamente cumpridos e se as metas estão sendo alcançadas de acordo com o estabelecido. Devem dar seguimento às queixas dos pacientes e monitorar sua satisfação com os serviços prestados”, explica.

A fiscalização pode garantir se o financiamento está sendo justo de acordo com o contrato ou se existem mecanismos que precisam ser modificados, dado que esse documento deve ser revisto e atualizado sempre que necessário.

O quarto aspecto envolve ouvidoria, conciliação e arbitragem, ou seja, os problemas detectados, tanto no não cumprimento das metas, como na satisfação dos usuários ou de uma das partes – OSs ou governo – devem ser processados e resolvidos internamente pelas organizações e pela Secretaria de Saúde, ou em instância superior judicial, caso necessário.

Por último está a previsão de cláusulas para atender a situações de emergência, pois se alguma das condicionalidades não for cumprida por ambas as partes, afetando a oferta de serviços, é necessário ter um plano de contingência para que não haja reduções na oferta regular ou crises no atendimento às necessidades da população.

AdMiniSTRAçãO diRETA x indiRETAQuestionado sobre as alternativas ideais para melhorar a situação do setor no Brasil, Medici acredita que mecanismos de contratualização, como OSs e PPPs, entre outras, são formas superiores de gestão dos serviços públicos em relação à administração direta. “Não digo que o estado não possa ser um bom gestor, mas para que isso ocorra, ele tem de separar as funções de administração central daquelas da gestão direta de cada unidade de serviço. Por exemplo, há escolas e hospitais públicos em muitos países desenvolvidos,

Administração.indd 39 19/02/2016 17:34:22

Page 40: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Adm

inist

raçã

oJA

N-F

EV

40

como inglaterra, Canadá, França e Estados Unidos, mas sua gestão é sempre descentralizada, o fi nanciamento é associado a metas de resultados e os contratos de trabalho são fl exíveis de acordo com planos e necessidades da gestão do estabelecimento. Com isso, minimizam-se os danos para a população em geral trazidos pelas greves do pessoal estável de saúde, permiti ndo uma atenção de melhor qualidade para as pessoas”, expõe.

Medici explica que tanto as OSs como as PPPs são modelos de concessão de serviços em que a gestão de cada unidade é independente e descentralizada, tornando a administração fl exível para o cumprimento de metas acordadas com o governo. Com isso, o estabelecimento tem melhores condições para gerenciar suas compras, recebendo insumos de forma ágil e expedita, além de poder adequar seu quadro de pessoal às necessidades do modelo de atenção e criar incenti vos para fornecedores e trabalhadores associados às metas a serem alcançadas.

FALHASde acordo com Medici, o que está acontecendo no Rio de Janeiro é o não cumprimento de algumas das cinco condições mencionadas. “É possível que os contratos tenham sido falhos em algumas cláusulas. Certamente, desde o segundo semestre de 2015, os problemas de fi nanciamento do estado, trazidos pela redução da arrecadação do iCMS e dos royalti es do petróleo geraram as condições para o descumprimento dos compromissos do governo com o pagamento das OSs. Estas, ao não recebem recursos para administrar as unidades de saúde, e na ausência de algum ti po de acordo ou negociação que permiti sse investi mentos de outras fontes emergenciais, acabaram atrasando os salários e restringindo o atendimento”, esclarece.

Ele cita que, em geral, países ou regiões que recebem recursos extraorçamentários associados a receitas de produtos primários, como o petróleo, não os aplica diretamente no orçamento público, mas criam mecanismos para reservá-los, como hedge funds (fundo de cobertura), para que possam servir como financiamento nos momentos de crise. “O Rio de Janeiro colocou os royalties recebidos diretamente como parte do financiamento e não como reserva, tendo dois tipos de efeitos negativos: o aumento desnecessário das despesas em momentos de auge associado à falta de fundos para enfrentar as despesas essenciais (como a saúde) nos momentos de crise.”

Para o economista, a fiscalização não foi suficiente, nem os mecanismos de ouvidoria, conciliação e arbitragem e por fim, não havia plano de contingência, ou, se havia, não foi implementado no momento certo ou de forma adequada.

Medici diz que a existência de um plano de emergência que incluísse compensações fi nanceiras ex ante (baseadas em suposição e prognósti co) ou ex post (baseadas em conhecimento, observação e análise) para os serviços, de acordo com os contratos, poderia ter evitado no mês de dezembro do ano passado o fechamento de emergências de hospitais públicos em 17 das 29 UPAS e a restrição do atendimento somente a pacientes “em risco de morte iminente” nas demais unidades sob contrato de OSs, além da provisão de insumos e medicamentos que também foram notados durante a crise.

Outro problema apontado é a falta de coordenação de um processo de referência e contrarreferência da demanda das OSs nesta situação de emergência, que levou a uma sobrecarga abrupta de 30% na demanda das unidades federais e municipais. Assim, na inexistência de planos de emergência, o Governo Federal e o Governo do Município do Rio de Janeiro tiveram que socorrer a Secretaria Estadual de Saúde, com serviços e recursos, levando à municipalização de dois hospitais e a disponibilização de leitos de hospitais federais para atender à demanda.

“Além disso, o governo do estado conseguiu recursos especiais de emprésti mo da prefeitura do Rio de Janeiro e liberações do Governo Federal para pagar os compromissos com as OSs, mas eles não parecem sufi cientes para enfrentar as necessidades orçamentárias para 2016. Nesse senti do, os desafi os conti nuam, com riscos de que a falta de atendimento volte, mas ao mesmo tempo, abrindo oportunidades para que se possa fazer um processo negociado de revisão e atualização dos contratos, com base naqueles cinco princípios”, fi naliza.

André Medici, economista da saúde

Fiscalização, planos de contingência, processos de negociação permanente e arbitragem são pontos nevrálgicos para que se possa prever catástrofes na administração de contratos, como essas que ocorreram no Rio de Janeiro”

Administração.indd 40 19/02/2016 17:34:23

Page 41: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

41

JAN-F

EV

41

Administração.indd 41 19/02/2016 17:34:24

Page 42: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Cent

ro C

irúrg

ico

JAN-F

EV

42

Ferimentos causados por materiais perfurocortantes geram para as unidades de saúde uma série de gastos, diretos e indiretos, incluindo o afastamento temporário do funcionário, custos investi gati vos, laboratoriais e também com a substi tuição e o treinamento de pessoal.

Além disso, os efeitos sobre o trabalhador e sua família podem ser devastadores, afinal, os testes de verificação da contaminação por agentes patogênicos transmitidos pelo sangue e sua subsequente espera pelos resultados causam ansiedade e estresse em todos os envolvidos.

Nos Estados Unidos, são reportadas entre 600.000 e 1 milhão de lesões com perfurocortantes por ano, e este número significa apenas 30% dos casos ocorridos. Destas, de 7% a 11% são causadas por lâminas de bisturis, que figuram em segundo lugar no ranking, perdendo apenas para as agulhas de sutura, que são o problema mais comum nas salas cirúrgicas.

Uma empresa que está liderando os esforços para minimizar os ferimentos causados pelas lâminas dos bisturis é a Qlicksmart, fundada em 1997 na Austrália pelo Dr. Neville Henry, que, durante seu trabalho com a Cruz Vermelha nos lugares mais remotos do planeta, identi fi cou a necessidade de criar um jeito mais seguro de manusear esses dispositi vos contaminados.

Depois de muitos anos de desenvolvimento e numerosos protóti pos, o primeiro removedor de lâmina de bisturi operado com uma só mão tornou-se realidade. O BladeFLASK já removeu com sucesso absoluto mais de 60 milhões de unidades no mundo, prevenindo mais de 130.000 ferimentos.

Como consequência, atendendo aos profi ssionais da saúde, a companhia desenvolveu uma linha completa de

Produto garante remoção simples e segura de lâminas de bisturis

removedores de lâminas estéreis, para serem uti lizados nas salas cirúrgicas, composta por:

• BladeFLASK: sistema de remoção de lâminas de bisturis com capacidade para 100 unidades.

• BladeCASSETTE: cartela com três removedores de lâminas alinhadas.

• BladeSINGLE: dispositi vo individual para a remoção de 1 lâmina de bisturi.

• BladeNeedleSYSTEM: removedor de lâmina e contador de 20 agulhas.

Todos os produtos possuem em comum o funcionamento: com apenas uma mão. Basta empunhar o cabo do bisturi com a lâmina a ser descartada e inseri-lo no orifí cio apropriado até ouvir um “click”. Por ser completa, a linha se adapta às necessidades específi cas de qualquer estabelecimento de saúde.

A Fleximed, sempre comprometi da com as Boas Práti cas de Operação dos dispositi vos médicos, traz para o Brasil toda a linha de produtos da Qlicksmart, com os devidos cadastros na Anvisa. Fundada em 1997 e localizada em São Paulo, a empresa concentra suas ati vidades nas áreas de anestesia, cuidados intensivos, cirurgia, pneumologia e emergência.

www.fl eximed.com.br l (11) 3864-2666O BladeFLASK já removeu com sucesso absoluto mais de 60 milhões de lâminas de bisturis no mundo, prevenindo mais de 130.000 ferimentos”

Produto garante remoção simples e segura de lâminas de bisturis

Centro Cirurgico.indd 42 19/02/2016 17:34:56

Page 43: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

43

JAN-F

EV

43

Centro Cirurgico.indd 43 19/02/2016 17:34:58

Page 44: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Destaques ARAB HEALTH Destaques ARAB HEALTH Destaques ARAB HEALTH Destaques ARAB HEALTH JA

N-F

EV44

De 25 a 28 de janeiro de 2016, aconteceu em Dubai, nos Emirados Árabes, o primeiro grande evento de saúde do ano: a Arab Health, considerada a segunda maior feira do setor do mundo e a principal de equipamentos médicos do Oriente Médio. Mais de 4.000 expositores e 130.000 visitantes de 163 países participaram da mostra que, embora seja realizada no Oriente Médio, ganhou expressão mundial nos últimos anos, atraindo expositores e visitantes de todas as partes do globo, incluindo o Brasil.

As empresas associadas à ABIMO – Associação Brasileira da Indústria de Arti gos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios e que fazem parte do Projeto Brazilian Health Devices, executado pela enti dade em parceria com a Apex-Brasil – Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, estiveram presentes na feira, expondo as mais recentes novidades em produtos e equipamentos para a saúde, destacando seu grande potencial inovador. O evento é considerado o pontapé inicial para a realização de pedidos e prospecções para 2016, ano de grandes desafios econômicos.

Para os expositores brasileiros, a feira resultou em 2.500 contatos e US$ 15 milhões de negócios futuros

Principal feira médica do Oriente Médio atrai expositores e visitantes do mundo todo

para os próximos 12 meses. “A maioria dos visitantes foram traders e distribuidores. A mostra foi muito movimentada para as empresas, que fecharam grandes negócios e fizeram contatos importantes”, destacou Clara Porto, gerente de marketing e exportação da ABIMO. Segundo ela, a Arab Health foi de extrema importância para alavancar negócios e estreitar o relacionamento com a indústria.

Em paralelo à exposição aconteceu o Congresso Árabe de Saúde, que englobou 20 conferências sobre os mais diversos temas, como pediatria, ortopedia, reumatologia, hipertensão, diabetes, impressão 3D, entre outros, incluindo, ainda, o Congresso Medlab, que contou com palestras sobre diagnósticos moleculares, hematologia, histopatologia, microbiologia clínica e imunologia.

Em 2017, a Arab Health será realizada de 30 de janeiro a 2 de fevereiro. Desta vez, o Medlab vai ocorrer separadamente, de 6 a 9 de fevereiro, no mesmo local, o Dubai Internati onal Conventi on and Exhibiti on Centre, em um espaço de 30.000 m2.

CONFIRA A SEGUIR OS PRINCIPAIS PRODUTOS APRESENTADOS PELAS EMPRESAS BRASILEIRAS

ABI

MO

ABI

MO

ABI

MO

ABI

MO

Arab Health_2016.indd 44 19/02/2016 17:36:26

Page 45: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Destaques ARAB HEALTH Destaques ARAB HEALTH Destaques ARAB HEALTH Destaques ARAB HEALTH

JAN

-FEV45

EXPOSITORES BRASILEIROSAtrasorb, Baumer, Biomecanica, Carci, Casex,

Deltronix, Dorja, Drillermed, Fanem, GMI, Hospimetal, Hpbio, Ibramed, Inpromed,

Instramed, Loktal, Magnamed, Medicone, MMO, Neoortho, Olidef, Olsen, Ortosintese,

Osteomed, Phoenix, Samtronic, Scitech, Sismatec, Spine Implantes, Traumec, além de BR Goods, Exxomed, LB Diagnóstica e Q2Tec,

que participaram pela primeira vez.

De implantes minimamente invasivos a robustos e

complexos equipamentos de esterilização de resíduos hospitalares, a Ortosintese

empenha-se em superar expectati vas em relação à qualidade, sem jamais

esquecer a valorização da vida.(11) 3737-9000

www.ortosintese.com.br

A bomba vácuo aspiradora/sugadora de sangue e saliva MD300 é silenciosa e tem design ultramoderno. Possui frasco coletor de policarbonato autoclavável, válvula de segurança contra transbordamento, fi ltro e mangueira de silicone.

(11) 3872-4266www.dorja.com.br

O FlexiMag Plus é um venti lador completo:

venti la desde pacientes neonatais até adultos.

Permite a escolha do sensor de fl uxo proximal ou distal para qualquer ti po de paciente e possibilita o uso de capnografi a e oximetria.

(11) 5081-4115www.magnamed.com.br

Portáteis, fáceis de usar, confi áveis e inteligentes,

os desfi briladores ISIS e ISIS Pro são dotados da tecnologia de rede

neural que avalia o estado do paciente e aplica,

automati camente, a terapia de choque mais indicada.

(51) 3073-8200 www.instramed.com.br

O shaver para Artroscopia ES 1000 possui tela sensível

ao toque e pedal com proteção contra penetração

de água. Pode ser controlado na peça de mão,

permiti ndo ao cirurgião acioná-lo diretamente no

instrumento cirúrgico. (16) 3307-4744

www.exxomed.com.br

Cateter de silicone totalmente implantável, o Gabiport 1500 oferece solução completa e adaptável para os diversos perfis de pacientes que precisam de acesso prolongado e repetido ao sistema vascular.

(15) 3218-2100www.gmimedicall.com

Destaques ARAB HEALTH Destaques ARAB HEALTH Destaques ARAB HEALTH Destaques ARAB HEALTH

A Duett o® 2386 é o primeiro equipamento fabricado no Brasil

a operar como incubadora e unidade de cuidado intensivo

aberta de calor radiante. Proporciona versati lidade na sua uti lização, em inúmeras

situações de cuidado ao recém-nascido, graças a toda sua

tecnologia embarcada.(11) 2972-5700

www.fanem.com.br

Arab Health_2016.indd 45 19/02/2016 17:37:00

Page 46: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Arab Health_2016.indd 46 19/02/2016 17:37:03

Page 47: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Arab Health_2016.indd 47 19/02/2016 17:37:05

Page 48: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Elet

roci

rurg

iaJA

N-F

EV

48

Focada na produção em escala de acessórios para eletrocirurgia, a Similar & Compatí vel aposta na criati vidade para desenvolver sempre novos produtos, aliando funcionalidade, durabilidade e ergonomia.

A empresa, que comercializa para revendas e também para o consumidor fi nal – hospitais, clínicas, ambulatórios e médicos cirurgiões em geral –, anuncia seu mais recente lançamento: a primeira caneta monopolar descartável de controle manual nacional. “Por ser fabricada no Brasil, a entrega e a reposição são imediatas, além disso, a validade da esterilização é bem maior”, conta o engenheiro Pedro Bati ston, gestor da qualidade.

Desenvolvida para melhorar a produti vidade e facilitar o manuseio, é ideal para todos os procedimentos cirúrgicos e pode ser uti lizada em qualquer bisturi eletrônico do mercado. “Pensamos em seguir padrões que pudessem caracterizar nossa marca e manter a efeti vidade do uso. Conexões, placas de circuito integradas, design do corpo estrutural e fi o conduti vo foram projetados para oferecer a melhor sensação de uso e bem-estar ao médico e, claro, segurança tanto para ele quanto para o paciente”, explica Bati ston.

De uso único, a caneta, que acompanha eletrodo faca reta e é esterilizada por óxido de eti leno, já possui registro na Anvisa e foi testada e aprovada em vários hospitais e clínicas do país.

Segundo o engenheiro, atuar no setor da saúde signifi ca servir e ajudar as pessoas. “Oferecendo produtos de qualidade, estamos nos alinhando aos médicos com o objeti vo de tratar os pacientes com respeito e dedicação. Devemos sempre pensar de forma empáti ca e dar o nosso melhor em cada ato que prati camos. O caminho está na mudança de paradigmas”, expõe.

DE CASA NOVAAlém do lançamento, a Similar & Compatí vel comemora a mudança da sede, do bairro de Campos Elíseos para Recreio Anhanguera, em Ribeirão Preto (SP), fi cando mais próxima da Rodovia Anhanguera, que facilita o acesso a São Paulo e a outras regiões.

Empresa lança a primeira caneta monopolar descartável do Brasil

A nova sede tem cerca de 350 m2 de área úti l e possui dois pavimentos, abrigando todos os departamentos. A anti ga era térrea, com 150 m2 de área úti l. “Foi um grande passo!”, considera Bati ston.

A empresa viu a necessidade de expandir suas instalações para oferecer maior conforto aos colaboradores e melhorar sua tecnologia e logísti ca. “Todo o planejamento foi embasado em tornar-nos referência em acessórios eletrocirúrgicos e, por que não, em equipamentos. Pensamos em crescer, expandir e colaborar ainda mais com o mercado de trabalho, atendendo sempre com excelência. Nosso maior objeti vo é fazer o melhor com o que há de melhor!”, ressalta.

A EMPRESAA Similar & Compatí vel fabrica canetas para procedimentos cirúrgicos em três modelos: com comando manual, via pedal e a recém-lançada, manual e descartável. Oferece, ainda, uma vasta linha de eletrodos para diversas áreas de cirurgias, pinças bipolares e monopolares, espéculos e os respecti vos cabos.

Preocupada com o meio ambiente, a empresa recomenda aos clientes que, se o produto não puder ser descartado com segurança, ele deve ser enviado à fabrica para o descarte apropriado. “Defendemos e assumimos uma condição de sustentabilidade, uti lizando sistemas mais enxutos e que desperdiçam menos recursos e materiais. Nossa políti ca de erros enquadra-se em fi losofi as just in ti me, para que possamos manter as condições naturais de nosso planeta”, declara Bati ston.

De acordo com ele, os objeti vos para este ano são desenvolver novos produtos, como o bisturi elétrico, já em andamento, e obter as qualifi cações de registros para atender às novas demandas de tecnologias do mercado hospitalar.

www.similarcompati vel.com.br (16) 3969-1836

a outras regiões.

A caneta é ideal para todos os procedimentos cirúrgicos e pode ser uti lizada em qualquer

bisturi eletrônico do mercado

A Similar & Compatí vel mudou-se para um prédio com cerca de 350 m2 de área úti l, em Ribeirão Preto (SP)

Eletrocirurgia.indd 48 19/02/2016 17:37:43

Page 49: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

4949

Parc

eria

Os hospitais Beneficência Portuguesa de São Paulo e Israelita Albert Einstein iniciaram um projeto de cooperação nas áreas de Oncologia e Hematologia com o objetivo de contribuir para a melhoria do acesso, prevenção e tratamento dos pacientes.

Através da aliança, ambas as instituições passaram a compartilhar recursos e expertise do corpo clínico para aprimorar práticas médicas e assistenciais, potencializando a eficiência dos serviços prestados e possibilitando à população maior acesso às inovações tecnológicas.

“Com 156 anos, a Beneficência Portuguesa tem o compromisso de dar acesso à saúde de qualidade para todas as camadas da sociedade e é reconhecida pela busca da excelência e de melhores práticas para o tratamento de alta complexidade. Hoje, com o aumento da proporção da população idosa, a demanda para serviços cada vez melhores e personalizados nos incentivou a fazer uma aliança com outra instituição que tem o mesmo propósito”, explica Rubens Ermírio de Moraes, presidente da diretoria administrativa da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Para Claudio Lottenberg, presidente do Einstein, a iniciativa trará grandes benefícios àqueles que procuram tratamento do câncer. “Com um modelo inovador de aliança, temos a possibilidade de compartilhar expertises e conhecimentos no combate à doença, contribuindo para a construção e a disseminação de novos padrões de referência em Oncologia e Hematologia”.

A parceria permite a expansão das atividades de pesquisa, com a possibilidade de participação de pacientes nos diversos protocolos de tratamento em desenvolvimento pelas instituições, e de ensino em oncologia, com a utilização das importantes plataformas de capacitação de ambas as instituições.

Beneficência de SP e Einstein criam aliança para tratamento do câncer

Para a Beneficência Portuguesa de São Paulo, a oncologia é um dos mais importantes pilares de atuação do hospital, que, nos últimos cinco anos, investiu cerca de R$ 150 milhões na área. Anualmente, atende em média 4.500 pacientes com câncer, realiza mais de 23.000 sessões de quimioterapia e 80.000 de radioterapia. Em 2013, inaugurou o Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes, centro de excelência localizado dentro do Hospital São José (pertencente ao grupo).

Já o Hospital Israelita Albert Einstein possui o Centro de Oncologia e Hematologia Família Dayan – Daycoval, integrado à Unidade Morumbi. Em 2014, passou a ser a primeira instituição associada ao MD Anderson Cancer Center, um dos maiores centros de oncologia do mundo.

Centro de Oncologia e Hematologia Família Dayan – Daycoval, integrado à Unidade Morumbi do Hospital Israelita Albert Einstein

Apartamento do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes, localizado no Hospital São José, pertencente à Beneficência Portuguesa

Parceria.indd 49 19/02/2016 17:38:13

Page 50: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Mer

cado

JAN-F

EV

50

As fusões e aquisições no setor de saúde – principalmente em hospitais – estão bastante aquecidas em função, principalmente, da crescente demanda e das defi ciências de oferta de serviços de qualidade, potencializadas pela recente mudança de legislação sobre a parti cipação de capital estrangeiro na área. A análise é de Marcos Hiran, sócio da Cypress, especializada em operações de fusões e aquisições, captações no mercado de capitais e operações estruturadas para grandes e médias empresas.

Segundo ele, o crescimento da renda ocorrido nos últi mos anos combinado com o envelhecimento da população e os avanços da medicina levam cada vez mais pessoas a buscarem serviços privados, em geral, através dos planos de saúde. Soma-se a isso a crescente incidência de doenças crônicas, que exigem tratamento contí nuo especialmente entre a população com idade mais avançada.

“Por outro lado, em média, hospitais e clínicas privados operam com baixa qualidade, infraestrutura defasada e muitas vezes insufi ciente, condições infl uenciadas em grande parte pela gestão pouco profi ssionalizada. Obviamente, existem aqueles que possuem serviço excelente e lucrati vo,

Fusões, aquisições e entrada de capital estrangeiro movimentam o setor

mas são exceções entre as cerca de 2.000 insti tuições parti culares existentes no país”, aponta Hiran.

A combinação de demanda crescente e oferta limitada naturalmente é um incenti vo a investi mentos. O entrave era a legislação, que impedia a parti cipação de capital estrangeiro em empresas prestadoras de serviços de saúde no Brasil. Com a promulgação da Lei 13.097/15, no início de 2015, começaram a surgir diversos investi mentos na área.

As transações mais relevantes foram relacionadas à consolidação no segmento de hospitais, com a entrada dos fundos Carlyle e GIC (Fundo Soberano de Cingapura) na Rede D’Or. Este e outros grupos bastante capitalizados, como a Amil/UnitedHealth, o empresário Edson Bueno e a Intermédica/Bain Capital são consolidadores naturais no setor. Recentemente, o ritmo se acelerou: a UnitedHealth se associou ao Hospital Samaritano de São Paulo (SP) e, juntamente com a ESHO, comprou o Hospital Santa Joana, de Recife (PE); sem falar da comentada negociação da Rede D’Or para aquisição do Memorial São José, também de Recife.

Além de hospitais, Hiran diz que os investi dores têm procurado outros segmentos, direta ou indiretamente ligados a serviços de saúde, num círculo virtuoso que deve benefi ciar todo o segmento. Há investi mentos de fundos de private equity em clínicas especializadas, como de oncologia; em clínicas médicas de baixo custo, como opção para a população de menor renda; em residenciais de longa permanência para idosos; em serviços de apoio para hospitais, como terceirização de infraestruturas; em fabricantes de equipamentos médicos; e em desenvolvedores de soft ware operacionais e de gestão, só para citar alguns.

VANTAGENS Para o entrevistado, o principal objeti vo das fusões e aquisições é, para os compradores ou investi dores, a

Marcos Hiran, da Cypress

Mercado.indd 50 19/02/2016 17:39:01

Page 51: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

51

JAN-F

EV

51

Mercado.indd 51 19/02/2016 17:39:02

Page 52: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Mer

cado

JAN-F

EV

52

oportunidade de obter ganhos de efi ciência e rentabilidade com a profi ssionalização e o aumento de escala em função da consolidação. Já para os vendedores, atuais sócios das empresas, a moti vação em geral é relacionada com a possibilidade de obter ganhos fi nanceiros em um momento favorável; solucionar problemas de sucessão nas empresas; e buscar por maior competi ti vidade, especialmente nas regiões em que já há investi mentos signifi cati vos.

Com relação à melhoria do atendimento à saúde no Brasil, Hiran considera que ela vai ocorrer tanto no curto prazo quando de forma estrutural. “Hoje, o cliente de um plano de saúde acaba sendo atendido no SUS devido à incapacidade da insti tuição privada. A entrada de investi dores nestas empresas leva a uma modernização da gestão e da infraestrutura, possibilitando um atendimento mais rápido e sati sfatório”, expõe.

No longo prazo, ele crê que a melhoria da qualidade médica da rede, com aplicação de tratamentos mais modernos e efi cientes, além do foco na prevenção e no diagnósti co precoce, deve levar a uma melhoria nos indicadores de saúde no país.

CAPITAL ESTRANGEIROHiran acredita que a abertura para a entrada de capital estrangeiro na saúde aumentou signifi cati vamente o volume de recursos e a quanti dade de investi dores, ao viabilizar aplicações de fundos de private equity (que antes não eram permiti dos, pois a maioria possui entre seus coti stas algum investi dor estrangeiro) e aberturas de capital (IPOs), que eram inviabilizadas em função da impossibilidade de controle sobre a propriedade das ações, que são livremente negociadas e podem a qualquer momento serem adquiridas por um investi dor de fora.

Em sua opinião, os maiores atrativos no Brasil em termos de negócios em saúde são o tamanho do mercado aliado à demanda reprimida; a incipiente presença de investidores; e, apesar do momento atual, o potencial de crescimento econômico do país.

Quanto aos desafi os, cita a grande pulverização e dispersão geográfi ca do mercado, o baixo nível de profi ssionalização das empresas, na grande maioria familiares, e as complexas estruturas societárias, com muitos sócios e sem alinhamento entre eles.

PERSPECTIVASPara Hiran, o setor da saúde seguirá apresentando crescimento orgânico, pois, por ser um serviço essencial, é tradicionalmente visto como anti cíclico, menos afetado por oscilações da economia. “Certamente as empresas buscarão oti mizar custos e investi mentos não essenciais, porém a demanda conti nua existi ndo.”

De acordo com ele, haverá um volume bastante signifi cati vo de transações relacionadas a fusões e aquisições no segmento. “Após a nova legislação, novos investi dores passaram a buscar ati vamente investi mentos na categoria. Várias destas transações, que começaram a ser negociadas em 2015, devem se concreti zar ao longo de 2016. Um fator que também favorece a entrada de estrangeiros é a recente desvalorização cambial. Aqueles que consideravam que o Brasil estava ‘caro’ em função do real valorizado, certamente estão refazendo seus cálculos”, ressalta.

NA PRÁTICA

A Amil, adquirida pela americana UnitedHealth Group em 2012, é uma das empresas que está fortalecendo sua

rede própria por meio da aquisição ou associação com hospitais e clínicas. Erwin Kleuser, diretor de Orçamento

e Planejamento Estratégico, ressalta que o objetivo é fortalecer a estrutura hospitalar brasileira, intensificando

investimentos para atendimento aos clientes de planos de saúde, não apenas da Amil.

Neste contexto, destaca o Grupo COI (Clínicas Oncológicas Integradas), referência em diagnóstico e

tratamento oncológico, que conta com cinco unidades no Rio de Janeiro; e duas instituições na região Nordeste:

o Hospital Geral e Maternidade Promater (RN) e o Hospital Santa Joana (PE) e empresas coligadas. Sobre a

associação com o Hospital Samaritano, Kleuser avisa que a operação está em avaliação pelo CADE.

“Em todas as aquisições, buscamos manter as equipes médicas e os demais profissionais que são referências

nas regiões em que atuam. Nossa estratégia envolve o fortalecimento da estrutura médica baseada

em excelência e o compartilhamento de expertise em inovação, em gestão de tecnologia aplicada a

serviços e em ganho de escala. Também procuramos assegurar o atendimento aos clientes das operadoras

conveniadas, a fim de preservar o vínculo e a confiança da comunidade médica, de pacientes e de

seus familiares”, frisa Kleuser.

Segundo ele, a permissão para a entrada de capital estrangeiro representa uma oportunidade de

intensificação dos investimentos nos hospitais brasileiros, para expansão das estruturas, renovação

das tecnologias, ampliação de leitos e modernização do modelo de gestão.

Para o diretor, o maior desafio do Brasil dentro do atual cenário econômico é implementar soluções que

minimizem ou reduzam a tendência de elevação das despesas assistenciais. De acordo com o Instituto de

Estudos de Saúde Suplementar (IESS), nos últimos 12 meses encerrados em junho de 2015, os gastos das operadoras com consultas, exames, terapias e

internações subiram 17%.

O Grupo Amil possui, atualmente, um complexo médico-hospitalar (Americas Medical City), 29 hospitais,

46 unidades médicas avançadas, unidades de pronto atendimento,

centros médicos e clínicas, além de centros de

tratamento especializados. Para este ano,

pretende buscar o crescimento com

equilíbrio entre receitas e custos

médicos.

Mercado.indd 52 19/02/2016 17:39:03

Page 53: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

53

JAN-F

EV

53

As normas para reajustes nos contratos firmados entre operadoras de planos de saúde e hospitais foram publicadas no dia 7 de dezembro pela ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar. As informações estão presentes na Resolução Normativa nº 391, publicada no Diário Oficial da União. A base de cálculo definida é o IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, ao qual será aplicado um fator de qualidade, estabelecido pela ANS, para se chegar ao percentual de reajuste.

De acordo com a Lei nº 13.003, de dezembro de 2014, as regras valem somente para a falha na negociação entre operadoras e hospitais. E apenas quando não houver um índice previsto no contrato ou acordo entre as partes na livre negociação de reajustes. Para os hospitais, as normas já estão valendo desde o começo de 2016.

“A Lei 13.003 trouxe para a ANS a obrigação de estabelecer um índice de reajuste para prestadores, caso a negociação não seja efetiva. O que queremos agora é incluir a questão da qualidade dos serviços na formação da rede de atendimento ao consumidor e estimular o debate sobre sua importância, ainda tão pouco tratada em nosso país”, afirma a diretora de Desenvolvimento Setorial da ANS, Martha Oliveira.

O fator de qualidade será aplicado ao reajuste dos contratos da seguinte forma: 105% do IPCA para os estabelecimentos com certificação de qualidade, 100% para aqueles que não têm certificação, mas cumprem critérios estabelecidos nos projetos da ANS, e 85% para unidades que não atendem nenhum desses critérios.

De acordo com Instrução Normativa 61, considera-se Hospital Acreditado aquele que possui certificado emitido por instituições que tenham reconhecimento da competência para atuar como tal no âmbito dos serviços de saúde.

A ideia é que o fator de qualidade também sirva de parâmetro, a partir de 2017, para o reajuste de contratos entre operadoras e profissionais de saúde, como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e psicólogos. Os critérios, no entanto, ainda estão em discussão e deverão ser definidos conjuntamente com as entidades de classe de cada categoria.

Reajustes entre planos de saúde e hospitais têm nova regra

Saúd

e Su

plem

enta

r

Saude suplementar.indd 53 19/02/2016 17:39:31

Page 54: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Assis

tênc

iaJA

N-F

EV

54

Por Carol Gonçalves

Uma das ati vidades que fazem parte da roti na dos hospitais é o banho do paciente. Não há como negar a sensação de bem-estar e conforto que ele gera, sem falar na remoção de sujidades causadoras de doenças e infecções, oferecendo melhora biofuncional, além de fortalecer a autoimagem, extremamente importante para aqueles que estão em situação vulnerável.

Mesmo quando a situação é grave e o paciente não pode se levantar, o banho está entre os cuidados diários e pode ser dado no leito, afi nal, como explica Cristi ane Resende, gerente de Enfermagem das Unidades de Terapia Intensiva da Benefi cência Portuguesa de São Paulo (SP), é também uma questão de cultura. “Os parentes dos pacientes sempre perguntam: ele não vai tomar banho hoje? Já é algo enraizado no Brasil”, conta.

Mas essa ati vidade precisa ser muito bem avaliada e planejada pelos enfermeiros para não causar mais danos à saúde do indivíduo. A primeira pergunta é: qual sua situação clínica? Porque, em algumas situações de gravidade, a higienização completa não é aconselhada. No caso de cirurgias cardíacas, por exemplo, não é recomendado nas primeiras 4 horas após o procedimento.

Cristi ane diz que as UTIs mais modernas possuem banheiro com chuveiro, para que o próprio paciente, se possível, possa tomar banho com privacidade, em pé ou sentado. O uso da banheira não é recomendado devido à contaminação da água por sujidades da pele e secreções que podem passar para outras áreas do corpo. Em se tratando de bebês, é preciso desinfetar a banheira com produtos adequados.

O ti po de sabonete também é importante, pois o pH deve estar de acordo com a pele para não reti rar a proteção natural

O banho no leito e os cuidados com o paciente acamado

e abrir caminho para infecções. São indicados os sabonetes neutros líquidos ou toalhas com soluções umectantes. Relacionado à temperatura ambiente nas UTIs, o ideal é manter entre 21o C e 24o C.

A gerente de Enfermagem lista os principais cuidados que os profi ssionais precisam ter para executar essa ati vidade:

• Técnica: o banho deve obedecer ao senti do céfalo-caudal, deixando para a últi ma etapa as partes ínti mas e a região anal.

• Risco de hipotermia: evitar que o paciente permaneça exposto a baixas temperaturas, por isso todo o processo deve ser feito no máximo em 20 minutos, pois o frio pode ser prejudicial ao quadro clínico.

• Risco de infecções: deve-se usar materiais de uso individual, preferencialmente produtos descartáveis. Nunca reuti lizar a água da bacia que esteja com sujidade de substâncias orgânicas para lavar outra parte do corpo.

• Dispositi vos: o profi ssional precisa atentar-se a cateteres, drenos, sondas e cânulas de intubação inseridos no paciente, principalmente na UTI, para não movê-los ou reti rá-los na hora da higienização.

• Instabilidade da respiração: o enfermeiro deve avaliar as condições respiratórias associadas ao exame de raios X do tórax do paciente, para saber se ele possui atelectasia ou infi ltrado pulmonar difuso. Os que ti verem essas alterações devem ser mobilizados durante o banho sempre do lado contrário ao pulmão comprometi do.

• Risco de Quedas: é importante realizar a avaliação das condições psicomotoras do paciente, como agitação, confusão mental, nível de sedação e superfí cie corpórea. O paciente necessita estar calmo e a equipe assistencial

Lalo

de

Alm

eida

Hospital Alemão Oswaldo Cruz

Assistência.indd 54 19/02/2016 17:40:12

Page 55: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

55

JAN-F

EV

55

Assistência.indd 55 19/02/2016 17:40:13

Page 56: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Assis

tênc

iaJA

N-F

EV

56

preparada para não realizar movimentos bruscos e garanti r a movimentação do paciente com segurança (atenção especial aos obesos). As camas devem ter travas nas rodas e grades para diminuir o risco de queda.

Estão disponíveis no mercado equipamentos portáteis para facilitar o banho no leito, que possuem reservatório para água e sabonete, controle da temperatura da água e funcionam com energia elétrica.

A seguir, hospitais detalham o processo de higienização dos pacientes com mobilidade reduzida e os diferenciais oferecidos a eles e aos seus acompanhantes para garanti r conforto e bem-estar durante a estada na insti tuição.

ATENDIMENTO E HOSPITALIDADENo Hospital Santa Joana, de Recife (PE), cada paciente tem o seu material de higiene individualizado. A gerente assistencial multi disciplinar, Maria de Fati ma Sampaio da Cunha, explica que a roti na do banho varia de acordo com a gravidade do caso. “Quando se trata de um paciente em UTI, os equipamentos e itens de higiene, os lençóis que serão trocados e a toalha para secá-lo são colocados em uma mesa auxiliar”, detalha.

Segundo ela, alguns produtos facilitam bastante os banhos no leito e minimizam sua duração, como toucas com xampu que não necessitam água adicional e luvas com produtos de higiene. “Infelizmente, eles não são pagos pelos planos de saúde e muitas vezes a família do paciente não arca com o custo adicional”, expõe.

Antes do seu início, são observados todos os equipamentos de monitoramento e soros que estão sendo infundidos, pois o tratamento precisa conti nuar durante o banho, exceto a dieta por sonda, que deve ser pausada. Maria de Fati ma lembra que é muito importante observar e manter o decúbito no mínimo a 30 graus. Normalmente, para cada paciente acamado, são necessários dois técnicos de enfermagem e, se a situação for muito grave, a higienização é parcial e acontece com supervisão direta do enfermeiro.

No momento do banho há também a limpeza do colchão com material desinfetante: na mobilização do paciente e antes de colocar o novo enxoval. São realizados até dois banhos completos e seis higienes de genitália, a cada troca de fralda.

Para a limpeza oral dos pacientes intubados e/ou comatosos, são uti lizadas espátulas e gases embebidas em anti ssépti co. “Também existem no mercado alguns bastonetes de material maleável que já têm o produto e facilitam o processo”, acrescenta.

Já a higiene do pavilhão auricular externo é feita normalmente no banho, com compressas de celulose. O Santa Joana não uti liza cotonetes para evitar lesão do ouvido interno, seguindo normas de procedimento operacional padrão.

A gerente explica que a técnica do banho no leito inclui o asseio da genitália, higienizada por últi mo sempre de forma unidirecional, trocando as compressas em cada área a ser lavada. É uti lizado o mesmo sabonete do banho.

Todos os apartamentos de pacientes acamados e com risco para formação de úlcera por pressão possuem colchão de ar pneumáti co, que diminui as tensões nas áreas de saliências ósseas, como região sacral, trocantérica e maléolos. “Há também uma roti na de troca de decúbito, que não deve ultrapassar três horas. Fazemos acompanhamento, ainda, da fi sioterapia motora, para correção de posicionamento e trabalho da musculatura”, acrescenta.

Com relação aos lençóis, Maria de Fáti ma salienta que eles não devem ser feitos de tecidos ásperos, precisam ser manti dos secos e sem dobraduras. A uti lização de travessas é fundamental para evitar as lesões por fricção e cisalhamento da pele provocados pelos movimentos nas mudanças de decúbito.

A equipe também é instruída a hidratar a pele dos pacientes com cremes e curati vos especiais, como fi lmes de poliuretano, que são colocados como forma de proteção e prevenção da úlcera por pressão. Todos são avaliados pela comissão de prevenção e tratamento de feridas do hospital, formada por enfermeiros especialistas.

Na insti tuição, o acompanhamento psicológico dos acamados varia de acordo com o estado psíquico e o enfrentamento da doença. “A enfermagem tem um papel fundamental nesse apoio. No diagnósti co já é possível avaliar a necessidade do tratamento. No caso de câncer, o serviço de psicologia é automati camente acionado”, conta.

HUMANIZAÇÃO E CUIDADO INDIVIDUALIZADOO banho no leito no Hospital e Maternidade Celso Pierro – PUC-Campinas (SP) é realizado com um kit composto por bacia, jarro, sabonete líquido, compressa de banho, toalha e luvas de procedimento. Os sabonetes, as luvas e as compressas são descartáveis; a bacia e jarro, submeti dos à termodesinfecção.

A equipe de enfermagem separa todo o material necessário, orienta o paciente sobre o processo que será realizado e executa o banho conforme técnica normati zada na insti tuição. “Não se trata apenas de uma ati vidade para higiene corporal, mas também de uma ação terapêuti ca, pois esti mula a circulação sanguínea, substi tuindo as ati vidades fí sicas, sendo, ainda, o momento ideal para realização do exame fí sico completo, pela observação e pelo toque de todo o corpo”, explicam Ana Luiza Ferreira Meres, diretora de Enfermagem, e

Luiza Ferreira Meres, do Hospital e Maternidade Celso Pierro

O banho não é apenas uma atividade para higiene corporal, mas também uma ação terapêutica, pois estimula a circulação sanguínea, substituindo as atividades físicas”

“Milc

a G

oula

rt

Assistência.indd 56 19/02/2016 17:40:14

Page 57: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Rachel Kiyomi Sugawara Prado de Oliveira, enfermeira executiva da Educação Continuada do hospital.

Elas aproveitam para sugerir ao mercado a criação de um guincho para mobilização dos pacientes acamados, que atuaria como um diferencial no posicionamento e minimizaria o esforço dos colaboradores envolvidos neste cuidado.

A higienização bucal se dá com clorexidina, espátula e gaze estéril. A técnica é um fator significante para a manutenção da saúde e o conforto dos pacientes. “No momento da internação, é importante a avaliação da cavidade oral para que a equipe possa estabelecer as metas e planejar a assistência. A higiene oral deve contemplar gengiva, palato, bochechas, língua e hidratação dos lábios”, descrevem Ana Luiza e Rachel.

A limpeza dos ouvidos é realizada através da fricção externa com a compressa de banho e, em casos específicos, com gaze úmida. A higienização íntima acontece segundo a necessidade do paciente acamado, com sabonete líquido, compressa de banho e jarro com água morna. “Posicionamos uma comadre na região sacral para facilitar o escoamento do líquido”, acrescentam.

O Hospital da PUC-Campinas tem preocupação especial com os pacientes com mobilidade reduzida, devido aos riscos a que estão submetidos. “Nosso projeto terapêutico é focado em ações para gerenciamento dos riscos e aumento do conforto. Os quartos possuem acessibilidade com portas compatíveis, banheiros com barras de segurança, acentos adequados, cadeiras de banho, camas elétricas e campainhas de fácil acesso”, contam.

O colchão utilizado é do tipo piramidal, e as roupas de camas são de acordo com a necessidade dos pacientes, com tecido macio e dobradura feita de forma a evitar as úlceras de pressão. Além de mudanças de decúbito, são utilizados cremes, óleo de girassol, curativos hidrocoloides e filme transparente para evitar esse problema.

Com relação às quedas, as profissionais explicam que a instituição participa da rede de hospitais acreditados ONA – Organização Nacional de Acreditação, cuja primícia é a gestão de risco assistencial. A queda é um evento não planejado que levou o paciente ao chão, podendo ser por fatores intrínsecos (alterações fisiológicas, psicológicas, patológicas e efeitos de medicações) e extrínsecos (meio ambiente, comportamento e atividade do indivíduo). O índice de queda em hospitais varia de acordo com a característica da instituição, de 1,4 a 13,0 para cada 1000 pacientes-dia, as lesões estão presentes

O Hospital da PUC-Campinas tem preocupação especial com os pacientes com mobilidade reduzida, devido aos riscos a que estão submetidos

Assistência.indd 57 19/02/2016 17:40:17

Page 58: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Assis

tênc

iaJA

N-F

EV

58

entre 15% e 50% dos eventos. “Como medidas de prevenção, realizamos avaliação de risco para todos os pacientes, incenti vamos a presença do acompanhante, mantemos os pertences e objetos próximos do alcance, uti lizamos as grades das camas como barreiras fí sicas e adotamos o protocolo insti tucional de quedas.”

Ana Luiza e Rachel salientam que a insti tuição trabalha com os conceitos de humanização e cuidado individualizado. “O processo de enfermagem tem foco no atendimento das necessidades humanas e possuímos um serviço interno de ouvidoria para o atendimento dos pacientes e familiares”, fi nalizam.

CONEXÃO COM O PACIENTEDesde a sua fundação, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, de São Paulo (SP), é reconhecido por seu modelo assistencial, o que marca sua vocação com o cuidado. Na insti tuição, o processo de banho no leito envolve um check-list com cerca de 25 itens. A preparação começa com a separação do material (toalhas, lençóis, luvas de banho, comadre, hamper, sabonete e produtos para higiene oral e couro cabeludo, se necessário), que é levado até o quarto do paciente, onde todo o procedimento é explicado. Depois disso, é feita a desinfecção da mesa de cabeceira, que é coberta com a toalha de rosto. Com o hamper próximo à cama, são reti rados cobertores e colchas; e o paciente é coberto com o lençol. Antes de iniciar o processo, o profi ssional de enfermagem se paramenta com luvas de borracha. Quem explica é Fáti ma Silvana Furtado Gerolin, superintendente assistencial.

Para os pacientes em 1º pós-operatório (1º PO) cirúrgico na UTI, é uti lizado lenço higienizador de algodão com surfactante e hidratante. Nos demais setores, ou para pacientes acima do 1º PO, o hospital usa jarro e bacia de inox, luva descartável, água e sabonete. Depois do banho, os jarros e as bacias passam pela termodesinfetora, são secos com toalha limpa e acondicionados no quarto do paciente. Após a alta, são reti rados e encaminhados em saco plásti co específi co para a central de materiais.

Para a higiene do couro cabeludo, a equipe do hospital sugere ao mercado a criação de um dispositi vo infl ável para colocar embaixo do pescoço do paciente, com um reservatório para água.

Segundo Fáti ma, o banho de leito demora cerca de 15 a 30 minutos, sem levar em conta outros procedimentos, como curati vos, massagem de conforto, etc. A ati vidade é prati cada por dois profi ssionais.

No Oswaldo Cruz, os produtos utilizados na higienização bucal são: escova de dente macia ou espátula e gaze, creme dental ou solução antisséptica bucal, copo com

água, toalha de rosto, cuba rim e luvas de procedimento. Se o paciente estiver intubado, são usadas pinça Pean e gaze estéril ou escova impregnada com clorexidina, considerando o uso de sugador ou material de aspiração.

Já a limpeza ínti ma é feita uti lizando comadre, jarro ou balde de água morna, toalhas de banho e de rosto, travessa, fralda descartável (se necessário), luvas de banho umedecida com álcool 70% e hamper. O paciente precisa estar em posição decúbito dorsal, cobrindo a região genital com toalha de banho. A área deve ser seca com a toalha. Tanto esse processo quantos os outros já citados são sempre registrados no prontuário do paciente.

Para auxiliar no manuseio e movimentação do paciente, o hospital oferece, ainda, cadeira balança, guindaste, camas de últi ma geração e transfer, entre outros. Nas camas, são uti lizados colchões de ar para os pacientes com risco de úlceras por pressão. Os lençóis, na UTI, possuem um forro absorvente semelhante ao material da fralda descartável. Para evitar feridas ou outros problemas oriundos da mobilidade reduzida, a insti tuição usa creme de silicone, placas de hidrocoloide, pomada à base de Reti nol, colecalciferol, óxido de zinco e óleo de fí gado de bacalhau.

Os pacientes internados são classifi cados pela escala Morse como risco baixo, moderado ou alto de queda. Aqueles com risco moderado e alto recebem uma pulseira laranja e são adotadas medidas para evitar as quedas, como prescrição de cuidados de enfermagem, folder educati vo, plano de educação, presença de acompanhante, protetores de grade da cama e apoio no vaso sanitário. Os pacientes externos são identi fi cados com uma sinalização em forma de círculo laranja na pulseira.

Segundo a entrevistada, todos os quartos foram construídos e mobiliados para oferecer o maior conforto possível para o paciente, seus familiares e acompanhantes. A escolha dos móveis se deu de maneira minuciosa para minimizar os riscos de acidentes, com bordas arredondadas e estrutura reforçada para evitar quedas. A cor das paredes foi defi nida para transmiti r tranquilidade, bem como toda a iluminação, disposição dos móveis, quadros e corti nas. Todos os quartos possuem um quadro com os nomes dos profi ssionais responsáveis pelo cuidado do paciente, o que vai ao encontro dos princípios preconizados no modelo assistencial da insti tuição, esti mulando o internado e seu familiar a estabelecerem vínculo de confi ança com os profi ssionais.

“Também oferecemos Unidades de Internação Premium onde o paciente e seus familiares contam com mais alguns itens, além daqueles já oferecidos pela insti tuição. Temos, ainda, uma Unidade de Cuidado Integrado Paciente e Família, para que o paciente de média e longa permanência e seu acompanhante possam realizar ati vidades diárias, como ioga, encontros com psicólogo para discussões de temas específi cos, refl exologia, sarau, musicoterapia e ofi cina do bem-estar espiritual”, fi naliza Fáti ma.

Maria de Fati ma Sampaio da Cunha, do Hospital Santa Joana

Quando se trata de um paciente de UTI, os equipamentos e itens de higiene, os lençóis que serão trocados e a toalha para secá-lo são colocados em uma mesa auxiliar”

Assistência.indd 58 19/02/2016 17:40:19

Page 59: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

59

JAN-F

EV

59

Assistência.indd 59 19/02/2016 17:40:21

Page 60: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Dire

ito M

édic

oJA

N-F

EV

60

Pode-se afi rmar que salvaguardar uma vida digna signifi ca amparar uma morte digna, ou, por assim dizer, uma vida que não se prolongue de forma dolorosa ou arti fi cial, se não for esta a vontade do indivíduo diagnosti cado em situações nas quais exista esta possibilidade.

Por esta razão, o paciente terminal ou diagnosti cado com molésti a grave ou incurável, que tem uma morte iminente constatada, poderá, por si ou devidamente representado, optar pela terminalidade da vida a se submeter a tratamentos paliati vos que lhe causem sofrimento.

Neste momento, o médico, que é visto historicamente como salvador de vidas, deverá respeitar este desejo e realizá-lo, atendendo aos princípios da dignidade da pessoa humana e da supremacia da vontade do paciente, porém, para tanto, deverá observar o que determina o sistema legal vigente, a fi m de que a forma como o fará se dê de maneira lícita e éti ca.

O médico, para atender ao desejo daquele que não quer se submeter a tratamentos que lhe causem sofrimento quando esti ver em estado terminal ou for diagnosti cado com enfermidade grave ou incurável e prefi ra, por estas razões, a morte, deverá observar o que determina a Resolução nº 1.805/2006 do CFM – Conselho Federal de Medicna, que permite a ele limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente, devendo registrar em prontuário, de forma fundamentada, a decisão tomada.

Limitados ou suspensos os procedimentos e tratamentos ao paciente (que tem direito a uma segunda opinião médica), estão assegurados todos os cuidados necessários para aliviar os sintomas que levem ao sofrimento; a assistência integral; o conforto fí sico, psíquico, social e espiritual; bem como a alta hospitalar.

Aqui é importante ressaltar que há de se fazer uma diferenciação entre abreviar a vida e suspender procedimentos paliati vos, ainda que a pedido.

Se o médico agir para abreviar a vida da pessoa simplesmente para evitar-lhe o sofrimento, cometerá eutanásia, ato que consiste em dar terminalidade à vida daquele que foi diagnosti cado com molésti a incurável e que esteja ou não em fase terminal.

A eutanásia pode se dar das seguintes formas: direta, como por exemplo, com a aplicação de injeção letal; indireta, com a administração de morfi na, entre outros; ou passiva, com o médico sendo omisso com relação a algum tratamento disponível ou suspendendo algum que esteja em curso.

A práti ca da eutanásia é crime ti pifi cado no arti go 121 do

A apuração criminal das práticas de eutanásia e ortotanásia

Código Penal e é conduta sobre o qual não incide nenhuma benefi cie ao profi ssional que alegue tê-la realizado a pedido do doente, uma vez que a vida, como dispõe o ordenamento vigente, é bem jurídico indisponível, e é ainda infração éti ca, de acordo com o que dispõe o Código de Éti ca Médica.

Em contraparti da, se o médico diagnosti car a morte como processo fi nal e irreversível ao quadro de saúde apresentado pelo paciente, e simplesmente deixá-lo morrer, optando por não empreender esforços que seriam apenas subterfúgios ao prolongamento arti fi cial da vida daquele que assim não o deseja, cometerá a ortotanásia.

A ortotanásia acontece diante do diagnósti co de ser a morte o processo natural para o caso clínico em questão, e encontra respaldo legal no arti go 23 do Código Penal, uma vez que o ato é prati cado em estrito cumprimento ao dever legal ou no exercício regular de direito, encontrando ainda amparo no arti go 41, parágrafo único do Código de Éti ca Médica.

Desta forma, a realização da ortotanásia afasta também a ti pifi cação da conduta de omissão de socorro, ilícito previsto no arti go 135 do Código Penal, que tem como agravante ter o agente o dever legal de atuar para evitar o resultado, que também não se aplica ao caso, não havendo, portanto, na práti ca da ortotanásia, nenhum ti po de infração legal ou éti ca.

Por estas razões, o consenti mento do paciente ou de seu representante legal na apuração criminal das condutas de eutanásia ou de ortotanásia será sempre irrelevante, senão vejamos.

A eutanásia, além de anti éti ca, sempre será crime, independentemente de a morte, que se deu com a ajuda do médico, ter ocorrido a pedido da própria pessoal ou a pedido de seu representante legal.

Abreviar a vida simplesmente porque o indivíduo pediu para não mais viver, sem ter a morte diagnosti cada como consequência natural do seu quadro de saúde, torna juridicamente relevante e punível o ato do profi ssional que optar por atender a este desejo.

Já a ortotanásia é lícita, desde que a morte seja diagnosti cada como fi m natural à vida do paciente que prefi ra não prolongar a própria existência de forma paliati va.

Assim, sendo a morte evolução natural em casos de molésti a grave ou incurável, incidirá, ao profi ssional que suspender ou limitar tratamentos e prati car a ortotanásia, o cumprimento aos princípios da dignidade da pessoa humana e da supremacia da vontade do paciente, bem como o reconhecimento de uma conduta lícita, éti ca e humanitária.

Natalia Carolina VerdiAdvogada formada pela Universidade São Judas Tadeu (SP),

militante nas áreas do direito civil, criminal e da saúde e estudante do Curso de Especialização em Direito Médico na

Escola Paulista de Direito

Direito Medico.indd 60 19/02/2016 17:40:49

Page 61: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

61

JAN-F

EV

61

Em dezembro, o CFM – Conselho Federal de Medicina publicou a Resolução nº 2.130/2105, que faz esclarecimentos sobre a divulgação e a publicidade de assuntos médicos na internet e em canais das redes sociais. O texto, que altera apenas um ponto do anexo 1 da Resolução 1.974/2011, permite que esses profi ssionais publiquem nos seus perfi s dados como especialidade, CRM, RQE, além do endereço e telefone do local onde atendem.

De acordo com o conselheiro Emmanuel Fortes, 3º vice-presidente e coordenador do Departamento de Fiscalização do CFM, “a edição deste esclarecimento foi necessária por conta de entendimentos equivocados que surgiram após a edição da Resolução 2.126/2015, que fazia menção ao anexo modifi cado”.

Esta foi a única alteração, todos os outros pontos que estavam previstos foram manti dos. Ou seja, os médicos conti nuam proibidos de distribuir e publicar em sites e canais de relacionamento fotos ti radas com pacientes no momento de atendimento, como consultas ou cirurgias.

Também não podem divulgar fotos, imagens ou áudios que caracterizem sensacionalismo, autopromoção ou concorrência desleal. Para o conselheiro Fortes, trata-se de uma decisão que protege a privacidade e o anonimato inerentes ao ato médico e esti mula o profi ssional a fazer uma permanente refl exão sobre seu papel na assistência aos pacientes.

O médico também não pode usar a internet para anunciar métodos ou técnicas não consideradas válidas cienti fi camente e não reconhecidas pelo CFM, conforme prevê a Lei nº 12.842/13, no arti go 7º, que atribui à autarquia o papel de defi nir o que é experimental e o que é aceito para a práti ca médica.

CFM altera resolução sobre o uso das redes sociais por médicos

Entre outros pontos, também permanece sendo vedado ao médico anunciar especialidade/área de atuação não reconhecida, bem como aquela para a qual não esteja qualifi cado e registrado junto aos CRMs – Conselhos de Medicina. A restrição inclui ainda a divulgação de posse de tí tulos cientí fi cos que não possa comprovar e a indução do paciente a acreditar que o profi ssional está habilitado a tratar de um determinado sistema orgânico, órgão ou doença específi ca.

A norma não alterou pontos que proíbem a realização de consultas, diagnósti cos ou prescrições por qualquer meio de comunicação de massa ou à distância, assim como expor a fi gura do paciente na divulgação de técnica, método ou resultado de tratamento.

O CFM manteve a orientação aos CRMs de investi gar suspeitas de burla às normas contra a autopromoção por meio da colaboração do médico com outras pessoas ou empresas. Para a enti dade, devem ser apurados – através de denúncias, ou não – a publicação de imagens do ti po “antes” e “depois” por não médicos, de modo reiterado e/ou sistemáti co, assim como a oferta de elogios a técnicas e aos resultados de procedimentos feitos por pacientes ou leigos, associando-os à ação de um profi ssional da Medicina. A comprovação de vínculo entre o autor das mensagens e o médico responsável pelo procedimento pode ser entendida como desrespeito à norma federal.

Segundo Fortes, ao observar esses critérios, o médico estará valorizando uma conduta éti ca nas suas ati vidades profi ssionais, além de se proteger efeti vamente de eventuais processos movidos por terceiros em busca de indenizações por danos materiais ou morais decorrentes de abusos.

Legi

slaçã

o

Legislação.indd 61 19/02/2016 17:41:24

Page 62: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Pequ

enas

dos

esJA

N-F

EV

62

2Há mais de 15 anos a Beta Eletronic projeta, desenvolve e fabrica equipamentos de proteção,

estabilização e suprimento de energia. Agora, a empresa investe em mais um canal de comunicação com seus clientes e profi ssionais de saúde. Sua página no Facebook foi reformulada e traz como conteúdo posts diários sobre produtos, lançamentos, cases de sucesso, eventos, curiosidades e notí cias do setor. facebook.com/wwwbetaeletronic

Beta Eletronic investe em canal de comunicação

Encontrar soluções para reduzir os impactos ambientais é um desafi o que ocupa cada vez mais as equipes de gestão das

empresas. Incenti vada pela crise hídrica e focando na diminuição dos gastos, a Rubbermaid® Commercial Products (RCP), empresa do setor de equipamentos para limpeza profi ssional, apresenta ao mercado de saúde e hospitality o sistema de limpeza Hygen. O Hygen foi testado no Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo (SP), e demonstrou resultados superiores quando comparado com o sistema convencional de limpeza (panos descartáveis, garrafas spray, escadas). A redução do uso de água no Einstein foi de 98% e o consumo de produtos provenientes de composições químicas agressivas caiu 47%.

Economia de água e redução de custos1

O sucesso do tratamento e da recuperação de pacientes está diretamente ligado ao ambiente hospitalar. Pensando nisso, o Hospital VITA, de Curiti ba (PR), desenvolve diversos projetos de humanização, como exposições de artes, visitas de personagens infanti s, palhaços, corais, entre outros. Com o intuito de ampliar as práti cas de humanização nas UTIs, o VITA passou a

distribuir kits de pintura e passatempo para os pacientes internados. Além de desenhos e mandalas para colorir, também estão disponíveis ati vidades como caça-palavras, Sudoku e palavras cruzadas.

555 Pintura acelera recuperação na UTI

4A RB, empresa de bens de consumo de saúde e higiene, lançou a versão em português do site da Iniciati va GRIP (Global Respiratory Infecti on Partnership), parceria de especialistas de saúde que se dedicam a reduzir o crescente uso indiscriminado de anti bióti cos no mundo. No Brasil, é a primeira plataforma direcionada exclusivamente para profi ssionais de saúde que aborda a prescrição racional para auxiliar e alertar sobre o uso adequado no tratamento de infecções. De acordo com o infectologista Antonio Carlos Campos Pignatari, diretor do Laboratório Especial de Microbiologia Clínica da Universidade Federal de São Paulo e representante da GRIP, além de ampliar o horizonte, a iniciati va ajuda a comunicar as práti cas cientí fi cas atuais e em desenvolvimento. “Ao receitarmos um anti bióti co para tratar determinada doença, além de eliminar um número considerável de bactérias necessárias para a nossa imunidade natural, podemos esti mular as mutações que provocam a resistência das bactérias às infecções”, explica. www.iniciati vagrip.com.br

Conscienti zação sobre o uso de anti bióti cos

Um estudo pioneiro para cicatrização de feridas graves, desenvolvido pelo Serviço de Cirurgia Plásti ca

e Queimaduras do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, deve revolucionar o tratamento de lesões ao prevenir a amputação de membros. Trata-se do uso de matriz dérmica, ou pele arti fi cial, associada à terapia de pressão negati va e enxerto de pele. A efi ciência da técnica foi comprovada em 20 pacientes com riscos de amputação devido a profundas feridas agudas, ou seja, com exposição do osso, tendão ou arti culação. Segundo o cirurgião plásti co Dimas André Milcheski, autor do estudo, a área média de integração do modelo de regeneração dérmica foi de 86,5%. Houve integração completa do enxerto de pele sobre a matriz dérmica em 14 pacientes (70%), integração parcial em cinco pacientes (25%) e perda total apenas em um paciente (5%), resolvida com nova enxerti a de pele. A ferida foi fechada completamente em 95% dos pacientes.

Técnica previne amputação6

Em 1789, Florianópolis passou a contar com os serviços do Imperial Hospital de Caridade, o primeiro hospital de Santa Catarina e a 12ª Santa Casa construída no Brasil, voltado para o atendimento da população civil e carente. Para celebrar o aniversário da insti tuição, foi realizada uma Missa de Ação de Graças e da Paz na Capela Menino Deus, celebrada pelo arcebispo metropolitano Dom Wilson Tadeu Jönck, com o auxílio do capelão da Irmandade, Padre Pedro José Koehler.

227 anos de existência333

Pequenas doses.indd 62 19/02/2016 17:42:04

Page 63: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

63

JAN-F

EV

63

7 A tecnologia encurta distâncias. Após um acidente automobilístico, Israel Serrão

Bitencourt, de 23 anos, foi internado no Hospital Público Estadual Galileu, em Ananindeua (PA), e pôde usar a web para se comunicar com a família e amigos. Desenvolvido

pelo hospital, o projeto “Visita Virtual” permite 30 minutos de conversa por dia, o que para o jovem já fez muita diferença. Para ele, a internet diminui a monotonia, dá ânimo e auxilia na recuperação.

Projeto Visita Virtual

9Cinco hospitais brasileiros estão entre os 43 melhores da América Lati na, segundo ranking realizado anualmente pela consultoria América Economía Intelligence. São

eles: Israelita Albert Einstein (SP), Samaritano de São Paulo (SP), Alemão Oswaldo Cruz (SP), Moinhos de Vento (RS), São Vicente de Paulo (RJ) e Edmundo Vasconcelos (SP). A escolha é feita por meio da busca por insti tuições em que diagnósti co cientí fi co e inovação de processos se unem, com aumento da complexidade e constantes transformações. O ranking considera seis critérios técnicos: segurança e dignidade do paciente, capital humano, capacidade, gestão do reconhecimento, efi ciência médica e prestí gio. A parti cipação foi aberta a todos os hospitais gerais e clínicas de alta complexidade da América Lati na, reconhecidos pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS/OMS).

Melhores hospitais da América Lati na

Car

los S

odré

/Ag.

Par

á

10Em 2012, o arti sta e professor italiano Salvatore Iaconesi descobriu um câncer no cérebro

e pensou que poderia reverter esse quadro usando a tecnologia. Ele pediu uma radiografi a de seu tumor, deixou o hospital e decidiu aprender mais sobre a doença. Acostumado a usar tecnologias open source devido ao trabalho como arti sta, criou La Cura, uma página para comparti lhar seus dados médicos, que em pouco tempo viralizou. O italiano recebeu mais de 500 mil contatos, entre e-mails, manifestações artí sti cas, vídeos e outros formatos, até mesmo uma escultura em 3D de seu tumor. Muitos sugeriram como curar seu câncer, inclusive, 60 médicos entraram em contato para opinar. Com a página na web, Salvatore teve acesso a 50 mil opções de estratégias para tratar o tumor – desde terapia tradicional a magia – e 200 pessoas o ajudaram na classifi cação do material recebido. O projeto open source levou à formação de uma equipe composta por neurocirurgiões, médicos, oncologistas e voluntários. Juntos, eles pensaram em uma estratégia e curaram Salvatore. www.opensourcecureforcancer.com

Cura colaborati va: conexões que salvam vidas

11O desgaste natural dos sistemas orgânicos, bem como a incidência de doenças e lesões diversas, leva a uma

crescente demanda por substi tuição de órgãos e tecidos. Tudo isso, somado à baixa disponibilidade e incompati bilidade de doadores, contribui para manter a espera por transplantes em níveis elevados. Uma alternati va para mudar essa situação é a implementação de estruturas arti fi ciais e bioarti fi ciais. Os biotecnologistas Nadja Fernanda Gonzaga Serrano, José Dalton Cruz Pessoa e Cristi na Paiva de Sousa apresentam no livro “Bioimpressão aplicada à biotecnologia”, lançamento da EdUFSCar, uma visão geral desta tecnologia, que permite a construção da rede vascular necessária à manutenção das ati vidades biológicas celulares. A obra aborda como os órgãos bioarti fi ciais podem ser construídos a parti r da matriz de um órgão humano, uti lizando como suporte estruturas biocompatí veis, e apresenta estudos com animais que já têm demonstrado a viabilidade da técnica para aplicações terapêuti cas.

Construção de órgãos bioarti fi ciais

8O Dräger Truck completou sua missão após percorrer mais de 20 mil quilômetros, visitar 47 cidades de 19 estados e treinar 6.893 profi ssionais da saúde e da segurança. Após 201 dias na estrada, o veículo customizado com 45 m² voltou ao ponto de parti da: a sede da Dräger Brasil, em Barueri (SP). O projeto de educação conti nuada da multi nacional alemã cumpriu o objeti vo de disseminar conhecimento pelas cinco regiões do Brasil. Entre maio e dezembro de 2015, a equipe formou 342 turmas, impactando 456 empresas de todo o país, dos mais variados ramos de atuação. Dentro do caminhão, na sala de aula equipada com recursos audiovisuais, especialistas de produtos da Dräger ministraram cursos e mostraram novas tecnologias.

Profi ssionais da saúde aprenderam sobre venti lação mecânica, com ênfase na assincronia entre paciente e aparelho.

www.draeger.com/truck

Dräger Truck dissemina conhecimento pelo Brasil

Pequenas doses.indd 63 19/02/2016 17:42:07

Page 64: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Gest

ãoJA

N-F

EV

64

Líderes sempre se senti ram na obrigação de se atualizarem para estar à frente dos seus liderados e, assim, puxá-los ao seu lado e passar os concorrentes. Entretanto, a tecnologia, que não para de evoluir, deixa um desafi o maior a estas lideranças, que não conseguem mais acompanhar o mundo moderno apenas de forma tradicional.

No início da era digital, os funcionários ti nham acesso às tecnologias de ponta através dos equipamentos da empresa. Hoje essa realidade mudou e todos querem usar seus próprios aparelhos. Claro que os investi mentos ainda vêm das organizações e dos governos, mas o foco está cada vez mais nas pessoas, através de aplicati vos de celular ou de facilidades para o trabalho.

Na área da saúde, a tendência é a mesma: as pessoas chegam aos hospitais, operadoras e demais serviços com uma visão clara do que as esperam, o tempo que demandará na unidade, o que poderá ser solicitado, quando será o retorno, informações sobre diagnósti co e tratamento, alternati vas de atendimento, “estado da arte” da sua enfermidade no mundo médico e muitas outras demandas.

Este novo mundo exige uma inovadora postura das lideranças, forçando-as a entender o que está em evolução, como a internet das coisas, ou seja, o conjunto de tecnologias capazes de conectar aparelhos e objetos entre si, sem intervenção humana e por meio de sensores. Isso acabará permiti ndo que aparelhos de ressonância magnéti ca, por exemplo, façam exames interagindo sozinhos com outros equipamentos, fi nalizando parâmetros capazes de apresentar o melhor resultado diagnósti co.

Tudo isso, num futuro próximo, nos leva a crer que teremos cidades inteligentes e usaremos a medicina arti fi cial. Nessa linha, a IBM demonstrou no ano passado, para um grupo seleto de executi vos de São Paulo (do qual ti ve a honra de parti cipar), o Watson, um supercomputador que já está sendo usado para combater doenças como diabetes e câncer, além de monitorar todos os estágios de mulheres gestantes.

Outras tecnologias, como a realidade virtual, já amplamente uti lizada em jogos, não param de crescer e também tendem a vir para a nossa área. Igualmente, os drones são o alvo de vários poderes legislati vos e executi vos que querem criar regras claras para sua uti lização. Assim, em breve eles poderão estar a serviço da saúde em catástrofes, para entrega de exames e outras uti lizações.

Por outro lado, legisladores procuram preservar a privacidade das pessoas, que estão expostas nas redes

As novas tecnologias e suas relações com a área da saúde

sociais, nos sistemas empresariais e governamentais, o que, com certeza, oferece risco devido à possível quebra de segredos profi ssionais. Dessa forma, aparelhos híbridos, que combinam computadores, smartphones e tablets para múlti plas funções, deixam diagnósti cos, profi ssionais, pacientes e insti tuições nus. Os nossos esforços pela implantação do PEP – Prontuário Eletrônico do Paciente, do cartão com chip e de outras tecnologias devem conti nuar, mas também precisamos estar cientes dos riscos versus benefí cios que a interoperacionalidade nos traz.

Outras formas de se relacionar com o dinheiro também afetam as empresas de saúde. Por exemplo, de 1995 a 2015, a emissão de cheques no Brasil caiu 79,8%, fazendo com que, em 20 anos, os 3,3 bilhões emiti dos diminuíssem para meros 672 milhões. O dinheiro de plásti co vem ocupando cada vez mais espaço, mas não só isso: abre espaço também para a moeda virtual, como o Bitcoin, com fama por seu modelo anárquico, que funciona sem intervenção de governos ou insti tuições fi nanceiras, chamando a atenção de muitos, que veem no chamado blockchain – sistema de registro de transações prati camente imune a fraudes – uma maneira transparente de relações comerciais. Ou seja, o dinheiro digital chegou e, talvez, para fi car. O que isso nos afetará nos relacionamentos com nossos bancos, compradores de serviços, governo e pacientes? Ainda não sabemos!

Como estar atualizado e conti nuar liderando com todas estas velozes mudanças no mundo real das pessoas e organizações? A resposta vem de maneira simples. O gestor líder só precisa se preocupar em ser diligente no seu trabalho, se esforçar e se empenhar, sem ser jamais negligente. Também precisa ter lealdade a quem o contratou, agindo com integridade e bons princípios; eventualmente errando, mas jamais traindo a confi ança de quem o contratou. Mais: precisa ter o hábito de informar tudo que sabe à insti tuição, sobre o que ocorre no ambiente interno e externo, nas suas relações com os profi ssionais e com o mercado em que atua. É observando as posturas corretas do seu líder que os liderados o respeitarão, independentemente de estar up to date com tecnologias.

O líder de saúde precisa ter autoridade moral e competência profi ssional, além de fé inabalável na missão que lhe é confi ada. Disciplina e domínio de si completam o perfi l de líder vencedor, que não tolera fraquezas, que ama seus liderados e pacientes com humildade, transparência e entusiasmo.

Claro que o esforço para se atualizar deve conti nuar sempre, mas muito mais importante é saber do seu relevante papel como exemplo e modelo. E isso se consegue com práti cas simples e não tecnológicas: bons princípios, verdade e compromisso com a sociedade, com a insti tuição e seus liderados.

José Cléber do Nascimento CostaAdministrador hospitalar, diretor geral da Ricel, empresa

especializada em consultoria na área da saúde, e diretor técnico da ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar

[email protected]

Gestão.indd 64 19/02/2016 17:42:43

Page 65: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

65

JAN-F

EV

65

O Hospital de Clínicas da Unicamp, de Campinas (SP), é a primeira instituição pública no país a utilizar os sistemas de anestesia modelo Aisys CS2, da empresa americana GE Healthcare. Os seis equipamentos possuem tecnologias que permitem ao anestesista a aplicação de técnicas mais seguras com monitorização precisa e completa durante procedimentos cirúrgicos de alta complexidade. Foram investidos R$ 1,2 milhão pelo Ministério da Saúde e pela Reitoria. Para este ano, está prevista a aquisição de mais oito sistemas iguais.

Segundo Adilson Roberto Cardoso, do Departamento de Anestesiologia da FCM, os grandes diferenciais desses aparelhos – totalmente automatizados e digitais – são os vaporizadores eletrônicos de agentes anestésicos e a possibilidade de controle automático de fluxo de gases medicinais e de agentes anestésicos inalatórios.

“Além disso, estudos clínicos revelam que eles geram uma economia de 70% a 80% de gases anestésicos, com um impacto positivo sobre o faturamento; e essa é a nossa expectativa”, afirma o engenheiro clínico Gustavo El Khalili.

O Aisys CS2 dispõe de duas telas sensíveis ao toque. A de 15 polegadas está direcionada às informações sobre o funcionamento do equipamento, aos parâmetros ventilatórios e à análise do fluxo e consumo de gases medicinais e anestésicos inalatórios. A de 19 polegadas faz parte de um monitor multiparamétrico com possibilidade de configuração para registro e análise de um vasto conjunto de parâmetros fisiológicos, importantes para a condução segura da anestesia, como por exemplo: ECG, pressão arterial não invasiva, oximetria de pulso, índice biexpectral, bloqueio da junção neuromuscular e débito cardíaco, entre outros.

Outra característica importante é a possibilidade de conectividade com o sistema PACS – Sistema de Comunicação e Arquivamento de Imagens do hospital, que permite, através do monitor de 19 polegadas, a visualização durante a cirurgia dos exames de imagem realizados pelo paciente, tais como: raios X, tomografias, ressonâncias magnéticas ou angiografias.

Centro Cirúrgico do HC da Unicamp recebe seis sistemas de anestesia

Ant

onin

ho P

erri

– A

scom

Uni

cam

p

Anun

cian

tesBeta 13

Brunmed 53

CDK 23

Celitron 31

Consultoria Passarini 61

Controller 9

Corning 53

Dorja 37, 45

EFE 41

Exxomed 45

Fanem 45, 4ª capa

Fleximed 13, 51

GMI 45

H.Strattner 43

Health Móveis 21

HospCapital (evento) 57

Hospitalar Feira + Fórum 46, 47

Instramed 25, 45

JMC 27

Kolplacir/Kolplast 33

Kolplast 17

Konex 49

Lotus-X 35

Magnamed 45, 3ª capa

Moriya 2ª capa, 3

Mucambo 11

Ortosintese 45

Oxigel 39

Palmetal 5

PromoPress 31

Protec/R&D Mediq 29

RC Móveis 7

RWR 14, 15

Similar & Compatível 9

TGS Food 19

Transmai 59

U´North 55

Wise Comfort 23

Equi

pam

ento

s65

Equipamentos.indd 65 19/02/2016 17:43:48

Page 66: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

JAN-F

EV

66

Em todo o mundo, há uma rápida evolução dos serviços de saúde no tocante à inovação e ao avanço tecnológico, principalmente através das Ciências Básicas, da Genéti ca e das Ciências Médicas Aplicadas que, juntas, consti tuem a chamada Engenharia Médica, a qual, apoiada no uso de equipamentos de últi ma geração, torna esses serviços dinâmicos no segmento técnico-médico.

Nesse senti do, o Brasil apresenta algo parecido. Entretanto, no que tange à gestão, a situação é muito precária. Poucas são as organizações que desempenham esse processo a contento. As causas são muitas, porém, três podem ser consideradas como as mais importantes:

1- A maioria das estruturas administrati vas dos hospitais, em parti cular daqueles classifi cados como gerais, tem formato alto e centralizador, condição que difi culta o fl uxo de comunicação e a delegação de poder, prejudicando a qualidade das tomadas de decisões. Esse ti po de estrutura, grafi camente representada sob a forma de pirâmide, apresenta, ainda, outros fatores negati vos: cargos e funções desnecessárias, dando margem a superposições de operações e tarefas, desperdiçando esforço e tempo, aumentando custos e tornando inefi ciente o processo de execução. A vantagem mais visível da estrutura muito verti calizada é a maior facilidade de supervisão e controle.

2- A ocupação dos cargos de comando, normalmente, não obedece aos critérios técnico-lógicos em função das ati vidades desenvolvidas. As de cunho técnico-assistenciais devem ser realizadas por médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, fi sioterapeutas e outros profi ssionais que têm formação direta em saúde. As áreas não diretamente ligadas à assistência ao paciente, como administração, economia, marketi ng, contabilidade e recursos humanos, precisam ser ocupadas por aqueles que possuem formação específi ca nestes setores.

3- A ausência de conhecimentos e análises sobre o que a “Teoria Estruturalista da Administração” denomina como espaço organizacional: o ambiente geral, mais o de tarefa. Tais conhecimentos e análises representam a base para as tomadas de decisões adequadas, não apenas sobre o citado ambiente, mas, também, em relação às ati vidades internas da organização. O ambiente geral é consti tuído pelas variáveis econômicas, tecnológicas, sociais, políti cas, culturais, demográfi cas, ecológicas e legais. O ambiente de tarefa, pelas variáveis clientes, concorrentes, fornecedores e agências reguladoras.

Salvo melhor juízo, tais causas são resultantes de dois fatos: de um lado, o setor não vê a necessidade de aumentar o seu quadro de pessoal, com profi ssionais sem formação direta em saúde; e do outro, as enti dades formadoras, representati vas e

Por que os serviços de saúde pecam tanto na gestão de suas atividades?

reguladoras dessas profi ssões não percebem a oportunidade atual e o potencial de mercado para empregos e negócios.

O grande mérito de um quadro de pessoal multi disciplinar é sua facilidade de percepção e análise, tanto do ambiente interno como do externo da organização, favorecendo a construção de instrumentos que minimizem os efeitos e as infl uências negati vas sobre o ambiente interno e, ao mesmo tempo, criando espaço de poder para infl uenciar o ambiente externo. Aconselha-se, entretanto, que haja uma pré-disposição de uso desses instrumentos, não apenas para benefi nicar a organização em questão, mas o sistema como um todo.

O problema da fragilidade da gestão em saúde chegou a tal ponto que o CFM – Conselho Federal de Medicina baixou a Resolução nº 3, de junho de 2014, que insti tui no currículo do curso de graduação em Medicina ensinamentos denominados “ações de administração e gerenciamento”, na tentati va de minimizar a situação.

Considerando-se que a questão da gestão em saúde é de âmbito geral, a dinâmica dos recursos também tem sido afetada de várias maneiras: alocações inadequadas e insufi cientes, muitos desperdícios e desvios, especialmente, na área estatal.

Quando se analisa a situação pelo prisma do investi mento, observa-se que o montante desti nado à saúde independe da condição econômico-fi nanceira do país. Conforme informações do IBGE – Insti tuto Brasileiro de Geografi a e Estatí sti ca e da CNS – Confederação Nacional de Saúde, tomando-se como base os anos de 2005 a 2013, o percentual de crescimento do PIB-Brasil variou ano a ano, sempre com taxas crescentes, com exceção de 2009, enquanto o PIB-saúde apresentou variações menores e algumas negati vas. E, nesse ano de 2009, em que o PIB-Brasil foi negati vo, o total de investi mento na saúde foi positi vo. Em 2010, quando o crescimento nacional foi um dos maiores da história (aumento de 7% em relação a 2009), o PIB da saúde teve queda de -1.30% no privado e -0.90% no estatal.

No segmento estatal, o problema referente a recurso fi nanceiro é mais de ordem diversa e de decisão políti ca. Vejamos o caso da CPMF, idealizada pelo saudoso Dr. Abid Jatene, que gerou um enorme montante de recursos para aplicação na saúde, entretanto, parte foi desviada para outras fi nalidades. Algumas delas “não confessáveis”.

Considerando o sistema como um todo, é imperiosa, nas diversas instâncias de governos e na iniciati va privada, a melhoria, URGENTE, da qualidade da gestão, condição que contribuirá para a solução de muitos outros problemas.

Severino F. SilvaMestre em Administração de Empresas e bacharel em Ciências

Econômicas, ambos pela UFAL – Universidade Federal de Alagoas; especialista em Administração Geral e Hospitalar pela Secretaria da Presidência da República/Fundação São

Camilo (SP); professor, consultor e autor de livros sobre gestão e marketi ng na saú[email protected]

Opi

nião

Opinião.indd 66 19/02/2016 17:44:21

Page 67: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Capa.indd 3 19/02/2016 17:21:54

Page 68: Edição 77 - Revista Hospitais Brasil

Capa.indd 4 19/02/2016 17:22:05