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www.advocef.org.br – Discagem gratuita 0800.601.3020

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ADVOGADOSDA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

DIRETORIA EXECUTIVA 2012-2014Presidente: Carlos Alberto Regueira de Castro e Silva (Recife)Vice-Presidente: Álvaro Sérgio Weiler Junior (Porto Alegre)Primeira Secretária: Lya Rachel Basseto Vieira (Campinas)Segundo Secretário: Eduardo Jorge Sarmento Mendes (Brasília)Primeiro Tesoureiro: Estanislau Luciano de Oliveira (Brasília)Segunda Tesoureira: Daniele Cristina Alaniz Macedo (São Paulo)Diretor de Articulação e Relacionamento Institucional: Júlio Vitor Greve (Brasília)Diretor de Comunicação, Relacionamento Interno e Eventos: Roberto Maia (Porto Alegre)Diretor de Honorários Advocatícios: Dione Lima da Silva (Porto Alegre)Diretor de Negociação Coletiva: Marcelo Dutra Victor (Belo Horizonte)Diretora de Prerrogativas: Maria Rosa de Carvalho Leite Neta (Fortaleza)Diretor Jurídico: Magdiel Jeus Gomes Araújo (João Pessoa)Diretora Social: Isabella Gomes Machado (Brasília)REPRESENTANTES REGIONAISElisia Sousa Xavier (Dijur/Suaju)|Meire Aparecida de Amorim (Dijur/Suten)|Paula GironMargalho (Aracaju)|Rodrigo Trassi de Araújo (Bauru)|José de Anchieta Bandeira MoreiraFilho (Belém)|Leandro Clementoni da Cunha (Belo Horizonte)|Marta Bufáiçal Rosa(Brasília)|Lya Rachel Bassetto Vieira (Campinas)|Alfredo de Souza Briltes (CampoGrande)|Renato Luiz Ottoni Guedes (Cascavel)|Sandro Martinho Tiegs (Cuiabá)|ManoelDiniz Paz Neto (Curitiba)|Edson Maciel Monteiro (Florianópolis)|Karla Karam Medina(Fortaleza)|Ivan Sérgio Vaz Porto (Goiania)|Magdiel Jeus Gomes Araújo (JoãoPessoa)|Rodrigo Trezza Borges (Juiz de Fora)|Altair Rodrigues de Paula (Londrina)|DioclécioCavalcante de Melo Neto (Maceió)|Kátia Regina Souza Nascimento (Manaus)|José Irajáde Almeida (Maringá)|Francisco Frederico Felipe Marrocos (Natal)|Daniel Burkle Ward(Niterói)|Leonardo da Silva Greff (Novo Hamburgo)|Cassia Daniela da Silveira (PassoFundo)|José Carlos de Castro (Piracicaba)|Fábio Guimarães Haggstram (PortoAlegre)|Augusto Cruz Souza (Porto Velho)|Aldo Lins e Silva Pires (Recife)|Sandro Endrigode Azevedo Chiaroti (Ribeirão Preto)|Luiz Fernando Padilha (Rio de Janeiro)|Linéia FerreiraCosta (Salvador)|Conrado de Figueiredo N. Borba (Santa Maria)|Leandro Biondi (São Josédos Campos)|Antonio Carlos Origa Junior (São José do Rio Preto)|Marcelo de MattosPereira Moreira (São Luís)|Camila Modena Basseto Ribeiro (São Paulo)|Rômulo dosSantos Lima (Teresina)|Felipe Lima de Paula (Uberaba)|Aquilino Novaes Rodrigues(Uberlândia)|Angelo Ricardo Alves da Rocha (Vitória)|Aldir Gomes Selles (Volta Redonda).CONSELHO DELIBERATIVOMembros efetivos: Davi Duarte (Porto Alegre), Anna Claudia Vasconcellos (Florianópolis),Patrícia Raquel Caires Jost Guadanhim (Londrina), Fernando da Silva Abs da Cruz (PortoAlegre), Luciano Caixeta Amâncio (Brasília), Renato Luiz Harmi Hino (Curitiba) e HenriqueChagas (Presidente Prudente).Membros suplentes: Antônio Xavier de Moraes Primo (Recife), Justiniano Dias da Silva Junior(Recife) e Elton Nobre de Oliveira (Rio de Janeiro).CONSELHO FISCALMembros efetivos: Edson Pereira da Silva (Brasília), Jayme de Azevedo Lima (Curitiba) eAdonias Melo de Cordeiro (Fortaleza).Membros suplentes: Sandro Endrigo Chiarotti (Ribeirão Preto) e Melissa Santos PinheiroVassoler Silva (Porto Velho).Endereço em Brasília/DF:SBS, Quadra 2, Bloco Q, Lote 3, Sala 1410 | Edifício João Carlos Saad | Brasília/DFCEP 70070-120 | Fone (61) 3224-3020 | E-mail: [email protected] da ADVOCEF: Gerente administrativa e financeira: Ana Niedja Mendes Nunes;Assistente financeira: Kelly Carvalho; Assistente administrativa: Valquíria Dias de OliveiraLisboa; Recepcionista: Roane Gomes Máximo

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Edito

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Conselho Editorial: Álvaro Weiler Junior, Carlos Castro, Daniele Macedo, Dione Lima daSilva, Eduardo Jorge Sarmento Mendes, Estanislau Luciano de Oliveira, Isabella GomesMachado, Júlio Greve, Lya Rachel Basseto Vieira, Marcelo Dutra Victor, Maria Rosa de CarvalhoLeite Neta, Magdiel Jeus Gomes Araújo e Roberto Maia|Jornalista responsável: Mário GoulartDuar te (Reg. Prof. 4662) - E-mail: mggoular [email protected].|Projeto gráfico: EduardoFurasté|Editoração eletrônica: José Roberto Vazquez Elmo|Capa e contracapa: EduardoFurasté|Ilustrações: Ronaldo Selistre |Tiragem: 1.100 exemplares|Impressão: AthalaiaGráfica e Editora|Periodicidade: Mensal.A ADVOCEF em Revista é distribuída aos advogados da CAIXA, a entidades associativas e ainstituições de ensino e jurídicas.

A versão eletrônica desta publicação está disponível no site da ADVOCEF.Para acesso e leitura exclusivamente naquele formato basta fazer a opção,

na área restrita do portal. Pense na sustentabilidade do Planeta.As opiniões publicadas são de responsabilidade de seus autores,

não refletindo necessariamente o pensamento da ADVOCEF.

A ADVOCEF em Revista deste mês, irmanando-se a muitas outras publicações técnicas e tambémda mídia em geral, estampa em suas páginas consi-derações acerca do aniversário de nossa Lei Maior.

Promulgada em outubro de 1988 pelo "SenhorDiretas Já", o saudoso Ulisses Guimarães, a Consti-tuição Federal trouxe um novo tempo ao Brasil eaos brasileiros.

Criticada por alguns como a "constituição ape-nas de direitos, sem deveres correspondentes", semdúvida nenhuma representou uma evolução e umdesenho novo nas relações dos Poderes com a Ci-dadania.

Ao instituir um novo marco para a defesa dedireitos - com o fortalecimento do papel do Ministé-rio Público e do Judiciário nesse contexto -, a Cons-tituição foi testada em eventos de grande repercus-são da vida política nacional.

O episódio do "impeachment" do ex-presidenteCollor, dentre outros eventos com repercussão eco-nômica sobre muitos brasileiros, mostra o amadu-recimento das instituições, que tiveram na CartaConstitucional origem e fundamentos para decisõesde relevo, adotadas pelo Judiciário e chanceladaspela Cidadania.

Em recente pronunciamento sobre a efeméride,o ministro Gilmar Mendes, ao constatar que o Brasilpossui hoje cerca de cem milhões de processos ju-diciais em tramitação, afirmou que "uma sociedadenão se estrutura com base no Judiciário como únicomeio de solução de conflitos".

Também nesta edição uma homenagem a umdos grandes condutores da ADVOCEF em seus 21anos de existência: Silvio Padilha.

As repercussões e resultados do Encontro deAtibaia, promovido pela DIJUR com o objetivo de tra-çar as metas da área jurídica para os próximos dezanos, com destaque para um obrigatório eirreversível aprofundamento da conciliação, via daatuação preventiva e de redução de acervoscontenciosos.

A convergência destas pautas mostra queestamos no caminho certo, sendo todos atores efe-tivos e permanentes da evolução do ser humano ede suas relações.

Diretoria Executiva da ADVOCEF

Os 25 anos daConstituição Cidadã

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A nação comemora os 25 anos da Constituição Federal

Aniversariante célebre

“A Constituição de 1988 só nãotraz a pessoa amada em três dias.Qualquer outra coisa, bastaprocurar que está lá.” Luís RobertoBarroso, ministro do SupremoTribunal Federal.

Reunidos em Assembleia NacionalConstituinte, em 5 de outubro de 1988,os representantes do povo brasileiropromulgaram a sétima Constituição dopaís. No preâmbulo da Carta, que com-pleta 25 anos, registram que preten-dem instituir “um Estado Democrático,destinado a assegurar o exercício dosdireitos sociais e individuais, a liberda-de, a segurança, o bem-estar, o desen-

volvimento, a igualdade e a justiçacomo valores supremos de uma socie-dade fraterna, pluralista e sem precon-ceitos”.

No discurso da promulgação, o depu-tado Ulisses Guimarães avisou, pruden-te, que não se tratava de uma Constitui-ção perfeita, mas garantia que era pio-neira e útil, e que havia nela “representa-tivo e oxigenado sopro de gente”. Era aConstituição Cidadã, como a apelidou.

Foi a primeira Constituição brasilei-ra a expressar claramente os direitos egarantias fundamentais como cláusu-las pétreas, segundo o presidente naci-onal da OAB, Marcus Vinicius FurtadoCoêlho. “E nenhuma outra constituição,

|||||Sessão do Congresso Nacional que promulgou a Constituição de 1988

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no Brasil ou no mundo, contou com tan-tas cabeças, braços e corações para asua feitura”, acrescentou, aludindo àsemendas populares recebidas pelaAssembleia Constituinte.

Para o tesoureiro da ADVOCEF,Estanislau Luciano de Oliveira, a Cartade 1988 foi uma novidade auspiciosaapós o regime militar, que “abriu as por-tas da esperança como uma pá a se-pultar as incertezas jurídicas do regimede exceção”.

De acordo com os advogados Antô-nio Dilson Pereira, aposentado emCuritiba, e Arcinélio Caldas, de Camposdos Goytacazes/RJ, o que surgia denovo e importante eram as diretrizesrelativas aos direitos sociais e garanti-as individuais, além dos mecanismosjurídicos de defesa desses direitos.

Os direitos fundamentais“Penso que a grande revolução da

Constituição de 1988 foi o princípio dadignidade da pessoa humana e,consequentemente, tudo que cabe ale-gar com ele”, diz o advogado LourençoNeto, de Salvador. “Penso que deveriaser mais enxuta, menos detalhista”,ressalva.

O advogado Vinicius Cardona cha-ma a atenção para a posição dos direi-tos fundamentais, colocados já no títu-

lo II, quando na Emenda Constitucionalnº 01 de 1969 apareciam apenas nocapítulo IV do título II. “Isso tem grandepeso simbólico, pois, ao iniciar o TextoMagno com o rol de direitos fundamen-tais, o constituinte denota que desejacolocá-los no centro do sistema”, expli-ca Vinicius, que recentemente se desli-gou da CAIXA em Salvador e assumiucomo oficial de justiça avaliador fede-ral do TRT da 6ª Região, em Recife.

Éder Maurício Pezzi López, ex-CAIXA,hoje advogado da União em Rio Gran-de/RS, destaca a constitucionalizaçãoda advocacia pública federal, com a cri-

ação da Advocacia-Geral da União (AGU).“Isso qualificou muito a defesa judicial einstitucional da União, que antes era fei-ta quase que ad hoc pelo Ministério Pú-blico Federal.”

O advogado Ademir FernandesCleto, aposentado da CAIXA emCuritiba, alinha os seus destaques:

a) a constitucionalização da prote-ção à família estabelecida com base emrelações essencialmente afetivas, me-diante união estável (art. 226, §§ 3ºe 4º);

b) a tripartição dos direitos confor-madores da seguridade social em rela-ção à saúde, assistência social e à pre-vidência (arts. 193 e ss.);

c) a valorização do Poder Judiciá-rio, que constitucionalmente foi alçado

à dignidade de Poder Modera-dor entre os Poderes da Repú-blica (espécie de primo interpares);

d) a distinção dos Tribu-nais de Contas como instru-mentos de fiscalização e ór-gãos indispensáveis ao con-trole externo dos Poderes daRepública (art. 71 e ss.);

e) a defesa do consu-midor (art. 5º, XXXII);

f) maior autonomiaaos Tribunais de Contas, de

modo a configurá-los como umPoder a latere.

O poder emana do povoArt.1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos

Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democráticode Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;II - a cidadania;III - a dignidade da pessoa

humana;IV - os valores sociais do

trabalho e da livre iniciativa;V - o pluralismo político.Parágrafo único. Todo o

poder emana do povo, que oexerce por meio de represen-tantes eleitos, ou diretamente,nos termos desta Constituição.

(Constituição de 1988.)|||||Quadro "Operários", de Tarsila do Amaral

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O advogado é indispensávelO advogado Antonio Xavier, de Re-

cife, tem entre os seus preferidos o ar-tigo 37, segundo o qual “a administra-ção pública direta e indireta de qual-quer dos Poderes da União, dos Esta-dos, do Distrito Federal e dos Municípi-os obedecerá aos princípios de legali-dade, impessoalidade, moralidade, pu-blicidade e eficiência”.

O inciso II, com redação dada poremenda constitucional de 1998, deixaclaro que a investidura em emprego pú-blico depende de aprovação em con-curso público.

São importantes inovações daConstituição, avalia Xavier. “A merito-cracia e a qualificação dos quadros doEstado daí decorrentes acabaram porsepultar o fisiologismo e as práticas an-cestrais que não atendiam aos interes-ses da República. Isso permitiu aestruturação de carreiras e o fortaleci-mento de instituições indispensáveispara o Estado Democrático de Direito,especialmente nas carreiras da áreajurídica, encarregadas da pacificaçãosocial e da distribuição da Justiça.”

Entre os pontos positivos aponta-dos pelos entrevistados aparece, natu-ralmente, o artigo 133, que considerao advogado indispensável à administra-ção da justiça. O advogado AntonioKehdi Neto, de Ribeirão Preto/SP, en-

tende que se trata de umadas mais honrosas con-quistas da classe e da so-ciedade. A advogadaKarine Galvani, de PortoAlegre, observa que, gra-ças ao dispositivo, o advo-gado pode exercer funda-mentos constitucionais dodireito de defesa, do con-traditório e do devido pro-cesso legal.

O presidente daADVOCEF, Carlos Castro,cita os direitos da área tra-balhista e sindical, o direi-to de voto aos analfabetose aos jovens, o fim da cen-sura, o habeas data, entreoutros.

O que faltouO advogado Dilson Pereira nota que

faltou à Constituição “ser menoscasuísta e mais principiológica”, mes-mo entendendo que isso ocorreu por-que se estava saindo de um regime deexceção. Lamenta principalmente a fal-ta de regulamentação de algumas ma-térias constitucionais, como o direito degreve no serviço público.

Aponta a advogada FernandaValadares, do Rio de Janeiro, que falta

regulamentar, porexemplo, o direito àindenização do traba-lhador demitido deforma arbitrária ousem justa causa, pre-visto no artigo 7º. Elaacredita também quese devia acrescentar, no capítulo VII, aproteção do Estado quanto ao reconhe-cimento legal do relacionamento entrepessoas do mesmo sexo.

“A meu ver, a Constituinte de 1988perdeu a oportunidade de fazer amplae profunda reforma política, que há mui-to embaraça e emperra o país”, opinaAdemir Cleto.

Entre as omissões sentidas porVinicius Cardona estão instrumentosprocessuais que protejam direitos fun-damentais de caráter social, conside-rados de “segunda geração”, como osrelativos à educação, saúde e moradia.Os direitos fundamentais de “primeirageração”, que asseguram a liberdadede locomoção e de informação, porexemplo, contam com o habeas corpus,o habeas data e o mandado de segu-rança. Os outros, que impactam as con-tas do Estado, dispõem no máximo dasvias processuais ordinárias. A ausênciade um “habeas-casa” ou um “mandadode matrícula na escola” mostra que os

As Cartas anteriores1111182828282824.4.4.4.4. Dom Pedro I dissolve a Assembleia Constituin-

te e impõe a primeira Constituição brasileira. Monarquiahereditária e quatro poderes: Executivo, Legislativo, Judici-ário e Moderador, este exercido pelo imperador. Foi a Cons-tituição de maior vigência, mais de 65 anos.

11111898989898911111..... República Presidencialista, excluindo o Po-der Moderador.

1934.1934.1934.1934.1934. Presidente, Getúlio Vargas. Criado o votosecreto e o feminino, a Justiça do Trabalho. Foi aConstituição que menos durou.

11111939393939377777..... Vargas implanta o Estado Novo. Abo-lidos os partidos políticos e a liberdade de im-prensa.

1946.1946.1946.1946.1946. Época de redemocratização dopaís.

11111967967967967967..... Época de uma nova ditadura,a militar. Em 1969, a Constituição rece-beu emendas ditatoriais como o AI-5 (AtoInstitucional nº 5) de 1968. |||||D. Pedro I

|||||Ilustração de Ziraldo, em 1988

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direitos sociais ainda causam melindre,afirma Vinicius.

Faltou também, conforme CarlosCastro, uma distribuição justa de rendapara os municípios, que impede hojeaos mais pobres a oferta de um serviçopúblico de qualidade.

Colcha de retalhosSegundo o advogado Francisco

Spisla, de Londrina, a Constituição setornou uma colcha de retalhos que abar-cou legislação ordinária com disposi-ções comerciais. “E tanto não é umaconstituição verdadeira que o provamas inúmeras ‘remendas constitucio-nais’, surgindo uma PEC a cada dia.”

Arcinélio Caldas:“Estamos de braços dados com o

estatuto social considerado como pri-meira Constituição ‘democrática’ dahistória do país, que, infelizmente, ain-da apresenta lacunas que nos levam aviver num cenário de desigualdades in-dividuais e sociais inaceitáveis. Cons-tantemente, presenciamos a violaçãode leis em detrimento do ato jurídicoperfeito, do direito adquirido e da coisajulgada, além de convivermos com odesmatamento de nossas florestas, apoluição de nossos rios, o aumento dacriminalidade nos grandes centros ur-banos e na área rural, a falta de leitos e

Novidades da Constituição de 1988! SUS como sistema único de

saúde no país! Voto facultativo para cidadãos

entre 16 e 17 anos!Maior autonomia para os mu-

nicípios! Garantia de demarcação de

terras indígenas! Garantia de aposentadoria

para trabalhadores rurais semprecisarem ter contribuídocom o INSS! Fim da censura a emissoras

de rádio e TV, filmes, peças deteatro, jornais e revistas, etc.! Redução do mandato presi-

dencial de cinco para quatroanos

(Fonte: Portal do Planalto.)

médicos nos hospitais públicos,a falta de educação, a falta dospostos de trabalho e o déficit demoradia, para citar os mais re-correntes.”

Arcinélio acredita que só acombatividade da classe jurídi-ca, por meio de ações individu-ais e coletivas perante o PoderJudiciário, será capaz de ajudara concretizar os avanços sociaispreconizados pela Constituiçãode 1988.

Festejar as conquistasNa visão de Antonio Kehdi, é

difícil dizer o que faltou na Cons-tituição, porque o texto assumiu“uma feição nitidamentecasuística e analítica”, em quevários pontos abordados poderi-am ser objeto de previsão diretaem lei ordinária.

“Talvez melhor seria dizerque a omissão reside muito maisno âmbito infraconstitucional, com afalta de leis regulamentadoras de direi-tos e garantias previstos na Carta. É ocaso, por exemplo, do direito de grevedos servidores públicos, até hoje nãoregulamentado, e que está à mercê dasvariadas interpretações conferidas peloPoder Judiciário.”

|||||A Constituição, no Museu do Senado

Éder López:“Eu não diria que faltou, mas que

sobraram muitas matérias que poderi-am ser disciplinadas por lei. Acho que aConstituição poderia ter confiado umpouco mais na legislação infraconsti-tucional, evitando essa colcha de reta-lhos provocada pelas emendas. Ao in-vés de dar estabilidade ao quadronormativo que se dispôs a instituir, pa-rece que propiciou o contrário, abrindocaminho para tornar muitas normasconstitucionais mais do que flexibi-lizadas.”

Em seu balanço da Constituição,Karine Galvani constata que “não po-demos deixar de celebrar tantas con-quistas, bem como de ter em menteque, se não temos o desejável, temoso possível”.

“O que faltou na Constituição bus-camos a cada dia, em cada nova deci-são judicial que aponta um valor socialque deve prevalecer sobre outro”, pro-clama Estanislau de Oliveira.

Na ótica de Antonio Xavier, o con-teúdo da Constituição de 1988 é dosmelhores que já foram produzidos. “Anós compete transformá-lo em realida-de.”

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Senhoras e senhores constituintes.Dois de fevereiro de 1987. Ecoam

nesta sala as reivindicações das ruas.A Nação quer mudar. A Nação deve mu-dar. A Nação vai mudar. São palavrasconstantes do discurso de posse comopresidente da Assembleia NacionalConstituinte.

Hoje, 5 de outubro de 1988, no quetange à Constituição, a Nação mudou.A Constituição mudou na sua elabora-ção, mudou na definição dosPoderes. Mudou restaurando afederação, mudou quandoquer mudar o homem cidadão.E é só cidadão quem ganha jus-to e suficiente salário, lê e es-creve, mora, tem hospital e re-médio, lazer quando descansa.

Num país de 30 milhões,401 mil analfabetos, afrontosos25 por cento da população, cabeadvertir a cidadania começa como alfabeto. Chegamos, espera-mos a Constituição como um vi-gia espera a aurora.

A Nação nos mandou exe-cutar um serviço. Nós o fize-mos com amor, aplicação esem medo.

A Constituição certamentenão é perfeita. Ela própria o con-fessa ao admitir a reforma.Quanto a ela, discordar, sim. Di-vergir, sim. Descumprir, jamais.Afrontá-la, nunca.

Traidor da Constituição étraidor da Pátria. Conhecemoso caminho maldito. Rasgar aConstituição, trancar as portas do Par-lamento, garrotear a liberdade, mandaros patriotas para a cadeia, o exílio e ocemitério.

Quando após tantos anos de lutase sacrifícios promulgamos o Estatuto doHomem da Liberdade e da Democracia,bradamos por imposição de sua honra.

Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo.Amaldiçoamos a tirania aonde quer

que ela desgrace homens e nações.Principalmente na América Latina.

"Temos ódio à ditadura"Discurso do presidente da Assembleia Nacional Constituinte, UlissesGuimarães, em 05/10/1988, ao promulgar a Constituição do Brasil

Foi a audácia inovadora, a arquite-tura da Constituinte, recusando antepro-jeto forâneo ou de elaboração interna.

O enorme esforço admissionadopelas 61 mil e 20 emendas, além de122 emendas populares, algumas commais de 1 milhão de assinaturas, queforam apresentadas, publicadas, distri-buídas, relatadas e votadas no longocaminho das subcomissões até a reda-ção final.

A participação foi também pela pre-sença, pois diariamente cerca de 10 milpostulantes franquearam livremente as11 entradas do enorme complexoarquitetônico do Parlamento à procurados gabinetes, comissões, galeria e sa-lões.

Há, portanto, representativo e oxige-nado sopro de gente, de rua, de praça,de favela, de fábrica, de trabalhadores,de cozinheiras, de menores carentes, deíndios, de posseiros, de empresários, de

estudantes, de aposentados, de servi-dores civis e militares, atestando acontemporaneidade e autenticidade so-cial do texto que ora passa a vigorar.

Como caramujo, guardará parasempre o bramido das ondas de sofri-mento, esperança e reivindicações deonde proveio.

Nós os legisladores ampliamos osnossos deveres. Teremos de honrá-los.A Nação repudia a preguiça, a negligên-

cia e a inépcia.Soma-se à nossa atividade

ordinária bastante dilatada a edi-ção de 56 leis complementarese 314 leis ordinárias. Não esque-cemos que na ausência da leicomplementar os cidadãos pode-rão ter o provimento suplemen-tar pelo mandado de injunção.

Tem significado de diagnós-tico a Constituição ter alargadoo exercício da democracia. É oclarim da soberania popular edireta tocando no umbral daConstituição para ordenar oavanço no campo das necessi-dades sociais.

O povo passou a ter a inicia-tiva de leis. Mais do que isso, opovo é o superlegislador habili-tado a rejeitar pelo referendo osprojetos aprovados pelo Parla-mento.

A vida pública brasileira serátambém fiscalizada pelos cida-dãos. Do Presidente da Repúbli-ca ao prefeito, do senador ao ve-reador.

A moral é o cerne da pátria. Acorrupção é o cupim da República. Re-pública suja pela corrupção impunetoma nas mãos de demagogos que apretexto de salvá-la a tiranizam.

Não roubar, não deixar roubar, pôrna cadeia quem roube, eis o primeiromandamento da moral pública. Não éa Constituição perfeita. Se fosse perfei-ta, seria irreformável.

Ela própria, com humildade e realismo,admite ser emendada dentro de cinco anos.

|||||Ulisses Guimarães, na promulgação da Constituição

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Não é a Constituição perfeita, masserá útil, pioneira, desbravadora, será luzainda que de lamparina na noite dos des-graçados.

É caminhando que se abrem os cami-nhos. Ela vai caminhar e abri-los. Será re-dentor o caminho que penetrar nosbolsões sujos, escuros e ignorados da mi-séria.

A sociedade sempre acaba vencendo,mesmo ante a inércia ou o antagonismodo Estado.

O Estado era Tordesilhas. Rebelada, asociedade empurrou as fronteiras do Bra-sil, criando uma das maiores geografiasdo mundo.

O Estado encarnado na metrópole re-signara-se ante a invasão holandesa noNordeste. A sociedade restaurou nossa in-tegridade territorial com a insurreição na-

"Não é a Constituiçãoperfeita, mas será útil,

pioneira, desbravadora,será luz ainda que de

lamparina na noite dosdesgraçados."

tiva de Tabocas e Guararapes sob a lide-rança de André Vidal de Negreiros, FelipeCamarão e João Fernandes Vieira, que cu-nhou a frase da preeminência da socieda-de sobre o Estado: Desobeder a El Rei paraservir El Rei.

O Estado capitulou na entrega do Acre.A sociedade retomou com as foices, osmachados e os punhos de Plácido de Cas-

tro e seus seringueiros.O Estado prendeu e exilou a socieda-

de com Teotônio Vilela. A anistia libertou erepatriou.

A sociedade foi Rubens Paiva, não osfacínoras que o mataram.

Foi a sociedade mobilizada nos co-lossais comícios das Diretas Já que pelatransição e pela mudança derrotou o Es-tado usurpador.

Termino com as palavras com que co-mecei esta fala.

A Nação quer mudar. A Nação devemudar. A Nação vai mudar. A Constituiçãopretende ser a voz, a letra, a vontade polí-tica da sociedade rumo à mudança.

Que a promulgação seja o nossogrito.

Mudar para vencer.Muda, Brasil.

Sem dúvida, a inclusão dos novos di-reitos trabalhistas foi um grande avançopara a sociedade. Apesar de a CLT ser doano de 1943, foi somente com a CF de1988 que redução da jornada semanal,seguro desemprego e férias remunera-das, por exemplo, foram inseridos no tí-tulo de direitos e garantias fundamentais,considerados direitos essenciais àmelhoria da condição social do emprega-do.

Outra grande conquista, que marcaa democracia na Administração Pública,foi obtida com o art. 37 e seus incisos,em especial o que diz que a investiduraem cargo ou emprego público dependede aprovação prévia em concurso públi-co, não mais existindo a dispensa de re-alização do certame quando autorizadopor lei.

Portanto, a Constituição, ainda hoje,mantém a não obrigatoriedade de reali-zação de seleção prévia para ocupar car-go de confiança.

Apesar das brilhantes novidades, aCarta Magna, desde a sua criação, já foiemendada mais de 60 vezes, e existemmais de 140 dispositivos para os quaisainda falta regulamentação, ou seja, tre-chos do texto constitucional que pedemexpressamente uma lei (ordinária ou

complementar) para detalhar as regrassobre determinado tema.

Por falta de lei complementar, porexemplo, o trabalhador demitido de for-ma arbitrária ou sem justa causa fica, ain-da hoje, sem o direito à indenização pre-vista na Carta Magna do país:

"Art. 7º: São direitos dos trabalhado-res urbanos e rurais, além de outros quevisem à melhoria de sua condição social:

I - relação de emprego protegida con-tra despedida arbitrária ou sem justa cau-sa, nos termos de lei complementar, quepreverá indenização compensatória, den-tre outros direitos."

Desta forma, acredito que a Consti-tuição Federal é demais extensa e, por-tanto, seria mais fácil dizer o que achoque não deveria estar no seu texto, doque apontar o que faltou ser inserido.

Mas, ainda sim, consigo perceberque, apesar de ser uma Constituiçãonova, completando 25 anos, e dianteda realidade que o Brasil vive, acredi-to que se faça necessário acrescentar,no capítulo VII, a proteção do Estadoquanto ao reconhecimento legal do re-lacionamento entre pessoas do mes-mo sexo.

Na promulgação da Constituição Fe-deral eu tinha apenas seis anos, mas,estudando a história da época e conside-rando que a CF de 1988 veio após umlongo período de regime militar, sem dú-vida posso concluir que, apesar de havermuitas críticas, inclusive pela extensãoda Carta, a Constituição Federal de 1988é considerada cidadã, caracterizada pelaredemocratização, e, por isso, existemmais avanços e benefícios do que mu-danças a serem feitas.

Um grande avançoFernanda Valadares de Oliveira, advogada da CAIXA no Rio de Janeiro

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A Constituição Cidadã, como deno-minou o nosso saudoso deputado fede-ral pelo Estado de São Paulo e presiden-te da Assembleia Nacional Constituinte,Ulisses Guimarães, representou um gran-de avanço.

No campo trabalhista tivemos os di-reitos extensivos aos empregados domés-ticos; a diminuição da jornada de traba-lho de 48 para 44 horas semanais; a li-cença maternidade que passou de 90para 120 dias e a licença de paternidadeque passou para cinco dias, entre outros,a exemplo do abono de férias.

Na área do sindicalismo, podemos ci-tar a liberdade sindical e o direito de gre-ve. Na esfera política a redução do man-dato presidencial de cinco para quatroanos; o direito de voto dos analfabetos; ovoto facultativo entre os jovens de 16 e17 anos; e as eleições em dois turnos parapresidente, governadores e prefeitos decidades de mais de 200 mil eleitores.

Foram também estabelecidos diver-sos ordenamentos relativos à assistênciasocial e com relação à nossa economianacional. Não podemos nos esquecer dofim da censura, que foi um verdadeiromarco daquela Assembleia Nacional Cons-tituinte, e da mesma forma a demarcaçãodas terras indígenas. O percentual obriga-tório dos recursos públicos a serem desti-nados à educação também foi uma gran-de vitória dos constituintes.

O habeas data, objeto do inciso LXXII,do Art. 5º do Capítulo I Dos Direitos e De-veres Individuais e Coletivos, do Título IIDos Direitos e Garantias Fundamentais,foi outro grande instrumentoimplementado na nossa Constituição,própria de uma sociedade democrática.

Na verdade, apesar dos avançosapontados e da autonomia dada aos mu-nicípios pela Constituição de 1988, háuma falha imperdoável. A nova Carta cen-tralizou a grande parte dos recursos arre-cadados com nossos impostos a cargoda União, deixando os nossos pequenosEstados e a grande maioria dos nossosmunicípios dependentes dos repassesfederais.

Na verdade, faltou uma distribuiçãojusta de renda para os municípios, fazen-do-se uma equação não somente pelo seudesempenho industrial, comercial ou naárea de serviços, mas também quandolevada em consideração a sua população.Hoje existem centenas de cidades semqualquer atividade industrial, com precá-rio comércio e com baixas arrecadaçõestributárias, mas com uma grande popula-ção, tornando impossível um serviço pú-blico de qualidade.

Falta ainda hoje o devido equilíbrioeconômico, o que tem sido difícil para asolução do problema gerado, até pela exis-tência de uma guerra fiscal perversa entreos Estados federativos e o Distrito Fede-ral. Esta eu entendo como uma das gran-des falhas da nossa Constituição Federal.

Em 1986, quando elegemos os depu-tados federais e senadores que integra-ram também a Assembleia Nacional Cons-tituinte, eu trabalhava como gerente deNúcleo de Habitação na área de Coopera-

tivas Habitacionais, naAgência Rua da Impe-ratriz, no Recife. Já advogado, pois me for-mei em Direito em julho de 1984, acom-panhei atentamente os estudos e as pro-postas da nova Constituição, por ser umassunto que sempre me interessou.

Em meados de 1988, fiz o concursopara advogado da CAIXA, momento emque estruturávamos a Central de Habita-ção na cidade do Recife, onde fui o primei-ro gerente do Núcleo de Manutenção, e jáparticipávamos atentamente dos movi-mentos associativos e sindicais.

Lembro que foi logo após a promulga-ção da nossa Carta Maior que consegui-mos eleger o nosso novo presidente doSindicato dos Bancários de Pernambuco,onde atuei como presidente de uma dasmais importantes mesas coletoras de vo-tos. Festejada pelos brasileiros a promul-gação da nova Constituição, em 5 de ou-tubro de 1988, dias depois saiu a relaçãodos aprovados no concurso de advogadosda CAIXA e em 28 de outubro daquelemesmo ano, com a presença do entãosuperintendente nacional da nossa área,hoje o que seria o nosso diretor jurídico, osaudoso pernambucano Antônio dePádua, tomávamos posse no cargo de car-reira de advogado da nossa empresa.

Como se vê, tenho grandes e boasrecordações daquele período de grandeimportância para a Nação, para este ad-vogado e para o povo brasileiro.

Naquela época este advogado atua-va como membro do Partido Socialista Bra-sileiro (PSB), na cidade de Olinda, ondenos reuníamos para enviar sugestões eanalisar as propostas encaminhadas pe-los nossos representantes aos diretóriosestaduais. Como não tínhamos sede, ficá-vamos nos barzinhos da antiga feirinha naPraça do Fortim do Queijo, no bairro doCarmo na cidade de Olinda, onde eramtravados os embates.

Ainda hoje tenho grandes amigoscuja amizade foi iniciada naquela épo-ca e, sempre que nos vemos, aquelesencontros são temas das nossas boashistórias de vida.

Lembranças de 1988Carlos Castro, presidente da ADVOCEF

"Festejada apromulgação da nova

Constituição, dias depoissaiu a relação dos

aprovados no concursode advogados da CAIXA."

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Setembro | 201310

Espe

cial

A promulgação da Constituição Fede-ral de 1988 foi o grande símbolo da conso-lidação da democracia no Brasil.

Tema recorrente da época da promul-gação, já que era bastante ilustrativo dosares democráticos que pairavam no país,foi a ampliação do "acesso à justiça", emmuito potencializado pela previsão consti-tucional (art. 5º LXXIV) de que a todos oscidadãos carentes de recursos deveria sergarantida a assistência jurídica integral egratuita.

De lá para cá, viveu-se um tempo ex-tremamente profícuo no que diz respeito àaproximação do cidadão com o Direito eda própria realização dos seus direitos.

Dentre outros tantos exemplos, no pla-no operacional tem-se a criação do Superi-or Tribunal de Justiça e da Justiça Federal, aorganização dos juizados especiais e a im-plantação de defensorias públicas, que fo-ram protagonistas na busca pelos direitosindividuais e sociais dos cidadãos, conjun-tamente com a organização e difusão dastutelas coletivas.

Gratuidade, informalidade e proximida-de foram o norte para garantir aos cidadãosbrasileiros o ímpeto maior de busca pelaJustiça e pela chancela do Estado na reso-lução dos seus conflitos.

Viveu-se, pois, uma era de judi-cialização e, como consequência de todoeste processo de transformação, o volumede ações judiciais cresceu em progressãogeométrica, causando o abarrotamento doPoder Judiciário.

Vê-se, neste mesmo cenário, que a atu-ação do Poder Judiciário, em âmbito nacio-nal, possui, ainda, diferenças abissais. Aomesmo tempo que, em parte do país, a fimde otimizar a prestação jurisdicional, é im-plantado o processo eletrônico, que trazconsigo os revezes da novidade, parte doscidadãos segue ainda a conviver com umaJustiça morosa e ineficiente, quando nãoinexistente.

Como forma de contingenciar o proble-ma, viu-se, recentemente, a criação de umConselho Nacional de Justiça que temcomo missão "contribuir para que a presta-ção jurisdicional seja realizada commoralidade, eficiência e efetividade embenefício da sociedade" e que, para tanto,utiliza-se da imposição de "metas" aos ór-gãos julgadores para garantir celeridade daprestação jurisdicional.

Muitos progressos e alguma desordem

Verifica-se, neste passo, que a maioriadas ações voltadas para a minimização dasdiferenças havidas no país e para a redu-ção do número de ações é direcionada àbusca de celeridade. A celeridade almeja-da, no entanto, apesar de trazer a satisfa-ção do atingimento dos números e cumpri-mento de prazos, trouxe consigo, também,alguns problemas que não devem se tor-nar crônicos, pois não é possível se mantero descompasso entre a demanda, a estru-tura e a organização do Poder Judiciário,sob pena de se obter progresso com desor-dem.

Também aqui, dentre outros tantosexemplos, pode-se citar os julgamentosapressados e de pouca qualidade dos tri-bunais, a condução "desgovernada" dasações de massa pelos juízos de origem, osprojetos de conciliação em que o grandevolume de processos impede a correta aná-lise dos processos pelos envolvidos, e, tam-bém, muitas das reformas da legislação,mormente da processual, que, orientadaspelo assoberbamento do Judiciário, aca-bam servindo à imposição da celeridade,em detrimento de tantos outros princípios

processuais de importância nuclear comoo contraditório e a ampla defesa.

Há uma constatação que é comum atodos estes problemas: carece-se de quali-dade. Carece-se de planejamento amplo ede uma política judiciária que tenha comometa preocupar-se concomitantementecom os números e com a verdadeira eficá-cia da prestação jurisdicional. Carece-se deexigência, por parte dos litigantes, que aqualidade se imponha.

Neste passo, é preciso que se ressalteque a Constituição Federal, no seu art. 133,dispõe que "O advogado é indispensável àadministração da justiça, sendo inviolávelpor seus atos e manifestações no exercícioda profissão, nos limites da lei".

Vê-se, assim, que há dispositivo consti-tucional que reconhece expressamenteque o exercício da advocacia é essencial àprestação jurisdicional, uma vez que pos-tular em favor do cidadão é atividade es-sencial à concretização da Justiça, princi-palmente dentro dos fundamentos consti-tucionais do direito de defesa, do contradi-tório e do devido processo legal. É papel doadvogado, portanto, investido de sua fun-ção pública, provocar o Judiciário no senti-do de aplicar o melhor Direito.

Passar da previsão legal para aefetividade da vida social exige mobilizaçãopolítica da sociedade e, neste caso, princi-palmente, dos advogados, que são, por atri-buição, os provocadores da inércia impos-ta ao Poder Judiciário. Estamos, ainda,imersos nesse processo, buscando formaspara concretizar os direitos que a Constitui-ção reconhece e assegura e precisamoscumprir bem este papel.

Assim, é certo que não podemos dei-xar de celebrar tantas conquistas, bemcomo de ter em mente que, se não te-mos o desejável, temos o possível. Há25 anos tratávamos da implantação doEstado Democrático de Direito e de reco-nhecimento de direitos e liberdades fun-damentais que foram tolhidas dos cida-dãos brasileiros durante o regime militar.25 anos depois, a evolução é evidente etemos sim que perceber que mudaramsignificativamente os verbos do discurso,pois o reconhecer cede cada dia maisespaço para o efetivar.

A atuação da CAIXA é, neste sentido,de ser destacada, já que se trata de umadas grandes instituições do país e, em

Karine Volpato Galvani, advogada da CAIXA em Porto Alegre

"De lá para cá, viveu-seum tempo extremamente

profícuo no que dizrespeito à aproximação do

cidadão com o Direito."

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Constituição autoexequívelNuma das viagens a Campos dos Goytacazes, nos idos de 1989, para realização de audiên-

cia trabalhista e oferta da contestação da CAIXA, participei, no final da semana, de uma reuniãodo Partido da Frente Liberal, que contou com a presença do senador Afonso Arinos de MeloFranco, constituinte e relator do estatuto básico da cidadania. Na ocasião, estava o notávelparlamentar imbuído de ajudar seu correligionário Rockfeller de Lima, candidato à prefeituralocal. O Diretório Acadêmico José do Patrocínio, DAJOPA, órgão representativo do alunado da FDC(Faculdade de Direito de Campos), em rara oportunidade, aproveitou o momento e convidou oinsigne professor para proferir palestra sob o tema "Rumos da Constituição de 1988".

Encerrada a exposição do tema, sob efusivos aplausos da plateia, foi franqueada a pala-vra e aberto o debate, que se iniciou com uma única pergunta acadêmica e se encerrou comuma única resposta do conferencista:

- Professor Afonso Arinos, o senhor pode esclarecer se a Constituição de 1988 éautoaplicável? - indagou uma aluna da faculdade anfitriã.

O professor sorriu e anuiu:- Minha cara jovem, sua pergunta é muito oportuna e respondê-la-ei da mesma maneira

como me foi feita. Autoaplicável eu acho que é, eu só não sei se ela é autoexequível.

Arcinélio Caldas, advogado da CAIXA em Campos dos Goytacazes/RJ

consequência, uma das suas maiores liti-gantes. De um tempo em que as dificulda-des de organização e de estrutura erammuito maiores e a levaram a ser vista comreserva pelos órgãos jurisdicionais, prin-cipalmente pelo excesso de demandase de recursos, passou, nos dias atuais, aser destacada pelo pioneirismo na raci-onalização das suas demandas e nainterposição de recursos, bem comopelo seu ânimo de conciliar.

É preciso, no entanto, firmar compro-misso na busca de um futuro melhor paratodos os operadores do Direito. Falta dequalidade traz descrédito. Um país semum sistema jurídico consolidado e efici-ente não evolui corretamente, pois man-tém vício na origem.

Não há sentido em se ter "acesso àjustiça" quando nela não se acredita. Ou-tros aniversários da nossa Constituição ci-dadã virão e, para que possamos falar de

verdadeira Justiça e deconcretização de direi-tos, nós advogados pre-cisamos ter o compro-misso de não compac-tuar com evolução mí-ope e desordenada daprestação jurisdicional,colaborando e exigindo que esta seja cadadia mais eficiente e de qualidade, em to-dos os seus âmbitos.

O artigo 133 e outros destaques"Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seusatos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei."

Para mim, como profissional da área, o advento do artigo 133 da Constituição, preconizandoque o advogado é indispensável à administração da justiça, é uma das mais honrosas conquistas daclasse e do próprio jurisdicionado. Afinal, a garantia abrange não só o advogado como o própriocliente, sobretudo por vislumbrar nesse profissional um dos pilares da tríade necessária à obtençãoda prestação jurisdicional, com autonomia e independência de cada um de seus integrantes.

Além disso, destaco na Carta a ampliação dos direitos e garantias fundamentais, com ênfaseaos direitos individuais e coletivos, sobretudo o direito de petição aos poderes públicos, os remédiosconstitucionais, cabendo mencionar o advento do Habeas Data, do Mandado de Injunção e doMandado de Segurança Coletivo.

Também a ampliação do sistema de controle de constitucionalidade, com o surgimento daAção Declaratória de Constitucionalidade, da Ação de Inconstitucionalidade por Omissão e da Arguiçãode Descumprimento de Preceito Fundamental, merece ser citada como uma inovação alvissareirade nosso Texto.

A inserção de vários direitos sociais, de igual modo, é merecedora de grande destaque, sendomister enfatizar a inclusão dos direitos do consumidor e do meio ambiente como sujeitos de garan-tias especiais, gerando sua tutela também na esfera infraconstitucional.

Antonio Kehdi Neto, advogado da CAIXA em Ribeirão Preto/SP

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Setembro | 201312

A refundação do Brasil

Faltou uma Constituição no seu exatosentido de criação. Primeiro, constituiçãonão é uma lei. Ela é um estatuto de organi-zação de um determinado sistema de go-verno que deveria ser lido e consultado eentendido por todos os cidadãos com ummínimo de cultura e maturidade política. Ea nossa Constituição de 1988 não foi re-sultado de uma assembleia constituinte,nos exatos termos.

A constituição deve sempre ser resulta-do de uma assembleia constituinte semqualquer vinculação partidária e deve re-presentar toda a sociedade, seus indivídu-os e suas instituições. O que não aconte-ceu na nossa em 1988, e tampouco emquaisquer das outras, principalmente as de1967, 1969, que foram impostas.

A primeira constituição escrita é a dosEstados Unidos da América, de 1787, efeti-vada em 1789. A constituição idealizadapelos filósofos políticos do constitucionalismo representati-vo sempre foi teorizada para ser um estatuto relativo à distri-buição e à limitação dos poderes governamentais, visando àpreservação da liberdade individual. Ela foi imaginada como

A Constituição de 88 foi uma novidade auspiciosa após ofim do regime militar, marcando o renascimento da sociedadecivil e o avanço do Brasil rumo à democracia. A AssembleiaConstituinte ainda refletia o movimento popular pelas Diretas

Já. A nação ansiava por sereencontrar a despeito detodas as suas contradi-ções.

Uma geração se per-deu na rotina de emendasarbitrárias e a nova Cartaabriu as portas da esperan-ça, era como uma pá a se-pultar as incertezas jurídi-cas do regime de exceção.

Considerando tópicosfáticos, destacaria o devidoprocesso legal; as garantiasindividuais; o voto para anal-fabetos (direito à cidada-nia); o voto facultativo para

Espe

cial “Remendas constitucionais”

Francisco Spisla, advogado da CAIXA em Londrina/PR

Estanislau Luciano de Oliveira, 1º tesoureiro da ADVOCEF

os jovens de 16 a 18 anos; a extensão dos direitos trabalhistas atodos os trabalhadores; o reconhecimento do direito de greve; aliberdade sindical.

Mas não é só isso. Apesar de longa, a Constituição é deprincípios que valorizam a cidadania, as liberdades individuais,a legalidade, o respeito ao ser humano, como vem demonstran-do a jurisprudência que se consolida na interpretação constitu-cional.

O que faltou na Constituição buscamos a cada dia, em cadanova decisão judicial que aponta um valor social que deve pre-valecer sobre outro; mesmo a cada nova emenda constitucio-nal, que aperfeiçoa os nossos sistemas político (executivo,legislativo) e judicial.

Enquanto perduravam os trabalhos da Assembleia Consti-tuinte, eu trabalhava em Minas, ansiava por informações (nãoexistia internet, jornal era impresso e havia poucas redes detelevisão) e tinha esperança de viver em um país mais justo.

No ano em que foi promulgada, concluí o curso de Direito e,junto com Ulisses, comemorei a refundação da nação.

Ainda não temos a felicidade, porque a história não chegouao final, quando tudo estará e dará certo.

sendo um conjunto permanente de nor-mas de organização de um determinadosistema de governo que não só alocasseos diferentes poderes, mas que tambémobrigatoriamente limitasse esses mes-mos poderes do governo à esfera que lheé própria.

E, com certeza, a nossa Constituiçãode 1988 não chegou perto desse ideal,tornando-se um cipoal e uma colcha deretalhos que abarcou legislação ordináriacom disposições comerciais.

E tanto não é uma constituição verda-deira que o provam as inúmeras "remen-das constitucionais", surgindo uma PEC acada dia.

Recentemente, quando dos protestos,a presidente deu a entender que poderiaser convocada uma constituinte. E foi umagritaria contrária dos "próceres", dos ditosjurisconsultos de plantão, contrariamen-

te à ideia. E perdeu-se uma ótima oportunidade de botar ascoisas no trilho constitucional verdadeiro. Então vamos se-guindo com as "remendas constitucionais" até que o textooriginário se torne um livrinho de palavras cruzadas.

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Setembro | 2013 13

No campo dos direitos fundamentais,um aspecto a ser destacado é a posiçãode primazia em que a Constituição de1988 coloca essa espécie normativa.Além de ter ampliado sensivelmente ocatálogo de direitos fundamentais em re-lação às Cartas anteriores, o constituintede 88 os situou logo no Título II, em oposi-ção à Carta introduzida pela EmendaConstitucional nº 01 de 1969, que arrola-va os “direitos e garantias individuais”apenas no Capítulo IV do Título II. Isso temgrande peso simbólico, pois, ao iniciar oTexto Magno com o rol de direitos funda-mentais, o constituinte denota que dese-ja colocá-los no centro do sistema.

Os direitos fundamentais são o alfa eo ômega do sistema jurídico. Todas as ou-tras normas do Ordenamento devem a elesreferir-se, observando-os e visando realizá-los. Isso é o que os alemães, já na décadade 50, chamavam de “efeito irradiante dosdireitos fundamentais”.

O Constitucionalismo moderno, aliás,é cheio de simbolismo, de cariz político eideológico, e a Constituição de 88 não pas-sa ao largo desses signos, de relevo nãoapenas histórico como também práticopara aplicação das normas constitucio-nais. Um dos mais interessantes dessessímbolos, embora possa passar desaper-cebido à leitura vulgar, é a locuçãointroduzida no art. 3º, inciso I, que dispõe:“Constituem objetivos fundamentais daRepública Federativa do Brasil: I - cons-truir uma sociedade livre, justa e solidá-ria”. Esse inciso traz o que se costumachamar de “trajetória histórica doconstitucionalismo moderno”, aludindo adiferentes momentos históricos a partirdas revoluções francesa e americana.

Num primeiro momento do Estado li-beral burguês, a tônica jurídica era a liber-dade, o desprendimento do homem dasamarras que o ligavam ao mundo aristo-crático, feudal e clerical. A atuação do Es-tado deveria ser mínima, visando apenasgarantir a estrutura mínima necessáriapara que o cidadão burguês exercessecom a menor restrição possível sua liber-dade econômica, o que naquele momen-to histórico era sinônimo de livre desen-volvimento da personalidade.

Com as revoluções socialistas de finsdo século XIX, o fracasso econômico e políti-co do état de droit e a solução de compro-misso com a social-democracia, a tônica

Atenção para os símbolosVinicius Cardona, ex-advogado da CAIXA em Salvador

passou a ser a igualdade, o que se traduziu,nas constituições mexicana de 1917 e deWeimar de 1919, nos primeiros direitos fun-damentais sociais. A partir daí, o Estado temnão apenas o dever de abster-se de violar aliberdade dos cidadãos fora das hipótesesjurídicas previstas, como também de atuarproativamente, com uma agenda política eeconômica que viabilize ao povo o gozo deserviços públicos básicos, como saúde, edu-cação, lazer, previdência social e políticasque fomentem a criação de empregos.

Um terceiro momento histórico doConstitucionalismo é o que busca positivare efetivar direitos chamados de solidarie-dade ou fraternidade. Nele, o Estado não éo único protagonista: a própria sociedadepassa a ser, a um tempo, credora e devedo-ra na realização dessa espécie normativajusfundamental. É o caso dos direitosdifusos, como o direito ao meio ambienteecologicamente equilibrado. Grosso modo,essa é a trajetória histórica do Consti-tucionalismo moderno, que busca realizaros valores revolucionários: liberté, egalité,fraternité.

No campo da Jurisdição Constitucional,novidade de destaque da Constituição de

1988 é a introdução daADPF (Arguição deDescumprimento dePreceito Fundamental), instrumento que,embora amiúde mal compreendido e su-bestimado, é dotado de grande potencialna atuação do Supremo Tribunal Federalcomo Poder contramajoritário.

No campo orgânico-institucional, é dese destacar a reconfiguração constitucio-nal do Ministério Público brasileiro. As fun-ções institucionais e prerrogativas de quefoi dotado o tornam uma instituição comopoucas no mundo. Trata-se de uma institui-ção estatal que pode e deve, se preciso,demandar em juízo contra o próprio Esta-do. Isso pode parecer lugar-comum hoje,mas ainda é absolutamente estranho emmuitos países.

A Constituição de 88 padece de algu-mas omissões. Tenho como a mais impor-tante delas a ausência de instrumentosprocessuais que visem à garantia eefetivação de direitos fundamentaisprestacionais, de caráter social, ditos tam-bém de “segunda geração”. Os direitosfundamentais de defesa, chamados de“primeira geração”, contam, historicamen-te, com ações judiciais de rito expeditopara assegurá-los, como o habeas corpus,o habeas data e o mandado de seguran-ça. Esses conhecidos writs asseguram aliberdade de locomoção, a liberdade deinformação quanto a situações de caráterpessoal e a liberdade contra ação ou omis-são ilegal de autoridade estatal.

Já os direitos à educação, saúde, mo-radia, lazer, assistência social, trabalho, etc.,“direitos que custam”, é dizer, direitos cujaefetivação provocam maior impacto nascontas do Estado, contam com extremadificuldade na sua sindicabilidade pelo Po-der Judiciário. A demanda judicial por eles,quando cabível, conta no máximo com asvias processuais ordinárias, sujeitas a em-pecilhos diversos. A ausência de um“habeas-casa” ou um “mandado de matrí-cula na escola”, como exemplificam algunsjuristas, denota que a realizaçãojurisdicional dos direitos sociais ainda étema que causa melindre, pois a doutrinada reserva do possível se sobrepõe àefetivação de direitos fundamentais. Aindanão há critérios dogmáticos seguros paraconciliá-los com a competência do Parla-mento para definir o orçamento e do PoderExecutivo para administrá-lo.

"Ao iniciar o Texto Magnocom o rol de direitos

fundamentais, oconstituinte denota que

deseja colocá-los nocentro do sistema."

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Setembro | 201314

Nova visãoEncontro de gestores em Atibaia define rumos da área jurídica até 2022

Even

to

Encontro gratificantePatrícia Guadanhim, advogada da Rejur Londrina/PR, membro do Conselho Deliberativo da ADVOCEF

O evento atingiu seus objeti-vos. A DIJUR obteve farto mate-rial, com sugestões estratégicase algumas operacionais parasubsidiar a definição dos rumosda área jurídica, dentro do con-texto macro da CAIXA.

Por natureza, gosto de even-tos, de estar congregada, sejacomo ouvinte ou na comissãoorga-nizadora. Esse encontro, emespecial, foi altamente importan-te para os gestores, que diaria-mente têm a tarefa de motivarsuas equipes. Conversar com ou-tros gerentes, coordenadores ju-rídicos, coordenadores de filial esupervisores, durante a troca nos gru-pos e também nos momentos dedescontração, foi gratificante.

Da mesma forma, ouvir do nossodiretor jurídico as palavras de reconhe-

cimento pelo trabalho desempenhado,além da visão de futuro e da experiên-cia que se espera de um evento com 300gestores, também foi digno de nota.

A utilização de valores como ho-nestidade, comprometimento, pauta-

dos na eficiência, celeridade,cortesia, conciliação, foram am-plamente difundidas.

O trabalho desenvolvido pe-los colaboradores no encontrome trouxe gratificação pessoale certamente gerou um fartoarcabouço de ideias para aDIJUR aproveitar as mais inte-ressantes, de acordo com a con-veniência e momento. Planejarnão é algo estanque. De acor-do com a situação vivida, po-derá ser necessária a adequa-ção.

A DIJUR está de parabénspela organização desse grandiosoencontro, que já é um marco na his-tória da área jurídica, sendo um in-vestimento pequeno se comparadoaos resultados benéficos para a em-presa.

Ser parceira indispensá-vel da CAIXA nos objetivosempresariais e de políticaspúblicas é a nova visão daárea jurídica, firmada emevento realizado em Atibaia,interior de São Paulo, no pe-ríodo de 26 a 30 de agostode 2013. Os novos rumosdas atividades contenciosa,consultiva e administrativaforam debatidos por cercade 250 gestores, entresupervisores, coordenado-res de filiais, coordenadoresjurídicos, gerentes de jurídi-co, gerentes executivos, con-sultores jurídicos, gerentesnacionais e superintendentes nacionais.

Na mesa do evento, aberto pelo dire-tor jurídico Jailton Zanon, estavam o mi-nistro aposentado do Supremo TribunalFederal Ayres Britto, o presidente daADVOCEF, Carlos Castro, e os superinten-dentes nacionais Alberto CavalcanteBraga e Leonardo Faustino Lima. Castrosaudou os participantes e desejou suces-

so a todos no II Encontro Nacional da ÁreaJurídica da CAIXA.

Os trabalhos iniciaram na terça-feira,27/08, com uma palestra do ministroAyres Britto. A seguir, o professor PauloSérgio Fresneda, consultor da Embrapa(Empresa Brasileira de PesquisaAgropecuária), discorreu sobre ametodologia de construção, a importân-

cia de um plano diretor e oque deve ser observado nasua elaboração.

Essa palestra contribuiupara inspirar os trabalhos re-alizados em grupos, que ti-nham formação heterogê-nea, incluindo representan-tes da área administrativa,gerentes, coordenadores, ad-vogados do consultivo e docontencioso.

Distribuindo-se emrevezamento por 12 salas,no sistema brainstorming, osparticipantes debateram te-mas como visão, valores, le-galidade, ética e credibi-

lidade, lançando livremente ideias paraa elaboração do planejamento estraté-gico da área jurídica, para o período de2014 a 2022. "Todos os grupos pude-ram dar a sua visão de futuro de acordocom a realidade nos diversos pontos dopaís", comenta a advogada PatríciaGuadanhim, coordenadora jurídica daRejur Londrina/PR.

|||||Atibaia: presidente da ADVOCEF, Carlos Castro, na abertura do evento

|||||Patrícia Guadanhim (à esquerda), com o alpinista WaldemarNiclevicz, os advogados Iliane Pagliarini e Renato Sinderski e o

coordenador de filial Silvano Zanon

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Setembro | 2013 15

Meta ambiciosaMelissa Santos Pinheiro Vassoler Silva, advogada do Jurídico Porto Velho,

membro do Conselho Fiscal da ADVOCEFA CAIXA passa por

uma reestruturação pro-funda em sua forma deatuar no mercado, avan-çando com toda a forçaem busca de sua missão,que é estar entre os trêsmaiores bancos do país.Mas, como toda metaambiciosa, há necessida-de de mudança na formacomo vemos a empresae na forma como atua-mos. Não é fácil, mas tam-bém não é impossível.

Atuar enquanto agen-te operador de políticas públicas e insti-tuição financeira demanda responsabi-

lidade bem maior de todosnós, pois o comprometi-mento com a ética esustentabilidade do negó-cio é dobrado.

Atuar como parceiroindispensável da CAIXA noatingimento dos objetivosempresariais e na execu-ção das políticas públicas,sendo referência de exce-lência, é sim uma defini-ção adequada aos objeti-vos por nós definidos.

Só espero que nossejam dadas condições

adequadas para atender à nova visãoobtida no encontro de Atibaia.

Como chegar ao topoNa quarta-feira, ocorreu a palestra do

alpinista Waldemar Niclevicz, primeirobrasileiro a chegar ao topo dos montesEverest e K2 e o primeiro também a es-calar as sete maiores montanhas domundo. Niclevicz falou aos gestores so-bre a necessidade de perseguirem osobjetivos com segurança e perseveran-ça, pensando em planejamento elogística. No relato, ele comparou seuspercalços às dificuldades enfrentadaspela área jurídica.

O depoimento de Patrícia Guadanhim:"Confesso que mesmo sabendo que

provavelmente o foco da exposição seriamotivacional, fiquei surpresa com oenfoque dado, demonstrando que opalestrante entendeu como são as nossasatividades e transportou sua experiênciapara algo palpável aos nossos interesses.

"Ao tratar de suas escaladas nas duashoras de exposição, recheada de fotos efilmes sobre a sua história de vida e decomo lutou e luta por um ideal, deixouclaro que cada um deve buscar o seuobjetivo, sendo importante o planejamen-to. Interessante é ver que Waldemar sou-be recuar em algumas situações paragarantir a segurança, mas sem esmore-cer do seu propósito."

Em sua palestra, o vice-presidente deTecnologia, Joaquim Lima, apontou a pre-sença da área no dia a dia da CAIXA eseus desafios com o crescimento dosnegócios. "O vice-presidente se mostrousensível à necessidade de melhorar nos-sas ferramentas de trabalho, no que tocaa aplicativos e soluções de TI para agilizaro atendimento às demandas, um anseiode todos nós", diz Patrícia.

Excelência nos serviçosjurídicos

Na quinta-feira o Encontro teve iníciocom uma palestra do vice-presidente deAtendimento, Distribuição e Negócios, JoséHenrique Marques da Cruz, que apresen-tou os grandes números alcançados pelaCAIXA e revelou o que ainda se espera al-cançar. Um ponto alto da palestra foi a ex-posição da avaliação das unidades jurídi-cas feita pelos superintendentes regio-nais.

O vice-presidente destacou que o Ju-rídico é uma área de suporte ao negócio,vital para os interesses da CAIXA. Qual-quer contratação de vulto ou desenvolvi-mento de novo produto ou serviço passapelo Jurídico, salientou.

Um painel, com a presença de váriosgestores, abordou os negócios emergentesda CAIXA. O diretor da CAIXA-PAR, CarlosMagno Gonçalves da Cruz, falou sobre acomposição do Grupo CAIXA e a aquisiçãode participações em outras empresas. Ogerente nacional de Desenvolvimento deProdutos em Cartões, Rodrigo Duarte deCastro Souza, tratou dos novos rumos domercado de cartões de crédito. O consultorda Presidência André Marinho de SouzaFilho, que atua especialmente nos assun-tos ligados ao Minha Casa Minha Vida, fezuma análise do desempenho da CAIXA noprograma. O superintendente nacional dePromoções e Eventos, Gerson Bordignon,se referiu à estratégia da CAIXA para patro-cínio de atividades culturais e esportivas,incluída a polêmica entrada no mercadode patrocínio de clubes de futebol.

Em todos os casos, foi mencionada aimportância da parceria do Jurídico comas diversas áreas da CAIXA para a cons-trução dos negócios.

Para se situar entre os três primeiros ban-cos do país, que exige crescimento contínuo,

|||||Melissa (à direita), com ClaudiaLuzia, coordenadora de Filial no

Jurir Porto Velho

é preciso fidelizar o cliente, que exige bomatendimento. Isso passa até mesmo pelo jei-to de escrever, segundo a ótica do diretor jurí-dico, Jailton Zanon. Explica Patrícia: "A formaprolixa afasta as partes. Segundo o diretor,buscar um texto claro e conciso nas análisesjurídicas é essencial para o relacionamentocom as áreas, visando os negócios."

Concluindo os trabalhos na sexta-fei-ra, 30/08, a Diretoria Jurídica transmitiuaos participantes sua avaliação do encon-tro, que, segundo ela, "apresentou pro-postas de atuação pautadas na ética, le-aldade, compromisso, respeito, boa-fé,conciliação, prevenção, inovação, simpli-cidade, eficiência e sustentabilidade".

Do trabalho resultou a nova visão daárea: "Ser referencial de excelência naprestação de serviços jurídicos e parcei-ra indispensável da CAIXA no atingimentodos objetivos empresariais e na execu-ção das políticas públicas".

(Com informações dos consultores ju-rídicos Frederico Rennó e SalvadorCongentino Neto e da advogada PatríciaGuadanhim.)

|||||Mesa de debates: participantes definem o novo Plano Diretor da área jurídica

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Setembro | 201316

Novos juízes em Porto VelhoAdvogado da CAIXA integra comissão de concurso do TRT de Rondônia e Acre

O advogado Edson Bernardo AndradeReis Neto, do Jurídico Porto Velho, integroua banca de prova oral que aprovou 11 no-vos juízes no XIX Concurso do Tribunal Regi-onal do Trabalho da 14ª Região,empossados em 30 de agosto. Com o ad-vogado da CAIXA, atuaram na Comissão odesembargador do Trabalho da 8ª Região,Vicente Malheiros, e o procurador-geral doTrabalho Luiz Camargo.

Para Bernardo, sua participação de-monstra a importância que a CAIXA desfru-ta no cenário jurídico nacional. O convitepara integrar a Comissão partiu da Presi-dência da OAB, levando em conta a atua-ção do procurador da CAIXA na Justiça doTrabalho. O advogado foi indicado para re-presentar a Ordem, também, nos concur-sos públicos para notários e registradoresdo Tribunal de Justiça de Rondônia e paraingresso na carreira de Promotor de JustiçaSubstituto, ambos em andamento.

O destaque da CAIXA no país, segundoBernardo Reis, pode ser atestado tambémpelo conteúdo da prova, que incluiu váriositens envolvendo as relações trabalhistasda empresa com os seus empregados.Exemplos: incorporação de função, acumu-lação de cargos públicos por empregadosda CAIXA, quebra de sigilo bancário por co-missão de investigação interna, acesso aoe-mail corporativo pelo gestor, competên-cia da Justiça do Trabalho para julgar de-mandas envolvendo concurso público paraingresso na CAIXA, formação de vínculoempregatício de estagiário com o tomadorde serviços, necessidade de motivação parademissão de empregado público, assédioe dano moral, entre outros.

Financiamento para juizUma das questões da prova indagava

se o fato de um juiz possuir financiamentohabitacional na CAIXA resultaria na sua

suspeição para julgar demandas envolven-do a empresa. A resposta, explica Bernardo,é "não", e foi respondida acertadamentepor todos os candidatos. Ele observa que asituação é comum em todo o Brasil e temrespaldo numa interpretação restritiva doartigo 135 do Código de Processo Civil:

"Reputa-se fundada a suspeição deparcialidade do Juiz, quando: II - alguma daspartes for credora do juiz, ou de seu cônju-ge ou de parentes destes, em linha reta ouna colateral até o terceiro grau."

Os candidatos aprovados para juiz doTRT de Rondônia e Acre - nove mulheres edois homens - vieram de várias regiões dopaís e, em sua maioria, atuam no serviçopúblico. Todos têm experiência na área jurí-dica, e apenas uma das aprovadas exerciaa advocacia.

Segundo Bernardo, os especialistasconsideram a prova oral um divisor de águasna vida dos candidatos, pois representa umestágio de maturidade nos estudos. "Pos-so declinar o alto nível de conhecimentodemonstrado pelos candidatos, até mes-mo por aqueles que não foram aprovados",comenta.

O advogado cursou especialização emDireito e Processo Civil, em 2002, na Fa-culdade de Ciências Humanas e Letras deRondônia, e atualmente finaliza Especiali-zação em Direito e Processo do Trabalhopela PUC Minas, com a apresentação damonografia agendada para setembro de2013.

Admitido na CAIXA em 2005, Bernardoexerceu a Coordenação Jurídica da unida-de no período de janeiro de 2008 a maiode 2011, quando se desligou da função.Na CAIXA integrou, ainda, a CTN de Apura-ção de Responsabilidade e Relações Tra-balhistas, da qual foi coordenador em 2010.Atualmente, é responsável pelo acervoConsultivo do Jurir Porto Velho.

Troca naNovo diretor se alia à luta por uma

O novo 2º secretário da ADVOCEF,Eduardo Jorge Sarmento Mendes,pretende dar continuidade aos pro-jetos da atual gestão, no lugar daadvogada Lya Rachel Basseto Vieira,que passou para a 1ª Secretaria. Estecargo havia ficado vago com a renún-cia da advogada Lenymara Carvalho,que assumiu como gerente executi-va na GEATS (Gerência Executiva deAções Institucionais).

Lenymara deixou uma mensa-gem: "Agradeço pelo período em quepermaneci na Diretoria da ADVOCEF,especialmente ao presidente CarlosCastro, que com muita paciência meauxiliou e orientou na condução dostrabalhos. Com a experiência, pudede perto vivenciar a importância egrandeza que a Associação alcan-çou".

Admitido na CAIXA em dezembrode 2012, lotado na DIJUR/SUTEN/GEATS, o novo secretário EduardoMendes afirma que vai trabalhar parafortalecer a Associação, "com a lisu-ra, transparência e ética necessáriasao exercício do cargo". Declara que oobjetivo é garantir aos associados adefesa de seus interesses, prerroga-tivas profissionais e salariais, fomen-to e divulgação da produção intelec-tual, arrecadação e repasse dos ho-norários. "Em suma: respeito ao nos-so Estatuto Social."

Eduardo concluiu sua graduaçãopela Faculdade de Direito de Maceióem 2002. Lato Sensu: MBA em Direi-to Empresarial, na Fundação GetulioVargas, Rio de Janeiro, em 2003; pós-graduação em Direito Tributário noInstituto Brasileiro de Estudos Tribu-tários, Maceió e São Paulo, em 2006;pós-graduação em Direito Tributárioe Finanças Públicas no InstitutoBrasi l iense de Direito Público,Brasí l ia, 2008. Stricto Sensu :mestrando em Direito na Universida-de de Lisboa, Portugal.

| Destaque | Institucional

|||||Prova oral no TRT de Rondônia (da esq. para a dir.:) Luiz Camargo, Vicente Malheiros e Edson Neto

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Setembro | 2013 17

A Comissão de Defensores, Procurado-res e Advogados Públicos da OAB/RJ pro-moveu, em 9 de setembro, um ato públicocontra o PLP 205/2012, que altera a LeiOrgânica da Advocacia-Geral da União epretende inserir na carreira servidorescomissionados sem concurso público. Seaprovada o projeto, alertam os advogados,os entendimentos jurídicos dos novos ser-vidores prevaleceriam sobre os entendimen-tos dos profissionais concursados.

Na abertura, o presidente da Seccional,Felipe Santa Cruz, disse que a entidade seposiciona em defesa da carreira pública,cumprindo seu papel institucional."Estamos aqui, com isso, defendendo o país.E ficamos muito felizes em ver que hojeestamos mais próximos, sem a falsa divi-são entre a OAB e a advocacia pública."

O presidente da Comissão, RonaldoCampos e Silva, afirmou que a luta contra oprojeto é a favor de uma advocacia públicacom mais autonomia e garantia de prerro-gativas. "Entendemos que o advogado pú-blico precisa compreender a vontade políti-ca do governante, mas não se confundircom essa vontade. Precisa viabilizar a polí-tica pública escolhida pelo governante, mascom o distanciamento de quem pode apon-tar os caminhos da legalidade e os valorese princípios da Constituição."

Dupla subordinaçãoNo evento, foram destacadas as pro-

postas de emendas constitucionais quefortalecem a advocacia pública federal,estadual e municipal. Os participantes de-fenderam as PECs 82/2007 e 452/2009,que, segundo eles, aperfeiçoam a função

Defesa da advocacia públicaAdvogados promovem ato público contra a PEC 205/2012

constitucional dos advogados públicos decontrole da juridicidade da atuação do Po-der Executivo.

O professor da UERJ e procurador doEstado do Rio de Janeiro GustavoBinenbojm discorreu sobre os pontos doPLP 205/2012 que considera inconstitu-cionais, como a dupla subordinação do pro-fissional, ao Poder Executivo e à Advoca-cia-Geral da União (AGU).

A procuradora do BACEN LucianeMoessa salientou os temas que consideraessenciais para o bom desempenho dasfunções da Advocacia Pública:

- Autonomia institucional- Gestão eficiente e democrática- Prerrogativas para os membros da

carreira- Papel e efeitos da consultoria jurídica- Integração entre contencioso e

consultoria jurídica- Atuação em juízo: hipóteses de reco-

nhecimento de procedência de pedido ede não interposição de recursos

- Resolução consensual de conflitos:critérios e mecanismos institucionais

Estavam presentes também no ato opresidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz; opresidente da Comissão de Defensores, Pro-curadores e Advogados Públicos da OAB/RJ, Ronaldo Campos e Silva; o coordena-dor das comissões da OAB/RJ, Fábio No-gueira; o deputado federal Alexandre Molon(PT/RJ); e os advogados da CAIXA CarlosSaboya, membro da Comissão, e LuizFernando Padilha, representante daADVOCEF no Rio de Janeiro.

(Com informações daTribuna do Advogado.)

DiretoriaAssociação cada vez mais forte

Aprovação do ConselhoDeliberativo

O presidente da ADVOCEF, CarlosCastro, disse que recebeu com triste-za o pedido de renúncia da"combativa ex-primeira secretáriaLenymara Carvalho", mas ao mesmotempo se sentia feliz por ver a colegaaprovada em Processo Seletivo paraassumir uma das gerências executi-vas da SUTEN/MZ. "Agradeço peladedicação e inestimável colaboraçãoprestadas à Diretoria Executiva e aosadvogados da CAIXA e, em especial,pela atenção que sempre dedicou aeste presidente. Desejo muito suces-so na sua nova missão."

O presidente ressalta que para a1ª Secretaria foi alçada "a não me-nos atuante companheira Lya Rachel"e que a indicação de Eduardo parapreencher a 2ª Secretaria se deu apósdiscussões na Diretoria Executiva eentre associados lotados na DIJUR,sendo seu nome aprovado por unani-midade pelo Conselho Deliberativo.

O novo diretor tomou posse nareunião da Diretoria Executiva reali-zada em 20 de julho, em Brasília.

|||||Eduardo: com a transparênciae ética necessárias

| Evento

|||||No ato público: Gustavo Binebojm, Ronaldo Campos e Silva, Felipe Santa Cruz, Fábio Nogueira e Luciane Moessa

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Vale

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ena

sabe

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RápidaTrabalhista. Embargos de declaração. Cabimento contra

sentença de liquidação. TRT 4 "É cabível a oposição de embargos de declaração da deci-

são que julga a impugnação à sentença de liquidação, em faceda sua natureza terminativa. O despacho que não conhece dosembargos declaratórios opostos, na hipótese, caracteriza nega-tiva de prestação jurisdicional, ensejando a nulidade processu-al. Exegese do artigo 897-A da CLT." (TRT 4, AP 0109700-90.1997.5.04.0029, Seção Especializada em Execução, Rel.Des. George Achutti, pub. 13/maio/2013.)

Trabalhista. Prazo prescricional. Contagem. Prorrogação. TRT 4 "Ação ajuizada no primeiro dia imediato ao término do pra-

zo em que foram suspensas as atividades judiciárias medianteProvimento Conjunto da Presidência e da Corregedoria Regio-nal do Tribunal. Hipótese equivalente à situação em que o prazoprescricional expira no curso de recesso forense. Termo final doprazo para propositura de ação trabalhista que se prorroga parao primeiro dia útil subsequente, não havendo falar em prescri-ção do direito de ação em decorrência de decurso do biêniolegal." (TRT 4, RO 0001139-81.2011.5.04.0028, Quarta Tur-ma, Rel. Des. João Pedro Silvestrin, pub. 06/maio/2013.)

Danos. Venda de imóvel CAIXA. Reforma e desocupação.Inexistência. TRF 2

"2. In casu, objetiva-se na presente ação a condenação daCEF a pagar indenização, a título de danos materiais e morais,em razão dos danos físicos no imóvel objeto de venda direta econtrato de financiamento celebrado com o Apelante. 3. Quan-do assinado o contrato, o Apelante se declarou ciente de queseria responsável pela reforma do imóvel e/ou pela desocupa-ção, caso estivesse ocupado por terceiros, a teor do disposto nacláusula sétima do contrato. 4. Os imóveis adquiridos atravésde venda direta são ofertados em preços abaixo do valor demercado, exatamente porque os novos adquirentes terão dearcar com o ônus em caso de haver necessidade de adotarmedidas para efetuar a desocupação do imóvel. 5. Em face daausência dos requisitos configuradores da responsabilidadeobjetiva da CEF, o Apelante não faz jus à indenização pleitea-da." (TRF 2, AC 2007.51.10.002610-6, Quinta Turma, Rel. Des.Aluisio Goncalves de Castro Mendes, DJe 04/jun/2013.)

Recuperação Judicial. Possibilidade de cobrança de avalistas. STJ "2. A Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça perfilha o

entendimento de que o deferimento do pedido de processamentode recuperação judicial à empresa co-executada não autoriza aextinção nem a suspensão da execução em relação a seus avalistaspor força da autonomia da obrigação cambiária." (STJ, REsp Nº1.126.425 MT, Rel. Quarta Turma, Min. Luis Felipe Salomão, DJe21/ago/2013) (decisão monocrática)

SFH. Apólice privada (ramo 68). Ilegitimidade da CAIXA. TRF 4 "Nas ações judiciais que têm por objeto contrato de seguro pri-

vado (apólice privada de mercado - Ramo 68), ainda que adjeto acontrato de mútuo habitacional, não há comprometimento do FCVSe, portanto, não há interesse jurídico da Caixa Econômica Federal. Apertinência subjetiva da discussão que envolve essa espécie decontrato de seguro diz respeito à seguradora privada contratada eao segurado, apenas. Consequentemente, somente em relação aoscontratos firmados no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação -SH/SFH (apólice pública - Ramo 66), há interesse da Caixa Econômi-ca Federal, o que justifica o acolhimento da competência da JustiçaFederal para processar e julgar o feito, nos termos do artigo 109,inciso I, da Constituição da República/1988, da Lei nº 12.409/2011e da Resolução nº 297/2011 do Conselho Curador do Fundo deCompensação de Variações Salariais - CCFCVS." (TRF4, AG 5015589-41.2013.404.0000, Quarta Turma, Rel. Des. Vivian Josete PantaleãoCaminha, DJe 28/ago/2013.)

Improcedência do pedido deduzido na ação principal.Execução da sentença cautelar. Impossibilidade. STJ

"7- O desacolhimento da pretensão formulada na ação prin-cipal esvazia o provimento acautelatório de um dos pressupos-tos sobre os quais se fundou: a verossimilhança do direito invo-cado. 8- Os efeitos da sentença proferida em ação cautelar -demanda de natureza acessória e de efeitos temporários, cujoobjetivo é garantir a utilidade do resultado de outra ação - nãosubsistem diante do julgamento de improcedência do pedidodeduzido no processo principal, o que inviabiliza a execução damulta lá fixada." (STJ, REsp . 1.370.707 MT, Terceira Turma, Rel.Min. Nancy Andrighi, DJe 17/jun/2013.)

IPTU. Isenção. Lei Municipal. TRF 4 "1. A sentença está sujeita ao reexame necessário, porquanto o

valor da controvérsia excede o limite de sessenta salários mínimos. 2.Remanesce o interesse de agir da autora, uma vez que os débitos deIPTU recaem sobre imóveis de propriedade da CEF e, embora tenhaocorrido o redirecionamento da cobrança para os arrendatários, o nãopagamento poderá gerar até mesmo a perda desses imóveis emprocesso executivo. 3. No caso, os contratos de arrendamentoresidencial encontram-se ainda vigentes, não restando comprovadoque algum deles tenha findado e seu arrendatário tenha optado pelacompra, efetuando o pagamento do valor residual. Portanto, todoscontinuam sendo de propriedade da Caixa Econômica Federal e es-tão vinculados ao Fundo de Arrendamento Residencial. E, nos termosda Lei Municipal nº 1.402/1999, são imóveis isentos do pagamentodo IPTU." (TRF 4, AC 5044176-59.2012.404.7000, Segunda Turma,Rel. Des. Luciane Amaral Corrêa Münch, DJe 17/jul/2013.)

SFH. Vícios construtivos. Ilegitimidade da CAIXA. TRF 4 "Encontra-se consolidado no STJ o entendimento de que a

relação obrigacional estabelecida entre o mutuário e a CEF selimita ao contrato de mútuo garantido por hipoteca, não tendo oagente financeiro responsabilidade por eventual vício de cons-trução, ainda que financiado no âmbito do Sistema Financeiroda Habitação. A Caixa Econômica Federal não é parte legítimapara figurar no polo passivo de demanda redibitória, não res-pondendo por vícios na construção de imóvel financiado comrecursos do Sistema Financeiro da Habitação, nos casos emque o contrato exclui expressamente a responsabilidade da ins-tituição financeira pela qualidade da obra." (TRF 4, AC 5000834-17.2011.404.7102, Quarta Turma, Rel. Des. Vivian JosetePantaleão Caminha, DJe 01/ago/2013.)

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| Vale a pena saber

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Jurisprudência

Elaboração

Jefferson Douglas SoaresSugestões e comentários dos colegas podem ser encaminhadospara o endereço:[email protected]

"AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. RECURSO ES-PECIAL INTERPOSTO NA DATA EM QUE DISPONIBILIZADO OACÓRDÃO. TEMPESTIVIDADE. NÃO INCIDÊNCIA DA SÚMULA418/STJ. 1. A previsão legal de que a data da publicação é oprimeiro dia útil seguinte ao da disponibilização (Lei 11.419/2006, art. 4º, §3º) tem por escopo facilitar o direito de recur-so pela parte, assegurando-lhe o prazo integral a contar dodia seguinte ao da disponibilização. Se o advogado da partedá-se por ciente no próprio dia da disponibilização, oferecen-do desde logo o recurso, não há prematuridade, mas simplesantecipação do termo inicial do prazo. 2. Tempestividade dorecurso especial interposto no dia da disponibilização doacórdão nos embargos de declaração no Diário da Justiçaeletrônico. Não incidência do óbice da Súmula 418/STJ. 3.Agravo regimental provido. (STJ, AgRg no REsp 1.063.575 SP,Quarta Turma, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, DJe 22/abr/2013.)

"PROCESSO CIVIL. PROGRAMA DE ARRENDAMENTORESIDENCIAL - PAR. APELAÇÃO. CARÊNCIA DE AÇÃO. RESCI-SÃO CONTRATUAL. REINTEGRAÇÃO NA POSSE COM PERDAS EDANOS. CDC. INAPLICABILIDADE. ENCARGOS CONTRATUAIS.ESBULHO. DIREITO À MORADIA. INDENIZAÇÃO PORBENFEITORIAS. IMPOSSIBILIDADE. 1. A sentença recorrida de-terminou seja a Caixa reintegrada na posse do imóvel objetodo contrato de arrendamento residencial; condenou o ape-lante a pagar os valores em atraso das taxas de arrendamen-to, acrescidas de multa de 2% sobre o valor principal atuali-zado, e das taxas condominiais; e indeferiu o pedido contra-posto de indenização por benfeitorias, convencido o Juízo deque, em razão do inadimplemento da obrigação de pagar osencargos contratuais oriundos do PAR, impõe-se a rescisãodo contrato e a ação reintegratória. Ademais, o contrato con-tém cláusulas que excluem qualquer direito de retenção doimóvel. 2. Afasta-se a alegação de carência de ação, pois oimóvel arrendado ao réu integra o patrimônio do Fundo deArrendamento Residencial - FAR, gerido pela Caixa, que estáautorizada pelo art. 9º da Lei nº 10.188/2001 a propor açãoreintegratória, se configurado o esbulho possessório, forçado inadimplemento contratual, após a regular notificação. 3.A ação de reintegração, pautada em lei específica (Lei nº10.188/2001), pode ser cumulada com a de perdas e da-nos. Inteligência do art. 921, I do CPC. Precedentes. 4. Ocontrato de arrendamento, no âmbito do Programa de Arren-damento Residencial, estabelece as condições para a reinte-gração de posse, modalidade de ação compatível com a Cons-tituição da República, eis que não conflita com o direito àmoradia nem com a ampla defesa, o contraditório e o devidoprocesso legal. Constatada a inadimplência e notificado oarrendatário, caracteriza-se o esbulho possessório, devendoser conferida à CAIXA a medida reintegratória. Aplicação daLei nº 10.188/2011, art. 9º. Precedente. 5. O contrato dearrendamento residencial é regido por Lei específica (10.188/2001), posterior ao CDC (Lei 8.078/90) e não pode ser revi-sado pelas disposições gerais aplicáveis às relaçõesconsumeristas, exceto naquilo em que não demonstra

especificidade de normatização, o que não é o caso. Prece-dente desta Turma. 6. À vista da expressa vedação contratual,em caso de rescisão, não há qualquer direito de retenção ouindenização por benfeitorias que, aliás, sequer foram com-provadas. 7. Apelação desprovida." (TRF 2, AC2012.51.17.001853-2, Sexta Turma, Rel. Des. Nizete LobatoCarmo, DJe 11/jul/2013.)

"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMANTE.EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. NÃO CONHECIMENTO.INTEMPESTIVIDADE. RECESSO JUDICIÁRIO. SUSPENSÃO DOSPRAZOS. Ao contrário do que decidiu o Tribunal Regional, acontagem dos prazos recursais fica suspensa durante o re-cesso forense, que vai de 20 de dezembro a 6 de janeiro, nostermos da Súmula nº 262, II, desta Corte. No caso dos autos,o acórdão relativo ao julgamento dos recursos ordinários daspartes foi publicado em 16/12/2011 (sexta-feira, dia útil).Logo, a contagem do prazo de cinco dias a que alude o art.897-A da CLT começou em 19/12/2011 (segunda-feira, diaútil, 1º dia do prazo). No período entre 20/12/2011 (terça-feira) e 06/01/2012 (sexta-feira), ficou suspensa a conta-gem do prazo, nos termos do entendimento consagrado naSúmula nº 262, II, desta Corte. Nos dias 07 e 08/01/2012(sábado e domingo), não correu o prazo, nos termos do art.179 do CPC. Assim, o prazo voltou a fluir apenas em 09/01/2012 (segunda-feira, dia útil, 2º dia do prazo) e findou em12/01/2012 (quinta-feira, dia útil, 5º dia do prazo). A Recla-mante opôs os primeiros embargos de declaração em 12/01/2012, conforme registrado no acórdão. Logo, os embar-gos são tempestivos, porque foram apresentados dentro doprazo de cinco dias a que alude o art. 897-A da CLT. Recursode revista de que se conhece e a que se dá provimento" (TST,RR 263300-06.2008.5.02.0061, Quarta Turma, Rel. MinFernando Eizo Ono, pub. 23/ago/2013.)

"PROCESSO CIVIL. EXECUÇÃO. CÉDULA DE CRÉDITO BAN-CÁRIO. TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL. LEI 10.931/2004.I - A cédula de crédito bancário, desde que emitida de acordocom os requisitos legais, possui certeza, l iquidez eexigibilidade conforme exigência do art. 586 do Código deProcesso Civil e é título executivo extrajudicial disciplinadopela Lei 10.931/2004. Precedentes do STJ e desta Corte. II -Apelação da CEF a que se dá provimento para desconstituir asentença recorrida e determinar o retorno dos autos a ori-gem para regular prosseguimento." (TRF 1, AC0004461-72.2009.4.01.3803, Sexta Turma, Rel. Des. Jirair AramMeguerian, DJe 27/ago/2013.)

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Cen

a ju

rídi

ca

Conquistas no PJe-JTO Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) liberou o acesso paravisualização de autos por meio apenas de login e senha. Antes, o acessodependia de um certificado digital. Outra decisão permite que aspublicações dos advogados sejam feitas via Diário Eletrônico da Justiçado Trabalho (DEJT), salvo no caso de vista pessoal. As duas providênciasforam solicitadas pela OAB.

Conquistas no PJe-JT 2A OAB destaca outras

definições importante doCSJT. Uma é a instalação do

PJe-JT nos processos em fasede execução, e não apenas

naqueles em fase deconhecimento. Outra é a

determinação de que novasvaras do Trabalho criadas

não precisamobrigatoriamente ser ligadas

ao PJe-JT.

Mensalão no cinemaEm 12 de setembro, o ator José de Abreu,da TV Globo, anunciou em seu Twitter que

fechou contrato para rodar o filme "AP 470,o Golpe Jurídico". O título da obra se refere

ao julgamento do mensalão. Não sabequem serão o diretor, roteirista, atores. Mas

adianta que não se trata de umdocumentário, mas de um filme de ficção.

|||||José de Abreu, como Nilo em "Avenida Brasil"

Foto:

Mais

Voc

ê/TV

Glob

o

A Justiça atrás das gradesÀ espera dos protestos anunciados para oferiado de 7 de Setembro, o SupremoTribunal Federal protegeu com grades aestátua da Justiça (obra de AlfredoCeschiatti) que se encontra na entrada dotribunal. Mas os incidentes, em Brasília,não aconteceram.

Foto:

Folha

de S.

Pau

lo

Associação de advogadosA Quarta Turma do STJ reconheceu que a Associação dos Advogados do

Banco do Brasil (ASABB) possui legitimidade para atuar em nome de seusassociados, na cobrança judicial de honorários fixados em sentença. Adecisão ocorreu no julgamento de recurso especial da ASABB contraacórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo. Segundo o ministro RaulAraújo, relator, nada impede que uma associação criada regularmente

possa, mediante autorização estatutária, executar os honoráriossucumbenciais pertencentes aos seus associados. Ao contrário, facilita a

administração e rateio dos recursos do fundo, afirma o ministro. (REsp 634096.)

PEC 82/2007Em 3 de setembro, ocorreu em Brasília o ato do Movimento Nacional pelaAdvocacia Pública, pela aprovação da PEC 82/2007, que atribui autonomiafuncional e prerrogativas aos membros da Defensoria Pública. Segundo odeputado federal Alessandro Molon (PT/RJ), a manifestação provocou ainstalação de uma comissão na Câmara Federal para analisar a proposta.

Captação e captura"Os empresários têm que capturar seus

recursos. Contrariando a autoridadeautora da frase, é preferível que eles

captem seus recursos; assim nãocorrem o risco de serem 'capturados'".

(Extraído do livro "Os Pecados daLíngua: Pequeno Repertório de

Grandes Erros de Linguagem", Volume1 - 1993, do professor Paulo FlávioLedur e do humorista Sampaulo.)

CAIXA fiscaliza sorteiosEmpresas que promovem concursos classificados como artístico, cultural,desportivo ou recreativo passam a ter maior fiscalização da CAIXA, que cumprenorma do Ministério da Fazenda de 1971, atualizada recentemente. Para obtera autorização é preciso comprovar que as promoções - inclusive por redessociais e SMS - não têm fins comerciais, sob o risco de multa de 100% sobre ovalor dos prêmios prometidos e proibição de realização de novos concursos. APortaria nº 422, que trata da Lei nº 5.768, foi publicada no final de julho. Até ofinal de agosto, foram abertos 317 procedimentos. (Fonte: Valor.)

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Setembro | 2013

| Cena jurídica

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Manchetes para o deputadoInspirado na manchete do Correio Braziliense,"Sua Excelência, o presidiário", o informativoComunique-se convidou seus leitores a criar

outras chamadas para a notícia sobre apermanência na Câmara Federal do deputadoNatan Donadon (sem partido-RO), condenadopelo STF a mais de 13 anos de prisão peloscrimes de peculato e formação de quadrilha.Algumas das manchetes enviadas: "Vergonha

nacional", "Brasil, um país de tolos", "Detento nopoder", "Se sentindo em casa", "Câmara aprova

gabinete parlamentar na Papuda".

A Constituição"Ninguém respeita a Constituição,mas todos acreditam no futuro danação." (Renato Russo)"Sofremos de carência generalizada:vai do feijão à Constituição."(Teotônio Vilela)"Se as condições fossem as mesmase o futuro não fosse tão opaco, eurepetiria. Não só assinei o AI-5, comoassinei a Constituição de 1988."(Antonio Delfim Netto)|||||Renato Russo

Vista dos autosConsoante recentíssimo julgado do STJ, não é possível aplicar asanção de proibição de vista dos autos fora do cartório aoadvogado que não tenha sido intimado para sua devolução, masapenas mediante publicação em Diário Oficial (AgRg no REsp1.089.181-DF). Segundo o julgado, a configuração da infraçãonão decorre do tempo de retenção indevida dos autos, mas donão atendimento à intimação para restituí-los no prazo de 24horas estabelecido pelo art. 196, caput, do CPC. Por isso, asanção somente poderá ser imposta após o término do prazo.

Vista dos autos 2No aresto também foi registrado que não é possível estender a

sanção de proibição de vista dos autos fora do cartório aosdemais causídicos e estagiários que, apesar de representarema mesma parte, não tenham sido responsáveis pela retençãoindevida. Isso porque, tratando-se de norma de ordem pública

de natureza punitiva, sua interpretação não pode serampliativa, sob pena de desrespeito aos princípios básicos da

hermenêutica jurídica. (Fonte: Jefferson Douglas Soares, editorda coluna Vale a Pena Saber.)

Língua brasileiraO médico e professor do Instituto de Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês,

David Oliveira de Souza, mostra em artigo na Folha de S. Paulo que éfraco o argumento de que a língua é um dos principais entraves para a

atuação dos médicos estrangeiros no Brasil. Explica: "Um médicopaulistano ou carioca em certos locais do Nordeste também terá

problemas. Vai precisar aprender que quando alguém diz que está com atesta 'xuxando' tem, na verdade, uma dor de cabeça que pulsa. Ou ainda

que um peito 'afulviando' nada mais é do que azia".

Advogados robôsO advogado Gastão Meirelles Pereira, de São Paulo, reclama no siteMigalhas: "A modinha agora é magistrado não receber advogado em

seu gabinete, sob a justificativa de que os processos são eletrônicos!Talvez se virarmos robôs, o tratamento possa melhorar."

Estágio no JurídicoApós dois anos de negociação, a DEPES reformulou o Programa deEstágio na CAIXA, incluindo reajuste da bolsa e do auxílio transporte.Segundo o diretor jurídico, Jailton Zanon, o tema era um dos maiscomentados nas visitas aos Jurídicos. Em mensagem à rede, elecomemorou a decisão e lembrou que é dever do advogado auxiliar naformação dos jovens profissionais, que devem executar tarefaspráticas vinculadas ao ensino ministrado nas faculdades. "E, eviden-temente, dessa visão resultará também a realização de trabalhoprático de qualidade e de auxílio ao advogado no seu dia a dia."

Novos voosSer advogado da CAIXA foi uma experiência que

transcendeu o meramente profissional, umaverdadeira escola de vida, afirmou Vinicius

Cardona, atualmente oficial de justiça avaliadorfederal do TRT da 6ª Região, em Recife. Ele

integrou o Jurir Salvador até outubro de 2012: "Agrande responsabilidade da função, somada à

necessidade de tomar decisões importantes emcurto tempo, de maneira quase imediata, por

vezes sem os recursos idealmente necessários,me amadureceram como profissional e como

pessoa. Levo da advocacia da CAIXA aexperiência sem par e a oportunidade que

precisei para buscar alçar novos voos".

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Setembro | 201322

Silvio deixa a CAIXAD

espe

dida

Após 34 anos detrabalho na CAIXA,quase 25 deles comointegrante do JurídicoBelo Horizonte, o ad-vogado Silvio do LagoPadilha aposentou-seem 16 de agosto. Fun-dador e ex-vice-presi-dente da ADVOCEF, Sil-vio diz que leva as ri-cas experiências pro-fissionais e de vidacompartilhadas comos colegas, inclusivenas atividades desen-volvidas pela Associa-ção, desde sua funda-ção há 21 anos.

"Tenho orgulho de ter participado dafundação da ADVOCEF e de muitos con-gressos. Acompanhei importantes de-bates e a definição de muitos temasrelacionados à categoria, como a ela-boração do primeiro Regulamento deHonorários, a revisão e o aperfeiçoa-mento do Manual Normativo relativo àarrecadação e ao repasse dos honorá-rios advocatícios, a elaboração daCartilha de Honorários e a Nova Estru-tura do PCS/98, NES/2006."

No Jurídico, os colegas prepararamuma despedida surpresa no penúltimodia de trabalho, com exposição de umvídeo com imagens do cotidiano profis-

Fundador e ex-vice-presidente da ADVOCEF se aposenta

sional e depoimentos. "Sou muito gratoa eles pelo carinho e respeito demons-trado", diz Silvio.

Ele pretende continuar na advoca-cia particular, com foco na criação deum pequeno curso voltado à técnica deelaboração de recursos para os tribu-nais superiores, um sonho antigo.

Informa que continuará filiado à Asso-ciação e sempre à disposição para o quefor necessário. "Com o desligamento, é na-tural que haja um distanciamento em re-lação ao acompanhamento e à própriarotina da Advocef. Além disso, penso quea renovação é sempre importante, princi-palmente para que se oportunize a todosos associados essa árdua, mas sempre

rica e formidável ex-periência que é aparticipação diretana condução da en-tidade que nos re-presenta."

Silvio diz que foimuito feliz na CAI-XA, tanto no perío-do de nove anos vi-vidos na agênciaVarginha, no Sul deMinas, como nosquase 25 anosexercendo o cargode advogado emBelo Horizonte."Saio com a sensa-

ção do dever cumprido e com a consciên-cia de que sempre fiz o melhor que pudena defesa dos interesses dessa empresaque desempenha uma missão tão impor-tante para a sociedade brasileira."

Tarefas mais importantesComo tarefas mais importantes de-

sempenhadas na carreira, todas elasquando ainda atuava como coordenadorjurídico de Recuperação de Créditos, Sil-vio cita a internalização paulatina dosprocessos que se encontravamterceirizados. "Ocasião que deu ensejoao ajuizamento de diversas açõesrescisórias objetivando a exclusão ou re-dução de verbas honorárias de valores

Um gigante cortêsJean Pablo de Paiva Lopes, advogado da DIJUR/SUTEN

Quando fui transferido do Jurir/RJ para BeloHorizonte, meu primeiro chefe imediato foi o Dr.Silvio do Lago Padilha (ou simplesmente 'Dr. Silvio',como todos o chamam).

O que me impressionou naquele homem decomplexão frágil foi sua cordialidade. Contudo, portrás da aparência frágil se esconde um gigante,gigante cortês, mas ainda assim um gigante.

Ao longo da lide diária no Jurídico, por anos,observei que o Dr. Silvio tornou-se referência entreos colegas da unidade, compartilhando conhecimen-to e sabedoria com aqueles que o procuravam. Como

bom mineiro, entretanto, sempre fora reservadona divulgação dos ganhos de causa.

Advogado por vocação, participava de to-dos os eventos de conciliação promovidos pelaCAIXA com entusiasmo de um aprendiz. E eracombatente e diligente como um mestre na con-dução dos processos.

O Dr. Silvio merecidamente se aposentouno mês passado. Sinto-me privilegiado por terconhecido esse homem íntegro e correto e quemuito contribuiu para o atual perfil do Jurídicoda CAIXA.

|||||Silvio, sentado à frente, assiste a um vídeo com homenagens dos colegas

|||||Jean Pablo: contribuiu parao perfil do Jurídico

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elevados em desfavor da CAIXA, devidoaos altos valores de causa apontados nasações monitórias quando ainda não seencontravam em vigor as súmulas 296 e297 do STJ."

Atuou na reabertura de um proces-so de sindicância na Matriz em 2005, apartir de um acordo entre a Diretoria Ju-rídica e o Ministério Público Federal, ati-vidades desenvolvidas em aproximada-mente 100 dias, com deslocamentoscontínuos.

Ressalta, por último, a defesa da CAI-XA "numa das ações mais extraordinári-as já surgidas no Jurídico, movida por umex-Agente Financeiro que atuava no SFHcomo repassador de recursos obtidos jun-to ao ex-BNH, em operações conhecidascomo de segunda linha". Seu relato:

"Na sentença, proferida em 2003,cominou-se excessiva e absurda conde-nação à CAIXA e o recurso então inter-

posto somente foi julgado recentemen-te, ou seja, após 10 anos, cujo acórdãofoi publicado em 06/08/2013, curiosa-mente no dia em que completei 34 anosde serviços prestados à CAIXA. Dada arepercussão e os trabalhos desenvolvi-dos no curso do processo, com períciacontábil que durou cerca de oito meses,mais outra perícia de engenharia que re-sultou num laudo totalmente desvirtua-do, essa era uma das ações que eu gos-taria de ver o resultado ainda na ativa eisso ocorreu faltando apenas 10 dias parao meu desligamento.

"O julgamento acatou a alegação denulidade processual, fato que implicou,por consequência, a nulidade da senten-ça, com determinação para que o reiníciodo processo se dê a partir da impugnaçãoda contestação, isso por ausência daUnião Federal no polo passivo da ação,na condição de litisconsorte necessária

da CAIXA e do Ministério Público comofiscal da lei.

"Quero ressaltar a importante condu-ção da ação nos últimos anos pelo Dr.Marcos Vinícius de Andrade Ayres, brilhan-te advogado de Feitos Relevantes, aquem coube a realização da sustentaçãooral por ocasião do julgamento no TRF."

Mensagem aos que ficamSilvio Padilha deixa uma mensagem

aos colegas:"Que possam concluir suas carreiras

da melhor forma possível e de acordocom suas pretensões, não deixando nun-ca de lutar pelos seus ideais no que tocaà carreira e à vida pessoal. Gosto muitode uma frase de autoria do jornalista eempresário Adolpho Bloch, já falecido,que diz: "Na vida o importante não é ser,ter ou parecer. O importante é fazer, cons-truir e desenvolver."

Muitos sentimentos"No momento da aposentadoria,

brotam sentimentos híbridos: de umlado a sensação do dever cumprido pelocolega que parte, de outro o espaçovazio e a saudade do convívio próximo.No caso do Dr. Silvio Padilha, são muitoevidentes esses sentimentos, pois setrata de um exemplar advogado, leal eespecialmente dedicado às causas daCAIXA e dos seus advogados."

A mensagem vem da Rejur Londri-na/PR, assinada pelos advogados AltairRodrigues de Paula e Darli BertazzoniBarbosa, ex-presidentes da ADVOCEF.

Lembram que Silvio, como um dosfundadores da Associação, participoude praticamente todas as decisões im-portantes da entidade. "Idealizou e es-creveu em 2003 a primeira Cartilha deHonorários, que tem sido reeditada apartir do excelente trabalho por ele rea-lizado", afirma Darli, presidente da enti-dade na época de divulgação do docu-mento.

Altair diz que no período de suasgestões, de 2004 a 2008, pôde contarcom o apoio de Silvio, seu vice, sempreinteressado e atuante. "Apesar da dis-tância geográfica, em especial nos mo-mentos de crise, a atuação coesa e se-rena do Dr. Silvio fez realmente a dife-rença." Altair lembra do "belíssimo" Con-gresso de Belo Horizonte, organizadocom a colaboração de Silvio.

Darli diz que Silvio foi sempre um lealconselheiro, graças à ampla visão dos in-teresses da categoria, sem deixar que apaixão prejudicasse a parte racional. "Sede um lado é incontestável a sua luta ecompetência nos assuntos da ADVOCEF,por outro lado jamais descuidou dos inte-resses da CAIXA, sua empregadora, pelaqual sempre advogou com denodo e ím-par capacidade técnica."

Simpatia e bom humorTambém tomado por sentimentos an-

tagônicos, o advogado Bruno RodrigoUbaldino Abreu experimentou tristeza,"pela saída de brilhante profissional, cole-ga sempre disponível e pes-soa sempre disposta", e ale-gria, porque "o planejamentopor ele traçado ocorreu damaneira pretendida".

Ubaldino diz que Silvio édessas pessoas para quemnada parece ser motivo dealteração ou perda do bomhumor. "O domínio do Direitoe o conhecimento da CAIXAsempre nos transmitiram con-fiança." Elogia sua simpatia,disponibilidade e generosida-de. "A tranquilidade com aqual conduzia suas atitudesgerava bem-estar a todos.Fará falta a sua convivência."

O presidente da ADVOCEF, CarlosCastro, declara que tem uma grandeadmiração pelo colega, "um dos gran-des articuladores da constituição danossa Associação".

"Lembro do companheiro commuito carinho, sempre atencioso, res-peitoso, atuante e firme nos seusposicionamentos. Tive o privilégio deestar com ele em vários congressosda ADVOCEF e no Jurídico Belo Hori-zonte, podendo afirmar o quanto nósadvogados da CAIXA devemos a ele,em especial no período em que fezparte da Diretoria Executiva da nossaADVOCEF."

|||||Darli (à esq.) e Altair: o dever cumprido e a saudade

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Setembro | 201324

A advocacia da CAIXAD

epoi

men

to

A evolução da carreira dos advogados nos 21 anos da ADVOCEFA carreira profissional da CAIXA so-

freu importantes alterações nos últimos21 anos e um fato que muito contribuiupara isso, em minha opinião, foi o ad-vento do novo Estatuto da Advocacia, aLei nº 8.906/94, a qual, fixando jornadade quatro horas para os advogados,consequentemente abriu discussões ea necessidade de adequações por partedas empresas em seus quadros, inclusi-ve no que se refere à questão da arreca-dação e ao repasse dos honorários desucumbência, questão essa que na CAI-XA acabou sendo negociada de formaconjunta com a definição da jornada.

E a luta por essa adequação da car-reira profissional, desde então, semprefoi um dos focos da ADVOCEF. Minhavisão a respeito é de que se deve estarsempre atento em relação às defasa-gens que costumam ocorrer em termosde remuneração ao longo do tempo,principalmente se comparadas com asremunerações praticadas nas carreirasjurídicas da Advocacia Pública em ge-ral. Costumo dizer que uma rees-truturação salarial nessas carreiras nor-malmente dura em torno de cinco anos.Na CAIXA, entretanto, a carreira profis-sional passou por três revisões impor-tantes nos últimos sete anos e, por isso,entendo também que no momento énecessário reconhecer avanços signifi-cativos.

Nossa carreira profissional era mui-to ruim no passado. Para se ter umaideia de como ela evoluiu, vou fazer umhistórico, de acordo com a minha expe-riência e presença ao longo desse pro-cesso. Em 1988, por exemplo, quandovim para o Jurídico, a carreira profissio-nal da CAIXA era simplesmente umapêndice da carreira administrativa,válida para os empregados em geral(escriturários), com as referências dacarreira administrativa variando de 35a 95, enquanto que na carreira profissi-onal alternavam de 80 a 95, com valo-res exatamente iguais, ambas para jor-nada única de seis horas.

Silvio Padilha (*)

CHAMADA

Dessa forma, a progressão na car-reira era muito curta e um advogadonunca iria ganhar mais que um escritu-rário, e, no início da carreira, ganhavamenos que um escriturário que já esti-vesse numa referência acima da refe-rência 80, pois não havia qualquer par-cela remuneratória para o exercício des-se cargo de maior responsabilidade.

Essa situação deu ensejo à primei-ra luta dos advogados para obter amelhoria da carreira, o que foi feito atra-vés de um abaixo-assinado dirigido àDiretoria de Recursos Humanos (doscolegas antigos, quem não se lembrado diretor Torres?), já que naquela épo-ca ainda não havia Diretoria Jurídica,fato que acabou contribuindo para osurgimento da ADVOCEF. Passamos en-tão a receber um plus, a "função" deAssistente Técnico, como forma deminimizar o descontentamento com abaixa remuneração, isso a partir do mêsde agosto de 1992, que coincide exa-tamente com a data da fundação danossa ADVOCEF.

Posteriormente, com o advento daLei nº 8.906/94, seguiram-se os suces-sivos acordos, paliativos na verdade,tentando uma definição para a nova si-tuação que se apresentava naquele mo-mento, com acertos de questões como

a fixação de jornada provisória e o pa-gamento de horas extras realizadas, li-beração parcial de honorários retidosetc., acordos esses firmados entre aCAIXA e a ADVOCEF/FENADV. Mais tar-de, como forma de pôr fim àreclamatória trabalhista ajuizada pelaADVOCEF em Brasília, objetivando odesbloqueio e o repasse dos valoresdos honorários advocatícios que vi-nham sendo retidos indevidamente pelaCAIXA, realizou-se o acordo de 2001,este já com o propósito de firmar umpacto definitivo para as novas condi-ções impostas pelo novo estatuto daOAB, acordo esse que previu a eleva-ção da jornada de seis para oito horas,com o consequente aumento da parce-la da "função", a qual, desde então, pas-sou a ser denominada de AssistenteJurídico.

Importante ressaltar que o acordojudicial real izado nos autos dareclamatória trabalhista é que deu en-sejo à edição do Manual Normativoque estabelece regras aplicáveis aocontrole da arrecadação efetuada pelaCAIXA e seu respectivo repasse men-sal à ADVOCEF, sendo a primeira edi-ção de julho de 2002. Mas esse acor-do para ajustar a carreira aos ditamesda Lei nº 8.906/94 novamente nãoatendeu às expectativas dos advoga-dos, já que praticamente não propicia-va um verdadeiro realinhamento sala-rial em razão do aumento conco-mitante da jornada em duas horas emcontrapartida à criação da "nova fun-ção" com "novo valor", o que gerou anecessidade da continuidade da bus-ca por melhor remuneração, principal-mente após o ingresso de novos advo-gados a partir dos concursos externosrealizados a partir do ano de 2001,quando houve elevação em númerosignificativo de advogados no quadrode profissionais da CAIXA.

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"O que pôde ser feitopela ADVOCEF, em 21anos de evolução da

carreira profissional, foidesempenhado com zelo

e determinação."

"Será que a meta daDiretoria Jurídica, de

praticar a melhoradvocacia pública do

país, já pode serconsiderada cumprida?"

A alternativa pensada foi a buscada implementação do PCS/98, que,embora já aprovado, não era ofertadopela CAIXA. Percebeu-se mais tarde,numa reunião realizada com a Presidên-cia da CAIXA e também pelas justificati-vas apresentadas na mesa de negocia-ção, que o verdadeiro motivo do retar-damento da implementação do PCS/98era a espera daaprovação do NovoPlano da FUNCEF,para que este fosseatrelado à migraçãopara o novo PCS/98, o que somenteveio a ocorrer em2006, com a rees-truturação do PCS/98, que se transfor-mou na Nova Estru-tura Salarial da Car-reira Profissional (NES/2006), em vigora partir de 01/01/2007.

É necessário deixar claro que aADVOCEF não concordou com esseatrelamento da adesão ao Novo Planoda FUNCEF juntamente com a opçãopara a NES/2006, tanto que atendeu ainúmeros pedidos de colegas que se in-surgiram quanto a essa questão viareclamatória trabalhista por represen-tação. A reestruturação apresentadapela CAIXA naquele momento já haviasido fechada, e o atrelamento era umponto inegociável e não sentimos qual-quer interesse ou poder de persuasãopor parte das entidades sindicais con-tra essa cláusula. Ou a nova estruturaera aprovada pelos sindicatos daquelaforma ou ela não sairia.

É bom lembrar que a ADVOCEF atuanessas negociações coletivas apenascomo coadjuvante. Os protagonistassão as entidades sindicais, principal-mente a CONTEC. Para os colegas quemuitas vezes criticam a forma de atu-ação da ADVOCEF na condução dessesprocessos de realinhamento salarial,quero dizer que em minha singela opi-nião muitos assuntos tratados nas ne-gociações coletivas hoje em dia já vêmprontos, são colocados em mesa paradiscussão com os sindicatos para pe-quenos ajustes quanto à execução eoutros acertos de somenos importân-cia. Muitas vezes já se estabelecem

previamente pontos inegociáveis,como ocorreu com essa cláusula deatrelamento da adesão ao Novo Planoda FUNCEF em 2006 e, agora, maisrecentemente, por ocasião da últimareestruturação salarial da carreira,com a inclusão da cláusula que exigiua renúncia quanto à integração doshonorários ao salário.

Já em 2009,após aquela histó-rica greve dos pro-fissionais, advo-gados e enge-nheiros, propi-ciou-se a corre-ção da algumasinjustiças cometi-das quando daimplementaçãoda NES/2006,principalmente

quanto à promoção de alguns colegasadvogados júnior e pleno, e, também, aelevação do piso salarial. Com a NES/2013 sepultou-se de vez a inconsistên-cia existente no plano de carreira,viabilizando aos advogados que nãopossuíam direito ao ATS a progressãoaté o patamar de remuneração máxi-mo percebido pelos profissionais maisantigos, mediante a incorporação des-sa parcela ao salário-padrão.

Como se vê, o que pôde ser feitopelos gestores da ADVOCEF, desde asua criação, nes-se período de 21anos de evoluçãoda carreira profis-sional, foi desem-penhado comzelo e determina-ção. Buscou-sesempre o possí-vel. Mas, em mi-nha opinião, essaevolução não seesgota na ques-tão salarial. Quero repetir aqui o quedisse na minha fala de despedida, porocasião da homenagem prestada pe-los amigos do Jurir Belo Horizonte. Seobservarmos o Jurídico da CAIXA emtermos de estrutura e de controle emgeral, notaremos que nesse campotambém houve efetiva melhoria nosúltimos 10 anos, graças ao empenho

da Diretoria Jurídica. O número de fun-ções técnicas disponibilizadas ao pes-soal de apoio no Jurídico hoje em dia éexcepcional. Nunca houve tanta opor-tunidade aos colegas que nos auxili-am nas tarefas diárias de controle,como ocorre no momento, e isso im-plica um maior comprometimento decada um no desempenho de suas ta-refas.

As políticas definidas para a condu-ção dos processos estão no caminhocerto, priorizando os acordos, a redu-ção dos recursos, o enxugamento doacervo, o tratamento diferenciado paraas ações mais importantes, a buscapermanente do aprimoramento de pe-ças processuais pelas CTN, a divulga-ção de melhores práticas, as correntesde consulta etc.. Tudo isso representaferramentas postas à disposição e quevisam facilitar as tarefas do dia a diados advogados.

No passado, no auge das ações doFGTS, ouvíamos muita gente dizer queo Jurídico da CAIXA era o maior escritó-rio de advocacia do país, possuía naépoca aproximadamente 1.700.000ações. Se hoje esse número caiu de for-ma significativa e isso viabilizou umamelhor atuação técnica de seus profis-sionais na condução dos processos,com toda a certeza podemos dizer queo Jurídico da CAIXA é hoje, senão omelhor, um dos melhores escritórios de

advocacia do país,agora não em nú-mero de processos,mas em termos dequalidade técnicado trabalho desem-penhado por seusadvogados.

Será que ameta perseguidapela Diretoria Jurí-dica da CAIXA, depraticar a melhor

advocacia pública do país, já pode serconsiderada cumprida? A resposta cabea cada um de seus integrantes.

(*) Advogado da CAIXA em BeloHorizonte, aposentado em agosto de

2013. Ex-vice-presidente daADVOCEF nas gestões de 2004 a

2008.

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ver

*Professor de Língua Portuguesa eRedação Oficial em diversas

instituições. Autor de diversoslivros em sua especialidade, como:Português Prático (AGE, 13.ª ed.),

Análise Sintática Aplicada (emcoautoria com Luiz Agostinho

Cadore, AGE, 3.ª ed.), Manual deRedação Oficial dos Municípios

(AGE/Famurs) e Guia Prático daNova Ortografia (AGE, 10.ª ed.),

entre outros.

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51 3223.9385 | 3061.938551 9349.0533 | 3061.9384

Sugestão de leitura

Significado adulterado (2)Paulo Flávio Ledur*

SANGUE, SUOR E LÁGRIMAS

Luiz Fernando Oderich

O presidente da ONG Brasil Sem Gradesfala da dor de perder seu único filho,em uma tentativa de assalto, e chama aatenção do país para as questões desegurança e impunidade.

Dando sequência à abordagem inici-ada na edição anterior, seguem mais al-guns casos de palavras e expressões quevêm tendo seu significado adulterado:

Medicação / Medicamento: Medicação / Medicamento: Medicação / Medicamento: Medicação / Medicamento: Medicação / Medicamento: vêmsendo usados como sinônimos, mas nãosão; medicação é o conjunto de açõesprescritas, incluídos os medicamentos.

Onde / Aonde / Quando: onde Onde / Aonde / Quando: onde Onde / Aonde / Quando: onde Onde / Aonde / Quando: onde Onde / Aonde / Quando: onde eaonde aonde aonde aonde aonde só podem ser usados para referirlugar, nunca para indicar tempo. Errado:Estamos na primavera, ondeondeondeondeonde a vida re-nasce. Certo: Estamos na primavera,quandoquandoquandoquandoquando a vida renasce. Estamos no Sul,ondeondeondeondeonde faz frio no inverno e calor no verão.Equívoco mais grave ainda é utilizar, nes-ses casos, aondeaondeaondeaondeaonde, que corresponde apara ondepara ondepara ondepara ondepara onde: É importante saber aondeaondeaondeaondeaonde(para onde) se vai.

Ótico / Óptico: Ótico / Óptico: Ótico / Óptico: Ótico / Óptico: Ótico / Óptico: apesar do usoreiterado de ótico e óptico como si-nônimos, é preferível optar por óticoquando se faz referência aos ouvi-dos e por óptico quando a alusão éaos olhos.

Penalizar / Punir: Penalizar / Punir: Penalizar / Punir: Penalizar / Punir: Penalizar / Punir: em quepese alguns dicionários admitirem asduas palavras como sinônimas, deve-sepreferir o uso de punir com o significadorelativo a castigo, punição, e o de penali-zar quando relacionado ao sentimento depena.

Penetrar / Ingressar:Penetrar / Ingressar:Penetrar / Ingressar:Penetrar / Ingressar:Penetrar / Ingressar: segundo osdicionários, são sinônimos. Penetrar temo significado básico de passar para den-tro, enquanto ingressar tem sentido maisamplo, inclusive de penetrar, dependen-

do do contexto. Por exemplo, o advogadoingressa, e não penetra, com uma açãona Justiça.

Por outro lado: Por outro lado: Por outro lado: Por outro lado: Por outro lado: o uso abusivo des-ta expressão chegou a tal ponto que àsvezes a encontramos introduzindo frasessem que sequer tenha havido menção aum primeiro lado.

Possuir: Possuir: Possuir: Possuir: Possuir: possuir deriva de posse,devendo ser usado apenas nessa acepção,e não no sentido de ter. Errado: Possui duasfilhas. Possui muito trabalho. Certo: Possuimuitas terras. Possui rara inteligência.

Posto que: Posto que: Posto que: Posto que: Posto que: não se deve usar com osentido de porque, mas, sim, com o deembora. Errado: Assumiu o cargo, postoque (porque se elegera). Certo: Abando-nou a carreira, posto que (embora) tives-se talento.

Relegar: Relegar: Relegar: Relegar: Relegar: não se usa com o sentidode adiar, diferir, como na frase: Relegoupara a sentença o exame das prelimina-res.

Segmento / Seguimento: Segmento / Seguimento: Segmento / Seguimento: Segmento / Seguimento: Segmento / Seguimento: segui-mento é o que segue, que vem nasequência, enquanto segmento tem osentido de divisão; é o resultado dasegmentação.

Sob / Sobre: Sob / Sobre: Sob / Sobre: Sob / Sobre: Sob / Sobre: sob significa embaixode, enquanto sobre corresponde a emcima de. Nem uma nem outra podem serusadas com o sentido de em. Errado: Omédico fez uma cirurgia sobre a aorta.Estava sobre forte emoção. Certo: O mé-dico fez uma cirurgia na aorta. Estava sob

forte emoção.TTTTTer qer qer qer qer que / Tue / Tue / Tue / Tue / Ter de: er de: er de: er de: er de: quando se é

obrigado por lei ou ordem superior,usa-se ter de; não tendo esse signifi-cado, prefere-se ter que: Tenho de fa-zer a declaração de rendimentos. Te-nho que descansar.

TTTTTodo / Todo / Todo / Todo / Todo / Todo o: odo o: odo o: odo o: odo o: o uso sem artigodefinido tem o significado de qualquer:todo homem = qualquer homem; com oartigo, significa inteiro: todo o mundo = omundo inteiro. No plural todos, o artigo ésempre obrigatório: todas as mulheres,todos os homens.

Unanimidade / Consenso: Unanimidade / Consenso: Unanimidade / Consenso: Unanimidade / Consenso: Unanimidade / Consenso: estaspalavras se prestam para frequentes re-dundâncias, como: unanimidade total,consenso geral. É preciso lembrar queambas contêm o sentido da totalidade.

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Setembro | 2013 27

RealismoLuis Fernando Verissimo (*)C

rôni

cas

- Acho que deve ser uma Constituição realista.- Isso.- Nada de palavras bonitas mas que na prática não funcio-

nam.- Exato.- Afinal, para alguma coisa deve valer a nossa experiência

depois da última Constituição.- Vamos incorporar à Constituição tudo que aprendemos

nesses anos todos.- Fazer uma Constituição adaptada à realidade nacional.- Perfeito.- Acho que conseguiremos isso mantendo mais ou menos o

texto constitucional como ele está, mas acrescentando, a inter-valos, uma frase.

- Que frase?- "Contanto que".- "Contanto que?"- Por exemplo:

"Todo poder emana dopovo e em seu nomeserá exercido".

- Isso é básico.- Mas não funciona.

Falta o "contanto que".- Como?- Contanto que os

eleitos pelo povo nãorepresentem uma ame-aça muito grande a in-teresses estabelecidose privilégios conquista-dos, não despertem dú-vidas no contexto inter-nacional quanto ao tra-dicional alinhamentodo Brasil com certo bloco ideológico, não causem muito nervo-sismo nos quartéis e não venham de novo com aquela históriade reforma agrária para valer, porque aí não dá.

- Isso não se parece muito com linguagem constitucional.- Pode ficar: "Todo poder emana do povo e em seu nome

será exercido, contanto que o povo seja razoável".- Ficou melhor.- Onde consta que o Brasil é uma República Federativa e se

fala na autonomia dos Estados também cabe um "contanto que".- Qual?- "Contanto que os Estados consigam viver com a ridícula

parte que lhes cabe da arrecadação, porque isto não vai mudar,a União não vai abrir mão de um afeminado centavo e nãoadianta chorar".

- Sei não...- Depois a gente bota em linguagem mais protocolar.- Ah.- Outra coisa. Os direitos dos cidadãos perante a lei.- Também vai "contanto que"?- Só vai. Todo brasileiro é igual perante a lei, contanto que

não seja pé de chinelo, porque aí é culpado mesmo, ou rico,pois aí é considerado inocente até um bom advogado provarque é mesmo ou ele fugir do país, o que vier primeiro. Já cor-rupto, como se sabe, não é nem culpado nem inocente. Estáacima dessas classificações banais.

- Como é que deve ficar na Constituição?- Todos os pobres são iguais perante a lei, e se acharem

ruim vão se entendercom o delegado Irajá, oque não dá colher de chá.

- Não sei se...- Está bem, a gente

prefacia o artigo comuma citação em latim.Outra coisa. Onde dizque todo brasileiro temdireito a um salário mí-nimo que cubra seus

gastos essenciais comcomida, casa, trans-

porte etc..- "Contanto

que" nele.- Claro.

Contanto quenão faça extra-v a g â n c i a s

como comer todos os dias. É sabido que o que infelicita obrasileiro é a importação de hábitos estrangeiros, como o derefeições regulares. Isso é colonialismo cultural, que não levaem consideração as nossas peculiaridades, e precisa aca-bar.

- Como fica o texto constitucional?- "Todo trabalhador brasileiro tem direito a um salário míni-

mo que assegure para si e sua família casa, comida e etc."- Contanto que?- "Não leve isso muito a sério".

(*) Extraído de "Comédias daVida Real" (L&PM, 1995).

Texto escrito em 11/02/1987.

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Setembro | 2013 I

Suplemento integrante da ADVOCEF em Revista | Ano XII | Nº 127| Setenbro | 2013

Artigo 5º da Constituição Federal

TÍTULO IIDos Direitos e Garantias

Fundamentais

CAPÍTULO IDos Direitos e DeveresIndividuais e Coletivos

Art. 5º. Todos são iguais peran-te a lei, sem distinção de qualquernatureza, garantindo-se aos brasi-leiros e aos estrangeiros residentesno País a inviolabilidade do direito àvida, à liberdade, à igualdade, à se-gurança e à propriedade, nos ter-mos seguintes:

I - homens e mulheres sãoiguais em direitos e obrigações,nos termos desta Constituição;

II - ninguém será obrigado a fa-zer ou deixar de fazer alguma coi-sa senão em virtude de lei;

III - ninguém será submetido atortura nem a tratamento desu-mano ou degradante;

IV - é livre a manifestação dopensamento, sendo vedado o ano-nimato;

V - é assegurado o direito deresposta, proporcional ao agravo,além da indenização por danomaterial, moral ou à imagem;

VI - é inviolável a liberdade de

O artigo 5º é considerado um dos mais importantes da Constituição Federal. Vai aqui transcritona íntegra, com os seus 78 incisos, em homenagem aos 25 anos de sua promulgação, em 5 deoutubro de 1988.

consciência e de crença, sendo as-segurado o livre exercício dos cul-tos religiosos e garantida, na for-ma da lei, a proteção aos locaisde culto e a suas liturgias;

VII - é assegurada, nos termosda lei, a prestação de assistênciareligiosa nas entidades civis e mi-litares de internação coletiva;

VIII - ninguém será privado dedireitos por motivo de crença reli-giosa ou de convicção filosófica oupolítica, salvo se as invocar paraeximir-se de obrigação legal a to-dos imposta e recusar-se a cum-prir prestação alternativa, fixadaem lei;

XI - a casa é asilo inviolável doindivíduo, ninguém nela podendopenetrar sem consentimento domorador, salvo em caso de fla-grante delito ou desastre, ou paraprestar socorro, ou, durante o dia,por determinação judicial;

XII - é inviolável o sigilo da cor-respondência e das comunicaçõestelegráficas, de dados e das co-municações telefônicas, salvo, noúltimo caso, por ordem judicial,nas hipóteses e na forma que alei estabelecer para fins de inves-tigação criminal ou instrução pro-cessual penal; (Vide Lei nº 9.296,de 1996.)

XIII - é livre o exercício de qual-quer trabalho, ofício ou profissão,atendidas as qualificações profis-sionais que a lei estabelecer;

XIV - é assegurado a todos oacesso à informação e resguarda-do o sigilo da fonte, quando ne-cessário ao exercício profissional;

XV - é livre a locomoção no ter-ritório nacional em tempo de paz,podendo qualquer pessoa, nos ter-mos da lei, nele entrar, permane-cer ou dele sair com seus bens;

XVI - todos podem reunir-se pa-cificamente, sem armas, em locaisabertos ao público, independente-mente de autorização, desde que

"Todos são iguais perantea lei, sem distinção de

qualquer natureza."

IX - é livre a expressão da ativi-dade intelectual, artística, científi-ca e de comunicação, independen-temente de censura ou licença;

X - são invioláveis a intimida-de, a vida privada, a honra e aimagem das pessoas, asseguradoo direito a indenização pelo danomaterial ou moral decorrente desua violação;

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Setembro | 2013II

não frustrem outra reunião anteri-ormente convocada para o mes-mo local, sendo apenas exigidoprévio aviso à autoridade compe-tente;

XVII - é plena a liberdade de as-sociação para fins lícitos, vedadaa de caráter para-militar;

XVIII - a criaçãode associações e,na forma da lei, a dec o o p e r a t i v a sindependem de au-torização, sendo ve-dada a interferênciaestatal em seu funcionamento;

XIX - as associações só pode-rão ser compulsoriamente dissol-vidas ou ter suas atividadessuspensas por decisão judicial, exi-gindo-se, no primeiro caso, o trân-sito em julgado;

XX - ninguém poderá ser com-pelido a associar-se ou a perma-necer associado;

XXI - as entidades associativas,quando expressamente autoriza-das, têm legitimidade para repre-sentar seus filiados judicial ouextrajudicialmente;

XXII - é garantido o direito depropriedade;

XXIII - a propriedade atenderáa sua função social;

XXIV - a lei estabelecerá o pro-cedimento para desapropriaçãopor necessidade ou utilidade pú-blica, ou por interesse social, me-diante justa e prévia indenizaçãoem dinheiro, ressalvados os casosprevistos nesta Constituição;

XXV - no caso de iminente peri-go público, a autoridade competen-te poderá usar de propriedade par-ticular, assegurada ao proprietárioindenização ulterior, se houverdano;

XXVI - a pequena propriedade ru-ral, assim definida em lei, desde quetrabalhada pela família, não será ob-jeto de penhora para pagamento dedébitos decorrentes de sua ativida-de produtiva, dispondo a lei sobreos meios de financiar o seu desen-

volvimento;XXVII - aos au-

tores pertence o di-reito exclusivo deutilização, publica-ção ou reproduçãode suas obras,transmissível aosherdeiros pelo tem-

po que a lei fixar;XXVIII - são assegurados, nos

termos da lei:a) a proteção às participações

individuais em obras coletivas e àreprodução da imagem e voz hu-manas, inclusive nas atividadesdesportivas;

b) o direito de fiscalização doaproveitamento econômico dasobras que criarem ou de que parti-ciparem aos criadores, aos intér-pretes e às respectivas represen-tações sindicais e associativas;

XXIX - a lei assegurará aos au-tores de inventos industriais privi-légio temporário para sua utiliza-ção, bem como proteção às cria-ções industriais, àpropriedade dasmarcas, aos no-mes de empresase a outros signosdistintivos, tendoem vista o interes-se social e o de-s e n v o l v i m e n t otecnológico e eco-nômico do País;

XXX - é garantido o direito deherança;

XXXI - a sucessão de bens deestrangeiros situados no País será

regulada pela lei brasileira embenefício do cônjuge ou dos filhosbrasileiros, sempre que não lhesseja mais favorável a lei pessoaldo "de cujus";

XXXII - o Estado promoverá, naforma da lei, a defesa do consu-midor;

XXXIII - todos têm direito a re-ceber dos órgãos públicos informa-ções de seu interesse particular, oude interesse coletivo ou geral, queserão prestadas no prazo da lei,sob pena de responsabilidade, res-salvadas aquelas cujo sigilo seja im-prescindível à segurança da socie-dade e do Estado; (Regulamento)

XXXIV - são a todos assegura-dos, independentemente do paga-mento de taxas:

a) o direito de petição aos Po-deres Públicos em defesa de direi-tos ou contra ilegalidade ou abu-so de poder;

b) a obtenção de certidões emrepartições públicas, para defesade direitos e esclarecimento de si-tuações de interesse pessoal;

XXXV - a lei não excluirá daapreciação do Poder Judiciário le-são ou ameaça a direito;

XXXVI - a lei não prejudicará odireito adquirido, o ato jurídico per-

feito e a coisajulgada;

XXXVII - não ha-verá juízo ou tribu-nal de exceção;

XXXVIII - é reco-nhecida a institui-ção do júri, com aorganização quelhe der a lei, asse-gurados:

a) a plenitude de defesa;

b) o sigilo das votações;

c) a soberania dos veredictos;

"Ninguém seráprivado de direitos

por motivo de crençareligiosa ou de

convicção filosóficaou política."

"Ninguém seráobrigado a fazer ou

deixar de fazer algumacoisa senão emvirtude de lei."

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Setembro | 2013 III

d) a competência para o julga-mento dos crimes dolosos contraa vida;

XXXIX - não há crime sem lei an-terior que o defina, nem pena semprévia cominação legal;

XL - a lei penal não retroagirá,salvo para beneficiar o réu;

XLI - a lei punirá qualquer dis-criminação atentatória dos direitose liberdades fundamentais;

XLII - a prática do racismo cons-titui crime inafiançável e impres-critível, sujeito à pena de reclusão,nos termos da lei;

XLIII - a lei considerará crimesinafiançáveis e insuscetíveis de gra-ça ou anistia a prática da tortura, otráfico ilícito de entorpecentes edrogas afins, o terrorismo e os de-finidos como crimes hediondos, poreles respondendo os mandantes,os executores e os que, podendoevitá-los, se omitirem;

XLIV - constitui crime inafian-çável e imprescritível a ação degrupos armados, civis ou militares,contra a ordem constitucional e oEstado Democrático;

XLV - nenhuma pena passará dapessoa do condenado, podendo aobrigação de reparar o dano e a de-cretação do perdimento de bens ser,nos termos da lei, estendidas aos su-cessores e contraeles executadas,até o limite do valordo patrimônio trans-ferido;

XLVI - a lei regu-lará a individuali-zação da pena eadotará, entre outras, as seguin-tes:

a) privação ou restrição da li-berdade;

b) perda de bens;c) multa;

d) prestação social alternativa;e) suspensão

ou interdição de di-reitos;

XLVII - não ha-verá penas:

a) de morte,salvo em caso deguerra declarada,nos termos do art.84, XIX;

b) de caráter perpétuo;c) de trabalhos forçados;d) de banimento;e) cruéis;XLVIII - a pena será cumprida

em estabelecimentos distintos, deacordo com a natureza do delito,a idade e o sexo do apenado;

XLIX - é assegurado aos presoso respeito à integridade física emoral;

L - às presidiárias serão asse-guradas condições para que pos-sam permanecer com seus filhosdurante o período de amamen-tação;

LI - nenhum brasileiro será extra-ditado, salvo o naturalizado, emcaso de crime comum, praticadoantes da naturalização, ou de com-provado envolvimento em tráfico ilí-cito de entorpecentes e drogas

afins, na forma dalei;

LII - não seráconcedida extradi-ção de estrangeiropor crime políticoou de opinião;

LIII - ninguémserá processado nem sentenciadosenão pela autoridade competen-te;

LIV - ninguém será privado daliberdade ou de seus bens sem odevido processo legal;

LV - aos litigantes, em processojudicial ou administrativo, e aos acu-

sados em geral sãoassegurados o con-traditório e ampladefesa, com os mei-os e recursos a elainerentes;

LVI - são inad-missíveis, no pro-cesso, as provas

obtidas por meios ilícitos;LVII - ninguém será considera-

do culpado até o trânsito em julga-do de sentença penal condena-tória;

LVIII - o civilmente identificadonão será submetido a identificaçãocriminal, salvo nas hipóteses pre-vistas em lei; (Regulamento.)

LIX - será admitida ação privadanos crimes de ação pública, se estanão for intentada no prazo legal;

LX - a lei só poderá restringir apublicidade dos atos processuaisquando a defesa da intimidade ouo interesse social o exigirem;

LXI - ninguém será preso senãoem flagrante delito ou por ordemescrita e fundamentada de autori-dade judiciária competente, salvonos casos de transgressão militarou crime propriamente militar, de-finidos em lei;

LXII - a prisão de qualquer pes-soa e o local onde se encontre se-rão comunicados imediatamenteao juiz competente e à família dopreso ou à pessoa por ele indicada;

LXIII - o preso será informadode seus direitos, entre os quais ode permanecer calado, sendo-lheassegurada a assistência da famí-lia e de advogado;

LXIV - o preso tem direito à iden-tificação dos responsáveis por suaprisão ou por seu interrogatório po-licial;

"É livre a expressãoda atividade

intelectual, artística,científica e de

comunicação."

"O Estado promoverá,na forma da lei, a

defesa doconsumidor."

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Setembro | 2013IV As matérias publicadas neste suplemento são de responsabilidade exclusiva de seus autores.O encarte pode ser acessado, na íntegra, no site da ADVOCEF (menu Publicações).

Ano XII | Nº 127 | Setembro | 2013

LXV - a prisão ilegal será imedia-tamente relaxada pela autoridade ju-diciária;

LXVI - ninguém será levado à pri-são ou nela manti-do, quando a lei ad-mitir a liberdadeprovisória, com ousem fiança;

LXVII - não have-rá prisão civil por dí-vida, salvo a do res-ponsável pelo ina-dimplemento voluntário e inescusávelde obrigação alimentícia e a do depo-sitário infiel;

LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ouse achar ameaçado de sofrer violên-cia ou coação em sua liberdade delocomoção, por ilegalidade ou abusode poder;

LXIX - conceder-se-á mandadode segurança para proteger direito lí-quido e certo, não amparado por"habeas-corpus" ou "habeas-data",quando o responsável pela ilegalida-de ou abuso de poder for autoridadepública ou agente de pessoa jurídicano exercício de atribuições do PoderPúblico;

LXX - o mandado de segurançacoletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com represen-tação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidadede classe ou associação legalmenteconstituída e em funcionamento hápelo menos um ano, em defesa dosinteresses de seus membros ou as-sociados;

LXXI - conceder-se-á mandado deinjunção sempre que a falta de nor-ma regulamentadora torne inviável o

"O Estado prestaráassistência jurídica

integral e gratuita aosque comprovarem

insuficiência derecursos."

"Ninguém seráprivado da liberdadeou de seus bens sem

o devido processolegal."

exercício dos direitos e liberdadesconstitucionais e das prerrogativasinerentes à nacionalidade, à sobera-nia e à cidadania;

LXXII - conceder-se-á "habeas-data":

a) para assegu-rar o conhecimentode informações rela-tivas à pessoa doimpetrante, cons-tantes de registrosou bancos de dados

de entidades governamentais ou decaráter público;

b) para a retificação de dados,quando não se prefira fazê-lo por pro-cesso sigiloso, judicial ou administra-tivo;

LXXIII - qualquer cidadão é partelegítima para propor ação popular quevise a anular ato lesivo ao patrimôniopúblico ou de entidade de que o Es-tado participe, à moralidade adminis-trativa, ao meio ambiente e aopatrimônio histórico e cultural, fican-do o autor, salvo comprovada má-fé,isento de custas judiciais e do ônusda sucumbência;

LXXIV - o Estadoprestará assistênciajurídica integral egratuita aos quecomprovarem insu-ficiência de recur-sos;

LXXV - o Estadoindenizará o conde-nado por erro judiciário, assim comoo que ficar preso além do tempo fi-xado na sentença;

LXXVI - são gratuitos para os re-conhecidamente pobres, na formada lei:

a) o registro civil de nascimento;b) a certidão de óbito;LXXVII - são gratuitas as ações de

"habeas-corpus" e "habeas-data", e,na forma da lei, os atos necessáriosao exercício da cidadania.

LXXVIII - A todos, no âmbito judi-cial e administrativo, são assegura-dos a razoável duração do processoe os meios que garantam aceleridade de sua tramitação. (Inclu-ído pela Emenda Constitucional nº 45,de 2004.)

§ 1º - As normas definidoras dosdireitos e garantias fundamentaistêm aplicação imediata.

§ 2º - Os direitos e garantias ex-pressos nesta Constituição não ex-cluem outros decorrentes do regimee dos princípios por ela adotados, oudos tratados internacionais em quea República Federativa do Brasil sejaparte.

§ 3º - Os tratados e convençõesinternacionais sobre direitos huma-nos que forem aprovados, em cadaCasa do Congresso Nacional, em

dois turnos, por trêsquintos dos votosdos respectivosmembros, serãoequivalentes àsemendas constituci-onais. (Incluído pelaEmenda Constitucio-nal nº 45, de 2004.)(Atos aprovados naforma deste pará-

grafo.)§ 4º - O Brasil se submete à juris-

dição de Tribunal Penal Internacionala cuja criação tenha manifestadoadesão. (Incluído pela EmendaConstitucional nº 45, de 2004.)