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2015 RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA Centro de Estudos e Investigação Científica

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2015

RELATÓRIOECONÓMICODE ANGOLA

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLACentro de Estudos e Investigação Científica

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TÍTULORelatório Económico de Angola 2015

AUTORUniversidade Católica de Angola

EDITORUniversidade Católica de AngolaRua Pedro de Castro Van-Dúnem, 24,Bairro Palanca, C.P. 2064 LuandaWeb site: www.ucan.eduEmail: [email protected]

PRÉ-IMPRESSÃOLeYa, S.A.

CAPALeYa, S.A.

IMPRESSÃO E ACABAMENTOSCEMLUANDA, JUNHO DE 2016 • 1.a EDIÇÃO 1.a TIRAGEM (1000 exemplares)Registado na Biblioteca Nacional de Angola sob o n.o 7550/2016

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

CENTRO DE ESTUDOS E INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

COORDENADOR – Alves da RochaCarlos LeiteRegina SantosCarlos VazFrancisco PauloPrecioso DomingosJoão FonsecaJuvelino Domingos Fernando PachecoAna Duarte (Ins tuto Superior Polit cnico Lus ada de Benguela)Judite ValenteVissolela ChivundaWilson SilvaManuel Alberto

COM A COLABORAÇÃO DO CHRISTIAN MICHELSEN INSTITUTEIvar KolstadArne Wiig

CENTRO DE ESTUDOS E INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

INVESTIGADORES PERMANENTES Alves da RochaCarlos VazCláudio FortunaCláudio TomásFrancisco PauloNelson PestanaOsvaldo SilvaPrecioso DomingosRegina SantosVissolela ChivundaWilson Silva

INVESTIGADORES COLABORADORESAlber na DelgadoCarlos LeiteCarlos PintoEduardo SassaFernando PachecoGilson LázaroJos OliveiraLu s Bon mMarco PauloMargareth Nanga

ADMINISTRAÇÃO E FINANÇASMargarida TeixeiraLúcia CoutoEvadia KuyotaAfonso Romão

Website do CEIC: www.ceic -ucan.org

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APRESENTAÇÃO ................................................................................................................... 7

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 11

1. A economia mundial e o enquadramento externo da economia angolana .................... 17

2. ........................................................................................................... 202.1 Processo de gestão do Orçamento .............................................................................. 20

2.1.1 OGE 2015: análise da execução .......................................................................... 252.1.1.1 Conteúdo do OGE 2015: do inicial ao revisto. As reformas e os

a ustamentos. A in u ncia do ciclo nega vo do preço do petróleo ....... 252.1.1.2 Análise da execução do OGE 2015 ......................................................... 30

2.2 Dese uil brios fundamentais do OGE entre 2002 e 2015 ............................................ 322.3 Pro ecç es orçamentais at 2020 em contexto internacional adverso ....................... 35

3. ............................................................................................ 403.1 Ob ec vos da pol ca monetária e cambial ................................................................. 403.2 T tulos do Tesouro ....................................................................................................... 433.3 Operaç es de pol ca monetária ................................................................................. 483.4 Taxas de juro ................................................................................................................ 493.5 Mercado cambial e taxas de câmbio ........................................................................... 543.6 Agregados monetários ................................................................................................. 573.7 Sistema bancário ......................................................................................................... 653.8 Mercado de Capitais .................................................................................................... 68

4. ................................................................................ 704.1 Enquadramento geral .................................................................................................. 704.2 Produto Interno Bruto: uma análise geral ................................................................... 774.3 Análise sectorial do Produto Interno Bruto ................................................................. 86

4.3.1 Agricultura, pecuária e orestas ......................................................................... 864.3.1.1 Comportamento da produção ................................................................ 864.3.1.2 As pol cas agrárias ................................................................................ 100

4.3.2 Indústria transformadora ................................................................................... 1044.3.2.1 Comportamento da produção ................................................................ 1054.3.2.2 Os pólos industriais. As pol cas industriais ........................................... 113

4.3.3 Extracção de petróleo ......................................................................................... 1164.3.3.1 Os ciclos do preço do petróleo desde 1987 ............................................ 1164.3.3.2 Comportamento da produção ................................................................ 1194.3.3.3 As pol cas petrol feras .......................................................................... 122

4.3.4 Construção e obras públicas ............................................................................... 122

ÍNDICE

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4.3.4.1 Comportamento da produção ................................................................ 1234.3.4.2 As pol cas de construção ...................................................................... 126

4.3.5 Transportes ......................................................................................................... 1264.3.5.1 Considerações gerais .............................................................................. 1264.3.5.2 A prestação de serviços de transporte ................................................... 1264.3.5.3 A pol ca de transportes ........................................................................ 129

4.4 O sector externo .......................................................................................................... 134

5. ........................................................................................... 1465.1 Considerações gerais ................................................................................................... 1465.2 Indicadores de diversi cação da economia nacional. Os projectos de inves mento

em curso que concorrem para a diversi cação (os projectos estruturantes) .............. 1525.2.1 Os projectos estruturantes: avaliação em 2015 ................................................. 156

5.3 Diversi ca on of employment in Angola 2002-2014 .................................................. 1725.3.1 Introduc on ........................................................................................................ 1725.3.2 Employment diversi ca on in Angola: a descrip ve overview .......................... 1745.3.3 Rela ve employment diversi ca on in Angola:

a synthe c control approach .............................................................................. 1785.3.4 Concluding remarks ............................................................................................ 182

5.4 O que se disse sobre a diversi cação da economia em 2015 ...................................... 1835.5 A segunda fase do projecto de inves gação CEIC/CMI sobre a diversi cação

económica em Angola ................................................................................................. 194

6.à Zona de Livre Comércio da SADC em 2017 .................................................................... 1966.1 Introdução ................................................................................................................... 1966.2 Metodologia ................................................................................................................ 1996.3 O estado actual das condições de integração económica na Zona

de Livre Com rcio (ZLC) da SADC ................................................................................ 2006.4 Capacidade actual de crescimento .............................................................................. 2076.5 Capacidade de crescimento futuro (criação de produto potencial) ............................ 2126.6 Compe vidade .......................................................................................................... 220

6.6.1 Compe vidade pelos preços ............................................................................ 2266.6.2 Compe vidade pela taxa de câmbio real efec va (REER) ................................ 230

6.7 Inves mento estrangeiro directo l quido ..................................................................... 2326.8 Concentração das exportações .................................................................................... 2346.9 Diversi cação das exportações .................................................................................... 2416.10 A dimensão social da Zona de Livre Com rcio da SADC ............................................ 2426.11 Conclusões ................................................................................................................. 248

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7. ...................... 2507.1 Fim do ciclo do petróleo .............................................................................................. 2507.2 A diversi cação da economia ...................................................................................... 2537.3 Desigualdade de rendimentos e de riqueza ................................................................ 258

8. ................................................................................................. 2898.1 Introdução ................................................................................................................... 2898.2 Es ma vas do desemprego e do valor da produ vidade ............................................ 2918.3 Pol cas públicas de emprego e formação pro ssional ............................................... 297

9. o ............................................................................................................................ 2999.1 Comportamento da in ação em 2015 ......................................................................... 2999.2 Análise dos preços rela vos ........................................................................................ 3039.3 Análise da in ação em Angola com base no IPCN ....................................................... 3089.4 Nota nal ..................................................................................................................... 320

10. .......................................................................................... 32510.1 A economia mundial e os principais parceiros económicos de Angola .................... 32510.2 A economia angolana .............................................................................................. 32710.3 Perspec vas económicas para Angola a curto e m dio prazo:

reforço da pol ca scal e monetária ....................................................................... 333

11. ............................. 340

12. .................................................... 37012.1 Caracterização geográ ca, administra va e demográ ca ........................................ 37012.2 Diagnós co dos sectores económicos ..................................................................... 373

12.2.1 Agricultura, silvicultura, pecuária e pescas ................................................... 37312.2.2 Geologia e minas ........................................................................................... 38112.2.3 Indústria transformadora .............................................................................. 38412.2.4 Com rcio ....................................................................................................... 38612.2.5 Construção, infra-estruturas e transportes ................................................... 38812.2.6 Energia e águas ............................................................................................. 39012.2.7 Emprego e formação pro ssional ................................................................. 39312.2.8 Análise SWOT ................................................................................................ 397

12.3 Objec vos de desenvolvimento 2013-2017: indicadores de objec vospara diferentes sectores económicos ...................................................................... 40012.3.1 Caracterização dos munic pios ...................................................................... 401

12.4 Conclusão ................................................................................................................. 410

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 413

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O ano 2015 marca uma ruptura com os anos mais recentes da economia nacional. O n vel de vida da população tem -se degradado desde 2013, não apenas devido à diminuição do ren-dimento nacional, como à retoma da in ação a dois d gitos. Mesmo sem informações esta s-

cas, o ndice de pobreza seguramente aumentou. Os ajustamentos do OGE 2015 obrigaram a passar -se dum PIB nominal de 134 809 milhões de dólares em 2013, para 115 349 milhões de dólares em 2015. Em 2014, as es ma vas do Governo apontavam para o PIB nominal de 127 132 milhões de dólares1. Consequentemente o PIB por habitante diminuiu de USD 5210, para USD 4599. A maior in ação descontou poder de compra aos já de si baixos salários e a redução/eliminação dos subs dios aos preços dos combus veis agravou, ainda mais, a situação de quem já era exclu do. Parece que, de facto, não foram apenas os ricos que bene ciaram de preços subsidiados: as fam lias mais pobres foram provavelmente as mais nega vamente afectadas pelo aumento do preço dos combus veis, uma vez que gastam uma percentagem maior do seu orçamento total em combus vel e em produtos que são impactados por esses preços 2.

As inicia vas governamentais de aumento das receitas scais – determinadas pela necessi-dade de se reduzirem os d ces orçamentais – podem desencadear efeitos perversos sobre as inicia vas empresariais privadas e aumentar a submersão de uma parte da economia nacional. A obtenção de ganhos de e ci ncia no processo de arrecadação das receitas públicas deve ser o primeiro passo para um melhor enquadramento macroeconómico dos d ces do Estado. Depois de a economia recuperar ânimo e crescer em compe vidade, então a aplicação da Reforma Tributária pode ser mais integral.

As necessidades de nanciamento da economia nacional são avultadas. Uma aproximação deste esforço pode ser feita ao considerar -se USD 80 o preço do barril de petróleo óp mo e to-mando uma produção/exportação de petróleo de 1 850 000 barris/dia: setenta e quatro mil mi-lhões de dólares. Da o processo de reajustamento em baixa dos consumos (privado e público), dos inves mentos, do emprego, das exportações, das importações e do crescimento económico. O recurso ao Fundo Monetário Internacional para nanciamento da Balança de Pagamentos não ocorreu em 2015 – a despeito da disponibilidade manifestada por alguns dos seus responsáveis,

1 ados a s de os do a o do e d a es e ode se e o ados o a a o s o os se es es es es 2 a o d a ado e a a sa de e e e o de

APRESENTAÇÃO

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tais como o representante residente da Ins tuição e o Chefe de Missão a Angola durante as duas visitas efectuadas. A nal, um programa de assist ncia t cnica e nanceira como o FMI acabou por ser discu do e rubricado em 2016.

O Relatório Económico de 2015 manteve a mesma con guração de anos anteriores, tendo, no entanto, reforçado os enfoques monetário e orçamental da pol ca do Governo, na medida em que são as duas áreas por onde os ajustamentos estruturais terão de passar, para se cria-rem novos fundamentos macroeconómicos que possibilitem a passagem a um modelo novo de crescimento, para lá do petróleo. A diversi cação da economia – a única forma de aumentar a capacidade de resili ncia da economia nacional e de densi car a malha de relações inter e intra--sectoriais (os famosos clusters) – a grande reforma estrutural que deve ser posta em prá ca rapidamente, em moldes serenos, pensados e racionais, pois os resultados exigem tempo e muito dinheiro e para que sejam sustentáveis e endogeneizáveis, apela vos de capital humano nacional.

Ainda que em moldes diferentes, a diversi cação da economia con nua a ser abordada neste Relatório, por ser uma mat ria de pesquisa aliciante e de acompanhamento obrigató-rio, dado ter de passar a ser o estado normal da economia angolana: diversi car, diversi car sempre.

A análise da compe vidade apresentada atrav s de um caso concreto: tem a economia nacional capacidade de se integrar na Zona de Livre Com rcio da SADC em 2017 e compet n-cia para disputar franjas do mercado comunitário de elevada exig ncia Os amplos bene cios económicos e sociais associados às economias de escala próprias de mercados alargados e de grande dimensão só poderão ser repar dos de forma rela vamente equilibrada entre as partes da ZLC se cada uma souber aproveitar, com destreza, as respec vas vantagens compara vas.

Na análise do sector petrol fero – o principal responsável pela crise nanceira e económica do pa s – introduziu -se um parágrafo onde se analisam os ciclos do preço do barril de petróleo desde 1987, relacionando -os com os mais relevantes acontecimentos nacionais e internacio-nais. Conclui -se que desde a independ ncia a presente crise do preço do petróleo a 5.a, mas com uma nota que as restantes não veram: a elevada probabilidade de a par r de agora o preço estabelecer -se no intervalo USD 60 -USD 753, insu ciente para cobrir as necessidades da economia e do Governo. Da as correcções em baixa introduzidas nas diferentes componentes macroeconómicas, at que novas fontes de geração de divisas e de impostos apareçam e se estruturem.

As perspec vas de crescimento da economia angolana, apresentadas no cap tulo 10, foram elaboradas na base do modelo estrutural existente no CEIC. Como se sabe, existem mais de ene projecções sobre a economia nacional. um cardápio completo de hipóteses, objec vos e

3 BP Energy Outlook 2035 e e e o

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pol cas. Por isso, preferiu -se operar da seguinte maneira (tendo presente que, como se disse, a diversi cação vai passar a ser o estado natural da economia nacional por impera vos de se-gurança económica e desenvolvimento social): admi u -se a redução do coe ciente de petróleo da economia nacional e um incremento na proporção de incorporação nacional no VAB global. Este caminho facilita a dedução das competentes pol cas de fomento e incen vo, sejam ma-croeconómicas, sejam microeconómicas.

As projecções abarcam o per odo 2006/2020, fazendo -se uma comparação com os valores disponibilizados por algumas ag ncias internacionais, especialmente o Fundo Monetário Inter-nacional.

Resolveu -se, desta vez, monografar a prov ncia do Zaire, fortemente abalada, na sua eco-nomia e sociedade local, pela queda dos preços do petróleo e das receitas scais do Estado.

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Muitos temas interessantes de análise surgiram no decurso de 2015.

Um deles relacionado com a negociação com a China, embora não se tenha do informação clara sobre o que foi negociado, os compromissos assumidos, as contrapar das dadas, etc., o que normal num pa s de transpar ncia reduzida e de regime pol co pouco aberto e dado à prestação de informação. Mas o intrigante que sempre a China que aparece nos piores mo-mentos nanceiros de Angola (a comunidade internacional recusou liminarmente em 2003 o apelo do Presidente Jos Eduardo dos Santos para a realização duma Confer ncia Internacional de Doadores, para concitar apoios à reconstrução do pa s, depois da devastação de 27 anos de guerra civil, tendo sido a China a disponibilizar os primeiros nanciamentos a Angola para esse efeito). Apesar da actual d vida ser, segundo alguns apontamentos a este respeito que vão vazando para a Imprensa, de mais de 15 mil milhões de dólares, a China aprestou -se, uma vez mais, a socorrer as autoridades angolanas, aparentemente com quan as soberbas e generosas. Falou -se numa soma de 20 mil milhões de dólares, rela va aos novos nanciamentos -linhas de cr dito da China (incluindo -se 3,5 mil milhões para uma nova barragem hidroel ctrica no m dio Kwanza) e uma ced ncia de mais de 500 000 hectares de terras4. No discurso do estado da Nação, apresentado na Assembleia Nacional em 15 Outubro de 2015 pelo Vice -Presidente da República, apresentou -se publicamente e pela primeira vez a informação o cial sobre o va-lor desse empr s mo: seis mil milhões de dólares. No entanto, con nua por se conhecerem as reais contrapar das: taxas de juros, garan as de petróleo, concessão de terras, etc.

Já por diversas vezes foi expressa a opinião do CEIC sobre as linhas de cr dito estrangeiras, que o caso dos contratos discu dos e assinados durante a deslocação do Chefe de Estado ao Imp rio do Meio . As linhas de cr dito, chinesas e outras, não ajudam nem os empresários,

nem os trabalhadores, nem a economia angolana. Ainda que estejam isentas de condicionali-dades pol cas (como não acontece com as de proveni ncia ocidental europeia) e permaneçam acauteladas boas condições de juro e de reembolso, existem inconvenientes:

a) Os pagamentos às empresas chinesas pelas obras, bens e serviços prestados em Angola são feitos directamente na China, signi cando que o sistema bancário angolano não par cipa na gestão destes recursos nanceiros, nem se aproveita dos correspondentes efeitos mul plicadores (mul plicador de cr dito). Trata -se, na verdade, de um sistema

4 a e es e e a Expresso de o de

INTRODUÇÃO

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prejudicial ao pa s, ao afastar empresas, empresários e trabalhadores angolanos do even-tuais bene cios da sua u lização. Aparentemente, as promessas do Governo chin s de ser um parceiro ideal para frica não se coadunam com este po de estrat gia nanceira, ainda que nas linhas de cr dito os recursos nanceiros sejam alheios.

A percentagem de negócios que cabe às empresas angolanas baixa (no caso das linhas de cr dito da China de 30 ), mas mesmo assim incumprida por duas ordens de jus ca-ções: falta de capacidade empresarial nacional (queixam -se os chineses), má -f e falta de solidariedade empresarial (protestam os capitães de indústrias nacionais). No nal das contas, os efeitos em valor agregado nacional e endógeno são reduzidos.

c) A criação de emprego diminuta no caso dos nanciamentos chineses5: grande parte da mão -de -obra necessária importada do pa s de origem, as quali cações dos trabalha-dores angolanos não são adequadas às caracter s cas dos trabalhos (jus cam os empre-sários chineses), as regras de funcionamento do mercado de trabalho em Angola são r gi-das (a despeito da recente liberalização, na China bem pior para os trabalhadores e uma b nção para os capitalistas do ainda resistente e único sistema comunista do mundo).

d) uando as linhas de cr dito são usadas para fomentar as exportações de bens e serviços dos pa ses que as concedem, então os efeitos podem ainda ser mais nefastos (embora em situações de elevada compe vidade preço -qualidade pudessem elevar o bem -estar nacional): agrava -se a d vida externa sem contrapar das em ac vos materiais, piora -se o d ce das contas externas e deses mula -se a produção interna. Seguramente que o caso das linhas nanceiras chinesas, pelo menos numa determinada proporção.

e) Mas os entusiastas indefec veis da cooperação nanceira com a China, saúdam -na como o ve culo para o reforço da classe m dia alta em Angola6.

Por isso que são prefer veis outras modalidades de nanciamento e criação de crescimento económico: empr s mos contra dos nos mercados nanceiros internacionais (naturalmente ponderando -se e discu ndo -se as condições inerentes à sua u lização) e o inves mento directo estrangeiro. Mas tamb m neste caso se deve atender a determinados factores: criação l qui-da de emprego, cons tuição de novas empresas que es mulem a construção de uma rede de

5 e de e a a e o d s a o e e a o aos a a ado es a o a os e e os sa a a s e de des o os a a a e a a o a a e d a ado ada e as e esas e-sas e assa e o e a e o de o e s a a ado es a o a os o s do a s a a s s a o ada o -de -o a esa e e o a e e a se os os e o e s o dese e-ados o a o a os a a -se e o -de -o a a a a s a a a os a sso e o a o da o--de -o a a a a o o e a s es a o a e o a e e a in Novo Jornal de a o de da o es o e o o o o ado es a da o a o de os a a ado-es a o a os e es a se o s e esas esas o des o a e a a a e a a o a6 e a e e sa e e s a de e so es a a do ao e a o Expansão de de o de so e as o d es so a s e o a e o de se a o da a a a das asses so a s

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fornecedores internos que alarguem a base produ va e mul pliquem os postos de trabalho – uma esp cie de cluster, na terminologia de Michael Porter – e fabricação de novos produtos prop cios às exportações. As operações de inves mento directo estrangeiro que t m predominado na eco-nomia angolana – sejam portuguesas, brasileiras ou chinesas – estão longe deste paradigma. Com a agravante – denunciada pela então Presidenta da Ag ncia Nacional do Inves mento Privado – de, na maior parte dos casos, esse IDE não corresponder à entrada de meios nanceiros, com os inves dores estrangeiros a nanciarem -se com recursos do sistema bancário nacional.

Os factos ocorridos em 2015 apontaram para uma tend ncia de degradação das receitas da economia e do Estado, conforme se anota nos cap tulos seguintes. A diversi cação da eco-nomia não existe (reconhecimento expresso pelo Ministro da Economia perante uma plateia de militantes do MPLA e transmi do pela RTP frica no dia 20 de Junho no Programa Revista de África), as di culdades de pagamentos e transfer ncias agravaram -se (não havendo sa das estruturadas a m dio prazo), o funcionamento da economia pa nou, conforme se anotou mais atrás, a in ação voltou aos dois d gitos, depois de um percurso de desin ação digno de registo at 2013 e a pobreza aumentou. Dados mais de ni vos e integrados no documento o cial Li-n as estras ara a e ni o de uma Estrat ia ara a a da da rise erivada da ueda do

re o do etróleo no ercado nternacional apontam para um crescimento de 2,8 do PIB e de 1,3 do PIB não petrol fero.

O que restou então das fantás cas receitas de exportação do petróleo (mais de 575 mil mi-lhões de dólares conforme referido anteriormente)? Sem dúvida um sistema de infra -estruturas renovado, ainda que de baixa qualidade (cerca de 104 mil milhões de inves mento público entre 2002 e 2015), mas principalmente um processo inquinado de repar ção do rendimento petrol fero que criou uma classe minoritária de ricos e afortunados que escolhem inves r fora do pa s (Portugal de prefer ncia), em vez de injectarem os milhares de milhões de dólares na diversi cação das exportações de Angola.

Uma outra nota de relevo relacionou -se com o relatório da Sonangol, assinado pelo seu presidente, em que se reconheceu a fal ncia do seu modelo operacional e que a maior empresa angolana não conseguia funcionar sem o apoio do Tesouro Nacional7. Apesar dos subsequentes desmen dos o ciais quanto às interpretações que do mesmo se zeram, o que facto que se tratou de um documento impressivo, onde se puseram a nu os trá cos de in u ncia veiculados pela e atrav s da empresa, os contratos -sombra de centenas de milhões de dólares, o outsour-cin de serviços seleccionados (em 2014 foram gastos em consultoria 257 milhões de dólares e em assist ncia t cnica 124 milhões de dólares, num total de quase meio milhar de milhão de dó-lares) e o montante de salários pagos (1239 milhões de dólares). É a rubrica de outsourcin que torna os resultados l quidos da empresa substancialmente nega vos e es mados, no citado do-cumento, em 1187 milhões de dólares (colmatados pelas transfer ncias do Tesouro Nacional).

7 e a o Expresso de de o de ade o de o o a

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A frase u lizada pelo Presidente da Sonangol foi lapidar (aplicável a certos Minist rios que fazem da Assist ncia T cnica estrangeira uma forma de funcionamento normal das suas ac vi-dades8): deixamos de aprender a saber fazer, para aprendermos a contratar e a subcontratar . O número de trabalhadores efec vos da empresa ascende a 8500, mas o relatório acrescenta mais 4500/5000 correspondentes a uma variada pologia de contratação de serviços. Ou seja, de trabalhadores cuja prestação laboral não controlada pela Sonangol, limitando -se a pagar as facturas emi das pelas en dades que supostamente prestaram um determinado serviço. Presume -se, assim, que o montante global de salários pagos em 2014 abarcou apenas os traba-lhadores efec vos da empresa, perfazendo um salário m dio mensal de mais de 11 200 dólares, considerando 13 meses.

Esta questão do emprego outra que faz parte da agenda dos desa os e dos riscos do pa s. Desa os, porque não vai ser fácil conciliar ganhos de produ vidade – essenciais e indispensá-veis para a compe vidade em economia aberta – e criação signi ca va de emprego. Riscos, porque a economia nacional está envolvida por muitas fraquezas e desequil brios estruturais.

A questão essencial a colocar e a debater está em saber se o crescimento económico fac-tor su ciente para a reversão do desemprego e para a criação sustentada de emprego l quido no futuro. Tamb m se pode colocar esta problemá ca de maneira um pouco diferente, mas que conduz ao mesmo po de re exão: a que taxa m dia anual deve crescer a economia não mineral para que a taxa de desemprego decline signi ca va e sustentadamente durante um per odo de tempo razoável, digamos 10/15 anos? Adjacente à capacidade de geração de em-prego sustentável do crescimento económico está a mat ria salarial ou, de modo mais geral, do poder de compra da sociedade: são su cientes taxas expressivas de variação anual do n vel de ac vidade para que os salários – e outras remunerações que entram no c mputo do poder de compra geral – aumentem e as fam lias vivam melhor?

Claro que o crescimento económico necessário. Pode não ser su ciente. E não faltam estudos e evid ncias emp ricas para se concluir que na maior parte das economias do planeta, sejam desenvolvidas ou em vias de desenvolvimento, o crescimento económico parece ter es-tabelecido uma relação de amigável conviv ncia com o desemprego.

8 a a do e a o Novo Jornal ada o s o a a de s a o os a e a de a os e a a o ado s o o de do s o s o es es a e os a e a ada sa o a a de d a es o a as a e s de a sa de e d as o a o a e o as a -as e o as e esses a e e e a a a do do o de e os o a os e a a os e e os os os es e ados o es o es o d dos o e o o e s e da e e e e e se so e e es es e e e a da o s o e a o a a a e a o a es do so e a ades o de o a o a de e o o da e as o s es a ese adas o o a e s-a s o a a a a s e as a e e o do e e o o e e o dos e es os d e es o os e o dade a ad a as a a o a as e s dades a as o es ados ass ados e e os e o es de a as a o a s de o s o a a a dade de e e o e a o e e o dos o e as e ass os e o a o a o so os a a es de s s e a a o osso e sa e o so e es a a a

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Jeremy Ri in tem uma visão catastró ca da evolução do emprego durante o s culo I, chegando a admi r que o m do emprego está próximo: nas d cadas centrais do s culo , a esfera comercial dispor dos meios tecnoló icos e da capacidade or anizacional para oferecer bens e servi os b sicos a uma expansiva popula o, usando uma pe uena frac o da for a de trabal o actualmente empre ada alvez menos de 5 da popula o adulta ven a a ser neces-s ria para erir e operar a esfera industrial em 2050 azendas a r colas, f bricas e escritórios

uase despovoados ser o a norma em todos os pa ses 9.

A admirável revolução nas novas tecnologias da informação e comunicação – vulgarmente conhecidas como TIC – foi a grande responsável pelo espectáculo do crescimento económico nos Estados Unidos durante os anos 90 do s culo anterior10. O factor associado foi a produ vi-dade, cujo incremento permi u aumento do PIB, variação posi va do emprego e estabilidade dos preços. Foram bastantes as re exões teóricas que se produziram acerca deste fenómeno de crescimento económico com aumento de emprego e queda dos preços, tendo chegado a admi r -se que se estaria no limiar duma Nova Economia. Foram interessantes os debates entre economistas famosos, destacando -se Rudiger Dornbush, Roger Ferguson, Paul Samuelson, Ro-bert Gordon11, Paul Krugman e Joseph S glitz12.

No s culo I, uma proporção crescente do trabalho sico e intelectual – desde meras tarefas repe vas at ac vidades altamente complexas – será desempenhada por máquinas inteligentes, mais baratas e mais e cientes. Os trabalhadores mais baratos do planeta – frica, China, ndia – serão caros, quando comparados com a tecnologia que os há -de subs tuir.

A úl ma nota refere -se aos n veis de con ança/descon ança no pa s. As ins tuições descon-am dos cidadãos e estes do Estado. O excesso de burocracia uma ilustração da descon ança

do Estado perante os cidadãos, levantando obstáculos severos ao acesso a condições, canais e circuitos que ajudariam a melhorar a sua condição de pessoa ou de empresário. O controlo da sa da de divisas no aeroporto internacional de Luanda outra ilustração da descon ança das

9 e e The End of Work o a a a o e ed o s a e a o oo s10 o e a a a a e e o os de s a o d e e es dos de d e o s e o e e -so a o e dade a a das o as e o o as o es e o e o o dos a os o e e o a a a e A Verdadeira Nova Economia es o a o de as - de e de a ese d e e e s a do a e dade a o a e o o a as o as o as de o o a e a a e e a os a o e e os dos a os e a e os a e o a e o o a e a s o o as o as de o o a a e do s esso o a o a ess a e es e os d e o ados e e o o as de o a o os o de a es o a a e dade a d e s o das o as e o o as os e e os da od dade a a o a a do a ado o de o o -se o ado es e odo o ado e os as es a s as da od dade11 a a a a e a o das os es des es o sa ados e o o s as so e a o a o o a e Economia Pura o o de 12 ose Os Exuberantes Anos 90: Uma Nova Interpretação da Década Mais Próspera da His-tória o a a das e as

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ins tuições do Estado. Esta descon ança aguça os esp ritos mais atreitos a cometerem ilegali-dades para se conseguir um m nimo de sossego.

Outro aspecto que eleva os n veis de descon ança refere -se à transpar ncia do sistema bancário nacional. Alude -se, em par cular, ao caso BESA. Mais de um ano depois do escândalo, ainda ningu m foi esclarecido sobre o desaparecimento de 5,5 mil milhões de dólares. Os nomes dos eventuais tomadores dos empr s mos con nuam envoltos em mist rio e quase certo que assim prossiga, porque o BESA agora estatal sob a designação de Banco Económico SA (no fundo, BESA). Em carta datada de 27 de Março de 2014, Jos Lima Massano (na altura Governador do Banco Central angolano) a rmava que os banqueiros não estavam autoriza-dos, sob nenhuma forma, a iden car contas ou revelar nomes de clientes com quem traba-lhassem 13.

A crise do preço do petróleo iniciada em meados de 2014 começa a p r a descoberto as mui-tas debilidades dos nossos sistemas, económico, nanceiro, social e ins tucional, colocando em risco algumas das conquistas conseguidas depois de 27 anos de guerra civil.

13 Africa Monitor Intelligence o o de

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1. A ECONOMIA MUNDIAL E O ENQUADRAMENTO EXTERNO DA ECONOMIA ANGOLANA

A economia mundial tem apresentado uma dinâmica de crescimento rela vamente baixa desde 2013, com um valor um pouco acima de 3 , devido à incid ncia de determinados fac-tores como a mudança de paradigma de crescimento da China, a forte valorização do dólar, o abrandamento do crescimento nas economias de rendimento baixo – que t m sofrido os efeitos da quebra sistemá ca dos preços das commodi es – e a perda de velocidade económica no Brasil e na Rússia. Da que o Fundo Monetário Internacional (World Economic Outlook, de Outubro de 2015) apresente uma es ma va de variação real do PIB mundial de tão -somente 3,1 , menos 0,3 ponto percentual rela vamente a 2014.

Para o conjunto das economias avançadas, o crescimento do PIB em 2015 foi de 2 , uma ligeira melhoria face ao registado em 2014 (1,8 ). A melhoria do desempenho económico dos Estados Unidos e da Zona Euro explicam o essencial desta melhoria.

Com efeito, a economia americana parece que reentrou numa rota de estabilidade do seu crescimento, depois de um per odo de alguma instabilidade ainda resultado dos efeitos da grande crise nanceira de 2008/2009. Em 2013, a taxa de crescimento do PIB americano foi de apenas 1,5 . Para 2015, as es ma vas do FMI colocam -na em 2,6 . Os Estados Uni-dos mant m -se como a segunda economia do mundo respondendo por 15,9 do PIB global, medido em paridade do poder de compra (em termos de PIB nominal corrente, a sua par ci-pação rela va de cerca de 19 ).

A economia da Zona Euro ainda se ressente da crise dos d ces orçamentais e das d vi-das públicas (Portugal, França, Espanha, Gr cia, Itália), que determinou a aplicação de pol -cas drás cas de austeridade que provocaram recessões económicas em alguns pa ses e efei-tos colaterais importantes sobre a pobreza. Em 2013, o registo de crescimento do seu PIB foi de -0,3 . Aparentemente, entrou -se agora numa fase de crescimento, ainda que com taxas rela vamente modestas: 0,9 em 2014 e 1,5 em 2015. A Espanha – que não foi objecto da aplicação de nenhum programa de ajustamento estrutural espec co – acabou por cumprir com as regras de gestão macroeconómica impostas por Bruxelas, de que resultou a maior taxa de crescimento económico em 2015, es mada em 3,1 .

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TAXAS ANUAIS DE CRESCIMENTO DO PIB (%)

World Economic Outlook o de A economia japonesa con nua a apresentar um crescimento errá co: uma taxa de 1,6 em

2013, uma recessão de -0,1 em 2014 e uma recuperação em 2015 de cerca de 0,6 . Apesar disso, o Japão con nua a ser a terceira maior economia do mundo, com uma par cipação de 4,4 no PIB mundial.

As economias emergentes e em vias de desenvolvimento – de que fazem parte os BRICS – entraram, em 2015, no quinto ano consecu vo de queda no seu ritmo de crescimento.

TAXAS ANUAIS DE CRESCIMENTO DO PIB EM ALGUMAS ECONOMIAS EMERGENTES (%)

World Economic Outlook o de A China, que experimenta neste momento um importante processo de transição estrutural,

ao transformar -se de uma economia essencialmente de exportação para uma mais baseada no inves mento público, no consumo privado e no desenvolvimento dos serviços, atenuou

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substancialmente o seu papel de grande dinamizadora do crescimento da economia mundial. O seu ritmo de crescimento tem sucessivamente diminu do: com uma taxa m dia de 10,5 nos gloriosos anos 80 e 90 e, mesmo no in cio do s culo I, apresenta agora variações m dias anuais de apenas 7 e com tend ncia a diminuir. Na verdade, de 7,7 em 2013, a taxa de crescimento do seu PIB passou para 6,8 em 2015. No entanto, este gigante asiá co con nua a ser a maior economia mundial, com um peso rela vo de 16,6 no PIB global, em paridade do poder de compra.

O Brasil enfrenta di culdades várias derivadas não apenas dos efeitos da queda do preço do petróleo, mas igualmente dos escândalos nanceiros – de onde se destaca o lava -jacto – que abalaram signi ca vamente a con ança dos inves dores nacionais e estrangeiros. A sua moeda tem -se desvalorizado signi ca vamente desde 2014, o inves mento estrangeiro diminuiu – os ajustamentos em alta nas taxas de juro dos Estados Unidos t m provocado um desvio nos u-xos nanceiros internacionais, que igualmente afectou o desempenho económico da China –, a in ação tem -se mostrado resistente às medidas de controlo monetário e o aumento do PIB ressen u -se, de tal sorte que em 2014 foi de apenas 0,1 e em 2015 o pa s entrou em recessão (-3,8 ).

A frica Subsariana, depois de ter bene ciado de um per odo de crescimento rela vamente intenso at 2010 (tendo mesmo sido uma das regiões mundiais que melhor resis u aos efeitos da crise nanceira mundial de 2008/2009), com uma taxa m dia anual de variação do PIB de 6 , tem experimentado algumas di culdades em manter esse ritmo, e da que em 2015 a sua performance económica tenha baixado para 3,8 . A Nig ria, de momento a maior economia africana, não tem passado ao lado da crise do preço do petróleo. A taxa de crescimento do PIB passou de 6,3 em 2014 para 4 em 2015.

A SADC – cujo peso na economia mundial, em paridade do poder de compra, está avaliado em 1,2 – tem absorvido os efeitos de uma menor intensidade de crescimento em Angola e na

frica do Sul. O seu desempenho foi de 4,6 em 2014 e 3,9 em 2015.

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2. POLÍTICA ORÇAMENTAL

Tal como já cou patente nas primeiras páginas deste Relatório, as perspec vas de cresci-mento da economia mundial e da angolana a curto/m dio prazo não são das mais animadoras. Na maior parte das economias dependentes de recursos naturais, o boom das commodi es entre 2003/2008 e 2010/2013 não foi aproveitado para se criarem fundamentos sólidos para o crescimento económico sustentado e nem para se fazerem reservas que poderiam servir de almofadas (bu ers) em tempos de crise, cando totalmente vulneráveis às intemp ries dos mercados internacionais.

A pol ca orçamental entendida como a u lização do Orçamento do Estado (Despesas e Receitas) para in uenciar a economia. No geral, a pol ca orçamental visa a criação das bases para promoção do crescimento económico, do emprego, redução das assimetrias na distribui-ção do rendimento e redução da pobreza. Espera -se que, em momentos de crise, a pol ca orçamental es mule a procura agregada e assim corrija a rota de crescimento indesejável, caracterizada por altas taxas de desemprego e muitas vezes crises pol cas e sociais.

No âmbito do sistema nacional de planeamento, o Orçamento Geral do Estado (OGE) con-siste na tradução nanceira dos Planos Nacionais, que, por sua vez, operacionalizam os Planos de M dio e Longo Prazos14. O OGE 2015 teve como pano de fundo o Plano Nacional de Desen-volvimento 2013/201715, que , por sua vez, parte da Estrat gia Nacional de Desenvolvimento de Longo Prazo Angola 2025 .

A apresentação do grá co ao lado seria uma boa maneira de introduzir o tema processo de gestão do Orçamento em 2015 , uma vez que o ano cou marcado por enormes di culdades na arrecadação de receitas e realização de despesas provocadas pela queda do preço do petróleo no mercado internacional, o que obrigou a uma revisão orçamental em Fevereiro.

14 e o de de a e o e de ases do e e e a do s e a a o a de a ea e o15 a e a e a e o da o e de e a o ea a e e a o do - se o e o a e da s a a o a de e o e a e e s a o o e a a dade do dese o e o e d e o ao o ado aumentar a qualidade de vida do povo angolano de Cabinda ao Cunene, transformando a riqueza potencial que consti-tuem os recursos naturais de Angola em riqueza real e tangível dos angolanos

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PREÇO SPOT DO BRENT

A economia angolana começou a dar sinais de abrandamento desde o terceiro trimestre de 2014 quando o preço do petróleo iniciou uma tend ncia de queda (depois de ter a ngido o pico de 115,19 USD/barril, a 19/06/2015). Ainda assim, o esp rito que norteou a elaboração do OGE 2015 foi de grande op mismo.

Tal como se pode con rmar nesta frase extra da do Relatório de undamenta o nicial 2015: ara 2015, as perspec vas de crescimento da economia s o op mistas rev -se ue o sector petrol fero lidere a acelera o do uanto ao sector n o petrol fero, as es ma vas indicam ue a a ricultura e os servi os mercan s con nuar o a apresentar taxas de crescimen-to relevantes em 2015 o eral, es ma -se uma acelera o do crescimento do real para

, compara vamente aos , previstos para 201 Este desempen o favor vel do dever resultar do expressivo crescimento do sector petrol fero, rela vamente ao ual se espera um crescimento de 10, , evidenciando um curso de r pido revi oramento da ac vidade petrol -fera recupera o do sector petrol fero assentar no aumento pro ectado da produ o anual de barris de petróleo na ordem dos 10, , passando de 0 , mil es de barris, em 201 , para

,1 mil es de barris, em 2015 16.

Neste contexto, a revisão orçamental era inevitável, sendo que quando ocorreu os objec-vos e prioridades da pol ca orçamental não veram alterações signi ca vas, destacando -se

apenas que no orçamento revisto sen u -se uma maior preocupação em apressar o processo, quer de potenciação das receitas scais não petrol feras, quer de um maior rigor na realização de despesas públicas17. O que reforça a ideia de que só em momentos de crise que o gestor da pol ca orçamental se recorda da importância de se melhorar a qualidade da despesa pública.

16 Vide Relatório de Fundamentação do Orçamento Geral do Estado 2015 Inicial 17 es a eo a o e o ada o s o as a o do e o do o e o o de s o a adas as as es as a a a o dos e e os da se

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OBJECTIVOS E PRIORIDADES DA POLÍTICA ORÇAMENTAL18

1. Assegurar um crescimento económico realis camente consistente com a sustentabilidade intertemporal das Finanças Públicas;

e

2. Assegurar, atrav s do uadro Fiscal de M dio Prazo, uma elevada disciplina scal agregada e a sustentabilidade das Finanças Públicas a m dio prazo.

Lado da Receita:1. Potenciação da Receita não Petrol fera;

2. Con nuar os esforços de melhoria da qualidade da despesa de incid ncia na Administração Pública;

3. Con nuar os esforços de racionalização da despesa pública de incid ncia no sector empresarial público, no âmbito das pol cas e prioridades de desenvolvimento sectorial, nomeadamente, a op mização e subsidiação da economia e outros apoios nanceiros prestados pelo Estado às empresas públicas.

Relatório de Fundamentação do OGE 2015 e s o 18

Para a realização daqueles objec vos concorreu um elevado número de medidas de pol ca, dentre as quais destacam -se as seguintes, conforme o Relatório de undamenta o do O E 2015, revisto:

a) Medidas de Potenciação da Receita

• A con nuidade do alargamento da base tributária da arrecadação não petrol fera, no âmbito da Administração Geral Tributária (AGT).

• A con nuidade da op mização e modernização do sistema de arrecadação de receitas públicas.

• A con nuidade da adopção e da implementação, como medida prudencial, de n veis de preços conservadores para a projecção da receita petrol fera no Orçamento Geral do Estado, a m de assegurar a estabilidade macro scal e limitar a despesa a um n vel de receita previs vel de menor risco não comprometendo assim a sua realização.

• Con nuar a assegurar a implementação da pol ca de cons tuição de Reservas do Tesouro Nacional das receitas excedentárias sobre as receitas orçamentadas, a m de se cons tu rem poupanças para a estabilização da despesa em per odos em que a receita se mostrar aqu m do n vel previs vel19.

18 s o e os de o e do o a a de s e a dade das o as as o o da o -a de s a dade e e a o a oe o a e s a o -19 a e da o do do e e a do e o do e eo e a ese a s a a a e a e o e a a a a -es as de ase o o s e os de es o de o -a de e a se a a a a a e de a o a s a buffers a a o o e o a e e e e e e sos de a s e as s a s se e e o e a d e e a os a e e o e o do e eo e e o e o o a e ado e a do e o s de a o a a dade de e -eo e e a e e od da e a o a e ada o s da o o da e do de o e sos e a e es e da de a s o d a de e eo o

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Medidas de Reforço do Papel Regulador do Estado

• Revisitar aspectos essenciais da Lei de Concorr ncia e legislá -los no quadro das compe-t ncias do Titular do Poder Execu vo.

• Aprovação e regulamentação da Lei dos Jogos de Azar e Fortuna.

• Alargar o âmbito observatório do regime de preços vigiados, tendo como propósito elevar o es mulo para a formação de preços coerentes e condizentes20.

• Melhorar o ambiente de negócios com o propósito de reduzir a pressão sobre o Orça-mento Geral do Estado.

c) Medidas de Incid ncia no Sector Público Administra vo (SPA)

• Garan r o funcionamento normal da administração pública, dos serviços de saúde, educação e de assist ncia e protecção social, garan r o aprovisionamento dos Órgãos de Defesa e Segurança.

• Implementar um processo abrangente de cadastro presencial, com dados biom tricos, dos funcionários públicos e agentes administra vos, incluindo o pessoal da saúde, os professores, os policiais e os militares21.

• Condicionar a execução dos projectos de inves mento públicos à apresentação dos correspondentes cronogramas de execução sica e nanceira, permi ndo o correcto alinhamento e cobertura dos receb veis de Tesouraria e consequente atenuação da cons tuição de atrasados internos.

d) Medidas de Incid ncia no Sector Público Empresarial (SPE)

• Con nuidade dos ajustamentos nos preços dos combus veis derivados do petróleo bruto, com vista à op mização da subvenção, mi gando o seu efeito sobre as classes vulneráveis.

• Revisão do sistema de subsidiação das empresas públicas, nomeadamente, as presta-doras de serviços de água e electricidade, com vista à sua redução e a promoção da e ci ncia das mesmas.

• Tornar efec va a acção dos Conselhos Fiscais para um exerc cio mais transparentes dos fundos e da causa pública.

20 o a o so e o o o a e o da a o e des e Relatório a -se e e a aos o e as e s d s o es e o o o o ad s a o de e os ode od o o e o-o a o de e se o a da a a s da ed o dos s os de od o e o o se e e a e o da a dade de e s e se os a e os o e os 21 e e o de e e o de e o o a -se a de o de o esso de e adas a e o dos o os os e o e a o ado e a e sa de o a da e s a de o os e e a e e ados as e o o de e a se o d e sas a es o eada e e a ose a o de ss o a e e o es s o e o a -ada e a a a sa e e o a do o es do s o das a as e es a o e a o e -e o a s do sa o ase da o a

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• Rever em sede da Lei da Contratação Pública a observância efec va da demanda das empresas em subcontratar empresas locais no quadro dos projectos nanciados por Linhas de Cr dito, de tal modo que se possa aferir a incid ncia do conteúdo local.

e) Outras Medidas do Lado da Despesa

• Racionalizar e melhorar a qualidade da despesa, com a adopção das seguintes medidas:

– Limitar o aumento nominal da Despesa com o Pessoal à contratação de efec vos para assegurar a funcionalidade dos novos serviços públicos de educação e saúde e da pol ca de recuperação do poder de compra.

– Processar as pensões dos an gos combatentes e os subs dios às autoridades tradicio-nais no Sistema Integrado de Gestão Financeira do Estado.

– Reduzir a afectação de recursos aos Fundos Públicos de promoção e fomento da ac -vidade económica privada para a efec va capacidade de absorção pela economia.

– Proceder a revisão dos contratos de consultoria e assist ncia t cnica, visando melho-rar a qualidade desta despesa22.

– Reduzir as despesas com bilhetes de passagem, ajudas de custo e serviços de trans-portação.

– Adoptarem -se medidas de scalização e monitorização da despesa em Bens e Servi-ços, o que inclui a veri cação da observância rigorosa da Lei da Contratação Pública e a realização de acções inspec vas.

– Ca var os projectos novos do Programa de Inves mentos Públicos de 2015, bem como os do PIP -2014 que não veram execução nanceira, cuja desca vação deverá ocorrer apenas quando es verem observadas todas as condições precedentes para a execução sica e nanceira, nos termos do estabelecido no n.o 1 do ar go 19.o do Decreto Presidencial n.o 232/13, de 31 de Dezembro.

• Adoptar -se o uadro Fiscal de M dio Prazo ( FMP) como instrumento vincula vo para a orçamentação anual.

É importante realçar que este úl mo objec vo/prioridade foi re rado do Relatório de un-damenta o do O E de 2015 nicial, uma vez que não constava do revisto. Apesar de exis rem outros objec vos/prioridades que tamb m não emigraram para o OGE revisto, escolheu -se apenas este devido à sua relevância. Um QFMP centrado em regras de despesas e um fundo de estabilização scal bem formulado, com regras mais ex veis de depósito e levantamento, con-tribuiria para suavizar a vola lidade da receita do petróleo e ajudaria a reduzir a pró -ciclicidade da despesa pública23.

22 s se os de o s o a s ado e d a os os a o a os e a de es de d a es o a o 23 Angola, Temas Seleccionados o e o de

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Ainda que, tal como foi dito acima, exista uma lei que de na o Fundo do Diferencial do Petróleo e a Reserva Estrat gica para Infra -estruturas de Base como des no dos excedentes das receitas petrol feras, as regras que especi cam as circunstâncias em que os recursos destas contas podem ser usados pelo Governo não são claras24 25.

2.1.1

2.1.1.1

A queda da cotação do barril do petróleo no mercado internacional começou a fazer mossa às nanças públicas angolanas, já mesmo em 2014. O OGE de 2014 previa um d ce global na ordem dos 630,3 mil milhões de kwanzas (4,9 do PIB), resultante de receitas scais à volta dos 4744,8 mil milhões de kwanzas (excluindo desembolsos de nanciamentos e venda de ac -vos), e despesas a rondar os 5375,1 mil milhões de kwanzas (excluindo amor zação da d vida e cons tuição de ac vos). No entanto, dados preliminares de execução do OGE 2014 dão conta de um d ce global de 819,4 mil milhões de kwanzas, resultantes de receitas e despesas na ordem dos 4402,6 mil milhões (menos 7,2 ) e 5222 mil milhões de kwanzas (menos 2,8 ), respec vamente.

O op mismo do Governo na elaboração da proposta do OGE de 2015 não encontrou res-paldo no comportamento do preço do barril de petróleo no mercado internacional. A proposta previa um preço m dio de refer ncia do barril de petróleo de 81 USD, mas na verdade, em Dezembro, o preço já havia reduzido 50 desde Junho de 2014. Sendo que no m s de Janeiro situou -se à volta dos 47,76 USD e as es ma vas indicavam para a forte probabilidade de con-

nuação da queda.

Embora em Janeiro de 2014 já alguns especialistas considerassem a probabilidade de se estar próximo de uma era de preços de petróleo barato26, quer devido a uma redução estrutural na procura por energia, quer devido ao excesso de oferta de crude no mercado internacional, poucos conseguiram prever a imin ncia e a magnitude do problema. Na verdade os acertos na previsão do comportamento dos preços do petróleo não são comuns, como o demonstra o grá co seguinte.

24 Op. cit.25 e se sa e e a e ada o s o es de e da e a e a o a do ode e o o es o des as ese as 26 BP Energy Outlook 2035 a e o de

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s a as do a o a e ese a os e os e ados e as as des o as as o e esA tónica dominante na revisão do OGE 2015 recaiu sobre a alteração do preço m dio de

exportação de petróleo de 81 USD para 40 USD, o que determinou uma redução na previsão de arrecadação de receitas de 35,7 (de 4184,9 para 2692,6 mil milhões de kwanzas) e um corte de 33 na previsão da despesa (de 5215,8 para 3499,1 mil milhões de kwanzas).

Surpreendentemente, a alteração no d ce foi reduzida, 0,6 pp. Já reiteradas vezes deu -se conta que os maiores motores do crescimento da economia angolana são as exportações e os inves mentos públicos (reduziram 44 ), sendo assim, os principais pressupostos de base do OGE 2015 veram de ser alterados, conforme se v na tabela abaixo.

ALTERAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS MACROECONÓMICOS DO OGE 2015

OGE – 2015 OGE Revisto – 2015

In ação ( ) 7 9

Produção petrol fera anual 669,1

M dia diária (bbl/dia) 1,83

Preço m dio de exportação do petróleo (USD/barril) 81 40

Produto Interno Bruto

Valor Nominal (mil milhões de Kz) 13 480,90

axa de crescimento real 9,7

Sector Petrol fero 10,7

Sector não Petrol fero (NP) 9,2

Saldo primário não petrol fero ( PIB NP) -35,2

tock de RIL (milhões de USD) (A)

Taxa de crescimento do M2 (em percentagem) 16

Inves mento Directo L quido (milhões de USD) 9079,06 Relatório de Fundamentação do OGE 2015 e s o

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Inicialmente, previa -se uma taxa de crescimento do PIB real de 9,7 que foi revista em baixa, para 6,6 . Sendo que a taxa de crescimento do sector petrol fero (10,7 27) foi revista 0,9 pp em baixa, e a economia não petrol fera registou uma redução de 3,9 pp.

No sector real da economia, as taxas de crescimento de quase todos os sectores foram re-vistas em baixa: na agricultura de 12,3 para 7,9 ; na indústria transformadora de 11,2 para 6,8 ; na construção de 10,5 para 6 e nos serviços de 9 para 4 . O que espelha muito bem a grande in u ncia que o preço do petróleo ainda possui sobre a economia angolana.

O impacto nega vo/posi vo dos ciclos do preço do petróleo transmi do à economia atra-v s da redução/aumento das exportações, com consequ ncias sobre a posição das nanças públicas e sobre o crescimento económico. Alguns estudos demonstram que alterações nos termos de troca provocadas pela queda no preço das commodi es reduzem a taxa de cresci-mento efec va e tendencial das economias, sendo que o impacto na primeira componente duas vezes superior ao da segunda28.

Os orçamentos para 2006 e 2007 projectaram aumentos substanciais nos gastos, principal-mente por meio duma rápida ampliação de projectos de infra -estrutura, com d ces scais (base de compromisso) a a ngirem, em m dia, 5 do PIB. A execução destes dois anos foi marcada por receitas de petróleo substancialmente superiores às projecções (devido, princi-palmente, ao uso, na elaboração do orçamento, de es ma vas muito conservadoras para o preço do petróleo) e uma subu lização importante nas fasquias des nadas a projectos de infra--estrutura. Para os dois anos, o equil brio scal acabou por ser bastante posi vo (uma m dia superior a 7 do PIB). Neste contexto de desempenho scal a exceder substancialmente as projecções, o orçamento de 2008 foi ainda mais expansionista do que os dois orçamentos ante-riores, com uma ampliação adicional e substancial das despesas de capital.

Com receitas do petróleo novamente baseadas numa projecção conservadora do preço do petróleo (USD 55 por barril em comparação ao preço real de USD 70 em 2007), o orçamento de 2008 projectava um d ce scal (base de compromisso) de 8,6 do PIB. A execução foi nova-mente marcada por preços do petróleo superiores às projecções, mas por uma margem menor do que nos dois anos anteriores e por gastos de capital apenas ligeiramente inferiores do que o valor orçamentado. Mesmo que os resultados tenham voltado a um desempenho a exceder as projecções, ocorreu um d ce de 4,5 do PIB.

27 es a a e ess a e e o s a e a a e e ao es e o do se o e o e o de e -se ao a o de os o e as os e es a a od o s a e a s o os de od o e desde eados de e e s do a assados e o o e ada e o a e o do o e o e se do e s es ode a o o de od o de a s o d a28 World Economic Outlook o de

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Então veio 2009. O Orçamento para este ano foi constru do de uma forma semelhante à de 2008. No rescaldo da crise nanceira global, o preço do petróleo caiu para uma m dia em 2009 de apenas USD 61 por barril (ainda superior à projecção orçamental de USD 55 por barril), mas volumes de exportação mais baixos, mais do que eliminaram o efeito do aumento de preços (com a produção caindo para 660,0 milhões de barris contra uma projecção do orçamento de 710,6 milhões de barris). Para 2009, as receitas do petróleo recebidas pelo Tesouro a ngiram pouco mais de 75 do valor orçamentado (1449 mil milhões de kwanzas em vez dos orça-mentados 1861 mil milhões de kwanzas), e nem mesmo uma taxa de execução da despesa de capital de apenas 50 conseguiu evitar que o d ce orçamental a ngisse 7,4 do PIB. Como resultado, as reservas nanceiras de Angola caram desgastadas e o FMI foi chamado no úl mo trimestre de 2009.

Com a ajuda do FMI, a ordem nanceira foi restaurada: os excedentes scais a ngiram uma m dia de 7,5 do PIB em 2010 -2012 e os amortecedores nanceiros, incluindo as reservas externas, foram restabelecidos para n veis prudenciais aceitáveis.

Ficou assim evidente, desde a experi ncia de 2008/2009, que as diminuições do preço do petróleo reduzem as exportações e as receitas scais, originando d ce comercial e scal. Ao mesmo tempo faz aumentar a d vida pública, refreia o crescimento económico e reduz as reser-vas l quidas internacionais, que, por sua vez, limitam a capacidade de sustentar o kwanza forte despoletando a in ação. A in u ncia nega va do ciclo do petróleo sobre a economia angolana

a seguir explicada com recurso a uma infogra a.

PREÇO DO PETRÓLEO VERSUS RECEITAS FISCAIS PREÇO DO PETRÓLEO VERSUS DESPESAS PÚBLICAS

Quadro Macroeconómico Comparativo dados a a Relatório de Fundamentação do OGE 2016.

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PREÇO DO PETRÓLEO VERSUS SALDO COMERCIAL E FISCAL

PREÇO DO PETRÓLEO VERSUS TAXAS DE CRESCIMENTO DA ECONOMIA

Quadro Macroeconómico Comparativo dados a a Relatório de Fundamentação do OGE 2016.

PREÇO DO PETRÓLEO VERSUS DÍVIDA PÚBLICA PREÇO DO PETRÓLEO VERSUS RESERVAS INTERNACIONAIS LÍQUIDAS

Quadro Macroeconómico Comparativo dados a a Relatório de Fundamentação do OGE 2016.

PREÇO DO PETRÓLEO VERSUS TAXA DE CÂMBIO PREÇO DO PETRÓLEO VERSUS INFLAÇÃO

Quadro Macroeconómico Comparativo dados a a Relatório de Fundamentação do OGE 2016.

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2.1.1.2

O preço m dio do barril do petróleo em 2015 situou -se cerca de 31 acima do que estava previsto no OGE revisto (40 USD/barril). Mas, ainda assim, os efeitos sobre a economia foram arrasadores. Dados previsionais dão conta de que a economia terá crescido apenas 2,8 em 2015 (quando estava previsto 6,6 ), sendo que o sector não petrol fero cresceu 1,3 (longe dos 5,3 previstos). O crescimento nega vo da indústria transformadora ( -4 ) dá bem conta da fragilidade da capacidade de produção da economia angolana, que vive atreita às intemp ries do mercado petrol fero29.

Deste modo, a depreciação apresentada pela taxa de câmbio (30 no mercado formal e mais de 100 no informal at Dezembro de 2015) e a retoma dos n veis de in ação de dois d gitos (14,3 in ação acumulada anual), ao longo do ano, intensi caram a desaceleração da ac vidade económica, que foi reforçada pela redução da procura privada. Jus cada quer pelas restrições ao acesso às divisas para efeitos de importação, quer pela redução do inves mento privado, devido às maiores di culdades no acesso ao cr dito (taxas de juros mais altas).

Nestas circunstâncias, es ma -se que em 2015 as contas públicas es veram desequilibradas em 533,9 mil milhões de kwanzas (menos 272,6 mil milhões do que estava previsto), ou seja, cerca de 4 30 do PIB (na óp ca do compromisso).

Do lado das receitas, es ma -se que:

• As es ma vas mais recentes31 apontam que, rela vamente a 2014, em 2015 as receitas totais reduziram 26,35 . O montante global foi de 3242,3 mil milhões de kwanzas, embo-ra a es ma va (OGE revisto) tenha sido apenas 2692,9 mil milhões de kwanzas.

• As receitas petrol feras terão atingido o valor de 1616,3 mil milhões de kwanzas (menos 46 do que em 2014), mais 56 do que o previsto. Já para as receitas não petrol feras, estima -se que se tenham situado em 1205,1 mil milhões de kwanzas, 16,13 abaixo do previsto, o que coerente com o desalinho nas perspectivas de crescimento do sector não petrol fero.

Do lado das despesas, es ma -se que:

• A despesa total tenha contra do 28 , rela vamente a 2014, xando -se em 3814,8 mil milhões de kwanzas. Sendo que as despesas correntes ca ram 69,75 face aos n veis de 2014 e as despesas de capital, 30,25 .

29 Vide a o so e o e e a da dade o a a a a s de a es so e a e o a e se o a e 30 a e do o e a o a e s a a s de es de a as e es os o a a o -e e es es a asos o s a oa a e do d o a a ado o se o a o a o a 31 aseada e as es as link o site do o s ado o d a s

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

No que toca ao D ce e à D vida Pública:

O OGE 2015 inicial previa um d ce à volta dos 1031 mil milhões de kwanzas, que passaram para cerca de 806,5 mil milhões depois da revisão, sendo que o plano de endividamento pre-via que pelo menos 60 seria nanciado com recurso ao mercado interno e 40 ao mercado externo.

No decorrer do ano, a queda das receitas petrol feras agravou as necessidades de nan-ciamento do Execu vo, e em razão disto observou -se no mercado de tulos um aumento das emissões de T tulos do Tesouro, compara vamente a 2014. No ano de 2014 foram colocados no mercado tulos no montante de AKZ 435,60 mil milhões, sendo AKZ 287,23 mil milhões em Bilhetes do Tesouro (BT) e AKZ 138,37 mil milhões em Obrigações do Tesouro (OT). Em 2015, para a gestão corrente do Tesouro Nacional foram colocados 1215,5 mil milhões de kwanzas em Bilhetes do Tesouro (BT) e 685,65 mil milhões em Obrigações do Tesouro.

As intervenções do Tesouro no mercado, atrav s do BNA32, reforçaram a melhoria das condi-ções para o aumento do cr dito tulado do Tesouro Nacional, apesar dos desa os que enfren-tou a pol ca scal durante alguns meses do ano para se nanciar junto do mercado interno, devido à aus ncia de procura para estes tulos. Na verdade, o sucesso destas intervenções foi à custa de uma rarefacção do cr dito à economia e sob condições de cr dito proibi vas. Sendo que, 202 mil milhões de kwanzas totalizam OTMN -T C33, Obrigações do Tesouro em moeda nacional indexadas à taxa de câmbio do dólar, que num contexto de intensa desvalorização do kwanza (como já foi indicado) geraram os retornos mais compe vos do mercado, pelo que, naturalmente, tornaram -se a prioridade de inves mento dos bancos comerciais em detrimento do cr dito ao inves mento. Permanecendo assim, estes instrumentos poderão ser uma verda-deira ameaça para o desenvolvimento do segmento das obrigações corpora vas por parte do mercado de capitais angolano, que ainda se encontra na sua fase inicial de desenvolvimento.

No que toca ao nanciamento externo, veri cou -se uma maior diversi cação das fontes a que o Tesouro recorreu em 2014/2015. A primeira fonte, devido à sua importância, sem dúvida o nanciamento da linha de cr dito da China, que conforme se refere na introdução do presente Relatório, há ainda muita n voa em volta das condições deste nanciamento. No discurso sobre o estado da Nação o Vice -Presidente da República avançou apenas o montante do nanciamento, 6000 milhões de dólares. Outras formas de nanciamento não vinculadas à exportação foram, de igual modo, conseguidas. Por exemplo, novos cr ditos mul laterais, junto do Banco Mundial, em regime de Empr s mos de Pol ca de Desenvolvimento – DPL cujo modelo envolve o compromisso do Execu vo em implementar um conjunto de reformas nas áreas de nanças públicas, implementação e execução dos projectos de inves mentos públicos,

32 o o da oo de a o dos s e os de o a s a e o e a s da ao a o do es a o es de a o de de 33 Vide a o so e a o a o e a des e Relatório

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no valor de 450 milhões de dólares. Ainda a destacar a emissão de Eurobonds a dez anos no valor de 1500 milhões a uma taxa de juros anual de 9,5 . Outros nanciamentos envolvem 500 milhões do BBVA, 500 milhões da Societ Generale, 250 da Goldman Sachs e 250 do Gemcorp Capital.

Embora, nos úl mos anos, a d vida pública tenha -se man do dentro dos limites prudenciais de refer ncia do Governo, conforme a lei de emissão de d vida pública34, esta tend ncia come-çou a ser inver da em 2015. O stock da d vida sobre o PIB situou -se em 31,0 em 2014, 45,8 em 2015 e espera -se que se situe em 49,2 em 201635. No entanto, aquelas cifras referem--se apenas à d vida contra da pelo sector público administra vo, mas, se se incluir a d vida do sector empresarial público aquelas cifras passam para 40,7 , 62,3 e 70,1 , respec vamente para 2014, 2015 e 201636. Num contexto de redução estrutural da capacidade de crescimento da economia e de redução das fontes de receitas scais, a d vida pública prossegue com o risco elevado de insustentabilidade.

O Orçamento Geral do Estado um documento fundamental nas economias de mercado, uma vez que traça a função de prefer ncias do Estado. A análise da sua estrutura de m dio/longo prazo permite -nos conhecer, por um lado, os mecanismos atrav s dos quais o Estado in uencia a economia e a sua dinâmica, por outro lado, possibilita a aferição da e ci ncia e da e cácia da sua gestão.

Entre 2002 e 2015 o saldo orçamental acumulado foi de 28 763,5 milhões de dólares, as re-ceitas petrol feras totais acumuladas rondaram os 315 mil milhões de dólares e os inves men-tos públicos os 103 mil milhões de dólares. Em 13 anos, valores desta magnitude deveriam ter alterado a estrutura económica e social do pa s. Nesta secção, olha -se o Orçamento enquanto determinante da economia e da sua dinâmica, iden cando problemas estruturais potencial-mente geradores de constrangimentos para o funcionamento da economia, bem como para que as potencialidades do pa s não sejam transformadas em riqueza efec va e na melhoria do bem -estar de todos os angolanos.

O primeiro grande desequil brio está relacionado com a excessiva concentração das fontes de receitas do OGE nas ac vidades relacionadas ao sector petrol fero. Na verdade, nestes 13 anos de Relatório Económico, o CEIC tem chamado a atenção sobre os perigos que se correm quando as fontes de rendimento estão excessivamente concentradas.

34 e o de de e e e o do e e d o de e ss o de d da a a o stock da d da e a e e e a o e o o a o so e o a 35 Relatório de Fundamentação do OGE 201636 Regional Economic Outlook de

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Quadro Macroeconómico Comparativo

A abundância de receitas petrol feras e o de nhamento das ac vidades económicas deste sector explicam os baixos n veis das receitas de outros sectores. Por um lado, esta abundância explica o facto de o pa s ter evolu do muito pouco em mat ria de reforço da capacidade de arrecadação tributária. A criação da Administração Geral Tributária, no âmbito da reforma tri-butária, dá conta que nos próximos anos far -se -á um inves mento no sen do de se melhorar a capacidade de cobrança de impostos, o que poderá ter impactos posi vos na diversi cação das fontes de receitas do Estado. Mas, a importância desta medida só foi compreendida em contexto de redução drás ca das receitas provenientes do sector petrol fero. Por outro lado, a abundância rela va de recursos petrol feros permi u que se man vesse durante estes anos uma taxa de câmbio sobrevalorizada e incoerente com a estrutura produ va do pa s, tendo do como consequ ncia a promoção de ac vidades relacionadas com a mera importação de bens de consumo em detrimento da produção interna.

Um outro grande desequil brio está relacionado com a baixa qualidade da despesa pública, que pode ser analisada em duas dimensões:

a) Está amplamente demonstrado pela Macroeconomia do Crescimento e pela Economia do Desenvolvimento que o inves mento em capital hu-mano (Saúde e Educação) a melhor forma de alcançar uma trajectória de crescimento e desenvolvimento mais alta e sustentável. No entanto, nos úl mos anos a prefer ncia do Estado, em termos de alocação de verbas do OGE, tem demonstrado que a prioridade a Defesa e Segurança, cujo peso na despesa total saiu de 10 em 2002 para uma m dia de 15,5 entre 2010 e 2016. Enquanto para o mesmo per odo 2010 a 2016 o peso m dio do sector da Educação foi de 7 e da Saúde 5 , o que claramente o contrário do que seria de esperar de um pa s que precisa distribuir da forma mais equita va poss vel os ganhos da paz e lançar as bases para o desenvolvimento sustentável. Ou seja, o aumento esperado do inves mento em capital humano tem sido mais gradual do que seria de esperar para

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um pa s com recursos nanceiros substanciais e com muitas necessidades de desenvol-vimento social a sa sfazer37, o que, naturalmente, faz com que o próprio OGE seja um instrumento de agudização das assimetrias na distribuição do rendimento e regionais.Outra perspec va de análise da inversão das prioridades orçamentais prende -se com a diferenciação das despesas públicas em correntes e de capital (boa despesa). No per odo, as despesas correntes dominaram a estrutura dos gastos scais em Angola, com a par -cipação das despesas correntes a rondar os 75 (incluindo pagamentos de juros). Cerca de metade das despesas correntes são para a aquisição de bens e serviços e transfe-r ncias, com o volume das transfer ncias a tomarem a forma de subs dios (incluindo transfer ncias para as empresas estatais), que são notavelmente ine cientes em termos de segmentar os necessitados ou construir uma abrangente rede de segurança social38.

Mais acima a rmou -se que o baixo peso rela vo dos sectores sociais na despesa total signi ca que um sistema de saúde de qualidade e uma população instru da não a prioridade do Estado angolano. No entanto, preciso ques-

onar se os resultados ob dos destes inves mentos são o que seriam de se esperar. A análise da e ci ncia dos inves mentos públicos permite responder a esta questão. Num estudo desta natureza feito pelo FMI39, a e ci ncia do inves mento público angolano ocupa o úl mo lugar entre os 104 pa ses da amostra. O que quer dizer que os resultados de montantes na ordem dos USD 103 mil milhões inves mentos públicos acumulados em 13 anos cam muito aqu m daquilo que seria expectável.

ÁFRICA SUBSARIANA: CLASSIFICAÇÃO DA EFICIÊNCIA DO INVESTIMENTO PÚBLICO

Penn World Tables a o d a s a as do o o o do 37 , Relatório Económico de 201338 Op. cit.39 Relatório do Corpo Técnico so e o s as de ao a o do a o o de

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Sendo Angola um pa s em desenvolvimento rico em recursos, a pol ca orçamental do pa s tem um papel essencial no seu crescimento de m dio e longo prazo. Pol cas orçamentais e ca-zes podem estabilizar a economia rela vamente a choques externos e o inves mento público, especialmente em infra -estruturas, um mecanismo fundamental para transformar as receitas do sector dos recursos naturais em bens públicos valiosos, capazes de apoiar a diversi cação económica e o crescimento inclusivo. A não solidez do per l de endividamento público e a perda de dinamização das receitas proporcionadas pelo sector do petróleo de Angola deixaram de oferecer oportunidade valiosa de expansão das despesas de desenvolvimento e de atracção de mais inves mento do sector privado na economia não petrol fera. No entanto, para maximizar o seu impacto, as novas despesas públicas t m de ser e cientes e produ vas. São essenciais regras orçamentais sólidas e sistemas robustos de gestão do inves mento público para se po-der assegurar uma pol ca orçamental de alta qualidade. As intenções de reformas do Estado manifestadas, quer atrav s de leis, quer de planos (Estrat gia de Mi gação dos Efeitos da Brusca Redução do Preço Comercial do Petróleo no Mercado internacional), quer de memorandos (tenta vas de acordo com o FMI), des nadas a reduzir as despesas do Estado, resolução dos problemas estruturais da economia e criação de bases para a diversi cação económica são passos posi vos.

Actualmente, Angola apresenta uma d bil situação orçamental agravada por indicadores de uma d vida pública alta, tendo as poupanças orçamentais regredido para n veis inferiores à crise de 2008 -2009. Quando as receitas petrol feras registaram queda por causa da crise, o Governo decidiu rever em baixa o Orçamento de 2015 (tal como já a rmado anteriormente), sacri can-do, entre várias rubricas, largamente o segundo maior driver do crescimento em Angola, as despesas de capital. Ainda assim, a situação orçamental e da d vida passou a ser inexequ vel e, em 2015, o d ce orçamental global chegou a 4 do PIB. At ao ano de 2021, as previsões apontam para uma persist ncia do d ce orçamental (saldo global)40. Isto quer dizer que o Estado con nuará a ter grandes necessidades de nanciamento at àquele ano.

Nota -se com preocupação que em 2015 o Estado violou a regra de ouro das nanças públi-cas, que diz que o d ce público não pode ser superior às despesas de inves mento, o que pode signi car que os empr s mos contra dos des naram -se, em parte, a nanciar a des-pesa corrente (o que não propriamente uma boa opção). Em 2015 os inves mentos públicos foram de 636,8 mil milhões de kwanzas, ao passo que o d ce foi de 806,5 mil milhões de kwanzas).

40 Fiscal Monitor de

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2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

4,7 -4,5 -7,4 3,4 8,7 4,6 -0,3 -6,6 -4,1 -7,1 -6,1 -4,9 -3,9 -3,6 -3,6

es a as e o e es Fiscal Monitor de

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

5,8 -2,5 -5,6 4,6 9,6 5,5 0,5 -5,4 -2,1 -4,8 -3,8 -2,6 -1,6 -1,3 -1,2

es a as e o e es Fiscal Monitor de O crescimento, tanto das receitas como das despesas, tende a abrandar at 2021. As recei-

tas totais face ao PIB a ngiram um máximo de 50,9 em 2008, 35 no começo da crise (2014) e 24,8 em 2015. De 2015 at 2021 prev -se uma m dia de apenas cerca de 24 . As receitas não petrol feras, especialmente os impostos de rendimento, veram um aumento em 2015, representando 53 de todas as receitas. Em linha com um crescimento de receitas mais lento, o crescimento das despesas desacelerou para 49 em 2015, bastante abaixo do crescimento de 14 em 2014.

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

45,8 50,9 34,6 43,5 48,8 45,9 40,2 35,3 24,8 21,6 23 23,9 24,5 24,4 24,1

es a as e o e es Fiscal Monitor de

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

41,2 55,4 41,9 40 40,2 41,3 40,5 41,9 28,9 28,7 29,1 28,7 28,4 28 27,7

es a as e o e es Fiscal Monitor de

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

As despesas correntes con nuam a dominar o lado da despesa do orçamento. Como refe-rido anteriormente as despesas correntes representaram cerca de tr s quartos do total das despesas públicas, sendo aproximadamente metade afectado à aquisição de bens e serviços e a pagamentos de transfer ncias. Os gastos com subs dios con nuam muito elevados, corres-pondendo a 7,3 das despesas totais; a maior parte destes fundos são transfer ncias directas para empresas públicas, incluindo a Sonangol, para cobrir perdas decorrentes de pol cas de

xação de preço abaixo do mercado, que o Governo conserva. Es ma -se que os custos dos subs dios aos preços tenham chegado a quase 6,4 das receitas totais em 2015, contra 5,4 em 2014 – ainda assim, a taxa mais alta da frica Subsariana – o que equivale a quase 65 de todas as despesas de capital.

Angola enfrenta o desa o duplo de con nuar a ser altamente dependente das receitas de petróleo e, ao mesmo tempo, ter um horizonte rela vamente curto de reservas petrol feras. Nos úl mos anos, 70 das receitas públicas de Angola prov m do sector petrol fero e a despesa anual está altamente correlacionada com as receitas petrol feras anuais (com um coe ciente de correlação superior a 0,6, diz o Banco Mundial), o que sublinha a sensibilidade orçamental do pa s a mercados petrol feros voláteis. Felizmente, Angola dispõe de uma s rie de opções que podem promover a sustentabilidade scal de longo prazo, incluindo a expansão da base tributária não petrol fera, atrav s de reformas administra vas e diversi cação económica no sen do de aumentar as receitas não petrol feras que, presentemente, são inferiores a 12 do PIB. A par da elevada depend ncia de Angola das receitas do petróleo, o horizonte das reservas comprovadas de recursos naturais (reservas/produção) rela vamente baixo, em comparação com outros pa ses ricos em recursos.

QUADRO FISCAL MACROECONÓMICO

2011 2012 2013 2014 2015 2016

Exec. OGE Exec. OGE Exec. OGE Prel. OGE Revisto OGE

RECEITAS 4776,0 3761,0 5054,0 4571,0 4536,0 4747,0 4402,6 3240,7 2692,6 3514,5

Impostos 4528,0 3564,0 4826,0 4401,0 4365,0 4540,0 4098,0 2821,3 2476,0 3235,1

Petrol feros 3817,0 2560,0 4103,0 3282,0 3448,0 3313,0 2969,8 1616,3 1039,2 1689,7

Não petrol feros 711,0 1004,0 723,0 1119,0 917,0 1227,0 1128,2 1205,0 1436,8 1545,4

Outras 248,0 196,0 228,0 170,0 171,0 205,0 215,7 251,8 87,6 126,4

DESPESAS 3775,0 3501,0 4329,0 5021,0 4505,0 5375,0 5222,0 3776,2 3499,1 4295,7

Correntes 2928,0 2578,0 3185,0 3341,0 3368,0 3674,0 3666,6 2639,7 2862,3 3480,1

Remuneração dos empregados 877,0 1061,0 1031,0 1296,0 1203,0 1369,0 1318,9 1412,9 1487,9 1498,4

Bens e serviços 1031,0 850,0 1297,0 1156,0 1480,0 1431,0 1247,7 411,4 692,2 995,2

Juros 95,0 111,0 106,0 65,0 93,0 128,0 149,5 261,0 231,0 307,4

Transfer ncias correntes das quais: subs dios

926,0 557,0 752,0 824,0 593,0 746,0 950,4 554,4 451,2 680,2

766,0 383,0 548,0 577,0 353,0 537,0 668,2 222,9 154,3 370,1

con nua

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CEIC / UCAN

2011 2012 2013 2014 2015 2016

Exec. OGE Exec. OGE Exec. OGE Prel. OGE Revisto OGE

Capital 846,0 922,0 1145,0 1680,0 1137,0 1701,0 1555,4 1136,5 636,8 815,6

SALDO CORRENTE 1847,0 1182,0 1869,0 1230,0 1168,0 1071,0

SALDO GLOBAL (compromisso) 1001,0 260,0 725,0 -450,0 31,0 -630,0 -819,4 -535,5 -806,5 -781,2

VARIAÇÃO DE ATRASADOS 152,0 0,0 289,0 0,0 -18,0 0,0

SALDO GLOBAL (caixa) 1153,0 260,0 1014,0 -450,0 12,0 -630,0 -302,1 -535,5 -806,5 -781,2

FINANCIAMENTO LÍQUIDO -1153,0 -260,0 -1014,0 451,0 -12,0 630,0 302,1 535,5 806,5 781,2

Financiamento interno (l quido) -1204,0 -324,0 -1232,0 -145,0 -337,0 -103,0 -135,5 121,9 93,6 -277,7

Financiamento externo (l quido) 51,0 64,0 218,0 596,0 325,0 733,0 437,6 413,6 712,8 1058,9

MEMO

Despesa Capital em do PIB 8,7 9,5 10,5 14,1 9,7 13,3

Saldo primário não petrol fero -2475,0 -2010,0 -3272,0 -3667,0 -3325,0 -3816,0 -3639,7 -1890,8 -1614,7 -2163,7

Produto Interno Bruto (nominal) do qual: não petrol fero

9780,0 9753,0 10 876,0 12,0 11 764,0 12 823,0 12 462,3 12 745,6 11 534,9 14 218,2

5895,0 6060,0 5895,0 7342,0 6913,0 8461,0 8158,0 9495,9 9304,4 10 916,4

Exportações de petróleo (milhões de barris)

606,0 673,0 632,0 674,0 648,0 655,0 610,2 689,4 669,8 689,4

Preço m dio do petróleo (USD por barril)

1101,0 77,0 111,6 96,0 100,5 98,0 96,9 53,0 40,0 45,0

Taxa real de crescimento do PIB ( )

3,4 11,4 5,3 7,1 5,1 8,8 4,8 4,0 6,6 3,3

e a a e o de s dos o os a a de dados o a s s a o es o es o de es a s o es a asUma pesquisa do Departamento de Assuntos Orçamentais do FMI mostra que muito im-

portante para os pa ses constru rem uma capacidade de imposto m nima que aponta para valo-res do rácio das receitas em relação ao PIB de cerca de 15 .

Ter uma quan dade m nima de capacidade scal importante para a economia, porque fundamental para o Estado ser capaz de desempenhar o seu papel no processo de crescimento e desenvolvimento. É fundamental para construir a capacidade do Estado, para ser capaz de realizar um processo orçamental e ciente e e caz.

As prioridades de curto prazo da Pol ca Orçamental não devem, de forma alguma, preju-dicar o desa o de construir nanças públicas robustas e resilientes e promover o crescimento sustentável. Os pa ses podem construir essa resili ncia, tendo em conta quatro elementos:

• Um elemento -chave melhorar a transpar ncia e a prestação de contas, ter contas e nanças públicas limpas.

• A segunda iden car e quan car os riscos scais. Isso exige, como condição necessária, ter uma avaliação completa dos ac vos e passivos da administração pública.

con nua o

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

• O terceiro elemento para mi gar e gerenciar ac vamente os riscos.

• O quarto elemento a construção de bu ers/amortecedores para que o Governo possa desempenhar o seu papel como segurador de úl mo recurso.

A pol ca orçamental uma ferramenta poderosa ao serviço dos Governos que pode ser u -lizada para se a ngir maiores n veis de crescimento económico. Um estudo do FMI, publicado há um ano, es ma que as pol cas orçamentais estruturais viradas para as despesas e para as receitas gera um aumento de 0,75 pontos percentuais no PIB em termos de crescimento anual nas economias avançadas e um aumento superior nas economias em desenvolvimento.

Dada a actual falta de solidez orçamental e externa, Angola não tem as mesmas oportunida-des que no passado para aumentar a sua taxa de despesas de inves mento, sem desestabilizar as nanças públicas. Presentemente, Angola gasta cerca de 8 do PIB em inves mento, valor muito inferior à m dia de tr s anos da frica Subsariana, de 24 . Acresce que o n vel alto da d vida pública de Angola (49,5 no m de 2015), conjugado com um preço baixo do crude, apresenta uma di culdade para recorrer aos mercados de cr dito estrangeiros e rar par do de taxas de juro reduzidas. Esta circunstância leva a reconhecer a importância do FMI na pres-tação de apoio ao Governo angolano, no sen do de credibilizar o conjunto de reformas que vinham sempre sendo adiadas, mas que agora tenciona levar a cabo por força da actual crise económica.

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3. POLÍTICA MONETÁRIA E CAMBIAL

A queda do preço do petróleo nos mercados internacionais iniciada em 2014 acentuou--se ao longo do ano de 2015, tendo o preço m dio a ngido USD 49 por barril. Este cenário provocou a alteração da conjuntura económica, condicionando a ac vidade tanto do sector petrol fero como do sector não petrol fero. A taxa de in ação voltou a a ngir os dois d gitos, tendo -se registado no nal do ano uma in ação homóloga de 14,27 , ultrapassando a meta revista es pulada pelo Execu vo (13,8 ).

O Banco Nacional de Angola (BNA) deu in cio à implementação de várias medidas de pol ca monetária e cambial restri vas, em coordenação com a pol ca scal, de modo a procurar sua-vizar os efeitos adversos consequentes do choque exógeno acima mencionado.

No dom nio da pol ca monetária, destacam -se o agravamento, por várias vezes, das taxas de juro de refer ncia (cinco vezes a Taxa BNA e seis vezes a taxa das facilidades de ced ncia de liquidez e taxa de redesconto) e o aumento do coe ciente de reservas obrigatórias para os de-pósitos em moeda nacional, em quatro ocasiões, de 15 para 25 no nal do ano, assim como alterações nas regras do seu cumprimento.

No que se refere à pol ca cambial, o ano foi marcado pela desvalorização acentuada do kwanza face ao dólar, em 32 . Por outro lado, o BNA procedeu à de nição de novas regras e procedimentos a observar no mercado cambial, das quais se destacam:

• Os requisitos de acesso a leilões e de nição de prioridades quanto ao des no a dar às divisas adquiridas ao BNA (Instru vo n.o 4/15).

• A obrigatoriedade de cons tuição, antecipada, de uma reserva espec ca em moeda na-cional de montante correspondente ao contravalor das necessidades de moeda estrangei-ra pretendida pelos bancos nos leilões de divisas do BNA, não sendo esta reserva espec -

ca eleg vel para efeito do cumprimento das reservas obrigatórias (Instru vo n.o 10/15).

• A obrigatoriedade de cons tuição pr via, pelos clientes que pretendam realizar operações cambiais, de um depósito em moeda nacional, de montante equivalente ao contravalor da operação pretendida, cando ca vo at à execução da operação correspondente e que pode ser considerado para a reserva especial exigida pelo Instru vo acima mencionado (Instru vo n.o 12/15).

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Ainda no sen do de se reforçarem os mecanismos de controlo no mercado cambial foi im-plementado, atrav s do Decreto Legisla vo Presidencial n.o 2/15, o Regime Jur dico da Contri-buição Especial sobre as Operações Cambiais de Invis veis Correntes, cuja taxa de contribuição correspondente a 10 do valor da transfer ncia41.

Em Agosto implementaram -se medidas no âmbito do Novo Quadro Operacional do Mercado Cambial, tendo em vista dar maior e cácia ao controlo cambial, abrangendo:

a) Veri cação das operações apresentadas pelos bancos, atrav s do Mapa de Necessidades, na fase pr -venda.

Acompanhamento da liquidação das operações validadas na fase pós -venda.

O acompanhamento da liquidação das operações validadas apenas ganhou robustez a par r de Dezembro, com a obrigatoriedade dos bancos enviarem para o BNA uma cópia de mensa-gens do sistema Swi 42. A par r das informações disponibilizadas tornou -se poss vel veri car a con abilidade das informações prestadas pelos bancos no Sistema Integrado de Operações Cambiais (SINOC) e Sistema de Supervisão das Ins tuições Financeiras (SSIF), garan ndo assim a con rmação do des no das divisas adquiridas ao BNA.

Destaca -se ainda a implementação do Acordo de Conversão Monetária entre o BNA e o Banco da Nam bia, circunscrito à fronteira terrestre de Santa Clara e Oshikango, que permi u a aceitação rec proca das moedas com curso legal nos dois pa ses e garan u a sua conver bili-dade junto das ins tuições legalmente autorizadas a efectuar operações de câmbio em ambos os pa ses. O acordo acabou por ser suspenso no in cio de Dezembro e retomado ainda no nal desse m s com um novo modelo centralizado pelo BNA e apenas dispon vel nos bancos comer-ciais e casas de câmbio em Santa Clara.

No dom nio prudencial destaca -se a publicação do Aviso n.o 2/2015, de 26 de Janeiro, que isentou de cálculo de exposição cambial os tulos indexados à moeda estrangeira tendo em vista permi r o aumento do nanciamento do Estado, uma vez que o limite em vigor di cultava que os bancos con nuassem a adquirir este po de d vida43. Decorrente desta isenção, a expo-sição cambial do sector bancário sobre os fundos próprios regulamentares permaneceu longa, tendo aumentado de 24 em Dezembro de 2014 para 34 em Dezembro de 2015.

41 e e o e s a o es de a o o e o ado o a a o da e o de de e e -o a do a o a de do o e e d o da o o es e a so e o e a es de s e s a a e do 42 s o o de de e e o43 e de do a -se e so e os dos os e a e a es a a as e os es o as a os s e o es a ass os e oeda es a e a o de ados oeda es a e a o as ass os s e o es a a os e -se e o so se a e o ado o a a o do a o e do o de so a dade e a e a e de e a o e e a o de

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CEIC / UCAN

O quadro seguinte apresenta os regulamentos relevantes publicados pelo BNA em 2015:

Regulamento Data Resumo

Lei n.o 12/15 17/06 Lei de Bases das Ins tuições Financeiras.

Aviso n.o 1/15 29/01 Estabelece a importação, exportação e reexportação de moeda es-trangeira e cheques de viagem sem autorização pr via do BNA.

Aviso n.o 2/15 29/01 De ne o limite de exposição ao risco cambial e ao ouro dos bancos – isenta do cálculo da exposição os T tulos do Tesouro indexados à moeda estrangeira.

Aviso n.o 3/15 23/02 Altera o coe ciente das reservas obrigatórias em moeda nacional de 15 para 20 .

Aviso n.o 4/15 2/03 Compra e venda de moeda estrangeira. Regras operacionais adi-cionais.

Instru vo n.o 7/15 28/05 Altera as regras operacionais das casas de câmbio, permi ndo a venda livre de moeda estrangeira a residentes cambiais at ao montante de USD 5000,00.

Instru vo n.o 8/15 3/06 Estabelece a possibilidade de 25 das reservas obrigatórias serem cumpridas atrav s de T tulos Públicos emi dos a par r de Janeiro de 2015 e contratos de nanciamento entre o Tesouro e os bancos, com ponderação das maturidades.

Instru vo n.o 20/15 9/12 Reporte e monitorização de transacções cambiais.Instru vo n.o 10/15 4/06 Estabelece a obrigatoriedade de cons tuição, antecipada, de

reserva espec ca em moeda nacional, de montante corresponden-te ao contravalor das necessidades de moeda estrangeira preten-dida pelos bancos nos leilões de divisas do BNA, não sendo esta reserva espec ca eleg vel para efeito do cumprimento das reservas obrigatórias.

Aviso n.o 10/15 8/06 Acordo de Conversão Monetária entre o BNA e o Banco da Nam -bia – entrada e sa da de moeda na Zona Fronteiriça de Santa Clara (Angola) e Oshikango (Nam bia).

Instru vo n.o 11/15 18/06 De ne as regras operacionais a observar pelos bancos, no âmbito do Acordo de Conversão Monetária entre o BNA e o Banco da Na-m bia.

Instru vo n.o 12/15 15/06 Estabelece a obrigatoriedade de cons tuição pr via, pelos clientes que pretendam realizar operações cambiais, de um depósito em moeda nacional, de montante equivalente ao contravalor da ope-ração pretendida, cando ca vo at à execução da operação cor-respondente e que pode ser considerado para a reserva especial exigida pelo Instru vo acima mencionado.

Decreto n.o 2/15 29/06 Aprova o Regime Jur dico da Contribuição Especial sobre as Opera-ções Cambiais de Invis veis Correntes.

Instru vo n.o 13/15 1/07 Determina que os Bancos de Desenvolvimento, no âmbito das suas funções fundamentais, podem par cipar no mercado monetário interbancário para ceder liquidez.

Instru vo n.o 16/15 22/07 Altera as regras de cons tuição das reservas obrigatórias, passando o seu cálculo e cumprimento de uma base mensal para uma base semanal.

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Instru vo n.o 17/15 20/08 Estabelece os procedimentos operacionais a serem observados nas sessões de leilão de venda de moeda estrangeira às casas de câm-bio.

Instru vo n.o 19/15 15/12 Conversão de 80 da exigibilidade para Obrigações do Tesouro em moeda estrangeira emi das em 2015 com a maturidade de 7 anos e uma remuneração de 5 a.a.

Instru vo n.o 20/15 9/12 Estabelece procedimentos para o reporte e monitorização de tran-sacções cambiais.

Aviso n.o 12/15 21/12 Acordo de Conversão Monetária entre o BNA e o Banco da Nam bia – estabelece as regras operacionais (revoga o Aviso n.o 10/15 e o Instru vo n.o 11/15).

3.2 Títulos do Tesouro

Em 2015, as vendas de Obrigações do Tesouro em moeda nacional (OTMN), atrav s dos lei-lões do BNA nas modalidades de indexada à taxa de câmbio do dólar (OTMN -T C) e não reajus-táveis (OTMN -NR), a ngiram o total de 409,8 mil milhões de kwanzas. As vendas de OTMN -T C corresponderam a 206 do limite de nido no Plano Anual de Endividamento (PAE), enquanto as vendas de OTMN -NR corresponderam a apenas 0,4 do limite.

RESUMO DAS EMISSÕES DOS TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA INTERNA ATRAVÉS DE LEILÕES EM 2015 (MIL MILHÕES DE KWANZAS)

PAE Executado % Executado

OT 85%

OTMN-NR (Não reajustáveis) 288,1 1,2 0

OTMN-T C (Indexadas à taxa de câmbio) 192,1 395,8 206

BT (Bilhetes do Tesouro) 170%

D vida fundada 197,6 –

D vida utuante 204,9 –

Total 882,7 1095,4 124 o as de e ss es e a o a de d da e oEm 2015 foram emi dos OTMN no valor de 686 mil milhões de kwanzas, mais 140 com-

para vamente a 2014, e vendidos 396 mil milhões, mais 69 compara vamente a 2014, resul-tando no rácio de colocação (vendas sobre a procura) de 98 , que se compara com 93 no ano anterior.

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CEIC / UCAN

2014 2015

Emi do 286 686 140

Propostas 250 406 62

Vendido 234 396 69

Rácios ( )

Procura/Oferta 88 59

Venda/Procura 93 98 As vendas de OTMN centraram -se nas maturidades de 2 e 3 anos, representando, cerca de

65 e 13 do total vendido, respec vamente.

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Em 2015, o valor dos resgates de OTMN a ngiu 200 mil milhões de kwanzas, do qual 56 foi efectuado no 4.o trimestre. O maior valor dos resgates ocorreu em Novembro de 2015, no valor de 80 mil milhões de kwanzas, tendo a maior parte sido nanciada atrav s de novas emissões de tulos neste m s.

OTMN – EMISSÕES E RESGATES MENSAIS

Tendo o volume de vendas de OTMN sido superior ao dos resgates, a exist ncia de OTMN

aumentou 1005 mil milhões no ano, a ngindo 2515 mil milhões de kwanzas no nal do per odo.

TÍTULOS DO TESOURO – EXISTÊNCIA NO FINAL DO ANO

Para al m das emissões realizadas atrav s dos leilões, foram ainda autorizadas as emissões

directas de obrigações do tesouro em moeda nacional (OTMN) que se seguem.

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CEIC / UCAN

• OTMN -NR (não reajustáveis) no valor de 62,44 mil milhões de kwanzas, pelo prazo de 20 a 24 anos, à taxa de juro de 5 , correspondente a operações de Inves mentos Financeiros (capitalização de Bancos Comerciais Públicos e Fundos).

• OTMN -NR (não reajustáveis) no valor 300 mil milhões de kwanzas, dos quais 150 mil mi-lhões referem -se à conversão do nanciamento ponte concedido em Julho de 2014, com prazos de 2 a 7 anos e taxas de juro entre 7 a 8,25 , e 150 mil milhões atrav s de sindi-catos bancários com prazos de 2 a 8 anos e taxas de juro entre 7 a 8,25 .

• OTMN -T C (indexadas à taxa de câmbio) inicialmente com um limite de valor de 147 mil milhões de kwanzas, posteriormente aumentado para 202 mil milhões de kwanzas44, por prazos de 2 a 5 anos, à taxa de juro de 5 , para operações de regularização de atrasados de exerc cios anteriores a favor dos credores do Estado.

Bilhetes do Tesouro

Em 2015, as vendas de Bilhetes do Tesouro (BT) a ngiram 686 mil milhões de kwanzas, re-presentando um aumento de 46 face a 2014, correspondente a 170 do limite autorizado no OGE para 2015 (o grau de execução em 2014 foi de 130 ). Por sua vez, o volume de resgates de BT a ngiu 632 mil milhões de kwanzas.

2014 2015

Emi do 542 1216 124

Propostas 759 1212 60

Vendido 471 686 46

Rácios ( )

Procura/Oferta 140 100

Venda/Procura 62 57 O rácio de colocação (vendas sobre a procura) de BT foi de 57 , que se compara com 62

no ano anterior, enquanto as vendas centraram -se nas maturidades de 91 e 364 dias, represen-tando cerca de 41 e 39 do total vendido, respec vamente.

44 e e o es de a o de de o

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Tendo o volume de vendas45 de BT sido superior aos dos resgates, a exist ncia aumentou de

375 para 428 mil milhões de kwanzas entre Dezembro de 2014 e Dezembro de 2015.

BT – EMISSÕES E RESGATES MENSAIS

45 a a e o o a e ss es as es a s as adas a do se e e e a e das

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CEIC / UCAN

Em 2015 foram emi dos, em termos acumulados, 1791 mil milhões de kwanzas (menos 57 compara vamente a 2014) e vendidos 96 mil milhões de kwanzas (menos 89 compara -vamente a 2014) nas operações revers veis de absorção de liquidez (REPO). As emissões deste instrumento concentraram -se na maturidade de 63 dias, com um peso de 72 rela vamente ao total, seguido da maturidade de 28 dias, representando o remanescente.

(MIL MILHÕES DE KWANZAS)

2014 2015

Emi do 4207 1791 -57

Propostas 946 109 -89

Vendido 910 96 -89

Rácios ( )

Procura/Oferta 22 6

Venda/Procura 96 89

overnight

Em Fevereiro de 2015, o BNA decidiu reduzir para zero a taxa da facilidade de absorção de liquidez overni t, de modo a dar alguma folga em termos de liquidez para a colocação de tu-los públicos. Tal conduta durou at Setembro, per odo em que o BNA decidiu repor esta taxa nos 1,75 , denotando desta forma a necessidade de absorção da liquidez excedentária que se veri cava no sistema. No nal do ano, esta taxa voltou a ser colocada nos 0 , introduzindo -se um novo instrumento de absorção de liquidez atrav s da possibilidade de depósito na maturi-dade de 7 dias à taxa de 1,75 .

O volume de operações de absorção de liquidez overni t a ngiu 828 mil milhões de kwan-zas em 2015, representando um aumento de 38 compara vamente a 2014.

REPO – MATURIDADES

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

DE LIQUIDEZ DE LIQUIDEZ

O volume de facilidades de ced ncia de liquidez a ngiu 456 mil milhões de kwanzas em 2015, mais 245 compara vamente a 2014, sendo que 73 destas operações ocorreram com maior magnitude a par r do 3.o trimestre, altura em que a pol ca monetária começou a ser mais restri va e com a entrada em vigor do Instru vo n.o 10/2015, que es pulou a obrigato-riedade de cons tuição de um saldo em moeda nacional junto do BNA, por parte dos bancos comerciais, correspondente às suas necessidades de divisas.

Por sua vez, o volume de operações de redesconto a ngiu 1865 mil milhões no ano, tendo estas operações ocorrido com maior incid ncia a par r de Setembro, re ec ndo a deterioração da liquidez de alguns bancos. A maior recorr ncia às operações de redesconto em detrimento das facilidades de ced ncia de liquidez re ecte, de acordo com a de nição do próprio instru-mento, a necessidade do BNA actuar como prestamista de úl ma instância a bancos que apre-sentam di culdades de liquidez.

46

Títulos do Tesouro

Sendo que a colocação das OTMN -T C feita atrav s de leilão de quan dade, as taxas nomi-nais de juro estão previamente de nidas, situando -se entre 7 para a maturidade mais curta (2 anos) e 7,75 para a maturidade mais longa (5 anos). No caso OTMN -NR, a sua colocação feita atrav s de leilão de preço, tendo as taxas de juro se situado acima das taxas de juro das OTMN -T C.

46 s a as de o a ese adas es e a o s o a as de o o a s o es o de es ao e odo de a o

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TAXAS DE JURO – EMISSÕES OTMN 2015

2 anos 3 anos 4 anos 5 anos

OTMN-T C 7,00 7,25 7,50 7,77

OTMN-NROut-14Nov-14Dez-14

7,08 7,75 8,00 8,25

7,18 7,75 8,00 8,25

8,18 7,75 8,00 8,25 As taxas de juro dos Bilhetes do Tesouro (BT) apresentaram uma tend ncia de signi ca vo

aumento ao longo do ano com maior incid ncia no úl mo trimestre, tendo os prazos de 91 e 182 dias a ngido, respec vamente, 13,9 e 15,0 . O aumento das taxas de juro no nal do ano deve -se ao aumento das necessidades de nanciamento devido à forte pressão imposta ao Te-souro, que teve origem na queda do preço e consequente redução das receitas petrol feras, as-sim como à pressão imposta pelo mercado em linha com o comportamento da taxa de in ação.

BT – TAXAS NOMINAIS (MERCADO PRIMÁRIO)

Ao longo do per odo em análise, as taxas de juro de refer ncia rela vas às operações de pol ca monetária47 registaram aumentos em função da necessidade de controlo da in ação. Dessa forma, o BNA efectuou cinco alterações nas taxas de juros básica (Taxa BNA) e seis da

47 e a o do o a e a .o de de os o as o e a es de edes o o assa a a es a s e as a a de o da a dade e a e e de ed a de de oda a es a d e -a o e o ada o a a o da e a de de e e o e do a a a de o de edes o o ado s e o a a da e e da a dade

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facilidade de ced ncia de liquidez overni t, tendo aumentado a Taxa BNA em 2 pp no ano para 11,31 48 e a taxa da facilidade de ced ncia de liquidez de 9,75 em Dezembro de 2014 para 13 no nal de 2015.

TAXAS DE JURO DE REFERÊNCIA EM KWANZAS

Ainda com o objec vo de reduzir a liquidez do sistema nanceiro e criar, ao mesmo tempo,

condições para o nanciamento do OGE, procedeu -se à alteração do coe ciente de Reservas Obrigatórias em moeda nacional para 25 , dos quais 20 podem ser cumpridos atrav s de T tulos Públicos emi dos a par r de Janeiro de 2015 e contratos de nanciamento entre o Mi-nist rio das Finanças e os bancos, com ponderação pelas suas maturidades49.

Adicionalmente, em Junho, o BNA es pulou a obrigatoriedade de cons tuição de contas ca vas, por parte dos bancos comerciais, em moeda nacional junto do BNA, com saldo corres-pondente à necessidade de compra divisas para a semana seguinte50.

A alteração do coe ciente das reservas obrigatórias reduziu a liquidez do sistema, entretanto, o impacto sobre o cr dito terá sido modesto. Os efeitos em termos de redução da liquidez poderão no entanto ter sido diferentes em cada banco, dependendo do peso dos depósitos

48 a e o das a as de o de e e a o e e ado de o a ad a se do e e a o a a a a e o e o e o e os o o a do a se a e ada a a e o de do a o e a a 49 s os .o de de e e e o e .o de de o50 s o .o de de o a a a d sso o s o .o de e a a a -a o dos e es o dos a os o e a s de o a e de os ado e oeda a o a e -a e e ao o a a o da o e a o de o a de oeda es a e a e e d da a ea a o da o e a o a a o es o de e se e e ada

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do Governo Central rela vamente ao total de depósitos. Por sua vez, os ajustamentos (i) do per odo de cons tuição dos saldos e de cumprimento da exigibilidade de um m s para uma semana e (ii) do desfasamento de uma semana entre o per odo de cons tuição e o per odo de cumprimento, com efeitos a par r de Julho de 2015, terá reduzido o esforço dos bancos para cumprir as reservas obrigatórias.

COMPOSIÇÃO DA LIQUIDEZ LIVRE NO SISTEMA BANCÁRIO (KWANZAS)

A decisão de aumento das reservas obrigatórias no nal do ano decorreu da alteração do

contexto macroeconómico, de redução das reservas internacionais l quidas, do crescimento do mul plicador monetário e aumento da taxa de in ação. O aumento permi a reduzir a liquidez dispon vel para pressionar o mercado cambial primário e, consequentemente, a taxa de câm-bio, factor preponderante na manutenção da estabilidade macroeconómica.

No caso das reservas em moeda estrangeira, 80 das reservas depositadas no BNA foram obrigatoriamente conver das em Dezembro de 2015 para Obrigações do Tesouro em Moeda Estrangeira (OT -ME) emi das em 2015, no valor total de 2000 milhões de USD, com a maturidade de 7 anos e uma remuneração de 5 a.a.51.

As taxas de juros LUIBOR no Mercado Monetário Interbancário (MMI) aumentaram para to-das as maturidades52 em função da redução da liquidez do sistema bancário e do aumento das

51 e e o e e o .o de de o es a o .o de de e e o s o .o do de de e e o e e a .o

52 a a overnight e e e a sa es e e as ea adas e e os a os a a de o a a as es a es a dades e eses o es o de a a o o s a sa es o se a e es de a sa es e o e a a o e a -se

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taxas de juro directoras durante o 2.o semestre do ano. Em termos homólogos, a maior subida em 2015 veri cou -se na taxa de juro overni t, em 5,1 pontos percentuais, tendo -se situado em 11,3 no nal do ano.

De destacar que, de forma inesperada, registou -se um drás co aumento na taxa overni t, entre Junho e Agosto, para n veis superiores à taxa de facilidade permanente de liquidez e às taxas LUIBOR para as restantes maturidades. Este per odo foi caracterizado por uma pressão adicional para a absorção de liquidez atrav s da entrada em vigor dos instru vos atrás refe-ridos e da primeira desvalorização acentuada da moeda. Por m, no úl mo trimestre no ano, a LUIBOR overni t seguiu um processo de correcção face ao pico registado em Agosto.

TAXAS DE JURO NO MMI

As taxas de juro de cr dito em Moeda Nacional (MN) para empresas apresentaram uma tend ncia divergente, por m, a aproximarem-se todas ao mesmo n vel dos 15 .

Por sua vez, o comportamento das taxas de juro de cr dito em Moeda Estrangeira (ME) para empresas tamb m foram divergentes, tendo a taxa para a maturidade de 181 dias a 1 ano registado uma subida de 2,3 pontos percentuais, xando -se nos 13 em Dezembro de 2015, enquanto as restantes taxas registaram quedas.

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As taxas de juros de depósitos a prazo em moeda nacional subiram de forma ligeira em

2015 nas maturidades mais curtas, tendo a maturidade de at 90 dias registado a maior subida, 1 ponto percentual para 5,0 , enquanto as maturidades mais longas registaram quedas, com destaque para a de 181 dias a 1 ano que caiu 1,7 pontos percentuais para 3,9 . As taxas de juro dos depósitos a prazo em moeda estrangeira apresentaram uma tend ncia crescente ao longo de 2015, com excepção da maturidade de 91 a 180 dias que caiu 0,4 pontos percentuais para 2,5 .

Dada a conjuntura que levou à menor entrada de divisas no pa s, o BNA efectuou uma ges-tão mais prudente e direccionada da oferta de moeda estrangeira no mercado cambial, come-çando, no in cio do ano, a atribuir um maior peso às vendas directas de forma a canalizar divisas para algumas nalidades que considera fundamentais ao normal funcionamento da economia, em detrimento de outras.

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Assim, em 2015 o BNA vendeu divisas aos bancos comerciais num montante de 17 367 milhões de USD, sendo 58 dessas vendas sob a forma de vendas directas segmentadas para sectores prioritários. Este montante não se compara directamente com os 19 175 milhões de USD vendidos pelo BNA no ano anterior, uma vez que o regime cambial aplicável ao sector petrol fero em vigor at Outubro de 2014 permi a que as operadoras petrol feras vendessem a moeda estrangeira directamente aos bancos comerciais. Por sua vez, os clientes venderam 2669 milhões de USD aos bancos, contra os 15 292 milhões de USD efectuadas em 2014, repre-sentando uma diminuição de 82,5 53.

VENDA DE DIVISAS PELO BNA E VARIAÇÃO DA TAXA DE CÂMBIO DE REFERÊNCIA

VENDA MENSAL DE DIVISAS PELO BNA E TAXA DE CÂMBIO 2015

Este menor fornecimento de divisas aos agentes económicos pressionou fortemente a taxa

de câmbio, dado o desequil brio entre a procura e a oferta. De forma a atenuar a pressão exis-tente no mercado cambial, o BNA u lizou a taxa de câmbio como o principal instrumento de ajustamento, ao permi r uma desvalorização signi ca va durante o ano. Esta desvalorização permi u que fosse assegurada a manutenção das reservas internacionais em n veis internacio-nalmente recomendados.

TRANSACÇÕES NO MERCADO CAMBIAL (MILHÕES DE USD)

2014 2015

Vendas Vendas

Janeiro 1636 1398 1349 252

Fevereiro 1190 1072 1645 186

53 so .o de de o es a e as e o e as de e de e de oeda es a -e a aos a os e do e s a a a s o de oeda a o a a a o a a e o de e s e se os o e dos o e dades es de es a a s assa do a e e a e de d e a e e ao -a do ass os a os de a o a e o e de a as e e o de oeda es a e acon nua

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2014 2015

Vendas Vendas

Março 1075 1419 1390 176

Abril 950 1096 1357 120

Maio 1660 1101 1340 219

Junho 2620 1240 2220 201

Julho 2000 1765 1551 219

Agosto 2168 1541 1386 183

Setembro 1185 1834 1446 542

Outubro 1388 1715 1460 174

Novembro 1520 746 1047 198

Dezembro 1783 312 1176 200

Total 19 175 15 241 17 367 2669

Média mensal 1598 1270 1447 222 Assim, num momento inicial do ano, a depreciação da moeda nacional ocorreu de forma

gradual. Por m, o BNA proporcionou dois choques no mercado cambial ao desvalorizar a taxa de câmbio de forma mais abrupta. A 5 de Junho de 2015, o kwanza sofreu uma depreciação de 6,0 , que foi acompanhada por um aumento da venda de divisas nessa semana, o que permi-

u, na altura, reduzir não só as necessidades pendentes de divisas como tamb m o diferencial para o mercado informal54. Em Setembro ocorreu uma nova desvalorização cambial de 6,9 , sem que vesse havido impacto sobre as reservas, uma vez que esta desvalorização não foi acompanhada por um aumento da venda de divisas.

a a de e e a e a a o e ado o a54 a se a a da des a o a o o o da e de o o o ede e a a e o a e-e o de da e da de d sas a e ao o a e e d do a se a a a e o a a s de es de e da d e a e es e e o

con nua o

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Deste modo, a taxa de câmbio no mercado primário depreciou 31,2 do seu valor face ao dólar norte -americano em 2015. Adicionalmente, a gestão das reservas efectuada pelo BNA redireccionou uma parte da procura não correspondida para o mercado informal, levando a taxa de câmbio deste mercado a disparar. De referir que, no nal do ano, a taxa de câmbio do mercado informal registou um spread m dio anual de 70,8 face à taxa de câmbio do mercado primário (87,5 em termos acumulados).

Os Ac vos Externos L quidos, com o efeito cambial inclu do, evidenciam um aumento de 13 em 2015, enquanto os ac vos internos l quidos expandiam 5 , como resultado da expansão signi ca va do cr dito ao Governo Central em 28 , para fazer face às suas necessi-dades de tesouraria, e do cr dito à economia em 18 . De realçar que a posição devedora do Governo Central aumentou 455 devido ao aumento do cr dito do Governo ter sido superior ao aumento dos depósitos que tem cons tu dos no sistema monetário.

SÍNTESE MONETÁRIA (MIL MILHÕES DE KWANZAS)

2902 3163 3115 3183 3607 13%

Em mil milhões de USD 30,5 33,0 32,5 30,9 26,7 -14

Reservas internacionais l quidas 2485 2935 3041 2810 3292 17

Em mil milhões de USD 26,1 30,6 31,7 27,3 24,3 -11

Outros ac vos externos l quidos do BC 82 79 56 181 105 -42

Ac vos externos l quidos dos bancos 335 149 19 192 210 9

Em mil milhões de USD 3,5 1,6 0,2 1,9 1,6 -17

755 713 1320 2013 2106 5%

Cr dito interno l quido 1748 1733 2277 3016 3853 28

Cr dito ao Governo Geral -407 -931 -650 69 384 455

Cr dito ao Governo Central (L q.) -409 -932 -651 69 384 455

Ac vos 1231 1197 1445 2002 2582 29

Depósitos -1640 -2129 -2097 -1933 -2198 14

Cr dito à economia 2156 2664 2927 2947 3469 18

Outros ac vos e passivos -994 -1021 -957 -1003 -1748 74

M3 3657 3876 4435 5195 5713 17%

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FACTORES DE VARIAÇÃO DA LIQUIDEZ NA ECONOMIA VARIAÇÃO EM % DO VALOR DO M3 NO INÍCIO DO ANO

As RIL a ngiram 24,3 mil milhões de dólares em Dezembro de 2015, representando uma queda de 11 face ao n vel registado em 2014, cobrindo acima de 8 meses de importação.

EVOLUÇÃO DAS RIL E DOS ACTIVOS EXTERNOS DOS BANCOS

A expansão dos AIL em 2015 decorrente do aumento do cr dito l quido ao Governo, atra-

v s do aumento da emissão de tulos (explicada anteriormente) e do aumento do cr dito à economia em 18 .

O cr dito l quido ao Governo Geral aumentou 455 – de 69 mil milhões de kwanzas em 2014 para 384 mil milhões de kwanzas em 2015 (cr dito superior aos depósitos) – devido ao

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efeito l quido do aumento dos ac vos55 em 29 (2582 mil milhões de kwanzas), decorrente do aumento das emissões de tulos e dos nanciamentos directos junto de bancos, e do aumento dos depósitos em 14 (265 mil milhões de kwanzas). O cr dito tulado em moeda nacional, principalmente decorrente dos leilões de tulos e das emissões para o pagamento de atrasados, aumentou 757 mil milhões de kwanzas no ano, tendo a ngido 2236 mil milhões de kwanzas em Dezembro de 2015. Por sua vez, o cr dito não tulado diminuiu 96 mil milhões de kwanzas, principalmente resultante da conversão do nanciamento, ponto concedido em Julho de 2014 em Obrigações do Tesouro não reajustáveis.

CRÉDITO AO GOVERNO CENTRAL

DEPÓSITOS DO GOVERNO CENTRAL

55 s a os s o esse a e e o os os o os e

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Para o aumento dos depósitos do Governo contribuiu o aumento dos depósitos na Conta nica do Tesouro em Moeda Estrangeira (CUT -ME) em 12 , tendo a ngido 1,3 mil milhões de

kwanzas no nal de 2015. Por sua vez, os depósitos do Governo nos bancos comerciais veram um aumento de 19 no ano, tendo a ngido 848 mil milhões de kwanzas em Dezembro de 2015.

Em 2015 o cr dito ao sector privado cresceu 17,4 para AKZ 3348,5 mil milhões em 2015, devido ao crescimento do cr dito em moeda nacional (14,7 ), uma vez que o aumento apre-sentado pelo cr dito em moeda estrangeira em termos de moeda nacional deve -se ao efeito da depreciação da taxa de câmbio. Caso se exclua o efeito da depreciação da moeda nacional, nota -se uma diminuição de 4,9 face a 2014 deste cr dito em moeda estrangeira. Excluindo o efeito cambial, o cr dito ao sector privado cresceu 9,9 .

CRÉDITO À ECONOMIA

Em 2015, o cr dito a empresas teve um crescimento posi vo de 9 contra uma contracção

do cr dito a par culares de 6 . O crescimento no cr dito a empresas foi impulsionado pelos seguintes sectores:

• Com rcio por grosso e a retalho, com uma variação anual de 20 , tendo o seu peso no total de cr dito aumentado de 17 em 2014 para 20 em 2015.

• Indústrias transformadoras, com uma variação anual de 31 , tendo o seu peso no total de cr dito aumentado de 6,5 em 2014 para 9,2 em 2015.

• Construção, com uma variação anual de 18,6 , tendo o seu peso no total de cr dito au-mentado de 10,1 em 2014 para 11,7 em 2015.

• Ac vidades imobiliárias, de aluguer e serviços prestados às empresas, com uma variação anual de 14,7 , tendo o seu peso no total do cr dito aumentado de 12,6 em 2014 para 13,9 em 2015.

• Agricultura e pescas, com uma variação anual de 23,9 , tendo o seu peso no total de cr -dito aumentado de 4,1 para 5 em 2015.

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Em 2015, o crescimento do M3 de 11,2 foi essencialmente impulsionado pelo aumento da liquidez em moeda nacional, em 14 , uma vez que a liquidez em moeda estrangeira teve um aumento de apenas 5 . Desta forma, a dolarização da economia, medida pelo peso da moeda estrangeira (ME) sobre o M3, reduziu em 5 pontos percentuais face a 2014, tendo -se situado em 32 no nal de 2015.

MASSA MONETÁRIA – TAXA DE VARIAÇÃO ANUAL

MEIOS DE PAGAMENTO (MIL MILHÕES DE KWANZAS)

Meios de Pagamento M3 3657 3876 4432 5135 5712

Meios de Pagamento M2 3506 3799 4379 5082 5712

Moeda M1 2151 2215 2574 3085 3420

Notas e moedas em poder do público 209 245 276 340 381 12,1

Notas e moedas em circulação 288 336 410 478 520 8,7

Caixa nos Bancos Comerciais -79 -91 -134 -138 -139 0,4

Depósitos à ordem – MN 956 1041 1463 1896 2264 19,4

Depósitos à ordem – ME 986 929 835 850 775 -8,7

Quase-moeda 1356 1584 1805 1997 2292

Depósitos a prazo – MN 596 724 899 1163 1258 8,2

Outras obrigações – ME 27 3 2 5 8 65,4

Depósitos a prazo – ME 732 858 904 829 1026 23,7

151 77 53 53 0 -99,8

Empr s mos e acordos de recompra – MN 112 39 20 17 0 0,0

Empr s mos e acordos de recompra – ME 39 38 32 36 0 0,0

Mul plicador monetário (M3/RM) 3,2 3,5 4,6 4,1 3,4

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O crescimento do M2 foi próximo ao do M3, de 12,4 , induzido essencialmente pelo au-mento dos depósitos à ordem em moeda estrangeira em 23,7 (efeito cambial) e dos depósitos a prazo em moeda nacional em 8 neste per odo. O M1 cresceu cerca de 10,8 , in uenciado pelo aumento dos depósitos à ordem em moeda nacional em 19,4 e das notas e moedas em poder do público em 12,1 .

ESTRUTURA DOS MEIOS DE PAGAMENTO – M3

Passivo do BNA

Em 2015 a reserva monetária teve um aumento de 35 , resultante do efeito l quido da expansão da base monetária em 31,8 . A expansão da base monetária resultou do aumento (i) das notas e moedas em circulação de 8,2 , e (ii) dos depósitos dos bancos junto do BNA para o cumprimento das reservas obrigatórias de 46 .

PASSIVOS SELECCIONADOS DO BNA – EVOLUÇÃO DOS SALDOS NO FIM DO ANO

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Não havendo emissões de T tulos do Banco Central (TBC), a exist ncia manteve -se nula em Dezembro de 2015.

O mul plicador monetário56 diminuiu de 4,1 em Dezembro de 2014 para 3,4 em Dezembro de 2015, devido ao menor efeito da expansão nos meios de pagamento sobre a reserva mone-tária em relação ao ano anterior.

A liquidez no sistema bancário57 a ngiu o valor mais elevado em Agosto, no total de 1030 mil milhões de kwanzas. Deste, 885 mil milhões de kwanzas correspondiam a reservas obriga-tórias e 145 mil milhões de kwanzas a reservas livres.

Não obstante o valor m dio das reservas livres, em 2015, ter -se situado em 197 acima do valor em 2014, a assimetria na distribuição da liquidez do sistema bancário foi mais acentuada, com alguns bancos a recorrerem às operações de redesconto enquanto outros dispunham de maior volume de reservas livres. Tal cenário evidenciou o aumento da percepção do risco de cr dito no mercado monetário interbancário. O aumento da assimetria na distribuição da liqui-dez no sistema encontra -se re ec do:

i) Na redução do volume das operações de ced ncias de liquidez no mercado monetário in-terbancário de 14 198 mil milhões de kwanzas, em 2014, para cerca de 6163 mil milhões de kwanzas durante o ano de 2015, representando uma redução de 57 .

ii) No aumento do volume das operações de redesconto em cerca de 380 para 1865 mil milhões de kwanzas em 2015.

As medidas de pol ca monetária mais restri vas, a par r de meados do ano de 2015, im-plicaram uma redução de 57 na liquidez livre do sistema no per odo de Maio a Agosto, um aumento da taxa de juro LUIBOR overni t de Maio a Junho em 5 pontos base, para 11,29 e uma redução do peso da liquidez livre sobre os depósitos para apenas 4 em Agosto.

56 e a o e e a assa o e a e a ese a o e a 57 o o e e ado a e o e e a de e o es o de ao so a o do e o e a a ese as e ede as o a dades de a so o overnight o e a es ed as o e ado e a o e as ese as o a as

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RESERVAS BANCÁRIAS MN OPERAÇÕES NO MERCADO INTERBANCÁRIO

O aumento das operações de redesconto, em contraste com o aumento da liquidez livre no

sistema bancário, a par r de meados de 2015, pode ser explicado pela obrigatoriedade de cons-tuição, antecipada, de reserva espec ca em moeda nacional, de montante correspondente

ao contravalor das necessidades de moeda estrangeira pretendida pelos bancos nos leilões de divisas do BNA, não sendo esta reserva espec ca eleg vel para efeito do cumprimento das reservas obrigatórias.

A liquidez em moeda estrangeira nos bancos reduziu substancialmente no nal do ano (variação nega va de 1426 mil milhões) principalmente devido à conversão de reservas obri-gatórias sobre os depósitos em moeda estrangeira em T tulos do Tesouro (OT -ME), conforme anteriormente explicado. O rácio de liquidez (relação entre os ac vos em moeda estrangeira mais l quidos – cons tu do por notas, depósitos no BNA e disponibilidades e aplicações sobre o exterior – e os depósitos em moeda estrangeira) reduziu de cerca de 30 em Dezembro de 2014 para 20 em Dezembro de 2015.

Veri cou -se tamb m a con nua redução do rácio de Janeiro at Abril, correspondente ao per odo em que os bancos, devido às di culdades de aquisição de moeda estrangeira junto do BNA, foram fazendo a antecipação de pagamentos sobre o exterior com as suas disponibilida-des para atender às responsabilidades com cartas de cr dito, cartões internacionais de cr dito e d bito e a outras operações dos clientes58. Parte desta liquidez foi reposta no nal de Maio,

58 es e e odo de do o e a o se s e e a a a e de o a e o -se a o ada de as ed das de a e e o o e os a os o o se a a a o o e a o da os-s dade do e o de e essas a a es a a o e e o o a das e esas es e a adas a ed o da e da de o as es a e as do a asas de o a ed o o s s e s o da e ss o de a es e a o a s de d o e d o ass o o a ed o dos plafonds des es -os e a s s e s o a e ss o de a as de d o e a e a o de e essas do e as o a-o e o -se a da e a de es o sa dades e e o e os a os o e a s e as d dades o a esso oeda es a e a o a o d a os do s e os eses do a o

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com um leilão especial de divisas (re ec da na variação posi va da liquidez neste m s) e de vendas directas em Junho para a reposição da posição cambial curta.

RESERVAS BANCÁRIAS ME EVOLUÇÃO MENSAL DA LIQUIDEZ EM ME NOS BANCOS

e os os

Os principais desenvolvimentos a n vel da regulação e supervisão do sistema bancário ocor-ridos durante 2015 foram os seguintes.

• A aprovação da Lei de Bases das Ins tuições Financeiras (Lei n.o 12/2015, de 17 de Junho), cujas principais inovações são:

– Medidas de resolução, aplicadas caso a ins tuição nanceira não consiga, num prazo apropriado, executar as acções necessárias para regressar às condições adequadas de solidez e de cumprimento dos rácios prudenciais.

– Governação Corpora va e Sistema de Controlo Interno.

– Supervisão comportamental.

– Ins tuição do Conselho Nacional de Estabilidade Financeira.

• A con nuidade da implementação do processo de adopção plena das IAS/IFRS59.

• A regulamentação das metodologias que podem ser u lizadas na de nição dos montantes m nimos de provisões que devem ser cons tu dos (Instru vo n.o 9/2015, de 4 de Junho).

• O reforço das medidas para mi gar os riscos de branqueamento de capitais e nanciamen-to do terrorismo, visando o alinhamento às melhores prá cas internacionais (Direc vas n.o 1/DRO/DSI/15, de 12 de Outubro e n.o 2/DRO/DSI/15, de 10 de Dezembro).

59 o as e a o a s de o a dade Internacional Accounting Standards e de e a o a e o International Financial Reporting Standards

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Em 31 de Dezembro de 2015 o sistema bancário era composto por 29 ins tuições nan-ceiras bancárias autorizadas, das quais 28 encontravam -se em ac vidade (5 destas iniciaram a ac vidade durante o ano) e uma em processo de in cio de ac vidade ou de conclusão do registo especial.

2011 2012 2013 2014 2015

Públicas 3 3 4 4 3

Mistas 1 1 – – –

Privadas nacionais 12 12 16 16 18

Filiais de bancos estrangeiros 7 7 8 9 8

Total, das quais: em ac vidade

23 23 28 29 29

22 22 22 24 28

O risco associado à carteira de cr dito do sistema melhorou de forma muito ligeira em 2015, com o rácio do cr dito vencido sobre cr dito total a passar de 11,7 em Dezembro de 2014 para 11,6 no m de 201560. O serviço da d vida em moeda estrangeira, quer para empresas como para par culares, tem sido cada vez maior em termos de kwanzas, em função da depreciação acentuada da moeda. Por m, a análise ao rácio de cobertura do cr dito vencido l quido de pro-visões por fundos próprios regulamentares revela que o risco de cr dito foi acompanhado pelo reforço das provisões, tendo este indicador ca do de 32,7 para 19,6 no per odo em análise.

60 ase es a a o do o d o e do d o o e o e o o a a e e d o o a ado a ode do se e ado o os a o es o o se a a ees a o e o a a e do d o e o a e o do d o o ed do e o o a o a a a do s ado

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Quanto ao rácio de exposição cambial sobre fundos próprios, este manteve -se numa posi-ção longa, tendo aumentado de 23,7 em Dezembro de 2014 para 34,4 em Dezembro de 2015, cando acima do limite de 20 devido à isenção do cálculo da exposição cambial das Obrigações do Tesouro indexadas à moeda estrangeira, conforme explicado anteriormente.

Ao mesmo tempo, a proporção do cr dito moeda estrangeira sobre o cr dito total aumen-tou 4,7 pp para 30,8 . A análise da evolução do cr dito em moeda estrangeira concedido ao sector privado revela que teve um aumento 21 no ano, a ngindo 886 mil milhões de kwanzas em Dezembro de 2015, in uenciado pela desvalorização do kwanza face ao dólar, uma vez que, quando expressos em termos de dólar, estes depósitos registaram uma redução de 8 (553 milhões de dólares), a ngindo 6550 milhões de USD.

Em resumo, o aumento da exposição cambial longa deve -se essencialmente (i) à isenção, do seu cálculo, dos tulos indexados à moeda estrangeira, e (ii) à depreciação da moeda nacional, considerando que o rácio relaciona um numerador denominado em moeda estrangeira expresso em moeda nacional sobre um denominador essencialmente em kwanzas.

INDICADORES DE EXPOSIÇÃO AO RISCO CAMBIAL (%)

A rentabilidade dos capitais próprios (ROE), medida pelo rácio entre os resultados l quidos e

os fundos próprios, aumentou em 8 pp, a ngindo 13 no nal do ano. Por sua vez, a rentabili-dade do ac vo, medida pelo rácio entre os resultados l quidos e o ac vo total m dio, aumentou de 0,6 em 2014 para 1,7 em 2015, explicado por um aumento dos resultados l quidos supe-rior ao crescimento dos ac vos no per odo61.

61 e a o do o a o a o a e a d s o ada o a s a os o e a s o a e o dos es ados dos o a o ode se a e e a do aos es ados de ea a a o das a e as de os de ados oeda es a e a dado o a e o da a e a o a o e e o o e e a des a o a o da oeda o a o e e o e o

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INDICADORES DE RENTABILIDADE E EFICIÊNCIA (%)

Por m, o rácio de solvabilidade regulamentar do sistema manteve -se nos 19,8 em Dezem-bro de 2015, o mesmo n vel veri cado no ano anterior (o limite m nimo regulamentar de 10 ). A par cipação dos fundos próprios de base (de melhor qualidade) nos ac vos pondera-dos pelo risco (APR) manteve -se em 14 nos per odos em análise.

INDICADORES DE SOLIDEZ (%)

Com o in cio da ac vidade da Bolsa de D vida e Valores de Angola (BODIVA) foram criadas as condições para a operacionalização do mercado secundário de d vida pública. A BODIVA a en dade gestora que tem a responsabilidade de assegurar a transpar ncia, a e ci ncia e a

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segurança das transacções nos mercados regulamentados de valores mobiliários, es mulando a par cipação de pequenos inves dores e a concorr ncia entre todos os operadores.

A abertura do mercado secundário de d vida pública ocorreu em 19 de Dezembro de 2014, sendo que a primeira negociação de T tulos do Tesouro registada pela BODIVA teve lugar ape-nas em Maio de 2015 com a inauguração do Mercado de Registo de T tulos do Tesouro (MRTT), o único mercado regulamentado em funcionamento durante 2015. A ac vidade do mercado de d vida pública tularizada no per odo em análise foi assegurada por 10 ins tuições nanceiras admi das como membros da BODIVA ao longo do ano.

MERCADO DE REGISTO DE TÍTULOS DO TESOURO – MN

O Mercado de Registo de T tulos do Tesouro registou 941 negociações entre Maio e Dezem-

bro de 2015, tendo sido transaccionados cerca de 661 mil Obrigações do Tesouro, totalizando um volume de transacções de 88,5 mil milhões de kwanzas, 3 dos quais em transacções de

tulos em moeda estrangeira.

Com a conclusão do processo de implementação da infra -estrutura de pós -negociação bem como do quadro regulatório, foram criadas as condições para o arranque do Mercado da D vida Corpora va, lançado em Dezembro de 2015.

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4. NÍVEL GERAL DA ACTIVIDADE ECONÓMICA

4.1 Enquadramento geral

Alguns estudos emp ricos sugerem a exist ncia duma correlação nega va entre dotação de recursos naturais e ritmo de crescimento económico. Carlos Leite62 defende que, devido à extraordinária vola lidade dos preços, contra -indicado estruturar o crescimento económico numa exagerada e extensiva u lização dos recursos naturais, em par cular os não renováveis e em especial o petróleo. Aponta dois pos de efeitos concretos da decorrentes. Os efeitos directos são hoje conhecidos na literatura económica como Dutch disease, desde que depois de 1960 se compreenderam as razões da degeneresc ncia de alguns sectores de ac vidade da economia holandesa, na sequ ncia da descoberta e entrada em exploração das reservas de gás natural. Os efeitos recessivos expressam -se por duas vias, a saber, pela remuneração de alguns dos factores de produção e pela taxa de câmbio.

No primeiro caso, a excessiva exploração de recursos naturais provoca uma reafectação in-terna de alguns factores de produção, como o trabalho e o capital, levando -os a imigrar das ac vidades produtoras de bens não transaccionáveis para as de recursos naturais transaccioná-veis, o que provoca o aumento das suas remunerações e a recessão nos primeiros sectores. No segundo caso, o intenso a uxo de cambiais provenientes das exportações de recursos naturais es mula a taxa de câmbio, valoriza, em demasia, a moeda nacional e aumenta as importações. A conjugação destes corolários conduz ao depauperamento dos restantes sectores de ac vi-dade, à perda geral de compe vidade e ao agravamento do saldo da Balança de Transacções Correntes.

Foi de certa maneira isto que aconteceu na primeira metade da d cada de 60 do s culo na economia holandesa e foi graças à pol ca de diversi cação da estrutura produ va interna e das exportações, aliada à da cons tuição de outros fundamentos económicos (como, por exem-plo, a economia do conhecimento e da inovação, a agro -indústria e os serviços de ponta) que a Holanda rec cou os efeitos da sua própria doença e , hoje, uma das economias -locomo va da União Europeia.

62 a os e e a a eso es o o a d o o o in Relatório Económico de Angola 2005 as - e s dade a a de o a e o de s dos e es a o e a os o de

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V tor Santos63 projecta para al m da doença holandesa os efeitos perniciosos duma exa-gerada exploração dos recursos naturais, em especial do petróleo. Este economista cataloga as consequ ncias nefastas seguintes:

• A forte vola lidade dos preços do petróleo nos mercados internacionais, de que, desde meados de 2004, temos sido testemunhas. Esta inconstância re ecte -se, perversamente, sobre a evolução das variáveis macroeconómicas e o comportamento das empresas e con-sumidores64. Com efeito, os ambientes microeconómicos necessitam de estabilidade para que a incerteza e o risco possam ser controlados e geridos em limites aceitáveis para as decisões de inves mento, produção e consumo.

• A alteração do padrão de especialização dos pa ses provocada pela excessiva aprecia-ção da taxa de câmbio, que induz uma de ciente reafectação dos factores de produção, prejudicando -se a agricultura, a indústria transformadora e os serviços não transaccioná-veis.

• A instabilidade macroeconómica associada ao comportamento dos preços e da procura internacionais, limitando as oportunidades de crescimento económico, isto apesar de os recursos petrol feros exibirem uma elas cidade procura -rendimento internacional, por enquanto, elevada65.

• A tend ncia secular de degradação dos termos de troca das mat rias -primas e dos produ-tos de base – já observada e denunciada por Raúl Pebrish nos anos 50 do s culo passado e que conduziu à formulação do famoso modelo de subs tuição das importações que muitos pa ses da Am rica La na então aplicaram – alerta para a incorrecção dos mode-los de crescimento centrados na exploração intensiva e concentracionária dos recursos

63 o a os e eo e o o a d o Relatório Económico de Angola 2005 as - e s dade a a de o a e o de s dos e es a o e a os o de 64 a e -se o e ode se a a a e o o a a o a a e a es o a oe o a a s a e e ess a eda dos e os do e eo os e ados e a o a s a ed da e e o esse a do ode o de des a o da e o o a da es a dade a a e da ea a o das a -es as s as es o e ado a od o e os e os do e eo e os e s os e a as a s se o se e o de a s a ses o a e s ad do de e o a s a e o a o-a a e ada o a a a e o dos as os os de e ado e a e dade das e e as s-a s se a s e e a a a e a e d a des a o s a da e o o a a o a a a a do des a a o so e as es as e o as adas de adas da e o dos es e -os os e a -es as a a o a a das o se as e as as so e as e e a as e esa a s a o a s e es a e as e o o a so e a o a o do a a e e e o a das a sas esse a s da des d s a a o de o a65 s e o o e a a a o a e da o e a dos e sos a a s e s e o e s o de o de a os a os a e a as ed e s ao e eo o o o e e e a a a o es e o e o -o e s o s ese as o e das es o o o as do se es o a e o e a e a es ao e e o e o es o a e o ode a e as o a adas ese as as a as de e eo s a -a ode s s e a e e o e eo o a ese a -se a s o o a o e e e a o -e e a

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naturais, sem incorporação de valor nacional. Por enquanto, as razões de troca dos pa ses exportadores de petróleo apresentam -se posi vas.

A rma -se que os resultados nega vos sobre o crescimento económico nos pa ses ricos em re-cursos naturais são, tamb m, um corolário da corrupção e do rent -seekin , que a excessiva con-centração nos recursos naturais consequencializa. Estas situações in uenciam nega vamente a distribuição do rendimento e a democra zação no acesso às oportunidades de negócio66.

O essencial para o nosso pa s que a exploração do petróleo provoque desenvolvimento e isso não tem acontecido, desde a independ ncia.

O crescimento económico está ligado ao aumento sistemá co da quan dade de bens e servi-ços, em termos globais, ao longo do tempo. Nesta noção de crescimento cont m -se o aumento dos recursos e factores de produção dispon veis e a e ci ncia das combinações produ vas (produ vidade dos factores de produção). O crescimento económico normalmente medido em cr ditos reais, embora a abordagem nominal do PIB tenha a sua validade, nomeadamente para se aferir rapidamente da exist ncia ou não de uma recessão social67.

O desenvolvimento tem de obrigatoriamente apresentar as seguintes val ncias:

• Aumento do bem -estar económico, medido pelo valor do Produto Nacional Bruto e pelo rendimento nacional por habitante.

• Diminuição dos n veis de pobreza, desemprego e desigualdade. O atributo da desigual-dade na repar ção do rendimento dos mais importantes da avaliação do desenvolvi-mento económico, porque incorpora aspectos relacionados com a democra zação dos processos de acesso às fontes de rendimento, o aumento do emprego e a melhoria da qualidade dos factores de produção.

• Melhoria das condições de saúde, nutrição, educação, habitação e transportes.

• Diversi cação da estrutura produ va e das exportações.

É de extrema importância ter -se bem n da esta diferença conceptual entre crescimento e desenvolvimento, porquanto existem evid ncias emp ricas de que poss vel um pa s crescer sem desenvolver -se, como , por exemplo, o caso da maior parte dos pa ses em desenvolvimen-to produtores de petróleo. Em par cular, em Angola muita gente pensa que as elevadas taxas de crescimento do PIB depois de 2002 t m de, necessária e automa camente, traduzir uma melhoria generalizada das condições de vida da população. Uma vez que não assim, que se

66 a e a do e ado e o e o a o a aos e es os a o a os e s do o e o de d e e -es es o a e os es a es da a a de a s a a o a esso s o o dades e e e a a e e a o de des o a as es o as a a dades a e as e a s e es os a o a-os a e e a e do e o a o se do e o s ado e e e o67 o a a e se e ed do e a o es o a s

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pode a rmar que Angola tem crescido muito, mas mal, ou seja, não no sen do da melhor dis-tribuição do rendimento. Pelo contrário, enquanto o modelo de desenvolvimento for petróleo--intensivo e petróleo -dependente e se man verem abertas as janelas do acesso injusto à renda petrol fera, o crescimento não logrará desenvolvimento.

Os estudos que sobre esta mat ria t m sido efectuados destacam a correlação nega va entre recursos petrol feros e o crescimento económico, evidenciando que o peso excessivo desta ac vidade de extracção bloqueia o aumento global da produção de bens e serviços. O mecanismo conducente a este resultado emp rico fácil de entender: baixas taxas de câmbio – que signi cam excessiva valorização interna das moedas nacionais – e salários elevados nas natural resources export -oriented ac vi es prejudicam o crescimento dos restantes sectores de ac vidade. Como o desenvolvimento económico uma totalidade, o crescimento da pro-dução de petróleo pode não ser, necessariamente, um bene cio para os pa ses que t m este recurso natural não renovável em grandes quan dades. Os parâmetros de regressão encontra-dos colocam o respec vo valor no intervalo -7,51; -6,29 , signi cando que acr scimos de 1 na produção de petróleo podem induzir decr scimos percentuais entre os valores indicados sobre a economia nacional68.

Para al m da anterior explicação puramente macroeconómica, outras existem nos dom -nios da fragilidade das ins tuições nacionais ligadas às questões da governação e da gestão do desen volvimento, da natureza do modelo de crescimento, da falta de democracia económica, da natureza do Estado, etc. V tor Santos enumera as seguintes69:

• Pouco inves mento em educação, explicado pela circunstância de os restantes sectores de ac vidade económica serem pouco exigentes em quali cações t cnicas e pro ssionais, o que acaba por, a longo prazo, exercer efeitos perniciosos sobre o crescimento económico global.

• Falta duma visão estrat gica do desenvolvimento e insist ncia num modelo de acumula-ção de capital restrito às elites do poder pol co, portanto, pouco democrá co e, a nal, desincen vador das inicia vas nacionais de inclusão económica e social.

• Base económica pouco diversi cada, o que torna as economias muito mais vulneráveis aos choques associados ao comportamento do preço e da procura dos recursos petrol feros nos mercados mundiais.

Tem -se, depois, a relação entre recursos petrol feros e corrupção. Bastante tem sido escrito sobre este assunto, con rmando -se o conhecido rent -seekin behaviour rela vamente aos modelos de crescimento assentes numa exagerada proemin ncia dos recursos minerais. Esta correlação máxima nos casos de não abertura das economias, consistente com a observação

68 a os e e op. cit. a 69 o a os op. cit. a

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emp rica segundo a qual a excessiva regulamentação do com rcio externo tende a induzir mais corrupção no processo de par lha dos rendimentos provenientes das exportações de produtos minerais. Os resultados dos estudos econom tricos sugerem parâmetros de regressão, para a relação entre a corrupção e os recursos petrol feros, da ordem dos -4,2 signi cando que o cres-cimento dos sectores que exploram recursos minerais pode provocar um signi ca vo aumento na corrupção, isto , nas formas menos l citas e económicas de distribuição da renda mineira70.

Apesar dos evidentes sinais de di culdades em muitas áreas da vida económica e social do pa s durante 2015, apresentaram -se diversos pontos de vista sobre se Angola esteve/está ou não em crise económica e complicações nanceiras? Alguns viram o pa s duma maneira so , sustentando não haver razões para alaridos, já que Angola tem pago aos seus credores e as re-servas internacionais con nuaram vigorosas. Outras posições foram mais realistas, elencando uma s rie de efeitos perversos sobre as nanças públicas e as receitas externas com incid ncia sobre a capacidade de crescimento do PIB e as condições de vida da população, sobretudo a de parcos recursos. Portanto, num mesmo pa s parece que coexis ram vários, consoante os ângulos de análise71.

As opiniões mais voluntaristas e mais próximas do poder pol co instalado alinharam pelas posições e argumentários mais suaves, dando como jus cação o facto de nossos fundamen-tos macroeconómicos con nuam sólidos 72.

Analisemos então alguns dos chamados macroeconomic fundamentals da economia nacional:

Taxa de crescimento do PIB: a economia nacional está envolvida por muitas fraquezas e desequil brios estruturais. A ilustração mais evidente desta a rmação está no facto de, depois da tempestade petrol fera de 2008/2009 que a rou o preço do barril para a casa dos 45 dólares e da recuperação quase imediata (2010) para n veis semelhantes aos anteriores, Angola nunca mais a ngiu os padrões de crescimento do PIB registados at 2008 (11,2 neste ano). De acordo com as Contas Nacionais, os registos foram os seguintes: 2,1 em 2009, 3,6 em 2010, 1,8 em 2011, 5,8 em 2012, 3,9 em 2013 e 4,4 em 2014. Entre 2004 e 2008, a taxa m dia anual de variação real do PIB foi de 12,5 , enquanto a rela va ao per odo 2009/2014 foi de apenas 3,36 . At 2020 e de acordo com as antecipações das mais reputadas ag ncias internacionais de desenvolvimento (FMI, Banco Mundial, OCDE, BAD, EIU), a taxa m dia anual de variação

70 a os e e op. cit. a 71 se e o a e a e a e a o a de a e e o o o d e e es e -as a o s a o e o so e o a as essa a a a a o a e das o es o a s es o de a o e o a o se do de o a s es a e aos se s e e os e o de o e o -se a e s o o da do e e o e e -se e a a se e e o e o e a o a e a o-a de e eo se a a o a e a e e e so e72 a se a e o e a e o o a a o a es a a o s a e e o a s a a s o

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real do PIB situar -se -á na vizinhança de 4,5 73. Veri ca -se, na verdade, , que poderia ter sido contrariada (pelo menos

mi gada) com a diversi cação das exportações e a criação duma massa cr ca de procura na-cional endógena (ainda que possam ser reconhecidos alguns avanços na redução da pobreza, o que facto que foram marginais e não sustentáveis e agora fortemente abalados pela crise do preço do petróleo). Com estes registos a evolução do emprego (e dos salários) cou seriamente comprome da, dentro de parâmetros razoáveis de compe vidade.

: entre 2002 e 2015 o saldo orçamental acumulado foi de 28 763,5 mi-lhões de dólares74, uma m dia anual de 2054,5 milhões de dólares. Consequentemente e por este prisma, a saúde nanceira do Estado pareceria sólida, dispondo, portanto, de poupanças públicas consideráveis que poderiam ter sido as munições (de que alguns dirigentes governa-mentais falaram) a injectar na economia a par r do segundo semestre de 2015 para a revigorar. Mas mesmo assim, em 2014 o d ce scal foi de 3104,2 milhões de dólares (2,4 do PIB75) e em 2015, de acordo com es ma vas o ciais76 caminhou -se para uma cifra de 4590 milhões de dólares (4,5 do PIB)77. As receitas scais petrol feras reduziram -se em 57,9 em 201578, face a per odo homólogo do ano transacto e o seu valor só cou acima do orçamentado porque no OGE 2015 revisto, o preço m dio do barril de petróleo foi de 4079. A produção de petróleo registou cifras próximas das o cialmente programadas no plano nanceiro do Estado e at tem aumentado (1 776 700 barris por dia, em m dia, em 2015). Só que o efeito -preço arrasou o efeito -produção. Ou seja, deste ponto de vista, os fundamentos macroeconómicos fragilizaram--se no decurso de 2015.

: segundo as informações do INE, a in ação acumulada no nal de 2015 foi avaliada em 14,27 na cidade de Luanda, contra 7,48 em 2014, sinalizando um incremento na velocidade de aumento dos preços de 90,8 . Ocorreu uma aceleração na subida dos preços em 2015, contra uma evidente desaceleração da in ação ocorrida entre 2013 e 2014 (em redor de -18 ). Este processo de aceleração do ritmo m dio de aumento dos preços começou em Abril, tendo -se registado o maior aumento da taxa de in ação em Junho, com uma variação de 8,5 . A taxa de in ação mensal foi sempre em crescendo, tendo passado de 0,72 em Janeiro

73 e s e s e as de ese o e o o o de o a a Working Paper o de 74 a so a o s de e o e se es a a a de o a a da do s ado75 s o das a as Relatório de Fundamentação do OGE 201676 o e o de o a inhas Mestras para a De inição de uma Estratégia para a Sa da da Crise Deri-vada da Queda do Preço do Petróleo no Mercado Internacional a e o de 77 o e o de o a inhas Mestras para a De inição de uma Estratégia para a Sa da da Crise Deri-vada da Queda do Preço do Petróleo no Mercado Internacional a e o de 78 o e o de o a inhas Mestras para a De inição de uma Estratégia para a Sa da da Crise Deri-vada da Queda do Preço do Petróleo no Mercado Internacional a e o de 79 d a do e o do a e e a e o e o o de

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para 7,48 em Dezembro, sem nenhuma quebra de velocidade durante o ano. Portanto, deste ângulo de análise os fundamentos macroeconómicos caram desequilibrados durante 2015, com evidentes efeitos perversos sobre o rendimento dispon vel das fam lias e o respec vo poder de compra.

Reservas internacionais líquidas: entre 2008 e 2009 o pa s perdeu quase cinco mil milhões de dólares, tendo -se gerado alguma especulação quanto às principais causas para esta tre-menda queda (17 499 milhões de dólares em 2008 e 12 621 milhões de dólares em 2009). O preço m dio do petróleo em 2008 foi de USD 96,8 o barril e em 2009 de USD 61,5, uma redução de 36,5 (efeitos da crise económica e nanceira internacional deste per odo). Nos anos seguintes, a recuperação do montante das reservas internacionais l quidas foi assinalável, tendo -se a ngido a cifra de 31 154 milhões de dólares em 2013, a maior de sempre80. O preço m dio do barril de petróleo aumentou signi ca vamente durante o per odo 2009 -2013: de USD 61,5 para USD 108,6 (variação de 76,7 ). Estes fundamentos alteraram -se radicalmente em 2014, com o stock de reservas internacionais a diminuir pra camente 12 , rela vamente a 2013. Este movimento descendente nesta variável macroeconómica crucial con nuou durante 2015, tendo -se a ngido um montante l quido de reservas sobre o exterior de 24 131 milhões de dólares, uma diminuição de 11,5 . Em Dezembro as reservas internacionais l quidas foram de 24 131 milhões de dólares.

MILHÕES DE USD

É vis vel, pelo grá co acima, uma deterioração do stock de moeda externa, sem a qual a

economia não funciona.

80 o e o de o a inhas Mestras para a De inição de uma Estratégia para a Sa da da Crise Deri-vada da Queda do Preço do Petróleo no Mercado Internacional a e o de

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: a desvalorização do kwanza tem -se processado, desde Dezembro de 2014, a um ritmo m dio mensal de 6,9 , com re exos evidentes sobre a taxa mensal de in ação, mesmo que não ocorra um repasse total (que nunca se veri caria porquanto existem outras variáveis que in uenciam o comportamento geral dos preços). Numa perspec va de m dio termo este comportamento da relação monetária externa pode ajudar a criar expecta-

vas empresariais posi vas quanto aos inves mentos privados na diversi cação da economia e em par cular na alteração da estrutura das exportações.

DEPRECIAÇÃO DO KWANZA FACE AO DÓLAR NO MERCADO FORMAL

Sopesados todos os aspectos enteriores, o pa s está mesmo em crise e se porventura o

preço do petróleo tocar USD 20, então Angola poderá entrar em recessão t cnica. A diversi -cação não vai chegar a tempo de a evitar, havendo, portanto, de contabilizá -la como um custo do processo de transformação da economia e da falta de visão estrat gica do desenvolvimento sustentado da Nação.

Desde 2008 que a economia angolana entrou numa fase de evidente diminuição do seu ritmo de crescimento. Como se tem vindo a assinalar nos Relatórios Económicos de anos ante-riores, a mais importante reforma estrutural não foi implementada, con nuando -se com uma economia ainda centrada no petróleo, sem um sector agr cola capaz de fornecer inputs ao sec-tor manufactureiro em quan dade, qualidade e custo e com signi ca vas car ncias na cadeia de fornecimento de electricidade e água. O ritmo m dio de crescimento do PIB entre 1998 e 2015 situou -se em 6,8 , in uenciado pelos anos dourados de elevadas taxas reais de variação no per odo 2002 -2008.

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e o Índice do PIB o ase as o as a o a sNa verdade, durante esta fase de reconstrução nacional, o PIB aumentou a uma cad ncia

m dia anual de 10,1 , coincidente, tamb m, com elevados preços do barril de petróleo no mercado internacional que promoveram a obtenção de receitas, scais e em divisas, funda-mentais para o funcionamento dos sectores da economia não petrol fera e para nanciar os inves mentos públicos nas obras públicas.

COMPARAÇÃO DO CRESCIMENTO ECONÓMICO

o e e o Índice do PIB o ase as o as a o a sO grá co acima estabelece a diferença entre os dois per odos do processo de crescimento

económico em Angola: 2002/2008 e 2009/2015. No decurso da primeira etapa o ritmo m dio anual de variação da ac vidade económica foi de 10,1 , conforme referido anteriormente. Por m, devido à fraca capacidade de resist ncia aos choques externos veiculados pelo compor-tamento de mercado petrol fero internacional e sem fontes alterna vas de geração de receitas

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em moeda externa – de que depende o crescimento da economia não petrol fera – a taxa m dia anual desceu dras camente para 3,6 . Ou seja, uma situação próxima ao estado estacionário de Solow em que a economia cresce, mas o PIB por habitante mant m -se constante.

Conforme se tem sublinhado, a deterioração no comportamento do sector petrol fero in uencia não apenas as receitas scais daqui derivadas, como o próprio funcionamento da economia não petrol fera. Os principais canais de transmissão destes efeitos perversos são os inves mentos públicos, as disponibilidades de recursos em moeda externa para se importarem insumos e equipamentos e as taxas de juro dos mercados nanceiros internacionais (mais bai-xas quando a capacidade de crescimento for maior e tamb m sempre que a ap dão de resgate dos compromissos externos es ver garan da).

RELAÇÃO ENTRE PREÇO DO PETRÓLEO E CRESCIMENTO DO PIB NÃO PETROLÍFERO

e o Quadro Macroeconómico Comparativo

Com a turbul ncia externa registada depois de 2009, com alguns sinais de ligeiras recupe-rações em 2010 e 2013, o sector não petrol fero não tem apresentado argumentos sólidos que o levam a a rmar -se como alterna va sustentável para o crescimento da economia nacional. Mas terá de passar a s -lo, porquanto parece ser consensual a necessidade de se conceber um novo modelo de crescimento, mais centrado nas forças internas e disponibilidades nanceiras reduzidas e tendo como alavanca central do funcionamento do sistema económico a melho-ria sustentável das condições de vida da população. Neste contexto, a agricultura, pecuária e pescas apresentam reservas de crescimento a serem maximizadas, em especial no processo de redistribuição do rendimento nacional.

O grá co seguinte mostra justamente a perda de ritmo do PIB não petrol fero durante o per odo 2009/2015, com uma quebra da sua taxa m dia anual de crescimento de 49,2 , face ao per odo 2002/2008.

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DIFERENTES DINÂMICAS E FASES DE CRESCIMENTO EM ANGOLA

e o Índice do PIB o ase as o as a o a sApesar de desde 1998 – 2 anos antes da paz – o PIB não petrol fero ter crescido acima do

PIB (ou seja, durante mais de 17 anos), o pa s não se apresenta com bases sólidas que resis-tam às intemp ries externas, nem a diversi cação aconteceu ou está a acontecer num ritmo adequado, que a transforme numa verdadeira revolução estrutural do tecido produ vo interno necessária ao novo modelo económico de Angola.

O que que a nal aconteceu para hoje o pa s estar numa situação de di culdades várias, caracterizadas por penúria de bens económicos (hoje o consumidor perdeu a sua liberdade de escolha que se julgava adquirida para sempre depois da paz), falta gritante de divisas, dimi-nuição signi ca va dos ritmos de crescimento do PIB, aumento do desemprego, incremento da pobreza, açambarcamento e especulação, disparo da in ação, etc.? Vale a pena lembrar que a queda das cotações do barril de petróleo há muito que se anunciava (a crise nanceira e económica de 2008/2009 deu os primeiros sinais signi ca vos de que a era do petróleo caro se aproximava tendencialmente do m) e que as a tudes de açambarcamento – próprias de situações de quebra geral de con ança na economia e nas ins tuições – correspondem, a nal, a reacções racionais dos agentes económicos e a ajustamentos, pelas quan dades e preços, dos mercados. Sabe -se que um dos postulados da economia o do equil brio: se não se consegue pela via das quan dades, tem de acontecer pelos preços. O açambarcamento, que corresponde à retenção ou aquisição em excesso de quan dades de bens económicos para posterior venda a preços mais compensadores, acaba por ser uma forma de ajustar os mercados atrav s do abaixamento da procura.

Não a primeira vez que a falta de produtos, o açambarcamento e a especulação acontecem no pa s. A nossa história económica já está recheada deste po de ocorr ncias, acusando -se, muitas vezes, os operadores estrangeiros de serem a raiz destes problemas. A criação, há cerca

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de 10 anos, de um grande Entreposto Comercial que deveria ter a nalidade de compensar a falta de oferta de alguns produtos importados, a nal não resultou, apesar dos avultados in-ves mentos. Os estrangeiros foram, então, acusados de serem os principais responsáveis pelo disparo dos preços que ocorreu nessa altura.

O per odo 2002/2008, com taxas anuais m dias de crescimento de 10,1 para o PIB e de 12,8 para o PIB não petrol fero, muito di cilmente se repe rá. E a quase con rmação está nos valores registados durante o intervalo de tempo 2009/2015 e não apenas devido à queda do preço do barril do petróleo, que consequencializou redução das receitas do Governo, das recei-tas externas da economia e do aumento da in ação pela via cambial. Não foram feitas reformas verdadeiramente reformantes para facilitar a produção interna, diversi car o seu padrão externo e diminuir os respec vos custos. As mercadorias não circulam livremente atrav s do pa s – veri cando -se ainda muitos obstáculos policiais traduzidos em pagamentos de verdadeiros tri-butos medievais, com a jus cação de que garantem a segurança do transporte – com muitas paragens ao longo do trajecto fontes de produção – locais de consumo, do que resultam preços mais altos para os empresários, fam lias e cidadãos em geral.

Uma visualização sectorial das diferentes dinâmicas de crescimento encontra -se na tabela seguinte.

TAXAS DE CRESCIMENTO (%)

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Agricultura, pecuária e orestas 6,1 4,8 9,5 3,7 5,8 42,3 11,9 0,8Pescas 1,6 6,2 -13,3 -15,0 2,5 2,4 5,3 5,8Petróleo bruto e gás 10,3 -5,0 -0,5 -8,1 5,3 -0,9 -2,6 6,3Diamantes e outros -1,8 5,6 6,5 44,2 0,4 3,3 1,0 2,2Indústria transformadora 5,9 7,0 19,2 139,5 10,8 8,6 8,1 -4,0Energia e água 8,1 23,7 9,5 -0,3 11,7 34,4 17,3 2,5Construção 8,9 12,8 26,0 8,4 25,4 8,1 8,0 3,5Serviços mercan s 12,9 8,2 4,2 5,9 -0,8 7,0 8,0 2,2Serviços não mercan s 8,0 9,6 10,0 1,7 3,4 0,7 6,0 1,1PIB 10,5 2,0 4,6 1,9 5,2 6,8 4,7 2,8

15,0 8,1 10,0 9,5 5,6 10,9 8,2 1,3 e o Índice do PIB o ase as o as a o a s e a s do e os o a s o e e o Linhas Mestras para a Definição de uma Estratégia para a Sa da da Crise Derivada da Queda do Preço do Petróleo no Mercado Internacional a e o de

A trajectória do sector petrol fero con rma algumas das asserções anteriores sobre os sinais de esgotamento da sua capacidade de crescimento e, consequentemente, de con nuar a desempenhar o papel de principal motor de crescimento de toda a economia nacional. O seu comportamento irregular ao longo do per odo em apreço – 2008/2015 – tem como causas pró-ximas variações na oferta e procura mundiais, mas igualmente problemas t cnicos relacionados com a exploração de alguns dos campos petrol feros do pa s. Estas di culdades constam dos

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relatórios do Governo sobre o comportamento da economia nacional e tamb m dos relatos dos Conselhos de Administração das companhias petrol feras. Durante pelo menos os próximos 10 anos, o sector petrol fero vai con nuar a ser muito importante para a manobra do crescimento económico, devido à relevância dos canais de contágio dos seus efeitos sobre diferentes verten-tes do sistema económico interno, mais atrás sublinhados.

Vale a pena, ainda tendo como refer ncia a tabela anterior, destacar as variações apontadas para alguns sectores, como a agricultura, pecuária e orestas e a indústria transformadora.

Sobre o primeiro – enquanto peça basilar da diversi cação e factor determinante para a alteração do actual modelo de redistribuição do rendimento nacional – o CEIC, nos seus di-ferentes Relatórios Económicos, tem ques onado (claro, no bom sen do) a consist ncia das informações esta s cas o ciais, indispensáveis para se entender o que se passa de facto nesta ac vidade, tão atreita a in u ncias exógenas de natureza climá ca que in uenciam a harmonia do seu padrão de comportamento. As informações anteriores mostram, claramente, a irregula-ridade temporal desta ac vidade, da qual dependem dezenas de milhões de pessoas.

e o Índice do PIB o ase as o as a o a sO grá co de dispersão anterior revela o desnivelamento do crescimento desta ac vidade

económica, jus cado, não apenas pelas anomalias climá cas, mas tamb m e talvez principal-mente pelas incoer ncias das pol cas de fomento aplicadas à agricultura e conexas. A linha tendencial de crescimento do sector – calculada com a exclusão do valor de 2013, completa-mente deslocado do seu comportamento histórico – expressa -se por uma taxa m dia de varia-ção anual de 4,8 .

Quanto à indústria transformadora – cuja representa vidade no PIB tem vindo a aumentar ligeiramente durante o per odo em análise, tendo a ngido 8,6 em 2015, de acordo com o

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Relatório de undamenta o do O E 201 –, notam -se algumas incoer ncias nos dados dispo-n veis. A primeira relaciona -se com o aumento do seu peso rela vo no PIB em 2015, quando neste mesmo ano a sua taxa real de crescimento foi de -4 81. A segunda relaciona -se com a taxa de crescimento de 139,5 em 2011, um pico absolutamente fora do normal e desinserido do padrão de crescimento registado antes e depois dessa data. Sem este valor a pico, a cad n-cia m dia anual de crescimento da manufactura situou -se, no per odo em análise, em 6,6 .

TAXAS ANUAIS DE CRESCIMENTO DA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA (%)

e o Índice do PIB o ase as o as a o a sOcorreram algumas transformações estruturais ao longo do per odo 2002/2015, assumindo

especial refer ncia as progressões dos sectores da construção e obras públicas e dos serviços (mercan s e não mercan s), conforme se pode comprovar pela sequ ncia dos 3 grá cos se-guintes.

Em contrapar da, a ac vidade de extracção de petróleo, o ainda grande motor do cresci-mento da economia, com uma contribuição de quase 2 pontos percentuais (1,89) para a taxa de crescimento de 2,8 registada em 2015, tem vindo paula namente a perder a sua proemi-nente posição no xadrez produ vo nacional. Para quem analisa a diversi cação da economia apenas por este prisma, este processo está a consolidar -se e mais ainda quando eventualmente a taxa de variação do PIB petrol fero es ver na vizinhança de 0 , devido às movimentações geopol cas e geoeconómicas dos intervenientes estrat gicos no mercado internacional desta mat ria -prima.

81 o e o de o a Linhas Mestras do e o ado

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ESTRUTURA ECONÓMICA EM 2002 ESTRUTURA ECONÓMICA EM 2013

e o Estudo e Análise da Estrutura Produtiva o ase as o as a o a sESTRUTURA ECONÓMICA EM 2015

e o Estudo e Análise da Estrutura Produtiva o ase as o as a o a sOs 3 grá cos de sector anteriores podem ser sinte zados num outro, de barras, que fornece

uma visão simultânea das alterações estruturais entre 2002 e 2015.

TRANSFORMAÇÕES SECTORIAIS

e o Estudo e Análise da Estrutura Produtiva o ase as o as a o a s

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Nota -se que o pa s está a passar de uma economia de enclave – responsável pelas tremen-das desigualdades na distribuição do rendimento nacional e no acesso às oportunidades de criação de riqueza – para uma economia de serviços, sem ter passado pela indispensável fase de industrialização, a fundamental para a diversi cação e o es mulo da agricultura. A base essencial para a indústria, que a energia, con nua muito fraca, não chegando, em m dia, a re-presentar sequer 1 do PIB. Con nua -se na fase do gerador como fonte energ ca privilegiada.

As contribuições sectoriais para o crescimento do PIB são outra forma de se analisarem as transformações estruturais, valendo a pena dizer que o conjunto agricultura + transformadora + construção atesta uma par cipação, em 2015, de apenas 0,08 pontos percentuais para a taxa de crescimento do PIB de 2,8 .

CONTRIBUIÇÕES PARCELARES PARA O CRESCIMENTO

e o Estudos sobre Produtividade o ase e o a es o a sOs valores nominais do PIB estão inscritos na tabela seguinte.

PRODUTO INTERNO BRUTO (MILHÕES DE USD)

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Agricultura, pecuária e orestas 2996,0 3012,1 3839,3 4394,0 4556,1 5279,3 6122,2 6905,4

Pescas 1334,5 1129,5 1166,7 1280,7 1211,1 1385,4 1606,5 306,0

Petróleo e gás 43 924,0 25 349,7 35 977,1 49 448,2 53 278,0 48 013,0 46 045,8 30 498,0

Diamantes e outros 866,1 428,4 777,8 1249,5 726,7 1185,7 1241,0 2550,0

Indústria transformadora 3119,8 2414,9 3342,9 4029,6 4694,6 5079,6 5690,6 8772,0

Electricidade 494,9 681,6 695,1 833,0 1338,0 923,6 1122,7 204,0

Construção 5912,5 5355,6 7273,2 8152,9 10 692,5 12 917,5 14 457,9 11 016,0

Com rcio 7927,5 6420,2 7215,3 7288,6 5801,9 6586,0 7160,5 5924,1

Transportes e armazenagem 2112,2 1239,9 1754,2 1613,9 2226,2 2454,5 2668,6 2207,8

Correios e telecomunicações 1422,9 1889,1 1712,8 2925,9 4037,1 4632,1 5036,1 4166,5

Bancos e seguros 1537,8 1538,5 1489,4 1624,3 1314,9 1499,3 1630,1 1348,6

con nua

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2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Estado e serviços não mercan s 8502,0 8744,2 8861,9 12 578,1 13 760,7 21 965,9 24 130,1 17 819,4

Serviços imobiliários 3331,9 3258,8 3574,5 3488,1 5190,5 6455,4 7091,4 5866,9

Outros serviços 6124,6 4732,4 6354,7 6747,2 7935,8 6427,5 5341,8 4419,4

Produto Interno Bruto e o Estudo e Análise da Estrutura Produtiva o ase as o as a o a sAs consequ ncias efec vas, reais e directas da turbul ncia nos preços do petróleo t m pe-

sado sobre o respec vo PIB nominal. Na verdade, entre 2008 e 2015 registou -se um decr scimo de 30,7 no valor do PIB petrol fero, com implicações sobre as receitas scais, as receitas de exportação e o próprio crescimento da economia. Outros sectores afectados pela crise nan-ceira e que registaram tamb m diminuições nos respec vos PIBs nominais em 2015 foram os correios e telecomunicações, a banca e seguros, os transportes e armazenagem, a construção e o com rcio.

4.3.1

4.3.1.1

Como se viu em 4.2, o desnivelamento do crescimento da agricultura e ac vidades conexas pode ser explicado pelas incoer ncias das respec vas pol cas e em menor escala pelas ano-malias climá cas. Mas não se pode excluir a possibilidade de elas re ec rem a grande di cul-dade de recolha e tratamento da informação esta s ca, como o CEIC tem manifestado. O que se passou em 2013, quando o crescimento do sector apresentou uma taxa acentuadamente desviante sem que alguma explicação vesse sido dada, na ocasião ou depois, bem ilustra vo dessa enorme fragilidade ins tucional.

Na base das di culdades em mat ria de esta s ca agr cola pode tamb m estar inclu da a falta de um censo agr cola, anunciado para 2014 e sucessivamente adiado sem jus cação pública, o que permite inferir duas suspeições que não são novas: a pouca importância que a agricultura recebe no quadro das grandes prioridades do Execu vo e a aposta na tomada de decisões sobre o desenvolvimento em geral, e em par cular para o da agricultura, uma cada vez mais ilustre desconhecida, sem a âncora do conhecimento cien co e at mesmo emp rico da realidade.

Os resultados de ni vos do Censo Geral da População de 2014 mostram que nas áreas rurais viviam somente 37,4 dos angolanos, contra 85 registados no Censo de 1970. Estes da-dos, agora o ciais, revelam uma crua realidade. O xodo rural, jus cado at 2002 pela guerra,

con nua o

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acentuou -se a par r dessa altura82, e resulta fundamentalmente da extrema fragilidade da oferta de serviços sociais básicos à população rural e da aus ncia de dinâmica no fomento de ac vidades económicas a n vel local nas áreas rurais, com destaque para a agricultura.

Na esteira do que sucedeu em Relatórios anteriores, a análise do sector, e em par cular a do comportamento da produção, di cultada pelos constrangimentos que se levantam ao acesso à informação, não apenas pelas limitações impostas pelos organismos o ciais, mas tam-b m pela pobreza na produção de informação, quer em quan dade, quer em qualidade. Em 2015 houve mais di culdades na obtenção de dados sobre a produção, pois não foi poss vel aceder ao Relatório de alan o nual do overno, pelo que alguns dos indicadores abordados habitualmente no Relatório Económico não poderão ser tratados. Para mi gar tal lacuna, usou--se informação o cial do Relatório da ampanha r cola 1 -1 divulgado pelo Minist rio da Agricultura em Janeiro de 2015.

As aparentes melhorias metodológicas na recolha de informação por parte do Minist rio da Agricultura são depois contrariadas pelas anomalias detectadas, pois em muitos casos chocam não só com as evid ncias da realidade, mas tamb m com o conhecimento que o CEIC tem do acompanhamento que faz a projectos e ac vidades em algumas prov ncias.

As di culdades registadas no tratamento de algumas das cifras, por falta de racionalidade e sobretudo quando se faz a sua comparação de acordo com as diferentes fontes e com indi-cadores internacionais resultam num exerc cio de análise forçosamente limitado. Por tal razão, fez -se recurso à apresentação de exemplos que podem permi r a compreensão dos fenómenos que condicionam a ac vidade do sector e a sua projecção na perspec va de uma diversi cação da economia que tarda a acontecer.

Agricultura

Uma vez mais importa salientar que não se pode planear o desenvolvimento do sector ou elaborar programas e projectos agr colas com um m nimo de qualidade sem que esteja iden-

cado e caracterizado o universo de produtores agr colas em Angola. Este assunto, repe -damente ques onado nos Relatórios Económicos ao longo dos úl mos anos, põe em causa a abilidade da informação esta s ca do sector e do Governo em geral e cons tuirá sempre um elemento de descr dito e de pouca con ança passada aos diferentes actores económicos, incluindo os puta vos inves dores.

Só um censo agr cola pode resolver esta questão de um modo mais ou menos seguro. Rea-lizar esta tarefa não parece ser algo transcendental. Outros pa ses africanos com muito menos

82 o es a a e a o a o de a da e a de es es o ad do e os de o a o a a o o os a a s es s es e e o ossa

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recursos, como Moçambique, por exemplo, fazem -na com regularidade. Novamente, trata -se de uma de nição de prioridades, e provavelmente este assunto não tem merecido a devida atenção por parte das autoridades angolanas.

Por m os resultados do Censo Geral da População de 2014 trouxeram alguma novidade. Agora sabe -se que no pa s temos 5 550 762 agregados familiares, dos quais 2 570 003 (46,3 ) pra cam ac vidade agr cola. Mas neste número devem estar inclu dos agregados que vivem em centros urbanos e pra cam agricultura como ac vidade complementar, de lazer ou de outra natureza. Só um censo agr cola poderia determinar de modo mais no o número de agriculto-res e permi r a sua caracterização.

A incongru ncia da informação o cial pode ser deduzida do modo como este assunto vem sendo tratado nos úl mos anos. Segundo o MINAGRI, exis am em 2012 cerca de 2,6 milhões de agricultores familiares – número que vinha crescendo desde 2010 (1,9 milhões) e 2011 (2,1 milhões). Em 2013, o Relatório do MINAGRI volta a mencionar um universo de fam lias de 2,1 milhões, enquanto o Relatório da ampanha r cola 2012 -201 , do Ins tuto de Desenvolvi-mento Agrário (IDA), indicava que o número de fam lias iden cadas era de 2,2 milhões.

Em 2014 este úl mo número foi man do pelo IDA, de acordo com o Relatório da ampa-nha r cola 201 -201 , e adoptado pelo Relatório de alan o nual do overno, mas apenas terão sido assis das 1,4 milhões. Todavia, uma análise mais na realizada pelo CEIC mostrou que apenas 550 mil bene ciaram da assist ncia do Programa de Extensão e Desenvolvimento Rural (PEDR) (contra 1,08 milhões em 2013), tendo as restantes recebido ajudas no âmbito da assist ncia às v mas da seca ou es agem (870 mil) – uma assist ncia de emerg ncia com todas as limitações inerentes – ou da ac vidade de parceiros, como algumas ONG (40 mil). Este nú-mero contrasta com o apresentado pelo Relatório do overno, que fez refer ncia a 1,6 milhões de agricultores familiares assis dos em 2014, não separando aqueles que o foram atrav s do PEDR83.

Veja -se agora o que diz o Relatório da ampanha r cola 201 -2015 elaborado pelo IDA. O total do número de fam lias assis das em 2014 foi, a nal, de apenas 1 065 987 (1,4 milhões segundo o Relatório de 201 atrás referido), desagregados por 438 075 pelo PEDR (550 mil na versão de 2014), 598 257 pelo Programa de Fomento sob tutela dos Governos Provinciais (no Relatório de 201 , como se viu, falava -se de assist ncia às v mas da seca ou es agem, com uma cifra de 870 mil fam lias) e 29 655 por organizações parceiras, nomeadamente ONG (40 mil no Relatório de 201 ). Ou seja, os dados referentes a 2014 aparecem bastante reduzidos em relação ao expresso no Relatório deste ano.

83 A assist ncia atrav s do PEDR cada vez mais de ciente por limitações de vária ordem, mas principal-mente nanceiras e t cnicas, o que re ecte as opções governamentais. A situação chegou a n veis inacei-táveis com a crise nanceira, a ponto de a n vel das Estações de Desenvolvimento Agrário (EDA) não haver dinheiro para combus vel das poucas motorizadas existentes.

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Quanto a 2014 -2015, o Relatório da ampanha r cola 201 -2015 apresenta os seguintes números: 1 117 471 de fam lias assis das, sendo 432 301 pelo PEDR, 555 681 pelos Programas de Fomento e 115 471 pelas organizações parceiras.

Tr s notas salientes. A primeira que, comprovando tudo o que o Relatório Económico tem comentado, as cifras o ciais são muito pouco cred veis. A segunda tem a ver com a constatação de que os agricultores familiares, aqueles que mais contribuem para a produção total, con -nuam a merecer muito pouca atenção por parte do Execu vo. Com efeito, se o PEDR dispõe normalmente de muito poucos recursos, em 2015 disp s de bastante menos, e as acções de as-sist ncia, salvo as realizadas atrav s de programas dotados de nanciamento externo, t m muito pouca expressão. Imaginemos então o que se passa com as fam lias assis das pelos Governos Provinciais, que na sua esmagadora maioria se encontram pra camente ao abandono por parte das en dades competentes. Finalmente, a ser verdadeiro que o número de fam lias que pra -cam ac vidade agr cola de 2 570 003, quase 1,4 milhões (56 ) não bene ciaram de qualquer apoio em 2015, seguramente por não exis rem condições para que tal apoio pudesse acontecer.

Não há dados do Minist rio da Agricultura sobre o número de explorações agr colas em-presariais. O Relatório do overno de 201 dava a conhecer que nesse ano havia 12 892 (8360 em 2011). Este dado não cred vel por não se saber a metodologia de cálculo, e porque repre-sentava um aumento que não parece comportável com uma s rie de indicadores, como a área cul vada, o consumo de insumos, o emprego e as produções alcançadas, entre outros.

É grande a diversidade entre as explorações que entram na categoria de empresas, mas na realidade pequeno o número daquelas que se podem considerar como tal, algumas de-las fazendo recurso a tecnologia considerada de ponta como, por exemplo, a fer rrigação com assist ncia computorizada ou o uso de semeadores de grãos com sensores e controlador electrónico que permite operar com taxas de aplicação variáveis em sistemas de agricultura de precisão84. Mas o mais importante seria que elas es vessem organizadas a um n vel m nimo que lhes permi sse o registo junto das diversas ins tuições de acordo com a legislação (Ag ncia Geral Tributária, Segurança Social, Ins tuto Nacional de Esta s ca, por exemplo) e cumprirem as obrigações inerentes, terem contabilidade organizada e, claro, produzirem de modo rentável e sustentável. É de fazer notar que não parece haver no sector a preocupação de dis nguir as micro, pequenas, m dias e eventualmente grandes empresas, o que gera penosos embaraços quando, por exemplo, se procura iden car as que possuem potencial para serem integradas em planos especiais, como ocorre agora quando o Execu vo pensa na de nição de programas dirigidos no âmbito da estrat gia para a sa da da crise.

84 oda a es e o de o o o e a a a des o e o a s e e os e e sos e s e s a o e a so de a o de se eado e e e e e e ado a s o s a e os o o a ed o do e e de essoas a adas a o e a a a e o e e a a o desses e a-e os o a esso a e as so essa e es o e e ado s o de o e a o a dade e o s o de a e -o o a da a o a e dade a e e a do

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CEIC / UCAN

A actual estrutura do sector contempla ainda um conjunto de 18 projectos empresariais públicos de larga e m dia escala – o úl mo dos quais o mediá co Projecto Integrado de Desenvolvimento da Quiminha – que nem sempre assentam em empresas devidamente lega-lizadas. Grande parte dessas empresas integra a Gesterra85 ou t m par cipação dessa grande empresa pública. Uma caracter s ca comum a quase todos os projectos o seu nanciamento e prestação de assist ncia t cnica por parte de empresas estrangeiras, normalmente ligadas aos pa ses nanciadores, como o caso da República Popular da China e de Israel, empresas que assumem tamb m, em muitos casos, a gestão dos empreendimentos. A pouca informação sobre tais empresas e projectos não impede a percepção geral que não t m sido exemplos de sucesso em termos de rentabilidade e compe vidade, como seria de esperar de inves mentos tão avultados. Mesmo em termos de parceria, subsistem dúvidas sobre a qualidade de algumas delas, algo que deveria ser melhor inves gado.

Finalmente, há a registar a BIOCOM, empresa de capitais mistos entre a Sonangol, a Cochan (empresa privada angolana) e a brasileira Odebrecht, que cons tui o maior inves mento no sector agro -industrial num montante que, segundo algumas fontes, já a ngiu cerca de mil mi-lhões de dólares.

Área cultivada

Não foi poss vel obter informação sobre a área total semeada em 2015, mas apenas a que atribu da às explorações familiares que, de acordo com o IDA, foi de mais de 3,7 milhões de

hectares, o que daria uma m dia de 3,3 hectares por agricultor, mais do que o dobro da m dia relatada para 2014, mas semelhante à de 2013. Se quisermos ter uma ideia aproximada da área total de 2015 teremos de recorrer à informação sobre a campanha agr cola de 2013 -2014 que, como se tem referido para outros casos, varia consoante as diferentes fontes a que se faz recurso.

Assim, de acordo com o Relatório de alan o nual do overno de 201 a área total semea-da (deduzindo -se que para o conjunto das explorações familiares e empresariais) nesse ano foi de 5,6 milhões de hectares, ligeiramente inferior à de 2013 (5,8 milhões) o que representava cerca de 16,6 da super cie de terra arável se considerarmos que esta de 35 milhões de hec-tares. Tal número não permi a destrinçar a área semeada da cul vada, pois não havia informa-ção sobre as culturas permanentes (caf , palmar, fruteiras, orestas ar ciais e outras). Apenas se encontrava uma refer ncia à área de caf assis da , que era ligeiramente superior a 52 mil hectares. Ainda para o mesmo ano, o IDA referia que a área cul vada pelos agricultores fami-liares, supostamente apenas os assis dos , foi de 2,1 milhões de hectares (75505 dos quais com fruteiras), inferior aos 3,6 milhões relatados em 2013.

85 esa a e o a o o a es e de holding a es o de e esas a o as -as e a a a o do s ado e e ee d e os o - ados ada e

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Mas se for do em conta o Relatório da ampanha r cola 201 -201 divulgado pelo Minist rio da Agricultura, a área total semeada nesse ano, no conjunto das culturas primárias, como foi salientado, sem que fosse expresso o que tal signi cava, foi da ordem de 5,4 milhões de hectares.

Con rma -se assim o carácter errá co da informação, não havendo ideias claras se as áreas de cul vo estarão a aumentar ou não. Assim, de supor que a área semeada total, de acordo com os números o ciais, poderá estar compreendida entre 5,4 e 5,8 milhões de hectares, o que corresponde a cerca de 16 a 17 da super cie arável do pa s. Dessa área, cerca de 92 foram da responsabilidade do sector agr cola familiar e os restantes do sector empresarial como se pode ver no grá co que se segue.

REPARTIÇÃO PERCENTUAL DAS ÁREAS SEMEADAS A NÍVEL NACIONAL REFERENTE AOS SECTORES FAMILIAR E EMPRESARIAL

Mesmo com tal dúvida, o certo que estamos perante uma realidade incontornável. Se vermos em conta que 92 da área cul vada com tecnologia extremamente rudimentar,

leg mo pensar que valeria a pena um esforço para melhorar a tecnologia de modo a permi r uma maior produ vidade do trabalho e da terra, e, consequentemente, um aumento da produ-ção. Esta uma questão fundamental da pol ca agr cola angolana, como se verá mais adiante.

O comportamento das chuvas no decurso do ano agr cola 2014 -2015 não sofreu alterações signi ca vas rela vamente aos anos anteriores. O ciclo de es agens que se regista há alguns anos nas regiões do centro e sul do pa s manteve -se, embora de modo mais moderado, e com isso agravam -se os preju zos dos pequenos agricultores, pastores e agro -pastores, e, conse-quentemente, a sua já d bil segurança alimentar. Outros fenómenos meteorológicos anormais, como ventos fortes, granizos, geadas ou cheias que tenham in uenciado directamente o com-portamento das culturas agr colas, só terão ocorrido circunstancialmente. Contudo, a in u ncia

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CEIC / UCAN

nega va na produção global foi acrescida com incid ncias tossanitárias, das quais a de maior relevo foi a persist ncia do mosaico da mandioca, mal para o qual não parece exis rem medi-das de pol ca para ser mi gado.

Com as di culdades encontradas na es ma va das áreas cul vadas não se podem esperar facilidades na obtenção de dados rela vos à produção. A tabela seguinte mostra a evolução da produção das explorações familiares por grupos de culturas, sendo os dados da coluna do ano 2014 -2015 ob dos a par r do IDA, com excepção do caf es mado a par r de declarações do Ministro da Agricultura86, enquanto os dos anos anteriores expressam os relatados no Relatório Económico de 201 , para facilitar a consulta e as comparações, pois apesar do tal carácter errá-

co anteriormente demonstrado, as diferenças não são de modo a provocar grandes distorções.

Produtos

Cereais 1 324 500 946 772 1 021 640

Leguminosas/oleaginosas 463 939 269 808 304 024

Ra zes e tub rculos 16 762 784 4 646 925 11 331 062

Hor colas 1 114 722 656 004 848 894

Frutas 2 647 070 744 574 1 590 944

Caf (comercial) s/d 15 009 14 700

Dado que não há dados o ciais do Governo sobre a produção total de 2015, apresentam-

-se os de 2014, que permitem ter uma ideia da relação entre os dois pos de explorações em termos de produções agregadas.

PRODUÇÃO OBTIDA PARA AS DIFERENTES FILEIRAS SEGUNDO O CONTRIBUTO DAS EAF E EAE NA CAMPANHA AGRÍCOLA 2013-2014

86 e s a Economia & Mercado .o de od o o a de a e s do de a o -ada e e o e adas se do a e as da es o sa dade das e o a es e esa a s

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

A fazer f nos dados apresentados, alguns comentários a guram -se per nentes em relação a algumas das principais produções. A de ra zes e tub rculos , de longe, a que maior peso tem na produção agr cola. Este facto deriva da volumetria dos produtos e da sua riqueza em água, mas pode ser tamb m consequ ncia de uma aposta dos agricultores familiares na sua segurança alimentar e na sustentabilidade das suas escolhas produ vas87. Com efeito, se excep-tuarmos a batata, o produto que tem menor peso no conjunto, os outros (mandioca e batata--doce) apresentam um grau de depend ncia menor em relação ao mercado de insumos – que se mostra sempre muito precário – em relação às importações, maior resist ncia às irregu-laridades climá cas, maior elas cidade em relação ao calendário agr cola – pois podem ser plantados num per odo de tempo rela vamente dilatado (sete a oito meses) – e, no caso da mandioca, maior possibilidade de conservação, quer porque se pode manter no solo, quer por-que pode ser colhida de modo parcial ao longo do ano à medida das necessidades alimentares e de comercialização. De acordo com informação que tem sido veiculada pelo Minist rio da Agricultura, a produção de mandioca já sa sfaz plenamente as necessidades do pa s, mas o certo que o seu preço no consumidor não baixa, o que permite levantar suspeitas sobre os n veis de produção divulgados88.

Embora a produção de mandioca em 2014 tenha sido muito afectada pelo v rus do mosaico, as comparações permitem pensar que as esta s cas do Minist rio da Agricultura começam a ser um pouco mais realistas, pois o total de 2015, apesar dos dados do IDA ainda parece-rem exagerados, não deve ultrapassar os 12 milhões de toneladas, muito longe dos 16 milhões assinalados em 2013. Con rmam -se, deste modo, as reservas dos Relatórios Económicos dos úl mos anos a este respeito.

A produção de cereais fundamental para o pa s pela sua importância como alimento básico e no caso do milho representa uma mat ria -prima ines mável para o fabrico de rações. Os gastos elevados na importação de frangos (cerca de 450 milhões de dólares para 360 mil toneladas em 2015)89 dão uma ideia do que poderia ser poupado, caso o pa s vesse disponibilidade dessa mat ria -prima. A meta prevista no Plano Nacional de Desenvolvimento para 2017 – 3,5 milhões de toneladas – está muito longe de ser alcançada, pois es ma -se que o total de produção de milho em 2015 não ultrapasse 1,8 milhões de toneladas (51 ), o que representa um insucesso notável da pol ca agr cola nacional, sobretudo numa cultura onde, de longe, se inves u mais do que em qualquer outra em termos de dinheiros públicos. A produção de 2014 havia sido de 1,6 milhões de toneladas, das quais as explorações familiares foram responsáveis por 1,3 milhões (81 ).

87 s as a es e a es e e e esse o a e dos a o es do e o e s do a s e a a da a d o a a esa das o d es de so o e a e os a o e s e o e e o e e s a de e a as e o e o - e a do s o a o a de e ea s Angola Rural de de 88 e e s a ada a o a de oda a e o e da a a es e o do e o da a a de a -d o a89 e a o do o o Jornal de Angola de - - a do o s o da a

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CEIC / UCAN

O Relatório da ampanha de 201 -201 espelha um aumento de cerca de 30 da área se-meada pelas explorações familiares, compara vamente à de 1974, mas surpreendente que o Planalto Central, anteriormente com cerca de um milhão de hectares, surja agora com apenas 800 mil hectares (somando as áreas da Hu la, Bi e Huambo), número que peca por excesso pelo facto de partes das duas primeiras prov ncias não fazerem parte daquela grande região. Em contrapar da, as produções do Huambo e Bi são muito maiores que as da Hu la, o que não faz sen do pela história e pela realidade. Com efeito, não se sabe para onde vai o milho dessas duas prov ncias, ao contrário da Hu la que a grande fornecedora não só de si mesma mas tamb m de Benguela. A ter acontecido algum retrocesso na Hu la, deveria ter havido uma explicação.

Um outro cereal que importa analisar o arroz, produto no qual se gastam anualmente cer-ca de 200 milhões de dólares em importação – só no primeiro semestre de 2015 foram importa-das 215 mil toneladas – e em que tamb m foram feitos importantes inves mentos públicos na produção nacional, embora em muito menor escala do que em relação ao milho. Es ma -se que a produção em 2015 foi de 45,2 mil toneladas, sendo as necessidades anuais de cerca 390 mil.

Vejamos o que se passa com a produção de arroz. Em 2013/2014 foram semeados no total cerca de 30 000 hectares de arroz, dos quais se obteve uma produção de 42,2 mil toneladas de grão. Em Sanza Pombo, prov ncia do U ge, teve in cio em 2011 um projecto com nanciamento e assist ncia t cnica chinesa. Atrav s de relatos na imprensa conclui -se que em 2015 apenas foram produzidas 120 toneladas de arroz em 200 hectares e esperada em 2016 uma produção de 1200 toneladas em 600 hectares, o que representa uma produ vidade semelhante à de um pequeno produtor vulgar no Sudoeste Asiá co. Isto não seria um problema de maior se o pro-jecto não vesse 40 t cnicos expatriados, entre chineses e brasileiros90. Entretanto, a fábrica para bene ciamento do arroz, adquirida no âmbito do projecto, tem a capacidade de transfor-mar 1200 toneladas/m s, isto , com a produção actual cará 11 meses sem operar. Como se verá adiante, este não caso único.

Outro empreendimento do mesmo po tem lugar no Longa, Kuito -Kuanavale, prov ncia do Kuando -Kubango, tendo sido produzidas em 2015 cerca de 4700 toneladas em mil hectares91, o que revela uma maior produ vidade, mas onde o número de t cnicos chineses (50) igualmente absurdo, para al m de 14 engenheiros agrónomos angolanos formados na China.

A zonagem da cultura do arroz feita ainda no tempo colonial indica que tanto o U ge como o Kuando -Kubango são áreas marginais em termos da ap dão arrozeira, compara vamente com regiões como Malanje, Lunda -Norte, Lunda -Sul, Moxico e Bi . Por isso incompreens vel que se tenha feito a escolha de tais prov ncias, mas passa a fazer todo o sen do que os resultados sejam tão magros. O facto de se referir, no Relatório a que estamos a fazer refer ncia, que os dados de produção das explorações familiares do U ge em 2014 (cerca de 5000 toneladas)

90 Jornal de Angola, 91 Jornal de Angola

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

representam 25 da produção total de tais explorações mostra uma vez mais que as esta s cas agr colas o ciais não merecem credibilidade, pois o CEIC acompanha a ac vidade agr cola nessa prov ncia, onde a produção familiar de arroz não tem qualquer expressão.

A produção de banana tem vindo a registar aumentos importantes, tendo -se ultrapassado as tr s milhões de toneladas. Trata -se de outro produto em que se a ngiu a auto -su ci ncia e já se pensa na exportação, embora esta esteja condicionada pelos preços e pela burocracia. O sucesso com a banana mostra que a receita pode passar pelo aumento da produ vidade em ex-plorações empresariais, com casos em que se a ngem mais de 120 toneladas por hectare, sem recurso a demasiados recursos externos, mas tamb m pelo es mulo dos pequenos produtores atrav s da comercialização, como acontece, por exemplo, no U ge.

O caf outro produto que importa analisar. Actualmente, a produção anda à volta de 15 000 toneladas, menos de 10 da produção histórica (180 mil em 1973) e a exportação em 2015 proporcionou apenas dois milhões de dólares de receita. O entusiasmo recente provo-cado pelo aparecimento no mercado de novos actores que adquirem o produto a pequenos produtores, es mulados pelo aumento dos preços no mercado internacional, pela desvalori-zação do kwanza e pela possibilidade de obterem divisas, está a provocar uma nova dinâmica a que o Execu vo não está a corresponder com medidas de pol ca incen vadoras como, por exemplo, a atracção de inves dores de pa ses produtores (Vietname, Brasil, entre outros) que podem trazer tamb m conhecimento, pois sabido que a nossa produ vidade (menos de 300 quilos por hectare) mais de dez vezes inferior à m dia mundial (3 toneladas/hectare). Outros exemplos seriam um subs dio por quilo de caf produzido, como incen vo a quem trabalha, e o es mulo ao consumo, visto que hoje o caf visto como uma bebida posi va, pois, como referiu um empresário do sector, em Angola o caf usado nos óbitos, mas não nas celebrações ou no conv vio social, como noutros pa ses.

Finalmente, nesta análise de alguns produtos agr colas, veja -se o que se passa com o açú-car. A BIOCOM mais um dos projectos megalómanos que não está a dar certo. Inicialmente previsto com um inves mento de 200 milhões de USD, este montante foi subindo e o úl mo anunciado já era de cerca de mil milhões, fruto de mais um cr dito de um sindicato de bancos de 210 milhões com garan a soberana do Execu vo para reforço da capacidade de produção. A ideia inicial do projecto era a produção de biocombus vel. Perante as cr cas sobre a u lidade de tão grande inves mento, aproveitando -se uma linha de cr dito do Banco Nacional de De-senvolvimento Económico e Social do Brasil (BNDES), para algo que não só não era prioritário, como tamb m jus cado, dada a nossa condição de produtor de petróleo e as di culdades que o Brasil enfrenta com o uso do etanol, a ideia inicial – apadrinhada pelo ex -Presidente Lula, que pretendia exportar para frica o modelo energ co brasileiro – foi alargada para o açúcar – com maior realce – e para a energia el ctrica. Idealizou -se então que o projecto permi ria eliminar a importação de açúcar at 2020 (agora já se fala em 2021), com uma produção de 256 mil toneladas, para al m do etanol e da energia.

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CEIC / UCAN

Tudo indica que se está perante um erro de concepção, pois mandam as regras do bom senso que não se deve colocar os ovos todos no mesmo cesto, visto os riscos serem enormes. Nas nossas condições o risco potenciado por não haver inves gação nem experimentação que possam sustentar inves mento tão elevado, e a colaboração com a EMBRAPA, empresa brasi-leira de renome em pesquisa agro -pecuária, foi suspensa sem que se percebessem as razões. Al m disso, as nossas fragilidades ins tucionais não recomendam tais projectos grandiosos, mais prop cios a desvios e à corrupção.

A primeira produção de açúcar, prevista para 2015, era de 36 mil toneladas, e apenas fo-ram a ngidas 25 mil, uma derrapagem de mais de 30 , inadmiss vel num inves mento tão elevado. A jus cação dada foi a de condições climat ricas anormais, o que não parece cor-responder totalmente à realidade. O certo que nem toda a cana estava em condições de ser aproveitada na fábrica, pois o crescimento e a oração foram acelerados, perdendo -se saca-rose e ganhando glicose, que não serve para transformar em açúcar cristal, mas serve para a produção de etanol.

A área plantada com cana de cerca de dez mil hectares mas a sua produção apenas cobre aproximadamente 10 da capacidade de transformação instalada. Para viabilizar o projecto do ponto de vista nanceiro tornou -se necessário importar açúcar para venda, ac vidade na qual a empresa enfrenta concorr ncia que lhe provoca mais constrangimentos. Será, talvez, para se ultrapassar este problema, que se pensa no aumento da capacidade produ va, sendo de enca-rar tamb m o recurso à linha de nanciamento da China.

Há aspectos posi vos do projecto, mas para al m do que já se referiu e dos custos que seguramente são incomportáveis, há que ques onar o modelo, que tem sido repe do noutras agro -indústrias. O que se faz noutros pa ses integrar a produção de pequenos produtores da região de modo a assegurarem as mat rias -primas para as fábricas, ou dimensionar a fábrica de modo mais modesto. Na realidade, depois do mal feito, só agora se pensa es mular os peque-nos produtores, tarefa que não se a gura fácil, pois a carroça está demasiado à frente dos bois.

Produtividade

Como acontece usualmente, uma vez mais o CEIC ques ona os n veis de produ vidade apresentados o cialmente. Se os dados da tabela que se apresenta a seguir fossem compara-dos com os de anos anteriores, e mesmo com as apresentadas no Relatório Económico de 201 , encontrar -se -iam enormes disparidades. De todo o modo, mantendo as reservas apresentadas em relatórios anteriores, há novas considerações que se a guram per nentes.

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

CulturaEAF EAE

Milho 901 2368

Massango 216 358

Massambala 249 429

Arroz 1095 1897

Mandioca 9882 15191

Batata rena 4523 10 046

Batata-doce 11 222 14 598

Feijão 488 738

Amendoim 743 1099

Soja 498 841

do -A produ vidade m dia do milho nas explorações familiares (900 kg/ha) cresce mais de 100

em relação à registada em 1973, quando era à volta de 400 kg por hectare. Mais curioso que a prov ncia do Huambo, que nha das produ vidades m dias mais baixas, surge agora com a maior produ vidade do pa s (quase 400 ) em posição quase inversa à da Hu la, que nha não só a maior produ vidade como a maior produção. Quem acompanha a ac vidade agr cola das duas prov ncias sabe que a realidade muito diferente, e o mercado con rma isso, pois sabe -se que o milho originário da Hu la que abastece, para al m dela própria, a prov ncia de Benguela, não havendo no cia sobre o presum vel des no do milho do Huambo para al m do consumo interno, como atrás se referiu.

As produ vidades do arroz feito por explorações familiares não tão inferior à das explo-rações empresariais, tendo em conta os grandes desequil brios nos inves mentos realizados.

Rela vamente à mandioca, parece haver agora mais realismo, mas poss vel que as produ-vidades mais reduzidas que agora se apresentam sejam jus cadas pela extensão da cultura

a regiões menos vocacionadas.

O Execu vo decidiu há algum tempo dar prioridade à produção de ovos e frangos de modo a serem reduzidas as importações. A evolução nos úl mos tr s anos está expressa nas tabelas seguintes.

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CEIC / UCAN

EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE OVOS (2013-2015)

EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE CARNE DE FRANGO (2013-2015)

Ano Ovos (un) Ano Frangos (ton)*

2013 205 473 282 2013 44

2014 283 925 081 2014 225

2015 444 000 000 2015 763 o a a d do a a o e o da od o de os e a os a dos os a ado os o a s o a a d do a a o e o da od o de os e a osOs resultados na produção de ovos parecem representar uma melhoria signi ca va e a pro-

dução de 2015 corresponde a cerca de 41 das necessidades es madas do consumo nacional. Por m, este esforço poderia ser mais e caz e e ciente se a abordagem vesse sido diferente, com maior inves mento na capacidade de produção de milho a agricultura familiar poderia fornecer as fábricas de rações com mais mat ria -prima.

No que diz respeito à produção de carne de frango a situação bem diferente. As produções são baix ssimas pelo facto de os custos de produção serem insuportáveis, mais de quatro vezes que os de importação. De notar que o pa s gastou em 2015 mais de 450 milhões de dólares na importação de 360 mil toneladas de frangos.

A produção de carne de vaca a ngiu 23,7 mil toneladas, o que pode signi car o abate de cerca de 100 mil animais. O Execu vo está a encorajar inves mentos na produção de bovinos em larga escala na prov ncia do Kuando -Kubango, num conjunto de negócios que cont m os in-gredientes que levaram a certos insucessos no pa s: aus ncia de estudos e de experimentação, uma escala que parece incomportável com as capacidades de gestão e de acompanhamento e pouca atenção aos danos ambientais. O Kuando -Kubango não parece ter as condições eco-lógicas, nem log s cas, para o empreendimento pretendido. Por outro lado, o Programa de Produção de Carne aprovado pelo Execu vo em meados do ano , segundo a opinião unânime dos peritos consultados, um caso s rio de mau planeamento e gestão que deverá ser travado por não ter qualquer viabilidade.

A exemplo do que sucedeu em 2014, a quan dade de carne de caprino produzida referida nos relatórios o ciais (149 mil toneladas, contra 171 mil em 2014) representa um número de animais duas vezes superior aos efec vos de caprinos92 existentes no território nacional que habitualmente t m sido referidos (sete milhões).

92 Os dados de caprinos e ovinos normalmente são agregados, mas os primeiros representam possivel-mente mais de 80 . O cálculo foi feito considerando o peso m dio de 12 quilos por cabrito, depois de aba-

do. Mas este erro recorrente, pois em 2013 os números o ciais indicavam 169 mil toneladas.

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Não foi poss vel informação sobre a produção de su nos, como tamb m não foi poss vel obter informação actualizada sobre os efec vos das diferentes esp cies pecuárias. Meramente a tulo de refer ncia repete -se uma tabela do mesmo relatório com a evolução recente dos efec vos pecuários.

EVOLUÇÃO DOS EFECTIVOS PECUÁRIOS (2010-2014)

N.o

Bovinos 4 586 570 4 586 570 3 500 000

Caprinos e ovinos 4 958 351 4 958 351 7 000 000

Su nos 2 135 979 2 135 979 s/d

Galináceos 19 977 427 19 977 427 12 000 000 Importa referir que a produção pecuária está a ser muito penalizada com a car ncia de

divisas para aquisição de vacinas e de medicamentos e que este facto terá inevitáveis efeitos na quan dade e na qualidade das manadas. Aos problemas tradicionais juntam -se os da febre a osa e da derma te nodular, que não estão a ser encarados com a seriedade que se exige.

Florestas

Os dados de exploração orestal a que se teve acesso no documento do ro rama Diri ido para o umento da rodu o e romo o da Exporta o de adeira trazem novas informações sobre este subsector, alterando -se signi ca vamente o que foi relatado nos Relatórios Econó-micos anteriores.

PRODUÇÃO DE MADEIRA EM TOROS VERSUS FACTURAÇÃO

o a a d do a a o e o da od o e o o o da o a o de ade a

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CEIC / UCAN

As principais prov ncias de produção de madeira em toro são U ge (38 ), Cabinda (24 ), Bengo (15 ) e Kwanza -Norte (13 ), para a oresta natural. Rela vamente à oresta ar cial destacam -se as prov ncias do Huambo e Benguela.

Tendo em conta o potencial que representa a madeira para o aumento e diversi cação das exportações, o Programa dirigido prev o aumento da exploração para 230 mil metros cúbicos em 2016. Por m, esta decisão tem de ser analisada à luz do mal que representa a exploração de um recurso natural sem incorporação de valor e dos efeitos sobre o ambiente, como o aumento da erosão, o aparecimento de ravinas, a contaminação das águas, a diminuição da fer lidade dos solos, entre outros. Por outro lado, começam a ser preocupantes os n veis de extracção ilegal de madeira, tanto por nacionais como por estrangeiros.

Durante o ano foi decidido que o Fundo Soberano vai explorar os eucaliptos na Hu la, Huambo e Benguela, por razões industriais e preservação ambiental, de acordo com um Decreto Presi-dencial.

Está em curso o Inventário Florestal, mas não há no cia do modo como se processa.

4.3.1.2

Uma vez mais, o CEIC reitera que as pol cas agrárias do Execu vo angolano e respec va implementação desde o alcance da paz t m sido por vezes confusas e contraditórias.

Já se fez notar que o desnivelamento do crescimento da agricultura e ac vidades conexas pode ser explicado pelas incoer ncias das respec vas pol cas.

Ainda que no discurso o cial se mantenha a ideia de se respeitarem as grandes linhas do Plano Nacional de Desenvolvimento, na prá ca tal não acontece, não apenas por falta de re-cursos nanceiros, mas antes de mais pelo facto de con nuar a decidir de modo improvisado, numa base fortemente voluntarista, sem correspond ncia com os reais problemas do sector.

Recorrendo a informação ob da junto de um leque diversi cado de operadores da econo-mia agrária (produtores, comerciantes, t cnicos de campo, consultores, entre outros), podem ser considerados em tr s n veis os principais constrangimentos do sector:

– Aus ncia de uma visão abrangente do desenvolvimento que permita que os projectos sejam abordados em termos sist micos e de leiras ou clusters.

– Atribuição de muito pouco peso pol co ao sector, mesmo depois da ocorr ncia da crise e das manifestações de desejo de sa da da mesma.

– Incumprimento, por parte dos organismos do Estado, dos compromissos assumidos na compra de bens aos produtores.

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

– Subida generalizada dos preços dos factores de produção (combus veis, lubri cantes, adubos, tofármacos, etc.) e sua escassez crescente no mercado, o que torna a produção nacional pouco compe va.

– Serviços alfandegários extremamente morosos e onerosos.

– Di culdades crescentes no acesso a divisas, jus cadas pela persist ncia de outros cons-trangimentos, o que por sua vez provoca morosidade e di culdade na aquisição de pe-ças sobressalentes e de desgaste necessárias à manutenção e reparações das máquinas e equipamentos; o que di culta a importação de factores de produção como adubos, se-mentes, agro -qu micos, componentes de rações, vacinas, medicamentos e outros; e obriga ao recurso ao mercado paralelo para garan r o pagamento dos salários dos expatriados.

– Inexist ncia de estruturas de apoio no que toca a o cinas, serralharias, stocks de consu-m veis e peças sobressalentes, dada a aus ncia de prestadores de serviços externos a que se possa recorrer para o efeito, o que se repercute em elevad ssimos custos xos para os agricultores.

– Aus ncia ou escassez de prestadores de serviços em áreas fundamentais à ac vidade agro -pecuária e agro -industrial (laboratórios de análise de terras, águas, tecidos vegetais, rações e seus componentes, etc.); e que prestem assist ncia o cinal, mecanização agr -cola, log s ca, contabilidade, etc.

– Insu ci ncia de serviços que garantam o aprovisionamento de água, energia e acessibili-dades.

– Precariedade das vias de acesso.

– Aus ncia de sistemas de cr dito adequados às necessidades dos agricultores, incluindo cr ditos de campanha que permitam superar as roturas de tesouraria, provocadas em grande medida pelos incumprimentos do cliente Estado; prazos de maturidade dos nan-ciamentos pouco adaptados às ac vidades agro -pecuárias e agro -industriais; morosidade na tomada de decisão de aprovação dos projectos, tornando -os desactualizados; atrasos nos desembolsos e nas operações de pagamento aos fornecedores, muito em especial no caso de importações.

– Persist ncia de uma burocracia que não se coaduna com o desejo de uma agricultura moderna.

– Car ncia de apoio t cnico à concepção, implementação e assist ncia de projectos, desde os mais complexos a outros bastante simples.

– Morosidade na concessão dos vistos a t cnicos expatriados para formação ou assist ncia t cnica aos mais variados projectos, originando atrasos e descon nuidades e di cultando a resolução de avarias, o combate e o controlo de pragas e doenças, entre outros aspectos.

– Aus ncia signi ca va de energia el ctrica da rede nacional nas zonas de produção.

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CEIC / UCAN

– Falta de priorização na exploração de fosfatos e instalação de uma fábrica de adubos.

– Sistema de comercialização de produtos agr colas e de com rcio rural ainda de citário.

– Inexist ncia de seguro agr cola.

– Aus ncia de uma estrat gia de correcção dos solos devido ao seu elevado n vel de acidez.

– Sementes de baixa qualidade ou de qualidade não cer cada.

– A tude muito pouco criteriosa em relação ao po de fer lizantes importados.

– Falta de um serviço de controlo de pragas e doenças e fragilidade dos serviços de veteri-nária.

– Desadequada pol ca de aproveitamento dos recursos h dricos, demasiado concentrada em grandes e m dios regadios, que não são e cazes nem e cientes, em detrimento dos pequenos regadios comunitários e das mini -h dricas.

– Pouca disponibilidade de mão -de -obra quali cada nas zonas de produção.

– Aus ncia de um serviço adequado de assist ncia t cnica aos agricultores de todas as cate-gorias.

– Inexist ncia de uma pol ca racional de mecanização e de serviços de assist ncia mecani-zada aos agricultores.

– De ciente organização das leiras de produção av cola, desde o aprovisionamento de mat rias -primas para rações à oferta de grandes parentais ou pintos do dia e fabrico de embalagens.

– Aus ncia de estudos e análises pr vias às condições edafoclimá cas, hidrológicas e mor-fológicas, em consonância com as culturas a implantar.

C – Ao nível do agricultor

– Baixo n vel de conhecimentos t cnicos e de gestão.

– Elevados n veis de precariedade de mais de 90 dos agricultores.

– De ciente n vel de empreendedorismo e per l empresarial desajustado da maioria dos agricultores.

– Fraca ou muito fraca qualidade dos projectos subme dos a nanciamento, sem garan a de rentabilidade atrav s de uma gestão competente.

– Baixo n vel de ocupação dos equipamentos agro -industriais instalados.

– Baixa produ vidade da maioria das culturas.

– Pouca motorização da preparação dos solos e de outras operações.

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

– No caso dos agricultores familiares, mais de 90 da área cul vada trabalhada manual-mente.

– De ciente aproveitamento dos recursos h dricos dispon veis.

– Dimensionamento inconsistente de parques de máquinas, quer por excesso, quer por de-feito, com falta de equipamentos essenciais para as ac vidades propostas.

– Aus ncia das compet ncias t cnicas necessárias às ac vidades em execução.

– Exist ncia de projectos com orçamento desequilibrado onde mais de 70 do inves mento des nado a meios que esgotam a sua intervenção na fase de instalação das sementeiras

ou plantações (máquinas pesadas, por exemplo), muitas vezes jus cada pela aus ncia de prestadores de serviços especializados na mat ria.

– Localização desar culada de projectos, sem terem sido acautelados aspectos como acessi-bilidades, proximidade de fornecedores e facilidade de escoamento da produção.

Ainda que no discurso o cial se mantenha a ideia de se respeitarem as grandes linhas do Plano Nacional de Desenvolvimento, na prá ca tal não acontece, não apenas por falta de re-cursos nanceiros, mas antes de mais pelo facto de con nuar a decidir de modo improvisado, numa base fortemente voluntarista, sem correspond ncia com os reais problemas do sector.

Esta amostra dos factores cr cos do sector agr cola permite concluir que as pol cas e medidas de pol ca deveriam, antes de mais, dar resposta adequada aos mesmos, alguns bas-tante elementares em qualquer economia agr cola. Em vez disso, ou de delinear projectos verdadeiramente estruturantes, o Execu vo tem vindo a conceder prioridades a projectos grandiosos, de duvidosa e cácia e comprovada ine ci ncia, de que o recente Projecto Inte-grado da Quiminha apenas o úl mo exemplo, que vai custar mais de 200 milhões de dólares ao erário público.

As pol cas para o sector podem ser mais facilmente entendidas pela análise da evolução das verbas atribu das pelo OGE nos úl mos anos. Mais do que as palavras, os números falam por si.

VERBAS DO OGE (2008-2016)

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Mil milhões de Kz 147,5 174,7 68,8 67,4 53,3 73,3 41,9 20,3 44,6

OGE total 4,5 4,1 2,0 14,0 1,2 1,1 0,6 0,3 0,7

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CEIC / UCAN

ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO PARA O SECTOR DA AGRICULTURA

Es ma -se que mais de 70 dos alimentos consumidos em Angola ainda são importados. Com os avultados inves mentos públicos na agricultura realizados desde 2003, que se calcula terem ultrapassado os mil milhões de dólares, impunha -se uma avaliação criteriosa dos projec-tos realizados.

4.3.2

Os processos de diversi cação das estruturas económicas estão correlacionados com a di-versi cação das exportações e com a industrialização dos pa ses. Quanto mais elevados forem os ndices de industrialização, melhores serão as condições para disputar a concorr ncia inter-nacional nos mercados internos e em diferentes segmentos dos mercados mundiais.

Angola esteve sujeita a um processo violento de desindustrialização depois da indepen-d ncia, em 1975, tendo a par cipação do Valor Agregado Bruto industrial (indústria no sen do estrito, abarcando apenas a manufactura) a ngido uma cifra m dia, entre 1975 e 2000, de 3 do PIB global. A produ vidade foi um dos segmentos onde o choque da desindustrialização maiores estragos provocou, com um valor m dio, no mesmo per odo, de cerca de 3400 dóla-res por trabalhador empregado. De resto, a baixa produ vidade acabou por ser tamb m um dos factores de desindustrialização do pa s. As empresas industriais – à poca, na sua maior parte propriedade do Estado – funcionavam com ndices muito baixos de e ci ncia económica e a sua principal tarefa era a de preservar o emprego à custa de transfer ncias nanceiras do Orçamento Geral do Estado.

Apesar das abordagens que enfa zam a entrada de alguns pa ses numa sociedade de lazer e de serviços, conhecida tamb m por sociedade pós -industrial, a indústria con nua a ser fonte

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de poder económico e a desempenhar um papel fundamental na organização dos territórios, na dinâmica das transformações dos sistemas produ vos e na criação de valor. Por isso, todos os pa ses, independentemente do seu estádio de desenvolvimento, inscrevem nas suas agendas de desenvolvimento a industrialização.

A estrat gia que alguns pa ses emergentes estão a seguir, no quadro da sua crescente a r-mação na geogra a industrial mundial, passa por negociações profundas e duras com as mul -nacionais estrangeiras para a transfer ncia de tecnologia, um esforço s rio de formação da sua mão -de -obra e uma pol ca de cons tuição de empresas nacionais com per l internacional.

A concorr ncia internacional exerce -se, como se sabe, sobre os bens transaccionáveis e como a diversi cação da economia tem de ter um forte vector de internacionalização, ca evi-dente a necessidade de a alteração estrutural do tecido económico se alicerçar neste sector de ac vidade. Acresce que a compe vidade geral depende da relação de troca entre estes dois

pos de bens. A economia angolana está actualmente baseada num forte sector de transaccio-náveis que o petróleo em bruto. É um sector que obedece aos standards internacionais de compe vidade. Com efeito, o preço de refer ncia da ac vidade do petróleo o preço interna-cional e não nenhum preçário nacional. Como se sabe, em termos de Economia Internacional, o preço compe vo o preço internacional, porque se assimila o mercado internacional a um mercado de concorr ncia perfeita, onde, portanto, os seus preços são os de e ci ncia. Mas se se re rar o sector petrol fero, a economia angolana ca órfã de um sector de transaccionáveis, no sen do compe vo do termo. É isso que a diversi cação da economia tem de criar. Mas, atenção: a diversi cação – o seu processo e as pol cas e estrat gias adequadas – não deve promover um sector não petrol fero transaccionável baseado numa excessiva protecção (em tese baseado em qualquer protecção), porquanto isso equivale a falsearem -se as regras de concorr ncia internacional.

Desde 2011 que a relação de troca entre transaccionáveis e não transaccionáveis se tem degradado (1,41 em 2011 para 0,77 em 2015), portanto uma tend ncia desfavorável à compe-

vidade geral da economia.

4.3.2.1

Con nua a ser problemá ca a falta de informação cred vel para se elaborarem estudos s -rios sobre as diferentes vertentes da realidade económica do pa s. A indústria transformadora

um desses casos. No dom nio das es ma vas quanto à respec va taxa de crescimento, foram o cialmente apresentadas 4 diferentes: 8,3 no Relatório de undamenta o do O E 2015, 2,6 no Relatório de undamenta o do O E 201 , 2,5 no alan o da Estrat ia de i a-

o dos Efeitos ( ), -4 nas Linhas estras para a De ni o de ma Estrat ia para a a da da rise Derivada da ueda do re o do etróleo e nalmente -2,1 na ro rama o a-croeconómica Execu va para o rimestre de 201 . Que valor considerar, para se analisarem

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as tend ncias de crescimento desta ac vidade, importantes para se perceber a velocidade de crescimento do sector e os vectores essenciais da sua transformação?

Semelhantes reservas se colocam quanto à importância rela va da manufactura na econo-mia nacional. Alguns dos documentos o ciais anteriormente citados apresentam uma percen-tagem de 8,6 em 2015, contra 3,9 em 2011, 4,1 em 2012 e 2013 e 4,4 em 2014. Ou seja, uma transformação estrutural notável avaliada em 4,2 pontos percentuais face ao ano anterior. Os indicadores de transformação industrial que mais adiante serão apresentados e analisados não expressam tamanha transformação. E mais: como se acresce a par cipação rela va quando a taxa de crescimento real da ac vidade foi nega va de 2004 para 2005, não importando o seu valor efec vo?

Fazem, de facto, muita falta as Contas Nacionais, que depois de 2012 deixaram de ser publi-cadas, sem se compreenderem as verdadeiras razões para se interromper uma s rie esta s ca que estava a ser u lizada no CEIC para diferentes abordagens sobre a economia nacional.

Numa perspec va de longo prazo (1998/2015, 17 anos), a taxa anual m dia de variação real do Valor Agregado Bruto da indústria transformadora foi de 6 . Este valor pode ser considerado como uma proxy da real capacidade de crescimento do sector, não se entendendo, cabalmente, a taxa de variação de 139,5 em 2011, seguida de uma quebra para 10 logo em 2012. Fica, igualmente, por explicar a queda em 2015: encerramento de empresas devido à crise de pa-gamentos externos, diminuição da produção por car ncia de mat rias -primas e interm dias, redução do número de turnos de produção, desinves mento?

TENDÊNCIAS DE CRESCIMENTO DE LONGO PRAZO DA MANUFACTURA (%)

e o Índice do PIB o ase as o as a o a sA indústria transformadora angolana não acompanhou – e não se aproveitou – do ciclo

dourado de crescimento do pa s (2002 -2008), durante o qual o PIB não petrol fero avançou a

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uma cad ncia m dia anual de 12,8 , já de acordo com as Contas Nacionais, tal como os dados seguintes o comprovam.

A MANUFACTURA POR CICLOS DE CRESCIMENTO

e o Índice do PIB o ase as o as a o a sDurante o per odo 2002/2008, a manufactura evoluiu a uma taxa m dia anual de 6,4 .

A MACROECONOMIA DO SECTOR TRANSFORMADOR

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

VAB (milhões de USD) 2212,5 3119,8 2414,9 3342,9 4029,6 4694,6 5079,6 5690,6 8772,0

Taxa real de variação ( ) 2,02 5,91 7,02 19,16 45,83 16,81 7,65 8,3 -4,0

Emprego 58 137 59 419 63 292 66 109 69 631 72 976 76 379 80 135

Produ vidade (USD) 38 056,1 52 504,3 38 154,6 50 565,9 57 870,4 64 330,1 66 505,5 71 013,0

Ganhos de produ vidade ( ) -1,70 3,62 0,47 14,08 38,45 11,46 2,85 3,22

Salário mensal (Kz) 29 077,2 35 874,3 38 333,9 40 970,8 43 071,0 45 049,6 0,0 0,0

PIBm/PIB ( ) 3,4 3,5 3,7 4,0 3,9 4,1 4,1 4,4 8,6

e o Estudos sobre Produtividade e Emprego o ase e dados o a sDe acordo com os dados da tabela anterior, o Valor Agregado Bruto da manufactura foi da

ordem dos 8,8 mil milhões de dólares93, um incremento nominal de 54,1 . Descontando o efeito crescimento real nega vo, o ndice de preços destes produtos foi de 1,606 – uma taxa de in ação de 61 . Foi devido a este po de incongru ncias que diminuiu a con ança nos dados o ciais. Claro que aquela taxa de in ação resulta apenas de uma operação alg brica, embora esteja consonante com as informações governamentais quanto à taxa real de crescimento e ao peso rela vo do sector no PIB.

93 a o a ado e a a o do eso e a o o e o a o do e d a es

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CEIC / UCAN

O VAB da manufactura por habitante – tamb m um tradicional indicador do coe ciente de industrialização dos pa ses – apresenta a evolução temporal seguinte, com destaque para 2010, quando a repar ção do valor agregado da indústria transformadora creditou a cada cidadão o valor de quase 290 dólares. Em 2015, o valor ascendeu a USD 250, mas com as reservas que t m sido apontadas aos dados o ciais sobre a ac vidade deste sector.

COEFICIENTE DE INDUSTRIALIZAÇÃO

O coe ciente industrial pico (VAB indústria transformadora/PIB) costuma ser relacionado com o PIB por habitante, presumindo -se que o grau de industrialização das economias aumenta à medida que o PIB por habitante da economia se valoriza.

O enorme afastamento entre as duas linhas do grá co anterior , sobretudo, devido ao baixo valor do coe ciente geral de industrialização (peso do VAB da manufactura do PIB), o qual, e apesar das reservas anteriormente equacionadas, se situou em torno de 8 em 2015. Quando for poss vel colocar o seu valor em 25 – como acontece nas economias emergentes

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em processo acelerado de industrialização – então a área anterior reduzir -se -á signi ca va-mente, podendo, nessa altura, dizer -se que Angola está num processo sustentado de alterações estruturais e de diversi cação com incid ncias sociais signi ca vas.

Outra forma de se analisar a industrialização atrav s da elas cidade entre os dois indica-dores anteriores, expressa pela elas cidade entre si94.

PER CAPITA

O incremento do PIB por habitante – do como um dos factores da industrialização dos pa -ses – não tem cons tu do es mulo su ciente para o aumento do coe ciente de industrialização em Angola. Na verdade, a leitura do grá co antecedente mostra um decl nio na elas cidade da relação coe ciente de industrialização/PIB per capita ao longo dos anos, com uma quebra expressiva em 2015. Razões poss veis:

a) Em 2015, devido aos ajustamentos em baixa no valor do PIB por habitante, por força da consideração dos dados de ni vos do Recenseamento Geral da População de 2014, di-vulgados em 22 de Março pelo INE.

Dada a concentração da riqueza – não se pode perder de vista que o respec vo conceito abarca rendimentos actuais, expecta vas de rendimentos futuros propiciados pelos ac -vos imobiliários e mobiliários e o valor destes ac vos –, o aumento sistemá co do PIB por habitante transformou -se, provavelmente, em poupanças ociosas e em transfer ncias para o exterior da parte do grupo social melhor posicionado no processo de distribuição de rendas existente.

c) Conforme se tem demonstrado nos diferentes Relatórios Económicos do CEIC, tamb m atrav s deste indicador poss vel a rmar -se que, de facto, o crescimento económico – um dos indicadores ainda u lizado justamente o aumento do PIB por habitante – não

94 e a des e d ado a o a a ada a a o a e e a o o a a e o -es o de a e o de o oe e e de d s a a o

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tem do uma disseminação social, de modo a ser transformado em desenvolvimento. As aproximações teóricas e muitas evid ncias emp ricas apontam no sen do de que de uma maior industrialização resultam efeitos muito posi vos sobre a distribuição do ren-dimento nacional, pela via da variação do emprego e de aumento regular dos salários (no seu montante global devido à criação de mais postos de trabalho) e no seu valor m dio (propiciado pelos ganhos de produ vidade).

d) Falta de apoios ao sector manufactureiro: cr dito, incen vos scais bem focados, am-biente geral de negócios (o Doin usiness do Banco Mundial de 2015 e 2016 indica, claramente, como fazer para se melhorar o clima de negócios no pa s, atrac vo para o inves mento privado, nacional e estrangeiro).

e) Baixa produ vidade geral do sector da manufactura: do capital humano, do capital em-presarial e do capital sico.

Ambiente ins tucional inquinado pela corrupção e trá co de in u ncias: retoma -se a denúncia efectuada no cap tulo da Introdução sobre os tributos feudais que agentes

da pol cia nacional exigem aos camionistas que se deslocam entre os centros de produção e os de consumo, ao longo do pa s. T m sido os próprios condutores dos TIR angolanos a anunciar estas anomalias em muitos programas de rádio.

A industrialização do pa s pode ainda ser apreciada atrav s da evolução do ITI ( ndice de Transformação da Estrutura Industrial)95.

ÍNDICE DE TRANSFORMAÇÃO DA ESTRUTURA INDUSTRIAL

e o Estudos sobre a Diversificação da Economia

95 a d a a a s es e d o da a a o dos esos e a os de ada d s a o o a o a o s de ados o se o a os de a dade d s a

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

O ano de 2004 foi de viragem rela vamente à desindustrialização do tempo da guerra e no contexto da conhecida mini -idade de ouro do crescimento económico de Angola (2003-2008), no processo de transformações da estrutura industrial, para se a ngir um pico em 2008, podendo aduzir -se as jus cações seguintes:

a) A primeira grande linha de nanciamento da China (2 mil milhões de dólares) chegou ao pa s para nanciar as empresas chinesas envolvidas na reconstrução/modernização das infra -estruturas económicas.

Aumento signi ca vo dos inves mentos públicos em diferentes dom nios económicos e sociais.

c) Elevadas receitas de petróleo e expecta vas posi vas sobre o comportamento do preço do petróleo.

Por m, com a crise nanceira e económica internacional iniciada em 2009, as transforma-ções industriais perderam ritmo e o valor do respec vo indicador situou -se muito abaixo da unidade, com destaque para 2015. As explicações são do conhecimento geral: desaceleração estrutural do crescimento do PIB, quebra do inves mento público, abaixamento das reservas internacionais l quidas, redução do PIB por habitante, perda do poder de compra dos salários nacionais, falta de con ança na economia. Pode a rmar -se, pelo grá co anterior, que entre 2010 e 2015 não se operaram transformações dignas de registo na estrutura industrial do pa s.

Na verdade, as indústrias alimentares e de bebidas dominam por completo o espectro da manufactura nacional, cabendo -lhes, em 2015, 82 do Valor Acrescentado Bruto industrial. E apesar do surgimento, entre 2001 e 2015, de um outro grupo de indústrias genericamente designado por outras indústrias , a importância rela va das alimentares e bebidas permanece elevada.

ESTRUTURA INDUSTRIAL RESUMIDA EM 2001 ESTRUTURA INDUSTRIAL RESUMIDA EM 2013

e o Estudos sobre a Diversificação da Economia.

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ESTRUTURA INDUSTRIAL RESUMIDA EM 2015

e o Estudos sobre a Diversificação da Economia

Uma das razões para estes d ces estruturais na movimentação das alterações de fundo da indústria transformadora a fraqueza do sector produtor de bens interm dios, fundamentais para se elevar o coe ciente de densidade intra -industrial do pa s. Evidentemente tamb m a necessidade de uma indústria pesada que ajude a reter no pa s percentagens crescentes dos diferentes valores agregados da economia nacional. O inves mento directamente produ vo depende da capacidade de erguer instalações industriais e produzir bens de equipamento. Com a crise de pagamentos instalada a par r de meados de 2014, a alterna va das importações passou a estar muito reduzida e deve -se, uma vez mais, chamar a atenção para os anunciados inves mentos chineses neste sector e tamb m na agricultura, que poderão ser feitos na base de importação de equipamentos reciclados – tal como no tempo colonial – de baixo valor mo-netário e reduzida produ vidade.

e o Estudos sobre a Diversificação da Economia

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4.3.2.2

Os sectores da agricultura (latu sensu) e da manufactura são as chaves para o crescimento da economia, a sua diversi cação, o aumento do rendimento dispon vel dos empresários e das fam lias e a melhoria da distribuição da renda nacional. Sabe -se isto há muito tempo, sen-do que a Teoria Económica o con rma atrav s dos seus postulados e as evid ncias emp ricas igualmente o comprovam. Os modelos de desenvolvimento industrial estão, do mesmo modo, teorizados e muitos deles experimentados, com resultados exitosos. Qual o modelo de de-senvolvimento industrial de Angola? As informações con das no grá co anterior esclarecem, de certo modo, a opção: o crescimento da manufactura tem -se feito, desde a independ n-cia, totalmente à custa das indústrias ligeiras, nomeadamente das ac vidades de produção de bebidas e de alimentos. Só que com uma nuance importante: a respec va componente importada elevada, donde o grosso dos efeitos mul plicadores se perder para o exterior. O facto de muitas ac vidades industriais terem reduzido a sua produção por falta de divisas para aquisição de mat rias -primas e subsidiárias no exterior disso a prova mais evidente. Por isso, a agricultura e a manufactura devem andar lado a lado, enquanto sectores que usam, mutua-mente, produtos de cada um.

A pol ca industrial de Angola centra -se na intervenção do Estado no sector, atrav s de um conjunto de programas, essencialmente de apoio aos grandes empreendimentos, no conven-cimento de que o impacto sobre o PIB e a geração l quida de empregos será maior e o maior. Desvaloriza -se, portanto, a criação de pequenas e m dias empresas, enquanto oportunidades de se incrementar a curto prazo o rendimento nacional dispon vel e mesmo o emprego não especializado (justamente a componente mais expressiva da oferta de força de trabalho no pa s). O cerne da pol ca industrial o Programa de Aceleração da Diversi cação da Economia, para a execução do qual foram criados instrumentos especiais de apoio, como o FIGEA (Fundo de Inves mento para Grandes Empresas), na base do qual serão prestados apoios nancei-ros directos aos promotores, a Unidade T cnica Especializada, para prestar apoio espec co ao lançamento destes grandes empreendimentos. Para al m das reservas sobre a capacidade de se implementarem projectos de grande dimensão – apela vos de mão -de -obra especializada, compet ncia t cnica e empresarial, inves mento, ambientes de negócios despolu dos de trá-

co de in u ncias e corrupção (que o pa s não tem, como do conhecimento geral) –, resta a dúvida quanto aos seus reais efeitos mul plicadores sobre o emprego e os diferentes valores agregados sectoriais e de contágio sobre a economia (impactos a montante e a jusante).

Que se conheçam, não existem estudos onde estas vertentes sejam analisadas, nem tão pouco outros de custo -bene cio, dada a envolv ncia de avultadas quan as nanceiras em ter-mos de inves mento.

Nem mesmo nos documentos o ciais são apresentadas as correlações entre pol ca mone-tária e fomento da indústria. Outrossim, considerações sobre os efeitos esperados duma reto-ma da in ação a dois d gitos: prejudicará ou não o crescimento da indústria transformadora?

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Foram amplamente divulgados os estudos de Michael Bruno sobre a relação entre cresci-mento do PIB e subida dos preços, tendo este economista s nior do Fundo Monetário Inter-nacional (entretanto já falecido) conclu do que taxas de in ação entre 10 e 14 at podem es mular o aumento da produção, embora dependente das situações concretas em cada pa s e do conteúdo das ac vidades de transformação existentes96.

São tamb m actuais as preocupações do Banco Central Europeu quanto à necessidade de aumentar o ritmo de subida dos preços na União Europeia como forma de es mular o inves -mento e a produção.

O papel da pol ca monetária sobre o incremento da produção em geral e do valor agrega-do da manufactura em especial pode ser crucial para a diversi cação da economia nacional. O rigor monetário e o equil brio interno – na presente situação de crise nanceira e de ajustamen-tos estruturais em algumas ac vidades (o desemprego uma dessas consequ ncias) – podem ser equacionados da forma seguinte: a cada choque exógeno sobre os custos de produção, os empresários/produtores di cilmente podem repercu r os encargos suplementares para os preços, porque sabem que os clientes di cilmente conseguirão liquidez suplementar su ciente para suportar o aumento do valor das facturas, prevendo, igualmente, que os seus assalariados reclamem aumentos de salários compensadores da alta de preços. Num contexto de pol ca monetária r gida, os empresários apresentarão s rias di culdades de tesouraria para sa sfazer aquelas pretensões, porquanto não disporão de facilidades adicionais de cr dito junto dos ban-cos. Havendo uma prefer ncia pelas grandes empresas industriais, at que ponto esta unidades de produção escaparão a estas condicionalidades de cr dito, devido às suas relações privilegia-das com o poder pol co, em claro desfavor dos pequenos e m dios empresários?

Os documentos o ciais são omissos quanto a estas poss veis ou prováveis interdepend n-cias no caso da economia nacional, limitando -se a apresentar enumerações gerais sobre pro-gramas, projectos, pol cas e medidas, sem es ma vas quanto aos inves mentos necessários e à taxa de rendibilidade interna e de retorno social. O que insu ciente.

Como se disse atrás, a pol ca industrial e de fomento da produção tem como eixos centrais as empresas e os projectos de grande dimensão, no contexto dos quais a intervenção do Esta-do está pi cada em diversos instrumentos de apoio e no suporte nanceiro. s pequenas e m dias empresas estão reservados meios de apoio suple vos ao funcionamento dos mercados e admite -se que esta franja do tecido empresarial angolano se deve reger muito mais pelos mecanismos de mercado do que as empresas de grande dimensão. O Programa Angola Investe

96 ae o a o a a ea e e o es e o o o in Finanças e Desenvolvi-mento e e o de e s a do e do a o d a es a a a e de o e o a e as do do o e o e a o a s e es do e se e o e da d so e as a as de a o e de es e o do o a a e de a ses dese o dos e e dese o e o d a e o e odo - a a a as de a o a a s a a o de a o e es e o ode e a o a -se de o a os a

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acaba por ser o principal mecanismo de acesso ao cr dito por parte das pequenas e m dias em-presas – normalmente com elevada capacidade de criação de emprego – par ndo -se do princ -pio de que o Estado irá facilitar a cons tuição e licenciamento das ac vidades empresariais. Só que a realidade ainda bem diferente, como o comprovam os indicadores do Doin usiness e a demora e os elevados custos na concessão dos alvarás.

Os pólos industriais são outras inicia vas estatais visando disponibilizar espaços infra--estruturados para as empresas privadas, com o propósito de facilitar a sua instalação, diminuir os custos iniciais de in cio de ac vidade (uma proxy da protecção da indústria nascente, da Teoria do Com rcio Internacional) e aumentar a sua compe vidade económica. Com a actual restrição nanceira do Estado, algumas destas dilig ncias aguardam por melhores dias para a sua concre zação. Estas modalidades de suporte ao crescimento da indústria transformadora são an gas, tendo surgido na Europa depois de nalizada a Segunda Grande Guerra Mundial enquanto modelos de facilitação da re -industrialização, atrav s da redução dos custos de ins-talação e de funcionamento das ac vidades industriais. Foram estrat gias seguidas pelo Reino Unido, França, Alemanha, Luxemburgo, B lgica, Noruega, Holanda e Su cia. Ficaram conheci-das como Parques Industriais e Zonas Industriais e em Angola, no tempo colonial, avançou -se com a experi ncia do Parque Industrial do Huambo, cujos estudos aprofundados foram conclu -dos no nal de 1973 e projectou -se a sua entrada em funcionamento em 1974, no quadro do IV Plano de Fomento. A condição fundamental para a sua e ci ncia a transpar ncia no acesso a essas facilidades, devendo as respec vas condições de usufruto estarem desinquinadas de cor-rupção, trá co de in u ncias e assimetrias de informação. Caso contrário, os custos elevam -se e o desinteresse da inicia va privada aumenta. Outra condição a da completa liberdade de es-colha dos empresários privados quanto às indústrias que a devem ser instaladas. O Estado deve tão -somente garan r os espaços infra -estruturados com terrenos, energia, água, saneamento e eventualmente alguns serviços básicos.

Os Parques Industriais podem, igualmente, ser comparados à protecção das indústrias nas-centes, ainda que a instalação das novas ac vidades nestes espaços privilegiados possa ser eterna (o que não acontece com a protecção aduaneira à indústria nascente).

O documento o cial in tulado Estrat ia de i a o dos Efeitos da rusca Redu o do re o de omercializa o do etróleo ruto no ercado nternacional no mbito do lano a-

cional de Desenvolvimento 201 -201 muito parco, com relação a uma agenda detalhada de medidas de encorajamento da manufactura nacional. Na verdade, limita -se a a rmar que no âmbito da diversi cação da economia e promoção da produção nacional, o Governo (...) vai desenhar e implementar um modelo de negócio que viabilize a construção dos pólos de desen-volvimento industrial de Viana, Caála, Porto Amboim, Negage, Soyo, Saurimo, Lucala, Fú la com inves dores nacionais e internacionais . É insu ciente este quadro de refer ncia para o sector privado. Aliás, o documento anteriormente citado limita -se a apresentar um conjunto de inten-ções – por vezes com excesso de detalhe sem muita u lidade – do Estado rela vas à maior parte dos sectores de ac vidade. Esta listagem pode servir de controlo no m do ciclo do programa.

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4.3.3

4.3.3.1

Qual a verdadeira história do preço do petróleo e os factos a que está ligada? O grá co se-guinte mostra o seu comportamento numa perspec va de longa duração (Dezembro de 1987 a Dezembro de 2015; 338 observações).

COMPORTAMENTO DO PREÇO MÉDIO MENSAL DO BARRIL DE PETRÓLEO (USD)

o so e e s o o e a o d a e s ea a d e as sAt sensivelmente Janeiro de 2002, o preço m dio mensal do barril de petróleo oscilou

sempre na vizinhança de USD 20. O grande boom no valor desta commodity energ ca situou--se entre a anterior data e Janeiro de 2008. Justamente este per odo foi o que registou as mais elevadas taxas de crescimento do PIB em Angola. A queda brusca veri cada durante 2008 e 2009 – que consequencializou uma drás ca revisão do OGE – coincidiu com a crise nanceira do sub -prime nos Estados Unidos da Am rica e da queda do crescimento do PIB mundial e das principais economias desenvolvidas e emergentes.

Sendo fácil entender que a mini -idade de ouro do crescimento económico do pa s (2002/2008) apresenta uma forte correlação com o preço e as receitas do petróleo, já o mesmo não iden cável com o per odo entre Maio de 2011 e Junho de 2014.

Na verdade, a taxa m dia anual de crescimento do PIB foi de apenas 3,4 , contra 11,1 no per odo dourado. Duas razões fundamentais podem ser aduzidas. Por um lado, a redução da produção petrol fera – devida a problemas diversos, uns de natureza t cnica e outros de organização e inves mento. A taxa m dia anual de variação foi de -2,2 , com parciais de -5 em 2009, -0,6 em 2010, -8,1 em 2011, 5,3 em 2012, -0,6 em 2013 e -3,5 em 2014. Por outro, tamb m a economia não petrol fera experimentou alguns obstáculos, tendo a sua taxa m dia anual baixado de 12,8 entre 2002 e 2009, para 7,7 entre 2010 e 2014. Um sinal claro de que novas fontes de crescimento teriam de ser encontradas, em especial atrav s da diversi-

cação das exportações.

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Em termos sint cos, a economia angolana já foi afectada por duas vezes pela queda do preço do barril de petróleo, uma em 1998 e outra em 2008/2009. A presente crise a terceira, depois da independ ncia do pa s. Durante a longa duração – 1987/2015 – o preço m dio do barril de petróleo foi de 44,8 dólares.

Durante este extenso per odo podem ser estabelecidos alguns subper odos, de acordo com a sua relação a determinados acontecimentos nacionais e internacionais:

• – O facto mais relevante foi o da transição para a economia de mercado, após a adesão de Angola ao FMI e Banco Mundial em 1984 e de ter sido aprovado o SEF (Programa de Saneamento Económico e Financeiro). Depois da assinatura dos Acordos de Bicesse e da Confer ncia Internacional de Doadores em 1995 em Bruxelas, a guerra civil generalizou -se a todo o território nacional. A taxa m dia anual do PIB neste per odo foi nega va e es mada em -3 , com uma crise económica em 1993 e 1994, com o PIB a regredir 21 e 20 , respec vamente. Foi tamb m a fase da hiperin-

ação em Angola, com registos de 1837 em 1993, 971,9 em 1994 e 3784 em 1995. O

• – Como ocorr ncias mais notáveis podem ser registadas o novo modelo de gestão macroeconómica (uma muito maior relação entre a pol ca monetária e a pol ca orçamental) e a mudança de toda a equipa económica de então. Do ponto de vista pol co, eram visualizáveis sinais de que o con ito armado estava próximo do seu m, urgindo, por conseguinte, preparar a economia para a fase de reconstrução. De nega va, a taxa m dia anual de variação do PIB passou a posi va (3 ). O processo de desin ação da economia foi posto em prá ca, favorecido pelo aumento das reservas em divisas e pela nova converg ncia entre as pol cas macroeconómicas, de que resultaram taxas de in ação de 268 em 2000 e de 115 em 2001.

• – Destacou -se a fantás ca dinâmica de cres-cimento do PIB, ainda que de muito menor intensidade do que aquela que o Governo ia anunciando (foi poss vel corrigir em baixa estas taxas, graças às Contas Nacionais). O pa s bene ciou de montantes signi ca vos de receitas da exportação do petróleo e de recei-tas scais com a mesma origem (190 mil milhões de dólares para as primeiras e cerca de 107,3 mil milhões para as segundas) e os inves mentos públicos em infra -estruturas as-cenderam a 27,4 mil milhões de dólares. 2005 (15 ) e 2007 (14 ) foram os anos de maior crescimento do PIB, em 40 anos de independ ncia pol ca97. O processo de desin ação con nuou rme, graças tamb m à u lização da âncora cambial para controlar a dinâmica

97 e e o se o do e eo o o e ao d as o es a e as a a o es-e o da e o o a es de d a es de e e as de e o a o es de d a es de es e os os es de d a es de e e as s a s e a o a a a da de es de d a es

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de subida dos preços, permi da pelas fantás cas reservas em moeda externa.

• – O acontecimento mais marcante foi a grande crise nanceira e económica internacional, que deixou em Angola rastos que ainda hoje in uenciam o comportamento do PIB. É pouco cred vel que o pa s volte a ter registos de crescimento tão impressivos como os ocorridos durante a mini -idade de ouro . Ocor-reram outros factos: diminuição das receitas do petróleo, quer as des nadas à economia, quer as de propriedade do Estado, decr scimo do inves mento público em 7,5 , forte atenuação do crescimento económico (taxa m dia anual de 2,8 ), subida da taxa de in-

ação e instalação de um clima de certo descr dito quanto às capacidades e dinâmicas de crescimento sustentável da economia.

.

• – Grande turbul ncia no mercado petrol -fero internacional, com uma queda do preço m dio do barril, entre Junho e Dezembro de 2014, de 44,2 , implicando a obtenção de uma taxa m dia de variação do PIB de apenas 4,1 . Os Estados Unidos transformam -se no maior produtor mundial de petróleo, en-quanto prosseguiu o braço de ferro com a OPEP e a Arábia Saudita quanto ao não ajusta-mento em baixa da produção da organização. Sinais de que a in ação em Angola volta aos n veis dos dois d gitos e apresentação do OGE 2015 elaborado em bases completamente irrealistas.

• Período Janeiro 2015 a Julho de 2015 – A grande questão a de at onde poderá baixar o preço m dio do barril de petróleo. Segundo diversas ag ncias internacionais a economia mundial poderá, de novo, entrar num per odo de petróleo barato, o que favorecerá o seu crescimento. Em Angola, este per odo marcado por sucessivas revisões em baixa dos principais agregados macroeconómicos, conforme já referido anteriormente. A in ação anual homóloga em Julho foi de 10,7 e a tend ncia para que a taxa de in ação acu-mulada no nal do ano se venha a situar em mais de 12,5 .

.

Podem ser elencadas algumas conclusões:

• Uma conclusão geral, decorrente da análise do comportamento de longo prazo do preço m dio mensal do barril de petróleo, que foi inferior a USD 45, estando, portanto, os va-lores mais recentes ainda dentro desta fasquia. Só que as necessidades de nanciamento da economia e do Estado são hoje incomparavelmente maiores do que nos per odos em que o preço m dio se situou na vizinhança de USD 30 o barril, sendo igualmente de muito maior expressão a corrupção e a necessidade de alimentar a elite pol ca e empresarial existente.

• Durante 4 anos consecu vos, o pa s bene ciou de um preço m dio mensal acima de USD 100 o barril, o que lhe permi u acumular receitas fantás cas em divisas e impostos.

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• Depois de Junho de 2014, o preço m dio do barril de petróleo tem decrescido sistema -camente.

As incertezas e as dúvidas sobre como a economia nacional poderá evoluir no futuro mant m -se e a con ança em que se possa sair da actual crise tem sido cada vez menor.

4.3.3.2

A grande questão da produção de petróleo a do seu comportamento futuro. O Governo tem procurado mi gar a quebra das receitas petrol feras (externas e tributárias) com o aumen-to da produção, ainda que com custos crescentes que já levaram os presidentes de várias com-panhias estrangeiras a reclamarem por um abaixamento dos respec vos impostos, sob pena de terem de encerrar as suas ac vidades de extracção.

Em 2015, a produção m dia diária de petróleo foi da ordem dos 1 785 000 barris, corres-pondente a um incremento de 7,76 face a 2014, durante o qual se registou um decr scimo de 2,56 . O grá co seguinte apresenta as quan dades produzidas de petróleo desde 2002, sendo poss vel es mar uma taxa m dia anual de variação efec va de cerca de 5,1 . Esta cifra contrasta com os anos dourados da ac vidade petrol fera no pa s (2002/2008), durante os quais a cad ncia m dia anual de variação se situou na vizinhança de 11 .

PRODUÇÃO DE PETRÓLEO (MIL BARRIS)

e o uadro Macroeconómico Comparativo o ase e o a es o a sO grá co seguinte – constru do numa óp ca de longo prazo 1998/2015 (17 anos de obser-

vações do comportamento da ac vidade petrol fera em Angola) – destaca as várias sequ ncias temporais da produção deste ainda muito importante sector de ac vidade.

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O TEMPO E O MODO DO SECTOR PETROLÍFERO

o e e o Estudo e Análise da Eficiência da Produção Nacional

Parece que depois da grande crise nanceira e económica mundial 2008/2009, a produção de petróleo em Angola não mais recuperou dessa situação, apresentando um comportamento errá co at 2015. Nos Relatórios Económicos dos anos anteriores foram apresentadas as res-pec vas causas, baseadas em relatórios o ciais e em pronunciamentos dos responsáveis das próprias operadoras: problemas t cnicos, elevação de custos com o aumento da profundidade de exploração, adiamento de inves mentos de prospecção e desenvolvimento e alguns desa-certos com os órgãos nacionais de regulação sobre aspectos relacionados com a par lha de custos. A taxa m dia anual de variação da produção entre 2009 e 2015 foi nega va e es mada (pelo uso da m dia geom trica) em 1,84 . Portanto, Angola vem perdendo receitas pela conju-gação dos efeitos quan dade e preço.

COMPORTAMENTO DO PREÇO DO BARRIL DE PETRÓLEO (USD)

e o Quadro Macroeconómico Comparativo o ase e o a es o a sAt 2012 ainda foi poss vel contrabalançar o efeito -quan dade com o elevado efeito -preço.

Depois disso, o valor das exportações de petróleo tem vindo a declinar sistema camente todos os anos, conforme mostra a ilustração grá ca seguinte.

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RECEITAS DE EXPORTAÇÃO DE PETRÓLEO (MIL DÓLARES)

e o Quadro Macroeconómico Comparativo o ase e o a es o a sVeri ca -se, na verdade, uma estagnação do valor das receitas de exportação entre 2011 e

2013, seguida de um decl nio sistemá co at 2015. E evidentemente que os efeitos se trans-mi ram a todos os sectores de ac vidade. Com efeito, não poss vel a máquina económica funcionar sem lubri cantes: divisas propiciadas pelas exportações do crude, receitas scais -nanciadoras dos inves mentos públicos e taxa de câmbio atrac va para as operações externas da economia.

No Relatório de undamenta o do O E 201 do Minist rio das Finanças estão iden ca-dos os diferentes canais de transmissão das turbul ncias do mercado petrol fero internacional, no caso presente, dos respec vos preços: canal exportações, directo e imediato, pela ligação directa com o PIB; canal scal, que o mais importante canal de impacto do preço do petró-leo, afectando indirectamente o n vel geral da ac vidade económica pelo inves mento público; canal taxa de câmbio, sendo o mais vis vel para os agentes económicos e com elevados efeitos perif ricos sobre a solvabilidade externa da economia 98.

A MACROECONOMIA DO SECTOR DOS PETRÓLEOS

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

VAB (milhões de USD) 31 576,7 43 924,0 25 349,7 35 977,1 49 448,2 53 278,0 48 013,0 46 045,8 30 498,0

Taxa real de variação ( ) 21,76 10,27 -4,97 -0,54 -8,43 4,3 -0,9 -3,5 6,3

Emprego 54 827 64 559 64 347 79 697 84672 92 241 92 241 92 241

Produ vidade (USD) 575 933,8 680 370,5 393 953,7 451 423,7 583 997,1 577 595,6 520 517,2 499 190,0

Ganhos de produ vidade ( ) -65,81 -6,35 -4,66 -19,70 -13,81 -4,26 -0,90 -3,50

Salário mensal (Kz) 98 543,5 105 581,4 129 306,1 137 802,7 152 029,2 162 137,1 0,0 0,0

PIBp/PIB ( ) 48,2 49,7 39,1 43,5 47,5 46,2 38,5 35,6 29,9 e o Estudos sobre Produtividade e Emprego o ase e dados o a s98 s o das a as Relatório de Fundamentação do OGE 2016

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A tabela anterior insere dados sobre a macroeconomia do sector dos petróleos, podendo destacar -se a queda do seu valor agregado depois de 2012 (em 2015 o PIB petrol fero foi de apenas 30,5 mil milhões de dólares, menos 36,5 do que em 2014), o que fez o seu peso rela-

vo baixar para 29,9 do PIB.

Retomando a asserção enunciada no princ pio deste parágrafo, de 2016 at 2020 a produ-ção de petróleo pode estagnar, devido a diferentes incid ncias: respeito da quota atribu da a Angola pela OPEP, diminuição da procura mundial pelos efeitos do aumento da e ci ncia ener-g ca, quebra da intensidade de crescimento da China e importância crescente das energias alterna vas. De acordo com o Fundo Monetário Internacional99 existe a possibilidade de o PIB petrol fero crescer a uma taxa m dia anual, at 2020, próxima de 0 , o que signi ca que o pa s

cará totalmente ref m do efeito -preço do petróleo, deixando de haver escapatórias dadas pelo incremento da produção.

4.3.3.3

Dada a restrição da produção petrol fera derivada da pertença de Angola à OPEP, as pol -cas petrol feras acabam por ter uma margem de manobra muito reduzida. Já foi referido que o Governo tem procurado aumentar a produção de petróleo como estratagema contra a queda do preço do petróleo e das correspondentes receitas de exportação. Não existe margem de manobra para pol cas de incen vo ao aumento da produção de crude, não apenas devido à restrição quan ta va apontada, como à circunstância de o es mulo principal ser a procura internacional de petróleo estagnada presentemente e sem grandes expecta vas de variação at 2020.

As operadoras estrangeiras t m -se queixado de suportarem custos de laboração muito ele-vados, não apenas devido aos custos de extracção, mas igualmente por causa do peso dos im-postos. Este mais um dos aspectos da complexidade da pol ca económica do Governo, tendo de lidar com uma restrição orçamental forte e a necessidade de se incen varem as diferentes ac vidades produ vas.

4.3.4

Em sen do lato, as infra -estruturas compreendem as estradas, auto -estradas e pontes, os caminhos -de -ferro, os portos e aeroportos, as redes de telecomunicações, as redes nacionais de distribuição de gás, água e electricidade, a iluminação pública, etc., numa palavra, todos os inves mentos que facilitam a circulação de informação, bens, serviços e pessoas. Estas infra--estruturas são um factor importante de criação de economias externas para as empresas, cuja produ vidade uma função crescente deste stock de capital sico e da sua qualidade (capaci-

99 Angola Staff Report for 2015 Article IV o e

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dade de gerar rendibilidade económica e retorno social). Robert Barro considerou -as como um factor de crescimento que origina rendimentos de escala crescentes a longo prazo, justamente pelas economias externas que se geram e acumulam.

4.3.4.1

O sector das infra -estruturas de actuação pra camente exclusiva do Estado, no exerc cio das suas funções orçamentais de fomento do crescimento da economia e, colateralmente, de incremento do emprego e melhoria da distribuição do rendimento nacional. Desde 2002 at 2015, o Estado inves u – nem sempre da melhor maneira – 103731 milhões de dólares, maio-ritariamente em obras públicas com incid ncia económica.

EVOLUÇÃO DO INVESTIMENTO PÚBLICO (MILHÕES DE USD)

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Inves mento público 11 874 8314 7682 8995 11 997 14 248 15 741 9375 103 731

e o Quadro Macroeconómico Comparativo o ase e dados o a sA nal, o maior esforço de inves mento do Estado reporta -se ao per odo 2008/2015, com

um valor de 88,3 mil milhões de dólares, mais de 85 do total aplicado entre 2002 e 2015 e cerca de 11 mil milhões de dólares por ano. Apesar de o inves mento público con nuar a ser, depois das exportações de petróleo, o segundo factor de crescimento da economia angolana, os montantes inves dos depois de 2008 ou foram insu cientes ou não veram a rendibilidade esperada para travarem a desaceleração do crescimento económico depois de 2008.

COMPORTAMENTO DA CONSTRUÇÃO

e o Estudo e Análise da Eficiência da Produção Nacional o ase e dados o a s

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O grá co seguinte, ao procurar estabelecer a relação entre o inves mento público e a taxa de crescimento do sector da construção, permite concluir que a ac vidade privada de constru-ção (imobiliário, edi cios fabris) está estreitamente ligada ao inves mento que o Estado faça nas obras públicas. Na verdade, a queda do inves mento público no per odo considerado foi acompanhada de uma diminuição na taxa de crescimento do sector da construção. Existem evid ncias emp ricas sobre esta correlação, apontando para valores de elas cidade da ordem de 0,4, signi cando que um aumento de 1 no inves mento público provoca uma variação posi va no inves mento privado de 0,4 (em sen do contrário tamb m válida).

Constata -se ainda que depois de 2009 que a correlação iden cada se torna mais estreita, podendo ser aduzida como eventual razão principal a notável dinâmica de crescimento da economia nacional no per odo 2002/2008, durante o qual as oportunidades de crescimento do sector privado dependeram mais das suas opções de inves mento tomadas em função de expecta vas posi vas de variação do PIB nacional.

PARTICIPAÇÃO DO SECTOR PRIVADO NA DINÂMICA DA CONSTRUÇÃO

e o Estudos sobre Produtividade e Emprego

Outra forma de analisar este fenómeno por interm dio da comparação entre o Valor Agre-gado Bruto da Construção e o Inves mento Público.

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COMPARAÇÃO ENTRE VAB CONSTRUÇÃO E INVESTIMENTO PÚBLICO

e o Estudos sobre Produtividade e Emprego

Em termos gerais, a gura anterior ilustra que a ac vidade produ va da construção depende muito do inves mento público, não tendo ainda acontecido a a rmação de uma procura priva-da forte e determinante de obras como edi cios fabris, obras de irrigação agr cola, imobiliário popular, etc.

No contexto da economia não petrol fera a construção foi desde 2002 e de acordo com as Contas Nacionais o segundo maior sector depois do Estado, representando depois de 2011 o dobro da indústria transformadora. Embora exigindo uma análise mais pormenorizada, esta constatação pode, pelo menos em parte, ser explicada pelo boom do sector imobiliário – com uma procura forte veiculada pelos sectores petrol fero e bancário ( nanceiro, no geral) e pela nova burguesia angolana bene ciária do processo de acumulação de capital e de distribuição dos respec vos dividendos – com uma forte componente de importação de materiais de cons-trução. Se não se vesse seguido este padrão, a indústria transformadora deveria ter aumen-tado a sua par cipação do PIB não petrol fero.

Em 2015, por cada unidade de valor agregado na indústria transformadora, foram geradas quase 1,3 unidades de valor adicionado na construção. Em 2014 a proporção foi maior (em redor de 2,5) devido à singularidade do coe ciente de industrialização de 2015 (8,6 , quando a taxa de crescimento foi de -4 ). Signi cam estas desproporções entre a construção e a ma-nufactura que existe espaço para o crescimento desta e para o adensamento das relações intra -sectoriais, bastando haver pol cas espec cas para o efeito, mormente para a indústria transformadora (reforço da relação com a agricultura e com as extrac vas não diaman feras, inves mento privado estrangeiro).

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A MACROECONOMIA DO SECTOR DA CONSTRUÇÃO

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

VAB (milhões de USD) 4843,9 5912,5 5355,6 7273,2 8152,9 10 692,5 12 917,5 14 457,9 11 016,0

Taxa real de variação ( ) 17,69 8,93 12,78 25,95 8,37 31,00 6,87 8,00 3,50

Emprego 308 646 320 191 339 688 365 993 387 759 410 661 415 408 424 197

Produ vidade (USD) 15 693,9 18 465,6 15 766,2 19 872,5 21 025,6 26 037,3 31 095,8 34 082,9

Ganhos de produ vidade ( ) 3,37 5,00 6,31 16,90 2,29 23,69 5,65 5,76

Salário mensal (Kz) 21 596,3 40 659,4 44 164,7 53 055,7 57 283,6 61 880,3 0,0 0,0

PIBc/PIB ( ) 7,40 6,69 8,25 8,79 7,83 9,27 10,35 11,18 10,80 e o Estudos sobre Produtividade e Emprego o ase e dados o a s4.3.4.2

Em nenhum dos documentos o ciais conhecidos estão apresentadas medidas de pol ca económica para o aumento da produção do sector da construção. Nas Linhas Mestras para a De ni o de uma Estrat ia para a a da da rise Derivada da ueda do re o do etróleo no Mercado nternacional são apenas referidas medidas/preocupações sobre o controlo dos inves-

mentos públicos (escolha, in cio de execução, scalização, concursos públicos dos projectos).

4.3.5

4.3.5.1

No ano de 2015 foram desenvolvidas acções no sector dos transportes que pretenderam aumentar o volume de carga transportada e manipulada e o número de passageiros trans-portados nos vários sistemas de transporte (rodoviário, a reo, ferroviário, mar mo - uvial). Em paralelo, pretendeu -se a reprogramação estrat gica de determinados inves mentos num quadro macroeconómico e orçamental restri vo mas sem colocar em causa a oferta de serviços de transporte.

4.3.5.2

As acções e medidas de pol cas executadas no sector dos transportes em 2015 incluem dois programas principais:

• Programa 1 – Capacitação Ins tucional e Formação.

• Programa 2 – Reabilitação e Construção de Infra -Estruturas.

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No contexto do Programa 2 (Reabilitação e Construção e Infra -Estruturas), destacam -se no sector mar mo -portuário os terminais de passageiros de Kapossoca, na Samba, e do Porto de Luanda, inaugurados em 2015 e que cons tuem uma alterna va no dom nio dos transportes públicos, tendo marcado o in cio formal do transporte mar mo comercial de passageiros na prov ncia e abrindo portas à expansão do projecto para todo o litoral do pa s. O serviço de transporte mar mo de passageiros pode contribuir de forma signi ca va para o desconges o-namento do tráfego da cidade de Luanda. A forte densidade populacional da capital, adicionada à fragilidade do sistema de transporte público de passageiros gera um grave problema de mobi-lidade e por isso a cabotagem mar ma de Luanda cons tui uma alterna va para o descon-ges onamento do trânsito, par cularmente na circulação Norte -Sul da prov ncia e vice -versa. Estão em funcionamento, desde 2015, 5 catamarãs em Luanda, sendo 2 para 135 passageiros, 2 para 265 passageiros e 1 para 120 passageiros. Pretende -se contribuir para a redução do tempo de viagem dos usuários dos transportes, oferecendo em simultâneo outras oportunidades de aumentar os seus rendimentos, dinamizando a ac vidade económica e posteriormente do tu-rismo e do lazer.

Com a entrada em funcionamento do novo Aeroporto de Luanda, o sistema a reo, tal como o transporte mar mo - uvial, tamb m contribuirá para o fomento de serviços de transporte já que permi rá o transporte anual de 15 milhões de passageiros e 600 mil toneladas de carga.

No contexto do sistema ferroviário, interessa destacar as informações rela vas ao Caminho--de -ferro de Luanda (CFL), onde se evidencia que os valores de receitas arrecadados são prove-nientes em 50 dos serviços de transporte de passageiros e 35 de carga transportadas100. De acordo com a mesma fonte, os serviços de transporte ferroviários de Luanda t m conseguido sa sfazer as necessidades dos mun cipes que procuram diferentes horários, aumentando os n veis de mobilidade dos cidadãos da periferia at ao centro de Luanda e vice -versa. Rela va-mente aos serviços de transporte oferecidos pelo Caminho -de -ferro de Benguela (CFB), infor-mações apresentadas pelo presidente da empresa, indicam que foram transportados no ano de 2015, 27 mil toneladas de mercadorias diversas e 416 mil passageiros. Este movimento de mercadorias representou um aumento de 42,4 rela vamente ao ano de 2014 e o número de passageiros transportados registou um acr scimo de 29,7 . Dados disponibilizados pela companhia do CFB apontaram para o transporte de um grande número de passageiros, sendo

100 a o -de - e o de a da e ada e sa e e a s de es de a as de e e o de a o -de - e o de a da o a e e s o de e os a a da a a a e o a de a a e

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que o troço mais movimentado entre os munic pios do Kuito (prov ncia do Bi ) e Luena (pro-v ncia do Moxico), com excepção do troço urbano Lobito -Benguela. Este tamb m o i nerário onde se veri cou um maior aumento de passageiros transportados, quando comparado com o ano de 2014. Em par cular, no troço Kuito -Luena, dados de Junho de 2015 indicam que foram transportados 12 000 passageiros, o que representa um aumento de 30 em relação ao mes-mo per odo em 2014. No troço Luena -Luau foram transportados 7000 passageiros, no troço Huambo -Kuito foram transportados 3000, um valor superior em 26 em relação ao 2014 e,

nalmente, entre Lobito -Benguela foram transportados 66 000 passageiros, mais 63 do que em 2014. Não obstante estes números posi vos, reconhecida a situação nanceira d bil da empresa do CFB que con nua a depender do Orçamento Geral do Estado para o pagamento de salários e subs dios. Finalmente, apesar da mais -valia em termos de oferta de serviços de trans-porte, em par cular para as camadas mais vulneráveis da comunidade devido às suas limitadas capacidades nanceiras, a velocidade a que as composições circulam ainda muito reduzida, implicando muitas horas de viagem101.

Rela vamente ao Caminho -de -ferro de Moçâmedes (CFM), dados de Março de 2015 apon-taram para o transporte mensal de mais de 13 mil passageiros102. As composições do CFM circulam entre o Lubango (prov ncia da Hu la) e Menongue (prov ncia do Kuando -Kubango) tr s vezes por semana para o transporte de passageiros e mercadorias diversas. Ou seja, os serviços de transporte e as comunidades ao longo do CFM tamb m estão a organizar -se para dar resposta a uma necessidade crescente de mobilidade e acessibilidade num contexto de reabilitação e de expansão das trocas comerciais numa economia ainda rela vamente diver-si cada. Tal como no contexto do CFB, o transporte ferroviário está a fazer a diferença já que agora poss vel o movimento de passageiros e mercadorias do Lubango directamente para o Menongue de uma forma regular e nanceiramente mais acess vel ainda que com um elevado tempo de viagem (17 a 18 horas, dependendo do tempo u lizado para carregar e descarregar a mercadoria em cada estação ao longo da linha). Há tamb m uma composição urbana do CFM que circula duas vezes por dia entre Lubango -Nangome -Arimba e apoia as populações que se deslocam para o Ins tuto Superior Polit cnico, aeroporto e mercado local. Esta dinâmica semelhante à composição do CFB que tamb m circula duas vezes por dia entre Benguela e o Lobito. Finalmente, há uma composição do CFM que apenas transporta carga entre o Namibe e

101 a os -de - e o de e e a o a a e a a s o e de a a e assa e os a-a de e e o de 102 a os -de e o de o edes o a a s o a a s de assa e os o s a a de a o de a o -de - e o de e e a a -se o o o o o do o o e es e de -se a ao a a o e a o a e a e o a do o o a e e s o de e os a o -de - e o de o edes a as o as do a e a e do a do - a o a e e s o de e os a o a e s es a es es e-a s as dades do a e a o e e o e esa de e s do a ado a e as e o e e o de o as de ea a o e ode a o a o s o se e s o o s de os o de e a a o dos o o os o e a s de assa e os e de a a e o -se e e e o de e odo o a ado a e a o e o e

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o Lubango. Esta carga inclui combus vel (Sonangol), granito (explorado pela China) e carga con-tentorizada que chega ao porto do Namibe. No futuro, tal como ocorreu no passado, pretende--se que o CFM transporte ferro e mangan s das minas de Cassinga, localizadas no munic pio da Jamba, prov ncia da Hu la. Ainda neste munic pio existe a possibilidade do transporte de ouro a ser explorado na área do Limpopo.

Para os serviços de transporte rodoviário, e no sen do de dinamizar o transporte intermo-dal, foram implementadas carreiras urbanas integradas com os terminais de transporte mar -

mo do Porto de Luanda, Kapossoca e do Museu da Escravatura. Foi tamb m implementado o ponto de táxi personalizado para atendimento ao serviço de transporte mar mo nos Terminais do Porto de Luanda e Kapossoca. Ainda no contexto do sistema rodoviário e, de acordo com dados do Minist rio dos Transportes, no ano de 2015 foram transportados em Luanda apro-ximadamente 13 117 milhões de passageiros. Este número inclui o transporte realizado por autocarros públicos e privados nas carreiras urbanas, intermunicipais, interprovinciais e táxis/colec vos.

4.3.5.3

No contexto do Programa 1 (Capacitação Ins tucional e Formação), foi conclu da em 2015 a construção do Ins tuto Superior de Gestão Log s ca e Transportes e está conclu do o agen-ciamento do nanciamento para construção dos 3 centros de formação pro ssional para os Caminhos -de -ferro de Angola (CFA). Com o objec vo de fomentar a formação, t cnicos de vários ramos de ac vidade do sector, nomeadamente das Linhas A reas de Angola (TAAG), da Empresa Nacional de Exploração de Aeroportos (Enana), do CFL, do CFB, do CFM, da Empresa Pública de Transportes TCUL, do Porto do Lobito, da Empresa de Transporte Pública UNICAR-GAS, do Porto do Namibe, do Porto de Cabinda, do Ins tuto Mar mo e Portuário de Angola (IMPA) e do Ins tuto Nacional de Transporte Rodoviário (INTR) frequentaram diversas acções de formação no ano de 2015.

No sen do de assegurar a conclusão do programa de op mização e renovação dos quadros do pessoal, foi conclu do o Programa de Reforma Voluntária da TAAG e efectuado o levanta-mento de quadros que integram o processo de reforma nos CFA.

Finalmente, no sen do de promover a resolução de problemas burocrá cos, administra -vos e de coordenação com outras en dades, foram elaborados os procedimentos e requisitos para o licenciamento das ac vidades de transporte com vista a aumentar os ganhos em termos de e cácia, foi modernizado o INTR e foram analisadas as tarifas rodoviárias, mar mas e fer-roviárias.

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No contexto do Programa 2 (Reabilitação e Construção de Infra -Estruturas), interessa des-tacar as pol cas rela vas a cada um dos subsistemas do sector dos transportes (mar mo--portuário, ferroviário, a reo e rodoviário):

Com o objec vo de assegurar a construção dos terminais mar mos e terrestres foram con-clu das e inauguradas as infra -estruturas mar mas e terrestres para as localidades do Museu da Escravatura, Porto de Luanda, Kapossoca, Mussulo e Mococo na prov ncia de Luanda. Foram ainda inaugurados os Terminais de Min rios e de Contentores e o Porto Seco do Porto do Lobito, localizados no munic pio do Lobito. Estas infra -estruturas são elementos do estrat gico corredor do Lobito, a rota ferroviária e rodoviária entre o Porto do Lobito na costa Atlân ca e a fronteira com a República Democrá ca do Congo.

Com o objec vo de promover a reposição do transporte mar mo internacional de bandeira destaca -se, entre outras medidas de pol ca, a atribuição de estatuto de inves dor privado à empresa especializada no transporte mar mo de carga contentorizada MSC pela Ag ncia Na-cional de Inves mentos Privados (ANIP).

Rela vamente às infra -estruturas portuárias em Luanda, para al m da ampliação e moder-nização do Porto de Luanda, o pa s irá contar tamb m com uma nova infra -estrutura localizada a 50 quilómetros de Luanda, no Dande. As novas instalações projectadas terão um total de cais com comprimento su ciente para atracar 32 navios m dios e um terminal de contentores com uma área superior a 30 hectares. Esta moderna infra -estrutura, de âmbito nacional, irá bene -ciar tamb m a prov ncia de Luanda, já que irá contribuir para o desconges onamento do Porto de Luanda, onde tem aumentado substancialmente o movimento de cargas, encontrando -se perto do seu limite de capacidade operacional.

Com o objec vo de alterar o modelo ins tucional dos Caminhos -de -ferro de Angola, foi conclu do em 2015 o estudo de um novo modelo ins tucional e foi dada con nuidade ao pro-cesso de separação contabil s ca das ac vidades das empresas do CFL, do CFB e do CFM para a posterior passagem à fase de criação das tr s empresas de gestão de infra -estruturas, comando e controlo da circulação para cada uma das empresas ferroviárias. Para a ngir o mesmo objec vo, foi conclu da a elaboração e desenvolvimento dos regulamentos e instruções t cni-cas e/ou de exploração ferroviários. Foi tamb m iniciada em 2015 a elaboração dos manuais de procedimento.

Ainda com o objec vo de operacionalizar o regular transporte ferroviário, foram reabilitadas e modernizadas as linhas do CFB e do CFM; foi conclu do o projecto de elaboração de estudo

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do traçado do Caminho -de -ferro do Norte103; foram conclu dos os estudos para a instalação de um sistema de bilh ca e sobre o estado actual das infra -estruturas de telecomunicações e sinalização das linhas de Caminhos -de -ferro de Angola.

As tr s linhas de caminho -de -ferro – CFB, CFL e CFM – cons tuem a rede nacional ferroviária e encontram -se estrategicamente posicionadas no território, servindo como principais eixos de desenvolvimento, não possuindo, no entanto, qualquer ligação entre si. Assim, o Minist rio dos Transportes prop s, atrav s do Plano Nacional de Acessibilidades, Mobilidade e Transportes a criação de ligações entre as linhas ferroviárias.

No que diz respeito a inaugurações, o troço do CFB Lobito -Luau, com 68 estações, e a ponte ferroviária do Luau, que liga Angola à República Democrá ca do Congo, foram inaugurados em 2015. Tamb m foi inaugurado troço do CFM Namibe -Menongue e as suas 56 estações. Rela-

vamente ao CFL, foi inaugurada a estação de caminho -de -ferro que permite o transporte de mercadorias de comboio directamente do porto de Luanda.

Quanto ao material circulante, foram adquiridas 20 carruagens recondicionadas da África do Sul para o CFB e 15 locomo vas, 120 carruagens e 233 vagões, atrav s da linha de cr dito da China; foram aprovados e assinados os contratos para a aquisição de 100 locomo vas da ene-ral Electric (GE), para a reabilitação e modernização das 8 locomo vas GE U -20C e para a reabi-litação e modernização de 4 o cinas gerais de manutenção do material circulante (em Luanda, no Lobito, no Huambo e no Lubango). Quanto ao CFL, foi ob do o visto preven vo referente ao projecto de construção e scalização de 4 passagens superiores; foram aprovados os projectos referentes à construção de 6 estações intermodais. Finalmente, foi de nido o enquadramento

nanceiro para a construção da segunda linha para o troço Bungo -Ba a.

Ainda com o objec vo de operacionalizar o regular transporte ferroviário, foi assinado o protocolo para a realização do estudo sobre o LRT (Metro de Super cie).

Com o objec vo de priorizar a ligação do CFB à Zâmbia e do CFM à Nam bia, foram realiza-dos trabalhos de consolidação das vias, montagem da bra óp ca, sinalização para as teleco-municações, construção de valas e passagens de n vel. No caso concreto do CFB, con nuou a decorrer o processo para a execução do nanciamento do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) para a realização do estudo da ligação ferroviária entre o CFB e a Zâmbia a par r do Luacano, passando por Cazombo, at à fronteira. Esta ligação ferroviária de aproximadamente 300 quilómetros representará não só um acesso directo da Zâmbia e respec va zona mineira de exploração de cobre a Angola e vice -versa mas tamb m atrav s da ligação a este pa s será poss vel chegar à cidade de Beira, em Moçambique, e a Dar -es -Salaam, na Tanzânia, junto ao oceano ndico. Al m do min rio, a linha f rrea permi rá a importação de petróleo por parte da Zâmbia.

103 a o -de - e o do o e e e de a a essa o a de o e a

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Com o objec vo de promover a instalação de Plataformas Log s cas Mul modais ao longo das linhas f rreas, foram adquiridos os direitos de super cie, foram conclu das empreitadas de desminagem, conclu dos estudo de impacto ambiental, estudos geot cnicos, estudos de viabi-lidade e elaborados projectos de infra -estruturas de redes t cnicas de água, esgotos, el ctrica, pavimentações e telecomunicações, referentes às plataformas log s cas do Luau, do Lombe, do Lubango e de Menongue.

Em curso estão os processos para implementação das plataformas log s cas de Santa Clara – Cunene (em conjunto com o Governo Provincial do Cunene), de Yema e Massabi, em Cabinda, e do Luvo, no Zaire. Finalmente, foi aprovado e publicado o Decreto Legisla vo Presidencial n.o 3/15, de 16 de Setembro, rela vo ao regime jur dico da Rede Nacional de Plataformas Log s-

cas.

Sector aéreo

Com o objec vo de criar condições de concorr ncia no sistema a reo e aumentar a capa-cidade de mobilidade a rea, foi de nido em 2015 que se pretende assegurar a conclusão da construção do novo Aeroporto de Luanda, situado a 40 quilómetros da capital e que contará com duas pistas duplas. A pista norte, com 4200 metros de comprimento e 60 de largura, e a pista sul, com 3800 metros de comprimento e 75 de largura. Esta nova infra -estrutura, que será um dos maiores aeroportos do con nente africano, contará com 31 mangas (20 des nadas a voos internacionais e 11 a voos dom s cos).

Com o objec vo de executar e concluir o Programa de Refundação da ENANA, foram de -nidos seis eixos estrat gicos fundamentais, designadamente, a implementação de uma gestão segmentada da rede aeroportuária, a adequação do modelo de nanciamento, a op mização da performance operacional, a revisão organiza va e viabilização do quadro de pessoal, a mo-dernização dos processos e modelo de gestão e a autonomização do controlo do tráfego a reo.

As pol cas de nidas no subsistema rodoviário pretendem de nir e implementar um pro-grama de reordenamento do sistema de transportes das prov ncias, dinamizar e incen var a implementação de uma rede de o cinas rodoviárias. Neste contexto, foram cer cadas 154 ins-talações o cinais em 2013, e 272, em 2014. Foram ainda emi das 129 cer dões sobre ap dão das instalações para o serviço de assist ncia t cnica pós -venda de equipamentos rodoviários.

O Minist rio dos Transportes de niu como objec vo em 2015, alargar a rede de táxis a todo o pa s, incen vando os programas de apoio ao emprego e à mobilidade. Neste contexto, foram licenciadas, at ao ano de 2015, 96 empresas de táxis nas prov ncias de Luanda, Hu la e Cabinda, totalizando 454 ve culos. Foram ainda licenciados, no ano de 2015, 25 350 táxis de transporte colec vo Azul e Branco , em todo o território nacional.

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Com o objec vo de criar um sistema de transporte de massas e ciente, rápido e isolado, foi aprovado o projecto de construção de corredores de infra -estrutura de transportes públicos e foram aprovados os contratos referentes à aquisição de 240 autocarros e contratação do forne-cimento dos equipamentos de apoio ao sistema.

Em Luanda, e de acordo com o Estudo de Mercado sobre rov ncias de n ola 2015 – CESO Development Consultants, a rede de infra -estruturas dispon vel tem condicionado a rede de transportes existente. Uma rede viária de ciente di cilmente poderá garan r uma boa rede de transportes rodoviários. Neste sen do, tem sido notório o esforço com a reabilitação de estradas inter -provinciais, de vias secundárias e municipais, que tem permi do combater pau-la namente o trânsito caó co na capital e nos bairros perif ricos. No interior da prov ncia, merece destaque a via expresso perif rica no eixo Cacuaco e Viana, que veio favorecer a interli-gação entre os munic pios do Cacuaco, Viana e Belas. Esta reabilitação tem permi do potenciar o aparecimento de novas rotas inter -provinciais por via terrestre, nomeadamente nos eixos Luanda -Benguela, Luanda -U ge, Luanda -Malanje e Luanda -Huambo, com o incremento da segurança e do conforto e com a redução do tempo de viagem. Esta reabilitação trouxe natu-ralmente melhorias consideráveis tamb m ao n vel do desgaste de material a que estavam sujeitas as viaturas, fruto do mau estado de conservação em que se encontravam muitos eixos rodoviários. Estão a funcionar na prov ncia de Luanda seis empresas de transporte de aluguer em ve culos personalizados de serviço de táxi, dando resposta a uma procura crescente deste

po de serviço.

Em suma, as pol cas de transporte descritas permi ram que, no per odo at ao ano de 2015, fossem a ngidos os seguintes resultados rela vamente aos indicadores de objec vos do sector (ver tabela abaixo):

NÍVEL DE EXECUÇÃO DAS METAS DO SECTOR DOS TRANSPORTES

Indicadores 2012 2013 2014

2015

PNDGrau de

N.o de passageiros transportados (rede pública) (mil)

46 136 22 144 16 627 55 386 13 117 23,69 -21,11

Carga manipulada/transportada (rede pública) (mil ton)

16 867 15 258 19 148 22 016 12 700 57,69 -33,67

Emprego no sector 16 225 17 003 16 707 18 420 16 029 87,02 -4,06

Pro ssionais do sector de transportes treinados

2400 1487 1522 3540 2128 60,11 39,82

Novas escolas e Centros de Formação instalados

12 0 0 0 0 0 0

Cidades bene ciadas com expansão da rede de táxis

14 2 2 0 0 0 0

s o dos a s o es

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CEIC / UCAN

A par r dos valores da tabela pode concluir -se que dois dos indicadores – número de pas-sageiros transportados e carga manipulada – registaram uma variação homóloga nega va na ordem de 21 e 34 , respec vamente. Esta situação consequ ncia dos seguintes factores:

a) Redução da frequ ncia de voos semanais da TAAG nas rotas de São Paulo e Rio de Janeiro e o abandono da rota do Dubai, fruto da sua performance de citária, causada pela redução do número de passageiros transportados face à situação de escassez de divisas que se regista no pa s.

Paralisação da circulação do CFL, na linha Luanda -Malanje, durante 23 dias, devido ao descarrilamento de carruagens e desabamentos causados pelas chuvas torrenciais.

c) Paralisação de serviço de transporte de passageiros por via mar ma durante 5 dias para efeitos de manutenção dos catamarãs, na rota Kapossoca -Porto de Luanda e vice -versa.

d) Redução do volume de importações causadas pela situação económica actual.

O sector dos transportes registou um decr scimo de 4 no indicador emprego no sector, devido ao processo de reformas, falecimentos e despedimentos de funcionários por justa causa, no sector empresarial público.

4.4 O sector externo

O comportamento em baixa do preço do principal produto de exportação do pa s em 2015 afectou muito nega vamente a performance do sector externo da economia nacional, levando a um agravamento no d ce da Conta Corrente. O valor das exportações reduziu dras camente em relação aos anos anteriores, como se pode ver no grá co abaixo.

COMPORTAMENTO DAS EXPORTAÇÕES (MILHÕES DE USD)

e o Balança de Pagamentos o ase e dados o a s

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

No grá co nota -se que as exportações registaram, em 2015, uma quebra de 44 (de USD 59,7 mil milhões em 2014, para USD 33,2 mil milhões), muito mais signi ca va do que a regis-tada em 2009 (36 ).

, que deviam ser a alterna va neste per odo em que o preço do petróleo está em baixa, t m sido residuais e o respec vo valor, em m dia anual, nunca a ngiu sequer USD 2 mil milhões. Em 2015 sofreu uma redução de 12 passando de USD 1,5 mil milhões em 2014 para USD 1,3 mil milhões. Esta redução, para al m de outros fac-tores, pode evidenciar a relação estreita entre o sector petrol fero e não -petrol fero, pelo vi s da disponibilização de divisas104 para importação de insumos e bens de capital indispensáveis à sua produção. Autonomizar o não petrol fero requer pol cas consequentes, inves mentos e tempo de assimilação produ va.

O grá co abaixo pretende mostrar a relação, econometricamente não provada, entre as exportações não petrol feras e o preço do petróleo, conforme anteriormente se sublinhou.

RELAÇÃO ENTRE EXPORTAÇÕES NÃO PETROLÍFERAS E PREÇO DO PETRÓLEO

e o Balança de Pagamentos o ase e dados o a s

104 e e e ed da o ada e o e o de e o e a es e e das as de d o e o a s e ode se ado o e os od o es a o a s a a a s o o o a o de e s de a a e e d os o dos de a ses e o ede a a a de d o a o a ode a a os e es os e a a e a od o a o a o ed a de do a a de d sas

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CEIC / UCAN

A gura anterior mostra, na verdade, trajectos comportamentais das variáveis em análise muito similares, convidando a re ec r -se sobre o modelo de nanciamento da diversi cação das exportações não -petrol feras num cenário, provavelmente at 2020, de perda de receitas petrol feras, agravamento da d vida pública, retracção do inves mento privado estrangeiro e acr scimo dos custos dos empr s mos externos.

As exportações do sector não petrol fero passaram de USD 683,8 milhões em 2002 para USD 1348,5 milhões em 2015, representando um crescimento em 14 anos de 97 , o que corresponde a uma m dia anual de crescimento de 7 105.

COMPORTAMENTO DAS EXPORTAÇÕES NÃO PETROLÍFERAS (MILHÕES DE USD)

e o Balança de Pagamentos o ase e dados o a sOs diamantes representaram, em 2015, 87 do total das exportações não petrol feras e

cerca de 2 do total das exportações do pa s, sendo assim o segundo maior produto de expor-tação. Mas infelizmente as receitas de exportação deste produto são n mas, em comparação com o petróleo e não conseguem compensar a queda das exportações petrol feras. O caf , que na era colonial era o maior produto de exportação de Angola (representava mais de 30 das exportações totais at 1972), hoje rende apenas cerca de USD 1 milhão. As outras exportações são compostas por sisal, madeira, peixe, algodão, rochas ornamentais e outros min rios.

No âmbito das medidas de mi gação dos efeitos da redução do preço do petróleo, o Governo elaborou um documento in tulado Linhas Mestras para a De ni o de uma Estrat ia para a a da da rise Derivada da ueda do re o do etróleo no Mercado nternacional, no

105 a o d a e o es o e odo as e o a es do se o e o e o es e a o e e a e a a a a d a a a de es e o de

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

contexto do qual se pretende elevar as receitas em divisas do pa s e diminuir, por conseguinte, a grande depend ncia do pa s dos recursos do petróleo , promovendo as exportações não pe-trol feras.

No referido documento, o Governo reconheceu ainda que alguns produtos fora do sector petrol fero t m sido exportados, mas muitos deles fora do circuito formal e o cial, de tal modo que o Estado não controla os resultados nanceiros de tais operações. Trata -se de uma situação que preciso mudar de modo rápido e efec vo . É di cil entender como isso acontece, recursos ou produtos nacionais que são exportados e que o Governo não consegue controlar, registar tais operações. Será que tais produtos são exportados sem o conhecimento das Alfândegas, que em princ pio estão presentes em todos os postos fronteiriços do pa s?

No mesmo documento foram tamb m iden cados mais de 15 produtos que o pa s pode exportar no curto prazo:

• Rochas ornamentais.

• Cimento e outros materiais de construção.

• Caf .

• Mel.

• Produtos da pesca (peixe, marisco e crustáceos) e derivados (farinha e óleo de peixe).

• Madeiras.

• Min rio de ferro.

• Bebidas alcoólicas e não alcoólicas.

• Leguminosas oleaginosas.

• Hor colas e tub rculos.

• Sal iodizado.

• Serviços (transportes e telecomunicações).

Para a promoção destas exportações, o Governo vai levar a efeito as medidas seguintes:

• Cons tuir parcerias com operadores internacionais de reconhecida compet ncia, com modelos de parceria inovadores e atrac vos ao inves mento, à semelhança dos contratos de par lha de produção usados no sector petrol fero, para abreviar o processo de fomento à exportação.

• Proceder à assinatura de Acordos Bilaterais de promoção de com rcio com os pa ses po-tenciais compradores, em par cular os pa ses vizinhos.

• Criar mecanismos de fomento às exportações, tais como linhas de nanciamento e segu-ros de cr dito às exportações.

É importante ainda apoiar os exportadores nacionais no sen do de conseguirem mais mer-cados para os produtos nacionais. O facto de já estarem organizados em associação (desde

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CEIC / UCAN

Novembro de 2013), a Comunidade de Empresas Exportadoras e Internacionalizadas de Angola (CEEIA), será muito mais fácil ao Execu vo apoiá -los para aumentarem o volume das suas ex-portações. De resto, a maior parte dos Governos fazem isso atrav s da concessão de linhas de cr dito, taxas de juro boni cadas, redução da carga scal, etc.

A economia nacional essencialmente importadora e vive tanto da importação, em todos os seus sectores, quanto depende do petróleo. O pa s importa quase tudo, desde os bens mais básicos como água, alimentos, confecções diversas, calçado, etc., at bens mais complexos, como equipamentos, automóveis, barcos, aviões, etc. É pelo facto de se importar quase tudo que as reservas em moeda externa que o pa s consegue por meio das exportações do petróleo rapidamente se esgotam.

O grá co seguinte apresenta a s ntese das importações desde 2002, sendo interessante su-blinhar o peso dos serviços nas aquisições externas. Muitos destes serviços podiam ser forne-cidos internamente.

COMPORTAMENTO DAS IMPORTAÇÕES (MILHÕES DE USD)

e o Balança de Pagamentos o ase e dados o a sA crise no mercado internacional do petróleo afectou profundamente as importações em

2015. Como se pode observar no grá co acima, houve uma redução de 30 em relação a 2014, passando de USD 53,5 mil milhões para USD 37,2 mil milhões. Esta redução deveu -se a pelo menos dois factores: o agravamento da pauta aduaneira e as di culdades no acesso

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

às divisas. Entendemos que talvez a restrição nanceira externa tenha sido a causa mais pre-ponderante.

IMPORTAÇÕES DE BENS (MILHÕES DE USD)

e o Balança de Pagamentos o ase e dados o a sEm termos de categorias, os bens importados estão classi cados em bens de consumo cor-

rente (os que directamente sa sfazem as necessidades das pessoas, como alimentos, roupas, electrodom s cos, etc.), bens de consumo interm dio (que são os insumos e mat rias-primas usados no processo de fabrico de bens de consumo nal) e os bens de capital (equipamentos, máquinas e maquinarias). Como se v no grá co anterior, o pa s importa mais bens de consumo

nal do que bens de consumo interm dio e bens de capital juntos106. Observa -se ainda que ao longo de 13 anos, apesar de se ter veri cado um aumento na importação de bens de consumo interm dio (686 , m dia anual de 53 ) e de capital (em 644 , m dia anual de 50 ), os bens de consumo corrente ao inv s de diminu rem, aumentaram quase na mesma proporção (663 , uma m dia anual de 50 ).

desde 2002 at 2014 não se notam mudanças relevantes.

106 a e as o as e o as ado adas o e a a es a a de o s a e o e as o a es se a a s a a as o a da o e o da oeda a o a a a s da a a de o se do a s a a o o a do e od o a e e

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CEIC / UCAN

ESTRUTURA DAS IMPORTAÇÕES EM 2002 ESTRUTURA DAS IMPORTAÇÕES EM 2014

e o Balança de Pagamentos o ase e dados o a sComo se pode ver nas guras acima, em 2002 a importação de bens de consumo interm -

dio foram de USD 437 milhões (12 das importações totais) e as de bens de consumo corrente de USD 2,19 mil milhões (58 das importações), o que signi ca que se importou 5 vezes mais bens de consumo corrente do que bens de consumo interm dio. Doze anos depois, o quadro con nua o mesmo, conforme se pode constatar na gura anterior. Em 2014 o peso da importa-ção dos bens de consumo interm dio con nuou nos 12 e a importação dos bens de consumo corrente aumentou para 59 .

A importação dos bens de capital em 2002 estava avaliada em USD 1,13 mil milhões (30 das importações) e em 2014 em USD 8,41 mil milhões (29 das importações), o que representa uma redução de um ponto percentual. Esta análise mostra claramente não terem ocorrido mu-danças estruturais dignas de relevo. Apesar de ter havido um aumento da produção interna – como normalmente tem de acontecer em qualquer economia em funcionamento, mesmo de ciente – não se veri cou uma diminuição das importações, (para al m dos efeitos da pauta aduaneira) que pudessem ser assimilados à sua subs tuição estrutural.

Parece que a crise de 2015 foi o verdadeiro wake up call para a economia nacional, no sen-do da tomada de medidas e implementação de estrat gias correctoras. Assim no documento

sobre as Linhas Mestras para a De ni o de uma Estrat ia para a a da da rise Derivada da ueda do re o do etróleo no Mercado nternacional, o Governo reconheceu o seguinte:

A importação dos produtos da cesta básica aumentou cerca de 94 em 2014 e reduziu 3 em 2015. Os produtos que mais concorreram para o aumento observado em 2014 foram: leite

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em pó (100 ), arroz (96 ) e açúcar (96 ). Uma vez que a cesta básica cont m os produtos de amplo consumo das populações, torna -se necessário implementar medidas concretas para ace-lerar a produção destes bens localmente, com vista à subs tuição selec va das importações.

Neste sen do, no âmbito do aumento da produção interna, deve -se fazer crescer, a um ritmo acelerado, a produção nacional de produtos da cesta básica e de outros produtos, com o compromisso expl cito de se a ngir a auto -su ci ncia do consumo nacional e aumento das exportações em prazos a determinar para cada um dos produtos seleccionados.

A seguir apresentam -se os produtos e serviços aos quais se deve prestar a maior atenção:

• Agricultura e silvicultura: madeira e seus derivados, caf , sementes (milho, soja e batata), milho, soja, feijão, mandioca, arroz, batata, hortaliças, cevada, legumes, frangos e ovos frescos, algodão, cana -de -açúcar, caprinos, ovinos, su nos, moringueiras e palmares.

• : fuba de bombó e de milho, água mineral e de mesa, cerveja, refri-gerantes, sal iodizado, farinha de milho, sabão, farinha de trigo, óleo alimentar, óleo de palma, massas alimentares, malte e açúcar.

• : cimento, madeira, plás cos, vidro, t xteis, material e equipamento escolar, materiais de construção.

• : seguros e resseguros, serviços dentro da cadeia petrol fera 107.

Espera -se que essas medidas sejam realmente aplicadas e que nos próximos anos se veri-que uma redução sustentável das importações de bens de consumo corrente, mo vada pelo

aumento duma produção interna de qualidade.

Depois de se ter analisado o comportamento das exportações e importações, veremos como afectaram a Balança de Pagamentos, que expressa de uma forma resumida a situação económica do pa s em relação ao resto do mundo.

Em 2015, as contas externas de Angola voltaram a apresentar um d ce global es mado em cerca de USD 3,1 mil milhões, o que levou à diminuição do saldo da conta de mercadorias de USD 30,5 mil milhões em 2014 para os USD 13,15 mil milhões de dólares em 2015, uma redução de 57 .

Este o segundo ano consecu vo em que a Balança de Pagamentos apresenta um d ce, como ilustrado na tabela da página seguinte.

107 o e o de o a Linhas Mestras para a De inição de uma Estratégia para a Sa da da Crise Deri-vada da Queda do Preço do Petróleo no Mercado Internacional a e o de as e

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CEIC / UCAN

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2015

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Quando à Conta Corrente o ciclo superavitário desta conta voltou a ser interrompido, de-pois do d ce de 2014 (USD 3,7 mil milhões). Em 2015 o d ce desta conta agravou -se para USD 8,7 mil milhões, provocado pelo fraco desempenho da conta de mercadorias, por um lado, e pelos sucessivos d ces das contas de serviços e de rendimentos.

A registou uma redução do d ce em 34 , passando de USD 23,2 mil milhões em 2014 para USD 15,4 mil milhões em 2015, devido essencialmente às restrições im-postas no acesso às divisas. Como foi dito no Relatório Económico de 201 , o d ce na conta de serviços deve -se ao facto de Angola ser um pa s importador por excel ncia de quase todo po de serviços, desde os transportes e viagens, saúde, seguros, construção, assist ncia t cnica e manutenção dos equipamentos do sector petrol fero, pois existem poucas empresas radicadas localmente que ofereçam esses serviços, o que leva à procura dos mesmos no estrangeiro por parte dos agentes económicos. A situação actual desta conta espelha uma oportunidade de negócio para os inves dores quer nacionais como estrangeiros inves rem mais no sector de prestação de serviços, o que poderá fazer com que, se os mesmos forem dispensados com a devida qualidade, os consumidores nacionais optem pelos serviços produzidos internamente, contribuindo assim para redução do d ce enraizado que se veri ca nesta conta da Balança de Pagamentos.

A Conta de Rendimentos de igual modo sistema camente nega va. A tend ncia de agra-vamento do d ce desta conta foi interrompida em 2015 (redução do d ce na ordem dos 42 , passando de USD 8,8 mil milhões em 2014 para USD 5,1 mil milhões em 2015), devido às restrições que se veri caram no acesso às divisas para o envio dos rendimentos dos expatriados e os lucros108 das empresas estrangeiras para os respec vos pa ses de origem.

COMPONENTES DA CONTA CORRENTE (MILHÕES DE USD)

108 de a o do o os dados o a s do es a -se e e sa do do a s a o de o e d de dos es es e es o o e d -e os de a a o dos e a ados es e os de d da es a e a es e

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CEIC / UCAN

Investimento Directo Estrangeiro (IDE)

Angola tem sido o des no de uma boa parte dos Inves mentos Directos Estrangeiros que são direccionados para África. Desde 2002 at 2015, em termos acumulados, o pa s já recebeu cerca de USD 165,4 mil milhões, uma m dia anual de cerca de USD 11,8 mil milhões. Em 2015, de acordo com as es ma vas do BNA, registou -se a entrada de USD 15,18 mil milhões.

Acredita -se que o actual volume do IDE seria bem maior se o ambiente de fazer negócios no pa s fosse mais favorável, se os n veis de corrupção e de trá co de in u ncias fossem mais baixos, e se as infra -estruturas económicas e sociais instaladas fossem de qualidade e mais fun-cionais. O IDE uma das fontes de nanciamento do processo de diversi cação da economia, e, num contexto em que se precisa diversi car a ac vidade económica, o Execu vo deveria me-lhorar o ambiente de negócios, a m de atrair mais inves mento estrangeiro, par cularmente em sectores tais como a agricultura, indústria transformadora e pesada e mesmo nos serviços.

Como se sabe, há tamb m empresários angolanos a inves r no estrangeiro. Nota -se no grá co abaixo que desde 2005 o uxo de sa da do IDE tem sido maior que o de entrada, o que mostra que tem havido mais inves mentos de angolanos para o exterior do que dos estran-geiros para o pa s. Desde 2002 at 2015 sa ram cerca de USD 189,2 mil milhões, enquanto no mesmo per odo entraram USD 165,4 mil milhões, o que resulta num saldo l quido nega vo de cerda de USD 23 mil milhões. Este facto faz com que o Inves mento Directo Estrangeiro L quido fosse nega vo at 2014. Em 2015 como entrou mais inves mento do que saiu, resultou que pela primeira vez em 5 anos o IDE l quido fosse posi vo, em cerca de USD 6,78 mil milhões.

INVESTIMENTO DIRECTO ESTRANGEIRO (MILHÕES DE USD)

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Reservas Internacionais Líquidas (RIL)

As reservas o ciais, isto , as poupanças em moeda estrangeira e em ouro que o pa s conse-gue acumular por meio do com rcio internacional, veram um aumento signi ca vo de 2009 a 2013 passando de USD 12, 6 mil milhões para USD 31,15 mil milhões, o valor mais alto veri -cado at agora109. O incremento das reservas possibilitou o alargamento da capacidade de im-portação do pa s, fazendo com que as mesmas cobrissem mais meses de importação, passando de 3,8 meses no nal de 2009 para 8,1 no nal de 2013. Em 2015 houve uma diminuição nas reservas em 11 , passando de USD 27,5 mil milhões em 2014 para USD 24,5 mil milhões em 2015. Desde 2013 a queda acumulada das reservas de cerca de 21 . Está de facto a veri car--se uma hemorragia das divisas.

RESERVAS INTERNACIONAIS LÍQUIDAS (MILHÕES DE USD)

O aumento do n vel das reservas depende essencialmente do incremento das receitas de

exportação provenientes do sector petrol fero. Enquanto a crise do sector petrol fero se man-ver, há poucas possibilidades de se veri car um aumento das RIL do pa s. Neste contexto, em

que há pouca entrada de divisas, o Banco Central está a ter muita di culdade em con nuar a manter a pol ca do kwanza forte , que consiste em usar as reservas como âncora cambial para evitar que a moeda nacional se desvalorize muito mais face ao dólar, controlando a taxa de in ação. Ao longo de 2015, a moeda nacional foi desvalorizada (no mercado formal) em mais de 23 , passando a ser comercializado o dólar americano de 104,9 kwanzas em Janeiro de 2015 para 135,3 kwanzas em Dezembro do mesmo ano. O Banco Central foi obrigado a este proce-dimento para evitar uma maior queda no n vel das RIL, e em consequ ncia a taxa de in ação passou de 7,8 em 2014 para 14,3 em 2015.

109 s e a e o de -se de do ao o o o a e o das e o a es e o e as e e e a-a d e o de a a o e d a e es e e odo es a a a a dos d a es

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5. A DIVERSIFICAÇÃO DA ECONOMIA

Em Angola, há uma doutrina o cial que defende, com uma rmeza mais pol ca do que cien ca, a presença do Estado na economia. Por m, a crise económica e nanceira, ao p r a descoberto as fragilidades ins tucionais e ges onárias da sua máquina, veio demonstrar que a sua dimensão tem de ser reduzida. No documento o cial in tulado Estrat ia de Mi a o dos Efeitos da ueda do re o do etróleo estão escolhidos muitos projectos e empreendimen-tos que deverão ser priva zados, como uma das formas de se incrementarem as receitas do Governo (páginas 19 e 20 do documento, quando se referem medidas para aumento das recei-tas tributárias do Estado). Cr -se que pela primeira vez, depois de se ter criado o GARE (Gabi-nete de Redimensionamento Empresarial) nos idos anos 90 do s culo , se fala de priva za-ção de parte do vas ssimo imp rio económico do Estado. Evidentemente que uma correcta opção, cando, por m, por conhecer os crit rios e as modalidades de venda (e a quem) dessas ac vidades empresariais públicas ou mistas.

A intervenção do Estado nas economias, segundo determinadas correntes doutrinárias, só e caz quando a governação – que igualmente um acto de gestão de recursos públicos e de

afectação de factores de produção (funcionários públicos) – for e a administração da coisa pública não es ver inquinada pela corrupção.

Não o caso de Angola, como amplamente se conhece, sempre nas úl mas posições nos ndices internacionais que medem a forma como os recursos públicos são usados. E nestas cir-

cunstâncias, -

dimento nacional se cria. Justamente devido a estas evid ncias que os Manuais de Ci ncia Económica e as pol cas económicas recomendadas por pra camente todas as ins tuições in-ternacionais para o desenvolvimento (das quais Angola faz parte) preconizam a da máquina administra va e pol ca do Estado como um processo de melhorar a sua intervenção na sociedade e economia, tornando as suas despesas mais produ vas e repro-du vas, criando u lidades para a população e garan ndo condições para a sustentabilidade do crescimento económico.

A diversi cação das economias pode ser analisada segundo diferentes prismas: as exporta-ções (produtos e clientes), as importações (produtos e fornecedores), o emprego – as reformas

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económicas estruturais tendem a eliminar emprego agr cola, tornando -o mais e ciente pelo aumento da produ vidade do trabalho, e a aumentar postos de trabalho na manufactura e nos serviços, onde a u lização de tecnologia aumenta o valor agregado interno e melhora a compe vidade –, fontes de nanciamento da economia (impostos para o Estado, cr dito e empr s mos para o restante dos agentes), tecnologia (a deslocalização de algumas fábricas chi-nesas para Angola recentemente anunciada pelo Governo como forma de acelerar a industria-lização do pa s pode ser uma má opção, tratando -se de fábricas com tecnologias ultrapassadas e equipamentos reciclados, tendo sido esta a via escolhida durante os anos fortes da coopera-ção África -an gas metrópoles coloniais). Assim sendo, estão dispon veis diferentes indicadores esta s co -económicos que medem o grau de diversi cação das economias.

Quanto maior o grau de concentração duma economia menor a sua capacidade de resis-t ncia a choques externos e menor tamb m o espaço de absorção dos efeitos nega vos dessas turbul ncias internacionais. A presente situação económica e nanceira do pa s um exemplo cabal das consequ ncias nefastas da depend ncia do petróleo. Como a diversi cação está nas suas fases muito primárias e não se deu a este processo a devida relevância pol ca e estrat -gica – apesar dos inúmeros documentos o ciais sobre planos, estrat gias e programas de de-senvolvimento, o atraso evidente, tendo o Governo e o par do que o sustenta poli camente preferido priorizar a criação dum pequeno grupo social rico e afortunado – as consequ ncias são a queda brutal das receitas do Estado (receitas scais) e da economia (receitas cambiais), a retracção do crescimento do PIB (3,3 para 2016 e 3,5 para os próximos anos at 2020), a retomada da in ação a dois d gitos (a taxa situou -se acima de 14 no nal do ano passado), a queda do poder de compra dos trabalhadores e das classes que t m nos rendimentos do traba-lho a sua principal fonte de vida e a diminuição do valor das exportações.

O processo de diversi cação das economias apela à exist ncia de um conjunto básico de condições – redes e cientes de transportes rodoviários, ferroviários e a reos, de energia e água, de log s ca e de transporte de mat rias -primas e produtos acabados (intensi cação da malha de trocas internas e do com rcio intra -sectorial) e de condições super -estruturais – boa governação, transpar ncia na u lização dos dinheiros públicos (que a nal são pertença da po-pulação que paga os impostos e não de um Governo), pol cas económicas consistentes e com sen do (monetárias, cambiais, scais – há sistemas scais inimigos dos agentes económicos e violadores da compe vidade), bom ambiente de negócios (uma vez mais, no Doin usiness do Banco Mundial de 2016, Angola ainda não deixou os úl mos lugares), inves mento privado, mormente estrangeiro (portador de tecnologia, organização e capacidade de penetração do mercado internacional). E, depois, muito capital humano e bastante capital empresarial.

O essencial dos processos de diversi cação das economias, nos sistemas de mercado, tem de ser realizado pelos .

Desde logo importa clari car que o desenvolvimento do sector privado abrange transver-salmente as ac vidades económicas. Os que o sector privado tem vindo a enfrentar

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em Angola t m sido diagnos cados em inúmeros estudos e podem sinte zar -se nos seguintes aspectos:

i) Descapitalização das empresas agravada pelas restrições derivadas das pol cas monetá-rias e cambial e pelo atraso das priva zações.

ii) Obsolesc ncia t cnica dos equipamentos e instalações, provocada por falta de inves-mentos de subs tuição e modernização e pela aus ncia de manutenção adequada e

sistemá ca.

iii) Elevado absen smo e reduzido grau de quali cação da mão -de -obra, determinada quer por insu ci ncias dos sistemas de educação/formação, quer por fragilidades do sistema de saúde e de transportes, quer ainda pela aus ncia de sistemas de incen vo.

iv) Estado de ciente das infra -estruturas económicas, com destaque para as vias de comu-nicação, redes de água, energia e telecomunicações.

v) Escassez crónica de mat rias -primas, agravada pela quase aus ncia de mat rias -primas nacionais e enormes di culdades no abastecimento de mat rias -primas importadas, re-

ec ndo, nomeadamente, a desregulação da pol ca cambial.

vi) Inexist ncia de um sistema nanceiro e bancário capaz de assegurar o nanciamento adequado às empresas industriais.

vii) Pesada burocracia administra va do Estado, com consequentes agravamentos dos cus-tos interm dios da ac vidade empresarial.

viii) De ciente gestão da maioria das empresas e falta de informação que torne o mercado mais transparente.

No quadro dum processo de reformas estruturais, o papel do Estado concre za -se atrav s da criação de um ambiente favorável à expansão da ac vidade do sector privado, que no essen-cial passa por medidas de racionalização e de reorientação da própria Administração Pública. Assume par cular destaque a rede nição do relacionamento Administração Pública/Sector Em-presarial com o propósito de a tornar mais transparente, c lere e e caz.

Muitos economistas e analistas angolanos, principalmente os mais próximos do MPLA, ex-pressam opiniões contra a globalização – não só económica, mas igualmente cultural e mesmo pol ca – acusando -a do mais abjecto neoliberalismo e mãe de todos os males que acontecem aos pa ses e ao mundo110. Joseph S glitz, Thomas Pike y, Je rey Sachs, Michael Todaro, Viviane Forrester e outros eminentes economistas, não sendo propriamente adeptos fervorosos da

110 e e sa o es es o s as so e o e e e a o do e e a o ss o do e ado de a a s e o s o da d a o a a a od o de a as adas ao o a e o dos e ados a e os o s s e a de e s o O Pa s de e e e o de s o sas de a o es s o o a-e e e a a a a s de e dos s s e as a a s as eo e a s o de os e ados s o so e a-os e d a o a s

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globalização, são, no entanto e via de regra, cautelosos quando analisam as suas consequ n-cias sobre as economias emergentes e em desenvolvimento (entendendo -se tamb m como das mais fracas do elo económico mundial) e sobre a distribuição do rendimento universal. Compreendem que se está perante um fenómeno do qual se não pode fugir e perante o qual as pol cas económicas e sociais nacionais são insu cientes para se acautelarem os efeitos mais perversos. Sobretudo, quando os Governos são corruptos e atreitos a in u ncias comezinhas veiculadas por conveni ncias contraditórias com o interesse da maioria da população. Os seus efeitos mais perversos não se combatem atrav s de maior intervenção do Estado nas econo-mias e os seus bene cios não se aproveitam e maximizam com o encerramento das fronteiras económicas e sociais dos pa ses.

Em Angola, con nua a fazer pro ssão de f a ideia de que o aumento da produção nacional só se pode fazer com o aniquilamento das importações, ou, não se sendo tão radical, com a sua forte limitação, para se criarem espaços internos e oportunidades nacionais para que os empresários e empresas menos e cientes se a rmem, à custa dos consumidores – que a nal somos todos nós – e do bem -estar nacional. Parece que ainda se não compreendeu que a de-sigualdade de rendimento em Angola tamb m tem como uma das suas causas os obstáculos tarifários (e não tarifários) à livre circulação das mercadorias. A elevação dos preços internos por imposição de impostos aduaneiros privilegia os mais ineptos, incrementa a in ação (ainda que se não saiba qual o valor da componente importada da produção nacional, presume -se elevada, tendo em conta a evidente escassez de produto made in Angola ), in uencia gran-demente a afectação de recursos escassos (dando sinais e indicações erradas para as decisões de inves mento, de produção e consumo) e prejudica a distribuição interna do rendimento. Tudo isto está descrito em qualquer Manual de Economia Internacional, mas nós insis mos que a protecção da produção nacional um des gnio que o Governo tem de defender e levar a efeito.

Vale a pena dizer que o controlo da in ação não se faz apenas pelo aumento da produção interna, como muitas vozes adiantam. A cruz marshaliana , a Lei de Say ou a vulgarmente referida Lei da Oferta e da Procura t m pressupostos teóricos para que, na realidade, aconte-çam. Qualquer estudante do 1.o ano dos cursos superiores de Economia o sabe. A in ação só desce se a produção nacional for compe va. Se apenas descer pelo aumento da quan dade de bens e serviços disponibilizados, passa a exis r uma in ação escondida pela limitação das importações. Ou seja, em situações de produção nacional incompe va, aparece um custo de oportunidade que desvaloriza o bem -estar nacional e a especulação (comportamento econó-mico racional) associada só aparece quando há escassez de produtos. Igualmente, o aumento da produção interna e a sua in u ncia sobre a redução da in ação dependem da elas cidade oferta -preço e do po de bens económicos em causa. É muita ousadia a rmar -se que o simples incremento das quan dades produzidas a varinha mágica para os preços das commodi es nacionais baixarem.

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A globalização – que se formou desde as descobertas portuguesas e a cons tuição do Im-p rio Comercial Britânico dos s culos VII e VIII – , hoje, o estado natural das relações eco-nómicas internacionais. E por isso, não poss vel combat -la, o que, aliás, apelaria à exist ncia de um Governo mundial que de nisse as diversas pol cas económicas e sociais. Nem a Orga-nização Mundial do Com rcio – muito cri cada quanto à sua intransigente posição de defesa do livre -com rcio mundial – nem as Nações Unidas t m poder pol co bastante para traça-rem pol cas que possam atenuar os efeitos económicos nega vos e maximizar os de sen do contrário. A União Europeia – ainda que em risco de desmembramento com a eventual sa da do Reino Unido da União Económica, mantendo -se apenas como integrante da Zona de Livre Com rcio – pode ser considerado o exemplo mais acabado de uma tenta va de construção de uma União Pol ca, no seio da qual as principais pol cas económicas, sociais, de defesa e de relações exteriores são de nidas por uma autoridade central e de aplicação generalizada pelos Estados.

A diversi cação das economias a modalidade mais e caz de se estar in, na globalização. O ndice de resist ncia às intemp ries c clicas e irregulares da economia mundial aumenta subs-

tancialmente nestas condições de redução do coe ciente de concentração das exportações. Angola teve oportunidade de fazer a diversi cação com custos reduzidos. Claro que a diversi-

cação das exportações – e frisa -se bastante este ponto, porque disso que se trata e não de diversi cação da produção ou da economia nacional – está sempre em cima da mesa. As opor-tunidades estarão sempre lá. O problema o seu custo. Há fases dos processos de crescimento das economias em que determinadas transformações estruturais acontecem de uma forma mais natural e com custos mais baixos. Mas tem de exis r visão estrat gica (governar gerir e administrar a coisa pública em bene cio da maioria, mas igualmente antecipar), transpar n-cia, capital ins tucional e democracia.

O Governo, apanhado de surpresa neste turbilhão de recessão das receitas da economia e dos impostos do Estado – recorde -se que a taxa de crescimento do PIB em 2015 foi de 2,8 e do PIB não petrol fero de tão -somente 1,3 – pretende, a curto prazo, inverter a situação atra-v s de medidas que deveriam ter sido implementadas há muito tempo e das quais se esperam resultados que, pela dinâmica das economias e da sua inserção externa, não acontecem senão a m dio e longo prazo. Simplesmente porque o fomento das exportações tributário de um conjunto de condições de compe vidade que o pa s não tem (elevada produ vidade dos fac-tores de produção, infra -estruturas de qualidade, energia e água em grande quan dade, capital humano, ins tucional e empresarial, atrac vidade dos inves mentos privados, transpar ncia,

ca, etc.). Os diferentes serviços públicos relacionados com a diversi cação da economia t m elaborado documentos nos quais as intenções e preocupações do Governo se expressam quanto à perda de capacidade de crescimento da economia nacional e a consequente incapacidade de geração de fontes alterna vas de receitas scais e em divisas. Neste contexto e depois – segundo a opinião o cial – de ter sido realizado um exerc cio em conjunto com a designada Comunidade das Empresas Exportadoras e Internacionalizadas de Angola (CEEIA), chegou -se a uma lista de 14

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produtos exportáveis a curto prazo111. São eles: rochas ornamentais, cimento e outros materiais de construção, caf , mel, pescado, marisco, crustáceos, madeira, fer lizantes (guano de morcego), farinha de peixe, min rio de ferro, bebidas, hor colas e tub rculos, sal iodizado, vidro e serviços (banca, transportes e telecomunicações). Admi ndo que tenha sido feita a competente análise sobre os des nos destas exportações, quan dades e preços, o ponto essencial que não cons -tuem alterna vas a curto prazo para a queda dramá ca das receitas de exportação de petróleo.

Uma forma de o demonstrar seria calcular a quan dade necessária destes bens para que, às cotações internacionais que estão em queda, compensassem as perdas petrol feras112.

Outra maneira de visualizar o mesmo problema calcular a poupança poss vel, admi ndo que, de facto, era pra cável a curto prazo exportar essas mercadorias. Este exerc cio foi feito por Ennes Ferreira e alguns dos resultados foram apresentados, em s ntese, numa sua crónica no Expresso113. Transcrevem -se as principais conclusões:

a) Diversi car a produção interna e as exportações fora do sector petrol fero um impera-vo de bom senso. Mas cred vel a proposição de que a curto prazo (há potencial para)

exportar a uma escala considerável? Para os exportar há que, em primeiro lugar, produzi--los e isso requer que não existam obstáculos de ndole diversa que em Angola são muitos e di cilmente superados a curto prazo .

Pressupostos do estudo: inexist ncia de quaisquer constrangimentos à produção nacio-nal, obtenção imediata da produção máxima em cada um dos produtos, toda a produção excedentária face ao consumo interno exportada, há mercados externos garan dos sem que se gaste um dia na sua prospecção .

c) Mais pressupostos: exportação de ferro de 18 milhões de toneladas, de caf de 50 000 toneladas, 35 milhões de dólares de exportação de rochas ornamentais, metade do valor de exportação de madeira do Gabão (um dos principais exportadores africanos), mul pli-cação por 10 da quota de 0,1 de exportação mundial de sal, 100 milhões de dólares de exportação de mel (equiparado ao Brasil), centenas de milhões de dólares na exportação de cimento e bebidas alcoólicas .

d) Tudo somado, conclui Ennes Ferreira, o valor total das exportações diversi cadas seria de 1,8 mil milhões de dólares.

111 esa de o e o a do do e o Criação de Novas Fontes de Receitas com a Inclusão dos Investimentos em Novos Produtos Exportáveis a o o e o das o a es se e e e essa e e a a a o o de a de o e a dade a a a e o a o a e e a o dos od os a e as o s a o a112 es es e o e o a e o e a o a o e ess a s e a -se e a a a o e e esse e a o a od o a o a de e a es e a a e o o s o de o e sa o de e e as e e as osse a a e113 es e e a a o ea a o da e s a o das o a es in e a o Expresso, de de e e e o de

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Segundo dados o ciais para 2015, as exportações de petróleo renderam ao pa s 35,4 mil milhões de dólares (informações o ciais ainda preliminares), representando esta diversi cação apressada um ganho de apenas 5,1

Eventualmente, a maior transformação da estrutura produ va que ocorreu depois de 2002 foi a redução do peso rela vo da ac vidade petrol fera no c mputo da produção nacional. O seu valor nominal decresceu severamente entre 2013 e 2015 (cerca de 50,6 ), ainda que a pro-dução de petróleo tenha at registado um incremento de 7,8 entre 2012 e 2015. A compara-ção entre estes dois valores expressa o efeito -preço sobre o valor nominal do PIB e es mado em -15,4 (o preço do barril de petróleo diminuiu 54,7 , compensado por uma variação posi va de 7,8 na produção).

O grá co seguinte mostra, duma forma sint ca, a intensidade e a direcção das transforma-ções estruturais entre 2002 e 2015. Os sectores seleccionados nesta gura são os mais repre-senta vos e intervenientes nos processos de diversi cação com ganhos de compe vidade e redistribuição do rendimento: a agricultura enquanto fornecedor de mat rias -primas e produ-tos de base e contribuinte de relevo na redução da pobreza (que aumenta o poder de compra nacional e a quan dade de massa cr ca de procura nacional endógena), a indústria transfor-madora como processo de metamorfose dos insumos primários e fornecimento de produtos acabados ao resto da economia e o sector de serviços, na sua qualidade de apoiante do cresci-mento de todas as ac vidades produ vas.

TRANSFORMAÇÕES SECTORIAIS

e o Estudo e Análise da Eficiência da Produção Nacional

O aumento de 5 pontos percentuais no peso rela vo da indústria transformadora está ro-deado das reservas já explanadas em cap tulos anteriores, mormente no quarto. Por isso, não

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se deve destacá -lo o quanto poderia ser se as informações não suscitassem dúvidas. Como quer que seja, a direcção da mudança posi va.

O sector da construção e obras públicas – onde se forma parte signi ca va da formação bruta de capital xo da economia – patenteia uma dinâmica de transformação muito boa, sendo, tamb m como se destacou no cap tulo quatro e pela via do inves mento público, a segunda força do crescimento do PIB, depois das exportações de petróleo. A sua par cipação percentual no PIB aumentou 2,2 vezes no per odo em apreço.

A agricultura, pecuária e orestas, pelas informações dispon veis (misto de fontes das Con-tas Nacionais e de vários documentos o ciais), t m -se man do estagnadas na sua par cipação no PIB global. Ainda que a respec va dinâmica de crescimento tenha sido posi va – embora muito oscilante anualmente e com reservas sobre essa mesma informação apresentadas no parágrafo 4.3.1 deste Relatório – a falta de pol cas públicas bem focadas na resolução dos seus problemas e a exiguidade de apoios nanceiros t m condicionado o aumento da sua contribui-ção para a criação de riqueza nacional.

O diagrama seguinte mostra as linhas tendenciais de crescimento dos sectores apoiantes da diversi cação, a saber, a energia e os serviços (estes já objecto de algumas anotações nos parágrafos anteriores). Veri ca -se a robustez do crescimento da electricidade – absolutamente fundamental para a diversi cação, industrialização e alteração da matriz produ va nacional – mas a que não corresponde o peso rela vo no PIB que deveria ter (em m dia menos de 1 ).

LINHAS TENDENCIAIS DE CRESCIMENTO DOS SECTORES AUXILIARES DA DIVERSIFICAÇÃO

e o Estudo e Análise da Eficiência da Produção Nacional

Por vezes associa -se o processo de diversi cação económica em Angola à diminuição do peso rela vo do PIB petrol fero em favor do aumento da percentagem do PIB não petrol fero. E, igualmente, à diferenciação das dinâmicas de crescimento, tal como se mostra no grá co

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seguinte. A conclusão pode, por vezes, ser inconsistente com as verdadeiras caracter s cas que um processo deste po deve ter: o mais importante a densi cação das relações inter -sectoriais da economia e a op mização dos efeitos a montante e a jusante das ac vidades económicas.

e o Estudos sobre a Diversificação da Economia.

O que se passa no sector não petrol fero? Que ac vidades t m sobressa do neste grupo de empresas, ac vidades e ins tuições? A resposta está na tabela seguinte.

ESTRUTURA DO PIB NÃO PETROLÍFERO (%)

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Agricultura, pecuária e orestas 6,6 7,4 8,0 7,8 7,2 6,9 7,3 7,7

Pescas 2,9 2,8 2,4 2,3 1,9 1,8 1,9 0,4

Diamantes e outros 1,9 1,0 1,6 2,2 1,1 1,5 1,5 3,6

Indústria transformadora 6,8 5,9 7,0 7,2 7,4 6,6 6,8 12,5

Electricidade 1,1 1,7 1,4 1,5 2,1 1,2 1,3 0,3

Construção 12,9 13,1 15,1 14,5 16,8 16,8 17,4 15,7

Com rcio 17,4 15,7 15,0 13,0 9,1 8,6 8,6 8,5

Transportes e armazenagem 4,6 3,0 3,7 2,9 3,5 3,2 3,2 3,2

Correios e telecomunicações 3,1 4,6 3,6 5,2 6,4 6,0 6,0 6,0

Bancos e seguros 3,4 3,8 3,1 2,9 2,1 2,0 2,0 1,9

Estado e serviços não mercan s 18,6 21,4 18,4 22,4 21,7 28,6 29,0 25,5

Serviços imobiliários 7,3 8,0 7,4 6,2 8,2 8,4 8,5 8,4

Outros serviços 13,4 11,6 13,2 12,0 12,5 8,4 6,4 6,3

Total e o Estudo e Análise da Eficiência da Produção Nacional

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O coe ciente para a indústria transformadora em 2015 absolutamente a pico na linha tendencial de comportamento do seu VAB no total da ac vidade económica do pa s. Não exis-tem, aparentemente, factos relevantes – grande projecto industrial que tenha entrado em fun-cionamento em 2013 e induzido uma contribuição para a produção nacional, em 2015, pra ca-mente o dobro da veri cada em 2014 – que o jus quem, cando -se a aguardar os dados das Contas Nacionais para se entender melhor o sucedido.

De acordo com a tabela anterior, o Estado – enquanto agente público, deve garan r as fun-ções orçamentais tradicionais de guardião da estabilidade e defensor duma redistribuição do rendimento nacional promotora da jus ça tributária e da melhoria das condições de vida da maioria da população –, que nada produz, está creditado com uma par cipação rela va no PIB não petrol fero de 25,5 em 2015, a maior contribuição para a economia não petrol fera. Na contabilidade do sector não petrol fero deveria pertencer ao conjunto agricultura, pecuária, pescas e manufactura o papel essencial de condutores da diversi cação da economia nacional, como, de resto, ensinam as experi ncias internacionais conhecidas. Deveriam ser estas ac vi-dades a puxar pelo com rcio, serviços indiferenciados, telecomunicações, transportes, banca e seguros e construção. Em 2014114, o somatório agricultura, pecuária, pescas e transformadora responderam, em conjunto, por 16 do Valor Agregado Nacional não petrol fero (contra 29 do Estado).

e o Estudos sobre a Diversificação da Economia.

O grá co de correlação anterior perspec va, at 2020, atrav s de uma regressão linear sim-ples, a par cipação do VAB industrial no PIB, veri cando -se que, sem o valor anómalo de 2015, con nuará a situar -se na vizinhança de 7 do PIB não petrol fero.

114 e e -se de do a dade da e ese a dade da a a a e

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A posição do sector da construção no contexto do conjunto das ac vidades não petrol feras apresenta um bom desempenho, com uma par cipação m dia de 15,3 , entre 2008 e 2015.

5.2.1

Qualquer exerc cio de pol ca económica e dos consequentes programas que o sustentam devem estar su cientemente delineados, atrav s da explicitação clara dos objec vos, das es-trat gias que concorram para o alcance das metas xadas e do estabelecimento de um ho-rizonte temporal que lhe d coer ncia (enquanto indicador que serve para mensurar o grau de e cácia115). No entanto, para al m dos elementos acima descritos, existe a necessidade da escolha de um quadro teórico que lhe d consist ncia e de um modelo prá co que lhe con ra operacionalidade. Só assim poderão ter lugar discussões em torno dos instrumentos de pol ca a u lizar para a concre zação dos objec vos propostos. A de nição de objec vos de pol cas económicas capazes de propiciar o crescimento económico e consequente desenvolvimento devem ser de nidos com maior objec vidade e rigor, cons tuindo a pr -condição para se ate-nuarem os efeitos nega vos resultantes da imprevisibilidade do funcionamento dos mecanis-mos económicos.

Desde 2014, quando o choque do mercado petrol fero começou a dar os seus primeiros sinais com os sintomas de desequil brio nas Contas Nacionais, tr s palavras zeram eco nos discursos dos actores e executores de pol cas públicas do pa s: es-truturantes e clusters. Projectos estruturantes e clusters, considerados como a receita para a solução, surgem a reboque da diversi cação. A profunda crise nanceira resultante da baixa do preço do petróleo veio despertar a necessidade imperiosa da diversi cação da economia do pa s. De repente, a palavra diversi cação virou clich . Nos discursos pol cos, a diversi cação tornou -se um verdadeiro tubeio, a ponto de se tornar um termo vulgar e capcioso. A forma como se fala de diversi cação induz à falsa ideia de ser um processo que se pode alcançar a curto prazo.

Passemos a clari car do ponto de vista teórico o signi cado das expressões projectos es-truturantes , clusters e seus impactos no sistema económico de uma região ou pa s, de forma a esclarecer e dissipar equ vocos que resultam do uso um tanto exagerado que se tem feito destas palavras ou expressões. Desde logo, preciso de nir o que estrutura, do ponto de vista da linguagem económica. A estrutura económica de um pa s de nida como sendo o conjunto de elementos rela vamente estáveis que se relacionam no tempo e no espaço para formar uma totalidade económica .

115 a o s s e e a o e os de o do o o e e o a a e e de do

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Na abordagem da economia descri va, a estrutura corresponde à relação entre os tr s gran-des sectores de ac vidade: (que corresponde a ac vidades agr colas e extrac vas),

(ac vidades da indústria transformadora) e (serviços em geral, com rcio e transportes etc.). Sublinha -se o facto de que o crescimento desses sectores não ocorre de forma harmoniosa, mas desigual, sendo que esse desfasamento sectorial um elemento básico para se avaliar a estrutura produ va e o grau de desenvolvimento de uma economia. Nessa perspec va, considera -se menos desenvolvido um pa s de estrutura agrária, cuja principal ac -vidade económica se localiza na agricultura, isso porque os elementos caracter s cos do pro-gresso estariam no sector secundário, o que implicaria a hegemonia do sector industrial sobre as ac vidades primárias. A supremacia do sector secundário, que corresponde a uma estrutura industrial, foi caracter s ca dos pa ses altamente desenvolvidos, a par r da Revolução Indus-trial. No entanto, com a dinâmica resultante da evolução tecnológica, que começou a emergir nas úl mas d cadas do s culo , a nfase tem -se deslocado para o sector dos serviços.

Assim, podem -se de nir projectos estruturantes, os inves mentos que pela sua dimensão e amplitude são capazes de provocar transformações estruturais num sistema económico. Essas transformações podem ocorrer de duas formas:

• – consistem na introdução de novos processos e/ou na incorporação de inovações tecnológicas nos processos de produção vigentes.

• – por exemplo, as mudanças que ocorreram dentro do sistema capitalista: da 1.a Revolução Industrial (quando predominava a industria t x l e do ferro, a energia a vapor, o sector primário, etc.) para a 2.a Revolução Industrial (com predom nio da energia el ctrica, petróleo, aço, indústria automóvel e aeronáu ca, rádio, televisão, telecomunicações, computadores, sector secundário etc.); e desta para a Revo-lução Pós -Industrial, ou Revolução Cien ca e Tecnológica (predom nio da informá ca, Internet, TV digital, genoma, clonagem, automação, serviços etc.).

Deve realçar -se tamb m o facto de que ao longo da história as transformações estruturais de um sistema económico foram sempre acompanhadas por mudanças ins tucionais, que são tamb m de dois pos:

• – por exemplo, da monarquia absoluta para a monar-quia parlamentar; da monarquia para a república; da ditadura para a democracia formal; do presidencialismo para o parlamentarismo, etc.

• – por exemplo, mudanças cons tucionais e na organização dos tr s poderes dentro do sistema pol co; mudanças no sistema eleitoral e par dário; mudanças culturais, mudanças no ordenamento jur dico atrav s da conforma-ção das leis ao novo quadro económico ins tucional.

É preciso ainda sublinhar que as podem ocorrer numa pers-pec va situacional ou No primeiro caso, as mudanças estruturais referem -se às

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alterações do po revolucionário, que ocorrem no modelo de produção vigente, ou at mesmo, alterações substanciais ao n vel das infra -estruturas económicas e sociais. Neste sen do, o termo estrutura está relacionado com os fenómenos que ocorrem na base material da socie-dade, isto , no mundo da divisão do trabalho, das tecnologias u lizadas e no complexo con-junto das forças produ vas, incluindo o sector informal da economia.

No segundo caso, estaremos perante as mudanças que ocorrem pela acumulação de causas, que se avolumam no longo prazo e que representam transformações mais permanentes. Trata--se de um cenário em que as transformações estruturais de longo prazo implicam a exist ncia de e no entre os agentes sociais.

Cluster

O conceito de cluster surge no âmbito da abordagem da economia regional e urbana e tem como a teoria de localização das ac vidades económicas, os cus-tos de localização e os custos de transporte. Nesta perspec va, o conceito de clusters, segun-do diversos autores, tem em comum os aspectos da concentração geográ ca e sectorial entre pequenas e m dias empresas que mant m um relacionamento sistemá co entre si, possibili-tando melhor compe vidade atrav s da e ci ncia colec va. Portanto, cluster de nido como sendo a aglomeração de empresas em determinada área geográ ca que possuem certo n vel de interacção entre si. Ou seja, o cluster deve necessariamente caracterizar -se como uma aglo-meração geográ ca de empresas de portes variados, não integradas ver calmente, fabricantes de um mesmo po de produto (ou produtos similares) e seus fornecedores e prestadores de serviços. Observa -se nesta de nição que os clusters apenas são formados quando os aspec-tos sectoriais e geográ cos estão concentrados, sendo que, de outra forma, o que se obteria seria apenas uma organização de produção em sectores geogra camente dispersos. Uma ou-tra abordagem (Porter, 1999) de ne cluster como sendo um agrupamento geogra camente concentrado de empresas inter -relacionadas e ins tuições correlatas numa determinada área, vinculadas por elementos comuns, cujo todo maior do que a soma das partes. Destas diversas abordagens pode -se re rar uma de nição mais objec va segundo a qual um cluster uma concentração de empresas e en dades com objec vos comuns, como baixar custos, incorporar inovações tecnológicas atrav s de redes de produção interdependentes, com potencial de a n-gir crescimento compe vo, con nuo e sustentado .

Pelo que se pode aferir, nos clusters a cooperação coexiste com a compe ção. Desta forma, as empresas actuando em clusters tornam -se mais produ vas, pois a compe ção incen va o uso de m todos mais so s cados, tecnologias mais avançadas e a criação de produtos e ser-viços diferenciados, contemplando e prevendo a u lização deliberada da u lização das van-tagens da proximidade geográ ca. A cooperação entre as empresas dentro dos clusters se dá principalmente pela troca compar lhada de compet ncias na busca da e ci ncia e da e cácia, diminuição de riscos e visão estrat gica.

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No âmbito da estrat gia de diversi cação da economia, o Execu vo angolano elaborou o Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) 2013/2017. São inventariados neste plano 390 projectos estruturantes afectos a diversos sectores e subsectores de ac vidades económicas, distribu dos em todas as prov ncias atrav s de Pólos Industriais de Desenvolvimento (PID) e Zonas Económicas Especiais (ZEE). Por sua vez, os projectos estão desagregados em clusters prioritários, outros clusters e outras ac vidades. A gura abaixo resume a forma como estão estruturados os projectos no PND 2013/2017.

HIERARQUIZAÇÃO DOS PROJECTOS ESTRUTURANTES

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A crise resultante da baixa do preço de petróleo veio comprometer a execução dos objec -vos descritos no Plano em refer ncia, de tal forma que há dis ntas opiniões no sen do de que o PND 2013/2017 esteja completamente desalinhado com o actual quadro macroeconómico, fruto da sistemá ca deterioração das nanças públicas e da limitada capacidade de manobra em termos de capitação de recursos. Ainda assim, no m de 2014 e durante 2015, numa tenta va de recuperar o tempo perdido, o Ministro da Economia anunciou que nham sido iden cados numa primeira fase 36 projectos aceleradores da diversi cação económica. Trata -se, na visão das en dades públicas, de projectos com prazos de maturação muito curtos, oscilando entre 18 a 36 meses para a sua execução. Destacam -se entre estes projectos os seguintes:

• Pólo Industrial do Kizenga.

• Fazendas Pedras Negras.

• Projectos ligados à produção de fosfato e à exploração de ouro.

• Megaprojecto mineiro – siderurgia das minas de Kassinga e Kassala Kitungo.

• Projecto de produção e exportação de ferro.

• Projecto de produção de fer lizantes baseado na indústria de derivados do gás.

Os projectos descritos representam um volume de inves mento total de 22,7 M.M USD, cujo prazo máximo de execução de 36 meses (tr s anos). Por m, não existe nenhum docu-mento o cial dispon vel que permita aferir sobre o n vel de execução nanceira ou sica destes programas.

Foi igualmente anunciada uma s rie de projectos aglu nados em clusters, num conjunto de 11, sendo que para o processo de diversi cação da economia foram seleccionados como prioritários 6 clusters, a saber:

1. O cluster da agro -indústria e alimentação.

2. O cluster da indústria extrac va.

3. O cluster da cadeia produ va de petróleo e gás natural.

4. O cluster de serviços.

5. O cluster de energia e água.

6. O cluster de transporte e log s ca.

Todos estes projectos, na sua totalidade, integram o grupo de clusters prioritários e esperava--se, portanto, que os mesmos fossem executados dentro de um horizonte temporal anunciado pelo Execu vo (dois a tr s anos) e que proporcionassem alterações substanciais na estrutura produ va do pa s. Como se poderá constatar nos dados recolhidos, os objec vos que se espe-ravam alcançar com estes programas estão longe das metas inicialmente xadas, a julgar pelos baixos n veis de execução nanceira e sica.

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Pretendeu -se com a pesquisa efectuada não somente inventariar os projectos incorporados em diversos programas, mas sobretudo iden car os designados projectos estruturantes que já estejam a ser implementados, bem como analisar o ritmo e grau de execução e consequente cumprimento dos prazos (de forma a aferir o n vel de e cácia com que os mesmos estão a ser implementados). Sublinha -se o facto de que alguns projectos descritos, embora classi cados como estruturantes, são de inicia va privada, certamente dentro dos programas direc vos do Governo e dos referidos sectores e subsectores de ac vidade.

Começamos por descrever os projectos iden cados e em execução nas dez prov ncias (tabelas seguintes) e alguns projectos de dimensão nacional.

Salta à vista, dentro dos projectos estruturantes, a designação Projectos de Infra -estruturas Integradas. Estes projectos fazem parte de clusters prioritários mas não existe uma clari cação objec va sobre que pos de projectos integram esta categoria. A descrição adoptada pelos docu-mentos o ciais do Governo considera como sendo a agregação dos centros log s cos, estradas urbanas e inter -municipais e outras infra -estruturas de apoio. Este po de projectos está em quase todas as prov ncias, mas apenas Cabinda, Benguela e Luanda apresentam maior n vel de execução. Ressalte -se uma observação pontual no que diz respeito à diferença entre o grau de execução nanceira e a execução sica de alguns projectos, em que em alguns casos um maior que o outro. Destaca -se o projecto de construção do Pólo de Desenvolvimento Industrial de Fú la (linha 2), com uma execução nanceira de quase 100 e uma execução sica de apenas 26 . No entanto, em alguns casos, não há informação dispon vel do n vel de execução nanceira, exis ndo apenas informação sobre a execução sica. É o caso da prov ncia de Benguela, em que dos catorze projectos em execução seis não apresentam dados sobre a execução nanceira mas apresentam em termos percentuais o grau de execução sica.

PROGRAMAS ESTRUTURANTES – CABIMENTAÇÃO ORÇAMENTAL E NÍVEL DE EXECUÇÃO PROVÍNCIA DE CABINDA

N.o

Valor

1 Construção de infra-estruturas integradas de Cabinda 0,592 0,385 65 27

2Construção do Pólo de Desenvolvimento Industrial de Fú la

2,76 2,74 99 26

3 Electri cação da prov ncia de Cabinda 0,04 – 0 29

4 Construção do Campo Universitário de Cabinda 0,74 0,26 35 52

5 Construção do novo Porto de Cabinda 1,85 – 0 19

Total –

Relatórios de Execução 2014/2015 e Estudos de Diversificação da Economia Angolana

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Benguela

Uma informação relevante a reter, entre os projectos em execução na prov ncia de Benguela, a fábrica África T x l. Dados atestam que esta unidade industrial já está 100 executada e nha como data de inauguração o m s de Novembro de 2014. A execução do projecto foi

orçada em 45,4 m.M.Kz, cuja gestão estaria sob tutela do Estado. No entanto, a fábrica não está ainda a operacionalizar, estando a ocorrer o processo de formação do pessoal t cnico que irá integrar as linhas de produção.

PROGRAMAS ESTRUTURANTES – CABIMENTAÇÃO ORÇAMENTAL E NÍVEL DE EXECUÇÃOPROVÍNCIA DE BENGUELA

N.o

Valor % de % de

1Projecto de infra-estruturas integradas Lobito/Benguela/Catumbela

2,29 0,28 12 61

2Reabilitação da estrada Dombe Grande/Rio Equimina/Lucira/Benguela

0,46 0,05 10 48

3Construção e apetrechamento da Academia da Força A rea/Benguela

0,23 0,03 14 0

4Construção do sistema de abastecimento de água Benguela/Lobito/Catumbela (3.a fase)

0,53 – 0 34

5Construção de infra-estruturas acad micas para o Ensino Superior/Benguela

0,85 0,18 21 43

6 Construção da estrada de desvio Lobito-Hanha 0,79 0,31 40 80

7 Construção do Terminal Mar mo da Re naria do Lobito 9,26 3,89 42 0

8Construção das infra-estruturas da centralidade de Benguela

21,80 0,44 2 29

9 Fiscalização do Porto do Lobito 2,00 – 0 13

10 Terminais de contentores do Porto do Lobito 1,30 – 0 10

11 Terminal Mineiro do Porto do Lobito 3,50 – 0 48

12Construção da estrada de cargas terminal da Re naria do Lobito

5,29 – 0 52

13 Reabilitação do CFB – – 0 33

14 África t x l 45,40 – – –

Total – 0%

Relatórios de Execução 2014/2015 e Estudos de Diversificação da Economia Angolana

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Luanda

Entre as obras de vulto a destacar, dos 18 projectos em execução iden cados na prov ncia de Luanda, está o novo , a ser constru do na localidade de Bom Jesus. Trata -se de um dos maiores inves mentos públicos em infra -estruturas em curso. As obras deste empreendimento arrancaram em 2005, envoltas em muito secre smo. Espera -se que o novo aeroporto possa aumentar o tráfego de passageiros e alavancar o sector do turismo em Angola.

PROGRAMAS ESTRUTURANTES – CABIMENTAÇÃO ORÇAMENTAL E NÍVEL DE EXECUÇÃO PROVÍNCIA DE LUANDA

N.o

Valor

1 Reforço da rede Luanda-Boa Vista (Cacuaco-Boa Vista) – – 44 0

2 Projecto Nova Vida (2.a fase) 1,36 0,20 15 22

3 Construção do colector de águas residuais da 4.a Avenida 0,54 – 0 33

4 Construção das infra-estruturas Panguila/Cacuaco/Luanda 1,10 1,08 98 68

5Protecção e estabilização das encostas da Boa Vista Sambizanga – Fase 1

3,61 3,25 90 0

6Requali cação do Sambizanga – infra-estruturas zona 2.o pacote C

1,51 0,36 24 0

7 Requali cação do Sambizanga – pacote A + B Luanda 3,10 0,15 5 8

8 Ruas secundárias e terciárias de Luanda 31,67 3,74 12 17

9 Ampliação do Ins tuto Superior T cnico Militar – – 13 0

10Construção e apetrechamento de 220 resid ncias função serviços – Luanda

0,16 0,02 13 0

11Construção e apetrechamento do novo Hospital Militar de Luanda

0,55 0,08 15 8

12Ampliação da capacidade de armazenamento de água dos C.D./Luanda

– – 10 34

13Reabilitação do Centro de Medicina F sica e Reabilitação de Luanda

0,50 0,12 24 0

14 Reabilitação do Hospital Psiquiátrico de Luanda 0,14 – 0 68

15 Reabilitação do Hospital Sanatório de Luanda 0,35 0,24 68 34

16 Construção do novo aeroporto de Luanda – Bom Jesus 58% 58%

17 Redes separa vas de Saneamento Básico de Luanda – – 31 0

18 Textang II (Cacuaco) – indústria t x l 23,60 – 0 0

Total – –

Relatórios de Execução 2014/2015 e Estudos de Diversificação da Economia Angolana

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O projecto estruturante com maior impacto na prov ncia de Malanje o , localizado no Munic pio de Cacuso. É um projecto de inicia va privada que resultou de inves -mentos de um grupo de empresários brasileiros. No entanto, este projecto ganhou relevância quando recebeu garan a do Estado numa percentagem de 70 do seu valor de inves mento, avaliado em 300 milhões de USD. O objec vo que o Estado, atrav s da Empresa Nacional de Electricidade, passe a comprar toda a energia a ser produzida pela Biocom e que esta seja intro-duzida na rede nacional de distribuição. A primeira linha de produção deste projecto arrancou em 2014 com a produção de açúcar e etanol. Previa -se no entanto no 1.o trimestre de 2015 o in cio de produção de energia.

PROGRAMAS ESTRUTURANTES – CABIMENTAÇÃO ORÇAMENTAL E NÍVEL DE EXECUÇÃOPROVÍNCIA DE MALANJE

N.o

Valor

1 Biocom 30,00 – – –

2Estudos para implantação do Pólo Agro-industrial de Capanda

0,318 – – –

Total – – –

Relatórios de Execução 2014/2015 e Estudos de Diversificação da Economia Angolana

PROGRAMAS ESTRUTURANTES – CABIMENTAÇÃO ORÇAMENTAL E NÍVEL DE EXECUÇÃOPROVÍNCIA DO BIÉ

N.o

Valor

1 Reconstrução da AH Cunje I.C.T Cu to e Rede Camacupa 0,094 – 0 14

2Reabilitação/ampliação da rede el ctrica do Cu to Projecto Intercalar/Mine

0,114 – – –

Total – – –

Relatórios de Execução 2014/2015 e Estudos de Diversificação da Economia Angolana

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PROGRAMAS ESTRUTURANTES – CABIMENTAÇÃO ORÇAMENTAL E NÍVEL DE EXECUÇÃOPROVÍNCIA DO NAMIBE

N.o

Valor

1 Reabilitação da estrada Namibe/Ben aba/Lucira 0,83 0,39 47 62

2 Reabilitação da ponte Namibe – Ben aba 2,24 – 0 11

3 Construção da Academia de Pescas (2.a fase) 2,47 2,42 98 75

4Construção das infra-estruturas da centralidade do Namibe

– – 3 18

5 Reabilitação do Porto de Namibe 0,40 – 0 43

Total – – –

Relatórios de Execução 2014/2015 e Estudos de Diversificação da Economia Angolana

Zaire

O projecto de maior relevância na prov ncia do Zaire o . Trata -se de um projecto do sector de energia com um n vel de execução nanceira de 31 . Desconhece--se, por m, o n vel de execução sica do projecto.

PROGRAMAS ESTRUTURANTES – CABIMENTAÇÃO ORÇAMENTAL E NÍVEL DE EXECUÇÃO

N.o

Valor

1 Construção da auto-estrada Luanda/Soyo PAC 4 0,30 0,08 28 8

2 Construção da auto-estrada Luanda/Soyo PAC 7 0,37 0,14 38 0

3 Instalação da Central do Ciclo Combinado – Soyo 33,45 10,37 31 0

4 Construção do Porto Seco do Soyo 0,90 0,10 11 23

5 Reabilitação do Aeroporto do Soyo 0,60 – 0 74

6 Reabilitação da estrada incl. acesso Luvo 1,00 0,35 35 31

Total – –

Relatórios de Execução 2014/2015 e Estudos de Diversificação da Economia Angolana

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CEIC / UCAN

PROGRAMAS ESTRUTURANTES – CABIMENTAÇÃO ORÇAMENTAL E NÍVEL DE EXECUÇÃOPROVÍNCIA DO KUANDO-KUBANGO

N.o

Valor

1 Reabilitação da estrada Menongue/Calundo/Catuitui 0,50 0,07 15 –

Total – –

Relatórios de Execução 2014/2015 e Estudos de Diversificação da Economia Angolana

Lunda -Sul

A Mina do Luaxe o projecto estruturante com maior relevância na prov ncia da Lunda-Sul. Tem o potencial de vir a ser a 4.a maior mina do mundo, destronando a Catoca. É um dos pro-jectos estruturantes do sector de Geologia e Minas que está a ser levado a cabo pela Endiama e a sua parceira Alrosa. Considerado como um projecto que irá mudar a geogra a mundial dos diamantes, a mina do Luaxe tem, segundo estudos preliminares, uma reserva de 350 milhões de quilates e uma vida ú l de 30 anos de exploração. O sector dos diamantes garante ao pa s 1.2 mil milhões de dólares. Projecta -se que este valor possa vir a dobrar, com a entrada em funcionamento deste projecto, pelo que se espera um grande contributo no processo de diver-si cação da economia nacional.

PROGRAMAS ESTRUTURANTES – CABIMENTAÇÃO ORÇAMENTAL E NÍVEL DE EXECUÇÃOPROVÍNCIA DE LUNDA-SUL

N.o

Valor

1 Mina do Luaxe/Projecto diaman fero 150,00 ND ND –

Total – – –

Relatórios de Execução 2014/2015 e Estudos de Diversificação da Economia Angolana

Entre os projectos mais media zados está o (AHEL). Trata -se de um projecto estruturante do sector energ co, que se espera venha colma-tar o crónico d ce de energia el ctrica e alavancar o sector da indústria transformadora que se debate com excessivos custos de produção resultantes do uso de geradores, como fonte alter-na va de energia. O terceiro empreendimento a ser constru do na bacia do Kwanza, o AHEL a maior barragem, depois de Capanda, em Malanje, aguardando -se que venha a gerar 2070 MW, o dobro do que produzido actualmente pela barragem de Cambambe e Capanda.

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

PROGRAMAS ESTRUTURANTES – CABIMENTAÇÃO ORÇAMENTAL E NÍVEL DE EXECUÇÃOPROVÍNCIA DO KWANZA-NORTE

N.o

Valor

1 Reconstrução da AH Cunje I.C.T Cu to e Rede Camacupa 430 193,00 45 –

2Construção do Pólo de Desenvolvimento Industrial de Lucala

0,98 – – 36

3 Satec (Dondo) – indústria t x l 43,6

Total – –

Relatórios de Execução 2014/2015 e Estudos de Diversificação da Economia Angolana

Entre os projectos de âmbito nacional em curso destaca -se o Plano Nacional de Geologia e Minas (Planageo). Trata -se de um programa do Execu vo que tem como objec vo inventariar o potencial mineiro do pa s e a sua viabilidade comercial. Durante o ano de 2015 deu -se con nui-dade ao subprograma de levantamento aeroespacial. É expectante que os resultados gerados pelo Planageo possam garan r a redução de custos de prospecção e permitam direccionar os inves mentos para objec vos espec cos.

PROGRAMAS ESTRUTURANTES – CABIMENTAÇÃO ORÇAMENTAL E NÍVEL DE EXECUÇÃOPROJECTOS DE ÂMBITO NACIONAL

N.o

Valor

1 Plano Nacional de Geologia (Planageo) 7,51 – – –

2Construção do novo Centro T rmico prov ncias Moxico, Cunene, Bi , Cabinda, Lunda-Norte e Luanda

– – 25 25

3Reabilitação da estrada Lubango/Santa Clara – troço Ondjiva/Santa Clara Lote 5

1,30 0,16 12 66

4Reabilitação da estrada Lubango/Santa Clara – troço Humbe/Cahama – Lote 2

0,95 0,26 27 23

5 Construção da fábrica de descaroçamento, ação de arroz – – 22 0

6 Projecto de relançamento de algodão (2.a fase) 0,268 0,14 54 12

7 S.A.G.A – Construção e reabilitação de armaz ns e silos 0,049 0,02 49 11

8Reabilitação e apetrechamento Centro de Formação T cnico-Metalurgia

0,065 – 0 68

9Reabilitação e apetrechamento do Centro de Formação Fadário Muteka/Huambo

0,00195 – 0 12

10 – – – –

con nua

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N.o

Valor

11 – – – –

12 Elaboração do Plano Director de Turismo/Luanda 0,25 0,10 0 40

13 Cadastramento de ocupação/realojamento – – 38 0

14 Construção de infra-estruturas – fase 1 – – 14 0

15Estudos para o Projecto Tur s co Okavango Zambeze/Kuando-Kubango

0,13 0,01 0 11

Total – –

Relatórios de Execução 2014/2015 e Estudos de Diversificação da Economia Angolana

cluster

Os clusters prioritários absorvem a maior fatia em termos orçamentais, num total de 87 . Os clusters classifica-dos como outras actividades t m uma alocação de apenas 1 , pelo menos de acordo com os dados recolhidos para a composição deste estudo. Uma nota de realce não menos importante o facto de que fazem parte deste grupo os pro-jectos afectos à educação e à saúde. Portanto, pode-se logo aferir que existe uma dessincronia, em termos de objec-tivos de longo prazo no que respeita à diversificação da economia, visto que esta dependerá tamb m da formação da mão-de-obra qualificada.

ALOCAÇÃO ORÇAMENTAL POR CLUSTER – 2015

%

lusters prioritários 1066,85 87

Outros clusters 157,89 13

Outras ac vidades 7,22 1

Total 100%

CLUSTER – 2015

con nua o

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

dos clusters

Os clusters prioritários agre-gam essencialmente os sectores produtivos. Em termos de objecti-vos de curto prazo, são eles que de-veriam proporcionar algum incre- mento na capacidade de produ-ção de bens diversos e desanuviar a pressão sobre a pol tica cam-bial, atrav s da diminuição das importações de produtos de sa-tisfação de necessidades básicas. No entanto, no seu conjunto, os projectos que fazem parte destes clusters apresentam apenas uma execução de 17 .

NÍVEL DE EXECUÇÃO DOS PROJECTOS ESTRUTURANTES POR CLUSTER

Valor Nível de

% de

lusters prioritários 1066,85 179,24 17

Outros clusters 157,89 3,33 2

Outras ac vidades 7,22 – –

Total 0%

PROJECTOS ESTRUTURANTES – GRAU DE EXECUÇÃO FINANCEIRA

NÍVEL DE EXECUÇÃO DOS PROJECTOS ESTRUTURANTES POR SECTOR DE ACTIVIDADE

Agricultura e pecuária 1,12 0,43 39

Pescas 2,47 2,42 98

Geologia e minas 157,51 ND 0

Indústria transformadora 123,34 2,74 2

Energia e água 464,01 203,37 44

Hotelaria e turismo 0,38 0,11 30

Obras públicas 60,67 10,83 18

Urbanismo e habitação 23,32 0,66 3

Transportes e armazenagem 395,71 228,42 58

Educação 1,88 0,47 25

Saúde 1,54 0,44 29

Total 0%

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ORÇAMENTADO E EXECUTADO

EXECUÇÃO FINANCEIRA

O sector da indústria transformadora apresenta um n vel de execução nanceira muito baixo. Apesar de fazer parte do grupo de clusters prioritários, os projectos direccionados para este sector não apresentam sinais que os demonstrem, pelo menos a curto e m dio prazo, como uma ac vidade a ter em conta para o processo de diversi cação da estrutura produ va. Esta estagnação do sector da indústria transformadora deve -se eventualmente à falta de uma e ciente infra -estrutura de apoio que esta ac vidade exige especi camente no dom nio da energia e água. Para al m da mina do Luaxi, não existem dados dispon veis sobre o n vel de execução de outros projectos do sector de geologia e minas. Sabe -se que está em curso o Plano Nacional de Geologia (Planageo), que visa inventariar o potencial real de recursos minerais do pa s e a sua viabilidade comercial.

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Existe um determinado número de projectos que foram objecto de publicitação mediá ca, mas sem a correspondente divulgação substancial de dados sobre os seus orçamentos e n veis de execução nanceira. Muitos destes projectos são de inicia va privada mas com apoio directo ou indirecto do Estado, atrav s de linhas de nanciamento boni cadas.

A construção de plataformas log s cas (PL) tem como objec vo facilitar e tornar c lere a distribuição de bens e serviços a preços baixos em todo o território nacional. A previsão de se constru rem 44 plataformas em todo o pa s, sendo que at Setembro de 2014 já nha sido aprovada a constru-ção de 5 PL, especi camente nas prov ncias de Malanje, Moxico, Kuando--Kubango, Zaire e Hu la. Apesar de ser um dos projectos muito publicita-dos, não existem por m informações sobre a sua execução nanceira.

Trata -se de um complexo agro -industrial localizado na Comuna de Ca-riango, no Munic pio da Quibala, prov ncia do Kwanza -Sul.

At 2014 projectava -se a edi cação de uma fábrica de processamento de farinha de milho com uma capacidade de produção de 50 mil toneladas/dia e a produção de extrusora de soja, com capacidade não especi cada. Prev -se tamb m que venha a produzir óleo, leite e derivados.

O complexo agro -industrial está equipado com secadores e silos, e espera -se a instalação de classi cadores e descascadores de arroz. Perspec va -se a instalação de 60 fazendas com 250 hectares cada para a produção de cereais (milho, arroz) e de soja e feijão. Sabe -se que um projecto de inves mento privado mas não foi poss vel obter dados sobre o volume de inves mentos alocados.

Do ponto de vista microeconómico inves r signi ca alterar mais ou menos signi ca va-mente, e de uma forma geralmente irrevers vel, as estruturas t cnicas, produ vas, administra-

vas ou comerciais de uma empresa ou pa s e como tal mudar tamb m a sua situação estrutu-ral interna e as suas relações com o exterior dentro do quadro momentâneo em que se insere. Uma análise exaus va dos designados projectos estruturantes permite -nos obter uma com-preensão mais ou menos objec va do que se pode esperar em termos dos seus efeitos sobre

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as transformações estruturais do sistema económico e consequente resultado na diversi cação da economia. Podem ser discriminadas tr s questões como factores estranguladores que são capazes de comprometer este objec vo. Questão primeira: muitos dos chamados projectos estruturantes levantam s rias dúvidas quanto à qualidade da sua execução e plani cação nan-ceira. Um considerável número destes projectos não são sustentados por análises económicas e

nanceiras sólidas, seja em termos de rentabilidade, custo e bene cio, seja em termos de efei-tos induzidos para o resto dos subsectores da estrutura económica. Questão segunda: nota -se uma falta de rigor na elaboração dos projectos em termos de uso de instrumentos cien cos de previsão, para se aferir da sua complementaridade e ar culação. A inexist ncia de uma matriz das relações intersectoriais não permite determinar com exac dão e rigor os sectores que pos-suem maior poder de encadeamento116 dentro da economia e os efeitos mul plicadores que podem gerar, tendo em conta o seu caracter estrat gico, que deveria estar atrelado ao seu peso no produto, nas exportações e na criação de emprego. Por úl mo, veri ca -se uma falta de clari-

cação na de nição de objec vos fundamentais para se determinar o po de desenvolvimento que se deseja. Desenvolvimento autocentrado ou extrover do? Ou seja, for car a estrutura produ va para a sa sfação das necessidades internas ou produzir para compe r nos mercados internacionais? É uma re exão que se impõe.

5.3.1 Introduction

Angola has enjoyed high economic growth over the last decade, but this has been mainly driven by high oil prices and the bene ts thereof have been narrowly distributed, and recent decreases in oil prices have revealed how vulnerable the Angolan economy is given its highly concentrated oil economy. To increase the poten al for future growth, and more inclusive growth, a structural transforma on is required where produc on is shi ed out of resource ex-trac on and agriculture, and into more human capital intensive, more complex and produc -vity enhancing economic ac vi es (Mankiw et al., 1992; Hausmann et al., 2007; Hidalgo and Hausmann, 2009). Important in this respect is a diversi ca on of employment from current sectors of resource extrac on and agriculture into manufacturing and more complex services. This form of diversi ca on would create a poten al for a be er match between exis ng talents and human capital endowments of workers with jobs on o er, and would reward and generate upgrading of skills and competence. Moreover, it would increase the choices available to ci -zens of educa on and employment, which can be important in itself, but also through making

116 a a -se das a adas a es a a s e e e es a o a o se o de a da dos de a s se o es e das a es a a a e e e o a o a o se o o ado o o os se o es

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them less dependent on a limited set of employment opportuni es. Diversi ca on of employ-ment would hence improve the bargaining posi on of workers, which could lead to increases in wages but also to increased poli cal ac vity in terms of holding the government to account (Kolstad and Wiig, 2014).

This chapter looks at the evolu on of employment diversi ca on in Angola in the period from 2002 -2014, in order to assess any progress in this respect. The increasing wealth of both the world and of the Angolan elite in the period in ques on should in principle lead to an in-creased demand for variety which Angola could have exploited to expand its industrial base. However, the ability of any country to tap into this increased demand for variety depends on its compe veness interna onally, and here an oil country like Angola is likely at a disadvantage due to the e ects oil revenues have on input prices and or the currency, known as Dutch disea-se e ects. In fact, what the paper shows is that while diversi ca on of employment in Angola has increased in the period in ques on, it has done so less than comparable countries with and without large resource endowments. In other words, there is a missed opportunity for Angola in terms of diversi ca on in the period in ques on.

This chapter contributed to the literature on structural transforma on and complexity and produc vity, focusing on the challenge of employment diversi ca on in the context of a highly petroleum dependent economy. Previous analyses of Angolan diversi ca on and development have o en relied on a case study approach where Angola is compared to other countries which are too di erent from Angola to cons tute a good counterfactual (see e.g. Auty, 2008). We expand on this literature by using a synthe c control approach, where a synthe c country is generated as a weighted average of other countries in such a way that the synthe c country is as similar as possible to Angola on determinants of diversi ca on and in pre -exis ng paths of diversi ca on. This allows us to study the evolu on of diversi ca on in Angola against a more credible counterfactual, represen ng what diversi ca on could have looked like had the country followed a di erent development path or chosen a di erent set of policies. Data limi-ta ons means that the comparison is not a perfect one, and it is di cult to iden fy the precise elements of the Angolan approach that may have led to a di eren al path in diversi ca on, but this approach s ll cons tutes an improvement compared to previous more naïve country -by--country comparisons (see Abadie and Gardeazabal, 2003).

This chapter also contributes to the literature on diversi ca on, which has so far focused mainly on export diversi ca on (see Kolstad and Wiig, 2014 for a review). The literature on diversi ca on of employment is scarce and was rst analysed by Imbs and Wacziarg (2003). They conducted a cross sec onal analysis of the rela onship between diversi ca on of em-ployment, income and trade. They found a U -shaped rela onship between diversi ca on of employment and income. Countries rst diversify, but there exist later in the development phase a point where countries start specializing again. Li le is, however, said in this literature on the link between export and employment diversi ca on. Our results provide an interes-

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ng expansion here, as employment diversi ca on in Angola has increased in a period where export diversi ca on has gone down in terms of export value across sectors (see da Rocha et al., 2014). Elas ci es of employment with respect to export value are important to make sense of such seemingly divergent ndings. Since employment in oil produc on is limited, an expansion of the value of exports from this sector may not have much of a direct e ect on em-ployment diversi ca on. Employment diversi ca on may actually go up even though export values become more concentrated in a sector of this kind, if at the same me there is also an expansion in export ac vity in other sectors that are more labour intensive. As da Rocha et al (2014) show, the number of products exported from Angola has been increasing since 2002, and one possibility is that the employment e ects of these new ac vi es may have dominated the employment e ect of the oil sector, leading to overall increases in employment diversi -ca on.

The chapter is structured as follows. Sec on 2 looks at descrip ve data for the evolu on of employment diversi ca on in Angola since the end of the civil war, comparing Angola with other African countries. Sec on 3 presents the synthe c control methodology and the results from this analysis. Sec on 4 concludes.

5.3.2

The GGDC 10 -Sector Database on sectoral employment in Africa, Asia, and La n America provide employment data for 10 broad sectors in 42 countries, 11 of which are in Africa117. The database has been widely used to analyse structural transforma on in a wide range of coun-tries (see for instance McMillan et al. 2014). However, the database lacks employment data for Angola. Data for Angola has therefore been collected separately and are based on updated na-

onal accounts by CEIC118. The Angola data has been recoded in line with the sector de ni on in GGDC. As data is collected from di erent sources, there is of course a risk that they are not directly comparable119.

In this sec on, we analyse how Angola performs rela ve to other African countries in terms of diversi ca on. We start by describing the evolu on of employment shares in the 10 sectors and di erent indices of diversi ca on in Angola in the period 2002 -2014 and proceed with more descrip ve informa on about how Angola scores rela vely to other African countries.

117 e de es a d de es a e s o a a e e e o o es GGDC Research Memorandum 149 e da a ase a so a e o a o a o o es a e a a d s a d od eas es a a a e do oaded o esea d da a -se o -da a ase 118 e o de s dos e es a o e a da e s dade a a de o a119 o s a e e da a o a a e o e o a des o a e o e

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

As shown in gure below, Angola is s ll an agrarian country and there has been a lack of substan al structural change in employment during the last decade. Agriculture is the most im-portant employment genera on sector, and in 2014 48 of the employment was in agriculture, down from 56 in 2002.

Employment in agriculture has increased from 2.2 million to 2.9 million, but the increase

has been lower than for other sectors, reducing the rela ve importance played by agriculture. Trade is the second most important sector, cons tu ng around 19 of employment. Construc-

on is the only sector that markedly increased its employment share during the period, from 4 to 8 . The increase is related to the recent huge infrastructure investments in Angola. As one would expect that rising income and growth in the oil sector would generate more demand for services, it is remarkable that the data does not reveal any signi cant increase in the role of services or in nance.

We apply three di erent indices for concentra on. The three indices are adapted from the literature on inequality and industrial organiza on, and have been used in earlier studies of ex-port diversi ca on (see Kolstad and Wiig, 2014). Let n be the number of sectors and be the employment in sector k from country i. Denote by sik = the employment share sector k comprises of country i s total employment exports, and let be the average employment across sectors in country i. The Theil index of employment concentra-

on can then be wri en as follows.

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(1)

The Her ndahl index of concentra on in employment, normalized to run from zero to one, can be wri en as:

(2)

Finally, ordering sectors by increasing employment share, the Gini coe cient can be wri en as:

(3)

The three indices are concentra on indices, which means that higher scores imply less di-versi ca on. Note that all three indices have been calculated using the same total number of sectors, n = 10 or n = 9. The Theil index then runs from zero to In (10) ≈ 2.3. The Her ndahl and Gini indices range from zero to one. For all three measures we es mate the indices with (e.g. Theil_all) and without government sector (e.g. Theil_priv) as we lack data of government employment for some of the countries in the sample. This gives us a total of up to six indices for each country.

In gure below, we show the development of the di erent concentra on indices of employ-ment in Angola 2002 -2014. They all show a common pa ern of decreasing concentra on (more diversi ca on) and a larger drop in the last period. Albeit the oil price has increased during this period, employment has diversi ed. The reduc on in concentra on re ects that employment in agriculture has increased less than in other sectors.

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Is Angola a special case in Sub -Saharan Africa (SSA)? Has the structural changes in employment being di erent in oil rich Angola than in other countries, and which country is it most natural to compare Angola with? We have es mated the concentra on indices for a number of countries in SSA. Ethiopia has the highest concentra on index in the sample followed by Malawi, Tanzania and Nigeria. Both Tanzania and Ethiopia have shown a signi cant increase in diversi ca on as has the oil rich country Nigeria. South Africa followed by Mauri us and Botswana are the most diversi ed countries and their indices have been quite stable, albeit Botswana has shown a slightly increasing concentra on. Based on country by country comparison, it is therefore hard to say whether An-gola has followed a di erent pa ern than other countries in the region, as it has diversi ed more than some countries but less than others. We return to this in the following sec on.

To illustrate an important aspect of employment diversi-

ca on and structural change in Angola and elsewhere, the following table illustrates the changes in employment in Angola compared to Nigeria and Tan-zania in two key sectors. These countries were similar to Angola on various economic measures in 2002 – a factor that we ela-borate in the next sec on. Ni-geria represents countries rich in oil while Tanzania represents countries rich in other natural resources (based on agricultural produc on).

Agriculture

2002 2010 2002 2010

Angola 55,8 51,9 1,4 1,3

Agriculture

2002 2010 2002 2010

Tanzania 81,7 70,7 1,8 3,4

Nigeria 64,5 61,8 3,4 4,5

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There has been a lack of structural transforma on from agriculture to manufacturing in many SSA countries, but Angola scores extremely low on this transforma on. Less than two percent of employment is in manufacturing and the share is not increasing. In both Nigeria and Tanzania, the employment share of manufacturing is increasing. As manufacturing is a job ge-nera ng sector and a sector which might generate technological spillovers to other sectors and upgrade human capital of workers, promo ng the manufacturing sector is therefore an issue of real concern in the diversi ca on process of the Angolan economy.

5.3.3

The previous sec on shows that diversi ca on of employment in Angola has increased (concentra on decreased) since the end of the civil war. But so has diversi ca on in other Afri-can countries in the same period, while in a few cases it may have increased. How impressive the increase in diversi ca on in Angola has been depends in a sense on how much diversi -ca on has been rela ve to other countries, how much would Angola have diversi ed if it had instead followed their development paths or policies. From the simple comparison of gure on page 177, such a comparison seems hard to make, Angola has done be er in diversifying em-ployment than some countries, but worse than others. How do we determine which are the re-levant countries with which to compare the Angolan evolu on of employment diversi ca on?

In order to get a slightly more informed basis for evalua ng the magnitude of the increase in Angolan employment diversi ca on, we employ a synthe c control approach developed by Abadie and Gardeazabal (2003). This approach entails construc ng a synthe c Angola as a weighted average of other countries, where the weights are calculated by making the synthe c control country as close as possible to Angola in terms of determinants of diversi ca on, and in terms of the evolu on of diversi ca on over me, up ll some speci ed treatment period. With the limited number of years for which we have data for Angola, we choose to make 2004 our treatment year, which can be jus ed as this was the year oil prices began to increase subs-tan ally and con nued to do so in the year to follow (with a brief fall during the nancial crisis of 2008/2009). We hence construct the synthe c control region to make it as similar as possible to Angola in determinants of diversi ca on and in the evolu on of diversi ca on in the years 2002 to 2003. We can then compare the evolu on of diversi ca on in Angola in the years from 2004 onwards in order to see what the level of diversi ca on would have been in Angola had the country followed a di erent development path.

We conduct this analysis for two di erent sets of poten al control countries. Firstly, we construct a synthe c control from countries that are not dependent on petroleum (de ned as having a propor on of fuel export in total merchandise exports of less than 20 ), in order to see how much Angola could have diversi ed employment had it not been so dependent on oil. Secondly, we construct a synthe c control from countries that are petroleum dependent (fuel

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exports to merchandise exports above 20 ), in order to see where Angola would have been in terms of diversi ca on had it chosen a di erent approach to managing its economy in terms of petroleum sector and other sector policies. We stress that these comparisons are descrip ve, they provide something of a be er basis for assessing the evolu on of Angolan diversi ca on than relying on simple bilateral comparisons, but any strict form of causal inference cannot be done from this analysis.

The gure below shows the evolu on of employment diversi ca on for Angola and a syn-the c control region chosen from non -petroleum dependent countries. We have used the Theil index for private sector employment only to construct the synthe c control, as this gives us the greatest number of possible countries to include in the synthe c control. The fully drawn line shows the development in diversi ca on in Angola, the do ed line the develop-ment in the synthe c control region. As the gure reveals, while Angolan diversi ca on has increased (concentra on decreased), it has increased much less than diversi ca on in the control region. In other words, the increases in oil prices over the period covered by our data (2004 -2010) have kept oil rich Angola less diversi ed than an otherwise comparable country without petroleum resources. This is perhaps not surprising, but raises ques ons about whe-ther the forces tempering diversi ca on in Angola are economic or poli cal, i.e. whether it is simply the high pro tability of oil in the period that has kept employment in other sectors from being expanded, or whether the rela ve lack of diversi ca on re ects elite incen ves to restrain diversi ca on in order to avoid alterna ve poli cally powerful groups from emerging. With our data, we cannot answer these ques ons, but refer to Kolstad and Wiig (2014) for a further analysis of these ques ons.

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The tables below give further details on how the synthe c control of non -petroleum depen-dent countries was constructed. The 31 poten al countries from which the synthe c control region could be constructed are presented in the rst table. Three countries received posi-

ve weights; Tanzania (about 53 of control region), Argen na (about 31 ), and China (about 16 ). As the second table shows, this produces a control region very similar to Angola in some respects, but also somewhat di erent in others, which is unavoidable given the units we have available for the construc on of the synthe c control. On the whole, however, this approach gives a more similar basis for comparison with Angola than comparisons to any individual coun-try or other combina on of countries.

Argen na 0,309 Mexico 0

Brazil 0 Mauri us 0

Botswana 0 Malawi 0

Chile 0 Malaysia 0

China 0,164 Netherlands 0

Costa Rica 0 Peru 0

Denmark 0 Philippines 0

Spain 0 Senegal 0

Ethiopia 0 Singapore 0

France 0 Sweden 0

United Kingdom 0 Thailand 0

Ghana 0 Tanzania 0,526

India 0 United States 0

Italy 0 South Africa 0

Japan 0 Zambia 0South Korea 0

Predictor Balance Treated

GDP per capita 2437,62 3706,98

Mobile subscrip ons 1,61 10,26

Urban popula on share 51,47 46,70

Trade ( of GDP) 127,71 42,03

Unemployment 7,5 7,81

Democracy 2,00 3,52

Control of corrup on -1,22 -0,70

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

When we compare the evolu on of diversi ca on in employment in Angola with a synthe c control chosen from other petroleum dependent countries, the result is given by the gure be-low. In this case, we also see that Angola (fully drawn line) has had less of an increase in diversi-

ca on than the control region, but the di erence is less marked than when comparing Angola to non -petroleum dependent countries. The results here are not straigh orward to interpret, they could re ect di erent policies in Angola and the control region, but they could also re ect di erent levels of oil dependence. As shown in the table below, of the six petroleum dependent economies available for construc ng a control region, most of the weight is assigned to Nigeria (about .84), with a li le weight for Colombia (.12) and Bolivia (.04). All of these countries have lower levels of oil dependence than Angola. Table on next page indicates that the control balan-ces in some respects with Angola on background variables, but there are di erences in others, which is not surprising given the limited number of countries available from which to construct the synthe c control.

Bolivia 0,041

Colombia 0,116

Indonesia 0

Kenya 0

Nigeria 0,843

Venezuela 0

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Predictor Balance Treated

GDP per capita 2437,62 1562,36

Mobile subscrip ons 1,61 3,55

Urban popula on share 51,47 48,17

Trade ( of GDP) 127,71 64,53

Unemployment 7,50 8,21

Democracy 2,00 4,53

Control of corrup on -1,22 -1,18

We again stress that these results are descrip ve, but o er a be er guide for evalua ng the diversi ca on of employment in Angola than simple comparisons to individual countries. The results suggest that while diversi ca on of employment in Angola has been on the rise, it has been less so than it could have been if the country had been less oil dependent in a period whe-re oil prices was sharply increasing, but possibly also that the development paths and policies of Angola have been less conducive to diversi ca on than they could have been. Dis nguishing between these possible explana ons merits further inves ga ons, but is di cult given the very limited data available on Angola.

5.3.4

Employment in Angola is concentrated in agriculture. In 2010, around 50 of the employ-ment was in this sector. Angola has experienced a tremendous deindustrializa on process since the Portuguese le in the mid 1970 s – from one fourth of the employment to less than two percent now employed in manufacturing. At the same me oil has become the most important produc on sector, but its increase has not been followed by a similar increase in employment as the oil sector is less labour intensive than most other sectors. The push from the resource based oil industry may have increased employment in services such as transport and commu-nica on, but the development of manufacturing is lagging behind. As the employment share in agriculture has decreased during the last 15 years, Angola has become slightly more diversi ed in terms of employment, but a structural transforma on from agriculture to other industries cannot really be said to have taken place. Such a structural transforma on may be important to increase economic growth and prospects and reduce the country s vulnerability to exogenous shocks such as decreasing oil prices.

Compared to other African countries, Angola has diversi ed less than Ethiopia, Tanzania and Nigeria but has shown a similar trend to many other African countries during the last years. We have also compared Angola with a synthe c Angola as a weighted average of other countries where the synthe c control country is as close as possible to Angola in terms of determinants

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

and evolu on of diversi ca on. We have compared Angola with two synthe c controls, elicited from a group of 31 non -oil producing countries and a group of six oil producing countries. For both groups of countries, we nd that Angola has diversi ed less than the synthe c control country. Hence, even when we nd that Angola has diversi ed, it has done so less than other comparable countries.

Angola s industrial policy for diversi ca on does accordingly not appear all that successful. The government has implemented projects to address lack of energy and water supply, roads and telecommunica ons in order to increase diversi ca on, but the scale and implementa on of these programmes do not appear comprehensive enough to substan ally promote diversi-

ca on. Considerable emphasis has also been placed on ensuring self reliance through import subs tu on policies such as the Diversi ca on of the a onal roduc on ro ram, the Pro-

ram of buildin priori es clusters and the n ola nveste Pro ram However, there is a lack of knowledge of the impact of these programs, for instance on the impact of industrial zones.

There might be various reasons for this rela ve lack of success in diversifying the Angolan economy. In a situa on with high oil prices and high oil sector pro tability, the economic basis for developing new industries might be weak. In the current situa on with lower prices and pro tability in the sector, incen ves are changed and the economic poten al for implemen ng policies that increase diversi ca on seems more promising. There is, however, also a poli cal economy aspect that needs to be considered. Developing new industries might create new and powerful groups that can challenge the poli cal power of the current elite. It is therefore di cult to develop new industries that are not aligned with the interest of the exis ng elite. In Angola, the elite is quite homogenous and controls the overall economy. It therefore has both the means and the interests to not promote other industries that might undermine its posi on.

An interes ng aspect of the poli cal challenge to the diversi ca on process is the currently overvalued exchange rate. To some extent it signals macroeconomic control but at the same

me people know that it is overvalued. For the government there is a trade o between an overvalued exchange rate and poli cal support. While devalua on would s mulate tradeables and diversi ca on, it will increase prices and the poten al of unrest. It is di cult to see how the government will be able to promote a structural transforma on of the economy without a gradual deprecia on of its exchange rate.

O ano de 2015 espelha bem os perigos que um pa s corre quando depende duma única riqueza, cujo valor no mercado internacional não controla, e que pode ser extremamente volá-

l, como o demonstra a baixa que se veri ca desde meados de 2014 no preço do petróleo, prin-cipal mercadoria de exportação e fonte de receita de Angola. Ainda que o tema diversi cação

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faça parte do l xico quo diano, Angola ainda con nua a depender da receita petrol fera. Por isso mesmo qualquer variação internacional no preço vai inevitavelmente impactar na econo-mia angolana. O endividamento do Estado tem sido u lizado para colmatar a forte quebra nas receitas com a exportação de petróleo e só em 2015 o serviço da d vida pública ascendeu a USD 18 mil milhões. A diversi cação um estado permanente das economias e Angola não cons -tui excepção. As transformações conducentes a tal estado são requerentes de infra -estruturas, de recursos humanos e de capital e evidentemente de pol cas ajustadas. Segue -se um breve relance sobre diferentes abordagens rela vamente ao modo e aos esforços de diversi cação da ac vidade produ va do pa s.

Os CEO das ins tuições bancárias angolanas acreditam que a economia nacional vai crescer, apesar da actual conjuntura estar condicionada pela evolução do preço do petróleo. Aumentar a concessão de cr dito para apoiar a diversi cação da economia , para estes l deres, o factor mais cr co para fomentar o crescimento económico, seguido da diminuição da burocracia. As conclusões são do CEO Survey da Deloi e, que analisa as perspec vas dos gestores de topo dos bancos nacionais sobre os desa os do sector.

FMI

Defende que a diversi cação da economia angolana deve comportar uma grande par cipa-ção do sector privado, ao mesmo tempo que as pol cas monetárias e cambiais do pa s se de-vem concentrar na contenção da in ação, cifrada em 10,4 , com tend ncia para aumento, mas considera que a economia angolana deverá crescer 3,5 no bi nio 2015/2016. Estas posições foram manifestadas durante a perman ncia de duas semanas no pa s de uma missão da ins tui-ção de Bre on Woods, com a nalidade de avaliar o desempenho da economia angolana, for-temente abalada pela galopante queda do preço do barril do petróleo. Apesar disso, segundo o chefe da missão do FMI, Ricardo Velloso, Angola não solicitou qualquer pedido de empr s mo à ins tuição para fazer face às suas necessidades nanceiras, pelo que o FMI manifesta -se dis-pon vel para aceder a qualquer pedido nesse sen do.

Ministro da Economia

O esforço de diversi cação não recente e não nasceu com a queda do preço do petróleo em 2014. O Execu vo tem vindo a trabalhar nesse dom nio e já desenvolveu um conjunto de inicia vas que visam promover o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não petrol fero, considerou em Luanda o ministro da Economia, Abraão Gourgel. O governante fez esta revela-ção quando procedia ao encerramento da cerimónia que assinalou o lançamento da estrat gia de actuação do Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) at 2017. Nesse sen do, Abraão Gourgel considerou imperiosa a necessidade de se estabelecer a criação de clusters de desen-volvimento económico nas mais variadas áreas de ac vidade. São exemplo disso, os projectos

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ligados ao sector de energia e águas, onde se zeram at aqui gigantescos inves mentos, a exemplo da construção em curso da barragem hidroel ctrica de Laúca (prov ncia de Malanje), várias linhas de transmissão ou mesmo projectos como a Re naria do Lobito e a do Soyo, a rede de infra -estrutura de transportes , sublinhou. Segundo o ministro, esse esforço do Governo já teve in cio e tem conduzido a uma alteração da estrutura do nosso Produto Interno Bruto, embora essa alteração não seja tão sa sfatória quanto nós o desejamos. A diversi cação da economia claramente um tema chave para o nosso pa s em 2015 e nos anos seguintes, não só como um mecanismo para mi gar os efeitos da redução do preço petróleo a que assis mos nos úl mos meses, mas sobretudo como uma ferramenta para con nuar a assegurar um cres-cimento sustentável da economia, a criação de riqueza e de postos de trabalho e o correcto funcionamento da balança comercial angolana , a rmou Abraão Gourgel.

Microsoft

O Execu vo investe na diversi cação da economia fora do petróleo com cerca de 600 milhões de dólares injectados no apoio às Pequenas e M dias Empresas (PME), num mercado em que a maioria das empresas ou são grandes mul nacionais ou microempresas e os empre-sários em nome individual não t m acesso aos recursos necessários para crescer, disse esta semana, em Luanda, o representante da Microso em Angola. Com o sector angolano das tec-nologias de informação e comunicação (TIC) a registar uma taxa de crescimento anual de mais de 55 nos úl mos dez anos e a a ngir 14 milhões de consumidores, este começa a ser visto pela Microso , que opera no pa s há cinco anos, como um mercado estrat gico . A maioria dos cerca de 24 milhões de habitantes de Angola vive em cidades e cerca de metade da população tem menos de 20 anos de idade, oferecendo as condições naturais para o empreendedorismo e inovação. Angola um mercado es mulante e acreditamos que a tecnologia vai ajudar a diversi car a economia, fazer crescer as start -ups e torná -las empresas sólidas .

A par cipação de Angola na Expo Milano 2015 traduz -se no apoio à diversi cação econó-mica, numa fase em que o pa s precisa de mostrar ao mundo a sua cultura, tradições e poten-cialidades, disse em Luanda a Comissária Nacional de Angola na Exposição Universal de Milão. Em confer ncia de imprensa, para a apresentação do Pavilhão de Angola na Expo, que abre a 1 de Maio, na cidade de Milão, Itália, Albina Assis referiu que, al m dos aspectos culturais, Angola vai realizar colóquios, no sen do de dar visibilidade às suas potencialidades e atrair inves dores para o pa s. Esta missão visa melhorar e criar uma nova imagem aos estrangeiros sobre a actual realidade do pa s. Mais do que promover Angola no estrangeiro, a par cipação tem digni cado as ra zes culturais, fomentando programas que ajudam a divulgar um pa s mais moderno e desenvolvido . Albina Assis disse que na Expo Milano, considerada uma das maiores montras internacionais para a exposição das potencialidades económicas e culturais de diferen-tes Nações, Angola vai estar presente com um número signi ca vo de expositores das dis ntas áreas, com destaque para a produção agr cola.

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Governador do Bengo

A produção da banana impulsiona a diversi cação da economia nacional por proporcionar milhares de postos de trabalho, ao mesmo tempo que reduz signi ca vamente os n veis de importação daquela fruta bastante consumida no pa s, disse o governador da prov ncia do Bengo. O governador João Miranda a rmou estar previsto que a feira, que organizada pelo Minist rio da Agricultura e pelo Governo Provincial do Bengo, registe um volume de negó-cio de cerca de 250 milhões de kwanzas. O ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Afonso Pedro Canga, disse que existem ensaios para a exportação da banana para os pa ses vizinhos, como a África do Sul, Nam bia e a República Democrá ca do Congo . Afonso Pedro Canga lembrou que a aposta do Execu vo assenta na promoção da diversi cação da economia nacional, com a realização de feiras de produtos agr colas, pois o sector par cipa no combate à fome e à pobreza ao criar empregos, produzir alimentos e proporcionar rendimentos a pro-dutores e fam lias.

O fomento da aquacultura dinamiza a diversi cação da economia e o combate à fome e à pobreza, disse o secretário de Estado para o subsector da aquacultura. Zacarias Sambeny, que falava no munic pio da Chibia, na prov ncia da Hu la, frisou que o Execu vo inclui a expansão da produção de peixe em ca veiro no seu Plano Nacional de Desenvolvimento (PND). O secre-tário de Estado referiu que a cultura de peixe, se bem desenvolvida pelas comunidades, pode ser uma mais -valia para a melhoria da dieta alimentar das populações, ao mesmo tempo que melhora os rendimentos das fam lias, já que podem comercializar os excedentes e gerar riqueza. Zacarias Sambeny ressaltou que, para se a ngirem os objec vos preconizados, o Governo an-golano pretende implementar um projecto de produção intensiva de peixe, fazendo recurso ao aproveitamento de todas a potencialidades h dricas de que o pa s dispõe.

Presidente da Sonangol

O presidente do conselho de administração da Sonangol considerou a construção da re -naria do Soyo como um projecto alinhado ao programa do Execu vo de diversi cação da produção, porquanto, al m de conduzir à redução das importações de combus veis, atrai a implantação de outras indústrias, como a petroqu mica. A re naria do Soyo está projectada para produzir cinco milhões de toneladas de derivados por ano e processar 110 mil barris de petróleo por dia.

A diversi cação da economia com o apoio t cnico e nanceiro chin s a chave de uma nova fase das relações entre Angola e a China, lançada com a visita do Presidente da República ao pa s asiá co. Na conclusão da visita de seis dias à China, os dois pa ses anunciaram, que para apoiar os esforços angolanos em prol da diversi cação e desenvolvimento sustentável

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foram assinados acordos de cooperação económica e t cnica, no dom nio da aviação civil e do sector nanceiro, tendo sido ainda rubricada a acta da primeira comissão orientadora para a cooperação económica, t cnica e comercial entre Angola e China. O comunicado nal do acordo de cooperação declara que Angola e a China concordaram em encorajar as empresas a alargar a cooperação às áreas da indústria, agricultura, pescas, transporte, energia e teleco-municações, atrav s de um entendimento pragmá co, de vantagens rec procas, suscep vel de contribuir para a diversi cação económica de Angola e para um maior crescimento da China . A China disponibilizou ajuda para Angola estabelecer um centro piloto de tecnologia agr cola, tendo sido assinado um acordo espec co que prev a construção de um centro de formação t cnica e pro ssional. Angola, refere ainda o comunicado, considerou que a China pode ser tamb m um parceiro estrat gico no dom nio da ci ncia, da tecnologia e da inovação , como no desenvolvimento de projectos de inves gação, no apoio a centros de pesquisa e na criação de infra -estruturas de inves gação de ponta . O pa s foi surpreendido pela forte descida do preço do barril, de que depende para as suas exportações e receitas públicas, tornando ainda mais urgente a diversi cação da economia. Nas várias intervenções durante a visita, o Presidente da República expressou o interesse de Angola em con nuar a manter uma relação privilegiada com a China, com acções conjuntas no dom nio das infra -estruturas básicas e económicas.

Ministro da Agricultura

Angola aposta no aumento da produção agr cola, com o propósito de subs tuir as impor-tações e diversi car a exportações, disse em Luanda o ministro da Agricultura. Pedro Canga falava na cerimónia de inauguração das novas instalações da empresa de comercialização de equipamentos agr colas A grozootec e disse que o alcance dessa meta só poss vel se a agricul-tura for compe va. O ministro da Agricultura defendeu a incorporação de meios modernos no processo produ vo, para que possam gerar rendimentos ao agricultor e produtos de qualidade ao consumidor. Para Pedro Canga a inicia va da A grozootec cons tui um passo importante para o desenvolvimento da agricultura angolana, numa altura em que o sector precisa de equipa-mentos modernos, de conhecimentos e capacidades, para realizar o trabalho com o pro ssio-nalismo desejado.

Ministro da Economia

O programa Angola Investe gerou at ao momento mais de 54 mil postos de trabalho em todo o pa s, sendo a indústria transformadora responsável pela absorção de 74 da mão -de--obra, agricultura, pecuária e pescas 25 , e os serviços 6 . Abraão Gourgel falava num fórum de negócios na capital do pa s e referiu que o programa já aprovou, desde a sua abertura, em 2011, 404 projectos avaliados em 737 milhões de dólares (mais de 88 mil milhões de kwanzas), com 400 milhões de dólares (40 mil milhões de kwanzas) já disponibilizados. O objec vo do Execu vo, referiu o ministro, fomentar o crescimento das micro, pequenas e m dias em-presas e a aceleração da diversi cação economia. O programa de diversi cação da econo-mia assenta na promoção dos inves mentos em infra -estruturas necessários para garan r a

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compe vidade e o crescimento económico, dinamizando a incorporação local e o fomento dos sectores económicos , explicou o ministro.

Administrador da AGT

Angola vive um per odo de grandes desa os, cuja solução passa pela diversi cação da eco-nomia, pela variação das fontes de receita e pelo estudo conjunto de sa das, disse o administra-dor Hermenegildo Gaspar, da Administração Geral Tributária (AGT), ao encerrar, a Primeira Con-fer ncia Nacional dos Despachantes O ciais. O administrador sublinhou ser essencial potenciar a arrecadação de receitas tributárias e os operadores perceberem o importante papel desem-penhado pelo despachante o cial no processo de arrecadação. A função de despachante o cial apresenta -se como fulcral, num cenário em que pretendemos a redução das importa-ções de bens que podem ser produzidos no pa s e o aumento substancial das exportações , acrescentou. Hermenegildo Gaspar reconheceu que o despachante o cial se mant m como único representante autorizado que actua, em nome de terceiros, como agente auxiliar do co-m rcio e do serviço aduaneiro, cons tuindo a sua intervenção uma ligação insubs tu vel entre a ac vidade privada e pública e um trabalho que garante segurança da gestão aduaneira.

Ministro da Economia

Um total de 245 novos projectos, avaliados em 47,9 mil milhões de dólares, que devem dinamizar a economia nacional nos próximos cinco anos, no quadro do programa acelerado de diversi cação de economia, foram aprovados pelo Execu vo, anunciou ontem, em Luanda, o ministro da Economia. Abraão Gourgel explicou, no sexto Fórum Económico entre Angola e Alemanha, que estes projectos resultam da parceria público -privada e neles há bons sinais, sendo mesmo dos como prioritários e estruturantes, com viabilidade e atrac vidade econó-mica e social aceitável, estabelecendo uma estrat gia de criação de clusters e cadeias produ-

vas . Para os sectores de água e energia foram aceites 65 projectos privados com uma meta de inves mento de 14,5 mil milhões de dólares, referiu Abraão Gourgel, que acrescentou: A produção de alimentos e agro -negócios tem 57 projectos com inves mentos na ordem dos 2,8 mil milhões de dólares. Para os transportes e log s ca, 123 projectos estruturais foram autori-zados, com uma meta de inves mento de 24,4 mil milhões de dólares, e em habitação, onde milhares de casas sociais estão em vias de ser constru das, os inves mentos rondam 6,3 mil milhões de dólares . Al m destes projectos, o Governo tem vindo a implementar outras medi-das que visam es mular e facilitar o inves mento privado, prosseguiu o ministro da Economia. Desde 2011, o pa s conta com uma Lei especi ca de parcerias público -privadas, com vista a

dar garan as aos inves dores privados e assegurar o interesse nacional nas parcerias para pro-jectos de infra -estruturas imprescind veis ao desenvolvimento . Al m disso, prosseguiu, o Go-verno elaborou um programa de deslocalização e internacionalização de empresas para Ango-la, que prev medidas especi cas de apoio à atracção de empresas que queiram estabelecer -se no pa s atrav s de oint -ventures com empresas locais, principalmente nos sectores industrial, agro -industrial e de serviços produ vos. Essas medidas, a rmou Abraão Gourgel, assentam no

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acesso ao nanciamento, infra -estruturas sicas, especialmente nas zonas infra -estruturadas e nas Zonas Económicas Especiais (ZEE), com incen vos na redução dos procedimentos buro-crá cos e na construção de parques industriais na capital e nas prov ncias. No âmbito deste programa, o Governo recebeu 13 propostas de empresas estrangeiras que estão actualmente em análise , disse o ministro da Economia. Trata -se de empresas do segmento da cerâmica, madeira, conservação de tomate, alimentar, reciclagem e de materiais escolares , concluiu o ministro da Economia. A secretária de Estado Parlamentar alemã do Minist rio dos Assuntos Económicos e Energia, Brige e Zypries, elogiou os programas que visam a melhoria do am-biente de negócios que, na sua óp ca, con nuam a ser uma preocupação dos inves dores alemães. Brige e Zypries disse que Angola um importante des no das exportações alemãs na região subsariana, depois da África do Sul e da Nig ria. O sexto Fórum Económico entre Angola e Alemanha analisa as garan as de risco e as condições de nanciamento para Angola, as oportunidades de negócios e a cooperação bilateral nos sectores da energia, agricultura, infra -estruturas e saúde, a industrialização de Angola e a cooperação com a Associação Indus-trial de Angola.

FILDA

A Feira Internacional de Luanda está aberta com centenas de expositores vindos de diver-sas partes do mundo e decorre sob o lema Dinamismo, Cria vidade, Compet ncia na Produ-ção Nacional: um pressuposto para a diversi cação e industrialização da economia angolana e um desa o para a juventude empreendedora . No discurso de abertura da Feira Internacional de Luanda, o ministro da Economia disse que a exploração racional dos recursos pode ser de grande importância para nanciar os volumosos e con nuados inves mentos públicos para recuperar e ampliar as infra -estruturas, medida essencial para facilitar as transacções econó-micas .

Presidente da AEL

A diversi cação só ú l se for compe va e sustentada naquilo que são as reais necessi-dades do pa s, disse o presidente da Associação Empresarial de Luanda. Francisco Viana, que falava no Luanda Investment Forum , realizado na 32.a FILDA, sublinhou que para haver di-versi cação necessário que haja capacitação das associações empresariais . O presidente da Associação Empresarial de Luanda considerou o Luanda Investment Forum um evento im-portante para a canalização de inves mentos aos munic pios da capital do pa s. Es vemos a fazer uma abordagem das oportunidades de negócios que existem nos munic pios de Angola. O nosso lema que a produção deve fazer -se nos munic pios. A ser assim, cada munic pio deve basear a sua produção em função das suas potencialidades , realçou. O Luanda Investment Forum permi u que empresários de vários ramos e administrações municipais analisassem as grandes oportunidades de inves mento que a capital oferece.

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No âmbito da diversi cação da economia, Angola espera contar com o inves mento corea-no, seja directo de empresas, seja em termos de parcerias, privilegiando a grande capacidade tecnológica que o pa s asiá co tem nos dom nios da electrónica, construção de automóveis e de navios. Este pronunciamento da secretária de Estado para a Cooperação, ngela Bragança, no m de um encontro man do com uma delegação asiá ca, em Luanda, encabeçada pelo pre-sidente do Grupo de Amizade Coreia/Angola da Assembleia Nacional da Coreia do Sul, Lee Hag Jae. De acordo com a responsável, Angola e a Coreia t m cooperação no dom nio das pescas, petróleos, construção naval, havendo no pa s um grande número de empresas coreanas. Nós pensamos que temos muito a ganhar com esta cooperação e está em perspec va a realização da Terceira Reunião da Comissão Bilateral e nesse âmbito nós iremos analisar como olhar o futuro , frisou.

Banco Mundial

Angola e o Banco Mundial preparam ao pormenor uma nova parceria para a execução de um projecto no dom nio da agricultura comercial, no âmbito do programa da diversi cação da economia em curso no pa s, anunciou a directora para Angola da ins tuição nanceira inter-nacional. Elisabeth Huybens, que falava no nal da visita de trabalho de dois dias a Malanje, disse que decorre o diálogo sobre as reformas para promoção, aumento da compe vidade, melhoramento da prestação de serviços e fortalecimento da governação sectorial das inicia-

vas regionais e globais que envolve o pa s. A nova directora para Angola do Banco Mundial manifestou vontade de ajudar a diversi cação da economia nacional, estamos numa fase de iden cação das poss veis áreas de intervenção e na captação de experi ncias do sistema de produção local, ao mesmo tempo que con nuamos a estudar mecanismos para poss veis nan-ciamentos principalmente se for encontrado um modelo que visa apoiar as empresas privadas de m dio porte e os pequenos produtores , disse Elisabeth Huybens.

BDA

O Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) promove em Luanda um fórum para o inter-câmbio entre empresários nacionais, para debater ideias sobre o processo de diversi cação da economia, anunciou em comunicado a ins tuição bancária. O Banco de Desenvolvimento de Angola prev , com a realização do fórum, iden car os desa os e soluções para o desenvol-vimento da ac vidade económica produ va e criar uma plataforma de intercâmbio e troca de experi ncias entre empresas do sector não -petrol fero, abrangendo os dom nios da agricultura, indústria e com rcio. Par cipam no encontro os empreendedores que ob veram sucesso na implementação e gestão dos seus inves mentos e promotores com mais di culdades de exe-cução, refere o comunicado. Mais de vinte empresas nacionais vão expor os seus produtos no fórum, com o propósito de impulsionarem parcerias para o desenvolvimento económico e a par lha de experi ncias.

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A potenciação das receitas locais a gura -se como um pressuposto indispensável à acele-ração do processo de diversi cação da economia nacional, a rmou em Ndalatando, prov ncia do Kwanza -Norte, o governador Henrique Andr Júnior. O governador fez estas considerações no seu discurso de abertura da II reunião ordinária do Conselho de Auscultação e Concerta-ção Social do Kwanza -Norte. Na ocasião, o governador sublinhou que o aproveitamento do potencial dos recursos naturais e produ vos da prov ncia pode desencadear efeitos posi vos e relevantes sobre algumas variáveis económicas e sociais, reduzindo, deste modo, a forte depen-d ncia da economia quer local, quer nacional das receitas petrol feras. Entre as potencialidades produ vas locais capazes de gerarem efeitos mul plicadores sobre a economia da região, Hen-rique Júnior destacou a construção do aproveitamento hidroel ctrico de Laúca e a reabilitação da barragem de Cambambe, o Centro Nacional de Larvicultura da lápia, na comuna de Mas-sangano, o projecto agro -pecuário do Planalto de Camabatela, entre outros. Acrescentou que a prov ncia pode ainda contar com os bene cios do projecto irrigado do Mucoso, a reabilitação e modernização da fábrica de t xteis (ex -Satec) no Dondo, o projecto mineiro e siderúrgico de ferro e mangan s de Kassala -Kitungo, em Cambambe, bem como dos pólos industriais do Lucala e Massangano. Esclareceu que muitos desses projectos, na sua maioria em curso, podem contribuir para o aproveitamento integrado das potencialidades locais na agricultura, pecuária, exploração orestal e pesca.

Ministro da Agricultura

Na abertura da grande Feira Agro -Pecuária da Hu la e da Feira do Cavalo, inseridas nas Fes-tas da Nossa Senhora do Monte e nos 40 anos da Independ ncia Nacional, os ministros da Agri-cultura e da Economia rea rmaram o compromisso com a diversi cação económica. O ministro da Agricultura, Afonso Pedro Canga, anunciou no Lubango a criação pelo Estado de uma nova linha de cr dito espec ca para apoiar os projectos de inves mento do sector agro -pecuário. Afonso Pedro Canga disse que a linha de cr dito consta da estrat gia de diversi cação da eco-nomia que prev a criação de oportunidades de negócios e facilidades de nanciamento para os empresários do sector. O ministro rea rmou o empenho e a determinação do Execu vo em con nuar a apoiar o sector agro -pecuário para o aumento da produção nacional e diminuição da depend ncia de produtos importados. Uma das decisões do tular do poder execu vo foi aprovar a linha de cr dito para o sector agro -pecuário que está à disposição dos empresários do ramo, a quem compete primar pela organização, preparação e apresentação de projectos de inves mentos viáveis . O ministro da Agricultura anunciou tamb m que o Governo está a trabalhar para criar condições de seguro agr cola, com o objec vo de acomodar o risco inerente aos inves mentos no sector agro -pecuário e acrescentou que estão igualmente em curso medi-das de facilitação do cr dito que privilegie a importação de mat rias -primas e outros produtos necessários à revitalização e diversi cação da produção interna.

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Banco Mundial

O ministro das Finanças e o governador do Banco Nacional de Angola (BNA) ob veram em Lima, Peru, onde estão desde domingo, uma manifestação de interesse do Banco Mundial (BM) ajudar Angola a acelerar a diversi cação da economia. O Minist rio das Finanças, que concluiu uma negociação para obter 500 milhões de dólares do Banco Mundial em Setembro, negoceia agora os termos de uma garan a para mobilizar empr s mos comerciais na banca estrangeira. Num encontro com a vice -presidente do Banco Mundial para a Tesouraria, Arrumna Oteh, o ministro das Finanças, Armando Manuel, e o governador do BNA, Jos Pedro de Morais, que par cipam em Lima na reunião anual do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), prestaram informações sobre a evolução da economia angolana depois da queda dos preços do petróleo. As discussões envolveram temas como as opções de pol ca scal, mo-netária e cambial em curso para mi gar os efeitos decorrentes da baixa do preço do petróleo. Armando Manuel, que falou da estrat gia de nanciamento em curso, salientou o acesso a fun-dos externos e a captação de outros no mercado dom s co mediante a emissão de obrigações do tesouro em divisas, um instrumento complementar à perspec va de emissão futura dos

tulos de divida soberana no mercado internacional. Arrumna Oteh anunciou projectos con-juntos, par cularmente com os pa ses exportadores de petróleo e de outras mat rias -primas cujos preços estão em queda e que t m impacto directo nas metas de crescimento económico. A responsável do Banco Mundial manifestou o interesse da organização em apoiar a acele-ração da diversi cação económica angolana e a disponibilidade da formação de quadros do BNA em gestão das Reservas Internacionais L quidas e do Minist rio das Finanças nas melhores prá cas de condução de uma estrat gia de gestão da d vida soberana.

FMI

O Fundo Monetário Internacional (FMI) aprova as reformas estruturais em curso no pa s que visam a diversi cação da economia e tornar o mercado nacional mais compe vo a n vel da África Subsariana, disse em Benguela o representante permanente da ins tuição em Angola. Max Alier falava no t rmino da visita de tr s dias à prov ncia de Benguela, onde veri-

cou a realidade social e económica da região, no âmbito do programa de assist ncia t cnica dessa ins tuição nanceira às pol cas económicas do Execu vo angolano. No actual contexto marcado por uma quebra de receitas petrol feras, importante manter os esforços e as refor-mas que visam melhorar a compe vidade do pa s e que, sobretudo, consigam diversi car a economia, disse Max Alier. O representante permanente do FMI em Angola entende que o actual contexto da economia angolana representa uma oportunidade para a diversi cação da economia e, desta forma, concre zar objec vos fundamentais, entre os quais a redução da depend ncia do petróleo com a aposta forte no sector produ vo. Max Alier apelou a Angola para apostar mais na agricultura com vista a a ngir a auto -su ci ncia alimentar e diminuir o volume de importações de bens alimentares. Para isso, deve aproveitar esse per odo de desa-celeração no crescimento para potenciar a economia e torná -la mais compe va , sugeriu.

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

A crise não para importar produtos agr colas, mas sim para produzi -los , ressaltou Max Alier. Na avaliação do FMI, na África Subsariana, vários são os pa ses que estão a sen r o efeito

nega vo da acentuada queda dos preços das suas principais exportações de mat ria -prima, com destaque para Nig ria e Angola, os maiores produtores de petróleo, que t m um peso signi ca vo no PIB da região .

MAPTSS

A aposta na produção nacional pode minorar o impacto do desequil brio nanceiro que Angola enfrenta em consequ ncia da baixa do preço do petróleo, declarou ontem, em Luanda, o representante do Minist rio da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS). Samora Kitumba, que abordou o tema Perspec vas do Orçamento Geral do Estado, (OGE) para 2016 , no Fórum Angolano de Jovens Empreendedores sob o lema a Austeridade e Compe -vidade aos jovens para encontrarem negócios para a manutenção da estabilidade económica. O cenário económico para o ano de 2016 vai manter -se volá l, na medida em que o preço do

barril de petróleo se manteve em baixa durante o ano de 2015 , explicou Samora Kitumba, que acrescentou: Por esta razão, Angola deve optar por produzir produtos locais, porque tudo que

importado tem custos maiores em relação ao pagamento das taxas. Para 2016 vai optar -se pela redução do n vel de importação, produzir local, produtos essenciais para a cesta básica , apostar na formação, na inclusão dos jovens.

A ministra da Indústria, Bernarda Mar ns, apelou em Viena de Áustria aos potenciais in-ves dores a juntarem -se aos esforços do Governo angolano no processo de diversi cação da economia, por via do inves mento privado. Segundo a governante, que discursava na 16.a Ses-são Ordinária da Confer ncia Geral da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (ONUDI), o quadro jur dico -legal vigente em Angola facilitador ao inves mento pri-vado, sobretudo na área do agro -negócio.

No discurso de Fim de Ano 2015 pronunciado a 18 de Dezembro o Presidente da República referiu ... apesar de o pa s estar a atravessar di culdades que decorrem de uma conjuntura internacional adversa, que exigem soluções cria vas e e cazes para serem superadas. Há que acreditar num futuro melhor. Os angolanos podem extrair tudo o que precisam do solo ou do subsolo do nosso pa s. Falámos durante muito tempo na diversi cação da economia, mas ze-mos muito pouco, mesmo assim vale mais começar tarde do que nunca começar .

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CEIC / UCAN

Desde 2010 que o CEIC, em colaboração com o CMI, vem estudando o processo da diversi-cação da economia do pa s. A primeira fase do projecto sobre a diversi cação concluiu, entre

outros, o seguinte:

• Os pa ses ricos em recursos e com pouca responsabilidade pol ca t m di culdade em transformar os recursos em desenvolvimento, e são suscep veis de concentrar a riqueza em vez de redistribu -la.

• A diversi cação tem o potencial de minimizar os efeitos da doença holandesa ou maldi-ção dos recursos naturais , par cularmente atrav s do reforço da responsabilização pol -ca que se consegue com uma maior e melhor distribuição do poder económico.

• Por tal razão, a elite pol ca pode resis r aos esforços de diversi cação, uma vez que mina a sua hegemonia pol ca.

• Possivelmente como re exo deste receio, os esforços de diversi cação em Angola t m sido limitados.

A pesquisa levanta a questão do papel que a pol ca industrial pode desempenhar para a diversi cação de uma economia altamente concentrada. Que pol cas industriais devem ser tomadas num pa s como Angola, de modo a que sejam economicamente e cazes e poli ca-mente viáveis?

As pol cas industriais podem ser gerais, sectoriais, geogra camente concentradas ou dis-persas. Dentro de cada uma destas categorias, há uma grande variedade de opções pol cas, que vão desde a aplicação de impostos e subs dios, atrav s de reformas regulamentares e a criação de infra -estruturas, acesso ao capital nanceiro e humano, ou a intervenções espec -cas tais como a criação de pólos industriais.

Questão importante e relacionada o papel que as pol cas scais podem desempenhar no processo de diversi cação. Desde 2011 as autoridades angolanas t m vindo a implementar uma reforma scal não petrol fera ambiciosa. Devido a esta reforma, várias áreas do regime

scal angolano, com relevância directa para a diversi cação, estão a passar por mudanças ra-dicais. Tal inclui o uso de incen vos scais para atrair inves dores para sectores prioritários e a protecção dos produtores nacionais, ao se imporem direitos aduaneiros mais elevados em certos produtos.

Tanto a pol ca industrial como a scal t m um conjunto próprio de lógicas económicas e de restrições pol cas que necessitam de serem analisadas para determinar a sua adequação ao contexto angolano.

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Assim, a segunda fase do projecto sobre a diversi cação irá analisar esses problemas, tendo em conta, entre outras, as seguintes questões de pesquisa:

• Como a pol ca industrial, as zonas de processamento de exportações e os pólos indus-triais120, em especial, podem contribuir para o processo da diversi cação num pa s como Angola?

• Como as pol cas scais podem apoiar os esforços de diversi cação e como a reforma scal em curso, que resultou na criação da Administração Geral Tributária (AGT), concre-

tamente apoia o processo da diversi cação da economia nacional?

Do ponto de vista económico, há uma s rie de restrições convencionais que di cultam a diversi cação, tais como as fracas infra -estruturas, a falta de um mercado e ciente e de capital humano, os altos custos de fazer negócios, a falta de inovação e a valorização da moeda. Boa parte destas restrições veri ca -se na economia angolana, como se pode constatar no Doin

usiness do Banco Mundial.

Cada uma das restrições pode, em princ pio, ser resolvida por meio de intervenções gerais ou mais espec cas. Deste modo cabe ao Execu vo implementar pol cas que visem o melho-ramento do ambiente de fazer negócios, pois somente assim poderá atrair mais inves dores nacionais e estrangeiros para inves rem no sector não petrol fero.

Os principais resultados de pesquisa desta segunda fase do projecto serão publicados nas edições futuras do Relatório Económico, à semelhança do que ocorreu na primeira fase121.

120 es e o e o de a o do o dados do s o da d s a o e o e e de a a e a o a os d s a s es a ados o odas as o as 121 s es ados da es sa so e a e s a o da o o a o a a da e a ase do o-e o - o a ados o e e e e e se a ado

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CEIC / UCAN

6. ANÁLISE DA COMPETITIVIDADE DA ECONOMIA ANGOLANA NUM CENÁRIO DE ADESÃO À ZONA DE LIVRE COMÉRCIO DA SADC EM 2017

Se 2017 já depois de amanhã, as medidas de apoio ao empresariado privado angolano não terão tempo de sur r os efeitos esperados no sen do do reforço da sua capacidade de compe vidade. A pol ca económica actual proteccionista – uma visão curta do processo de diversi cação da economia – e, portanto, no m deste processo e se realmente Angola en m aderir à ZLC da SADC, a economia vai car com mais distorções do que aquelas que já existem, as condições de vida da população estarão diminu das pela transfer ncia de parte do seu exce-dente para os produtores, e estes bene ciarão de uma mais -valia signi ca va (distorções a favor dos empresários ine cientes, par lha do excedente do consumidor, eventualmente parte das receitas alfandegárias em forma de subs dios e apoios diversos) sem que para isso tenham trabalhado.

Para al m de apresentar o segundo maior ndice de concentração das exportações do mun-do122 – calculado na base da metodologia de Her ndahl –, Angola igualmente uma das econo-mias mais protegidas do mundo (a protecção nominal aumentou com o agravamento das tari-fas aduaneiras sobre as importações e a protecção efec va igualmente se elevou, a despeito de algumas mat rias -primas e interm dias terem sido desagravadas123). A sua integração plena na economia -mundo e na Zona de Livre Com rcio da SADC tem sido atrasada, na convicção de que mais tempo e mais protecção são necessários para ganhar compe vidade e conquistar -se o mercado internacional. É uma estrat gia discu vel, não apenas à luz da Teoria Económica, mas igualmente dentro das experi ncias exitosas de diversi cação e ganhos de compe vidade.

Por vezes parece que os receios das autoridades e empresários angolanos de abertura da economia nacional se circunscrevem aos pa ses -membros da SADC, perante os quais, e numa situação de Zona de Livre Com rcio plena, as barreiras alfandegárias terão de ser desmanteladas.

122 s e ado e o do a e se do as s a s as do o o e o da 123 s da as a s e e a es assa e a a e a o da a a a de o a o de a a se do es a a e a e a de ase od os do o a dos od os s os e e os desa a a e os a as es de a s od os o o o e o de de e de a od o a o-a e o de e - a o a a a adas as a as de od os o o as de esa e ase adas e das a o as o os e es a es as a a as de d o e e a o as a as de a as a as - as as e e a e os o a desa a adas

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Mas que pa ses da SADC representam, verdadeiramente, uma ameaça? É consabido que do ponto de vista económico a SADC um espaço muito heterog neo, d spar, infra -estruturalmente desestruturado124 e com n veis de vida desproporcionalmente desiguais125. Nem todas as suas economias estão bem e nem sequer com um caminho para o futuro que aponte para a sua sustentabilidade.

A grande ameaça para Angola prov m do mercado internacional, ou, numa perspec va mais larga e abrangente, da globalização. Neste contexto apenas o petróleo compe vo. No entanto, apesar de o pa s ser membro de pleno direito da Organização Mundial do Com rcio, pode ir postergando a abertura da economia ao exterior. Mas para com a SADC vai ter de acontecer, não havendo alterna va que não seja abandonar a organização, muito mau para as pretensões de Angola, a pot ncia económica regional.

É verdade que 27 anos de guerra civil prejudicaram a economia e as suas bases de susten-tação e não propiciaram o aparecimento e subsequente aproveitamento de oportunidades de refundação do modelo económico colonial. Mas igualmente verdade que o sistema socialista implantado (será que se tratou mesmo disso ou de uma forma atrav s da qual se lançaram as bases para o aparecimento da corrupção e a generalização do trá co de in u ncias, hoje uma aut n ca ins tuição nacional?) matou todas as formas de inicia va privada e contribuiu para o atro amento/desaparecimento das ac vidades reguladas pela economia de mercado. O pa s entrou na era pós -independ ncia sem empresariado privado, impedido de o ser e se desenvolver por opção doutrinária/ideológica do MPLA e sem exist ncia de facto at 1975 por imposição das autoridades coloniais (a industrialização de Angola nessa altura fez -se à custa de empresários portugueses e capitais lusitanos). Por herança colonial e por opção ideológica o empresariado privado em Angola fez uma travessia de deserto excessivamente longa no tempo, não sendo ainda hoje capaz de liderar, autónoma e independentemente, o processo de susten-tabilização do crescimento económico. Titubeantemente vai par cipando com um for ssimo apoio do Estado, directo e indirecto. Num contexto de economia aberta no espaço regional e de observância de rigorosas regras de concorr ncia, as ajudas estatais t m de se conter em limites pr -de nidos e sujeitar -se a discussões sobre a sua e ci ncia geral para a economia regional.

Anunciado o adiamento de adesão em 2014, de 2015 para 2017, a economia empresarial privada angolana já está em condições de dispensar as medidas de protecção, apoio e facilita-ção de que desfruta?

124 e a o do o In Report of the Executive Secretary – Activity Report of the SADC Secretariat 2011/2012, s o a des e a o o a ado o e e o a as e e e o e as-e a125 es o e a o do e e a ado da ao e e -se ao dese o e o a o da e o a e as des a a do e os e o a e a o ados e a o ados e o dados es a s os o e os e essa do e a o des a a -se SADC Regional Quali ications Frame ork SADC Labour Market Information System Frame ork for Sexually Transmitted Infections e Gender Mainstreaming Strategy Guidelines for the Communicable Diseases

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CEIC / UCAN

E tem de se estar preparado para se lidar com perdas pontuais de compe vidade que acontecem durante o longo e permanente percurso da diversi cação económica – e dos seus colaterais, como as receitas scais – havendo que actuar em conformidade e atempadamente. O caso brasileiro apresenta actualmente, com a quebra acentuada do seu ritmo de crescimento económico e a desregulação da ac vidade nanceira do Estado, sinais evidentes de perdas de compe vidade em sectores de exportação relevantes na sua balança comercial e at há pouco tempo campeões de receitas. Ainda que o comportamento do dólar esteja a ser favorável ao incremento das vendas ao exterior, estes ganhos nominais de compe vidade podem ser insu-

cientes para manter a rota de crescimento sustentado das exportações.

As eleições britânicas de 7 de Maio de 2015 e a estrondosa vitória do par do Conservador acabam de relançar o debate da perman ncia do Reino Unido na União Europeia. A expressiva maioria (a nal uma maioria absoluta para se governar só e aplicar as pol cas económicas e sociais referendadas pelos eleitores) tamb m um sinal de que os cidadãos querem mesmo que o referendo sobre a con nuação do pa s na Europa se realize. O Par do Conservador desde há muito que ameaça deixar a União Europeia, porque considera que o seu pa s paga mais do que recebe da Europa. A negociação com as ins tuições de Bruxelas vão centrar -se na obten-ção de mais vantagens para as Ilhas Britânicas, sem que os seus dirigentes abdiquem de alguns aspectos importantes para si, como a limitação à emigração (outra leitura pode ser a restrição à livre circulação de pessoas), a redução das contribuições orçamentais, a recuperação, ainda que parcial, de alguns instrumentos de pol ca monetária e a livre circulação de capitais (a ity de Londres a maior praça nanceira da Europa e uma das maiores do mundo). Ou seja, o Reino Unido quer manter as vantagens de uma Zona de Livre Com rcio com os restantes pa ses europeus e livrar -se da Pauta Aduaneira Comum que impede o pa s de tornar mais e cientes e compe vas as suas relações comerciais com pa ses não inclu dos na Zona Euro ou mesmo na União Europeia. A Teoria da Integração Económica e a do Com rcio Internacional reconhecem vantagens relevantes às Zonas de Livre Com rcio ao considerá -las como óp mo de segundo grau do livre -cambismo. Pode estar no horizonte a construção de uma Nova Europa Económica atrav s da coexist ncia de uma Zona de Livre Com rcio (todos os pa ses con nentais com o Reino Unido) e uma União Económica entre os pa ses con nentais. Para a Grã -Bretanha a maxi-mização dos bene cios passa por estar apenas na Zona de Livre Com rcio e u lizar a sua pauta aduaneira, que passará a ser própria, para refundar as suas relações comerciais com pa ses não europeus e da re rar um conjunto mais relevante de bene cios. Vantagens desta opção: manutenção dos instrumentos monetários, cambiais e orçamentais sob a soberania nacional, preservação da moeda nacional, livre u lização dos instrumentos aduaneiros perante pa ses terceiros e maior consist ncia das pol cas internas voltadas para o desenvolvimento.

As ins tuições da SADC e os pa ses e Governos que dela fazem parte t m, com a crise da Zona Euro, muita mat ria para re exão. Talvez seja aconselhável rever a velocidade com que se querem a ngir as fases seguintes, e em especial a da criação de uma moeda única sadciana, à imagem da África do Sul e do poder económico do rand. Talvez re ec r muito profunda-

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mente sobre a consolidação duma SADC das Nações e dos Estados, antes de se entregarem às ins tuições comunitárias instrumentos de soberania e de estrat gia das pol cas económicas. Talvez analisar com crit rio e rigor o estado das actuais assimetrias económicas e sociais entre os pa ses e a sua natureza, deduzindo pol cas nacionais e conjuntas capazes de as reduzir. Talvez prolongar a actual fase de Zona de Livre Com rcio em que se encontra a maior parte dos pa ses, de modo a permi r uma converg ncia real das suas economias, porque só assim os be-ne cios de um mercado mais alargado poderão ser equita vamente distribu dos (este parece ser de momento um dos aspectos mais cri cáveis do modelo europeu: a sua incapacidade de distribuir mais equita vamente os bene cios da integração). A diferença entre o rendimento por habitante das Maur cias e da RDC de 12 vezes, sendo, portanto, irrealista pensar -se que o livre com rcio de per se seja equidistantemente ben co para os dois pa ses. Talvez dar mais tempo para que as diferentes democracias nacionais se fortaleçam e sejam geradas ins tuições de representa vidade e de par cipação efec va dos cidadãos na discussão da criação de um projecto colec vo e com in u ncia nas suas vidas e das gerações vindouras. Talvez xarem -se metas de converg ncia nominal mais ajustadas à situação efec va das diferentes economias, do que copiá -las pura e simplesmente dos crit rios europeus, que de resto, como sublinhado acima, são uma das causas das dúvidas sobre se vale a pena prosseguir com o projecto de uma Europa de progresso igual para os seus povos. Talvez aprender muito mais com a experi ncia europeia, em todas as suas vertentes, de modo a evitarem -se os mesmos erros.

6.2 Metodologia

Esta uma análise baseada nas úl mas es ma vas e previsões de crescimento do Fundo Monetário Internacional ver das no Re ional Economic Outlook – ub - aharan frica, de Abril de 2015, anexo esta s co, páginas 84 -100. Esta a principal publicação esta s ca u lizada, devido à con ança nos dados e à possibilidade de comparação dos mesmos entre os pa ses (condição essencial para a pesquisa). Por m, foram, igualmente, usadas outras enquanto fontes complementares, como as esta s cas do com rcio externo da UNCTAD.

Países: foram considerados todos os pa ses da SADC (independentemente de integrarem a actual Zona de Livre Com rcio). Teria sido interessante incluir neste estudo outros pa ses africanos como Nig ria, Gana e Qu nia. Mas tal não foi efectuado, dado que o objec vo o de iden car como está a capacidade de compe r de Angola face aos seus parceiros comunitários. Consequentemente, não foram inclu dos e serão considerados numa poss vel extensão desta pesquisa aos pa ses da África Subsariana.

Período: 2004/2008 (m dia) at 2016. As m dias t m o m rito de destacar tend ncias, sempre úteis nas análises de longo prazo. As m dias con das neste trabalho são geom tricas, que atenuam a excessiva in u ncia dos termos extremos das s ries esta s cas.

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: taxa de crescimento do PIB, PIB petrol fero e PIB não petrol fero (neste caso a comparação entre os pa ses pode mostrar que há pa ses onde a eco-nomia não mineral está mais avançada), taxa real de crescimento do PIB por habitante (relacio-nada com as diferenças entre as condições de vida no espaço regional), taxa de inves mento (inves mento total/PIB), que mede a capacidade de criação de produto potencial para o cresci-mento futuro (Angola desde 2004 at 2016 inves u e con nuará a inves r cerca de metade da m dia da SADC, o que, por si só, signi ca que a diverg ncia real entre Angola e o espaço regio-nal se tem agravado e vai con nuar a agravar -se), taxa de poupança, taxa de in ação (visão da compe vidade pelos preços), concentração e diversi cação das exportações, taxa de câmbio real efec va, coe ciente de abertura das economias, PIB por habitante em PPC, preços de 2011, Índice de Desenvolvimento Humano.

(ZLC) da SADC

De acordo com o Banco Mundial, provável que o crescimento económico na África Sub-sariana abrande at 2017, podendo a variação m dia anual do seu PIB situar -se em 4 , depois de performances notáveis entre 2002 -2008 de 6,4 ao ano126. Este decl nio re ecte a queda dos preços do petróleo e de outras mat rias -primas (agr colas e minerais, de que a África Sub-sariana imensamente rica). Excluindo a África do Sul, a m dia para os restantes pa ses poderá

car em 4,2 .

A agricultura e os serviços t m sido os motores do crescimento das economias denomina-das non -oil countries , enquanto nos outros pa ses o recente crash dos preços do petróleo condicionou o seu crescimento.

A África Subsariana um exportador l quido de mat rias -primas e produtos de base, dos quais o petróleo o mais valioso. São oito os grandes pa ses africanos subsarianos exporta-dores de petróleo, e as exportações deste produto representam uma m dia de mais de 90 do total das exportações do grupo. Esta percentagem equivale a mais de 30 do PIB conjunto das economias subsarianas exportadoras de petróleo, traduzindo uma depend ncia nefasta e perversa.

A presente crise económica da África Subsariana não se con na à quebra do preço do cru-de, estendendo -se à maior parte das mat rias -primas. Mas o facto mais relevante, segundo o

frica s Pulse, a elevada correlação entre o petróleo e as restantes mat rias -primas e produ-tos de base, o que pode desencadear efeitos de contágio importantes entre si (diminuição do preço num deles repercute -se nos restantes) e, consequentemente, sobre os termos de troca das economias desta parte do con nente africano. O Banco Mundial es ma que os 36 pa ses

126 o d a Africa’s Pulse, de

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africanos em que se prev uma maior deterioração dos termos de troca, representam 80 da população e 70 da ac vidade económica da região 127.

Os uxos de inves mento directo estrangeiro foram modestos em 2014, como resultado da diminuição do crescimento económico e do decr scimo dos preços das mat rias -primas e pro-dutos de base, e o recurso aos mercados nanceiros internacionais acentuou -se como forma de compensar a redução das receitas de exportação e dos r ditos scais. Ainda que a d vida pública possa aumentar, os rácios em relação ao PIB con nuam estrategicamente administrá-veis a m dio prazo.

Muitos pa ses africanos subsarianos bene ciaram de um super -ciclo dos preços das com-modi es, o que, naturalmente, contribuiu para o crescimento económico desta sub -região afri-cana. Esta benesse do mercado internacional parece ter chegado ao m e agora terão de ser encontrados outros drivers que garantam a subida sistemá ca do PIB, como o consumo privado dom s co128, a e ci ncia do consumo público (incremento selec vo e com garan as de retor-nos sociais e económicos a m dio prazo de algumas despesas públicas) e o inves mento pri-vado, nacional e estrangeiro. A diversi cação das economias – a África do Sul uma economia numa fase bem adiantada de diversi cação da sua economia, a Nig ria iniciou este ciclo de transformações estruturais há mais de 7 anos (centrado, sobretudo, no sector de serviços), a Costa do Mar m diminuiu bastante a sua depend ncia do cacau, as Maur cias possuem uma

leira t x l super -compe va na SADC, mas os exemplos não abundam – a grande reforma estrutural que falta fazer, para se dar profundidade, consist ncia e sustentabilidade às reformas macroeconómicas exitosas e ao surgimento de uma classe empresarial africana ávida de trans-formar as economias do con nente129. Veri ca -se, no entanto, que não foram feitas as reformas essenciais durante o per odo do boom do crescimento e dos termos de troca. A qualidade das pol cas e das ins tuições con nua cr ca.

No contexto da SADC, Angola o caso mais nega vo, estando -se, neste momento de dete-rioração forte dos seus termos de troca, numa encruzilhada que poderia estar atenuada se a diversi cação vesse merecido uma prioridade real e superior à da acumulação primi va de capital. A diversi cação teria democra zado esta opção doutrinária de quem governa o pa s,

127 o d a Africa’s Pulse de 128 de e e e de o de es es e os ados e as e e adas a as de o e a e e a e o e a o a es e aso o da o a o a e do e os de d a es o d a o o o a129 The effects of the recent global economic crisis have demonstrated that no economy is immune from such events. A central element in this risk -management paradigm is the need for greater economic diversi ication, hich not only reduces the impact of external events but fosters more robust, resilient gro th over the long -term. This diversi ication goes beyond the common de inition. It is diversi ica-tion across other dimensions including trade pro ile, concentration of human capital sources and use of investment capital, savings and consumption patterns, enterprise base and other parameters Report of the Executive Secretary – Activity Report of the SADC Secretariat 2011/2012

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em vez de a con nar a uma pequena elite pol ca, económica, militar e familiar. O resultado, mais à frente destacado, tem sido a progressão do ndice de concentração das exportações e a grande vulnerabilidade da economia a choques externos.

O Relatório sobre a ompe vidade em África 201 -201 do Banco Mundial apresenta, para o nosso pa s, uma estrutura económica ainda muito desequilibrada: agricultura, pecuária, pescas e orestas com 10 do PIB, a indústria transformadora com 6 , a indústria mineral (pe-tróleo, diamantes e outros) com 54 e os serviços com 30 . Melhores e mais industrializados do que Angola: Camarões, Costa do Mar m, Qu nia, Lesoto, Maur cias, Moçambique, África do Sul, Tanzânia, para citar apenas alguns. Curiosamente, todos os pa ses africanos subsarianos produtores de petróleo, incluindo a Nig ria, apresentam um peso rela vo da manufactura da ordem dos 4 a 6 . Ou seja, sectores industriais de nhados pelas perversidades da economia petrol fera.

AS 18 MAIORES ECONOMIAS AFRICANAS

Africa Report a o d a de Entre as 18 maiores economias africanas em 2014, 5 pertencem à SADC e Angola a quinta

maior de África. A Nig ria, graças à actualização do ano de base de cálculo dos agregados das Contas Nacionais em 2014, passou a ser a maior economia africana em dimensão económica130.

A tabela seguinte131 – que relaciona o impacto dos Termos de Troca (TdT) do petróleo com o impacto dos TdT das outras commodi es – agrupa os pa ses subsarianos consoante a sua vul-nerabilidade e resili ncia a choques externos.

130 e es da o a o e de a a a es a s a a a assa a se a a o e o o-a a a a in e a o Expansão, de o de 131 o d a Africa’s Pulse de a

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CLASSIFICAÇÃO DOS PAÍSES SUBSARIANOS PELO IMPACTO DO DECLÍNIO DOS PREÇOS DAS COMMODITIES SOBRE OS TERMOS DE TROCA AGREGADOS

Mais resistentes

Angola Benim Madagáscar Botswana

Camarões Burkina Faso Malawi Eritreia

Chade Burundi Mali Qu nia

RDC Cabo Verde Maur cias Lesoto

Congo RCA Ruanda Moçambique

Guin Equatorial Comores Seychelles Nam bia

Gabão Costa do Mar m Swazilândia N ger

Guin E ópia Tanzânia S. Tom e Pr ncipe

Lib ria Gâmbia Togo Senegal

Mauritânia Gana Uganda Somália

Nig ria Guin -Bissau Zimbabwe África do Sul

Serra Leoa Zâmbia

Sudão do Sul

Sudão a o d a Africa’s Pulse de

Determinados fenómenos extra -económicos contribuem, igualmente, para que as previ-sões do crescimento económico na África Subsariana não sejam mais op mistas. Instabilidade militar em alguns pa ses (Nig ria, Mali, Burundi, Somália e mesmo a República Democrá ca do Congo), ainda a incid ncia do bola e as suas consequ ncias económicas e sociais, a seca (para al m dos pa ses do Sahel, cronicamente afectados por este fenómeno, estão a África do Sul (que produz cerca de 40 do milho de toda a região da SADC), Angola, Nam bia, Botswana, Le-soto, Malawi, Madagáscar e o Zimbabwe132. Segundo a FAO, este úl mo pa s pode estar mesmo à beira de um colapso alimentar, causado por uma iminente perda generalizada das colheitas. Em Angola, são as prov ncias do Namibe, da Hu la, do Cunene, do Kuanza -Sul, de Benguela e do Kuando -Kubango as mais afectadas pela seca da presente poca agr cola.

A SADC um espaço regional com mais de 293 milhões de habitantes (dados para 2014, mas não corrigidos pelos resultados do Censo Populacional de Angola) e um Produto Interno Bruto total de 1177,9 biliões de dólares (preços de 2011).

132 Africa Monitor de a o de

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CEIC / UCAN

OS GRANDES ESPAÇOS POPULACIONAIS DA SADC

Human Development Report As maiores economias (em termos de valor do PIB) desta região são África do Sul e Angola,

se bem que a Zâmbia e a Tanzânia estejam a ganhar dimensão neste atributo.

PRODUTO INTERNO BRUTO

Human Development Report As diferenças entre Angola e África do Sul são signi ca vas, ainda que se tratem de eco-

nomias em estádios muito diferentes de organização, gestão e funcionamento (a África do Sul possui um acervo e uma estrutura cien ca e tecnológica comparável à do primeiro mundo e não existente na maior parte da África Subsariana)133. A África do Sul, entre 2012 e 2014, acresceu o seu PIB nominal em 3,7 , enquanto Angola, no mesmo per odo, o fez a um ritmo

133 s d e e as e e as d as e o o as s o a o es e a dade do ode de o a e a e os de do e as e e das a e as sa do o o e e o e e o o da a e a -dade do ode de o a e a e os de e se do a es a o e es a s a o de es de d a es e

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

3 vezes superior (11,3 ). Se nada mais acontecer, se os modelos actuais se man verem e se forem apenas os mecanismos de mercado a determinar os ritmos de crescimento, só em 2035 Angola alcançaria o n vel do PIB da África do Sul (cerca de 20 anos). Mas nem cr vel que o PIB nominal de Angola cresça sistema camente 11,3 ao ano durante pra camente uma geração (tal como tem acontecido em termos reais, a velocidade de crescimento diminuiu considera-velmente depois de 2008), nem sequer admiss vel que a segunda maior economia africana não aproveite da melhor maneira esse facto e maximize a criação de com rcio que a seu favor a integração tem proporcionado.

Estrutura do PIB em %

2012 2013 2014 2012 2013 2014

Angola 152,9 163,3 170,2 13,9 14,3 14,4

Botswana 28,9 30,6 32,1 2,6 2,7 2,7

Lesotho 4,9 5,1 5,2 0,4 0,4 0,4

Mauri us 20,9 21,6 22,3 1,9 1,9 1,9

Namibia 20,6 21,7 22,8 1,9 1,9 1,9

Seychelles 2,0 2,1 2,2 0,2 0,2 0,2

South Africa 626,7 640,5 650,1 57,0 56,1 55,2

Swaziland 7,3 7,5 7,6 0,7 0,7 0,6

Zambia 42,1 44,9 47,3 3,8 3,9 4,0

Mozambique 24,5 26,3 28,3 2,2 2,3 2,4

Tanzania 76,8 82,4 88,3 7,0 7,2 7,5

Congo, Dem. Republic 29,6 32,1 35,0 2,7 2,8 3,0

Madagascar 30,7 31,4 32,4 2,8 2,8 2,7

Malawi 12,8 13,5 14,2 1,2 1,2 1,2

Zimbabwe 18,4 19,2 19,8 1,7 1,7 1,7

SADC

Human Development Report A leitura da tabela anterior possibilita as observações seguintes:

a) Ainda que perdendo peso rela vo, entre 2012 e 2014, na estrutura do PIB sadciano, a África do Sul ainda representava mais de 55 do PIB da região em 2014. É n da, ape-nas por este item, a elevada capacidade de in u ncia da economia sul -africana, sendo, portanto, mais do que provável que os mais relevantes ganhos de com rcio gravitem em torno deste extraordinário pólo de desenvolvimento. A dimensão da economia angolana poderá ser um factor posi vo de capitalização futura dos efeitos do livre com rcio na

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CEIC / UCAN

região. Por m, enquanto a economia petrol fera representar o peso que ainda det m e a diversi cação não acontecer na base de pressupostos de e ci ncia, produ vidade e com-pe vidade, o pa s cará sempre na posição de um parente pobre na região.

Angola, conforme referido já, a segunda maior economia da região, com uma percenta-gem crescente de par lha do PIB global, mas que não a ngia 15 . De resto, as informa-ções da tabela anterior mostram uma rela va estabilidade na par lha percentual do PIB da região, sendo, eventualmente, o facto mais saliente a perda de importância rela va da África do Sul, mas que não tem sido aproveitada por nenhuma economia em par cular: parece haver um efeito distribuição equita va entre as restantes economias134.

c) Não obstante as observações anteriores, as discrepâncias internas são enormes: o PIB sul -africano, em 2014, era 3,82 vezes mais o de Angola e 7,36 vezes mais o da Tanzânia, agora a terceira maior economia da região. Entre Angola e a Tanzânia a diferença de quase duas vezes a favor de Angola. São estas disparidades que fazem temer, por um lado, que os efeitos posi vos da integração não sejam proporcionalmente distribu dos entre os pa ses (os economicamente de maior dimensão e mais bem estruturados (diversi cados) disporão sempre da maior percentagem) e, por outro, que se possa operar um efeito de de nhamento nas economias mais pequenas da região. Não apenas do ponto de vista económico, mas igualmente nos aspectos populacionais, havendo pa ses com menos de 2 milhões de habitantes e outros com menos de 200 mil, que não t m outra solução para a criação de economias de escala que não seja a abertura à concorr ncia exterior.

d) Tanzânia, Zâmbia e Moçambique135 podem ser as economias que se seguem , com di-nâmicas de crescimento e de transformações estruturais acima da m dia da SADC e de Angola. São conhecidas as perspec vas de crescimento que as ins tuições e ag ncias de ra n internacionais atribuem a estas tr s economias, colocando -as no topo do rankin africano. Estas economias poderão ser aquelas em torno das quais o crescimento eco-nómico da SADC se pode concentrar, sendo, por essa razão, as que, deste estrito ponto de vista (há outros mais adiante explicados e apresentados) maiores ameaças dinâmicas poderão representar para Angola num futuro próximo.

e) No contexto restrito da SADC, a África do Sul pode ser considerada como um pa s gran-de , na designação da Economia Internacional, donde, num cenário de economias aber-tas, os seus termos de troca poderem, tendencialmente, melhorar.

134 os a o es do o o o o s -a a o e o a e ese a a s de do o a da e o s de e ada a e a e o a a ed da a o e o e ada e a da e a a do o o s os a e o os a e e o a da a do asso a es a a ea ada 135 ada e a e sa e a o a a de o de a des o e a de o a es a -os de d a a es o a o e o o e e a e

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

ESTRUTURA SADCIANA DO PIB EM 2014

Human Development Report ESTRUTURA SADCIANA DO PIB EM 2012

Human Development Report

Uma das vantagens reconhecidas à integração das economias o grande es mulo que representa para o crescimento económico. N veis crescentes de integração ampliam as pos-sibilidades de criação de emprego, de transformações estruturais e de transfer ncia de tec-nologia. Há, por m, condições pr vias a garan r, não só pol cas136, como infra -estruturais e ins tucionais.

136 os es dos so e d e s a o da e o o a dese o dos e a a e a es de -da e e a a e ada a a das o d es o as so e o es e o e a d e s a o a ses o a e e a o os e ass a o de o a o Democracy Index do The Econo-mist a e o es o o dades a a o es e o s s e e e a d s o do e d e o a do a o e e o es de e de o s de a o do o e e se e a o s a as a as o se o de o s de o a e o a o desde a a a o e e o desde a a o a o desde e a o s o desde do s de es o e a de a sas a a s e e e do os se s a da os o a ase a os e a o es o es de e se do o d e de de o a a e a a e e a o de a o do o as ass a es e a o a s o esso o e a a de a edo a o e a e a o a do d a de o de a a o a a e o dos Relatórios do o o e o a a ese o a o a o o de essa -o os e e os e os da de o a a so e o dese o e o e o o

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A capacidade actual de crescimento da SADC revelada por uma taxa m dia anual de 3,8 (m dia geom trica 2004/2014), bem abaixo do ritmo registado entre 2004 e 2008 (6,2 ). A tabela seguinte mostra claramente os efeitos da crise económica e nanceira internacional de 2008/2009 sobre a maior parte dos pa ses da SADC e mesmo sobre a própria região.

TAXA REAL DE CRESCIMENTO NA SADC E SEUS INTEGRANTES (%)

2004-2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Média

Angola 17,3 2,4 3,4 3,9 5,2 6,8 4,2 5,0

Botswana 5,6 -7,8 8,6 6,2 4,3 5,9 4,9 4,4

Lesotho 4,0 4,5 6,9 4,5 5,3 3,5 2,2 4,2

Mauri us 4,3 3,0 4,1 3,9 3,2 3,2 3,2 3,5

Namibia 6,0 0,3 6,0 5,1 5,2 5,1 5,3 3,6

Seychelles 4,8 -1,1 5,9 7,9 6,0 6,6 2,9 4,3

South Africa 4,8 -1,5 3,0 3,2 2,2 2,2 1,5 2,3

Swaziland 2,9 1,2 1,9 -0,6 1,9 2,8 1,7 1,8

Zambia 7,7 9,2 10,3 6,4 6,8 6,7 5,4 7,3

Mozambique 7,7 6,5 7,1 7,4 7,1 7,4 7,4 7,2

Tanzania 6,5 5,4 6,4 7,9 5,1 7,3 7,2 6,5

Congo Dem. Republic 6,1 2,9 7,1 6,9 7,2 8,5 9,1 6,5

Madagascar 5,8 -4,7 0,3 1,5 3,0 2,4 3,0 1,8

Malawi 5,6 9,0 6,5 4,3 1,9 5,2 5,7 5,0

Zimbabwe -7,5 7,5 11,4 11,9 10,6 4,5 3,2 5,5

SADC

o ase e Regional Economic Outlook, Sub-Saharan Africa de Em 2009, pa ses houve com taxas nega vas de crescimento do PIB e a SADC mostrou um

desempenho muito mido, traduzido por uma variação da sua ac vidade económica de apenas 0,5 . As grandes surpresas e excepções foram Moçambique, Zâmbia e Tanzânia, que passaram bem ao lado duma crise de proporções devastadoras em muitos pa ses. Com taxas m dias de desempenho de, respec vamente, 7,2 , 7,3 e 6,5 , aqueles pa ses estão empenhados na construção de processos de crescimento mais sustentáveis do que nos restantes companheiros de região de igual n vel de desenvolvimento (graduado pelo Índice de Desenvolvimento Huma-no). Qualquer um destes pa ses apresenta ndices de concentração das exportações inferiores aos de Angola (0,292 para Moçambique e 0,632 para a Zâmbia), que se cifrou em 0,966 em 2013. A Zâmbia, em 2013, apresentou uma pauta de exportação de 180 produtos de valor indi-vidual acima de 100 000 dólares, enquanto Angola se cou por 90 bens e serviços.

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Angola, entre 2004 e 2014, averbou uma taxa m dia de crescimento do seu Produto Interno Bruto de 5 ao ano, muito distante dos registos do per odo 2004/2008, com um desempenho m dio anual de 17,3 137. Foram os anos dourados que muito di cilmente regressarão.

TAXA REAL DE CRESCIMENTO DO PIB EM ANGOLA

o ase e Regional Economic Outlook, Sub-Saharan Africa de Aliás e salvo as excepções já apontadas anteriormente, nenhum outro pa s economicamente

relevante na SADC conseguiu repor os n veis de crescimento do passado. São os casos da África do Sul, das Maur cias, do Botswana e da Nam bia. Se as economias consideradas os drivers do crescimento económico da região, incluindo -se, evidentemente, Angola, não conseguem descolar de uma forma consistente e sustentável, então os efeitos de contágio do crescimento económico – reconhecidos pela Teoria da Integração Económica – arriscam -se a ser m nimos.

Desde que foi ins tu da a Zona de Livre Com rcio – Janeiro de 2008 – não são vislumbrá-veis efeitos directos e derivados desse facto138. Apenas de relance – conclusões e evid ncias mais consistentes dependem de um estudo adrede elaborado sobre as suas consequ ncias económicas – parece que os pa ses não aderentes (Seychelles, Angola e RDC) não necessi-taram de ser membros para apresentarem taxas de crescimento do PIB equiparáveis às da maior parte dos pa ses associados na ZLC. São excepções Moçambique, Tanzânia e Zâmbia,

137 s es dados do Regional Economic Outlook, Sub -Saharan Africa de a da o o a a s ados a a a o e as o a es das o as a o a s - e a o do o as o as a o a s do a e e e odo a a a d a a a de es e o ea do o de d a eo a138 e a o o e e a ado da es a a a a desde so e o o esso de a o da o d a e a da e o e de a e a o e do se do o a e d o o a as s ess a-e e ad ada o d e sas a es e e as a s de a e a o a

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mas não existem evid ncias emp ricas sobre a percentagem devida aos efeitos da integração e a proporção respondida pelas capacidades e pol cas internas e pelas sinergias das forças produ vas nacionais.

Signi cam estas re exões que melhor não par cipar do que par cipar destes arranjos económicos? Não necessariamente. No entanto, a rela va converg ncia de processos, a pro-fundidade e as caracter s cas das transformações estruturais, a natureza das pol cas públicas e do Estado, o po de modelo de crescimento (mais inclusivo ou mais restrito às elites pol cas e económicas) e o n vel de compe vidade são factores que ou se adquirem ou se maximizam com a abertura das economias e a par cipação no com rcio internacional.

Conforme se pode constatar pelas informações da tabela anterior, a região tem sido muito mais atreita às in u ncias dos contextos externos, quer posi vas, quer nega vas, do que aos efeitos da integração económica regional. A situação mais dilacerante foi a crise nanceira in-ternacional de 2008/2009, mas para Angola, o único produtor de petróleo da região, a brutal quebra dos preços internacionais do crude em 2014 está a provocar efeitos que vão reduzir a sua capacidade de crescimento futuro, como, de resto, algumas das mais in uentes ins tuições internacionais o t m referido. E Angola , sem sombra de dúvida, uma reserva de crescimento económico da SADC, com capacidade de difusão de efeitos sinerg cos sobre as restantes eco-nomias139.

A SADC , provavelmente, a região da África Subsariana com maiores capacidades e poten-cialidades em recursos minerais e Angola sobressai como o único pa s actualmente produtor de petróleo. Este cenário vai -se alterar seguramente at ao nal desta segunda d cada do segundo mil nio com as descobertas na Tanzânia, a colocar o pa s no rankin mundial da produção de crude.

Não obstante o valor agregado bruto do sector petrol fero em Angola ter estado a diminuir a sua representa vidade rela va no PIB, ainda assim esta ac vidade de crucial importância para a economia do pa s. Por isso, são preocupantes os sinais de diminuição dos inves mentos no sector, devido às expecta vas nega vas sobre o comportamento do preço do crude e da procura mundial de energia, ao abandono/redução da ac vidade de determinados campos por falta

139 Economist Intelligence Unit o s de a e o a o da des da do e o do e eo d a e o o a o e s do de as ado e os os e e os dos a os da des da do e o do e eo a a o o e de e e as e e o a es do a s a sa e a e o Governo dei-xou de pagar as suas contas depois de cortar 15 mil milhões de dólares às despesas, o equivalente a todo o orçamento para infra -estruturas e a es e a a do d o a a a a o o de ado e o a s está a bater a todas as portas, desde o Banco Mundial ao Goldman Sachs es e a do a a a o a e o da os es de d a es os projectos rodoviários estão suspensos, colocando em perigo os esforços para diversi icar a economia as empresas de construção estão a despedir traba-lhadores a um ritmo sem precedentes, os fornecedores de equipamento pesado dizem que as encomen-das ca ram dois terços

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

de rendibilidade e a problemas t cnicos diversos140. Para al m do prolongamento da paragem do mega -projecto Angola LNG, a plataforma PSVM, responsável por cerca de 10 do petróleo exportado, registou uma falha de energia numa das suas unidades, o que acarretou uma perda signi ca va de produção141.

o ase e Regional Economic Outlook, Sub-Saharan Africa de O grá co acima sinte za a capacidade de crescimento de cada uma das economias da SADC

no per odo 2004/2014 (m dia duração) atrav s da taxa m dia anual tendencial de variação do PIB. O destaque vai para Moçambique, Zâmbia e Tanzânia cujas variações reais da respec va ac vidade económica foram as mais signi ca vas do crescimento da SADC.

No entanto, devido aos respec vos pesos no PIB da região, Angola e África do Sul, são, vi-sivelmente, os motores do crescimento da SADC, aparecendo a Tanzânia em terceiro lugar. No entanto, trata -se de situações que expressam mais a aritm ca dos números e cálculos, do que verdadeiras inter -relações dentro do espaço austral.

CONTRIBUIÇÕES PARA O CRESCIMENTO DO PIB DA SADC

2012 2013 2014

Angola 0,72 0,97 0,61

Botswana 0,11 0,16 0,13

Lesotho 0,02 0,02 0,01

140 o a e e o a e o de ad a es e os o o a o de o ado a - a o a de dese o e o a o141 s a a das a es a a a e a das e e as de e o a o de e eo e s adas e a o a des e o d a e e a o dos e os e a o a s do de

con nua

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CEIC / UCAN

2012 2013 2014

Mauri us 0,06 0,06 0,06

Namibia 0,10 0,10 0,10

Seychelles 0,01 0,01 0,01

South Africa 1,25 1,23 0,83

Swaziland 0,01 0,02 0,01

Zambia 0,26 0,26 0,22

Mozambique 0,16 0,17 0,18

Tanzania 0,36 0,53 0,54

Congo Dem. Republic 0,19 0,24 0,27

Madagascar 0,08 0,07 0,08

Malawi 0,02 0,06 0,07

Zimbabwe 0,18 0,08 0,05

Os valores da tabela anterior estão expressos em pontos percentuais, sendo o somatório dos mesmos muito aproximado das taxas reais de variação do PIB da SADC anteriormente mos-tradas.

Conforme sublinhado anteriormente, muitos pa ses da SADC, senão mesmo a maior parte dentre eles, necessitam de implementar reformas estruturais nas suas bases materiais para o crescimento (infra -estruturas rodoviárias, ferroviárias e mar mas, energia e água) e nos seus acervos humanos (capital humano, desenvolvimento humano (educação, cuidados primários e secundários de saúde), tecnologia, inovação) em ordem a gerar o máximo de bene cios decor-rentes de uma força de trabalho actualizada e bem -educada .

A diversi cação uma delas, e se em alguns pa ses o processo já se iniciou há algum tempo com resultados amplamente favoráveis, noutros está bastante atrasado, como o caso de Angola142. Para o xito desta importan ssima reforma estrutural dois aspectos são de atendi-

142 a s s o os drivers da d e s a o das e o a es o ode o a d a o a od dade do a a o o e e e o esse a da es e a a o od a e a e a o ad o de o o a a e e a e - e ade eo as as s o e e o eas e od dade e s s o -o do se e so as a s od as e e e es se ode o a e o ado as o a o e esas e o ado as e od dade es o o e a o adas os se s es dos e os o oss -e es a e e e a se e e a o e o o a a e a e s e e ados de od dade e de e d e o d o o a a e es a as e o a es e a e e e d e s -a o a a a s dese o e os e ado e et al Trade Diversi ication: Drivers and Impacts

con nua o

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mento prioritário e permanente. O primeiro do dom nio das reformas ins tucionais, do Estado, claro, mas igualmente do sector privado. Em Angola, como em outros pa ses sadcianos143, não existem verdadeiras ins tuições, prevalecendo o trá co de in u ncias no acesso às condições, instrumentos e oportunidades de se fazer negócio (ou, se se preferir, de se construir o crescimen-to económico em bases mais largas e inclusivas). Ins tuições fortes e cred veis são indispensáveis para conduzir e coordenar os processos de diversi cação das economias (complexos, exigentes em dom nio teórico de conceitos, pol cas e estrat gias e temporalmente demorados), como se veri cou na República da Coreia, na Malásia, na Indon sia, etc. A África do Sul a experi ncia mais exitosa, na SADC e na África Subsariana, de diversi cação económica, mesmo levando -se em conta os altos e baixos a que o processo tem estado sujeito durante a sua duração. Outros casos de sucesso chegam da África Magrebina: Arg lia (o seu processo de reindustrialização foi retomado com uma forte dinâmica há dois anos, depois de ter enfrentado várias interrupções e recuos derivados de estrat gias e pol cas desajustadas), Marrocos, Egipto e Tun sia.

O outro aspecto do foro da demogra a, suas tend ncias de comportamento e evolução. A diversi cação não apenas um desa o económico. Cont m vectores culturais igualmente relevantes que devem ser considerados no desenho das pol cas e estrat gias, sob pena de as reacções comportamentais não facilitarem e op mizarem a transformação dos tecidos e sistemas económicos. Como em outros dom nios, a importação de modelos arrisca -se a desen-cadear efeitos contraproducentes e perversos.

Mas existem outros determinantes da diversi cação144:

a) Dimensão das economias medida em termos de quan ta vo da população: grandes pa -ses det m maiores mercados internos, es mulantes duma diversi cação de produtos.

Acesso a mercados, cuja proxy a integração dos pa ses em Zonas de Livre Com rcio, ou mesmo atrav s de acordos preferenciais de com rcio. Maior integração permite maiores volumes de exportação e a introdução de novos produtos.

c) Custo de transporte, quando se fala, claro, da diversi cação das exportações e da melhor e maior integração económica interna. As suas proxies são dadas pelas redes de transpor-te e a quan dade e qualidade das infra -estruturas, já anteriormente referidas.

d) Capital humano, avaliado pelo número de anos de escolaridade obrigatória efec va (e da qualidade do ensino) e da percentagem do PIB inves da em I D.

e) Qualidade das ins tuições (já sublinhado o seu estado e as suas caracter s cas na SADC e em especial em Angola) que usualmente medida atrav s dos seguintes ndices: nterna-

onal ountry uide Risk, ndicator of uality of overnment (QoG) e Revised ombined Polity core, estes dois úl mos dispon veis no QoG Ins tute.

143 e es s o a a do e e e o es a a a a a as a as e o o s a a144 ado e et al Trade Diversi ication: Drivers and Impacts

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Inves mento estrangeiro, teoricamente portador de inovação, savoir -faire e capacidade de penetração nos mercados internacionais.

A diversi cação das economias , por outro lado, um factor de incremento do seu produto potencial, alargando a base produ va, aumentando a massa cr ca de procura nacional endó-gena, mul plicando o emprego, facilitando o inves mento privado e originando oportunida-des de inovação de processos produ vos e organizacionais, novos produtos e novos mercados. Quanto maior a diversi cação, melhores tenderão a ser as capacidades de crescimento econó-mico futuro dos pa ses.

A tabela seguinte apresenta as taxas de crescimento do PIB das economias da SADC at 2016, segundo as es ma vas e previsões do Fundo Monetário Internacional145.

TAXA REAL DE CRESCIMENTO DO PIB (%)

2004-2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016Média Média

Angola 17,3 2,4 3,4 3,9 5,2 6,8 4,2 4,5 3,9

Botswana 5,6 -7,8 8,6 6,2 4,3 5,9 4,9 4,2 4,0

Lesotho 4,0 4,5 6,9 4,5 5,3 3,5 2,2 4,0 4,4

Mauri us 4,3 3,0 4,1 3,9 3,2 3,2 3,2 3,5 3,5

Namibia 6,0 0,3 6,0 5,1 5,2 5,1 5,3 5,6 6,5

Seychelles 4,8 -1,1 5,9 7,9 6,0 6,6 2,9 3,5 3,8

South Africa 4,8 -1,5 3,0 3,2 2,2 2,2 1,5 2,0 2,1

Swaziland 2,9 1,2 1,9 -0,6 1,9 2,8 1,7 1,9 1,8

Zambia 7,7 9,2 10,3 6,4 6,8 6,7 5,4 6,7 6,9

Mozambique 7,7 6,5 7,1 7,4 7,1 7,4 7,4 6,5 8,1

Tanzania 6,5 5,4 6,4 7,9 5,1 7,3 7,2 7,2 7,1

Congo Dem. Republic 6,1 2,9 7,1 6,9 7,2 8,5 9,1 9,2 8,4

Madagascar 5,8 -4,7 0,3 1,5 3,0 2,4 3,0 5,0 5,0

Malawi 5,6 9,0 6,5 4,3 1,9 5,2 5,7 5,5 5,7

Zimbabwe -7,5 7,5 11,4 11,9 10,6 4,5 3,2 2,8 2,7

SADC

o ase e Regional Economic Outlook, Sub-Saharan Africa de

145 , Regional Economic Outlook, Sub -Saharan Africa de

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Leituras:

a) A linha tendencial de crescimento da SADC (2004/2016) rela vamente baixa, expres-sando -se por uma taxa m dia anual de variação real do PIB de 3,2 .

Aparentemente, a Zona de Livre Com rcio, dentro da qual estão todos menos 3 pa -ses deste espaço regional, não se tem mostrado, pelo menos por enquanto, como um verdadeiro factor de aumento do crescimento regional, tal como a Teoria da Integração Económica ensina. Nem mesmo a África do Sul, a maior das 15 economias da zona, tem conseguido aproveitar a sua dimensão, força, destreza e capacidade compe va para crescer a um ritmo superior a 2,2 .

c) Os pa ses com maior capacidade de crescimento futuro são a Zâmbia, Moçambique, Tan-zânia e República Democrá ca do Congo, com taxas m dias anuais de variação do PIB duas vezes mais a da região. Assim, e numa avaliação primária e segundo este padrão, estas economias podem -se cons tuir em ameaças à economia angolana.

d) Angola aparece no grupo que se pode apelidar de potencial m dio de crescimento futuro, com uma taxa es mada em 4,8 no per odo de longo prazo 2004/2016.

e) As economias ainda assentes na exploração de recursos naturais minerais (Angola, Nam -bia e Botswana) apresentam um potencial de crescimento em redor de 4 .

o ase e Regional Economic Outlook, Sub-Saharan Africa de A República Democrá ca do Congo e a Nam bia são as duas únicas economias que melho-

ram a sua capacidade de crescimento de 2004/2014 para 2004/2016, conforme mostra a gura seguinte. Nos restantes, ou se mant m ou diminui, como em Angola. Claro que não a melhor situação para se poder fazer frente a economias mais desenvolvidas e compe vas.

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CEIC / UCAN

TAXAS ANUAIS DE CRESCIMENTO DO PIB (%)

o ase e Regional Economic Outlook, Sub-Saharan Africa de Conforme se assinalou, Angola, pelo menos at 2016, vai estar no grupo de pa ses de cres-

cimento económico de m dia intensidade, com uma taxa m dia anual de 4,8 , superando em apenas 1,5 pontos percentuais a variação demográ ca. E não se vislumbram factos relevantes que possam proporcionar uma dinâmica muito mais acentuada de crescimento futuro. Pelo contrário, todas as ins tuições internacionais gestoras do desenvolvimento apontam para taxas m dias inferiores a 3,7 at 2020146. O Governo tem mul plicado inicia vas que pos-sam inverter este ciclo nega vo de crescimento económico de baixa intensidade, atrav s de pol cas, medidas e construção de infra -estruturas de suporte ao processo de transformações estruturais na indústria, agricultura (pecuária e orestas), energia e água, sistemas de trans-portes e sistema nanceiro (criação da Bolsa de Valores Mobiliários). Ainda que a sua tarefa não esteja terminada, enquanto agente facilitador do funcionamento e ciente da economia e dos mercados, a grande responsabilidade pertence agora ao sector privado, nacional e estran-geiro147.

146 a e s o o e da o e e e da o s o a o e e a a assa do de a a a s a e s o de es e o do a o a o e a o a do o crash o e o do e eo e a s a a d o das e e as s a s do s ado o o as a es esse a s a a o se a s a e o e a a Boletim da sa de de o de 147 e a o do o d e e es d es e a o a s a s a a o o de o a a e o -a de o a a o a e o a e a s a d s a o e o e a o o o se e a a -do a os os a es dos es e os rankings o a do o o e e a o Mo Ibrahim Index de so e a oa o e a o e a Ibrahim Index of African Governance, o a o a a a os o e e a ses a a os s e os a es s o o ados e as a as o o s a a o a do o e e es o a a o e eso o o

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

TAXA REAL DE CRESCIMENTO DO PIB EM ANGOLA

o ase e Regional Economic Outlook, Sub-Saharan Africa de Mas a capacidade de criação de produto potencial pode ser medida, tamb m, atrav s de

outros indicadores, como a taxa global de inves mento (público e privado, interno e estrangei-ro). Tamb m neste item a heterogeneidade a caracter s ca fundamental na SADC, havendo pa ses mais atrac vos do que outros, certamente por apresentarem ambientes de negócios mais estáveis, despolu dos e con áveis.

TAXA GLOBAL DE INVESTIMENTO (%)

2004-2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016Média Média

Angola 12,6 15,2 14,4 12,9 14,9 14,8 14,1 9,2 10,4 14,1 13,0

Botswana 29,9 37,9 35,4 38,7 39,2 33,9 30,9 30,0 30,4 35,7 33,8

Lesotho 25,5 29,5 30,0 36,1 36,8 36,6 33,4 36,1 38,8 32,1 33,4

Mauri us 25,6 21,3 23,7 26,0 24,8 24,0 20,4 21,0 20,8 24,2 23,0

Namibia 22,7 27,3 24,1 22,4 26,8 24,5 30,0 29,9 26,2 24,6 25,9

Seychelles 28,6 27,3 36,6 35,0 37,4 37,9 37,5 36,2 35,9 33,5 34,5

South Africa 20,2 20,7 19,5 19,1 20,1 20,1 20,4 20,7 22,2 19,9 20,3

Swaziland 12,4 3,1 9,7 7,6 8,0 9,5 11,3 10,7 9,4 7,7 8,6

Zambia 33,2 30,3 29,9 33,5 34,2 33,6 30,9 30,9 31,1 32,4 31,9

Mozambique 21,8 16 17,8 36,8 56,5 55,6 47,2 51,6 56,6 29,9 35,9

Tanzania 26,4 25,1 26,9 32,9 28,6 29,6 31,3 31,6 31,8 28,1 29,2

Congo Dem. Republic 14,2 14,2 18,1 15,4 17,9 16,0 15,8 19,6 20,0 15,9 16,7

Madagascar 29,7 35,6 23,4 17,6 17,6 16,0 15,2 16,4 17,8 22,3 20,1

Malawi 23,7 25,6 26 15,3 16,9 16,0 15,4 15,6 15,7 20,1 18,4

Zimbabwe 15,1 23,9 22,4 13,5 13,0 13,2 13,3 13,7 17,0 15,5

SADC o ase e Regional Economic Outlook, Sub-Saharan Africa de

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CEIC / UCAN

Rela vamente a Angola, a sua taxa m dia de inves mento situou -se entre 13 e 14 e não se pode dizer que foram as crises de 2008/2009 e de 2014 (para os pa ses produtores e expor-tadores de petróleo) que contribu ram para uma baixa taxa global de inves mento. Desde sem-pre – per odo 2004/2014 e futuramente 2015/2016 – o pa s tem do uma fraqueza estrutural neste dom nio. Nem os 93,2 mil milhões de dólares de inves mento público entre 2002 e 2014 e os inves mentos privados realizados em 2014 contribu ram para alterar a posição de Angola na SADC148. Dos pa ses que realmente contam para a integração económica regional e a diver-si cação económica da região, Angola o que tem a menor taxa global de inves mento (m dia tendencial de 13 do PIB), podendo resultar numa menor capacidade futura de crescimento económico (menor produto potencial), conforme se destacou no parágrafo anterior.

Moçambique tem sido o pa s que mais tem inves do na sua economia, sendo, portanto, explicáveis as m dias anuais de crescimento do seu PIB de cerca de 7,3 .

Botswana, Zâmbia, Tanzânia e Maur cias estão a posicionar -se como futuros grandes com-pe dores na região, realizando grandes obras de infra -estruturas e aumentando o potencial de crescimento futuro.

Tomando como base a taxa global de inves mento – mais adiante se analisará tamb m o inves mento privado estrangeiro – poss vel destacar as maiores ameaças a Angola dentro da SADC e veri car a sua posição rela va no contexto regional. A aritm ca usada foi simples: tomando Angola como refer ncia, calculou -se o quociente entre a sua taxa de inves mento (em

do PIB) e as taxas de inves mento dos seus parceiros.

A tabela seguinte apresenta o resultado deste cálculo, onde o valor de Angola, para todos os anos, a unidade.

A interpretação simples: todos os valores inferiores à unidade signi cam maior capacidade de criação de produto potencial do que Angola, representando os maiores do que um uma maior capacidade de Angola.

CAPACIDADE DE CRIAÇÃO DE PRODUTO POTENCIAL

2004-2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Média

Angola 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00

Botswana 0,42 0,40 0,41 0,33 0,38 0,44 0,46 0,31 0,34 0,38

Lesotho 0,49 0,52 0,48 0,36 0,40 0,40 0,42 0,25 0,27 0,39

148 es e o ado a o ado e o a se do a a a o a do es e o ado a ese o os a o es se es es de d a es es de d a es es de d a es o a e a os es de d a es o os d e os do s ado aos e es os Relatório de Balanço 2014 do o e o o a es e a a e os d s o ados desde a s a o s o e a e es a es de a as e a de es de d a es do de a a a de d o o es de d a es do o de a a de s o o es de d a es

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

2004-2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Média

Mauri us 0,49 0,71 0,61 0,50 0,60 0,62 0,69 0,44 0,50 0,57

Namibia 0,56 0,56 0,60 0,58 0,56 0,60 0,47 0,31 0,40 0,50

Seychelles 0,44 0,56 0,39 0,37 0,40 0,39 0,38 0,25 0,29 0,38

South Africa 0,62 0,73 0,74 0,68 0,74 0,74 0,69 0,44 0,47 0,64

Swaziland 1,02 4,90 1,48 1,70 1,86 1,56 1,25 0,86 1,11 1,52

Zambia 0,38 0,50 0,48 0,39 0,44 0,44 0,46 0,30 0,33 0,41

Mozambique 0,58 0,95 0,81 0,35 0,26 0,27 0,30 0,18 0,18 0,36

Tanzania 0,48 0,61 0,54 0,39 0,52 0,50 0,45 0,29 0,33 0,44

Congo Dem. Republic 0,89 1,07 0,80 0,84 0,83 0,93 0,89 0,47 0,52 0,78

Madagascar 0,42 0,43 0,62 0,73 0,85 0,93 0,93 0,56 0,58 0,65

Malawi 0,53 0,59 0,55 0,84 0,88 0,93 0,92 0,59 0,66 0,70

Zimbabwe 1,01 0,60 0,58 1,10 1,14 1,07 0,69 0,76 0,84

SADC 0,60 0,72 0,70 0,61 0,68 0,68 0,65 0,43 0,46 0,60 o ase e Regional Economic Outlook, Sub-Saharan Africa de As economias desta região mais próximas de Angola neste indicador são a República Demo-

crá ca do Congo, Madagáscar, Malawi e Zimbabwe. A Swazilândia o único pa s que ca atrás de Angola.

AS MAIORES AMEAÇAS NA CRIAÇÃO DE PRODUTO POTENCIAL

o ase e Regional Economic Outlook, Sub-Saharan Africa de Algumas observações ao grá co anterior:

a) Com excepção da Swazilândia, todos os restantes pa ses da SADC apresentam uma capa-cidade de crescimento a m dio prazo superior à de Angola, devido às suas maiores taxas de inves mento durante o per odo em refer ncia.

As maiores ameaças são representadas pelas Maur cias, África do Sul, Nam bia e Tanzânia. As m dias ameaças são representadas pelo Botswana, pela Zâmbia e por Moçambique.

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CEIC / UCAN

c) Numa terceira linha apresentam -se o Lesoto e as Seychelles.

d) A taxa global de inves mento tem de aumentar dras camente em Angola, se se pretender compe r com os mais dinâmicos parceiros da região. As excessivamente elevadas taxas de juro pra cadas pelo sistema bancário e a burocracia na obtenção de cr dito (proces-sos, garan as, etc.) são aspectos que recorrentemente t m merecido a reprovação dos empresários privados e reparos de algumas ins tuições internacionais (Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento, World Economic Fo-rum, etc.). Um clima de maior con ança entre a Banca Comercial e os empresários tem de ser criado, for cado e consolidado. A Bolsa de Valores de Luanda pode, no futuro, ser um instrumento concorrencial da Banca Comercial e facilitar a obtenção de nancia-mentos.

e) A remoção de alguns obstáculos estruturais ao aumento da capacidade de produção e da produ vidade em Angola urgente e drama camente essencial: electricidade, água, saneamento básico, vias de circulação, sistemas de transportes, capital humano. A África do Sul tem sido penalizada na sua taxa de crescimento do PIB devido aos seus crónicos problemas de fornecimento de electricidade.

O Relatório do órum Económico Mundial 201 2015 apresenta a classi cação internacional do Índice de Compe vidade. O cálculo deste indicador complexo e leva em consideração uma s rie consistente de indicadores cujos valores sintoma zam certas situações económicas (119 itens no total entram para a construção deste indicador para cada pa s). Angola ganhou duas posições em relação ao Relatório 201 201 (subiu da 142.a para a 140.a posição entre 144 pa ses, ou seja, apesar da melhoria, ainda assim, a 4 lugares do úl mo) e apenas no item rela vo à segurança dos inves mentos que Angola det m uma posição encorajadora. Angola

um pa s de muito baixa compe vidade, não mais do que 3 pontos, num máximo de sete. E numa área fundamental para se começar a construir uma compe vidade estrutural e susten-tável – qualidade das infra -estruturas – Angola aparece em 141.o lugar, dando -se a nal razão às preocupações dos empresários quanto aos custos elevados das transacções comerciais dentro do pa s.

Os principais parceiros da SADC (África do Sul, Maur cias, Nam bia, Tanzânia, Botswana) aparecem todos muitas posições acima da de Angola compreendendo -se, então, os receios da maior parte dos empresários nacionais, ine cientes e sempre na expecta va de mais apoios do Estado, que na verdade não os tem regateado. É da responsabilidade dos empresários nacio-nais reverter a posição de Angola quanto aos itens seguintes: inovação e so s cação dos facto-res (142.a posição entre 144 pa ses), e ci ncia dos mercados e dos produtos (úl ma posição), so s cação dos mercados e sua forma de funcionamento (147.a posição), tecnologia (140.a

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

posição), etc. Os empresários angolanos não t m sabido rar par do de muitas das condições que o Estado tem posto à sua disposição, destacando -se o ambiente macroeconómico.

Mas tamb m o Estado e as Administrações Públicas t m a sua responsabilidade na melhoria dos itens seguintes: qualidade das suas ins tuições (143.a posição, entre 144 pa ses), saúde e educação (136.a posição), Ensino Superior (144.a posição, a úl ma, compreendendo -se porqu : nenhuma Universidade angolana faz parte dos rankin s africanos ou então ocupam as úl mas posições). De acordo com este Relatório do órum Económico Mundial há um reconhecimento expl cito sobre os progressos realizados, depois de nalizada a guerra civil, no item estabilidade macroeconómica, com um score de 4,7 pontos em 7 pontos e uma posição rela va correspon-dente ao lugar 71.o.

O grá co de radar seguinte apresenta Angola subjugada aos dois pa ses mais compe -vos da SADC, e mesmo no ambiente macroeconómico – crit rio onde se ob veram os maiores ganhos e reconhecimentos149 – a África do Sul aparece com melhor pontuação e as Maur cias emparceiram connosco. Portanto, a estabilização dos macropreços não , de momento, um factor de compe vidade de Angola face à África do Sul e Maur cias – todos estão em igualdade de situação – passando a valer, para os inves dores privados, outros, como a qualidade das ins tuições, a con ança económica e pol ca, o capital humano e a e ci ncia dos mercados e ac vidade económica em geral, onde Angola perde.

The Global Competitiveness Report -

149 e e e a o ode de o o se os o e a sa de do aos e e os e a os da eda do e o do e eo e de odas as d dades e e es e s se e es e ode ess o a a a o a a a a a es de do s d os e o d e das a as do s ado a a a o es e edo de ao a o a e e o o da d da a e da d da e e a e a o e a a a do s dos e s da es a dade a oe o a e dos economic fundamentals ode a da ados

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CEIC / UCAN

Os mais de 93,2 mil milhões de dólares inves dos na construção/reabilitação/moderniza-ção das infra -estruturas depois de 2002 não evitaram que Angola ocupasse a 139.a posição no item da quan dade e qualidade das infra -estruturas. É uma s ria de ci ncia, que constrange o funcionamento mais e ciente da ac vidade económica em qualquer pa s, tornando mais ele-vados os custos de produção e provimento dos bens e serviços. Na criação do capital humano (educação, saúde, pesquisa, inovação) devem ter sido inves dos não mais do que 12 daquele montante no mesmo per odo. Aqui está um dos grandes desequil brios de que padece a nossa economia e sociedade. Olhando para os pilares Saúde e Educação Primária e Educação Supe-rior e Formação Pro ssional , a melhor posição que se consegue a 120.a, no atributo da taxa de escolarização primária (em quan dade e não em qualidade).

Angola aparece atrás de pa ses como o Lesoto (123.a), Swazilândia (124.a), E ópia (127.a), Li-b ria (128.a), Benim (130.a), Mali (136.a) ou Burkina Faso (140.a). Erradamente, pode ser -se ten-tado a ques onar se em breve Angola poderá ultrapassar estes pa ses. Não com este conjunto de pa ses que Angola tem de se comparar. São pa ses dum campeonato diferente. A primeira liga da compe vidade em África disputa -se com a África do Sul, Marrocos, Arg lia, Egipto, Nig ria, Gana, Qu nia, Maur cias e outros.

A subida de Angola no rankin da compe vidade mundial com certeza que vai depender do inves mento, público e privado. Mas sobretudo dar -se -á pela via da transformação da men-talidade rendeira de empresários, pol cos, trabalhadores e cidadãos numa verdadeira cultura da inovação, inves gação, organização, disciplina, respeito, cumprimento das obrigações e ca nos negócios. O World Economic orum destaca a corrupção em Angola como o factor mais problemá co para se fazerem negócios, com uma cotação de 18,9 pontos. A corrupção pre-judica a compe vidade de várias formas: acomoda pessoas e agentes económicos, acresce os custos de produção, diminui a credibilidade de ins tuições públicas e privadas, fomenta a pobreza, aloja lobbies empresariais sem inicia va e que se acobertam na protecção. O sector da construção de infra -estruturas públicas tem sido apontado como um dos de maior incid ncia da corrupção.

O elemento mais determinante da compe vidade das economias a produ vidade. É aqui que a economia angolana, vencido este per odo de redução signi ca va da sua taxa de cres-cimento do PIB, deve apostar decididamente para ganhar músculo e disputar à concorr ncia internacional franjas do nosso mercado e, tamb m, do mercado fora de portas.

A produ vidade um conceito simples de de nir e entender: a produ vidade (quan dade de produção por hora de trabalho) cresce sempre que a produção aumentar com a u lização da mesma quan dade de recursos. Esta situação só poss vel se a e ci ncia dos factores e recursos de produção ver aumentado, o que passa pelo uso de tecnologias inovadoras, pela cria vidade de empresários e trabalhadores, pela quali cação dos recursos e pela capacidade de organização empresarial.

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Ficou c lebre o paradoxo de Solow rela vamente ao crescimento da produ vidade nos Estados Unidos, na d cada de 90 do s culo passado. Os defensores daquilo a que, nessa altura, chegou a ser apelidado de Nova Economia, argumentavam que as novas tecnologias da infor-mação e da comunicação eram as responsáveis básicas pelos consideráveis e sistemá cos incre-mentos da produ vidade americana e que, tendencialmente, ir -se -ia con nuar neste processo. Da explicar -se facilmente a conjugação entre crescimento económico elevado, aumento do emprego e in ação baixa. Robert Solow (Pr mio Nobel da Economia) refutou, argumentando que se viam computadores por todo o lado, menos nas esta s cas da produ vidade. Na ver-dade, por muitos computadores que se introduzissem no exerc cio das ac vidades económicas, cada trabalhador não podia operar senão com apenas um deles. Recentemente tem -se per-cebido que parte do problema do paradoxo de Solow reside na diferença entre esta s cas agregadas e esta s cas empresariais.

A produ vidade no nosso pa s muito baixa, em termos gerais. A despeito duma evolução francamente favorável desde 2002, com destaque para 2006, 2007 e 2008, a produ vidade apresenta, ainda, valores muito baixos, par cularmente quando inseridos em contextos com-para vos. Em 2014, o valor da produ vidade m dia da economia angolana foi es mada em cerca de 21 000 dólares por trabalhador ac vo – um incremento m dio anual de 3,8 desde 2008, in cio da grande crise nanceira internacional.

ficheiro Estudos sobre Produtividade e Emprego

Resta, por m, uma distância signi ca va para alguns pa ses da SADC – a norma de refer n-cia de Angola – como a África do Sul (onde o seu valor rondou os 75 000 dólares por trabalhador empregado em 2010), o Botswana com 44 000 dólares e o Gabão com 55 000 dólares por ac vo em funções produ vas. Para a União Europeia, a produ vidade bruta aparente do trabalho a ngiu uma m dia de cerca de 360 000 dólares por ac vo ao serviço.

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CEIC / UCAN

VALORES DA PRODUTIVIDADE DO TRABALHO (USD) EM 2010

o d a World Development VALORES DA PRODUTIVIDADE MÉDIA DO TRABALHO (USD) EM 2010

o d a World Development VALORES DA PRODUTIVIDADE MÉDIA DO TRABALHO (USD) EM 2010

o d a World Development

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

O signi cado destas comparações evidente: a economia angolana necessita de incremen-tar signi ca vamente a sua produ vidade m dia se pretender inserir -se, compe vamente, na economia mundial.

Tal como foi constatado nos trabalhos emp ricos ao n vel dos diferentes sectores de ac -vidade e das empresas sobre o paradoxo de Solow , tamb m no nosso pa s as diferenças de n veis de produ vidade são abissais. O sector petrol fero o de maior produ vidade m dia por trabalhador, rondando o seu valor m dio 2002/2014 mais de 676 mil dólares (em 2014, o valor agregado da extracção de petróleo terá sido de 46,3 mil milhões de dólares e a quan dade de trabalhadores não mais do que 1,5 do total da força de trabalho empregada nesse ano). No lado oposto, encontra -se a agricultura, com um valor m dio da produ vidade do trabalho es -mado em pouco mais de 1000 dólares por trabalhador e por ano150.

e o Estudos sobre Produtividade e Emprego

Estas signi ca vas diferenças colocam as seguintes importantes questões: quais são os mais importantes determinantes da produ vidade? É poss vel aumentá -la em todas as ac vidades económicas?

Um problema a ser sopesado nestas considerações a chamada doença do custo , equiva-lendo dizer que existem ac vidades em que a produ vidade não aumenta ou aumenta muito pouco. E qual o problema? O problema que estas ac vidades t m custos elevad ssimos face à sua produ vidade e se o mercado, pela actuação dos seus mecanismos, não conseguir xar um preço compa vel com a procura, essa ac vidade ou deixa de exis r ou subsidiada pelo Es-tado, o mesmo dizer, pelos impostos de todos os cidadãos. É o que se passa com as orquestras

150 a a a s o a es e a o da e os e Relatório Económico de 2014

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CEIC / UCAN

sinfónicas, com as companhias de ballet, com algumas ac vidades de saúde e educação, etc., rela vamente às quais a produ vidade tem -se man do, pra camente, a mesma ao longo do tempo. Executar uma sinfonia de Mozart leva hoje o mesmo tempo do que no s culo VIII. E não pode ser de outro modo, senão perde beleza, sen do, envolvimento, poesia, etc. Proferir uma aula numa Universidade, ainda que com apoio de alguns meios informá cos, tem de levar o mesmo tempo que há cem anos.

Mas há outras ac vidades em que a produ vidade tem de evoluir, sendo quatro os factores determinantes para o aumento do seu valor: capital humano, inovação tecnológica, gestão e organização das empresas e exposição internacional da economia.

6.6.1

Os preços são o factor mais directo e imediato de percepção e mesmo medição da com-pe vidade de um pa s. Não o único, ainda que seja dos mais importantes. A produ vidade

outro e os preços dos factores de produção mais um elemento do custo de produção das empresas. Por exemplo, as taxas de juro dos empr s mos são muito altas em Angola – o con-trolo da in ação tem feito uso de alguns instrumentos monetários, como o preço do kwanza (interno) e das divisas (taxa de câmbio) – e sadciamente incomparáveis.

Uma das formas de baixar os preços – pela redução e alteração da estrutura dos custos de produção – pela escala de produção, pequena ao n vel de grande parte dos pa ses da SADC, mas enorme na Zona de Livre Com rcio. Esta outra das vantagens teoricamente reconhecidas à integração económica regional – melhor só a plena integração económica mundial –, sendo essencial para se poder compe r pela via dos preços dos bens e serviços.

Apesar dos signi ca vos ganhos do processo de desin ação da economia desde 2010, o pa s ainda patenteia uma taxa global de in ação m dia superior à da SADC e dos principais concorrentes. Entre 2004 e 2014, a taxa m dia anual de in ação foi de 12,1 e para o per odo at 2016 não são patentes ganhos signi ca vos neste item (apenas um ponto percentual sem as incid ncias da actual crise de divisas e de pagamentos)151.

151 a o e o ea a e e o de e do e a e o as o a es do so e o d e de e os o o s do a o a a a a de a o a ada ode se de o e esso aos do s d os

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

TAXAS MÉDIAS ANUAIS DE INFLAÇÃO

o ase e Regional Economic Outlook, Sub-Saharan Africa de Portanto, conclui -se que pela via dos preços dos bens Angola nunca conseguiria colocar no

mercado da SADC qualquer bem, com a única excepção do Malawi, cuja taxa m dia de in ação de m dio prazo 2004/2014 foi de 13,4 . Diversi car tamb m ou mesmo, sobretudo, exportar (mercados alargados propiciam economias de escala que es mulam a redução de custos e a introdução de novos produtos).

Mas deste ponto de vista da compe vidade pelos preços, provavelmente o indicador mais relevante o relacionado com a comparação das taxas de in ação entre os pa ses. É um indicador que mede a compe vidade rela va entre os pa ses pela via dos preços. Tomando Angola como refer ncia de base – de resto, sobre o nosso pa s que interessa posicioná--lo neste contexto regional da África Austral – os resultados encontram -se sistema zados na tabela seguinte.

PREÇOS RELATIVOS

2004-2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016Média

Angola 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00

Botswana 2,22 1,69 2,10 1,59 1,37 1,52 1,87 2,27 2,24 1,85

Lesotho 3,03 2,32 4,26 2,25 1,84 1,76 1,87 2,10 1,85 2,27

Mauri us 2,82 5,48 5,00 2,08 2,64 2,51 2,43 4,94 2,83 3,21

Namibia 3,87 1,44 2,96 2,70 1,54 1,57 1,38 1,65 1,47 1,92

Seychelles 3,37 0,43 -6,04 5,19 1,45 2,05 5,21 2,10 2,66 -2,51

South Africa 3,73 1,93 3,37 2,70 1,81 1,52 1,20 1,87 1,52 2,04

Swaziland 3,37 1,85 3,22 2,21 1,16 1,57 1,26 1,83 1,57 1,88

Zambia 1,53 1,02 1,71 1,55 1,56 1,26 0,92 1,09 1,13 1,28

con nua

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CEIC / UCAN

2004-2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016Média

Mozambique 2,05 4,15 1,14 1,30 4,90 2,10 3,17 1,68 1,52 2,17

Tanzania 3,17 1,13 2,01 1,06 0,64 1,11 1,20 2,00 1,89 1,43

Congo Dem. Republic 1,42 0,30 0,62 0,87 4,90 11,00 7,30 3,50 2,43 2,09

Madagascar 1,67 1,52 1,58 1,42 1,81 1,52 1,20 1,11 1,23 1,43

Malawi 1,82 1,63 1,96 1,78 0,48 0,31 0,31 0,49 0,85 0,83

Zimbabwe 0,52 2,21 4,83 3,86 2,78 5,50 2,29

SADC

o ase e Regional Economic Outlook, Sub-Saharan Africa de s a as de a o do a e o a e a as e e Leituras:

a) Dum modo geral, a taxa m dia anual de in ação de Angola situa -se várias vezes acima de todos os seus parceiros da SADC, com excepção do Malawi. O caso do Zimbabwe estranho, com valores nega vos para o indicador de nido, devido às taxas nega vas de in ação registadas em 2014 e projectadas para 2015.

Angola só consegue travar as importações oriundas destes pa ses – principalmente da África do Sul, Maur cias e Nam bia – pela via da penalização aduaneira, atrav s da qual se opera uma redistribuição interna do rendimento nacional: parte do excedente dos consu-midores transferido para os produtores, a tulo do reconhecimento da sua ine ci ncia.

c) Os desn veis mais penalizantes para Angola referem -se às Seychelles (5,21), Maur cias (2,43) e Moçambique (3,17) em 2014.

d) Esta falta de compe vidade pelos preços face aos restantes pa ses -membros da SADC acaba por ser estrutural, ao manterem -se durante 11 anos consecu vos diferenças signi-

ca vamente desfavoráveis a Angola na comparação entre as taxas de in ação dos pa -ses.

e) Para que Angola passasse a ser compe va, pela via dos preços, de uma forma mais estruturante, a taxa de in ação em 2015 e 2016 teria de ser de, respec vamente, 3,5 e 3,6 . Atendendo aos actuais contextos externos – a taxa de in ação projectada para 2015 de 9 , podendo mesmo voltar a colocar -se na faixa dos dois d gitos, conforme já anteriormente referido – signi ca vas melhorias neste indicador de compe vidade vão

car adiadas mais alguns anos.

con nua o

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

AS MAIORES AMEAÇAS PARA ANGOLA NA COMPETITIVIDADE PELOS PREÇOS

o ase e Regional Economic Outlook, Sub-Saharan Africa de Assim, as grandes ameaças para Angola, neste crit rio de compe vidade, são representa-

das pelas Maur cias, Moçambique, África do Sul e Lesoto, conforme ilustra a gura precedente.

MATRIZ DE PREÇOS RELATIVOS NA SADC 2014

Angola Lesotho

Angola 1,00 0,53 0,53 0,41 0,73 0,84 1,08 0,32 0,84

Botswana 1,87 1,00 1,00 0,77 1,36 1,56 2,03 0,59 0,84

Lesotho 1,87 1,00 1,00 0,77 1,36 1,56 2,03 0,59 1,56

Mauri us 2,43 1,30 1,30 1,00 1,77 2,03 2,63 0,77 2,03

Namibia 1,38 0,74 0,74 0,57 1,00 1,15 1,49 0,43 1,15

South Africa 1,20 0,64 0,64 0,49 0,87 1,00 1,30 0,38 1,00

Zambia 0,92 0,49 0,49 0,38 0,67 0,77 1,00 0,29 0,77

Mozambique 3,17 1,70 1,70 1,30 2,30 2,65 3,43 1,00 2,65

Tanzania 1,20 0,64 0,64 0,49 0,87 1,00 1,30 0,38 1,00

o ase e Regional Economic Outlook, Sub-Saharan Africa de A matriz de preços rela vos em alguns pa ses da SADC (uma amostra de 9) apresenta a intra-

-compe vidade na região. É curioso notar que, para 2014, Moçambique, pela via dos preços, foi a economia mais compe va, posição que perde numa óp ca de mais largo prazo, conforme já demonstrado anteriormente.

A matriz anterior permite ainda outras leituras em termos de compe vidades cruzadas entre os pa ses. Por exemplo, os preços em Angola, em 2014, foram 87 superiores aos do

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Botswana, e consequentemente, os deste pa s representaram pouco mais de 53 da taxa glo-bal de in ação do primeiro.

Dum ponto de vista geral e na sequ ncia do que tem vindo a ser a rmado, a compe vi-dade, pelos preços, da economia angolana fraca perante a quase totalidade dos parceiros da SADC.

6.6.2

A taxa de câmbio real efec va o indicador que mede, aproximadamente, a capacidade de concorr ncia das exportações dos pa ses. No seu cálculo, baseado na taxa de câmbio nominal, são ponderados os efeitos da taxa de in ação interna e da taxa de in ação mundial (normal-mente a dos Estados Unidos) sobre a taxa de câmbio nominal dos pa ses.

REAL EFECTIVE EXCHANGE RATES

2004-2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Média

Angola 179,2 249,4 235,1 242,4 268,2 285,6 296,1 248,0

Botswana 98,2 100,5 108,8 107,7 104,1 99,7 94,5 101,8

Lesotho 65,9 64,1 73,1 73,0 69,0 61,9 57,8 66,2

Mauri us 89,1 91,7 94,6 100,2 101,8 101,9 105,0 97,6

Namibia 105,0 101,9 114,4 111,1 107,6 98,8 92,9 104,3

Seychelles 81,8 60,3 63,0 58,1 57,7 68,0 65,8 64,5

South Africa 100,0 94,0 108,6 112,2 102,9 89,9 84,3 98,4

Swaziland 106,7 105,3 113,6 111,2 112,7 107,0 101,5 108,2

Zambia 149,5 155,7 164,7 158,4 164,9 171,8 164,8 161,3

Mozambique 84,4 84,7 71,9 85,3 92,0 91,3 90,0 85,4

Tanzania 69,0 72,3 68,5 63,5 74,3 80,3 82,4 72,6

Congo Dem. Republic 0,0

Madagascar 91,1 106,9 106,3 111,7 110,6 114,6 110,8 107,2

Malawi 71,6 78,4 73,7 70,5 57,9 49,2 53,6 64,1

Zimbabwe 112,2 118,8 111,5 112,3 107,8 110,2 111,4 112,0

SADC 102,0 103,8 112,1 114,2 111,7 104,8 101,5 107,0 o ase e Regional Economic Outlook, Sub-Saharan Africa de Uma avaliação da compe vidade pela taxa de câmbio real efec va leva em linha de conta

os aspectos que se seguem.

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

a) Quanto mais elevado for o valor da taxa de câmbio real efec va, menor a compe vi-dade das exportações dos pa ses.

Um aumento no valor da taxa de câmbio real efec va equivale a uma apreciação das moedas nacionais, donde uma redução da compe vidade.

Pelos dados da tabela anterior veri ca -se que a compe vidade de Angola foi 2,3 vezes menor do que a m dia da SADC no per odo entre 2004 e 2014, ou seja, representava apenas 43,1 de toda a região.

Atrav s deste indicador veri ca -se que Angola não compe va com nenhum dos seus parceiros do agrupamento económico regional, sendo a maior desproporção com as Seychelles (3,85).

OS PAÍSES MAIS COMPETITIVOS PELA REER

o ase e Regional Economic Outlook, Sub-Saharan Africa de Assim, as maiores ameaças na compe vidade das exportações são provenientes da África

do Sul e das Maur cias, o que era expectável, embora os respec vos valores da taxa de câm-bio efec va não sejam dos mais baixos. Surpreendente a posição de Moçambique, Malawi e Tanzânia, que no per odo considerado apresentaram os valores mais baixos da taxa de câmbio efec va.

Numa perspec va dinâmica – desvalorização/apreciação – as diferenças entre os pa ses quanto às pol cas de fomento das exportações pelo instrumento da taxa de câmbio são muito diferentes. A África do Sul o pa s da comunidade económica austral que mais tem u lizado a taxa de câmbio como instrumento de fomento, a curto prazo, das suas exportações. Mas de uma forma geral e par cularmente depois de 2011, os pa ses da SADC interessados no aumento e provavelmente na diversi cação das suas exportações t m desvalorizado a sua taxa de câm-bio, em proporções diferenciadas, certo, mas com uma trajectória rme. Angola o único

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pa s em que ocorreram apreciações da moeda durante todo o per odo em análise (excepção em 2010), devido à circunstância de as autoridades monetárias angolanas terem optado pelo uso deste instrumento para outras nalidades da pol ca económica como, por exemplo, o controlo da in ação.

2009 2010 2011 2012 2013 2014

Angola 39,2 -5,7 3,1 10,6 6,5 3,7

Botswana 2,3 8,3 -1,0 -3,3 -4,2 -5,2

Lesotho -2,7 14,0 -0,1 -5,5 -10,3 -6,6

Mauri us 2,9 3,2 5,9 1,6 0,1 3,0

Namibia -3,0 12,3 -2,9 -3,2 -8,2 -6,0

Seychelles -26,3 4,5 -7,8 -0,7 17,9 -3,2

South Africa -6,0 15,5 3,3 -8,3 -12,6 -6,2

Swaziland -1,3 7,9 -2,1 1,3 -5,1 -5,1

Zambia 4,1 5,8 -3,8 4,1 4,2 -4,1

Mozambique 0,4 -15,1 18,6 7,9 -0,8 -1,4

Tanzania 4,8 -5,3 -7,3 17,0 8,1 2,6

Congo Dem. Republic

Madagascar 17,3 -0,6 5,1 -1,0 3,6 -3,3

Malawi 9,5 -6,0 -4,3 -17,9 -15,0 8,9

Zimbabwe 5,9 -6,1 0,7 -4,0 2,2 1,1

SADC 1,8 8,0 1,9 -2,2 -6,2 -3,1 o ase e Regional Economic Outlook, Sub-Saharan Africa de

6.7 Investimento estrangeiro directo líquido

Para al m dos itens e indicadores analisados at ao momento, outros aspectos económicos são igualmente relevantes nesta análise compara va sobre os desa os colocados a Angola para a sua integração plena na Zona de Livre Com rcio já em 2017. E um deles o inves mento estrangeiro.

Nas experi ncias de maior sucesso com a diversi cação, o inves mento privado estrangeiro jogou um papel de grande u lidade na obtenção das metas de nidas pelos Governos quanto à redução da excessiva concentração das suas exportações. Foi es mulado a inserir -se nas estra-t gias nacionais de diversi cação dessas economias, a par lhar o seu know -how com os parcei-ros nacionais e a ensinar as empresas nacionais a inserirem -se nos mercados internacionais.

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Evidentemente que veram de ser concedidos determinados bene cios, dos quais a garan a de transfer ncia de lucros e dividendos para o exterior foi um deles. A taxa de câmbio, enquanto instrumento de pol ca económica, foi usado no sen do de facilitar a exportação e a conquista de novos mercados.

Na tabela seguinte mostram -se os uxos de inves mento privado estrangeiro nas diferentes economias sadcianas, como uma percentagem do Produto Interno Bruto de cada pa s.

INVESTIMENTO ESTRANGEIRO DIRECTO LÍQUIDO (% PIB)

2004-2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016Média Média

Angola -0,6 2,9 -5,5 -4,9 -8,4 -10,6 -0,3 -0,2 1,3 -3,9 -2,9

Botswana 4,2 1,2 1,0 7,2 1,0 1,3 1,2 1,1 1,0 2,4 2,1

Lesotho -2,4 -4,3 -0,4 -0,4 -0,4 -2,4 -2,5 -2,4 -2,7 -1,8 -2,0

Mauri us 1,6 2,5 127,6 -9,0 49,5 18,3 16,9 18,5 19,0 29,6 27,2

Namibia

Seychelles 11,6 19,2 15,8 12,7 13,9 15,5 20,9 19,1 19,6 15,7 16,5

South Africa 1,1 2,1 1,0 1,1 0,4 0,5 -0,4 -0,1 0,0 0,8 0,6

Swaziland 2,1 1,8 3,4 2,5 2,4 0,6 0,6 1,1 1,1 1,9 1,7

Zambia 6,0 2,8 3,1 4,7 9,8 6,3 9,3 5,5 5,7 6,0 5,9

Mozambique 3,4 8,0 12,8 19,6 35,1 38,0 25,4 28,4 25,9 20,3 21,8

Tanzania 3,5 3,7 3,2 3,9 4,4 4,3 4,3 5,0 5,5 3,9 4,2

Congo Dem. Republic 5,3 -1,5 13,3 6,7 10,5 5,4 5,3 4,5 4,8 6,4 6,0

Madagascar 3,7 8,2 4,0 7,8 7,8 5,2 3,5 3,9 4,3 5,7 5,4

Malawi 2,2 1,1 2,9 1,1 1,9 2,4 2,0 2,0 1,7 1,9 1,9

Zimbabwe 0,7 1,3 1,3 3,4 2,8 2,8 2,2 2,4 2,3 2,1 2,1

SADC

o ase e Regional Economic Outlook, Sub-Saharan Africa de Duma forma geral, o rácio do inves mento l quido estrangeiro directo (diferença entre

entradas e sa das a tulo de lucros e dividendos e outras formas de remuneração do factor de produção capital ) apresenta valores reduzidos, por vezes mesmo um equil brio naquele balanço. Por exemplo, a m dia anual do rácio na SADC foi de 1,2 no per odo 2004/2014. Sem-pre que os valores deste rácio forem posi vos, e especialmente numa perspec va temporal, pode concluir -se por uma contribuição posi va do inves mento externo para as economias que o acolhem.

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CEIC / UCAN

INVESTIMENTO DIRECTO ESTRANGEIRO LÍQUIDO (%PIB)

o ase e Regional Economic Outlook, Sub-Saharan Africa de Os pa ses representados na gura anterior são os melhores para o inves mento estrangeiro,

com as Maur cias na liderança. Uma atenção par cular deve ser dada à posição de Moçam-bique – que devido aos desenvolvimentos no sector do gás natural e do carvão e do próprio crescimento económico, com uma taxa m dia anual de incremento do PIB de 7,2 , no per odo 2004/2016 – às Seychelles e à Nam bia. A Zâmbia, a que não se tem dado uma importância rele-vante, começa a aparecer como uma economia emergente na SADC (taxa m dia de crescimento do PIB 2004/2016 de 7,2 ) e com conquistas apreciáveis em mat ria de condições de vida e de compe vidade. A pol ca económica destes pa ses tem sido convincente para os inves dores privados externos, levando -os a inves r localmente parte dos seus lucros e dividendos, donde um rácio muito posi vo do inves mento estrangeiro directo l quido.

Angola tem sido um exportador l quido de capitais (PIB m dio 2004/2014 de 82 535,5 milhões de dólares e rácio m dio IDEL/PIB 2004/2014 de -3,9 ) de 3289,9 milhões de dólares anuais, um evidente paradoxo face às necessidades de nanciamento do crescimento económico, da criação de emprego e da melhoria das condições de vida da população.

Maur cias, Seychelles e Moçambique são, na SADC, os grandes importadores l quidos de capitais privados externos.

A exposição internacional das economias e suas empresas desde há muito que está con r-mada como um factor decisivo do n vel e do ritmo de incremento da produ vidade. Em con-creto, o que as evid ncias emp ricas t m demonstrado que as empresas exportadoras apre-

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

sentam n veis de produ vidade superiores aos das restantes empresas que trabalham para o mercado interno e às m dias nacionais. Adicionalmente, parece haver uma correlação entre exposição a mercados internacionais e e ci ncia do processo produ vo, atrav s da evolução da produ vidade em sectores há mais tempo expostos à concorr ncia internacional. A diver-si cação da estrutura económica de Angola tem de ser feita num contexto de abertura e de conjugação óp ma entre produção de bens transaccionáveis e bens não transaccionáveis. Não pode assentar, exclusivamente, numa estrat gia passiva de subs tuição de importações. É o pior caminho para o aumento da produ vidade e a criação duma compe vidade estrutural.

A internacionalização duma qualquer economia , à semelhança de outras transformações profundas, um processo e uma estrat gia de longo prazo. Al m disso, representa uma mudança radical nas a tudes, comportamentos e valores. Não se internacionaliza uma economia sem que ocorra um movimento social de envergadura tendente a aumentar a produ vidade e a melhorar a compe vidade.

Um dos indicadores que uma proxy do ndice de internacionalização duma economia o seu grau de abertura, medido pelo peso das exportações de bens e serviços no Produto Interno Bruto.

EXPORTAÇÕES DE BENS E SERVIÇOS

2004-2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016Média Média

Angola 77,3 54,9 62,4 65,4 62,3 56,0 46,9 36,3 36,5 60,7 55,3

Botswana 50,8 35,2 35,7 45,4 43,1 54,8 54,9 56,7 57,1 45,7 48,2

Lesotho 52,1 46,9 45,5 46,6 44,1 40,9 41,9 43,8 45,7 45,4 45,3

Mauri us 55,6 47,0 50,9 51,8 52,9 52,6 53,0 55,2 55,8 52,0 52,8

Namibia 38,5 42,8 41,8 41,4 41,7 42,4 41,5 43,6 42,2 41,4 41,8

Seychelles 82,5 100,3 86,7 88,4 82,2 78,1 77,6 73,1 72,5 85,1 82,4

South Africa 29,6 27,9 28,6 30,4 29,7 31,0 31,3 32,9 32,8 29,8 30,5

Swaziland 68,2 55,9 53,0 53,1 53,5 55,1 57,2 52,6 52,2 56,6 55,6

Zambia 31,9 29,7 38,1 38,1 39,4 42,5 40,2 41,3 42,5 37,1 38,2

Mozambique 29,3 25 28,5 29,2 33,3 30,3 27,7 31,1 32,9 29,0 29,7

Tanzania 18,2 18,9 20,7 22,6 20,9 19,7 18,8 18,9 19,2 20,0 19,8

Congo Dem. Republic 29,5 27,4 43,2 42,9 32,1 33,3 34,5 29,0 30,9 34,7 33,6

Madagascar 25,3 22,4 24,1 26,8 29,2 30,3 32,3 32,6 33,3 27,2 28,5

Malawi 21,8 20,9 25,2 25,1 33,4 42,5 41,0 37,4 35,9 30,0 31,5

Zimbabwe 27,3 22,1 36,7 42,8 32,7 29,4 28,3 27,3 27,2 31,3 30,4

SADC

o ase e Regional Economic Outlook, Sub-Saharan Africa de

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CEIC / UCAN

No geral, todas as economias deste espaço regional são abertas, ainda que algumas dentre elas sejam mais abertas (coe ciente acima de 50 ). No entanto, Angola, Nam bia, Botswana e Moçambique centram a sua abertura num número reduzido de produtos transaccionáveis (essencialmente de origem mineral), o que a torna doen a e arriscada.

As Seychelles (recorde -se que a sua população total de apenas pouco mais de 100 000 ha-bitantes) o único caso na SADC duma economia completamente voltada para as exportações, situando a m dia do seu coe ciente de abertura no per odo 2004/2014 em 82,4 , sendo a nal esta situação o corolário de uma muito reduzida dimensão populacional do mercado interno, a despeito de deter o valor mais elevado do PIB por habitante (o qual se situou, em PPC e preços de 2011, em 24 692 dólares, em 2014).

As Maur cias e a África do Sul apresentam uma abertura baseada numa economia mais diver-si cada, como se comprovará adiante atrav s do coe ciente de concentração das exportações.

A África do Sul, dada a dimensão demográ ca e económica do seu mercado interno, à di-versi cação da sua estrutura produ va e à densidade do relacionamento inter -sectorial, a segunda economia com o menor coe ciente de abertura ao exterior. Mas os produtos e ser-viços exportados são de alta qualidade e incorporam tecnologia recente e moderna, devido à circunstância de o pa s possuir um acervo cien co e tecnológico dos maiores e melhores de África e inves r forte em inves gação desenvolvimento ( rosso modo 2 do seu PIB).

O caso da Tanzânia não deixa de ser curioso, com um ndice de abertura representando ape-nas 19,8 do respec vo PIB, o que de resto está consistente com o reduzido valor do respec vo coe ciente de concentração das exportações. Sem outras evid ncias emp ricas, parece que a taxa m dia anual de crescimento de 6,5 entre 2004 e 2014 foi, numa proporção relevante, devida ao mercado interno e à elevada taxa global de inves mento (28,1 no mesmo per odo).

Não se pode falar rigorosamente de ameaças a Angola neste item. No entanto, as econo-mias que há muito tempo apresentam um coe ciente de abertura ao exterior elevado e man-

do no mesmo n vel m dio anual durante alguns anos, mostram uma vantagem compe va, face a outros cujo isolamento do com rcio internacional livre evidente pelas tabelas esta s-

cas anteriores, em especial Angola, que só adquiriu experi ncia na exportação de petróleo e diamantes. Portanto, a par cipação na Zona de Livre Com rcio em 2017 , de facto, um enorme desa o, tamb m neste aspecto de aquisição de know -how necessário para a conquista de mer-cados estrangeiros, exigentes, organizados e compe vos.

O ndice de concentração das exportações um sinalizador, ainda que indirecto, da diversi-cação das economias e das fontes do crescimento. Mas a diversi cação pode ser expressa por

um indicador espec co, mais adiante apresentado e discu do152.

152 e os Relatórios Económicos do de a a a e e os a os so e d e s a o da e o o a a o a

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

ÍNDICE DE CONCENTRAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2010 2011 2012 2013

Angola 0,901 0,940 0,963 0,944 0,954 0,924 0,965 0,957 0,966 0,964 0,966

Botswana 0,802 0,792 0,779 0,774 0,722 0,584 0,545 0,502 0,601 0,785 0,789

Lesotho 0,370 0,428 0,412 0,405 0,407 0,408 0,353 0,273 0,428 0,473 0,470

Mauri us 0,322 0,326 0,315 0,280 0,264 0,262 0,249 0,260 0,249 0,241 0,238

Namibia 0,331 0,254 0,285 0,307 0,329 0,245 0,230 0,205 0,216 0,239 0,276

Seychelles 0,550 0,564 0,475 0,443 0,499 0,502 0,435 0,513 0,440 0,517 0,508

South Africa 0,123 0,133 0,134 0,140 0,153 0,157 0,156 0,142 0,146 0,181 0,182

Swaziland 0,335 0,284 0,299 0,221 0,215 0,234 0,215 0,234 0,244 0,245 0,219

Zambia 0,518 0,500 0,474 0,520 0,598 0,641 0,605 0,608 0,686 0,708 0,632

Mozambique 0,447 0,486 0,633 0,614 0,414 0,389 0,508 0,295 0,500 0,371 0,292

Tanzania 0,242 0,263 0,237 0,231 0,214 0,172 0,167 0,214 0,191 0,231 0,183

Congo Dem. Republic 0,670 0,511 0,449 0,415 0,347 0,315 0,340 0,341 0,387 0,404 0,482

Madagascar 0,309 0,302 0,249 0,230 0,224 0,237 0,244 0,220 0,182 0,265 0,242

Malawi 0,649 0,558 0,513 0,569 0,618 0,527 0,575 0,628 0,529 0,437 0,471

Zimbabwe 0,248 0,310 0,234 0,210 0,229 0,208 0,208 0,188 0,209 0,240 0,267

SADC 0,163 0,159 0,169 0,239 0,263 0,291 0,340 0,280 0,256 0,284 0,302

Doze anos um per odo razoável para a maturação de inves mentos. Por exemplo, nas

infra -estruturas rodoviárias, cujo tempo m dio de vida económica de 25 anos, 12 anos pra camente metade, pelo que os efeitos de retorno económico e social e de incremento da produ vidade devessem ter acontecido numa proporção razoável. No entanto, não isso que os números das tabelas respeitantes às taxas de crescimento do PIB de Angola, anteriormente apresentadas, revelam. Doze anos em Angola agravaram o ndice de concentração das suas exportações, constatando -se o facto pelas informações da tabela anterior. Ou seja, as reformas não veram impacto – ou apenas um impacto muito reduzido, sub l mesmo – sobre a diversi -cação da economia. Angola, no per odo 2002/2013, foi sempre a economia com o mais elevado padrão de concentração das suas exportações, com uma tend ncia de agravamento depois de 2010. Próximos, só o Botswana e a Zâmbia.

A tabela da página seguinte outra forma de con rmar o vazio das exportações angolanas não minerais. De ni vamente o pa s con nua sem poder de fogo nas exportações agr colas e manufactureiras, dadas a sua fraca diversi cação interna, baixa compe vidade externa e re-duzida produ vidade153. O pa s importa entre 70 e 75 de bens industriais nais, interm dios

153 o o s a -se o Relatório de Balanço do Plano 2013 -2017 a o e a -se o a o e a o d s a a s o ado a e a s a de od os d s a s a ados e a e e o es a

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CEIC / UCAN

e de capital necessários para a sa sfação de certos segmentos do consumo nal das fam lias e para garan r o funcionamento das ac vidades económicas, incluindo as industriais. As Contas Nacionais 2002/2012 con rmam a quase inexistente malha de relações inter -sectoriais na eco-nomia nacional, sendo o vector matricial procura externa o dominante.

Veri ca -se ainda que as importações agr colas diminu ram de 2011 para 2013, um sintoma de alguma transformação neste sector primário. Por m, podem não ser estruturais, atenden-do à imensidão de obstáculos (naturais e outros), de insu ci ncias t cnicas (inves gação) e tecnológicas (meios e equipamentos de cul vo) e de algum desprezo da pol ca económica, que impendem sobre a agricultura, pecuária e orestas nacionais. A percentagem de dinheiro público atribu do a este sector, para al m de rela vamente ex gua para um driver da diversi ca-ção da economia, tem diminu do ao longo dos anos, revelando, portanto, a sua secundarização no mapa de prefer ncias das escolhas públicas154.

Só as exportações minerais (petróleo e diamantes, algumas rochas ornamentais) conseguem nanciar as importações numa desproporção tal que permite a acumulação de excedentes ele-

vados na balança comercial do pa s. A quebra dos preços do petróleo reduziu signi ca vamente a capacidade de importar em 2014, situação a prolongar -se, possivelmente, at 2020 (a capa-cidade de importar mercadorias, calculada com base nas informações da tabela em refer ncia, foi de, respec vamente, 3,3 em 2011 e 2,8 em 2013).

Não teriam sido necessárias as medidas proteccionistas da nova pauta aduaneira e as restri-ções quan ta vas às compras no exterior para se aproveitar esta janela de oportunidades dada por um mercado interno agr cola e manufactureiro de rela va boa dimensão. A questão-chave

a da falta de e ci ncia da produção e de baixa produ vidade geral dos factores de produção. Enquanto exis rem receitas externas mais fácil e cómodo importar -se.

ANGOLAN TRADE PROFILE

2011 2013

Merchandise trade (million USD) 66 996,00 20 190,00 68 800,00 24 500,00

Agricultural products 0,00 23,00 0,00 18,90

Fuels and mining products 98,30 6,30 97,70 5,20

Manufactures 1,70 70,20 2,30 75,60

Commercial services trade (million USD) 732,00 22 415,00 864,00 22 355,00

Transporta on 3,60 16,20 2,00 21,00

Travel 88,30 0,80 90,60 0,80

Other commercial services 8,10 83,00 6,00 78,30 154 e a o so e a e a e o es as o Relatório Económico do de e

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A componente importada da produção nacional muito elevada155 e nem a abolição/redu-ção das tarifas aduaneiras sobre determinadas mat rias -primas e interm dias contribuiu para a redução dos custos empresariais, devido à generalizada baixa produ vidade da economia:

a) Conforme destacado já anteriormente, a produ vidade m dia do trabalho foi de 21 000 USD por trabalhador em 2014.

A falta de electricidade e de água (ou o seu de ciente fornecimento) torna os custos de produção elevados. Mesmo a maior economia da SADC – a África do Sul – (como já sublinhado, as reclamações da economia e das fam lias são muito contundentes sobre a degradação dos sistemas de abastecimento e produção de electricidade) tem problemas de sa sfação da procura de electricidade semelhantes a Angola.

c) O coe ciente marginal e m dio de capital (relação entre inves mento e PIB, em redor de 3,5 -4, consoante o sector de ac vidade) muito elevado, denunciando uma baixa produ-

vidade do capital156.

d) A produ vidade ins tucional (privada e pública) igualmente baixa, devido à incid ncia da de ciente organização empresarial, ao excesso de burocracia e ao amiguismo e no que ao Estado se refere da corrupção e do generalizado trá co de in u ncias.

e) De ciente cobertura de infra -estruturas, apesar de o pa s, neste item, ser muito diferente do de 2002. O Doin usiness 2015 do Banco Mundial aponta este crit rio como um dos que mais progressos registaram nos úl mos anos depois de nda a guerra civil (a soma dos inves mentos públicos em infra -estruturas económicas e sociais entre 2002 e 2014 ultrapassou 93,2 mil milhões de dólares, conforme se tem referido em apontamentos anteriores). Por m, reconhece -se neste Manual de Bem -Fazer Negócios que ainda faltam muitas infra -estruturas em diferentes dom nios da economia e que as existentes são de muito baixa qualidade.

A baixa produ vidade do trabalho tamb m explicada pela qualidade do capital humano nacional, em muitas pro ssões com uma forte depend ncia de expatriados (há pro ssões onde o uso da mão -de -obra estrangeira um atentado às capacidades dos angolanos).

155 e do os ad es e a o a s od o a a se o s de ado a o a e de o o a e o e os de e s e se os o a s o es a o a os o os od os s o a o a os o s o a a o de d sas dos od os a o a s as a e de o156 a a e es a e a o d a e se e e e a od dade do a a da e a o dese -o e o e o o e e s es de a a s o ado as de o a es o a a o a o a a o de e e o e de e a de o as sa e o a a a s a ed o de de a o de a de s o de a s es do es a o a os de s a a a a de oa e de o o o o de a da o a a dade d a de o essa e o de o e adas s e es e o e s o de e a de de d a es e a e a de os os de a a o e a o a -a a a o de d a es o e e o ado

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g) Os imperfeitos sistemas de transporte, distribuição e log s ca tamb m ajudam na baixa produ vidade geral da economia nacional e na sua reduzida compe vidade externa.

Angola, embora sem estudos apropriados que o comprovem e jus quem, det m ac vida-des económicas vocacionadas para a internacionalização. Passam -se a citar algumas:

a) Na energia: os re nados de petróleo (gasolina, fuel, gasóleo, entre outros) são áreas de transformação com enormes potencialidades de exportação e a balança comercial do pa s vai melhorar ainda mais quando as exportações forem adicionadas das vendas destes transformados. Na electricidade, o pa s tamb m det m inques onáveis val ncias exportadoras, atendendo à riqueza hidrográ ca e aos aproveitamentos hidroel ctricos em perspec va. O mesmo na produção de derivados energ cos da agricultura.

No sector orestal: um dos sectores que pode melhorar consideravelmente a sua par-cipação no PIB nacional e um dos de maior capacidade potencial de criação de postos

de trabalho. Incluem -se: a leira orestal (pasta de papel, papel, biomassa, resinas) e a leira da madeira (mobiliário e materiais de construção).

c) Nos min rios: os diamantes, as rochas ornamentais, os minerais ferrosos e não ferrosos. O seu peso nas exportações tem condições de registar incrementos signi ca vos a m dio prazo e contribuir para a diversi cação das exportações.

d) A leira do t x l e dos curtumes, abarcando o algodão, a pecuária, o vestuário, o calçado, o desi n e o marke n .

e) O cluster da alimentação det m inegáveis potencialidades exportadoras e de criação duma imagem empresarial compe va.

Que medidas devem ser tomadas para se vender mais e diferente lá fora? Algumas são id n cas às que devem ser tomadas para se produzir mais e melhor cá dentro. Outras são peculiares:

• Descriminar posi vamente os sectores exportadores atrav s de incen vos scais. Numa segunda fase, apoiando estas ac vidades geradoras de credibilidade externa com linhas de cr dito.

• Cons tuir fundos especiais de apoio à internacionalização das empresas angolanas, em dom nios ligados à tecnologia, inovação e melhoria da produ vidade.

• Diminuir a burocracia atrav s da criação duma via verde para os inves mentos virados para as ac vidades exportadoras.

• Criar uma diplomacia de atracção de inves mento estrangeiro, portador de futuro e de capacidade de inovação e de exportação (equivale a reforçar, consideravelmente, o actual papel da ANIP ou dos departamentos que nos diferentes Minist rios caram com a res-ponsabilidade de atrair e coordenar as intenções de inves mento provindas do exterior).

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Braga de Macedo157, na confer ncia por ocasião do lançamento dos Relatórios Económico e ocial 201 , apresentou considerações importantes sobre a diversi cação económica em Angola,

valendo, por isso, a pena especi car a situação na SADC e ver quais são as ameaças a Angola.

Economias diversi cadas são melhor protegidas das intemp ries económicas, aumentam o grau de resili ncia e aligeiram os impactos perversos da redução da intensidade de crescimento do PIB em pocas de crise.

ÍNDICE DE DIVERSIFICAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES – INVERSO DO ÍNDICE DE CONCENTRAÇÃO

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2010 2011 2012 2013Média

Angola 1,11 1,06 1,04 1,06 1,05 1,08 1,04 1,05 1,04 1,04 1,03 1,05

Botswana 1,25 1,26 1,28 1,29 1,38 1,71 1,83 1,99 1,66 1,27 1,27 1,45

Lesotho 2,70 2,34 2,43 2,47 2,46 2,45 2,84 3,66 2,34 2,12 2,13 2,51

Mauri us 3,11 3,06 3,17 3,57 3,79 3,82 4,02 3,85 4,02 4,15 4,19 3,68

Namibia 3,02 3,94 3,51 3,25 3,04 4,08 4,35 4,89 4,64 4,18 3,62 3,82

Seychelles 1,82 1,77 2,10 2,26 2,00 1,99 2,30 1,95 2,27 1,94 1,97 2,03

South Africa 8,14 7,50 7,44 7,16 6,53 6,37 6,40 7,02 6,84 5,52 5,50 6,72

Swaziland 2,98 3,52 3,35 4,52 4,64 4,27 4,66 4,28 4,10 4,08 4,57 4,05

Zambia 1,93 2,00 2,11 1,92 1,67 1,56 1,65 1,64 1,46 1,41 1,58 1,71

Mozambique 2,24 2,06 1,58 1,63 2,42 2,57 1,97 3,39 2,00 2,70 3,43 2,29

Tanzania 4,13 3,80 4,21 4,32 4,68 5,81 5,99 4,67 5,24 4,34 5,48 4,74

Congo Dem. Republic 1,49 1,96 2,23 2,41 2,88 3,17 2,94 2,93 2,58 2,47 2,07 2,42

Madagascar 3,23 3,31 4,02 4,34 4,47 4,22 4,10 4,55 5,50 3,77 4,13 4,11

Malawi 1,54 1,79 1,95 1,76 1,62 1,90 1,74 1,59 1,89 2,29 2,12 1,82

Zimbabwe 4,03 3,23 4,27 4,75 4,37 4,81 4,81 5,32 4,79 4,17 3,74 4,35

SADC 6,12 6,31 5,92 4,19 3,80 3,43 2,95 3,57 3,91 3,53 3,31 4,13

A tabela anterior con rma a África do Sul como a economia mais diversi cada do espaço

SADC (em 2013 eram quase 300 os produtos exportados com um valor superior a 100 000 dóla-res). Igualmente pelas mesmas informações se con rma que Angola a economia menos diver-si cada da SADC, com um ndice m dio 2002/2013 de 1,05. Mesmo pequenas economias como Maur cias, Nam bia, Swazilândia e Lesoto se apresentam mais diversi cadas do que Angola.

157 a a de a edo o e o e a de a a e o do Relatório Económico de 2014 e do Relató-rio Social de 2014 de o de a da

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As maiores ameaças emergentes são a Tanzânia – con rmando -se as apreciações feitas em parágrafos anteriores sobre a sua capacidade de se revelar como um dos focos do crescimento económico futuro da região – Madagáscar e Zimbabwe.

ÍNDICE DE DIVERSIFICAÇÃO DA ECONOMIA

a a de a edo o a o o e a da A perspec va grá ca anterior clara quanto a dois aspectos: um, já referido, o baixo valor

do ndice de diversi cação de Angola. O outro, a degradação do mesmo desde 1995. Não só pouco tem sido feito neste dom nio de intervenção das empresas privadas, como da parte das pol cas e estrat gias do Governo. De uma forma mais ou menos sistema zada, só o Plano

acional de Desenvolvimento 201 -201 toca no dom nio estrat gico da diversi cação econó-mica – embora a Estrat ia de Lon o Prazo 2000 -2025 tenha diferentes parágrafos com esta temá ca – devendo, portanto e com toda a legi midade, ques onarem -se as razões para esta marginalização158.

O desenvolvimento social o único padrão de aferição da qualidade e da generosidade do crescimento económico. As economias e os sistemas económicos existem para servir a popu-lação, melhorar e elevar os seus padrões de vida e caucionar uma repar ção equita va da renda nacional. Evidentemente que não fácil, em cada fase dos processos de crescimento

158 e esses o e a s o es as o a es de e s e se os a a o a do a -a o o o dade o a deo a e do a a a o do s s e a a a s a a da e se a e e o o so a ode se d as dessas s a es

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económico, atender ao exigente binómio e ci ncia/equidade. Mas para isso que os Governos existem e foram eleitos. Os compromissos com os cidadãos, assumidos durante as campanhas eleitorais, são para cumprir, mesmo em condições mais adversas. Os contratos sociais são o ve -culo de aproximação entre governantes/pol cos e governados. Quebrando -se estes elos, por incumprimento de promessas, a con ança social sai abalada e os sistemas democrá cos feridos nos seus mecanismos básicos de funcionamento.

Em comparação com outras regiões do mundo, a África tem registado signi ca vas altera-ções em todas as dimensões do desenvolvimento humano, como educação, saúde e rendimento m dio. O Relatório sobre o Desenvolvimento Humano do PNUD de 2014 mostra que 17 dos 54 pa ses africanos conseguiram altos e m dios n veis de desenvolvimento humano dos quais Maur cias, Seychelles, Botswana, Nam bia e África do Sul são integrantes da SADC.

Contudo, o mais recente MD Pro ress Report on frica159 conclui que só em relação a dois objec vos de desenvolvimento do mil nio (educação primária e paridade do g nero no n vel primário de educação) a África vai cumpri -los.

Em contraste, progressos muito insu cientes foram averbados nos objec vos relacionados com a redução da pobreza e a eliminação da fome. Estes insucessos são, em boa parte, expli-cados pela limitada inclusão do crescimento económico, baixo crescimento e reduzido valor da elas cidade rendimento/pobreza.

Tamb m do ponto de vista social, a SADC um conjunto de contrastes, havendo pa ses fazendo parte dos mais elevados padrões de desenvolvimento social (Maur cias e Seychelles), enquanto outros ocupam posições indecorosas , sobretudo se se atender aos elevados ritmos de crescimento do PIB nos úl mos anos. Angola um destes pa ses160. O acesso à água e sanea-mento uma das principais queixas da população angolana, grande parte da qual ainda vive em bairros degradados (nas periferias das cidades de m dia e grande dimensão). Esta s cas da OMS (Organização Mundial de Saúde) indicam que 40 dos angolanos não t m acesso à água potável e 53 não dispõem de saneamento.

Esta não uma situação peculiar a Angola. Moçambique, Tanzânia, Zâmbia, RDC e Mada-gáscar não t m estes problemas sociais resolvidos, ou mesmo atenuados, sendo, por isso, di cil

159 African MDG Report 2014160 a a ea d a a a de es e o do e e e de o de a o do o as o as a o a s o se ad e a os so a s e e a es e s s e ados s s s e as de od o e a esso a a o e e o da e a a a a e e o de doe as e d -as s o o de e es o a s desde o e o e do o e e o de s ado das as do s o da e a e as a ado a e a de es de d a es a a se es-da a e o a do a esso a es e e e oso a o o se osse oss e a - o as e o-es o d es de a dade se o de as e o o e a o e e o e África Monitor de de

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CEIC / UCAN

de entender a vontade dos dirigentes dos pa ses da Zona de Livre Com rcio de se entrar no processo de criação da União Aduaneira e preparar a União Monetária da SADC161.

O que será uma União Aduaneira na SADC na presença de diferenças económicas e sociais signi ca vas entre os pa ses cons tuintes? Que bene cios concretos as economias mais d beis poderão re rar da adopção de uma pauta aduaneira comum face a pa ses terceiros (leia -se Estados Unidos, União Europeia e China, já que o com rcio intra -africano tem fraca expressão)? Aos pa ses menos desenvolvidos da organização regional re ra -se um instrumento de sobera-nia nacional que pode ser importante nas negociações comerciais com os seus parceiros mais importantes.

Foram seleccionados dois indicadores gen ricos para a avaliação das condições sociais na SADC: o PIB por habitante (e a respec va taxa de crescimento real durante o per odo em análi-se) e o Índice de Desenvolvimento Humano.

PIB PER CAPITA EM PARIDADE DE PODER DE COMPRA EM DÓLARES DE 2011

2012 2013 2014

Angola 7346 7481 7600

Botswana 14 443 14 949 15 453

Lesotho 2368 2451 2547

Mauri us 16 194 16 649 17 116

Namibia 9136 9425 9770

Seychelles 23 152 23 967 24 692

South Africa 11 989 12 137 12 254

Swaziland 5912 5962 6006

Zambia 2990 3088 3205

Mozambique 971 1006 1052

Tanzania 1654 1705 1769

Congo Dem. Republic 451 465 483

Madagascar 1378 1390 1402

Malawi 739 757 776

Zimbabwe 1337 1403 1452

SADC Human Development Report

161 e a ea o ade a d e o o e a a o e o s o a e ead a e es a s e o s o s o a e e o e d es s as e e e e o o e s-o s o as e e ed a d ado ed a e o o e a e o o e s o s o ” SADC Report 2011 -2012

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Algumas observações:

a) Os melhores pa ses da região em PIB por habitante são, por ordem decrescente e em 2014, Seychelles, Maur cias, Botswana e África do Sul, todos com rendimentos individuais acima de 10 000 dólares e da m dia da região (pouco mais de 7000 dólares). Em posição relevante aparece igualmente a Nam bia.

Entre o menor rendimento m dio por pessoa (RDC) e o maior (Seychelles) existe uma diferença de mais de 51 vezes.

c) No geral, a progessão do valor nominal do PIB por habitante tem sido lenta durante o pe-r odo compreendido entre 2012 e 2014, ainda que não tenham sido registadas situações de regressão.

d) No espaço espec co da SADC existem 3 categorias de pa ses consoante o valor do seu ren-dimento m dio por habitante: de elevado rendimento (Seychelles, Maur cias, Botswana e África do Sul), de rendimento m dio (Nam bia, Angola e Swazilândia) e de rendimento baixo (todos os restantes 8 pa ses). Em condições de liberdade de com rcio, os bene cios do crescimento tenderão a concentrar -se nos pa ses de maior PIB e de mais elevado PIB por habitante (maior poder de compra). E esta tend ncia poderá agravar -se nas fases seguintes da SADC, porquanto não existem medidas concretas e efec vas que promovam a converg ncia real entre os seus pa ses. Ainda que subsistam inicia vas conjuntas em certas áreas de infra -estruturas, o essencial desta mat ria entendido como trabalho de casa de cada uma das economias.

e) As profundas desigualdades na região podem ser ilustradas por alguns ndices de con-verg ncia/diverg ncia económica e social. Assim, por exemplo, e mantendo as condições de crescimento do PIB per capita nominal entre 2012 e 2014, a RDC necessitaria de 1860 anos para a ngir o rendimento m dio das Seychelles.

Portanto, os desa os não se aplicam apenas a Angola, sendo igualmente válidos para outros pa ses -membros da SADC, pertencendo ou não à Zona de Livre Com rcio. Aparen-temente t m sido implementadas poucas medidas posi vas de integração, tal como a res-pec va Teoria sugere, deixando -se ao livre arb trio das forças de mercado mais poderosas da região o essencial dos processos de afectação e reafectação de recursos e factores de produção.

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CEIC / UCAN

OS MELHORES PAÍSES EM CONDIÇÕES DE VIDA

Human Development Report A dinâmica na melhoria das condições de vida das populações da SADC pode ser ilustrada

atrav s da taxa real de variação do PIB por habitante.

TAXA REAL DE CRESCIMENTO DO PIB POR HABITANTE (%)

2004-2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016Média Média

Angola 13,9 -0,6 0,4 0,9 2,1 3,7 1,2 1,5 0,9

Botswana 4,2 -9,1 7,2 4,9 3,0 4,6 3,7 2,9 2,8

Lesotho 3,9 4,3 6,6 4,3 5,0 3,2 1,9 3,7 4,2

Mauri us 3,8 2,8 3,9 3,7 2,9 3,0 3,2 3,5 3,5

Namibia 4,6 -1,2 4,5 3,6 3,7 3,7 4,4 4,7 5,6

Seychelles 3,7 -1,5 3,0 6,7 4,8 5,4 1,8 2,4 2,6

South Africa 3,4 -2,9 1,5 1,7 0,7 0,6 -0,1 0,4 0,5

Swaziland 4,1 0,1 0,8 -1,8 0,7 1,6 0,5 0,6 0,6

Zambia 4,8 6,1 7,0 3,1 3,4 3,3 2,0 3,3 3,5

Mozambique 4,8 3,7 4,4 4,8 4,4 4,8 4,7 4,0 5,4

Tanzania 3,6 2,7 3,8 5,3 2,7 4,2 4,1 4,1 4,0

Congo Dem. Republic 3,0 -0,1 4,0 3,8 4,0 5,3 5,9 6,0 5,3

Madagascar 2,8 -7,4 -2,5 -1,4 0,2 -0,4 0,1 2,1 2,1

Malawi 3,0 6,0 3,6 1,4 -1,0 2,3 2,7 2,5 2,8

Zimbabwe -8,3 6,6 10,4 9,1 7,8 3,3 2,0 1,7 1,6

SADC 4,4 -1,4 2,3 2,3 1,7 2,0 1,3 1,7 1,7

o ase e Regional Economic Outlook, Sub-Saharan Africa de

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Os pa ses que durante o per odo em refer ncia mostraram as taxas reais de crescimento do PIB mais altas são, tamb m, os de maior performance nas dinâmicas de melhoria das condições de vida, medidas pelo incremento no PIB per capita real.

Nota -se, por outro lado, que para algumas economias da região os crescimentos m dios esperados para 2004/2016 superam os registados entre 2004 e 2014. Do grá co seguinte, a única excepção a do Botswana.

AS MAIORES DINÂMICAS DE MELHORIA DAS CONDIÇÕES DE VIDA NA SADC

o ase e Regional Economic Outlook, Sub-Saharan Africa de Quanto ao Índice de Desenvolvimento Humano – o indicador por excel ncia das condições

de vida dos cidadãos, com a sua tridimensão – tamb m a SADC pode ser classi cada em 3 grupos de pa ses: IDH elevado (Botswana, Maur cias, Nam bia, Seychelles e África do Sul), IDH m dio (Angola, Swazilândia e Zâmbia) e IDH baixo (os restantes pa ses).

ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO

2004-2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Angola 0,490 0,497 0,504 0,521 0,524 0,526 0,528 0,530 0,532

Botswana 0,656 0,664 0,672 0,678 0,681 0,683 0,685 0,687 0,689

Lesotho 0,456 0,464 0,472 0,476 0,481 0,486 0,491 0,496 0,501

Mauri us 0,741 0,749 0,753 0,759 0,769 0,771 0,773 0,775 0,777

Namibia 0,598 0,604 0,610 0,616 0,620 0,624 0,628 0,632 0,636

Seychelles 0,766 0,765 0,763 0,749 0,755 0,756 0,757 0,758 0,759

South Africa 0,623 0,631 0,638 0,646 0,654 0,658 0,662 0,666 0,670

Swaziland 0,518 0,523 0,527 0,530 0,529 0,530 0,531 0,532 0,533

Zambia 0,505 0,518 0,530 0,543 0,554 0,561 0,568 0,575 0,583

con nua

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CEIC / UCAN

2004-2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Mozambique 0,366 0,373 0,380 0,384 0,389 0,393 0,397 0,401 0,405

Tanzania 0,451 0,458 0,464 0,478 0,484 0,488 0,492 0,496 0,500

Congo Dem. Republic 0,307 0,313 0,319 0,323 0,333 0,338 0,343 0,348 0,353

Madagascar 0,487 0,491 0,494 0,495 0,496 0,498 0,500 0,502 0,504

Malawi 0,395 0,401 0,406 0,411 0,411 0,414 0,417 0,420 0,423

Zimbabwe 0,422 0,441 0,459 0,473 0,484 0,492 0,500 0,508 0,517

SADC Human Development Report AS MELHORES CONDIÇÕES DE VIDA PELO IDH

Human Development Report

A principal ilação refere -se à falta de compe vidade de Angola, seja qual for o indicador considerado.

A despeito de várias alterações posi vas conseguidas depois de nalizada a guerra civil em 2002 – estabilidade macroeconómica e controlo dos macropreços, ainda que estejam agora ameaçados pela crise do preço do petróleo – construção de infra -estruturas económicas e so-ciais (mais de 93 mil milhões de dólares entre 2002 e 2014), melhoria de algumas condições sociais, etc., parece que não foram su cientes para aumentar, duma forma estrutural, a com-pe vidade da economia nacional. Permanecem escolhas essenciais à abertura da economia

con nua o

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

e à sua livre inserção no com rcio mundial e da SADC: falta de diversi cação da economia – expondo -a demasiadamente aos choques externos incontroláveis pela pol ca económica in-terna – car ncia de capital humano (em todos os sectores e ac vidades económicas e sociais) e aus ncia de fornecimento de u lidades indispensáveis para o crescimento com qualidade, intensidade e diversidade, como a electricidade, a água e o saneamento básico.

É impensável estruturar a diversi cação da economia na base de geradores, de camiões cisternas e de abundante lixo por falta de saneamento básico. Os custos são, actualmente, muito elevados, não sendo, portanto, surpresa a inclusão do pa s nos lugares mais baixos das classi cações internacionais dos indicadores de compe vidade.

O Governo tem consci ncia de todos estes problemas, agravados pela dramá ca quebra das suas receitas scais e dos r ditos externos da economia. A procura de nanciamentos externos parece ser uma das poucas alterna vas – dadas as limitações do recurso a empr s mos inter-nos, dada a situação de quebra da intensidade do crescimento, cuja taxa de variação do PIB em 2015 poder ser de apenas 3 , apesar das previsões o cias a colocarem no patamar de 6,6 – mas com os riscos de se criar d vida pública em demasia. A classi cação risco -pa s de Angola tem estado a piorar, com consequ ncias sobre a taxa de juro internacional e o serviço da d vida.

Claro que, mesmo nestes contextos mais adversos, a diversi cação tem de ser um processo de transformação pró -ac va da economia angolana.

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7. A DISTRIBUIÇÃO DO RENDIMENTO COMO MODELO DE CRESCIMENTO ALTERNATIVO

Com as informações que vão chegando, os estudos que vão sendo elaborados e as previsões que se vão efectuando (em horizontes de largo prazo, umas com mais e outras com menos credibilidade e con ança), o ciclo do petróleo está na verdade a chegar ao m. Não apenas en-quanto fonte de nanciamento da ac vidade económica de alguns pa ses e nanceira dos seus Estados e Governos, mas igualmente como uma componente da produção nacional. O ciclo do petróleo – provavelmente a melhor designação será ciclo do petróleo caro – está a ser afec-tado pelo preço desta commodity e tamb m pelos extraordinários ganhos de e ci ncia que se vão acumulando, ano após ano, desde 1973/1974, depois da dramá ca subida do preço m dio em pra camente 500 162. Portanto, não seguro que a procura mundial de petróleo chegue aos 100 milhões de barris por dia e muito menos aos 120 milhões conforme as projecções da Ag ncia Internacional de Energia.

Numa palestra na UCAN/CEIC, no dia 28 de Janeiro, orientada pelo Professor Mark Roland Thomas (Gerente do Departamento de Macroeconomia e Gestão Fiscal para África do Banco Mundial) caram claros os desa os que as economias africanas defrontam no futuro. Em par -cular, para as que t m centrado o seu modelo de crescimento na exportação de petróleo e na concentração do rendimento derivado desta ac vidade numa pequena elite pol ca e empre-sarial. A despeito de algumas diferenças entre as previsões do preço futuro do petróleo, todas parecem convergir para valores compagináveis com a procura mundial e os avanços tecnológicos

162 ad a o dos e os e - e a d a o e - o a so da e as a o es e o o as d s a adas do do a a s d de s o a e ado do o s o da o a a de e e a das o as e o o as de od o do ea e o as e e as a e a as a s a a as e d a o dese e o e a o dese adea e o des es do s e os o es e o e os e es e a o de - e e a s a o e a o s a a o d a e a e e de e-o a o dos e os de o a dos a ses e o ado es de e eo se e a e de a e s so e a de ada o das a es de o a dos a ses da a a a o os s ados dos da -a e o e o do e e e do s o assado de a odo e o o a a o da a o o o o dos a ses da desde e e e o de o a do e eo e e os ea s o a a os es a a a s a o do e e s a ses e o ado es de e eo o -a e o e es a a a se a os e d e o se a o e eso e a ea e o o a e -a do os e os e d do a od o

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

altamente poupadores de energia. At 2020, o Banco Mundial aponta para um preço m dio entre 40 e 50 dólares o barril.

Ganhos de e ci ncia de tal maneira pronunciados que fazem prever que o pico da procura mundial de crude já tenha sido ultrapassado, sendo, a par r de agora a sua caracter s ca mais saliente o decr scimo. Hoje, com um litro de óleo poss vel produzirem -se mais bens e fornecerem -se mais serviços do que há dezenas de anos atrás. Estes ganhos de e ci ncia con-tribuem para reduzir a procura de petróleo. Os ganhos de e ci ncia são par cularmente vis veis ao n vel da stocagem de energia. Começa a ser norma de poupança energ ca, em pra ca-mente todos os pa ses desenvolvidos (os grandes consumidores de petróleo), o fornecimento de energia a preços diferenciados consoante as horas do dia, sendo mais barata durante a ma-drugada. Muitos operadores industriais e tecnológicos passaram a armazenar energia quando o seu preço mais barato, atrav s do uso de baterias e acumuladores gigantes, que a reinjectam para os circuitos normais durante as horas de trabalho.

O actual excesso de oferta – variável entre um milhão e dois milhões de barris/dia consoante diferentes abordagens – outro elemento a ter -se em consideração163 e a Arábia Saudita parece ser a principal responsável por esta situação, atrav s da qual ambiciona objec vos de dom nio pol co regional no Oriente M dio, mas tamb m no mundo, como por exemplo a queda de Pu n pela via do decl nio do preço do petróleo.

Mas não só. As energias alterna vas derivadas do aproveitamento de recursos renováveis estão em força, como consequ ncia de uma crescente consciencialização internacional quanto aos problemas ambientais e de aquecimento global. Ainda não são completamente claros os contornos da nova era energ ca, se nuclear, renovável, hidrog nica, solar ou ainda outras fontes por descobrir (nos Estados Unidos, o Governo Federal apostou 600 milhões de dólares no desenvolvimento do carro el ctrico), mas o que começa a ser seguro que o paradigma do petróleo, tal como existe, está a chegar ao seu m, por limitações tecnológicas que se não coadunam com os objec vos que a Comunidade Internacional deseja a ngir e que foram apre-sentados e aprovados na mais recente imeira sobre o lima realizada em Paris.

Parece incontestável que o petróleo angolano não bene ciou, at este momento, a genera-lidade da população, em par cular o imenso universo de pobres. Segundo alguns estudiosos da

163 e a e d a de d o o ad a e o de es e os e es a o dese o e o e os e o e as a - o das e e od o o a e e d a o a e o o a s-a e o e e o e a e o a a a a o se e e a a a s de e a s os o a s do e ado e o e o es de e a o sse a o e e a o o e o do e eo se a e ao e e es o a e a o de o os o os o -sa as e o e os d a s e se do os o a da Oje Digital de a e o de es de d a es de o-e os de e o a o e as a - o das es o a a e e s s e sos s e e os a-do es e ados e os es e os e o e os so e a a a e sa de a dades d s a s e de es a o de se os o se e d dos

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CEIC / UCAN

economia angolana, como Ennes Ferreira164, o nosso petróleo foi, desde os primórdios da nossa independ ncia, usado numa dupla perspec va, a saber, como instrumento da pol ca externa (valorizando o seu poder negocial na arena pol ca internacional) e enquanto ferramenta do reforço da pol ca do rent -seekin da sua elite dirigente. Tem sido criado em Angola uma esp -cie de Estado Mercan lista, em que, à semelhança da Idade M dia Europeia, a prosperidade da Nação era avaliada pela riqueza do Monarca e da sua Corte. A ideia de que necessário o esta-belecimento duma burguesia nacional endinheirada, de modo a que se garanta a independ n-cia económica do pa s, levou à acentuação do comportamento rent -seekin e ao agravamento das desigualdades na distribuição do rendimento nacional e na democra zação do acesso às condições e oportunidades de melhoria das condições de vida da maioria da população.

Claro que Angola con nuará a produzir e a exportar petróleo, pelo menos at ao ponto em que o incremento do respec vo custo de extracção iguale o seu preço de venda (condição microeconómica de maximização do lucro em mercados de concorr ncia perfeita). As expecta-

vas mais consistentes quanto ao comportamento do preço do petróleo at 2030 são do Fundo Monetário Internacional, que a m dio prazo (2020) colocam a respec va fasquia em USD 64 o barril. Este valor, tendo em conta os factos anteriores, poderá manter -se, com mais ou menos

utuações, at 2030, altura em que se prev que o novo modelo energ co mundial possa estar completamente de nido. Se as condições actuais da procura mundial se man verem – e se a a tude da OPEP se não alterar – então a taxa de crescimento do PIB petrol fero em Angola deverá ser de 0 ao ano at 2020. No entanto, havendo modi cação nos volumes de oferta mundial do crude como estrat gia que evite a queda do seu preço e possa mesmo contribuir para a sua subida, então a dinâmica do PIB petrol fero no pa s será tendencialmente decrescen-te e nega va, ainda que com aumento de receitas.

O DESAPARECIMENTO TENDENCIAL DO SECTOR PETROLÍFERO

e o Quadro Macroeconómico Comparativo

164 a e es e e a ea e o o e ea o os e sos a a s e o a Revista de Relações Internacionais o de

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

A diversi cação das economias o seu estado natural, porque não existem sistemas econó-micos está cos ou de reprodução simples na terminologia de Karl Marx (provavelmente só o do Robinson Cruso 165). O crescimento e a transformação no tempo são as suas caracter s cas essenciais, sendo, a nal de contas, a diversi cação a sua consequ ncia mais evidente. Neste sen do, não há nem in cio, nem m dos processos de diversi cação nas economias de mercado, que funcionam na base dos comportamentos adapta vos e reac vos dos agentes económicos. Tamb m da sua capacidade de pró -ac vidade, atrav s do que Joseph Schumpeter chamou de destruição criadora .

Da aprendizagem que o CEIC re rou dos estudos e pesquisas realizadas nos úl mos 3 anos sobrou o seguinte: há uma boa e uma má diversi cação. A boa a que se centra num modelo de compe vidade de altos salários e elevada produ vidade. É o modelo que funciona em con-textos de economias abertas e de globalização crescente das forças produ vas nacionais. A má diversi cação alicerçada em salários baixos, produ vidades incompe vas e num mercado dom s co fechado e protector de interesses das elites económicas e pol cas. A mais -valia re rada à custa da exploração da força de trabalho, impreparada para resis r a estrat gias empresariais de obtenção de lucro fácil e rápido. Nestes casos, a inserção externa das econo-mias feita com o apoio de subs dios à exportação, condenados pela Organização Mundial do Com rcio.

A diversi cação e o seu complexo processo não são mat rias da exclusiva responsabilidade do Estado e das suas ins tuições, mas principalmente uma questão de sobreviv ncia das em-presas, empresários e trabalhadores e da economia do pa s em situações de choques externos importantes (mais ou menos duradouros) e cujos efeitos se agravam quando os tecidos eco-nómicos se concentram numa única ac vidade de exportação e em produções locais de fraco valor de incorporação e de elevados ndices de incompe vidade. A melhoria da compe vida-de depende, evidentemente, da exist ncia de ambientes de negócios bem estruturados, trans-parentes e que convidem ao inves mento privado. Esta uma responsabilidade do Governo, do Estado e dos seus serviços de apoio ao funcionamento da economia. Mas, igualmente, dos privados, mormente pela libertação da sua mentalidade de assis dos pelas ins tuições públicas de quem, a nal, dependem para traçar o essencial das suas estrat gias empresariais. E não deveria ser assim. Aliás, e apenas a tulo de re exão breve, como se pode ajudar a criar uma nova mentalidade produ vista e desenvolvimen sta no sector privado nacional, quando as em-presas e os empresários não são independentes do poder pol co?

165 a se da e ade do s o os e o o s as a a a o a de da de o so so so ado e s a a o o e ese a a do d d o a o a e a e o a os e sos d s o e s a a o e a a sa s a o ese e e a s e e so a e o o a -ado a o a o a de a e e oe ada e

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Estudos emp ricos sobre casos de sucesso de diversi cação da economia em situações de posição económica relevante de recursos naturais renováveis existem desde há muito tempo. Alan Gelb e Sina Grasmann166, do Departamento de Economia do Banco Mundial, estudaram uma amostra de pa ses onde as exportações de produtos primários, portanto com fraco ndice de valor agregado interno, representavam mais de 60 do total das exportações em 1971. Cinco pa ses com uma m dia de exportação/PIB acima do limiar estabelecido como refer ncia do estudo – Malásia, Tailândia, Chile, Indon sia e Sri Lanka – veram sucessos claros nos pro-cessos de incremento do peso rela vo do sector manufactureiro no PIB e entre 1975 e 2001 a taxa m dia anual de aumento do PIB por habitante foi de 3,5 . No caso do Chile, a diversi -cação centrada na indústria transformadora apresentou a par cularidade de o pa s ter desen-volvido a produção de muitos produtos so s cados, graças a pol cas sustentadas de inovação e inves gação cien ca. Estes e outros autores167 comprovaram tamb m que os processos de diversi cação foram bem mais lentos, mais caros e menos bem -sucedidos nos pa ses com uma proporção elevada de exportações de recursos naturais não renováveis, como o petróleo, os diamantes e outros min rios, devido aos já citados fenómenos de rent -seekin e doença holandesa (Dutch disease).

A Indon sia parece ser o mais interessante exemplo de como colocar os recursos nancei-ros da exportação de petróleo a favor do desenvolvimento da agricultura. Mesmo tratando -se de um pa s com graves problemas religiosos, a aposta nacional determinada em se resis r aos efeitos do Dutch disease e se desenvolver, em bases extensivas, a cultura e industrialização das diferentes variedades de arroz, deu certo e aparentemente está preparada para sair da fase de economia do petróleo que a caracterizou durante algum tempo. Foi graças a ter -se evitado os efeitos nefastos da doença holandesa , atrav s duma pol ca económica global e bem coor-denada pelo Estado – ao contrário, por exemplo, de Angola, onde a pol ca económica está de-partamentalizada e cada responsável a executa sem perscrutar os efeitos (posi vos e nefastos) sobre outros dom nios económicos e sociais – que permi u aplicar uma visão estrat gica de desenvolvimento, tendo -se inves do os ganhos do petróleo na exploração do gás usado abun-dantemente na produção de fer lizantes para uso dom s co e exportação (Japão). Os adubos são distribu dos para a agricultura nacional a preços subsidiados, facilitando a obtenção de bons lucros para reinves mento interno noutros sectores. A pol ca cambial foi sempre usada com crit rio extremo, com a nalidade de se evitar o afastamento da taxa de câmbio de limites considerados incen vadores da diversi cação e do crescimento económico.

Algumas experi ncias estudadas pelo CEIC apontam no sen do de serem a agricultura e a manufactura as áreas de eleição dos pa ses interessados e vivenciadores do processo de

166 ados e Population and Natural Resources e e a a se de e o e e 167 o o Resource -Based Industrialization: So ing the Oil in Eight Developing Countries e Resource Abundance and Economic Development o d e s ess e d Compe-titive Industrialization ith Natural Resource Abundance: Malaysia

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alteração estrutural e compe va dos seus sistemas produ vos. Não cons tui propriamente uma novidade, por se tratar de ac vidades muito melhor posicionadas na malha de relações intersectoriais, de cuja maior ou menor densidade depende o sucesso e a rapidez da diversi -cação. Ainda que modernamente se tenha do sector industrial uma visão mais ampla e abran-gente do que a tradicional (Colin Clark) – incluindo -se a prestação de serviços industriais – o convencimento de que os resultados são muito mais ricos e transcendem o que hoje em dia se convencionou apelidar de local content.

Com base na Teoria Económica, nas experi ncias de sucesso conhecidas e nas evid ncias emp ricas recolhidas de muitos estudos sobre a temá ca da diversi cação, poss vel traçar uma esp cie de road map do que fazer para facilitar o acontecer desta determinante reforma económica. A diversi cação requer uma combinação inteligente de vários factores168:

a) (o controlo da in ação e do d ce scal – para se evitar o crowdin out – e uma taxa de câmbio ajustada às dis-ponibilidades de divisas e aos ditames da compe vidade fazem parte do pacote deste item).

(ainda que com elementos restri -vos de defesa das indústrias nascentes, necessariamente transitórios e apenas aceitáveis quando resulte aumento sustentado da oferta interna)169.

c) -a favor do incremento da produ vidade de outros sectores potencialmente expor-

tadores e da redução dos custos de produção da economia. Este processo de reciclagem depende da exist ncia de estrat gias nacionais dirigidas especi camente à diversi cação dos sistemas produ vos internos e da criação de condições atrac vas para o inves mento privado.

d) , do empreendedorismo, da inves gação e da inovação. Todos os n veis de educação são indispensáveis para a sustentabilidade do crescimento e para que o processo de diversi cação da economia seja inclusivo e, sobretudo, compe vo. Este o ponto central, não só da diversi cação da economia, como de qualquer processo de crescimento sustentável e com repar ção equilibrada dos seus frutos. As experi ncias conhecidas de sucesso de diversi cação da economia dão justamente nota da importância do capital humano, da inves gação e da

168 e ess o e e e sada o se do de e as s es e de e as o as as e os drivers do o esso de e e do o a so o das e a es o e e a es o ad -as e a as e e o e os e s e os da o a e o a169 a a os e essados e e e e e os da e os e os da o e o as a o s a e a e a a de o o a e a o a a a e a e e a o e o das d s as as-e es e ess os os e os e o ode se o ados

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inovação para o xito da criação de tecidos produ vos fortes, compe vos e propiciado-res de emprego.

e) Ou numa linguagem mais comummente usada, o capital ins tu-

cional. Como já anteriormente referido, a questão per nente neste item se os pa ses exportadores de recursos naturais não renováveis t m capabili es170 e ins tuições ap-tas a, duma forma efec va, gerir altos n veis de rendimentos e a correspondente de-pend ncia. Portanto, manifestamente insu ciente deter recursos naturais, sendo mais relevante o modo como são geridos, em nome da diversi cação, da compe vidade e da melhoria da distribuição do rendimento. O fraco desenvolvimento ins tucional em Angola costuma ser considerado como um óbice a uma maior repar ção e extensi cação dos resultados do crescimento económico. A falta de transpar ncia, o excesso de buro-cracia, a corrupção, a baixa produ vidade administra va, o rela vo laxismo com que os problemas das empresas e das populações são encarados, analisados e resolvidos pelos serviços públicos são factores nega vamente in uenciadores da organização empresarial e da estruturação das c lulas familiares. Os efeitos perversos da falta desta capacidade ins tucional em Angola estão agora presentes, quando se instala a crise do preço do petróleo. Uma parte signi ca va das receitas scais do petróleo foi usada no processo de criação de uma elite pol ca muito rica e abastada, com preju zo da população, da for-mação e valorização da força de trabalho nacional e da cons tuição de bases produ vas internas compe vas.

(que nalmente se liga ao capital ins tu-cional). Uma gestão avisada, presciente e visionária e tamb m atenta ao comportamento de mercados com elevada vola lidade dos preços tem de, nos pa ses dependentes da exportação de recursos naturais não renováveis, reservar uma percentagem para acudir a situações de quebra dos preços e r ditos. São os conhecidos Fundos de Estabilização das Receitas Petrol feras. Evid ncias emp ricas conhecidas revelam a exist ncia duma elevada má governação nos pa ses africanos exportadores de petróleo.

g) , em quan dade e qualidade que contri-buam para a redução dos custos.

A pol ca monetária em geral e especialmente a pol ca cambial jogam um papel insubs -tu vel na criação de condições macroeconómicas facilitadoras e incen vadoras da diversi ca-ção. A primeira, por meio do cr dito e do nanciamento ao e do sector produ vo e a segunda – na aus ncia de uma compe vidade estrutural baseada no capital sico, humano, ins tucional e de inovação – para se aprender a compe r no mercado externo. Neste úl mo caso, a taxa de

170 e e e -se a e ess o e s o se a s o e a a a e e e e e a e a s a o -e e o esa a a dades

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câmbio de equil brio – calculada, por exemplo, atrav s da comparação entre o PIB nominal e o PIB expresso em paridade do poder de compra – tem de ser inferior à taxa de câmbio nominal pra cada no sistema de relações económicas externas. Não isso o que tem acontecido em Angola, onde a taxa de câmbio de equil brio se tem sistema camente situado acima da taxa de câmbio efec va, denotando, assim, uma constante valorização do kwanza que desincen va a diversi cação das exportações. O ndice da taxa de câmbio real efec va – vulgarmente designado de REER – con rma a constante sobrevalorização da moeda nacional.

A gura seguinte mostra estar -se perante uma tend ncia (1997 -2014) linear clara de sobre-valorização do kwanza, seguindo as diferenças entre as duas taxas de câmbio igualmente uma tend ncia linear de crescimento com o tempo.

e o Estudos sobre a Taxa de C mbio de Equil brio

O CEIC tem dado bastantes contribuições sobre a diversi cação da economia nacional, atra-v s do projecto de pesquisa CEIC/CMI sobre esta temá ca. Os resultados t m sido difundidos nos Relatórios Económicos anuais e em ar gos e intervenções públicas de muitos dos seus in-ves gadores171.

171 s e e a a o o a se a ado e o de ado Estudos sobre a Diver-si icação da Economia em Angola ed ado e a o a a o e s ess e e e e odos os e os od dos o o do o e o de es sa so e o es o e a e e e e a a a o de a s o e as do s a e se s e de e e o e a

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O modelo de difusão social do crescimento económico, para al m de ter sido baseado no petróleo, foi igualmente centrado na criação de emprego, em especial na construção, na indús-tria transformadora e em alguns serviços, como o com rcio e os transportes (ver ontas acio-nais de n ola 2002 -2012). Revelou -se errado (a renda petrol fera serviu para que fosse criada uma faixa muito reduzida de população excepcionalmente rica, usando -se a Sonangol e o OGE como instrumentos privilegiados) e insu ciente. Melhorar a distribuição do rendimento nacio-nal apenas pela via do emprego – cuja criação nem sempre a ngiu as metas estabelecidas pelo Governo, estando ainda na memória de toda a gente a promessa de 1 300 000 novos postos de trabalho entre 2008 e 2012 – claramente escasso, como o comprovam as abordagens teóricas sobre o emprego e as inúmeras evid ncias emp ricas reveladas por estudos e pesquisas inde-pendentes172. A questão salarial o centro do modelo de distribuição do rendimento usando o emprego como o seu suporte principal. A Organização Internacional do Trabalho uma das grandes defensoras da difusão social do crescimento pela via de uma combinação inteligente entre emprego e salário, o que evidentemente tributária da produ vidade e dos seus ganhos ao longo do tempo173. O slo an eleitoral do MPLA na campanha de 2012 deveria ter sido dis-tribuir melhor para se crescer mais .

O desenvolvimento e a distribuição dos rendimentos e da riqueza foi primeiramente tratado por Simon Kuznets, em 1955, na sequ ncia de uma s rie de observações sobre a evolução das desigualdades sociais nos Estados Unidos174. Estes estudos culminaram com a construção de uma gura geom trica denominada Curva de Kuznets ou U -inver do: à medida que o cresci-mento económico ocorre desenha -se uma tend ncia para a diminuição das disparidades na distribuição de rendimentos e riqueza. Nas fases iniciais, a Curva de Kuznets aponta para um agravamento destas desigualdades (são os mais ricos quem primeiro bene ciam do crescimen-to), mas à medida que o crescimento se torna mais extensivo (envolvendo mais sectores e regiões) e mais inclusivo (abrangendo mais pessoas, mais emprego e mais factores nacionais), o efeito contágio (tamb m denominado efeito escoamento ou spillover e ect) aparece. Gra-

camente, esta curva apresenta -se como uma relação entre o Coe ciente de Gini e o valor do PIB por habitante.

172 es da o a Salários, Distribuição do Rendimento e Crescimento Equitativo a a a as 173 a a o e a o a do a a o Relatório Global sobre os Salários 2012-2013 e e-a 174 o e s o o o a d o e e a American Economic Revie .o

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CURVA DE KUZNETS DAS DISPARIDADES SOCIAIS

No entanto, a relação entre as desigualdades sociais e o crescimento económico con nua a ser muito contestada, nomeadamente nos pa ses em desenvolvimento175. Pike y a rma que longe de ser o m da História, a lei de Kuznets o produto de uma história espec ca e rever-

s vel , pretendendo dizer que, provavelmente, na maior parte dos pa ses o aumento de rendi-mento por habitante não foi su ciente para se reduzirem as desigualdades na redistribuição do rendimento e da riqueza176. Na verdade, acrescenta: no entanto, foi sobretudo a constatação de que nos anos 80 a desigualdade recomeçara a aumentar nos pa ses ocidentais desde os anos 70 que desferiu o golpe fatal à ideia de uma curva em U-inver do que ligava inexoravelmente o desenvolvimento à redução da desigualdade 177.

Algumas evid ncias emp ricas t m demonstrado exis r uma relação estreita e inversa entre democracia e disparidades sociais (mais democracia e menos desigualdades). Nas sociedades poli camente autoritárias, com baixos ndices de transpar ncia e altos n veis de corrupção (em

175 s s ados dos da a s o do o o de s a s o o a s -e e o da a de -e s o e a o os a s os des a e a o e e es e o e o o e ed o das des -a dades e e a a s a e e a a o a a do a s a es e dade e e a o a a s a ses e e de e adas o d es ea e e A Economia do Desenvolvimento Sustentável s -o a e o as e A Economia das Desigualdades d o a a e es dos a s e e es so e a a a e os s ados dos os a e a o e d o das des a dades d a e o s o o a do e e a ed da a ese de e s o o de odo a o -se a de o esso e o o a a o a o essa ed o s e e -se e a a o a e e e o o s a o as d as e as d a s a de ess o e o a - a a o e as e o es s a s e o a a o e e do o a a o de os os o ess os so e os e d e os a s e e ados e da a o das o as a es e a -se a o s -o do s ado o a de a de s a d a e os o osos ado de o s do a da e da e a d a a s es e a e e 176 o as e A Economia das Desigualdades d o a a 177 e op. cit. s e o o de s a o a a de a o a de a e o es e o s e e a a se d s a s

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par cular das elites pol cas) as disparidades sociais tendem a agravar -se mesmo com a subida do rendimento por habitante propiciada pelo crescimento económico. Cabo Verde e Botswana são verdadeiros casos de estudo neste dom nio da redução das disparidades sociais atrav s de mais crescimento, mais democracia, mais transpar ncia e menos corrupção. O Coe ciente de Gini varia entre 0,45 e 0,47 para Cabo Verde e entre 0,39 e 0,42 para o Botswana e o ndice de democracia de 7,92 e 7,63, respec vamente178. As Maur cias, com um Índice de Gini de 0,38179, são classi cadas no ndice de democracia como uma democracia plena, respeitadora dos valores da transpar ncia e da boa governação180. A África do Sul tem -se aproximado do funcionamento pleno da sua democracia, mas apresenta, por enquanto, valores ainda elevados do Índice de Gini, explicados, em parte, pelas elevadas taxas de desemprego, em todas as faixas etárias.

De que modo se coloca a questão da sustentabilidade do crescimento económico em Angola? Apesar das reservas levantadas sobre a validade universal da Curva de Kuznets, tem -se veri-

cado ou não uma atenuação das desigualdades sociais com o crescimento económico? Não existem estudos sobre esta mat ria, mas seguro que a falta de transpar ncia e a generalizada corrupção t m limitado uma maior extensão do efeito contágio do crescimento económico, tal como no in cio destas re exões se colocou esta questão.

Angola ocupa as piores posições em todos os rankin s internacionais sobre a desigualdade económica e social. Ainda não nos envergonhamos com este facto, tal a ansiedade de, mesmo em crise nanceira e económica, se acrescerem os pecúlios monetários e os ac vos imobiliários e empresariais duma muito pequena porção da população. A desproporção de rendimentos e especialmente de riqueza abissal em Angola. O valor do Índice de Gini, os valores do Índice de Desenvolvimento Humano, o formato da Curva de Lorenz, o poverty headcount ra o e os valores do IBEP 2008/2009 expressam -no com meridiana clareza.

O Índice de Desenvolvimento Humano hoje o indicador mais relevante para a análise das condições de vida da população e para o cálculo duma medida que permita compreender quanto de crescimento económico se transforma em desenvolvimento.

Seguramente que a situação social hoje bem melhor que em 2002, sendo a evolução do IDH uma boa aproximação à medição destas transformações181.

178 o o s e e e Democracy Index 2011179 Africa Human Development Report 2012 o a a d a a a - a ese a a d e de de 180 o e a a d a e a a a a a e e o o de o a as e as o a os oe -e es de d s a dade so a e e e ados d ado es de a s a a e oa o e a o181 e o s o d a s e o o a so e os a o es do o e a a a s do o de a o de a a o ado Exclusão Social em Angola O caso dos de icientes sicos de Luanda d es o e o e

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

EVOLUÇÃO DO IDH EM ANGOLA

Relatório de Desenvolvimento Humano de os a os a o de a a o Exclusão Social em Angola

Vários per odos:

• Baixo valor do IDH entre 1990 e 1999, em m dia na vizinhança de 0,37. São dos piores anos da guerra civil, durante os quais as despesas orçamentais veram uma prioridade quase absoluta em favor da defesa e segurança. A urg ncia da guerra determinou uma subalternização dos sectores sociais e o IDH só não foi mais baixo pelo facto de o PIB por habitante – uma componente que vale um terço no compósito do desenvolvimento hu-mano – foi aumentando graças à produção de petróleo. Mas mesmo assim, 1998 foi o de mais baixo preço do barril de petróleo.

• Um curto per odo de transição entre 1999 e 2002 em que se pressen a a resolução do con ito militar interno e as condições para o crescimento da economia se estruturavam.

• Finalmente, o per odo de maiores conquistas no desenvolvimento humano em Angola: 2002/2014. É patente o declive posi vo da recta representa va do comportamento tem-poral do IDH, não só devido ao crescimento do PIB e do PIB por habitante, mas igualmente por causa das melhorias nas componentes sociais do ndice (esperança de vida e taxa de escolaridade). No entanto, o valor do IDH ainda não ultrapassou a fasquia de 0,55 funda-mental para o pa s deixar o grupo dos pa ses de desenvolvimento humano baixo. Ques-tões relacionadas com a pobreza e a distribuição do rendimento ajudam a compreender a razão pela qual os aumentos marginais do IDH (taxas de crescimento anual) tenham sido muito pouco expressivos.

Com efeito, o ritmo m dio anual de variação do IDH tem sido muito inferior ao do PIB e do PIB por habitante, em paridade do poder de compra. Na verdade, entre 2010 e 2014, as taxas m dias anuais de variação foram de, pela ordem apresentada, 1,0 , 3,9 e 2,8 . Aliás, a re-duzida dinâmica no crescimento do PIB e do PIB por habitante que pode ser encontrada parte da explicação para uma variação muito reduzida no valor do IDH no per odo considerado.

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ANÁLISE COMPARADA ENTRE O PIB E O IDH

Relatório de Desenvolvimento Humano de os a osOnde Angola falha justamente na componente social: tem havido crescimento económico

su ciente para se melhorar, em termos muito mais substanciais, as condições de vida da popu-lação. A prioridade conferida à criação da burguesia nacional com uma base de acumulação de capital su cientemente forte postergou para mais tarde a veri cação de bene cios palpáveis nas condições de vida da maioria da população.

As contradições entre o campo económico e a vertente social são evidentes em 2005, 2006, 2007 e 2008. O modelo económico existente não integra, como devia, a componente social e o desenvolvimento económico resulta enviesado a favor de franjas muito reduzidas de população.

Uma aproximação grosseira à distribuição do rendimento pode ser dada pela comparação entre as taxas de variação do PIB por habitante e do valor do IDH.

Relatório de Desenvolvimento Humano de os a os

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O grá co precedente mostra que a melhoria do IDH em Angola depende muito mais da melhoria das áreas sociais (tornando -as mais e cientes nos serviços que prestam e nas neces-sidades que sa sfazem) do que do PIB por habitante. De facto, os incrementos da capitação do PIB são muito desproporcionais aos ganhos do IDH, o que parece con rmar que uma parte do rendimento m dio terá sido desviada para o enriquecimento duma pequena faixa da popula-ção. Uma vez mais o ponto essencial relaciona -se com a forma como o rendimento nacional distribu do. É, com efeito, urgente alterar -se o modo como o acesso às oportunidades de gera-ção de renda organizado e gerido e reestruturar -se o processo de distribuição do rendimento nacional182.

Normalmente, as autoridades públicas ret m dois itens: o valor do Índice de Desenvolvi-mento Humano (IDH) e a classi cação do pa s. Só análises mais cuidadas e isentas tomam ou-tras variáveis destes relatórios como relevantes, e algumas delas indiciadoras de como o pro-gresso social se comportou e de como a distribuição do rendimento se opera. E se a visão for igualmente temporal, então as conclusões saem bem mais ricas e repletas de ensinamentos. E se a interpretação tamb m con ver padrões de comparação internacional com pa ses em estádios de desenvolvimento aproximados ou que explorem recursos naturais não renováveis, então o retrato ca bem mais completo.

A primeira nota tem a ver com os valores do ndice de não rendimento – via de regra apre-sentado na úl ma coluna da tabela número 1 dos Relatórios do Desenvolvimento Humano – e que expressam a in u ncia das variáveis exclusivamente sociais, da área da educação e da saúde. Ou seja, se as pol cas sociais forem incisivas, inclusivas e e cientes (pode -se gastar muito na saúde, por exemplo, mas sem resultados, porque a corrupção, a burocracia e o trá co de in u ncias provocam desvios na aplicação das verbas orçamentalmente alocadas), então os efeitos sobre a melhoria do bem -estar dos cidadãos são posi vos.

Quando se compara o Índice de Desenvolvimento Humano e o ndice de não rendimento duas conclusões são poss veis: se o primeiro for superior ao segundo, então o peso do rendi-mento m dio por habitante forte, o que signi ca que o valor do IDH foi mais in uenciado pelo rendimento do que pelas restantes variáveis; pelo contrário, quando o segundo ndice maior do que o primeiro então existem boas razões para se pensar que uma boa parte do crescimento

182 a a os a ses o e sos a e os o a es o e e es da e o a o de e sos a a s o e o e s a e e s a a e a as a ado as d a a s e e sa d s o do e d e o a o a as e o a d a de as o a s as s as a s a e es e e e -es a de as e a o a -se o o es e o a s a e e ado do e o do das des esas o a ed a o e a sa de s e as a da a e o a a e a o ex -ante dos a os e o e a a e o se es s s a as de e ado a a e a o dos a o es e a e a o dos e d e -os a o a s a o o a o a a o a s a ado se e a a o e o e e ado s des esas o a sa de a o de o a o a a o de e as d dades as o d -es o d a as de da da o a o a da do -a des e odo a e o a a od dade e o -se e e e e o a o dos sa os

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económico se converteu em desenvolvimento social para os cidadãos (coeteris paribus em ter-mos de modelo de distribuição do rendimento). A tabela seguinte apresenta para Angola uma s rie de valores de 3 anos.

CLASSIFICAÇÃO NO IDH ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO

ÍNDICE DE NÃO RENDIMENTO

2010 2011 2012 2010 2011 2012 2010 2011 2012

Angola 146 148 148 0,502 0,504 0,508 0,353 0,455 0,479

o d a World Economic Indicators Algumas observações:

• Primeiro que tudo, deve sublinhar -se que o valor do IDH para Angola muito baixo, não compa vel com as potencialidades do pa s183. Entre 2000 e 2009, o IDH foi de 0,380, indi-ciador de condições de vida deprimentes da maioria da população. Durante este per odo assis u -se ao endurecimento do processo de criação da burguesia nacional, donde as ver-bas des nadas para outros ns, mesmo económicos, se terem sujeitado a este des gnio pol co e doutrinário.

• A posição de Angola no rankin mundial pra camente não se alterou, apesar duma me-lhoria de 0,6 ponto percentual no valor do IDH. Tendo em atenção a repar ção das verbas orçamentais do Estado pelas suas funções sociais, que se tem man do, desde 2009, acima de 30 , com um máximo em 2010 de 34 e um valor de 33,1 em 2012, de acordo com o OGE, seriam de esperar maiores incrementos nas componentes sociais do IDH. O proble-ma não , do meu ponto de vista, o de afectar mais, mas usar com crit rio e no interesse público as verbas alocadas.

• No entanto, os valores do ndice de não rendimento dão conta de algumas mudanças importantes. Na verdade, o incremento entre 2010 e 2012 foi de 35,7 , em consonância com o montante de verbas orçamentais alocadas pelo Estado e consistente com algumas melhorias em variáveis sociais relacionadas com a esperança de vida à nascença.

• Não obstante estas melhorias, alguns relatórios e estudos elaborados sobre o cumprimento dos objec vos de desenvolvimento do mil nio receiam que a maior parte não sejam a ngidos nos prazos acordados (progressos limitados foram iden cados nos objec vos:

183 a e o do do o de a ses de dese o e o a o d o de e Relatório do Desenvolvimento Humano de 2012 o a do os a o es dos a os e ad -do e os o essos as a e s do se a e a ao o do assado s e o o a e a es e o sa do a e odo o a do o se e a e a es ad a s o o a o ode o de d s o do e d e o a s o s s e es o a o ade de da do e a e essa o ode o de s es so da edade

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redução da mortalidade infan l , melhoria na saúde materna e combate contra o HIV--SIDA, malária e outras doenças ).

• Finalmente, a diferença entre os dois ndices, que sugere que os ganhos no IDH se t m conseguido, sobretudo, pela via do rendimento ou do crescimento económico, embora se tenha reduzido em 2011 e 2012, a pontualizar alterações posi vas no efeito contágio do crescimento económico.

Outro ângulo de análise o do rendimento nacional bruto por habitante, corrigido pela paridade do poder de compra entre kwanza e dólar-americano e a preços constantes de 2005. O mais surpreendente que tem vindo a decrescer entre 2010 e 2012.

RNB PER CAPITA (PPP USD 2005) CLASSIFICAÇÃO NO RNBPC

2010 2011 2012 2010 2011 2012

4941 4874 4812 99 110 113

o d a World Economic Indicators Entre os anos extremos do per odo considerado, o valor desta variável diminuiu 2,6 e

consequentemente Angola perdeu 14 posições na Classi cação Internacional do Rendimento Nacional Bruto por habitante. Recorrendo -se às noções básicas da Contabilidade Nacional rela-

vas à conversão do PIB em Rendimento Nacional parece que o peso das transfer ncias para o exterior dos rendimentos factoriais tem aumentado, diminuindo -se, em conformidade, o valor remanescente para repar ção entre os factores de produção nacionais e os angolanos, con-forme referi já anteriormente. De resto, o que verdadeiramente devia contar para efeitos de análise sobre a repar ção funcional do rendimento nacional deveria ser o Rendimento Nacional L quido184.

Mas o Índice de Desenvolvimento Humano ainda permite outro po de análise da desigual-dade em Angola, de acordo com os valores dos relatórios do PNUD para os anos indicados na tabela seguinte.

DESIGUALDADE EM ANGOLA

2011 2012 2013 2014

Índice de Desenvolvimento Humano 0,486 0,508 0,526 0,532

IDH ajustado à desigualdade 0,285 0,354 0,335

Perda no IDH ( ) 43,9 44,0 37,0

184 e o d a World Development Indicators e con nua

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CEIC / UCAN

2011 2012 2013 2014

Índice de rendimento ajustado à desigualdade 0,278 0,286 0,313 0,453

Perda no IDH ( ) 42,8 43,7 40,5 14,8

Perda IDH ( ) PNUD 50,0 50,0

Coe ciente de Gini de rendimento 58,6 58,6 42,7 42,7

Índice de desigualdade de g nero

Rankin 148 148 149 149

Perda de lugares com ajustamento 11 17 8

Human Development Report Quando o IDH se ajusta à desigualdade, não apenas o seu valor diminui, em m dia, mais

de 40 , como o pa s perde posições no rankin internacional. Quanto maior for a diferença entre o IDH e o IDH ajustado pela desigualdade, mais elevada a diferenciação na repar ção do rendimento nacional, colocando -se Angola entre os pa ses de maiores assimetrias na distri-buição pessoal do rendimento anualmente gerado, com implicações pesadas sobre a criação de riqueza e o desfrutar de oportunidades da parte dos 60 cuja despesa m dia diária não a nge dois dólares. Os dados divulgados pelo PNUD para 2014 seguramente que ainda não estão ajus-tados aos efeitos da crise nanceira e económica que justamente nesse ano começou a afectar os cidadãos. Como comprova vo estão os valores do PIB por habitante a preços correntes em dólares.

EVOLUÇÃO DO PIB POR HABITANTE

e o Estudos sobre o PIB por habitante

Quanto ao Índice de Gini global, o IBEP 2008 -2009 apontava para um valor de 0,55 enquanto outros cálculos o situam em 0,60. A Reuters refere que Angola provides one of the starkest

con nua o

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

examples – the Gini Coe cient, a World Bank measure of inequality, puts Angola down at 169th out of 175 countries 185.

Mas a desigualdade na redistribuição do rendimento tamb m se expressa pelas oportuni-dades dadas na educação – ainda que os respec vos efeitos sejam sobretudo de longo prazo, mais e melhores oportunidades a curto e m dio prazo, especialmente em pro ssões t cnicas e pro ssionalizantes, possibilitam a entrada imediata no mercado de trabalho e a obtenção de salários aceitáveis – e nos serviços prestados na saúde, compa veis com ganhos pra camente imediatos na produ vidade geral do trabalho, por redução da taxa de absen smo.

A tabela do Relatório do Desenvolvimento Humano de 2015 apresenta valores sobre o grau de sa sfação das pessoas quanto a determinados itens (que devem ser lidos em termos de percentagem da população sa sfeita).

IDHQualidade da Qualidade da

Nível de vidageral

Angola 0,532 46 29 35 46 34 3,8

Human Development Report Em termos gerais, os n veis de sa sfação no pa s são muito baixos, o que consistente com

o elevado ndice de pobreza, a concentração da riqueza e a di culdade de acesso às oportuni-dades para se melhorarem os padrões de vida. Via de regra, as melhores ocasiões são conhe-cidas pelos agentes pol cos e governamentais exercendo o poder e empresariais muito perto da área da decisão (por muito que se tente provar que as concessões para a construção das barragens de Laúca (3,5 mil milhões de dólares) e de Caculo -Cabaça (mais de 4 mil milhões de dólares que a transformarão no maior empreendimento hidroel ctrico do pa s) com nancia-mento garan do pela nova linha de cr dito chinesa, para a reabilitação da cidade de Luanda e para a construção da nova marginal Praia do Bispo -Corimba (1,2 mil milhões de dólares, quase adjudicações directas às empresas Urbeinveste Projectos Imobiliários (615,2 mil milhões de dó-lares) e an Oord Dred in and Marine ontractors (585 mil milhões e dólares) que se trataram de concursos transparentes e que as oportunidades foram devidamente publicitadas, sabe -se que não foi assim). Da que o valor de 3,8 para o ndice de sa sfação geral – que varia entre zero (nada sa sfeitos) e 10 (sa sfação completa) – seja consistente com a situação que se vive em Angola, um pa s de oportunidades apenas para alguns.

Os parciais do ndice geral de sa sfação são concludentes: apenas 46 da população está contente com a qualidade da educação, 29 com a qualidade da saúde, 35 com o seu n vel

185 e e s o a a es ea s s as o e a eads o a s oe o o so e e so de e e e o de

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CEIC / UCAN

de vida e 34 com a liberdade de expressão e manifestação. Os n veis de sa sfação com a segurança individual não ultrapassam 46 , igualmente consistente com a criminalidade e mar-ginalidade que se agravam diariamente.

O anúncio, em Agosto de 2010, dos resultados do IBEP (Inqu rito Integrado sobre o Bem--Estar da População 2008/2009) foi feito com alguma pompa, pelo Governo, baseada na me-lhoria de alguns indicadores sociais – e relacionados com as condições gerais de vida da popu-lação – e, sobretudo, na redução da taxa de pobreza. No entanto, numa nota inserida na versão resumida dos resultados do IBEP, preparada e difundida pelo INE, chama -se a atenção para a não comparabilidade da taxa de pobreza com a que tradicionalmente vinha sendo usada e que a colocava nos 68,2 da população. A taxa de pobreza o cial de 36,6 e está inviabilizada qualquer hipótese de comparação.

Durante a IV Semana Social da CEAST – realizada em Luanda entre 11 e 15 de Janeiro de 2011 – cou patente, em algumas das intervenções, que o pa s sofre duma pobreza absoluta profunda e extensa, não compaginável com a cifra o cial. Em Luanda toda a gente se cruza, diariamente, com situações evidentes de pobreza que não se cont m nos 37 do IBEP. Como dizia o poeta vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar .

Uma das notas mais salientes do IBEP a profunda diferença entre o mundo rural e o mundo urbano. Qualquer que seja o atributo de análise, a economia e a sociedade rural colocam -se a muitos pontos de distância da sociedade urbana, onde os comportamentos de novo -riquismo se manifestam duma forma contundente.

Do ponto de vista dos rendimentos m dios mensais – na generalidade muito baixos (a m -dia para o pa s era de 8767 kwanzas, cerca de 100 dólares americanos), fazendo supor que no inqu rito não foram consideradas as classes de rendimento elevado, em torno dos 5000 dólares por m s – as condições de vida urbanas valem quase duas vezes as do mundo rural.

RÁCIOS DIVERSOS DAS RECEITAS MÉDIAS MENSAIS

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

É ao n vel das classes menos pobres que as diferenças de rendimento entre os dois mundos são mais signi ca vas, chegando aos 200 para o 5.o quin l, a assinalar, justamente, que as grandes fortunas estão nas cidades, como, de resto, o atestam os vários sinais exteriores de riqueza.

O pa s iguala -se na pobreza, pois para os 20 mais pobres a diferença entre a m dia nacio-nal e a m dia rural de apenas 15 . Nos 20 menos pobres, o pa s está 58,9 acima da m dia rural. A igualização na pobreza aumenta à medida que se baixa no escalão de rendimento. As diferenças regionais são mais assinaláveis para os escalões mais elevados de rendimento, o que pode signi car que a ac vidade agr cola , essencialmente, exercida pelos pobres.

Se se atentar no n vel das receitas m dias mensais difundidas pelo IBEP186, as diferenças entre os 20 mais pobres e os 20 menos pobres são abissais, conforme se pode comprovar pelos valores da tabela seguinte187.

DIFERENÇAS ENTRE O RENDIMENTO MENSAL DOS 20% MENOS POBRES E DOS 20% MAIS POBRES

Média nacional Média rural

Em número de vezes 18,4 19,4 13,3

Em percentagem 1741,2 1841,0 1232,0

T m, portanto, base efec va e evid ncias emp ricas comprovadas as preocupações que

algu mas ins tuições angolanas, como a Igreja Católica e outras igrejas cristãs, sempre manifes-taram quanto às tremendas desigualdades sociais no pa s.

Mas a este problema acrescenta -se o do real valor económico dos rendimentos m dios mensais apurados pelo IBEP: qual o seu efec vo poder de compra, perante um sistema nacional de preços desequilibrado e onde as diferenças rela vas entre si não traduzem o seu real valor económico? Um rendimento m dio mensal dos 20 mais pobres em 2008/2009 de 1414 kwan-zas, equivalente a 18,1 dólares à taxa de câmbio de 2008, que quan dade de bens de consumo básico p de adquirir?

Por m, a mat ria relacionada com a expressão monetária do rendimento m dio men-sal não se coloca apenas nos 20 mais pobres. É geral. Por exemplo, os 20 menos pobres

186 o o e se e e a e o e e e a a a d a e a o e odo a de a ada e o o de a ese a d da -se e es e o e a e o ado e d e os d os e -sa s a s o a a de d a es187 s a a das o as de se ed a des a dade a d s o do e d e o e a e o o Economia – Um Texto Introdutório ed a d o es

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CEIC / UCAN

auferiram, em m dia nacional, 26 035 kwanzas de rendimento, equivalentes a 334 dólares por m s (11 dólares por dia). Este valor incompaginável com os comportamentos e condições de vida ostentados por uma camada restrita da população.

Em conclusão, o pa s tem um problema grave por resolver quanto aos baixos salários pra -cados: a baixa produ vidade do trabalho que o jus ca ou são os baixos salários que explicam a baixa produ vidade?

Os rendimentos m dios mensais podem ser analisados segundo mais tr s perspec vas: a fonte de origem, o g nero e o n vel de escolaridade dos chefes de fam lia.

ORIGEM DOS RENDIMENTOS MÉDIOS MENSAIS POR PESSOA (%)

Alguns aspectos interessantes decorrentes do grá co anterior, embora do conhecimento

geral:

• O emprego, especialmente por conta de outrem, essencialmente urbano, onde estão localizadas as principais ac vidades económicas188.

• O ndice de autoconsumo – ou de produção de subsist ncia – elevado (24 ) e este fenó-meno , essencialmente, rural (37 ).

• O sector informal (assimilando o trabalho por conta própria – de onde se originam os rendimentos não laborais – ao mercado informal) pode representar cerca de 17 (valor, ainda assim, distante de algumas es ma vas conhecidas sobre o fenómeno).

188 e es da o a Desigualdades e Assimetrias Regionais em Angola – Os Factores de Competitivi-dade Territorial e s dade a a de o a e o de s dos e es a o e a

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

As despesas estão in mamente relacionadas com as receitas, estando o seu n vel m dio condicionado pelo rendimento e a correspondente origem.

Em termos gerais, veri ca -se, do mesmo modo que para as receitas, que o seu montante m dio tremendamente baixo, não sendo poss vel às fam lias para baixo do 3.o quin l apre-sentar n veis razoáveis de alimentação, o que favorece o aparecimento de doenças e agrava os indicadores de saúde.

Do lado das despesas m dias mensais – em torno dos 6500 kwanzas em 2008/2009 (menos de 100 dólares) – as disparidades entre o urbano e o rural são ainda mais acentuadas do que rela vamente às receitas, rondando os 207 .

DIFERENÇAS NAS DESPESAS MÉDIAS MENSAIS EM PERCENTAGEM

É em relação ao quin l dos 20 menos pobres que as diferenças entre as despesas dos

urba nos e as despesas dos rurais mais se acentua.

semelhança das receitas, a sua distribuição entre os 20 mais pobres e os 20 menos pobres apresenta assimetrias relevantes, embora menos agressivas do que rela vamente aos rendimentos.

DIFERENÇAS ENTRE A DESPESA MÉDIA MENSAL DOS 20% MENOS POBRES E DOS 20% MAIS POBRES

Média nacional Média rural

Em número de vezes 9,5 7,3 6,7

Em percentagem 851,5 630,2 569,1

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Outra perspec va interessante do IBEP relaciona -se com a capacidade de poupança nacional.

RÁCIOS DA POUPANÇA MÉDIA MENSAL

Fixando -se a atenção para os grá cos que traduzem a desigualdade na repar ção do rendi-mento, constata -se que at ao quarto quin l não há capacidade de poupança. Com efeito, 80 da população concentrou 51 das despesas e apenas 41 das receitas. No entanto, estes dados não são consistentes com os apresentados noutros grá cos, dos quais decorre que a capaci-dade de poupança aparece a par r do terceiro quin l, para o qual o INE calculou uma receita m dia mensal de 5086 kwanzas e uma despesa m dia mensal de 4666 kwanzas (o primeiro e o segundo quin l patenteiam uma capacidade nega va de geração de poupança).

POUPANÇA BRUTA MÉDIA MENSAL (KWANZAS DE 2008)

Angola Rural

20 menos pobres 9374 13 572 7237

4.o quin l 1208 1259 1627

3.o quin l 420 50 692

2.o quin l -80 -655 153

20 mais pobres -337 -942 -137

Angola 2318 2658 1906 Economicamente, os valores nega vos para a poupança dos 40 mais pobres (1.o e 2.o quin-

s) só podem ser explicados pela incapacidade de as ac vidades por si exercidas gerarem um n -vel de renda que possa cobrir as necessidades básicas de alimentação e vestuário. Socialmente, estes 40 mais pobres de Angola só conseguem sobreviver graças à assist ncia social e à soli-dariedade entre as fam lias.

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Se as receitas m dias mensais por pessoa correspondem a rendimento dispon vel, então os valores anteriores correspondem a poupança dispon vel das fam lias, de acordo com os resulta-dos do IBEP. Caso contrário, serão mais baixos, devido à incid ncia dos impostos.

Seja como for, a verdadeira capacidade de poupança está nos 20 menos pobres (volta a sublinhar -se que menos pobres não signi ca necessariamente mais ricos), com uma receita m -dia mensal de 26 035 kwanzas e uma despesa de 15 661 kwanzas (assim, em 2008 os 20 dos angolanos menos pobres teriam poupado 4,6 milhões de dólares, o que não deixa de ser rid culo perante a acumulação patenteada por alguns cidadãos e fam lias ricas, igualmente inclu dos nesta classe social, capazes de adquirir vivendas e outros bens de luxo de valor superior a este).

A poupança total interna das fam lias em 2008 pode ser es mada em 6,6 milhões de dólares (0,0006 do PIB), o que , evidentemente, caricato, comprovando -se, tamb m por esta via, que o IBEP não foi um inqu rito abrangente, tendo deixado de fora as classes de rendimento mais abastadas189.

Será que o facto de a capacidade de poupança residir na população mais rica razão su -ciente para jus car e aceitar os fantás cos desn veis de condições de vida entre os angolanos?

O que não natural que as diferenças sejam abissais (ver o valor do Coe ciente de Gini para os pa ses desenvolvidos e alguns dos emergentes). O crescimento económico em Angola tem sido, sobretudo depois de 2000, par cularmente generoso para com uma faixa da popula-ção que não representa mais de 2,5 do total, pois só assim se pode compreender a acumula-ção assim trica de riqueza, traduzida pela a rmação e crescimento duma procura sustentada de bens de alto padrão.

Os indicadores do IBEP que expressam a desigualdade na distribuição do rendimento apon-tam para uma concentração de 60 em 20 da população, considerada a menos pobre, signi -cando que esta faixa da população auferiu, em m dia e em 2008, um rendimento m dio mensal de cerca de 1150 dólares, que rela vamente inconsistente com a realidade da riqueza e das fortunas em Angola.

Fazendo as contas ao contrário e ainda com base nos indicadores do IBEP, o PIB es mado para 2008 (82 161,5 milhões de dólares) pode estar subavaliado.

Admita -se uma cifra de 2000 dólares mensais como rendimento m dio dos 20 mais ricos da nossa sociedade. Mantendo os coe cientes de repar ção do rendimento apontados pelo inqu rito do INE, o PIB em 2008 deveria ter sido de cerca de 88,6 mil milhões de dólares, cor-respondendo, portanto, a uma diferença, para menos, de 6,5 mil milhões de dólares.

189 s o as a o a s a da e o s as e e a es a o a a o a a e a s ado e esas e a as de do o se a es de d a es e s e a e -dade a as e e s a so edade a o a a

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CEIC / UCAN

Aos 20 mais pobres, que auferiram 3 do PIB de 2008, coube uma cifra mensal de 63,8 dólares, o que dá bem conta das di culdades de sobreviv ncia de cerca de 3,6 milhões de ango-lanos. Mas a situação dos 20 menos pobres tamb m não famosa, porquanto cada um destes cidadãos auferiu uma cifra m dia mensal equivalente a 148 dólares. Do que se conclui que:

• O âmbito do IBEP não considerou as classes mais elevadas de rendimento (classe m dia e m dia alta).

• O Índice de Gini de 0,55 apresentado no IBEP não pode corresponder ao conjunto da rea-lidade social nacional.

• A assim trica distribuição do rendimento , de facto, uma problemá ca s ria, de todos os pontos de vista: económico, porque não fomenta nem democra za a poupança e o consu-mo; social, na medida em que introduz situações de profunda injus ça, inválidas perante seja que código de valores for; pol ca, pelas convulsões e instabilidade que pode suscitar.

A Curva de Lorenz para Angola e de acordo com as informações do IBEP apresenta -se muito convexa, par cularmente para os 20 da população que auferem 60 do rendimento, mostrando -se, portanto, uma desigualdade muito pronunciada na distribuição do rendimento.

CURVA DE LORENZ SEGUNDO OS DADOS DO IBEP

Se os limites de pobreza em Angola fossem os da União Europeia (cerca de 10 euros por dia),

então mais de 80 da população angolana cairia na faixa da pobreza. Inclusivamente algumas fam lias dos limites inferiores da faixa dos 20 menos pobres poderiam ser apanhadas nas teias da pobreza europeia. Dez euros por dia, ou 13 dólares ao câmbio da data da realização do IBEP, compravam muito poucos produtos em Angola. O pa s não tem apenas um problema de in ação (a despeito do movimento de desin ação depois de 2010 – 15,3 nesse ano, 11,4 em 2011, 9 em 2012 e 7,7 em 2013 – não se tem a certeza de que estes ganhos sejam seguros e

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

permanentes, porque baseados numa estrat gia monetária que tem como principal suporte as receitas do petróleo), mas de preços rela vos. Os bens, importados ou de produção nacional, são muito caros, não resis ndo a comparações internacionais.

O World Development Report 201 do Banco Mundial (página 301) apresenta uma tabela onde uma das variáveis de caracterização dos pa ses a poverty headcount ra o, cujo valor para Angola de 77,1 , em 2010, para uma linha de pobreza de 2,5 dólares por dia, em parida-de do poder de compra190. Ou seja, se o m nimo para se considerar uma pessoa ou um agregado familiar pobre for de 2,5 dólares por dia, então em Angola exis am mais de 77 de pessoas nessas condições, o que não deixa de ser rela vamente consistente com as esta s cas do IBEP para 2009.

Outro dado do maior interesse nesse mesmo exerc cio do Banco Mundial sobre a pobreza o valor da sua taxa se o rendimento limite fosse de 10 dólares por dia, tamb m em paridade

do poder de compra. No fundo, uma aproximação semelhante à mostrada para um limiar de 10 euros por dia de rendimento dispon vel. A tabela seguinte fornece informações para alguns pa ses.

POVERTY HEADCOUNT RATIO (% DA POPULAÇÃO) (DADOS PARA 2010)

Países

Angola 77,1 98,9

Brasil 15,1 64,4

Camarões 42,9 95,2

RDC 97,0 100,0

Congo 81,8 98,7

Malásia 6,2 55,1

Qu nia 76,6 98,4

Moçambique 84,4 99,5

Nig ria 86,3 99,8

África do Sul 39,5 79,5

o d a World Development Report 2014: Risk and Opportunity Os pa ses de maior concentração de rendimento, em 2010, eram Angola, RDC, Camarões,

República do Congo, Qu nia, Moçambique e Nig ria, onde o limiar de 10 por dia transforma-ria, virtualmente, toda a população em pobres.

190 o d a World Development Report 2014

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A taxa global de pobreza apresentada pelo IBEP 2008/2009 de 36,6 , uma redução, face aos 68,2 de 2001/2002, de 31,6 pontos percentuais191, verdadeiramente extraordinário em apenas seis anos. De resto, esta incomum velocidade exponencial de melhoria das condições de vida dos cidadãos que leva inves gadores e ins tuições internacionais a duvidarem desses resultados.

Ainda que prevaleçam dúvidas sobre a verdadeira extensão e profundidade da pobreza no pa s, pode ser interessante re ec r sobre o esforço nanceiro subjacente à erradicação da po-breza, na hipótese de as forças de mercado actuarem em perfeita liberdade192.

Tomando -se um rendimento m dio diário de 5 dólares por pessoa como o m nimo de dig-nidade humana, a redução a zero da taxa de pobreza apresentada pelo IBEP requereria um es-forço anual adicional da economia de 7,2 mil milhões de dólares, cerca de 8,5 do PIB de 2008 (ano de base do inqu rito às condições de vida da população)193. Ou seja, sem interfer ncias nocivas veiculadas pela corrupção e pelo trá co de in u ncias, fenómenos que ampliam a desi-gual repar ção do rendimento, o PIB deveria ter sido de 91 378 milhões de dólares para que

vesse sido poss vel ultrapassar a pobreza.

Se a linha de dignidade humana for elevada para 7 dólares por dia, o esforço económico adicional estabelecer -se -ia nos 12 mil milhões de dólares.

O CEIC tem uma metodologia que lhe permite em cada ano e face a um leque de informa-ções económicas e sociais, es mar a taxa de pobreza no pa s. O exerc cio foi ajustado pelas novas taxas de crescimento do PIB (Governo e Fundo Monetário Internacional) e da população, que segundo o INE de 3,2 ao ano (o que, evidentemente, prejudica o valor e a dinâmica de evolução do PIB por habitante, uma das variáveis -chave do modelo194).

Os resultados constam da tabela da página seguinte.

191 o as essa as ass a adas a s a s so e a a a de o a a dade e o des a a as o as de a ese a o dos es ados do 192 a a -se de e o o o a s o o a es dadas e a ese de ea dade das es a as a e dade a de o a a d e s o s o a da o e a a a a o o d193 a e a a da es e a dade a a -se a es a d e e a o Total Poverty Gap oda o e Economic Development194 o a a e as dade e d e o - o e a a proxy do e e o o o do es e o e o-o so e os e d e os da o a o

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

AnoTaxa de crescimento

do PIBTaxa de crescimento Taxa de crescimento

do PIB per capita

2009 2,1 3,2 -1,0 40,8

2010 3,6 3,2 0,3 40,6

2011 3,4 3,2 0,2 40,5

2012 5,3 3,2 2,0 39,7

2013 4,1 3,2 0,9 39,3

2014 5,3 3,2 2,0 38,4

2015 5,5 3,2 2,2 37,5

2016 5,9 3,2 2,6 36,5

2017 3,3 3,2 0,1 36,4

O Governo estabeleceu como meta para 2017 reduzir a taxa de pobreza de 36,6 para 28 (ver Plano acional de Desenvolvimento 201 -201 , página 40). Para isso, tornar -se -á necessá-rio que:

a) A taxa m dia de crescimento do PIB entre 2014 e 2017 seja de 11 ao ano.

Se melhorem os canais de redistribuição do rendimento, atrav s dos impostos e das prestações sociais, a que poderá corresponder uma elas cidade rendimento/pobreza de -1,85.

c) A taxa de crescimento demográ co se mantenha em 3,2 . Uma diminuição deste valor pode poupar tempo na obtenção desta meta ou diminuir a exig ncia na melhoria do pa-drão de distribuição do rendimento nacional no pa s.

Uma elas cidade rendimento -pobreza de -1,85 pressupõe canais de transmissão dos efeitos do crescimento económico abertos e poli camente desbloqueados. O processo de acumulação primi va de capital teria de cessar nos contornos injustos, desequilibrados, desestruturantes e assim tricos que o caracterizam actualmente e ser subs tu do por um modelo de distribuição do rendimento mais centrado no emprego, nas remunerações do trabalho e no incremento da produ vidade. O crescimento do PIB um factor essencial para a redução da pobreza, mas -o tamb m a alteração do modelo de concentração do rendimento e da riqueza vigente.

Uma taxa de pobreza de 28 em 2017 só será poss vel com uma alteração quase radical dos esquemas de acesso à renda nacional, seja em termos primários, seja pela aplicação de instrumentos de pol ca económica mais redistribu vos. Ou seja, a pol ca do Governo, dentro de determinado padrão de crescimento, teria de se orientar vigorosamente para uma alteração dos mecanismos e formas de acesso ao rendimento nacional (incrementos salariais, redução dos impostos sobre os rendimentos do trabalho, aumento das transfer ncias de carácter social tais como as reformas, pensões, subs dios diversos, etc.).

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Não sendo alterado signi ca vamente o modelo actual de divisão da renda nacional (equiva-lente a uma elas cidade rendimento/pobreza de -1), então as exig ncias são mais fortes para o cumprimento da meta: taxa de crescimento real e anual do PIB de 20 , taxa de crescimento do ren-dimento nacional bruto por habitante de 16,8 e um valor do PIB por habitante de 7358 dólares.

Qualquer um dos cenários dá bem conta que, nalmente, não existem muitas condições para se melhorar signi ca vamente a divisão do rendimento at 2017 e obter ganhos sociais evidentes com o crescimento económico. O modelo existente apresenta muitas resist ncias, porque fundado num amalgamado de coniv ncias, interesses e trá co de in u ncias de di cil penetração e quase imposs vel modi cação no actual contexto de correlação pol ca.

A elas cidade rendimento/pobreza acaba por simbolizar o modelo de repar ção do rendi-mento: quanto maior o seu valor, maior o impacto do crescimento económico sobre a redução da pobreza. O efeito contágio do crescimento económico sobre a redução da pobreza pode igualmente ser apreciado pelo valor da elas cidade rendimento/pobreza. Por exemplo, o valor -1 signi ca que um incremento do rendimento por habitante de 1 provoca uma redução da taxa de pobreza no mesmo montante.

Sem dúvida que tem havido pol cas sociais tendentes a reduzir as discrepâncias sociais e a melhorar as condições de vida da população, mas insu cientemente inclusivas, solidárias, justas e economicamente racionais. As transfer ncias do Estado para as fam lias, na forma de reformas, pensões e abonos de fam lia – que aumentam o rendimento dispon vel da população pobre – são n mas, uma vez que está, ainda, em fase embrionária de cons tuição um sistema geral de previd ncia social. Os valores inscritos anualmente no OGE dizem respeito aos ser-vidores civis, militares e paramilitares do Estado. A legislação vigente prev a cons tuição de seguros de reforma para os par culares, relegando para o primado da livre escolha o esquema de descontos a vigorar. Para a população pobre di cil subtrair qualquer valor que seja ao seu rendimento mensal, pois está -se a falar de valores de menos de dois dólares por dia.

Outro aspecto de enorme relevância para a redução da pobreza no pa s rela viza -se no rela-ionamento entre crescimento da população e escassez de alimentos195. Volta -se à discussão lan-çada por Malthus há mais de 350 anos. Nas regiões mais interiores do território nacional a taxa de desnutrição da população deve ser muito elevada, atendendo a que o rendimento m dio mensal dos 20 mais pobres vivendo em área rural foi de 1230 kwanzas em 2008/2009 (não mais de 16 dólares, ou sejam, 50 c n mos por dia). O IBEP – versão resumida e grá ca – nada revela sobre este aspecto, mas seguramente que os apuramentos dos inqu ritos permitem um cálculo, apro-ximado que seja, da taxa global de desnutrição, que fundamental para as pol cas económicas, dada a sua evidente in u ncia sobre a capacidade potencial de crescimento do pa s.

195 o e o a e o e e -se a e s a de o e e as o as do a s e o a se a e ess -a a a o dos o e os e e s do e o e e os o a as do o e o o da e a-d a o da o e e o a

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As Nações Unidas consideram uma taxa m dia de crescimento natural da população ango-lana de 3,1 , o que signi ca uma duplicação da população a cada 23 anos196. Se o actual modelo de repar ção do rendimento e da riqueza não for substancialmente alterado, o crescimento da população potenciará o incremento da pobreza e in uenciará nega vamente o crescimento económico.

Os salários estão estreitamente relacionados com a pobreza, dependendo a redução deste estado deprimente de condição humana do montante dos rendimentos do trabalho entregues aos trabalhadores e às fam lias. Já se viu que a remuneração m dia mensal atribu da ao factor trabalho nacional muito baixa (37 000 kwanzas mensais em 2012 segundo as Contas Nacio-nais do INE), havendo necessidade de se equacionarem e aplicarem pol cas de valorização dos trabalhadores angolanos, seja atrav s de negociações entre as organizações patronais e sindi-cais quanto às modalidades e proporcionalidades de repar ção dos ganhos de produ vidade, quer por interm dio de acções de valorização pro ssional e de especialização produ va ten-dentes a melhorarem a e ci ncia da força de trabalho. Se não, a taxa de pobreza que o Governo almeja alcançar em 2017 (28 ) não será alcançada197.

O sector agr cola tem um papel importante a desempenhar nos processos de distribuição do rendimento nacional. Existem evid ncias emp ricas sobre a correlação entre o crescimento do PIB agr cola e a redução da pobreza e das desigualdades. Dum ponto de vista teórico, a inten-sidade de mão -de -obra própria dos modelos de produção agr cola explica a maior capacidade deste sector na abordagem dos problemas da pobreza e da distribuição do rendimento198. A ac vidade agr cola em África ainda a grande empregadora de força de trabalho, donde se explicar o seu poder de criação e repar ção de rendimento. Na África Subsariana a percenta-gem de população economicamente ac va no sector agr cola ainda muito elevada: 72 no per odo 1999 -2001 e 66 em 2011199. Uma diminuição de apenas 6 pontos percentuais em 10 anos indicia uma fraca capacidade de transformação estrutural, baseada na produ vidade. Em Angola, este sector de ac vidade ainda respondia por 69 da população economicamente ac va em 2011, contra 72 em 1999 -2011, uma redução ainda mais t nue do que na África ao Sul do Sara (ex guos 3 pontos percentuais)200.

196 a es das Relatório do Desenvolvimento Humano 2015 a a de e d dade ad da de se a s a s e o a a a o a a a de es e o de o o de ao a o se do essa ase e a ese a as s as o e es197 e Plano Nacional de Desenvolvimento 2013 -2017 do o e o198 o as ese as e e es e ess dade de se a e a a s a od dade e de e a o de o a de a a o a a os es a es se o es de a dade o esso oe e e e o e e e de a s o a es e o as es a s e es da o a As Transformações Económicas Estrutu-rais na África Subsariana 2000 -2010 d o a a a a 199 Africa Human Development Report 2012, To ards a Food Secure Future 200 Africa Human Development Report 2012, To ards a Food Secure Future

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Destacou -se anteriormente a relação entre crescimento na agricultura e redução da pobreza e melhoria da distribuição do rendimento na África Subsariana. Porqu o crescimento do VAB agr cola mais efec vo nesses aspectos? Uma primeira razão, da própria Teoria Económica, está relacionada com o aumento da produção: maior disponibilidade de produtos agr colas pode torná -los mais baratos e assim permi r uma par cipação mais alargada da população na sa sfação de necessidades alimentares (redução da fome e aumento da segurança alimen-tar)201. Uma segunda razão relaciona -se com a maior disponibilidade de terra existente na África Subsariana e a sua rela va melhor distribuição – em comparação, por exemplo, com a Am rica La na: sendo a terra o principal ac vo dos camponeses e da população pobre, disponibilidade e acesso concorrem para o aumento da produção e a distribuição do rendimento. A úl ma ra-zão está ligada ao po de unidades agr colas existentes de m dio e pequeno porte, muito mais requerentes de mão -de -obra. Estudos conduzidos pelas Nações Unidas demonstram a maior e cácia da agricultura no combate contra a pobreza202.

São profusos os estudos sobre a relação entre crescimento económico e distribuição do rendimento e da riqueza. Stliglitz ( he Price of ne uality): A culpa de todo o d ce duma economia pode ser atribu da aos extremos de desigualdade (se em Angola, 60 dos menos pobres transferissem 5 do seu rendimento, a procura aumentaria cerca de 3 , e para um mul plicador do consumo privado de 2, a taxa de crescimento do PIB poderia ser incrementada em 5 ). Num estudo do FMI de 2011 concluiu -se que per odos mais longos de crescimento económico e a criação de economias mais e cientes e produ vas estão fortemente associados a mais igualdade na distribuição do rendimento. Fundo Monetário Internacional203: Há cres-cente evid ncia de que grandes desigualdades de rendimentos podem prejudicar a estabilidade macroeconómica e o crescimento . E tamb m que estudos emp ricos recentes conclu ram que elevados n veis de desigualdade são prejudiciais para o crescimento con nuado e sustentado .

São igualmente abundantes os estudos sobre desigualdade de rendimento efectuados por eminentes economistas que se preocupam com as disparidades mundiais e dentro dos pa ses. Joseph S glitz um deles204, assim como Je rey Sachs205, mas outros acad micos se t m debruçado sobre esta importante problemá ca social e pol ca206. Se por um lado, t m sido ob das algumas evid ncias emp ricas posi vas sobre a veri cação da hipótese de Kuznets (conforme mais atrás se referiu e mesmo Pike y reconhece), por outro, várias in rmações da

201 e a o do o a e de e a o a o o e e oe e e a s e e ado de a e a o do se e d e o aos od os a e a es202 Africa Human Development Report 2012, To ards a Food Secure Future 203 Fiscal Policy and Income Distribution 204 ose The Price of Inequality o e o a 205 e e a s Common Wealth: Um Novo Modelo para a Economia Mundial asa das e as e O Fim da Pobreza: Como Consegui -lo na Nossa Geração, asa das e as 206 s a d a e e e s e a a e s e e e ed - Revie of Develo-pment Economics e a e -

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curva inver da da repar ção do rendimento t m, igualmente, sido ob das. Ou seja, está -se perante um fenómeno que ainda não se encontra devidamente con rmado em todo o mundo. No entanto, estudos com s ries históricas longas nos pa ses desenvolvidos apresentam um coe-

ciente de correlação elevado entre distribuição do rendimento (representado pelo Índice de Gini) e o crescimento económico. Os parâmetros de regressão apresentam -se igualmente com aceitáveis padrões de representa vidade validados por diferentes testes esta s cos.

Nuno Alves – quadro superior do Banco de Portugal – realizou um estudo sobre este tema focalizando a análise sobre a União Europeia e par cularizando para Portugal207. A sua assunção de par da admite que os mecanismos de mercado provocam uma excessiva desigualdade na atribuição das remunerações aos factores de produção, havendo, por consequ ncia, de actuar com pol cas públicas correctas e justas ao n vel da redistribuição do Valor Acrescentado Nacio-nal. Os principais instrumentos para corrigir as proporções factoriais na distribuição primária ou funcional do rendimento nacional são os impostos progressivos sobre o rendimento e as transfer ncias orientadas para os segmentos mais vulneráveis da população. S glitz ( he Price of ne uality) defende que uando a desi ualdade na distribui o do rendimento excessiva e fundada em falhas de mercado, um aumento da sua redistribui o pode promover um sistema económico mais e ciente e mais est vel .

Nuno Alves usa tr s conceitos de rendimento:

• Rendimento Base, que corresponde ao Valor Acrescentado Bruto gerado primariamente pelos factores de produção, antes, portanto, da incid ncia de impostos e de prestações em dinheiro. Mais especi camente inclui rendimentos do trabalho (por conta de outrem e por conta própria), rendimentos de capital e de propriedade, rendimentos recebidos por menores de 16 anos, transfer ncias e pensões e reformas de velhice e sobreviv ncia.

• Rendimento Bruto, dado pela soma do rendimento base e das prestações em dinheiro rela vas a situações de desemprego, doença/acidente, invalidez, protecção de crianças/fam lias, exclusão social, para apoio à educação e à habitação208, mas sem a incid ncia dos impostos.

• Rendimento Dispon vel, o que sobra para ser aplicado em consumo e poupança, e ob do pela subtracção dos impostos sobre os rendimentos do trabalho, lucros e ganhos de capi-tal (juros e similares) e das contribuições para a Segurança Social ao Rendimento Bruto.

O estudo abrangeu todos os pa ses da União Europeia (mais a Islândia e a Noruega) e refere--se ao rendimento auferido pelos cidadãos europeus em 2009.

207 a o de o a Boletim Económico e o de 208 a o a e des es s s d os e s e e e o a se do a a a a a o a e de s -e os de o as as a a o o e e a a a ed s o do e d e o e e o-a a s a e a e dade e e os dad os

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A metodologia u lizada baseou -se na análise dos percen s 10, 50 e 90 da distribuição do rendimento base (tomada a sua mediana) e nas informações das Contas Nacionais de cada pa s e do Eurostat.

Nesta base foi poss vel re rar um primeiro grupo de conclusões:

• Desde logo, a elevada dispersão do rendimento base na generalidade dos pa ses da amos-tra, ou seja, as diferenças entre pa ses mais desenvolvidos e menos desenvolvidos do es-paço europeu na repar ção primária do rendimento são elevadas. Pode admi r -se que a hipótese de Kuznets se veri ca.

• Em segundo lugar, a incid ncia dos impostos e das prestações sociais diminui substancial-mente a dispersão do rendimento em todos os pa ses da União Europeia, donde serem importantes as pol cas públicas centradas na progressividade dos impostos e no estabe-lecimento de discriminações posi vas a favor dos rendimentos do trabalho. Em m dia, a aplicação destes instrumentos melhora o Índice de Gini, reduzindo o seu valor em cerca de 0,08 pontos percentuais209.

• Em terceiro lugar, as diferenças regionais são signi ca vas: num extremo, encontram -se os pa ses nórdicos (Noruega, Su cia, Finlândia, Dinamarca) com n veis de desigualdade no rendimento base (equivalente, conforme se disse, à repar ção primária do rendimento, de acordo com os mecanismos de mercado) rela vamente baixas210, a que se adiciona uma elevada redistribuição do rendimento pela via das prestações sociais em dinheiro, consequencializando uma proximidade do rendimento dispon vel.

• Em quarto lugar, os pa ses da Europa con nental (Alemanha, França, Holanda, Luxem-burgo) par lham das caracter s cas anteriores, embora apresentem um n vel ligeiramen-te superior de desigualdade antes (rendimento base) e depois (rendimento dispon vel) da redistribuição do rendimento.

• Em quinto lugar, os pa ses do extremo sul da Europa (Portugal, Gr cia, Espanha, Itália) caracterizam -se por uma desigualdade rela vamente elevada no rendimento base (quali-

cações menos abundantes), conjugada com uma redistribuição do rendimento rela va-mente baixa (fraqueza dos sistemas de segurança e previd ncia social e eventualmente excesso de impostos sobre rendimentos do trabalho). Nestes pa ses foi inclusivamente iden cado o efeito paradoxo de Robin Hood : o impacto redistribu vo das prestações sociais em dinheiro inferior ao efeito dos impostos sobre o rendimento. Ou seja, ra -se aos pobres para se dar aos ricos.

209 s es es ados s o o a es a a o o e o a o a o e a s a o a de d s e o d s a s ed do o e esso de e d e o e e a dos o os a o se a e o a a a e o a as o d es de da da o a o210 o a e e e de do a dade do a a a o e da es e a a o da o -de -o a

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• Em sexto lugar, o Reino Unido apresenta caracter s cas peculiares: desigualdade elevada na distribuição do rendimento base, mas acompanhada de um esforço signi ca vo de redistribuição, tanto pela via das prestações sociais, quanto dos impostos sobre o rendi-mento.

• Finalmente, não há dúvida de que o rendimento dispon vel (corrigido pelos impostos e prestações sociais) diminui a desigualdade. Neste estudo, nota -se uma muito maior esta-bilidade na linha representa va deste rendimento entre os pa ses do que no rendimento base (o mais desigual) e no rendimento bruto.

O impacto das prestações sociais em dinheiro na diminuição da taxa de pobreza e da inten-sidade da pobreza costuma ser elevado211. U lizando como rendimento da linha de pobreza em Angola 4700 kwanzas por m s e um rendimento m dio da população pobre de 2100 kwanzas por m s, a intensidade da pobreza pode ser calculada em 55,3 . No estudo de Nuno Alves conclui -se que as prestações sociais em dinheiro contribuem signi ca vamente para diminuir o n vel e a intensidade da pobreza.

Rareiam os estudos sobre distribuição do rendimento em África, embora se con nue com a sensação de que os seus pa ses, em par cular os economicamente mais representa vos, são dos mais desiguais. Sobretudo, os que assentam as suas estrat gias de crescimento nos secto-res de enclave e que pra cam um modelo de repar ção ren sta, com uma elite privilegiada a aceder aos rendimentos procedentes da exploração dos recursos naturais não renováveis.

Cassandro Mendes (da Escola de Negócios e Governança da Universidade de Cabo verde) e Olugbenga Adesida elaboraram um estudo aplicado sobre os pa ses da África Subsariana para descobrirem se a Curva de Kuznets tem validade emp rica212. Este estudo abarcou 43 pa ses e um per odo de mais de 20 anos (1980 -2000).

Os ajustamentos econom tricos basearam -se nos dois seguintes modelos:

Giniit = 0 + 1Y + 2Y2 + it

onde i são os parâmetros de regressão entre o ndice de distribuição do rendimento e o crescimento económico (PIB = Y ou mesmo PIB per capita, em termos nominais ou de paridade do poder de compra) e it o erro residual entre as variáveis ajustadas.

211 o a a e o o a e ea e os o s a es das es a es so a s d das o a o de a os e sos e d do e a o o se e a se a e a e e o a o o e e da a e o e e a a a de o e a a e e e as o d es de da se de e o e 212 assa d o e des e e a des da o e e a a d e o o de e o e e -de e o - a a a a o es Economics Bulletin o ss e e

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Giniit = 0 + 1Y + 2Y2 + + 3Y

3 + it

Os resultados ob dos são interessantes e podem ser resumidos do seguinte modo:

a) O Modelo Quadrá co não explica nada, ou seja, nos 43 pa ses da África Subsariana não foram, por seu interm dio, iden cadas evid ncias entre o Coe ciente de Gini e o cres-cimento económico.

Já o Modelo Cúbico consen u uma correlação entre as variáveis em estudo com coe -cientes esta s cos aceitáveis e relevantes para a análise económica.

c) A conclusão geral : mesmo nas economias africanas da África Subsariana mais desenvol-vidas a desigualdade tem aumentado à medida que o rendimento m dio por habitante aumenta, ou seja, o crescimento económico não tem sido um factor de diminuição das desigualdades económicas e sociais entre a população.

d) Os autores determinaram que o turnin -point (n vel de rendimento m dio por habitante a par r do qual passa a exis r uma relação amigável entre crescimento económico e melhoria signi ca va e sustentável das condições de vida dos cidadãos) se situa entre 13 000 e 14 000 dólares).

Esta conclusão relevan ssima para Angola:

a) O PIB por habitante em 2015 foi de 4050 dólares213, 9950 dólares menos do que o limite superior do intervalo anterior.

Para se a ngir o turnin point, ou se incrementa substancialmente a taxa de crescimento do PIB – de acordo com as úl mas previsões do FMI214, a taxa m dia anual de crescimento do PIB poderá ser da ordem dos 4,2 , ou então,

c) A uma taxa de variação do PIB por habitante de 1,1 (admi ndo -se uma taxa de cres-cimento m dio do PIB de 4,2 215 e de variação demográ ca de 3,1 ao ano216), serão necessários 120 anos para se encontrar o ponto de ruptura da excessiva concentração do rendimento no pa s. Naturalmente que se tratam de projecções lineares (tudo o resto permanecendo constante), mas este po de exerc cio tem a enorme vantagem de p r a descoberto a amplitude dos fenómenos e de iden car a verdadeira natureza dos problemas. O aumento do PIB por habitante depende directamente da quan dade de

213 Relatório Económico de 2013214 Angola, Staff Report for the 2015 Article IV Consultation o de 215 World Economic Outlook, de e Angola – Second Post -Program Monitoring a o de 216 Projecção da População 2009 -2015

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crescimento económico conseguida e do controlo/es mulo da natalidade, parcialmente controláveis em alguns dos seus aspectos e fundamentos. Mas a sua distribuição pode ser nega vamente in uenciada pelas falhas de mercado (repar ção primária ou do ren-dimento base) e pelo modelo existente quando privilegia a classe pol ca e empresarial dominante. Nestas circunstâncias, e no caso de Angola, se não forem 120 anos (e segu-ramente em termos reais não serão) poderão ser 30 anos, se, entretanto, forem feitas ced ncias signi ca vas na diminuição dos excessos de concentração do rendimento e da riqueza.

d) Se a taxa de crescimento do PIB fosse de 10 ao ano, mantendo a variável demográ ca constante, o número de anos baixaria para 19. O problema está na possibilidade de ocor-rerem taxas reais anuais de variação do PIB de 10 , com o sector petrol fero a quebrar o seu crescimento, as receitas de exportação a baixarem, as receitas scais em queda e a d vida pública a a ngir patamares preocupantes que podem fazer perigar a sua susten-tabilidade (segundo informações recentes veiculadas pela SIC No cias (8 de Fevereiro de 2016), o seu custo diário de 24,5 milhões de euros).

AS 3 ETAPAS DE CRESCIMENTO EM ANGOLA

e o Quadro Macroeconómico Comparativo

e) A dúvida está em se a classe pol ca em exerc cio do poder está, de facto, interessada em ceder privil gios e alterar os mecanismos estabelecidos que enviesam e di cultam um acesso mais generalizado e equita vo ao rendimento nacional. É por isto que aspectos como a descentralização administra va, a criação das autarquias e o verdadeiro exerc cio da democracia tal como contemplado na Cons tuição da República se a guram determi-nantes para o processo de repar ção dos rendimentos e da riqueza no pa s.

As pol cas relacionadas com a distribuição secundária do rendimento – após a incid ncia dos impostos e das transfer ncias para as fam lias – costumam ser um instrumento para

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se corrigirem as assimetrias que os mecanismos de mercado e o rent -seekin introduzem no processo de repar ção primária do rendimento. O Governo (Plano acional de Desen-volvimento 201 -201 , páginas 67 e 68) e o MPLA (Pro rama de overna o para 201-2017, páginas 79 e 80) acolhem estas medidas correc vas217. Só que, perante um clima de corrupção generalizada e end mica e de forte trá co de in u ncias, estas medidas de carácter administra vo acabarão por ter um impacto menor do que o teoricamente reconhecido e poli camente desejado. Nestas sociedades – com ins tuições ainda por fazer e poli camente muito in uenciáveis –, medidas de natureza administra va – ou seja, tendo na sua base a intervenção directa dos organismos do Estado – geram sempre oportunidades de ganhos marginais para os agentes públicos, em preju zo das fam lias mais carenciadas (algumas evid ncias emp ricas apontam para uma perda entre 25 e 30 do montante global das transfer ncias para a população inscritas nos Orçamentos de Estado). Por m, o que há para distribuir at 2020 muito pouco, valendo pouco mais de 250 dólares de incremento anual do PIB por habitante.

O QUE HÁ PARA DISTRIBUIR ATÉ 2020

e o Estudos sobre o PIB por habitante.

217 des e o d sso as o as e ed das o es o dese o das o e se es e a a e a o e-esse e o e os o Plano Nacional de Desenvolvimento 2013 -2017 s e e as a es a o a e a a s o de s a e o e as o o a e o a da e a o do e d e o a o-a des o a o a a a a ea a o do a a o a e o a e so a do s ado de e es a d e s o ada a s a e a o da e a e do e d e o a o a e ess a o s do o o de s a e o o o o a do o o de s a o o e o e e a de o a e ada o a as de e d e o o e de o as o as de e e o a da es a e e e a o a sa a a e asse e ao a o a a o a e e a o s a as o a o s a e de a o do o a e o o e o a do a s do a e o a do sa o o ade ado s e ess dades esse a s do a a ado o ess a e e a a ada de a o do o as oss dades da e o o a a o a o a s a e e a ea o ade o a de a e a o ad o e os e a s os a a s de e a o da e da o eada e e do e eo o d o a do -a se -e s oss dades da e o o a o ao o dese adea e o de e s es a o s as

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O QUE HÁ PARA DISTRIBUIR ENTRE 2015 E 2020

e o Estudos sobre o PIB por habitante

A tabela seguinte expressa quanto o valor anual do PIB por habitante poderá aumentar at 2020.

2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Incremento anual PIBpc (USD) 67,0 -1413,0 -275,0 94,0 110,0 90,0 301,0

Incremento m dio anual PIBpc (USD) 473,2 316,0 270,6 258,0 248,1 238,2 241,9

Angola, Staff Report for the 2015 Article IV Consultation o de

a) O que haverá para distribuir at 2020 uma cifra de USD 253 por habitante de incremento m dio anual do PIB por habitante.

Isto prova que não su ciente crescer para se melhorar a distribuição do rendimento. Como se disse, a taxa m dia anual de crescimento do PIB entre 2016 e 2020 de 4,2 , insu ciente para alterar as condições de vida da maioria da população, e muito menos para garan r a necessária e desejável sustentabilidade.

c) É bom lembrar que a taxa de 4,2 incorpora já a taxa m dia de crescimento do não petrol fero de 5,5 , donde as folgas para se melhorar as condições de vida da maio-ria da população são poucas. E não vai ser poss vel regressar aos crescimentos m dios anuais registados durante a mini -idade de ouro do crescimento económico de Angola (2002 -2008) – cerca de 12,5 ao ano – por razões relacionadas com graves insu ci ncias no capital sico, no capital humano, no capital ins tucional, no acervo cien co e de

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inves gação desenvolvimento e no capital social. Só melhorias signi ca vas nestes as-pectos impactarão posi vamente o crescimento e a distribuição do rendimento nacional.

d) O ritmo de crescimento da população, cerca de 3,1 ao ano, uma variável determinante da melhoria das condições de vida da população. Por m, considerações pol cas e de natureza religiosa podem jogar contra uma pol ca demográ ca mais con da.

e) As desigualdades sociais, de rendimento e de riqueza são muito altas no pa s – conforme mais atrás se explicitou por interm dio de algumas variáveis – e explicam -se pelo modelo rent -seekin adoptado depois da independ ncia, potenciado pela guerra civil e facilita-do pelo sistema de plani cação centralizada, que ainda hoje espalha os seus nefastos defeitos e inconvenientes218. Este sistema assimptó co de distribuição da renda nacional foi elevando a doutrina o cial, sob a designação de acumulação primi va de capital e criação duma burguesia nacional económica e nanceiramente forte.

A grande oportunidade de distribuir melhor os resultados do crescimento económico ocorreu entre 2003 e 2008 e perdeu -se a favor da acumulação primi va de capital, con-centrada na elite pol ca, militar e empresarial. O incremento m dio anual do PIB por habitante foi de USD 670, ou seja, 2,6 vezes mais o es mado para o per odo 2016 -2020.

g) Evidentemente que não podem exis r sociedades absolutamente igualitárias (a dife rença faz parte da igualdade e um factor essencial de es mulo do empreendedorismo e da descoberta de soluções potenciadoras da melhoria da condição humana). Por m, Angola integra o grupo de pa ses onde a desigualdade social das maiores e das mais degradan-tes do mundo. T m sido perdidas as oportunidades que o crescimento económico tem proporcionado para que se transforme em desenvolvimento, descumprindo -se, assim, os grandes objec vos da libertação nacional, inscritos nos programas de todas as formações pol cas angolanas.

218 s a e os da e o o a a ada e d o de a o s o e s de e a a e e a ada o e a e dada da o o a o o a ada e o s s e a de a a o e a -ada e o a o s osa o a a a a o o a do e odos e o o e sa o -o a da o e e e e d a do e sa e e os a s e e s o assa o e o es e o s o oda da d a Expansão de e e e o de

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

8. EMPREGO E PRODUTIVIDADE

Que impactos reais e efec vos a crise nanceira e económica de 2015 teve sobre o empre-go? Seguramente que alguns, face às informações sobre a diminuição de produção de muitas ac vidades industriais, da construção, do com rcio (que depende ainda muito das importa-ções de bens), o despedimento noutras ac vidades (mineiras e de extracção de petróleo, de serviços em geral) e a decisão de o Estado – o segundo maior empregador no pa s – de não admi r mais trabalhadores, com excepções muito precisas e pi cadas na Educação e Saúde. Deve sublinhar -se que a taxa m dia de crescimento do PIB em 2015 foi de 2,8 e do PIB não petrol fero (a nal o principal empregador da economia) de 1,3 . Igualmente se deve destacar que nas economias de hoje a relação entre emprego e crescimento não tão amigável quanto o foi nas d cadas de 1980 e 1990 do s culo . De tal sorte que – por razões ligadas aos ganhos de e ci ncia tecnológica, à maior intensidade capital s ca dos processos de produção – pode acontecer crescimento com diminuição do emprego. A certeza conhecida da relação entre cres-cimento e emprego aponta para uma elas cidade entre si inferior à unidade, signi cando, em termos prá cos, que um incremento de 1 no PIB induz um inferior à unidade no emprego. Aplicando a Angola, o incremento de 1,3 nas ac vidades não petrol feras deve ter propiciado um aumento inferior no emprego criado em 2015.

A experi ncia entre as duas guerras mundiais mostrou que o desemprego podia desenvolver--se e manter -se numa situação de subu lização da capacidade produ va e que a diminuição dos salários, em vez de restabelecer o equil brio, agrava a crise. Keynes veio demonstrar que mes-mo que os mercados funcionem normalmente poss vel um equil brio de subemprego, isto , o desemprego não desaparece enquanto a economia não for subme da a um choque exógeno posi vo por acção da pol ca económica. A procura total de bens de consumo e de inves mento pode não corresponder ao n vel de produção que assegura o pleno emprego, ou por de ciente canalização da poupança para inves mento, ou porque a procura efec va antecipada pelas em-presas ser insu ciente, ajustando -se a produção e o emprego num equil brio de subemprego. Ou seja, o desemprego keynesiano resulta, assim, de um baixo n vel de u lização da capacidade produ va instalada, por insu ci ncia de procura efec va ( o caso angolano presentemente: quebra de receitas de exportação, abaixamento de rendimentos, penúria de procura efec va – das empresas, das fam lias e do Estado), desemprego ou, no melhor, conservação do n vel de emprego. Estas são as relações entre crescimento e emprego. Este desemprego conjuntural

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está associado à utuação c clica da ac vidade económica, ou seja, a variações de curto prazo na procura, com re exos na produção e no emprego. Nestas circunstâncias, a terap u ca acon-selhada baseia -se no relançamento da procura global, atrav s da pol ca macroeconómica, por via monetária (v.g. baixa taxa de juro) e/ou orçamental (diminuição dos impostos e/ou aumento da despesa pública).

A con guração geral da economia nacional de queda da procura efec va, nos contornos anteriormente destacados (Estado, fam lias e empresas), devido à penúria de divisas e de re-ceitas scais. A pol ca monetária claramente de sen do contrário – com elevação das taxas de juro –, assim como a orçamental, com aumento de impostos e redução da despesa pública. Talvez as causas internas mais relevantes para a reduzida performance do PIB em 2015. Por-tanto, se houve criação de emprego em 2015 deve ter sido m nima, por tudo o que se disse anteriormente. Porque a Teoria Económica existe e tem o seu valor.

É evidente que a manobra da pol ca macroeconómica apresenta, neste momento, contra-dições fundamentais: entre in ação e desemprego (combater a in ação pela pol ca monetária reduz o inves mento e a produção e aumenta o desemprego – a conhecida relação de Phi-lips ), entre equil brio orçamental (rela vo) e incremento do inves mento público (indispensá-vel para a variação posi va da economia não petrol fera), entre penúria nanceira do Estado e cumprimento das suas funções scais relacionadas com a provisão de bens públicos e a redis-tribuição do rendimento nacional, entre aumento dos impostos e incen vos scais à produção e entre criação de d vida pública e a sua sustentabilidade.

Acresce ainda o seguinte: a economia angolana retomou, depois de 2014, uma trajectória de in ação a dois d gitos (ver cap tulo seguinte sobre o comportamento da in ação no pa s) e a expecta va para 2016 está no mesmo rumo, com um poss vel agravamento do valor do respec vo ndice. A taxa de crescimento do PIB foi de 2,8 em 2015, prevendo o Governo um valor de 3,3 em 2016 (o he Economist prev 1,6 e algumas ag ncias internacionais de risco colocam -na na vizinhança de 2 )219. Então uma outra questão tem de se colocar: está a avizinhar -se uma situação de estag ação , isto , de estagnação da produção e aumento da in ação? Evidentemente, a s rie de dados curta para se concluir nesse sen do, mas se os alertas se con rmarem, então as pol cas de relançamento da procura t m limites e custos im-portantes, designadamente em termos de in ação e desequil brio externo. De facto, em econo-mias bastante abertas ao exterior atrav s de um único produto sujeito a comportamentos con-junturais substanciais e at mesmo imprevis veis – o ndice de concentração das exportações de Angola de 0,96 – para que a expansão da procura provoque efec vamente um aumento signi-

ca vo da produção e do emprego são necessárias duas condições: por um lado, que os bens e serviços transaccionáveis produzidos internamente sejam compe vos (ver a este propósito as considerações tecidas no parágrafo 5.1 sobre a diversi cação da economia e as possibilidades

219 o e o aso o a o a a o es e o e o o o de e o o o e e a e o se do de - o os e e a s o aso de as e s es do The Economist se o a e

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de a curto prazo se aumentarem as exportações de 14 produtos considerados pelo Governo como exportáveis) e, por outro, que o crescimento da procura interna não seja muito superior ao que se pode veri car nos parceiros comerciais seleccionados. Caso contrário, a expansão da procura interna vai bene ciar fundamentalmente o exterior, agravando o desequil brio externo e acabando por se tornar insustentável. A menos que haja alguma concertação com os clientes estrangeiros ob da, por exemplo, no âmbito de acordos preferenciais de com rcio (como po-derá ser o caso da SADC).

Anteriormente se destacou que a relação entre crescimento económico e geração de em-prego, medida atrav s de um dos mais úteis instrumentos esta s cos, a elas cidade, normal-mente não proporcional. São conhecidas as fracas capacidades de criação de emprego l quido das ac vidades petrol feras e mineiras em geral, pelo que o aumento da produção de petróleo em 2015 (6,3 segundo as es ma vas o ciais) pode at ter consequencializado uma quebra do emprego, num contexto real e efec vo de ajustamento das estruturas de pessoal das compa-nhias petrol feras aos comportamentos aleatórios do preço internacional do petróleo.

A agricultura, pecuária e orestas, na sua componente de ac vidades familiares, não tem sido muito pródiga na criação de emprego l quido anual, encontrando -se sujeita às in u ncias de factores exógenos que não t m sido aliviados por uma pol ca agr cola consequente e rea-lista. O peso destes factores revelado pelo comportamento muito aleatório da sua produção, alternando anos de aumento expressivo – pelo menos segundo as informações do Governo – com outros de variação inexpressiva ou mesmo nega va. Consequentemente, não se pode esperar destes sectores uma contribuição signi ca va na criação de emprego. Nem tão pouco da agricultura empresarial, de grande dimensão, muito mais vocacionada para a mecanização e uso de tecnologias intensivas em capital e poupadores do factor trabalho. Acresce que a crise

nanceira e económica actual tamb m afectou a sua performance produ va, colocando a res-pec va taxa de variação do PIB, em 2015, em apenas 0,8 .

As pescas desde há muito t m estado sujeitas a uma s rie de constrangimentos impedi vos de um aproveitamento mais integral das reais e efec vas capacidades hali u cas do pa s. A ac vidade do pescado tem uma interacção directa com a redução da pobreza (ao contribuir para a melhoria da dieta alimentar da população) e insere -se no circuito alargado do valor agregado nacional, atrav s da sua industrialização e exportação. Em 2014, só foram criados 671 novos postos de trabalho e a sua taxa de crescimento foi de 5,3 .

A indústria transformadora, para ser compe va e promover a diversi cação das expor-tações, tem de recorrer a modelos de produção intensivos em tecnologia e capital, e a força de trabalho especializada. Para que uma qualquer economia se coloque no rumo certo das

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transformações estruturais, baseadas em ganhos signi ca vos de produ vidade, a sequ ncia lógica do processo de criação de emprego com ganhos de produ vidade passa da agricultura para a indústria de transformação e desta para o sector dos serviços. Adita -se, ainda, que a taxa de crescimento real do PIB da manufactura, em 2015, foi de -4 , donde, em termos congruen-tes, se não poder esperar criação l quida de emprego, mas, se de facto a lógica es ver certa, destruição de postos de trabalho. Al m disso, o custo do cr dito bancário muito elevado, matando as inicia vas privadas de criação de novas empresas – ao que se deve adicionar o custo da burocracia e a di culdade em se fazerem negócios no pa s – e afastando eventuais inves dores externos. A maioria das empresas, em par cular as pequenas e m dias, não estão em condições de se nanciarem em Bolsa – se porventura es vesse a funcionar – pelo que o recurso à Banca a única sa da.

A construção e as obras públicas estão em linha com a quebra do ritmo de crescimento do PIB (petrol fero e não petrol fero) e a diminuição dos inves mentos públicos, a principal mola impulsionadora deste sector de ac vidade. As aquisições de ac vos não nanceiros do Estado – designação do OGE – diminu ram 40,4 em 2015 rela vamente a 2014, não compensadas pelos inves mentos privados em imobiliário ou edi cios fabris. Para 2016 as es ma vas con -das do OGE apontam para a con nuação da diminuição dos inves mentos públicos em 38,9 , quando o pa s ainda está bem longe de consumar o processo de construção, reabilitação e mo-dernização do stock de capital xo da economia. Durante 2015 prevaleceram muitos atrasos no ressarcimento da d vida pública interna às empresas de construção, angolanas e estrangeiras, de que resultaram adiamentos das obras, redução da sua ac vidade (despedimentos, ainda que temporários, para se adequarem as estruturas de custos) e mesmo alguns encerramen-tos, principalmente das pequenas e m dias empresas angolanas. A taxa de crescimento do PIB da construção e obras públicas passou de 8 , em 2014, para 3,5 em 2015, de acordo com as informações o ciais. No limite, atendendo ao carácter ainda essencialmente intensivo em trabalho, a taxa de crescimento do emprego deveria igualar a da produção (sendo superior, a produ vidade bruta aparente do trabalho diminui e os ganhos de produ vidade são afectados pelo sinal menos).

A energia (produção e distribuição de electricidade) tem aparecido, surpreendentemente, nos úl mos anos como um importante gerador de empregos, apesar dos processos de fabrico rela vamente intensivos em capital, maquinaria e tecnologia) usados. Por exemplo, em 2013 a taxa de variação do emprego foi de 555,3 e em 2014 de 123,6 , tomando como boas as es ma vas o ciais. Nesses mesmos anos, a produção registou n veis de crescimento, respec -vamente, de 10,6 e 17,3 . Como e por quem que foi então absorvido o emprego? Ou será que estamos face a uma de ciente classi cação de alguma ac vidade integrada neste sector?

Restam, portanto, os serviços chamados mercan s (com rcio, transportes e armazenagem, hotelaria e turismo, Banca e seguros, serviços imobiliários, correios e telecomunicações) e o Estado. A sua capacidade de geração de novos postos de trabalho depende das respec vas

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performances produ vas, as quais, por sua vez, estão em n ma conexão com a agricultura, a indústria (latu sensu), as pescas, a construção, etc. Quando estas ac vidades não crescem ou crescem pouco, a montante e a jusante, o emprego ressente -se.

PANORAMA DO EMPREGO EM ANGOLA ENTRE 2002 E 2015

2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2015

Agricultura, pecuária e orestas

2 231 434 2 369 037 2 510 897 2 621 107 2 621 107 2 913 360 2 932 763 2 959 269

Pescas 26 868 28 440 30 233 33 447 33 447 40 626 43 234 44 761

Petróleo e gás 14 223 14 996 15 394 64 559 64 559 92 241 92 241 92 241

Diamantes e outros 10 577 32 483 36 157 22 904 22 904 20 142 41 079 41 983

Indústria transformadora 56 255 53 745 56 017 59 419 59 419 72 976 80 135 100 810

Electricidade 2389 7871 8852 11 646 11 646 7079 103 737 153 801

Construção 169 722 216 104 271 086 320 191 320 191 410 661 424 197 427 941

Com rcio 796 139 852 508 909 051 949 645 949 645 1 061 862 1 170 836 1 218 598

Transportes e armazenagem 68 329 72 641 76 886 81 377 81 377 96 359 157 715 228 174

Correios e telecomunicações 2476 3175 4339 4574 4574 12 167 0 0

Bancos e seguros 5072 5722 7074 14 138 14 138 23 357 0 0

Estado 326 709 346 856 367 626 420 832 420 832 431 610 438 137 438 137

Serviços imobiliários 334 320 356 424 424 562 0 0

Outros serviços 332 760 356 211 410 455 438 841 438 841 525 078 653 462 693 784

Angola 4 043 287 4 360 109 4 704 423 5 043 104 5 043 104 5 708 080 6 137 536 6 399 499

Incrementos 0 171 924 181 729 144 898 200 798 163 075 283 320 261 963

e o Estudos sobre Produtividade e Emprego o ase as o as a o a s e do e os o a s d e sosNum ano de redução dos mpetos de crescimento, a economia angolana conseguiu acres-

centar 262 000 novos postos de trabalho, o que verdadeiramente notável, podendo quase sustentar -se que o pa s convive bastante bem com as crises nanceiras e económicas. Na ver-dade, tamb m em 2009 – crise nanceira e económica internacional, com re exos reais na capacidade de crescimento do PIB do pa s, com 2 apenas – foram criados mais de 175 000 novos postos de trabalho, mais do que em 2007 e 2008 (o úl mo ano da mini -idade de ouro do crescimento económico do pa s, com 10,5 de variação efec va). Seguramente que só erros de classi cação podem explicar estes aparentes paradoxos.

A estrutura sectorial do emprego – que incorpora eventuais de ci ncias de classi cação e medição do emprego nos úl mos anos – apresenta algumas alterações ao longo do per odo em análise, como consta da tabela da página seguinte.

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a) A agricultura, pecuária e orestas (sobretudo a sua componente familiar) tem sido o mais relevante empregador da economia, apesar de depois de 2012 a sua importância rela va estar a diminuir. Nos quadros dos processos de transformações estruturais, este movi-mento o correcto, desde que estejam associados ganhos de produ vidade rele vantes, compensadores dos inves mentos e propiciadores de melhores rendimentos agr colas. Não esse o caso do pa s. Conforme se verá mais adiante neste parágrafo, a produ -vidade m dia bruta aparente do trabalho muito baixa e es mada em USD 1132 por trabalhador no per odo 2002/2015.

O com rcio o segundo sector de ac vidade com maior peso rela vo no volume de em-prego, com uma percentagem m dia de 19 , man da ao longo do per odo em análise. A representa vidade deste sector no PIB tem vindo a diminuir (11 em 2005, 7 em 2011 e 5 em 2015), contrastando com a do emprego, levando desde já a concluir por uma deterioração da sua produ vidade.

c) A construção e obras públicas aparece na terceira posição (não considerando a miscelâ-nea de ac vidades classi cadas nos outros serviços), com um valor m dio em redor de 6,7 .

ESTRUTURA SECTORIAL DO EMPREGO

2008 2010 2012 2014 2015

Agricultura, pecuária e orestas 52,0 51,0 51,0 47,8 46,2

Pescas 0,7 0,7 0,7 0,7 0,7

Petróleo e gás 1,3 1,5 1,5 1,5 1,4

Diamantes e outros 0,5 0,4 0,4 0,7 0,7

Indústria transformadora 1,2 1,2 1,3 1,3 1,6

Electricidade 0,2 0,2 0,1 1,7 2,4

Construção 6,3 6,8 7,2 6,9 6,7

Com rcio 18,8 18,5 18,6 19,1 19,0

Transportes e armazenagem 1,6 1,6 1,7 2,6 3,6

Estado 8,3 8,7 7,6 7,3 7,3

Outros serviços 9,1 9,4 9,8 10,5 10,4

e o Estudos sobre Produtividade e Emprego o ase as o as a o a s e do e os o a s d e sosA gura seguinte apresenta uma correlação entre o crescimento económico e o do emprego

e mostra que a recta de tend ncia do primeiro decrescente, enquanto a do segundo uma recta constante, com um declive m dio de 3,6 , correspondente à capacidade m dia de cria-ção anual de emprego.

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

CORRELAÇÃO ENTRE EMPREGO E CRESCIMENTO DO PIB

e o Estudos sobre Produtividade e Emprego

Admi ndo veracidade e rigor nos dados o ciais – enquanto não surgem os das Contas Na-cionais depois de 2013 – a taxa de desemprego em 2015 poderá ter sido de 21,3 da população economicamente ac va. O seu comportamento entre 2000 e 2015 de diminuição sistemá ca, apesar das reservas já equacionadas anteriormente quanto à discrepância entre crescimento do PIB e criação de emprego em anos de atenuação signi ca va da dinâmica económica.

COMPORTAMENTO DA TAXA DE DESEMPREGO (%)

e o Estudos sobre Produtividade e Emprego

Uma outra mat ria relaciona -se com as projecções do emprego at 2020, usando os cenários de crescimento do PIB apresentados no cap tulo 10. O aumento/diminuição do emprego de-pende de duas variáveis estrat gicas, a saber, a dinâmica de variação do PIB e os ganhos de pro-du vidade. Nem sempre entre emprego e produ vidade a relação posi va, sendo muito mais

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de natureza an nómica do que de perfeita converg ncia. Os ganhos de produ vidade são vitais para a diversi cação das exportações e a conquista de mercados internacionais. O aumento do emprego crucial para a alteração da presente estrutura de repar ção do rendimen-to nacional, excessivamente favorável ao factor capital. Per la -se, assim, um con ito s rio entre equidade e e ci ncia, de complexa resolução. Taxas de crescimento do PIB muito eleva-das ajudam a diminuir a extensão e dimensão do con ito entre trabalho e capital, mas depen-dem tamb m do po de modelos produ vos, se intensos apenas em capital (ganhos substan-ciais de produ vidade), ou se mistos com a junção do factor de trabalho especializado.

Uma tenta va de projecção da taxa de desemprego em Angola está apresentada na tabela seguinte, com duas hipóteses de trabalho.

PROJECÇÕES DA TAXA DE DESEMPREGO

AnoTaxa de crescimento

do PIB (%)Ganhos de

(%)

1.a hipótese

2014 4,70 2,50 21,5

2015 2,80 2,50 21,3

2016 2,96 2,50 23,0

2017 3,77 2,50 24,1

2018 2,99 2,50 25,8

2019 4,69 2,50 26,2

2020 5,26 2,50 26,2

2.a hipótese

2014 4,70 2,00 21,5

2015 2,80 2,00 21,3

2016 2,96 2,00 22,6

2017 3,77 2,00 23,4

2018 2,99 2,00 24,7

2019 4,69 2,00 24,7

2020 5,26 2,00 24,3 e o Estudos sobre Produtividade e Emprego o ase as o as a o a s e do e os o a s d e sos s a as de es e o do s o do e o do a ese ado o a o s a o os a os de od dade ase a -se e os de a os a e o es e e essa a e as a oss dadeDeduz -se dos valores da tabela que uma maior compe vidade da economia pode engen-

drar menores ganhos na taxa de desemprego.

O comportamento da produ vidade – geral e sectorial – tem -se ressen do da quebra do ritmo de crescimento da economia e do elevado volume de emprego criado (uma vez mais, a bem da jus cação dos cálculos do CEIC, devem -se referir as reservas sobre os dados o ciais), tendo o seu valor (produ vidade m dia bruta aparente do trabalho) registado um valor muito baixo,

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da ordem dos USD 16 000 em 2015 e de USD 13 520 numa m dia simples entre 2000 e 2015. É um valor muito baixo representando um risco compe vo internacional do pa s. Os valores da tabela seguinte estão expressos em USD/trabalhador e a produ vidade m dia refere -se ao per odo 2002/2015.

VALOR MÉDIO DA PRODUTIVIDADE DO TRABALHO

Agricultura, pecuária e orestas 1132

Pescas 25 554

Petróleo e gás 647 301

Diamantes e outros 34 046

Indústria transformadora 45 095

Electricidade 47 519

Construção 17 597

Com rcio 5469

Transportes e armazenagem 14 260

Estado 22 826

Total 13 520 e o Estudos sobre Produtividade e Emprego o ase as o as a o a s e do e os o a s d e sos

A persist ncia de elevados n veis de desemprego (as es ma vas do CEIC, na base do trata-mento de dados o ciais, apontam para uma taxa em redor dos 21 ) tem levado à defesa de pol cas de rendimentos que favoreçam, ou pelo menos não prejudiquem, a compe vidade, o inves mento e a criação de novos postos de trabalho (no m nimo tamb m a conservação do emprego). Na origem destas propostas e abordagens está o reconhecimento de que o exce-ssivo crescimento dos salários reais pode contribuir para o incremento do desemprego, por várias vias (a discussão da Nova Lei do Trabalho deveria ter sido enquadrada no contexto que se segue):

a) Ao reduzir a compe vidade da economia, pode di cultar as exportações e facilitar as importações, fazendo abrandar o crescimento económico e o emprego.

Ao aumentar o custo do trabalho pode promover a sua subs tuição, onde tal for poss vel, por outros factores produ vos rela vamente mais baratos, reduzindo -se assim a procura de trabalho.

c) Ao baixar a rentabilidade das empresas pode limitar as suas capacidades de auto nancia-mento e de inves mento e, consequentemente, de criação de emprego.

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Signi ca apontar -se no sen do da de nição e execução de uma pol ca de rendimentos orientada para a promoção do emprego mas que não se imiscua, em demasia, na produção de lucros. Helmut Schmidt (chanceler alemão social -democrata) defendia a seguinte pol ca de criação de emprego: os lucros de hoje fazem os inves mentos de amanhã e os empregos de depois de amanhã . Neste sen do, a pol ca de rendimentos deve promover uma repar ção equilibrada do rendimento nacional em que os ganhos de produ vidade sejam repar dos entre capital e trabalho, de tal sorte que se fomente a procura nal de bens e serviços e o inves mento no aumento da produção e criação de emprego.

Nos mais recentes documentos de pol ca económica do Governo – Estrat ia de Mi a o dos Efeitos …, ria o de ovas ontes de Receitas …, Linhas Mestras para a De ni o de uma Estrat ia…, e Proposta de Pro rama o inanceira rimestre de 201 – nenhumas refer n-cias se encontram quanto à problemá ca de criação de emprego e as pol cas de rendimentos subjacentes. Aparentemente, entende -se que o aumento da produção inexoravelmente condu-zirá à criação de postos de trabalho, sem se veri carem as conexões, contradições e trade o entre variáveis económicas, emprego e compe vidade.

O Plano acional de Desenvolvimento 201 -2017, em curso, consagra a estabilidade, o crescimento e o emprego como objec vos fundamentais. No âmbito das pol cas de nidas, a implementação do Plano acional de orma o de uadros, alinhado com as necessidades e prioridades de desenvolvimento económico e social do pa s, um papel deve estar reservado à inves gação, ao ensino t cnico e à formação pro ssional, bem como à aplicação de programas espec cos no âmbito do apoio ao empreendedorismo. No presente contexto, as oportunida-des de trabalho digno e emprego são desa os actuais em quase todos os pa ses, sendo a for-mação pro ssional uma via importante para a criação de rendimentos e uma exig ncia cada vez maior de quali cação pelo mercado de trabalho.

Nos centros de formação pro ssional, segundo as esta s cas do ciclo forma vo, es veram matriculados 38 043 formandos, dos quais 81 teve aproveitamento, e nos centros privados 24 567 formandos, dos quais 89,4 foi habilitado. Os projectos de geração de empregos foram responsáveis pela criação de 1328 postos (já incorporados nas es ma vas da taxa de desem-prego apresentadas anteriormente).

Em 2015 não houve admissões na função pública, tendo a geração de emprego sido de 40 servidores na categoria de outros . O sector da educação e o sector da saúde veram zero registos. De acordo com os dados dispon veis o quan ta vo de funcionários do Estado passou de 431 636 em 2013, para 438 137 em 2014 e 438 177 em 2015. Tal sugere uma tend ncia de enxaguamento do pessoal da função pública, que pode originar casos de estrangulamento de funcionamento, como o caso que se tem vindo a veri car relacionado principalmente com o sector da saúde.

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

9. INFLAÇÃO

Foi em 2011 que, pela primeira vez, depois de a estabilidade de preços ter sido eleita um dos principais objec vos da pol ca económica do Governo, a taxa de in ação se situou abaixo da meta o cialmente xada. Em 2012, a história da in ação em Angola foi tamb m, pela primeira vez, marcada pelo alcance de n veis de um d gito pelo IPC de Luanda. Na base daquele desem-penho es veram a ar culação entre a pol ca orçamental, a pol ca monetária e as opções de disciplina orçamental implementadas naqueles anos, assim como um ambiente de crescimento global favorável. O preço do barril de petróleo contribuiu para a estabilidade cambial e permi u aumentar substancialmente as receitas orçamentais. A u lização e caz de uma âncora cambial possibilitou a diminuição da in ação importada.

COMPORTAMENTO DA INFLAÇÃO

e o Inflação o ase os dados do do Abandonando a tend ncia iniciada em 2012, a taxa de in ação voltou a assumir em 2015

dois d gitos, com uma taxa de variação do IPC de Luanda de 14,27 . Esta taxa foi de encontro às previsões do CEIC, que no seu Relatório Económico de 201 referia não estarem criadas as

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CEIC / UCAN

condições estruturais, do lado da oferta, para a manutenção da in ação a um d gito, perspec -vando para 2015 a ocorr ncia de alguma anomalia capaz de p r em causa tal estabilidade. Con-correm para a explicação dessa ocorr ncia a queda do preço do petróleo, a forte deterioração do stock de Reservas Internacionais L quidas e consequente desvalorização da moeda nacional, a redução dos subs dios aos preços dos combus veis – com as correspondentes implicações so-bre os custos de produção e sobre o poder de compra dos consumidores –, a redução do ritmo de crescimento da economia, a queda dos n veis de con ança no pa s – tamb m alimentada pela cada vez mais reduzida transpar ncia do sector bancário e pelo excesso de burocracia que caracteriza o pa s – e a car ncia de bens económicos que tem propiciado a especulação e o açambarcamento.

Os ritmos de desin ação da economia foram atenuados em 2005 e 2006, deixando de ocor-rer em 2007. Nesta altura voltaram a veri car -se novas subidas da taxa de incremento dos pre-ços. Os ritmos de desin ação da economia repe ram -se em 2011 e estenderam -se at 2014, com uma taxa m dia de desin ação do per odo bem próxima dos 16 , e deixaram mais uma vez de ocorrer em 2015, com o registo de um ritmo de crescimento dos preços 90,7 superior.

RITMO DE DESINFLAÇÃO DA ECONOMIA

e o Inflação o ase os dados do do Com o objec vo de determinar a presença de algum padrão não aleatório no compor-

tamento da in ação em Angola, procedeu -se ao estudo da mesma fazendo recurso a s ries temporais220. Presume -se que os dados históricos re ictam a in u ncia de todos os factores transmi ndo -a uniformemente atrav s do tempo221.

220 a s e e o a o o o o o de o se a es o de ado o e o221 es da o a Estabilização, Reformas e Desenvolvimento em Angola a a a d o a a d -o o de

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

A componente tendencial descreve um movimento de longo prazo dos dados. A análise da mesma permite, por um lado, es mar o comportamento previs vel da in ação e, por outro, iden car e remover as outras componentes da s rie esta s ca.

Cálculos efectuados com base nas taxas mensais de in ação referentes ao per odo 2010- -2015 permi ram a obtenção da seguinte recta tendencial:

IPC = 0,0103 – 0,000018 T

Para o efeito, foi u lizado um modelo de regressão linear simples na suposição de que o sistema causal que in uencia a s rie esta s ca uma função do tempo. O resultado ob do indica a exist ncia de uma componente estrutural da in ação em Angola es mada em cerca de 1,03 ao m s. Sugere um retrocesso em termos dos ganhos ocorridos entre Janeiro de 2012 e Abril de 2015. Durante 40 meses consecu vos, a taxa mensal de in ação situou -se abaixo de 1 . E, se forem ignoradas as taxas veri cadas em Junho e Dezembro de 2011 (1,05 e 1,73 ), poder -se -á falar em 50 meses. Desde Maio de 2015 a taxa mensal de in ação tem-se situado acima de 1,15 (a veri cada em Agosto cons tuiu o menor registo desde então) alcançando em Dezembro 1,6 . Uma retrospec va não tão longa da história da in ação do pa s permi ria elucidar as ra zes do referido retrocesso.

A queda na taxa de incremento dos preços durante o per odo 2002 -2007 – per odo perten-cente à mini -idade de ouro de crescimento da economia angolana – foi favorecida pela subida dos preços do barril de petróleo. A maior disponibilidade de receitas de exportação e scais de origem petrol fera possibilitou o crescimento do stock de moeda estrangeira necessário para a aplicação da âncora cambial que controlou o ritmo de crescimento dos preços. Entre 2008 e 2010, novas subidas do ritmo de crescimento dos preços foram veri cadas, com registos de in ação de 13,17 em 2008, 13,99 em 2009 e 15,32 em 2010. Este per odo foi caracterizado pela queda das receitas petrol feras mo vada pela crise nanceira internacional de 2008/2009, com consequente impacto sobre o stock de moeda estrangeira e sobre a taxa de in ação. Em Dezembro de 2009, a taxa de in ação mensal situou -se acima dos 2 , facto que não ocorria desde Fevereiro de 2005. Entre 2011 e 2014, como já foi acima referido, novas quedas na taxa de in ação foram veri cadas, permi ndo o alcance de n veis de um d gito, com o menor registo anual ocorrido em 2014 (in ação anual de 7,48 ). Esta fase foi inicialmente caracterizada por elevados preços do barril de petróleo com as respec vas vantagens que disto adv m para o controlo dos preços. Mas foi tamb m no nal deste per odo (em 2014) que se iniciou a mais recente crise do preço do petróleo. O stock de RIL voltou a veri car quedas signi ca vas (menos 12 em 2014 face a 2013) que se t m estendido at 2016. Em Maio de 2015 a taxa de variação mensal do IPC de Luanda a ngiu os 1,21 .

Como se pode ver, ao longo do per odo analisado, o maior controlo dos preços em Angola esteve sempre associado a um crescimento das receitas de origem petrol fera capaz de alimen-tar o stock de moeda estrangeira necessário para a preservação do valor da moeda nacional e o

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CEIC / UCAN

controlo do ritmo de crescimento dos preços. Qualquer anomalia no mercado internacional do petróleo embarga o alcance da estabilidade de preços em Angola.

As variações sazonais da taxa de in ação ocorrem regularmente dentro do per odo de um ano. A análise das mesmas permite iden car os factores sazonais a serem levados em conta na escolha das medidas an -in accionistas e o momento de os aplicar.

INFLAÇÃO EM 2015

e o Inflação o ase os dados do do Olhando de perto as duas s ries mensais – taxas de in ação efec vas e dessazonalizadas –

para 2015, as implicações sazonais são n das, aparecendo diferenças evidentes nos primeiros seis meses do ano. A rela va converg ncia entre as duas taxas de in ação só válida para o m s de Outubro, ocorrendo discrepâncias vis veis nos restantes meses.

SAZONALIDADE

e o Inflação o ase os dados do do

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Os meses de Janeiro, Maio, Agosto, Outubro, Novembro e Dezembro são os meses de in-u ncia nega va da sazonalidade sobre a in ação. É nestes meses que a taxa de in ação des-

sazonalizada mais baixa que a efec va. Os meses de in u ncia posi va da sazonalidade so-bre a in ação são: Fevereiro, Março, Abril, Junho, Julho e Setembro. É nestes meses que a taxa de in ação dessazonalizada mais baixa que a efec va.

As decisões dos agentes económicos são baseadas nas diferenças de preços dos bens e não nos preços absolutos. Num mercado dinâmico em que os preços estão em constante mudança a análise dos preços rela vos222 instrumental, para indicar novas áreas onde haja escassez rela va e, portanto, para a promoção de uma e ciente alocação de recursos. Alterações nos preços rela vos indicam tamb m como a variação dos preços dos bens afecta o consumo das fam lias na medida em que espelham quanto de um bem uma fam lia precisa prescindir para consumir outro bem.

A m de analisar as relações de troca entre 26 produtos seleccionados pertencentes às clas-ses dos produtos não alimentares e bebidas não alcoólicas e das bebidas alcoólicas e tabaco no intervalo de um ano223, foram constru das e analisadas matrizes de preços rela vos.

A análise das matrizes A e B permite aludir que se em Fevereiro de 2015 a obtenção de um quilo de peixe carapau correspondeu à renúncia de 9 quilos de açúcar branco, em Fevereiro de 2016 a mesma quan dade desse bem poderia ser trocada por apenas 6 quilos de açúcar bran-co. O resultado sugere a ocorr ncia de uma valorização do açúcar em relação ao peixe carapau.

A matriz C – Matriz de Variação dos Preços Rela vos de Fevereiro de 2015 para Fevereiro de 2016 – indica que o açúcar branco, o arroz corrente e a cerveja importada apresentam as mais altas taxas de valorização. O açúcar branco, par cularmente, valorizou -se em relação a todos

222 o de o e o e a o e e s o os e os do od o e do od o es e a e e s a e a es as e a es de o a e e os od os s o ed das e as a a es dos e os e a os o a e e e os Δ - - o de• Δ e ese a a a a o dos e os e a os ao o o do e odo • e o do od o o o e o • - e o do od o o o e o -• e o do od o o o e o • - e o do od o o o e o -223 o a ados a a o o os e os d os dos es e os od os o ede es das es a-s as o a s do e a ados a a de a a os a o os a o e a de od os e e-e es a o as e es a e e e os o e a s da o a de a da o a a e o dos dados o es a e e e de e adas e a as e e as dades de ed da de e as a s o o as o as e a ado a a os e ados o eda o o o e os e ados e a ado ao o as o as

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CEIC / UCAN

os produtos seleccionados e o único produto em relação ao qual a cerveja importada sofreu uma desvalorização. Estes resultados espelham a car ncia desses produtos no mercado e cor-roboram as no cias associadas ao abrupto crescimento e especulação dos preços dos mesmos ocorridos no primeiro trimestre do ano corrente.

O per odo homólogo, analisado no Relatório Económico de 201 , foi caracterizado por ma-trizes que espelhavam maiores discrepâncias nos preços dos produtos, bem como maiores va-lorizações/desvalorizações entre os diferentes produtos. Tais diferenças nos resultados não são re exo de uma atenuação da alteração dos preços, mas sim do facto de todos os produtos seleccionados terem sofrido um aumento dos preços, ocorrendo por isso movimentos mais ou menos compensatórios sobre os preços rela vos dos mesmos.

Os dados disponibilizados nos bole ns esta s cos do Conselho Nacional de Carregadores dão conta de uma redução generalizada das quan dades importadas dos 100 produtos mais importados no pa s. Mais de 48 000 toneladas de arroz, 39 000 toneladas de cerveja e cerca de 778 toneladas da classe Açucares de Cana ou de Beterraba e Sacarose Quimicamente Pura no Estado Sólido – classe à qual pertence o açúcar - deixaram de ser importadas no segundo trimestre de 2015. Assim, a valorização destes produtos poderá ser atribu da à não compen-sação das quan dades importadas pela redução na procura ou aumento da produção interna dos mesmos.

Dada a natureza das causas que alimentam a redução da oferta de produtos, o CEIC perspec-va, tal como no Relatório anterior, uma con nua alteração dos termos de troca, com impactos

prováveis sobre o n vel geral de preços.

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

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RIZ

DO

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E 20

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Arroz corrente

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Carne de segunda

Miudezas de vaca

Costeleta de porco

Carne de cabrito

Frango congelado

Coxas de frango

Carne seca de vaca

Peixe carapau

Peixe-espada

Peixe carapau-seco

Leite em pó

Óleo de palma

Óleo de soja

Cebola

Jimboa

Tomate

Feijão castanho

Batata-doce

Fuba de bombó

Açúcar branco

Vinho nto

Cerveja importada

Pão

cass

ete

1,00

0,17

0,17

0,02

0,02

0,03

0,03

0,01

0,06

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0,03

0,02

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0,02

0,02

0,08

0,13

0,10

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0,06

0,10

0,09

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150,

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12

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

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CEIC / UCAN

A exist ncia de uma Base de Dados de informações áveis, regulares e internacionalmente comparáveis sobre um conjunto variado de variáveis económicas e sociais a pedra de toque para o desenvolvimento da pesquisa e da inves gação bem como para uma governação mais informada e asser va.

O CEIC já teve a oportunidade de manifestar o seu agrado em relação a passos do Governo no sen do de providenciar um conjunto de informações sobre o pa s, com a publicação das contas nacionais at 2013 (preliminares)224 e com a realização e publicação dos resultados do CENSO Geral da População e Habitação em 2014. Na mesma senda, o ano de 2015 ca mar-cado na história da divulgação do comportamento dos preços em Angola pelo facto de, pela primeira, vez ter -se divulgado o comportamento dos preços a n vel nacional.

A preparação para a divulgação do comportamento dos preços a n vel nacional, que come-çou no in cio de 2014, com o acompanhamento dos preços em seis prov ncias para al m de Luanda, Benguela, Cabinda, Cunene, Hu la, Huambo e Namibe, terminou com a publicação do Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN) em Janeiro de 2015.

O conhecimento do comportamento dos preços a n vel nacional terá impactos posi vos na melhoria dos exerc cios de programação macroeconómica e poderá contribuir para uma maior e cácia da implementação de pol cas públicas, nomeadamente as de combate à pobreza e de preservação do poder de compra das classes de rendimentos mais modestos.

Poderá tamb m ser poss vel (como se mostra mais à frente) conhecer a cad ncia anual de variação dos preços nas diferentes regiões que compõem o pa s, podendo -se at mesmo inferir sobre os n veis de compe vidade entre as diferentes prov ncias rela vamente a diferentes classes de produtos. Estes aspectos não eram captados pela taxa de in ação baseada apenas no IPC da cidade de Luanda.

Tendo como per odo de base o m s de Dezembro de 2014 o IPCN divulga o comportamento dos preços nas dezoito prov ncias do pa s, mantendo, tal como no IPC de Luanda, os resultados do Inqu rito Integrado sobre o Bem -estar da População (IBEP) para construção dos ponderado-res e os cabazes de produtos.

224 e e e e o s o a o a de s a s a o s o o a o essa de a o as a o a s es a s e o o e a o o o a o a a a as o as de as de e a da o o as o as e a es de e e e o de o o es a a e s o a a e a es e a es a do a s o o se a a de o se o a e d o de a es de e ao e os a a o a e a a a e d e e o o o a e a e e e e a o a o as a es as o e e a o s o as a o a s

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

O cálculo da in ação nacional passa a ser uma m dia ponderada das in ações provinciais, sendo que os ponderadores foram constru dos com base no peso de cada prov ncia na produ-ção nacional225.

INFLAÇÃO NACIONAL (IPCN) 2015 POR CLASSES DE DESPESAS

o ase o do Como se pode ver no grá co anterior, a in ação nacional acumulada em 2015 foi de 12,08 ,

con rmando o que mais acima se disse que 2015 foi um ano de retoma de n veis de in ação, que não se registavam desde 2010. As classes das bebidas alcoólicas e tabacos e a de bens e ser-viços diversos foram das que mais registaram variações nos preços, 16,16 e 15,30 , respec-

vamente. Foram seguidas pelas classes da saúde (13,55 ), alimentação e bebidas (12,99 ) e mobiliário, equipamento dom s co e manutenção (12,51 ). A classe da alimentação e be-bidas não alcoólicas teve a maior contribuição para o IPCN, 47,3 pp. A classe da habitação, água e electricidade e combus veis, embora tenha registado um crescimento dos preços abaixo da m dia (11,31 ), a sua contribuição para a in ação acumulada foi substancial, 11,7 pp. Se associada à subida dos preços da alimentação e bebidas e dos transportes (10,77 ) jus ca a deterioração percebida do padrão de vida do angolano m dio em 2015.

225 o e a do a a o de s a s a

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CEIC / UCAN

CONTRIBUIÇÃO DAS CLASSES DE DESPESAS PARA O IPCN

o ase o do Durante vários anos o IPC de Luanda foi u lizado como proxy para aferir -se a evolução do

n vel geral de preços em Angola. Naturalmente, muitas questões eram postas em discussão no sen do de se saber se o verdadeiro comportamento dos preços estava sub ou sobreavaliado pela in ação de Luanda.

A percepção geral que, ao contrário de Luanda, nas outras prov ncias os bens e serviços são mais baratos e por isso, quer devido ao fraco poder de compra rela vo (que limita a procu-ra), quer porque os custos de contexto são muito menores, os preços são rela vamente mais estáveis. Desta maneira, uma in ação que resultasse do acompanhamento dos preços nas 18 prov ncias resultaria numa taxa de in ação mais baixa para Angola, embora Luanda concentre o grosso da produção e do consumo do pa s. Durante o ano de 2015 esta teoria foi con rmada. A in ação mensal de Luanda situou -se sistema camente acima da in ação mensal nacional, cul-minando com uma in ação acumulada para Luanda de 14,27 , 2,2 pontos percentuais acima da in ação nacional.

INFLAÇÃO NACIONAL VERSUS INFLAÇÃO EM LUANDA

o ase o do

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Tal como já foi adiantado, na prov ncia de Luanda onde os preços crescem mais rapida-mente, e no lado oposto está a prov ncia de Cabinda, onde a in ação acumulada em 2015 foi de apenas 7,03 .

Do grá co abaixo pode -se inferir que Luanda foi a única prov ncia onde a taxa de in ação anual acumulada situou -se muito acima da m dia nacional, sendo que nas prov ncias de Cabin-da, Benguela, Kwanza -Norte e Moxico a taxa de in ação cou em m dia 4 pontos percentuais abaixo da m dia nacional.

TAXA DE INFLAÇÃO POR PROVÍNCIA (%)

o ase o do Embora ainda não se disponha de uma classi cação que delimite o pa s em grandes regiões

o que, obviamente, ajudaria a compreender as sinergias e externalidades inerentes à proximi-dade geográ ca, problemas comuns, infra -estruturas de u lização conjunta (com maior capa-cidade de geração de rendimentos de escala) e ap dões naturais próximas, contornar -se -á a tentação de se fazer uma análise numa perspec va meramente provincial, recorrendo -se a um exame do comportamento regional dos preços em Angola.

A referida análise ú l no sen do em que fornece uma ideia grosso modo das regiões mais compe vas do pa s e que, aliadas a um outro conjunto de informações, permi ria de-senhar uma estrat gia de desenvolvimento regional que maximizaria as sinergias e externali-dades não só das fronteiras interprovinciais mas tamb m dos pa ses vizinhos que de alguma forma devem estar a contribuir para que as prov ncias lim trofes importem preços baixos.

Seguindo a classi cação regional de Angola feita por Alves da Rocha226, que de ne as re-giões em função, por um lado, da rela va homogeneidade dada pelos recursos naturais comuns

226 es da o a Desigualdades e Assimetrias Regionais em Angola – Os Factores de Competitividade Territorial.

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CEIC / UCAN

e, por outro, pela tradição económico -produ va do passado, chega -se a um desenho geográ co do pa s com as seguintes regiões:

• Luanda -Bengo, com as prov ncias do mesmo nome.

• Região Norte: Cabinda, Zaire, U ge e Kwanza -Norte.

• Região Centro -Leste: Malanje, Lunda -Norte, Lunda -Sul, Moxico e Kuando -Kubango.

• Região Centro -Oeste: Kwanza -Sul, Bi , Huambo, Benguela e Namibe.

• Região Sul: Hu la e Cunene.

Não importando o ângulo de análise, o desenvolvimento regional em Angola aparece bas-tante assim trico. Por exemplo, em 2014 cerca de 56,4 das empresas em ac vidade em An-gola operavam ( nham a sua sede) na região Luanda -Bengo e cerca de 23,5 na região Centro--Oeste. Isto equivale a que quase 80 de toda a ac vidade económica do pa s estava concen-trada em 7 prov ncias, sendo que se a análise for feita na óp ca provincial a assimetria ainda mais óbvia, uma vez que em 2014, 54 da ac vidade económica situava -se na capital e apenas 1,2 na prov ncia do Bengo. Na região Centro -Oeste, Benguela e Kwanza -Sul dominam com 8,7 e 5,1 do total da ac vidade económica do pa s, respec vamente.

Rela vamente ao comportamento dos preços em 2015, tal como não podia deixar de ser, a região Luanda -Bengo registou a maior taxa de in ação, 12,43 (Luanda 14,3 e Bengo 10,6 ). Parece que a prov ncia do Bengo não bene cia das externalidades posi vas que seriam de es-perar do facto de se situar próxima do grande centro económico e de decisão do pa s. Contudo, no in cio do ano parecia absorver automa camente os impactos nega vos, por exemplo no que toca ao aumento dos preços. Uma análise mensal da in ação dá conta que no primeiro quarto do ano a In ação no Bengo cresceu muito próxima da de Luanda, distanciando -se (para baixo) no segundo quarto. Mas na segunda metade do ano esta tend ncia despareceu completamente, como se v no grá co abaixo, onde a in ação mensal do Bengo se situou não só abaixo da de Luanda mas tamb m da m dia nacional.

INFLAÇÃO LUANDA VERSUS BENGO

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

A região Norte aparece como aquela que regista maior estabilidade dos preços, com uma in ação, no nal de 2015, de 8,8 , sendo Cabinda a prov ncia que registou a mais baixa taxa de crescimento dos preços (7 ) e o Zaire a mais alta (10,3 ). Isto de certo modo surpreendente, uma vez que era de se esperar que o efeito da doença holandesa 227 vesse maior impacto nesta região, que possui as duas maiores produtoras de petróleo do pa s. Era expectável que nesta região a ac vidade económica no sector não petrol fero de nhasse e os salários da indús-tria petrol fera (muito acima da m dia nacional) elevariam o poder de compra m dia na região, que pressionaria os preços para cima. De realçar que, embora a classe de alimentação e bebidas não alcoólicas seja a que mais contribuiu para a in ação nesta região, a in ação desta classe (na região norte) esteve 2 pp abaixo da m dia nacional.

TAXA DE INFLAÇÃO POR CLASSES DE DESPESAS E POR REGIÕES

Angola Norte Centro-Este Centro-Oeste Sul Luanda-Bengo

Índice Geral 12,08 8,84 9,76 10,10 9,96 12,43

Alimentação e bebidas não alcoólicas 12,99 10,96 12,15 11,71 13,14 12,64

Bebidas alcoólicas e tabaco 16,16 5,83 8,52 7,71 5,65 12,69

Vestuário e calçado 12,30 4,74 7,83 7,67 6,65 11,80

Habitação, água, electricidade e combus veis 11,31 5,51 5,36 5,25 5,83 9,27

Mobiliário, equipamento dom s co e manutenção 12,51 5,56 6,17 6,97 6,27 12,31

Saúde 13,55 5,44 7,19 5,24 6,73 10,18

Transportes 10,77 12,14 12,04 16,26 11,01 13,42

Comunicações 0,04 0,30 0,31 0,04 0,00 0,00

Lazer, recreação e cultura 9,10 5,73 5,12 5,29 5,31 8,95

Educação 6,16 2,39 1,46 1,11 0,37 3,12

Hóteis, caf s e restaurantes 10,88 5,11 6,37 7,93 5,71 10,00

Bens e serviços diversos 15,30 5,48 4,81 5,74 6,51 10,62

o ase o do

227 a e o a e a a se dos e e os da doe a o a desa e a e e e a a e s e a a s e a do d e e es a e s e os os de a se

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O porto de Cabinda poderá estar a contribuir para que a prov ncia poupe nos custos de transporte e numa conjuntura de maior compe vidade e de custos de contexto mais baixos o preço dos bens das classes de alimentação e bebidas não alcoólicas, vestuário e calçado aca-bam por ser muito mais estáveis, in uenciando a m dia da região. Atente -se, por exemplo, à in ação da classe dos transportes, que de resto, registou uma taxa de crescimento considerável a n vel nacional 10,8 , em Cabinda foi de apenas 5,3 , enquanto no Zaire foi de 19,9 , U ge (9,63 ) e no Kwanza -Norte 14,29 . Pode ser uma indicação de que uma eventual ligação por terra entre Cabinda e o resto do pa s bene ciaria em primeira instância a região Norte, no sen-

do da redução dos custos com o transporte.

INFLAÇÃO NA REGIÃO NORTE

O mesmo ocorre na região Centro -Oeste, que a que regista a segunda taxa de in ação mais baixa, 9,76 , onde o porto do Lobito poderá estar a exercer o mesmo papel que o porto de Cabinda, uma vez que, por exemplo, a taxa de in ação em Benguela (7,85 ) foi a mais baixa da região, sendo que no Kwanza -Sul, Bi , Huambo e Namibe as taxas foram de 10,86 , 11,19 , 9,92 e 9 , respec vamente. O padrão foi o mesmo no que toca à classe dos transportes, 8,87 para Benguela e 11,42 , 11,89 , 16,66 e 11,52 para o Kwanza -Sul, Bi , Huambo e Namibe, respec vamente. Já para a classe alimentação e bebidas não alcoólicas as prov ncias do Kwanza -Sul e do Bi registaram o maior crescimento nos preços, 13,93 e 13,47 , respec -vamente, sendo que foi no Namibe onde os bens desta classe testemunharam a menor taxa de crescimento rela va, 10,34 .

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INFLAÇÃO NA REGIÃO CENTRO-OESTE

No contexto de desenvolvimento de uma estrat gia de industrialização regional (nacional), ceteris paribus, Cabinda (a região Norte) e Benguela (dentro da região Centro -Oeste) dão indi-cação de serem as mais compe vas (pelos preços) do pa s.

DISCREPÂNCIA DE PREÇOS RELATIVAMENTE À REGIÃO NORTE

Já foi avançado que os preços dos bens, do trabalho (salários) ou at mesmo do capital (ju-ros) são dos indicadores mais importantes das economias de mercado, sinalizando, por exem-plo, se existe escassez e/ou excesso de procura e/ou de oferta de um determinado bem ou fac-tor de produção. O acompanhamento dos preços pode tamb m revelar constrangimentos na produção de certos bens e em diferentes regiões do pa s e podem ajudar a determinar a aloca-ção espacial de certos inves mentos que visem o aproveitamento das potencialidades de cer-tos sectores/regiões. Embora, como se disse, as sucessivas revisões nos preços dos derivados

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dos combus veis em 2015 tenha sido a causa para que a classe de transportes registasse uma contribuição considerável para a taxa de in ação (10,77 ), o grau de repercussão não foi uniforme, sendo que a região Centro -Oeste registou maior subida de preços nesta classe, 16,26 .

A região Centro -Este demonstra ser das menos compe vas do pa s e a par da região Luanda -Bengo foram as únicas onde a in ação em 2015 foi de dois d gitos, 10,10 , 12,43 , respec vamente. Tal como foi dito, a variação dos preços do transporte teve par cular impor-tância na subida dos preços nesta região. A in ação desta classe foi de 27,11 na prov ncia da Lunda -Sul e 24,29 na do Kuando -Kubango. Não deixa de ser curioso que, para a mesma classe, a in ação na prov ncia da Lunda -Norte foi de apenas 8,12 , enquanto para a de Malanje, geo-gra camente mais próxima de Luanda (que funciona como que o porto de quase todo o pa s) foi mais 2,6 pp, 10,76 .

INFLAÇÃO NA REGIÃO CENTRO-ESTE

Um simples exerc cio de correlação (que não diz nada sobre a causalidade) deu conta da exist ncia de uma correlação posi va e rela vamente alta entre a classe dos transportes e a da alimentação e bebidas e não tão alta, mas no mesmo sen do, entre a classe dos transportes e do vestuário e calçado e do mobiliário, equipamento dom s co e manutenção. Isto sinto-má co de que a estrutura de mercado dos transportes tal que permite que estes prestadores de serviços repercutam boa parte da subida dos preços para os consumidores. Os resultados mostram tamb m que o grau de repercussão muito baixo nas outras regiões.

Na região Centro -Este a in ação na classe da alimentação e bebidas não alcoólicas teve a segunda maior subida, 11,71 , depois da classe dos transportes 16,26 . Ao contrário do que ocorre nas outras regiões, nesta não se veri caram, no geral, discrepâncias acentuadas no cres-cimento dos preços entre as prov ncias, sendo que o Moxico apresentou a taxa de in ação mais

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baixa, 8,56 e a prov ncia da Lunda -Sul a mais alta 10,61 ; O registo nas outras prov ncias foi de 10,32 ,10,46 e 10,56 para, respec vamente, Lunda -Norte, Kuando -Kubango e Malanje.

Na região mais a Sul do pa s, que hospeda cerca de 6,1 da ac vidade económica de Angola, os preços crescem a uma cad ncia m dia anual de 9,96 , 2,1 pp abaixo da m dia nacional. Apesar de a taxa de in ação na classe dos transportes ter sido rela vamente alta, tal como nas outras regiões, 11,01 , foi a classe da alimentação e bebidas não alcoólicas que deu maior contributo para a in ação na região 13,14 . Dentro da região, a prov ncia do Cunene a que registou maiores taxas de in ação, 10,10 no c mputo geral e 13,7 para a classe da alimenta-ção e bebidas não alcoólicas, enquanto para as mesmas classes as cifras da Hu la foram 9,83 e 12,58 . É poss vel que uma maior escassez de alimentos ao Sul de Angola, derivada do per odo de seca que assolou aquela região, terá contribu do para um maior aceleramento nos preços na região.

INFLAÇÃO NA REGIÃO SUL

Já foi referido que o disparo na taxa de in ação a par r do segundo trimestre de 2015 encontra o seu esteio em vários factores, mas que estes, de uma ou outra forma, estão relacio-nados com a redução das receitas ( scais e em divisas), atrav s das quais se vinha mantendo a taxa de câmbio sobrevalorizada, como mecanismo para controlar a in ação.

A posição do CEIC sempre foi no sen do de que a estabilidade dos preços deveria ser con-seguida atrav s de medidas estruturais que promovessem a redução dos custos de se fazer negócios e garan ssem o aumento da produ vidade geral dos factores de produção. Este de-siderato, que teria sido conseguido sem grandes di culdades no passado, no futuro exigirá um esforço colossal, devido à escassez das fontes de nanciamento para um projecto bastante caro como o de aumentar a compe vidade de uma economia.

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Nota -se que hoje muitos responsáveis pol cos e governamentais e alguns empresários e capitães de indústria assumem publicamente que a especulação (principalmente por parte dos retalhistas) a principal razão para que a taxa de in ação, nomeadamente na classe da alimen-tação e bebidas não alcoólicas, registasse saltos que não se veri cavam há pelo menos 40 me-ses. Em resposta, criaram -se estruturas cujo to passa pela vigilância 228 dos preços de uma s rie de produtos pertencentes à cesta básica, no sen do de se evitarem situações de especu-lação e assim garan r a estabilidade de preços. Ora, numa economia de mercado os agentes económicos regem -se pelos preços, são racionais, reagem aos incen vos e aproveitam as opor-tunidades. Já foi demonstrado na análise dos preços rela vos, anteriormente, que houve uma massiva redução no volume de importações, nomeadamente dos bens que registaram maiores valorizações rela vas, de Fevereiro de 2014 a Fevereiro de 2015. Ou seja, se há escassez de um produto, o mais natural que o preço aumente (mantendo constante a procura) pelo que acções administra vas, no sen do de se xarem preços (à revelia das condições de mercado), poderão ter consequ ncias mais graves do que as que se querem evitar. Por exemplo, poderá dar origem a um mercado subterrâneo dos mais diversos bens da cesta básica, onde os preços poderão ser muito superiores, ou ainda, os importadores poderão açambarcar e vender nos pa ses fronteiriços, o que de resto já tem acontecido.

Perspec va complementar poderia ser dada atrav s da análise dos preços à porta dos pro-dutores ou seja, analisando o Índice de Preços Grossistas.

A análise será feita com base no IPG do INE, que recolhe dados de dez prov ncias e calcula a variação dos preços dos bens produzidos no pa s, assim como dos produtos importados comer-cializados internamente, nos primeiros n veis da transacção.

É expectável que as diferenças entre as taxas de in ação grossista e no consumidor sejam negligenciáveis. Caso contrário, podemos considerar que algumas distorções a n vel dos custos da cadeia de distribuição, di culdades de acesso às zonas de produção, ou ainda di culdades de importação e at mesmo comportamentos especula vos estarão a contribuir para que os preços à mesa dos consumidores nais estejam a crescer mais rapidamente do que os preços à porta dos produtores .

228 e e e o de o ado e Diário da República o e e o e o o a s a dos e s e se os a a dos e o e e de e os os e ados es a do o e e de e-os ados od os o o a a a ada e e a e a e as a as do a s o e o e -o a o de assa e os a de e os ados od os o o a a a o a e e o a de o e o e a o o e o es e de o es e o dos e os des es od os ados es e e a a da a a a ada de a o o e e o se do a ed o de de do o a Expansão o e o do a a es e e a de desde a e o e o do a o

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CORRELAÇÃO IPC VERSUS IPG

No grá co acima mostra -se o elevado coe ciente de correlação entre o IPG e o IPC, como era de esperar. Referindo -se par cularmente a 2015, nos quatro primeiros meses a discrepân-cia entre o IPC e o IPG foi de cerca de 22 (a favor do IPC) e a tend ncia inverte -se nos tr s me-ses seguintes, nos quais o IPG cresceu cerca de 16 acima do IPC. De notar que nos dois meses anteriores (Abril e Maio) a venda de divisas pelo BNA teve uma redução acumulada mensal de cerca de 16 , o que terá encetado maiores di culdades aos importadores e consequentes au-mentos dos preços. No resto do ano os preços no consumidor cresceram em m dia 65 acima dos preços no produtor.

Analisando o grá co da página seguinte, conclui-se que desde 2009 as maiores discrepân-cias entre IPC e IPG estão relacionadas com os anos em que o pa s registou maiores di culdades de importação, por exemplo em 2009 as discrepâncias representaram 16 da taxa de in ação de 13,99 (em 2009/2010 as importações de bens de consumo corrente ca ram 25,9 em relação) em 2014 18 e em 2015, 16,1 229.

229 se da e ade de o a ada e o o das d dades de o a o as a da ass a o a o de e ado as es e e a a dos e s de o a o de os o s-os de a esso s d sas e a o se e e d dade de o a es o a a s as da as o a es es e a o e e es ado a a o dos e s de

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Apesar de se reconhecer que muito já foi feito no que toca à redução desta discrepância entre as taxas de crescimento do IPG e do IPC, que num passado recente andava à volta dos 30 -40 , assume -se tamb m que muito ainda está por fazer em mat ria de desmantelamento de estruturas de mercados oligopolistas (ou at mesmo monopolistas), redução dos custos na cadeia de distribuição (transporte das zonas de produção para as de consumo), ganhos de e ci ncia no desalfandegamento de mercadorias, etc. Estas acções associadas à redução de outros custos de se fazer negócio em Angola aumentariam a produ vidade geral dos factores de produção e contribuiriam para que se alcançasse uma estabilidade de preços sustentável.

Por esta altura deve ser consensual que a economia angolana enfrenta, a curto e m dio prazo, dos maiores desa os em termos de criação de condições para crescer e assim garan r um aumento sustentado da qualidade de vida dos angolanos.

Como já se disse, não expectável que o preço do barril de petróleo volte aos n veis do passado no m dio prazo230. Em Relatórios231 anteriores o CEIC deu conta que, por um lado a pol ca monetária começava a perder a preponderância do passado no controlo da in ação em Angola, e por outro a pol ca cambial a gurava -se como a determinante no processo de desin-

ação angolana. Num contexto de redução do uxo de entrada de divisas, o que exige maior rigor na gestão das reservas l quidas internacionais, a manutenção de uma pol ca cambial mais ou menos r gida com o objec vo de controlar os preços , no m nimo, insustentável.

230 a o s o do ese e Relatório231 Relatório Económico de 2013 e 2014

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A manutenção da estabilidade de preços em Angola será dos maiores desa os da pol ca económica nos próximos anos, quer devido à limitação de meios, quer devido às várias an no-mias entre os diferentes objec vos, pol cas e instrumentos necessários no momento.

Nesta secção far -se -á um pequeno exerc cio de projecção da in ação para os próximos anos para se compreender o que se poderá esperar em termos de taxas de in ação a m dio prazo e quais serão as suas determinantes.

Reiteradamente foi dito que existem diversos factores que in uenciam o crescimento dos preços em Angola, sendo não apenas fenómenos monetários, mas tamb m estruturais. Estes úl mos jus cam que a componente estrutural da in ação con nue rela vamente alta.

Os grá cos que se seguem dão conta da exist ncia de correlação entre a taxa de in ação acumulada anual e as taxas de variação daquelas variáveis consideradas as melhores para explicar o comportamento da in ação em Angola. No entanto, nada dizem sobre o sen do de causalidade entre estas variáveis.

IPC VERSUS DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL

Atrav s da combinação de vários m todos de previsão baseados nas s ries temporais, tais como o Modelo Auto -regressivo -VAR, o Modelo Auto -regressivo e de M dias Móveis -ARMA e o Modelo de Correção do Erro -VEC, e em modelos econom tricos associados com várias sessões de análise, julgamento e cr ca aos resultados encontrados, e das tend ncias de comporta-mento dos principais determinantes da in ação, foi poss vel fazer -se projecções sobre a in a-ção anual para o curto e m dio prazo.

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IPC VERSUS M2

IPC VERSUS PIB

IPC VERSUS PREÇO DO PETRÓLEO

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IPC VERSUS COMMODITIES

A previsão da taxa de in ação anual com base nestes modelos e no julgamento cr co que se fez, de entre vários factores explica vos da in ação, considerou que o agregado monetário M2, a taxa de câmbio o cial, o Índice de Preços das commodi es não energia232, o ap entre a taxa de câmbio o cial e a paralela e a in ação desfasada de um per odo são boas variáveis explica vas para o fenómeno da in ação em Angola. Sendo assim, a m dio prazo a con nua-ção da veri cação de preços do barril do petróleo à volta dos 40/50 dólares, a maior pressão sobre a Balança Comercial e sobre o Orçamento, a gestão da pol ca monetária 233, bem como a manutenção dos problemas que tornam o ambiente de negócios em Angola não compe vo garan rão que não se volte tão cedo a taxas anuais de in ação de um d gito.

232 a e a de ed o do e o das commodities ode es a a o a a e de a o do d s-a o da a o e o a ao d o e o a e os o ado es a esso 233 es do so e a a s ss o da o a o e a e a o ado e o e essa e a e a es a ase o e a e a a a de edes o o a e a a a dade e o a o lags o a dos - eses e a a a de a o o des asa e o de e o e os eses o e a o e a e a de eses a os e e os se o e a e a d ss a

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INFLAÇÃO PREVISIONAL PARA OS PRÓXIMOS 5 ANOS

A perspec va de que em 2016 a taxa de in ação anual acumulada a nja máximos dos úl mos 13 anos, situando -se num intervalo à volta dos 21,3 e 27,2, sendo no cenário de base, 24,3 .

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10. PERSPECTIVAS DE CRESCIMENTO

Alguns factos internacionais seguramente que vão marcar a agenda económica de 2016, com fortes probabilidades de se projectarem, nas suas consequ ncias, at 2017.

A retracção do crescimento económico na China o primeiro e com grande signi cado mundial, descon ando -se que este abrandamento possa simbolizar uma aterragem muito di -cil (hard landin , no dizer do saudoso Paul Samuelson quando se referia justamente às perdas de velocidade de algumas economias in uentes no mundo) para a China e igualmente para o mundo. Angola pode vir a sofrer com esta desaceleração do PIB chin s, na medida em que o seu mais importante parceiro comercial justamente este pa s asiá co. Na sua qualidade de segunda maior economia do mundo, a redução do crescimento do seu PIB vai afectar, nega va-mente, o comportamento do com rcio internacional e, por a , transmi r alguma instabilidade no crescimento económico mundial. A China há mais de 35 anos que um exemplo acabado de uma ditadura com os maiores sucessos económicos e sociais, tendo re rado da pobreza mais de 400 milhões de cidadãos. O grande enigma para o futuro refere -se ao impacto sobre a sua população e os seus parceiros africanos da abertura pol ca e do desenvolvimento – a abordagem deste tema rela vamente a Angola encontra -se em dois Relatórios Económicos da UCAN (2013 e 2014) com o tema da diversi cação económica e possibilidade de se criar uma classe m dia empreendedora com poder económico e distanciada e contestando a ordem po-l ca vigente234.

O segundo aspecto com relevância em 2016 o diálogo entre a pol ca monetária e a po-l ca orçamental, enquanto instrumentos para retomar o crescimento onde está abalado e para controlar os preços, nuns casos para os fazer subir, noutros para os fazer descer. O FMI con nua a entender que a pol ca monetária pode ser mais ú l do que a pol ca orçamental para es -mular o crescimento e desin acionar as economias. Paul Krugman – um dos grandes economis-tas que tem escrito muitas re exões sobre esta mat ria, quer em termos gerais, quer sobretudo direccionada aos pa ses da União Europeia – pensa justamente o contrário, defendendo que a pol ca monetária, na Europa da moeda única e ainda a braços com di culdades para estabi-

234 a o a s s e as as essoas o e a s es e e e es se o a o o a es a o sa o e a es de a o a os e e os a s e a de o e os de do s d a es a a e d a a e e e o e a as es as essoas e e a o o o a o e a a os e dade

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lizar o crescimento económico, depois da crise nanceira internacional de 2008/2009, deixou de ter a mesma relevância do passado para aqueles dois propósitos. E o exemplo que dá não poderia ser mais contundente e elucida vo: nem com taxas de juro nega vas aplicadas pelo Banco Central Europeu a retoma sustentada do crescimento está a acontecer, mormente nos pa ses perif ricos do Sul da Europa. E acrescenta mesmo: a Europa precisa desesperadamente de um impulso orçamental . Como se sabe, Paul Krugman um keynesiano convicto, não sendo por acaso que foi incumbido de escrever o prefácio da reedição da eoria eral do Empre o, do Juro e da Moeda, a versão original da grande obra de John Maynard Keynes, um dos economis-tas mais in uentes do s culo . A pol ca monetária em Angola não tem sido o ve culo ideal para controlar os preços, nem para es mular o crescimento. Pelo contrário, perdida a âncora cambial, o processo de subida dos preços disparou e a tenta va de controlo pela elevação das taxas de juro tem prejudicado as probabilidades de retoma do crescimento económico. A po-l ca monetária não pode con nuar sozinha a segurar a retoma do crescimento e o controlo dos preços. A pol ca orçamental tem de recuperar o seu espaço e estabelecer uma relação de complementaridade com a pol ca orçamental não fácil e exige conhecimentos profundos e solidi cados de pol ca económica e de economia monetária. A Europa tem -nos. Entre nós escasseiam.

O terceiro aspecto liga -se aos Estados Unidos – em processo rela vamente seguro de recu-perar o seu trajecto de crescimento seguro, perdido aquando da crise 2008/2009 – e às eleições presidenciais de Novembro próximo. Paul Krugman, nas suas sempre acu lantes colunas no

ew ork imes, considera que será um desastre para os Estados Unidos e o mundo se algum republicano as vencer. Considera mesmo um risco essa possibilidade, que arrastará a alteração radical da pol ca norte-americana.

O quarto aspecto está apontado para o Brasil, a segunda mais in uente economia dos BRICS e a atravessar talvez um dos per odos mais cr cos do ponto de vista económico, social e po-l co a sua História recente. Nunca, nos tempos da sua jovem democracia, o pa s apresentou um desempenho económico tão fraco como nos úl mos 3 anos: 0 em 2014, -3,8 em 2015 e ainda em recessão em 2016. De resto, só a Índia tem apresentado desempenhos do seu PIB bastantes posi vos, a rondar 7 de variação real anual do seu Valor Agregado Nacional. Mas tamb m a Rússia está com s rios problemas ocasionados pela queda das cotações do petró-leo e gás. Tal como Angola, este pa s tem uma depend ncia doen a das respec vas receitas externas e scais e a sua quebra afectou o desempenho económico em 2015, com uma taxa de crescimento do PIB de – 3,7 . Para al m destas incid ncias, a Rússia um pa s com um dos ndices mais elevados de corrupção e a desigualdade social abjecta: 100 pessoas controlam

35 das fortunas do pa s.

A Europa da moeda única está expectante quanto à decisão popular do Reino Unido de perman ncia ou abandono da União Europeia. Grande parte dos britânicos tem -se mostrado muito apreensiva com as burocracias de Bruxelas, considerando -as entraves ao livre exerc cio

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da liberdade económica que tanto prezam desde o tempo de Adam Smith e David Ricardo. A sa da da Grã -Bretanha da Zona Económica Europeia não se fará sem perdas para ambos os lados, valendo bem mais a redução da in u ncia dos burocratas de Bruxelas e a facilitação das regras orçamentais que encarar consequ ncias imprevis veis a curto e m dio prazo.

O úl mo aspecto de enorme relevância directa para a economia angolana o comporta-mento esperado do preço do petróleo. De acordo com as projecções do Fundo Monetário Inter-nacional, em 2016 o barril poderá situar -se em USD 34,75 e em 2017 em USD 40,99235.

RESUMO DAS PROJECÇÕES: TAXAS DE CRESCIMENTO DO PIB (%)

Países 2016 2017

Mundo 3,2 3,5

Economias Avançadas 1,9 2,0

Estados Unidos da Am rica 2,4 2,5

Zona Euro 1,5 1,6

Japão 1,9 2,2

Reino Unido 1,9 2,2

Rússia -1,8 0,8

China 6,5 6,2

Índia 7,5 7,5

Brasil -3,8 0,0

África do Sul 0,6 1,2

Preço do petróleo (USD/barril) 34,75 40,99 e a o a o e a d World Economic Outlook de

10.2 A economia angolana

A pres giada Economist ntelli ence nit (do não menos aureolado he Economist), acredi-tava, num relatório sobre Angola em Julho de 2012, que a economia angolana podia ultrapassar a nigeriana e a sul -africana em 2019236. A taxa de crescimento registada em 2012 foi de 5,2 (Contas Nacionais de Angola), e o ritmo de variação do PIB afastava -se cada vez mais dos ndices observados na mini -idade de ouro da economia nacional (2012/2008). Para que aquela apro-ximação pudesse ser veros mil, o PIB nacional teria de crescer, at 2019, a uma cad ncia m dia anual de 22,3 rela vamente à África do Sul e de 15 para ultrapassar a Nig ria, na presunção de que a variação anual dos seus PIB fosse próxima de 0 .

235 International Monetary Fund – World Economic Outlook, April 2016.236 Relatório Económico de 2012.

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Por tudo isto que as previsões/projecções valem o que valem e dependem sobretudo dos modelos matemá co -económicos u lizados e das hipóteses consideradas. Seguramente que a Economist ntelli ence nit naquele seu relatório sobre a economia angolana não considerou a probabilidade de os preços internacionais do crude descerem aos n veis de USD 30/USD 40 por barril. As suas predições quanto à velocidade rela va de Angola face à Nig ria e à África do Sul consideraram que o preço do petróleo manter -se -ia em valores entre USD 90 -USD 100 o barril. Na situação presente e futura, as exportações de petróleo perderam a sua condição de primeiro factor de crescimento da economia nacional e os inves mentos públicos – 103,7 mil milhões de dólares entre 2002 e 2015 – t m sido reduzidos desde 2014 face às condições s rias de insu ci ncia de receitas scais e aos limites económicos, nanceiros e sociais (ónus sobre as gerações futuras), associados à criação permanente de d vida pública. Vale lembrar que as obras públicas do Estado se assumiram como segundo factor de dinamização da economia de-pois de 2003.

Assim sendo, e ainda no contexto dos comentários sobre as projecções da Economist ntelli-ence nit, não existem condições para que semelhante cenário ocorra nos próximos tempos

(apesar de aquelas duas economias não estarem tamb m a atravessar os seus melhores mo-mentos dada a desaceleração da economia mundial e o ainda relevante peso da economia pe-trol fera na estrutura produ va da Nig ria), geradas pelas exportações de petróleo. E tudo isto

, de facto, uma verdadeira condicionante, não apenas para se inverter o que anteriormente se referiu, como uma fase de retracção estrutural da dinâmica de crescimento económico, como para se encontrarem alterna vas viáveis e compe vas a m dio prazo.

O crescimento foi desde sempre um dos temas de inves gação mais ca vantes das ci ncias económicas. Este fasc nio prov m das diversas expecta vas sociais projectadas neste conceito. Ou seja, sem crescimento, aparentemente mais nada pode acontecer: nem emprego, nem dis-tribuição de renda, nem melhoria das condições de vida.

Seja qual for a perspec va de abordagem, o crescimento refere -se antes de tudo à evolução da produção237. At à Revolução Industrial o crescimento era principalmente referenciado à produção agr cola, cons tuindo, portanto, um indicador da capacidade de sobreviv ncia em função de um ciclo natural de boas e más colheitas.

O crescimento por habitante ainda serve para comparar os pa ses em termos de n vel de vida, jogando o factor demográ co o papel de ponderador da evolução da produção. No en-tanto, outros indicadores são hoje muito mais expressivos para se entender em que estádio de evolução se encontram os pa ses. E um deles o desenvolvimento – muito mais vasto do que crescimento – ao incluir, não apenas aspectos relacionados com a distribuição dos rendimentos e da riqueza, como igualmente diferenças culturais e padrões de valores.

237 e s La Théorie de La Croissance Économique a o

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São conhecidas diverg ncias em relação aos meios e às pol cas mais adequadas para alimentar um processo de crescimento. De um lado, insiste -se no inves mento em capital, enquanto do outro se salienta a importância da inovação e do progresso tecnológico em geral. Ao estabelecer -se uma relação entre capital e trabalho obt m -se um indicador prá co para exprimir a intensidade capital s ca da produção (K/L). Com o tempo, quanto maior o valor desta relação, mais elevada a quan dade de capital por trabalhador, presumindo -se, em decor-r ncia, que a produção se torna progressivamente intensa em capital. Ou seja, a reserva de capital cresce mais rapidamente do que a de trabalho. Finalmente, estabelece -se uma relação posi va entre a produção por trabalhador (Q/L) e quan dade de capital por trabalhador (K/L), alavancando -se o crescimento. O progresso tecnológico existe quando, com a mesma quan -dade de K/L, se consegue aumentar a produção.

O crescimento sustentado está relacionado com o crescimento dado na perspec va anterior (aumento sistemá co da quan dade de bens e serviços produzidos anualmente) e com a pre-servação do ambiente e u lização racional dos recursos naturais (renováveis e não renováveis). Pretende -se, em úl ma análise, deixar às gerações vindouras o que se recebeu das anteriores, re rando -se da sua u lização bene cios individuais e colec vos presentes. Quando um pa s apresenta uma sequ ncia temporal rela vamente longa de taxas de crescimento do PIB de um certo valor, então pode a rmar -se que do ponto de vista estritamente quan ta vo a rota da sustentabilidade pode ter condições de se a rmar238.

As incertezas que pairam sobre a economia angolana são várias e algumas delas se transfor-marão em riscos e certezas. Compete à pol ca económica encontrar as medidas e os processos de transformação que reduzam as incertezas e mi guem os riscos. Se assim não for, as projec-ções at 2020 não fornecem resultados compagináveis com a melhoria das condições de vida da população, a reconciliação nacional, o aumento da produ vidade geral dos factores e a redu-ção das desigualdades. As grandes condicionantes são a depend ncia do petróleo – mesmo em decad ncia, a economia deste sector ainda será responsável por percentagens relevantes do PIB e con nua a exercer um papel forte de nanciador da economia – e o tempo para a diver-si cação. No cap tulo próprio já foram feitas refer ncias ao tempo de que o pa s necessita para implementar uma boa diversi cação da economia, entendendo -a como compe va e inclusiva.

O está na tabela seguinte, bem assim como as hipóteses u lizadas no modelo estrutural existente no CEIC. A suposição sobre a produção de petróleo foi re rada do docu-mento n ola 2015 r cle onsulta on do Fundo Monetário Internacional, de Novembro de 2015, onde se encontram projecções at 2020.

238 s e o as o d es e ess as a a sso o o o e e o a a dade de a a s o o a a e o a a a o es e o e d e s a o das e o a es ose et al Principes d’Économie Moderne troisiéme édition, Ouvertures Économiques Groupe e oe

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RESUMO DAS PROJECÇÕES – CENÁRIO A

2016 2017 2018 2019 2020

Produção petrol fera (milhões de barris) 675 250 675 250 675 250 675 250 675 250

Preço do barril de petróleo (USD) 49,00 50,00 55,00 56,00 58,00

PIB petrol fero (milhões de USD) 21 109,7 21 540,5 23 694,5 24 125,3 24 987,0

Taxa de crescimento do PIB ( ) 3,0 3,8 3,0 4,7 5,3

Taxa de crescimento do PIB petrol fero ( ) 4,1 0,0 0,0 0,0 0,0

Taxa de crescimento do PIB não petrol fero ( ) 2,3 5,9 4,6 7,0 7,7 Modelo de Projecção

Como se constata, a manutenção da quan dade produzida de petróleo conduz a uma taxa de variação anual de 0 e, consequentemente, uma redução da par cipação da economia pe-trol fera no PIB. Assim, neste cenário, o esforço recai sobre a economia não petrol fera, cujo desempenho vem sendo muito irregular, tendo registado uma cifra de apenas 1,3 em 2015. Deverá compe r à agricultura e à indústria transformadora a maior parte dos esforços para se obter, em 2020, um ritmo de variação de 7,7 . O esforço exigido à economia não petrol fera gradual, na pressuposição de que as condições de sustentabilidade sejam criadas pelo Estado no contexto duma economia de mercado. Este cenário-base pode igualmente ser do como o menos favorável, ainda que o mais realista face aos ajustamentos introduzidos nas dinâmicas de crescimento mundial239.

No alteram -se as quan dades produzidas de petróleo, dando -se muito mais es-paço para a a rmação da economia não petrol fera, conforme se espelha na tabela seguinte.

RESUMO DAS PROJECÇÕES – CENÁRIO B

2016 2017 2018 2019 2020

Produção petrol fera (milhões de barris) 675 250 678 900 686 200 686 930 685 470

Preço do barril de petróleo (USD) 49,00 50,00 55,00 56,00 58,00

PIB preço 2002 (milhões de USD) 10 425,6 10 481,9 10 594,7 10 605,9 10 583,4

Taxa de crescimento do PIB ( ) 3,0 4,3 4,7 6,5 6,9

Taxa de crescimento do PIB petrol fero ( ) 4,1 0,5 1,6 1,7 1,5

Taxa de crescimento do PIB não petrol fero ( ) 2,3 6,4 6,3 8,9 9,4

PIB corrente (milhões USD) 100 534,3 103 140,6 114 674,6 116 883,8 120 800,9

PIB per capita (USD) 3696,1 3692,2 3997,2 3967,0 3992,2

PIB per capita preços 2002 (USD) 1070,6 1087,6 1102,4 1124,9 1150,5 Modelo de Projecção

239 International Monetary Fund World Economic Outlook de

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Uma observação par cular relacionada com a variação do PIB por habitante: em 2015 ocor-reu uma diminuição do PIB em dólares correntes de 21,1 , o que, conjugado com a correcção do quan ta vo da população pelo Censo de 2014, implicou uma redução do seu valor de 23,2 . Esta tend ncia mant m -se at 2020, donde se esperar uma deterioração das condições de vida, não apenas por este vi s, como pelo canal da desigual repar ção do rendimento nacional.

Comparando os diferentes per odos, desde 2002, do crescimento económico do pa s ca--se com uma fotogra a mais realista sobre as suas possibilidades de crescimento. No grá co seguinte destacam -se tr s fases perfeitamente diferentes do processo de crescimento do pa s: uma entre 2002 e 2008, com uma taxa m dia anual de variação do PIB de 11,1 , outra de 2009 a 2015, durante a qual ocorreram duas crises fortes, a de 2008/2009 e a mais recente de 2014 (queda brutal do preço do petróleo) e cuja taxa m dia anual foi de 4 e a projectada de 2016 a 2020, com um ritmo m dio de 4,8 , segundo as projecções do CEIC. Uma ligeira recuperação face à fase precedente, mas que não corrige de todo a tend ncia de retracção estrutural do crescimento económico em Angola.

TENDÊNCIAS DE CRESCIMENTO

e os Índice do PIB por habitante e Plano de Médio Prazo, Cenários

Quanto ao sector não petrol fero, o grá co seguinte exibe claramente a perda de dinâmica da economia não petrol fera entre 2002 e 2020, destacando -se as duas fases de crise, a de 2008/2009 e a mais recente depois de 2014. Existe, de acordo com as hipóteses das projecções, alguma capacidade de recuperação do não petrol fero, mas em n veis, por enquanto, baixos.

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CEIC / UCAN

e os Índice do PIB por habitante e Plano de Médio Prazo, Cenários

Quanto às expecta vas quanto ao rendimento m dio por habitante, tamb m não são boas, tornando -se cada vez mais distante o cumprimento de promessas eleitorais de se distribuir melhor o produto. O melhor cenário do CEIC prev um PIB por habitante em 2020 de cerca de USD 4000, um valor m dio diário de USD 11. Mas mais interessante visualizar as tend ncias de variação deste agregado económico e social.

TENDÊNCIAS DO PIB POR HABITANTE

e o Quadro Macroeconómico Comparativo.

Con rma -se o per odo 2003/2008 como o melhor para se ter distribu do melhor a renda nacional pela população, mas preferiu -se concentrar a riqueza e criar a pequena (em número) grande (em capacidade nanceira e económica) burguesia, enquanto ve culo do crescimento e da independ ncia económica do pa s. A maior parte dessas fortunas está no estrangeiro, quando falta muito inves mento no pa s.

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Ao longo dos anos 2003 a 2014, a economia angolana viveu um per odo de elevado cres-cimento económico e sustentado que coincidiu com o inesperado boom no sector petrol fero, após o m da guerra civil em 2002. Durante este per odo, o volume da produção dom s ca de petróleo triplicou e os preços internacionais do produto quase quadruplicaram, o que encheu os cofres do Governo angolano com petrodólares . As previsões apontam para que nos próxi-mos 5 anos ou mais, o sector petrol fero deixará de ser um es mulo de crescimento económico, o que signi ca que Angola precisará de uma profunda reforma estrutural e de novas fontes de crescimento económico para evitar a estagnação socioeconómica e, em par cular, atender às demandas de uma população cada vez mais jovem (e ainda pobre).

Durante o per odo de 2003 -2014, o petróleo contribuiu em grande parte para o dinamis-mo da economia angolana, mas o pa s não foi capaz de u lizar as crescentes receitas scais e apostar noutros sectores da economia ou responder às aspirações da maioria da população. Durante este ciclo os factores externos foram extraordinariamente favoráveis, incluindo:

1. A produção m dia anual de petróleo de 1 600 000 barris por dia (bpd) em comparação com 650 000 bpd entre 1993 -2002 (com a produção a exceder 1 850 000 bpd entre 2011- -2014).

2. Os preços internacionais de petróleo que eram em m dia US 75 por barril em compara-ção com US 20 por barril durante 1993 -2002 (com preços a exceder US 100 por barril entre 2011 -2014).

Actualmente, o petróleo corresponde a menos de 50 do PIB e ainda responsável por 95 das exportações e 80 das receitas scais do pa s. No nal do ano de 2013, o FMI classi cou Angola como tendo a base de exportação menos diversi cada do mundo, par lhando a mesma posição com o Iraque. Avaliações da economia angolana consistentemente apontam para os al-tos graus de fragilidade e económica e social, causada pela con nua incapacidade de u lização produ va dos recursos do petróleo.

A m dio prazo improvável que o petróleo con nue a ser o motor de crescimento que en-cheu os cofres do Governo entre 2003 e 2014. A produção de petróleo em Angola permanecerá estagnada num futuro próximo, sendo que poços an gos requerem mais manutenção e poços o shore levam mais tempo para entrar em operação. Enquanto a produção chegou a quase 2 milhões de barris por dia em 2008, a mesma estagnou em torno de 1 850 000 barris por dia desde 2009 (em comparação com as projecções o ciais, que repe damente prome am um aumento para mais de 2 milhões de barris por dia).

O mercado internacional do petróleo tamb m será marcado por uma desaceleração num futuro próximo, sendo que se está no meio de um processo de adaptação a novas mudanças estruturais, incluindo: (i) do lado da procura, a taxa de crescimento económico, que con nua

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CEIC / UCAN

a diminuir nas economias do BRIC (o que con rma o m do recente super -ciclo nos preços das commodi es, como o petróleo), assim como as medidas de e ci ncia energ ca que con -nuam a diminuir (em carácter permanente) a intensidade de uso do petróleo nas economias ocidentais; e (ii) do lado da oferta, a inundação de fontes de petróleo no mercado, incluindo o processo de fractura hidráulica nos EUA, o aumento da produção de regiões não -OPEP, como a área árc ca da Rússia e as areias betuminosas do Canadá, e tamb m um aumento de produção da parte de importantes produtores da OPEP, como a L bia, o Iraque e o Irão (que precisam desesperadamente de receita adicional para alimentar a sua recuperação económica). Por con-sequ ncia, num futuro próximo, os preços internacionais do petróleo irão:

1. Permanecer inferiores à m dia man da nos úl mos 5 anos, conforme a disponibilidade de produção adicional que irá efec vamente manter um controlo sobre os preços no mercado spot.

2. Apresentar maior instabilidade, uma vez que leva o seu tempo para que o mercado avalie o impacto da nova estrutura de mercado de petróleo e para a OPEP rede nir o grau em que está disposta a garan r a estabilidade dos preços, retomando o seu papel de produ-tor marginal.240

Deste modo, os produtores de petróleo terão receitas mais baixas em comparação com os úl mos anos, e talvez o mais preocupante, a elevada instabilidade do preço irá complicar ainda mais a pol ca scal para os pa ses com um alto grau de depend ncia das receitas do petróleo.

Em Angola, o novo modelo económico deve ser baseado no reconhecimento que o pro-gresso sustentável requer crescimento económico inclusivo e melhorias na qualidade de vida para a maioria da população. Enquanto os novos desa os económicos enfrentados pela Nação podem apresentar uma oportunidade para lançar um programa de desenvolvimento mais ambicioso, manter tal programa exigirá: (i) liderança pol ca no desenho do programa e adesão por parte das elites actuais a uma sequ ncia adequada de reformas estruturais; (ii) apoio pol co bipar dário que precisa ser garan do atrav s de acordos formais; e (iii) legisla-ção apropriada e ins tuições com mais poder para assegurar a sustentabilidade de reformas regulatórias, pol cas e estruturais. Durante os primeiros anos da era pós -con ito (2003 -15), o Governo tem -se centrado na reorganização do disposi vo de segurança, e durante a segunda metade deste per odo, terá tamb m priorizado projectos de infra -estrutura de grande escala. No entanto, uma forte estrutura de segurança não condição su ciente para a estabilidade

240 s as e s es a s o o s s e es o a e a a so e os de o o e d o a o dos e os do e eo e a -se o e e o e e a o e a s e os a e o o o o de s e - os os e os de od os de o s o es a a o a e e e o o e e es es s e - os s o a ados o a os e a os e s o s o a e e e e a ados e ada e a s e a e ados ao o o do e o a s

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de longo prazo, e enquanto o inves mento em infra -estruturas pode ser condição necessária para o desenvolvimento económico241, não garante uma resposta efec va rela vamente ao alto grau de pobreza que a ige a maioria da população. Os erros de um modelo focado no crescimento económico pelo desenvolvimento de infra -estruturas funcionam como uma lição, por anteriores inves mentos em infra -estruturas, induzidos por petróleo, registados em pa ses africanos desde o nal dos anos 1970 para o in cio de 1990. As lacunas de um modelo econó-mico focado no inves mento em infra -estruturas sicas certamente a lição de acelerações puramente temporárias nas taxas de crescimento económico registadas em pa ses africanos dependentes do sector petrol fero (que ocorreram ao longo dos úl mos 30 anos).

Em Angola, agora tempo para um programa de desenvolvimento que se concentre em expandir as oportunidades de rendimento no sector não petrol fero, abordando inicialmente as actuais restrições regulatórias e estruturais às ac vidades comerciais e ao acesso a opor-tunidades empresariais que constringem o comportamento da maioria da população e em complementaridade, reforçando as ins tuições económicas e jur dicas que visem aumentar a atrac vidade de inves mentos privados não petrol feros. Como nos úl mos treze anos se tem demonstrado, o sector petrol fero não irá contribuir com um grande número de postos de trabalho, necessários face aos baixos n veis de rendimento no pa s e às necessidades de uma população cada vez mais jovem. Para assegurar a estabilidade social nestas condições, será necessário convencer uma base ampla de inves dores nacionais a inves rem fundos próprios no sector dom s co não petrol fero para que, consequentemente, os inves dores estrangeiros

quem convencidos que as condições no terreno começam a jus car o risco de inves mento a longo -prazo de fundos e importação de know -how. Para a ngir estes objec vos, tr s áreas de prioridade imediata são:

1. Melhorias signi ca vas na carga regulamentar actualmente imposta no sector privado não petrol fero. Estes encargos (como re ec do, por exemplo, na baixa pontuação atri-bu da a Angola pelo projecto Fazendo Negócios, ou pelo Doin usiness, do Banco Mun-dial) levam a um comportamento oportunista por parte dos muitos grupos do sector pú-blico, a severas restrições na disponibilidade de oportunidades comerciais a grupos priva-dos, privilegiados com acesso directo a autoridades públicas. Uma das consequ ncias do presente sistema uma redução signi ca va no tamanho do sector formal de pequenas e

241 s e de a e a eso e o s de e a e a a e o a so e a a sa dade e e es -e o e a -es a e es e o e o o o a se a e a a e e a e a e o e e o e o o do es e o e a -es as se a os o a o a o a e e a e a e o e e o de e de das o d es e o as e os de a -es a a o a s o o o a a o e o d a e o o e e o es e o e o o e e a a o stock de a a o o o o e so o aso de o a a a e e e dade e a se a a e a a e o e e a de o e os s do a se es e e o a de e os a a o a a e e os es e os o e e a es e a dades od as e esa a s e a a e a o a e e a o a a do o a a de es e o o e a e o e da a a de es ados s o d e s de o a

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m dias empresas, que normalmente fornecem a maior parte do dinamismo económico e do crescimento no número de postos de emprego nas economias de mercado. Uma ilus-tração relevante dos constrangimentos impostos aos agentes privados prov m da piada comum que considera os táxis como o mul banco da pol cia .

2. Distribuição duma parte das receitas petrol feras directamente à população. Talvez o pro-grama mais fácil de administrar seria um pagamento mensal para as crianças, enquanto frequentam a escola (re ec do em programas semelhantes no Brasil). A distribuição de rendimentos nacionais desta forma iria criar um processo de transmissão mais directo e efec vo entre o sector petrol fero e o bolso da maioria da população, que com certeza tem melhores conhecimentos das suas necessidades imediatas do que os l deres pol cos ou os burocratas do sector público.

3. Melhorias signi ca vas no sector da educação. Dados do Banco Mundial sobre despesas scais e par cipação escolar indicam que Angola tem inves do muito pouco no desen-

volvimento da educação do pa s (em relação tanto à m dia da África Subsariana como a outros pa ses com semelhantes n veis de rendimento). Sem um inves mento signi ca vo em capital humano, a produ vidade dos trabalhadores estagna e aumentos salariais tornam -se uma realidade de di cil alcance.

A queda nos preços do petróleo veio sublinhar as fragilidades económicas da economia ango-lana, uma realidade que se está tornando cada vez mais evidente nos dados macroeconómicos. Como es mado pelo FMI, e em comparação com os dados da curta crise nanceira de 2008 -09:

1. As reservas internacionais são projectadas em 2016 num n vel inferior a 2008 -09. Estas reservas t m ca do ver ginosamente ao longo dos úl mos 3 anos e a escassez de câmbio em operações do sector privado está seriamente a p r um travão no sector não petrol -fero (como sugerido pela imprensa nanceira). Este efeito, agravado pela pol ca cambial seguida pelo Banco Central, tende a elevar as expecta vas de uma depreciação da moeda e nega os esforços recentes para desdolarização da economia.

2. A Conta Corrente externa passou a ser nega va em 2014 e 2015 e este d ce externo vai a ngir 12 do PIB em 2016, mais alto que o d ce de pico de 10 do PIB a ngido em 2009.

3. A in ação será, em m dia, 19 em 2016 em comparação com o pico de 15 durante 2008 -10.

4. O d ce scal (em percentagem do PIB) vai a ngir 7 em 2016, semelhante ao pior da crise de 2008 -09, e o d ce acumulado durante 2014 -16 projectado a ser mais elevado do que 2008 -09. Os gastos do Governo foram recentemente cortados e es mam -se car num n vel inferior a 30 do PIB (em comparação com uma m dia anual superior a 40 do PIB durante o per odo pós -guerra e com 55 do PIB em 2008 ), mas as receitas do

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Governo ca ram ainda mais rapidamente: a receita será perto de 21 do PIB em 2016 (em comparação com a alta recente de 51 do PIB em 2008 ). Portanto, uma consolidação

scal próxima de brutal tem de con nuar (e mesmo de ser aprofundada) para se manter a estabilidade macroeconómica.

5. A d vida pública bruta (em percentagem do PIB) es mada em 70 do PIB em 2016 em comparação com 16 em 2008, o que con rma que o Governo tem menos espaço scal e necessidade duma consolidação scal mais profunda no per odo imediato.

Em resumo, os dados macroeconómicos con rmam que a presente crise já pior do que a crise nanceira de 2008 -09, e com as perspec vas de um longo per odo de preços de petróleo mais baixos, esperado que esta exija uma resposta mais rme e prolongada da parte do Go-verno. Portanto, o Governo está certo em pedir imediatamente assist ncia nanceira ao FMI, apesar de que a negação de uma necessidade nanceira imediata (como declarado pelo Minis-tro das Finanças242) está em desacordo com os dados macroeconómicos, e talvez mais impor-tante para os inves dores, põe em causa o grau de consenso interno sobre o compromisso com o programa de reforma que irá necessariamente acompanhar a assist ncia nanceira do FMI243.

Com a queda das receitas do petróleo num futuro previs vel, a pol ca scal será desa ada a evitar os padrões pró -c clicos picos dos úl mos anos. Para tornar a pol ca scal mais sens vel ao bem público e mais cred vel para os empresários privados, o Governo deve tomar medidas resolutas no sen do de maior transpar ncia nos dados e na pol ca económica e mais respon-sabilidade perante o Parlamento. Tr s contribuições notáveis, a este respeito, seriam:

1. A de nição de uma regra de alisamento scal des nada a evitar os riscos e efeitos da vola lidade associada a pol cas orçamentais pró -c clicas. Ajustes rápidos e abruptos nas despesas dispendiosas e ine cientes; portanto, o n vel de gastos deve ser determinado pela sua provável qualidade e capacidade de ser executado de forma e ciente. Uma regra

scal clara ajuda ao isolamento de pressões pol cas, colocando restrições ou limites em variáveis scais (tais como d ces, despesas e d vida).

242 s sos o a s de e o a s o e e ess dade a e a a o a o as a e as a e ess dade a d o a o a a e e a a o e de e o as es a s des adas d e -s a o e o a os a a s s a a de e dade a e a e o a a e e o a e a do s e da o se o o o s o e asos de e ess -dade a e a ed a a o a o o o ado de e sa e do e o s o das a as a de de e d s o e o s e do s o das a as o a a s d a a o o o o do s a a e ass s a a e a o ss o e a do se do a o o e e a e a a e a o a o de o a a de d e s a o e o a e e a e e o o e e ass s a a a a a s a e as es e o a e de o os a e os o o o a o d a e o a o a o de ese o e o e o a o ossa asea a e e -o a e a o a e s a de o e o a a de e o as o o s a o a a a a a a dade do a s a a e - a a e s os243 e as as o e es do o World Economic Outlook da a e a de e do o Regional Economic Outlook, de o de d s o e s o o

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a) Para exportadores de petróleo como Angola o indicador scal-chave deve ser o saldo primário não petrol fero (que de nido como o saldo scal global, excluindo as recei-tas e despesas relacionadas com o petróleo e juros l quidos). Isto um bom indicador das exig ncias do Governo e da orientação da pol ca orçamental subjacente.

Fundos de petróleo ou fundos de estabilização não são subs tutos para um quadro forte de gestão scal. Este úl mo exige um quadro de orçamento consolidado, em que os fundos petrol feros não tenham autoridade para gastar.

2. O aumento da responsabilização directa de ag ncias autónomas, exigindo de imediato que o relatório e prestação de contas do rec m -criado Fundo Soberano de Angola sejam dirigidos ao Parlamento (em vez do Chefe do Execu vo). Foi o Parlamento que aprovou a alocação de recursos para o FSDEA e deve ser o Parlamento a proporcionar a supervisão sobre as suas operações. Isso ajudaria a isolar a gestão de fundos como o FSDEA dos vários grupos de interesse, aumentando a clareza das regras, divulgação, auditoria e ava-liação de desempenho. Esta forte acção tamb m poderá abrir o caminho para melhorias semelhantes na governação de outros organismos autónomos (e menos potentes).

3. Uma programação de inves mento público mais e caz. Actualmente, o ciclo de avaliação, orçamentação, execução e acompanhamento de projectos de inves mento , na melhor das hipóteses, fraco. Para observadores independentes, o simples acompanhamento do progresso plurianual da maioria dos projectos inclu dos nas publicações do Governo di cil, e a consulta pública sobre os sectores prioritários inexistente.

Em Angola, um segundo desa o pol co resulta da incapacidade da pol ca monetária em escapar da armadilha de dominância scal. Este úl mo efeito implica que as expecta vas sobre a in ação estão intrinsecamente ligadas ao desempenho scal. Por exemplo, um aperto na pol ca monetária pode levar a resultados nefastos, tais como o aumento da in ação (atrav s de uma desvalorização da moeda, que possa surgir por causa da expecta va de incumprimento em d vida pública, por exemplo). O FMI tem consistentemente iden cado limitações na dispo-nibilidade de instrumentos de pol ca monetária e um sector bancário não compe vo, como áreas de abordagem para tornar pol cas monetárias mais e cazes em Angola (ver, por exem-plo, Relatório do M n.o 15 02, publicado em Novembro de 2015). Para al m disso, a não independ ncia do Banco Nacional de Angola um forte factor contribuinte para a ine cácia da pol ca monetária: não e somente que o Banco Central tenha de fundamentar as decisões de pol ca monetária ao Comit Económico da Comissão de Ministros, mas o presidente tem poderes omnipotentes de nomear e demi r o governador do Banco Central e at mesmo para de nir o pacote de remuneração do Governador do Banco Central. Esta total falta de indepen-d ncia de facto e de ure, em par cular no contexto de dominância scal, certamente torna a pol ca monetária menos cred vel e mais propensa a ser capturada pela classe pol ca.

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A m dio prazo, os desa os enfrentados pela economia angolana giram em torno da prio-ridade de entrincheirar a m dio prazo qualquer melhoria nas pol cas de curto prazo com: (i) o fortalecimento das ins tuições económicas e (ii) a priorização dos gastos dedicados aos sectores de educação e saúde. Ins tuições económicas mais fortes e mais cred veis devem ser responsáveis na prestação de contas (que começa com mais dados e maior transpar ncia das pol cas do que actualmente o caso em Angola), mas tamb m independentes do Chefe de Estado e da maioria da classe pol ca. Hoje em Angola, o Presidente nomeia cada funcionário público de qualquer sector, o que deixa todos os instrumentos pol cos directamente depen-dentes da vontade pol ca do dia.

Igualmente importante, Angola con nua a inves r menos na educação e saúde, tanto em relação a outros pa ses africanos como em relação às economias de rendimento m dio. Certa-mente não será poss vel alcançar progressos signi ca vos no sen do da diversi cação econó-mica se as habilidades e talentos dos trabalhadores angolanos não são uma prioridade para os gastos scais. A manutenção das prioridades nas alocações de despesas scais dos úl mos 13 anos irá garan r que qualquer estrat gia que envolva a promoção de uma base de produção dom s ca mais diversi cada irá falhar e vai, de facto, garan r que a vantagem compara va do pa s con nue a ser a produção de produtos primários com as tend ncias consequentes para mais concentração de riqueza e de oportunidade económica restrita a certos grupos mais in-

uentes e para a promoção de um comportamento ren sta (rent -seeking).

Al m disso, será necessário que o Governo enfrente a aparente cultura de impunidade nos c rculos económicos e pol cos de elite e que divulgue e amplamente explique a importância do programa de reforma económica como mais um meio para construir credibilidade ins tucional e impulsionar um programa de reformas ainda mais amplo.

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11. RECAPITULAÇÃO DOS PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS ECONÓMICOS DE 2015

Janeiro

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BNA

As notas de kwanza da fam lia lançada em 1999 pelo Banco Nacional de Angola (BNA) dei-xaram de ser aceites como meio de pagamento, segundo regulamentação em vigor. De acordo com informação do Banco Nacional de Angola, esta fam lia de notas devia ser aceite apenas at 31 de Dezembro de 2014, saindo então de circulação. O Banco Central aclara que entre 1 de Janeiro e 30 de Junho de 2015 essas notas podem ainda ser depositadas nos balcões dos bancos comerciais. Al m da re rada das notas an gas, o Banco Nacional de Angola, segundo anúncio feito em Dezembro pelo governador Jos de Lima Massano, prepara a introdução, em 2015, de novas moedas com o valor facial de 50 e 100 kwanzas. Foi igualmente lançada em Dezembro uma nova moeda, com o valor de 20 kwanzas, emi da em homenagem à rainha Jinga. Face às alterações em curso, Angola passa a contar com sete diferentes moedas e cinco notas.

O programa de infra -estruturação do Pólo Industrial do munic pio da Caála, a 23 quilómetros da cidade do Huambo, arranca em 2015 para permi r a instalação de novas unidades fabris, anunciou o administrador municipal. Victor Tchissingui informou que vão ser infra -estruturados mil hectares, onde podem ser instaladas indústrias de processamento e transformação de hor-tofru colas, bolachas, vidros, ntas, janelas, divisórias, ferragens, arame farpado e malha sol. O projecto prev tamb m a construção de fábricas de diluentes, betumes, lâmpadas uorescen-tes, os e cabos el ctricos, aglomerados de madeira, calçado, moagens de milho para rações de animais e colchões.

Banco Mundial

10

A queda con nua dos preços do petróleo vai prejudicar o inves mento em pesquisa e inova-ção, a rmou o Banco Mundial no seu relatório anual Perspec vas de Desenvolvimento.

O relatório considera a escalada da queda dos preços do barril uma ameaça, especialmente em alguns pa ses, ao inves mento em fontes alterna vas, como óleo não convencional e em

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campos petrol feros em alto-mar . Os preços do petróleo vão manter -se baixos durante o ano de 2015 e vão enfraquecer as perspec vas de crescimento dos principais pa ses exportadores, mas contribuem para o crescimento dos pa ses importadores, que reduzem as pressões scais, in acionárias e externas , sublinhou. Ayhan Kose acrescentou que nos pa ses exportadores esta queda aguda um lembrete das importantes vulnerabilidades inerentes à ac vidade eco-nómica altamente concentrada e da necessidade de revitalizar os esforços para a diversi cação a m dio e longo prazo . O Banco Mundial atribuiu a queda dos preços do petróleo a vários anos de aumento da oferta e perdas da procura, à mudança nos objec vos das pol cas da Organiza-ção dos Pa ses Exportadores de Petróleo (OPEP) e à valorização do dólar.

16

O Execu vo cancelou todos os concursos de admissão e promoção na Função Pública para 2015, devido ao d ce scal no Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2015, provocado pela queda do preço do petróleo, disse o secretário de Estado para o Orçamento do Minist rio das Finanças. Alcides Safeca, que falava na abertura do seminário sobre a Gestão de efec vos do OGE/2015 , disse que o Execu vo tem alertado desde Outubro os diversos organismos do Estado a anularem os concursos públicos referentes a 2015. Não há admissões nem promo-ções na Função Pública em 2015, nem para contratos temporários , assinalou o secretário. As despesas de salários na função pública cobrem quase 30 do OGE/2015 que prev receitas de 4184,9 mil milhões de kwanzas e despesas scais xadas em 5215,8 mil milhões de kwanzas, correspondendo, respec vamente, a 31 e 38,7 do Produto Interno Bruto (PIB).

19

Angola vai inves r 5,6 milhões de dólares (mais de 560 milhões de kwanzas) na aquisição de 1032 acções do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) para bene-

ciar de vantagens no nanciamento do grupo Banco Mundial, de acordo com um Decreto Presidencial de 9 de Janeiro. O documento refere que o Plano Nacional de Desenvolvimento estabelece que Angola deve consolidar as suas relações com as ins tuições nanceiras inter-nacionais, como o grupo Banco Mundial , com medidas pol cas que promovam o aumento do volume e das condições de nanciamento daquele banco para projectos estruturantes da economia nacional . Assinado pelo Presidente da República, Jos Eduardo dos Santos, o Decreto defende que no âmbito do aumento do poder de par cipação dos pa ses em desen-volvimento, membros do BIRD, Angola foi contemplada com um adicional de 1032 acções do banco.

Angola vai contrair um empr s mo de 250 milhões de dólares junto do banco de inves-mento Goldman Sachs, para garan r a execução de projectos de desenvolvimento nacional

em 2015, de acordo com um Despacho Presidencial de Janeiro. Este o segundo contrato do

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g nero aprovado pelo Presidente da República no espaço de quatro dias. No anterior despacho, o presidente autorizou o Acordo de Financiamento a estabelecer com a GemCorp Capital LLP, do Reino Unido, tamb m no valor de 250 milhões de dólares.

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Banco Mundial

O Banco Mundial prev um crescimento de 5 para a economia angolana, at 2017, ligeira-mente acima da m dia dos pa ses da África Subsariana, e bem acima das expansões das econo-mias de Cabo Verde (3 ) e da Guin -Bissau, que deve registar crescimentos na casa dos 2 nos próximos tr s anos. Os dados estão publicados no relatório semestral da ins tuição, in tulado Perspec vas para a Economia lobal, que situa o crescimento da África Subsariana em 4,5 em 2014, contra os 4,2 de 2013, l -se no relatório elaborado pelos economistas do Banco Mundial, que atribuem o abrandamento da economia angolana ao decl nio na produção petro-l fera . As razões para o abrandamento na África Subsariana, segundo o relatório, prendem -se com a descida na procura mundial, os baixos preços das mat rias -primas, o fraco inves mento directo estrangeiro, a baixa con ança empresarial, as de cientes capacidades, principalmente em termos de infra -estruturas . Ainda preciso acrescentar a epidemia do Ébola e a abrupta descida no preço do petróleo.

A petrol fera francesa Total foi autorizada pelo Minist rio dos Petróleos de Angola a vender à empresa norueguesa Statoil os 7,5 de par cipação que det m no bloco de exploração de petróleo 39/11, no o shore angolano. Segundo dados divulgados, com essa venda, cujos mon-tantes não foram revelados, a petrol fera Statoil passa a ter uma posição maioritária de 37,5 na sociedade que explora aquele bloco. A francesa Total v a sua par cipação no Contrato de Par lha e Produção (CPP) no bloco de exploração de petróleo em águas ultra -profundas ango-lanas reduzida a 7,5 , após a concre zação desta venda.

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A Organização dos Pa ses Exportadores de Petróleo (OPEP) defendeu a sua decisão de não intervir no mercado para impedir o colapso do preço do petróleo, mas as principais empresas de energia opõem -se à pol ca do cartel. Para as companhias petrol feras, a posição do cartel petrol fero vai levar a uma enorme escassez de oferta com a ex nção dos inves mentos. A tensão que a redução para metade dos preços do petróleo desde Junho está a colocar sobre os produtores foi exposta quando a Jordânia, que não membro da OEP, expressou a sua primeira cr ca pública directa à decisão da organização, em Novembro, de não cortar a produção e concentrar -se em par cipar no mercado. O rápido decl nio deixou vários pa ses produtores de petróleo em apertos nanceiros e obrigou as empresas de petróleo a reduzirem os seus orça-mentos. Ao falar no Fórum Económico Mundial em Davos, na Su ça, chefes de duas das maio-res empresas de petróleo do mundo alertaram que a redução dos inves mentos na produção

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futura pode levar a uma escassez de oferta e a um dramá co aumento de preços no futuro. Claudio Descalzi, presidente da italiana ENI, a rmou que se a OPEP não actuar para restaurar a estabilidade dos preços do petróleo, esses podem ultrapassar os 200 dólares por barril daqui a alguns anos.

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O número de desempregados no mundo vai aumentar em pelo menos 11 milhões nos pró-ximos quatro anos e as desigualdades vão agravar -se. Esta uma das conclusões da edição de 2015 do Outlook do emprego mundial divulgado pela Organização Internacional do Trabalho. Em 2019, mais de 219 milhões de pessoas podem car sem emprego, mostra o documento. Mais de 61 milhões de empregos foram perdidos desde o in cio da crise em 2008 e as nossas

projecções apontam para o crescimento do desemprego at ao nal da d cada . O desemprego jovem tamb m destacado neste estudo pelas elevadas taxas que tem registado nos úl mos anos. A OIT es ma que a falta de trabalho entre os mais novos se vai manter em m dia tr s vezes acima da taxa de desemprego geral. No centro das preocupações, pelos riscos de pobreza e de exclusão social que acarreta, está tamb m o desemprego de longa duração. Nesta mat ria, o relatório da Organização Internacional do Trabalho destaca o facto de na União Europeia a m dia da taxa dos que estão sem trabalho há mais de um ano ter subido de 38,5 em 2008 para 50 no segundo trimestre de 2014.

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A Sonangol estabeleceu um acordo comercial preliminar com a cong nere da República Democrá ca do Congo para a exploração conjunta de petróleo na Zona de Interesse Comum, segundo um comunicado da empresa angolana. Os dois pa ses t m interesses comuns na pro-dução mar ma no Norte de Angola, principalmente na prov ncia de Cabinda, que concentra grande parte da produção nacional. O comunicado da Sonangol refere que o acordo uma evolução signi ca va dos contactos que vinham a ser efectuados bilateralmente, no âmbito do Protocolo de Cooperação assinado por Angola e pela RDC em 30 de Junho de 2007 referente à exploração conjunta de hidrocarbonetos na Zona de Interesse Comum, situada no corredor entre os dois pa ses. Angola e a República Democrá ca do Congo par lham uma fronteira ter-restre de 1500 quilómetros, havendo entre os dois pa ses diversos acordos, desde pol cos, segurança fronteiriça, económicos at aos de exploração uvial.

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O Execu vo decretou uma quota máxima de importação de produtos da cesta básica em 2015, que ronda dois milhões de toneladas (2 045 440), abrangendo óleo, farinha, arroz e açú-car, de acordo com um Decreto Execu vo datado de 23 de Janeiro. O Decreto, assinado pelos ministros das Finanças, Agricultura, Pescas, Indústria, Com rcio e Transportes, juntamente

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com o Banco Nacional de Angola, visa garan r a segurança alimentar e nutricional da popula-ção e tomar medidas de regulação, em que a oferta dom s ca assegure mais de 60 do con-sumo nacional. O documento xa para todo o ano de 2015 uma quota geral de importação de 2,04 milhões de toneladas de produtos do cabaz básico, distribu dos por óleo alimentar (334 mil), farinha de milho (99 mil), farinha de trigo (688 mil), sal (100 mil), arroz (457 mil) e açúcar (367 mil). O Decreto xa ainda uma quota para refrigerantes e bebidas, ovos e hortofru colas.

Fevereiro

3

FMI

O Fundo Monetário Internacional (FMI) sugere a eliminação, já em 2015, dos subs dios que o Estado despende com a gasolina e a redução faseada, at 2020, nas subvenções aos restantes combus veis. A informação consta de um Relatório do M elaborado após uma visita de t cni-cos do organismo a Angola. Os preços da gasolina e do gasóleo em Angola encontram -se 55 e 67 abaixo dos preços m dios da África Subsariana, segundo os dados citados no relatório, referentes a 2014, es mando -se que 10 do consumo seja contrabandeado para os pa ses vizinhos. Estes subs dios permitem manter os preços ar cialmente baixos e custaram 3,7 do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014, mas bene ciam essencialmente os mais abastados, segundo o relatório. Aproximadamente 80 dos combus veis re nados são consumidos pelos 40 mais ricos, enquanto apenas 7 são consumidos pelos 40 mais pobres , l -se no docu-mento.

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Sector externo

Entre Janeiro e Novembro de 2014, as remessas enviadas de Angola para Portugal sofreram uma queda de 14,3 , equivalente a 38,6 milhões de euros, quando comparado com id n co per odo de 2013. Os úl mos dados o ciais dispon veis referem que foram enviados para Portu-gal 213,6 milhões de euros nos 11 primeiros meses de 2014 e que a tend ncia de descida come-çou a desenhar -se em Março após uma ligeira subida dos dois meses anteriores. Setembro foi a excepção, com uma subida de 5 (cerca de um milhão de euros), após Maio ter registado a maior queda: -47,7 (12 milhões de euros).

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O Execu vo aprovou o pagamento da primeira prestação da construção da Central do Ciclo Combinado do Soyo, de 15 419 milhões de kwanzas, refere um Decreto Presidencial. O total da obra, cuja execução foi jus cada pelo Execu vo com as previsões de crescimento da procura de energia el ctrica no pa s no m dio e longo prazo , ascende a 102,5 mil milhões de kwanzas. A entrada em funcionamento da primeira fase da central, instalada nas localidades do Quintambi e Mongo -Soyo, periferia da cidade, marcada para 2016, deve gerar 230 dos 750 megawa s

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previstos para dois anos depois. O projecto, com a assessoria nanceira do Millennium BCP e do Banco Privado Atlân co (BPA), resulta da parceria entre a Energias de Portugal (EdP) e a Sonangol, assinada em Julho de 2009, atrav s da cons tuição da holding EIH, cujo capital de do em partes iguais de 30 pela EdP, Sonangol e Banco Privado Atlân co e os restantes pela FiniCapital.

9

Hotelaria e turismo

Um hotel de quatro estrelas denominado Diamante foi inaugurado em Luanda, depois de estar mais de cinco anos em construção e absorver inves mentos de cerca de 40 milhões de dólares. De do pela Empresa Nacional de Diamantes de Angola (Endiama), o hotel tem 179 quartos – entre os quais 26 suites – 8 salas de reuniões e um auditório para 300 pessoas, uma gama variada de restaurantes, bares e salas privadas, ginásio, spa, salão de beleza e piscina. Situado próximo da Marginal, foi constru do por um empreiteiro chin s sobre uma estrutura que já exis a no local. O hotel gerou 120 postos de trabalho, prevendo -se para os próximos anos aumentar este número para 200.

12

A d vida angolana, situada em 26,9 do Produto Interno Bruto (PIB), encontra -se no limite aceitável, a rmou o director do gabinete de Estudos e Relações Internacionais do Minist rio das Finanças. João Quipipa, que proferiu a a rmação ao apresentar o Plano Anual de endivi-damento Público em 2015,referiu que entre 2010 e 2013 o pa s registou um superavit scal e que as reformas scais em curso se des nam a aumentar as receitas não petrol feras. Segundo o FMI a D vida/PIB de Angola, nos úl mos 5 anos, só teve um valor tão baixo em 2012 (28,7 ). Para 2015, a previsão da d vida de Angola de 57,4 , e em 2014, segundo os dados prelimina-res, de 42,2 .

A União Europeia (UE) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) assinaram em Luanda um acordo para apoiar o Governo na criação de um Centro de Formação Pro ssional do Sector de Águas (CFPA), no valor de 11,8 milhões de euros. O acordo faz parte de um projecto global para a criação de um Centro de Formação Pro ssional do Sector de Águas e resulta da contribuição dos parceiros. O referido centro de formação está a ser constru do em Onga Zanga, prov ncia de Luanda, munic pio de Ícolo -e -Bengo, a 15 quilómetros da vila de Catete. O projecto

encabeçado pelo Governo, que tem desenvolvido diferentes acções no sen do de garan r o acesso a água potável pela população, par cularmente a mais vulnerável.

A ligação do troço ferroviário Luena/Luau, na prov ncia do Moxico, junto à fronteira com a República Democrá ca do Congo foi inaugurada. Trinta e nove anos depois, o comboio do Caminho -de -ferro de Benguela (CFB) volta a apitar nesta zona, olhando para o potencial comercial

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entre Angola, RDC e Zâmbia. A inauguração deste troço segue -se à abertura do Gabinete T c-nico do Corredor do Lobito, que tem por missão apoiar os transportes ferroviários, mar mo, a reo e terrestre do pa s.

13

O Execu vo aprovou a divisão em 12 blocos a Zona Mar ma da Bacia do Namibe para futu-ras concessões petrol feras, anuncia um despacho do ministro dos Petróleos. O documento que entrou em vigor a 6 de Fevereiro visa de nir e estabelecer a divisão em blocos daquela zona o shore, permi ndo assim futuras concessões petrol feras . Envolve uma área global superior a 68 mil quilómetros quadrados ao largo da prov ncia do Namibe. A concessionária petrol fera ango-lana Sonangol anunciou em Junho de 2014 que pretende em 2015 licitar 12 blocos para explora-ção de petróleo em o shore, que acrescem a outros dez em terra e em processo de licitação.

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FSDEA

O Fundo Soberano de Angola (FSDEA) foi classi cado como operador transparente pelo Índice de Transpar ncia Linaburg -Maduell, administrado pelo Ins tuto de Fundos Soberanos (SWFI), l der mundial na pesquisa destes organismos. O Ins tuto dos Fundos Soberanos anun-ciou recentemente a posição de Angola na sua quarta avaliação trimestral do ano de 2014, na qual con rma o FSDEA com uma cotação de oito em dez pontos, o que comprova a estrutura governa va e as operações como transparentes .

17

FMI

O chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para Angola considerou opor-tuna e inteligente a proposta do Execu vo de revisão do Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2015, devida à descida brusca do preço do petróleo no mercado internacional. Ao falar à imprensa em Luanda, no nal de um encontro com os ministros da equipa económica do Exe-cu vo angolano, Ricardo Velloso disse que o Execu vo reagiu rapidamente ao fazer o ajusta-mento do OGE de 2015, com o objec vo de mi gar os efeitos da descida do preço do petróleo no desenvolvimento socioeconómico de Angola.

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Agricultura

Angola foi reeleita para um terceiro mandato como membro do Conselho de Administração do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agr cola (FIDA). A reeleição para um per odo de tr s anos, de 2015 a 2017, ocorreu na cidade de Roma (Itália) no segundo dia de trabalhos da 38.a Sessão do Conselho de Governadores do FIDA, que foram presididos pelo ministro da Agricultura, Afonso Pedro Canga, na qualidade de vice -presidente desta ins tuição das Nações Unidas (ONU). O cargo par lhado com a Lib ria, Egipto e Qu nia, sendo, a par de Angola, os quatro representantes de África no Conselho, que cons tu do por 18 membros.

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Sonangol

Contrariamente ao que aconteceu em 2013, o ano de 2014 foi di cil para a Sonangol. Os lucros l quidos da empresa ca ram para USD 710 milhões em 2014 face aos USD 3,10 mil milhões registados em 2013, representando uma queda de 77,01 . A produção de petróleo registou uma quebra de 2,63 , tendo sido produzidos uma m dia diária de 1,671 milhões de barris face à produção de 2013 de 1.715 milhões de barris. A redução de produção sen u -se principalmente no primeiro semestre e a retoma aconteceu só em Novembro, com a entrada em funcionamento do campo Clov no Bloco 17 e do campo Pólo Este, mas nesta altura o preço do petróleo no mercado internacional já nha ca do quase 60 . O preço m dio anual das ven-das da Sonangol em 2014 foi de USD 96.72 por barril face aos USD 107,79 por barril em 2013. Estes números foram revelados pelo presidente do conselho de administração da Sonangol, Francisco de Lemos, em confer ncia de imprensa alusiva aos 39 anos da empresa, comemora-dos no dia 25 de Fevereiro.

3

O Iraque ultrapassou Angola e tornou -se em Janeiro de 2015 o segundo maior fornecedor de petróleo para a China, a seguir à Arábia Saudita, de acordo com dados das alfândegas chi-nesas citados pela ag ncia Bloomberg. Os carregamentos de petróleo do Iraque para a China subiram em 44 , para 803 mil barris por dia, o valor mais alto desde pelo menos Maio de 2008, ultrapassando os de Angola e da Rússia.

10

Sonangol

At nal de Março ca conclu da a compra pela hina onan ol de uma par cipação maio-ritária na construtora naval da região espanhola da Gal cia, no ciou o jornal La oz de alicia. O mesmo jornal, que menciona uma fonte do consórcio sino -angolano, refere que a Galia Rod-man está avaliada em cerca de cem milhões de euros. O acordo surgiu após longas negociações e um encontro, realizado no nal de Fevereiro, entre Sam Pa, da hina onan ol, e Manuel Rodr guez, do grupo Rodman. Para a China Sonangol, o negócio começa com a aquisição da Rodman, de 40 lanchas de patrulha e dez catamarãs para 350 passageiros, por um total de 25 milhões de euros (a quem encomendou em Setembro de 2014). O acordo inicial previa a com-pra de 90 da Rodman, mantendo -se 10 nas mãos dos actuais accionistas, que tamb m pas-savam a ter par cipação no estaleiro da Sonangol no Lobito, já visitado por Manuel Rodr guez. A companhia sino -angolana tem 70 de capital chin s da empresa ew ri ht nterna onal Development, com sede em Hong Kong, e 30 de capital angolano.

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FAD

O Fundo Africano de Desenvolvimento vai disponibilizar 4,9 milhões de dólares ao Execu vo para a elaboração de um projecto de actualização do plano de transportes de Angola, nomea-damente a ligação da rede ferroviária nacional com a da Zâmbia. Um diploma legisla vo aprova o acordo de nanciamento do estudo para a actualização do Plano Director para o sector dos Transportes, celebrado entre a República de Angola e o Fundo Africano de Desenvolvimento. O projecto visa a formulação de uma estrat gia e pol ca para a rede nacional de transportes, bem como a realização de um estudo preliminar de viabilidade da ligação ferroviária entre a linha de caminho -de -ferro de Benguela e a da Zâmbia.

SME

Graças a um processo de modernização no Serviço de Migração e Estrangeiros, Angola ini-ciou a concessão de vistos de turismo e vistos ordinários com múl plas entradas, uma medida recebida calorosamente por empresários, visitantes e inves dores, revelou a unidade britâ-nica de estudos Economist ntelli ence nit (EIU). Dado o ritmo lento dos negócios em Angola, um m s nem sempre su ciente para um inves dor se reunir com as pessoas relevantes no Governo e a exibilidade adicional mais atraente , a rma o úl mo relatório da Economist ntelli ence nit sobre o pa s.

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O Ins tuto Nacional dos Caminhos de Ferro de Angola (INCFA) comprou à mul nacional norte -americana eneral Electric (GE) 100 locomo vas, que são entregues ao longo de tr s anos, depois de 2016. A companhia refere num comunicado que as locomo vas, do modelo GE C30ACi, são diesel -el ctricas, com seis eixos, 12 cilindros e tr s mil cavalos de pot ncia e que o acordo inclui a prestação de serviços, equipamentos e formação. A GE vendeu nos úl mos quatro anos mais de 320 locomo vas a pa ses da África Austral e Central. A GE, que opera em Angola desde 1967, emprega mais de 500 trabalhadores em negócios que abrangem sectores como petróleo e gás, energia e água e transporte ferroviário.

3

BAD

O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) anunciou um empr s mo de 123,7 milhões de dólares a Angola, para nanciar um projecto de abastecimento de água e saneamento básico que servirá directamente 922 mil habitantes de sete prov ncias. A criação, funcionamento e -caz e ampliação das sete redes provinciais de abastecimento de água e saneamento, ou o aumento da capacidade de prestação de serviços nesta área, aos n veis central e provincial, são propósitos estabelecidos para o projecto. Segundo a informação do BAD, seis das sete prov ncias

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que serão abrangidas pelo projecto contam com uma cobertura, no acesso da população à rede de abastecimento de água potável e de saneamento básico, abaixo da m dia nacional, em taxas de 7 a 56 . Al m da população directamente servida, o BAD es ma que a melhoria da e cácia e gestão da rede destes serviços públicos bene ciará ainda 2,3 milhões de habitantes que vivem nas sete capitais prov ncias. Permi rá tamb m aumentar o acesso ao abastecimento de água a mais de 338 mil pessoas, em áreas periurbanas, e de saneamento básico a 75 mil habitantes.

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A Associação de Produtores Africanos de Petróleo (APPA) defende uma redução substancial na produção do petróleo à escala global e apoia a concertação entre a Organização de Pa ses Exportadores de Petróleo (OPEP) e os outros pa ses produtores para a estabilização dos preços no mercado mundial. A Associação de Produtores A fricanos de Petróleo quer criar uma plata-forma de compromisso a n vel internacional pelos pa ses produtores de petróleo , informou o director de exploração e produção no Minist rio do Petróleo da Costa do Mar m, pa s que aco-lheu um encontro no qual a Arg lia e Angola lideraram uma inicia va que visa aumentar a cola-boração entre os pa ses membros da Organização de Pa ses Exportadores de Petróleo e os res-tantes produtores internacionais com vista à redução da produção e à estabilização dos preços.

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Banca internacional

O Pr mio Nobel da Economia Joseph S glitz disse que os Estados Unidos procederam mal ao cri car a criação do Banco Asiá co de Inves mento em Infra -Estruturas (BAII) e elogiou a inicia va do Governo chin s. O banco, sublinha, importante porque materializa a crescente in u ncia da China na nova ordem mundial, par cularmente no cap tulo económico, mas tam-b m por conseguir colmatar uma falha dos tradicionais doadores mundiais, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial. O BAII, com sede em Pequim, foi anunciado em Outubro de 2014, com uma proposta subscrita por 21 pa ses, de entre os quais a China, Índia, Indon sia, Paquistão, Qatar e Singapura. A ins tuição uma inicia va aberta à par cipação de todos os pa ses e des na -se a promover a complementaridade e coordenação com outras ins tuições nanceiras, como o Banco Asiá co de Desenvolvimento (BAD) e o Banco Mundial , disse então o Presidente chin s, i Jinping. O Reino Unido anunciou em Março a adesão ao BAII. Alemanha, França, Itália, Espanha, Su ça, Noruega e Portugal, entre outros pa ses europeus,

zeram o mesmo, tal como a Austrália, Brasil, Egipto, Nova Zelândia e Rússia.

29

FMI

Angola o pa s mais conservador quanto ao novo preço de refer ncia do petróleo para efei-tos de cálculo do Orçamento Geral do Estado (OGE), sublinha um relatório do Fundo Monetário Internacional sobre a região, divulgado em Washington. O Re ional Economic Outlook referente à África Subsariana refere que a previsão de 40 dólares para o preço do barril de petróleo de

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refer ncia durante 2015 a mais baixa entre todos os produtores do con nente, incluindo o maior de todos, a Nig ria. O documento a rma que o preço de refer ncia es mado pelos analistas do FMI de 58 dólares, acima dos 40 que o Execu vo calcula ser o valor m dio para o barril de petróleo durante este ano, abaixo dos 51 inscritos no Orçamento Rec ca vo da Nig ria. O impacto da descida do preço do petróleo está presente em todas as 123 páginas do Relatório do M , que prev que a África Subsariana cresça 4,5 , desacelerando face aos 5 de 2014. O documento prev que Angola cresça 4,5 em 2015 e 3,9 em 2016.

30

Com a subida do preço da gasolina de 90 para 115 kwanzas, o Estado abandonou as sub-venções a esse combus vel, embora mantenha ajudas ins tucionais de 21,06 ao preço do gasóleo, que passou de 60 para 75 kwanzas. Um decreto execu vo do Minist rio das Finanças dá por ndo o ónus do Estado no custeio das subvenções à gasolina, que subiu 22 e o do

gasóleo em 25 . O preço do quilo do gás dom s co passou de 45 para 55 kwanzas, mais 22 , com a manutenção das subvenções estatais em 67,15 sobre o preço de custo. O preço do litro do petróleo iluminante subiu 29 , passando de 35 para 45 kwanzas, em que as subvenções cons tuem 44,41 , declara o decreto execu vo do Minist rio das Finanças.

Maio

11

Angola está entre os tr s pa ses da África Subsariana que mais megaprojectos de construção veram em 2014, logo a seguir à África do Sul e Moçambique, revela um estudo da empresa

internacional de consultoria Deloi e divulgado em Luanda. O documento, end ncias da ons-tru o em África 201 , a rma que na África Subsariana o número de megaprojectos caiu em 2014 de 124 para 119, com a África do Sul a concentrar cerca de metade, seguida de Moçam-bique, 15 , e Angola, 13. No conjunto, os projectos de construção de infra -estruturas da África subsariana valem 145 mil milhões de dólares, mais 75 em relação ao ano de 2013. Em 2014, a África Subsariana con nuou no con nente a liderar a ac vidade no sector da construção em número e em valor, ao concentrar 119 dos 257 megaprojectos.

12

Angola vai contar com uma comissão de coordenação da pol ca scal e monetária, lide-rada pelo ministro das Finanças e governador do Banco Nacional de Angola (BNA), anuncia um despacho publicado pelo Execu vo. O documento, de 30 de Abril, atribui a medida ao estado actual do desenvolvimento económico , que exige uma acção complementar dinâmica ao n vel das pol cas scal e monetária . Esta comissão vai reunir o Minist rio das Finanças e o Banco Nacional de Angola, enquanto principais operadores da pol ca macroeconómica, nomeada-

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mente da pol ca scal, monetária e cambial , e que tamb m devem garan r a estabilidade dos preços, a solvabilidade interna e externa do pa s . Entre várias atribuições, à comissão de coordenação da pol ca scal e monetária angolana cabe examinar e aprovar os projectos de diploma a emi r pelo Minist rio das Finanças e pelo BNA sobre decisões que tenham re exos na coordenação da pol ca scal e monetária das autoridades. Aprovar medidas conducentes a evitar a dolarização dos ac vos nanceiros nas transacções entre residentes cambiais, bem como na formação da poupança nanceira e na concessão do cr dito à economia , l -se ainda no despacho.

13

A cerveja Bela, produzida em Angola pelo hina nvestment und (CIF) Luanda rewery, entrou no mercado depois de um inves mento de 180 milhões de dólares. Em testes desde Setembro, a fábrica de cerveja começou a comercialização junto dos principais retalhistas de Luanda, disse o director -geral da fábrica, Buhe Bater, que informou ter a fábrica capacidade para produzir cem mil hectolitros de cerveja por ano, quase a procura de cerveja no mercado nacional, já fortemente provido do produto. A CIF Luanda rewery LTD uma das primeiras fábricas com capitais chineses a operar em Angola.

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IDE

Angola foi o segundo maior des natário africano de Inves mento Directo Estrangeiro (IDE) em 2014, com 16 mil milhões de dólares, um pouco abaixo do Egipto, que recebeu 18 mil milhões de dólares, no ciou o inancial imes. Esta posição representa uma melhoria de dois lugares em relação ao per odo anterior, quando o pa s se tornou no quarto maior des no de inves mento estrangeiro directo em África, de acordo com um estudo da consultora Ernst

oun sobre a atrac vidade empresarial. O estudo atribu a esta performance aos inves -mentos em curso ao n vel das infra -estruturas, nomeadamente em portos e aeroportos, bem como à criação do fundo de inves mento soberano e ao anunciado lançamento da Bolsa em Luanda.

28

BODIVA

A Bolsa de D vida e Valores de Angola (BODIVA) registou em 20 de Maio a primeira nego-ciação de tulos do tesouro, dando assim in cio ao segmento de Mercado de Registo de T tulos do Tesouro (MRTT), anunciou a organização em comunicado. O documento a rma que nesta primeira operação, em que foram transaccionadas 1600 Obrigações do Tesouro, a 100 do valor nominal, emi das em 2008 e com vencimento em 2018, foi registada pelo intermediário

nanceiro Banco de Fomento Angola (BFA), que foi tamb m a primeira en dade com registo na BODIVA como membro de negociação e liquidação. O MRTT o primeiro segmento de mercado a ser disponibilizado pela BODIVA, tendo como objec vo permi r aos inves dores par culares

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e ins tucionais o registo em mercado regulamentado de operações de compra e venda de tu-los do tesouro, que at agora eram efectuadas sem o conhecimento dos restantes par cipantes do mercado de d vida pública tulada e do público em geral.

29

Vinte e tr s pólos de desenvolvimento industrial serão criados em todo o pa s no âmbito das acções do Execu vo inscritas no Plano acional de Desenvolvimento de n ola 201 -2017, anunciou em Malanje a ministra da Indústria, Bernarda Mar ns da Silva. A tular da pasta da Indústria, que falava na cerimónia de lançamento do Pólo de Malanje, que ocupa numa primeira fase uma área de 500 hectares na zona do Kingla, a poucas dezenas de quilómetros a oeste daquela capital, referiu que os empreendimentos visam a sustentação e promoção da concorr ncia da indústria em Angola. As localidades do Negage (U ge) e Caála (Huambo) foram as primeiras a bene ciar das referidas infra -estruturas, cuja localização estrat gica permi rá funcionar como âncora para outros inves mentos estruturantes e de âmbito nacional , em

que urge a necessidade da melhoria da rede de transportes, das plataformas log s cas e dos processos de distribuição de energia e água, tratamento dos res duos sólidos, acesso às teleco-municações e as vias de acesso.

31

O Projecto Angola LNG retoma a produção de gás natural liquefeito no quarto trimestre de 2015 mas os carregamentos de exportação apenas começam no primeiro trimestre de 2016, refere um comunicado do consórcio. A produção do Angola LNG foi suspensa em 10 de Abril de 2014 devido a uma falha num dos gasodutos do sistema de queima de gás. O comunicado refere que o incidente não causou quaisquer danos humanos e ambientais e que a paralisação apenas foi prolongada para permi r à empreiteira, a norte -americana Bechtel, resolver ano-malias e melhorar a capacidade de produção. O Angola LNG declarou que vai extrair, processar e comercializar 5,2 milhões de toneladas de LNG por ano, al m de propano, butano e con-densados, nas suas instalações fabris do Soyo, que considera uma das unidades de processa-mento de LNG mais modernas no mundo . Os accionistas da n ola LNG Limited são a Sonangol (22,8 ), a hevron (36,4), a BP (13,6), a ENI (13,6) e a Total (13,6). O projecto de dez mil milhões de dólares, dos maiores inves mentos realizados na indústria angolana de petróleo e gás, tem uma frota de sete navios -tanque de LNG e tr s cais de carregamento.

Junho

1

As obras da Re naria do Soyo começaram quando os presidentes do conselho de administra-ção da Sonangol e do hina nterna onal und lançaram a primeira pedra para a construção da fábrica. Projectada para produzir cinco milhões de toneladas de derivados por ano e processar

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110 mil barris de petróleo por dia, a re naria tem um prazo de 26 meses para ser constru da pelo empreiteiro chin s contratado para a obra, a hina ianchen En ineerin orpora on. A primeira fase da obra consiste na construção da re naria uma zona residencial para mil empre-gados, estação de produção e tratamento de água potável e residual, aterro sanitário e de res -duos perigosos e uma central el ctrica. Na úl ma fase da construção, a re naria do Soyo conta com uma unidade de processamento, uma de armazenamento de petróleo bruto e transporte, outra de u lidades e instalações de acessórios. Um cais para ancorar dois petroleiros com capa-cidades de at cem mil toneladas de petróleo, incluindo um sistema de quebra -mar, vai ser constru do para apoio à re naria na fase de construção e na operacional. O presidente do hina nterna onal und disse que a re naria que começa a ser constru da moderna e produz com

os equipamentos mais so s cados e rigorosos crit rios ambientais.

4

Um acordo operacional para o nanciamento de micro, pequenas e m dias empresas para exportar para Angola foi rubricado, em Bras lia, pelo embaixador de Angola no Brasil, Nelson Cosme, em representação do ministro das Finanças, Armando Manuel, e pelo director do Banco do Brasil, Sandro Franco. O acordo visa a materialização do protocolo de entendimento assi-nado em Outubro de 2014 para o nanciamento pelo Banco do Brasil de exportações de bens e serviços para Angola. No quadro do acordo operacional que regula o protocolo assinado no âmbito do Programa Brasileiro às Exportações (Proex), o Banco do Brasil trabalha com bancos públicos angolanos, nomeadamente o BPC e o BCI, para a u lização inicial de 50 milhões de dólares a serem u lizados por pequenas e m dias empresas angolanas, numa gestão que pode a ngir os 300 milhões de dólares por ano.

4

Energia

O Estado passou a deter 26 da Efacec Power olu ons depois do Presidente da República ter autorizado a Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE) a comprar 40 da Winterfell ndustries. A empresa, liderada por Isabel dos Santos, comprou 65 do capital da Efacec Power olu ons aos grupos portugueses Jos de Mello e T x l Manuel Gonçalves, os principais accionistas, pelo montante de 200 milhões de euros. A autorização de Jos Eduardo dos Santos consta de um despacho jus cando a compra, pela estatal Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade, com a necessidade da realização de inves mentos estrat gicos com vista a reforçar a capacidade operacional do sector empresarial público angolano na área energ ca.

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O úl mo Relatório e Contas da Sonangol revelou que, em 2014, foram concedidas pelo Estado angolano, à petrol fera estatal, prestações suplementares no valor de 100 528 milhões

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de kwanzas que se des naram a capitalizar a companhia para reforçar o inves mento nanceiro no Millennium BCP e no Banco Económico S.A. Os fundos des nados a este úl mo banco a n-giram os 16 848 milhões de kwanzas e foram desembolsados depois da intervenção do Banco Nacional de Angola para sanar o volume de cr dito malparado, com a petrol fera a tomar 35 do capital da ins tuição bancária. O Relatório e Contas explicam que a soma corresponde a um adiantamento para realização de capital, na medida em que o banco só ca ins tu do quando o processo legal existente ao n vel do BESA – at Outubro de do em 55 pelo BES portugu s – car conclu do. No caso do Millenium BCP, a Sonangol a rma que at 31 de Dezembro era

tular de 10 534 115 358 acções do banco portugu s, correspondente a 19,44 de par cipação no capital social. Esta posição corresponde a preços de mercado de justo valor a cerca de 86 983 milhões de kwanzas, indica o documento que revela a subscrição de 6 703 527 955 novas acções no ano anterior, no aumento de capital do Millenium BCP.

9

Agricultura

O ministro da Agricultura, A fonso Pedro Canga, assinou a Carta de Milão , um documento que defende o acesso a alimentos saudáveis, água limpa e energia a todos os habitantes do planeta. O documento foi assinado no nal do Fórum de Ministros da Agricultura na Expo Milão 2015, que juntou mais de 50 tulares do pelouro e l deres de Organizações não Governamen-tais, especialistas em agricultura e alimentação e organizações internacionais de todo o mundo. A Carta de Milão , considerada um legado da Expo 2015, que tem como tema Alimentar o Planeta, Energia para a Vida , uma inicia va do Governo italiano e visa impulsionar a Huma-nidade na busca de soluções para os desa os relacionados com a comida e a nutrição. Atrav s do documento, os par cipantes, em nome das mulheres e homens, cidadãos do planeta , assumem um compromisso em relação ao direito à alimentação , o qual deve ser considerado um direito humano fundamental .

19

BNA

O acordo monetário entre o Banco Nacional de Angola e o Banco da Nam bia, que visa faci-litar o câmbio directo nas moedas dos dois pa ses, entrou em vigor. Assinado em Setembro de 2014, o acordo permite a conversão entre o kwanza e o dólar namibiano nas cidades fronteiriças de Oshikango, na Nam bia, e Santa Clara, em Angola. A directora do Departamento de Controlo Cambial do Banco Nacional de Angola, Mar lia Poças, disse que os cidadãos angolanos podem comprar a moeda namibiana em qualquer banco ou casa de câmbio na região apontada, desde que viajem para a Nam bia por via terrestre. Os cidadãos maiores de 18 anos podem trocar at 500 000 kwanzas e os de menor idade 150 000 kwanzas. De igual modo, os cidadãos namibia-nos podem converter legalmente dólares namibianos para kwanzas, em qualquer banco comer-cial ou casas de câmbio na zona fronteiriça de Santa Clara. Os bancos nacionais de Angola e da Nam bia vão divulgar diariamente a taxa de câmbio das moedas dos dois pa ses.

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Angola e Portugal assinaram em Luanda um memorando de entendimento que con rma a criação do Observatório de Inves mentos (OI), cuja nalidade acelerar a execução de inves -mentos rec procos pendentes entre os dois pa ses. Subscreveram o memorando os ministros da Economia de Angola e de Portugal, Abraão Pio Gourgel e António Pires de Lima. No discurso con-junto, na abertura do primeiro Fórum Empresarial Angola e Portugal, os dois tulares da pasta de Economia admi ram a morosidade na concre zação de inves mentos em ambos os pa ses. O Observatório de Inves mentos tem como primeira responsabilidade ajudar a operacionalizar

a execução de inves mentos pendentes e, depois, acolher novos , a rmou Abraão Gourgel.

25

Angola Investe

As indústrias transformadora e extrac va absorveram mais de 44 da tomada de cr dito bancário do Programa Angola Investe, com 152 projectos, contra 37 e 127 projectos dos sec-tores da agricultura, pecuária e pescas, disse em Luanda o ministro da Economia. O Ministro que falava num fórum de negócios na capital do pa s referiu que o programa já aprovou, desde a sua abertura, em 2011, 404 projectos avaliados em 737 milhões de dólares (mais de 88 mil milhões de kwanzas), com 400 milhões de dólares já disponibilizados. O Ministro notou que o Programa Angola Investe já representa cerca de 16 do total de cr dito aprovado e cerca de 10 do cr dito desembolsado pela banca comercial à economia. O programa gerou at ao momento mais de 54 000 postos de trabalho em todo o pa s, sendo a indústria transformadora responsável pela absorção de 74 da mão -de -obra, a agricultura, pecuária e pescas 25 , e os serviços 6 . Em termos de dispersão territorial, o Programa Angola Investe nanciou projectos em todas as prov ncias do pa s com excepção do Cunene, onde os projectos apresentados care-cem de sustentabilidade.

Julho

2

O Banco Mundial (BM) aprovou um empr s mo de 450 milhões de dólares e uma garan-a de 200 milhões ao Execu vo angolano, revelou, em Luanda, a representação da ins tuição nanceira internacional. O empr s mo de 450 milhões foi concedido pelo Banco Internacional

de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD, subsidiário do Grupo Banco Mundial) e serve para apoiar as despesas do Execu vo referentes ao Orçamento Geral do Estado 2015. A garan a de cr dito habilita o Execu vo a captar no mercado nanceiro internacional empr s mos situados entre 300 e mil milhões de dólares. A representação do Banco Mundial em Luanda declarou que os empr s mos t m um prazo de reembolso de 29,5 anos, com dez anos de franquia e que a operação nanceira visa reforçar a gestão nanceira e criar espaço scal necessário para uma melhor protecção dos mais vulneráveis.

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Um consórcio chin s foi contratado pelo Execu vo para construir, por cerca de 490 mil milhões de kwanzas, a nova barragem de Caculo Cabaça, na bacia do m dio Kwanza, obra

nanciada pelo Banco de Com rcio e Indústria da China. A informação consta de um Despacho Presidencial de 12 de Junho, publicado em Diário da República, que aprova o projecto para o aproveitamento hidroel ctrico na prov ncia do Kwanza -Norte, a assegurar pelo consórcio CGGC ( hina ezhouba roup orpora on) e iara Holdin . O consórcio xa o prazo de entrega da obra em 80 meses, com a instalação de uma pot ncia de produção el ctrica de 2171 Megawa-

s (MW). O despacho refere que o combate ao d ce da produção el ctrica uma das prio-ridades do Governo para promover a qualidade de vida dos cidadãos e o desenvolvimento económico e social do pa s e que a barragem de Caculo Cabaça foi iden cada como um dos projectos estruturantes nesta área. Angola projecta quintuplicar a capacidade de produção de energia at ao ano de 2017, com a realização de obras no dom nio da produção, ampliação da barragem de Cambambe, de 180 para 960 megawa s, a construção da barragem de Laúca, com 2067 megawa s, e a barragem central de ciclo combinado do Soyo em 750 megawa s, com base no Plano Nacional de Desenvolvimento adoptado pelo Execu vo.

4

BNA

Os bancos comerciais angolanos estão obrigados, desde o dia 1 de Julho, a cons tuir reser-vas em moeda nacional no Banco Nacional de Angola (BNA) equivalentes a 25 dos depósitos dos clientes, anunciou o governador do Banco Central. O coe ciente de Reservas Obrigatórias em moeda nacional estava xado desde 2014 em 12,5 , mas o BNA aumentou em 1 de Janeiro de 2015 para 15 , jus cando a decisão com a necessidade de garan r a estabilidade de pre-ços , precisamente no pico da crise da quebra da cotação internacional do petróleo, que tem condicionado a economia angolana.

11

O Execu vo vai inves r 90,5 mil milhões de kwanzas at 2018 no aumento da produção de carne bovina e reduzir as importações, que asseguram 79 das necessidades do pa s, no qua-dro de um programa ins tu do por um Decreto Presidencial publicado em Junho em Diário da República. O Programa dirigido à Produção de Carne Bovina estabelece a importação de 340,5 mil animais para reprodução e um milhão para engorda das esp cies Bonsmara, Simmentaller e Brahma, num processo que começa já em 2015. Em 2014 Angola consumiu um total de 129,4 mil toneladas de carne bovina, mas apenas 27 mil toneladas (21 ) eram de produção nacional, referem dados inseridos no mesmo documento. O programa prev aumentar a pro-dução angolana de carne de vaca em 2016 para 46,8 mil toneladas e em 2018 para 79,1 mil toneladas.

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Sonangol

O conselho de administração da Sonangol rejeitou qualquer cenário de fal ncia t cnica ou de bancarrota e a rma, em comunicado, ter capital su ciente para sa sfazer todas as obrigações de curto prazo. A Sonangol acrescenta que vai manter o seu plano de inves mentos, avaliado em 6,7 mil milhões de dólares, em todos os segmentos, dos quais 58 em exploração e produção de petróleo bruto, 15 em re nação de petróleo bruto e 10 em distribuição e log s ca de combus veis. Em causa estão no cias recentes, citando documentos internos da concessionária angolana, sobre uma alegada crise nanceira que a empresa estaria a viver, fruto da conjuntura petrol fera internacional e dos inves mentos internacionais realizados nos úl mos anos. No comunicado, a administração da Sonangol assume que a 31 de Dezembro de 2014 o lucro operacional (EBITDA) da empresa excedia em 1650 milhões de dólares a d vida l quida , revelando a sustentabilidade operacional do endividamento e a preservação de liqui-dez su ciente para as adversidades conjunturais .

15

Comércio

Angola exportou para os Estados Unidos, em dez anos (2004 a 2014), com a adesão ao frican rowth and Opportunity ct (AGOA), mercadorias no valor de 115,39 mil milhões de

dólares (incluindo petróleo), revela uma esta s ca do Departamento do Com rcio Americano, tornada pública em Luanda pela ministra do Com rcio. Rosa Pacavira, que falava no seminário sobre Como exportar para os EUA e a estrat gia para a dinamização da lei do crescimento e oportunidade para o frican rowth and Opportunity ct , e informou que o valor supera as exportações efectuadas entre os anos de 1985 e 2003, que a ngiram 42,9 mil milhões de dóla-res, antes de Angola ter aderido ao AGOA. Os produtos que podem ser exportados anualmente para os EUA são caf , samacaca, mel, madeira, produtos do mar, banana e outros considerados já como eleg veis com cer cado de qualidade e aval para exportação.

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FILDA

Cerca de 800 expositores de 40 pa ses estão em Luanda para par ciparem na maior feira intersectorial de Angola, com Itália, Alemanha, Portugal e África do Sul em destaque. Todos os sectores da ac vidade económica e produ va estão representados. Alemanha o pa s con-vidado especial e reforça a sua par cipação contando com 28 empresas de renome interna-cional, algumas das quais já a operar no pa s , disse Salvador Cardoso, director de relações ins tucionais da Feira Internacional de Luanda. Portugal volta a ter o maior con ngente, com 95 empresas e ins tuições, 67 das quais em pavilhão próprio nacional, logo seguido da Itália, que se estreia ao mais alto n vel na Filda, com 70 empresas e ins tuições ligadas ao sector da agricultura, indústria, com rcio e serviços a ocuparem uma parcela de 900 metros quadrados de exposição. A África do Sul está representada por 24 empresas.

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A nova Lei de Inves mento Privado angolana, aprovada pela Assembleia Nacional, concede mais incen vos ao inves dor privado quanto maior for a par cipação accionista. Segundo o ministro da Economia, Abraão Gourgel, a nova legislação contribui para a cons tuição, o reforço e a consolidação de uma classe empresarial nacional. A lei de ne um leque de sectores para os quais a par cipação m nima de parceiros angolanos de 35 do capital accionista, sendo que a autorização de inves r ca condicionada ao cumprimento dessa exig ncia. Referiu que o novo diploma legal introduz, para efeitos de transpar ncia e precisão, uma tabela com crit rios men-suráveis para a redução do imposto industrial, de cisão e sobre a aplicação de capitais desde os 5 de redução at à sua completa isenção, no extremo, para os projectos que consigam cum-prir com todos os seus crit rios num prazo máximo de dez anos.

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Sonangol

A Sonangol, a Sinopec, a Somoil e o Grupo Gema (duas sociedades nacionais de capitais privados) estão entre as 85 empresas pr -quali cadas para a licitação de dez novos blocos petrol feros angolanos em terra, indicam informações da companhia. A Sonangol, a Sinopec e a Somoil procuram obter licenças de operadores, enquanto o Grupo Gema se quali ca como não operador, apontam as informações divulgadas. As companhias portuguesas Galp e Partex, a italiana Eni, a norte -americana Chevron e a colombiana Ecopetrol tamb m concorrem para licenças de operador, enquanto a brasileira Petrobras procura uma de não -operador depois da pr -quali cação de Abril de 2014. A licitação será feita em leilão, no qual são oferecidos blocos para exploração de petróleo nas bacias terrestres dos rios Kwanza (sete) e Congo (tr s), onde a Sonangol acredita haver mais de metade das reservas conhecidas de Angola, próximas dos sete mil milhões de barris.

24

O valor das aquisições públicas de bens, serviços e empreitadas foi de 3,552 triliões de kwanzas (36 mil milhões de dólares) em 2014, o que representa 49 do total do Orçamento Geral do Estado (OGE) daquele per odo, de 7,258 triliões de kwanzas, revelou em Luanda o Serviço Nacional de Contratação Pública (SNCP). A informação foi avançada pela t cnica do SNCP Roberta Malaquias na mesa -redonda sobre Como Fazer Negócios com o Estado à Luz da Lei da Contratação Pública , promovida pelo Minist rio das Finanças e pela Associação Empre-sarial de Luanda no Fórum de Inves mento 2015, realizado na Feira Internacional de Luanda (FILDA). Roberta Malaquias acrescentou que a contratação pública cons tuiu, em 2014, 31 do Produto Interno Bruto em somas maioritariamente absorvidas por Luanda, com 59 , e a Hu la, com 8 .

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

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Energia

As duas primeiras turbinas do Aproveitamento Hidroel ctrico de Laúca (AHL), com capaci-dade para produzir 340 megawa s (MW) cada, foram instaladas com sucesso e arrancam em Julho de 2017, anunciou a empresa Odebrecht. As obras entraram numa fase especial , que corresponde à junção do trabalho de dois sectores fundamentais do projecto, o de engenharia civil e o de electromecânica, informou o gestor da Odebrecht Tiago Moreira, indicando que em Abril foram realizadas operações bem -sucedidas. A conclusão dessa fase importante e indicia que, a con nuar a cumprir -se o cronograma neste ritmo, certo que os primeiros testes de produção de electricidade comecem dentro de 24 meses, disse. A par r do segundo trimes-tre de 2015 as obras a ngiram o pico do funcionamento e a interacção entre os sectores de construção civil e de electromecânica intensi cou -se, o que exige o aumento da mão -de -obra. O projecto emprega actualmente mais de quatro mil trabalhadores provenientes de todas as prov ncias do pa s.

30

CPLP

A União de Bancos, Seguradoras e Ins tuições Financeiras da CPLP (UBSIF -CPLP), associação de Direito Privado sem ns lucra vos, para desenvolver os laços ins tucionais e comerciais entre os bancos, seguradoras e ins tuições nanceiras dos pa ses -membros da CPLP foi cons -tu da, referiu em comunicado, a sua direcção. Os estatutos da UBSIF -CPLP re ectem o objec vo de criar um Banco de Desenvolvimento da CPLP. A UBSIF -CPLP assume a responsabilidade de promover e dinamizar as relações entre as ins tuições suas associadas.

Agosto

6

Energia

O Ins tuto Regulador do Sector El ctrico (IRSE) e as tr s novas empresas públicas do sector assinam em Luanda os contratos de aquisição de energia (CAE) e os contratos comerciais de acesso às redes (CCAR). Os contratos de aquisição de energia estabelecem a relação comercial entre os produtores e o comprador único (operador de mercado) e os contratos comerciais de acesso às redes estabelecem a compra e venda da energia de produção pública, documentos em que tamb m estão consagrados os direitos e deveres, bem como o preço de refer ncia. As novas companhias públicas do sector, a Empresa de Produção de Electricidade (PRODEL), de Distribuição de Electricidade (ENDE) e de Rede Nacional de Transporte (RNT), t m o desa o de reunir nas prov ncias a capacidade t cnica e humana necessárias para desenvolver as suas ac vidades.

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Minas

A Comissão Mul ssectorial dos Pólos de Desenvolvimento Mineiro realizou em Luanda a sua primeira reunião para estabelecer as bases conceptuais e as acções que vão culminar na ins-talação dos Pólos de Desenvolvimento Mineiro. Fazem parte da Comissão Mul ssectorial dos Pólos de Desenvolvimento Mineiro os ministros do Planeamento e Desenvolvimento Territorial, da Economia, da Energia e Águas, dos Transportes, do Urbanismo e Habitação, da Indústria, do Ambiente, da Agricultura, das Telecomunicações e das Tecnologias de Informação, o secretário de Estado para as Minas e os secretários dos Assuntos Económicos e da Geologia da Casa Civil do Presidente da República. A Comissão, coordenada pelo Ministro da Geologia e Minas, Fran-cisco Queiroz, foi criada por Despacho Presidencial em Junho de 2014 para estudar a criação de pólos de desenvolvimento mineiro nas zonas em que o Plano Nacional de Geologia (PLANA-GEO) revelar potencial ou nas áreas que tenham projectos em curso.

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FMI

Uma missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) reuniu -se em Luanda com a Comissão Económica do Conselho de Ministros para avaliar a execução do Plano acional de Desenvolvi-mento 201 -2017 e o impacto da evolução dos sectores petrol fero e nanceiro na economia nacional, anunciou o Minist rio das Finanças em comunicado. A missão do Fundo Monetário Internacional está em Angola para a avaliação do desempenho económico ao longo do úl mo ano e aborda com o Execu vo a proposta do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2016. O chefe da divisão do Fundo Monetário Internacional para África, Ricardo Velloso, che a a missão que discute, ainda, com as autoridades, aspectos ligados às opções de pol ca de curto prazo e os seus efeitos sobre a economia a m dio e longo prazo. A úl ma missão do Fundo Monetário Internacional esteve em Angola em Junho de 2014 para as avaliações previstas no Ar go IV em mat ria de pol ca scal e nanceira.

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Energia

30 da população angolana tem acesso a electricidade e o desperd cio a nge 40 da ener-gia produzida, declara um Relatório de valia o das nsu ci ncias do ector El ctrico apresen-tado em Luanda pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD). O documento foi apresentado pelo consultor de energia do BAD, Miguel Barreto, num seminário de validação do relatório de análise das lacunas do sector energ co realizado no âmbito da inicia va de energia sustentá-vel para todos. O relatório aponta como opções estrat gicas mais viáveis para Angola a adop-ção prioritária da energia h drica e o envolvimento do capital privado na cadeia de produção e fornecimento de electricidade.

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O con nente africano perde todos os anos mais de 50 mil milhões de dólares em resultado de uxos nanceiros il citos, a rmou o an go presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, na Reu-nião dos Ministros das Finanças e Governadores dos Bancos Centrais Africanos, denominada

aucus Africano , que terminou em Luanda. África confronta -se com o grande desa o das sa das il citas de capital do con nente e em grandes volumes, dinheiro que o nosso con nente precisa para fazer face aos desa os do desenvolvimento e, nós, enquanto africanos, temos a obrigação absoluta de agir sobre este assunto, para garan r que, operando em conjunto, o resto do mundo que serve como des no dessas sa das il citas, ajude a parar a sangria de recur-sos que pertencem ao con nente , prop s Thabo Mbeki. O ex -presidente responsável pelo Painel de Alto N vel sobre Fluxos Financeiros Il citos de África, criado pela Comissão Económica das Nações Unidas para África (CEA) e pela União Africana (UA), que realizou um estudo sobre a dimensão deste problema no con nente africano e que produziu o Relatório Mbeki.

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O actual quadro scal sobre ac vidades da indústria petrol fera no pa s está a di cultar a vida das operadoras, que se v em a braços com di culdades agravadas pela conjuntura do mercado internacional de petróleo. Perante esta situação, as operadoras defendem o desa-gravamento da carga scal para minimizar os custos de produção, a n vel nacional, que se vão tornando insuportáveis. De acordo com o responsável máximo da maior operadora de petróleo no pa s, preciso encontrar -se um equil brio entre as obrigações scais e os custos de inves -mento feitos pelas petrol feras. Houve uma evolução na regulamentação do quadro scal em Angola e isso teve um efeito sobre o custo de produção nas operadoras. Temos de con nuar a dialogar com o Governo para procurar o ponto de equil brio entre os ganhos para o Execu-

vo, por um lado e, por outro lado, o aumento dos custos de produção que em determinados momentos poderá inviabilizar projectos de inves mento , disse Jean Michel Lavergne.

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O Plano Operacional de Preparação das Empresas para o Mercado Accionista (POPEMA) vai iden car o primeiro grupo de empresas industriais estrat gicas para admissão na Bolsa de Valores Mobiliários, disse em Luanda o secretário de Estado da Indústria Kiala Gabriel, que falava na abertura da exposição sobre o POPEMA, realizado em parceria com a Comissão do Mercado de Capitais (CMC). O POPEMA vai esclarecer as empresas sobre as condições e requi-sitos essenciais que devem reunir para aceder à bolsa e ao nanciamento das suas ac vidades , disse. O secretário de Estado da Indústria considera que o sector bancário con nua a não dar

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a resposta adequada às expecta vas do sector empresarial, apesar de registar um crescimento em termos ins tucionais e associa vos. Consideramos, por isso, a Bolsa uma boa alterna va para o nanciamento das empresas , frisou o secretário de Estado da Indústria, lembrando que Angola, apesar dos constrangimentos, está empenhada no processo de industrialização e de diversi cação da sua economia, no sen do de diminuir as importações, fomentar as exporta-ções e lançar as bases para o crescimento interno sustentável.

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Pescas

O Minist rio das Pescas e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricul-tura (FAO) anunciaram em Luanda ter conclu do a elaboração conjunta de um projecto para o mapeamento espacial de zonas com maior potencial para o desenvolvimento da aquacultura em Angola. Num seminário para produtores, o secretário de Estado das Pescas declarou que o objec vo facilitar o desenvolvimento comercial desta ac vidade no pa s, no quadro do pro-grama do Execu vo de aumento do emprego e redução da fome e da pobreza. Zacarias Sam-beny considerou, ao discursar na abertura daquele encontro, que o mapeamento destas zonas

importante, pois permite aos gestores e outros interessados conhecerem melhor as reais potencialidades para o desenvolvimento da aquacultura. Este projecto vai permi r iden car o número de estruturas existentes em cada área de forma garan r a sustentabilidade das mes-mas e valorizar a capacidade para acomodar mais projectos , referiu.

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Os quatro administradores execu vos indicados pela companhia a rea mundial ly Emirates chegaram a Luanda, para integrar o novo Conselho de Administração da TAAG, Linhas A reas de Angola. O presidente do Conselho de Administração da TAAG, Joaquim Cunha, disse que os novos administradores execu vos tomam posse em breve, ao abrigo do acordo assinado no Dubai em 2014 entre o Governo e a Emirates. Os acordos que o Governo assinou em 2014 começam agora a ser executados com a integração dos quatro administradores da Emirates .

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O Minist rio dos Petróleos decidiu no I Conselho Consul vo, realizado no Sumbe, op -mizar os custos das operações petrol feras e assegurar a estabilidade contratual entre o con-cessionário e os operadores, como medida para enfrentar a conjuntura de baixa dos preços do crude no mercado internacional. A decisão visa dar aos operadores garan as de retorno dos inves mentos e o aumento da produção, al m de es mular o conhecimento geológico das concessões angolanas e assegurar o futuro da indústria, indica o comunicado nal emi do no m da reunião. A medida consiste na elaboração de um projecto integrado de redução de custos que envolva o concessionário, os operadores e prestadores de serviços, a padronização de equipamentos e a par lha de infra -estruturas. O documento sa do da reunião refere que o

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conselho consul vo adoptou como princ pios para conseguir a estabilidade contratual na pre-sente conjuntura de compe vidade e concorr ncia, a tolerância, exibilidade contratual e simpli cação do processo de licitação .

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FDSEA

O Fundo Soberano de Angola (FSDEA) publicou em Luanda as contas auditadas de 2014, onde se demonstra que a ins tuição possu a, em Dezembro, ac vos totais de 4,8 mil milhões de dólares e as aplicações nanceiras realizadas ao longo deste per odo. O documento a rma que os ac vos de rendimento xo – inves mentos com remuneração paga com intervalos e condi-ções pr -estabelecidas – rondam os 2,7 mil milhões de dólares, representando assim 56 da carteira de inves mentos do Fundo. A Deloi e ouche, que fez a auditoria independente do Fundo Soberano de Angola pelo segundo ano consecu vo, aponta que, desde o quarto trimes-tre de 2014 e in cio de 2015, a ins tuição investe em vários fundos de inves mento de private e uity, para par cipar em sectores de forte crescimento em toda a África Subsariana.

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Pescas

Um acordo de cooperação para Assist ncia T cnica no dom nio da pesca artesanal foi assi-nado em Luanda entre o Minist rio das Pescas, o Fundo da Organização das Nações Unidas para a Agricultura (FAO) e o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD). O acordo, orçado em mais de 40 milhões de dólares, foi rubricado pela ministra das Pescas, Vitória de Barros Neto, e pelos representantes da FAO em Angola, Mamadou Diallo, e do BAD, Sep me Mar n. A ministra das Pescas declarou que o acordo se des na à construção de centros de apoio à pesca artesanal e estradas para facilitar a componente de formação de quadros e acesso aos centros de apoio. Com a assinatura do documento, Angola pode contar com assist ncia t cnica da FAO na área da recolha de informação esta s ca, gestão de centros de apoio de pesca artesanal e ajuda para a introdução de boas prá cas de gestão no sector das pescas, disse Vitória de Barros Neto. O representante da FAO a rmou que o acordo com o Minist rio das Pescas um testemunho da dinâmica da parceria estabelecida com base num protocolo assinado a 19 de Agosto de 2013. Desde essa data estamos a aumentar consideravelmente a cooperação , disse.

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Comércio

A Organização Mundial do Com rcio (OMC) disse, em relatório, que Angola deve rec car os casos em que as tarifas aduaneiras e outros impostos excedam os n veis m dios de 10,9 e apelou a uma nova assist ncia t cnica, para implementar os acordos internacionais. Na Análise de Pol cas feita pelos membros da Organização Mundial do Com rcio a Angola, a segunda desde 2006, e cujas conclusões foram agora publicadas, l -se que os membros notaram que

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Angola implementou um conjunto de medidas des nadas a subs tuir as importações e que a nova Pauta Aduaneira foi signi ca vamente encarecida, de 2 para 50 , com uma m dia sim-ples de 10,9 , um aumento face aos 7,4 de 2005 . O documento da OMC apresenta as con-clusões das reuniões que duraram dois dias e refere que os membros da Organização Mundial do Com rcio apelaram a Angola para rec car os casos em que as tarifas aduaneiras e outros impostos excedam os n veis m dios de 10,9 , tendo havido vários membros que convidaram Angola a clari car o estado da lei que de ne as quotas de importação . No que diz respeito à subs tuição das importações, os membros da Organização Mundial do Com rcio sugeriram a Angola que reduza os custos de produção atrav s de tarifas de importação mais baixas e aumente a facilitação do com rcio para aumentar a compe vidade e promover a produção local .

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Angola contraiu cr ditos à China no valor de aproximadamente 6 mil milhões de dólares, des nados ao inves mento público nos dom nios da educação, saúde, água, energia el ctrica e estradas, a rmou o Vice -Presidente da República, Manuel Vicente. A con rmação feita por Manuel Vicente, na apresentação do discurso sobre o estado da Nação do Presidente da Repú-blica, na Assembleia Nacional, refere que foi já aprovado pelo Execu vo um Plano Operacional para assegurar a execução de projectos iden cados em 2016 e 2017. Recorremos ao endivi-damento externo e interno para captar recursos e aumentar a nossa capacidade de realização da despesa pública, incluindo o inves mento público. At ao presente momento, o valor da d vida corresponde a cerca de 45,8 do Produto Interno Bruto para 2015 . Neste momento, os indicadores macroeconómicos mostram -nos alguma estabilidade e perspec vas mais animado-ras para o futuro, embora exijam uma con nuidade no trabalho que tem sido desenvolvido at aqui . No entanto, o Estado, as empresas, as fam lias e a sociedade civil, todos t m de eliminar o desperd cio e o sup r uo. Temos que saber poupar e trabalhar mais e melhor. A despesa tem que ser mais e caz e e ciente .

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Pescas

Um milhão e 390 mil dólares foi o valor inves do pelo Governo angolano (um milhão) e pelo Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) (390 mil), na construção de um centro de processamento e captura de pescado, na localidade de Ngolome, munic pio de Cambambe, prov ncia do Kwanza -Norte. Inaugurado pela ministra das Pescas, Victória de Barros Neto, o centro, conforme promessa da FAO, será conver do num centro de refer ncia em África, para o qual uma equipa da ins tuição em Roma quer que seja uma unidade de excel ncia centrada na formação e vulgarização das cadeias integradas da pesca con nental de África. O empreendimento conta com câmaras de congelação e refrigeração, fábricas de gelo, fornos e tarimbas melhoradas, uma loja de venda de artefactos de pesca, área de tecnologia de informação com sistemas de internet, bem como depósitos de combus vel.

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Um novo Programa Indica vo Nacional para Angola 2014 -2020 (PIN 2014/2020), avaliado em 210 milhões de euros, foi assinado em Luxemburgo pelo ministro do Planeamento e Desen-volvimento Territorial e coordenador Nacional do Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED), Job Graça, e pelo comissário europeu responsável pela Cooperação Internacional e o Desenvol-vimento, Neven Mimica. O montante global do apoio nanceiro da União Europeia aos Estados ACP de 31 589 milhões de euros.

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Banca

Os bancos comerciais a operar em Angola con nuam a reduzir a quan dade de notas em moeda estrangeira a entregar aos clientes que pretendam viajar para o estrangeiro, informou a Associação Angolana de Bancos (ABANC), em comunicado divulgado em Luanda. A medida decorre da necessidade de assegurar o cumprimento das regras de prevenção contra o bran-queamento de capitais e o nanciamento do terrorismo, impostas pelas autoridades nos pa ses emissores das moedas estrangeiras, importadas por Angola, refere o comunicado da Associa-ção Angolana de Bancos.

6

Angola concluiu o seu exerc cio inaugural de mobilização de fundos no mercado internacio-nal de capitais, atrav s da emissão de Eurobonds, no montante de 1,5 mil milhões de dólares, preci cado (pricin ) em 9,5 para uma maturidade de dez anos. O Minist rio das Finan-

ças referiu, em comunicado divulgado em Luanda, que a transacção re ecte a maior emissão inaugural numa única tranche realizada por um ente soberano da região da África Subsariana, classi cado com a categoria de ra n de non -investment rade. Esta emissão inaugural um passo extremamente importante para o nosso pa s e nós vemos isso como o in cio de um rela-cionamento de longo prazo com os mercados de capitais internacionais , declarou o Ministro das Finanças, Armando Manuel.

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Nove empresas públicas ligadas aos sectores da agricultura, geologia e minas, pescas e indústria foram ex ntas, ao abrigo de um conjunto de decretos presidenciais publicados no Diário da República, 1.a S rie, n.o 154, de 9 de Novembro. Trata -se da Empresa Regional de Abastecimento ao Sector Cafe cola (PROCAFÉ), Ermanal (Luanda), Empromar Kuroka, Empro-mar Kapiandalo, Fropesca, Farinol, Empresa Transformadora de Madeira (ETM), Alfaias Agr -

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colas (ALFAG), Empresa Mineira de Fosfatos do Zaire e da Minaquartzo (FOSFANG U), todas anteriormente classi cadas como Unidade Económica Estatal (UEE).

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O Corredor de Desenvolvimento do Lobito, um conjunto de infra -estruturas que visa maior integração de Angola com as economias dos pa ses vizinhos, não encontra correspond ncia por parte dos Estados como a República Democrá ca do Congo e a Zâmbia, dois pa ses com di culdades de acesso ao mar. A revelação foi feita pela secretária da Comunidade de Desenvol-vimento da África Austral (SADC) em Angola, Beatriz Morais, para quem a retracção dos merca-dos vizinhos limita o impacto dos inves mentos efectuados no Aeroporto da Catumbela, Porto do Lobito (Terminal Mineiro, Terminal de Contentores, Porto Seco) e no Caminho -de -Ferro de Benguela (CFB). Para a execução dos projectos de interligação com os mercados vizinhos, Angola estabeleceu acordos transfronteiriços com a RD Congo e com a Zâmbia, lembrou Beatriz Morais. A reabilitação do CFB visou modernizar e construir as infra -estruturas de comunicação e transporte que permitam ligar todo o pa s e melhorar o acesso aos pa ses vizinhos. Contudo, a relevância do CFB não se cinge ao âmbito nacional, cons tuindo um potencial meio para o incremento das relações económicas da RDC e da Zâmbia com Angola, bem como um canal de acesso privilegiado, em termos de tempo e custo, destes Estados e dos seus uxos comerciais ao mar , sublinhou.

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INE

Cerca de dois terços das empresas registadas no Ins tuto Nacional de Esta s ca (INE) de Angola no nal de 2014 estão inac vas, de acordo com um documento publicado na página electrónica da ins tuição. O documento, Esta s cas do icheiro de nidades Empresariais

E 2011 -201 , indica que das 116,8 mil empresas registadas apenas 39,8 mil estavam ac vas (34,1 do total), enquanto a maior parte (64,4 ) estava a aguardar pelo in cio de ac vidade, embora cons tu das no Registo Nacional de Pessoas Colec vas. O documento do INE revela ainda que, no nal de 2014, a prov ncia de Luanda nha 55 do total das empresas em ac -vidade por prov ncias, seguida de Benguela (8,8 ), Kwanza -Sul (5,2 ), Hu la (4,3 ), Huambo (3,9 ) e Cabinda (3,6 ).

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As autoridades angolanas e chinesas estão a negociar um novo acordo de facilitação de vistos e outro sobre conversão monetária, anunciou em Luanda o embaixador da China em Angola, Cui Aimin. Al m dos acordos referenciados, o embaixador Cui Aimin, que falava em confer ncia de imprensa no quadro da realização nos dias 4 e 5 de Dezembro, em Joanesburgo,

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da 2.a Cimeira do Fórum China -África, esclareceu que Angola e a segunda maior economia do mundo estão a negociar igualmente a assinatura de um acordo para a protecção rec proca de inves mentos. O diplomata a rmou que a cooperação da China com Angola contribuiu em 30 para o desenvolvimento de África, apesar de ter reconhecido que o n vel de coopera-ção entre os dois pa ses ainda não sa sfatório, porque há um grande potencial rec proco. A m dio e longo prazos, a China pretende cooperar na exploração de recursos naturais, tecnolo-gia, construção de infra -estruturas, capacidade produ va, industrialização e nanciamento de inves mentos. A 2.a Cimeira, que decorre sob o lema China e África avançam de mãos dadas: Cooperação de Bene cio Mútuo para o Desenvolvimento Comum , tem con rmada a presença de 40 chefes de Estado africanos.

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BNA

O Comit de Pol ca Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola (BNA) analisou, no dia 30 de Novembro, a evolução da in ação e da taxa de câmbio, bem como os indicadores das con-tas scais, monetárias e do sector real, tendo constatado, com preocupação, o abrandamento do n vel de ac vidade económica em alguns sectores. Ao analisar a evolução dos factores que determinam o comportamento do n vel geral de preços, o Comit de Pol ca Monetária deci-diu manter a Taxa Básica de Juro (Taxa BNA) em 10,50 ao ano, a Taxa de Juro da Facilidade Permanente de Ced ncia de Liquidez em 12,50 e a Taxa de Juro da Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez em 1,75 .

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A entrada de viaturas em Angola caiu 86 no terceiro trimestre de 2015, ao passar de 32 309 unidades, no per odo homólogo de 2014, para 4327, informou o Conselho Nacional de Carregadores na úl ma edição do Bole m esta s co. Os dados t m como base os cer cados de embarque emi dos para todos os produtos que entram em Angola e revelam uma redução de 27 982 unidades. Do total, 37,42 das viaturas que entraram no pa s foram importadas dos Emirados Árabes Unidos, num total de 1619 unidades. Da China chegaram 602 ve culos, o equivalente a 13,91 do total. A Índia e a Coreia do Sul ocuparam as posições imediatas com o equivalente a 9,48 e 8,62 , respec vamente. Nas dez primeiras posições surgem ainda a Itália (5,15), Portugal (3,0), a B lgica (2,89), Brasil (2,80), L bano (2,47) e Japão (2,38).

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O Estado perde 7,336 mil milhões de kwanzas em impostos não arrecadados do mercado informal, que factura uma m dia anual de 12,227 mil milhões de kwanzas, revelou em Luanda o administrador da AGT (Administração Geral Tributária). Gilberto Luther falava na III palestra conjunta entre o Ins tuto Nacional de Apoio às Pequenas e M dias Empresas (INAPEM) e a Administração Geral Tributária (AGT), subordinada ao tema Tributação em Sede de Impostos

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de Consumo para as Micro, M dias e Pequenas Empresas . O administrador precisou que o mercado cons tu do por nano, micro, m dias e pequenas empresas e tem um n vel de infor-malidade de 60 .

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Comércio

Uma delegação angolana che ada pela ministra do Com rcio, Rosa Pacavira, par cipa em Nairobi na d cima Confer ncia Ministerial da Organização Mundial do Com rcio (OMC). Durante a confer ncia, aberta pelo Presidente queniano, Uhuru Kenya a, os ministros vão abordar as ac vidades da Organização Mundial do Com rcio, adoptar algumas decisões e rever o funcio-namento do sistema de com rcio mul lateral para emi r um pronunciamento sobre o assunto.

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O primeiro complexo siderúrgico nacional – Aceria de Angola (ADA) –, inaugurado na Barra do Dande, prov ncia do Bengo, vai contribuir de forma signi ca va para a redução do volume de importação de varões de aço, a rmou o ministro da Economia, Abraão Gourgel.

Com uma produção diária de mil toneladas de varões de aço de 8 a 32 mil metros, a fábrica tem uma capacidade de produção de 500 mil toneladas de aço por ano para construção de resid ncias, edi cios e pontes.

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O Caminho-de-ferro de Benguela (CFB) movimentou, em 2015, 27 450 toneladas de mer-cadorias e 416 481 passageiros, o que representa um crescimento de 42 em relação a 2014, informou o presidente do conselho de administração. Segundo Jos Carlos Gomes, que falava na cerimónia de cumprimentos de m de ano, no mesmo per odo foram transportadas 18 135 toneladas de combus veis. O gestor referiu que a situação nanceira da empresa d bil e con nua a depender do Orçamento Geral do Estado (OGE) para o pagamento de salários e subs dios atribu dos há quatro anos. O PCA do CFB jus cou a insu ci ncia das verbas com o ajustamento de categorias e a admissão de trabalhadores para as novas estações da linha f rrea e a segurança das instalações.

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Um acordo de compromisso que deve resultar na actualização das plantas das re narias de Luanda e do Lobito foi assinado entre a Sonangol e a sua cong nere italiana ENI. O acordo foi assinado pelos presidentes do Conselho de Administração da Sonangol, Francisco de Lemos e da Comissão Execu va da ENI, Cláudio Descalzi. O acordo prev tamb m a op mização e aumento do potencial da Re naria de Luanda, para elevar a capacidade de re nação e reduzir as importações de carburantes. O acto permi u igualmente chegar -se a acordo em relação aos

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instrumentos necessários ao aumento do inves mento no sector, com par cular destaque para o bloco 15/06, onde a ENI realiza ac vidades de desenvolvimento.

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Banca

O Acordo de Conversão Monetária entre os bancos centrais de Angola (BNA) e da Nam bia (BON), interrompido no in cio de Dezembro devido à elevada massa monetária envolvida nas transacções , foi reac vado, disse o governador do BNA. Jos Pedro de Morais lembrou que o levantamento da suspensão permite aos cidadãos dos dois pa ses fazerem as transaccões na zona fronteiriça de Santa Clara, no Cunene, e em Oshikango, na Nam bia. Ao voltarem à aplica-ção do acordo, Angola e a Nam bia estabeleceram um calendário que lhes permite repar r os valores em posse de cada ins tuição nanceira central. BNA e BON interromperam o acordo para criarem condições para a materialização de um novo modelo de cumprimento do compro-misso. Os residentes em território angolano que u lizem a fronteira terrestre de Santa Clara podem transportar 500 mil kwanzas para a Nam bia.

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BNA

O Banco Nacional de Angola (BNA) agravou as taxas de juro de refer ncia do mercado, desig-nadamente a Taxa BNA, que passou de 10,5 para 11 , de acordo com as mais recentes decisões da Comissão de Pol ca Monetária da ins tuição. O Banco Central adiantou em comunicado ter aquela comissão decidido agravar a taxa de juro da facilidade permanente de ced ncia de liquidez em meio ponto percentual para 13 e reduzido de 1,75 para 0 a taxa de juro da facilidade permanente de absorção de liquidez. Decidiu tamb m ins tuir uma facilidade per-manente de absorção de liquidez com maturidade de sete dias, tendo xado a taxa de juro em 1,75 .

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CPLP

Depois de anos de cres cimento ininterrupto e de um novo ano recorde comercial em 2014, as relações entre a China e a Comunidade de Pa ses de L ngua Portuguesa (CPLP) enfrentaram desa os em 2015. Dado o peso das mat rias -primas, cujo preço esteve em forte baixa ao longo de 2015, no relacionamento entre a China e os pa ses de l ngua portuguesa, o principal impacto nega vo sen u -se na Balança Comercial, que caiu mais de 25 at Ou tubro, de acordo com dados das alfândegas chinesas. O Plano de Acção para a Cooperação Económica e Co mercial (2014 -2016), aprovado durante o úl mo Fórum de Macau, prev a ngir, at 2016, a meta de 160 mil milhões de dólares nas trocas comerciais no conjunto de pa ses, o que só será poss vel com forte recupe ração em 2016. As trocas com o Brasil, prin cipal parceiro económico da China, ca ram mais de 18 em 2015 e com Angola a quebra foi ainda mais acentuada, de quase 45 , re ec ndo a baixa do pre ço do barril de petróleo.

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12. MONOGRAFIA SOBRE A ECONOMIA DA PROVÍNCIA DO ZAIRE

A presente monogra a da economia da prov ncia do Zaire pretende, após uma breve carac-terização geográ ca, administra va e demográ ca, apresentar um diagnós co dos principais sectores económicos. Será tamb m apresentada uma análise dos seus pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças (análise SWOT). Finalmente, antes de apresentar algumas conclu-sões, serão resumidamente descritos os per s económicos dos munic pios de M Banza Congo, Soyo, Tomboco e N Zeto.

A prov ncia do Zaire está localizada no extremo Noroeste de Angola, fazendo fronteira a norte com a República Democrá ca do Congo (RDC), com 190 km de fronteira uvial e 120 km de fronteira terrestre, a Oeste com o Oceano Atlân co, numa extensão de 250 km, a Sul com a prov ncia do Bengo e a Leste com a prov ncia do U ge (curso do Rio M bridge) e a sua extensão territorial de 40 130 km2 representa cerca de 3,2 da extensão do território nacional ( a 11.a maior prov ncia de Angola). A sua localização geográ ca permite -lhe ter a possibilidade de usu-fruir de boas acessibilidades terrestres, mar mas e uviais.

MAPA DE ANGOLA E LOCALIZAÇÃO DA PROVÍNCIA DO ZAIRE

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

A capital da prov ncia do Zaire (M Banza Congo) um dos seis munic pios da prov ncia e os restantes são Tomboco, Cuimba, N Zeto, Soyo e Nóqui, com 25 comunas. A prov ncia possui duas sedes municipais com uma signi ca va dimensão funcional. Por um lado, M Banza Congo

a capital da prov ncia que acolhe o Governo Provincial e possui signi ca vas infra -estruturas de educação e de saúde, que garantem às população serviços de muita importância para a qualidade de vida. Por outro lado, a sede do munic pio do Soyo, sempre assumiu um elevado potencial comercial dada a sua privilegiada localização geográ ca e tem vindo a crescer fruto da sua n ma ligação às indústrias do petróleo e do gás. O Soyo está a ser dotado de importantes infra -estruturas que lhe conferem uma elevada capacidade funcional.

MAPA DA PROVÍNCIA DO ZAIRE

SoyoNóqui Cuimba

Tomboco

N’Zeto

•M’BanzaCongo

a o de ese o e o o a a eA tabela seguinte ilustra a divisão administra va da prov ncia do Zaire e as áreas de cada

munic pio.

Comuna N.o de aldeias 2)

M Banza Congo

166 7651

Luvo

Madimba

Nkiende

Kaluka

Kalambata

Cuimba

242 3489Buela

Serra da Canda

Luvaca

con nua

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CEIC / UCAN

Comuna N.o de aldeias 2)

Nóqui

51 5275Lu co

Mpala

N zeto

76 10 120Kindege

Musserra

Kibala

Soyo

124 5572

Sumba

Pedra do Fei ço

Qu lo

Mangue-Grande

Tomboco

52 8023Kinzau

Kiximba Plano de Desenvolvimento Provincial 2013/2017 a eOs resultados de ni vos do Recenseamento Geral da População e da Habitação de Angola

2014 indicam que residem na prov ncia do Zaire, 594 428 pessoas, sendo 297 728 do g nero masculino e 296 700 do g nero feminino (ver tabela seguinte). Veri cou -se um crescimento populacional, comum em Angola, mas consequ ncia, na prov ncia do Zaire, do processo mi-gratório, recrutamento de quadros para a sua inserção no mercado de trabalho e a situação de retorno de angolanos da RDC. De acordo com os dados preliminares do Censo 2014, o muni-c pio do Soyo o mais populoso, concentrando cerca de 39 do total da população residente. Segue -se o munic pio do M Banza Congo, com cerca de 31 , e o munic pio do Nóqui o que apresenta menor número de residentes (4 do total). Seguem -se os munic pios de N Zeto e Tomboco, cada um com cerca de 8 da população residente.

ZAIRE – POPULAÇÃO RESIDENTE POR GÉNERO

Total Homens Mulheres

N.o % N.o % N.o %

Zaire 594 428 100 297 728 100 296 700 100

Urbana 443 293 75 221 382 74 221 911 75

Rural 151 135 25 76 346 26 74 789 25

con nua o

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Total Homens Mulheres

N.o % N.o % N.o %

M Banza Congo 173 850 30,6 86 648 30,7 87 202 30,6

Soyo 218 193 38,5 108 955 38,7 109 238 38,3

N Zeto 44 440 7,8 21 980 7,8 22 460 7,9

Tomboco 43 303 7,6 21 021 7,5 22 282 7,8

Nóqui 22 826 4 11 224 4 11 602 4,1

Cuimba 64 613 11,4 32 064 11,4 32 594 11,4

Resultados Definitivos do Recenseamento Geral da População e da Habitação de Angola 2014 a o es ados e a es

12.2.1

Estando situada numa zona tropical quente sub -húmida e húmida, a prov ncia tem condi-ções favoráveis para um vasto leque de culturas tropicais, tais como a mandioca (base da ali-mentação da população), amendoim, gergelim, batata -doce, feijão, banana, palmeira, cajueiro, caf , abacate e citrinos. O Sudeste da prov ncia prop cio à produção de caf . Merece par -cular destaque a produção de citrinos (laranja, toranja e tangerinas) nos munic pios do N Zeto, Tomboco e Nóqui. No entanto, apesar deste elevado potencial, a ac vidade agr cola rudimen-tar, com um sistema recolector, sendo encarada pela generalidade da população a que ela se dedica (como algo complementar). No ano de 2015, de acordo com o Relatório de c vidades de 2015 da Direcção Provincial da Agricultura e Desenvolvimento Rural (DPADR), a preparação de terras de sementeiras e os respec vos amanhos culturais no sector tradicional realizaram -se manualmente em mais de 97 da prov ncia. Foram preparados e cul vados cerca de 83 888,73 hectares de terra, uma realização superior a 10,58 em relação ao mesmo per odo do ano de 2014 (ver tabela).

ÁREAS PREPARADAS E CULTIVADAS EM 2015

Cultura Total

Mandioca 17 932 13 028,8 3662,4 6295,8 399,21 6223,7

Banana 1344,9 977,16 261,6 629,58 342,18 444,55

Amendoim 5155,45 4885,8 1203,36 1203,36 1311,69 2044,93

Milho 1322,48 960,87 308,36 530,64 336,47 524,56

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CEIC / UCAN

Cultura Total

Macunde 963,84 700,2 224,97 386,74 245,22 382,31

Batata-doce 1098,33 407,15 235,44 440,7 256,63 355,64

Batata 224,15 162,86 52,32 89,94 57,03 88,91

Feijão vulgar 672,45 1628,6 172,65 296,8 188,19 293,4

Gergelim 221,9 161,23 51,79 89,04 56,46 88,02

Ervilha 56,03 40,71 13,08 22,48 14,25 22,22

Hor colas 44,83 32,5 7,84 13,49 8,55 17,78

Total

Relatório de Actividades de 2015 e o da a e ese o e o a do o e o o a do a eEm relação à magnitude da área semeada bem como da área preparada no per odo homó-

logo da campanha de 2014, registou -se um aumento na ordem dos 20,43 , devido ao melhor desempenho na preparação mecanizada das terras, que superou o do mesmo per odo do ano de 2014 em 29,37 . No ano de 2015, a área mecanizada correspondeu a 2756,74 hectares, sendo 173,34 hectares do Programa de Fomento, Extensão e Desenvolvimento Rural (PEDR), 583,40 hectares do sector privado e 2000 hectares do projecto agro -industrial Kiambote na localidade do Diádia (munic pio do Cuimba)244. Os dados da tabela seguinte ilustram o ndice de crescimento de preparação de terras via mecanização e manual nos anos de 2014 e 2015.

ÍNDICE DE CRESCIMENTO DE PREPARAÇÃO DE TERRAS (MECANIZADA E MANUAL)

2014 2015 Percentagem 2014 2015 Percentagem

M Banza Congo 36 831,37 29 036,36 -26,84 177,04 293,44 39,67

Soyo 2156,84 10 486,02 79,43 18 71 74,65

Nóqui 4174,64 6194,13 32,6

Tomboco 8923,01 9998,57 10,75 78 165 52,73

N Zeto 1945,94 3215,87 39,48 193 140 -27,47

Cuimba 29342 22 985,88 -27,65 68,5 87,3 21,54

Total

Relatório de Actividades de 2015 e o da a e ese o e o a do o e o o a do a e244 s e o e o de o e a

con nua o

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Os dados rela vos à produção ob da no ano 2015 estão ilustrados na tabela que se segue.

PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS (TONELADAS POR MUNICÍPIO)

Cultura Total

Mandioca 215 184 15 6345,6 43 948,8 75 549,6 4790,52 74 684,4

Banana 20 173,5 14 657,4 3924 9443,7 5132,7 6668,25

Amendoim 3608,81 3420,06 842,35 842,35 918,18 1431,45

Milho 661,24 480,43 154,34 265,32 168,23 262,28

Macunde 433,72 315,09 101,23 174,03 110,34 172,03

Batata-doce 8786,64 3257,2 1883,52 3525,6 2053,04 2845,12

Batata 2689,8 1954,32 627,84 1079,28 684,36 1066,92

Feijão vulgar 470,71 1140,02 120,85 207,76 131,73 205,38

Gergelim 88,76 64,49 20,71 35,61 22,55 35,2

Ervilha 39,22 26,49 9,15 15,73 9,97 15,55

Hor colas diversas 224,15 162,5 39,2 67,45 42,75 88,9

Relatório de Actividades de 2015 e o da a e ese o e o a do o e o o a do a eImporta realçar que a Direcção Provincial projecta contribuir para o desenvolvimento e re-

conversão varietal do cul vo do caju, o relançamento da palma de dend m e da cultura de caf (Robusta) atrav s da criação de um grupo t cnico de estudo e análise da viabilidade. Pretende tamb m a Direcção Provincial vulgarizar, pela capacitação t cnica, o cul vo da batata -rena, tomate e outras hor colas no segmento familiar.

Os rendimentos ob dos por po de lavouras são similares em comparação com o per odo homólogo da campanha agr cola do ano de 2014. Entretanto, a produção registou um incre-mento na ordem dos 4,21 devido ao aumento da magnitude da área plantada e pela obser-vância de boas prá cas agr colas por parte das fam lias. A tabela que segue evidencia o ponto de situação sobre os rendimentos ob dos por po de cultura.

RENDIMENTO MÉDIO DAS PRINCIPAIS CULTURAS NO SECTOR TRADICIONAL

CulturaMédia Total

Mandioca 12 12 12 12 12 12 12

Banana 15 15 15 15 15 15 15

Amendoim 0,7 0,7 0,7 0,7 0,7 0,7

Milho 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5

con nua

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CEIC / UCAN

CulturaMédia Total

Macunde 0,45 0,45 0,45 0,45 0,45 0,45

Batata-doce 8 8 8 8 8 8 8

Batata 12 12 12 12 12 12 12

Feijão vulgar 0,7 0,7 0,7 0,7 0,7 0,7

Gergelim 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4

Ervilha 0,7 0,7 0,7 0,7 0,7 0,7

Hor colas 5 5 5 5 5 5 5

Relatório de Actividades de 2015 e o da a e ese o e o a do o e o o a do a eForam enquadradas cerca de 67 521, fam lias camponesas, sendo 20 308 no PEDR e 47 213

no Programa de Fomento Agr cola, um envolvimento considerado inferior comparado com o mesmo per odo do ano de 2014 (ver tabela).

ENQUADRAMENTO DAS FAMÍLIAS CAMPONESAS (1.o SEMESTRE DE 2015)

PEDR Fomento Total

M Banza Congo 8308 14 107 22 415

Cuimba 5000 11 286 16 286

Nóqui 1000 4232 5232

Tomboco 1000 7994 8994

N Zeto 1000 4703 5703

Soyo 4000 4891 8891

Total 20 308 47 213

Relatório de Actividades de 2015 e o da a e ese o e o a do o e o o a do a eEm geral, veri ca -se uma grande di culdade no escoamento dos produtos agr colas devido

ao estado das infra -estruturas e do sistema de prestação de serviços de transporte. Esta situa-ção relevante no munic pio do Cuimba, onde a população da Serra da Canda tem enormes di culdades de colocação dos produtos na sede do munic pio dadas as distâncias e falta de acessibilidade.

O movimento associa vo em 2015 contava 364 associações (20 955 associados) e 162 coo-pera vas (4477 cooperados). A Direcção do sector em conjunto com algumas Organizações não Governamentais (ONG) treinou e capacitou 3040 l deres e camponeses associados sobre

con nua o

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

aspectos que visam aumentar a produ vidade e a produção agr cola. Importa realçar a notável actuação da S.O.S – CEDIA (ONG nacional) que na campanha agr cola de 2015 trabalhou com 120 mulheres vulneráveis chefes de fam lia no munic pio de M Banza Congo na produção de mandioca (projecto nanciado pela cooperação espanhola).

Finalmente, destaca -se o já referido projecto agro -industrial Kiambote na localidade de Diádia, no munic pio do Cuimba, que possui uma área superior a 6000 hectares, estando já pre-parados 2000 hectares de terras e plantados 300 hectares de milho. O segundo grande projecto agro -industrial chama -se Agricul va, localizado no munic pio do N Zeto, com uma área de 1000 hectares245. A tabela seguinte ilustra indicadores dos projectos.

INDICADORES DOS PROJECTOS DE MÉDIA E GRANDE ESCALA (ANO DE 2015)

Hectares

Área Mandioca Aves Ovos Milho

Agricul va 1000 400 11 000 3 000 000

Kiambote 7000 150 000 12 500 0006 a 10 mil toneladas

2 mil toneladas

Relatório de Actividades de 2015 e o da a e ese o e o a do o e o o a do a eA oresta densa húmida está bastante disseminada pela prov ncia, especialmente nos mu-

nic pios de M Banza Congo, Soyo e Tomboco, sendo muito rica em esp cies de madeira (nomea-damente o pau -preto e o bano) com alto valor comercial no mercado local, nacional e interna-cional. No entanto, a ac vidade empresarial reduzida, devido ao fraco poder de inves mento privado, e tem vindo a ser exercida sem deixar grande registo esta s co. A produ vidade tamb m muito baixa, pois os meios empregues são muito básicos e não permitem acrescentar grande valor às valiosas madeiras extra das. Al m disso, muitos empresários interessados em inves r acabam por desis r porque encontram di culdades junto de alguns sectores transver-sais. Grande parte da madeira que a prov ncia consome proveniente da vizinha RDC246. De acordo com o Relatório de c vidades de 2015 da Direcção Provincial, as receitas provenientes da emissão de guias de trânsito de produtos orestais foram em 2015 no valor de 229 874,00 kwanzas.

A ac vidade pecuária tem condições favoráveis em toda a extensão da prov ncia. No entanto, a criação familiar dominante e caracterizada por um ou dois animais no sistema pastoril livre, alimentado com restos de cozinha e outro. Esta situação de manejo e alimentação

245 e o a ese ados a s o e o es e e e es ao o a o - d s a a o o o e e se a ese a o e do o do e o246 o a o e a o o adas ed das e es es das ade as o a e da e a a e e o a o

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CEIC / UCAN

dos animais não facilita o desenvolvimento da pecuária, que di cilmente representa um sis-tema que proporciona sinergias importantes para a prov ncia e para os agregados familiares rurais. No entanto, t m -se veri cado esforços e envolvimento do sector privado, em par cu-lar o desenvolvimento das fazendas, que t m permi do um aumento signi ca vo dos animais de grande e m dio porte. A Direcção Provincial projecta para os próximos anos, entre outros, incen var os camponeses para o cul vo semi -intensivo do milho e soja para o desenvolvimento da pecuária no sector familiar. Nas tabelas seguintes apresenta -se o censo da população animal por esp cie, no ano de 2015 (sector tradicional e sector empresarial), na prov ncia do Zaire.

Suínos Ovinos Aves

M Banza Congo 4150 8609 3566 9527

Soyo 3353 7303 3718 7102

Cuimba 1913 3794 1439 3100

N Zeto 6567 8871 4431 13 180

Tomboco 13 976 5437 2680 6881

Nóqui 2151 4640 1648 4710

Total 32 110 38 654 17 482 44 500

Relatório de Actividades de 2015 e o da a e ese o e o a do o e o o a do a e

Bovinos Suínos Aves Equinos Asininos

M Banza Congo 2120 1503 1

Soyo 92

Cuimba 94

N Zeto 36 15 500

Tomboco 720 33 12

Nóqui 0

Total 3062 1503 15 500 34 12

Relatório de Actividades de 2015 e o da a e ese o e o a do o e o o a do a eA pesca artesanal , para uma grande parte da população e essencialmente ao longo da costa

mar ma, uma das fontes de rendimento mais importantes. Rela vamente à pesca industrial, não há embarcações de grande porte para a realização da ac vidade. Estas são em geral pouco adequadas (constru das em madeira, pau escavado ou bra de vidro) e estão mal apetrechadas,

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

mo vo pelo qual a produ vidade não a nge n veis muito elevados, que poderiam responder aos n veis de procura crescente, dentro e fora do pa s (ver tabela seguinte). Apesar da emissão de licenças (durante o ano de 2015 foram pagas 103 licenças, sendo 18 pela primeira vez no valor de 162 360,00 kwanzas e 85 renovadas no valor de 775 720,00 kwanzas depositados no Fundo de Apoio ao Desenvolvimento da Indústria Pesqueira e Aquicultura – FADEPA), muitos pescadores e armadores furtam -se ao seu pagamento, optando por descarregar o pescado nas ilhas e outros locais fora do controlo o cial. A conservação de peixe apresenta ainda lacunas, quer pela falta de frio, quer pela incipi ncia das unidades de secagem e fumigação do peixe. A es ma va m dia da captura mar ma total em 2015 foi de 44 446 174 quilos.

Pesca artesanal Total

Número de embarcações 576 282 858

Número de pescadores 1256 529 1785

Número de comunidades piscatórias 51 38 89

Relatório de Actividades de 2015 e o o a das es asA prov ncia conta com tr s centros de apoio à pesca artesanal, geridos pelas empresas

Gepa -SARL no Soyo, a empresa Kazanga Comercial -LDA, no N Zeto e a empresa Malanda -SARL no Kazai. As duas úl mas veram uma prestação muito d bil, principalmente o centro do Kazai, que não teve nenhuma ac vidade de apoio em relação ao seu objecto social. No ano de 2015, foram realizadas 4 acções, que visaram esclarecer e mobilizar as comunidades e interessados sobre a premente necessidade e vantagem na realização do trabalho em grupos organizados. Exis am em 2015 para a pesca mar ma e con nental 83 e 75 coopera vas, respec vamente. Sobre o empreendedorismo, interessa destacar os cerca de 12 pequenos aquicultores com ac -vidade inicial (embora alguns de forma precária), isto , com tanques e peixes em criação, no Soyo (Pedra de Fei ço), Tomboco (Wene), Casa da Telha, M Banza Congo (Kiowa, Ntokamu) e Cuimba247. Estes possuem cerca de 70 tanques de terra ba da com dimensões e formatos variados. As esp cies na vas mais cul vadas são a lápia e o ca ish/clária, bem como a intro-dução da esp cie mungussa, importada da RDC por alguns. De salientar que alguns criadores de M Banza Congo, Tomboco e Cuimba já t m abastecido as população com o seu produto. O processo de entrega do microcr dito a mulheres processadoras e peixeiras tamb m permi u o desenvolvimento de negócios e a tabela seguinte ilustra a sua distribuição.

247 o Relatório de Actividades de 2015 des a a -se o e o e da e o o a das es as o es do e a ea e o de o as o as a de a a o so da o da o a a o e a do se o e das oo e a as e o o e o da es a o e a o s a ao o a e da o e e da o e a

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CEIC / UCAN

DISTRIBUIÇÃO DE MICROCRÉDITO ÀS PEIXEIRAS

Soyo 11 500 000,00 54

Tomboco 5 500 000,00 25

N Zeto 28 500 000,00 109

Relatório de Actividades de 2015 e o o a das es as-

No contexto da de nição dos objec vos de desenvolvimento para o per odo 2013 -2017 e na consequente necessidade de operacionalização desses mesmos objec vos estrat gicos, a prov ncia lançou em 2012 um programa de desenvolvimento rural para a redução da pobreza e melhoria da equidade na repar ção do rendimento. Com ele pretendia -se incen var o acr s-cimo de produção das fam lias camponesas e daquelas que se dedicam à pesca artesanal. Na sequ ncia desta acção, pretendia -se o aumento do rendimento das fam lias de forma a estancar o uxo de camponeses e pescadores que migram para os grandes centros urbanos da prov ncia, nomeadamente M Banza Congo, Soyo e N Zeto, onde vão engrossar o grande número de de-sempregados já existente, aumentando o n vel de pobreza. Este programa pretendeu incidir es-sencialmente na efec va assist ncia t cnica às fam lias de agricultores e pescadores, para que estes modernizassem as suas pequenas explorações permi ndo o crescimento da produção248. Esta produção permi ria sa sfazer o enorme potencial cons tu do pela procura de alimentos com origem na vizinha RDC. A assist ncia t cnica prevista pelo programa deveria ser prestada por jovens t cnicos a contratar para o efeito, que enquadrados por elementos seniores deve-riam levar os conhecimentos adquiridos às fam lias camponesas e de pescadores artesanais, que delas muito carecem.

Em paralelo, haveria no caso da agricultura apoios em insumos (correctores de solos, adu-bos, herbicidas) e em pequenas ferramentas e equipamentos, nomeadamente de rega, e no caso da pesca seriam fornecidas redes e realizadas pequenas reparações e adaptações para a eventual motorização das embarcações. Foram tamb m previstas verbas para a prestação de apoio à agricultura com meios mecânicos, que só deveriam ser fornecidos se houvesse a garan-

a de con nuidade opera va por parte das en dades bene ciárias.

A assist ncia t cnica deveria incidir tamb m sobre a comercialização dos produtos porque com o aumento esperado da produção começariam a ocorrer excedentes que seria necessário

248 a a od dade das e o a es a o as a a es de da a a de o e e os so e as o as e o o as a o de se e es e os ade adas a a de o e o es de so os e o a o de ad os e e das e e o os

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

comercializar. Aspectos como a log s ca de acesso aos mercados municipais mais próximos deveriam tamb m ser encarados, nomeadamente atrav s da atribuição de viaturas motoriza-das que pudessem proceder ao transporte de pequenas quan dades, que somadas poderiam implicar rendimentos adicionais à prov ncia.

Estes projectos, apesar de inclu rem a assist ncia t cnica, inserem -se num programa provin-cial que não se pretende assistencialista, mas sim inserido numa dinâmica que tem como meta

nal o pleno funcionamento da dinâmica privada e de mercado, ainda que transitoriamente necessite de um robusto contributo de dinheiros públicos para propiciar a melhoria da produ-

vidade das fam lias.

12.2.2 Geologia e minas

A prov ncia pretendeu operacionalizar em 2015 no Soyo uma das mais modernas fábricas de processamento de gás natural liquefeito do mundo (Angola LNG), com uma capacidade insta-lada de 5,2 milhões de toneladas m tricas249. Uma infra -estrutura de centenas de quilómetros de pipelines submarinos que recolhe o gás associado de várias unidades de produção de petró-leo transportando -os at ao terminal do Soyo onde tratado e liquefeito para exportação. A con guração do terminal Angola LNG prev a disponibilização de cerca de 3,5 Mm3 por dia (cer-ca de 1,3 Bcm anuais) em estado gasoso para u lização local. Prev -se no entanto que o pleno funcionamento desta fábrica aconteça em Junho de 2016. O gás natural liquefeito produzido será na sua maioria exportado (85 ), sendo o restante para uso interno de forma a possibilitar a produção de energia limpa e de baixo custo. O gás natural liquefeito poderá ser u lizado quer para abastecer um terminal de m dia dimensão em Benguela/Lobito ou Namibe associado a novas centrais de grande dimensão, quer para abastecer pequenas unidades de armazenagem e regasei cação associadas a turbinas de menor dimensão. A instalação de infra -estruturas de armazenagem e regasei cação ao longo do pa s bene ciará tamb m a indústria que passará a dispor de uma alterna va energ ca adicional.

O potencial mineiro da prov ncia, que carece de uma prospecção geológica actualizada e detalhada, pode complementar a elevada capacidade da prov ncia em petróleo e gás, empa-relhando com estes dois úl mos na lista dos principais factores de desenvolvimento da pro-v ncia. Estão cadastradas no sector geológico -mineiro da prov ncia 65 empresas, das quais 3 encontram -se em pleno funcionamento, 4 encontram -se em fase de montagem das suas instalações, 14 paralisadas e 27 nunca exerceram a sua ac vidade. A mão -de -obra es ma-da em 726 trabalhadores (297 nacionais). A tabela seguinte ilustra a distribuição mineira por munic pio.

249 s e o e o o a o o a a e o da Chevron da o a o e das e e-sas o a e o ada a s do de a e o a e e a a a s a a o de a a de s e as a os o o a e

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CEIC / UCAN

DISTRIBUIÇÃO DA ACTIVIDADE MINEIRA POR MUNICÍPIO

Minério

M Banza Congo 3 Calcário 121

Cuimba 0 0 0

Nóqui 1 Gnaisses 12

N Zeto 9 Granito ornamental 489

Soyo 7 Burgau, areia, água, solo 41

Tomboco 9 Granito, burgau, areia, quartzo 64

Total 29 727 Relatório Anual de 2015 e o o a da d s a eo o a e asDados da Direcção Provincial da Indústria, Geologia e Minas indicam que foram recepcio-

nados 13 processos para a solicitação de direitos mineiros, dos quais 8 para a exploração de águas subterrâneas, 2 para exploração artesanal de diamantes de compet ncia Ministerial e 3 para exploração de inertes250. A exploração de águas subterrâneas que recebem a designação comercial de água mineral , ocorre principalmente no munic pio do Soyo, onde estão cadas-trados 14 poços de água, todos em situação jur dica ilegal, perfurados sem a pr via autorização das estruturas competentes. Estes poços operam em condições de cientes de extracção, acres-cendo ainda que as instalações onde se realiza o tratamento e engarrafamento da água para

ns de comercialização são muito precárias251.Rela vamente à produção mineira em 2015, a seguinte tabela ilustra os valores:

DADOS ESTATÍSTICOS DA PRODUÇÃO MINEIRA EM 2015

Minério 3

Granito 64 143

Calcário 19 508,24

Burgau 3579,5

Mosaico e lajes 3232,73

Gnaisse 9970

Areia 11 026

Tuvena 756

Total Relatório Anual de 2015 e o o a da d s a eo o a e as250 os e e e os e e o ados a e as o a o o ados d e os e os s es a es o e os se s es e a s251 a e as e esas de e o a o de a e a es a a a o a o o o se do e d as de as de o a -se as a a a a e o do o a a o a es e a das e esas e o a a ada a o s o

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Existe um projecto de grande impacto para a prov ncia na bacia da Lucunga (proximidades da aldeia Mucula, munic pio do Tomboco) para a prospecção geológica de fosfatos de origem sedimentar, numa área de 412 km2, onde se es mam reservas de fosfatos de 215 milhões de toneladas. Actualmente, terminou a prospecção geológica e foram atribu dos os direitos minei-ros pelo Minist rio da Geologia e Minas à empresa Vale F r l para a exploração geológica dos fosfatos, que iniciará a sua ac vidade em 2017252. Este projecto des na -se a potenciar a criação de uma indústria de fer lizantes angolana, de modo a reduzir as necessidades de importação. Rela vamente à previsão da produção, numa primeira fase prev -se a produção de 500 000 toneladas por ano de rochas fosfatadas, sendo 300 000 toneladas para o mercado interno e 200 000 toneladas para exportação. Na segunda fase, serão produzidas 800 000 toneladas de fer lizantes por ano. Como consequ ncia, está prevista a criação de 2000 postos de trabalho di-rectos. Em termos de vantagens compe vas associadas a este projecto, iden cam -se baixos custos de exploração porque o min rio a ora à super cie (1 a 1,25 metros de profundidade) e baixos custos de transporte já que a localização perto do oceano viabiliza a construção de futu-ras infra -estruturas mar mas que irão permi r o fácil acesso aos mercados africanos, europeus e sul -americanos.

Apesar do Zaire ser uma prov ncia que muito contribui para o PIB em termos de produção mineral, a sua estrutura produ va muito pouco diversi cada, estando centrada de uma forma acentuad ssima nos hidrocarbonetos, fruto da sua localização geográ ca. Por outro lado, a rela-

vamente fraca necessidade de mão -de -obra nacional das indústrias petrol feras leva a que seja reduzida a contribuição para o n vel de emprego da prov ncia. Assim, a diversi cação uma das prioridades, reforçando a necessidade de actuar fortemente na área da capacitação, possibili-tando a aquisição de conhecimentos para que os agentes económicos possam trabalhar de uma forma mais e ciente e produ va, contribuindo para o acesso a n veis mais elevados de rendi-mento e a redução dos n veis de pobreza. De acordo com o Plano de Desenvolvimento Provincial 201 2017 do aire, de nido como objec vo estrat gico Desenvolver o Capital Humano para o Crescimento Diversi cado , que se traduz na capacitação dos futuros empregados do sector público e/ou privado e na incen vação das pessoas para criarem o seu próprio emprego atrav s de empresas em nome individual e colec vo. Neste contexto, o mesmo documento refere que existem na prov ncia capacidades geológicas adormecidas, que por si só possibilitam a criação de uma grande diversidade de empresas com forte potencial a n vel nacional e internacional porque podem assentar a sua ac vidade em recursos que são escassos e, consequentemente, a sua transformação e comercialização pode originar elevadas taxas de rentabilidade.

Rela vamente aos valores das receitas, a tabela seguinte ilustra os valores das receitas arre-cadadas por categoria de imposto. De acordo com os dados da tabela e, comparando com o ano

252 o a e ese e e a d s a e a a asso ada a es e se o e ess a de as de o -a o e s a a es o as a a es ass o o de a -es as de e e a e a de e a o a a e e a a e e

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CEIC / UCAN

de 2014 em que foram geradas receitas de 208 342 499,09 kwanzas, observou -se um decl nio de 93 , resultante do encerramento provisório de várias pedreiras.

ARRECADAÇÃO DE RECEITAS EM 2015

Imposto de Selo 9 001 466,82

Imposto Industrial 1 007 242,19

Royalty 2 650 062,00

Outros impostos 1 000 000,00

Total Arrecadado 13 658 771,01

Relatório Anual de 2015 e o o a da d s a eo o a e as12.2.3

Apesar do potencial em termos de mat rias -primas dispon veis na região, a prov ncia do Zaire não possui indústrias transformadoras de m dia ou grande dimensão que tenham ex-pressão na balança industrial do pa s. A generalidade das unidades de pequena dimensão e t m um cariz familiar. Os elevados custos de energia253, a mão -de -obra pouco quali cada e as di ceis vias de comunicação, travam o desenvolvimento deste sector porque os elevados custos de produção e de distribuição afectam nega vamente a compe vidade das empresas. No entanto, a proximidade geográ ca, com um importante mercado de exportação, a vizinha RDC, potenciado por um com rcio transfronteiriço já existente, revela -se como um potencial de crescimento e desenvolvimento para os empresários do Zaire e para os empreendedores.

Em 2015, estavam cadastradas no sector industrial da prov ncia do Zaire 175 unidades in-dustriais de pequeno e m dio porte, das quais 96 trabalham com declarações e 79 exercem as suas ac vidades com alvarás industriais. A mão -de -obra foi es mada em 190 trabalhado-res. A tabela seguinte compreende dados esta s cos referentes ao sector industrial do Zaire. Destaca -se que no ano de 2015 foram recepcionados pela Direcção Provincial da Indústria 15 pedidos de alvarás industriais e foram arrecadadas 184 800,00 kwanzas de receitas.

DADOS ESTATÍSTICOS DO LICENCIAMENTO INDUSTRIAL EM 2015

2013 2014 2015

Serração e Carpintaria 0 2 2

Serralharias 1 0 0

253 o se a da o a de e d a de e ado es o a as o s a es de e e dade

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

2013 2014 2015

Moageiras 0 0 0

Padarias 7 4 7

Outros 6 4 6

Inves mentos

Público 0 0 0

Privado 9 824 500,00 12 300,00 357 700,00

Emprego

Força de Trabalho 374 130 190

Relatório Anual de 2015 e o o a da d s a eo o a e asA actual rede industrial da prov ncia pode ser fomentada com a implementação de pólos

industriais. Assim, estão reservados dois per metros para a implementação do Pólo de Desen-volvimento Industrial de M Banza Congo, sendo a extensão do primeiro per metro de 157 hec-tares e o segundo de 97,7 hectares, localizados entre as aldeias de Lunguegi e Tchetche254. Foram tamb m reservados 1476 hectares para a implementação do Pólo de Desenvolvimento Industrial do Soyo, localizado entre as aldeias de Quitona e Cavuge255. Actualmente, estão ca-dastradas para o Pólo do Soyo 8 empresas, nomeadamente, indústria metalomecânica, cerâ-mica, chapas de zinco, transformação de fosfatos em fer lizantes, ntas, plás cos e fabrico de válvulas para o apoio à indústria petrol fera.

Sendo o Zaire caracterizado por algumas regiões menos desenvolvidas, ao lado de um im-portante Pólo de Desenvolvimento assente na indústria pesada (Soyo), torna -se necessário ter em atenção a harmonia no desenvolvimento provincial, para não cair numa situação de dese-quil brio entre as zonas costeiras junto à foz do rio Zaire, mais desenvolvida, e o interior menos desenvolvido. Perspec va -se tamb m o aparecimento de indústrias qu micas pesadas, espe-cialmente no Soyo, cuja criação deverá cumprir com todos os regulamentos já existentes para não gerar estragos ambientais, sendo per nente o acompanhamento da situação por parte dos órgãos competentes do Governo Provincial.

Um importante factor de desenvolvimento passa pela inclusão de projectos concretos de capacitação das regiões menos desenvolvidas, com base em parques empresariais de dimensão adaptada à realidade dos munic pios de menor expressão populacional, onde deverão ser criadas

254 es a o o de de e e o de a e a o e o o e ado o a do a e255 es a o o de de o e o de a e a o e o o e ado o a do a e

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condições para albergar micro, pequenas e m dias empresas de carácter industrial, agro--industrial, comercial e de serviços, com o intuito de criar emprego diversi cado e potenciador de um aumento do rendimento das populações circundantes. A exist ncia em cada munic pio sede de um parque industrial de m dia dimensão da maior u lidade, pois permite incen var as empresas nascentes a ter desde o in cio uma localização ambientalmente adequada. Acresce que essa tamb m a localização óp ma para a criação das incubadoras de empresas que se pretendem criar, pois estas precisam de dispor de um espaço que permita o normal decurso de ac vidades empresariais.

Da análise do Relatório de c vidades de 2015 da Direcção Provincial da Indústria, Geologia e Minas, observa -se um decl nio da ac vidade nos dois sectores (indústria e geologia e minas) de cerca de 53,4 , resultante da paralisação de 95 das pedreiras do sector geológico -mineiro. Neste contexto, veri cou -se a redução em 856 do número de postos de trabalho. No entanto, com o nanciamento previsto para 2016 de 40 milhões de kwanzas no contexto da construção de vias rodoviárias, prev -se um retomar da ac vidade de produção de inertes na prov ncia.

12.2.4 Comércio

A ac vidade comercial existente na prov ncia ainda incipiente e caracterizada fundamen-talmente pelo com rcio informal, que inclui especialmente a venda de produtos alimentares e vestuário em lugares menos próprios. Com o surgimento de programas de empreendedorismo e de educação nanceira, essa realidade irá ser progressivamente absorvida pelo sistema for-mal. Em par cular, a passagem para a formalidade está a ser acautelado com o Balcão nico do Empreendedor (BUE) que visa inserir estes agentes informais para o mercado formal. Na prov ncia, foram licenciados 57 agentes em 2015. O valor das receitas arrecadadas com o licen-ciamento das ac vidades comerciais e de prestação de serviços mercan s foi de 4 245 000,00 kwanzas, para o subsector da Hotelaria e Turismo foi de 416 000,00 kwanzas e no subsector dos petróleos foi no valor de 149 591 999,00 kwanzas referente a emolumentos para a emissão de alvarás comerciais com base à Lei 01/07 dos petróleos, o que perfaz um valor total de receitas de 4 810 591,00 kwanzas. A tabela seguinte ilustra o licenciamento das ac vidades comerciais e de prestação de serviços por munic pio.

LICENCIAMENTO DAS ACTIVIDADES COMERCIAIS E DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

Comércio a grosso

médias

Comércio a retalho

médias

Comércio a retalho

médias

Total

M Banza Congo 1 3 25 1 8 38

Soyo 1 2 16 1 4 24

N Zeto 0 0 1 0 1 2

Tomboco 0 0 5 1 2 8

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Comércio a grosso

médias

Comércio a retalho

médias

Comércio a retalho

médias

Total

Nóqui 1 0 1 0 0 2

Cuimba 1 1 0 0 1 3

Total 4 6 48 3 16 77

Relatório Anual de 2015 e o o a do o o o e a a e s oA prov ncia apresenta um elevado potencial de expansão comercial, pois há lugar para todo

o po de ac vidades comerciais, fomentadas pelo potencial a dinamizar do com rcio trans-fronteiriço, bem como pelo expectável incremento do turismo na região256. Atendendo ainda ao enorme potencial agr cola da região, importa explorar e dinamizar toda a vertente comercial para escoamento dos produtos, nomeadamente com uma clara aposta no com rcio rural e na criação de infra -estruturas que lhe estão associadas. Assim, foi lançado na prov ncia o Programa de Apoios aos Camponeses (PAPAGRO) como forma de incen vo ao aumento dos rendimentos económicos das pequenas e m dias explorações agr colas, mediante a garan a de escoamento da produção para os principais centros de consumo. Este programa está inserido na estrat gia nacional do com rcio rural e abastecimento, que visa realizar e mobilizar recursos internos e externos e a sua colocação à disposição do sector privado para a reabilitação da rede comercial rural no contexto de combate à pobreza. A prov ncia bene ciou do nanciamento adstrito ao programa PAPAGRO um montante de 2 000 000,00 kwanzas, sendo 500 000,00 kwanzas para uma coopera va agr cola do Tomboco, 1 500 000,00 para o munic pio do Soyo, que por razões operacionais e infra -estruturais não foi poss vel ser viabilizado257. A tabela seguinte ilustra o consolidado da comercialização dos produtos agr colas no quadro do PAPAGRO 2015.

CONSOLIDADO DA COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS AGRÍCOLAS NO QUADRO DO PAPAGRO 2015

Produto

Abóbora 45,00 797 35 865,00

Abacate 45,00 2704 121 680,00

Banana de mesa 40,00 2600 104 000,00

Banana-pão 60,00 7716 462 960,00

Batata-doce 40,00 317 12 680,00

Laranja 60,00 3060 183 600,00

Limão 60,00 206 12 360,00

256 o s e ado de e o a o o e e ado o e a a e e o a o a s de es de a a es e o a do -se a s a o de o dade eo a da o a257 e a o do o a e o o a o ede -se ao ee o so do a o ao a o

con nua

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CEIC / UCAN

Produto

Mandioca 45,00 332 14 940,00

Chikwanga 50,00 480 24 000,00

Total 18 212

Relatório Anual de 2015 e o o a do o o o e a a e s oNo quadro do combate à fome e à pobreza já foram cadastradas na prov ncia 9809 mulheres

de baixo rendimento que bene ciam do Programa Pró -ajuda ao Trabalho , levado a cabo pelo Minist rio do Com rcio, com a atribuição de cartões KIKUIA, no valor de 10 000,00 kwanzas por m s. De destacar que a prov ncia conta com viaturas para apoiar os camponeses no escoa-mento dos seus produtos para as zonas de maior consumo. Finalmente, o sistema informá co do Minist rio do Com rcio (SILAC), implementado em todo o território nacional, revolucionou o sistema de licenciamento comercial com a criação de empresas em tempo real, implicando uma reorganização e reestruturação de todo o sistema comercial baseado nos novos padrões universalmente cred veis.

12.2.5

A rede de transportes sempre condicionada pela rede de infra -estruturas que está dispo-n vel. Uma de ciente rede viária di cilmente poderá proporcionar uma boa rede de transpor-tes rodoviários. Neste contexto, a malha rodoviária da prov ncia do Zaire, com mais de 2700 quilómetros, está a sofrer uma grande mudança, com o intuito de se colmatarem as insu ci n-cias sen das pela população. O enorme esforço que está a ser desenvolvido para garan r uma melhor circulação de pessoas e mercadorias revela -se fundamental para que as produções da prov ncia possam chegar em boas condições a Luanda, assim como para garan r o abasteci-mento da prov ncia de bens essenciais a baixo custo e, dessa forma, permi r um melhor fun-cionamento e menores custos, entre outros, da indústria pesada do Soyo. Paralelamente a este esforço, fundamental que existam vias de ligação adequadas entre as sedes municipais e as comunas, para a acessibilidade e mobilidade de todos os cidadãos da prov ncia e para o escoa-mento das produções locais de e para áreas mais remotas, fomentando a ac vidade para n veis superiores aos de autoconsumo. Ainda no contexto das vias rodoviárias, interessa destacar a necessidade de melhorar a ligação aos pontos fronteiriços. Neste âmbito, destaca -se apenas a comuna do Luvo, em M Banza Congo, que já se encontra rela vamente bem servida de estradas a par r da capital258.

258 a o odo a a a o o - a es e o es ado a o o o o - es e o s o e o o - e - a o a o odo a

con nua o

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

A clara aposta em empresários competentes (empresários da região e de fora da região) levará a que o sector da construção civil registe progressos, esperando -se que possam surgir na prov ncia empresas com capacidade cr ca para a execução de obras de maior dimensão. Neste contexto, em Junho de 2017 será conclu da a auto -estrada que ligará as sedes municipais do N Zeto e do Soyo (96 quilómetros). A obra está a cargo da empresa chinesa Sinohydro e conta com o nancia-mento proveniente da linha de cr dito da China a Angola, envolvendo 1000 operários de vários n veis. A mesma empresa vai garan r a manutenção da estrada alterna va, com vista a facilitar a circulação de pessoas e bens. Em paralelo, veri ca -se a necessidade de promover serviços de conservação e manutenção de outras comunicações rodoviárias, de maneira a diminuir as di -culdades impostas pelas grandes distâncias intermunicipais e entre a prov ncia e o resto do pa s.

Devido ao bom estado da via que liga a capital da prov ncia à capital do pa s, veri cou--se o aumento da circulação de pessoas e bens259. Como consequ ncia, deu -se um aumento do número de empresas que solicitaram tulos de concessão de carreira atrav s do Ins tuto Nacional dos Transportes Rodoviários260. Assim, durante o ano de 2015, a Direcção Provincial dos Transportes do Zaire recepcionou os relatórios de empresas como a Macon, Angoaustral e a SGO, tendo estas transportado neste per odo 85 534 passageiros de Luanda ao Zaire, no-meadamente de e para os munic pios de M Banza Congo, Soyo e N Zeto. No entanto, interessa destacar as di culdades de adaptação ao terreno dos meios de transporte colec vos para a deslocação entre os munic pios e as comunas261.

A n vel dos transportes mar mos e uviais, a prov ncia tem um enorme potencial ainda pouco explorado. Existem tr s eixos com poss veis futuras ligações nacionais e regionais: Soyo--Nóqui com a u lização do rio Zaire262, Soyo -Tomboco – N Zeto e a ligação Soyo -Cabinda por interm dio de um serviço regular de ferry -boats. A u lização destes ferry -boats no Soyo seria uma opção lógica num percurso entre Luanda e Cabinda, uma vez conclu da a obra da via--expresso Luanda -Soyo263.

Em termos de transporte a reo, o aeroporto de M Banza Congo, localizado no centro da cidade, não permite a chegada de voos da transportadora a rea nacional (TAAG) desde 2007,

259 a odo a a a a o e e a a o o e a da260 es e o a e o o a e o o o o das se es e esas Inter -provincial a o Inter -municipal 261 o s o des a d dade e a do o e es e o e e os de a s o e o s-os e ade ados d a o a a o ede ao a s o e de e s de e a e ess dade a as - as e a e a s a a a a dade a o a262 a e e a da o e s e e a e o de a s o e a263 a do a o e a a da es e e e o o a e o a o e a o a a ode se e s a e a e e e o e da o a ada se e o o s o e o o ferry -boat o s a e e os a ses o e a a a a e da dos a s a os o e ado e a o a

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devido a questões de segurança e a um acidente ocorrido nesse ano, estando prevista a cons-trução de um novo aeroporto na comuna do Nkiende (munic pio de M Banza Congo). No aero-porto do Soyo, com a entrada em vigor em 2015 de novos horários e de voos directos às segun-das e sextas -feiras, veri cou -se um considerável aumento do tráfego assim como das receitas. Os próximos passos serão a ampliação da pista do aeroporto do Soyo, a reabilitação do campo de aviação do N Zeto e con nuar a reabilitar outras pistas e aeródromos, de modo a reforçar a capacidade de ligações a reas dentro da prov ncia.

A estrutura portuária do Soyo está quase totalmente afecta à sa sfação das empresas do ramo dos hidrocarbonetos, pois a ac vidade da Base do Kwanda, que lhe ca anexa, origina que ocorram demoras de semanas para as embarcações de carga geral, o que faz com que os arma-dores se afastem do Porto do Soyo e o preço dos transportes seja muito elevado, in uenciando nega vamente a ac vidade não petrol fera da prov ncia, veri cando -se a necessidade de al-terar esta dinâmica. Assim, encarada como prioridade estrat gica a construção de um novo porto algumas milhas no interior do estuário do rio Zaire, para permi r potenciar as magn cas condições existentes em termos portuários, nomeadamente águas calmas e muito profundas, que permitem a acostagem de embarcações de grande calado. Este porto seria a porta de en-trada de mercadorias para a prov ncia e para todo o noroeste do pa s, aliviando a pressão no Porto de Luanda. Este novo porto no Soyo irá tamb m contribuir para dar in cio ao transporte

uvial de exportações angolanas para a vizinha RDC e ainda com menor peso para a República do Congo, cujas capitais são servidas pelo rio Zaire e cariam com acesso a produtos nacionais de uma forma regular e com preços mais acess veis. Ainda, com a via -expresso Luanda -Soyo, este porto assumirá um carácter nacional porque facilmente os produtos provenientes de qual-quer parte do pa s poderão ser exportados por essa via264.

12.2.6

Apesar do enorme potencial de águas existente na prov ncia, o abastecimento de água potável na prov ncia do Zaire tem sido uma das maiores preocupações porque a capacidade instalada nas Estações de Tratamento de Águas (ETA) e a produção insu ciente mesmo fun-cionando 24 horas265. Dados da tabela seguinte indicam que em 2015, 51,5 da população da prov ncia estava bene ciada com o abastecimento de água potável, o que equivalia a 184 133 habitantes nas sedes municipais. O munic pio do Soyo destaca -se de entre todos os 6 munic -pios da prov ncia.

264 d a a o da a a a - a assa a da e a o s o de o es- a s e d e e es o a a es es a as da o a o a ed a do e o e o e o o o265 es a a -se a a a s a de a o a os a a a se da a dade da a e odos os os

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

NAS SEDES MUNICIPAIS POR DIA

2013 2014

M Banza Congo 2520 m3 4680 m3 2990 m3

357539

Soyo 3840 m3 7200 m3 3600 m3

N Zeto 1900 m3 1900 m3 1900 m3

Tomboco 560 m3 560 m3 480 m3

Cuimba 0 0 0

Nóqui 400 m3 400 m3 480 m3

Total 9 220 m3 14 740 m3 9450 m3

Relatório Anual de 2015 e o o a da e a e asEm relação ao Programa Água para Todos (PAT), que iniciou no ano e 2012, a tabela se-

guinte ilustra o total de projectos conclu dos a n vel de cada munic pio.

PROJECTOS CONCLUÍDOS NO PROGRAMA ÁGUA PARA TODOS POR MUNICÍPIO

Sistemas existentes

Ponto de Água PA(s) Pequeno Sistema de Água PSA(s)

M Banza Congo 30 15

Soyo 0 21

Tomboco 7 8

Nóqui 13 6

Cuimba 9 2

N Zeto 2 2

Total 61 54

Relatório Anual de 2015 e o o a da e a e asA tabela seguinte apresenta a situação geral do Programa Água para Todos indicando a

população rural coberta e a taxa de cobertura.

PROGRAMA ÁGUA PARA TODOS – POPULAÇÃO RURAL COBERTA E TAXA DE COBERTURA

População rural cadastrada em 2015 168 625 habitantes

Projectos anteriores ao PAT (2008) 39 084 habitantes

População rural cadastrada (com acesso a água potável) desde o in cio do PAT (2012) 71 330 habitantes

Total de cobertura em 2014 39 084 habitantes

con nua

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CEIC / UCAN

Taxa de cobertura desde 2012 at 2014 65,50

População rural coberta em 2015/2016 10 251 habitantes

Taxa de cobertura em 2015/2016 6,10

População coberta at 2016 120 665 habitantes

Taxa de cobertura desde 2012 at 2016 72

Relatório Anual de 2015 e o o a da e a e asA seguinte tabela ilustra os projectos em perspec va e em curso nas sedes municipais da

prov ncia.

PROJECTOS EM PERSPECTIVA

M Banza Congo2 subsistemas de água

(rios Lurge e Lunda)2033 35 040 m3/dia 247 045

Soyo Sistema de água 2033 31 500 m3/dia 241 373

Tomboco Captações de pontos de água 2035 32 794

Nóqui Sistema de água 2035 15 028

Cuimba Sistema de água 2035 24 495

N Zeto Sistema de água 2035 37 231

Relatório Anual de 2015 e o o a da e a e asOutros projectos incluem a construção no Luvo e Luvaca de captações de pontos de

água a partir do rio Luvo e a dessalinização (âmbito provincial) na Musserra (munic pio do N Zeto).

O fornecimento de energia el ctrica na prov ncia do Zaire assegurado por fontes alterna -vas (centrais t rmicas e gás), correspondendo a uma pot ncia instalada de 39 105 kVA e dispo-n vel de 22 695 kVA. Nos munic pios de M Banza Congo e N Zeto a produção da responsabi-lidade da empresa PRODEL -EP, no munic pio do Soyo da empresa JEMBAS e nos munic pios de Tomboco, Cuimba e Nóqui da responsabilidade do Governo da Prov ncia do Zaire. No munic -pio do Nóqui há abastecimento el ctrico feito a par r da barragem hidroel ctrica do INGA da vizinha RDC, mas cuja capacidade da linha insu ciente, já que a linha que devia ser dedicada está grampeada ainda antes de chegar a Angola, não permi ndo que a energia chegue com a pot ncia necessária aos postos de transformação da cidade.

con nua o

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

De acordo com o Relatório de 2015 da Direcção Provincial da Energia e Água, o forneci-mento de energia el ctrica razoável, mas devido à pouca capacidade instalada na produção registam -se muitas restrições de pot ncia nas redes de distribuição, criando descontentamento no seio da população. Veri ca -se a necessidade de aumentar a capacidade de produção com a aquisição de novos grupos de geradores para sa sfazer a procura, enquanto se espera a con-cre zação de um projecto de maior impacto. Na verdade, a produção de energia el ctrica na prov ncia está no limiar de uma alteração radical, porque entrará em funcionamento a Central de Ciclo Combinado do Soyo e está previsto que o gás natural comece a ser u lizado para a pro-dução de energia não só para esse munic pio, como tamb m para abastecer M Banza Congo e o N Zeto, este úl mo numa derivação da linha el ctrica de alta tensão que seguirá para reforço da capacidade dispon vel em Luanda. Está criada uma oportunidade para, com um pouco mais de ambição, tornar o Zaire na primeira prov ncia livre de geradores de Angola dado que, com um acr scimo de inves mento se poderão dotar os munic pios de Cuimba, Nóqui e Tomboco de um bom n vel de abastecimento de energia el ctrica, cobrindo assim os seis munic pios da prov ncia e mudando completamente o panorama em termos energ cos, que actualmente muito de citário, conforme caracterização feita anteriormente.

A central combinada do Soyo será erguida na localidade de Kifuquena, cinco quilómetros a sudoeste do munic pio do Soyo, onde ocupa uma área superior a 220 hectares. A obra está a cargo da empresa chinesa hina Machinery En ineerin orpora on (CMEC) e o nanciamento da obra inclui a recepção da primeira prestação de 14,7 milhões de dólares re rados da Reserva Financeira Estrat gia Petrol fera para Infra -estruturas de Base nos termos de um despacho pre-sidencial. De acordo com o mesmo despacho, esta central integra o Programa de Inves mento Público e de grande importância para o desenvolvimento económico e social do pa s , estando inclu da no projecto governamental que visa reduzir o d ce energ co angolano at 2017. A central de ciclo combinado do Soyo vai custar 982 milhões de dólares, sendo jus cada pelo Governo com as previsões de crescimento da procura de energia el ctrica no pa s no m dio e longo prazo e permi rá que Angola passe a ser auto -su ciente em gasolina e gasóleo266.

12.2.7

De acordo com o Relatório de c vidades de 2015 da Direcção Provincial da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, os sectores que mais contribu ram para o n vel de emprego da prov ncia foram os sectores agr cola e da construção civil (ver tabela na página seguinte).

266 o a o e a sa o e e ado e e o s o da e a e as e a e esa esa e a a

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CEIC / UCAN

POPULAÇÃO EMPREGADA POR SECTOR ECONÓMICO

SectorHomens Mulheres Total Homens Mulheres Total

Construção civil 2312 255 2567 543 11 554 3121

Com rcio 577 225 802 159 4 163 965

Transportes 111 22 133 0 0 0 133

Petróleo 330 71 401 1 0 1 402

Hotelaria 521 78 599 0 0 0 599

Indústria 119 14 133 22 4 26 159

Agricultura 10 813 15 836 26 649 3 0 3 26 652

Outros sectores 5660 570 6230 419 9 428 6658

Total 20 443 17 071 37 514 1147 28 1175 38 689

Relatório Anual de 2015 e o o a da d s a o a a a o e e a a o aDados de 2015 traduzem que a capital da prov ncia, M Banza Congo, o munic pio que

mais contribui para o emprego da população. Apesar de mais do que o dobro da população empregue em M Banza Congo ser do g nero masculino, nos restantes munic pios veri ca -se uma maior proximidade entre o número de homens e mulheres empregues (ver tabela). Im-porta referir as di culdades sen das na xação de pessoal nas áreas mais remotas da prov ncia resultando numa falta de efec vos no local.

POPULAÇÃO EMPREGADA POR MUNICÍPIO

Total geralHomens Mulheres Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total

2972 1018 3990 663 509 1172 1818 1308 3126 8288

Relatório Anual de 2015 e o o a da d s a o a a a o e e a a o aNo dom nio da formação pro ssional, foram realizadas diversas formações nas diferentes

unidades forma vas da prov ncia (Centro Integrado do Emprego e Formação Pro ssional do Soyo, Pavilhões de Formação em Artes e O cios no N Zeto e Cuimba e o Centro Móvel de For-mação Pro ssional de M Banza Congo), evidenciando a aposta na valorização dos recursos hu-manos locais. A tabela seguinte ilustra o número de formandos que conclu ram cursos, sendo poss vel iden car as especialidades de electricidade predial e informá ca como aquelas com maior número de formandos que frequentaram os centros públicos de formação da prov ncia.

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

NÚMERO DE FORMANDOS QUE CONCLUÍRAM OS CURSOS NOS CENTROS PÚBLICOS E PRIVADOS

Total geralHomens Mulheres Total Homens Mulheres Total

Electricidade predial 176 12 188 0 0 0 188

Electricidade industrial 21 2 23 0 0 0 23

Canalização 51 0 51 0 0 0 51

Frio e refrigeração 44 0 44 0 0 0 44

Corte-costura 3 50 53 0 0 0 53

Carpintaria 56 0 56 0 0 0 56

Alvenaria 41 0 41 0 0 0 41

Informá ca 150 99 249 40 39 79 328

Ingl s 0 0 0 29 5 34 34

Serralharia 38 0 38 0 0 0 38

Mecânico-auto 34 0 34 0 0 0 34

Agricultura 1 92 93 0 0 0 10

Decoração e pastelaria 1 92 93 0 0 0 93

Soldadura 50 0 50 0 0 0 50

Hidráulica 19 2 21 0 0 0 21

Manutenção e revisão mecânica 43 1 44 0 0 0 44

Total 728 350 1078 69 44 113 1108

Relatório Anual de 2015 e o o a da d s a o a a a o e e a a o aDe entre as várias Direcções e outros organismos da prov ncia do Zaire, destacam -se a Direc-

ção Provincial da Educação, Ci ncia e Tecnologia e a Direcção Provincial da Saúde como aquelas que empregam o maior número de funcionários da Administração Pública (ver tabela).

QUANTITATIVO DE FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS POR SECTORES

Homens Mulheres Total

Secretaria do Governo Provincial do Zaire 1290 544 1834

Delegação Provincial das Finanças do Zaire 26 15 41

Delegação Provincial da Jus ça do Zaire 66 59 125

Direcção Provincial da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social 6 6 12

Direcção Provincial dos Transportes, Correios e Telecomunicações 5 6 11

Direcção Provincial da Juventude e Desportos 15 9 24

Direcção Provincial das Pescas 13 2 15

con nua

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Homens Mulheres Total

Direcção Provincial da Indústria, Geologia e Minas 10 3 13

Direcção Provincial da Assist ncia e Reinserção Social 29 21 50

Direcção Provincial dos An gos Combatentes e Veteranos da Pátria 18 4 22

Direcção Provincial do Ordenamento do Território, Urbanismo e Ambiente 8 7 15

Direcção Provincial da Agricultura e Desenvolvimento Rural 16 1 17

Direcção Provincial das Obras Públicas 20 11 31

Direcção Provincial da Energia e Águas 12 6 18

Direcção Provincial da Saúde 781 549 1330

Direcção Provincial da Educação, Ci ncia e Tecnologia 3040 1521 4561

Direcção Provincial da Cultura 8 7 15

Direcção Provincial do Com rcio, Hotelaria e Turismo 11 9 20

Direcção Provincial da Fam lia e Promoção da Mulher 9 6 15

Direcção Provincial dos Registos 4 5 9

Direcção Provincial da Comunicação Social 2 1 3

Procuradoria Provincial do Zaire 36 22 58

Tribunal Provincial do Zaire 28 21 49

Total 5453 2835 8288

Relatório Anual de 2015 e o o a da d s a o a a a o e e a a o aDe acordo com a tabela, são os t cnicos m dios que dominam o quadro de efec vos vincu-

lados à Administração Pública.

EFECTIVOS VINCULADOS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Homens Mulheres Total

T cnico-Superior 128 113 241

T cnico 82 26 108

T cnico-M dio 3920 2292 6212

Administra vo 356 105 461

Tesoureiro 1 1 2

Pessoal Auxiliar 463 127 590

Operário Quali cado 97 58 155

Operário não-Quali cado 406 113 519

Total 5453 2835 8288

Relatório Anual de 2015 e o o a da d s a o a a a o e e a a o a

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

12.2.8

No Plano de Desenvolvimento Provincial 201 -2017 do aire, que representa o documento orientador das pol cas de actuação para os agentes públicos e privados de desenvolvimento da prov ncia, são analisados os sectores económicos mais relevantes iden cando determinan-do os pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças.

1. Elevado potencial para a agricultura, pecuária, oresta e ac vidade piscatória (incluindo nesta úl ma a qualidade do pescado).

2. Boas condições para a produção de produtos exportáveis com elevada procura e valor (nomeadamente o caju, no sector agr cola).

3. Recursos h dricos muito abundantes.

4. Localização geográ ca próxima de potenciais mercados de exportação.

5. Excelentes condições para a ac vidade de extracção de sal.

1. Baixos n veis de produ vidade, devidos ao reduzido n vel de conhecimentos t cnicos e formação da população e à diminuta u lização de meios tecnológicos e de op mização da produção agr cola e piscatória.

2. Falta de infra -estruturas de irrigação orientadas para o aproveitamento dos recursos h -dricos.

3. Inexist ncia de agro -indústria na região que absorva a produção.

4. Di culdades e custos de acesso aos factores de produção e ao cr dito.

5. Ac vidade restringida à pesca artesanal.

6. Inexist ncia de uma rede para a comercialização e distribuição dos produtos da pesca e da agricultura.

1. Procura de bens alimentares, orestais e pescado nacional por parte da RDC e de outros pa ses vizinhos.

2. Presença de um mercado nacional actualmente de citário, dependente de importação de bens alimentares e com elevado potencial de crescimento.

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1. Risco de perca de compe vidade dos produtos da região face a produtos importados, induzida pelos elevados custos inerentes ao escoamento dos produtos.

2. Eventual atrac vidade dos maiores centros urbanos para a população mais jovem e qua-li cada.

1. Proximidade geográ ca de mercados com elevado potencial de exportação e que permite a dinamização do com rcio transfronteiriço.

2. Abundância de mat rias -primas.

3. Esp rito empreendedor da população.

1. Elevados custos de produção causados pelos elevados custos de energia.

2. Mão -de -obra pouco quali cada.

3. Rede de infra -estruturas de transporte de citária.

4. De ciente rede de distribuição de energia e água.

5. Falta de mecanismos de apoio ao desenvolvimento de empresas industriais nacionais (incubadoras de empresas, centros de formação, por exemplo).

6. Falta de infra -estruturas para a conservação e distribuição de produtos perec veis.

7. Escassa capacidade nanceira do empresariado local.

8. Rede bancária insu ciente.

9. Baixo poder de compra da generalidade da população.

1. Expectável crescimento nacional com re exos no consumo interno.

2. Aumento da quali cação de quadros angolanos um pouco por todo o território.

3. Apet ncia de inves dores pela prov ncia do Zaire.

1. Mercado comum da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

2. Atrac vidade dos maiores centros urbanos para a produção mais jovem e quali cada.

3. Concorr ncia desleal de produtos importados por canais informais.

1. Inves mentos realizados na área da construção, reabilitação e expansão de infra-estru-turas.

2. Condições de navegabilidade permanente do rio Zaire.

3. Grande faixa costeira da prov ncia do Zaire.

4. Exist ncia de uma rede de aeroportos e aeródromos na prov ncia do Zaire.

1. Rede de estradas e pontes de citária.

2. Falta de t cnicos quali cados na área da construção civil e arquitectura.

3. Escassez de materiais de construção nacionais e de qualidade.

4. Falta de empresas locais com dimensão cr ca para a execução de obras de maior enver-gadura.

5. Falta de scalização e manutenção das infra -estruturas em funcionamento.

6. Aus ncia de serviços de caminho -de -ferro.

7. Car ncia de o cinas de reparação automóvel.

8. Rede de transportes públicos insu ciente.

9. Falta de infra -estruturas de apoio aos transportes públicos colec vos de passageiros.

Aproveitamento de linhas de cr dito externas, direccionadas para infra -estruturas que ve-nham a surgir.

1. Atrac vidade dos maiores centros urbanos para a população mais jovem e quali cada.

2. Dispersão da população em alguns munic pios, nomeadamente no Cuimba, que poderá diminuir o interesse por parte dos inves dores privados.

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No Plano de Desenvolvimento da Prov ncia do aire 201 -2017 e, complementando a aná-lise SWOT dos diferentes sectores económicos da prov ncia com os Grandes Eixos de nidos como Estrat gia Nacional de longo prazo ( Angola 2025 ), são iden cados indicadores de ob-jec vos para os diferentes sectores económicos. Mediante a aplicação de um conjunto de Me-didas Prioritárias de Intervenção e Programas que permitem maximizar as oportunidades da prov ncia que decorrem dos seus pontos fortes ao mesmo tempo que permitem minimizar as ameaças decorrentes dos pontos fracos, veri ca -se a possibilidade de a ngir indicadores para os diferentes sectores económicos. A tabela seguinte ilustra os indicadores de objec vos para o sector agr cola e das pescas, sector petróleo, geologia e minas, sector da indústria transforma-dora, sector do com rcio e sector das infra -estruturas, construção e transportes.

INDICADORES DE OBJECTIVOS DOS DIFERENTES SECTORES ECONÓMICOS

Indicadores 2013 2014 2015 2016 2017

Agricultura

Produção de cereais (ton) 57 61 67 79 90

Produção de leguminosas (ton) 4469 4692 5044 5548 5992

Produção de ra zes e tub rculos (ton) 64 335 67 552 72 618 79 880 86 271

Produção de hor colas diversas (ton) 295 309 333 366 395

Produção de frutas tropicais (ton) 373 449 392 121 421 530 463 683 500 778

Produção animal – caprinos 42 768 44 906 48 274 53 101 57 349

Produção animal – su nos 18 794 19 733 21 213 23 334 25 201

Produção animal – ovinos 13 774 14 463 15 547 17 102 18 470

Produção animal – av colas 88 250 92 663 99 613 109 574 118 340

Pescas

Volume pesca industrial e semi-industrial (ton) 5000 30 000 31 500 33 705 35 727

Volume pesca artesanal - mar ma (ton) 37 676 38 806 40 746 43 599 46 214

Volume pesca artesanal - con nental (ton) 2750 3000 3150 3371 3572

Produção aquicultura (ton) 250 1250 1313 1404 1489

Produção sal (ton) 50 200 300 525 840

Emprego gerado no sector 2103 2166 2275 2434 2580

Produção rochas ornamentais (m3) 1 027 389 1 078 758 1 159 665 1 275 632 1 377 682

Emprego gerado no sector não petrol fero 1577 1624 1689 1791 1853

Licenciamento novas indústrias 10 12 17 25 35

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

Indicadores 2013 2014 2015 2016 2017

Inves mento privado (milhares de kwanzas) 98 450 123 063 166 134 249 202 348 882

Emprego gerado no sector 120 150 203 304 425

Comércio

Licenciamento de novos estabelecimentos comerciais 80 87 97 112 126

Emprego gerado no sector 240 262 293 337 379

Construção/reabilitação rede viária fundamental (km) 230 561 350 300 250

Construção/reabilitação rede viária secundária (km) 15 300 250 200 185

Construção/reabilitação rede viária terciária (km) 13 700 700 500 500

Construção/reabilitação infra-estruturas aeroportuárias 1 1 1 1 1

Emprego gerado no sector 2000 3000 3150 3310 3475

N.o licenças de táxis emi das 17 18 21 26 30

N.o autocarros interprovinciais operacionais 10 15 20 25 30

Emprego no sector 161 177 204 245 290

Plano de Desenvolvimento Provincial 2013/2017 a e12.3.1

De seguida irá ser apresentado um per l de 4 munic pios da prov ncia (M Banza Congo, Soyo, Tomboco e N Zeto), sendo parte dos dados ob dos a par r de inqu ritos realizados pelo Fundo de Apoio Social (FAS) sedeado no Zaire267.

M Banza Congo tem uma elevada importância na história económica de Angola porque foi no passado a capital do Reino do Congo. Situava -se quase no centro do Reino, era uma praça--forte, da qual se podia enviar rapidamente socorro a qualquer região. Cidade bem constru da, cercada por muralhas de pedra, era tamb m uma grande metrópole comercial onde se encon-travam as principais rotas comerciais provenientes da costa e do interior. Essas rotas comerciais levavam para a capital os nzimbu provenientes de Luanda; o sal marinho, peixe, cerâmicas e

267 o o e o o ase a a os a de dos a e ados a a os da a e o a e a a os da a e o a o a os a de a ada o o a o a ada aseada a es a a da d s o da o a o o o a se a de as o a os o a se e o-ados a ea o a e e es o o o dese ado a a od o a o e od a se o a-ada o o o o e o aos a e ados e o a se o e a o ase o o de e e a e s a do o es o o a o do d ado e o o

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CEIC / UCAN

cestos do baixo Zaire; a rá a e outros ar gos da região do lago Malebo, o cobre e chumbo do Mbamba e diversos ar gos de Matamba.

Actualmente, os principais sectores que fomentam a economia de M Banza Congo são a agricultura, o com rcio formal e informal e a prestação de serviços. No sector agr cola, a maio-ria dos agricultores não t m as terras legalizadas e cerca de 35 declararam que u lizam a terra atrav s da autorização da autoridade tradicional (soba)268. A principal produção a mandioca, seguida da banana, do amendoim, da batata -doce, do milho e do feijão269. A importância da mandioca, que tem representado cerca de 98 do total da produção270, resulta dos seus deriva-dos, como a crueira, da qual se produz a fuba, e a chikwanga, que consumida e comercializada localmente e escoada para Luanda e outros munic pios de Angola ou exportada para a RDC. As folhas da mandioqueira são ricas em ferro e são u lizadas para fazer kizaca. Assim, este pro-duto agr cola contribui muito para o aumento das receitas e do poder de compra das fam lias. O tamanho m dio da área de cul vo da agricultura familiar de 1,59 hectares e da agricultura empresarial de 300 hectares mas a maioria das fam lias (46,2 ) possu a menos de 1 hectare e 38,9 disseram não possuir terra. O facto de a comuna sede ter uma grande concentração populacional urbana, pode de certa maneira explicar o facto de muitas fam lias não possu -rem terra. Quanto ao fornecimento de factores de produção no âmbito do PEDR no quadro do Programa de Inves mentos Públicos do Governo Provincial (PIP) e do Programa Especial de Respostas à Es agem, foram distribu das enxadas, sementes de milho, feijão, hor colas, fer li-zantes, equipamentos como motobombas e pulverizadores. A preparação de terras para cul vo

feita manualmente pela grande maioria das fam lias agr colas e mecanicamente no caso da maioria das empresas agr colas.

Este munic pio, pela sua excelente localização geográ ca, oferece condições para impulsio-nar o sector do com rcio, sendo o com rcio informal, atrav s dos mercados e praças, o que mais contribui para a intensidade das trocas, da compra e venda e da prestação de serviços. Existem cinco mercados ou praças, considerados os mais importantes de M Banza Congo e os grandes centros de consumo e escoamento dos produtos comercializados nestes mercados são o munic pio sede, Soyo, Luanda e a RDC. Destaca -se o mercado do Luvo, a 73 km de M Banza Congo e perto da fronteira com a RDC, com acessos rodoviários em boas condições e aberto aos sábados, com periodicidade de venda quinzenal para o lado angolano. Este mercado conse-gue concentrar, em m dia, 900 vendedores e a sua par cularidade a acentuada troca directa (troca -se, por exemplo, sal por panos da RDC ou computadores). Aqui existem muitas mulheres

268 es o da e a a o de e as de s a o a a ed da e e o a o o a s od o a s a a e a do e a do ed da e o so a a da e o s o de e o a-o es e aso se a ed do269 o aso do o da a d o a e da a a a -do e a od dade do o o a s a a e e a o d a a o a a od dade do e o o o o a o e a o e e a o od dade do a e do o se e s a d e e a270 se e a a do e a o e e a o a e e a

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comerciantes e vários grupos solidários, por po de produtos ou por a nidades familiares, de amizade ou de outro po de relações, que pra cam a kixikila271.

Em relação aos recursos minerais, existem duas empresas licenciadas que exploram brita e que estão ligadas à construção civil, principalmente às obras de asfaltagem das estradas a n vel da prov ncia272.

No sector de infra -estruturas e transportes, o munic pio conta com seis eixos rodoviários que ligam a sede ao resto das comunas, perfazendo um total de 345 quilómetros. O mau es-tado das vias primárias e secundárias das comunas, essencialmente agr colas, tem di cultado o escoamento dos produtos e a circulação de pessoas. Na poca chuvosa, as di culdades mul plicam -se e os cidadãos que residem no interior cam privados de serviços essenciais básicos devido ao aumento do preço dos transportes. Interessa ainda referir que para o es-coamento da produção do campo para cidade, os agricultores t m encontrado muitas di cul-dades, visto que são obrigados a alugar carros privados ou mototáxis, e muitas vezes o seu rendimento não su ciente para fazer face aos preços pra cados, deteriorando -se alguma parte dos produtos.

No sector agr cola, existe um número reduzido de agricultores familiares e de pequenos produtores. A situação agravada pela aus ncia de um serviço adequado de com rcio de pro-dutos agr colas. Como resultado, os n veis de produção são muito baixos, quase reduzidos à subsist ncia das próprias fam lias (destaca -se a produção de mandioca, milho, amendoim, fei-jão e batata -doce).273 A ac vidade pecuária igualmente muito rudimentar, limitando -se os agricultores familiares a criarem caprinos, ovinos, su nos e aves, em pequenas quan dades e sem qualquer suporte t cnico. Rela vamente à ac vidade da pesca, o munic pio considerado uma área de refer ncia e a ac vidade pesqueira faz -se no mar e no rio, sendo por isso as esp -cies capturadas muito diversi cadas.

O Soyo não um munic pio industrial, mas poderá vir a ser. A ac vidade empresarial apre-senta tr s caracter s cas dis ntas. O maior peso representado pelas empresas petrol feras e de gás e outras que lhes estão ligadas, nacionais (Sonangol, Somoil, Petromar, entre outras),

271 a a o a de asso a o os e os des o a e sa e e a e e a e ada do se e d e o o s do a o a a e e da o dos asso ados272 e o a e a a o a o e e o a e a o de as e a e a e e e a es a a273 desde es o e so os o a as a s e ados de ese o e o a e o a e o e a e e d s a o do o o e o a e o e a e e a e a de es de d a es a a e os es e os so a s e od os e e e o a a a-e o dos o essos de o ada de de s o e o e o o de a a dades o a s e a a de a ea-e o e es o de o e os

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mistas (Angola LNG) ou estrangeiras (Total, Fina, BP, Jembas, entre outras)274. Um segundo seg-mento cons tu do por empresas que se começam a estabelecer ou desenvolver, gravitando à volta do sector de petróleos, como empresas de serviços na área de segurança, recrutamento de mão -de -obra, limpeza, recolha de lixo, imobiliário, hotelaria e restauração. Um terceiro seg-mento cons tu do por um dinâmico sector informal, não apenas voltado para a agricultura e o com rcio, mas tamb m para a pesca artesanal e pequena indústria (padarias, fabrico de mó-veis, carpintarias, serralharias, o cinas auto, artesanato, onde pon cam muitos estrangeiros, nomeadamente provenientes da RDC)275. A ASSOMER a única associação representa va do empresariado local.

O com rcio cons tui uma das ac vidades que mais pessoas ocupa no Soyo e este o mu-nic pio que maior peso comercial tem na prov ncia. O facto de a cidade do Soyo cons tuir uma importante base log s ca da ac vidade petrol fera provoca uma certa animação comercial, atraindo muitos comerciantes oriundos da RDC para fornecimento de bens alimentares (fuba, mandioca, cerveja). Entrou em funcionamento em 2012 o Balcão Único do Empreendedor (BUE), onde os cidadãos poderão tratar de documentos pessoais, mas tamb m da criação de micro e pequenas empresas que lhes permitem acesso a cr ditos no âmbito dos programas Meu Negócio, Minha Vida e Angola Investe.

No contexto das infra -estruturas, o munic pio dispõe de um porto de águas profundas, cuja exploração está a cargo de tr s en dades diferentes276. Na verdade, a incid ncia no Soyo de um conjunto de projectos e acções, públicos e privados, uns já implementados ou em fase de implementação e outros em perspec va estão a transformar a região de modo muito dinâmico. São exemplo disso, al m do já referido projecto de aproveitamento de gás natural Angola LNG, a Sonagás, a fábrica de fer lizantes (amónio e ureia), o Porto Seco, o novo aeroporto, a constru-ção da re naria do Soyo e a nova cidade de Soyo 2277.

274 esde os a os dese o e -se a ase do a da o a o de a as e o e as s o -es a a so das a as s s e as de a o o a e o ado es o es - a s o es a e es e o os a a s da e o a da a o e da 275 s e a ad o e e os o os a o o de o o e e ee dedo s o o a e o -a e e o a s os o o o o de o a d s a e s e e a a a dos e os o a os o os o eses s o de o s o o o de es a os ao o o de os s -os a e o do do s o s s do e o o o de a s o de o a a a a s o a a o s o e a s a de o od os a o as e e o s o 276 e a a o a d s a da ase do a da os d e os de e o a o o a o ed dos e esa a da da a e esa o o e o so a a es a o de se os de a e o s o s e esas e o e as se da a e o a e a a e a e os d e sos a a s o e a dade e o e a e e a o a de e o d e s o es a a o do o o o e a277 s e s a a o s o de o o o os os s a os o e da o o o o o o a des ado o o ea dos a a os e a a a a a a de e os do -o e se es e a a se a o a e a dade o de se es e a o s e a de se s a a-es de e d e o d o os a de a as e s o de e eos

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A re naria do Soyo está projectada para produzir cinco milhões de toneladas de derivados por ano e processar 110 mil barris de petróleo por dia. A empreitada foi atribu da em 2015 ao empreiteiro chin s hina ianchen En ineerin orpora on. A primeira fase da obra consiste na construção da re naria, uma zona residencial para mil empregados, estação de produção e tratamento de água potável e residual, aterro sanitário e de res duos perigosos e uma central el ctrica. Na úl ma fase da construção, a re naria do Soyo conta com uma unidade de pro-cessamento, uma de armazenamento de petróleo bruto e transporte, outra de u lidades e instalações de acessórios. Na fase plena das operações, a re naria produzirá, por ano, 44 500 toneladas de gás liquefeito de petróleo (LPG), 558 500 de gasolina para ve culos, 20 700 de ben-zeno, 437 200 de combus vel para reactores, 853 400 de gasóleo e 180 de petróleo iluminante. Incluirá tamb m um cais para ancorar dois petroleiros com capacidades de at cem mil tonela-das de petróleo, incluindo um sistema de quebra -mar, vai ser constru do para apoio à re naria na fase de construção e na operacional.

O sector privado formal um grande empregador278, quer pelas empresas directamente li-gadas à exploração petrol fera, quer por outras que prestam serviços de vário po às primeiras. No m nimo, o sector privado no Soyo conta com cerca de sete mil trabalhadores no sector for-mal da economia. Incluindo os funcionários públicos, será poss vel concluir, numa perspec va conservadora, que o número de trabalhadores formais ultrapassa os 10 mil. É complexa a atri-buição de uma relação de g nero entre os trabalhadores, mas a percentagem de mulheres deve ser inferior a 10. Exceptuando os funcionários públicos e os trabalhadores do sector privado, a maior parte da população da cidade do Soyo dedica -se a tr s ac vidades: com rcio informal, pesca e agricultura. Na maior parte das fam lias os diferentes membros dedicam -se a essas tr s ac vidades. As mulheres normalmente trabalham na agricultura e/ou na venda de peixe e outros bens nas praças ou noutros locais. Por m, tem vindo a aumentar o número de mulheres que possuem pequenas embarcações, a remo ou a motor, que t m homens ao seu serviço. As mulheres mais empreendedoras conseguem lucros que lhes permitem inves mentos em resi-d ncias para alugar ou em táxis colec vos (candongueiros).

No sector agr cola, a mandioca o produto mais importante do munic pio, quer em pro-dução, quer em rendimento, e at mesmo em área ocupada cons tuindo a base alimentar da população. As hor colas, pelas suas próprias caracter s cas e atendendo que são cul vadas, na maior parte das vezes, nas baixas irrigadas, não necessitando de vastas áreas, apresentam baixa produção e produ vidade. Outros factores que estão, em geral, na base do baixo n vel de produção e produ vidade são a insu ciente assist ncia t cnica, a falta de t cnicos especializa-dos, o baixo uso de fer lizantes e de t cnicas adaptadas e o insu ciente controlo das pragas.

278 o o o do e a o e e o os os e o s o sede o a o se o ado o a e a s a a ado es e o se o o

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A maioria dos agricultores (89,2 ) não tem as terras legalizadas279. As explorações agr colas familiares cul vam, em m dia, 0,5 hectares, enquanto as empresariais apresentam, em m dia, 2 hectares por cada po de cultura. A grande maioria das fam lias camponesas (88,7 ) cul va menos do que 1 hectare, o que jus cado pela insu ci ncia de mecanização agr cola. Assim sendo, o volume de produção tamb m muito baixo.

Pelo que são os objec vos do Minist rio da Agricultura, o munic pio tem ainda uma vida associa va bastante d bil. De acordo com os dados da Estação de Desenvolvimento Agrário, existem 10 associações e 10 coopera vas agr colas e o maior número destas organizações encontra -se na comuna sede. Alguns l deres de coopera vas e associações t m par cipado em capacitações sobre sementeira e uso adequado de sementes e fer lizantes qu micos. Com isso, os l deres começaram a entender melhor o impacto da sementeira na produção e produ-

vidade, a vantagem do uso de esp cies melhoradas e a dosagem adequada de insec cidas e fungicidas. Há alguns anos, era poss vel re rar da pecuária o mesmo rendimento que hoje as fam lias re ram da agricultura. Mas actualmente a posse de animais por parte das fam lias não só pequena como tem diminu do de ano para ano. A comuna de Quinsimba parece ser a mais vocacionada para a criação de gado, devido à exist ncia de bons pastos. Por outro lado, a criação de gado requer consumo de sal e a comuna de Quinsimba aquela que tem mais condi-ções para o efeito. Apesar da maior parte das fam lias ser camponesa, a pesca, principalmente a artesanal, tamb m uma importante fonte de rendimento para uma boa parte da população, sobretudo para quem vive ao longo da costa mar ma.

No contexto da ac vidade comercial formal e informal, existem vários mercados ou praças, com destaque para o mercado municipal e para as praças de Yanda Mavata, de Kimbenza e de Bengo. Para os comerciantes, o acesso aos principais mercados locais e aos de Luanda cons tui ainda um grande problema, devido ao estado das vias e aos preços cobrados para o transporte dos produtos. O per odo de colheita aquele que se apresenta mais problemá co, devido ao aumento da oferta dos produtos no mercado local que associado à falta de armaz ns origina perda da produção agr cola. Como forma de melhorar esta situação, os camponeses defendem que o Governo, atrav s dos bancos, deve apoiar com meios de transporte as associações e coopera vas mais ac vas e organizadas. Em relação à comercialização do pescado, os produtos são escoados principalmente para os mercados de Tomboco, Soyo, M Banza Congo, para as prov ncias das Lundas e para a RDC. De entre as esp cies mais vendidas constam a corvina, a sardinha, o bagre, o pungo e a savelha.

semelhança de outros munic pios, as poucas indústrias existentes no Tomboco con -nuam a enfrentar vários problemas, o que não possibilita a este sector desempenhar um papel importante na vida dos agentes económicos e na economia local. A indústria de pequena di-

279 se e a a do e a o e e o o de a a o o o a o s a s od o a s a a e a do e as e as e s o ed das o a o ada e o so a de do ao s o de e o-a o

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mensão inclui carpintarias, recauchutagens, alfaiatarias, padarias, serralharias e empresas de exploração de brita. Existe um potencial para a instalação de indústrias no ramo dos recursos minerais, dada a exist ncia de petróleo, fosfato, betume, cobre e xisto, que não estão a ser explorados.

O munic pio não possui nenhuma ins tuição bancária, mas está em curso a construção de uma ag ncia do Banco de Poupança e Cr dito (BPC). Os mun cipes que necessitam de serviços bancários t m de recorrer aos bancos do munic pio de M Banza Congo. Algumas operações de pequeno valor, que surgem de necessidades imediatas das pessoas são realizadas por algumas can nas que dispõem de TPAs e cobram 100 kwanzas por cada levantamento de 1000 kwanzas. No entanto, o fundo de maneio que as can nas t m para este po de operações bastante reduzido e por vezes não ultrapassa os 10 0000 kwanzas por m s.

De entre a malha rodoviária do munic pio (270 km) destaca -se o troço entre Casa de Telha e a sede municipal que se localiza no triângulo entre N Zeto -Soyo -Tomboco. Este triângulo caracterizado por intensa ac vidade comercial e por elevado intercâmbio cultural. Encontram--se pequenos restaurantes, bares e hospedarias porque se trata de um ponto de paragem obri-gatória não só de ve culos ligeiros, mas fundamentalmente de camiões com des no a M Banza Congo (Luvo), Cabinda e RDC. O troço que liga a Casa de Telha (Tomboco) a Mangue Grande (Soyo), tem uma importância vital a n vel da prov ncia por ser um eixo que faz a ligação entre o Soyo, de grande potencial económico, e o resto do pa s. semelhança do que acontece no munic pio de M Banza Congo, os agricultores recorrem ao aluguer de viaturas privadas para o escoamento dos seus produtos.

No sector agr cola, as principais zonas agr colas são a comuna sede, a comuna de Kindege e a comuna da Kibala do Norte. As duas primeiras comunas são grandes produtoras de mandioca, em que os principais estrangulamentos são o transporte e o processo de transformação que feito pela maioria das mulheres de forma manual280. Rela vamente à posse e uso de terra, a maioria (60,1 ) não tem terra legalizada, possuindo somente autorização da autoridade tra-dicional, 1,4 revelaram que a terra está em processo de legalização, 0,5 disseram que t m outro po de documentação e 38 não responderam ou não pra cam a agricultura. Em termos de área de cul vo, 46,5 das fam lias trabalham menos de 1 hectare, 12,2 entre 1 a 2 hecta-res, 2,3 cul vam entre 3 a 6 hectares e 39 não responderam ou não pra cam a agricultura. A preparação do solo feita manualmente pela maioria dos agricultores familiares. O pólo agro -industrial Agricul va, já referido anteriormente, produz mandioca, cereais, hortaliças em regime de estufas, fuba de bombó, ração animal e ainda se veri ca a criação de aves. A gestão está sob a responsabilidade da Empresa MITRI com cooperação t cnica e de gestão israelita.

280 e o de de e o a a e da e od o a

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O pólo possui 1000 hectares, dos quais 400 estão a ser trabalhados. Conta com 100 trabalhado-res, dos quais 3 t cnicos, sendo um engenheiro agrónomo, uma m dica veterinária e um conta-bilista. Na visão dos t cnicos, as vantagens deste modelo de sistema de produção e gestão são um maior rendimento comparado com o sector familiar (por exemplo, 3 toneladas de milho por hectare), uso de tecnologias modernas, incluindo a irrigação e conservação dos solos por via da correcção. O pólo conta com um sistema de captação de água no rio M bridge, a cerca de 2 qui-lómetros das instalações principais da empresa. Em termos tecnológicos, o pólo recorre à me-canização agr cola, a fer lizantes e à correcção de solos. O munic pio do N Zeto tem sido a sede da formação e capacitação da Agricul va sobre o cul vo de vegetais, máquinas agr colas, solos, água e avicultura e tem -se veri cado uma tend ncia para o aumento das áreas cul vada das explorações agr colas empresariais na comuna sede, devido ao desenvolvimento deste pólo. Já na exploração familiar a tend ncia a manutenção do tamanho da área de cul vo por escassez de chuva, principalmente na zona costeira, e da presença de animais que invadem as culturas, principalmente na comuna de Kibala do Norte. A pesca predominante artesanal sendo a pesca

uvial feita no rio M bridge e a pesca mar ma na costa e em profundidade do mar, a cerca de cinco milhas. Como não existe um porto -cais, nem móvel nem xo para as embarcações, estas t m de ser arrastadas na areia, o que reduz o tempo de vida ú l das mesmas. Existe uma cadeia de frio para a conservação do pescado e fabrico de gelo. Os principais mercados de consumo da produção pesqueira t m sido Luanda, Soyo, M Banza Congo e o mercado do N Zeto (inclui peixe seco, meia -cura, fresco e congelado). Os jovens não estão aderir à ac vidade de pesca por considerarem de alto custo e risco e quando o pescador ca velho não tem recursos de sobre-viv ncia. A oresta pouco explorada para ns económicos exis ndo apenas uma exploração artesanal de pequena escala na comuna de Kindege. Algumas comunidades fazem a exploração de madeira para produção de carvão e para confeccionar pequenas obras artesanais. Tamb m se pra ca apicultura em pequena escala.

No ramo do com rcio formal, cerca de 63 dos estabelecimentos comerciais comercializa bens alimentares. O munic pio conta com quatro mercados (um em cada comuna), onde se pra-

ca o com rcio informal, sendo que o mercado da comuna sede conta com um balcão do Banco de Com rcio e Indústria (BCI). Os produtos mais vendidos no sector informal são a mandioca, a batata -doce e o milho. Segundo os camponeses, para melhorar o escoamento e comercializa-ção dos produtos mais rentáveis necessário asfaltar as estradas secundárias e construir mais pontes, para se incen var os camionistas a transportarem a produção das aldeias. Por outro lado, as associações e coopera vas necessitam de melhorar a sua organização para apoiarem os seus membros com cr dito bancário, mecanização agr cola, sementes, transporte para o escoa-mento dos produtos e com infra -estruturas de conservação, armazenamento e transformação de produtos agr colas. A comercialização do peixe tem sido uma ac vidade muito pra cada por mulheres. Geralmente compram o peixe aos pescadores/armadores e depois revendem -no transformado. Existem grupos de mulheres que controlam a compra de pescado, funcionando como intermediárias que fazem a transformação ou a revenda directa.

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O sector da indústria cons tu do por uma s rie de pequenas fábricas (salinas, fornos ca-seiros de fabrico de pão, padaria, fábrica de blocos, fábrica de mosaicos, fábrica de processa-mento de mandioca, fábrica de processamento de milho, alfaiataria, marcenarias, serralharias e recauchutagens).

Tal como acontece em quase todos os munic pios da prov ncia, no N Zeto o com rcio in-formal e a agricultura são as principais fontes de absorção de mão -de -obra local e o maior empregador a função pública, nos sectores da Educação e da Saúde. O munic pio conta com um centro de formação pro ssional de artes e o cios, e com acções forma vas sobre t cnicas agr colas e associa vismo, desenvolvida pelo pólo agro -industrial Agricul va. Existe uma Re-par ção Fiscal que tamb m cobre o munic pio de Tomboco. Estão a funcionar no munic pio dois bancos comerciais, BCI e BIC, ambos localizados na comuna sede. A maioria dos agregados (71 ) nas zonas rurais não tem uma conta bancária.

No sector das infra -estruturas, existem 6 eixos que ligam o munic pio em toda a sua exten-são, incluindo alguma parcela do Tomboco, perfazendo um total de 444 quilómetros; os rios M bridge e Loge t m um percurso navegável de 20 quilómetros. Cerca de 68 da população na zona urbana e 75 na zona rural não possui nenhum meio de transporte. Para os que o declararam possuir, tanto no meio urbano como na zona rural, a motorizada foi a que obteve uma percentagem maior, pelo que os agricultores v em -se obrigados a recorrer ao aluguer de viaturas privadas para o escoamento da produção.

As tabelas seguintes cont m informações de cada um dos seis munic pios da prov ncia, re-la vas à distribuição do inves mento público por munic pio e por sectores, respec vamente.

PLANO PLURIANUAL DE INVESTIMENTO PÚBLICO DE ÂMBITO PROVINCIAL POR MUNICÍPIO

2013 2014 2015 2016 2017 Total

M Banza Congo 2 265 869 200,00 4 244 403 704,70 5 768 400 005,00 3 792 414 896,17 3 529 334 657,17

Cuimba 339 010 000,00 144 924 893,00 1 618 575 106,00 3 087 999 999,00 2 868 724 001,00

Nóqui 235 000 000,00 165 000 000,00 1 285 999 998,00 3 030 450 000,00 3 052 223 997,00

N Zeto 385 000 000,00 183 638 346,70 953 681 503,00 3 001 083 333,33 3 800 557 325,33

Soyo 825 000 000,00 1 275 788 346,60 3 594 842 818,00 5 058 929 933,17 6 137 830 923,17

Tomboco 355 000 000,00 761 199 999,00 953 000 003,00 2 702 644 450,00 4 048 118 442,00

Vários munic pios 1 595 500 000,00 1 899 693 905,00 674 017 000,00 1 046 183 333,33 960 183 333,33

Total

Plano de Desenvolvimento Provincial 2013/2017 a e

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PLANO PLURIANUAL DE INVESTIMENTO PÚBLICO DE ÂMBITO PROVINCIAL POR SECTORES

Sectores2013 2014 2015 2016 2017 Total

Agricultura, silvicultura e pecuária 40 000 000,00 0,00 0,00 57 000 000,00 57 000 000,00

Pescas 40 000 000,00 0,00 0,00 346 666 666,67 304 916 666,67

Petróleo, geologia e minas 0,00 0,00 0,00 128 433 333,33 123 433 333,33

Indústria transformadora 40 000 000,00 0,00 0,00 56 833 333,33 54 833 333,33

Com rcio 500 000 000,00 235 000 000,00 50 000 000,00 297 008 333,33 384 158 333,33

Construção 25 500 000,00 804 999 996,00 4 958 750 010,00 6 096 292 050,00 7 610 842 029,00

Transportes 125 000 000,00 40 000 000,00 65 000 000,00 394 033 333,33 588 058 333,34

Total

Plano de Desenvolvimento Provincial 2013/2017 a e

De acordo com o Relatório de c vidades de 2015 da Delegação Provincial de Finanças do Zaire, no ano de 2015 foi arrecadada para os cofres do Estado uma receita não petrol fera no va-lor de 17 837 082 643,74 kwanzas, o que representa um aumento de 13,3 quando comparada com as receitas arrecadadas no per odo homólogo de 2014, totalizadas em 15 745 402 724,00 Kwanzas. A tabela seguinte ilustra a natureza económica da receita arrecadada.

RECEITA ARRECADADA POR NATUREZA ECONÓMICA NO ANO DE 2015 (KWANZAS)

2015

Imposto sobre o rendimento 1 772 519 140,02 2 018 956 980,40 13,90

Imposto sobre o património 156 238 036,00 142 432 498,00 -8,80

Imposto sobre a produção 20 507 368,00 16 436 329,00 -19,90

Imposto sobre o consumo 1 069 439 081,00 1 336 277 122,00 25,00

Imposto sobre o com rcio externo 4 962 414 621,00 3 931 687 553,00 20,80

Impostos diversos 3 202 773 676,64 4 415 005 328,34 37,80

Taxas, custas e emolumentos 4 012 057 359,88 5 550 540 500,00 38,30

Contribuições

Receitas patrimoniais 14 622,00 4 055 010,00 27 632,30

Receitas de serviços 76 074 867,00 78 967 287,00 3,80

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RELATÓRIO ECONÓMICO DE ANGOLA 2015

2015

Receitas de transfer ncias correntes

Receitas correntes diversas 472 678 400,39 325 430 854,00 -31,20

Receitas de capital 685 553,00 17 293 182,00 2422,50

Total

Relatório Económico de 2015 e e a o o a das a as do a e e a a e o de se o a e a es s a s e e a es d a e asO incremento da receita petrol fera, que foi tamb m superior ao valor anual previsto, deveu-

-se aos seguintes factos:

1. Forte aumento da ac vidade económica na zona fronteiriça.

2. Maior abertura do mercado a n vel local, ou seja, pela entrada de pequenas, m dias e grandes empresas nas áreas de exploração de inertes, construção civil e hotelaria.

3. Reforço da campanha de esclarecimento aos contribuintes sobre a importância do paga-mento de impostos.

Interessa destacar que o Programa de Inves mento Público (PIP) no ano de 2015 foi com-posto por 55 projectos, com um total de despesa orçamentada de 9482,94 milhões de kwanzas e de despesa paga de 1844,94 milhões de kwanzas (ver tabela). A taxa de execução das despe-sas do PIP foi de 19,46 281.

RESUMO DOS PROJECTOS (MILHÕES DE KWANZAS)

Contagem

Educação 3 282,31 0 0,00

Habitação Social 2 199,02 4 2,01

Infra-estruturas e Equipamentos Sociais 40 5808,5 457,81 7,88

Saúde 3 351 61,07 17,40

Outros 7 2842,12 1322,06 46,52

Total geral 55

281 os o e os a o ados e e a a a as s as a e e o a e a e es -ado da a o das o as a e as es a es da s a o e o a e o a e a a essado

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CEIC / UCAN

Em forma de conclusão, destacam -se os principais objec vos de desenvolvimento da pro-v ncia do Zaire:

1. Promoção do crescimento do rendimento atrav s do incen vo à modernização da agri-cultura familiar e da pesca artesanal, a principal forma de sustento da maioria dos agre-gados familiares, de forma a criar condições de acesso a n veis de rendimento superiores e outras oportunidades de emprego, reduzindo a pobreza e o n vel de desemprego na prov ncia.

2. Promoção do crescimento económico, do aumento de emprego e da diversi cação eco-nómica. Neste contexto, interessa inves r na capacitação do capital humano porque só com pessoas capacitadas será poss vel a ngir n veis de desenvolvimento e que sustentem o inves mento em capital xo.

3. Promoção do desenvolvimento equilibrado do território com o objec vo de dotar a pro-v ncia com uma malha infra -estrutural que permita uma rápida evolução do rendimento da população. A sua implementação deve ter em linha de conta a necessidade de ul-trapassar muitas debilidades, sempre com um enfoque nas potencialidades, nomeada-mente no signi cado cultural de M Banza Congo e no grande mercado que representa a vizinha RDC.

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