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Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1 ECONOMIA SOLIDÁRIA E INCLUSÃO SOCIAL: UM ESTUDO DE CASO DA COOPAGRAN EM NOVA OLINDA-CE [email protected] Apresentação Oral-Instituições e Desenvolvimento Social na Agricultura e Agroindústria LUCIANO PEREIRA DA SILVA 1 ; MARIA APARECIDA SILVA OLIVEIRA 2 . 1.UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA, CRATO - CE - BRASIL; 2.UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS-UFSCAR CAMPUS SOROCABA, SOROCABA - SP - BRASIL. Economia solidária e inclusão social: um estudo de caso da COOPAGRAN em Nova Olinda-CE Grupo de Pesquisa nº 8: Instituições e Desenvolvimento Social na Agricultura e Agroindústria. Resumo A crise do desemprego ocorrida na década de 1990 e a crise de atuação em que se encontrava o Estado fizeram surgir novos paradigmas desenvolvimentistas. Com isso, a sociedade civil surge como novo ator a participar desse processo de forma efetiva nas decisões sociais, atuando em parceria com o estado e as entidades do mercado. Ressalta-se nesse contexto a economia solidária, onde o agir coletivo se coloca como alternativa para os atores sociais que estão excluídos do mercado de trabalho e da sociedade. O presente artigo objetivou investigar a potencialidade de um projeto social proposto pela economia solidária através do cooperativismo com um estudo de caso sobre a Cooperativa Mista de Pais e Amigos da Casa Grande – COOPAGRAN, em Nova Olinda – CE, para analisar o impacto da cooperativa na inclusão social de seus cooperados. Para alcançar esse objetivo foi calculado um Índice de Condição Social (ICS) com as variáveis educação, saúde, emprego, bens duráveis, moradia, lazer e renda, antes e depois de se tornarem cooperados à COOPAGRAN. Foi observada variação positiva no índice de todas as variáveis e um teste de diferença de médias mostrou que o ICS apresentou variação positiva estatisticamente significativa. Assim, a cooperativa contribuiu para a inclusão social de seus cooperados. Palavras-chaves: cooperativismo, inclusão social, COOPAGRAN. Abstract The unemployment crisis that happened in the 1990s and the crisis of the State in terms of being absent on social issues to contributed to new developmental paradigms. In this way, the civil society appears as a new actor to participate in this process on an effective way into the social decisions, sharing the responsibility with the State and the Institutions private. Standing out in this context there is the reciprocal economy, where the group action is set as an alternative to the social actors who are excluded from the employment market and from the society. This paper attempted to investigate the potentiality of social project proposed by the reciprocal economy through the cooperativeness which use a case study on the Cooperativa Mista de Pais e Amigos da Casa Grande - COOPAGRAN, in New Olinda, in the state of Ceara, that analyzed the impact of the cooperative on the social inclusion of its cooperators. Therefore it was estimated an Index of Social Profile (Índice de Condição Social or ICS) in which there are the following variables: education, health, work, manufactured goods, housing, leisure and income, taking into account the situation before and after these people became cooperators to COOPAGRAN. It was observed a

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Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

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ECONOMIA SOLIDÁRIA E INCLUSÃO SOCIAL: UM ESTUDO DE CASO DA COOPAGRAN EM NOVA OLINDA-CE

[email protected]

Apresentação Oral-Instituições e Desenvolvimento Social na Agricultura e Agroindústria

LUCIANO PEREIRA DA SILVA 1; MARIA APARECIDA SILVA OLIVEIRA 2. 1.UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA, CRATO - CE - BRASIL;

2.UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS-UFSCAR CAMPUS SOROCABA, SOROCABA - SP - BRASIL.

Economia solidária e inclusão social: um estudo de caso da

COOPAGRAN em Nova Olinda-CE

Grupo de Pesquisa nº 8: Instituições e Desenvolvimento Social na Agricultura e Agroindústria.

Resumo A crise do desemprego ocorrida na década de 1990 e a crise de atuação em que se encontrava o Estado fizeram surgir novos paradigmas desenvolvimentistas. Com isso, a sociedade civil surge como novo ator a participar desse processo de forma efetiva nas decisões sociais, atuando em parceria com o estado e as entidades do mercado. Ressalta-se nesse contexto a economia solidária, onde o agir coletivo se coloca como alternativa para os atores sociais que estão excluídos do mercado de trabalho e da sociedade. O presente artigo objetivou investigar a potencialidade de um projeto social proposto pela economia solidária através do cooperativismo com um estudo de caso sobre a Cooperativa Mista de Pais e Amigos da Casa Grande – COOPAGRAN, em Nova Olinda – CE, para analisar o impacto da cooperativa na inclusão social de seus cooperados. Para alcançar esse objetivo foi calculado um Índice de Condição Social (ICS) com as variáveis educação, saúde, emprego, bens duráveis, moradia, lazer e renda, antes e depois de se tornarem cooperados à COOPAGRAN. Foi observada variação positiva no índice de todas as variáveis e um teste de diferença de médias mostrou que o ICS apresentou variação positiva estatisticamente significativa. Assim, a cooperativa contribuiu para a inclusão social de seus cooperados. Palavras-chaves: cooperativismo, inclusão social, COOPAGRAN. Abstract The unemployment crisis that happened in the 1990s and the crisis of the State in terms of being absent on social issues to contributed to new developmental paradigms. In this way, the civil society appears as a new actor to participate in this process on an effective way into the social decisions, sharing the responsibility with the State and the Institutions private. Standing out in this context there is the reciprocal economy, where the group action is set as an alternative to the social actors who are excluded from the employment market and from the society. This paper attempted to investigate the potentiality of social project proposed by the reciprocal economy through the cooperativeness which use a case study on the Cooperativa Mista de Pais e Amigos da Casa Grande - COOPAGRAN, in New Olinda, in the state of Ceara, that analyzed the impact of the cooperative on the social inclusion of its cooperators. Therefore it was estimated an Index of Social Profile (Índice de Condição Social or ICS) in which there are the following variables: education, health, work, manufactured goods, housing, leisure and income, taking into account the situation before and after these people became cooperators to COOPAGRAN. It was observed a

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positive variation on the index of all variables and an average difference test showed that the ICS brought out a significant statistically positive variation. Hence, the cooperative has contributed for its cooperators social inclusion. Key Word: Cooperativeness, Social Inclusion, COOPAGRAN 1. INTRODUÇÃO A crise do desemprego e seus desdobramentos sociais, ocorridos na década de 1990 como um evento mundial, têm agravado problemas sociais, intensificando a exclusão social de uma massa crescente de trabalhadores. Em face dessa problemática a sociedade civil tem buscado intervir nesse processo visando contribuir com o alcance de um desenvolvimento socialmente desejável. Segundo Sen (2000 apud MOREIRA; VIDAL; FARIAS, 2006), uma concepção adequada desse desenvolvimento deve ir muito além de variáveis relacionadas à renda. O desenvolvimento deve estar relacionado, principalmente, com a melhoria de vida e das liberdades desfrutadas.

O agravamento do desemprego surgiu como o efeito mais visível da desregulamentação dos mercados, levado a efeito pela via da globalização e pela flexibilização dos processos produtivos e das relações de trabalho (COSTA; CULTI; SOUZA, 2006). Paralelo a isso se deve levar em conta também a crise social em que se encontrava o Estado, essa que foi gerada pelo esgotamento de modelos de desenvolvimento desiguais e concentradores. Assim, no início da década de 1990, como uma resposta da sociedade, surge o chamado terceiro setor da economia, em meio a um aumento excessivo do desemprego decorrente da abertura da economia e da adoção de um modelo neoliberal. O terceiro setor reúne características do primeiro (o governo) e do segundo (o privado), mas com uma forte atuação da sociedade civil, o que o difere dos demais setores. Ele é constituído por organizações sem fins lucrativos e não governamentais, que tem como objetivo gerar bens, serviços públicos e privados, com o intuito de promover um desenvolvimento político, econômico, social e cultural no meio em que atuam. Exemplos de organizações do Terceiro Setor são as Organizações Não Governamentais (ONGs), as associações e fundações. Dessa forma, a sociedade civil aparece como um dos principais atores dentro das novas concepções de desenvolvimento. Ressalta-se no contexto dessas novas concepções a economia solidária como um movimento contemporâneo que surgiu efetivamente a partir da década de 1980, diante dos entraves causados pelos ideais neoliberais, onde o agir coletivo se coloca como uma alternativa possível para os atores sociais que estão em maioria excluídos do mercado de trabalho e, conseqüentemente, da sociedade.

Segundo Souza e Baiardi (2006), o conceito de economia solidária tenta abrir uma perspectiva de inclusão efetiva da sociedade civil no processo de construção de alternativas de desenvolvimento. Esse desenvolvimento deve acontecer de forma autônoma e democrática envolvendo todos os atores sociais, ou seja, as instituições públicas e privadas que têm intervenção no desenvolvimento local, governo federal, estados, municípios, sociedade civil organizada, empresários e ONGs. Nesse contexto, o objetivo principal desta pesquisa é investigar a potencialidade de um projeto social proposto pela economia solidária através do cooperativismo, analisando a Cooperativa Mista de Pais e Amigos da Casa Grande - COOPAGRAN, em Nova Olinda – CE, uma vez que o cooperativismo mostra-se como uma forma dos trabalhadores se defenderem da exploração capitalista e buscarem um padrão de vida digno. Dessa forma, com o presente estudo pretende-se esclarecer a seguinte questão: os propósitos da economia solidária, através do cooperativismo, podem ser realmente considerados como uma estratégia de inclusão social e como uma forma de promover desenvolvimento social junto aos cooperados da COOPAGRAN?

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Especificamente pretende-se fazer uma analise comparativa dos indicadores de inclusão social (educação, condições de saúde e habitacionais, acesso a bens duráveis, renda, trabalho e lazer) dos cooperados da COOPAGRAN, antes e depois do acesso a cooperativa. A COOPAGRAN foi criada com o objetivo principal de congregar pais e amigos da Fundação Casa Grande, profissionais de diversas áreas do conhecimento e promover sua defesa econômica e social1.

A Fundação Casa Grande Memorial do Homem Cariri é a principal parceira da COOPAGRAN, pelo fato da cooperativa ser formada em grande parte pelos pais dos meninos e meninas que fazem a Fundação e, além disso, o principal motivo de criação da cooperativa foi aumentar os laços da relação da ONG com os pais, devido alguns destes se encontrarem afastados dela e isso poderia gerar discrepâncias junto aos objetivos da fundação, além de gerar trabalho e renda para eles.

A Casa Grande é uma organização não-governamental, cultural e filantrópica criada em 1992, com sede em Nova Olinda, Ceará, Brasil. Tem como missão a formação educacional de crianças e jovens protagonistas em gestão cultural. Os resultados obtidos na presente pesquisa podem subsidiar tomadas de decisões dos cooperados da COOPAGRAN no que diz respeito à avaliação e ampliação das ações da cooperativa e, ainda, apresentar resultados que possam vir a estimular órgãos privados e governamentais comprometidos com o desenvolvimento social a investir no cooperativismo através de parcerias. 2 - METODOLOGIA 2.1 - Área de estudo O estudo foi desenvolvido na cidade de Nova Olinda, que está localizada no sul do estado do Ceará, possuindo uma população de 12.077 habitantes no ano 2000. O município apresentou um Índice de Desenvolvimento Social de Resultado (IDS-R) de 0,3502, ocupando a posição 154 no ranking estadual de 184 municípios em 2005. Já no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) obteve um resultado de 0,637, assegurando a posição 78ª no ranking estadual no ano de 2000. Ademais, o PIB per capita municipal foi de R$ 3.034,00 sendo inferior ao do estado, que foi de R$ 4.170,00 em 2004 (IPECE, 2007). As participações da agropecuária, indústria e serviços no PIB municipal em 2004, foram de 4,89%, 20,46% e 74,65% respectivamente. (IPECE, 2007). 2.2 - Fonte dos dados O presente trabalho contou com a utilização de dados primários e secundários, sendo que os primeiros foram resultantes da aplicação de questionários diretamente aos cooperados da COOPAGRAN. A aplicação dos questionários foi realizada com a população estudada, um universo composto por 20 cooperados. Quanto aos dados secundários, foi realizado um levantamento bibliográfico com intuito de possibilitar o conhecimento teórico sobre economia solidária, cooperativismo e inclusão social.

1 As atividades desenvolvidas pela cooperativa são: A Lojinha, onde há a comercialização de artesanatos confeccionados nas oficinas dos pais dos meninos da Casa Grande como trabalhos em bordado, couro, madeira, serigrafia e pintura; A Cantina, onde são oferecidos os serviços de refeições caseiras e lanches de comidas típicas regionais; A Budeguinha, onde há a venda de refrigerantes, pipocas e diversas guloseimas para os visitantes e as pousadas domiciliares que são suítes que ficam localizadas nos quintais da casas dos pais das crianças da Casa Grande e abrigam exclusivamente os visitantes da Fundação que vêm fazer intercâmbio, realizar pesquisas nos laboratórios da mesma, etc. Hoje, a COOPAGRAN dispõe de 10 pousadas na área urbana com capacidade para 40 leitos e duas pousadas opcionais em área rural de floresta e sertão com dois leitos cada.

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2.3 - Método de análise A pesquisa tem um delineamento de caráter bibliográfico, no qual foi feito um levantamento sobre pesquisas científicas realizadas sobre o tema e consultas a livros, revistas, sites etc. Além disso, faz parte da pesquisa, um estudo de caso no qual foi analisado o caso da COOPAGRAN de forma a ter um conhecimento detalhado da mesma. Para verificar se há inclusão social gerada pela cooperativa, foram levadas em conta variáveis que compõem indicadores como IDH2 (Índice de Desenvolvimento Humano) e IDS3 (Índice de Desenvolvimento Social), além de outras variáveis que se mostram de grande relevância na mensuração da inclusão social, como por exemplo, acesso a bens duráveis e lazer. Estes indicadores são instrumentos de controle das ações públicas e de aferição da eficácia e eficiências das políticas sociais. Segundo Holanda et. al. (2003), a inclusão social pode ser avaliada por diversas dimensões: educação, saúde, habitação, gênero, raça/cor, meio ambiente, emprego, renda, riqueza, infra-estrutura, participação política, cultura, esporte, lazer, justiça, segurança pública, acesso à informática e à Internet, situações de risco e vulnerabilidade, etc. Porém, deve-se utilizar indicadores que tenham como características básicas a simplicidade, a facilidade de interpretação e a utilização de fontes de informações que obedeçam a uma certa regularidade temporal. Diante disso, foram mensuradas nessa pesquisa as variáveis seguintes através de seus respectivos escores, analisando-as antes e depois dos indivíduos tornarem-se cooperados e, a partir dessa análise, foi verificado se houve inclusão social. a) Saúde Esta variável foi aferida considerando os tipos de serviços de saúde que os cooperados têm acesso, conforme os critérios a seguir:

b) Educação Para mensurar essa variável foi considerada a freqüência dos cooperados e de seus familiares a colégios, faculdades, cursos etc. Obedecendo aos seguintes critérios:

c) Emprego

2 O IDH é calculado a partir das variáveis educação, longevidade e renda per capita. 3 O IDS leva em conta as seguintes variáveis: educação; saúde; condições de moradia; segurança pública; emprego; renda; desenvolvimento rural.

Ausência de atendimento médico........................................................................................................ 0 Atendimento por agente de saúde........................................................................................................ 1 Atendimento em posto de saúde, com serviços de primeiros socorros e consultas médicas............... 2 Atendimento em hospitais que ofereça serviços de primeiros socorros, consultas médicas e leitos pra internação......................................................................................................................................

3

Atendimento em clinicas e/ou hospitais particulares sem acesso a plano de saúde de forma regular. 4 Atendimento em clinicas e/ou hospitais particulares sem acesso a plano de saúde de forma freqüente..............................................................................................................................................

5

Atendimento em clínicas e/ou hospitais particulares com acesso a plano de saúde de forma regular 6 Atendimento em clínicas e/ou hospitais particulares com acesso a plano de saúde de forma freqüente...............................................................................................................................................

7

Não freqüenta colégio ou faculdade.................................................................................................... 0 Não freqüenta colégio ou faculdade, mas faz cursos complementares como: cursinho pré-vestibular, língua estrangeira, profissionalizantes, etc........................................................................

1

Freqüenta colégio ou faculdade.......................................................................................................... 2 Freqüenta colégio ou faculdade e faz cursos complementares como: cursinho pré-vestibular, língua estrangeira, profissionalizantes etc...........................................................................................

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Foram contabilizados os empregos gerados pela cooperativa nos seus diversos setores de serviços: serigrafia, bordado, costura, pousada, bodega etc. Ainda, para os cooperados a variável emprego será assim analisada: Desempregado............................................................................................................................... 0 Emprego informal esporádico (“bicos”)....................................................................................... 1 Emprego informal freqüente......................................................................................................... 2 Emprego formal............................................................................................................................. 3 d) Renda Esta variável analisou se houve variação na renda dos cooperados após associarem-se à cooperativa. Para mensurá-la, a variável foi considerada binária assumindo o valor zero quando não houve variação positiva na renda e um para o caso contrário. e) Moradia Nessa variável foi analisada a propriedade de imóvel pelo cooperado e as condições sanitárias de água, lixo e esgoto. Sendo adotado os critérios a seguir:

f) Acesso a bens duráveis Este indicador foi medido considerando a quantidade de bens duráveis existentes antes do acesso à cooperativa e a quantidade adquirida após a associação.

Supondo que quanto maior a quantidade de bens adquiridos após o acesso a cooperativa, maior é o nível de inclusão social, então foram atribuídos os seguintes escores:

g) Lazer Na mensuração dessa variável foi considerada a participação dos cooperados e de seus familiares em locais e eventos de lazer. Seguindo os critérios abaixo:

Mora em casa alugada que não conta com serviços de abastecimento de água para consumo humano, destino de lixo domiciliar e tipo de instalação sanitária na residência..................................

0

Mora em casa alugada que conta com serviços de abastecimento de água para consumo humano, destino de lixo domiciliar e tipo de instalação sanitária na residência................................................

1

Mora em casa própria que não conta com serviços de abastecimento de água para consumo humano, destino de lixo domiciliar e tipo de instalação sanitária na residência..............................................................................................................................................

2

Mora em casa própria que conta com serviços de abastecimento de água para consumo humano, destino de lixo domiciliar e tipo de instalação sanitária na residência................................................

3

Grupo 1 – ventilador, fogão a gás, geladeira e equivalentes; Grupo 2 – televisor, rádio, telefone, aparelho de som, antena parabólica, dvd e equivalentes; Grupo 3 – bicicleta, moto, carro e equivalentes.

Não adquiriu nenhum dos bens duráveis dos grupos.......................................................................... 0 Adquiriu pelo menos um dos bens do grupo 1, mas não adquiriu nenhum dos outros bens.............. 1 Adquiriu pelo menos um dos bens dos grupos 2 e 3, mas não adquiriu nenhum dos outros bens .... 2 Adquiriu pelo menos um dos bens dos grupos 1, 2 e 3....................................................................... 3

Não freqüenta clubes, balneários, teatros cinemas, bares, praças, festas ou qualquer local de divertimento ou descontração.............................................................................................................

0

Freqüenta regularmente clubes, balneários, teatros cinemas, bares, praças, festas ou qualquer local de divertimento ou descontração.........................................................................................................

1

Sempre freqüenta regularmente clubes, balneários, teatros cinemas, bares, praças, festas ou qualquer local de divertimento ou descontração.................................................................................

2

Sempre freqüenta regularmente clubes, balneários, teatros cinemas, bares, praças, festas ou qualquer local de divertimento ou descontração e viaja regularmente...............................................

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A fim de observar se os valores calculados pelos indicadores de inclusão social dos cooperados nos dois momentos, ou seja, antes e depois dos entrevistados tornarem-se cooperados à COOPAGRAN, diferem estatisticamente, foi aplicado um teste para diferença de médias, denominado painel ou antes-e-durante. O teste baseia-se no método utilizado por Oliveira, Justo e Farias (2004) e utiliza um procedimento comparativo para dados de mesmos indivíduos providos de períodos de tempo diferentes, sendo calculado com o seguinte método: 1. Calcula-se, inicialmente, o Índice de Condição Social (ICS) para cada cooperado e cada indicador nos momentos anterior e atual, como se segue:

MAXx

xxi S

SICS =1 , e

MAXx

xxi S

SICS =2 (01)

em que: 1xiICS = Índice de Condição Social do cooperado i antes do acesso à cooperativa,

referente ao indicador x; 2xiICS = Índice de Condição Social do cooperado i depois do

acesso à cooperativa, referente ao indicador x; xS = Escore obtido pelo cooperado i

referente ao indicador x; MAXxS = Escore máximo alcançável para o indicador x.

Através desses índices individuais pode-se obter a média de um indicador para a população estudada da seguinte forma:

N

ICSICS

N

i

xi

x∑

== 1

1

1 , e N

ICSICS

N

i

xi

x∑

== 1

2

2 (02)

em que: 1xICS = Índice de Condição Social médio dos cooperados referente ao indicador x antes do acesso à cooperativa; 2xICS = Índice de Condição Social médio dos cooperados referente ao indicador x depois do acesso à cooperativa; N =Número de Cooperados. Para conhecer o ICS basta obter as médias dos índices dos indicadores, como se segue:

U

ICS

ICS

U

x

x∑== 1

1

1 , e U

ICS

ICS

U

x

x∑== 1

2

2 (03)

em que: 1ICS = Índice de Condição Social dos cooperados antes do acesso à cooperativa; 2ICS = Índice de Condição Social dos cooperados depois do acesso à cooperativa; U =

Número de indicadores. 2. Em seguida foi realizado um teste de diferença de médias com o intuito de analisar se a variação ocorrida no Índice de Condição Social dos cooperados após o acesso à cooperativa é estatisticamente significativa. O teste se baseia no método sugerido por Morettin (2000) para comparação de médias com dados emparelhados, ou seja, com resultados de duas observações relacionados dois a dois. Assim, para cada par de observação o primeiro valor está associado ao segundo. Esse teste é adequado ao presente estudo, pois permite através da diferença entre os valores de cada par de observação ou “antes” e “depois”, atribuir tal diferença à variável em análise, uma vez que as demais características de cada indivíduo permanecem aproximadamente iguais nos dois momentos. Dessa forma, desaparecem as demais diferenças verificando-se apenas a influencia do acesso à cooperativa sobre a condição social.

Para realizar o teste calcula-se inicialmente a variável t como mostrado a seguir:

d

d

N

iii

c

ICSICSN

µ−

−=

∑=1

121

(04)

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em que: ct = t calculado; 1iICS e 2

iICS = Índice de Condição Social do cooperado i antes e

depois de se tornar cooperado, respectivamente; dµ = valor das diferenças entre os índices

médios das populações a ser testado; dσ = desvio padrão das diferenças.

Em seguida obtém-se o desvio padrão da diferença através da expressão

−−−=σ∑

∑ =

= N

ICSICS

ICSICSN

N

iiiN

iiid

2

1

12

1

212 )(1

(05)

Foi feito por último um comparativo entre t calculado e tabelado da distribuição “t” de Student, com nível de significância de 5% para aceitar ou rejeitar as hipóteses: nula

210 : ICSICSH = , caso não ocorra nenhuma variação, e alternativa 12

1 : ICSICSH > ,

caso tenha ocorrido alteração estatisticamente significativa na condição social dos cooperados.

3 – REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 – Economia Solidária Os aspectos históricos envolvendo a economia solidária revelam que esse movimento nasceu pouco depois do capitalismo industrial e se originou na Primeira Revolução Industrial, como reação dos artesãos expulsos dos mercados pelo advento da máquina a vapor. Na passagem do século XVIII ao XIX, surgem na Grã-Bretanha as primeiras Uniões de Ofícios e as primeiras cooperativas. O cooperativismo teve como precursor o britânico Robert Owen que no início do século XIX preocupava-se com as relações trabalhistas da época e com a depressão pela qual passava a Grã-bretanha causada pelo ciclo de guerras européias provocado pela Revolução Francesa. Owen apresentou uma proposta para auxiliar as vítimas da pobreza e do desemprego e restabelecer o crescimento da atividade econômica. Em 1817, ele apresentou um plano ao governo britânico para que os fundos de sustento dos pobres, que estavam se multiplicando, em vez de serem distribuídos, fossem invertidos na compra de terras e construção de aldeias cooperativas, em que viveriam cerca de 1.200 pessoas trabalhando na terra e em indústrias, produzindo sua subsistência. Os excedentes de produção poderiam ser trocados entre aldeias. Mas, a proposta de Owen foi ignorada pelo governo britânico devido ser vista como uma forma de mudar o sistema social e extinguir a exploração capitalista. A primeira cooperativa Owenista foi criada por George Mudie, que reuniu diversos jornalistas e gráficos para juntos viverem de seus ganhos profissionais. (SINGER, 2002). Na Inglaterra, afirmava-se a solidariedade que os mais ricos deveriam ter em relação aos mais pobres, como condição para sua cidadania. Solidariedade, neste caso, assume a forma de filantropia, revelando a importância do setor privado na distribuição. Já na França, a ênfase é dada sobre as formas de auto-organização, operárias, por exemplo. A caridade, neste caso, deveria ser substituída pela solidariedade entre cidadãos considerados livres e iguais. A solidariedade é definida, neste momento, como laço social voluntário que une cidadãos livres e iguais no direito. Em torno desse ideário, muitos grupos vão se organizando, sobretudo por profissões, e as formas assumidas serão as associações, cooperativas ou organizações mutualistas. (FRANÇA FILHO; LAVILLE, 2004). A ação cooperativista pode ser vislumbrada nas mais diversas experiências comunitárias, ocorridas em tempo e espaços distintos ao longo da história da humanidade. Sob a égide do comunitarismo, onde a propriedade dos meios de produção é coletiva,

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podem ser vistas como modalidades não convencionais de cooperativismo a República Jesuíta dos Guaranis, no Paraguai, os sistemas do capulli e de altpetlalli, dos astecas; os ejidos, mexicanos; os hayllus, dos incas; as zadrugas, na Sérvia e na Bósnia; o mir, na Rússia; os kibutzin, em Israel; a experiência comunal do beato José Lourenço, afilhado do Padre Cícero, na fazenda Caldeirão, em Juazeiro do Norte, ou, ainda, de Antônio Conselheiro, em Canudos. Não obstante, de modo formal, situa-se a origem do cooperativismo na Inglaterra, em 1844, no Toad Lane (Beco do Sapo), na pequena cidade de Rochdale, pelas mãos de 28 tecelões, que criaram uma pequena cooperativa de consumo. (SEBRAE, 2000).

Nas décadas de 1960 e 1970, com as revoluções científicas e tecnológicas, diversas modificações ocorreram no campo das relações de trabalho, na concorrência empresarial e nas formas de organização da produção. A reestruturação produtiva ocorreu como forma de tentativa de superação da crise sistêmica da produção capitalista e, assim, da forma de acumulação do capital (Beynon,1995 apud SOUZA; NOBRE; SANTOS, 2005). Com o passar dos anos, os trabalhadores continuaram lutando por direitos, o que fazia com que se fortalecesse o movimento operário, como a transformação dos sindicatos em organizações poderosas, que passaram a ser a defesa dos interesses dos assalariados na luta contra o modo de produção capitalista. Entretanto, na década de 1970 surge um desemprego em massa causado pela desindustrialização de países centrais e de países em desenvolvimento como o Brasil, eliminando postos de trabalhos formais. O desemprego aumentou mais ainda nas décadas seguintes devido a vários fatores, entre eles os excessos neoliberais e a má preservação das instituições estatais. Diante disso, ressurge a economia solidária mais forte com a criação de novas cooperativas, com novos propósitos. Nesse contexto, Culti (2002) considera que as pessoas mesmo empobrecidas e excluídas do mercado de trabalho, pela necessidade de sobrevivência, buscam sua valorização, capacidade para trabalhar e empreender.

Segundo Singer (2000), a economia solidária começou a ressurgir de forma esparsa na década de 1980 e tomou impulso crescente a partir da segunda metade dos anos 1990. Ela resulta de movimentos sociais que reagem à crise de desemprego em massa, que tem início em 1981 e se agrava com a abertura do mercado interno às importações, a partir de 1990. Porém, Cruz (2002) relata que a economia solidária não é apenas um fenômeno econômico resultante das condições e tendências históricas do mercado de trabalho brasileiro. Ela também é resultado do acúmulo do movimento popular dos anos 1970 e 1980. Basta recolher as histórias de vida de suas lideranças e agentes principais: antigos líderes comunitários ou sindicais, gente ligada a partidos de esquerda, ou à Igreja progressista; iniciativas articuladas pelo MST. Enfim, a economia solidária é ao mesmo tempo um fenômeno econômico e um movimento social.

Singer (2002, p. 114) considera que: [...] A economia solidária é ou poderá ser mais do que mera resposta à incapacidade do capitalismo de integrar em sua economia todos os membros da sociedade desejosos e necessitados de trabalhar. Ela poderá ser o que em seus primórdios foi concebida para ser: uma alternativa superior ao capitalismo. Superior não em termos econômicos estritos, ou seja, que as empresas solidárias regularmente superariam suas congêneres capitalistas, oferecendo aos mercados produtos ou serviços melhores em termos de preço e/ou qualidade. A economia solidária foi concebida para ser uma alternativa superior por proporcionar às pessoas que a adotam, enquanto produtoras, poupadoras, consumidoras etc., uma vida melhor [...].

A economia solidária pode ser considerada um modo de produção alternativo ao capitalismo. O conceito de modo de produção para Godelier (1981 apud GAIGER 2007), diz respeito à totalidade histórica, dada pelo conjunto de relações que vinculam os

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indivíduos ao processo de produção, no sentido de suas condições materiais de existência, compreendendo igualmente a circulação e troca dos bens materiais. O modo de produção capitalista adota um regime de trabalho assalariado no qual os trabalhadores têm liberdade para escolher em que empresas querem trabalhar. Da mesma forma, os empregadores que são proprietários dos meios de produção também têm liberdade para demitir e contratar mão-de-obra, convertendo assim a força-de-trabalho em mercadoria. Além disso, extraem a mais-valia que é o determinante da ampliação de seu capital. O capitalismo, portanto, está fundado numa relação social, entre indivíduos desigualmente posicionados face aos meios de produção e às condições de posta em valor de sua capacidade de trabalho. Uma relação classista, que se efetua, “através de uma colaboração ilusória, mas não menos real, das três classes básicas, os assalariados, os capitalistas e os proprietários fundiários, na qualidade de donos dos fatores responsáveis pelos custos da produção de mercadorias”.(GIANNOTTI, 1976 apud GAIGER, 2007). A Economia Popular e Solidária, por sua vez, não é um modelo revolucionário para mudar ou subordinar o sistema atual, senão um projeto que tem como objetivo estruturar uma alternativa econômica, social, política e também cultural. Tendo em vista a crise no mercado de trabalho - que apresenta um quadro cada vez mais grave - tudo indica que dificilmente o mercado formal de trabalho crescerá o suficiente para absorver, senão a totalidade, pelo menos a maioria da população de trabalhadores. (BARCELLOS, 2000).

As expressões economia popular e economia solidária possuem significados um pouco diferentes. Segundo Corrêa (2007), quando se refere à economia popular, está se referindo a um determinado público, que abrange desde desempregados qualificados ou não, aos totalmente excluídos dos processos de desenvolvimento de tecnologias, dos programas sociais oficiais (saúde, habitação, educação, aposentadoria, etc), da distribuição de renda e do sistema econômico oficial. E se esta economia popular, de iniciativa popular, deseja ser solidária, é necessário averiguar de qual solidariedade está se falando/agindo. O sentido do termo solidariedade que está sendo trabalhado, não se mescla ao paternalismo, caridade ou filantropia, mas sim, com comprometimento do trabalho coletivo, cooperativo, comunitário, comprometimento este que perpassa por uma nova ética nas relações humanas, nova ética nas relações de trabalho, econômicas e comerciais.

Faria e Farias Filho (2007) afirmam que quando se diz popular, no conceito de economia popular e solidária, está referindo-se ao que se alcançou como resultado das lutas históricas dos trabalhadores por melhores condições de vida e trabalho, dentro da evolução da participação dos segmentos historicamente excluídos, em termos de democracia direta. Quando se diz solidária, refere-se ao que se alcançou no desenvolvimento da competência comunitária, que se deve entendê-la enquanto ações práticas de vida coletiva, pensada e operada em empreendimentos econômicos, comunitários e solidários.

No modo de produção solidário, o trabalho funciona com base na propriedade social dos meios de produção, vedando a apropriação individual desses meios ou sua alienação particular; o controle do empreendimento e o poder de decisão pertencem à sociedade de trabalhadores, em regime de paridade de direitos; a gestão do empreendimento está presa à comunidade de trabalho, que organiza o processo produtivo, opera as estratégias econômicas e dispõe sobre o destino do excedente produzido (VERANO, 2001 apud GAIGER, 2007). A esse respeito, Singer (2002) afirma que a principal diferença entre a economia capitalista e a economia solidária é o modo como as empresas são administradas. A primeira aplica a heterogestão, ou seja, a administração hierárquica, formada por níveis sucessivos de autoridade, entre os quais as informações e consultas fluem de baixo para cima e as ordens e instruções de cima para baixo. A heterogestão, para atingir seus

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objetivos, tem de suscitar o máximo de cooperação entre os empregados, agrupados em seções, departamentos e sucursais, ou seja, cooperação e competição são a rigor, incompatíveis entre si.

A economia solidária é um modo específico de organização de atividades econômicas. Ela se caracteriza pela autogestão, ou seja, pela autonomia de cada unidade ou empreendimento e pela igualdade entre os seus membros. O princípio geral da autogestão é que todos os que trabalham são donos do empreendimento e todos os que são donos trabalham no empreendimento.

A autogestão e a cooperação são acompanhadas por uma reconciliação entre o trabalhador e as forças produtivas que ele detém e utiliza, não sendo mais um elemento descartável e não estando mais separado do produto do seu trabalho. Agora, sob seu domínio, o trabalhador recupera as condições necessárias, mesmo se não suficientes, para uma experiência integral de vida laboral e ascende a um novo patamar de satisfação, de atendimento a aspirações não apenas materiais ou monetárias. Por conseguinte, as relações de produção dos empreendimentos solidários não são apenas atípicas para o modo de produção capitalista, mas contrárias à forma social de produção assalariada: nesta, o capital emprega o trabalho; naqueles, os trabalhadores empregam o capital. (GAIGER, 2007).

A autogestão exige um esforço adicional dos trabalhadores na empresa solidária: além de cumprir as tarefas a seu cargo, cada um deles tem de se preocupar com os problemas gerais da empresa. (SINGER, 2002). No entanto, as empresas podem sofrer graves problemas com o desinteresse dos sócios. Por isso, os programas de apoio aos empreendimentos solidários devem conter a capacitação técnica adequada para o conjunto de trabalhadores cooperados para o exercício profissional e da gestão coletiva dos empreendimentos. A economia solidária é um conceito utilizado hoje não só nas Américas, mas também nos países Europeus, com diversos entendimentos, mas carrega em comum, a idéia da solidariedade em contraposição ao individualismo, próprio do procedimento econômico nas sociedades capitalistas. Esta economia, no século XXI, tem como antecedente principal o cooperativismo operário que surgiu em reação às explorações provenientes da Revolução industrial durante o século XIX. Com os pensadores da época4, foi se formando a filosofia que fundamenta o cooperativismo em todo o mundo. É, substancialmente, uma filosofia do homem na sociedade em que vive, onde procura construir uma outra maneira de processar a economia, tendo base no trabalho e na distribuição eqüitativa do excedente adquirido e não na acumulação individual do dinheiro a partir da exploração do trabalho do outro. (COSTA; CULTI; SOUZA, 2006).

Um fator de fundamental importância nesse processo é a solidariedade que segundo Lisboa (1998 apud BARCELLOS 2000):

é um conceito ausente dos manuais de economia. Mas, as relações comunitárias são muito fortes na “economia dos pobres”. Sem elas não é possível entender como aqueles tão pobres logrem constituir uma economia operando com baixa produtividade e recursos tão limitados – inclusive os descartados como obsoletos, ineficientes – e sem acesso ao crédito. Estes recursos se potencializam pela força da solidariedade, a qual, como um outro fator econômico, desencadeia uma sinergia comunitária.

No Brasil o cooperativismo que já tem uma história de quase um século, em poucos momentos esteve vinculado a um projeto socialista. A esquerda brasileira em raros momentos encontrou no cooperativismo um papel revolucionário. Precisamente, apenas no início do movimento operário brasileiro, sindicatos e cooperativas se encontraram unificados num mesmo projeto político. O sindicalismo e o cooperativismo brasileiro

4 Destacam-se entre eles: Robert Owen (1771-1858), William King (1786-1865), Charles Fourier (1772-1837), Philippe Buchez (1796-1865) e Louis Blanc (1812-1882).

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também surgem de um mesmo movimento, no início da industrialização, quando os trabalhadores qualificados constituíram os “clubes de ofícios”, sindicatos – para defender os interesses da profissão, e as sociedades de consumo cooperativas com vistas a possibilitar o desenvolvimento de trabalho, renda e acesso a produtos mais adequados aos seus associados. Diante da crise sofrida nos anos 1980 e 1990 na qual ocorreu um desemprego em massa e gerou acentuada exclusão social no Brasil, surgiram vários programas de fomento ao terceiro setor através de modalidades sempre autogestionárias. Entre elas pode-se citar o caso da cáritas brasileira que financiou milhares de projetos denominados PACS – Projetos Alternativos Comunitários, tendo como objetivo gerar trabalho e renda de forma coletiva nas periferias das grandes metrópoles e na zona rural das diferentes regiões do país. Outro fator bastante relevante foi a ascensão das organizações do terceiro setor. Andrioni (2004) relata que essa atividade associativa no Brasil ganha impulso e se acelera a partir dos anos 1980. Segundo a autora, neste período as instituições privadas sem fins lucrativos, criadas com o objetivo de promover o bem comum, passaram a ser reconhecidas pelo neologismo de Organizações Não Governamentais (ONGs) – apelido que lhes foi atribuído pelo Banco Mundial e pelas Nações Unidas. No Brasil, as ONGs existem sob a forma jurídica de Associação ou Fundação. No entanto, o referido apelido dado pelos organismos internacionais inexiste no arcabouço jurídico brasileiro. O terceiro setor cresceu a partir dos anos 1990 e suas organizações têm como objetivo atuar em áreas de responsabilidade governamental, como saúde, educação, meio ambiente, habitação e alimentação, começando, assim, a ser visto como uma alternativa no combate aos problemas sociais. Para o Banco Mundial, que é o principal responsável pela disseminação desse termo, as organizações que compõem o Terceiro Setor são organizações privadas que realizam atividades para reduzir o sofrimento humano, promover o interesse dos pobres, proteger o ambiente, prover serviços sociais básicos e desenvolver comunidades. No caso brasileiro, são raras e de difícil generalização as informações sobre a criação de empreendimentos com fins sociais, mas há um consenso acerca de que o Terceiro Setor representa uma maneira diferente de pensar a comunidade e o seu desenvolvimento e uma forma de trabalhar que deve ser um misto de ciência e arte, racionalidade e intuição, idéia e visão, sensibilidade social e pragmatismo responsável, utopia e realidade, força inovadora e praticidade (DIAS, 2008).

Estudos realizados pelo BNDES revelam que a ativa participação das entidades sem fins lucrativos na sociedade brasileira data do final do século XIX. Já o processo de formação e consolidação das organizações não governamentais (ONGs) hoje presentes no cenário nacional surgiu nas décadas de 1960 e 1970, épocas marcadas pelas restrições político-partidárias impostas pelos governos militares, concentrando-se basicamente nas décadas de 1980 e 1990 (século XX), período em que mais cresceram e se tornaram visíveis. Apesar da evolução recente, as ONGs tiveram papel relevante enquanto catalisadoras dos movimentos e aspirações sociais e políticas da população brasileira (BNDES, 2001).

Em um levantamento realizado por Landim em 1953, com base em dados da receita Federal, apontou 190 mil instituições sem fins lucrativos – incluídas associações (90%), fundações, sindicatos, federações sendo que, se fossem contabilizadas as instituições religiosas, este número poderia alcançar um total de 220 mil. Entre 1978 e 1991 o número de associações cresceu de 76 para 190 mil no Brasil. (ANDRIONI, 2004).

O tamanho do terceiro setor varia bastante em termos da participação percentual no total de empregos. Países como Holanda, Irlanda e Bélgica possuíam mais de 10% do total de sua população ocupada em atividades deste setor (12,5%; 11,5% e 10,5% respectivamente). Já o Brasil situa-se abaixo da média dos países considerados na pesquisa

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em questão, que era de 4,8% no ano de 1995. Cabe destacar, no entanto, que foram criados, somente entre 1991 e 1995, cerca de 340.000 postos de trabalho neste setor no Brasil, fato que confirma a tendência de aumento de sua participação no mercado de trabalho. Em relação às áreas que concentravam o maior número de empregos, destacam-se educação, saúde e assistência social. As despesas operacionais destas organizações somaram, em 1995, US$ 10,9 bilhões, o que equivalia, aproximadamente, a 1,5% do PIB brasileiro atual. (BNDES, 2001).

Outro fator de grande importância para a economia solidária foi o surgimento da ANTEAG – Associação Nacional de Trabalhadores e Empresas de Autogestão – que teve início em 1991 após a falência de uma empresa paulista de calçados, atuando juntamente com a UNISOL – União e Solidariedade das Cooperativas do Estado de São Paulo – na atividade de fomento e apoio à transformação de empresas em crise em cooperativas. A economia solidária renasce no Brasil no bojo da grande crise de desemprego em massa e bancarrota de indústrias e se segue à abertura do mercado às importações a partir de 1990, ampliada em 1994 pelo Plano Real. Nesse contexto, Singer (2005) considera que a ANTEAG surgiu como uma resposta dos trabalhadores aos desafios sofridos pela crise do desemprego, visto que muitos deles herdaram a massa falida de suas ex-empresas e tentaram abrir um próprio negócio, sendo que alguns optaram pelas cooperativas de produção. O principal desafio que eles teriam pela frente seria colocar em prática a cultura cooperativista e a inexperiência na gerência de negócios para levar suas cooperativas ao sucesso, em lugar das antigas empresas que afundaram. E assim, graças ao apoio externo de entidades como a ANTEAG e as Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares, que oferecendo cursos aos cooperativados, dando assessoria, pondo as cooperativas em contato mútuo, organizando redes de negócios entre elas, intermediando financiamentos e mobilizando apoio político no Congresso, junto aos governos e na grande mídia, as cooperativas de produção, sucessoras de empresas capitalistas, obtiveram sucesso no mercado de trabalho. Levando em consideração todos os programas de apoio ao modo de produção solidário, Singer (2002) afirma que a economia solidária só se tornará uma alternativa superior ao capitalismo quando ela puder oferecer às parcelas crescentes de toda população oportunidades concretas de autosustento, usufruindo o mesmo bem-estar médio que o emprego assalariado proporciona. Mas para Cruz (2002), se o que falta aos empreendimentos de economia solidária – além da necessária estrutura de capital, é claro – é qualificação técnica, esta deve ser pensada a partir da situação específica do seu público alvo, que é distinta da cultura da escola formal, que é típica das classes sociais abastadas. Experiências a esse respeito já existem, várias, aliás, mas precisam ser difundidas, avaliadas e implementadas adaptadamente a cada realidade. Nos últimos anos, a economia solidária tem-se mostrado um importante instrumento de combate à exclusão social no Brasil e dessa forma obteve um grande respaldo dentro das estratégias governamentais de combate à pobreza e a exclusão social. Como prova disso, em junho de 2003 foi criada no Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, a Secretaria Nacional de Economia Solidária – SENAES.

A partir do ano de 2004, a SENAES contou com orçamento próprio. Neste contexto teve como desafio a implementação do Programa Economia Solidária em Desenvolvimento e a institucionalização dos procedimentos de execução de suas políticas e dos recursos orçamentários disponíveis. 3.2 - Inclusão Social

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O desenvolvimento social está fortemente vinculado a um processo de superação de desigualdades e exclusão social. A globalização da economia provocou uma reestruturação do mercado através dos avanços tecnológicos e gerou movimentos desiguais e assimétricos na esfera social fazendo com que os modelos de desenvolvimento tivessem que ser revistos. Para Gomá (2004, p.13),

Estamos testemunhando a transformação de uma época. As principais coordenadas sócio-econômicas e culturais que fundamentaram durante mais de meio século a sociedade industrial estão se transformando de maneira profunda e acelerada. [...] De fato, a produção em massa e padronizada é substituída por modelos muito mais flexíveis, o esquema patriarcal é substituído pela diversidade de formas familiares e pelas novas relações de gênero, o estado é submetido a pressões intensas e simultâneas de globalização e descentralização, a crise da representação política tradicional conduz tanto ao neopopulismo de caráter autoritário como a toda uma gama de experimentos de inovação democrática, de alta intensidade participativa. [...] As sociedades avançadas entram em cheio em uma segunda modernidade ou modernidade reflexiva, com lógicas culturais muito mais pluralistas e subjetivadas, sem grandes narrativas, sem grandes ancoradouros coletivos de coesão e com a consciência cada vez mais ampliada dos riscos ecológicos socialmente produzidos. Este é, muito sinteticamente, o contexto em que opera a idéia complexa e emergente de exclusão social.

A exclusão social tornou-se o foco de uma nova agenda de políticas locais de bem estar. O impacto das grandes transformações tecnológicas modificou totalmente os parâmetros do industrialismo. Mas, ainda está em jogo a própria idéia do trabalho como elemento estruturador da vida e do conjunto de relações, inserções e direitos sociais. Diante disso, Gomá (2004) afirma que há uma transição de uma sociedade de classes a uma sociedade cruzada por múltiplos eixos de desigualdade (de gênero, étnico-culturais, digitais, familiares, relacionais, de idade) que pode ser vista também como uma transição de uma sociedade estruturada, certa e previsível, conformada por grandes agregados sociais, com interesses e valores padronizados, a uma sociedade de riscos e incertezas que devem ser confrontadas por uma individualidade com poucas conexões com estruturas coletivas. Podendo ser entendida também como a transição de uma sociedade onde predominavam relações de desigualdade e subordinação vertical, a uma sociedade onde tende a predominar uma nova lógica de polarização em termos de dentro/fora, que implica, para o novo conjunto de grupos excluídos, a ruptura de certos parâmetros básicos de integração social.

Harloe (1989) relata que quanto a origem, o conceito de exclusão tem sua filiação na Escola de Sociologia Francesa, que foi criticado por deslocar a análise da sociedade do processo de produção para o processo de distribuição ou consumo. Para esse autor, a exclusão social é um dos neologismos produzidos pela ideologia neoliberal, que substitui a característica fundamental da sociedade capitalista, a divisão e dominação de classes, por uma de suas conseqüências: a exclusão de uma parte da força de trabalho das condições de reprodução que haviam sido apresentados pela ideologia liberal, e em particular sua versão social-democrata, como direitos civis (moradia, educação, saúde e lazer). Podendo ainda ser interpretada como uma falha da organização social que, portanto, poderia ser remediada ou corrigida através de uma política que já tem o nome pronto: de inclusão social.

Para definir a origem dos termos “inclusão” e “exclusão”, Rattner (2006) explica que enquanto a inclusão social é produto de políticas públicas dirigidas concretamente para o resgate e a incorporação da população marginalizada, oferecendo condições e acesso à organização social, como produtores e consumidores, cidadãos com plenos direitos e senhores de seu destino, a exclusão é o resultado de uma dinâmica “perversa” de acumulação e reprodução do capital, cada vez mais aceleradas pela concentração de

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capitais no regime de mercados e espaços globalizados. A exclusão é inerente ao sistema capitalista, como fenômeno universal e inevitável, expandindo-se em ritmo e intensidade diferentes, ao acompanhar os ciclos de expansão e recessão da economia. Podendo ser analisada sob três dimensões: primeira, a dimensão material e objetiva da desigualdade social e econômica; a segunda refere-se à ética da injustiça social e dos preconceitos; e a terceira dimensão, subjetiva, de sofrimentos impostos a milhões de seres humanos.

O conceito de exclusão social, por sua vez, estende o conceito de pobreza para além da capacidade aquisitiva de bens e serviços. Conforme Sposati (1998 apud GOMIDE 2003), a exclusão social inclui também a discriminação social, a segregação espacial, a não-eqüidade e a negação dos direitos sociais. A exclusão social é esse modo, uma situação de privação não só individual, mas coletiva. Um indivíduo no mercado informal de trabalho, por exemplo, pode ter ganhos superiores aos da linha de pobreza, mas estará submetido à percepção que seus descansos de fim de semana ou ausência no trabalho por motivo de doença implicam renúncia de renda, ao contrário dos trabalhadores com carteira assinada, que podem usufruir do direito ao descanso remunerado e à seguridade social. Nas palavras da autora, “a exclusão é a negação da cidadania”. Situações de exclusão seriam caracterizadas pela carência de serviços públicos essenciais, impossibilidade de reivindicação dos direitos sociais, falta de participação política, viver em situações de violência ou sob precárias condições de vida.

Holanda et al (2003), discutem os termos inclusão/exclusão social, partindo-se do princípio que a exclusão está relacionada com uma abordagem mais ampla que engloba a idéia de direitos perdidos, não acessíveis ou exercíveis, ao menos nos mesmos moldes de outras pessoas consideradas incluídas. Essa abordagem permite afastar a tese de que a exclusão social decorre naturalmente da vida em sociedade, do progresso, ou da incapacidade das pessoas se ambientarem favoravelmente dentro das relações capitalistas, ou seja, essa abordagem opõe-se à crença de que a exclusão social possa ser vista como um processo natural e inerente ao progresso. Assim, a inclusão social torna-se viável, quando os excluídos são capazes de recuperar sua dignidade e os direitos básicos da cidadania.

Para Pochmann (2004), trata-se de uma sociedade crescentemente cindida e polarizada socialmente, onde a expansão dos ricos não está mais associada a um longo circuito da renda que envolve investimento e a montagem de complexas cadeias produtivas. Dessa forma, surge a necessidade de se criar novos parâmetros de mensuração da exclusão social, que permitam elucidar as suas novas formas de manifestação.

Mas, não adianta apenas tentar superar a exclusão social adotando programas com fins específicos como de combate à pobreza, geração de emprego e renda etc.. Rattner (2002) relata que a inclusão torna-se viável somente quando, através da participação em ações coletivas, os excluídos são capazes de recuperar sua dignidade e conseguem - além de emprego e renda - acesso à moradia decente, facilidades culturais e serviços sociais, como educação e saúde. Esta tarefa ultrapassa o âmbito dos programas desenvolvidos por ONGs e exige o engajamento contínuo do poder público através de políticas pró-ativas e preventivas, sobretudo na área econômica, em nível federal que permeiem as ações dos governos estaduais e municipais. Além disso, as políticas ao nível macro executadas pelas diversas instâncias do poder público não devem ser concebidas como competitivas ou substitutivas dos programas e projetos realizados pelas ONGs e outras entidades da sociedade civil. Ambos são necessários e complementares, à condição de que não haja cooptação ou aproveitamento dos programas desenvolvidos para fins político-partidários, visto que o papel do Estado, em todos os níveis do poder público, é fundamental na definição de estratégias de combate à exclusão, sem cair no assistencialismo populista. Em suma, uma política dinâmica de inclusão social não depende apenas das diretrizes e ações

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do governo federal. Ela deve ser desenvolvida também em nível local e micro-regional através de iniciativas de cooperação e de autogestão.

A inclusão social é uma questão de políticas públicas, pois este termo que surgiu há algumas décadas atrás e apenas recentemente veio a ganhar ênfase nos planos de governo com a redefinição do termo desenvolvimento, engloba diversas áreas sociais como saúde, lazer, educação, etc. Para Bonelli (2001), melhoria nas condições educacionais, aumentos da renda familiar per capita, aumentos na longevidade das populações, melhorias nas condições de saúde e habitacionais em âmbito municipal são, todas e cada uma, representativas de importantes aspectos da inclusão social e da cidadania.

Para discutir sobre a inclusão social no Brasil, partindo do período em que se considera como o fim da escravidão (1888) e o fim do Império (1889), Guerra et. al (2005) relata que foram criadas expectativas de mudanças estruturais que se frustraram com e evolução do capitalismo no Brasil. Visto que, o avanço inegável que decorreu da instalação da República foi contraposto pela democracia restrita, com escassa participação política. O circuito econômico também permaneceu fechado, uma vez que a abolição da escravatura representou pouco mais do que a simples passagem do cativeiro para a condição de miséria, com fome e marginalização do mercado de trabalho da maior parte da população pobre e negra. Dessa forma, a problemática da inclusão social ficou esquecida, a não ser como um caso de polícia a reprimir todos aqueles que ousassem questionar os dilemas nacionais, as posições de ascensão social permaneceram dependentes da herança do parentesco tradicional e local, bloqueando qualquer possibilidade de constituição de partidos políticos nacionais com vocação inclusiva e cidadã.

Já na fase capitalista, especialmente a partir do século XX, uma nova e mais abrangente expectativa de mudança estrutural no país ocorreu com as transformações geradas pela Revolução de 1930. O enorme progresso material constituído durante o ciclo da urbanização e industrialização nacional (1930-1980) vingou fundado no abismo de uma sociedade pouco democrática e desigual. As transformações foram parciais, incapazes de encurtar as distâncias entre ricos e pobres. O resgate discursivo dos excluídos que se propôs com a Revolução de 1930 ficou pelo caminho, na medida em que reformas civilizadoras do capitalismo deixaram de ser realizadas. O Brasil ficou incompleto e a fantasia da nação dos incluídos foi desfeita. (GUERRA, 2005). Paralelo a isso, em meados da década de 1980 surge o movimento solidário como uma resposta dos trabalhadores e das comunidades pobres em relação às transformações ocorridas no mundo do trabalho. 4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 – Perfil socioeconômico dos cooperados da COOPAGRAN

Para traçar o perfil socioeconômico dos cooperados, levaram-se em consideração as seguintes variáveis: faixa etária, estado civil, sexo, quantidade de componentes das famílias, profissão, escolaridade e faixa de renda familiar.

Pode-se observar, a partir da Tabela 01, que a faixa etária predominante é de 20 a 40 anos. Porém, a faixa de etária de 40 a 60 anos tem uma relevante participação, indicando assim que a maioria dos cooperados pertence a um público jovem e adulto.

Os dados coletados mostram que 65% dos entrevistados são do sexo feminino, composto em sua maioria por domésticas e artesãs e que 75% são de pessoas casadas.

Tabela 01 - Distribuição absoluta e relativa dos cooperados da COOPAGRAN por faixa

etária. FAIXA ETÁRIA Fr %

0 |— 20 0 0,00% 20 |— 40 11 55%

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40 |— 60 08 40% A Partir de 60 01 5%

Total 20 100,0% Fonte: Pesquisa direta

A partir dos dados da Tabela 02, verificou-se que o ensino fundamental incompleto é predominante entre os entrevistados. No entanto, é importante destacar uma participação significativa daqueles (25%) que concluíram ensino superior e posteriormente ingressaram em cursos de pós-graduação, obtendo-se assim um equilíbrio no nível educacional dos cooperados. O conhecimento ocasionado pelo nível de escolaridade pode implicar em melhores resultados para a cooperativa, devendo-se levar em conta também que pode ocasionar em melhores condições de vida para os mesmos.

Tabela 02 – Distribuição absoluta e relativa dos cooperados por grau de escolaridade.

ESCOLARIDADE Fr % Analfabeto 0 0,00%

Ensino Fundamental Incompleto 06 30% Ensino Fundamental Completo 03 15%

Ensino Médio Incompleto 01 5% Ensino Médio Completo 04 20%

Ensino Superior Incompleto 01 5% Ensino Superior Completo 0 0,00%

Pós-Graduação 05 25% Total 20 100,00%

Fonte: Pesquisa direta

O nível de renda mais freqüente entre os cooperados entrevistados pertence ao intervalo de 1 a 3 salários mínimos (Tabela 03), evidenciando que a maioria dos entrevistados possuem um nível de renda familiar ainda baixo, apesar de 50% deles terem apresentado nível de escolaridade com pelo menos ensino médio (Tabela 02). Tabela 03 - Distribuição absoluta e relativa dos cooperados, relacionando a média da renda

da família em salários mínimos (sm). RENDA FAMILIAR Fr %

Menor que 1 sm 02 10% 1 |— 3 sm 14 70% 3 |— 6 sm 01 15% 6 |— 9 sm 03 5%

Acima de 10 sm 0 0,00% Total 20 100,00%

Fonte: Pesquisa direta

A quantidade de pessoas residentes no domicílio dos entrevistados pertence, na sua maioria, ao intervalo de 3 a 6 indivíduos (Tabela 04). Diante disso, nota-se uma baixa renda per capita familiar dos cooperados já que, como visto na Tabela 03, a renda familiar da maioria está na faixa salarial de 1 a 3 salários mínimos.

Tabela 04 - Distribuição absoluta e relativa dos cooperados, por quantidade de

componentes das famílias dos entrevistados. NÚMEROS DE PESSOAS NA FAMÍLIA Fr %

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0 |— 3 04 20% 3 |— 6 13 65% 6 |— 9 03 15%

A partir de 9 Pessoas 0 0,00% Total 20 100,00%

Fonte: Pesquisa direta

Quanto à profissão, 90% dos cooperados exercem outras funções além das realizadas na cooperativa, dentre elas destacam-se: professor, artesãos, funcionários públicos e autônomos. 4.2 – Índice de Condição Social – ICS

Para se mensurar o ICS foram avaliados os indicadores: saúde, educação, emprego, renda, bens duráveis, condições habitacionais e lazer. Após o cálculo do índice, e sua comparação nos momentos antes e depois, notou-se que após o acesso a cooperativa os sócios desta obtiveram melhoras em todas as variáveis. (Tabela 05).

Tabela 05 - Índice de Condição Social médio dos cooperados da COOPAGRAN, antes e

depois do acesso à cooperativa. INDICADOR 1xICS * 2xICS * ∆* ∆(%)*

Educação 0,3833 0,6167 0,2333 60,87 Saúde 0,3785 0,5571 0,1786 47,17

Emprego 0,6833 0,7833 0,1000 14,63 Bens duráveis 0,8000 0,9333 0,1333 16,67

Moradia 0,9000 0,9667 0,0667 7,41 Lazer 0,3833 0,7500 0,3667 95,65 Renda 0,0000 1,0000 1,0000 100,00 ICS 0,5041 0,8010 0,2969 58,91

Fonte: Pesquisa direta

* 1xICS = Índice de Condição Social médio dos cooperados referente ao indicador x antes do acesso à

cooperativa; * 2xICS = Índice de Condição Social médio dos cooperados referente ao indicador x depois do

acesso à cooperativa; * ∆ = Variação ocorrida no ICS dos cooperados depois do acesso a cooperativa; * ∆(%) = Variação percentual ocorrida no ICS dos cooperados depois do acesso a cooperativa. No indicador saúde 65% dos sócios obtiveram melhoras. Foi visto que maioria dos sócios antes contava apenas com os serviços básicos de atendimento oferecidos pelo sistema públicos e após o ingresso na cooperativa, mesmo sem ter acesso a planos de saúde, muitos deles passaram a receber atendimento em clínicas e/ou hospitais particulares de forma regular. Devido a isto o ICS dessa variável obteve um aumento de 47,17%.

Na educação, houve um aumento de 60,87% no ICS, a variação ocorreu principalmente pelo fato de os sócios terem tido acesso a cursos de aperfeiçoamento e preparação para o mercado de trabalho, capacitações, treinamentos, entre outros, sendo que apenas 55% dos sócios obtiveram melhoras nessa variável. Atualmente 30% dos cooperados têm apenas o ensino fundamental incompleto, por outro lado, 25% deles cursaram pós-graduação e 20% concluíram o ensino médio. Esse fato teve grande importância na fase inicial da cooperativa devido o conhecimento e as experiências de uma parte de seus membros terem sido decisivos no processo de alavancagem da mesma.

Em relação ao indicador emprego, foi observado um aumento de apenas 14,63% do seu ICS. Visto que 90% dos sócios possuem outra profissão além da desempenhada na cooperativa, a variação ocorreu pelo fato de alguns exercerem emprego informal

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esporádico, os “bicos”, e após o acesso conseguiram obter um emprego informal freqüente. Somente 20% dos sócios obtiveram um aumento significativo dessa variável.

A renda foi um dos indicadores que mais se destacou pelo motivo de ter tido aumentos significativos. Todos os cooperados obtiveram melhoras nela. Atualmente 50% dos cooperados se encontram na faixa salarial de 1 a 3 salários mínimos, sendo que antes do acesso a cooperativa esse percentual era de apenas 35%. Deve-se levar em conta também que antes do acesso a cooperativa apenas 15% dos cooperados se encontravam na faixa salarial de 3 a 5 salários mínimos e depois do acesso esse total passou a ser 25%.

Vale destacar que 75% deles são casados e, dessa forma, o aumento de renda promove melhorias em todo o âmbito familiar, levando em conta também que 65% deles possuem família com um total de integrantes na faixa de 3 a 6 pessoas.

Nas condições habitacionais, notou-se que a maioria deles já residia em casa própria que contava com serviços de abastecimento de água para consumo humano, destino de lixo domiciliar e tipo de instalação sanitária na residência. No entanto, após o acesso à cooperativa, devido a comercialização de produtos e serviços oferecidos pela COOPAGRAN, principalmente devido as pousadas domiciliares, alguns dos sócios que implantaram pousadas realizaram reformas em suas residências e isso gerou melhoras nas condições habitacionais destes. Assim, o aumento do ICS nessa variável foi de apenas 7,41% e somente 15% dos cooperados obtiveram uma variação positiva nesse indicador.

Ao se analisar os bens duráveis adquiridos pelos cooperados após a entrada na cooperativa, verificou-se que a variação ocorrida nessa variável foi auferida pela aquisição de bens do grupo dos eletrônicos como televisor, telefone, dvd, etc. Entretanto, nessa variável as diferenças entre os momentos antes e depois foram de apenas 16,67%, pelo fato de apenas 30% dos cooperados terem obtido êxito nesse indicador.

Em relação ao lazer houve uma mudança relevante nos hábitos dos cooperados, 65% deles obtiveram melhoras nesse indicador. Maioria deles passou a freqüentar de forma assídua locais de divertimento e descontração e houve nesse indicador uma melhora de 95,65%.

Após calcular as diferenças entre as condições de vida dos cooperados antes e após o acesso a cooperativa através da mensuração dos indicadores supracitados, notou-se que o ICS total dos cooperados obteve um aumento de 58,91%.

Com a realização de um teste de diferença de médias observou-se que a variação no ICS de antes para depois do acesso à cooperativa é estatisticamente significativa, ao nível de significância de 5%, visto que o t calculado na distribuição t de student foi igual a 25,30, sendo maior que o t crítico igual a 1,73, rejeitando-se , dessa forma, a hipótese nula de igualdade do índice entre os dois momentos. Assim, chegou-se a conclusão de que a cooperativa contribuiu para o desenvolvimento e inclusão social de seus sócios.

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Verificou-se uma grande evolução da economia solidária no Brasil e no mundo. Visto que, no Brasil esta ganhou expansão no fim dos anos 1980 e início dos anos 1990, e teve grande auxílio de movimentos populares que tentavam combater modelos antigos de desenvolvimento. Como prova dessa evolução no Brasil, pode-se citar a criação da Secretaria Nacional de Economia Solidária – SENAES, no ano de 2004 pelo governo federal. A inclusão social, um dos propósitos da economia solidária, vem sendo objeto principal de políticas governamentais e, assim, tem sido utilizada para se chegar a um desenvolvimento socialmente desejável. A esse respeito, deve-se levar em conta que o desenvolvimento social está atrelado a vários aspectos e sua promoção não é uma obrigação somente do Estado, mas também do mercado e da sociedade civil.

No estudo de caso da cooperativa verificou-se que ela alcançou o seu principal objetivo que é integrar os pais dos meninos da Casa Grande à ONG e, também, por ter sido

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responsável pelo aumento na renda que todos obtiveram depois do acesso a cooperativa. Dessa forma, notou-se que a economia solidária é capaz de gerar inclusão social e promover o desenvolvimento social de seus seguidores por meio da solidariedade e da adoção de um modo de produção coletivo, estes que são os seus pilares. Em suma, os propósitos da economia solidária, junto a COOPAGRAN, promoveram um desenvolvimento socialmente desejado. Pois, considerando que houve uma variação positiva no ICS dos cooperados, estatisticamente significativa, pode-se concluir que a condição social dos cooperados melhorou depois do acesso à cooperativa. Além disso, notou-se que a economia solidária pode ser realmente vista como um modo de produção alternativo e que a solidariedade, vista como um fator extraeconômico, e a interação entre todos os setores da economia são primordiais para se auferir sucesso em empreendimentos coletivos e para se chegar ao desenvolvimento supracitado.

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