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ECONOMIA – Mudança de Projeções 18 de maio de 2016
NOTA TÉCNICA
Sob Nova Direção Maurício Molan
[email protected] 55-11-3012-5726
Acreditamos que a nova equipe econômica terá como prioridade o ajuste fiscal e contará com nomes fortes na formulação de políticas. Entendemos também que o governo contará com ampla base de apoio no Congresso.
Essa abordagem tende a resultar em recuperação adicional da confiança de investidores (mercado), empresários e consumidores, já no curto prazo (próximos meses).
Acreditamos que a nova equipe apresentará medidas compatíveis com um ajuste fiscal de 3% do PIB para 2017-2018, o que aumentará substancialmente as chances de estabilização da dívida pública após as eleições de 2018.
Com isso é possível esperar por um ciclo de relativo otimismo e consequente valorização de ativos brasileiros. Vemos espaço para CDS de 5 anos convergir para algo como 275 pontos-base câmbio talvez chegar a R$ 3,20 / US$ em algumas semanas. Nossa projeção para a taxa de câmbio para o final de 2016 foi revisada de R$ 4,20 / US$ para R$ 3,65 / US$.
Além da redução da inflação (já incorporada em nosso cenário), a expectativa de câmbio mais apreciado deve contribuir para maior a ancoragem das projeções para o IPCA e abrir espaço para redução mais agressiva de juros. Projetamos 10% para a Selic ao final de 2017.
Com isso, o crescimento deve ser retomado de forma mais forte e rápida. Revisamos nossa projeção de variação do PIB para 2017 de 1.2% para 2%.
Nessa nota, apresentamos nossa visão sobre políticas e medidas que podem vir a ser adotadas pelo governo interino.
I) Introdução
O Senado Brasileiro decidiu, em 12 de maio, avançar com o processo de impeachment contra a presidente
Dilma Roussef, o que implica em seu afastamento por um prazo máximo de 180 dias (enquanto ocorre o
julgamento, também no Senado). Durante esse período, o vice-presidente Michel Temer atuará como presidente
interino, podendo permanecer de forma definitiva caso ocorra a condenação da presidente pelo Senado.
Nessa nota, apresentamos nossa visão sobre políticas e medidas que podem vir a ser adotadas pelo governo
interino. Nossa avaliação é que o mercado reagirá positivamente, desencadeando um círculo virtuoso, onde a
retomada da confiança reduz os prêmios de risco, a inflação e a taxa básica de juros; abrindo espaço para
recuperação do crescimento.
A tabela abaixo resume nossas projeções:
2015 2016p 2017p
Crescimento do PIB -3,8% -3,7% 1,2% 2,0%
Taxa de Câmbio (R$ / US$ - final de período) 3,90 4,10 3,65 4,20 3,95
Inflação (IPCA) 10,7% 7,0% 6,0% 5,2%
Selic (% final de período) 14,25% 13,0% 12,75% 11,5% 10,0%
Fonte: Santander
Nota técnica – Maio de 2016
II) Diretrizes Gerais de Política Econômica
1. Economia: choque de confiança
Iniciativas fiscais para colocar a dívida em trajetória sustentável – medidas de curto e longo prazo –
queda prêmios de risco
Banco Central: credibilidade e autonomia – discussão de independência formal
Ancoragem de expectativas de inflação Espaço para redução mais acentuada de juros
Apreciação cambial
Retomada mais forte do crescimento juros + melhora da confiança de empresários e consumidores
2. Política Social: de “universalização” para “focalização”
Priorização de programas sociais com foco na parcela mais pobre da população (foco nos 40% mais
pobres).
Bolsa Família: Seletividade via utilização do cadastro único (identificar quem realmente precisa e
eliminar falsas declarações de pobreza).
Idem para Creches, Pronatec, FIES priorizar quem realmente depende desse tipo de programa. Regras
mais rígidas para concessão de benefícios para reduzir ineficiências e evitar fraudes
Orçamento base zero - Avaliação permanente de programas sociais.
3. Política Externa: Reinserção do Brasil no Comércio Internacional: Negociação de acordos bilaterais de
comércio, com menos ênfase no Mercosul.
III) Política - Relação com Congresso
Melhora da interlocução e maior probabilidade de aprovação de Leis e Emendas Constitucionais, em função de:
Ações destinadas a melhorar a articulação, a interação, e o relacionamento com congressistas.
Base de apoio mais ampla.
Dificuldades / Riscos:
A Agenda do Congresso será dominada por outros temas (julgamento do impeachment no Senado, definição
da presidência da Câmara dos Deputados e eleições municipais em outubro).
Clima político ainda tenso e incertezas associadas à evolução da Lava a Jato.
Nota técnica – Maio de 2016
PT 58 12 PT
PDT 20 4 PDT
PCdoB 13 1 PCdoB
PMDB 69 18 PMDB
PTB 19 321 Dilma 52 3 PTB
PSD 32 3 PSD
PR 40 4 PR
PP 48 6 PP
PRB 22 1 PRB
PSDB 48 385 Temer 59 11 PSDB
PSB 31 7 PSB
DEM 28 4 DEM
SD 14 SD
PPS 9 1 PPS
PSC 12 1 PSC
PTN 13
PV 6 1 PV
Outros 20 3 Outros
PSOL 6 PSOL
Rede 5 1 Rede
Total: 513 81
Emenda
Constitucional: 308 49
Câmara Senado
Ali
ado
s
PT
"Ce
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ão"
Op
osi
ção
Ind
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en
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s
Ind
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PT
Nota técnica – Maio de 2016
IV) Iniciativas Fiscais Esperadas para o Curto Prazo
Acreditamos que é totalmente factível apresentar um plano de ajuste fiscal da ordem de 3% do PIB, ainda que
composto em sua maior parte por aumento de impostos (mesmo sem a CPMF). Nossa visão é que a
reintrodução da CPMF, a uma alíquota de 0,38% poderia gerar receitas da ordem de 1,5%. Não nos parece que
será uma medida prioritária, mas é uma possibilidade que não pode ser descartada.
Ajuste Fiscal de Curto Prazo (para maiores detalhes, ver Anexo, ao final do texto)
Impacto Fiscal: Medidas diversas, com impacto entre 2% e 3% do PIB em 2017/2018 (2/3 impostos e 2/13 gastos)
Medida Impacto (%
PIB)
Congresso Probabilidade
1. Aumento de Receitas 2.0%
1.1) IRPF 0.1% Lei Complementar Provável
1.2) Tributação de dividendos 0.6% Lei Complementar Provável
1.3) PIS / Cofins 0.5% Emenda Constitucional Provável
1.4) Cide 0.2% MP Provável
1.5) IOF 0.1% MP Provável
1.6) Reonerações 0.4% Lei Complementar Provável
1.7) Concessões 0.1% MP Provável
1.8) Tributação JCP em 18% 0.4% Lei Complementar Pouco Provável
1.9) CPMF (alíquota 0.38%) 1.5% Emenda Constitucional Pouco provável
2. Redução de Gastos 1.0%
2.1) Desvinculação de Receitas Orçamentárias Obrigatórias 0.3% Emenda Constitucional Provável
2.2) Salário do Funcionalismo 0.5% MP Provável
2.3) Gastos Discricionários (investimentos) 0.2% MP Provável
2.4) Orçamento Base zero Incerto Lei Complementar Improvável
2.5) Desvinculação de programas sociais ao salário Mínimo Indiferente Lei Complementar Provável
2.6) Mudança na regra de reajuste do salário mínimo Indiferente Lei Ordinária Improvável
2.7) Redução de Ministérios 0% MP Provável
Nota técnica – Maio de 2016
V) Reformas de Médio e Longo Prazo
1. Reforma da Previdência
Linhas gerais da proposta esperada: definição de idade mínima para aposentadoria dos
funcionários do setor privado (RGPS – Regime Geral da Previdência Social) ou aumento do tempo
de contribuição necessário para requerer aposentadoria, com regras de transição; aumento
(escalonado) da contribuição de servidores inativos de 11% para 14%.
Impacto fiscal: de 1% a 2% do PIB em 15 anos, de 2,5% a 4,5% do PIB em 25 anos, conforme
figura abaixo.
Déficit da Previdência (RGPS) - % do PIB 2015 2030 2040
Regime atual 1.5% 3.0% 5.0%
Cenário intermediário 1.5% 1.9% 2.8%
Reforma ampla (idade mínima 60 anos, homem, mulher, rural e urbano) 1.5% 0.7% 0.6%
Instrumento: Emenda Constitucional (3/5 dos representantes, 2 turnos de votação na Câmara e no
Senado)
Probabilidade de aprovação: elevada probabilidade de aprovação de uma reforma intermediária
até 2017.
2. Limites para o crescimento das despesas:
Linhas gerais esperadas da proposta: mecanismos automáticos de redução de vinculações
(restrições sobre gastos com funcionalismo, salário mínimo, despesas discricionárias, etc.) quando o
limite de crescimento de gastos for ultrapassado.
Impacto Fiscal: principal impacto esperado é ganho de flexibilidade orçamentária, que pode ser
crítico em momentos de necessidade de ajuste fiscal.
Instrumento: Emenda Constitucional (3/5 dos representantes, 2 turnos de votação na Câmara e no
Senado)
Probabilidade de aprovação: média, em 2017.
3. Unificação da Legislação do ICMS
Linhas gerais esperadas da proposta: já em tramitação, a proposta unifica a legislação e reduz
significativamente o número de alíquotas diferentes que incidem sobre um mesmo produto,
dependendo do Estado.
Impacto Fiscal: pode ser negativo para alguns Estados.
Instrumento: Resolução do Senado (maioria simples, um turno de votação apenas no Senado) e
medidas provisórias (maioria simples, um turno de votação na Câmara e no Senado) estabelecendo
fundos de compensação aos Estados.
Nota técnica – Maio de 2016
Probabilidade de aprovação: só será aprovado se bem amarrado com a renegociação da dívida dos
Estados (abaixo).
4. Renegociação Dívidas Estados (e alívio financeiro)
Linhas gerais esperadas da proposta: interrupção dos pagamentos de juros e amortizações por dois
anos. Importante exigir dos Estados contrapartidas que sinalizem melhora fiscal no médio e longo
prazo: aprovação de leis de responsabilidade fiscal estaduais; elevação da contribuição
previdenciária dos servidores inativos; privatizações; adequação das folhas de pagamento aos limites
e eliminação de brechas na contabilização de terceirizados para burlar os limites com gastos de
pessoal; caberia aqui exigir também, como contrapartida, apoio à reforma do ICMS.
Impacto Fiscal: -0.6% (aumenta o déficit) ao ano no primário. Impacto nulo em D+0 sobre o
estoque de dívida do setor público consolidado.
Probabilidade de aprovação: alta.
5. Privatizações, Concessões e PPPs (Parcerias Público Privadas)
Linhas gerais esperadas da proposta: deslanchar concessões já previstas de portos e aeroportos,
rodovias e ferrovias, com investimentos previstos em R$ 30 bilhões; para tanto, haveria a criação de
um órgão vinculado à presidência. Melhora no marco regulatório, com gestão profissional das
agências reguladoras (inclusive endurecendo a legislação para aumentar a responsabilização de
membros de conselhos de administração e fiscal de estatais e de agências).
Impacto Fiscal: teria potencial de dobrar as receitas anuais de concessão (R$ 5 bilhões em 2015),
gerando novas receitas de 0,1% do PIB.
Probabilidade de aprovação/implementação: alta.
6. Petróleo - alteração do modelo de partilha:
Linhas gerais esperadas da proposta: retorno ao modelo de concessão e revisão da regra de
conteúdo nacional.
Impacto Fiscal: teria potencial de dobrar as receitas anuais de concessão (R$ 5 bilhões em 2015),
gerando novas receitas de 0,1% do PIB.
Instrumento: Lei Complementar.
Probabilidade de aprovação/implementação: alta.
7. Autonomia formal do Banco Central
Linhas gerais esperadas da proposta: mandatos fixos para Presidente e Diretores do BCB,
descasados do mandato da Presidência da República.
Instrumento: Lei complementar.
Probabilidade de aprovação: baixa
Nota técnica – Maio de 2016
8. BNDES
Linhas gerais esperadas da proposta: redução dos subsídios (através da redução do diferencial
entre a Selic e a TJLP) e redirecionamento das operações do banco, com foco em oferta de crédito
para projetos de investimento de longo prazo (saindo da atuação atual em capital de giro e
financiamento ao varejo).
Impacto fiscal: não tem impacto sobre o resultado primário, mas melhora o déficit nominal e a
dinâmica da dívida pública - uma redução de 100 pontos-base na diferença entre a Selic e a TJLP
(atualmente em quase 7pp) reduz o déficit nominal em cerca de R$ 5 bilhões e reduz os juros
implícitos da dívida líquida do setor público.
Probabilidade de implementação: alta.
9. Reforma trabalhista
Linhas gerais esperadas da proposta: mudança da CLT (Consolidação das Leis de Trabalhistas)
permitindo que a livre negociação entre empregados se sobreponha à legislação (semelhante ao
modelo alemão); reforma ou extinção do FGTS.
Probabilidade de aprovação/implementação: baixa.
VI) Impacto sobre o Cenário e Projeções
1) Resultado Primário (% do PIB)
A abordagem fiscal é de extrema importância no curto prazo. O governo deve apresentar metas
ao mesmo tempo ambiciosas e realistas, assim como deixar claro o que deve ser feito para atingi-las.
O esperado ciclo de otimismo depende totalmente da credibilidade deste plano.
2015 Primário Observado (1.9)
(+) Não recorrentes marginal (receitas e
despedaladas)1.3
(+) Impacto do ciclo econômico s/
arrecadação(1.8)
(+) Crescimento gasto / PIB(1.1)
(+) Ajuste fiscal herdado de 2015 0.5
(+) Medida fiscal "ad hoc" 0.5
(=) 2016 Primário Projetado (2.5)
(+) Não recorrentes - marginal (0.3)
(+) Impacto do ciclo 0.4
(+) Crescimento do gastos s/ PIB0.6
(+) Medida fiscal "ad hoc" 3.0
2017 Primário Projetado 1.2
Fonte: Santander
Nota técnica – Maio de 2016
2) Dívida Bruta (% do PIB)
Um ajuste importante (3 p.p. do PIB) no superávit primário em 2016-2017 no curto prazo tende a
reduzir substancialmente o ritmo de crescimento da dívida nos próximos anos. O cenário de
estabilização provavelmente irá requerer ajustes adicionais – mais factíveis após 2018.
Dívida Líquida do Setor Público (% do PIB) Dívida Bruta do Setor Público (% do PIB)
47.3%
49.4%43.7%
51.4%
60.0%
30%
35%
40%
45%
50%
55%
60%
65%
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19
Sem Ajuste Fiscal
ComAjuste
79.8% 81.4%
77.0%
84.2%
92.7%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
dez-
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16
out-
17
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18
jun-
19
Sem Ajuste Fiscal
ComAjuste
Fonte: Banco Central do Brasil – estimativas Santander
3) Risco País
Os gráficos acima mostram duas dinâmicas bastante distintas para a trajetória da dívida, o que
implica em diferença substancial também para o que se deve esperar em termos de risco país.
Risco Brasil – CDS de 5 anos
-
100
200
300
400
500
600
Jan-
13
Mar
-13
May
-13
Jul-
13
Sep-
13
Nov
-13
Jan-
14
Mar
-14
May
-14
Jul-
14
Sep-
14
Nov
-14
Jan-
15
Mar
-15
May
-15
Jul-
15
Sep-
15
Nov
-15
Jan-
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Mar
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May
-16
Cesta (ponderada pelo PIB): Bulgaria, Chile, Colombia, Hungria, Indonesia, Malasia, Mexico, Peru, Filipinas, Polonia, Rusia, Africa do Sul e Turquia.
Cesta Emergentes
Brasil
Com Ajuste Fiscal
Sem Ajuste Fiscal
Fonte: Banco Central do Brasil – estimativas Santander
Nota técnica – Maio de 2016
Ao invés de um CDS de 500 pontos-base para 5 anos, o novo cenário pode implicar em algo
provavelmente entre 275-300 pontos-base no auge do ciclo de otimismo; provavelmente acima de
300 em um horizonte mais longo.
Note que desde 2014 houve aumento da percepção de risco em nossa amostra de emergentes,
provavelmente relacionada à redução dos preços de commodities (notadamente petróleo) no período.
4) Câmbio
Um novo patamar de risco país tende a, no curto prazo, resultar também em um nível mais apreciado
para a taxa de câmbio. Uma relação simples, de curtíssimo prazo, sugere que um intervalo de CDS
entre 250-300 pontos-base poderia estar associado a uma taxa de câmbio entre R$ 3,20/USD e R$
3,40/USD.
A projeção de final de ano para 2015 e 2016 levará em consideração, além do prêmio de risco,
outras variáveis como preços de commodities e valor do dólar contra outras moedas; o que tende a
resultar em um patamar mais depreciado para o real (que o mencionado R$ 3.20/USD), ainda que
não os nossos atuais R$ 4,10/USD.
Risco Brasil e BRL (desde 2014)
1.51.82.02.32.52.83.03.33.53.84.04.34.5
100 150 200 250 300 350 400 450 500
R$ / USD
Prêmio Risco
Com AjusteFiscal
Sem AjusteFiscal
Fonte: Banco Central do Brasil e Bloomberg
5) Inflação e Juros
Nossas estimativas de inflação já incorporavam queda decorrente da ociosidade de fatores gerada
pela recessão. Este fator tem sido mais intensamente incorporado no consenso dos mercados após
leituras mais benignas em março e abril.
Provavelmente levará a uma queda mais acentuada das expectativas, que provavelmente
convergirão para a meta já em 2017; em função de dois fatores: 1) Real mais forte, e 2) Perfil mais
austero do Copom, caso as mudanças ocorram na linha descrita anteriormente.
Independente do viés de política monetária, um ajuste fiscal e uma postura mais austera por parte do
BC poderiam levar a redução do juro real de equilíbrio em pelo menos 2 p.p., na nossa visão, em
função de: 1) Menor prêmio de risco, 2) Menor incerteza em relação à inflação.
No caso de expectativas de inflação não distantes de 5% e juros reais de equilíbrio próximo de 4%
a.a., seria possível observar juros nominais – Selic, inferiores a 10%, talvez já em 2017.
Nota técnica – Maio de 2016
Juro Real Ex ante (Selic (-) Expectativas de Inflação)
0.0%
1.0%
2.0%
3.0%
4.0%
5.0%
6.0%
7.0%
8.0%
9.0%
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jul-
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Juro Real Cenário Anterior 6%
Juro realCenário Atual
4.5%
Fonte: BCB
6) PIB
O esperado ciclo de otimismo iniciado nos mercados tende a se espalhar também para consumidores
e empresários; levando a recuperação dos indicadores de confiança.
Confiança PIB
-
100
200
300
400
500
60
70
80
90
100
110
120
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Sep
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May
-07
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Sep
-08
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Jan
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Sep
-12
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Prêmio de Risco (5 anos)Escala Invertida
Confiança do EmpresárioMédia = 100
160
162
164
166
168
170
172
174
176
178
20
14
.I
20
14
.II
20
14
.III
20
14
.IV
20
15
.I
20
15
.II
20
15
.III
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.II
20
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.III
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.IV
20
17
.I
20
17
.II
20
17
.III
20
17
.IV
Novo Cenário2017 = 2.%
Cenário Anterior (2017=1.2%)
1995=100
Fonte: IBGE, FGV e Bloomberg
A melhora antecipada e mais intensa da confiança, somada a uma perspectiva de juros mais baixos,
tende a impulsionar a recuperação mais cedo e de forma mais intensa. O processo de desalavancagem de
consumidores e empresas, o ainda elevado nível de estoques no setor de construção e as defasagens do
mercado de trabalho; no entanto, provavelmente impedirão uma recuperação muito mais forte do
crescimento.
Nota técnica – Maio de 2016
Anexo – O Ajuste Fiscal
1) Receitas
1.1) IRPF – alíquota adicional de 35% para salários acima de R$ 10.000
Impacto Fiscal: A atual alíquota máxima é de 27,5%. Arrecadação adicional de 0.1% ou um pouco mais se reduzido o potencial de
deduções
Instrumento: Lei Complementar – maioria absoluta (50% +1 dos representantes)
Probabilidade de aprovação: alta
1.2) Tributação sobre Dividendos
Impacto Fiscal: 0.6%
Instrumento: Lei Complementar – maioria absoluta (50% +1 dos representantes)
Probabilidade de aprovação: alta
1.3) Unificação PIS / Cofins – com alíquota que gere arrecadação adicional
Impacto Fiscal: 0.8%
Instrumento: Emenda Constitucional (3/5 dos representantes)
Probabilidade de aprovação: média para 2017
1.4) Nova rodada de aumento da CIDE (de R$ 0.2 para R$ 0.5), implica aumento de 10% para consumidor
Impacto Fiscal: 0.2%
Instrumento: Medida provisória
Probabilidade de aprovação: alta
1.5) – Aumento adicional de IOF (3% para 4.5%)
Impacto Fiscal: 0.1% (no ano passado aumentou de 1,5% para 3%)
Instrumento: Medida provisória
Probabilidade de aprovação: alta
1.6) Mais uma rodada de eliminação das isenções tributárias – reversão das desonerações (que totalizam hoje
4% do PIB), inclusive desoneração da folha (alguns setores foram “poupados” em 2015)
Impacto Fiscal: 0.4%
Instrumento: Lei Complementar – maioria absoluta (50% +1 dos representantes)
Probabilidade de aprovação: alta
Nota técnica – Maio de 2016
1.7) Tributação incidente sobre JCP (juros sobre capital próprio) – alíquota 18%
Impacto Fiscal: 0.3%
Instrumento: Lei Complementar – maioria absoluta (50% +1 dos representantes)
Probabilidade de aprovação: baixa - o foco deve ser na aprovação da tributação sobre dividendos
1.8) Privatizações, Concessões e PPPs (Parcerias Público Privadas). Busca de um melhor ambiente para
investimentos da iniciativa privada. Criação de um órgão vinculado à presidência (Moreira Franco – ex-
ministro da aviação civil de Lula e de assuntos estratégicos de Dilma). Deslanchar concessões já previstas de
portos e aeroportos, rodovias e ferrovias, com investimentos previstos em R$ 30 bilhões,
Impacto fiscal: dobrar a receita de concessões em 2017 e 2017 (R$ 5 bi em 2015): 0.1% do PIB
Probabilidade de aprovação: alta
1.9) CPMF
Impacto Fiscal: alíquota de 0.2% implica em arrecadação adicional de 0,6% do PIB
Instrumento: Emenda Constitucional (3/5 dos representantes)
Probabilidade de aprovação: alta
2) Gastos
2.1) Desvinculação de Receitas Orçamentárias
Seguindo o Fundo Social de Emergência criado em 1994 junto com o Plano Real – na época liberava 20% de
uma vasta base de recitas do orçamento. Não basta desvincular, é preciso cortar gastos obrigatórios
Impacto Fiscal: 0.3%
Instrumento: Lei Complementar – maioria absoluta (50% +1 dos representantes)
Probabilidade de aprovação: elevada com ganho fiscal a partir de 2017
2.2) Funcionalismo - Gastos com folha de pagamento. Congelamento de salários, planos de demissão voluntária
e redução de cargos comissionados.
Impacto Fiscal: 0.5%
Instrumento: MP
Probabilidade de aprovação: alta
2.3) Corte Adicional de Gastos Discricionários
Impacto Fiscal: 0.2%
Instrumento: MP
Probabilidade de aprovação: alta
2.4) Orçamento base zero
Nota técnica – Maio de 2016
Avaliação permanente dos programas por uma agencia criada especificamente para est fim – a cada votação da
lei orçamentária governo e parlamento escolherão os programas a serem continuados ou descontinuados.
Implica em aprovação do Orçamento Impositivo.
Impacto Fiscal: incerto
Instrumento: Lei Complementar – maioria absoluta (50% +1 dos representantes)
Probabilidade de aprovação: muito baixa
2.5) – Desvinculações de programas sociais à variação do salário mínimo
- Abono salarial, seguro desemprego, LOAS (Lei Orgânica de Assistência Social) e o Bolsa Família.
Desindexar do mínimo e indexar a IPCA.
Impacto Fiscal: sem impacto para 2017 em função de variação do salário mínimo provavelmente próxima da variação do IPCA
Instrumento: Lei Complementar – maioria absoluta (50% +1 dos representantes)
Probabilidade de aprovação: baixa
2.6) Mudança da Regra de reajuste do salário mínimo ou desindexação do reajuste da Previdência
Impacto Fiscal: sem impacto para 2017 em função de variação do salário mínimo provavelmente próxima da variação do IPCA
Instrumento: Lei Complementar – maioria absoluta (50% +1 dos representantes)
Probabilidade de aprovação: baixa
2.7) Redução de Ministérios
Impacto Fiscal: insignificante
Instrumento: Medida provisória
2.8) Eliminação do Abono Salarial (1 salário mínimo pago para trabalhadores com carteira até 2 s.m.)
Impacto Fiscal: 0.3% do PIB
Instrumento: Lei Complementar – maioria absoluta (50% +1 dos representantes)
Probabilidade de aprovação: muito baixa