economia das trocas simbólicas - parte i (espaço social, habitus, campo)

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Pierre Bourdieu Economia das trocas simbólicas Espaço social Gosto Habitus Campo social

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Page 1: Economia das trocas simbólicas - Parte I (Espaço Social, habitus, Campo)

Pierre Bourdieu Economia das trocas

simbólicas

Espaço social Gosto

HabitusCampo social

Page 2: Economia das trocas simbólicas - Parte I (Espaço Social, habitus, Campo)

Espaço Social (posições)

Habitus(disposições)

CamposUniversos

sociais relativamente

autônomos

Gostos e estilos de vida(bens e práticas sociais)

Trajetóriasocial

Passado

Presente

Page 3: Economia das trocas simbólicas - Parte I (Espaço Social, habitus, Campo)

Espaço Social

• É preciso pensar numa espécie de cruz: numa primeira dimensão, vertical, as posições e os agentes distribuem-se e opõem-se segundo o volume global do capital (capital econômico e/ou capital cultural); e,

• na segunda dimensão, perpendicular à oposição principal, temos uma oposição entre um pólo mais cultural e um pólo mais econômico(...)

Page 4: Economia das trocas simbólicas - Parte I (Espaço Social, habitus, Campo)

Esquema de espaço social referente à sociedade francesa nos anos 60-70

Page 5: Economia das trocas simbólicas - Parte I (Espaço Social, habitus, Campo)

Capital econômico

Capital cultural

Capital simbólico

Capital Social

Tipos de Capital

Tipo social de Herança e Patrimônio

familiar

Habitus,Trajetória sociale destino social

Page 6: Economia das trocas simbólicas - Parte I (Espaço Social, habitus, Campo)

• Esse espaço das posições vai exprimir-se num espaço dos estilos de vida

• [Esse quadro indica a distância social entre os agentes sociais: um espaço que indica a

probabilidade de encontros e desencontros entre os agentes sociais em posições sociais

muito diferentes.]

(Pierre Bourdieu. Crítica Armada p. 41)

Page 7: Economia das trocas simbólicas - Parte I (Espaço Social, habitus, Campo)

• Às diferentes posições no espaço social correspondem estilos de vida, sistemas de desvios diferenciais que são a retradução

simbólica de diferenças objetivamente inscritas nas condições de existência.

Page 8: Economia das trocas simbólicas - Parte I (Espaço Social, habitus, Campo)

• “O espírito não utiliza o corpo, mas se faz por meio dele (...)

• Meu corpo (...) é meu ponto de vista sobre o mundo

• O corpo é nosso meio geral de ter um mundo”

• Maurice Merleau-Ponty. A estrutura do comportamento

Page 9: Economia das trocas simbólicas - Parte I (Espaço Social, habitus, Campo)

Gestos

• O gesto consiste em qualquer parte ou aspecto de uma ação contínua que traz consigo o ato

global de que faz parte. (...)

• Elementos como solicitações, pedidos, ordens, pistas e declarações equivalem a gestos que transmitem aos que os reconhecem uma idéia da intenção e desígnio do ato a ser realizado pelo indivíduo

que os expõe.

H. Blumer. A natureza do interacionismo simbólico

Page 10: Economia das trocas simbólicas - Parte I (Espaço Social, habitus, Campo)

A linguagem e o corpo: a héxis

• A linguagem é um técnica do corpo, e a competência propriamente lingüística,

especialmente a fonológica, constitui uma dimensão da hexis corporal onde se

exprimem toda a relação do mundo social e toda a relação socialmente instruída com o

mundo.[“estilo articulatório”] (...)

Page 11: Economia das trocas simbólicas - Parte I (Espaço Social, habitus, Campo)

– Assim, no caso das classes populares, este estilo participa de maneira evidente de uma

relação com o corpo dominada pela

recusa das ‘maneiras’ ou das ‘frescuras’ (ou seja, da estilização e da

formalização) e pela valorização da virilidade(...)

Pierre Bourdieu. A Economia das trocas lingüísticas

Page 12: Economia das trocas simbólicas - Parte I (Espaço Social, habitus, Campo)

Habitus/héxis

A mediação entre essa posição no espaço social e as práticas, as preferências, é o que chamo de habitus, uma disposição geral

diante do mundo

(...) o rastro de toda uma trajetória passada, que está no princípio de

tomadas sistemáticas de posição. (...)

Pierre Bourdieu. Crítica Armada p. 37-38

Page 13: Economia das trocas simbólicas - Parte I (Espaço Social, habitus, Campo)

• A palavra disposição parece particularmente apropriada para exprimir o que recobre o

conceito de habitus :• o resultado de uma ação organizadora,

apresentando então um sentido próximo ao de palavras tais como estrutura

• uma maneira de ser, um estado habitual (em particular do corpo) e, em particular, uma

predisposição, uma tendência, uma propensão ou uma inclinação.

(Pierre Bourdieu. Esboço de uma teoria da Prática)

Page 14: Economia das trocas simbólicas - Parte I (Espaço Social, habitus, Campo)

A mediação entre essa posição no espaço social e as práticas, as preferências, é o que chamo de habitus, uma disposição geral diante

do mundo(...)Pierre Bourdieu. Esboço de uma teoria da Prática

Page 15: Economia das trocas simbólicas - Parte I (Espaço Social, habitus, Campo)

CampoUniverso

relativamente autônomo e

objetivado no mundo social

Produz e reconhece certo campo discursivo.

Tem uma história: é produto de um lento processo de depuração.

Espaço de posições e

tomadas de posição, espaço de

lutas (estratégias, hegemonia,

subversões, alianças, efeito de

envelhecimento no campo)

Produz e reconhece certas práticas, objetos e rituais de consagração próprios.

Valoriza certos tipos de capitais e

depende de certas disposições

(habitus profissional e uma

Illusio)

Page 16: Economia das trocas simbólicas - Parte I (Espaço Social, habitus, Campo)

“A forma e o conteúdo das representações variam porque as organizações sociais variam.

Organizações sociais moldam não apenas o que é feito, mas também o que os usuários querem que as representações façam, que

trabalho consideram necessário e que padrões usarão para julgá-lo”

Falando sobre a sociedadeHoward S. Becker

Page 17: Economia das trocas simbólicas - Parte I (Espaço Social, habitus, Campo)

“Apesar de diferenças superficiais entre gêneros e meios, os mesmos problemas fundamentais

ocorrem em todos eles. A influência dos orçamentos, o papel da

profissionalização, que conhecimento os públicos devem ter para que uma representação seja eficaz, o que é

eticamente permitido ao se fazer uma representação (...)”

Falando sobre a sociedadeHoward S. Becker

Page 18: Economia das trocas simbólicas - Parte I (Espaço Social, habitus, Campo)

Campo/ Illusio(Pierre Bourdieu)

Em seu famoso livro Homo ludens, Huizinga observa que, a partir de uma etimologia falsa,

illusio, palavra latina que vem da raiz ludus (jogo)...

A Illusio é estar preso ao jogo, preso pelo jogo, acreditar que o jogo vale a pena ou, para dizê-

lo de maneira mais simples, que vale a pena jogar.

Page 19: Economia das trocas simbólicas - Parte I (Espaço Social, habitus, Campo)

• Dito de outro modo, os jogos sociais são jogos que se fazem esquecer como jogos e a illusio é essa relação encantada com um jogo que é o produto de uma relação de cumplicidade. (...)

• O que é vivido como evidência na illusio parece ilusório para quem não participa dessa evidência, já que não participa do jogo.

Page 20: Economia das trocas simbólicas - Parte I (Espaço Social, habitus, Campo)

Os agentes bem ajustados ao jogo são possuídos por ele e tanto mais, sem dúvida,

quanto melhor o compreendem.

Page 21: Economia das trocas simbólicas - Parte I (Espaço Social, habitus, Campo)

Por exemplo, um dos privilégios associados ao fato de se nascer em um

jogo é que podemos economizar cinismo, já que temos o sentido do jogo; como um bom jogador de tênis,estamos localizados, não onde a bola está, mas onde ela vai cair

(...)

Pierre Bourdieu. É possível um ato desinteressado?