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6ª edição

www.sedh.gov.br

estatuto da criançae do adoLescente

Lei Federal nº 8.069/1990

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Realização

secretaria especial dos direitos Humanos - SEDHPresidência da república

conselho nacional dos direitos da criança e doadolescente - conanda

©  2010 - secretaria especial dos direitos Humanos -SEDH - Presidência da república 

DistRibuição gRatuita.

secretaria especial dos Direitos Humanos - SEDHPresidência da República

subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do adolescente - sNPDCa

esplanada dos Ministérios, Bloco tedifício anexo ii, sala 424ceP: 70064-900 – Brasília, dFtelefones: (61) 2025-3927/ 2025-3225Fax: (61) 2025-9603 e-mail: [email protected] site: www.direitoshumanos.gov.br

secretaria executiva do Conandaesplanada dos Ministérios, Bloco t edifício anexo ii, sala 421ceP: 70064-900 – Brasília, dFtelefones: (61) 2025-3524/ 2025-3525Fax: (61) 2025-9604e-mail: [email protected] : www.direitoshumanos.gov.br

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sumáRio

apresentação ......................................................... 4

composição do conanda ..................................... 7

estatuto da criança e do adolescente .............. 18

declaração universal dos direitos da criança . 186

convenção sobre os direitos da criança ....... 193

3

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aPReseNtação

o estatuto da criança e do adolescente,aprovado em 1990, é fruto da mobilização demilhares de brasileiros e brasileiras e das pró-prias crianças e adolescentes, Mais do que umalei, o estatuto pode ser considerado um pactonacional em defesa dos direitos da infância e ado-lescência em nosso país.

ao evocar a responsabilidade das famílias,da sociedade e do estado, a nova legislaçãodeveria ser conhecida por todos nós e sua publi-cação seria leitura obrigatória nas casas de todosos brasileiros e brasileiras, nas escolas, nasempresas, nas instituições e órgãos públicos, deum modo geral.

todavia, este marco legal, que completa20 anos em 2010, ainda precisa chegar a muitoslugares e a muitas pessoas. infelizmente, seudesconhecimento tem influenciado para a circu-lação de idéias distorcidas e preconceituosassobre seus princípios e regramentos. Por isto,favorecer a sua ampla circulação é uma estraté-gia fundamental para suscitar seu permanentedebate.

não tememos a problematização doestatuto. nas últimas décadas, transformaçõescontemporâneas nos levaram a novas deman-das e a própria sociedade brasileira mudou

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muito. neste sentido, algumas mudanças noestatuto se fizeram necessárias, para o aperfei-çoamento da lei e melhor garantia dos direitosde meninos e meninas.

ao participar da realização desta ediçãoespecial e comemorativa do 20 anos do eca, asecretaria especial dos direitos Humanos daPresidência da república e o conselho nacionaldos direitos de crianças e adolescentes buscam,mais uma vez, socializar seu conteúdo junto aomaior número possível de pessoas e, acima detudo, convocar a todos em seu compromisso deaprovar e implementar leis que assegurem umnovo país para as novas gerações.

Carmen silveira de oliveira subsecretária nacional de Promoção dos

direitos da criança e do adolescente (snPdca)e Presidente do conselho nacional dos direitos

da criança e do adolescente (conanda)

Fábio Feitosa da silvaVice Presidente do conselho nacional dos

direitos da criança e do adolescente (conanda)

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Presidente da República Federativa do brasilLuiz inácio Lula da silva

secretário especial dos Direitos HumanosPaulo de tarso Vannuchi

subsecretária Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do adolescente carmen silveira de oliveira

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ComPosição Do CoNselHoNaCioNal Dos DiReitos DaCRiaNça e Do aDolesCeNte(Gestão 2009 – 2010)

Presidente carmen silveira de oliveira

Vice Presidente Fábio Feitosa da silva

CooRDeNação geRal Do CoNaNDa

Coordenadora geralMargarida Munguba cardoso

assessoria/apoio administrativoHélio Veneroso castrorejane Pereira do nascimento

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RePReseNtaNtes goVeRNameNtais

Casa CiVil Da PResiDêNCia Da RePúbliCa

titular: ivanildo tajra Franzosisuplente: Alessandro Ferreira dos Passos

miNistéRio Do DeseNVolVimeNto soCial eCombate à Fome

titular: solange stella serra Martinssuplente: Francisco Antonio de Sousa Brito

miNistéRio Da CultuRa

titular: Marcelo simon Manzattisuplente: Geraldo Vítor da Silva Filho

miNistéRio Da eDuCação

titular: rosiléa Maria roldi Willesuplente: Leandro da costa Fialho

miNistéRio Do esPoRte

titular: danielle Fermiano dos santos Gruneichsuplente: carlos nunes Pereira

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miNistéRio Da FazeNDa

titular: Marcos aurelio santos de souzasuplente: Fabio eiji Kato

miNistéRio Da PReViDêNCia soCial

titular: eduardo Bassosuplente: ana Maria das Graças santos aquino

miNistéRio Da saúDe

titular: thereza de Lamare Franco nettosuplente: Maria de Lourdes Magalhães

miNistéRio Das Relações exteRioRes

titular: Márcia Maria adorno cavalcanti ramossuplente: Mariana Bierrenbach Benevides

miNistéRio Do PlaNejameNto, oRçameNto e gestão

titular: Mauro ceza nogueira do nascimentosuplente: Fernando cesar rocha Machado

miNistéRio Do tRabalHo e emPRego

titular: renato Ludwig de souzasuplente: Luiz Vieira da Paixão

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miNistéRio Da justiça

titular: romeu tuma Júniorsuplente: davi ulisses Brasil simões Pires

seCRetaRia esPeCial Dos DiReitos HumaNos Da PResiDêNCia Da RePúbliCa

titular: carmen silveira de oliveirasuplente: cícera Bezerra de Morais

seCRetaRia esPeCial De PolítiCas De PRomoção

Da igualDaDe RaCial Da PResiDêNCia Da

RePúbliCa

titular: cristina de Fátima Guimarãessuplente: (a ser indicado)

RePReseNtaNtes De eNtiDaDes Não-goVeRNameNtais titulaRes No CoNaNDa

Inspetoria São João Bosco - SalesianosRepresentante: Miriam Maria José dos santos

União Brasileira de Educação e Ensino - UBEE Representante: Fábio Feitosa da Silva

Central Única dos Trabalhadores - CUTRepresentante: Raimunda Núbia Lopes da Silva

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Conselho Federal de Psicologia - CFPRepresentante: Maria Luiza Moura Oliveira

Confederação Nacional dos Bispos do Brasil -Pastoral do Menor – CNBBRepresentante: Andrea Franzini

Associação Brasileira de Magistrados e Promotoresda Justiça, da Infância e da Juventude - ABMPRepresentante: Helen Crystine Corrêa Sanches

Aldeias Infantis SOS/BrasilRepresentante: Sérgio Eduardo Marques Rocha

Movimento Nacional de Meninos e Meninas deRua - MNMMRRepresentante: Maria Júlia Rosa Chaves Deptulski

Movimento Nacional de Direitos Humanos - MNDHRepresentante: Ariel de Castro Alves

Ordem dos Advogados do Brasil/Conselho Federal- OABRepresentante: Glícia Thais Salmeron de Miranda

Pastoral da Criança – Conferência Nacional dosBispos do Brasil – CNBBRepresentante: Maristela Cizeski

Sociedade Brasileira de Pediatria- SBPRepresentante: Carlos Eduardo Nery Paes

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Associação Nacional dos Centros de Defesa daCriança e do Adolescente - AncedRepresentante: Djalma Costa

Instituto Brasileiro de Inovações em Saúde Social- IBISSRepresentante: Tiana Sento-Sé

RePReseNtaNtes De eNtiDaDesNão-goVeRNameNtais suPleNtes No CoNaNDa

Federação Brasileira das Associações Cristãs deMoços - ACMRepresentante: Andrea Aparecida Nezio Paixão

Visão Munidial - VMBRepresentante: Welinton Pereira da Silva

Federação Nacional dos Empregados emInstituições beneficentes, Religiosas eFilantrópicas - FenatibrefRepresentante: Francisco Rodrigues Correa

Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança –FADCRepresentante: Roseni Aparecida dos S. Reigota

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Conselho Federal de Serviço Social - CFESSRepresentante: Erivã Garcia Velasco

Fundação Fé e Alegria do Brasil Representante: Vilmar Burzlaff

Fundação São Paulo / Fundasp- PUC/SPRepresentante: Maria Stela Santos Graciani

Associação Brasileira de Autismo - ABARepresentante: Marisa Fúria Silva

Sociedade Literária Caritativa Santo Agostinho -SLCSARepresentante: Iralda Cassol Pereira

Assembleia Espiritual Nacional dos Bahá’Ís doBrasil Representante: Mary Caetana Aune Cruz

Federação Nacional das Apae’s - FenapaesRepresentante: Aracélia Lúcia Costa

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sumáRio

liVRo i

título i

das disposições Preliminares (arts. 1º a 6º) ............... 18

título ii - Dos Direitos Fundamentais

capítulo i: do direito à Vida e à saúde (arts. 7º a 14) . 20

capítulo ii: do direito à Liberdade, ao respeito e àdignidade (arts. 15 a 18) ............................................... 24

capítulo iii: do direito à convivência Familiar e comunitária

seção i: disposições Gerais (arts. 19 a 24) .................. 25

seção ii: da Família natural (arts. 25 a 27) ................ 28

seção iii: da Família substituta

subseção i: disposições Gerais (arts. 28 a 32) ............ 29

subseção ii: da Guarda (arts. 33 a 35) ........................ 32

subseção iii: da tutela (arts. 36 a 38) ......................... 34

subseção iV: da adoção (arts. 39 a 52) ....................... 35

capítulo iV: do direito à educação, à cultura, aoesporte e ao Lazer (arts. 53 a 59) ................................. 56

capítulo V: do direito à Profissionalização e àProteção no trabalho (arts. 60 a 69) ............................ 59

título iii - Da Prevenção

capítulo i: disposições Gerais: (arts. 70 a 73) ........... 62

capítulo ii: da Prevenção especial

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seção i: da informação, cultura, Lazer, esportes,diversões e espetáculos (arts. 74 a 80) ....................... 63

seção ii: dos Produtos e serviços (arts. 81 e 82) ....... 65

seção iii: da autorização para Viajar (arts. 83 a 85) 66

liVRo ii - PaRte esPeCial

título i - Da Política de atendimento

capítulo i: disposições Gerais (arts. 86 a 89) ............. 68

capítulo ii: das entidades de atendimento

seção i: disposições Gerais (arts. 90 a 94) .................. 71

seção ii: da Fiscalização das entidades (arts. 95 a 97) ... 80

título ii - Das medidas de Proteção

capítulo i: disposições Gerais (art. 98) ...................... 82

capítulo ii: das Medidas específicas de Proteção(arts. 99 a 102) ............................................................... 83

título iii - Da Prática de ato infracional

capítulo i: disposições Gerais (arts. 103 a 105) ........ 93

capítulo ii: dos direitos individuais (arts. 106 a 109) ... 93

capítulo iii: das Garantias Processuais (art. 110 e 111) ...... 95

capítulo iV: das Medidas sócio-educativas

seção i: disposições Gerais (arts. 112 a 114) .............. 96

seção ii: da advertência (art. 115) ............................... 97

seção iii: da obrigação de reparar o dano (art. 116) ... 98

seção iV: da Prestação de serviços à comunidade (art. 117) .98

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seção V: da Liberdade assistida (art. 118 e 119) ........99

seção Vi: do regime de semi-liberdade (art. 120).. 100

seção Vii: da internação (arts. 121 a 125) ................. 101

capítulo V: da remissão (arts. 126 a 128) ................ 105

título iV - Das medidas Pertinentes aos Pais ouResponsável (art. 129 e 130) ....................................... 106

título V - Do Conselho tutelar

capítulo i: disposições Gerais (arts. 131 a 135) ....... 107

capítulo ii: das atribuições do conselho (arts. 136 a 137) ... 109

capítulo iii: da competência (art. 138) ........................................ 111

capítulo iV: da escolha dos conselheiros (art. 139) .. 111

capítulo V: dos impedimentos (art. 140) ................. 112

título Vi - Do acesso à justiça

capítulo i: disposições Gerais (arts. 141 a 144) ....... 112

capítulo ii: da Justiça da infância e da Juventude

seção i: disposições Gerais (art. 145) ........................ 114

seção ii: do Juiz (arts. 146 a 149) ............................... 114

seção iii: dos serviços auxiliares (arts. 150 e 151) ..... 118

capítulo iii: dos Procedimentos

seção i: disposições Gerais (arts. 152 a 154) .............119

seção ii: da Perda e da suspensão do Pátrio Poder (arts.155 a 163) ........................................................................ 120

seção iii: da destituição da tutela (art. 164) ........... 124

seção iV: da colocação em Família substituta (art. 165 a 170) 125

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seção V: da apuração de ato infracional atribuído aadolescente (arts 171 a 190) ........................................ 129

seção Vi: da apuração de irregularidades em entidadede atendimento (art. 191 a 193) ................................. 138

seção Vii: da apuração de infração administrativa àsnormas de Proteção à criança e ao adolescente (arts. 194 a197) ................................................................................................ 139

seção Viii: da Habilitação de Pretendentes à adoção ... 141

capítulo iV: dos recursos (arts. 198 e 199) .............. 145

capítulo V: do Ministério Público (arts. 200 a 205) 148

capítulo Vi: do advogado (arts. 206 e 207) ............. 152

capítulo Vii: da Proteção Judicial dos interessesindividuais, difusos e coletivos (arts. 208 a 224) ....... 153

título Vii - Dos Crimes e Das infraçõesadministrativas

capítulo i: dos crimes

seção i: disposições Gerais (arts. 225 a 227) ..............161

seção ii: dos crimes em espécie (arts. 228 a 244) ... 162

capítulo ii: das infrações administrativas (arts. 245 a 258) .... 173

DisPosições FiNais e tRaNsitÓRias (arts. 259a 267) ............................................................................... 180

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lei De CRiação Do estatuto DaCRiaNça e Do aDolesCeNte

Lei nº 8.069, de 13 de JuLHo de 1990.

dispõe sobre o estatuto da criança e doadolescente e dá outras providências.

o PResiDeNte Da RePúbliCa: Façosaber que o congresso nacional decreta e eu san-ciono a seguinte Lei:

título i

Das DisPosições PRelimiNaRes

art. 1º esta Lei dispõe sobre a proteção inte-gral à criança e ao adolescente.

art. 2º considera-se criança, para os efeitosdesta Lei, a pessoa até doze anos de idade incom-pletos, e adolescente aquela entre doze e dezoitoanos de idade.

Parágrafo único. nos casos expressos emlei, aplica-se excepcionalmente este estatuto àspessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.

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Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990

art. 3º a criança e o adolescente gozam detodos os direitos fundamentais inerentes à pessoahumana, sem prejuízo da proteção integral deque trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei oupor outros meios, todas as oportunidades e facili-dades, a fim de lhes facultar o desenvolvimentofísico, mental, moral, espiritual e social, em con-dições de liberdade e de dignidade.

art. 4º É dever da família, da comunidade,da sociedade em geral e do poder público assegu-rar, com absoluta prioridade, a efetivação dosdireitos referentes à vida, à saúde, à alimentação,à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionaliza-ção, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberda-de e à convivência familiar e comunitária.

Parágrafo único. a garantia de prioridadecompreende:

a) primazia de receber proteção e socorroem quaisquer circunstâncias;

b) precedência de atendimento nos serviçospúblicos ou de relevância pública;

c) preferência na formulação e na execuçãodas políticas sociais públicas;

d) destinação privilegiada de recursospúblicos nas áreas relacionadas com a proteção àinfância e à juventude.

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Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990

art. 5º nenhuma criança ou adolescente seráobjeto de qualquer forma de negligência, discrimi-nação, exploração, violência, crueldade e opressão,punido na forma da lei qualquer atentado, poração ou omissão, aos seus direitos fundamentais.

art. 6º na interpretação desta Lei levar-se-ãoem conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigên-cias do bem comum, os direitos e deveres indivi-duais e coletivos, e a condição peculiar da criança edo adolescente como pessoas em desenvolvimento.

título ii

Dos DiReitos FuNDameNtais

Capítulo i

Do DiReito à ViDa e à saúDe

art. 7º a criança e o adolescente têm direitoa proteção à vida e à saúde, mediante a efetivaçãode políticas sociais públicas que permitam o nas-cimento e o desenvolvimento sadio e harmonio-so, em condições dignas de existência.

art. 8º É assegurado à gestante, através dosistema Único de saúde, o atendimento pré eperinatal.

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Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990

§ 1º a gestante será encaminhada aos diferen-tes níveis de atendimento, segundo critérios médi-cos específicos, obedecendo-se aos princípios deregionalização e hierarquização do sistema.

§ 2º a parturiente será atendida preferen-cialmente pelo mesmo médico que a acompa-nhou na fase pré-natal.

§ 3º incumbe ao poder público propiciarapoio alimentar à gestante e à nutriz que delenecessitem.

§ 4º incumbe ao poder público proporcionarassistência psicológica à gestante e à mãe, noperíodo pré e pós-natal, inclusive como forma deprevenir ou minorar as consequências do estadopuerperal. (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

§ 5º a assistência referida no § 4º deste artigodeverá ser também prestada a gestantes ou mãesque manifestem interesse em entregar seus filhospara adoção. (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

art. 9º o poder público, as instituições e osempregadores propiciarão condições adequadas aoaleitamento materno, inclusive aos filhos de mãessubmetidas a medida privativa de liberdade.

art. 10. os hospitais e demais estabeleci-mentos de atenção à saúde de gestantes, públicose particulares, são obrigados a:

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Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990

i - manter registro das atividades desenvol-vidas, através de prontuários individuais, peloprazo de dezoito anos;

ii - identificar o recém-nascido mediante oregistro de sua impressão plantar e digital e daimpressão digital da mãe, sem prejuízo de outrasformas normatizadas pela autoridade adminis-trativa competente;

iii - proceder a exames visando ao diag-nóstico e terapêutica de anormalidades no meta-bolismo do recém-nascido, bem como prestarorientação aos pais;

iV - fornecer declaração de nascimento ondeconstem necessariamente as intercorrências doparto e do desenvolvimento do neonato;

V - manter alojamento conjunto, possibili-tando ao neonato a permanência junto à mãe.

art. 11. É assegurado atendimento integral àsaúde da criança e do adolescente, por intermé-dio do sistema Único de saúde, garantido o aces-so universal e igualitário às ações e serviços parapromoção, proteção e recuperação da saúde.

§ 1º a criança e o adolescente portadores dedeficiência receberão atendimento especializado.

1 (redação dada pela Lei nº 11.185, de 2005)

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Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990

§ 2º incumbe ao poder público fornecer gra-tuitamente àqueles que necessitarem os medica-mentos, próteses e outros recursos relativos aotratamento, habilitação ou reabilitação.

art. 12. os estabelecimentos de atendimen-to à saúde deverão proporcionar condições paraa permanência em tempo integral de um dospais ou responsável, nos casos de internação decriança ou adolescente.

art. 13. os casos de suspeita ou confirma-ção de maus-tratos contra criança ou adolescen-te serão obrigatoriamente comunicados aoconselho tutelar da respectiva localidade, semprejuízo de outras providências legais.

Parágrafo único. as gestantes ou mães quemanifestem interesse em entregar seus filhos paraadoção serão obrigatoriamente encaminhadas àJustiça da infância e da Juventude.2

art. 14. o sistema Único de saúde promove-rá programas de assistência médica e odontológicapara a prevenção das enfermidades que ordinaria-mente afetam a população infantil, e campanhas deeducação sanitária para pais, educadores e alunos.

Parágrafo único. É obrigatória a vacinaçãodas crianças nos casos recomendados pelas auto-ridades sanitárias.

2 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990

Capítulo ii

Do DiReito à libeRDaDe, ao ResPeitoe à DigNiDaDe

art. 15. a criança e o adolescente têm direi-to à liberdade, ao respeito e à dignidade comopessoas humanas em processo de desenvolvi-mento e como sujeitos de direitos civis, humanose sociais garantidos na constituição e nas leis.

art. 16. o direito à liberdade compreende osseguintes aspectos:

i - ir, vir e estar nos logradouros públicos eespaços comunitários, ressalvadas as restriçõeslegais;

ii - opinião e expressão;

iii - crença e culto religioso;

iV - brincar, praticar esportes e divertir-se;

V - participar da vida familiar e comunitá-ria, sem discriminação;

Vi - participar da vida política, na forma da lei;

Vii - buscar refúgio, auxílio e orientação.

art. 17. o direito ao respeito consiste nainviolabilidade da integridade física, psíquica e

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Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990

moral da criança e do adolescente, abrangendo apreservação da imagem, da identidade, da auto-nomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaçose objetos pessoais.

art. 18. É dever de todos velar pela dignida-de da criança e do adolescente, pondo-os a salvode qualquer tratamento desumano, violento, ater-rorizante, vexatório ou constrangedor.

Capítulo iii

Do DiReito à CoNViVêNCia FamiliaR e ComuNitáRia

seção i

DisPosições geRais

art. 19. toda criança ou adolescente temdireito a ser criado e educado no seio da sua famí-lia e, excepcionalmente, em família substituta,assegurada a convivência familiar e comunitária,em ambiente livre da presença de pessoas depen-dentes de substâncias entorpecentes.

§ 1º toda criança ou adolescente que estiverinserido em programa de acolhimento familiarou institucional terá sua situação reavaliada, no

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Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990

máximo, a cada 6 (seis) meses, devendo a autori-dade judiciária competente, com base em relató-rio elaborado por equipe interprofissional oumultidisciplinar, decidir de forma fundamentadapela possibilidade de reintegração familiar oucolocação em família substituta, em quaisquerdas modalidades previstas no art. 28 desta Lei.3

§ 2º a permanência da criança e do adoles-cente em programa de acolhimento institucio-nal não se prolongará por mais de 2 (dois) anos,salvo comprovada necessidade que atenda aoseu superior interesse, devidamente fundamen-tada pela autoridade judiciária.4

§ 3º a manutenção ou reintegração de crian-ça ou adolescente à sua família terá preferênciaem relação a qualquer outra providência, caso emque será esta incluída em programas de orienta-ção e auxílio, nos termos do parágrafo único doart. 23, dos incisos i e iV do caput do art. 101 e dosincisos i a iV do caput do art. 129 desta Lei.5

art. 20. os filhos, havidos ou não da relaçãodo casamento, ou por adoção, terão os mesmosdireitos e qualificações, proibidas quaisquerdesignações discriminatórias relativas à filiação.

3 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)4 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)5 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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art. 21. o pátrio poder será exercido, emigualdade de condições, pelo pai e pela mãe, naforma do que dispuser a legislação civil, assegu-rado a qualquer deles o direito de, em caso dediscordância, recorrer à autoridade judiciáriacompetente para a solução da divergência.

art. 22. aos pais incumbe o dever de sus-tento, guarda e educação dos filhos menores,cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obriga-ção de cumprir e fazer cumprir as determinaçõesjudiciais.

art. 23. a falta ou a carência de recursosmateriais não constitui motivo suficiente para aperda ou a suspensão do pátrio poder.

Parágrafo único. não existindo outromotivo que por si só autorize a decretação damedida, a criança ou o adolescente será manti-do em sua família de origem, a qual deveráobrigatoriamente ser incluída em programasoficiais de auxílio.

art. 24. a perda e a suspensão do pátriopoder serão decretadas judicialmente, em proce-dimento contraditório, nos casos previstos nalegislação civil, bem como na hipótese de des-cumprimento injustificado dos deveres e obriga-ções a que alude o art. 22.

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seção ii

Da Família NatuRal

art. 25. entende-se por família natural acomunidade formada pelos pais ou qualquerdeles e seus descendentes.

Parágrafo único. entende-se por famíliaextensa ou ampliada aquela que se estende paraalém da unidade pais e filhos ou da unidade docasal, formada por parentes próximos com osquais a criança ou adolescente convive e mantémvínculos de afinidade e afetividade.6

art. 26. os filhos havidos fora do casamen-to poderão ser reconhecidos pelos pais, conjun-ta ou separadamente, no próprio termo de nas-cimento, por testamento, mediante escritura ououtro documento público, qualquer que seja aorigem da filiação.

Parágrafo único. o reconhecimento podepreceder o nascimento do filho ou suceder-lhe aofalecimento, se deixar descendentes.

art. 27. o reconhecimento do estado de filia-ção é direito personalíssimo, indisponível eimprescritível, podendo ser exercitado contra ospais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição,observado o segredo de Justiça.

6 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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seção iii

Da Família substituta

subseção i

DisPosições geRais

art. 28. a colocação em família substitutafar-se-á mediante guarda, tutela ou adoção, inde-pendentemente da situação jurídica da criança ouadolescente, nos termos desta Lei.

§ 1º sempre que possível, a criança ou oadolescente será previamente ouvido por equipeinterprofissional, respeitado seu estágio dedesenvolvimento e grau de compreensão sobreas implicações da medida, e terá sua opiniãodevidamente considerada.7

§ 2º tratando-se de maior de 12 (doze) anosde idade, será necessário seu consentimento,colhido em audiência.8

§ 3º na apreciação do pedido levar-se-á emconta o grau de parentesco e a relação de afinida-de ou de afetividade, a fim de evitar ou minoraras consequências decorrentes da medida.9

7 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)8 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)9 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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§ 4º os grupos de irmãos serão colocadossob adoção, tutela ou guarda da mesma famíliasubstituta, ressalvada a comprovada existênciade risco de abuso ou outra situação que justifiqueplenamente a excepcionalidade de solução diver-sa, procurando-se, em qualquer caso, evitar orompimento definitivo dos vínculos fraternais.10

§ 5º a colocação da criança ou adolescenteem família substituta será precedida de sua pre-paração gradativa e acompanhamento posterior,realizados pela equipe interprofissional a serviçoda Justiça da infância e da Juventude, preferen-cialmente com o apoio dos técnicos responsáveispela execução da política municipal de garantiado direito à convivência familiar.11

§ 6º em se tratando de criança ou adolescen-te indígena ou proveniente de comunidade rema-nescente de quilombo, é ainda obrigatório:12

i - que sejam consideradas e respeitadas suaidentidade social e cultural, os seus costumes etradições, bem como suas instituições, desde quenão sejam incompatíveis com os direitos funda-mentais reconhecidos por esta Lei e pelaconstituição Federal; 13

10 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)11 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)12 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 13 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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ii - que a colocação familiar ocorra priori-tariamente no seio de sua comunidade ou juntoa membros da mesma etnia;14

iii - a intervenção e oitiva de representantesdo órgão federal responsável pela política indige-nista, no caso de crianças e adolescentes indíge-nas, e de antropólogos, perante a equipe interpro-fissional ou multidisciplinar que irá acompanharo caso.15

art. 29. não se deferirá colocação em famíliasubstituta a pessoa que revele, por qualquermodo, incompatibilidade com a natureza da medi-da ou não ofereça ambiente familiar adequado.

art. 30. a colocação em família substitutanão admitirá transferência da criança ou adoles-cente a terceiros ou a entidades governamentaisou não-governamentais, sem autorização judicial.

art. 31. a colocação em família substitutaestrangeira constitui medida excepcional, somen-te admissível na modalidade de adoção.

art. 32. ao assumir a guarda ou a tutela, oresponsável prestará compromisso de bem e fiel-mente desempenhar o encargo, mediante termonos autos.

14 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)15 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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subseção ii

Da guaRDa

art. 33. a guarda obriga a prestação deassistência material, moral e educacional à crian-ça ou adolescente, conferindo a seu detentor odireito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.

§ 1º a guarda destina-se a regularizar aposse de fato, podendo ser deferida, liminar ouincidentalmente, nos procedimentos de tutela eadoção, exceto no de adoção por estrangeiros.

§ 2º excepcionalmente, deferir-se-á a guar-da, fora dos casos de tutela e adoção, para aten-der a situações peculiares ou suprir a falta even-tual dos pais ou responsável, podendo ser deferi-do o direito de representação para a prática deatos determinados.

§ 3º a guarda confere à criança ou adoles-cente a condição de dependente, para todos osfins e efeitos de direito, inclusive previdenciários.

§ 4º salvo expressa e fundamentada deter-minação em contrário, da autoridade judiciáriacompetente, ou quando a medida for aplicada empreparação para adoção, o deferimento da guardade criança ou adolescente a terceiros não impede

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o exercício do direito de visitas pelos pais, assimcomo o dever de prestar alimentos, que serãoobjeto de regulamentação específica, a pedido dointeressado ou do Ministério Público.16

art. 34. o poder público estimulará, pormeio de assistência jurídica, incentivos fiscais esubsídios, o acolhimento, sob a forma de guarda,de criança ou adolescente afastado do convíviofamiliar17

§ 1º a inclusão da criança ou adolescenteem programas de acolhimento familiar terá pre-ferência a seu acolhimento institucional, observa-do, em qualquer caso, o caráter temporário eexcepcional da medida, nos termos desta Lei.18

§ 2º na hipótese do § 1º deste artigo a pes-soa ou casal cadastrado no programa de acolhi-mento familiar poderá receber a criança ou ado-lescente mediante guarda, observado o dispostonos arts. 28 a 33 desta Lei.19

art. 35. a guarda poderá ser revogada aqualquer tempo, mediante ato judicial funda-mentado, ouvido o Ministério Público.

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16 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 17 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)18 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)19 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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subseção iii

Da tutela

art. 36. a tutela será deferida, nos termosda lei civil, a pessoa de até 18 (dezoito) anosincompletos.20

Parágrafo único. o deferimento da tutelapressupõe a prévia decretação da perda ou sus-pensão do poder familiar e implica necessaria-mente o dever de guarda.

art. 37. o tutor nomeado por testamento ouqualquer documento autêntico, conforme previs-to no parágrafo único do art. 1.729 da Lei nº10.406, de 10 de janeiro de 2002 - código civil,deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a abertu-ra da sucessão, ingressar com pedido destinadoao controle judicial do ato, observando o procedi-mento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei.21

Parágrafo único. na apreciação do pedido,serão observados os requisitos previstos nos arts.28 e 29 desta Lei, somente sendo deferida a tutelaà pessoa indicada na disposição de última vonta-de, se restar comprovado que a medida é vantajo-sa ao tutelando e que não existe outra pessoa emmelhores condições de assumi-la.22

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20 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)21 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)22 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

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art. 38. aplica-se à destituição da tutela odisposto no art. 24.

subseção iV

Da aDoção

art. 39. a adoção de criança e de adolescen-te reger-se-á segundo o disposto nesta Lei.

§ 1º a adoção é medida excepcional e irre-vogável, à qual se deve recorrer apenas quandoesgotados os recursos de manutenção da criançaou adolescente na família natural ou extensa, naforma do parágrafo único do art. 25 desta Lei.23

§ 2º É vedada a adoção por procuração.24

Parágrafo único. É vedada a adoção porprocuração.

art. 40. o adotando deve contar com, nomáximo, dezoito anos à data do pedido, salvo sejá estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes.

art. 41. a adoção atribui a condição de filhoao adotado, com os mesmos direitos e deveres,inclusive sucessórios, desligando-o de qualquervínculo com pais e parentes, salvo os impedimen-tos matrimoniais.

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23 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)24 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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§ 1º se um dos cônjuges ou concubinosadota o filho do outro, mantêm-se os vínculos defiliação entre o adotado e o cônjuge ou concubinodo adotante e os respectivos parentes.

§ 2º É recíproco o direito sucessório entre oadotado, seus descendentes, o adotante, seusascendentes, descendentes e colaterais até o 4ºgrau, observada a ordem de vocação hereditária.

art. 42. Podem adotar os maiores de 18(dezoito) anos, independentemente do estadocivil.25

§ 1º não podem adotar os ascendentes e osirmãos do adotando.

§ 2º Para adoção conjunta, é indispensávelque os adotantes sejam casados civilmente oumantenham união estável, comprovada a estabili-dade da família.26

§ 3º o adotante há de ser, pelo menos, dezes-seis anos mais velho do que o adotando.

§ 4º os divorciados, os judicialmente sepa-rados e os ex-companheiros podem adotar con-juntamente, contanto que acordem sobre aguarda e o regime de visitas e desde que o está-gio de convivência tenha sido iniciado na cons-tância do período de convivência e que sejacomprovada a existência de vínculos de afinida-

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25 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)26 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

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de e afetividade com aquele não detentor daguarda, que justifiquem a excepcionalidade daconcessão.27

§ 5º nos casos do § 4º deste artigo, desdeque demonstrado efetivo benefício ao adotando,será assegurada a guarda compartilhada, confor-me previsto no art. 1.584 da Lei nº 10.406, de 10 dejaneiro de 2002 - código civil.28

§ 6º a adoção poderá ser deferida ao ado-tante que, após inequívoca manifestação de von-tade, vier a falecer no curso do procedimento,antes de prolatada a sentença.29

art. 43. a adoção será deferida quandoapresentar reais vantagens para o adotando efundar-se em motivos legítimos.

art. 44. enquanto não der conta de sua admi-nistração e saldar o seu alcance, não pode o tutorou o curador adotar o pupilo ou o curatelado.

art. 45. a adoção depende do consentimentodos pais ou do representante legal do adotando.

§ 1º. o consentimento será dispensado emrelação à criança ou adolescente cujos pais sejamdesconhecidos ou tenham sido destituídos dopátrio poder.

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27 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)28 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)29 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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§ 2º em se tratando de adotando maior dedoze anos de idade, será também necessário o seuconsentimento.

art. 46. a adoção será precedida de estágiode convivência com a criança ou adolescente,pelo prazo que a autoridade judiciária fixar,observadas as peculiaridades do caso.

§ 1º o estágio de convivência poderá serdispensado se o adotando já estiver sob a tutelaou guarda legal do adotante durante tempo sufi-ciente para que seja possível avaliar a conveniên-cia da constituição do vínculo.30

§ 2º a simples guarda de fato não autoriza,por si só, a dispensa da realização do estágio deconvivência.31

§ 3º em caso de adoção por pessoa ou casalresidente ou domiciliado fora do País, o estágiode convivência, cumprido no território nacional,será de, no mínimo, 30 (trinta) dias.32

§ 4º o estágio de convivência será acom-panhado pela equipe interprofissional a serviçoda Justiça da infância e da Juventude, preferen-cialmente com apoio dos técnicos responsáveispela execução da política de garantia do direitoà convivência familiar, que apresentarão relató-

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30 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)31 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)32 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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rio minucioso acerca da conveniência do deferi-mento da medida.33

art. 47. o vínculo da adoção constitui-sepor sentença judicial, que será inscrita no registrocivil mediante mandado do qual não se fornecerácertidão.

§ 1º a inscrição consignará o nome dos ado-tantes como pais, bem como o nome de seusascendentes.

§ 2º o mandado judicial, que será arquiva-do, cancelará o registro original do adotado.

§ 3º a pedido do adotante, o novo registropoderá ser lavrado no cartório do registro civildo Município de sua residência.34

§ 4º nenhuma observação sobre a origem doato poderá constar nas certidões do registro.35

§ 5º a sentença conferirá ao adotado o nomedo adotante e, a pedido de qualquer deles, pode-rá determinar a modificação do prenome.36

§ 6º caso a modificação de prenome sejarequerida pelo adotante, é obrigatória a oitivado adotando, observado o disposto nos §§ 1º e2º do art. 28 desta Lei.37

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33 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)34 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)35 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) 36 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) 37 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

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§ 7º a adoção produz seus efeitos a partir dotrânsito em julgado da sentença constitutiva, exce-to na hipótese prevista no § 6º do art. 42 desta Lei,caso em que terá força retroativa à data do óbito.38

§ 8º o processo relativo à adoção assimcomo outros a ele relacionados serão mantidos emarquivo, admitindo-se seu armazenamento emmicrofilme ou por outros meios, garantida a suaconservação para consulta a qualquer tempo. 39

art. 48. o adotado tem direito de conhecersua origem biológica, bem como de obter acessoirrestrito ao processo no qual a medida foi apli-cada e seus eventuais incidentes, após completar18 (dezoito) anos.40

Parágrafo único. o acesso ao processo deadoção poderá ser também deferido ao adotadomenor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegura-da orientação e assistência jurídica e psicológica.41

art. 49. a morte dos adotantes não restabele-ce o poder familiar dos pais naturais.42

art. 50. a autoridade judiciária manterá,em cada comarca ou foro regional, um registrode crianças e adolescentes em condições de

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38 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)39 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)40 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)41 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)42 (expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)

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serem adotados e outro de pessoas interessadasna adoção.43

§ 1º o deferimento da inscrição dar-se-áapós prévia consulta aos órgãos técnicos do juiza-do, ouvido o Ministério Público.

§ 2º não será deferida a inscrição se o interes-sado não satisfazer os requisitos legais, ou verifica-da qualquer das hipóteses previstas no art. 29.

§ 3º a inscrição de postulantes à adoçãoserá precedida de um período de preparaçãopsicossocial e jurídica, orientado pela equipetécnica da Justiça da infância e da Juventude,preferencialmente com apoio dos técnicos res-ponsáveis pela execução da política municipalde garantia do direito à convivência familiar.44

§ 4º sempre que possível e recomendável, apreparação referida no § 3º deste artigo incluirá ocontato com crianças e adolescentes em acolhi-mento familiar ou institucional em condições deserem adotados, a ser realizado sob a orientação,supervisão e avaliação da equipe técnica daJustiça da infância e da Juventude, com apoio dostécnicos responsáveis pelo programa de acolhi-mento e pela execução da política municipal degarantia do direito à convivência familiar.45

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43 (Vide Lei nº 12.010, de 2009)44 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)45 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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§ 5º serão criados e implementados cadas-tros estaduais e nacional de crianças e adolescen-tes em condições de serem adotados e de pessoasou casais habilitados à adoção.46

§ 6º Haverá cadastros distintos para pes-soas ou casais residentes fora do País, que somen-te serão consultados na inexistência de postulan-tes nacionais habilitados nos cadastros menciona-dos no § 5º deste artigo.47

§ 7º as autoridades estaduais e federaisem matéria de adoção terão acesso integral aoscadastros, incumbindo-lhes a troca de informa-ções e a cooperação mútua, para melhoria dosistema.48

§ 8º a autoridade judiciária providenciará,no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, a inscriçãodas crianças e adolescentes em condições de seremadotados que não tiveram colocação familiar nacomarca de origem, e das pessoas ou casais quetiveram deferida sua habilitação à adoção noscadastros estadual e nacional referidos no § 5ºdeste artigo, sob pena de responsabilidade.49

§ 9º compete à autoridade central estadualzelar pela manutenção e correta alimentação dos

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46 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)47 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)48 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)49 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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cadastros, com posterior comunicação à auto-ridade central Federal Brasileira.50

§ 10. a adoção internacional somente serádeferida se, após consulta ao cadastro de pessoasou casais habilitados à adoção, mantido pelaJustiça da infância e da Juventude na comarca,bem como aos cadastros estadual e nacional refe-ridos no § 5º deste artigo, não for encontrado inte-ressado com residência permanente no Brasil.51

§ 11. enquanto não localizada pessoa oucasal interessado em sua adoção, a criança ou oadolescente, sempre que possível e recomendá-vel, será colocado sob guarda de família cadastra-da em programa de acolhimento familiar.52

§ 12. a alimentação do cadastro e a convo-cação criteriosa dos postulantes à adoção serãofiscalizadas pelo Ministério Público.53

§ 13. somente poderá ser deferida adoçãoem favor de candidato domiciliado no Brasil nãocadastrado previamente nos termos desta Leiquando:54

i - se tratar de pedido de adoção unilateral; 55

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50 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)51 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 52 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)53 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)54 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)55 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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ii - for formulada por parente com o qual acriança ou adolescente mantenha vínculos deafinidade e afetividade; 56

iii - oriundo o pedido de quem detém atutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três)anos ou adolescente, desde que o lapso de tempode convivência comprove a fixação de laços deafinidade e afetividade, e não seja constatada aocorrência de má-fé ou qualquer das situaçõesprevistas nos arts. 237 ou 238 desta Lei.57

§ 14. nas hipóteses previstas no § 13deste artigo, o candidato deverá comprovar, nocurso do procedimento, que preenche os requi-sitos necessários à adoção, conforme previstonesta Lei.58

art. 51. considera-se adoção internacionalaquela na qual a pessoa ou casal postulante é resi-dente ou domiciliado fora do Brasil, conformeprevisto no artigo 2 da convenção de Haia, de 29de maio de 1993, relativa à Proteção das criançase à cooperação em Matéria de adoção inter-nacional, aprovada pelo decreto Legislativo nº 1,de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelodecreto nº 3.087, de 21 de junho de 1999.59

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56 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)57 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)58 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)59 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

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§ 1º a adoção internacional de criança ouadolescente brasileiro ou domiciliado no Brasilsomente terá lugar quando restar comprovado:60

i - que a colocação em família substituta é asolução adequada ao caso concreto;61

ii - que foram esgotadas todas as possibili-dades de colocação da criança ou adolescente emfamília substituta brasileira, após consulta aoscadastros mencionados no art. 50 desta Lei;62

iii - que, em se tratando de adoção de adoles-cente, este foi consultado, por meios adequados aoseu estágio de desenvolvimento, e que se encontrapreparado para a medida, mediante parecer ela-borado por equipe interprofissional, observado odisposto nos §§ 1º e 2º do art. 28 desta Lei.63

§ 2º os brasileiros residentes no exteriorterão preferência aos estrangeiros, nos casos deadoção internacional de criança ou adolescentebrasileiro.64

§ 3º a adoção internacional pressupõe aintervenção das autoridades centrais estaduais eFederal em matéria de adoção internacional.65

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60 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)61 (incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)62 (incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) 63 (incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)64 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) 65 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

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art. 52. a adoção internacional observará oprocedimento previsto nos arts. 165 a 170 destaLei, com as seguintes adaptações:66

i - a pessoa ou casal estrangeiro, interessadoem adotar criança ou adolescente brasileiro, deveráformular pedido de habilitação à adoção perante aautoridade central em matéria de adoção interna-cional no país de acolhida, assim entendido aqueleonde está situada sua residência habitual;67

ii - se a autoridade central do país de acolhi-da considerar que os solicitantes estão habilitadose aptos para adotar, emitirá um relatório que con-tenha informações sobre a identidade, a capacida-de jurídica e adequação dos solicitantes para ado-tar, sua situação pessoal, familiar e médica, seumeio social, os motivos que os animam e sua apti-dão para assumir uma adoção internacional;68

iii - a autoridade central do país de acolhidaenviará o relatório à autoridade central estadual,com cópia para a autoridade central FederalBrasileira;69

iV - o relatório será instruído com toda adocumentação necessária, incluindo estudo psi-cossocial elaborado por equipe interprofissional

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66 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)67 (incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)68 (incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)69 (incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

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habilitada e cópia autenticada da legislação perti-nente, acompanhada da respectiva prova devigência;70

V - os documentos em língua estrangeiraserão devidamente autenticados pela autoridadeconsular, observados os tratados e convençõesinternacionais, e acompanhados da respectivatradução, por tradutor público juramentado;71

Vi - a autoridade central estadual poderáfazer exigências e solicitar complementação sobreo estudo psicossocial do postulante estrangeiro àadoção, já realizado no país de acolhida;72

Vii - verificada, após estudo realizado pelaautoridade central estadual, a compatibilida-de da legislação estrangeira com a nacional,além do preenchimento por parte dos postulan-tes à medida dos requisitos objetivos e subjeti-vos necessários ao seu deferimento, tanto à luzdo que dispõe esta Lei como da legislação dopaís de acolhida, será expedido laudo de habili-tação à adoção internacional, que terá validadepor, no máximo, 1 (um) ano;73

Viii - de posse do laudo de habilitação, ointeressado será autorizado a formalizar pedido

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70 (incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)71 (incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)72 (incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)73 (incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

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de adoção perante o Juízo da infância e daJuventude do local em que se encontra a criançaou adolescente, conforme indicação efetuada pelaautoridade central estadual.74

§ 1º se a legislação do país de acolhidaassim o autorizar, admite-se que os pedidos dehabilitação à adoção internacional sejam interme-diados por organismos credenciados.75

§ 2º incumbe à autoridade central FederalBrasileira o credenciamento de organismosnacionais e estrangeiros encarregados de inter-mediar pedidos de habilitação à adoção inter-nacional, com posterior comunicação àsautoridades centrais estaduais e publicaçãonos órgãos oficiais de imprensa e em sítio pró-prio da internet.76

§ 3º somente será admissível o credencia-mento de organismos que:77

i - sejam oriundos de países que ratificaram aconvenção de Haia e estejam devidamente creden-ciados pela autoridade central do país onde esti-verem sediados e no país de acolhida do adotandopara atuar em adoção internacional no Brasil;78

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74(incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)75 (incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)76 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)77 (incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)78 (incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

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ii - satisfizerem as condições de integridademoral, competência profissional, experiência e res-ponsabilidade exigidas pelos países respectivos epela autoridade central Federal Brasileira; 79

iii - forem qualificados por seus padrões éti-cos e sua formação e experiência para atuar naárea de adoção internacional; 80

iV - cumprirem os requisitos exigidos peloordenamento jurídico brasileiro e pelas normasestabelecidas pela autoridade central FederalBrasileira.81

§ 4º os organismos credenciados deverãoainda:82

i - perseguir unicamente fins não lucrativos,nas condições e dentro dos limites fixados pelasautoridades competentes do país onde estiveremsediados, do país de acolhida e pela autoridadecentral Federal Brasileira;83

ii - ser dirigidos e administrados por pes-soas qualificadas e de reconhecida idoneidademoral, com comprovada formação ou experiênciapara atuar na área de adoção internacional,cadastradas pelo departamento de Polícia

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79 (incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)80 (incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)81 (incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)82 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)83 (incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

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Federal e aprovadas pela autoridade centralFederal Brasileira, mediante publicação de porta-ria do órgão federal competente;84

iii - estar submetidos à supervisão dasautoridades competentes do país onde estive-rem sediados e no país de acolhida, inclusivequanto à sua composição, funcionamento esituação financeira;85

iV - apresentar à autoridade centralFederal Brasileira, a cada ano, relatório geral dasatividades desenvolvidas, bem como relatório deacompanhamento das adoções internacionais efe-tuadas no período, cuja cópia será encaminhadaao departamento de Polícia Federal;86

V - enviar relatório pós-adotivo semestralpara a autoridade central estadual, com cópiapara a autoridade central Federal Brasileira, peloperíodo mínimo de 2 (dois) anos. o envio do rela-tório será mantido até a juntada de cópia autenti-cada do registro civil, estabelecendo a cidadaniado país de acolhida para o adotado;87

Vi - tomar as medidas necessárias paragarantir que os adotantes encaminhem àautoridade central Federal Brasileira cópia da

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84 (incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)85 (incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)86 (incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)87 (incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)

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certidão de registro de nascimento estrangeira edo certificado de nacionalidade tão logo lhessejam concedidos. 88

§ 5º a não apresentação dos relatórios refe-ridos no § 4º deste artigo pelo organismo cre-denciado poderá acarretar a suspensão de seucredenciamento.89

§ 6º o credenciamento de organismonacional ou estrangeiro encarregado de inter-mediar pedidos de adoção internacional terávalidade de 2 (dois) anos.90

§ 7º a renovação do credenciamento pode-rá ser concedida mediante requerimento protoco-lado na autoridade central Federal Brasileira nos60 (sessenta) dias anteriores ao término do res-pectivo prazo de validade.91

§ 8º antes de transitada em julgado a deci-são que concedeu a adoção internacional, nãoserá permitida a saída do adotando do territórionacional.92

§ 9º transitada em julgado a decisão, aautoridade judiciária determinará a expediçãode alvará com autorização de viagem, bemcomo para obtenção de passaporte, constando,

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88 (incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)89 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)90 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)91 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)92 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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obrigatoriamente, as características da criançaou adolescente adotado, como idade, cor, sexo,eventuais sinais ou traços peculiares, assimcomo foto recente e a aposição da impressãodigital do seu polegar direito, instruindo odocumento com cópia autenticada da decisão ecertidão de trânsito em julgado.93

§ 10. a autoridade central FederalBrasileira poderá, a qualquer momento, solici-tar informações sobre a situação das crianças eadolescentes adotados.94

§ 11. a cobrança de valores por parte dosorganismos credenciados, que sejam considera-dos abusivos pela autoridade central FederalBrasileira e que não estejam devidamente com-provados, é causa de seu descredenciamento.95

§ 12. uma mesma pessoa ou seu cônjugenão podem ser representados por mais de umaentidade credenciada para atuar na cooperaçãoem adoção internacional.96

§ 13. a habilitação de postulante estrangei-ro ou domiciliado fora do Brasil terá validademáxima de 1 (um) ano, podendo ser renovada.97

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93 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)94 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)95 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)96 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)97 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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§ 14. É vedado o contato direto de represen-tantes de organismos de adoção, nacionais ouestrangeiros, com dirigentes de programas de aco-lhimento institucional ou familiar, assim como comcrianças e adolescentes em condições de seremadotados, sem a devida autorização judicial.98

§ 15. a autoridade central Federal Brasi-leira poderá limitar ou suspender a concessão denovos credenciamentos sempre que julgar necessá-rio, mediante ato administrativo fundamentado.99

art. 52-a. É vedado, sob pena de responsabi-lidade e descredenciamento, o repasse de recursosprovenientes de organismos estrangeiros encarrega-dos de intermediar pedidos de adoção internacio-nal a organismos nacionais ou a pessoas físicas.100

Parágrafo único. eventuais repasses so-mente poderão ser efetuados via Fundo dosdireitos da criança e do adolescente e estarãosujeitos às deliberações do respectivo conselhode direitos da criança e do adolescente.101

art. 52-b. a adoção por brasileiro residen-te no exterior em país ratificante da convençãode Haia, cujo processo de adoção tenha sido

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98 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)99 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)100 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)101 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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processado em conformidade com a legislaçãovigente no país de residência e atendido o dis-posto na alínea “c” do artigo 17 da referidaconvenção, será automaticamente recepcionadacom o reingresso no Brasil.102

§ 1º caso não tenha sido atendido o dispos-to na alínea “c” do artigo 17 da convenção deHaia, deverá a sentença ser homologada pelosuperior tribunal de Justiça.103

§ 2º o pretendente brasileiro residente noexterior em país não ratificante da convenção deHaia, uma vez reingressado no Brasil, deverárequerer a homologação da sentença estrangeirapelo superior tribunal de Justiça.104

art. 52-C. nas adoções internacionais,quando o Brasil for o país de acolhida, a decisãoda autoridade competente do país de origem dacriança ou do adolescente será conhecida pelaautoridade central estadual que tiver processa-do o pedido de habilitação dos pais adotivos,que comunicará o fato à autoridade centralFederal e determinará as providências necessá-rias à expedição do certificado de naturalizaçãoProvisório.105

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102 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)103 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)104 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)105 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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§ 1º a autoridade central estadual, ouvidoo Ministério Público, somente deixará de reco-nhecer os efeitos daquela decisão se restardemonstrado que a adoção é manifestamentecontrária à ordem pública ou não atende ao inte-resse superior da criança ou do adolescente.106

§ 2º na hipótese de não reconhecimentoda adoção, prevista no § 1º deste artigo, oMinistério Público deverá imediatamente re-querer o que for de direito para resguardar osinteresses da criança ou do adolescente, comu-nicando-se as providências à autoridadecentral estadual, que fará a comunicação àautoridade central Federal Brasileira e àautoridade central do país de origem.107

art. 52-D. nas adoções internacionais,quando o Brasil for o país de acolhida e a ado-ção não tenha sido deferida no país de origemporque a sua legislação a delega ao país de aco-lhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo comdecisão, a criança ou o adolescente ser oriundode país que não tenha aderido à convençãoreferida, o processo de adoção seguirá as regrasda adoção nacional.108

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106 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)107 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 108 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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Capítulo iV

Do DiReito à eDuCação, à CultuRa,ao esPoRte e ao lazeR

art. 53. a criança e o adolescente têm direi-to à educação, visando ao pleno desenvolvimen-to de sua pessoa, preparo para o exercício dacidadania e qualificação para o trabalho, assegu-rando-se-lhes:

i - igualdade de condições para o acesso epermanência na escola;

ii - direito de ser respeitado por seus edu-cadores;

iii - direito de contestar critérios avaliativos,podendo recorrer às instâncias escolares superiores;

iV - direito de organização e participaçãoem entidades estudantis;

V - acesso à escola pública e gratuita próxi-ma de sua residência.

Parágrafo único. É direito dos pais ou res-ponsáveis ter ciência do processo pedagógico,bem como participar da definição das propostaseducacionais.

art. 54. É dever do estado assegurar à crian-ça e ao adolescente:

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i - ensino fundamental, obrigatório e gratui-to, inclusive para os que a ele não tiveram acessona idade própria;

ii - progressiva extensão da obrigatoriedadee gratuidade ao ensino médio;

iii - atendimento educacional especializadoaos portadores de deficiência, preferencialmentena rede regular de ensino;

iV - atendimento em creche e pré-escola àscrianças de zero a seis anos de idade;

V - acesso aos níveis mais elevados do ensi-no, da pesquisa e da criação artística, segundo acapacidade de cada um;

Vi - oferta de ensino noturno regular, ade-quado às condições do adolescente trabalhador;

Vii - atendimento no ensino fundamental,através de programas suplementares de materialdidático-escolar, transporte, alimentação e assis-tência à saúde.

§ 1º o acesso ao ensino obrigatório e gratui-to é direito público subjetivo.

§ 2º o não oferecimento do ensino obriga-tório pelo poder público ou sua oferta irregu-lar importa responsabilidade da autoridadecompetente.

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§ 3º compete ao poder público recensear oseducandos no ensino fundamental, fazer-lhes achamada e zelar, junto aos pais ou responsável,pela freqüência à escola.

art. 55. os pais ou responsável têm a obriga-ção de matricular seus filhos ou pupilos na rederegular de ensino.

art. 56. os dirigentes de estabelecimentosde ensino fundamental comunicarão ao conselhotutelar os casos de:

i - maus-tratos envolvendo seus alunos;

ii - reiteração de faltas injustificadas e deevasão escolar, esgotados os recursos escolares;

iii - elevados níveis de repetência.

art. 57. o poder público estimulará pesqui-sas, experiências e novas propostas relativas acalendário, seriação, currículo, metodologia,didática e avaliação, com vistas à inserção decrianças e adolescentes excluídos do ensino fun-damental obrigatório.

art. 58. no processo educacional respeitar-se-ão os valores culturais, artísticos e históricospróprios do contexto social da criança e do ado-lescente, garantindo-se a estes a liberdade da cria-ção e o acesso às fontes de cultura.

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art. 59. os municípios, com apoio dos esta-dos e da união, estimularão e facilitarão a desti-nação de recursos e espaços para programaçõesculturais, esportivas e de lazer voltadas para ainfância e a juventude.

Capítulo V

Do DiReito à PRoFissioNalização e à PRoteção No tRabalHo

art. 60. É proibido qualquer trabalho amenores de quatorze anos de idade, salvo na con-dição de aprendiz.

art. 61. a proteção ao trabalho dos adoles-centes é regulada por legislação especial, semprejuízo do disposto nesta Lei.

art. 62. considera-se aprendizagem a for-mação técnico-profissional ministrada segundoas diretrizes e bases da legislação de educaçãoem vigor.

art. 63. a formação técnico-profissional obe-decerá aos seguintes princípios:

i - garantia de acesso e freqüência obrigató-ria ao ensino regular;

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ii - atividade compatível com o desenvolvi-mento do adolescente;

iii - horário especial para o exercício das ati-vidades.

art. 64. ao adolescente até quatorze anos deidade é assegurada bolsa de aprendizagem.

art. 65. ao adolescente aprendiz, maior dequatorze anos, são assegurados os direitos traba-lhistas e previdenciários.

art. 66. ao adolescente portador de defi-ciência é assegurado trabalho protegido.

art. 67. ao adolescente empregado, apren-diz, em regime familiar de trabalho, aluno de esco-la técnica, assistido em entidade governamental ounão-governamental, é vedado trabalho:

i - noturno, realizado entre as vinte e duashoras de um dia e as cinco horas do dia seguinte;

ii - perigoso, insalubre ou penoso;

iii - realizado em locais prejudiciais à suaformação e ao seu desenvolvimento físico, psíqui-co, moral e social;

iV - realizado em horários e locais que nãopermitam a freqüência à escola.

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art. 68. o programa social que tenha porbase o trabalho educativo, sob responsabilidadede entidade governamental ou não-governa-mental sem fins lucrativos, deverá assegurar aoadolescente que dele participe condições decapacitação para o exercício de atividade regularremunerada.

§ 1º entende-se por trabalho educativo aatividade laboral em que as exigências pedagó-gicas relativas ao desenvolvimento pessoal esocial do educando prevalecem sobre o aspectoprodutivo.

§ 2º a remuneração que o adolescente rece-be pelo trabalho efetuado ou a participação navenda dos produtos de seu trabalho não desfigu-ra o caráter educativo.

art. 69. o adolescente tem direito à profis-sionalização e à proteção no trabalho, observadosos seguintes aspectos, entre outros:

i - respeito à condição peculiar de pessoa emdesenvolvimento;

ii - capacitação profissional adequada aomercado de trabalho.

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título iii

Da PReVeNção

Capítulo i

DisPosições geRais

art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrên-cia de ameaça ou violação dos direitos da criançae do adolescente.

art. 71. a criança e o adolescente têm direi-to a informação, cultura, lazer, esportes, diver-sões, espetáculos e produtos e serviços que res-peitem sua condição peculiar de pessoa emdesenvolvimento.

art. 72. as obrigações previstas nesta Leinão excluem da prevenção especial outras decor-rentes dos princípios por ela adotados.

art. 73. a inobservância das normas de pre-venção importará em responsabilidade da pessoafísica ou jurídica, nos termos desta Lei.

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Capítulo ii

Da PReVeNção esPeCial

seção i

Da iNFoRmação, CultuRa, lazeR,esPoRtes, DiVeRsões e esPetáCulos

art. 74. o poder público, através do órgãocompetente, regulará as diversões e espetáculospúblicos, informando sobre a natureza deles, asfaixas etárias a que não se recomendem, locais ehorários em que sua apresentação se mostreinadequada.

Parágrafo único. os responsáveis pelasdiversões e espetáculos públicos deverão afixar,em lugar visível e de fácil acesso, à entrada dolocal de exibição, informação destacada sobre anatureza do espetáculo e a faixa etária especifica-da no certificado de classificação.

art. 75. toda criança ou adolescente teráacesso às diversões e espetáculos públicos classi-ficados como adequados à sua faixa etária.

Parágrafo único. as crianças menores dedez anos somente poderão ingressar e permane-cer nos locais de apresentação ou exibição quan-do acompanhadas dos pais ou responsável.

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art. 76. as emissoras de rádio e televisãosomente exibirão, no horário recomendado para opúblico infanto juvenil, programas com finalidadeseducativas, artísticas, culturais e informativas.

Parágrafo único. nenhum espetáculo seráapresentado ou anunciado sem aviso de sua clas-sificação, antes de sua transmissão, apresentaçãoou exibição.

art. 77. os proprietários, diretores, gerentese funcionários de empresas que explorem avenda ou aluguel de fitas de programação emvídeo cuidarão para que não haja venda ou loca-ção em desacordo com a classificação atribuídapelo órgão competente.

Parágrafo único. as fitas a que alude esteartigo deverão exibir, no invólucro, informaçãosobre a natureza da obra e a faixa etária a que sedestinam.

art. 78. as revistas e publicações contendomaterial impróprio ou inadequado a crianças eadolescentes deverão ser comercializadas emembalagem lacrada, com a advertência de seuconteúdo.

Parágrafo único. as editoras cuidarão paraque as capas que contenham mensagens porno-gráficas ou obscenas sejam protegidas com emba-lagem opaca.

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art. 79. as revistas e publicações destinadasao público infanto-juvenil não poderão conterilustrações, fotografias, legendas, crônicas ouanúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas emunições, e deverão respeitar os valores éticos esociais da pessoa e da família.

art. 80. os responsáveis por estabeleci-mentos que explorem comercialmente bilhar,sinuca ou congênere ou por casas de jogos,assim entendidas as que realize apostas, aindaque eventualmente, cuidarão para que não sejapermitida a entrada e a permanência de crian-ças e adolescentes no local, afixando aviso paraorientação do público.

seção ii

Dos PRoDutos e seRViços

art. 81. É proibida a venda à criança ou aoadolescente de:

i - armas, munições e explosivos;

ii - bebidas alcoólicas;

iii - produtos cujos componentes possamcausar dependência física ou psíquica ainda quepor utilização indevida;

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iV - fogos de estampido e de artifício, exce-to aqueles que pelo seu reduzido potencial sejamincapazes de provocar qualquer dano físico emcaso de utilização indevida;

V - revistas e publicações a que alude o art. 78;

Vi - bilhetes lotéricos e equivalentes.

art. 82. É proibida a hospedagem de criançaou adolescente em hotel, motel, pensão ou estabe-lecimento congênere, salvo se autorizado ouacompanhado pelos pais ou responsável.

seção iii

Da autoRização PaRa ViajaR

art. 83. nenhuma criança poderá viajarpara fora da comarca onde reside, desacompa-nhada dos pais ou responsável, sem expressaautorização judicial.

§ 1º a autorização não será exigida quando:

a) tratar-se de comarca contígua à da resi-dência da criança, se na mesma unidade daFederação, ou incluída na mesma região metro-politana;

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b) a criança estiver acompanhada:

1) de ascendente ou colateral maior, até oterceiro grau, comprovado documentalmente oparentesco;

2) de pessoa maior, expressamente autoriza-da pelo pai, mãe ou responsável.

§ 2º a autoridade judiciária poderá, a pedi-do dos pais ou responsável, conceder autorizaçãoválida por dois anos.

art. 84. Quando se tratar de viagem ao exte-rior, a autorização é dispensável, se a criança ouadolescente:

i - estiver acompanhado de ambos os paisou responsável;

ii - viajar na companhia de um dos pais,autorizado expressamente pelo outro através dedocumento com firma reconhecida.

art. 85. sem prévia e expressa autorizaçãojudicial, nenhuma criança ou adolescente nascidoem território nacional poderá sair do País emcompanhia de estrangeiro residente ou domicilia-do no exterior.

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Parte especial

título i

Da PolítiCa De ateNDimeNto

Capítulo i

DisPosições geRais

art. 86. a política de atendimento dos direi-tos da criança e do adolescente far-se-á através deum conjunto articulado de ações governamentaise não-governamentais, da união, dos estados, dodistrito Federal e dos municípios.

art. 87. são linhas de ação da política deatendimento:

i - políticas sociais básicas;

ii - políticas e programas de assistênciasocial, em caráter supletivo, para aqueles quedeles necessitem;

iii - serviços especiais de prevenção e aten-dimento médico e psicossocial às vítimas denegligência, maus-tratos, exploração, abuso,crueldade e opressão;

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iV - serviço de identificação e localizaçãode pais, responsável, crianças e adolescentesdesaparecidos;

V - proteção jurídico-social por entidades dedefesa dos direitos da criança e do adolescente.

Vi - políticas e programas destinados aprevenir ou abreviar o período de afastamentodo convívio familiar e a garantir o efetivo exer-cício do direito à convivência familiar de crian-ças e adolescentes;109

Vii - campanhas de estímulo ao acolhimentosob forma de guarda de crianças e adolescentesafastados do convívio familiar e à adoção, especifi-camente inter-racial, de crianças maiores ou de ado-lescentes, com necessidades específicas de saúdeou com deficiências e de grupos de irmãos.110

art. 88. são diretrizes da política de aten-dimento:

i - municipalização do atendimento;

ii - criação de conselhos municipais, esta-duais e nacional dos direitos da criança e doadolescente, órgãos deliberativos e controlado-res das ações em todos os níveis, assegurada aparticipação popular paritária por meio de

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109 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)110 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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organizações representativas, segundo leisfederal, estaduais e municipais;

iii - criação e manutenção de programasespecíficos, observada a descentralização políti-co-administrativa;

iV - manutenção de fundos nacional, esta-duais e municipais vinculados aos respectivos con-selhos dos direitos da criança e do adolescente;

V - integração operacional de órgãos doJudiciário, Ministério Público, defensoria,segurança Pública e assistência social, preferen-cialmente em um mesmo local, para efeito de agi-lização do atendimento inicial a adolescente aquem se atribua autoria de ato infracional;

Vi - integração operacional de órgãos doJudiciário, Ministério Público, defensoria,conselho tutelar e encarregados da execuçãodas políticas sociais básicas e de assistênciasocial, para efeito de agilização do atendimentode crianças e de adolescentes inseridos em pro-gramas de acolhimento familiar ou institucio-nal, com vista na sua rápida reintegração àfamília de origem ou, se tal solução se mostrarcomprovadamente inviável, sua colocação emfamília substituta, em quaisquer das modalida-des previstas no art. 28 desta Lei;111

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111 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

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Vii - mobilização da opinião pública para aindispensável participação dos diversos segmentosda sociedade.112

art. 89. a função de membro do conselhonacional e dos conselhos estaduais e municipaisdos direitos da criança e do adolescente é consi-derada de interesse público relevante e não seráremunerada.

Capítulo ii

Das eNtiDaDes De ateNDimeNto

seção i

DisPosições geRais

art. 90. as entidades de atendimento sãoresponsáveis pela manutenção das próprias uni-dades, assim como pelo planejamento e execuçãode programas de proteção e sócio-educativos des-tinados a crianças e adolescentes, em regime de:

i - orientação e apoio sócio-familiar;

ii - apoio sócio-educativo em meio aberto;

iii - colocação familiar;

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112 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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iV - acolhimento institucional;113

V - liberdade assistida;

Vi - semi-liberdade;

Vii - internação.

§ 1º as entidades governamentais e nãogovernamentais deverão proceder à inscrição deseus programas, especificando os regimes de aten-dimento, na forma definida neste artigo, noconselho Municipal dos direitos da criança e doadolescente, o qual manterá registro das inscri-ções e de suas alterações, do que fará comunicaçãoao conselho tutelar e à autoridade judiciária.114

§ 2º os recursos destinados à implementa-ção e manutenção dos programas relacionadosneste artigo serão previstos nas dotações orça-mentárias dos órgãos públicos encarregados dasáreas de educação, saúde e assistência social,dentre outros, observando-se o princípio daprioridade absoluta à criança e ao adolescentepreconizado pelo caput do art. 227 daconstituição Federal e pelo caput e parágrafoúnico do art. 4º desta Lei.115

§ 3º os programas em execução serão reava-liados pelo conselho Municipal dos direitos da

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113 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)114 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)115 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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criança e do adolescente, no máximo, a cada 2(dois) anos, constituindo-se critérios para renova-ção da autorização de funcionamento:116

i - o efetivo respeito às regras e princípiosdesta Lei, bem como às resoluções relativas àmodalidade de atendimento prestado expedidaspelos conselhos de direitos da criança e doadolescente, em todos os níveis;117

ii - a qualidade e eficiência do trabalhodesenvolvido, atestadas pelo conselho tutelar,pelo Ministério Público e pela Justiça dainfância e da Juventude;118

iii - em se tratando de programas de acolhi-mento institucional ou familiar, serão consideradosos índices de sucesso na reintegração familiar ou deadaptação à família substituta, conforme o caso.119

art. 91. as entidades não-governamentaissomente poderão funcionar depois de registradasno conselho Municipal dos direitos da criança edo adolescente, o qual comunicará o registro aoconselho tutelar e à autoridade judiciária darespectiva localidade.

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116 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)117 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)118 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)119 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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§ 1º será negado o registro à entidade que:120

a) não ofereça instalações físicas em condi-ções adequadas de habitabilidade, higiene, salu-bridade e segurança;

b) não apresente plano de trabalho compatí-vel com os princípios desta Lei;

c) esteja irregularmente constituída;

d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas.

e) não se adequar ou deixar de cumprir asresoluções e deliberações relativas à modalidadede atendimento prestado expedidas pelosconselhos dos direitos da criança e doadolescente, em todos os níveis.121

§ 2º o registro terá validade máxima de 4(quatro) anos, cabendo ao conselho Municipaldos direitos da criança e do adolescente, perio-dicamente, reavaliar o cabimento de sua renova-ção, observado o disposto no § 1º deste artigo.122

art. 92. as entidades que desenvolvam pro-gramas de acolhimento familiar ou institucionaldeverão adotar os seguintes princípios:123

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120 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)121 (incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)122 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 123 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009

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i - preservação dos vínculos familiares epromoção da reintegração familiar;124

ii - integração em família substituta, quandoesgotados os recursos de manutenção na famílianatural ou extensa;125

iii - atendimento personalizado e empequenos grupos;

iV - desenvolvimento de atividades em regi-me de co-educação;

V - não desmembramento de grupos deirmãos;

Vi - evitar, sempre que possível, a transfe-rência para outras entidades de crianças e adoles-centes abrigados;

Vii - participação na vida da comunidadelocal;

Viii - preparação gradativa para o desliga-mento;

ix - participação de pessoas da comunidadeno processo educativo.

§ 1º o dirigente de entidade que desenvolveprograma de acolhimento institucional é equipara-do ao guardião, para todos os efeitos de direito.126

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124 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)125 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)126 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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§ 2º os dirigentes de entidades que desen-volvem programas de acolhimento familiar ou ins-titucional remeterão à autoridade judiciária, nomáximo a cada 6 (seis) meses, relatório circunstan-ciado acerca da situação de cada criança ou adoles-cente acolhido e sua família, para fins da reavalia-ção prevista no § 1º do art. 19 desta Lei.127

§ 3º os entes federados, por intermédio dosPoderes executivo e Judiciário, promoverão con-juntamente a permanente qualificação dos profis-sionais que atuam direta ou indiretamente emprogramas de acolhimento institucional e desti-nados à colocação familiar de crianças e adoles-centes, incluindo membros do Poder Judiciário,Ministério Público e conselho tutelar.128

§ 4º salvo determinação em contrário da auto-ridade judiciária competente, as entidades quedesenvolvem programas de acolhimento familiarou institucional, se necessário com o auxílio doconselho tutelar e dos órgãos de assistência social,estimularão o contato da criança ou adolescentecom seus pais e parentes, em cumprimento ao dis-posto nos incisos i e Viii do caput deste artigo.129

§ 5º as entidades que desenvolvem progra-mas de acolhimento familiar ou institucional

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127 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 128 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)129 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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somente poderão receber recursos públicos secomprovado o atendimento dos princípios, exi-gências e finalidades desta Lei.130

§ 6º o descumprimento das disposiçõesdesta Lei pelo dirigente de entidade que desen-volva programas de acolhimento familiar ou ins-titucional é causa de sua destituição, sem prejuí-zo da apuração de sua responsabilidade adminis-trativa, civil e criminal.131

art. 93. as entidades que mantenham pro-grama de acolhimento institucional poderão, emcaráter excepcional e de urgência, acolher criançase adolescentes sem prévia determinação da autori-dade competente, fazendo comunicação do fatoem até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz da infânciae da Juventude, sob pena de responsabilidade.132

Parágrafo único. recebida a comunicação, aautoridade judiciária, ouvido o Ministério Públicoe se necessário com o apoio do conselho tutelarlocal, tomará as medidas necessárias para promo-ver a imediata reintegração familiar da criança oudo adolescente ou, se por qualquer razão não forisso possível ou recomendável, para seu encami-nhamento a programa de acolhimento familiar,

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130 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)131 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)132 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

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institucional ou a família substituta, observado odisposto no § 2º do art. 101 desta Lei.133

art. 94. as entidades que desenvolvem pro-gramas de internação têm as seguintes obriga-ções, entre outras:

i - observar os direitos e garantias de quesão titulares os adolescentes;

ii - não restringir nenhum direito que nãotenha sido objeto de restrição na decisão deinternação;

iii - oferecer atendimento personalizado,em pequenas unidades e grupos reduzidos;

iV - preservar a identidade e oferecerambiente de respeito e dignidade ao adolescente;

V - diligenciar no sentido do restabeleci-mento e da preservação dos vínculos familiares;

Vi - comunicar à autoridade judiciária, perio-dicamente, os casos em que se mostre inviável ouimpossível o reatamento dos vínculos familiares;

Vii - oferecer instalações físicas em condi-ções adequadas de habitabilidade, higiene, salu-bridade e segurança e os objetos necessários àhigiene pessoal;

Viii - oferecer vestuário e alimentação sufi-cientes e adequados à faixa etária dos adolescen-tes atendidos;

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133 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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ix - oferecer cuidados médicos, psicológi-cos, odontológicos e farmacêuticos;

x - propiciar escolarização e profissionalização;

xi - propiciar atividades culturais, esporti-vas e de lazer;

xii - propiciar assistência religiosa àquelesque desejarem, de acordo com suas crenças;

xiii - proceder a estudo social e pessoal decada caso;

xiV - reavaliar periodicamente cada caso,com intervalo máximo de seis meses, dando ciên-cia dos resultados à autoridade competente;

xV - informar, periodicamente, o adolescen-te internado sobre sua situação processual;

xVi - comunicar às autoridades competen-tes todos os casos de adolescentes portadores demoléstias infecto-contagiosas;

xVii - fornecer comprovante de depósitodos pertences dos adolescentes;

xViii - manter programas destinados aoapoio e acompanhamento de egressos;

xix - providenciar os documentos necessá-rios ao exercício da cidadania àqueles que não ostiverem;

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xx - manter arquivo de anotações ondeconstem data e circunstâncias do atendimento,nome do adolescente, seus pais ou responsável,parentes, endereços, sexo, idade, acompanha-mento da sua formação, relação de seus pertencese demais dados que possibilitem sua identifica-ção e a individualização do atendimento.

§ 1º aplicam-se, no que couber, as obriga-ções constantes deste artigo às entidades quemantêm programas de acolhimento institucionale familiar.134

§ 2º no cumprimento das obrigações a quealude este artigo as entidades utilizarão preferen-cialmente os recursos da comunidade.

seção ii

Da FisCalização Das eNtiDaDes

art. 95. as entidades governamentais e não-governamentais referidas no art. 90 serão fiscali-zadas pelo Judiciário, pelo Ministério Público epelos conselhos tutelares.

art. 96. os planos de aplicação e as presta-ções de contas serão apresentados ao estado ouao município, conforme a origem das dotaçõesorçamentárias.

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134 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

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art. 97. são medidas aplicáveis às entidadesde atendimento que descumprirem obrigação cons-tante do art. 94, sem prejuízo da responsabilidadecivil e criminal de seus dirigentes ou prepostos:

i - às entidades governamentais:

a) advertência;

b) afastamento provisório de seus dirigentes;

c) afastamento definitivo de seus dirigentes;

d) fechamento de unidade ou interdição deprograma.

ii - às entidades não-governamentais:

a) advertência;

b) suspensão total ou parcial do repasse deverbas públicas;

c) interdição de unidades ou suspensão deprograma;

d) cassação do registro.

§ 1º em caso de reiteradas infrações come-tidas por entidades de atendimento, que colo-quem em risco os direitos assegurados nesta Lei,deverá ser o fato comunicado ao MinistérioPúblico ou representado perante autoridadejudiciária competente para as providências cabí-

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veis, inclusive suspensão das atividades ou dis-solução da entidade.135

§ 2º as pessoas jurídicas de direito públicoe as organizações não governamentais responde-rão pelos danos que seus agentes causarem àscrianças e aos adolescentes, caracterizado o des-cumprimento dos princípios norteadores das ati-vidades de proteção específica.136

título iiDas meDiDas De PRoteção

Capítulo iDisPosições geRais

art. 98. as medidas de proteção à criança eao adolescente são aplicáveis sempre que os direi-tos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ouviolados:

i - por ação ou omissão da sociedade ou doestado;

ii - por falta, omissão ou abuso dos pais ouresponsável;

iii - em razão de sua conduta.

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135 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)136 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009).

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Capítulo ii

Das meDiDas esPeCíFiCas De PRoteção

art. 99. as medidas previstas neste capítulopoderão ser aplicadas isolada ou cumulativamen-te, bem como substituídas a qualquer tempo.

art. 100. na aplicação das medidas levar-se-ãoem conta as necessidades pedagógicas, preferin-do-se aquelas que visem ao fortalecimento dosvínculos familiares e comunitários.

Parágrafo único. são também princípiosque regem a aplicação das medidas: 137

i - condição da criança e do adolescentecomo sujeitos de direitos: crianças e adolescentessão os titulares dos direitos previstos nesta e emoutras Leis, bem como na constituição Federal;138

ii - proteção integral e prioritária: a interpre-tação e aplicação de toda e qualquer norma conti-da nesta Lei deve ser voltada à proteção integrale prioritária dos direitos de que crianças e adoles-centes são titulares;139

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137 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)138 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 139 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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iii - responsabilidade primária e solidária dopoder público: a plena efetivação dos direitos asse-gurados a crianças e a adolescentes por esta Lei epela constituição Federal, salvo nos casos por estaexpressamente ressalvados, é de responsabilidadeprimária e solidária das 3 (três) esferas de gover-no, sem prejuízo da municipalização do atendi-mento e da possibilidade da execução de progra-mas por entidades não governamentais;140

iV - interesse superior da criança e do adoles-cente: a intervenção deve atender prioritariamenteaos interesses e direitos da criança e do adolescen-te, sem prejuízo da consideração que for devida aoutros interesses legítimos no âmbito da pluralida-de dos interesses presentes no caso concreto;141

V - privacidade: a promoção dos direitos eproteção da criança e do adolescente deve ser efe-tuada no respeito pela intimidade, direito à ima-gem e reserva da sua vida privada;142

Vi - intervenção precoce: a intervenção dasautoridades competentes deve ser efetuada logoque a situação de perigo seja conhecida;143

Vii - intervenção mínima: a intervenção deveser exercida exclusivamente pelas autoridades e

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140 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)141 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 142 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)143 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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instituições cuja ação seja indispensável à efetivapromoção dos direitos e à proteção da criança e doadolescente;144

Viii - proporcionalidade e atualidade: aintervenção deve ser a necessária e adequada àsituação de perigo em que a criança ou o adoles-cente se encontram no momento em que a decisãoé tomada;145

ix - responsabilidade parental: a interven-ção deve ser efetuada de modo que os pais assu-mam os seus deveres para com a criança e oadolescente;146

x - prevalência da família: na promoção dedireitos e na proteção da criança e do adolescentedeve ser dada prevalência às medidas que os man-tenham ou reintegrem na sua família natural ouextensa ou, se isto não for possível, que promovama sua integração em família substituta;147

xi - obrigatoriedade da informação: a criançae o adolescente, respeitado seu estágio de desen-volvimento e capacidade de compreensão, seuspais ou responsável devem ser informados dosseus direitos, dos motivos que determinaram aintervenção e da forma como esta se processa;148

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144 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)145 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 146 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)147 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)148 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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xii - oitiva obrigatória e participação: a crian-ça e o adolescente, em separado ou na companhiados pais, de responsável ou de pessoa por si indica-da, bem como os seus pais ou responsável, têmdireito a ser ouvidos e a participar nos atos e nadefinição da medida de promoção dos direitos e deproteção, sendo sua opinião devidamente conside-rada pela autoridade judiciária competente, obser-vado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 28 desta Lei.149

art. 101. Verificada qualquer das hipótesesprevistas no art. 98, a autoridade competentepoderá determinar, dentre outras, as seguintesmedidas:

i - encaminhamento aos pais ou responsá-vel, mediante termo de responsabilidade;

ii - orientação, apoio e acompanhamentotemporários;

iii - matrícula e freqüência obrigatórias emestabelecimento oficial de ensino fundamental;

iV - inclusão em programa comunitárioou oficial de auxílio à família, à criança e aoadolescente;

V - requisição de tratamento médico, psico-lógico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ouambulatorial;

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149 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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Vi - inclusão em programa oficial ou comu-nitário de auxílio, orientação e tratamento aalcoólatras e toxicômanos;

Vii - acolhimento institucional;150

Viii - inclusão em programa de acolhimentofamiliar;151

ix - colocação em família substituta.152

§ 1º o acolhimento institucional e o acolhi-mento familiar são medidas provisórias e excep-cionais, utilizáveis como forma de transiçãopara reintegração familiar ou, não sendo estapossível, para colocação em família substituta,não implicando privação de liberdade.153

§ 2º sem prejuízo da tomada de medidasemergenciais para proteção de vítimas de violên-cia ou abuso sexual e das providências a quealude o art. 130 desta Lei, o afastamento da crian-ça ou adolescente do convívio familiar é de com-petência exclusiva da autoridade judiciária eimportará na deflagração, a pedido do MinistérioPúblico ou de quem tenha legítimo interesse, deprocedimento judicial contencioso, no qual segaranta aos pais ou ao responsável legal o exercí-cio do contraditório e da ampla defesa.154

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Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990

150 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)151 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)152 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)153 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)154 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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§ 3º crianças e adolescentes somente poderãoser encaminhados às instituições que executam pro-gramas de acolhimento institucional, governamen-tais ou não, por meio de uma Guia de acolhimento,expedida pela autoridade judiciária, na qual obri-gatoriamente constará, dentre outros:155

i - sua identificação e a qualificação com-pleta de seus pais ou de seu responsável, seconhecidos;156

ii - o endereço de residência dos pais ou doresponsável, com pontos de referência;157

iii - os nomes de parentes ou de terceirosinteressados em tê-los sob sua guarda;158

iV - os motivos da retirada ou da não reinte-gração ao convívio familiar.159

§ 4º imediatamente após o acolhimento dacriança ou do adolescente, a entidade responsá-vel pelo programa de acolhimento institucionalou familiar elaborará um plano individual deatendimento, visando à reintegração familiar,ressalvada a existência de ordem escrita e funda-mentada em contrário de autoridade judiciária

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Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990

155 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)156 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)157 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)158 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)159 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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competente, caso em que também deverá con-templar sua colocação em família substituta,observadas as regras e princípios desta Lei.160

§ 5º o plano individual será elaborado soba responsabilidade da equipe técnica do respecti-vo programa de atendimento e levará em consi-deração a opinião da criança ou do adolescente ea oitiva dos pais ou do responsável.161

§ 6º constarão do plano individual, dentreoutros:162

i - os resultados da avaliação interdiscipli-nar;163

ii - os compromissos assumidos pelos paisou responsável;164

iii - a previsão das atividades a seremdesenvolvidas com a criança ou com o adolescen-te acolhido e seus pais ou responsável, com vistana reintegração familiar ou, caso seja esta vedadapor expressa e fundamentada determinação judi-cial, as providências a serem tomadas para suacolocação em família substituta, sob direta super-visão da autoridade judiciária.165

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160 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)161 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)162 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 163 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)164 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)165 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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§ 7º o acolhimento familiar ou institucionalocorrerá no local mais próximo à residência dospais ou do responsável e, como parte do processode reintegração familiar, sempre que identificada anecessidade, a família de origem será incluída emprogramas oficiais de orientação, de apoio e de pro-moção social, sendo facilitado e estimulado o conta-to com a criança ou com o adolescente acolhido.166

§ 8º Verificada a possibilidade de reintegra-ção familiar, o responsável pelo programa de aco-lhimento familiar ou institucional fará imediatacomunicação à autoridade judiciária, que darávista ao Ministério Público, pelo prazo de 5(cinco) dias, decidindo em igual prazo.167

§ 9º em sendo constatada a impossibilidadede reintegração da criança ou do adolescente àfamília de origem, após seu encaminhamento a pro-gramas oficiais ou comunitários de orientação,apoio e promoção social, será enviado relatório fun-damentado ao Ministério Público, no qual conste adescrição pormenorizada das providências toma-das e a expressa recomendação, subscrita pelos téc-nicos da entidade ou responsáveis pela execuçãoda política municipal de garantia do direito à con-vivência familiar, para a destituição do poder fami-liar, ou destituição de tutela ou guarda.168

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166 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)167 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)168 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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§ 10. recebido o relatório, o MinistérioPúblico terá o prazo de 30 (trinta) dias para oingresso com a ação de destituição do poderfamiliar, salvo se entender necessária a realizaçãode estudos complementares ou outras providên-cias que entender indispensáveis ao ajuizamentoda demanda.169

§ 11. a autoridade judiciária manterá, emcada comarca ou foro regional, um cadastro con-tendo informações atualizadas sobre as crianças eadolescentes em regime de acolhimento familiare institucional sob sua responsabilidade, cominformações pormenorizadas sobre a situaçãojurídica de cada um, bem como as providênciastomadas para sua reintegração familiar ou colo-cação em família substituta, em qualquer dasmodalidades previstas no art. 28 desta Lei.170

§ 12. terão acesso ao cadastro o MinistérioPúblico, o conselho tutelar, o órgão gestor daassistência social e os conselhos Municipais dosdireitos da criança e do adolescente e da assis-tência social, aos quais incumbe deliberar sobre aimplementação de políticas públicas que permitamreduzir o número de crianças e adolescentes afasta-dos do convívio familiar e abreviar o período depermanência em programa de acolhimento.171

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169 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)170 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)171 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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art. 102. as medidas de proteção de quetrata este capítulo serão acompanhadas daregularização do registro civil.172

§ 1º Verificada a inexistência de registroanterior, o assento de nascimento da criança ouadolescente será feito à vista dos elementos dis-poníveis, mediante requisição da autoridadejudiciária.

§ 2º os registros e certidões necessários àregularização de que trata este artigo são isentosde multas, custas e emolumentos, gozando deabsoluta prioridade.

§ 3º caso ainda não definida a paternida-de, será deflagrado procedimento específicodestinado à sua averiguação, conforme previstopela Lei nº 8.560, de 29 de dezembro de 1992.173

§ 4º nas hipóteses previstas no § 3º desteartigo, é dispensável o ajuizamento de ação deinvestigação de paternidade pelo MinistérioPúblico se, após o não comparecimento ou a recusado suposto pai em assumir a paternidade a ele atri-buída, a criança for encaminhada para adoção.174

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172 (Vide Lei nº 12.010, de 2009)173 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)174 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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título iii

Da PRátiCa De ato iNFRaCioNal

Capítulo i

DisPosições geRais

art. 103. considera-se ato infracional a con-duta descrita como crime ou contravenção penal.

art. 104. são penalmente inimputáveis osmenores de dezoito anos, sujeitos às medidasprevistas nesta Lei.

Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei,deve ser considerada a idade do adolescente àdata do fato.

art. 105. ao ato infracional praticado porcriança corresponderão as medidas previstas noart. 101.

Capítulo ii

Dos DiReitos iNDiViDuais

art. 106. nenhum adolescente será privadode sua liberdade senão em flagrante de ato infra-

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cional ou por ordem escrita e fundamentada daautoridade judiciária competente.

Parágrafo único. o adolescente tem direitoà identificação dos responsáveis pela suaapreensão, devendo ser informado acerca de seusdireitos.

art. 107. a apreensão de qualquer adoles-cente e o local onde se encontra recolhido serãoincontinenti comunicados à autoridade judiciáriacompetente e à família do apreendido ou à pessoapor ele indicada.

Parágrafo único. examinar-se-á, desde logoe sob pena de responsabilidade, a possibilidadede liberação imediata.

art. 108. a internação, antes da sentença,pode ser determinada pelo prazo máximo dequarenta e cinco dias.

Parágrafo único. a decisão deverá ser fun-damentada e basear-se em indícios suficientes deautoria e materialidade, demonstrada a necessi-dade imperiosa da medida.

art. 109. o adolescente civilmente identifi-cado não será submetido a identificação compul-sória pelos órgãos policiais, de proteção e judi-ciais, salvo para efeito de confrontação, havendodúvida fundada.

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Capítulo iii

Das gaRaNtias PRoCessuais

art. 110. nenhum adolescente será privadode sua liberdade sem o devido processo legal.

art. 111. são asseguradas ao adolescente,entre outras, as seguintes garantias:

i - pleno e formal conhecimento da atribui-ção de ato infracional, mediante citação ou meioequivalente;

ii - igualdade na relação processual,podendo confrontar-se com vítimas e testemu-nhas e produzir todas as provas necessárias àsua defesa;

iii - defesa técnica por advogado;

iV - assistência judiciária gratuita e integralaos necessitados, na forma da lei;

V - direito de ser ouvido pessoalmente pelaautoridade competente;

Vi - direito de solicitar a presença de seuspais ou responsável em qualquer fase do procedi-mento.

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Capítulo iV

Das meDiDas sÓCio-eDuCatiVas

seção i

DisPosições geRais

art. 112. Verificada a prática de ato infracio-nal, a autoridade competente poderá aplicar aoadolescente as seguintes medidas:

i - advertência;

ii - obrigação de reparar o dano;

iii - prestação de serviços à comunidade;

iV - liberdade assistida;

V - inserção em regime de semi-liberdade;

Vi - internação em estabelecimento educa-cional;

Vii - qualquer uma das previstas no art. 101,i a Vi.

§ 1º a medida aplicada ao adolescente leva-rá em conta a sua capacidade de cumpri-la, as cir-cunstâncias e a gravidade da infração.

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§ 2º em hipótese alguma e sob pretextoalgum, será admitida a prestação de trabalhoforçado.

§ 3º os adolescentes portadores de doençaou deficiência mental receberão tratamento indi-vidual e especializado, em local adequado às suascondições.

art. 113. aplica-se a este capítulo o dispos-to nos arts. 99 e 100.

art. 114. a imposição das medidas previstasnos incisos ii a Vi do art. 112 pressupõe a existên-cia de provas suficientes da autoria e da materia-lidade da infração, ressalvada a hipótese deremissão, nos termos do art. 127.

Parágrafo único. a advertência poderá seraplicada sempre que houver prova da materiali-dade e indícios suficientes da autoria.

seção ii

Da aDVeRtêNCia

art. 115. a advertência consistirá emadmoestação verbal, que será reduzida a termo eassinada.

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seção iii

Da obRigação De RePaRaR o DaNo

art. 116. em se tratando de ato infracionalcom reflexos patrimoniais, a autoridade poderádeterminar, se for o caso, que o adolescente res-titua a coisa, promova o ressarcimento do dano,ou, por outra forma, compense o prejuízo davítima.

Parágrafo único. Havendo manifesta impos-sibilidade, a medida poderá ser substituída poroutra adequada.

seção iV

Da PRestação De seRViços àComuNiDaDe

art. 117. a prestação de serviços comunitá-rios consiste na realização de tarefas gratuitas deinteresse geral, por período não excedente a seismeses, junto a entidades assistenciais, hospitais,escolas e outros estabelecimentos congêneres,bem como em programas comunitários ougovernamentais.

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Parágrafo único. as tarefas serão atribuí-das conforme as aptidões do adolescente,devendo ser cumpridas durante jornada máxi-ma de oito horas semanais, aos sábados, domin-gos e feriados ou em dias úteis, de modo a nãoprejudicar a freqüência à escola ou à jornadanormal de trabalho.

seção V

Da libeRDaDe assistiDa

art. 118. a liberdade assistida será adotadasempre que se afigurar a medida mais adequadapara o fim de acompanhar, auxiliar e orientar oadolescente.

§ 1º a autoridade designará pessoa capaci-tada para acompanhar o caso, a qual poderá serrecomendada por entidade ou programa deatendimento.

§ 2º a liberdade assistida será fixada peloprazo mínimo de seis meses, podendo a qualquertempo ser prorrogada, revogada ou substituídapor outra medida, ouvido o orientador, oMinistério Público e o defensor.

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art. 119. incumbe ao orientador, com oapoio e a supervisão da autoridade competente, arealização dos seguintes encargos, entre outros:

i - promover socialmente o adolescente esua família, fornecendo-lhes orientação e inserin-do-os, se necessário, em programa oficial oucomunitário de auxílio e assistência social;

ii - supervisionar a freqüência e o aproveita-mento escolar do adolescente, promovendo,inclusive, sua matrícula;

iii - diligenciar no sentido da profissionali-zação do adolescente e de sua inserção no merca-do de trabalho;

iV - apresentar relatório do caso.

seção Vi

Do Regime De semi-libeRDaDe

art. 120. o regime de semi-liberdade podeser determinado desde o início, ou como formade transição para o meio aberto, possibilitada arealização de atividades externas, independente-mente de autorização judicial.

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§ 1º são obrigatórias a escolarização e aprofissionalização, devendo, sempre que possí-vel, ser utilizados os recursos existentes nacomunidade.

§ 2º a medida não comporta prazo determi-nado aplicando-se, no que couber, as disposiçõesrelativas à internação.

seção Vii

Da iNteRNação

art. 121. a internação constitui medida pri-vativa da liberdade, sujeita aos princípios de bre-vidade, excepcionalidade e respeito à condiçãopeculiar de pessoa em desenvolvimento.

§ 1º será permitida a realização de ativida-des externas, a critério da equipe técnica da enti-dade, salvo expressa determinação judicial emcontrário.

§ 2º a medida não comporta prazo determi-nado, devendo sua manutenção ser reavaliada,mediante decisão fundamentada, no máximo acada seis meses.

§ 3º em nenhuma hipótese o período máxi-mo de internação excederá a três anos.

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§ 4º atingido o limite estabelecido no pará-grafo anterior, o adolescente deverá ser liberado,colocado em regime de semi-liberdade ou deliberdade assistida.

§ 5º a liberação será compulsória aos vinte eum anos de idade.

§ 6º em qualquer hipótese a desinternaçãoserá precedida de autorização judicial, ouvido oMinistério Público.

art. 122. a medida de internação só poderáser aplicada quando:

i - tratar-se de ato infracional cometidomediante grave ameaça ou violência a pessoa;

ii - por reiteração no cometimento de outrasinfrações graves;

iii - por descumprimento reiterado e injusti-ficável da medida anteriormente imposta.

§ 1º o prazo de internação na hipótese doinciso iii deste artigo não poderá ser superior atrês meses.

§ 2º. em nenhuma hipótese será aplicada ainternação, havendo outra medida adequada.

art. 123. a internação deverá ser cumpridaem entidade exclusiva para adolescentes, emlocal distinto daquele destinado ao abrigo, obede-

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cida rigorosa separação por critérios de idade,compleição física e gravidade da infração.

Parágrafo único. durante o período deinternação, inclusive provisória, serão obrigató-rias atividades pedagógicas.

art. 124. são direitos do adolescente privadode liberdade, entre outros, os seguintes:

i - entrevistar-se pessoalmente com o repre-sentante do Ministério Público;

ii - peticionar diretamente a qualquer auto-ridade;

iii - avistar-se reservadamente com seudefensor;

iV - ser informado de sua situação proces-sual, sempre que solicitada;

V - ser tratado com respeito e dignidade;

Vi - permanecer internado na mesma locali-dade ou naquela mais próxima ao domicílio deseus pais ou responsável;

Vii - receber visitas, ao menos, semanal-mente;

Viii - corresponder-se com seus familiares eamigos;

ix - ter acesso aos objetos necessários àhigiene e asseio pessoal;

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x - habitar alojamento em condições ade-quadas de higiene e salubridade;

xi - receber escolarização e profissionalização; xii - realizar atividades culturais, esportivas

e de lazer; xiii - ter acesso aos meios de comunicação

social; xiV - receber assistência religiosa, segundo

a sua crença, e desde que assim o deseje; xV - manter a posse de seus objetos pessoais

e dispor de local seguro para guardá-los, receben-do comprovante daqueles porventura deposita-dos em poder da entidade;

xVi - receber, quando de sua desinternação,os documentos pessoais indispensáveis à vida emsociedade.

§ 1º em nenhum caso haverá incomunica-bilidade.

§ 2º a autoridade judiciária poderá suspen-der temporariamente a visita, inclusive de pais ouresponsável, se existirem motivos sérios e funda-dos de sua prejudicialidade aos interesses doadolescente.

art. 125. É dever do estado zelar pela inte-gridade física e mental dos internos, cabendo-lheadotar as medidas adequadas de contenção esegurança.

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Capítulo V

Da Remissão

art. 126. antes de iniciado o procedimentojudicial para apuração de ato infracional, o repre-sentante do Ministério Público poderá conceder aremissão, como forma de exclusão do processo,atendendo às circunstâncias e conseqüências dofato, ao contexto social, bem como à personalida-de do adolescente e sua maior ou menor partici-pação no ato infracional.

Parágrafo único. iniciado o procedimento, aconcessão da remissão pela autoridade judiciáriaimportará na suspensão ou extinção do processo.

art. 127. a remissão não implica necessaria-mente o reconhecimento ou comprovação da res-ponsabilidade, nem prevalece para efeito de ante-cedentes, podendo incluir eventualmente a apli-cação de qualquer das medidas previstas em lei,exceto a colocação em regime de semi-liberdade ea internação.

art. 128. a medida aplicada por força daremissão poderá ser revista judicialmente, a qual-quer tempo, mediante pedido expresso do ado-lescente ou de seu representante legal, ou doMinistério Público.

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título iV

Das meDiDas PeRtiNeNtes aosPais ou ResPoNsáVel

art. 129. são medidas aplicáveis aos pais ouresponsável:

i - encaminhamento a programa oficial oucomunitário de proteção à família;

ii - inclusão em programa oficial ou comuni-tário de auxílio, orientação e tratamento a alcoó-latras e toxicômanos;

iii - encaminhamento a tratamento psicoló-gico ou psiquiátrico;

iV - encaminhamento a cursos ou progra-mas de orientação;

V - obrigação de matricular o filho ou pupi-lo e acompanhar sua freqüência e aproveitamen-to escolar;

Vi - obrigação de encaminhar a criança ouadolescente a tratamento especializado;

Vii - advertência;

Viii - perda da guarda;

ix - destituição da tutela;

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x - suspensão ou destituição do pátriopoder.

Parágrafo único. na aplicação das medidasprevistas nos incisos iX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23 e 24.

art. 130. Verificada a hipótese de maus-tra-tos, opressão ou abuso sexual impostos pelos paisou responsável, a autoridade judiciária poderádeterminar, como medida cautelar, o afastamentodo agressor da moradia comum.

título V

Do CoNselHo tutelaR

Capítulo i

DisPosições geRais

art. 131. o conselho tutelar é órgão per-manente e autônomo, não jurisdicional, encarre-gado pela sociedade de zelar pelo cumprimentodos direitos da criança e do adolescente, defini-dos nesta Lei.

art. 132. em cada Município haverá, nomínimo, um conselho tutelar composto de

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cinco membros, escolhidos pela comunidadelocal para mandato de três anos, permitida umarecondução175.

art. 133. Para a candidatura a membro doconselho tutelar, serão exigidos os seguintesrequisitos:

i - reconhecida idoneidade moral;

ii - idade superior a vinte e um anos;

iii - residir no município.

art. 134. Lei municipal disporá sobre local,dia e horário de funcionamento do conselhotutelar, inclusive quanto a eventual remuneraçãode seus membros.

Parágrafo único. constará da lei orçamentá-ria municipal previsão dos recursos necessáriosao funcionamento do conselho tutelar.

art. 135. o exercício efetivo da função deconselheiro constituirá serviço público relevante,estabelecerá presunção de idoneidade moral eassegurará prisão especial, em caso de crimecomum, até o julgamento definitivo.

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175 (redação dada pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)

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Capítulo ii

Das atRibuições Do CoNselHo

art. 136. são atribuições do conselhotutelar:

i - atender as crianças e adolescentes nashipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicandoas medidas previstas no art. 101, i a Vii;

ii - atender e aconselhar os pais ou respon-sável, aplicando as medidas previstas no art. 129,i a Vii;

iii - promover a execução de suas decisões,podendo para tanto:

a) requisitar serviços públicos nas áreas desaúde, educação, serviço social, previdência, tra-balho e segurança;

b) representar junto à autoridade judiciárianos casos de descumprimento injustificado desuas deliberações.

iV - encaminhar ao Ministério Público notíciade fato que constitua infração administrativa oupenal contra os direitos da criança ou adolescente;

V - encaminhar à autoridade judiciária oscasos de sua competência;

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Vi - providenciar a medida estabelecidapela autoridade judiciária, dentre as previstas noart. 101, de i a Vi, para o adolescente autor de atoinfracional;

Vii - expedir notificações;

Viii - requisitar certidões de nascimento ede óbito de criança ou adolescente quandonecessário;

ix - assessorar o Poder executivo local naelaboração da proposta orçamentária para planose programas de atendimento dos direitos dacriança e do adolescente;

x - representar, em nome da pessoa e dafamília, contra a violação dos direitos previstosno art. 220, § 3º, inciso ii, da constituição Federal;

xi - representar ao Ministério Público paraefeito das ações de perda ou suspensão do poderfamiliar, após esgotadas as possibilidades demanutenção da criança ou do adolescente junto àfamília natural.176

Parágrafo único. se, no exercício de suas atri-buições, o conselho tutelar entender necessário oafastamento do convívio familiar, comunicaráincontinenti o fato ao Ministério Público, prestan-do-lhe informações sobre os motivos de tal enten-

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176 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

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dimento e as providências tomadas para a orien-tação, o apoio e a promoção social da família.177

art. 137. as decisões do conselho tutelarsomente poderão ser revistas pela autoridadejudiciária a pedido de quem tenha legítimointeresse.

Capítulo iii

Da ComPetêNCia

art. 138. aplica-se ao conselho tutelar aregra de competência constante do art. 147.

Capítulo iV

Da esColHa Dos CoNselHeiRos

art. 139. o processo para a escolha dosmembros do conselho tutelar será estabelecidoem lei municipal e realizado sob a responsabili-dade do conselho Municipal dos direitos dacriança e do adolescente, e a fiscalização doMinistério Público178.

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Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990

177 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

178 (redação dada pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)

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Capítulo V

Dos imPeDimeNtos

art. 140. são impedidos de servir no mesmoconselho marido e mulher, ascendentes e descen-dentes, sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados,durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto oumadrasta e enteado.

Parágrafo único. estende-se o impedimentodo conselheiro, na forma deste artigo, em relaçãoà autoridade judiciária e ao representante doMinistério Público com atuação na Justiça dainfância e da Juventude, em exercício na comarca,foro regional ou distrital.

título Vi

Do aCesso à justiça

Capítulo i

DisPosições geRais

art. 141. É garantido o acesso de toda crian-ça ou adolescente à defensoria Pública, aoMinistério Público e ao Poder Judiciário, porqualquer de seus órgãos.

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§ 1º. a assistência judiciária gratuita seráprestada aos que dela necessitarem, através dedefensor público ou advogado nomeado.

§ 2º as ações judiciais da competência daJustiça da infância e da Juventude são isentas decustas e emolumentos, ressalvada a hipótese delitigância de má-fé.

art. 142. os menores de dezesseis anosserão representados e os maiores de dezesseis emenores de vinte e um anos assistidos por seuspais, tutores ou curadores, na forma da legislaçãocivil ou processual.

Parágrafo único. a autoridade judiciária darácurador especial à criança ou adolescente, sempreque os interesses destes colidirem com os de seuspais ou responsável, ou quando carecer de repre-sentação ou assistência legal ainda que eventual.

art. 143. e vedada a divulgação de atos judi-ciais, policiais e administrativos que digam res-peito a crianças e adolescentes a que se atribuaautoria de ato infracional.

Parágrafo único. Qualquer notícia a respei-to do fato não poderá identificar a criança ou ado-lescente, vedando-se fotografia, referência anome, apelido, filiação, parentesco, residência e,inclusive, iniciais do nome e sobrenome179.

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Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990

179 (redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)

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art. 144. a expedição de cópia ou certidão deatos a que se refere o artigo anterior somente serádeferida pela autoridade judiciária competente, sedemonstrado o interesse e justificada a finalidade.

Capítulo ii

Da justiça Da iNFâNCia e DajuVeNtuDe

seção i

DisPosições geRais

art. 145. os estados e o distrito Federal pode-rão criar varas especializadas e exclusivas dainfância e da juventude, cabendo ao PoderJudiciário estabelecer sua proporcionalidade pornúmero de habitantes, dotá-las de infra-estrutura edispor sobre o atendimento, inclusive em plantões.

seção ii

Do juiz

art. 146. a autoridade a que se refere estaLei é o Juiz da infância e da Juventude, ou o juizque exerce essa função, na forma da lei de organi-zação judiciária local.

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art. 147. a competência será determinada:

i - pelo domicílio dos pais ou responsável;

ii - pelo lugar onde se encontre a criança ouadolescente, à falta dos pais ou responsável.

§ 1º. nos casos de ato infracional, será com-petente a autoridade do lugar da ação ou omis-são, observadas as regras de conexão, continênciae prevenção.

§ 2º a execução das medidas poderá ser dele-gada à autoridade competente da residência dospais ou responsável, ou do local onde sediar-se aentidade que abrigar a criança ou adolescente.

§ 3º em caso de infração cometida atravésde transmissão simultânea de rádio ou televi-são, que atinja mais de uma comarca, será com-petente, para aplicação da penalidade, a autori-dade judiciária do local da sede estadual daemissora ou rede, tendo a sentença eficácia paratodas as transmissoras ou retransmissoras dorespectivo estado.

art. 148. a Justiça da infância e daJuventude é competente para:

i - conhecer de representações promovidaspelo Ministério Público, para apuração de atoinfracional atribuído a adolescente, aplicando asmedidas cabíveis;

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ii - conceder a remissão, como forma de sus-pensão ou extinção do processo;

iii - conhecer de pedidos de adoção e seusincidentes;

iV - conhecer de ações civis fundadas eminteresses individuais, difusos ou coletivos afetosà criança e ao adolescente, observado o dispostono art. 209;

V - conhecer de ações decorrentes de irregu-laridades em entidades de atendimento, aplican-do as medidas cabíveis;

Vi - aplicar penalidades administrativas noscasos de infrações contra norma de proteção àcriança ou adolescente;

Vii - conhecer de casos encaminhados peloconselho tutelar, aplicando as medidas cabíveis.

Parágrafo único. Quando se tratar de crian-ça ou adolescente nas hipóteses do art. 98, é tam-bém competente a Justiça da infância e daJuventude para o fim de:

a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;

b) conhecer de ações de destituição do pátriopoder, perda ou modificação da tutela ou guarda;

c) suprir a capacidade ou o consentimentopara o casamento;

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d) conhecer de pedidos baseados em discor-dância paterna ou materna, em relação ao exercí-cio do pátrio poder;

e) conceder a emancipação, nos termos dalei civil, quando faltarem os pais;

f) designar curador especial em casos deapresentação de queixa ou representação, ou deoutros procedimentos judiciais ou extrajudiciaisem que haja interesses de criança ou adolescente;

g) conhecer de ações de alimentos;

h) determinar o cancelamento, a retificação eo suprimento dos registros de nascimento e óbito.

art. 149. compete à autoridade judiciáriadisciplinar, através de portaria, ou autorizar,mediante alvará:

i - a entrada e permanência de criança ouadolescente, desacompanhado dos pais ou res-ponsável, em:

a) estádio, ginásio e campo desportivo;

b) bailes ou promoções dançantes;

c) boate ou congêneres;

d) casa que explore comercialmente diver-sões eletrônicas;

e) estúdios cinematográficos, de teatro,rádio e televisão.

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ii - a participação de criança e adolescente em:

a) espetáculos públicos e seus ensaios;

b) certames de beleza.

§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, aautoridade judiciária levará em conta, dentreoutros fatores:

a) os princípios desta Lei;

b) as peculiaridades locais;

c) a existência de instalações adequadas;

d) o tipo de freqüência habitual ao local;

e) a adequação do ambiente a eventual parti-cipação ou freqüência de crianças e adolescentes;

f) a natureza do espetáculo.

§ 2º as medidas adotadas na conformidadedeste artigo deverão ser fundamentadas, caso acaso, vedadas as determinações de caráter geral

.

seção iii

Dos seRViços auxiliaRes

art. 150. cabe ao Poder Judiciário, na elabo-ração de sua proposta orçamentária, preverrecursos para manutenção de equipe interprofis-

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sional, destinada a assessorar a Justiça dainfância e da Juventude.

art. 151. compete à equipe interprofissio-nal dentre outras atribuições que lhe foremreservadas pela legislação local, fornecer subsí-dios por escrito, mediante laudos, ou verbal-mente, na audiência, e bem assim desenvolvertrabalhos de aconselhamento, orientação, enca-minhamento, prevenção e outros, tudo sob aimediata subordinação à autoridade judiciária,assegurada a livre manifestação do ponto devista técnico.

Capítulo iii

Dos PRoCeDimeNtos

seção i

DisPosições geRais

art. 152. aos procedimentos regulados nestaLei aplicam-se subsidiariamente as normas geraisprevistas na legislação processual pertinente.

Parágrafo único. É assegurada, sob pena deresponsabilidade, prioridade absoluta na tramita-ção dos processos e procedimentos previstos

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nesta Lei, assim como na execução dos atos e dili-gências judiciais a eles referentes.180

art. 153. se a medida judicial a ser adotadanão corresponder a procedimento previsto nestaou em outra lei, a autoridade judiciária poderáinvestigar os fatos e ordenar de ofício as providên-cias necessárias, ouvido o Ministério Público.

Parágrafo único. o disposto neste artigonão se aplica para o fim de afastamento dacriança ou do adolescente de sua família de ori-gem e em outros procedimentos necessariamentecontenciosos.181

art. 154. aplica-se às multas o disposto noart. 214.

seção ii

Da PeRDa e Da susPeNsão Do PoDeR FamiliaR182

art. 155. o procedimento para a perda ou asuspensão do pátrio poder terá início por provo-cação do Ministério Público ou de quem tenhalegítimo interesse.

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Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990

180 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)181 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)182 (expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)

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art. 156. a petição inicial indicará:

i - a autoridade judiciária a que for dirigida;

ii - o nome, o estado civil, a profissão e aresidência do requerente e do requerido, dispen-sada a qualificação em se tratando de pedido for-mulado por representante do Ministério Público;

iii - a exposição sumária do fato e o pedido;

iV - as provas que serão produzidas, ofe-recendo, desde logo, o rol de testemunhas edocumentos.

art. 157. Havendo motivo grave, poderá aautoridade judiciária, ouvido o MinistérioPúblico, decretar a suspensão do poder familiar,liminar ou incidentalmente, até o julgamentodefinitivo da causa, ficando a criança ou adoles-cente confiado a pessoa idônea, mediante termode responsabilidade.183

art. 158. o requerido será citado para, noprazo de dez dias, oferecer resposta escrita, indi-cando as provas a serem produzidas e oferecendodesde logo o rol de testemunhas e documentos.

Parágrafo único. deverão ser esgotadostodos os meios para a citação pessoal.

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183 (expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)

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art. 159. se o requerido não tiver possibili-dade de constituir advogado, sem prejuízo dopróprio sustento e de sua família, poderá reque-rer, em cartório, que lhe seja nomeado dativo,ao qual incumbirá a apresentação de resposta,contando-se o prazo a partir da intimação dodespacho de nomeação.

art. 160. sendo necessário, a autoridadejudiciária requisitará de qualquer repartição ouórgão público a apresentação de documento queinteresse à causa, de ofício ou a requerimento daspartes ou do Ministério Público.

art. 161. não sendo contestado o pedido, aautoridade judiciária dará vista dos autos aoMinistério Público, por cinco dias, salvo quandoeste for o requerente, decidindo em igual prazo.

§ 1º a autoridade judiciária, de ofício ou arequerimento das partes ou do MinistérioPúblico, determinará a realização de estudosocial ou perícia por equipe interprofissional oumultidisciplinar, bem como a oitiva de testemu-nhas que comprovem a presença de uma dascausas de suspensão ou destituição do poderfamiliar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da Leinº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - códigocivil, ou no art. 24 desta Lei.184

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184 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

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§ 2º em sendo os pais oriundos de comu-nidades indígenas, é ainda obrigatória a inter-venção, junto à equipe profissional ou multi-disciplinar referida no § 1º deste artigo, derepresentantes do órgão federal responsávelpela política indigenista, observado o dispostono § 6º do art. 28 desta Lei.185

§ 3º se o pedido importar em modificação deguarda, será obrigatória, desde que possível erazoável, a oitiva da criança ou adolescente, respei-tado seu estágio de desenvolvimento e grau decompreensão sobre as implicações da medida.186

§ 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempreque esses forem identificados e estiverem em localconhecido.187

art. 162. apresentada a resposta, a autorida-de judiciária dará vista dos autos ao MinistérioPúblico, por cinco dias, salvo quando este for orequerente, designando, desde logo, audiência deinstrução e julgamento.

§ 1º a requerimento de qualquer das partes,do Ministério Público, ou de ofício, a autoridadejudiciária poderá determinar a realização de estu-do social ou, se possível, de perícia por equipeinterprofissional.

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Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990

185 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)186 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)187 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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§ 2º na audiência, presentes as partes e oMinistério Público, serão ouvidas as testemunhas,colhendo-se oralmente o parecer técnico, salvoquando apresentado por escrito, manifestando-sesucessivamente o requerente, o requerido e oMinistério Público, pelo tempo de vinte minutoscada um, prorrogável por mais dez. a decisão seráproferida na audiência, podendo a autoridadejudiciária, excepcionalmente, designar data parasua leitura no prazo máximo de cinco dias.

art. 163. o prazo máximo para conclusão doprocedimento será de 120 (cento e vinte) dias.188

Parágrafo único. a sentença que decretar aperda ou a suspensão do poder familiar seráaverbada à margem do registro de nascimento dacriança ou do adolescente.189

seção iii

Da Destituição Da tutela

art. 164. na destituição da tutela, observar-se-á o procedimento para a remoção de tutor pre-visto na lei processual civil e, no que couber, odisposto na seção anterior.

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188 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)189 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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seção iV

Da ColoCação em Famíliasubstituta

art. 165. são requisitos para a concessão depedidos de colocação em família substituta:

i - qualificação completa do requerente e deseu eventual cônjuge, ou companheiro, comexpressa anuência deste;

ii - indicação de eventual parentesco dorequerente e de seu cônjuge, ou companheiro,com a criança ou adolescente, especificando setem ou não parente vivo;

iii - qualificação completa da criança ouadolescente e de seus pais, se conhecidos;

iV - indicação do cartório onde foi inscritonascimento, anexando, se possível, uma cópia darespectiva certidão;

V - declaração sobre a existência de bens,direitos ou rendimentos relativos à criança ou aoadolescente.

Parágrafo único. em se tratando de adoção,observar-se-ão também os requisitos específicos.

art. 166. se os pais forem falecidos, tiveremsido destituídos ou suspensos do poder familiar,

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ou houverem aderido expressamente ao pedidode colocação em família substituta, este poderáser formulado diretamente em cartório, em peti-ção assinada pelos próprios requerentes, dispen-sada a assistência de advogado.190

§ 1º na hipótese de concordância dos pais,esses serão ouvidos pela autoridade judiciária epelo representante do Ministério Público, toman-do-se por termo as declarações.191

§ 2º o consentimento dos titulares do poderfamiliar será precedido de orientações e esclareci-mentos prestados pela equipe interprofissionalda Justiça da infância e da Juventude, em espe-cial, no caso de adoção, sobre a irrevogabilidadeda medida.192

§ 3º o consentimento dos titulares do poderfamiliar será colhido pela autoridade judiciáriacompetente em audiência, presente o MinistérioPúblico, garantida a livre manifestação de vontadee esgotados os esforços para manutenção da criançaou do adolescente na família natural ou extensa.193

§ 4º o consentimento prestado por escritonão terá validade se não for ratificado na audiên-cia a que se refere o § 3º deste artigo.194

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190 (redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)191 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)192 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)193 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)194 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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§ 5º o consentimento é retratável até adata da publicação da sentença constitutiva daadoção.195

§ 6º o consentimento somente terá valor sefor dado após o nascimento da criança.196

§ 7º a família substituta receberá a devidaorientação por intermédio de equipe técnicainterprofissional a serviço do Poder Judiciário,preferencialmente com apoio dos técnicos res-ponsáveis pela execução da política municipal degarantia do direito à convivência familiar.197

art. 167. a autoridade judiciária, de ofícioou a requerimento das partes ou do MinistérioPúblico, determinará a realização de estudosocial ou, se possível, perícia por equipe interpro-fissional, decidindo sobre a concessão de guardaprovisória, bem como, no caso de adoção, sobre oestágio de convivência.

Parágrafo único. deferida a concessão daguarda provisória ou do estágio de convivência,a criança ou o adolescente será entregue ao inte-ressado, mediante termo de responsabilidade. 198

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195 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 196 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)197 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)198 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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art. 168. apresentado o relatório social ou olaudo pericial, e ouvida, sempre que possível, acriança ou o adolescente, dar-se-á vista dos autosao Ministério Público, pelo prazo de cinco dias,decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.

art. 169. nas hipóteses em que a destituiçãoda tutela, a perda ou a suspensão do poder fami-liar constituir pressuposto lógico da medida prin-cipal de colocação em família substituta, seráobservado o procedimento contraditório previstonas seções ii e iii deste capítulo.199

Parágrafo único. a perda ou a modificaçãoda guarda poderá ser decretada nos mesmosautos do procedimento, observado o disposto noart. 35.

art. 170. concedida a guarda ou a tutela,observar-se-á o disposto no art. 32, e, quanto àadoção, o contido no art. 47.

Parágrafo único. a colocação de criançaou adolescente sob a guarda de pessoa inscritaem programa de acolhimento familiar serácomunicada pela autoridade judiciária à entida-de por este responsável no prazo máximo de 5(cinco) dias.200

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199 (expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)200 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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seção V

Da aPuRação De ato iNFRaCioNalatRibuíDo a aDolesCeNte

art. 171. o adolescente apreendido porforça de ordem judicial será, desde logo, encami-nhado à autoridade judiciária.

art. 172. o adolescente apreendido em fla-grante de ato infracional será, desde logo, enca-minhado à autoridade policial competente.

Parágrafo único. Havendo repartição poli-cial especializada para atendimento de adoles-cente e em se tratando de ato infracional prati-cado em co-autoria com maior, prevalecerá aatribuição da repartição especializada, que,após as providências necessárias e conforme ocaso, encaminhará o adulto à repartição policialprópria.

art. 173. em caso de flagrante de ato infra-cional cometido mediante violência ou graveameaça a pessoa, a autoridade policial, sem pre-juízo do disposto nos arts. 106, parágrafo único,e 107, deverá:

i - lavrar auto de apreensão, ouvidos as tes-temunhas e o adolescente;

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ii - apreender o produto e os instrumentosda infração;

iii - requisitar os exames ou perícias neces-sários à comprovação da materialidade e autoriada infração.

Parágrafo único. nas demais hipóteses deflagrante, a lavratura do auto poderá ser substi-tuída por boletim de ocorrência circunstanciada.

art. 174. comparecendo qualquer dos paisou responsável, o adolescente será prontamenteliberado pela autoridade policial, sob termo decompromisso e responsabilidade de sua apresen-tação ao representante do Ministério Público, nomesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro diaútil imediato, exceto quando, pela gravidade doato infracional e sua repercussão social, deva oadolescente permanecer sob internação paragarantia de sua segurança pessoal ou manuten-ção da ordem pública.

art. 175. em caso de não liberação, a auto-ridade policial encaminhará, desde logo, o ado-lescente ao representante do Ministério Público,juntamente com cópia do auto de apreensão ouboletim de ocorrência.

§ 1º sendo impossível a apresentação ime-diata, a autoridade policial encaminhará o ado-

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lescente à entidade de atendimento, que fará aapresentação ao representante do MinistérioPúblico no prazo de vinte e quatro horas.

§ 2º nas localidades onde não houver entida-de de atendimento, a apresentação far-se-á pelaautoridade policial. À falta de repartição policialespecializada, o adolescente aguardará a apresen-tação em dependência separada da destinada amaiores, não podendo, em qualquer hipótese,exceder o prazo referido no parágrafo anterior.

art. 176. sendo o adolescente liberado, aautoridade policial encaminhará imediatamenteao representante do Ministério Público cópia doauto de apreensão ou boletim de ocorrência.

art. 177. se, afastada a hipótese de flagran-te, houver indícios de participação de adolescen-te na prática de ato infracional, a autoridade poli-cial encaminhará ao representante do MinistérioPúblico relatório das investigações e demaisdocumentos.

art. 178. o adolescente a quem se atribuaautoria de ato infracional não poderá ser condu-zido ou transportado em compartimento fecha-do de veículo policial, em condições atentató-rias à sua dignidade, ou que impliquem risco àsua integridade física ou mental, sob pena deresponsabilidade.

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art. 179. apresentado o adolescente, orepresentante do Ministério Público, no mesmodia e à vista do auto de apreensão, boletim deocorrência ou relatório policial, devidamenteautuados pelo cartório judicial e com informa-ção sobre os antecedentes do adolescente, pro-cederá imediata e informalmente à sua oitiva e,em sendo possível, de seus pais ou responsável,vítima e testemunhas.

Parágrafo único. em caso de não apresenta-ção, o representante do Ministério Público notifi-cará os pais ou responsável para apresentação doadolescente, podendo requisitar o concurso daspolícias civil e militar.

art. 180. adotadas as providências a quealude o artigo anterior, o representante doMinistério Público poderá:

i - promover o arquivamento dos autos;

ii - conceder a remissão;

iii - representar à autoridade judiciária paraaplicação de medida sócio-educativa.

art. 181. Promovido o arquivamento dosautos ou concedida a remissão pelo representan-te do Ministério Público, mediante termo funda-mentado, que conterá o resumo dos fatos, osautos serão conclusos à autoridade judiciáriapara homologação.

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§ 1º Homologado o arquivamento ou aremissão, a autoridade judiciária determinará,conforme o caso, o cumprimento da medida.

§ 2º discordando, a autoridade judiciáriafará remessa dos autos ao Procurador-Geral deJustiça, mediante despacho fundamentado, eeste oferecerá representação, designará outromembro do Ministério Público para apresentá-la,ou ratificará o arquivamento ou a remissão, quesó então estará a autoridade judiciária obrigadaa homologar.

art. 182. se, por qualquer razão, o represen-tante do Ministério Público não promover oarquivamento ou conceder a remissão, oferecerárepresentação à autoridade judiciária, propondoa instauração de procedimento para aplicação damedida sócio-educativa que se afigurar a maisadequada.

§ 1º a representação será oferecida por peti-ção, que conterá o breve resumo dos fatos e aclassificação do ato infracional e, quando neces-sário, o rol de testemunhas, podendo ser deduzi-da oralmente, em sessão diária instalada pelaautoridade judiciária.

§ 2º a representação independe de provapré-constituída da autoria e materialidade.

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art. 183. o prazo máximo e improrrogávelpara a conclusão do procedimento, estando oadolescente internado provisoriamente, será dequarenta e cinco dias.

art. 184. oferecida a representação, a autori-dade judiciária designará audiência de apresenta-ção do adolescente, decidindo, desde logo, sobrea decretação ou manutenção da internação,observado o disposto no art. 108 e parágrafo.

§ 1º o adolescente e seus pais ou responsá-vel serão cientificados do teor da representação, enotificados a comparecer à audiência, acompa-nhados de advogado.

§ 2º se os pais ou responsável não foremlocalizados, a autoridade judiciária dará curadorespecial ao adolescente.

§ 3º não sendo localizado o adolescente, aautoridade judiciária expedirá mandado de buscae apreensão, determinando o sobrestamento dofeito, até a efetiva apresentação.

§ 4º estando o adolescente internado, serárequisitada a sua apresentação, sem prejuízo danotificação dos pais ou responsável.

art. 185. a internação, decretada ou mantidapela autoridade judiciária, não poderá ser cum-prida em estabelecimento prisional.

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§ 1º inexistindo na comarca entidade com ascaracterísticas definidas no art. 123, o adolescentedeverá ser imediatamente transferido para a loca-lidade mais próxima.

§ 2º sendo impossível a pronta transferên-cia, o adolescente aguardará sua remoção emrepartição policial, desde que em seção isoladados adultos e com instalações apropriadas, nãopodendo ultrapassar o prazo máximo de cincodias, sob pena de responsabilidade.

art. 186. comparecendo o adolescente, seuspais ou responsável, a autoridade judiciária pro-cederá à oitiva dos mesmos, podendo solicitaropinião de profissional qualificado.

§ 1º se a autoridade judiciária entender ade-quada a remissão, ouvirá o representante doMinistério Público, proferindo decisão.

§ 2º sendo o fato grave, passível de aplica-ção de medida de internação ou colocação emregime de semi-liberdade, a autoridade judiciá-ria, verificando que o adolescente não possuiadvogado constituído, nomeará defensor,designando, desde logo, audiência em conti-nuação, podendo determinar a realização dediligências e estudo do caso.

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§ 3º o advogado constituído ou o defensornomeado, no prazo de três dias contado daaudiência de apresentação, oferecerá defesa pré-via e rol de testemunhas.

§ 4º na audiência em continuação, ouvidasas testemunhas arroladas na representação e nadefesa prévia, cumpridas as diligências e juntadoo relatório da equipe interprofissional, será dadaa palavra ao representante do Ministério Públicoe ao defensor, sucessivamente, pelo tempo devinte minutos para cada um, prorrogável pormais dez, a critério da autoridade judiciária, queem seguida proferirá decisão.

art. 187. se o adolescente, devidamentenotificado, não comparecer, injustificadamente àaudiência de apresentação, a autoridade judiciá-ria designará nova data, determinando sua con-dução coercitiva.

art. 188. a remissão, como forma de extin-ção ou suspensão do processo, poderá ser aplica-da em qualquer fase do procedimento, antes dasentença.

art. 189. a autoridade judiciária não apli-cará qualquer medida, desde que reconheça nasentença:

i - estar provada a inexistência do fato;

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ii - não haver prova da existência do fato;

iii - não constituir o fato ato infracional;

iV - não existir prova de ter o adolescenteconcorrido para o ato infracional.

Parágrafo único. na hipótese deste artigo,estando o adolescente internado, será imediata-mente colocado em liberdade.

art. 190. a intimação da sentença que apli-car medida de internação ou regime de semi-liberdade será feita:

i - ao adolescente e ao seu defensor;

ii - quando não for encontrado o adolescen-te, a seus pais ou responsável, sem prejuízo dodefensor.

§ 1º sendo outra a medida aplicada, a intima-ção far-se-á unicamente na pessoa do defensor.

§ 2º recaindo a intimação na pessoa do ado-lescente, deverá este manifestar se deseja ou nãorecorrer da sentença.

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seção Vi

Da aPuRação De iRRegulaRiDaDesem eNtiDaDe De ateNDimeNto

art. 191. o procedimento de apuração deirregularidades em entidade governamental enão-governamental terá início mediante portariada autoridade judiciária ou representação doMinistério Público ou do conselho tutelar, ondeconste, necessariamente, resumo dos fatos.

Parágrafo único. Havendo motivo grave,poderá a autoridade judiciária, ouvido oMinistério Público, decretar liminarmente o afas-tamento provisório do dirigente da entidade,mediante decisão fundamentada.

art. 192. o dirigente da entidade será citadopara, no prazo de dez dias, oferecer respostaescrita, podendo juntar documentos e indicar asprovas a produzir.

art. 193. apresentada ou não a resposta, esendo necessário, a autoridade judiciária designa-rá audiência de instrução e julgamento, intiman-do as partes.

§ 1º salvo manifestação em audiência, aspartes e o Ministério Público terão cinco dias paraoferecer alegações finais, decidindo a autoridadejudiciária em igual prazo.

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§ 2º em se tratando de afastamento provisó-rio ou definitivo de dirigente de entidade gover-namental, a autoridade judiciária oficiará à auto-ridade administrativa imediatamente superior aoafastado, marcando prazo para a substituição.

§ 3º antes de aplicar qualquer das medidas,a autoridade judiciária poderá fixar prazo para aremoção das irregularidades verificadas.satisfeitas as exigências, o processo será extinto,sem julgamento de mérito.

§ 4º a multa e a advertência serão impostas aodirigente da entidade ou programa de atendimento.

seção Vii

Da aPuRação De iNFRaçãoaDmiNistRatiVa às NoRmas De

PRoteção à CRiaNça e aoaDolesCeNte

art. 194. o procedimento para imposição depenalidade administrativa por infração às normasde proteção à criança e ao adolescente terá iníciopor representação do Ministério Público, ou doconselho tutelar, ou auto de infração elaboradopor servidor efetivo ou voluntário credenciado, eassinado por duas testemunhas, se possível.

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§ 1º no procedimento iniciado com o auto deinfração, poderão ser usadas fórmulas impressas,especificando-se a natureza e as circunstâncias dainfração.

§ 2º sempre que possível, à verificação dainfração seguir-se-á a lavratura do auto, certifi-cando-se, em caso contrário, dos motivos doretardamento.

art. 195. o requerido terá prazo de dez diaspara apresentação de defesa, contado da data daintimação, que será feita:

i - pelo autuante, no próprio auto, quandoeste for lavrado na presença do requerido;

ii - por oficial de justiça ou funcionáriolegalmente habilitado, que entregará cópia doauto ou da representação ao requerido, ou a seurepresentante legal, lavrando certidão;

iii - por via postal, com aviso de recebimen-to, se não for encontrado o requerido ou seurepresentante legal;

iV - por edital, com prazo de trinta dias, seincerto ou não sabido o paradeiro do requeridoou de seu representante legal.

art. 196. não sendo apresentada a defesa noprazo legal, a autoridade judiciária dará vista dosautos do Ministério Público, por cinco dias, deci-dindo em igual prazo.

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art. 197. apresentada a defesa, a autoridadejudiciária procederá na conformidade do artigoanterior, ou, sendo necessário, designará audiên-cia de instrução e julgamento.201

Parágrafo único. colhida a prova oral, mani-festar-se-ão sucessivamente o Ministério Público eo procurador do requerido, pelo tempo de vinteminutos para cada um, prorrogável por mais dez,a critério da autoridade judiciária, que em segui-da proferirá sentença.

seção Viii 202

Da Habilitação De PReteNDeNtes à aDoção

art. 197-a. os postulantes à adoção, domi-ciliados no Brasil, apresentarão petição inicial naqual conste: 203

i - qualificação completa;204

ii - dados familiares;205

201 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)202 (incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)203 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)204 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)205 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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iii - cópias autenticadas de certidão denascimento ou casamento, ou declaração relati-va ao período de união estável;206

iV - cópias da cédula de identidade e inscri-ção no cadastro de Pessoas Físicas;207

V - comprovante de renda e domicílio;208

Vi - atestados de sanidade física e mental;209

Vii - certidão de antecedentes criminais;210

Viii - certidão negativa de distribuição cível.211

art. 197-b. a autoridade judiciária, no prazode 48 (quarenta e oito) horas, dará vista dos autosao Ministério Público, que no prazo de 5 (cinco)dias poderá:212

i - apresentar quesitos a serem respondidospela equipe interprofissional encarregada de ela-borar o estudo técnico a que se refere o art. 197-cdesta Lei;213

ii - requerer a designação de audiência paraoitiva dos postulantes em juízo e testemunhas; 214

206 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 207 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)208 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)209 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)210 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)211 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)212 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)213 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)214 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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iii - requerer a juntada de documentos com-plementares e a realização de outras diligênciasque entender necessárias.215

art. 197-C. intervirá no feito, obrigatoria-mente, equipe interprofissional a serviço daJustiça da infância e da Juventude, que deveráelaborar estudo psicossocial, que conterá subsí-dios que permitam aferir a capacidade e o prepa-ro dos postulantes para o exercício de uma pater-nidade ou maternidade responsável, à luz dosrequisitos e princípios desta Lei. 216

§ 1º É obrigatória a participação dos postulan-tes em programa oferecido pela Justiça da infância eda Juventude preferencialmente com apoio dos téc-nicos responsáveis pela execução da política muni-cipal de garantia do direito à convivência familiar,que inclua preparação psicológica, orientação e estí-mulo à adoção inter-racial, de crianças maiores oude adolescentes, com necessidades específicas desaúde ou com deficiências e de grupos de irmãos. 217

§ 2º sempre que possível e recomendável, aetapa obrigatória da preparação referida no § 1ºdeste artigo incluirá o contato com crianças e ado-lescentes em regime de acolhimento familiar ouinstitucional em condições de serem adotados, aser realizado sob a orientação, supervisão e avalia-

215 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)216 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)217 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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ção da equipe técnica da Justiça da infância e daJuventude, com o apoio dos técnicos responsáveispelo programa de acolhimento familiar ou institu-cional e pela execução da política municipal degarantia do direito à convivência familiar.218

art. 197-D. certificada nos autos a conclu-são da participação no programa referido no art.197-c desta Lei, a autoridade judiciária, no prazode 48 (quarenta e oito) horas, decidirá acerca dasdiligências requeridas pelo Ministério Público edeterminará a juntada do estudo psicossocial,designando, conforme o caso, audiência de ins-trução e julgamento.219

Parágrafo único. caso não sejam requeridasdiligências, ou sendo essas indeferidas, a autori-dade judiciária determinará a juntada do estudopsicossocial, abrindo a seguir vista dos autos aoMinistério Público, por 5 (cinco) dias, decidindoem igual prazo.220

art. 197-e. deferida a habilitação, o postu-lante será inscrito nos cadastros referidos no art.50 desta Lei, sendo a sua convocação para a ado-ção feita de acordo com ordem cronológica dehabilitação e conforme a disponibilidade decrianças ou adolescentes adotáveis.221

218 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)219 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)220 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 221 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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§ 1º a ordem cronológica das habilitaçõessomente poderá deixar de ser observada pela auto-ridade judiciária nas hipóteses previstas no § 13 doart. 50 desta Lei, quando comprovado ser essa amelhor solução no interesse do adotando.222

§ 2º a recusa sistemática na adoção das crian-ças ou adolescentes indicados importará na reava-liação da habilitação concedida.223

Capítulo iV

Dos ReCuRsos

art. 198. nos procedimentos afetos à Justiçada infância e da Juventude fica adotado o sistemarecursal do código de Processo civil, aprovadopela Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973, e suasalterações posteriores, com as seguintes adaptações:

i - os recursos serão interpostos independen-temente de preparo;

ii - em todos os recursos, salvo o de agravode instrumento e de embargos de declaração, oprazo para interpor e para responder será semprede dez dias;

iii - os recursos terão preferência de julga-mento e dispensarão revisor;

222 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 223 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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iV - ... 224;

V - ... 225;

Vi - ... 226; Vii - antes de determinar a remessa dos autos

à superior instância, no caso de apelação, ou do ins-trumento, no caso de agravo, a autoridade judiciá-ria proferirá despacho fundamentado, mantendoou reformando a decisão, no prazo de cinco dias;

Viii - mantida a decisão apelada ou agrava-da, o escrivão remeterá os autos ou o instrumentoà superior instância dentro de vinte e quatrohoras, independentemente de novo pedido dorecorrente; se a reformar, a remessa dos autosdependerá de pedido expresso da parte interessa-da ou do Ministério Público, no prazo de cincodias, contados da intimação.

art. 199. contra as decisões proferidas combase no art. 149 caberá recurso de apelação.

art. 199-a. a sentença que deferir a adoçãoproduz efeito desde logo, embora sujeita a apela-ção, que será recebida exclusivamente no efeitodevolutivo, salvo se se tratar de adoção interna-cional ou se houver perigo de dano irreparável oude difícil reparação ao adotando.227

224 (revogado pela Lei nº 12.010, de 2009)225 (revogado pela Lei nº 12.010, de 2009)226 (revogado pela Lei nº 12.010, de 2009)227 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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art. 199-b. a sentença que destituir ambos ouqualquer dos genitores do poder familiar fica sujeitaa apelação, que deverá ser recebida apenas no efeitodevolutivo.228

art. 199-C. os recursos nos procedimentos deadoção e de destituição de poder familiar, em face darelevância das questões, serão processados comprioridade absoluta, devendo ser imediatamentedistribuídos, ficando vedado que aguardem, emqualquer situação, oportuna distribuição, e serãocolocados em mesa para julgamento sem revisão ecom parecer urgente do Ministério Público.229

art. 199-D. o relator deverá colocar o proces-so em mesa para julgamento no prazo máximo de60 (sessenta) dias, contado da sua conclusão.230

Parágrafo único. o Ministério Público seráintimado da data do julgamento e poderá na ses-são, se entender necessário, apresentar oralmenteseu parecer.231

art. 199-e. o Ministério Público poderárequerer a instauração de procedimento paraapuração de responsabilidades se constatar odescumprimento das providências e do prazoprevistos nos artigos anteriores.232

228 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)229 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 230 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)231 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)232 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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Capítulo V

Do miNistéRio PúbliCo

art. 200. as funções do Ministério Públicoprevistas nesta Lei serão exercidas nos termos darespectiva lei orgânica.

art. 201. compete ao Ministério Público:

i - conceder a remissão como forma de exclu-são do processo;

ii - promover e acompanhar os procedimentosrelativos às infrações atribuídas a adolescentes;

iii - promover e acompanhar as ações de ali-mentos e os procedimentos de suspensão e desti-tuição do pátrio poder, nomeação e remoção detutores, curadores e guardiães, bem como oficiarem todos os demais procedimentos da competên-cia da Justiça da infância e da Juventude;

iV - promover, de ofício ou por solicitaçãodos interessados, a especialização e a inscrição dehipoteca legal e a prestação de contas dos tutores,curadores e quaisquer administradores de bens decrianças e adolescentes nas hipóteses do art. 98;

V - promover o inquérito civil e a ação civilpública para a proteção dos interesses indivi-duais, difusos ou coletivos relativos à infância e à

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adolescência, inclusive os definidos no art. 220, § 3ºinciso ii, da constituição Federal;

Vi - instaurar procedimentos administrativose, para instruí-los:

a) expedir notificações para colher depoimen-tos ou esclarecimentos e, em caso de não compare-cimento injustificado, requisitar condução coerciti-va, inclusive pela polícia civil ou militar;

b) requisitar informações, exames, perícias edocumentos de autoridades municipais, esta-duais e federais, da administração direta ou indi-reta, bem como promover inspeções e diligênciasinvestigatórias;

c) requisitar informações e documentos a par-ticulares e instituições privadas;

Vii - instaurar sindicâncias, requisitar diligên-cias investigatórias e determinar a instauração deinquérito policial, para apuração de ilícitos ou infra-ções às normas de proteção à infância e à juventude;

Viii - zelar pelo efetivo respeito aos direitos egarantias legais assegurados às crianças e adoles-centes, promovendo as medidas judiciais e extraju-diciais cabíveis;

ix - impetrar mandado de segurança, de injun-ção e habeas corpus, em qualquer juízo, instância outribunal, na defesa dos interesses sociais e individuaisindisponíveis afetos à criança e ao adolescente;

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x - representar ao juízo visando à aplicaçãode penalidade por infrações cometidas contra asnormas de proteção à infância e à juventude, semprejuízo da promoção da responsabilidade civil epenal do infrator, quando cabível;

xi - inspecionar as entidades públicas e par-ticulares de atendimento e os programas de quetrata esta Lei, adotando de pronto as medidasadministrativas ou judiciais necessárias à remoçãode irregularidades porventura verificadas;

xii - requisitar força policial, bem como acolaboração dos serviços médicos, hospitalares,educacionais e de assistência social, públicos ouprivados, para o desempenho de suas atribuições.

§ 1º a legitimação do Ministério Público paraas ações cíveis previstas neste artigo não impede ade terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo dis-puserem a constituição e esta Lei.

§ 2º as atribuições constantes deste artigonão excluem outras, desde que compatíveis com afinalidade do Ministério Público.

§ 3º o representante do Ministério Público, noexercício de suas funções, terá livre acesso a todolocal onde se encontre criança ou adolescente.

§ 4º o representante do Ministério Públicoserá responsável pelo uso indevido das informa-

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ções e documentos que requisitar, nas hipóteseslegais de sigilo.

§ 5º Para o exercício da atribuição de que tratao inciso Viii deste artigo, poderá o representantedo Ministério Público:

a) reduzir a termo as declarações do recla-mante, instaurando o competente procedimento,sob sua presidência;

b) entender-se diretamente com a pessoa ouautoridade reclamada, em dia, local e horário pre-viamente notificados ou acertados;

c) efetuar recomendações visando à melhoriados serviços públicos e de relevância pública afe-tos à criança e ao adolescente, fixando prazo razoá-vel para sua perfeita adequação.

art. 202. nos processos e procedimentos emque não for parte, atuará obrigatoriamente oMinistério Público na defesa dos direitos e interes-ses de que cuida esta Lei, hipótese em que terávista dos autos depois das partes, podendo juntardocumentos e requerer diligências, usando osrecursos cabíveis.

art. 203. a intimação do Ministério Público,em qualquer caso, será feita pessoalmente.

art. 204. a falta de intervenção do MinistérioPúblico acarreta a nulidade do feito, que será

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declarada de ofício pelo juiz ou a requerimento dequalquer interessado.

art. 205. as manifestações processuais dorepresentante do Ministério Público deverão serfundamentadas.

Capítulo Vi

Do aDVogaDo

art. 206. a criança ou o adolescente, seuspais ou responsável, e qualquer pessoa que tenhalegítimo interesse na solução da lide poderãointervir nos procedimentos de que trata esta Lei,através de advogado, o qual será intimado paratodos os atos, pessoalmente ou por publicação ofi-cial, respeitado o segredo de justiça.

Parágrafo único. será prestada assistênciajudiciária integral e gratuita àqueles que delanecessitarem.

art. 207. nenhum adolescente a quem se atri-bua a prática de ato infracional, ainda que ausenteou foragido, será processado sem defensor.

§ 1º se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, atodo tempo, constituir outro de sua preferência.

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§ 2º a ausência do defensor não determinaráo adiamento de nenhum ato do processo, deven-do o juiz nomear substituto, ainda que provisoria-mente, ou para o só efeito do ato.

§ 3º será dispensada a outorga de mandato,quando se tratar de defensor nomeado ou, sidoconstituído, tiver sido indicado por ocasião de atoformal com a presença da autoridade judiciária.

Capítulo Vii

Da PRoteção juDiCial Dos iNteRessesiNDiViDuais, DiFusos e ColetiVos

art. 208. regem-se pelas disposições destaLei as ações de responsabilidade por ofensa aosdireitos assegurados à criança e ao adolescente,referentes ao não oferecimento ou oferta irregular:

i - do ensino obrigatório;

ii - de atendimento educacional especializa-do aos portadores de deficiência;

iii - de atendimento em creche e pré-escolaàs crianças de zero a seis anos de idade;

iV - de ensino noturno regular, adequado àscondições do educando;

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V - de programas suplementares de oferta dematerial didático-escolar, transporte e assistênciaà saúde do educando do ensino fundamental;

Vi - de serviço de assistência social visandoà proteção à família, à maternidade, à infância e àadolescência, bem como ao amparo às crianças eadolescentes que dele necessitem;

Vii - de acesso às ações e serviços de saúde;

Viii - de escolarização e profissionalizaçãodos adolescentes privados de liberdade.

ix - de ações, serviços e programas de orien-tação, apoio e promoção social de famílias e desti-nados ao pleno exercício do direito à convivênciafamiliar por crianças e adolescentes233

§ 1º as hipóteses previstas neste artigo nãoexcluem da proteção judicial outros interessesindividuais, difusos ou coletivos, próprios dainfância e da adolescência, protegidos pelaconstituição e pela Lei.234

§ 2º a investigação do desaparecimento decrianças ou adolescentes será realizada imediata-mente após notificação aos órgãos competentes,que deverão comunicar o fato aos portos, aeropor-

233 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)234 (renumerado do Parágrafo único pela Lei nº 11.259, de 2005)

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tos, Polícia rodoviária e companhias de transpor-te interestaduais e internacionais, fornecendo-lhestodos os dados necessários à identificação dodesaparecido235.

art. 209. as ações previstas neste capítuloserão propostas no foro do local onde ocorreu oudeva ocorrer a ação ou omissão, cujo juízo terácompetência absoluta para processar a causa, res-salvadas a competência da Justiça Federal e acompetência originária dos tribunais superiores.

art. 210. Para as ações cíveis fundadas eminteresses coletivos ou difusos, consideram-selegitimados concorrentemente:

i - o Ministério Público;

ii - a união, os estados, os municípios, odistrito Federal e os territórios;

iii - as associações legalmente constituídas hápelo menos um ano e que incluam entre seus fins ins-titucionais a defesa dos interesses e direitos protegi-dos por esta Lei, dispensada a autorização da assem-bléia, se houver prévia autorização estatutária.

§ 1º admitir-se-á litisconsórcio facultativoentre os Ministérios Públicos da união e dos esta-dos na defesa dos interesses e direitos de quecuida esta Lei.

235 (incluído pela Lei nº 11.259, de 2005)

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§ 2º em caso de desistência ou abandono daação por associação legitimada, o MinistérioPúblico ou outro legitimado poderá assumir atitularidade ativa.

art. 211. os órgãos públicos legitimadospoderão tomar dos interessados compromisso deajustamento de sua conduta às exigências legais, oqual terá eficácia de título executivo extrajudicial.

art. 212. Para defesa dos direitos e interessesprotegidos por esta Lei, são admissíveis todas asespécies de ações pertinentes.

§ 1º aplicam-se às ações previstas nestecapítulo as normas do código de Processo civil.

§ 2º contra atos ilegais ou abusivos de auto-ridade pública ou agente de pessoa jurídica noexercício de atribuições do poder público, quelesem direito líquido e certo previsto nesta Lei,caberá ação mandamental, que se regerá pelasnormas da lei do mandado de segurança.

art. 213. na ação que tenha por objeto ocumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, ojuiz concederá a tutela específica da obrigação oudeterminará providências que assegurem o resulta-do prático equivalente ao do adimplemento.

§ 1º sendo relevante o fundamento da deman-da e havendo justificado receio de ineficácia do pro-

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vimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela limi-narmente ou após justificação prévia, citando o réu.

§ 2º o juiz poderá, na hipótese do parágrafoanterior ou na sentença, impor multa diária ao réu,independentemente de pedido do autor, se for sufi-ciente ou compatível com a obrigação, fixandoprazo razoável para o cumprimento do preceito.

§ 3º a multa só será exigível do réu após otrânsito em julgado da sentença favorável aoautor, mas será devida desde o dia em que se hou-ver configurado o descumprimento.

art. 214. os valores das multas reverterão aofundo gerido pelo conselho dos direitos dacriança e do adolescente do respectivo município.

§ 1º as multas não recolhidas até trinta diasapós o trânsito em julgado da decisão serão exi-gidas através de execução promovida peloMinistério Público, nos mesmos autos, facultadaigual iniciativa aos demais legitimados.

§ 2º enquanto o fundo não for regulamenta-do, o dinheiro ficará depositado em estabeleci-mento oficial de crédito, em conta com correçãomonetária.

art. 215. o juiz poderá conferir efeito sus-pensivo aos recursos, para evitar dano irreparávelà parte.

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art. 216. transitada em julgado a sentençaque impuser condenação ao poder público, o juizdeterminará a remessa de peças à autoridadecompetente, para apuração da responsabilidadecivil e administrativa do agente a que se atribua aação ou omissão.

art. 217. decorridos sessenta dias do trânsi-to em julgado da sentença condenatória sem que aassociação autora lhe promova a execução, deveráfazê-lo o Ministério Público, facultada igual inicia-tiva aos demais legitimados.

art. 218. o juiz condenará a associação auto-ra a pagar ao réu os honorários advocatícios arbi-trados na conformidade do § 4º do art. 20 da Lein.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (código deProcesso civil), quando reconhecer que a preten-são é manifestamente infundada.

Parágrafo único. em caso de litigância demá-fé, a associação autora e os diretores responsá-veis pela propositura da ação serão solidariamen-te condenados ao décuplo das custas, sem prejuí-zo de responsabilidade por perdas e danos.

art. 219. nas ações de que trata estecapítulo, não haverá adiantamento de custas,emolumentos, honorários periciais e quaisqueroutras despesas.

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art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servi-dor público deverá provocar a iniciativa doMinistério Público, prestando-lhe informaçõessobre fatos que constituam objeto de ação civil, eindicando-lhe os elementos de convicção.

art. 221. se, no exercício de suas funções, osjuízos e tribunais tiverem conhecimento de fatosque possam ensejar a propositura de ação civil,remeterão peças ao Ministério Público para asprovidências cabíveis.

art. 222. Para instruir a petição inicial, ointeressado poderá requerer às autoridadescompetentes as certidões e informações que jul-gar necessárias, que serão fornecidas no prazode quinze dias.

art. 223. o Ministério Público poderá instau-rar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requi-sitar, de qualquer pessoa, organismo público ouparticular, certidões, informações, exames ouperícias, no prazo que assinalar, o qual não pode-rá ser inferior a dez dias úteis.

§ 1º se o órgão do Ministério Público, esgota-das todas as diligências, se convencer da inexistên-cia de fundamento para a propositura da açãocível, promoverá o arquivamento dos autos doinquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o fundamentadamente.

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§ 2º os autos do inquérito civil ou as peças deinformação arquivados serão remetidos, sob penade se incorrer em falta grave, no prazo de trêsdias, ao conselho superior do Ministério Público.

§ 3º até que seja homologada ou rejeitada apromoção de arquivamento, em sessão doconselho superior do Ministério público, poderãoas associações legitimadas apresentar razões escri-tas ou documentos, que serão juntados aos autosdo inquérito ou anexados às peças de informação.

§ 4º a promoção de arquivamento será sub-metida a exame e deliberação do conselhosuperior do Ministério Público, conforme dispu-ser o seu regimento.

§ 5º deixando o conselho superior de homo-logar a promoção de arquivamento, designará,desde logo, outro órgão do Ministério Públicopara o ajuizamento da ação.

art. 224. aplicam-se subsidiariamente, noque couber, as disposições da Lei n.º 7.347, de 24de julho de 1985.

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título Vii

Dos CRimes e Das iNFRaçõesaDmiNistRatiVas

Capítulo i

Dos CRimes

seção i

DisPosições geRais

art. 225. este capítulo dispõe sobre crimespraticados contra a criança e o adolescente, poração ou omissão, sem prejuízo do disposto nalegislação penal.

art. 226. aplicam-se aos crimes definidosnesta Lei as normas da Parte Geral do códigoPenal e, quanto ao processo, as pertinentes aocódigo de Processo Penal.

art. 227. os crimes definidos nesta Lei são deação pública incondicionada.

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seção ii

Dos CRimes em esPéCie

art. 228. deixar o encarregado de serviço ou odirigente de estabelecimento de atenção à saúde degestante de manter registro das atividades desen-volvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 destaLei, bem como de fornecer à parturiente ou a seuresponsável, por ocasião da alta médica, declaraçãode nascimento, onde constem as intercorrências doparto e do desenvolvimento do neonato:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Parágrafo único. se o crime é culposo:

Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.

art. 229. deixar o médico, enfermeiro ou diri-gente de estabelecimento de atenção à saúde de ges-tante de identificar corretamente o neonato e a par-turiente, por ocasião do parto, bem como deixar deproceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Parágrafo único. se o crime é culposo:

Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.

art. 230. Privar a criança ou o adolescentede sua liberdade, procedendo à sua apreensão

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sem estar em flagrante de ato infracional ou ine-xistindo ordem escrita da autoridade judiciáriacompetente:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Parágrafo único. incide na mesma penaaquele que procede à apreensão sem observânciadas formalidades legais.

art. 231. deixar a autoridade policial respon-sável pela apreensão de criança ou adolescente defazer imediata comunicação à autoridade judiciá-ria competente e à família do apreendido ou à pes-soa por ele indicada:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

art. 232. submeter criança ou adolescentesob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexa-me ou a constrangimento:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

art. 233. ...236

art. 234. deixar a autoridade competente,sem justa causa, de ordenar a imediata liberaçãode criança ou adolescente, tão logo tenha conheci-mento da ilegalidade da apreensão:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

236 (revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997)

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art. 235. descumprir, injustificadamente,prazo fixado nesta Lei em benefício de adolescen-te privado de liberdade:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

art. 236. impedir ou embaraçar a ação deautoridade judiciária, membro do conselhotutelar ou representante do Ministério Público noexercício de função prevista nesta Lei:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

art. 237. subtrair criança ou adolescente aopoder de quem o tem sob sua guarda em virtudede lei ou ordem judicial, com o fim de colocaçãoem lar substituto:

Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.

art. 238. Prometer ou efetivar a entrega defilho ou pupilo a terceiro, mediante paga ourecompensa:

Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.

Parágrafo único. incide nas mesmas penasquem oferece ou efetiva a paga ou recompensa.

art. 239. Promover ou auxiliar a efetivaçãode ato destinado ao envio de criança ou adoles-cente para o exterior com inobservância das for-malidades legais ou com o fito de obter lucro:

Pena - reclusão de quatro a seis anos, emulta.

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Parágrafo único. se há emprego de violên-cia, grave ameaça ou fraude237:

Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos,além da pena correspondente à violência.

art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, foto-grafar, filmar ou registrar, por qualquer meio,cena de sexo explícito ou pornográfica, envolven-do criança ou adolescente238:

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos,e multa.239

§ 1º incorre nas mesmas penas quem agen-cia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer modointermedeia a participação de criança ou adoles-cente nas cenas referidas no caput deste artigo, ouainda quem com esses contracena.240

§ 2º aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) seo agente comete o crime:241

i - no exercício de cargo ou função pública oua pretexto de exercê-la;242

ii - prevalecendo-se de relações domésticas,de coabitação ou de hospitalidade; ou 243

237 (incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)238 (redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)239 (redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)240 (redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)241 (redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)242 (redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)243 (redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)

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iii - prevalecendo-se de relações de paren-tesco consangüíneo ou afim até o terceiro grau,ou por adoção, de tutor, curador, preceptor,empregador da vítima ou de quem, a qualqueroutro título, tenha autoridade sobre ela, ou comseu consentimento.244

art. 241. Vender ou expor à venda fotografia,vídeo ou outro registro que contenha cena de sexoexplícito ou pornográfica envolvendo criança ouadolescente245:

Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos,e multa.246

§ 1º incorre na mesma pena quem247:

i - agencia, autoriza, facilita ou, de qualquermodo, intermedeia a participação de criança ouadolescente em produção referida neste artigo;

ii - assegura os meios ou serviços para oarmazenamento das fotografias, cenas ou imagensproduzidas na forma do caput deste artigo;

iii - assegura, por qualquer meio, o acesso,na rede mundial de computadores ou internet,das fotografias, cenas ou imagens produzidas naforma do caput deste artigo.

244 (incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)245 (redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)246 (redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)247 (incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)

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§ 2º a pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito)anos248:

i - se o agente comete o crime prevalecendo-se do exercício de cargo ou função;

ii - se o agente comete o crime com o fimde obter para si ou para outrem vantagempatrimonial.

art. 241-a. oferecer, trocar, disponibili-zar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgarpor qualquer meio, inclusive por meio de siste-ma de informática ou telemático, fotografia,vídeo ou outro registro que contenha cena desexo explícito ou pornográfica envolvendocriança ou adolescente:249

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, emulta.250

§ 1º nas mesmas penas incorre quem:251

i – assegura os meios ou serviços para oarmazenamento das fotografias, cenas ou imagensde que trata o caput deste artigo; 252

248 (incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)249 (incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)250 (incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)251 (incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)252 (incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

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ii – assegura, por qualquer meio, o acessopor rede de computadores às fotografias, cenas ouimagens de que trata o caput deste artigo. 253

§ 2º as condutas tipificadas nos incisos i e iido § 1o deste artigo são puníveis quando o respon-sável legal pela prestação do serviço, oficialmentenotificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteú-do ilícito de que trata o caput deste artigo. 254

art. 241-b. adquirir, possuir ou armazenar,por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outraforma de registro que contenha cena de sexoexplícito ou pornográfica envolvendo criança ouadolescente: 255

Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos,e multa. 256

§ 1º a pena é diminuída de 1 (um) a 2/3(dois terços) se de pequena quantidade o materiala que se refere o caput deste artigo. 257

§ 2º não há crime se a posse ou o armazena-mento tem a finalidade de comunicar às autorida-

253 (incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)254 (incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)255 (incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)256 (incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)257 (incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

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des competentes a ocorrência das condutas descri-tas nos arts. 240, 241, 241-a e 241-c desta Lei,quando a comunicação for feita por: 258

i – agente público no exercício de suasfunções; 259

ii – membro de entidade, legalmente consti-tuída, que inclua, entre suas finalidades institucio-nais, o recebimento, o processamento e o encami-nhamento de notícia dos crimes referidos nesteparágrafo; 260

iii – representante legal e funcionários res-ponsáveis de provedor de acesso ou serviço pres-tado por meio de rede de computadores, até orecebimento do material relativo à notícia feita àautoridade policial, ao Ministério Público ou aoPoder Judiciário. 261

§ 3º as pessoas referidas no § 2º deste arti-go deverão manter sob sigilo o material ilícitoreferido. 262

art. 241-C. simular a participação de crian-ça ou adolescente em cena de sexo explícito ou

258 (incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)259 (incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)260 (incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)261 (incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)262 (incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

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pornográfica por meio de adulteração, montagemou modificação de fotografia, vídeo ou qualqueroutra forma de representação visual: 263

Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, emulta.264

Parágrafo único. incorre nas mesmas penasquem vende, expõe à venda, disponibiliza, distri-bui, publica ou divulga por qualquer meio, adqui-re, possui ou armazena o material produzido naforma do caput deste artigo. 265

art. 241-D. aliciar, assediar, instigar ouconstranger, por qualquer meio de comunica-ção, criança, com o fim de com ela praticar atolibidinoso: 266

Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, emulta.267

Parágrafo único. nas mesmas penas incorrequem: 268

i – facilita ou induz o acesso à criança dematerial contendo cena de sexo explícito ou

263 (incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)264 (incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)265 (incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)266 (incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)267 (incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)268 (incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

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pornográfica com o fim de com ela praticar atolibidinoso; 269

ii – pratica as condutas descritas no caputdeste artigo com o fim de induzir criança a se exibirde forma pornográfica ou sexualmente explícita. 270

art. 241-e. Para efeito dos crimes previstosnesta Lei, a expressão “cena de sexo explícito oupornográfica” compreende qualquer situação queenvolva criança ou adolescente em atividadessexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibiçãodos órgãos genitais de uma criança ou adolescen-te para fins primordialmente sexuais. 271

art. 242. Vender, fornecer ainda que gratui-tamente ou entregar, de qualquer forma, a criançaou adolescente arma, munição ou explosivo:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.272

art. 243. Vender, fornecer ainda que gratui-tamente, ministrar ou entregar, de qualquerforma, a criança ou adolescente, sem justa causa,produtos cujos componentes possam causardependência física ou psíquica, ainda que porutilização indevida:

269 (incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)270 (incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)271 (incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)272 (redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)

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Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos,e multa, se o fato não constitui crime mais grave273.

art. 244. Vender, fornecer ainda que gratui-tamente ou entregar, de qualquer forma, a criançaou adolescente fogos de estampido ou de artifício,exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial,sejam incapazes de provocar qualquer dano físicoem caso de utilização indevida:

Pena - detenção de seis meses a dois anos, emulta.

art. 244-a. submeter criança ou adolescente,como tais definidos no caput do art. 2º desta Lei, àprostituição ou à exploração sexual274:

Pena - reclusão de quatro a dez anos, emulta.

§ 1º incorrem nas mesmas penas o proprietá-rio, o gerente ou o responsável pelo local em quese verifique a submissão de criança ou adolescen-te às práticas referidas no caput deste artigo275.

§ 2º constitui efeito obrigatório da condena-ção a cassação da licença de localização e de fun-cionamento do estabelecimento276.

273 (redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)274 (incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)275 (incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)276 (incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)

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art. 244-b. corromper ou facilitar a corrupçãode menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticandoinfração penal ou induzindo-o a praticá-la277:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos278. § 1º incorre nas penas previstas no caput

deste artigo quem pratica as condutas ali tipifica-das utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos,inclusive salas de bate-papo da internet279.

§ 2º as penas previstas no caput deste artigosão aumentadas de um terço no caso de a infraçãocometida ou induzida estar incluída no rol do art.1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990.280

Capítulo ii

Das iNFRações aDmiNistRatiVas

art. 245. deixar o médico, professor ou respon-sável por estabelecimento de atenção à saúde e deensino fundamental, pré-escola ou creche, de comu-nicar à autoridade competente os casos de que tenhaconhecimento, envolvendo suspeita ou confirmaçãode maus-tratos contra criança ou adolescente:

Pena - multa de três a vinte salários de referên-cia, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

277 (incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)278 (incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)279 (incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)280 (incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

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art. 246. impedir o responsável ou funcioná-rio de entidade de atendimento o exercício dosdireitos constantes nos incisos ii, iii, Vii, Viii e Xido art. 124 desta Lei:

Pena - multa de três a vinte salários de referên-cia, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

art. 247. divulgar, total ou parcialmente, semautorização devida, por qualquer meio de comuni-cação, nome, ato ou documento de procedimentopolicial, administrativo ou judicial relativo a criançaou adolescente a que se atribua ato infracional:

Pena - multa de três a vinte salários de referên-cia, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

§ 1º incorre na mesma pena quem exibe, totalou parcialmente, fotografia de criança ou adoles-cente envolvido em ato infracional, ou qualquerilustração que lhe diga respeito ou se refira a atosque lhe sejam atribuídos, de forma a permitir suaidentificação, direta ou indiretamente.

§ 2º se o fato for praticado por órgão deimprensa ou emissora de rádio ou televisão, além dapena prevista neste artigo, a autoridade judiciáriapoderá determinar a apreensão da publicação 281.

281 a expressão “ou a suspensão da programação da emissora até pordois dias, bem como da publicação do periódico até por dois núme-ros” foi declara inconstitucional pela adin 869-2.

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art. 248. deixar de apresentar à autoridadejudiciária de seu domicílio, no prazo de cinco dias,com o fim de regularizar a guarda, adolescentetrazido de outra comarca para a prestação de ser-viço doméstico, mesmo que autorizado pelos paisou responsável:

Pena - multa de três a vinte salários de refe-rência, aplicando-se o dobro em caso de reinci-dência, independentemente das despesas deretorno do adolescente, se for o caso.

art. 249. descumprir, dolosa ou culposa-mente, os deveres inerentes ao poder familiar oudecorrente de tutela ou guarda, bem assim deter-minação da autoridade judiciária ou conselhotutelar: 282

Pena - multa de três a vinte salários de referên-cia, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

art. 250. Hospedar criança ou adolescentedesacompanhado dos pais ou responsável, ou semautorização escrita desses ou da autoridade judiciá-ria, em hotel, pensão, motel ou congênere: 283

Pena – multa. 284

282 (expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)283 (redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009)284 (redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009)

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§ 1º em caso de reincidência, sem prejuízoda pena de multa, a autoridade judiciária poderádeterminar o fechamento do estabelecimento poraté 15 (quinze) dias.285

§ 2º se comprovada a reincidência em períodoinferior a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será defi-nitivamente fechado e terá sua licença cassada.286

art. 251. transportar criança ou adolescente,por qualquer meio, com inobservância do dispos-to nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei:

Pena - multa de três a vinte salários de referên-cia, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

art. 252. deixar o responsável por diversãoou espetáculo público de afixar, em lugar visível ede fácil acesso, à entrada do local de exibição,informação destacada sobre a natureza da diver-são ou espetáculo e a faixa etária especificada nocertificado de classificação:

Pena - multa de três a vinte salários de referên-cia, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

art. 253. anunciar peças teatrais, filmes ouquaisquer representações ou espetáculos, sem indi-car os limites de idade a que não se recomendem:

285 (incluído pela Lei nº 12.038, de 2009)286 (incluído pela Lei nº 12.038, de 2009)

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Pena - multa de três a vinte salários de refe-rência, duplicada em caso de reincidência, aplicá-vel, separadamente, à casa de espetáculo e aosórgãos de divulgação ou publicidade.

art. 254. transmitir, através de rádio ou tele-visão, espetáculo em horário diverso do autoriza-do ou sem aviso de sua classificação:

Pena - multa de vinte a cem salários de refe-rência; duplicada em caso de reincidência a auto-ridade judiciária poderá determinar a suspensãoda programação da emissora por até dois dias.

art. 255. exibir filme, trailer, peça, amostraou congênere classificado pelo órgão competentecomo inadequado às crianças ou adolescentesadmitidos ao espetáculo:

Pena - multa de vinte a cem salários de refe-rência; na reincidência, a autoridade poderádeterminar a suspensão do espetáculo ou o fecha-mento do estabelecimento por até quinze dias.

art. 256. Vender ou locar a criança ou adoles-cente fita de programação em vídeo, em desacordocom a classificação atribuída pelo órgão competente:

Pena - multa de três a vinte salários de refe-rência; em caso de reincidência, a autoridade judi-ciária poderá determinar o fechamento do estabe-lecimento por até quinze dias.

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art. 257. descumprir obrigação constantedos arts. 78 e 79 desta Lei:

Pena - multa de três a vinte salários de refe-rência, duplicando-se a pena em caso de reinci-dência, sem prejuízo de apreensão da revista oupublicação.

art. 258. deixar o responsável pelo estabele-cimento ou o empresário de observar o que dispõeesta Lei sobre o acesso de criança ou adolescenteaos locais de diversão, ou sobre sua participaçãono espetáculo:

Pena - multa de três a vinte salários de refe-rência; em caso de reincidência, a autoridade judi-ciária poderá determinar o fechamento do estabe-lecimento por até quinze dias.

art. 258-a. deixar a autoridade competentede providenciar a instalação e operacionalizaçãodos cadastros previstos no art. 50 e no § 11 do art.101 desta Lei:287

Pena - multa de r$ 1.000,00 (mil reais) a r$ 3.000,00 (três mil reais).288

287 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)288 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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Parágrafo único. incorre nas mesmas penasa autoridade que deixa de efetuar o cadastramen-to de crianças e de adolescentes em condições deserem adotadas, de pessoas ou casais habilitadosà adoção e de crianças e adolescentes em regimede acolhimento institucional ou familiar.289

art. 258-b. deixar o médico, enfermeiro oudirigente de estabelecimento de atenção à saúdede gestante de efetuar imediato encaminhamentoà autoridade judiciária de caso de que tenhaconhecimento de mãe ou gestante interessada ementregar seu filho para adoção:290

Pena - multa de r$ 1.000,00 (mil reais) a r$ 3.000,00 (três mil reais).291

Parágrafo único. incorre na mesma pena ofuncionário de programa oficial ou comunitáriodestinado à garantia do direito à convivênciafamiliar que deixa de efetuar a comunicação refe-rida no caput deste artigo.292

289 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 290 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)291 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)292 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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DisPosições FiNais e tRaNsitÓRias

art. 259. a união, no prazo de noventa diascontados da publicação deste estatuto, elaboraráprojeto de lei dispondo sobre a criação ou adapta-ção de seus órgãos às diretrizes da política deatendimento fixadas no art. 88 e ao que estabeleceo título V do Livro ii.

Parágrafo único. compete aos estados emunicípios promoverem a adaptação de seusórgãos e programas às diretrizes e princípiosestabelecidos nesta Lei.

art. 260. os contribuintes poderão deduzirdo imposto devido, na declaração do impostosobre a renda, o total das doações feitas aosFundos dos direitos da criança e do adolescente- nacional, estaduais ou municipais - devidamen-te comprovadas, obedecidos os limites estabeleci-dos em decreto do Presidente da república293.

§ 1º - ...294

§ 1º-a. na definição das prioridades a serematendidas com os recursos captados pelos Fundosnacional, estaduais e Municipais dos direitos dacriança e do adolescente, serão consideradas as

293 (redação dada pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)294 (revogado pela Lei nº 9.532 de 10.10.1997)

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disposições do Plano nacional de Promoção,Proteção e defesa dos direitos de crianças eadolescentes à convivência Familiar, bem comoas regras e princípios relativos à garantia do direi-to à convivência familiar previstos nesta Lei.295

§ 2º os conselhos Municipais, estaduais enacional dos direitos da criança e doadolescente fixarão critérios de utilização, atravésde planos de aplicação das doações subsidiadas edemais receitas, aplicando necessariamente per-centual para incentivo ao acolhimento, sob aforma de guarda, de criança ou adolescente,órfãos ou abandonado, na forma do disposto noart. 227, § 3º, Vi, da constituição Federal.

§ 3º o departamento da receita Federal, doMinistério da economia, Fazenda e Planejamento,regulamentará a comprovação das doações feitasaos fundos, nos termos deste artigo296.

§ 4º o Ministério Público determinará emcada comarca a forma de fiscalização da aplicação,pelo Fundo Municipal dos direitos da criança edo adolescente, dos incentivos fiscais referidosneste artigo297.

295 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 296 (incluído pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)297 (incluído pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)

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§ 5º a destinação de recursos provenientesdos fundos mencionados neste artigo não desobrigaos entes Federados à previsão, no orçamento dosrespectivos órgãos encarregados da execução daspolíticas públicas de assistência social, educação esaúde, dos recursos necessários à implementaçãodas ações, serviços e programas de atendimento acrianças, adolescentes e famílias, em respeito aoprincípio da prioridade absoluta estabelecido pelocaput do art. 227 da constituição Federal e pelocaput e parágrafo único do art. 4º desta Lei.298

art. 261. a falta dos conselhos municipaisdos direitos da criança e do adolescente, os regis-tros, inscrições e alterações a que se referem osarts. 90, parágrafo único, e 91 desta Lei serão efe-tuados perante a autoridade judiciária da comar-ca a que pertencer a entidade.

Parágrafo único. a união fica autorizada arepassar aos estados e municípios, e os estadosaos municípios, os recursos referentes aos progra-mas e atividades previstos nesta Lei, tão logo este-jam criados os conselhos dos direitos da criança edo adolescente nos seus respectivos níveis.

art. 262. enquanto não instalados osconselhos tutelares, as atribuições a eles conferi-das serão exercidas pela autoridade judiciária.

298 (incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990

art. 263. o decreto-Lei n.º 2.848, de 7 dedezembro de 1940 (código Penal), passa a vigorarcom as seguintes alterações:

1)art. 121...................................................................

§ 4º no homicídio culposo, a pena é aumentadade um terço, se o crime resulta de inobservânciade regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou seo agente deixa de prestar imediato socorro à víti-ma, não procura diminuir as conseqüências doseu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante.sendo doloso o homicídio, a pena é aumentadade um terço, se o crime é praticado contra pessoamenor de catorze anos.

2) art. 129....................................................................

§ 7º aumenta-se a pena de um terço, se ocorrerqualquer das hipóteses do art. 121, § 4º.

§ 8º aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º doart. 121.

3) art. 136 ..................................................................

§ 3º aumenta-se a pena de um terço, se o crime épraticado contra pessoa menor de catorze anos.

4) art. 213 ..................................................................

Parágrafo único. se a ofendida é menor de cator-ze anos:

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Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990

Pena - reclusão de quatro a dez anos.

5) art. 214 ..................................................................

Parágrafo único. se o ofendido é menor de cator-ze anos:

Pena - reclusão de três a nove anos."

art. 264. o art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 dedezembro de 1973, fica acrescido do seguinteitem:

"art. 102......................................................................

6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. "

art. 265. a imprensa nacional e demais gráficasda união, da administração direta ou indireta,inclusive fundações instituídas e mantidas pelopoder público federal promoverão edição popu-lar do texto integral deste estatuto, que seráposto à disposição das escolas e das entidades deatendimento e de defesa dos direitos da criança edo adolescente.

art. 266. esta Lei entra em vigor noventa diasapós sua publicação.

Parágrafo único. durante o período de vacânciadeverão ser promovidas atividades e campanhasde divulgação e esclarecimentos acerca do dispos-to nesta Lei.

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Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990

art. 267. revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964, e6.697, de 10 de outubro de 1979 (código deMenores), e as demais disposições em contrário.

Brasília, 13 de julho de 1990; 169º daindependência e 102º da república.

Fernando coLLor Bernardo Cabral Carlos Chiarelli Antônio Magri Margarida Procópio

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decLaração uniVersaL dos direitos da criança

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Declaração Universal dos Direitos da Criança

PReâmbulo

Visto que os povos das nações unidas, nacarta, reafirmaram sua fé nos direitos humanosfundamentais, na dignidade e no valor do serhumano, e resolveram promover o progressosocial e melhores condições de vida dentro deuma liberdade mais ampla,

Visto que as nações unidas, na declaraçãouniversal dos direitos Humanos, proclamaramque todo homem tem capacidade para gozar osdireitos e as liberdades nela estabelecidos, semdistinção de qualquer espécie, seja de raça, cor,sexo, língua, religião, opinião política ou de outranatureza, origem nacional ou social, riqueza, nas-cimento ou qualquer outra condição,

Visto que a criança, em decorrência de suaimaturidade física e mental, precisa de proteção ecuidados especiais, inclusive proteção legal apro-priada, antes e depois do nascimento,

Visto que a necessidade de tal proteção foienunciada na declaração dos direitos da criançaem Genebra, de 1924, e reconhecida na declaraçãouniversal dos direitos Humanos e nos estatutosdas agências especializadas e organizações inter-nacionais interessadas no bem-estar da criança,

Visto que a humanidade deve à criança omelhor de seus esforços,

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assim, a assembléia Geral proclama estadeclaração dos direitos da criança, visando que acriança tenha uma infância feliz e possa gozar, emseu próprio benefício e no da sociedade, os direi-tos e as liberdades aqui enunciados e apela a queos pais, os homens e as mulheres em sua qualida-de de indivíduos, e as organizações voluntárias,as autoridades locais e os Governos nacionaisreconheçam estes direitos e se empenhem pelasua observância mediante medidas legislativas ede outra natureza, progressivamente instituídas,de conformidade com os seguintes princípios:

PRiNCíPio 1º

a criança gozará de todos os direitos enun-ciados nesta declaração. todas as crianças, abso-lutamente sem qualquer exceção, serão credorasdestes direitos, sem distinção ou discriminaçãopor motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opi-nião política ou de outra natureza, origem nacio-nal ou social, riqueza, nascimento ou qualqueroutra condição, quer sua ou de sua família.

PRiNCíPio 2º

a criança gozará proteção especial e ser-lhe-ão proporcionadas oportunidades e facilidades,

Declaração Universal dos Direitos da Criança

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por lei e por outros meios, a fim de lhe facultar odesenvolvimento físico, mental, moral, espirituale social, de forma sadia e normal e em condiçõesde liberdade e dignidade. na instituição de leisvisando este objetivo levar-se-ão em conta sobre-tudo, os melhores interesses da criança.

PRiNCíPio 3º

desde o nascimento, toda criança terá direitoa um nome e a uma nacionalidade.

PRiNCíPio 4º

a criança gozará os benefícios da previdên-cia social. terá direito a crescer e criar-se comsaúde; para isto, tanto à criança como à mãe, serãoproporcionados cuidados e proteção especiais,inclusive adequados cuidados pré e pós-natais. acriança terá direito a alimentação, habitação,recreação e assistência médica adequadas.

PRiNCíPio 5º

À criança incapacitada física, mental ousocialmente serão proporcionados o tratamento, aeducação e os cuidados especiais exigidos pelasua condição peculiar.

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PRiNCíPio 6º

Para o desenvolvimento completo e harmo-nioso de sua personalidade, a criança precisa deamor e compreensão. criar-se-á, sempre quepossível, aos cuidados e sob a responsabilidadedos pais e, em qualquer hipótese, num ambientede afeto e de segurança moral e material; salvocircunstâncias excepcionais, a criança de tenraidade não será apartada da mãe. À sociedade eàs autoridades públicas caberá a obrigação depropiciar cuidados especiais às crianças semfamília e aquelas que carecem de meios adequa-dos de subsistência. É desejável a prestação deajuda oficial e de outra natureza em prol damanutenção dos filhos de famílias numerosas.

PRiNCíPio 7º

a criança terá direito a receber educação, queserá gratuita e compulsória pelo menos no grauprimário. ser-lhe-á propiciada uma educaçãocapaz de promover a sua cultura geral e capacitá-la a, em condições de iguais oportunidades,desenvolver as suas aptidões, sua capacidade deemitir juízo e seu senso de responsabilidade morale social, e a tornar-se um membro útil da socieda-de. os melho-res interesses da criança serão adiretriz a nortear os responsáveis pela sua educa-

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ção e orientação; esta responsabilidade cabe, emprimeiro lugar, aos pais. a criança terá amplaoportunidade para brincar e divertir-se, visandoos propósitos mesmos da sua educação; a socieda-de e as autoridades públicas empenhar-se-ão empromover o gozo deste direito.

PRiNCíPio 8º

a criança figurará, em quaisquer circunstân-cias, entre os primeiros a receber proteção e socorro.

PRiNCíPio 9º

a criança gozará proteção contra quaisquerformas de negligência, crueldade e exploração.não será jamais objeto de tráfico, sob qualquerforma. não será permitido à criança empregar-seantes da idade mínima conveniente; de nenhumaforma será levada a ou ser-lhe-á permitido empe-nhar-se em qualquer ocupação ou emprego quelhe prejudique a saúde ou a educação ou queinterfira em seu desenvolvimento físico, mentalou moral.

Declaração Universal dos Direitos da Criança

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PRiNCíPio 10º

a criança gozará proteção contra atos que pos-sam suscitar discriminação racial, religiosa ou de qual-quer outra natureza. criar-se-á num ambiente de com-preensão, de tolerância, de amizade entre os povos, depaz e de fraternidade universal e em plena consciênciaque seu esforço e aptidão devem ser postos a serviçode seus semelhantes.

Declaração aprovada, por unanimidade, pelaAssembléia Geral das Nações Unidas em 20 denovembro de 1959

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Convenção Sobre os Direitos da Criança

DeCReto N° 99.710, De 21 DeNoVembRo De 1990

Promulga a Convenção sobre os Direitos daCriança.

o Presidente da República, usando da atri-buição que lhe confere o art. 84, inciso iV, daconstituição, e

considerando que o congresso nacionalaprovou, pelo decreto Legislativo n° 28, de 14 desetembro de 1990, a convenção sobre os direitosda criança, a qual entrou em vigor internacio-nal em 02 de setembro de 1990, na forma de seuartigo 49, inciso 1;

considerando que o Governo brasileiro rati-ficou a referida convenção em 24 de setembro de1990, tendo a mesma entrado em vigor para oBrasil em 23 de outubro de 1990, na forma do seuartigo 49, inciso 2;

DeCReta:

art. 1° a convenção sobre os direitos dacriança, apensa por cópia ao presente decreto,será executada e cumprida tão inteiramente comonela se contém.

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art. 2° este decreto entra em vigor na datade sua publicação.

art. 3° revogam-se as disposições em con-trário.

Brasília, em 21 de novembro de 1990; 169° daindependência e 102° da república.

Fernando coLLorFrancisco Rezek

CoNVeNção sobRe os DiReitos Da CRiaNça

adotada pela resolução 44/25 da assembléiaGeral da onu em 20 de novembro de 1989.

assinada pelo Brasil em 26 de janeiro de 1990e ratificada em 24 de setembro de 1990.

PReâmbulo

os estados Partes da presente convenção,

considerando que, de acordo com os princí-pios proclamados na carta das nações unidas, aliberdade, a justiça e a paz no mundo se funda-mentam no reconhecimento da dignidade inerentee dos direitos iguais e inalienáveis de todos osmembros da família humana;

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tendo em conta que os povos das naçõesunidas reafirmaram na carta sua fé nos direitosfundamentais do homem e na dignidade e novalor da pessoa humana e que decidiram promo-ver o progresso social e a elevação do nível devida com mais liberdade;

reconhecendo que as nações unidas pro-clamaram e acordaram na declaração universaldos direitos Humanos e nos Pactosinternacionais de direitos Humanos que todapessoa possui todos os direitos e liberdadesneles enunciados, sem distinção de qualquernatureza, seja de raça, cor, sexo, idioma, crença,opinião política ou de outra índole, origemnacional ou social, posição econômica, nasci-mento ou qualquer outra condição;

recordando que na declaração universaldos direitos Humanos as nações unidas procla-maram que a infância tem direito a cuidados eassistência especiais;

convencidos de que a família, como grupofundamental da sociedade e ambiente naturalpara o crescimento e bem-estar de todos os seusmembros, e em particular das crianças, deve rece-ber a proteção e assistência necessárias a fim depoder assumir plenamente suas responsabilida-des dentro da comunidade;

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reconhecendo que a criança, para o pleno eharmonioso desenvolvimento de sua personali-dade, deve crescer no seio da família, em umambiente de felicidade, amor e compreensão;

considerando que a criança deve estar ple-namente preparada para uma vida independen-te na sociedade e deve ser educada de acordocom os ideais proclamados na cartas dasnações unidas, especialmente com espírito depaz, dignidade, tolerância, liberdade, igualdadee solidariedade;

tendo em conta que a necessidade de pro-porcionar à criança uma proteção especial foienunciada na declaração de Genebra de 1924sobre os direitos da criança e na declaraçãodos direitos da criança adotada pelaassembléia Geral em 20 de novembro de 1959, ereconhecida na declaração universal dosdireitos Humanos, no Pacto internacional dedireitos civis e Políticos (em particular nosartigos 23 e 24), no Pacto internacional dedireitos econômicos, sociais e culturais (emparticular no artigo 10) e nos estatutos e instru-mentos pertinentes das agências especializadase das organizações internacionais que se inte-ressam pelo bem-estar da criança;

tendo em conta que, conforme assinalado nadeclaração dos direitos da criança, "a criança,

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em virtude de sua falta de maturidade física emental, necessita proteção e cuidados especiais,inclusive a devida proteção legal, tanto antesquanto após seu nascimento";

Lembrado o estabelecido na declaraçãosobre os Princípios sociais e Jurídicos relativos àProteção e ao Bem-estar das crianças, especial-mente com referência à adoção e à colocação emLares de adoção, nos Planos nacional einternacional; as regras Mínimas das naçõesunidas para a administração da Justiça Juvenil(regras de Pequim); e a declaração sobre aProteção da Mulher e da criança em situações deemergência ou de conflito armado;

reconhecendo que em todos os países domundo existem crianças vivendo sob condiçõesexcepcionalmente difíceis e que essas criançasnecessitam consideração especial;

tomando em devida conta a importância dastradições e dos valores culturais de cada povopara a proteção e o desenvolvimento harmoniosoda criança;

reconhecendo a importância da cooperaçãointernacional para a melhoria das condições devida das crianças em todos os países, especial-mente nos países em desenvolvimento;

acordam o seguinte:

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PaRte i

aRtigo 1

Para efeitos da presente convenção considera-se como criança todo ser humano com menos dedezoito anos de idade, a não ser que, em confor-midade com a lei aplicável à criança, a maiorida-de seja alcançada antes.

aRtigo 2

1. os estados Partes respeitarão os direitosenunciados na presente convenção e assegurarãosua aplicação a cada criança sujeita à sua jurisdi-ção, sem distinção alguma, independentementede raça, cor, sexo, idioma, crença, opinião políticaou de outra índole, origem nacional, étnica ousocial, posição econômica, deficiências físicas,nascimento ou qualquer outra condição da crian-ça, de seus pais ou de seus representantes legais.

2. os estados Partes tomarão todas as medi-das apropriadas para assegurar a proteção dacriança contra toda forma de discriminação oucastigo por causa da condição, das atividades,das opiniões manifestadas ou das crenças de seuspais, representantes legais ou familiares.

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aRtigo 3

1. todas as ações relativas às crianças, levadasa efeito por autoridades administrativas ouórgãos legislativos, devem considerar, primor-dialmente, o interesse maior da criança.

2. os estados Partes se comprometem aassegurar à criança a proteção e o cuidado quesejam necessários para seu bem-estar, levandoem consideração os direitos e deveres de seuspais, tutores ou outras pessoas responsáveis porela perante a lei e, com essa finalidade, tomarãotodas as medidas legislativas e administrativasadequadas.

3. os estados Partes se certificarão de que asinstituições, os serviços e os estabelecimentosencarregados do cuidado ou da proteção dascrianças cumpram com os padrões estabelecidospelas autoridades competentes, especialmente noque diz respeito à segurança e à saúde das crian-ças, ao número e à competência de seu pessoal eà existência de supervisão adequada.

aRtigo 4

os estados Partes adotarão todas as medidasadministrativas, legislativas e de outra índole comvistas à implementação dos direitos reconhecidosna presente convenção. com relação aos direitoseconômicos, sociais e culturais, os estados Partes

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adotarão essas medidas utilizando ao máximo osrecursos disponíveis e, quando necessário, dentrode um quadro de cooperação internacional.

aRtigo 5

os estados Partes respeitarão as respon-sabilidades, os direitos e os deveres dos pais ou,onde for o caso, dos membros da família amplia-da ou da comunidade, conforme determinem oscostumes locais, dos tutores ou de outras pes-soas legalmente responsáveis, de proporcionarà criança instrução e orientação adequadas eacordes com a evolução de sua capacidade noexercício dos direitos reconhecidos na presenteconvenção.

aRtigo 6

1. os estados Partes reconhecem que todacriança tem o direito inerente à vida.

2. os estados Partes assegurarão ao máximoa sobrevivência e o desenvolvimento da criança.

aRtigo 7

1. a criança será registrada imediatamenteapós seu nascimento e terá direito, desde omomento em que nasce, a um nome, a uma nacio-nalidade e, na medida do possível, a conhecer seuspais e a ser cuidada por eles.

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2. os estados Partes zelarão pela aplicaçãodesses direitos de acordo com sua legislaçãonacional e com as obrigações que tenham assumi-do em virtude dos instrumentos internacionaispertinentes, sobretudo se, de outro modo, a crian-ça se tornaria apátrida.

aRtigo 8

1. os estados Partes se comprometem a res-peitar o direito da criança de preservar sua iden-tidade, inclusive a nacionalidade, o nome e asrelações familiares, de acordo com a lei, seminterferências ilícitas.

2. Quando uma criança se vir privada ilegal-mente de algum ou de todos os elementos queconfiguram sua identidade, os estados Partesdeverão prestar assistência e proteção adequa-das com vistas a restabelecer rapidamente suaidentidade.

aRtigo 9

1. os estados Partes deverão zelar para quea criança não seja separada dos pais contra avontade dos mesmos, exceto quando, sujeita àrevisão judicial, as autoridades competentesdeterminarem, em conformidade com a lei e osprocedimentos legais cabíveis, que tal separaçãoé necessária ao interesse maior da criança. taldeterminação pode ser necessária em casos

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específicos, por exemplo, nos casos em que acriança sofre maus tratos ou descuido por partede seus pais ou quando estes vivem separados euma decisão deve ser tomada a respeito do localda residência da criança.

2. caso seja adotado qualquer procedimentoem conformidade com o estipulado no parágrafo1 do presente artigo, todas as Partes interessadasterão a oportunidade de participar e de manifes-tar suas opiniões.

3. os estados Partes respeitarão o direito dacriança que esteja separada de um ou de ambosos pais de manter regularmente relações pessoaise contato direto com ambos, a menos que isso sejacontrário ao interesse maior da criança.

4. Quando essa separação ocorrer em virtudede uma medida adotada por um estado Parte, talcomo detenção, prisão, exílio, deportação oumorte (inclusive falecimento decorrente de qual-quer causa enquanto a pessoa estiver sob a custó-dia do estado) de um dos pais da criança, ou deambos, ou da própria criança, o estado Parte,quando solicitado, proporcionará aos pais, àcriança ou, se for o caso, a outro familiar, informa-ções básicas a respeito do paradeiro do familiar oufamiliares ausentes, a não ser que tal procedimen-to seja prejudicial ao bem-estar da criança. osestados Partes se certificarão, além disso, de que

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a apresentação de tal petição não acarrete, por sisó, conseqüências adversas para a pessoa ou pes-soas interessadas.

aRtigo 10

1. de acordo com a obrigação dos estadosPartes estipulada no parágrafo 1 do artigo 9, todasolicitação apresentada por uma criança, ou porseus pais, para ingressar ou sair de um estadoParte com vistas à reunião da família, deverá seratendida pelos estados Partes de forma positiva,humanitária e rápida. os estados Partes assegu-rarão, ainda, que a apresentação de tal solicitaçãonão acarretará conseqüências adversas para ossolicitantes ou para seus familiares.

2. a criança cujos pais residam em estadosdiferentes terá o direito de manter, periodicamen-te, relações pessoais e contato direto com ambos,exceto em circunstâncias especiais. Para tanto, ede acordo com a obrigação assumida pelosestados Partes em virtude do parágrafo 2 doartigo 9, os estados Partes respeitarão o direito dacriança e de seus pais de sair de qualquer país,inclusive do próprio, e de ingressar no seu pró-prio país. o direito de sair de qualquer país esta-rá sujeito, apenas, às restrições determinadas pelalei que sejam necessárias para proteger a segu-rança nacional, a ordem pública, a saúde ou amoral públicas ou os direitos e as liberdades de

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outras pessoas e que estejam acordes com osdemais direitos reconhecidos pela presenteconvenção.

aRtigo 11

1. os estados Partes adotarão medidas a fimde lutar contra a transferência ilegal de criançaspara o exterior e a retenção ilícita das mesmasfora do país.

2. Para tanto, aos estados Partes promoverãoa conclusão de acordos bilaterais ou multilateraisou a adesão a acordos já existentes.

aRtigo 12

1. os estados Partes assegurarão à criançaque estiver capacitada a formular seus própriosjuízos o direito de expressar suas opiniões livre-mente sobre todos os assuntos relacionados coma criança, levando-se devidamente em consideraçãoessas opiniões, em função da idade e maturidadeda criança.

2. com tal propósito, se proporcionará àcriança, em particular, a oportunidade de serouvida em todo processo judicial ou administra-tivo que afete a mesma, quer diretamente querpor intermédio de um representante ou órgãoapropriado, em conformidade com as regras pro-cessuais da legislação nacional.

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aRtigo 13

1. a criança terá direito à liberdade deexpressão. esse direito incluirá a liberdade deprocurar, receber e divulgar informações eidéias de todo tipo, independentemente de fron-teiras, de forma oral, escrita ou impressa, por meiodas artes ou por qualquer outro meio escolhidopela criança.

2. o exercício de tal direito poderá estarsujeito a determinadas restrições, que serão uni-camente as previstas pela lei e consideradasnecessárias:

a) para o respeito dos direitos ou da reputaçãodos demais, ou

b) para a proteção da segurança nacional ouda ordem pública, ou para proteger a saúde e amoral públicas.

aRtigo 14

1. os estados Partes respeitarão o direito dacriança à liberdade de pensamento, de consciên-cia e de crença.

2. os estados Partes respeitarão os direitos edeveres dos pais e, se for o caso, dos representan-tes legais, de orientar a criança com relação aoexercício de seus direitos de maneira acorde coma evolução de sua capacidade.

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3. a liberdade de professar a própria religiãoou as próprias crenças estará sujeita, unicamente,às limitações prescritas pela lei e necessárias paraproteger a segurança, a ordem, a moral, a saúdepública ou os direitos e liberdades fundamentaisdos demais.

aRtigo 15

1. os estados Partes reconhecem os direitosda criança à liberdade de associação e à liberdadede realizar reuniões pacíficas.

2. não serão impostas restrições ao exercíciodesses direitos, a não ser as estabelecidas em con-formidade com a lei e que sejam necessáriasnuma sociedade democrática, no interesse dasegurança nacional ou pública, da ordem pública,da proteção à saúde e à moral públicas ou da pro-teção aos direitos e liberdades dos demais.

aRtigo 16

1. nenhuma criança será objeto de interferên-cias arbitrárias ou ilegais em sua vida particular,sua família, seu domicílio ou sua correspondên-cia, nem de atentados ilegais a sua honra e a suareputação.

2. a criança tem direito à proteção da lei con-tra essas interferências ou atentados.

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aRtigo 17

os estados Partes reconhecem a funçãoimportante desempenhada pelos meios de comu-nicação e zelarão para que a criança tenha acessoa informações e materiais procedentes de diver-sas fontes nacionais e internacionais, especial-mente informações e materiais que visem a pro-mover seu bem-estar social, espiritual e moral esua saúde física e mental. Para tanto, os estadosPartes:

a) incentivarão os meios de comunicação adifundir informações e materiais de interessesocial e cultural para a criança, de acordo com oespírito do artigo 29;

b) promoverão a cooperação internacionalna produção, no intercâmbio e na divulgaçãodessas informações e desses materiais proce-dentes de diversas fontes culturais, nacionais einternacionais;

c) incentivarão a produção e difusão de livrospara crianças;

d) incentivarão os meios de comunicação nosentido de, particularmente, considerar as neces-sidades lingüísticas da criança que pertença a umgrupo minoritário ou que seja indígena;

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e) promoverão a elaboração de diretrizesapropriadas a fim de proteger a criança contratoda informação e material prejudiciais ao seubem-estar, tendo em conta as disposições dosartigos 13 e 18.

aRtigo 18

1. os estados Partes envidarão os seus melho-res esforços a fim de assegurar o reconhecimentodo princípio de que ambos os pais têm obrigaçõescomuns com relação à educação e ao desenvolvi-mento da criança. caberá aos pais ou, quandofor o caso, aos representantes legais, a responsa-bilidade primordial pela educação e pelo desen-volvimento da criança. sua preocupação funda-mental visará ao interesse maior da criança.

2. a fim de garantir e promover os direitosenunciados na presente convenção, os estadosPartes prestarão assistência adequada aos pais eaos representantes legais para o desempenho desuas funções no que tange à educação da criançae assegurarão a criação de instituições, instala-ções e serviços para o cuidado das crianças.

3. os estados Partes adotarão todas as medi-das apropriadas a fim de que as crianças cujospais trabalhem tenham direito a beneficiar-se dosserviços de assistência social e creches a quefazem jus.

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aRtigo 19

1. os estados Partes adotarão todas as medi-das legislativas, administrativas, sociais e educa-cionais apropriadas para proteger a criança con-tra todas as formas de violência física ou mental,abuso ou tratamento negligente, maus tratos ouexploração, inclusive abuso sexual, enquanto acriança estiver sob a custódia dos pais, do repre-sentante legal ou de qualquer outra pessoa res-ponsável por ela.

2. essas medidas de proteção deveriamincluir, conforme apropriado, procedimentos efi-cazes para a elaboração de programas sociaiscapazes de proporcionar uma assistência adequa-da à criança e às pessoas encarregadas de seu cui-dado, bem como para outras formas de preven-ção, para a identificação, notificação, transferên-cia a uma instituição, investigação, tratamento eacompanhamento posterior dos casos acimamencionados de maus tratos à criança e, confor-me o caso, para a intervenção judiciária.

aRtigo 20

1. as crianças privadas temporária ou per-manentemente do seu meio familiar, ou cujointeresse maior exija que não permaneçamnesse meio, terão direito à proteção e assistênciaespeciais do estado.

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2. os estados Partes garantirão, de acordocom suas leis nacionais, cuidados alternativospara essas crianças.

3. esses cuidados poderiam incluir, inter alia, acolocação em lares de adoção, a kafalah do direitoislâmico, a adoção ou, caso necessário, a coloca-ção em instituições adequadas de proteção paraas crianças. ao serem consideradas as soluções,deve-se dar especial atenção à origem étnica, reli-giosa, cultural e lingüística da criança, bem comoà conveniência da continuidade de sua educação.

aRtigo 21

os estados Partes que reconhecem ou permi-tem o sistema de adoção atentarão para o fato deque a consideração primordial seja o interessemaior da criança. dessa forma, atentarão para que:

a) a adoção da criança seja autorizada apenaspelas autoridades competentes, as quais determi-narão, consoante as leis e os procedimentos cabí-veis e com base em todas as informações perti-nentes e fidedignas, que a adoção é admissívelem vista da situação jurídica da criança com rela-ção a seus pais, parentes e representantes legais eque, caso solicitado, as pessoas interessadastenham dado, com conhecimento de causa, seuconsentimento à adoção, com base no assessora-mento que possa ser necessário;

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b) a adoção efetuada em outro país possa serconsiderada como outro meio de cuidar da crian-ça, no caso em que a mesma não possa ser coloca-da em um lar de adoção ou entregue a uma famí-lia adotiva ou não logre atendimento adequadoem seu país de origem;

c) a criança adotada em outro país goze desalvaguardas e normas equivalentes às existentesem seu país de origem com relação à adoção;

d) todas as medidas apropriadas sejam ado-tadas, a fim de garantir que, em caso de adoçãoem outro país, a colocação não permita benefíciosfinanceiros indevidos aos que dela participarem;

e) quando necessário, promover os objetivosdo presente artigo mediante ajustes ou acordosbilaterais ou multilaterais, e envidarão esforços,nesse contexto, com vistas a assegurar que a colo-cação da criança em outro país seja levada a cabopor intermédio das autoridades ou organismoscompetentes.

aRtigo 22

1. os estados Partes adotarão medidas perti-nentes para assegurar que a criança que tenteobter a condição de refugiada, ou que seja consi-derada como refugiada de acordo com o direito eos procedimentos internacionais ou internos apli-cáveis, receba, tanto no caso de estar sozinha

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como acompanhada por seus pais ou por qual-quer outra pessoa, a proteção e a assistênciahumanitária adequadas a fim de que possa usu-fruir dos direitos enunciados na presenteconvenção e em outros instrumentos internacio-nais de direitos humanos ou de caráter humanitá-rio dos quais os citados estados sejam parte.

2. Para tanto, os estados Partes cooperarão,da maneira como julgarem apropriada, comtodos os esforços das nações unidas e demaisorganizações intergovernamentais competentes,ou organizações não-governamentais que cooperemcom as nações unidas, no sentido de proteger eajudar a criança refugiada, e de localizar seus paisou outros membros de sua família a fim de obterinformações necessárias que permitam sua reu-nião com a família. Quando não for possível loca-lizar nenhum dos pais ou membros da família,será concedida à criança a mesma proteção outor-gada a qualquer outra criança privada permanen-te ou temporariamente de seu ambiente familiar,seja qual for o motivo, conforme o estabelecido napresente convenção.

aRtigo 23

1. os estados Partes reconhecem que a crian-ça portadora de deficiências físicas ou mentaisdeverá desfrutar de uma vida plena e decente em

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condições que garantam sua dignidade, favore-çam sua autonomia e facilitem sua participaçãoativa na comunidade.

2. os estados Partes reconhecem o direitoda criança deficiente de receber cuidados espe-ciais e, de acordo com os recursos disponíveis esempre que a criança ou seus responsáveis reú-nam as condições requeridas, estimularão eassegurarão a prestação da assistência solicita-da, que seja adequada ao estado da criança e àscircunstâncias de seus pais ou das pessoasencarregadas de seus cuidados.

3. atendendo às necessidades especiais dacriança deficiente, a assistência prestada, confor-me disposto no parágrafo 2 do presente artigo,será gratuita sempre que possível, levando-se emconsideração a situação econômica dos pais oudas pessoas que cuidem da criança, e visará aassegurar à criança deficiente o acesso efetivo àeducação, à capacitação, aos serviços de saúde,aos serviços de reabilitação, à preparação para oemprego e às oportunidades de lazer, de maneiraque a criança atinja a mais completa integraçãosocial possível e o maior desenvolvimento indi-vidual factível, inclusive seu desenvolvimentocultural e espiritual.

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4. os estados Partes promoverão, com espí-rito de cooperação internacional, um intercâm-bio adequado de informações nos campos daassistência médica preventiva e do tratamentomédico, psicológico e funcional das criançasdeficientes, inclusive a divulgação de informa-ções a respeito dos métodos de reabilitação e dosserviços de ensino e formação profissional, bemcomo o acesso a essa informação, a fim de que osestados Partes possam aprimorar sua capacida-de e seus conhecimentos e ampliar sua expe-riência nesses campos. nesse sentido, serãolevadas especialmente em conta as necessidadesdos países em desenvolvimento.

aRtigo 24

1. os estados Partes reconhecem o direito dacriança de gozar do melhor padrão possível desaúde e dos serviços destinados ao tratamentodas doenças e à recuperação da saúde. os estadosPartes envidarão esforços no sentido de assegurarque nenhuma criança se veja privada de seudireito de usufruir desses serviços sanitários.

2. os estados Partes garantirão a plena apli-cação desse direito e, em especial, adotarão asmedidas apropriadas com vistas a:

a) reduzir a mortalidade infantil;

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b) assegurar a prestação de assistência médicae cuidados sanitários necessários a todas as crian-ças, dando ênfase aos cuidados básicos de saúde;

c) combater as doenças e a desnutrição den-tro do contexto dos cuidados básicos de saúdemediante, inter alia, a aplicação de tecnologia dis-ponível e o fornecimento de alimentos nutritivose de água potável, tendo em vista os perigos e ris-cos da poluição ambiental;

d) assegurar às mães adequada assistênciapré-natal e pós-natal;

e) assegurar que todos os setores da socieda-de, e em especial os pais e as crianças, conheçamos princípios básicos de saúde e nutrição dascrianças, as vantagens da amamentação, da higie-ne e do saneamento ambiental e das medidas deprevenção de acidentes, e tenham acesso à educa-ção pertinente e recebam apoio para a aplicaçãodesses conhecimentos;

f) desenvolver a assistência médica preventi-va, a orientação aos pais e a educação e serviçosde planejamento familiar.

3. os estados Partes adotarão todas as medi-das eficazes e adequadas para abolir práticas tradi-cionais que sejam prejudicais à saúde da criança.

4. os estados Partes se comprometem a pro-mover e incentivar a cooperação internacional

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com vistas a lograr, progressivamente, a plenaefetivação do direito reconhecido no presenteartigo. nesse sentido, será dada atenção especialàs necessidades dos países em desenvolvimento.

aRtigo 25

os estados Partes reconhecem o direito deuma criança que tenha sido internada em umestabelecimento pelas autoridades competentespara fins de atendimento, proteção ou tratamentode saúde física ou mental a um exame periódicode avaliação do tratamento ao qual está sendosubmetida e de todos os demais aspectos relati-vos à sua internação.

aRtigo 26

1. os estados Partes reconhecerão a todas ascrianças o direito de usufruir da previdênciasocial, inclusive do seguro social, e adotarão asmedidas necessárias para lograr a plena consecu-ção desse direito, em conformidade com sualegislação nacional.

2. os benefícios deverão ser concedidos,quando pertinentes, levando-se em consideraçãoos recursos e a situação da criança e das pessoasresponsáveis pelo seu sustento, bem como qual-quer outra consideração cabível no caso de umasolicitação de benefícios feita pela criança ou emseu nome.

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aRtigo 27

1. os estados Partes reconhecem o direito detoda criança a um nível de vida adequado ao seudesenvolvimento físico, mental, espiritual, morale social.

2. cabe aos pais, ou a outras pessoas encarre-gadas, a responsabilidade primordial de propi-ciar, de acordo com suas possibilidades e meiosfinanceiros, as condições de vida necessárias aodesenvolvimento da criança.

3. os estados Partes, de acordo com as condi-ções nacionais e dentro de suas possibilidades,adotarão medidas apropriadas a fim de ajudar ospais e outras pessoas responsáveis pela criança atornar efetivo esse direito e, caso necessário, pro-porcionarão assistência material e programas deapoio, especialmente no que diz respeito à nutri-ção, ao vestuário e à habitação.

4. os estados Partes tomarão todas as medi-das adequadas para assegurar o pagamento dapensão alimentícia por parte dos pais ou deoutras pessoas financeiramente responsáveispela criança, quer residam no estado Parte querno exterior. nesse sentido, quando a pessoa quedetém a responsabilidade financeira pela crian-ça residir em estado diferente daquele ondemora a criança, os estados Partes promoverão a

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adesão a acordos internacionais ou a conclusãode tais acordos, bem como a adoção de outrasmedidas apropriadas.

aRtigo 28

1. os estados Partes reconhecem o direito dacriança à educação e, a fim de que ela possa exer-cer progressivamente e em igualdade de condi-ções esse direito, deverão especialmente:

a) tornar o ensino primário obrigatório e dis-ponível gratuitamente para todos;

b) estimular o desenvolvimento do ensinosecundário em suas diferentes formas, inclusive oensino geral e profissionalizante, tornando-o dis-ponível e acessível a todas as crianças, e adotarmedidas apropriadas tais como a implantação doensino gratuito e a concessão de assistência finan-ceira em caso de necessidade;

c) tornar o ensino superior acessível a todoscom base na capacidade e por todos os meios ade-quados;

d) tornar a informação e a orientação educa-cionais e profissionais disponíveis e accessíveis atodas as crianças;

e) adotar medidas para estimular a freqüên-cia regular às escolas e a redução do índice deevasão escolar.

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2. os estados Partes adotarão todas as medi-das necessárias para assegurar que a disciplinaescolar seja ministrada de maneira compatívelcom a dignidade humana da criança e em confor-midade com a presente convenção.

3. os estados Partes promoverão e estimula-rão a cooperação internacional em questões rela-tivas à educação, especialmente visando a con-tribuir para a eliminação da ignorância e doanalfabetismo no mundo e facilitar o acesso aosconhecimentos científicos e técnicos e aos méto-dos modernos de ensino. a esse respeito, serádada atenção especial às necessidades dos paísesem desenvolvimento.

aRtigo 29

1. os estados Partes reconhecem que a educaçãoda criança deverá estar orientada no sentido de:

a) desenvolver a personalidade, as aptidões ea capacidade mental e física da criança em todo oseu potencial;

b) imbuir na criança o respeito aos direitoshumanos e às liberdades fundamentais, bemcomo aos princípios consagrados na carta dasnações unidas;

c) imbuir na criança o respeito aos seus pais,à sua própria identidade cultural, ao seu idioma

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e seus valores, aos valores nacionais do país emque reside, aos do eventual país de origem, e aosdas civilizações diferentes da sua;

d) preparar a criança para assumir uma vidaresponsável numa sociedade livre, com espírito decompreensão, paz, tolerância, igualdade de sexos eamizade entre todos os povos, grupos étnicos,nacionais e religiosos e pessoas de origem indígena;

e) imbuir na criança o respeito ao meioambiente.

2. nada do disposto no presente artigo ou noartigo 28 será interpretado de modo a restringira liberdade dos indivíduos ou das entidades decriar e dirigir instituições de ensino, desde quesejam respeitados os princípios enunciados noparágrafo 1 do presente artigo e que a educaçãoministrada em tais instituições esteja acorde comos padrões mínimos estabelecidos pelo estado.

aRtigo 30

nos estados Partes onde existam minoriasétnicas, religiosas ou lingüísticas, ou pessoas deorigem indígena, não será negado a uma criançaque pertença a tais minorias ou que seja indígenao direito de, em comunidade com os demaismembros de seu grupo, ter sua própria cultura,professar e praticar sua própria religião ou utili-zar seu próprio idioma.

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aRtigo 31

1. os estados Partes reconhecem o direitoda criança ao descanso e ao lazer, ao diverti-mento e às atividades recreativas próprias daidade, bem como à livre participação na vidacultural e artística.

2. os estados Partes respeitarão e promove-rão o direito da criança de participar plenamenteda vida cultural e artística e encorajarão a criaçãode oportunidades adequadas, em condições deigualdade, para que participem da vida cultural,artística, recreativa e de lazer.

aRtigo 32

1. os estados Partes reconhecem o direitoda criança de estar protegida contra a explora-ção econômica e contra o desempenho de qual-quer trabalho que possa ser perigoso ou interferirem sua educação, ou que seja nocivo para suasaúde ou para seu desenvolvimento físico, mental,espiritual, moral ou social.

2. os estados Partes adotarão medidas legislati-vas, administrativas, sociais e educacionais com vis-tas a assegurar a aplicação do presente artigo. comtal propósito, e levando em consideração as disposi-ções pertinentes de outros instrumentos internacio-nais, os estados Partes, deverão, em particular:

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a) estabelecer uma idade ou idades mínimaspara a admissão em empregos;

b) estabelecer regulamentação apropriadarelativa a horários e condições de emprego;

c) estabelecer penalidades ou outras sançõesapropriadas a fim de assegurar o cumprimentoefetivo do presente artigo.

aRtigo 33

os estados Partes adotarão todas as medidasapropriadas, inclusive medidas legislativas,administrativas, sociais e educacionais, para pro-teger a criança contra o uso ilícito de drogas esubstâncias psicotrópicas descritas nos tratadosinternacionais pertinentes e para impedir quecrianças sejam utilizadas na produção e no tráficoilícito dessas substâncias.

aRtigo 34

os estados Partes se comprometem a prote-ger a criança contra todas as formas de explora-ção e abuso sexual. nesse sentido, os estadosPartes tomarão, em especial, todas as medidas decaráter nacional, bilateral e multilateral que sejamnecessárias para impedir:

a) o incentivo ou a coação para que umacriança se dedique a qualquer atividadesexual ilegal;

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b) a exploração da criança na prostituição ououtras práticas sexuais ilegais;

c) a exploração da criança em espetáculos oumateriais pornográficos.

aRtigo 35

os estados Partes tomarão todas as medidasde caráter nacional, bilateral e multilateral quesejam necessárias para impedir o seqüestro, avenda ou o tráfico de crianças para qualquer fimou sob qualquer forma.

aRtigo 36

os estados Partes protegerão a criança con-tra todas as demais formas de exploração quesejam prejudiciais para qualquer aspecto de seubem-estar.

aRtigo 37

os estados Partes zelarão para que:

a) nenhuma criança seja submetida a torturanem a outros tratamentos ou penas cruéis, desu-manos ou degradantes. não será imposta a penade morte nem a prisão perpétua sem possibilida-de de livramento por delitos cometidos pormenores de dezoito anos de idade;

b) nenhuma criança seja privada de sua liber-dade de forma ilegal ou arbitrária. a detenção, areclusão ou a prisão de uma criança será efetuada

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em conformidade com a lei e apenas como últimorecurso, e durante o mais breve período de tempoque for apropriado;

c) toda criança privada da liberdade seja tra-tada com a humanidade e o respeito que merecea dignidade inerente à pessoa humana, e levan-do-se em consideração as necessidades de umapessoa de sua idade. em especial, toda criançaprivada de sua liberdade ficará separada dosadultos, a não ser que tal fato seja consideradocontrário aos melhores interesses da criança, eterá direito a manter contato com sua família pormeio de correspondência ou de visitas, salvo emcircunstâncias excepcionais;

d) toda criança privada de sua liberdadetenha direito a rápido acesso a assistência jurídi-ca e a qualquer outra assistência adequada, bemcomo direito a impugnar a legalidade da privaçãode sua liberdade perante um tribunal ou outraautoridade competente, independente e impar-cial e a uma rápida decisão a respeito de tal ação.

aRtigo 38

1. os estados Partes se comprometem a res-peitar e a fazer com que sejam respeitadas as nor-mas do direito humanitário internacional aplicá-veis em casos de conflito armado no que digamrespeito às crianças.

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2. os estados Partes adotarão todas as medi-das possíveis a fim de assegurar que todas as pes-soas que ainda não tenham completado quinzeanos de idade não participem diretamente dehostilidades.

3. os estados Partes abster-se-ão de recrutarpessoas que não tenham completado quinze anosde idade para servir em suas forças armadas.caso recrutem pessoas que tenham completadoquinze anos mas que tenham menos de dezoitoanos, deverão procurar dar prioridade aos demais idade.

4. em conformidade com suas obrigações deacordo com o direito humanitário internacionalpara proteção da população civil durante os con-flitos armados, os estados Partes adotarão todasas medidas necessárias a fim de assegurar a pro-teção e o cuidado das crianças afetadas por umconflito armado.

aRtigo 39

os estados Partes adotarão todas as medidasapropriadas para estimular a recuperação física epsicológica e a reintegração social de toda criançavítima de qualquer forma de abandono, exploraçãoou abuso; tortura ou outros tratamentos ou penascruéis, desumanos ou degradantes; ou conflitosarmados. essa recuperação e reintegração serão

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efetuadas em ambiente que estimule a saúde, o res-peito próprio e a dignidade da criança.

aRtigo 40

1. os estados Partes reconhecem o direito detoda criança a quem se alegue ter infringido asleis penais ou a quem se acuse ou declare culpa-da de ter infringido as leis penais de ser tratadade modo a promover e estimular seu sentido dedignidade e de valor e a fortalecer o respeito dacriança pelos direitos humanos e pelas liberda-des fundamentais de terceiros, levando em consi-deração a idade da criança e a importância de seestimular sua reintegração e seu desempenhoconstrutivo na sociedade.

2. nesse sentido, e de acordo com as disposi-ções pertinentes dos instrumentos internacionais,os estados Partes assegurarão, em particular:

a) que não se alegue que nenhuma criançatenha infringido as leis penais, nem se acuse oudeclare culpada nenhuma criança de ter infringidoessas leis, por atos ou omissões que não eram proi-bidos pela legislação nacional ou pelo direito inter-nacional no momento em que foram cometidos;

b) que toda criança de quem se alegue terinfringido as leis penais ou a quem se acuse de terinfringido essas leis goze, pelo menos, dasseguintes garantias:

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i) ser considerada inocente enquanto não forcomprovada sua culpabilidade conforme a lei;

ii) ser informada sem demora e diretamenteou, quando for o caso, por intermédio de seuspais ou de seus representantes legais, das acusa-ções que pesam contra ela, e dispor de assistênciajurídica ou outro tipo de assistência apropriadapara a preparação e apresentação de sua defesa;

iii) ter a causa decidida sem demora porautoridade ou órgão judicial competente, inde-pendente e imparcial, em audiência justa confor-me a lei, com assistência jurídica ou outra assis-tência e, a não ser que seja considerado contrárioaos melhores interesses da criança, levando emconsideração especialmente sua idade ou situa-ção e a de seus pais ou representantes legais;

iv) não ser obrigada a testemunhar ou a sedeclarar culpada, e poder interrogar ou fazer comque sejam interrogadas as testemunhas de acusa-ção bem como poder obter a participação e ointerrogatório de testemunhas em sua defesa, emigualdade de condições;

v) se for decidido que infringiu as leis penais,ter essa decisão e qualquer medida imposta emdecorrência da mesma submetidas a revisão porautoridade ou órgão judicial superior competen-te, independente e imparcial, de acordo com a lei;

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vi) contar com a assistência gratuita de umintérprete caso a criança não compreenda ou faleo idioma utilizado;

vii) ter plenamente respeitada sua vida priva-da durante todas as fases do processo.

3. os estados Partes buscarão promover oestabelecimento de leis, procedimentos, autorida-des e instituições específicas para as crianças dequem se alegue ter infringido as leis penais ouque sejam acusadas ou declaradas culpadas de tê-las infringido, e em particular:

a) o estabelecimento de uma idade mínimaantes da qual se presumirá que a criança não temcapacidade para infringir as leis penais;

b) a adoção sempre que conveniente e desejá-vel, de medidas para tratar dessas crianças semrecorrer a procedimentos judiciais, contando quesejam respeitados plenamente os direitos huma-nos e as garantias legais.

4. diversas medidas, tais como ordens deguarda, orientação e supervisão, aconselhamen-to, liberdade vigiada, colocação em lares de ado-ção, programas de educação e formação profis-sional, bem como outras alternativas à internaçãoem instituições, deverão estar disponíveis paragarantir que as crianças sejam tratadas de modoapropriado ao seu bem-estar e de forma propor-cional às circunstâncias e ao tipo do delito.

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aRtigo 41

nada do estipulado na presente convençãoafetará disposições que sejam mais convenientespara a realização dos direitos da criança e quepodem constar:

a) das leis de um estado Parte;

b) das normas de direito internacional vigen-tes para esse estado.

PaRte ii

aRtigo 42

os estados Partes se comprometem a dar aosadultos e às crianças amplo conhecimento dosprincípios e disposições da convenção, mediantea utilização de meios apropriados e eficazes.

aRtigo 43

1. a fim de examinar os progressos realiza-dos no cumprimento das obrigações contraídaspelos estados Partes na presente convenção,deverá ser estabelecido um comitê para osdireitos da criança que desempenhará as fun-ções a seguir determinadas.

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2. o comitê estará integrado por dez espe-cialistas de reconhecida integridade moral e com-petência nas áreas cobertas pela presenteconvenção. os membros do comitê serão eleitospelos estados Partes dentre seus nacionais e exer-cerão suas funções a título pessoal, tomando-seem devida conta a distribuição geográfica eqüita-tiva bem como os principais sistemas jurídicos.

3. os membros do comitê serão escolhidos,em votação secreta, de uma lista de pessoas indi-cadas pelos estados Partes. cada estado Partepoderá indicar uma pessoa dentre os cidadãosde seu país.

4. a eleição inicial para o comitê será realiza-da, no mais tardar, seis meses após a entrada emvigor da presente convenção e, posteriormente, acada dois anos. no mínimo quatro meses antesda data marcada para cada eleição, o secretário-Geral das nações unidas enviará uma carta aosestados Partes convidando-os a apresentar suascandidaturas num prazo de dois meses. osecretário-Geral elaborará posteriormente umalista da qual farão parte, em ordem alfabética,todos os candidatos indicados e os estados Partesque os designaram, e submeterá a mesma aosestados Partes presentes à convenção.

5. as eleições serão realizadas em reuniõesdos estados Partes convocadas pelo secretário-

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Geral na sede das nações unidas. nessas reu-niões, para as quais o quorum será de dois ter-ços dos estados Partes, os candidatos eleitospara o comitê serão aqueles que obtiverem omaior número de votos e a maioria absoluta devotos dos representantes dos estados Partespresentes e votantes.

6. os membros do comitê serão eleitos paraum mandato de quatro anos. Poderão ser reelei-tos caso sejam apresentadas novamente suas can-didaturas. o mandato de cinco dos membros elei-tos na primeira eleição expirará ao término dedois anos; imediatamente após ter sido realizadaa primeira eleição, o Presidente da reunião naqual a mesma se efetuou escolherá por sorteio osnomes desses cinco membros.

7. caso um membro do comitê venha a fale-cer ou renuncie ou declare que por qualquer outromotivo não poderá continuar desempenhandosuas funções, o estado Parte que indicou essemembro designará outro especialista, dentre seuscidadãos, para que exerça o mandato até seu tér-mino, sujeito à aprovação do comitê.

8. o comitê estabelecerá suas próprias regrasde procedimento.

9. o comitê elegerá a Mesa para um períodode dois anos.

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10. as reuniões do comitê serão celebradasnormalmente na sede das nações unidas ou emqualquer outro lugar que o comitê julgar conve-niente. o comitê se reunirá normalmente todosos anos. a duração das reuniões do comitê serádeterminada e revista, se for o caso, em uma reu-nião dos estados Partes da presente convenção,sujeita à aprovação da assembléia Geral.

11. o secretário-Geral das nações unidasfornecerá o pessoal e os serviços necessários parao desempenho eficaz das funções do comitê deacordo com a presente convenção.

12. com prévia aprovação da assembléiaGeral, os membros do comitê estabelecido deacordo com a presente convenção receberãoemolumentos provenientes dos recursos dasnações unidas, segundo os termos e condiçõesdeterminados pela assembléia.

aRtigo 44

1. os estados Partes se comprometem a apre-sentar ao comitê, por intermédio do secretário-Geral das nações unidas, relatórios sobre asmedidas que tenham adotado com vistas a tornarefetivos os direitos reconhecidos na convenção esobre os progressos alcançados no desempenhodesses direitos:

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a) num prazo de dois anos a partir da dataem que entrou em vigor para cada estado Parte apresente convenção;

b) a partir de então, a cada cinco anos.

2. os relatórios preparados em função dopresente artigo deverão indicar as circunstânciase as dificuldades, caso existam, que afetam o graude cumprimento das obrigações derivadas dapresente convenção. deverão, também, conterinformações suficientes para que o comitê com-preenda, com exatidão, a implementação daconvenção no país em questão.

3. um estado Parte que tenha apresentadoum relatório inicial ao comitê não precisará repe-tir, nos relatórios posteriores a serem apresenta-dos conforme o estipulado no sub-item b) doparágrafo 1 do presente artigo, a informaçãobásica fornecida anteriormente.

4. o comitê poderá solicitar aos estadosPartes maiores informações sobre a implementa-ção da convenção.

5. a cada dois anos, o comitê submeterá rela-tórios sobre suas atividades à assembléia Geraldas nações unidas, por intermédio do conselhoeconômico e social.

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6. os estados Partes tornarão seus relatóriosamplamente disponíveis ao público em seus res-pectivos países.

aRtigo 45

a fim de incentivar a efetiva implementa-ção da convenção e estimular a cooperaçãointernacional nas esferas regulamentadas pelaconvenção:

a) os organismos especializados, o Fundo dasnações unidas para a infância e outros órgãosdas nações unidas terão o direito de estar repre-sentados quando for analisada a implementaçãodas disposições da presente convenção que este-jam compreendidas no âmbito de seus manda-tos. o comitê poderá convidar as agências espe-cializadas, o Fundo das nações unidas para ainfância e outros órgãos competentes que consi-dere apropriados a fornecer assessoramentoespecializado sobre a implementação daconvenção em matérias correspondentes a seusrespectivos mandatos. o comitê poderá convidaras agências especializadas, o Fundo das naçõesunidas para infância e outros órgãos das naçõesunidas a apresentarem relatórios sobre a imple-mentação das disposições da presente convençãocompreendidas no âmbito de suas atividades;

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b) conforme julgar conveniente, o comitêtransmitirá às agências especializadas, ao Fundodas nações unidas para a infância e a outrosórgãos competentes quaisquer relatórios dosestados Partes que contenham um pedido deassessoramento ou de assistência técnica, ou nosquais se indique essa necessidade, juntamentecom as observações e sugestões do comitê, se ashouver, sobre esses pedidos ou indicações;

c) o comitê poderá recomendar à assembléiaGeral que solicite ao secretário-Geral que efetue,em seu nome, estudos sobre questões concretasrelativas aos direitos da criança;

d) o comitê poderá formular sugestões erecomendações gerais com base nas informaçõesrecebidas nos termos dos artigos 44 e 45 da pre-sente convenção. essas sugestões e recomenda-ções gerais deverão ser transmitidas aos estadosPartes e encaminhadas à assembléia geral, junta-mente com os comentários eventualmente apre-sentados pelos estados Partes.

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PaRte iii

aRtigo 46

a presente convenção está aberta à assinatu-ra de todos os estados.

aRtigo 47

a presente convenção está sujeita à ratifica-ção. os instrumentos de ratificação serão deposi-tados junto ao secretário-Geral das naçõesunidas.

aRtigo 48

a presente convenção permanecerá aberta àadesão de qualquer estado. os instrumentos deadesão serão depositados junto ao secretário-Geral das nações unidas.

aRtigo 49

1. a presente convenção entrará em vigor notrigésimo dia após a data em que tenha sidodepositado o vigésimo instrumento de ratificaçãoou de adesão junto ao secretário-Geral dasnações unidas.

2. Para cada estado que venha a ratificar aconvenção ou a aderir a ela após ter sido deposi-tado o vigésimo instrumento de ratificação ou deadesão, a convenção entrará em vigor no trigési-

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mo dia após o depósito, por parte do estado, deseu instrumento de ratificação ou de adesão.

aRtigo 50

1. Qualquer estado Parte poderá propor umaemenda e registrá-la com o secretário-Geral dasnações unidas. o secretário-Geral comunicará aemenda proposta aos estados Partes, com a soli-citação de que estes o notifiquem caso apoiem aconvocação de uma conferência de estadosPartes com o propósito de analisar as propostas esubmetê-las à votação. se, num prazo de quatromeses a partir da data dessa notificação, pelomenos um terço dos estados Partes se declararfavorável a tal conferência, o secretário-Geralconvocará conferência, sob os auspícios dasnações unidas. Qualquer emenda adotada pelamaioria de estados Partes presentes e votantes naconferência será submetida pelo secretário-Geralà assembléia Geral para sua aprovação.

2. uma emenda adotada em conformidadecom o parágrafo 1 do presente artigo entrará emvigor quando aprovada pela assembléia Geraldas nações unidas e aceita por uma maioria dedois terços de estados Partes.

3. Quando uma emenda entrar em vigor, elaserá obrigatória para os estados Partes que astenham aceito, enquanto os demais estados

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Partes permanecerão obrigados pelas disposiçõesda presente convenção e pelas emendas anterior-mente aceitas por eles.

aRtigo 51

1. o secretário-Geral das nações unidasreceberá e comunicará a todos os estados Partes otexto das reservas feitas pelos estados nomomento da ratificação ou da adesão.

2. não será permitida nenhuma reservaincompatível com o objetivo e o propósito da pre-sente convenção.

3. Quaisquer reservas poderão ser retiradas aqualquer momento mediante uma notificaçãonesse sentido dirigida ao secretário-Geral dasnações unidas, que informará a todos osestados. essa notificação entrará em vigor a par-tir da data de recebimento da mesma pelosecretário-Geral.

aRtigo 52

um estado Parte poderá denunciar a presen-te convenção mediante notificação feita por escri-to ao secretário-Geral das nações unidas. adenúncia entrará em vigor um ano após a dataem que a notificação tenha sido recebida pelosecretário-Geral.

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aRtigo 53

designa-se para depositário da presenteconvenção o secretário-Geral das naçõesunidas.

aRtigo 54

o original da presente convenção, cujos tex-tos em árabe chinês, espanhol, francês, inglês erusso são igualmente autênticos, será depositadoem poder do secretário-Geral das nações unidas.

em fé do que, os plenipotenciários abaixoassinados, devidamente autorizados por seus res-pectivos Governos, assinaram a presenteconvenção.

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