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A APROSE realiza a 15 e 16 de Outubro, na FIL, em Lis- boa, o 7º Congresso Nacional dos Corretores e Agentes de Seguros. “O justo valor nos seguros” será o tema central do evento que a APROSE pretende afirmar como o congresso dos profissionais de mediação e de todos aqueles que, direc- ta ou indirectamente, lidam com a actividade seguradora. “Será uma oportunidade única para identificar as actuais tendências do mercado, ameaças e receios e, porque não, as oportunidades de negócio e desafios que o emergente contexto jurídico e económico arrastará inelutavelmente”, afirma António Vilela, presidente da Direcção da APROSE, que ali quer ver tratados temas ligados à rentabilidade da ac- tividade seguradora e o inerente e complexo sistema em que se insere, com especial incidência no “pricing” dos seguros. António Vilela espera que o evento sirva também “como palco, por excelência, para o diálogo e confronto de perspectivas, entre a tutela, supervisão, seguradoras e prestadores de serviços, onde se incluem, naturalmente, os mediadores de seguros, quanto às suas eventuais causas e projecção de soluções para a desejada transposição e su- peração”. As inscrições no evento poderão ser efectuadas através do portal da APROSE em www.aprose.pt, onde está tam- bém disponível o programa do congresso. Lisboa acolhe 7º Congresso Nacional de Corretores e Agentes de Seguros Manuel António Silva “AINDA É DIFÍCIL SUSTER A REDUÇÃO DE PRÉMIOS NO SEGURO AUTOMÓVEL” Pág. II António Vilela “HÁ FENÓMENOS PREOCUPANTES NOS PREÇOS QUE SE IMPÕE DISCUTIR” Pág. V Maior parte dos clientes de seguros multirriscos habitação não subscreve cobertura de fenómenos sísmicos. Penetração nas empresas ronda os 20% Pág. IV SEGUROS DOSSIER MENSAL SOBRE O MERCADO SEGURADOR VidaEconómica ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DA VIDA ECONÓMICA Nº 1364, DE 1 OUTUBRO DE 2010, E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE Portugueses não protegem casas contra sismos

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  • A APROSE realiza a 15 e 16 de Outubro, na FIL, em Lis-boa, o 7º Congresso Nacional dos Corretores e Agentes de Seguros. “O justo valor nos seguros” será o tema central do evento que a APROSE pretende afi rmar como o congresso dos profi ssionais de mediação e de todos aqueles que, direc-ta ou indirectamente, lidam com a actividade seguradora. “Será uma oportunidade única para identifi car as actuais tendências do mercado, ameaças e receios e, porque não,

    as oportunidades de negócio e desafi os que o emergente contexto jurídico e económico arrastará inelutavelmente”, afi rma António Vilela, presidente da Direcção da APROSE, que ali quer ver tratados temas ligados à rentabilidade da ac-tividade seguradora e o inerente e complexo sistema em que se insere, com especial incidência no “pricing” dos seguros.

    António Vilela espera que o evento sirva também “como palco, por excelência, para o diálogo e confronto

    de perspectivas, entre a tutela, supervisão, seguradoras e prestadores de serviços, onde se incluem, naturalmente, os mediadores de seguros, quanto às suas eventuais causas e projecção de soluções para a desejada transposição e su-peração”.

    As inscrições no evento poderão ser efectuadas através do portal da APROSE em www.aprose.pt, onde está tam-bém disponível o programa do congresso.

    Lisboa acolhe 7º Congresso Nacional de Corretores e Agentes de Seguros

    Manuel António Silva

    “AINDA É DIFÍCIL SUSTER A REDUÇÃO DE PRÉMIOS NO SEGURO AUTOMÓVEL”

    Pág. II

    António Vilela

    “HÁ FENÓMENOS PREOCUPANTES NOS PREÇOS QUE SE IMPÕE DISCUTIR”

    Pág. V

    Maior parte dos clientes de seguros multirriscos habitação não subscreve cobertura de fenómenos sísmicos. Penetração nas empresas ronda os 20%

    Pág. IV

    SEGUROSDOSSIER MENSAL SOBRE O MERCADO SEGURADOR

    VidaEconómicaESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DA VIDA ECONÓMICA Nº 1364, DE 1 OUTUBRO DE 2010,

    E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

    Portugueses não protegem casas contra sismos

  • Vida Económica - A que se deve este atraso na entra-da da Macif Portugal no mercado de seguros de saúde, que chegou a estar agendado para Julho?

    Manuel António Silva - Não é propriamente um atra-so. É mais uma dificuldade em operacionalizar a companhia para, em tempo útil, avançar o mais depressa possível. Quan-to mais depressa melhor, mas às vezes não é fácil pôr as coisas a funcionar com a qualidade que a Macif exige. E nós preci-samos de fazer as coisas de acordo com a lógica da Macif, ou seja, coisas bem-feitas e com qualidade.

    VE – Já escolheram a rede de cuidados de saúde que irá operar com a Macif?

    MAS – Está praticamente decidido, mas ainda não posso revelar qual foi a rede escolhida.

    VE – E os planos, estão definidos? MAS – Nas nossas cabeças temos duas ou três alternati-

    vas, mas vamos fazê-lo numa lógica de um ou dois produtos, um ou dois pacotes e pouco mais. Nós não vamos desenvol-ver saúde numa lógica de produto, mas sim numa lógica de complementaridade de clientes. Era uma falha que tínhamos na oferta de produtos ao cliente. O cliente faz connosco o seguro para a habitação, para o automóvel ou para aciden-tes pessoais, logo, faz sentido que também faça o seguro de saúde. Nós não somos uma companhia de linha, somos uma companhia de cliente, de cliente bem seleccionado.

    VE – Vão disponibilizar uma rede convencionada e o regime de reembolso?

    Sim, claramente em linha com o que o mercado faz. Não iremos fazer muito diferente, mas queremos fazer com mais qualidade.

    VE – Como é que define a relação dos portugueses com o seguro de saúde?

    MAS – Penso que o seguro de saúde é, de facto, uma alter-nativa credível nos dias de hoje. Cada vez mais os portugue-ses procuram o seguro de saúde e quanto mais popularizado for, melhor preço terá e mais facilmente as seguradoras e as prestadoras de suporte conseguem atingir um objectivo mais interessante para quem utiliza e para quem necessita dele.

    VE – Vai disputar preços?MAS – Na medida do possível, vamos ter de ter alguma

    competitividade. Não sei se o vamos conseguir da mesma forma que o conseguem as grandes companhias.

    VE – Quais são os objectivos da Macif para este ramo?MAS – O nosso objectivo é de complementaridade de car-

    teira. Nos não temos, independentemente do ramo, objectivos de quota de mercado. O objectivo é fazer cross-selling, fazer a complementaridade do serviço e do produto para o cliente que já cá está connosco. Temos uma boa carteira automóvel, mas há um caminho a percorrer na complementaridade dos seguros.

    VE – Qual é actualmente o peso do seguro automóvel?MAS – Demasiado. Representa perto dos 80% do nos-

    so volume de negócios. Esta é uma companhia que nasceu muito ligada ao ramo automóvel, em linha com o mutualis-mo internacional. Chegou a hora de continuar a desenvolver áreas de negócio que complementam o negócio automóvel.

    VE - Olhando para aquilo que tem acontecido nos últi-mos anos, que leitura faz da evolução do prémio médio no seguro automóvel?

    MAS – Está assustadoramente a reduzir todos os dias. É extremamente difícil manter-se este nível de prémio médio. Estamos sensíveis a isso e estamos a reflectir sobre esse tema, porque torna-se difícil suster a redução. Mas, enquanto com-panhia que não é líder de mercado, não somos a companhia que faz o preço, por isso temos de tomar decisões. A redução sistemática do prémio médio terá de parar e acredito que a tendência é de melhoria a este nível.

    VE - O que aconteceu ao prémio médio do seguro au-tomóvel poderia ter sido evitado?

    MAS – Enquanto as companhias conseguirem sobreviver ou viver com esse patamar de prémio, não haverá, necessida-de de o evitar ou melhorar. Mas parece-me que no tempo, sendo a actividade seguradora uma actividade de médio e longo prazo, é insustentável. Para mim isso é claro. Não se consegue continuar assim. As seguradoras viveram muitos anos sobre a capacitação financeira dos seus activos e ela foi-se perdendo. O custo médio da sinistralidade não reduziu e portanto no médio e longo prazo tornar-se difícil manter um prémio médio desta natureza.

    VE - Sentiram necessidade de acompanhar a tendên-cia decrescente de preços?

    MAS – No seu tempo sim. Isso foi uma realidade. Hoje estamos muito mais contidos nessa matéria.

    VE – Como funciona o vosso modelo de distribuição?MAS – O nosso modelo tem duas vertentes. No tradicio-

    nal modelo de distribuição clássica temos agentes, sociedade de mediação e corretores. Depois, temos alguma distribuição feita através dos nossos parceiros da economia social. Temos um conjunto de entidades que fazem parte do nosso “board” de accionistas, que também são um pólo de distribuição, como acontece com sindicatos e cooperativas.

    VE - Enveredar pela venda directa está fora de ques-tão?

    MAS – Neste momento, sim, mas não é nada que não seja pensado a médio e longo prazo, também fruto da expe-riencia da Macif, que tem uma plataforma de venda directa, de base telefónica, numa lógica de inbound. A Macif recep-ciona um conjunto de pedidos e necessidades e trabalha-os consoante o interesse do cliente. Não provoca a procura do cliente, mas antes trabalha aquilo que é o passa-palavra da sua capacidade.

    VE – Analisando o mercado segurador nacional, con-sidera-o excessivamente concentrado?

    MAS – Como técnico de seguros com alguns anos, te-nho de dizer que sim. Há alguns grandes operadores e de-pois muitos pequenos e médios, mas esses são a verdadeira competitividade do negócio, porque são as companhias de essência e de raiz seguradora. O mercado segurador portu-guês tem muita venda por via da banca e isso desvirtua um pouco aquilo que é a forma tradicional da nossa actividade. Mas cada vez mais haverá tendência para que a actividade se desenvolva muito na lógica seguradora e não na lógica pro-priamente financeira ou bancária, sendo incontornável a sua presença.

    VE - Crescer por aquisição é uma hipótese em cima da mesa?

    MAS – Eu diria que não deixa de ser. Não sei se é viável ou não. Mas é uma observação recorrente. Haverá segura-mente oportunidades que a Macif não deixará de estudar e de acompanhar. Mas como estratégia de primeira linha, diria que não. Como oportunidade futura, é possível. É preciso perceber que a Macif chega ao mercado português na sua primeira experiência de liderança maioritária numa companhia. É sempre um investimento difícil porque tem um caminho a percorrer e a actividade seguradora tem um caminho a percorrer, mas diria que há muito mais a preocu-pação em primeira linha de equilibrar e consolidar resultados e depois avaliar oportunidades, porque não? Mas o caminho, para já, tem sido e será um caminho de crescimento orgâni-co, de reequilíbrio de resultados, de fazer uma diferenciação qualitativa na relação com a clientela.

    ANA SANTOS [email protected]

    Director-geral da Macif Portugal considera “assustador” o fenómeno

    “Ainda é difícil suster a redução de prémios no seguro automóvel”Consolidada a mudança de Sagres para Macif, Manuel António Silva prepara a entrada da companhia no ramo Doença e projecta para 2011 a estreia no Ramo Vida. Até lá, aposta no cross-selling para reduzir a dependência da carteira do ramo Automóvel, numa altura em que a Macif recusa continuar a acompanhar a redução sistemática de preços, em nome da sustentabilidade.

    “O custo médio da sinistralidade [automóvel] não reduziu e portanto no médio e longo prazo tornar-se difícil manter um prémio médio tão baixo”, alega Manuel António Silva.

    sexta-feira, 1 Outubro de 2010 SEGUROSII

    VE – Entrar no mercado Vida é um objectivo no curto pra-zo?

    MAS – É um objectivo. Segue a mesma lógica que te-mos na saúde porque o cliente também tem necessidades no Ramo Vida. E é o único mercado que cresce na área seguradora, portanto é uma oportunidade. A Macif quer também explorar a sua forte relação com a comunidade imigrante, já que as nossas parceiras no mutualismo fran-cês têm uma forte representação da comunidade portu-guesa e luso-descendente em França. Estamos a estudar oportunidades que nos possam alavancar esta relação de proximidade, nomeadamente no Ramo Vida, com as pou-panças.

    VE - Isso quer dizer que a entrada no Ramo Vida não se limitará aos plano poupança reforma (PPR)?

    MAS – Exacto. Será seguramente risco e capitalização.

    VE - E já em 2011?MAS – Sim, em 2011, se conseguirmos ser céleres nos

    nossos objectivos de implementação, porque estamos a falar de uma equipa muito pequena e tem de haver muita multidisciplinariedade, que nem sempre é fácil.

    VE – É difícil operar no mercado Vida sem ter um parceiro na banca?

    MAS – É sempre mais difícil, porque não tem uma distribuição natural. É preciso criar uma rede, criar ne-tworking de relações e de oportunidades que a banca naturalmente não precisa, ou precisa pouco, porque tem muitos balcões.

    VE – Tencionam estabelecer parcerias pontuais com a banca?

    MAS – Para já, não.

    ENTRADA NO RAMO VIDA ESTÁ PROGRAMADA PARA 2011

    Macif quer captar poupanças dos emigrantes e luso-descendentes

    Não faz distribuição de resultados, antes usa-os para melhorar a relação com os clientes, proporcionando-lhes melhores produtos e melhores serviços. É assim o espírito mutualista que a Macif quer introduzir em Portugal, sem rejeitar a competitividade de preços e a diferenciação do serviço pela qualidade. “Mas todos os investimentos são para reverter para a nossa clientela e a partir daí fazer o caminho de conquista de parcei-ros, sejam clientes individuais, pequenas ou médias empresas. É esse é o grande espírito que se pretende implementar”, explica Manuel António Silva. “Quere-mos conseguir passar às pessoas a mensagem de que connosco a aquisição de seguros tem competitividade, mas além disso tem serviços associados porque a nos-sa remuneração accionista não existe, portanto temos aqui alguma margem”, alega o director-geral da Macif Portugal.

    ESPÍRITO MUTUALISTA

  • 6736_APjunior_257x390_afc 9/27/10 4:46 PM Page 1

  • Fidelidade Mundial, Império Bonança, Tranquilidade, Zurich, Lusitania e Generali concentram mais de metade dos seguros de habitação do mercado, mas, em média, ape-nas 10% das suas apólices inclui a cobertu-ra de fenómenos sísmicos. Apesar de alguns bancos terem começado a promover mais ac-tivamente esta cobertura, os portugueses não se revelam muito previdentes em matéria de riscos catastróficos e recuam na hora de pagar mais para incluir a cobertura de riscos sísmi-cos na sua apólice. Nas seguradoras do gru-po Caixa Geral de Depósitos, que lideram o mercado, apenas 7% da carteira dispõe desta cobertura e nem sequer tem sido registada qualquer evolução significativa na procura, reconheceu fonte da empresa à Vida Econó-mica. Na Tranquilidade, do grupo Espírito Santo, 12% da carteira de multirriscos habi-tação tem cobertura de fenómenos sísmicos e na Lusitania, do grupo Montepio, essa per-centagem é de 11%.

    Parte da explicação para este fenómeno estará concentrada no preço da cobertura de fenómenos sísmicos. Adicionar esta cobertu-ra a um pacote base de multirriscos habitação pode encarecer significativamente o prémio final, conforme demonstra a análise levada a cabo pela Vida Económica (ver tabelas). “Pelo facto de, à cobertura de fenómenos sís-micos corresponder um peso muito significa-tivo no prémio final, admite-se que esse possa ser um argumento de peso na decisão da não subscrição desta cobertura”, reconhece João Brito, responsável pela Gestão de Produtos da Direcção de Marketing da Tranquilidade. “Mas esta é uma cobertura cujo prémio de-pende de algumas variáveis, tais como o ano de construção do edifício, a franquia, a per-centagem de capital seguro, o local de risco, com taxas e zonas definidas e que transversais à maioria das companhias de seguros”, acres-centa Rita Sambado, directora de Marketing para Produtos e Clientes da Fidelidade Mun-dial e Império Bonança.

    Mas o debate não fica por aqui. Embora reconhecendo que o valor do preço pode ser-vir de entrave à massificação desta cobertura, Nuno Rodrigues, director do Ramo Incên-dio, Riscos Diversos e Seguros de Engenharia da Generali ressalva que “quando comparan-do o nível tarifário em vigor em Portugal e ex-posição catastrófica que nos caracteriza com outras regiões do Globo também elas expos-

    tas a sismos e correspondente nível tarifário, não é na nossa opinião correcto concluir que o preço da cobertura é elevado e desajustado”. E acrescenta o responsável da Generali que “desajustado, sim, poderá ser o preço cobrado pelas seguradoras para as demais coberturas que constituem hoje a base comum de um produto multirriscos habitação, fruto da forte concorrência pela qual se pauta actualmente o sector segurador, e que tendem a influenciar a ideia de que o preço da cobertura de fenóme-nos sísmicos é elevado”.

    E depois há que contar com os factores externos, recorda Francisco Valério, admi-nistrador-delegado da Popular Seguros. “O preço da cobertura de fenómenos sísmicos é formado no mercado internacional de resse-guro. Por isso uma empresa de seguros, por si só, regra geral, não tem grandes possibili-dades de influenciar de forma significativa o preço final junto dos consumidores”. Mas a juntar a tudo isto há um factor muito caro aos portugueses: o acreditar que só aos outros poderá acontecer um sinistro de tão elevada dimensão. “Somos da opinião de que não é o preço o factor verdadeiramente determinan-te, embora importante, mas a falta de cons-ciencialização em relação ao risco efectivo existente em Portugal, que não permite uma maior massificação da cobertura”, adianta João Gama, director dos Serviços de Estudos de Mercado e Comunicação da MAPFRE, embora reconheça que “o preço da cobertura pode representar uma parte significativa da taxa de risco nas zonas mais gravosas”. Pelo mesmo diapasão afina Paulo Raimundo, director coordenador da direcção Técnica da Lusitania. “Certamente que o preço tem uma influência significativa na tomada de decisão, mas a atitude perante o risco é por-ventura mais inibidora quanto à decisão de contratar: para quê pagar um prémio a troco de algo que pode não chegar a acontecer? É, porém, a incerteza contida nesta afirmação que justifica o preço do seguro”, alega o res-ponsável da seguradora do grupo Montepio.

    Ver não chega

    Imagens como aquelas que chegaram já este ano do Haiti e do Chile, mostrando cidades inteiras completamente destruídas e um número ainda hoje incalculável de víti-mas, poderão ter chocado alguns portugue-ses, despertado até algumas consciências e em alguns casos servido de alavanca para accio-nar a decisão de contratação de um seguro com cobertura de fenómenos sísmicos. Mas foi sol de pouca dura e apenas alguns opera-dores dizem ter sentido alguma intensificação da procura nos dias que se seguiram às catás-trofes. “Sim, de facto denotamos na sequên-cia dos eventos referidos um aumento quase imediato de solicitações, particularmente ao nível do portfolio existente, para a apli-cação da cobertura de fenómenos sísmicos, o que indica que a percentagem de apólices com a cobertura de fenómenos sísmicos irá aumentar relativamente a anos transactos”, antecipa Nuno Rodrigues, da Generali. Ou-tras seguradoras, como a Tranquilidade, Cai-xa Seguros, ou Lusitania também registaram mais procura, mas não confirmam qualquer correlação com os sismos internacionais. Já a Liberty encontra fundamento nessa teoria,

    confirmando Ana Carvalhais que “este tipo de acontecimentos gera obviamente preocu-pação e leva as pessoas a procurar formas de se preparem para uma situação semelhante. De facto, após os sismos do Haiti e do Chile registou-se um crescimento da procura de in-formação sobretudo no que diz respeito aos preços”. Contudo, acrescenta a gestora de produto da Liberty, “o aumento de prémio resultante da inclusão da opção da cobertu-ra de fenómenos sísmicos acaba por pesar na decisão final.

    Mapfre, Popular e Lusitania não reconhe-cem qualquer impacto nestes eventos e há

    quem fale de uma falsa sensação de segu-rança. “A actividade sísmica em Portugal é o resultado das movimentações entre as placas tectónicas euro-asiática e africana que, no passado recente, felizmente, apenas tem re-sultado em pequenos abalos sísmicos ou tre-mores de terra”, explica Alexandre Silva, ges-tor de mercado da Zurich, para quem “este passado recente ajuda a criar uma falsa sen-sação de imunidade com reflexo na procura e consciencialização do consumidor para o perigo real”.

    ANA SANTOS [email protected]

    Maior parte dos clientes de seguros para a habitação não contrata a cobertura de fenómenos sísmicos

    Portugueses não protegem casas contra sismosPoucas casas cobertas por seguros multirriscos habitação estão protegidas com a cobertura de fenómenos sísmicos. Nas companhias com maior quota de mercado neste ramo, só 10% das casas seguras dispõem desta cobertura. E nem mesmo as imagens de destruição que chegam de outros países têm sido suficientes para intensificar a procura.

    sexta-feira, 1 Outubro de 2010 SEGUROSIV

    A penetração da cobertura de fenó-menos sísmicos nas apólices de segu-ros multirriscos das empresas é superior àquela verificada nas habitações e deverá rondar os 20%, de acordo com as infor-mações recolhidas pela Vida Económica junto de várias companhias de seguros. A confirmar-se esta realidade, apenas 1/5 das empresas a operar em Portugal dis-põe desta cobertura, o que deixa antever sérios riscos para a Economia nacional em caso de sinistro de grande dimensão. As seguradoras contactadas confirmam ainda que a penetração desta cobertura é maior junto de empresas de média e grande dimensão, revelando que grande parte das pequenas e médias empresas estará desprotegida em caso de sismo.

    20% DAS EMPRESAS SEGURAS CONTRA

    SISMOSA

    Independentemente do leque mais ou menos variado de coberturas incluídas no pacote base do seguro multirriscos habi-tação disponibilizado pelas empresas que participaram nesta análise, e que poderá justificar a disparidade de prémios simu-lados para o mesmo apartamento, o foco desta comparação centra-se no preço que acresce a esse pacote base para adicionar a cobertura de fenómenos sísmicos. E aqui se comprova que o prémio anual de um seguro multirriscos habitação é significa-tivamente agravado a partir do momento

    em que o cliente decide adicionar esta co-bertura à sua apólice, com a generalidade das companhias a praticar acréscimos su-periores a 50% em Lisboa. Para o mesmo apartamento em Viseu, a subscrição da cobertura de fenómenos sísmicos implica um acréscimo médio de 35% ao preço do seguro, tendo em conta que a exposição sísmica desta região é inferior àquela re-gistada na capital.

    Todas as companhias tiveram em conta o valor de reconstrução dos imóveis, por ser a prática dominante no mercado.

    COBERTURA SÍSMICA ENCARECE SEGURO

    SIMULAÇÃO 1T3, 150 m2, construído em 1990Valor da Aquisição em 2010: J 350.000Local: Lisboa

    Companhia Cobertura BasePrémio Anual

    Cobertura Base + Fenómenos Sísmicos

    Prémio Anual Acréscimo à cobertura baseFidelidade Mundial J 291,75 J 475,85 63%Generali J 355,64 J 541,08 52%Império Bonança J 291,75 J 475,85 63%Liberty J 125,87 J 206,16 64%Lusitania J 375,40 J 547,77 46%Mapfre J 96,04 J 175,95 83%Zurich J 258,18 J 469,10 82%Fonte: empresas

    SIMULAÇÃO 2T3, 150 m2, construído em 1990Valor da Aquisição em 2010: J 180.000Local: Viseu

    Companhia Cobertura Base Prémio Anual

    Cobertura Base + Fenómenos SísmicosPrémio Anual Acréscimo à

    cobertura baseFidelidade Mundial 162,21 J 213,52 31%Generali 182,90 J 226,93 24%Império Bonança 162,21 J 213,52 31%Liberty 102,88 J 145,65 41%Lusitania 193,06 J 244,29 26%Mapfre 77,80 J 120,85 55%Zurich 175,97 J 247,39 40%Fonte: empresas

  • António Vilela antecipa Congresso da APROSE

    “Há fenómenos preocupantes nos preços que se impõe discutir”A duas semanas da realização do VII Congresso Nacional da APROSE, António Vilela, presidente da Direcção, explica as motivações para a escolha do debate sobre a evolução dos prémios de seguros

    Vida Económica – Que iniciativas tem a APROSE em curso neste momento?

    António Vilela - No plano das reali-zações, a APROSE está neste momen-to envolvida em dois eventos: em 14 de Outubro, em Lisboa, o I Fórum Ibérico dos Seguros, co-organizado com os nos-sos congéneres espanhóis do “Consejo de Colégios de Mediadores de Seguros de Es-panha”; em 15 e 16 do mesmo mês, igual-mente em Lisboa, o nosso VII Congresso Nacional.

    VE - A que se fica a dever a realização dos dois eventos e, em particular, quan-to à sua oportunidade temporal?

    AV – O VII Congresso Nacional, em bom rigor, deveria ter ocorrido em 2009. Diversos factores, endógenos e exógenos, vieram a determinar o seu adiamento. O facto de se realizar em Outubro decorre do sentimento de que é o momento oportuno para promover um debate, amplo e aberto, sobre o actual estado do sector segurador, particularmente da mediação de seguros, num contexto de forte crise da economia. Quanto ao Fórum Ibérico, velho anseio da APROSE, irá finalmente concretizar-se, com o envolvimento e empenho de todos os parceiros institucionais e operadores do mercado, de ambos os países, ao seu mais alto nível de representatividade. Realizar este evento, como acto prévio ao nosso Congresso Nacional, permite potenciar sinergias entre os dois actos, que acabam por conter alguma complementaridade. A forma entusiástica como todas as entida-des envolvidas reagiram à iniciativa faz-nos concluir da validade da ideia e augurar um largo futuro ao fórum, cuja segunda edi-ção está já programada para Espanha, em 2012, de novo numa organização conjunta das associações ibéricas, APROSE e Con-sejo, nessa oportunidade com “nuestros hermanos” como anfitriões.

    VE – O mercado ibérico nos seguros constitui mesmo um desafio?

    AV – É nossa convicção que o merca-do ibérico, com um potencial superior a 50 milhões de consumidores, se constitui como excelente oportunidade para a me-diação profissional dos dois países. Neste contexto, Consejo e APROSE subscreve-

    rão um protocolo de cooperação, visando, entre outros aspectos, o apoio a iniciativas dos respectivos associados no país vizi-nho, fomentando a troca de experiências e o desenvolvimento de parcerias. De igual modo, o estreitar de laços entre as duas as-sociações potenciará a consensualização de posições e iniciativas, quer ao nível do BI-PAR, quer da COPAPROSE e, ainda, no seio da Federação Mundial.

    VE – Porquê o “slogan” para o con-gresso “Justo valor nos seguros”?

    AV – É recorrente, sobretudo nestes dois últimos anos de agudização da crise eco-nómica, referir que se tem assistido a uma degradação dos preços (prémios) dos segu-ros, bem como a uma expressiva redução das margens de todos os actores do mer-cado, a montante e a jusante. Assiste-se, aliás, a fenómenos curiosos e preocupantes – definição do pricing pelos compradores (!), disparidades gritantes de preços para o mesmo “produto”, etc. – que se impõe dis-cutir e interpretar, quer no referido contex-to de crise, quer à luz das novas regras que se perfilam para os diversos intervenientes, particularmente no que respeita às empre-sas de seguros versus Solvência II. É, pois, este o grande desafio que nos propomos enfrentar com a realização do VII Con-gresso da APROSE e com o lema “Justo Valor nos Seguros”.

    VE – O que espera da realização des-tes dois importantes eventos?

    AV – Insisto que o mais importante de ambos os eventos é proporcionar amplos debates sobre matérias essenciais para o futuro da mediação profissional de segu-ros, quer do ponto de vista das oportuni-dades decorrentes de um mercado ibérico uniformizado, quer na óptica dos grandes desafios e preocupações que a crise e suas consequências podem trazer ao futuro da actividade. Simultaneamente, ser a APRO-SE a marcar a agenda e a protagonizar es-tas iniciativas é gratificante para a classe e prova insofismável da capacidade de inter-venção da associação que a representa. É, também, um momento único de mobili-zação dos nossos associados e de demons-tração de unidade em torno dos objectivos comuns.

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    “O nosso objectivo é chegar ao segundo ou terceiro milhar de empresas”, realçou Carlos Zorrinho, secretário de Estado da Energia e Inovação.

    SEGUROS Vsexta-feira, 1 Outubro de 2010

    Pensou-se, quando se co-meçou a falar na nova lei da mediação de seguros, em tempos que já começam a ser afastados da actualidade, que os mediadores profissio-nais iriam ser beneficiados e, efectivamente, o profissio-nalismo da nossa actividade seria dignificado.

    Mas já na fase preambular do projecto se começaram a desenhar as manobras de manutenção de classes e ins-tituições privilegiadas, sem necessidade da existência de pessoas que vendem os produtos das várias seguradoras, com a credibilidade que se impõe através da sua autenticação por via de possuírem o certificado de mediador oficial de seguros, na sequência de terem participado em for-mação e obtido o respectivo documento por aprovação no respectivo exame.

    Não vale a pena enumerar os casos, pois eles são sobejamente conhecidos.

    A própria criação do mediador de seguros ligado é uma autêntica aberração e deveria ser banida, pois ou se é mediador a tempo inteiro, ou não se passa de um angariador de seguros na acepção pejorativa do termo, tipo do merceeiro de antigamente que, em-bora não soubesse nada de seguros, possuía, no entanto, uma placa publicitária da(s) seguradora(s) no seu estabelecimento, que se dizia representar, e era o comercial que lhe dava assistência, servindo de muleta, e, então, existiram e se mantiveram, durante anos, os chamados agentes parasitários.

    O que me leva a escrever este texto baseia-se essen-cialmente na permissão que possuem certos funcionários públicos em exercer também a mediação de seguros, de quem devemos esperar que cumpram sim a sua missão de trabalhadores do Estado, sem que haja tráfico de in-fluências, isto enquanto se vai falando na moralização da função pública.

    Eles existem nos hospitais públicos, encapotados nas

    repartições de Finanças e descaradamente nas Câmaras Municipais. Nas autarquias alguns exercem subtilmente a mediação durante o tempo de serviço, outros possuem agências abertas, em seu nome, e bem perto dos seus empregos, enfim, um autêntico pagode, em detrimento de quem tem o seu escritório aberto, com colaboradores seus a quem paga, no pleno exercício único da actividade de se-guros. Eles tanto são administrativos como engenheiros das Câmara Municipais ou de-partamentos pertencentes às mesmas.

    E apregoa-se e exige-se tanto a transpa-rência e o rigor no exercício da mediação de seguros. Será que não é tempo da entidade reguladora disciplinar esta actividade, dig-nificando a mesma e dando lugar aos ver-dadeiros empreendedores e profissionais de seguros? Depois fala-se em desemprego e na duplicação de empregos…

    Pela minha parte já denunciei estas situ-ações, várias vezes, em vários órgãos da co-municação social.

    JOÃO DE JESUS NUNES

    Agente de Seguros

    Dignificação do mediador profissional de seguros

  • CALENDÁRIO DE EVENTOS DA ACTIVIDADE SEGURADORA OUTUBRO/2010 CONSULTE ONLINE EM WWW.APROSE.PT

    sexta-feira, 1 Outubro de 2010 SEGUROSVI

    Data EventoLocal

    OrganizaçãoContactos e informações

    Cidade Endereço Telefone Fax E-mail Web page

    5 a 7/10/10

    Curso: Regulación de Empleo. Soluciones del Mercado Asegurador

    Espanha Santiago Compostela

    INADE +34986485228 +34986485653 [email protected] www.inade.org

    6/10/10 (início)

    Curso: Novos desenvolvimentos em Direito dos Seguros

    Lisboa Universidade Nova de Lisboa Campus de Campolide

    Jurisnova 213847437 213847476 [email protected] www.fd.unl.pt

    8 a 26/10/10

    Curso: Seguros Responsabilidade Civil Geral

    13 a 15/10/10

    Modelação e gestão dos riscos de mortalidade e de longevidade no ramo vida

    Lisboa R. Rodrigo Fonseca, 41

    APS 213848142 213841430 [email protected]

    www.apseguradores.pt

    13/10/10 Forum: La mediación del seguro en el mundo Iberoamericano

    Espanha, Santiago Compostela

    Universidad Santiago Compostela

    INADE +34986485228 +34986485653 [email protected] www.inade.org

    14/10/10 1º Fórum Ibérico dos Seguros

    Lisboa Hotel Tiara Park Atlantic Lisboa

    APROSE & CGCMS

    222003000 223322519 [email protected] www.aprose.pt

    15 e 16/10/10

    7.º Congresso Nacional dos Corretores e Agentes de Seguros

    Lisboa Centro de Reuniões da FIL

    APROSE 222003000 223322519 [email protected] www.aprose.pt

    19 e 20/10/10

    Seminário: Seguro Marítimo

    Lisboa Hotel Altis Park IIR Portugal 217932989 217932988 [email protected] www.iirportugal.com

    27/10/10 (início)

    Curso: Agentes e corretores de seguros

    E-Learning R. Rodrigo Fonseca, 41

    APS 213848142 213841430 [email protected]

    www.apseguradores.pt

    27/10/10 (início)

    Curso: Mediadores de seguros ligados

    E-Learning R. Rodrigo Fonseca, 41

    APS 213848142 213841430 [email protected]

    www.apseguradores.pt

    Ser padre numa paróquia destas no mínimo é difícil e no máximo im-praticável ou impossível.Embora os Estados Unidos da América

    declarassem oficialmente terminada a cri-se económica em meados de Setembro, na Europa e, em especial, Portugal os tempos próximos futuros serão de agravamento substancial do nível de vida, com medidas cada vez mais duras de restrição e de re-dução, especialmente dos honorários das remunerações dos funcionários públicos, que como sabemos é a mais forte das com-ponentes da despesa pública portuguesa.

    Neste momento o Estado Português está a comprar dinheiro ao estrangeiro a 6% de juro e a sua tendência será de agra-vamento das taxas, pois até os bancos es-tão a recorrer ao Banco Central Europeu para adquirir dinheiro que no mercado interbancário já escasseia.

    Contudo, em seguros, a visão que nos é apresentada não está propriamente a preto e branco, mas antes em tons cor-de-rosa e isto sem conotações político-partidárias, que não perfilho, mas antes vendo o que vem à tona, ou seja…

    - As poupanças aplicadas pelos portu-gueses aumentaram 40% no último ano, aproximando-se dos 6,7 mil milhões de euros, sendo que em Julho corrente as operações de capitalização ascenderam a 1,85 mil milhões de euros;

    - Os ganhos dos seis maiores grupos segu-radores nacionais foram de 97 milhões de euros nos primeiros seis meses deste ano;

    - Aumento de 17 novas seguradoras au-torizadas a operar em Portugal até ao final

    do segundo semestre de 2009, cifrando-se agora em 554, subdivididas em 54 para o Ramo Vida, 468 para Não Vida e 35 mistas;

    - Existência de 27 139 mediadores de seguros no final de 2009, o que nos dá um crescimento positivo de 2,2% em relação ao ano de 2008, mas com um decréscimo de 4,22% em relação ao 1º semestre de 2009, altura em que existiam 28 284;

    - Os corretores de seguro mantiveram-se em 100;

    - Os mediadores de resseguros passaram de 4 para 5.

    Se estivéssemos em Coimbra, diría-mos que isto se parece com o “Portugal dos Pequenitos”, isto é, pequenino para umas coisas e com a mania das grande-zas para outras, mas olvidando-nos que

    o período dos Descobrimentos foi em 1500.

    Ora bem, perante estes dados, como encara o comum dos cidadãos quando se dirige a um banco e ouve o balconista propor-lhe seguros mais baratos no ramo automóvel (não lhe mencionando que no seu banco existe a cláu-sula de empréstimo de 995 euros por sinistro) ou aquele outro propondo fazer o seguro do andar por preço especial em função do valor da avaliação comercial (em vez do valor de re-construção, extorquindo aqui, ou enganando o cliente por vezes em mais de 100%, pela so-brevalorização do capital seguro)?

    Pois ser mediador numa terra destas é como padre numa terra onde ninguém se entende, pois embora a bíblia ou as regras técnicas de abordagem do seguro sejam idênticas e traçadas comummente pelos principais resseguradores, é depois nos custos e nas maquilhagens técnico-comer-ciais que os “gandas” técnicos de algumas companhias de seguros ou meros leitores de tarifas, diremos nós, pretendem jus-tificar o preço que levam de segunda a sexta-feira nas instituições bancárias e de segunda a segunda (parte substancial dos mediadores na província também traba-lham ao fim-de-semana) aos mediadores profissionais de seguro.

    É por estas e outras razões que os clien-tes ficam com uma opinião cada vez mais dúbia do mercado segurador e, em espe-cial, do que deviam pagar como “justo valor nos seguros”.

    Fazer seguro sem intervenção de media-dor profissional é como fazer automedica-ção. Às vezes resulta…

    OPINIÃO

    LUIZ FILIPEActaseguros – Corretores

    de Seguros, SA

    Seguros sim, no seu mediador profissional de seguros

    APROSE promove

    mediadores associados

    A APROSE está a patrocinar e divulgar através do seu site institucional um filme publicitário que promove o mediador de se-guros inscrito nesta associação. Sob o lema “Seguro... seguro, só com mediadores pro-fissionais membros da APROSE”, o anún-cio explora e evidencia a relação de confian-ça que se estabelece entre o consumidor e o seu mediador no momento da celebração do contrato de seguro.

    O filme começa com uma voz dizen-do que “tudo funciona melhor quando há confiança”, seguindo-se o filme que retrata o momento em que um cliente se prepara para assinar a proposta de seguro que lhe é entregue por representantes da seguradora com quem vai celebrar o contrato e a caneta que lhe é disponibilizada por aqueles para apor a sua assinatura não escreve. O nervo-sismo que se instala apenas é desvanecido, nos segundos que se seguem, com a inter-venção do mediador de seguros que acom-panha e assessora o cliente, ao entregar-lhe a sua própria caneta, sendo finalmente possí-vel assinar a proposta de seguro.

    Corvaceira Gomes, director executivo da APROSE, confirma o “óptimo acolhimento” desta iniciativa junto do universo associativo, realçando que a mesma se integra no âmbi-to da permanente campanha de divulgação, junto dos consumidores, e de reconhecimen-to e promoção do corretor e agente de segu-ros inscritos na associação, nomeadamente quanto ao papel que desempenham enquan-to especialistas do sector e a mais-valia que representam, em termos de assistência aos to-madores, segurados e aos respectivos contra-tos de seguros. O filme poder ser visualizado na íntegra em www.aprose.pt

  • Vida Económica – Como está a correr o ano de 2010 em termos de negócio?

    José António Alves – Temos vindo a atingir os objectivos a que nos tínhamos proposto, resultando num real cresci-mento, quer em termos de apólices, quer em termos de clientes novos e respectivos resultados financeiros.

    VE – As perspectivas manter-se-ão até final do ano?

    JAA – As perspectivas são excelentes, quer em crescimento, quer em resulta-dos, pelo que, ante as dificuldades eco-nómicas e sociais, as características da nossa actuação, de bom suporte técnico e de pres-tação de serviços ao cliente e apoio às seguradoras, tra-duzem-se num incremento natural da nossa afirmação profissional e desenvolvi-mento.

    VE – O ramo Não Vida praticamente estagnou. Que medidas, em termos empresa-riais, se adoptam neste tipo de cená-rio?

    JAA – A estagnação no ramo Não Vida é consequência da instabilidade do país e consequentes dificuldades de natureza económica e social, que condicionam a manutenção dos contratos de seguro subscritos, reduzindo-os ao mínimo in-dispensável, por vezes somente manten-do os riscos obrigatórios. Tem-se verifi-cado por parte das empresas em especial um sentido de redução do preço a pagar e também redução de cobertura de ris-cos, originando um descoberto sensível não suportável, quer pelos capitais pró-prios, quer por capitais dos seus accio-nistas. Isto é profundamente preocupan-te, levando ao encerramento de empresas após sinistro, ou à sua manutenção com acentuada debilidade.

    VE – A volatilidade de carteira atin-giu a vossa empresa? Em termos gené-ricos, a que atribuem este fenómeno?

    JAA – A nossa empresa não foi atingida pela volatilidade de carteira. Contudo,

    dos contactos profissionais que temos mantido com entidades concorrentes, cada vez mais se verifica a inexistência de contratos de seguro novos, antes a trans-ferência de mediação nas apólices vi-gentes, por contrapartida de redução de tarifas, ou ainda, para que os contratos sejam transferidos para outras segurado-ras que se prestam em proceder à referida redução de tarifas, tendo como objectivo o encaixe de prémios, sendo certo que tal procedimento faz perigar a sustentabili-dade das próprias seguradoras.

    VE – Considera que os seguros têm, actualmente, o seu “jus-to valor”?

    JAA – Não. As tarifas aplicadas não representam o custo da cobertura de risco. Nem, na maioria dos casos, tem qualquer sus-tentabilidade técnica.

    VE – O ISP pretende instituir um código de

    boas práticas no relacionamento entre mediadores e seguradoras. Considera poder ser útil qualquer iniciativa le-gislativa nesta área?

    JAA – Não me parece que tenha qual-quer sentido. A legislação que regula a actividade da mediação de seguros já configura o relacionamento das entidades mediadoras com as seguradoras e vice-versa e também com os próprios clientes.

    VE – Fala-se da extinção do ISP. Que comentários lhe suscita?

    JAA – As funções do ISP, enquanto entidade reguladora e fiscalizadora, po-dem perfeitamente ficar na pendência da Secretaria de Estado do Tesouro, como outrora aconteceu, através da Inspecção-Geral de Crédito e Seguros. Cada vez menos se justifica a existência deste tipo de institutos públicos, cuja manutenção representa encargos subs-tanciais desnecessários, podendo as suas funções ser desenvolvidas no âmbito dos ministérios a que estão subordina-dos. Consequentemente, não me choca a extinção do ISP.

    José António Alves lamenta degradação constante dos prémios de seguro

    “As tarifas aplicadas não representam o custo da cobertura de risco”

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    Uma obsessão constante pela redução do preço a pagar por seguros é fenómeno cada vez mais sentido junto do mercado empresarial, acusa o sócio-gerente da Europatrimonial. José António Alves acredita que um eventual sinistro pode ser uma sentença de morte para algumas empresas ou, pelo menos, o início de uma grave crise. E considera que os padrões tarifários praticados no mercado nacional estão longe de corresponder justamente às coberturas asseguradas.

    A Europatrimonial – Consultoria e Mediação de Seguros foi constituída em Abril de 2008 e desde então a sua evolução tem sido baseada num crescimento continuado e sustentado. Tem como fundador e gerente José António Alves, com 46 anos de activi-dade profissional, não só em seguradoras nacionais e estrangeiras como também poste-riormente como PCA de uma corretora de seguros, de que se viria desvincular no final de 2001. José António Alves ainda exerceu as funções de consultor de seguros e gestor de riscos em empresas industriais e de serviços, mas rapidamente cedeu ao apelo para regressar à actividade de consultoria e mediação de seguros, até pelo reconhecimento que lhe era dado por clientes e empresas. Hoje, José António Alves diz contar na equipa de trabalho “com bons profissionais de seguros, com quem trabalhei durante vários anos e que também evidenciam boa capacidade técnica e profissional”.

    CRESCIMENTO SUSTENTADO

    “Cada vez mais se verifica a inexistência de contratos de seguro novos, antes a transferência de mediação nas apólices vigentes, por contrapartida de redução de tarifas”, denuncia José António Alves.A maior parte

    das tarifas não tem sustentabilidade técnica

    SEGUROS VIIsexta-feira, 1 Outubro de 2010

  • e execução desses contra-tos, em especial em caso de sinistro (cfr. alíneas c) e d) do artigo 5º do mes-mo decreto-lei);

    Considerando que a PDEAMS deverá es-tar em contacto directo com os clientes ou estes poderem contactá-la di-rectamente, independen-temente dos meios de comunicação utilizados, quer em termos presen-ciais e físicos, quer atra-vés de telefone ou de qualquer outro meio de comunicação à distância, desempenhando funções de interlocutor junto dos tomadores dos seguros, segurados e beneficiários, informando, esclarecen-do, sugerindo, prestando e transmitindo, etc.;

    Considerando que a PDEAMS, não sendo um mediador de segu-ros, tem que preencher as

    condições comuns de acesso à actividade de mediador de seguros (exigíveis a qual-quer mediador de seguros) estabelecidas nos artigos 10º a 14º do diploma citado, designadamente as relativas à qualificação adequada (formação, art.º 12º), idoneida-de (registo criminal limpo, art.º 13º) e não estar em situação de incompatibilidade (art.º 14º);

    Considerando que a PDEAMS poderá ser um trabalhador dependente/ subordi-nado ou um trabalhador independente/ profissional liberal e nessa qualidade re-munerado pelo mediador de seguros ao serviço de quem se encontra.

    Nestas circunstâncias, informamos que foi sempre entendimento da APROSE – entretanto corroborado pela Direcção de Serviços do IVA (DGCI), por força do ofício-circulado nº 30107/2009, de 27 de Janeiro – que a remuneração a atribuir às PDEAMS, no pressuposto de que seja a re-tribuição a atribuir-lhes pelo desempenho de tais tarefas, seja a que título for, inclu-sive quando titulada por “recibos verdes”, estão isentas de IVA, nos termos do n.º 28 do artigo 9º do CIVA.

    O ofício-circulado supra referido, so-bre IVA - Seguros - Enquadramento das PDEAMS -, atendendo ao enquadramen-to legal aplicável às PDEAMS à luz do Decreto-Lei n.º 144/2006, “a natureza das actividades exercidas pelas PDEAMS re-

    veste características das actividades de um mediador de seguros/resseguros, ainda que ligada a um mediador de seguros/ressegu-ros através de um vínculo laboral ou de qualquer outra natureza”, sendo que, nos termos do n.º 28 do artigo 9º do CIVA, es-tão isentas de imposto “as operações de se-guro e resseguro, bem como as prestações de serviços conexas efectuadas pelos cor-retores e intermediários de seguros”, pelo que a actividade de uma PDEAMS, que presta serviço a um mediador de seguros “na qualidade de trabalhador independen-te”, actuando sob dependência e inteira responsabilidade, enquadra-se na isenção prevista no n.º 28 do artigo 9º do CIVA.

    Relativamente às PDEAMS “ligadas através de relação laboral”, a existência des-se vínculo laboral” leva a que se verifique a exclusão da sua tributação.

    Obviamente que não se poderá esca-motear aquele que foi o entendimento tradicional expresso pela Administração Tributária anteriormente à publicação e entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 144/2006, no sentido de que só estariam abrangidos pela referida isenção de IVA os serviços conexos com a actividade segura-dora que sejam efectuados por entidades legalmente habilitadas para o exercício da actividade de mediação, ex vi mediadores de seguros, pelo que se encontravam, de acordo com aquele entendimento, sujei-tos a tributação os serviços prestados no âmbito da comercialização de seguros por entidades não registadas como tal junto do ISP.

    Todavia, importa notar que, ainda du-rante a vigência do anterior quadro legal da mediação de seguros, Decreto-Lei n.º 388/91, de 10 de Outubro, e respectiva re-gulamentação, mormente a Norma Regu-lamentar n.º 17/1994-R, de 6 de Dezem-bro, do ISP, a Administração Fiscal chegou a admitir, sem contudo abdicar do enten-dimento tradicional, através do Despacho do Subdirector-Geral dos Impostos de 31 de Março de 2003, isentar em sede de IVA as comissões auferidas pelas instituições de crédito no âmbito da bancassurance – as quais, convém recordar, apesar de estarem autorizadas a comercializar contratos de seguros à luz do Decreto-Lei n.º 298/92, de 31 de Dezembro (RGICSF), não se encontravam, todavia, sujeitas a registo como mediadores junto do ISP –, com fundamento no facto de que, em síntese, a Norma Regulamentar n.º 17/94-R, ter reconhecido e admitido expressamente outros intermediários de seguros para além dos próprios mediadores de seguros a que se referia o Decreto-Lei n.º 388/91.

    No âmbito da rede comercial da mi-nha empresa tenho vindo a fazer uso de trabalhadores independentes enquanto prestadores de serviços e classificados como PDEAMS. Como a actividade de mediação de seguros se encontra isenta de IVA, gostaria de saber se as remune-rações que atribuo às PDEAMS ao meu serviço se encontram, de igual modo, isentas daquele imposto.

    Devemos referir, antes de mais, que trataremos nesta oportunidade somente o enquadramento fiscal, em sede do Impos-to Sobre o Valor Acrescentado (IVA), das remunerações a pagar às Pessoas Directa-mente Envolvidas na Actividade de Media-ção de Seguros (PDEAMS), uma vez que procedemos à caracterização jurídica deste operador no suplemento de 30/03/2007, para o qual se remete.

    Assim, pretende-se saber se a remune-ração a atribuir às PDEAMS que prestam serviços a um mediador de seguros na qua-lidade de trabalhadores independentes, que na esmagadora maioria das situações poderá assumir a forma de cedência de comissões a pagar pelo mediador de segu-ros ao serviço de quem se encontram, está ou não sujeita a IVA, contanto que as co-missões recebidas pelo próprio mediador de seguros – parte das quais poderão ser posteriormente entregues às PDEAMS como remuneração pelo serviço prestado – e que são pagas pelas seguradoras com quem colabora estão isentas de IVA, por força do n.º 28 do artigo 9º do CIVA (an-terior n.º 29 do artigo 9º do CIVA, com a renumeração efectuada pelo Decreto-Lei

    n.º 102/2008, de 20 de Junho).

    Isto posto,Considerando a en-

    trada em vigor, em 27 de Janeiro de 2007, do novo regime jurídico da me-diação de seguros, De-creto-Lei n.º 144/2006, de 31 de Julho, e que este diploma criou um novo operador no sector da mediação de seguros, abreviadamente conhe-cido como PDEAMS, a qual é, nos termos da al. g) do artigo 5º do di-ploma legal supracitado, uma pessoa singular li-gada a um mediador de seguros ou de resseguros através de um vínculo laboral ou de qualquer outra natureza e que ao seu serviço exerce ou par-ticipa no exercício da ac-tividade de mediação de seguros ou de resseguros, em qualquer caso, em contacto directo com o cliente;

    Considerando que o exercício ou a participação no exercício da actividade de mediação de seguros a efectuar pelas PDEAMS deverá ser entendido como a prática efectiva de actos materiais que con-sistam em apresentar ou propor contratos de seguros ou praticar outros actos prepa-ratórios da sua celebração, em celebrar os contratos de seguros, ou em apoiar a gestão

    Enquadramento em sede de IVA da remuneração das PDEAMS

    CONSULTÓRIO JURÍDICO

    CORVACEIRA GOMESDepartamento jurídico/

    Director Executivo

    APROSE

    “A natureza das actividades exercidas pelas PDEAMS reves-te características das

    actividades de um mediador de seguros/

    resseguros”

    sexta-feira, 1 Outubro de 2010 SEGUROSVIII

    O Instituto de Seguros de Portugal quer estabelecer, divulgar e recomendar um conjunto de princípios gerais de con-duta de mercado que consubstanciem boas práticas a adoptar pelos seguradores e pelos mediadores de seguros no seu relaciona-mento recíproco. A entidade de supervisão do sector segurador emitiu em Agosto um projecto de circular precisamente sobre este tema.

    “É de aplaudir a iniciativa tomada pelo órgão de supervisão, não somente por constar do seu Plano Estratégico, en-quanto reflexo da importância que atribui ao assunto, como porque, ainda que com algum atraso e atendendo ao momento em que a mesma começa a ‘ver a luz do dia’, a intenção acabou por se materializar, efecti-vamente, no projecto de circular que nos

    foi dado a conhecer”, comenta Corvaceira Gomes, director executivo da APROSE.

    O diploma mereceu nota positiva por parte da direcção da APROSE, que reco-nhece que o diploma vai colmatar uma lacuna existente no mercado português, lembrando Corvaceira Gomes que no pas-sado os seus principais interlocutores não conseguiram chegar a tal consenso em ter-mos de auto-regulação. Além de enunciar os princípios a observar pelos mediadores de seguros e seguradoras, o futuro regime deverá instituir os princípios gerais de le-galidade, pontualidade, boa-fé e lealdade, ética e integridade, verdade e transparên-cia, objectividade e eficiência, sigilo e con-fidencialidade, responsabilidade institucio-nal e social”, justiça comutativa, respeito e cortesia.

    Supervisão quer Código de Boas Práticas